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NOTA INTRODUTÓRIA

Portugal é um país localizado no sudoeste da Europa com 92 090 km2 . Possui uma história com oito séculos que pode ser admirada nos castelos imponentes, palácios, mosteiros e catedrais do país, e uma cultura riquíssima, fruto do contacto com a terra, com o mar e com os outros povos.

Foi um dos primeiros impérios mundiais com mais de 70 colónias e territórios espalhados pelo globo e, que ao longo dos séculos, soube criar várias tradições e traços culturais que definem e afirmam hoje o povo e o país no mundo.

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Portugal é um país maravilhoso e encantador com um povo que sabe receber com a sua simplicidade, alegria de viver, disponibilidade e com a sua simpatia. Para além de uma história fantástica e de uma cultura impressionante, a gastronomia portuguesa é deliciosa e para todos os gostos e as paisagens definem-se pela sua diversidade e beleza natural. No que diz respeito aos seus monumentos, estes revelam o passado da arquitetura lusa, bem como a grandiosidade da nossa história e a imensa riqueza espiritual do povo português, que encanta várias pessoas em torno do globo com toda sua grandeza e imponência.

Por todas estas razões, Portugal é um dos poucos países no mundo que, uma vez visitado, nunca mais é esquecido.

São as inúmeras as figuras que conseguiram elevar o nome de Portugal além-fronteiras, como Amália Rodrigues e Fernando Pessoa que com a sua arte em campos distintos, música (Fado) e literatura, respetivamente, deram

ao mesmo tempo, a conhecer ao mundo aquele povo que habita naquele cantinho “à beira-mar plantado”.

Portugal afirmou-se, ainda, ao longo dos tempos, nas indústrias vinícola e corticeira e no artesanato (tapeçaria, joalharia e rendas), sendo os seus produtos vivamente aplaudidos por quem nos olha de fora.

Por outro lado, são inegáveis as várias influências da cultura portuguesa no exterior, como, por exemplo, as Malassadas (bolas de massa frita polvilhadas com açúcar e canela), um dos costumes gastronómicos da Madeira, são típicas no nordeste dos Estados Unidos e no Havai. Porém, a maior influência é, sem dúvida, a nossa língua. Graças aos Descobrimentos, o português espalhou-se pelos cinco continentes e é hoje língua oficial em nove países diferentes e em uma região administrativa especial chinesa: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Guiné Equatorial e Macau. Para além de deixarmos a língua, também emprestamos palavras a línguas como o japonês, indonésio, inglês e o malaio.

Neste sentido, esta obra é uma confirmação das várias conquistas dos portugueses nas mais diversas áreas e um cartão de visita para quem nos quer (re)visitar. É, de igual forma, uma celebração da nossa história, dos nossos hábitos, tradições e dos símbolos identitários que soubemos tão bem preservar durante séculos, e ao nosso riquíssimo património material e natural espalhado pelo país.

20 de abril de 2021 O autor

1. HISTÓRIA DA NAÇÃO PORTUGUESA

A história do nosso país teve início com a vinda do conde do D. Henriques, do norte da Europa, que veio ajudar o Rei D. Afonso Vi na Reconquista Cristã. Como recompensa, o monarca concedeu-lhe a governação do Condado Portucalense. Mais tarde, o seu filho, D. Afonso Henriques, tornou o condado oficialmente independente do reino de Leão com a assinatura do Tratado de Zamora, em 1143. Ao longo de vários séculos esse território foi alargado e ordenado.

No século XV, os portugueses realizaram um conjunto de viagens e explorações marítimas que começou com a conquista de Ceuta, em 1415. As descobertas portuguesas possibilitaram a disseminação da língua e cultura portuguesas em todo o globo. De facto, Portugal foi o país pioneiro na colonização, com colónias na Europa, África e Ásia, e mais tarde na América. O país contou, no passado, com mais de setenta colónias e territórios espalhados pelo globo.

