Bahia Indústria - Ed. 255

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Bahia

indústria Federação das Indústrias do Estado da Bahia  Sistema FIEB Ano XXv nº 255  2018

O Brasil está preparado para crescer?

Economia começa a dar sinais de que pode voltar a crescer, mas existem obstáculos

ISSN 1679-2645



editorial

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Expectativas otimistas

Construção pode dar partida ao crescimento nº 255  2018

Após amargar queda de 3,5% em 2016, seguida por leve recuperação de 1% no ano seguinte e com estimativas de crescer apenas 1,3% em 2018, a economia brasileira precisa voltar ao patamar de crescimento que permita reduzir o elevado estoque de desemprego e inaugurar uma nova era de prosperidade. Desafios a isso, porém, não faltam. Os mais difíceis envolvem as reformas estruturais necessárias ao equilíbrio das contas públicas – previdenciária, administrativa etc – e à criação de um ambiente mais favorável aos negócios, o que inclui uma estrutura tributária mais racional, o respeito à propriedade privada e uma infraestrutura que não imponha custos adicionais tanto para quem quer vender no mercado externo quanto para quem vai exportar. Se o novo governo conseguir realizar a reforma da Previdência, diminuir o déficit primário, garantir a estabilidade da equipe econômica e mantiver um bom relacionamento com o Congresso, criará condições objetivas para lastrear o retorno do crescimento sustentado. Para tanto, precisa aproveitar o “período de graça” – seus primeiros 100 dias – para promover as medidas mais urgentes e necessárias ao país. Muitas das medidas necessárias ao equilíbrio das contas públicas e ao bom desempenho da economia não terão tramitação fácil, pois exigem mudanças na Constituição. Algo que não é simples de negociar com o Legislativo, por envolver em maior ou menor grau medidas duras, que conflitam com interesses corporativos ou de unidades da Federação. É hora de avançarmos mais decididamente na remoção total dos obstáculos ao crescimento, enfrentando questões em geral antigas, como as distorções do sistema previdenciário e o cacoete do setor público de gastar mais do que arrecada. Com o equilíbrio fiscal, o setor público não se verá premido a absorver recursos que poderiam ser utilizados para bancar novos investimentos, ao mesmo tempo em que traria os juros internos a níveis mais aceitáveis. Apesar dos pesares, hoje o mercado trabalha com hipóteses relativamente positivas para 2019, quando comparadas ao desempenho de 2018. Como o período será de recuperação cíclica sobre uma base deprimida, o crescimento esperado do PIB ficará entre 2% e 3%. Para a CNI, a economia brasileira crescerá 2,7%, impulsionada pela expansão de 3% da indústria e de 6,5% do investimento. Ainda de acordo com a entidade, o consumo das famílias, importante motor do crescimento, aumentará 2,9% no próximo ano. Não é um crescimento em bases chinesas, mas levando-se em conta que em 2017 o PIB cresceu apenas 1% e que em 2018 deve ter crescido 1,4% (com forte influência negativa da greve dos caminhoneiros e do cenário político-eleitoral), trata-se de uma tendência satisfatória. O fundamental é o país se unir em favor de medidas que impulsionem o desenvolvimento econômico e social, uma vez que a economia vive também de expectativas.

Ricardo Alban diz que o governo precisa limitar gastos


Unidades do Sistema FIEB Informações sobre a atuação e os serviços oferecidos pelas entidades do Sistema FIEB, entre em contato FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1200 SESI – Serviço Social da Indústria Sede: (71) 3343-1543 @Barreiras: (77) 3611-8212 @Camaçari: (71) 3627-3489 @Candeias: (71) 3418-4700 @Eunápolis: (73) 3281-6670 @Feira de Santana: (75) 3602-9705 @Ilhéus: (73) 3222-7072 @Itapagipe: (71) 3254-9900 @Jequié: (73) 3526-5518 @Juazeiro: (74) 2102-7132 @Lucaia: (71) 3879-5390 @Luís Eduardo Magalhães: (77) 3628-2080 @Piatã: (71) 3503-7400 @Retiro: (71) 3234-8217 @Rio Vermelho: (71) 3616-7064 @Simões Filho: (71) 3296-9301 @Valença: (75) 3641-3040 @Vitória da Conquista: (77) 3201-5708 SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Sede: 71 3534-8090 @Alagoinhas: (75) 3182-3350/3356 @Barreiras: (77) 3612-2188 @Camaçari: (71) 3493-7070 @Cimatec: (71) 3534-8090 @Dendezeiros: (71) 3534-8090 @Feira de Santana: (75) 3229-9112 @Ilhéus: (73) 3222-7070 @Juazeiro: (74) 3614-0823 @Lauro de Freitas: (71) 3534-8090 @Luis Eduardo Magalhães: (77) 3628-6349 @Vitória da Conquista: (77) 3086-8300

FIEB

VICE-PRESIDENTE - Hilton Morais Lima. 2º VICE-

PRESIDENTE Antonio Ricardo Alvarez Alban. VICE-

-PRESIDENTE - Marcondes Antônio Tavares de

-PRESIDENTES Alexi Pelagio Gonçalves Portela Jú-

Farias. 3º VICE-PRESIDENTE - Benedito Almeida Carneiro Filho. DIRETORES EFETIVOS Antonio Silva Novaes; Arlene Aparecida Vilpert; Benedito Rosa Ribeiro; Eduardo de Sá Martins da Costa; Fagner Ramos Ferreira; Givaldo Alves Sobrinho; Jorge Robledo de Oliveira Chiacchio; Luis Fernando Galvão de Almeida; Mauricio Lassmann; Rafael Cardoso Valente; Ronaldo Livingstone Bulhões Ferreira. DIRETORES SUPLENTES Carlos Antonio Unterberger Cerentini; Cleber Guimarães Bastos; Gustavo Brandino Secco; Heitor Morais Lima; José Carlos de Almeida; Paula Cristina Cánovas Amorin; Paulo Cesar Correia de Andrade; Renata Lomanto Carneiro Müller; Sudário Martins da Costa; Wesley Kelly Felix Carvalho. CONSELHO FISCAL - EFETIVOS Felipe Porto dos Anjos; Nilton Teixeira Sampaio Filho; Roberto Ibrahim Uehbe. CONSELHO FISCAL - SUPLENTES Lucas Lamego Flores de Oliveira; Luiz da Costa Neto; Marcia Cristina Ferreira Gomes.

nior; Angelo Calmon de Sa Jr.; Carlos Henrique de Oliveira Passos; Eduardo Catharino Gordilho; João Baptista Ferreira; Josair Santos Bastos; Juan Jose Rosario Lorenzo; Sérgio Pedreira de Oliveira Souza. DIRETORES TITULARES Ana Claudia Basilio Lima das Mercês; Cláudio Murilo Micheli Xavier; Edison Virginio Nogueira Correia; Jaime Lorenzo Piñeiro; Jamilton Nunes da Silva; João Augusto Tararan; João Schaun Schnitman; José Carlos Telles Soares; Julio César Melo de Farias; Luiz Antonio de Oliveira; Luiz Fernando Kunrath; Luiz Garcia Hermida; Paula Cristina Cánovas Amorin; Renata Lomanto Carneiro Müller; Rogério Lopes de Faria; Vicente Mário Visco Mattos; Waldomiro Vidal de Araújo Filho; Wilson Galvão Andrade. DIRETORES SUPLENTES Antonio Roberto Rodrigues Almeida; Arlene Aparecida Vilpert; Carlos Alberto Barduke; Christian Villela Dunce; Dirceu Alves da Cruz; Marcos Regis Andrade; Mauricio Toledo de Freitas; Paulo Guimarães Misk; Ricardo De Agostini Lagoeiro; Roberto Fiamenghi; Sergio Aloys Heeger; Tiago Motta da Costa

SESI Presidente do Conselho e Diretor Regional

conselhos

Antonio Ricardo Alvarez Alban.

Micro e Pequena Empresa Industrial Raul Costa

Superintendente Armando da Costa Neto

de Menezes; Assuntos Fiscais e Tributários Sérgio Pedreira de Oliveira Souza; Comércio Exterior Angelo Calmon de Sá Junior; Economia e Desenvolvimento Industrial Antonio Sergio Alipio; Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes; Inovação e Tecnologia José Luis Gonçalves de Almeida; Meio Ambiente Jorge Emanuel Reis Cajazeira; Relações Trabalhistas Homero Ruben Rocha Arandas; Responsabilidade Social Empresarial Marconi Andraos Oliveira; Jovens Lideranças Industriais Braulio Barreto Moreira de Oliveira; Petróleo, Gás e naval Humberto Campos Rangel; Portos Sérgio Fraga Santos Faria

SENAI Presidente do Conselho Antonio Ricardo A. Alban. Diretor Regional Rodrigo Vasconcelos Alves Diretor de Tec. e Inovação

Leone Peter Andrade

Bahia

indústria Editada pela Gerência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb Conselho Editorial Mônica Mello,

Cleber Borges e Patrícia Moreira. editorial Cleber Borges. Editora Patrícia Moreira. reportagem Patrícia Moreira, Carolina Mendonça, Marta Erhardt, Íris Moreira Leandro (estagiária), Luciane Vivas (colaboração). Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. fotografia Coperphoto. Ilustração e Infografia Bamboo Editora. Impressão Gráfica Trio. Coordenação

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA

Rua Edístio Pondé, 342 – Stiep, CEP.: 41770-395 / Fone: 71 3343-1280 w w w.f ieb.or g.br/ b ahia _ indu stria_online As opiniões contidas em artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da FIEB.

