Onde estão as mulheres na Arquitetura e Urbanismo? | Teoria da Arquitetura - 2020

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EQUIPE 1B Giovanna Nogueira Reis RA: 18096545

Raquel Ferrari Klemm de Aquino RA: 18181925

Stephanie Duarte dos Santos RA: 18722744

ORIENTADORES Luis Alexandre Amaral Pereira Pinto

Pedro Paulo De Siqueira Mainieri


ONDE SOU?

2020 FOI UM ANO ATÍPICO UM ANO DE RECOMEÇOS TUDO SE INTENSIFICOU E O ISOLAMENTO NOS ACOMETEU O COLETIVO SE TRANSFORMOU NO INDIVIDUAL COMO PENSAR NO ESPAÇO QUE OCUPAMOS? ONDE NOS VEMOS? ESSAS SÃO PERGUNTAS FEITAS HÁ DÉCADAS POR NÓS NÓS MULHERES QUE OCUPAMOS UM ESPAÇO EM QUE NÃO NOS ENCONTRAMOS ONDE ESTÃO AS MULHERES?


SUMÁRIO Onde estão as mulheres?.........................................................................2 Formulário......................................................................................................3 1. Perfil das entrevistadas....................................................................3 2. Questões de gênero.........................................................................5 3. Referências projetuais dentro da universidade....................18 4. Oportunidade de trabalho na arquitetura e urbanismo...20 5. Espaço aberto para depoimentos..............................................21 Conclusão......................................................................................................29 Agradecimentos especiais......................................................................30 Bibliografia....................................................................................................30

*Ilustração feita por Monica Garwood

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ONDE ESTÃO AS MULHERES? Ao longo da história, a partir do surgimento de relações familiares entre homens e mulheres, a organização social se deu de uma única maneira: o homem trabalha e a mulher cuida do lar e da família. Não foi até o século XIX, com a revolução industrial e a consolidação do sistema capitalista, que essas mesmas mulheres passaram a fazer parte da mão de obra. Esse foi um momento muito importante para as cidades, a partir do desenvolvimento das máquinas e da indústria, elas foram crescendo e ganhando forma, moldadas pela nova tecnologia do momento. Mas para quem essas cidades estavam sendo pensadas? As mulheres que faziam parte desse contexto estavam inseridas nesse novo molde de urbanização? Elas fizeram parte desse processo? Para um momento em que elas mal tinham direitos trabalhistas e independência econômica, é evidente o motivo delas serem excluídas. Mas e hoje? Dois séculos se passaram, e onde estão essas mulheres? Em 2018, a arquiteta e urbanista argentina Zaida Muxí, lançou um livro chamado “Mujeres, casas y ciudades”, que traduzido para um português literal seria “Mulheres, casas e cidades”. Segundo Zaida, as cidades são quase sempre constituídas de forma a refletir e consolidar estruturas patriarcais e desigualdades sociais. O nosso tema foi escolhido seguindo essa linha de raciocínio, onde observamos, desde o início da nossa formação como estudantes de arquitetura e urbanismo até os dias de hoje, a falta de mulheres nesse meio, ou melhor a falta de representatividade das mesmas.

“As mulheres estão em todos os escritórios, estão na prefeitura, estão começando a ocupar cargos mais importantes no poder público, nas faculdades, enfim, mas eu acho que ainda com relação a produção, o que a gente vê ainda é uma produção muito mais masculina.” (Ana Cecília Mattei de Arruda Campos)

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FORMULÁRIO Para este trabalho, foi desenvolvido um formulário, utilizando a plataforma Google Forms, com intuito de agregar opiniões e vivências das estudantes de arquitetura e urbanismo, somando com a nossa experiência, para que possamos formular uma conclusão sobre o espaço ocupado pelas mulheres e a representatividade das mesmas no meio acadêmico. Conseguimos alcançar 200 mulheres de 24 faculdades diferentes. 1. PERFIL DAS ENTREVISTADAS Idade 50 40 30 20 10 0

Cor/Etnia 0,5% 0,5%

Participaram dessa pesquisa mulheres na faixa etária de 18 a 32 anos, sendo elas majoritariamente brancas, apenas 1 se declara como indígena, 10 como negras, 8 como orientais, 23 como pardas e 1 preferiu não informar.

11,5% 4% 5% Branca Negra 78,5%

Oriental Parda Indígena Prefiro não informar

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Como se identifica? 0,5% 0,5%

Sobre questões de identificação, 99% se identificam como mulher cisgênero, apenas 1 se enquadra como não-binário e 1 preferiu não informar. E cerca de 50% das resposta são de alunas da FAU – PUCC.

