Informativo da Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Outubro de 2016 | Edição 458
Relações humanas na Medicina é foco da JPR’2017 Entendendo a importância da humanização no atendimento médico, a SPR trará luz ao tema durante a 47ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR’2017), de 4 a 7 de maio, em São Paulo. Organizado em parceria com a Sociedade Francesa de Radiologia (SFR), suas inscrições abrem este mês. Conheça detalhes de como foi estruturado o tema e o artístico cartaz do evento, com a ajuda do Dr. Alfredo Buzzi, ex-presidente da Sociedade Argentina de Radiologia (SAR). Páginas 8 e 9
NOTÍCIAS
É possível lutar contra o câncer de mama
Dois cursos agitam fevereiro de 2017: o VII Temático do GERME, dias 11 e 12, discutirá Quadril. Já o inédito European Course of Diagnostic and Interventional Neuroradiology in Latin America terá como tema Anatomy and Embryology e será de 8 a 11.
A patologia responde por 25% dos casos novos de câncer a cada ano. A campanha Outubro Rosa chama atenção para o fato e convida homens e mulheres que apresentam sinais a visitar o médico e fazer exames de rastreamento.
Páginas 6 e 7
Página 25
CURSOS AVANÇADOS
Neuro e Músculo: conteúdos diferenciados
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APLICATIVO DO JORNAL DA IMAGEM Esta edição também está disponível em versão digital. Baixe o aplicativo na app store do seu dispositivo (versões para Android e iOS)
2 • PALAVRA DO PRESIDENTE
Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Av. Paulista, 491 – 3º andar CEP 01311-909 – São Paulo – SP Tel. (11) 5053-6363 – Fax (11) 5053-6364 www.spr.org.br
Da força de cada um
Filiada ao Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) • Departamento de Diagnóstico por Imagem da Associação Paulista de Medicina (APM)
DIRETORIA PARA O BIÊNIO 2015/2017 Presidente Dr. Antônio Soares Souza Vice-Presidente Dr. Carlos Homsi Secretário-Geral Dr. Mauro José Brandão da Costa
1º Secretário Dr. César Higa Nomura
2º Secretário Dr. Henrique Simão Trad
Tesoureiro-Geral Dr. Décio Roveda Jr.
1º Tesoureiro Dr. Gustavo Kalaf
2º Tesoureiro Dr. Douglas Jorge Racy
Diretor Científico Dr. Renato Adam Mendonça
Diretor de Defesa Dr. Jaime Ribeiro Barbosa Profissional
Dr. Antônio Soares Souza, presidente da Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (SPR)
Diretor de Patrimônio Dr. Cyro Padilha Balsimelli Diretora de Assuntos Dra. Eloísa de Mello Gebrim Culturais Diretor de Tecnologia Dr. Marcelo de Maria Félix da Informação Presidente do Clube Dr. Pablo Rydz Pinheiro Santana Roentgen Presidente do Clube Dr. Nelson Gomes Caserta Manoel de Abreu
Presidente SPR Jr. Dr. Renato Hoffmann Nunes
Presidente do Dr. Antônio José da Rocha Conselho Consultivo CONSELHO CONSULTIVO
Dr. Antônio José da Rocha Dr. Ricardo Emile Baaklini Dr. Tufik Bauab Jr. Dr. Marcelo D’Andrea Rossi Dr. André Scatigno Dr. Adelson André Martins Dr. Renato Adam Mendonça Dr. Celso Hiram de Araújo Freitas Dr. Aldemir Humberto Soares Dr. Nestor de Barros Dr. Jaime Ribeiro Barbosa Dr. Luiz Antônio Nunes de Oliveira Dr. Giovanni Guido Cerri Dr. José Michel Kalaf
Comissão Editorial
Dr. Aldemir Humberto Soares Dr. Carlos Homsi Dr. Celso Hiram de A. Freitas Dr. Cássio Ruas de Moraes Dr. Tufik Bauab Jr.
Edição Lilian Mallagoli MTb. 30.443-SP Comunicação Tatiana Gentina – tatiana@spr.org.br Marketing Mayra Leal – mayra@spr.org.br Design Gráfico Marco Murta – Farol Editora farol@faroleditora.com.br
Impressão Hawaií Gráfica e Editora São Caetano do Sul, SP
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da SPR.
Nosso país passa por momentos de transição; porém, doloridos, que não merecem ser comemorados. Registramos retrocessos políticos continuamente. É preciso que a gente siga com esperança e com os olhos bem abertos.
Talvez muitos já conheçam esta história, mas é sempre bom lembrá-la. Em 1980, Nancy G. Brinker prometeu para sua irmã, Susan, que estava no leito de morte, que faria tudo o que pudesse para acabar com o câncer de mama. Dois anos depois, essa promessa tornou-se a Susan G. Komen Organization, uma instituição norte-americana sem fins lucrativos, que deu impulso ao movimento global que hoje conhecemos como Outubro Rosa. Nancy começou com 200 dólares e uma lista de potenciais doadores nas mãos. Hoje, ajuda a combater o câncer em todo o mundo por meio de educação, triagem, tratamento, cuidados no acompanhamento, defesa e pesquisa. Dentre seus maiores símbolos, está o laço cor-de-rosa, lançado pela fundação e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura em Nova York, em 1990. Desde 1999, a entidade investiu mais de 11 milhões de dólares em serviços para a saúde da mama e esforços educacionais que se refletem em vários países. Sua rede afiliada já investiu mais de 2,6 bilhões de dólares em pesquisa, divulgação de informações e programas em mais de 30 países. Nancy começou sozinha. Com a força da promessa feita à irmã, não desistiu e, apesar de eu não conhecer os detalhes de sua história, imagino as dificuldades pelas quais passou para conquistar a confiança e o comprometimento das pessoas. Nós, como médicos, temos a obrigação de nos engajarmos nesse projeto de grande significância. Exames de prevenção podem ser feitos o ano inteiro, mas temos este mês de outubro para incentivar as mulheres a procurar seus médicos e checar sua saúde – bem sabemos que o diagnóstico precoce é a melhor ferramenta para prevenir a doença. É preciso lembrar que homens também podem desenvolver câncer de mama; portanto, ao menor sinal de algo diferente, eles também devem procurar um mastologista e passar pelos exames de rastreamento. Fica, ainda, a lição de como um ato isolado, tímido, que começa pequeno pode se tornar um gigante, capaz de mudar vidas e histórias de famílias inteiras. Eu provavelmente não traçaria estas linhas se não fosse pela iniciativa de Nancy há 36 anos. Isso me lembra de que a SPR e algumas sociedades parceiras latino-americanas também estão dando passos rumo a outra importante causa. Em outubro também se comemora o dia das crianças, e se há algo que nós, radiologistas, podemos fazer pelo bem delas é nos preocuparmos em realizar exames de imagens com a menor radiação possível. A iniciativa, Latin Safe, começou inspirada em outras já renomadas do mundo, como a Image Gently, Image Wisely e EuroSafe, e agora, de reunião em reunião em congressos pelo continente, começamos a preparar projetos que possam ser levados a clínicas e hospitais de toda a América Latina, e que contribuam para que os exames sejam realizados com o mínimo de radiação possível. É nosso pequeno passo, inspirado por quem começa sozinho e não desiste. Inspirado por Nancy. Finalmente, desejo que todos tenham um mês de tranquilidade e ponderação. Nosso país passa por momentos de transição; porém, doloridos, que não merecem ser comemorados. Registramos retrocessos políticos continuamente. É preciso que a gente siga com esperança e com os olhos bem abertos. E, claro, trabalhando sempre – afinal, não podemos desistir. Nancy não desistiu.
Edição 458 – Outubro de 2016
DEFESA PROFISSIONAL • 3
Conheça as novas resoluções sobre a Comissão Mista de Especialidade Em 22 de julho, foram assinadas novas resoluções pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), disciplinando o funcionamento da Comissão Mista de Especialidades (CME) e aprovando a relação de especialidades e áreas de atuação médicas por ela aprovadas. Elas foram publicadas no Diário Oficial da União em 3 de agosto. A Resolução CFM Nº 2.148/ 2016 dispôs sobre a homologação da Portaria CME nº 01/2016, que disciplina o funcionamento da CME, composta pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), que normatiza o reconhecimento e o registro das especialidades médicas e respectivas áreas de atuação no âmbito dos Conselhos de Medicina. Dentre outras decisões, o regulamento definiu que: • O CFM, a AMB e a CNRM reconhecerão as mesmas especialidades e áreas de atuação;
• É competência da CME a deliberação sobre assuntos relacionados a especialidades médicas e áreas de atuação, inclusive os oriundos das entidades que a compõem; • Somente as entidades integrantes da CME são legitimadas para solicitar o reconhecimento de novas especialidades médicas e/ou áreas de atuação; • A CME somente reconhecerá especialidade médica com tempo de formação mínimo de dois anos e área de atuação com tempo de formação mínimo de um ano, sendo obrigatória carga horária anual mínima de 2.880 horas; • A AMB deverá anualmente oferecer prova de título de especialista de todas as especialidades e áreas de atuação reconhecidas pela CME; • Os exames da AMB para certificação de áreas de atuação comuns a duas ou mais especialidades serão únicos e sob a responsabilidade da AMB; • Os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) deverão registrar apenas títulos de especialidade e certificados de áreas de atuação reconhecidos pela CME e emitidos pela AMB ou pela CNRM. • As solicitações de atualização dos títulos feitas por médicos às associações de especialidade deverão ser encaminhadas pelas associações à AMB; • São proibidos aos médicos a divulgação e o anúncio de especialidades ou áreas de atuação que não tenham o reconhecimento da CME.
Já a Resolução CFM Nº 2.149/ 2016 homologou a Portaria CME nº 02/2016, que aprova a relação de especialidades e áreas de atuação médicas aprovadas pela Comissão. Foram enumeradas 54 especialidades médicas reconhecidas, estando a Radiologia e o Diagnóstico por Imagem incluídos. A relação das áreas de atuação médicas reconhecidas listou 57 resultados, com a Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia e Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia nela inseridas. Dentre as titulações de especialidades médicas, estão: • Título de especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem - formação: 3 anos; CNRM: Programa de Residência Médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem; AMB: Concurso do Convênio AMB/Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; • Título de especialista em Diagnóstico por Imagem – atuação exclusiva: Ultrassonografia Geral - formação: 2 anos; AMB: Concurso do Convênio AMB/Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; • Título de especialista em Diagnóstico por Imagem – atuação exclusiva: Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia- formação: 2 anos; AMB: Concurso do Convênio AMB/Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem;
• Título de especialista em Radioterapia - formação: 3 anos; CNRM: Programa de Residência Médica em Radioterapia; AMB: Concurso do Convênio AMB/Sociedade Brasileira de Radioterapia.
Também foram especificadas as certificações de áreas de atuação, item no qual estão incluídas: • Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular - formação: 1 ano; CNRM: Opcional em PRM em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Cirurgia Vascular ou Angiologia; AMB: Concurso do Convênio AMB/Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem/Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular; Requisitos: TEAMB em Angiologia, em Cirurgia Vascular e em Radiologia e Diagnóstico por Imagem; • Mamografia - formação: 1 ano; CNRM: Opcional em PRM em Ginecologia e Obstetrícia ou Mastologia; AMB: Concurso do Convênio AMB/Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem/Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia/Sociedade Brasileira de Mastologia; Requisitos: TEAMB em Diagnóstico por Imagem – atuação exclusiva: Ultrassonografia Geral, em Ginecologia e Obstetrícia e em Mastologia; • Neurorradiologia - formação: 1 ano; CNRM: Opcional em PRM em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Neurologia ou Neurocirurgia; AMB: Concurso do Convênio AMB/ Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; Requisitos: TEAMB em Neurocirurgia, em Neurologia e em Radiologia e Diagnóstico por Imagem; • Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia - formação: 1 ano; CNRM: Opcional em PRM em Angiologia, Cirurgia Vascular ou Radiologia e Diagnóstico por Imagem; AMB: Concurso do Convênio AMB/Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem/Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular; Requisitos: TEAMB em Angiologia, em Cirurgia Vascular e em Radiologia e Diagnóstico por Imagem; • Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia - formação: 1 ano; CNRM: Opcional em PRM em Ginecologia e Obstetrícia; AMB: Concurso do Convênio AMB/Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem/Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia; Requisito: TEAMB em Ginecologia e Obstetrícia.
As duas resoluções podem ser conferidas integralmente nos links: http:// goo.gl/nQYCXZ e http://goo.gl/GuUxQe.
