CASA ACOLHE: 1047, 1059 e 1075, R. DA CONSOLAÇÃO PROPOSTA DE RESTAURO E NOVO USO
Stephanie Luna Galdino
CASA ACOLHE: 1047, 1059 e 1075, R. DA CONSOLAÇÃO PROPOSTA DE RESTAURO E NOVO USO
Stephanie Luna Galdino Orientada pela Profa Dra. Helena Aparecida Ayoub Silva TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo Junho, 2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço Ao meu pai, que mesmo não estando fisicamente presente, me incentiva todos os dias. Sei que estaria orgulhoso de mim. Ao Guilherme, por todo apoio, tolerância e carinho. Não teria conseguido sem você. A professora Leninha, pelos ensinamentos, apoio e meu primeiro estágio. Aos meus amigos Luna, Anna, Michelle e Hyago. Vocês sempre sempre me inspiraram.
5
Índice
1
2
pg. 13
PREEXISTÊNCIA
pg. 83
PROGRAMA
3 INTERVENÇÃO
pg. 95
4 CONCLUSÕES
pg. 121
5 APÊNDICE
pg. 125
6 BIBLIOGRAFIA
pg. 131
INTRODUÇÃO
Os casarões de estilo eclético, construídos na década de 1920, logo atraem o olhar de quem passa pela Rua da Consolação, tanto por sua grandiosidade e diferença em relação ao entorno, hoje marcado por prédios, como pelo atual estado de degradação. Rememoram um passado de início do desenvolvimento da cidade, advindo da economia cafeeira, geradora da opulência de uma burguesia em ascensão que passou a ocupar essa área. O interesse por essas casas vem em parte desse quadro, poder estudar um resquício de uma cidade que já não existe e que ilustra outros modos de habitar e de construir. Queria poder intervir numa preexistência, por julgar ser um desafio bonito, lidar com suas complexidades, utilizar as limitações como estímulo propulsor na atividade criadora de readequação do espaço às reinvindicações do presente. O trabalho se estrutura dessa forma, a princípio vem o estudo do objeto, na chave brandiana de reconhecer o bem em seus aspectos estético e histórico. Essa aproximação em relação a materialidade, volumetria e do espaço no qual o objeto está implantado, configura-se como dado primordial para a proposta de projeto a ser delineada. Em consonância também com a visão de Ruskin, de que a arquitetura doméstica tem tanto valor quando as obras grandiosas, sendo aquela que: “[...] dá origem a todas as outras, que não desdenha tratar com respeito e consideração a
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10
pequena habitação, tanto quanto a grande, e que
se então pensar na intervenção. Entende-se que
investe com a dignidade da humanidade satisfeita a
a intervenção não é menos nobre, por não ser
estreiteza das circunstâncias mundanas” (RUSKIN,
grandiosa ou inaugurar um espaço dito como cultural
2008, 59 p).
ou museológico, que atraia a atenção das mídias ou
Exprimem “[...] uma santidade [...] que não
que receba muitos visitantes. O intuito do trabalho é
pode ser renovada em qualquer moradia levantada
pensar um espaço que tenha um uso semelhante ao
sobre as suas ruínas” (RUSKIN, 2013, 57 p), e são
qual foi idealizado inicialmente: uma casa. Na leitura
testemunhos da honra, alegria e sofrimento daqueles
da cidade atual, com escassez de moradia, vem a
que a habitaram. Alinhado também a isso estão as
premissa de que seja uma casa coletiva e que sirva aos
palavras de Ricardo Severo durante conferência “A
mais necessitados. O que por vezes se entende como
Arte Tradicional no Brasil” de 1914, marco inicial do
abrigo, ou de acordo com o sistema da prefeitura de
movimento Neocolonial:
São Paulo, um centro de acolhimento. A fim de que
“Alguns reclamam que, para compor a arquitetura
a ocupação tenha consistência de gerenciamento e
monumental de uma cidade moderna, são necessários
manutenção do bem histórico, a ideia é que o novo
os moldes clássicos consagrados das obras-primas da
uso da casa se insira nesse sistema.
humanidade, aplicando cada arquiteto o estilo a que seu
Dessa forma, sem perder a leitura da casa, apesar
talento pode dar mais intensa expressão artística; essa
de ter um novo programa, o uso não se torna alheio
deveria ser a fonte da inspiração – a arte é universal e
a sua antiga vocação ou isolado das necessidades da
não nacional. Mesmo quando seja justa esta maneira
população que ocupa a área central da cidade.
de ver, há que ponderar que o caráter de uma cidade
Visualiza-se neste trabalho, portanto, dotar o
não lhe é dado por seus monumentos, colocados
bem de um novo significado, que não se impõe ou
em pontos dominantes, grandes praças ou lugares
apaga os demais extratos, mas se articula a eles,
históricos. Ligam esses locais as ruas e avenidas,
conformando um exemplo da passagem do tempo
marginadas por casas de variado destino; e são estas
e que busca suprir uma necessidade básica humana:
que dão a característica arquitetônica da cidade; com
o morar.
efeito, o monumento é uma exceção, a casa é a nota normal da vida quotidiana do cidadão, é como uma lápide epigráfica de sua ascendência e de sua história.” Uma vez reconhecendo-se o objeto, busca-
[01] Vista da Casa Amarela (nº 1075) a partir da Rua da Consolação. Fonte : Acervo pessoal, 2018.
[02] Pastilhas originais da Casa 1075. Fonte : Acervo pessoal, 2018.
11
1
PREEXISTÊNCIA
ENTORNO E IMPLANTAÇÃO
FORMAÇÃO DA RUA E DO BAIRRO | EVOLUÇÃO DO LOTE A Rua da Consolação em seus primórdios, no
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Posteriormente loteada entre 1880 e 1890, devido a expansão da cidade rumo o Oeste, é onde estão inseridas as casas hoje. (DIAMANTE, 2006).
século XVI, era ponto de ligação entre a parte mais
Em 1779, devotos de Nossa Senhora da
a oeste de São Paulo com o Largo dos Piques, área
Consolação levantaram uma pequena capela, após
principal de compra e venda de mercadorias, sendo
encontrarem uma imagem da santa e em 1799, é
assim denominada Caminho de Pinheiros. Começava
construída a igreja, surgindo um pequeno povoado,
no final da rua Direita, passando pelo Anhangabaú e
apesar de ser uma área apenas de chácaras com
rumo a Pinheiros, encontrava a estrada de Sorocaba.
plantações de hortaliças, frutas e chá além de ser
O bairro da Consolação tem origem, em duas
afastada da cidade. A Irmandade da igreja amparava
chácaras: a Chácara do Capão e a chácara do Dr.
doentes da província desde sua criação.
Martinho da Silva Prado. A primeira, pertencente ao
A construção da igreja traz melhorias urbanas,
comerciante português Mariano A. Vieira, se estendia
como a abertura de ruas e aterros. Em 1840, devido
da Rua da Consolação, a partir da atual esquina com a
ao aumento populacional e urbanização, a Igreja
Rua Dona Antônia de Queiroz seguindo em direção a
passa por uma reforma: ganha cinco janelas, duas
Paulista e concentrando o que hoje é o bairro da Bela
torres, escadas de acesso e novas portas de entrada
Vista e Consolação.
e em 1870, com uma população que já atingia a
“O sítio era denominado “do Capão” por causa de uma imponente floresta, multissecular, que
marca de 3,5 mil habitantes nas redondezas, a Igreja da Consolação foi elevada a sede da paróquia.
coroava o espigão da Avenida Paulista. [...] Vem a
Com o maior número de moradores e as novas
propósito dizer que Mariano Paim Vieira, tinha na mais
ruas, a igreja ficou desatualizada, sendo em 1907,
alta estima este maravilhoso capão de mata virgem
derrubada e substituída pelo projeto de Maximiliano
e queria assegurar-lhe o melhor destino possível.”
Hehl, responsável pelas catedrais da Sé e de Santos.
VIEIRA, 1952, p.117)
Erguida em estilo românico-bizantino, a igreja agora
A chácara de Martinho Prado, localizava-se no
recebe traços da arquitetura gótica em sua fachada,
início da Rua da Consolação, até encontra-se com a
enquanto o seu interior segue características
Chácara do Capão se estendendo da Consolação até
românicas. A obra demorou cerca de 20 anos para
o Bexiga e alcançando o que hoje é o Paissandu. Sua
ficar pronta.
sede estava ao lado da Igreja da Consolação.