IEL Presidente do Conselho e Diretor Regional

Antonio Ricardo Alvarez Alban. Superintendente Evandro Mazo

Filiada à

Diretor Executivo da FIEB

Vladson Menezes

CIEB

Superintendente Executivo de Serviços

PRESIDENTE Antonio Ricardo Alvarez Alban. 1º

Corporativos Cid Vianna

Sindicatos filiados à FIEB Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado da Bahia, sindacucarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem no Estado da Bahia, sindifiteba@gmail.com / Sindicato da Indústria do tabaco no Estado da Bahia, sinditabaco@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Curtimento de Couros e Peles no Estado da Bahia, sindicouroba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário de Salvador, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, Camaçari, Dias D’ávila e Santo Amaro, sindvest@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia, sigeb@terra.com.br / Sindicato da Indústria de Extração de Óleos Vegetais e Animais e de Produtos de Cacau e Balas no Estado da Bahia, sindioleosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Cerveja e de Bebidas em Geral no Estado da Bahia, sindcerba@bol.com.br / Sindicato das Indústrias

IEL – Instituto Euvaldo Lodi Sede: 71 3343-1384/1328/1256 @Barreiras: (77) 3611-6136 @Camaçari: (71) 3621- 0774 @Eunápolis: (73) 3281- 7954 @Feira de Santana: (75) 3229- 9150 @Ilhéus: (73) 3639-1720 @Itabuna: 3613-5805 @Jacobina: (74) 3621-3502 @Juazeiro: (74) 2102-7114 @Teixeira de Freitas: (73) 3291-0621 @Vitória da Conquista (77) 3201-5720 @Guanambi (77) 3451-6070 @Jequié (73) 3527-2331

do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia, sindpacel@hotmail.com / Sindicato das Indústrias do Trigo, Milho, Mandioca e de Massas Alimentícias e de Biscoitos no Estado da Bahia, sindtrigoba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Calcário, Cal e Gesso do Estado da Bahia, sindicalba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia, secretaria@sinduscon-ba.com.br / Sindicato da Indústria de Calçados, seus Componentes e Artefatos no Estado da Bahia, sindcalcadosba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado da Bahia, simmeb@uol.com.br / Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Olaria do Estado da Bahia, sindicerba@gmail.com / Sindicato das Indústrias de Sabões, Detergentes e Produtos de Limpeza em geral e Velas do Estado da Bahia, sindisaboesba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias e Marcenarias de Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’ávila, Sto. Antônio de Jesus, Feira de Santana e Valença, sindiscamba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos Químicos, Petroquímicos e Resinas Sintéticas do Estado da Bahia, sinpeq@coficpolo.com.br / Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia, sindiplasba@sindiplasba.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia, sinprocimba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia, sindbrit@svn.com.br / Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia, adm@quimbahia.com.br / Sindicato da Indústria de Mármores, Granitos e Similares do Estado da Bahia, simagranba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos, Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia, sindsucosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia, sincarba@fieb.org. br / Sindicato da Indústria do Vestuário da Região de Feira de Santana, sindvestfeira@fbter.org.br / Sindicato da Indústria do Mobiliário do Estado da Bahia, moveba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado da Bahia, sindratar@ gmail.com.br / Sindicato das Indústrias de Café do Estado da Bahia, sincafeba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos

CIEB - Centro das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1214

Derivados do Estado da Bahia, sindileite@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares dos Municípios de Ilhéus e Itabuna, sinec@sinec.org.br / Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações do Estado da Bahia, anaelisabete@telenge.com.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Feira de Santana, simmefs@simmefs.com.br / Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado da Bahia, sindirepaba@sindirepabahia.com.br / Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, sindipecas@sindipecas.org.br / Sindicato das

sistema fieb nas mídias sociais

Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Cosméticos e de Perfumaria do Estado da Bahia, sindcosmetic@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Artefatos de Plásticos, Borrachas, Têxteis, Produtos Médicos Hospitalares, sindiplast@gmail.com / Sindicato Patronal das Indústrias de Cerâmicas Vermelhas e Brancas para Construção e Olarias da Região Sudoeste e Oeste da Bahia sindiceso@gmail.com Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Nordeste (Siacan) siacan@veloxmail.com.br / Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) sinaval@sinaval.org.br / Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado da Bahia, sipaceb@gmail.com / SINDICATO DAS INDÚSTRIAS EXTRATIVAS DE MINERAIS METÁLICOS, METAIS NOBRES E PRECIOSOS, PEDRAS PRECIOSAS E SEMIPRECIOSAS E MAGNESITA NO ESTADO DA BAHIA , sindimiba@gmail.com

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sumário

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Expectativas e desafios para 2019

As reformas estruturantes e a capacidade de negociação são os desafios para assegurar crescimento econômico ao país

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divulgação

6 Eficiência na reabilitação SESI inaugura, em Feira de Santana, um dos mais modernos serviços de fisioterapia do estado para atender a indústria local

sílvio tito/Coperphoto/Sistema FIEB

12 Desafios da indústria 4.0

24 Chocolates da Bahia conquistam espaço internacional

Organizações vão precisar investir em novo modelo mental e educação para operar tecnologias convergentes no cenário digital

No Salon du Chocolat foram concretizados negócios que somam US$ 1,5 milhão, com a venda de chocolates finos e amêndoas de cacau produzidas no Brasil com selo de origem


tratamento de excelência SESI inaugura Centro de Fisioterapia em Feira de Santana. Meta é expandir para outras unidades da Bahia Por Patrícia moreira

O

técnico de informática Moisés Morais precisou fazer fisioterapia após uma intervenção cirúrgica no joelho. Ao final de 20 sessões, ele ainda andava com dificuldade e a evolução do quadro não era a esperada. Nessa fase, ele havia recuperado apenas 50% dos movimentos. Foi quando resolveu fazer uma nova aposta no tratamento. Em apenas sete sessões, conseguiu uma evolução de 70% nos movimentos e, ao final de 13 sessões, já constatava um avanço de 90%. “Pude contar com uma equipe e infraestrutura excepcionais e atribuo a isso a evolução do quadro”, explica Moisés, que se preparava para ingressar em uma nova etapa do tratamento: a atividade física monitorada. Moisés é um dos primeiros pacientes do Centro de Fisioterapia do Serviço Social da Indústria (SESI) de Feira de Santana. Inaugurado oficialmente no dia 21 de novembro, mas em funcionamento desde o início do segundo semestre, o equipamento faz parte dos investimentos na infraestrutura da Unidade João Marinho Falcão, que incluem ainda a Escola José Carvalho e o Centro Esportivo João Baptista Ferreira, que foram, respectivamente, ampliada e reinaugurado, somando investimentos de R$ 22 milhões em obras e aquisição de equipamentos. Com um das mais modernas infraestruturas de tratamento da Bahia à disposição da indústria e da comunidade feirense, o Centro de Fisioterapia é resultado de um projeto minuciosamente concebido com o apoio de uma instituição de referência no país. “Fizemos um trabalho prévio na concepção do Centro de Fisioterapia SESI, que incluiu consultoria do Hospital Sírio Libanês (HSL) para elaboração dos protocolos de tratamento e capacitação dos nossos especialistas”, explica Cristina Pacheco, gerente de Saúde do SESI Bahia. Além de ser um serviço referencial nesta área, o Hospital Sírio Libanês foi o primeiro hospital brasileiro a receber, em 2014, a certificação CARF (Commission on Accreditation of Rehabilitation Facilities), na área de reabilitação. A mesma foi concedida a serviços de referência, como o serviço de saúde inglês e australiano, vistos como de excelência, acrescenta Raphael Martins, fisioterapeuta do SESI Bahia. O maior diferencial do serviço oferecido pelo SESI Bahia são os protocolos clínicos elaborados com a equipe do hospital. “A ideia é que, indepen6 Bahia Indústria

Fotos Silvio Tito/Coperphoto/Sistema FIEB

Sala de atividades do Centro de Fisioterapia (alto) e acesso aos espaços terapêuticos e de dança; ao lado, piscina semiolímpica do centro esportivo e estrutura equipada para atividades de pilates


FISIOTERAPIA CORPORATIVA

dentemente da equipe assistente, o serviço siga um modelo de atendimento para as dez principais patologias musculoesqueléticas, que também considera os determinantes biopsicossociais que impactam no quadro clínico”, reforça Cristina Pacheco.

A adoção da fisioterapia corporativa visou trabalhar as estruturas musculoesqueléticas, preparando o corpo para atividades de sobrecarga, prevenindo o surgimento de problemas. Trata-se de um olhar na prevenção da incapacidade, destaca Cristina Pacheco, ressaltando que o modelo do Sírio Libanês segue o modelo biopsicossocial. “Deixamos de olhar apenas o diagnóstico para olhar o indivíduo que apresenta aquele diagnóstico, bem como os fatores que podem interferir no tratamento. João, Maria e José apresentam o mesmo diagnóstico de uma patologia

DEMANDA DA INDÚSTRIA A escolha de Feira de Santana para sediar a primeira unidade se deu em razão de uma demanda da indústria do município por serviços especializados nesta área. “Fomos procurados por uma indústria local que tinha um número elevado de trabalhadores afastados no INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) por patologias musculoesqueléticas, necessitando de suporte técnico para acolhimento no retorno ao trabalho, bem como para atuar preventivamente com a mão de obra ativa e assim evitar novos afastamentos ou recidivas”, explica Cristina Pacheco. Coube ao SESI propor soluções, investindo na implantação do Centro de Fisioterapia de Feira de Santana, que adotou a especialidade como base do trabalho de prevenção e readaptação dos trabalhadores. Bahia Indústria 7


sílvio tito/Coperphoto/Sistema FIEB

específica, mas a abordagem terapêutica poderá ser diferente, por exemplo”, acrescenta. Diante do foco na prevenção, futuramente, a intenção é integrar o Centro de Fisioterapia ao Centro de Inovação SESI em Prevenção da Incapacidade. Outra perspectiva é que o serviço passe a ser oferecido em outras unidades do SESI, além de Feira de Santana. De acordo com Cristina Pacheco, o afastamento de um trabalhador por motivo de doença tem um custo alto para a indústria, para o indivíduo e para a sociedade e neste sentido, a prevenção da incapacidade ganha relevância. O Centro de Fisioterapia funciona integrado ao centro esportivo, dotado de duas piscinas, um campo de futebol gramado, um ginásio poliesportivo coberto, um espaço fitness (academia), além de salas de treinamento funcional, pilates, artes marciais e de ritmos. Com isso, o SESI consegue atuar na prevenção das doenças musculoesqueléticas, trabalhando não apenas com a terapêutica, mas também com atividades de fortalecimento da estrutura óssea e muscular. A infraestrutura disponível para a prática de atividades físicas permite também dar continuidade ao tratamento com atividades assistidas. Um dos diferenciais do serviço oferecido pelo SESI é que, com 8 Bahia Indústria

base nos protocolos de atendimento, é possível projetar o tempo de recuperação e alta do paciente. “Com base na avaliação realizada por nossos especialistas, podemos acompanhar a evolução do paciente dentro destes protocolos e podemos trazer para este cliente uma linha de evolução e prazo para alta”, explica Raphael Martins. O foco, acrescenta, é na reabilitação eficiente. “Para isso, fazemos o desmame da fisioterapia e depois há um encaminhamento para a atividade física de manutenção, que pode ser realizada nas instalações do SESI”, pontua. LONGEVIDADE Martins destaca ainda a importância de se adotar a fisioterapia preventiva dentro das empresas visando assegurar a longevidade funcional aos trabalhadores. “A fisioterapia é indicada para todos, pois, todo mundo sente ou vai sentir alguma dor ao longo da vida”, destaca o especialista. Ele observa ainda que com a tendência de aumento da expectativa de vida e, consequentemente, o envelhecimento da população trabalhadora, é preciso cada vez mais pensar nesta questão para assegurar não só qualidade de vida, mas também longevidade funcional.

Academia de ginástica dotada dos mais modernos equipamentos


circuito

por cleber borges

O custo da falta de saneamento A eficiência do serviço de saneamento é central para a segurança hídrica em áreas urbanas, afirma o estudo Segurança hídrica: novo risco para a competitividade, elaborado pela CNI. As perdas e ineficiência na prestação de serviços e a poluição das águas pela falta de saneamento geram custos para empresas e a sociedade. Em 2016, foram registradas no Brasil 260 mil internações por doenças causadas pela falta de tratamento da água. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que, por ano, 217 mil trabalhadores precisam se afastar do trabalho, por problemas gastrointestinais ligados à falta de saneamento. Para universalizar o serviço de água e tratamento de esgoto no país até 2033, a CNI estima investimento da ordem de R$ 21,6 bilhões ao ano.

