7ª EDIÇÃO | 2013
Realização
Iniciativa
ESTUDO SOBRATEMA DO MERCADO BRASILEIRO DE EQUIPAMENTOS PARA CONSTRUÇÃO • 2013
Patrocínio:
Sumário
Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção 2013 Parte A ..............................................................................................................3 • Metodologia do Estudo Sobratema......................................................... 5 • O Brasil no contexto mundial.................................................................. 7 • Sondagem dos compradores ................................................................ 17 Brian Nicholson, MiniMax Editora Especializada Ltda., Consultor da Sobratema
Parte B ............................................................................................................23 • Introdução ............................................................................................ 25 • Conjuntura nacional .............................................................................. 27 • Conjuntura internacional ...................................................................... 43 • Análise dos principais mercados de máquinas da construção .............. 47 • Mercado latinoamericano ..................................................................... 62 • Mercado brasileiro ................................................................................ 69 Rubens Sawaya, Insight Consultoria Econômica, Consultor da Sobratema
As opiniões refletidas nos comentários não representam, necessariamente, a posição da Sobratema.
São Paulo, Novembro, 2013
Copyright © Sobratema 2013
PARTE A • Metodologia do estudo • Brasil no contexto mundial • Sondagem dos compradores
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Metodologia do Estudo Sobratema
Agora no seu sétimo ano, o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção visa oferecer aos setores público e privado, à mídia e ao público em geral uma visão melhor do tamanho, importância e perspectivas de um segmento essencial da economia. Não se trata de uma simples contabilização da produção – o Brasil é produtor e exportador tradicional de algumas categorias de equipamento – mas sim uma estimativa da demanda interna total. Ou seja: Produção nacional, menos exportação, mais importação. Importante também notar que o Estudo Sobratema abrange mais que os equipamentos de movimentação de terra (a chamada “linha amarela”); incluem também outros itens de peso nas compras do setor de construção como equipamentos de manuseio, guindastes e telehandlers. Contempla ainda as compras de equipamentos de construção pelos setores de mineração e agricultura, mas sem somar os equipamentos específicos destes setores, por exemplo, colheitadeiras. Também inclui uma estimativa da demanda, somente pelo setor de construção, de caminhões rodoviários – principal, mas não somente, basculantes pesados e semi-pesados usados para transportar pedra e terra. Conduzido uma vez ao ano entre o final do terceiro trimestre e o início do quarto trimestre, o Estudo Sobratema recebe informações de várias fontes. Todas as informações quantitativas e qualitativas fornecidas pelas empresas são mantidas em sigilo. Assim, o Estudo calcula e divulga somente dados agregados, nunca market share. Além de oferecer um raio-x anual do setor, o Estudo Sobratema apresenta estimativas para o próximo ano, e projeções para crescimento ao longo dos próximos cinco anos, bem como uma estimativa do crescimento da frota, e uma ampla análise dos drivers econômicos relevantes. O Estudo Sobratema conta com a participação de muitas empresas atuantes no Brasil – fabricantes, importadoras e distribuidoras de equipamentos – bem como várias construtoras, mineradoras e empresas de rental. Também recebe a colaboração de associados individuais, e o apoio valioso dos diretores regionais da Sobratema.
O Estudo Sobratema • Começou em 2007 • Estudo de demanda no mercado brasileiro: “produção menos exportação mais importação” • Linha amarela + manuseio + caminhões + tratores de pneu • Inclui equipamentos de construção na mineração e agricultura • Inclui caminhões + tratores comprados pelo setor de construção • Feito anualmente em outubro; publicado novembro/dezembro • Baseado em fontes múltiplas • Dados das empresas são mantidas em sigilo • Não calcula nem divulga participação de empresas individuais (market share) • Projeção econométrica cinco anos (Rubens Sawaya)
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Estrutura institucional do Estudo Sobratema O Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção é conduzido para a Associação por consultores externos, com a supervisão do Grupo de Apoio Sobratema (GAS). Este grupo é composto de diretores voluntários da Sobratema que também são executivos em empresas de construção e outras empresas ligadas ao setor com larga experiência na área de equipamentos. Este grupo reúne ampla experiência e conhecimento do setor de equipamentos de construção, não somente no Brasil, mas também na América Latina, sendo que suas empresas atuam, hoje, em outros 10 países da região. E várias delas trabalham também em outros continentes. É relevante observar que os dados sigilosos das empresas que participam no Estudo não são repassados ao GAS, que recebe e avalia somente os dados agregados.
Grupo de Apoio Sobratema
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O Brasil no contexto mundial
O mercado global O Estudo Sobratema sempre procurou situar o mercado brasileiro de equipamentos para construção dentro do contexto internacional. Dessa maneira, o Estudo oferece parâmetros importantes para as empresas, o governo e a mídia, e se tornou ainda mais importante devido ao crescimento do mercado brasileiro, à crise internacional e aos novos cenários do mercado global para equipamentos. O gráfico, que agrega principalmente equipamentos de movimentação de terra, e alguns equipamentos de manuseio e pavimentação, mostra como a demanda total global vem se recuperando após as crises internacionais. Em termos globais, o mercado caiu mais de 26% do seu pico de 940 mil de unidades em 2007 para 685 mil em 2009. Depois se recuperou bem em 2010 e 2011, superando a marca pré-crise com volume total estimado em 1.015 mil. Mas sofreu um revés em 2012, para em seguida iniciar uma trajetória de crescimento menos exuberante. Em 2013, conforme as estimativas e projeções da consultoria britânica Off-Highway Research (OHR), a demanda global já empatou com seu nível pré-crise de 2007, e tem taxa prevista de crescimento composto até 2017 de em torno de 3,75% ao ano. Obviamente não se compara com o período antes da crise, quando as vendas globais expandiram em quase 10% ao ano. Mas é melhor que uma perspectiva de encolhimento.
Mercado mundial em recuperação Milhares de unidades(2013-2017 – previsão)
Fonte: Off-Highway Research, Londres Inclui linha amarela (menos compactadores), e alguns equipamentos de manuseio e pavimentação
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Raio-X mundial Os 940 mil equipamentos vendidos ao redor do mundo em 2013 (pela estimativa preliminar da OHR) representam um valor total aproximado de US$97 bilhões, o que daria uma média de aproximadamente US$103 mil cada. Este preço médio internacional seria algo como dois-terços daquele percebido no Brasil. Pesam nessa comparação os encargos maiores no Brasil, mas também o preço muito menor na China, que corresponde a quase 40% da demanda global, bem como eventuais variações na composição do perfil de demanda em países diferentes. O Brasil no mercado mundial em 2013 (basicamente linha amarela, guindastes + equip. de pavimentação) • Mundo: US$ 97 bilhões • Mundo: 940 mil unidades (escavadeiras hidráulicas + pás carregadeiras > 60%) • O Brasil, hoje, representa em torno de 3,5% do mercado mundial (unidades)
... expectativas para os grandes mercados • China: +4% em 2013; +11% em 2014; recuperação moderada até 2017, com 50% excesso de capacidade de produção • Europa: -7% em 2013; -1% em 2014; recuperação lenta somente em 2015-2017 • Índia +7% em 2013; +9% em 2014; crescimento firme até 2017 • América do Norte: -8% em 2013; +10% em 2014; recuperação até 2016 Inclui linha amarela (menos compactadores), e alguns equipamentos de manuseio e pavimentação Fonte principal: Off-Highway Research, Londres – 2013 dados são estimativas
A crise dos anos 2008 – 2009 levou a uma redistribuição significativa do mercado global de equipamentos de construção. Os principais mercados do primeiro mundo – América do Norte e Europa – perderam muito espaço, o que foi preenchido pelos maiores mercados emergentes – com destaque para China, mas também Índia e Brasil. Foram duas tendências que trabalharam juntas – a queda no volume absoluto dos mercados líderes tradicionais, e o crescimento no volume absoluto dos novos, mas com a troca de posições magnificada pela queda geral no volume total do mercado global. Assim, América do Norte e Europa, que juntos detiveram 51% da demanda global caíram para 25%, no auge da crise, enquanto os três grandes emergentes – Brasil, Índia e China – pularam de 23% para quase 60%. Agora que o mundo está voltando – aos trancos e barrancos – para algum tipo de normalidade, o mercado global para equipamentos parece estar se estabelecendo num novo patamar, um meio-termo entre as configurações antes da crise, e durante ela. Os Estados Unidos e a Europa teriam em torno de 26%, os três grandes emergentes um pouco mais de 45%. O Brasil, atualmente com algo em torno de 3,5% do mercado mundial, aumentou muito sua participação desde os meados da década passada, quando teve em torno de 1%. Mas, pensando nos fatores que devem impulsionar – ou não – a demanda no Brasil e ao redor do mundo, é difícil imaginar que o país vai aumentar muito sua participação, além do seu nível atual.
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O Brasil e as grandes economias mundiais O mercado de automóveis novos não espelha o mercado de equipamentos de construção – os drivers são bem diferentes – mas oferece indicações importantes quanto da saúde geral de uma economia. Isso porque, para adquirir um automóvel novo, o comprador comum precisa normalmente de três coisas: crédito, salário, e a confiança de que não vai perder o emprego. São três indicadores de uma economia saudável. Os dois gráficos a seguir revelam as vendas (ou emplacamentos) mensais de automóveis e veículos leves novos no Brasil, nos Estados Unidos e na União Europeia (os 15 países membros mais antigos), igualando os três mercados em forma de índice. O primeiro gráfico usa as vendas médias de 2006 – último ano completo antes da crise – como base; o segundo as vendas de 2010. As vendas são sempre a média móvel dos últimos 12 meses, para eliminar as grandes variações sazonais que existem em alguns mercados. Os gráficos mostram dos períodos: 2006 até o presente (setembro de 2013), e 2010 até o presente. E revelam duas realidades bem diferentes. História recente das economias Brasil, EUA e EU-15 Desempenho econômico, pela ótica das vendas de automóveis Média móvel de 12 meses – Índices; média 2006 e média 2010
Fontes principais dos dados primários: Brasil, Anfavea; EUA, BEA; EU-15, ACEA. Brasil + EUA registro de automóveis e veículos leves; EU-15 só automóveis. Nacionais + importados. Sem ajuste sazonal. Elaboração: MiniMax Editora
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Pelo gráfico 2006-presente, podemos ver que o Brasil se recuperou bem mais rapidamente de que os dois mercados maiores, chegando a quase o dobro do volume antes da crise. Enquanto isso, os Estados Unidos caírem para 60% do seu nível pré-crise, mas em pouco tempo começaram uma longa e lenta recuperação, enquanto a Europa inicialmente resistiu melhor, mas logo entrou num declínio de vários anos. Este desempenhou mais vibrante da economia brasileira – aqui ilustrada pela venda de automóveis – foi uma razão para qual os investidores internacionais festejaram tanto o “novo Brasil”, com direito à capa bastante favorável da revista Economist. Mas, o segundo gráfico revela o outro lado, que levou aquela mesma revista a estampar uma nova capa, agora questionando se o Brasil teria perdido o bonde. Agora baseado na média do ano 2010, para permitir uma comparação melhor do desempenho mais recente, as vendas de automóveis novos revelam um desempenho bem melhor do mercado americano, comparado com o do brasileiro. Da Europa, não há o que falar – continua em declínio. Mas nestes últimos anos, enquanto o mercado americano de automóveis cresceu mais de 30%, o brasileiro avançou em menos de 10%. Obviamente, temos que levar em conta o desempenho passado, etc, mas investimentos visam normalmente o mercado futuro, e não o passado. De fato, os investidores percebem cada vez mais que o recente crescimento brasileiro foi puxado não pelo investimento, mas pelo consumo, que por sua vez foi alimentado cada vez mais pelas importações, que se beneficiaram de um real altamente fortalecido, que foi consequência, entre outras, da forte demanda chinesa para commodities, os suculentos juros brasileiros e – finalmente – as políticas monetárias de alguns países ricos, principalmente os Estados Unidos. Ou seja, um modelo não sustentável. E agora que os drivers estão se esgotando, as expectativas são bem menos animadoras. “De 2001 a 2004, muitos me disseram que eu jamais deveria ter incluído o Brasil (no BRIC)”, lembrou o economista Jim O’Neill, criador da sigla, numa entrevista citada pelo jornal Estado de S. Paulo. “Depois, entre 2008 e 2010, me chamaram de gênio por ter incluído o Brasil e agora, mais uma vez, estão dizendo que o Brasil não merece estar lá.... Se fosse para revisar o termo, eu deixaria apenas o ‘C’”. Vale a pena repetir – o mercado para equipamentos de construção tem drivers próprios. Mas, ele não existe isolado da economia geral, nem do ânimo – ou desânimo – dos investidores.
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O mercado brasileiro de equipamentos Desempenho em 2013 A tabela a seguir mostra os principais resultados do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção referente o ano em curso – os dados revisados para 2012, e as estimativas para 2013.
Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção – 2013-2014
Vendas internas (inclusive importados)
2012*
2013
%
Tratores de esteira
1.350
1.275
-5,56
Retroescavadeiras
9.480
11.000
16,03
Pás carregadeiras
5.225
5.800
11
Escavadeiras hidráulicas (excluindo mini)
5.850
5.560
-4,96
Mini-escavadeiras
950
900
-5,26
Caminhões fora de estrada
250
280
12
Motoniveladoras
1.460
4.050
177,4
Rolos compactadores
1.700
1.750
2,94
Minicarregadeiras (skid steers)
3.220
2.740
-14,91
29.485
33.355
13,13
1.030
1.120
8,74
Gruas
330
260
-21,21
Guindastes (exclui guindauto)
700
560
-20
5.800
7.900
36,21
500
550
10
2.780
2.860
2,88
Subtotal: demais equipamentos
11.140
13.250
18,94
Subtotal: principais equipamentos de construção
40.625
46.605
14,72
Caminhões rodoviários**
29.680
27.530
-7,24
Demanda total
70.305
74.135
5,45
Subtotal: linha amarela Compressores portáteis
Plataformas aéreas Telehandlers Tratores de pneu**
*2012 – dados revisados; **Estimativa da demanda na construção
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Comentários 2012 Os dados representam a estimativa final para aquele ano. O Estudo Sobratema sempre faz uma revisão das estimativas do ano passado, tendo em mão dados finais de várias fontes. Na linha amarela, o ajuste final foi de – 0,92%, e no universo total de equipamentos contemplados, de + 3,33%, devido principalmente à demanda maior que o previsto nos últimos meses do ano nas categorias de plataformas aéreas e caminhões rodoviários demandados pelo setor de construção. 2013 – Linha Amarela As estimativas atuais para o ano em curso apontam para mercado de 33.355 máquinas, que representa um crescimento de 13,13% comparado com 2012. Isso compare com uma previsão, feita pela Sobratema em 2012, de crescimento de 13% na linha amarela. Mas, este valor para o crescimento geral esconde enormes e anormais variações entre o desempenho de tipos diferentes de equipamento, e reflete uma situação completamente insustentável. Acontece que o mercado em 2013 foi bastante distorcido por grandes compras feitas pelo governo federal. Durante 2012 o governo, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), anunciou a compra de até 3.112 retroescavadeiras e até 1.996 motoniveladoras, a serem doadas a municípios pré-designados com até 50 mil habitantes, fora das principais regiões metropolitanas. Seriam usadas principalmente na recuperação das estradas vicinais, visando – entre outras finalidades – melhorar o escoamento da safra agrícola. E em 2013 o mesmo ministério aumentou suas compras com 1.195 pás carregadeiras, e mais caminhões cisterna e basculantes, para obras e serviços de emergência em municípios nordestinos atingidos pela seca. No total, seriam até 6.303 equipamentos da linha amarela, equivalentes a pouco mais de 20% de todas as vendas da linha amarela no melhor ano da história do setor no Brasil, que foi 2011. Ao longo de 2013, foi levantada em vários momentos a questão de se a projeção do Estudo Sobratema, feita no final de 2012, já contemplava essas compras governamentais. Para responder, cabe lembrar a metodologia do Estudo Sobratema. A previsão para o ano que vem reflete, principalmente, a visão agregada das empresas que participam do Estudo – são fabricantes, importadoras e/ou distribuidoras que oferecem, de forma sigilosa, suas estimativas quanto ao mercado atual, e suas previsões para o ano que vem. A isso, agregamos outros subsídios. São dados publicados por várias entidades e associações de classe, e mais a visão de quem compra equipamento, conforme detectada em sondagens que a Sobratema faz durante o ano, e finalmente a sensibilidade dos diretores da Sobratema que compõem o Grupo de Apoio para o Estudo. Ou seja, as compras públicas já anunciadas pelo governo no momento da Sobratema ouvir as empresas, para fechar o Estudo em setembro/outubro de 2012, seriam contempladas – desde que as empresas acreditassem que o governo federal efetivamente ia prosseguir com as compras. Mas, as compras anunciadas após o fechamento do Estudo, não seriam contempladas. A
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mesma lógica se aplicaria, também, a compras governamentais anunciadas após o fechamento do Estudo de Mercado 2013, para entrega em 2014. Seja como for, as compras públicas tiveram forte impacto em três tipos de equipamento: motoniveladoras, pás carregadeiras, e retroescavadeiras. Embora a compra governamental foi numericamente maior em retroescavadeiras, o impacto proporcional no mercado foi mais forte em motoniveladoras, com vendas no ano previstas a superar as de 2012 em 177%. O gráfico a seguir mostra as vendas médias mensais nos três primeiros trimestres dos últimos sete anos: Venda de motoniveladoras
Fonte: Abimaq
Podemos ver que as vendas médias nos primeiros nove meses de 2013, de 355 unidades/mês, foram (a) quase o dobro das vendas médias de 182/mês no ano recorde anterior, que era 2010; e (b) quase o triplo das vendas médias mensais (122 unidades) de 2007 até 2012, visando sempre os três primeiros trimestres de cada ano. 2013 – Demais equipamentos e caminhões rodoviários: O desempenho geral dos “demais equipamentos”, um grupo heterogêneo, foi crescimento de quase 19% em 2013, puxado principalmente pelas plataformas aéreas, uma peça de alta versatilidade e com muitos usos fora do setor de construção. A plataforma também é item típico do setor de rental – na Pesquisa Sobratema da Frota em Atividade, publicada em 2012, nada menos que 98,6% das plataformas estavam nas frotas das locadoras. Houve queda na demanda para gruas de torre e guindastes, com queda maior nos segmentos de equipamentos all terrain e rough terrain. Ao mesmo tempo, caiu a estimativa do número de caminhões rodoviários demandados pelo setor de construção. Como sempre, a estimativa foi baseada no emplacamento, em nível nacional, de caminhões basculantes e betoneiras, e a participação destes nas frotas das construtoras. A queda foi de 7%, mas dado o número absoluto de unidades envolvidas, o impacto no resultado final do ano foi significativo.
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Previsão para 2014 A tabela a seguir mostra as previsões do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção para 2014. Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção – 2013-2014 Vendas internas (inclusive importados)
2012*
2013
%
2014
Tratores de esteira
1.350
1.275
-5,56
1.340
5,1
Retroescavadeiras
9.480
11.000
16,03
8.750
-20,45
Pás carregadeiras
5.225
5.800
11
6.000
3,45
Escavadeiras hidráulicas (excluindo mini)
5.850
5.560
-4,96
5.840
5,04
Mini-escavadeiras
950
900
-5,26
970
7,78
Caminhões fora de estrada
250
280
12
300
7,14
Motoniveladoras
1.460
4.050
177,4
4.050
0
Rolos compactadores
1.700
1.750
2,94
1.840
5,14
Minicarregadeiras (skid steers)
3.220
2.740
-14,91
3.150
14,96
29.485
33.355
13,13
32.240
-3,34
1.030
1.120
8,74
1.175
4,91
Gruas
330
260
-21,21
275
5,77
Guindastes (exclui guindauto)
700
560
-20
590
5,36
5.800
7.900
36,21
8.700
10,13
500
550
10
575
4,55
2.780
2.860
2,88
3.000
4,9
Subtotal: demais equipamentos
11.140
13.250
18,94
14.315
8,04
Subtotal: principais equipamentos de construção
40.625
46.605
14,72
46.555
-0,11
Caminhões rodoviários**
29.680
27.530
-7,24
28.900
4,98
Demanda total
70.305
74.135
5,45
75.455
Subtotal: linha amarela Compressores portáteis
Plataformas aéreas Telehandlers Tratores de pneu**
%
1,78
*2012 – dados revisados; **Estimativa da demanda na construção
Como destaque, temos a previsão de queda geral das vendas de equipamentos da linha amarela da ordem de – 3,34%, embora com desempenho bastante variado entre os diferentes tipos de equipamentos.
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A queda maior prevista pelas empresas que participam no Estudo Sobratema foi na categoria de retroescavadeiras, com as vendas caindo mais de 20% com a redução das compras públicas. Por outro lado, as vendas das minicarregadeiras (skid steer) devem subir quase 15%, refletindo a continuada aceitação dos equipamentos pequenos no setor. Para as motoniveladoras, a expectativa das empresas ouvidas era de um segundo ano de vendas fortes, e mais uma vez impulsionadas pelo governo federal. Sem as compras públicas, direcionadas essencialmente para serviços de manutenção e recuperação de estradas, e não obras de construção propriamente ditas, as vendas deste tipo de equipamento seriam bem menores. A previsão se apoia, portanto, na confiança de que as compras adicionais do governo se concretizem. Ao questionar as empresas participantes sobre suas expectativas para o ano que vem, o Estudo Sobratema deste ano detectou um nível de dúvidas e de insegurança talvez maior de que em qualquer ano desde o início do levantamento em 2007. É possível imaginar fatores que podem influenciar a demanda para equipamentos de forma significativa, tanto para cima, quanto para baixo. Pelo lado negativo, dificilmente teremos mais um programa público de compras que se compare com as licitações do MDA. E sem programas públicos da magnitude acima descrita, não há dúvida de que 2013 teria sido bem pior. E as expectativas para o crescimento econômico, não são muito animadoras. Melhor que 2013, deve ser. Mas um “espetáculo de crescimento”, dificilmente. Pelo lado positivo, porém, 2014 é ano de eleição presidencial, e é razoável supor que o governo terá interesse em dinamizar o setor de construção. Como será visto no próximo capítulo, “Sondagem das compradoras”, há uma ligeira expectativa por parte das empresas de construção de necessitar mais equipamentos em 2014, o que pode elevar um pouco a demanda. Mas o impacto disso no tamanho total do mercado será mitigado pela redução das compras públicas. Um fator que influencia muito na incerta do setor, quanto 2014, é que existem ainda grandes dúvidas quando ao programa de concessões, que estão custando para sair do papel. É razoável supor que algumas certamente estarão outorgadas e as novas concessionárias já pensando em obras, muitas vezes colocadas como obrigação contratual. Mas entre começar a planejar obras e chegar ao ponto de comprar equipamentos pode haver um lapso de tempo bem razoável. E isso, sem problemas jurídicos, ambientais, e etc. Dos R$ 42 bilhões de investimentos inicialmente previstos nos 7.500 km de rodovias a serem colocados em concessão, 56% ou R$ 23,5 bilhões devem ser investidos nos primeiros cinco anos. Nas ferrovias, a proporção seria ainda mais alta – quase 62% dos R$ 91 bilhões inicialmente previstos seriam investidos nos primeiros cinco anos, com a ressalva de que isso inclui material rodante. Em geral, os editais permitam a cobrança de pedágio nas rodovias somente depois de 10% das obras estarem efetivamente concluídos, e impõem penas para o não cumprimento de cronogramas. Após o leilão da BR-050, numa tentativa de responder às dúvidas de empresários quanto à viabilidade financeira da proposta vencedora, oferecida por empresas de porte menor, fontes do governo avisaram o jornal Folha de S.Paulo que a ideia agora seria de “estressar” a nova concessionária a acelerar o plano de obras. Resta saber se essa tática vai animar mais empresas a participar em concorrências futuras, principalmente numa economia que deixou de ser a “bola de vez” para muitos investidores. Ouvido em outubro pelo Bloomberg News, o CEO de uma das maiores concessionárias brasileiras de rodovias indicou que não confiava nas projeções oficiais para algumas das estradas a serem oferecidas em leilão: “O governo tem uma visão do (crescimento do) PIB, do tráfego, e dos custos, e nós temos outra.” 15
Neste contexto, a falta de concorrência no leilão para exploração das reservas petrolíferas no Campo de Libra, embora aparentemente por razões que teriam a ver com aquele setor, sugere que o inegável interesse internacional em investir em concessões brasileiras vem sendo mitigado por dúvidas quanto a rentabilidade e condições. Parece, portanto, razoável manter um pouco de cautela quanto à velocidade efetiva dos investimentos nas novas concessões – 2015 pode ver mais atividade que 2014, em alguns casos. Enquanto isso, o ministro da Fazenda Guido Mantega, dizia, logo após o leilão da BR-050 (e a fracassada venda da BR-262): “...nós estaremos implantando um grande conjunto de investimentos em infraestrutura (com leilões de aeroportos, rodovias e ferrovias e pré-sal). Então, já teremos um grande impulso no investimento a partir de 2014 que, diga-se de passagem, vai continuar pelo menos por uma década”.
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A sondagem das compradoras
O Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, além de oferecer uma estimativa da demanda para equipamentos no Brasil, e fazer previsões para o ano que vem e com horizonte de cinco anos, tem ouvido uma amostra das empresas que compram equipamentos. As sondagens – conduzidas com a ajuda dos diretores regionais da Sobratema – incluem construtoras e locadoras sediadas em varias capitais – Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre – e com perfis e tamanhos bastante diferentes. Embora limitadas, estatisticamente, pelo tamanho das amostras – normalmente entre 30 e 40 empresas – e pela composição variável, as sondagens oferecem informações interessantes sobre o ânimo e expectativas do setor, e seus principais problemas. A seguir, resultados selecionados de sondagens recentes, com comentários.
Um ano melhor, mas nem tanto... Como podemos ver no gráfico Comp-1, há uma percepção geral por parte das empresas de que 2013 foi melhor que 2012. Somente um terço achou o ano pior. Comp-1 Pergunta: Como foi 2013 para sua empresa, comparado com 2012 (em termos de volume de negócios)?
Somente 30% têm 2013 como pior que 2012; quase a metade, como um ano melhor. Mas, o que reinou durante 2013 foi a sensação de um ano abaixo do esperado. Isso pode ser visto facilmente no gráfico Comp-2, que compara a percepção da situação em meados de 2013 (barras azuis no gráfico) com as expectativas iniciais para o ano, indicadas nas barras amarelas:
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Comp-2 Perguntas: Como vem sendo o ano de 2013 para sua empresa, comparado com 2012 (em termos de volume de negócios)? E como vem sendo o ano, comparado com suas expectativas iniciais?
No gráfico Comp-2, podemos ver a grande diferença entre a porcentagem de empresas que descreveram 2013 como pior que 2012 (26%) e aquelas para quem o ano era pior de que esperado (46%). Em outras palavras, as empresas começaram 2013 com expectativas altas – talvez altas demais – e que não foram correspondidas. Mas, mesmo assim, o ano não foi tão ruim assim. Também é interessante comparar este resultado, em maio de 2013, com as respostas ouvidas para a pergunta parecida em novembro deste ano – as linhas em azul nos gráficos Comp-2 e Comp-1. Aparentemente, a percepção das empresas melhorou um pouco durante o segundo semestre.
Concessões... As concessões prometidas pelo governo federal na segunda metade de 2012 dominaram as expectativas do setor ao longo de 2013. E continuaram a dominá-las ainda no fechamento deste relatório, e ainda com grande dose de incerteza. Como já foi comentado anteriormente neste relatório, a velocidade imprimida ao programa não foi aquela esperada. Este lentidão vem impactando na percepção do setor de construção quanto ao potencial impacto das concessões, quando e se vierem. O gráfico a seguir, Comp-3, mostra a evolução da percepção das construtoras e locadoras em três momentos distintos: em setembro de 2012, logo após o anúncio do programa, e depois em maio e outubro de 2013.
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Comp-3 Pergunta: Em 2012 o governo federal anunciou um grande pacote de concessões na área da infraestrutura. Agora, qual sua avaliação quanto ao impacto das concessões, para sua empresa? Obs.: a pergunta foi feita de forma parecida em três momentos – em setembro de 2012, em maio de 2013, e de novo em outubro de 2013.