Outro enfrentamento da região em transformação
a época era o abastecimento. Assim, em 1878,
localização, fazendo surgir bairros nobres como
começam a ser feitas as obras da primeira caixa
Higienópolis e Pacaembu.
de abastecimento no Alto da Consolação. O serviço estava a cargo da Companhia Cantareira.
O alargamento da rua em 1965 realizado pelo prefeito Faria Lima, não modificou as dimensões dos
Outro elemento de destaque na paisagem é o
lotes, pois as desapropriações só afetaram o lado
cemitério, que começou a ser construído em 1854 e
ímpar a partir da Rua Dona Antônia de Queiroz até
foi aberto em 1858. Alguns anos depois, o cemitério
a Avenida Paulista. Comparando os mapas do SARA
se tornou símbolo de ostentação e acompanhou a
Brasil de 1930 e o do VASP Cruzeiro de 1954
falência de famílias tradicionais da região que crescia.
percebe-se a construção de dois pequenos novos
Prova disso é a riqueza dos túmulos, com esculturas
volumes nos fundo do lotes das casas geminadas,
diversas, inclusive com obras de Victor Brecheret.
1047 e 1059. Observando a ortofoto (página 23)
Foi também na Rua da Consolação que apareceu
observa-se um outro volume de ligação entre a atual
o primeiro velódromo da cidade, que ficava em frente
casa amarela com a casa ao lado além da presença
da Igreja. Antônio Prado, foi quem resolveu nivelar
de grandes árvores.
suas terras no local para dar origem ao Velódromo Paulista, construído em 1857, tendo por função a prática e competições de ciclismo, um hábito importado da Europa, foi a antiga sede do Clube Paulistano, posteriormente tranferida para os Jardins. Em 1870, o bairro passa para a categoria de distrito e se instalam famílias da elite paulistana, morando em grandes chácaras localizadas nas proximidades. Em 1889 com a Proclamação da República, quase todos os donos de chácaras antigas do bairro mandam abrir ruas, avenidas, alamedas e largos em suas terras. A abertura avenida Paulista, em 1891, traz importância para o distrito. De área de fronteira à região central, valorizou-se muito por causa da sua
15
16
[03] SARA BRASIL, 1930
[04] VASP CRUZEIRO, 1954
ENTORNO E IMPLANTAÇÃO ATUAIS Os lotes se inserem na subprefeitura da Sé, setor 010, quadra 013, lote 0192. A paisagem já é muito diferente, e as casas que antes se mesclavam com outras de mesma opulência, hoje se destacam em um meio marcado por edifícios altos. O quadro de ocupação da rua é bem variado, predominando o comércio. Próximo estão duas importantes instituições de ensino, o Colégio e Universidade Presbiteriana Mackenzie e a PUC e a escola pública Prof.ª Marina
se ver qual é a localização da quadra, já próxima do Elevado Pres. João Goulart. A quadra é delimitada pelas Ruas Marquês de Paranaguá e Visconde de Ouro Preto, sendo o acesso ao lote por essa última (Mapa 2). A imagens [5] e [6], mostram o entorno, a situação do entorno hoje. Na Rua Visconde de Ouro Preto em frente as casas é usualmente usada como estacionamento. As árvores do lote são elementos marcantes pois interferem muito na visualização das casas por vários ângulos.
Cintra. Além dos edifícios residenciais mais antigos e os de alto padrão que surgiram recentemente, existem também grandes galpões ocupados por concessionárias de veículos. O tradicional Colégio des Oiseux, dá lugar ao terreno murado e de futuro incerto, podendo ser mais um espaço ocupado por edifícios residenciais de alto padrão ou ao Parque Augusta. No comércio, há desde pequenas padarias e restaurantes às tradicionais lojas de equipamentos para iluminação. já mais próximo da Av. Paulista. Recentemente inaugurada estação HigienópolisMackenzie ao lado dos casarões, o que ajuda a aumentar a circulação de pedestres, numa rua dominada por veículos, durante todo o dia. Bem em frente das casas está a Chácara Lane, também tombada e que abriga o Museu Cidade, com exposições e atividades culturais. Nos mapas seguintes pode-se ver as condições atuais de implantação das casas. No mapa 1, pode-
17
18
[05] O entorno é marcado por edifícios altos, de uso residencial, comercial e para escritórios. Fonte: Google, 2018.
[06] Mais próximo, é possível ver a condição atual do lote e dos edifícios. Fonte: Google, 2018.
MINHOCÃO
AV . IP IR
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INSERÇÃO URBANA DA QUADRA
R. DA C
ONSOL
AÇÃO
19
TA
LIS
AU .P AV VIAS PRINCIPAIS QUADRA
Mapa 1. Fonte: Geosampa, 2018
0
250
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ACESSOS E VIAS
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OURO O
PRET SENTIDO DAS VIAS RESIDÊNCIAS
Mapa 2. Fonte: Geosampa, 2018 0
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IMAGEM DE SATÉLITE
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LOTE
Ortofoto. Fonte: Geosampa, 2018 0
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IMPLANTAÇÃO
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CASA 1075 CASAS 1047 E 1059 GARAGEM
Mapa 3. Fonte: Geosampa, 2018 0
5
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RESIDÊNCIAS UNIFAMILIARES
RECONHECIMENTO DO VALOR | PROCESSO E RESOLUÇÃO DE TOMBAMENTO O conjunto é composto por três casas, o casarão mais antigo, número 1075, é conhecida hoje como Casa Amarela, separada por um muro das outras duas, números 1047 e 1959, geminadas entre si. Analisando o processo nº 1990-0.004.3093 de tombamento foi possível obter informações importantes sobre as casas. O tombamento foi consequência final de um longo processo iniciado em 1985 quando o INSS, dono dos imóveis a época, consultou o DPH sobre 24
o “interesse histórico” dos imóveis, sendo o processo então iniciado em 1990, mas é somente em setembro de 2005 que o estudo é aprofundado com realização do DPH de um levantamento fotográfico, levantamento dos projetos originais, parecer técnico da arquiteta Helenice Diamante, minuta e resolução de tombamento. Após o ofício do INSS (anterior IAPAS), encaminhado ao DPH, possibilitando o início do processo de tombamento, foi realizado um relatório de visita para verificar as condições de manutenção dos imóveis, a época com o 1075 abandonado e os outros com ação de despejo. O documento fornece brevemente as caractéricas ds casas: a casa 1075, que possuiria em sua “volumetria linhas que lembram o neocolonial (varandas, recuos progressivos em relação aos limites do lote) e , na sua ornamentação,
características florentinas.” (DPH, 1985, folha 7)
arquitetônica residencial; b) são um conjunto que
destaca também o volume já existente de ligação
mantém características de influência arquitetônica
entre os lotes contiguos. Estando em geral, em bom ou
italiana, de elementos ornamentais e composição
regular estado de conservação, apresentando apenas
ditos “florentinos”; c) configuram-se como memória
pequenos pontos de infiltração devido à ausência de
a se preservar da fase de expansão da cidade em
telhas. Alguns pisos e caixilhos externos de madeira,
direção ao sudoeste, no qual passou-se observar
por outro lado, estavam danificados. Já os imóveis
residências abastadas ao longo da Rua da Consolação.
1047 e 1059, em “mau estado de conservação”,
Considerando esses fatores, o tombamento é realizado
com áreas afetadas por umidade e parte do forro
da seguinte forma: o nº 1075 deve ser preservado
ausente e instação elétrica exposta.
integralmente, já o nº 1047 e o nº 1059, devem
O levantamento fotográfico de 2005, mostra
ter sua volumetria e características arquitetônicas
que na época, a casa 1075, estava em bom estado,
externas integralmente preservadas. Ainda de acordo
sem apresentar pichações e ocupado pelo TRT. Por
com a resolução, no artigo 2, é definido o nível de
outro lado, as casas geminadas, já se apresentavam
intervenção que as residências podem receber. O
degradadas, com desprendimento de materiais
casarão não deve ter suas divisões internas alteradas,
externamente, pichações e umidade.
sendo admitidas apenas pequenas alterações para
O parecer do DPH, defende assim que, “Os três
adaptação a novo uso, os revestimentos e elementos
casarões expressam na sua concepção arquitetônica,
decorativos deverão ser recuperados ou substituídos
características de um período da história da cidade e
de acordo com as características originais. Já as
confrontam entre si, distintas realidades econônicas
outras duas casas podem ter sua organização interna
[...] sua preservação documentará o processo de
alterada, mas compatíveis com o projeto original.
evolução de um bairro que foi importante ligação da
A área envoltória de proteção não foi prevista no
cidade com as províncias longínquas, e que retrata,
tombamento.
até nossos dias, a diversidade dos usos ao longo dos anos.” (DPH, 78 p) As unidades foram tombadas em 2006 pelo COMPRESP, durante a presidência de José Eduardo Lefèvre. A resolução nº3 de 2006, pontua três fatores para o tombamento: a) mantêm as características de ocupação do lote e da tipologia
25
26 [07] Casa 1075 vista da Rua da Consolação. Fonte: DPH, 2005.
