Contos de horror e trevas ant lima

Page 1

Contos de Horror e Trevas


Contos de Horror e Trevas

Coleção O Senhor dos Mistérios Todos os direitos reservados ao autor © Ant Lima 2014


Contos de Horror e Trevas

Pressagio de Morte (O carro Preto). Era noite, já se passavam das 23 horas e as folhas secas arranhavam o asfalto de uma rua deserta. Melina havia acabado de deixar uma lanchonete barata, estava um pouco bêbada, porém sabia o que estava fazendo. Recusou a carona dos amigos alegando que sua casa era próxima e acabou por tendo que andar sozinha pela

noite. Um carro se aproximava pelas costas de

Melina,

passando

muito

devagar.

Um

carro

suspeito, preto, com vidros também pretos e faróis baixos. A jovem estranhou, mas continuou andando

firme,

tentando

não

demonstrar

fragilidade. O carro custou a sumir na outra extremidade da rua, quando virou a esquina, Melina respirou aliviada. Havia ouvido falar de um carro preto que seqüestrava mulheres e crianças

por

aquelas

bandas.

Nunca foi de levar lendas urbanas a sério,


Contos de Horror e Trevas

mas não era prudente desacreditar e não tomar cuidado. Dobrou a esquina olhando atentamente para cada beco escuro. Foi em um destes becos eu

pôde

notar

um

par

de

olhos

olhando

fixamente pra ela. Congelada pelo medo ficou olhando o par de olhos em meio à escuridão enquanto sua cabeça latejava. Deveria correr, mas suas pernas ficaram bambas, e sem reação viu os olhos se aproximando e deixando a parecer o resto do corpo de um gatinho preto. Melina sorriu aliviada, e se curvou para fazer carinho no gatinho preto que antes parecia ser muito ameaçador.

Desconfiada olhou para as

extremidades

rua,

da

as

casas

estavam

fechadas, escuras e algumas pareciam estar abandonadas, o único barulho naquela calmaria, eram as folhas secas arrastadas pelo vento, e o rom-rom

do

fofo

gatinho.

A garota levantou-se ao mesmo instante em que um farol iluminou seu rosto, com dificuldade olhou entre os dedos que cobriam seus olhos da claridade e pôde ver o mesmo carro preto parado na outra extremidade da rua com o motor desligado. Melina continuou imóvel, o motor do automóvel foi ligado, os faróis baixados e começou a andar em direção de Melina.


Contos de Horror e Trevas

Naquela

monótona

velocidade

passou

pela

garota, esta viu o motorista, com capuz, roupa preta e luvas também negras, já que seu braço estava

apoiado

na

janela

aberta.

Passou uma vez mais naquele mesmo jeito, na mesma velocidade. E novamente sumiu na outra esquina. A garota deixou o gatinho de lado, e começou a andar rapidamente pela rua. Ela chegou numa avenida escura às margens de um córrego sujo, andando cada vez mais rápido, enquanto sua respiração ficara ofegante. Um cerca de arame farpado ao lado direito fazia par com

a Então

rua

mal

novamente

o

iluminada. carro

aparece,

estacionando com o motor desligado de frente para

Melina,

os

faróis

desta

vez

estavam

desligados, naquela avenida escura e fria, só havia

a

garota,

o

carro

e

a

noite.

O carro começou a andar lentamente em direção da garota, com as luzes apagadas. Ameaçador. Melina começou a correr do carro, este cada vez mais rápido a ponto de chegar a centímetros da jovem. Correndo de salto alto, Melina se desequilibrou e caiu no asfalto ralando os joelhos e a palma das mãos. O motorista do carro

não

perdoou

o

acidente

e

continuou


Contos de Horror e Trevas

andando em direção da garota, acelerando alto sem sair do lugar para assustá-la, parecia estar se

divertindo

demais

com

isto.

Melina estava se arrastando pelo chão para não ser atropelada, andando de ré, ora correndo, ora arrastando-se. Enfim o motorista deu trégua e ficou batendo na lata do carro com suas luvas. Enquanto avaliava se deveria atropelar aquela garota. Decidiu não atropelar, pois abriu a porta do carro co violência e começou a correr atrás da garota. Estava encapuzado, era enorme, e ameaçador agarrou Melina pelos cabelos e começou a arrastá-la para o carro. A garota resistiu, gritava e tentava se desvencilhar do bruta-montes. Aquele homem parecia disposto a arrastá-la consigo. Tirou uma faca de dentro do casaco grosso e levou-a para perto dos olhos de Melina. - Calada! – Murmurou ele ofegante – Senão furo os

seus

lindos

olhos!

Ela calou-se e deixou ser arrastada para o interior

do

veículo,

no

meio

dão

caminho

começou se debater e arrebentou um colar que era seu amuleto. Seu coração estava disparado e estava gelada de medo e de pavor. Estava desesperada,

não

saberia

o

que

poderia

acontecer a ela. Uma coisa tinha certeza. Não


Contos de Horror e Trevas

seria

um

final

feliz.

Dentro do carro Melina teve uma visão horripilante quando aquele desconhecido tirou o capuz e a luz do poste iluminou seu rosto, era deformado como se fosse fatiado, e saía pus e sangue

dos

cortes

de

aspecto

profundos.

