ANO VII - Nº 27 - OUT / NOV / DEZ 2015
em revista
Riscos à saúde bucal
Pirataria atinge o mercado de próteses dentárias
Esmalte dentário Como conservar os dentes brancos e saudáveis
Gestão das Operadoras
Curso ajuda a disseminar o conhecimento na operacionalização dos planos odontológicos
A biomédica Karen Friedrich, do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde – INCQS, fala do descontrole de agrotóxicos
ISSN 2175-2419
Odontologia de Grupo
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EDITORIAL
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SINPLO 2016
Não apenas o Brasil, mas o mundo vem passando por mudanças econômico-sociais significativas que esbarram no cotidiano de todos. Os momentos de crises são cíclicos e, embora nem sempre seja possível prever quando irão surgir, com conhecimento adequado, superar este cenário pode ficar mais plausível. Numa escala maior ou menor, a crise econômica atual vem atingindo a população como um todo: trabalhadores formais e informais, comerciantes e empresários dos mais variados setores. É preciso saber lidar com esse novo panorama e descobrir, dentro do próprio contexto, a melhor forma de enfrentá-lo. Atualmente, falar em crescimento de um setor pode parecer equivocado, contudo, ao nos referirmos sobre planos de saúde, o segmento odontológico não estagnou. Na verdade, ele nunca teve recuo. Embora até o final de 2012 o número de beneficiários crescesse a taxas de dois dígitos, em 2013 e 2014 conseguimos manter estável a evolução em 5% ao ano. Superamos a marca de 21,5 milhões de clientes no País e temos hoje uma cobertura de 11% da população atendida pelos planos odontológicos. Com base nesses dados, há ainda a estimativa de que nosso segmento movimente aproximadamente 3.500 empregos diretos e 78.000 indiretos, ao contratar e credenciar cirurgiões-dentistas, auxiliares e técnicos em saúde bucal, laboratórios de prótese dentária e empresas de produtos odontológicos. Embora os planos odontológicos apresentem um prognóstico positivo, a ideia de que não é preciso se preocupar perante a crise pode ser altamente danosa. Não se acomodar e buscar melhores soluções podem ser fatores decisivos, não apenas para passar pela crise, mas sim para superá-la. Conhecer novos modelos de negócios, reestruturar a empresa tornando-a mais competitiva e reduzir os custos podem ser alternativas viáveis, cada qual a seu tempo e de acordo com o porte de cada operadora, seja ela pequena, média ou grande. Termos e expressões até ontem desconhecidos para a maior parte de nós, como valuation, compliance, governança corporativa e métodos contingenciais, fazem agora SUMÁRIO
parte dessa nova realidade de negócios que necessitam ser compreendidos urgentemente. Além disso, não podemos esquecer que atuamos em um mercado extremamente regulado, engessado, e que nos restringe, ao máximo, colocar nossa criatividade em busca de novos horizontes. Consciente da atual conjuntura econômica do País e das necessidades que o segmento odontológico possui, o foco central do próximo Sinplo – Simpósio Internacional de Planos Odontológicos, em 2016, será como criar oportunidades ou buscar saídas para reduzir o impacto da crise. Dessa forma, o Sinog pretende oferecer ao segmento dos planos odontológicos todo o embasamento e suporte necessários para lidar da melhor forma com o delicado momento em que o País se encontra. Com a pretensão de melhorar o direcionamento das informações e o relacionamento entre as operadoras e a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, estamos pleiteando junto ao presidente da agência reguladora a possibilidade de especialistas e técnicos em regulação das respectivas diretorias participarem das oficinas de atendimento, nos mesmos moldes que temos realizado a cada edição do Sinplo com nosso time de consultores. Em 2009, as oficinas da ANS em nosso evento possibilitaram que os participantes solucionassem problemas pertinentes ao registro de seus produtos e da própria operadora, bem como à fiscalização, sistema de informações de produtos e beneficiários (SIP e SIB) e regulação econômico-financeira. Esperamos poder trazer a cada edição do Sinplo temas que estejam na realidade do segmento odontológico, pois sabemos que é nossa obrigação tentar suprir as lacunas de conhecimento e dar capilaridade às informações para que todas as operadoras espalhadas pelo Brasil tenham a possibilidade de continuar crescendo e consolidando-se mesmo em cenários de crise como estamos acostumados a vivenciar. Portanto, agende-se: 28 e 29 de abril de 2016, no Centro de Convenções da Fecomércio, na cidade de São Paulo, para a 11a edição do Simpósio Internacional de Planos Odontológicos.
EDIÇÃO 27 - OUT/NOV/DEZ 2015
Editorial............................................ 3 Cursos.............................................. 4 Tuberculose....................................... 7 Benefícios da dança........................... 8 Libras............................................. 10 Esmalte dentário.............................. 12 Envelhecer saudável......................... 14 Nutrição.......................................... 17 Entrevista....................................... 18
Negócios......................................... 21 Higiene bucal................................... 22 Empreendedorismo.......................... 24 Concepção...................................... 26 Crônica - Flávio Tiné......................... 28 Espaço Livre.................................... 29 Crônica - Paulo Castelo Branco.......... 30 Implantes - Capa............................. 31 Mercado.......................................... 34
. Geraldo Almeida Lima . P residente do Sinog
Diretoria (2014-2017) Geraldo Almeida Lima - Presidente Reinaldo Camargo Scheibe - Vice-presidente Flávio Marcos Batista - 1o Secretário Sérgio Ulian - 2o Secretário Roberto Seme Cury - 1o Tesoureiro Claudio Aboud - 2o Tesoureiro Walter Carmo Coriolano - Assuntos Profissionais Nivaldo Vanni Filho - Assuntos Institucionais Wagner Barbosa de Castro - Procurador
Assessoria de Comunicação e Marketing
L uís Fernando Russiano Ramos (Mtb
27.279/SP) - Jornalista responsável. Camila Pupo e Amauri Gonçalves Assistentes de Comunicação. Redatores, Repórteres e Colaboradores desta edição: Alessandro Polo, Elisandra Escudero, Flávio Tiné, Gustavo Sierra, Keli Vasconcelos, Lucita Briza, Martha Ramos, Neusa Pinheiro, Paulo Castelo Branco, Renata Bernardis, Silvana Orsini, Sueli Zola. Revisão: Lia Marcia Ando. Ilustrações internas: Marcelo Rampazzo. Pesquisa e documentação: Amauri Gonçalves, Camila Pupo. Produção Gráfica: Morganti Publicidade. Impressão: Hawaii Gráfica Tiragem desta edição: 6.000 exemplares SINOG – SINDICATO NACIONAL DAS EMPRESAS DE ODONTOLOGIA DE GRUPO Endereço para correspondência: Rua Treze de Maio, 1540 - São Paulo - SP CEP 01327-002 Fone: (11) 3289-7299 Fax: (11) 3289-7175 Portal: www.sinog.com.br E-mail: sinog.secretaria@sinog.com.br
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CURSOS
A gestão das operadoras P
. Luís Fernando Russiano .
Sinog lança curso inédito para o aperfeiçoamento das empresas de planos odontológicos
Para atender a uma parcela de cerca de 22 milhões de brasileiros, as 371 operadoras de planos odontológicos ativas com beneficiários estão espalhadas, de norte a sul, por todos os estados brasileiros, o que possibilita atendimento por meio de uma rede de prestadores de serviços conveniada e referenciada, com exímia qualidade e custo na medida para que o usuário possa usufruir de um vasto rol de procedimentos, necessário à manutenção da saúde bucal e prevenção de doenças. Apesar de o número de pessoas que passaram a utilizar planos odontológicos continuar a elevar-se, mesmo em tempos
de crise, isto não significa que o mercado esteja em franca ascensão e esbanjando lucratividade. A quantidade de operadoras exclusivamente odontológicas cai ano a ano. Em dezembro de 2005 havia 565, enquanto dez anos depois passou a ser 383, redução de 32,21%. Muitas que deixaram de operar saíram do mercado por conta das exigências regulatórias incrementadas continuamente. Exige-se dos gestores e administradores dessas operadoras tamanho conhecimento e reciclagem de informações que apenas aquelas com uma equipe qualificada, treinada e apta
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a desenvolver de forma correta a rotina dos processos internos e em tempo de cumprir os prazos que atendam à Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS são capazes de manter-se vivas. Soma-se a isso que, por ser uma operação de baixo risco e menor complexidade dos tratamentos e procedimentos executados, o nível de exigência é praticamente igual ao solicitado das operadoras médico-hospitalares. Essa necessidade de atenuar a distorção já reconhecida pelas diversas diretorias da agência e por seu próprio presidente faz parte do pleito que o Sinog encampou juntamente com a Uniodonto do Brasil e a FenaSaúde, em busca de incentivos ao desenvolvimento das operadoras exclusivamente odontológicas. O documento, embora tenha sido entregue no ano passado, ainda encontra-se em fase de análise por parte do órgão regulador. Mesmo que as necessidades forem atendidas, em parte ou na totalidade, os diretores e gestores das operadoras não devem se eximir de buscar o aperfeiçoamento profissional a seus colaboradores, pois, quanto maior o entendimento a respeito do fluxo operacional do mercado e do emaranhado de normativas e resoluções provenientes da ANS, melhor será a possibilidade da operadora resolver suas situações de risco e de estresse. O Sinog entende que o compartilhamento de informação e a troca
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de conhecimentos é um processo que deve ser permanente e incentivado por eventos e cursos que envolvam as pessoas na capacitação e melhoria do entendimento. “Uma das premissas básicas que o Sinog tem com seus filiados é dar a oportunidade de que esse conhecimento seja facilmente repassado a todos os envolvidos na atividade das operadoras”, explica Geraldo Lima, presidente do sindicato que representa em nível nacional as odontológicas de grupo, maior modalidade do segmento odontológico.
Diante de uma demanda crescente, o Sinog e a Universidade Corporativa Abramge – UCA viabilizaram a formação do primeiro curso específico ao aperfeiçoamento da gestão de operadoras odontológicas, iniciado em setembro e com término em dezembro de 2015. Para o presidente da UCA, Alexandre Lourenço, “administrar uma empresa é uma das tarefas mais difíceis na atividade humana. Somente o conhecimento e a permanente atualização permitem o sucesso nessa empreitada. É esta a missão da Universidade Corporativa Abramge e foi com esse objetivo que foi lançado o curso Excelência em Gestão de Operadoras Odontológicas”. O objetivo geral do curso é fornecer subsídios teóricos que possibilitem ao profissional trabalhar nas diferentes áreas de planos e seguros odontológicos, bem como analisar indicadores de custo-benefício e recursos em saúde, além de elaborar padrões de qualidade. Os assuntos relacionados à ética odontológica, legislação específica, mercado de trabalho, abusos e fraudes são abordados com foco na operação em saúde suplementar, assim como análises específicas e cases do mercado de planos odontológicos. E, também, focar nas particularidades do segmento
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odontológico, c omplementando o conhecimento adquirido em outros cursos de gestão de saúde, gestão de planos ou similares. Para a primeira turma do curso foi elaborado um cronograma de aulas divididas em módulos de oito horas cada, totalizando 56 horas, com disciplinas distribuídas em apenas sete sábados ao longo de três meses. O corpo docente altamente qualificado é composto de profissionais atuantes nas principais empresas do mercado de saúde brasileiro. Todos com larga experiência nos assuntos pertinentes a cada módulo do curso. “Elaboramos o curso pensando nos colegas que trabalham em operadoras e querem aprimorar conhecimentos, trocar experiências e, principalmente, ter visões diferentes dos processos”, confirma Regina Juhas, uma das coordenadoras acadêmicas e com atuação na gestão de operadoras exclusivamente odontológicas há 20 anos. Para Leandro Ávila, também coordenador acadêmico e com 13 anos de atuação no segmento odontológico, “a criação do curso Excelência em Gestão de Operadoras Odontológicas deu-se diante da necessidade do mercado específico de saúde suplementar odontológica. O corpo docente selecionado é altamente capacitado e traz a visão particular das grandes operadoras”. Com 67 participantes inscritos, vindos de várias cidades brasileiras, o curso superou a expectativa de procura e terá grande possibilidade de abrir novas turmas para os próximos anos. Prova-se com isso que realmente a melhor forma de tornar competitiva uma empresa é fornecer ao material humano que nela trabalha as condições de entendimento do processo P como um todo. luis.ramos@sinog.com.br
Período set/05 set/06 set/07 set/08 set/09 set/10 set/11 set/12 set/13 set/14 set/15
No beneficiários em Taxa crescimento (%) planos exclusivamente beneficiários em relação a odontológicos setembro do ano anterior 6.131.856 22,01% 7.051.614 15,00% 8.598.222 21,93% 10.511.054 22,25% 12.614.138 20,01% 13.936.503 10,48% 16.327.748 17,16% 18.730.282 14,71% 19.675.103 5,04% 20.812.659 5,78% 21.858.485 5,02%
Fonte: ANS/Tabnet.
