Revista Bahia Indústria - edição nº 243

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Bahia Federação das Indústrias do Estado da Bahia  Sistema FIEB

Aposta na educação

Rede SESI expande número de matrículas do ensino médio e amplia presença fora da região metropolitana

ISSN 1679-2645

Ano XXIII nº 243  2016



Angelo Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

EDITORIAL

SESI amplia rede de educação O SESI está dando um passo importante para ampliar a oferta de vagas na sua rede de ensino. A partir de 2018 estarão em operação oito novas escolas dedicadas ao ensino médio, sendo duas na capital e as demais no interior, nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, Vitória da Conquista, Ilhéus, Feira de Santana e Juazeiro. O propósito do SESI é contribuir para reforçar a preparação dos jovens em uma das mais importantes etapas da formação acadêmica: o ensino médio. É quando o estudante se prepara para o ingresso na vida profissional e o EBEP – ensino médio SESI, articulado com o SENAI –, o modelo de ensino da Rede SESI, prevê justamente o desenvolvimento destas competências. O EBEP se caracteriza por preparar o acesso do jovem ao mercado por oferecer conteúdos, ao longo do ensino médio, que educam para a convivência no trabalho. No EBEP, o estudante que conclui a formação básica é encaminhado para cursar o quarto ano no SENAI, concluindo o ciclo com uma formação técnica voltada para a indústria. A iniciativa justifica-se quando se leva em conta que o Brasil não consegue oferecer à sua juventude, de forma universal, uma educação de qualidade que a habilite ao domínio dos conhecimentos básicos para quem conclui o ensino médio no tempo regulamentar. Especialistas em educação apontam que apesar dos crescentes investimentos que o Ministério da Educação vem fazendo na educação básica, este esforço não se traduz em melhoria da qualidade do ensino. Com isso, o desempenho dos estudantes brasileiros em rankings internacionais é considerado ruim e ameaça a competitividade do país.

Escola do Retiro está em fase de conclusão das obras e marca a ampliação do ensino médio na capital

A partir de 2018 estarão funcionando oito novas escolas da Rede SESI dedicadas ao ensino médio, no modelo articulado, o EBEP, em duas unidades da capital e as demais no interior


Unidades do Sistema FIEB Informações sobre a atuação e os serviços oferecidos pelas entidades do Sistema FIEB, entre em contato FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1200 SESI – Serviço Social da Indústria Sede: 3343-1301

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-PRESIDENTES Josair Santos Bastos; Eduardo Catha-

rino Gordilho; Edison Virginio Nogueira Correia; Alexi Pelagio Gonçalves Portela Junior. DIRETORES TITULARES Alberto Cánovas Ruiz;Eduardo Meirelles Valente; Renata Lomanto Carneiro Müller; Fernando Luiz Fernandes; Juan José Rosario Lorenzo; Theofilo de Menezes Neto; José Carlos Telles Soares; Angelo Calmon de Sa Junior; Jefferson Noya Costa Lima; Luiz Fernando Kunrath; João Schaun Schnitman; Antonio Geraldo Moraes Pires; Mauricio Toledo de Freitas; Waldomiro Vidal de Araújo Filho. DIRETORES SUPLENTES Guilherme Moura Costa e Costa; Gladston José Dantas Campêlo; Cléber Guimarães Bastos; Jorge Catharino Gordilho; Marcelo Passos de Araújo; Roberto Mário Dantas de Farias

conselhos Conselho da Micro e Pequena Empresa Industrial

Carlos Henrique Jorge Gantois; Conselho de Assuntos Fiscais e Tributários Sérgio Pedreira de Oliveira Souza; Conselho de Comércio Exterior Angelo Calmon de Sá Junior; Conselho de Economia e Desenvolvimento Industrial Antonio Sergio Alipio; Conselho de Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes; Conselho de Inovação e Tecnologia José Luis Gonçalves de Almeida; Conselho de Meio Ambiente Jorge Emanuel Reis Cajazeira; Conselho de Relações Trabalhistas Homero Ruben Rocha Arandas; Conselho de Responsabilidade Social Empresarial Marconi Andraos Oliveira; Conselho de Jovens Lideranças Industriais Nayana Carvalho Pedreira; Conselho de Petróleo, Gás e naval Humberto Campos Rangel; Conselho de Portos Sérgio Fraga Santos Faria

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Editada pela Gerência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb Editorial Mônica Mello, Cleber Borges e Patrícia Moreira. Coordenação editorial Cleber Borges. Editora Patrícia Moreira. reportagem Patrícia Moreira, Carolina Mendonça, Marta Erhardt, Luciane Vivas (colaboração) e Décio Esquivel (estagiário). Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. fotografia Coperphoto. Ilustração e Infografia Bamboo Editora. Impressão Gráfica Trio. Conselho

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Antônio de Jesus, Feira de Santana e Valença, sindiscamba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria da Cidade do Salvador, sindpanssa@uol.com.br / Sindicato da Indústria de Produtos Químicos, Petroquímicos e Resinas Sintéticas do Estado da Bahia, sinpeq@coficpolo.com.br / Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia, sindiplasba@sindiplasba.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia, sinprocimba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia, sindbrit@svn.com.br / Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia, adm@quimbahia.com.br / Sindicato da Indústria de Mármores, Granitos e Similares do Estado da Bahia, simagranba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos, Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia, sindsucosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia, sincarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário da Região de Feira de Santana, sindvestfeira@fbter.org.br / Sindicato da Indústria do Mobiliário do Estado da Bahia, moveba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado da Bahia, sindratar@gmail.com.br / Sindicato das Indústrias de Construção Civil de Itabuna e Ilhéus, valmirsb@yahoo.com.br / Sindicato das Indústrias de Café do Estado da Bahia, sincafeba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado da Bahia, sindileite@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares dos Municípios de Ilhéus e Itabuna, sinec@sinec.org.br / Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações do Estado da Bahia, anaelisabete@telenge.com.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Feira de Santana, simmefs@simmefs.com.br / Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado da Bahia, sindirepaba@sindirepabahia.com.br / Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, sindipecas@sindipecas.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Cosméticos e de Perfumaria do Estado da Bahia, sindcosmetic@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Artefatos de Plásticos, Borrachas, Têxteis, Produtos Médicos Hospitalares, sindiplast@gmail.com / Sindicato Patronal das Indústrias de Cerâmicas Vermelhas e Brancas para Construção e Olarias da Região Sudoeste e Oeste da Bahia sindiceso@gmail.com Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Nordeste (Siacan) siacan@veloxmail.com.br / Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) sinaval@sinaval.org.br / Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado da Bahia, sipaceb@gmail.com

4  Bahia Indústria


sumário

16 Ampliação do ensino SESI A qualidade do EBEP, o ensino médio SESI articulado com o SENAI expande fronteiras e chega ao interior

nº 243 mai/jun.2016

26 joão alvarez/Sistema FIEB

manu dias/ascom/gov.ba

Aluna do EBEP do SESI Piatã em foto de João Alvarez

14 valter pontes/Sistema FIEB

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Microgeração de energia tem incentivo fiscal

Lançada Frente Parlamentar da Indústria

Polimoda é inaugurado

Veja as vantagens, inclusive incentivos fiscais, dados pelos governos federal e estadual, para consumidores que desejam investir na mini ou microgeração de energias alternativas

Instalação da Frente Parlamentar da Indústria visa melhorar interlocução entre Legislativo e indústria. Ato marcou o lançamento da 3ª edição da Agenda Legislativa

Feira de Santana ganhou o Polo de Distribuição das Indústrias de Confecção


Entrevista  Fernando Pimentel

Internacionalizar é saída para setor têxtil Superintendente da Abit, Fernando Pimentel, traça panorama para o segmento e aponta caminhos para crescimento Por Marta Erhardt

O

mercado internacional é uma das alternativas apontadas pelo diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, para que o setor têxtil possa enfrentar o atual momento econômico. Em passagem por Salvador, onde participou do Circuito Abit/Texbrasil - Competitividade e Internacionalização, ele conversou com a Revista Bahia Indústria. Nesta entrevista, Pimentel fala sobre os entraves e as perspectivas do setor.

Qual a atual situação do segmento têxtil no Brasil? A indústria têxtil brasileira, como toda a indústria nacional, vem sofrendo desde 2011. O câmbio, apreciado durante um período longo, sacrificou a indústria têxtil, porque temos uma competição planetária. É um mercado bastante disputado, um dos três maiores mercados de manufaturados do mundo. O comércio mundial de têxteis e confeccionados gira em torno de US$ 750 bilhões e o consumo mundial caminha para US$ 2,5 trilhões. Olhando para esse cenário, nós perdemos produção nos últimos cinco anos, mas mesmo assim conseguimos preservar a posição de 4º maior produtor de confecções do mundo e 5º maior produtor têxtil. A Bahia representa em torno de 1,5% da produção nacional e, assim como os outros estados, também está apresentando quedas de produção, pela recessão. Quais são os principais entraves ao setor? Uma questão séria, principalmente porque a indústria têxtil é altamente empregadora, é a legislação trabalhista. Deixo claro que não tenho uma visão contrária em relação aos direitos fundamentais já adqui6  Bahia Indústria

ridos. Estamos falando de normas e regulamentos que permanentemente são colocados. O Brasil é o país que tem o maior número de ações trabalhistas. O mundo somado não tem o número de ações trabalhistas que há no Brasil. Ano passado foram 2,6 milhões de novas ações em primeira instância. A França, que tem, reconhecidamente, uma legislação bastante protetora, tem 75 mil ações trabalhistas. No Japão, 2.500 ações trabalhistas. Recentemente, vi numa revista especializada que uma grande empresa de carnes, com atividades no Brasil e nos Estados Unidos, aqui no país, com 120 mil funcionários, teve cerca de 20 mil ações trabalhistas. Já nos Estados Unidos, com 70 mil funcionários, foram 25 ações trabalhistas. Então, acho que a legislação trabalhista brasileira traz insegurança jurídica. Uma visão que não se coaduna com o século XXI. Além disso, temos a carga tributária, que é elevada para os padrões de países médios, mas o pior é a burocracia, que aumenta custos. Então, diria que o ambiente de negócios no Brasil tem sido pouco amigável. Quais são as perspectivas do segmento para os próximos anos?