[08] Casa 1075 vista do recuo frontal do lote. Fonte: DPH, 2005.
27 [09] Fachada das casas 1047 e 1059 Fonte: DPH, 2005.
[10] Vista das casas 1047 e 1059 a partir do fundo do lote. Fonte: DPH, 2005.
HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS Fruto de um novo quadro trazido pela economia cafeeira, as estradas de ferro e o desenvolvimento das cidades, são erigidas em alvenaria de tijolos e compõem uma unidade estilística do ecletismo, corrente em voga, com elementos florentinos. Representam como já apontado no estudo de tombamento do DPH, duas tipologias de moradia, o palacete ao lado das casas de aluguel, essas com sua ocupação permitida à classe burguesa média. “A par de novos partidos, nova ornamentação, novos estilos. Era o ecletismo. Era principalmente, 28
o neoclássico totalmente despoliciado que chegou ao desregramento. Era o apelo à imaginação. Era a recriação. Era o século XIX, cuja produção material aprendemos a não respeitar por não ter ele, vamos dizer, uma identidade nacional – tudo vinha de fora, tudo era copiado ou feito pelo imigrante.” (LEMOS, 1985, 50 p) O café permitiu a introdução de novas técnicas e materiais, que vieram junto com os imigrantes e seus modos de viver. A taipa dá lugar ao tijolo e a burguesia ascendente vai buscar se distanciar do passadismo colonial através da distinção de suas moradas. É importante destacar desse quadro o papel da imigração italiana, já que o arquiteto autor do projeto da casa 1075 era José Sachetti. “Em São Paulo, porém, o encontro das gentes foi diferente - a cidade, na passagem para o atual século, possuía mais de
quarenta por cento de italianos em sua população e
fachadas e as soluções mais simples aos cômodos de
todos eles envolvidos nas mais diversas atividades,
fundos”. (REIS F, 1970, 121 p). Existia, portanto uma
garantindo, inclusive, exclusividade nas construções
setorização interna onde se vêm identificadas 3 áreas
em geral. O estrangeiro impôs a técnica, mas as
distintas: social, privada e de serviço. Essas áreas
expectativas referentes ao novo viver definiram-se de
estão articuladas mediante circulação interna na qual
com comum acordo, com evidente vantagem do povo
o hall é elemento de distribuição. “O hall permitia que
hospedeiro. Daí uma cidade ímpar escondida atrás de
se fosse de uma zona a outra sem que se cruzasse a
uma impessoal cortina eclética” (LEMOS, 1985, 86 p)
terceira. No hall ficava a escada de ligação aos quartos,
Isoladas nos 4 lados do lote, os recuos frontal
nos casos dos palacetes assobradados. Foi a moda
e posterior são maiores, no casarão esse dá lugar
da entrada íntima lateral, pela passagem de acesso
a um jardim à francesa, comum nessa categoria.
do automóvel à garagem. A sala de visitas, sempre
As casas próprias, de moradia da família importante,
na frente, também possuía portas para o exterior –
necessariamente deveriam ser isoladas e cercadas
destinadas somente aos visitantes de cerimônia. Vivia-
pelos quatros lados por caprichados jardins e nesse
se à moderna, em construções arrojadas porque os
isolamento haveria um mínimo de monumentalidade
tempos já eram outros.” (LEMOS, 1985, 80 p).
aliada a um toque romântico e aconchegante, sem
Essas características presentes nas casas podem
o que, a moradia iria dar a impressão de um edifício
ser visualizadas nos redesenhos realizados com base
oficial. “[...] A maioria dos ricos estava a fim de
nos documentos encontrados no Arquivo Histórico
construir seus palacetes bastante personalizados
Municipal referente ao projeto de aprovação da Casa
e em estilos compatíveis com a função de morar e
1075 (DOC 40-CX C 11 - 1919) e ao levantamento
que nunca pudessem lembrar repartições públicas.”
arquitetônico do DPH referente as casas 1047 e
(LEMOS, 1985, 119 p)
1059.
Quanto a organização interna, observa-se nas 3 casas, a valorização dos cômodos dispostos à frente do lote. “Os cômodos da parte fronteira, abrindose sobre a rua, eram reservados aos salões, com toda a parte social da casa; para dentro ficavam as alcovas e quartos, a sala de jantar, e, ao fundo, os serviços. Os cuidados maiores eram reservados às
29
CASA 1075 Se destacando no conjunto o casarão antigo número 157, de esquina da Rua da Consolação com a Rua Visconde de Ouro Preto, teve seu alvará de construção aprovado em 1919. O primeiro dono do imóvel foi Antônio Antunes de Abreu que encomendou o arquiteto italiano José Sachetti para ser responsável pelo projeto. Não se tem muitas informações a seu respeito, apenas que também projetou o conhecido como Castelinho da Brigadeiro, construído em 1909 e foi responsável pela fachada e os três pavimentos adicionados do Palacete Santa Helena, já demolido. 30
(CAMPOS, 2006, 115 p). No processo de tombamento, vê-se o histórico de alvarás e licenças relacionados à construção e reformas posteriores. Em 1919 é realizado o requerimento para construção, no ano seguinte são solicitadas algumas modificações quanto a volumetria da garagem e ao chanfro presente no portão e em 1924 aparece como aprovada outra planta modificada, mas não está expresso quais foram as alterações. De acordo com o memorial apresentado por Sachetti está a definição dos materiais a serem usados: tijolo queimado, assentados com argamassa de cal e areia, pedra granítica para os alicerces, telhas Paulista, assoalhos de madeira e forro de estuque. Percebe-se que alinhado ao ecletismo, o arquiteto desejou imprimir na volumetria a riqueza de ornamentos e detalhes. Assim como Nestor Reis
afirma: “Quanto mais valorizada, maior tratamento
A opulência também é percebida pelo mobiliário, que
paisagístico e arquitetônico. Existem preocupações
devido a mudança da antiga família foi vendida, como
de fachadismo. “traduzindo-se em rebuscamentos de
mostram os anúncios do Estado de S. Paulo.
ordem decorativas as preocupações de oferecer ao
A seguir estão os redesenhos das plantas e dos
passante uma noção exagerada da importância dos
cortes presentes no documento DOC 40-CX C 11 –
proprietários.” (REIS F, 1970, 72 p)
1919 sobre o qual foi feita a análise da divisão em
A casa está dividida em três pavimentos. No térreo,
zonas de uso.
ou porão alto, prevalecem as atividades privadas, como jogos e biblioteca a frente e ao fundo áreas de serviço. O primeiro andar é a área de recepção social, com o grande hall e sala de visitas. Já no segundo andar fica a maioria dos quartos, uma capela e a escada espiral que dá acesso a torre. A casa passou por uma reforma em 1997 para abrigar a creche Ruth Ferrari do TRT. O engenheiro responsável, Manoel Henrique Botelho, escreveu uma crônica sobre o casarão e nela encontramos informações sobre sua história e construção. De acordo com ele, as venezianas seriam de Pinho de Riga, madeira importada, e as escadas de mogno. Os vitrais teriam sido feitos pela fábrica de Conrado Sorgenich que também produziu os vitrais do Mercado Municipal e da Secretaria da Fazenda. A pintura do forro da sala de jantar do primeiro andar da fotogrametria na página 71, seria do pintor Adolfo Fonzari. (BOTELHO, 1990, p 31-32). Os elementos decorativos estão em abundância nas fachadas, como se vê na balaustrada das varandas e escada, colunas coríntias e medalhão com o retrato de Dante Alighieri.