Período Dezembro/2005 Dezembro/2006 Dezembro/2007 Dezembro/2008 Dezembro/2009 Dezembro/2010 Dezembro/2011 Dezembro/2012 Dezembro/2013 Dezembro/2014 Dezembro/2015 Fonte: ANS/Tabnet.
Operadoras odontológicas em atividade com beneficiários 565 577 551 491 477 433 425 416 392 382 371
TUBERCULOSE
Gotas que contaminam
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Tosse com duração igual ou superior a população de indivíduos contaminados, duas semanas, febre vespertina, elimina- cerca de 5% a 10% desenvolverão o ção de sangue ao tossir, sudorese notur- problema ao longo da vida, sendo que na, perda de peso e de apetite são alguns esse adoecimento é mais frequente nos dos sintomas de uma doença infecciosa primeiros dois anos após o contato com grave, a tuberculose, que é causada pela a bactéria”, diz Matos. Genta lembra que a tuberculose bactéria Mycobacterium tuberculosis, acomete mais frequentemente e é transmitida de pessoa a pessoa os pulmões, caracterizanpor via aérea. De acordo com do a forma pulmonar da a Organização Mundial da doença. Entretanto, ela Saúde (OMS), são nopode agredir também tificados cerca de 8,6 praticamente todos milhões de novos casos os órgãos, tais como por ano – sendo que, cérebro e meninges, desses, mais de 80 mil ossos e articulações, são em brasileiros. Por rins e aparelho urinário, conta dessa doença, aparelho genital, olhos, 1,3 milhão de pessoas pele etc. “Em paciente com morrem todos os anos quadro clínico sugestivo o no mundo. No Brasil, são © Art1art | Dreamstime.com diagnóstico é realizado pela registrados mais de 4.500 radiografia de tórax e exames óbitos anualmente. de escarro. A confirmação é dada pelos Para Eliana Matos, coordenadora da comissão de tuberculose da Sociedade exames bacteriológicos”, esclarece. Os especialistas alertam: toda pessoa Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, algumas estratégias devem ser adotadas com tosse por período superior a duas separa acelerar a redução do número de no- manas deve procurar um serviço de saúde vos casos e da mortalidade por tubercu- para investigar se está com tuberculose. lose. “É fundamental ter um diagnóstico Essas pessoas, classificadas de sintomáprecoce da doença e, consequentemente, ticos respiratórios, são alvo de programas iniciar o tratamento adequado, quebran- de saúde pública – com ênfase na busca do a cadeia de transmissão”, explica a ativa de casos. Essa doença infecciosa é mais frequente na faixa etária de 15 a especialista. “O risco de contrair tuberculose está 45 anos, embora atualmente a incidência relacionado aos hábitos de vida, condi- esteja aumentando na população idosa. ções de habitação e à imunidade. Fumar, ingerir álcool, ter problemas de saúde, Obstáculo O principal tratamento da tuberculose como diabetes ou Aids, além de viver em condições precárias, são fatores que con- é feito com antibióticos específicos para tribuem para o desenvolvimento da doen- combater a doença. Porém, muitos paça”, reforça Pedro Genta, pneumologista cientes abandonam os medicamentos logo que sentem uma melhora. Mas os cuidados do Hospital Beneficência Portuguesa. Ao tossir, falar ou espirrar, o pacien- devem ser mantidos por seis meses, mesmo te com tuberculose elimina gotículas que os sintomas tenham desaparecido. contendo bacilos que são inaladas por “O abandono do tratamento constitui no outro indivíduo, que pode assim se tornar maior obstáculo para o controle da doença infectado e, posteriormente, adoecer. tanto no indivíduo quanto na comunidade”, P “Nem todos os infectados, porém, irão explica Matos. evoluir para a doença tuberculosa. Da eliescudero@gmail.com
. Elisandra Escudero .
Toda pessoa com tosse por período superior a duas semanas deve procurar um serviço de saúde
Dicas para prevenir a tuberculose
• Se alguém de sua área de contato, familiares, amigos, colegas de trabalho, tem o diagnóstico de tuberculose, procure o serviço de saúde para investigar se você está infectado. Tratando a infecção tuberculosa, é possível evitar a progressão para doença. • A vacinação BCG para recémnascidos evita formas graves da doença em crianças. • O fortalecimento do sistema imunológico é outra importante arma para se proteger da tuberculose. Assim, é recomendável manter o controle de doenças crônicas, como diabetes e Aids. • Parar de fumar e não ingerir álcool são medidas de saúde, em geral, que podem reduzir o risco. • Conhecer aspectos de sintomatologia e de formas de transmissão da tuberculose pode ser útil para ajudar a evitar a inalação de gotículas com bacilos. Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
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BENEFÍCIOS DA DANÇA
Um baile de saúde D . Eli Serenza .
Além do prazer que proporciona, especialistas comprovam sua utilidade para a saúde cardíaca
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Dançar faz bem. Esta afirmação é comum entre os que praticam, assim como por parte dos médicos e profissionais de saúde que, cada vez mais, recomendam a atividade para diferentes males do corpo e da mente. Dependendo do ritmo, a dança pode fazer bem para o coração e para o condicionamento muscular, além de proporcionar alongamento, flexibilidade, concentração, equilíbrio e coordenação motora. Uma pesquisa realizada em Buenos Aires, na Argentina, demonstrou que, em termos de consumo de oxig ênio e de calorias, dançar tango, por exemplo, é um exercício físico comparável à natação recreativa, a uma caminhada de 3,5 quilômetros por hora ou a um passeio de bicicleta. Sua prática pode prevenir problemas cardiovasculares e também ajuda na reabilitação de quem sofre de alguma cardiopatia. Entre os benefícios comprovados da dança de salão, estão a melhora da circulação, o controle da hipertensão, a perda de calorias. A dança proporciona, ainda, o aumento nos níveis do bom colesterol (HDL), diminuição do colesterol ruim (LDL) e da quantidade de glicose no sangue, no caso dos diabéticos, com uma melhor resposta do organismo à insulina. Além disso, ajuda a acelerar o metabolismo e a liberar toxinas, sem falar nos benefícios emocionais e mentais que desencadeia. O equilíbrio também melhora porque, ao dançar, a pessoa trabalha braços e pernas ao mesmo tempo, além de pensar no espaço que usa no momento, o que ajuda a ativar áreas do cérebro. Por esse motivo, a dança pode ser um bom recurso principalmente para idosos, porque reduz o risco de quedas, comum por causa de doenças como a osteo-
porose, informa o fisioterapeuta Felipe Nantes, que inclui a prática entre os exercícios que recomenda. Segundo ele, durante a atividade, os músculos e órgãos vão trabalhar mais e precisam ter uma melhor irrigação sanguínea. “Mas é preciso ter cuidado para não se machucar, ter desgaste de estruturas do corpo ou lesões por sobrecarga”, previne. Por isso, sua recomendação é respeitar os limites do corpo – mesmo na dança – e praticar exercícios físicos com a orientação de um profissional. “Como a dança combina o benefício aeróbico ao entretenimento, além do relaxamento proveniente do lazer, ela também diminui a adrenalina que causa o estresse e contribui para problemas cardíacos”, afirma Marcelo Cantarelli, da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHC). Ele reforça a importância de se fazer um check-up completo da saúde, principalmente do coração, antes de começar a praticar exercícios e atividades aeróbicas, que contribuem para uma melhor irrigação sanguínea. “Para suprir essa demanda, o sangue tem que circular mais rápido pelo organismo. Nesse momento, a pressão arterial máxima sobe e a mínima desce.” Apesar de a atividade física afetar diretamente o funcionamento do coração, Cantarelli esclarece que pacientes com pressão alta também devem praticar atividades físicas como as proporcionadas pela dança. “Pode ser recomendável fazer um mapa da pressão arterial, inclusive durante a prática dos exercícios, para ter um melhor diagnóstico e ajustar a medicação. Mas, com o tempo, o paciente pode até passar a ingerir menos remédios para a hipertensão”, completa o cardiologista. Para Abrão Cury, cardiologista e clínico geral do HCor, de São Paulo, a dança de salão pode ser tão positiva contra a hipertensão como as caminhadas ou outros e xercícios
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aeróbicos para os idosos. Segundo ele, na busca por uma forma natural de baixar a pressão arterial, que já afeta cerca de 40% dos adultos brasileiros, pesquisadores comprovaram que a dança eleva o batimento cardíaco até a desejada “zona alvo” de frequência cardíaca a ser atingida em um programa de exercício. Cury esclarece que um paciente que dance por meia hora tem o mesmo efeito benéfico que conseguiria exercitando-se pelo mesmo tempo na esteira ou bicicleta. “Não há dúvidas de que é mais prazeroso e confortável dançar do que se exercitar numa esteira. Essa lúdica modalidade de atividade física foi valorizada por vários estudos de prevenção cardiovascular e geriátrica, até nos indivíduos com mais de 80 anos.” O médico do HCor conta que nos programas de reabilitação que acompanha têm sido adotados ritmos variados, como forró, bolero, samba, merengue, valsa, rock e salsa, e o único cuidado é
evitar as interrupções, para que pacientes fiquem na zona alvo do treinamento o maior tempo possível, mantendo o coração acelerado. “A grande vantagem da dança de salão é seu aspecto lúdico, prazeroso e a integração social que facilita. Os pacientes que se recusam a fazer exercícios ou acham cansativo caminhar 30 minutos por dia geralmente se dão bem com essa alternativa”, explica Cury. Ao dançar três vezes por semana, com esse ritmo de treinamento, após 12 semanas, o praticante sentirá enormes benefícios para sua saúde, além de ganhar longevidade.
Dançando no parque
A procura é tanta que acontece baile três vezes por semana no Parque da Água Branca! Terça e quinta, das 13 às 17 horas, o som vem dos CDs, com ritmos que variam do bolero ao sertanejo e, nos sábados, grupos ao vivo se apresentam, tocando principalmente o forró.
Ninguém tem menos de 50 anos nos dois salões interligados, repleto de casais concentrados na dança e de senhorinhas que não deixam de dançar se não tiverem par. Um dos organizadores do baile, Ademir Jeová, do Instituto da Melhor Idade, que funciona no Parque da Água Branca há 14 anos, garante que o lugar tem capacidade para 700 pessoas e não fica vazio em nenhum dia da semana. Isso porque, assim como ele, a grande maioria dos frequentadores é de aposentados. É o caso de Umbelina Gonçalves Ribeiro, que viaja cerca de duas horas de ônibus nos três dias do baile para vir do Capão Redondo até o parque, na região de Perdizes. “Venho com uma amiga e gosto muito. Além disso, sei que faz bem para os músculos, a circulação e ajuda até a evitar depressão”, diz ela, que, prestes a completar 69 anos, garante que não precisa de remédio para nada. P eserenza@terra.com.br
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LIBRAS
Idioma completo
D . Lucita Briza .