Melina deu um grito de pavor e quando abriu os olhos se viu debruçada na mesa de uma lanchonete barata. Uma garçonete com cara amarrada

estava

olhando

pra

ela

e

disse:

- Cai fora daqui sua bêbada! Fica gritando igual a

uma

doida.

vamos

fechar!

Melina começou a murmurar, mas a garçonete era forte a colocou para fora, trancou a porta. De fato ela era a única cliente na lanchonete. Já era muito tarde, a lua cheia no céu iluminava a rua, as folhas secas arranhavam o asfalto sendo arrastadas pelo vento frio. Andou alguns metros e deparou com um carro preto, dentro dele uma pessoa

com

Melina

capuz,

apavorada

oculto

na

lembrou-se

penumbra. do

sonho.

Desesperada levou as mãos ao pescoço, onde seu colar não estava. Havia sonhado com a própria morte...


Contos de Horror e Trevas

Nove Meses Uma luz acesa anunciava que a insônia impedia alguém de dormir. Era uma luz fosca, luz de velas,

deixando

o

local

sombrio,

feio

e

abandonado. Sentado apoiado em uma mesa de uma cozinha sádica, estava um homem com feição de preocupado. Olhava alguns papéis de perto enquanto calculava algo com um lápis em folhas amareladas. O único barulho que se ouvia era a ponta do lápis arranhando a superfície grossa

daquele

papel.

O homem com grandes índices de canseira, não físicas mas psicológicas não aguentava aquela vida, estava triste, estava apavorado. Levantouse e rumou para um dos armários daquela cozinha humilde, abriu as portas que rangeram, mas lá dentro nada havia além de um pacote de biscoitos Abaixou

embolorados. os

olhos,

enquanto

sua

barriga

roncava, a fome era tanto que abriu aquele pacote de biscoitos velhos e os comeu rápido, sem hesitar. Murmurava consigo mesmo, estava


Contos de Horror e Trevas

em

desgraça

Um

e

barulho

nada

anunciava

poderia que

ajuda-lo.

mais

alguém

adentrava naquele recinto, a luz das velas provocava umas sombras de grandes proporções nas paredes, era a mulher, provavelmente a esposa

daquele

homem

desolado.

- Vamos ficar bem! – Murmurou ela baixo para o homem.

Nós

vamos

ficar

bem!

Sem forças aquele homem apenas olhou pra ela, fez sinal positivo, mas seu olhar dizia o contrário. Sentaram-se de frente um para o outro na mesa de madeira. E adormeceram ali mesmo, ouvindo o silêncio ameaçador e vendo os últimos pingos de vela cair enquanto a luz sumia, Pouco

os

deixando

depois,

abruptamente

num

em

aquela susto

mulher e

correu

trevas... acordou para

o

armário atrás de algo para comer, estava com muita fome, mas nada encontrou. Seu marido estava desempregado e nada conseguia fazer para melhorar aquela situação. Então começou a chorar, suas lágrimas caíam sem parar, a mulher levou suas mãos à barriga, acariciando devagar e olhava de lado para o marido com um olhar desesperado. Estava esperando uma criança, mas não queria contar ao marido, não naquelas circunstâncias.


Contos de Horror e Trevas

Pensou um pouco consigo, enquanto estava encostada na janela olhando para fora. Sua feição mudou, agora parecia estar desesperada, aflita e feliz ao mesmo tempo. Ela lembrou-se que uma mulher estranha e sinistra a havia parado

na

rua

dias

precisava

atrás

perguntando

de

se

ajuda.

Pouco depois deixou seu marido na cozinha, saiu às pressas daquela casa, pelas ruas escuras e por sorte encontrou aquela velha mulher deitada

ao

relento

na

praça

pública.

- Eu sabia que voltaria, que viria me procurar! – Disse a mulher apontando para a moça, com suas unhas enormes e dedos cheios de anéis simbólicos. - Não tenho escolha! Estamos em desgraça, não temos nem o que comer mais! – Disse a moça desabando

a

chorar

Não

tenho

escolha.

Aquela velha senhora olhou para ela com pena e disse: -Saiba que esta escolha é perigosa e sem volta! -

Não

tenho

escolha!

A velha de preto fez sinal positivo com os olhos e

pediu

para

que

a

moça

desesperada

a

seguisse. Caminharam por uma alameda deserta e escura, feixes de luz vindos da lua cheia atravessavam os galhos de árvores. E chegaram


Contos de Horror e Trevas

à um cemitério, onde ostentava um ar gelado, afinal bem ali estavam centenas de corpos jazendo,

sendo

devorados

por

vermes.

A senhora de preto abriu com cuidado o portão bolorento e enferrujado dando passagem para elas entrarem, a moça estava com medo, porém firme enquanto a velha senhora a chamava para acompanhá-la. -

Venha!

Venha!

Quando andavam pelos caminhos estreitos entre túmulos velhos, baratas e ratos iam abrindo caminho, como uma grande mancha negra. As corujas ali faziam um coral fúnebre, fazendo Por

jus dentro

àquela a

noite

moça

macabra.

estava

desesperada,

pensando no seu marido, nos problemas e em seu filho que estava carregando. Aquela velha senhora sempre fora confiável, sempre fora meiga e querida com ela, como se substituísse sua

mãe

que

havia

falecido.