31
[12]
[13] 32
[14]
[12] [13] [14] As imagens mostram elementos decorativos da casa atualmente. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
33
[11] Artigos que contam a história de opulência da casa 1075. Fonte: Acervo Estadão Ed. 25 de janeiro de 2003, p 43.
34
[15] Artigo publicado sobre a casa 1075 reformada pelo EngÂş Botelho em 1997. Fonte: Acervo EstadĂŁo Ed. 25 de janeiro de 2003, p 43.
PROJETO ORIGINAL | REDESENHO RUA DA CONSOLAÇÃO
B
3
1
A
2
5
3
4
RUA VISC. E OURO PRETO
6
A
8 7 9
6
11 12
10
35
1. TERRAÇO 2. VARANDA 3. SALÃO
14
4. HALL
13
5. ESCRITÓRIO 15
6. JOGOS PARA CRIANÇAS 7. CORREDOR 8. BIBLIOTECA
B
9. QUARTO PARA MALAS 10. DISPENSA E ADEGA 11. WC 12. BANHO 13. CACHORROS 14. ENGOMADO 15. LAVANDERIA 16. GARAGE
16
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
B
1 17 18
A
1
19
4
A
1. TERRAÇO
21 20
4. HALL 11. WC 11
36
23
12
22
12. BANHO 17. SALA VISITAS 18. GABINETE
25
19. ÁTRIO 20. SALA DE JANTAR
24
21. SALETA 26
22. BOUDOIR 23. PASSAGEM
B
24. DORMITÓRIO 25. COPA 26. COZINHA
PLANTA 1º PAV. 0
1
2
3
5
B
22
A
1
28
27
4
A
24
24
29
24 30
11 12
37
1. TERRAÇO 4. HALL 11. WC 12. BANHO 22. BOUDOIR 27. ALCOVA 28. ROUPEIRO
B
29. ORATÓRIO 30. FOGAREIRO
PLANTA 2º PAV. 0
1
2
3
5
28
4
1
4
19
1 1. TERRAÇO
4
3
2. VARANDA
2
3. SALÃO 4. HALL 7. CORREDOR 10. DISPENSA E ADEGA
38
13. CACHORROS 16. GARAGE 17. SALA VISITAS 19. ÁTRIO 20. SALA DE JANTAR 22. BOUDOIR 24. DORMITÓRIO 26. COZINHA 22
4
7
17
4
20
22
24
3
3
7
10
13
28. ROUPEIRO
16
CORTE A e BB 0
1
2
3
5
SETORIZAÇÃO R UA DA CONSOLAÇÃO
B
A
R UA VISC. E OURO PRETO
A
39 PRIVADO SERVIÇO
B
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
B
A
A
40 SOCIAL SERVIร O
B
PLANTA 1ยบ PAV. 0
1
2
3
5
B
A
A
41 PRIVADO
B
PLANTA 2ยบ PAV. 0
1
2
3
5
CASAS 1047 E 1059 Há poucas informações sobre essas casas, ficando restritas ao nome dos proprietários e aos desenhos técnicos realizados pelo departamento de levantamento do DPH. Sabe-se, de acordo com os documentos do DPH que a época da construção eram os números 145 e 147 e tiveram seu alvará de construção solicitado em 1921. O primeiro alvará faz referência à construção de quatro casas iguais, os números 145 a, b, c e o 147. Sendo o 145a e 145b, propriedade de Claudio de Castro Carvalho e os 145c e 147 de Francisco 42
Barros Bettini e o arquiteto responsável, Antônio de Oliveira Coutinho. O “habite-se” foi concedido no ano seguinte e também solicitada a construção de edificação secundária no recuo de fundos e garagem em substituição às cocheiras originais do número 147. Alterações também foram aprovadas na propriedade vizinha do Sr. Cláudio de Carvalho em 1924, para a construção de “dependências nos fundos do prédio”. O último alvará existente no processo é de 1928, cujo o interessado, Francisco Bettini, pedia a aprovação de reforma do telhado e construção de terraço no número 145c. (FLS 38-43, PROC. nº 1990-0.004.309-3) As casas de aluguel foram unidades características dessa cidade em crescimento, e traduzindo bem o que afirma Carlos Lemos em Alvenaria burguesa: “As casas de aluguel merecem nossa atenção
pois a fisionomia de cidade do ecletismo muito deveu a elas, aos seus conjuntos tão uniformes que surgiram de um dia para o outro nas ruas novas. Os ricos, depois de terem providenciado os seus próprios palacetes, trataram de construir agrupamentos de casa de aluguel de variados tipos. As casas para alugar, ditas operárias, eram levantadas longe, preferencialmente perto das estações ferroviárias. Nas suas vizinhanças os capitalistas toleravam tão somente casas maiores, para os seus semelhantes de classe média, e chegavam a caprichar não só no tamanho como também no acabamento. [...] Velhas fotografias do final do século XIX mostrando dezenas e dezenas de conjuntos arquitetônicos que se deduz pertencentes a um mesmo empreendimento imobiliário e decorrente de um só projeto, onde a visão de unidade estilística era a tônica do arquiteto.” (LEMOS, 1985, p 16). Apesar de mais simplificadas do que o casarão ao lado, apresentam a mesma organização interna divididas em setores bem definidos em áreas sociais, privadas e de serviço, como pode-se ver na setorização das páginas 29 e 30, também não deixam de expressar a riqueza de detalhes e apuro construtivo, perceptível nas fachadas com as colunas e arcos, além dos acabamentos internos em ladrilhos.
PROJETO ORIGINAL
R UA DA CONSOLAÇÃO
ELEV. 1
1
1
2
3
3
2
4
4
5
6
5
7
7
8
6
8
9
9
43
1. TERRAÇO 2. ESCRITÓRIO
10
10
3. SALA DE VISITAS 4. HALL
ELEV. 2
5. SALA DE JANTAR 6. COPA 7. CRIADA 8. WC 9. COZINHA 10. DISPENSA
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
ELEV. 1
11
11
3
12
12
3
1 13
12
4
4
12
12
44
13
12
3. SALA DE VISITAS 4. HALL 11. BALCร O 12. QUARTO ELEV. 2
PLANTA 1ยบ PAV. 0
1
2
3
5
45
ELEVAÇÃO 1 E 2 0
1
2
3
5
SETORIZAÇÃO
R UA DA CONSOLAÇÃO
46 SOCIAL SERVIÇO
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
47 SOCIAL PRIVADO
PLANTA 1ยบ PAV. 0
1
2
3
5 5
HISTÓRICO DE USO, CONDIÇÕES ATUAIS
48
TRANSFORMAÇÕES,
logo em frente, e mais recentemente, o auxílio aos desabrigados do incêndio do edifício Wilton Paes
O número 1075 anterior 155 em 1919, data de
de Almeida, ocorrido no mês de Maio deste ano.
construção, foi utilizado como residência unifamiliar por
Compõem o grupo, cerca de 15 moradores fixos, mas
seu primeiro proprietário, o senhor Antônio Antunes de
todos os dias são recebidos visitantes para conhecer
Abreu e depois por sua neta, Dona Lourdes, residente
casa e principalmente grupos teatrais que solicitam
da casa até os anos 1940, sendo vendida ao INPS
aos moradores o uso dos espaços para ensaiar e
e usada como posto médico a partir daí, de acordo
apresentar peças mediante alguma retribuição em
com o artigo do Engenheiro Botelho que a entrevistou
forma de suplementos alimentares e de limpeza. Às
quando pesquisava sobre a casa a época da reforma,
quintas-feiras, ocorrem festas na parte externa e no
entre 1996 e 1997. Com a desativação do posto,
térreo da casa, cobrando-se a entrada por cinco reais,
passam a ocorrer ocupações por desabrigados, até
de acordo com o relato da moradora Fátima.
que em 1996 o TRT recebe a residência por comodato
Dessa forma, entende-se que atualmente a casa
do INSS e inicia a reforma para implantação da creche
1075 não é ocupada de forma pública, apesar do
Ruth Cardoso, usada pelo TRT para receber os filhos
discurso e das atividades culturais externas de
de seus funcionários. (BOTELHO, 1990, p 31-32).
seus moradores. Muitos ambientes não podem ser
Algumas das intervenções observadas hoje na casa,
acessados porque servem de dormitório para os
são possivelmente da época da creche, como os
moradores e os demais estão durante grande parte
pisos novos de cerâmica, o bebedouro do primeiro
do tempo indisponíveis por estarem sendo utilizados
andar e os anexos externos.