4 • CONEXÃO DIGITAL
Inteligência Artificial na Radiologia
Dr. Thiago Julio é Radiologista Intervencionista, pós-graduado em Informática Médica, Coordenador de Tecnologia e Inovação no SírioLibanês, Medical Officer na Healfies, Diretor no IHE Brasil e responsável pela página de Conexão Digital do Jornal da Imagem. Links e referências: http://wp.me/p5kipb-ag
Algoritmo da startup Enlitic capaz de detectar fraturas no punho
Escrevo esse artigo de Alexandria, VA (EUA), onde participo do primeiro congresso de inteligência artificial em imagens médicas, o C-MIMI (Conference on Machine Intelligence in Medical Imaging), promovido pela SIIM (Society for Imaging Informatics in Medicine). O evento contou com a presença de cerca de mais de 200 participantes, que assistiram a 16 apresentações de trabalhos científicos, além de aulas e palestras. Os trabalhos apresentados surpreenderam não só pelos resultados, mas pela variedade de temas abordados. De algoritmos para leitura de idade óssea à predição de deleção do braço cromossomal 1p/19q em gliomas de baixo grau, é difícil achar uma área da radiologia em que as técnicas de machine learning não possam ser aplicadas. Para quem não entendeu nada do que escrevi, permitam-me fazer um breve resumo da ópera. Não é recente a ideia de usarmos computadores para avaliação de imagens médicas. Há anos já conseguimos expressivos resultados com as técnicas de CAD (computer-aided diagnosis), especialmente em mamografias e detecção de nódulos pulmonares. Basicamente, grande parte do trabalho do radiologista é varrer as imagens com os olhos e detectar padrões, de normalidade e de doença. Somente a partir disso é que podemos classificar esses padrões, aplicando nosso conhecimento acumulado para tentar chegar o mais perto possível de um diagnóstico. Acontece que detectar padrões é uma tarefa fácil para computadores. Um pouco mais difícil é extrair as ca-
racterísticas desses padrões. Mas com as características identificadas corretamente, novamente se torna fácil classificar esse padrão. Mas se o CAD existe faz tempo, por que ele não emplacou? Por que raramente temos essa ferramenta à nossa disposição, e quando temos, ela não parece funcionar bem? Talvez porque estávamos fazendo as coisas do jeito errado. Ou pelo menos não da melhor maneira. Mas não somos só nós radiologistas que estamos interessados em fazer com que o computador “leia” e “entenda” as imagens. Existe grande interesse em se aplicar esse tipo de tecnologia não só em imagens médicas, mas em fotos, desenhos, filmes. A análise visual é uma das principais áreas de interesse da inteligência artificial. Muita gente investe nisso desde o surgimento dos primeiros computadores. Microsoft, Google, Facebook, Baidu, Amazon, IBM, todos têm seus times de pesquisa em análise de imagens. As coisas começaram a melhorar na última década. Alguns fatores fizeram com que esse campo começasse a entrar num ritmo exponencial de evolução. O principal deles foi o advento das redes neurais: sistemas de “aprendizagem” que simulam o funcionamento do neocórtex. Nelas, milhões de “neurônios” altamente interconectados se auto regulam para criar uma rede de processamento de informação. Essas redes também não são novidade, mas somente hoje temos poder computacional suficiente para explorar seu potencial. Cientistas encontraram nas GPUs (unidades de processamento gráficos) o hardware ideal para criarem suas redes neurais. Sim, estou falando das placas de vídeo, mais especificamente aquelas usadas pelos gamers. Mais dois fatores foram cruciais para o rápido estabelecimento das CNNs (convolutional neural networks) como técnica favorita para machine learning de imagens (dos 16 trabalhos apresentados no congresso somente um utilizava outra técnica). E ambos têm a ver com a ImageNet. A ImageNet é um projeto desenvolvido para criar um banco de dados gigantesco de imagens anotadas para serem usadas em pesquisas de machine learning. Sim, para treinarmos as máquinas, precisamos (nem sempre)
de imagens anotadas, ou seja, imagens com a descrição do seu conteúdo. No nosso caso, imagine uma imagem do cérebro onde um humano “anote” nela: “cérebro”, “tomografia”, “tumor”, etc. Agora que temos as redes, o hardware para processamento, e o material de estudo (imagens anotadas), já podemos treinar nossas máquinas. E muita gente tem feito isso. Graças também às competições promovidas na Internet para ver quem cria os melhores algoritmos. Desafios lançados pela ImageNet e Kaggle, entre outros, estimularam por exemplo o surgimento do famoso algoritmo criado pelo Google que foi capaz de detectar gatos em vídeos do YouTube, sem ninguém ensinar antes o que era um gato. O computador foi capaz de criar o conceito de gato sozinho. E se você pensa que isso ainda é coisa de ficção científica, saiba que esses algoritmos são usados milhões de vezes diariamente, quando o Facebook identifica um rosto numa foto, ou quando você pesquisa uma foto no Google Photos por “Arco do Triunfo” e ele acha aquela sua foto nas férias com o monumento ao fundo. O aplicativo sensação dos últimos meses, o Prisma, usa esses algoritmos para simular o estilo de pintura dos grandes mestres e escolas. Em breve, teremos algoritmos nos nossos PACS que nos ajudarão a detectar lesões, classificar achados, priorizar estudos numa worklist, dar recomendações de conduta e follow-up, separar exames normais dos alterados, resgatar dados clínicos relevantes de um prontuário, ajudar nos diagnósticos diferenciais e até elaborar os laudos. Mas a inteligência artificial não vai substituir o radiologista. Vai, sim, torná-lo mais rápido, preciso e eficiente. E isso vai ocorrer de forma gradual, quase que imperceptível. Do mesmo jeito que não percebemos que uma inteligência artificial começou a prever nossas buscas no Google enquanto mal começamos a digitar. Da mesma forma que não nos sentimos ameaçados quando a Amazon começou a nos sugerir produtos que invariavelmente acabamos comprando. Porque para nós, humanos, inteligência artificial é sim uma coisa de ficção científica; uma vez que ela vira realidade, passa a ser apenas mais uma tecnologia banal e útil.
OPINIÃO • 5
Edição 458 – Outubro de 2016
Sucesso de Temer depende do Congresso Por Napoleão Puente
Napoleão Puente de Salles é Consultor Parlamentar
Deputados e senadores vão contrariar a pressão dos eleitores e votar a favor das reformas? Eis a questão-chave para o novo governo: a dependência do Congresso
No dia 31 de agosto de 2016, quando foi concluído o julgamento do impeachment, Michel Temer assumiu oficialmente a Presidência da República. A novidade da posse é que, ao menos por enquanto, o Brasil volta a ter a estabilidade política que tanto faltou nos últimos anos. Consequentemente, dá a Temer a responsabilidade de liderar ações que viabilizem a retomada do desenvolvimento no País. Desde a reeleição de Dilma Rousseff, em outubro de 2014, os números da economia prenunciavam a grave crise econômica, que agora cobra seu preço de todos os brasileiros. Mas a falta de habilidade política e os problemas de gestão no governo da ex-presidente impediram que reformas fossem realizadas. O início do processo de impeachment agravou as dificuldades de Dilma e resultou no afastamento provisório no dia 12 de maio, quando o Senado aprovou a abertura do processo de impeachment. Temer, então, assumiu interinamente e foi extremamente cauteloso no trato com o Congresso. Aguentou o desgaste público por aceitar indicações políticas em ministérios importantes, mas conseguiu formar sua base na Câmara e no Senado. Além disso, manteve contatos frequentes com os parla-
mentares: em três meses de interinidade, esteve com 72 deputados e senadores, individualmente ou em pequenos grupos. Dilma, em cinco anos e quatro meses, esteve reunida com apenas 66. Essa boa relação do governo Temer com o Congresso colaborou para a aprovação do impeachment. Com a efetivação no cargo, porém, o novo presidente dependerá ainda mais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Isso porque as medidas necessárias para reestruturar o país são impopulares, basta acompanhar as polêmicas já criadas em torno de temas como a reforma da Previdência Social, a mudança na lei trabalhista e a proposta para limitar os gastos públicos. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, por exemplo, é a que vem provocando mais discussões atualmente. A PEC estabelece um novo regime fiscal, a partir de 2017, limitando por 20 anos o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Primeira iniciativa da equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a PEC pretende acabar com as vinculações à receita, inclusive em áreas sensíveis como educação e saúde.
Parlamentares, alguns inclusive da base governista, pedem mudanças nos termos da PEC 241. As pressões por alterações envolvem manter alguma vinculação em saúde e educação, reduzir o período de vigência da PEC e aplicar uma correção baseada na inflação mais algum percentual que permita um crescimento maior das despesas. O governo, por sua vez, admite que terá de ceder para aprovar a medida. Mas pretende garantir que o limite seja efetivamente aprovado, viabilizando uma queda dos gastos públicos de 19% para 16% do Produto Interno Bruto (PIB) num período de cinco a seis anos. A votação da PEC 241 será o primeiro grande desafio do governo de Michel Temer. Em seguida, virão reformas como a previdenciária e a trabalhista, que certamente provocarão ainda mais descontentamentos em opositores e entidades de classe de todo o país. E, então, deputados e senadores vão contrariar a pressão dos eleitores e votar a favor das reformas? Eis a questão-chave para o novo governo: a dependência do Congresso. Se Temer tiver a habilidade para que deputados e senadores aprovem as medidas amargas, necessárias para enfrentar a crise, sairá bem sucedido ao final dos dois anos e três meses que restam do mandato.
Já conhece o Programa de Relacionamento da SPR? Acesse o site da SPR e conheça os benefícios específicos para cada categoria de asssociação Valorização
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O membro é prioridade na SPR. Os associados têm direito a um período exclusivo de inscrição na JPR e no Curso de Atualização em Imagem (Prof. Dr. Feres Secaf) e estão isentos das taxas de inscrição.
O que nos une é uma relação de confiança mútua, renovada e ampliada nesse novo modelo de relacionamento mais inclusivo e próximo.
Nossa missão é promover excelência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, e isso inclui o associado como figura central desse cenário.
Queremos reforçar a parceria firmada e a confiança construída nestes anos de atuação da entidade e valorizar os esforços em promover o conhecimento na área da Radiologia.
Programa de Relacionamento da SPR Um jeito novo de conectá-lo ao que a Radiologia tem de melhor
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6 • EVENTOS SPR
Germe abre inscrições para Curso Temático Anual O VII Curso Temático Anual do Germe será realizado em 11 e 12 de fevereiro de 2017 no Maksoud Plaza Hotel. Dessa vez, o tema do evento será Quadril. As inscrições abrirão na segunda quinzena do mês – o curso tem tradição de ser muito concorrido e ter vagas esgotadas rapidamente. Por isso, fique atento aos prazos: • Até 31 de outubro, o registro estará aberto exclusivamente aos membros da SPR com a maior taxa de desconto possível; • A partir de 1º de novembro, as inscrições serão disponibilizadas também a não membros, e haverá desconto para quem se registrar até o dia 30 do mês; • O prazo subsequente com desconto termina em 12 de janeiro, quando se encerram as pré-inscrições. Após essa data, inscrições estarão abertas no evento, caso ainda haja vagas disponíveis. Coordenado pelos Drs. Marcelo Novelino Simão, Fabiano Nassar e Felipe Ferreira de Souza, o Curso apresenta um programa dividido em seis módulos: 1. Impacto e Lábio; 2. Próteses e Técnica; 3. Tendões; 4. Displasia e Fraturas; 5. Neuropatias e outras Patologias e 6. Tumores e Alterações Inflamatórias. Caso o inscrito deseje receber pontos para renovação do seu título de especialista junto à CNA-CAP, deve optar por isso no ato de inscrição, assinalando a opção no formulário. Interessados em receber os pontos devem pagar o valor equivalente a 3% do total de sua inscrição – valor que será destinado à Associação Médica Brasileira. Caso o congressista não possa mais comparecer ao curso, pode fazer o cancelamento até 20 de janeiro de 2017 para o e-mail financeiro@spr.org.br. Até essa data, a SPR reembolsará 70% do valor pago. Confira a grade de aulas e faça sua inscrição pelo endereço http://spr.org.br/eventos/cursos-avancados.
18 de outubro Dia do Médico
EVENTOS SPR • 7
Edição 458 – Outubro de 2016
SP recebe 1º Encontro da ECNR-América Latina Pela primeira vez, a Sociedade Europeia de Neurorradiologia (ESNR) e o Conselho Europeu de Neurorradiologia (EBNR) trarão à América Latina o seu principal curso, o European Course of Diagnostic and Interventional Neuroradiology. Obrigatório para os neurorradiologistas europeus e pré-requisito para a realização da prova do EdiNR (Título de Especialista Europeu em Neurorradiologia), o curso chega ao Brasil graças a uma parceria inédita das entidades europeias com a SPR para beneficiar os profissionais da América Latina – fará parte dos Cursos Avançados da Sociedade. Denominado European Course of Diagnostic and Interventional Neuroradiology in Latin America – 1st Cycle • Module 1: Anatomy and Embryology, será realizado pela SPR de 8 a 11 de feverei-
Você já resolve quase tudo pela internet. O seu dia a dia na clínica não podia ser diferente. ClickVita é uma plataforma integrada que permite o agendamento e entrega de exames on-line 24 horas por dia, a qualquer dia da semana. Uma ferramenta que simplifica a rotina de clínicas, médicos e pacientes, com acesso rápido, seguro e conveniente para melhorar o desempenho do seu negócio. pixeon.com | 11 2146.1300
ro de 2017, no Maksoud Plaza Hotel, em São Paulo. As inscrições estão abertas a membros e não membros da SPR – membros pagam o mesmo valor, com desconto, até 20 de janeiro; já não membros e sócios de outras entidades têm desconto diferenciado até 27 de outubro e, depois, até 20 de janeiro, quando se encerram as pré-inscrições. Após essa data, só estarão disponíveis no local do evento, sem desconto, de acordo com a disponibilidade de vagas. Intenso, o programa científico será oferecido por meio de aulas teóricas na parte da manhã, dadas em sua maioria pelos professores estrangeiros, com tradução para o português e espanhol, e workshops à tarde, coordenados simultaneamente por dois professores. A programação e outras informações estão disponíveis em https://goo.gl/mcVkQZ.
Ao fim do curso, será dado certificado de participação àqueles que atingirem a frequência necessária, também endossado pela SBNR. Haverá, ainda, uma prova sobre o conteúdo apresentado para treinamento dos participantes, e os aprovados receberão um certificado à parte da EBNR. O curso é equivalente e apresenta o mesmo valor dos cursos realizados pela ESNR/EBNR na Europa. O 1st Cycle • Module 1: Anatomy and Embryology será o primeiro evento de um total de quatro cursos. Os três restantes serão realizados em 2018, 2019 e 2020. Quem cursar os quatro módulos em São Paulo e realizar a prova final poderá prestar a prova do EdiNR (Título de Especialista Europeu em Neurorradiologia) na Europa. Mais informações sobre o título em http://goo.gl/LQ6z8G.
8 • JPR’2017
JPR’2017 discute as relações humanas na prática médica Ainda que um tema muito abordado em discussões, palestras e congressos, humanizar a relação entre profissionais da Saúde e seus pacientes é ainda um objetivo, e não a realidade. Entendendo a importância dessa questão, a SPR trará luz ao tema durante a 47ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR’2017), de 4 a 7 de maio, em São Paulo. Organizado em parceria com a Sociedade Francesa de Radiologia (SFR), o evento terá como tema principal Radiologia Francesa: as Relações Humanas e a Boa Prática Médica. Como de praxe, são esperados professores de todo o Brasil e de diversos países do mundo para cumprir uma programação inovadora, questionadora e dinâmica neste que é o principal evento da especialidade na América Latina. O programa científico será divulgado em breve. Já as inscrições serão abertas na segunda quinzena do mês no endereço www.jpr2017.org.br, e o primeiro prazo é totalmente dedicado aos membros da SPR, que, estando em dia com suas obrigações financeiras, têm seu registro feito no evento gratuitamente no período de pré-inscrição. Em dezembro, as vagas estarão disponíveis também a não membros, que contarão com prazos diversos para obter descontos. Todas as informações estarão disponíveis no site do evento. Acompanhe, também, notícias constantes no site da SPR – www.spr.org.br – na newsletter semanalmente enviada pela entidade e nas próximas edições do Jornal da Imagem.
Dr. Alfredo Buzzi
Dr. Alfredo Buzzi: Medicina, humanização e arte Ao iniciar os trabalhos para a JPR’2017, a Diretoria da SPR constatou que, para falar sobre relações humanas e prática médica, seria interessante selecionar como imagem do cartaz do evento uma obra de arte que expressasse essa relação. Dessa forma, buscou-se a ajuda do Dr. Alfredo Buzzi, ex-presidente da Sociedade Argentina de Radiologia (SAR), de 2009 a 2016, parceiro antigo da SPR, grande apreciador de obras de arte e colecionador de livros nesta área.
Dr. Buzzi, que prontamente aceitou a tarefa, conta, aqui, como selecionou a imagem em questão e a importância que o tema tem para os profissionais radiologistas, em uma verdadeira aula de História e de comprometimento com a ciência e o paciente.
