Revista Bahia Indústria - maio 2012 - Ano XVII nº 220

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Bahia

ISSN 1679-2645

Federação das Indústrias do Estado da Bahia Sistema FIEB

Indústria, câmbio e competitividade Economistas analisam como a política cambial pode contribuir para a retomada do crescimento

Ano XVIII nº 220 abril/maio 2012


Encaixe sua empresa entre as melhores da indústria.

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Período de inscrição: 02 de Abril a 31 de Julho/2012 Informações: (71) 3343-1490/1538 ou procure uma Unidade SESI da sua região. Saiba mais no site www.sesi.org.br/psqt2012 Bahia Indústria


EDITORIAL

Câmbio, um fator estratégico Quando o assunto é crescimento e desenvolvimento nacional, o câmbio desponta como importante fator estratégico para assegurar a competitividade dos bens industriais produzidos no Brasil no mercado internacional. Uma moeda forte pode trazer consequências desastrosas em economias como a nossa. De um lado, ao interferir no preço final do produto vendido fora do país, compromete as vendas, inibindo o lucro das empresas e, com isso, deprimindo a perspectiva de novos investimentos. Também tem efeitos sobre o mercado interno, pois o produto brasileiro acaba tendo custos de produção mais elevados, ficando mais caro que o concorrente estrangeiro importado, inibindo, assim, o desenvolvimento da indústria, que passa a experimentar uma tendência à retração. Apesar dos efeitos nefastos, por longos anos, a equipe econômica do governo deixou ao sabor do mercado, numa clara influência das práticas neoliberais, a função de regular a variação do câmbio, mantendo o Real valorizado. Em abril, no entanto, o ministro da Fazenda Guido Mantega, mudou o discurso e deixou claro que a regra agora é influir mais na política cambial para um maior equilíbrio da moeda nacional face à estrangeira. Economistas e acadêmicos ouvidos pela Bahia Indústria aprovam a mudança de postura do governo e consideram como acertada a política de câmbio flutuante administrada. O setor produtivo agradece. Somando as medidas adotadas no final do ano passado, o Plano Brasil Maior, com as mudanças nas taxas de juros e no câmbio, os analistas de mercado já começam a projetar um desempenho melhor para a indústria brasileira no segundo semestre deste ano, após uma leve retomada registrada no mês de março. Isso, face a um cenário pouco animador, que resultou em um crescimento de apenas 1,1% para a indústria de transformação em 2011, – um dos segmentos mais atingidos pela concorrência estrangeira – e aos efeitos do câmbio. É evidente que mudanças no câmbio e na taxa de juros, além da desoneração da folha de salários, trazem um pouco de alento para o segmento industrial, mas não bastam. Embora o câmbio seja um forte fator de competitividade, os especialistas são unânimes quanto à necessidade de adoção de medidas urgentes para equacionar o chamado Custo Brasil e atacar problemas infraestruturais históricos.

Conter a valorização do Real face ao dólar é um dos mecanismos para estimular a economia e assegurar a retomada do crescimento industrial


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CIEB - Centro das Indústrias do Estado da Bahia Sede: (71) 3343-1214 sistema fieb nas mídias sociais

Bahia Indústria

FIEB

lhistas Homero Ruben Rocha Arandas; Comitê de

Presidente José de Freitas Mascarenhas. 1º Vice-

Portos Reinaldo Dantas Sampaio

Bahia

presidente: Victor Fernando Ollero Ventin. Vicepresidentes Carlos Gilberto Cavalcante Farias;

CIEB

Emmanuel Silva Maluf; Reinaldo Dantas Sampaio; Vicente Mário Visco Mattos. Diretores Titulares Alberto Cânovas Ruiz; Antonio Ricardo Alvarez Alban; André Régis Andrade; Carlos Henrique Jorge Gantois; Claudio Murilo Micheli Xavier; Eduardo Catharino Gordilho; Josair Santos Bastos; Leovegildo Oliveira De Souza; Luiz Antonio de Oliveira; Manuel Ventin Ventin; Maria Eunice de Souza Habibe; Reginaldo Rossi; Sérgio Pedreira de Oliveira Souza; Wilson Galvão Andrade. Diretores Suplentes Adalberto de Souza Coelho; Alexi Pelagio Gonçalves Portela Júnior; Carlos Alberto Matos Vieira Lima; Juan José Rosário Lorenzo; Marcos Galindo Pereira Lopes; Mário Augusto Rocha Pithon; Noêmia Pinto de Almeida Daltro; Paulo José Cintra Santos; Ricardo de Agostini Lagoeiro

Diretor-Presidente José de Freitas Mascarenhas. Vice-Presidentes José Carlos Boulhosa Baqueiro;

Irundi Sampaio Edelweiss; Marco Aurélio Luiz Martins. Diretores Titulares Carlos Antônio Borges Cohim Silva; Clovis Torres Junior; Fernando Elias Salamoni Cassis; João de Teive e Argollo; Luís Fernando Galvão de Almeida; Luiz Antunes Athayde Andrade Nery; Marconi Andraos Oliveira; Roberto Fiamenghi; Rogelio Golfarb; Ronaldo Marquez Alcântara; Diretores Suplentes Davidson de Magalhães Santos; Erwin Reis Coelho de Araujo; Givaldo Alves Sobrinho; Heitor Morais Lima; Jorge Robledo de Oliveira Chiachio; José Luiz Poças Leitão Filho; Mauricio Lassmann Diretor regional oeste Pedro Ovídio Tassi

SESI conselhos

Presidente do Conselho e Diretor Regional José

Conselho de Economia e desenvolvimento in-

de Freitas Mascarenhas. Superintendente José Wagner Fernandes

dustrial Antônio Sérgio Alípio; Conselho para o

Desenvolvimento

Empresarial

Estratégico

Clóvis Torres Júnior; Conselho de Assuntos Fiscais e Tributários Cláudio Murilo Micheli Xavier; Conselho de Comércio Exterior Reinaldo Dantas Sampaio; Conselho da Micro e Pequena Empresa Industrial Carlos Henrique Jorge Gantois; Conselho de Infraestrutura Marcos Galindo Pereira Lopes; Conselho de Meio Ambiente Irundi Sampaio Edelweiss; Comitê de Petróleo e Gás Eduardo Rappel; Conselho de inovação e Tecnologia José Luís Gonçalves de Almeida; Conselho de Responsabilidade Social Empresarial Marconi Andraos Oliveira; Conselho de Relações Traba-

SENAI

Editada pela Superintendência de Comunicação Institucional do Sistema Fieb Conselho Editorial Irundi Edelweiss, Maurício Castro, Cleber Borges e Patrícia Moreira. Coordenação editorial Cleber Borges. Editora Patrícia Moreira. Estagiário Milena Marques. Projeto Gráfico e Diagramação Ana Clélia Rebouças. Ilustração e Infografia Bamboo Editora e Murilo Gomes. Impressão Stilo Gráfica e Editora

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA Rua Edístio Pondé, 342 – Stiep, CEP.: 41770-395 / Fone: 71 3343-1280 / w w w.f ieb.or g.br/ b ahia _ indu stria_online

Presidente do Conselho José de Freitas

Mascarenhas. Diretor Regional: Leone Peter Andrade

As opiniões contidas em artigos assinados não refletem necessariamente o pensamento da FIEB.

IEL Presidente do Conselho e Diretor Regional

José de Freitas Mascarenhas.

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Superintendente Armando da Costa Neto Diretor Executivo do Sistema FIEB (interino)

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Sindicatos filiados à FIEB Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado da Bahia, sindacucarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem no Estado da Bahia, sindfiacaoba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do tabaco no Estado da Bahia, sinditabaco@ fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Curtimento de Couros e Peles no Estado da Bahia,sindicouroba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário de Salvador, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, Camaçari, Dias D’ávila e Santo Amaro, sindvest@ fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia, sigeb@terra.com.br / Sindicato da Indústria de Extração de Óleos Vegetais e Animais e de Produtos de Cacau e Balas no Estado da Bahia, sindioleosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Cerveja e de Bebidas em Geral no Estado da Bahia, sindcerbe@bol.com.br / Sindicato das Indústrias do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia, sindpacel@hotmail.com / Sindicato das Indústrias do Trigo, Milho, Mandioca e de Massas Alimentícias e de Biscoitos no Estado da Bahia, sindtrigoba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Calcário, Cal e Gesso do Estado da Bahia, sindicalba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia, secretaria@sinduscon-ba.com.br / Sindicato da Indústria de Calçados, seus Componentes e Artefatos no Estado da Bahia, sindcalcadosba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado da Bahia, simmeb@uol.com.br / Sindicato das Indústrias de Cerâmica e Olaria do Estado da Bahia, sindicerba@ig.com.br / Sindicato das Indústrias de Sabões, Detergentes e Produtos de Limpeza em geral e Velas do Estado da Bahia, sindisaboesba@ fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias e Marcenarias de Salvador, Simões Filho, Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’ávila, Sto. Antônio de Jesus, Feira de Santana e Valença, sindiscamba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria da Cidade do Salvador, sindpanssa@uol.com.br / Sindicato da Indústria de Produtos Químicos, Petroquímicos e Resinas Sintéticas do Estado da Bahia, sinpeq@coficpolo.com.br / Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia, sindiplasba@ sindiplasba.org.br / Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento no Estado da Bahia, sinprocimba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado da Bahia, sindbrit@svn.com.br / Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia, adm@quimbahia.com.br / Sindicato da Indústria de Mármores, Granitos e Similares do Estado da Bahia, simagranba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos, Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia, sindsucosba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado da Bahia, sincarba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria do Vestuário da Região de Feira de Santana, sindvestfeira@fbter.org.br / Sindicato da Indústria do Mobiliário do Estado da Bahia, moveba@fieb.org.br / Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do Estado da Bahia, sindratar@gmail.com.br / Sindicato das Indústrias de Construção Civil de Itabuna e Ilhéus, valmirsb@yahoo.com.br / Sindicato das Indústrias de Café do Estado da Bahia, sincafeba@ fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado da Bahia, sindileite@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares dos Municípios de Ilhéus e Itabuna, sinec@sinec.org.br / Sindicato das Indústrias de Construção de Sistemas de Telecomunicações do Estado da Bahia, anaelisabete@telenge.com.br / Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Feira de Santana, simmefs@simmefs.com.br / Sindicato das Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado da Bahia, sindirepaba@ sindirepabahia.com.br / Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores, sindipecas@sindipecas. org.br / Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia, sindifibrasba@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Cosméticos e de Perfumaria do Estado da Bahia, sindcosmetic@fieb.org.br / Sindicato das Indústrias de Artefatos de Plásticos, Borrachas, Têxteis, Produtos Médicos Hospitalares, sindiplast@gmail.com


sumário abril/maio 2012 joão alvarez

18 Moeda forte Revisão da política de câmbio e outras medidas econômicas trazem novo fôlego para a indústria

Foto de João Alvarez

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fotos joão alvarez

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Ação solidária reúne voluntários