Podemos notar duas grandes tendências: primeiro, que a forte queda nas expectativas positivas veio nos primeiros meses de 2013, e segundo, que desde então, as percepções positivas mais ou menos se estabilizaram. Em setembro de 2012, mais de dois terços das empresas ouvidas – 68% – acharam que as concessões podiam trazer grandes impactos para suas próprias empresas até o ano seguinte. No espaço de oito meses, até maio de 2013, a porcentagem de empresas esperando qualquer benefício significativo no mesmo horizonte caiu para 24%. E ficou naquele nível na última sondagem, em outubro, “Ainda sofremos o impacto da crise política com indefinições de regras claras para as concessões previstas no Programa de Investimento em Logística do governo federal (PIL),” explicou uma das grandes construtoras que participou da mais recente sondagem, ao mesmo em que reclamou da “falta de regulamentação adequada às PPPs e RDCIs”. Pelo lado positivo, o ceticismo quanto às concessões parou de crescer. Isso, depois da aprovação da Lei dos Portos, a concessão de uma estrada federal, e o leilão do mega-campo de petróleo. Mesmo havendo fracasso em uma dos leilões rodoviários, e somente um concorrente para o campo Libra, eram sinais de que o programa, aos trancos e barrancos, estava começando a andar.
Desafios das construtoras e locadoras Chega a ser repetitivo, perguntar para o setor de construção quais são seus maiores problemas. O que liderou em 2013, mais uma vez, foi atraso em obras, seguido pela falta de mão de obra especializada – essas duas opções vem se revezando na liderança, mas com atraso na frente este ano. Em terceiro lugar veio o custo da mão de obra. De falta de equipamentos, ou de crédito, ninguém reclama. Também, se mantêm constantes as principais razões pelas quais as obras atrasam, com demora no processo de licenciamento ambiental sempre em primeiro lugar. Mas, é interessante observar que “falta de liberação de verba” vem crescendo em importância como explicação pelo atraso das obras, 19
sendo a segunda razão mais citada este ano, seguida em terceiro lugar pelo atraso nas próprias licitações. Isso ilustra a distância que existe, entre medir o investimento efetivo no setor de infraestrutura pelos dados oficiais de empenho de orçamento, e pelo que de fato acontece na obra. Este ano, como novidade, foi feita uma sondagem com locadoras. Em uma sondagem conduzida em meados de 2013, com quatro dezenas de locadoras que participaram no Congresso da Sobratema, os principais desafios do setor foram identificados como sendo, em ordem decrescente: • Falta de mão de obra especializada; • Falta de segurança jurídica nos contratos de locação; • Impostos; • Custo da mão de obra; Concorrência desleal de empresas que não cumprem devidamente a legislação trabalhista/fiscal. No final de 2013, uma amostra menor de locadoras indicou dois outros desafios estruturais percebidos por algumas empresas do setor. Primeiro, o desafio das locadoras pequenas, algumas das quais estariam operando com preços abaixo do custo real, e segundo, o desafio dos grandes grupos financeiros, para qual faltaria comprometimento de longo prazo para com a atividade de locação. Essas questões foram bem explicadas por duas das participantes na sondagem de locadoras, que, como é regra absoluta nas pesquisas e sondagens da Sobratema, não serão identificados: Locação – o desafio das pequenas:
“A grande parte dos locadores pequenos não tem o menor conhecimento do custo-hora dos seus equipamentos e isso nos prejudica demais, pois, em momentos de mercado em baixa o desespero faz com que as locações sejam feitas com valores muito inferiores aos custos, o que joga os valores de locação para baixo. A facilidade em compra de máquinas que se viu nos últimos anos, culminou com um mercado oportunista e sem nenhum know-how em como se locar... No ano de 2013 tivemos a falência de muitas empresas que não conseguiram se manter, e acreditamos que em 2014 poderá ocorrer uma reconfiguração do mercado e, talvez, poderá ser o início de uma limpeza mais efetiva no nosso setor.” Locação – o desafio dos grandes grupos financeiros:
“A maior dificuldade é a concorrência desleal causada pela entrada de grupos estritamente financeiros nas grandes locadoras que têm vasta disponibilidade de capital barato e uma visão de curto prazo do mercado e se guiam por indicadores (faturamento, market share...) que não levam em consideração a sustentabilidade do negócio. Praticam valores de locação irreais e insustentáveis visando unicamente o aumento do faturamento. Importante lembrar que o planejamento dos grupos financeiros não leva em consideração o real crescimento da demanda de mercado e vai continuar a inundar o mercado com equipamentos focando unicamente o crescimento do faturamento prometido aos investidores. Como o ‘prazo de validade’ de alguns fundos já está chegando ao final e não há perspectivas de melhora no mercado acionário que possibilitem a ‘porta de saída’ destes fundos, as pressões por resultados crescerão enormemente (mas continuarão a focar índices como faturamento e não eficiência e rentabilidade).”
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Expectativas para 2014 O ano que vem será melhor? Conforme já explicado, a perspectiva para a venda de equipamentos de construção no Brasil em 2014 aponta para uma ligeira queda, na linha amarela, mas com um pequeno aumento no universo total de equipamentos contemplados pelo Estudo Sobratema. Por outro lado, as respostas para duas perguntas na última sondagem de compradores de equipamento apontam para dias melhores. Haveria uma contradição? Primeiro, as respostas, que indicam o ânimo do setor. No gráfico Comp-4, podemos ver que uma maioria absoluta das construtoras e locadoras ouvidas, espera que 2014 seja melhor, em termos de volume de negócios. Um terço vislumbra um 2014 mais ou menos igual 2013, e menos de 10% um ano pior. Ao mesmo tempo, conforme revelado no gráfico Comp-5, uma clara maioria espera demandar mais equipamento em 2014. Comp-4 Pergunta: Qual sua expectativa para 2014, para sua empresa, comparado com 2013 (em volume de negócios)?
Comp-5 Pergunta: Qual sua expectativa de demanda para equipamento de construção em 2014?
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Importante observar que, daquele mesmo universo de empresas que se mostrou em geral na expectativa de demandar mais equipamentos no ano que vem (gráfico Comp-5), 58% relataram que comprou menos do que era esperado em 2013. Como já foi explicado anteriormente, sem as compras do governo federal, o mercado teria caído de forma sensível em 2013. Para 2014, portanto, a expectativa é para um crescimento nas compras pelas construtoras e locadoras, mas mitigado pela redução nas compras públicas. Também, nem todas as empresas que dizem esperar um 2014 melhor, pretendem comprar mais equipamentos. Uma das maiores construtoras participantes da sondagem previu que o ano vem seria melhor, em termos de volume de negócios, mas com demanda para equipamentos talvez 20% abaixo do nível de 2013. E se explicou: “O panorama é pior do que esperávamos no inicio do ano, porém não é de todo ruim. A maior decepção é em relação ao pacote das concessões que sofreu um atraso muito grande... Vamos focar (em 2014) na otimização da frota ociosa”. Das oito empresas ouvidas em outubro que têm frotas próprias de mais de 500 equipamentos, cinco declararam esperar aumentar sua demanda em 2014. Com a palavra final, uma das grandes empresas que participou da mais recente sondagem: “O baixo investimento em infraestrutura por parte do poder publico, está pior que em anos anteriores. A esperança do setor é com o efetivo inicio das concessões e as construções no sistema PPP, que embora muito propagado, ainda não está a plena carga”.
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PARTE B • Introdução • Conjuntura nacional • Conjuntura internacional • Análise dos principais mercados de máquinas da construção • Mercado latinoamericano • Mercado brasileiro
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Introdução
As vendas de máquinas da construção em 2013 apresentaram recuperação para alguns tipos de equipamentos. Destacaram-se aqueles ligados a infraestrutura de transportes e saneamento. No total, apresentaram crescimento da ordem de 10% sobre 2012, mas com grandes diferenças por tipo de equipamento. Isso demonstra que o crescimento foi localizado, principalmente resultado de compras governamentais ligadas ao PAC Equipamentos. O próximo ano será eleitoral, o que poderia impulsionar o setor de forma talvez similar ao ocorrido neste ano. A questão é se no tempo que resta até o final do mandato será possível tirar do papel projetos de infraestrutura. Depois de muita ênfase na política de concessões, infelizmente estas não seguiram o curso esperado. Diversos problemas principalmente ligados à estruturação das operações, a riscos envolvidos e à falta de investidores frustraram os poucos leilões que foram realizados. É sempre positiva a participação da iniciativa privada nos projetos, mas demandam tempo para sua estruturação a contento. Diferente das concessões da década de 90, os novos projetos não são tão lucrativos quanto as grandes rodovias, com enorme e garantido fluxo de veículos. As concessões atuais demandam mais dos investidores, uma vez que o risco associado aos investimentos é maior e a engenharia financeira mais complexa. A situação da conjuntura nacional contribuiu para as dificuldades nas vendas de máquinas da construção em todos os segmentos aqui estudados. As políticas iniciadas no ano passado envolvendo a queda nas taxas de juros e pacotes de incentivos fiscais ao setor privado aceleraram o crescimento econômico no primeiro semestre deste ano, mas a elevação das taxas de juros posterior acabou por reverter as expectativas. A política de desvalorização cambial foi a principal ação positiva para o crescimento econômico. Com a sinalização do Banco Central de que iria permitir desvalorizações crescentes do Real, a indústria nacional iniciou investimentos a fim de, gradativamente, substituir importações por produção interna, fato que incentivou o crescimento do investimento interno. No segundo semestre, a volatilidade da taxa de câmbio freou a ação dos empresários. O medo imposto por analistas acerca de pressões inflacionárias – naturais em um processo de ajuste cambial – fizeram com que o governo, na dúvida, freasse o movimento de desvalorização cambial no segundo semestre. O resultado final criou uma enorme desconfiança por parte dos agentes quanto à continuidade da estratégia. Mesmo sem sinais aparentes de descontrole inflacionário – no primeiro semestre de cada ano os preços normalmente se elevam – pressões políticas vindas de analistas econômicos contra a política de queda nos juros fez com que o Banco Central voltasse a elevar as taxas. O resultado desse conjunto de sinais contraditórios foi um primeiro semestre de recuperação no investimento com perda de dinamismo no segundo semestre. As exonerações fiscais, a queda nos juros e a desvalorização cambial acabaram por ter efeito pequeno. O retorno à política de taxas de juros elevadas, a contenção de gastos públicos e a volatilidade cambial resultaram em baixa taxa de crescimento para o segundo semestre.
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Os agentes receberam o tempo todo sinais contraditórios. Em alguns momentos fizeram investimentos, o que provocou melhoras em relação ao fraco ano de 2012, mas logo se retraiam pela reversão das políticas. A maioria dos agentes econômicos permaneceu aguardando sinais de uma retomada sustentada da economia, o que não vem ocorrendo. Se a estratégia de conceder à iniciativa privada projetos de infraestrutura já exigia uma engenharia complexa, diante deste cenário contraditório podem faltar recursos privados para os projetos. Taxas de juros baixas são fundamentais para a participação privada em empreendimentos de longo período de maturação e de taxas de retorno modestas. Certamente o BNDES deverá elevar sua participação de maneira a viabilizar fundos para os projetos. As taxas de juros baixas também são centrais para a continuidade do dinamismo da construção civil. Por essas razões, o crescimento das vendas no segmento de máquinas da construção foi baixo. Se não fossem as compras governamentais, dado que as concessões previstas não ocorreram, teria sido mais baixo do que se estimou no ano passado. O crescimento das vendas de máquinas para 2014 está relacionado às eleições. Duvida-se da capacidade do governo mudar o rumo atual em tão pouco tempo. A pergunta é se depois de um longo período de crescimento acelerado (2005-2010) voltamos aos ciclos eleitorais – historicamente as vendas de máquinas da construção elevam-se em anos eleitorais. A ausência de planos de investimento concretos, ou mesmo uma pequena possibilidade de uma retomada com mais afinco do PAC, parece demonstrar essa tendência. Assim o crescimento das vendas para os próximos anos seria algo lento. As vendas de máquinas da construção para os segmentos agrícola e mineral também devem seguir um crescimento lento. Esses setores vêm sofrendo com a perda de dinamismo da economia mundial. Não houve diminuição na quantidade exportada. O maior impacto sobre os setores deve-se à queda nos preços das commodities que se estabilizaram em níveis mais baixos. A onda especulativa que jogou os preços para cima nos anos anteriores desapareceu. A demanda chinesa tanto por minério como por soja continua em seu crescimento tradicional ano a ano. Elevou-se a demanda chinesa por papel e celulose. Assim, esses segmentos devem continuar seu crescimento gradual sem grandes saltos pela frente.
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Conjuntura nacional
Depois de um enorme balde de água fria em 2011 com a reversão das políticas de crescimento econômico e resultado ruim, em 2012 o Governo apostou em uma nova estratégia de política econômica, lançando a responsabilidade do crescimento sobre o setor privado. A estratégia consistiu em baixar as taxas de juros, fortalecer o pacote de incentivos fiscais às empresas para que fizessem investimentos, reforçar o caixa do BNDES para financiar a retomada e, principalmente desvalorizar a taxa de câmbio. Foram medidas que realmente fizeram com que os empresários ensaiassem uma retomada nos investimentos no primeiro semestre de 2013. Vale destacar, o principal fator de impulso a essa retomada do primeiro semestre foi dado pela continuidade da política de desvalorização cambial. Historicamente no Brasil, os setores produtivos reagem ao crescimento dos custos produtivos causados pelo câmbio desvalorizado, substituindo partes, peças e componentes importadas por produção nacional. Isso ocorre no Brasil porque esses componentes eram normalmente aqui produzidos no passado, mas foram ao longo dos anos substituídos por importados dado o câmbio extremamente valorizado. Já no final do primeiro semestre, o governo não conseguiu ceder às pressões dos analistas que anunciavam uma “catástrofe” inflacionária em razão dos novos níveis de taxa de câmbio e juros. Decidiu então reverter a política de juros baixos e permitiu uma ligeira valorização cambial. No caso do câmbio ocorre o pior: pelo movimento dos capitais internacionais, a taxa de câmbio torna-se muito volátil dificultando o planejamento dos empresários. Na questão cambial, o pior dos mundos é a falta de estabilidade na taxa para que as empresas possam definir suas estratégias de estrutura produtiva: produzir internamente ou importar. Assim, todo dinamismo que a economia ensaiou no primeiro semestre, pode se reverter no segundo, o que resultará em um baixo crescimento do PIB neste ano e pequena recuperação da produção industrial. A indústria precisa de uma taxa de câmbio competitiva e estável que seja mantida por um longo período, dado o tempo de alteração técnica da estrutura produtiva das empresas.
