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Publicação: JNG - Suplemento Conferência Beja Secção: SUPLEMENTO COMERCIAL Página: Página I Edição: Lisboa

18/09/2013 17:58h Utilizador: nádia pessoa

BEJA A cidade portuguesa com o maior potencial

negócios mais. suplemento

BOAS PRÁTICAS Partilha de informação garante sucesso Este suplemento é da responsabilidade editorial do departamento comercial da Cofina Media, é parte integrante do Jornal de Negócios nº 2588, de 19 de Setembro de 2013, e não pode ser vendido separadamente

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Cidades como motor de crescimento de uma região Num mercado cada vez mais global a diferença é agora um factor chave. Especialização ou diversificação o importante é atrair investimento e fomentar a economia.

Lisboa


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18/09/2013 17:58h Utilizador: nádia pessoa

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Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento Comercial | ? .

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Congress of European Emerging Regions A G R I C U LT U R A

REGIÕES EMERGENTES NO CONTEXTO GLOBAL

Editorial

Regiões emergentes num quadro em transição

O regresso aos campos

Apostar na diferenciação

Irrigação constante trouxe novas culturas ao Alentejo

O sucesso competitivo de uma cidade depende da valorização dos seus activos A capacidade de cooperação, diferenciação e liderança nas redes globais é um activo crítico das cidades e regiões face aos desafios da competitividade, do desenvolvimento e do crescimento. Hoje a competição é global e torna-se imprescindível que uma cidade ou região consiga ter um factor diferenciador, capaz de atrair investimentos, turistas e residentes. Beja e o Baixo Alentejo têm respondido a esse desafio através de uma persistente estratégia de promoção dos seus activos regionais, nos quais se distinguem infra-estruturas significativas, e da maximização dos seus impactos no desenvolvimento económico. O sucesso competitivo da região depende da adequada valorização desses activos regionais, entre os quais se destaca o Alqueva e o regadio, o Aeroporto e as oportunidades de localização empresarial, a proximidade ao Porto de Sines, a capacidade tecnológica e formativa e a oferta turística. Dado o potencial de crescimento da região, essa política local tem relevância e impacto nacional. Convém não esquecer que estes empreendimentos foram considerados como sendo projectos PIN. A integração, cooperação e liderança de redes europeias corresponde à visão estratégica segundo a qual a projecção global do município e da região é de importância decisiva para o desenvolvimento. As Conferências de Beja e a rede CoEER, assim como os projectos internacionais, em que agentes locais se têm envolvido, confirmam essa vocação e afirmam a capacidade da região se diferenciar na competição global – em que cada vez mais se decide o futuro das cidades

e das regiões – pela atracção de recursos, investimento, inovação, quadros, ideias e oportunidades. O expectável desenvolvimento, com base na participação nessas redes, de um cluster aeronáutico local exemplifica, de forma categórica, o significado dessa visão e a importância da projecção global dos factores de diferenciação competitiva da cidade e da sua região. O significado das infra-estruturas e das estratégias regionais para a fixação de investimentos, recursos e empregos, para o qual insubstituivelmente contribuem as autoridades locais, as empresas e os promotores – públicos e privados – regionais permitem afirmar Beja e o Baixo Alentejo como uma região emergente no quadro das regiões europeias. No presente momento de transição convergem, temporalmente, alterações significativas no quadro competitivo, no qual se afirmam as cidades e as regiões: inicia-se um novo quadro europeu de financiamento estrutural, clarificam-se desafios globais – em especial o climático - afirmam-se novos sectores económicos, intensificam-se as mutações tecnológicas, aprofundam-se as redes globais – de pessoas, empresas, cidades, grupos e regiões. Neste quadro em transição despontam (novas) oportunidades, decidem-se apostas competitivas e emergem novos paradigmas competitivos. É neste quadro em transição que as regiões europeias emergentes, nas quais se distinguem Beja e o Baixo Alentejo, esperam encontrar argumentos que consolidem as suas aspirações de crescimento, desenvolvimento e futuro.

Ser diferente, quer através da especialização ou da diversificação. Essa é a solução para atrair investimentos e proporcionar o desenvolvimento.

Beja | Agricultura, infra-estruturas e turismo são três dos factores diferenciadores da região

ALEXANDRA COSTA alexandra.costa@outlook.com

As cidades sempre foram o motor de crescimento das regiões onde estão inseridas. A diferença é que actualmente concorrem num mercado global e, por isso, o factor diferenciador assume maior importância. Hoje, não se trata de conseguir mais fundos do que outra cidade vizinha, mas sim de procurar e atrair investimentos que, de outra forma, irão para concorrentes que podem estar localizados no outro lado do mundo. A questão, vista desta forma, é relativamente recente. E de tal forma importante que suscitou a realização de um congresso internacional, que decorreu entre 11 e 13 de Setembro, em Beja, uma das potenciais cidades emergentes da Europa. Com as novas regiões surgem também novos negócios. Ou formas diferentes de abordar um mesmo sector. Veja-se o caso da agricultura. Giuseppe Falco, da Masseria GioSole e antigo presidente da European Council of Young Farmers,

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Um posto de trabalho na cultura suporta directa ou indirectamente quatro empregos no turismo geral PABLO MORALES Câmara de Comércio de Sevilha

apontou a sua empresa como um exemplo de adaptação às mudanças do mercado. Localizada em Capua, a antiga Azienda Agricola Raffaele (só em 1986 assumiu a denominação actual) cedo assumiu a inovação como um factor chave para o sucesso comercial. Em 1970 apresentou os kiwis ao mercado italiano e vinte anos depois iniciou um processo de reprodução in vitro e produção em sistema hidroponia (sem terra) de plantas ornamentais. Seguiram-se as especialidades alimentares, os produtos artesanais, a produção de energia fotovoltaica e o negócio do agro-turismo. A receita do sucesso, para Giuseppe Falco, está na constante análise do mercado e na interligação entre a empresa, a comunidade e as universidades. Desta forma todos os intervenientes beneficiam. A vantagem da especialização