Uma criança surda que aprende Libras desde bebê pode ter o mesmo desenvolvimento de linguagem de uma ouvinte com a mesma idade
Desde 2002, uma segunda língua é oficialmente reconhecida no Brasil: a Libras (Língua Brasileira de Sinais), que vem sendo cada vez mais usada pelos surdos. Como qualquer outra língua natural, completa, cujas complexidades gramaticais permitem uma comunicação eficaz, a língua de sinais pode começar a ser ensinada e praticada desde o primeiro ano de vida, além de ser também a melhor forma de os ouvintes se comunicarem com a comunidade dos surdos e vice-versa. Segundo o Censo de 2010, há no País 9,7 milhões de deficientes auditivos. Por isso, a tendência é de que se intensifique seu uso em eventos públicos, teatros e pelos meios de comunicação individuais ou de massa – dos celulares à TV e à Internet. Hoje, graças às novas tecnologias, pessoas surdas podem comunicar-se através da Libras por meio de webcams, videoconferências etc. No mundo todo existem línguas usadas pelos surdos para se comunicar, cada uma com sua própria estrutura, diferindo de país para país e até mesmo de região para região, dependendo da cultura local para cunhar certas expressões. É o que acontece com a Libras, de origem na língua de sinais francesa. Os sinais são uma combinação de configurações de mão, movimentos e direção do sinal, pontos de articulação – locais no corpo ou no espaço onde são feitos – e expressões faciais e corporais que transmitem os sentimentos. Algumas particularidades facilitam seu entendimento, como o fato de os verbos aparecerem todos no infinitivo e os pronomes pessoais não
serem representados (aponta-se a pessoa de quem ou com quem se fala); no caso de palavras como nomes próprios é preciso sinalizar as letras uma a uma; a ordem das palavras também muda: se oralmente dizemos “eu quero café”, colocando primeiro o sujeito, em Libras o objeto (“café”) vem em primeiro lugar, depois “eu quero”. Sabemos que há diferentes causas para a surdez e variados graus de perda auditiva, observa Maria Inês Vieira, pedagoga e mestre em educação de surdos na Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios de Comunicação (Derdic) da PUC/SP, mas é preciso que os médicos estejam atentos para o fato de pessoas já nascerem com surdez profunda (só captando vibrações, sons graves e de alta intensidade) e a estrutura do pensamento ser formada basicamente por imagens. Ou seja, o bebê, por ser surdo já no período pré-linguístico, estará no mundo por meio da visão (ajudada pelo tato e olfato) e não da audição. Neste caso, só no momento em que a mãe entra em seu campo visual é que passa a existir comunicação entre ambos. Estabelecida a relação mãe-colo, mãe-comida, mãe-banho, esta comunicação prossegue sobretudo graças ao contato visual e ele estará pronto para adquirir uma língua à qual já tem acesso. Nesse momento, acrescenta Vieira, em geral a opção dos médicos – cuja formação é voltada para a cura do paciente, transformando-o em ouvinte – é encaminhá-lo para o treinamento de fala e com aparelho auditivo ou, em determinados casos, para
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o implante de cóclea. Mas, se é consenso entre os especialistas ser fundamental para a educação dos surdos ensinar-lhes uma língua que possa ser usada, Vieira defende que, além da possível indicação de aparelho e do treinamento para linguagem oral, a primeira língua – a que os fará sujeitos da linguagem – seja aquela à qual eles têm acesso completo: a visual ou de sinais. “Por meio dela, podem aprender a segunda língua, a portuguesa na modalidade escrita e, a partir delas, a língua oral.” Para a pedagoga Priscilla Gaspar, professora do curso de Pós-Graduação do Ensino de Libras na Universidade Mackenzie, uma criança surda que aprender Libras desde bebê poderá ter o mesmo desenvolvimento de linguagem que tem uma ouvinte com a mesma idade. Provinda de uma família de surdos – como ela própria, seu marido e três filhas pequenas –, Gaspar opina que o professor surdo é “o número 1” para ensinar Libras a crianças surdas, por ser ele “um modelo perfeito na construção da identidade, cultura e língua de todas essas crianças”. As pessoas ouvintes que fazem curso de Libras também notam que estes professores têm mãos habilidosas e uma percepção muito especial para as ajudarem na aprendizagem da língua. Na área educacional, opinam as pedagogas, o ideal seria todas as crianças terem acesso à Libras, para não haver preconceito em relação à diferença linguística. Em países da Europa e nos EUA, já existe o acesso de toda a população a um kit com informações e aulas sobre as respectivas línguas de sinais. Há ainda filmes que abordam o tema, como o francês Sou Surda e não Sabia e o americano Entrando numa Fria Maior Ainda. No Brasil, apesar de a Libras ser obrigatória para a acessibilidade dos surdos em todos os serviços públicos e privados, poucos estão cumprindo a determinação que já tem 15 anos. Apenas alguns canais de TV usam a janela de tradução e interpretação de seus programas (a maioria utiliza a legenda); e algumas peças de teatro contam com o trabalho de profissionais intérpretes de Libras. Quanto ao ensino, Libras ainda não faz parte da grade curricular nas faculdades de medicina; e no ensino básico cresce o debate sobre se a criança surda
pode ser incluída e bem atendida numa escola comum, como indica o MEC, ou se os empecilhos (como o fato de o professor não poder falar duas línguas ao mesmo tempo) acabam gerando sua exclusão. Mas já existem no País centros de excelência difusores de Libras, como o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) – www.ines.gov.br, que, além de produzir material pedagógico, fonoaudiológico e de vídeos em língua de sinais distribuídos para os sistemas de ensino, abriga um colégio de aplicação e um pioneiro curso bilíngue de pedagogia no Rio de Janeiro. Também há o Derdic – www.pucsp.br/derdic, em São Paulo, que atua na educação e no atendimento clínico de surdos e instrumentaliza ouvintes e surdos de seus cursos para a comunicação em Libras, além de outros centros divulgados na Internet. P lucitab@terra.com.br © Susan Stevenson | dollarphotoclub.com
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ESMALTE DENTÁRIO
. Elisandra Escudero .
Hábitos simples podem ajudar a conquistar dentes brancos e saudáveis © pavelkriuchkov | dollarphotoclub.com
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Sorriso brilhante
Para manter os dentes brancos e acima de tudo saudáveis, é indispensável ter uma higiene bucal adequada, já que saúde e beleza estão interligadas. Há, no entanto, quem não dispensa as pastas branqueadoras e métodos utilizados por dentistas nos consultórios para deixar os dentes mais brancos. Mas é preciso lembrar que não é só uma questão de estética. Por isso aproveitar técnicas simples, que vão de hábitos de higiene ao tipo de alimento consumido, ajudam a conquistar um sorriso brilhante, mais bonito e saudável. Os dentes são órgãos que apresentam na sua constituição tecidual um alto teor mineral, o que os tornam estruturas bastante rígidas e muito resistentes. Conforme explica Helenice Biancalana, diretora do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde da A ssociação Paulista de Cirurgiões-Dentistas – APCD, os dentes possuem vários minerais como o magnésio, fósforo, cálcio, potássio, sódio, estrôncio, estanho e lítio. “A escassez ou ausência destes minerais leva à hipoplasia, ou seja, afeta a mineralização do esmalte, gerando dentes com imperfeições, pouca resistência às forças mastigatórias, manchas brancas ou amarelas e tendência à cárie”, diz. A cárie dentária é uma doença infecciosa e pode ocorrer quando há uma associação entre uma dieta inadequada, rica em sacarose e carboidratos, higiene bucal deficiente, ocorrendo o acúmulo da placa bacteriana, principal fator de risco para esta doença. Além de levar a outras doenças da cavidade bucal como gengivite, doença periodontal (infecciosa), formação de placa bacteriana e cálculos (tártaro), halitose, aftas e herpes. O esmalte dentário consiste no revestimento exterior da coroa (parte visível) do dente com uma ca-
mada externa de 2 mm de espessura, que varia ao longo da superfície. É um tecido translúcido, por isso, deixa transparecer a cor ligeiramente mais escura da dentina ou qualquer material abaixo do esmalte dentário. De acordo com Miguel Simão Haddad, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica – SBPqO, o esmalte é a camada protetora periférica do dente e a estrutura mais resistente do corpo. “Ele é formado por 96% de mineral (hidroxiapatita) e 4% de componentes orgânicos (proteína), além de água”, reforça. Para os especialistas, o elevado conteúdo mineral do esmalte o torna suscetível a uma série de problemas. “A desmineralização é uma delas e pode ser desencadeada pela cárie dentária. Outro problema que afeta o esmalte dos dentes
é o atrito, principalmente por conta do bruxismo (ranger e apertar os dentes). O atrito provocado por elementos externos, a exemplo do uso inadequado da escova dental, também é prejudicial, além da erosão provocada por processos químicos, como a ingestão de ácidos encontrados em refrigerantes e sucos de bebidas cítricas como o limão”, avisa Haddad.
Dentes saudáveis
1. Ter uma alimentação saudável, equilibrada e em horários regulares. 2. Deixar para a sobremesa doces caseiros ou o chocolate e outros. 3. Nos lanches intermediários, entre as refeições, recorrer sempre a alimentos como queijos brancos, lanches naturais, frutas, e beber muita água. 4. Fazer uso do fio dental após as refeições. 5. Escovar os dentes após as refeições (café da manhã, almoço e jantar), lembrando que aguardar pelo menos 20 minutos é recomendável para que o pH bucal se restabeleça. 6. Usar sempre dentifrício (creme dental) fluoretado nas escovações dentárias. 7. Utilizar escovas com cerdas macias e adequadas à necessidade de cada um. 8. Realizar sempre uma técnica de escovação adequada às habilidades individuais. 9. Lavar em água corrente e higienizar a escova de dente após a sua utilização. 10. Armazenar a escova de dente em local arejado distante de ambiente contaminável (e deixar o vaso sanitário sempre fechado).
A coloração dos dentes é individual para cada pessoa, e alguns fatores influenciam, como os genéticos, congênitos, metabólicos, químicos, infecciosos e ambientais. “A higienização bucal é fundamental para manter não somente o esmalte saudável, mas, sobretudo, a cavidade bucal equilibradamente sadia. Desenvolver hábitos saudáveis de alimentação, consumindo os alimentos fibrosos, como verduras, legumes e frutas, também exige maior mastigação e contribui para o bem-estar geral”, lembra Biancalana. É sempre bom investir em uma alimentação variada, que forneça vitaminas, minerais e fibras, não se esquecendo da água, que ajuda a equilibrar o pH bucal e manter o constante fluxo de saliva. As frutas e legumes, alimentos considerados “detergentes”, como a pera, maçã, cenoura e laranja, também podem eliminar resíduos de outros alimentos que ficaram aderidos à superfície dental. “Vale ressaltar ainda que é importante evitar vícios como o tabagismo, que mancha os dentes, assim como o alcoolismo, que provoca destruição da flora bacteriana bucal”, explica Haddad. Segundo o especialista, entre os alimentos e líquidos que ocasionam o aparecimento da cárie, causando lesões no esmalte, está o açúcar, em todas as suas formas: doces, refrigerantes, bebidas ácidas, biscoitos, bolachas etc. A alta frequência de ingestão desses alimentos e líquidos citados com a falta da higienização bucal pode levar a riscos danosos e muitas vezes irreversíveis. P
Fonte: APCD.
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Dicas para manter o esmalte dos dentes saudável
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ENVELHECER SAUDÁVEL
Com saú
. Renata Bernardis . . Keli Vasconcelos .
Hoje, ser idoso é sinônimo de atividade plena, mas inspira planejamento. O ideal é preparar-se para esta realidade © WavebreakmediaMicro | dollarphotoclub.com
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úde na melhor idade H Houve uma época em que envelhecer era alusão à doença, como se aqueles que tinham o privilégio de chegar aos 60 ou 70 anos precisassem se contentar com um fim de jornada preconizado pela deterioração da qualidade de vida e do mau funcionamento do organismo. Felizmente os tempos mudaram. Hoje privilegia-se o gozo de vida saudável mesmo nas idades mais avançadas. Contudo, para que sejam colhidos os frutos de um envelhecimento saudável em uma etapa que é muito mais uma conquista que um castigo, as sementes devem ser plantadas ainda na infância. Pela OMS (Organização Mundial da Saúde), são considerados “idosos” os com idade igual ou acima de 65 anos em países desenvolvidos e aqueles com 60 anos ou mais nos países em desenvolvimento. Além da diminuição da taxa de fecundidade não só aqui, mas em todo o globo, o avanço em medicações e tecnologias são alguns dos fatores para esse fenômeno. Faz muito sentido pensar nessa parcela de pessoas idosas – cuja expectativa de vida hoje é de 74,9 anos –, pois elas somam hoje 20,6 milhões de brasileiros e representam 10,8% da população. A estimativa é de que, em 2060, o País tenha 58,4 milhões de idosos (26,7% do total). Os dados, divulgados em dezembro de 2014, são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quais, então, os impactos que o setor terá com o crescimento exponencial da população idosa? O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) divulgou, em 2012, tais projeções. Um dos resultados foi que no sistema público, considerando apenas o envelhecimento, em 2030 a despesa aumentará em 40,4%. “Este relatório foi atualizado em 2013, com a projeção revisada pelo IBGE. Os resultados mostraram a taxa maior de crescimento da população, em relação a 2012, e o destaque foi para a elevação do número de idosos. A estimativa de gastos com as despesas assistenciais da saúde
suplementar no relatório supera os R$ 90 bilhões”, enumera Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS. Ele arremata que grandes preocupações decorrentes do envelhecimento passaram pelas áreas de cuidado hospitalar e assistência. “O crescimento dos gastos públicos ou privados implicam ao setor outras causas que merecerão atenção nos próximos anos, como políticas de aumento na cobertura e variedade de serviços”, frisa.