O Brasil, saindo desse quadro que estamos passando, tem um futuro auspicioso. Não precisávamos passar por essa crise. Ela foi construída aqui, por más políticas e má gestão. Claro que no mundo a situação não está fácil, mas países vizinhos não estão enfrentando recessão como nós. No ano passado, no último trimestre, a indústria brasileira caiu 12,5%, enquanto a indústria mundial cresceu 1,9% e a indústria emergente cresceu 4,5%. Qual a saída para enfrentar o atual momento econômico brasileiro? Neste momento, as duas janelas de oportunidades mais relevantes são a substituição de importações e o aumento das exportações. Estimamos que exista um espaço de 300 a 350 milhões de peças de vestuário que poderão ser fabricadas internamente, por força da queda das importações. E umas 250 mil toneladas de têxteis a mais que poderão ser fabricados no país. O contraponto a esses dois vetores positivos é a queda de consumo, que vai acontecer de novo. No nosso segmento, houve queda de 8% no ano passado e iniciamos este ano com previsão de queda de até 5,5%. Mas temos uma meta na


área de exportação que é voltar a ter uma participação de 1% no comércio mundial, uma posição que o país ocupou em meados da década de 1980. Isso significaria exportar entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões, e não US$ 1,2 bilhão, que é o que a gente deve exportar este ano. O comércio exterior tem um drive de longo prazo importante. Participar do jogo internacional é uma questão de competitividade. Está mais do que provado que as empresas que se internacionalizam são mais competitivas internamente, dão mais treinamento, há todo um círculo virtuoso em torno da operação mundial. E o Brasil, com a devida cautela, terá que se inserir mais no mundo. Inovação é uma palavra-chave para a indústria. Como o setor têxtil vem lidando com este desafio? A nossa indústria inova permanentemente sob a ótica do design, das cores, das estampas, e isso vai muito para o lado do vestuário, da decoração, da cama, mesa e banho. Na área têxtil, a inovação vem nos acabamentos, nos processos, na sustentabilidade. Já na parte das fibras, tem rupturas maiores, com novos produtos entrando no mercado:

angelo pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

fibras de milho, fibras de alga. As inovações de ruptura estão mais à montante, as inovações de processo estão em toda a cadeia e as inovações de design, da moda, estão mais na etapa final. O setor sempre inovou. Agora, o grau de inovação está se ampliando e, para isso, temos o Têxtil 2030, que será apresentado para a sociedade, que trata do futuro do setor, nos próximos 15 anos.

Temos uma meta na área de exportação que é voltar a ter uma participação no comércio mundial da ordem de 1%

Como o setor tem enfrentado a concorrência internacional, especialmente da indústria asiática? Passamos dez anos com o câmbio se apreciando, enfrentando não só as empresas, mas os países com modelos de competição extremamente recheados de subsídios e países que não têm compliance nas áreas trabalhista, ambiental, social e previdenciária como o Brasil tem. Imagina essa indústria, com todas essas desvantagens, sendo massacrada do ponto de vista de uma competição desleal, que conseguiu preservar uma posição relevante. Embora com danos no casco. Nós entendemos que, com uma taxa de câmbio equilibrada podemos ser muito competitivos. Diria que um câmbio ideal seria na faixa de R$ 4. Agora, essa competição com os produtos estrangeiros não afetou somente o mercado local, com o crescimento vertiginoso das importações, como também as exportações, dificultando a ida do Brasil ao mercado mundial. Consequentemente, com a taxa de câmbio mais ajustada e, ao mesmo tempo, com as reformas que terão que ser feitas, acho que o Brasil que sempre foi um produtor-consumidor poderá mudar um pouco essa equação e ser também um produtor-consumidor. E isso significaria, em dez anos, sair de US$ 1,3 bilhão em exportações, para até US$ 8 bilhões. É difícil, mas plenamente possível. [bi] Bahia Indústria  7


Fotos Angelo Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Saúde e cidadania no Ação Global 2016 Com a participação de 40 parceiros e 420 voluntários, SESI e Rede Globo garantiram um dia de serviços à população

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om um foco cada vez mais voltado para saúde, bem estar e educação, o Ação Global 2016 realizou 14.281 atendimentos para um público de cerca de 5 mil pessoas que foi ao SESI Piatã, em Salvador. Foram mais de 82 serviços oferecidos nesta edição pelos 40 parceiros de instituições públicas, privadas e ONGs e os mais de 420 voluntários. O Ação Global recebeu a visita da atriz Juliana Alves e da cantora Julie de Assis. Julie, que disputou o reality The Voice Kids Brasil, se apresentou no palco, ao lado do pai, o forrozeiro Cicinho de Assis. O evento foi aberto pelo superintendente do SESI, Armando Neto, que lembrou a oportunidade de mostrar à população a importância de cuidar da saúde e de buscar uma melhor qualidade de vida. Ele destacou, ainda, a importância dos parceiros e dos voluntários que se dedicam a passar informações e orientações ou proporcionar mo-

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mentos de lazer para a população. A gerente de marketing da TV Bahia, Alessandra Franco, ressaltou a importância de fazer do dia de Ação Global uma data relevante para a população, de forma que as pessoas se sintam atendidas. O SESI levou para o Ação Global os serviços de odontologia, robótica educacional e oficinas de pintura de rosto e atividades recreativas. O evento ofereceu, ainda, orientação jurídica, avaliação nutricional, realização de exames,

Clecione Sena e os dois filhos: reforço à saúde dental; e dona Balbina, que fez exame para medir a pressão ocular

bibliotecas móveis, oficinas de artesanato e de pintura que fizeram o dia de mobilização especial. A estudante de Nutrição da Unime, Maria Aparecida da Silva, avaliou como positiva sua participação no evento pela oportunidade de levar orientações nutricionais à população. “Esta participação serve de prática profissional para nós, estudantes, mas é também uma oportunidade de oferecer a quem não tem acesso o serviço educação nutricional”. A avaliação de quem aproveitou os diversos serviços do Ação Global 2016 também foi positiva. A marisqueira Clecione Avelino Sena, 44 anos, já acompanha o Ação Global há alguns anos. Ela se deslocou da Cidade Baixa até Piatã para usufruir dos serviços. “Desde a última edição, quando eu trouxe meus filhos, eles ficaram mais espertos na hora de escovar os dentes. Este ano, os meninos assistiram às demonstrações de como realizar a higiene bucal, reforçando que devemos fazer movimentos circulares com a escova também”, explicou. Já a dona de casa Maria Balbina Conceição, 59 anos, fez o exame para medir a pressão ocular e descobriu uma alteração. “Meu nível está fora do comum. Agora, terei que ir a um oftalmologista. Fazer um procedimento inicial aqui foi algo muito útil para mim”, conta. Jacirene dos Santos, 52, moradora de Cajazeiras, aprendeu a fazer o autoexame das mamas, importante na prevenção do câncer. “Com as orientações das meninas ficou mais claro. Foi muito esclarecedor. Agora, tenho certeza que farei o exame com mais precisão, já que aprendi a forma certa de tocar meus seios”. [bi]


circuito

por cleber borges

72% querem regras iguais na aposentadoria Pesquisa CNI/Ibope aponta que 75% dos brasileiros não aceitam pagar mais tributos para manter as regras previdenciárias atuais. Eles preferem mudanças nas regras da aposentadoria para garantir a sustentabilidade do regime. Entre as mudanças apoiadas pela população estão a equiparação das regras para todos os trabalhadores (72%) e a definição de uma idade mínima para aposentadorias por tempo de contribuição (65%). A pesquisa mostra que aumentou o apoio popular para que as aposentadorias aconteçam em idades mais avançadas. A parcela dos que entendem que a aposentadoria deve ocorrer depois dos 60 anos subiu de 8%, em 2007, para 17%.

Indústria perde participação no PIB A contribuição da indústria para o PIB brasileiro caiu 2,5 pontos percentuais, de 2010 a 2013 (último dado disponível), passando de 27,4% para 24,9% (incluindo a indústria de transformação, extrativa, construção e serviços industriais de utilidade pública). Isso ocorre devido à perda de competitividade do setor no cenário nacional. Das 26 unidades da Federação, 23 sofreram retração da indústria na composição do PIB estadual no período. A maior retração ocorreu na Bahia, onde a indústria reduziu sua participação no PIB em 6,6 p.p.. Em seguida vêm Amazonas (5,7 p.p.), Tocantins (4,3 p.p.) e São Paulo (4,2 p.p.). São Paulo também perdeu espaço na produção industrial. Em 2010 produzia 32,1% dos produtos industrializados fabricados no Brasil e, em 2013, 28,6%.

Peso e diversificação da indústria O peso da indústria no PIB de cada estado varia de 6,5%, no Distrito Federal, a 40,5%, no Espírito Santo. Na Bahia, o setor responde por 20,5% da sua economia. Também varia bastante a composição setorial e o grau de diversificação das indústrias em cada estado. Das 27 unidades da federação, 19 têm um setor industrial considerado concentrado ou muito concentrado. O mais concentrado é Roraima, onde os quatro principais setores respondem por 93,5% do produto industrial do estado. No outro extremo, Santa Catarina é a mais diversificada, com quatro produtos respondendo por 47,9%. Na Bahia, três segmentos (derivados de petróleo e biocombustíveis, construção e serviços industriais de utilidade pública) significam 64,2% do PIB industrial.

“Na década de 70, o Japão já era conhecido por marcas como Toyota e Sony. Qual é a grande marca chinesa?” Arthur Kroeber, presidente da consultoria Gavekal Dragonomics, no livro “Economia chinesa”, no qual cita que o governo chinês investe muito em pesquisa básica, com resultados ainda tímidos

Pessimismo na área da construção diminui O ritmo de queda na atividade da indústria da construção se intensificou em abril, conforme sondagem do segmento feita pela Confederação Nacional da Indústria. A utilização da capacidade de operação no setor foi de 54% em abril, o piso da série histórica, iniciada em janeiro de 2012. No entanto, o índice de expectativa dos empresários sobre o nível de atividade subiu de 39,7 pontos, em abril, para 40,6 pontos em maio (varia de zero a 100). O índice de intenção de investimento assinalou 23,2 pontos em maio, o menor valor da série histórica iniciada em novembro de 2013.

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sindicatos

valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Sindcalçados participa de intercâmbio em Santa Catarina

Evento do Sinprocim integra trabalhadores O Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento (Sinprocim-BA), em parceria com o SESI, reuniu trabalhadores do setor em Simões Filho, dia 14.05, na 6ª Edição da Jornada de Esportes e Lazer Sinprocim. A empresa IBPC ficou em 1º lugar na competição, seguida pela Premind e Desal. “Com certeza essa motivação reflete no ambiente de trabalho”, destacou o presidente do sindicato, José Carlos Telles Soares. A importância do evento também foi ressaltada pelo 1º vice-presidente da FIEB, Carlos Gantois. “Através do lazer e da qualidade de vida, o evento aumenta a motivação dos trabalhadores, que são a base para o incremento da produtividade da indústria”, avaliou.

Sindical destaca benefícios da calagem Instituído em 2011, pela Lei 12.389, o Dia Nacional do Calcário Agrícola foi comemorado em 24.05. O aumento do rendimento por unidade da área cultivada e a melhora do aproveitamento do fósforo são benefícios proporcionados pelo uso de calcário no processo de produção agropecuária com vistas à correção da acidez do solo. O Sindicato da Indústria de Mineração de Calcário, Cal e Gesso (Sindical-BA) aponta o uso adequado do calcário como um dos fatores que levaram ao desenvolvimento do agronegócio.

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Bahia Indústria

Cerca de 350 trabalhadores participaram de disputas em 10 modalidades

Presidente do Sindpacel participa de reunião da ISO Florestal Estabelecer padrões internacionais e certificar a origem da madeira que é consumida no mundo, inibindo o comércio ilegal da matériaprima. Esse é o objetivo da Norma Florestal ISO 19.228. Chairman mundial da norma, o presidente do Sindicato das Indústrias de Papel e Celulose no Estado da Bahia (Sindpacel), Jorge Cajazeira, e outros 39 experts em certificação florestal dos 30 maiores países em produção de madeira participaram, entre os dias 8 e 15 de abril, na Suécia, da IV Reunião Plenária da ISO Florestal. “A norma está sendo elaborada em consenso com os países e terá o reconhecimento da Organização Mundial do Comércio como instrumento legítimo”.