Com o fim da 1.ª República a 28 de maio de 1926, Portugal viveu num período de ditadura marcado pela falta de liberdades a vários níveis e pelos horrores da Guerra Colonial. Porém, em 1974 surgiu a revolução do 25 de Abril de 1974 que iniciou começo de uma era de liberdade de expressão e de exercício democrático, e, que pôs fim à guerra do ultramar.

HISTÓRIA DA NAÇÃO PORTUGUESA:

FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL (Séc. XI a XIII)

A formação do reino de Portugal foi uma consequência da Reconquista Cristã. Na altura, D. Afonso VI, Rei de Leão e Castela necessitava de apoio para lutar contra os muçulmanos e, é neste contexto, que surge o Conde D. Henriques. Pelos serviços prestados ao rei D. Afonso VI, D. Henriques recebeu, como recompensa, a mão da filha, D. Teresa e o governo do Condado Portucalense. O grande desejo de D. Henrique, era tornar o condado independente, mas morre sem atingir este seu objetivo. D. Afonso Henriques, de cognome o Conquistador, continuou o sonho do seu pai: fazer do condado um reino. Para concretizar este sonho, o monarca teve de lutar em duas frentes; uma contra o rei de Leão e Castela, e outra contra os Mouros.

É a partir da batalha de São Mamede, batalha travada em 1128 contra as tropas de sua mãe, D. Teresa de Leão, que D. Afonso Henriques assumiu a chefia do Condado Portucalense. Porém, só foi reconhecido formalmente como reino por Leão e Castela com a assinatura do Tratado de Zamora a 5 de outubro de 1143.

Os muçulmanos permaneceram na Península Ibérica desde o ano 711 até 1492, ano em que foram definitivamente expulsos. Desde a região das Astúrias, os cristãos iniciaram um movimento de reconquista dos territórios

perdidos para os muçulmanos. Em 718, na batalha de Covadonga, os cristãos derrotaram os muçulmanos. Nesta batalha, destacou-se o guerreiro cristão Pelágio que se tornou no rei das Astúrias. Aos poucos os cristãos foram reconquistando a Península Ibérica e formaram-se reinos cristãos, como o Reino de Leão, Castela, Navarra e Aragão.

Contudo, a Reconquista Cristã foi marcada por avanços e recuos, e os reinos cristãos tiveram que pedir ajuda a outros reinos. D. Henrique e D. Raimundo foram dois cavaleiros franceses que vieram auxiliar o rei D. Afonso VI, Rei de Leão e de Castela. Como recompensa, cada um recebeu terras e as filhas do rei em casamento. D. Raimundo casou com D. Urraca e recebeu o condado da Galiza e D. Henrique casou com D. Teresa e recebeu o condado Portucalense. Porém, ambos deviam obediência ao Rei de Leão e Castela.

O grande desejo de D. Henriques era tornar o condado independente, mas este sonho só foi concretizado pelo seu filho D. Afonso Henriques. D. Afonso Henriques, de cognome o Conquistador, tornou-se senhor do condado de portucalense a partir de 1128, quando venceu a mãe, D. Teresa, na batalha de São Mamede. A partir desta altura, D. Afonso Henriques, agiu em três direções: contra os muçulmanos, contra o rei de Leão e Castela e procurou o reconhecimento do Papa. As sucessivas vitórias de D. Afonso Henriques obrigaram ao seu primo D. Afonso VII, Rei de Leão e de Castela, a reconhecer a independência do Condado de Portucalense, pelo tratado de Zamora, assinado no dia 5 de outubro de 1143. Nascia, assim o reino de Portugal e D. Afonso Henriques tornava-se no seu primeiro rei.

A luta contra os muçulmanos em direção a sul durou vários anos e tinha como principal objetivo expulsar os muçulmanos e alargar o reino de Portugal. Naquela época, o Papa era a autoridade máxima da Europa cristã pelo que os reis deviam-lhe fidelidade e obediência. D. Afonso Henriques necessitava que o Papa Alexandre III lhe confirmasse o título de rei e conhecesse a

independência do reino de Portugal, o que veio a acontecer em 1179. Nesse ano, o Papa Alexandre III emitiu o documento “Manifestis probatum”, no qual declarou o Condado Portucalense independente do Reino de Leão, e D. Afonso Henriques, o seu soberano. Também reconheceu a validade do Tratado de Zamora, assinado a 5 de outubro de 1143 em Zamora, pelo rei de Leão e por D. Afonso Henriques.

