VIII SPMAV - Caderno de Resumos

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V I I I SPMAV CADERNO DE

RESUMOS



VIII SPMAV Seminário de Pesquisa do Mestrado em Artes Visuais Mestrado em Artes Visuais – PPGAVI Universidade Federal de Pelotas

01 e 02 de outubro de 2019 Centro de Artes – UFPel

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ARTE CONTEMPORÂNEA: ENTRE LINGUAGENS DE AFETO E SENSIBILIDADES NO COTIDIANO

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ARTE CONTEMPORÂNEA: ENTRE LINGUAGENS DE AFETO E SENSIBILIDADES NO COTIDIANO Pensar o lugar da arte na contemporaneidade é buscar entender como ela pode afetar nossa experiência do cotidiano. É compreender que há um jogo sutil e subjetivo nas relações entre o que nos afeta e como somos afetados. Spinoza ([1677] 2009) compreendia o afeto como “as afecções do corpo, pelas quais sua potência de agir é aumentada ou diminuída, estimulada ou refreada”. Afeto é aquilo que nos afeta, afetos são as forças que nos movem. Antonin Artaud ([1935] 1999) reconhecia a existência de um corpo afetivo que, em paralelo ao corpo orgânico, opera no plano dos afetos. Inspirado em Artaud, Gilles Deleuze ([1969] 2007) postulou a existência de um “corpo sem órgãos” como plano dos afetos e da existência somática. Em parceria com Félix Guattari, Deleuze alicerçou-se nessas questões para refletir acerca do devir sensívelgerado pela força do composto de afectos e perceptosque deflagra sensações. Nesse sentido, afirmou que “a obra de arte é um ser de sensação, e nada mais”. Juntos disseram então ([1991] 1992) que na origem dessa sensação está o artista, um “mostrador de afectos, inventor de afectos, criador de afectos”. E que tais afectos deflagram perceptos ou visões, que nos arrebatam nesse composto. Partindo dessas reflexões, queremos pensar como a arte, com seus meios materiais e linguagens, pode ser capaz de “arrancar o percepto das percepções do objeto e dos estados de um sujeito percipiente, arrancar o afecto das afecções” (DELEUZE, GUATARRI, [1991] 1992). Nesse sentido, também nos interessa discutir sobre as linguagens que cada vez mais vêm demonstrando força em relação às possibilidades de atualização do campo artístico, como um campo de contínua expansão. Linguagens em multimeios, transmídia e hibridização; a escultura para além do espaço ou a pintura para além da cor: a própria linguagem da arte tornou-se um campo de investigação. Em seu texto já canônico A Escultura no Campo Ampliado, Rosalind Krauss, crítica norte-americana, diz que para além do ecletismo, a 7


práxis no pós-modernismo artístico não é definida em relação aos meios de expressão, mas sim em relação “a operações lógicas dentro de um conjunto de termos culturais para o qual vários meios […] possam ser usados”. (KRAUSS, 1984, p.136). Referindo-se primeiramente à escultura, Krauss admite o mesmo fenômeno de ampliação do campo em outras linguagens. Assim, partiríamos desse contexto de expansão das linguagens rumo a uma nova sintaxe de qualidade expressiva, que não é “a transmissão do saber ou do sopro do artista ao espectador” (RANCIÈRE, 2014, p. 19). Propomos este evento como um momento de encontro gerador de potências e atravessamentos, um encontro entre pares em busca de uma terceira coisa, coisa de ninguém, como a descreve Rancière no contexto de sua lógica da emancipação: […] essa terceira coisa de que nenhum deles é proprietário, cujo sentido nenhum deles possui, que se mantém entre eles, afastando qualquer transmissão fiel, qualquer identidade entre causa e efeito. (Rancière, 2014, p. 19)

O VIII SPMAV se apresenta então como um espaço para a discussão da potência afetiva da arte na contemporaneidade, pois, se é a capacidade de afetar e de ser afetado o que nos torna humanos, é a sensibilidade para perceber e articular esses processos que nos torna artistas. 8


REFERÊNCIAS ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. São Paulo: Martins Fontes, 1999. DELEUZE, Gilles. Francis Bacon: lógica da sensação. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O que é a filosofia?. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. KRAUSS, Rosalind. A Escultura no Campo Ampliado. Gávea: Revista do Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil [da] Puc - Rio, v.1, p. 87-93, 1984. MANIFESTO NEOCONCRETO. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 23 de mar. de 1959. In: COCCHIARALE, Fernando. GEIGER, Anna Bella. Abstracionismo Geométrico e Informal. São Paulo: Funarte, 1987. RANCIÈRE, Jacques. O Espectador Emancipado. São Paulo: Martins Fontes, 2014. SPINOZA, Baruch. Ética III. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. 9



RESUMOS

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EIXO TEMÁTICO I:

LINGUAGENS, COTIDIANO E AFETOS

Tem como escopo investigar o fazer artístico, dando ênfase a reflexões acerca de produções contemporâneas e de seus processos de criação, possíveis entrelaçamentos entre as artes, suas linguagens e o cotidiano em relação à sociedade, a cidade, a política, a ética, os afetos etc.

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DIA 01 OUTUBRO, TERÇA-FEIRA

SALA 310

8:00

ESCAMBO ENTRE FOTOGRAFIA E RECICLAGEM: SABERES, EXPERIÊNCIAS E COLABORAÇÕES EM ARTE

Cristiano Souto Sant´Anna Cláudia Vicari Zanatta

8:15

PRESENTE

Isabella Khauam Maricatto

8:30

R$1,99: UMA ABORDAGEM SOBRE O VALOR DAS COISAS A PARTIR DA ARTE E DAS NARRATIVAS

8:45

EXPERIMENTAÇÕES FOTOGRÁFICAS DE PESQUISA EM ARTES VISUAIS

Kathleen Oliveira de Avila Cláudio Tarouco de Azevedo

9:00

FOTOGRAFIA, VÍDEO E MICROAÇÕES-ECOARTÍSTICAS COMO MEIOS PARA COMPARTILHAR A EXPERIÊNCIA SENSÍVEL

Mara Regina da Silva Nunes Alice Jean Monsell

9:15

DIÁLOGOS ENTRE A MATERIALIDADE DA PINTURA CONTEMPORÂNEA E A PRESERVAÇÃO ENQUANTO OBRA EFÊMERA

9:30

PRECIPITAÇÃO, A DIMENSÃO AMBIENTAL DA ESCULTURA NO TEMPO

9:45

ENTRE COTIDIANOS: CONVERSAS DE MULHERES, ESCRITA DE SI E AS MATERNIDADES

Joana Schneider Helene Gomes Sacco

Pablo Campos López Alice Jean Monsell

Pedro de Freitas Pereira Paiva Gabriela Kremer da Motta Priscilla Mont-Serrat P. F. Ursula Rosa da Silva

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DIA 02 OUTUBRO, QUARTA-FEIRA

SALA 310

8:00

PROCESSOS COLABORATIVOS E QUESTÃO DA AUTORIA EM DANÇA NA CONTEMPORANEIDADE

Alex Sander S. de Almeida Thiago Silva de Amorim Jesus Cláudio Tarouco de Azevedo

8:15

ARTES VISUAIS E A MICROPOLÍTICA: O SILÊNCIO E OS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO

Ana Claudia Safons Soares Cláudio Tarouco de Azevedo

8:30

CORPO PATAFÍSICO E A POÉTICA DA AUTOFICÇÃO

8:45

POÉTICAS DO DESVIO – DA DOUTRINAÇÃO AO PROCESSO DE CRIAÇÃO

9:00

DA SOBREVIVÊNCIA DO LUGAR NA ARTE: POR UMA PRÁTICA DO VIVER, DO SUSTENTAR A VIDA E DO CUIDAR DAS COISAS

9:15

A REPRESENTAÇÃO FEMININA: O PASSADO EM CONSTRUÇÃO E O FUTURO EM SUSPENSO

9:30

COISAS BOBAS: POÉTICA CONTEMPORÂNEA

Luana E. Arrieche Eleonora C. da Motta Santos Rosângela Fachel

9:45

O ACASO COMO PRINCÍPIO DO MOVIMENTO NA CONSTRUÇÃO DO CORPO EXTRACOTIDIANO

Lucas Ribeiro Galho Eduarda Azevedo Gonçalves

10:00

O TARÔ COMO LINGUAGEM: CONCEITOS E NARRATIVAS

10:15

COFFEE BREAK

André Martins Ziegler Rosângela Fachel Diana Krüger Martins Renata Azevedo Requião Elivelto Alves de Souza Helene Gomes Sacco

Joana Luisa Krupp

Mirna Xavier Gonçalves Nádia da Cruz Senna

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DIA 02 OUTUBRO, QUARTA-FEIRA

SALA 310

10:30

A PERFORMANCE ARTÍSTICA A PARTIR DAS RELAÇÕES COM AS COISAS-MEMÓRIA: ANCESTRALIDADE, AFECTOS E CORPO

Tatiana dos Santos Duarte Eduarda Azevedo Gonçalves

10:45

APROPRIAÇÃO DO ARTISTA: ENCONTROS, APROXIMAÇÕES E (RE)SIGNIFICAÇÃONA CITAÇÃO POLÍTICA-POÉTICA DE CILDO MEIRELES

11:00

ALINHANDO LUGARES E AFETOS: OBJETOS E AÇÕES DE CULTIVO COMO PROPULSIONADORES DE PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS

Thiago Ligabue Pinto Alice Jean Monsell

Pedro Elias Parente da Silveira Eduarda Azevedo Gonçalves

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ARTES VISUAIS E A MICROPOLÍTICA: O SILÊNCIO E OS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO Ana Claudia Safons Soares - Universidade Federal de Pelotas Cláudio Tarouco de Azevedo - Universidade Federal de Pelotas

O presente trabalho trata de uma pesquisa que se inicia no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas, na linha de pesquisa Educação em Artes e Processos de Formação Estética. O tema central é o silêncio e seus significados, como um possível mecanismo micropolítico de produção dos processos de subjetivação através da educação em Artes Visuais. Debatendo sobre os discursos e/ou sobre os seus silenciamentos, questionando como a produção artística pode ajudar na tomada de consciência sobre o que se passa a nossa volta e como ativar essa percepção nos locais de ensino. Explorando o que vem a ser o “silêncio”, sob a perspectiva dos campos da arte e da filosofia, amparada em alguns autores como: Félix Guattari (2012) para tratar sobre os conceitos de micropolítica; Michel de Certeau (2019) para discorrer sobre os processos de subjetivação; Murray Schaefer (2011) sobre a ideia de uma clariaudiência – a necessidade de apurar nossa sensibilidade auditiva para que possamos perceber os sons que foram se perdendo por conta da vida contemporânea, ou sendo por ela “inaudibilizados”; e, Eni P. Orlandi (2008), para pensar os modos de operar o silêncio. A metodologia de trabalho utilizada será o método cartográfico. Através do mapeamento de algumas produções artísticas contemporâneas e referencial teórico que tratem sobre o tema, somados a produções artísticas e as inserções sociais nos processos educativos realizados através de práticas junto ao Grupo de Pesquisa Arte, Ecologia e Saúde – GPAES/CNPq.

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CORPO PATAFÍSICO E A POÉTICA DA AUTOFICÇÃO André Martins Ziegler - Universidade Federal de Pelotas Rosângela Fachel - Universidade Federal de Pelotas

Será pontuado neste trabalho uma breve discussão e alguns questionamentos que fazem parte do estágio inicial do projeto de mestrado chamado “Corpo Patafísico e a Poética da Autoficção”. Este se dá através de uma pesquisa em poéticas impulsionada principalmente por uma prática artística intermidiática, a qual utilizada os processos de fotografia, apropriação de acervos de imagens digitais e edição digital. Em que no espaço de trabalho dos softwares de edição de imagem, como Adobe Photoshop e Adobe Lightroom, são feitas interferências nas representações imagéticas do meu corpo e de outros. Apresenta-se, assim, uma estética surreal e fantástica, por haver hibridizações na representação digital de meu corpo com imagens digitais de outros corpos, animais, plantas, figurinos, paisagens da natureza, nebulosas e outros elementos que permitam reordenar os sentidos estéticos e conceituais de minha corporeidade. Refletindo, assim, essa prática como um processo artístico experimental de ficcionalização do meu corpo. Desponta-se, assim, para um momento da minha pesquisa poética o qual se faz potente em investigar sobre o termo autoficção para aprofundar algumas questões da relação das imagens e minha corporeidade. Além disso, a autoficção possui uma relação direta com os três aspectos importantes das minhas proposições artísticas: da intermidialidade na construção de narrativas, de uma estética de um corpo ficcionado e a relação com a filosofia da diferença, já que este termo pré-estabelece uma articulação, um movimento, ou ainda a criação de camadas, entre o real e ficcional - entre o sujeito do cotidiano dito real e o artista-pesquisador ficcionalizador.

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ESCAMBO ENTRE FOTOGRAFIA E RECICLAGEM: SABERES, EXPERIÊNCIAS E COLABORAÇÕES EM ARTE Cristiano Souto Sant´Anna - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Cláudia Vicari Zanatta - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Esta apresentação é o relato da vivência entre um fotógrafo e um papeleiro pelas ruas da cidade de Porto Alegre. Entre a reciclagem de materiais e a fotografia, ambos estabeleceram uma metodologia de escambo (CONDE; MAFRA; CAPPELLE, 2014) em que saberes foram compartilhados, transformados e constituídos. A partir dessa experiência com o outro, o autor reflete sobre a natureza estética do cotidiano, as possibilidades de troca na cidade e as brechas do artístico na vida. Cristiano Sant´Anna, o fotógrafo, e Jacson Carboneiro, o papeleiro, se aproximam a partir da curiosidade pelo mundo do outro e se envolveram em caminhadas juntos. O fotógrafo conduziu o carrinho, coletou garrafas, papelão, entrou nos contêineres; o papeleiro, de câmara na mão, passou a fotografar a ação. Motivados pela dinâmica, artista e papeleiro passam a sentir/refletir o papel de um e de outro. A experiência desse deslocamento do lugar de cada um possibilita olhar a cidade a partir da perspectiva do outro. Experiência que se apresenta de natureza estética quando o artista entra no container para reciclar e se encontra envolvido pelas cores, texturas e odores daquele lugar. Aquilo que é o comum do papeleiro se torna uma experiência estética para o fotógrafo. E já é possível pensar, tomando em paralelo as reflexões de Allan Kaprow (KAPROW, 2018), em uma perspectiva de arte e artístico inseridos no tecido da vida e do cotidiano.

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POÉTICAS DO DESVIO – DA DOUTRINAÇÃO AO PROCESSO DE CRIAÇÃO Diana Krüger Martins - Universidade Federal de Pelotas Renata Azevedo Requião - Universidade Federal de Pelotas

A presente proposta traz um apanhado do que vem sido produzido até o momento como parte integrante de minha pesquisa intitulada Poéticas do Desvio – Da doutrinação ao processo de criação, que se encontra em desenvolvimento sob a linha de pesquisa Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano, no Programa de PósGraduação em Artes da Universidade Federal de Pelotas. A temática do referido trabalho gira em torno de estabelecer produção poética a partir de minhas experiências como adepta da crença evangélica, de 2004 a 2013. Através de diferentes técnicas, como pintura, desenho costura e bordado, busco contemplar tópicos como a condição feminina no ambiente religioso, os questionamentos inerentes da fé e também o imaginário que envolve o pós-vida contido na teologia cristã-protestante. Os principais referenciais teóricos e artísticos constam de Magali do Nascimento Cunha (2007), Mircea Eliade (2011), Louise Borgeois, Zöe Buckman e Bárbara Wagner.

