Você no Vestibular Ano 1 - Nº 4 R$ 16,90
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Apostilas, resumos, e-books e programas
Biológicas • Humanas • Exatas • Atualidades
Aprovados contam suas dicas de sucesso
Descubra os segredos de quem já passou no vestibular
Qual carreira devo seguir?
Como ter certeza que escolheu a profissão certa para você
Mudar de curso?
Não é preciso entrar em pânico se aquela carreira não era o que pensava
Novidades na Fuvest
Entrevista com coordenador da Fuvest aponta o perfil ideal do aluno da USP
VOCÊ NO VESTIBULAR
Que carreira seguir? Escolha a sua com consciência e seja feliz
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Trazemos aqui informações sobre algumas das principais carreiras disponíveis nos vestibulares. Utilize esses dados para entender melhor quais são suas opções e, depois, aprofundese na que mais lhe interessar.
Ciências Humanas Direito O profissional desta área aprende a lidar e a utilizar, da melhor forma possível, as leis e regras que regem as sociedades. Além de exercer a advocacia, os formados em direito podem atuar em diversas áreas, e um diploma do curso é uma exigência para aqueles que querem trabalhar como juízes, promotores, procuradores e em muitos outros cargos públicos. Capacidade de argumentação e associação de idéias e facilidade para lidar com dados e regras são características essenciais para quem pretende ser bem-sucedido nesta área. Imagem por gmarcelo - stock.xchng
esmo que professores e especialistas de cursinhos afirmem que é essencial definir seu objetivo de carreira para se preparar com empenho para o vestibular, isso não é o que acontece na maioria dos casos. Felizes e raros são aqueles que sempre tiveram certeza da carreira que pretendiam seguir e que, após entrar na faculdade, constataram que a decisão estava certa. O mais comum é se sentir perdido diante de todas aquelas opções de carreira. São inúmeros cursos e, freqüentemente, mais de um desperta o interesse do candidato. Isso acontece porque as informações disponíveis sobre os cursos para o vestibulando, principalmente para aqueles que ainda estão no colegial, são poucas e superficiais. Não é raro ver, por exemplo, escolhas baseadas em afinidades fracas, como a pessoa que quer fazer Computação porque sempre gostou de computadores ou quem acha que deve fazer Biologia porque adora animais. Reflita: você terá quatro anos de curso pela frente e neles vai seguir uma linha central de estudo, seja em humanas, exatas ou biológicas. Poucas pessoas se dispõem a conhecer, antes da inscrição, o curso que acham que é o melhor para seguir. Testes vocacionais podem ajudar, mas devem ser encarados com cuidado. Cada indivíduo é muito diferente do outro, e testes padronizados não são capazes de avaliar as sutilezas pessoais de cada um. O que eles podem fazer é ajudar o aluno a identificar áreas de interesse, mas seria um erro tomar uma decisão como a escolha de uma carreira baseada apenas em um destes testes genéricos. Uma atitude recomendável, para não dizer obrigatória, é assistir a algumas aulas do curso escolhido. A maioria das universidades públicas oferece a possibilidade de ter alunos ouvintes, que podem freqüentar as aulas sem se matricular. Basta conversar com o professor e explicar a situação, e não deve haver problemas. Se a sua escolha é uma universidade particular, explique para a coordenação seu desejo de conhecer o curso que pretende prestar, e não deve ser difícil conseguir acompanhar algumas aulas de sua futura graduação. Outro tiro certeiro é entrar em contato com profissionais que você admira na área que pretende entrar e conversar sobre a carreira. Acredite, não é difícil realizar esse contato, mesmo com os mais famosos da profissão, e aqueles que ainda não se esqueceram da época em que também estavam começando estarão, sim, dispostos a ajudar e esclarecer as dúvidas de um vestibulando.
Comunicação Social Esta carreira lida com técnicas de transmissão de informação em suas diferentes formas, que são Jornalismo, Publicidade, Relações Públicas, Rádio e TV, Cinema e outras. Cada uma delas aborda a informação de forma diferente, com técnicas e objetivos próprios para transmitir a mensagem desejada. É um campo em que a ética é muito importante, uma vez que influencia diretamente a vida de outras pessoas. O comunicador deve saber se expressar de forma clara e eficiente, gostar de ler e de ter conhecimento das mais variadas áreas. Administração O trabalho do administrador é dirigir uma organização, que não precisa ser necessariamente uma empresa, da forma mais eficiente e responsável possível. Durante a faculdade o administrador aprende técnicas que lhe ajudarão a planejar objetivos, analisar e solucionar
QUAL CARREIRA?