Para fortalecer a rede sindical da indústria de calçados, a CNI, por meio do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA), promoveu dia 10.05, em Florianópolis/SC, o 2º Intercâmbio de Lideranças Setoriais da Indústria de Calçados. O cenário político e as perspectivas para a indústria foram discutidos no evento, que também contou com a apresentação das boas práticas do Sincasjb/SC. “A iniciativa promove a aproximação entre os dirigentes, para que definam as prioridades de atuação como entidades”, afirmou o presidente executivo do Sindcalçados-BA, Haroldo Ferreira.

Itapetinga sedia reunião itinerante do Sindileite O Sindileite-BA escolheu Itapetinga para promover a primeira reunião itinerante de 2016. Realizado em maio, na sede do sindicato rural do município, o encontro discutiu a alta do leite no mercado. “A seca tem afetado fortemente a pecuária leiteira e atingido os produtos finais”, afirmou o presidente Lutz Viana. Na ocasião, também foram apresentados serviços do Sistema FIEB. As reuniões itinerantes fazem parte do planejamento estratégico do Sindileite.


Angelo Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

A consultora da CNI, Cely Soares, ministrou a oficina

Oficina apresenta técnicas para negociação coletiva

Sindifite revisa Planejamento Estratégico

Desafios para nova gestão do Sisteb

O Sindicato de Fiação e Tecelagem (Sindifite-BA) realizou, em abril, reuniões para revisar o seu Planejamento Estratégico. “Com o planejamento, o sindicato pode ampliar sua visão estratégica, interagir com as empresas e inovar”, destacou Eduardo Gordilho, presidente do Sindifite. A previsão para 2016 é que oito sindicatos participem da ação, com apoio do Programa de Desenvolvimento Associativo, parceria da FIEB com a CNI.

Evitar o fechamento de novas empresas do setor é o desafio do Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações da Bahia (Sisteb) para a nova gestão. “Em 2015, tivemos mais de 800 mil assinaturas de TV canceladas no país. Neste cenário de recessão, nossa prioridade é a sobrevivência das empresas”, destacou o presidente Alexi Portela Junior, reeleito para os próximos quatro anos. Angelo Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

As técnicas para a condução da negociação coletiva e as etapas deste processo foram apresentadas na oficina Praticando a Negociação Coletiva, na FIEB, como parte das ações para líderes e executivos sindicais do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA), em parceria com a CNI. Com o objetivo de fortalecer a atuação dos sindicatos patronais nas relações trabalhistas, a oficina orientou sobre as questões legais e apresentou estratégias de negociação.

Setor empresarial debate PDDU Com o objetivo de discutir de forma propositiva o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU de Salvador, cujo Projeto de Lei tramita na Câmara Municipal, em fase de consulta pública, a FIEB e a Fecomércio promoveram reunião para levantar contribuições dos principais setores empresariais impactados pela proposta. No encontro, realizado na FIEB, foram apresentadas e discutidas as contribuições do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon-BA) e da ADEMI. O PL 396/2015 deve ser votado este semestre após as rodadas de debates com a sociedade.

Sindisabões faz balanço de atividades Uma reunião com diretores e empresários marcou o dia de eleições do Sindisabões. A prestação de contas da atual gestão e o Planejamento Estratégico do sindicato foram discutidos no encontro. Uma das metas da diretoria reeleita é ampliar o quadro de associadas. O presidente Juan Lorenzo lembrou que o sindicato vem atuando neste sentido, com ações como a ampliação da representação da categoria do sindicato, com a inclusão das atividades de fabricação de aditivos industriais; e a criação de três diretorias regionais.

O presidente Juan Lorenzo apresentou ações do sindicato

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Investir em cogeração

de energia compensa Setor público concede incentivos fiscais para estimular a geração distribuída de energia, produzida por micro ou pequenos produtores a partir de fontes renováveis Por cleber borges

D

esde o final de dezembro de 2015, a Bahia isentou do ICMS a micro e a minigeração de energia. Até então, a alíquota do imposto estadual incidia sobre toda a energia consumida no mês, sem levar em conta a que estava disponibilizada no sistema de compensação, cedida pelo consumidor à distribuidora para posterior acerto de contas. Além da Bahia, outros 14 estados já isentam a geração de energia de micro ou pequenos produtores, dentre os quais Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Por outro lado, por meio da Lei nº 13.169/2015, o governo federal isentou do PIS e Cofins a energia solar injetada na rede. Ambas as iniciativas são incentivos adotados pelo setor público com a finalidade de estimular o que é denominada de geração distribuída, produzida por micro ou pequenos produtores a partir de fontes renováveis. O Sistema de Compensação de Energia Elétrica permite que a energia excedente gerada pela unidade consumidora com micro ou minigeração seja injetada na rede distribuidora, a qual funcionará como uma bateria, armazenando esse excedente até o momento em que a unidade consumidora necessite de energia proveniente da distribuidora. Na prática, se em um determinado ciclo de faturamento a energia injetada na rede pelo micro ou minigerador for maior que a consumida, este receberá um crédito em energia na próxima fatura. Caso contrário, o consumidor pagará apenas a diferença entre a energia consumida e a gerada. VANTAGENS A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) deu uma importante contribuição ao estímulo da geração de energia a partir de fontes renováveis, quando, em 2012, publicou a Resolução Normativa nº 482, que estabeleceu as condições gerais para o acesso de micro e minigeração

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aos sistemas tradicionais de energia elétrica. Na verdade, aderiu a uma tendência verificável em várias partes do mundo – a exemplo da Alemanha, Itália e França – onde existem incentivos à geração distribuída de pequeno porte. Em 2016, a Resolução 482 foi substituída pela de nº 687. Os estímulos à geração distribuída justificam-se pelos potenciais benefícios que tal modalidade pode proporcionar ao sistema elétrico, com inúmeras vantagens sobre a geração centralizada tradicional. Dentre eles, a economia nos investimentos em expansão dos sistemas de distribuição e transmissão, o baixo impacto ambiental, a redução de perdas nas redes, a criação de postos de trabalho, a maior previsibilidade de custos para o cliente e a diversificação da matriz energética. Os debates acerca da cogeração de energia elétrica ganharam corpo no Brasil na década passada, com a evolução demográfica e o crescimento da atividade econômica, que resultaram no aumento do consumo de energia elétrica, sem que os investimentos públicos acompanhassem a expansão da demanda. O país se viu à beira de uma crise energética. Foi preciso pensar em alternativas que respondessem à necessidade de expansão e diversificação do parque gerador elétrico nacional. É nesse contexto que estão inseridas as pequenas centrais geradoras (micro e minigeração distribuí-


COMO FUNCIONA O SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE ENERGIA Nos momentos em que a central não gera energia suficiente para abastecer a unidade consumidora, Como funciona o sistema de compensação de energia a rede da distribuidora local suprirá a diferença. Nos momentos emutilizado que a central nãode gera energia Nesse caso será o crédito energia ou,suficiente para abastecer a unidade consumidora, a rede da distribuidora local caso não haja, o consumidor pagará a diferença. suprirá a diferença. Nesse caso será utilizado o crédito de energia ou, caso não haja, o consumidor pagará a diferença.

kWh

ENERGIA INJETADA kWh

kWh QUADRO DE ENERGIA kWh

kWh

kWh

ENERGIA CONSUMIDA

Fonte: ANNEL - 2014

da). Considera-se geração distribuída a produção de energia elétrica a partir de pequenas centrais que utilizam fontes de origem hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada (produção combinada de calor e eletricidade), conectadas à rede de distribuição elétrica por meio de instalações de unidades consumidoras. A microgeração refere-se a uma central geradora com potência de até 75 quilowatts (KW), enquanto que a minigeração diz respeito às centrais com potência instalada superior a 100 KW e menor ou igual a 5 megawatt (MW), suficientes para abastecer mais de 11 mil residências de baixa renda (consumo até 50 kWh/mês). Essa mudança estimula os investimentos. Conforme ressalta o engenheiro Fábio Santos, sócio da NBC Energias Renováveis e da Energhia Engenharia, o investimento total (projeto, equipamentos e instalação) para implantar um sistema de microgeração custa até R$ 8.500 por kWp, enquanto que para a minigeração de 1MWh pode chegar a R$ 6 milhões. Mas o investimento compensa, pois o equipamento dura em média 25 anos e o retorno começa a partir de 6 anos. “Depois disso, o que vier é lucro”, afirma Fábio Santos, que destaca também a confiabilidade da operação. “Quando você faz esse investimento já sabe quanto lhe custa a parcela de energia consumida que é gerada pelo sistema, não tendo de se preocupar com incertezas das bandeiras ou aumentos de tarifas”, afirma. Ele ressal-

ta, porém, que é preciso cuidado na hora de adquirir os equipamentos. “Eles devem ter passado por controle de qualidade”, diz, ressaltando que os melhores equipamentos são os de procedência europeia. Para que a central geradora seja caracterizada como micro ou minigeração distribuída, é obrigatório que o proprietário faça a solicitação de acesso à distribuidora, constando o projeto de instalações de conexão (memorial descritivo, localização, arranjo físico, diagramas). A partir daí, a distribuidora apresenta parecer de acesso (sem ônus para o solicitante) no qual são informadas as condições, abrangendo a conexão e o uso. Além da tecnologia dos equipamentos de geração, o consumidor/investidor deve atentar também para aspectos como o tipo de fonte de energia (painéis solares, turbinas eólicas, geradores e biomassa etc), localização (rural ou urbana), porte da unidade consumidora e da central geradora, tarifa à qual estará submetido e a existência de outras unidades consumidoras nas proximidades que possam usufruir dos créditos do sistema. CURSOS DO SENAI Para o coordenador de cursos de extensões em energia do SENAI Cimatec, Sérgio Pitombo, “ainda faltam informações sobre a geração de energia a partir de fontes alternativas”. Por essa razão, a entidade realiza um curso de extensão em Fundamentos de Energia Solar, com carga de 40 horas, e já programa outro, com igual carga horária, em Fundamentos de Energia Eólica. Ambos para profissionais da área de energia, que tenham a partir do ensino médio completo. No segundo semestre, o Cimatec iniciará uma pós-graduação em Energias Renováveis, com 450 horas/aula e duração de 24 meses. Com 40 vagas, ela abordará Micro e Minigeração Eólica e Sistemas Híbridos e tratará, inclusive, de aspectos regulatórios. [bi] Bahia Indústria  13


Frente Parlamentar vai defender a indústria Suprapartidária, a Frente será um canal de interlocução entre a indústria e o Legislativo Estadual Por Cleber Borges