Noutros casos, a melhor aposta passa pelo aproveitamento e aprimoramento do legado histórico da cidade. E pela aposta na especiali-

zação de um determinado sector. Foi o que aconteceu com a cidade Rzeszów, na Polónia. A região é conhecida pela sua forte vertente industrial, nomeadamente na química e farmacêutica e aviação. Curiosamente tudo começou em 1936, quando o governo polaco decidiu desenvolver uma região industrial na zona centro do país. O objectivo era “simples”: industrializar as regiões pobres e apostar na defesa do país face às ameaças da Alemanha e da então União Soviética. Para tal foram criados clusters de indústria militar – aviação, artilharia, munições. A decisão não foi a tempo de impedir a II Guerra Mundial, mas permitiu juntar todo um conjunto de infra-estruturas, onde se destacam quatro aeroportos (um deles internacional), universidades técnicas (onde existe o único simulador para a aviação civil) e centros de investigação. Numa região considerada das mais pobres da Polónia, a indústria aeroespacial revela-se essencial no desenvolvimento económico, social

e humano, sendo o segundo maior sector a contribuir para a economia local, atrás apenas do comércio, transportes, turismo e comunicações. Mais importante é o potencial inerente, não só ao nível do emprego (actualmente o sector da aviação já emprega mais de 23 mil pessoas), como da investigação em termos de investimento. Os números indicam que há um potencial para vendas superiores a mil milhões de dólares. Hoje, a maioria da produção já tem como destino a exportação, nomeadamente para os Estados Unidos, Venezuela, Indonésia, Itália, Canadá, Espanha, Alemanha e México. Sem esquecer que isso significa uma reestruturação da economia da região. Investir na cultura, ganhar no turismo

Mas nem todas as regiões têm um sector tão especializado como o da aviação. É o caso da Andaluzia,. onde, como explicou Pablo Morales, da Câmara de Comércio de Sevilha, a solução passou por uma

selecção criteriosa dos projectos a apoiar. Não vale a pena apostar num programa que não sobreviverá com o trémito dos fundos comunitários. Dado o contexto específico da Andaluzia foi criado o CHORD , um programa que aproveita a herança cultural para desenvolver oportunidades de desenvolvimento rural. Implementado entre 2009 e 2011 o CHORD promoveu eventos típicos, de forma a diversificar a oferta turística e conquistar novos públicos. Para tal primeiro foram identificadas as necessidades e constrangimentos culturais e criadas parcerias de longo prazo. A aposta na cultura culminou no recuperar de algumas tradições, na criação de novas ideias e na diminuição da taxa de desemprego, nomeadamente dos jovens. Tão ou mais importante é o facto de os resultados terem provado que o investimento na criação de um posto de trabalho na cultura pode, indirectamente, suportar ou criar quatro empregos no sector do turismo em geral.

Nos últimos tempos verificou-se um regresso ao sector primário, não só por parte da população mais jovem, mas também dos investidores. A razão, mais do que a crise económica, deve-se, no Alentejo, à disponibilidade de água, vinda do Alqueva. A falta de irrigação anterior condicionava as plantações, fazendo com que os produtores optassem por cereais de sequeiro e alguns olivais. Agora são possíveis novas culturas, como as de regadio, e produções intensivas, como os novos olivais. Como referiu ao Jornal de Negócios Luís d’Argent, da ACOS – Agricultores do Sul, a grande vantagem é a de “hoje podermos fazer tudo o que quisermos”. Exemplo disso são as novas plantações de frutos vermelhos, como as romãs, e de marmeleiros. Apesar de o fenómeno se estar a verificar um pouco por todo o País, o Alentejo tem a vantagem de ser a região com maior número de horas de luz solar, o que, aliado à água disponível da barragem, lhe confere uma vantagem para plantações intensivas. Não é por acaso que muita da produção já se

destina à exportação. Também a bovinicultura de carne tem vindo a ter resultados positivos. Em parte devido ao facto de, como explica José Pais, da ACBM - Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos, desde 2008 os produtores não necessitarem de terceiros para entregar os vitelos no matadouro. O que, aliado à exportação de animais vivos para Espanha fez com que os preços se tenham mantido em alta. No entanto ainda há algumas questões a resolver. Em termos técnicos Portugal ainda está, segundo José Pais, muito longe dos parceiros europeus, como a França, Itália, Inglaterra, entre outros. Para José Pais é necessária uma intervenção urgente nas áreas da reprodução, genética e alimentação animal. A solução passa pela criação de “programas de apoio, ligados a regras de produção bem delineadas e objectivas”. Mas isto de nada vale se não se conseguir comercializar. E o problema é que falta o “último elo da cadeia, entre os agrupamentos de produtores de bovinos e o consumidor final”.


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18/09/2013 17:58h Utilizador: nádia pessoa

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Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento Comercial | ? .

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Congress of European Emerging Regions FINANCIAMENTO

A G R I C U LT U R A

A vantagem da partilha de conhecimento

Os novos alentejanos

Condições específicas da região estão a atrair investidores nacionais e internacionais

Nem sempre é fácil para as PME conhecerem os vários mecanismos de financiamento existentes na União Europeia. O DIFASS foi criado com o objectivo de permitir a troca de informações entre parceiros europeus. ALEXANDRA COSTA alexandra.costa@outlook.com

Muitos dos projectos que promovem o desenvolvimento de uma cidade/região assentam em fundos comunitários. Mas nem sempre é fácil, nomeadamente para as pequenas e médias empresas (PME) a obtenção desses fundos. A DIFASS pretende colmatar essa “falha”. Através de uma rede de 26 parceiros, espalhados por 20 países da União Europeia, a DIFASS pretende ser um meio de partilha de informações que permitam ajudar as PME a obter os investimentos necessários. O projecto pretende trocar experiências e boas práticas comprovadas. Os resultados, segundo Kathryn Havering, project manager na WSX Enterprise, permitem que os parceiros conheçam as várias formas de financiamento existentes nas várias regiões. A ideia é a de que se promova a partilha de dados de projectos já implementados e testados. Por exemplo, uma ferramenta de Gestão de Micro Finanças, da Hungria, está a ser “transferida” para a Estónia, Espanha, Itália e República da Eslováquia. Ou o programa de apoio à internacionalização das PME, desenvolvido pelo parceiro na Andaluzia, que está a ser implementado, como um programa-piloto, na Dinamarca, na Itália, na Roménia e na Suécia. Para conseguir conciliar as operações de 26 parceiros são realizadas inúmeros workshops com um programa pré-estabelecido. Tudo começa com a análise do trabalho feito na sessão anterior e com a observação do tema em causa. Seguem-se as apresentações, as questões e os debates. Só depois é estabelecido uma listagem com os feedbacks e com as boas práticas, que vão a votos. O objectivo é identificar as duas boas práticas de maior sucesso que possam ser implementadas, através de um pro-

Implementação de boas práticas comprovadas assegura sucesso de projectos KATHRYN HAVERING WSX Enterprise

grama piloto, em oito regiões. Sendo que tudo isto fica devidamente documentado, de forma a servir de base a trabalhos futuros e para consulta posterior. Os documentos estão acessíveis através do site do DIFASS, assim como os vídeos realizados. Esta foi a forma encontrada para que os parceiros tivessem, sempre, à sua disposição todo o tipo de informação e ajuda disponível. Porque essa é a principal “queixa”. Simplificar os processos

Programas locais potenciam um maior desenvolvimento das regiões que projectos de dimensão eurpeia PABLO MORALES Câmara de Comércio de Sevilha