Ciências Exatas Engenharia O engenheiro é responsável por usar conhecimentos técnicos e científicos para elaborar e realizar projetos nas mais diferentes áreas em que o homem atua. Dentro da engenharia, o profissional pode escolher por seguir campos tão diferentes quanto a Engenharia Aeroespacial, Civil, de Alimentos, Hidráulica, Mecânica, de Petróleo, de Transportes e muitas outras. Por sua natureza, a área exige facilidade com números e cálculos e paciência para um trabalho intelectual pesado.
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Física As leis da natureza e as forças e interações que compõem o universo em que vivemos são o campo de estudo do físico. A carreira tem formação altamente teórica, mas os profissionais são responsáveis por transformar este conhecimento em resultados e projetos práticos. Para seguir carreira em Física, é necessário se interessar por cálculos, pesquisa e tecnologia. A carga de matemática é grande durante a graduação.
Arquitetura Apesar de muitos acharem que a Arquitetura é mais ligada ao campo das artes, ela é na verdade uma ciência exata que trata de pensar, projetar e edificar o ambiente habitado pelo homem. Além disso, é fundamental que o profissional também desenvolva noções sólidas de urbanismo para conseguir pensar o impacto de suas construções no espaço urbano, levando em consideração as características culturais, sociais e técnicas de cada lugar. Uma boa noção de estética, criatividade e facilidade com números são características valorizadas nesta carreira.
Ciências Biológicas
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problemas, organizar recursos (financeiros, tecnológicos ou mesmo humano, que é a força de trabalhos de seus empregados) e tomar decisões sobre o futuro da organização. Economia, Contabilidade, Recursos Humanos e Administração Financeira são exemplos de matérias estudadas nesta carreira, que exige facilidade para lidar com números e pessoas.
Medicina Provavelmente a carreira mais difícil de cursar, seja pela nota de corte elevadíssima ou pelas mensalidades salgadas, Medicina é o curso para aqueles que pretendem dedicar sua vida a salvar a de outros. Não é só entrar na faculdade que é difícil, sair também é. Após os seis anos regulares de graduação, ainda são necessários outros dois de residência para conseguir o diploma de médico. Mesmo assim, todos os anos, milhares de vestibulandos batalham para conseguir entrar nesta que é uma das mais nobres carreiras do ser humano. Os interessados em cursar Medicina devem estar abertos ao relacionamento humano e serem sensíveis aos problemas de outras pessoas. Além disso, devem ter grande energia e dedicação para enfrentar jornadas extremamente puxadas de trabalho e estudos. Biologia É o estudo dos seres vivos e das relações que eles estabelecem entre si desde o surgimento da vida em nosso planeta, há bilhões de anos. Os principais locais de trabalho são as salas de aula e os laboratórios de pesquisa. O desenvolvimento da Biotecnologia, a partir da segunda metade do século XX, deu novo impulso à Biologia, que hoje apresenta diversos campos de pesquisa promissores. O futuro biólogo precisa de afinidades com a natureza e com os seres vivos como um todo, além de disposição para realizar pesquisas de campo ou em laboratórios. Educação Física Esta é a ciência que estuda e fundamenta o conjunto de atividades físicas e de esportes desenvolvidos pelo homem, apontando práticas corretas e mais eficientes para o atleta. O profissional desta área pode ser professor em escolas, academias ou oferecer serviços de treinamento personalizado para atletas profissionais ou não. Os interessados na área devem gostar de praticar esportes, ter espírito de liderança e boa coordenação motora.
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Jogo da Memória
Prepara-te melhor para a prova, com técnicas de memorização
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odo vestibulando sabe, melhor do que ninguém, como é grande a quantidade de conteúdo que é necessário aprender para se conseguir aquela tão sonhada vaga na universidade. As horas e mais horas diárias de estudo se acumulam e as matérias estudadas se multiplicam. Conseguir aprender e memorizar a maior quantidade possível de informações é um dos grandes diferenciais dos aprovados nas universidades mais concorridas. Mesmo que tenha dado certo para algumas provas no colegial, é impossível decorar todo o conteúdo do vestibular. A “decoreba” é uma técnica que funciona apenas em curtíssimo prazo, fazendo com que informações não aprendidas fiquem gravadas de forma superficial. A memória é nossa capacidade de armazenar e, mais importante, recuperar informações dos confins de nosso cérebro .E, para melhorar a sua, é possível tomar atitudes e seguir alguns conselhos para melhorar sua capacidade de memorização. Até cerca de oito horas após o aprendizado do conteúdo a memória ainda está fresca, fácil de ser acessada. Entre oito e vinte e quatro horas, essa capacidade já é bem reduzida.