Fotos Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

P

or iniciativa dos deputados Nelson Leal (PSL) e Pablo Barrozo (DEM), a Assembleia Legislativa da Bahia criou a Frente Parlamentar da Indústria. Sua instalação aconteceu durante sessão especial no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), dia 11 de maio. O objetivo é construir um canal de interlocução entre a indústria baiana e o Legislativo Estadual. No lançamento, o presidente da Frente, deputado Nelson Leal explicou que ela será um fórum permanente de debates sobre a indústria, setor que tem perdido participação no PIB. “A perda de competitividade da indústria e a necessidade de desenvolver o setor na Bahia nos estimulou a criar a Frente Parlamentar, com o apoio da FIEB. Já percebemos que os deputados que a integram estão muito estimulados com este desafio”, afirmou. Serão realizadas reuniões quinzenais com as sete coordenações da Frente Parlamentar, na ALBA, e mensalmente com a FIEB, para tratar de temas importantes para o setor industrial. “Quando necessário, iremos trabalhar em conjunto com a Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa, que já funciona nesta Casa”, afirmou Nelson Leal. O vice-presidente da Frente, deputado Pablo Bar-

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rozo (DEM), citou que questões como a carga tributária elevada, as exigências na área ambiental e a perda de espaço da indústria local no abastecimento interno são questões que estarão no foco da iniciativa, mas fez um alerta: “Não podemos partidarizar a Frente. Entre os interesses políticos partidários e os interesses da Bahia, não temos dúvidas de que estes últimos devem prevalecer”, afirmou. INTERESSES DA SOCIEDADE Entusiasta e apoiador da iniciativa do Legislativo, o presidente da FIEB, Ricardo Alban, afirmou que a indústria precisa de suporte do Legislativo para a resolução de seus problemas. “Precisamos não apenas ser ouvidos. Temos que ser tecnicamente convincentes naquilo que defendermos e também convergentes com os interes-

ses da sociedade, com o emprego e a produção”, afirmou Alban. O presidente da FIEB observou que nos anos de bonança da economia o Nordeste foi a região que mais cresceu, mas hoje, ao contrário, tem sido a região mais atingida pelos efeitos da crise. Por essa razão, exortou os partidos a superar divergências programáticas e a lutar unidos na defesa dos interesses da Bahia, adotando uma linha mais propositiva que meramente reivindicatória. Esse mesmo ponto de vista é defendido por deputados de vários partidos que integram a Frente Parlamentar. Por sua vez, o deputado Leur Lomanto Júnior (PMDB) defende a criação de um grupo para pesquisar as oportunidades industriais existentes nas regiões baianas, apoiando a defesa do presidente Ricardo Alban, de fortalecer cadeias produtivas e de interiorizar


Nilo (D) recebeu de Alban exemplar da Agenda

FIEB lança Agenda Legislativa

o desenvolvimento industrial, uma das prioridades estratégicas do Sistema FIEB. Vladson Menezes, diretor executivo da FIEB, secretário da Frente, cita temas prioritários para o setor industrial baiano: a manutenção dos Distritos Industriais, a resolução de questões no âmbito tributário e o encaminhamento de posicionamentos da Agenda Legislativa da Indústria. Ele destaca que, embora enfrentando retração na produção, resultado da crise no país, a indústria pode reverter expectativas se souber explorar oportunidades. A Frente Parlamentar da Indústria está dividida em sete coordenações, que agrupam segmentos de atividades industriais correlatas. São: Indústria Química, Petroquímica, Plástico, Óleo e Gás, coordenada pelo deputado Adolfo Viana (PSDB); Construção Civil, Infraestrutura e Mineração, por Maria del Carmen (PT); Agroindústria, por Carlos Robson, o Robinho (PP); Indústria Naval, Automotiva e Metal Mecânica, por Hildécio Meireles (PMDB); Indústria de Papel, Celulose, Madeira e Móveis, por Sandro Régis (DEM); Indústria Cosmética, Têxtil, Vestuário e Calçados, por Carlos Geilson (PSDB) e a coordenação da Indústria de Alimentos e Bebidas, com Adolfo Menezes (PSD).

Sessão especial na Assembleia oficializou a Frente Parlamentar da Indústria

A FIEB aproveitou a solenidade de instalação da Frente Parlamentar da Indústria para lançar a 3ª edição da Agenda Legislativa. O documento avalia 39 projetos de lei em tramitação na Assembleia Legislativa da Bahia que, se aprovados, irão impactar o setor industrial baiano. O documento foi entregue pelo presidente da FIEB, Ricardo Alban, ao presidente da ALBA, deputado Marcelo Nilo (PSL). “Vamos fornecer condições para que os parlamentares possam entender a nossa realidade, sendo proativos e demandando soluções e proposições”, pontuou o presidente da FIEB, Ricardo Alban. Ele ressaltou que o setor industrial foi o que mais perdeu em competitividade nos últimos anos. “Daí a importância de avaliarmos projetos que possam afetar a indústria”, completou. “Esta agenda traz contribuições importantes para o aperfeiçoamento de projetos de lei que ora tramitam nesta Casa do Povo”, afirmou Marcelo Nilo. A Agenda Legislativa traz proposições sobre projetos que interessam ao setor industrial baiano, nas áreas tributária, econômica, social, trabalhista, de política urbana e meio ambiente. Além de apresentar um resumo de cada projeto de lei e sua fase de tramitação, o documento traz o posicionamento da indústria em relação ao assunto. Dos projetos analisados, a indústria posiciona-se convergente em relação a 3; convergente com ressalvas em relação a 8; divergente em relação a 18; e divergente com ressalvas em relação a 10. As matérias em questão serão monitoradas pela FIEB ao longo de 2016. Para elaborar a Agenda Legislativa da Indústria, a FIEB contou com a participação de lideranças empresariais, por meio dos seus sindicatos filiados, de integrantes dos Conselhos Temáticos, dirigentes e colaboradores do Sistema FIEB. [bi] Bahia Indústria  15


Modelo de referência SESI amplia oferta do ensino médio articulado com a implantação de quatro novas escolas até 2018 Por Patrícia Moreira

mpliar de duas mil para cinco mil o número de vagas do ensino médio na Rede SESI é o desafio do Serviço Social da Indústria até 2020. Para atingir a meta, serão construídas quatro novas escolas no interior do estado. Este esforço faz parte de uma política iniciada em 2015, com a ampliação da oferta do ensino médio, com a nova escola do SESI Retiro, na capital, e a construção de unidades nos municípios de Luís Eduardo Magalhães e Vitória da Conquista. Para 2017, Feira de Santana, Barreiras e Ilhéus/Itabuna passam a oferecer o ensino médio do SESI e, em 2018, está programada uma escola SESI para Juazeiro. Por trás do esforço de expansão da rede está a disseminação de um modelo educacional que se destaca pelo foco diferenciado na iniciação do jovem no universo profissional, com disciplinas que o preparam para a vida laboral e que durante 15 anos ficou restrito a apenas uma escola na capital do estado. “Nosso objetivo é garantir uma boa formação ao futuro trabalhador da indústria. Além disso, temos a ambição de que este modelo de ensino torne-se referência em educação para a região, pois entendemos dispor de uma metodologia dijoão alvarez/Coperphoto/Sistema FIEB

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Sala de aula do SESI Piatã

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ferenciada”, destaca o superintendente do SESI, Armando Neto. Esta preocupação reflete também a urgência de se investir numa formação sólida para o nível médio e, em particular, na formação técnica do jovem brasileiro. O Brasil está longe, por exemplo, de países como a Alemanha, onde metade dos estudantes da educação regular (ensino médio) cursa também educação profissional. No Brasil, são apenas 8,4%. Para o SENAI, essa é uma das razões para a baixa produtividade do trabalhador brasileiro. Embora o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional (Inep) aponte que, entre 2008 e 2015, tenha-se verificado uma evolução no número de matrículas na modalidade educação profissional – que fechou 2015 com 1,78 milhão de alunos matriculados, uma elevação de 89,2% em relação a 2008 –, ainda há muito a ser conquistado. A consequência é o impacto na competitividade nacional no cenário mundial, o que nos deixa em desvantagem em relação aos países emergentes. DIFERENCIAL Para assegurar esta preparação do jovem para o mundo do trabalho, a metodologia da Rede SESI Educação tem como diferencial o ensino médio articulado com o SENAI, o EBEP, em que o estudante, além de obter a formação básica é familiarizado, desde o primeiro ano, a conteúdos do universo profissional. Ao final do terceiro ano, ingressa no SENAI, para receber formação técnica alinhada com as demandas do mercado. Na preparação do estudante do ensino médio para o mundo do trabalho, o SESI busca proporcionar 18  Bahia Indústria

NO BRASIL...

2

Entre 1995 e 2013 , o gasto por aluno passou de

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Apenas 11,1% dos brasileiros têm acesso à formação profissional, enquanto em países como Áustria e Finlândia, o percentual corresponde a 77% e 70% Fonte: Simon Schwartzman

ao aluno a resolução de problemas reais à vida do estudante; valorizar habilidades práticas, sem descuidar do entendimento teórico; estimular o comportamento ético; incentivar a constante busca pelo conhecimento e a formação de pessoas capazes de inovar. Para Cristina Andrade, diretora da Escola Djalma Pessoa, o grande desafio que o país tem pela frente é vencer o preconceito que ainda

persiste em relação à formação técnica. “Atualmente, o ensino médio articulado com o curso técnico se apresenta como uma possibilidade de ampliação da formação do estudante, ao mesmo tempo proporcionando sua inserção mais rápida no mercado de trabalho e potencializando seu aprendizado. Aquele que deseja, por exemplo, prosseguir os estudos, chega à universidade com uma formação básica sólida que, associada à preparação técnica, assegura competências e habilidades que são um diferencial no mercado”, explica Cristina. REFERÊNCIA Além da expansão da Rede, o SESI está buscando firmar-se como instituição provedora de conteúdos em educação básica para o ensino médio articulado com educação profissional na Bahia. Esta fase do ensino básico tem merecido especial atenção por ser aquela que antecede o ingresso do jovem no mercado de trabalho. “Queremos preparar pessoas para o mercado e o EBEP tem funcionado neste sentido, ao desenvolver nos estudantes estas competências”, justifica o superintendente Armando Neto. Por esta razão, o SESI iniciou uma série de debates, com especialistas de reconhecimento nacional, para contribuir para um debate mais amplo sobre educação. O primeiro encontro da Série SESI - Diálogos de Educação reuniu, dia 31 de maio, na FIEB, Simon Schwartzman e Guiomar Namo de Mello, dois dos maiores especialistas em educação do país, para debater a reforma curricular nacional, com foco na diversificação do ensino médio e técnico.