PIB e produção Não teria sido muito difícil superar o PIB de 2012, dado o baixo crescimento então apresentado, ainda que tenha sido superior ao PIB de 2011. Se a previsão de um crescimento para este ano de 2,5% parece elevado, deve-se levar em conta a pequena base de comparação do ano passado. Esse resultado esperado deve-se principalmente à retomada da economia no primeiro semestre como visível no gráfico. Neste período, foi o crescimento de 6% na taxa de investimentos que puxou o PIB para cima.
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PIB taxas de crescimento T/T-1 ajustado sazonalmente
Fonte: IBGE
O crescimento do consumo das famílias de 1,6% no primeiro semestre em relação ao mesmo período demonstra uma importante alteração do quadro em relação aos anos anteriores, quando o crescimento havia sido puxado pelo consumo em uma situação de câmbio valorizado o que, ao invés de contribuir para incentivar o investimento industrial interno, dirigiu a dinâmica do crescimento principalmente para importações. PIB e formação bruta de capital fixo
Fonte: IBGE
Variação percentual Trimestre/Trim. ano anterior
Fonte: IBGE
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É importante destacar que se os dados do primeiro semestre se apresentam positivos para uma retomada da economia, essa tendência acabou sendo freada pela reversão na política de juros no final do primeiro semestre, bem como da política de câmbio mais desvalorizado. Ainda não se dispõe de dados seguros sobre o segundo semestre, mas pelas informações disponíveis, há possibilidade de desaceleração nos investimentos industriais. De qualquer forma, é importante destacar que, apesar da reversão da política de juros pela elevação, a intenção parece ser manter a política de taxas de câmbio nesse novo patamar acima de R$2,00 por dólar. Apesar de ainda não desvalorizado o suficiente, esse nível é positivo para manter, pelo menos parcialmente, alguma retomada no investimento industrial interno, mesmo que tímida. Os agentes esperam essa sinalização por parte do Governo para desenharem suas estratégias. Esses movimentos acima apontados podem ser vistos na variação da produção industrial. Compilando dados até agosto, vê-se o crescimento da produção interna de bens de capital da ordem de 13,5% contra janeiro-agosto de 2012. É uma clara indicação de retomada nos investimentos internos. De qualquer forma, a indústria como um todo cresceu apenas 1% no período como pode ser visto no gráfico. Dados preliminares para o segundo semestre demonstram uma perda de dinamismo, como apontado, resultado da reversão das taxas de juros e da volatilidade cambial. Produção indústria geral (com ajuste sazonal)
Fonte: IBGE
Produção indústria (sem ajuste sazonal)
Fonte: IBGE
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Utilização da capacidade instalada (indústria – média)
Fonte: IPEADATA/FGV
A produção industrial no segmento de insumos para a construção civil observou um crescimento de 1,6% entre janeiro e agosto de 2013 contra o mesmo período do ano passado. É importante destacar aqui que não foi o segmento de construção civil que sustentou o crescimento neste ano, apesar da reversão de tendência no sentido positivo. Esse número demonstra que o setor da construção parece ensaiar uma retomada lenta. Para o desempenho da indústria em 2014 e nos anos seguintes, parece relativamente clara a necessidade de uma política amigável com taxas de câmbio mais desvalorizadas e juros mais baixos. Essa é a fórmula para incentivar a produção interna, impactando positivamente na renda média pelo emprego que cria. A grande disputa política que se estabelece é com os analistas que insistem em que há descontrole inflacionário e pressionam para uma política de juros mais elevados. Essa é uma briga política, mas que, visivelmente, pelo menos até as eleições de 2014, o governo parece ter perdido. Por isso teve que reverter sua estratégia elevando juros. O impacto do baixo crescimento da indústria sobre o setor de máquinas e equipamentos da construção se dá pela baixa perspectiva de construção de novos galpões industriais e de logística de distribuição. Além disso, taxas de juros altas inviabilizam os fundos de bancos privados em investimentos de longo prazo, característica do segmento de infraestrutura. Taxas de câmbio valorizadas incentivam a importação e não a produção interna, debilitando a indústria interna com impactos negativos sobre a renda média. Se ainda houver impacto negativo – ainda não sentido – sobre o emprego e renda das famílias, esse fato atrapalhará a construção civil residencial pela elevação do risco de inadimplência.
Emprego e renda Um fato que tem despertado discussões entre os analistas é a preservação do nível de emprego, ou da manutenção das taxas de desemprego ainda no patamar de 5,3% (agosto) em meio à forte desaceleração do PIB nos anos recentes. Apenas no segundo semestre deste ano os indicadores apresentaram ligeiro crescimento no desemprego.
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Taxa de desocupação
Fonte: IBGE
Soma-se a essa questão o fato positivo de a renda média ter se mantido relativamente estável, apresentado um crescimento de 1,3% em ago/2013 contra ago/2012, atingindo o valor de R$1.883,00. Deve-se pontuar que diminuiu seu ritmo de crescimento em relação ao ano passado quando havia se elevado de 4,3% sobre 2011.
Rendimento médio real do trabalho
Fonte: IBGE
A preservação do emprego e da renda média são fatores importantes para a indústria da construção civil uma vez que garantem um baixo nível de inadimplência e a demanda para o setor. Por isso esse setor tem conseguido manter um ritmo estável de crescimento, embora bem mais baixo que nos anos anteriores. A manutenção das taxas de desemprego reflete em parte o crescimento do investimento e da produção industrial, acima analisada, observada no primeiro semestre do ano. O setor serviços,
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empregador destacado nos últimos anos, manteve seu nível de emprego estável com salários em ascensão. As empresas em geral, na expectativa de retomada do crescimento, mantiveram seus trabalhadores empregados. Uma argumentação difundida na explicação da manutenção do baixo nível na taxa de desemprego estaria relacionada à elevação da renda média nos últimos anos. Isso implicaria em que jovens que pertencem às famílias que se beneficiaram dessa elevação estão postergando sua entrada no mercado de trabalho ou mesmo deixando de procurar emprego. Se de um lado esse fenômeno mantém as taxas de desemprego baixas, de outro, demonstra que há contingente de pessoas economicamente ativas que poderiam ingressar no mercado. De qualquer forma, essa é uma situação que parece começar a se reverter uma vez frustradas as expectativas de crescimento ensaiadas no primeiro semestre. Apesar do crescimento do emprego de 13% entre janeiro e setembro deste ano em relação ao ano passado na indústria de transformação, há uma queda de 10% no emprego da indústria como um todo (envolve agroindústria). Assim, os sinais ainda são contraditórios.
Crédito Em 2013 o estoque de crédito na economia brasileira preservou-se no patamar de 50% do PIB. A elevação de 28% no crédito público entre janeiro e agosto de 2013 contra 2012 e de uma elevação de 6% no volume de crédito privado garantiu esse patamar.
Operações de crédito totais público e privado
Fonte: BCB
O setor industrial foi o principal tomador de crédito neste ano, com um crescimento de 10% em agosto contra o mesmo mês do ano passado. O crédito dos bancos privados elevou-se em função de sua forte entrada no crédito habitacional. Depois do enorme desapontamento com as operações de crédito ao consumo nos anos passados, 32
diante da forte queda nas taxas de juros e alguma inadimplência, os bancos privados elevaram sua carteira imobiliária. A despeito da ideia tradicionalmente divulgada de que no Brasil as taxas de juros de equilíbrio seriam sempre superiores a dois dígitos diante de uma inflação histórica em torno de 5,7% nos últimos anos, o Banco Central decidiu baixar consideravelmente seu patamar. Para surpresa do mercado, a inflação não explodiu como seria previsto.
Taxa Selic – nominal (%)
Fonte: BCB
É importante destacar que essa queda na taxa de juros impulsionou os bancos privados a entrar mais fortemente no crédito imobiliário e em outras modalidades de financiamento. Mesmo assim, os bancos não deixaram de pressionar o governo para que elevasse a taxa de modo a garantir um patamar de remuneração sobre os títulos de dívida pública em suas carteiras, base de sua rentabilidade. Por diversas pressões, pela difundida ideia de risco de aceleração inflacionária futuro, o governo cedeu e voltou a elevar as taxas de juros no final do segundo semestre deste ano. O principal impacto negativo dessa medida recaiu sobre o setor industrial (veja o gráfico acima PIB e Formação Bruta de Capital) como acima apontado. O efeito negativo da elevação das taxas de juros, além de reverter as expectativas dos agentes, deve aparecer no futuro com a retração da participação do sistema bancário privado sobre o crédito de longo prazo, principalmente o imobiliário, onde entrou fortemente. De qualquer forma, para investimentos de longo prazo em geral, o principal fornecedor de crédito continua sendo o BNDES. Os três bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e o BNDES) continuam a se destacar nessas operações sendo responsáveis pelo crescimento de 28% no crédito público apontado acima. Entre janeiro e julho de 2013, o BNDES desembolsou R$102 bilhões em operações de crédito, valor 50% superior ao mesmo período do ano passado. Desse valor R$40 bilhões foram desembolsos em operações Finame, relacionados à compra de máquinas e equipamentos. Apenas em Finame, o crescimento dos desembolsos atingiu 80% em relação ao mesmo período do ano passado. 33
Esses dados do FINAME corroboram a elevação dos investimentos em bens de capital realizados pela indústria acima apontados. Essa linha de financiamento também é extremante importante para o segmento de máquinas da construção, objeto deste trabalho. O segmento de caminhões também merece destaque com crescimento de 62% entre janeiro e julho de 2013 contra o mesmo período do ano passado.
Desembolso total do sistema BNDES
Fonte: BNDES
Desembolso Finame
Fonte: BNDES
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Destaca-se ainda o volume de desembolso FINAME do BNDES para projetos de infraestrutura (específico para máquinas) com um crescimento de 42% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. No período foram desembolsados R$3,1 bilhões nesta modalidade de FINAME, contra R$4,7 bilhões desembolsados para o setor industrial, tradicional na carteira de crédito do banco. Isso demonstra a participação crescente do banco no setor de infraestrutura.
BNDES – desembolso por área
Fonte: BNDES
Desembolso Finame – máquinas e equipamentos nacionais
Fonte: BNDES
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Começa-se a discutir se o BNDES terá capacidade de continuar financiando investimentos de longo prazo para indústria, infraestrutura e agrícola (principalmente Finame) nos mesmos montantes atuais. Deve-se lembrar o enorme crescimento do estoque de créditos do banco nos últimos 10 anos. Certamente haverá limites. Até o momento, o Tesouro Nacional já emprestou para a instituição R$280 bilhões, devendo aportar mais R$20 bilhões ainda este ano. Vale destacar que essa forma de alocação de recursos públicos é positiva dado que resulta em novos investimentos privados, gera emprego e renda (efeito multiplicador) para toda a economia, retornando ao Tesouro como arrecadação de impostos e lucros do BNDES, mesmo com taxas de juros subsidiadas. A posição do BNDES como principal fornecedor de recursos de longo prazo para investimentos constitui um problema estrutural da economia brasileira. Os bancos privados não dispõem de recursos com prazos e taxas compatíveis aos projetos de investimento com risco e maturação característicos do longo prazo. Três dirigentes dos maiores bancos nacionais afirmaram que dificilmente suas instituições poderiam ocupar o lugar do BNDES. Será fundamental para qualquer política de crescimento econômico a constituição de novas fontes de financiamento no Brasil. Infelizmente, as taxas de juros elevadas, se não impedem, dificultam essa possibilidade. A entrada de recursos externos poderia ser positiva, principalmente para setores exportadores da economia que possuem receitas em moeda estrangeira. Para os setores não exportadores como infraestrutura, essa modalidade de financiamento incorre em elevado risco cambial. Vale destacar que o baixo crescimento da economia e do PIB, bem como dos projetos de infraestrutura não foram resultado da falta de recursos financeiros. Até o ano passado, havia recursos em abundância e poucos interessados. Este ano, devido à retomada dos investimentos, os recursos foram utilizados. A partir de agora, segundo a direção do BNDES, seu foco será o provimento de recursos para projetos de infraestrutura. Falta os projetos saírem do papel. Taxas de juros mais elevadas tendem a prejudicar a retomada dos negócios imobiliários. Com as taxas mais baixas, os bancos privados – via fundos imobiliários –estavam destinando recursos crescentes ao setor da construção civil. De qualquer forma, espera-se para o próximo ano a manutenção de uma taxa de juros mais elevada, mesmo que as taxas de inflação continuem em sua trajetória normal dos últimos anos. Não há possibilidade de descontrole inflacionário ou da dívida pública. Projeta-se para após 2014, a depender das transformações políticas, taxas de juros mais civilizadas e taxas de inflação nos mesmos patamares atuais, mesmo que sendo pressionadas pelo necessário ajuste cambial.
Setor externo Durante os últimos anos, as exportações brasileiras, principalmente de produtos básicos que respondem por 55% da pauta de exportações (32% alimentos e 14% minérios), beneficiaram-se dos elevados preços internacionais e, com isso, garantiram os saldos positivos na Balança Comercial. A China tornou-se nosso principal parceiro comercial, sendo responsável por 20% do total exportado pelo Brasil. Nos últimos anos ultrapassou os EUA que hoje só responde por 10% do total de exportações brasileiras.
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Exportações brasileiras por país – valor decrescente
País
Jan-Set 2013 US$ Bilhões
Jan-Set 2012
Par. %
US$ Bilhões
Par. %
Var %
China
35,9
20,21
32,3
17,88
11,2
Estados Unidos
18,4
10,35
20,6
11,4
-10,67
Argentina
14,9
8,4
13,5
7,46
10,7
Países Baixos (Holanda)
11,6
6,5
10,9
6,02
6,32
Japão
5,9
3,32
5,6
3,11
4,95
Alemanha
4,7
2,64
5,4
3,0
-13,56
Coréia, República da (Sul)
3,5
1,96
3,2
1,75
10,1
Chile
3,2
1,81
3,3
1,83
-2,78
Venezuela
3,1
1,76
3,7
2,07
-16,6
Itália
3,1
1,74
3,6
1,98
-13,19
Reino Unido
2,9
1,65
3,3
1,82
-11,02
Espanha
2,8
1,59
2,8
1,58
-0,91
México
2,7
1,53
3,0
1,69
-10,84
França
2,6
1,47
3,1
1,73
-15,97
Bélgica
2,6
1,47
2,9
1,6
-9,53
Hong Kong
2,5
1,42
1,8
1,01
38,07
Paraguai
2,3
1,27
1,9
1,05
19,47
Rússia, Federação da
2,2
1,25
2,4
1,33
-7,29
Arábia Saudita
2,1
1,2
2,2
1,2
-1,31
Índia
2,0
1,11
3,9
2,14
-48,83
Fonte: MDIC – Secex
Taxas de câmbio valorizadas durante muitos anos (veja gráfico) resultaram em elevação estrutural das importações industriais, principalmente de partes, peças e componentes de produtos fabricados e vendidos no Brasil e, em parte, na América Latina. Falta de investimentos em novas refinarias de petróleo geram pressão sobre as importações de combustíveis. Conforme pode ser visto no gráfico, o Brasil ainda apresenta um pequeno superávit comercial no acumulado do ano. A dificuldade tem sido grande em manter essa situação. A volatilidade da taxa de câmbio constitui o pior dos mundos para as empresas. Elas freiam seus investimentos até terem certeza de onde estará a taxa de câmbio. Assim continuam pressionando importações.
