DISTRIBUIÇÃO GRATUITA t PRODUZIDO PELOS ALUNOS DO 2.º ANO DO CURSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO DA FACULDADE DE FILOSOFIA DE BRAGA t N.º 6 / DEZEMBRO DE 2009 t DIRECTOR ALFREDO DINIS
S. Marcos intermitente t SOCIEDADE Falta de material básico para tratar os doentes, falta de médicos e de enfermeiros, cirurgias interrompidas a meio. As queixas ao funcionamento do Hospital de
S. Marcos, em Braga, cresceram com a chegada da nova administração, ligada à construção da futura unidade de saúde. Da nova administração do Hospital ninguém se mostrou disponível para
prestar declarações a este jornal. A Câmara Municipal de Braga, por seu lado, prefere olhar para o futuro e falar da nova unidade de Saúde, que é um dos maiores projectos previstos no âmbito das
parcerias público-privadas. Com cerca de 900 camas, espera-se que o novo hospital satisfaça as necessidades de toda uma região onde o número de potenciais utentes ultrapassa o milhão. O
Hospital foi acreditado em 2004 pelo Health Quality Service, galardão atribuído pelo “esforço comum” de todos os membros do hospital em cumprir os procedimentos para a nomeação. \\\ P. 4
t ENTREVISTA
“Se houvesse melhores jornalistas era mesmo bom” É o Gato Fedorento mais carismático. Ricardo Araújo Pereira esmiúça, em entrevista ao “Comunica*te”, o estado do humor e do país.
\\\ P.2 a 4
t REPORTAGEM
t DESPORTO
t CULTURA
t DESPORTO
t SOCIEDADE
Associação desenvolve projecto pioneiro em Portugal e abre desportos radicais a todos. \\\ P. 8-9
Oito anos depois do encerramento, o mítico circuito de Montanha é reaberto pela FIA. \\\ P. 11
Reestruturação da empresa à qual a filial pertencia resultou no encerramento da rádio de Braga. \\\ P. 13
Hugo Viana fala da seriedade e profissionalismo da equipa que é trabalhada e transportada para dentro do campo. \\\ P. 10
Banco Alimentar de Braga distribuiu mais de 251,5 toneladas de alimentos no seu primeiro ano de actividade. \\\ P. 6
30 invisuais desafiam a natureza
Competição regressa à Falperra
Último minuto da Rádio Clube Minho
Os segredos da liderança do S.C. Braga
Crise aumenta pedidos de bens essenciais
02 | COMUNICA*TE | DEZEMBRO 2009
Entrevista | Ricardo Araújo Pereira, humorista
“Eu tenho dificuldades em ver isto como uma profissão” o Gato Fedorento mais mediático desvenda, numa conversa descontraída e divertida com o comunica*te, alguns ‘sketches’ da sua vida e a indiferença pelo jornalismo
Anselmo ferreira, Filipa Torrado, Hélène Fernandes
Quando acorda de manhã e se olha ao espelho, pensa para si: sou mesmo um tipo cómico? Nem sequer tenho a certeza de me olhar ao espelho de manhã, acho que se nota na maneira como me apresento. Mas se a pergunta é se isso me ocorre frequentemente, não. Na verdade, não é uma coisa que me esteja sempre a ocorrer. Agora, é possível de manhã olhar para o espelho e rir-me. Por exemplo, se eu estiver todo nu posso achar alguma graça àquilo que estou a ver, porque é de facto ridículo. Neste momento nota mais a falta de bons humoristas ou de bons jornalistas? (Risos) Eu noto muitíssimo mais falta de jornalismo porque tenho com os jornalistas uma relação que é boa... Eles inventam para mim uma vida que é muito mais interessante do que a minha vida real. Há dias apareceu na capa de um jornal o título «As férias de luxo de Ricardo Araújo Pereira». Para os jornalistas tudo o que eu faço é de luxo. Se eu for à mercearia comprar um quilo de batatas, é um quilo de batatas de luxo que eu estou a comprar. Aparecia que eu tinha estado na Tailândia duas semanas. Ora, eu nunca estive a oriente de Istambul, isso exclui a Tailândia. Portanto, aquelas duas semanas nunca aconteceram. Tudo o que aparece na imprensa sobre mim 50% são mentira e os outros
50% são deprimentes, porque é a parte que corresponde à realidade e que não tem interesse nenhum.
PERFIL
Ricardo Artur Araújo Pereira
Nasceu em Lisboa, em 1974. Licenciado em Comunicação Social, foi argumentista das Produções Fictícias, co-autor em programas do Herman José, O Programa da Maria, Felizes para Sempre, As Crónicas de José Estebes, O Perfeito Anormal e Gato Fedorento. É colunista na Visão e participa no Governo Sombra da TSF. É co-autor do livro “O Futebol é isto mesmo (ou então é outra coisa completamente diferente)” e “d’O Disco do Benfiquista, naturalmente”. Compilou as suas crónicas da Visão em dois livros.
Protege muito a sua vida privada. Porquê? Primeiro, para proteger as pessoas que vivem comigo, que não têm nada que ser sujeitas a isto. Segundo, para proteger o público, porque a minha vida é tão desinteressante que quanto mais eu resguardar a minha vida privada, menos eles se aborrecem. E a culpa é dos jornalistas? Se houvesse melhores jornalistas era mesmo bom. Uma jornalista foi fazer a cobertura de um dia de gravações dos Gato Fedorento. Durante o dia fiz uma piada em que me referia a uma parte do meu corpo como “tintins”. Essa jornalista escreveu sobre o facto de eu ser um grande apreciador de banda desenhada, e do TinTin em particular. Aquilo são coisas que ficam nos arquivos dos jornais e os jornalistas vão lá ver para fazerem peças sobre isso e pensam «este gajo gosta muito do TinTin», então, em todo o lado, eu apareço como um grande apreciador do TinTin. E às vezes vou falar a escolas e os miúdos oferecem-me livros do TinTin «para a sua colecção! Já tem este?» e eu «por acaso não tenho, não tenho nenhum…». A minha vida é isto.
“Se há piadas sobre o Benfica fico meio desconfortável, não admito que se faça pouco do sagrado”
O que pensa sobre o sentido de humor português? Sinceramente, o sentido de humor dos portugueses é igual ao dos espanhóis ou dos franceses. Não sou racista do ponto de vista do sentido de humor. Há gente que fica muito indignada com qualquer coisa, há gente que tolera bem qualquer tipo de brincadeira. E depois há coisas que mexem com aquilo que as pessoas sentem como sagrado, e este sagrado é uma coisa ampla, não é apenas o religioso. Por exemplo, eu próprio, se há piadas sobre o Benfica fico meio desconfortável, não admito que se faça pouco do sagrado.
“em relação ao sentido de humor dos portugueses, estou satisfeito” Quando começámos a fazer o programa na SIC Radical o nosso plano era fazer uma coisa que nos agradasse. Temos a sorte de uma grande parte do povo português partilhar o mesmo sentido de humor que nós. Por isso, ninguém me vai ouvir a falar mal do sentido de humor português. Quais os limites que um humorista deveria respeitar? Sempre que se pergunta quais são os limites, estão a perguntar quais são os limites do escárnio. E essa pergunta é interessante, não digo que não seja interessante. O que eu digo é que os limites do humorista devem ser exactamente os mesmos que os limites de outra pessoa. Os limites do humor são os limites da liber-
o humorista explica que existem sempre temas mais delicados do que outros Fotografia de tânia Lima
DEZEMBRO 2009 | COMUNICA*TE | 03
dade de expressão. Tendo em conta duas ou três excepções, que são o exagero, o “pastiche”, por exemplo quando eu imito o discurso de alguém estou a fazer um “pastiche” desse discurso. Se eu estiver a falar a sério não posso dizer que os ciganos deviam ser todos mortos. Mas eu já disse na televisão, quando estava a fazer a personagem do gajo da Alfama, “os cigano é um pobo que é todo pa ir à bida”. E porque é que eu posso dizer isso num contexto humorístico e não posso dizê-lo fora se os limites são os mesmos? Porque quando eu estou a dizer naquele contexto, eu não estou a dizer que os ciganos deviam ser todos mortos, estou a dizer: as pessoas que dizem que os ciganos deviam ser todos mortos são este idiota que eu estou a representar. Nunca foi processado? Isto em tribunal é óptimo. Acabo de ser processado por Zézé Camarinha, só para terem uma noção do encanto que é a minha vida. Faço um programa na TSF com um tipo que está a ser processado pelo José Sócrates, pelo primeiro-ministro, e eu, que apareço lá, estou a ser processado pelo Zézé Camarinha. É uma coisa que me inferioriza imenso quando chego ao programa (risos).