Mulher Cisgênero 99%

Não - binário Prefiro não informar

Faculdade que estuda? 125 100 75 50 25 0

*Outros (2 ou 1 participantes): IAU – USP, FAU – USJT, FAU – UFJF, FAU – UniAnchieta, FAU – FUMEC, FCT – Unesp, FAU – Unoeste, FAU – UCS, FAU – UNASP, FAU – CEULP/ULBRA, FAU – FIAM-FAAM – FMU, FAU – UFT, FAU – UFERSA.

Em que semestre está atualmente? 60

40

20

0

10°

Formada

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2. QUESTÕES DE GÊNERO

Foram desenvolvidas perguntas para buscar informações sobre como outras mulheres vivenciam e percebem o espaço em que estudam e passam a maior parte do tempo, além da interação com os outros indivíduos dentro da universidade. Composição da sala

Ao questionar sobre composição majoritária da sala de aula 90% responderam ser composta por mulheres e 10% responderam ter uma sala equilibrada e não obtivemos nenhuma resposta de sala composta predominantemente por homens.

10%

90%

Mulheres Equilibrados

Sua universidade contribui com a equidade de gênero?

15%

37%

Sim

48%

As respostas sobre as atitudes das faculdades em relação ao tema se dividiram em sua maioria entre não e não sei e 15% responderam que acreditam que sua universidade está fazendo algo.

Não Não sei

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Como sua universidade contribui com a equidade de gênero?

Sempre que possível, promove palestras e conversas em eventos para os alunos que nos falem sobre o nosso lugar (mulheres) na arquitetura. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU - UFPI)

Sempre tem programas para aplicar a inclusão, palestras com temáticas sobre LGBTQI+ Última atitude foi estabelecendo banheiros sem distinguir gêneros espalhados na faculdade. (Não muitos mas já foi um início) amém kkkk (mulher cisgênero, 25 anos, branca, FAU – USJT)

Promovendo eventos inclusivos. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU - PUCC)

As professoras e professores trazem com frequência a discussão da atuação das mulheres na área da arquitetura, sempre nos incentivam a nos desenvolver, não importa se o aluno é homem ou mulher. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU - PUCC)

Temos mulheres em cargos altos e também mulheres com grandes nomes dentro da faculdade, além de dar voz as alunas. (mulher cisgênero, 19 anos, branca, FAU - Mackenzie)

Na UFV há vários movimentos e grupos em prol das minorias. Ademais, a contratação de mulheres é ampla e feita através de processos justos, bem como a remuneração, não havendo diferenças por causa de gênero, apenas por currículo. (mulher cisgênero, 24 anos, branca, DAU - UFV)

Integrando as mulheres em diversas atividades, somos bem representadas!! (mulher cisgênero, 19 anos, branca, FAU - Unoeste)

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Apresenta espaços em que as mulheres podem ocupar cargos de liderança e não as diminuem. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAAC - Unesp)

Formando mulheres capacitadas para trabalhar com as mesmas profissões que antes seriam apenas para homens. O mercado de trabalho ainda é preconceituoso, mas com mais mulheres capacitadas, estamos cada vez mais perto de diminuir estas diferenças que nunca deveriam ter existido. (mulher cisgênero, 32 anos, oriental, FAU – FIAM-FAAM – FMU)

Muitas professoras são mulheres, e me identifico com elas. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, DAU - UFV)

Alguns professores nos mostram também arquitetas nas aulas, mas sinto que seguimos principalmente homens na graduação. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU - UFRJ)

Sinto falta de ter mais ProfessorAs e diretorAs. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU - PUCC) Não contribui, pelo contrário, homens são sempre mais exaltados pelos professores e classificados como os melhores, enquanto as mulheres, quando esforçadas, são "noias" (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU - PUCC) Pelo Cafau. (mulher cisgênero, 24 anos, branca, FAU - PUCC)

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Você já sentiu diferença no tratamento dos superiores, tais como professores do sexo masculino, ao se direcionar à alunos e alunas?

Mais da metade das mulheres questionadas responderam que sentem diferença de tratamento dentro das universidades, totalizando 149 mulheres das 200 entrevistadas, enquanto as outras se dividiram em não e não sei.

8,5%

17%

74,5%

Sim Não Não sei

Você já passou por alguma situação de preconceito por ser mulher dentro da universidade?

27%

73%

Sim Não

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Caso já tenha passado por alguma situação de preconceito, quantas vezes isso aconteceu?