À medida que se foi formando o reino de Portugal tornou-se necessário povoá-lo e explorá-lo.

Os portugueses dedicavam-se à agricultura e à pecuária, a par da pesca e da caça. O comércio fazia-se através de pequenos vendedores ambulantes, os almocreves, que vendiam tecidos de linho e lã, peles, sal e ferramentas. Para se encontrar maior variedade de produtos tinha que se ir à feira.

Portugal ainda era um país muito jovem, por isso, o Rei D. Sancho I mandou construir castelos e fundar povoações junto às fronteiras, para defender o território de ataques inimigos. As povoações nasceram das terras doadas pelos reis aos senhores da nobreza ou do clero que tinham ajudado na Reconquista Cristã. Mas o rei também ficou com terras para si e deu cartas de foral a algumas povoações, que, quando uma povoação recebia essa carta tornava-se num concelho.

A par do povoamento e exploração, foi-se construindo a sociedade portuguesa e na altura havia três grupos sociais distintos: o Clero, a Nobreza e o Povo, e todos deviam fidelidade e obediência ao rei. O Clero era constituído por todos os religiosos e era um grupo social muito importante, pois possuía terras e estava mais perto do Papa e de Deus. A Nobreza era constituída pelos cavaleiros que lutavam para defender e expandir o reino. Tinham terras e estavam próximos do rei e ajudavam na administração do reino. O

Povo era o grupo com maior número de pessoas mas o menos importante, porque não possuía terras, trabalhava nos campos da nobreza e do clero e no artesanato e vivia com muitas dificuldades.

Entretanto, no ano de 1249, D. Afonso III conquistou a região do Algarve, pondo fim à Reconquista Cristã Portuguesa. Portugal estava definitivamente formado. Com a conquista definitiva do Algarve por D. Afonso III, em 1249, Portugal toma as fronteiras que hoje conhecemos. No entanto, havia zonas a norte e a este, cujas fronteiras era preciso definir, pois, eram disputadas pelos reinos cristãos de Portugal, Leão e Castela. Com efeito, só em 1297, com o Tratado de Alcanizes, assinado entre D. Dinis, rei de Portugal e D. Fernando, rei de Leão e Castela, ficaram estabelecidas as fronteiras do território português.

Ao longo do século XIII, Portugal foi marcado por um grande desenvolvimento económico e cultural, sobretudo no reinado de D. Dinis. Ele foi o primeiro rei que não se preocupou com a expansão com o território, concentrando apenas as suas ações no progresso do reino e no reforço da sua autoridade.

D. Dinis desenvolveu o comércio ao criar as feiras francas, isto é, feiras onde comerciantes e compradores tinham privilégios, como, por exemplo, não pagar impostos. Protegeu o comércio marítimo e até celebrou um tratado de comércio com o rei de Inglaterra.

Todavia, não foi por acaso, que este rei recebeu o cognome de o Lavrador, pois, por todo reino de Portugal, reorganizou a distribuição das terras para que todos tivessem terra para explorar.

A cultura foi outra das paixões de D. Dinis, na sua corte produziam-se e traduziam-se livros importantes. Foi igualmente um grande defensor da

língua portuguesa, por sua ordem os documentos oficiais do reino passaram a ser escritos em língua portuguesa, abandonando, desta forma, o latim, a língua internacional daquele tempo. Foi D. Dinis que também fundou a primeira universidade portuguesa em 1290, na cidade de Lisboa.