“o riso pode não ser exactamente alegria mas é muito parecido” Que história é essa do Zézé Camarinha? Basicamente, o Zézé Camarinha processou-me porque eu fiz um texto sobre o livro dele onde digo que ele promove o culto da homossexualidade e digo que ele, tendo em conta as coisas que escreve e a maneira como escreve, não é ainda um Homo Sapiens Sapiens. Ele ficou ofendido com isso. E a juíza perguntou-me se eu achava que, de facto, ele não era um Homo Sapiens Sapiens e eu disse que a linguagem humorística compreende o exagero, ou seja, eu exagero dizendo que ele não é ainda um Homo Sapiens Sapiens para dizer que ele não é a pessoa mais inteligente do mundo. E disse à juíza isso mesmo, que acredito perfeitamente que ele possa ser um Homo Sapiens Sapiens. Não gostava de ter que ser eu a provar isso, mas acredito que ele possa ser e acredito que aquilo era apenas um exagero. Qual é, para si, o melhor humorista de sempre? Eu gosto muito do Woody Allen. O Woody Allen tem muitas facetas, a escrita e a própria interpretação. Acho que nos sketches é muito difícil ser melhor do que os Monty Pyton foram. Na escrita, é difícil ser melhor do que o Mark Twain. Gosto dos clássicos que toda a gente admira, como Chaplin. Agora estou a coordenar uma colecção de lite-
ratura humorística e tenho tido o trabalho de recolher alguns textos importantes do ponto de vista da literatura humorística e os primeiros dois são do Dickens e do Diderot, e são ambos clássicos difíceis de ultrapassar. São então referências para si? Sim. Acho que aquilo que faço foi influenciado de duas maneiras. Uma maneira foi por outros humoristas. O Seinfeld no stand up, o Woody Allen, os Monty Pyton, é óbvio que isso são referências. Outra coisa que me ajudou foi a minha avó, que foi decisiva na minha carreira. Sempre vi a minha avó com o sobrolho franzido. E para mim fazê-la rir era uma tarefa que eu levava muito a sério, porque o riso pode não ser exactamente alegria mas é muito parecido. Quando eu conseguia fazer rir a minha avó, o que acontecia era que ela nunca queria abandonar aquela postura de profunda circunspecção. Eu dizia um disparate qualquer que a fazia rir e ela dizia “pfftt!! ahaha!! Não tens graça nenhuma”. Fazer rir é uma arte difícil? Eu não sou nada místico, não tenho nenhuma perspectiva da minha profissão que a torne diferente das outras. O Woody Allen dizia muitas vezes: “fazer rir ou é fácil ou é impossível”. Essa frase significa que fazer rir ou é aparentemente fácil ou é impossível, porque não há nada de menos engraçado do que uma pessoa que se está a esforçar imenso para ter graça e há poucas coisas de mais engraçadas do que uma pessoa que está a falar a sério, que não se está a rir, e diz qualquer coisa que faz rir os outros. Daí a história de ou é fácil ou é impossível, mas isso é na aparência. É um trabalho sem esforço, portanto. Quando nós estamos a falar com outra pessoa mais facilmente a fazemos rir se aparentemente não nos estivermos a esforçar do que se estivermos a fazer um esforço óbvio para fazer os outros rir. Agora o trabalho que está por detrás disso é difícil. É tão difícil como qualquer outro. Tem uma dificuldade que é a questão da eficácia. Quando escrevo um texto cujo objectivo não é fazer os outros rir ele pode ser mais ou menos bem sucedido, mas não há uma medida para avaliar se ele é ou não bem sucedido. Num texto humorístico isto não acontece. Há uma medida muito clara para avaliar se ele é ou não bem sucedido que é se as pessoas riram muito, pouco ou nada. Essa questão da eficácia de um certo ponto de vista é fácil, porque depois temos ali uma medida, mas depois é difícil porque quando estou sozinho em casa com a caneta e com o papel não é exactamente automático eu saber “olha esta vai ser mesmo, as pessoas vão rir muitíssimo desta.”
KKKKKKK
04 | COMUNICA*TE | DEZEMBRO 2009 |
Entrevista | Ricardo Araújo Pereira anterior também era bom, o do Sant ana Lopes era o topo. Não sei como é que eles escolhem as pessoas para integrar o governo, mas é possível que o processo de selecção seja mais ou menos o mesmo que seria se estivessem a escolher profissionais da minha área, por isso qualquer governo é bom para nós. Que político estrangeiro gostaria de esmiuçar? Eu acho que escolhia Barack Obama, porque nós somos fisicamente muito parecidos, temos o mesmo sorriso franco e o mesmo ar de argelino subnutrido. Acho que teria sido engraçado. Curiosamente, ele não recusou o nosso convite mas também não o chegou a receber.
“Sou Ateu mas neste momento creio em Jesus”
“Os limites do humor são os da liberdade de expressão” Como foi a sua passagem pelo curso de Comunicação Social? Foi razoavelmente aborrecida. Eu não tinha muito interesse na vossa profissão. Não sei como é o vosso curso em Braga, mas na de Lisboa, quando entrei era o 1º ano daquele curso e o próprio currículo do curso estava ainda em formação. Ou seja, eles ainda não tinham percebido bem o que é que queriam fazer. Isso teve vantagens e inconvenientes. O inconveniente foi que para quem queria fazer mesmo jornalismo acho que foi mais ou menos um aborto. Por isso, não sei se aquilo era vantajoso para alguém. Agora, aquilo para mim era mais ou menos simpático, porque ao menos havia várias cadeiras de literatura e eu inscrevia-me nessas todas como se o curso fosse aquilo. Diverti-me na biblioteca porque era boa e tinha acesso às estantes. Com que frequência é abordado por pessoas? Com alguma frequência, mas não é nada de que me possa queixar, lá está. Nem é uma coisa que eu diga “Épa, é mesmo bom ser conhecido”, nem é uma coisa que eu diga “ahh...este drama da fama pá...”. Uma pessoa começa a habituar-se a isso e as pesso-
as também quando abordam é para dizer coisas simpáticas. Às vezes até vêm ter comigo para me agradecer, o que é uma coisa que me deixa comovido. Nunca foi abordado negativamente? Por acaso não. Já tive reacções negativas por causa de sketches mas não na rua. Na rua elogiam à traição, que é uma coisa nova. Quando as pessoas estão quase a dobrar a esquina gritam: “És o maior!”.
“Nós passamos de completamente desconhecidos a gajos que fazem campanhas publicitárias” Qual foi a série que mais saudades lhe deixou? A que menos nos deixou saudades foi esta última. Enquanto não me esquecer da chatice que aquilo me deu não tenho muito apreço por aquilo. Tenho saudades dos sketches que não falam da actualidade. São só coisas de que nos apetece falar. Como é que inventavam aquele tipo de sketches? Eram situações vividas ou imaginação? As duas. Alguns sketches são coisas que nos ocorrem, outros
são coisas em que há uma frase e a partir dessa frase nós fazemos os sketches. Mais do que uma maneira eles aparecem. Numa luta de humor entre os quatro Gato, qual acha que sairia vencedor? Esta história dos Gato Fedorento tem duas ou três coisas que a fazem funcionar. A primeira é o facto de termos sido todos amigos antes de isto tudo ter começado. Nós passamos de completamente desconhecidos a gajos que fazem campanhas publicitárias e o choque que está por detrás disso só se aguenta com algum estofo. A outra é o facto de cada um de nós ter a sua mais-valia quando o processo criativo está a decorrer. Se calhar empatávamos logisticamente. Como é que surgiu o programa “Gato Fedorento - Esmiúça os Sufrágios”? O programa foi uma proposta da televisão e não uma proposta que fizemos à televisão. Os responsáveis pela SIC Luís Marques e o Nuno Santos disseram-nos que uma vez que ia haver as duas eleições seguidas tínhamos a oportunidade de fazer uma espécie de Daily Show, ou seja, um programa diário sobre a actualidade e sobre as
eleições. Houve muitos dias em que chegamos a pensar “hoje não dá, não há nada para fazer”. O dia era bastante tenso e não se aguentaria se a nossa relação não fosse o que é. Mas foi muito divertido fazer aquilo. Teve uma repercussão muitíssimo maior do que nós algum dia esperaríamos, mas estou muito contente que tenha acabado.
“Os Governos em geral têm um talento muito grande para proporcionarem situações humorísticas” Como foi a experiência de esmiuçar os políticos portugueses? A experiência foi boa, foi surpreendentemente mais descontraída. O contacto com eles (políticos) nos bastidores chegou a ser divertido, à frente das câmaras foi tenso para os dois. Às vezes eles estavam mais nervosos do que eu. Se actualmente não estivesse este Governo à frente do país acha que seria mais difícil fazer humor? Por acaso, os governos em geral têm um talento muito grande para proporcionarem situações humorísticas. Reparem, o
Os seus programas têm tido um perfil cada vez mais sério. O seu objectivo é tornar-se num Ricardo não tão humorístico mas mais crítico? Não, antes pelo contrário. O nosso trabalho é fazer rir e não tenho nenhuma ambição desse tipo. Mas eu estou sempre a falar a sério. Aquilo que eu estou a dizer é exactamente aquilo que eu acho. Eu tenho a certeza de que se eu disser isso sem fazer as pessoas rir ninguém estaria interessado nas minhas opiniões. Acredita que Jesus vai “ressuscitar” o Benfica este ano? Sou ateu, mas neste momento creio em Jesus. É evidente que estou muito satisfeito, é muito chato chegarmos ao fim da época e dizermos que o Benfica ganhou os troféus todos.
“as pessoas quando abordam é para dizer coisas simpáticas” Já se sente realizado ou ainda tem algum tipo de ambição? Acho que vou tendo, a cada programa novo que vamos fazendo, cada projecto que pensamos é uma ambição nova. Isto nunca foi muito planeado, ou seja, isto não é exactamente uma carreira. Eu tenho muitas dificuldades em ver isto como uma profissão, embora o seja.
“Aquilo que eu estou a dizer é exactamente aquilo que eu acho” Quais são os seus planos para o futuro? Rigorosamente nenhuns. As nossas conversas agora são para o ano se nos apetecer fazer qualquer coisa e depois vamos ofere cê-la à SIC, se a SIC quiser, se a SIC não quiser falamos com outro canal, se for caso disso. Mas na televisão na verdade não temos nenhum plano. Nós não somos exactamente pessoas da televisão.