A continuação da realização dos encontros permite aprender com os erros. No Workshop referente à internacionalização foi detectado que existem condicionantes ao sucesso de qualquer projecto. É o caso do excesso de papelada. O DIFASS recomenda que o processo seja o mais simples possível, que dê tempo às empresas mais cépticas e que aposte na qualidade dos agentes de negócios nos países em causa. Já em relação aos micro-emprésticos as recomendações incidiram em quatro pontos estratégicos: disponibilizar o máximo de formação e suporte possível, simplificar o processo, flexibilizar os termos dos pagamentos e utilizar os intermediários financeiros correctos. Independentemente do cenário em causa as entidades competentes, quer sejam os governos, a banca ou outra instituição, estas têm de ter em conta as vantagens da simplificação dos processos assim como da diminuição da papelada. Sem esquecer a formação. Esta nunca é demais. Por vezes uma empresa pode ter todas as ferramentas necessárias para o desenvolvimento do seu negócio com excepção do conhecimento necessário para a obtenção do financiamento. É aqui que entra o DIFASS e os seus parceiros. Todas as reuniões já realizadas e programadas têm como objectivo que os casos de sucesso sejam transmitidos e reaplicados sempre que possível. A Andaluzia é um caso

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paradigmático. O seu programa de internacionalização está neste momento a ser implementado na região autónoma de Sardenha, na Itália; no Tallinn Science Park Tehnopol, na Estónia; na região da Macedónia, na Grécia; na Fundação Teknikdalen, na Suécia; e no Vaeksthus Central, na Dinamarca. Pablo Morales, da Câmara de Comércio de Sevilha, explicou que um dos erros recorrentes é o de investir em projectos que, findo os fundos comunitários, não terão possibilidade de seguir em frente. É por isso altura de repensar as estratégias a seguir. Programas regionais potenciam crescimento

Existem duas vias possíveis aquando da implementação de fundos comunitários. A primeira consiste na adaptação do projecto ao que a União Europeia e a Comissão pretendem, orientando a proposta de financiamento nesse sentido. O que só e possível com um conhecimento aprofundado das políticas europeias. A outra via utiliza a abordagem oposta. Assenta na criação de processos de capitalização abertos pela União Europeia para criar novas ideias, novos cenários. Isso poderá ser realizado através do recurso a inquéritos, grupos de especialistas… Aqui há mais liberdade para inovar. No entanto a possibilidade de obtenção de fundos comunitários é mais limitada. O que aumenta ainda mais a importância da escolha do projecto. Porque não implementar/financiar um programa que aposta no local/regional? Ao contrário da ideia geral as regiões não têm apenas de optar por projectos internacionais. Na verdade, para Pablo Morales, a aposta certa passa exactamente pelo oposto. Porque são os programas locais que vão desenvolver as regiões onde estão inseridos.

Alqueva | Hoje a barragem assegura a irrigação a 68 mil hectares de regadio

A evolução do Porto de Sines, a abertura do Aeroporto de Beja e o “aparecimento” da Barragem do Alqueva transformaram o tecido económico alentejano. Estão a surgir novos investimentos, alguns deles oriundos de outras partes do país, e do globo. E, de acordo com um estudo da Câmara de Beja, o concelho pode ganhar 22 mil habitantes até 2021, tendo em conta a exploração das potencialidades destes três empreendimentos. A agricultura e o enoturismo são uma das principais apostas desta nova geração de investidores. Não só ao nível do vinho com a experiencia de novas castas mas também em termos de turismo. Hoje já se procura aliar o negócio vinícola com outros complementares. E novos projectos significam mais postos de trabalho. Que, segundo o estudo, poderão ir até 15 mil novos empregos até 2021. Por outro lado, e dado a “nova” população, prevê-se não só um crescimento populacional do concelho como inclusive o seu rejuvenescimento. Actualmente existem sete empreendimentos, ao redor de Beja, de agro-turismo. Todos eles com características, dimensões e ofertas distintas. O turista pode optar pelo Clube de Campo da cadeia Vila Galé, a unidade com mais quartos disponíveis, pela Herdade dos Grous, pelo Monte Novo e Figueirinha, pela recentemente aberta Herdade do Vau entre outras hipóteses. Muitas destas unidades são investimentos de quem aprendeu a apreciar o Alentejo. Veja-se o caso de Miguel Sousa Otto. O que começou como um pequeno projecto começou a ganhar dimensão e hoje abarca grande parte do quotidiano deste executivo do Norte. Embora o negócio principal assente no vinho este é complementado pelo do turismo e pela comercialização de azeite e de ervas aromáticas. Todos os projectos financeiramente sustentáveis são benéficos para o desenvolvimento da região. Um dos mais emblemáticos, pela sua complexidade, é o da Herdade

da Malhadinha Nova. A propriedade foi adquirida, em 1998, pela família Soares, estando os terrenos abandonados há mais de 30 anos. O negócio assenta maioritariamente na produção vitivinícola. No entanto é também importante a criação de animais de raças autóctones, a criação e treino do cavalo pura raça lusitana, assim como as mais recentes apostas: o Hotel Rural – Country House & Spa e o Restaurante da Malhadinha – Wine & Gourmet. A unidade, com 10 quartos, aliado ao serviço do restaurante e as operações quotidianas da Herdade fazem com que haja uma equipa permanente de mais de 30 pessoas. O sector do turismo está em crescendo, estando a Câmara Municipal de Beja a analisar novos projectos. Sendo por isso expectável o crescimento do número de camas. Mas Beja não está só a atrair investimento nacional. O mesmo acontece com o internacional. E um dos mais importantes, não só velo valor mas também pela notoriedade que traz à região é o promovido pela McFarland Smith, empresa que faz parte do grupo Johnson Mathey PLC, líder mundial na produção de alcalóides opiáceos e outras drogas controladas. A companhia estava à procura de terrenos para a plantação de papoila e a solução foi o Alentejo. O primeiro contacto deu-se há quatro anos. Descobriram uma região com mais horas de sol, um terreno fértil e com boa irrigação, onde havia apoio técnico, boas acessibilidades e “uma porta aberta para a exportação”. Com o potencial do terreno demonstrado há que passar à fase da implementação. O projecto está distribuído por duas fases, com a primeira a terminar no próximo ano e a representar um investimento de cinco milhões de euros e a criação de cinco postos de trabalho. Com a plantação do campo de papoilas e respectivo processamento e extracção o programa conta contractar (até 2018) mais 30 pessoas, num investimento de 35 milhões de euros.

