de Sthef창nia Mafalda
CHAPEUZINHO VERMELHO Capítulo I
E
ra uma vez uma garotinha que tinha que levar pão e leite para sua avó. Enquanto caminhava alegremente pela floresta, um lobo apareceu e perguntou-lhe onde ia. À casa da vovó - respondeu ela prontamente. O Lobo muito esperto, chegou primeiro à casa, matou a vovó, colocou seu sangue numa garrafa, fatiou sua carne num prato, comeu e bebeu satisfatoriamente, guardou as sobras na despensa, colocou sua camisola e esperou na cama. Toc. Toc. Toc. Soou a porta. Entre, minha querida - disse o lobo. Eu trouxe o pão e o leite para a senhora, vovó - respondeu Chapeuzinho Vermelho. Entre minha querida. E coma algo, tem carne e vinho na despensa - disse o lobo. A Menina comeu o que lhe foi oferecido então o lobo disse: Dispa-se e venha para cama comigo. O que faço com meu vestido? - questionou Chapeuzinho. Jogue na lareira. Não precisará mais disso - respondeu o lobo. Então a garota deitou-se ao lado do lobo, e ao sentir o toque do pelo roçar em seu corpo disse: Como a senhora é peluda vovó – exclamou Chapeuzinho É para te esquentar, minha neta - respondeu o lobo. Que unhas grandes a senhora tem! São para me coçar, minha querida Que dentes grandes a senhora tem! São para te comer! E então o lobo a devorou.
A BELA ADORMECIDA Capítulo II
U
ma farpa de linho entra sob a unha da princesa Talia e ela imediatamente cai morta. O rei coloca sua filha em uma cadeira de veludo no palácio, tranca e parte para sempre, pra apagar a lembrança de sua dor. Algum tempo depois, outro rei estava caçando nas redondezas e encontra Talia. Ele apaixona-se por sua beleza mas como não consegue acordá-la, a estupra e vai embora. Nove meses depois Talia dá a luz a gêmeos, Sol e Lua, mas continua adormecida. Um dia um dos bebês não encontra seu seio para mamar e coloca a boca no dedo da mãe e o suga. Suga com tanta força, que extrai a farpa e a faz despertar. Quando a rainha, esposa do rei, toma conhecimento da existência de Talia e dos seus dois bastardos, ordena imediatamente cozinhar as duas crianças e serví-las para o rei. Mas o cozinheiro prepara cabritos no lugar. Depois a rainha manda buscar Talia para lançá-la ao fogo, mas o rei chega e lança a própria esposa no lugar de Talia. O rei e Talia se casam, e vivem felizes para sempre.
AS FADAS Capítulo III
E
ra uma vez uma viúva com duas filhas. A mais velha, muito má e orgulhosa, parecia com a mãe em tudo. A mais moça, porém, primava pela bondade de coração e pela beleza do rosto. Tinha puxado ao pai, um homem muito bom e sério. Justamente por isso, a viúva tinha-lhe ódio, fazia-a comer na cozinha e forçava-a a trabalhar sem descanso. Entre outros serviços pesados, a pobre menina era obrigada a trazer duas vezes por dia um grande pote de água duma fonte a meia légua de distância. Verdadeiro castigo. Certa ocasião em que estava na fonte enchendo o pote, apareceu uma velha que lhe pediu de beber. Pois não, minha senhora, respondeu delicadamente a menina – e lavou o fundo do pote, encheu-o da melhor água e ficou segurando-o no ar enquanto a velha bebia. - Você é tão bonita e boa, disse a velha, que bem merece um dom. (Era uma fada que se disfarçava de velha para experimentar a bondade das meninas.) - Que dom? - Cada vez que falar rolará da sua boca uma flor ou uma pedra preciosa. Disse e sumiu.
O nome de Charles Perrault (1628-1703) está intimamente ligado a algumas das histórias mais conhecidas do mundo inteiro, como a de Chapeuzinho Vermelho, da Bela Adormecida e As Fadas. Originalmente de cunho popular e oral, sem autoria conhecida, esses e outros contos foram recolhidos e registrados pelo autor entre 1691 e 1697, e adaptados aos mais variados formatos para os mais diversos públicos e idades. Transformados em histórias infantis, os Contos de Mamãe Gansa encontram-se aqui restituídos à forma dada por Perrault, em que o humor e o fantástico dão o tom principal, sem deixar de lado um verdadeiro retrato da sociedade da época, contendo ainda uma visão de mundo muitas vezes traduzida por “morais da história” irreverentes e maliciosas. A presente edição, com nova tradução, disponibiliza este tesouro da língua e da cultura francesa a leitores de todas as idades, em toda sua riqueza e elegância originais.