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Após um dia do contato inicial, já é provável que você tenha se esquecido de boa parte do que aprendeu na véspera. Porém, se nas oito horas seguinte ao aprendizado houver um novo contato com a mesma informação, ela ficará fixada com maior facilidade, pois as ligações cerebrais, ainda frescas, recebem um novo e importante reforço. Por isso é tão necessário estudar diariamente, em especial as matérias que você encontra maior dificuldade.
Mente sã, corpo são Quem nunca se esforçou para ficar acordado em uma aula de manhã e acabou vencido pelo sono? E não parece que poucos minutos de descanso são suficientes para voltar atento e se concentrando muito mais do que estava antes? Uma mente com sono, cansada, tem sua capacidade de memorização diminuída brutalmente. Ao mesmo tempo em que seu cérebro luta com ele próprio para ficar acordado, você tenta enfiar mais conteúdo nele. Não dá. Uma boa noite de sono e uma alimentação balanceada são essenciais para uma eficiente jornada de estudos.
MEMORIZAÇÃO
LEMBRE-SE DESSAS DICAS:
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Concentre-se Evite estudar ouvindo música ou utilizando o computador, onde muitas coisas podem lhe roubar a concentração. Televisão, então, nem pensar. Se você estiver com algum problema na cabeça, tente resolvê-lo antes de começar a estudar. Se surgir algo no meio, lide com isso o mais rápido possível.
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Alimente-se bem Da mesma forma que um corpo cansado não funciona tão bem, um cérebro mal alimentado não terá a mesma capacidade de aprendizado e memorização. Coma de forma balanceada, comer bem não é comer muito. Vegetais e frutas não podem ser deixados de lado. Alecrim, ginseng, ginkgo biloba e peixe são exemplos de comidas que auxiliam o cérebro a memorizar.
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Exercite sua memória Como quase tudo em nossa vida, memorizamos melhor se treinarmos para isso. Se esforce e não desanime na primeira vez. Atividades como palavras cruzadas e exercícios de lógica são como musculação para o cérebro, reforçam e ativam as ligações responsáveis pela memória.
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Cuide do ambiente Estude em um local silencioso e, principalmente, organizado. É importante que você tenha a possibilidade de ficar sozinho, para se concentrar. É inevitável que outras pessoas, mesmo bem intencionadas, tirem sua concentração dos livros. Se for impossível encontrar um local assim em sua casa, procure bibliotecas, parques ou praças mais afastadas de seu lar, onde a possibilidade de encontrar conhecidos seja menor. Não estude cansado, com sono, com fome ou desconfortável de qualquer outra forma, se puder evitar. Os poucos minutos que você gastar dormindo renderão muito mais em eficiência, no final das contas. Isso acontece porque, mesmo durante um cochilo, você passa por muitos estágios do sono e consegue se revigorar bastante. Apenas tenha cuidado para não dormir demais e entrar na fase do sono pesado, onde, se você acordar no meio, sairá ainda mais indisposto. Menos de meia hora é a medida ideal para um cochilo em casa. Outro problema recorrente é o famoso branco, um fantasma constante na vida dos candidatos no vestibular. “Mas
eu estudei a matéria, eu sabia disso até agora há pouco” é uma frase comum. Você não desaprendeu aquele conteúdo, o que acontece é que, com a pressão da prova e todo o estresse da rotina cansativa, seu cérebro ficou sobrecarregado. São tantas informações e tanta energia ao mesmo tempo, que ele tem dificuldade para acessar áreas da memória e, desta forma, parcelas inteiras do conteúdo simplesmente desaparecerem de sua mente. Se isso acontecer, respire fundo, procure relaxar. Não se desespere, isso é o pior que poderia acontecer. Se a questão for muito complicada, pule, deixe-a de lado e volte depois, se tiver tempo sobrando. Se tiver certeza de que sabe aquele conteúdo, concentre-se e relaxe seu cérebro. Tente recordar do momento em que aprendeu aquela matéria. Utilizar a técnica da mnemônica também pode ser muito eficiente.