Debate aponta desafios para o ensino técnico

fotos jefferson peixoto/Coperphoto/Sistema FIEB

Simon Schwartzman e Guiomar Mello defenderam maior atenção com a formação dos jovens brasileiros

A

principal conclusão do encontro é que o Brasil tem pela frente um grande desafio para reverter o atraso na preparação dos jovens para a vida profissional, o que nos coloca em desvantagem perante economias similares à do Brasil. Para Simon Schwartzman, pesquisador sênior do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade do Rio de Janeiro, o grande desafio para o Brasil, após a universalização do ensino médio, nas últimas décadas, é conseguir a elevação do nível de aprendizagem dos estudantes. Os números do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) colocam o país numa situação que Schwartzman classifica de anômala. “É preciso questionar o que os estudantes brasileiros estão aprendendo”, observa, lembrando que os estudantes de 15 anos no Brasil não conseguem ter os conhecimentos mínimos exigidos mundialmente para esta faixa etária, o que preocupa. Ele observa que investimentos vêm sendo feitos. Entre 1995 e 2013, o gasto por aluno passou de R$ 2 mil para R$ 6 mil. No entanto, destaca Schwartzman, a escola não consegue transformar isso em aprendizado. A solução apontada é o país investir na educação infantil, promover políticas compensatórias,

diversificar o modelo de ensino médio e reduzir a sobrecarga de matérias obrigatórias. Ele critica o fato de o currículo da escola de ensino médio brasileiro ser voltado para a realização do Enem, considerado por ele um método de avaliação equivocado. “Além de ser discriminatório e de reforçar as desigualdades sociais, o Enem não leva em conta os aspectos regionais, não dá às escolas flexibilidade para elaborar seus próprios currículos e, ao final, acaba privilegiando os alunos que saem das escolas particulares”, enumera o especialista. De acordo com Schwartzman, considerando a faixa dos jovens de 20 a 24 anos no país, 73% completam o ensino médio, 28% seguem para cursar nível superior – sendo que 72% em faculdades particulares – e 64% não trabalham ou estudam, nem tampouco receberam Bahia Indústria  19


uma formação voltada para o mercado de trabalho. “O Brasil precisa rever este modelo, para um mais flexível e diversificado, mudar a estrutura curricular do ensino médio, reduzindo a sobrecarga de matérias obrigatórias e a aprendizagem burocrática. O modelo internacional prevê a diversificação”, explica Schwartzman. Ele destaca que na Europa e Ásia, a seleção dos estudantes para uma formação técnica se faz aos 15, 16 anos e que, ao contrário do que ocorre no Brasil, o aluno não é obrigado a cumprir todo o currículo do ensino médio. “No Brasil, o ensino profissional é complementar ao ensino médio e não uma alternativa, como acontece no resto do mundo”, acrescenta. O entendimento do especialista é de que o Sistema S tem muito a contribuir neste sentido, pela larga experiência na formação técnica. A ausência de uma pedagogia adaptada ao ensino 20  Bahia Indústria

Unidades do SESI Barreiras (acima), e do SESI Sul, em Ilhéus

médio e ao ensino técnico foi o ponto discutido pela doutora em educação pela PUC e membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, Guiomar Namo de Mello. Integrante da equipe que relatou as diretrizes curriculares para o ensino médio de 1997, ela defende uma discussão que aproxime o currículo do ensino médio da realidade atual. “A experiência do Brasil com o ensino profissionalizante tem sido traumática”, aponta ela, por separar a formação geral da formação profissional. Ela critica o fato de que as escolas técnicas, em vez de preparar o jovem para uma profissão, acabam servindo de trampolim para a universidade, pela qualidade dos cursos. Assim, em vez de ser preparatório para a carreira técnica, acaba sendo um curso preparatório para a universidade. E isto em um cenário em que a necessidade de profissionais com formação técnica especializada é cada vez mais crescente. Como caminhos para superar este entrave, Guiomar de Mello propõe trabalhar a interdisciplinaridade, para a qual o país não definiu uma pedagogia, apesar de isso ter sido proposto há 15 anos pela Lei de Diretrizes e Bases. E defende uma melhor preparação dos professores. O diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, também presente ao debate, falou sobre educação para o mundo do trabalho. De acordo com Lucchesi, o Brasil tem sua competitividade ameaçada em razão do atraso na educação. Ele explica que o país tem perdido posições no desempenho de seus alunos. “O Brasil precisa de trabalhadores mais bem preparados, mas temos que superar um século de atraso em educação”, ressaltou, lembrando que no Brasil, a educação profissional ainda é acessível a poucos. Somente 11,1% dos brasileiros recebem formação profissional, enquanto em países como Áustria e Finlândia, o percentual corresponde a 77% e 70%, respectivamente. “Com o envelhecimento da população, não podemos nos dar ao luxo de perder tempo na formação do jovem”, alerta. SÉRIE DIÁLOGOS O superintendente do SESI, Armando Neto, anunciou uma próxima edição da Série Diálogos para o final do ano. “Nossa ideia é posicionar o SESI de forma que contribua para a melhoria do ensino da nossa rede de educação e, por extensão, da rede pública do estado”, acrescentou. [bi]


conselhos

Com o objetivo de fortalecer e estimular a competitividade entre as micro, pequenas e médias empresas, a FIEB, a Prefeitura Municipal de Camaçari por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), realizaram, no dia 24 de maio, a reunião itinerante do Conselho da Micro e Pequena Empresa Industrial (Compem) da FIEB, na Cidade do Saber. Camaçari foi a terceira cidade a receber o evento, que já passou por Feira de Santana e Juazeiro e deve percorrer outras cidades do interior do estado. Foram debatidos o cenário econômico e urbano do município, o panorama industrial da região e a implantação do Cimatec Industrial, prevista para o final de 2017.

ângelo Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Políticas de apoio às MPME são debatidas em Camaçari

Indústria química apresenta soluções para o setor Medidas sugeridas têm como objetivo aumentar competitividade

Reduzir custos com energia elétrica é uma das propostas dos representantes da Indústria Química para aumentar a competividade do setor. Esta e outras soluções foram apresentadas durante o seminário Perspectivas do Complexo Químico da Bahia, realizado na sede da Odebrecht, em Salvador, no dia 2 de maio. Promovido pela FIEB, por meio do Conselho de Petróleo, Gás e Naval (CPGN), em parceria com o Governo da Bahia – Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) –, com apoio da Braskem e da Odebrecht, o evento reuniu empresários, fornecedores e gestores do setor. Na ocasião, os participantes discutiram as dificuldades para o crescimento da atividade no estado, questões de logística, preço da energia, custo com matéria-prima e atração de novos players para o mercado. O seminário contou com a participação do presidente da FIEB, Ricardo Alban, do secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Manoel Mendonça e do superintendente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, Paulo Guimarães, representando o secretário Jorge Hereda.

Estrutura portuária da Bahia é tema de palestra O coordenador do Conselho de Portos da Fieb, Sérgio Faria, participou, em 12 de maio, do Fórum Vasco Azevedo Neto – Transporte e Mobilidade Urbana, realizado pelo Instituto Politécnico da Bahia (IPB) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA). Ele falou sobre logística portuária na Bahia fazendo uma reflexão sobre os principais gargalos da atividade no estado. Fernando Dias/CREA-BA

Bahia Indústria  21


Portos mais competitivos Metodologia vai estabelecer indicadores para medir eficiência das operações portuárias realizadas em Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus

O Anualmente, portos terão metas de desempenho estabelecidas para cada exercício

difícil acesso terrestre e a baixa profundidade do porto de Ilhéus, a limitada área de armazenagem em Salvador e a necessidade de melhoria da gestão de Aratu são algumas das queixas de quem precisa das instalações portuárias para fazer negócio. Visando melhorar a qualidade dos serviços e reduzir o custo das operações a níveis cada vez mais competitivos, a Unidade Regional de Salvador da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) está elaborando uma metodologia que vai nortear a atividade fiscalizatória. “Seguindo o que manda a Lei 12.815/13, o objetivo principal é identificar gargalos de ineficiência, a fim de melhorar a qualidade das operações portuárias realizadas nos Portos Organizados de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus”, explica o chefe da Unidade Regional de Salvador da Antaq, Alfeu Luedy. Ele conta que a metodologia, com apresentação

prevista para a segunda quinzena de junho, vai conter indicadores de desempenho baseados em informações históricas e cálculos das médias e desvios padrões, discriminando as operações por carga, berço de atracação e operador portuário responsável. “Os que, de forma recorrente, ultrapassarem os limites aceitáveis de desempenho, serão notificados e ou autuados”, acrescenta Luedy. Para o coordenador do Conselho de Portos da FIEB, Sérgio Faria, a inciativa da Antaq é bem-vinda, assim como todas as que venham a melhorar o ambiente portuário da Bahia. “Nossa expectativa é que a metodologia traga mais celeridade para as operações e melhoria nos serviços, principalmente para os usuários”, disse Faria. Ele destacou que o Conselho mantém um fórum com representantes de diversas instituições e empresas no intuito de encontrar soluções para os problemas dos portos baianos. [bi]

Principais problemas dos portos baianos

»Dificuldade de acesso aos Portos de Salvador e Ilhéus » Falta de linha ferroviária de cargas, carência de investimentos e estrutura portuária

O que pode melhorar a curto prazo

»Gestão, reduzir tempos de paralização e aumentar a prancha média das operações portuárias

O que precisa ser adotado como política para o setor

»Modernização e expansão da infraestrutura portuária » Fomento à competição entre portos joão Alvarez/Coperphoto/Sistema FIEB

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os caças suecos Gripen, que o Brasil irá adquirir, poderão ter custos com transferência de tecnologia reduzidos, com a implantação do Cimatec Industrial. “Será uma pista para testes do setor automobilístico, mas que, com pequenas adaptações balizadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pode se transformar, também, em uma pista de pousos e testes de aeronaves. Com isso, a Bahia poderá até mesmo ter chances de sediar um hub (centro de operações de voos comerciais) de uma empresa aérea”, afirmou o presidente da FIEB.

Cimatec Industrial irá atrair investimentos Serão aplicados inicialmente R$ 54 milhões. Conclusão da primeira etapa está prevista para final de 2017

C

om o aval da CNI, que garantiu parte dos recursos para o projeto, o Cimatec Industrial começa a se transformar em realidade. O centro de alta tecnologia do Sistema FIEB será implantado em uma área com 4 milhões de metros quadrados, no Polo Industrial de Camaçari, cedida pelo Governo do Estado. As obras do Cimatec Industrial serão iniciadas em junho próximo e a primeira etapa tem previsão de ser concluída em dezembro de 2017. Os investimentos iniciais, para 2016 e 2017, totalizam R$ 54 milhões, em grande parte financiados pelo BNDES.

