Grandes Construções - Ed. 05 - Junho 2010

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Grandes

Construcoes CONSTRUÇÃO, INFRAESTRUTURA, CONCESSÕES E SUSTENTABILIDADE

Nº 5 - Junho/2010 - www.grandesconstrucoes.com.br - R$ 15,00

OSCAR

NIEMEYER O poeta do concreto

CONSTRUÇÃO NAVAL Promef revitaliza indústria COPA 2014 O desafio de fazer uma Copa Verde


Brasil!

A Sany está chegando! Comprometida com o desenvolvimento do nosso país w w w. s e j a u m d e a l e r s a n y. c o m . b r O Grupo Sany é um dos maiores fabricantes de máquinas para engenharia do mundo, com faturamento de R$ 8,2 bilhões em 2009. Além de equipamentos para concretagem, escavação, elevação, pavimentação, perfuração e sondagem, movimentação de cargas portuárias, mineração e energia eólica, a Sany possui outros equipamentos para promover o desenvolvimento e crescimento do Brasil.

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ÍNDICE Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção Diretoria Executiva e Endereço para correspondência:

Av. Francisco Matarazzo, 404, cj. 401 – Água Branca São Paulo (SP) – CEP 05001-000 Tel.: (55 11) 3662-4159 – Fax: (55 11) 3662-2192

Conselho de Administração

Presidente: Mário Humberto Marques Vice-Presidente: Afonso Celso Legaspe Mamede Vice-Presidente: Carlos Fugazzola Pimenta Vice-Presidente: Eurimilson João Daniel Vice-Presidente: Jader Fraga dos Santos Vice-Presidente: Juan Manuel Altstadt Vice-Presidente: Mário Sussumu Hamaoka Vice-Presidente: Múcio Aurélio Pereira de Mattos Vice-Presidente: Octávio Carvalho Lacombe Vice-Presidente: Paulo Oscar Auler Neto Vice-Presidente: Silvimar Fernandes Reis

Diretor Executivo Paulo Lancerotti

Conselho Fiscal

Álvaro Marques Jr. - Carlos Arasanz Loeches - Dionísio Covolo Jr. - Marcos Bardella - Permínio Alves Maia de Amorim Neto - Rissaldo Laurenti Jr.

Diretoria Técnica

Alcides Cavalcanti (Iveco) - André G. Freire (Terex) - Ângelo Cerutti Navarro (U&M) - Augusto Paes de Azevedo (Caterpillar) - Benito Francisco Bottino (Odebrecht) - Blás Bermudez Cabrera (Serveng Civilsan) - Carlos Hernandez (JCB) - Célio Neto Ribeiro (Auxter) - Clauci Mortari (Ciber) - Cláudio Afonso Schmidt (Odebrecht) - Edson Reis Del Moro (Yamana Mineração) - Eduardo Martins de Oliveira (Santiago & Cintra) - Euclydes Coelho (Mercedes-Benz) - Felipe Sica Soares Cavalieri (BMC) - Gilberto Leal Costa (Odebrecht) - Gino Raniero Cucchiari (CNH) - Ivan Montenegro de Menezes (Vale) - João Lázaro Maldi Jr. (Camargo Corrêa) - João Miguel Capussi (Scania) - Jorge Glória (Doosan) - José Carlos Marques Rosa (Carioca Christiani-Nielsen) - José Germano Silveira (Sotreq) José Ricardo Alouche (MAN Latin America) - Lédio Augusto Vidotti (GTM) - Luis Afonso D. Pasquotto (Cummins) - Luiz Carlos de Andrade Furtado (CR Almeida) - Luiz Gustavo R. de Magalhães Pereira (Tracbel) - Maurício Briard (Loctrator) Paulo Almeida (Atlas Copco) - Ramon Nunes Vazquez (Mills) - Ricardo Pagliarini Zurita (Liebherr) - Sérgio Barreto da Silva (GDK) - Sergio Pompeo (Bosch) Valdemar Suguri (Komatsu) - Yoshio Kawakami (Volvo)

Editorial_ ________________________________________ 4 Pelos “Jogos Verdes” em 2014 e 2016

Jogo Rápido_ _____________________________________ 6 M&T Expo Peças e Serviço___________________________ 14 Entrevista________________________________________ 20 Terex revela estratégia para crescimento:

Copa 2014________________________________________ 30 O desafio de fazer uma Copa Verde

Personalidade da Construção_ _______________________ 36 Oscar Niemeyer, o poeta do concreto

Métrica Industrial - Saneamento______________________ 50 Os anos-chave para o saneamento no Brasil

Máquinas e Equipamentos_ _________________________ 54 Nova planta da JCB começa a produzir escavadeiras de 20 t

Agenda__________________________________________ 56

Diretoria Regional

Ameríco Renê Giannetti Neto (MG) Construtora Barbosa Mello Ariel Fonseca Rego (RJ / ES) Sobratema José Demes Diógenes (CE / PI / RN) EIT José Luiz P. Vicentini (BA / SE) Terrabrás Terraplenagens Laércio de Figueiredo Aguiar (PE / PB / AL) Construtora Queiróz Galvão Rui Toniolo (RS / SC) Toniolo, Busnello Wilson de Andrade Meister (PR) Ivaí Engenharia

Grandes

Construcoes Diretor Executivo: Hugo Ribas Editor: Paulo Espírito Santo Redação: Mariuza Rodrigues Publicidade: Carlos Giovanetti (gerente comercial), Maria de Lourdes e José Roberto R. Santos Operação e Circulação: Evandro Risério Muniz Produção Gráfica & Internet Diagrama Marketing Editorial

Produtor: Miguel de Oliveira Projeto Gráfico e Diagramação: Anete Garcia Neves Internet: Adriano Kasai Revisão: Luci Kasai

CoGnrsatnrdues coes

“Grandes Construções” é uma publicação mensal, de circulação nacional, sobre obras de Infraestrutura (Transporte, Energia, Saneamento, Habitação Social, Rodovias e Ferrovias); Construção Industrial (Petróleo, Papel e Celulose, Indústria Automobilística, Mineração e Siderurgia); Telecomunicações; Tecnologia da Informação; Construção Imobiliária (Sistemas Construtivos, Programas de Habitação Popular); Reciclagem de Materiais e Sustentabilidade, entre outros.

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Tiragem: 13.500 exemplares Impressão: Parma

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Capa: Felipe Escosteguy Foto de divulgação: Carlos Magno/Assessoria de

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EDITORIAL

Pelos “Jogos Verdes” em 2014 e 2016 A nova ordem econômica mundial reservou para o Brasil, nos últimos dois anos, uma visibilidade internacional inédita, trazendo uma sucessão de boas notícias, como o grau de investimento que culminaram com a escolha do País para sediar a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016. Muito já se falou das oportunidades de crescimento que esses eventos encerram, no que diz respeito aos impactos socioeconômicos. Afinal, a expectativa é de que serão investidos R$ 30 bilhões apenas para a recepção da Copa de 2014, valor que envolve estádios, urbanização, transportes e tecnologia, entre outros pontos, investimentos que terão uma repercussão tão complexa que poderão gerar uma movimentação adicional de R$ 142 bilhões. Essa poderá ser a geração de receita compreendida ao longo de quatro anos, entre 2010 e 2014, contemplando, por exemplo, movimentação de turistas, consumo, investimentos em telecomunicações etc. Que esses recursos impulsionarão o desenvolvimento do País, poucos duvidam. Alguns arriscam até que tais impactos socioeconômicos só seriam alcançados em um período de 20 anos, num cenário convencional. A discussão que se impõe, portanto, é que tipo de desenvolvimento queremos para o Brasil. Um bom exemplo que vem da Inglaterra. O país (ver matéria nesta edição) se dedica à execução de um grande conjunto de obras de infraestrutura e das arenas desportivas para os Jogos Olímpicos de 2012, dentro dos conceitos de green building. O ideal é que comecemos já, no Brasil, os esforços no sentido de converter a preparação para a Copa de 2014 e da Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016, na maior ação coordenada, já realizada no planeta, para o desenvolvimento sustentável. Sabe-se, por exemplo, que os estádios de futebol têm vida útil entre 50 e 70 anos e que no futuro próximo os custos de energia e água ainda maiores. Então, por que não planejar os estádios considerando a implantação de sistemas de uso racional de água e de fontes de energia reno-

váveis? Cada grande obra mal planejada pode gerar um impacto negativo no meio ambiente, contribuindo com o aquecimento global. E isso tem de ser evitado já na fase de projetos. Paralelamente às obras dos estádios e arenas desportivas, será necessário o desenvolvimento de projetos de energia renovável em cada cidade-sede, utilizando a matriz energética mais adequada a cada região. Mas todo esforço não pode estar focado apenas nas instalações físicas. É necessário um planejamento mais amplo, que envolva todos os serviços a serem prestados aos brasileiros e visitantes, durante a realização dos jogos, de forma a marcar definitivamente a imagem do Brasil como um país comprometido com o respeito ao meio ambiente, contribuindo efetivamente para a melhoria da qualidade de vida dos habitantes do planeta. Essa imagem será fundamental até para a atração de novos investimentos nos anos que sucederão aos jogos. Para estimular essa corrida pela sustentabilidade no setor de Construção no Brasil, é viável a criação de instrumentos de financiamento privilegiados, através de entidades de fomento como o BNDES ou Banco Mundial, como um “bônus verde”, capaz, por exemplo, de adiantar o retorno dos investimentos realizados em projetos sustentáveis e de baixos custos de manutenção em longo prazo, que atinjam determinado nível de certificação ambiental. Se forem implementadas soluções nessa direção e se for fortalecido o conceito dos “Jogos Verdes”, sejam quais forem os resultados das competições, o Brasil será o grande vitorioso nos Jogos de 2014 e 2016.

Mário Humberto Marques Presidente da Sobratema

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ESPAÇO SOBRATEMA

Nova diretoria da Abemi

A Sobratema é uma entidade voltada aos usuários de equipamentos que atuam nos segmentos de construção e mineração e sua missão é democratizar o conhecimento sobre tecnologia para equipamentos e manutenção entre seus associados, através de programas que incentivem a troca de experiências e promovam o setor. Conheça os programas da Sobratema: M&T EXPO A maior feira do setor de equipamentos para Construção e Mineração da América Latina. M&T EXPO PEÇAS E SERVIÇOS A 1ª edição acontecerá em 2011 com fabricantes de peças das marcas mundiais instaladas no Brasil. Trará componentes de trens de força, de vedações, transmissões, suspensões e molas, sistemas hidráulicos, eletrônicos, material rodante, lubrificação, ferramentas de penetração. www.mtexpops.com.br REVISTA M&T Publicação técnica direcionada a executivos responsáveis pela gestão e manutenção de frotas para construção, mineração, siderurgia, papel e celulose. INSTITUTO OPUS Programa dedicado à formação, atualização e licenciamento de operadores e supervisores de equipamentos. RELAÇÕES INTERNACIONAIS A Sobratema organiza Missões Técnicas para os profissionais da construção e mineração, com visitas aos eventos mundiais mais importantes. TABELA CUSTO-HORÁRIO O associado Sobratema tem a sua disposição recursos para cálculos de custo/horário de diversos equipamentos em diferentes aplicações. ESTUDO DE MERCADO Análises do comportamento dos mercados brasileiro e mundial de equipamentos para a construção pesada. ANUÁRIO DE EQUIPAMENTOS Anuário brasileiro de equipamentos para construção, com especificação técnica das máquinas para as diversas aplicações. Para associar-se acesse WWW.SOBRATEMA.ORG.BR

O empresário Carlos Maurício Lima de Paula Barros, da Empresa Brasileira de Engenharia (EBE), novo presidente da Associação

BRACOR INICIA CONSTRUÇÃO DO CD DA HERMES Em maio, a Bracor iniciou a construção de um centro de distribuição (CD) para a Hermes, maior empresa brasileira de vendas diretas por catálogos de variedades. O CD tem localização estratégica no Rio de Janeiro: a avenida Brasil, e receberá investimento de mais de R$ 85 milhões. A unidade será construída no formato de Build to Suit, no qual o empreendimento é desenvolvido sob medida, atendendo às necessidades do futuro inquilino, que após a entrega do imóvel se torna locatário por um contrato de longo prazo pré-determinado. O sistema garante que as empresas possam usufruir de espaços modernos e funcionais sem comprometer um alto volume de recursos próprios na construção. www.grandesconstrucoes.com.br

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Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) para a gestão 2010/2012, elegeu a defesa do “conteúdo nacional” em projetos de infraestrutura e o investimento na qualificação da mão de obra como as duas principais bandeiras da nova gestão da entidade. “Uma das missões da Abemi é contribuir para o desenvolvimento econômico e social do País. E o fortalecimento da engenharia industrial brasileira, assim como a formação de capital humano em todos os níveis têm muito a ver com esse compromisso”, justifica Carlos Maurício. A vice-diretoria ficou a cargo de Márcio Alberto Cancellara, da Projectus Consultoria.

O CD, planejado inicialmente com 80 mil m², já conta com um projeto de expansão em andamento e ocupará um terreno com espaço total de 297.712 m² . Espera-se que as obras sejam concluídas em dezembro de 2010. A Bracor é uma das empresas líderes em terceirização imobiliária nas áreas de infra-estrutura, logística, indústria e varejo, que investe em operações de construção e locação de imóveis corporativos para grandes empresas nacionais e multinacionais. A empresa também se destaca na área de sustentabilidade, como membro fundador do Green Building Council Brasil, conselho regulamentador de edifícios verdes no País, e busca o compromisso com o meio ambiente em todos os seus empreendimentos.


Jogo Rรกpido

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Jogo Rápido

USIMINAS VENCE LICITAÇÃO PARA FORNECER 7,7 MIL T DE AÇO PARA O PROMEF

LLX FECHA CONTRATO DE FINANCIAMENTO COM O BNDES PARA CONSTRUIR O PORTO SUDESTE (RJ) A LLX assinou contrato de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção do Porto Sudeste, em Itaguaí, na Baía de Sepetiba (RJ). O Porto Sudeste será um Terminal Portuário Privativo de Uso Misto, dedicado à movimentação de minério de ferro. O investimento total previsto é de R$ 1,8 bilhão para movimentação de 50 milhões t por ano na sua primeira fase, com possível expansão para 100 milhões t. O financiamento do BNDES atinge o valor de R$ 1,2 bilhão, sendo composto por duas operações. A primeira parcela chega a R$ 407,7 milhões, incluída no Programa de Sustentação do Investimento (BNDES-PSI) para compra de equipamentos nacionais. A segunda operação, de R$ 805,1 milhões, foi estruturada dentro da modalidade Project Finance. O terminal portuário terá profundidade de 21 m e estrutura offshore com dois berços para atracação de navios capesize. Instalado na ilha da Madeira, no município de Itaguaí (RJ), as obras devem começar em julho e a previsão é de que entre em operação até 2011. Quando pronto, o Porto Sudeste representará a menor distância entre os produtores de Minas Gerais e o oceano. O minério de ferro deverá chegar ao Porto Sudeste por ferrovia. Para isso serão construídos, a partir da linha principal da MRS, um ramal e uma pera ferroviária com 2,5 km de extensão (linha férrea em formato de pera ao longo da qual serão descarregados os vagões de minério).

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A Usiminas ofereceu o melhor preço e venceu a licitação para a compra de 7,7 mil t de chapas de aço destinadas à construção de navios que integram o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef). O aço será utilizado pelo Estaleiro Mauá, localizado em Niterói (RJ), que está construindo quatro navios de produtos derivados de petróleo para o programa. O primeiro deles será lançado ao mar e batizado em cerimônia prevista para o mês de junho. Este será o segundo lançamento do Promef este ano, marcando o renascimento da indústria naval brasileira por meio das encomendas da Transpetro. Participaram da licitação nove usinas siderúrgicas de cinco países. Com o resultado, a Usiminas já tem contratadas 40 mil t de aço a serem utilizadas na construção dos navios do Promef. Esse montante representa 32% do total de chapas compradas para o programa até o momento, que somam 123,6 mil t. “Sempre afirmamos que a nossa preferência é comprar o aço no Brasil, desde que o preço seja competitivo em nível internacional. O resultado desta licitação sinaliza o começo de uma nova era na relação entre a Usiminas e a Transpetro, justamente no momento da retomada da indústria naval brasileira”, avalia o presidente da Transpetro, Sergio Machado. A construção dos 49 navios destinados à frota da Transpetro vai consumir, no total, 680 mil t de aço. A empresa continuará realizando tomadas internacionais de preço a fim de obter sempre as melhores condições comerciais para os estaleiros participantes do Promef. Tendo em vista o peso do aço no custo de um navio (20% a 30%), a estratégia é fundamental para estimular a competitividade da indústria naval brasileira.



Jogo Rápido

Volvo CE lança site interativo para rental

SS Reprodução de tela do site para rental da Volvo CE

A Volvo Construction Equipment Latin America lançou um site na internet para a área de rental, o negócio da empresa que cuida do aluguel de equipamentos de construção. No endereço

www.volvoce.com/rentalbr o usuário tem acesso a informações sobre modelos de equipamentos disponíveis para locação, pode pedir cotações de aluguéis ao distribuidor de sua região e ainda tem imagens e descrições técnicas das máquinas. “Esta nova ferramenta eletrônica é mais uma solução inovadora para ampliar a oferta de opções aos nossos clientes e, ao mesmo tempo, apoiar os distribuidores Volvo no mercado”, declara Yoshio Kawakami, presidente da Volvo CE Latin America. Ele afirma que o site é fácil de navegar, possui uma linguagem simples e dá acesso a informações com poucos cliques. “Com o apoio do distribui-

dor, o usuário pode dimensionar o tamanho e o tipo de equipamentos que precisa, solicitar e trocar informações e ainda tirar dúvidas. É um site interativo e muito completo. A locação é viável em diversas situações, como, por exemplo, quando se utiliza equipamentos por prazos reduzidos e com características muito específicas”, complementa Alisson Brandes, responsável pela Volvo Rents no Brasil e demais países da América Latina. O site e os serviços da Volvo Rents também estão disponíveis em língua espanhola para todos os demais países da América Latina, no endereço www.volvoce.com/rentalla.