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Balança comercial
Fonte:BCB
Taxa de câmbio
Fonte:IPEA
Com o fim do ciclo de elevados preços das commodities (entre os produtos básicos), o Brasil passou a ter problemas em suas contas externas. O saldo da Balança Comercial girou neste ano de 2013 em movimento pendular entre superávits e déficits. Em termos de valor houve queda de 1,6% nas exportações entre janeiro e setembro contra o mesmo período do ano passado. A maior queda esteve entre os semimanufaturados (-6%). A queda no saldo dos produtos básicos foi compensada pela elevação da quantidade.
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Exportações de produtos
Fonte:BCB
O principal destino das exportações de produtos manufaturados e de máquinas para construção do Brasil é a América Latina. Cerca de 45% de nossas exportações de manufaturados tem como destino a Argentina, superando em muito a Europa (17%) e EUA (15%). Há anos o Brasil se tornou uma base de exportações para a América Latina para diversas empresas industriais multinacionais que produzem no Brasil. Mesmo com a desvalorização cambial que se iniciou em meados de 2012 (veja gráfico), não se alterou a tendência deficitária recente das contas comerciais. Isso demonstra claramente o quanto a taxa de câmbio valorizada estava enraizada na estrutura produtiva industrial brasileira, em sua forte dependência de importações de partes, peças e componentes. A persistência de pressões deficitárias em condições de desvalorização é resultado dessa estrutura e que pode levar talvez dois anos para se modificar. Mantêm-se as importações com preços mais elevados. O fato acima apontado também resulta em pressões inflacionárias. É normal que empresas dependentes de componentes importados busquem repassar seus custos aos preços. Por esse motivo, políticas de desvalorização cambial são mais eficientes quando acompanhadas de crescimento econômico, permitindo que as empresas garantam suas receitas pela quantidade vendida e não pela elevação dos preços enquanto procedem a mudança estrutural produtiva. É um mecanismo muito delicado que leva tempo. O importante para as empresas é a definição clara de uma estratégia de política cambial, seja com desvalorização gradativa ou estabilidade. O benefício da desvalorização cambial será tornar as máquinas e equipamentos produzidos no Brasil mais competitivas internacionalmente. Uma elevação nas exportações já se desenha. Outro destaque também resultado das novas taxas de câmbio é tornar mais competitiva e mais lucrativa para as empresas as exportações de produtos básicos. Isso pode incentivar a produção e a compra de máquinas para construção pelos setores agrícola e mineral.
40
Questão fiscal e inflação Desde o ano passado, principalmente em função da queda nas taxas de juros, um enorme alarde sobre um possível descontrole inflacionário devido ao relaxamento da política de “metas de inflação” tomou conta dos jornais. De fato, a queda nas taxas de juros demonstra uma mudança de posição do Banco Central em relação aos últimos anos. Trata-se de um relaxamento da política de metas de inflação com a visão de que as taxas de juros muito elevadas estavam impedindo a retomada do crescimento econômico diante de uma forte crise internacional e queda nos preços das commodities. Apesar do enorme alarido sobre um descontrole inflacionário, esse movimento de elevação descontrolada dos preços não ocorreu. É bom lembrar, como fica visível no gráfico a seguir, que todo início de ano ocorrem pressões sobre preços, principalmente de alimentos, o que já se tornou tradicional. Esse movimento sazonal normal foi tomado como base para o alarde. Como pode ser visto no gráfico, em 2013 a variação de todos os índices de inflação seguiu o mesmo padrão dos anos anteriores. A inflação brasileira gira há tempos em torno de 5,6% ao ano, sendo puxada normalmente um pouco mais no primeiro semestre. Isso demonstra que não passou por qualquer crescimento explosivo.
Inflação
Fonte: FIPE, FGV, IBGE
Adicionalmente, quando comparada, a taxa de inflação acumulada entre janeiro e agosto de 2013 contra o mesmo período do ano passado, alguns índices apresentam ligeira queda relativa. Dessa forma, é importante destacar que não haveria motivos para tanta gritaria em favor de uma elevação forte nas taxas de juros. De qualquer forma, o Banco Central acabou por atender aos pedidos do mercado, elevando-as. Também com base na ideia de que estaria havendo uma forte elevação inflacionária, o foco das pressões caíram sobre um possível crescimento do déficit público que estaria resultando em novas pressões sobre a demanda agregada da economia.
41
O gráfico abaixo demonstra que se alterou pouco a situação fiscal do país. A meta de superávit fiscal não dever ser atingida por elevação de gastos no segundo semestre. A diminuição das taxas de juros que começava a impactar positivamente sobre a relação dívida/PIB foi também em parte revertida. Mesmo assim a relação dívida/PIB mostra um excesso de preocupação dado que caiu de 35% em 2012 para 34% nesse ano. A dívida bruta também continua estável em 58% do PIB. Como se pode ver no gráfico abaixo, os pagamentos de juros giram em torno de R$20 bilhões ao mês. Durante os últimos anos, o Governo federal vem apresentando seguidos superávits primários em média.
Necessidades de financiamento do setor público
Fonte: BCB
Esses dados são importantes para demonstrar que tanto o alarde provocado por opiniões de determinados agentes econômicos sobre uma elevação inflacionária e descontrole das contas públicas, são relativamente infundados. Claro, a desaceleração da economia vem pesando negativamente sobre a arrecadação, resultando em estabilidade na relação dívida/PIB, freando a diminuição que vinha ocorrendo nos últimos anos. De outro lado, também parece exagerada a reação do Governo e do Banco Central no que tange à retomada da elevação nas taxas de juros. As pressões inflacionárias eram localizadas e o ritmo de desvalorização cambial – o que realmente pressiona a inflação – foi diminuído. O retorno à elevação das taxas de juros lança expectativas negativas para os agentes econômicos, contribuindo para frear o crescimento dos investimentos que vinham ocorrendo ao longo do primeiro semestre.
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Conjuntura internacional
Do ano passado para 2013 pouca coisa mudou no cenário internacional. Estados Unidos e Europa continuam amargando crescimento econômico nulo, o que representa recessão. Ensaiam uma retomada, mas logo desaceleram novamente.
Tabela crescimento real do PIB mundo e projeções (fonte FMI) Em vermelho: crescimento negativo
Crescimento Real do PIB
Projeções
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2,7
-0,4
5,2
3,9
3,2
2,9
3,6
4,0
4,1
4,1
4,1
Economias Avançadas
0,1
-3,4
3,0
1,7
1,5
1,2
2,0
2,5
2,6
2,6
2,5
Área do Euro
0,4
-4,4
2,0
1,5
-0,6
-0,4
1,0
1,4
1,5
1,6
1,6
Asiáticos em Desenv.
7,3
7,7
9,8
7,8
6,4
6,3
6,5
6,6
6,7
6,7
6,7
América Latina e Caribe
4,2
-1,2
6,0
4,6
2,9
2,7
3,1
3,5
3,7
3,7
3,7
PIB Mundial
Brasil
5,2
-0,3
7,53
2,7
0,9
2,5
2,5
3,2
3,3
3,5
3,5
Estados Unidos
-0,3
-2,8
2,5
1,8
2,8
1,6
2,6
3,4
3,5
3,4
3,1
Japão
-1,0
-5,5
4,7
-0,6
2,0
2,0
1,2
1,1
1,2
1,1
1,1
Reino Unido
-0,8
-5,2
1,7
1,1
0,2
1,4
1,9
2,0
2,0
2,1
2,3
Alemanha
0,8
-5,1
3,9
3,4
0,9
0,5
1,4
1,4
1,3
1,3
1,2
França
-0,1
-3,1
1,7
2,0
0,0
0,2
1,0
1,5
1,7
1,8
1,9
Itália
-1,2
-5,5
1,7
0,4
-2,4
-1,8
0,7
1,1
1,4
1,4
1,2
Espanha
0,9
-3,8
-0,2
0,1
-1,6
-1,3
0,2
0,5
0,7
0,9
1,2
China
9,6
9,2
10,4
9,3
7,7
7,6
7,3
7,0
7,0
7,0
7,0
Índia
3,9
8,5
10,5
6,3
3,2
3,8
5,1
6,3
6,5
6,7
6,7
México
1,2
-4,5
5,1
4,0
3,6
1,2
3,0
3,5
3,7
3,8
3,8
Fonte: FMI
De outro lado, a China continua apresentando surpreendentes taxas de crescimento diante de um mundo em crise, surpreendendo aqueles analistas que acreditavam que sua economia era estruturalmente centrada em exportações. O grande susto em 2013 foi dado pela instabilidade política nos Estados Unidos. Um jogo de forças interno queria o fim do programa que garante liquidez aos títulos de dívidas privadas por meio do endividamento público. Pressões para não ampliação do teto da dívida pública do país chegou a colocar em xeque o programa, assustando todo o mundo. Conseguiram manter a política, garantindo liquidez contra quebras no sistema financeiro. Mas esta é apenas uma solução temporária. Sem a retomada dos investimentos produtivos, sem ações mais contundentes neste sentido, a economia Norte Americana continuará nesta situação de risco. Um fim abrupto da política de liquidez atual recolocaria sobre a mesa o risco sistêmico do mercado financeiro com impactos negativos sobre a liquidez internacional. 43
Os gráficos abaixo demonstram uma ligeira melhora nos números da economia dos EUA, mas não é possível classificá-la como ainda como uma tendência. As taxas de desemprego diminuíram, mas muito lentamente e ainda são elevadas. Variação percentual do PIB norteamericano
Fonte: BEA
Taxa de desemprego EUA
Fonte: BLS
Os dados da economia europeia são um pouco piores. Apesar da pequena reação positiva do PIB da região, no acumulado, os resultados ainda apresentam queda. Da mesma forma, as taxas de desemprego continuam elevadas e crescentes, elevando-se para 12% ante a 11,5% do ano passado.
PIB zona do Euro (17 países)
Fonte: Eurostat
44
Taxa de desemprego zona do Euro (17 Países)
Fonte: Eurostat
A desaceleração europeia começou a ser sentida na Alemanha. O principal mercado para seus produtos de elevada tecnologia são os próprios países europeus. Outros mercados têm sustentado a produção alemã. Da mesma forma, esse país também tem apresentado taxas de desemprego preocupantes. Se contabilizado o volume de emprego temporário (“mini-jobs”) e de baixo rendimento por hora, estima-se que o desemprego alcançaria algo em torno de 25%. O país que continua sustentando o crescimento mundial – em benefício do Brasil – é a China. Com forte pacote de investimentos da ordem de 48% do PIB, bem como com o fortalecimento do seu mercado interno que já contribui com 37% de seu PIB, o país mantém uma taxa de crescimento superior a 7,5% ao ano. Vale destacar que os investimentos continuam fortes em infraestrutura e em construção civil. Apesar de analistas internacionais apontarem esse nível de crescimento como insustentável no longo prazo, a China continua sua política de integração nacional, elevação do mercado interno pelo crescimento da renda média e salários, bem como diminuição gradativa da sua dependência de exportações. Também optou por uma política de diversificação de seus mercados externos, elevando suas exportações para a América Latina, outros países da Ásia e África, diminuindo sua dependência dos EUA e dos países da zona do Euro.
Crescimento do PIB chinês
Fonte: FMI; *Projeção
45
China – taxa de Investimento
Fonte: FMI; *Projeção
Para o que concerne a este trabalho, a continuidade do crescimento chinês deve manter o volume de exportações de commodities brasileiras. O que deixou de existir foram os preços especulativos do passado. A demanda chinesa por esses produtos continua estável e crescendo em taxas de “cruzeiro”. As compras de minério de ferro chinesas cresceram 10% no ano. De outro lado, a crise na Europa e nos EUA pouco afetaram e deverão afetar o desempenho da economia chinesa. Gradativamente a China eleva seus negócios com os países da América Latina e África. Assim continuará sustentando o mercado mundial. O baixo crescimento da Europa e EUA já tiveram impacto sobre as exportações brasileiras em 2009/10. Prevê-se assim que não haverá modificações neste sentido.
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Análise dos principais mercados de máquinas da construção
Em análises preliminares realizadas em meados deste ano aparecia uma reversão nas tendências de queda nos principais segmentos compradores de máquinas e equipamentos da construção. Para surpresa geral, parte desse desempenho positivo permaneceu presente nos dados de até agosto/setembro. De qualquer forma, esse movimento positivo ainda refere-se ao primeiro semestre. Historicamente, esse período em termos de crescimento é sempre superior ao segundo semestre. Assim, há dúvidas quando à manutenção dessa tendência.
Demanda para infraestrutura Diversos dados sinalizam para uma elevação nos investimentos em infraestrutura. A dúvida é sua continuidade no restante de 2013 e no ano que vem. Deve-se lembrar de que 2014 será ano eleitoral, o que tradicionalmente eleva os investimentos no setor. Dados da InterB, empresa de consultoria privada que acompanha os investimentos em infraestrutura, apontam para investimentos da ordem de 2,45% do PIB em 2013, praticamente o mesmo nível em termos relativos ao investimento de 2008 e superior a 2012 quando atingiu a marca de 2,33%. Apesar do baixo valor do PIB nesses últimos anos, esses números mostram uma tendência à elevação dos gastos no setor como mostra o gráfico abaixo. Deve-se lembrar que em 2008 quando os níveis de investimento em infraestrutura estiveram em 2,5% do PIB, o aumento das vendas de máquinas da construção atingiu 50% sobre 2007. Claro, naquela época a base era muito baixa e o setor da construção pesada possuía muitas máquinas com idade avançada. Hoje a população de máquinas é muito mais nova. Por isso o impacto sobre a demanda deste nível de investimentos foi bem menor (máquinas da linha amarela cresceram apenas 13% neste ano). Segundo ainda a InterB, este ano foram os governos estaduais e o setor privado que puxaram os investimentos em infraestrutura. Estima-se que dos 2,45% do PIB que serão investidos até o final do ano, metade venha do setor privado seguindo o que ocorreu no primeiro semestre. Ao lado do setor privado, destacam-se os governos estaduais que investiram, principalmente, no segmento de transportes. No primeiro semestre de 2013, os investimentos dos governos estaduais elevaram-se em 47% contra o mesmo período do ano passado; os investimentos privados elevaram-se em 5,5% enquanto os gastos do governo Federal caíram 14%.