Perdas de água afetam custos Outro desafio para a política do uso de águas no Brasil é o elevado índice de perdas. Na região Nordeste, em 2016, chegou a 46,3%; no Centro-Oeste alcançou 35%. Em países desenvolvidos, os índices de perda variam entre 5% e 10%. A água que se perde faz falta nas cidades e pressiona as tarifas de fornecimento do produto, o que afeta a produtividade de um elevado número de pequenas e médias empresas brasileiras. A ampliação nos serviços de saneamento é considerada fundamental para estimular o reuso de água pela indústria.

Produtividade cresce na indústria Apesar de todos os fatores que jogam contra, a produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira cresceu 4,2% no terceiro trimestre de 2018, conforme estudo desenvolvido pela CNI. Com isso, compensou a perda de 3,4% registrada no segundo trimestre, por causa da greve dos caminhoneiros. Com a recuperação, o indicador retornou ao nível do final de 2017. A produtividade no trabalho é resultado da quantidade produzida dividida pelo número de horas trabalhadas. De acordo com a avaliação da CNI, ganhos mais expressivos e consistentes dependem de mais investimentos em máquinas, equipamentos, treinamento de mão de obra e em inovação.

“Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades” Stan Lee, empresário americano criador da Marvel, falecido recentemente aos 95 anos

De onde vêm as boas ideias “Boas ideias não costumam vir do setor público, mas da iniciativa privada”, afirmou Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central. Por essa razão, o governo deve manter diálogo permanente com o setor produtivo visando aumentar a produtividade da economia brasileira e sua inserção no cenário internacional. Para ele, mesmo com baixo crescimento o Brasil é um dos raros emergentes com capacidade de atrair investimentos e, por essa razão, sua política externa deve estar alinhada aos interesses econômicos.

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sindicatos

Panificadores de Feira de Santana discutem inovação Oficinas para capacitação e palestras sobre inovação, gestão e tecnologia fizeram parte da programação do IV Encontro Estadual de Panificação, promovido pelo Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria (Sipaceb), em parceria com o Sebrae. Realizado no Senai de Feira de Santana, o evento contou com palestra do técnico do Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria, Márcio Rodrigues. Na oportunidade, foi divulgado o resultado da Campanha do Melhor Pão Francês da Região de Feira de Santana. O primeiro lugar ficou com a Padaria Canaã. Jefferson Peixoto/Coperphoto/Sistema FIEB

Capacitações e encontros encerram atividades do PDA em 2018 Ferramentas para Comunicação Eficaz no Sindicato foi o tema da oficina para lideranças e executivos sindicais, promovida em novembro pela FIEB, como parte das ações do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA). Em outubro, outra oficina discutiu como transformar a atuação dos sindicatos patronais a partir das ferramentas e metodologias adotadas pelas startups. As ações do PDA também incluíram o Diálogo Industrial, que aconteceu em Juazeiro, com a temática Intervalos e Jornada de trabalho – O que mudou com a reforma trabalhista?; e o 4º Benchmarking Sindical, realizado em dezembro no Rio Grande do Sul, com a presença do presidente executivo do Sindcalçados-BA, Haroldo Ferreira.

Sindcosmetic debate tributação

» Festival reúne apreciadores de charuto Visita a fábricas, workshops de harmonização com charuto e apresentações culturais marcaram a segunda edição Festival Origens, uma iniciativa do Sinditabaco que reuniu, em Cachoeira e São Félix, apreciadores de charutos de diversos estados do Brasil. 10 Bahia Indústria

Para discutir o impacto da tributação no setor e como os empresários precisam estar atentos para se adequarem à legislação tributária, o Sindicato das Indústrias de Cosméticos e Perfumaria do Estado da Bahia (Sindcosmetic) promoveu o workshop Tributação de Cosméticos. Operações interestaduais, regime de substituição tributária e restituição de ICMS foram alguns dos temas abordados na palestra do diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – ABIHPEC, Raimundo Rodrigues. Palestra orientou sobre saúde da mulher

Sindicatos apostam na prevenção do câncer Com foco na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, os sindicatos da indústria de vestuário de Salvador e Feira de Santana, em parceria com o SESI, realizaram exames de mamografia gratuitos para as colaboradoras do segmento na ação Outubro Rosa. Em Salvador, 180 trabalhadoras de empresas associadas foram atendidas. Já em Feira de Santana, a iniciativa envolveu 72 trabalhadoras do segmento.

eleições SINDICAL • Sérgio Pedreira de Oliveira Souza | Mandato 2018 - 2021

SINDIREPA • Mauricio Toledo de Freitas | Mandato 2018 - 2021

SIMMEB • Alvaro Carrascosa Von Glehn | Mandato 2018 - 2021

SINDSUCOS • Luiz Garcia Hermida | Mandato 2018 - 2021

SINPROCIM • Benedito Almeida Carneiro Filho | Mandato 2018 - 2022

SINAVAL • Ariovaldo Santana da Rocha | Mandato 2018 - 2022


Qualidade, produtividade e a rapidez de entrega são desafios dos empresários da indústria gráfica. Para discutir como o uso de tecnologias pode melhorar o processo produtivo, empresários do segmento participaram do 1º Encontro Internacional de Tecnologia de Impressão e do XVII Seminário da Indústria Gráfica Norte/Nordeste. No evento, promovido pelo Sigeb, em parceria com Sebrae-BA e SENAI Cimatec, foi lançada a Planta Gráfica Modelo.

Diálogo da Rede Sindical O cenário pós-eleições e as prioridades da indústria para os primeiros 100 dias de governo foram tema do 4º Diálogo da Rede Sindical da Indústria. Com transmissão online, o encontro foi acompanhado na Bahia por representantes de sindicatos filiados à FIEB nas cidades de Salvador e Feira de Santana. Também em 2018, a terceira edição do evento discutiu o tema Sustentabilidade Sindical.

Planejamento para sindicatos Por meio do Programa de Desenvolvimento Associativo, dois sindicatos elaboraram planejamentos no final de 2018. Com orientação de um consultor da CNI, o Sindileite realizou seu planejamento estratégico. Entre os focos de atuação estão eventos técnicos e defesa de interesses. Já o Simagran elaborou um planejamento financeiro, que visa nortear a gestão financeira do sindicato nos próximos anos.

André Santos / SENAI Cimatec

Tendências para indústria gráfica em debate

André Santos / SENAI Cimatec

XVIII Encontro Nacional de Projetistas A excelência do projeto de ar condicionado e seu reflexo no conforto e custo operacional foi o tema do XVIII Encontro Nacional de Empresas Projetistas e Consultores, realizado no SENAI Cimatec. Promovido pelo Sindratar-BA e pela Abrava, o encontro contou com palestras e mesas-redondas sobre sustentabilidade, inovação e segurança. Para o presidente do Sindratar-BA, Francisco Redondo Filho, a iniciativa contribui para o desenvolvimento e aperfeiçoamento técnico dos profissionais.

O presidente do Sindratar-BA, Francisco Redondo Filho

José Paulo Lacerda/Coperphoto/Sistema FIEB

Sinduscon participa de Intercâmbio Setorial A Rede Sindical da Construção Civil foi escolhida para encerrar a agenda de Intercâmbios de Lideranças Setoriais de 2018. O encontro reuniu 21 presidentes de sindicatos patronais da indústria da construção civil, na CNI. O presidente do Sinduscon, Carlos Henrique Passos, participou do encontro em Brasília. A FIEB é a Federação Interlocutora da Rede Sindical do setor da Construção Civil. Bahia Indústria 11


Engenharia da Mobilidade na era 4.0 Nível de desenvolvimento educacional é um dos desafios da transformação digital para a cadeia automobilística Por Carolina Mendonça

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m novo cenário começa a se delinear na Indústria Automobilística, agora chamada Engenharia da Mobilidade pelo setor produtivo: as tendências mostram que os consumidores terão cada vez menos posse de carros, vão dirigir menos, compartilhando automóveis ou locomovendo-se por unidades autônomas, e, provavelmente, mais veículos elétricos estarão nas ruas. As mudanças terão forte impacto na indústria. Parte do que é produzido hoje deixará de existir ou será cada vez mais customizado ao gosto do cliente. Entre projeções e especulações, representantes do segmento estimam que as vendas de carros elétricos vão superar as de modelos a gasolina e diesel em 2040, por exemplo. A confirmação deste horizonte representará o fim de uma cadeia produtiva diretamente relacionada aos carros movidos a combustíveis. A produção de veículos representa o principal elemento integrante de um ecossistema de fornecedores de suprimentos e componentes. Todos eles devem vivenciar uma ruptura com a mudança para os veículos elétricos e digitais. Por outro lado, abre-se uma série de oportunidades, para quem as enxerga, no meio desta revolução. “As empresas terão que ficar cada vez mais atentas aos desejos do consumidor e à nova arquitetura dos veículos. Quem fizer investimentos mirando as novas tendências, como uso de robótica e sensoriamento, por exemplo, vai ter uma contrapartida muito parecida com o que se oferece no mundo”, afirmou o presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe, durante o Simpósio SAE BRASIL Industria 4.0 - Seção Bahia, realizado no SENAI Cimatec, em novembro. 12 Bahia Indústria

valter pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

“É preciso desenvolver a cultura organizacional para a mudança contínua, o que pressupõe colaboração com seu principal ativo, o colaborador, num investimento de longo prazo” Herman Lepikson, diretor do Instituto Senai de Inovação em Automação

indústria 4.0 Ao passo em que o carro, a peça-chave da mobilidade se reinventa, o sistema de transporte está se digitalizando, assim como aconteceu com os telefones e com a rede energética. A chamada Indústria 4.0 ou quarta Revolução Industrial demanda conexão entre diversas tecnologias, ainda em desenvolvimento, maior automação de processos e operadores de fábricas cada vez mais qualificados. O tema inquieta empresários e

profissionais da área, que desejam se integrar às mudanças, as quais ainda estão majoritariamente no plano das projeções. “A integração de talentos, máquinas e tudo o que se usa na manufatura veio para ficar, e talvez mais rápido do que se imagina. Não se sabe ainda como será o futuro, mas sabe-se que, quem não iniciar este processo, poderá ficar de fora do mercado”, afirma o diretor do Sindipeças na Bahia, Roberto Rezende. O diretor do Instituto Senai


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de Inovação em Automação, Herman Lepikson, porém, afirma que os principais desafios – frente a tantas mudanças – não estão nos investimentos em máquinas, sensores ou programas de realidade aumentada, mas no gap educacional existente no país e no mindset, ou modelo mental, de quem atua na maior parte das organizações. Lepikson é categórico ao citar algumas das principais características que os profissionais terão que ter neste novo mundo: criatividade, visão crítica e capacidade de resolução de questões complexas, de adaptação, e de aprendizado de coisas novas. “É preciso investir num novo modelo mental, novas formas de pensar e olhar a realidade. Isso vale para trabalhadores e organizações”, pontuou. Até 2020, 35% das habilidades mais demandadas para a maioria das ocupações deve mudar. A afirmação parte de relatório produzido pelo Fórum Econômico Mundial

Ranking de características mais importantes dos trabalhadores em 2020 1. Resolução de problemas complexos 2. Pensamento crítico 3. Criatividade 4. Gestão de pessoas 5. Coordenação (próprias ações de acordo com as ações de outras pessoas) 6. Inteligência Emocional 7. Capacidade de julgamento e de tomada de decisões 8. Orientação para servir (inclinação para ajudar os outros) 9. Habilidades de negociação e conciliação de diferenças 10. Flexibilidade cognitiva Fonte: Fórum Econômico Mundial/2016

publicado há dois anos (veja quadro). Em pouco tempo, a atuação de seres humanos ao lado de bots estará no cotidiano da indústria, assim como em toda a sociedade, o que vai requerer capacidades diferentes, em todos os níveis de hierarquia dos modelos de negócios, preveem especialistas. Assim como já se sabe que 30% dos empregos atuais não existiam há dez anos, especialistas apontam que 65% dos postos de trabalho das crianças de hoje ainda não foram criados. Neste novo contexto, torna-se imperativo falar do futuro das pessoas. “Nossos indicadores em proficiência educacional não são animadores. Temos que correr para resolver este impasse. É preciso desenvolver a cultura organizacional para a mudança contínua, o que pressupõe colaboração com seu principal ativo, o colaborador, num investimento de longo prazo”, afirma Herman Lepikson.