Opus/Sobratema renova contrato com a Líbia para treinar mão de obra O Instituto Opus, braço da Sobratema dedicado à formação e capacitação de mão de obra especializada na operação de máquinas e equipamentos pesados para a Construção Civil, renovou o contrato com o governo da Líbia, por meio do consórcio formado pela Construtora Norberto Odebrecht, a empresa turca Tepe Akfen (TAV) e a empresa grega CCC – Consolidated Contractors Company, para uma segunda etapa do treinamento para operadores de guindastes móveis e gruas. O primeiro curso, que durou 45 dias, ministrado pelo ins-

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trutor da Opus, Alexandre Bonfim Camargo, capacitou 38 operadores de guindastes móveis, 14 operadores de gruas e 16 sinaleiros. Dessa vez, Alexandre Bonfim ministrará os cursos a 70 colaboradores no Centro de Treinamento construído pelo governo Líbio próximo ao aeroporto de Trípoli. A duração do curso será a mesma do anterior. A renovação do contrato é resultado do êxito do processo realizado anteriormente. E já existem negociações para um terceiro período de treinamento ainda este ano.



Jogo Rápido

Trem-bala pode sair em 2016

Com o aval do Tribunal de Contas da União (TCU) para a continuidade do processo de licitação para a construção do TAV (Trem de Alta Velocidade), o trem-bala que ligará São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, a expectativa agora é com relação do aval das licenças ambientais para o projeto. Para a liberação da publicação do edital de licitação, o TCU impôs algumas condições. O órgão impôs, por exemplo, a redução de R$ 1,5 bilhão no valor inicialmente orçado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Agora, o valor da

obra, que inclui construção, operação, manutenção e conservação da estrada de ferro, deve ficar em R$ 33,1 bilhões. A ANTT já sinalizou que pretende fazer a publicação imediata do edital, levando apenas o tempo necessário para fazer os ajustes solicitados pelo tribunal. Tão logo seja publicado, será iniciada a contagem de 60 dias para a entrega das propostas econômicas dos consórcios e empresas interessadas. A minuta do edital prevê que o leilão será de lance único na BM&F Bovespa. Terão vantagens as propostas que exigirem o menor volume de financiamento público

– o teto será de R$ 20,8 bilhões. Outro critério de pontuação dos candidatos será o da menor tarifa por quilômetro para classe econômica. De acordo com os estudos do TCU, as tarifas na classe econômica deverão custar até R$ 149,85 (horários normais) e R$ 199,73 (horários de pico), com revisões de valor a cada cinco anos. A expectativa atual do governo é tornar o transporte viável para os Jogos Olímpicos no Brasil em 2016. O projeto tem despertado o interesse de investidores internacionais e construtoras especializadas de muitos países, entre eles Espanha, França, Itália, Alemanha, China e Coreia do Sul. O projeto anunciado pelo governo prevê a construção de um sistema com 510 km, a serem percorridos em pouco mais de uma hora e meia. Da extensão total, 21% serão em pontes, 61% em superfície e 18% em túneis. Calcula-se que 71% do investimento (R$ 24,5 bilhões) será destinado para obras civis.

ECOVIAS COMPRA NOVOS GUINCHOS DE ÚLTIMA GERAÇÃO A Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), acaba de adquirir mais dois guinchos para remoção de cargas e veículos pesados em todo o SAI. Outros dois veículos desse porte haviam chegado em janeiro deste ano. Os quatro veículos são os únicos na América Latina e apresentam capacidade de arrastar até 123 t, quase três vezes mais que um guincho pesado comum, que suporta até 45 t.

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Os guinchos fabricados pela Engetruck/Tecar, sobre chassis Axor 3340, da Mercedes-Benz, contam com o que há de mais moderno na área. Os mecanismos são hidráulicos, o que aumenta a precisão e oferece autonomia maior; os comandos podem ser acionados pelo operador a até 100 m de distância, conferindo mais segurança na operação; e a carroceria e o equipamento são feitos de aço naval, aumentando a resistência e reduzindo o peso.


Jogo Rรกpido

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M&T EXPO 2011

M&T EXPO_

PEÇAS E SERVIÇOS

NOVA FEIRA DA SOBRATEMA TEM MAIS DE 50% DA ÁREA PREVISTA PARA A EXPOSIÇÃO COMERCIALIZADA JÁ NA CERIMÔNIA DE LANÇAMENTO A Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema) deu uma importante demonstração do seu prestígio e de confiança da força econômica dos setores da Construção e Mineração ao lançar oficialmente, no Brasil, a primeira edição da M&T Expo Peças e Serviços. O evento acontecerá de 10 a 13 de agosto de 2011, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, reunindo toda a cadeia de suprimentos, peças e serviços – com ênfase na atividade de rental – para Construção e Mineração na América Latina. No exterior, a M&T Expo Peças e Serviços foi lançada durante a Bauma 2010, feira internacional de equipamentos para Construção e Mineração, realizada de 19 a 25 de abril, em Munique, na Alemanha. Somente no Brasil, nada menos que 110 mil indústrias atuam como provedores de peças e equipamentos nesses mercados, com foco em reposição e manutenção, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2009 as vendas de peças para reposição movimentaram no País R$ 3,5 bilhões. O mercado 14 / Grandes Construções

de rental, por sua vez, gerou cerca de R$ 4 bilhões. A expectativa de Mário Humberto Marques, presidente da Sobratema, é de que até 2011 esses mercados movimentem em torno de R$ 11 bilhões. Essa expectativa se apoia principalmente na previsão de aumento do volume de investimentos em infraestrutura, previstos para o período 2010-2014. Estudos realizados pela Sobratema estimam que as vendas internas de máquinas e equipamentos para a construção cresçam mais de 60% entre 2010 e 2013, estimuladas principalmente pelo Programa de Aceleração do Crescimento II (PAC II), cujo montante deve ultrapassar R$ 1,5 trilhão; e pela realização da Copa do Mundo, que deverá movimentar até R$ 110 bilhões. “Há ainda os investimentos para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, cujas obras deverão impulsionar as vendas, novamente, em cerca de 26%”, afirma Mário Humberto.

A feira que faltava A M&T Expo Peças e Serviços já nasceu vitoriosa. Dos 20 mil m² da área prevista para a exposição, mais de 50% foram reservados an-

tes mesmo do final da cerimônia de lançamento, ocorrida no dia 9 de junho, nos salões da Casa das Caldeiras, na Água Branca, em São Paulo. “A nova dinâmica que o mercado apresenta exigiu a criação de um evento específico, cujo mercado é absolutamente vital e estratégico. A feira terá fabricantes de peças das marcas mundiais instaladas no Brasil. Trará componentes de trens de força, de vedações, transmissões, suspensões e molas, sistemas hidráu-


licos, eletrônicos, material rodante, lubrificação, ferramentas de penetração de solo, materiais de desgaste, acessórios, peças e componentes em geral”, explica o presidente da Sobratema. Já na área de serviços, espera-se a presença das empresas de rental de equipamentos para construção e mineração, recuperadoras e reformadoras de máquinas, retíficas, refor-

madoras de pneus, gerenciamento e monitoramento de frotas, transportadoras, fornecimento e treinamento de mão de obra, empresas de usinagem e caldeiraria, entre outras. Afonso Celso Mamede, vicepresidente da Sobratema e diretor de Suprimentos da Construtora Norberto Odebrecht, define a nova feira como um “shopping center de soluções”

SS Hugo Ribas, diretor da Sobratema, aposta nos 15 anos de experiência e sucesso da M&T Expo, e na forte demanda de mercado, para o êxito da nova feira

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M&T EXPO 2011

SS Afonso Celso Mamede ao lado do general Ítalo Fortes Avena, comandante do DEC

para o dia a dia dos canteiros de obras, uma vitrine onde o usuário terá a oportunidade de conhecer o estado da arte em peças de reposição, componentes, serviços e soluções em geral para a manutenção e otimização dos recursos dos seus equipamentos. Ele informa que, por ter seu foco no dia a dia dos canteiros de obras, a M&T Expo Peças e Serviços terá periodicidade anual, excetuando apenas os anos em que ocorrerá a tradicional M&T Expo (equipamentos), cuja realização se dá a cada três anos. “Nosso objetivo é apresentar as inovações tecnológicas desenvolvidas para a demanda dos usuários, mas acreditamos que, como preço e qualidade têm relação direta nos resultados das empresas de construção e mineração, a busca pelo melhor preço também deverá ser observada durante a feira”, complementa Mamede. Paulo Lancerotti, diretor Executivo da Sobratema, acrescenta que a M&T Expo Peças e Serviços tem tudo para se tornar o principal ponto de encontro de negócios e de acessos aos mercados do Brasil, e um marco para o setor, por ser a única feira, na

SS Convidados analisam a planta da nova feira, escolhendo seus espaços

América Latina, que envolve toda a cadeia produtiva. “Nosso objetivo é aproximar quem produz as soluções de quem as consome, de forma a estimular a cooperação no desenvolvimento de novas soluções ou aprimoramento das existentes.” Ele aposta na amplitude de possibilidade de serviços a serem apresentados no evento. “Queremos realizar uma feira de peças e serviços de acordo com o que o usuário precisa e como não existe no Brasil”, garante Lancerotti. Hugo José Ribas Branco, diretor Executivo da M&T Expo Peças e Serviços, informa que o público-alvo da feira será formado prioritariamente por executivos e funcionários da área de suprimento das grandes construtoras, ou mesmo por diretores de empresas de menor porte, atentos ao que o mercado oferece em termos de diversificação de componentes para a reparação e manutenção de equipamentos. Para o êxito da nova empreitada, o diretor da Sobratema aposta na experiência consolidada de 15 anos de sucesso técnico, comercial e de público da M&T EXPO. Na edição de 2009, a feira atingiu

seu limite físico, o que resultou em uma lista de espera e mais de 100 empresas, sem espaço para expor.

Um mercado aquecido Além do PAC II e dos grandes eventos desportivos, os recursos disponibilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) são outro fator de estímulo para o setor, a ser considerado por quem deseja participar desta nova vitrine da Construção no Brasil. Mário Humberto Marques observa que a prorrogação da linha de financiamento Finame-PSI (Programa de Sustentação do Investimento), por exemplo, contribui de forma significativa para a recuperação do mercado de máquinas e equipamentos industriais. Até 2012, o BNDES deve liberar uma quantia maior de recursos, calculada em R$ 83 bilhões, o que significa mais investimentos em máquinas, peças e suprimentos. Outro fator que mostra que o Brasil é “a bola da vez” em investimentos em infraestrutura do mundo, segundo Marques, é a posição do País em relação ao

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SS 1.Jhonnathan Ferrazza, 2.Paulo Oscar Auler Neto, 3. Felipe Cavalieri, 4. Mário Humberto Marques e o presidente da Apelmat, Manuel da Cruz Alcaide, 5.Paulo Esteves,

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mercado internacional, em especial, à União Europeia, Estados Unidos e Japão. “Nosso setor sofreu uma retração de 28% nas vendas, ano passado, em comparação com o ano anterior, devido à forte crise internacional. No entanto, as quedas na União Europeia, Estados Unidos e Japão foram superiores a 50%”, lembra Marques. Para este ano, a expectativa de crescimento nas vendas de equipamentos da linha amarela no Brasil gira em torno de 18% enquanto Europa e América do Norte não devem passar de 10%. O executivo crê que a realização da M&T Expo Peças e Serviços será, portanto, importante instrumento de consolidação do Brasil como forte participante do mercado internacional.

Mercado tem expectativas positivas Para saber o que o mercado pensa sobre a nova iniciativa da Sobratema, Grandes Construções ouviu a opinião de alguns dos principais players desse cenário. Um dos entusiastas do empreendimento é Cleivson Moura Vieira, diretor de Vendas e Marketing de Peças da CNH para a América Latina. “Um evento com essa vocação, com foco no pós-venda, permitirá aos clientes conhecerem melhor o que o mercado oferece em termos de soluções para as suas necessidades, tanto no que diz respeito a peças e serviços quanto ao rental. A M&T Expo Peças e Serviços permitirá também aos fornecedores deste mercado mostrar sua cara, principalmente nesse novo contexto de concorrência acirrada.” O executivo acredita ainda que a feira

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fortalecerá o combate à pirataria. “Um evento como esse ajuda a difundir o conceito do uso de peças originais. O enfoque nos serviços ao cliente e no suporte de peças é importante não apenas para a fidelização do cliente, mas também para a própria marca. Por esse motivo, vamos trabalhar o evento em conjunto com nossos distribuidores, que são a linha de frente desse negócio, mostrando a estrutura que oferecemos, os investimentos que realizamos etc.” Otto Breitschwerdt, diretor Comercial da Caterpillar, concorda com Cleivson Moura Vieira. Ele afirma que uma feira com esse perfil permite aos clientes observar todas as ofertas disponíveis no mercado, analisando tendências e estudando soluções, de forma a otimizar recursos e reduzir custos. “O intercâmbio de negócios na América Latina também tende a se fortalecer com essa feira. A região tornou-se um bloco bastante forte. Portanto, a feira abrange um território importante, progressivo em relação ao resto do mundo. A Caterpillar participou das duas últimas edições da M&T com um tremendo sucesso. E eu não espero nada diferente desta nova feira de peças e serviços”, afirma. Paulo Oscar Auler Neto, superintendente de Aquisição de Equipamentos da Construtora Norberto Odebrecht, adianta o que espera da M&T Expo Peças e Serviços: “Meu foco será encontrar serviços. Quero conhecer um bom fornecedor de reparos, de solda, de componentes, de locação de máquinas pesadas ou de pequeno porte”. A grande vantagem da feira, em sua opinião, será reunir, num

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SS 6.Eurimilson João Daniel, 7.Nivaldo Alves de Olivira, 8.Otto Breitschwerdt

mesmo local, fornecedores de pequeno, médio e grande porte, com vocações para atender clientes de todo tamanho e perfil. “Eu aposto em um ambiente de competição sadia, envolvendo inclusive fornecedores do exterior.” Felipe Cavalieri, diretor Geral da Brasil Máquinas de Construção, dealer master da Hyundai no Brasil, considera a feira uma iniciativa brilhante. “É mais uma oportunidade – além da própria M&T – de os fabricantes estarem em contato direto com os clientes e usuários.” Jhonnathan Ferrazza, diretor Comercial da Flecha de Prata Logística, conta que normalmente, para esse tipo de contato direto, seria necessário visitar inúmeras empresas, em viagens longas, cansativas e custosas. Só o que se economiza com essas viagens dá para pagar os custos de participação na feira”, calcula.

A hora e a vez do rental Paulo Esteves, diretor da Solaris, uma das maiores empresas do País no setor de locação de equipamentos para obras de infraestrutura e serviços, acredita que a nova feira dará forte estímulo ao setor de rental no Brasil. Em média, os gastos de uma construtora com locação não passam de 3% do custo total com os equipamentos. “Com o rental, a empresa elimina custos de manutenção e gerenciamento em todo o ciclo de vida das máquinas, da sua aquisição ao descarte”, calcula Esteves, que vê no rental a solução para o que considera um dos maiores problemas do setor da construção no Brasil: o pós-venda. “Essa é uma área que demanda uma atenção especial por parte dos fabricantes. Sentíamos falta de uma feira voltada especialmente para o pós-venda, e para o rental, que vive hoje uma tendência de crescimento, principalmente no mercado de grandes projetos”, avalia o diretor da Solaris. Eurimilson João Daniel, diretor da Escad Locações e Terraplenagem, também está entusiasmado com a M&T Expo Peças e Serviços. “O grande ganho proporcionado pela feira será a interatividade entre as pessoas, a possibilidade de sentar com seus fornecedores e clientes e falar de negócios. Hoje o rental está capilarizado em todas as áreas. Daí a necessidade de uma feira com esse perfil.”

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M&T EXPO 2011

SS Dezenas de empresários e executivos dos setores de Construção e Mineração receberam o lançamento da nova feira com otimismo e acreditam que ela é muito oportuna

Para ele, o momento é mais do que oportuno. “Existe uma ansiedade muito grande, por parte de cada fornecedor, em buscar seu espaço de crescimento. Não tenho dúvida de que se algum cliente, necessitando de equipamento, for visitar a feira e conversar comigo, ele será bem atendido e sairá da feira com a melhor imagem da nossa empresa, que vai durar pelos próximos ciclos de obras que acontecerão no Brasil.”