pelos diversos grupos de teatro. É importante destacar
Desde 2013, a casa está ocupada por movimentos artísticos, primeiro o Ateliê Compartilhado, que promovia espetáculos, cursos e oficinas teatrais.
também que as festas abertas também contribuem com as pichações e degradação da casa. A
casa 1075 apresenta pichações em
Em meados de 2015, ocorre a transferência de
praticamente todos os ambientes, sendo essa
gestão para o atual ocupante, o autodenominado
a degradação mais grave. Outra questão são
Quilombo Afro-Guarani, que anteriormente usava
as condições dos caixilhos de madeira, alguns
o espaço de modo conjunto com o Ateliê. O grupo
também estão pichados, outros com partes faltantes
realiza atividades externas com jovens e crianças, a
e apresentando umidade. Os pisos originais de
exemplo das promovidas na EMEI Gabriel Prestes,
ladrilho, madeira e pastilha estão em geral em boas
condições, mas necessitam de consolidação, limpeza
gerando uma nuvem de pontos e uma visualização 3d
e tratamento biocida e no caso do piso do hall de
do objeto. Essa imagem pode ser então tranformada
pastilha, algumas peças estão faltantes.
em subprodutos como imagens paralelas ao plano
Os imóveis 1047 e 1059 estão ocupados a muito tempo com função de moradia, como já mostrava o
visual. Assim foram produzidas as plantas de pisos e de forros das pgs. 67 a 69.
relatório do DPH de 1985 sobre as condições dos bens. Ao contrário do casarão que não apresenta graves condições de conservação, essas duas já tinham falta de material, danos estruturais, zonas de umidade e sérios ataques de agentes biológicos. O acesso ao interior não foi possível devido a dificuldade de comunicação com seus habitantes, receosos de receberem novas ordens de despejo. As visitas à casa 1075, juntamente com a prévia análise das informações do processo de tombamento e do alvará de construção, permitiram a elaboração das peças gráficas a seguir. Elas demonstram as modificações de projeto, os usos atuais, a caracterização dos revestimentos de piso e os fluxos .As imagens completam a apresentação da situação geral. FOTOGRAMETRIA Um elemento fundamental para a análise das condições atuais, foi a fotogramentria. Essa técnica tem como método a tomada de fotografias sequenciais de um dado objeto sob vários ângulos, posteriormente essas imagens são carregadas em um software, nesse caso, o Photoscan, que as associa,
49
1920-1940
50
CASA
POSTO MÉDICO
OCUPAÇÕES
1996
1997-2006
2013-hoje
REFORMA
CRECHE
CASA AMARELA
[04] Esquema da cronologia de ocupação da casa. Fonte: produzida pela autora.
[16]
[17]
[18]
51
[16] Projeção do hall que no projeto teria volume trapezoidal, mas que foi construído em forma de semicírculo. [17] Um dos volumes construídos em reforma posterior, provavelmente à época da creche. [18] Escada com pichações nos degraus. As pichações se repentem por todos os ambientes da casa. Fonte: Acervo pessoal, 2018.
18
16
PLANTA TÉRREO
17
[19]
[20]
[21]
52
[19] Bebedouro e novo piso, prováveis intervenções da reforma de Botelho para o uso da casa como creche. [20] Espécie de arquibancada construída em frente a casa 1075. Hoje espaço das festas semanais que ocorrem na Casa Amarela. [21] Atual estado dos vitrais de Conrado Sorgenicht, presentes no hall do 1 andar, alguns estão quebrados. Fonte: Acervo pessoal, 2018. [20]
[21] [19]
PLANTA 1 ANDAR
[22]
[23]
53
[22] [23] As casas geminadas, estão hoje em sério estado de degradação. Fonte: Laura De-Stefani, 2016.
[22]
[23
PLANTA TÉRREO
[24]
[25]
54
[24] [25] As casas geminadas, estão hoje em sério estado de degradação. Fonte: Laura De-Stefani, 2016. [24]
[25]
PLANTA TÉRREO
1075 | VOLUMETRIA ATUAL
R UA DA CONSOLAÇÃO
B
A
RUA VISC. E OURO PRETO
A
55
B
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
B
A
A
56
B
PLANTA 1ยบ PAV. 0
1
2
3
5
B
A
A
57
B
PLANTA 2ยบ PAV. 0
1
2
3
5
58
HISTÓRICO CONSTRUTIVO
R UA VISC. E OURO PRETO
R UA DA CONSOLAÇÃO
ALTERAÇÕES DE PROJETO REFORMAS POSTERIORES
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
59 ALTERAÇÕES DE PROJETO
PLANTA 1º PAV. 0
1
2
3
5
60 ALTERAÇÕES DE PROJETO
PLANTA 2º PAV. 0
1
2
3
5
FOTOGRAMETRIA
R UA DA CONSOLAÇÃO
PISOS
AM P LI AÇÃ
R UA VISC. E OURO PRETO
O1 61
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
62
AMPLIAÇÃO 1 0
1
2
3
[26] Perspectiva do gabinete do tĂŠrreo, obtida com a fotogrametria e nuvem de pontos. Fonte: produzida pela autora.
[27] Perspectiva da varanda de entrada do tĂŠrreo, obtida com a fotogrametria e nuvem de pontos. Fonte: produzida pela autora.
63
AM PL
IAÇ
ÃO 2
64
PLANTA 1º PAV. 0
1
2
3
5
65
AMPLIAÇÃO 2 0
1
2
3
66
[28] Perspectiva da varanda de entrada do tĂŠrreo, obtida com a fotogrametria e nuvem de pontos. Fonte: produzida pela autora.
[29] Fotogrametria da coluna presente no hall do primeiro andar. Fonte: produzida pela autora.
AM P LI A
ÇÃ O 3
67
PLANTA 2º PAV. 0
1
2
3
5
68
AMPLIAÇÃO 3 0
1
2
3
FORROS
AM P LI
AÇÃ O4 69
PLANTA 2º PAV. 0
1
2
3
5
70
AMPLIAÇÃO 4 0
1
2
3
[30] Perspectiva do forro em estuque da sala de jantar do primeiro andar, com as pinturas de Fonzari. Fonte: produzida pela autora.
[31] Perspectiva do forro em estuque da sala de visitas do primeiro andar. Fonte: produzida pela autora.
71
72
FLUXOS E CIRCULAÇÃO
R UA VISC. E OURO PRETO
R UA DA CONSOLAÇÃO
ENTRADAS FLUXOS EXTERNOS FLUXOS INTERNOS
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
B
A
A
73 FLUXOS EXTERNOS FLUXOS INTERNOS
B
PLANTA 1ยบ PAV. 0
1
2
3
5
B
A
A
74 FLUXOS INTERNOS
B
PLANTA 2ยบ PAV. 0
1
2
3
5
R UA VISC. E OURO PRETO
R UA DA CONSOLAÇÃO
75 ASSOALHO LADRILHO CERÂMICA NOVA PLACAS DE CONCRETO PISO DE CONCRETO
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
B
A
A
76 ASSOALHO LADRILHO CERร MICA NOVA PASTILHA
B
PLANTA 1ยบ PAV. 0
1
2
3
5
B
A
A
77 ASSOALHO LADRILHO CERร MICA NOVA
B
PLANTA 2ยบ PAV. 0
1
2
3
5
R UA DA CONSOLAÇÃO
B
A
R UA VISC. E OURO PRETO
78
A
USO LIVRE USO PRIVADO
B
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
B
A
A
79 USO LIVRE USO PRIVADO
B
PLANTA 1ยบ PAV. 0
1
2
3
5
B
A
A
80 USO LIVRE USO PRIVADO
B
PLANTA 2ยบ PAV. 0
1
2
3
5
DETALHES CONSTRUTIVOS | 1075
DET 1. Escadas em madeira Pinho de Riga;
DET 2. Cobertura em telhas francesas;
DET 3. Piso de assoalho sobre barroteamento (1o pav.);
DET 2. DET 4.
81
DET 3.
DET 4. Estrutura em madeira do telhado;
DET 5. Balaustrada do balcão (1o pav);
DET 5. DET 6.
