Valores da Amazônia

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Foto: André Dib

O valor da floresta preservada

Práticas, resultados e impactos 2015 - 2018

Estruturação, Fortalecimento e Integração das cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade (Borracha Nativa, Óleos Vegetais e Cacau Silvestre), envolvendo nove organizações extrativistas e mais de 2.500 famílias no Acre e no Amazonas

Apoio Financeiro

Realização


Prรกticas, resultados e impactos (2015-2018)

Ano 2019


O valor da oresta preservada Valores da Amazônia são exuberantes, essenciais e cheios de significados. Beleza e cores, rios e florestas imponentes, sabedoria e a simplicidade de quem sabe viver em harmonia com a natureza. Seringueiros, indígenas, mulheres e jovens de nove iniciativas amazônicas fazem o projeto Valores da Amazônia voar alto para gerar transformações sociais e manter a floresta conservada no Acre e no Amazonas. Os sonhos são impulsionados e, a cada voo, nove realidades transformadas.


Ocupa uma

região de

6,7

Biodiversidade É uma das áreas de maior biodiversidade no mundo

Flora

40 mil

Fauna

+de 400

espécies de mamíferos.

espécies

Es ma-se que

[2]

milhões de km² (aprox.) [1] Mais da metade (60%) se encontra em território brasileiro. [1]

1.294 de aves 427 espécies de an bios

1/3

do carbono mundial [3] (86 bilhões de toneladas) esteja estocado nessas florestas.

Acre: mosaico de extrema riqueza vegetal Nesse contexto, o estado do Acre é uma área de relevante interesse dentro da Amazônia. Possui flora com aproximadamente 4 mil espécies, [4] que gera um mosaico de extrema riqueza vegetal. Também abundante, a fauna acreana apresenta mais de 3.500 espécies de grandes vertebrados, sendo mais de 200 de mamíferos, mais de 120 de an bios e mais de 700 espécies de aves. [5]

Hidrografia

6.925.674km² [6] 63,8% da Região Hidrográfica Amazônica está no Brasil 50 mil km Possui entre

de trechos navegáveis

133.861 m³.s 15 e 20% da água doce mundial

é a vazão média do rio Amazonas (68% do total escoado pelos rios do Brasil)

NÓS AJUDAMOS A CUIDAR DA FLORESTA AMAZÔNICA E DE TODA SUA DIVERSIDADE BIOLÓGICA


AMAZÔNIA É O QUE NOS MOVE

Povos População estimada entre

280 e 350 mil indígenas

Povos indígenas são os residentes da Amazônia. Ao longo da história, suas tradições e costumes estão in mamente ligados à floresta. A população indígena em toda a Amazônia, no século XV, era es mada em 6 milhões, com 165 dis ntos idiomas. Hoje, na Amazônia brasileira, es ma-se entre 280 e 350 mil indígenas. [9] Existe atualmente no Acre, uma população aproximada de 17 mil indígenas, distribuída em 36 terras indígenas. Juntas, elas somam uma área de 2.439.982 hectares, o que equivale a 16% da extensão do estado. [10] A população não indígena na Amazônia cresceu de 2 milhões para 20 milhões entre os anos de 1960 e 1990, fruto do desenvolvimento de infraestruturas e de apoios governamentais. [9]

A es ma va é de 565 árvores /ha na [7] Amazônia (Ter Steege, 2013) e 16.000 espécies arbóreas. Murmuru e açaí estão entre as espécies mais dominantes.

Principais ameaças à Floresta Amazônica

Unidades de conservação Atualmente, as UCs representam mais de

1 milhão de km2

ou 26% do total da área da Amazônia brasileira

430.154km2 (85 UCs) de proteção integral

736 mil km2 (249 UCs) de uso sustentável na Amazônia Brasileira

Construção de hidrelétricas, exploração petrolífera, mineração, agricultura e pecuária extensiva, construção e pavimentação de estradas, crescimento populacional desordenado, expansão das cidades, queimadas, desmatamento e exploração madeireira.

[8]

Somente o desmatamento acumulado no período 1988-2017 foi responsável por devastar 428.398 km² de florestas (mais de 10% da área total da Amazônia) com picos nos anos de 1995 e 2004, representando 13% deste total. [11]

[1] IBGE, 2004. Mapa de Biomas do Brasil (1: 5.000.000). MMA e IBGE, Brasília, DF. [2] The Fate of the Amazonian Areas of Endemism, 2005. [3] Distribu on of aboveground live biomass in the Amazon basin. Global Change Biology, 2007. [4] A Biodiversidade no Estado do Acre: Conhecimento Atual, Conservação e Perspec va. T&C Amazônia, 2003. [5] ZEE ACRE, 2006 [6] Caderno da Região Hidrográfica Amazônica, MMA, 2006. [7] Hyperdominance in the Amazonian Tree Flora. Science, 2013. [8] Dados CNUC [9] AMAZON AID FOUNDATION, 2013 [10] CPI - ACRE, 2016 [11] INPE, 2018

7


Diretoria Execu va da SOS Amazônia Miguel Scarcello Secretário geral

Álisson Maranho Secretário técnico

Valores da Amazônia: prá cas, resultados e impactos Organização Eliz Tessinari Álisson Maranho Adair Duarte Thayna Souza Miguel Scarcello

Gabriela Souza Secretária administra va

Coordenação | Valores da Amazônia Álisson Maranho

Texto Álisson Maranho Eliz Tessinari Revisão Fábio Pontes

Coordenador geral Fotografias

Adair Duarte Coordenador técnico

Gabriela Souza Coordenadora adm financeira

André Dib Daiane Afonso Eliz Tessinari Acervo SOS Amazônia Foto/capa: André Dib Mapas

Endereço SOS Amazônia Rua Pará, 61, Habitasa, Rio Branco Acre, Brasil - CEP: 69905-082 Telefone: +55 68 3223 1036

Tayla Maia Álisson Maranho

Projeto gráfico e diagramação Eliz Tessinari

www.sosamazonia.org.br Reportagens Fábio Pontes


ÍNDICE

I

Valores da Amazônia | 9

II

Serviços do projeto | 12

III

Equipe do projeto | 14

IV

Parceiros | 15

V

Produtos florestais não madeireiros e seus usos | 16

VI

As cadeias de valor apoiadas | 17

VII

Produtos e comercialização | 32

VIII Sistemas Agroflorestais (SAFs) | 34 IX

Organizações Sociais apoiadas | 38

X

Iden dade Visual das coopera vas | 75

XI

Personagens | 76

XII

Valores da Amazônia em números | 78

XIII Publicações | 81 XIV Reportagens e depoimentos | 82 XV

Estrutura de gestão e governança | 95

XVI Gestão financeira | 96 XVII Associação SOS Amazônia | 98 XVIII Fundo Amazônia | 100 XIX Referência Bibliográfica | 101


Miguel Scarcello Secretário geral SOS Amazônia

Àlisson Maranho Secretário técnico SOS Amazônia

O

projeto Valores da Amazônia possibilitou que a SOS Amazônia promovesse a conservação da biodiversidade, apoiando famílias a produzir e a comercializar, mais e melhor, os produtos florestais não madeireiros. Seguindo as ideias de Chico Mendes, um dos seus fundadores, a nossa equipe de técnicos, envolvidos direta e indiretamente na execução do Valores, estabeleceu uma relação de parceria com nove empreendimentos sociais e três cadeias de valor de produtos florestais. Abrangendo comunidades tradicionais agroextrativistas, instaladas em seis municípios do Acre e em quatro do Amazonas, as nove organizações apoiadas pelo projeto foram aglutinadas pela SOS Amazônia para darem um salto nos seus processos produtivos, organizacionais e comerciais. Com isso, essas organizações e as famílias envolvidas, protegeram áreas do desmatamento, e aumentaram sua renda coletando e pré-beneficiando cacau nativo, borracha e óleos vegetais, além da adesão aos Sistemas Agroflorestais (SAFs). De maneira transversal, a SOS Amazônia, a partir de centenas de capacitações, workshops, participação em feiras e estudos de prospecção de mercados, possibilitou que os empreendimentos apoiados alcançassem oportunidades para vender mais produtos, por preços valorizados, em outras praças no Brasil e no mercado internacional. O que foi alcançado e relatado nesta revista é um anúncio do grande potencial que as populações extrativistas têm para proteger a floresta e dela extrair seu sustento, conservando a biodiversidade. Por ser algo diferente do que o mercado nacional e internacional hoje promove, um nicho bem específico, há a necessidade de que um investimento conclusivo seja realizado, de maneira que todas as nove cooperativas consolidem sua capacidade de manter os negócios e busquem mais oportunidades de comercialização, agregando mais valor ao produto, considerando mais a proteção da floresta e a conservação da biodiversidade que as famílias realizam. Para a SOS Amazônia, foi um privilégio ter sido parceira dessas organizações e poder, conjuntamente, reduzir desmatamento, promovendo o ganho de renda das famílias extrativistas. Muito obrigado ao Fundo Amazônia e parceiros por acreditarem e confiarem nessa empreitada, e por nos ajudar a cumprir nossa missão: conservar a biodiversidade e aumentar a consciência ambiental na Amazônia.

8

A

degradação ambiental do planeta avança numa velocidade maior do que as iniciativas de recuperação ou restauração dos ecossistemas. A trajetória pela conservação da Amazônia é um desafio, e com impactos mundiais quanto ao controle do aquecimento do clima. Então, perguntamo-nos: o que fazer para contribuir com a conservação das florestas e de todos os seus recursos naturais associados? Dentre várias das estratégias para cumprir esse objetivo, uma delas é fortalecer a relação do homem com a natureza, no sentido de desenvolvimento econômico com base florestal, tendo em vista a manutenção da biodiversidade local, das formas tradicionais de vida das comunidades que vivem nesse ambiente, e da geração de economia e conforto social. A SOS Amazônia acredita que a compreensão do homem quanto ao ambiente em que ele vive e do aproveitamento das oportunidades de melhorar sua qualidade de vida, de forma ambientalmente sustentável, é uma das estratégias para cumprir a sua missão. Foi nesse contexto de aliar economia e floresta conservada que o projeto Valores da Amazônia surgiu. As cadeias de valor dos produtos florestais amazônicos necessitam, ainda, de muito investimento financeiro e tecnológico para o melhor desenvolvimento econômico local e social, com a perspectiva de manter a floresta em pé. Investir no conhecimento e educação para o uso sustentável dessa imensa riqueza, deve ser uma das prioridades. O Valores da Amazônia foi um projeto motivador de mudanças em nove realidades amazônicas empreendidas por comunidades agroextrativistas. Não somente quanto aos resultados expressos em números de produção e geração de renda, como também na motivação pela permanência nesse caminho pela manutenção das florestas na Amazônia, e do modo de vida com maior qualidade. Foram pouco mais de três anos de muita intensidade da execução das ações previstas, no envolvimento comunitário com a causa, na demonstração das possibilidades e caminhos para as melhorias dos processos produtivos e de gestão dos empreendimentos sociais. Nessa caminhada houve muita evolução em todas as partes desse conjunto. Houve trocas de experiências, saberes, superação de dificuldades e avanços muito significativos para as realidades previamente existentes. A SOS Amazônia teve o prazer de aprender e fazer junto com essas nove organizações envolvidas no projeto. Mas, esse foi somente um passo dado, e, agora, precisamos seguir adiante e manter o que foi construído com a intenção de evoluir ainda mais, sem perder toda essa essência que mantém esse trabalho vivo.


I

VALORES DA AMAZÔNIA

Um projeto que apoia e conecta os valores da Amazônia

ACRE | AMAZONAS

9


VALORES DA AMAZÔNIA Foi no contexto de aliar economia e floresta conservada que o projeto Valores da Amazônia surgiu.

D

esde meados de 2015, o projeto Valores da Amazônia empreende esforços para a estruturação, o fortalecimento e a integração de cadeias de valor de produtos florestais não madeireiros no Acre e no Amazonas, visando o uso sustentável dos recursos florestais e a melhoria da qualidade de vida das populações locais. O projeto, financiado pelo Fundo Amazônia e realizado pela Associação SOS Amazônia, apoiou oito cooperativas (sendo uma indígena) e uma associação de mulheres, com ações de estruturação de empreendimentos, capacitação, assistência técnica, manejo florestal sustentável, certificação de produtos e apoio à comercialização. Dentre seus objetivos específicos, está promover a geração de trabalho e

Abrangência

Coopercintra

10

renda decorrentes do uso sustentável do cacau silvestre, da borracha (CVP e FDL) e dos óleos vegetais; fortalecer a capacidade gerencial e operativa das entidades beneficiárias; viabilizar a entrada dos empreendimentos apoiados em segmentos de mercado diferenciados e atrativos; proporcionar a integração e articulação institucional nas cadeias de valor apoiadas. As nove organizações apoiadas são constituídas por produtores familiares, principalmente extrativistas, que residem em áreas de difícil acesso da Floresta Amazônica, região com alto índice de vulnerabilidade social e de pouco acesso às políticas públicas.

Municípios da região do Juruá e TarauacáEnvira, no Acre, e do sul do Amazonas, que formam um corredor com recursos florestais semelhantes, numa área de, aproximadamente, 206 mil km². O Valores da Amazônia atuou diretamente em Áreas Protegidas (Floresta Nacional do Purus, Reserva Extrativista Arapixi e Arie Japiim-Pentecoste) e em Terras Indígenas (TI Arara do Igarapé Humaitá); em Assentamentos e áreas ribeirinhas (entorno de Unidades de Conservação). O projeto buscou, nessas áreas, a consolidação de alternativas econômicas para a conservação da floresta e o bem-estar das populações nelas residentes, por meio do desenvolvimento das cadeias dos produtos da sociobiodiversidade.


Cadeias de Valor Apoiadas O projeto atua na estruturação das cadeias de valor de três produtos florestais não madeireiros

Borracha nativa

Óleos vegetais

Cacau silvestre

Organizações Sociais apoiadas

Cooperativa Agroextrativista de Tarauacá | AC

Cooperativa de Produção e Comercialização de Produtos Agroextrativistas de Feijó | AC

Cooperativa Agroextrativista de Porto Walter | AC

Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais unidas por Liberdade, Humanidade e Amor | AC

Cooperativa de Produtos Naturais da Amazônia | AM

Cooperativa dos Produtores de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Nova Cintra | AC

Cooperativa Agroextrativista Shawãdawa Pushuã | AC

Cooperativa de Produtores de Polpa de Frutos Nativos de Mâncio Lima | AC

Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus | AM

Gerar trabalho e renda; Reduzir o desmatamento; Incentivar a recuperação de áreas degradadas;

Compromissos Ambientais, sociais, econômicos e culturais

Promover a articulação interinstitucional para o fortalecimento das cadeias de valor; Estimular a conscientização sobre o manejo sustentável dos recursos florestais não madeireiros; Promover a inclusão socioprodutiva; Promover a equidade de gênero.

11


SERVIÇOS DO PROJETO

II

O

Valores da Amazônia realizou serviços desde a organização socioprodutiva à prospecção de mercados internacionais para os produtos de base florestal não madeireiro. Foi estruturado em 15 componentes (entre transversais e específicos), além do componente de Gestão. Os componentes transversais referem-se às atividades comuns às nove organizações aglutinadas, sendo eles: Fortalecimento Organizacional; Assistência Técnica e Extensão Rural e Florestal – ATERF; Intercâmbios; Planos de Manejo; Certificação Orgânica; Estudos de Mercado e Participação em Feiras. Os componentes específicos referem-se às atividades inerentes a cada organização aglutinada, sendo composto por nove subprojetos com ações voltadas às especificidades de cada uma delas, sendo eles: Copronat, Amuralha, Coopercintra, Coopfrutos, Coapex, Cooperar, Pushuã, Caet e Cooperafe. Cada organização apoiada teve, ao longo dos 40 meses, o acompanhamento permanente de um técnico extensionista, que teve papel fundamental na boa execução das atividades. Esse técnico foi o elo entre gestores do projeto e as organizações, além de se fazer muito presente nas comunidades, sendo também a aproximação entre a gestão das organizações e as comunidades, especialmente aquelas mais distantes e de difícil acesso.

Componentes transversais Componente I

Fortalecimento Organizacional Gestão da produção e sistema de qualidade; capacitação dos comunitários em cursos de cooperativismo, associativismo, gestão de negócios, mercado, além de consultorias e assessoria técnica aos nove empreendimentos apoiados. Apoio à comunicação visual das entidades beneficiárias.

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II

Assistência Técnica Rural e Florestal Equipe multidisciplinar para acompanhar todos os serviços do projeto, como a implantação de Sistemas Agroflorestais; boas práticas de extração, coleta e beneficiamento de três cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade; auxilio na formação de produtores; assessoria para as cooperativas nas etapas da certificação orgânica dos produtos florestais não madeireiros.


, III

Intercâmbios

Visitas a experiências inovadoras e bem-sucedidas relacionadas às cadeias de valor apoiadas pelo projeto, com os temas cooperativismo, organização social, beneficiamento, comercialização, produção orgânica e Sistemas Agroflorestais.

V

Certificação Orgânica

IV

Planos de Manejo Mapeamento das áreas e a elaboração dos Planos de Manejo Simplificados p a r a P ro d u to s F l o re s t a i s N ã o Madeireiros.

VI

Mercado - Prospecção e Participação em Feiras

Capacitação da equipe de extensionistas e coordenação para preparar as entidades beneficiárias para a certificação orgânica; Inspeção e certificação orgânica dos produtos.

Estudos de mercado na Europa nos segmentos de cosméticos, alimentos e moda, com destaque para os óleos vegetais, borracha nativa e cacau silvestre. Promoção da abertura de mercados internacionais para produtos da sociobiodiversidade, por meio de assessoria e suporte de redes, incluindo administração de estoque, envio de amostras e lotes para clientes, exposição em feiras especializadas e negociação.

13


EQUIPE DO PROJETO

III

14


IV

PARCEIROS Para fortaceler a organização socioprodu va, o projeto fez parcerias com o poder público e privado.