| DEZEMBRO 2009 | COMUNICA*TE | 05
Sociedade |Hospital de Braga
Utentes e funcionários revoltados com falta de meios do S. Marcos Fuga de médicos e enfermeiros e ruptura de stocks na base das queixas contra nova administração, que também irá assumir a unidade de saúde em construção Diana Sampaio, Nelson Moura, Rosa Barbosa
Falta de material básico para tratar os doentes, falta de médicos e de enfermeiros, cirurgias interrompidas a meio. As queixas ao funcionamento do Hospital de S. Marcos, em Braga, cresceram com a chegada da nova administração, ligada à construção da futura unidade de saúde. Ninguém está contente. Arnaldo Vieira, assistente operacional, trabalha na instituição há 33 anos e é um dos rostos do descontentamento. Segundo ele, a nova administração do Hospital São Marcos tem imposto cortes cegos a todos os níveis, que estão a dificultar o tratamento dos doentes. “Há funcionários que, devido aos cortes, são obrigados a desempenhar mais do que uma função em simultâneo”, como é o caso do serviço de enfermaria nocturno, onde antes quatro enfermeiros prestavam serviço a 34 doentes acamados e onde agora se encontram apenas dois. O assistente operacional afirma mesmo que houve cirurgias de oftalmologia interrompidas por falta de material, posteriormente pedido emprestado ao Hospital de Guimarães. A administração está “a utilizar os stocks que existiam, comprando apenas o básico, pelo que agora faltam todo o tipo de materiais”. O tempo de atendimento também foi “reduzido para dez minutos”, com o objectivo de haver mais consultas diariamente. E os funcionários só não denunciam abertamen-
Novo Hospital de Braga está a ser construído em Gualtar
te o que se passa com “medo de despedimento”. A entrega da gestão hospitalar do S. Marcos a consórcios privados insere-se numa parceria público-privada para a construção da nova unidade de saúde de Braga, com abertura prevista para 2011e que dará resposta às necessidades de cerca de um milhão de pessoas. Lino Mesquita Machado, que integrava a antiga administração, explica que se tem assistido à saída de muitos médicos especialistas e enfermeiros do Hospital de S. Marcos porque eles não se revêem nos novos métodos de gestão da equipa que agora gere o hospital. “Só na enfermagem saíram cerca de 50 enfermeiros
e cerca de metade dos médicos de ‘gastro’ foram para o Porto. Havia um médico que fazia à volta de 300 quilómetros para trabalhar em Braga com gosto e que mudou agora para o S. João”, no Porto. Diz o antigo administrador que o serviço de excelência de um Hospital que antes era visto como uma referência da região tem vindo a diminuir. “Os profissionais estão revoltados e magoados” e “as pessoas são tratadas como objectos”. Além de que, denuncia, “a prestação de cuidados aos doentes começou a faltar, instalando-se um clima de terror”. “Não havendo pessoal em número essencial para as ne-
FOTO: Rosa Barbosa
cessidades que o serviço tem, estamos a prejudicar os doentes”, desabafa Lino Mesquita Machado. Na Imprensa já surgiram, de resto, queixas de recusa de medicação da parte do Hospital de São Marcos a doentes com esclerose múltipla, que estarão a ser investigadas pela Entidade Reguladora da Saúde. Conceição Alves é familiar de uma utente e só não se queixa dos funcionários, que fazem “milagres”. Fora isso queixa-se de tudo. Da falta de roupa de cama, da falta de almofadas, da falta de tudo. “O Hospital de S. Marcos mudou para pior”, insiste, contando o caso da mãe, que estava a fazer quimioterapia e passou uma ma-
nhã inteira sentada numa cadeira porque “não havia lençóis lavados para lhe fazer a cama”. Conceição Alves critica ainda a comida e a falta de equipamento. “A comida é de fraca qualidade, não havendo cuidado com as dietas. Geralmente, a sopa quando é servida está fria e os doentes acamados chegam a ter de beber a água e comer a sopa pela mesma palhinha, pois não há mais para substituição.” A nova administração do Hospital não se mostrou disponível para esclarecer o “Comunica*te”. Já Alfredo Cardoso, chefe de Gabinete da Câmara Municipal de Braga, prefere olhar para o futuro e falar do novo hospital, que é um dos maiores projectos previstos no âmbito das parcerias público privadas. Com cerca de 900 camas, espera-se que o Hospital satisfaça as necessidades de toda uma região onde o número de potenciais utentes ultrapassa o milhão, diz. O novo hospital, já em construção, está implantado numa área de cerca de 100 mil metros quadrados de terreno totalmente cedido pelo edil bracarense, criará 1800 postos de trabalho e vai trazer para a cidade novas especialidades como radioterapia, reumatologia, medicina nuclear e um bloco operatório com 12 salas de cirurgia. Esta nova unidade hospitalar terá uma vertente de ensino graças ao protocolo assinado com a Universidade do Minho. O Hospital de S. Marcos foi acreditado em 2004 pelo Health Quality Service graças ao esforço comum de todos os membros do hospital em cumprir os procedimentos para a nomeação.
06 | COMUNICA*TE | DEZEMBRO 2009
Sociedade | Câmara quer reduzir reprodução de pombos
Os voluntários dedicam-se a uma causa social
DANELA FERNANDES
Pedidos de ajuda e comida quadruplicam num ano Organização já apoia 55 instituições e mais de quatro mil pessoas ângela Barbosa, Hugo Cunha, TÂNIA lima
Os pedidos de ajuda ao Banco Alimentar quadruplicaram num ano. Em Junho de 2008 eram apoiadas dez instituições, mas em Setembro deste ano recorreram à organização 55 instituições sociais, mais 45 que no ano passado. O número de pessoas apoiadas pelo organismo aumentou de 827, em Junho de 2008, para 4038 em Setembro passado. O aumento do desemprego e as dificuldades económicas estão entre as principais causas do aumento dos pedidos de auxílio das instituições sociais. A quantidade de alimentos distribuídos também sofreu um aumento significativo. Em Janeiro o Banco Alimentar repartiu 27,4 toneladas de alimentos, em Julho o número de alimentos distribuídos cresceu para 34,4 e em Setembro atingiu as 38,9 toneladas. “A população quanto mais sente a crise mais tenta ajudar”,
reconhece Isabel Varanda, responsável pelo Banco Alimentar Contra a Fome de Braga. Os produtos alimentares distribuídos provêm, na sua maioria, de duas recolhas anuais que a instituição promove nas superfícies comerciais e de donativos de empresas do ramo alimentar. Isabel Varanda explica que a ajuda centra-se essencialmente em alimentos com um maior prazo de validade devido à falta de sistemas de refrigeração nas instalações do Banco Alimentar. “Neste momento, não temos capacidade para fazer a distribuição de produtos refrigerados e congelados porque não temos os equipamentos necessários para armazenar este tipo de produtos”, diz Isabel Varanda, que espera no futuro ter novos meios para armazenar este tipo de produtos. O Banco Alimentar vive apenas do trabalho de voluntários que atinge o número de 2000 nas campanhas de recolha de alimentos. “O problema é para o resto do ano”, explica Isabel Varanda. Neste momento encontram-se
dados do banco alimentar
4308
pessoas beneficiaram, em Setembro, da ajuda do banco alimentar contra a fome
2000
voluntários participam na recolha de alimentos nas superficíes comerciais.
55
instituições foram apoiadas em Setembro de 2009 pela organização
cerca de dez voluntários no Banco Alimentar Contra a Fome, que trabalham diariamente para assegurar que a distribuição dos alimentos chega às instituições de solidariedade social e às famílias mais carenciadas. Conceição Belchior, reformada, de 63 anos, voluntária no Banco Alimentar desde Abril de 2008, faz parte de um grupo de voluntários que diariamente trabalham para o Banco Alimentar Contra a Fome. A antiga enfermeira, que prestava auxílio à comunidade cigana como voluntária da Cruz Vermelha, dedica agora o seu tempo livre como responsável pelo atendimento e distribuição dos produtos às instituições carenciadas. “Está combinado com as instituições os dias e a hora do mês em que vêm buscar os alimentos. Cada família tem uma ficha de identificação. Mensalmente as instituições têm de entregar ao Banco Alimentar uma guia actualizada com as necessidades alimentares de cada família”, explica Conceição Belchior.
A Câmara Municipal de Braga está a apelar aos habitantes para não alimentar os pombos. A intenção é reduzir a quantidade destas aves cuja reprodução tem crescido exponencialmente. Nos panfletos que têm sido distribuídos de forma massiva pelos espaços públicos da cidade, a Câmara explica que os pombos conspurcam a via pública e são portadores e transmissores de inúmeras doenças. As patologias vão de infecções pulmonares a inflamações no cérebro e são transmitidas facilmente através da inalação de poeiras contaminadas, transferência por parasitas, contacto directo com os excrementos e/ou alimento e água contaminados com fezes. A Vereadora do Ambiente e Saúde, Ilda Carneiro, lembra que, ‘’os pombos sobrevivem perfeitamente na vida selvagem, longe das cidades, sem serem alimentados pelos seres humanos. O alimento fornecido pela população, principalmente por crianças e idosos, é uma das maiores fontes de sustentação dos pombos nas cidades. O abandono desta prática é absolutamente necessário para o seu controlo’’. O milho já deixou de ser vendido nos santuários do Sameiro e do Bom Jesus, no entanto, segundo uma vendedora de flores da Rua dos Capelistas, ‘’agora só de manhã cedo é que as pessoas dão comida aos pombos. Depois têm medo que apareça a Polícia Municipal ou que alguém as acuse à Câmara’’. Alimentar os pombos é punível com uma coima que vai de 50 euros até ao máximo de uma vez o salário mínimo nacional.
DEZEMBRO 2009 | COMUNICA*TE | 07
Sociedade Reabertura do “Hard Club” passa para 2010 O Hard Club só vai abrir no Verão do próximo ano no Mercado Ferreira Borges e não em Março, como estava previsto. Esta alteração deve-se, segundo apurámos, aos testes de isolamento acústico das salas de espectáculos, pois ainda não estão preparadas para funcionar em simultâneo. O novo conceito do Hard Club unirá à música o cinema e a gastronomia. O edifício terá cafetaria, lugar de eventos com provas de vinho, loja de merchandising e duas salas de espectáculos, uma com lotação para mil pessoas e outra para 150 sentadas e 300 de pé. O antigo Hard Club, que esteve durante oito anos na marginal de Gaia, encerrou em 2006.
frases
Dominique Strauss-Khan Presidente FMI in Jornal de Negócios
“Os grandes aumentos previstos para o salário minimo em portugal são desajustados.”
JOANA MARTINS
A Cruz Vermelha Portuguesa irá desenvolver durante o mês de Dezembro, em Braga, junto das lojas comerciais Media Markt e Toys ‘R’ Us uma campanha de angariação de fundos. Esta parceria criada pela instituição tem como objectivo beneficiar as duas partes, já que dezenas de voluntários estarão envolvidas na acção, fazendo embrulhos de presentes de Natal. No
Media Markt todos os fundos irão reverter a favor da “Causa Sénior” e na Toys ‘R’ Us a favor do projecto da Juventude Cruz Vermelha “+ Atitude” que tem como objectivo a redução do consumo de conhecidas substâncias psico-activas como drogas e bebidas alcoólicas. Quem estiver interessado em fazer parte do grupo de voluntários, nesta e noutras acções, pode consultar o site http:// www.cvp-braga.com.pt e o blog jcvbraga.blogspot.com.
Maior presépio humano da Europa é em Braga Marcelo Rebelo de Sousa
Braga recebe in Público colóquio nacional “A ideia do de Psicologia A Universidade do Minho recebe, entre 4 e 6 de Fevereiro, o VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia. É um evento organizado por docentes e investigadores da UM, sob indicação da Associação Portuguesa de Psicologia. O colóquio dá uma vez mais a possibilidade de reunir psicólogos de todas as diferentes áreas de especialidades para a partilha de interesses e resultados de investigação em Psicologia. O principal objectivo é a divulgação de perspectivas e conhecimento cientifico com relevância para o desenvolvimento da Psicologia. Trata-se de um evento vocacionado para profissionais de Psicologia e estudantes.
Angariação de Fundos da Cruz Vermelha
suicídio lento, do PSD não é para ser levada à letra. É uma imagem.”