Exército brasileiro apoia iniciativa Para planejar, orientar, coordenar e executar obras de infraestrutura essenciais para o País, em regime de cooperação com o governo federal, o Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército Brasileiro conta com uma estrutura comparável à das maiores construtoras privadas brasileiras. Faz parte dessa estrutura um parque composto por mais de 2 mil equipamentos pesados, que demandam constante manutenção e reposição de peças. Sob o comando do DEC, a Diretoria de Obras de Cooperação (DOC) do Exército responde atualmente pela execução de importantes obras, como a reconstrução e a pavimentação das rodovias Manaus/Porto Velho (BR319) e Cuiabá/Santarém (BR-163), a construção do aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante (RN), a transposição do rio São Francisco e a duplicação da BR-101, entre outras. Para o general Ítalo Fortes Avena,

18 / Grandes Construções

chefe do DEC, a M&T Expo Peças e Serviços será uma excelente oportunidade para se conhecer, em um só evento, grande número de fornecedores de peças e serviços, ter acesso a informações que permitam otimizar os esforços de manutenção das viaturas e equipamentos, melhorar a qualidade desses serviços, com redução de custos e de tempo. “A feira vai concentrar as informações, permitindo selecionar melhor nossos parceiros e diminuir os tamanhos dos nossos estoques”, acredita o militar. O general de Divisão Jorge Ernesto Pinto Fraxe, diretor da Divisão de Obras de Cooperação do Exército, também presente ao evento, lembrou que a DOC, além contribuir com a sociedade civil na execução de obras de construção importantes, permite, com suas ações, a permanente atualização da tecnologia de construção no País. Ricardo Lessa, diretor Comercial e de Marketing para a América do Sul da Schwing Stetter – fabricante de centrais e bombas de concreto, recicladores para concreto, betoneiras e responsável pelo desenvolvimento de sistemas de concretagem –, gostou tanto da ideia da feira que fechou uma reserva de espaço para exposição já no evento de lançamento. “Para os clientes, ter um esquema eficiente de assistência técnica, pós-venda e peças de reposição faz toda a diferença. Isso se torna ainda mais importante com o acirramento da competição, a chegada de novos concorrentes ao mercado. Queremos focar o diferencial da nossa marca justamente nesse tipo de suporte”, revela.

Quem também está decidido a participar da feira é a Comingersoll do Brasil, dealer de marcas como a Doosan/ Bobcat e Ingersoll-Rand. Jorge Glória, diretor da empresa, destacou que a feira é uma forma de suprir uma lacuna do mercado, e está fadada ao sucesso, assim como ocorre com a M&T Expo. Nivaldo Alves de Oliveira, gestor de Máquinas e Equipamentos da Galvão Engenharia, destaca a importância do rental e deseja travar contato com fornecedores que possam se tornar parceiros permanentes. “Espero encontrar a disponibilização de serviços em áreas em que nós não temos expertise, ou que preferimos repassar as atividades para terceiros”. Ele revela que somente 30% da demanda total da empresa é atendida por frota própria. Os 70% restantes são atendidos com frotas de empresas parceiras. “Hoje você tem que fazer uma busca detalhada e desenvolver as parcerias.” Oliveira sintetizou a expectativa do setor em relação ao evento: “Uma feira estruturada dessa forma como pretende a Sobratema vai facilitar muito nossa vida. Acredito que estaremos muito próximos de empresas pioneiras em novas tecnologias, alinhados com as inovações do mercado, travando conhecimento com uma ampla gama de soluções propostas por empresas altamente especializadas e por dealers muito à frente da média em termos de atendimento ao cliente. A feira representará, portanto, a busca constante da evolução nos setores de Construção e Mineração”, acredita.



ENTREVISTA

Terex revela estratégia para crescimento: diversificar e aumentar a produção e buscar a liderança em nichos de mercados para manter as margens O Grupo Terex, conglomerado estadunidense que reúne mais de 50 empresas em vários países, e terceiro maior fornecedor de equipamentos para construção e pavimentação de rodovias do mundo, anunciou, recentemente, sua decisão de instalar uma nova fábrica no município de Guaíba, Rio Grande do Sul, cerca 10 vezes maior que a unidade que possui em Cachoei-

rinha, no mesmo estado. No empreendimento, a Terex vai investir R$ 150 milhões. A fábrica deverá iniciar suas atividades no final de março de 2011, mas, antes mesmo deste prazo, dará início a uma nova etapa de desenvolvimento econômico e social para a região, gerando 650 empregos diretos na primeira etapa de instalação. A iniciativa faz parte da estraté-

gia de expansão da empresa nos mercados de maior crescimento para a companhia mundialmente, entre os quais o Brasil e o restante da América Latina. Também sairão da nova unidade as máquinas que abastecerão integralmente todo o mercado africano. Porém, mais do que uma simples plataforma para abastecer países emergentes, a nova uni-

TT Inicialmente a nova fábrica produzirá equipamentos para o segmento de Roadbuilding, mas, futuramente, fará também máquinas para outros segmentos nos quais a Terex atua

20 / Grandes Construções


dade tem um desafio ainda maior: tornar-se a base para um projeto de diversificação do mix de produtos da marca, fabricando produtos de todas as linhas que a Terex venha a produzir. Com essa diversificação do seu portfólio de produtos, a estratégia do grupo é focar nichos de mercados específicos, onde não precise enfrentar uma forte competição com grande número de players, mas identifique potencial de grande lucratividade e a possibilidade de atingir a liderança do mercado. “Serão produtos que nos permitam ser o player número 1 ou número 2, sem ter que enfrentar uma competição muito acirrada”, resume André Freire, diretor geral da Terex Latin America. Inicialmente a nova unidade produzirá equipamentos para o segmento de Roadbuilding e, futuramente, máquinas para outros segmentos nos quais a Terex atua. As máquinas, num primeiro momento, serão produzidas com um índice de nacionalização de 40%, mas a

WW André Freire: “Com a unidade de Guaíba a Terex sedimenta sua presença no Brasil, onde já possui a liderança de mercado em diversos produtos”.

meta do fabricante é rapidamente atingir o índice de 60%, de forma a permitir seu financiamento pela modalidade Finame/BNDES. Para André Freire, “a nova fábrica deverá atender à grande demanda por equipamentos gerada pelos projetos de infraestrutura que o Brasil terá nos próximos anos, como as obras do PAC, o Minha Casa, Minha Vida, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016, além dos investimentos em setores estratégicos como energia, transporte e petróleo. Por meio deste investimento a Terex sedimenta sua presença no território, onde já possui a liderança de mercado em diversos produtos”. A Terex faturou em 2009, US$ 4 bilhões. Na entrevista a seguir, Freire fala do tamanho do mercado brasileiro de máquinas e equipamentos para construção, dos planos de crescimento da empresa para o Brasil e Região da América Latina, da concorrência com os chineses e coreanos que trazem para o Brasil equipamentos a preços muito competitivos. Ele revela que a empresa pretende dar continuidade à sua estratégia de aquisições para ganhar mercado. Os próximos passos podem ser a aquisição de fabri-

“Esse site está sendo desenvolvido com o potencial de abastecer a América Latina e também a África. Esses são dois mercados que serão integralmente trabalhados através dessa planta brasileira. Mas o Brasil, por si só, está justificando este investimento. Há alguns anos, o Brasil representava, em volume de negócios, cerca de 50% da América Latina. Nos últimos anos, essa participação percentual cresceu muito além disso. No ano passado, a América Latina representou cerca de 8% dos negócios globais e o Brasil representou cerca de 70% desses números”.

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ENTREVISTA

SS Yeda Crusius, governadora do Rio Grande do Sul, na cerimônia de assinatura do termo de compromisso para ocupação do terreno onde será instalada a nova fábrica da Terex

cantes de equipamentos industriais, fora do setor da construção, e de serviços, de forma a ter um portfólio mais diferenciado do que sempre teve. “Queremos ter um segmento de produtos de contraciclo, fora da área da construção, para quando acontecer outra crise com a que tivemos recentemente, não soframos tanto”, revela o executivo. Grandes Construções – A Terex já tem uma unidade de produção de equipamentos para o setor de Roadbuilding, em Cachoeirinha (RS). Essa unidade é considerada de importância estratégica para o Grupo Terex, na América Latina. Apesar disso, a Terex anunciou recentemente a decisão de investir na construção de uma nova fábrica, em Guaíba, no mesmo estado, para atender às demandas do segmento de Construção. O senhor pode falar sobre a estratégia da montadora, para os próximos anos, a partir da construção deste novo site, e por que Guaíba para sediá-lo? André Freire – A unidade de Cachoeirinha está com sua capacidade de produção totalmente esgotada. A demanda pelos produtos desta linha aumentou bastante, e nós trouxemos, ainda, alguns pro-

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dutos grandes, produzidos na unidade de Oklahoma, onde são fabricados os veículos vendidos para outros mercados do mundo, fora da América Latina e dos países emergentes. Isso gerou um gargalo muito grande. O problema que enfrentamos, inicialmente, é que não há espaço em volta da fábrica de Cachoeirinha para crescer. Aí, então, fomos buscar em Cachoeirinha, para ver se havia a possibilidade de conseguir outra área dentro do município. Mas não havia nenhuma tão grande quanto nós precisávamos. Partimos, então, para olhar outros locais no Brasil, em outros estados, fora do Rio Grande do Sul. Chegamos a manter algumas negociações com governos municipais. Mas, sem dúvida, a administração de Guaíba nos deu condições muito interessantes, em termos de renúncias fiscais, que se somaram aos benefícios oferecidos pelo governo do estado, que acabaram definindo nossa permanência na região. Grandes Construções – Esse foi o principal fator na decisão? André Freire – Foi um deles. Esse terreno para onde estamos mudando está disponível há mui-

tos anos. Ele havia sido liberado, há 10 anos, para a fábrica da Ford, que acabou se instalando em Camaçari, na Bahia. Portanto, ele estava pronto, metade já terraplanado. A prefeitura e o governo do estado fizeram um tratamento diferenciado, convidando grandes empresas para ocupar este terreno. Tanto que não só a Terex, mas outras seis empresas aderiram à proposta, assinando cartas de intenção com o governo e o município para se instalarem nesse terreno. Outra questão que levamos em consideração foi o fato de nossos empregados já estarem na região, detendo o know how que precisamos. E fica muito mais fácil deslocar essa mão de obra especializada para a nova planta do que ter que começar do zero, praticamente, em outra região. Outra questão que pesou na nossa decisão foi a localização dos nossos principais fornecedores naquela região. Portanto, teve a questão financeira, que pesou na decisão, mas teve também a questão da disponibilidade dos recursos que já temos, bem como os nossos fornecedores e a logística, que já existem no local e que poderão ser aproveitados.



ENTREVISTA WW Equipamentos da marca Genie: liderança consolidada no Brasil

sua capacidade plena? André Freire – Não seria imediatamente após a conclusão das obras, porque seria necessário um período de transição de Cachoeirinha para Guaíba. Até por isso seria necessária a manutenção dos trabalhos em Cachoeirinha, para que não houvesse perda de receita. O que nós pensamos é o início da produção na metade de 2011, visando, em seis meses, atingir a capacidade plena.

Grandes Construções – Qual será a vocação dessa nova unidade? André Freire – Inicialmente vamos produzir tudo o que já fabricamos em Cachoeirinha, que continua produzindo, até o início da operação da nova planta. Estimamos que as obras dessa planta nova demorem cerca de 12 meses para serem concluídas, além dos meses que precisamos antes de começar a construção. Estamos falando, portanto, de 15 a 16 meses até, efetivamente, termos a primeira máquina saindo da linha de produção da nova fábrica. Mas, de qualquer forma, não temos planos de desativar imediatamente a fábrica de Cachoeirinha. Um dos motivos para

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isso é que não sabemos como estará se comportando o mercado daqui a um ano, um ano e meio. Talvez esse mercado esteja, a essa altura, demandando produtos que a gente efetivamente esteja produzindo. Grandes Construções – E quando as obras começam? André Freire – Nós acabamos de assinar os contratos e estamos atrás das licenças ambientais, o que teoricamente demora um pouquinho mais. Tendo a licença, no dia seguinte a gente começa a construir imediatamente. Grandes Construções – E quando a nova fábrica entraria em operação na

Grandes Construções – O que o senhor projeta como capacidade máxima instalada desta nova unidade e qual seria a composição do mix dessa produção? André Freire – Nós ainda não temos um perfil do que vai ser essa nova unidade, porque para ela temos a pretensão de que se torne não apenas uma unidade de produção de equipamentos para a linha de construção de estradas, mas de outros produtos da marca Terex. Estamos analisando internamente para verificar, dentre os nossos segmentos de produtos, quais aqueles que teríamos interesses em fabricar no Brasil. Ainda estamos na fase inicial deste trabalho. A Terex tem falado, já há dois ou três anos, em fabricar boa parte dos seus equipamentos no Brasil. Até agora nós não conseguimos equacionar isso, muito mais por problemas internos de ter recursos disponíveis para esses mercados emergentes. Nós tínhamos um volume de recursos que foram muito mais direcionados para a China e para a Índia, nos últimos anos, devido ao crescimento potencial desses mercados. Mas finalmente o Brasil foi reco-



ENTREVISTA

XX A Terex quer que a unidade de Guaíba seja um campus para toda a linha de produtos com potencial para o mercado brasileiro

nhecido como uma das “bolas da vez” e agora nós temos projetos de longo prazo para o Brasil. Grandes Construções – O que levou a Terex a esta mudança de postura? André Freire – Nós sabemos que vamos ter uma Olimpíada que vai acontecer daqui há seis anos, e que pelo menos nesse longo período teremos muitas obras de infraestrutura no País. Grandes Construções – Soubemos que a prioridade em termos de linha de equipamentos dessa unidade de Guaíba é a linha de Roadbuilding. Essa prioridade está em sintonia com esse programa de obras de infraestrutura a serem executadas no Brasil, nos próximos anos? André Freire – Esse é um dos focos, mas estamos pensando maior. Porque nós não iríamos pegar um local 10 vezes maior do que o que temos hoje, se fôssemos pensar só em Roadbuilding. A Terex quer que essa

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unidade nova seja um campus para todas as outras linhas que ela potencialmente venha a fabricar no Brasil. Grandes Construções – Isso inclui a Linha Amarela, que nunca foi um segmento de negócios preferencial para a Terex no Brasil? André Freire – A Terex está mudando um pouco seu portfólio de produtos. Tanto que nós vendemos a nossa linha de mineração, ao final do ano passado. Nossa estratégia é focar em produtos de nichos de mercado. Esses são os produtos que a Terex quer realmente ter participação maior no mercado. São produtos em que nós possamos ser o player número 1 ou número 2, enfim, ser os maiores do mercado, sem ter que enfrentar a competição da grande maioria dos fabricantes. A linha amarela, para nós, é um problema porque temos aí uma grande quantidade de competidores – alguns dos quais atuando no Brasil há muitos anos, com suas plantas. Há ainda os compe-

tidores que chegam da Ásia, principalmente, trazendo produtos a preços muito menores, estabelecendo uma competição muito acirrada. Fica muito difícil competir com esses players, neste terreno. Portanto, não acredito que a gente entre com a linha amarela aqui. Talvez a gente entre com algum nicho desta linha, como, por exemplo, as miniescavadeiras e as minicarregadeiras. Mas a gente nunca entraria com um produto como uma escavadeira hidráulica, por exemplo. Grandes Construções – Por falar nos fabricantes coreanos e chineses, na sua opinião, qual seria a melhor estratégia para competir com eles, que praticam preços quase que imbatíveis? André Freire – Em minha opinião, competir com eles em preço não estabelece uma competição saudável. A Terex é uma empresa que valoriza muito o retorno que nós temos em relação às vendas. Por isso nós conseguimos uma vantagem competitiva

TRABA Plataf e Tele

Matriz: C


em dois campos: o da qualidade e o dos serviços. Eu acredito que a qualidade dos produtos Terex é muitas vezes superior aos dos produtos trazidos da Ásia, e digo isso com muita ênfase porque nós, Terex, temos cinco fábricas na Ásia, fabricamos na China, e os produtos que lá fazemos, mesmo com toda a tecnologia que agregamos ao processo, não são os mesmos produtos que fabricamos em outros países. No campo dos serviços, através da assistência técnica local, acreditamos que nós consigamos ter acesso a redes de distribuidores e provedores muito mais fortes que os dessas marcas asiáticas. Parte disso se deve ao fato de elas não terem nomes tão fortes no mercado, que possam atrair grandes distribuidores. Mesmo assim, acredito que a entrada desses players é sem volta, mas creio também que a competição passará a se dar em um território que vai obrigálos a se aprimorar cada vez mais. Grandes Construções – Os senhores pensam nesse novo site de Guaíba como uma plataforma para ampliar os negócios na América Latina? De lá sairão os produtos para abastecer esse mercado? André Freire – Realmente. Esse site

está sendo desenvolvido com esse potencial de abastecer a América Latina, mas também a África. Esses são dois mercados que serão integralmente trabalhados através dessa planta brasileira. Mas o Brasil, por si só, está justificando este investimento. Há alguns anos, o Brasil representava, em volume de negócios, cerca de 50% da América Latina. Nos últimos anos essa participação percentual cresceu muito além disso. No ano passado, a América Latina representou cerca de 8% dos negócios globais e o Brasil representou cerca de 70% desses números. Ou seja, o País passou a ser, rapidamente, um mercado grande, interessante, em desenvolvimento. Em termos Globais, o Brasil representava para a Terex menos de 2% no volume de vendas. Isso tem mudado rapidamente nos últimos anos. Por tudo isso, os olhos do mundo se voltaram para cá, e nós, efetivamente, nos comprometemos com este investimento, que é de longo prazo e com planejamento para fazer com que o mercado aqui cresça. Por mais que possamos enfrentar uma nova crise mundial da economia, o Brasil sozinho tem fôlego

para absorver o volume de máquinas que nós vamos produzir nessa fábrica. Grandes Construções – Quais são os planos da empresa para o Brasil, nos segmentos onde tem liderança consolidada? André Freire – Nós acreditamos nesse tipo de produto e vamos apostar neles. A Genie, por exemplo, que é uma marca que nos assegura liderança de mercado mundial e no Brasil, também. São produtos que nos asseguram uma margem maior, uma participação de mercado melhor, o que nos dá uma competitividade muito maior, que dá para trabalhar melhor oferecendo uma competente linha de serviços de suporte por trás. A Terex quer ter certeza de ter uma boa estrutura de suporte para qualquer coisa que ela venda neste território. E nós acreditamos que nas linhas em que há um mercado muito competitivo, oferecer esse tipo de suporte fica muito mais difícil. Um dos principais valores da Terex é manter uma lucratividade muito acima da de seus competidores. E com essa estratégia certamente conseguiremos isso.