INSTITUIÇÕES: Fundação de Tecnologia do Estado do Acre – Funtac Secretaria de Estado de Meio Ambiente - Sema/AC Organização das Coopera vas Brasileiras - OCB/AC Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar do Estado do Acre - Seaprof Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Mâncio Lima - Acre Ins tuto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas - Idam Comissão Especializada em Lavoura Cacaueira - Ceplac Amazonas e Rondônia Prefeitura de Rodrigues Alves - Acre Prefeitura de Mâncio Lima - Acre Prefeitura de Porto Walter - Acre Prefeitura de Guajará - Amazonas EMPRESAS/COOPERATIVAS Vert Shoes Flávia Amadeu From Amazônia Luísa Abram Chocolates Guayapi Cooperacre

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PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS E SEUS USOS

V

Buriti (Mauritia flexuosa)

Murmuru (Astrocaryum murumuru)

Patauá (Oenocarpus bataua)

O óleo de buriti é utilizado na formulação de cremes, sabonetes e xampus. Aumenta a elasticidade da pele, promove a renovação celular, hidrata e protege contra a radiação solar. Também é utilizado como alimento, sendo rica fonte de betacaroteno (118 miligramas/100 gr de óleo), além de prevenir doenças coronarianas.

A manteiga de murmuru é muito nutritiva, emoliente e hidratante, possibilita a recuperação da umidade e elasticidade naturais da pele. É utilizada em xampus, condicionadores, cremes, loções, sabonetes, batons e desodorantes.

É utilizado em cremes, loções, sabonetes e xampus, possuindo propriedades emoliente, hidrante e revitalizante, principalmente para os cabelos. É considerado uma especiaria gastronômica. Apresenta odor pouco pronunciado, sabor, aparência e composição semelhantes ao do azeite de oliva. Possui alto grau de ácidos graxos insaturados.

Andiroba (Carapa guianensis) Copaíba (Copaifera spp.) O óleo de copaíba é utilizado na fabricação de xampus, sabonetes e cremes. Reduz cicatrizes, celulites e estrias, regenera o colágeno e é emoliente. Equilibra a oleosidade e trata caspas e seborreia do couro cabeludo. Protege os cabelos tingidos, deixando os fios brilhantes e macios. Também é muito utilizado como fixador de aromas em perfumes. É amplamente utilizado como fitoterápico, possuindo elevado poder anti-inflamatório. E apresenta propriedades antiúlcera, antiviral, antifúngica e antiedêmica.

O óleo de andiroba é utilizado na formulação de sabonetes, xampus, cremes e óleos para massagem. É emoliente, hidratante, anti-séptico e anticelulite. Também é amplamente utilizado como fitoterápico, atuando como antipirético, antiinflamatório, vermífugo, purgativo e cicatrizante.

Cacau silvestre (Theobroma cacao)

Seringueira (Hevea brasiliensis) A borracha nativa têm diversos usos. É utilizada na fabricação de tênis, pneus, bolas, artesanato, luvas domésticas, elástico, moda, etc.)

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As amêndoas de cacau são usadas, principalmente, para a fabricação de chocolate. O óleo e a manteiga são utilizados na produção de perfumes, xampus, sabonetes e cremes. A indústria alimentícia produz doces e geleias a partir da casca do cacau e da cibirra (tecido central fibroso que une as amêndoas). Além disso, a partir da massa de amêndoas, é possível produzir a polpa de fruta, vinho de cacau e o licor fermentado de cacau.

Tucumã (Astrocaryum aculeatum) O óleo da polpa do tucumã é usado como hidratante da pele e revitalização de cabelos danificados. Apresenta alto poder de espalhabilidade e atua como protetor solar. A exemplo do óleo de patauá, é considerado uma especiaria gastronômica, sendo rico em ômega 3, 6 e 9, além de possuir alto nível de betacaroteno (de 180 a 330 mg/100g) e de antioxidantes naturais. Também pode ser utilizado como corante natural em pratos culinários. A manteiga do tucumã é utilizada em cremes, sabonetes e xampus, tem alto poder de hidratação, formando uma película protetora transparente sobre a pele, similar ao silicone, sem obstruir os poros. Atua também como protetor solar.


VI

AS CADEIAS DE VALOR APOIADAS

NÓS ACREDITAMOS E INVESTIMOS NOS PRODUTOS DA SOCIOBIODIVERSIDADE

17


Um olhar especial para os produtos orestais não madeireiros

O

Brasil é privilegiado por possuir recursos florestais abundantes, e é o único com extensa área de florestas tropicais. O Ministério do Meio Ambiente estima que 69% da cobertura florestal (374,6 milhões de hectares) têm potencial produtivo. E fomentar a economia florestal, por meio do Valores da Amazônia, aliando conservação da biodiversidade e geração de trabalho e renda nas comunidades, tem impulsionado a transformação ambiental e social na floresta, e um olhar mais preocupado com o futuro da humanidade e de toda diversidade biológica. Decerto, a cadeia produtiva de base florestal constitui uma atividade econômica complexa e diversificada de produtos. Os desafios para o avanço no desenvolvimento nessa perspectiva são relacio-

nados, principalmente, ao nível educacional das comunidades, conhecimento e relação com o mercado consumidor mais qualificado e justo, e de baixo nível tecnológico aplicado. O projeto Valores da Amazônia atuou nos empreendimentos para o investimento em estruturação dos núcleos de beneficiamento comunitários, a organização dos processos produtivos e da gestão participativa. Facilitar essa compreensão ajudou a viabilizar as ações junto a mercados diferenciados. O investimento foi feito para consolidar três cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade: borracha nativa, óleos vegetais e cacau silvestre, com resultados e impactos detalhados nas próximas páginas.

Dados sobre a Extração de produtos da Sociobiodiversidade Os produtos de origem extrativista ainda possuem participação pequena no mercado nacional e internacional. Dificuldades de diferentes naturezas são entraves que acarretam nessa reduzida participação, como a falta de padronização, reduzido apoio tecnológico e baixa formação social para os negócios das cadeias produtivas extrativistas. Contudo, esses produtos já têm grande importância na geração de trabalho e renda para as comunidades amazônicas. A região, especificamente o estado do Acre, possui abundante oferta de produtos de origem florestal e com potencial de alcance de diferentes nichos de mercados, desde a comercialização da matéria-prima florestal in natura, beneficiada ou do produto acabado. Os grupos sociais organizados, como cooperativas e associações de produtores agroextrativistas, são oportunidades de fortalecimento das cadeias

18

produtivas extrativistas e de geração de renda para as comunidades tradicionais que vivem nessa região de grande biodiversidade. Essas organizações possuem potencial de desenvolvimento econômico e especialmente de inclusão social, de gênero e de fixação do jovem em suas comunidades. Entre os produtos não madeireiros do extrativismo, de acordo com o IBGE (2016), destaca-se o grupo dos Alimentícios, que obteve a maior participação no valor de produção (71,9%), seguido pelas Ceras (13,5%), Oleaginosos (7,4%), Fibras (7,0%) e demais grupos (0,4%). O açaí segue sendo o produto com maior valor de produção entre os extrativos não madeireiros, com R$ 539,8 milhões, crescimento de 12,4%. A erva-mate segue apresentando o segundo maior valor, com R$ 398,8 milhões, seguido pelo pó cerífero de carnaúba (R$ 187,5 milhões) e pela castanha (R$ 110,1 milhões).


A melhor forma de ajudar o mundo. Entendemos que apoiar essas cadeias de valor significa diminuir a pressão humana sobre as florestas, respeitar o ambiente e toda sua diversidade biológica e cultural. Significa fortalecer a organização social, o extrativismo, gerar trabalho e renda para as famílias. Fazer toda essa conexão é a melhor forma de ajudar o mundo.

Em 2015, o Pará superou 100 mil toneladas, volume que representa mais de 40% da produção de cacau total do país

Par cipação percentual dos produtos madeireiros e não madeireiros no valor de produção do extra vismo vegetal e da silvicultura - Brasil - 2016

%

Mato Grosso 527

100,0

Amazonas 1.956

80,0

Espírito Santo 4.463 Rondônia 5.763

60,0

Bahia

20,0 0,0

106.033

Pará

40,0

141.110

Brasil

259.852

Extra vismo Vegetal Silvicultura Não Madeireiros Madeireiros

Par cipação percentual dos produtos madeireiros e não madeireiros no valor de produção Florestal - Brasil - 2016

10,2% Quan dade da extração vegetal de alguns produtos Dados do IBGE - 2015-2016 Borracha Hévea (látex coagulado) 2016 produção de

1.202

toneladas

2015

1.447t

Buriti (fibras) 2016 produção de

Copaíba (óleo) 2016 produção de

441

165

toneladas

toneladas

2015

2015

451t

153t

Madeireiros

89,8%

Não Madeireiros Fonte: IBGE/2016

BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura. Rio de Janeiro: IBGE/PEVS, V. 31, 2016.

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CADEIA DE VALOR DA BORRACHA NATIVA Folha Defumada Líquida (FDL) | Folha Semi-Artefato (FSA) | Cernambi Virgem Prensado (CVP) Organizações sociais com investimentos na cadeia de valor da borracha nativa

BORRACHA FDL

Uma das iniciativas é o projeto Valores da Amazônia, com o desafio de transformar a vida dos comunitários, levando alternativas de trabalho e renda, de olho na conservação da floresta, por meio de investimentos na cadeia da borracha nativa na região de Feijó, Tarauacá, Rodrigues Alves e Porto Walter, no Acre.

Dentre as ações, o Valores proporcionou a reabertura de 246 estradas de seringa para extração de látex; entregou 49 Unidades de Produção de Borracha FDL, com kits de produção para cada Unidade, 85 kits para produção de CVP e possibilitou a adesão de mais 134 novas famílias na cadeia da borracha, atendendo as demandas de produção das cooperativas. Em 2014, a produção nesses empreendimentos era de aproximadamente 7 toneladas. Em 2017, deu um salto para 32 toneladas, movimentando cerca de 303 mil reais no mesmo período.

A FDL é uma inovação tecnológica de produção da borracha beneficiada, desenvolvida pelo Laboratório de Tecnologia Química da Universidade de Brasília (Lateq/UnB), que permite maior agregação de valor ainda dentro da floresta. O seringueiro usa o ácido pirolenhoso (APL) para fazer a sua coagulação, dispensando a defumação. A FDL se apresenta no formato de finas folhas de borracha clara e limpa, processadas artesanalmente, em calandras manuais, que secam em temperatura ambiente, sem a necessidade de estufas. Diferente de outros derivados de látex, defumados em processos árduos para os seringueiros ou de menor qualidade, essas folhas têm muitas vantagens: boa qualidade do produto (pureza, elasticidade e resistência); economia de água e energia; procedimentos não prejudiciais à saúde do seringueiro nem ao ambiente; tecnologia simples, de fácil difusão; incorporação da mão-de-obra familiar e produção independente; agregação de valor aos seringueiros. Outras vantagens apontadas por usuários experimentais na indústria são: a facilidade de incorporação de cargas e vulcanizantes, menor tempo de processamento com redução do custo energético, melhor acabamento e melhores propriedades do artefato produzido.

20

BORRACHA CVP

Foi pensando na valorização dos produtos florestais não madeireiros que a instituição construiu também o seu caminho. Embalada pelos ideais de um dos seus fundadores, o líder e seringueiro Chico Mendes, traçou e implementou dezenas de iniciativas com foco na preservação da biodiversidade e no desenvolvimento sustentável.

As famílias extrativistas, apoiadas pelo projeto, produzem três tipos de borracha: Folha Defumada Líquida (FDL), Cernambi Virgem Prensado (CVP) e Folha Semi-Artefato (FSA), com destaque produtivo para as borrachas FDL e CVP. E as organizações apoiadas (Caet, Cooperafe, Coopercintra, Coapex e Pushuã) foram beneficiadas com estruturas, equipamentos e insumos. Juntas, têm capacidade instalada para produção de cerca de 60 toneladas de borracha por ano.

A Cernambi Virgem Prensado (CVP) é uma borracha bruta, pronta para ser beneficiada. A coagulação do látex é feita com o ácido acético, fazendo pranchas de borracha, de 20 a 30 kg, de boa qualidade, com procedimentos não prejudiciais à saúde do seringueiro nem ao ambiente.

BORRACHA FSA

A

história da SOS Amazônia se conecta inteiramente com a defesa e a valorização do extrativismo da borracha nativa. Sua luta pela preservação da Floresta Amazônica começou na década de 1980, com o apoio ao movimento dos seringueiros contra a devastação da floresta e pela garantia do direito de posse das suas colocações.

A FSA foi desenvolvida também pelo Lateq/UnB e representa mais uma alternativa para a continuidade do extrativismo da borracha nativa da Floresta Amazônica. Seu processo de produção é semelhante ao da FDL. A diferença é o uso de vulcanizante e pigmentos de tinta durante a coagulação do látex. O resultado são mantas coloridas, prontas para serem usadas na fabricação de vários produtos artesanais e de design, como sapatos, acessórios de moda e joias.


Produção de Borracha Na va (kg)

45000

40050*

40000 35000

32052

Borracha (KG)

30000 25000 20000

14870

15000

10290

10000

7311

5000 0

2014

2015

2016

2017

2018

*Produção es mada para o ano.

Receita bruta Comercialização de Borracha Na va (R$) 351.302*

Receita (R$)

350.000

303.279

300.000 250.000 200.000 144.820

150.000 100.000 50.000 0

89.767 53.482 2014

2015

2016

2017

2018

*Valor es mado para o ano.

49

Reabertura de

Unidades Familiares de Produção e Secagem de Borracha FDL

184 Estradas de Seringa

134

174

Novas famílias trabalhando com a borracha na va

Famílias beneficiadas diretamente com a cadeia da borracha

Os comunitários receberam capacitação para boas prá cas de extração, produção e beneficiamento; infraestruturas, equipamentos e insumos; kits de extração de látex; auxílio financeiro e técnico para reabertura e manutenção de estradas de seringa.

21


22


VALORES BORRACHA FDL E CVP

23


CADEIA DE VALOR DOS ÓLEOS VEGETAIS E SABONETES Organizações sociais com investimentos na cadeia de valor dos óleos vegetais

AMURALHA

A

Floresta Amazônica possui enorme variedade de espécies oleaginosas, boa parte com potencial para o aproveitamento econômico, sendo destinada, principalmente, para os mercados de cosméticos e de alimentos. Várias iniciativas são empreendidas na região, mas a maioria das cooperativas enfrenta dificuldades tecnológicas, de gerenciamento e escassez de recursos para o fortalecimento da atividade. Por volta de 2008, a SOS Amazônia iniciou o envolvimento com cadeias de valor de produtos não madeireiros na região do Vale do Juruá, dentre elas o murmuru. Um dos projetos mais importantes na época foi intitulado “Uso sustentável dos recursos florestais não madeireiros em comunidades extrativistas no Vale do Juruá, Acre”, que gerou uma série de resultados técnicos importantes sobre a cadeia que estava começando a ser implementada na região, como a elaboração de planos de manejos e estudos de mercado para a manteiga de murmuru. Com o início do Projeto Valores da Amazônia, em 2015, a SOS Amazônia pôde dar continuidade ao fortalecimento da gestão organizacional e produtiva da cadeia de óleos vegetais, incluindo outros produtos como o buriti, andiroba, copaíba, tucumã, breu, cumaru, patauá e açaí, e buscando alinhar os

empreendimentos de acordo com as exigências de mercados diferenciados. Para esses produtos florestais foram fortalecidas quatro usinas de extração de óleos, duas no Acre e duas no Amazonas. Foram construídos núcleos para secagem de amêndoas, instalação de uma fábrica de sabonetes e fortalecimento de outra. Suporte técnico, aquisição de equipamentos e insumos para desenvolver as iniciativas da Copronat, Cooperar, Coopfrutos, Coapex, Coopercintra, Amuralha e Pushuã. Também foram desenvolvidos produtos cosméticos, investimentos em capacitações, aquisição de kits de boas práticas de extração e coleta, além de logística para a cadeia dos óleos. Com o envolvimento direto de aproximadamente 600 famílias nessa cadeia de valor, a meta de produção de óleo foi superada. De 3,1 toneladas em 2014, passou para quase 23 toneladas/ano, movimentando cerca de R$ 803.000,00 em 2018, com destaque para a produção de gordura de murmuru da Coopercintra e óleo de buriti da Coopfrutos. Vale mencionar que, em 2015, a manteiga de murmuru custava R$ 15,00 o quilo. Hoje, as cooperativas comercializam a R$ 30,00. Enquanto o óleo de buriti, no mesmo ano, custava R$ 24,00, e em 2018, R$ 50,00 o quilo.

CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA Em outubro de 2018, as famílias extrativistas do Vale do Juruá, no Acre, e dos municípios de Silves e Boca do Acre, no Amazonas, que atuam na extração e na produção de óleos de plantas e frutos, ganharam certificação orgânica internacional que possibilita a venda de seus produtos para os mercados europeu e norte-americano. Concedida pela empresa boliviana Imocert, a certificação assegura que toda a produção foi realizada com baixo impacto ambiental, sem o uso de

24

agrotóxicos e garantindo o pagamento justo para cada família, especialmente para as que fazem parte das cooperativas apoiadas pela SOS Amazônia. Nesse primeiro momento, quatro cooperativas tiveram produtos certificados: Coopfrutos e Coopercintra, no Acre; Copronat e Cooperar, no Amazonas. Dentre os produtos que ganharam a certificação orgânica estão os óleos de buriti, copaíba, cumaru, breu e açaí, a manteiga de murmuru, tucumã e ouricuri.


Volume de óelos (KG)

25000

Certificação Orgânica de

19621

20000

17940

15000 11949 10000 5000 58

0

2016

2015

2014

2017

2018

Produção de Óleos Vegetais (kg)

18

900.000

827.880

800.000 700.000

Receita (R$)

Produtos florestais da cadeia de valor dos óleos vegetais em três normas: Europeia, Norte-Americana e Forest Garden Products (FGP)

23451

600.000

531.110

500.000

436.340

400.000

209.895

200.000 100.000 3.908

0

2014

2015

2016

2017

2018

Receita bruta da comercialização de óleos vegetais (R$)

Copronat - Resina de Breu, Óleo Essencial de Breu, Semente de Cumaru e Óleo de Cumaru. Coopfrutos Óleos de buri e de Açaí. Coopercintra - Manteiga de Murmuru. Cooperar - Óleo de tucumã, andiroba, buri , copaíba, patauá, pequi, ouricuri, uxi; manteigas de murmuru, buri , ouricuri e tucumã; amêndoa de castanha.