Missão Shandong

Polo de Informática ganha nova representação

novo combustível

A 18ª edição da Ação Global realizou mais de 25 mil atendimentos no bairro de Lobato, Subúrbio de Salvador, com a participação de 8.628 pessoas da comunidade

Empresários chineses buscam oportunidades de negócios e investimentos

A recém-criada Associação das Indústrias de Eletroeletrônicos, Telecomunicações e Informática do Polo de Ilhéus (Assipi) une esforços com o SINEC pelo desenlvovimento do setor

Equipe do SENAI Cimatec testa o B-20, nova fórmula de biocombustível


Parceria cidadã Ação Global realiza mais de 25 mil atendimentos no Subúrbio de Salvador por Patrícia Moreira e Carolina Mendonça Fotos João Alvarez

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uperando as expectativas, o número de atendimentos na 18ª edição da Ação Global, realizada no dia 5 de maio, chegou a 25.824. O evento, promovido por meio de uma parceria entre o SESI e a Rede Globo, aconteceu este ano no Colégio Militar do Lobato, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Os serviços mais procurados pelo público, que alcançou 8.628 pessoas, foram os de saúde, seguido pelas atividades de educação e oficinas, cabeleirei   Bahia Indústria

ro, lazer e serviços jurídicos, prestados pela Defensoria Pública. De acordo com o superintendente do SESI, José Wagner Fernandes, a escolha do local de realização do evento se baseia na concentração populacional de baixa renda e carente de serviços, pois esta é uma oportunidade para a instituição, que atende o trabalhador da indústria baiana, alcançar a comunidade como um todo. “A ação permite que, num movimento de colaboração entre organiza-

ções, entidades e empresas, sejam oferecidos vários tipos de serviços ao cidadão”, afirmou. Na tenda dedicada às atividades esportivas, o SESI mostrou que é possível praticar modalidades olímpicas em tabuleiros. Ali, basquete, futebol, vela e até esgrima ganharam vida nas mãos de crianças e jovens que puderam exercitar movimentos e raciocínio. “Com esta adaptação, mostramos que é possível fomentar o esporte desde muito cedo,

Ana Cecília e Isabel Filardis deram apoio à campanha realizada pelo SESI e Rede Globo


capilar), além de orientações sobre saúde bucal, alimentação saudável e dicas de reaproveitamento dos alimentos.

Números da Ação Global 2012 Serviços mais procurados e o total de atendimentos

saúde

Voluntários

Escovódromo, aferição de pressão arterial e glicemia capilar; Educação Alimentar 9.164

educação Oficinas para geração de renda e pintura facial 4.199

lazer Esportes; Cultura

4.081

cidadania Emissão de RG; CPF e Carteira de Trabalho; Orientações trabalhistas e jurídicas; Oficinas de educação ambiental 3.796

outros Foto 3X4, Corte de cabelo, Manicure e Pedicure 4. 584

estimulando novas habilidades e conhecimentos”, explicou o líder técnico da unidade Simões Filho, Fernando Didier. Que o digam Anderson Santos Santana, 14 anos, e Danilo Dias Silva, 8. Anderson descobriu com as brincadeiras do stand Momento Olímpico Valores do Esporte que dá para aproveitar objetos do dia a

dia para transformar em disputas esportivas entre amigos. Já Danilo, que derrotou o amigo na disputa de gols e no basquete de mesa, gostou mesmo foi da experiência de ser vencedor. Por meio do Circuito Saúde, a instituição ofereceu ainda avaliações antropométricas (peso, altura, massa de gordura, glicemia

Meninos de Lobato participam das atividades recreativas

Voluntário há cinco anos na Ação, o assistente social da Chesf, Claudio Brito, 34, levou para a edição deste ano a campanha de alerta aos riscos de se soltar pipas em áreas que apresentam fios de alta tensão. “É gratificante participar, pois percebemos que o trabalho tem retorno, que as crianças deixam a atividade com outra consciência”, contou. “É só uma foto, mas pode mudar uma vida”, relatou o fotógrafo Jailson Barbosa, responsável pelas fotografias que eram utilizadas na confecção de documentos como o RG. Às 9h40, o profissional já tinha clicado mais de 340 pessoas e sabia que, até às 16h, seriam centenas, mas não se importava, pois sabia que aquela imagem era o primeiro passo para a entrada no mundo cidadão. Voluntária veterana da Ação Global, Renata Suzart, 27 anos, participa da campanha anual promovida pelo SESI em parceria com a Rede Globo desde os 13 anos e só não participou no ano passado, porque só ficou sabendo do evento na véspera e não deu tempo se inscrever. “Gosto muito de ajudar as pessoas, já fiz de tudo na Ação Global: teatro, reciclagem, artesanato, atividade esportiva com crianças, mosaico em cerâmica com idosos. A gente tem que ser solidário. Eu ia fazer o que em casa, assistir à televisão? Para mim, poder ensinar algo a alguém é maravilhoso”, declara. Longe da Bahia há 20 anos, a atriz soteropolitana Ana Cecília Bahia Indústria


Costa participou da Ação Global pela primeira vez. A artista, que ficou conhecida do grande público como a mãe de Açucena, na novela Cordel Encantado, elogiou o evento e ficou satisfeita de poder fazer parte. “Como artista baiana, nunca quis perder o contato com a comunidade, especialmente com esta população que tem menos acesso aos serviços. Nós precisamos nos colocar, fazer parte de iniciativas como esta, cidadã”, disse.

incentivo A atriz Isabel Filardis também marcou presença na Ação Global 2012. “Fico feliz de emprestar minha imagem algo assim porque são atendimentos e serviços, às vezes apenas informações, que podem mudar a vida das pessoas”, acredita a estrela, que percorreu as tendas conhecendo o trabalho de perto, além de desenhar e pintar junto com as crianças. Elas fizeram questão de visitar o posto móvel do Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia. Para Ana Cecília, é importante apoiar instituições como o Hemoba para estimular quem tem condições a doar sangue. “Vim dar apoio aos voluntários pelo gesto de solidariedade”. Iniciante na Ação Global, o músico e apresentador Alessandro Timbó ressaltou o papel da arte, uma das atividades desenvolvidas no evento, como elemento de transformação social. “A gente sabe que a arte insere as pessoas no mercado de trabalho e muda a vida de comunidades, contribuindo para diminuir a violência”, opinou. Quem aproveitou a Ação Global e saiu do Centro da Cida-

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Circuito de Saúde da Ação Global foi um dos mais procurados

de para resolver problemas foi Wilzinely Santos de Oliveira, 44 anos, que, acompanhada da filha, Safira Pacheco, 3 anos, também proporcionou à menina atividades de lazer. “Tirei a segunda via do CPF, fiz a RG e fomos aos estandes de odontologia e oftalmologia. Descobri que tenho que usar óculos”, contou Wilzinely, que levou a filha para fazer maquiagem infantil e para brincar no pula-pula. Ela é moradora do bairro da Lapa. Mas os grandes beneficiários foram os moradores do Lobato e de outros bairros do Subúrbio. Edmilson Marçal Barreto Junior, 14 anos, que mora em Paripe, além de colocar sua documentação em dia – fez a RG, Carteira de Trabalho e CPF – também visitou o stand da Aeronáutica, onde pretende servir ao completar 18 anos. “Hoje no SAC, para tirar o RG, leva três meses, aqui, em três horas eu já saí com o documento”, conta Edmilson. A iniciativa é muito boa, na avaliação dele, pois “as pessoas acabam aproveitando para resolver várias coisas e ainda receber informações e orientações, além de se divertir”, acrescenta. [bi]


circuito

por cleber borges

Dilma e o uso do capital político A presidente Dilma Rousseff poderia aproveitar seu “capital político” para propor mudanças estruturantes no País, como a reforma tributária. O comentário é do gerente de Políticas Econômicas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, ao divulgar pesquisa da CNI/Ibope que apontou Dilma com avaliação positiva de 77%, maior do que a dos antecessores Lula e FHC, no mesmo período de mandato. “Seria um fato positivo para ela tratar de temas complexos e reduzir os custos para a economia brasileira. A pesquisa mostra um capital político e densidade para enfrentar questões que exigem apoios parlamentares amplos”, destacou.

“Há evidências empíricas de que a produtividade homem/hora no chão de fábrica no Brasil e na China é praticamente igual. A diferença está fora do portão de fábrica.” Delfim Netto, ao comentar o peso da alta dos insumos, salários e encargos, supervalorização do câmbio e problemas de infraestrutura na composição de custos da indústria brasileira

Medidas emergenciais As medidas adotadas pelo governo, de apoio ao setor industrial, que cresceu apenas 0,1% em 2011, assumem caráter emergencial. Portanto, não significam que possam, por si só, resolver os problemas do setor, que começam pelo câmbio valorizado e envolvem questões como carga tributária, custo da energia e má infraestrutura. Em 15 segmentos – têxteis, calçados, móveis, plásticos, etc. – haverá desoneração com a troca da contribuição previdenciária patronal (20% sobre a folha) por taxas de 1% a 2,5% sobre o faturamento. Outra ação importante: dilatar o prazo de recolhimento do PIS/Pasep. São importantes medidas pontuais, mas para revitalizar a indústria é preciso atenuar o Custo Brasil.

Medidas para baixar spread Com atraso, o governo federal percebe que o spread bancário nas nuvens é um entrave importante à expansão do mercado interno. No Brasil, o spread médio alcança 31%, somente abaixo do verificado no Congo. Na China aparece com 3,1%, no Japão é de 1,1% e na Rússia 4,8%. Os bancos justificam nosso alto patamar com o compulsório elevado determinado pelo BC, a inadimplência e os impostos altos. Apenas meia verdade, uma vez que, na composição do spread, o custo administrativo representa nada menos que 13% (muito mais que nos demais países) e a margem de lucro equivale a 35%. A falta de concorrência para valer no sistema financeiro é uma das explicações.

Guerra fiscal: novo capítulo Depois que o STF declarou ilegais os incentivos criados por estados brasileiros à revelia do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), governadores se movimentam para dar o troco. Querem reabilitar um projeto de lei idealizado por Marconi Perillo, do tempo em que este era senador, que propõe o fim da obrigatoriedade da unanimidade no Confaz para aprovação de isenções e outros benefícios fiscais relativos ao ICMS. Tornando letra morta essa exigência, fariam com que a guerra fiscal retornasse com muito mais vigor.