-Não tenha medo! – Dizia a senhora enquanto riscava

o

circulada.

chão, -

desenhando Vai

ficar

uma

estrela

tudo

bem!

Agora paradas, uma de frente para a outra em volta

daquela

perguntou

estrela mais

circulada, uma

a

senhora vez:

- Esteja certa do que está fazendo, tem certeza


Contos de Horror e Trevas

de -

que Não

Então

é

tenho naquele

isso escolha!

que –

momento

vai

Repetiu a

querer? a

senhora

moça. fez

o

símbolo da mão chifrada e começou a dizer palavras para invocação, ela estava invocando um demônio. Um vento forte levantou poeira do cemitério zunindo

fazendo entre

os

um

barulho

túmulos

estranho

como

se

e um

redemoinho passeasse entre as tumbas. E bateu aquele cheiro horrível de enxofre enquanto a senhora levava as mãos à garganta e caía de joelhos... - A senhora está bem? – Gritou a moça em meio a

fumaça

Senhora?

A senhora de preto levantou o rosto para olhar para a moça a sua frente e seus olhos já não estavam pretos, estavam amarelos, estavam comprimidos e pareciam estar palpitando como batidas

de

um

coração.

- Eu sinto as batidas do seu coração e o desespero de sua alma, Beatriz! – Disse a senhora coma voz transformada, o demônio havia possuído seu corpo – E estou aqui para te ajudar! Beatriz, a moça desesperada não tinha voz, estava

assustada

com

tudo.

-Vamos me diga, vamos negociar minha jovem!


Contos de Horror e Trevas

Diga-me,

qual

é

o

vosso

problema?

- Você é o Diabo? – Perguntou a moça. - Depende! – Respondeu o demônio – Poderia ser Belzebu, Diabo, Demônio da carne, Judas, Satanás... Lúcifer!Mas não sou... Sou apenas um servo do meu pai, eles está ocupado demais governando o inferno para atender pessoas com seus problemas. Sou Crowley, vamos me diga seu problema Beatriz, tem a ver com seu filho? - Como sabe que estou esperando um bebê? - Posso ver nos seus olhos! Vamos acabar com esse

sofrimento!

- Preciso de dinheiro, preciso de emprego para meu marido, não aguentamos mais viver nessa miséria! - Vai ficar com o básico! E o que eu ganho em troca? – Perguntou o Demônio olhando dentro dos

olhos

de

Beatriz.

A moça nada disse, estava sem palavras, não sabia

como

cuidar

da

situação.

- Vou lhe fazer uma sugestão! Dê-me sua alma ou...

Vou

Beatriz

querer

levou

as

ficar mãos

com à

boca

seu

filho.

assustada.

- Vamos lá... – Continuou o demônio – Antes de ontem mesmo você disse a você mesma que este filho era um peso, que sem ele seria mais fácil de levar a vida... Alma ou filho.. É pegar ou


Contos de Horror e Trevas

largar. Com lágrimas nos olhos a moça aceitou a proposta. -

Não

Então

o

demônio

tenho sorriu

escolha!

sarcástico

e

saiu

alegando que iria ficar com o corpo da senhora de preto por um tempo, entregou uma flor seca para ela, disse que em sete anos do galho seco iria nascer uma flor azul, era sinal que ele estava voltando

para

buscar

a

criança. *

*

*

O marido de Beatriz havia acabado de chegar do serviço, tinha sido promovido, e também havia comprado pizza para o jantar em família. Era o aniversário do filho do casal. Então resolveram fazer uma surpresa, eles haviam comprado um presente importado do exterior, caro, coisa pra gente que tem dinheiro e iriam chamá-lo para ver. Chegaram de fininho na porta e abriram gritando feliz aniversário, porém o

quarto

estava

vazio.

Desesperados, os pais começaram a gritar pelo filho mas ele não respondia. Então o marido chamou a mulher questionando sobre algo que estava sobre a cama. Beatriz chegou perto e


Contos de Horror e Trevas

pode ver um galho seco e bem na ponta havia uma

flor

linda,

Lembrou-se

do

desabrochada pacto

feito

na

cor sete

azul. anos.

Gritou por horas de desespero e na manhã seguinte

o

pai,

marido

encontrou

Beatriz

pendurada na madeira do portal da escada, ela havia se suicidado.

O Amigo Virtual (Halloween Online). Um relógio de aspecto antigo na parede avisava que era tarde. Duas horas e quarenta e cinco da madrugada, porém era costume ficar acordada até altas horas. Sem se importar com as voltas que o relógio dava ferozmente Juliana teclava

sem

parar.


Contos de Horror e Trevas

Numa sexta-feira à noite a garota de dezessete não havia saído para se divertir com amigos num bar qualquer decorado no clima de halloween, com bebidas de aspecto duvidosas fumegando e docinhos com cara de sapo ou em formato de dedos de bruxas, nada mais justo que ficar online para se distrair da frustração de que até seus pais haviam saído e ela ali estava, sozinha. O silêncio deixava o ambiente morto enquanto Juliana terminava de eliminar a quinta xícara de café. Ora ou outra as crianças faziam um barulho na rua, fantasiados em busca de doces. A noite das bruxas de Juliana estava saindo pior que a encomenda. O cheiro de cigarro invadia o quarto deixando aquele cheiro forte nas cortinas e nas bonecas que

observavam

a

jovem

de

perto.