Indústria automotiva passará por grandes transformações

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Novas parcerias à vista Iniciativas do Instituto Euvaldo Lodi promovem aproximação comercial entre empresas compradoras e fornecedoras na Bahia

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Por Marta Erhardt

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cessar grandes empresas em busca de parcerias comerciais é um desafio para as organizações de menor porte. É por isso que as Rodadas de Negócios são vistas como ferramentas estratégicas para impulsionar essa conexão, colocando empresas compradoras e fornecedoras frente a frente, em busca de oportunidades. Foi o que aconteceu no VIII Encontro de Compradores e Fornecedores, em que uma iniciativa promovida pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL-BA) com foco na aproximação comercial gerou estimativa de negócios futuros na ordem de R$ 10 milhões. No total, foram mais de 110 encontros B2B - Business to Business entre dez empresas compradoras e cerca de 60 fornecedoras baianas, que tiveram até 15 minutos para apresentar seus produtos e serviços. “As Rodadas de Negócios são importantes tanto para as fornecedoras, que muitas vezes têm dificuldade de acesso a grandes empresas, quanto para as compradoras, que por vezes não conseguem identificar novos parceiros. Essa iniciativa proporciona um momento de negociação entre eles”, destaca o superintendente do IEL, Evandro Mazo. Uma das fornecedoras que estiveram na Rodada de Negócios foi a Telamix, que atua há 24 anos


“Iniciativas como esta só fazem com que a indústria da construção civil venha a crescer. Este encontro foi válido para que pudéssemos conhecer, com o crivo do IEL, novas empresas para nos tornarmos parceiros” Francisco Novais Júnior, analista de orçamento da Sertenge

na área de movelaria e metalurgia. “Esse tipo de ação abre uma porta de contato com as compradoras e o networking é importante para que as empresas se tornem mais conhecidas no mercado”, comenta o diretor Maurício Lassman. A Telamix participa do Programa de Qualificação de Fornecedores, que desde 2005 já atendeu mais de 500 empresas na Bahia. Segundo Lassman, a experiência tem contribuído para a melhoria da gestão. “É uma diretriz para que a gente possa aprimorar principalmente a parte de controles, de organização, que acredito ser a grande dificuldade das pequenas empresas”, avalia. qualicação A melhoria contínua também é o foco da Metanóia, uma das 20 empresas do PQF certificadas em 2018. “Estamos nos qualificando para atender melhor os nossos clientes. Se a gente estiver atendendo o mercado da maneira que ele espera, os novos contratos serão consequência”, defende o diretor Kleber Santos. A empresa foi certificada pela segunda vez na categoria Diamante, atingindo 100% dos requisitos estabelecidos pelo PQF. Em 2019, o programa terá novidades, como a ampliação do número de Rodadas de Negócios, a realização de Rodadas on line e a possibilidade de qualificação em

áreas como gestão da inovação, lean office e e-Social. CONSTRUÇÃO CIVIL Promover a aproximação comercial entre empresas âncoras e fornecedoras também é um dos focos do Projeto Qualificação Empresarial da Construção Civil, que integra o Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), um convênio entre a CNI e o Sebrae Nacional. Atualmente, 20 empresas fornecedoras localizadas em Salvador e Região Metropolitana fazem parte do Procompi Construção Civil, que é desenvolvido em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA). Oito fornecedoras do segmento participaram, em dezembro, de uma Rodada de Negócios na FIEB, na qual apresentaram seus portfólios a representantes das empresas âncoras MRV, Sertenge e Gráfico Empreendimentos. “Essa aproximação é importante para o setor conhecer e ampliar o leque de fornecedores”, avalia a superintendente do Sinduscon, Sandra Sande. O encontro foi uma oportunidade de estreitar laços para futuras parcerias, segundo a coordenadora de Qualidade e Meio Ambiente da MRV, Camilla Rocha. “Já vislumbramos parcerias com algu-

mas empresas. As fornecedoras estão pré-selecionadas para um encontro mais preciso, no qual vamos apresentar nossas necessidades”, conta. O analista de orçamento da Sertenge, Francisco Novais Júnior, também destacou a importância da iniciativa para a aproximação comercial. “Iniciativas como esta só fazem com que a indústria da construção civil venha a crescer. Este encontro foi válido para que pudéssemos conhecer, com o crivo do IEL, novas empresas para nos tornarmos parceiros”, acredita. A empresa Faraday, do ramo de engenharia e serviços, participou do encontro. “Já entramos em contato com uma das empresas âncora e a expectativa é de que a gente consiga fechar negócios”, comentou o sócio e gerente de Projetos, Paulo César Santos Júnior.

Portal também aproxima empresas Outra iniciativa do IEL com foco na aproximação comercial é o Portal de Negócios da Indústria (www.portaldenegociosbahia.com.br), no qual mais de 300 empresas estão cadastradas. Na plataforma, é possível anunciar o produto ou serviço que se deseja comprar ou contratar. Os usuários também podem localizar fornecedores no estado, entrar em contato, solicitar orçamento, cadastrar cotações e se informar sobre eventos de negócios realizados pelo IEL e entidades parceiras. “Além de ser um ambiente para identificar compradores e fornecedores, o objetivo é que o portal seja uma referência para que empresas que estão chegando no estado possam identificar fornecedores locais”, explica o superintendente do IEL, Evandro Mazo. Bahia Indústria 15


A indústria precisa de ambiente positivo e segurança jurídica para pode investir

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Desafios estruturais em pauta Novo governo terá que promover importantes mudanças para assegurar a recondução do crescimento do país

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Por cleber borges

e o governo Bolsonaro conseguir realizar a reforma da Previdência, diminuir o déficit primário, garantir a estabilidade da equipe econômica e mantiver um bom relacionamento com o Congresso, visando garantir a governabilidade, criará condições objetivas para lastrear o retorno do crescimento sustentado. A avaliação, do economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Tendências, feita durante visita a Salvador, coincide, em maior ou menor grau, com as opiniões de especialistas de diversas áreas. É o caso, por exemplo, do jornalista e âncora da TV Band e da BandNews FM, Ricardo Boechat, que também esteve recentemente em Salvador, de onde apresentou seu programa matinal de rádio nas instalações do SENAI Cimatec. Segundo ele, o desempenho da economia em 2019 está atrelado à capacidade do governo Jair Bolsonaro de construir a governabilidade. Bahia Indústria  17


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“É hora de avançarmos mais na remoção dos obstáculos ao crescimento, enfrentando questões como as distorções na Previdência” Robson Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria Miguel Ângelo/CNI

Ele e o economista Loyola não compartilham o receio de alguns, de que o próximo governo terá problemas para aprovar no Congresso Nacional projetos que exijam mudanças na Constituição. Apesar de o ministério ser formado, em sua maioria, não por indicação de partidos, é inevitável que o governo atraia para si o apoio de várias bancadas partidárias, especialmente no início da próxima legislatura. De acordo com avaliação do presidente da FIEB, empresário Ricardo Alban, o novo governo precisa aproveitar o “período de graça” – seus primeiros 100 dias – para promover as medidas mais urgentes e necessárias ao país. A primeira delas, equalizar a questão fiscal, fazendo as reformas estruturais que darão sustentabilidade ao crescimento da economia. Isso significa aprovar a reforma previdenciária, para acompanhar o aumento da expectativa de vida do brasileiro; reduzir o custeio da máquina pública, cortando desperdícios; e promover a simplificação do sistema tributário, por exemplo. Muitas dessas medidas não serão fáceis de serem realizadas, pois exigem aprovar mudanças na Constituição, o que não é simples de negociar com o Legislativo, por envolver medidas duras ou que conflitam com interesses corporativos ou de unidades da Federação. Conforme Ricardo Alban, se o país fizer a reforma da Previdência, promover o enxugamento da máquina pública e se, ao menos, trouxer mais racionalidade ao sistema tributário (ele considera improvável uma redução de carga tributária), quem sabe com a criação de um imposto único, poderá

Construção, o primeiro segmento a cair com a crise, agora pode ser o primeiro a crescer


O que QUE esperar ESPERAR de DE 2019 O PIB (%) 5,0 4,0

4,7

3,7

3,0 2,0

2,5

2,1

1,8

1,0 0

Mundo

Economias Economias avançadas emergentes

INFLAÇÃO (%)

%

JUROS (%)

Brasil

Bahia

4,2 Brasil

8,0 Selic*

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DESEMPREGO (%)

11,7 10,9

Dez. 2018 Dez. 2020

PRODUÇÃO INDUSTRIAL (%)

abrir o caminho por onde retornarão os investimentos. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, “as tarefas são urgentes. É hora de avançarmos mais decididamente na remoção total dos obstáculos ao crescimento, enfrentando questões antigas, como as graves distorções do sistema previdenciário, à beira da inviabilidade financeira, e a complexidade do sistema tributário”. Nas avaliações de Gustavo Loyola e do jornalista Boechat, um lado positivo do novo governo é a musculatura da equipe econômica, constituída por gente experimentada, que chega com o intuito de dar novo direcionamento à economia, destravando o que costuma dificultar a vida das empresas.

RECUPERAÇÃO Independentemente de essas medidas virem a acontecer de imediato ou não, o mercado trabalha com hipóteses relativamente positivas para 2019, quando comparadas ao desempenho de 2018. Como o período será de recuperação cíclica sobre uma base deprimida, o crescimento esperado do PIB será entre 2% e 3%. Para a CNI, a economia brasileira crescerá 2,7%, impulsionada pela expansão de 3% da indústria e de 6,5% do investimento. Ainda de acordo com a entidade, o consumo das famílias, importante motor do crescimento, aumentará 2,9% no próximo ano. Não é um crescimento em bases chinesas, mas levando-se em conta que em 2017 o PIB cresceu apenas 1% e que em 2018 deve ter crescido 1,4% (com forte influên-

3,1 3,0

Brasil Bahia

PERSPECTIVAS Ajuste fiscal do setor público, contendo-se

seu tamanho e o custo de seu endividamento.