O Cimatec Industrial terá papel importante no desenvolvimento da indústria baiana, ao mesmo tempo em que dará suporte à atração de novos investimentos para o setor. Ele sediará testes de protótipos e terá plantas piloto de grandes proporções, que não podem estar localizadas em área urbana. Com infraestrutura arrojada, capaz de dar suporte às necessidades de segmentos como a aviação, energia eólica, automotivo e fármacos, entre outros, ele terá equipamentos como uma pista de testes multiuso, que poderá ser utilizada tanto pelo segmento automotivo quanto pelo de aviação. Conforme explica o presidente da FIEB, Ricardo Alban, o Brasil já dispõe de pistas semelhantes, no ITA e na Embraer, mas com outra expertise. “A pista que vamos construir deve contribuir para atrair investimentos de companhias aéreas para o Nordeste, em diversas áreas”, afirmou. Alban lembrou que até

TÚNEL DE VENTO O Cimatec Industrial terá, também, um “túnel de vento”, instalação cuja finalidade é simular, para estudos, o efeito do movimento do ar em corpos, geralmente protótipos em escala. Eles são muito utilizados em laboratórios de modelos físicos para a determinação de parâmetros nos projetos de aviões, automóveis, cápsulas espaciais, edifícios, pontes etc. No Brasil, existe uma lacuna de centros tecnológicos com características industriais. As universidades realizam pesquisas que vão até o nível de bancada; e as empresas têm suas estruturas voltadas para a produção. Segundo o diretor do SENAI Cimatec, Leone Peter Andrade, “o projeto Cimatec Industrial consiste em implantar um centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação em ambiente industrial com foco no escalonamento de produção, testes de grande porte, plantas piloto e desenvolvimento de protótipos em escala real, apoiando todo o processo de desenvolvimento tecnológico e inovação industrial”. [bi] Bahia Indústria  23


Carga feminina Estudo aponta que 23% das mulheres deixam emprego para cuidar da família Por Carolina Mendonça com informações da CNI

A

s desigualdades entre homens e mulheres no mundo laboral vão além das diferenças de remuneração. O resultado da pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira - Rotatividade no Mercado de Trabalho, realizada pela CNI, mostra que, no Brasil, ainda cabe à mulher cuidar dos filhos e dos parentes. Os números revelam, entre outros aspectos desta realidade, que quase um quarto (23%) das mulheres deixou o último emprego para tomar conta de familiares. Conforme o estudo, quanto menor a renda familiar, maior é o percentual de mulheres que citaram a necessidade de cuidar de filhos e parentes entre os três principais motivos de ter deixado o último emprego. Na avaliação da CNI, isso é um indício de que as mulheres que mais deixam o mercado de trabalho para cuidados com familiares são as de baixa renda, que não possuem condições financeiras e assumem elas mesmas esse trabalho. A trabalhadora que possui uma boa condição financeira, porém, não está livre desses compromissos. Isso porque, culturalmente, a sociedade brasileira entende que o cuidado com a casa e os filhos é 24

Bahia Indústria

uma responsabilidade das mulheres, o que acontece na maioria dos lares do país. Como diretora administrativa da Aromarketing, a coordenadora do Conselho de Jovens Lideranças Industriais (CJLI) da FIEB, Nayana Pedreira, lida com esta situação de forma corriqueira. “Recentemente duas funcionárias se desligaram após a licença maternidade: uma delas, auxiliar de produção, não conseguiu vaga na creche. A outra até teria como pagar uma babá, mas não se sentiu confortável de deixar a filha recém-nascida com terceiros e decidiu dar um intervalo profissional na sua carreira”, conta. Mesmo para aquelas que conseguem manter-se no emprego há a necessidade de se ausentar com maior frequência pela necessidade de levar os filhos ao médico ou cuidar deles e de outros parentes quando estes adoecem. Na avaliação da CNI, as diferenças resultam do fato de que as mulheres são responsáveis pelas tarefas domésticas e os cuidados com crianças e idosos. Também contribui para isso a falta de vagas na educação infantil. Atualmente, 7,5 milhões de crianças de zero a três anos não encontram vagas em creches. “A sociedade brasileira precisa estabelecer políticas que aumentem a participação da mulher na força de trabalho, salários, gastos com creches, licença maternidade e em cargos de chefia. A visão tem que ser do bem-estar da sociedade, das famílias e não a priorização do indivíduo, seja ele homem ou mulher”, avalia o superintendente de Desenvolvimento Organizacional do Sistema FIEB, Paulo Vianna. Tripla jornada Outra diferença importante é o tempo dedicado ao trabalho doméstico. Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2014, do

IBGE, as mulheres que trabalham fora de casa gastam, em média, 20 horas e 32 minutos por semana com tarefas domésticas. Entre os homens o tempo dedicado a esse trabalho é de 9 horas e 56 minutos. Na visão de Nayana, este é um dos aspectos culturais que precisam mudar para que as responsabilidades sejam reequilibradas na sociedade brasileira: a divisão das tarefas domésticas. “Nos casais mais jovens e de classe média isso já tem mudado bastante, mas ainda não é uma realidade”, diz. Outra questão fundamental, defende a coordenadora do CJLI, é que a chegada de um filho tem impactos diferentes na vida da mulher e do homem. “No que diz


respeito à maternidade, a sociedade e as empresas ainda estão muito atrasadas, querem continuar exigindo a mesma disponibilidade e dedicação da recente mulher-mãe”, argumenta. Nayana destaca que as ações de conciliação maternidade-trabalho ficam restritas às grandes empresas, com maior capacidade financeira e políticas consistentes de pessoas e benefícios. Vianna chama atenção para o fato de que “as empresas que são intensivas em mão de obra feminina têm que planejar as ausências e respectivos custos, tendo que lidar também com eventual absenteísmo parcial ou integral, e até mesmo com as rescisões de contrato de trabalho pela falta de infraestrutura familiar e do Estado”, pontua. Sobre a responsabilidade masculina com o cuida-

do das crianças, ele lembra que a promulgação da recente lei 13.257/16 – Política Nacional Integrada para a Primeira Infância – não ampara a ausência dos pais ao trabalho para o acompanhamento de filhos em tratamento médico. A CNI destaca que a inserção das mulheres no mercado de trabalho beneficiará a indústria e o Brasil. Isso porque o aumento da oferta de mão de obra amplia a produção e a produtividade. "Para tanto, é necessário mudar a cultura vigente com relação à divisão do trabalho doméstico e priorizar a criação de vagas para educação pública infantil, em horário integral, que permita às mulheres, principalmente às de baixa renda, conciliar a maternidade com o trabalho", recomenda a Nota Econômica publicada sobre o estudo. [bi] Bahia Indústria  25


Silvio Tito/Coperphoto/Sistema Fieb

Feira de Santana ganha Polo de Confecções Localizado no centro da cidade, empreendimento reúne cerca de 70 lojas, sendo 55 de fábricas

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erca de 70 lojas, sendo 55 de fábricas de confecções, para venda em pronta entrega de roupas, acessórios e artigos de couro, estão reunidas no Polo de Distribuição das Indústrias de Confecção da Bahia (Polimoda), inaugurado dia 16.05, em Feira de Santana. O empreendimento, localizado na Avenida Senhor dos Passos, no centro, vai funcionar de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados das 8h às 12h. O Polimoda é uma iniciativa do Sindicato da Indústria do Vestuário de Feira de Santana e Região (Sindvest Feira), com apoio da Prefeitura de Feira de Santana, da FIEB, do SENAI e do Sebrae. O presidente do Sindvest Feira, Edison Nogueira, destacou que o polo vai fortalecer as indústrias do vestuário e acessórios. “Este empreendimento vai mudar a vida dos empresários e das empresas da região. Sua instalação é uma vitória do empreendedoris-

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mo”, disse, durante a cerimônia de inauguração. Segundo Nogueira, o Polimoda é o embrião de outros polos que o segmento pretende instalar no estado. O desenvolvimento que o polo de confecções levará para a região foi ressaltado também pelo presidente da FIEB, Ricardo Alban, lembrando que a instituição tem investido na região central. Citou o novo prédio do SENAI, inaugurado em 2015, que ampliou capacidade de atendimento em Feira de Santana. Alban destacou que é preciso ter firmeza e tranquilidade para atravessar os períodos de crise, que são cíclicos. “A união e o esforço fazem a diferença e confiança e credibilidade se conquistam. Empresários e trabalhadores devem pensar que estão do mesmo lado, que é o lado do desenvolvimento”, destacou. Os empresários Loyola Neto, da Loygus, e Hari Hartmann, da Ca-

Alban e Nogueira visitaram lojas do Polimoda

misas Polo, uniram-se para montar uma loja no Polimoda. A ideia é vender camisas polo, básicas e de proteção UV, no atacado. Para a venda em varejo também contarão com linhas de produtos assinados por designers de destaque na Bahia e no Brasil. “Expectativa é atrair revendedores de outros municípios, atendendo caravanas para compras em atacado”, explica Loyola Neto. Parceiro dele na iniciativa, Hari Hartmann vê a oportunidade de promover produtos diferenciados, como a camisa polo ecológica 100% sustentável. “Como empreendimento foi uma sacada fora do comum. Pode ser a saída para muita gente que está no sufoco”, disse, destacando que o Polimoda é bem localizado, no centro da cidade. Com mais de 20 anos de experiência no mercado, a empresária Claudinara de Brito investiu em uma loja para venda de bermudas masculinas. “A expectativa é que traga de volta a esperança de retomar o crescimento e incrementar as vendas”, disse. O evento também contou com a presença do prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho, do presidente da Fecomércio, Carlos Andrade, dos vice-presidentes de FIEB, Carlos Gantois e Josair Bastos; do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, Manoel Mendonça; do superintendente de Desenvolvimento de Empreendimentos da SDE, Paulo Sérgio Ferraro; do arcebispo metropolitano de Feira de Santana, Zanoni Demettino Castro; do deputado estadual Carlos Geilson, coordenador da Frente Parlamentar da Indústria do Estado da Bahia, entre outras autoridades. [bi]


Câmara Setorial da Construção Civil reúne 12 sindicatos do setor para defesa de interesses comuns

S

er um fórum de integração e desenvolvimento econômico e sustentável da cadeia da construção civil, proporcionando diálogo, informação, parceria e oportunidade de negócios com entidades públicas e privadas. Esta é a missão da Câmara Setorial da Construção Civil, criada na Federação das Indústrias da Bahia (FIEB) para representar e defender os interesses do segmento, visando à melhoria da competitividade, o fortalecimento dos sindicatos e o desenvolvimento da atividade na Bahia. Representantes de 12 sindicatos empresariais do segmento reúnem-se mensalmente na sede da FIEB para discutir demandas e soluções em comum. “Já sentimos a importância desta medida porque propiciou uma maior integração entre sindicatos que pertencem à mesma cadeia e identificamos que enfrentamos problemas parecidos”, conta o presidente do Sinduscon-BA, Carlos Henrique Passos, ressaltando que esta integração também proporciona a troca de experiências e boas práticas. A defesa de interesses comuns também é destacada pelo presidente do Sinprocim-BA, José Carlos Telles Soares. “Essa busca de unidade para defesa de interesses comuns é um dos pontos fortes desta câmara. A consequência será o fortalecimento das entidades e da construção”, afirma. Relações comerciais, qualificação profissional, normas regulamentadoras e certificação de produtos são alguns dos temas comuns que serão discutidos no âmbito da câmara setorial. O planejamento estratégico da instância representativa engloba ações como a organização de seminários, parcerias com universidades para desenvolver projetos ligados à sustentabilidade e a criação de rodadas de negócios setoriais. [bi]

joão Alvarez/Coperphoto/Sistema Fieb

Fortalecimento da cadeia da construção

Qualificação profissional está entre os temas de discussão

Sindicatos participantes SINDUSCON • Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia SINDICER • Sindicato das Indústrias de Cerâmica para Construção e Olaria do Estado da Bahia SINDIBRITA • Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia SINPROCIM • Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia SIMAGRAN • Sindicato da Indústria de Mármores, Granitos e Similares do Estado da Bahia SINDICESO • Sindicato das Indústrias de Cerâmicas Vermelhas e Brancas para Construção e Olarias da Região do Sudoeste e Oeste da Bahia SINDRATAR • Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado da Bahia SINDICAL • Sindicato da Indústria de Mineração de Calcário, Cal e Gesso no Estado da Bahia QUIMBAHIA • Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia MOVEBA • Sindicato da Indústria do Mobiliário do Estado da Bahia SINDISCAM • Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias e Marcenarias de Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’ávila, S. Antônio, F. Santana e Valença. SISTEB • Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações do Estado da Bahia

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indicadores  Números da Indústria com maior fabricação de barras, perfis e vergalhões de cobre e de ligas de cobre).