Os dedos de Juliana batiam em cada tecla numa velocidade absurda, parecia não notar o que fazia, apenas teclava sem parar. Como uma obsessão conversava com varias pessoas ao mesmo

tempo.

Ainda olhando para a tela do computador acendeu mais um cigarro, passou as mãos no rosto numa expressão de estresse e continuou a teclar, parou novamente franzindo a testa numa expressão

intrigada

e

divertida

ao

mesmo


Contos de Horror e Trevas

tempo. Havia recebido uma mensagem estranha no

chat: -

Você

tem

medo

de

morrer?

Era uma das pessoas que Juliana mais gostava de conversar, uma amiga que morava em outra cidade e com a mesma idade que a sua. Nunca havia conhecido-a pessoalmente, mas Juliana confiava mais nesta amiga virtual que nas amigas

do

colégio.

respondeu

que

Animando não

a à

brincadeira pergunta;

-Será muito divertido se você vier para o lado de cá, comigo.

Podemos nos divertir muito!

Juliana não entendeu , mas confirmou que seria muito divertido. Mais uma vez a garota do outro lado

perguntou:

-Eu posso te buscar para ficar aqui comigo? A conversa estava estranha, a amiga estava estranha, porém Juliana

respondeu que ela

poderia busca-la quando quisesse. As palavras se

formavam

na

tela

do

computador:

-Você está preparada para passar para o lado e cá? Apenas

confirme

e vou

lhe buscar!

Mais uma vez Juliana confirmou. Mas intrigada sobre qual lado sua amiga estava se referindo. Recebeu rapidamente uma resposta sarcástica: - Você disse que não tinha medo de morrer! Agora

estou

chegando...


Contos de Horror e Trevas

Juliana mal teve tempo de digitar uma resposta, quando gritou assustada com batidas fortes na porta de sua casa. Olhou no relógio de relance e notou que eram três horas em ponto. Não era uma hora que agradava muito, dias antes ouvira falar que era a hora oposta em que Jesus cristo Foi crucificado. A hora em que o lado sombrio

ganha

força.

Desceu as escadas e com cautela olhou pelo olho mágico da porta e viu uma garota de costas, reconheceu os cabelos, realmente era sua amiga virtual. Ela havia ido mesmo visita-la, será que estava na cidade e não avisara? Abriu a porta com um sorriso escancarado e chamou sua amiga

num

tom

divertido.

Num segundo sua amiga virou-se e no lugar do habitual sorriso estava estampado uma face horripilante, como se o rosto da garota estivesse em

decomposição,

pedaços

de

pele

se

despregavam e no lugar dos olhos havia dois fundos buracos. A boca estava torta e faltavam alguns

pedaços.

Instantaneamente novamente aproximasse,

antes

Juliana que

trancou

bateu

aquela dando

a

porta

criatura duas

se

voltas

respirando mais rápido que as batidas do seu coração. A criatura batia na porta querendo


Contos de Horror e Trevas

entrar

enquanto

começavam

as

a

luzes

piscar

da

sala

com

antiga

veemência.

Um cheiro podre invadia o cômodo enquanto o silêncio

retornava

aproximava

do

sem

avisos.

telefone

Juliana

quando

notou

se a

presença de alguém no interior da sala. O cheiro podre exalava mais forte. Tremendo de medo a garota virou-se devagar e gritou desesperada quando

viu

o

cadáver.

Com

os

cabelos

embaraçados e lodosos, e a silhueta deformada recortada contra a luz que vinha da janela. Aquele ser se aproximava lentamente de um modo ameaçador. Então a escuridão chegou... A última coisa que Juliana pôde ver naquela noite de bruxas foi aquele rosto monstruoso a um palmo do seu próprio rosto enquanto seus gritos ecoavam

pela

casa.

Nunca sabemos quem realmente esta do outro lado. Você tem medo de morrer?


Contos de Horror e Trevas

Só queria conversar! Roberta estava lendo um livro de terror sentada desajeitada em uma poltrona.

Aparentemente

do jeito que caiu na poltrona ficou. Ao lado uma exagerada xícara vermelha com café e pãezinhos de

minuto

para

acompanhar.

Era

seu

passatempo preferido. Dias chuvosos, dias com ventanias, noite, dia, não importava como ou quando. Sempre que tinha um tempo sobrando, a garota de 18 anos se jogava pra cima da poltrona macia com um bom terror nas mãos. O vento estava forte naquela noite. As folhas secas que caiam da árvore no jardim da casa batiam na janela toda hora. E outras folhas e papéis jogados pela população eram arrastados pelas

ruas

com

a

rajada

de

vento

que

aumentava. O frio parecia aumentar a cada hora que o relógio avisava que havia se passado. Já se passavam de uma da madrugada. Nesse dia, Roberta estava sozinha em casa. Embora a garota azarasse e amarrasse a cara para o frio,


Contos de Horror e Trevas

ela adorava inverno e dias cinzentos e do uivo que o vento forte fazia ao passar entre fios e postes, não gostava de verão, nem sol... Isso a fez recusar o convite de passar alguns dias na praia

com

seus

pais

e

o

irmão

caçula.