ANA LOPES
O maior presépio vivo da Europa é Português. Realiza-se em Braga, na freguesia de Priscos, entre Dezembro e Janeiro de 2010. Este ano o presépio traz novidades. A referência à cultura Egípcia, à Bíblia e a sabores e cheiros do tempo de Jesus e dos romanos são algumas das principais atracções. O presé-
pio conta com a participação de 600 voluntários para organização, figuração e construção de 80 cenários diferentes. Os detalhes são muitos e são precisas “muitas horas de pesquisa antropológica e histórica, conversas com biblistas e teólogos e navegação na internet”, explica o Padre João Torres, fundador do projecto. Em 2008 registaram-se cerca de 41 300 mil visitas, este ano esperam-se 80mil visitantes.
mais que mil pavavras
Natal bracarense iluminado
20 Milhões de Euros investidos no Porto A Circunvalação, as Antas, o Bairro do Comércio, Ramalde e o Bairro do Outeiro são alguns dos locais do Porto que têm vindo a ser restaurados pela Empresa Municipal Águas do Porto. Prevê-se a conclusão das obras para o final de 2010. O total de investimento atingirá,cerca de 20 milhões de euros distribuídos pela instalação de condutas, colectores e ramais de saneamento.
“Monster Truck Freestyle European Tour” O show “Monster Truck Freestyle European Tour” visita Guimarães no dia 20 de Dezembro. O espectáculo realizase no pavilhão Multiusos e pretende demonstrar algumas das acrobacias mais perigosas com carros, tais como; derrapagens, circular com o carro sustentado em apenas duas rodas e até estacionamentos impossíveis. O preço deste espectáculo vai variar entre os 20€ e os 30€.
Voluntários para projecto “Limpar Portugal” O projecto “Limpar Portugal” é um movimento cívico de pessoas que no dia 20 de Março de 2010, irão limpar as lixeiras ilegais em espaços florestais. A acção é feita em regime de voluntariado e as inscrições estão abertas no site: http://limparportugal.org Este movimento já conta com dezenas de milhar de inscritos e está aberto a parcerias com empresas e instituições..
Manequins vão namorar a Vila Verde Manequins nacionais de renome regressam em Fevereiro aos palcos de Vila Verde para integrar a iniciativa “Namorar Portugal”, que ocorre desde 2004. O evento realiza-se no dia de S. Valentim com o objectivo de ligar o elemento do património de Vila Verde, os Lenços dos Namorados, ao design e à moda. No final são eleitos os vencedores dos concurso nacional de criadores de moda. A primeira parceria foi com a TAP para ostentar uma réplica dos Lenços dos Namorados nos encostos de cabeça dos bancos de todos os seus aviões durante os voos do dia 14 de Fevereiro.
um minuto
XIX Feira do Fumeiro em Montalegre
As noites em Braga estão mais iluminadas. À semelhança do ano passado o tema que prevalece é o barroco. As ornamentações natalícias estão instaladas um pouco por toda a cidade minhota, particularmente nas ruas do centro histórico e abrangem uma área superior à do ano passado. O azul, o branco e o amarelo são as cores que predominam e fazem lembrar os azulejos e a talha dourada que recordam a arquitectura do século XVIII, presente nos edifícios mais emblemáticos de Braga como é o caso do Bom Jesus, o Convento do Pópulo ou o edifício-sede do Município. A autarquia bracarense tem um orçamento para as iluminações que ronda os 70 mil euros e Fernando Pinto foi o designer responsável pelas ornamentações. FOTO: CARLOS BASTOS
Montalegre vai acolher, de 21 a 24 de Janeiro, a 19ª Feira do Fumeiro e Presunto do Barroso, onde se esperam mais de 50 mil visitantes. Organizada pela Câmara Municipal e pela Associação dos Produtores de Fumeiro, a Feira, popularmente designada de ”S. João das Chouriças”, decorrerá no Pavilhão Multiusos, no centro da vila Barrosã.
08 | COMUNICA*TE | DEZEMBRO 2009
Reportagem | Modo de vida dos invisuais
A adrenalina de quem arrisca dar um salto no escuro Têm idades distintas, mas igual sede de viver. Fazem BTT, disparam tiros contra o monitor, constroem jangadas, rolam na Bola-Zorb e até voam no slide super-homem. Só não vêem
Carlos Bastos, Mónica Silva e Paulo Coelho
Entrando na cabana do tiro ao alvo estranha-se logo. O olhar desvia-se do falar, os ouvidos estão alerta, andam devagar e o tacto é a bússola que os orienta. Filomena Oliveira pega na arma de Paint-ball. O monitor ajuda-a a colocar-se na posição correcta. Ser invisual não a impede de acertar no alvo. Cândido Costa, estagiário da Associação de Apoio aos Deficientes Visuais do Distrito de Braga (AADVDB) é o alvo nesta actividade. Movimenta-se com um apito que serve de referência. Ouvem-se disparos contínuos, a adrenalina sente-se à flor da pele e é o reflexo de um sorriso aberto. É na Diver Lanhoso, na Póvoa de Lanhoso, que se encontram semanalmente há já cerca de dois meses cerca de 30 invisuais. Enquadram três grupos distribuídos por três dias diferentes. O projecto “Visão Radical” é só um dos processos de adaptação à sociedade onde as actividades como slide, BTT, tiro ao alvo são rotativas. Um projecto diferente e “pioneiro em Portugal”. Financiado pelo INR (Instituto Nacional da Reabilitação), foi desenvolvido com o objectivo de “proporcionar aos invisuais uma actividade diferente e uma experiência que eles não pensavam conseguir realizar”, diz-nos João Costa, 28 anos, técnico superior de motricidade humana e monitor da AADVDB. João foi um dos coordenadores deste projecto, juntamente
com Sandra Vieira, animadora sócio-cultural da associação. Devido a dificuldades financeiras que impossibilitavam a realização deste projecto, candidataram-se ao “Subprograma para todos”, desenvolvido pelo INR. O projecto “aumenta a auto-estima deles, a confiança e a realização pessoal”, explica João. As actividades são diversas e o entusiasmo cresce à medida que o grupo as vai realizando. Em Portugal existem 160 mil cegos e amblíopes. Dentro destes 3,9% são crianças com idades compreendidas entre os zero e os 14 anos. Em Braga o número conta com quatro dígitos: 1500. No distrito existem duas associações que apoiam os deficientes visuais. A Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal ( ACAPO) e a AADVDB. Estas associações são muitas vezes o epicentro da reintegração dos invisuais na sociedade. A ACAPO tem actividades vocacionadas para a educação e a formação profissional, enquanto que a AADVDB se direcciona para a informática e mobilidade. Muitos dos invisuais são membros das duas associações. O céu está limpo, o cenário é natural. Avizinham-se emoções fortes. Pôr mãos à obra e construir uma jangada. É esta a próxima tarefa a cumprir. São fornecidos apenas troncos de madeira, bóias e cordas. O tacto é fundamental nesta altura. O entusiasmo é grande à medida que a jangada ganha forma. Alguns instantes mais tarde… Voilá... Trabalho concluído. É hora de testar. Resultado final: “Perfeito. Foi muito gratificante ver que eles são bem melhores a fazer estas actividades do que
Números
1500 é o número de deficientes visuais e amblíopes do distrito de Braga
160mil é o número de deficientes visuais e amblíopes Em Portugal
314milhões é o número de deficientes visuais e amblíopes no Mundo
3,9% é a percentagem de crianças invisuais com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos em Portugal
nós”, afirma Cristina Ferreira, monitora da Diver Lanhoso, mostrando que os invisuais conseguem realizar todas as actividades e em alguns casos melhor, ainda, que os normovisuais. “Conseguiram-se colocar dentro do lago, dar uma volta e surpreendentemente ninguém caiu”, realçando que, por sua vez, “quando se colocam normovisuais a fazer isto, normalmente costumam cair todos ao lago, porque é muito difícil.” As explicações que antecedem as actividades requerem maior atenção. Têm que ser descritas pormenorizadamente. “Temos que criar empatia com eles e dar-lhes tudo para as mãos para que fiquem seguros da actividade que vão fazer e para que confiem em nós”, conta Cristina. Como não vêem, o medo pode tomar grandes proporções e a comunicação apazigua isso, tornando-se, assim, fulcral. Ao contrário de Cristina, que nunca teve nalgum projecto com pessoas invisuais, Vítor Ferreira já acompanhou um invisual. As actividades que mais o surpreenderam foram o Pêndulo e o BTT. “As minhas expectativas iniciais foram completamente superadas, essencialmente quando alguns elementos do grupo conseguiram andar sozinhos na bicicleta sem qualquer tipo de ajuda, porque eles não têm a mesma noção de equilíbrio que nós”. É na Bola-Zorb que mais se testa o equilíbrio. Inseridos numa bola insuflável, são empurrados pelos monitores. Artur Rocha está prestes a entrar na bola. “Nervoso? Não. Eu se fosse nervoso já teria pedido o divórcio há muito”, brinca.
O convívio e a boa disposição são uma constante durante es
na primeira PESSOA
“As pessoas que são invisuais que não se fechem em casa, que vão para as associações, para a vida activa, que saiam para a rua, que dêm alerta que estão vivos pelo menos” Manuel Pinheiro _
“O nosso governo e as nossas autoridades que fazem leis andam mais cegos que os cegos” _ “Deixem-nos crescer, deixem-nos viver e ajudem-nos quando virem que estamos com dificuldades” _
“Eu não vejo, mas sinto” António Lima
DEZEMBRO 2009 | COMUNICA*TE | 09
PING-PONG
Cristina Ferreira presidente da acapo
stas actividades
A bola começa a rodar, ouvem-se gargalhadas e a curiosidade sente-se por quem está de fora. Impossibilitados de assistir, limitam-se aos comentários de quem experimentou antes deles. Saído da bola, diznos que “é bom poder usufruir destas maravilhas”. Max entra no rol de piadas e, acabado de sair da bola gigante, ironiza: “Ai que as minhas tensões chegaram aos 22”. Para os amantes do futebol programou-se uma actividade curiosa: Matraquilhos Humanos. A bola normal foi substituída por uma bola sonora. Talvez por alguns membros deste grupo de invisuais já fazerem parte de uma equipa de GoalBall (desporto praticado por atletas cegos cujo objectivo é lançar uma bola sonora com as mãos para a baliza do adversário) “sentiram-se mais á vontade ao praticar a actividade”, comenta um dos monitores. O resultado do jogo é claro. A alegria contagiante vence qualquer tipo de competitividade. O slide super-homem foi das actividades preferidas e com grande adesão. Adriano Cadete é um dos invisuais a experimentar. Uma descida rápida, um momento único, uma frase simples: “I believe I can fly”.