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sindicatos Palestra enfoca potencial das mídias digitais

Sinduscon lança o Construção Enxuta

joão alvarez

O público conectado à internet atualmente do Brasil gira em torno de 78 milhões de pessoas acima dos 16 anos, segundo Alexandre Bessa, gerente de marketing do Yahoo! para a América Latina. Com a vantagem de ter um custo baixo e uma perspectiva de alcance muito maior que as mídias convencionais, as novas ferramentas de comunicação no ambiente virtual abrem uma nova perspectiva para amplificar os negócios e comunicar de forma direta e efetiva com seu público-alvo. Com o objetivo de facilitar o acesso dos sindicatos e líderes empresariais às novas ferramentas de comunicação, o consultor Alexandre Bessa deu uma palestra, no dia 29 de março, no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, sobre Comunicação Digital. A iniciativa, explicou o superintendente de Relações Institucionais do Sistema FIEB, Cid Vianna, teve por objetivo estimular os associados a adotarem as ferramentas virtuais para que possam utilizá-las de forma estratégica em suas ações e atividades. Bessa apresentou dados sobre as redes sociais e sobre o posicionamento de imagem que as empresas e representações sindicais podem obter no ambiente virtual e mostrou a importância de saber usar estas ferramentas.

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Eliminar atividades que não agregam valor. Reduzir o tempo do ciclo de construção e adotar tecnologias que padronizem o processo e aumentem a produtividade. Esta é a receita do professor de Engenharia Civil, Carlos Torres, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para a construção civil, apresentada no Workshop Construção Enxuta, no lançamento do Programa Construção Enxuta (Lean Construction), promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção na Bahia (Sinduscon-BA) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-BA). “Nosso desafio é a mudança de paradigma”, explicou o professor, na abertura no evento, no final de abril. Marcos Vasconcelos Novaes, da CRolim Engenharia, do Ceará, destacou que, com a adoção a Lean Costruction, o custo de produção caiu 5% e o lucro cresceu 25%. Tatiana Ferraz, do SENAI-BA, explica que o programa foi dividido em seis módulos e está inserido em um projeto nacional do SENAI de práticas sustentáveis nos canteiros de obras. O programa na Bahia teve a adesão de nove empresas. O próximo módulo será dia 31 de maio. Após cada módulo, as empresas recebem visitas dos consultores do SENAI visando à implantação dos conceitos e práticas aprendidos.


joão alvarez

Sindicato da Fiação faz balanço da gestão Durante o jantar anual promovido pelo Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem, no dia 15 de março, o presidente Eduardo Catharino Gordilho reforçou a importância do espírito associativo entre os empresários e registrou as ações promovidas pelo sindicato em 2011, ressaltando a importância do diálogo com o sindicato laboral e o resultado das negociações coletivas, finalizadas em fevereiro, com a assinatura da convenção coletiva de trabalho.

SESI e Sindpacel assinam acordo de cooperação No dia 30 de março, o superintendente do SESI-BA, Wagner Fernandes, e o presidente do Sindicato das Indústrias de Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia (Sindpacel), Jorge Emanuel Cajazeira, assinaram um convênio de cooperação que irá viabilizar a oferta de serviços e programas de qualidade de vida e educação para os trabalhadores do setor. Serão oferecidos serviços odontológicos, de prevenção em saúde e segurança, realização de diagnósticos, atividades de lazer, eventos culturais, cursos de curta duração e educação continuada, além de ações de responsabilidade social. Pelo menos 2.500 trabalhadores diretos serão beneficiados.

Jorge Cajazeira, Wagner Fernandes e Clécia Lobo (à direita)

Valter Pontes

sindibrita. O empresário Fernando Jorge Carneiro, ao lado do presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e do secretário do Planejamento do Estado, José Sérgio Gabrielli, foi saudado novo presidente do Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada (Sindibrita), em coquetel realizado na sede da FIEB, dia 25 de abril, que contou com a presença de outras autoridades e líderes sindicais patronais.

Planejamento estratégico Os sindicatos da Indústria de Cosmético e Perfumaria (Sindcosmetic) e da Indústria de Reparação de Veículos (Sindirepa) foram os primeiros a elaborar seus planejamentos estratégicos. A iniciativa integra o Programa de Desenvolvimento Associativo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com apoio da FIEB, por meio da Superintendência de Relações Institucionais. Com um software de elaboração e acompanhamento, o consultor da CNI, Hélder Ribeiro, presta o apoio técnico e auxilia os sindicatos na definição das estratégias e desenvolvimento de seus planos de ação, com o objetivo de ampliar a representatividade e a sustentabilidade dos sindicatos. A expectativa é que, este ano, 24 sindicatos realizem Planejamentos Estratégicos. Dentro do programa, os próximos são Sinduscon e Sindratar.

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joão alvarez

O desafio de exportar Dificuldades e oportunidades para alcançar mercados externos são discutidas por especialistas na FIEB por Carolina Mendonça

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omo fazer de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) baianas agentes ativos no mercado internacional? Este foi o foco das discussões levantadas durante o Seminário Internacionalização: o Caminho para o Aumento da Competitividade Empresarial, realizado no dia 28 de março, na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). O evento, promovido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) do Sistema FIEB, trouxe informações e orientação sobre a situação atual do cenário internacional, às possibilidades de negócio no exterior. De acordo com o vice-presidente da Federação das Indústrias do 12  Bahia Indústria

Estado da Bahia, Reinaldo Sampaio, em 2007, das 563 empresas baianas que realizaram comércio exterior, a maioria era de pequeno porte. Esta soma, no entanto, vem caindo nos últimos anos, contexto que exige empenho dos setores público e privado para ser transformado. “A inserção empresarial em outros países está diretamente relacionada à competitividade, e é preciso haver ações no plano governamental. Mas, os empresários também devem liderar iniciativas e a FIEB vem apostando no apoio institucional em todo o estado para melhorar as condições dos que querem exportar.” A Gerente do CIN, Patrícia Orrico, explica que, embora comércio exterior baiano venha apresentando resultados expressivos, a atividade continua concentrada em poucos produtos e em universo limitado de empresas industriais. Neste sentido, a realização deste tipo de evento, além das missões, feiras e rodadas de negócios estão sendo realizados visando à melhoria das condições de competitividade. “Estamos atuando em prospecção e promoção comercial, cooperação

empresarial e atração de investimentos estrangeiros em setores estratégicos nos principais mercados internacionais. Outra ação importante é o Programa de Internacionalização das MPMEs da Bahia, que está sendo executado em parceria com o Sebrae”, diz. O secretário de assuntos internacionais, Fernando Schmidt, afirmou que, nesta etapa mais recente da globalização, é forte a demanda por apoio dos agentes públicos e privados para que as empresas de todos os portes possam atuar num sistema de ganha-ganha, atendendo às exigências de complementariedade. Já o secretário de Planejamento, José Sérgio Gabrielli, defendeu que sejam feitas


Valter Pontes

ações voltadas para as cadeias dos nichos de produção local. “Temos que pensar, por exemplo, no nicho da geleia de umbu. Se ela estiver completa, bem estruturada, terá condições de competir no mercado interno e, consequentemente, exportar”, explicou.

Crédito O presidente da Agência de Fomento do Estado da Bahia S.A (Desenbahia), Luiz Petitinga, reconheceu que muitos empresários ainda se queixam da dificuldade de acesso ao crédito, porém, explicou que o mercado já oferece inovações nesta área: são os Fundos de Aval (fundos de garantia) e as Sociedades de Garantia, instituições formadas por cotistas, a exemplo da AGC Serra, do Rio Grande do Sul. De acordo com Petitinga, “essas modalidades facilitam o acesso aos recursos e podem minimizar custos”. A gerente de estratégias e negócios internacionais do BNDES, Simone Lopes, acrescentou que o Banco também oferece alternativas para facilitar a obtenção

de crédito por micro, pequenas e médias empresas, além de empreendedores individuais e cooperativas. Um deles é o Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), que permite que as instituições aprovem o financiamento em melhores condições. A outra é uma espécie de cartão de crédito para compra de produtos e serviços. O investimento num padrão internacional de bens e serviços para as empresas locais também foi pontuado pela consultora de gestão em negócios da FGV, Mônica Romero, como uma das principais ações pela competitividade nos mercados interno e global. “Primeiro, é preciso que os empresários busquem essa qualidade, depois as informações necessárias sobre os mercados com os quais pretendem fazer negócios e, em seguida, traçar estratégias para a internacionalização”, apontou. Com experiência de mais de 20 anos em comércio exterior, o diretor-presidente da José Ruben Transporte e Equipamentos Ltda., José Souza Filho, falou sobre os principais cuidados que os empresários

Durante o evento, foram apresentadas as opções de crédito e os caminhos para exportar

iniciantes em negócios fora do país devem ter: planejar a logística, calcular custos, deixar margem para imprevistos (como paralisações e acidentes), fazer um embarque com uma carga menor para teste e estabelecer responsabilidades da logística em contrato. A Bahia teve participação de 58,5% nas exportações nordestinas entre 2010 e 2011, mas, para o diretor técnico do Sebrae Bahia, Lauro Ramos, o fortalecimento do associativismo entre as empresas da região pode trazer melhores resultados. E uma boa oportunidade para esta aproximação será o Encontro Internacional de Negócios do Nordeste (EINNE), que será realizado entre 23 e 25 de outubro em Salvador. Informações estão disponíveis no site www.einne.com.br. Para as empresas que pretendem exportar para a África, entre 17 e 22 de julho será realizada a Feira Internacional de Luanda, Angola. De acordo com a gestora do projeto Brasil Trade, da ApexBrasil, Raquel Vilharva, o evento é o mais importante da área de negócios do continente africano. [bi] Bahia Indústria  13


Empresários chineses receberam informações sobre a economia baiana visando investimentos e cooperação comercial

Bahia-Shandong Missão chinesa aproxima empresários dos dois estados, abrindo novas oportunidades de negócios POR carolina mendonça FOTOS joão alvarez

14  Bahia Indústria

N

o ano em que completa 13 anos de irmandade com a província de Shandong, a Bahia dá novos passos para ampliar a cooperação com o estado chinês. No dia 13 de março, uma missão oficial da região, liderada pelo vice-governador Cai Limin, esteve na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), em Salvador, para conhecer as oportunidades de investimentos e parcerias entre os dois povos. Durante o evento, foi realizada uma reunião com o vice-governador de Shandong, Cai Limin, o governador Jaques Wagner e o presidente da FIEB, José de Freitas Mascarenhas. Wagner reafirmou os laços de irmandade entre a Bahia e a província chinesa, ressaltando que, após 13 anos de aproximação entre os estados, é hora de aprofundar as relações comerciais visando ao equilíbrio entre importações, exportações

e o desenvolvimento local. “Interessam-nos as trocas comerciais e, mais ainda, a industrialização em solo baiano. Minha opinião é que, pelo poderio da economia chinesa, é possível exportar empresas e não só os produtos, para que possamos ter fábricas aqui na Bahia”, pontuou. O vice-governador de Shandong, Cai Limin, concordou que é chegado o momento de ampliar as ações para o estreitamento comercial entre os dois estados, e afirmou que há espaço para negócios em diversos setores, especialmente no agronegócio do algodão, soja e frutas, além de frutos do mar e mineração. “Estamos satisfeitos com esta cooperação com a Bahia, que vem se desenvolvendo rapidamente. Temos certeza que o


ambiente é de boas oportunidades de negócio entre nossos empresários”, declarou. O presidente da FIEB, José Mascarenhas, ponderou que os entendimentos são facilitados quando existem os interesses comuns e complementares, como no caso da relação Bahia-Shandong, e enfatizou as possibilidades de cooperação: “A Bahia pode ser um grande produtor e fornecedor de matériasprimas e suprimentos para Shandong, que tem uma população de mais de 90 milhões de habitantes. Nós, por outro lado, precisamos muito da tecnologia nas áreas da indústria de transformação, automobilística e da informação. Temos o Polo de Informática de Ilhéus, por exemplo, em que a presença chinesa poderia ser ampliada e traria grandes avanços”, apontou.