DET 6. Balcão com arcadas sobre colunas;
DETALHES escala: 1:20 NOTA: Desenhos realizados conforme projeto original disponível no Arquivo Municipal de São Paulo. Ver apêndice pg. 126
2
PROGRAMA
CASA DE ACOLHIMENTO
MOTIVAÇÕES Considerando o atual uso compartilhado de moradia e espaço cultural, esse trabalho buscou entender as reais necessidades da área de implantação dos objetos pontuados, a fim de propor um uso futuro adequado a essa realidade. O uso proposto quer permanecer relacionado ao original destino dos imóveis, mas sem torná-los privados ou desvinculado do entorno. É conhecida em São Paulo, a falta de moradia enquanto muitos edifícios estão subutilizados, bem como as pessimas condições em que se encontram as pessoas que estão privadas 84
dessa necessidade básica e vivem nas ruas. O que se pretendeu avaliar com a análise da preexistência, além das condições materiais de preservação e história, foi se a casa realmente está sendo usada em beneficio social, como bem público que é. O que se verificou com as visitas e estudo aqui exposto, é que ela pode ser muito melhor aproveitada, sem prejudicar as pessoas que lá frequentam e promovem as atividades culturais. O melhor caminho visualizado é de que a preservação desses bens tombados, só poderá ser efetiva com o gerenciamento organizado por uma instituição e que seu uso seja público, acessível ao maior número de pessoas que mais necessitam. Por isso, se optou pelo uso como casa de acolhimento pública, gerida pela prefeitura e que por ter uso rotativo, pode receber a um maior número de
pessoas. Para poder definir o uso, buscou-se avaliar sua viabilidade através do mapeamento das unidades de abrigo da pefeitura próximos as casas de estudo e considerando o atual uso delas, como equipamento cultural, também mapeou-se as unidades culturais separadas em: teatros, museus, bibliotecas e centros culturais.
CARACTERÍSTICAS A prefeitura apresenta duas modalidades de abrigo: os Centros Temporários de Acolhimento CTA’s e os Centros de Acolhida, CA’s. Os CA’s se caracterizam por receberem em caráter provisório de pernoite direcionado para homens e mulheres maiores de 18 anos, com filhos ou não, em situação de rua. Os CA’s funcionam de domingo a domingo, das 16 às 8h ou por 24 horas e têm as seguintes diferentes categorias: 1. Centro de Acolhida para Adultos I por 16 horas 2. Centro de Acolhida para Adultos II por 24 horas 3. Centro de Acolhida Especial 3.1 Centro de Acolhida Especial para Idosos 3.2 Centro de Acolhida Especial para Mulheres 3.3 Centro de Acolhida Especial para Pessoas em Período de Convalescença que necessitem de cuidados de saúde após alta hospitalar, no aguardo da alta médica, na ausência de apoio familiar 3.4 Centro de Acolhida Especial para Famílias CTA’s são mais recentes, criados em 2017 para dar apoio aos CA’s, oferecem maiores serviços além da estadia. De acordo com a prefeitura, no programa dos CTA’s existem salas de atendimento, informática, recepção, multiuso e convivência, bagageiro, banheiros e dormitórios com adaptação para pessoas com deficiência, refeitório, lavanderia, baias de canil e vagas para carroças, além de atendimento psicológico e enfermaria. Assim, além de ter um espaço para
dormir, os usuários tem vagas de
convivência
durante o dia, com oficinas de capacitação, aulas de informática, palestras e de acordo com a prefeitura serão dos pontos de qualificação para o programa Trabalho Novo, que prevê a inserção de pessoas em situação de rua no mercado de trabalho, sendo a taxa de retenção nas contratações de 95%. O prefeito João Dória, em uma cerimônia de inauguração do novo CTA Aricanduva em Julho de 2017, explicou que as pessoas poderão ficar no local por até três meses em que receberão acolhimento, roupas, atendimento médico, estabilização emocional e psicológica, treinamento profissionalizante, carteira de trabalho e possibilidade de reinserção no mercado de trabalho. “Pelo programa Trabalho Novo, já temos mais de dez mil vagas oferecidas pelo setor privado”, acrescentou o prefeito. O objetivo de ambas as modalidades, é acolher, provendo aos usuários um ambiente seguro e equipado para garantir comodidade e permitir a reinserção na sociedade e no mercado de trabalho. O encaminhamento é realizado pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), Centros POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) e demais organizações de assistência social. Recentemente várias novas unidades foram inauguradas pela prefeitura, em parceria com organizações privadas.
85
VIABILIDADE
MAPEAMENTO DAS CASAS DE ACOLHIMENTO E DOS EQUIPAMENTOS CULTURAIS
para o mapeamento foram obtidas na base de dados
Os mapas a seguir permitem verificar a localização
Considerando essa análise, decidiu-se por
dos CTA’s e CA’s e equipamentos culturais
escolher o uso como abrigo em detrimento de um
O mapeamento foi feito para se ter uma base
espaço cultural específico. O centro de São Paulo
comparativa de avaliação das necessidades da
apresenta muitas opções de lazer e cultura, que apesar
área de inserção das casas estudadas, e definir um
de necessitarem em alguns casos de incrementação,
uso adequado a elas. Pode-se observar que em
conseguem atender a um grande grupo de pessoas,
comparação com os Centros de acolhida (Mapa 4),
de forma gratuita ou não.
os equipamentos culturais estão presentes em maior quantidade. Como pode-se ver, os CA’s tem unidades de 86
da prefeitura, Geosampa.
atendimento de públicos específicos, como mulheres, idosos, convalescentes, famílias e catadores, além dos de atendimento geral de pernoite (16h) e (24h) para adultos. Os CTA’s estão em menor número, mas conseguem atender mais pessoas, por isso a área de abrangência deles foi representada como sendo maior. Na região central existem três grandes unidades, sendo uma delas, o CTA Anhangabaú, específico para famílias. Os equipamentos culturais mapeados foram: bibliotecas, museus, teatros e outros espaços culturais de caráter diverso. Dentre eles, pode-se ver que a modalidade em maior número são os teatros, incluindo aí, unidades públicas e privadas. Algumas unidades agregam mais de uma função, sendo considerada em mais de um mapa. Todas as informações utilizadas
CASAS DE ACOLHIMENTO
87
RESIDÊNCIAS CA - ADULTOS 24H CA - ADULTOS 16H CA - IDOSOS CA - MULHERES CA - FAMÍLIAS CA - CONVALESCENTES CA - CATADORES CTA
Mapa 4. Fonte: Geosampa, 2018 0
0,5 km
1 km
EQUIPAMENTOS CULTURAIS BIBLIOTECAS
88
RESIDÊNCIAS BIBLIOTECA
Mapa 5. Fonte: Geosampa, 2018 0
0,5 km
1 km
MUSEUS
89
RESIDÊNCIAS MUSEU 7 u n. 4a
.
1un
Mapa 6. Fonte: Geosampa, 2018 0
0,5 km
1 km
TEATROS
90
RESIDÊNCIAS TEATRO 2 5 a 30 un.
4 a 7 u n.
.
1u n
Mapa 7. Fonte: Geosampa, 2018 0
0,5 km
1 km
ESPAÇOS CULTURAIS
91
RESIDÊNCIAS CENTRO CULTURAL / INSTITUTO CASA DE CULTURA SESC ENSINO
un
.
1
4 a 7 u n.
Mapa 8. Fonte: Geosampa, 2018 0
0,5 km
1 km
VISITAS Após essas primeiras definições e do mapeamento das casas de acolhimento, foi feita a escolha de duas delas, de características distintas para serem visitadas. A primeira foi a Casa do Migrante, localizada no bairro do Glicério que é coordenada pela entidade católica Missão Paz Scalabriniana. A casa recebe homens, mulheres e famílias, o espaço é dividido em alas por sexo, sendo que as crianças permanecem com as mães. Devido aos recentes conflitos, e aumento da imigração e refugiados, as instalações estão superlotadas e a entidade passou a receber em 92
caráter emergencial pessoas também no auditório da Igreja. A casa de acolhida pública visitada, foi a Estação Vivência, localizada no Pari. Abriga apenas homens e possuí térreo adaptada com banheiros acessíveis para idosos. Com as visitas foi possível conhecer as instalações e como são distribuídos os espaços o que foi fundamental para elencar o programa de necessidades do projeto. Além de perceber as diferenças administrativas entre um centro de acolhida pública e um coordenado por uma entidade privada. A Missão Paz por abrigar ambos gêneros e famílias, necessita de infraestrutura e espaços maiores, já que é importante separar dormitórios e sanitários para os público femininos e masculinos em alas diferentes.