47
Investimentos em Infraestrutura – setores
Fonte: InterB
Investimentos em infraestrutura – total
Fonte: InterB
Adicionalmente, o estudo destaca que o BNDES e a Caixa Econômica Federal financiam 39% do total investido em infraestrutura. Se adicionados outros bancos públicos, recursos garantidos pelo Tesouro Nacional e outros fundos públicos, o valor chega a 65% dos recursos. No segmento de transportes, essas instituições financiam 72% do total. De qualquer forma, investimentos da ordem de 2,5% do PIB em infraestrutura estão muito aquém do necessário. Esse nível mal garante a manutenção da infraestrutura existente. Para suprir as necessidades atuais seriam necessários investimentos de 4,5% do PIB, níveis que só ocorreram na década de 70, conforme pode ser visto no gráfico abaixo.
48
49
Investimento em infraestrutura por década
Fonte: InterB
Também aponta no sentido do crescimento dos investimentos em infraestrutura a elevação de 39% nos desembolsos do BNDES no primeiro semestre de 2013 contra o mesmo período de 2012 atingindo R$28 bilhões. Desses desembolsos do BNDES destacam-se os R$14,6 bilhões destinados ao financiamento do segmento de transportes no primeiro semestre de 2013, envolvendo principalmente transporte rodoviário, ferrovias e portos. Esse valor é 37% superior ao desembolsado no mesmo período do ano passado. O maior crescimento em termos de desembolso foi no segmento de saneamento. Embora o valor seja pequeno relativamente (R$3,1 bilhões) aos outros segmentos de infraestrutura financiados pelo Banco, seu crescimento foi de 244% no semestre de 2012 sobre o mesmo período de 2011. O segmento de eletricidade e gás apresentou um crescimento de 27% na mesma base de comparação, atingindo um valor de R$9,3 bilhões em desembolsos. Desembolso BNDES – transportes
Fonte: BNDES
50
Desembolso – água, esgoto e lixo
Fonte: BNDES
Desembolso BNDES – eletricidade/gás e telecomunicações
Fonte: BNDES
O PAC – Plano de Aceleração do Crescimento também apresentou dados em elevação. Desde 2011 até agosto deste ano, foram concluídas ações no valor de R$488 bilhões, 29% do planejado até 2014. A média mensal em valor das ações concluídas elevou-se de R$10,5 bilhões em 2011 para R$19,9 bilhões em 2013 (média mensal entre janeiro e agosto) O segmento que elevou as ações concluídas em valor – e que continuou em destaque – foi o Programa Minha Casa Minha Vida (que será destacado no capítulo sobre construção civil deste estudo). O valor médio mensal de ações concluídas cresceu de R$8,5 bilhões para R$11,2 bilhões. Em seguida, em termos de elevação, vieram os segmentos de energia e saneamento na relação média mensal dos oito primeiros meses de 2013 contra média mensal do ano de 2012. O segmento de transportes do PAC continuou na lanterna com queda em valor mensal médio de operações concluídas de R$1,2 bilhão em 2013 contra R$1,8 bilhão em média em 2012, só não ficando abaixo dos parcos R$510 milhões concluídos em 2011. Esses números baixos do PAC no segmento de transportes resultam da política do governo de não gastar diretamente nas obras. Grande parte dos projetos rodoviários – bem com as ferrovias – foi destacada para o PAC Concessões. Assim não houve investimentos significativos dentro do PACII no segmento e os projetos ficaram esperando os leilões. Parte das rodovias ficou fora das realizações recentes do PACII e não foram concedidas à iniciativa privada por diversos problemas técnicos. 51
PAC ações concluídas – R$ bilhões
Eixos do PAC 2 Transportes Energia Cidade Melhor Minha Casa, Minha Vida Água e luz para todos Total Meta até 2014 % concluído
2011 até ago 2013 37,60 161,10 1,90 278,00 6,30 488,10 708,00 68,94%
PAC 1 1,42 3,23 0,07 4,72 0,22 9,65
Médias mensais 2011 2012 0,51 1,80 2,82 6,19 0,01 0,08 7,09 8,58 0,15 0,12 10,6 16,70
jan-ago2013 1,24 6,63 0,10 11,24 0,39 19,90
Fonte: Governo Federal
Portanto, a grande frustração do ano foi com o PAC Concessões. Dos R$133 bilhões previstos, quase nada foi a leilão. O programa previa investimento da ordem de R$42 bilhões em rodovias, R$91 bilhões em ferrovias, R$11 bilhões em aeroportos e R$54 bilhões em portos. A grande maioria tinha seu leilão previsto para este ano. Apenas quatro projetos de rodovias foram a leilão, mas com grande frustração. Lista de obras PAC concessões Rodovias
Ferrovias
BR-101 BA
leilão
Ferroanel SP – Tramo norte
Estudo
BR-262 ES/MG
Estudo
Ferroanel SP – Tramo Sul
Estudo
BR-153 TO/GO
Estudo
Acesso ao Porto de Santos
Estudo
BR-050 GO/MG
leilão
Lucas do Rio Verde – Uruaçu
Estudo
BR-163 MT
Estudo
Uruaçu – Corinto – Campos
Estudo
BR-163 MS,
Estudo
Rio de Janeiro – Campos – Vitória
Estudo
BR-262 MS,
leilão
Belo Horizonte – Salvador
Estudo
BR-267 MS
Estudo
Salvador – Recife
Estudo
BR-060 DF/GO,
Estudo
Estrela d’Oeste – Panorama – Maracaju
Estudo
BR-153 GO/MG,
Estudo
Maracaju – Mafra
Estudo
BR-262 MG
Estudo
São Paulo – Mafra – Rio Grande
Estudo
BR-116 MG
Estudo
Açailândia – Vila do Conde
leilão
BR-040 DF/GO/MG
Estudo
Trechos em Estudos/Avaliação
Estudo
Fonte: Governo Federal
O programa de rodovias teve dificuldades em razão de os trechos que estão sendo leiloados serem pouco atrativos à iniciativa privada. De um lado envolvem riscos elevados no que se refere à projeção de receitas futuras; de outro lado, dadas as obras necessárias envolvidas que recaem sobre 52
os vencedores, e como são rodovias pequenas, precisariam ou de subsídios tarifários no futuro, ou a permissão para cobrar taxas de pedágio mais elevadas. O programa de concessões de ferrovias também patinou. Neste caso os riscos e o volume de investimentos são maiores. Ajustes na proposta do governo ainda não criaram confiança dos investidores privados. Também entra no programa o risco “governo”, dado que no projeto atual parte das obras futuras ficará a cargo da empresa de ferrovias do governo. Espera-se um pouco menos problemas nas Concessões de Porto e Aeroportos. No caso dos aeroportos já estão em andamento. Dados os inúmeros problemas, o PAC Concessões só deve ter algum resultado sobre a demanda de máquinas da construção em 2014/15. Mesmo assim, se todos os problemas forem resolvidos. Em muitos casos já se aponta que determinados projetos –principalmente de rodovias – devem ser retirados do programa para serem financiados diretamente com recursos orçamentários, talvez em sistema de Parceria Público Privada. Certamente esse movimento do governo seria positivo para a realização de obras ainda no primeiro semestre do ano que vem. Recentemente o Governo retomou o programa que envolve obras de mobilidade urbana. Trata-se de uma renovação do antigo programa criado em 2005, mas que teve seu orçamento cortado. Estima-se que tenham sido gastos no antigo programa até o momento apenas R$1,6 bilhão, via financiamento por bancos públicos. O Governo decidiu aportar novos R$50 bilhões para obras a serem escolhidas dentre diversas propostas fornecidas pelos Estados e Municípios. Alguns deles já estão apresentando seus projetos. Talvez esse programa tenha relação com as compras de máquinas da linha amarela realizadas pelo PAC Equipamentos que será abordado à frente. Quanto ao balanço dos gastos relacionados à Copa do Mundo, deve-se apenas apontar que praticamente todos os estádios estão prontos ou próximos disso e, portanto, não haverá mais impactos sobre o mercado de máquinas da construção. O que ainda resta fazer está dentro dos programas de mobilidade urbana.
Conclusão estádios Copa 2014 % em Set/12
% em Set/13
1º Castelão – Fortaleza
87
Inaugurado
2º Mineirão – Belo Horizonte
78
Inaugurado
3º Mané Garrincha – Brasília
72
Inaugurado
4º Fonte Nova – Salvador
70
Inaugurado
5º Maracanã – Rio de Janeiro
66
Inaugurado
6º Arena Pernambuco – Grande Recife
52
Inaugurado
7º Arena Corinthians – São Paulo
49
92%
8º Arena Pantanal – Cuiabá
47
85%
9º Arena da Baixada – Curitiba
45
83%
9º Arena da Amazônia – Manaus
45
87%
11º Beira-Rio – Porto Alegre
33
87%
12º Arena das Dunas – Natal
30
91%
Fonte: Portal da Copa – Governo Federal
53
Em conclusão, nota-se uma movimentação por parte do Governo no sentido de dar andamento aos programas de infraestrutura que estiveram em banho-maria ou foram deixados de lado desde o início do governo em 2011. Os dados demonstram que, pelo menos até agosto/setembro deste ano, houve um sensível crescimento nos gastos e financiamentos tanto de projetos públicos como privados. Parece que o Governo, às vésperas do ano eleitoral, teria percebido a importância de atuar de forma mais contundente e direta sobre os diversos programas e projetos. Diante ainda da frustração resultante do programa de concessões, essas ações diretas parecem se tornar mais importantes. Estudo do BNDES – incluindo o valor das concessões – projeta investimentos de R$510 bilhões em infraestrutura entre 2014-2017, 25% mais do que foi investido entre 2009-12. Destes, estima-se que R$208 bilhões devem se destinar para infraestrutura de transportes e saneamento, representando um crescimento de R$44% sobre 2009-12. O destaque maior é dado para transporte rodoviário com R$62 bilhões, seguido das ferrovias com R$59 bilhões. Talvez esteja tarde demais para um grande movimento antes das eleições. Dessa forma, seria duvidoso pensar no impacto dessas ações ainda em 2014. A partir das eleições, qualquer que seja o governo, já parece claro que um movimento mais organizado e contundente deverá ser feito por parte do governo para viabilizar a realização de projetos necessários de infraestrutura.
Demanda para construção civil Depois da desaceleração em 2011 e 2012, a construção civil vem dando sinais de retomada. Se até o ano passado havia dúvidas quanto ao desempenho do setor, parece que conseguiu se manter em uma trajetória linear. O PIB da construção cresceu 4% no segundo trimestre de 2013 contra o mesmo período do ano passado.
PIB construção civil
Fonte: IBGE
Os principais indicadores do crescimento do setor podem ser vistos na elevação de 41% nos lançamentos em São Paulo entre janeiro e agosto de 2013 em relação ao mesmo período do ano passado. Da mesma forma, as vendas mais do que acompanharam esse movimento, apresentando uma elevação de 45% na mesma base de comparação. Assim, os estoques cresceram muito pouco, apenas 2,8%. Destaca-se que São Paulo representa 50% do mercado imobiliário nacional. 54
Mercado imobiliário – SP
Fonte: Secovi
Estoque de imóveis à venda em São Paulo, capital
Fonte: Secovi
O mercado do Rio de Janeiro também seguiu a mesma tendência, segundo a Abecip – Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança. Quedas de vendas e lançamentos foram observadas nos mercados de Recife, Salvador, Belo Horizonte. Diante dessa tendência positiva, os preços dos imóveis continuaram em elevação nas principais capitais do País com destaque para Curitiba (19,6%), Rio de Janeiro (15,4%) e São Paulo (13,9%). Explica esse movimento da construção civil a expectativa formada em 2012 de que a economia poderia melhorar. Os números de hoje são o resultado de decisões tomadas nos anos anteriores. A preservação do nível de emprego e renda também contribuiu de forma positiva. Mas o que parece ter maior destaque é o crescente volume de crédito, taxas e prazos acessíveis, diante da preservação da capacidade de pagamento dos agentes. Grande parte da elevação do crédito se deve à entrada dos bancos privados no financiamento por meio de fundos imobiliários. Diante da queda nas taxas de juros, da frustração que resultou do 55
excesso de financiamentos aos bens de consumo duráveis, os bancos entraram com força no crédito imobiliário. Como pode ser visto no gráfico abaixo, o crédito privado ocupou um espaço crescente em relação à Caixa Econômica Federal. Vale destacar que apesar da desaceleração nas taxas de crescimento do crédito, estas ainda se encontram bastante elevadas. No segundo trimestre de 2013 contra o mesmo período do ano passado o estoque de crédito habitacional cresceu ainda 34%.
Estoque de crédito habitacional
Fonte: BCB e CEF
Crédito habitacional – taxa de crescimento
Fonte: BCB e CEF
Segundo a Abecip, o volume de crédito imobiliário no Brasil atingiu 7,4% do PIB em 2013, contra 6,8% no ano passado. Em 2009 estava em 3,1% do PIB. A Abecip estima um crescimento da carteira de crédito imobiliário no país da ordem de 15% ao ano para os próximos anos. Vale destacar que a elevação da SELIC recente frustra esse movimento realizado pelos bancos privados. De outro lado, voltam a ganhar com os juros elevados de seus títulos públicos em carteira. 56
Alguns fundos imobiliários administrados pelos grandes bancos começam a apresentar baixa relativa em seus ganhos. Em conclusão, parece que houve uma tendência à retomada no setor de construção civil como indicam os dados em 2013. Há dúvidas quanto à manutenção dessa trajetória diante da política de elevação das taxas de juros. Assim, estima-se que em 2014 poderá ser mantida a tendência de um crescimento leve como um movimento de inércia aos lançamentos e vendas atuais. Para os próximos anos, o setor depende de um retorno do crescimento econômico em geral, bem como de taxas de juros baixas. O Programa Minha Casa Minha Vida continuou a contribuir para o desempenho positivo do setor da construção civil. Como destacado no quadro do PAC acima, o Programa foi o responsável pelo maior valor das ações concluídas médias nos últimos anos, atingindo R$11,2 bilhões por mês entre janeiro e agosto de 2013, bem superior aos R$8,5 bilhões mensais de 2012. Até o momento, o Programa contabiliza 2,8 milhões de unidades habitacionais contratadas em 94% dos municípios brasileiros, bem como 1,3 milhão de moradias entregues até agosto de 2013.