Roberta estava sem fôlego em um dos capítulos mais aterrorizantes do livro, quando o telefone tocou. Ela perdeu cor imediatamente após um pinote de susto na poltrona e quase derramou todo

o

café

sobre

o

cobertor.

Esticou o braço e alcançou o telefone. Porém quando ia pegá-lo telefone, este parou de tocar. Roberta disse um palavrão qualquer e voltou sua atenção para o livro. Menos de cinco minutos depois o telefone estava chamando novamente. Um

susto bem

menor, Roberta

correu

pra

atender. -

Alô!

Disse

ela

desinteressada

Porém do outro lado ninguém respondeu, ficou mudo por alguns segundos e em seguida a ligação havia caído. Irritada, Roberta voltou pra poltrona, bem menos concentrada na história, que antes.

Amarrou a cara e ficou prestando

atenção no telefone. Não precisou esperar por muito tempo e o telefone voltou a tocar; -

Alô!

Repetiu

a

garota

Desta vez a pessoa do outro lado da linha não


Contos de Horror e Trevas

ficou muda. Dava-se para ouvir uma respiração pesada e ofegante vinda do outro lado da linha. Roberta arregalou os olhos, amedrontada. -

Quem

é?

Gaguejou

a

garota.

Nenhuma resposta. Apenas aquela respiração diabólica e sinistra continuava. Roberta não hesitou em desligar o telefone. Bateu ele com força no gancho. Como se o dono daquela voz fosse sair por ele e ela o impedira desligando-o. Decididamente a garota não iria conseguir se concentrar novamente no livro que estava lendo. Dobrou a beirada da página para não esquecer em qual página parou, fechou e o colocou sobre o acento. Ares sinistros de repente haviam surgido. Uma energia negativa e mórbida havia se iniciado. Preocupada e desconfiada a garota olhou para as portas e janela da sala. Queria ter certeza

de

que

tudo

estava

trancado.

Então novamente sem avisos o telefone voltara a

tocar.

Roberta hesitou um pouco antes de atender. Mas por fim atendeu. Desta vez não disse nada, porém a respiração do outro lado continuava. Roberta ia desligar novamente quando por fim a pessoa

do

outro

lado

começou

a

falar:

- Eu sinto o seu medo. Vamos conversar!


Contos de Horror e Trevas

Era uma voz sádica. Roberta jamais ouvira uma voz assim antes, era uma voz sinistra que fez o corpo

de

Roberta

arrepiar

se

todo.

- Quem é você? – Disse a garota, tentando não deixar

nota

de

pânico

em

sua

voz.

Porém a pessoa do outro lado da linha não respondeu.

Apenas

novamente

e

depois

deu

de

deixar

os

diabólica, O

telefone

não

ficou

tocava

respirando uma

gargalhada

cabelos a

pesado

mais

em de

pé.

quinze

minutos. Apenas aquela risada continuava nítida na memória de Roberta. A garota Foi até à cozinha pegar mais café e quando voltava novamente

para

novamente.

a

Desta

sala vez

o

telefone

deixou

tocou

tocar,

não

atendeu. Porém a pessoa do outro lado pareça insistente demais e o telefone voltara a tocar. - Se continuar a me ligar vou chamar a polícia! –

Gritou

para

o

desconhecido

A respiração voltara: Em seguida a voz: - Eu sinto o seu medo!

Vamos conversar!

- Tudo bem, sinta o que quiser, mas pare de ligar

pra

Colocou

cá!

novamente

– o

Gritou

a

garota.

telefone

no

gancho,

desligando. Porém mal tinha virado as costas quando o telefone irritada

Roberta

voltou voltou

a

chamar. e

Muito

atendeu:


Contos de Horror e Trevas

- Ta legal! Cansei dessa brincadeira! – Rosnou a garota – Vou tirar o telefone da tomada – -

Se

me

deixar

falando

sozinho

vai

se

arrepender! – Disse a voz em meio a uma respiração

mais

raivosa

- Que droga é você? Pare de ligar pra cá... – E disse

vários

palavrões.

Em seguida desligou, tirou o telefone do gancho e correu pro seu quarto. Trancou a porta, verificou a janela e caiu pra cama correndo, cobriu a cabeça com seu travesseiro. Ali se sentiu

protegida.

Momentos depois, a garota acordou assustada, havia adormecido por um tempo, quando ouviu uma respiração ofegante e um vento gelado e muito forte chegava ao quarto, as cortinas batiam provocando estalos enquanto uma rajada de vento traziam folhas secas para o interior do cômodo. Notou que sua janela estava aberta. Levantou-se num pulo e correu pra janela para fecha-la. Quando ia voltando pra cama, deu de cara com alguém, uma pessoa escondida atrás de um capuz, seu rosto fundido na sombra, antes que houvesse tem pode gritar ou escapar o estranho deu um soco no rosto da garota ele disse: -

Eu

queria

conversar!