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LOCAÇÃO E VENDAS DE MÁQUINAS TRABALHO EM ALTURA Plataforma Articulada e Telescópica

GERAÇÃO DE ENERGIA Torres de Iluminação, Geradores Cabinados de 50 a 500KVA.

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NOVA Filial Minas Gerais: Rua Pará de Minas, nº 235 Junho 2010- Contagem / 27 / MG Santa Edwiges CEP: 32040-270 - Tel: 55 (31) 3391 5302


ENTREVISTA

SS Com a Tauron a Terex Latin América ingressa no mercado brasileiro de equipamentos compactos para construção

Parceria para ganhar mercado de compactos A Terex Latin América ingressou no mercado brasileiro de equipamentos compactos para construção por meio de acordo de distribuição com a Tauron, empresa paranaense com tradição no mercado imobiliário. Com investimento de R$ 7 milhões, a Tauron iniciou, no final de maio, a venda e locação no Pais de um total de 25 de equipamentos fabricados pela Terex, entre minicarregadeiras e miniescavadeiras, utilizadas em diversos segmentos, especialmente o de empreendimentos imobiliários e de infraestrutura. “Nossa meta é alcançar a participação entre 15% e 20% do mercado já no primeiro ano atuando nesse segmento”, conta André Freire, presidente da Terex para América Latina. “E vamos diversificar a linha de compactos ainda em 2010, com a comercialização de retroescavadeiras, pás carregadeiras e rolos compactadores”, completa Adriano Battaza, diretor de Vendas de Construção Terex Latin América.

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As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-II), que contemplam a construção de casas populares Minha Casa, Minha Vida, e as de infraestrutura para receber a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, foram fatores de forte estímulo para a empreitada, já que devem movimentar o segmento da construção civil em toda a sua cadeia. Empresas que atuam com a locação de equipamentos e máquinas para construção civil preveem crescimento de até 50% para este ano, com desempenho parecido, pelo menos, para os cinco anos seguintes. Para se ter uma ideia da representatividade financeira deste mercado, esses equipamentos custam mais de R$ 200 mil — preço de uma retroescadeira, por exemplo. A Tauron, empresa do grupo de empreendimentos imobilários Hafil, com sede em Piraquara, cidade da Região Metropolitana de Curitiba, será o distribuidor no estado da

Terex, que até então atuava apenas com a oferta de equipamentos para usinas de asfalto e pavimentação, construção e transporte portuário e aéreo. Segundo André Freire, a escolha do parceiro foi feita com base na capacidade de capitalização e conhecimento de mercado do grupo Tauron. A aproximação entre as empresas aconteceu, segundo Freire, durante a participação da Terex na M&T Expo 2009, Feira Internacional para a Construção e Mineração, promovida pela Sobratema. Ele revela que futuramente a parceria com a Tauron deverá ultrapassar as fronteiras do Paraná, estendendo-se a outros estados. A meta é de estar presente em todos os estados brasileiros por meio de parcerias com distribuidores. “Já existem conversas para que essa parceria com a Tauron vá para outros estados, uma vez que a empresa tem conhecimento do mercado”, comentou o diretor da Terex Latin América.



COPA 2014

XX As obras do Estádio Olímpico de Londres e de toda área em volta estão privilegiando o meio ambiente. Até os rios da região estão sendo dragados e despoluídos

O DESAFIO DE FAZER UMA COPA VERDE Em Londres, a sociedade, autoridades e toda a cadeia da Construção estão empenhados em fazer dos Jogos Olímpicos de 2012 o maior evento sustentável do planeta. No Brasil, começam as primeiras iniciativas para a realização da Copa Verde de 2014 Até 2016, o Brasil receberá recursos da ordem de R$ 120 bilhões para diversas obras de infraestrutura nas cidades-sede da Copa do Mundo 2014 e para as Olimpíadas 2016. Isso inclui investimentos na construção e readequação de estádios e com-

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plexos esportivos. O desafio é grande e a corrida contra o tempo já começou. E, se tudo der certo, a expectativa é de grande volume de obras para os dois eventos. Na Regiao Sudeste, com a exclusão definitiva do estádio do Morumbi, na capital paulista, antes cota-

do para a cerimônia de abertura da Copa, permanecem as expectativas com relação à reforma do Maracanã, além da construção da Vila Olímpica e de várias arenas poliesportivas, no Rio de Janeiro. Na Região Sul, Porto Alegre (RS) deverá ampliar o Estádio


SS Maquetes eletrônicas da Arraia Gigante, o novo complexo para esportes aquáticos de Londres

Beira-Rio ou construir o Nova Arena Estádio Olímpico. Curitiba (PR) prevê a ampliação do Estádio Arena da Baixada. No Nordeste, está planejada a construção do novo Estádio Fonte Nova, em Salvador (BA). Já em Fortaleza (CE), haverá a reforma do Castelão. Natal (RN) construirá a Arena das Dunas, e Recife (PE) receberá a nova Arena Cidade da Copa. Na Região Centro-Oeste, Cuiabá (MT) terá que ampliar o Estádio Verdão e construir dois Centros de Treinamentos. Brasília, por sua vez, irá reformar o Mané Garrincha. E em Manaus (AM) será construído um novo estádio no lugar do Vivaldão. Em todas essas obras, uma preocupação é comum: os projetos deverão ser executados de acordo com os conceitos de sustentabilidade, conforme os princípios de redução dos impactos ambientais, considerando desde os projetos até o uso dos equipamentos, com ênfase na redução do

consumo de água e energia, na gestão de resíduos e facilidade de manutenção. Os cuidados devem se estender também aos processos construtivos, aos equipamentos e sistemas empregados e à origem dos materiais utilizados nas obras. Em todas essas etapas, deverão ser exigidas as condições ideais de conforto e saúde dos usuários, sejam eles atletas, público, dirigentes, jornalistas, administradores, funcionários etc. Atento a essas questões, o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) propôs a seguinte questão: “É possível termos uma Copa sustentável em 2014?”. Para respondê-la, a entidade promoveu o encontro 2010-2014: quatro anos para uma Copa Verde no Brasil, realizado no dia 9 de junho, no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo. Cerca de 100 pessoas, entre arquitetos, engenheiros, autoridades públicas

e especialistas em questões ambientais, do Brasil e do exterior, participaram do evento e constataram: todos querem uma Copa Verde no Brasil. Mas, para isso, é necessário planejamento, uma ampla mobilização nacional e o entusiasmo de diversos setores empresariais e da sociedade civil. Durante o seminário, os participantes assistiram à apresentação da bemsucedida experiência de Londres para as Olimpíadas de 2012. O britânico Jon Pettifer, diretor do Grupo Mace, responsável pelo gerenciamento das obras do parque olímpico da cidade, mostrou como os ingleses conduziram o planejamento desse megaempreendimento, tendo sempre como foco o legado que os Jogos deixarão para a população. Uma das premissas apontadas por Pettifer foi o profundo envolvimento da comunidade londrina em todo o processo de preparação da cidade. Ele des-

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COPA 2014

XX Operários trabalhando na estruturação da cobertura de madeira do estádio do Velódromo, em Londres, onde acontecerão as competições de ciclismo. Toda madeira a ser usada nos mais de mil painéis a serem instalados será certificada quanto à sua procedência

tacou também que o planejamento teve início assim que o país foi anunciado como sede das Olimpíadas, em 2005. Enfrentar o desafio das alterações climáticas por meio da minimização das emissões de carbono e do uso eficiente da água tem sido prioridade nas obras. Um exemplo de mobilização da sociedade em torno de um projeto de Copa Verde aconteceu com as escolas da rede de ensino de Londres. Mais de 400 alunos das escolas do leste de Londres foram visitados por membros do pessoal da Olympic Delivery Authority (ODA) e empreiteiros contratados para as obras do Parque Olímpico britânico. Durante as visitas, as crianças e jovens participavam, com os visitantes, de diversas atividades tendo como foco o respeito ao meio ambiente. Muitos estabelecimentos de ensino organizavam, durante as visitas, “Semanas de Sustentabilidade”. Foram criadas dezenas de “habitats” para cultivos de mudas de plantas, que permanecerão nas escolas durante um ano, até serem transferidas para o Parque Olímpico em 2011, onde acontecerão as atividades desportivas. A meta é também criar 100 hectares de áreas verdes, projetados para reduzir o risco de inundações no vale do rio e enriquecer a biodiversidade do Lower Lea Valley. Na St. Helen’s School, em Wal32 / Grandes Construções

tham Forest, por exemplo, representantes das empresas envolvidas na construção do Estádio Olímpico e do Centro Aquático doaram caixas de mudas, sementes e adubo para que os alunos cultivassem seus próprios pomar e horta. Cinco máquinas de grande porte estão sendo empregadas na lavagem de mais de 1 milhão m3 de solo contaminado com óleo, gasolina, alcatrão, cianeto, arsênico e chumbo. Cerca de 80% deste material, juntamente com grande volume de materiais reciclados, oriundos de demolições, foi reutilizado na construção do Parque Olímpico e de parques de convivência, que ficarão como legado para a sociedade. Um novo Centro de Energia está sendo construído a oeste do Parque Olímpico, para garantir eficiência energética ao complexo desportivo, utilizando biomassa. A energia gerada pelo centro vai ser usada no aquecimento e sistema de arrefecimento em todo o parque para os Jogos, para os novos edifícios e para as comunidades da região, após 2012. Os métodos inovadores utilizados no Centro de energia trarão benefícios ambientais e econômicos. O principal deles é a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. O Comitê Organizador dos Jogos está trabalhando em parceria com a indústria de materiais de construção no desenvolvimento de produtos

que ajudarão na construção dos chamados “prédios de baixo carbono”. Um grupo de empreiteiros foi nomeado para definir parâmetros para a classificação, tratamento e, quando possível, reutilização dos resíduos das construções. Acredita-se que a iniciativa criará novos parâmetros para o desenvolvimento urbano no Reino Unido, como mais um legado, para os anos que se seguirão aos Jogos Olímpicos.

Copa Verde no Brasil

A Fundação Vanzolini, instituição privada criada, mantida e gerida pelos professores do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), que tem como objetivo desenvolver e disseminar conhecimentos científicos e tecnológicos inerentes à Engenharia de Produção, à Administração Industrial, à Gestão de Operações etc., acaba de lançar a certificação AQUA para Arenas e Complexos Esportivos. A ideia é atender a esse mercado, minimizando o impacto ambiental antes, durante e depois da construção desses empreendimentos e contribuindo para a redução de até 50% no consumo de água e energia. Assim, as obras de construção e reformas de estádios e complexos multiuso no Brasil devem ser adequadas aos critérios de desempenho do Processo Aqua


(Alta Qualidade Ambiental). Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech, primeira consultoria AQUA no Brasil, lembra que as arenas de futebol, por exemplo, com grandes áreas de cobertura de arquibancadas ou mesmo dos campos, servem como uma imensa área de captação de chuva. “Além da utilização da água de chuva em vasos sanitários, essa água poderá servir para irrigação de gramados, no caso dos estádios, e para lavagem de áreas comuns e quadras, no caso de complexos esportivos”, destaca Ferreira. “A certificação aborda as mesmas 14 categorias de desempenho do processo, distribuídas em quatro grupos: ecoconstrução, ecogestão, conforto e saúde”, explica o professor Manuel Carlos Reis Martins, coordenador Executivo do Processo AQUA na Fundação Vanzolini. Por suas características, as arenas e os complexos esportivos multiuso necessitam de atenção especial à acessibilidade e segurança, condições apropriadas de deslocamento do público, qualidade dos espaços externos, conforto e condições sanitárias adequadas para os usuários. Também devem ser consideradas questões como durabilidade dos materiais e sistemas construtivos, facilidade de manutenção, planejamento da gestão de resíduos, condições de iluminação diurna e noturna adequadas, entre outros requisitos. Os benefícios da certificação AQUA para este setor estão baseados em critérios de desempenho avaliados por meio de auditorias presenciais, demonstrando que a arena ou complexo esportivo multiuso realmente foram planejados, projetados e construídos de forma a obter condições ótimas de redução dos impactos ambientais e de consumo de água e energia elétrica, fazendo o melhor aproveitamento dos recursos e promovendo conforto e saúde dos usuários. Além da redução do consumo de água e energia, as economias geradas pela certificação virão também da diminuição dos custos de manutenção e limpeza.

APRESSADO COME CRU Sergio Tiaki Watanabe* Discretamente, o governo federal incluiu no texto da Medida Provisória 489, que em 13 de maio criou a Autoridade Pública Olímpica (APO), medidas discutíveis para agilizar as obras destinadas às Olimpíadas de 2016, estendendo-as para as obras de reformas e ampliações de 13 aeroportos já com vistas à Copa de 2014. O atraso nas obras é especialmente preocupante no Aeroporto Internacional de Guarulhos André Franco Montoro (Cumbica), sob responsabilidade da Infraero. Sem a Copa, a situação já beira o colapso. Imagine-se o que poderá acontecer na Copa, sabendo-se que este aeroporto é o principal ponto de convergência e saída dos voos internacionais. A Infraero planeja desembolsar R$ 4,47 bilhões nas reformas dos 13 aeroportos, sendo que a obra mais dispendiosa será em Cumbica (R$ 952 milhões), seguida da reforma do Aeroporto Antônio Carlos Jobim (Galeão, RJ). O problema está em que, pela medida provisória MP 489, na contratação das obras, poderá ser adotada inversão de fases e de etapas nas licitações públicas, bem como sistema de registro de preços. A inversão de fases, pela qual se seleciona primeiro a empresa ou o consórcio que oferecer o menor preço, para só depois verificar se possui a qualificação técnica requerida no edital, é polêmica e não está prevista pela Lei de Licitações. Além das possíveis impugnações, há sempre o risco de o administrador público não realizar o exame acurado da qualificação técnica depois de ele já ter anunciado publicamente a empresa que ofertou o menor preço. Outros pontos polêmicos da MP: para contratar “obras comuns”, poderá ser utilizada a modalidade do pregão. Poderá haver pré-qualificação parcial ou total,

contendo alguns ou todos os requisitos de habilitação ou técnicos necessários à contratação. Mais: nas licitações do tipo técnica e preço para aquisição dos bens ou contratação de obras, as propostas apresentadas poderão ser avaliadas e pontuadas conforme “parâmetros objetivos” referentes à sustentabilidade ambiental. A licitação poderá ser informada diretamente a fornecedores. Prazos exíguos foram definidos para contestação, e a Lei de Licitações se aplicará subsidiariamente às contratações de obras, naquilo que não conflitar com a MP. Caberá ao Executivo regulamentar todos esses pontos, ou seja, o governo federal vai definir o que seriam “obras comuns” ou “parâmetros objetivos” de sustentabilidade ambiental. Em outras palavras, serão afrontados princípios constitucionais de impessoalidade, moralidade e publicidade que devem reger as licitações para as obras das Olimpíadas e dos aeroportos com vistas à Copa. A aplicação da MP permitirá o cerceamento da ampla participação das empresas nas licitações públicas. Sabendo dos problemas detectados pela Missão Técnica do SindusConSP que viajou em abril à África do Sul – orçamentos de estádios estourados por elevações de custos, obras públicas inacabadas por terem começado tardiamente –, será preciso correr contra o tempo. Entretanto, se a agilização das obras se originar em retrocessos nas licitações públicas, quem acabará pagando mais será o País. E o Brasil da Copa e das Olimpíadas correrá o risco de se transformar de vitrine em vidraça. (*) Sergio Tiaki Watanabe, presidente da SindusCon-SP – Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo

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PERSONALIDADE DA CONSTRUÇÃO

OSCAR NIEMEYER, O POETA DO CONCRETO Na trajetória do arquiteto e do cidadão, a história do Brasil Mariuza Rodrigues