Programa Minha Casa Minha Vida – em unidades
2009 a ago2012
2009 a abr2013
de ago12 a abr13
Contratado
1.868.114
2.580.597
712.483
Concluídas
1.059.530
1.436.054
376.524
883.540
1.176.444
292.904
Entregues Fonte: CEF
Dados os números e as metas alcançadas, o Programa tem sido um sucesso no que se refere às habitações para as rendas média e alta. Para a renda baixa, ainda deixa a desejar. Há pouco interesse das construtoras que entraram no programa nesta faixa. Diante do déficit habitacional brasileiro, o Programa deve continuar nos próximos anos. Talvez não com o mesmo ritmo apresentado até aqui. O principal desafio é atingir as populações de mais baixa renda. Para tanto, será preciso elevar a renda desse grupo para incluí-lo no Programa.
Demanda de máquinas da construção para mineração Após alguns anos elevando a produção de minério, o setor em 2013 apresentou estabilidade com um crescimento de 0,2% em termos de quantidade exportada no acumulado de janeiro a setembro de 2013 em relação ao mesmo período do ano passado. Os preços também parecem ter se estabilizado em torno de US$130 a tonelada. Apresentaram um declínio de 0,9% sob os mesmos períodos comparados.
57
Exportação de minério de ferro
Fonte: MDIC
A China continua capitaneando as compras de minério brasileiro sendo responsável pela aquisição de 45% do total vendido. Esse país mantém sua taxa de crescimento do PIB acima de 7,5% e preserva seus investimentos em infraestrutura e construção civil. A Austrália é o principal concorrente do Brasil no mercado chinês. A Vale é responsável por 80% das exportações brasileiras de minério de ferro. Incluindo o mercado interno, vende cerca de 300 milhões de toneladas por ano de minério e 137 milhões em pelotas. Segundo dados da empresa, comparando-se o segundo trimestre de 2013 contra o mesmo período de 2012, suas vendas caíram 4%, movimento que não constitui tendência como pode ser visto no gráfico abaixo. Se comparado agosto de 2013 com agosto de 2012, as vendas elevaram-se em 13%. Volume vendido – Vale
Fonte: Vale
Com a preservação do crescimento econômico chinês, estima-se que o volume produzido e vendido deve se manter ou mesmo até crescer em taxas modestas. Segundo a própria Vale, no ritmo atual, com os investimentos previstos no mundo, a oferta deverá se equilibrar com a demanda. A 58
empresa estima investir até 2018 US$38 bilhões em extração e logística, valor relativamente inferior ao previsto nos anos anteriores. A principal modificação no mercado de minério nos últimos anos foi o fim dos preços especulativos. A mudança na fórmula de negociação de preços com a China contribuiu para isso. Dessa forma, estima-se que para os próximos anos a produção de minério de ferro deva seguir a demanda. Assim, como o principal comprador é a China, enquanto este país preservar suas taxas de crescimento, principalmente fundadas no investimento em infraestrutura e construção civil, o setor mineral manterá crescimento suave. Assim, a demanda de máquinas da construção para o setor deve acompanhar esse crescimento nos próximos anos.
Demanda de máquinas da construção para agricultura Em 2013, as produções de soja e de cana-de-açúcar reverteram a desaceleração observada em 2012. Naquele ano, diversos problemas atrapalharam a produção de ambos os produtos, com perdas de produtividade. Neste ano, a produção de cana-de-açúcar elevou-se em 6,8% se comparada com a safra do ano passado. Por seu turno, a produção de soja também se elevou em algo superior a 23% quando comparada com a safra do ano passado. A produção de celulose e papel – usada aqui como indicador da produção de silvicultura – não apresentou crescimento em relação ao ano passado, demonstrando uma tendência à estabilidade. Cana de Açúcar
Fonte: IBGE; *Previsão
Soja
Fonte: IBGE; *Previsão
59
Produção – celulose e papel
Fonte: IPEADATA
Em termos exportações, os dados são mais promissores. As exportações de açúcar e álcool em valor cresceram quase 30% no acumulado de janeiro a agosto de 2013 quando comparadas ao mesmo período de 2012. No mesmo sentido ocorreu o crescimento de 17% nas exportações de soja, bem como de celulose e papel, apresentando coincidentemente também 17% de expansão. Grande parte dessas variações é explicada pelas importações realizadas pela China. Isso se aplica principalmente a papel e celulose que tinha seu principal mercado na Europa e agora observa um crescimento de 27% em suas exportações para a China, contra uma queda de 1,3% para a Europa. Esses números podem ser explicados em parte como resultado da desvalorização cambial. Exportações por produto
Fonte: MDIC
Como a China é o principal comprador desses produtos brasileiros, diante da manutenção do nível de crescimento deste país, agregando ainda a isso a melhora no nível de renda e consumo que vem sendo observado, prevê-se que as vendas com esse destino devam se manter nos próximos anos. Como no caso do minério de ferro, parece que não se verá mais os elevados preços especulativos de anos passados. Mas os volumes devem continuar crescendo suavemente de acordo com a demanda. A novidade, entretanto, é o crescimento das exportações brasileiras de papel e celulose para a China. Esse fato traz um novo dinamismo ao segmento.
60
61
Mercado latinoamericano
Desvalorizações cambiais aliadas ao crescimento econômico dos países Latino Americanos aqui considerados contribuiu para uma tendência à elevação na participação do Brasil nas vendas de máquinas para esses países. De qualquer maneira, o principal concorrente do Brasil nesses mercados é a China. Os níveis elevados de crescimento econômico dos países têm garantido as vendas de máquinas da construção tanto brasileiras como chinesas. Muitos destes países têm realizado investimentos em infraestrutura, além do tradicional setor de mineração como é o caso do Chile e Peru. O único país que destoa da amostra é a Venezuela que vem enfrentando grandes problemas com suas contas externas devido às exportações de petróleo, seu principal produto. Foi por isso obrigada a frear investimentos internos, principalmente em infraestrutura e construção. Como se pode observar nos gráficos abaixo, considerando dados do primeiro semestre, a Argentina apresentou um crescimento de 5,8% de seu PIB, o Chile 4,3%, Colômbia 3,4%, Peru 5,2% e Venezuela 1,6%, todos em comparação com o mesmo período de 2012. Observa-se que, com exceção da Argentina que havia apresentado um crescimento de 1,6% de seu PIB em 2011 contra 2012, todos os outros países tiveram suas taxas de crescimento ligeiramente diminuídas, novamente, à exceção da Venezuela.
Produto Interno Bruto (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela)
Fonte: BCRA, BCCL, BCCO, BCRP, BCV
62
Variação do PIB (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela)
Fonte: BCRA, BCCL, BCCO, BCRP, BCV
Como se observa no gráfico abaixo que mostra a variação do PIB da construção nos países selecionados, à exceção da Colômbia que apresenta estabilidade, Peru e Chile apresentam queda suave. A Argentina que apresentava uma forte queda em 2012, volta a se recuperar neste ano. A Venezuela, por seu turno, apresenta um forte declínio, demonstrando que de fato pararam os investimentos em construção no país.
PIB construção civil (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela)
Fonte: BCRA, BCCL, BCCO, BCRP, BCV
Ainda outro indicador interessante e que segue trajetória parecida ao PIB da Construção Civil está no gráfico abaixo que reflete a taxa de variação nos investimentos gerais da economia (formação bruta de capital fixo). Como pode ser visto, enquanto Chile, Colômbia e Peru mantiveram uma
63
taxa de variação no investimento relativamente estável e positiva, a Venezuela apresenta forte queda, enquanto a Argentina mostra recuperação.
Formação bruta de capital fixo (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela)
Fonte: BCRA, BCCL, BCCO, BCRP, BCV
Com relação ao setor externo (Balanço de Transações), todos os países vêm apresentando queda em seu saldo da Balança Comercial. Isso se deve ao fato de todos eles serem exportadores de commodities. Com o fim dos preços especulativos destes produtos e, de outro lado, com a manutenção dos preços dos produtos manufaturados que adquirem do Brasil, China, México e EUA, os saldos comerciais começam apresentar deterioração. Destaca-se na tendência negativa o Peru.
Exportações (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela)
Fonte: INDEC; INE-CL; DANE; INEI; INE-VE.
64
Importações (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela)
Fonte: INDEC; INE-CL; DANE; INEI; INE-VE.
Saldo da balança comercial (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela)
Fonte: INDEC; INE-CL; DANE; INEI; INE-VE.
Concentração pauta de exportação países selecionados 2013 (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela) Venezuela
96% petróleo
Peru
57% minérios e 13% petróleo
Colômbia
55% petróleo e 10% carvão mineral
Chile
55% minérios
Argentina
25% primários e 31% manufaturados agropecuários
Fonte: INDEC; INE-CL; DANE; INEI; INE-VE.
65
Se de um lado os dados de PIB, bem como do segmento da construção e investimentos indicam uma boa performance (exceto Venezuela) dos países considerados na América do Sul, de outro lado preocupa a deterioração em suas contas externas. Vale destacar que são países exportadores de commodities e estruturalmente importadores de produtos manufaturados. Assim sua capacidade de importações e crescimento está condicionada aos preços dos produtos básicos. Neste ano, a Argentina mostrou sinais de esgotamento diante dos saldos negativos na Balança Comercial com o Brasil. A Venezuela também se encaixa nesse caso. Esse fato pode se repetir em parte com os outros países aqui considerados, levando a uma diminuição nas exportações brasileiras de máquinas e equipamentos da construção para eles. Essa tendência à desaceleração pode ser vista na diminuição do ritmo de compras de máquinas por parte desses países em relação aos anos anteriores. Tomando dados anualizados, prevê-se tendência à elevação nas compras de máquinas (não apenas compras do Brasil) apenas na Argentina (20%) e Peru (30%). No caso do Chile e Colômbia as quedas nas compras de máquinas seriam de 44% e 40% respectivamente. Deve-se lembrar que em 2012 as importações chilenas haviam crescido 53%. Veja tabela abaixo.
Importações de máquinas – total Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela Argentina
Chile
Colombia
Peru
Venezuela
2000
53.951
20.218
3.185
17.645
24.921
2001
49.766
24.834
11.078
14.929
32.182
2002
5.725
67.921
5.084
3.433
29.731
2003
25.138
75.915
8.999
3.925
11.117
2004
65.192
211.561
18.884
9.099
26.396
2005
237.795
320.737
27.315
15.866
60.938
2006
348.299
396.542
51.578
32.039
135.242
2007
471.032
480.709
75.622
66.663
250.348
2008
492.971
596.078
80.023
84.052
236.567
2009
240.937
441.185
49.043
65.735
131.547
2010
478.631
679.538
71.504
116.163
61.059
2011
793.226
879.160
146.495
140.218
90.216
2012
473.313
1.346.093
145.554
154.291
-
mai/13
238.438
312.791
36.059
87.753
-
Fonte: ALADI
De outro lado, os números da tabela abaixo parecem indicar um ligeiro crescimento nas importações de máquinas originárias do Brasil. Não que venha substituindo as importações originárias da China, dado que estas em participação também continuam crescendo. Esse movimento se deve a diminuição nas importações originárias de outros países como EUA, México e Europa que possuem forte entrada nos mercados chilenos (centrado nos EUA) colombiano (centrado no México) e peruano (distribuído entre México, EUA e Europa).
66
Essa ligeira mudança deve-se, de um lado, à agressiva política de exportações chinesas e, de outro, à desvalorização cambial brasileira frente à desaceleração do mercado interno de máquinas da construção.
Participação % das importações originárias do Brasil Argentina
Chile
Colombia
Peru
Venezuela
2005
40,1
4,6
10,7
26
6,8
2006
35,5
3
8,8
26
2
2007
28,4
4,3
6,7
16,7
2,5
2008
20,1
8,3
3,3
10,5
3,2
2009
19,4
4,2
4
4
4,2
2010
25,2
5,5
5,1
6,3
3,6
2011
24,7
3,5
2
2,3
1,1
2012
22
4,3
4,5
5
-
22,1
7,7
10,3
5,3
-
mai/13 Fonte: ALADI
Participação % das importações originárias da China Argentina
Chile
2005
6,1
0,9
2006
6,9
2007
Colombia
Peru
Venezuela
0
4,2
0,9
1,7
0
2,8
1,6
13,9
2,6
0
2,7
2,9
2008
17,4
2,6
0
9,4
4,2
2009
16,3
1,1
0
10,3
5,3
2010
18,7
1,5
0
10,8
6,5
2011
13,2
2,2
0
8,8
11,4
2012
25,1
1,6
0
7,9
-
mai/13
27,9
2,3
0,1
7,3
-
Fonte: ALADI
Hoje não é mais a Argentina nosso principal comprador de máquinas da construção no mercado Latino Americano. A China tem entrado forte neste país. Nosso principal comprador é o Peru, com 21% das vendas (em valor) para toda a América Latina. Em seguida aparece o Chile com 18% e só em terceiro lugar a Argentina com 12%.
67
Participação % das exportações brasileiras de máquinas 2005
2010
2011
2012
2013*
Argentina
7
10
10
5
6
Chile
5
7
4
5
8
Colombia
2
5
4
3
3
Peru
2
9
6
9
10
Venezuela
3
1
1
1
1
América Latina
33
49
39
38
47
100
100
100
100
100
Total Exportado Fonte: MDIC-Secex *Estimativa
Tabela participação % das exportações brasileiras para América Latina. 2005
2010
2011
2012
2013*
Argentina
7
10
10
5
6
Chile
5
7
4
5
8
Colombia
2
5
4
3
3
Peru
2
9
6
9
10
Venezuela
3
1
1
1
1
América Latina
33
49
39
38
47
Total Exportado
100
100
100
100
100
Fonte: MDIC-Secex *Estimativa
Vale destacar que do total exportado em máquinas da construção pelo Brasil, quase 50% destina-se à América Latina, sendo mais da metade desse percentual para os países selecionados neste estudo. Diante da situação das contas externas desses países, as exportações brasileiras precisam de preços competitivos para preservar-se nesses mercados. As desvalorizações cambiais podem ajudar neste sentido. Destaca-se a entrada da China de forma agressiva nestes mercados, inclusive no Brasil.