Missão Composta por 23 empresários e oito representantes do governo de Shandong, a comitiva participou dos workshops temáticos Energia, Mineração, Infraestrutura e Construção; e Agronegócio, Fármacos, Automobilístico, Tecnologia da Informação e Comércio, ocasião em que os integrantes obtiveram informações sobre custos de investimento, tributação, benefícios e situação dos mercados. O superintendente da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (SICM), Paulo Guimarães, apresentou as áreas em que a Bahia oferece oportunidades de negócios, com destaque para química e petroquímica, agronegócios e serviços. Guimarães acrescentou que, além das vocações econômicas, o estado, em breve, contará com melhorias na infraestrutura e logística para o

transporte de produtos, citando a Ferrovia Leste-Oeste e o Porto Sul, em Ilhéus. Já o superintendente da Secretaria de Agricultura e Irrigação, Jairo Vaz, mostrou que o agronegócio representa, atualmente, 24% do PIB baiano, sendo a maior parte da produção de matérias-primas. Por isso, o estado tem interesse na industrialização de vários produtos, como o algodão (Bahia é o segundo produtor nacional), a soja, as frutas e a pecuária de corte. Responsável pelas boas vindas aos empresários chineses em nome da FIEB, o vice-presidente da Federação, Victor Ventin, lembrou que o Brasil ainda não está entre os cinco maiores parceiros comerciais da China, mas que, com vontade bilateral, é possível ampliar os acordos comerciais. “A expectativa é que, com a vinda da missão, possamos firmar novas parcerias”, disse. E a possibilidade de parcerias e contratos surgiu ainda durante o evento, pois membros da comitiva trocaram informações e contatos com empresários baianos

O vivegovernador de Shandong, Cai Limin, se reuniu com Jaques Wagner e José Mascarenhas

aventando oportunidades futuras. Representantes de duas empresas chinesas e da Solo e Subsolo Mineradora e Reflorestamento Ltda. assinaram um memorando de intenções para estudos preliminares sobre exploração de ferro e manganês em Brotas de Macaúbas, Riachão das Neves e Campo Alegre de Lourdes. “Com estes estudos sobre os nossos ativos minerais, se tudo der certo, poderemos formar uma joint-venture com os chineses, o que vai viabilizar a extração dos minérios”, comemora Edilson Ribeiro da Cruz. A mineração no estado foi um dos investimentos que mais atraíram os chineses. O gerente-geral da China Nacional Huachen Energy Group, Wu Xinmin, trocou informações com o superintendente da Federação das Associações Comerciais da Bahia, Sérgio Cavalcante Gomes, sobre a extração de minérios e energias renováveis e se mostrou entusiasmado com o cenário local. “A Bahia tem muito potencial de desenvolvimento, tenho interesse em contatar empresários locais”, assegurou. [bi]

Bahia Indústria  15


Preparativos para a

Rio+20 Representantes da indústria participaram da 4ª Reunião preparatória para o encontro Por patrícia moreira Fotos João Alvarez

A

elaboração da Constituição de 1988 motivou grandes debates no país, que, entre outros, definiram as regras da atual legislação ambiental. O processo foi protagonizado, nas décadas de 1980 e 1990, pelas organizações não-governamentais, que participaram mais ativamente destas discussões, cabendo à indústria um papel coadjuvante. Mas, ao longo destes 20 anos, na avaliação de Shelley de Sousa Carneiro, secretário executivo do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema), coube ao segmento realizar os maiores avanços em sustentabilidade. O entendimento agora é que é preciso apresentar estas realizações à sociedade. Foi pensando nisso que a indústria resolveu articular-se e assumir o protagonismo que lhe cabe neste momento em que o país se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio + 20, que acontece de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. Sob a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI) estão sendo promovidos, em diversas regiões do país, encontros setoriais para recolher propostas para a conferência. Na Bahia, a 4ª Reunião do Coema – Re16  Bahia Indústria

gional Nordeste ocorreu no dia 23 de março, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). De acordo com Shelley Carneiro, que também é o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), a indústria está preparando uma série de eventos em que se posiciona como matriz do seu desenvolvimento. Vamos puxar a carroça e não sermos puxados. Nós vamos dizer o que nós podemos fazer, o que vamos fazer e vamos nos comprometer com aquilo que podemos fazer”, explica o representante da CNI. Ele também destacou que a

indústria se comunica mal e que este é o momento de mostrar que, ao longo dos últimos 20 anos, o segmento foi um dos que mais promoveram sustentabilidade.

interação A reunião do Coema Nordeste foi aberta pelo vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado da Bahia (CIEB) e coordenador do Conselho de Meio Ambiente do Sistema FIEB, Irundi Edelweiss, que elogiou a nova postura da CNI no sentido de promover uma maior interação entre os diversos setores da indústria para a formulação de propostas para a Rio + 20. “Eles estão indo in loco buscar as per-


Vamos dizer o que nós podemos fazer, o que vamos fazer e nos comprometer com o que temos condições de fazer Shelley Carneiro, secretárioexecutivo da Coema

cepções das demandas setoriais para tentar convergir os pleitos da indústria para o evento e isso é muito importante”, ressaltou. Irundi Edelweiss observou o interesse da CNI e dos outros estados em ouvir as peculiaridades de cada região e ressalta que a Bahia vive um momento especial em razão da recente aprovação de uma nova Lei Ambiental e ressaltou a importância de se ter uma mesma linha entre as diversas legislações estaduais. “Não é interessante termos uma legislação desbalanceada em relação ao meio ambiente, porque isso cria deformações, caminhos preferenciais, que levam as empresas a preterirem um esta-

do porque este tem uma legislação mais cuidadosa.” Por isso, ele julga importante que se crie elementos jurídicos uniformes entre os estados, daí por que a expectativa em torno destes encontros. Durante o evento preparatório realizado na sede da FIEB, o secretário de Meio Ambiente do Estado da Bahia, Eugênio Spengler, fez uma explanação sobre os avanços trazidos pela Nova Lei de Meio Ambiente e também falou sobre a expectativa em torno da Rio + 20. “É importante que se compreenda que a Rio + 20 é um evento da sociedade mundial e não dos governos e que o setor empresarial tem um compromisso fundamental”,

O secretário do Meio Ambiente Eugênio Spengler falou sobre a nova Lei Ambiental da Bahia

observou. Ele ressaltou, no entanto, que é fundamental que as agendas aconteçam, não apenas voltadas para a Rio + 20, mas de forma permanente. O secretário executivo do Coema explicou, ainda, que com estas reuniões, a indústria se prepara para o fórum nacional, marcado para o dia 14 de junho, no Rio de Janeiro. “Vamos apresentar 16 publicações da CNI sobre A Indústria e a Sustentabilidade, preparados por cada uma das associações (automotiva, mineração, etc.)”, explica. De acordo com Shelley, a indústria quer ser protagonista do seu desenvolvimento no que diz respeito à sustentabilidade. [bi] Bahia Indústria  17


Competitividade & câmbio Economistas analisam o cenário econômico e discutem os efeitos da valorização do Real frente ao dólar POR patrícia moreira ilustração murilo gomes

epois de fechar o ano de 2011 com a economia brasileira registrando ritmo de queda e o setor industrial dando sinais de estagnação, situação que se manteve até fevereiro, o mês de março revelou um cenário um pouco mais animador. A pesquisa Indicadores Industriais, divulgada no dia 9 de maio pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), vai ainda mais longe e aponta para uma perspectiva de melhor desempenho da indústria, ainda que moderado, no segundo semestre de 2012. Esta retomada é atribuída aos efeitos positivos do Plano Brasil Maior, lançado em 2011, e às recentes medidas envolvendo os juros e o câmbio. A equação juros altos e câmbio valorizado, que dominou a política macroeconômica do governo federal nos últimos anos, é apontada por vários economistas como principal fator de comprometimento do desempenho da indústria, aliada a fatores externos, como a crise nos países desenvolvidos e a concorrência dos países asiáticos, e internos, a exemplo do Custo Brasil. O Conjuntura em Foco de março, estudo do Insti18  Bahia Indústria

tuto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que a persistência de uma taxa de câmbio sobrevalorizada por longo período levou a uma diluição da densidade das cadeias produtivas na economia e a uma ruptura na estrutura industrial. Da mesma forma, a perda de participação do setor na renda nacional e no conjunto do emprego tem sido acompanhada, também, de uma redução da participação relativa dos produtos manufaturados na pauta exportadora. Embora no plano internacional a intervenção no câmbio praticada pelos países emergentes tenha recebido críticas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisou que o país continuará intervindo para conter a valorização do Real. A nova postura face ao câmbio representa uma mudança radical por parte do governo, conforme observa o vice-presidente da Federação das Indústrias da Bahia e economista, Reinaldo Sampaio. Segundo ele, até pouco tempo, a retórica era outra. “O governo vinha resistindo à ideia do monitoramento da taxa de câmbio, um resquício da visão neoliberal”. Um equívoco, na avaliação de Sampaio, pois, na realidade, todos os países administram as taxas de câmbio. “Quem não o faz são os Estados Unidos, com uma moeda que é reserva


Bahia Indústria  19


internacional, e a União Europeia, com o euro, porque estabeleceuse uma lógica que, se comprarem reservas, de certa forma, estariam indicando que suas moedas não são seguras”, analisa. A consultora Mônica Romero Marinho, da Fundação Getúlio Vargas, especialista em comércio exterior, também analisa como acertada a adoção de uma política de câmbio flutuante com intervenções do Banco Central. “Temos que entender que a variação cambial está sendo provocada muito mais por fatores externos que internos, em especial pela ‘sobra’ de dinheiro no mundo buscando investimentos rentáveis e seguros. O Brasil está oferecendo as duas coisas. Claro que os investidores estão aqui e quanto mais atraente o Brasil fica, maior volume de moeda estrangeira entra no País, mais valorizado fica o Real, com-

plicando a vida dos exportadores, que precisam ficar alertas às oportunidades da moeda e não somente às suas perdas”, explica. Desde 2005, conforme reportagem do Valor Econômico, o câmbio teve uma valorização de 40% em termos reais, frente a uma cesta de 15 moedas, o que gerou dificuldades para a indústria brasileira. A tendência de valorização do Real vem ocorrendo fundamentada não apenas nas taxas de juros elevadas, mas também no baixo nível de poupança doméstica e na necessidade de atrair capitais para financiar o déficit em conta corrente. Ocorre que a taxa de câmbio, de acordo com Reinaldo Sampaio, é o mais estratégico dos preços macroeconômicos – além das taxas de juros, inflação, lucro e de salário –, e é parte importante da problemática que inibe o desenvolvimento nacional.