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DA SOBREVIVÊNCIA DO LUGAR NA ARTE: POR UMA PRÁTICA DO VIVER, DO SUSTENTAR A VIDA E DO CUIDAR DAS COISAS Elivelto Alves de Souza – Universidade Federal de Pelotas Helene Gomes Sacco - Universidade Federal de Pelotas

O artigo tem origem na linha de pesquisa de Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano, no contexto das Artes Visuais Contemporâneas, em diálogos com a Literatura e a Filosofia. A reflexão parte da pesquisa de mestrado em desenvolvimento, a qual tem como objeto as experiências de criação e construção de meus trabalhos poéticos. Investiga a sobrevivência do lugar por via da compreensão do cuidado como prática artística, analisando os dispositivos de resistência desenvolvidos a partir da produção artística e suas implicações sobre as práticas de espaço. Busca, na arte contemporânea, modos de pensar o cuidado como gesto poético, uma ação de resistência potente no cotidiano que procura promover, por via da arte, o pensamento e a reinvenção da relação ordinária que estabelecemos com os lugares, as pessoas e a vida. A partir da publicação artística de minha autoria, intitulada Cuidar, demorar-se, penetrar (2018), procuro analisar poeticamente o habitar, a prática do viver, do sustentar a vida e do cuidar das coisas conectado a noção de transitoriedade.

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PRESENTE Isabella Khauam Maricatto - Universidade federal de Pelotas

O questionamento é “o que permite o estar juntos(Zusammen-seins)?” (MAFFESOLI, 2005, p. 11). A qualidade de vida nas cidades nos faz refletir sobre a complexidade urbana e nos motiva a buscar estratégias que nos levam a “reinventar a relação do sujeito com o corpo”, ou ainda “procurar antídotos” para que alcancemos a saúde em meio ao caos. (GUATARRI, 2012). Os espaços públicos possuem um potencial de encontro e integração social que podem caracterizar certos tipos de iniciativas que buscam promover a saúde das cidades, considerando a diversidade urbana e analisando a cidade através de uma “visão de conjunto”, ou ainda pelo conceito de “unicidade” proposto por Maffesoli. A maneira fragmentada de pensar a cidade nos faz refletir sobre nossos hábitos e maneiras de viver, tentando observar quais são as potencialidades presentes na cidade que poderiam gerar frutos e fazer com que a qualidade de vida das pessoas possa aumentar. De acordo com Maffesoli, o cotidiano não pode mais ser considerado como elemento sem importância dentro do contexto social em que vivemos. Os espaços públicos dentro dessa perspectiva devem garantir a “vitalidade urbana” (JACOBS, 2011), já que, se estiverem saudáveis e prezarem pela sustentabilidade, influenciam de maneira positiva na percepção das pessoas em relação a vida urbana, conformando assim cidades mais saudáveis, resilientes e sustentáveis. Em meio a esse contexto é importante reconhecer que as iniciativas com propósitos e intenções transformadoras, modificam a maneira de utilização da cidade (SANSÃO FONTES, 2013). Observar a dinâmica da cidade é reconhecer as necessidades cotidianas dos seus moradores, além de compreender que “a vida cotidiana pode ser considerada uma obra de arte.” (MAFFESOLI, 2005, p. 12)

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A REPRESENTAÇÃO FEMININA: O PASSADO EM CONSTRUÇÃO E O FUTURO EM SUSPENSO Joana Luisa Krupp - Universidade Federal de Pelotas

Este artigo, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas, tem por objetivo traçar um paralelo entre a sociedade alemã sob o domínio nazista e a contemporaneidade, discutindo o papel desempenhado pela mulher a partir de reflexões sobre a representação feminina na mídia e na política com base no pensamento do filólogo Victor Klemperer (2009), da filósofa Hannah Arendt (2012), passando por uma breve discussão sobre as políticas públicas e o poder do Estado sobre o corpo feminino através das reflexões da professora e escritora Silvia Federici (2017). Além disso, buscamos apresentar alguns dados sobre as mulheres como chefes de Estado no mundo, a partir da década de 2010, focando na política brasileira que teve sua primeira mulher no poder neste mesmo ano. Complementamos o tópico com reflexões sobre o cenário atual da política mundial e o crescimento da extrema direita.

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R$1,99: UMA ABORDAGEM SOBRE O VALOR DAS COISAS A PARTIR DA ARTE E DAS NARRATIVAS Joana Schneider - Universidade Federal de Pelotas Helene Gomes Sacco - Universidade Federal de Pelotas

A pesquisa R$1,99: uma abordagem sobre o Valor das Coisas a partir da Arte e das Narrativas está em fase inicial e vem sendo desenvolvida junto ao Programa de PósGraduação em Artes Visuais, na linha Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano, da Universidade Federal de Pelotas. Neste trabalho, será apresentado o projeto artístico Não vale nem R$1,99, experimentado embrionariamente em 2015 e que recentemente foi retomado para fomentar as discussões desenvolvidas no mestrado. Será dado enfoque aos aspectos metodológicos do projeto de pesquisa em arte e aos resultados obtidos na experiência piloto deste projeto artístico, visto que estes resultados foram fato gerador das questões que serão desenvolvidas nos próximos anos de trabalho. Tendo como referência as lojas de R$1,99 - que foram muito populares no Brasil na década de 90 e eram conhecidas como lojas de produtos diversos e de baixa qualidade – este projeto artístico procura resgatar o valor R$1,99 e seu significado popular pejorativo para, a partir da compra de objetos e da produção de narrativas, questionar qual é de fato o valor das coisas na nossa sociedade. Da contradição entre valor monetário - da compra - e valor subjetivo - da narrativa – resulta uma problematização sobre o próprio conceito de valor. Neste sentido, o trabalho Menos-valia [leilão], da artista Rosângela Rennó, vem em auxílio para esta pesquisa, tanto nas questões de atribuição de valor aos objetos, como em seus aspectos metodológicos. Quanto vale um objeto e como este valor é agregado é a questão norteadora desta pesquisa poético teórica.

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EXPERIMENTAÇÕES FOTOGRÁFICAS DE PESQUISA EM ARTES VISUAIS Kathleen Oliveira de Avila - Universidade federal de Pelotas Cláudio Tarouco de Azevedo - Universidade federal de Pelotas

Este resumo visa expor um recorte da pesquisa em curso no Programa de Pósgraduação em Artes Visuais - PPGAV/UFPel que está vinculada à linha “Educação em Artes e Processos de Formação Estética”, concentração em “arte contemporânea”. Com o objetivo de investigar questões acerca dos processos de criação poética em fotografia expandida (FERNANDES JUNIOR, 2006), este trecho apresentado desdobrou-se em dois vetores. Primeiramente realizou-se um levantamento da minha trajetória acadêmica na graduação e na pós-graduação, resgatando a relação com o campo fotográfico; seguindo discorro sobre as semelhanças e as singularidades encontradas nas produções de Rochele Zandavalli, Caroline Vallansi, Magda Rebello e Aline Brant, equiparando com a minha produção artística, em especial, com a série estreLar. Atualmente encontro-me no processo de criação artística mediada por influências das artistas contemporâneas citadas anteriormente. Tanto elas como eu nos movimentamos de uma mestiçagem técnica, de experimentação e de ressignificação por meio da fotografia expandida. Cabe ainda salientar que como integrante do Grupo de Pesquisa Arte, ecologia e saúde (UFPel/CNPq) e do Grupo do Projeto de Pesquisa Arte e Natureza: proliferações (CA-UFPel) sigo fomentando meu transcurso poético e criativo na construção da pesquisa.

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COISAS BOBAS: POÉTICA CONTEMPORÂNEA Luana E. Arrieche - Universidade Federal de Pelotas Eleonora Campos da Motta Santos - Universidade Federal de Pelotas Rosângela Fachel - Universidade Federal de Pelotas

Coisas Bobas é uma produção audiovisual resultante de meu processo de pesquisa e criação intitulado POÉTICAS VISUAIS: VIDEODANÇA PERFORMATIVIDADE FEMININA, em desenvolvimento no Mestrado em Artes Visuais do PPGAVI, UFPel. Dedicado à memória de minha mãe, Alba C. Echevenguá Arrieche, o vídeo apresenta uma bricolagem de fotografias editadas em alternância. Fotos de escritos de minha mãe em seus diários - que revelam a forma como ela utilizava a escrita de si como técnica de auto-reflexão; e fotos minhas criadas a partir da reverberação da leitura de seus textos. A montagem é acompanhada por minha voz em off na leitura de uma carta que escrevi para ela: “Mãe, mais uma vez irás fazer parte de minhas “coisas bobas”!!”. Nessa obra imbrico então as escritas de si: de minha mãe e minha, como um processo de criação, que é também de cura e de despertar e subjetivar experiências. Para McLaren (2016), em diálogo com Foucault, a escrita de si é uma prática que proporciona a constituição ativa do eu, proporcionando aos indivíduos o movimento de transformar e conhecer a si, no intuito de alcançar um estado de perfeição. Ao escrever, o indivíduo se posiciona de forma ambivalente, pois assim como objetifica o sujeito, também, atua na sua própria autoconstrução (McLAREN, 2016). Desta forma, Coisas Bobas é uma investigação poética acerca dos discursos femininos que me atravessam e a respeito da performatividade de gênero (BUTLER, 1990), que reitera heteronormatividades.

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O ACASO COMO PRINCÍPIO DO MOVIMENTO NA CONSTRUÇÃO DO CORPO EXTRACOTIDIANO Lucas Ribeiro Galho - Universidade Federal de Pelotas Eduarda Azevedo Gonçalves - Universidade Federal de Pelotas

O presente trabalho tem por objetivo pensar as relações corpo/movimento, a partir de uma performance intitulada Projeto P – ou sobre as ondas que batem e voltam sobre a rocha, realizada em novembro de 2018 no Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas. Partindo da noção de corpo extracotidiano desenvolvida por Eugênio Barba (2012), a referida performance utiliza a tinta como ferramenta para estimular uma outra percepção corporal que fuja do habitual, desvinculando o pensamento como princípio motivador do movimento dando lugar ao acaso como propulsor da cinesia. Pensar no corpo como uma totalidade, integrando o aspecto físico e intelectual do ser humano é um dos caminhos mais utilizados no treinamento do performer contemporâneo. De acordo com Azevedo (2008), é desenvolvendo essa totalidade que o performer se capacita para pensar relações possíveis entre corpo e memória, corpo e imaginação e corpo e emoção. Se o corpo é memória e se constitui pelas experiências vividas e pelo conhecimento empírico adquirido através da bagagem construída por meio dos afetos e vivências, a performance realizada se configura, portanto, como um pequeno passo para a construção de um caminho de tijolos amarelos que poderão, ou não, me levar à descoberta de possíveis vias para a construção de um corpo extracotidiano, potente e rico em possibilidades de comunicação.

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FOTOGRAFIA, VÍDEO E MICROAÇÕES-ECO-ARTÍSTICAS COMO MEIOS PARA COMPARTILHAR A EXPERIÊNCIA SENSÍVEL Mara Regina da Silva Nunes - Universidade Federal de Pelotas Alice Jean Monsell - Universidade Federal de Pelotas

A pesquisa Balneário dos Prazeres: Fotografia e Vídeo na Conservação Ambiental, realizada no Mestrado em Artes Visuais da UFPel, objetiva abordar a fotografia e o vídeo como meios artísticos para desenvolver experiências sensíveis que podem levar a uma consciência sobre a conservação ambiental no entorno da comunidade do Balneário dos Prazeres, Praia do Laranjal, Pelotas – RS, às margens da Lagoa dos Patos. Entre os aportes teóricos estudados são: Felix Guattari, Nelson Brissac Peixoto, Frans Krajcberg, Philippe Dubois e Karina Dias. As ações individuais e coletivas propostas e seu registro em fotografias e vídeos cultivam a inter-relação entre Mara Nunes e a comunidade do Balneário dos Prazeres durante pequenas ações compartilhadas que revelam a degradação ambiental por meio de atos de plantar árvores ou caminhar na mata, os quais são microações-eco-artísticas, que envolvem a colaboração de uma criança e seus pais no processo e na captação e edição das imagens do vídeo. O processo colaborativo sensibiliza as pessoas em relação à destruição da mata e ao descarte impróprio no Balneário dos Prazeres e, posteriormente, a projeção do video pode alcaçar outros públicos, mostrando a realidade da degradação ambiental do lugar. A fotografia é outro meio poético para compartilhar o que percebo e registro na mata durante as caminhadas, como a erosão na beira da Lagoa e a queima dos troncos de árvores no Laranjal. Em outros trabalhos fotográficos, reordeno e congelo materiais descartados que foram coletados. Assim, a fotografia e as percepções videografadas dos colaboradores se tornam meios poéticos que podem levar a uma maior consciência ecológica do Balneario dos Prazeres.

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O TARÔ COMO LINGUAGEM: CONCEITOS E NARRATIVAS Mirna Xavier Gonçalves - Universidade Federal de Pelotas Nádia da Cruz Senna - Universidade Federal de Pelotas

O presente trabalho observa os processos de significação através dos baralhos de tarô – objeto da cultura popular brasileira consistente em 78 cartas de viés altamente simbólico e que visa, entre diversas funções, uma releitura da realidade daquele que o lê – voltando seu interesse especialmente às questões que podem contribuir para um olhar à poética visual de artistas visuais contemporâneos, trazendo também as narrativas incutidas nestes baralhos para a atmosfera cotidiana, provendo possibilidades para uma sensibilização da engessada vida urbana no século XXI. Através deste estudo, os significados das cartas de tarô poderão fazer reverberar sua potência narrativa, mitológica, iconológica e simbólica para contribuir – junto com a arte contemporânea – para um deslocar de pontos de vista sobre cotidiano.

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PRECIPITAÇÃO, A DIMENSÃO AMBIENTAL DA ESCULTURA NO TEMPO Pedro de Freitas Pereira Paiva - Universidade Federal de Pelotas Gabriela Kremer da Motta - Universidade Federal de Pelotas

Este texto pretende tratar dos desenvolvimentos da pesquisa que venho conduzindo em vínculo com o Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, sob orientação da Professora Drª Gabriela Kremer da Motta, pela linha de pesquisa Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano. Tratando-se de uma investigação em Poéticas Visuais dedicada aos processos de produção artística, aqui apresento um recorte da pesquisa buscando discutir o conceito de entropia e seus desdobramentos no campo da arte, parte fundamental do projeto que venho desenvolvendo e de minha produção como um todo que se embasa nos movimentos da matéria em situação de impermanência. Dessa maneira, desenvolvo aqui uma investigação baseada na série de trabalhos intitulada Precipitação, que venho desenvolvendo desde 2014, constituídas por operações de liquefação e cristalização, onde o sal, material base destes trabalhos, atravessa situações de impermanência matéria em contato com o ambiente Assim, me dedicarei nesse texto a uma revisão do conceito de entropia e suas replicâncias no campo da arte, tendo como aporte para essa discussão, os conceitos de tempo e memória em Henri Bergson, bem como a produção ode Robert Smithson e Hans Haacke para compreender a dimensão ambiental como fator da formação da obra de arte.

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ALINHANDO LUGARES E AFETOS: OBJETOS E AÇÕES DE CULTIVO COMO PROPULSIONADORES DE PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Pedro Elias Parente da Silveira - Universidade Federal de Pelotas Eduarda Azevedo Gonçalves - Universidade Federal de Pelotas

Neste texto tecerei algumas considerações sobre o projeto de pesquisa que desenvolvo junto ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFPel, na linha processos de criação e poéticas do cotidiano. Esta pesquisa surge de um olhar e reflexão acerca de objetos e ações utilizados por meu pai e outros moradores da zona rural do município de Piratini-RS, para auxiliar no plantio. Busco pensar a retórica presente nestes objetos onde o improviso é o principal método construtivo empregado, as ações que indicam, e como revelam o contexto onde são criados. Assim, me interessa a partir dos meus procedimentos poéticos e vínculos afetivos direcionar o olhar para estes objetos e invenções ordinárias e reapresentá-los num outro contexto que é o da arte. Assim, ressalto que disserto aqui pelo viés da arte, ou seja, dou enfoque para os aspectos estéticos e processuais que fazem estas ações e objetos se aproximarem de procedimentos artísticos. Outro objetivo desta pesquisa é o desenvolvimento de métodos e formas para abordar contextos diversos, onde me coloco enquanto um artista etnógrafo. Desta maneira, meu olhar para o cotidiano se dá de modo semelhante a artistas como: Allan Kaprow, Robert Smithson, Hélio Oiticica que enxergam na vida, no cotidiano as mais diversas potencialidades de processos de arte. Trago para dar aporte teórico à pesquisa, referenciais como: Francesco Careri, Paola Berenstein, Ricardo Basbaum, Hal Foster, entre outros.