HISTÓRIA DA NAÇÃO PORTUGUESA:

PORTUGAL NO TEMPO DAS DESCOBERTAS (Séc. XIV a XVII) E PORTUGAL ABSOLUTISTA (Séc. XVIII)

Portugal no tempo das Descobertas (Séc. XIV a XVII)

Os descobrimentos portugueses foram o conjunto de viagens e explorações marítimas realizadas pelos portugueses entre 1415 e 1543 e que começou com a conquista de Ceuta na África. Para além de expandir o território português e criar alternativas às rotas de comércio por via marítima, os descobrimentos portugueses possibilitaram também avanços na tecnologia, ciência náutica, cartografia e na astronomia. Ou seja, com as dificuldades em explorar novas terras, os portugueses tiveram de aperfeiçoar meios

técnicos ligados à navegação: desenvolvimento de um novo tipo de embarcação (a caravela) e o desenvolvimento da navegação astronómica (navegação feita com o auxílio dos astros) com a utilização de novos instrumentos de orientação, como o astrolábio, a balestilha e o quadrante.

Os portugueses foram o primeiro povo a iniciar a expansão marítima do século XV. No reino havia um conjunto de condições que justificaram o pioneirismo português. Portugal é um país com uma longa costa de mar, com bons portos e com tradições piscatórias, ou seja, os portugueses estavam habituados a navegar. Por conseguinte, marinheiros e pescadores conheciam técnicas e instrumentos de navegação, como a bússola e as cartas portulanas. Por outro lado, Portugal era um reino com estabilidade política, reinava D. João I que conseguiu envolver todos os grupos sociais na expansão marítima.

A expansão portuguesa iniciou-se com a conquista de Ceuta, em 1415. Ceuta era uma cidade muçulmana rica em cereais e outros produtos como o ouro. Todavia, a conquista de Ceuta foi um fracasso em termos económicos, os muçulmanos atacavam Ceuta com o objetivo de a reconquistar. Esta guerra acabou por destruir a cidade e a suas riquezas, para além de exigir a presença constante de militares portugueses para a defenderem.

Depois da conquista de Ceuta, o Infante D. Henrique, filho de D. João I passou a dirigir o projeto da expansão marítima. Coube ao Infante D. Henrique a descoberta e a ocupação de muitos territórios, por isso ficou conhecido como o navegador.

A Madeira foi descoberta em 1418 por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira e os Açores foram descobertos em 1427 por Diogo de Silves.

Na costa ocidental africana, as correntes e ventos fortes eram um grande obstáculo à passagem ou à dobragem do Cabo Bojador. Durante cerca de doze anos vários navegadores portugueses tentaram navegar para lá. Todavia só Gil Eanes conseguiu em 1434.

Em 1460, o Infante D. Henrique faleceu e as descobertas portuguesas tinham chegado à Serra Leoa.

Porém, as regiões africanas entre a Serra Leoa e o Cabo de Santa Catarina foram descobertas e exploradas entre 1468 e 1475, por Fernão Gomes, um rico comerciante de Lisboa, a quem o rei D. Afonso V tinha alugado a descoberta e exploração da costa ocidental africana. D. Afonso V preferia conquistas no norte de África a longas e perigosas viagens por mar, contudo, esta região era rica em ouro, escravos, marfim e malagueta.

Em 1488 Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança, antes chamava-se Cabo das Tormentas, por ser difícil contorná-lo. Aliás, tinha-se criado uma lenda, de um monstro chamado de Adamastor que engolia as embarcações. A viagem de Bartolomeu Dias realizou-se no reinado de D. João II que tinha um sonho chegar à Índia por mar.

Quando D. Manuel se tornou rei, continuou o projeto de D. João II de chegar à Índia por mar, uma vez que o Oriente era rico em produtos muito valiosos para a Europa, como porcelanas, tapeçarias, perfumes e especiarias. Vasco da Gama foi o navegador escolhido para comandar a frota que partiu de Lisboa no dia 8 de julho de 1497. A viagem demorou quase um ano! A 20 de maio 1498 os portugueses chegaram à Índia. Todavia, não foram bem recebidos, pois a região era habitada por povos muito desenvolvidos e

o comércio era controlado por muçulmanos. Por isso mal tinham acabado de chegar, a frota de D. Manuel já estava a preparar uma nova viagem.