Perfis
Exemplos de três casos de sucesso Domingos Silva(36 anos)
Carlos Lopes (41 anos)
José Pedro Leite(28 anos)
Presidente da AADVDB
Presidente da ACAPO
Professor
- Fundador e Presidente da AADVDB - Telefonista na Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso - Foi jornalista na Rádio Voz do Neiva e na 93.5 (antiga rádio Castelo), onde fazia o programa “Domingos aos Sábados” * Colabora actualmente no projecto Lanhoso Tv, canal online
“Os utentes são o mais importante da associação, não o presidente”
* Presidente da Acapo há 1 ano * Vice-Presidente do Comité Paralímpico de Portugal * Chefe da missão dos jogos Paralímpicos de Londres de 2012 * Foi atleta na modalidade de atletismo e conta com 5 medalhas a nível mundial, 4 de ouro e 1 de bronze. É o mais medalhado a nível nacional. * Psicólogo na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
“Quero alcançar uma sociedade em que a igualdade de oportunidades seja uma realidade.”
* Licenciado em Direito pela Universidade Católica do Porto * Professor do ensino secundário de Direito e Economia no Colégio da Esperança, no Porto * Escreveu dois livros: “Outros Litorais“ e “As mãos e o Lume“ * Recebeu o prémio literário Políbio Gomes dos Santos pelo seu trabalho enquanto poeta
“O essencial é invisível aos olhos” (Antoine de Saint-Exupéry)
Existe algum preconceito por parte das pessoas? Conhece algum caso mais flagrante que possa partilhar? Temos um caso de um aluno que esteve 20 minutos a procurar um caminho e os colegas a gozar com ele dando-lhe indicações erradas. Ele estava quase a chorar e não houve um único colega a ajudá-lo . E também a nível de emprego, sendo deficiente é colocado de lado. O que melhorou em Braga? O plano urbano irá melhorar. Já temos rampas, apesar de estarem mal feitas e sinais sonoros. Vamos ter pisos podotacteis. Acho que há mais sensibilização por parte da autarquia. Que diferenças encontra entre Portugal e Espanha a nível de apoio aos invisuais? É incomparável. Em Espanha existe uma associação chamada Once, que é a sexta maior e mais rica empresa de Espanha. Eles têm mil e uma áreas de intervenção e têm uma pensão de cegueira de 1500 euros. São um exemplo em tudo. Consegue fazer uma projecção daqui a dez anos? Daqui a 10 anos que já não haja nenhum invisual. Espero que a medicina já tenha descoberto a cura. Era o que eu desejava. A instituição terá que continuar, mas espero que cada vez mais trabalhe na estimulação sensorial, noutro tipo de formação profissional e que haja cada vez mais sensibilização para ver se a sociedade muda.
10 | COMUNICA*TE | DEZEMBRO 2009
Desporto | Sporting clube de Braga “adeptos devem sentir orgulho no clube”
modalidades
Basquetebol Distrital :Vêm aí os Play-offs Depois da fase regular do campeonato distrital de Braga onde o Vitória Sport Clube venceu todos os jogos sem ter somado uma única derrota para contar a história, seguem-se agora os play-offs para a atribuição do campeão distrital. Das quatro equipas apuradas vão-se defrontar Vitória- Basq.Barcelos e o Sp.Braga vai disputar a outra vaga para a final com o ATC de Famalicão. Os dois lugares para a final ficam decididos até 19 de Dezembro.
Thompson vence taça europeia James Thompson, ao volante do seu Honda Accord, provou estar em grande forma ao ganhar a Taça Europeia de carros de turismo no circuito Vasco Sameiro. O piloto inglês, que na corrida de abertura conseguiu alcançar a terceira posição, não começou da melhor forma a corrida seguinte ao deixar-se envolver na confusão que houve na primeira curva, perdendo assim alguns lugares, que foi recuperando até chegar a liderança da corrida.
Voleibol com novas regras em 2009/2010 A Federação Portuguesa de Voleibol adoptou este ano as novas regras da Federação Internacional nas competições nacionais, a seguir até 2012. Entre as mudanças estão os toques na rede - só são marcados os toques na tela e que interferem na jogada - e o Golden Set, que decide, entre equipas empatadas nos jogos a duas mãos, quem segue em frente. Outra novidade é a possibilidade de inscrever dois líberos no jogo.
Domingos e paciência são os segredos do Braga Hugo Viana diz que “braga pode ser visto como um grande” André Fontinha, ricardo barros
O “segredo” do bom início de época do Sporting Clube de Braga (SCB) “deve-se à seriedade e profissionalismo com que a equipa trabalha no dia-a-dia, transportando para dentro de campo o que treinamos durante a semana”, diz o médio-centro do clube, Hugo Viana. “E até agora temos feito isso com muito sucesso”, acrescenta. Olhando para os métodos de trabalho de Domingos Paciência, o jogador diz que “são focados os aspectos mais importantes do futebol: físico, táctico e técnico, naturalmente prevalecendo mais uns aspectos que outros consoante as necessidades. Onde o aspecto psicológico não deixa de ser tão ou mais importante que os outros aspectos referidos.” Os lugares cimeiros deixam o jogador orgulhoso porque demonstra que os treinos durante a semana são bem realizados. Perante os clubes que representou, entre eles o Sporting,
Newcastle, Valência e o Osasuna, o jogador sublinha que o SCB não fica atrás em nenhum dos aspectos a nível táctico como moral. “Os adeptos devem sentir-se orgulhosos do clube que apoiam”, diz. Um dos principais motivos da escolha para representar o clube arsenalista foi, como revela o jogador, “a proposta e o projecto que o clube neste momento apresenta, tendo assim, uma estrutura forte e com valor. O jogador prossegue as declarações dizendo que “o SCB pode ser visto como um clube grande, não por estar na liderança, mas por ter as condições e estruturas necessárias de uma grande equipa.” Sobre a sua forma física, pelo facto de ter chegado mais tarde ao plantel Viana sentiu que não estava ao seu melhor nível, contudo, o bom futebol que a equipa apresentava ajudou-o a melhorar. “Nos primeiros dois jogos ainda não estava bem para aguentar a bom nível os 90 minutos. Mas o bom futebol que vem apresentando a equi-
Números do sucesso
20.000
número de sócios do sporting clube de braga no ano 2009 posição nas últimas cinco épocas (após primeiras onze jornadas) 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 04/05
05/06
06/07
07/08
08/09
pa, de uma certa forma, também me ajudou a melhorar a minha condição física”. Quanto à possibilidade de vir a representar novamente a selecção nacional no mundial de 2010 na África do Sul, Viana confessa que sempre sentiu felicidade e orgulho em vestir a camisola do seu país e se houver a oportunidade de voltar a fazêlo ficará muito contente, senão não existe outro pensamento a não ser o de trabalhar. Hugo Viana promete ser um profissional, dignificando ao máximo a camisola que veste. O maestro esquerdino Hugo Viana é um jogador inteligente, com uma grande capacidade de organização e visão de jogo. Com o seu pé esquerdo os seus passes precisos que abrem espaços nas defesas contrárias colocam os avançados na cara do golo. Com e sem bola é uma espécie de maestro do meio-campo, marca o ritmo de jogo e tira partido dos lances de bola parada.
DEZEMBRO 2009 | COMUNICA*TE | 11
Desporto |
Rampa da Falperra reabre para acolher mais uma prova internacional Cristiano Pinheiro, Marcos Tomada
A Rampa da Falperra está de volta. Os 5100m deste circuito vão permitir aos aficionados pelo desporto motorizado voltar a admirar a perícia dos melhores pilotos a contornar as mais difíceis curvas de montanha. Numa altura em que era vista como a prova “rainha” do automobilismo em Portugal, a Rampa da Falperra era também conhecida pelas práticas “marginais” feitas pelos aceleras, uma especie de “street-racing”. Passados oito anos do seu encerramento, que ficou a dever-se à falta de garantia da habitual transmissão televisiva directa, o que levava a perda de patrocinadores, a Rampa da Falperra foi nomeada pela FIA (Federação Internacional do Automóvel) para receber um evento internacional. Segundo a direcção do CAM (Clube Automóvel do Minho), esta prova “será pontuável para a taça FIA da Montanha, Challenge FIA da Montanha, e candidata no ano seguinte ao campeonato FIA de Montanha Históricos”.
ADRIANA ALMEIDA
Pedro Lobão aluno da facfil
O zero Católico no desporto Académico
Campeonato de Montanha volta em 2010
A nível nacional vai ser pontuável para o campeonato de Portugal de Montanha, desafio FEUP 1 e FEUP 2 e troféu Westfield. A prova já esta inscrita no calendário da FIA e vai realizar-se no dia 1 e 2 de Maio. Nestes oito anos em que a Rampa da Falperra esteve encerrada, muitos circuitos automobilísticos nasceram. E também nestes oito anos muitos outros morreram. No entanto, o CAM acredita que a afluência de público vai ser grande como outrora, quando chegava a atingir os 120 mil espectadores. “Ao longo destes anos de interregno, foram diversos os pedidos de
regresso desta mítica prova, que juntava em todo percurso da Rampa da Falperra, não só aficionados deste desporto, mas também famílias inteiras. Sentimos que este regresso é esperado por todos”, explica a direcção do CAM. Em termos turísticos, os membros da organização têm a certeza de que a reabertura deste mítico circuito vai ter um enorme impacto na cidade, tanto na restauração como na hotelaria. “Estamos certos de obter uma grande afluência de público, não só local como também nacional, o que provocará um enorme incremento na hotelaria e restauração da cidade, em ambos os dias da prova”.
Corações portugueses palpitam na África do Sul Pedro Silva, Isolina Gomes
No sorteio da fase final de grupos do Mundial de futebol de 2010, Portugal ficou colocado no grupo G juntamente com as selecções da Costa do Marfim, da Coreia do Norte e do pentacampeão Brasil. A campanha da turma lusa em território Africano, onde certamente não faltará o apoio dos adeptos, tem início no dia 15 de Junho frente à selecção da Costa do Marfim. Seguem-se os confrontos com a Coreia e Brasil. No papel, o Brasil e Portugal são os favoritos para a conquista da
opinião
classificação, mas na história do futebol temos visto que os chamados pequenos têm derrotado os grandes. A comunidade portuguesa na
África do Sul também estará com os olhos postos nos televisores, a suspirar com a presença da equipa das quinas no país , que irá organizar o Mundial. Equipa das Quinas viaja à África do Sul contra as expectativas dos incrédulos e a natural inveja de quem não acreditou no grupo que se formou na era pós - Scolari. Obra de um grupo de jogadores aplicados e de um seleccionador que sempre insistiu que as maratonas acabam na meta. Foi com grande alívio que a comunidade portuguesa na Africa do Sul viu a selecção das quinas carimbar o passaporte para o Mundial.