A indústria brasileira, especialmente a baiana, que vem tendo nos últimos tempos uma das piores performances no país, deve aproveitar a capacidade ociosa, com crescimento moderado. Na Bahia, terá

destaque a produção de energia eólica e solar.

Irão crescer no Estado os

segmentos da construção civil, refino de petróleo (caso ocorra a venda da RLAM) e produção de álcool, de plástico e borracha, metalurgia básica e automotivo. Devem permanecer estagnadas as

áreas química/ petroquímica e de celulose e papel.

*alta devido ao aumento dos juros nos EUA

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Previsões trazem otimismo contido A inflação de 2019 deverá ficar dentro da meta, de acordo com avaliação da Superintendência de Desenvolvimento Industrial da FIEB. Este é também o raciocínio de Gustavo Loyola, para quem alguns choques ocorridos em 2018 (combustíveis, depreciação cambial e aumento da energia elétrica) devem resultar em inflação em linha com a meta, uma vez que esse movimento será compensado pela inflação dos serviços em patamares baixos. Para o próximo ano, pesam a favor a ociosidade elevada da indústria e as expectativas de inflação bem ancoradas devem resultar em ligeira queda de inflação ao longo do tempo. Em conclusão, a assertividade da agenda econômica e a governabilidade são aspectos chave para o desempenho dos próximos anos. A restrição fiscal, hoje a maior trava a emperrar o crescimento, aponta para a necessidade urgente de aprovação da reforma previdenciária. Caso o próximo governo erre na agenda de prioridades o cenário para a economia brasileira será de grande pessimismo. Entretanto, com relativo encaminhamento da questão fiscal, a economia deve sustentar um compasso moderado de crescimento, suficiente para diminuir o desemprego e manter os investimentos. CAPACIDADE OCIOSA Na Bahia, a FIEB prevê que, no curto prazo, a indústria local deve aproveitar a capacidade ociosa existente. O que significa que, em um primeiro momento, uma eventual retomada da economia não terá forte impacto no crescimento e no emprego. Posteriormente, com a economia ajustada, os investimentos retornarão. Para tanto,

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ela aposta em segmentos não tradicionais na matriz industrial baiana, a exemplo das energias renováveis e a indústria da saúde. “Estamos preparados para dar suporte a estes e outros segmentos, especialmente por meio do SENAI Cimatec e do Cimatec Industrial, que estamos construindo em Camaçari. Estes equipamentos são um importante diferencial para a atração de novos investimentos”, afirma Ricardo Alban. Mas cabe ao setor público fazer sua parte. Promover concessões para modernizar sua infraestrutura, Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

“É preciso inserir nossa economia nas cadeias globais de valor. Para isso, as empresas industriais precisam se preparar” Ricardo Alban presidente da FIEB

sem esquecer o trabalho contínuo de estimular o adensamento de cadeias industriais existentes, a exemplo da petroquímica, automotiva, alimentos/bebidas, têxtil/vestuário. “Entendemos que é preciso aproveitar as oportunidades externas e inserir nossa economia nas cadeias globais de valor. Mas, para isso, também as empresas industriais precisam se preparar, do ponto de vista gerencial e tecnológico, para tornarem-se competitivas”, afirma o presidente da FIEB. Para 2019, de um modo geral pode-se afirmar que as perspectivas são boas para a indústria baiana. A construção civil, primeiro segmento a ser atingido na crise e também um dos primeiros que sai dela, deve voltar a um nível de atividade aceitável, caso as obras da Fiol sejam retomadas e as do Porto Sul tenham início, bem como o projeto da ponte Salvador-Itaparica; e caso os juros cobrados pelas instituições financeiras sejam reduzidos, para beneficiar a área habitacional. Na área de petróleo e refino, caso haja a venda de ativos, como a Refinaria Landulpho Alves, haverá investimentos na modernização da mais importante planta industrial da Bahia, em termos de influência no PIB e arrecadação de impostos. Outros segmentos, como os de plástico e borracha, metalurgia básica e automotivo, devem experimentar leve evolução, seja por oportunidades de exportação, seja por crescimento do mercado interno. Por outro lado, segmentos como químico/petroquímico e celulose e papel aguardam uma melhoria do ambiente de negócios, sobretudo no que se refere à segurança fundiária para a realização de projetos de expansão, no caso da área de celulose.


betto jr./Coperphoto/Sistema FIEB

Alfredo Filho/Coperphoto/Sistema FIEB

Na solenidade de lançamento, realizada em Salvador, 15 empresas formalizaram a adesão ao SESI Viva+

cia negativa da greve dos caminhoneiros e do cenário político-eleitoral), trata-se de uma tendência satisfatória. ”O país deve se unir em favor de medidas que impulsionem o desenvolvimento econômico e social”, afirma o presidente da CNI, Robson Andrade. empregue +1 É nessa direção que, na Bahia, um grupo de empresários idealizou e lançou em Salvador a campanha Empregue + 1, posteriormente lançada em Sergipe, Feira de Santana e em São Paulo, onde obteve o apoio do Movimento Brasil 200. De acordo com os idealizadores, de janeiro a março, empresas de pequeno, médio ou grande porte devem contratar, na modalidade CLT, ao menos um trabalhador. Como existem no país mais de 5 milhões de empresas em atividade, caso isso aconteça, o estoque atual de desempregos cairá à metade. Na avaliação de Carlos Barduke, empresário e um dos idealizadores da campanha, a indústria tem feito e continuará a fazer sua parte para colaborar com a criação de um clima favorável aos negócios. “As pessoas que empregaremos se transformarão em consumidores, o que ajudará a movimentar a economia”, afirma. Para o presidente da FIEB, Ricardo Alban, é preciso dar à indústria o tratamento adequado a um setor que

influencia fortemente o dinamismo da economia. Observa que a indústria é o maior contribuinte de tributos federais e a renúncia fiscal do setor equivale a 10% da que é concedida para a agricultura, por exemplo. “Os incentivos à produção industrial são baixos em relação ao que o setor proporciona em termos de arrecadação e empregos qualificados”, diz. Como não há mais espaço para a chamada “guerra fiscal”, ele defendeu uma política industrial, com planejamento de médio e longo prazos, compatível com as decisões de investimento nessa área, que exigem grande maturação. Ele entende que a indústria merece tratamento similar ao dispensado a outros setores. Ricardo Alban comparou os orçamentos deste ano da Embrapa (da ordem de R$ 2,5 bi) ao da Embrapii (R$ 60 milhões), que são órgãos semelhantes e cuidam de introduzir inovação na atividade produtiva. “Como podemos recuperar tantos hiatos tecnológicos com este aporte?”, disparou. Alban se mostrou ainda apreensivo quanto à falta de um ministério da indústria no governo Bolsonaro. “Não dá para entender como um setor tão importante para este país não terá o seu ministério. É uma questão de identidade, de individualidade, é a simbologia da representatividade de um setor, que fala por si”, lamentou.

Para Boechat, o desempenho da economia em 2019 está atrelado à construção da governabilidade

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Um ano da reforma trabalhista Especialistas destacam avanços da nova legislação, que simplificou o arcabouço legal e melhorou o ambiente de negócios Por cleber borges

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ouco mais de um ano após entrar em vigor, a Lei 13467/17, que reformou as leis trabalhistas – sancionada pelo presidente Michel Temer em 14.07.2017, entrou em vigor em 11.11.17 –, trouxe importantes alterações nas relações entre empregados e empregadores, bem como melhorias ao ambiente de negócios no país. Entretanto, a nova legislação ainda requer aperfeiçoamentos. Essa é a avaliação de especialistas que participaram como convidados do seminário Um Ano de Reforma Trabalhista – Desafios e Perspectivas, realizado pelo Conselho de Relações Trabalhistas e pela Gerência de Relações Sindicais da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), na sede da FIEB, no dia 20 de novembro. O arcabouço jurídico trabalhista era, e ainda é, amplo e complexo, composto à época por 922 artigos na CLT, mais de 200 leis esparsas, 900 enunciados de jurisprudências do TST, além de 90 acordos assinados com a Organização Internacional do Trabalho ratificados pelo Brasil. Sem contar com inúmeras portarias, instruções normativas, NRs e notas técnicas. SEGURANÇA JURÍDICA Ao racionalizar o antigo arcabouço, a nova legislação trouxe mais segurança jurídica para quem quer investir e, consequentemente, contratar mão de obra, conforme destacou o presidente do Conselho de Relações trabalhistas da FIEB, Homero Arandas. Ele lembrou que havia no Brasil, antes de a Lei 13.467 entrar em vigor, 9 milhões de processos trabalhistas na Justiça do Trabalho e, a cada ano, surgiam outros 4 milhões. “O Brasil era um dos países

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fotos Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

“Ao trazer mais flexibilidade à legislação, simplificamos a burocracia e trouxemos para a realidade formas de trabalho que já existiam informalmente” Sylvia Lorena, gerente executiva de Relações do Trabalho da CNI

com maior insegurança jurídica do mundo”, avalia. Isso não significa que a nova legislação tenha colocado um ponto final na insegurança jurídica, pois há ainda um excesso de legislações, muita burocracia e certa ideologia do confronto. No mundo moderno, de intensa competição, há necessidade de ajustes ágeis nas condições de trabalho e na solução de conflitos. “O mundo globalizado exige decisões legais rápidas”, afirma Arandas, para quem o principal mérito da modernização da CLT foi o incentivo à negociação coletiva. Para sua avaliação, “a pauta de modernização do trabalho não é fruto de uma agenda de crise, mas é fator importante para sairmos dela”. O fortalecimento da negociação coletiva trouxe avanços inclusive na redução de custos para as empresas e para o país. “O custo do Judiciário brasileiro equivale a 1,4% do PIB, algo muito elevado. Ao fortalecer a negociação coletiva e ao trazer mais flexibilidade à legislação, simplificamos a burocracia, reduzimos custos e trouxemos para a realidade formas de trabalho que já existiam informal-


mente, com mais segurança jurídica e impacto positivo na competitividade”, avaliou a gerente executiva de Relações do Trabalho da CNI, Sylvia Lorena.