36 / Grandes Construções


I

mpossível falar e entender a arquide treinamento e pré-qualificação de uma Lúcio Costa da cidade que criaram, deixantetura de Oscar Niemeyer, conmassa de mão de obra, em quantidade imdo falhas ou questões do planejamento sem siderado um dos grandes gênios pensável na época – 30 mil trabalhadores respostas. Por exemplo, como organizar vivos do século XX, sem olhar para – diga-se de passagem, analfabeta. Várias e inserir as cidades-satélites, temporárias, sua trajetória e ver nela o aspecto construtoras e empresas surgiriam após sua ou que surgiram espontaneamente, junto político e mágico como um dos fachos de construção, instigadas por muitos dos que aos domínios da cidade? Ou ainda, como fogo que acendem a alma desse artista. A lá trabalharam. reavaliar a visão rodoviarista da época, que sua ascensão profissional culminou com A construção da cidade no centro-oesprivilegiou o automóvel? uma incrível trajetória política, secundária, te brasileiro foi o ponto de partida para Talvez o dilema de Brasília hoje esteja mas não menos relevante – ele foi o braço o surgimento concomitante de rodovias justamente na singularidade e na genialidireito de Juscelino Kubitschek na construtransregionais conectando diversos pondade, que a tornou marco da arquitetura ção da nova capital, Brasília. tos do País, antes sem qualquer ligação. e urbanismo modernos, considerada PaSeus projetos de edifícios públicos tornaCom isso, acentua-se nesse período, e trimônio Mundial pela Organização das ram-se ícones da arquitetura moderna bradaí para frente, a migração de populaNações Unidas para a Educação, Ciência sileira e projetaram uma nova imagem do ções para as grandes metrópoles, como e Cultura – Unesco desde 1987. País dentro e fora dele. Mas tão importante Rio de Janeiro e São Paulo, aproveitando Ela é quase imutável. Planejada sob quanto sua obra particular foi sua atuação o recente surto de industrialização que o foco dos anos 1950, tem e terá difipara a concretização daquele projeto políse dava a partir daquele momento. culdades para adaptar-se às demandas tico, que abriu caminho para grandes transNas décadas seguintes, o caráter detecnológicas e sociais futuras. Qualquer formações que viriam a ocorrer no País nos senvolvimentista de Brasília teria ainda mudança em seu plano diretor é contrá50 anos seguintes. mais reforço, com a diversificação de ria ao status de monumento mundial alNo campo tecnológico, o esforço para obras em todo o território, como a Poncançado pela cidade, justamente por seu a execução de Brasília estimulou o dete Rio-Niterói, a construção de diversas planejamento que não pode ser mudado. senvolvimento da engenharia nacional usinas hidrelétricas, portos e aeroportos. Esta é a questão que se coloca no seu anie, por consequência, de toda uma gama A ruptura política posterior à sua construversário de 50 anos. de empresas e serviços relativos à consção, no entanto, afastaria Oscar Niemeyer e Mas o que está por trás das linhas pertrução civil, introduzindo feitas de Oscar Niemeyer, conceitos de industriaalém do seu espírito genial, “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha é a força coletiva que reprelização e racionalização, além de aperfeiçoamento Brasília sintetiza reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que sentou. da técnica do concreto. o anseio popular, de uma Esse know-how seria fungeração, por acesso ao prome atrai é a curva livre e sensual, a curva que damental na expansão da gresso tecnológico. O Brasil encontro nas montanhas do meu país, no curso de face agrária e empobreciinfraestrutura do País, que viria em seguida, tocada da viu na obra, e em outras sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no pelos governos militares, que se seguiriam, a oportuno chamado momento do de emprego que até corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo nidade Milagre Econômico. então inexistia. A mobilidaDestaca-se que, apesar de urbana, promovida peo universo, o universo curvo de Einstein.” da falta de planejamento, las novas rodovias, foi uma Brasília foi o tubo de ensaio porta de saída da miséria

© copyright Fundação Oscar Niemeyer

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PERSONALIDADE DA CONSTRUÇÃO do campo. Já para as classes mais favorecidas, a consagração e reconhecimento internacional do design de Oscar Niemeyer representaram um sopro de auto-estima e de valorização do espírito criativo brasileiro, uma nova identidade no mundo. Novos condicionantes políticos posteriores à construção de Brasília modificaram a história do País, e o destino dos seus mentores: Oscar Niemeyer foi embora para o exterior, JK perdeu os direitos políticos e seria quase impedido de ver sua principal obra. Mas a nova capital era uma realidade que não podia mais ser desmontada. Apesar dos revezes, o engajamento de Oscar Niemeyer com projetos de fundo político e social não se reduziria. Ao voltar do exílio, na década de 1980, ele atua para consolidar a proposta educacional do educador Darci Ribeiro, no Rio de Janeiro. Idealiza os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), apelidados de Brizolões por terem sido concebidos durante a gestão de Leonel Brizola como governador do estado do Rio de Janeiro. Eles consistem em edificações de grande porte para ensino integral aos alunos da rede pública. É desenvolvido um modelo de produção das unidades em série, a partir de uma fábrica de pré-moldados, que servia de oficina e escola aos próprios alunos.

XX Congresso Nacional: Niemeyer projetou a cúpula da Câmara dos Deputados de forma com que parecesse apenas levemente pousada sobre a cobertura do prédio

38 / Grandes Construções

Mais uma vez, o arquiteto se envolve num debate político e social de grande repercussão. Considerada uma proposta ousada, e para muitos inexequível, a ideia do ensino integral num equipamento de qualidade, defendida por Darci Ribeiro, seria copiada pelo governo Collor de Melo, sendo catapultada pelo fim de seu governo. Quase 30 anos depois, a ideia voltou a ser reeditada na prefeitura de São Paulo, em três diferentes gestões, de Marta Suplicy, José Serra e Gilberto Kassab. Foi na mesma época, e também ideia de Darci Ribeiro, que Oscar desenhou o Sambódromo do Rio, dizem, inspirado na anatomia feminina, que fora do Carnaval se desdobra ainda em escola pública. Também motivo de debates nacionais, o projeto é hoje um dos principais ícones turísticos do Rio de Janeiro, influenciando projetos semelhantes, sem o mesmo brilho, em São Paulo e no Pará. É ainda de Darci Ribeiro a concepção do Memorial da América Latina, em São Paulo, outro projeto que traduz alguns dos seus anseios políticos e culturais daquela fase em que o Brasil ensaiava novos passos na consolidação de sua democracia. De 1990 a 2010, um ancião altamente produtivo, o arquiteto vê o País entrar em fase de estabilidade econômica, política e social. E conquista novo papel na

vida pública brasileira: seus projetos têm o dom de pinçar cidades, quase anônimas, ao valioso roteiro arquitetônico chamado Oscar Niemeyer. É o que ocorre com o projeto do Museu de Arte Moderna (MAC) em Niterói (RJ), cujo projeto é acusado injustamente de ofuscar as próprias obras ali expostas por sua beleza. Sem o manto das paixões políticas – apesar de orgulhar-se por nunca ter se indisposto com quem quer fosse por suas posições políticas – finalmente sobressai o valor do arquiteto e de sua arquitetura em projetos que marcam a paisagem urbana, transformam cidades e lhes conferem um novo valor arquitetônico. Cidade Administrativa, de Belo Horizonte (MG), Estação Ciência, Cultura e Artes de Cabo Branco, em João Pessoa (PB), Museu Oscar Niemeyer (Olho) em Curitiba (PR), são apenas alguns dos exemplos. Sendo um dos últimos da geração de Brasília a ver a transformação atual do País, Oscar Niemeyer, apesar do pessimismo existencialista que o acompanha, está feliz com o Brasil, diz um dos seus fiéis escudeiros, José Carlos Sussekind: vê com otimismo os avanços sociais alcançados pelo governo de Luís Inácio Lula da Silva. O esforço daqueles dias, daqueles homens de poeira, pedra e cimento, assim lhe parece, valeu a pena.



PERSONALIDADE DA CONSTRUÇÃO

102 ANOS DE HISTÓRIA DE

1907

Nasce Oscar Niemeyer, no bairro carioca de Laranjeiras.

1911

Lambert Riedlinger traz para o Brasil a técnica de construção do cimento armado.

1922

Acontece a semana de Arte Moderna em São Paulo, difundindo novos parâmetros culturais que procuram romper com os ideais do passado. Rio de Janeiro e São Paulo começam a receber “arranha-céus” como os edifícios A Noite (RJ) e o Martinelli (SP), construídos com a técnica do concreto armado. 1928 Aos 21 anos, Niemeyer casa-se com Annita Baldo.

1929

Resolve entrar para a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, já pensando na arquitetura.

1934

Conclui o curso. Mesmo com dificuldades, opta por estágio não remunerado, a um bom emprego, no escritório de Lúcio Costa.

1935

Gustavo Capanema, ministro do governo Getúlio Vargas, planeja construir o Ministério da Educação e Saúde, sob os preceitos do modernismo arquitetônico vigente na Europa. Convida o arquiteto francosuíço Le Corbusier, sua maior autoridade, para atuar em conjunto com o arquiteto brasileiro Lúcio Costa.

1940

Capanema apresenta Niemeyer a Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK), prefeito de Belo Horizonte, jovem político em ascensão. JK convida Oscar Niemeyer para construir o conjunto da Pampulha – uma igreja, um hotel e cassino, e um salão de baile. Niemeyer idealiza a Igreja de São Franscisco de Assis, na Pampulha, numa só estrutura de concreto, em meio círculo, inclusive a abóboda parabólica, que se assemelha aos galpões aeroviários. Contando com o cálculo de Joaquim Cardoso, que se tornaria seu parceiro até ele falecer, na década de 1960.

1943

SS Com Lúcio Costa, outro pioneiro da arquitetura modernista no Brasil, companheiro na elaboração do projeto do Plano Piloto de Brasília

40 / Grandes Construções

A igreja de São Francisco é concluída. No painel de Portinari, em vez de um lobo, um cachorro junto à imagem do santo. Escândalo. Aos olhos do arcebispo Dom Antônio dos Santos Cabral, a igrejinha não passa de um galpão. E fica impedida a sua

consagração, por 14 anos. Belo Horizonte entra para o mapa do Modernismo mundial, e Niemeyer ganha projeção.

1945

Fim da 2ª Guerra Mundial e do governo Getúlio Vargas, há 15 anos no poder, concluindo um processo de industrialização e integração nacional.

1946

Niemeyer é convidado a fazer o projeto da sede do Banco Boa Vista no Rio de Janeiro, com tijolos de vidro e painel de Portinari. Destaca-se o vão-livre para a passagens de pedestres. Concluído, vira marco arquitetônico carioca.

1947

É convidado a integrar equipe de Corbusier para o concurso do projeto da sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque. Seu projeto, modificado pela sugestão de Corbusier de separar os dois edifícios, é o vencedor.

1951

É convidado a desenhar os edifícios do futuro Parque do Ibirapuera, principal marco de comemoração do IV Centenário da cidade, em 1954, e o Copan.

1954

Suicídio de Getúlio Vargas.

1955/56

Juscelino Kubitschek assume o poder no ano seguinte, com a promessa de desenvolver o País. Sua bandeira principal é a construção de uma nova capital na região


OSCAR NIEMEYER E DO BRASIL

1970

central. Ele convida Niemeyer para chefiar o departamento de Arquitetura e Urbanismo, e coordenar a construção da nova capital. Lúcio Costa vence o concurso para a escolha do plano diretor.

Abre um escritório nos Champs-Elysées. Desenha a Universidade de Constantine e a mesquita de Argel. Na França, projeta a sede do Partido Comunista Francês, Bolsa de Trabalho de Bobigny, o Centro Cultural Le Havre e, na Itália, a Editora Mondadori.

1957/1960

Kubitschek faz os projetos dos edifícios públicos que dariam forma à nova capital brasileira, com cálculo de Joaquim Cardoso. Dentre seus colaboradores, um recém-formado, João Filgueira Lima (o Lelé). Estimulado pela necessidade de racionalização em Brasília, ele se tornaria um dos estudiosos e precursores da argamassa armada e dos pré-fabricados.

1958

O Brasil conquista a primeira Copa do Mundo, na Suécia, com um time formado por Pelé, Vavá, Zito, Mazzola, Garrincha, Didi, Gilmar, Zagallo. João Gilberto grava a música Chega de saudade, lançando a Bossa Nova, música de tom otimista e leve, que seria associada aos Anos JK.

1960

Concluída Brasília, espantando o mundo com sua magnitude e genialidade.

1960/64

Apesar do entusiasmo, o País inicia processo de alta da inflação, creditada aos empréstimos para financiar as obras. Jânio Quadros é eleito presidente da República, governando apenas oito meses, até renunciar. Inicia-se uma fase de conturbação política que culmina no regime militar, em 1964.

1980

SS Com Juscelino Kubitschek, da Pampulha, em BH, a Brasília

1964/67

Nessa época o arquiteto passa uma temporada no exterior, mas acompanha os acontecimentos pelo rádio. A sede da revista Módulo, dirigida por ele, é invadida e a publicação, posteriormente, proibida de circular. Ao voltar ao País, ele é interrogado pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), órgão do governo criado durante o Estado Novo, cujo objetivo era controlar e reprimir movimentos políticos e sociais contrários ao regime no poder. Não chega a ser preso, mas não tem mais condições de trabalhar, pois seus projetos são rejeitados. Demite-se do cargo de professor da Universidade Federal de Brasília, em protesto. Resolve mudar-se para o exterior, o que lhe valeria uma carreira de sucesso internacional.

Com a anistia política, retorna ao Brasil. Desenvolve os projetos dos Centros de Educação Integrada (Cieps) e do Sambódromo, no Rio de Janeiro; e do Memorial da América Latina, em São Paulo, os quais marcam a volta das eleições diretas para governador. São dessa época, ainda, os projetos do Memorial JK e do Panteão da Pátria, em Brasília.

1996

Aos 89 anos, com o projeto do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), volta a surpreender o mundo pela arquitetura inusitada e coloca Niterói no mapa turístico mundial.

2006

Viúvo, casa-se pela segunda vez com a secretária Vera.

2009/2010

Com a conclusão da Cidade Administrativa de Belo Horizonte, em Minas Gerais, com maior vão-livre já executado, volta à cidade que o projetou para a arquitetura mundial. Ícone mundial, seus projetos são vistos como tesouros arquitetônicos da atualidade.

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PERSONALIDADE DA CONSTRUÇÃO

O CÓDIGO NIEMEYER, O MAGO DAS ARTES E DA VIDA Entrevista com José Carlos Sussekind Como decifrar a mágica figura de Oscar Niemeyer, arquiteto consagrado mundialmente, produtivo aos mais de 102 anos de idade, que teve uma vida política militante e engajada, mas orgulha-se de não ter amealhado inimizades, apesar de suas posições políticas? Suas obras oscilam entre a genialidade, para alguns, e a crítica cruel, de outros. Niemeyer é um mito. Sua casa é procurada e visitada diariamente por anônimos, autoridades ou personalidades de todos os matizes, que buscam absorver dele algum conhecimento. Talvez muitos se sintam frustrados. Ao invés de um “gênio”, encontram um simples homem, que prefere conversar sobre temas variados, para quem a melhor coisa da vida é a simplicidade das pessoas ao seu redor, a mesa farta, o copo de vinho, a conversa. Onde está o gênio? Tudo sobre Niemeyer parece já ter sido dito, estudado ou escrito. Aparentemente não existem segredos que deem uma pista para o entendimento de tal genialidade. Por esse motivo fui entrevistar não ele, mas alguém que pudesse revelar algo sobre o arquiteto que, de tão natu-

XX Sussekind: “Nesses últimos 30 anos, apenas em 5% do tempo falamos de trabalho. O resto é conversar como dois amigos.”

42 / Grandes Construções

ral – que talvez, no seu entender, nem merecesse ser mencionado – fosse a chave para entender uma personalidade tão complexa. Conversei com o engenheiro calculista José Carlos Sussekind, ou como ele próprio se intitula, “o mais antigo dos novos colaboradores”, com mais de mais 40 anos de trabalho ao lado de Niemeyer. A primeira impressão que tive foi a de que o papel de calculista é apenas um disfarce para sua verdadeira identidade: a de amigo, companheiro, fiel escudeiro, filtro das ações, pensamentos e ideias que acometem Niemeyer no seu dia a dia. Desde o início, Sussekind me adverte: “Eu falo sob suspeição. Se estivesse em um tribunal, certamente o juiz não me ouviria. Eu sou hoje quase uma extensão dele. É uma convivência tão cotidiana, de tanto tempo, que é difícil dizer onde começa e onde termina a amizade. Para mim, ele é meu segundo pai”. Lembro-me de um trecho do livro Meditações sobre os 22 arcanos maiores do tarô, uma espécie de roteiro de estudo dos arquétipos, que relata sobre a figura do Mago, o primeiro dos arcanos, cuja figura representa a harmonia entre trabalho

e vida, a porta para as aquisições de todos os demais conhecimentos sensoriais, e que tem como enunciado: “Aprendei primeiro a concentração sem esforço; transformai o trabalho em jogo; fazei com que o jugo que aceitastes seja suave e que o fardo que carregais seja leve!”. E pergunto ao engenheiro: Niemeyer é um “iluminado”, um “predestinado”, noutras palavras, alguém que atingiu a plenitude do trabalho como um jogo, leve, divertido, mas absolutamente sofisticado, razão de sua grande longevidade e produtividade? Ele me diz que pode dar um testemunho privilegiado, por ter acompanhado o arquiteto em muitos trabalhos, além de saber de outros por comentários de terceiros. E revela: “o processo de criação do Oscar é prazeroso, seguro. Ele não tem dúvidas, não tem crises existenciais, não sofre para criar. Ele tem a benção de um talento tão imenso, como água cristalina, que impressiona. Não há hesitações. Quando há algum problema, alguma complexidade, ele esquece aquela ideia e faz questão de recomeçar do zero”. Sussekind relata que na época de Brasília, cujos prazos eram muito


TT Catedral de Brasília: projeto foi concluído durante um Carnaval.