Carros eléctricos admirados em salões automóveis
Olhando para o programa de desporto e cultura da Universidade do Minho (UM) e falando com alguns alunos e seus professores,verifico um tremendo apoio aos estudantes e um incentivo à actividade desportiva, o que vem trazendo os seus frutos. Só no último ano, no conjunto de todas as modalidades, conseguiram o impressionante número de 49 medalhas, sendo 15 de ouro. Apenas a Universidade do Porto ultrapassou a minhota. Não seria justo avaliar a realidade da UM com a Universidade Católica de Braga. No entanto, pequenos não é sinónimo de fracos. O nosso estabelecimento de ensino não possui um quarto dos alunos e das infraestruturas que a UM tem, mas isso não impede que sejamos activos na vida desportiva. A falta de apoio da direcção da faculdade ao desporto existe, mas não é menos verdade que afirma estar disposta a investir na reestruturação do recinto desportivo caso os alunos mostrem vontade de praticar desporto. Posto isto, vemos estar reunidas as condições necessárias para que o desporto renasça na faculdade. Isto se o mais importante aparecer: o interesse dos alunos. Não falo em rivalizar com a UM, pois, como disse, são realidades incomparáveis. Contudo, temos qualidade e com querer, vontade e determinação, podemos revitalizar o desporto académico na Universidade Católica e, quem sabe, ter uma palavra a dizer e sonhar em fazer história nos Campeonatos Nacionais. Universitários. _ PS: Já agora, vai uma peladinha?
O mais prestigiado salão automóvel do mundo, o salão de Frankfurt, recebeu este ano as novidades das marcas mais prestigiadas a nível mundial. No que toca aos eléctricos a BMW apresentou o Vision Efficient Dynamics. Este protótipo tem motor 1.5 TD de três cilindros e propulsor eléctrico com autonomia para 50 Km. O modelo gera até 356 cv. De acordo com a BMW, o Vision emite 99 gramas de CO2 por km. A Peugeot, por sua vez, lançou o ION, um carro eléctrico que pode atingir os 130 km/h. Segundo a construtora a bateria precisa de estar seis horas ligada a electricidade. A Toyota apresentou o modelo Prius, um carro cuja bateria é carregada por tomadas eléctricas. Naturalmente os luxuosos desportivos estiveram em destaque. A Porsche apresentou para próximo ano os modelos do 911 Turbo e GT3 RS e a Mercedes apresentou em primeira-mão o Classe E Station e o SLS AMG, modelo que recupera o conceito de portas «asas de gaivota». Também a Audi brilhou ao anunciar o rival do Mini, o A1, e desvendou ainda o A5 Sportback, o A7 e dois R8, a versão Spider, e o protótipo da versão eléctrica do desportivo alemão. Já a Ferrari apresentou o Ferrari 458 Itália. O carro vem equipado com motor 4.5l V8 de 570 cv e uma caixa de sete velocidades atingindo velocidades superiores aos 300 km/h. O ponto alto da exposição foi a apresentação do Rolls Royce Ghost. Este bólide tem, entre as comodidades, cadeiras individuais com área de massagem, aquecimento e refrigeração. Até uma caixa térmica com taças de champanhe acompanham o carro.
12 | COMUNICA*TE | DEZEMBRO 2009
CULTO |
Grupo amador não faz teatro sempre, mas para sempre
PERFIL
José Miguel Braga
FOTO: Joana Fidalgo
José Miguel Braga Figueiredo de Sousa, natural de Braga, alimentou desde cedo um sonho que partilhava com os jovens da sua idade - ir para Coimbra e formar-se em Direito. Hoje, aos 52 anos, define-se como um homem realizado porque faz aquilo que gosta: ensinar. Frequentou a licenciatura de Português-Francês na Universidade do Minho, entidade na qual lecciona a disciplina de Técnicas de Expressão de Português. O facto de ter vivido nove anos em França e estudado teatro, permitiu-lhe evoluir. Em 1996, regressa a Portugal e decide desde logo que vai trabalhar com jovens actores preparando-os para representar. Mas nem só de teatro e ensino é preenchida a sua vida. É também um prestigiado escritor. Apesar do seu primeiro livro ter sido lançado em 1987 considera que só em 2008 começou a escrever realmente. Com seis livros já publicados tenciona lançar o próximo em 2010, intitulado “Tudo Boa Gente”.
mente com um espírito livre de juventude espiritual, sabedoria e experiência”. Este grupo amador dá preferência à comédia pois, “podemo-nos desligar de coisas chatas e dar asas à nossa imaginação”, mas não excluem nunca a hipótese de evoluir. Os ensaios são vividos com grande entusiasmo e dedicação, e isso percebe-se nos bastidores antes
da apresentação de qualquer peça. Os cenários são sempre pensados em segundo plano, pois os actores acreditam que o mais importante é o trabalho que querem apresentar. A maioria destes cenários são improvisados e feitos com uma grande simplicidade, pois o que leva as pessoas ao teatro é o trabalho em si.
PIF’H regressa aos palcos com peça “Guignol” Elisete Duarte, Joana Fidalgo, Joana Martins
São dez, entre os 19 e os 62 anos, e fazem teatro onde lhes apetece e quando lhes apetece. Todos juntos chamam-se PIF’H (Produções Ilimitadas Fora d’Horas) e surgiram com a necessidade de juntar amigos que tinham em comum o gosto pelo teatro. Este mês arrancam com “Guignol”, de Jacques Prévert, numa encenação de Helena Carneiro. Este grupo amador desprovido de meios, criado há dez anos, conta com Camilo Silva, José Miguel Braga, Pedro Quintas, Joana Amaral, Rúben Silva, José Gonçalves e Ângela Gonçalves, como actores. Na
sonoplastia João Pedro Santos e Miguel Almeida. José Gonçalves na luz e Helena Carneiro na encenação. Apesar desta vontade incessante de criar um grupo, a verdade é que a vida nem sempre proporciona a oportunidade de continuar o que se começa. “Parte dos fundadores continua presente nos ensaios, espectáculos e reuniões, outros mudaram de vida”, como refere o encenador. Sendo um grupo que não aposta na rotina, os ensaios têm lugar na Escola Secundária Alberto Sampaio, na Casa dos Crivos, no Galécia ou no Insólito. Os espectáculos são dirigidos para todo o tipo de públicos e José Miguel Braga menciona, “a diversidade de culturas e gerações é o mundo”. A última peça
José M. Braga é uma figura incontestável do Teatro em Braga
“Que Seca!”, encenada por Helena Carneiro, com texto de Pedro Quintas, “era um conjunto de diálogos, que tratavam assuntos do dia-a-dia dos cidadãos”. Um dos requisitos necessários para integrar este grupo é ter o espírito de integração, pois as idades variam. Helena Carneiro afirma que, “essa diferença de idades permite conviver harmoniosa-
Ética, Cultura e Filosofia Prática na Faculdade de Filosofia Filipa ramos, marta cabral
A Aula Magna da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga recebe dia 12 de Dezembro um Colóquio sobre Ética e Filosofia Prática. É o primeiro Colóquio nacional realizado pela Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática (APEFP). “Este colóquio poderá contribuir de forma a tornar a sociedade mais conhecedora da utilidade da ética e da filosofia prática, quer para a formação cívica do ser humano, quer para
a sua formação cultural”, afirma Eugénio Oliveira, presidente da associação. Será celebrado no decorrer deste colóquio um protocolo de implementação de estágios entre a APEFP e a Faculdade de Filosofia de Braga para os alunos do curso de Estudos Artísticos e Culturais. Segundo adianta Carlos Morais, docente da faculdade e um dos responsáveis pela criação de protocolos entre a licenciatura em Estudos Artísticos e Culturais e a APEFP, está em estudo a celebração de um protocolo mais alargado e extensível a
A Aula Magna está pronta para receber o Colóquio
FOTO: Carlos Bastos
outras áreas de trabalho. O congresso terá inicio às 10.00h com um conjunto de palestras sobre ética, política, cultura, ideologia e filosofia para as crianças. Ao 12.15h toma lugar a conferência plenária “Pensar além das racionalidades críticas”. A partir das 15h a filosofia e as suas vertentes assumem o tema principal. As inscrições para o Colóquio poderão ser efectuadas através do e-mail apefp@iol.pt. Mais informações sobre o Colóquio estão acessíveis no site www.apefp.blogsport.com .
DEZEMBRO 2009 | COMUNICA*TE | 13
CULTO |
Rádio Clube Minho fecha portas em Braga Daniela Fernandes, elisete duarte
Uma casa diferente de todas as outras isolada no alto de uma colina de Fafe
FOTO: Ana Pinheiro
Uma história guardada entre quatro rochedos serviu de palco a uma longa-metragem e guarda as histórias da família que a construiu Ana pinheiro, Liliana andrade
A aldeia de Pereira, em Fafe, é hoje um lugar admirado pela existência de uma casa invulgar construída entre quatro rochedos, em 1973. São muitos os que a procuram mas poucos conhecem a sua história. Leonel Rodrigues e a esposa foram os primeiros a decifrar o potencial do terreno onde a casa foi construída. Foi no Verão de 1973, depois de uma tarde passada em família, que o casal teve pela primeira vez a ideia de comprar o terreno e aproveitar os rochedos já existentes para a construção da casa. Optaram por torná-la num refúgio particular “para fugir ao reboliço da cidade”, como nos
conta um dos seus três filhos e actual proprietário, Vítor Rodrigues. Trata-se de uma casa constantemente procurada que já serviu de inspiração a Sérgio Castro, aluno de cinema, que filmou uma longa-metragem intitulada “A Lua”, tendo como plano principal a casa. Desperta a curiosidade dos que dela ouvem falar, serve de inspiração a mentes empreendedoras. “A história daquela casa é muito mais rica que isso” afirmou Vítor Rodrigues enquanto nos dizia tudo o que a casa representa. Natais, Páscoas e fins-de-semana foram passados naquele local remoto com tão invulgar acabamento que, de certa forma, guarda grande parte da história da família Rodrigues. A casa dos quatro Rochedos já
foi considerada um refúgio de um grupo de contra revolucionários, em pleno ano da Revolução do 25 de Abril, por se encontrar completamente isolada e ter sido vista pelos pastores daquela região com uma invulgar movimentação no seu exterior. A casa foi assaltada e sofreu uma série de mudanças ao longo dos anos para prevalecer tal e qual é, mas, nada retira a esta casa todas as histórias que nela tiveram lugar ao longo dos anos. Vítor lamenta o facto de já não poder usufruir do local como antigamente. A verdade é que a casa deixou de ser segura devido aos vários actos de vandalismo aos quais tem sido sujeita. A casa, que começou por ser um refúgio à vida na cidade, deixou de o ser devido à enorme procura que tem hoje em dia.