Homero Arandas diz que o mundo globalizado exige decisões rápidas

NEGOCIAÇÃO FORTALECIDA Segundo Sylvia Lorena, para melhorar o ambiente de trabalho, a Lei 13.467/17 trouxe o fortalecimento da negociação coletiva, ampliou o espaço da negociação individual (nos casos de quem recebe a partir de duas vezes o teto máximo de Previdência, o equivalente a R$ 11 mil), trouxe flexibilidade na jornada de trabalho e a possibilidade de rescisão por acordo ou arbitragem, novos mecanismos para resolver conflitos judiciais. Destacou, porém, que o chamado trabalho intermitente (contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância entre períodos de prestação de serviços e de inatividade) ainda não ficou bem estabelecido. Todas estas mudanças estimularam os acordos trabalhistas e reduziram o número de reclamações na Justiça, que caiu de mais de 2 milhões para 1,2 milhão. “Até setembro deste ano, foram feitas 116 mil rescisões por acordos no país”, destacou Sylvia Lorena. Para a indústria, diz, isso implica em mais segurança jurídica e aumento de competitividade. TRABALHO INTERMITENTE Para a juíza do Trabalho Thais Mendonça Aleluia, também convidada do encontro, o trabalho intermitente já existia mesmo antes da reforma trabalhista. Agora, diz, o assunto está mais definido, o que não significa que deixe de haver riscos de resultar em ações trabalhistas. Na sua avaliação, ao contrário dos que acreditavam em “catástrofe”, a reforma trabalhista trouxe pacificação às relações entre empregados e empregadores. Houve, por outro lado, uma qualificação das ações trabalhistas. Em 2016, segundo números citados por Thais Mendonça, de 4 milhões de ações trabalhistas, 25% foram extintas sem o julgamento do mérito. Das que tiveram o mérito julgado, 35% foram julgadas improcedentes, o que significa que “havia um número exagerado de ações sem embasamento”. Hoje, elas são melhor embasadas, resultando em um número maior de ações procedentes. “As ações com julgamento favorável para o trabalhador evoluíram 90% com as novas leis trabalhistas”, conforme destaca a especialista da CNI, Sylvia Lorena. Bahia Indústria 23


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os 32 livros de Jorge Amado, o que alcançou maior fama internacional foi Gabriela, Cravo e Canela, lançado em 1958 e que foi traduzido para 30 idiomas. Sessenta anos depois, a região cacaueira da Bahia, que tanto inspirou um dos maiores escritores brasileiros, volta a colocar o estado em destaque na terra do Bataclan original, com a comercialização de chocolates finos baianos no Salon Du Chocolat, a maior feira de chocolate do planeta, realizada na França. No evento, foram efetivamente concretizados negócios que somam US$ 1,5 milhão, com a venda de chocolates finos e amêndoas de cacau produzidas no Brasil com selo de origem. E há expectativas de que nos próximos 12 meses, outros US$ 3,1 milhões sejam negociados. A Bahia, que enviou 18 produtores a Paris,

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tem um papel de destaque no avanço dos chocolates finos brasileiros sobre o exigente mercado europeu. Foram 13 produtores baianos de cacau e chocolate, e cinco que produzem apenas cacau, além de empresas do Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Criada oficialmente em junho deste ano e operada por quatro pessoas da mesma família, a Benevides Chocolates estreou no Salon du Chocolat antes de completar aniversário. E já fez contatos promissores com dois empresários franceses. “Houve um terceiro inte-

Merci pour le chocolat Produtores baianos ampliam presença na meca do chocolate gourmet em Paris Por Gilson Jorge


la uma nova fase desde 2017, quando foi criado o Pavilhão Cacau do Brasil, uma parceria da CNI com o Sistema FIEB, através do Centro Internacional de Negócios (CIN). “Com o apoio dessas instituições, ficou mais fácil ter contato com os compradores”, afirma Alves.

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ressado em comprar nossos chocolates, mas ele queria uma quantidade que ainda não produzimos”, afirma Luísa Muniz, responsável pelo marketing e pelas vendas da empresa criada por sua tia, Leilane Benevides, uma bancária de Itabuna que resolveu fazer pós-graduação em gestão de negócios em cacau e chocolate para progredir dentro da empresa e acabou se apaixonando pela produção de chocolates finos. A empresa produz 103 quilos de chocolate por mês e tem focado no diferencial, como tabletes com mais de um sabor. oportunidades Com a produção acima de duas toneladas por ano, a Chor Chocolate, de Ilhéus, enxerga no Salon a vantagem do acesso, através de workshops e visitas técnicas, a alguns dos mais renomados centros gastro-

nômicos do mundo, como a École Lenôtre, Catherine Gilbert-Dijos e Pierre Cluizel. “As visitas nos permitiram ter contato com nomes de muita tradição no mundo do chocolate”, afirma Caio Alves, executivo de Negócios da Chor, empresa criada há cinco anos pelo casal Marco e Luana Lessa, responsável pelo Festival do Chocolate, que acontece todos os anos em Ilhéus. A Chor, que fez a sua quinta participação no Salon, também esteve presente ao evento logo no ano de sua fundação, mas assina-

apoio técnico Um dos veteranos no Salon é o fazendeiro João Tavares, que produz cacau em Uruçuca. “Durante o Salon do ano passado, vendi 20% de toda a minha produção. Este ano, a proporção deve ser parecida”, avalia Tavares, presente no evento há 14 anos consecutivos. Para conquistar os mercados internacionais e apoiar as empresas a se posicionarem no mercado brasileiro diante de importações, o CIN faz a intermediação de capacitações, via SENAI e Sebrae. “Nosso papel é melhorar a empresa para que ela se posicione internacionalmente. A primeira de nossas ações é a avaliação da empresa e, a partir daí, toda a parte de promoção comercial”, explica a gerente de Comércio Exterior, Patrícia Orrico. A promoção inclui a elaboração de uma análise de inteligência de mercado, a organização de rodadas de negócios, além da participação das empresas em feiras internacionais. “No caso do Salon du Chocolat, a gente dá às empresas do setor e às que produzem cacau diferenciado, a oportunidade de estar no mais importante evento do mundo nesse setor e promover o produto”, explica. Paralelamente, é feita uma agenda de atividades de capacitação, como os workshops de desenvolvimento de produto, marketing e ferramentas de comercialização. Bahia Indústria 25


Prêmio reconhece o empenho de empresas baianas na adoção de práticas sustentáveis

Indústria sustentável Prêmio da FIEB destaca iniciativas em prol do ambiente e de comunidades impactadas pela produção Por Carolina Mendonça roberto vianna/Coperphoto/Sistema FIEB

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diminuição de vazão do Rio Mucuri chegou ao nível mais crítico em 2015, apresentando alto risco de intermitência temporária. O contexto impulsionou ações da Suzano Papel e Celulose unidade Mucuri, que buscou apoio da Agência Nacional de Águas (ANA) para mudar gestão dos usos da água e garantir a perenidade do recurso natural. Além de investir na melhoria da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), a companhia instalou uma segunda ETE mais moderna e investiu numa pequena central hidrelétrica (PCH) localizada nas proximidades da cabeceira do Rio. A iniciativa de otimização diminuiu a dependência do recurso natural e congregou ações de controles químicos, de vazamentos e de processos. A unidade também passou a atuar na recuperação de matas ciliares e a envolver colaboradores e comunidade, apostando na mudança de cultura. O projeto rendeu à Suzano o 2° lugar na categoria Práticas de Gestão Socioambientais do 12º Prêmio FIEB Indústria Baiana Sustentável, promovido pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia, por meio do seu Conselho de Sustentabilidade. O prêmio visa reconhecer o empenho das empre-

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sas baianas na adoção de práticas sustentáveis que contribuem para o aumento de produtividade, otimização de recursos, redução dos impactos negativos para o meio ambiente, aprimoramento da gestão e melhoria da qualidade de vida. A iniciativa está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, definidos globalmente (2015) pelas Nações Unidas. De acordo com o presidente do Conselho de Sustentabilidade da FIEB, Jorge Cajazeira, “a premiação motiva engajamento entre o setor produtivo, órgãos governamentais e sociedade civil”. Para o gerente de Meio Ambiente da Suzano Mucuri, Márcio Caliari, a participação é positiva, tanto na disputa quanto na própria cerimônia de premiação. “Além do reconhecimento, promove-se uma troca de experiências. Pessoas de outras empresas participantes vieram me procurar para saber do tratamento de efluentes que adotamos. E, mesmo na comunidade Suzano, isso repercute. É uma empresa enorme, com oito mil funcionários, é uma forma de dar conhecimento”, conta. Na edição 2018, também foram premiados o Sindimiba, Sindpacel, Sindifibras e Sinpeq, sindicatos que se destacaram como agentes indutores de sustentabilidade junto às suas associadas. Presidente do Sindifibras, Wilson Andrade explica que o sindicato atua como articulador para buscar novas tecnologias e formas de financiar uma maior participação das fibras naturais – sisal, piaçava e coco – nos materiais plásticos, por exemplo.“Nosso objetivo é diminuir impacto das fibras sintéticas no meio ambiente, ampliar o número de famílias trabalhando com as fibras naturais e oferecer ao consumidor embalagens mais sustentáveis”, afirma.


Roberto Vianna/Coperphoto/Sistema FIEB

Projetos premiados Micro e Pequenas Empresas 1º lugar - Camisas Polo »Projeto Camisa Polo Carbono Zero Objetivo: Contribuir com a desaceleração do aquecimento global com diminuição do consumo de recursos naturais, escolha de tecidos de fibras orgânicas e métodos de produção que minimizam a contaminação de rios e mares. A peça é composta por 100% de algodão orgânico, gerando apenas 2,925 Kg CO2/ano/ unidade produzida. 2º lugar - Loygus »Projeto Nada se perde, Tudo se transforma Objetivo: Destinação sustentável para os resíduos da fábrica por meio do reuso de papéis, aparas de tecidos e uniformes, transformando-os em itens de consumo interno da empresa, nova malha para confecção de sacolas e brindes sustentáveis, além de objetos de arte elaborados em parceria com a ONG Paciência Viva.

Projetos Socioambientais 1º lugar - Bahia Specialty Cellulose »Projeto Farmácia Verde Objetivo: Capacitação de 52 quilombolas e assentados da reforma agrária, com ênfase em mulheres, dos municípios de Alagoinhas, Entre Rios e Pojuca nas técnicas de produção de fitoterápicos e sabonetes naturais, promovendo a inclusão e geração de renda. 2º lugar - Leagold »Projeto Seminário de Participação Comunitária Objetivo: Financiamento de projetos e promoção de cursos de capacitação técnica voltados a potencializar o trabalho artesanal e fortalecer os micros empreendimentos locais, nos municípios de Barrocas, Biritinga e Teofilândia. Sindicatos Entidades que se destacaram como agentes indutores de sustentabilidade

Tecnologias limpas 1º lugar - Suzano Papel e Celulose »Projeto Gestão do Tratamento de Efluentes Líquidos na Unidade Mucuri Objetivo: Realizada otimização do processo para melhoria na eficiência do tratamento de efluentes, com alterações no processo de cozimento de celulose e da gestão diária dos efluentes setoriais. Construção de nova Estação de Tratamento de Efluentes (ETE).

Práticas de Gestão Socioambientais 1° lugar - Frysk Industrial Ltda (Obrigado) »Certificação Internacional Socioambiental - B Corp Objetivo: Selo veio da adequação da empresa, que fabrica produtos derivados do coco, para obtenção da certificação, que inclui uma avaliação dos seus impactos sociais e ambientais, em quatro áreas: governança, colaboradores, meio ambiente e comunidade.

2º Lugar - Lipari Mineração »Projeto Sistema de Recuperação de Água Objetivo: Desenvolvimento de um Sistema de Recuperação de Água que atua no rejeito fino da planta de beneficiamento. O uso da tecnologia eliminou a geração de efluente líquido no processo industrial.