COMPARATIVO DA EVOLUÇÃO DO DÓLAR NO BRASIL - 2010/2011 2

1,9

1,8751 2011

1,8 1,7

1,6654 2010

1,6 1,5 1,4 Jan

Aspectos favoráveis Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Fonte: BACEN, elaboração FIEB/SDI.

EVOLUÇÃO DA COTAÇÃO DO DÓLAR NO BRASIL - 2008/2011 2,5

2 1,77 1,5

Um dos segmentos mais afetados é o setor manufatureiro. No período 2004/2008, enquanto o PIB registrou uma taxa média anual de 4,8%, a indústria de transformação cresceu a 3,8%. No período pós-crise mundial (2009/2011) a média caiu para 3,3% para o PIB e 0,2% para a indústria de transformação, que, em 2011, cresceu apenas 1,1%. O câmbio não só arbitra a importação e a exportação, destaca Reinaldo Sampaio, mas também a conta, os fluxos internacionais de capital. E em países como o Brasil, que adotam uma conta de capital livre, o câmbio é um fator determinante nesses fluxos. “O problema é que o câmbio influencia os salários, o consumo, a poupança interna e o investimento, interfere no processo de desenvolvimento do país”, explica. Como consequência, os bens industriais produzidos no Brasil passam a custar mais caro no mercado externo e a empresa também perde competitividade interna, já que sua produção ficará mais cara do que a dos importados, inibindo a taxa de lucro das empresas, que é determinante para novos investimentos.

2008

Fonte: BACEN, elaboração FIEB/SDI.

20  Bahia Indústria

2009

2010

2011

Mônica Romero aponta, no entanto, que a situação pode se reverter em oportunidade. Para ela, a valorização do Real pode tirar uma empresa do mercado ou transformá-la em uma multinacional de sucesso. Ela explica que uma das vantagens é a possibilidade de acesso a uma gama maior de fornecedores (de partes e peças, máquinas, equipamentos, matérias-primas e outros insumos) que podem reduzir os custos internos de produção. “O Real valorizado


valter pontes

viabiliza e estimula indústrias de alto valor agregado. Veja o caso da indústria de aviões nacional. Se houver desvalorização do Real, implicará na alta do preço de fabricação e montagem no Brasil”, explica a consultora. E acrescenta: “Temos que lembrar que a CNI, em 1995 (há 17 anos), já identificava que produzir no Brasil é caro, principalmente, pelo chamado Custo Brasil”, observa. Se por um lado as importações podem reduzir o custo e aprimorar o produto nacional, explica Mônica Romero, por outro, as indústrias nacionais passam a estar mais expostas aos concorrentes estrangeiros, mesmo no mercado interno. Para ela, a internacionalização das empresas brasileiras tornou-se uma necessidade de sobrevivência. De acordo com a consultora, as empresas devem “aproveitar o Real valorizado e o poder de compra nele contido para adequar seus produtos e serviços a um cliente com opções mundiais de compra. Deve investir em tecnologia, produtividade, capacitação de pessoal, etc. Se esta empresa, mesmo que pequena, consegue sobreviver ao Custo Brasil, vendendo no mercado interno, certamente ela já pode pensar em investir na exportação”, defende Mônica. Ela também entende que o Real apreciado pode se reverter em estímulo ao investimento. “Se ficarmos aqui aguardando que as empresas estrangeiras entrem com seus investimentos, em breve teremos poucas empresas nacionais no mercado. Se, ao contrário, as empresas nacionais se dispuserem à internacionalização (mesmo que com parcerias com capitais externos), a riqueza gerada pode-

Mônica Romero, consultora da FGV, defende que o câmbio pode ser usado para atrair investimento

rá ser preservada no País. Afinal, a grande poupança nacional não é alimentada pelo cofrinho das famílias, mas pelo lucro reinvestido das empresas”, sintetiza. Este entendimento, no entanto, não é unânime. Na avaliação de Reinaldo Sampaio, “apostar no desenvolvimento através da poupança externa é uma ilusão, porque o capital que entra para investimento, ele o faz motivado pelas taxas de crescimento da economia em desenvolvimento, desde que sejam superiores às das economias desenvolvidas e por uma expectativa de lucro da atividade produtiva. Mas como essa opção de poupança externa geralmente está associada a um câmbio apreciado e a uma taxa de juros elevada, estes capitais entram com a finalidade eminentemente especulativa e muito mais voltados para o consumo do que para o investimento”, observa Sampaio. Para o economista Oswaldo Guerra (leia entrevista, p. 22 e 23), professor da Universidade Federal da Bahia, pode ser estratégico atrair o capital estrangeiro produtivo. “Mas para isso, crescimento econômico, estabilidade de preços, regras estáveis e críveis, infraestrutura adequada e moderna, mão-de-obra qualificada, e investimentos em ciência e tecnologia são cruciais”, lembra. Bahia Indústria  21


“O progresso depende da capacidade de se criar uma autêntica competitividade”

portados é um dos pontos contraditórios. Quanto maior o uso de insumos importados na exportação das empresas desoneradas, menor será o benefício relativo da empresa. Ou seja, a defesa da produção doméstica via aumento dos custos dos importados pode prejudicar as exportações. Além disso, se o plano lograr êxito em melhorar a competitividade no curto prazo, garantindo crescimento das exportações e dos saldos comerciais, mais dólares entrarão no país, ajudando a valorizar o câmbio, algo que o governo pretende conter. Se o objetivo é deter as importações e o plano conseguir isto, o resultado vai na mesma direção.

Economista e professor da Ufba, Oswaldo Guerra faz uma análise conjuntural dos efeitos do câmbio

Como o senhor analisa o uso do câmbio como instrumento de controle da inflação? Osvaldo Guerra – No Brasil e em outros países latinoamericanos que adotaram planos de combate à inflação nas últimas duas décadas, a valorização cambial foi usada como âncora dos preços internos, uma vez que ela estimula a entrada de bens importados, reforçando a oferta doméstica, e reduz o custo de produção com as matérias-primas importadas. Este instrumento, contudo, não pode ser usado indefinidamente, pois ele gera efeitos colaterais adversos sobre a produção local e o balanço comercial do país, na medida em que faz crescer as importações e desestimula as exportações. A estabilidade duradoura de preços exige ganhos de produtividade que reduzam os custos de produção e propiciem um aumento da competitividade autêntica da economia. Quais os erros e acertos da política econômica do governo Dilma? OG – O ponto positivo é a melhor coordenação existente entre as políticas monetária, fiscal, e cambial, fruto de uma maior aproximação entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central. Os erros talvez decorram do fato de a política econômica do governo Dilma ser 22  Bahia Indústria

ambiciosa, uma vez que ela possui múltiplos objetivos. O governo quer conter a valorização cambial; estimular a economia para que ela cresça mais de 4% em um cenário internacional francamente hostil; defender a indústria nacional do avanço das importações; incentivar a produção, a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico; aumentar a oferta de crédito para pessoas físicas e jurídicas; reduzir até onde for possível a taxa básica de juros; cumprir a meta de superávit primário, e conduzir a inflação de volta para o centro da meta, depois de ela ter alcançado o teto de 6,5% em 2011. Diante de tantos objetivos e da certeza que qualquer medida de política econômica gera custos e benefícios, o governo lança mão de instrumentos que, muitas vezes, miram o curto prazo ou se mostram, algumas vezes, contraditórios. Há vários pontos defensáveis no recente conjunto de medidas que complementam o Plano Brasil Maior, como a desoneração da folha de pagamentos e as renúncias fiscais. Elas têm efeito equivalente a uma desvalorização cambial, mas faltam medidas estruturais, de longo prazo, focadas em temas como redução de gargalos logísticos, sistema tributário, e melhoria da educação. A Cofins sobre os im-

Há vários pontos defensáveis no recente conjunto de medidas que complementam o Plano Brasil Maior

Qual o desafio para o governo em relação ao câmbio? OG –Vamos tomar como premissas a meta de inflação explícita de 4,5% e metas informais de crescimento, em torno de 4%, e de câmbio entre R$ 1,70 a R$ 1,80 por dólar para preservar a indústria local. Se essas premissas estiverem corretas, a queda da taxa básica de juros (Selic) contribui para que se alcance as metas de crescimento e de contenção da valorização do Real, ao reduzir os ganhos de arbitragem, mas não ajuda o governo a fazer a inflação voltar ao centro da meta. Por outro lado, continuar permitindo que o Real se valorize penaliza fortemente a produção doméstica que sofre com o Custo Brasil (tributos, logística, educação, custo de energia, etc.). O desafio, portanto, é adequar a taxa de câmbio de modo que ela sirva como instrumento de combate à inflação e, ao mesmo tempo, preserve a indústria local e as exportações. No que diz respeito à inflação, não acredito que ela respeite, em 2012, o centro da meta


A produção da indústria baiana é destinada basicamente ao mercado interno. Até que ponto o câmbio interfere no desenvolvimento industrial baiano? OG – A indústria baiana é extremamente concentrada na produção de bens intermediários, que são vendidos internamente e exportados. O crescimento brasileiro puxado pelo mercado interno e fomentado pela queda dos juros, expansão do crédito, aumento real de salários e transferências deverá continuar a estimular o comércio varejista na Bahia, mas tendo em vista a incipiente base local na produção de bens duráveis e não-duráveis ocorre uma espécie de vazamento de renda para outras unidades da federação produtoras desses bens. Diante desse quadro, da crise internacional e da valorização cambial, as expectativas para a indústria baiana em 2012 não são muito otimistas. Os números devem ser melhores que em 2011, pois não haverá apagão nem grandes paradas programadas no Polo de Camaçari, mas nada muito animador. As maiores possibilidades concentram-se nos investimentos autônomos previstos em mobilidade urbana, especialmente na RMS ampliada, incluindo Feira de Santana, e seus impactos sobre a construção civil. de 4,5%, ainda que o Banco Central diga o contrário. Está existindo no Brasil uma clara alteração de preços relativos. A inflação de serviços, setor que responde por cerca de 25% do PIB brasileiro, chegou a 9% em 2011 para um IPCA de 6,5%. Essa alteração não deve se encerrar no curto prazo, pois não se pode importar serviços, a oferta demora a reagir, e o setor responde pouco a juros altos. Uma recessão muito forte, via contenção do consumo, seria necessária para reduzir a subida desses preços, algo que me parece descabido do ponto de vista social e que certamente o governo não estará disposto a assumir em ano eleitoral. O Real valorizado compromete as exportações e atinge especialmente o agronegócio baiano, que outros setores da economia baiana são afetados? OG –Um cenário de baixo crescimento internacional com valorização cambial pode dificultar não apenas o agronegócio baiano, mas também setores exportadores de commodities e setores industriais que sofrem concorrência de produtos asiáticos. Estima-se que cerca de 50% da indústria baiana depende de exportações de produtos que têm seus preços fixados internacionalmente, contra cerca de 10% na média nacional. Ou seja, é um panorama que torna a economia baiana mais susceptível a este cenário.