Projectos na agricultura e turismo poderão criar 15 mil novos empregos até 2021

McFarland Smith vai investir 40 milhões de euros, até 2018, na plantação e extração de um campo de papoilas


Publicação: JNG - Suplemento Conferência Beja Secção: SUPLEMENTO COMERCIAL Página: Página_VI_VII Edição: Lisboa

18/09/2013 17:58h Utilizador: nádia pessoa

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Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento Comercial | ? .

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Congress of European Emerging Regions C R E S C I M E N T O E S U S T E N TA B I L I D A D E

Envolver a comunidade Melhor qualidade de vida = mais competitividade Quer seja na implementação de um projecto ou na elaboração de uma estratégia de diferenciação de uma cidade a sociedade civil tem uma palavra a dizer. Sem ela nenhum plano, por melhor que seja, tem sucesso. ALEXANDRA COSTA alexandra.costa@outlook.com

Não é fácil para uma cidade/região criar uma estratégia de sucesso do zero. Hoje a concorrência é feroz e já há nomes implementados no mercado. A definição do caminho a seguir é o primeiro passo. O definir a identidade da cidade e o que a diferencia da concorrência. Só depois se pode elaborar uma estratégia, optar por projectos de desenvolvimento e candidatar-se a fundos comunitários. Antonella Valmorbida, da Association of the Local Democracy Agencies (ALDA) reflectiu sobre o tema e deu alguns conselhos. Para a executiva está provado que os municípios e as regiões são o verdadeiro motor do desenvolvimento sustentável e do crescimento económico. No entanto isso só é possível se se conjugarem com dois importantes factores: a sociedade civil e uma cidadania responsável. Não basta o poder político e o sector privado investirem dinheiro e tomarem medidas. A população também tem de estar envolvida. Caso contrário os projectos poderão não ser os mais adequados ou criar-se um sentimento de resistência que pode levar ao falhanço dos mesmos. Esta é aliás a área da actuação da ALDA. A associação serve de intermediária entre os vários intervenientes e procura promover a governação e a participação dos cidadãos ao nível local. Por outro lado a ALDA, nas palavras de Antonella Valmorbida, é defensora da descentralização e da regionalização do poder político. Para a executiva é essencial que haja

Envolvimento da sociedade em projectos de energia leva a uma utilização mais racional JOANA MUNDÓ Ecoserveis

Programas de desenvolvimento só terão sucesso se envolverem a sociedade civil ANTONELLA VALMORBIDA ALDA (Association of the Local Democracy Agencies) Sociedade | O não envolvimento da comunidade na definição, elaboração e implementação de projectos pode criar um sentimento de resistência e ao falhanço dos mesmos

independência das autoridades locais ao orçamento de Estado. Só assim conseguirão desenhar e implementar as medidas necessárias à sua região. Investir nas energias sustentáveis

Joana Mundó, da Ecoserveis, uma NGO espanhola, especializada nos temas da energia, também defendeu o envolvimento da comunidade aquando da definição e implementação das estratégias. A organização defende o relacionamento entre a sociedade e o sector como forma de promover um modelo de energia que seja justo e sustentável, quer do ponto de vista social, ambiental e cultural. Criada em 1992 permitiu o aproximar entre o campo técnico-científico e a sociedade, ao mesmo tempo que diminuiu as assimetrias informativas, aumentando o conhecimento sobre o tema da energia, nomeadamente a renovável.

Actuando nas áreas da eficiência energética, na poupança de energia e no seu impacto no ambiente, a organização defende que o investimento nas energias renováveis pode ter impactos regionais positivos. Através da formação e da disseminação da informação os consumidores tornam-se mais conscientes e efectuam uma utilização mais racional da energia. Algo essencial, especialmente em tempo de crise económica. Mas mais do que isso. A aposta nas energias renováveis cria emprego e oportunidades de negócio. Um exemplo claro, para Joana Mundó, são as comunidades geradoras de energia. Quando um grupo de cidadãos se une e, de forma consciente, investe, por exemplo, em painéis fotovoltaicos, a fim de produzir energia para consumo próprio e para comercialização. Ou, quando um conjunto de pessoas e/ou entidades se une no sentido de

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encontrar e implementar soluções de energia sustentável. É aqui que entra a Ecoserveis. A NGO procura facilitar a partilha de informação e ajudar a desenvolver os projectos da comunidade. Apesar de a melhor abordagem ser a que envolve a comunidade há ainda algumas barreiras a ultrapassar. Por um lado estes projectos requerem um elevado nível de conhecimento técnico. O que pode condicionar não só a aprovação como a implementação dos programas. Por outro lado, não é transparente o custo total da energia convencional. O não saber exactamente qual o preço da factura da energia dificulta a tomada de decisão dos utilizadores. Estes ficam sem perceber exactamente quais os custos envolvidos e se vale, ou não, a pena investir nas energias alternativas. Mesmo porque o investimento inicial num projecto desta natureza é avultado. E convém não esquecer a

burocracia que envolve levar por diante um projecto desta natureza. Não só são programas morosos como “não há coordenação entre os vários organismos competentes”. Tão ou mais importante é o facto de o tema não constar no planeamento habitual dos governos, quer locais como centrais. Formas de financiamento

Tendo em conta que os projectos de energias alternativas obrigam a um investimento inicial avultado e que nem todos as pessoas têm esse montante disponível há que conseguir financiamento. Para Ecoserveis e Joana Mundó há quatro modelos disponíveis: o financiamento directo, o misto, o recurso a um fundo de energias renováveis ou o crowdfunding. O primeiro, o financiamento directo, claramente só poderá ser utilizado ou por pessoas com uma elevada disponibilidade financeira ou

para projectos mais pequenos, de carácter individual. Ou, na compra de acções de empresas que actuem na área. O misto, que envolve investimento directo e instituições bancárias, por seu lado, permite uma maior abrangência mas obriga a uma maior supervisão por parte de terceiros. Este é o modelo vocacionado para investidores com uma personalidade mais conservadora. Se prefere investir em diversos projectos a solução passa pela aquisição de fundos de energias renováveis. Oriscofica diluído entreosváriosprogramaso que atenua possíveis perdas. Quanto ao crowdfunding este ainda é um modelo relativamente recente. Sendo que Joana Mundó só conhece uma plataforma especializada em energia. Trata-se da alemã crowdEner.gy. Portugal é um dos países que mais tem investido, nos últimos anos, nas energias renováveis. Para isso contribuiu, em anos anteriores,

os programas de incentivo, por parte de particulares, e uma maior consciência por parte das empresas. A última legislação sobre o consumo energético, que obrigou a alterações no desenho e construção das edificações novas e, agora, a uma análise dos edifícios comercializados, está, lentamente, a modificar o cenário da construção nacional. Mas ainda há muita coisa a fazer. O país não aproveita todo o seu potencial fotovoltaico. Veja-se o caso da Alemanha, que tem uma percentagem mais elevada de habitações com paineis fotovoltaicos. A explicação assenta, por um lado, no custo inicial de aquisição das tecnologias, da crise económica, assim como da falta de conhecimento de alguns consumidores/construtores. Algo que, com a ajuda e cooperação das várias entidades envolvidas, poderá aumentar a independência energética do país, permitindo inclusive a sua exportação..