A gestão pública se mostrou mais interessante pois
e público do projeto de intervenção. Na conversa
trabalha sistemicamente, assim de acordo com a
com as assistentes sociais, ficou visível a necessidade
assistente social Iara Guedes do CA Estação Vivência,
de um espaço de acolhida que seja mais acessível
os centros estão em frequente comunicação, fazem
a pessoas com mobilidade reduzida e que também
reuniões para discutir melhorias, e podem encaminhar
possa realizar primeiros atendimentos médicos e
usuários de um para outro centro com mais vagas.
fornecer medicamentos. Assim, houve a preocupação de se propor esses ambientes no programa por meio
DADOS SOCIOESPACIAIS
de uma ala de dormitórios e sanitários acessíveis
A última estimativa da população de rua de
e uma enfermaria no térreo. Além das conversas,
São Paulo, é do Censo Fipe (Fundação Instituto de
algumas reportagens mostraram a necessidade de
Pesquisas Econômicas) de 2015. O número total
um espaço para abrigar os cães e as carroças, já
seria de 15.905, sendo 7.335 nas ruas e 8.570
que muitas pessoas em situação de rua, não querem
acolhidos. De acordo com a jornalista Mônica
se direcionar aos CA’s porque a maioria deles não
Bergamo, em coluna publicada em Maio de 2018,
permite o acesso e não possui espaço adequado para
a prefeitura pretendia adiantar o censo previsto para
tal.
2020, diante da evidência do aumento de moradores
Considerando o espaço construído das casas
de rua, que já deve chegar a 20 mil (FOLHA SP,
estudadas e a área ao fundo disponível, foi definido
2018).
que a proposta de abrigo, deve se limitar a abrigar
A Subprefeitura da Sé é onde está a maioria das
o público masculino, (maioria no censo). As visitas
pessoas que pernoitam nas ruas (52,7%); quanto à
também corroboraram com a definição de um espaço
distribuição por sexo, homens predominam sendo
de acolhida público.
82%; com relação à faixa etária, 36,6% estão entre 31 e 49, 19,7% entre 50 e 64 (sem informação chegam a 20,5%). (Fipe, 2015). DEFINIÇÕES DE PROGRAMA E PÚBLICO A partir dessas novas percepções, foi possível ter uma visão mais ampla para definir o programa
93
3
INTERVENÇÃO
PROPOSTA
A proposta de intervenção é fundamentada em três chaves:
1. Inserções: fazem referência às novas aberturas, fechamentos e demais elementos decorrentes do novo programa e da adequação à acessibilidade, já que de acordo com os desenhos originais, algumas aberturas e escadas teriam dimensões menores do que as mínimas previstas na NBR 9050. (Diagramas 2, 3 e 4). 2. Ações conservativas: dizem respeito ao restauro dos elementos existentes, como consolidações, 96
substituições e tratamentos. (Diagrama 5) 3. Anexo: a principal limitação da preexistência quanto ao programa proposto é a disponibilidade espacial e de infraestrutura para acomodação das áreas molhadas. Nessa ampliação então vestiário, lavanderia e cozinha da casa de acolhida e também um guarda-volumes para os usuários dos quartos. O restaurante proposto é aberto também a um público maior, no esquema do Bom Prato da Prefeitura. (Diagrama 7, 8 e 9).
1 REMOÇÕES EXTERNAS
1
97
2
(1) Demolição de construções externas realizadas em intervenções posteriores; (2) Remoção das árvores de grande porte que impedem a visibilidade da volumetria das casas.
2. REMOÇÕES INTERNAS
98
5 3 2 4
(1) Novas aberturas de vão; (2) Alteração da abertura para acessibilidade (3) Demolição da parede recente de alvenaria,por alterar visibilidade da volumetria em arco. (4) Demolição da parede para acomodação do programa; (5) Remoção da escada de madeira, não adequada à acessibilidade.
3. FECHAMENTOS
99
(1) Fechamentos para acomodação do programa. Ver DET. 3.
4. NOVOS ELEMENTOS
7
1
100
5 3 2
4
6
(1) Umbrais para demarcação das novas aberturas (DET.1) (DET.2); (2) Frisos para demarcação dos novos fechamentos (DET.3); (3) Nova parede (DET.4); (4) Piso em membrana monolítica de epóxi bicomponente, em substituição ao piso cerâmico recente. (5) Reforço metálico em substituição a parede removida; (6) Remodelação da calçada; (7) Escada de emergência em estrutura metálica;
20
VARIÁVEL
200
DET 1. Umbral (1) Chapa metálica e=5mm, pintura grafite; Ultrapassa os limites da alvenaria em 10mm; (2) Parafuso 50mm com bucha.
VARIÁVEL (DEFINIDO PELA ABERTURA)
escala: 1:10 1
2
30
101
3
VARIÁVEL (DEFINIDO PELA ABERTURA)
200
200
1
2
30
DET 2. Caixilho novo (1) Chapa metálica e=5mm, pintura grafite; (2) Vidro laminado opaco e= 3mm; (3) Parafuso 50mm com bucha.
escala: 1:10
VARIÁVEL (DEFINIDO PELA ABERTURA)
200
30
1
2
escala: 1:10
VARIÁVEL
20
200
2 5 200
escala: 1:10 1
4
3
DET 4. Nova parede (1) Perfil U 10mm, pintura grafite; (2) Parafuso autobrocante;(3) Placa de cimento, 30mm;(4) Chumbador mecânico em aço carbono c=50mm; (5) Isolamento térmico-acústico em lã de rocha. VARIÁVEL (DEFINIDO PELA ABERTURA)
102
DET 3. Frisos para demarcação dos novos fechamentos (1) Nova alvenaria; (2) Alvenaria estrutural existente.
30
5. AÇOES CONSERVATIVAS
4
103 3
6 4e5
2
1
(1) Tratamento conservativo do barroteamento de piso; (2) Reposição de tabuado, ladrilhos e pastilhas ausentes; (3) Tratamento dos afrescos dos forros; (4) Remoção das pichações e grafites das fachadas, paredes internas e murada externa; (5) Prospecções pictórias para nova definição cromática; (6) Tratamentos ignifugante e antixilófogos para madeiramento das escadas. (7) Tratamentos ignifugante e antixilófogos para o madeiramento da cobertura.
6. PROGRAMA
104
4
6
3 5 2 1
(1) Dormitórios coletivos; Ala acessível no térreo para idosos e pessoas com mobilidade reduzida; (2) Atividade; Atendimento; Convivência; (3) Administração; (4) Sanitários; Aproveitamento das antigas instalações; (5) Sanitário PMR; (6) Anexo para novas áreas molhadas;
4
6 5
7. TERRENO
3
105
2
1
(1) Terreno preexistente; (2) Nivelamento para acesso do anexo aos edificícos preexistentes; (3) Escavação para subsolo; (4) Nova abertura para carroças e descarregamentos; (5) Horta; (6) Vegetação arbustiva e árvores de pequeno porte.
8. ANEXO
106
9. ANEXO: programa e partido
8
7
107 6 5
4
3 1 2
(1) Cobertura de ligação entre preexistência e anexo; (2) Guarda-carroças; (3) Baias para cachorros; (4) Subsolo - lavanderia, vestiário, sanitário e guarda-volumes, depósito, área técnica ;(5) Térreo - restaurante, cozinha, despensa; (6) Rampa com guarda-corpos metálicos; (7) Estrutura mista: dois volumes em concreto nas extremidades entremeados por estrutura metálica; (8) Telha termoacustica;
CORTE B O
1
2
3
5
108
B
06 05
07 01
02
03
04
07
B
1- Lavanderia; 2- Vestiário; 3- Sanitário; 4- Guarda-volume; 5- Depósito; 6- Área técnica; 7- Circulação.
PLANTA SUBSOLO 0
1
2
3
5
R UA DA CONSOLAÇÃO
B
22
21
22
20
22
22
07
22
07
19 16
23
24
15 RUA VISC. E OURO PRETO
16 07
18
07
25
17
15
07
109
27
26
14 13
12 1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
10
08 09 1,25
1
8
2
9
3
10
4
11
11
0,00 5
12
6
13
7
14
B
7- Circulação; 8- Restaurante; 9- Cozinha; 10- Despensa; 11- Guarda-carroça; 12- Baias cachorros; 13- Rouparia (depósito de doações); 14- Psicólogo; 15- Assistência Social; 16- ADM; 17- Vestiário Funcionários; 18-San. Func; 19-Copa; 20- Recepção; 21- Convivência; 22- Dormitório (acessíveis no térreo); 23- Jogos; 24- Sala TV; 25- Sala de aula / Atividades; 26- Sanitário PMR; 27- Enfermaria.