Contos de Horror e Trevas

Roberta reconheceu a respiração na mesma hora em que foi jogada na cama. Então aquele ser pegou um travesseiro e disse ameaçador chegando

pra

perto

de

Roberta:

- Eu só queria conversar! Mas agora eu não quero

mais...

E foi chegando o travesseiro pra perto do rosto da

garota,

e

repetiu

a

frase:

- Agora eu não quero mais... Agora vou te colocar

para

dormir!

Enquanto o ar começava a faltar para a garota, aquela respiração diabólica e sinistra foi a ultima coisa

que

Roberta

ouviu.

O retrato da Cabocla Era uma casa simples de pau a pique, móveis rústicos em poucas quantidades e a poeira estavam

ali

de

propósito.


Contos de Horror e Trevas

Era uma casa dentro do museu, a casa da cabocla, assim era chamada e atraia muitas visitas sempre, um movimento dos turistas que sempre queriam passar pela casa da cabocla e ver cada detalhe, cada palha, tecidos de xadrez, cada babadinho das toalhas que deixavam a casa feminina. Queriam ver os vestidos feitos pela própria cabocla e também explorar os quitutes de mentira que colocaram de enfeite sobre a mesa

e

os

armários

na

cozinha.

Nesta casa, bem no centro da casa, na sala, havia um quadro, um retrato grande de uma cabocla,

bonita

com

seus

cabelos

presos

possivelmente em um coque, a boca cerrada e um par de brincos de pérolas. A sobrancelha bem feita e os olhos fundos, porém vivos, acompanhava cada pessoa que por ali passava. O museu estava correndo o risco de ser fechado por causa de algumas denuncias feita por familiares de homens que ali morreram, um homem havia caído da escada, outro havia se enforcado, outro ainda havia se afogado dentro do caldeirão de água, tudo isso dentro da casa da

cabocla.

Autoridades

realizaram

muitos

segurança

evitando

reparos, que

foram

ao

local

colocaram

mais

outros

acidentes


Contos de Horror e Trevas

acontecessem, além disso, multou o museu. Porém, uma vez mais aconteceu, outro acidente outra

polemica,

outro

homem

havia

sido

encontrado morto na casa da cabocla, desta vez um jovem havia sido esmagado por uma tábua solta. Assim a casa da cabocla ficara fechada por meses

até

que

outras

vistorias

fossem

realizadas. Meses depois a casa da cabocla já estava em pleno

funcionamento,

novamente.

Lucio era solteiro, acabara de completar vinte e três anos, e estava naquela cidade tradicional e lendária, para uma visita ao museu com sua turma de faculdade. Entraram pelos corredores ecoantes

do

museu,

passando

pelos

túneis

escuros e lugares sombrios até naqueles cheios de antiguidades. Até então chegar ao ultimo local;

a

casa

da

cabocla.

Todos estavam fazendo anotações sobre tudo, e fascinados por aquele lugar, todos ficavam, cada parte rústica e simples era interessante, até então que Lucio parou de frente para o retrato aquela jovem cabocla e ficou analisando sua Nem

beleza notou

quando

encantadora. seus

amigos

saíram

passaram por ele e saíram o deixando só ali de


Contos de Horror e Trevas

frente para o quadro. Algo era familiar, ele se sentia muito bem olhando praquela moça. Ele precisava ir embora dali, porém algo não deixava o fazer. Decidiu arriscar e ficar ali pra ver o que aconteceria. Não aguentou, e tocou o retrato. Então sentiu algo bom, uma energia estranha, e então sentiu a respiração quente vindo das narinas daquela moça. Não podia acreditar, o retrato podia se mexer, os olhos estavam saltitantes e visos, lindos, os cabelos estavam soltos e pela bela e bem -

desenhada

Que

bom

boca

que

veio

saiu me

uma ver

frase: querido!

Lucio arregalou os olhos, mas não conseguia fugir,

na

verdade

não

Queria

sair

dali.

- Não tenha medo! – Continuou dizendo aquela moça – Você pode vir e ficar aqui comigo, pode ter

a

mim

para

você!

Era tudo o que Lucio mais queria, seus olhos cruzaram o da moça do retrato, e ele pode até sentir o doce perfume daquela cabocla sedutora. - Querido me escute! –Disse ela suavemente – dentro do meu armário há uma tesoura de jardim, desfrutar

basta de

você

usa-la

minha

para

beleza,

poder

vir

querido...

Lucio não estava pensando, estava sob os


Contos de Horror e Trevas

encantos do retrato da cabocla, não receou e foi até ao armário do quarto, onde encontrou no interior do armário uma grande tesoura afiada. - Você sabe o que fazer! – Atiçava a moça – Lucio começou a tremer, estava ciente do que iria fazer, porém o queria fazer. Não ligava com mais nada, só queria estar com aquela jovem cabocla. Então sem hesitar mais, começou a caminhar as lâminas da tesoura para se pescoço, quanto mais perto

a

lâmina

demonstrava

ficava,

entusiasmo

mais e

a

cabocla

excitação

e

incentivava: - Falta pouco, querido! Logo estará comigo, meu amor. A lâmina chegara perto, rasgara a pela, a cabocla estava até soando de maldade e seus lábios se contorceram num sorriso maléfico quando a cabeça de Lucio girava pelo chão... Naquele mesmo dia a casa da cabocla foi demolida, tirada do museu, nunca mais houve mortes naquele museu.