A alemã crowdEner.gy é, por enquanto, a única plataforma de crowdfunding especializada na energia JOANA MUNDÓ Ecoserveis

Investir na melhoria da qualidade de vida nas cidades é investir no futuro desenvolvimento territorial da Europa. Esta é a opinião de Simone d’Antonio, da Cittalia. Convém lembrar que 75% da população vive em cidades e que 70% da energia é consumida nas metrópoles. Mas, na Europa, o desenvolvimento e aprimoramento das cidades envolve vários desafios. Quer ao nível da inovação, da coesão social, da participação dos cidadãos, da mobilidade, do emprego, do ambiente, da energia, da construção, da inclusão, da regeneração dos espaços públicos, da dimensão internacional e do multinível do governo. Sendo que todos eles estão interligados e têm impacto no quotidiano das pessoas. Veja-se o caso da (quase) inexistente participação dos cidadãos na vida da cidade. Isso acontece porque não há confiança nas políticas, quer nacionais como regionais. Por outro lado a mobilidade ganhou importância, não só pela necessidade de ligação a outras cidades mas também pela existência de novas necessidades. É o caso dos veículos eléctricos, por exemplo. E quanto à dimensão internacional?

Ela é tão importante porque hoje a competição não é só entre cidades mas sim entre redes de metrópoles. A que for mais coesa e apresentar mais factores de diferenciação estará em vantagem não só na atractividade de novos investidores mas também em turistas, visitantes, residentes… Mas o que faz com que as cidades sejam tão importantes no desenvolvimento das regiões?

Para Simone d’Atonio a resposta está no facto de conseguirem, por um lado, fazer um uso mais efectivo e nacional dos fundos europeus e, por outro, de a sua política ter um impacto directo no quotidiano dos cidadãos. Por outro lado podem criar ligações entre

A cidade que apresentar mais factores de diferenciação atrairá mais investidores, turistas e residentes SIMONE D’ANTONIO Cittalia

diferentes sectores da economia e criarem hubs de determinado conhecimento ou indústria. Sem esquecer que esta aposta reflecte-se na promoção do capital humano, nomeadamente ao nível da formação e do emprego. Para que uma cidade seja competitiva deverá apostar no que a diferencia de todas as outras. E conjugar essas diferenças com as outras metrópoles da sua rede, de forma a disponibilizar uma “oferta” integrada. Simone d’Atonio apontou exemplos de diversas cidades europeias que estão a avançar nesse sentido. É o caso de Salerno, por exemplo, que está a utilizar os fundos europeus para regenerar a sua linha costeira e o centro da cidade. Já Vitoria-Gasteiz, a segunda cidade do país Basco, optou por investir no ambiente como motor de crescimento. Belfast, por seu lado, está a criar comunidades seguras através da regeneração urbana. Embora não tenha tido oportunidade de conhecer Beja e só tenha visitado de forma superficial as cidades de Lisboa e Porto, Simone d’Atonio referiu que todas as cidades deveriam encarar o melhorar a qualidade de vida como um factor competitivo.


Publicação: JNG - Suplemento Conferência Beja Secção: SUPLEMENTO COMERCIAL Página: Página_VIII_IX Edição: Lisboa

18/09/2013 17:58h Utilizador: nádia pessoa

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Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento Comercial | ? .

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Congress of European Emerging Regions CASO DE ESTUDO

As três infra-estruturas chave

Beja, a potencial região portuguesa

Infra-estruturas, economia diversificada, recursos humanos qualificados e projectos de âmbito nacional elevam a importância da cidade. ALEXANDRA COSTA alexandra.costa@outlook.com

Beja é uma região paradigmática portuguesa. Tendo por base o novo conceito de regiões emergentes como motor de crescimento encontra-se numa posição invejável face a outras cidades nacionais. A agricultura, aliada às agro-indústrias, continua a ser o motor da economia, embora o turismo tenha crescido nos últimos anos. Este desenvolvimento devese, em grande parte, ao aparecimento de grandes infra-estruturas na região, como sendo o Aeroporto e a Barragem do Alqueva. Terrenos que se encontravam abandonados, nalguns casos há várias décadas, foram recuperados. Isto está a impulsionar um sector já de si importante. A garantia de água levou ao aparecimento de novas culturas. Onde antes dominava os cereais de sequeiro começa hoje a aparecer uma cultura de regadio. Com uma outra vantagem. A de permitir plantações intensivas. Estas, para já, destinam-se maioritariamente ao mercado interno. Mas o objectivo é o de possibilitar o aumento das exportações. Falta uma maior coordenação na promoção e comercialização dos produtos. A conjunção de uma diversidade da economia assente no sector primário e numa rede de infra-estruturas é o que permite o desenvolvimento da região. Para que Beja alcance todo o seu potencial falta apenas uma coisa. As acessibilidades. Algo que está dependente do Governo Central e não das entidades locais. No entanto, o facto de muitos

dos projectos já em curso ou planeados serem considerados de interesse nacional pode facilitar o desbloqueio desta situação. O sucesso (ou insucesso) do Aeroporto de Beja, da Barragem do Alqueva ou mesmo do Porto de Sines não tem impacto apenas na região de Beja mas sim ao nível de todo o país. O que poderá facilitar criação da ligação de Sines a Madrid, essencial, nomeadamente para o transporte de mercadorias. E para um maior desenvolvimento do Porto de Sines, que estará numa posição única para servir de “porta de entrada” para o mercado europeu. Por outro lado, e dado que se pretende fomentar o transporte de passageiros no Aeroporto de Beja, é fundamental permitir a rápida deslocação dos mesmos. Quer para a região do Algarve como para Lisboa. Com as infra-estruturas em funcionamento e projectos em curso prevê-se um aumento da criação de postos de trabalho na região, nomeadamente em termos do emprego qualificado. A relação entre as empresas e as universidades é essencial para o assegurar do mesmo. Sendo que esta relocalização da população vai combater o fenómeno da desertificação do interior. E não se trata de um cenário futurista. Hoje a taxa de desemprego já é inferior à média nacional. Número que deverá diminuir (ainda mais) tendo em conta os projectos já aprovados, quer ao nível da agricultura como do turismo. A região, ao contrário de outras, ainda dispõe de financiamento disponí-