Não sei exatamente quantas, pois as situações são bem cotidianas, como professores darem preferência para alunos homens falarem e apresentarem primeiro. Mas o que mais tem me incomodado são os textos de autores com posicionamentos machistas que professores indicam para leituras sem demonstrar posicionamentos diante disso, mesmo os alunxs se mostrando insatisfeitos com essa abordagem usada por autores. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU UFRJ)

Em assessorias, já vivi situações de professores se dirigirem ao único membro homem em um grupo composto por várias mulheres. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU PUCC)

Que eu me lembre não muitas vezes, mas nunca me esqueço de um caso, no primeiro ano, na disciplina de projeto. Depois de várias aulas expositivas (a respeito do prática do desenho, da luz e sombra, da construção do espaço com planos e de projetos de referência), partimos para a confecção do nosso próprio projeto. Todos os professores eram homens e desenhavam muito bem, em especial o professor que me deu a primeira assessoria. Na segunda assessoria, houve a rotação dos mesmos. Eu havia produzido mais desenhos e evoluído minha ideia (afinal, as aulas foram de excelente ajuda). O professor da segunda assessoria achou meu projeto bem interessante, mas me aconselhou a pensar por conta própria e não simplesmente copiar os desenhos do meu outro professor. Acontece que eu não tinha copiado nada de ninguém! Eu me esforcei a produzir um desenho que achava que também estava a minha altura...no final as contas, ainda acho que ele ficou desconfiado. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU PUCC)

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Durante os 5 anos da graduação aconteceu algumas vezes, não só comigo, mas com muitas amigas tbm. Vai acontecendo de forma camuflada, parte na maioria das vezes dos próprios professores. Um exemplo bobo, mas que mostra como é enraizado é o fato de grupos compostos apenas por meninos normalmente se tornarem xodó dos professores, e sim, apenas por ser de meninos. (Isso na questão de reconhecimento, nem vou entrar no mérito de assédio ou outros tipos de violência aqui) (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU PUCC)

No meu caso, recebi diversos comentários negativos por parte de professores e alunos por ter entrado na faculdade muito nova, aos 16. Falavam que eu ia desistir, ou reprovar. Haviam também alunos homens novos, no entanto nunca vi isso acontecendo com eles. Estarei formando no tempo previsto de 5 anos, com ótimo coeficiente de rendimento e sem nunca ter reprovado em qualquer matéria. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU PUCC)

Não lembro exatamente quantas vezes. Mas lembro de algumas vezes em que fiz grupo com meninos e nas assessorias os professores só conversavam/ davam mais atenção ao menino deixando as meninas do grupo um pouco em segundo plano. Já ouvi mais de uma vez piadinha machista por parte de professor e alunes também. (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU PUCC)

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Já passei por situações que um professor ficava observando o meu corpo enquanto eu falava. E diversas situações que o professor dava mais credibilidade para um membro homem do meu grupo, como se o grupo fosse formado só por esse homem. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU PUCC)

Outros alunos (homens) duvidando da minha capacidade de resolver um problema ou de identificar um erro da máquina. Taxarem o grupo só de mulheres como menos capaz de realizar um projeto, entre outras coisas. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU PUCC)

O preconceito nunca é explicito, mas fica claro como num grupo de 5 mulheres e um homem quando o homem é o mais ouvido, em especial pelos professores também homens. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU PUCC)

Já escutei algumas vezes que meus projetos refletem muito o "sentimentalismo feminino", de uma forma pejorativa, e que eu precisava aprender com fulano (um homem hetero) pois ele era mais racional nas escolhas dele de projeto. (mulher cisgênero, 23 anos, branca, DAU - UFV)

Eu me lembro de uma vez específica em que o professor que me dava assessoria falou com tom de deboche comigo sobre meu projeto e que ainda bem que eu tinha ele para me ajudar. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU PUCC)

Indiretamente em forma de comentários como: professor disse na primeira aula de D.O "se arquitetura fosse fácil, a gente chamaria de mulher“. (mulher cisgênero, 24 anos, branca, FAU PUCC)

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Algumas situações chatas em relação a colegas homens do curso de Arquitetura, fora na faculdade PUC em si. (mulher cisgênero, 19 anos, branca, FAU PUCC)

Várias vezes. Somos caladas, não somos levadas a sério, fazem piada... (mulher cisgênero, 19 anos, branca, FAU UFRJ)

Comentários sexistas sobre roupas e como elas seriam usadas para "ganhar nota" (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU PUCC)

Infinitas vezes. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU PUCC)

Em um atendimento de projeto VI, com uma professora mulher inclusive, eu estava tendo dificuldades pra desenvolver meu projeto há algumas semanas e então ela me disse: “Você deveria aproveitar que é bonita e arranjar um marido rico, porque arquiteta você nunca vai ser e se chegar a conseguir se formar, vai passar fome”. Terminei meu atendimento, arrumei minhas coisas e fui pra casa (eu morava perto da faculdade), chorei a tarde toda (ainda não estava trabalhando), chorei tanto que chegava a tremer, tive que ir pro hospital por conta da intensidade da dor de cabeça, que foi resultado de ter chorado tanto, me fez ter uma crise de vômito. Naquele semestre eu desisti de projeto e preferi pegar DP a ter que continuar sendo orientada por ela. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU Mackenzie)

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Você já sofreu qualquer tipo de assédio dentro da universidade?

35%

65%

Sim Não

Você conhece alguma mulher que já sofreu qualquer tipo de assédio dentro da universidade?