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ENTRE COTIDIANOS: CONVERSAS DE MULHERES, ESCRITA DE SI E AS MATERNIDADES Priscilla Mont-Serrat Pimentel Fernandes - Universidade Federal de Pelotas Ursula Rosa da Silva - Universidade Federal de Pelotas

Pensar em pesquisas como “processos e meios” ainda é um desafio quando nos damos conta do berço das pesquisas científicas. Por isso, na proposta dessa escrita, proponho uma reflexão sobre caminhos metodológicos que valorizem os processos. Para isso partilho da minha atual pesquisa que encontra-se em andamento, e narro sobre as metodologias e os caminhos de pesquisas que foram trilhados até aqui. Ou seja, neste texto exponho parte dos processos e suas formas de organizações abordando sobre: o investigar, a cartografia, a bricolagem, as dúvidas e inquietações. Apresentando possíveis diálogos para lidar com o ato de pesquisar registrando experiências do cotidiano. Esta pesquisa que está em (des)construção, encontra-se vinculada ao Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas (PPGAV/UFPel) e tem por temática as representações das mães dolorosas no Brasil. Acredito que são duas palavraschave tem permitido revisitar esse processo: a escrita de si e os diários de bordo. Então em forma de diálogo proponho essa roda de conversas entre mulheres que também acreditam nos processos de subjetivação como força para seguir pesquisando. Portanto, faço uma costura entre falas e posicionamentos de quatro pesquisadoras, sendo elas: Evaristo Conceição, Marilda de Oliveira, Margaret Mclaren e Bell Hooks. Esse tecer me permite olhar para os “processos e meios” dessa pesquisa em (des)construção e verificar que existe uma fonte de força motriz que é instigada pelos cotidianos e os afetos. Nessa busca percebo que a escrita de si e os diários de bordo podem ser parte(s) do(s) caminho(s) que partilhe(m) sobre o cotidiano e nossos afetos.

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A PERFORMANCE ARTÍSTICA A PARTIR DAS RELAÇÕES COM AS COISAS-MEMÓRIA: ANCESTRALIDADE, AFECTOS E CORPO Tatiana dos Santos Duarte - Universidade Federal de Pelotas Eduarda Azevedo Gonçalves - Universidade Federal de Pelotas

Esta dissertação apresenta a pesquisa em poéticas visuais, evidenciando o processo de criação em performances e suas implicações teóricas. Desenvolvida no Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFPel, revela a criação em performance. Como mote, as memórias e os encontros com a produção artística no campo das artes visuais e das artes do corpo, desenvolve o conceito de coisasmemória que parte de memórias de infância com a avó e mãe da pesquisadora em situações cotidianas. Desenterro e procuro, nas performances Mandiocal; O que é daqui? Processos e Trajetos e Percursos Rurais e Urbanos, as formas de dizer sobre o acontecimento da morte de minha avó. Desamontoo o sufocamento de não conseguir dizer sobre as violências, e como a quantidade de elementos e coisas que as obras Voz e Matéria; Avó e Perfor(mar) fazem afectar-me. E, por fim, desemaranho-me buscando, em Escalda Pés e Tramóia, um fio que seja capaz de guiar e tecer relações potentes sobre o que pesquisei até o momento, dizendo dos apagamentos da ancestralidade da pesquisadora. Para o desenvolvimento das reflexões, evidencia-se as seguintes questões: Como a memória engendram processos e se fazem na criação poética? Que memórias surgem à superfície durante a criação em performance? Evidencia-se os conceitos operacionais e as aproximações com os trabalhos artísticos de Marina Abramovic, Lygia Clark, Kazuo Ohno e Sophie Calle, como também dos teóricos Gilles Deleuze, Félix Guattari, Michel Foucault e Henri Bergson.

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APROPRIAÇÃO DO ARTISTA: ENCONTROS, APROXIMAÇÕES E (RE)SIGNIFICAÇÃO NA CITAÇÃO POLÍTICA-POÉTICA DE CILDO MEIRELES Thiago Ligabue Pinto - Universidade Federal de Pelotas Alice Jean Monsell - Universidade Federal de Pelotas

Esta pesquisa tem foco na poética visual e nos trabalhos produzidos para o projeto de pesquisa da área de Artes Visuais, intitulado Apropriação do Artista: encontros, aproximações e (re)significação na citação política-poética de Cildo Meirelesdo Mestrado em Artes Visuais da UFPel. O projeto visa elaborar duas propostas, a primeira, uma série de desenhos com serigrafia, e a segunda, uma instalação. Estas versam sobre produções que utilizam a apropriação de obras de outros artistas, notando a importância da referência artística do Cildo Meirelles no projeto. Os desdobramentos no processo de criação dos desenhos, que representam espaços privados, fazem emergir questões políticas que desenvolvo para a futura instalação. O projeto possui como base uma série de trabalhos sobre papel desenvolvidos desde 2016que abarcam procedimentos de citacionismo, conceito abordado em Tadeu Chiarellie que é uma das fontes de reflexão para questões sobre a autoria, o autorretrato, a identidade e a referência artística dentro da minha produção. Ainda, neste projeto, busco uma aproximação de duas linhas de trabalho na minha poética que inicialmente não convergem, partindo de uma série de desenhos com serigrafia e chegando a uma instalação com a temática política. Somado a isso, a pesquisa investiga fundamentalmente o conceito de apropriação, tema que continua sendo uma das características principais em minha poética. Meu processo criativo, assim como a pesquisa para o Mestrado se encontram em fase inicial, deste modo apresentarei trabalhos em desenho que fizeram parte de meu Trabalho de Conclusão do Curso do Bacharelado em Artes Visuais da UFPel que são instauradores e complemento deste projeto atual.

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EIXO TEMÁTICO II:

SENSIBILIDADE, CULTURA E MEMÓRIA

Quer reunir trabalhos acerca de matrizes e manifestações culturais, ancestralidades, patrimônios materiais e imateriais, memórias individual e coletiva, entre outras questões identitárias, bem como trabalhos de caráter interdisciplinar, que promovam diálogos entre as artes e outros campos do saber.

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DIA 01 OUTUBRO, TERÇA-FEIRA

SALA 206

8:00

A CRIANÇA E A MORTE: ARTE CEMITERIAL DA INFÂNCIA NO RS

Amanda Basilio Santos Ronaldo Bernardino Colvero

8:15

ESPETÁCULO AMÉRICA UNIDA: COMPREENDENDO O CONTEXTO DE REALIZAÇÃO

8:30

LADRILHOS HIDRÁULICOS EM RELEVO: ORNAMENTOS, HISTÓRIA E ACERVO

Diego Henrique Barboza Reginaldo da Nóbrega Tavares Angela Raffin Pohlmann

8:45

OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA: RESSIGNIFICANDO O LIXO TECNOLÓGICO ATRAVÉS DA ARTE

Giulia Rizzato Angela Raffin Pohlmann Reginaldo da Nóbrega Tavares

9:00

FOTOGRAFIA ABSTRATA: UMA REDUÇÃO DE ELEMENTOS GEOMÉTRICOS NA IMAGEM PELA AMPLIAÇÃO ÓTICA DO OLHAR

Hamilton O. Bittencourt Junior Angela Raffin Pohlmann

9:15

RE-LECTURAS DE LA CIUDAD: LAS PAREDES COMO LIBRO

Jenny González Muñoz

9:30

IDENTIDADE NEGRA: AS DANÇAS DE MATRIZ AFRICANA COMO ASCENSÃO DO AUTO RECONHECIMENTO ÉTNICO

9:45

NOVOS CÓDIGOS PARA LEMBRAR: AS MEMÓRIAS VIRTUALIZADAS

10:00

ARTE E ESPIRITUALIDADE: DIÁLOGOS E ATRAVESSAMENTOS NA PERFORMANCE DE AYRSON HERÁCLITO

Beliza Gonzales Rocha Thiago Silva de Amorim Jesus

Naiane Ribeiro Rosa Thiago Silva de Amorim Jesus Rafael Teixeira Chaves Valdir Morigi Talia Cortes Felipe Bernardes Caldas

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A CRIANÇA E A MORTE: ARTE CEMITERIAL DA INFÂNCIA NO RS Amanda Basilio Santos – Universidade Federal de Pelotas/Universidade Federal do Rio Grande do Sul Ronaldo Bernardino Colvero - Universidade Federal do Pampa

A morte e o enterramento são estágios fundamentais da convivência humana, compartilhados e vividos socialmente, sendo assim ritualizados. Os ritos incluem as ações, assim como a cultura material e visual que são utilizadas para que se deem suas performances. Por exemplo, por meio do batismo, é realizada a inclusão do sujeito na comunidade cristã, sendo um significativo momento de passagem, onde há a purificação do pecado original e o comprometimento dos responsáveis pela formação do sujeito dentro dos preceitos da comunidade cristã. Já por meio do ato funerário se dá a efetiva separação entre os vivos e os mortos, havendo uma presença fulcral da cultura material para compor os ritos desta passagem, amenizando a dor dos vivos e honrando a memória dos mortos. Este trabalho é um recorte da pesquisa em desenvolvimento no Doutorado em Memória Social e Patrimônio Cultural, PPGMP-UFPEL e aqui focamos na discussão sobre memória e luto, por meio da arte funerária dedicada à memória infantil no Rio Grande do Sul, através da análise da iconografia fotográfica do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, focando nos setores modernos (séculos XX e XXI). Por meio dessas fontes buscamos pensar a construção da memória das crianças, estabelecida pelas alegorias funerárias que a família em processo de luto e aceitação da perda constrói para as crianças que perdeu. Deste modo, compreendendo a representação infantil dentro do ambiente cemiterial, temos uma oportunidade de entendimento do papel social da criança, que se altera no tempo, assim como a escultura tumular e a construção da memória social da infância.

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ESPETÁCULO AMÉRICA UNIDA: COMPREENDENDO O CONTEXTO DE REALIZAÇÃO Beliza Gonzales Rocha - Universidade Federal de Pelotas Thiago Silva de Amorim Jesus - Universidade Federal de Pelotas

Este trabalho refere-se aos movimentos iniciais da pesquisa que me proponho a desenvolver no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFPel sob o título provisório de “América Unida: a ideia de diluição de fronteiras que emerge do processo criativo do espetáculo”. Vinculada à Linha de Pesquisa Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano, esta investigação está ligada ao Grupo de Pesquisa OMEGA – Observatório de Memória, Educação, Gesto e Arte, sendo orientada pelo professor Thiago Amorim. A investigação se justifica em manter o diálogo com a temática dos processos de criação, assunto que também desenvolvi no meu trabalho de conclusão de curso na licenciatura em Dança da UFPel, analisando o processo criativo de entre Lo(r)cas tramas, espetáculo de dança dirigido por mim que teve a participação de seis intérpretes-criadoras. Desta forma, busco investigar o universo do espetáculo América Unida, ocupando um lugar diferente da pesquisa anterior, me colocando como investigadora diante deste processo. O Encuentro Internacional de Folclore y Arte Popular América Unida, é origina-se no Uruguai sob a gestão do coreógrafo Gustavo Verno. Ao longo de 14 edições, o evento já reuniu mais de 10 países latinoamericanos em cena, gerando apresentações artísticas e propostas educativas, promovendo o intercâmbio cultural e a valorização do patrimônio cultural imaterial. Detenho-me em voltar o olhar para a criação do espetáculo, pretendendo relacionar a performance à diversidade de corpos e identidades que se mostram presentes dentro desse processo cênico. Diante desta abordagem inicial, objetivo apresentar o projeto de pesquisa e algumas informações referentes à gestão e organização do Encuentro América Unida, bem como o processo de criação do espetáculo.

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LADRILHOS HIDRÁULICOS EM RELEVO: ORNAMENTOS, HISTÓRIA E ACERVO Diego Henrique Barboza - Universidade Federal de Pelotas Reginaldo da Nóbrega Tavares - Universidade Federal de Pelotas Angela Raffin Pohlmann - Universidade Federal de Pelotas

O centro da cidade de Pelotas tem suas calçadas assentadas com ladrilhos hidráulicos em relevo, exibindo uma riqueza de motivos geométricos simbólicos em ornamentos que estão para além de uma época ou cultura específica. Nesse contexto, a pesquisa se desenvolve por meio de um percurso que pensa a história e o simbolismo presente nos ladrilhos hidráulicos, cuja confecção ainda hoje é artesanal. Por meio da análise de seus motivos iconográficos, pensamos a história que os cerca em seu multipluralismo cultural, utilizando ferramentas próprias da arte, em um percurso envolvendo conceitos que permeiam a história da arte e suas interdisciplinaridades, bem como conceitos relativos à filosofia, à estética e à história geral. O resultado é o elo entre os diferentes tempos e percursos históricos, entre linhas que investigam e questionam os rumos estéticos passados e vindouros, culminando em um resultado artístico impresso, a partir da coleta dos ornamentos mais recorrentes e elaborados encontrados nos ladrilhos hidráulicos em relevo na cidade de Pelotas, uma vez que as próprias placas em relevo se revelam matrizes prontas para a reprodução de sua imagem, como na gravura.

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OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA: RESSIGNIFICANDO O LIXO TECNOLÓGICO ATRAVÉS DA ARTE Giulia Rizzato - Universidade Federal de Pelotas Angela Raffin Pohlmann - Universidade Federal de Pelotas Reginaldo da Nóbrega Tavares - Universidade Federal de Pelotas

Obsolescência programada acontece quando um produto lançado no mercado se torna inutilizável em um período de tempo relativamente curto de forma proposital, ou seja, quando empresas lançam mercadorias para que sejam rapidamente descartadas e estimulam o consumidor a comprar novamente. A partir do conceito citado acima e aprofundado no documentário de Cosima Dannoritzer A conspiração da Lâmpada (2010), e acompanhamentos dentro do projeto Gravura Artística e Engenharia Digital: O trabalho de equipe em experiências multidisciplinares, este trabalho pretende apresentar reflexões sobre arte e tecnologia através de algumas produções feitas com objetos eletrônicos obsoletos dentro do grupo de pesquisa, a fim trazer debates sobre ressignificação de lixo tecnológico através da arte, que age, assim, na subversão do processo em curso de "obsolescência programada".

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FOTOGRAFIA ABSTRATA: UMA REDUÇÃO DE ELEMENTOS GEOMÉTRICOS NA IMAGEM PELA AMPLIAÇÃO ÓTICA DO OLHAR Hamilton Oliveira Bittencourt Junior - Universidade Federal de Pelotas Angela Raffin Pohlmann - Universidade Federal de Pelotas

Esse trabalho, desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da UFPEL, aborda um ensaio que se divide pela visão poética do espaço físico e o fazer técnico para capturar imagens "miradas" no ambiente urbano. O viés poético procura uma forma de contemplação da cidade de Pelotas/RS, através do olhar que busca ater-se a um enquadramento mínimo dentro da pluralidade visual da urbe, para isso, fazendo uso da fotografia abstrata geométrica em preto e branco. Na questão do fazer técnico, utiliza-se câmera digital com teleobjetiva zoom, o que possibilita uma ampliação do enquadramento para imagem fotografada. Esse olhar, ampliado em telezoom, procura por uma imagem que tenha potência visual, se utilizando de arestas, ângulos, desenhos de luz e sombra, contraste dos materiais das construções contemporâneas tendo o céu como fundo. Segundo Busselle (1993), essa habilidade para enquadrar e arranjar as formas em uma fotografia é resultado do movimento do fotógrafo que procura pontos de vista que favoreçam a composição que ele busca para a imagem. Esse fazer artístico exige olhar atento, tempo de contemplar o horizonte da cidade, sensibilidade de percepção visual e técnica para conceber as fotografias, tanto na captura quanto na edição das imagens, para traduzir o visível urbano em fotografia abstrata. “Fotos, que em si mesmas nada podem explicar, são convites inesgotáveis à dedução, à especulação e à fantasia” (SONTAG, 2004).