4

Usinas de óleos fortalecidas

Uma Fábrica de Sabonete instalada e uma concluída

2

Núcleos de Pré-beneficiamento

600

Famílias beneficiadas diretamente com a cadeia dos óleos vegetais

25


26


VALORES ÓLEOS VEGETAIS

27


CADEIA DE VALOR CACAU SILVESTRE Organizações sociais com investimento na cadeia do cacau silvestre

região do Juruá. Com o projeto Valores da Amazônia, além de concentrar esforços para melhorar o método de produção da Cooperar, a SOS Amazônia iniciou a prospecção de cacau no Vale do Juruá, região localizada no extremo oeste do Acre, nos municípios de Porto Walter e Rodrigues Alves, e em dois municípios do Amazonas (Guajará e Ipixuna) . Foram implantados núcleos de produção, consultorias de boas práticas e abertura de mercados internacionais.

N

os últimos anos, o Brasil, que ocupa o sexto lugar no ranking mundial da produção do cacau, aprimorou suas técnicas de cultivo e de produção do fruto (Mendes et al., 2016). Isso levou a um reconhecimento no mercado mundial, principalmente no que se refere ao cacau silvestre da Amazônia, com potencial de atingir as melhores classificações de qualidade, devido às características do ambiente que o tornam especial no sabor e no aroma. O cacau silvestre é mais um produto com potencial de geração de renda para comunidades tradicionais e ribeirinhas da Amazônia. A Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus (Cooperar), sediada em Boca do Acre (estado do Amazonas), é pioneira na produção do cacau silvestre na Amazônia brasileira. Desde 2006, o cacau vem sendo coletado, beneficiado e exportado para empresas europeias e americanas. A experiência da Cooperar é muito importante para auxiliar no desenvolvimento dessa cadeia de valor na

Um importante resultado foi o primeiro lote de uma tonelada de amêndoa seca produzida pela Coopercintra, com forte envolvimento comunitário, já comercializada para a fabricação de chocolate especial. Há também interesse de empresas americanas nessa matéria-prima. A Coopercintra é uma cooperativa de produtores agroextrativistas criada em 2011, que já possui experiência na coleta e beneficiamento de murmuru para produção de manteiga e posterior comercialização para empresas de cosméticos. Ela está sediada na região do Juruá, comunidade Nova Cintra, no município de Rodrigues Alves, Acre. Agora, a cooperativa acrescentou mais um produto a sua cesta: o cacau silvestre do rio Juruá, apoiado pelo Valores da Amazônia com ações de prospecção, estruturação e gestão da produção. O objetivo é aumentar a renda dos coletores de murmuru com a venda de mais um produto do extrativismo. Dessa forma, com mais oportunidades de geração de renda, são também maiores as chances de manter a floresta em pé, o que é um dos objetivos finais do projeto.

CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA O cacau silvestre tem diversos usos econômicos, sendo o mais atrativo deles a produção de chocolate. É cada vez mais crescente a demanda do mercado pela amêndoa de cacau de qualidade e com características diferenciadas de sabor e aroma, que surgem de acordo com as especificidades do local de ocorrência e da forma de beneficiamento. Para ampliar as possibilida28

des, em outubro de 2018, a amêndoa de cacau da Cooperar e da Coopercintra ganhou certificação orgânica internacional, graças aos esforços do projeto Valores da Amazônia. Esse resultado permite a venda de amêndoas aos mercados europeu e norteamericano.


Amêndoas secas (KG)

14000

Produção de Cacau Silvestre | Amêndoa (kg) 13000

12000 10000

10000

8960

8000 6000 4000 2000 0

O Cacau Silvestre é encontrado nas áreas de várzeas dos rios amazônicos Juruá e Purus. Essas características naturais garantem um produto único com sabor especial, apresentando a verdadeira essência do cacau da Floresta Amazônica. Por meio do Valores, comunidades ribeirinhas manejam suas áreas para ter mais uma fonte de renda na família.

1030

1300

2014

2015

2016

2017*

2018**

*O declínio na produção de amêndoas de cacau deu-se por fatores climáticos. Em 2017, pela alagação atípica, com a cobertura dos troncos dos cacaueiros, onde se concentra a maior parte dos frutos, levando ao apodrecimento. **A safra de 2018, na época da floração do cacau, principalmente no Purus, não choveu o suficiente para a frutificação.

Receita bruta Comercialização de Cacau Silvestre (R$) 300.000

260.000

Receita (R$)

250.000 200.000

219.200

150.000 100.000 50.000

Certificação Orgânica da

200.000

0

20.600

26.000

2014

2015

2016

2017

2018

Amêndoa de cacau silvestre (Cooperar e Coopercintra) em três normas: Europeia, Norte-Americana e Forest Garden Products (FGP) Prospecção de cacau silvestre no Juruá Inventários e mapeamentos

2

Núcleos de Pré-beneficiamento

100

Famílias beneficiadas diretamente com a cadeia do cacau silvestre

Comunidades com potencial de produção identificadas; Comunidades receberam kits de manejo e produção, auxílio financeiro e técnico para manejo das áreas; Capacitação de Boas Práticas de Manejo e Beneficiamento; Consultoria contratadas para aperfeiçoamento da produção e abertura de mercado nos EUA. 29


30


VALORES CACAU SILVESTRE

31


PRODUTOS E COMERCIALIZAÇÃO

VII

Alguns dos produtos comercializados pelas organizações apoiadas

Borracha Colorida FSA

Borracha FDL

Óleos vegetais para uso alimentar e cosmético

Amêndoas de Cacau Silvestre 32


Alguns dos produtos fabricados com a matéria-prima das organizações apoiadas

A designer de joias Flávia Amadeu tem a borracha colorida FSA como sua matériaprima principal há 14 anos, e mostra a transformação que esse trabalho gera nas comunidades e na preservação da floresta. (h ps://www.flaviaamadeu.com/)

No Acre, a produção de FDL é concentrada nos municípios de Assis Brasil, Feijó e Tarauacá e são comercializados, principalmente, para uma empresa francesa de fabricação de calçados sustentáveis, a VERT Shoes (www.vert-shoes.com.br) e para fabricação de outros produtos da Mercur (www.mercur.com.br).

Sabonetes Especiais da Avive/Amazonas e Amuralha/Acre http://www.avive.org.br | http://www.sosamazonia.org.br/conteudo/valores-da-amazonia/

A marca de chocolates artesanal Luísa Abram compra amêndoas de cacau da Amazônia. Em 2018, comprou a primeira produção de 1t de amêndoas de cacau po fino no Vale do Juruá. (h p://www.luisaabram.com.br/)

33


SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAFs)

VIII

CURSOS DE CAPACITAÇÃO

CONSTRUÇÃO DE VIVEIROS

PREPARO DO ADUBO

O

s Sistemas Agroflorestais (SAFs) se configuram como uma oportunidade atrativa para a restauração florestal, diversificação da produção e transformação de ambientes que eram degradados. É uma das formas de enriquecer as áreas com as espécies que são exploradas economicamente pelas comunidades, combinando culturas agrícolas, árvores florestais e frutíferas. O projeto Valores da Amazônia apoiou os empreendimentos com a implantação de 177 unidades de SAFs, totalizando mais de 121 hectares de áreas, com o plantio de mais de 85 mil mudas. Essa iniciativa ofereceu diversos cursos de Produção de Mudas de Espécies Florestais e Frutíferas, implantação de viveiros, e envolveu cerca de 177 famílias. O engajamento comunitário aconteceu em todas as etapas: capacitação, construção dos viveiros comunitários e de produção de mudas.

E s p é c i e s c u lt i v a d a s Cacau silvestre, seringueira, oleaginosas (buriti, murmuru, patauá, copaíba, andiroba, açaí); espécies florestais e frutíferas definidas pelas famílias (cedro, mogno, ipê, cumaru, beribá, cajarana, cupuaçu, fruta pão, graviola, ingá, acerola, citrus, manga, maracujá)

Apoio a viveiros comunitários

Ac o m p a n h a m e n t o t é c n i c o

Além dos viveiros implementados pelo Valores, outros dois foram instalados em Boca do Acre e em Pauini no estado do Amazonas, que foi uma iniciativa da Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus - Cooperar. Nesses dois viveiros, foram produzidas 18 mil mudas.

A equipe do projeto orientou as técnicas de coveamento, espaçamento, plantio, adubação, manejo e controle de pragas e doenças, garantindo o desenvolvimento e produtividade dos SAFs.

34


TRATOS CULTURAIS

PRODUÇÃO DE MUDAS

PLANTIO ORIENTADO

P R I N C I PA I S R E S U LTA D O S

177 Famílias envolvidas nas atividades de SAFs

43% mulheres

177

18% indígenas

Unidades de SAFs

89.000 121ha

mudas produzidas

de áreas recuperadas com SAFs

35


36


VALORES SISTEMAS AGROFLORESTAIS

37


ORGANIZAÇÕES SOCIAIS APOIADAS

IX

38


Cooperativa Agroe rativista de Tarauacá | Acre

É Valores da Amazônia 39


Principais serviços Localizada em Tarauacá, noroeste do estado do Acre, e distante 400 km da capital do estado, Rio Branco. População estimada [2018]: 41.976 População (Censo 2010): 35.590 Área: 20.171,075 km²

T

arauacá, município acreano que foi originado por causa do povoado do Seringal Foz do Muru, localizado na confluência do Rio Tarauacá com o rio Muru, é o lugar de origem da Cooperativa Agroextrativista de Tarauacá (Caet), criada em 1999 por uma mobilização social promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR), com o objetivo de comercializar os produtos agroextrativistas. Com pouco entendimento do funcionamento desse tipo de organização social, até 2008, a Caet dedicouse apenas a receber recursos por meio de convênios com o governo do estado, que apoiou na estruturação da cooperativa, como a aquisição de transportes para o escoamento da produção.

RELAÇÃO COM A BORRACHA Região muito rica em produtos florestais não madeireiros, em 2009 a Caet firmou uma importante parceria com a Cooperacre para a comercialização da borracha nativa e, assim, iniciar o recebimento de subsídios. No ano de 2011, a ONG WWF começou um trabalho de organização da cadeia produtiva da borracha nativa, com a inserção de novas tecnologias sociais como a técnica da Folha Defumada Líquida (FDL), além de apoiar também a produção da borracha Cernambi Virgem Prensada (CVP). Tudo caminhava para ter a borracha como seu produto principal, sem deixar, no entanto, de se preocupar em diversificar as ofertas de produtos. Por isso, em 2011, também iniciou o fornecimento de alimentos da agricultura familiar para a merenda 40

Organiza e comercializa a produção ex t ra v i sta d o m u n i c í p i o d e Tarauacá, especialmente dois pos de borracha natural da seringueira (Hevea brasiliensis): Cernambi Virgem Prensado – CVP e Folha Defumada Líquida – FDL.

escolar do município de Tarauacá, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). E no ano de 2012 assumiu a Agroindústria de polpa de frutas do município, onde funciona também a sua sede. Para continuar o desenvolvimento da cadeia produtiva da borracha, em 2015 recebeu apoio da SOS Amazônia, com assessoria técnica às famílias extrativistas, capacitações em cooperativismo e boas práticas de produção, implantações de novos núcleos de produção e adesão de novas famílias na cadeia da borracha, elevando significativamente o volume e a qualidade da produção. Em 2017, recebeu o programa de capacitação em manejo de produtos florestais não madeireiros e em gestão de negócios, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre, com recursos financeiros do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID. A Caet conta com um grupo de 116 cooperados, sendo que destes, 73 são produtores de borracha CVP e FDL. A cooperativa aperfeiçoou, ao longo dos anos, a sua gestão administrativa e de produção, tendo os seus controles de processos organizados, registrados e aprovados em assembleia com os sócios.

PONTOS MARCANTES Ampliação das cadeias da FDL e CVP; Adesão de novas famílias na CdV da Borracha, de 28 para 73; Aumento do volume e melhoria da qualidade da produção e comercialização.


Os produtores de borracha CVP e FDL estão localizados às margens dos rios Muru e Acuraua, em Tarauacá, Acre. O transporte da produção é feito geralmente em barcos pequenos com motor de 13 HP, e levam de 6 horas a 15 horas de viagem até a cidade.

ORIGEM

ESTRUTURA

Para a produção de FDL, 30 seringueiros possuem um galpão de madeira medindo 8m x 4 m para o beneficiamento da borracha. Os produtores de borracha CVP possuem uma prensa produzida em madeira bruta na própria comunidade. A Caet possui a concessão de uma agroindústria de polpas de frutas na cidade de Tarauacá, onde também funciona a sua sede e um galpão para armazenamento da produção. Possui uma máquina batedeira para as polpas de açaí, buriti e outras frutas, com capacidade de 500 kg/hora, um pasteurizador e uma empacotadeira automática de polpas. Para a farinha, tem uma empacotadeira semiautomática, com capacidade de 3 toneladas/dia e um triturador de grãos para afinar e padronizar os grãos. Possui caminhões para o transporte da produção dos seringueiros e dos produtos da agricultura familiar, que é realizado das margens dos rios até o armazém da cooperativa, ou mesmo para outros municípios, de acordo com a demanda.

Capacidade de produção e comercialização BORRACHA - A produção anual de borracha é, em média, de 24 toneladas de CVP e seis toneladas de FDL, mas pode variar de acordo com a demanda para a comercialização. FARINHA - A farinha de mandioca tipo milito é um produto especial, sendo possível fornecer sob encomenda até 1 tonelada/mês. A comercialização é realizada sob encomenda, em prazos estabelecidos com o cliente, de acordo com a demanda e a safra de cada produto.

SAFRA

JAN

FEV

MAR ABR

MAI JUN JUL AGO

SET

OUT NOV

DEZ

Borracha Nativa Contato comercial E-mail: caet99@gmail.com | 55 68 99246 1779 | 99911 9637

41


Ações do Valores da Amazônia na Caet

Inventário Florestal

Reabertura de

91 Estradas

20

de Seringa

Unidades Familiares de Produção e Secagem de Borracha FDL

6.151

500km

Seringueiras georreferenciadas

de estradas de seringa abertas e mapeadas

Área manejada

4.764ha de floresta

116

Cooperados

Durante o projeto, houve um aumento 330% de cooperados

45

Novas famílias trabalhando na cadeia da borracha na va (De 28 passou para 73 famílias)

36

Unidades de SAFs mudas 36.000 produzidas 39ha de áreas de SAFs

Apoio à Gestão Organizacional e Produção Capacitações em Coopera vismo, Associa vismo e Boas Prá cas de Produção; reforma do pá o e construção de armazém; reforma e manutenção do caminhão para transporte da produção; kits de extração e coleta; aquisição de equipamentos e materiais para o escritório; e canoa com motor.

42


Cooperativa Agroe rativista Shawãdawa Pushuã | AC

É Valores da Amazônia

43


TERRA INDÍGENA ARARA DO IGARAPÉ HUMAITÁ (TI ARARA) TERRITÓRIO: 88MIL HA POVO: Arara Shawãdawa Família Linguística: Pano Idioma: Arara Shawanaua POPULAÇÃO: 419 | Dados: Siasi/Sesai - 2014 Município: Porto Walter, Acre População estimada [2018]: 11.720 População (Censo 2010): 9.176 Área: 6.443,830 km²

A

Produção e comercialização da borracha Folha De mada Líquida - FDL e Folha Semi-Artefato -FSA; Beneficiamento de frutos e sementes

Cooperativa Agroextrativista Shawãdawa Pushuã, localizada na Terra Indígena Arara do igarapé Humaitá (TI Arara) no município de Porto Walter – Acre, tem na bagagem um grande legado de lutas pela prosperidade de seu território e de seu povo, os Araras Shawãdawa.

valor da borracha nativa e de óleos vegetais. Famílias que havia 25 anos que não trabalhavam mais com a borracha, realizaram o sonho de retomar às estradas de seringa. Outras começaram a trabalhar com os produtos florestais, visando aumentar a renda com foco na conservação dos recursos naturais.

Em 1983, o sonho de ter a TI Arara demarcada começava a ganhar força com o início desse processo pela Fundação Nacional do Índio. Foi então que no dia 19 de abril de 2006, a Funai concluiu sua demarcação, estabelecendo o direito desse povo a ter a soberania sobre sua área.

Em processo de fortalecimento, a Pushuã tem a perspectiva de consolidar a cadeia da borracha FDL e FSA, e a cadeia dos óleos vegetais, principalmente com a venda das amêndoas de cocão e murmuru. Houve um investimento em infraestruturas, capacitações em cooperativismo e em boas práticas de produção.

Até 2010, um grupo de indígenas trabalhou as questões sociais na aldeia de modo informal. Esse grupo levou a ideia de organização para as comunidades indígenas que ali vivem. Nessa linha de tempo, as comunidades foram acompanhadas e instruídas a partir de capacitação para a organização social. Desse grupo saiu a proposta de criação da Cooperativa Agroextrativista Shawãdawa Pushuã, então instituída em 3 de junho de 2010. O objetivo de criar a cooperativa foi o de organizar as comunidades para utilizar os recursos florestais de forma sustentável, gerando e ampliando a renda familiar.

A retomada da borracha Com a chegada do projeto Valores da Amazônia, em 2015, a Pushuã começou a desenvolver as cadeias de

44

No ano de 2017, recebeu também investimentos em infraestrutura do programa de capacitação em manejo de produtos florestais não madeireiros e em gestão de negócios, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre - Sema. As lideranças envolvidas hoje na cooperativa trabalham também com questões sociais e a implementação de práticas agroecológicas, por meio de sistemas agroflorestais e produção da agricultura familiar. Para realizar esse trabalho, oito agentes agroflorestais foram formados pela Comissão PróÍndio do Acre.

PONTO MARCANTE A retomada da borracha.


Oleaginosas

Todo o processo de extração e produção da borracha FDL e FSA é realizada pelos indígenas nas aldeias, localizadas na TI Arara, às margens dos igarapés Cruzeiro do Vale e Foz do Nilo, em Porto Walter. O cocão e o murmuru são coletados pelas famílias indígenas moradoras das aldeias/comunidades Raimundo do Vale, Foz do Nilo, São José, Santo Antônio, Paz, Bom Futuro e Matrinxã. O transporte das amêndoas é realizado de barco que pode demorar de meia hora da comunidade mais próxima ou até três horas de viagem da comunidade mais distante até a sede da cooperativa, para serem armazenadas e beneficiadas.

ORIGEM

ESTRUTURA

A Pushuã tem um escritório, um armazém para as máquinas de produção e beneficiamento, dois depósitos para armazenamento da produção, cinco barcaças para secagem de oleaginosas, uma delas na comunidade São José, e nove unidades de produção de borracha FDL e FSA. As infraestruturas estão localizadas na comunidade Raimundo do Vale, onde fica a sede da cooperativa, Terra Indígena Arara do Igarapé Humaitá.