A maioria das mulheres responderam nunca terem sofrido assédio dentro das universidades, porém 83% responderam já terem conhecido alguém que já sofreu qualquer tipo de assédio, um total de 166 mulheres.

17%

83% Sim Não

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Caso já tenha passado por qualquer tipo de assédio dentro da universidade, quantas vezes isso aconteceu?

Em grupos exclusivamente femininos, professores fazendo comentários desconfortáveis e usando tom condescendente, como se as alunas fossem bobas. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU - PUCC)

Através de olhares e elogios vindo de professores (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU - PUCC)

2 vezes, com 2 professores diferentes da FAU (bem conceituados e que todos gostam) (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU - PUCC)

Comigo não mas já soube de casos de alunas(os) sendo assediados por um e outro professor. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU – PUCC)

Várias vezes, fui denunciar uma vez e não fizeram nada, colocaram eu e o cara pra conversar em uma sala, um na frente do outro, uma vergonha (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU – PUCC)

Tive um professor bem no início da faculdade que sempre passava a mão no meu ombro e no meu rosto/ cabelo quando ia fazer atendimento. Ele era bem velho e tudo que eu podia fazer pra evitar chegar perto dele, ou até falar com ele eu fazia, mas algumas vezes era impossível e eu tinha que encarar calada, porque ele é muito importante dentro da faculdade, eu só tentava ser o mais breve possível, Soube depois, por outras pessoas, que ele sempre fez isso com várias meninas. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU – Mackenzie)

Muitas vezes (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU – PUCC)

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Uma vez. Em homenagem ao dia das mães, estávamos eu e alguns amigos assistindo as apresentações dos alunos no cemitério da FAU, e o professor de Estudo Sócio-econômico, de forma desrespeitosa, se aproximou de nós e fez brincadeiras dizendo coisas como “Posso ficar perto de vocês ou é assédio?”, além de menosprezar as apresentações que defendiam os direitos das mulheres e a luta contra o assédio e machismo. (mulher cisgênero, 21 anos, oriental, FAU - PUCC)

Não sei quantas vezes ocorreu, mas já sofri assédio de um colega de curso (bem) mais velho, casado e com filhos, num nível de bater na porta da sala de uma professora desesperada, chorando e ficar com pavor só de pensar em ir para a aula. Cheguei a querer denunciar a polícia, mas por achar que não resultaria em nenhuma medida cabível, deixei para lá. (mulher cisgênero, 24 anos, branca, DAU – UFV)

Mais de uma vez, comentários estúpidos sobre roupas, decotes, sobre estar de tpm, sobre outras professoras...e de novo, normalmente partindo de professores (homens óbvio) (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU - PUCC)

Tive experiências de assédio com 3 professores homens, todos eles já com "fama" de assédio na faculdade. Sobre alunos assediando alunas, sempre acontece, não dá para contar nos dedos. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU - UFT)

Já escutei de um professor homem que meu atestado medico de ansiedade era só desculpa pra eu poder enrolar pra entregar trabalho, e que aquilo era besteira porque só mulher tem isso (mulher cisgênero, 23 anos, branca, DAU - UFV)

Não, mas já presenciei. (mulher não binária, 21 anos, branca, FAU – PUCC)

Um professor já tinha histórico de assediar as alunas, com a minha sala não foi diferente. Ele ficava encostando em nós sem permissão, pedia para abraçar... (mulher cisgênero, 22 anos, branca, IAU - USP)

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Uma ou duas vezes. Situações que o professor olhava meu corpo enquanto falava de algum trabalho. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU - PUCC)

Aconteceram algumas vezes dentro de festas da faculdade por parte de veteranos meus. (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU - PUCC)

Durante o intervalo da aula eu e minhas amigas estávamos em uma praça próxima a sala e o segurança da própria Unesp começou a tirar fotos nossa de dentro do carro da universidade e quando formos questiona-lo ele negou, sendo que era obvio o olhar e a direção que ele apontava o celular. OBS: por conta do clima quente, nós costumamos a usar roupas mais frescas, como shorts e regatas. Acreditamos ter sido esse o motivo. (mulher cisgênero, 22 anos, negra, FCT - Unesp)

Pelo menos uma vez por semana. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU – PUCC) Diversas vezes eu cruzei o olhar com o professor de G.A. e vi ele encarando meu corpo de uma maneira que me deixou desconfortável. E o mesmo já aconteceu com outro professor da FAU, ao ponto de uma vez uma amiga minha me avisar (e passar pelo mesmo também). Um professor de projeto C também deixava eu e minhas amigas desconfortáveis com o jeito que ele falava, olhava e nos tratava durante as assessorias, e era tão diferente ao ponto do nosso amigo homem também notar e nos avisar. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU – PUCC)

Mais de três (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU – UnB)

Várias vezes, infelizmente. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU – PUCC)