vel, ao abrigo do PRODER. Estão previstos vários programas que “vão entrar agora em obra”. Quer seja ao nível do ampliamento de unidades já existentes como à criação de novos turismos rurais. Por outro lado, o facto de a economia social estar a crescer também permite a criação de novos postos de trabalho, nomeadamente na geração mais jovem. Estão a surgir novas oportunidades e nas funções. Novos tempos, nova imagem, Beja está a mudar. A modernizar-se. A tentar captar (ainda) mais investimento e a atrair novos residentes. Pelo que chegou então altura de lhe conferir uma nova imagem. O objectivo era provocar reconhecimento junto da população e apresentar uma marca que fosse agregadora da cidade, do município e da região. Uma marca que reflectisse a tradição e a história de mais de dois mil anos de Beja com um reflexo contemporâneo e moderno. Depois de analisados casos internacionais, como o de Amesterdão, Charlotte ou Copenhaga chegou-se a um resultado. O que se pretendia era promover os produtos De Beja, a história De Beja, as pessoas De Beja… e assim se chegou à denominação “De Beja”. É o que distingue a cidade de todas as outras. E que permite criar uma espécie de selo de garantia. A vantagem, segundo a Ivity, empresa responsável pela criação da nova marca, é a de que este conceito tanto se aplica à cidade como à região. O De Beja tem uma abrangência vantajosa, que pode ser utilizada por todos.

SUPLEMENTO COMERCIAL Página_VIII_IX - Lisboa

Beja | A capital do baixo Alentejo tem uma das baixas taxas de desemprego do país

Aeroporto de Beja

Porto de Sines

Barragem do Alqueva

Os aeroportos são mais do que um ponto de transporte de passageiros. Mais do que um potencial meio de transporte de turistas é uma importante fonte de receitas e um pólo de desenvolvimento. O que a ANA – Aeroportos de Portugal pretende é criar um cluster de aeronáutica ao redor do aeroporto. Este permitirá não só desenvolver a indústria como potenciará a economia. Isto ao mesmo tempo que promoverá o trabalho especializado e criará novos postos de trabalho. Inaugurado há dois anos, o aeroporto está a ser encarado como sendo um pólo de desenvolvimento da região, nomeadamente através da criação de um cluster aeronáutico. Pedro Beja Neves, director do Aeroporto de Beja, dá o exemplo da TAP, que iniciou as operações de manutenção da sua frota nas instalações de Beja. Por outro lado, em termos do transporte de carga, há a destacar a presença do UTI.

Assumindo o papel de “porta de entrada” na ligação ibero-atlântica, o Porto de Sines é hoje líder nacional em termos de mercadorias movimentadas e a principal porta de abastecimento energético do país (petróleo e derivados, carvão e gás natural). Adquire, por isso, primordial importância a sua interligação com os sectores industriais existentes na região e com outros meios de transporte. O primeiro semestre deste ano trouxe um novo recorde em termos de carga movimentada. Números disponibilizados pelo Porto de Sines indicam um crescimento de 22% nas mercadorias e 62 por cento nos contentores. O que, traduzido em toneladas, significa que foram movimentadas 17,4 milhões de toneladas mercadorias e 422 mil TEU. Mas tão ou mais importante do que os números recorde de carga transportada são as notícias sobre

O maior lago artificial da Europa, e consequentemente a maior reserva estratégica de água da Europa, o Alqueva garante a disponibilização de água mesmo em períodos de seca extrema. Com uma área de influência que ronda os 10 mil quilómetros quadrados e que abrange os distritos de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal, o Sistema de Rega de Alqueva transformou o que antes era a agricultura alentejana. Onde antes imperavam os cereais de sequeiro hoje há mais liberdade para experimentar novas culturas. Na fase actual de implementação estão em exploração cerca de 68 mil hectares de regadio. De um total de 120 mil, previstos para 2015. Este garante de água está a abrir portas a novas produções. Quer de novos produtos como de plantações intensivas, como sendo o olival. Estas permitiram inclusive que Portugal, na fileira do azeite, se tornasse auto-suficiente.

O operador logístico internacional efectuou o primeiro voo, de Beja para a Alemanha, este ano. “O primeiro passo – ter um operador no aeroporto – está dado”, refere Pedro Beja Neves. Este é aliás, o “verdadeiro” negócio do aeroporto, dado que em termos do tráfego de passageiros os números “interessantes” só deverão surgir a partir de 2018, quando este passará a ser uma “porta de entrada regular”. O que só será possível se “a promoção do Alentejo, no mundo, continuar”. Mesmo assim, as expectativas são as de duplicar, em número, os cinquenta movimentos/voos realizados no ano passado. Desde que iniciou operações, a 13 de Abril de 2011, o aeroporto já recebeu 160 movimentos, de sete companhias aéreas. Destes 110 eram operações charter e 48 de voos privados. Por enquanto são o transporte de carga e a indústria os sectores que mais contribuem para as receitas do aeroporto. Que mantém, em permanência, uma equipa de quinze elementos a trabalhar nas instalações.

as parcerias efectuadas. Em Março a Autoeuropa anunciou estar a estudar a criação de uma plataforma logística em Sines. O Porto seria assim utilizado como porta de saída (e entrada) para os mercados europeus, americanos e do Extremo Oriente. A concretizar-se o negócio significa um aumento das exportações nacionais assim como um aumento da sua importância nas ligações América-Europa. Isto porque as características do Porto (águas profundas) permitem a atracagem de navios de maior porte. Sem esquecer as acessibilidades terrestres. Está previsto uma evolução rodo ferroviária que permitirá dar resposta ao crescimento previsto. Por outro lado convém não esquecer a rede Global da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T). Foram feitas iniciativas no sentido de incluir o Porto de Sines como porto estratégico. A ser aprovada esta acção permitirá potenciar uma ligação ferroviária de mercadorias entre Sines e Madrid e aumentar o tráfego de mercadorias.

As novas apostas passam pela plantação de milho assim como tomate, cebola, alho, melão e melancia, papoila, fruteiras (pomar de clementinas, uva de mesa, e outros) e frutos secos (amendoeiras e nogueiras). A taxa de adesão referente a 2012 foi superior a 60%, com as previsões a apontarem para um novo recorde este ano. Em causa está não só o garante do fornecimento de água como o apoio disponibilizado pelo SISAP - Sistema de Apoio à Determinação da Aptidão Cultural, através da EDIA, entidade gestora de Alqueva. Este serviço de consultoria é especialmente importante na definição de novas culturas. Sendo que, actualmente, estão em desenvolvimento projectos nas áreas de: olival, fruteiras, hortícolas, horto-industriais, medicinais, cereais de regadio, pecuária, proteaginosas, oleaginosas e especiarias. A influência do Alqueva não termina no sector agro-pecuário. Teve também influência no turismo. Quer ao atrair turistas para a região envolvente como ao implicar a criação de projectos turísticos náuticos.


