O cubo mágico - modelo conceptual

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Mestrado Arquitectura Paisagista

Estudos Visuais

O Cubo Mรกgico como modelo conceptual de um projecto de Arquitectura Paisagista

ร vora, 2 de Marรงo de 2010

Soraia Costa Nยบ 6195


Memória Descritiva Análise e comparação Para este trabalho decidi escolher um objecto que embora seja bastante banal encerra variadíssimas formas de abordagem e de ligações de pensamento. O cubo mágico (ou Cubo de Kubrik) não é apenas um objecto, é um objecto de culto, pois consegue encerrar em si forma e função de forma harmoniosa e perfeita. O cubo mágico mudou a forma de crianças e adultos brincarem, juntou diversão e desenvolvimento cognitivo num único objecto, simples e aliciante. A geometria e a cor talvez sejam as características físicas que mais se destacam, pois são aquelas que são automaticamente visíveis, no entanto a sua magia não advém apenas desses aspectos. É a sua perfeita articulação entre as faces e os cubos que constituem cada face que o torna funcional, é o dinamismo de possibilidades de resolução e associações de cor através do movimento que nos alicia. O cubo mágico pode ser um brinquedo, um desafio, ou apenas um elemento estético. E é exactamente esta articulação, multifuncionalidade e interactividade que eu quero transpor para o projecto. A cidade, principalmente as grandes metrópoles, são hoje em dia impérios de cimento e betão. Embora o movimento exista ele não é acompanhado de interacção, as pessoas já não param nem olham, vivem absortas na correria dos dias e dos afazeres e deixam para segundo plano a vivência em


comunidade. Os edifícios vão-se amontoando, não deixando espaços de respiração e tornando a cidade impermeável á entrada na própria Natureza. O que se pretende é então a abertura de caminhos para uma nova vivência de cidade, devolver á natureza o espaços que lhe foram tirados, conseguindo assim articular as duas realidades, que não têm nem devem ser dissociadas. Qualquer construção com material vivo na cidade imprime cor, vida e dinamismo aos lugares. As mudanças de estação são mais nítidas através das tonalidades da vegetação, o movimento do sol, gerando o dia e noite, traduz-se na abertura, fechamento e movimento das flores, a vida penetra através de pequenos insectos, pássaros, borboletas, dando sonoridade e calma aos espaços. Todos os espaços construídos com material vivo são espaços de pausa e evasão. Devido á densidade das cidades foi necessário um esforço e criatividade cada vez maior para se conseguir introduzir a Natureza na cidade. Surgiram assim conceitos como, entre outros, telhados verdes e as paredes vivas e hortas urbanas.


Tal como o cubo mágico, os telhados verdes e paredes vivas conferem cor ao inerte, são elementos que pelo seu material conferem dinâmica ao espaço e, integrados numa escala urbana, são elementos articuladores da natureza com a cidade. As hortas urbanas, para além das características referidas, são ainda espaços multifuncionais, aliando o lazer á produção, e espaços de interacção muito estreita, na medida em que necessitam de presença humana diária. Estes espaços são essenciais para que a vida na cidade não se torne cinzenta e insustentável, tal como o cubo mágico é um brinquedo essencial para o desenvolvimento lógico e de raciocínio da uma criança.

Conceito

Projecto

Geometria Tridimensionalidade

Estrutura urbana

Cor Articulação

Telhados verdes Paredes vivas Hortas urbanas Cidade integrada na Natureza e Natureza integrada na Cidade

Interactividade

Cidade viva

Dinamismo Movimento

Cidade sustentável

Forma + Função

Estético + Ecológico


Proposta O conceito do meu projecto é pensado á escala da cidade, e não do bairro ou do logradouro. Só faz sentido se houver uma coerência e um equilíbrio entre a funcionalidade do espaço urbano e a sua sustentabilidade.

No entanto, este trabalho não se trata de um estudo alargado de planeamento urbano e por isso decidi, á escala de um pormenor, demonstrar a minha ideia global. Para isso, utilizei um edifício bastante regular com um pátio central. Todo o seu telhado foi revestido por talhões geométricos e bastante articulados entre si, de herbáceas e prado, conferindo permeabilidade ao terraço, cor e possibilidade de ser visitado e desfrutado. O pátio central é o local de estadia preferencial do edifício e é um polo de visualização para quem está dentro do edifício através das inúmeras janelas que permitem a ligação com o exterior. Assim, aproveitei para misturar o lazer com a produção e projectei para este espaço um conjunto, também geométrico, de vários talhões de hortícolas e aromáticas, que


se interligam com as zonas de estadia. No centro encontra-se um pequeno tanque de armazenamento de águas pluviais, se servirá para rega e usos do edifício. A cor, os cheiros, a diversidade de espécies e a sua mudança ao longo das estações fazem deste espaço um lugar único e de grande valor. Para além disto, decidi revestir a fachada principal do edifício com paredes vivas. Estas vão aparecendo intercaladas com as janelas, dando um novo ritmo e cor á fachada. Todas estas intervenções são de extrema importância pois diminuem o risco de cheias e, aumentam a biodiversidade, conferem conforto climático e trazem a natureza de novo para a cidade. No entanto, como já referido anteriormente, é necessário criar um cultura verde que permita que estas intervenções se espalhem pela cidade, articulando-se como edificado.


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