Em março de 1500, Pedro Álvares Cabral comandava a nova frota com destino à Índia. Em abril, a armada desviou-se para oeste e encontrou um novo território, cuja existência já era do conhecimento dos portugueses, o Brasil. Inicialmente, Pedro Álvares Cabral chamou-lhe Terra de Vera Cruz, mas, a abundância de uma madeira vermelha usada para tingir tecidos e fazer mobiliário, chamado de pau-brasil, acabou por ditar a mudança de nome. O Brasil era habitado por tribos de índios que viviam no meio da floresta e que desconheciam outras formas de vida, no entanto, aceitaram bem a presença portuguesa.

No Oriente, os portugueses encontraram povos muito mais desenvolvidos que os europeus, por exemplo, já conheciam o papel, a impressão e as armas de fogo. Através de várias estratégias, os portugueses conseguiram estabelecer-se no Oriente e controlar o comércio de produtos de luxo.

Quer no Oriente, quer no Brasil e mesmo na África, os portugueses aprenderam novos hábitos e culturas, assim como transmitiram a cultura portuguesa.

Lisboa situada na foz do rio Tejo era uma passagem de gente, produtos, culturas e de conhecimentos diferentes graças ao desenvolvimento do seu porto. Todos os dias partiam e chegavam embarcações de várias partes do mundo. O próprio rei D. Manuel I tinha trocado o castelo pelo paço da Ribeira, onde podia apreciar a azáfama portuária e controlar os lucros do comércio marítimo. Os nobres e os burgueses imitavam o rei e também vieram morar para a zona da Ribeirinha, onde construíram palácios. Estes

senhores ricos embelezavam as suas casas com tecidos caros vindos do oriente e tinham muitos escravos usados nos mais variados trabalhos.

O povo, porém, continuava a viver com dificuldades, e não podia adquirir a maior parte dos produtos ultramarinos, porque eram muito caros. O mesmo não se podia dizer dos estrangeiros que se fixaram em Portugal, sobretudo, flamengos, franceses e italianos, e que participavam no comércio de novos produtos. Os produtos desconhecidos dos europeus até ao século XVI eram milho grosso, batata, tomate, feijão, coco, chá, café e banana. Aos poucos, graça ao comércio português, os europeus começaram a consumir estes alimentos.

D. Sebastião, rei de Portugal entre 1557 e 1578, tinha um sonho de realizar um grande feito: recuperar as cidades do norte de África abandonadas pelo seu avô, D. João III.

Em 1578, este jovem rei foi mandado combater os muçulmanos. Contudo, na Batalha de Alcácer-Quibir (4 de agosto de 1578), os portugueses foram derrotados e o rei morreu. Como este não tinha descendentes, o governo português foi entregue a um regente, o seu tio-avô, o cardeal D. Henrique, um homem idoso e muito doente.

Todavia, o cardeal D. Henrique também não tinha descendentes. Surgiram, então, vários candidatos ao trono português, todos os netos de D. Manuel I: D. Filipe II, rei de Espanha, D. António, prior da ordem do Crato e Dona Catarina, Duquesa de Bragança.

Em 1580, D. Filipe II de Espanha foi aclamado rei de Portugal, com o nome de Filipe I, estabelecendo a união ibérica (dinastia Filipina).

Nas cortes de Tomar de 1581, Filipe de Espanha fez vários juramentos, nomeadamente manter os portugueses na administração do império

português. Todavia, os sucessores de Filipe I não cumpriram as promessas e Portugal entrou em crise com os ataques estrangeiros e com os desvios de riquezas para Espanha. A situação era tão grave, que os portugueses organizaram uma revolta no dia 1 de dezembro de 1640. Esta revolta teve como consequências a expulsão dos governantes espanhóis e a restauração da independência de Portugal. D. João IV, Duque de Bragança, passou a ser o novo rei de Portugal.

Portugal Absolutista (Séc. XVIII)

No início do século XVIII descobriram-se minas de ouro no Brasil, e desta colónia, Portugal teria recebido entre oito e dez mil arrobas de ouro.