Queda de 2,8% mostra efeitos da crise Mesmo com resultado negativo, a produção industrial da Bahia ainda teve resultado melhor que os de dez outros estados

A

produção física da indústria de transformação da Bahia apresentou queda de 2,8%, na comparação dos últimos 12 meses, terminados em março, com igual período anterior. Em fevereiro, pelo comparativo equivalente, houve decréscimo de 2,6%. Com esse resultado, a Bahia mantém-se em 4º lugar no ranking dos 14 estados que participam da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física R, na qual apenas

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Mato Grosso e Espírito Santo apresentaram resultados positivos (2,8% e 0,2%, respectivamente). Os demais estados registraram resultados negativos: Amazonas (-19%), São Paulo (-12,8), Pernambuco (-12,1%), Rio de Janeiro (-11,5%), Rio Grande do Sul (-10,9%), Minas Gerais (-10,4%), Ceará (-10,4%), Paraná (-8,9%), Santa Catarina (-8,5%), Pará (-5,9%) e Goiás (-2,3%). Na Bahia, apenas três dos onze segmentos pesquisados registraram crescimento: Refino de petróleo e biocombustíveis (2,6%, devido à maior fabricação de óleo diesel, óleos combustíveis e gasolina automotiva), Bebidas (2,5%) e Metalurgia (0,1%,

RESULTADOS NEGATIVOS Apresentaram resultados negativos: Equipamentos de Informática (-43,6%); Veículos automotores (-12,6%, com a menor produção de automóveis e painéis para instrumentos dos veículos automotores); Minerais não metálicos (-12,1%, com queda na fabricação de cimentos “Portland”, massa de concreto preparada para construção, argamassas, ladrilhos, placas e azulejos de cerâmica para pavimentação ou revestimento e misturas betuminosas); Alimentos (-4,9%, queda na produção de farinha de trigo, carnes de bovinos congeladas e açúcar cristal); Produtos químicos (-4,1%); Borracha e plástico (-2,5%, menor produção de pneus novos de borracha para ônibus e caminhões, sacos, sacolas e bolsas de plástico, filmes de material plástico para embalagem e reservatórios, caixas d’água e artefatos semelhantes de plástico); Couro e Calçados (-2,2%) e Celulose e papel (-1,6%, queda na produção de pastas químicas de madeira). Na comparação de março de 2016 com igual mês do ano anterior, a produção física da indústria de transformação baiana apresentou queda de 6,1%. Cinco dos 11 segmentos industriais da Bahia apresentaram resultados positivos: Equipamentos de Informática (20,5%); Metalurgia (14,2%, maior produção de barras, perfis e vergalhões de cobre e de ligas de cobre); Bebidas (11,9%); Couro e Calçados (3,4%) e Produtos químicos (0,1%). Apresentaram resultados negativos: Veículos automotores (-30,8%, menor fabricação de


automóveis); Minerais não metálicos (-22,3%, queda na fabricação de cimentos “Portland”, massa de concreto preparada para construção, ladrilhos, placas e azulejos de cerâmica para pavimentação ou revestimento e argamassas ou outros aglomerantes não refratários); Borracha e plástico (-7,8%, redução da produção de pneus, reservatórios, caixas d’água e artefatos semelhantes de plástico e filmes de material plástico para embalagem); Celulose e papel (-6,5%, queda na produção de pastas químicas de madeira); Refino de petróleo e biocombustíveis (-4,2%, menor produção de óleos combustíveis, naftas para petroquímica e parafina) e Alimentos (-0,9%). O setor industrial enfrenta em todo o país um ambiente de muita dificuldade, refletindo uma conjuntura doméstica de crises econômica e politica que se retroalimentam, o que acarretou numa retração econômica grave. Do ponto de vista estadual, o desempenho negativo do ano é reflexo de maus resultados em alguns segmentos, com influência forte de Veículos automotores, Minerais não metálicos, Alimentos e Produtos químicos. O setor Refino de petróleo e biocombustíveis (por conta de uma parada para manutenção no início de 2015) apresenta resultado positivo na análise anualizada. CRESCERÁ EM 2017 A análise do primeiro trimestre de 2016 mostra que as dificuldades observadas em 2015 se mantêm e há poucos elementos que indiquem a possibilidade de recuperação da indústria nacional no curto prazo. A estimativa de mercado é de queda da produção in-

bahia: pim-pf de março 2016

Variação (%)

Setores mar16/mar15 Jan-mar16/ abr15-mar16/ Jan-mar15 abr14-mar15

Indústria de Transformação Refino de petróleo e biocombustíveis Produtos químicos Veículos automotores Alimentos Celulose e papel Borracha e plástico Metalurgia Couro e Calçados Minerais não metálicos Equipamentos de Informática Bebidas Extrativa Mineral

-6,1 5,3 -2,8 -4,2 39,5 2,6 0,1 0,5 -4,1 -30,8 -31,8 -12,6 -0,9 -2,5 -4,9 -6,5 -2,7 -1,6 -7,8 -8,2 -2,5 14,2 21,4 0,1 3,4 -1,5 -2,2 -22,3 -17,4 -12,1 20,5 20,7 -43,6 11,9 8,8 2,5 -25,5 -18,2 -9,9

Fonte IBGE; elaboração Fieb/SDI

dustrial este ano (-5,95%) e de modesto crescimento só em 2017 (+0,74%), de acordo com informações do Banco Central (relatório Focus). Alguns indicadores ilustram as dificuldades enfrentadas pela economia nacional: inflação elevada (o IPCA acumulou em 12 meses até abril deste ano alta de 9,28%, contra um teto de meta de inflação de 6,5% para 2016); patamar elevado da taxa de juros, com a Selic mantida em 14,25%; e crescimento do desemprego – segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Estimativa Trimestral, do IBGE), em março de 2016, a taxa de desemprego foi de 10,9%. Por outro lado, a depreciação do Real pode ser um alento para o setor exportador. [bi]

Bahia - Produção Física da indústria de Transformação (2013-2016) 2014

115 110 2013

105 100 95

2015

90

2016

85 80 75

DEZ

NOV

OUT

SET

AGO

JUL

JUN

MAI

ABR

MAR

FEV

JAN

70

Fonte: IBGE; elaboração Fieb/SDI. Nota: Exclusive a indústria extrativa mineral; base = 100 (média 2012)

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painel

Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Sessão especial na ALBA destaca importância do charuto baiano

Ação do Sindileite destaca importância do consumo de leite para a saúde Quem passou pela região do Jardim de Alah, na orla de Salvador, no dia 1º de junho, foi surpreendido com um café da manhã promovido pelo Sindicado das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Leite do Estado da Bahia (Sindileite-BA), em parceria com FIEB, SEAGRI e ADAB, para comemorar o Dia Mundial do Leite. A data foi instituída em 2001 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU). Além de degustar produtos derivados do leite, quem visitou o local recebeu orientações sobre a importância de uma dieta equilibrada para uma vida saudável. A proposta é divulgar as qualidades nutricionais do leite e os benefícios para a saúde, proporcionados pelo consumo deste alimento rico em cálcio e proteína”, destaca o vice-presidente do sindicato, Paulo Cintra.

Quem passou pela Orla, no Jardim de Alá, pode conhecer melhor a produção das indústrias baianas

A secular cultura do tabaco e do charuto produzidos no Recôncavo baiano foi homenageada em sessão especial, na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, no dia 9 de junho. A presidente do Sindicato das Indústrias de Tabaco da Bahia (Sinditabaco/ BA), Ana Cláudia Mercês, destacou que homenagens como a sessão especial são importantes para preservar a cultura do tabaco e do charuto na Bahia. A sessão especial contou com a presença do 1º vice-presidente da FIEB, Carlos Gantois. Cerca de 15 milhões de unidades de charutos são produzidas na Bahia por ano, movimentando R$ 90 milhões, segundo estimativa do sindicato. Cerca de 30% da produção é exportada para países da América do Sul e Europa. Quatro representantes da cadeia produtiva foram homenageados na oportunidade. Marcelo France/Coperphoto/Sistema FIEB

Empresários de Jequié conhecem soluções de apoio à inovação Criatividade e inovação foi o tema da palestra que o superintendente do IEL-BA, Evandro Mazo, ministrou em Jequié, no dia 24.05, durante o Encontro IEL-BA, Sebrae e Empresários, realizado na sede do Sebrae no município. “O principal objetivo foi sensibilizar para a importância da gestão da inovação nos negócios”, explicou Mazo. O superintendente do IEL falou, ainda, sobre a atuação do instituto com foco em gestão na inovação. Representantes do SESI, SENAI e Sebrae também explicaram aos empresários de que forma estas instituições podem apoiar as empresas no esforço para inovar.

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angelo pontes/Coperphoto/Sistema Fieb

Inauguração • Acompanhado do diretor de Tecnologia e Inovação do SENAI, Leone Andrade, o governador Rui Costa conhece equipamento de simulação computacional em stand do Sistema FIEB no evento de inauguração da Av. Orlando Gomes, em Salvador, no dia 5 de junho. Espaço ofereceu ainda serviços do SESI.

Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

FIEB realiza Encontro de Presidentes de Sindicatos Debater a visão de futuro do Sistema FIEB, contribuindo para o planejamento estratégico da entidade para o período 2017-2018. Com esse objetivo, líderes de sindicatos filiados à FIEB participaram no dia 03.05, do Encontro de Presidentes de Sindicatos, na sede da Federação. No encontro, executivos do Sistema FIEB apresentaram as diretrizes do SESI, SENAI e IEL para os próximos anos. O presidente da FIEB, Ricardo Alban, ressaltou a importância da participação dos líderes sindicais. “A FIEB é uma entidade de representação de classe e, se a classe não for proativa e propositiva, não conseguiremos fazer uma representação de acordo com a real necessidade”, pontuou.

Café com Negócios reúne empresários em Conquista Mais de 30 empresários do segmento de panificação e biscoitos de Vitória da Conquista e Jequié participaram do Café com Negócios, promovido pelo Centro das Indústrias do Estado da Bahia (CIEB), em parceria com a empresa M. Dias Branco e com o Sebrae, no dia 19.05. O encontro teve o objetivo de fomentar networking e gerar oportunidades para as empresas. O evento marcou o lançamento oficial da Rede de Parceiros do CIEB na região sudoeste. O Café com Negócios contou com apresentações da gerente do Sebrae Vitória da Conquista, Josinete Viana; do gerente de vendas da Divisão Moinhos da M. Dias Branco, Mansur Kauark e do consultor do Sebrae, Carlos Galvão.