curtos, o projeto do Teatro Nacional de Brasília foi feito em uma semana. A Catedral de Brasília surgiu durante um Carnaval. No Memorial da América Latina, muitas décadas depois, já sendo o engenheiro responsável pelo cálculo, recorda-se do chamado do arquiteto, numa sexta-feira, visto que estava “começando a pensar no projeto”, como disse ele. “Era um projeto de razoável complexidade, devido aos vários prédios. Mas no dia seguinte, quando o encontrei, tudo já estava pensado, pronto. E em uma hora encerramos a ideia, que seria detalhada posteriormente, mas o conceito arquitetônico estava concluído”, comenta. São raros os casos em que o processo de criação exigiu de Niemeyer maior “especulação”. Isso ocorreu com o projeto da Torre Digital de Brasília, ora em construção, em que Niemeyer buscava algo diferenciado do padrão tão comum para torres – um grande cilindro com uma antena: o arquiteto levou um mês para conceber o formato, inspirado numa flor do cerrado. Já no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, relembra Sussekind, “Dr. Oscar fez o esboço num guardanapo durante o almoço”, após a visita ao terreno. Ele cria com muita segurança, com muita alegria, e com muita rapidez”, conclui. O Centro Administrativo de Belo Horizonte, concluído neste ano, com um recorde mundial de vão-livre, foi concebido em uma tarde inteira, a partir da visão global do terreno. “Ele não gosta

de desrespeitar o terreno.” Pergunto se acredita haver um caráter mítico que explique a força dos projetos de Niemeyer, como ocorre, por exemplo, com o conjunto de edifícios do Parque do Ibirapuera, a grande Marquise, o edifício da Oca. Ele desconversa e responde que o semicírculo é a solução quase mandatória quando se quer criar um enorme espaço, com área coberta. “A oca para os índios, a pérgola para os gregos, um lugar de encontro. Há beleza, mas também a extrema lógica estrutural”, explica. Digo-lhe que o Parque do Ibirapuera é um “oásis” que contraria a lógica apressada da cidade e seus edifícios são o exemplo de uma arquitetura democrática, pois são literalmente tomados pelos usuários do parque. “Sim. Tem ali uma beleza calma. É uma obra de arte de 60 anos, mas continua moderna, atemporal. Dispor os volumes num terreno é algo em que Oscar Niemeyer é mestre. Há harmonia com o lago e o entorno. Isso feito numa época em que não havia essa consciência ambiental, e a cidade não era tão bruta como é hoje.” E complementa: “Ele sempre diz que a boa arquitetura repousa em saber bem dosar os volumes cheios com os volumes vazios; o vazio às vezes é a parte mais importante da arquitetura. Se os prédios fossem um pouco mais próximos ou afastados, não teria essa magia”. Por este motivo, o arquiteto teria se ressentido com o impedimento de demolição de um pedaço da marquise para fazer a conexão dela com a Oca. A ideia seria fazer

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PERSONALIDADE DA CONSTRUÇÃO uma marquise “puríssima”, completando o conjunto. E medita: “A alma paulista mora no Ibirapuera. A cidade precisa de mais dois ou três ibirapueras. Mas com certeza não terão a mesma magia. E deve-se tudo ao ‘Ciccilo’ Matarazzo, que interagiu com o Niemeyer, teve uma visão de futuro, de escala, uma visão generosa. Ele quis que aquela área ficasse desse jeito”. Pergunto se Niemeyer não fala uma linguagem oposta à das novas gerações, em que predominam o tecnicismo, a exatidão, a economia, o mercado. E ele responde. “Eu acho que ele corretamente relativiza. Ele não é o arquiteto de empreendimentos que visem o lucro. Ele considera sim a economicidade, a praticidade, diferente do que muita gente possa pensar, mas é sob outra ótica: a da visão do bom equilíbrio”, rebate. Cita o caso do Centro Administrativo de Minas Gerais, no qual, já pensando em realizar um prédio com vão de recorde mundial, ele questionou que percentual o edifício teria em relação ao conjunto completo – menos de 10%. Então se tranquilizou. Se reunisse as outras secretarias num mesmo prédio, dentro de uma escala de qualidade, flexível, com economicidade e padronização possível, isso permitiria a viabilidade de todo o conjunto dentro dos padrões financeiros estabelecidos, explica Sussekind. “Ele pensa de maneira macro. Não faz fantasia em detrimento do custo. Ao contrário, sempre sabe quanto o cliente pode aplicar no projeto. Se preocupa com a viabilidade, mas sem sacrificar a beleza e a qualidade arquitetônica.” Até porque ele teve uma vivência em canteiros de obra, na época de Brasília, lembro. “Exatamente. Ele vivenciou a construção, agora já não mais, porque não é mais possível. Mas até outro dia ele gostava muito de ver as obras. E criou-se até

XX Memorial da América Latina: concepção do projeto foi concluída por Niemeyer em apenas um dia

44 / Grandes Construções

um certo ‘terror’ com isso. Pois, como a sua criatividade é infinita, quando a obra estava pronta, ele ia ver e dizia: ‘agora eu tive uma ideia melhor’ ”. Foi o caso da passarela que liga um segmento a outro do Memorial da América Latina, aquela espécie de bengala. Havia ali uma coluna embaixo. Quando ele viu disse: “não está bonito. Se mudássemos a coluna ficaria melhor”. Então ele foi ao governador, conversou e conseguiu alterar o projeto. Este não é um privilégio comum, lembro, não é algo que todos possam fazer, afirmo. “Claro. É preciso ter talento, habilidade, cultura. E, sobretudo, sorte”, admite e continua: “No Oscar Niemeyer isso tudo se somou. O acaso o jogou, um arquiteto ainda jovem, para perto do prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, que queria fazer o conjunto da Pampulha. Ele pediu ao Oscar um projeto para o dia seguinte. O Oscar foi para o hotel e fez o projeto do cassino. Houve uma sintonia entre os dois. Dali surgiu a igreja de São Francisco de Assis. Se formos ver a literatura sobre isso, todos são unânimes em dizer que a arquitetura moderna começou neste momento. Ali ele fez estrutura aparente, estrutura assimétrica, obras

esconças, obras curvas não simétricas, curvas, retas, ângulos de 90°. Ele demonstrou um talento nato, pois nunca estudou na Europa, não tinha viajado, foi educado no Brasil, que na época era um país de terceiro mundo, um país rural. Ou seja, aquilo estava dentro dele, não foi apreendido junto a nenhum mestre, conversado, vivenciado. Ele chegou a isso sozinho, foi uma coisa muito especial”. A Pampulha foi um fio de linha que o destino colocou na mão dele e partir daí sua carreira estava feita. Claro que depois teve os acasos, mas eram mais racionais. Afinal quem seria chamado a fazer o Ibirapuera, que não fosse Oscar? Quem Juscelino iria chamar para fazer a capital, senão aquele que tinha feito o projeto da Pampulha que ele adorava? E que tinha ganhado o mais cobiçado concurso de arquitetura do mundo, a sede do edifício da Organização das Nações Unidas, senão Oscar Niemeyer.

Mito, sem angústia

Oscar Niemeyer hoje é um mito, reflito. Ele conseguiu levar a arquitetura para rincões distantes do País, onde talvez nem haja essa consciência sobre


TT Igreja da Pampulha: Minas Gerais sempre acolheu projetos geniais do arquiteto

o papel da arquitetura. “Certo. Mas sabem que a obra dele tem um valor, dá um valor para esse lugar”, retruca Sussekind. Mas isso também deve lhe trazer alguma angústia, uma pressão?, pergunto. O engenheiro diz então que, por ser tão próximo do arquiteto, às vezes esquece que ele é quem é, pois nesses 40 anos de convívio tão próximo nunca deixou de ter uma vida simples. “O maior prazer dele sempre é conversar. Ele adora conversar. É de uma gentileza extraordinária. Um estudante que toca a campainha e não tem hora marcada, se ele escuta, diz, ‘posso receber sim...’. Se chega um amigo, ele para de trabalhar para conversar, porque diz que isso é mais importante. Ele sempre procurou dosar bem o seu dia, reservando um espaço para o encontro com os amigos, jantar fora, saborear um copo de vinho, como fazia seu avô. Sempre comeu de tudo, mas sempre pouco. Ele diz que o certo é sair sempre com um pouco de fome da mesa, ser moderado. O gosto dele é pagar jantar para os amigos”, revela. E continua, dizendo que “essa coisa” do mito faz parte da vida do arquiteto, sempre fez nos últimos 20 anos. “Ele tem esse privilégio de poder dizer o que pensa, mas não encara isso com angústia, mas com humildade e modéstia. Gosta de dizer que a gente é uma ‘poeirinha’. Gosta de ouvir um professor que nos dá uma aula de cosmologia, e fica fascinado com o infinito do universo, a precariedade do ser humano. Ele tem muito prazer com o que faz, profissionalmente, faz com segurança, tem convicção de que as coisas que faz são boas. Mas isso não é o foco da sua vida. Eu acho que ele é muito honesto quando diz que o mais importante são as pessoas, os amigos, conversar, estar antenado, falar das coisas”, reafirma Sussekind. E qual a sua relação com o dinheiro? O engenheiro reforça o mito: “Ele não liga a mínima. Até acho que deveria ligar um pouco mais, porque em várias fases da vida teve agruras por causa disso. Mas ele não ligava a mínima para dinheiro: não poupar, não guardar, ajudar os outros, era assim que fazia. Teve muitas épocas em que ele estava ‘pendurado’ no banco, com contas a pagar, mas aí vinha um trabalho novo, e as coisas seguiam em frente. O apartamento que ele mora é de classe média em Ipanema”, diz Sussekind. Quem sabe foi essa maneira de ver o mundo que o manteve lúcido?, divago. “Sim, ele se manteve lúcido. Ele tem como ventura o fato de ter tido sempre trabalho, estar sempre com pessoas ao seu redor. Assim se manteve sempre atual, soube se reciclar, se manter jovem. Ele teve os amigos originais, depois os amigos de geração mais moça, depois de outra geração, porque a geração dele se foi. Ele é um sobrevivente, mas soube fazer novos amigos, novos interesses. Há um ano ele mandou comprar um piano, para colocar no seu escritório, porque ele gosta de ouvir piano. Então eu toco de vez em quando

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PERSONALIDADE DA CONSTRUÇÃO para ele”, revela o engenheiro. Digo que li sobre a preocupação de Niemeyer em não querer morrer... “Claro. Ele teve percalços de saúde relevantes no ano passado, e por que ele está vivo? Porque ele gosta da vida. Sempre gostou, mas é a vida nesse sentido, de se distrair, de ter muito prazer com as coisas simples, de ter um grupo de pessoas em torno de uma mesa de refeição. Ele não tem raiva de ninguém. Ao longo de sua vida, houve uma época de acirramento político em que não foi formalmente exilado, mas foi meio forçado a ir embora, porque não lhe davam mais trabalho. E não tinha mais como viver aqui. Mesmo assim, não ficou com raiva de ninguém. Ao contrário, recebeu as pessoas, transitou muito bem para todos os lados. Não tem raivas. Tem discordâncias aqui ou ali, mas sempre separa bem as coisas. Sobre o Bush, por exemplo, ele dizia: “ah, ele é um pobre diabo, a gente tem de ter pena dele”. Mas é pessimista, retruco. Ao que ele responde: “O Oscar é um pessimista no atacado, porque, se a gente parar para pensar, somos todos condenados à morte. Mas ele é muito otimista no varejo. A frase é minha, mas ele gosta. Eu pergunto: Dr. Oscar, como o senhor está? Ele diz: ‘mais ou menos’, e faz uma cara assim, meio amuada. Aí eu digo: Dr. Oscar, todo mundo sabe que o senhor é um pessimista no atacado e otimista no varejo. E ele e diz: ‘É isso mesmo, a pessoa tem de fazer essa brincadeirinha, brincar que não vai morrer, brincar que tem um trabalho, brincar de viver...’ (Como um mago, penso eu...)”.

SS Ibirapuera, onde mora a “alma paulista”, segundo Sussekind

E sobre o Brasil, o que ele pensa? “No momento, ele é absolutamente otimista, encantado pelo Lula. Ele achava que nunca ia ver o Brasil subir de um patamar, ter proeminência mundial. Fica excitado com esse certo protagonismo do Brasil lá fora, essa melhora da economia, percebe a melhoria que houve para as classes menos favorecidas, a redução da pobreza”, responde. Será esse valor, intrínseco ao próprio Niemeyer, que atribui maior valor à sua obra arquitetônica? Sussekind acredita que sim, ressaltando, muito embora, o nível técnico da sua arquitetura. “É uma arquitetura que contempla recordes mundiais, é extremamente técnica e arrojada. Mas não tecnicista. O arrojo e a técnica estão mesclados na beleza arquitetônica. Mas ele não é escravo de uma pureza técnica, embora seja quem mais elevou a técnica e a engenharia brasileira. O Brasil tem, em boa parte, envergadura para o setor de concreto armado, porque existe Oscar Niemeyer, que ousou nes-

sa área. Ele não seguiu a mesma história dos outros. Mas não tem a preocupação exacerbada pela economicidade, pela lucratividade. É um bom equilíbrio, uma arquitetura holística, em que os valores estão proporcionais.” E continua: “Ele diz que uma obra de arte só existe quando duas coisas acontecem simultaneamente: ela tem de trazer surpresa e emoção. Se for um só deles não serve, porque a surpresa pode ser grotesca. A emoção tem o lado da beleza, então a coisa tem de ser bonita e ser surpreendente. Ele tem prazer de querer sempre inventar”, completa. O que impede que outros testem novos limites? Responde usando a metáfora do veneno e a dosagem do remédio. “O uso plástico do concreto, que é uma maravilha porque o material dá uma liberdade plena, absoluta, pode ser um sucesso quando feito com gosto, arte e com talento. Há quem hesite em entrar numa seara que tem maravilhas, mas que tem

NA PAIXÃO PELA Jair Valera

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Uma pessoa com 102 anos já é algo extraordinário. Uma pessoa que aos 102 anos permanece trabalhando, projetando, criando formas novas, escrevendo, desenhando, lançando revistas e livros, acompanhando o futebol, a política, os rumos do País e do mundo é um fenômeno. Converso com muitas pessoas que nunca deixam de comentar o quanto é surpreendente Oscar Niemeyer estar vivo e produtivo. Eu mesmo, que trabalho diariamente


SS Museu de Arte Contemporânea (MAC), de Niterói (RJ): edifício em forma circular celebra a beleza do local

riscos também. Por outro lado, se a estrutura se faz mais arrojada, então ele coloca piso cimentado, deixa as paredes caídas de branco. Ele diz sempre que a arquitetura colonial era assim e é muito bonita. A arquitetura dele deve ser olhada no global.” “Sucessor? O talento dele é único, mas ao mesmo tempo qualquer pessoa pode ir lá ver e sua obra. Ela existe e se existe pode influenciar as pessoas. Os herdeiros somos todos nós, a humanidade.” Esse convívio entre ambos também foi uma predestinação, pois foge do relacionamento estritamente profissional?, questiono. “É um privilégio e obra do acaso. Na época em que eu me formei, havia muito trabalho, mas eu escolhi trabalhar num lugar perto da minha casa, numa grande construtora, que nem existe mais, a Rabelo, cujo dono era o maior amigo do Dr. Oscar. Nessa época o Joaquim Cardoso estava muito mal

de saúde e de mente e o Marco Paulo habilmente montou um escritório técnico dentro do escritório dele para atender o Oscar. Sem saber eu fui parar lá. Como tinha dois engenheiros que tinham de viajar, um dia o Oscar pediu para alguém ir lá para mostrar algum estudo, porque, como ele cria muito depressa, quer respostas rápidas. Eu fiz tudo errado, dizendo: ‘Eu não sei responder ao senhor agora, mas se deixar eu levo e trago a resposta amanhã’. Ele parou, olhou para mim um segundo, e deve ter pensado o seguinte: ‘vou deixar’. Os meus chefes ficaram preocupados, mas ele disse: ‘O menino volta amanhã’. Eu tinha 20 anos. Nessa época ele se dividia muito entre a Argélia e a França, vinha pouco para cá. Mas nessas idas e vindas ele me pediu que escrevesse um artigo para a revista Módulo, pois achava que eu escrevia bem. Acho que ele gostou da minha cara, houve uma alquimia.

E ele preferiu o menos competente, talvez porque gostasse de conversar. Para mim ele é meu segundo pai, pois meu pai já morreu. Eu talvez seja o amigo mais antigo dos atuais. É uma relação muito próxima. Nesses últimos 30 anos, apenas em 5% do tempo falamos de trabalho. O resto é conversar como dois amigos.” E como você imagina o futuro? “Eu tenho uma resposta pronta que é real: é impossível eu ter qualquer prazer na profissão de Engenharia Estrutural que não seja pelo trabalho com o Dr. Oscar. Será um martírio, se eu sobreviver a ele, se eu tiver de fazer esse trabalho com outra pessoa. Não será a mesma magia. Então eu não farei. A minha carreira de Engenharia Estrutural durará o tempo que durar a vida do Dr. Oscar. Tanto que eu já providenciei outras atividades a fazer, porque esta, gloriosa, maravilhosa, vai até um de nós ir embora!” (M.R.)

ARQUITETURA, O SEGREDO DA LONGEVIDADE com ele há 30 anos, canso de me surpreender com a sua lucidez e capacidade criativa, e até hoje me emociono a cada novo projeto. Muitas vezes tenho a impressão de estar ao lado de alguém com metade de sua idade e com uma grande perspectiva de vida. Há pouco tempo um repórter conhecido foi entrevistá-lo e ao ver que o velho tapete estava sendo retirado,

perguntou se seria substituído por outro igual. Calmamente Oscar respondeu que decidira substituir o tapete por um piso cerâmico, “para evitar preocupações nos próximos 20 anos”. Não tenho dúvidas de que a fórmula da longevidade dele é a paixão pela arquitetura, pelo trabalho. A determinação de vencer os desafios constantes, a vontade de inovar com o

mesmo compromisso estético mantêm jovem este homem com mais de cem anos, que não muda, que não se deixa abater, e que não trai ou esquece os seus princípios humanos e seus valores sociais.