D. João V foi o rei português que entre 1706 e 1750 recebeu esta riqueza, com a qual desenvolveu as indústrias de papel, sedas, louças e vidros. Por outro lado, desenvolveu a cultura, através da fundação da Real Academia de História da Biblioteca Real da Ajuda e da Biblioteca da Universidade de Coimbra. Desenvolveu as ciências com a fundação do Museu de História Natural e do Observatório Astronómico e contratou médicos estrangeiros para ensinar os mais avançados conhecimentos e técnicas. O rei também desenvolveu a arte, sendo o responsável pela construção do Convento de Mafra, do Mosteiro das Clarissas e do Aqueduto das Águas Livres que abastecia a cidade de Lisboa de água. O monarca ainda protegeu pintores, ourives e outros artistas responsáveis pelo luxo e riqueza da sua corte.

O reinado de D. João V, rei absoluto e a quem os portugueses deviam obediência, ficou conhecido pelo luxo, pela ostentação e riqueza, devido ao ouro do Brasil.

HISTÓRIA DA NAÇÃO PORTUGUESA:

PORTUGAL LIBERAL (Séc. XIX) E PORTUGAL REPUBLICANO (Séc. XX)

Portugal Liberal (Séc. XIX)

No início do século XIX, Napoleão Bonaparte era o imperador de França que estava em guerra com a Inglaterra. Como não conseguia vencê-la ao recurso de armas, Napoleão procurou derrotá-la através de uma crise económica. Por isso decretou o bloqueio continental, isto é, a proibição dos estados europeus manterem relações com a Inglaterra. Portugal, velho aliado dos ingleses recusou-se aderir ao bloqueio continental. Por conseguinte, o país foi invadido pelos exércitos de Napoleão.

O país sofreu três invasões. A primeira invasão foi em 1807 sob o comando do general Junot. Cerca de 30 mil soldados entraram pelo interior do país e dirigiram-se para a capital lisboeta. Aqui Junot ocupou o castelo de São Jorge, substituiu a bandeira portuguesa pela francesa e proclamou-se rei de Portugal. Entretanto, já a ajuda inglesa tinha chegado para reforçar o exército português na luta contra os invasores. Na verdade, nas batalhas de Roliça e Vimeiro, as tropas inglesas e portuguesas derrotaram os franceses.

Para salvar a independência de Portugal, a família real e a corte embarcaram para a colónia do Brasil, onde não seriam capturados pelos invasores. Contudo, a saída de Dona Maria I e o seu filho D. João VI não agradou aos portugueses. Portugal passou a ser uma colónia do Brasil e deixou de ser o

único país a fazer comércio com o Brasil. O país começou a ser governado pelos generais ingleses.

Em março de 1809, ocorreu a segunda invasão francesa. O exército francês entrou pelo norte com destino ao Porto, mas os soldados franceses foram novamente derrotados.

Todavia Napoleão não desistiu, pelo que em 1810 aconteceu a terceira invasão. O general André Masséna entrou pela Beira Alta e dirigiu-se para Lisboa. Na Serra do Buçaco, Masséna foi derrotado pelas tropas inglesas e portuguesas que também tinham construído uma fortificação, as linhas de Torres Vedras, que impediram o avanço dos invasores. Depois disso, acabou por retirar-se de Portugal.

As invasões francesas provocaram uma crise em Portugal, pois os franceses saquearam e destruíram templos, casas, palácios, campos e outros meios de produção. Esta situação, a par com a ausência da família real e a interferência dos ingleses na governação de Portugal descontentou os portugueses.

As más condições de vida dos portugueses pela destruição das invasões francesas, a ausência da família real e a presença dos militares ingleses na administração de Portugal provocaram uma vontade de mudança na população. Neste sentido, em 1818, no Porto foi criada uma sociedade secreta constituída por burgueses – o Sinédrio que pretendia implantar o liberalismo. No dia 24 de agosto de 1820, o Sinédrio iniciou uma revolução no Porto com o apoio dos militares portugueses, que acabou por proclamar o regime liberal na câmara municipal. A revolta do Porto espalhou-se rapidamente e triunfou em todo o país. Por conseguinte, foi eleita uma junta provisional do governo supremo do reino que governou o país até ao regresso da família real do Brasil. Os ingleses

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