Capacidade de produção e comercialização A comercialização da produção ocorre de forma planejada com o cliente, estabelecendo prazos para entrega, formas de envio e de pagamento do frete de Cruzeiro do Sul para as demais localidades. As encomendas de borracha e oleaginosas ocorrem de acordo com a safra de cada produto.

SAFRA

JAN

FEV

MAR ABR

MAI JUN JUL AGO

SET

OUT NOV

DEZ

Murmuru Cocão Borracha Nativa Contato comercial E-mail: coopera vapushua@gmail.com | 55 68 98404 1017

45


Ações do Valores da Amazônia na Pushuã

9 Unidades Familiares de Produção e Secagem de FDL

U

5 Núcleo para prébenefiacmento de óleos vegetais

Sistema de Energia solar para o escritório da coopera va

Barcaças para secagem de amêndoas

27

Reabertura de

35

Cooperados

Durante o projeto, houve um aumento de 59% de cooperados

38 Famílias na cadeia dos óleos vegetais. Destas, nove estão também na cadeia da borracha FDL

8

Unidades de SAFs

Estradas de Seringa

513 Seringueiras georreferenciadas

mudas 6.417 produzidas 13ha de áreas de SAFs

36,4km de estradas de seringa abertas e mapeadas Inventários Florestais

918ha

Área manejada

2.948ha de floresta

Apoio à Gestão Organizacional e Produção Capacitações em Coopera vismo, Associa vismo e Boas Prá cas de Produção; construção da sede da coopera va; armazéns e equipamentos para a produção; aquisição de materiais para o escritório; canoa com motor; barco 2 ton. para transporte da produção. 46


Cooperativa dos Produtores de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Nova Cintra | Acre

É Valores da Amazônia

47


Localizada em Rodrigues Alves, oeste do estado do Acre. No Sul do Município está o Parque Nacional da Serra do Divisor - uma unidade de conservação brasileira de proteção integral dos recursos naturais na fronteira com o Peru, abrangendo os municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter e Rodrigues Alves. População estimada [2018]: 18.504 População (Censo 2010): 14.389 Área: 3.076,951 km²

N

o ano de 1991, um grupo, composto por 27 produtores, sentiu a necessidade de organizar a produção para ampliar a geração de trabalho e renda na região do município de Rodrigues Alves. Desse movimento, foi criada a Sociedade Agrícola, com o objetivo de comercializar a produção da comunidade Nova Cintra e alcançar os benefícios do governo do estado do Acre. Percebendo o potencial de comercialização de subprodutos da palmeira murmuru, em 2007 a comunidade foi beneficiada com usina de extração e processamento de óleos vegetais, por meio da Fundação de Tecnologia do Acre (FUNTAC). Nesse período, receberam capacitação sobre o funcionamento da usina e foi iniciado o processo de formação de uma cooperativa, sendo criada em 2011, a Cooperativa dos Produtores de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Nova Cintra (Coopercintra), localizada às margens do rio Juruá. A partir de 2015, começou a receber apoio do projeto Valores da Amazônia, com investimento robusto na cadeia de valor dos óleos vegetais, e para iniciar na região do Juruá, o desenvolvimento da cadeia do cacau silvestre - um marco histórico para as famílias do Vale do Juruá. No ano de 2017, recebeu também investimentos em infraestrutura e o programa de capacitação em

48

E ração e comercialização de óleos e manteigas vegetais, especialmente do murmuru; cacau silvestre; borracha Cernambi Virgem Prensado (CVP). manejo de produtos florestais não madeireiros e em gestão de negócios, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre (Sema). Em 2018, conquistou, com a ajuda do Valores, a certificação orgânica de dois produtos florestais (manteiga de murmuru e amêndoa de cacau) nas normas: Européia, Norte-americana e Forest Garden Productsl (FGP). Esses selos garantem as características e qualidade dos produtos, procedentes de boas práticas de manejo de coleta e beneficiamento, respeitando critérios de sustentabilidade ambiental e social. A certificação vem alimentando o sonho dos cooperados em exportar seus produtos, além de consolidar o mercado de outras oleaginosas, como a andiroba. Atualmente, a Coopercintra conta com 100 sócios.

PONTOS MARCANTES Ampliação do número de sócios, de 29 passou para 100; Comercialização da primeira safra de amêndoas de cacau na região do Juruá; Melhoria na gestão, com uma diretoria mais acessível e participativa; Certificação orgânica de dois produtos florestais (manteiga de murmuru e amêndoa de cacau).


Na cadeia de valor do murmuru há, aproximadamente, 270 produtores de matériaprima distribuídos entre as comunidades de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Porto Walter, no estado do Acre, e ainda em Guajará e Ipixuna no Amazonas, todas às margens do rio Juruá. A produção de amêndoas secas e fermentadas de cacau nativo vem de famílias ribeirinhas do Juruá, especialmente em Guajará e Ipixuna.

ORIGEM

ESTRUTURA

A cooperativa possui uma Usina de Extração de Óleos com secador solar e industrial, quebrador, área de separação de amêndoas, prensa mecânica, tanque de decantação e filtro prensa, além de transporte (balsa e trator). A usina de óleos possui capacidade de produção de 25 toneladas de manteiga de murmuru por ano. O processamento da cadeia de cacau ocorre na unidade de pré-beneficiamento localizado na comunidade Novo Horizonte, às margens do rio Juruá, município de Guajará – AM. Possui duas barcaças para secagem das amêndoas, uma casa de fermentação e um armazém.

Capacidade de produção e comercialização As encomendas são realizadas de acordo com a safra. O prazo, a forma de envio e o pagamento do frete são negociados entre a cooperativa e o cliente. A manteiga de murmuru é comercializada em embalagens de 200kg. As amêndoas de cacau são enviadas em embalagens de 50kg, especiais contra umidade.

SAFRA

JAN

FEV

MAR ABR

MAI JUN JUL AGO

SET

OUT NOV

DEZ

Murmuru Cacau Silvestre/Juruá Borracha Nativa Contato comercial E-mail: coopercintra@gmail.com | 55 68 99900 6085 | 99934 0992 | 99955-1702

49


Ações do Valores da Amazônia na Coopercintra

para 12 Barcaças secagem natural

Núcleo de produção de cacau silvestre, com uma casa de fermentação e duas barcaças

Cer ficação de dois produtos: manteiga de murmuru e amêndoa de cacau silvestre

de amêndoas de óleos vegetais

Reabertura de

100 Cooperados

270

Famílias na cadeia dos Durante o projeto, óleos vegetais. Destas, houve um aumento de 245% de cooperados 27 trabalham também com cacau silvestre, e 10 com borracha CVP

22

18 Estradas

Unidades de SAFs mudas 3.175 produzidas 12.3ha

de Seringa

1.008

de áreas de SAFs

Seringueiras georreferenciadas

55km de estradas de seringa mapeadas

Inventários Florestais

1.915ha Área manejada

18.365ha de floresta

Apoio à Gestão Organizacional e Produção Capacitações em Coopera vismo, Associa vismo e Boas Prá cas de Produção; construção de escritório; mobiliário para o escritório; aquisição e manutenção de equipamentos para a produção; canoa com motor; Sistema de Comunicação Rural.

50


Cooperativa Agroe rativista do Mapiá e Médio Purus | AM

É Valores da Amazônia 51


Localizada em Boca do Acre, Amazonas. População estimada [2018]: 33.976 População (Censo 2010): 30.632 Área: 21.938,591 km²

A

Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus (COOPERAR) foi fundada em 2003 por 21 moradores do Igarapé Mapiá (FLONA do Purus, Pauini-Am). Com sede localizada em Boca do Acre - Am, sua finalidade básica é promover atividades produtivas sustentáveis, gerando trabalho e renda para os agricultores familiares da região do Igarapé Mapiá e médio Rio Purus; conservar a floresta; e viabilizar o abastecimento de bens de primeira necessidade para os cooperados. Atualmente, a Cooperativa possui cerca de 320 sócios, mas já chegou a prestar serviços diretamente a mais de 850 pessoas, em ano de grande safra do cacau silvestre. O público alvo prioritário da cooperativa é a população ribeirinha nos municípios de Boca do Acre, Pauini e Lábrea-AM, abrangendo os moradores das Unidades de Conservação da região, que formam a maioria do quadro associativo da cooperativa. A maior parte do trabalho exercido por essas pessoas é de subsistência. Desde a sua criação, a Cooperar tem promovido a compra coletiva de bens de primeira necessidade, reduzindo o custo desses produtos para cerca de 80 famílias da FLONA do Purus.

52

Cacau Silvestre e Óleos Vegetais (andiroba, copaíba, murmuru, patauá, buriti, ouricuri, açaí, tucumã, castanha, pequi e uxi)

Com mercado consolidado na europa para a comercialização de amêndoas de cacau, a Cooperar iniciou, em 2015, parceria com a SOS Amazônia para a estruturação, principalmente da cadeia produtiva dos óleos vegetais, com o objetivo de gerar trabalho e renda para vários grupos populacionais, incluindo jovens, mulheres e indígenas. Com o apoio do Valores da Amazônia, passou a beneficiar produtos da cadeia dos óleos vegetais, com foco no tucumã, buriti, copaíba, andiroba, murmuru, castanha, patauá, ouricuri, pequi e uxi, conseguindo, em 2018, emitir selo de certificação orgânica para esses produtos e também para a amêndoa de cacau nas três normas: Europeia, Norte-Americana e FGP. PONTOS MARCANTES Grande potencial das cadeias de Óleos Vegetais e Cacau Silvestre; Início da cadeia de Óleos Vegetais; Usina de óleos reestruturada; Certificação Orgânica de produtos florestais não madeireiros; Participação da aldeia Camicuã na cadeia dos óleos vegetais.


ORIGEM

Na cadeia de óleos, há 66 fornecedores de matéria-prima, em Boca do Acre, Amazonas, distribuídos entre as comunidades Bosque, Porto Alegre, Santo Honorato, Caquetá, Maracajú 2, Nova Amélia, Vista Alegre, Arapixí, Manitiã e São José, todos dentro da Resex Arapixí. Há fornecedores também na Terra Indígena Aldeia Camicuã. Na cadeia do cacau silvestre, as famílias encontram-se distribuídas às margens do rio Purus, entre os municípios de Boca do Acre, Pauiní e Lábrea. Aproximadamente, 200 famílias estão envolvidas no processo.

ESTRUTURA

Possui uma Usina de Extração de Óleos equipada com uma caldeira, um secador rotativo com capacidade de 200 kg de polpas, uma despolpadeira, um moinho de martelo, uma mini prensa com capacidade de 40 kg/hora, um filtro prensa, mesa com seis bancos, cubas para recepção de óleos, tanque de lavagem de frutos e um forno de chapa, todos os equipamento em aço inoxidável. Possui cinco núcleos de beneficiamento de cacau. Três localizados em Boca do Acre, nas comunidades Maracaju II, Manitiã e Nova Amélia. Um na Fazenda São Sebastião, no município de Pauini. E o quinto na comunidade Realeza, no município de Lábrea.

Capacidade de produção e comercialização A comercialização do cacau é realizada de acordo com a safra, sendo que a oferta de compra do cacau sempre é maior que a produção, devido as variações das safras, que é o grande entrave para atender a demanda do mercado.

SAFRA

JAN

FEV

MAR ABR

MAI JUN JUL AGO

SET

OUT NOV

DEZ

Cacau Silvestre Tucumã Copaíba Contato comercial E-mail: alexandrecl@yahoo.com.br | 55 68 98112 0533 | 97 3453 5529

53


Ações do Valores da Amazônia na Cooperar

Ampliação e reforma da Usina de Óleos Vegetais

320 Cooperados

Cer ficação

14 produtos:

Amêndoas (cacau e castanha); Óleos (tucumã, andiroba, buri , copaíba, patauá, pequi, ouricuri, uxi; Manteiga (murmuru, buri , ouricuri e tucumã).

100 Famílias na cadeia dos óleos vegetais (início do desenvolvimento da cadeia de Oleaginosas)

28 Unidades de SAFs mudas 9.443 produzidas 14ha de áreas de SAFs

Área manejada

7.000ha de floresta

Apoio à Gestão Organizacional e Produção Capacitações em Coopera vismo, Associa vismo e Boas Prá cas de Produção; aquisição de máquinas e equipamentos para beneficiamento da produção; aquisição kits de manejo e boas prá cas; motor para barco; material de escritório.

54


Cooperativa de Produtores de Polpa de Frutos Nativos de Mâncio Lima | AC

É Valores da Amazônia 55


E ração e comercialização de óleos Vegetais Localizada em Mâncio Lima, estado do Acre, distante 34 km de Cruzeiro do Sul População estimada [2018]: 18.638 População (Censo 2010): 15.206 Área: 5.452,853 km²

A

Cooperativa de Produtores de Polpa de Frutos Nativos de Mâncio Lima (Coopfrutos) surgiu a partir da iniciativa do senhor Manoel Bezerra, que desenvolvia o trabalho com os produtos naturais de forma artesanal. Como as políticas públicas são destinadas, principalmente, para associações ou cooperativas, para ampliar a produtividade, ele convidou outras pessoas com a proposta de criar uma cooperativa. Depois de várias reuniões, foi fundada em 2011 a Coopfrutos, com 31 membros. A principal atividade desenvolvida pela Coopfrutos é a extração de óleos vegetais das espécies: buriti (Mauritia exuosa), açaí (Euterpe precatoria), patauá (Oenocarpus bataua), andiroba (Carapa guianensis), coco da praia (Cocos nucifera) e copaíba (Copaifera spp.). O empreendimento tem por objetivo promover a distribuição de serviços e o aumento da renda familiar dos produtores do Vale do Juruá, mantendo a floresta em pé. Em 2015, o governo do Acre, por meio do Setor de Economia Solidária da Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN), cedeu maquinário para extração dos óleos e produção de sabão e sabonete. Com isso, veio o apoio da Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), na parte de pesquisa e análise de óleo. No mesmo ano, o Valores da Amazônia começou a atuar na Coopfrutos, com investimento robusto no fortalecimento organizacional e na cadeia produtiva

56

dos óleos vegetais. Iniciou-se, então, as atividades de extração de óleos vegetais, com a instalação de uma usina em Mâncio Lima, um município do extremo oeste do estado do Acre, abundante em quantidade de palmeiras, especialmente de buriti, com grande densidade local. Há hoje 86 sócios, entre coletores de frutos e algumas famílias que residem na área urbana do município. Os cooperados atuam seguindo as orientações dos planos de manejo, com a preocupação de cuidar da flora e fauna da região. No processo produtivo são observadas as boas práticas necessárias para atender o mercado com um produto de qualidade, o que fortalece a certificação orgânica para seus produtos.

CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA Com a adequação dos processos organizacionais e boas práticas de produção e beneficiamento, em 2018, a cooperativa conseguiu realizar um dos seus sonhos: a certificação orgânica de dois produtos florestais: óleo de buriti e açaí, em duas normas: Europeia e FGP. Com isso, tem a perspectiva de alcançar o mercado europeu.

PONTOS MARCANTES Estruturação da cadeia dos óleos; Reestruturação da usina de óleos; Certificação orgânica; Descentralização da gestão; Empoderamento dos cooperados.


As principais comunidades envolvidas na coleta de frutos ficam localizadas em Unidades de Conservação (UCs), Assentamentos e Polos Agroflorestais. Próximo dessa região há também outra importante UC, o Parque Nacional da Serra do Divisor. A produção também vem da Área de Relevante Interesse Ecológico JapiimPentecoste, onde correm os rios Japiim e o Moa. As comunidades recebem capacitações em boas práticas de manejo e cooperativismo, com o objetivo de promover a sustentabilidade socioambiental.

ORIGEM

ESTRUTURA

A Coopfrutos possui uma usina de óleos, há pouco tempo reformada, e com maquinários para prensagem a frio dos óleos fixos. A usina possui fluxo de produção adequado para a extração dos óleos e busca atender as normas sanitárias exigidas. Possui um caminhão e um triciclo, utilizados para o transporte dos frutos da comunidade até a usina. Para os coletores de frutos são fornecidos kits de manejo e de escalada, equipamentos de proteção individual.

Capacidade de produção e comercialização A Coopfrutos possui capacidade de produção anual de 13 toneladas de óleo. A comercialização é realizada sob encomenda, em prazos, forma de envio e frete estabelecidos com o cliente, de acordo com a demanda e a safra de cada produto. Os óleos são acondicionados em bombonas de polietileno virgens.

SAFRA Buriti

JAN

FEV

MAR ABR

MAI JUN JUL AGO

SET

OUT NOV

DEZ

Açaí Patauá Contato comercial E-mail: coopfrutosjurua@gmail.com | 55 68 99982 4837 | 99977 2912

57


Ações do Valores da Amazônia na Coopfrutos

86 Sócios Durante o projeto, houve um aumento de 258% de cooperados

94 Famílias na cadeia dos óleos vegetais

24

Unidades de SAFs mudas 6.135 produzidas 14ha de áreas de SAFs

Cer ficação Orgânica de dois produtos florestais: óleo de buri e açaí

Inventários Florestais

13ha Área manejada

5.613ha

58

Apoio à Gestão Organizacional e Produção Capacitações em Coopera vismo, Associa vismo e Boas Prá cas de Produção; ampliação e manutenção na infraestrutura de beneficiamento; aquisição e manutenção de equipamentos para o beneficiamento da produção; kits de boas prá cas e coleta da produção; equipamentos e materiais para o escritório; caminhão po F4000 traçado.


AMURALHA Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais unidas por Liberdade, Humanidade e Amor | Acre

É Valores da Amazônia

59


AMURALHA

E M P R E E N D I M E N TO FÁBRICA DE SABONETES VEGETAIS Geração de trabalho e renda para as mulheres da comunidades Nova Cintra

A

Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais Unidas por Liberdade, Humanidade e Amor (Amuralha) foi criada no ano de 2005 como forma de dar voz e fortalecer as atividades desenvolvidas por elas na comunidade Nova Cintra, município de Rodrigues Alves, Acre. As mulheres da comunidade sentiam que era necessário trabalhar juntas e em organização para poder desenvolver atividades que pudessem contribuir na renda familiar. No início, tiveram muitas dificuldades, especialmente, preconceitos dos próprios companheiros. Contudo, enfrentaram os desafios e criaram a Associação. Nos primeiros anos, a associação trabalhava alternativas para complemento da renda, com cursos de crochê, corte e costura, e artesanato. Com a instalação da usina de beneficiamento de óleos vegetais na comunidade (Coopercintra) viu-se a oportunidade de aproveitamento dos derivados da produção, e a partir disso, no ano de 2015, em parceria

60

Localizada em Rodrigues Alves, Acre. No Sul do município localiza-se o Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD) População estimada [2018]: 18.504 População (Censo 2010): 14.389 Área: 3.076,951 km²

com a SOS Amazônia, iniciou-se o processo de formações, construção da fábrica de sabonetes e assessoria para alcance de mercados para os produtos. Para os trabalhos na fábrica, foram realizados treinamentos e cursos com foco em boas práticas de produção, desenvolvimento de produtos, design e confecção de embalagens, manual de boas práticas de fabricação e controle, e planos operacionais de produção. Em 2017, recebeu o programa de capacitação em manejo de produtos florestais não madeireiros e em gestão de negócios, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre, com recursos financeiros do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID. Importante mencionar que a matéria-prima para a fabricação de sabonetes da Amuralha é oriunda de outras cooperativas apoiadas pelo projeto Valores da Amazônia, como a Coopercintra, localizada na mesma comunidade, e Coopfrutos, de Mâncio Lima, Acre.