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RE-LECTURAS DE LA CIUDAD: LAS PAREDES COMO LIBRO Jenny González Muñoz - Universidad Pedagógica Experimental Libertador (Venezuela)

En 1996 se estrena la película The Pillow Book, dirigida por Peter Greenaway, inspirada en el libro homónimo de la escritora medieval japonesa Sei Shonagon. Allí se cuenta la vida amorosa de una chica que utiliza su cuerpo como hoja para la escritura de textos de sus amantes, en un intento frenético de encontrar tanto el amante ideal como el escritor ideal. En ese juego ella misma se convierte en pluma, provocando de esa manera un interesante entretejido metafórico construido desde la literatura y el cuerpo, como soporte de memoria (NORA; 1984) En este mismo sentido, el lenguaje como herramienta para perpetuar las memorias, surge en otros espacios, siendo la ciudad, como lugar antropológico (AUGÉ, 1993), capaz de narrar múltiples historias, pudiendo ser observada como un libro cuyas paredes se han convertido en páginas donde los escritos no necesariamente son letras, sino imágenes del entramado urbano. El presente trabajo es una investigación en proceso que pretender realizar una re-lectura de la ciudad a partir del grafiti, desde un análisis del street art que la torna un gran libro que cuenta memorias sociales.

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IDENTIDADE NEGRA: AS DANÇAS DE MATRIZ AFRICANA COMO ASCENSÃO DO AUTO RECONHECIMENTO ÉTNICO Naiane Ribeiro Rosa - Universidade Federal de Pelotas Thiago Silva de Amorim Jesus - Universidade Federal de Pelotas

O presente trabalho, é oriundo de uma reflexão desencadeada durante os anos de formação enquanto acadêmica do Curso de Dança-Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas e do vínculo com o Grupo de Pesquisa Observatório de Memória, Educação, Gesto e Arte - OMEGA, da Universidade Federal de Pelotas,em parceria com o Núcleo de Folclore da UFPel - NUFOLK. A escrita, tem como objetivo abordar alguns temas contemporâneos que perpassam o ser/corpo durante minha trajetória, desenvolvendo esta compreensão a partir do meu lugar enquanto mulher, negra, professora e artista. Apesar de compreender o espaço universitário como fomentador de pesquisas relacionadas às questões étnicas, também percebo alguns pontos de opressão para com os mesmos debates. Neste sentido, percebo como necessário, algumas discussões sobre os temas norteadores de algumas pesquisas, nas quais desenvolvi durante minha carreira acadêmica, onde entre eles, encontra-se uma ampla compreensão sobre o conceito de Identidade e mais especificamente Identidade Étnica Negra, sendo assim, pautados juntamente da relação com as Danças de Matriz Africana, temas dissertados neste artigo. Dessa forma, destaco o termo e a concepção de Identidade como exemplo fidedigno de tal compreensão sobre ‘estar’, uma vez que não a concebo mediante a perspectiva de “trocas de Identidade” e, sim, processos identitários aos quais nossas vivências e experiências nos instigam a passar, fazendo-nos pensar sobre redescobrimentos e reafirmações. Entendo que a (re)afirmação de nossa Identidade, naturalmente torna-se mais aceitável e entendível, apoiamo-nos em algo; por exemplo, os diálogos sobre questões étnicas, as experiências que vivemos ao passar de nossa vida, as pessoas que conhecemos, o que mudamos neste mesmo passar; enquanto cidadão, enquanto profissional e etc., Para este melhor entendimento e também abordagem, pretende-se dialogar as ideias com os autores Bauman (2004), Silva & Soares (2011), Munanga (2003), Hall (2015) e Coelho (2014), entre outros autores que fazem uma contextualização sobre tal pesquisa.

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NOVOS CÓDIGOS PARA LEMBRAR: AS MEMÓRIAS VIRTUALIZADAS Rafael Teixeira Chaves - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Valdir Morigi - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Reflete sobre os novos códigos e as memórias virtualizadas a partir de diferentes perspectivas teóricas contemporâneas como a cultura da convergência, o efêmero e a instantaneidade do cotidiano, as interações mediadas por imagens, a memória na era da reconexão e do esquecimento e o processo rememoração em rede. O estudo analisa o ThrowBack (representado pela hashtag #TBT), signo consiste em publicar uma imagem antiga nas redes sociais às quintas-feiras, especificamente no Instagram. A tag é utilizada como código para qualquer imagem antiga, independentemente do dia da semana a que se publica. Os instagramers, usuários da rede social, ao utilizarem a #tbt, modificam o modo de compartilhar fotografias, alterando as percepções de tempo e de espaço do sujeito a olhares, percepções e subjetividade. A pesquisa analisa as memórias virtualizadas como potenciais um fenômeno multifacetado e coletivo da construção da memória, pois são os novos formatos de retroalimentação e abastecimento do presente e do passado. Nesse cenário, vivemos cercados por todos os lados, de grupos virtuais, onde o passado adquire importância capital como reconfiguração do presente cada vez mais efêmero e acelerado, mediado por imagens e seus códigos. Assim, o espaço virtual possibilita e estimula a criação de comunidades que interagem entre elas através dos compartilhamentos dos conteúdos informativos entre os quais as suas memórias seletivas, uma forma de rememorar e combater o passado e esquecimento. A memória se reconfigura como forma de atualização do presente.

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ARTE E ESPIRITUALIDADE: DIÁLOGOS E ATRAVESSAMENTOS NA PERFORMANCE DE AYRSON HERÁCLITO Talia Cortes - Universidade Federal de Pelotas Felipe Bernardes Caldas - Universidade Federal de Pelotas

Este é um recorte do trabalho em desenvolvimento de conclusão de curso em Artes Visuais – Licenciatura. Como sujeito de pesquisa a relação da arte com a espiritualidade e como objeto a cultura afro-brasileira. Possuindo como instrumento a obra de Ayrson Heráclito (1968) que compõe o atravessamento da arte e espiritualidade afro-brasileira. Por meio de crenças e cultos, boa parte do contexto histórico da arte desenvolveu a contextualização e interação da espiritualidade de cada sociedade e época. No qual, considero um estudo a ser aprofundado no futuro, numa perspectiva sociológica, aprofundar o espiritual na arte nas sociedades contemporâneas, constitui um espaço privilegiado para se poder conhecer melhor a realidade que nos circunda (MARIVOET. 2016, pág. 65). Desta maneira, o estudo provoca o reconhecimento da espiritualidade na arte, como comunicadora e ponte entre as realidades; oportunizando ao ser consciente a relação entre os mundos. Logo, será́ feita uma analise considerando que a “arte é uma manifestação, um registro e uma celebração da vida de uma civilização” (DEWEY, 1934, p.551). Assim permeio a discussão sobre arte e vida, com o pensamento de Allan Kaprow(19272006), e arte como experiência de Jonh Dewey (1859-1952) a partir da performance ‘Buruburu’ de Ayrson Heráclito em 2016.

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EIXO TEMÁTICO III:

TRANSMÍDIA, MULTIMEIOS E HIBRIDIZAÇÕES

Visa a refletir sobre as relações entre a produção artística e as tecnologias contemporâneas, sobre a articulação entre a produção poética e a utilização de mídias digitais, redes sociais, inteligência artificial, métodos e suportes híbridos, dispositivos de realidade ampliada, ambientes interativos etc., bem como suas implicações ético-estéticas.

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DIA 02 OUTUBRO, QUARTA-FEIRA

SALA 207

8:00

PASSO DOS NEGROS: UMA NARRATIVA TRANSMÍDIA MULTIPLATAFORMA QUE ENVOLVE ESCRITA, ARTE, DESIGN E ATIVISMO

Ana Paula Siga Langone

8:15

ARTE DIGITAL FEMINISTA: UM MAPEAMENTO DO ATIVISMO VIRTUAL

Camila Porto Burguêz Felipe Merker Castellani

8:30

PIA(DOR): VIDEOARTE EXPERIMENTAL SOBRE TECNOLOGIAS DO IMAGINÁRIO E NARRATIVAS DE SI

Dhara Fernanda N. Carrara Cláudia Mariza M. Brandão

8:45

GLITCHES FANTASMAGÓRICOS: DESENHO A PARTIR DOS ERROS DE COMPUTADOR

Isadora Cristina B. Rodrigues

9:00

LEITE MOÇA EM ART NOUVEAU: UM ESTUDO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DEILUSTRAÇÕES

Márcio de Moraes Vetromila Angela Raffin Pohlmann

9:15

DATA /< - MINERAÇÃO DE DADOS INFLUENTES NO AUDIOVISUAL AO VIVO

Wagner de Souza Antonio Reinilda Minuzzi

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PASSO DOS NEGROS: UMA NARRATIVA TRANSMÍDIA MULTIPLATAFORMA QUE ENVOLVE ESCRITA, ARTE, DESIGN E ATIVISMO Ana Paula Siga Langone - Universidade Federal de Pelotas Rosângela Fachel - Universidade Federal de Pelotas

O Passo dos Negros em Pelotas, RS, foi a porta de entrada para o início da cidade e é hoje um cenário composto por camadas de ruídos e memórias remanescentes do sistema escravista e do posterior trabalho assalariado no engenho de arroz, ali instalado e depois desativado. As convergências desses fatos conectados às habilidades de sobrevivência das pessoas que, desempregadas pelo fechamento do engenho criaram novas formas de trabalho, emolduram a paisagem de campo-cidade contemporânea. Região que vem sendo objeto de uma acelerada gentrificação e de um sintomático processo apagamento dessas histórias. Com o intuito de dar visibilidade a história do espaço estou criando uma narrativa poética transmídia multiplataforma (JENKINS, 2006) e buscando selecionar e utilizar o que as mídias e as plataformas virtuais e analógicas têm de melhor a oferecer. A narrativa é construída por meio de minha de escre(vivência), conceito apropriado de escritora Conceição Evaristo (2009), resultante de minhas experiências com o lugar e com as pessoas. A este conceito agrego a palavra arte criando um neologismo que apresenta não só minha escrita, mas também meu processo criativo enquanto artista designerartesã e mulher negra: “Artescrevivências”. Minha performance ativista dá origem a objetos de design e arte que estão sendo compartilhados em diferentes meios e que revelam a história dos historicamente silenciados no Passo dos Negros.

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ARTE DIGITAL FEMINISTA: UM MAPEAMENTO DO ATIVISMO VIRTUAL Camila Porto Burguêz - Universidade Federal de Pelotas Felipe Merker Castellani - Universidade Federal de Pelotas

Este trabalho objetiva realizar um mapeamento de obras feministas na internet e nas mídias sociais como parte da pesquisa de mestrado, em andamento, da autora. Como aponta SILVA (2017), já podemos encontrar nas redes sociais movimentos sociais que buscam escapes do espaço de controle virtual, procurando assim novos meios de comunicação alternativa. Nesse sentido, lançamos mão aqui dos estudos feministas como forma de alicerçar a necessidade latente, que vem sendo cada vez mais presente, de ocupar espaços de contestação nas redes sociais (BEIGUELMAN, 20112012). Utilizamos como principal fundamentação teórica os textos de BEAUVOIR (1970), FRIEDAN (1971) e WOLF (1992) que guiam esta pesquisa em termos de feminismo e visam apontar os problemas da realidade da mulher, as origens de sua opressão e o funcionamento do sistema capitalista e patriarcal como um todo. Por fim, buscamos coletar dados e analisar as obras em questão, utilizando NOGUEIRA (2017) como principal embasamento da metodologia feminista em arte.

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PIA(DOR): VIDEOARTE EXPERIMENTAL SOBRE TECNOLOGIAS DO IMAGINÁRIO E NARRATIVAS DE SI Dhara Fernanda Nunes Carrara - Universidade Federal de Pelotas Cláudia Mariza Mattos Brandão - Universidade Federal de Pelotas

Este trabalho é resultado de uma ramificação da pesquisa que está em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação Mestrado em Artes Visuais, do Centro de Artes, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), na linha de Educação em Artes e Processos de Formação Estética, cujo tema foca nas inter-relações entre arte/educação e tecnologias. A referida proposta visa explorar o uso das tecnologias contemporâneas em consonância com os preceitos da educação estética e dos processos de criação poética, com foco nas implicações ético-estéticas. O intuito deste texto é o de apresentar o processo de criação artística que resultou no videoarte experimental intitulado Pia(dor), apresentando uma análise das etapas de produção, técnicas, resultado final e dos atravessamentos envolvidos, assim como questões referentes à potência simbólica do imaginário, as narrativas de si e as “tecnologias do imaginário” (SILVA, 2003), estabelecendo relações entre o processo de criação artística e as tecnologias contemporâneas, assim como as mídias digitais. A sua base teórica está estruturada em Gilbert Durand (2000), no que diz respeito ao imaginário; no conceito de foto-graphia e sua ênfase retórica (BRANDÃO, 2012); e Arlindo Machado (1997) no que tange ao processo de significação da videoarte, de estratégias e perspectivas próprias. Dessa maneira, este estudo também implica em refletir sobre a produção, tanto processo como resultado, de linguagens em multimeios, transmídia e hibridização.

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GLITCHES FANTASMAGÓRICOS: DESENHO A PARTIR DOS ERROS DE COMPUTADOR Isadora Cristina Bortolossi Rodrigues - Universidade Federal de Pelotas

Este texto apresenta um resumo do que tenho desenvolvido até o momento em minha pesquisa poética que se encontra em andamento no Mestrado em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas, dentro da linha de pesquisa de Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano. Trazendo os relacionamentos mediados pela Internet, que se dão pelas redes sociais ou aplicativos de mensagens instantâneas, e suas características como temática para uma série de obras, procuro um método para versar visualmente a respeito da distância, o vazio e a ausência do corpo. O conceito filosófico Unheimlich também é utilizado como lente para observar estes relacionamentos, trazendo a ideia de fantasma aos trabalhos que desenvolvo em ilustração digital, que empregam o desenho e a glitch art, processos que se baseiam nos erros de computador para fins estéticos, para ponderar assim estes processos como coautores destas obras.

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LEITE MOÇA EM ART NOUVEAU: UM ESTUDO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE ILUSTRAÇÕES Márcio de Moraes Vetromila - Universidade Federal de Pelotas Angela Raffin Pohlmann - Universidade Federal de Pelotas

A ilustração, atualmente, é um meio que transita entre movimentos artísticos, podendo ter alguns modismos passageiros, levando em consideração, que todo desenho de ilustrador é um trabalho autoral, provido de estilo próprio e têm finalidades distintas. A ilustração e seus estilos são sempre reinventados por ferramentas novas e novos meios de aplicação da imagem, e as inspirações podem ser das mais variadas. Neste artigo, objetivamos refletir sobre o processo de criação de uma ilustração de publicidade, a partir da influência do movimento Art Nouveau e de um de seus artistas mais influentes, Alphonse Mucha. Alphonse Mucha transitava entre arte, publicidade e design, transitando entre a pintura, o desenho, a escultura, peças de artesanato, desenho de joias e projeto de decoração de interiores. (UlMER, 2006). O movimento Art Nouveau surgiu na França, cujo nome estava ligado à Maison de I’Art Nouveau, loja inaugurada em 1895 (STEPHEN, 2010). Neste período, este movimento estava entrelaçado com o mercado e publicidade. Não é nossa intenção ressuscitar o movimento artístico o trabalho é o resultado da pesquisa que se desenvolve no PPGAV da UFPel. Assim, o artigo pretende apresentar uma releitura de estilo artístico, na produção de uma ilustração ligada às técnicas de “fã arte”. Como metodologia, criamos uma publicidade da marca Leite Moça ao estilo Art Nouveau, usando de características mais marcantes do trabalho de Alphonse Mucha deste período, levando em consideração a composição, o uso de arte linear, a exaltação da figura feminina, os mecanismos visuais, e os simbolismos.