Conscientização
É possível continuar ativo e saudável mesmo aos 60 anos ou mais? O geriatra João Paulo Nogueira Ribeiro explica que as maneiras para tal objetivo estão na adaptação e na consciência que essa fase não começa só na sexta década de vida. “É algo natural e comum a todos os indivíduos. Alguns observam de forma mais lenta, outros de maneira mais rápida”, endossa. Ribeiro esclarece que por volta dos 25 anos atinge-se a plenitude de desenvolvimento e, com o passar do tempo, o processo inicia-se. Eis a hora de dar mais atenção ao controle de doenças crônicas, como hipertensão, obesidade e diabetes. “É possível, neste momento, identificar fatores de risco individuais e familiares, rastrear enfermidades comuns a cada faixa etária e tomar as vacinas apropriadas”, reforça o fundador do Instituto Horas da Vida, que atende, voluntariamente, assistidos por instituições de trabalho social. De acordo com o geriatra Clineu de Mello Almada Filho, da disciplina de Geriatria e Gerontologia da Universidade Federal de São Paulo, as pessoas estão mais conscientes sobre a importância da prevenção, de investir precocemente na saúde para terem um futuro saudável. Contudo, apesar de a consciência ter aumentado, ela ainda não é proporcional ao número de pessoas dispostas a mudar hábitos condenáveis, como se alimentar mal e não fazer atividade física.
“Alguns anos atrás, 95% dos pacientes do consultório eram idosos. Hoje, metade deles é de meia-idade. E, apesar de se anteciparem em check-ups e comemorarem o aumento da expectativa de vida, parece empacarem na hora de mudar os hábitos. É como se, diante de resultados de exames satisfatórios, postergassem suas preocupações: já que estou bem agora, vou aproveitar a vida e só vou me preocupar lá na frente”, elucida Almada Filho. Outros são ainda mais ousados porque, mesmo diante de resultados de exames com alterações, ignoram os perigos por estarem se sentindo bem. “Quase 50% da população sofre de pressão alta, mas menos de 20% tratam o problema”, lamenta o geriatra com base em diversos estudos epidemiológicos. Para Maria Alice de Vilhena Toledo, vice-presidente da SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a qualidade de vida deve ser meta para o envelhecimento saudável: “É, também, o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso dos anos, bem como a manutenção da autonomia e independência durante este processo. Trata-se de uma interação entre físico, mente, integração social, suporte familiar e independência econômica”, reforça. Infelizmente os que menosprezam a importância da prevenção só se conscientizam disto quando adoecem. É um paradoxo: precisam ficar doentes para começar a se cuidar. “Mudar maus hábitos é muito difícil, mas fundamental”, reforça Almada Filho, ao explicar que 75% dos problemas desencadeados na velhice provêm do estilo de vida da pessoa e apenas 25% de sua carga genética. Portanto, não tratar doenças manifestas como pressão alta e diabetes, que possuem recursos para evitar que elas se transformem em causa de prejuí zos funcionais, é totalmente prejudicial e comprometedor para a questão do envelhecimento saudável.
ENVELHECER SAUDÁVEL
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Já o Ministério da Saúde lançou, em 2014, a Política Nacional de Promoção da Saúde (redefine a antiga PNPS, de 2006), que visa deter o desenvolvimento das doenças crônicas para todos os públicos, não apenas aos idosos. A ação pretende trabalhar com prevenção e implantação do Programa Academia da Saúde, com polos para atividades físicas.
E xemplos
Comportamento
De acordo com Wilson Jacob Filho, diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, mudar comportamentos que permitam as pessoas viverem com mais saúde e disposição vale a pena em qualquer idade. “O investimento no futuro vale em qualquer fase da vida, haja vista aqueles que interrompem o tabagismo ou iniciam uma atividade física depois dos 80 anos.” E continua: “O segredo é entender a vida como um ciclo que vai da concepção à morte e cada fase é consequência das precedentes e fundamental para as que vão sucedê-la. Assim, a vida intrauterina tem a ver com as condições maternas e será determinante para o futuro, mesmo que seis ou sete décadas depois do nascimento”. Para o cardiologista Fábio Gazelato de Mello Franco, coordenador médico dos pacientes crônicos do hospital paulista Albert Einstein, a medicina, a tecnologia e a farmacêutica ainda não conseguem modificar o perfil genético dos indivíduos, mas juntas permitem que aqueles que possuem predisposição genética para desenvolver determinadas doenças tenham mecanismos para driblá-las, seja retardando seu aparecimento, seja as controlando melhor, caso se manifestem tardiamente. Essa manobra permite que esses idosos
participem do universo social, como se nada lhes tivesse acontecido.
Prevenção
de saúde
O Instituto QualiBest, a pedido de um laboratório farmacêutico, entrevistou recentemente cerca de 1.000 brasileiros entre 18 e 61 anos e o resultado foi que 90% deles temem o peso da idade e problemas que podem decorrer, como perda de memória e limitações físicas. Por outro lado, o estudo revelou que são poucos os que, efetivamente, cuidam da alimentação e fazem exercícios regularmente. Vilhena Toledo complementa que a ONU (Organização das Nações Unidas) preconiza que as políticas públicas não caiam no assistencialismo. “E sim trabalhem na reinserção do idoso na sociedade. Além das doenças físicas, é importante que os programas promovam a saúde mental e as relações sociais”, destaca. Os programas de prevenção, segundo os especialistas, são válidos. Dados da publicação Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças na Saúde Suplementar Brasileira mostraram que, em 2013, tais programas inscritos na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) chegaram a quase mil, com mais de um milhão de beneficiários participantes.
de vida
Envelhecer é um novo começo para todos, do cidadão à gestão, o que engloba um conjunto para estruturar e qualificar equipes multidisciplinares, sem deixar de lado o fomento à geriatria e gerontologia e amadurecimento de estudos e estatutos. “Acredito que não apenas ‘o que’, mas o ‘como’ será o grande diferencial. Isso precisa acontecer de forma humanizada, com o devido respeito e o foco no ser humano e não apenas em suas doenças e deficiências. O resgate da relação humana é o que temos de mais valioso para cuidar de pessoas”, conclui João Paulo Ribeiro, do Horas da Vida. O casal de septuagenários Artur e Priscila Simões Serra segue a cartilha do envelhecimento saudável. Trabalham até hoje, viajam eventualmente, fazem atividade física duas vezes por semana para que o organismo se adapte a um patamar maior de exigência e de capacidade de resposta. Também possuem uma alimentação que teve o sal abolido do cardápio e está alicerçada em peixes e frutas. Só esquecem de seguir a cartilha quando uma caixa de chocolates aparece à mesa. Aí, aqueles que foram consumidos a mais acabam se tornando os responsáveis por um leve puxão de orelha dos médicos, pois eles são detectados nas pequenas alterações de sangue. De volta às rédeas curtas, o casal, que foge totalmente do paradigma da medicina de 50 anos atrás, que aconselhava as pessoas de mais idade a fazerem repouso e ficarem de pijama, sentadas nas poltronas da sala, sem fazer qualquer esforço, sabe que tem muitos e muitos anos pela frente. Afinal, o envelhecimento ativo conduz P ao envelhecimento saudável.
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NUTRIÇÃO
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Atenção ao prato O em geral, concentram-se nas células de gordura dos animais para abate: “Como eles têm mais gordura corporal e são alimentados por rações feitas principalmente com vegetais de produção em larga escala, com mais agrotóxicos, acabam consumindo e acumulando esses agentes”, salienta.
Orientação
Então, o que colocar no prato de maneira segura? A orientação está em, se possível, informar-se sobre a procedência do que será levado. Escolher itens de época e misturar nutrientes são boas pedidas, pois aquele legume e hortaliça não receberam tantas cargas no cultivo. “Há uma discussão muito forte sobre a necessidade de produzir alimentos em maior escala para suprir a população, mas sabe-se que, se não ocorrer tantos desperdícios no transporte, comercialização, produção e venda, pode-se diminuir o uso de agrotóxicos”, arremata Schüncke. Higienizar e tirar as cascas dos alimentos podem minimizar a presença dessas substâncias, mas não totalmente, reforçam os especialistas. Um estudo demonstrou que descascar, remover folhas mais exteriores (de couve e alface) e lavar com mistura de água e detergente suave eliminaram os resquícios de pesticidas em 21% de frutas e vegetais, comenta Carniel. “Descascar, por si só, já retira tais resíduos em bananas, batatas e cenouras”, diz. Mais uma alternativa é o consumo dos orgânicos, presentes nas prateleiras de supermercados e em feiras do segmento. Contudo, é preciso, além de pesquisar preços, verificar a procedência, pois os produtos recebem uma certificação/selo que atesta se foram seguidos corretamente os procedimentos de manejo e de plantio, bem como a valorização da mão de obra de quem trabalhou na lavoura. “Seria interessante também que cada um tivesse sua própria horta, o seu próprio cultivo, pois saberia o que utilizou exatamente”, finaliza Antonio Godinho. P
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. Keli Vasconcelos .
Verificar a procedência é importante para evitar alimentos com excesso de agrotóxicos
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O Brasil é conhecido pela culinária extremamente rica em cores e sabores, graças às vastas opções em frutas, verduras e legumes. Por outro lado, carrega uma estatística nada palatável: é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo, com mais de um milhão de toneladas, informa recente relatório do Instituto Nacional de Câncer (Inca). No documento, consta ainda que os perigos no contato e consumo cumulativo envolvem desde distúrbios gastrointestinais, redução do sistema imunológico, desregulação endócrina e no sistema nervoso, até o câncer. “De acordo com o Inca, a intoxicação pode se dar de maneira aguda, que acontece em quem trabalha no cultivo, e crônica em quem consome esses alimentos”, informa Solange Carniel, nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP). Para Antonio Francisco Godinho, pesquisador do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica), do Instituto de Biociências da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Botucatu, interior de São Paulo, os danos causados mudam conforme cada pessoa, região, tipo e frequência de ingestão dos alimentos, podendo ser mais ou menos contaminados. O País conta com sistemas de avaliação que mensuram os níveis considerados toleráveis, em especial pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Godinho acrescenta que existem grupos de agentes químicos consignados sob a denominação genérica de “agrotóxicos”, como inseticidas, herbicidas, raticidas, cupinicidas e larvicidas. “O nome mais correto deste grupo é ‘praguicidas’. Os inseticidas, seguidos dos herbicidas, são os que têm mais propriedades tóxicas”, esclarece. Outro agravante está nas carnes, também sujeitas a tais substâncias. Solange Carniel explica que algumas podem ter mais pesticidas que outras, por exemplo. “Altas doses de hormônios presentes podem alterar e acelerar o metabolismo das mulheres. Essa problemática pode desregular a menstruação e ocorrer a perda de massa muscular”, frisa a profissional. Alline Schüncke, nutricionista da Vitalin Alimentos (SC), endossa que os agrotóxicos,
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ENTREVISTA
Venenos à la carte
A
A própria denominação das substâncias utilizadas no combate às pragas agrícolas já indica: os agrotóxicos podem causar malefícios ao organismo humano e ao meio ambiente. É por isso que as nações desenvolvidas mantêm rígido controle sobre o uso desses produtos. Não é o caso do Brasil, infelizmente. Substâncias consideradas como prováveis cancerígenos pelo IARC (Agência Internacional de Pesqui-
Flaviano Quaresma
. Sueli Zola .
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Karen Friedrich .
sa sobre o Câncer) são aplicadas largamente nas lavouras brasileiras. E ainda consumimos 22 de 50 tipos de agrotóxicos proibidos em outros países. Os efeitos do emprego indiscriminado de tais insumos se constatam no estudo da Anvisa – 70% das amostras analisadas tinham agrotóxico, sendo 35% delas contaminadas por substâncias irregulares, ou seja, veneno. Esse panorama alarmante é retratado pelo Dossiê Abrasco – Um alerta sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde. Divulgado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva, em 2015, esse documento atualiza a versão publicada em 2012. “Nos últimos três anos, observamos um aumento de 5,2 para 7,3 litros per capita no consumo de agrotóxico”, destaca Karen Friedrich, que é membro do Grupo de Trabalho Saúde e Ambiente da Abrasco e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Vigilância Sanitária da Fio-
cruz. Graduada em Biomedicina pela Unirio – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, é mestre e doutora em Saúde Pública pela Escola Nacional Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, e integra o quadro do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde – INCQS, onde leciona. A pesquisadora participou da elaboração do Dossiê Abrasco, que aponta o Brasil como o maior consumidor de agrotóxico do mundo. Essa indesejável posição se deve, principalmente, a um modelo focado na produção de commodities (soja, milho, algodão e cana). “Apenas cerca de 1% dos investimentos na agricultura destina-se à produção agroecológica. Não é à toa que o agronegócio tem uma boa representatividade no nosso Produto Interno Bruto. Mas o que urge, hoje, é a garantia do direito ao acesso a alimentos saudáveis”, enfatiza a especialista. Leia a seguir a sua entrevista.