O que é preciso para atingir maior competitividade? OG –O progresso econômico depende da capacidade dos países criarem uma autêntica competitividade que, por sua vez, vincula-se à sua produtividade (produzir mais e melhor, usando menos recursos que seus concorrentes). Para isto, tornam-se necessários esforços nas dimensões empresarial (investimentos em modernização gerencial, inovação de produtos, design, marketing, formas de comercialização, pósvendas, qualificação dos trabalhadores), estrutural (aumento do porte dos grupos empresariais, maior diversificação produtiva, ampliação da inserção internacional das empresas, melhor articulação empresarial ao longo das cadeias produtivas), e sistêmica (juros, câmbio, tributos, portos, estradas, ferrovias, comunicações, educação, legislação de um modo geral). Ou seja, é uma construção de longo prazo, envolvendo múltiplas variáveis e exigindo uma permanente parceria entre Estado e iniciativa privada. A história econômica brasileira é rica em exemplos de políticas focadas quase exclusivamente no câmbio que geraram competitividade espúria e ganhos de curto prazo, mas foram incapazes de garantir uma competitividade autêntica aos setores produtivos do país. [bi] Bahia Indústria  23


Mobilidade, um tema prioritário POR Patrícia moreira e cleber borges

FOTOS joão alvarez

T

rês novas avenidas – Tamburugy, Atlântica e Linha Viva –, requalificação da Estação da Lapa e do entorno da Arena Fonte Nova, implantação de corredores viários para o transporte de massa são projetos da Prefeitura de Salvador para solucionar os problemas de mobilidade urbana enfrentados por Salvador e Região Metropolitana. Os projetos estão prontos, mas caberá à próxima gestão municipal a missão de torná-los realidade. O prefeito João Henrique Carneiro (PP) foi o convidado da reunião mensal do Fórum Empresarial da Bahia, realizada no dia 16 de abril, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), para falar de um tema que é motivo geral de preocupação da população e do setor produtivo: mobilidade urbana. O evento reuniu os 21 membros do fórum, além de secretários municipais e convidados, e foi uma oportunidade para os empresários questionarem o poder municipal sobre suas demandas e também para abrir um canal de negociação entre o poder público e alguns segmentos produtivos. O presidente do Fórum e primeiro vice-presidente do Sistema FIEB, Victor Ventin, explicou que 24  Bahia Indústria

Prefeito apresentou no Fórum Empresarial projetos para estruturar Salvador para a Copa e os próximos 25 anos

isso procuramos ouvir do prefeito soluções para minorar o que já estamos sofrendo e evitar que isso piore”. A conclusão final foi positiva, pela importância do tema, mas “a constatação é que a cidade tem projetos, mas faltam recursos para implementá-los”, destacou Victor Ventin.

metrô

o impacto negativo do problema de mobilidade em Salvador e na Região Metropolitana na atividade produtiva e na vida das pessoas justificou a escolha do tema e o convite ao prefeito. “O tempo que nossos trabalhadores levam no transporte para ir e vir do trabalho, prejudica a todos e a tendência é de agravamento. Por

O prefeito João Henrique Carneiro apresentou cesta de projetos para Salvador

Durante sua explanação, seguida de apresentações de secretários municipais, o prefeito falou sobre o metrô de Salvador e assegurou sua intenção de iniciar as operações ainda no final deste semestre. Segundo ele, não é razoável o argumento de que o metrô não deve entrar em operação por ter apenas seis quilômetros. Ele lembrou que os metrôs de São Paulo e Rio de Janeiro foram implantados com extensões de 7 e 4 quilômetros, respectivamente. De acordo com João Henrique, o trajeto da Lapa à Rótula do Abacaxi se faz em seis minutos, sem paradas, e “a população tem o direito de usufruir desse benefício”. O prefeito também detalhou a Rede Integrada de Transporte, iniciativa que faz parte do projeto Salvador Capital Mundial e integra as ações de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014. Ele fa-


Dinheiro para financiar boas iniciativas

Soluções para desafogar o trânsito na Avenida Paralela, com vias alternativas e transporte de massa, foram apresentadas

lou das avenidas projetadas para atender à demanda de crescimento de Salvador para os próximos 25 anos, mas que dependem de recursos e de parcerias com a iniciativa privada. Os empresários também aproveitaram para apresentar suas reivindicações, em especial, em relação ao decreto que regulamenta a carga e descarga em Salvador. Renato Tourinho, representante

da Associação Baiana dos Agentes de propaganda (ABAP), cobrou soluções de requalificação da Orla de Salvador. O Instituto Miguel Calmon, representado por Adari Oliveira, cobrou ações voltadas para revitalizar e gerar receitas na região do entorno do Porto de Salvador e pediu o apoio político do prefeito para cobrar da Codeba a promessa de realizar licitação para ampliação do Porto.

Pequenos e médios empresários que queiram abrir ou expandir negócios visando aproveitar o boom de consumo que virá com a aproximação da Copa do Mundo da Fifa 2014 e da Copa das Confederações, em 2013, têm uma boa notícia. BNDES, Banco do Nordeste e Desenbahia abriram linhas de financiamento específicas, com juros aceitáveis, para tais iniciativas. São linhas com juros anuais de 6% a 20%, que podem servir de atrativo para o surgimento de novos negócios, incluindo o financiamento de restaurantes, lojas de artesanato, bares, fábricas de souvenirs, pousadas e hotéis, etc. Dinheiro para quem pretende investir em um novo negócio não será problema, afirma o superintendente do Banco do Nordeste na Bahia, Nilo Meira Filho. O banco, que já financiou R$ 238 milhões provenientes do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) para a reconstrução da Arena Fonte Nova, dispõe também de R$ 300 milhões para apoiar o setor hoteleiro baiano, sem falar em recursos para outros segmentos. “Somente na área hoteleira, 30 empresas locais já manifestaram interesse ou já requisitaram recursos para ampliação ou modernização”, afirmou Nilo Meira, durante o evento “Salvador e os Megaeventos Esportivos – Como Financiar seu Projeto”, realizado dia 17 de abril, na FIEB, uma promoção do Escritório Municipal da Copa, da Prefeitura de Salvador, e do Fórum de Empresários da Bahia. [bi] Bahia Indústria  25


indicadores  Números da Indústria

Atividade industrial cai, mas sinaliza recuperação Produção física anualizada caiu 0,4% em fevereiro, contra redução de 3,1% registrada em janeiro

A

produção física anualizada da indústria de transformação da Bahia apresentou redução de 0,4% em fevereiro último, após registrar queda de 3,1% em janeiro, sinalizando a trajetória de recuperação da atividade produtiva industrial. No entanto, o Estado ainda figura entre os que apresentam resultados negativos, ocupando o oitavo lugar no ranking dos 13 estados que participam da pesquisa industrial do IBGE (denominada PIMPF-R). Tal resultado pode ser atribuído à retração de três dos oito 26  Bahia Indústria

segmentos pesquisados: Veículos Automotores (-12,5%), Metalurgia Básica (-8,7%) e Refino de Petróleo e Produção de Álcool (-7,2%). Por outro lado, apresentaram resultados positivos os segmentos de Alimentos e Bebidas (6,9%), Produtos Químicos/Petroquímicos (5,2%), Minerais não-metálicos (3,7%) e Borracha e Plástico (3,5%). Comparando o desempenho de fevereiro de 2012 com o de igual mês do ano anterior, a produção física da indústria de transformação baiana apresentou um surpreendente crescimento de 21,6%

(contra uma queda de 4,4% da média nacional). Cinco dos oito segmentos da Indústria de Transformação registraram crescimento da produção, o principal deles o de Produtos Químicos/Petroquímicos (91,4%), devido ao crescimento na produção de etileno nãosaturado e de polietileno de alta e baixa densidade, mas principalmente por levar em conta a baixa base de comparação, uma vez que em janeiro de 2011 houve recuo no setor de 29,4%, decorrente de paralisação parcial da produção da Braskem, com a parada de ma-


nutenção em novembro e dezembro nas unidades de Olefinas 2, Utilidades, PE2, PE3 e PVC.

pesquisa industrial mensal produção física - bahia

Variação (%)

Setores Fev12/Fev11 Jan-Fev 12/ Jan-Fev 11/ Mar 11-Fev 12 Mar 10-Fev 11

Chope e cerveja Outros segmentos com bom desempenho: Alimentos e Bebidas (alta de 12,3%), em função do crescimento no verão da produção de cerveja, chope e produtos derivados do cacau (manteiga, gordura e óleo), além do óleo de soja em bruto e de farinhas e “pellets” da extração do óleo de soja; Celulose e Papel (10,3%), devido ao aumento na produção de celulose; Metalurgia Básica (4,7%,) e Minerais não-metálicos (1,9%). O segmento de Borracha e Plástico manteve-se estável. Porém, dois segmentos registraram queda na atividade: Veículos Automotores (-27,2%), com a redução na produção de automóveis; Refino de Petróleo e Produção de Álcool (-3,9%), pela menor produção de óleo diesel e naftas para petroquímica. Percebe-se que os segmentos produtores de commodities, mais influenciados pela conjuntura internacional adversa, seguem apresentando resultados inferiores aos verificados nos segmentos mais voltados ao atendimento do mercado interno e produtores de bens finais. A expectativa é que a indústria de transformação baiana apresente resultados positivos nos primeiros meses de 2012, em função, principalmente, da base de comparação deprimida relacionada aos efeitos da interrupção do fornecimento de energia elétrica em fevereiro de 2011, que comprometeu parte da produção das empresas localizadas no Polo Industrial de Camaçari. [bi]

Extrativa

-3,7

-5,1

-4,7

Tranformação

21,6

13,8

-0,4

Alimentos e bebidas

12,3

8,0

6,9

Celulose, papel e prod. de papel

10,1

-6,4

-3,2

Refino de petróleo e álcool

-3,9

1,9

-7,2

Produtos químicos

91,4

52,3

5,2

Borracha e plástico

0,0

4,1

3,5

Minerais não metálicos

1,9

1,1

3,7

Metalurgia básica Veículos automotores

4,7

1,6

-8,7

-27,2

-13,7

-12,5

bahia: pim-pf de julho 2011

Variação (%)

Setores Fev12/Fev11 Jan-Fev 12/ Jan-Fev 11/ Mar 11-Fev 12 Mar 10-Fev 11

Indústria de Transformação (1) Refino de Petróleo e Prod. Álcool Produtos Químicos/ Petroquímicos Veículos Automotores Alimentos e Bebidas Celulose e Papel Metalurgia Básica Borracha e Plástico Minerais não-metálicos Extrativa Mineral

21,6

13,8

-0,4

-3,9

1,9

-7,2

91,4 -27,2 12,3 10,1 4,7 0,0 1,9 -3,7

52,3 -13,7 8,0 -6,4 1,6 4,1 1,1 -5,1

5,2 -12,5 6,9 -3,2 -8,7 3,5 3,7 -4,7

Fonte IBGE; elaboração Fieb/SDI (1) De acordo com a Pesquisa Industrial Anual (PIA) 2006 (divulgada em junho de 2008), os 8 segmentos acima arrolados somaram 83,5% do Valor da Transformação Industrial (VTI) do Estado da Bahia, em 2006.