Entrega foi feita na Afase, no Terreiro Casa Branca

Doação de tecidos dá início às ações dos Bancos Sociais No dia 2 de junho, a Associação do Futuro nas Ações Socioeducativas e Esportivas (Afase) recebeu quase nove toneladas de aparas de tipos variados de tecidos, no espaço cultural e cooperativa Vovó Conceição, do Terreiro Casa Branca, localizado no Engenho Velho da Federação. A doação iniciou oficialmente as ações do Banco de Articulação Social em Vestuário, um dos Bancos de Articulações Sociais FIEB, uma iniciativa do Conselho de Responsabilidade Social, eles têm o objetivo de contribuir para fomentar uma atuação socialmente responsável do setor produtivo baiano, incentivando ações com foco no uso de excedentes de produção, materiais recicláveis e/ou reutilizáveis, assim como iniciativas de voluntariado e projetos comunitários.

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jurídico

A crise brasileira e a recuperação judicial de empresa

Norma proíbe gestantes em locais insalubres Foi publicada, em 11/05/2016, a Lei nº 13.287 que inseriu o art. 394-A à Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452 de 01/05/1943, que passou a garantir à empregada gestante ou lactante o direito de ser afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres. A Justiça do Trabalho já vinha decidindo nesse sentido, tendo a Lei nº 13.287 consignado o entendimento daquela Corte.

Por Maurício Dantas Góes e Góes

Há 11 anos o Brasil dava um passo importante na modernização da sua legislação. A Lei nº 11.101/2005 extinguiu a concordata e instituiu a recuperação judicial de empresa (RJ). Com a crise, os pedidos de RJ dispararam no primeiro trimestre de 2016 em comparação com 2015. Os dados da Boa Vista SCPC apontam para aumento de 165,7% A lógica da Lei nº 11.101/2005 é a preservação da empresa viável e a retirada do mercado da empresa inviável, afinal, na falência, perdem todos: a empresa se extingue; o empresário tem seu patrimônio arrecadado e fica impedido de comerciar por 5 anos; os trabalhadores perdem os empregos; o Estado perde os impostos e os credores não recebem. Ainda existe pouca cultura no Judiciário e no mercado brasileiros quando o tema é RJ. Embora a Lei brasileira seja inspirada no Chapter 11 da legislação americana, os dados no Brasil indicam que 1% das empresas efetivamente se recuperam, enquanto estudos americanos apontam taxa de êxito entre 20% e 30% e outros, como o publicado na Harvard Business Review, que analisou 350 casos entre 2002 e 2011, aponta índice de sucesso de 89%. Recentes decisões do STJ nos REsp 1.371.427 e REsp 1.513.260 indicam esforço do Judiciário em resguardar a empresa como motor maior da economia do país. No primeiro caso, o STJ admi32  Bahia Indústria

tiu, no processo de RJ da Veplan (administradora do Hotel Sofitel), que o quadro de credores pudesse, excepcionalmente, ser retificado após homologação do plano de recuperação judicial, quando o credor impugna no processo o valor indicado do seu crédito, evitando fraudes e prejuízos. O valor homologado como crédito do BNDES foi de R$ 34,4 milhões e, posteriormente, retificado para R$ 382,7 milhões. A decisão é consentânea com uma sociedade que cobra dos governos mais ética e empresas preocupadas com governança e compliance. A segunda decisão do STJ, na RJ de um supermercado, validou a decisão do comitê de credores, atacado como ilegal por aspectos formais e sem demonstração de prejuízo. O STJ reconheceu soberania das deliberações da assembleia de credores nas esferas negocial e patrimonial e nos destinos da empresa em recuperação, reservando para si o controle de legalidade “sem adentrar a análise da viabilidade econômica” do plano de recuperação, matéria que reconheceu soberania da assembleia geral de credores. A Lei de Recuperação Judicial ainda é nova, mas constitui alento neste momento de crise. Precisa ser mais divulgada entre os empresários, mais estudada entre os advogados e juízes, já que poucos profissionais possuem expertise na área.

Alterações na Norma Regulamentadora 12

Maurício Dantas Góes e Góes é sócio do Lapa Góes e Góes Advogados

A Portaria MTPS nº 509, publicada em 02/05/2016, alterou a NR nº 12, que trata da segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Dentre as alterações destacam-se: as regras para manutenção das máquinas; as informações obrigatórias que devem constar nos manuais das máquinas e equipamentos; o planejamento dos serviços que envolvam risco de acidentes de trabalho em máquinas e equipamentos. Foi, ainda, revogado pela citada Portaria, o item 12.137 da NR 12, que vedava a operação de máquinas e equipamentos por menores de dezoito anos, salvo na condição de aprendiz.


ideias

eSocial – Sua empresa está Preparada? Por Lauro Martins de Azevedo

A gestão da mão de obra utilizada pelas empresas no Brasil está prestes a ser alterada de forma significativa. E não estamos falando de mudanças drásticas na legislação trabalhista e previdenciária. Trata-se do aprimoramento na fiscalização das normas que regem a contratação, remuneração e tributação do trabalhador. O Ministério do Trabalho e Emprego, a Receita Federal e a Previdência Social terão à sua disposição em um único ambiente digital todas as informações necessárias para fiscalizar e autuar as empresas que não atendem a legislação em vigor. Esse ambiente digital será alimentado por informações enviadas por todos os empregadores do país. É o que se espera que aconteça, a partir de setembro, com a implantação e obrigatoriedade de envio do chamado e-Social. Também chamado de e-Fopag ou folha de pagamento eletrônica, o e-Social terá a funcionalidade de concentrar informações não só sobre a contratação de trabalhadores em seus diferentes níveis e categorias, mas implicará em informar aos órgãos de fiscalização, de maneira rápida, padronizada e consolidada, todos os aspectos inerentes ao contrato de trabalho de um trabalhador. O primeiro grupo a entrar na mira dessa que é uma das ferramentas prioritárias do plano anual de fiscalização do Governo Federal, é formado por empregadores com faturamento superior a R$

78 milhões em 2014. Já em janeiro de 2017 a obrigatoriedade passa a valer para todos, ou seja, empregadores de qualquer atividade ou faixa de faturamento, órgãos públicos, incluindo registro de trabalhadores da agricultura e de micro e pequenas empresas. De posse dessas informações, os auditores fiscais poderão confrontar se estas atendem a legislação ou se o procedimento adotado é passível de autuação e multa. É bom lembrar que essa fiscalização poderá ser estendida aos procedimentos utilizados pelo empregador nos últimos cinco anos. A realidade é que a grande maioria dos empregadores não está preparada para o cenário que se desenha com o e-Social, que terá prazos exíguos para a comunicação de fatos como admissão, rescisão contratual, exames médicos e alterações contratuais, dentre outros. Como ação preventiva, as empresas devem implementar um projeto de conscientização dos gestores sobre essa obrigação acessória. A experiência na revisão de procedimentos trabalhistas e previdenciários adotados pelas empresas apontam para uma possível enxurrada de autuações e um aumento na arrecadação, tanto do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), quanto da contribuição previdenciária incidente sobre a remuneração paga, devida ou creditada aos empregados. A folha de pagamentos das empresas, onde estão registrados proventos e descontos e a respectiva tributação (INSS, FGTS e IRRF)

A pergunta que o empresário e o gestor não podem deixar de fazer nesse momento: Minha empresa está preparada? Se a resposta for negativa, tenha em mente que o tempo corre contra sua empresa

Lauro Martins de Azevedo é especialista nas Áreas Trabalhista e Previdenciária da Tract Assessoria Empresarial e Tributária

é onde se concentra a maior fonte de inconsistências já mapeadas pela fiscalização da Previdência Social e Receita Federal. Não é a toa que a Previdência Social tem a expectativa de aumentar a sua atual arrecadação em mais R$ 20 bilhões ao ano. Essa arrecadação adicional em sua totalidade não pode ser creditada simplesmente ao ato de sonegar, mas em boa parte resulta de erros nos parâmetros de tributação da folha de pagamento os quais precisam urgentemente de revisão especializada. A expectativa é reduzir o prejuízo também do FGTS em aproximadamente R$ 1 bilhão. Como se vê, a contratação de mão de obra passará a existir em um ambiente de total e eficaz vigilância. Novos tempos, nova tecnologia, antigas leis e normas. Não há exagero em afirmar que poucas empresas sairão incólumes. A pergunta que o empresário e o gestor não podem deixar de fazer: Minha empresa está preparada? Se a resposta for negativa, tenha em mente que o tempo corre contra sua empresa. [bi] Bahia Indústria  33


leitura&entretenimento fotos Divulgação

televisão SESI Cultura na TV Um programa de música que busca divertir e ensinar, ampliando o repertório cultural do público. Essa é a proposta do Sala de Som, projeto idealizado pela equipe do SESI Cultura e que passou a fazer parte da grade da TVE Bahia. Sempre aos domingos, com reprise às quintas-feiras, os programas têm 20 minutos de duração e são apresentados pelo músico Alexandre Leão. Em julho, serão exibidos os programas com os artistas Mário Ulloa e Jana Vasconcelos (Violão clássico), nos dias 3 e 7 de julho; Cássio Nobre (viola machete), nos dias 10 e 14.7; e, encerrando a série, Margareth Menezes, que vai abordar o afropop, dias 17 e 21.7.

Não perca Programa Sala de Som. TVE Bahia. Domingo, às 16h. Reprise àsquintas-feiras, às 23h. Até 21.07

exposição Ilustrações de Henri Matisse Quando teve que se recuperar de uma delicada cirurgia, período em que ficou em cima de uma cama e na cadeira de rodas, o desenhista e escultor francês Henri Matisse (18691954) dedicou-se ao desenho e à ilustração, em colagens feitas com papéis recortados e coloridos com guache. O resultado desse empenho está sendo exposto na exposição Henri Matisse – Jazz, uma mostra que reúne 20 pranchas originais, impressas com a técnica au pochoir, feitas especialmente para o livro Jazz, publicadas em 1947. Do total de 250 álbuns, dois estão no Brasil, pertencentes ao exemplar 196, que integra o acervo dos Museus Castro Maya. Não perca Caixa Cultural Salvador, até 3.07. Rua Carlos Gomes, 57, Centro. Terça a domingo, das 9h às 18h. Gratuito

livros Revolução na produtividade

A arte de fazer acontecer – Estratégias para aumentar a produtividade e reduzir o estresse David Allen Editora Sextante, 320 p. R$ 44,90

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Reconhecido como autoridade no campo da produtividade, David Allen criou o método GTD – Getting Things Done: um sistema de gestão que ajuda pessoas e empresas a colocar ordem no caos. Em A arte de fazer acontecer o autor discursa sobre a inserção das novas tecnologias na gestão do fluxo de trabalho e inclui as descobertas mais recentes da ciência cognitiva. Controlar a ansiedade e aceitar que não é possível fazer tudo são exemplos de como chegar ao equilíbrio.

Pensamento produtivo Por que como você pensa é muito mais importante do que o que você pensa? Em mais rápido e melhor..., Charles Duhigg explica que as pessoas e empresas mais produtivas não apenas agem de forma Mais rápido e melhor diferente, mas também veem o mundo de – Os segredos da produtividade modo diferente. Para ele, elas sabem que Charles Duhigg as escolhas são o segredo da Editora Objetiva, produtividade. Com base em pesquisas, 358p. R$ 49,90 ele conta o que separa os ocupados dos produtivos. Duhigg é o mesmo autor de O Poder do Hábito.


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