e
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O Dossiê Abrasco 2015 atualiza a versão publicada em 2012. Como evoluiu a situação referente ao uso de agrotóxicos no Brasil nesses três anos? Nesse período, observamos um aumento do volume total de agrotóxicos consumidos no País, por exemplo, passando de 5,2 para 7,3 litros per capita. Os dados indicam que a maior parte dos agrotóxicos consumidos no País destina-se à produção de commodities agrícolas, como soja, milho, algodão e cana, e não para a produção de alimentos diretamente. Também podemos destacar outro retrocesso: a aprovação em tempo recorde da lei de emergência fitossanitária, a qual permite que um agrotóxico sem registro no Brasil seja utilizado. Com base nessa lei, está sendo usado um produto denominado benzoato de emamectina, que já teve seu pedido de registro negado em 2007 por conta dos graves efeitos a ele associados, como elevada neurotoxicidade e suspeita de induzir malformações fetais. Nesse período também foram observados casos de intoxicação, decorrentes da pulverização aérea de agrotóxicos sobre escolas rurais e aldeias indígenas. E os alimentos que consumimos (legumes, verduras, frutas) também carregam doses pesadas de agrotóxicos? Apesar da maior parte dos agrotóxicos ser destinada às grandes commodities, a produção dos alimentos também os utiliza. Para conseguir créditos por meio do Pronaf (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar), o pequeno produtor deve adquirir um pacote de insumos, no qual os agrotóxicos estão incluídos. Ou seja, há incentivo ao uso de agrotóxicos. Além disso, a utilização de venenos para a produção das commodities citadas acaba por contaminar áreas de plantios de alimentos e os lençóis freáticos. Isto acontece principalmente porque as grandes propriedades utilizam a prática da pulverização aérea, a partir da qual o agrotóxico aplicado é carreado pelo vento por longas distâncias. Existem estudos que demonstram a contaminação dos alimentos? A contaminação dos alimentos que consumimos é constatada anualmente por meio do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) da Anvisa. A presença de agrotóxicos foi encontrada em pelo menos 70% das amostras analisadas, sendo que metade destas está acima dos valores permitidos ou apresenta agrotóxicos não autorizados para a cultura. Por que sua afirmação ressalta que “pelo menos 70%” das amostras analisadas possuem agrotóxicos? A realidade da contaminação pode ser ainda mais grave? É possível, sim, ser mais preocupante. Nem todos os agrotóxicos usados no Brasil são pesquisados nos alimentos. O glifosato e o paraquat, herbicidas que estão entre os agrotóxicos mais consumidos no País, não são analisa-
dos. Também devemos ter em mente outro aspecto importante: os limites “regulares” de agrotóxicos nos alimentos são definidos a partir de estudos que só levam em conta a exposição a um único agrotóxico por vez. Mas, na verdade, tanto no campo, como nas cidades estamos expostos a misturas. Por essas razões, a presença de agrotóxicos nos alimentos é potencialmente causadora de doenças. Quais são os efeitos do agrotóxico sobre a saúde humana? Os efeitos sobre a saúde decorrentes da exposição aos agrotóxicos podem ser classificados de duas maneiras: efeitos agudos, que são aqueles que se manifestam imediatamente após a exposição (em geral, a doses elevadas), e os crônicos, que podem se manifestar meses ou anos após a exposição (em geral, a doses baixas). Os efeitos agudos mais comuns são vômitos, diarreia, cefaleia, desmaios, convulsões, irritações dérmica e ocular, por exemplo. Já as doenças que podem ser causadas por exposição crônica são infertilidade, aborto, disfunções hormonais e câncer. Existem estudos estabelecendo a correlação entre a exposição ao agrotóxico e o surgimento da doença? Essa correlação é comprovada por meio de testes experimentais, procedimento que é utilizado também para avaliar a eficácia e toxicidade de um medicamento que chega ao mercado, por exemplo. Os estudos epidemiológi-
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ENTREVISTA
cos, ou seja, realizados com populações expostas são menos numerosos, mas têm corroborado o que os experimentais já apontam há mais tempo. Uma grande coorte americana (estudo que acompanha a manifestação de doenças em uma grande população) tem mostrado de forma bem robusta maior risco de câncer em agricultores e familiares. Essas informações são tão consolidadas entre os pesquisadores independentes que levaram, recentemente, o IARC (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer) a declarar como prováveis e possíveis cancerígenos agrotóxicos como o glifosato, malation, diazinona e 2,4-D, que são usados largamente no Brasil, tanto na agricultura como no controle de vetores. O Inca (Instituto Nacional de Câncer), no Brasil, também alertou para o risco de se consumir em média 7,5 litros de veneno por ano em decorrência do uso indiscriminado de agrotóxico. Sim, como disse acima, esse é o volume per capita. O que o Inca coloca é muito importante e nos faz questionar: precisamos de 7 litros por habitante para produzir os alimentos que consumimos? Certamente que não. E isso tem sido comprovado pelas iniciativas de produção orgânica e agroecológica espalhadas por todo o País. É possível produzir alimentos de forma saudável, social e ambientalmente justa. Há estimativas de número mortes causadas pelo uso de agrotóxicos? O Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) agrega essas informações. Cerca de 100 casos de óbito são notificados todos os anos, mas, de fato, estes números podem estar subestimados, como indica a própria Organização Mundial da Saúde. O Datasus registrou 34.147 notificações de intoxicação por agrotóxico de 2007 a 2014. Este número pode ser maior por falta de notificação? Como disse acima, a subnotificação ocorre com frequência e por diversas razões: pela dificuldade em fazer o diagnóstico ou até a falta de conhecimento sobre a obrigatoriedade de notificar esses casos.
“Para conseguir créditos por meio do Pronaf, o pequeno produtor deve adquirir um pacote de insumos, no qual os agrotóxicos estão incluídos” O Brasil consome 22 dos 50 tipos de agrotóxicos já banidos da Europa e outros países. Por que isto acontece? Principalmente porque o registro do agrotóxico no Brasil é permanente, ou seja, enquanto na Europa é feita a revisão da aprovação, considerando o conhecimento científico atualizado, aqui isto não ocorre. A legislação brasileira até prevê que possa ser feita a revisão de registro quando existem novos estudos indicando efeitos ou alertas internacionais. No entanto, as tentativas de revisão de agrotóxicos altamente tóxicos, ocorridas nos últimos anos, ainda se arrastam em decorrência da pressão exercida pelos setores econômicos envolvidos. Certamente isso permite com que mais pessoas se exponham aos efeitos de venenos que já deveriam ter sido proibidos. Os mecanismos de regulação do uso de agrotóxico no Brasil são eficientes? Não e por diversas razões. Um dos exemplos está citado acima, a dificuldade em proibir agrotóxicos que não são mais usados em outros países; a capacidade analítica laboratorial para monitorar agrotóxicos em água e alimentos não é suficiente; e o número de profissionais dedicados às áreas regulatórias é muito inferior ao de outros países que utilizam muito menos agrotóxicos. O modelo de agronegócio brasileiro propicia o uso indiscriminado de agrotóxico? Certamente que sim. Cerca de 70% a 80% dos agrotóxicos comercializados no Brasil destinam-se a quatro principais
culturas (soja, milho, cana e algodão) cuja produção é destinada, na sua maioria, para exportação. Essas culturas são plantadas em grandes extensões de terra, de milhares de hectares. As espécies de insetos, fungos etc. que atacam essas culturas se proliferam em maior velocidade. E o resultado? Mais veneno é aplicado nessas plantações, utilizando aviões, preferencialmente, para diminuir essas espécies não desejáveis que se tornam resistentes aos venenos. Ou seja, é um ciclo que não acaba. Por outro lado, a agricultura familiar, em menores propriedades de terra, produz cerca de 70% dos alimentos que consumimos, segundo dados do IBGE. Portanto, a sociedade precisa refletir sobre o modelo de produção que predomina no campo hoje e qual de fato garante o seu alimento: o agronegócio ou o camponês e a camponesa? O dossiê possui um capítulo sobre agroecologia. Quais são as principais propostas para se obter uma produção agrícola saudável em escala? O dossiê aponta diversos exemplos de sistemas de produção de alimentos e base agroecológica, que se baseia não somente em buscar a produção sem utilizar produtos químicos, mas também respeitando a natureza, as famílias, preservando as relações de trabalho, o respeito à mulher, às comunidades tradicionais, ao que cada solo é mais propício a produzir. Essas iniciativas demonstram ser tecnicamente possível produzir sem agrotóxicos, mas de fato temos muito o que avançar. Temos uma Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, mas devemos cobrar para que ela seja efetivada. Os governos brasileiros, nos últimos anos, têm investido maciçamente no agronegócio e aproximadamente 1% dos investimentos para a agricultura destina-se à produção agroecológica. Não é à toa que o agronegócio tem uma boa representatividade no nosso Produto Interno Bruto, ou seja, o investimento dá certo, mas o que urge hoje é a garantia do direito ao acesso a alimentos saudáveis. suelizola@uol.com.br
NEGÓCIOS
A
Franquias virtuais
As franquias virtuais estão caindo no gosto dos empreendedores afinados com o mundo da internet que buscam investimento inicial de baixo custo e retorno rápido – mas nem por isso menos trabalho ou empenho e profissionalização. Trata-se de um modelo que oferece serviços de marketing digital, consultoria, venda de produtos eletrônicos, gestão de softwares e desenvolvimento de negócios voltados à internet. Não têm sede física. A base é a web, conceito home. Diferem das lojas virtuais ou franquias online, as quais geralmente pedem um ponto comercial e instalações e, portanto, aportes maiores. De acordo com Ricardo Camargo, diretor-executivo da ABF (Associação Brasileira de Franchising), atualmente o Brasil conta com oito empresas de franquias virtuais e 405 unidades. “Elas ainda têm pequena participação, mas, considerando que o mercado de franchising brasileiro registrou um crescimento de 7,7% e faturamento de R$ 127,3 bilhões em 2014, o segmento tem potencial para se desenvolver.” O grande atrativo desse modelo de negócio é o baixo investimento inicial – de R$ 5 mil a R$ 50 mil, faturamento de R$ 20 mil a R$ 50 mil, dependendo da modalidade do negócio, e retorno de 18 a 24 meses. Alexandre Marquesi, professor de pós-graduação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), alerta que a franquia virtual é um modelo que ainda não se mostrou plenamente eficaz. Ele acredita que o mercado pode crescer, mas é preciso muita atenção, especialmente neste momento de desaceleração econômica. “Aguardar mais tempo para investir é aconselhável”, diz.
Riscos e cuidados
Antes de abrir uma franquia virtual, o empreendedor deve tomar os mesmos cuidados que teria com a abertura de uma franquia tradicional: pesquisar não só na internet como sair a campo, conversar com franqueados e questionar a transferência do know-how. O treinamento pode ser feito online ou presencialmente, mesmo que não haja uma sede física. A escolha é do franqueador,
que precisa organizar uma forma para que o franqueado comece a trabalhar com o mínimo de conhecimento das ferramentas e das estratégias de crescimento. Assim como as franquias convencionais, as virtuais se submetem a todas as taxas, como royalties e verbas de divulgação. Elas também devem seguir os parâmetros da Lei de Franchising (Lei 8.955/94) e as práticas de mercado atuais na sua concessão e gestão. Os cuidados na hora da escolha são os mesmos das outras franquias, tais como análise da empresa franqueadora e pesquisa de mercado.
Case de sucesso
Líder no segmento de franquias de marketing digital, a Guia-se Negócios pela Internet conta com cem unidades em todo o Brasil, com várias delas certificadas pelo Google e dois Selos de Excelência em Franchising concedidos pela ABF, que atestam a qualidade e a excelência da operação como franqueadora. “O selo ABF é o maior prêmio do franchising brasileiro e somos a primeira franquia de marketing a recebê-lo”, orgulha-se o presidente da Guia-se, José Rubens Oliva Rodrigues. Há 18 anos no mercado, oferece diversos serviços, como consultoria de marketing digital, criação de sites, desenvolvimento de loja virtual, links patrocinados no Google e Facebook, SEO (otimização de site), e-mail marketing, mídias sociais, hospedagem de site e e-mails. Também dispõe do Guia-se Sites Expressos, com mais de 66.500 sites para micro e pequenas empresas, divididas em categorias como restaurantes, pizzarias, móveis, pet shops, estética, buffets, profissionais de casamento etc. “Encontrar o verdadeiro mote de um negócio não é fácil. Muitos empresários desistem, mas os que persistem e têm resiliência, conhecimento, determinação, espírito de equipe contam com mais chances de encontrar o caminho certo e obter lucro. Acredito no que faço e na expansão do mercado de franquias virtuais”, declara Rodrigues. P sorsini@terra.com.br
. Silvana Orsini .