“Para escolher uma obra de arte que represente relações humanas e boa prática médica, é preciso primeiro determinar quando começou essa “boa prática médica”, ou, pelo menos, quando a Medicina começou a ter prestígio na população como uma ciência e uma arte para curar, e algo que realmente oferecesse algo de positivo para o paciente. As obras representam o seu tempo, e seria inútil procurar uma pintura que represente a boa prática médica antes que as ações dos médicos fossem consideradas como tal. Enquanto a medicina é tão antiga como o homem (desde os tempos pré-históricos, houve a necessidade de aliviar o sofrimento), aceita-se que começou a ser uma ciência por volta de 500 a.C., pois só então foi reconhecido que a doença é originada por uma série de fenômenos naturais suscetíveis de serem modificados ou revertidos (e não devido à ira dos deuses, possessão demoníaca, mágica ou pecados do doente). Mas foi preciso passar muitos séculos para se alcançar a apreciação médica de respeito e reputação que se tem hoje. Ainda no século XVII, a profissão médica não gozava de prestígio entre a população: havia pouco conhecimento biológico de doenças, muito poucos medicamentos e remédios eficazes, a cirurgia era limitada a lesões superficiais ou feridas de guerra (sem anestesia ou antibióticos, ou controle do sangramento) e o mundo estava cheio de charlatões que desacreditavam ainda mais a profissão. Descobertas e avanços nos séculos XVIII e XIX forneceram à Medicina mais ferramentas científicas para cuidar do doente e mesmo do homem saudável (prevenção). O estudo da História mostra que a Medicina se modificou mais entre 1730 e 1800 do que entre 1100 e 1700. Até o fim do século XIX, o papel da Medicina é assumido colocando-se o paciente no centro: “Curar raramente, aliviar muitas vezes, dar conforto sempre”. Assim, se desenvolvia a chamada “medicina social” (anterior à saúde pública).
JPR’2017 • 9
Edição 458 – Outubro de 2016
A obra de arte Ciência e caridade, de Pablo Picasso, que ilustra o cartaz da JPR’2017
Em paralelo, em meados do século XIX surgiu um movimento artístico e literário chamado “realismo social”, que procurava destacar problemas sociais, a chamada “questão social”. Foi proposto para representar a vida e os costumes da sociedade da época, sem maquiá-los ou esconder o seu lado mais difícil. Foi uma corrente predominante nas camadas mais conservadoras da época, com projeção de sentimentos filantrópicos e interesse no progresso da ciência. Esses trabalhos mostraram cenários pobres ou vulgares de expor as preocupações das classes superiores em relação ao progresso nos âmbitos científico, cultural e social. A pintura hospitalar, como subgênero do realismo social, teve seu auge nos anos 1880 e 1890. Artistas de várias nacionalidades encontraram nesta corrente uma via que lhes garantiu fama. Eu diria que, apenas dentro deste movimento artístico de meados do século XIX, vários trabalhos aparecem mostrando o que hoje entendemos como “boa prática médica”. A obra chamada Ciência e Caridade, tem como autor Pablo Picasso! Sim, Picasso, o pintor cubista de excelência, pintou esta obra realista. Ele fez isso quando tinha 16 anos, seguindo uma ideia de seu pai (que
tinha descoberto as qualidades artísticas de seu filho), para participar na Exposição Nacional de Belas Artes, realizada em Madri em 1897. O tema, a ideia, a composição e o título da obra partiram do pai de Picasso, e nela se refletem as influências do tempo: a busca do efeito luminoso herdado do impressionismo, e certo provincianismo que se mescla com a intenção social e humanitária de alguns modernistas. A cena apresenta um médico, vestido em um terno, tomando o pulso de uma enferma na cama em uma câmara modesta (a parede abaixo da janela é jateada, há apenas um pequeno espelho pendurado na parede, a borda do cobertor cobrindo a cama é desgastada). Toda a atitude do profissional (com suas costas retas, separadas da parte de trás da cadeira, as pernas abertas) e sua concentração (face franzida, os olhos fixos em seu relógio) são dedicadas ao ato médico a ser feito: medição de um sinal vital que pode lhe dar informações para ajudar a determinar o diagnóstico ou prognóstico do paciente. Representa a ciência envolvida na assistência ao paciente. Ao mesmo tempo, uma freira de rosto amigável oferece ao paciente uma tigela, certamente com uma bebida quente, enquanto segura uma
criança, provavelmente filha da paciente. Ela representa a caridade. A paciente, magra, rosto refinado e dedos longos e finos (provavelmente tuberculosa) olha o vazio sentindo a proximidade do fim. Picasso parece explicar, de acordo com a moral da época, que a união da ciência e da caridade é necessária para a recuperação do paciente, que precisa de apoio, científico e espiritual. O tema resume o sentimento popular do fim do século XIX que, embora considerasse os médicos como heróis a serviço da humanidade, mantinha a confiança na caridade de ordens religiosas. No fim do século XIX, a Medicina experimentou um grande desenvolvimento, e o médico era uma figura hierarquizada e conhecida por todas as camadas sociais, que, mais cedo ou mais tarde, precisavam de seu serviço Mas também na maioria dos hospitais ainda eram as freiras que ajudavam os doentes, movidas pela ideia de serviço e ajuda desinteressada a pessoas com deficiência. Sua presença foi reconfortante em uma sociedade em que a religião condicionava sua moral e valores. Esta obra recebeu uma Menção Honrosa no Salão Nacional de Belas Artes, realizado em 1897 e, mais tarde, uma medalha de ouro na Ex-
posição Provincial de Málaga. Sem dúvida, é uma magnífica pintura de um menino de apenas 16 anos. Esta busca também me levou a refletir sobre a prática médica atual. A medicina atual mantém os valores representados nesta e em outras obras da época? Mudaram as ‘boas práticas médicas’? Seria tolice negar o progresso da Medicina nas últimas décadas. O alargamento e aprofundamento do conhecimento em biologia, patologia, farmacologia e técnicas a serviço da arte médica levaram o olhar médico a penetrar no nível molecular. Sem querer fazer uma leitura crítica do progresso da Medicina, acredito que nós podemos concordar em alguns pontos. A Medicina tornou-se mais complexa e é impossível cobrir todas as áreas. Esta especialização a subdividiu e, assim, fragmentou o doente. A Medicina tem se modernizado e, de alguma forma, distanciou-se do paciente. Estas mudanças (que certamente poderiam ser analisadas com maior detalhe) têm produzido uma notável mudança na relação médico-paciente, acompanhada por uma insatisfação significativa pelos pacientes e suas famílias sobre o que a Medicina lhes oferece. Devemos considerar também que há agora um longo processo burocrático (e às vezes limitante) que o paciente deve atravessar para chegar ao médico. Paradoxalmente, parece que o prestígio da Medicina, que cresceu a partir do século XVII, começou a cair a partir do fim do século XX e início do XXI. Pessoalmente, acho que a Medicina como Pablo Picasso a pintou já não existe. Essa Medicina simples, direta e com poucos atores (o médico, às vezes com um assistente, o paciente e sua família) é a representação de um tempo e de uma prática médica que não existem mais. Claro que a ideia não é negar o avanço da ciência e tecnologia. Mas a História nos ensina que nem todo o progresso é reto, mas alguns tomam direções que são, por vezes, necessárias corrigir. Muitos concordam que devemos refletir sobre a perda desse tipo de relação médico-paciente. E eu acho que essa é a boa notícia: a nossa é uma das poucas profissões que engendrou em seu interior a crítica superadora e a discordância intelectual frutífera. Devemos a nós e aos nossos pacientes esta reflexão.”
10 • EVENTOS SPR
Ultrassonografia e Oncologia são temas em Bauru
O quinto encontro do ano do Clube Manoel de Abreu foi realizado em Bauru, de 16 a 18 de setembro. A coordenação ficou sob responsabilidade dos Drs. Antonio Carlos P. C. Castro, Rogério Goes Wanderley e João Abdo Neto (anfitriões) e Nelson Caserta (presidente do CMA). O conteúdo científico apresentado foi rico e conduzido por grandes nomes da radiologia. As aulas foram apresentadas em duas salas simultaneamente. A sala de Ultrassonografia contou com os Drs. Décio Prando, Sérgio Kobayashi e Marcus Vinicius Nascimento Valentin como professores. Já a sala de Oncologia teve os Drs. Murilo Bicudo Cintra e Thiago Jose Penachim, além do Dr. Valentin. Após as aulas do sábado, houve os tradicionais eventos sociais do CMA, que contribuem para a integração dos participantes e seus familiares. No jantar, houve muita animação com André Turco e banda, com direito a canja do Dr. Rogério! A manhã do domingo foi tomada pela tradicional apresentação de casos. Após a apresentação de oito temas, os coordenadores se reuniram para apontar os melhores do dia. Confira:
Colocação
CASOS PREMIADOS EM BAURU Dra. Ana Patrícia Freitas Vieira, ganhadora do Melhor Caso Geral – Discussão e do Melhor Caso Residente
Dr. Fernando Dias Couto Sampaio
Dr. Rodolfo Mendes Queiroz
Dr. Jhonata Soares da Silva
Dr. Ivo Roberto dos Santos Cardoso
Nome
Caso
Instituição
Prêmio
Oferecido por
Ana Patrícia Freitas Vieira
Vasculite do Sistema Nervoso Central por Uso de Drogas Abusivas
UNESP – FMB – Botucatu
Tablet
Konimagem
2º lugar
Fernando Dias Couto Sampaio
Tumor Fibroso Solitário da Pleura
Documenta – Hospital São Francisco – Ribeirão Preto
Multiprocessador de alimentos
Penta Médica
3º lugar
Rodolfo Mendes Queiroz
Neurocitoma Central Extraventricular Selar / Suprasselar
Documenta – Hospital São Francisco – Ribeirão Preto
Livro InRad – Casos Clínicos
SPR
4º lugar
Jhonata Soares da Silva
Linfoma Inclassificável com Características Intermediárias entre o Linfoma de Burkitt e o Difuso de Grandes Células B
UNESP – FMB – Botucatu
Livro InRad – Casos Clínicos
SPR
5º lugar
Ivo Roberto dos Santos Cardoso
Linfoma Ósseo Primário
UNESP – FMB – Botucatu
Livro InRad – Casos Clínicos
SPR
Ana Patrícia Freitas Vieira
Lipossarcoma Pleomórfico Primário do Osso
UNESP – FMB – Botucatu
Estágio em São Paulo
Mallinckrodt
Melhor Caso Geral – Discussão
Melhor Caso Residente
EVENTOS SPR • 11
Edição 458 – Outubro de 2016
O EVENTO EM IMAGENS
EMPRESAS PARCEIRAS
Confira os contatos destas empresas na página 30 desta edição.
12 • EVENTOS SPR
CMA encerra 2016 em Ribeirão Preto O último Clube Manoel de Abreu do ano será realizado na cidade de Ribeirão Preto entre os dias 21 a 23 de outubro, no Hotel JP. A coordenação do evento ficará a cargo dos Drs. Henrique Trad, Mário Muller Lorenzato, Mauro Brandão (anfitriões) e Nelson Caserta (presidente do Clube). Os participantes podem esperar por assuntos bastante atrativos para as aulas de sábado. Dois temas principais serão apresentados pelos profissionais convidados, sendo uma sala específica para Coluna Vertebral e Medicina Esportiva e a outra para Complicações, Inflamações e Infecções. Segundo o Dr. Nelson Caserta, presidente do CMA, “essa é a primeira vez que haverá uma sala exclusiva para essa temática, que inclui doenças inflamatórias, infecções, abscessos, complicações de doenças e intervenções. A participação no encontro é livre e os membros da SPR podem desfrutar gratuitamente de todos os benefícios oferecidos (aulas, almoço e jantar). Os radiologistas e residentes não associados pagam uma taxa de R$ 350 pela participação, destinada exclusivamente ao custeio das refeições. Os acompanhantes dos membros da SPR (um adulto e duas crianças com até 8 anos) são isentos para participação da programação social; já os acompanhantes dos não membros e os demais acompanhantes dos membros da Sociedade efetuam o pagamento de R$ 200 para participar das atividades sociais do evento. As inscrições são sempre feitas no local do evento, no sábado, antes do início das aulas. Confira a programação e as opções de hospedagem e programe sua ida a Ribeirão!
Opções de hospedagem Hotel JP (local do evento) http://www.hoteljp.com.br/ (16) 2101-1400 | 3629-1351 0800-707-3470
Hotel Oásis Tower (5 km do evento) https://goo.gl/9NPqMg (16) 3878-3031 | 3878-300 0
Hotel Sleep Inn (1,5 km do evento) https://goo.gl/oKHq7Q (16) 3019-8300
21 de outubro de 2016 – Sexta-feira 20h00
22 de outubro de 2016 – Sábado 08h00 às 9h00
Credenciamento
09h00 às 09h30
Complicações, Inflamações e Infecções do Mediastino, Pleura e Parede torácica – Dr. Danilo Wada
Sala 1 – Complicações, Inflamações e Infecções 09h35 às 10h05
Infecções Pulmonares no Paciente Imunocompetente – Dr. Danilo Wada – Ribeirão Preto
10h05 às 10h30
Intervalo
10h30 às 11h00
Infecções Pulmonares no Paciente Imunodeprimido – Dr. Pablo Rydz P. Santana - São Paulo
11h05 às 11h35
Abdome Agudo Bariátrico – Dr. Giuseppe D’Ippolito - São Paulo
11h40 às 12h10
Abdome Agudo Inflamatório: Diagnóstico Diferencial – Dr. Giuseppe D’Ippolito
12h00 às 14h00
Almoço
14h00 às 14h30
Meningites: Aspectos por Imagem e Complicações – Dr. Lucas Abud - Ribeirão Preto
14h35 às 15h05
Doenças Inflamatórias do Trato Urinário – Dr. Valdair Muglia – Ribeirão Preto
15h10 às 15h40
Lesões Iatrogênicas das Vias Biliares – Dr. Giuseppe D’Ippolito
15h45 às 16h15
Dez Erros Frequentes na Interpretação da TC do Abdome – Dr. Giuseppe D’Ippolito
16h20 às 18h00
Trucochope e Futechope
20h00 às 23h00
Jantar de Confraternização
09h00 às 09h30
Escoliose e Outros Desvios Vertebrais – Dr. Marcello Nogueira Barbosa - Ribeirão Preto
Sala 2 – Coluna Vertebral e Medicina Esportiva 09h35 às 10h05
Mielites e Mielopatias – Dr. Antônio Carlos dos Santos – Ribeirão Preto
10h00 às 10h30
Intervalo
10h30 às 11h00
Discopatia Degenerativa: Conceitos Atuais – Dr. Paulo Agnollitto - Ribeirão Preto
11h05 às 11h35
Espondilodiscite – Dr. Alessandro Mello - Ribeirão Preto
11h40 às 12h10
Problemas e Soluções na Coluna Vertebral – Dr. Mauro Brandão – Ribeirão Preto
12h00 às 14h00
Almoço
14h00 às 14h30
Impactos do Quadril – Dr. Claudio Laguna – Ribeirão Preto
14h35 às 15h05
Lesões Ligamentares do Joelho – Dr. Mario M. Lorenzatto – Ribeirão Preto
15h10 às 15h40
Lesões Tendíneas e Ligamentares do Tornozelo – Dr. Everaldo Gregio – Novo Horizonte
15h45 às 16h15
Achados Típicos e Variantes Decorrentes da Luxação Traumática do Ombro – Dr. Marcelo Simão - Ribeirão Preto
16h20 às 18h00
Trucochope e Futechope
20h00 às 23h00
Jantar de Confraternização
23 de outubro de 2016 – Domingo
Hotel Oásis Plaza (4 km do evento) https://goo.gl/8ZqDg3 (16) 3024-3047 | 3024-3000
Happy Hour de Boas-Vindas
9h00 às 12h00 12h00
Apresentação e discussão de casos selecionados Almoço de Encerramento com premiação dos melhores casos apresentados
EVENTOS SPR • 13
Edição 458 – Outubro de 2016
Cardio: protocolos, artigos selecionados e novos trabalhos Evento didático ofereceu informações desenvolvidas por serviços renomados e conteúdo extremamente específico para enriquecer discussões O IX Encontro Nacional de Radiologia Cardíaca, parte dos Cursos Avançados da SPR, foi realizado no último fim de semana de agosto – 26 a 28 – em São Paulo, e reuniu especialistas da radiologia e da cardiologia brasileiros e estrangeiros para discutir o que há de mais inovador na área. O evento teve o apoio da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (SOCERGS), da Sociedade de Radiologia do Rio de Janeiro (SRad-RJ), da Associação Paulista de Medicina (APM) e do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). Também contou com dois parceiros internacionais: as Sociedades Cardiovasculares norte-americanas de Tomografia Computadorizada e de Ressonância Magnética. Foi coordenado pelos Drs. Andrei Skromov de Albuquerque, Henrique Simão Trad, Marcelo Souto Nacif, Otavio Rizzi Coelho Filho, Roberto Caldeira Cury e Walther Yoshiharu Ishikawa – confira a cobertura!