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DATA /< - MINERAÇÃO DE DADOS INFLUENTES NO AUDIOVISUAL AO VIVO Wagner de Souza Antonio - Universidade Federal de Santa Maria Reinilda Minuzzi - Universidade Federal de Santa Maria

O presente artigo tem por finalidade mapear os processos de apropriação de mídias em banco de dados, variáveis generativas presente na série audiovisual DATA/<. Fragmentada pela performance em rede, imagética e textual, possível pela ação de uma estética de erro, o Datamosh, a série força uma narrativa derivada da captação de hashtags, junto a unidade “tweet”, na rede social Twitter, apropriada através da interface de programações de aplicações (API). Obtendo como resultado preliminar dessa estética videográfica, a videoinstalação “DATA/< Um dia de (‘Trabalho’)” em exposição na Sala Cláudio Carriconde da UFSM em maio de 2019. Observado pelo viés da arte e tecnologia, a experiência artística dialoga com a formação de redes e novas mídias, através do pensamento dos pesquisadores Lúcia Santaella (2010) e Lev Manovich (2001). Quanto às questões videográficas a qual se aplica, busca-se nos pesquisadores Arlindo Machado (1997), André Parente (2007) e Gilles Deleuze (1985) as bases e reflexões inerentes a essa poética, principalmente no que diz respeito a imagem em movimento. Dessa proposta artística em desenvolvimento, derivada e propositiva das novas mídias, surgem questões a respeito do fluxo comunicacional, do residual das emoções e sentidos compartilhados.

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EIXO TEMÁTICO IV:

OLHARES OUTROS, REPRESENTATIVIDADE E PERTENCIMENTO Busca reunir pesquisas que discutam, analisem, reflitam e façam proposições sobre questões referentes à inclusão e à acessibilidade artística, arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental de artistas e espectadores com diferentes capacidades (sensoriais, físicas, cognitivas, múltiplas), de modo a permitir e fomentar diferentes e múltiplas possibilidades acesso à criação e à fruição;

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DIA 02 OUTUBRO, QUARTA-FEIRA

SALA 207

10:30

A NEGRA: IDENTIDADE RACIAL ATRAVÉS DA REPRESENTAÇÃO PICTÓRICA DO CORPO NEGRO NO MODERNISMO BRASILEIRO

Alan Caetano Cândido Felipe Fernandes Caldas

10:45

GIRLS ARTIST GANG: REFLEXÕES ACERCA DE UMA COMUNIDADE DIGITAL VOLTADA A ARTISTAS MULHERES

Bianca Mörschbächer Lúcia B. Costa Weymar

11:00

NEM UM KILO A MENOS: ENTRE AS MÍDIAS DIGITAIS E ARTE CONTEMPORÂNEA – POÉTICAS VISUAIS DO ATIVISMO GORDO

Cesar Augusto Couto B. Jr. Rosangela Fachel

11:15

ASPECTOS E CAMINHOS DO PROJETO DE DISSERTAÇÃO INTITULADO “A REPRESENTAÇÃO DO CORPO DA MULHER NA PRODUÇÃO DE ARTISTAS MULHERES CONTEMPORÂNEAS”

Tais Dias Galindo

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A NEGRA: IDENTIDADE RACIAL ATRAVÉS DA REPRESENTAÇÃO PICTÓRICA DO CORPO NEGRO NO MODERNISMO BRASILEIRO Alan Caetano Cândido - Universidade Federal de Pelotas Felipe Fernandes Caldas - Universidade Federal de Pelotas

O presente trabalho investiga a representação do corpo negro no modernismo brasileiro. A partir da obra "A Negra" de Tarsila do Amaral (1886-1973) traçamos uma reflexão entre o naturalismo do corpo negro e sua respectiva representação pictórica na primeira metade do século XX. Através deste estudo de caso discutiremos questões ligadas ao fenótipo, objetificação da mulher negra e branqueamento. Que cor a pele negra carrega? Esta negra é realmente negra? Quais seriam as dimensões de fetiche e exotismo projetados sobre o corpo da Negra? Estas são questões que movem esta reflexão. Discutir a representação do corpo negro nas obras pictóricas, especificamente em Tarsila do Amaral, significa refletir, mesmo que parcialmente, sobre o lugar e o papel do negro na historiografia da arte brasileira.

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GIRLS ARTIST GANG: REFLEXÕES ACERCA DE UMA COMUNIDADE DIGITAL VOLTADA A ARTISTAS MULHERES Bianca Mörschbächer - Universidade Federal de Pelotas Lúcia Bergamaschi Costa Weymar - Universidade Federal de Pelotas

No presente artigo relacionado a uma pesquisa maior vinculada ao Programa de PósGraduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas exploramos uma comunidade de artistas mulheres existente na internet denominada “Girls Artist Gang”. Esta comunidade reúne, no ambiente digital, ilustradoras mulheres que se encontram espalhadas pelo país a fim de que possam compartilhar suas produções, de diferentes estilos e técnicas, em um espaço em que se sintam acolhidas e respeitadas o que acaba por incentivar novas produções através de desafios e proposição de temáticas. Em ambientes como este são trocados, dentre outras possibilidades, conhecimentos, materiais de estudo, notícias e dúvidas acerca do mundo artístico. A pesquisa busca, além de explorar de modo mais aprofundado o funcionamento da comunidade em específico, problematizar a presença de artistas no ambiente digital investigando a importância de grupos como este em relação, especialmente, ao fato de serem destinados somente a mulheres. Afinal, são mulheres que buscam se conhecer, se unir e criar um espaço confortável para interagir, se desenvolver enquanto artistas e somar forças para enfrentar as dificuldades de ser, ao mesmo tempo, artista e mulher na contemporaneidade.

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NEM UM KILO A MENOS: ENTRE AS MÍDIAS DIGITAIS E ARTE CONTEMPORÂNEA – POÉTICAS VISUAIS DO ATIVISMO GORDO Cesar Augusto Couto Bittencourt Jr. - Universidade Federal de Pelotas Rosângela Fachel de Medeiros - Universidade Federal de Pelotas

Este projeto de pesquisa partirá da realização de um levantamento de artistas e/ou influencers que abordem os corpo(s) gordo(s) em seus trabalhos, sobretudo, aqueles que expõem o próprio corpo, descobrindo-se sem vergonha de mostrar suas dobras e voltas, como forma de ativismo contra a gordofobia. Analisar as estéticas artísticas utilizadas por esses artistas e/ou Influencers gordos gays na exibição de seus corpos no Instagram. E, ainda, buscar e analisar a presença dos corpos gordos em narrativas artísticas (áudio)visuais eróticas e pornográficas contemporâneas, as quais apesar de ainda marginais, geralmente, replicam modelos corporais hegemônicos. Essa cartografia imagético/visual da exibição/representação do corpo gordo na contemporaneidade será utilizada na discussão e elaboração artística desses repertórios para a criação de uma série de obras de linguagens e técnicas variadas. De observador/espectador/seguidor passo então ao papel de exibidor/produtor/difusor e, em diálogo com esses artistas e produções, utilizo meu corpo e as linguagens artísticas e midiáticas para a configuração de um discurso artístico/ativista gordo gay. E nestas obras, para além das questões políticoafirmativas, quero explorar estética e visualmente as potências do corpo (DELEUZE, 2007) gordo, principalmente, em relação ao sexo e à sexualidade em uma perspectiva póspornô.

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ASPECTOS E CAMINHOS DO PROJETO DE DISSERTAÇÃO INTITULADO “A REPRESENTAÇÃO DO CORPO DA MULHER NA PRODUÇÃO DE ARTISTAS MULHERES CONTEMPORÂNEAS” Tais Dias Galindo - Universidade Federal de Pelotas Nádia da Cruz Senna – Universidade Federal de Pelotas

O presente trabalho explana aspectos e caminhos do projeto da dissertação por hora intitulada “A representação do corpo da mulher na produção de artistas mulheres contemporâneas” já em curso, dentro do programa de pós graduação em artes visuais na linha de pesquisa “Educação em artes e processos de formação estética” na Universidade Federal de Pelotas. A pesquisa discorre sobre a representação do corpo da mulher através de obras produzidas por artistas mulheres na contemporaneidade. O corpo da mulher e sua representação por meio da poética e discursos de mulheres é o tema principal de análise, tangencialmente a visibilidade para essas produções no contemporâneo é um dos objetivos. Outro objetivo de relevância para o desenvolvimento do trabalho é uma contextualização histórica da representação do corpo da mulher em obras produzidas por homens e também transgressoras mulheres ao longo do século XX até chegar ao século XXI. O problema central que norteia a análise é “Como o corpo da mulher é representado em produções contemporâneas de artistas mulheres?”, essa questão surge com o intuito de compreender as singularidades e especificidades dos discursos e poéticas dessas mulheres artistas e como são influenciadas por vivências próprias de seus corpos na sociedade contemporânea. Como processo metodológico uma das primeiras etapas já em curso é a realização de uma seleção de várias obras e sua organização por critérios de análise ainda em aberto. A pesquisa apresenta um caráter inicial e ainda em estágio de coleta de referências artísticas e teóricas para compor a análise a ser desenvolvida. O projeto tem orientação da professora doutora Nádia da Cruz Senna vinculada ao programa de pós graduação (mestrado) de Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas e foi aprovado no segundo semestre do ano de 2019. 72




EIXO TEMÁTICO V:

ARTE-EDUCAÇÃO, AFETIVIDADES E DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES Tem como objetivo abordagens do ensino de arte e processos de formação estética, tanto em espaços formais quanto em não-formais: práticas pedagógicas que fomentam a sensibilidade perceptiva dos indivíduos; análises reflexivas de experiências docentes; proposições de atividades de formação continuada; criação de materiais didáticos ou paradidáticos; experiências de mediação artística em ambientes culturais; atividades vinculadas a projetos de ensino e extensão; a presença da arte no contexto da Educação Popular; e a interdisciplinaridade entre o ensino de arte e outros campos do saber.

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DIA 01 OUTUBRO, TERÇA-FEIRA

SALA 314

8:00

POSSIBILIDADES DE CRIAÇÕES FOTOGRÁFICAS

Adrise Ferreira de Souza Cláudio Tarouco de Azevedo

8:15

PRÁTICAS INTRODUTÓRIAS DE ELETRÔNICA ANALÓGICA: REFLEXÕES SOBRE UMA OFICINA NO ATELIÊ 103

8:30

UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO SOBRE A PESQUISA INTITULADA, FLORESCER: SEMEANDO ARTE EM CORPOS FÉRTEIS

Carolina Martins Portela Carmen Anita Hoffmann Josiane Franken Corrêa

8:45

RELAÇÕES DA CAUSA PELO EFEITO: RECORRENDO A UM EIXO DIFERENTE PARA ENSINAR ARTE ATENDENDO ASSIM A DEMANDA DO CUMPRIMENTO DA LEI 10.639/03 NAS SÉRIES INICIAIS

Geiselaine Pereira Dias Rosemar Gomes Lemos

9:00

RELATOS SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO PARA A ILUMINAÇÃO CÊNICA DOS ESPETÁCULOS DE DANÇA NO AUDITÓRIO DO BLOCO DOIS DO CENTRO DE ARTES

Renan Brião Carmen Anita Hoffmann

9:15

A ESCRITA QUE DANÇA, A DANÇA QUE ESCREVE: OFICINA DE TRANSCRIAÇÃO NA ESCOLA

9:30

EXPERIÊNCIAS DO CORPO NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO: UMA PRÁTICA POÉTICA DA EDUCAÇÃO

9:45

DANÇA NO COMPONENTE CURRICULAR ARTE: PROCESSOS ARTÍSTICO-PEDAGÓGICOS DE UMA LICENCIADA EM DANÇA NA REDE MUNICIPAL DE PELOTAS

Amadeu Heiderich Machado Reginaldo da Nóbrega Tavares Angela Raffin Pohlmann

Taís Chaves Prestes Maria Fonseca Falkembach Tarla Roveré Larissa Patron Chaves

Tauana Oxley Pereira Carmen Anita Hoffmann

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DIA 02 OUTUBRO, QUARTA-FEIRA 8:00

CERÂMICA, PLANTAS E RELAÇÕES AFETIVAS

8:15

ARTE-EDUCAÇÃO EM OFICINAS: UMA EXPERIÊNCIA NA EXTENSÃO

8:30

O LIVRO DE ARTISTA COMO CAMPO DE JOGO

8:45

TEATRO QUEER: O TEATRO COMO INSTRUMENTO DE CONSTRUÇÃO DISCURSIVA NA ESCOLA

9:00

UMA PROPOSTA LÚDICA PARA O ENSINO DE ARTES VISUAIS: POSSIBILIDADES AFETIVAS

9:15

O BRINCAR COMO PRODUÇÃO DE CORPOS PRODUTIVOS PARA CAPITALISMO

9:30

O CORPO, UMA ESCRITA, NOTAS E DISCUSSÕES

9:45

ENSINO E PRÁTICA CURATORIAL: LABORATÓRIO DE CURADORIA DO MUSEU DE ARTE LEOPOLDO GOTUZZO

10:00

CORPOS BRINCANTES: UMA REFLEXÃO SOBRE UMA PRÁTICA POÉTICA

10:15

COFFEE BREAK

10:30

OBRA-AULA: PROCESSOS, PROCEDIMENTOS E CRIAÇÃO DE UMA DOCÊNCIAPASSARINHAR

10:45

PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOCENTE

SALA 314 Berenice KnuthBailfus Cláudia Mariza M. Brandão Helenara Plaszewski Mirela Ribeiro Meira Ítalo Franco Costa Cláudia Mariza M. Brandão Maicon Barbosa Eleonora Santos Rosângela Fachel Mairin Jordane Rutz Cláudio Tarouco de Azevedo Marcos Aurélio Carmo A Eleonora C. Motta Santos Angela Raffin Pohlmann Marta Lizane Bottini S. Ursula Rosa da Silva Renan S. do Espirito Santo Amanda Machado Madruga Lauer Alves Nunes dos Santos Renata Lopes Sopeña Nádia da Cruz Senna

Thiago H. Rodeghiero Carla Gonçalves Rodrigues Ronaldo Luís Campello Ursula Rosa da Silva 78




POSSIBILIDADES DE CRIAÇÕES FOTOGRÁFICAS Adrise Ferreira de Souza - Universidade Federal do Rio Grande do Sul Cláudio Tarouco de Azevedo - Universidade Federal de Pelotas

A fotografia ganha um espaço que fora inimaginável em outrora. De seu surgimento polêmico, talvez não pudesse ser projetada a sua dimensão e seu reflexo na sociedade contemporânea, o que hoje é bem visível, compartilhado e curtido. Fazemos parte do turbilhão de imagens por segundo, atrelada a fácil propagação destas. Essa fugacidade é um dos fatores responsáveis pelo bombardeio de imagens banais que não nos provocam a desacelerar o olhar. Rolamos o mouse e passamos o dedo sobre as telas touchscreen freneticamente em busca de algo que faça sentido. Faz-se urgente a promoção de práticas fotográficas mais conscientes, reflexivas, críticas, que desenvolvam olhares sensíveis. Conforme pontua Bresson, “Quando o apetite visual não é estimulado, a câmera não sobe até meu olho.” (CHÉROUX; JONES 2015, p.97). Despertar este apetite é o grande desafio que nos colocamos enquanto Arte educadores e professores de fotografia. Por isso, é necessária uma educação fotográfica e estética comprometida em ir além do apertar de botão, partindo do âmbito escolar, onde a arte pode elucidar outras perspectivas diante do fazer fotográfico. Uma educação fotográfica deve proporcionar o alargamento de possibilidades, fomentando o olhar dos discentes para outros modos de ver e produzir imagens. Para tal, nosso repertório está embasado na filosofia da diferença, bem como, nos inspiramos nos escritos poéticos de Rubem Alves, Manoel de Barros, Eduardo Galeano para produzir as propostas didáticas.