Atitudes empreendedoras, garra e profissionalização viabilizam modelo de e-franchising
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HIGIENE BUCAL
Cúrcuma ou pasta de dente? U . Martha R amos .
divulgação
Bela Gil causa controvérsia ao publicar orientação para limpeza dos dentes em rede social
Uma alternativa às técnicas tradicionais indicadas para a higienização dos dentes, como o fio dental e a pasta, agitou o mundo dos profissionais da Odontologia. A polêmica surgiu depois da publicação feita nas redes sociais pela apresentadora de programa de culinária e chefe de cozinha natural Bela Gil, filha do cantor Gilberto Gil. Como costumeiramente faz postagens dando dicas de receitas e alternativas de cosméticos naturais para seus seguidores em sua página pública, a apresentadora sugeriu o uso da cúrcuma para a limpeza dos dentes, em substituição às pastas convencionais. Isso porque, na opinião de Bela, os dentifrícios possuem muito flúor, que é prejudicial à saúde. A cúrcuma é comumente conhecida também como açafrão da terra e muito utilizada na culinária como tempero. A apresentadora publicou em julho deste ano a seguinte afirmação: “Cúrcuma para escovar os dentes! Melhor do que qualquer pasta de dente por aí (na minha opinião)!!! Antisséptica, antibiótica, anti-inflamatória, 100% natural e sem efeito colateral (a não ser as manchas amarelas na escova e na toalha de rosto). Não contém flúor, sulfato, adoçantes, aromas artificiais, goma xantana e outros porcaritos mais! Quem quiser experimentar vale à pena, o seu bolso e a sua saúde agradecem! Ah, antes que alguém pergunte, não deixa os dentes amarelos e sim superlimpos e branquinhos. Se quiser, pode adicionar uma pitada de canela também”. O secretário do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo – Crosp, Marco Antonio Manfredini, se pronunciou dizendo que a literatura científica acerca dos benefícios da cúrcuma sobre a saúde bucal é incipiente. “Há alguns poucos estudos científicos realizados que analisam a utilização deste produto, sobretudo na Índia. Como são poucos os estudos, pode se afirmar que não há evidências científicas de que o uso da cúrcuma
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seja eficaz para prevenir cáries e doenças na gengiva”, destacou. Manfredini ainda acrescentou que, para concluir esta possibilidade, são necessários diversos estudos conduzidos em muitas universidades e com acompanhamento de possíveis benefícios e ausência de riscos provenientes da utilização. Perguntado sobre outras possíveis maneiras naturais de se fazer a higiene bucal, o secretário do Crosp disse que receitas caseiras que circulam na internet, incluindo ingredientes como bicarbonato de sódio e juá, por exemplo, também não têm respaldo da literatura científica. O juá foi adotado em alguns dentifrícios comercializados no Brasil, mas acabaram sendo retirados do mercado. O cirurgião-dentista graduado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro Alex Brum Francisco de Paula explica que alguns alimentos trazem benefícios para os dentes. A maçã, por exemplo, possui efeitos adstringentes e ajuda na solubilização da placa bacteriana. O queijo, por sua vez, tem um pH que favorece a neutralização dos ácidos da placa. “É importante salientar que nenhuma das alternativas naturais de limpeza dos dentes ou o consumo de alimentos que auxiliem na limpeza substituem a higienização feita pela escova e o fio dental.
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Somente eles possuem ações mecânicas capazes de fazer a devida higiene dos dentes e a retirada do acúmulo de alimentos, além da remoção de possíveis placas”, esclarece. A assessoria de imprensa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que não regula o uso de cúrcuma e de outras substâncias alternativas. A Anvisa esclareceu também que apenas regula outros produtos legalizados e aprovados, como é o caso da pasta de dentes, por se tratar de um cosmético. Depois de toda a discussão e manifestação dos dentistas, conselhos e entidades ligadas à Odontologia sobre a publicação que fez, Bela Gil postou novamente: “Gente, não sabia que tinha tanto dentista no mundo! Hahaha! Nunca quis ofender vocês mostrando uma alternativa à pasta de dente para pessoas que não querem consumir mais toxinas no dia a dia. Adoraria se pudessem pesquisar e ler artigos científicos sobre os benefícios da cúrcuma na saúde bucal e sobre os efeitos maléficos da ingestão de flúor pela água e pasta de dente. O flúor está relacionado com fratura óssea, câncer de boca, hipotireoidismo etc. Só não quero mais uma fonte dele na minha vida. Não sou dentista, experimenta quem quiser!!! Vou ao dentista duas vezes por ano e só tive cárie uma vez na vida, ainda criança, quando comia besteira e usava pasta de dente com flúor!!!”. P martharamos89@hotmail.com
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EMPREENDEDORISMO
. Silvana Orsini .
Empreender e ser empregado, desde que não haja conflito de interesse entre as duas funções
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T
Ter um emprego fixo e ainda investir em negócio próprio pode ser prazeroso e rentável, porém difícil. Planejamento, disciplina, alta capacidade produtiva e foco são alguns dos requisitos básicos. Entre os motivos que levam as pessoas a fincarem o pé em duas canoas estão a insatisfação no emprego, o sonho de trabalhar para si mesmas e a necessidade de complementar renda. Segundo especialistas, o caminho é árduo, exige mais trabalho e dedicação, organização e facilidade em delegar tarefa. A observação da ética também é essencial nessa vida dupla. Sem recursos financeiros disponíveis para realizar seu desejo, Drielle Ramiro dos Santos decidiu pagar para ver. Especializada em marketing e estratégia para eventos corporativos numa empresa de TI, juntou-se à amiga
para a questão ética. “É importante ser transparente com a empresa com a qual se tem vínculo fixo. Se a companhia tiver uma mentalidade mais aberta e seu rendimento e horários não interferirem no trabalho, não há problema. Mas nunca escolha uma atividade que concorra diretamente com a companhia em que trabalha”, explica. Já para Letícia Menegon, professora do Curso de Graduação em Administração da ESPM e coordenadora da Incubadora de Negócios da ESPM, o empreendedor não passará por problemas éticos se entregar com qualidade e eficiência o que lhe for requisitado na empresa e, ao mesmo tempo, for transparente quanto às suas atividades fora da empresa. Ademais, algumas relações de trabalho são mais flexíveis
à empresa própria. “Se o empreendedor souber focar em seu trabalho para produzir entregas de qualidade rapidamente, sobrará tempo para ele se aplicar aos negócios de sua empresa. Ademais, as horas fora do horário de trabalho serão cruciais”, aconselha.
Vantagens
e desafios
A vantagem do emprego fixo para o novo empreendedor é a segurança financeira, segundo Menegon. Ele pode tomar decisões mais pautadas em dados e não na pressão da realização do negócio, ou seja, tem mais tempo para estudar o mercado e fazer ajustes. O fato de trabalhar em uma empresa permite ainda entrar em contato com ferramentais de gestão que podem ser aplicadas ao negócio próprio, além de
Equilíbrio possível Isabela Battistini, com mãos de fada para doces. Fundaram a Petit Dêtail, uma empresa de design de eventos únicos para casamentos, aniversários, bodas... Mesmo cumprindo sua jornada em horário comercial em seu emprego fixo, ela arruma tempo à noite e aos fins de semana para administrar o negócio próprio, enquanto sua sócia se aperfeiçoa em cursos no Sebrae e toca o resto. “Em um ano vimos os pedidos se multiplicarem apenas utilizando site, Facebook e Instagram. Fazemos questão de que os nossos eventos sejam o cartão de visitas da Petit. São eventos pensados exclusivamente para cada ocasião e cliente. Esse é o futuro que escolhi para mim”, diz. Alguns cuidados, no entanto, devem ser observados para fazer o empreendimento dar certo, tais como a familiaridade e o gosto pela atividade, informações sobre os concorrentes e um bom plano de negócio. Paulo Marcelo Tavares Ribeiro, gerente do Sebrae-SP, também alerta
em termos de horário, permitindo ao empreendedor dedicação parcial à sua empresa. A professora Vanderli Frare, coor denador a do MB A em G e s t ão Estratégica de Pessoas do Ibmec/DF, também acredita nessa vida dupla prof is sional. “Embora não seja o ideal, tudo depende da carga horária dedicada ao emprego fixo e do tipo de negócio. Se for meio período, é possível conseguir se dedicar melhor ao negócio próprio. Mas nem todos possibilitam esta conciliação. O ideal é ter um sócio ou equipe contratada e de confiança para delegar a operação do negócio enquanto estiver ocupado. Mas essa condição – trabalho fixo + negócio próprio – não é recomendada por longo tempo”, enfatiza. Letícia Menegon, no entanto, acredita que o empreendedor pode dividir seu tempo e fazer acontecer, planejando e buscando eficiência em seu trabalho, para que sobre tempo para conduzir processos relacionados
contatos que podem ser feitos sem que haja conflito de interesse entre as duas empresas. O empreendedor não está pressionado a ganhar dinheiro no curto prazo. Ele tem fôlego. Por outro lado, o desafio está em equilibrar o tempo disponível para as duas empresas. O empreendedor vai trabalhar muito mais horas, o que pode gerar esgotamento. Poderá ter dificuldade em dar atenção à sua empresa, uma vez que na companhia em que trabalha precisa cumprir metas, entregar resultados, além de sofrer avaliações constantes. Outro desafio é encontrar alguém de confiança que conduza alguns processos do novo negócio quando ele não puder estar presente. Conciliar trabalho fixo e empreendedorismo depende da área de atuação e do planejamento. Em alguns tipos de negócios, a presença física é crucial. Essa conciliação é difícil nesses casos, a menos que a pessoa tenha alguém de confiança, um braço direito. P sorsini@terra.com.br
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Colesterol e infertilidade U . Eli Serenza .
Os índices de colesterol, além do risco de doenças cardíacas, afetam também as chances de fertilização
Um estudo divulgado recentemente no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, estabelecendo relação entre colesterol alto e a dificuldade para engravidar, revela mais um risco, até então desconhecido, provocado pelo excesso desse tipo de lipídio na corrente sanguínea. Os pesquisadores acompanharam 501 casais nos Estados Unidos que estavam tentando ter um bebê, sem problemas aparentes de fertilidade. Logo no início da pesquisa, foram colhidas amostras de sangue dos casais para a realização do exame e aferidos os níveis de cinco gorduras: colesterol livre, colesterol total, fosfolipídios, triglicérides e lipídios totais. Os resultados mostraram uma forte ligação entre os níveis mais elevados de colesterol livre em casais e o tempo que eles levaram para engravidar. Esta associação provou ser verdadeira, mesmo depois que os pesquisadores levaram em conta outros fatores que poderiam
influenciar as taxas de fertilidade ou os níveis lipídicos, como idade, escolaridade, índice de massa corporal (IMC) do casal, raça e educação. Para a ginecologista e obstetra Cristina Carneiro, o estudo sugere que os níveis de colesterol podem ser um fator importante em casais saudáveis que querem engravidar e não têm problemas de infertilidade. “O colesterol pode estar relacionado com a fertilidade porque é um bloco de construção dos hormônios masculinos e femininos. Esses hormônios, como o estrogênio e a progesterona nas mulheres e a testosterona nos homens, desempenham um papel na capacidade de o casal engravidar. Eles influenciam a qualidade do esperma e do sêmen dos homens, bem como a ovulação, a implantação e a manutenção de uma gravidez saudável”, resume. Uma limitação do estudo, segundo a ginecologista, é que os pesquisadores não tinham dados sobre as dietas dos
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está fortemente associada a resultados indesejados para a fertilidade da população. Por outro lado, uma dieta com grande quantidade de pescados ricos em gorduras essenciais, óleos vegetais de boa qualidade e reduzida ingestão de carboidratos refinados, como a dieta mediterrânea, por exemplo, pode aumentar as chances de engravidar e de garantir uma gestação saudável do início ao fim”, sugere. Cambiaghi ainda explica que o colesterol pode ser encontrado tanto na carne de animais e seus derivados (colesterol exógeno), como sintetizado no organismo pelo fígado (colesterol endógeno). Por isso, essa substância, que pertence à classe das moléculas chamadas de esteroides, é encontrada de várias formas na corrente sanguínea e em todas as células do corpo. Em níveis muito elevados do HDL, há necessidade de restringir a inges-
tão de alimentos de origem animal, realizar mais atividades físicas e ainda recorrer ao medicamento que força a redução desse tipo de lipídio nocivo ao organismo, como esclarece o cardiologista Germano de Souza, do Instituto do Coração (InCor). “Cada uma dessas medidas pode reduzir no máximo 30% dos índices do HDL, ao mesmo tempo em que ajuda a elevar o LDL (‘bom colesterol’), equilibrar os níveis de concentração no organismo e diminuir o risco de um ataque cardía co”, informa. Essas precauções devem ser mantidas pela vida toda, pois, se antes a alteração nos índices de colesterol assombrava com o fantasma das doenças cardíacas, agora ameaça também os mais jovens, diminuindo as chances de fertilidade e a possibilidade de ter filhos. P eserenza@terra.com.br © detailblick-foto | dollarphotoclub.com
participantes, o que poderia influenciar os níveis de lipídios. “Mesmo assim, os resultados preliminares são importantes para a saúde pública, pois as taxas de obesidade e do mau colesterol (HDL) são tão grandes nos Estados Unidos, que até mesmo pequenas mudanças podem afetar a capacidade de os casais engravidarem.” Essa também é a opinião de Arnaldo Cambiaghi, especialista em reprodução humana, para quem os problemas relacionados à infertilidade vêm aumentando significativamente nas últimas décadas em virtude da forte influência exercida pelo estilo de vida da população. Segundo ele, a fertilidade de homens e mulheres pode ser prejudicada por hábitos pouco saudáveis, entre os quais, a má alimentação. “Uma dieta nutricionalmente pouco adequada, com baixa ingestão de vitaminas e minerais antioxidantes,
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CRÔNICA
Saúde pública e privada coexistem
. Flávio Tiné .