PLANTA TÉRREO 0
1
2
3
5
B
25 22
07
29
22
22
22
07
07
22
22
22
29
22
28
110
22
29
07
30
22 22
B
PLANTA 1º PAV. 07-Circulação; 22- Dormitório; 25- Sala de aula / Atividades; 28- Biblioteca/Leitura; 29- Sanitário.
0
1
2
3
5
25
B
22
25
07
22
22
111 31
22
29 22
07
B
PLANTA 2º PAV. e TORRE 07- Circulação; 22- Dormitório; 25- Sala de aula / Atividades; 29- Sanitário.
0
1
2
3
5
112
113
Intervenção : Vista Geral 1
114
115
Intervenção : Vista Geral 2
116
117
Intervenção : Vista internas
118
119
Intervenção : Corte Geral
4
CONCLUSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na minha trajetória durante a graduação, me aproximei das questões de Restauro, as percepções foram se amadurecendo aos poucos, nas aulas, estágios, intercâmbio esse trabalho é a materialização desse progresso. Aliar as preocupações de Restauro, com focalizando esses edifícios ora resisdenciais, às questões de moradia pública, permitiu trabalhar temas muito importantes e que durante a graduação nunca haviam sido experimentados conjuntamente em algum projeto. O objetivo não foi somente construir sobre o mesmo lote, mas sim buscar aprofundar os conhecimentos sobre as preexisência antes de qualquer interferência. O projeto de intervenção, embora sutil, reflete as preocupações à respeito da moradia de qualidade, tão necessárias a formação do arquiteto. Embora
o
termo,
“casa
pública”,
seja
aparentemente contraditório, pois une “casa” que remete a refúgio e “público”, oposto ao abrigo, ele aqui não abdica da ideia de intimidade e acolhimeto.
123
5
APÊNDICE
126
[1] [2] [3] Alvará de contrução. Fonte: Arquivo Histórico Municipal Doc 40-CXC111919
127
[1] [2] [3] [4] Projeto original das casas 1047 e 1059 Fonte: Processo nº16-005.192/90 – Departamento do Patrimônio Histórico de São Paulo – DPH
128
[1] [2] Projeto original da casa 1075. Fonte: Arquivo Histรณrico Municipal Doc 40-CXC111919.
PROGRAMA CASA 1 AMBIENTES RECEPÇÃO S. ESTAR ADM. CONV. COPA FUNC. ASS. SOCIAL PSICO ROUPARIA SAN. FUNC. CIRC. total parcial
TÉRREO QUANT ÁREA 1 24,2 1 31,7 1 10,8 1 10,8 1 10,0 2 20,0 1 13,0 1 14,8 1 7,7 3 22,7 165,7
PROGRAMA CASA 2 CAPAC. 2 7 2 2 4 4 2 2 1 -
1º PAV AMBIENTES AULA ESTAR LEITURA DORM SAN D.M.L CIRC total parcial
QUANT 1 1 1 3 1 1 3
AMBIENTES ATIV DORM CAPELA SAN. CIRC total parcial
QUANT 1 6 1 3 1
ÁREA 28,7 12,2 49,8 42,2 7,1 2,7 49,4 192,1
CAPAC. 16 4 20 12 1 1 -
2º PAV QUANT ÁREA 5 77,2 1 23,0 2 23,0 1 18,4 1 13,3 1 13,3 6 21,2 189,4
AMBIENTES DORM SAN. CIRC. total parcial TOTAL PAV
1º PAV. QUANT ÁREA 8 86,1 2 12 2 25 123,1 315,2
CAPAC. 12
CAPAC. 18 2 -
PROGRAMA ANEXO TÉRREO QUANT ÁREA
CAPAC.
RESTAURANTE COZINHA DESPENSA ÁREA CARROÇAS BAIAS CIRCULAÇÃO total parcial
1 1 1 1
130 34 9,8 83
90 7 14
7 1
27 68 351,8
7 -
AMBIENTES BAGAGEIRO SANITÁRIO VESTIÁRIO LAVANDERIA DEPÓSITO ÁREA TÉCNICA CIRCULAÇÃO total parcial
QUANT 1 1 1 1 1 1 2
AMBIENTES
2º PAV ÁREA 24 80,8 49,8 42,2 7,1 203,9
AMBIENTES DORMITÓRIO JOGOS TV ATIV ENFERM PMR CIRC. Total Parcial
CAPAC. 5 26 10 1 -
129
SUBSOLO
TOTAL ANEXO
ÁREA 27,7 15,4 30,8 21,5 9,8 12,4 90 117,6
CAPAC. 4 8 10 -
469,4
TOTAL CASAS 874,2
FUNCIONÁRIOS GERENTE AUX ADM ASS. SOCIAL PSICO AG. OPER - COZ AG. OPER - LIMP ORIENTADOR total parcial TOTAL
1 1 1 1 4 2 4 14 95
OCUPAÇÃO ABRIGAGOS IDOSOS 12
< 65 68
ACESS 1
81
PÚBLICO EXTERNO Rotativo
90
90
6
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
LIVROS
Dicionário da arquitetura brasileira. São Paulo, São
LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Alvenaria
Paulo Livraria Editora, 1972.
Burguesa: Breve história da arquitetura residencial
ARQUIVOS E PROCESSOS
de tijolos em São Paulo a partir do ciclo econômico
Acervo Estadão
liderado pelo café. 1. ed. São Paulo: Nobel, 1985.
QUEIROZ, Luiz Roberto de Souza. “O Estado
194 p. REIS F, Nestor Goulart Reis. Quadro da Arquitetura no Brasil. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1970. 214 p. HOMEM, Maria Cecília N. O Palacete Paulistano: e outras formas urbanas de morar da elite cafeeira, 1867-1918. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 267 p. BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. São Paulo, Ateliê, 2004. RUSKIN, John. A Lâmpada da Memória. Cotia, Ateliê, 2008. pp.51 a 85. JORGE, Clóvis de Athayde. Consolação: Uma reportagem histórica. São Paulo: Departamento do Patrimônio Histórico, 1979.
de S. Paulo”. Reforma resgata charme e história do Castelinho. 27 de abril de 2002, seç. C8 Cidades Urbanismo. Resolução de Tombamento – CONPRESP Processo nº16-005.192/90 – Departamento do Patrimônio Histórico de São Paulo – DPH DOC 13 – CX C8 – 1913 – Arquivo Histórico Municipal – Obras privadas DOC 40 – CX C11 – 1919 – Arquivo Histórico Municipal – Obras privadas SITES ALVES, D. J. (2018, junho 5). História dos bairros paulistanos - Consolação. Banco de Dados Folha.
ARTIGOS
Disponível em: http://almanaque.folha.uol.com.br/
__________. BOTELHO, Manoel Campos.
bairros_consolacao.htm
A história da Mansão Florentina da Avenida da
Geosampa
Consolação. Revista Engenharia nº 480, São Paulo,
Prefeitura de São Paulo
1990. 30-32 p.
VÍDEOS
__________. CAMPOS, Candido Malta. Em
https://www.youtube.com/watch?v=-jSp_5sj35Q
nome da cidade: Introdução e apropriação do
https://www.youtube.com/watch?v=zrL-ua1lwqE
urbanismo nos debates da Câmara paulistana na
https://www.youtube.com/watch?v=mAfCNhV-mes
década de 20. V Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. Cidades: temporalidades em confronto”,
REPORTAGENS
São Paulo, sem data.
FOLHA. BERGAMO, Mônica. População de rua
FIPE. CENSO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA DA CIDADE DE SÃO PAULO, 2015
deve chegar a 20 mil e faz Prefeitura adiantar o Censo. Maio, 2018. Disponível em: https://www1. folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2018/07/
DICIONÁRIOS
populacao-de-rua-deve-chegar-a-20-mil-e-faz-
CORONA, Eduardo & LEMOS, Carlos A. C.
prefeitura-antecipar-o-censo.shtml
133
tipografia: Helvetica Neue LT Std tiragem: 5 exemplares papel offset 120g impressão encadernação: Arrisca