(*) Jair Valera, arquiteto, trabalha há 30 anos no escritório de Oscar Niemeyer no Rio de Janeiro Junho 2010 / 47


PERSONALIDADE DA CONSTRUÇÃO

FLOR DE CONCRETO TORRE DE TV DIGITAL RESGATA TRADIÇÃO INOVADORA DA ARQUITETURA DE BRASÍLIA Em construção numa nova área de desenvolvimento de Brasília, a região do Colorado, a Torre de TV Digital, mais recente projeto de Oscar Niemeyer, resgata o melhor da tradição do arquiteto e da própria cidade. Com desenho inspirado no formato de uma flor do cerrado e altura de 120 m, a torre tomará uma posição privilegiada como ponto turístico, sendo o mais alto mirante da cidade, equipada com áreas de lazer e cultura para receber turistas e visitantes. Haverá duas cúpulas de vidro, uma em cada lateral. Na mais alta, a 80 m do chão, haverá um restaurante com vista panorâmica. A outra, a 60 m, será uma galeria para exposições. Um espelho d’água e uma rampa de acesso em curva serão instalados à frente do prédio. Ao redor do monumento, haverá um complexo de lazer com seis lojas para atender às necessidades dos visitantes. Três elevadores e uma escada levarão os frequentadores para a superfície. O edifício contará com projeto de iluminação artística externa, que irá valorizar os detalhes do projeto. No total, a torre alcançará 182 m de altura, sendo 120 m de estrutura de concreto (equivalente a um edifício de 60 andares), 50 m em estrutura metálica e 12 m referentes à antena de transmissão. A cargo do consórcio construtor

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Mendes Júnior e Atrium Empreendimentos Imobiliários S.A., a obra foi iniciada em junho de 2009, com previsão de conclusão em 13 meses. A fundação do edifício está a 13,4 m de profundidade com 240 estacas, em que foram empregados 2 mil m3 de concreto. Na elevação 61, será implantada uma mísula circular de 20 m de diâmetro, destinada a exposições. Na elevação 80, uma estrutura semelhante que será utilizada como bar, e na elevação 110 será instalado o mirante. Acima da estrutura de concreto será construída uma torre em estrutura metálica com 50 m de altura sobre a qual será instalada uma antena com os equipamentos de transmissões para TV Digital. De acordo com a área de engenharia da Mendes Jr., a execução de atividades em paralelo exigiu a fabricação de plataformas de trabalho metálicas estruturadas de tal forma a garantir a segurança dos trabalhadores. Por suas características, o projeto exige um controle de qualidade rigoroso durante a sua execução no que se refere às tolerâncias executivas, com permanente acompanhamento topográfico. O sistema de plataforma deslizante permite avanços verticais em média de 3 m diariamente, contando com 270 operários trabalhando du-


WW Maquete eletrônica da Torre da TV Digital e o estágio atual das obras (foto abaixo)

rante o dia e outros 60 à noite. Para alcançar as alturas de operação, a obra conta com equipamento de bombeamento de concreto com capacidade de lançamento de 120 m. O sistema de elevação de cargas adota grua, elevadores de cremalheira e guindastes. Está sendo empregado concreto de alto desempenho, com detalhamento e dimensionamento das atividades de cimbramento (escoramento), para evitar qualquer tipo de desvio na execução do concreto, e tecnologia de forma deslizante para execução do fuste (estrutura circular do corpo da torre). Na execução das estruturas curvas em balanço (mísulas e cálice superior), segmentos mais críticos da execução, são empregadas as formas em painéis metálicos leves. Os números da obra também são consideráveis: para fundações foram utilizados 246 estacas tipo raiz com diâmetro de 41 cm e 12 m de profundidade. A armação em aço CA-50, para a execução das estruturas em concreto armado, chega a aproximadamente 1.100 toneladas. O volume de forma empregado é de 32.078 m2. O cimbramento metálico com altura de até 80 m deverá empregar no total 122.370 m3 de material, enquanto o concreto estrutural de alto desempenho chegará ao volume de 11 mil m3. Três elevadores com altura de 120 m dão

apoio aos trabalhos. O fechamento será realizado por duas cúpulas geodésicas em vidro laminado com diâmetro de 20 m e altura de 5,5 m. Na parte interna, a torre contará com quatro sistemas de geração de energia elétrica de emergência com 750 kVA de capacidade cada um e sistema de ar-condicionado central. Localizada na região do Grande Colorado, perto de Sobradinho, a torre situa-se no ponto mais alto do Distrito Federal, escolhido com ajuda da Agência Nacional de Telecomunicações. O sinal digital será transmitido dali para todo o Distrito Federal. Espera-se que 12 emissoras de televisão instalem seus equipamentos. Do mirante, situado a 110 m do solo, será possível avistar todo o Plano Piloto, Sobradinho e Taguatinga, sendo que a torre está a 330 m acima do nível do Lago Paranoá.

AS DIFERENÇAS NOS PADRÕES ANALÓGICO Sinal: É mais suscetível a ruídosw e interferências causadoras dos chamados fantasmas (imagem dupla) e chuviscos na tela. Requer uso de antenas VHF. Definição: até 525 linhas na tela Formato: 4:3 Resolução: 480 x 640 pixels Som: mono ou estéreo (dois canais) Conteúdo: passivo Programação: um por emissora Interatividade: nenhuma

DIGITAL Sinal: Imune a interferências e ruídos. Possibilita transmissão de mais informações que garantem maior interatividade entre telespectador e emissora. Recepção UHF. Formato: 16:9 (padrão de cinema) Resolução: 1.920 x 1.080 pixels Som: Dolby Digital (cinco canais) Conteúdo: interativo Programação: dois ou mais por emissora. Interatividade: via controle remoto o telespectador pode interagir com a programação

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MÉTRICA INDUSTRIAL - SANEAMENTO

Os anos-chave para o saneamento no Brasil

O

ano de 2007 pode ser considerado como um divisor de águas para o saneamento no Brasil em função de dois fatos: a edição da lei 11.445 ou do saneamento básico, como tem sido chamada, e a criação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A primeira estabeleceu as diretrizes nacionais do setor, enquanto o PAC sinalizou recursos de R$ 40 bilhões no período de 2007 a 2010 e ainda trouxe um importante ator na esfera de financiamento de obras de saneamento: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), passou a figurar ao lado da Caixa Econômica Federal (CEF) como origem de recursos. Além do marco regulatório que fortaleceu o cenário de maior flexibilidade e concorrência, a meta de universalização do saneamento

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básico ganhou mais relevância. De acordo com ela, todos os brasileiros teriam acesso aos serviços de saneamento básico até 2020. Apesar dos objetivos serem indiscutíveis, a verdade é que há um longo caminho para que o Brasil chegue à universalização nesse segmento. Na avaliação da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), se o cenário de investimentos observado em 2007 não mudar, somente daqui a 60 anos a meta será atingida e a universalização de fato só aconteceria em 2070. Para avaliar essa e outras estimativas, o Métrica Industrial alinha, nessa edição, informações oficiais de governo, entidades de classe e organizações não governamentais (ONGs). Nossa meta é sumarizar um quadro de onde estamos e para onde poderemos caminhar até 2020

– e além da década seguinte – no setor de saneamento. O primeiro grupo de informações a ser analisado é o da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (Aidis). De acordo com ela, os investimentos necessários para se atingir a universalidade de saneamento somariam R$ 268,8 bilhões entre 2001 e 2010 (atualização feita em 2007). Com isso, os recursos demandados em tal período deveriam somar R$ 13,5 bilhões por ano. Ao contrário do total estimado, o setor recebeu, na avaliação da Aidis, R$ 28,6 bilhões no período entre 2001 e 2007. Resumindo: foram aplicados em sete anos os recursos necessários para apenas dois. Tomando o valor real investido, a Aidis fez outra reavaliação, considerando o período entre 2007 e 2020. Para se atingir a universalidade dos


serviços, a entidade acredita que seria essencial a aplicação de R$ 240 bilhões no período citado, o que daria um total de R$ 18,5 bilhões anuais. O que se depreende da análise da Aidis é que, a cada ano, o Brasil precisa de mais recursos para atingir a universalização dos serviços de saneamento na próxima década. A disparidade entre os investimentos necessários e os números realmente aplicados levou a Associação a concluir que o País necessita de um salto quântico em termos de investimentos para atingir a universalidade.

Estimativas da AIDIS Brasil precisaria de R$ 18,5 bilhões ao ano desde 2007 para atingir a universalidade dos serviços de saneamento em 2020

Uma análise similar foi conduzida pela Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon). A entidade avalia (dados do segundo semestre de 2009) que em 2000 seriam necessários R$ 200 bilhões para se atingir a universalização na data estabelecida. Ou seja, entre 2000 e 2020 seria necessário aplicar um total de R$ 10 bilhões anuais no setor de saneamento. O valor foi atualizado em 2007 e subiu para R$ 300 bilhões, o que significaria R$ 15 bilhões ao ano em termos de inversões. Na avaliação da Abcon, os valores reais aplicados entre 2000 e 2007 somaram R$ 30 bilhões, o que contabilizaria R$ 4,3 bilhões ao ano. Para finalizar: de 2007 a 2020, o Brasil demandaria outros R$ 270 bilhões, o que significa que teríamos que aplicar mais de R$ 20 bilhões ao ano até lá. Assim como na avaliação da Aidis,

a estimativa da Abcon é que o gap entre inversões reais e recursos realmente necessários para o setor de saneamento se amplia a cada ano. A entidade considera ainda os dados oficiais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujos investimentos somariam R$ 40 bilhões entre 2007 e 2010 em obras para saneamento. O montante significaria R$ 10 bilhões aplicados a cada ano. A verdade, no entanto, é que isso não acontece de fato. Dados da Abcon indicam que apenas 15% dos investimentos anunciados teriam sido realizados. No biênio citado, foram aplicados R$ 6 bilhões em obras do PAC ou R$ 3 bilhões anuais. Cruzando-se estimativas de investimentos com montantes reais aplicados no setor, a Abcon avalia que a universalização seria atingida em 2070, ou seja, daqui a 60 anos. O instituto Trata Brasil, organização não governamental (ONG) de referência do setor, tem outros dados que ajudam a desenhar um quadro mais nítido do saneamento no Brasil. De acordo com a instituição, o País investe 0,22% do PIB, quando os recursos realmente necessários seriam de 0,63%. Pode parecer pouco, mas os reflexos desse hiato são enormes. Há décadas, segundo o instituto, o Brasil tem aplicado um terço do efetivamente necessário para se atingir a universalização nos próximos 10 anos. O que melhor traduz o cenário de atraso em investimentos é o fato de que a média brasileira para acesso a rede de esgoto é de 49%.

Avaliação da ABCON Brasil necessitaria de R$ 270 bilhões entre 2007 e 2020, o que somaria mais de R$ 20 bilhões ao ano Entre 2000 e 2007 o Brasil teria investido R$ 30 bilhões, ou seja, R$ 4,8 bilhões ao ano.

Recursos do PAC Estimados: R$ 40 bilhões entre 2007 e 2010 Aplicados: R$ 6 bilhões entre 2007 e 2008 R$ 3 bilhões ao ano, contra estimativa de R$ 10 bilhões Se pegássemos uma lupa para avaliar o mapa do Brasil em relação ao fato citado acima, o resultado mostraria que as Regiões Metropolitanas estão em situação melhor do que outras partes do País. A taxa de cobertura de rede de esgoto percebida sobe para 67,5% no geral, mas a periferia, nessas regiões, ostenta um índice médio de 53,5%, levemente superior às áreas urbanas não-metropolitanas (52,5%). Mas se nossa lupa imaginária migrar para algumas capitais, a situação poderá ser vexatória. Belém encabeça um ranking complicado: a cidade em si apresenta uma média de cobertura percebida de rede de esgoto que chega a 16,7% (dados de 2007). Na periferia da capital maranhense, o índice cai para 3,7%. Porto Alegre, por sua vez, mostrava um índice de 49% no mesmo período, mas sua periferia não pontuava mais do que 16,5%. Se existe um déficit na cobertura da rede de esgoto – que é um dos aspectos de saneamento – há também uma máquina de investimentos que não funciona adequadamente. O mesmo Trata Brasil tem dados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na área de saneamento. Trata-se do monitoramento de obras em municípios com mais de 500 mil habitantes, que tiveram recursos da CEF e do BNDES. As informações são de maio de 2009 e consideram os já citados R$ 40 bilhões para obras do PAC, no período entre 2007 e 2010. Desse total, R$ 20 bilhões seriam do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Junho 2010 / 51


MÉTRICA INDUSTRIAL - SANEAMENTO

Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), R$ 12 bilhões do Orçamento Geral da União (OGU) e os restantes R$ 8 bilhões da contrapartida dos municípios. Dos R$ 12 bilhões do OGU, R$ 8,4 bilhões seriam dedicados ao saneamento urbano. Porém até junho de 2009 apenas 7,2% tinham sido pagos efetivamente. Os números da CEF indicavam que havia 83 obras de saneamento de esgoto em andamento, em maio de 2009. Apesar dos financiamentos totalizarem mais de R$ 2,4 bilhões, os valores até então liberados somavam R$ 267,5 milhões. E das obras em andamento, 56% tinham menos de 10% de sua execução. Vinte e três por cento (23%) nem haviam sido iniciadas. Ainda sobre obras do PAC, o Trata Brasil avaliou 18 delas que recebem financiamento do BNDES. Sete tinham um andamento normal até junho de 2009, mas desse total, quatro estavam com menos de 10% dos serviços executados. A amostragem do Trata Brasil, com base em dados oficiais do PAC, do BNDES e da CEF, evidencia que mais do que financiamento, o problema de saneamento no Brasil é de gerência. A entidade avalia que as obras demoram para acontecer porque falta capacitação para o desenvolvimento e gestão dos projetos, mesmo com o provisionamento dos recursos financeiros. O déficit entre investimento ne52 / Grandes Construções

cessário e recursos aplicados de fato também pode ser reduzido com a correção de problemas sérios do setor. O valor do combate às perdas é significativo. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 37,5% do faturamento do setor em 2008 foi embora com as perdas. Os valores reais indicam que a cada segundo, cerca de 124 m³ de água são perdidos nas empresas do setor. Para a Aidis, se o setor considerar uma tarifa média de R$ 1,12 por m³, o País pode ter um ganho de R$ 4,4 bilhões por ano, mesmo que somente 60% das perdas reais e aparentes sejam recuperadas. Ou seja, ao corrigir parcialmente um problema crônico, o Brasil já poderia reduzir o déficit entre investimento necessário e recursos efetivamente aplicados no setor. Outro dado importante sobre o financiamento do setor diz respeito às tarifas. De acordo com a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), elas seriam a base do investimento no setor, representan-

do 85% dos investimentos e recursos próprios. Os outros 15% seriam oriundos de subvenções orçamentárias. Essa fonte de recursos, no entanto, precisa ser observada com atenção porque se traduz numa fonte de financiamento limitada. Os níveis tarifários mostram ser baixos e decrescentes, aliados ao elevado comprometimento de muitas concessionárias com endividamento. Outros dois fatores pesam no quadro desenhado pela Abes: o aumento da tributação e as ineficiências operacionais. Avaliando o setor brasileiro como um todo, a Associação estima que o consumo tenha caído 11% em 2008, embora o número de clientes tenha crescido em 24,8%. As receitas por cliente teriam reduzido em 28,3% em termos reais, enquanto os gastos das famílias com saneamento básico teriam diminuído de 1,16% para 0,78% na renda mensal. Sem considerar o quadro descrito pela Abes, o setor também não poderá aproveitar o cenário positivo desenha-

QUEM FAZ O QUE SETOR DE SANEAMENTO União: define regras gerais para o saneamento básico, abrangendo recursos hídricos, saúde pública, meio-ambiente, proteção ao consumidor, defesa da concorrência, licitações, contratos e delegação de serviços. Além disso, detém a outorga do uso da água. Estados: definem a organização, planejamento e execução de serviços comuns. Também emitem as regras concorrentes àquelas da União e tem outorga sobre uso da água. Municípios: definem a legislação e prestação de serviços locais, com as regras para uso, ocupação e parcelamento do solo.


do pela consultoria Valora. A empresa aponta a disponibilidade de dinheiro para a realização de projetos. Além da CEF, principal agente financiador do setor e que vem atuando há mais de 30 anos, com recursos do FGTS, o BNDES é outro ator importante que foi agregado. A entrada do banco de desenvolvimento de forma mais ativa na área de saneamento ocorre com a oficialização do PAC, em 2007. Além do financiamento, a Valora levanta outros aspectos que tornam o segmento atrativo em termos de investimentos. Em 2006, dados do BNDES indicavam que o setor teria recebido R$ 13,4 bilhões entre 2003 e 2006 e teria previsto investimentos de R$ 48 bilhões, entre 2008 e 2011. Considerando os dois períodos, haveria uma estimativa de crescimento de 30% em relação aos recursos previstos para exe-

cução de projetos. Isso colocaria saneamento à frente de obras de infraestrutura em áreas como energia (19,8%) e ferrovias (16,9%), fortalecendo a avaliação de que o gap em saneamento é grande e a sua recuperação parcial representa investimentos significativos. Alguns fatores contribuem para dar mais segurança aos investimentos na área, de acordo com a Valora: por ser um serviço essencial, o segmento não apresenta uma forte correlação com a variação de renda, as tecnologias utilizadas na operação são conhecidas e de eficiência comprovada e o arcabouço legal, principalmente, a Lei 11.445/07, criou as bases para a universalização e transformou o que era um monopólio natural num ambiente competitivo. Com a análise dessas informações, a pergunta que fica é: o Brasil chegará a 2020 com uma situação pelo menos mais próxima da universalização ou retroagirá, mantendo um fosso – nada séptico – no setor de saneamento? A prestação de serviços públicos na área de saneamento pode ser feita de via direta, indireta ou por gestão associada. A opção direta é exercida pelos Departamentos de Água e Esgoto (DAEs), autarquias ou empresas municipais. A alternativa indireta delega o serviço à iniciativa privada, na forma de licitação pública e nas modalidades de concessão ou de Parcerias Público Privadas (PPP)

MARCO REGULATÓRIO DO SETOR Lei do Saneamento Básico – 11.445/07, principal legislação do setor e que estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal do setor. Ela compõe um grupo de leis que também regulam o segmento. Lei de licitações - 8.666/93 Lei de concessões - 8.987/95 Participação Público Privada - 11.079/04 Consórcios Públicos - 11.107/05

Na gestão associada, os modelos são variáveis. Pode ocorrer um consórcio ou convênio entre municípios ou entre municípios e estados. No segundo caso, não é necessária uma licitação pública e a empresa estadual pode assumir o serviço. No caso de consórcio ou convênio entre municípios, há a necessidade de licitação pública, com a contratação de uma empresa privada nas modalidades de PPP ou de concessão. As empresas estaduais podem ainda participar da prestação direta por meio de licitação pública organizada por DAEs, autarquias ou empresas municipais. Nesse caso, há a opção de associarem-se a empresas privadas na modalidade de PPP.