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Em sua essência, os planos de saúde constituem uma importante complementação ao sistema público
O autor é jornalista e foi assessor de imprensa do HCFMUSP durante 21 anos flavio.tine@gmail.com
Quando o assunto é saúde pública parece não haver discordância ao afirmar-se que o Brasil dispõe do maior sistema de atendimento médico do mundo, universal – comum a todos, geral – e gratuito. São poucos os países que proporcionam esse tipo de atendimento. A primeira tentativa de implantação de algo parecido ocorreu com o socialismo, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), na China e na Coreia do Norte, onde um regime de força procurava atender minimamente o cidadão, considerado peça indispensável ao desenvolvimento. Se não era um Sistema Único de Saúde (SUS), seria algo parecido. Daí talvez a pecha de comunista atribuída aos médicos que se especializavam em saúde pública. Eram eles que defendiam com unhas e dentes as medidas voltadas para a população em geral, com ou sem recursos. No ministério e nas secretarias de saúde dos estados eram conhecidos como sanitaristas. Por serem em geral muito competentes, constituíam uma espécie de casta, impondo-se por suas qualidades de administradores competentes e implacáveis, a ponto de serem reconhecidos pelas mais renomadas autoridades. Competentes administradores hospitalares, como o professor Adib Domingos Jatene, que foi diretor da Faculdade de Medicina da USP, secretário de Saúde de São Paulo e duas vezes ministro da Saúde, prestigiava os sanitaristas, exatamente por conhecer a dedicação e competência desses profissionais. Como se sabe, o professor Jatene nunca teve a mais tênue tendência ao comunismo – ao contrário, por causa de seus hábitos burgueses, foi questionado pelo Imposto de Renda. O Fisco acusou-o de sonegar impostos, fato explorado impiedosamente pela revista Veja. Em todos os cargos públicos que ocupou, o professor Jatene cercou-se de especialistas desse jaez. Fez mais ou menos
como o jornalista Roberto Marinho, quando questionado pelos militares sobre o fato de abrigar em suas empresas jornalistas considerados subversivos: “Em meus comunistas mando eu” – disse ele. Não sei se essa aura de competência procede, pois o atendimento universal e gratuito até hoje está envolto em polêmica. Funciona muito bem em áreas ou atividades como vacinação, campanhas, prevenção de doenças, estatísticas, entre outras, mas deixa a desejar quando o cidadão precisa de atendimento, normal ou de emergência. Há filas imensas para conseguir determinados procedimentos. Consultas são agendadas para o ano seguinte. Agendar consulta com um especialista é algo doloroso, como relatam diariamente as reportagens de rádio e televisão. Às vezes exageram, filmando salas de espera repletas de pacientes nos corredores de determinado hospital, ou pacientes em macas num pronto-socorro. Os repórteres confundem consultas com urgência e emergência e deixam de informar que o paciente em maca está sendo atendido e só vai para um leito se comprovada a necessidade. O que determina a ênfase das imagens não é o estado de saúde mas a conveniência da reportagem, determinada a evidenciar a incompetência das autoridades. Para escancarar, a cena vale mais do que a realidade. Como assessor de imprensa na área de saúde, testemunhei isso de perto. Raramente há um elogio ou reconhecimento, salvo a hipótese de reportagens encomendadas a partir de determinadas campanhas. Para o cidadão que não dispõe de recursos não resta alternativa a não ser confiar no Sistema Único de Saúde (SUS). O esforço no sentido de melhorar é prejudicado eventualmente por ingerências políticas. Daí a existência de diversas modalidades de planos de saúde, que constituem uma complementação ao sistema. Como em toda atividade humana, o público e o privado coexistem de forma pacífica. P
ESPAÇO LIVRE
Um hábito gaúcho – Pesquisas feitas no sul do País apontam que dois copos diários de bebida à base de uva fazem bem à saúde. Até aí, tudo bem. Não há novidade. Mas a preferida dos gaúchos não é o vinho, como muitos podem pensar, e sim o suco integral industrializado. Esta opção foi a escolhida por 45% dos pesquisados e, realmente, é uma ótima escolha. Um terço escolheu o vinho, também outro aliado da saúde, mas que deve ser tomado com moderação. Em terceiro lugar, ficou o suco orgânico. Café contra câncer de próstata – Não é algo conclusivo, mas cientistas chineses e noruegueses atualizaram e revisaram estudos populacionais e diagnosticaram que existe uma menor chance de desenvolvimento de câncer de próstata em pessoas que têm o hábito de beber café coado e filtrado. Na Noruega, a pesquisa foi feita com homens de 20 a 69 anos. A cura da gripe – Ela ainda está distante de acontecer, porém, uma esperança vem surgindo no horizonte. Uma pesquisa publicada na revista The Lancet, com 4.300 pessoas, constatou que cápsulas de fosfato de oseltamivir são eficazes no contra-ataque da gripe. Entre os estudados, a melhora ocorreu em 97 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas, em comparação a 122 horas dos que não ingeriram o medicamento. O princípio ativo impede que o vírus extrapole as barreiras da célula e contamine outras não infectadas.
Choque elétrico contra depressão – É bastante relevante a quantidade de pessoas portadoras de depressão que não respondem à medicação, chegando a 30%. Pensando nisto, o Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo aposta, como alternativa, nos choques elétricos transcranianos. O método tem a vantagem de não ser invasivo e ser indolor. Bobinas emitem corrente em certos pontos do cérebro, modulando sua atividade. Sua eficácia, porém, ainda tem que ser comprovada. A água também tem prazo de validade – Líquidos armazenados em garrafas de plástico possuem micro-organismos que, após o período de um ano, podem se desenvolver e se proliferar quando expostos aos raios do sol e mudanças de temperatura. Sendo assim, é possível surgir bactérias e algas que tornem a bebida prejudicial à saúde. Portanto, dê preferência às versões engarrafadas em vidro, que são muito mais resistentes. Imunoterapia: uma aposta contra o câncer – Além das abordagens tradicionais de combate à doença, como a quimioterapia, radioterapia e cirurgia, surge uma nova, agora capaz de animar o meio médico e científico: a imunoterapia. As células do corpo não são capazes de reconhecer o câncer como ameaça, pois as células cancerígenas desativam os linfócitos, componentes imunológicos. Mas remédios imunoterápicos têm obtido ótima resposta neste combate, pois estimulam as células boas a reconhecerem melhor seu inimigo e destruí-lo.
Gabiroba e cagaita contra o rotavírus – Na falta de boas opções no combate ao rotavírus, causador de morte por infecção de crianças pequenas pelo País afora, pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias, em Minas Gerais, resolveram procurar soluções caseiras para lidar com a situação. Saíram à procura de plantas locais que pudessem combater o problema e encontraram no extrato das folhas da gabiroba e da cagaita uma boa esperança de inibição do vírus. A ideia é que a rede pública seja abastecida do fitoterápico o mais rápido possível.
Pedalando para o trabalho – A Universidade de East Anglia, na Inglaterra, analisou dados de quatro mil pessoas que trocaram o transporte público pela bicicleta em sua ida ao trabalho. Em média, as pessoas perderam 1,5 kg. Se as distâncias demandavam períodos maiores que meia hora de atividade física (incluindo caminhadas), as pessoas chegaram a enxugar 7 quilos, com diminuição do índice de massa corpórea (IMC) de 2,25 pontos. Isto corrobora a recomendação médica de se fazer 30 minutos de exercícios diários. Soneca à tarde é bom – De acordo com estudo feito por pesquisadores gregos, dormir entre 30 e 50 minutos durante o dia diminui o risco de infarto em até 10%. Nos dias de hoje, apesar de ser um luxo para poucos, algumas empresas vêm estimulando o hábito, criando espaços adequados dentro de suas instalações, com o objetivo de diminuir licenças médicas e aumentar a produtividade. Pessoas testadas tiveram sua pressão diminuída em 4% quando acordadas e 6% quando dormindo, comparadas àquelas que só dormiam à noite. Ler no escuro prejudica os olhos. Será? – A afirmação não corresponde à realidade. O que acontece é que um ambiente com pouca luz submete a visão a um esforço maior, a córnea fica mais ressecada e há um evidente desconforto ocular. No entanto, os efeitos nocivos não são duradouros, e as estruturas e funções dos olhos ficam imaculadas.
Necessitamos de 2 litros de água diários? – Na verdade, trata-se de um mito, muito difundido, inclusive pelos meios médicos. Não existe nenhuma comprovação científica de que nosso organismo necessite desta quantidade diária de água. Existe certo exagero. O que o corpo precisa é de aproximadamente 2 litros de fluidos, que podem ser encontrados na bebida, nas frutas, verduras e nos alimentos, em geral.
TEXTO: NEUSA PINHEIRO / ILUSTRAÇÕES: MARCELO RAMPAZZO
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CRÔNICA
N
. Paulo C astelo Branco .
É essencial consultar médicos antes de começar a treinar ou fazer dieta
Paulo Castelo Branco é advogado, escritor e membro da Academia Brasiliense de Letras
Barriga tanquinho
Não havia percebido que o seu abdômen estava estufado. Foi sua mulher que o repreendeu ao encontrá-lo, nu, à frente do espelho. Ela acabara de chegar da academia com o corpo suado de tanta malhação. Eram da mesma idade, mas ela aparentava ter no mínimo dez anos menos que ele. Riu da reclamação, afirmando que barriga era sinal de prosperidade. No trabalho, abrindo os e-mails, foi até a pasta de spam para verificar se alguma mensagem importante não caíra na pasta indevidamente. Observou que, a cada três e-mails, um oferecia algum método para perder a circunferência abdominal e passar a desfilar com uma “barriga tanquinho”. Um deles chamou a sua atenção, e, sem medo de que fosse vírus , o abriu para conhecer a marav ilh a of er e c i d a qu e p r o m e t i a: “Aprenda o que realmente funciona para ter um abdômen definido!”. No con t e úd o d a mensagem vinha a orientação ensinando que a barriga cresce porque as pessoas comem os alimentos errados e fazem exercícios inadequados. Ficou cismado de como os especialistas descobrem com facilidade os endereços dos barrigudos e insistem em fazê-los mudar a rotina para serem mais saudáveis. Lembrou-se de Eduardo, um velho amigo que decidiu melhorar as suas condições físicas e acabou se
mudando para o andar de cima após seis meses de academia. Morreu com excelente aparência, corado, com um sorriso nos lábios e o terno largo. Guardou o e-mail e, no fim do expediente, passou na pizzaria predileta, bebeu dois chopes e comeu uma calabresa média, prometendo que na próxima semana iria iniciar um regime para perder a gordura que incomodava a esposa. Deitado na cama fez uma lista de medidas que iria tomar para surpreender a companheira: 1. Só comer alimentos light ou diet. 2. Fazer 100 abdominais e 200 flexões como aprendera durante o serviço militar. 3. Caminhar diariamente, alternando corridas a cada 200 metros. Dormiu satisfeito com a decisão. Levantou cedo, colocou o velho tênis, camiseta e bermudas. Comeu um pote de iogurte, uma fatia de mamão e saiu. Demorou mais do que o esperado e não conseguiu concluir o percurso predeterminado. Encontrou amigos, combinou almoço na sexta-feira e voltou para casa. No chão, fez dez abdominais e cinco flexões. Ficou exausto. No escritório abriu o e-mail e leu que os alimentos que escolheu podem estimular o corpo a acumular mais gorduras e recomendam buscar nutricionistas para programar alimentação adequada. Viu, ainda, que exercícios chatos e repetitivos e sem acompanhamento profissional podem causar lesões graves. No fim da propaganda, a recomendação: “Defina o seu abdômen agora mesmo!”. Considerou propaganda enganosa e marcou uma consulta com seu médico, não queria seguir o caminho de Eduardo. P
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O custo da pirataria
E
Estamos acostumados a ouvir e ver notícias de pirataria de diversos produtos, desde roupas até brinquedos. Mas o que muita gente não sabe é que na Odontologia, mais precisamente no setor de implantes, também podem ser encontrados produtos piratas e o pior, a sua utilização pode afetar diretamente a saúde bucal. A implantodontia no Brasil teve início em meados dos anos 1980, após alguns brasileiros se especializarem no exterior e retornarem ao País para treinar e aperfeiçoar cientificamente os profissionais aqui do Brasil, aumentando aos poucos o número de pessoas especializadas. O que no início era de custo elevado e elitizado, com a queda de patentes e estabilização econômica, houve um fôlego na capacidade da indústria brasileira em desenvolver métodos e tecnologia na produção de componentes utilizados em implantes. Em 2014, no Brasil, foram realizados cerca de dois milhões de implantes dentários, quantidade inferior apenas à dos EUA. Os implantes realizados no País, atualmente, são referência internacional,
e por aqui é um procedimento importante para a qualidade de vida de quem, por algum motivo, teve avaria na arcada dental. Com alcance para boa parte da população, o crescimento da oferta dos produtos de qualidade e a expertise de excelentes profissionais, a implantodontia teve grande ascensão no mercado nacional. Entretanto, a grande demanda por parte da população trouxe também um grave problema: a pirataria. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos – Abimo, de cada 10 implantes realizados, 3 são piratas. Esse levantamento tem tirado a tranquilidade de profissionais da Odontologia de todo o Brasil, principalmente pelo fato de a área ser uma das mais crescentes no País. Este cenário de insegurança fez com que muitos profissionais apoiassem iniciativas que coíbem essa prática que, além de criminosa, é desleal. O apoio da classe e a crescente participação do mercado irregular motivaram a mobilização da associação em relação às denúncias. “Para melhorarmos a efetividade dos resultados, contratamos um
. Alessandro Polo .