ORIGEM

ESTRUTURA

A fábrica de sabonetes está localizada na zona rural do município de Rodrigues Alves, distante cerca de 1h da zona urbana do município. O acesso é via terrestre (ramal) durante o período do verão e via fluvial durante o inverno, e em alguns casos, durante o inverno o acesso também pode acontecer de camionete. A matéria-prima utilizada no processo de fabricação dos sabonetes (óleos e manteigas vegetais), em sua maioria, é oriunda de áreas certificadas com selo orgânico. Essas comunidades estão localizadas ao longo do rio Juruá, entre os municípios de Ipixuna – AM e Porto Walter – AC. A produção dos sabonetes gera renda e fortalece o desenvolvimento econômico e social das mulheres da comunidade Nova Cintra, que lideram toda a organização da cadeia. A fábrica de sabonetes tem 70 m² e estrutura compatível para a produção de cosméticos grau de risco 1, segundo as normas da Anvisa. Possui área para depósito, laboratório, lavatórios, espaço para a produção, área comercial e área de controle de qualidade. O fluxo de produção é estabelecido e controlado por meio dos manuais de fabricação e controle, e dos planos operacionais de produção, acompanhados de um responsável técnico (farmacêutico). O funcionamento do prédio é aprovado pela Vigilância Sanitária. Os maquinários existentes são modernos e desenvolvidos para produção semi-industrial.

Capacidade de produção e comercialização A capacidade de produção é de aproximadamente 1200 sabonetes de 90g ao dia. A equipe de produção é composta por membros da Associação, que foram treinados e preparados para esta finalidade. A comercialização dos produtos é realizada de acordo com a demanda do cliente. O prazo de entrega é acordado entre a gerente da fábrica e o comprador. Os pedidos podem ser feitos por e-mail ou por telefone.

Contato comercial E-mail: mulheresamuralha@gmail.com | 55 68 99965 1946 | 99968 9961

61


Ações do Valores da Amazônia na Amuralha

AMURALHA

Fábrica de sabonetes vegetais construída pelo projeto Valores da Amazônia

ito à Mão e F

6 Construção de uma Fábrica de Sabonetes, incluindo licenciamento e autorização de funcionamento pela Anvisa, equipamentos e insumos para a fábrica.

ÓLEOS E MANTEIGAS VEGETAIS DA AMAZÔNIA

Tipos de sabonetes em barra desenvolvidos com matériaprima de origem florestal (óleos e manteigas), sendo eles: murmuru (Atrocaryum spp.), buri (Mauri a flexuosa), patauá (Oenocarpus bataua), açaí (Euterpe precatoria), copaíba (Copaifera spp.) e andiroba (Carapa guianensis).

MURMURU SABONETE NATURAL COM INGREDIENTES ORGÂNICOS

Sabonete artesanal

Produto do Brasil

P.L. 90g

Design e confecção de embalagem

Sistema de Captação de água

42 Sócias Apoio à Gestão Organizacional e Produção

SABONETES VEGETAIS

62

Capacitações em Coopera vismo, Associa vismo e Boas Prá cas de Produção; aquisição de equipamentos e insumos para produção de sabonetes; Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); farmacêu co responsável; material para escritório.


Cooperativa Agroe rativista de Feijó | AC

É Valores da Amazônia 63


Localizada em Feijó, município do Acre, que surgiu pelo Seringal Porto Alegre, à margem esquerda do rio Envira. População estimada [2018]: 34.675 População (Censo 2010): 32.412 Área: 27.975,426 km²

Produção e comercialização de borracha Cernambi Virgem Prensado - CVP, Folha De mada Líquida - FDL e Folha Semi-Artefato – FSA

A

Cooperativa Agroextrativista de Feijó (Cooperafe) foi criada em 2006 com o objetivo de comercializar a produção familiar agroextrativista, principalmente açaí e borracha, produtos com grande potencial no município de Feijó. Em 2011, a ONG WWF iniciou um trabalho de fortalecimento da produção da borracha com foco na Folha Defumada Líquida (FDL) e Folha SemiArtefato (FSA). Em 2015, com a chegada do Valores da Amazônia, teve sua capacidade produtiva ampliada, com a implantação de novos núcleos de produção para a cadeia de valor da borracha nativa, um armazém, construção de uma sede administrativa, investimentos em cursos para fortalecimento da gestão e do processo produtivo. No ano de 2016, a Cooperafe assinou o seu primeiro contrato de venda da borracha colorida. Naquele ano, os seringueiros se comprometeram a fornecer, para a designer e empreendedora social,

64

Flávia Amadeu, 300 quilos de borracha. Esse vínculo ainda é mantido até hoje. Além de promover o alcance a novos mercados como a VERT para comercialização da FDL e o empoderamento das famílias extrativistas. Em 2017, recebeu o programa de capacitação em manejo de produtos florestais não madeireiros e em gestão de negócios, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre - Sema. Como normalmente acontece na CdV da borracha, o principal desafio é despertar o interesse de novas famílias a trabalhar com essa matéria-prima. No entanto, com os investimentos do Valores, de 12 passou para 57 o número de famílias a trabalhar nessa CdV na região de Feijó. Atualmente, a cooperativa tem 50 sócios. PONTOS MARCANTES Ampliação do número de famílias nas cadeias; Passou a ter uma sede administrativa; Parceiros comerciais estabelecidos.


Todo o processo de extração e produção dos três tipos de borracha é realizado pelos extrativistas nas colocações ou seringais, localizados em comunidade às margens dos rios Envira, Jurupari e Paraná do Ouro, no município de Feijó, estado do Acre. O transporte é realizado de barco, que pode demorar de 2 a 3 horas da comunidade mais próxima ou até dois dias de viagem da comunidade mais distante até a sede da Cooperativa, que fica na cidade.

ORIGEM

ESTRUTURA

A Cooperafe tem um escritório e um depósito para armazenamento da produção, localizados na sede do município de Feijó. Tem 25 unidades de produção de FDL, construídas nas comunidades Santo Antônio, Veneza, Santa Rosa, Monte verde, Baréis, Curralinho, Extrema e Riachuelo.

Capacidade de produção e comercialização Possui capacidade de produção de 10 toneladas/ano de borracha CVP, 8t/ano de borracha FDL e 800 kg de borracha FSA. As encomendas são realizadas de acordo com o período da safra. Geralmente, a cooperativa pede um prazo de 60 dias para a entrega.

SAFRA

JAN

FEV

MAR ABR

MAI JUN JUL AGO

SET

OUT NOV

DEZ

Borracha Nativa

Contato comercial E-mail: cooperafefeijo@gmail.com | 55 68 99951 0907 | 99987-1421 | 99905 9812

65


Ações do Valores da Amazônia na Cooperafe

20

Unidades Familiares de Produção e Secagem de FDL e FSA

45 Novas famílias trabalhando na cadeia da borracha na va (De 12 passou para 57 famílias)

50

Sócios

Durante o projeto, houve um aumento 47% de cooperados

Reabertura de

85 Estradas

21

de Seringa

7.993

Seringueiras georreferenciadas

Unidades de SAFs

571km de estradas de seringa mapeadas

19.508mudasproduzidas 19ha de áreas de SAFs

Área manejada

5.540ha de floresta Apoio à Gestão Organizacional e Produção Capacitações em Coopera vismo, Associa vismo e Boas Prá cas de Produção; construção de escritório e de armazém; aquisição de equipamentos; kits de extração e coleta; mobiliário e materiais para o escritório; canoa com motor.

66


Cooperativa Agroe rativista de Porto Walter | Acre

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Localizada no munício de Porto Walter, Acre, uma das poucas colônias de imigrantes alemães no norte do país . População estimada [2018]: 11.720 População (Censo 2010): 9.176 Área: 6.443,830 km²

Produção e comercialização da borracha Cernambi Virgem Prensado - CVP e Óleos Vegetais (cocão e murmuru); Agricultura Familiar.

A

Cooperativa Agroextrativista de Porto Walter foi criada em 2011 com o objetivo de alcançar mercados para a produção familiar do município. A partir de 2015, com a chegada do Valores da Amazônia, começaram a trabalhar com os produtos da sociobiodiversidade como a borracha nativa, óleos vegetais (cocão e murmuru) e o cacau silvestre. Atualmente, possui uma usina e maquinários para a extração óleos, especialmente do cocão. No ano de 2017, a Coapex também recebeu investimentos em infraestrutura e o programa de capacitação em manejo de produtos florestais não madeireiros e em gestão de negócios, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre Sema. Os cooperados têm a expectativa de consolidar essas cadeias na região. Mesmo com as mudanças

68

tanto na gestão como no processo produtivo, há ainda um longo caminho a ser percorrido pela Coapex para consolidar essas CdVs, exigindo que haja continuidade dos investimentos no empreendimento para que os cooperados tenham a expertise dos negócios florestais não madeireiros. Com 42 cooperados, para fortalecer a produção agroextrativista, a cooperativa foca também na implantação de Sistemas Agroflorestais. PONTOS MARCANTES Não trabalhavam os produtos da sociobiodiversidade; Retomada da borracha; Iniciaram a cadeia de óleos vegetais; Grande envolvimento de mulheres e jovens nas ações da Coapex.


Todo o processo de extração e produção da borracha CVP é realizado pelos extrativistas, localizados em comunidades às margens dos igarapés Grajaú, Natal e Cruzeiro do Vale. O transporte é feito de barco, podendo demorar de duas a três horas da comunidade mais próxima ou até 12 horas de viagem da comunidade mais distante até a sede da cooperativa. O óleo de cocão é produzido a partir de frutos fornecidos pelas comunidades Anorato, Estirão Azul. Vargem Grande e Dois Portos (igarapé Cruzeiro do Vale); comunidades Colônia das Pedras, Cortiço e Veneza (igarapé Natal), em Porto Walter. A manteiga do murmuru é produzida a partir de frutos coletados nas áreas florestais das comunidades Besouro, São Geraldo, Foz do Natal e Vitória (rio Juruá), Porto Walter.

ORIGEM

ESTRUTURA

A Coapex tem um escritório, um armazém para as máquinas de produção e beneficiamento, dois depósitos para armazenamento da produção localizados na sede do município de Porto Walter. Uma usina de extração de óleos vegetais em fase de construção.

Capacidade de produção e comercialização A usina da Coapex tem capacidade de produzir 10 toneladas/ano de óleos vegetais e oito toneladas/ano de borracha CVP. A venda dos produtos é realizada de acordo com o período da safra. As formas de envio, prazos e entregas são negociadas com o cliente.

SAFRA

JAN

FEV

MAR ABR

MAI JUN JUL AGO

SET

OUT NOV

DEZ

Murmuru Cocão Borracha Nativa Contato comercial E-mail: coapex.pw@gmail.com| 55 68 98426 5013 | 98402 6041

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Ações do Valores da Amazônia na Coapex

1 Núcleo de produção de cacau silvestre, com uma casa de fermentação, caixas de fermentação e uma barcaça para secagem natural de amêndoas

1

1

1 Armazém

Unidade de Prébeneficiamento de oleaginosas

Unidade de beneficiamento de oleaginosas

Reabertura de

42 Sócios Durante o projeto, houve um aumento de 75% de cooperados

98 Famílias trabalhando nas cadeias da borracha na va, óleos e cacau silvestre

26

11

Estradas de Seringa

Unidades de SAFs

1.560 Seringueiras georreferenciadas

mudas 8.008 produzidas 10ha de áreas de SAFs

156km de estradas de seringa mapeadas

Inventários Florestais

1.270ha Área manejada

7.360ha

de floresta

Apoio à Gestão Organizacional e Produção Capacitações em Coopera vismo, Associa vismo e Boas Prá cas de Produção; construção da sede da coopera va; armazéns e equipamentos para a produção; Kits de boas prá cas e coleta; aquisição de materiais para o escritório; motor de 12hp para transporte da produção; canoa com motor. 70


Cooperativa de Produtos Naturais da Amazônia | AM

É Valores da Amazônia

71


Localizada em Silves, município situado na Região Metropolitana de Manaus, no estado do Amazonas. População estimada [2018]: 9.110 População (Censo 2010): 8.444 Área: 3.723,382 km²

Principais produtos florestais Andiroba, Breu, Cumaru, Pau Rosa, Puxuri e Melão de São Caetano (Óleos, sabonetes e velas produzidas com essências florestais).

A

Cooperativa de Produtos Naturais da Amazônia (COPRONAT) foi criada no ano de 2003, pensando em comercializar os produtos feitos pela Associação Vida Verde da Amazônia (Avive), fundada em 1999 pela iniciativa das mulheres de Silves – donas de casa, professoras, mães, enfermeiras, parteiras e curandeiras – que pretendiam desenvolver alguma atividade, com o objetivo de geração de renda local. A Copronat tem, atualmente, 37 cooperadas, e junto a Avive, tem se tornado uma referência na região pelos benefícios sociais e ambientais das atividades que desenvolve. O Valores da Amazônia concentrou esforços em capacitações de boas práticas de produção, investiu e m i nf r a e s t r u t u r a s e n o fo r t al e c i m e n to institucional da Copronat.

72

Essas mulheres sonhavam com a certificação de alguns dos seus produtos desde 2012. Em 2018, com o apoio do Valores, foi possível a certificação orgânica de quatro produtos florestais não madeireiros: óleo e resina de breu, óleo e semente de cumaru. Com esse importante valor agregado, a cooperativa passa a ter mais facilidade em exportar seus produtos, como o sabonete vegetal, para mercados internacionais. PONTOS MARCANTES Empoderamento feminino; Regularização da fábrica; Início do funcionamento da fábrica; Desenvolvimento de novos produtos cosméticos; Certificação orgânica.


Oleaginosas

Aproximadamente, 60 famílias são fornecedoras de matéria-prima para a Copronat. Elas estão distribuídas entre as comunidades São Pedro – Igarapé do Capivara, Ituã margem esquerda do rio Sanabaní, Nossa Senhora de Aparecida do Anebá AM 363, Sagrado Coração de Jesus estrada da Varzea AM 363, Reserva da AVIVE – Aquarosa AM 363, São João do Pontão, São João, Comunidade Passarinho, Igarapé Açu. A produção de resina de breu, sementes de andiroba, cumaru e óleo de copaíba são oriundas de famílias ribeirinhas residentes nestas comunidades na Bacia do rio Urubu, médio rio Amazonas.

ORIGEM

ESTRUTURA

Possui uma usina de extração de óleos vegetais e essenciais, secador solar e sala de armazenamento de matéria-prima. A usina possui capacidade de produção de, aproximadamente, 40kg de matéria-prima por hora e uma dorna de arraste a vapor para a destilação de 20kg de matéria-prima. Tem uma fábrica para confecção de sabonetes e velas, atendendo a legislação sanitária e com capacidade produtiva de 6 mil sabonetes por mês. A cooperativa processa produtos da sociobiodiversidade de forma artesanal minimizando os impactos na floresta.

Capacidade de produção e comercialização As encomendas são realizadas de acordo com a safra de cada espécie. O prazo e o frete para entrega do produto são feito entre a Cooperativa e o cliente e o tempo varia de acordo com a quantidade solicitada.

SAFRA

JAN

FEV

MAR ABR

MAI JUN JUL AGO

SET

OUT NOV

DEZ

Cumaru Breu Andiroba Contato comercial E-mail: coop.copronat@gmail.com | 55 92 99483 2233 | 99361 4359 | 99434 1489

73


Ações do Valores da Amazônia na Copronat

Reformulação da marca Copronat.

Conclusão da Fábrica de Sabonetes, aquisição de todos os equipamentos e insumos para produção

Cer ficação de quatro produtos florestais: resina de breu, óleo essencial de breu, semente de cumaru e óleo de cumaru.

Área manejada

3.000ha

Desenvolvimento de embalagens

de floresta

60

29 Cooperadas Durante o projeto, houve um aumento de 32% de cooperadas

Famílias na cadeia dos óleos vegetais

Apoio à Gestão Organizacional e Produção Capacitações em Coopera vismo, Associa vismo e Boas Prá cas de Produção; ampliação e manutenção na infraestrutura de beneficiamento; veículo po Pick-up; aquisição de equipamentos e insumos para a fábrica de extração de óleo e sabonetes; kits de manejo de espécies oleaginosas; farmacêu co responsável; licenciamento da fábrica. 74


X

IDENTIDADE VISUAL DAS COOPERATIVAS E APOIO À CONFECÇÃO DE EMBALAGENS O Valores da Amazônia criou a identidade visual de oito organizações apoiadas: Cooperafe, Caet, Coapex, Coopfrutos, Coopercintra, Pushuã, Amuralha e Copronat. Além da elaboração de manual para uso adequado da marca. O objetivo foi estabelecer um padrão comum, visando simplicidade, legibilidade e boa compreensão das informações.

Foram criados também rótulos para embalagens de óleos vegetais, amêndoas de cacau silvestre e sabonetes.