Deusa da memória Uma das técnicas mais difundidas para auxiliar na memorização é a mnemônica, que tem o nome baseado na deusa grega da memória, Mnemosyne. A técnica se baseia na associação de imagens ou situações a conteúdos aprendidos, o que facilitará sua recordação, no futuro. As associações são muito eficientes para reforçar a memorização: quanto mais você fizer, mais facilmente se lembrará do que foi ensinado. Uma das técnicas é se lembrar do momento em que a matéria foi ensinada e tentar associar aquele conteúdo a algo especial que aconteceu naquele momento. Mesmo se não houve uma coisa especial, invente uma. Se esforce para associar o conteúdo ao professor explicando, ou a quem estava de seu lado na hora, ou a qualquer outra coisa que seja marcante. Faça um desenho no caderno ao lado daquela matéria especialmente complicada e memorize tanto o desenho como o conteúdo, ao mesmo tempo. Números são especialmente complicados e o cérebro tem dificuldades para recordá-los, porque é muito difícil associá-los a qualquer coisa. Eles são números e nada mais. Uma forma de facilitar esse aprendizado é associar palavras a cada número e memorizar a frase completa. Por exemplo, o número PI, que vale 3,1414926536... pode ser recordado pela frase “Sou o medo e o temor constante do menino vadio, bem vadio”, onde cada palavra tem o número de letras equivalente aos respectivos algarismos de PI. Outra forma é pensar em palavras que rimam com números e memorizá-las na seqüência. Por exemplo, o número 1 pode ser associado à palavra rum, assim como 2 – bois, 3 – reis, 4 – prato, 5 – brinco, 6 – cesta, 7 – gilete, 8 – biscoito, 9 – revolver, 0 – ferro. Felizmente, os vestibulares modernos não cobram mais, com tanta freqüência, fórmulas e datas, normalmente, elas são oferecidas na prova. Apesar disso, essa técnica pode ajudar muitos a melhorar o desempenho em exatas.
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Mudanças à vista USP avalia alterações em seu vestibular
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ão há como escapar: com 10.482 vagas disputadas por 141.977 alunos em 2006, o vestibular da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) é o maior do País. Alguns candidatos preferem nem realizar a prova, outros não descansam enquanto não conquistam a vaga. De todo modo, é ele que abre as portas da Universidade de São Paulo, a instituição acadêmica mais respeitada do Brasil. Conversamos com o professor Mauro Bertotti, do Instituto de Química da USP e também coordenador do Grupo de Trabalho (GT) do Vestibular, órgão criado pela Pró-Reitoria de Graduação da instituição para pensar a forma como deve ser realizado o ingresso na USP. Foi este GT, criado há três anos, que propôs a diminuição das questões da primeira fase de 100 para 90, a inclusão de conteúdo interdisciplinar e a igualdade de peso das notas da primeira e segunda fase para todos os cursos.
» A prova do ano passado foi a primeira a contar
com menos de 100 questões. Por que ocorreu esta mudança? O objetivo é simplificar a avaliação?
Sempre houve uma reclamação grande de que a primeira fase era estressante, eram três minutos por questão e os candidatos que são treinados nos cursinhos, e que geralmen-
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te não vêm de escolas públicas, podiam ter uma vantagem adicional. O treinamento, inclusive físico, de lidar com esse tipo de prova ajuda, e o cursinho condiciona seus alunos para atuar bem nestas condições. Reduzir o estresse é benéfico para os candidatos e principalmente para o aluno de escola pública, o que sempre foi uma de nossas intenções. Agora temos de estudar melhor esta redução, ver qual foi seu impacto e como devemos prosseguir.
» A segunda mudança significativa na prova foi a inserção de 10% de questões interdisciplinares. Por que elas foram incluídas?
Não é segredo que os exames de vestibular têm uma influência muito grande no currículo do ensino médio. A USP não pediu para ter esse poder, mas ela tem, é uma coisa inerente ao processo e à estrutura do vestibular. Uma vez que ela possui essa influência, pensamos que as interdisciplinares trariam dois ganhos: o primeiro seria a influência clara no ensino médio, e o segundo, que o aluno pode começar a entender as matérias de maneira mais larga e abrangente. Uma questão real nunca é apenas de química, física, matemática, ela é um problema, e você pode abordála sob diferentes ópticas.
MUDANÇAS NA FUVEST » E para este ano, há novidades na Fuvest? Após estudo do GT, concluiu-se que as questões interdisciplinares tiveram índice de acerto e discriminação parecido com a média do conjunto das outras questões. Por questão de prudência, e porque ainda estamos aprendendo a elaborar questões com esta característica, a Pró-Reitoria de Graduação decidiu não introduzir modificações no vestibular deste ano.
» Na sua opinião, qual é o modelo ideal de seleção para ingressar em uma universidade?