Contos de Horror e Trevas

O preço da ganância. Antigamente empresário

Moacir bem

Camargo

sucedido,

Leal

era

ganhava

um

muito

dinheiro com suas ações e nunca lhe faltava nada, e mesmo com tanta fartura ele era uma pessoa

humilde,

ajudava

seu

próximo,

instituições de caridade, canis entre outros... Porém ultimamente estava passando por uma situação

difícil

em

sua

construtora,

estava

devendo para muitas pessoas, bancos e não via saída em lugar algum. Lamentando sua situação o homem jurou que jamais iria ajudar alguém, pois quando ele mais necessitava ninguém havia lhe oferecido ajuda. Então sua empresa foi vendida e o homem caiu em total desgraça, sua família se afastou, até as pessoas que diziam serem seus amigos também afastaram e o homem começou a vagar sem rumo pela cidade, bebendo em botecos baratos e pedindo uma esmola para as pessoas que passavam na avenida,

pessoas

estas

que

diziam

serem

amigos, que não saíam de dentro de sua


Contos de Horror e Trevas

cobertura

e

que

havia

jurado

lealdade.

Assim Moacir caiu no fundo do poço, entrado em um caminho sem volta e os dias iam passando

devagar...

Certa vez Moacir estava sentado numa calçada todo sujo, quando uma senhora o chamou. A senhora era uma cigana, dava-se para notar, pois suas vestes e jóias a caracterizavam bem e ela

disse:

- Oh meu caro, por que esta tão triste? Moacir

de

vontade

respondeu:

- Caí em desgraça, estou sem chão e falido! A cigana nada poderia fazer, então apenas desejou sorte a ele, que por sinal ficou um pouco mais feliz, alguém havia conversado com ele, não havia o evitado como todos os outros que por ali passavam. E ficou ainda mais surpreso quando um homem de terno e sapatos lustrosos chegou -

para Eu

perto

posso

Moacir

dele ser

sua

confuso

sibilou: felicidade! perguntou:

O

e

Como? homem

comportado

aparentemente

bem

vistoso

e

disse:

- Dê-me sua alma que te farei rico novamente! Moacir assustou-se, não sabia ao certo o que estava acontecendo ali então optou por uma


Contos de Horror e Trevas

expressão O

confusa.

Homem

continuou

a

falar:

- Dê-me sua alma que te farei milionário novamente! Vá até ao cemitério hoje as três da manhã

que

lhe

direi

o

que

fazer.

Moacir hesitou, mas acabou por concordar, na situação em que estava o que viesse era lucro. - Pense em cada pessoa que te ignorou, pense que

você

poderá

dar

o

devido

troco!

Moacir e encheu de gosto, quando ia responder para o homem de terno não o viu, o homem havia

sumido.

Então naquela noite no cemitério houve um ritual macabro, e Moacir entregou sua alma para o homem de terno e cartola, cujo rosto não pode ver. A partir daquele dia Moacir começou a subir meteoricamente, suas contas no banco tinham dinheiro todo mês, recuperou a sua empresa e como havia planejado, humilhou e fez mal a cada pessoa que virou as costas para ele quando precisou, o poder do dinheiro o fez uma pessoa muito má, quanto mais maldade fazia, mais queria fazer para se vingar. Passava por cima de tudo e de todos. E assim sua vida financeira havia

voltado

ao

normal.

Anos depois Moacir adoeceu e morreu, sua vida


Contos de Horror e Trevas

passou por sua memória como um filme em câmera rápida e após isto se viu num lugar obscuro, onde se dava para ouvir sibilos e gemidos e gritos de dor, súplicas agoniantes e tudo ali lembravam um centro de tortura, então eis que surge o homem de cartola e terno preto dizendo: Moacir

com

-

Bem

vindo!

medo

perguntou:

Onde

estou?

- Ora Moacir, você me vendeu a sua alma, onde mais você deveria estar depois de morrer? Moacir prendeu a respiração não acreditando no que

estava

acontecendo.

- Sim, você é meu escravo agora! Vai pagar pelo preço da sua ganância! Vai sofrer e queimar no mármore do inferno por toda a eternidade. Então,

Moacir

viu

o

rosto

do

homem

se

contorcendo num sorriso cínico e maquiavélico.


Contos de Horror e Trevas

O Maníaco do Crematório Que odor diabólico, que cheiro era aquele que mesmo a quilômetros de distancia era possível sentir? Que cheiro insuportável, que cheiro de desespero. A fumaça escura borrava o céu da tarde

formando

figuras

enigmáticas

na

vermelhidão do por do sol. Que cheiro de desespero, digo assim sem nenhum exagero. E aquele

cheiro

invadia

a

cidade.

O crematório era o causador de tanto repúdio, anos sem funcionar e agora voltara a funcionar como

se

nunca

tivesse

sido

interrompido.