2º lugar - Suzano Papel e Celulose »Projeto Otimização da Operação dos Principais Usuários do Rio Mucuri Objetivo: Estudo dos ciclos hídricos da bacia do Mucuri, melhoria na qualidade do efluente lançado pela Suzano na região, regulamentação do uso da água nos períodos de seca, com a recuperação de nascentes nas cabeceiras do rio; integração de usuários de recursos hídricos.

1º Lugar » Sindifibras » Sindimiba

2º Lugar » Sindpacel » Sinpeq

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Silvio Tito/Coperphoto/Sistema FIEB

painel

Ricardo Alban, a vereadora Gerusa Sampaio e João Baptista Ferreira

Presidente da FIEB é Cidadão feirense O presidente Ricardo Alban e o vice-presidente da FIEB, João Baptista Ferreira, também vice-presidente do Sipaceb de Feira de Santana e Região, foram homenageados pela Câmara Municipal de Feira de Santana. O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia recebeu das mãos da vereadora Gerusa Sampaio o Título de Cidadão Feirense, proposto pela mesma. O vice-presidente João Baptista Ferreira recebeu a comenda Maria Quitéria por iniciativa do ex-vereador Antonio Carlos Daltro Coelho. O prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins da Silva, participou das homenagens, que contou ainda com a presença do superintendente do Sebrae Bahia, Jorge Khoury.

robótica: Bahia no torneio nacional

Equipe do SESI Candeias foi um dos destaques da etapa regional

O SESI Bahia classificou duas equipes, a Robolife, da Escola SESI de Candeias, e a Midas, da Escola João Ubaldo Ribeiro, de Luís Eduardo Magalhães, para a etapa nacional do Torneio SESI de Robótica First® Lego® League (FLL), que será disputado no Rio de Janeiro, em 2019. Outras três equipes do SESI de Alagoas, Cambtrech, Robocamb e Rodoben, e uma de uma escola particular de Sergipe, a Robotech, também se habilitaram para a etapa nacional. A 8ª edição do torneio foi realizada em novembro, na Escola SESI Reitor Miguel Calmon, e reuniu 43 equipes de cinco estados.

jefferson peixoto/Coperphoto/Sistema FIEB

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Projeto de educação é reconhecido pela ABRH O SESI Bahia foi um dos vencedores do Prêmio Ser Humano 2018, um reconhecimento da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional Bahia (ABRH Bahia) a cases de sucesso na área de gestão de pessoas. O SESI foi premiado na modalidade Desenvolvimento, com o projeto Reconhecimento de Saberes e Educação de Jovens e Adultos, da Gerência de Educação. A premiação foi entregue, em dezembro, à gerente de Educação do SESI Bahia, Cléssia Lobo, que esteve acompanhada da gerente da EJA, Gisele Freitas, e de sua equipe.

Indústria têxtil discute tendências O cenário atual e as tendências do segmento têxtil no horizonte 2030, assim como as perspectivas econômicas e políticas para a Bahia foram debatidos no workshop O Futuro da Indústria Têxtil na Bahia. O evento, realizado pelo Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem do Estado da Bahia (Sindifite), com apoio da FIEB, aconteceu no SENAI Cimatec, em dezembro. O setor reúne mais de 30 mil empresas, 1,5 milhão de empregos diretos e movimentou R$ 144 bilhões em faturamento em 2018. A indústria têxtil brasileira é a maior cadeia produtiva integrada do ocidente, ocupando 4° lugar no ranking mundial. Na Bahia, são 722 empresas e mais de 32 mil postos de trabalho no segmento, de acordo com dados da Abit. No entanto, em 2018, entre janeiro e setembro, a produção de tecidos e vestimentas acumulou queda de 1,7% e 3,7%, respectivamente, em função da crise.


Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

gci/Sistema FIEB

Autopeças em recuperação

Produtos baianos foram apresentados a compradores de oito países

Negociações internacionais Mais de 30 empresas do ramo de Alimentos e Bebidas participaram, no dia 30 de novembro, de uma rodada de negócios com compradores de oito países durante a 28ª Feira Internacional da Agropecuária (Fenagro). Na ocasião, produtores e representantes puderam apresentar os produtos diretamente a negociantes do Equador, México, Bolívia, Panamá, Nicarágua, Argentina, Chile e Suécia. A ação foi uma iniciativa da FIEB, por meio do seu Centro Internacional de Negócios (CIN), em parceria com a CNI, Apex Brasil e Secretaria de Desenvolvimento Rural da Bahia (SDR), e tem como objetivo impulsionar a internacionalização de empresas baianas.

Suécia intensifica cooperação com o SENAI O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a RISE (Research Institutes of Sweden), rede de organizações de pesquisa e tecnologia do estado Sueco, assinaram, no dia 23 de novembro, um Memorando de Entendimento, com o objetivo de executar e finalizar diferentes tipos de projetos de inovação voltados para a indústria. A aproximação foi oficializada durante um encontro no SENAI Cimatec, em Salvador, com representantes das duas organizações, do governo sueco e dirigentes de empresas.

Criatividade reconhecida no Prêmio Theoprax

Convidado do Simpósio SAE BRASIL Industria 4.0 - Seção Bahia, realizado em novembro no SENAI Cimatec, o presidente do Sindipeças, Dan Ioschpe, apresentou números do segmento que mostram a retomada nas vendas e da produção de autopeças. Após a crise, entre 2014 e 2016, o setor deve fechar o ano com R$ 99 bilhões de faturamento e a previsão é de R$107 bilhões para 2019. Os investimentos também estão em fase de retomada, com R$ 2,5 bilhões 2018, principalmente em melhorias, automação e digitalização de processos produtivos. Em relação aos postos de trabalho, esta indústria, que já empregou 200 mil trabalhadores, vai fechar 2018 com 174 mil. A estimativa é que, com a volta do crescimento econômico, em 2019, sejam 184 mil empregados em todo o país.

Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças

Estudantes e profissionais formados do SENAI comemoram premiação

Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Quatro projetos, de um total de 20 finalistas, foram premiados na 6ª Edição do Prêmio TheoPrax: Maçarico elétrico à base de hidrogênio (1° lugar), Reutilização do lodo ativado de cervejaria como adubo orgânico (2°), Placas Ecológicas (3°) e Bancada didática de automação com esteira seletora, CLP e supervisório, este último escolhido pelo voto de alunos e professores. Os projetos foram desenvolvidos por alunos dos cursos técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) da Bahia, à luz da Metodologia TheoPrax. O objetivo da premiação é desenvolver soluções criativas e viáveis para os problemas das empresas. Bahia Indústria  29


shutterstock

Saúde monitorada Programa mostra que vale a pena apostar na mudança do estilo de vida

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Trabalhador é alvo de programa de empresas do Porto

ara a Organização Mundial da Saúde, qualidade de vida pode ser traduzida como a satisfação do indivíduo com relação à sua vida cotidiana. Para que o bem-estar aconteça, aspectos como saúde física e psicológica e relações interpessoais têm um papel relevante. Visando promover qualidade de vida para seus colaboradores, um grupo de empresas vem desde 2004 apostando em uma experiência que tem dando bons resultados: o Programa VemSer. Com foco na promoção da saúde, a iniciativa envolve 2.368 trabalhadores de sete empresas ligadas ao segmento portuário: BNL, CMLog, Codeba, Intermarítima, Ogmosa, Tecon Salvador e Vetor. Ao lado da Ogmosa, com 590 colaboradores, Codeba (539), Tecon (660) e Intermarítima (537) são as empresas com maior contingente de trabalhadores envolvidos. Nascido como Programa de Prevenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas, o VemSer foi reestruturado em 2017 e ampliou sua atuação com base em uma matriz de vulnerabilidades e comportamentos de risco,

“O VemSer é o único programa da comunidade portuária que oferece dados epidemiológicos, o que nos permite planejar ações” Simone Batista, coordenadora do Programa VemSer 30 Bahia Indústria

centrada no estilo de vida. Atualmente, as atividades são divididas por eixos temáticos: educação em saúde e Responsabilidade Social, redução dos riscos para adoecimento por doenças crônicas não transmissíveis e redução de riscos psicossociais com ênfase no indevido uso de álcool e outras drogas. Com isso, o programa obteve maior efetividade, capilaridade e resultados, como aponta Angela Macêdo, coordenadora dos programas de Segurança e Saúde no Trabalho, da Gerência de Saúde e Segurança na Indústria (SSI) do SESI Bahia, e que assessora o programa com serviços de consultoria e acompanhamento. Com base nestas premissas, o programa cumpre, ao longo do ano, uma agenda de atividades e eventos do calendário de saúde, que inclui a prevenção de IST/Aids, do uso indevido de álcool, do câncer de mama e de próstata, o combate ao estresse e o controle do colesterol, dentre outros. A efetividade do trabalho se traduz nos resultados dos relatórios epidemiológicos, explica Simone Batista, coordenadora do Programa VemSer junto às empresas. “Trata-se do único programa da comunidade portuária que oferece dados epidemiológicos, o que nos permite planejar ações”, destaca. Um exemplo é a redução do índice médio de pressão arterial na comunidade assistida pelo programa em 10,4%, em 2018. “Trabalhar o estilo de vida dos trabalhadores dá resultado. As atividades acabam despertando no trabalhador a conscientização em busca da qualidade de vida”, aponta Simone. Segundo ela, o elevado nível de pressão arterial é considerado o maior problema da comunidade portuária e a queda do índice mostra que a iniciativa vai no caminho certo. Para 2019, as equipes partem destes dados para programar novas ações visando ir além dos resultados já alcançados. AMPLIANDO FRONTEIRAS O sucesso da iniciativa fez com que o programa extrapolasse as fronteiras do estado e será implantado no Rio de Janeiro, levado pelo Órgão Gestor de Mão de Obra Portuária (Ogmo), o equivalente no Rio do Ogmosa, que atua no Porto de Salvador. “O programa chegou ao conhecimento do Ogmo do Rio de Janeiro, que solicitou à Federação das Indústrias daquele estado a implantação de um modelo semelhante. Com isso, o SESI Bahia está sendo contratado pela FIRJAN para assessorar na implantação do modelo no Rio. A iniciativa irá contemplar uma população portuária de 1.200 trabalhadores”, comemora Angela.


jurídico

Horas in itinere e a reforma trabalhista Por Diana Lacreta Leoni Guerreiro

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o dia 11/11/2018 a Lei 13.467/17, também conhecida como “Reforma Trabalhista”, completou um ano de publicação, trazendo importantes mudanças nas relações trabalhistas. Responsável por alterar artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e por revogar tantos outros, seus impactos contrariaram súmulas e precedentes já sedimentados no Tribunal Superior do Trabalho (TST), atingindo, também, leis complementares. Neste artigo abordamos, ainda que de forma exígua, tema que gera grande interesse para aquelas empresas situadas em locais de difícil acesso: as horas in itinere. Antes da promulgação da Reforma Trabalhista, considerava-se horas in itinere o tempo gasto pelo empregado no transporte fornecido pelo empregador até o local de prestação de serviço e o seu retorno, desde que fosse local de difícil acesso e não contemplado por transporte público regular. Tal conceito estava previsto no §2º do art. 58 da CLT: Art. 58 § 2o O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução. (g/n)