Quando falamos em seleção, pensamos e discutimos que tipo de aluno se quer na USP e como selecioná-lo. Eu sempre penso que esse GT e a Fuvest têm duas funções principais: selecionar o aluno com o perfil adequado para estudar na USP e a forma como o vestibular vai influenciar o ensino médio. Nunca podemos nos esquecer desses dois pontos. Temos de ter um mecanismo para selecionar o que consideramos a elite do ensino médio sem esquecer a influência que temos neste setor. O vestibular influencia o ensino nas escolas de uma forma que, na minha opinião, não é a ideal. Se conseguíssemos criar um instrumento que permitisse avaliar outras potencialidades dos candidatos, daqui a cinco anos entrariam na USP alunos com perfil diferente. O problema é ver qual é esse instrumento, que possivelmente será assimilado pelo ensino médio. Esta mudança tem de ser lenta e gradual, temos de ter responsabilidade.
» Qual é o perfil do aluno que a USP procura?
mil entrevistas, mas deve existir um meio termo em que seja possível avaliar essas competências do aluno sem ser essencialmente via as matérias clássicas do ensino médio.
» Qual é, então, a perspectiva de mudanças na prova da Fuvest?
O GT avaliou as mudanças introduzidas no ano passado, e neste segundo semestre estes estudos serão aprofundados, com vistas a eventuais futuras alterações no processo de seleção. Neste sentido, um ponto que deve ser rediscutido refere-se aos programas das matérias. Os programas do ensino médio são essencialmente o que os grandes vestibulares colocam em seus editais; os cursinhos e colégios reproduzem esses programas. A idéia é ouvir as escolas e ver as posições delas.
» A proposta seria reduzir o conteúdo exigido? Não sei se necessariamente diminuir, mas pelo menos avaliar se todos os conteúdos ora exigidos são importantes e se a abordagem é a mais apropriada.
» E que tal, por exemplo, diminuir a quantidade de
aulas dedicadas a matemática e substituí-las por xadrez ou lógica, ou ainda por questões cívicas e éticas? Isso não seria mais interessante para o ser humano em formação nas escolas dos ensinos fundamental e médio?
Ele tem de ser uma pessoa que saiba se expressar, saiba ler muito bem, saiba interpretar proposições, consiga usar lógica e entender o ambiente em que está inserido. Também deve ter postura adequada e discutir com argumentações coerentes. Só não sei se nosso exame de seleção consegue detectar estas características em quem presta o vestibular. Cabe a nós examinar esse instrumento e avaliar se ele consegue detectar tais características nos candidatos.
Particularmente eu acho que esta é uma idéia interessante e merece nossa atenção, mas existe um problema aqui na USP que antecede esta reflexão. São as unidades que formulam os programas. Ou seja, o instituto de química formula o programa que será exigido em sua área pela Fuvest, assim como fazem os institutos de geografia, história e todos os outros. As unidades têm muita resistência em enxugar conteúdo porque elas sempre pensam no aluno que vai entrar nos seus cursos, então querem que ele seja mais bem preparado em sua área.
» A quantidade de informação exigida dos vestibu-
» O que você sugeriria para um vestibulando que vai
landos é realmente enorme, e não são poucas as reclamações de alunos obrigados a se aprofundar em matérias que não são de sua área de interesse. O que você pensa desta reclamação ?
O ensino médio tem como missão formar o cidadão e dar aos alunos condições para que eles saibam compreender e interagir com o mundo que os cerca. Desta maneira, defendo que conhecimentos básicos das disciplinas clássicas devam ser ensinados e avaliados no vestibular, talvez com menos profundidade do que acontece hoje. Cabe ressaltar que lá fora [no exterior] existem exames de seleção completamente diferentes dos nossos, em alguns lugares do Brasil também são feitas entrevistas. Na Fuvest não dá, não é possível fazer mais de cem
prestar Fuvest?
Sem contar que ele tem de estudar muito?
» Sim, isso ele provavelmente já sabe. O que mais? Tem um conselho que eu acho que seja o mais importante, que é a tranqüilidade. Existem inúmeros casos de alunos que acabaram o ensino médio, fizeram o vestibular e depois de um ano de cursinho tiveram um desempenho igual ou pior. Certamente a explicação é a pressão, tanto interna do aluno como da família, que mal ou bem espera desse candidato um resultado melhor do que o do ano anterior. A tranqüilidade na hora da prova é muito importante, uma conversa sincera com os pais sobre a pressão pode fazer muita diferença.
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