2º Fórum de Cardiopatia Congênita: Iniciação
Na manhã de sexta-feira, a Sala Minas Gerais recebeu o 2º Fórum de Cardiopatia Congênita na parte da manhã – módulos de Iniciação, coordenado pelo Dr. Walther Ishikawa, e Avançado, sob tutela da Dra. Cintia Acosta Melo. Dra. Áurea de Souza, da Universidade Federal Fluminense, abriu as aulas, falando sobre Embriologia das Cardiopatias Congênitas. Explicou que é importante entender a revisão clínica, aprendida geralmente no primeiro semestre da faculdade, mas
que não pode ficar esquecida na vida do médico. “Aproveito para elogiar o evento como um todo – está muito bem organizado e os temas são excelentes”, afirmou. Dra. Cintia Melo, da Med Imagem/Beneficência Portuguesa discorreu sobre TC – Protocolo Básico de Aquisição e Dicas Práticas. Ela lembrou que a TC multislice, de 1998, revolucionou a avaliação angiográfica não invasiva. Disse que o exame deve ser muito bem planejado e individualizado, e vários
aspectos devem ser considerados, como se o paciente precisará de sedação ou de anestesia e o uso de contraste, entre outros. Em seguida, Dr. Henrique Simão Trad, de Ribeirão Preto, também abordou protocolo básico e ofereceu dicas práticas – desta vez, em RM. Ele procurou mostrar um pouco da cardiopatia congênita, frisou que, antes de entrar em sala, é preciso fazer algumas definições – como quem é o paciente, criança ou adulto – e falou sobre
sequências que acha interessante usar, como a SSFP Bright Blood e a Cine SSFP, entre outras. A última aula da primeira parte foi liderada pelo próprio Dr. Walther, intitulada Análise e Laudos: Dicas Práticas. Discutiu a antiga análise segmentar sequencial, que tenta organizar a forma de olhar a TC e a RM para ajudar a desenvolver um melhor laudo. “Em tese, é aplicada para qualquer doença, por mais complexa que seja, mesmo para combinações ainda não descritas”, frisou.
14 • EVENTOS SPR
2º Fórum de Cardiopatia Congênita: Avançado Após o intervalo, iniciou-se o módulo Avançado, e Dr. Walther iniciou conduzindo a aula Limitações da TC e RM – Dicas Práticas. “Na tentativa de saber exatamente nossas falhas, trouxemos aqui os nossos pontos fracos. Essa minha apresentação não é estrutural; são ideias e casos de que lembrei, nos quais tivemos limitações e dificuldades”, ele afirmou, abordando inicialmente resolução temporal espacial. Em seguida, Dra. Samira Morhy, do Hospital Albert Einstein, conduziu a aula Onde o Eco é Claramente Superior à TC e RM?. Ela iniciou frisando que os métodos são complementares, e não existe um melhor do que o outro. Lembrou que as sociedades têm desenvolvido diretrizes e protocolos de estudo para o eco, a ressonância e a tomografia, e finalizou ressaltando que o ecocardiograma permanece como a primeira modalidade diagnóstica em cardiopatias congênitas e que todos os pacientes encaminhados para TC e RM devem ter um ecocardiograma prévio: “A RM e a TC devem ser utilizadas para responder uma pergunta específica nos casos em que o eco for insuficiente”, disse. Dr. Rodrigo Nieckel da Costa, do Instituto Dante Pazzanese, Hospital do Coração e Hospital Israelita Albert Einstein, na sequência, falou sobre Hemodinâmica: o que espero da TC e RM nas CC. “O que espero da TC e da RM no pré, no intra e no pós-procedimento? No pré, elas me ajudam
no planejamento. No intra, auxiliam na execução, e, no pós, a fazer um seguimento desse procedimento, dessas intervenções, com suas possíveis complicações. A ideia também é evitar procedimentos, cateterismos diagnósticos ou terapêuticos”, explicou. Sobre o evento, disse: “Participei do curso pela primeira vez. No momento em que você vai dar aula, você
acaba se forçando a estudar coisas que não são da prática do dia a dia, e é um ótimo mecanismo para você se manter atualizado, estudar cada vez mais e para visualizar aulas de outros colegas, que atuam ou não com você, e de especialidades que não fazem parte da sua rotina, mas que são cada vez mais adjuntas. Em Medicina, a ideia do multidisciplinar está cada vez mais próxima. Meu relacionamento com os radiologistas dos meus serviços é ótimo, e a troca de informação com os grupos é sensacional.” Dra. Patrícia de Oliveira, do Hospital do Coração, encerrou a manhã, conduzindo o tema inicialmente intitulado de Cirurgia: o que é importante e frequentemente falta no laudo?. “Pedirei licença para alterar um pouco o título da aula, pois trabalho com pessoas muito capacitadas que não deixam faltar nada no laudo. Aprendo muito com os radiologistas.
Assim, vou falar sobre o que é importante e não deveria faltar no laudo”, afirmou. Lembrou que é muito importante que o radiologista que vai interpretar o exame de RM ou TC tenha um conhecimento profundo de anatomia e fisiocardiopatia das patologias congênitas. “Sabemos que o eco é a primeira escolha, porém a TC tem muito espaço, principalmente para avaliar as estruturas fora do coração – anatomia dos vãos e coração, via respiratória e parênquima pulmonar”, explicou. Já a RM, lembrou que, entre outros, ajuda a identificar os tumores cardíacos, apesar de serem raros. Sobre o evento, ela afirmou: “Participei deste curso no ano passado. Esse tipo de conteúdo ajuda muito. Convivo com gente muito competente, mas, às vezes, a gente vê em outros hospitais pessoas que não estão habituadas a fazer esse tipo de exame. É muito importante que todos os radiologistas tenham conhecimento para saber por que pedimos o exame e nos dar as informações que necessitamos.” Na parte da tarde, a sala abrigou análise de casos do fórum. Foram discutidos casos de: Aorta/SHCE; Fallot/Atresia Pulmonar; Retorno Venoso Anômalo/CIA; TGA/TcCGA; Isomerismos; DVSVD e Ebstein; e Miocárdio. Também foi realizada uma mesa redonda com o tema Como a TC e RM poderiam nos ajudar mais?.
Princípios Básicos de TC Cardíaca Na tarde de sexta, a Sala Rio de Janeiro recebeu o módulo de Princípios Básicos de Tomografia Computadorizada Cardíaca, moderada pelos Drs. Andrei Skromov de Albuquerque e Roberto Sasdeli Neto. Dr. Andrei, que atua na FMUSP, no Fleury e no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, conduziu a primeira palestra, chamada Protocolos de Aquisição e Redução de Dose. “Para você conseguir fazer um protocolo bem feito ou um exame com boa dose de radiação, é preciso fazer um bom preparo para o paciente, e vou passar algumas dicas práticas para isso. O paciente
tem que ter uma boa experiência, não pode ficar traumatizado pelo exame. Quanto melhor o controle de frequência e a explicação que você fornece ao paciente sobre
como é o exame, mais seu exame será de qualidade – e assim você conseguirá exagerar mais na redução de radiação e no volume de contraste”, explicou. Apresentou, então, um protocolo otimizado de injeção de contraste para, em seguida, fazer uma abordagem completa sobre radiação. Em seguida, Dr. Roberto Sasdeli, que atua na FMUSP, no Hospital Israelita Albert Einstein e no Centro Diagnóstico Brasil, assumiu, falando sobre Padronização de Laudos: Tipos de Placas e Demais Achados. Enumerou os tipos de placas, dividindo-os em com remodelamento
positivo e negativo. Discorreu sobre as placas estáveis e as vulneráveis para, então, discutir casos. Ao concluir, falou sobre as placas calcificadas, parcialmente calcificadas e não calcificadas e sobre outros achados – relevantes para doenças cardiovasculares e dor torácica e relevantes para doenças pulmonares.
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Dr. Afonso Shiozaki
Dr. Marcelo Souto Nacif
Dra. Flávia Junqueira
Dr. Clério Azevedo
Princípios Básicos de RM Cardíaca Após o intervalo, foi apresentado o módulo Princípios Básicos de Ressonância Magnética Cardíaca, que contou com a moderação dos Drs. Marcelo Souto Nacif e Otávio Rizzi Coelho Filho. Dr. Afonso Shiozaki, que atua no Hospital do Paraná, em Maringá, abriu falando sobre o Desafio do Paciente com Arritmia (Artefatos e Soluções). Abordou o uso da lidocaína e as respostas obtidas diante de doses específicas. “Você pode usar uma segunda dose se for preciso, mas aumenta a chance de efeitos colaterais”, alertou. “Sempre utilizo a possibilidade de fazer a droga no momento do exame que acho mais crítico; nunca cheguei perto do limite dela”, esclareceu. Também discutiu o exame sob apneia livre e mostrou um caso em que o uso de sulfato ferroso alterava o resultado das imagens, causando artefato.
Dr. Roberto Caldeira Cury, do Hospital Samaritano, do Alta e do Delboni, deu prosseguimento, falando sobre Perfusão do Estresse: Estática e Dinâmica (Protocolos e Aquisição). “Começo pelo raciocínio da perfusão de estresse: o significado funcional das estenoses coronarianas encontradas na angio TC de coronária é incerto. Também, um único teste que combine a avaliação anatômica coronariana com o significado funcional da perfusão miocárdica seria importante e benéfico”, afirmou. Apresentou um quadro comparando a perfusão dinâmica – aquisição das imagens num mesmo ponto durante um determinado intervalo de tempo – à estática – imagem estática em um único momento. Para falar sobre Tomografia no TAVI: Dicas Práticas, foi convidado
Dr. Nacif, da Universidade Federal Fluminense, assumiu para falar sobre o tema Envelhecendo Assintomático – Com ou Sem Fibrose Miocárdica?. “A gente consegue fazer distinção de prognóstico entre pessoas que têm ou não fibrose miocárdica, e é nosso papel levar isso para o especialista”, anunciou. Comparou a expectativa de vida entre Brasil e Estados Unidos e discorreu sobre os fatores de riscos em adultos, também nos dois países. No Brasil, o grande problema é a quantidade de hipertensos não tratados. A doença cardíaca isquêmica continua a ser a maior causa de morte nos dois destinos, mas, nos Estados Unidos, esse dado vem caindo. “Os exames de imagem têm suas importâncias: a tomografia para o escore de cálcio, e a ressonância, para a detecção de fibrose”, definiu.
Em seguida, Dra. Flávia Junqueira, do DASA e do Lavoisier, apresentou a palestra Quantificações em RM Cardíaca na Prática Clínica (Volumes e Função, Realce e Fluxo): Dicas Práticas. Abordou os dois tipos de CineRM, o apneia e o em tempo real. Enumerou, então, diversas dicas práticas para o Cine: “Primeira coisa importante é saber localizar seus cortes iniciais, pois os demais serão programados de acordo com eles”. Dr. Clério Azevedo, da UERJ e da DASA, abordou, então, o Valor Prognóstico da RM Cardíaca. “É um prazer estar de novo aqui neste encontro – para mim, é o melhor encontro nacional de quem faz o método na área, sem dúvida!”, disse. Para discutir o tema, se baseou em uma série de artigos. Encerrando a sexta-feira, Dr. Otávio, da UNICAMP, conduziu o
Dr. Otávio Rizzi Coelho Filho
tema GCMR – Global CMR Registry. Ele afirmou: “Esse evento já se solidificou como talvez o mais importante em RM e TC, e é muito gratificante ver os nossos palestrantes mostrando os nossos trabalhos, além de ver que o Brasil está realmente inserido nesse contexto global”. Apresentou registro idealizado pelo Dr. Raymond Kwong, que a SCMR passou a oferecer a todos os membros.
Lunch Meeting o Dr. Tiago Magalhães, do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital do Coração. “É um prazer e uma honra estar aqui dividindo este espaço com vocês. Fiquei contente com o convite porque, geralmente, o emprego do TAVI para a programação do implante de válvula aórtica é algo que absorve um impacto muito grande,
não só no meio cientifico, mas também na mídia, aproveitando o apelo junto aos pacientes de uma técnica minimamente invasiva”, afirmou. Ressaltou, também, que o que motiva cada vez mais a usar essa técnica são os resultados de estudos como os que exibiria na aula.
No almoço do sábado, a GE Healthcare ofereceu uma mesa redonda para discutir casos de tomografia cardíaca. O encontro foi conduzido pelos Drs. Roberto Cury, Ilan Gottlieb e Marcelo Zaparoli, e contou com apresentação da GE Healthcare.
