Nota Técnica - PIB 4º Trimestre de 2020

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Contas Nacionais Trimestrais 4º Trimestre de 2020

No acumulado dos quatro trimestres de 2020 o PIB brasileiro registrou retração de 4,1%, reflexo da crise da pandemia de Covid-19. Já na comparação do 4º trimestre de 2020 com o trimestre imediatamente anterior, a economia brasileira registrou crescimento de 3,2% (com ajuste sazonal), segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Em relação ao 4º trimestre de 2019, houve queda de 1,1%. (Ver gráfico abaixo).

Fonte: IBGE. Elaboração GET/FIEB.

Sob a ótica da demanda, em 2020, o Consumo das Famílias caiu 5,5%, ante crescimento de 2,2% em 2019. O Consumo do Governo (Despesa de Consumo da Administração Pública) registrou retração de 4,7% no período em análise, contra queda de 0,4% em 2019. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) apresentou queda de 0,8%, ante crescimento de 3,4% no ano de 2019. As Exportações de Bens e Serviços registraram resultado negativo de 1,8% e as Importações de Bens e Serviços apresentaram retração de 10,0% em 2020 (contra redução de 2,4% e crescimento de 1,1%, no ano anterior, respectivamente).

GERÊNCIA DE ESTUDOS TÉCNICOS | MARÇO 2021


Fonte: IBGE. Elaboração GET/FIEB.

Do lado da oferta, a Agropecuária apresentou crescimento de 2,0% e a Indústria retração de 3,5% no período. Entre as atividades industriais, Indústria de Transformação, SIUP (Eletricidade, Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana) e Construção Civil registraram quedas de 4,3%, 0,4% e 7,0%, respectivamente. Apenas a Indústria Extrativa verificou crescimento (1,3%) em 2020. O setor de Serviços sofreu queda de 4,5% e o Comércio retração de 3,1%.

Fonte: IBGE. Elaboração GET/FIEB.

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O PIB em 2020 (a preços de mercado) alcançou R$ 7,447 trilhões, sendo R$ 6,440 trilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 1,007 trilhão aos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. Considerando o valor adicionado a preços básicos, nota-se que a Indústria perdeu participação relativa, passando de 21,4%, em 2019, para 20,4%, em 2020. A participação do setor de Serviços passou a 72,8% (contra 73,5%), perdendo participação relativa, e a Agropecuária ganhou participação relativa no PIB, passando de 5,1% para 6,8%, em 2020. Quanto ao desdobramento do PIB pelos componentes da demanda a preços de mercado (inclusive impostos), o Consumo das Famílias totalizou R$ 4,670 trilhões (62,7% do PIB), o Consumo do Governo R$ 1,526 trilhão (20,5% do PIB) e a FBCF R$ 1,223 trilhão (16,4% do PIB). As Exportações e as Importações de Bens e Serviços alcançaram R$ 1,256 trilhão e R$ 1,153 trilhão, respectivamente, enquanto a Variação de Estoques foi negativa em R$ 76,4 bilhões em 2020. O PIB per capita em 2020 registrou a menor taxa da série histórica desde 1996, com queda de 4,8% em termos reais, ou seja, corrigido pela inflação. A pandemia de Covid-19 gerou impacto profundo na economia mundial e também na economia brasileira em 2020. A queda de 4,1% do PIB é o resultado econômico da pandemia de covid-19 no país, quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisadas, em períodos do ano, para o controle da disseminação do vírus. Há que se destacar o resultado positivo das políticas implementadas pelo Governo Federal na manutenção da atividade e do emprego, além dos benefícios emergenciais fornecidos à população mais prejudicada pela pandemia. Essas ações atenuaram os efeitos negativos da pandemia e as expectativas iniciais de uma queda na economia bem mais acentuada. Os segmentos da indústria e serviços apresentaram retração em 2020. No setor industrial (-3,5%), o destaque negativo foi o desempenho da construção (-7,0%), que voltou a cair depois do crescimento de 1,5% em 2019. O desempenho negativo da indústria de transformação (-4,3%), foi influenciado principalmente pela queda na fabricação de veículos, equipamentos de transporte, confecção de vestuário e metalurgia. No setor de serviços, destaque-se o resultado de “outras atividades de serviços”, que incluem restaurantes, hotéis e academias, e registrou retração de 12,1% no ano. Por outro lado, o segmento agropecuário cresceu 2% em 2020, puxado pelos aumentos da soja e café, com produções recorde na séria histórica.

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Em recente estudo publicado pela Gerência de Estudos Técnicos da FIEB: “Estimativas dos Impactos do Covid 19 sobre a Economia Baiana”, a perspectiva é de que o PIB da Bahia caia 4,7% em 2020. Conforme as últimas informações do Banco Central (relatório Focus, 26/02/2021), as expectativas de mercado para o 2021 são: (i) inflação (IPCA) de 3,87%; (ii) crescimento de 4,30% da produção industrial e (iii) crescimento de 3,29% no PIB em 2021. A recuperação econômica sustentável só será possível em 2021 com o controle da pandemia (vacinação da população) e uma agenda de reformas e controle das contas públicas no país. O Brasil necessita avançar nas reformas administrativa e tributária, há muito demandadas, sob pena de perdermos a oportunidade de restabelecer um ambiente favorável para a retomada do crescimento.

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