Passa das nove da manhã do dia 27 de Novembro. É o último dia de funcionamento da Rádio Clube Minho, em Braga. Um dos funcionários abrenos a porta. Os restantes membros da equipa cumprimentam-nos. O ambiente está pesado. O turbilhão de emoções sentido pelos trabalhadores é notório: há frustração, há desânimo, há tristeza. Foi feito um negócio com a Rádio Renascença onde foi combinado que a frequência da Rádio Clube Minho, 92.9, passaria a ser utilizada pela Mega FM – canal da Rádio Renascença. Essa retransmissão é feita de um modo que não necessita de qualquer meio humano ou físico. Chega a Braga, via satélite, ao emissor de Santa Marta das Cortiças e entra imediatamente neste emissor. A crise económica afecta todos os sectores e a reestruturação da empresa à qual a RCM pertence resultou no encerramento desta filial. Os quatro futuros recém - desempregados sentam-se e conversam. Lembram ‘’os bons velhos tempos’’. O local, que dantes estava repleto de computadores, gravadores e todo o tipo de material electrónico, é, agora, um espaço físico sem alma. Um espaço onde as nossas vozes ecoam. Um espaço vazio. Levaram o material de gravação. Restaram mesas, cadeiras e pouco mais. É hora de almoço. Não há
apetite mas é cumprido o horário. Afinal, hoje, ainda é dia de trabalho. O ambiente está mais pesado. Não há espaço para lágrimas. Há um quadro branco ao fundo. Nele eram escritos os destaques do dia. Hoje, pode ler-se: ‘’Desejo-vos as maiores felicidades, amigos’’. Três profissionais de Comunicação Social e uma Secretária enfrentarão, de hoje em diante, uma nova realidade comum a muitos portugueses: o desemprego. Ouvimos comentar: ’’Mas o que vou fazer amanhã?’’. São 19h30. Está quase na hora do adeus. ‘’Talvez seja altura de mudar de vida, como disse António Variações há muitos anos’’. Está mesmo quase. Faltam escassos minutos. São 20 horas. A Rádio calouse para sempre.
ADELINO COSTA jornalista da rádio clube Minho
“Talvez seja altura
de mudar de vida, como disse António Variações há muitos anos.”
61320
DIas. FOI ESTE O TEMPO QUE A RÁDIO CLUBE MINHO ESTEVE ABERTA EM BRAGA.
Talvez tenha chegado o momento de pousar os headphones
FOTO: Lisa Duarte
14 | COMUNICA*TE | DEZEMBRO 2009
CULTO | Cultura, sugestões, roteiro de lazer
‘‘Na moda ainda não foi tudo inventado’’
opinião
Daniela Fernandes
Com atelier em braga, a estilista elsa barreto estende o seu trabalho a todo o país. quem corre por gosto não cansa dANIELA FERNANDES, MARTA CABRAL
Elsa Barreto nasceu em Braga a oito de Outubro de 1966. Ama a moda desde que se conhece e aos 14 anos decidiu que queria ser estilista. Formou-se em Design de Moda na Academia de Moda do Porto e aos 21 anos iniciou a sua carreira. Hoje, 22 anos mais tarde, é uma criadora de renome a nível nacional graças ao seu talento e ao seu esforço. Na vida tem duas grandes prioridades: trabalho e família. Não é, portanto, de admirar que com tanto empenhamento e dedicação tenha sido eleita ‘’Personalidade Feminina do Ano’’ na área da moda, em 2007, deixando para trás nomes conceituados como o da manequim internacional Alice. Sobre esse momento, Elsa afirma ter sentido uma felicidade muito grande. ‘‘Não pode haver melhor do que receber um prémio desses. Não há nada como vermos o nosso trabalho reconhecido’’, confessou a estilista. As luzes da ribalta são cada vez mais um habitué na vida da criadora. Na última gala dos Globos de Ouro da SIC, a apresentadora de televisão Vanessa Oliveira foi considerada a melhor vestida usando uma criação Elsa Barreto. E já não é a primeira vez que
Seja feita a vénia ao Rei
Elsa Barreto no seu atelier, em Braga
tal acontece. Elsa considera esta gala “uma excelente montra’’ e não descuida qualquer detalhe. Iva Domingues, também de Braga, é outra das dezenas de personalidades mediáticas portuguesas que Elsa veste. E foi, precisamente, Iva que popularizou aquela que é considerada a imagem de marca de Elsa: os corpetes. Durante semanas, Iva
FOTO:Rafael Andrade
vestiu, todos os domingos, um corpete Elsa Barreto num programa de televisão. Ainda hoje as pessoas fazem essa associação, não sendo possível dissociar Elsa dessa tão característica peça. Elsa Barreto é ainda uma defensora acérrima dos direitos dos animais. A convite de um amigo fez, em 2009, um desfile
Felipe Oliveira Baptista conquista o Portugal Fashion Marta cabral, rafael andrade
O criador português residente em Paris Felipe Oliveira Baptista, apresentou a sua colecção Primavera/Verão 2010 na 25ª edição do Portugal Fashion, no Edíficio da Alfândega, na cidade do Porto. A nova colecção é baseada em formas orgânicas onde o preto, o vermelho, o laranja, o bege e o rosa são as cores que imperam. O cabedal, a seda e o algodão foram os materiais de eleição do
designer de moda madeirense. A sua colecção reflecte alguns traços mais masculinos que se entrecruzam com linhas femininas presentes, sobretudo, no corte das peças e nos adereços estilizados. Os vestidos curtos com cintos muito finos a marcar a cintura são predominantes. Salvo raras excepções em que os conjuntos se combinaram com botas de cano alto acima do joelho, usaram-se botins em todos os figurinos. De chapéus estilo cavaleiro a
Flor no desfile de F.O.B.
no Teatro S. Luíz onde retratou a interacção entre modelos e animais abandonados. Citando a estilista: “Se apoiar causas nobres está ao nosso alcance... Porque não?” Fã assumida de vestidos curtos, Elsa defende que “na moda ainda não foi tudo inventado. Há sempre coisas novas e diferentes’’.
plumas volumosas, passando por colares e pulseiras de múltiplas voltas que se uniam aos próprios vestidos, a colecção de Felipe Oliveira Baptista tem influências punk/rock. No que toca às bolsas, o estilista prefere carteiras pequenas estilo vintage e pochettes. O criador, que estudou Design de Moda em Londres, estagiou na Max Mara e foi co-vencedor do conceituado prémio de moda ‘’Grand Prix’’ no ‘’Festival International De Hyéres’’, é convidado a participar nas edições da Alta Costura da Paris Fashion Week desde 2005, conquistando, assim, o público e a crítica que o acompanham desde o início da sua carreira.
Fãs ou não, é certo que todos conhecemos Michael Jackson – o Rei da Pop. E mesmo depois da sua morte, ele continua a dar que falar. “This is it’’ é o documentário de Kenny Ortega, realizador de “High School Musical’’, que acompanha os últimos dias da vida de Michael. Dias esses onde ensaiou para aqueles que seriam os seus últimos concertos. Uma paragem cardíaca foi fatal e os 50 shows que teriam lugar em Londres, na O2 Arena, não chegaram a acontecer. A oportunidade de voltar a ver o astro surgiu nos cinemas. Com estreia mundial a 28 de Outubro, o filme esteve em exibição durante duas semanas. Com o rolar da fita desenrola-se o perfeccionismo de Jackson. A longa-metragem, que arrecadou 20 milhões de dólares em todo o mundo no dia de estreia, começa com “Wanna Be Startin’ Somethin’’ e acaba com “Heal The World’’. Michael enche o ecrã. Inicialmente, a sua extrema magreza pode causar espécie mas, rapidamente, dançando e cantando como só ele, a sua figura ganha uma imponência tal que ultrapassa em larga escala o seu aspecto frágil e franzino. “Queremos dar-lhes (aos fãs) talento como nunca viram antes’’. Foi conseguido. Venceu o domínio da técnica, o talento inato, o amor: pela música e pelos outros. E se assim é o documentário, como seriam os derradeiros espectáculos? Fanatismo à parte, esta é uma peça imperdível. Não estou indiferente aos interesses económicos que pairam à volta de toda esta estratégia de marketing e a este execrável aproveitamento da sua imagem. Contudo, quando penso em “This Is It” penso no brilhantismo de Michael Joseph Jackson como pessoa e artista. Sem quaisquer interesses. Ou como diria o próprio: “Heal the world, make it a better place, for you and for me and the entire human race”.
DEZEMBRO 2009 | COMUNICA*TE | 15
CULTO | Cultura, sugestões, roteiro de lazer roteiro / agenda
Theatro circo bRAGA AGENDA Um capucho, dois lobos e um porco vezes três DOM 20 DEZ 16,00h Cançonetas vividas e criadas quase como se de um devaneio onírico se tratasse, apresentadas tanto em filme como ao vivo, em palco e sempre com uma pontinha de Rock&Roll reinventado, de Pop alterado, de fervor musical misturado. Fazendo as histórias vibrar desbragadas, com humor e com malícia, apresenta-se um espectáculo infantil alegremente transdisciplinar em que 3 intérpretes se desdobram e se transformam, em que encarnam e povoam palavras versejantes, músicas dançantes e imagens em movimento delirantes.
livros
tes e ex-estudantes de várias academias, que encontram neste festival um pretexto para rever caras amigas e um bom momento para o intercâmbio cultural depois de mais um ano de actividade. O tema de 2009 é o Cabaret, prometendo trazer muita cor e uma forte componente cénica às actuações dos participantes. MONSTRO MAU | Ciclo Sala de Ensaio SEX 18 DEZ 22,00h O “Lixo” surge como hino à imperfeição, ao defeito como feitio e, sobretudo, como apelo à reutilização de pessoas, de valores, de objectos. É uma contestação à sociedade de consumidor (leia-se consumo e dor) que rejeita e encaminha para o “Lixo” todos os defeituosos (objectos ou seres vivos), ainda que muita utilidade reste neles.
cinema Braga
Título original: Coco Channel et Igor Stravinsky Realização: Jan Kounen País: França Duração: 120 min Estreia: 3 de Dezembro O filme passa-se em Paris e conta a história de Igor Stravinsky, um músico que quer redefinir o gosto musical e Coco Chanel que quer democratizar a moda feminina. 14h30 Avatar
Acção/Aventura M12 Título original: Avatar Realização: James Cameron País: Estados Unidos Duração: 189 min Estreia: 17 de Dezembro
2010 BILLY TALENT COliseu de lisboa, 22 de janeiro Bilhetes a 25 euros Arctic Monkeys Coliseu do Porto, 2 de Fevereiro Campo Pequeno, Lisboa, 3 de Fevereiro Bilhetes entre 24 e 35 euros
La Roux Lux, Lisboa, 13 de Março Bilhetes a 25 euros Mika Campo Pequeno, Lisboa, 16 de Abril Bilhetes entre 30 euros e 35 euros.