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Módulo da Society for Cardiovascular Magnetic Resonance A manhã do sábado se iniciou com o módulo da Society for Cardiovascular Magnetic Resonance (SCMR), que possibilitou a presença de professores estrangeiros, e moderado pelos Drs. Marcelo Nacif, Carlos Eduardo Rochitte e Cesar Nomura. A aula de abertura foi conduzida pelo Dr. James Carr, da Universidade de Northwestern, intitulada RMC para Avaliação de Isquemia Miocárdica e Viabilidade. “Agradeço muito por nos convidar; é minha primeira vez no Brasil, tenho muitos trainees do País no programa de fellowship na minha instituição, e gostaria de convidar mais pessoas interessadas em ir para Chicago”, afirmou. Ele iniciou a aula lembrando que RM e TC são as grandes novidades para testes cardíacos. “Para doenças isquêmicas, temos a geografia da RM coronária; imagem de perfusão
de estresse; e imagem aprimorada tardia, sobre as quais vou falar em detalhes”, afirmou. Citou como tecnologia da vez a CineRM rápida com detecção comprimida; RM bem-sucedida de pacientes com desfibrilador cardíaco implantável. Dra. Vanessa Ferreira, que atua no Reino Unido, abordou a Utilidade da RMC na Avaliação de Pacientes
com Dor Torácica Aguda, Troponinas Positivas e Coronárias Pérvias. Começou questionando o que deve ser dito ao paciente – qual o diagnóstico, o tratamento, pode levar uma vida normal, com trabalhos e viagens, por exemplo, para discutir os desafios de se fazer um diagnóstico devido aos diversos diagnósticos diferenciais. “Um paciente com dor aguda no tórax, é seguro enviá-lo para casa?”. Discorreu,
então, sobre como a imagem de RM cardíaca pode ajudar esses pacientes. Dr. Carr voltou ao púlpito para falar sobre RMC na Avaliação de Shunts e Gradientes – o Papel da Imagem de Fluxo. Iniciou com a discussão de um caso para, então, interromper e discutir a técnica de RM de contraste de fase. Também abordou o 3-codificação de fluxo direcional – mostrou como codifica a imagem em uma direção, e frisou que há outras duas possíveis. Voltou, então, para o caso. Resumiu achados de RM e falou sobre outras aplicações clínicas do 4D Flow. Concluindo, disse que a RM 4D Flow é uma ferramenta muito poderosa para caracterizar o fluxo em territórios vasculares diferentes. “Faz indicações clínicas numerosas, incluindo doença cardíaca congênita e hipertensão pulmonar. Suas principais limitações são tempos longos de aquisição e pós-processamento complexo.”
Módulo da Society of Cardiovascular Computed Tomography Após o intervalo, iniciou-se o módulo da Society of Cardiovascular Computed Tomography (SCCT), moderado pelos Drs. Roberto Cury e Andrei de Albuquerque. Dr. Juliano de Lara Fernandes abriu apresentando a aula Os Cinco Principais Estudos sobre Tomografia. “Tentei sintetizar nesses cinco trabalhos os principais temas importantes desde o último encontro - score de cálcio e impacto clínico; coronary artery calcium (CAC); angiotomografia; FFR-CT; a nova diretriz sobre como abordar clinicamente dor torácica aguda.” Dr. Paulo Schvartzman, do Hospital Moinhos de Vento e Mãe de Deus (RS), foi o próximo a falar sobre Angiotomografia na Sala de Emergência. “Tem mais de 1.500 artigos na literatura sobre esse tema; busquei artigos que mostram o histórico de porque usamos a angio TC na sala de emergência e quando utilizá-la, uma metanálise que mostra todos os achados, e foram esses que busquei para trazer aqui.” O tema CAD-RADS: o que Há de Novo em Laudos de Angio TC Coronárias foi conduzido pelo
Dr. Juliano de Lara Fernandes
Dr. Roberto Cury. “Vamos discutir um pouco essa parametrização do laudo, seu intuito e objetivo”, disse. Apresentou a tabela Reporting and data system for patients presenting with stable chest pain – Cad-Rads de 0 a 5 mais o N. “O 1, por exemplo, apresenta estenose mínima, menor do que 25%; o 5 chega a 100% (oclusão total); e o N é o não diagnóstico.” Dr. Leonardo Sara falou, então, sobre Placa Instável na SCA – O que a TC pode Contribuir?. Definiu a síndrome coronária aguda e exibiu os diferentes tipos de placas vulneráveis. Finalizando as aulas, Dr. Marcio Bittencourt palestrou sobre Angio-
Dr. Marcio Bittencourt
tomografia como Valor Prognóstico: será o Melhor Método?. Afirmou que a resposta pra essa pergunta é “depende”: “Vou me ater aos pacientes sintomáticos. Mudei a pergunta: vou comprovar que ela é o melhor método e mostrar o porquê.” Dis-
cutiu prognóstico e avaliação de isquemia; TC e mortalidade; TC e teste ergométrico; e tipo de placa. “A tomo é o exame em que a gente conseguiu ver que muda o que os clínicos fazem, e que tem impacto na vida dos pacientes.”
Registros e Estudos Multicêntricos no Brasil À noite, houve um encontro informal para discutir o documento iniciado no ano anterior e seus avanços. O objetivo é desenvolver duas publicações – uma da pesquisa e outra do design do trial. Segundo os coordenadores, trata-se de um projeto que terá repercussão científica com chances de publicação em revista reconhecida. Lembraram que há no Brasil a qualidade para se desenvolver o trabalho, e que a massa crítica é absurdamente alta. O trabalho deve ser desenvolvido nos próximos doze meses, passando por discussão com a Agência Nacional de Saúde (ANS).
EVENTOS SPR • 17
Edição 458 – Outubro de 2016
Estresse Farmacológico O módulo foi moderado pelos Drs. Nacif e Marly Lopes. Dr. Cesar Nomura iniciou falando sobre Perfusão Miocárdica por Tomografia. Disse que há várias maneiras de fazer perfusão, e ele faz primeiro a estática. “No futuro, provavelmente, faremos primeiro a perfusão dinâmica, que se assemelharia ao que é a RM.” Em suas considerações finais, afirmou: “Talvez não estamos avaliando a mesma coisa com os diferentes métodos; e TC é mais sensível que SPECT”. Dr. Marcelo Hadlich abordou, então, RM na Avaliação da Isquemia Miocárdica. “Com a RM podemos fazer um número grande de técnicas, os cortes anatômicos cobrem de forma ampla o coração e conseguimos literalmente fatiar o coração de sua ponta à base. A RM é considerada hoje padrão ouro para esse tipo de avaliação. A técnica do realce tardio foi que impulsionou a RM na prática clínica.”
Dr. Cesar Nomura
Dr. Marcelo Hadlich
Dr. Marcelo Zapparoli
Explicou a técnica do realce tardio e afirmou que isquemia miocárdica é um ponto em que temos a crescer bastante. Dr. Tiago Magalhães abordou, então, RM e TC – workstation (como eu faço?). “O grande apelo da avaliação da perfusão miocárdica pela TC é a possibilidade de conseguir integrar as informações anatômicas e funcionais em um único método.” Sobre a RM, a validação do método na caracterização de isquemia miocárdica, disse que estudos mostraram que ela é menos ou tão robusta quanto a técnica de medicina nuclear. Fechando as aulas da manhã, foi chamado o Dr. Marcelo Zappa-
roli para falar sobre Análise Crítica: Capacidade Diagnóstica dos Diferentes Métodos na Avaliação da Isquemia. Abordou os exames de eco, spect, PET, RMC e TC, falando inclusive sobre os custos dos exames, sendo o PET o mais caro. Também comparou disponibilidade dos exames em grandes centros, o viés de hábito dos clínicos, a vantagem de usar o estresse físico ou farmacológico e a questão da radiação. Também discutiu se deve usar perfusão estática ou dinâmica – “é uma pergunta que ainda carece de uma resposta, mas sem dúvida a perfusão dinâmica traz informações mais interessantes”.
Dr. Nacif encerrou dizendo que é preciso ser decisivo e estar ao lado do clínico quando ele vai tomar a decisão. “Talvez hoje faltem pessoas treinadas. A gente não faz dose máxima, quero saber se o paciente, na dose mínima, é isquêmico ou não. Por ser radiologista e ver isso em outras áreas, como em neuro, essa somatória de técnicas em um único exame, o convênio não vai pagar. Existem várias formas de trabalho, cada um vai optar por uma, alguns não podem, mas temos que aguardar e saber cobrar pelos exames. Um exame com estresse farmacológico não é igual a um exame de repouso. A cintilografia faz isso muito bem.”
2ª parte do Módulo da SCMR A tarde do sábado teve novo módulo da SCMR, e foi aberta por palestra do Dr. Carr chamada Cardiomiopatia Hipertrófica – Vantagens da RMC sobre o ECO. Ele abordou um overview de cardiomiopatia hipertrófica – histórico, genética e complicações -, seu protocolo em RM e casos clínicos. Em seguida, Dra. Vanessa retornou para duas aulas em sequência – RMC na Diferenciação do Coração do Atleta e Outras Formas de Cardiomiopatias; e Novas Técnicas de Mapeamentos Paramétricos em RMC: Mapeamento de Cardiomiopatias. Inicialmente, falou sobre os exercícios e seus efeitos no coração. Definiu o coração do atleta, no qual há mudanças de estrutura, elétricas, funcionais e periféricas – atletas são aqueles que fazem mais do que 20 horas de exercício intenso por semana, bem acima dos 150 minutos recomendados por guidelines americanas e europeias. Apresentou um mapeamento de T1 e T2 para o diagnóstico precoce de cardiomiopatia não isquêmica dilatada em pacientes de meia idade. Na aula subsequente, abordou especialmente o mapeamento de T1 e
T2 e ECV. Apresentou a “4ª era da RM cardíaca do miocárdio”. Questionada sobre a importância da interação entre especialidades, Dra. Vanessa afirmou: “Acho muito importante ter essa interação entre radiologistas e cardiologistas porque eles têm que ter o acesso para que um complemente o outro no diagnóstico do paciente. Como cardiologista, há coisas que podemos aprender do radiologista e coisas que sentimos que podemos compartilhar com eles. Por isso, uma plataforma como a deste congresso é incrível. No meu serviço, temos um acordo muito abrangente; o exame de cardio RM é feito pelo cardiologista, mas trabalhamos com o radiologista em termos de achados incidentais, para os quais precisamos de ajuda. Acompanhamos juntos os rastreamentos e é um trabalho muito colaborativo. Na nossa área, em Oxford, Reino Unido, não temos particularmente um curso como este, mas realmente é uma ótima ideia ter esse tipo de evento. Gosto muito desses congressos, porque tudo é tão bem organizado, a equipe é muito cordial e procura muito nos ajudar.”
Domingo: 20 casos em gincana O evento terminou de forma descontraída, dinâmica e muito didática: os Drs. Otávio Rizzi e Henrique Trad selecionaram dez casos de RM e dez de TC, do dia a dia, e levaram suas imagens a dois times, um liderado pelos Drs. Marcelo Nacif e Rodrigo Cerci, e outro pelos Drs. Carlos Eduardo Rochitte e Andrei de Albuquerque. Com as imagens expostas no telão, a plateia também participava, discutindo possíveis diagnósticos. Ao fim, a equipe Nacif/Cerci ganhou de 150 a 130 pontos. Os Drs. Carlos de Paula Jr. e Mayra Dias foram premiados por apresentarem seus casos no evento. Dr. Walther fez uma avaliação do curso: “Fiquei muito impressionado com o número de participantes e a qualidade deles, pelo tipo de perguntas e de interação. Foi totalmente inesperado. Comparando com o ano passado, o número estourou e foi excelente; as mudanças que fizemos funcionaram bem, com aulas o dia inteiro
Drs. Carlos de Paula Jr. e Mayra Dias
e sem concorrência em outra sala. Devemos manter esse formato para os próximos anos. As aulas foram todas muito ricas. Esse era nosso objetivo: é uma área em que muita gente tem dúvidas e muita gente tem pouca experiência, então a ideia era mesmo dar uma abordagem prática. Trabalho em grandes instituições, onde a interação com a clínica é muito forte, especialmente na cardiopediatria, mas isso não acontece em todos os locais. Muita gente apenas entrega o laudo e a interação com o clínico termina aí. Queremos ajustar essa relação, a qualidade do laudo, eles falarem a mesma língua e responderem as perguntas que os clínicos têm.”
18 • ARTIGO
Metformina e Meios de Contraste Por Dra. Bruna Garbugio Dutra (*)
A metformina é um anti-hiperglicemiante oral amplamente utilizado para o tratamento de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2. Uma das complicações inerentes do seu uso e que geralmente ocorre após o acúmulo dessa droga no organismo é a acidose lática, a qual pode desencadear uma série de sinais e sintomas nos pacientes e, em alguns casos, ocasionar o óbito. A relação existente entre o contraste iodado e a metformina decorre do potencial efeito nefrotóxico do contraste e da excreção renal da metformina, sendo que o uso conjunto das duas substâncias pode promover o acúmulo do anti-hiperglicêmico nos casos de disfunção renal associada, favorecendo o desenvolvimento da acidose1,2. Seguem, a seguir, alguns esclarecimentos sobre o assunto. Qual a farmacocinética e quais as funções da metformina? A metformina é um anti-hiperglicemiante do grupo das biguanidas, administrado por via oral e absorvido pela mucosa intestinal. Após a sua absorção, circula de forma livre na corrente sanguínea, atingindo concentração plasmática máxima em até duas horas e meia, com meia-vida de seis horas e meia em pacientes com função renal normal. A excreção se dá por via renal, sendo 90% eliminada em até doze horas1,2,3. Apresenta basicamente dois mecanismos de ação: inibição da gliconeogênese e elevação da sensibilidade periférica à insulina, com consequente redução dos níveis glicêmicos1,2. Por que a metformina pode desencadear acidose lática? Os mecanismos não são muito bem conhecidos3, entretanto, acredita-se que a metformina propicie: a redução da gliconeogênese, o aumento da produção intestinal de lactato e a alteração do transporte de elétron na membrana mitocondrial com consequente inibição do metabolismo oxidativo1,2,3; tendo esses três mecanismos uma resultante em comum: o aumento de
lactato. A elevação da concentração do lactato para níveis maiores que 5 mmol/L ou 45 mg/dL, junto com a redução do pH<7,35, define a acidose lática1. Apesar de ocorrer essa associação da metformina com a acidose, ela é pouco frequente, acometendo cerca de 1 caso a cada 12.000 pacientes/ano1. Entretanto, a taxa de mortalidade nestes casos chega até 25%5 a 50%1,4. Quais condições associadas podem predispor e facilitar a ocorrência de acidose lática? Como discutido anteriormente, um dos fatores de risco para a acidose lática é a presença de insuficiência renal, seja ela desencadeada pelo próprio contraste (nefropatia induzida pelo contraste - NIC) ou já pré-existente. Além disso, outros fatores de risco que podem contribuir são aqueles que ocasionarão hiperprodução de lactato (principalmente por metabolismo anaeróbio, como falência cardíaca, isquemia cardíaca/muscular, falência respiratória e sepse) ou diminuição do metabolismo hepático do lactato (disfunção hepática ou abuso de álcool)6. Como firmar o diagnóstico de acidose lática induzida pela metformina? Através da ocorrência de acidose lática relacionada com o uso do anti-hiperglicemiante oral, desde que excluídas as condições associadas mencionadas no item anterior3. Vale ressaltar que o desenvolvimento da acidose já foi descrito em pacientes com função renal normal3,7. Qual a associação do contraste iodado e a metformina? Não existe uma interação direta conhecida entre essas medicações7. Entretanto, a preocupação do uso concomitante dessas drogas está nos pacientes que apresentam disfunção renal, visto que eles estão mais sujeitos ao acúmulo da metformina devido a sua menor excreção renal, favorecendo à ocorrência de acidose lática1,2,3. O contraste iodado é um fator de risco independente para os pacientes em uso da metformina?