Não muitas, já que convivemos com mais mulheres. Mas já aconteceu. (mulher cisgênero, 19 anos, branca, FAU – UFRJ)

Várias (mais de 5) (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU – PUCC)

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Algumas vezes. Um professor da engenharia ficava passando a mão na minha perna, abraçando, etc. (mulher cisgênero, 20 anos, parda, FAU – UFJF)

Mais de três (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU – UnB)

Várias vezes, infelizmente. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU – PUCC)

Uma vez (mulher cisgênero, 20 anos, parda, FAU – UFMS)

Duas vezes (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU – UFPI)

Duas vezes (mulher cisgênero, 19 anos, parda, FAU – PUCC)

Uma vez (mulher cisgênero, 21 anos, oriental, FAU – Unicamp)

Algumas (mulher cisgênero, 19 anos, branca, FAU – PUCC)

Uma vez (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU – PUCC)

Duas vezes (mulher cisgênero, 19 anos, oriental, FAU – USP)

Uma vez (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU – PUCC)

Duas vezes (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU – UFRJ)

Olhares de homens 🙄 (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU – PUCC)

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3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS DENTRO DA UNIVERSIDADE

Pela nossa percepção sobre a falta de referências projetuais nas aulas de arquitetura e urbanismo, fizemos perguntas diretamente relacionadas sobre esse assunto para buscar a visão de outras mulheres, os gráficos estão divididos por anos da faculdade para melhor entendimento dos dados. Na sua universidade, desde o momento em que você entrou no curso ate o momento atual, quantas referências de arquitetos homens e mulheres os seus professores(as) já te apresentaram?

1° ANO

12,5%

37,5% 43,8%

12,5%

HOMENS

De 1 a 5

MULHERES

De 6 a 10 75%

6,3%

De 11 a 15 De 16 a 20

12,5%

Mais de 20

2° ANO 2,2% 6,5% 17,4%

HOMENS

39,1% 8,7%

MULHERES

58,7%

De 1 a 5 De 6 a 10

67,4%

De 11 a 15 De 16 a 20 Mais de 20

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3° ANO 1,6%

11,3%

5%

11,3%

11,7%

HOMENS

6,7%

MULHERES 33,9%

De 1 a 5 53,2%

De 6 a 10 De 11 a 15

75%

De 16 a 20 Mais de 20

4° ANO

2,4%

9,3%

14,6% 4,9%

HOMENS

18,6%

MULHERES

46,5% 46,5%

De 1 a 5 De 6 a 10 De 11 a 15

78%

De 16 a 20

25,6%

Mais de 20

5° ANO 3,8% 3,8%

7,7%

HOMENS

3,8%

11,5%

MULHERES

42,3%

De 1 a 5 De 6 a 10 De 11 a 15

42,3%

84,6%

De 16 a 20 Mais de 20

FORMADAS

14,3%

HOMENS

28,6%

MULHERES 14,3%

85,7%

57,1%

De 1 a 5 De 6 a 10 De 16 a 20 Mais de 20

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4. OPORTUNIDADE DE TRABALHO NA ARQUITETURA E URBANISMO De acordo com o 1° diagnóstico de gênero na arquitetura e urbanismo, desenvolvida pelo CAU/BR, os resultados mostram que os homens atuam mais em suas área de interesse do que mulheres. Além disso, os dados levantados pelo conselho ainda ressaltam a diferença que existe dentre as próprias mulheres. Enquanto os homens brancos ganham salários maiores do que as mulheres brancas, as mulheres negras recebem ainda menos, chegando na metade do valor. “Existe uma diferença em valores salariais para gênero e raça, e aí existe uma intersecção entre gênero e raça que faz com que as mulheres negras estejam inclusive em uma condição ainda pior do que mulheres brancas e que homens negros.” (Stephanie Ribeiro) Você acha que profissionais, homens e mulheres, têm as mesmas oportunidades de trabalho na área de Arquitetura e Urbanismo?

13%

3,5%

Sim 80,5%

Não Não sei

Ao questionarmos as participantes sobre as oportunidades de trabalho na Arquitetura e Urbanismo, 161 mulheres responderam que não acham que homens e mulheres possuem as mesmas oportunidades nesse meio, totalizando 80,5% do gráfico, enquanto apenas 3,5% responderam sim e 13% não souberam responder.