Diana Lacreta Leoni Guerreiro integra a equipe da Gerência Jurídica da FIEB

Extraíam-se, portanto, dois requisitos do conceito acima explanado, os quais deviam ser cumulativamente preenchidos para que fossem configuradas as horas in itinere: 1. Transporte fornecido pelo empregador; 2. Local da prestação do serviço de difícil acesso ou não servido por nenhum meio de transporte público. Tudo isso, porém, modificou-se radicalmente com a reforma trabalhista, já que a nova redação do artigo passou a considerar que o tempo despendido pelo empregado de sua casa até a ocupação do posto de trabalho não deverá ser computado na jornada de

trabalho, independentemente do meio de transporte utilizado. Vejamos: Art. 58 § 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. (g/n) Neste sentido, percebe-se que a norma passou a desobrigar, por completo, o empregador ao pagamento das horas de percurso, as quais não mais serão devidas, vez que extintas da CLT. Diante das modificações, o empregador vem se deparando com realidades distintas dentro de sua empresa, restando a dúvida sobre a aplicação da nova legislação. Com relação aos empregados contratados sob a égide da nova lei, não há que se falar em pagamento de horas in itinere, pois o direito não mais existia no ordenamento jurídico no momento da sua contratação. Já com relação aos empregados contratados antes da reforma e que estão com a vigência do contrato ainda em curso, é preciso ressaltar que ainda não há jurisprudência a este respeito, de modo que não encontramos precedentes que tratasse desse ponto em específico. A respeito do tema, o TST publicou parecer sobre as alterações trazidas pela reforma e a sua aplicabilidade aos contratos de trabalho iniciados antes da sua promulgação e que estão ainda vigentes, concluindo os ministros que haverá construção jurisprudencial sobre as alterações a partir do julgamento de casos concretos. Assim, por se tratar de tema muito recente e até que a questão seja enfrentada pelo TST, estamos diante de períodos de insegurança jurídica, restando imprevisível o resultado de eventuais ações judiciais em que se discuta as horas in itinere. Bahia Indústria 31


ideias

Gestão da saúde dos trabalhadores: uma aventura pelo mundo da epidemiologia Por Eliane Cardoso Sales

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Eliane Cardoso Sales é PhD em Saúde Pública e consultora do Centro de Inovação SESI em Prevenção da Incapacidade e do Centro de Epidemiologia do SESI-BA 32 Bahia Indústria

Epidemiologia é mais que uma ciência. É uma verdadeira aventura do espírito humano, uma busca de resposta para questões transcendentes sobre a vida, a saúde, o sofrimento e a morte (Scliar, M; Almeida Filho, N; Medronho, R, 2014). Este conjunto de definições traduzem a importância deste campo, que vêm atraindo a atenção cada vez mais das lideranças no mundo corporativo. Indicadores demonstram a notoriedade conquistada pela Epidemiologia no Brasil, a exemplo do quantitativo de teses defendidas, o número de cidadãos brasileiros com pós-graduação na área, inúmeras publicações em periódicos e livros de circulação nacional e internacional. A partir deste contexto de maior visibilidade da Epidemiologia podemos refletir sobre como fazer uso de informações em saúde, de forma ética e eficiente, que possa contribuir para avanços na gestão e ao mesmo tempo preservar a individualidade dos sujeitos. O que um gestor ou uma gestora faria se estivesse participando de uma reunião de planejamento de ações para o ano subsequente e lhe fosse entregue um boletim com informações epidemiológicas de seus trabalhadores? Quais seriam as perguntas necessárias para utilizar da forma mais eficiente aquele relatório? Quais seriam os principais problemas de saúde vi-

venciados pelos trabalhadores da sua empresa, em que setores eles seriam mais incidentes, quais as características comuns entre os doentes, quanto ao sexo, faixa etária, escolaridade, cor da pele, função, tempo de exposição a riscos, treinamentos realizados, entre outras questões. As informações poderiam lhe oferecer maior segurança para direcionamento de prioridades para ação? O caminho a ser percorrido para responder a todas estas reflexões pode ser considerado como uma investigação epidemiológica. A Organização Panamericana de Saúde considera que um conjunto de dados sobre saúde pode se constituir em elemento fundamental para o desenvolvimento de informações que poderão servir para a promoção da saúde, a prevenção e o controle de doenças em coletivos humanos. A Epidemiologia, portanto, é a disciplina científica que estuda o adoecimento enquanto um fenômeno populacional. O prefixo “Epi”, em grego, significa “sobre”; “demio” vem de “demos”, que se refere a “população” e “logia” vem de “logus”, que significa “saber”. Esta ciência instrumentaliza os profissionais para o enfrentamento dos problemas de saúde de um determinado coletivo, na medida em que fornece subsídios para o planejamento e gestão em saúde. Ela tem como alicerces a estatística, as ciências biológicas e as ciências sociais e humanas. Com

este eixo estruturante os fenômenos são estudados em termos quantitativos, a partir da ideia de multicausalidade e refutando o pressuposto de apenas uma única relação de causa e efeito. Tão importante quanto a análise de dados é o que lhe precede, qual seja o uso das informações por meio de um sistema tecnicamente bem estruturado. Um sistema de informação tem o papel de integrar estruturas organizacionais e contribuir para o cumprimento de objetivos institucionais, em diferentes níveis de gestão. É um componente estratégico com funções essenciais entre as quais a gestão da atenção à saúde. Os sistemas de informação necessitam ser integrados. Dados e informações precisam estar disponíveis e com qualidade e completitude. Deve haver padronização adequada de dados, processos informacionais organizados com regras e rotinas, recursos humanos capacitados para coletar, implantar e produzir informações e processos de decisão baseados em informações. Recentemente foi sancionada a Lei Geral de Proteção de Dados 53/2018 que regulamenta o uso, a proteção e a transferência de dados pessoais no Brasil. O texto assegura maior controle das informações pessoais, pelos cidadãos, determinando consentimento explícito para a coleta e o uso dos dados. Desse modo, todo o manejo de dados de coletivos de indivídu-


os deverá cumprir regras que envolvem a preservação do sigilo e a proteção dos sujeitos, quanto ao possível mau uso da informação. Na busca pela realização de um processo de planejamento e gestão mais eficientes, empresas brasileiras têm utilizado o ordenamento jurídico vigente para tratar os dados em saúde com vistas a avançar na proteção dos seus respectivos trabalhadores. A Norma Regulamentadora nº 7 exige a consolidação de dados dos exames ocupacionais ao final da vigência do PCMSO para fins de rastreabilidade, monitoramento e diagnóstico precoce de trabalhadores adoecidos e assim sugere a

análise dos respectivos determinantes de alterações na população de trabalhadores. A Norma Regulamentadora nº 36, no item 36.123.b, também estimula a análise epidemiológica de dados, quando indica a utilização de questionários, análise de séries históricas dos exames médicos, avaliações clínicas e resultados dos exames complementares. Parece ser uma via de mão única buscar gerir melhor a situação de saúde dos seus trabalhadores. Para isso, os gestores têm lançado mão de programas e pacotes estatísticos com vistas a proceder análises epidemiológicas de dados coletados sobre saúde. São múltiplas as possibilidades, como está descrito no início deste texto, e se o caminho a percorrer nesta aventura for baseado nos princípios éticos da benevolência e não maleficência, será inaugurada uma era corporativa de maiores avanços no enfrentamento dos determinantes dos problemas que acometem a classe trabalhadora.

“Todo o manejo de dados de coletivos de indivíduos deverá cumprir regras que envolvem a preservação do sigilo e a proteção dos sujeitos, quanto ao possível mau uso da informação”

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leitura&entretenimento livros livros

exposição música

Vida privada Conhecer nosso passado é fundamental para sabermos nos situar na história. Referência na historiografia nacional, a coleção História da Vida Privada no Brasil, lançado em 1990, em quatro volumes, ganha relançamento em edição de bolso. O primeiro volume é composto por nove artigos escritos por diferentes autores, em que é retratado o início da formação da sociedade brasileira a partir da chegada de Dom João VI ao Rio de Janeiro. É uma rica leitura, ilustrando detalhes cotidianos, como a cultura alimentar, hábitos higiênicos e relações conjugais.

» História da Vida Privada no Brasil (Vol.1) Laura de Mello e Souza e Fernando A. Novais (Org.) Editora: Companhia das Letras, 424 p. Livro R$ 44,90 E-book R$ 29,90

Dilemas contemporâneos Os professores de ciência política de Havard, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt compilaram longos anos de estudo em Como as democracias morrem. O título autoexplicativo nos convida a transcender posicionamentos políticos, a partir da necessidade de pensar no futuro da sociedade. O livro percorre episódios como a ascensão de Donald Trump, nos EUA, e de Hugo Chaves e Nicolas Maduro, na Venezuela. Os professores construíram uma tabela para identificar um governo potencialmente totalitário.

» Como as democracias morrem Steven Levitsky e Daniel Ziblatt Editora: Zahar, 272 p. Livro R$ 59,90 E-book R$ 39,90

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fundação pierre verger/Divulgação

Verger no mercado Dezenas de fotografias de Pierre Verger sobre a Bahia antiga, impressas em dimensões inéditas de 6 metros de largura e altura, vão ambientar o Mercado Modelo de Salvador ao longo do verão 2019. As fotos de “Verger e o Mercado Modelo” ficarão expostas ao público até março e resulta de uma parceria entre a Fundação Pierre Verger, a Secretaria Municipal de Ordem Pública da Prefeitura de Salvador e a Associação de Comerciantes do Mercado Modelo. As fotografias retratam o Porto dos Saveiros, a feira de Água de Meninos, a Baía de Todos os Santos, a festa da Conceição da Praia, a capoeira e diversas outras cenas que encantaram Verger. Não perca Verger e o Mercado Modelo, seg. a sáb, 8h às 17h, dom. 8 às 14h. Até 20/03/2019. » Mercado Modelo, Pça. Visconde de Cayru, s/n - Comércio, Salvador. Entrada gratuita

Cenas de interior Natural de Poções, o pintor Adilson Santos começou sua carreira cedo. Aos 17 anos já apresentava sua primeira exposição. Talento reconhecido por respeitáveis críticos de teatro e autores como Jorge Amado, os visitantes têm a oportunidade de conferir na exposição “Habitantes da Cidade” os seres que habitam a imaginação de Adilson, caracterizados por fortes expressões e composição harmônica que sugerem diálogos muito além das palavras. Para isso, utiliza-se de recursos como traços geométricos, cores vivas e fachadas de casa de interior, que remetem às suas origens. A exposição permanece até o dia 27 de janeiro.

Não Perca Habitantes da Cidade, ter. a sex., 13h às 19h, e sáb., dom. e feriados, 14h às 18h. Até 27/01. » Palacete das Artes, Rua da Graça, 284. Tel: (71) 3117-6978




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