Não. O contraste é uma preocupação apenas nos casos de disfunção renal associada1. Qual orientação deve ser dada aos pacientes em uso de metformina que irão realizar exame com contraste iodado? Existem muitas divergências quanto à conduta nesses pacientes1,2,8,9,10,11, desde relacionadas às orientações até mesmo em relação à classificação do valor limite para função renal normal12. Segundo o Food and Drug Administration (FDA)4, o uso da metformina deve ser descontinuado no momento do exame até 48 horas após, sendo reintroduzido apenas após a reavaliação da função renal, que deve estar estável. A maioria dos consensos orienta conhecer a função renal prévia dos pacientes e suspender a metformina no dia do exame somente se a função renal for alterada. Vale ressaltar que o conhecimento prévio da função renal do paciente não é muito bem esclarecido de como deve ser realizado na maioria dos consensos. Para os contrastes paramagnéticos, é necessário interromper o uso da metformina? Não. A NIC induzida pelo contraste paramagnético é extremamente rara se a dose do contraste for a habitualmente utilizada (0,1 a 0,3 mmol de Gadolínio/ Kg de peso do paciente); não sendo necessária nenhuma precaução especial nos casos de uso de metformina1,2.
Referências
1. American College of Radiology Manual on Contrast Media. American College of Radiology, 9th ed., 2013. 2. Contrast Media Safety Issues and ESUR Guidelines. European Society of Urologic Radiology. 3rd edition. 2014. 3. Bruijstens L.A. et al. Reality of severe metformin-induced lactic acidosis in the absence of chronic renal impairment. Netherlands Journal of Medicine. 2008; v.66 (5): 185-90. 4. Food and Drug Administration (FDA) http://www.fda. gov/ohrms/dockets/dailys/02/
May02/053102/800471e6.pdf 5. Kajbaf F., Lalau JD. Mortality Rate in so-called “metforminassociated lactic acidosis”: a review since 1960s. Pharmacoepidemiology and Drug Safety. 2014; 23(11): 1123-7. 6. Tonolini M. Iodine-based radiographic contrast medium may precipitate metformin-associated acidosis in diabetic patients. A case report, literature review and practical approach. Clinical Therapeutics 2012; 163(1): 59-62. 7. Parra D. et al. Metformin monitoring and change in serum creatinine levels in patients undergoing radiologic procedures involving administration of intravenous contrast media. Pharmacotherapy. 2004; 24(6): 987-93. 8. Goergen S.K. et al. Systematic Review of Current Guidelines, and Their Evidence Base on Risk of Lactic Acidosis after Administration of Contrast Medium for Patients Receiving Metformin. Radiology 2010; 261–9. 9. Standards for intravascular contrast agent administration to adult patients. The Royal College Of Radiologists. 2ed, London, 2010. 10. RANZCR Guidelines For Iodinated Contrast Administration. The Royal Australian and New Zealand College of Radiologists. 2009. 11. Consensus Guidelines for Prevention of Contrast Induced Nephropathy. Canadian Association of Radiologist. 2011. 12. Kajbaf F., Lalau JD. The criteria for metformin-associated lactic acidosis in quality of reporting in a large pharmacovigilance database. Diabetic Medicine. 2013; 30:345-8. Dra. Bruna Garbugio Dutra é Fellow em Neurorradiologia na Santa Casa de Misericórdia, São Paulo. *Com colaboração de Claudia Castilho, Fernando Porala, Marcelo Amaral, Marco Lauzi, Pablo Rydz, Raquel Macedo, Tufik Bauab Jr. (Grupo de Estudo dos Meios de Contraste – Sociedade Paulista de Radiologia). Artigo publicado na edição de nº 441 do Jornal da Imagem (maio de 2015).
EVENTOS SPR • 19
Edição 458 – Outubro de 2016
Grupos de Estudos: aprendizagem prática Em outubro, a SPR organizará o encontro de nove dos seus Grupos de Estudos: Dia 6: Grupo de Estudos de Radiologia do Abdome (Gera), Grupo de Estudos de Mama (Gema) e Grupo de Estudos de Radiologia Musculoesquelética (Germe); Dia 18: Grupo de Estudos de Ultrassonografia (Geus) e Grupo de Estudos de Cabeça e Pescoço (Gecape); Dia 20: Grupo de Estudos de Neurorradiologia (Gene) e Grupo de Estudos do Tórax (Geto); Dia 25: Grupo de Estudos de Pediatria (Geped); Dia 26: Grupo de Estudos de Imagem Quantitativa (Giq).
Desde 2003, ano da fundação do primeiro dos grupos – o Germe –, profissionais da área de Diagnóstico por Imagem se reúnem no Hotel Golden Tulip Paulista Plaza ou na sede da SPR, em São Paulo, para compartilhar experiências, transmitir dicas práticas e exibir casos científicos. Trata-se de um momento que permite troca de informações e questionamentos.
Para participar, basta comparecer ao local do evento ou, se preferir, participe via web. • P ara verificar todas as informações sobre os grupos e sua agenda, acesse http://spr.org.br/grupos-de-estudos/. • Veja como participar das reuniões que são transmitidas online em http://spr.org.br/cursos-via-web/.
REUNIÕES DE SETEMBRO Cardio
Gema
Gera
Gene
Germe
Veja mais fotos no Instagram da SPR (http://instagram.com/spradiologia) e na versão digital do Jornal da Imagem
EVENTOS SPR • 21
Edição 458 – Outubro de 2016
Clube Roentgen discute casos da Santa Casa Está agendada para 19 de outubro a próxima reunião do Clube Roentgen. A mini CCRP ficará sob responsabilidade da Santa Casa de São Paulo, com casos coordenados pelo Dr. Renato Hoffmann. Já a aula de abertura será conduzida pelo Dr. Mauro Brandão, sobre US do Ombro: Armadilhas Mais Frequentes para o não Especialista. No encontro de setembro, os debatedores Drs. Augusto Celso Scarparo Amato Filho, Laís Uyeda Aivazoglou, Marco Alexandre M. Rodstein e Vicente Sanches Lajarin discutiram a propedêutica dos casos oferecidos pela Med Imagem, tendo o Dr. Douglas Racy na coordenação dos trabalhos. Dr. Renato Mendonça, diretor científico da SPR e da
JPR, ficou responsável pela aula de abertura, chamada Lesões Inflamatórias da Medula Espinhal. O Clube Roentgen, presidido pelo Dr. Pablo Rydz Pinheiro Santana, é realizado sempre na segunda quarta-feira de cada mês, às 20 horas, no Hotel Golden Tulip Paulista Plaza (Al. Santos, nº 85), em São Paulo. A participação nessa atividade é livre. Com o apoio da Pixeon, ele é transmitido online em tempo real, permitindo que os internautas não apenas assistam, como também enviem perguntas aos apresentadores. Veja como participar em http://spr.org.br/cursos-via-web/. Confira outras informações sobre o Clube Roentgen em http://spr.org.br/eventos/clube-roentgen.
EDUCAÇÃO DIGITAL
Curso Online tem programação intensa este mês O programa do Curso Online de Radiologia da SPR mantém-se intenso em outubro: simultaneamente, quatro módulos estão sendo apresentados – Abdome/Trato Digestório, Abdome/Trato Geniturinário, Mama e Radiologia Musculoesquelética. Lançado na JPR’2015, o curso tem uma metodologia própria de
ensino, um ambiente de estudo inovador e um sistema de avaliação distinto. Traz ao todo nove módulos, divididos por subespecialidade: Neurorradiologia, Cabeça e Pescoço, Neuropediatria, Radiologia Musculoesquelética, Imagem da Mulher, Mama, Tórax, Radiologia Cardiovascular e Abdome. Seu material didático é composto por videoaulas,
MÓDULO: Abdome/Trato Digestório Coordenação: Dr. Douglas J. Racy e Dr. Antonio Soares Souza
04/10
11/10 18/10
25/10
13/10
Pancreatites – Dr. Douglas J. Racy
20/10
Neoplasias do pâncreas: imagem no diagnóstico e estadiamento – Dr. Manoel de Souza Rocha
27/10
07/10
US e RM nas patologias testiculares – Dr. Daniel Lahan Martins
Tumores renais pediátricos – Dr. Antonio Soares Souza
04/11
21/10
BI-RADS para USG – Dra. Bruna Maria Thompson Jacinto Rastreamento Mamário: Prós e Contras – Dr. Luciano Fernandes Chala
MÓDULO: Radiologia Musculoesquelética Coordenação: Dr. Fabiano Nassar de C. Cardoso, Dr. Felipe Ferreira de Souza e Dr. Marcelo Novelino Simão
Controle de Qualidade em Mamografia e Artefatos – Dr. Marco Antônio Costenaro Anatomia mamária e sistematização da análise mamográfica – Dr. Carlos Shimizu
Ressonância Magnética: Técnica de Exame e Indicações – Dr. Felipe Augusto Trocoli Ferreira
BI-RADS para RM – Dra. Mônica Akahoshi Rudner
05/10
Trauma da Coluna – Como Investigar e o que Falar – Dr. Marcello H. Nogueira-Barbosa
Incidências mamográficas: quando e como usar – Dra. Paula de Camargo Moraes
13/10
RM do Ombro – Anatomia e Principais Patologias do MR – Dr. Alexandre Grimberg
Ultrassonografia: Técnica de Exame e Como Evitar Erros – Dr. Flávio Spinola Castro
19/10
RM do Joelho – Meniscos e Ligamentos – Dr. Paulo Moraes Agnollitto
BI-RADS para mamografia – Dra. Vera Christina Camargo de S. Ferreira
26/10
RM do Quadril Adulto – Alterações Ósseas e Intra-Articulares – Dra. Denise Tokechi do Amaral
Dicas de Interpretação Mamográfica – Dr. Carlos Shimizu 14/10
RM no Câncer de próstata – Dr. Ronaldo Hueb Baroni 06/10
28/10
MÓDULO: Mama
Doenças inflamatórias intestinais – Dr. Marcelo de Castro J. Racy Coordenação: Dr. Douglas J. Racy e Dr. Antonio Soares Souza
Cuidados e técnicas de exames contrastados do trato urogenital em crianças – Dr. Rodrigo Regacini
Coordenação: Dra. Paula de Camargo Moraes
Abdome agudo obstrutivo – Dr. Giuseppe D’Ippolito
MÓDULO: Abdome/Trato Geniturinário
Tumores primários do retroperitôneo do adulto – Dr. Thiago José Penachim
Anomalias do TU na criança – Dra. Marcia Torre Moreira
Doenças do baço – Dr. Lucas Rios Torres
Câncer do cólon e reto: imagem no diagnóstico e estadiamento – Dr. Tiago Oliveira Morita
artigos científicos de apoio, além de acesso à biblioteca digital STATdx e a fóruns de discussão. Ainda, o aluno tem o suporte de tutores online gabaritados para esclarecer eventuais dúvidas sobre o conteúdo apresentado. Confira nos quadros a programação deste mês e veja como participar no site http://spr.org.br/educacao-digital/curso-on-line-de-radiologia.
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SPR GLOBAL • 23
Edição 458 – Outubro de 2016
RSNA: pré-inscrição até 4/11 O Congresso Anual da Sociedade Radiológica da América do Norte – RSNA 2016 – se aproxima: será realizado de 27 de novembro a 2 de dezembro em Chicago, nos Estados Unidos. A pré-inscrição com desconto se encerra em 4 de novembro; membros da RSNA não pagam a taxa. O evento conta com 435 cursos, 1.728 apresentações de trabalhos científicos e 659 expositores. Trata-se de uma grande oportunidade de expandir conhecimento e contatos com profissionais de diversas partes do globo.
Dentre os destaques do congresso, estão: • Image Contest: inscreva a sua melhor imagem nas categorias Melhor Foto; Arte da Radiologia; Casos Nada Usuais; e Melhor Imagem Médica;
• F un Run: a tradicional corrida de 5k será realizada no dia 29 de novembro, às 6h30; • Liver Symposium: no último dia de evento, será apresentado, até às 14h, o Simpósio Conceitos Inovadores em Imagem de Tumor Hepatobiliar; • Virtual Meeting: cursos disponíveis para assistir online e sob demanda – este ano, há 25% mais aulas online do que no ano passado. Veja mais informações e inscreva-se no site www.rsna.org/Annual_Meeting.aspx.
Submeta seu trabalho ao ECR até 15/10 O Congresso Europeu de Radiologia (ECR 2017) tem inscrições abertas para trabalhos científicos até 15 de outubro. O evento está agendado de 1º a 5 de março, em Viena, Áustria. Jovens radiologistas podem, ainda, se inscrever no Programa Invest in the Youth – a entidade europeia oferecerá a 1 mil jovens resi-
dentes de radiologia e profissionais em formação a chance de participar do Congresso. Candidatos aprovados receberão inscrição gratuita, acomodação para quatro noites e passagens aéreas. Há cem vagas dedicadas à América Latina e 15 especificamente ao Brasil. Para concorrer, é preciso enviar um resumo (apresentação
oral ou pôster) em inglês também até 15 de outubro. Para mais informações, acesse: http://goo.gl/W7YklU. As inscrições para o evento estão abertas – sócios da Sociedade Europeia podem se inscrever até 30 de novembro. Veja outros detalhes em www.myesr.org.
SP recebe Curso ESOR No dias 25 e 26 de agosto, São Paulo foi a sede do Curso da European School of Radiology (ESOR) AIMS 2016, que teve como tema Imagem Oncológica. Dr. Antônio Soares Souza, presidente da SPR, foi nomeado o organizador local do evento, que também foi realizado em Salvador (BA), nos dois dias subsequentes, sob a coordenação do Dr. Antônio Matteoni de Athayde, presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR).