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PRÁTICAS INTRODUTÓRIAS DE ELETRÔNICA ANALÓGICA: REFLEXÕES SOBRE UMA OFICINA NO ATELIÊ 103 Amadeu Heiderich Machado - Universidade Federal de Pelotas Reginaldo da Nóbrega Tavares - Universidade Federal de Pelotas Angela Raffin Pohlmann - Universidade Federal de Pelotas

Práticas de eletrônica analógica podem ser uma boa introdução ao universo dos circuitos eletrônicos. As oficinas de eletrônica analógica no Ateliê de Arte e Engenharia do Centro de Artes da UFPel, foram ministradas com um modelo metodológico experimental, e fazem parte da pesquisa de caráter multidisciplinar que acontece nesse espaço. Estas atividades propõem a integração de pontos de vista (tradicionalmente apartados na pesquisa acadêmica), e pretende encontrar caminhos de transição entre diferentes áreas do conhecimento. Buscando o potencial criativo que desabrocha tanto da expansão de perspectiva de uma linguagem tecnológica recente, como na expansão das questões que a pesquisa acadêmica, no campo do ensino, das artes e das tecnologias pode explorar (e questionando a construção do conhecimento em nossas instituições), utilizamos como apoio teórico o livro “Práticas em Eletrônica Analógica” (ANDRÉ, 2016). Durante a proposta ocorreram dois encontros, onde estudantes de Música e Artes Visuais tiveram seu primeiro contato com o conhecimento proposto na oficina. O principal objetivo destas oficinas foi buscar formas de construir conexões entre pessoas e conhecimentos, com o intuito de encontrar caminhos, a partir de uma abordagem artística, permeada pelas questões das linguagens tecnológicas, proporcionando novas formas de utilizar tais linguagens.

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CERÂMICA, PLANTAS E RELAÇÕES AFETIVAS Berenice Knuth Bailfus - Universidade Federal de Pelotas Cláudia Mariza Mattos Brandão - Universidade Federal de Pelotas

Este trabalho resulta de pesquisa desenvolvida como Trabalho de Conclusão de Curso em Artes Visuais – Licenciatura, e embasa a pesquisa que está em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação Mestrado em Artes Visuais, do Centro de Artes (CA), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), na linha de Educação em Artes e Processos de Formação Estética. O foco da referida pesquisa foi a relação pessoal da pesquisadora no Projeto de Extensão Mini Jardim, vinculado às disciplinas de Cerâmica do CA, que visa criação de peças de argila e a troca de conhecimentos sobre plantas, valorizando as relações interpessoais no grupo e a prática da desaceleração em relação às imposições do mundo em que vivemos. A proposta relaciona as experiências de vida da pesquisadora com as teorias de Reigota (1999), Guattari (1999), Josso (2004) e Alves (2005), entre outros, para demonstrar o papel das Artes Visuais como recurso para a conscientização ambiental dos sujeitos, contribuindo para a luta pela preservação da natureza pelo viés da arte e da estética. As relações afetivas que permeiam o grupo e as ações desenvolvidas no referido projeto de extensão podem ser estendidas para todos os espaços educacionais, colaborando para pensamentos que não considerem o mundo “separado”, em oposição, civilização versus natureza. O projeto Mini Jardim reconecta os participantes com o círculo da vida, pelo manejo das plantas e o manuseio do barro, e propicia que o olhar fica mais atento e cuidadoso para com o mundo ao redor, questões essas, dentre outras, que serão aprofundadas na dissertação de Mestrado.

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UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO SOBRE A PESQUISA INTITULADA, FLORESCER: SEMEANDO ARTE EM CORPOS FÉRTEIS Carolina Martins Portela - Universidade Federal de Pelotas Carmen Anita Hoffmann - Universidade Federal de Pelotas Josiane Franken Corrêa - Universidade Federal de Pelotas

O trabalho relata o projeto da pesquisa intitulada “Florescer: semeando arte em corpos férteis”, onde o mesmo é vinculado ao PPGAVI/UFPel. A pesquisa objetiva criar um compilado de atividades na área de Artes com ênfase na Dança, através da parceria com o Projeto de Pesquisa “Ensino Contemporâneo de Dança na Educação Básica: pedagogias possíveis”. A parceria se dá a partir das observações das aulas ministradas pelas graduandas do Curso de Dança - Licenciatura da UFPel, que irão colocar em prática no próximo ano o planejamento de atividades de dança que no momento estão organizando através do levantamento bibliográfico, por conteúdos e faixas etárias. A pesquisa tem cunho qualitativo a partir de um estudo de caso, serão estudas as teorias de Barboza (2015), Falkembach (2011), Marques (2012), Strazzacappa (2012), Strazzacappa e Morandi (2006), que conceituam dança na escola e a formação do professor (a) de dança.

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RELAÇÕES DA CAUSA PELO EFEITO: RECORRENDO A UM EIXO DIFERENTE PARA ENSINAR ARTE ATENDENDO ASSIM A DEMANDA DO CUMPRIMENTO DA LEI 10.639/03 NAS SÉRIES INICIAIS Geiselaine Pereira Dias - Universidade Federal de Pelotas Rosemar Gomes Lemos - Universidade Federal de Pelotas

O artigo em questão visa apresentar de forma objetiva o trabalho de conclusão de curso da acadêmica, a partir de suas percepções sobre o ensino de artes para além da usabilidade prosaica que o mesmo está inserido. Como também discorrer sobre os diferentes meios para aplicação do ensino/conhecimento de África nesta mesma disciplina, ou seja, as formas de explorar a arte de maneira a acompanhar as mudanças dos séculos pelo meio tecnológico/audiovisual. Assim adentrando o campo do educador: levando reflexão sobre a importância da história africana para a construção do Brasil, ora, a causa pelo efeito.

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ARTE-EDUCAÇÃO EM OFICINAS: UMA EXPERIÊNCIA NA EXTENSÃO Helenara Plaszewski - Universidade Federal de Pelotas Mirela Ribeiro Meira - Universidade Federal de Pelotas

Versamos aqui sobre um projeto extensionista da UFPel, que objetiva qualificar processos pedagógicos no fazer docente, oportunizando espaços de criação, prazer, descoberta, auto e hétero percepção, a partir de contextos sensíveis e artísticos. É desenvolvido por docentes e discentes com 75 educandas entre 6-12 anos em situação de vulnerabilidade social. Estrutura-se em três momentos interligados: processos formativos, oficinas e avaliação/memórias dos acontecidos. Os envolvidos fruem e interagem com os processos da arte enquanto área de conhecimento, evento configurador de sentidos que proporciona transformações, reavaliação de escolhas e novos olhares para a vida. Nela, o “real” não se deixa apreender, é inseparável da existência, e, ao se aproximar da (des)ordem, dionisíaca, na forma da criação, desnaturaliza o olhar, “bagunça” referências, predispondo à abertura ao mundo (MAFFESOLI, 2004). O processo de convivência com a arte é dialógico, ressignifica o ensinar/aprender. Como resultado, observamos uma compreensão alargada da teoria, da prática, da criação, da arte, e uma formação mais qualificada, atravessada pela sensibilidade. A imersão na arte, em seus processos, tem permitido trans-figurar atos, realidades, posturas, a partir de dados do sensível e do inteligível, constituindo uma Metamorfose Pedagógica (LEMINSKI, 1994). Esta, auto-referente, proporciona a emergência de um espírito criador, crítico, irreverente e incerto, mantendo aberta a possibilidade de transmutação, de meta-morfose, decorrentes do contato com a criação. Esse processo, resgata o prazer da estesia e de um olhar mais humanizador.

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O LIVRO DE ARTISTA COMO CAMPO DE JOGO Ítalo Franco Costa - Universidade Federal de Pelotas Cláudia Mariza Mattos Brandão - Universidade Federal de Pelotas

O texto visa discutir sobre o livro de artista como campo de jogo (GUERVÒS, 2011) na consideração de sua materialidade e confecção, referenciado em Paulo Silveira (2008) e Marcia Regina Souza (2009). O jogo que proporciona trocas de experiências entre seus participantes, aliado às linguagens das artes, é pensado como meio para uma experiência estética (HERMANN, 2015), isto pois através dos modos de encontros humanos com o mundo natural, dos fenômenos ou o dos objetos criados, há a possibilidade de provocar um conhecimento diferenciado, que envolve razão e sensibilidade. Através do jogo, os sujeitos podem ser educados para conquistar sua autonomia, a partir da emancipação do pensamento criador e de suas próprias subjetividades em uma relação de troca com o outro ou consigo mesmo. Isto pois nos inserimos num mundo cada vez mais heteronômico, no qual forças totalitárias buscam a homogeneização do pensamento. Assim sendo, é importante buscar formas de (re)existir através da arte e, nesse sentido, o livro de artista surge também como potente forma de reverberar um pensamento estético autoformador.

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TEATRO QUEER: O TEATRO COMO INSTRUMENTO DE CONSTRUÇÃO DISCURSIVA NA ESCOLA Maicon Barbosa - Universidade Federal de Pelotas Eleonora Santos - Universidade Federal de Pelotas Rosângela Fachel - Universidade Federal de Pelotas

Neste trabalho apresento algumas questões de meu anteprojeto de pesquisa apresentado ao Mestrado em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas. Temas ligados à diversidade sexual me interessam desde a adolescência quando "descobri" minha orientação sexual. E essa questão tornou-se o interesse central de minha atuação enquanto professor e pesquisador. Nesse sentido, meu projeto versa sobre a discussão de questões de gênero e de sexualidade no âmbito escolas, lugar regido por padrões de heteronormatividade, que nega outras sexualidades, e no qual, muitas vezes, as crianças descobrem ao mesmo tempo sua sexualidade e o preconceito.Pois “a ideia é que quanto menos os/as jovens souberem sobre homossexualismo, tanto mais estarão protegidos/as em relação a ele. Ou seja, o não conhecer pode ser preventivo de decisões consideradas não adequadas ou fora da norma”. (LOURO, FELIPE, GOELLNER, 2012, p. 89) Formado em Teatro sempre utilizo a arte cênica como instrumento pedagógico tanto dentro quanto fora do espaço acadêmico. A perspectiva do Teatro Queer surge então para mim como uma possibilidade de promover a abordagem de questões de diversidade de gênero no âmbito escolar. Nessa primeira reflexão foco minha atenção em produções teatrais sobre sexualidade, gênero: Teatro Queer. Luís Antônio – Gabriela (2011); As Travestidas, a partir do qual surgem os espetáculos BRTRANSe Uma flor de dama; pensando-as tanto pela perspectiva estético-narrativo de seus processos de criação quanto por sua potência artísticas para o combate à LGBTfobia.

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UMA PROPOSTA LÚDICA PARA O ENSINO DE ARTES VISUAIS: POSSIBILIDADES AFETIVAS Mairin Jordane Rutz - Universidade Federal de Pelotas Cláudio Tarouco de Azevedo - Universidade Federal de Pelotas

A presente escrita apresenta a investigação inicial vinculada à minha pesquisa como mestranda no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, na Linha de Pesquisa Educação Estética e Ensino da Arte. A pesquisa em processo é um desdobramento da monografia de graduação que versa sobre uma proposta lúdica para o ensino de Artes Visuais e seus impactos na produção de saberes e criação de objetos propositores. Uma das reflexões que pretende-se fazer ao longo da pesquisa permeia a produção de afetos (MEIRA; PILLOTTO, 2010). Nesse sentido, o que podem ser os afetos? Como se produzem afetos em atividades lúdicas para o ensino de Artes Visuais e quais os modos narrativos escritos e visuais podem enunciar os dados a serem analisados?

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O BRINCAR COMO PRODUÇÃO DE CORPOS PRODUTIVOS PARA CAPITALISMO Marcos Aurélio do Carmo Alvarenga - Universidade Federal de Pelotas Eleonora Campos Da Motta Santos - Universidade Federal de Pelotas Angela Raffin Pohlmann - Universidade Federal de Pelotas

Essa pesquisa está em andamento no Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas, e visa analisar as brincadeiras infantis e o corpo como ferramentas de controle social. A investigação pretende verificar como esse corpo se torna objetificado e manipulável dentro da lógica de produção do trabalho no capitalismo, a partir dos conceitos de “valor de uso” e “valor de troca” (MARX, 2013). Todo jogo ou brincadeira apresenta um conjunto de regras, que são construídas dentro do contexto social de cada grupo, sendo essas regras alicerçadas na resolução de problemas imediatos (SPOLIN, 2012). No brincar de “faz de conta”, o indivíduo tem a possibilidade de imaginar e vivenciar uma mimese do cotidiano social, vislumbrando assim possibilidades de interpretar uma atividade que lhes atraía dentro do seu contexto social. Esse ato de brincar assume um papel crucial na formação de homens racionais e produtivos, considerando parâmetros da sociedade capitalista moderna (LEMOS, 2007), compreendendo o brincar como uma “tecnologia política de corpo” (FOUCAULT, 1987).

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RELATOS SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO PARA A ILUMINAÇÃO CÊNICA DOS ESPETÁCULOS DE DANÇA NO AUDITÓRIO DO BLOCO DOIS DO CENTRO DE ARTES Renan Brião - Universidade Federal de Pelotas Carmen Anitta Hoffmann - Universidade Federal de Pelotas

A poética da iluminação cênica se dá através da utilização da luz para criar e modificar o ambiente ou a ações do performer/ator/bailarino/músico, através de fontes elétricas e não elétricas. Assim os lugares podem se transformar através de fontes de luz, se tornando fantásticas, auxiliando para o clímax, e trazendo a emoção para um ápice. Está escrita aborda quatro espetáculos como exemplo: [COM] Fusão com direção de Sidinéia Garcia, Trajeto, trajetórias, Trajetos (IN)DECISÕES com direção de Nayane Lima, Sem Mais Milongas com direção de Cintia Mendes e Para Além de Narnia, direção de Bruna Baes. Os quatro espetáculos ocorreram no ano de 2019 no Auditório do bloco 2 do Centro de Artes e todos faziam parte da disciplina de Montagem de Espetáculo II do Curso de Dança da UFPel. Sendo assim esse trabalho é um relato sobre como foi criado o Mapa de Luz para estes espetáculos, nesse local e com os materiais a disposição. Para a fundamentação deste trabalho trago Simões (2015) que faz um panorama geral sobre a história da iluminação cênica, Pavis (2011) que falam sobre poética da luz em contato com os elementos em cena. Perez (2001) que além de diversos exemplos práticos conta um pouco sobre os diferentes refletores e os cuidados com os equipamentos. Essa escrita tem por objetivo incentivar outros alunos a se tornarem iluminadores, contribuindo com esse aspecto técnico das Artes, pois foi durante o curso de Dança, 2015-2018, que me interessei, pela temática. A iluminação cênica é utilizada pela Dança, Teatro, Música, porém artistas da performance também podem utilizar de técnicas de iluminação para seus trabalhos sendo elas elétricas ou não.

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ENSINO E PRÁTICA CURATORIAL: LABORATÓRIO DE CURADORIA DO MUSEU DE ARTE LEOPOLDO GOTUZZO Renan Silva do Espirito Santo - Universidade Federal de Pelotas Amanda Machado Madruga - Universidade Federal de Pelotas Lauer Alves Nunes dos Santos - Universidade Federal de Pelotas

A curadoria é uma área de atuação que vem ganhando visibilidade e grande importância desde os anos 60, com Harald Szeemann e a figura do curador independente, principalmente dentro das artes visuais. De modo geral, a figura do curador pode ser descrita como o profissional responsável pela definição conceitual entre o espaço, as obras e o público de uma exposição – e isso implica a articulação de inúmeros elementos e atores envolvidos. No Brasil, essa prática pode ser encontrada por volta dos anos 70, ainda que não utilizando-se de termo curador, pelas práticas de Frederico Moraes no Rio de Janeiro (MAM Rio), e em São Paulo por Walter Zanini e Sheila Leirner (Bienal de São Paulo); levantando questionamentos através das estruturas utilizadas na organização de suas exposições e propriciando uma abertura para novas experimentações, fundindo novas linguagens e obras de períodos distintos. O Laboratório de Curadoria do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, portanto, surge a partir da lacuna existente e do reconhecimento de uma demanda de estudos sobre a área dentro dos cursos de artes visuais e museologia da Universidade Federal de Pelotas, na medida em que visa operacionalizar de maneira integrada um importante conhecimento relativo a concepção e realização de exposições que é a prática da curadoria - uma área relativamente recente em termos acadêmicos e que ganha progressiva importância da concepção de exposições e organização de acervos. Ainda que cursos sobre suas práticas (em especial, em programas de pós-graduação) surgem tanto quanto cresce a importância dessa figura dentro do sistema da arte, é necessário dar luz ao ensino da curadoria ainda dentro dos programas de graduação.