COMO O SETOR ESTÁ ORGANIZADO Participação hoje Direto: operador municipal 20% da população urbana Indireto: operador privado 4,5% da população urbana Gestão associada: operador estadual 70% da população urbana operador privado 0,5 da população urbana PPP municipal ou estadual: 5% da população urbana

}

10% PPP

OBJETIVO DO SETOR PRIVADO 2017 Atendimento: 42 milhões de habitantes = 30% da população urbana Faturamento: R$ 6,5 bilhões anual Investimento: R$ 3 bilhões anual Empregos: 18.000 diretos Fonte: Associação Brasileira das Concessionárias Privadas dos Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon)

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MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

NOVA PLANTA DA JCB COMEÇA A PRODUZIR ESCAVADEIRAS DE 20 T

JCB COMEÇA A PRODUZIR NO BRASIL AS ESCAVADEIRAS JS 200 LC, DE 20T, EM NOVA FÁBRICA EM SOROCABA A JCB inaugurou em Sorocaba uma nova fábrica destinada à fabricação de escavadeiras JS 200 LC, de peso operacional de 20 toneladas. A empresa investiu US$ 5 milhões na nova planta, que tem capacidade para produzir até 400 máquinas por ano. Com 14 mil m², a unidade fica ao lado da fábrica de retroescavadeira.

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David Bell, diretor de desenvolvimento da JCB mundial, e Carlos Hernández, diretor geral da JCB para a América Latina, destacaram a confiança da empresa no mercado brasileiro, que cresceu em 2009, em contraposição aos resultados do mercado mundial. Segundo Bell, a empresa considera os projetos futuros em função da

Copa do Mundo e Olimpíadas, mas acredita principalmente na capacidade do país em suprimir as demandas por obras de infraestrutura. “Essa fábrica demonstra nossa confiança no Brasil”, disse David Bell, destacando também a expansão já concluída da fábrica de retroescavadeira, que aumentou sua capacidade em 50%. “Quere-


ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS: Potência Líquida do Motor 172hp Peso Operacional Máximo 20.2 T Força de Escavação 11.560 kgf Velocidade de Giro 12.9 rpm Profundidade Máxima de Escavação 6,02 m

mos avançar mais”, afirmou Carlos Hernandes, diretor geral da JCB para a América Latina, destacando o desempenho do ano passado, quando a JCB do Brasil ultrapassou a marca de 1000 máquinas vendidas incluindo todos os modelos comercializados no país. A construção da fábrica levou apenas sete meses. A montagem da nova fábrica foi realizada pela equipe brasileira de técnicos e engenheiros, treinados na fábrica da JCB na Inglaterra, sob orientação de Stephen Thorley, engenheiro de produtos da JCB do Reino Unido. “Este é um projeto complexo, não só do ponto de vista logístico como também de montagem, pois envolve um grande número de peças e componentes, demandando uma montagem precisa e testes rigorosos para garantir a mesma qualidade das máquinas importadas da Inglaterra”, afirma Mauro Pinhat, diretor de operações da JCB do Brasil e responsável pela instalação da nova fábrica de escavadeiras. Um dos focos dos investimentos que a JCB está fazendo no Brasil é na área de pós-vendas, com a compra de equipamentos, pessoal e treinamento, que abrange não só a produção como também toda a rede de distribuidores. A escavadeira JS200 CL, com peso operacional de 20 t, é projetada para trabalhos pesados. De capacidade de 1,14 m3 e profundidade de escavação de 6 m, a máquina permite maior velocidade nas operações de escavação e também combina um motor de quatro cilindros com 172 hp de potência, o que possibilita um baixo consumo de combustível. É equipada com o motor “Tier III”, que já atende às normas européias referentes à emissão de poluentes.

Junho 2010 / 55


AGENDA 2010

CONCRETE SHOW 2010 A Concrete Show South America, maior e mais representativa feira sobre tecnologia em concreto para construção civil da América Latina, chega a sua 4ª edição com crescimento de 30% em relação à edição de 2009 e de 203% ao longo dos três anos de evento. De 25 e 27 de agosto, o evento exibirá o que há de mais moderno no setor, em um total de 36.400 m² de área in door e out door, do Transamérica Expo Center, em São Paulo. A área disponível representa um crescimento de 203% em relação à primeira edição da Concrete Show. O número de expositores também aumentou de 200, em 2007, para 400, em 2010. Além de impulsionar e alavancar bons negócios entre os principais players do segmento, o evento é o ponto de encontro das empresas que estão lançando novos equipamentos, maquinários, aditivos, produtos, serviços e soluções em sistemas construtivos à base de concreto. Nesta edição, o evento terá macro-temas que nortearão o encontro, a fim de atender a demanda do mercado aquecido e ávido por soluções tecnológicas. São eles: Concrecopa, que apresentará o tema: Brasil dos Esportes; Infraestrutura e instalações esportivas; Controle de qualidade/laboratórios; Retrofit; Demolição; Reciclagem; Capacitação e mão de obra - o grande gargalo do setor; Industrialização das edificações; e Construção Sustentável. Haverá, durante a feira, o Concrete Congress, que apresentará um programa com 140 palestras simultâneas.

de Arquitetura e Engenharia Consultiva) que terá, no dia 26 de agosto, mesas de debates com arquitetos, projetistas, construtores e fornecedores de tecnologias discutindo os temas Estádios da Copa: o Concreto no Mundial de 2014 e Concreto em composição com outros materiais: soluções para projetos inovadores e sustentáveis. Outros assuntos estão previstos para serem discutidos durante este encontro tais como a industrialização da construção em concreto; soluções em formas e escoramentos e infraestrutura urbana. O Sinaenco acompanhou os preparativos da África do Sul para a Copa 2010, tanto na viagem dos arquitetos integrantes do Fórum dos Arquitetos da Copa quanto na visita de dirigentes, como a do presidente da entidade, José Roberto Bernasconi, àquele país. Ali, algumas lições ficaram claras: no sentido positivo, quanto à antecipação de obras e à qualidade dos projetos e da execução das obras em estádios e aeroportos, especialmente. Os sul-africanos desenvolveram projetos e obras para modernização e ampliação de seus principais aeroportos que garantiram a esses equipamentos públicos uma qualidade de alto nível, assim como seus estádios. De negativo, em muitas áreas eles padeceram do mesmo mal que vem afetando a preparação do Brasil para a Copa 2014: um planejamento nem sempre eficiente, com obras sendo finalizadas às portas da abertura da Copa, segundo observação feita pelo Sinaenco. As questões serão tratadas durante a Concrecopa 2010.

CONCRECOPA 2010

INFO Tel.: (11) 4689-1935 E-mail: concrete@concreteshow.com.br Site: www.concreteshow.com.br / www. c2comunica.com.b

Um dos destaques do Concrecopa 2010 é a programação especial coordenada pelo Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas

56 / Grandes Construções

BRASIL Julho IV CONGRESSO BRASILEIRO DE MND – MÉTODOS NÃO DESTRUTIVOS E II NO. DIG – EDIÇÃO LATINO AMERICANA. Dias 20 e 21 de julho, no Centro Fecomércio de Eventos, na Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – São Paulo. Promoção da Abratt (Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva). O encontro irá mostrar que graças à tecnologia não destrutiva é possível realizar obras no subsolo, como instalação, manutenção e reparação de cabos de telefonia, eletricidade, água e gás, por meio de perfuração subterrânea, sem a necessidade de abertura de valas e buracos em vias públicas. A utilização do Método Não Destrutivo tem se consolidado a cada dia nos grandes centros urbanos e a expectativa é de crescimento significativo para os próximos anos. O IV Congresso Brasileiro de MND tem apoio da Sobratema, da Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE) e Associação dos Engenheiros da Sabesp (Aesabesp) e acontecerá Hotel Transamérica, localizado na Avenida Nações Unidas, 18.591, Zona Sul de São Paulo. INFO Tel.: (11) 38713626 E-mail: mnd2010@acquacon.com.br Site: www.acquacon.com.br/ mnd2010www.19cba.com.br

7ª FEICCAD 2010 – FEIRA DO IMÓVEL, CONSTRUÇÃO CIVIL, CONDOMÍNIOS, ARQUITETURA E DECORAÇÃO – De 22 a 25 de julho, no Maxi Shopping Jundiaí Piso G3, em Jundiaí (SP). INFO Tel.: (11) 4526-2637 Sites: www.feiccad.com.br www.adelsoneventos.com.br


Agosto COBRAMSEG 2010. – CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA GEOTÉCNICA. De 17 a 22 de agosto, no Hotel Serrano, Gramado (RS). Promoção da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos (ABMS) em parceria com a Sociedade Portuguesa de Geotecnia (SPG). O encontro tem como objetivo abordar os principais desafios da engenharia necessários ao desenvolvimento e à sustentabilidade, abrangendo as seguintes áreas: desafios e inovações na exploração de recursos offshore; Fundações: tendências e inovações; Infraestrutura em obras civis; Geotecnia para prevenção de desastres naturais; Engenharia de Pavimentos; Tratamento de solos em obras de infraestrutura; Mecânica de solos, rochas brandas, rochas duras e maciços rochosos, entre outras. INFO Office Marketing Eventos

Tel.: (51) 2108 3170 Fax: (51) 2108 3100 E-mail: cobramseg2010@officemarketing. com.br Site: www.cobramseg2010.com.br

EXPO CONSTRUIR BAHIA 2010 – FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO – De 17 a 21 de agosto, no Centro de Convenções de Salvador (BA). A Expo Construir Bahia conta com uma série de eventos paralelos. São espaços exclusivos para produtos e serviços para o setor da construção e também fóruns que reúnem grandes nomes do setor em palestras e debates. Promoção e organização: Fagga Eventos. Realização: Sinduscon-BA. INFO Tel.: (21) 3035-3100 Site: www.feiraconstruir.com.br/ba

CONCRETESHOW 2010 – De 25 a 27 de agosto, no Transamérica Expo Center. Ponto de encontro internacional dos principais players da cadeia da construção civil sul-

americana. O evento apresenta inovações e tendências mundiais em sistemas e métodos construtivos à base de concreto, trazendo soluções e aumentando a produtividade, qualidade e velocidade na execução da obra. O evento é focado exclusivamente na utilização e na promoção da cadeia do concreto. Realização: Sienna Interlink. INFO Tel.: (11) 4689-1935/Fax: (11) 4689-1926

CONSTRUMETAL 2010 – CONGRESSO LATINO-AMERICANO DA CONSTRUÇÃO METÁLICA – De 31 de agosto a 2 de setembro, no Frei Caneca Shopping & Convention Center, São Paulo. Organização: Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM). O Construmetal 2010 conta com o apoio da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS), do Centro Brasileiro da Construção do Aço (CBCA), do Instituto Aço Brasil (antigo IBS), do Instituto Latinoamericano del Fierro y el Acero (ILAFA), do American Institute of Steel


AGENDA 2010 Construction (AISC ) e do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA). INFO Tel.: (11) 2601 7369 E-mail: imprensa_construmetal@ibradep. com.br Sites: www.construmetal.com.br – www. abcem.org.br

SETEMBRO RIO OIL & GÁS – CONFERÊNCIA E EXPOSIÇÃO – De 13 a 16 de setembro, no Centro de Convenções do Riocentro, Rio de Janeiro (RJ). Principal evento de Petróleo e Gás da América Latina, a Rio Oil & Gas Expo and Conference é realizada a cada dois anos. Desde sua primeira edição, em 1982, a feira e conferência vêm colaborando na consolidação do Rio de Janeiro como “capital do petróleo”, já que o estado concentra 80% de todo o óleo produzido no País, além de 50% da produção de gás. A exposição é uma importante vitrine para as empresas nacionais e estrangeiras apresentarem seus produtos e serviços. A conferência dá a oportunidade de discussão sobre os principais temas relativos às inovações tecnológicas. Promoção: Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP). INFO Tel.: (21) 2112-9000 E-mails: congressos@ibp.org.br

riooil2010@ibp.org.br eventos@ibp.org.br_ patrocinios@ibp.org.br_ press@ibp.org.br Site: www.ibp.org.br

EXPO CONSTRUIR MINAS 2010 – FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO – De 13 a 17 de setembro de 2010, em Belo Horizonte (MG). Promoção e organização: Fagga Eventos. Realização: Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. INFO Tel.: (21) 3035-3100 Site: www.feiraconstruir.com.br/mg

FICONS – VII FEIRA INTERNACIONAL DE MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO – De 14 a 18 de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco. Realização: Sinduscon-PE. INFO Tel.: (81) 3423-1300 E-mail: ficons@assessor.com.br Site: www.ficons.com.br

OUTUBRO EXPO ESTÁDIO 2010 / EXPO URBANO 2010. De 6 a 8 de outubro de 2010, no Centro de Convenções Sul América, na

Avenida Paulo de Frontin, Cidade Nova, Rio de Janeiro (RJ), acontecerá o Expo Estádio 2010, evento 100% focado em infraestrutura e equipamentos para estádios e instalações esportivas. O objetivo é reunir pessoas e empresas responsáveis pelos investimentos a serem feitos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil. O evento, que acontecerá paralelamente ao Expo Urbano – exposição e conferências voltadas para a busca de soluções para a melhoria dos espaços urbanos no Brasil – será realizado no rastro do sucesso da o Expo Estádio 2009, que reuniu cerca de 100 expositores de 15 países, em São Paulo. A exposição e as conferências englobam planejamento e projeto, construção, equipamentos, manutenção e gestão necessários para se obter o desejado espaço urbano. O Expo Urbano visa às empresas que oferecem produtos e serviços nessas áreas e os profissionais envolvidos no processo de decisão de compra e está focado em áreas externas, tais como ruas, praças, parques, jardins, playgrounds, instalações esportivas, praias, áreas recreativas e estacionamentos. INFO Tel.: (21) 2233 3684 Fax: (21) 2516 1761 E-mail: info@real-alliance.com Site: www.expoestadio.com.br

INTERNACIONAL Agosto 11ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PAVIMENTOS DE ASFALTO. De 1 a 6 de agosto, em Nagoya, Japão. Tema: “Desenvolvimento global sustentável”. Promoção: Japan Road Association (JRA) e International Society for Asphalt Pavements (ISAP). INFO Japan Road Association ISAP NAGOYA 2010 Local Committee Secretariat 3-3-1 Kasumigaseki Chiyodaku Tokyo 100-8955, Japan Fax.: +81 3 3581 2232 E-mail: info@isap-nagoya2010.jp; Site: www.isap-nagoya2010.jp

Outubro 83ª WEFTEC 2010. Feira e conferência mundial sobre a qualidade da água. De 2 a

58 / Grandes Construções

6 de outubro, no Ernest N. Morial Convention Center, em Nova Orleans, Louisiana, U.S.A. O evento será uma oportunidade de apresentação ao mercado do que há de mais moderno em tecnologia para saneamento e investigação da qualidade da água. INFO Tel.: +44 1206 796351 E-mail: sales@portland-services.com Site: www.weftec.org

Novembro XXXII CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. De 7 a 11 de novembro, em Punta Cana, República Dominicana. Promoção: Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental. INFO Tel.: (11) 3812-4080 Fax: (11) 3814-2441

E-mail: aidis@aidis.org.br Site: www.aidis.org.br/htm/esp_htm/xxxii_ congresso.html

BAUMA CHINA 2010. De 23 a 29 de novembro, em Shangai, China. No total, 1.608 expositores de 30 países participaram da última versão do evento, em 2008, apresentando ampla gama de máquinas e materiais para construção e mineração, em 210.000 m2 de área de exposição. A Bauma China é a principal porta de entrada para um dos mercados mais fortes e mais interessantes dessa indústria, no momento. INFO Messe München GmbH Bauma China Exhibition Management Messegelaende 81823, Munique, Alemanha Tel.: (+49 89) 949 2025 / Fax: (+49 89) 949 2025 9 Site: http://www.bauma-china.com




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