Publicação: JNG - Suplemento Conferência Beja Secção: SUPLEMENTO COMERCIAL Página: Página_X_XI Edição: Lisboa

18/09/2013 17:58h Utilizador: nádia pessoa

? | Suplemento Comercial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013

Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 19 de Setembro de 2013 | Suplemento Comercial | ? .

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Congress of European Emerging Regions INVESTIMENTO

Opinião

Alavancar os sectores chave de cada região

Para se distinguir uma região tem de investir e diferenciar-se em áreas chave. Ultrapassar as barreiras existentes e aprender com os melhores. ALEXANDRA COSTA alexandra.costa@outlook.com

Está provado que a partilha de experiências é benéfica, dado que permite encontrar as melhores soluções para os mesmos problemas, evitar erros e poupar tempo. E quando a partilha se traduz num debate com membros de vários países o resultado é ainda mais positivo. Foi esta a premissa das cinco round tables realizadas aquando do congresso European Emerging Regions. As áreas abordadas são importantes a todas as cidades/regiões que se pretendam firmar no mercado global mas especialmente para Beja. A cidade alentejana não só foi a anfitriã do evento como é considerada como uma região portuguesa com muito potencial. A agricultura é o sector com mais peso na economia da região. E que tem vindo a crescer desde a abertura da Barragem do Alqueva. No entanto isso não significa que não haja obstáculos a ultrapassar. O aumento de irrigação de água está a levar novas culturas para um local onde antes imperava os cereais de sequeiro. Mas será que os novos produtos se adaptam ao novo território? Nem sempre os investidores se podem dar ao luxo de fazer experiências (falhadas). E o facto de um produto ter tido sucesso num outro local não significa que resulte em Beja. É por isso que uma das conclusões foi a de que é necessário existir uma maior aproximação entre os centros de investigação e desenvolvimento, as universidades e os terrenos. Por outras palavras, é essencial a experimentação in loco. Mas esse não é o único problema. Estamos na era da internet. Através da rede é possível obter todo o tipo de informações. Por isso é incrível

que uma das “queixas” seja precisamente o acesso ao conhecimento. Mais precisamente à sua descodificação. Existem pareceres e estudos técnicos. Acontece que, por norma, os agricultores/produtores não têm o tempo necessário para ler as milhares de páginas técnicas. É necessário que este conhecimento seja descodificado e simplificado, de forma a permitir a sua disseminação e assimilação. Novo turismo, novas estratégias

A nova realidade da agricultura portuguesa poderá permitir a existência de produção intensiva. O que não só vai permitir “alimentar” o mercado interno como começar a avançar para a exportação. Mas aqui há alguns pontos a considerar. Por um lado isso implica uma concentração organizativa e da produção. Só assim haverá escala suficiente para atacar mercados de maior dimensão. Mas isso só será conseguido se, em simultâneo, se actuar na promoção dos produtos alentejanos e na aposta da certificação dos mesmos. Embora seja o sector que, numa primeira abordagem, desperte mais atenção, a agricultura é acompanhada por outras “economias”. É o caso do turismo, cujo peso tem vindo a crescer na região. Aqui Beja (e todas as outras regiões) têm não só de aprender com que de se melhor se faz no mercado, através do recurso a benchmarking e estudos de mercado, mas também de estar atenta aos novos turistas. Estes têm necessidades diferentes do turista de décadas anteriores e a região tem de estar preparada para as satisfazer. Uma das soluções passa pela diversificação da oferta disponível. Quer ao nível das unidades hoteleiras como das experiências criadas.

E aqui os agentes de viagens voltam, na opinião dos especialistas, a ter um papel primordial. Mas, tão ou mais importante, é a comunicação. De nada vale uma região investir no desenvolvimento das infra-estuturas, da sua hotelaria, na criação de experiências diversificadas, se não souber se diferenciar da concorrência e comunicar essa mesma diferença. Mas não basta pensar nos turistas. É, também, necessário, pensar nos residentes. Em quem vive numa cidade e contribui para o seu desenvolvimento. Em aumentar a sua qualidade de vida. Quer seja em termos de mobilidade, proporcionando uma melhor rede de transportes públicos, procurando aderir às vantagens das novas tecnologias, ou aumentando a qualidade do ar. Por outro lado o ordenamento do território tem benefícios não só estéticos, como também no fluxo do trânsito e no quotidiano da cidade e das suas pessoas. Sem esquecer algo (aparentemente) tão básico como a gestão dos resíduos e do fluxo de água. Por último, os espaços públicos, nomeadamente os verdes. Estes servem de “pulmão” da região, local de descanso e uma fonte de atractividade para turistas. Beja assume que quer criar um cluster aeronáutico. O aeroporto abriu portas, conseguiu atrair um operador logístico e já se realizaram alguns voos de transporte de passageiros. Agora há que continuar a trabalhar. E, com base no exemplo dado pela cidade de Rzeszów, na Polónia, foi possível saber alguns dos passos a dar. Para conseguir alcançar o objectivo estabelecido é necessário uma maior interligação entre a infra-estrutura, a universidade e os privados (indústria).

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Maria da Graça Carvalho Membro do Parlamento Europeu

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AERONÁUTICA E AVIAÇÃO Tal como Rzeszów, na Polónia, Beja quer ser reconhecida pelo cluster da aeronáutica. O seu aeroporto foi construído com fundos comunitários e foram necessários quinze anos para alcançar o impacto que o sector tem hoje na indústria. Algo que pode e deve ser replicado noutras regiões. Adicionalmente no planeamento do aeroporto polaco constou, desde o início, a componente de serviços à indústria aeronáutica. As infra-estruturas necessárias foram criadas de raiz. Ou seja, não foi desenhado apenas o terminal de passageiros. A parte do transporte de carga, da manutenção das aeronaves… já constava do projecto inicial. O que facilitou a entrada das empresas do sector. O planeamento prévio provou ser benéfico. Não só ao nível da organização dos serviços como na poupança de tempo e de dinheiro. Por outro lado o exemplo polaco também alertou para a importância da forte relação entre as entidades de investigação e desenvolvimento, as universidades e as empresas do sector. Todos os intervenientes deverão agir em conformidade, de forma a beneficiar a região.

AGRICULTURA E AGRO-INDÚSTRIAS Apesar de o sector estar a ganhar novo fôlego ainda há algumas questões a resolver. Foi essa a conclusão das round tables sobre o tema. Sendo que a primeira dificuldade reside no acesso ao conhecimento. Embora haja muita informação técnica disponível esta terá de ser descodificada e simplificada de forma a ser acessível aos agricultores. Tão ou mais importante é a necessidade de ter um certificado referente aos produtos alentejanos. Este, aliado aos nichos de mercado que estão a surgir poderá ser um motor de crescimento para a região. O que poderá ser mais facilmente conseguido se houver uma maior proximidade entre a investigação e o local de produção. Por outras palavras, o facto de uma experiência que ter sucesso na Irlanda não significa que o mesmo vá acontecer no Alentejo. Mas, partindo do princípio que esse trabalho já foi feito e que é possível avançar-se para a internacionalização, coloca-se a questão da comercialização. Para responder às necessidades dos mercados externos é necessário organizar a concentrar a produção.