Renomados professores europeus e brasileiros destacaram as indicações, explicaram os pontos fortes e fracos das técnicas disponíveis e demonstraram os recursos de imagens para o diagnóstico e também o diagnóstico diferencial. Na ocasião, Dr. Soares recebeu, das mãos do Dr. Nicholas Gourtsoyiannis, da Grécia, diretor científico-educacional da ESOR, um certificado pela condução do evento.
CIR elege presidente brasileiro O XXVII Congresso do Colégio Interamericano de Radiologia (CIR), de 8 a 10 de setembro, em Lima, Peru, reuniu mais de 1 mil participantes. Bienal, o evento ocorreu paralelamente ao XXV Congresso Peruano de Radiologia e o XVI Congresso da Associação Latino-americana dos Tecnólogos em Radiologia (Alatra). O programa científico, orientado aos residentes, radiologistas gerais e subespecialistas, contou com os módulos de: Cardiovascular, Mama, Abdome, Geniturinário, Pediatria, Ultrassonografia, Musculoesquelé-
tico, Neurorradiologia, Tórax e Radioproteção. A Diretoria da SPR teve, na ocasião, a oportunidade de se reunir com o Dr. Luis Donoso, presidente da Sociedade Europeia de Radiologia (ESR), quando pôde alinhar projetos conjuntos. Também se reuniu com a Federação Mexicana de Radiologia, com quem assinou um convênio de troca científica. Os Drs. Antônio Souza e Antônio Rocha participarão do Congresso Mexicano de Radiologia, no início de outubro. Ainda, foi escolhido como presidente-eleito do CIR o Dr. Henrique Carrete Jr., ex-presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia
Drs. Antônio Soares, Henrique Carrete e Antônio Carlos Matteoni
(CBR). Ele assumirá a presidência da entidade em 2018 e é o primeiro representante brasileiro após décadas – o último presidente nacional foi o Dr. Luiz Karpovas.
NOTÍCIAS • 25
Edição 458 – Outubro de 2016
A conscientização que outubro nos traz O movimento Outubro Rosa foi criado nos Estados Unidos, na década de 1990, para incentivar a população a olhar e controlar o câncer de mama. Além de compartilhar informações, o mês comemorativo busca conscientizar sobre a importância da detecção precoce. Tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama responde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Para 2015, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) acreditava que surgiriam 57.120 casos novos. Assim, entidades, hospitais, clínicas e fornecedores do setor se unem em iniciativas para chamar a atenção da população – há realização de exames gratuitos, corridas, palestras, incentivo a doação financeira e de cabelo e distribuição de material impresso. O câncer de mama surge da multiplicação de células anormais, o que forma um tumor. Há vários tipos*: • Carcinoma ductal invasivo: o mais comum dentre os invasivos, representa 80% dos casos. Surge nas células dos ductos mamários; • Carcinoma lobular invasivo: nasce nos lóbulos mamários e representa cerca de 10% dos casos; • Carcinoma ductal in situ (CDIS): o mais comum não invasivo. Surge nas células dos ductos mamários mas, quando do diagnóstico, não invadiu células adjacentes aos ductos; • Carcinoma lobular in situ (CLIS): crescimento anormal de células dos lóbulos, um risco
maior de a se desenvolver formas invasivas de câncer; • Câncer de mama inflamatório: raro, mas agressivo, ocorre em mulheres mais jovens e é caracterizado quanto à presença e quantidade de receptores hormonais na superfície das células, além do grau de expressão da proteína HER2; • Câncer de mama no homem: raro, com menos de 1% do total, trata-se de uma alteração geralmente notada pelo próprio paciente, já que não existe rastreamento em homens; • Doença de Paget: células cancerosas no mamilo; diagnóstico associado à presença de carcinoma ductal in situ; • Câncer de mama recidivado ou metastático: o câncer invasivo pode invadir tecidos ad-
jacentes, ou se disseminar por vasos. Geralmente, é necessária uma biópsia de uma das lesões suspeitas; • Câncer de mama triplo-negativo: aquele cujas células não são receptores de estrogênio e progesterona, e não têm excesso da proteína HER2; • Tumor filoide: raro, se desenvolve no estroma da mama; • Angiosarcoma: começa nas células que revestem os vasos sanguíneos ou linfáticos. Trata-se de uma complicação rara da radioterapia mamária que pode aparecer 5 a 10 anos após o tratamento. (*Fonte: Fundação Laço Rosa)
Para evitar e prevenir Segundo o INCA, 30% dos casos poderiam ser evitados com a adoção de práticas saudáveis, como praticar atividade física, alimentar-se de forma saudável, manter o peso corporal adequado, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e amamentar. Grande parte dos tipos da doença pode ser detectada em fases iniciais, aumentando chances de tratamento e cura. O governo brasileiro recomenda que mulheres de 50 a 69 anos façam uma mamografia de rastreamento a cada dois anos; ela permite encontrar o câncer no início e permitir um tratamento menos agressivo. Acompanhe mais em fontes de credibilidade: Internacionais: a mericancancersociety.org; breastcancer.org; thebreastcancersite. com; nationalbreastcancer.org; komen.org; Nacionais: sbmastologia.com.br; inca.gov.br; femama.org.br; oncoguia.org.br; fundacaolacorosa.com.
26 • NOTÍCIAS
Ainda há vagas disponíveis para alguns cursos com inscrições limitadas no 45º Congresso Brasileiro de Radiologia (CBR 16), a ser realizado de 13 a 15 de outubro, no Expo Unimed, em Curitiba (PR). São eles: Assistência À Vida em Radiologia (AVR), Auditor Interno do Padi, Gestão de Clínicas e Tomossíntese Mamária. No site www.congressocbr.com.br, é possível conferir toda a programação, palestrantes nacionais e internacionais, informações sobre passagens, hospedagem, transfer para o aeroporto, transporte até o local do evento e mais. Além disso, os jovens têm destaque especial nesta edição, com o primeiro Curso para Estudantes de Medicina, nos dias 13, 14 e 15, sempre das 12h30 às 13h30, sem taxa adicional, e também com a Maratona Brasileira dos Residentes em Radiologia e Diagnóstico por Imagem (MBR 16), lançada este ano. Na competição de perguntas e respostas, os participantes da equipe vencedora ganharão uma viagem para New Orleans (EUA), com tudo pago. Cada um terá direito a passagens, hospedagem e inscrição para o American Roentgen Ray Society Annual Meeting (ARRS 2017), de 30 de abril
Agência Estado/Fabio Motta
CBR 16 ainda tem cursos com vagas disponíveis
a 5 de maio. A maratona ocorrerá no dia 15 de outubro, às 12h30. A participação é gratuita.
Palestra de Sérgio Moro O Dr. Sérgio Moro, juiz federal da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba (PR) e coordenador da Operação Lava Jato, fará uma palestra com o tema Corrupção sistêmica e reformas na abertura do Congresso, em 13 de outubro, às 19h. Todos os participantes do evento estão convidados a prestigiar a cerimônia, que terá vagas limitadas. Os interessados deverão retirar o voucher no estande do Colégio Brasileiro de Radiologia, que ficará na área de exposição comercial, ao lado da sala vip.
O Dr. Sérgio Moro já atuou como juiz em diversos processos criminais complexos, envolvendo crimes financeiros, contra a Administração Pública, de tráfico de drogas e de lavagem de dinheiro. Trabalhou como juiz instrutor no Supremo Tribunal Federal durante o ano de 2012. Também cursou o Programa de Instrução para Juristas na Escola de Direito de Harvard, EUA, em 1998. Possui título de mestre e doutor em
SPR anuncia novos coordenadores científicos Nos últimos meses, a SPR teve a honra de convidar novos especialistas para se unirem ao quadro de coordenadores de módulos da radiologia, especialmente para a Jornada Paulista de Radiologia e o Curso de Atualização em Imagem (Prof. Dr. Feres Secaf). Com isso, a Sociedade expande a equipe responsável por selecionar temas e palestrantes para seus eventos, di-
namiza as atividades e mantém renovado seu quadro de profissionais colaboradores. Conheça os novos nomes dentre os coordenadores para o ano de 2017: Dra. Patrícia Prando, em Imagem da Mulher, com os Drs. Ayrton Pastore e Jacob Szejnfeld; Dr. Denis Szejnfeld, em Intervenção Guiada por Imagem, com os Drs. Marcos Menezes e Rodrigo Gobbo;
Dr. Regis Otaviano França Bezerra, para o Grupo de Estudos do Abdome (Gera), com o Dr. Douglas J. Racy; Drs. Rubens Chojniak e Marcio Ricardo Taveira Garcia, em Oncologia, com o Dr. Marcos Roberto de Menezes; Dr. Carlos Jorge da Silva, em Cabeça e Pescoço, com a Dra. Eloísa Gebrim. Dras. Soraia Ale Souza e Ula Lindoso Passos, para o Grupo de Estudos de Cabeça e Pescoço (Gecape).
Direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Escreveu livros e artigos especializados na área jurídica. Participou do Programa Internacional de Visitantes organizado em 2007 pelo Departamento de Estado norte-americano com visitas a agências e instituições dos Estados Unidos encarregadas da prevenção e do combate à lavagem de dinheiro. É professor adjunto de Direito Processual Penal da UFPR.
Pesquisa de opinião rende prêmio A Dra. Laura Travitzki Grillo foi sorteada por participar da pesquisa de opinião sobre o Curso de Atualização em Imagem da SPR (Prof. Dr. Feres Secaf) e recebeu como prêmio o livro InRad Casos Clínicos - Volume 5, da Editora Revinter, e um kit da SPR com brindes.
EMPRESAS • 27
Edição 458 – Outubro de 2016
Alta tecnologia no Encontro de Cardio Durante o IX Encontro Nacional de Radiologia Cardíaca, realizado no fim de agosto em São Paulo (veja cobertura nas páginas 13 a 17 desta edição), duas empresas apresentaram novidades em tecnologia que colaboram para a expansão e aprimoramento da especialidade. A GE Healthcare promoveu uma mesa redonda sobre suas soluções em tomografia computadorizada à serviço da saúde do coração, como o Revolution CT, Revolution HD e Optima M40, e contou com alguns dos mais renomados especialistas das áreas médicas: Dr. Marcello Zaparolli, médico coordenador do Núcleo de Cardio CT e MR do DAPI Diagnóstico Avançado por Imagem; Dr. Roberto Cury, médico coordenador do Núcleo de Cardiologia do Hospital Samaritano e médico responsável pela TC e RM
Dr. Ilan Gottlieb durante mesa redonda da GE
cardíaca do Alta e Delboni/DASA-SP; e Dr. Ilan Gottlieb, médico chefe da radiologia do Hospital Casa de Saúde São José. No encontro, eles discursaram sobre como a inovação e tecnologia
da GE na área de radiologia e cardiologia foi fundamental na rotina diária das clínicas e a relevância delas para os diagnósticos mais desafiadores. “A participação da GE Healthcare em encontros dessa categoria, com os mais renomados especialistas e instituições de saúde do País, reforça a expertise da GE em oferecer desde os produtos e processos mais simples até os mais complexos na área de radiologia e cardiologia”, destacou Carlos Loyo, gerente de produto de Tomografia Computadorizada da GE Healthcare para América Latina. Já a Siemens Healthineers participou do encontro e demonstrou o syngo.via, uma plataforma de multimodalidade que ajuda os clientes a terem acesso a aplicações avançadas de forma fácil e estruturada. O syngo.via atua no pré-proces-
samento das imagens médicas, o que possibilita que os radiologista e técnicos possam direcionar o seu tempo no cuidado com o cliente. A solução possui mais de cem softwares que ajudam na análise de exames de Tomografia Computadoriza, Medicina Nuclear, Ressonância Magnética, Mamografia e Ultrassonografia, entre outras áreas. Na área de cardiologia, o syngo.via possui diversas ferramentas para auxiliar o diagnóstico, desde funções cardíacas mais simples até as mais avançadas, como perfusão em ressonância magnética. A Siemens Healthcare lançou neste ano o novo nome de sua marca para o negócio de saúde: Siemens Healthineers. A nova marca destaca o espírito pioneiro da Siemens Healthcare e sua expertise em engenharia para a indústria da saúde.
REALÇANDO NA IMAGEM
O CONTRASTE DA VIDA Bayer, sinônimo de inovação, tem como um de seus princípios propiciar ciência para uma vida melhor. Na área de diagnóstico, é pioneira em meios de contraste para raios-X, tomografia e ressonância magnética. No Brasil, introduziu o conceito de contraste órgão-específico, visando diagnósticos mais precoces de forma não-invasiva de patologias hepáticas focais. Do diagnóstico ao tratamento, a Bayer oferece soluções que contribuem para um cuidado diferenciado de seus pacientes.
www.ri.bayer.com.br
L.BR.MKT.01.2016.4595
28 • ARTIGO
Viva o Chico Barrigudo Dr. Celso Hiram
Depois das Olimpíadas, sobraram-me duas medalhas: uma de bronze de 25 cents e outra de prata de 50 cents. Sobrou-me também a saudade de ver o povo aplaudindo os atletas. Na economia, esperamos que o Brasil seja como o Tiago de Marília, de repente surpreenda, suba além da expectativa, já que temos equipe boa de treinadores. O show valeu, o povo adotou o Bolt e o Neymar está virando um cara pernóstico. Digo isso com indignação, já que sou Santista desde o tempo do Pelé, um atleta de caráter reconhecido mundialmente. Foi exagero todo o terror criado pela imprensa brasileira, querendo se resguardar dos comentários internacionais. O povo brasileiro sempre ofertou a melhor de suas intenções aos que nos visitam. Comemos abóbora e oferecemos estrogonofe. Caso tenha faltado alguma coisa, sobrou sorriso e acolhimento. Cadê o Zica? Quando sentir saudades da morena, volte, a coisa aqui não é pior que na sua terra, nem no resto do mundo. Colocamos todo o reforço para recebê-lo bem e vermos você e o Brasil felizes. Nossos proble-
mas são nossos e não dividimos com o resto do mundo, como os países que exportam terroristas. A grande minoria do povo brasileiro é marginal, delinquente e bandido. Grande parte dos últimos governos roubou mais que todo o ouro que Portugal levou do Brasil durante todo o período do império. A polícia prende e o juízo solta com medo dos bandidos. A lei no Brasil é fraca, corruptível e desatualizada. Veja na televisão o debate no Senado, em que os defensores da corrupção mentem com a cara mais limpa. O judiciário garante a farsa dos poderosos e os ladrões de rua sabem que é seguro invadir nossa casa porque a lei proíbe a população de ter arma para defender seu lar. Mas isso é coisa nossa. Se você largou uma paixão pra trás, volte sempre; o amor aqui é prioridade. Malandro aqui no Brasil é ser Zé Carioca, batuqueiro, debochado, gostar da ginga da capoeira, curtir o sol na praia, tomar uma gelada, discutir o futebol, contemplar o traseiro das morenas nas praias, que elas adoram mostrar e aceitam elogios aumentando o rebolado. Um nadador americano não entendeu bem esse espírito do povo brasileiro e achou que mentir e caluniar faz parte de nossa cultura, mas é coisa
apenas de uma minoria que está saindo do poder. Viva o Brasil e o povo brasileiro, de poucas medalhas, pouco dinheiro e muita alegria de viver e ser feliz. Viva o Maracanã, símbolo do povo brasileiro alegre e feliz; portanto, não é lugar de político. Viva eu... Viva tudo... Dr. Celso Hiram de Araújo Freitas é membro do Conselho Consultivo da SPR e da Comissão Editorial do Jornal da Imagem
Há mais de 100 anos, a filosofia “made for life” prevalece como nosso compromisso contínuo com a humanidade. A paixão herdada por gerações criou um legado de inovações médicas e de serviços que continua a evoluir junto conosco. Envolvendo as mentes brilhantes de muitos, continuamos a definir referenciais de excelência, por que acreditamos que a qualidade de vida deve ser sempre uma regra e não uma exceção.