BAHIA - PRODUÇÃO FÍSICA DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (2010 - 2012) 140 135

2010

130 125

2012

120 115

2011

110 105 100 95 DEZ

NOV

OUT

SET

AGO

JUL

JUN

MAI

ABR

MAR

FEV

JAN

90

Nota: Exclusive a indústria extrativa mineral (CNAE 10, 11, 13 e 14); base = 100 (média 2002)

Bahia Indústria  27


Polo de Informática fortalecido POR patrícia Moreira

e Carolina mendonça

A

fetado pela crise econômica de 2009, que levou ao fechamento de unidades e à reestruturação das que sobreviveram, o Polo de Informática de Ilhéus dá sinais de que vive um novo momento e busca se mobilizar internamente enquanto as principais demandas infraestruturais do segmento não se resolvem. Com este propósito,

Associação recémcriada vai reunir empresas do Polo de Informática de Ilhéus em torno das demandas do setor

foi criada, no dia 11 de abril, a Associação das Indústrias de Eletroeletrônicos, Telecomunicações e Informática do Polo de Ilhéus (Assipi), que visa estimular o desenvolvimento e a competitividade do segmento industrial de eletroeletrônica e informática. Para Christian Villela Dunce, presidente da Assipi e proprietário da Daten Tecnologia Ltda., a criação da Associação é o marco inicial de uma série de ações que serão propostas visando superar os joão alvarez

Christian Villela Dunce assumiu em 11 de abril a presidência de nova Associação das Indústrias de Informática 28  Bahia Indústria

desafios enfrentados pelo setor. A iniciativa visa também promover o desenvolvimento econômico da região. “Queremos representar os empresários, atrair investimentos para Ilhéus e, acima de tudo, sermos um agente transformador”, afirmou, quando tomou posse na presidência da entidade. A Assipi vem se somar ao Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, Computadores, Informática e Similares dos Municípios de Ilhéus e Itabuna do Estado da Bahia (Sinec), para formular as demandas do segmento e sua criação foi bem recebida. “O Sinec, juntamente com a Assipi e o apoio do Sistema FIEB – que está implementando sua política de interiorização e vai dar suporte nas ações de qualificação da mão de obra – fortalecem o setor”, explica Gentil Pires Filho, presidente do sindicato. O presidente da FIEB, José de Freitas Mascarenhas, elogiou a iniciativa e assegurou que o Sistema FIEB vai oferecer suporte aos projetos propostos pela Assipi. “Como instituição, não temos como fazer a interlocução com cada empresário da região, portanto, a


clodoaldo ribeiro

associação certamente fará este diálogo com o setor para que possamos apoiá-los de acordo com suas demandas”, acredita.

PERSPECTIVAS Em paralelo à mobilização institucional em torno de entidades representativas, a WDC Networks – Livetec, empresa que está no Polo desde 2004, anuncia a ampliação da sua unidade na Bahia, com incremento na sua escala de produção, incluindo no portfólio produtos destinados à nova tecnologia de banda larga. O Polo de Informática de Ilhéus é hoje a principal fonte de arrecadação da região, de acordo com o presidente do Sinec, Gentil Pires Filho, mas nem por isso vem recebendo a devida atenção. Entre as principais demandas do setor está a atração de uma empresa âncora, que solidifique o polo, e a mobilização por investimentos em infraestrutura para dotar a região

de uma logística moderna, que permita um melhor escoamento da produção. Criado em 1995, o Polo de Informática teve seu auge entre 2007 e 2008, mas a falta de políticas específicas para o segmento e a crise econômica de 2009 comprometeram o seu desenvolvimento. O fechamento do aeroporto para operações de carga e descarga, em setembro de 2008, também atingiu em cheio o Polo de Ilhéus, que viu o volume de produtos embarcados por via aérea reduzir de 120 toneladas/mês para zero. Nos anos de melhor performance, entre 2007 e 2008, o faturamento foi superior a R$ 2 bilhões anuais, com a geração de 2.300 a 2.400 empregos diretos e mais de 1.600 empregos temporários, além de empregos indiretos. Hoje, o complexo industrial gera entre 1.400 e 1.500 empregos diretos e a estimativa dos empresários é que o faturamento situe-se em torno

Operários trabalham na linha da montagem da Invix, fábrica que integra o Polo de Ilhéus

de R$ 1,3 bilhão mensal. Não há números expressivos quanto à contratação de temporários. Em meio às dificuldades infraestruturais e à desaceleração da atividade industrial do setor, a ampliação da planta da WDC Networks - Livetec, que até o final do mês de maio inaugura nova sede, é motivo de comemoração. Instalada desde 2004, produzindo equipamentos de telecomunicações, tais como sistemas wireless, com a nova filial, a WDC-Livetec estará ampliando a capacidade produtiva desses produtos e iniciará a produção de novos equipamentos de internet via fibra-ótica, os chamados FTTH (Fiber to The Home), que será a nova tecnologia de acesso de alta velocidade a ser adotada pelas operadoras a partir de 2012. Constituída com capital cem por cento nacional, a Livetec mantém parcerias com empresas americanas e chinesas, fornecedoras de produtos de informática. [bi] Bahia Indústria  29


painel joão alvarez

Estagiários do Sistema FIEB participaram das atividades de lançamento do novo programa

Atração de novos talentos Modernizar o programa de estágio e torná-lo mais atrativo às novas gerações que chegam ao mercado, oferecendo uma perspectiva de carreira no âmbito do Sistema FIEB, é o objetivo da proposta de reestruturação apresentada no dia 10 de abril. A ideia é aprimorar a captação e a retenção de talentos para atuar nas unidades do sistema. O programa foi lançado pelo diretorexecutivo interino do Sistema Fieb, Leone Peter Andrade, que chamou a atenção para a demanda crescente por mão de obra qualificada. O superintendente de Gestão de Pessoas, Renan Bodra Machado, observou que a necessidade de preparar novos talentos é imperativa e a reformulação do programa de estágio atende à necessidade de preparar sucessores.

Premiação para boas práticas ambientais Difundir práticas de gestão para uso de tecnologias limpas na otimização de processos produtivos, estimular a participação e a conscientização da sociedade nas questões ambientais, além de disseminar os princípios do desenvolvimento sustentável são os objetivos do Prêmio FIEB Desempenho Ambiental, que está com inscrições abertas. Em sua 10ª edição, o prêmio é promovido anualmente pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia, por intermédio do seu Conselho de Meio Ambiente (Comam), e é voltado para micro, pequenas, médias e grandes indústrias em atuação na Bahia. O tema escolhido para este ano é Economia Verde, o que permite que as ações envolvam questões sociais e a redução da desigualdade, temas que se afinam com a conferência mundial Rio + 20, que se realizará no Rio de Janeiro, de 13 a 26 de junho. As inscrições podem ser feitas até 16 de julho e a premiação será entregue em 16 de agosto. Para maiores detalhes, consultar o regulamento no portal fieb.org.br, onde também está disponível a ficha de inscrição. Outras informações com o Comam, nos telefones 3343-1260 / 1597 e pelo email comam@fieb.org.br.

30  Bahia Indústria

Inovação para crescer Competitividade é a palavra-chave quando se fala em inovação. Visando oferecer a empresários e líderes empresariais que atuam em processos de inovação de micro e pequenas empresas industriais as ferramentas para superar este desafio, o Instituto Euvaldo Lodi – Bahia (IEL-BA) oferece o curso Gestão da Inovação. A proposta é auxiliar as empresas na elaboração e implantação de planos de gestão. Em Salvador, o curso acontece de 21 a 25 de maio e de 25 a 29 de junho (2ª turma); em Vitória da Conquista, de 11 a 15 de junho, em Teixeira de Freitas, de 9 a 13 de julho, e em Guanambi, de 23 a 27 de julho. Informações no site do IEL-BA, no portal fieb. org.br, e pelos seguintes contatos: Salvador: (71) 3343-1288, iel.inovacao@ fieb.org.br; Sudoeste: (77) 3422-3814 – ielvca@fieb.org. br; Eunápolis: (73) 32817954, ieleunapolis@fieb.org. br e Teixeira de Freitas: (73) 3291-0621, ieltxfreitas@fieb. org.br. A iniciativa faz parte da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria em parceria com o IEL-BA, Sebrae, Secretaria de Tecnologia e Inovação do Estado e a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia.


Novo estatuto amplia ações do CIEB

FIEB comemora o fim da guerra dos portos

O programa de expansão para o interior do Centro das Indústrias do Estado da Bahia (CIEB), iniciado há cerca de um ano e meio, voltado prioritariamente para as regiões oeste, sul, sudoeste e norte da Bahia, agora ganha um reforço com as alterações no seu Estatuto e no Regulamento Eleitoral, aprovados em Assembleia Geral Extraordinária, realizada no dia 26 de abril, na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, sob a presidência do diretor-presidente José de Freitas Mascarenhas. As novas regras tratam das atribuições de diretor e vice-presidente, ampliam orientações e regulamentam a expansão do CIEB no interior. De acordo com o gerente-geral do CIEB, Evandro Mazo , uma das alterações do Estatuto permite que não apenas as empresas do segmento industrial possam se filiar ao Centro, mas também as empresas aderentes, pertencentes à cadeia de valor da indústria.