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5. ESPAÇO ABERTO PARA DEPOIMENTOS

Acredito que como o curso é composto majoritariamente por mulheres e cada vez mais estamos nos tornando as próprias professoras, as próprias donas de escritório, ou seja, tomando cada vez mais esses postos que antes era a maior parte ocupados por homens, e com o plus super importante do conhecimento sobre o feminismo, a situação atual estado melhorando. Observo que, dentro da faculdade os professores que possuem postura misóginas são +50. Além disso observo, eu no meu terceiro estágio e também conversando com minhas amigas q trabalham, q mulheres donas de escritórios pequenos e médios priorizam a contratação de mulheres. Porém, ao sair desse universo da arquitetura brasileira e ir pro internacional, as discrepâncias são maiores. Tenho uma amiga que está fazendo intercâmbio em Paris e me disse que, além da maioria de seus colegas serem homens, além dos professores e tudo mais, há uma postura machista muito explicita, com piadas, com conotação sexual e misóginas. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU Mackenzie)

O que a faculdade pensa sobre abrirmos um grupo de conversa conjunta sobre esse tema, “ser mulher na universidade”, poderíamos fazer encontros de 15 em 15 dias e assim irmos formando maior senso de apoio e coletividade umas com as outras. (mulher cisgênero, 21 anos, indígena, FAU PUCC) Parabéns pela pesquisa, gostaria muito de ler o resultado dela! (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU UFRJ)

O que acontece na faculdade, na verdade eu acho que nem chega aos pés do que acontece na vida profissional. É muito difícil ser a mulher da obra ou propor soluções para o cliente e ele não aceitar muito como verdade aquilo e quando escuta a mesma opinião mas de um mestre de obras ou engenheiro (homem) consente! (mulher cisgênero, 25 anos, branca, FAU PUCC)

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Eu sinto já dentro da faculdade uma certa diferenciação de tratamento entre homens e mulheres. Muitos professores exaltam muito alguns alunos homens dentro da minha sala, apesar de existirem alunas tão boas quanto e apesar de nós mulheres sermos em maioria dentro da faculdade. Alguns professores inclusive se há UM HOMEM no grupo já se direcionam a dar 99% da atenção nas assessorias a ele, deixando as alunas do grupo em segundo plano. As referências, além disso, são majoritariamente masculinas, sendo no máximo citadas Lina Bo Bardi ou Zaha Hadid. Pela pouca experiência que tive de estágio e conhecimento do mercado profissional, lá fora não é muito diferente: a maioria dos grandes escritórios de arquitetura são comandados por homens, e mulheres acabam focando em interiores e quando contratadas em algum escritório muitas vezes acabam recebendo menores salários. (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU PUCC)

Gostei do questionário, parabéns pela iniciativa! O único ponto negativo da pesquisa é tentar lembrar quantos arquitetos ou arquitetas já foram apresentados hahaha ao fim do curso é difícil lembrar. Vou acrescentar aqui um relato infeliz: meu curso recebeu há dois anos um professor substituto que causou muitos problemas durante o tempo que permaneceu (mais de um ano). Além de ser péssimo como educador, assediou diversas alunas, inclusive enviando mensagens sugestivas para elas. A reitoria da não liga para esse tipo de coisa, e inclusive sugere que as denúncias não sejam feitas através da faculdade. Conseguimos retirar o professor por conta da má explicação nas aulas. Passou-se um ano, e no ano que vem ele estará voltando à universidade como professor concursado, o que jamais deveria ser permitido. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, UFT)

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Acredito que na faculdade a mudança de tratamento acontece apenas em função do professor ter um afeto ou não pelo aluno/aluna. Já vi serem grossos tanto com homens quanto com mulheres. Já tivemos um caso chato de assedio mas vi o J. buscar soluções para o problema de forma que o professor foi desligado. A questão das referências não me incomodam, sei que existem bons exemplos de arquitetura feita por mulheres mas o objetivo é o projeto, a arquitetura e não se a referência é masculina ou feminina. Mesmo hoje buscamos como referência escritórios como Padovani, 24.7, super limão, mmbb. São todos escritórios de homens e nem por isso deixamos de usar como referência. Acabam sendo os mais famosos. Acompanho escritórios de mulheres também mas a maioria acaba seguindo o design de interiores. (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU PUCC)

Acredito que a faculdade de arquitetura deva contratar mais mulheres num geral, porque me sinto MUITO mais confortável tendo aula com mulheres do que com homens, principalmente por uma questão de poder e desmerecimento que sinto de professores do gênero masculino num geral. Outra aspecto que me deixa bastante irritada também é a dureza que as mulheres arquitetas precisam se moldar, o conceito da mulher que não é sensível, não chora etc, qual é exatamente o problema de chorar e expressar seus sentimentos? Já escutei de muitas professoras que precisamos ser fortes e não sermos sensíveis, como se todo o tempo precisássemos utilizar uma máscara para não cedermos ao patriarcado e, sinceramente, gostaria que esse estereótipo da mulher guerreira, insensível, acabasse. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, UFRJ)