68
Mercado brasileiro
Diante de um crescimento econômico andando de lado, parece que o mercado de máquinas da construção também seguiu a mesma direção. Segundo estimativas, espera-se que a venda de máquinas da linha amarela atinja 13% em 2013 com relação ao ano passado. Quando consideradas as vendas do total de equipamentos abordados neste estudo, o crescimento atinge apenas 5,5% devido à queda nas vendas principalmente de gruas e guindastes. Este número poderia ser bem mais baixo caso o Governo não tivesse executado, pelo menos em parte, o programa PAC Equipamentos. O Programa previa compras de equipamentos no valor de R$8,4 bilhões a serem distribuídos principalmente para Municípios. Deste total, foram realizadas compras no valor de R$1,5 bilhão até outubro de 2013, envolvendo a compra de 6.090 máquinas entre retroescavadeiras e motoniveladoras. Para 2014 está planejado um novo lote de compras que pode alcançar o mesmo montante. O objetivo é equipar principalmente prefeituras para realização de pequenas obras. Assim, esse segundo lote pode também elevar as vendas de máquinas da construção. Em se desconsiderando as vendas de equipamentos realizadas pelo PAC Equipamentos, as vendas de máquinas na construção foram baixas e teriam caído em relação ao ano passado. Pode-se dizer que se mantiveram no nível de 70 mil máquinas, o mesmo nível de vendas do ano passado, sendo 33 mil na linha amarela. As importações também desaceleraram em 2013 com uma elevação de 2,2% sobre 2012. Em parte esse movimento se deve à desaceleração dos programas de governo em 2011 e 2012 que começaram a apresentar alguma retomada apenas neste ano. De outro lado e talvez mais importante, a desaceleração das importações deva-se às taxas de câmbio mais desvalorizadas. O cenário de baixas taxas de crescimento com desvalorização cambial atingiu principalmente as empresas importadoras de máquinas. Aquelas que tinham planos de abrir fábricas no Brasil resolveram adiar até a definição de um horizonte mais claro de crescimento nos investimentos em infraestrutura. De outro lado, perderam competitividade via preço pela desvalorização cambial.
Venda de máquinas
Fonte: Insight
69
Venda interna total
Fonte: Insight
De outro lado, a produção de máquinas da construção cresceu de forma bastante significativa de janeiro a agosto de 2013, revertendo a tendência de queda apresentada em 2012, conforme pode ser visto no gráfico abaixo. Os fabricantes nacionais elevaram significativamente sua capacidade produtiva e sua competitividade. De um lado, parecem ter reconquistado parte do mercado nacional ocupado por equipamentos importados; de outro, também começaram a exportar tanto devido à taxa de câmbio, como para ocupar a capacidade construída nos últimos anos.
Bens de capital para construção – produção física
Fonte: IBGE
70
Depois de longos anos de fortíssimo crescimento nas vendas internas entre 2005 e 2010, o setor de máquinas e equipamentos no Brasil está vendo, desde 2011, uma desaceleração relativamente forte e constante. A desaceleração nos investimentos públicos em relação àquele período de elevado crescimento modificou o padrão do setor. Esperava-se que os dois últimos anos fossem seguir aquele padrão, o que não ocorreu, gerando enorme frustração. Vale lembrar que o setor saiu de um patamar de vendas da ordem de 30 mil máquinas em 2007 para 70 mil máquinas em 2012. Estimava-se em 2009 uma população de máquinas com até 4 anos de uso da ordem de 140 mil. Em 2013 estima-se que esse volume alcance quase 300 mil. Com as vendas elevadas, houve nos últimos anos uma forte renovação de frotas e um importante acréscimo de população. Apenas a retomada forte dos Programas de Governo, uma orientação mais organizada dos projetos de investimento em infraestrutura com elevação da participação privada –tanto no financiamento, como na própria realização das obras via PPPs ou Concessões –pode recolocar novamente as vendas de máquinas em rota de crescimento. Em complementação, apenas uma retomada do crescimento da economia como um todo pode também elevar o patamar dos segmentos de construção civil residencial e industrial.
Projeções Diante dos dados e informações levantadas, tudo indica que parece estar ocorrendo uma reação em sentido positivo. É muito lenta e tímida diante das necessidades de crescimento e infraestrutura do país. Talvez seja apenas um ensaio de algo que pouco se concretizará. Os projetos precisam sair do papel. Muitas dúvidas surgem após anos tão ruins como 2011 e 2012, bem como sob a influência de anos de crescimento tão forte das vendas de máquinas no mercado nacional como se viu entre 2005 e 2010. Aquele boom de crescimento, vertiginoso e inimaginável à época, resultou em ampla renovação da população de máquinas e agregou um volume impressionante de novas máquinas a essa população. Certamente a queda nas vendas de 2011 e 2012, o fraco desempenho em 2013, deixou um amplo contingente dessa população de máquinas novas sem atividade. Esse é um dos principais fatores que pode levar a um crescimento pequeno das vendas de máquinas da construção em 2014. De outro lado, a depender da retomada dos investimentos, se a tendência de crescimento mostrada pelos indicadores que ocorreu até setembro deste ano se acelerar, as vendas de máquinas podem ser bem superiores ao estimado no ano que vem. Dado o histórico recente, muita desconfiança existe na capacidade do governo em realizar o que propõe. Por outro lado, para os próximos anos, as projeções positivas consideram que as lições dos anos recentes tenham sido aprendidas. O Brasil precisa de muito mais investimentos em infraestrutura do que o realizado por ano nos últimos 10 anos. Como afirmado antes, seriam necessários dispêndios da ordem de 4,5% do PIB por ano – talvez por cinco anos – para se alcançar os níveis mínimos necessários de infraestrutura. Assim, diante das necessidades, as projeções para os próximos anos até 2018 ainda são modestas. Imagina-se que nos próximos anos pelo menos alguma centralidade seja dada ao desenvolvimento.
71
Projeção do mercado de equipamentos da construção – mil unidades 2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Infraestrutura
31
35
35
37
40
44
48
Construção civil
27
28
28
30
32
35
38
Mineração
9
9
9
10
10
11
12
Agricultura
3
3
3
3
3
4
4
Total
70
74
75
80
86
93
102
Projeção do mercado de equipamentos da construção – taxas de variação 2013
2014
2015
2016
2017
2018
Infraestrutura
9,9
1,0
6,4
7,8
8,9
9,6
Construção civil
1,4
2,6
6,2
7,6
7,6
8,6
Mineração
4,4
2,1
5,4
6,3
7,0
8,4
Agricultura
-0,8
2,4
5,6
6,2
7,1
7,9
Total
5,5
1,8
6,2
7,5
8,1
9,0
Fonte Insight
Projeção da população de equipamentos com até 10 anos – em mil unidades 2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Infraestrutura
189
215
242
271
300
330
358
Construção civil
162
181
203
226
248
272
292
Mineração
57
63
70
76
83
90
95
Agricultura
17
19
21
24
26
28
30
Total
424
478
537
596
658
720
775
Projeção da população de equipamentos com até 10 anos – variação percentual 2013
2014
2015
2016
2017
2018
Infraestrutura
14
13
12
11
10
8
Construção civil
12
12
11
10
9
7
Mineração
11
11
10
9
8
6
Agricultura
14
12
11
10
8
6
Total
13
12
11
10
9
8
Fonte Insight
72
Projeção da população de equipamentos com até 4 anos – em mil unidades 2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Infraestrutura
119
135
138
138
147
156
169
Construção civil
101
113
116
113
118
126
135
Mineração
34
38
38
37
38
40
43
Agricultura
10
12
12
12
12
13
14
Total
265
297
303
300
316
335
361
Projeção da população de equipamentos com até 4 anos – variação percentual 2013
2014
2015
2016
2017
2018
Infraestrutura
13
2
0
6
6
8
Construção civil
12
2
-2
5
6
8
Mineração
11
1
-3
5
5
7
Agricultura
11
1
1
3
5
7
Total
12
2
-1
5
6
8
Fonte Insight
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NEW HOLLAND CONSTRUCTION A New Holland Construction é uma marca de equipamentos para construção e infraestrutura. Em 2010, a empresa completou 60 anos de Brasil: foi a primeira empresa do Grupo Fiat a chegar no país, em 1950, como Moto Agrícola Indústria e Comércio. Os equipamentos New Holland ofertados na América Latina são fabricados em Contagem (Brasil) e em outras plantas globais da marca. No Brasil, esses produtos são ofertados por uma rede de distribuição composta por pontos de vendas e assistência técnica, cobrindo todo o território brasileiro. Atendendo a diversos setores como construção civil, mineração, agronegócio, governos e forças armadas, a New Holland disponibiliza uma das linhas mais completas de máquinas do país, entre escavadeiras, pás-carregadeiras, tratores de esteiras, retroescavadeiras, motoniveladoras, minicarregadeiras, miniescavadeiras e manipuladores telescópicos. Com pontos de distribuição na América Latina, a marca tem hoje uma das mais amplas coberturas de mercado da indústria de equipamentos de construção, com novas sedes e filiais de concessionários em toda a região. Desta forma, ela possui representação comercial e de pós-vendas (suporte técnico e reposição de peças) desde a Patagônia Argentina até América Central e os países do Caribe. No Brasil, estes pontos de distribuição vão do Rio Grande do Sul ao Amapá.
TRACBEL, a melhor revenda de máquinas do Brasil A TRACBEL completa 46 anos de atividades em 2013, consolidada como a melhor revenda de máquinas e insumos do Brasil. O reconhecimento vem pelo tradicional Anuário Melhores e Maiores 2013, da Revista Exame, que apontou a empresa como a melhor do seu segmento pelo quinto ano consecutivo. Com foco na satisfação do cliente e em resultados, a TRACBEL se firma como modelo na distribuição de equipamentos Volvo, Massey Ferguson, Clark e pneus Michelin nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e norte do Brasil. Na área florestal, representa as marcas Tigercat, Precision Husky e SP Maskiner em todo o país. Das marcas que representa, a TRACBEL foi reconhecida pela Volvo Construction Equipment o melhor dealer da América Latina por nove oportunidades. Para isso, o dealer investe fortemente em pós-venda, contando com equipe altamente especializada. Outro passo importante na estratégia da empresa foi a criação do Grupo Tracbel. A holding engloba outro distribuidor de equipamentos pesados, a TRACBRAZ, responsável pela comercialização das carregadeiras e escavadeiras SDLG. Em 2013, a TRACBEL aparece na 68ª colocação, entre as empresas mais responsáveis e com melhor governança corporativa do Brasil. É o que revela pesquisa da consultoria espanhola MERCO (Monitor Empresarial de Reputação Corporativa), em parceria com o IBOPE Inteligência.
XCMG A XCMG é uma empresa 100% do governo Chinês, está localizada na cidade de Xuzhou, apenas a 1 hora de vôo de Shanghai. Em Xuzhou, concentram-se mais de 25 fábricas dos diversos produtos fabricados pela XCMG voltados para a construção civil, e também é o centro de desenvolvimento tecnológico do grupo. Considerando sua presença em território brasileiro desde 2004 com a introdução dos caminhões guindastes através de distribuidores oficiais, seguindo sua estratégia de crescimento a XCMG decidiu abrir uma unidade industrial na cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais e um centro de distribuição de peças, serviços técnicos e manutenção na cidade de Guarulhos, São Paulo. A fábrica em Pouso Alegre está sendo montada em um terreno de 900mil m² e deverá ter sua primeira unidade industrial inaugurada ainda em 2013. Na cidade de Guarulhos, o centro de peças e serviços ocupa uma área de 50mil m², e também terá um centro de treinamento credenciado pela fábrica. Futuramente essa unidade em Guarulhos deverá atender todo o mercado de máquinas não apenas do Brasil, mas também os países da América Latina. Nosso estoque de peças está dimensionado para atender a demanda de máquinas já existentes no mercado brasileiro e também de novos equipamentos e máquinas que serão introduzidos no Brasil. A capacitação técnica de operadores e funcionários de nossos clientes também é um item essencial para o melhor aproveitamento de toda tecnologia embarcada nos produtos XCMG. Nosso Call Center 0800-7708866 conta com atendentes treinados pela fábrica para direcionar os questionamentos e necessidades de cada cliente, oferecendo um retorno em, no máximo, 24 horas.
O Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, que vem sendo atualizado anualmente desde 2007, é uma iniciativa da Sobratema. O Estudo atual – 2013-2018 – foi supervisionado pelo Grupo de Apoio Sobratema: • Alusa Engenharia – Mário Humberto Marques • Camargo Corrêa – Pedro Luiz Giavina Bianchi • Escad – Eurimilson João Daniel • Galvão Engenharia – Silvimar Fernandes Reis • Lequip – Octavio Lacombe • Odebrecht – Afonso Mamede (Presidente da Sobratema) • Odebrecht – Rodrigo Konda • SW Industry/Würth – Rissaldo Laurenti Jr. • Vale – Ivan Montenegro de Menezes Coordenação Sobratema: Nelson Costabile
Colaboradores externos:
Parte A: Brian Nicholson, MiniMax Editora Especializada Ltda. Parte B: Rubens Sawaya, Insight Consultoria Econômica Ltda. (assistentes: Maria Gorete da Silva; Carolina Costa de Souza; Charles Massami) Diagramação: Antonio Kehl, Gapp Design
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A SOBRATEMA - Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração completa 25 anos de atividades neste ano. Desde a sua fundação em 1988, tem se dedicado a propor soluções para o desenvolvimento tecnológico do setor, difundir o conhecimento e informações, participar da formação, especialização e atualização de profissionais que atuam no mercado brasileiro da construção e mineração. A entidade conta com o apoio de mais de 1 mil associados e parceiros estratégicos, que englobam as principais entidades representativas de profissionais no Brasil e no exterior, além das empresas usuárias, fabricantes de equipamentos e prestadores de serviços.
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