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CORPOS BRINCANTES: UMA REFLEXÃO SOBRE UMA PRÁTICA POÉTICA Renata Lopes Sopeña - Universidade Federal de Pelotas Nádia da Cruz Senna - Universidade Federal de Pelotas

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão sobre os processos de desenvolvimento de uma prática poética com o intuito de compreender os diversos aspectos que a envolvem. Estes processos – Processo de Sensibilização e Expressão, Processo Lúdico e Criativo serão analisados no decorrer do artigo com o aporte teórico de Dewey, Larrosa e Duarte Jr. para fundamentar os aspectos de valor formativo nas experiências de vida; Marques, Nhary e Siqueira sobre a relação do corpo com o brincar, o lúdico e a dança; e os autores Luckesi, Brougère e Huizinga para conceituar lúdico, ludicidade e seus desdobramentos. Esta prática poética intitulada O Brincar como disparador no processo criativo teve como objetivo investigar, através da experiência lúdica, a corporeidade de um determinado grupo proporcionando ações, movimentos, brincadeiras que deram origem a uma coreografia que possibilitou criar uma vídeo-dança.

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PROCESSOS DE FORMAÇÃO DOCENTE Ronaldo Luís Campello - Universidade Federal de Pelotas Ursula Rosa da Silva - Universidade Federal de Pelotas

Este trabalho se faz no mestrado em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas – UFPel, surge de um palimpsesto, é uma pesquisa que busca a partir de meu objeto de pesquisa, cartas pessoais; cartografar encontros, acontecimentos, a partir de práticas de escrita e leitura de um grupo de estudantes de um quinto ano do ensino fundamental de uma escola estadual onde este grupo se corresponde com outros, também estudantes. “A correspondência é também um exercício pessoal, ao escrever lemos o que escrevemos, [...] é uma maneira de se manifestar para si e para o outro” (ORRÚ e ANDRADE, 2009). Ao ingressar no referido programa de pós-graduação a o ato de escrita me põe em movimentos de ida e volta, tanto em sua escrita quanto leitura, e aqui faço cartografia, e penso os processos de subjetivação docente que me colocam em movimento, e dos quais busco a partir do uso da escrita me construir, desconstruir e reconstruir, sempre estando em outros lugares, sempre estando em devir... É dos lapsos cruéis de realidade que busco escapar, e na procela herética da palavra-poesia cavalgar tropéis pueris de palavras-cambaleantes tendo abaixo dos véus de meus olhos poeira evento que transcendem em uma artesania, de fazer-ser, aguçar, sentir e buscar alcançar no febril verbo notas dissonantes que escapam em um vir a ser... Desterritorializando processos micropolíticos impulsionando um corpo que oscila em uma palavra-poesia, um professorado e um estado de arte. Um cuidado de si talvez? Um fazer-ser professor-pesquisador-poeta-andarilho, que anda as margens de uma educação maior.

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A ESCRITA QUE DANÇA, A DANÇA QUE ESCREVE: OFICINA DE TRANSCRIAÇÃO NA ESCOLA Taís Chaves Prestes - Universidade Federal de Pelotas Maria Fonseca Falkembach - Universidade Federal de Pelotas

Este estudo tem o intuito de realizar uma investigação acerca do tema Transcriação (CAMPOS, 2006) e de que modo este termo produz diferença no espaço da sala de aula quando proposto uma oficina de movimento e escrita. Para tanto, uma profª de Dança da rede pública de ensino, busca demonstrar a relevância de uma maneira de ler e escrever por meio do processo criativo em dança. Para realizar esta trama foram articuladas esferas do saber como: Educação, Dança e Literatura, enquanto para analisarmos tal atividade, posteriormente, foram utilizados os estudos da Filosofia da diferença considerando referenciais como Deleuze e Guattari (1996). Focalizamos neste contexto, portanto, uma oficina artística com crianças de uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola estadual da cidade de Pelotas-RS, no segundo semestre ano de 2019. A atividade pedagógica teve como subsídio uma sequência de tarefas esquematizadas pela docente como: meditação, vídeos de animações, leituras de poemas, propostas de movimentos livres ao som de músicas instrumentais entre outros, com o intuito potencializar escritas posteriores à sequência de movimentos. Um mural artístico produzido pelos alunos intitulado “A escrita que dança- a dança que escreve” foi orientado desde as palavras transformadas.

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EXPERIÊNCIAS DO CORPO NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO: UMA PRÁTICA POÉTICA DA EDUCAÇÃO Tarla Roveré - Universidade Federal de Pelotas Larissa Patron Chaves - Universidade Federal de Pelotas

Esta pesquisa propõe uma reflexão sobre o corpo e sua construção no espaço da instituição de ensino formadora de arte-educadores. Trata-se de um recorte do trabalho desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas e objetiva investigar os afetos que ocorrem entre a instituição de ensino superior e o corpo, e a potência da arte como propulsora de experiências que despertem uma consciência crítica para o futuro arte-educador no espaço institucional de formação. Este estudo parte de uma experiência realizada no meu estágio durante a graduação em Artes Visuais Licenciatura, na qual realizo proposições de fotoperformances com os educandos e percebo, nas imagens, afetos curiosos que se estabelecem e perpassam o corpo do sujeito. A partir disso, procuro em Foucault, Deleuze, Guattari, Le Breton e demais autores, como se dá a construção do corpo durante o percurso educacional para, assim, experienciar com o eu corpo meu espaço de formação e propor à futuros arte-educadores, experiências poéticas, que instiguem a criticidade e percepção sobre o corpo na instituição de ensino.

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DANÇA NO COMPONENTE CURRICULAR ARTE: PROCESSOS ARTÍSTICO-PEDAGÓGICOS DE UMA LICENCIADA EM DANÇA NA REDE MUNICIPAL DE PELOTAS Tauana Oxley Pereira - Universidade Federal de Pelotas Carmen Anita Hoffmann - Universidade Federal de Pelotas

Artigo desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV --- UFPEL) e à Comissão, Organizadora do VIII Seminário de Pesquisa do Mestrado em Artes Visuais UFPel. O presente artigo busca apresentar de forma parcial o desenvolvimento de um estudo sobre a inserção da Dança no componente curricular Arte, em uma escola da rede municipal de ensino, na cidade de Pelotas/RS, bem como, analisar os processos artístico-pedagógicos desenvolvidos dentro deste ambiente escolar por uma professora licenciada em Dança, em atuação. Para promover uma reflexão sobre esses processos foi utilizado como referencial teórico, alguns autores como: Paulo Freire (1970, 1996), Duarte Junior (2010), Jacques Delors (1996), Isabel Marques (2010), Cristiane Wosniak (2010), Airton Tomazzoni (2010), LDB (1997), PCNS (1997). A pesquisa se coloca na Linha de Educação em Artes e Processos de Formação Estética. A ênfase se dará na análise de materiais desenvolvidos pela professora no decorrer de seu trabalho educativo com Arte-Dança dentro da Escola como: planos de ensino, provas, trabalhos dos alunos e análise de imagens registradas em sala de aula.

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OBRA-AULA: PROCESSOS, PROCEDIMENTOS E CRIAÇÃO DE UMA DOCÊNCIA PASSARINHAR Thiago Heinemann Rodeghiero - Universidade Federal de Pelotas Carla Gonçalves Rodrigues - Universidade Federal de Pelotas

Esta pesquisa trata da contribuição que a arte contemporânea vem a oferecer à prática docente e é justificada pela relevância de pensar a criação de uma aula que não dependa de modelos. Objetiva evidenciar uma Obra-Aula através da produção artística do pesquisador e sua relação com a artistagem de Sandra Corazza. Ao perceber os vazamentos que a arte contemporânea ocasiona à educação, mostra os encontros e experimentações com essas áreas. Delineia um plano de consistência nas fronteiras borradas da filosofia, da arte e da educação. Nas Filosofias da Diferença de Gilles Deleuze e Félix Guattari, encontram potência para manifestar as transformações dos significados hegemônicos incrustados nos significantes e nos signos. Partindo desse desenho, monta-se um agenciamento que mostra desterritorializações entre as relações estabelecidas. Procura referências de arte no fazer junto de Allan Kaprow, nas sensações de Kazimir Malevich e na zona invisível de Marcel Duchamp, orientação para a prática artística do pesquisador. Sendo assim, traça-se um método que se monta fazendo. Um passarinhar à maneira de uma cartografia que voa por um território, encontrando forças. Pousando sobre os artistas referência e bicando frutos poéticos, ele canta uma Obra-Aula, que faz melodia com a artistagem docente. Superpondo elementos variados, pensa o impensado, bem como flauteia o inflauteável.

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EIXO TEMÁTICO VI:

ARTIVISMO, SUBJETIVIDADE E SOCIEDADE

Tem como propósito discutir as possíveis articulações entre o pensar/fazer artístico e questões ético-estéticas emergentes na contemporaneidade, abrindo espaço para pesquisas que, na contramão dos discursos hegemônicos, assumem o compromisso de conferir visibilidade e/ou representatividade às múltiplas subjetividades, colocando em debate questões referentes ao ativismo político, às questões de gênero, às plurais corporeidades, bem como aos mecanismos de censura etc.

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DIA 02 OUTUBRO, QUARTA-FEIRA

SALA 205

8:00

CURADORIA E DESIGN GRÁFICO EM EXPOSIÇÕES FEMINISTAS

Amanda Machado Madruga Lucia Bergamaschi Costa W.

8:15

SUTURAS POÉTICAS: O FEMININO E A LOUCURA ENTRE NARRATIVAS VISUAIS E LITERÁRIAS

Ana Carolina Tavares Sousa Nádia da Cruz Senna Rosângela Fachel

8:30

CASAS CULTURAIS FEMINISTAS

Cássia Camila Cavalheiro F. Gabriela Kremer da Motta

8:45

DIS(FORMAÇÃO)

9:00

GRAFIAS, FAGULHAS E CIDADES OUTRAS

Fernanda Fedrizzi L. de Lima Helene Gomes Sacco

9:15

O IMAGINÁRIO DO ESTUPRO NO CAMPO DAS ARTES VISUAIS

Isabella Rechecham da Silva Rosângela Fachel

9:30

DIÁLOGOS COSMOPOLITAS NA AMÉRICA LATINA: CONVERSAS ENTRE BAIANASYSTEM E CALLE 13

Jeean Karlos Souza Gomes Rosângela Fachel

9:45

MULHERES LATINO-AMERICANAS EM ATOS PERFORMATIVOS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS: CONTRA O APAGAMENTO DOS CORPOS

Pâmela Fogaça Lopes Carmen Anita Hoffmann

10:00

O CORPO FEMININO COMO DISPOSITIVO DE ATIVISMO FEMINISTA: CASE COLETIVA REBELDIA

Rafaela Pereira de Azevedo Lúcia Bergamaschi Weymar

10:15

COFFEE BREAK

Cátia Maria da Silva Vieira Larissa Patron Chaves

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DIA 02 OUTUBRO, QUARTA-FEIRA 10:30

REFLEXOS MISCIGENADOS

10:45

T.R.A.N.S.GENI: PERFORMATIVIDADE DO CORPO COMO DISCURSO

SALA 205 Thais Oliveira da Rosa Helga Corrêa Valdemir de Oliveira

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CURADORIA E DESIGN GRÁFICO EM EXPOSIÇÕES FEMINISTAS Amanda Machado Madruga - Universidade Federal de Pelotas Lucia Bergamaschi Costa Weymar - Universidade Federal de Pelotas

Na dissertação em construção denominada “Curadoria e Design Gráfico: processos de criação em exposições de arte contemporânea feministas” - vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas – busco reunir as áreas comuns à minha formação articuladas em pesquisa e prática. Assim, através deste artigo, viso apresentar a trajetória percorrida até então que assume como objetivo compreender os processos de curadoria em exposições feministas e as suas relações com o design de identidade. Entendo como pressuposto, a ressignificação de padrões e símbolos como modo de representação. Portanto, entendo como processo de investigação a busca por refletir sobre o cenário atual dos alicerces da pesquisa – curadoria, design e feminismos, analisar as produções contemporâneas com a temática expositiva feminista e elaborar uma exposição e publicação que contribuam para os estudos sobre arte e feminismos. Autoras como Lisette Lagnado (2008), Cristiana Tejo (2011), Gabriela Motta (2017) e Fernanda Albuquerque (2017) vem ao encontro da pesquisa ao construir as bases da curadoria na contemporaneidade. Ao pensar feminismos, autoras como Heloísa Buarque de Hollanda (2019), Michelle Perrot (2007), Márcia Tiburi (2018) e Joice Berth (2018) auxiliam na formação de um histórico capaz de compreender o movimento das mulheres, também, na atualidade. Por fim, a metodologia em design de Ellen Lupton (2013) estrutura o processo criativo enquanto as relações histórico-críticas na mesma área se dão a partir de obras como as de Rafael Cardoso (2012).

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SUTURAS POÉTICAS: O FEMININO E A LOUCURA ENTRE NARRATIVAS VISUAIS E LITERÁRIAS Ana Carolina Tavares Sousa - Universidade Federal de Pelotas Nádia da Cruz Senna - Universidade Federal de Pelotas Rosângela Fachel de Medeiros - Universidade Federal de Pelotas

A proposta desta comunicação é apresentar um recorte da pesquisa “Narrativas e poéticas da dor: a estigmatização de mulheres indóceis e os reflexos da opressão na literatura e na contemporaneidade” ainda em desenvolvimento junto ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O estudo em questão tem como fio condutor a histórica relação entre a mulher e a loucura, e, especialmente, a estigmatização de mulheres intelectuais mediante diagnósticos de doenças mentais em fins do século XIX e meados do XX. Partindo dessa temática de interesse, a pesquisa intenta mapear produções poético-visuais as quais dialoguem com obras literárias que evoquem o sofrimento psíquico, enquanto possível implicação de um desajuste social, vivenciado por mulheres escritoras. Pretende-se, portanto, suturar expressões, verbais e não verbais, que lancem luz sobre o apagamento, o silenciamento, o aprisionamento e o esquecimento dessas mulheres ditas indóceis, de modo a oportunizar novas formas de significar e ressignificar essas poéticas e narrativas. Dentre as produções elencadas, estão obras das artistas Leonora Carrington (1917-2011), Nazareth Pacheco (1961-), Maristela Ribeiro (1960-), e Claudia Paim (1961-2019); e das escritoras Charlotte Perkins Gilman (1860-1935), Virginia Woolf (1882-1941), e Maura Lopes Cançado (1929-1993).

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CASAS CULTURAIS FEMINISTAS Cássia Camila Cavalheiro F. - Universidade Federal de Pelotas Gabriela Kremer da Motta - Universidade Federal de Pelotas

Esse trabalho tem como objetivo apresentar meu objeto de pesquisa que intitulo de Casa Culturais Feministas - espaços físicos, independentes e autogestionados, fundados e geridos por mulheres, focado na produção cultural feminista. Uma das referências principais para este estudo é Maria Galindo, artista boliviana, anarcofeminista e fundadora das Casas Culturais Feministas Casa Virgen de Los Deseos e da Casa Los Deseos de La Virgen, localizadas na Bolívia, que em 2005 publicou o livro intitulado Virgen de Los Deseo. Para entender a lógica dos espaços culturais independentes utilizo duas referências principais: Cláudia Paim com seu texto Táticas de Artistas na América Latina de 2012; e Kamilla Nunes, com sua pesquisa intitulada Espaços autônomos de arte contemporânea de 2013. Para abordar a relação das mulheres com a arte trago como referências Luciana Gruppelli Loponte, professora e pesquisadora de arte, e seu texto Sexualidades, artes visuais e poder: pedagogias visuais do feminino de 2002; Talita Trizolli, artista e professora de artes, com seu texto intitulado O Feminismo e a Arte Contemporânea – Considerações de 2008; e Ana Paula Cavalcanti Simioni, doutora em sociologia e docente do Instituto de Estudos Brasileiros, e seu texto intitulado A difícil arte de expor mulheres artistas, publicado em 2011. Michele Perrot, com a Minha História das Mulheres (2007) e Virginia Woolf, com sua obra Um Teto Todo Seu, defende, também são referências desse estudo. Trago também Silvia Amélia Nogueira de Souza e sua dissertação apresentada em 2012 intitulada Mulheres, arte e domesticidade: entre a arte feminista e o Dicionário do Lar, onde resgata importantes espaços criados para a ocupação de artistas mulheres e arte feminista na Europa e EUA.