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Eu gostaria de parabenizar a iniciativa. Falar sobre a desigualdade de gênero nunca vai ser um assunto “batido”. Precisamos sim discutir sobre isso e quanto mais falarmos, mais nos aproximamos do “mundo” que um dia pode ser o ideal. Espero que a pesquisa cause o impacto que esse tema merece. E uma sugestão: quando voltarem a ter aulas presenciais, colem lambes pela faculdade (se permitido) mostrando o rosto de arquitetas mulheres, as mais conhecidas e também e principalmente as não tão conhecidas, encham a faculdade de mulheres arquitetas, brancas, pretas, orientais... Mostrem pra eles que nós somos muitas mais e muito maiores do que eles pensam! Parabéns meninas! (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU Mackenzie)

Mesmo as mulheres sendo a maioria de formandas em arquitetura a maioria das referências de projeto são de arquitetos homens (brancos e europeus) e o rendimento médio de arquitetas brancas chega a ser 25% menor que o rendimento médio de arquitetos homens brancos e o de arquitetas negras é METADE do que o de homens arquitetos brancos. Isso sem falar no assédio sexual e moral e discriminação que muitas arquitetas enfrentam, muitas vezes não sendo respeitadas como profissionais em sua área de trabalho. (fonte: diagnóstico de gênero na arquitetura CAUBR). (mulher cisgênero, 20 anos, negra, FAU PUCC)

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O que acho mais irônico é que o curso de arquitetura e urbanismo tem em sua maioria, mulheres, porém ao ouvir nomes reconhecidos e projetos autorais nomeados apenas vemos homens em destaque. Esse trabalho com certeza será incrível, parabéns pela iniciativa, não vejo a hora de ver os resultados! (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU PUCC)

Por se tratar de uma área que demande trabalhar com, em grande maioria, profissionais do sexo masculino (na obra, como mestre de obra, engenheiro, pedreiro, etc) ser mulher me deixa insegura, ao pensar de serei respeita em um canteiro de obras ou não. Já ouvi relatos de professoras que "engrossam" a voz e usam roupas discretas quando vão em obras para se "masculinizar" e assim conseguir algum respeito. (mulher cisgênero, 21 anos, parda, FAU USP)

Amei o questionário, muito importante pra refletir o que tem acontecido na faculdade. Acho que de certo modo é algo que nunca me incentivei a refletir e por isso nao sabia responder a maioria das questões. Vou prestar bem mais atenção daqui pra frente. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU PUCC)

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A ausência do protagonismo de mulheres na arquitetura vem de uma dívida histórica. É papel de todos fazer com que isso mude, dos alunos, dos professores, dos coordenadores, etc. Trazer a mulher para a sala de aula como referência é só o primeiro passo. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, DAU UFV)

Arquitetura, como várias outras áreas, é um assunto que você vai ver homens sempre sendo estudados, alunos homens recebendo mais atenção, sendo levados mais a sério, e as alunas mulheres mesmo sendo maioria são profundamente ignoradas na área. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU UnB)

Acredito que a preferência de mercado seja mais voltada para profissionais homens. Em todo o meu tempo durante o meu estágio, meu escritório só foi contratado para fazer projetos de interiores de projetos arquitetônicos feitos por homens. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU UFPI)

Acredito que existe uma percepção geral de que a arquitetura é um curso "feminino" e que os homens que cursam são gays, o que não só é extremamente preconceituoso como é frustante uma vez que os arquitetos mais reconhecidos são homens cis héteros. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAAC)

Acredito que ser a única arquiteta mulher em obra de arquitetura acaba sendo uma barreira muito maior do que para homem. Estou vivendo isso há quase um ano e posso dizer que é muita barreira a ser quebrada, tem que ignorar várias questões... (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU PUCC)

É revoltante como em todas as vezes que fiz um trabalho com homem as mulheres tiveram que carregar o trabalho sozinha, pra no final o homem falar e ser aclamado e futuramente ter o melhor emprego. Nós levamos nas costas e ficamos de fora! (mulher cisgênero, 19 anos, branca, FAU UFRJ)

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Adorei o projeto! Muito legal saber que mais estudantes e arquitetas estão estudando sobre esse assunto, o campo da arquitetura e urbanismo ainda é muito machista, e estudos como esses com certeza tem um impacto grande na mudança :) (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU USP)

Muitas vezes acontece de um professor ao ouvir uma aluna mulher e um aluno homem sobre o mesmo assunto, tratar com mais seriedade e profissionalismo o homem. Isso acaba prejudicando nosso trabalho. (mulher cisgênero, 19 anos, branca, FAU PUCC)

Acho muito engraçado como na maioria das vezes as turmas de arquitetura e urbanismo são majoritariamente compostas por mulheres, entretanto, os grandes nomes 'sempre' são masculinos, infelizmente. (mulher cisgênero, 24 anos, branca, DAU UFV) Ainda a área seja composta majoritariamente por mulher nos dias atuais, ainda é o homem o gênero que recebe maior reconhecimento na arquitetura. Isso é um grande desmotivo. (mulher cisgênero, 22 anos, negra, FCT UNESP) Parabéns pelo trabalho meninas 🧡 tema importantíssimo e que ficou ate adormecido em mim durante esse ultimo ano de forma remota ainda. (mulher cisgênero, 23 anos, branca, FAU PUCC) Mulheres tem q ser no mínimo 40x melhores que o homem para estar em um cargo melhor q o dele, ser apenas 30x melhor não basta. (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU PUCC)

