Escreva. Reescreva. Construa, desconstrua e construa novamente! Um texto nunca está pronto. É como a vida: sempre temos algo por fazer, outro por refazer. Quer saber como é a vida de um escritor? Vou lhe contar: “Acabo de escrever um texto. Leio, releio, corrijo alguns erros. Ufa! Que sensação de alívio profundo! Esvazieime! Agora estou em êxtase! Depois de respirar normalmente por uns 10 minutos para recompor o fôlego, vou para a segunda etapa: publicálo. Publicar, para mim também significa divulgar nas redes sociais -que não são poucas. Mais fôlego, mais tensão, mais expectativas! UHU!!! Comemoro com um contentamento estupendo! Acho que arrasei! Muitos irão ler meu texto! Tudo ok até aí. Até que, um dia, acordo numa manhã (pode ser no meio da tarde também) com fome de reler o texto. Pode ser uma semana depois, um mês depois, até mesmo anos depois de tê-lo escrito. Buuuh! Levo um "susto"! Meu coração dispara e o sentimento grita silenciosamente dentro de mim de tanta vergonha! Vergonha? Sim vergomha do que escrevi e de como escrevi! 'Que absurdo!' - é a expressão que não cala em minha mente! Pergunto à mim mesma: - Ssmaia, como você foi capaz de escrever isto desta forma!!!!??? Que coisa mais ridícula! O meu lado crítico grita, berra! Mas, tudo bem, somos amigos 'inseparáveis'- eu e minhas críticas! Olhar para a minha própria produção de texto com outros olhos, que não sejam os olhos do encanto, mas sim os olhos da crítica madura, que fazem com que eu reconheça e aceite meus próprios erros e falhas, colabora para que eu escreva um bom texto. Eu disse bom texto e não maravilhoso texto! A aceitação de meus próprios erros é um ingrediente indispensável. Meu olhar crítico também tem uma amizade inseparável com uma qualidade minha: 'acreditar que posso fazer melhor, posso e devo escrever melhor!' Corro então para reeditá-lo, para reescrevê-lo! Leio-o novamente, corrijo novamente e o atualizo. Espera um pouco.... ( estou pensando!) O que faço depois? Bem, uso os olhos de leitor e lá vem outra cacetada: encontro alguns errros, troca de letras, etc. Não desanimo. Corro no botão atualizar e conserto! Atualizo novamente o texto. Agora sim ele está completo! Está pronto para navegar na Internet – como um barco - à espera de novos portos – novos leitores! Finalemente, o processo todo de escrever e publicar, desde a pequena semente (uma ideia na mente, a gestação do texto dentro de mim), o broto (quando o escrevo) e seu crescimento (quando é lido) ACABOU! Engano meu. Engano seu também! Em algum outro dia, este processo todo irá se repetir! Não se trata de uma repetição viciosa; é uma repetição construtiva, que me ensina a aprender com os próprios erros . Que escandaliza Página 1 de 2
a verdade de que o texto nunca está PRONTO. Sempre é hora de reescrevê-lo, de fazer algumas mudanças, apagar alguns trechos, inserir novas palavras! Ler com os olhos de leitor é uma técnica arrasadora! Esqueço que eu o escrevi. Imagino que estou num café e pego um livro qualquer, uma revista qualquer, abro numa página também qualquer. O título desperta a minha atenção. Começo a leitura (em voz baixa, claro!) e o texto prende minha atenção! De repente, algo estranho salta aos meus olhos! É um erro, um pequeno grave erro! Pode ser de colocação, de digitação, de ortografia! - Puts, que gafe! (penso eu). Como este autor, jornalista ou escritor não viu este erro que eu vi?! Fico inconformada!" Esta é a minha experiência. Não sei extamente como é a experiência de outros escritores mas, talvez, não se difere tanto da minha. Li, uma vez, do próprio Ruben Alves que, quando ele relê seus textos antigos, chega a envergonhar-se. Todos nós que escrevemos corremos este risco e ponto final. Escrever é arriscar-se no mundo dos erros. Se não quiser correr este risco, por favor, jamais se arrisque a ser um escritor! Escrever é acertar e errar. É construir um texto e sempre reconstruí-lo! Depois de reconstruí-lo é destruí-lo para reconstruí-lo novamente. É um movimento circular prazeroso (e bem melhor do que roda gigante, que me causa náuseas!) Trago o principal pensamento de Derridá, um dos filósofos mais conhecidos da Pós-Modernidade, que criou o conceito de DESCONTRUÇÃO. Para ele, a desconstrução não é uma questão de destruição, e sim uma forma de "decompor elementos da escrita para descobrir partes do texto que estão dissimuladas". E eu complementaria: estão sobrando, estão desconectadas! Portanto, construa e desconstrua o seu texto quantas vezes forem necessárias. Isto não tem fim! Agora, lembrome de uma frase do Padre Fábio de Melo, em seu livro "Quem Me Roubou de Mim": estamos em eterno processo de feitura! Nossos textos são como nós, inacabáveis, estão sempre sendo feitos, sempre se recompondo, sempre tendo algo para ser transformado! Quando você aceitar esta ideia, terá grandes chances de ser um bom escritor! Mesmo que seus textos não sejam tão lidos quantos os de Rubem Alves! Abraços literários!
Por favor, caso encontre algum erro neste texto, tenha alguma crítica a fazer, alguma sugestão, algo qualquer à me dizer, escreva para mim. Assim, aprenderemos de forma colaborativa. Se você fizer isto, acredite, ficarei muito grata!
Ssmaia Abdul, Pessoa e Psicóloga Narrativa, Especialização Internacional em Práticas Colaborativas, Designer de Grupos Colaborativos, Nova Scribe, Escritora por Paixão, Pós-Graduanda em Jornalismo Literário (2015) que, cuja mania de perfeição, me ajuda a escrever melhor! ssmaia.abdul@gmail.com • 11.9.9770.26.16 www.facebook.com/ssmaia.abdul Conheça também meu projeto novo Música COM TEXTO: www.facebook.com/musicacomtexto
Página 2 de 2