Recortado contra o céu sinistro, sustentado por bolor, rachaduras e que há anos servira de lar para

animais

invadiram Porém

noturnos,

roedores

e

corvos

o seu

funcionamento

local. diário

era

preocupante, não havia tantos corpos na cidade para que fossem cremados, afinal, nem todo mundo quer ser cremado, particularmente a maioria prefere virar comida para germes abaixo de sete palmos de terra molhada a ser cremado.


Contos de Horror e Trevas

Então de onde vinha tanto luto? Perguntas que não

são

atormenta

respondidas, e

medo

curiosidade que

te

que

te

desampara.

Porque a curiosidade sempre vai vencer a prudência. E aquele valente policial foi averiguar por conta própria, tão tolo, tão ingênuo. Fazia-se de tão durão, se fazia de herói, mas tinha apenas trinta anos, recém-casado com uma vida toda pela frente, mas o mistério do crematório era importante para manter seu nome no auge, afinal ele era um dos policiais mais temidos da cidade

de

interior.

Agora, mais do que nunca, a cidade precisava de seus serviços. Outros policiais já haviam averiguado

o

crematório,

porém

não

encontraram nada além do pó de óbito. Mas algo na sua mente o levava para dentro daquele lugar, ele sabia que algo nãoestava

certo.

A noite havia chagado majestosa, assim como a lua clara e amarelada, aquele homem saiu do serviço e partiu para o endereço do crematório. Ele fora construído bem ao lado de um cemitério, altas criptas e figuras enigmáticas sobre túmulos de pedras. Um clima luciférico e de ruínas, capaz de

provocar

calafrios.

Seguido por sua sombra o policial adentrava a misteriosa construção, o cheiro de morte era


Contos de Horror e Trevas

quase insuportável e a comunhão do lugar era intensa e maligna. O portão rangeu ligeiramente em

suas

ferrugens,

como se não quisesse

receber visitas. À medida que dava os primeiros passos, ratos de baratas abriam caminho na escuridão.

Aquele

maldito

cheiro

estava

impregnado nas suas narinas. Logo estava em um longo corredor que dava para o um salão oval, poder-se-ia dizer que era um necrotério, se não fosse a troca de congeladores por fornalhas. Um dos fornos estava ligado e bem a sua frente havia uma silhueta de alguém sentado. Era alguém enorme, sentado em uma cadeira antiga de costas. O policial instintivamente sacou sua arma

e

gritou

para

que

aquele

homem

levantasse e colocasse as mãos na cabeça. Algo soprava em seus ouvidos sobre sua voz interior, de sempre saber que havia algo de errado no crematório, porém nunca em sua carreira havia sentido medo, aquele ambiente fúnebre estava o deixando

amedrontado

e

sem

chão.

-Sou cidadão como você! –resmungou o homem. -Mãos na cabeça, por favor! –Repetiu o policial tentando

manter

sua

voz

firme.

-Eu trabalhava e pagava meus impostos e tudo o que recebi em troca foi ter minha família em


Contos de Horror e Trevas

chamas!

Continuou

resmungando.

-Vire-se devagar e vamos conversar! –Gritou o policial. -Por que mataram minha família? Eu devia para eles, mas eu ia pagar, não tinha conseguido o dinheiro em tempo! -Continuava o homem que parecia falar mais para si que para o policial. Então devagar aquele sujeito se virou para o policial

que se assustou. Seu

rosto

estava

deformado, evidente que fora queimado, uma parte do seu corpo estava mirrada. Que figura horripilante e familiar. Era o leiteiro. O policial conhecia sua história, ele devia para uma agiota e não pagou, o resultado foi ter sua casa incendiada

e

perder

sua

família.

O policial sentiu sua mão fraca, sentiu-se abalado e quando pensara em puxar o gatilho do revolver, ele viu as trevas adentrando seu corpo através dos olhos, tudo ficara escuro. Estava inconsciente, mas ouvia os passos do maníaco em

sua

direção,

murmurando...

- Este lugar está fundido em sangue, fogo e formol, respirar neste ambiente te derrubaria. Imóvel no chão o policial sentiu a presença do maníaco por perto, tão perto que podia sentir seu bafo insuportável, cheirando algo podre, abriu a boca e murmurou rente ao seu ouvido:


Contos de Horror e Trevas

-Quem

arde

no

forno

é

sua

família!

Em seguida sentiu seu corpo sendo elevado, o maníaco do crematório o pegou no colo e delicadamente depositou seu corpo no interior da fornalha. O policial podia sentir o cheiro forte de pele e carne sendo queimado, insuportável, diabólico.

Perdeu

os

sentidos.

E o maníaco do crematório continuava livre.


Contos de Horror e Trevas

O Autor

Escritor de Terror e Mistérios. Antonio Lima Nasceu no interior de São Paulo no dia 4 de Maio de 1993. Atualmente mora em Poços de Caldas, Sul de Minas Gerais onde se dedica aos seus livros (17 badaladas para o medo e O baú de maldições). É colunista de Entretenimento e Cultura no Portal BGC - Blog da


Contos de Horror e Trevas

comunicação e apaixonado por mistério, suspense e terror ganhando um título de "O Sr. Dos Mistérios" de seus leitores. Jornalista em treinamento e apaixonado por literatura.

  

www.antlimanews.blogspot.com www.facebook.com/antlimabox Twitter: @itsmeantonnio


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.