TURISMO Sector em crescimento é necessário efectuar estudos de benchmarking entre vários mercados/países/regiões. Só desta forma será possível partilhar informações e aprender com os melhores. Por outro lado há que estar atento às mudanças no mercado e ao surgimento de novas formas de turismo e de novos perfis de turistas. O conhecimento existe. Há que utilizá-lo para elaborar estratégias e implementar projectos. Num mundo em constante mutação as agências de viagens adquirem um papel novo, mas nem por isso menos importante. O seu conhecimento sobre as regiões e os turistas revela-se essencial aquando da comunicação e elaboração de estratégias. Sobre a comunicação, ainda mais imprescindível num mundo em que a concorrência é global, as regiões têm de perceber quais os seus pontos fortes/diferenciadores e comunicá-los. Criar reconhecimento, não só junto do público final como nos intervenientes do sector e nos órgãos de comunicação social.

ENERGIA E BIOENERGIA O sector que começa a ser relevante, principalmente em momentos de crise, exige, no entanto, planeamento. Não só a nível municipal como nacional. Há que definir quais as áreas de interesse e onde/quais os projectos a serem implementados. Sendo que o planeamento é a verdadeira ferramenta para a implementação da eficiência energética. Que é um tema cada vez mais importante para as empresas e os cidadãos. Com os custos da energia a aumentar cabe a cada um adoptar comportamentos que permitam uma mais eficiente utilização. Os municípios têm de reduzir os seus custos, o que poderá ser alcançado através da monitorização e de uma melhor utilização dos equipamentos. Em relação às novas formas de criação de energias, como os painéis fotovoltaicos a round table considera que é necessário avaliação dos custos. Isto porque há oportunidades e soluções onde o retorno justifica o investimento feito.

SUSTENTABILIDADE, AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA URBANA Uma cidade só poderá ser considerada um motor de crescimento da região onde esta inserida se tiver pessoas. E se oferecer uma boa qualidade de vida. Esta foi a conclusão a que chegaram os membros que estiveram a debater o tema nas round tables. É necessário investir na sustentabilidade das cidades. E isto passa por muito mais do que simplesmente “injectar” dinheiro num ou noutro programa. Estes têm de ser adaptados à realidade de cada cidade, combatendo problemas específicos. E, numa altura em que surgem novas formas de mobilidade, em que a população ganha nova consciência, as cidades têm de ser capaz de dar resposta. Quer seja através de uma mais eficiente rede de transportes públicos ou através da criação de condições à utilização de meios alternativos, como sendo a bicicleta ou os veículos eléctricos. Estas iniciativas terão impacto directo em algo básico como a qualidade do ar. E que deverá ser acompanhado por um correcto ordenamento do território, por uma eficiente gestão dos resíduos e do fluxo de água.

A posição única do Alentejo As regiões emergentes têm um papel essencial no preparar a Europa para os desafios do século XXI. Estes vão desde saber diferenciar-se numa economia em constante mudança, enfrentar a competição dos mercados internacionais ao aquecimento global e as consequências de ter uma população cada vez mais envelhecida. O timing deste congresso é especialmente interessante dado que estamos a finalizar a preparação da nova geração dos programas da União Europeia, que estarão em vigor entre 2014-2020. Entre eles destaca-se o Horizon 2020, vocacionado para a investigação e desenvolvimento, com um orçamento de 70 mil milhões de euros. Realço também o Quadro Estratégico Europeu, que inclui cinco fundos: coesão, desenvolvimento regional, fundo social europeu, agricultura e pescas. Sendo que, só para Portugal foram alocados 27 mil milhões de euros, que serão geridos pelas autoridades nacionais e regionais. Ainda em relação às verbas que serão disponibilizadas a Portugal, o Alentejo CCDR está, actualmente, a proceder ao planeamento de como investir esses fundos, de acordo com as prioridades regionais. As conclusões deste congresso serão um imput precioso para o processo de decisão dessas mesmas prioridades. O Alentejo está numa posição única. Tem uma grande riqueza de recursos naturais e um dos melhores conjuntos de activos da Europa, onde se incluem o Aeroporto de Beja, o Porto de Sines e a Barragem do Alqueva. A que se juntam instituições de ensino de elevada qualidade, com o Instituto Politécnico de Beja a fazer parte de um pólo de excelência regional. Mas nem tudo são pontos positivos. A infra-estrutura rodoviária alentejana ainda necessita de ser melhorada. Ao determinar as prioridades que beneficiarão dos fundos

comunitários é essencial que estas sejam estabelecidas de acordo com o objectivo de estimular o crescimento económico e de promover o emprego. Os tópicos abordados no congresso – aeronáutica e aviação; agricultura e agro-indústrias; turismo e as novas ruralidades; energia e bioenergia; sustentabilidade, ambiente e qualidade de vida urbana – são os apropriados para promover o crescimento na região, atenuar o desemprego e criar novos postos de trabalho. Apesar de factores como a infra-estrutura, os recursos naturais, a qualidade do ensino e os fundos europeus serem importantes no futuro da região, por si só não são suficientes para assegurar o seu crescimento económico. Houve alturas em que Beja teve todo um conjunto de factores positivos e os resultados obtidos não foram os desejados. Para tal é necessário assegurar as condições macroeconómicas favoráveis, menos burocracia e uma maior aposta na inovação. Se conseguirmos juntar todos estes diferentes aspectos num “pacote” harmonioso creio que conseguiremos fazer crescer a economia e baixar o desemprego. Mas, para conseguir isto, é essencial prosseguir com o processo de reformas estruturais. E que estas não sejam encaradas apenas como exercícios de poupança. Todas as reformas estruturais podem e devem ser orientadas como forma de atingir e proporcionar as condições para um crescimento e prosperidade futuro. Em conclusão, os municípios e a região de Beja só conseguirão responder aos desafios de hoje se conseguirem explorar aos seus recursos naturais, as infra-estruturas disponíveis, o capital humano e a rede de ensino existente no Alentejo. Condições que serão alavancadas pela correcta aplicação dos fundos disponibilizados pelo próximo orçamento da União Europeia.


Publicação: JNG - Suplemento Conferência Beja Secção: SUPLEMENTO COMERCIAL Página: Página_XII Edição: Lisboa

Lisboa

18/09/2013 17:58h Utilizador: nádia pessoa


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