Na Toshiba Medical, tudo que fazemos é “made for life”.
www.toshibamedical.com.br
CRÔNICA • 29
Edição 458 – Outubro de 2016
Corrupção endêmica
Dr. Cássio Ruas de Moraes é membro da Comissão Editorial do Jornal da Imagem
A política dos convênios em relação à classe médica vai cavar sua própria sepultura. O congelamento dos valores pagos à Medicina básica e o estímulo a tudo que parece “hi-tech” só poderia resultar nisso que está aí: carência de um lado e desperdício do outro
Foi a primeira e única vez em que saltei do trampolim de 5 metros. Estava com 15 anos, nadava bem e já saltava dos trampolins mais baixos. Faltava vencer agora o de 5 metros de altura e depois, quem sabe, o de 10 metros. Sem muito preparo ou concentração, atirei-me de ponta e meu corpo, com o choque da água, dobrou-se para trás, em hiperextensão da coluna, com dor terrível. Saí quase sem fôlego, deitei-me na beirada e esperei quieto que a dor melhorasse. Não fiz alarde e nem em casa contei o acontecido. Depois de algum tempo, comecei a ter dores lombares. Meu pai, pediatra, levou-me a um ortopedista. Fui examinado, tirei radiografias, descobri que o ombro direito era um pouco mais baixo que o esquerdo e tive que usar um colete ortopédico. Parecia um espartilho que dava para usar sob a roupa quando tinha as crises de dor. Conservei-o ainda algum tempo, mesmo depois de casado. Essas dores nas costas me acompanharam a vida toda. Não durante todo o tempo, mas ocasionalmente, dependendo de vários fatores. Não me impediram, porém, de trabalhar usando aventais de chumbo em dezenas de milhares de radioscopias, de fazer exercícios, de correr até depois dos cinquenta anos, passando a caminhar depois. Hoje,
(*) O Estado de São Paulo, 10 de setembro de 2016.
quando carrego minha neta, elas ainda se manifestam. Se o longínquo salto de trampolim foi a causa, ninguém sabe. Chegamos ao diagnóstico de que tenho fibromialgia. Por exclusão. Esta lembrança foi motivada por uma notícia de jornal(*). Notícia que não nos surpreendeu, mas suficientemente grave para causar escândalo assim lançada ao conhecimento público. Trata-se da “máfia das próteses” no Brasil, que tem ramificações em empresas dos Estados Unidos, as quais, segundo a notícia, serão processadas criminalmente por planos de saúde brasileiros. Como radiologistas, nos acostumamos a ver todo tipo de órtese e prótese sem questionar o alívio que elas representam para os pacientes. As dúvidas começaram a crescer quanto à indicação das próteses, principalmente depois que rumores foram se avolumando de que havia fortes interesses comerciais na sua aplicação que escapavam aos limites da ética e da decência. Uma sofisticada estrutura corruptora desenvolveu-se daí. Somente agora, depois de anos de prática, é que as associações médicas e os convênios começaram a se mexer. É preciso repetir: o maior prejudicado é sempre o paciente e é a sociedade que paga a conta. Há anos escrevi nestas linhas: a política dos convênios em relação
à classe médica vai cavar sua própria sepultura. O congelamento dos valores pagos à Medicina básica e o estímulo a tudo que parece “hi-tech” só poderia resultar nisso que está aí: carência de um lado e desperdício do outro. Nossa luta tem que ser para alcançar o equilíbrio, como se tenta fazer em outros países de Medicina avançada. Por sua clareza, vale a pena transcrever daquela notícia de jornal os cuidados na hora de procurar um tratamento que possa eventualmente redundar na necessidade de uma prótese: • Sempre pergunte ao seu médico as opções de tratamento e os riscos e benefícios de cada intervenção. • Procure saber se seu problema pode ser curado com tratamento clínico, como medicação e fisioterapia. • Se receber indicação de cirurgia por um médico, sempre busque a opinião de um segundo especialista. • Converse com outros pacientes e faça buscas nos Conselhos de Medicina para saber se o médico já teve conduta inadequada. • Desconfie se a clínica tiver parceria com escritórios de advocacia que possam acelerar a autorização da cirurgia.
30 • NEGÓCIOS & OPORTUNIDADES
Equipamentos Vendem-se ou alugam-se os equipamentos: cintilografia óssea GE (modelo Discovery NM 630, lacrado, na caixa e com garantia de 36 meses no contrato com a GE) e tubo de mamógrafo GE - DMR. Contato com Romero Garcia: (11) 98284-7059| romerogarcia10@gmail.com.br. (1) Vende-se aparelho de US Philips Envisor com três sondas (convexa, endovaginal e linear), pouquíssimo uso e em perfeitas condições. R$ 25 mil. Contato com Emeline: (021) 998479061 | emeline.lemonde@gmail.com. (1) Vende-se tomógrafo Prospeed GE - ano 1996 – com contrato de manutenção com a GE desde novo, todos os manuais e fanton de calibração. R$ 90 mil. Contato com Flavius: (11) 99691-5191. (2) Vende-se ressonância magnética 1,5T Philips completa - ou se aceita parceria com clínica ou hospital. Contato: (73) 99981-8408 | cid.imagens@gmail.com. (2) Vende-se sistema de diagnóstico por ultrassom modelo DC-T6 com software 4D, tela 17 polegadas (c52) e transdutor convexo 1.5- 5.5 com harmônica angulação 68 Graus para
DC-T6. Contato com William: (13) 34766161 | adm@cedial.com.br. (2) Vende-se equipamento de ultrassonografia X8-LV com 4D, transdutor convexo volumétrico (XBAX-V10), transdutor endocavitário curvo (V10 – X8) (CF OP-5 102), transdutor linear (X8) (cfop 5.102) e guia de biópsia plástica ED (CF OP 6 102). R$ 70 mil. Contato com Viviani: (13) 3476-6161 | relacoesp@cedial.com.br. (2) Vendem-se ultrassonografia GE Logiq 5 Pro, com Doppler colorido/ pulsado e sondas convexas, de 3.5 MHz, linear, de 7 à 10 MHz, e endocavitária; e tomógrafo helicoidal GE HiSpeed LXI, recondicionado pela fábrica em 2009, mais tubo 3.5 MHU com 325 mil cortes. Contato: (88) 3614-5152 | financeiro@medscan.med.br. (2) Vende-se aparelho de tomografia computadorizada helicoidal da marca Picker, modelo PQS, com tubo novo e contrato de manutenção. R$ 180 mil. Contato com Fábia: (62) 98412-2911. (2) Vende-se aparelho de ultrassom Toshiba NEMIO MX (SSA-590A), comprado em novembro de 2012, única dona, utilizado em clínica
particular por apenas uma pessoa. R$ 60 mil, com três transdutores e nobreak apropriado. Contato com Dra. Patrícia: (13) 997301323. (3) Vende-se densitometria óssea Lunar DPX IQ, com impressão em rede. Perfeito estado de conservação. R$ 25 mil. Contato com Priscila: (43) 3141-8101 ou 9632-0506 | cedi_sap@hotmail.com.br. (3) Vende-se mamógrafo Lorad M2 e processadora automática de filme da Kodak modelo Min-R, em bom estado de conservação. Valor do mamógrafo: R$ 18 mil. Processadora: R$ 2.500. Informações com Luciana: (19) 38675735 ou (19) 3867-5572. (3) Vende-se Mamógrafo Digital (DR) Fuji Amulet 2012 com todos os opcionais, pouco usado e sempre com contrato de manutenção. Aceita-se como parte do pagamento RX Analógico, Mamografia Analógica ou CR.Contato: administracao@digimaxdiagnostico. com.br (1)
Oportunidade Aperfeiçoamento nível 4 (A4), reconhecido pelo CBR, em RM de Alto Campo, com bolsa e plantões remunerados, discussões de casos incluindo TC Multislice e PET-CT e pré-laudos. A DIIMAGEM oferece 2 vagas para 2017, equivalentes ao 4º ano de residência médica. Local: Campo Grande (MS) Pré-requisito: três anos de residência médica em serviço credenciado pelo CBR. Médico responsável: Sérgio Augusto Maksoud. Informações com Sandra: (67) 3316-4529 | (67) 99221-2326 | sandra@diimagem.com.br (1) Radiologistas com Título de Especialista pelo CBR para atuar em Hospital de São Paulo duas vezes por semana, nove horas por dia (Ultrassonografia e Tomografia). Valor RS 12 mil + RS 2 mil (chefia) + produtividade. Contato com: Ricardo (11) 99601-1487 | ricardogomiero@hotmail.com(1)
Como ANUNCIAR Os membros da SPR que estiverem em dia com a anuidade poderão publicar seus anúncios nesta seção gratuitamente. Os radiologistas que não forem associados devem pagar uma taxa. Para sócios em dia do CBR,
A Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem não se responsabiliza, nem cível, nem criminalmente, pelas informações inseridas nesta seção, sendo estas única e exclusivamente responsabilidade do anunciante. A SPR também não possui qualquer participação ou interesse econômico nos negócios efetuados em decorrência dos anúncios.
o ônus por publicação é de R$ 250. Já para os radiologistas que não forem membros nem da SPR nem do CBR, o ônus por anúncio é de R$ 300. O anúncio deve ser enviado até o dia 10 de cada mês, para publicação no mês subsequente. Outras informações: jornaldaimagem@spr.org.br.
SERVIÇO AW Soluções www.awsol.com.br • Bird Solution (11) 5016-5509 / www.birdsolution.com.br • Carestream 0800 891 7554 / www.carestream.com.br • CDK www. cdk.com.br • Cryo Service (19) 3828-3400 / www.cryoservice.com.br • Digitalmed (11) 2376-0515 / www.digitalmed.com.br • E-people (11) 3562-2970 / www. epeople.com.br • Fujifilm (11) 5091-4000 / 5091-4999 • IBF (11) 2103-2000 / www.ibf.com.br • Imagem Sistemas Médicos (11) 4133-0053 / www.imagem. med.br • Konica Minolta www.konicaminolta.com.br • Konimagem (11) 2950-1971 / www.konimagem.com.br • Livraria Imagem Médica (11) 5873-3811 • Mallinckrodt 0800 178 017 • Penta Médica (11) 5181 5555 / 5694 0555 / www.pentamedica.com.br • Pixeon (48) 3205-6000 / www.pixeon.com / (11) 21461300 • Shimadzu (11) 2134-1643 / www.shimadzu.com.br • Sul Imagem www.sul-imagem.com.br • Toshiba (11) 4134-0000 / www.toshibamedical.com.br.
AGENDA • 31
Edição 458 – Outubro de 2016
Eventos da SPR
2016
OUT
Data
Evento
Local
5a8
XXVII Congresso Nacional de Diagnóstico por Imagem e Terapêutica – http://goo.gl/HBTOKu
Chihuahua, México
5a8
19º Congresso Brasileiro e 12ª Jornada Paulista de Mastologia – http://congressomastologia.com.br
São Paulo, SP
Outros eventos
Grupo de Estudos de Radiologia do Abdome (Gera) 6
13 a 15 18 19 20
Grupo de Estudos de Mama (Gema)* Grupo de Estudos de Radiologia Musculoesquelética (Germe)*
Hotel Golden Tulip Paulista Plaza
XLV Congresso Brasileiro de Radiologia www.congressocbr.com.br
Curitiba, PR
Grupo de Estudos de Ultrassonografia (Geus)*
Sede da SPR
Grupo de Estudos de Cabeça e Pescoço (Gecape)*
Hotel Golden Tulip Paulista Plaza
Clube Roentgen* Mini CCRP Santa Casa de SP
Hotel Golden Tulip Paulista Plaza
Grupo de Estudos de Neurorradiologia (Gene)* Grupo de Estudos do Tórax (Geto)*
Hotel Golden Tulip Paulista Plaza
20 a 22
Congresso Chileno de Radiologia – www.sochradi.cl
Santiago, Chile
21 a 23
Clube Manoel de Abreu
Ribeirão Preto, SP
25
Grupo de Estudos de Pediatria (Geped)*
Sede da SPR
26
Grupo de Estudos de Imagem Quantitativa (Giq)**
Sede da SPR
7º BRADOO – Congresso Brasileiro de Densitometria, Osteoporose e Osteometabolismo – http://bradoo.com.br/
Joinvile, SC
29 a 1ª/11
Eventos da SPR
2016
NOV
Data 3
Evento Grupo de Estudos de Radiologia do Abdome (Gera)* Grupo de Estudos de Mama (Gema)*
Outros eventos
Local Hotel Golden Tulip Paulista Plaza
4e5
12º Congresso Brasileiro de Neurorradiologia congressoSBNR.com.br
São Paulo, SP
8
Grupo de Estudos de Ultrassonografia (Geus)*
Sede da SPR
9
Clube Roentgen* Mini CCRP Hospital Servidor Público Estadual
Hotel Golden Tulip Paulista Plaza
Grupo de Estudos de Radiologia Cardiovascular (Cardio)*
Sede da SPR
10
Grupo de Estudos de Radiologia Musculoesquelética (Germe) Grupo de Estudos de Neurorradiologia (Gene)*
Hotel Golden Tulip Paulista Plaza
30º Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear http://goo.gl/ce4MDH
São Paulo, SP
22
Grupo de Estudos de Pediatria (Geped)*
Sede da SPR
23
Grupo de Estudos de Imagem Quantitativa (Giq)**
Sede da SPR
RSNA 2016 – http://goo.gl/VV7aV
Chicago, EUA
12 a 14
27/11 a 2/12
Informações sobre eventos da SPR: www.spr.org.br ou (11) 5053-6363. Sede da SPR: Av. Paulista, 491, cj. 41, São Paulo. Hotel Golden Tulip Paulista Plaza: Al. Santos, 85, São Paulo. *Evento com transmissão via web em parceria com a Pixeon. ** Evento com transmissão via Skype; agenda completa das transmissões em: www.spr.org.br/cursos-via-web.