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Marisa Alves
Entrevista com a escritora
Marisa Alves
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Marisa Luciana Alves (n. 1976, Vinhais, Bragança, Portugal) é escritora e acabou de publicar o seu 6.º livro. É professora desde 1999, licenciada em Português-Inglês (pela UTAD) e Mestre em Literatura Portuguesa (pela UCP). Venceu um concurso literário (2014) e é Associada da Academia de Letras de Trás-os-Montes desde 2018. É coautora de 34 coletâneas. Escreveu (2002-2004) para a revista UNEARTA (União dos Escritores e Artistas Transmontanos e Altodurienses), com textos de cariz cultural. Participa em revistas digitais, com os seus poemas, ensaios, contos e crítica literária. Orienta oficinas de escrita criativa direcionadas a crianças e jovens. Boa Leitura
EXCERTO DO CONTO “Carlota, a menina canhota”
- Hoje a Mariana riu-se de mim, porque eu escrevo com a mão esquerda e não com a direita, como fazem todos. Disse que eu escrevia com a «mão errada» – declarou, desanimada, a Carlota. - Tu escreves com a mão esquerda porque assim tem de ser. És canhota.
Portuguesa Marisa Luciana Alves é destaque literário no Brasil
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Escritora Marisa Luciana Alves, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que mais a atrai nos textos voltados para o público infantil?
Marisa Alves - Bom dia. Antes de mais, deixe-me agradecer à Divulga Escritor pela oportunidade que me foi dada. É sempre com satisfação que colaboro com a vossa revista. Quanto à pergunta que me coloca, desde criança que gosto de escrever e, apesar de, enquanto escritora ser um pouco atípica, pois não tenho horários certos para escrever, a escrita faz sentido na minha existência. O que mais me atrai na escrita infantil é o desafio, nada fácil, de escrever para crianças. Com o meu primeiro livro infantil senti o verdadeiro bichinho da escrita, da criação literária. Então, começou a minha viagem pela escrita da literatura infantil. Escrever contos infantis é uma grande responsabilidade. Ao fazê-lo, tento colocar fantasia e imaginação no papel, de modo a alcançar os meus pequenos leitores. Quando o faço, penso como eles.
Onde e quando é que gosta mais de escrever?
Marisa Alves - Onde? Em qualquer sítio. Ahah (risos). Numa mesa de café, num banco de jardim, numa sala cheia de gente… A inspiração pode surgir a qualquer hora. Para isso, só preciso de estar atenta, ouvir e observar. Penso que é o que mais me encanta no processo pré-escrita e o que me permite dar depois asas à minha imaginação.
Quais são os seus autores de influência infantil?
Marisa Alves - Os que fizeram parte da minha infância, os intemporais Hans Christian Andersen, Irmãos Grimm, Jean de La Fontaine e a portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen. Quem não se lembra do Patinho Feio? Da Princesa e a Ervilha? Ou de A menina do Mar? A Fada Oriana?
Apresente-nos este último livro que publicou.
Marisa Alves - Este é um livro para crianças e com crianças, de escrita bilingue, em português e inglês. É constituído por dois contos: Carlota, a menina canhota, a história de uma menina que escreve com a mão esquerda e vai questionar o porquê; e A Mochila Sorridente, um conto que trata de uma mochila que, como tantas outras, depois de usada durante um ano escolar acaba por ser posta de lado. Este livro contou com as ilustrações lindíssimas da ilustradora brasileira Maria Clara Reschke. A Maria Clara conseguiu captar exatamente as características das personagens, a essência das histórias e retratou-as na perfeição. Foi uma parceria excepcional!
Além de “Carlota, a menina canhota/A mochila sorridente” você tem outros livros publicados. Apresente-nos os títulos e segmentos.
Marisa Alves - Sim, é verdade. Contando memórias…, de 2011, é a compilação de uma recolha da literatura e cultura alentejanas, que realizei com alunas da Universidade Sénior de Borba. De suplicar por mais…, de 2013, é o registo de algumas memórias culinárias da minha mãe e uma homenagem às tradições gastronómicas transmontanas,
das gentes de Vinhais (Bragança). O sono da Primavera, de 2014, tem três contos infantis, nos quais a Primavera aparece como espaço ou como personagem. A tua receita, meu amor!, de 2015, é uma novela em que o amor está presente e uma receita culinária vai ser o centro do enredo. Por último, o meu livro infantojuvenil O que Zeus mostrou aos Homens, de 2018, apresenta os Deuses da mitologia grega, que têm uma árdua tarefa que resolver, relacionada com o estado do meio ambiente na Terra.
Quem desejar como deve fazer para adquirir os livros?
Marisa Alves - Carlota, a menina canhota, A Mochila sorridente, e O que Zeus mostrou aos homens estão disponíves na editora Edições Toth (http://edicoestoth.pt/). Quanto a O sono da Primavera, pode ser adquirido em Edições Vieira da Silva (https://www.edicoesvieiradasilva. pt). Além disso, podem ser adquiridos através da Rota do Livro, em http://www.rotadolivro.pt/ ou nos sites de Bertrand, Wook.
Sei que já recebeu um Prémio Literário. Qual foi a sua reação quando soube que tinha vencido o concurso?
Marisa Alves - Sim, foi em 2014. Participei no Concurso Literário “Receitas Secretas”, da editora Papel D’Arroz, de Lisboa. Bem…foi algo indescritível. Senti-me afortunada, como deve compreender. Ver o meu texto como candidato, no meio de dezenas de textos a concurso, e depois como premiado, foi uma sensação maravilhosa! Não estava à espera.
Quais os seus próximos projetos literários?
Marisa Alves - O futuro a Deus pertence, mas de algo tenho a certeza: continuarei a escrever para crianças. Aliás, tenho alguns contos infantis que gostaria de publicar em livro. Não sei bem em que formato, mas a seu tempo… De momento, o projeto literário que tenho em mãos é o meu primeiro romance, que espero possa estar brevemente no prelo.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Marisa Luciana Alves. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Marisa Alves - Eu é que agradeço pela entrevista e, principalmente, pelo caminho que a Revista Divulga Escritor tem vindo a fazer ao longo dos últimos anos pela promoção da escrita e valorização da lusofonia. A mensagem que eu pretendo deixar aos leitores é a de que nunca devemos pôr de lado os nossos sonhos e devemos enfrentar as nossas dúvidas, indecisões e obstáculos. Os meus contos infantis, como os que agora apresento, são exemplo disso. “Carlota”, tal como tantas meninas e meninos, é canhota, escreve ou tem tendência para usar a mão esquerda. Quantas vezes os meninos canhotos se acham diferentes dos outros? Quantas vezes pensam que são “raros” porque escrevem com outra mão? Pois, a Carlota vem mostrar que escreve com a mão esquerda “porque assim tem de ser”. Obrigada, mais uma vez!
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