75


PERSONAGENS

XI

76


77


XII em números

MERCADOS E FEIRAS

MANEJO FLORESTAL

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

+ 63¥

Oficinas realizadas nas comunidades

Associa vismo, Coopera vismo, Gestão de Negócios, Marke ng e Mercado

48%

777

comunitários capacitados

de

3.800 visitas técnicas

de aumento de sócios

Nas nove organizações apoiadas 40% de par cipação de mulheres Melhor entendimento sobre os papéis, importância, finalidade e união Olhar mais ampliado sobre a gestão e relação com as comunidades Aumento do conhecimento sobre os processos inerentes às organizações

CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA

2

Oficinas de Certificação Orgânica

Cadeias de Valor do cacau silvestre e óleos vegetais

6

Organizações com inventários florestais realizados para as três CdV

6

+ 50.000 de

Hectares de Florestas manejadas e conservadas

Planos de Manejo elaborados

Reabertura de

+ 180

de Prospecção de Cacau Silvestre na bacia do Juruá

FDL

2

Participações em Feiras Internacionais Cadeias de Valor do cacau silvestre, borracha na va e óleos vegetais

78

3 Estudos de Mercados Com foco no mercado Europeu e Norte-americano

Estradas de Seringa

6

Principais consumidores identificados e em negociação

Par cipação na Biofach 2018 (Alemanha) Logo pos e Manual de Iden dade Visual elaborados Por ólio de produtos das organizações Quatro parcerias comerciais estabelecidas e duas em andamento

Procedimentos

Orientação técnica (visitas, oficinas de boas prá cas); organização de documentos; Sistema Interno de Controle

4 19

Organizações passaram por auditoria para a Certificação Orgânica Produtos Florestais ganharam selo de Certificação Orgânica

Amêndoa de cacau, fruto de castanha, óleo de andiroba, óleo de copaíba, óleo de tucumã, manteiga de tucumã, óleo de patauá, óleo de buri , manteiga de buri , manteiga de murmuru, óleo de pequi, óleo de uxi, óleo de ouricuri, manteiga de ouricuri, resina de breu, óleo essencial de breu, semente de cumaru, óleo vegetal de cumaru e óleo de açaí.


BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO

INFRAESTRUTURA

FAZER ESSA CONEXÃO VALORIZA O MUNDO

4

49 Unidades Familiares de Produção e Secagem de FDL e FSA

4

2

Usinas de extração Uma fábrica de de óleos vegetais sabonetes implantada e fortalecidas outra fortalecida

Núcleos de Pré-beneficiamento da Produção

57

Planejamento da produção, boas prá cas de manejo e de beneficiamento

3 ¥

SAFs

Oficinas com foco em produção extrativista

700

Comunitários capacitados em Boas Práticas de Produção

FAMÍLIAS BENEFICIADAS

Orientação técnica para a elaboração: car lha sobre SAFs; manejo e beneficiamento do murmuru; e uma sobre manejo e beneficiamento do cacau silvestre.

Oficinas de SAFs

mudas produzidas

177 121ha

Unidades de SAFs

Materiais didáticos elaborados

10

89mil

J

de áreas recuperadas com SAFs

J

J

137

Comunitários capacitados

J

174 100 600 2.500

Famílias beneficiadas Famílias beneficiadas Famílias beneficiadas Famílias com a cadeia dos com o Valores da Amazônia trabalhando com com a cadeia do óleos vegetais (CdV, Safs, Capacitações) a borracha nativa cacau silvestre

10 Intercâmbios Em experiências exitosas para a gestão da produção

150

Comunitários participantes dos intercâmbios, envolvendo as nove organizações apoiadas

78


Produção Extra vista com o apoio do projeto (t)

em números

45 40,05

40 35

32,0

Óleos vegetais 30

Borrachas

25

Cacau Silvestre

22,8 19,4

20 15

12,0 10,3

10

20,0

14,9 13 10

8,9

7,3

5

3,1

1,03

1,3

0 2014

2015

2016

2017

2018

Receita bruta da produção extra vista das coopera vas apoiadas pelo projeto (R$)

1.600.000,0 1.398.612,00

1.400.000,0 1.200.000,0

1.015.556,3 1.000.000,0 841.160,2 800.000,0 600.000,0 400.000,0 200.000,0

325.661,3

77.989,4

0,0 2014

80

2015

2016

2017

2018


XIII

PUBLICAÇÕES SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Essa cartilha tem por objetivo auxiliar as comunidades rurais no planejamento da implantação de Sistemas Agroflorestais – um guia de implantação de SAFs na Amazônia, com forte abordagem da realidade local do estado do Acre. A ideia é que esse material seja muito útil para quem tem interesse em utilizar a natureza de forma mais responsável, vivendo em harmonia com o ambiente.

VÍDEO RESULTADOS E IMPACTOS

Vídeo de 9m44s sobre os investimentos, resultados e impactos do Valores da Amazônia.

CACAU SILVESTRE

Com informações sobre o uso econômico, etapas de manejo e o beneficiamento da cadeia do cacau nativo, a publicação tem por objetivo destacar as boas práticas da produção do cacau silvestre que são realizadas como uma das atividades do projeto. O cacau nativo do Juruá, fruto apresentado nessa cartilha, foi acrescentado à cooperativa parceira ao projeto Valores, Coopercintra, e desde então vem servindo como uma perspectiva de renda para os produtores daquela região.

PORTFÓLIOS DE PRODUTOS DAS CdV APOIADAS

Dois portfólios de produtos das Cadeias de Valor da Borracha Nativa, Óleos Vegetais e Cacau Silvestre, destinados a pesquisa de mercados nacionais e internacionais.

Nove vídeos apresentação das cooperativas apoiadas [56s cada vídeo]

MURMURU

As cadeias de valor de espécies oleaginosas, como murmuru, buriti, cocão, açaí, patauá, breu, cumaru, tucumã, dentre outras, são operadas por comunidades rurais em vários lugares da Amazônia. São muitos os problemas a serem enfrentados em cada elo das cadeias, necessitando de forte apoio para a superação desses desafios. O objetivo deste material foi relatar as etapas de produção da cadeia do murmuru e como isso se insere no contexto de conservação florestal.

INFORMATIVO

Folder sobre o projeto

Nove portfólios das cooperativas (história, serviços, produtos, safra, origem, estrutura, capacidade de produção e comercialização. Essas e outras publicações estão disponíveis em www.sosamazonia.org.br

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REPORTAGENS E DEPOIMENTOS

XIV

Aprendendo com os seringueiros

Por Eliz Tessinari | Fotos: SOS Amazônia | André Dib

A estrada do seu Cosme

O

seringueiro Francisco Aldo de Souza (seringal Vitória Nova, Tarauacá), mais conhecido como seu Cosme, é um exemplo de como a borracha gera transformações sociais na floresta.

Com a desvalorização do preço da borracha, na década de 1980, a família muda toda sua atividade para a agricultura e retirada de madeira, voltando a cortar seringa somente em 2016, com o apoio do Valores da Amazônia.

Para garantir o sustento da família, começou a trabalhar com borracha aos 10 anos de idade. Ele e seu pai pegavam a estrada de seringa às 4 horas da madrugada e enfrentavam um método de produção danoso à saúde humana, que é o de defumação (consistia no aquecimento da borracha, fazendo-a coagular), e o sistema hostil dos seringalistas daquela época.

“Eu soube desse projeto e achei que era positivo, né. Me cadastrei para voltar a cortar seringa e estou gostando, pois nunca acabou aquela vocação de cortar seringa. Foi um dos melhores serviços que já tive, muito melhor do que na diária, nem se compara. Está muito diferente, antes era tudo mais difícil, tinha uma grande porcentagem que era para o patrão, então, o preço era bem

Relato do seu Cosme

mínimo em comparação com o de hoje. O projeto ajudou muito, reabriu nossas estradas, fez uma unidade de produção e nos entregou equipamentos”, diz.

FDL |

Hoje, seu Cosme virou um entusiasta da nova técnica de produção, a FDL. Dedicou-se a participar de todas as oficinas de boas práticas da borracha FDL, e passou a colaborar com outros seringueiros, pois analisava as falhas ocorridas durante a produção para evitar os futuros problemas de fungos nas mantas. Com a descoberta, passou a dar aula prática de produção de FDL nas oficinas do projeto Valores da Amazônia.

As mantas que eu fazia e as de outros seringueiros estavam cheias de fungos. Então, eu fiz uma coisa simples para resolver: comecei a aproveitar a água que sobrava na bandeja para lavar as folhas após a calandragem. Dentro da bandeja, onde o látex estava coagulando, já tinham o anti-fungo e o ácido. Aí, antes de estender as mantas no varal, passava elas nessa água. E assim funcionou. Para mim, foi uma honra ter tentado e ter dado tudo certo, porque não ajudou só a mim, mas aos meus colegas também. Na hora eu pensei que só a minha borracha de qualidade não iria funcionar no mercado, então eu fui passando para os meus colegas. É claro que esse movimento iria aumentar, porque se eles fizessem esse mesmo produto, com essa mesma sugestão e desse certo, aí iria aumentar a produção. Nas oficinas, eu aprendi muita coisa, e quanto mais a gente aprende, melhor será. Na verdade, eu não me achava capacitado para dar aula, mas se a SOS Amazônia achou que eu poderia ajudar os meus colegas, eu aceitei esse trabalho, sim. Até me sinto orgulhoso demais. É uma honra para mim, e eu agradeço de coração por vocês terem me enxergado. Isso foi até uma superação muito grande, ter sido acionado para trabalhar, foi uma surpresa, porque a gente nem imagina isso, né, aí quando somos vistos e ainda elogiados por vocês, nós ficamos muito felizes.

82


A produtividade da minha vida Foi com a seringa que eu fui criado, o meu pai criou eu e meus irmãos, e tudo isso foi graças ao sustento que veio da seringa. Naquela época, a nossa Amazônia era bem mais intacta, e a seringa sempre foi a produtividade da minha vida, a minha segunda mãe.

Sem tempo para o desmate Eu voltei para a estrada porque agora temos este incentivo para não desmatar. Os seringueiros que estão atuando no projeto não vão mais ter tempo para desmatar. E isso é o primeiro passo que vai diminuir o desmatamento, pois se não tiver cortando seringa vão ter que ter outra sobrevivência, vão tirar madeira. Antes do projeto, minha família sobrevivia da agricultura e hoje não. Além da agricultura temos a seringa, então essa manutenção foi bem melhor e ampliou a nossa renda. Eu sempre vou para a cidade de dois em dois meses. A última ida deu R$ 1.200,00 só de borracha. Quanto mais valorizada, melhor para nós.

Seu Cosme fazendo a borracha FDL

“ A diferença é que, naquela época, a gente chegava com o leite, pegava o machado, tirava cavaco, tocava fogo na fornalha e defumava o leite. Com isso, tinha o risco de ficarmos doentes por causa da defumação. Hoje não, a gente chega com o leite, coloca no balde com mais quatro litros d'água, mais 10 ml de anti-fungo para cada litro de

leite. Aí eu completo o balde com água, que é o acréscimo de quatro litros para as placas ficarem mais finas, e no outro dia eu calandro. Depois a manta segue para o varal, e quando está bem seca, com no mínimo oito dias de prazo, nós arrumamos em pilhas. Depois levamos no barco com o máximo de cuidado para não molhar, e a

cooperativa apoia o deslocamento. O projeto Valores significa qualidade de vida, porque estou melhorando, estou mantendo uma renda para sustentar a minha família. E isso para mim significa uma vida melhor. Além de manter a floresta em pé.

83


Especial - Organização Social

Valores da Amazônia empodera organização social em cooperativas de extrativistas Por Fábio Pontes

Oficina de Cooperativismo na Copronat, Silves, Amazonas | Foto: Acervo SOS Amazônia

A

s famílias extrativistas que vivem às margens do rio Juruá, tanto no território do Acre quanto do Amazonas, encontraram no modelo cooperativista a melhor forma de se organizar para profissionalizar a produção dentro da floresta, bem como colocá-la à disposição do mercado. Por meio das cooperativas, as famílias vendem diretamente seus produtos aos compradores interessados, sem a necessidade da figura do “atravessador”, que na grande maioria das vezes paga ao ribeirinho um preço bem abaixo do praticado pelo mercado, revendendo com grandes lucros. Apesar da visão empreendedora, as lideranças à frente das cooperativas estavam muito mais centradas numa visão comercial, deixando de lado os princípios e valores que permeiam o

84

cooperativismo. Uma das dificuldades era a não inclusão das famílias cooperadas no quadro social das cooperativas, fazendo com que elas, de fato, se sentissem donas do negócio. A organização social do grupo era o desafio. Para tentar mudar essa realidade, o projeto Valores da Amazônia teve como uma de suas atuações fazer com que as bases cooperativistas e associativas passassem a estar presentes no dia a dia destas comunidades. “Analisando do começo até agora, ocorreram avanços significativos, com o grau de evolução variando de cooperativa para cooperativa, essa variação ocorreu conforme o grau de maturidade em que elas estavam”, comenta Álisson Maranho, coordenador geral do projeto.


Oficina de Cooperativismo na Amuralha, Rodrigues Alves, Acre

As famílias deixaram de ser meras fornecedoras de matéria-prima para serem incluídas no negócio, ampliando a geração de renda

Em três anos de trabalho, foram oferecidas 63 oficinas de cooperativismo, associativismo e gestão de negócios, totalizando 777 pessoas capacitadas entre mulheres, homens, indígenas e assentados. “As famílias deixaram de ser meras fornecedoras de matéria-prima para ser incluídas no negócio, ampliando a geração de renda”, afirma Maranho. De acordo com ele, uma das tarefas foi convencer os dirigentes das cooperativas a incluir os extrativistas nas tomadas de decisões e nos demais processos organizacionais, como a divisão das eventuais sobras entre todos os sócios. Sem essa inclusão, analisa o secretário técnico, uma das consequências poderia ser o desestímulo dos extrativistas para continuar com suas produções, ou fornecendo-as para outros compradores. O resultado poderia ser a

falência dessas cooperativas. “Com o tempo, começaram a perceber que havia mais benefícios em incluí-las do que manter uma relação de informalidade.” Além de sempre ressaltar a importância dos princípios cooperativistas, o Valores da Amazônia esteve com técnicos nas comunidades realizando cursos de capacitação e assistência técnica. “Nós temos hoje as organizações mais preparadas. As pessoas que estão à frente delas estão mais preparadas, mais confiantes com os processos. Elas estão mais empoderadas”, analisa Maranho. “O trabalho nas cooperativas melhorou na parte da gestão, fortalecimento do grupo, inserção de novos cooperados, melhor participação e envolvimento de mulheres e jovens nos trabalhos. Levou conhecimento e crescimento profissional aos membros que compõem a diretoria, e buscou ampliar oportunidade de gerar renda a novas famílias”, ressalta Francisca de Souza Lima, técnica em agroecologia da SOS Amazônia.

gestão

Uma das características nessas comunidades era o baixo número de cooperados. Com as mudanças surgidas a partir dos ciclos de capacitação e oficinas oferecidos pelo projeto, o número de sócios cresceu 48% desde 2015.

liderança protagonismo realidade local susntetável organização comunitário união prosperidade

Foto: Acervo SOS Amazônia

Aumento de 48% de sócios

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Foto: SOS Amazônia | André Dib

Especial - Produção Extrativista

Com Valores da Amazônia, extrativistas ampliam produção e ganhos sem destruir a floresta Por Fábio Pontes

O

s três anos de trabalhos desenvolvidos pela ONG SOS Amazônia, por meio do projeto Valores da Amazônia, com famílias extrativistas do Vale do Juruá, no Acre, e dos municípios do sul e sudoeste do Amazonas, podem servir como exemplos de consolidação da tese de que é possível gerar desenvolvimento econômico, sem a necessidade de transformar a floresta em pasto ou em áreas de monocultura.

Destas nove cooperativas, apenas duas trabalhavam com a borracha em 2015: a Cooperativa Agroextrativista de Tarauacá (Caet) e a Cooperativa Agroextrativista de Feijó (Cooperafe), ambas no Acre.

Atividades extrativistas que há quase três décadas estavam abandonadas nessa parte da Amazônia, em especial a extração do látex, foram retomadas, e hoje se somam à gama de produtos não-madeireiros explorados de forma sustentável por comunidades ribeirinhas e indígenas.

Juntas, a produção chegava a, no máximo, oito toneladas por ano. Nesse período, a SOS Amazônia trabalhou tanto para incrementar o número de cooperativas envolvidas quanto o de extrativistas na cadeia da borracha. A Caet saiu de 28 para 73 f a m í l i a s e nv o l v i d a s , e a Cooperafe de 12 para 57.

Financiado pelo Fundo Amazônia, o Valores trabalhou com três

Outras três cooperativas foram incluídas no processo: a Coopera-

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diferentes cadeias econômicas: a de óleos vegetais, a do cacau silvestre e a da borracha. O projeto visa fortalecer nove cooperativas e seus cooperados para aperfeiçoarem e padronizarem a exploração de produtos florestais não-madeireiros.

tiva dos Produtores de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Nova Cintra (Coopercintra), de Rodrigues Alves (AC), a Cooperativa Agroextrativista de Porto Walter (Coapex) e a Cooperativa Agroextrativista Shawãdawa Pushuã; as duas estão no município acreano de Porto Walter, no Alto Juruá. As cooperativas contabilizam 134 famílias trabalhando com a produção da borracha em três modalidades: CVP (Cernambi Virgem Prensado), FDL (Folha Defumada Líquida) e FSA (Folha Semi-artefato). O resultado deste investimento foi um salto na quantidade da borracha comercializada, saindo de oito toneladas há três anos, para fechar 2018 com 40 toneladas previstas. Receita de, aproximadamente, R$ 351.000,00


Segundo ele, as causas para essa valorização se deram sobretudo nas ações de capacitar e qualificar os extrativistas com práticas adequadas no manejo dos frutos e sementes da floresta. A compra de equipamentos e a construção de

Uma outra consequência foi a redução na perda dos frutos coletados. Se antes ela chegava a 20% por conta de manejo inadequado ou pragas naturais, agora ela caiu pela metade. O aumento no valor de mercado, mais esse incremento na produção, possibilitou melhoria na renda dos cooperados. De acordo com Adair Duarte, a perspectiva é que toda a produção de óleos e gorduras vegetais fique em 22 toneladas esse ano, o que renderá R$ 800 mil. “Isso propicia uma geração de renda a mais para essas famílias, em períodos diferentes do ano, acaba fortalecendo todo o processo de produção e de organização social das famílias”. Os resultados positivos do projeto também são refletidos na

cadeia do cacau silvestre. No começo de 2018 houve a coleta da primeira safra do fruto adotando as práticas do manejo apropriado e com garantia de valor e mercado com um grupo de extrativistas da Coopercintra. A depender da qualidade, o valor do quilo pode chegar a R$ 30. Em 2019 as famílias vão colher a segunda safra, estimada em duas toneladas - uma a mais do que 2018. Além de preço e comprador já garantido, tanto o cacau quanto os óleos estão com certificação orgânica internacional para entrarem nos seletos mercados da Europa e dos Estados Unidos.