Próximos Concertos: Editors Campo Pequeno, Lisboa, 10 de Dezembro
Mark Knopfler Lisboa, sala a confirmar, 27 de Julho
A “Garrafinha” que se destaca no lote de Braga João dias, Adriana Almeida
A decoração anunciava o pior. Contudo, descobrimos o melhor. Boa comida e óptimo vinho. Numa zona periférica da cidade de Braga, encontramos este restaurante especializado em cozinha tradicional minhota. Das entradas experimentadas, o destaque vai directamente para a feijoada. Quanto ao cardápio, Bacalhau à Braga e Papas de Sarrabulho com a companhia de vinho verde e, claro, preenchido com pudim e leite-creme. A ementa está pronta e na altura de servir à mesa, os pratos
de barro não foram esquecidos, mantendo assim a tradição e os sabores. No restaurante “Casa Garrafinha”, em Gondizalves, a apresentação e o paladar estão em perfeita sintonia. A nossa escolha recaiu no Bacalhau à Braga e nas Papas de Sarrabulho. Segundo a chefe, D. Lucinda, o bacalhau é confeccionado com o acompanhamento de batatas fritas às rodelas, com uma cebolada regada com whisky, cerveja e vinho do porto, são depois colocadas umas gotas de azeite e termina, não com uma cereja no
Prato típico da casa
topo do bacalhau, mas sim com salsa e azeitonas. O segredo das Papas de Sarrabulho está na selecção de carnes.
O Símbolo Perdido Dan Brown bertrand editora preço: 22,46€ Trama de história veladas, símbolos secretos e códigos enigmáticos, tecida com brilhantismo, O Símbolo Perdido é um thriller surpreendente e arrebatador que nos surpreende a cada página. O segredo mais extraordinário e chocante é aquele que se esconde diante dos nossos olhos.
Cranberries Campo Pequeno, Lisboa, 10 de Março Bilhetes entre 22 euros e 36 euros
Jamie cullum Coliseu de lisboa, 25 de maio Bilhetes de 25 a 50 euros
música
Coco Channel
Macacos do chinês lx factory, lisboa, 19 de dezembro
joss stone coliseu do porto, 14 de fevereiro coliseu de lisboa, 15 de fevereiro bilhetes de 26 a 34 euros
É a história de um ex-marine que se encontra envolvido em hostilidades de um planeta desconhecido, habitado por “aliens” com estranhas formas de vida.
XVI CELTA | CERTAME LUSITANO DE TUNAS ACADÉMICAS SEX. E SÁB. 11,12 DEZ 21,30h O Celta é um ponto de encontro anual, não só para tunos e tunantes que vão criando laços de amizade durante os tempos, como também para estudan-
e Igor Stravinsky Drama M12
A travessa vem servida com rojões à moda do Minho, tripa de porco frita, farinhato, sangue de porco frito e batatinhas pequenas alouradas. Como estes pratos exigem ser acompanhados por uma bebida à altura, o vinho verde da casa foi o seleccionado. Para o menu não ficar incompleto o pudim e o leite-creme completam na perfeição esta ceia. Como a crise é profunda, a aposta deste restaurante é aplicar preços acessíveis, estabelecendo assim uma harmonia entre a relação preço/qualidade.
A melodia do adeus Nicholas Sparks editora PRESENÇA preço: 16,65€ Nicholas Sparks é, como sabemos, um mestre da moderna trama amorosa, e, em A Melodia do Adeus, usa de extrema sensibilidade para abordar a força e a vulnerabilidade que envolvem o primeiro encontro com o amor e o seu imenso poder para ferir… e curar.
atracções
-O Migas Restaurante tipicamente brasileiro situado na Avenida de Londres, em Guimarães. As especialidades são churrasco gaúcho e rodízio. Contacto:253515510 -Restaurante Migaitas Nova decoração com várias esculturas de Alberto Vieira e pinturas de Drumond. Contactos: 253217031 Fecho semanal: Terça e Domingo (jantares) -Xixa.come Espaço inovador e moderno em Guimarães.As especialidades são os grelhados. Info/reservas: 253542450
SILVANA BARBOSA
PALAVRAS CORROSIVAS
O vício da saída profissional Há dez anos que, por razões de trabalho, visito as escolas secundárias do Minho para dar a conhecer os cursos da Faculdade de Filosofia de Braga. Ao longo deste tempo, por mais fugaz que seja o encontro com os alunos, são já muitos os diálogos. Todavia, os anos passam e os temas não divergem. O assunto principal da conversa é a saída profissional do curso que cada escola apresenta. Quase sempre a preocupação é saber se o curso tem uma boa saída profissional. Leia-se: emprego garantido e salário no fim do mês. Claro que cada um luta para alcançar o melhor. Em tudo isto nada se vê de errado e até mostra sinal de maturidade: é boa a preocupação com o para que servem as coisas. O problema é quando a preocupação com o melhor é assentada na igualdade do comum. Quando se permite que a vontade do comum (o que todos dizem) subordine a tentativa do diferente (o que eu digo). Porque se focarão tanto na saída profissional? Tanto mais que, quando vemos os números, todos escolhem as mesmas coisas. Todos querem vidas de sorriso e êxito. O que é razoável. Porém se o sorriso e o êxito estão mesmo na saída profissional de um curso superior todos deveriam, neste momento, escolher medicina. A minha suspeita é a de que o sorriso e o êxito não estão na saída profissional e, por isso, esta via está viciada pelo poder do que todos dizem. Como diria, ao arqueiro, o mestre Zen: o arqueiro deverá focar-se em si mesmo, no arco que tem nas mãos, na flecha que segura, deixando partir a flecha sem a preocupação de acertar, apontando sem a preocupação de apontar, deixando fluir, sentindo, em si, a seiva que oferece o atrevimento do diferente de, por exemplo, acertar no centro de olhos vendados. O impossível só existe na falta de crença, no medo, e no pouco trabalho.
José António Alves
1, 2, 3... Macacos do Chinês com Pedro Drupez Pedro Silva divide o seu tempo entre os palcos e as salas de aula da Católica de Braga Hélène fernandes, Rui Gonçalves
Gosta de ler e adora rádio mas a sua verdadeira paixão é a música. Nasceu em Cabo Verde, na ilha de Santiago, Cidade da Praia, e mudou-se para Lisboa com 10 anos. Foi a capital que o viu crescer, não só como homem mas também como músico. Pedro Silva ou Drupez, nome artístico pelo qual é conhecido, tem vindo a conciliar o curso de ciências da comunicação e o trabalho com a sua banda, os Macacos do Chinês (MDC). O restantes membros do grupo são Alexandre Talhinhas (Alx), André Pinheiro (Apache), Tiago Morna (Morna) e Miguel Pité (Skillaz). MDC é uma banda de fusão entre várias culturas, com um projecto dinâmico mas descontraído. Têm vindo a aparecer não só nos cartazes nacionais mas também internacionais com actuações em Inglaterra, Alemanha e Sérvia. “Fazemos parte de uma editora que é a Enchufada, editora dos Buraka Som Sistema, e estar associado a este nome abre muitas portas. Já nos conhecemos há muito tempo, mesmo antes do nome Buraka ou Macacos do Chinês ter surgido ”, explica. O que começou como uma brincadeira está agora a tornar-se cada vez mais sério e Pedro confessa que é complicado equilibrar os estudos com a banda. “É muito difícil porque a distância entre Braga e Lis-
Quem?
Pedro Silva Idade: 23 anos Curiosidades: Adora cozinhar e tem como hobbie livros de banda desenhada da Marvel e DC Próximo Concerto: 19 de Dezembro no LX Factory em Lisboa (23h30)
boa é de quatro horas e é praticamente impossível para mim estar em todos os concertos e eventos. No entanto, os restantes elementos do grupo deramme total liberdade e espaço para trabalhar com eles, assim como para rimar em crioulo”. As suas referências músicais são rappers ingleses como Kano e Maxime mas confessa que sempre procurou estilos diferentes e que foi muito influenciado pelo rock. Drupez não hesitou em deixar um conselho aos apreciadores de música. “Devem procurar coisas novas para não ficarem sempre agarrados aos mesmos nomes”. O objectivo deste “macaco” não passa só pela música. “Gosto imenso do meu curso, engloba várias áreas e posso complenta-lo com a música”.
Jornal da licenciatura de Ciências da Comunicação da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga
Pedro Silva num momento de pausa entre a faculdade e a banda
FOTO: TÂNIA LIMA
DIRECTOR Alfredo Dinis CHEFE DE REDACÇÃO Rui Gonçalves EDITORES André Fontinha, Daniela Fernandes, Hélène Fernandes, João Dias REDACÇÃO Adriana Almeida, Ana Lopes, Ana Bragança, Ana Pinheiro, Ângela Barbosa, Bruno Moura, Carla Costa, Carlos Bastos, Cátia Cardoso, Cristiano Pinheiro, Diana Sampaio, Diana Cunha, Eduarda Pinto, Elisângela Monteiro, Elisete Duarte, Filipa Ramos, Hugo Cunha, Isolina Gomes, Joana Fidalgo ,Joana Martins, Liliana Andrade, Maiza Morais, Marcos Tomada, Marta Cabral, Mónica Silva, Nelson Moura, Paulo Coelho, Pedro Ferreira, Pedro Lobão, Pedro Silva, Rafael Andrade, Ricardo Barros, Rita Veloso, Rosa Barbosa, Silvana Barbosa, Tânia Lima ORIENTAÇÃO Domingos de Andrade DESIGN sizeprint@gmail.com ISSN 1646-8384 Tiragem: 2000 exemplares