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DIS(FORMAÇÃO) Cátia Maria da Silva Vieira - Universidade Federal de Pelotas Larissa Patron Chaves - Universidade Federal de Pelotas

O artigo pretende realizar uma reflexão de um processo de (des)construção de si, desencadeado durante a graduação em Artes Visuais, cursada na Universidade de Rio Grande (FURG), no período de 2014 a 2018. Ao aproximar algumas das experiências com memórias e textos de Giorgio Agamben e Judith Butler. Consumei a formação com a realização de uma monografia denominada A Representação da Nudez e do Corpo Feminino. Ao tratar a nudez, não me refiro apenas ao corpo, mas ao deixar a ver. Segundo Agamben (2014) a nudez sem véu, revelando a ausência de segredos o desnudamento que mostra a aparência pura. Uma das consequências do nexo teológico é que nossa cultura une natureza e graça. A natureza humana foi corrompida e sem a graça a relação entre nudez e natureza se tornou impossível, pois passou a existir somente como natureza corrompida. A beleza só pode existir onde haja duplicidade da nudez e do véu. Torna-se objeto, comum às mulheres, o ato de reduzir a beleza a mera aparência, causando ausência de ilusões sobre si (AGAMBEN, 2014). Butler (1993 apud SUBS e FILHO, 2014, p.787) afirma que somos subjetivados pelo gênero, por meio da repetição de normas constitutivas, como matrizes que constroem as identidades através do processo de subjetivação. O conhecimento da nudez não é um objeto, mas uma pura cognoscibilidade (AGAMBEN, 2014). Ao desvelar o modo como os gêneros são forjados, através de performances cotidianas, podemos valemo-nos deste conhecimento para desconstrução.

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GRAFIAS, FAGULHAS E CIDADES OUTRAS Fernanda Fedrizzi Loureiro de Lima - Universidade Federal de Pelotas Helene Gomes Sacco - Universidade Federal de Pelotas

O trabalho a ser apresentado surgiu antes, durante e após a exposição “Exercícios de Ser e Estar: A teoria como prática, a aula como exposição”, realizada com parte da disciplina “Seminário de estética e cultura visual” no PPGAVI/UFPel, e trata das minhas inquietações enquanto arquiteturbanistartista e de uma poética que surge em meio a processos de exploração de territórios que misturam realidade, ficção, e/ou utopia. Venho buscando construir conversas com os lugares ordinários e, com isso, estimular um pensamento em direção à percepção sensível no cotidiano, tentando alcançar diferentes leituras das cidades, das sensibilidades, das experiências e das memórias do passado, do presente e do futuro. Tento entender como criar cidades mais inclusivas, justas, que propiciem novos modos de pertencimento e se as políticas públicas são suficientes para isso. Penso a cidade por um corpo incendiário que deseja possibilidades diferentes daquilo que encontra. Olho para temas como desenvolvimento urbano, políticas públicas, formas de fazer cidade e, para pensar sobre estes assuntos, tomo um chá e converso com Sandra Pesavento, Edson Sousa, Georges Didi-Huberman, Nelson Brissac Peixoto, Célia Ferraz de Souza, Ana Paula Vieceli, Maria Helena Bernardes, entre outras. Minhas abordagens são conectadas ao tempo, ao corpo e às questões do pertencimento. Como resultado deste pensar surgem fotografias, cartografias, desenhos e palavras que crio para que elas digam coisas que me fogem. Isso tudo talvez seja um poema visual autobiográfico, um manifesto ou uma manifestação poética. Me pergunto se as narrativas visuais e textuais têm potencialidade para transfigurar algumas experiências em outras formas de apropriação das cidades e se com isso seria possível fazer surgirem outros lugares, de outras pessoas, com experiências e histórias diferentes das já conhecidas. Outras cidades e cidades outras.

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O IMAGINÁRIO DO ESTUPRO NO CAMPO DAS ARTES VISUAIS Isabella Rechecham da Silva - Universidade Federal de Pelotas Rosângela Fachel - Universidade Federal de Pelotas

Considerando a importância de discussões acerca das estruturas socioculturais envolvidas no engendramento da violência de gênero, que atinge de inúmeras mulheres em diferentes países e nos mais diversos contextos, e que se manifesta de maneira mais devastadora por meio do estupro. Este trabalho se propõe a analisar a presença do imaginário do estupro no campo das artes visuais a partir da observação de diversas imagens e obras de diferentes períodos que abordam a temática e a representação da violência sexual de forma evidente. Por tratar-se de uma pesquisa engajada em uma perspectiva feminista foram selecionados trabalhos criados por artistas mulheres que, sensibilizadas pela temática por diferentes motivos, decidiram evidenciá-la. Ao analisar obras produzidas por mulheres buscamos visibilizar não apenas a presença e a importância das mulheres no campo das artes visuais, campo este que, historicamente, definido por um olhar heteronormativo e predominantemente masculino, mas sobretudo pensar essa temática por um olhar artístico feminino. Assim, este trabalho busca evidenciar a representação do estupro nas artes visuais a partir do olhar feminino e discutir por meio dessas imagens a potência da arte para a exposição e denúncia de tal violência, bem como das diversas estruturas socioculturais a ela atreladas.

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DIÁLOGOS COSMOPOLITAS NA AMÉRICA LATINA: CONVERSAS ENTRE BAIANASYSTEM E CALLE 13 Jeean Karlos Souza Gomes - Universidade Federal de Pelotas Rosângela Fachel - Universidade Federal de Pelotas

A América Latina tem um histórico de lutas e resistências que iniciou ainda no período colonial e foi assolador durante as ditaduras sangrentas que acometeram o continente no Século XX. Talvez essa história de peleia constante esteja no cerne do surgimento de muitos ritmos e poesia da região que, com uma musicalidade única oriunda de diversos imbricamentos culturais, cores e melodias, resistem às várias formas de dominação: culturais, políticas e sociais. Nossa história é marcada pela atuação de vários artistas latino-americanos que produzem uma arte engajada. E, embora localizados em distintas regiões do continente, estabelecem diálogos ao tratarem de temas comuns que atravessam suas realidades. Este trabalho busca então discutir os diálogos de aproximação e distanciamento existentes entre a música Sulamericano e o videoclipe Latinoamérica, dos grupos latino-americanos: BaianaSystem, do Brasil, e Calle 13, de Porto Rico. Para analisarmos as questões referentes à identidade latino-americanas que atravessam essas produções, utilizaremos como aporte teórico a ideia de transculturação proposta por Ángel Rama (2008). Conforme Rama, se trata de demostrar que es posible una alta invención artística a partir de los humildes materiales de la propia tradición y que ésta no provee solamente de asuntos más o menos pintorescos sino de elaboradas técnicas, sagaces estructuraciones artísticas que traducen cabalmente el imaginario de los pueblos latinoamericanos que a la largo de los siglos han elaborada radiantes culturas. (2008, p. 141). Nosso interesse é identificar pontos confluentes musicais, artísticos e temáticos entre as obras, sobretudo, no que diz respeito à construção de discursos híbridos oriundos de processos de transculturação.

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MULHERES LATINO-AMERICANAS EM ATOS PERFORMATIVOS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS: CONTRA O APAGAMENTO DOS CORPOS Pâmela Fogaça Lopes - Universidade Federal de Pelotas Carmen Anita Hoffmann - Universidade Federal de Pelotas

O presente estudo se propõe a realizar um exercício cartográfico que acompanha minha pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, na Universidade Federal de Pelotas. O subtítulo é uma proposição de paradigma, que quer dar a ver os movimentos de resistência das mulheres sobre a vida, no seu mais amplo sentido, contra as violências que, como alerta a filósofa María Luisa Femenías (2008), são reforçadas na América-Latina após vários anos de ditaduras militares e colonização. As mulheres tencionam as barreiras dessas violências, levando Atos Performativos para os espaços públicos. Busco esses atos no fazer das artes da cena, teatro e performance, mas também em marchas, manifestações e rondas no que reconheço, a partir de Caballero (2011), como Performances Cidadãs. Crio assim, uma campo afetivo na criação de novos Atos-Performativos realizados por mim em f(r)icção (LYRA, 2014) com outras atuadoras.

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O CORPO FEMININO COMO DISPOSITIVO DE ATIVISMO FEMINISTA: CASE COLETIVA REBELDIA Rafaela Pereira de Azevedo - Universidade Federal de Pelotas Lúcia Bergamaschi Weymar - Universidade Federal de Pelotas

O presente artigo, recorte de uma pesquisa maior obtida como resultado do Mestrado em Artes do PPGAV da UFPel, abordará uma reflexão sobre o sentido da articulação entre ações de ativismo de coletivos feministas e o emprego do corpo feminino como suporte estético-político de questionamento. Na análise que se seguirá, o recorte escolhido irá explorar a performance de Maio de 2019 da Coletiva Rebeldia, coletivo feminista da cidade de Pelotas, cujo intuito foi postular providências diante da ocorrência de supostas fraudes nos resultados de exames de pré-câncer feitos em postos de saúde da cidade. O objetivo da pesquisa busca o reconhecimento do corpo performático da mulher como plataforma de expressão e sua marca do feminismo da quarta onda. No caso a ser levantado, além de uma descrição formal da constituição do coletivo e do ato em específico, será feita a contemplação da capacidade crítica e a intenção provocativa do corpo feminino politizado. Para tratar o assunto, encontramos no recurso metodológico da entrevista a ferramenta para auxiliar na busca de informações, percepções e experiências e para aporte conceitual, que deram base teórica para discussão, partindo de pontos de vista e eixos variados, buscou-se estudiosas dos fenômenos do ativismo e do feminismo, como Maria Bogado, Judith Butler, Ivana Bentes e Silvia Federici.

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REFLEXOS MISCIGENADOS Thais Oliveira da Rosa - Universidade Federal de Santa Maria Helga Corrêa - Universidade Federal de Santa Maria

Atualmente temos uma maior repercussão sobre temas que abordam as vivências e as problemáticas de uma pessoa negra no Brasil, na arte contemporânea essas temáticas são bastante discutidas em performances, instalações a partir de outros meios expressivos, artistas como Rosana Paulino, Andreia Varejão e Angélica Dass tratam desses assuntos em seus trabalhos. Termos como representatividade e identidade também fazem parte dos temas abordados na contemporaneidade através da arte, publicidade e na mídia, principalmente na internet que propõe uma autonomia a cada um divulgar o que pensa e sente em qualquer parte do mundo. Partindo da liberdade de expor minha voz e de compartilhar meus anseios, no meu trabalho artístico quero tratar de questões que para mim por muito tempo foram deixadas em silêncio. Em boa parte da minha vida, tratar das questões relacionadas a minha cor foi algo inexistente, apesar dessas questões estarem intrínsecas. Hoje me questiono o porquê, e essas indagações são justamente o que motivam minha pesquisa. A razão pela qual ao longo da minha vida essas questões nunca foram tratadas é o ponto principal das minhas pesquisas bibliográficas, junto com outros questionamentos como o das diferentes denominações recebidas a minha cor em diferentes momentos. Quando penso em ancestralidade e reflito sobre etnia dentro do meu âmbito familiar, não tenho memória alguma de momentos em que esse assunto foi pautado. Todos esses aspectos são base na minha pesquisa, principalmente o sentido pessoal e a minha falta de referências e proximidade a uma identidade étnica cultural. Tenho como objetivo que minha pesquisa, meu trabalho plástico e suas reflexões possam contribuir na discussão desses temas tanto âmbito social quanto no campo das artes visuais na contemporaneidade.

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T.R.A.N.S.GENI: PERFORMATIVIDADE DO CORPO COMO DISCURSO Valdemir de Oliveira - Universidade do Estado do Amazonas

O artigo versa sobre os estudos realizados quando da realização de T.R.A.N.S.GENI, uma produção originada sob um contexto de grandes transformações políticas/culturais no Brasil que teve impacto nos meios universitários desencadeando as “ocupações”. Ataques e ofensivas contra liberdades e singularidades nos modos de existir acabou por nos provocar indagações sobre nosso alcance reflexivo/formativo e ainda solidário às causas daqueles que por serem quem são acabam invisibilizados, atacados em suas identidades. O cenário acabou por agravar-se em nosso cotidiano, atualizando a necessidade de se ver/falar das questões presentes no trabalho em questão. Descrito como narrativa autobiográfica em foto/vídeo/performance, inspirada nas imagens/dores/cores da figura materna, investiga o alcance/limitações/desejos do discurso e implicações da ruptura dos limites entre o ser (pessoa cotidiana), o artista (pessoa criada) e o professor (pessoas rotuladas) frente os estigmas constituídos e violências da carne e do verbo que reverberam nos ambientes sociais/educacionais. Viver e colocar-se no lugar do outro invocando olhares sobre o que somos ou escolhemos ser e o que se diz sobre aquilo que não se sabe, os conceitos e tudo que vem antes deles (pré). Dando visibilidade ao conhecimento (artístico) como meio de apreendê-lo e propagá-lo, refletimos sobre o impacto da produção no ambiente de sua presença, desdobramentos (SelfGeni) e satisfações de termos dito tanto com o não dito e ainda hoje colhermos impressões daqueles que viram/sentiram o que nos propusemos a discutir. Um corpo é potência e quando sofre, grita.

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ORGANIZAÇÃO DO VII SPMAV Comissão organizadora do evento: Amanda Machado Madruga Ana Carolina Tavares Sousa Ana Paula Siga Langone Bárbara Cezano Rody Elivelto Alves de Souza Fernanda Fedrizzi Loureiro de Lima Italo Franco Costa Luana Echevenguá Arrieche Pedro de Freitas Pereira Paiva Priscilla Mont-Serrat Pimentel Fernandes Tarla Roveré Coordenação geral: Profª Drª. Rosângela Fachel Profº Dr. Thiago Amorim Comissão Científica: Prof. Dr. Carlos Fabian Rojas Reyes (Universidad de Cuenca – Equador) Prof. Dr. Cláudio Tarouco de Azevedo (Universidade Federal do Rio Grande/Universidade Federal de Pelotas) Profª. Drª. Eduarda Gonçalves (Universidade Federal de Pelotas) Prof. Dr. Felipe Merker Castellani (Universidade Federal de Pelotas) Profª. Drª. Helene Gomes Sacco (Universidade Federal de Pelotas) Profa. Drª Laura Isabel Cattelli (Universidad Nacional de Rosário/CONICET – Argentina) Prof. Dr. Leonardo Sebiane Serrano (Universidade Federal da Bahia) Profª. Drª. Paz Lopez (Universidad de Chile – Chile)

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Apoio: Mestrado em Artes Visuais – PPGAVI/CA/UFPel Centro de Artes - UFPel Projeto Arte na Escola PET Artes Visuais Organizadores do caderno de resumos: Ana Carolina Tavares Sousa Italo Franco Costa Luana Echevenguá Arrieche Tarla Roveré Arte da capa: Pedro Paiva Fernanda Fedrizzi Editoração e diagramação: Fernanda Fedrizzi (Deseditora) Caderno de Resumos – VIII SPMAV Arte contemporânea: entre linguagens de afeto e sensibilidades no cotidiano / Organização Ana Carolina Tavares Sousa, Italo Franco Costa, Luana Echevenguá Arrieche, Tarla Roveré. Pelotas: Deseditora, 2019. 122 p. Arte Contemporânea; Artes Visuais; Arte Educação; Performance; Mídias. Deseditora, 2019 120



VIII SPMAV

Seminรกrio de Pesquisa do Mestrado em Artes Visuais PPGAVI/UFPel - 2019


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