Fotos: SOS Amazônia | André Dib

O buriti saltou de R$ 22 o quilo para R$ 50. “Ainda não é o valor ideal, mas já houve uma evolução significativa em relação ao preço comercializado”, diz Adair Duarte, técnico da SOS Amazônia que acompanhou de perto, junto com as comunidades, o desenvolvimento do Valores da Amazônia.

estrutura básica para beneficiamento e armazenamento da produção agroflorestal também foram incluídas.

Fotos: SOS Amazônia | Eliz Tessinari

Até antes do começo do Valores da Amazônia, os extrativistas tinham na produção de óleos vegetais como seu carro-chefe. A produção de óleo e gordura a partir de frutos como o murmuru, o buriti, o açaí, a andiroba, o patauá e o tucumã envolvia 180 famílias em 2015, estando agora em mais de 600. (Os investimentos resultaram no aumento da produção de oleaginosas de oito para 22 toneladas em três anos. Foi registrado aumento até mesmo no valor de sua comercialização: Se em 2015 o mercado pagava R$ 17 pelo quilo da gordura do murmuru, esse valor chegou a R$ 30.

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Especial - Certicação Orgânica Extrativistas do AC e AM obtêm certificação orgânica para mercado internacional Por Fábio Pontes

A

s famílias extrativistas do Vale do Juruá, no Acre, e dos municípios de Silves e Boca do Acre, no Amazonas, que atuam na extração do cacau silvestre e na produção de óleos de plantas e sementes, receberam em outubro a certificação orgânica internacional que possibilita a venda de seus produtos para os m e rc a d o s e u ro p e u e n o r te americano. A certificação foi obtida graças ao projeto “Valores da Amazônia”, desenvolvido pela organização não-governamental SOS Amazônia. Financiado com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, o projeto visa fortalecer nove cooperativas e seus cooperados para aperfeiçoarem e padronizarem a exploração de produtos florestais não madeireiros de regiões da Amazônia com grande concentração de biodiversidade, incluindo o Vale do Juruá.

Inspeção Imocert Certificação Orgânica – Coopfrutos | Foto: Acervo SOS Amazônia

delas moradoras de unidades de conservação.

A certificação assegura que toda a produção é realizada com baixo impacto ambiental, sem o uso de agrotóxicos e garantindo o pagamento justo para cada família, reunidas em cooperativas assessoradas pela SOS Amazônia.

São elas: Coopfrutos (Cooperativa de Produtores de Polpa de Frutos Nativos de Mâncio Lima – Mâncio Lima/AC), Coopercintra (Cooperativa dos Produtores de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Nova Cintra – Rodrigues Alves/AC), Copronat (Cooperativa de Produtos Naturais da Amazônia – Silves/AM) e a Cooperar (Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e do Médio Purus – Boca do Acre/AM).

Ne s te p r i m e i ro m o m e n to , quatro cooperativas foram certificadas, totalizando 211 famílias no Acre e no Amazonas, sendo parte

A certificação foi concedida pela empresa boliviana Imocert, uma das pioneiras neste tipo de trabalho na América Latina, e com

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reconhecimento internacional. Entre os produtos que ganharam a certificação orgânica estão os óleos de buriti, cumaru, o essencial de breu e do açaí. Também receberam o selo de origem orgânica a amêndoa de cacau, a manteiga de murmuru, o tucumã, a andiroba, a castanha e a copaíba. “O projeto de certificação foi muito novo para nós”, diz Thayna Souza, engenheira florestal da SOS Amazônia. “Estávamos buscando uma certificação orgânica para acessar mercados exigentes, mas que pagam bem pelo produto por ter origem na Amazônia e de comunidades tradicionais.”


Capacitação das famílias

O trabalho foi iniciado ainda em 2017 e concluído agora em outubro de 2018, com a entrega dos certificados pela Imocert. A primeira fase consistiu em explicar às famílias sobre a importância da certificação, que poderia ter como resultado a melhoria em seus processos produtivos e de renda. Todas as famílias extrativistas receberam a visita dos técnicos da SOS Amazônia, pelo menos duas vezes. Já as idas às sedes das cooperativas – apenas para este processo inicial – se deram entre quatro e cinco vezes. O principal objetivo era capacitar os cooperados para que aprendessem e inserissem procedimentos novos às técnicas de manejo sustentável de sua produção dentro da floresta, o que assegura o menor impacto ambiental e qualidade ao produto. A qualificação se constitui na adoção de boas práticas de extração e coleta dos recursos naturais. As cooperativas precisam estabelecer rotinas e um padrão ao processo de be-

neficiamento que garantam características originais e não contaminação das gorduras e óleos produzidos. Após essa qualificação, todo o trabalho desenvolvido passou por uma espécie de auditoria da certificadora para saber se todas as suas exigências estavam, de fato, sendo cumpridas. Constatado que as famílias atendiam aos critérios e que as cooperativas passaram a produzir com o novo padrão, a Imocert concedeu o selo de que a produção destas cooperativas está livre do uso de agrotóxicos e outros contaminantes, e adotando práticas que preservam a fauna e a flora da região, além de assegurar às famílias o pagamento justo por aquilo que conseguem entregar. “Com a certificação orgânica, as cooperativas chegaram a um novo patamar, tanto por ser algo que vai valorizar o trabalho do extrativista, como vai valorizar o produto da floresta para que ela fique cada vez mais em pé”, comemora Thayna Souza.

Áreas de Buriti - Inspeção Imocert Sr. Francisco Assis, da Comunidade Maloca, Mâncio Lima

Inspeção Imocert - Produção da Cooperar

Fotos: SOS Amazônia / Eliz Tessinari

Oficina de boas práticas de produção de óleos vegetais na Copronat, Silves, Am.

Fotos: Acervo SOS Amazônia

Áreas de cacau silvestre - Inspeção IMOcert

Murmuru – Astrocaryum murumuru

Secagem de amêndoas de cacau silvestre - Theobroma cacao

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Especial - Cacau no Juruá

Foto: SOS Amazônia / Eliz Tessinari

Extrativistas do Juruá se preparam para a segunda safra de cacau Por Fábio Pontes e Eliz Tessinari

O

primeiro trimestre de 2019 consolidará o trabalho desenvolvido pela SOS Amazônia de profissionalizar de forma sustentável a exploração de cacau silvestre pelas famílias extrativistas que moram às margens do rio Juruá. A partir de março, os ribeirinhos vão adentrar nas áreas de floresta onde se concentram a maior quantidade de cacaueiros nativos. O Vale do Juruá, tanto na sua porção do Acre quanto do Amazonas, é dono de uma das maiores áreas em que o fruto é encontrado em abundância. Com o Valores da Amazônia, os extrativistas passaram a ter no

90

cacau mais uma oportunidade de geração de renda a partir das riquezas naturais da floresta, sem a necessidade da adoção de práticas predatórias. Financiado com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, o projeto visa fortalecer nove cooperativas e seus cooperados para aperfeiçoarem e padronizarem a exploração de produtos florestais não madeireiros de regiões da Amazônia. O projeto permitiu que as comunidades localizadas no Alto Juruá tivessem acesso a assistên-cia técnica com oficinas de capacitação para as práticas de manejo sustentável do cacau silvestre. Por meio de estudos foi

feita a identificação do potencial da presença dos cacaueiros na floresta, com uma espécie de inventário. Houve investimentos na infraestrutura necessária para a exploração da nova atividade. Foram construídos locais para o beneficiamento e armazenamento adequados dos frutos. Outra ação foi fortalecer a organização social destas famílias em cooperativas. Antes de incluir o cacau na cesta de produtos não madeireiros explorados por essas comunidades, elas estavam mais dedicadas à extração e produção de óleos e de polpas, como o do murmuru.


Familiar e Economia Solidária de Nova Cintra (Coopcintra), de Rodrigues Alves (AC). “Elas agora têm mais clareza do tempo para fazer esse processo, do deslocamento, da forma de quebrar o cacau. Elas estão com mais expertise para a coisa, estão mais motivadas”, diz Miguel Scarcello, secretário geral da SOS Amazônia.

Outra iniciativa foi a troca de experiência entre as comunidades do Juruá com os extrativistas da Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e do Médio Purus (Cooperar), de Boca do Acre (AM), que também faz parte do Valores da Amazônia e já tem experiência mais avançada na exploração do cacau silvestre, também conhecido como cacau selvagem.

Desde a colheita da primeira safra - no começo de 2018 - os extrativistas recebem assistência contínua por parte da SOS Amazônia. Um dos objetivos para essa qualificação foi para que elas recebessem a certificação orgânica para que sua produção obtivesse reconhecimento internacional de padrões de sustentabilidade ambiental, social e econômica.

Boa parte das famílias do Vale do Juruá que hoje encontra no cacau uma complementação para suas rendas, é sócia da Cooperativa dos Produtores de Agricultura

Parte desta segunda safra já estará certificada para ser vendida aos mercados da Europa e Estados Unidos. Para essa nova colheita, o principal comprador tende a ser a

Coopercintra, visitando a comunidade Novo Horizonte. “Do ponto de vista da sustentabilidade, a exploração do cacau evita o desmatamento porque é uma atividade extrativista, possibilita a geração de renda para as famílias, com mais benefícios sociais”, afirma Scarcello.

Foi, sem dúvida, um dos projetos mais e icazes aqui para nossa região do Juruá, tendo em vista que somos muito ausentes dos recursos públicos. E quando surge uma organização como a SOS Amazônia, proporcionando o projeto Valores da Amazônia, que mostra os caminhos de como tirar uma renda da loresta com ela em pé, eu defendo com a convicção que dá certo, ou melhor, já deu ce r to ( O s m i r An d r i o l a , ta m b é m d a N ovo Horizonte)

Foto: SOS Amazônia / Eliz Tessinari

No primeiro ano de experiência já conseguimos produzir uma tonelada de amêndoa seca, onde icou na nossa região uma quantia de aproximadamente 12 mil reais que foram pagos a estas famílias, envolvidas no processo de coleta dos frutos e bene iciamento das amêndoas. Outro ponto positivo é que tudo isso está sendo realizado sem agredir a natureza, mas sim preservando. (Aires Andriola, morador da comunidade Novo Horizonte)

Luisa Abram Chocolates, que tem uma produção exclusiva cujos ingredientes são açúcar orgânico e cacau silvestre retirado da Floresta Amazônica. Em 2018, ela a d q u i r i u to d o o s f r u to s d a

Foto: Acervo SOS Amazônia

Em fevereiro de 2018, a SOS Amazônia levou o pesquisador americano Daniel O'Doherty, uma das principais referências mundiais no trato do cacau silvestre, até a comunidade Novo Horizonte, no município de Guajará (AM), para apresentar técnicas de manejo do fruto, passando pela coleta até a secagem.

91


Coope rad@s Elizana Araújo (Coopfrutos) e Nataíres Ferreira (Amuralha) na Feira Internacional de Alimentos Orgânicos, realizada em Nuremberg – Alemanha, em fev/2018

O Projeto Valores veio de encontro com as necessidades da Coopfrutos. A cooperativa teve oportunidade de se capacitar na parte de gestão, manejo e boas práticas dos produtos que trabalhamos, açaí, patauá, andiroba e o nosso principal produto, que é o buriti. Em relação à infraestrutura, ganhamos um caminhão e isso contribuiu bastante para o avanço da produção. Além do acompanhamento técnico das etapas do projeto e debates sobre os desafios que temos pela frente.

“O estudo de viabilidade das potencialidades que a equipe da SOS Amazônia está realizando junto às comunidades do Juruá, visitando famílias que nunca tinham sido contempladas com alguma política pública, faz com que o nosso trabalho seja cada vez mais gratificante juntos às famílias coletoras, sócias e não sócias” (José Lima/Jotinha, tesoureiro da Coopercintra).

«Um projeto que ajudou a gente a enxergar mais longe, que beneficiou a todos nós. Veio uma fábrica pra gente e agora vamos produzir sabonetes e velas» (Ana Rute da Costa Copronat)

Biofach “Participar da Biofach foi uma grande oportunidade para a Coopfrutos ter acesso ao mercado europeu. Foi também o início de uma nova etapa, pois com a certificação orgânica vamos poder alcançar esses mercados e todos os envolvidos no processo produtivo podem sair ganhando” (Elizana Araújo, superintendente da Coopfrutos).

«Mesmo morando na floresta, nem todo mundo sabe trabalhar com os recursos que ela nos oferece. O Valores da Amazônia nos traz conhecimento, melhorando e muito a convivência floresta-comunidade». (Maria Ramos da Costa, cooperada da Amuralha, de Rodrigues Alves).

92

“Cada movimento que temos dentro desse projeto é fundamental, porque ele é importante não só para nós e para as cooperativas, ele foi pensado principalmente para os produtores rurais, para que eles tenham uma melhoria em suas vidas e ganhem especializações para os seus trabalhos. Em razão desses investimentos, mais famílias passaram a trabalhar com a borracha em Tarauacá. Sabemos que falta ainda produção para atender o que o mercado espera, mas isso é um importante avanço. A solução é incentivar mais as pessoas a produzirem e investir na instalação de mais unidades” (Adison Benigno, presidente da CAET).

«O projeto Valores da Amazônia possibilitou um maior incentivo para os produtores da cadeia não madeireira de Porto Walter, diversificando a produção, agregando valor aos produtos e melhorando a vida dessas pessoas. Nós só temos a agradecer e torcer para que essa parceria possa durar por muito tempo» (Valmir de Souza, presidente da Coapex)


“ Com as nossas bibliotecas, que são os nossos Anciões, aqueles que sabem da história, da nossa fala, da música, da medicina, estamos colocando o trabalho de revitalização da nossa cultura em prática. Somos muitos gratos por receber oficinas de cooperativismo voltada para os conhecimentos tradicionais, relembrar aquilo que estava lá atrás e que precisa estar no presente. Com o jogo da Ruduã (Jibóia), vamos trabalhar os produtos que o projeto valores da Amazônia apoia na nossa língua Shawã, lembrando aos participantes a nossa história, do potencial que temos na floresta, para que a língua Shawã se fortaleça na nova geração. [Presidente da Pushuã José Alexandre Pereira | Tuku Udir Shawã]

«Durante os cursos, teve uma atividade de construção de uma ponte que o nosso grupo fez de qualquer jeito, sem pensar. Com isso eu aprendi que a gente deveria articular primeiro para dar certo, planejar para as coisas ficarem cada vez melhor na nossa comunidade. Aprendi que a gente pode usar a floresta no manejo. A floresta é a nossa mãe, por isso temos que cuidar dela com muito carinho e amor». (Maria de Jesus | Kumauã Shawã),

“Com o conhecimento que o Daniel nos trouxe, levamos para o Juruá um método de qualidade para iniciarmos a produção de amêndoas de cacau. Já comercializamos uma tonelada de cacau junto a Coopercintra. Isso significa que várias famílias conseguiram mais uma renda, por meio de um projeto que vem acontecendo desde 2015 e agora estamos vendo o resultado” (Osmir Andriola, um dos ribeirinhos envolvidos na cadeia de valor do cacausilvestre e que não mede esforços para que esse trabalho se consolide na região do Juruá).

«A parceria com o projeto Valores da Amazônia trouxe para a nossa cooperativa uma oportunidade ímpar de desenvolver sustentavelmente nossa produção, e de melhorar a convivência entre os produtores de borracha. Sem esse apoio seria difícil poder mostrar nosso potencial» (Silvana Silva, Cooperafe)

“É algo novo e uma grande satisfação participar desse manejo. É uma influência muito boa para as comunidades ribeirinhas, saber como extrair, armazenar e ter para quem vender o óleo. Vejo essa demanda como um novo ciclo da Cooperar, pois nós trabalhamos com cacau e agora com a copaíba” (Manoel G. da Silva, extrativista e professor de ensino fundamental, foi um dos participantes da oficina de extração de óleo de copaíba).

93


+Valores

Sobre certificação orgânica “O mais importante é que as cooperativas podem acessar mercados internacionais para comercializar produtos com melhores preços, permitindo o fortalecimento econômico e social da cooperativa. Para os extrativistas, a maior importância está em agregar valor ao seu produto, e garantir que sua saúde e a das pessoas não seja comprometida. Mas, ainda utilizam muito pouco do potencial da floresta, com a certificação e o aumento do valor, é possível que desperte o interesse de todos para o trabalho com o extrativismo” (Ivan Del Carpio, inspetor sênior e consultor externo da certificadora Imocert).

Boas Práticas “Com os ensinamentos, os extrativistas vão poder apresentar para o mercado um produto com mais qualidade, ou seja, eles vão poder atender as novas regras que esse mercado exige, como por exemplo, o nível de acidez adequado e o aspecto desses produtos” (técnico da Funtac, Israel da Silva). “É muito triste sangrar a copaíba com machado ou motosserra, além de desperdiçar quase todo o óleo, pois não se aproveita quase nada, os cupins atacam e a árvore acaba morrendo. Infelizmente, ainda há pessoas que não faz o manejo sustentável da copaíba, então esse ensinamento, com certeza, ajuda a preservar as copaibeiras e gera renda para as famílias” (Extrativista Francisco Ferreira, que trabalha com óleo de copaíba há 15 na Resex Chico Mendes, ministrou oficinas do Valores sobre extração adequada do óleo de copaíba).

Valorização da Borracha Nativa “Seja para o indígena, extrativista ou para o assentado, a ideia é que a gente leve esse conhecimento de valorização da cadeia da borracha nativa a todos os municípios do Acre. E isso torna-se possível por meio de projetos como o Valores da Amazônia, um projeto que tem ido aos lugares mais distantes, onde nunca chegou esta política e é um incentivo de uso da floresta de forma correta, trazendo resultados positivos e financeiros que ajuda na organização social, que contribui para a preservação do ambiente e melhoria da qualidade de vida das famílias” (Coordenador do Conselho Nacional dos Seringueiros, no Acre, José Rodrigues de Araújo).