A aprovação no Senado do Projeto de Resolução 72/2011, que acaba com a chamada “guerra dos portos” entre os estados brasileiros foi comemorada pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), que foi signatária de campanha comandada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) contra a medida protecionista praticada por dez estados da Federação. Na avaliação da FIEB, a “guerra dos portos” é uma deformação ainda mais nociva da guerra fiscal e uma prática antipatriótica por impedir o desenvolvimento nacional. A prática consiste na concessão de isenção fiscal para mercadorias importadas que entram no país por estes portos, o que torna o produto importado mais barato que o nacional. Os efeitos são nocivos à economia, comprometendo a geração de empregos. Com a aprovação da PR nº 72, que entra em vigor em janeiro de 2013, a alíquota de Imposto Sobre Mercadorias e Serviços fica unificada em 4% na taxação de importados em operações interestaduais. A medida foi aprovada em votação realizada no dia 24 de abril e vale não apenas para produtos importados como também para os que usem mais de 40% de matéria-prima importada durante o processo de industrialização. vater pontes

1° de Maio - Em comemoração ao Dia Internacional do Trabalho, o SESI-BA realizou uma série de atividades esportivas e de lazer para a comunidade e trabalhadores da indústria. Do SESI Itapagipe, às 9h30, saiu um passeio ciclístico aberto ao público, que circulou pelas principais ruas e avenidas do bairro. Nas unidades Itapagipe e Simões Filho, foram promovidos torneios de futsal, futebol de cinco, futebol de campo, natação, damas, dominó, entre outros. Os industriários e seus filhos puderam ainda aproveitar banho de piscina, show, recreação, jogos de salão, apresentações e aulas de dança.

Bahia Indústria  31


João Alvarez

SENAI testa nova fórmula de biodiesel Equipe do Cimatec participa de projeto para avaliar impacto no motor e componentes de mistura com 20% de combustível vegetal

O

s veículos que circulam com biocombustível no país utilizam uma mistura com 5% de biodiesel. Para aumentar a proporção de combustível vegetal, a Petrobras e parceiros, entre eles o SENAI Cimatec, estão desenvolvendo testes em todo o país para avaliar o impacto do aumento da concentração de biodiesel. Na Bahia, está sendo desenvolvido o Projeto B-20 com veículos rodoviários, modelos Ford Ranger e Ford Transit. A ideia é verificar ocorrências nos motores e componentes em contato com o combustível com 20% de biodiesel e 80% de diesel. Este projeto é financiado pela Petrobras, com recursos da Agência Nacional de Petróleo (ANP), e conta com parceiros como a Unifacs e a própria indústria, a exemplo da Ford, Mahle, Continental, TI Automotive e Michelin. De acordo com Luciano Santos Azevedo Souza, gerente da área de Mobilidade do SENAI Cimatec e um dos gestores do projeto, os resultados deste estudo ainda não têm data para serem divulgados. Previsto para durar um ano e meio, o projeto foi iniciado em fevereiro de 2011 e a primeira etapa, 32  Bahia Indústria

que prevê o cumprimento de 100 mil quilômetros pelos carros, termina em junho. Ao SENAI Cimatec cabem os testes de campo nos oito veículos e sua manutenção, a aquisição de equipamentos e o envio de informações para os demais parceiros do projeto. Terminada esta etapa, os carros serão submetidos a testes de retomada, ensaios de emissões e serão avaliadas as condições dos motores e componentes dos veículos que tiveram interface com a mistura B-20. A experiência do SENAI Cimatec foi apresentada em Salvador no 5º Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel e no 8º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, realizado no Centro de Convenções, em Salvador, de 16 a 19 de abril. Durante o evento, os veículos utilizados no Projeto B-20 foram colocados em exposição. Além da experiência com o B-20, Luciano Azevedo apresentou os resultados de uma pesquisa que ele desenvolve há seis anos no SENAI Cimatec sobre o impacto da adição do biodiesel ao diesel marítimo. Hoje, a Resolução nº 52 da Agência Nacional de Petróleo

Luciano Azevedo Souza é o líder responsável pelo Projeto B-20 no âmbito do SENAI Cimatec

(ANP) proíbe a mistura, mas os estudos desenvolvidos pela equipe do Cimatec demonstram sua viabilidade. O trabalho foi destacado com o prêmio Ciência, Tecnologia e Inovação em Biodiesel. O congresso foi aberto pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, que falou do desafio do desenvolvimento de novas tecnologias para explorar outras matérias-primas na produção de biocombustível para reduzir as emissões de carbono; e, no plano social, fortalecer a agricultura familiar, enquanto fornecedora de matéria-prima. [bi]


ideias

O uso sustentável da água e os 20 anos da ECO 92 por Jair Meneguelli

Pode ser clichê falarmos do uso consciente da água no dia Mundial da Água. Mas esta verdade ninguém pode contestar: cada membro da sociedade – independentemente de cargo, título, posses ou nível social – tem a obrigação de cuidar do bem mais importante para a garantia da sobrevivência do ser humano no planeta, a água. O despertar para essa consciência demorou. Ele aconteceu só nos anos 1980, depois de muito desperdício. Foi nesse período que a bandeira da sustentabilidade começou a ser levantada, o que motivou chefes de Estado de 179 países a participarem da ECO 92, no Rio de Janeiro, em 1992. A conferência mundial consagrou a ideia do desenvolvimento sustentável, de um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. Um dos principais resultados do evento foi a assinatura da Agenda 21, documento em que cada país se comprometeu a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais. O documento aponta caminhos e define as responsabilidades de cada agente social na busca do desenvolvimento sustentável. Um deles, em particular, trata diretamente do papel da indústria nesse processo. Destaca que as empresas “podem desempenhar um papel importante na redução do impacto

sobre o uso dos recursos e o meio ambiente por meio de processos de produção mais eficientes, estratégias preventivas, tecnologias e procedimentos mais limpos de produção ao longo do ciclo de vida do produto, assim minimizando ou evitando os resíduos”. Muitas indústrias já estão atentas a isso. Por meio da adoção de projetos de sustentabilidade, cada vez mais, elas cumprem seu papel de cuidadoras do meio ambiente. Algumas iniciativas destacam-se, como a geração de energia limpa e renovável, gerenciamento de resíduos, proteção da água e do solo, redução de ruído, purificação do ar e conservação da natureza. O Sistema Indústria também está cumprindo o seu papel. O Conselho Nacional SESI, por exemplo, já desenvolve programas que visam à sustentabilidade. O programa Cozinha Brasil, implantado em todo o país, promove cursos de educação alimentar que ensinam a população a se alimentar melhor – aproveitando os alimentos integralmente com a utilização de cascas, talos, folhas e sementes – diminuindo o desperdício em suas casas. Já o projeto ViraVida, capacita e insere no mercado de trabalho jovens vítimas de abuso e exploração sexual em 15 estados. Além da qualificação, os alunos – que têm idades entre 16 e 21 anos – recebem atendimento psicossocial, médico, odontológico e reforço escolar. Empresas públicas e privadas têm apoiado o projeto e cumprido um importante papel de responsabilidade social ao empregar esses jovens.

Jair Meneguelli é presidente do Conselho Nacional do SESI

Mas sabemos que podemos fazer mais. Temos a oportunidade de trabalhar com um público jovem, com pessoas preocupadas com o desperdício, em mudar conceitos, interessadas no consumo consciente. Pensando assim, o Conselho Nacional do SESI atuará também no campo da proteção ambiental. O ponto de partida será apoiar o programa Produtor de Águas, da Agência Nacional de Águas (ANA), que visa à melhoria da qualidade da água e ao aumento das vazões médias dos rios em bacias hidrográficas de importância estratégica para o país. Para a primeira etapa do trabalho – que é a recuperação da Bacia do Pipiripau, no DF – o SESI fará a doação de 50 mil mudas nativas do Cerrado. O objetivo é a recomposição florestal da bacia, que é a principal responsável pelo abastecimento de água das cidades de Planaltina e Sobradinho. O nosso próximo passo é analisar a realização de iniciativas sustentáveis dentro dos projetos Cozinha Brasil e ViraVida. Esperamos, dentro de um curto período, desenvolver projetos que envolvam a sustentabilidade ambiental em todo o país. Estamos em congruência com os objetivos da Rio+20, renovando o compromisso político com o desenvolvimento sustentável. A Conferência deverá estabelecer também uma nova agenda sobre o tema para as próximas décadas, além de debater “a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e a “estrutura institucional do desenvolvimento sustentável”. [bi] Bahia Indústria  33


leitura&entretenimento danilo canguçu/divulgação

teatro Nelson Rodrigues em sete cenas Baseada na obra A vida como ela é, de Nelson Rodrigues, Atire a Primeira Pedra é uma divertida comédia musical que apresenta o universo rodrigueano em sete cenas. O texto tem adaptação de Cleise Mendes e Fernando Santana e apresenta mulheres que explodem seus desejos reprimidos e fazem valer sua vontade, vivendo o ônus e o bônus destas escolhas. A direção do espetáculo é de Luiz Marfuz. Atire a Primeira Pedra estreou em novembro de 2008 e desde então a peça já foi assistida por um público de mais de 5 mil pessoas.

não perca Teatro SESI, sáb. e dom., às 20 horas, até 27.5, R$ 30 e R$ 15 (meia). Gratuito para industriários e dependentes. Informações: (71) 3616-7060 Alessandra Novhais/Divulgação

As aventuras de Pirulão e Catarina As Rimas de Catarina é um espetáculo infanto-juvenil que recorre às técnicas do teatro de animação para contar uma divertida história que se passa no mundo do faz de conta. A narrativa apresenta a aventura do saltimbanco Pirulão, que nas suas andanças em busca de alimento conhece a meiga pasteleira Catarina, uma linda jovem que trabalha noite e dia fazendo doces e salgados para o seu cruel patrão Leopoldo vender no Chapadão. A moça sonha em ganhar o mundo, mas está presa a Leopoldo por um contrato que a impede de partir. não perca Teatro SESI, sáb. e dom., às 16 horas, até 27.5, R$ 20 e R$ 10 (meia). Gratuito para industriários e dependentes. Informações: (71) 3616-7060

livros 100 anos de Carlos Drummond Em homenagem aos 100 anos de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), um dos grandes nomes da poesia do século XX, a Companhia das Letras lança coleção de quatro obras, que reúnem depoimentos Claro Enigma líricos, lúcidos e poderosos sobre o amor, Carlos Drummond de a política, os costumes, a família, a Andrade, Companhia memória e o Brasil. Clássicos como Claro das Letras 144 p. enigma, Contos de aprendiz e Fala, R$ 29 amendoeira estarão à disposição dos R$ 19,50 (e-book) leitores com um projeto gráfico totalmente moderno.

34 Bahia Indústria

Os próximos 100 anos Onde e por que futuras guerras acontecerão? A fim de responder a esta questão, o fundador da Strategic Forecasting (Stratfor), maior agência de estratégia e inteligência do mundo, George Os Próximos 100 Friedman mapeia o cenário histórico dos anos – Uma previsão padrões geopolíticos contemporâneos. para o século XXI Além disso, identifica quais países George Friedman, Best Business ganharão e perderão poder político e 308p. econômico, de modo a apontar como as R$ 49,90 novas tendências culturais e tecnológicas irão transformar o modo de vida.


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