A colocação de dentes artificiais no Brasil pode esconder potenciais riscos à saúde e também prejuízos financeiros e éticos
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escritório de advocacia para nos auxiliar nos trâmites necessários para alcançarmos êxito em nossas reivindicações”, explica Knud Sorense, vice-presidente do setor odontológico da Abimo. Entretanto, para que as ações tenham resultados importantes, é primordial a parceria de diversas esferas federais, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa e o Conselho Federal de Odontologia – CFO. Para as outras instituições, a maior dificuldade em combater a prática da pirataria é a falta de denúncias efetivas, uma vez que, no caso da Anvisa, os apontamentos são somente em relação a produtos não registrados no órgão. “Após levantamento das denúncias referentes aos implantes odontológicos recebidas de 2011 até este ano, foi verificado que a Anvisa não recebeu denúncias de falsificação de componentes usados em implantes, mas por produtos não registrados nesta agência”, esclarece Tânia Regina Aguilar, da equipe da Gerência de Fiscalização de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária e da Gerência-Geral de Produtos para Saúde. A Anvisa deixa claro que há diferenças conceituais entre produtos não regularizados e produtos falsificados (piratas). Todos os implantes, incluindo os odontológicos, devem obrigatoriamente ser registrados no órgão. No processo de registro, o produto é avaliado quanto aos quesitos de segurança e eficácia. Sendo assim, um produto não registrado não contém essas avaliações. Já os materiais falsificados são aqueles que imitam os produtos registrados para dar a aparência de legítimo. “Não são conhecidas as
condições de fabricação destes produtos falsos e, por aparentarem ser produtos regulares, a identificação é mais difícil e os riscos à saúde pública são aumentados”, complementa Tânia Aguilar. Para a categoria odontológica e toda a sociedade, um projeto de lei que obrigue a venda de produtos odontológicos com as devidas identificações e registros seria o ideal para coibir a prática da pirataria, mas, enquanto isso não acontece, cabe aos profissionais a função de identificar a originalidade do material que será utilizado, assim como a de cada paciente em exigir informações sobre os componentes que serão implantados. O CFO tem alertado constantemente os cirurgiões-dentistas sobre o risco do uso de componentes protéticos não qualificados, pois, se houver algum problema, o profissional é o primeiro contatado. “No caso de denúncia do profissional, primeiramente o Conselho Regional da cidade onde o profissional é inscrito deve apurar e julgar dentro das normas do Código de Ética e, em segunda instância, o CFO”, explica Rubens Corte Real de Carvalho, tesoureiro do conselho. Após o processo ético ao qual é submetido e, se comprovado o dano à saúde da pessoa, aplica-se o preceito fundamental do Código de Ética em seu artigo 9o, que é o de zelar pela saúde e pela dignidade do paciente. A especialista em implantologia oral e ex-professora do curso de Aperfeiçoamento em Implantologia Oral da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas – APCD, de São Bernardo do Campo, Maria Regina Moreno Sierra garante um trabalho de qualidade e se resguarda de qualquer problema que venha a ter. Ela revela que seus contratos com fornecedores são sempre bem elaborados e todas as etiquetas de procedência dos implantes utilizados são anexadas ao prontuário do paciente. “Nós, implantodontistas, antes de qualquer coisa, devemos zelar pela saúde e integridade física do paciente”, esclarece. Segundo a Abimo, na maioria dos casos, os dentistas não são enganados, pois há a consciência da escolha do produto irregular, muitas vezes pelo beneficio burocrático e comercial na hora da com-
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Informações em um click A Anvisa lançou neste ano o programa Click Saudável, uma iniciativa que busca dar aos internautas informações confiáveis sobre produtos sujeitos à vigilância sanitária e, assim, auxiliar o consumidor na tomada de decisões de consumo mais seguras para a saúde. O projeto engloba o site www.clicksaudavel.gov.br que traz, em linguagem simples e informal, conteúdos atualizados sobre os riscos à saúde envolvendo a utilização de produtos irregulares ou de procedência desconhecida. “O trabalho da agência foca a melhoria da qualidade e da segurança dos produtos, no fortalecimento do controle da cadeia formal de fornecimento, por meio de inspeções de rotina, e aprimoramento da regulamentação, com mecanismos de controle de todas as etapas da cadeia de produtos regulares”, explica Tânia Aguilar. Ela ainda esclarece que a internet é um grande desafio às instituições que lutam contra a pirataria, pois as pessoas que buscam produtos especialmente por esse meio estão à margem dos controles existentes nas empresas regulares. Sua característica altamente dinâmica, na qual os sítios eletrônicos são criados e excluídos com facilidade e hospedados muitas vezes fora do País, exige a procura de alternativas de ação específica. Enquanto as autoridades buscam formas de inibir as vendas por meio eletrônico, a Abimo, o CFO e a Anvisa continuam debatendo formas de refrear a fabricação e a venda desses produtos
não qualificados. Dentro dessa medida, a Anvisa adotou, em sua Resolução de Diretoria Colegiada RDC no 14/2011, o regulamento técnico com requisitos para agrupamento de materiais de uso em saúde para fins de registro e cadastro e adoção de etiquetas de rastreabilidade para produtos implantáveis. Ainda assim, o ideal seria que houvesse um projeto de lei que obrigasse as empresas a venderem os componentes protéticos odontológicos com a devida identificação. Em paralelo a essa resolução, a Abimo pretende adotar uma carteira de identificação do produto contendo dados de registro da Anvisa com código de barras, empresa, condições e data. Ela seria a garantia do componente utilizado. De maneira geral, a melhor forma de garantir o sucesso do procedimento e a qualidade do serviço é saber a procedência do material usado, trabalhando sempre com empresas idôneas. O ideal é verificar no site da Agência de Vigilância Sanitária se a marca utilizada está devidamente regularizada. Aos pacientes fica o alerta do Conselho Federal: “Ao iniciar o tratamento com o profissional de sua confiança, exija a etiqueta de garantia e rastreabilidade do produto, zele por sua saúde”. alessandropolo@uol.com.br
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pra dos materiais. Essa facilidade se dá quando os piratas não precisam garantir a rastreabilidade dos produtos e, assim, obtêm condições de consignação, troca e devolução de maneira facilitada. Neste caso, segundo a entidade, o grande enganado é o paciente, uma vez que jamais saberá qual material foi utilizado em sua reabilitação, porque as peças ficam cobertas pela coroa propriamente dita. Mais do que a sensação de ser enganado, o paciente que receber a prótese pirata pode ainda sentir na pele, ou melhor, na saúde, o resultado dá má qualidade dos produtos. Isso porque as próteses piratas não respeitam as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, fazendo com que as peças não sejam compatíveis entre si e até mesmo com o organismo humano, além de apresentarem problemas de resistência mecânica e características de acabamento inadequadas, entre outros. “Os componentes protéticos que se encaixam nos implantes são os mais pirateados, são feitos com dimensões de encaixe mais folgados, o que faz com que afrouxem com mais facilidade, gerando risco de proliferação de bactérias que vão para a gengiva e consequentemente a perda do implante”, alerta Sierra. Diante desse panorama, a maior preocupação, segundo a Abimo, é a falta de autuações. Mesmo a pirataria ocupando 30% do mercado, nenhum dentista ou empresa foi notificada por essa infração, o que evidencia o baixo envolvimento das autoridades em relação ao tema. Por outro lado, a Anvisa informa que há um plano de ação em andamento e que o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária realiza inspeções sistematicamente em fabricantes, importadores e distribuidores de produtos para saúde. Porém, o embate não é simples, já que não há soluções padronizadas.
MERCADO
Creme dental Racco
Enzycal chega ao Brasil
Para quem busca higiene bucal com componentes naturais, a Racco lança o creme dental de aloe vera e própolis com flúor e camomila multi aloe. O produto conta com ativos importantes como o aloe vera, um poderoso fungicida, anti-inflamatório, analgésico, cicatrizante, regenerador e fortificante, que também ajuda no clareamento dental, prevenção de cáries e no combate às aftas e gengivites. Além disso, o creme dental contém flúor e própolis, um excelente antisséptico, antimicrobiano e antioxidante que inibe a formação da placa bacteriana. Já o eucalipto, também presente na composição, confere frescor e a camomila exerce efeito calmante sobre os dentes e gengivas. O produto está disponível por meio de representantes autorizados em todo País e tem preço sugerido de R$ 19,90.
Bitufo Monster High
A Bitufo lança a nova linha infantil licenciada, desta vez com personagens Monster High – animação colegial em que os estudantes são os filhos dos monstros mais famosos do mundo, como Drácula, Frankenstein e Lobisomem. Composta por escova, fio, gel dental, antisséptico e ortokit, a linha é indicada para crianças a partir dos 5 anos e é aprovada por odontopediatras. Os produtos podem ser encontrados em drogarias e farmácias de todo o Brasil.
Divulgação
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Importado pelo Curaden, a linha de cremes dentais Enzycal agora está disponível para os consumidores brasileiros. Os produtos não são abrasivos e não possuem sodium lauryl sulfate (detergente), que pode irritar os tecidos da boca. Há três diferentes apresentações dos cremes dentais Enzycal (1450, 950 e Zero), que podem se adequar a situações específicas de acordo com as necessidades individuais de cada pessoa ou faixa etária. Esses números indicam a concentração de flúor dos produtos, ou seja, concentração convencional de flúor (Enzycal 1450 ppm), baixa concentração de flúor (950 ppm) e ausência de flúor (Enzycal Zero). Todas as versões possuem um sabor neutro e suave.
CARTAS Obrigada a todos os responsáveis pela Odontologia de Grupo em Revista, gosto muito das matérias sobre saúde, são sempre úteis no dia a dia. Parabéns pela revista, que vocês continuem assim! Maria Shirley Souza Gonçalves – Belo Horizonte – Minas Gerais A matéria sobre a fluoretação da água veio a calhar com as discussões que estão sendo feitas em várias cidades brasileiras, bem como sobre o uso racional desse método, já que há muitas vertentes que julgam inapropriado o consumo de água fluoretada em excesso. Luiz Carlos da Assunção – São Paulo – SP A Odontologia de Grupo em Revista agradece pelos e-mails enviados pela ABO-PA – Associação Brasileira
de Odontologia do Pará e CRO-RJ – Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro. Cartas e mensagens eletrônicas poderão ser endereçadas para: Odontologia de Grupo em Revista. Rua Treze de Maio, 1540 – Bela Vista – CEP 01327-002 – São Paulo – SP. E-mail: revista@sinog.com.br. Aquisição de exemplares Para o recebimento gratuito das edições da Odontologia de Grupo em Revista, é necessário o preenchimento do formulário de solicitação SELO que está disponível no endereço www.sinog. com.br/revista. Operadoras de Odontologia de Grupo associadas ao Sinog poderão solicitar número adicional de exemplares para distribuição interna, mediante solicitação pelo e-mail r evista@sinog.com.br.
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SAVE THE DATE 28 e 29 de Abril de 2016 Centro de Convenções FecomercioSP
OPORTUNIDADES EM TEMPOS DE CRISE
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