Organização Social «Um resultado mais evidente foi o alcançado na Associação Amuralha, que inicialmente estava impregnada de conflitos internos, e ao final deu respostas proativas, no sentido de resgatar a organização, de forma muito concreta» (Vera Gurgel, consultora em desenvolvimento de habilidades). 94

Mercado «Nosso grande diferencial é que não existe intermediário industrial, ou seja, todo o valor agregado da FDL vai para o seringueiro. Um seminário é fundamental para que o produtor se sinta assistido, se sinta realmente fazendo parte de um projeto que melhore sua produção, claro, pensando sustentavelmente. Outro ponto que destaco são as boas práticas identificadas no projeto Valores da Amazônia, que possibilita um produto de melhor qualidade e valoriza o que o morador da floresta produz» (François-Ghislain Morillion, dono da marca de calçados Vert, durante Seminário de Resultados e Impactos do Valores da Amazônia). «O seminário é importante para nós porque proporciona a identificação de uma diversidade de áreas possíveis para o cultivo do cacau silvestre. Além disso, com a nossa experiência no ramo, podemos capacitar as demais cooperativas e incentivá-las a trabalhar com esse tipo de produto» (Luisa Abram, proprietária da Luisa Abram Chocolates). “É a primeira vez que estou trabalhando com o povo indígena e foi a realização de um sonho. Percebi muita vontade deles em querer aprender e colocar a criatividade nesse trabalho com a borracha, e poder gerar renda mantendo a floresta preservada. Os indígenas já possuem uma relação muito forte com a floresta e o artesanato, então a ideia é trabalhar as técnicas artesanais com a borracha, misturando sementes e miçangas, dentro da linguagem que eles têm” (Flávia Amadeu, designer de joias responsável por guiar a atividade de FSA do projeto Valores da Amazônia). “O cacau que encontramos aqui é puro, sem mistura com outras espécies de cacau. Isso daqui é extremamente raro, não tem nada de cacau externo vindo para cá, tanto que encontramos um índice baixo de árvores com doença, um pouco de vassoura de bruxa e nenhuma monília. Apesar de não ter muitos recursos, o trabalho que vocês estão fazendo aqui é incrível” (Consultor americano Daniel O'Doherty, da Cacao Services, com vasta experiência no ramo).

Equipe Técnica “Essa iniciativa tem colaborado muito com o desenvolvimento e crescimento da cooperativa, além de propiciar renda familiar e contribuir para a preservação da floresta e cuidados com os animais, orientando os cooperados e coletores a utilizar as ferramentas de coleta para retirada dos frutos de forma correta sem agredir o ambiente e sem a necessidade de fazer a derrubada das espécies, prática antes realizada por eles”

(Francisca Lima, técnica em Agroecologia da SOS Amazônia).

“O Valores apresenta um significado imenso para as comunidades, pois, está levando novas oportunidades de trabalho com a borracha e um complemento de renda, sem contar sobre o reconhecimento do seringueiro que por muito tempo ficou esquecido e excluído da sociedade” (Wenderson Silva, técnico em Agroecologia). «O Projeto Valores da Amazônia sem dúvidas foi um divisor de águas na minha vida, pela intensidade das atividades, as ações e acima de tudo, a meta de certificar os produtos das beneficiárias que atendemos. Vieram as dificuldades, mas a parceria de todos os envolvidos fazia e faz o trabalho continuar. Receber um muito obrigada dos extrativista pelas ações, ouvir eles dizerem que o projeto mudou a realidade deles, construir esses elos, é algo impagável, nem tenho como descrever. Sou infinitamente grata. É muito amor por esse projeto, por essa floresta e tudo o que ela tem e representa. O Valores não veio para mudar só a vidas das pessoas que atendemos, mas a nossa também, o corpo técnico. É sem dúvidas um aprendizado para a vida» (Thayna Souza, Eng. Florestal/SOS Amazônia).


XV

Estrutura de gestão e governança Projeto Valores da Amazônia A SOS Amazônia foi responsável pela gestão do recurso financeiro captado junto ao Fundo Amazônia e pela sua execução, de acordo com as ações previstas na proposta técnica, bem como de monitorar e avaliar o retorno dos investimentos realizados nesse período, junto às nove organizações aglutinadas.

Componentes transversais Gestão do projeto | Fortalecimento institucional (perl da cooperação) | Apoio produtivo/ATERF | Intercâmbios | Plano de manejo | Certicação | Estudos de mercado

AMURALHA

O Valores da Amazônia contou com a seguinte equipe de execução: Coordenação Geral Responsável pelas orientações gerais de execução do projeto, monitoramento da execução técnica e financeira, elaboração dos relatórios de desempenho do projeto, avaliação dos indicadores e metas, articulação interinstitucional e comunicação direta com o BNDES/Fundo Amazônia. Coordenação Técnica (um técnico) Responsável pela condução das atividades junto à equipe de campo, monitoramento e avaliação das atividades práticas. Coordenação Administrativo Financeira (um técnico) Responsável pela coordenação da execução financeira do projeto, prestação de contas e elaboração de relatório financeiro ao Fundo Amazônia. Engenheiro Florestal (um técnico) Responsável pela condução das atividades ligadas às cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade, inventários florestais e certificação orgânica. Assistente Administrativo (dois técnicos): preparação de logística, prestação de contas de atividades de campo, compras e aquisições. Assistente Técnico Ambientalista (sete extensionistas de campo) Responsável pela execução e acompanhamento das atividades de campo junto às organizações apoiadas.

TRANSPARÊNCIA Todas as organizações tiveram acesso às planilhas orçamentárias de seus referidos componentes, com conhecimento detalhado das ações e dos recursos disponíveis para a sua realização. As planilhas orçamentárias do projeto foram atualizadas constantemente, considerando o monitoramento financeiro realizado pela coordenação e repassado periodicamente às organizações para acompanhamento da execução física e financeira do projeto. As compras e aquisições, como transportes, maquinários, insumos, obras, dentre outros, foram realizadas com amplo conhecimento da diretoria das organizações aglutinadas. Foi estabelecido um canal de diálogo, geralmente por e-mail, para registrar todos os processos de compras (cotações de preço, por exemplo) e ser de conhecimento das duas partes – organização beneficiária e executora (SOS Amazônia). Pelo menos uma vez ao ano foi realizado um encontro com cada organização para prestação de contas da execução dos seus respectivos componentes e avaliação do processo. Além disso, foram realizados quatro seminários de avaliação do Projeto Valores da Amazônia, momentos em que foram possíveis realizar avaliações em conjunto do andamento do projeto, considerando tanto a execução técnica quanto financeira, colhendo ideias de melhorias e realizando adaptações ao longo do tempo. Com isso, buscou-se ao longo de todo o período de realização do projeto, manter o máximo de transparência nos processos administrativos e financeiros. Entendemos que permitir a maior participação das organizações nesses processos fortaleceu o projeto e pôde garantir que ele fosse corretamente realizado. Também foram disponibilizadas as notas fiscais de aquisição dos itens previstos no projeto para as organizações. Em todo o período, foi relatado que os documentos administrativos-financeiros sempre estariam à disposição para acesso pelas organizações.

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Gestão Financeira

XVI

Projeto Valores da Amazônia No quadro a seguir é possível conferir os valores executados, por rubrica, para cada componente do projeto. Ao todo, foram executados R$ 10.117.702,22 ao longo de 40 meses.

Componentes e Rubricas

Total executado

1. Total

Total executado

8. Amuralha

1. Fortalecimento Organizacional Consultoria e prest/Serv Especializados Insumos Logís ca Serviços de Apoio

Componentes e Rubricas

R$ 238.606,02 R$ 6.009,29 R$ 504.030,44 R$ 80.298,18 R$ 828.943,93

2. ATERF

Apoios Especiais

R$

23.399,47

Consultoria e prest/Serv Especializados Despesas Administra vas Insumos Logís ca

R$ 100.888.83

Máquinas, Equipamentos e outros bens Obras civis e instalações

R$ 104.691,95 R$ 258.291,87 R$ 500.000,00

R$

221,00

R$ R$

1.072,25 11.534,63

Consultoria e prest/Serv Especializados Insumos Logís ca Máquinas, Equipamentos e outros bens

R$ R$

Recursos Humanos Próprios

R$ 1.042.211,28

Apoios Especiais Consultoria e prest/Serv Especializados

2. Total

R$ 1.450.384,63

Despesas Administra vas

Logís ca

R$ 114.783,40

Insumos Logís ca Máquinas, Equipamentos e outros bens

3. Total

R$ 114.783,40

Obras civis e instalações

R$ 117.490,97 R$ 112.057,53

9. Total

R$ 499.835,54

9.714,19 4.584,20

R$ 210.112,76 R$ 183.762,20

3. Intercâmbio

4. Planos de Manejo Consultoria e prest/Serv Especializados Insumos Logís ca Recursos Humanos Próprios 4. Total

R$ 271.401,25 R$ 8.560,39 R$ 152.259,61 R$ 30.540,90 R$ 462.762,15

5. Cer ficação Consultoria e prest/Serv Especializados Insumos Logís ca Recursos Humanos Próprios 5. Total

R$ R$

83.394,47 1,94

R$ 68.057,37 R$ 30.540,90 R$ 151.453,78

6. Mercado Consultoria e prest/Serv Especializados Serviços de Apoio 6. Total

R$ 206.402,96 R$ 55.740,80 R$ 262.143,76

7. Copronat Apoios Especiais

R$

Consultoria e prest/Serv Especializados Despesas Administra vas Insumos Logís ca Máquinas, Equipamentos e outros bens

R$ 135.467,71 R$ 14.253,72 R$ 3.014,60 R$ 32.226,07 R$ 206.748,21 R$ 48.417,89 R$ 21.431,50 R$ 499.944,88

Obras civis e instalações Serviços de Apoio 7. Total

96

38.385,18

8. Total 9. Coopercintra

R$

66.544,26

R$ R$

66.728,03 558,00

R$ R$

64.182,93 72.273,82

10. Coopfrutos Apoios Especiais

R$ 116.188,57

Consultoria e prest/Serv Especializados Despesas Administra vas

R$ R$

1.502,00

Insumos Logís ca Máquinas, Equipamentos e outros bens

R$ R$

74.004,49 22.024,45

9. Total

36.205,29

R$ 249.951,26 R$ 499.876,06

11. Coapex Apoios Especiais

R$

50.481,56

Consultoria e prest/Serv Especializados

R$

78.227,54

Despesas Administra vas Insumos Logís ca

R$

949,60

Máquinas, Equipamentos e outros bens

R$ 96.159,09 R$ 49.374,70 R$ 111.319,10

Obras civis e instalações

R$ 113.227,66

9. Total

R$ 499.739,25

12. Cooperar Apoios Especiais

R$

Consultoria e prest/Serv Especializados Despesas Administra vas Insumos Logís ca Máquinas, Equipamentos e outros bens Obras civis e instalações 12. Total

R$ 127.233,28 R$ 1.032,14 R$ 56.982,47 R$ 18.568,35 R$ 58.041,57 R$ 209.323,79

28.805,73

R$ 499.987,33


Componentes e Rubricas

Total executado

13. Pushuã Apoios Especiais

R$

10.775,99

Consultoria e prest/Serv Especializados Despesas Administra vas

R$ R$ R$

62.517,29 714,75 66.670,59

R$

46.413,94

R$ R$ R$

184.944,68 127.892,50 499.929,74

Apoios Especiais

R$

26.875,91

Consultoria e prest/Serv Especializados

R$

86.322,15

Insumos Logís ca Máquinas, Equipamentos e outros bens

R$

120.845,47

R$ R$

17.045,12 70.928,99

Obras civis e instalações

R$

177.981,95

14. Total

R$

499.999,59

Apoios Especiais

R$

40.221,98

Consultoria e prest/Serv Especializados Despesas Administra vas Insumos Logís ca Máquinas, Equipamentos e outros bens Obras civis e instalações

R$

67.078,13

R$ R$ R$

300,00 121.431,18 21.649,63

R$ R$ R$

89.518,31 159.800,00 499.999,23

Consultoria e prest/Serv Especializados

R$

5.246,64

Logís ca Máquinas, Equipamentos e outros bens

R$ R$

105.458,92 9.125,93

Insumos Logís ca Máquinas, Equipamentos e outros bens Obras civis e instalações 13. Total 14. Caet

15. Cooperafe

15. Total

A. 1 - Coordenação Técnica

Recursos Humanos Próprios (+rend/PAR 04) R$ 1.142.164,37 R$ 88.913,59 Serviços de Apoio Gestão Total

R$ 1.350.909,45

A. 2 - Coordenação Administra va Despesas Administra vas

R$

182.262,46

Logís ca Recursos Humanos Próprios

R$

19.304,06

R$

714.197,44

Serviços de Apoio

R$

81.245,54

Gestão Adm Total Total geral

R$ R$

997.009,50 10.117.702,22

97


Associação SOS Amazônia

XVII

(www.sosamazonia.org.br)

MISSÃO Promover a conservação da Biodiversidade e o crescimento da consciência ambiental na Amazônia HISTÓRIA

30 anos Em 2018, a SOS Amazônia fez 30 de iniciativas pela Floresta Amazônica

N

a década de 1980 grandes áreas de florestas foram substituídas por pastagens na Amazônia. Naquela época, o movimento dos seringueiros, no Acre, unia forças para empatar a devastação e garantir o direito de posse das suas colocações. Movidos pela resistência dos guardiões da floresta, no dia 30 de

setembro de 1988, na cidade de Rio Branco, estado do Acre, professores, estudantes universitários e representantes do movimento social, incluindo o ativista e seringueiro Chico Mendes, criaram a Associação SOS Amazônia, tendo como objetivo principal defender a causa extrativista e proteger a Floresta Amazônica, apoiando as populações tradicionais. Num cenário de conflitos por ocupação de terras, a entidade dedicou-se a expor, em praça pública, dados e fotos sobre o desmatamento na região, a fazer denúncias das ameaças sofridas pelos seringueiros, distribuir materiais informativos e a dialogar com as pessoas sobre o tema, visando mobilizar a sociedade e

facilitar a compreensão sobre causas e consequências da destruição que estava acontecendo. Diante do delicado momento que os extrativistas viviam, além das campanhas de conscientização, logo surgiu a necessidade da instituição em desenvolver projetos, propor e implementar políticas públicas com foco na difusão de modelos e práticas para preservação da biodiversidade e do desenvolvimento sustentável, iniciativas que pautam, cotidianamente, o dever de cumprir a missão da SOS Amazônia, que é “Promover a conservação da biodiversidade e o crescimento da consciência ambiental na Amazônia”.

Iniciativas que mantém a floresta em pé Em três décadas de existência, a instituição atua no estado do Acre e Amazonas, além de áreas fronteiriças, com a participação de, aproximadamente, cinco mil famílias, por meio de projetos e campanhas. Essa área de atuação engloba, principalmente, Unidades de Conservação (UC), a exemplo do Parque Nacional da Serra do

98

Divisor e da Reserva Extrativista Alto Juruá, atribuindo à SOS Amazônia um extenso e importante histórico de iniciativas para manutenção das florestas e melhores condições de vida aos povos que nelas habitam. Ganhou experiência e capacidade para planejamento e gestão de UCs, tem expertise na promoção

de assistência técnica e extensão rural a comunidades tradicionais, e também é referência no desenvolvimento da educação ambiental, no reaproveitamento de resíduos sólidos e na participação voluntária em conselhos e comitês para regulamentação de leis e gestão de programas públicos.


GESTÃO E TRANSPARÊNCIA

Linhas Estratégicas

Adotou desde 2003 um modelo de gestão contábil-financeiro,

Para contribuir com a conservação da Floresta Amazônica, alinha suas ações em três eixos estratégicos:

informatizado, com auditoria externa de suas contas, elaborou e segue seu Manual de Procedimentos para orientar e regulamentar procedimentos da rotina interna de gestão administrativa, contábil e financeira, como também tem seu Plano de Cargos e Salários e seu Código de Ética. Tal conduta garantiu à SOS Amazônia o 'Prêmio Bem Eficiente' de gestão institucional, concedido pela Kanitz & Associados em 2004, às 50 entidades sem fins lucrati-

Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima

Preservação da Biodiversidade

vos que melhor administram seus recursos no país, com transparência e seriedade. E em 2017 foi reconhecida como uma das 100 'Melhores ONGs do B r a s i l ' . E s te p rê m i o é u m a iniciativa do Instituto Doar, em parceria com a Revista Época, que busca reconhecer boas práticas de gestão e transparência no terceiro setor, além de incentivar a cultura de doação no Brasil.

Promoção de Negócios Sustentáveis na Amazônia

Por que

A estrutura de gestão da Instituição conta com Conselhos Fiscal e Deliberativo atuantes. Desenvolve seus projetos seguindo um planejamento estratégico, tendo claro e atualizado sua missão e foco em três linhas estratégicas de atuação: Mitigação e adaptação às mudanças do clima; Preservação da biodiversidade; e Promoção de negócios sustentáveis na Amazônia.

Queremos uma Floresta Amazônica e sua diversidade biológica conservadas, respeito aos povos e comunidades tradicionais e melhoria da qualidade de vida dessas populações.

Quer ajudar a proteger a Floresta Amazônica? Junte-se a nós!

conexão que valoriza o mundo. www.sosamazonia.org.br

99


Fundo Amazônia

XVIII

(www.fundoamazonia.gov.br) O Brasil cuida. O mundo apoia. Todos ganham.

O

Fundo Amazônia é uma iniciativa pioneira de financiamento de ações de Redução de Emissões provenientes do Desmatamento e da Degradação

Florestal (REDD+). Teve seu conceito apresentado pelo Brasil na 13ª Conferência das Partes (COP 13), realizada em Bali, em 2007, no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) e teve sua criação autorizada por meio do Decreto 6.527, de 1º de agosto de 2008, da Presidência da República Federativa do Brasil. Opera por meio da captação de recursos advindos de doações voluntárias para aplicação não reembolsável em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além de promover ações visando a conservação e o uso sustentável da floresta na Amazônia Legal. Além disso, até 20% dos recursos do fundo podem ser alocados para o apoio ao desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento em outros biomas brasileiros e em outros países com florestas tropicais. O Fundo Amazônia conta com uma sólida governança participativa, na qual se destaca o Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA), que tem a atribuição de determinar suas diretrizes e acompanhar os resultados obtidos. É um comitê tripartite, presidido pelo Ministério do Meio Ambiente, com 23 representações, em três blocos: Governo Federal, governos estaduais e sociedade civil. O Fundo Amazônia conta também com o Comitê Técnico do Fundo Amazônia (CTFA), composto por especialistas renomados e com a atribuição de atestar a quantidade de emissões de carbono oriundas de desmatamento calculada pelo Ministério do Meio ambiente. A gestão do Fundo Amazônia foi atribuída ao BNDES, que é responsável pela captação e aplicação de recursos, pelo acompanhamento e monitoramento das ações e dos projetos apoiados, pela prestação de contas e comunicação dos resultados obtidos de forma contínua e transparente, além de exercer a secretaria executiva do COFA.

100


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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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