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É interessante perguntar também quantos professores homens e mulheres estão presentes na universidade. (mulher cisgênero, 20 anos, parda, FAU UNICAMP)

As vezes sinto que as empresas acham que homens sabem mais de questões de estruturas estabilidade. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU Mackenzie)

Observo até mesmo diferença de tratamento dos professores para com as professoras. (mulher cisgênero, 20 anos, branca, FAU PUCC)

Achei muito interessante o tema, algo que deveria ser mais abordado na faculdade. (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU PUCC)

Muito bacana e importante o tema do trabalho de vocês. Amei participar! (mulher cisgênero, 19 anos, branca, FAU Unoeste) Super válido esse questionário, parabéns menina!!! 🧡 (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU PUCC)

Extremamente necessário trazer este assunto à tona! (mulher cisgênero, 22 anos, branca, FAU PUCC)

Muita boa a iniciativa, parabéns (mulher cisgênero, 21 anos, branca, FAU PUCC)

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CONCLUSÃO Ao reunir todas as informações coletadas no formulário, foi possível concluir que muitas mulheres percebem o mundo como nós, em diversas universidades, mas falando principalmente da FAU PUCC que é o nosso lugar. Com a maioria das salas de aula composta por mulheres, nós ainda sentimos que precisamos dar sempre o nosso máximo para conseguir alcançar algo que muitas vezes nosso amigo homem consegue normalmente, ainda escutamos comentários que nos diminuem ou confrontam, duvidando sempre da nossa capacidade mesmo que não seja de forma explícita e tudo isso ainda no século XXI, por isso as universidades carregam um peso importante na contribuição da equidade de gênero, coisa que poucas estão fazendo. Dentro das matérias de arquitetura e urbanismo ficou evidente com os gráficos, além da nossa percepção que foi um dos motivos da escolha do trabalho, como as mulheres são pouco comentadas nas aulas em relação aos homens, tanto que em todos os gráficos (pág. 18 e 19), não importam de qual ano seja, as referências masculinas predominam em disparado. Mas será que as mulheres não estão produzindo? Debora Fernanda Salgado Silva pontua na revista Arquitetas Invisíveis, “à mulher são dadas funções específicas que não abalem a ordem estrutural das relações sociais”, as mulheres já produzem há muito tempo e discutem essa temática desde a década de 90, porém por conta de uma sociedade patriarcal e machista acabam sendo silenciadas, alguns exemplos seriam Lilly Reich, em 1930 entra na Bauhaus e se torna a primeira mulher a ser professora na escola, além de ter projetos feitos junto com Mies Van der Rohe, sendo todos atribuídos apenas a ele, como o Pavilhão de Barcelona; Bervely Greene, acredita-se ser a primeira mulher negra a se formar em arquitetura e urbanismo e chegou a integrar equipes de execução e projeto de grandes obras, como a sede da Unesco em Paris no ano de 1953. Apesar de pouco conhecidas e das referencias bibliográficas dos séculos passados serem poucas, principalmente no Brasil, as mulheres estão ocupando espaços e começando a ter visibilidade. Esperamos que esse trabalho não tenha apenas o propósito de finalização da disciplina de Teoria da Arquitetura, mas também que inspire as demais mulheres a usarem suas vozes para denunciar casos de assédio, e que sirva também para chamar a atenção desses homens, que seus atos não passem despercebidos.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Agradecemos primeiramente a todas as mulheres que participaram e nos ajudaram de alguma forma com esse trabalho. Agradecemos também em especial a professora Ana Cecília e a Stephanie Ribeiro, que se disponibilizaram a conversar conosco e dividir suas experiências individuais.

Stephanie Ribeiro Formada pela FAU – PUCC Apresentadora do GNT Colunista da Marie Claire

Ana Cecília Mattei de Arruda Campos Formada pela FAU – USP Professora da FAU – PUCC Suplente do CAU/SP

BIBLIOGRAFIA Revista Arquitetas invisíveis n˚1. Disponível em < https://be332de1025f-4804-aa16615df5882c7f.filesusr.com/ugd/ff1b92_554e1673a4184c0b9f29194d83 5b8220.pdf > Acesso em 07/12/2020. 1° diagnóstico de gênero na arquitetura e urbanismo. Dísponivel em < https://www.caubr.gov.br/wpcontent/uploads/2020/08/DIAGN%C3%93STICO-%C3%ADntegra.pdf > Acesso em 07/12/2020. MUXÍ, Zaida. Mujeres, casas y ciudades: Más allá del umbral. 2° edição. Barcelona: Eitora dpr-Barcelona, 2018.

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