Symbiosis: A Paisagem como Costura Sócio-ecológica

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Curso de Arquitetura e Urbanismo Projeto Final de Graduação - ARQ 1110

Aluna: Stéphanie Carvalho Batista Miranda Orientadora: Cecília Polacow Herzog Co-orientador: Ricardo Esteves


Ă­ndice


p.04

Tema / justificativa

p.06

Contexto I Rio de Janeiro 2016 Página 7. Relação entre a estruturação urbana devido aos grandes eventos e o processo de remoções. Página 8. Rio de Janeiro: cidade partida. Página 9. Áreas vulneráveis a redefinição da linha de costa pela elevação do nível médio do mar.

p.10

Conceituação

p.12

Área de Estudo Página 14. Localização dos recortes

p.16

Recorte Macro Página 16: Mapa síntese de diagnóstico Página 17: Análise topográfica Página 18: Análise hidrográfica Página 22: Análise da vegetação Página 24: Partidos I Princípios de Ação Página 26: Estudo preliminar: Sistema de conexão ambiental e espaços livres

p.28

Escala Meso Página 30: Aspectos formadores de identidade Página 32: Atores-chave Página 34: Caracterização ambiental Página 36: Sistema de Espaços livres Página 38: Masterplan

p.40

Escala Meso - Detalhamento das Propostas Página 40: Edifícios de Habitação Social e Realocações Página 42: Metabolismo Urbano

p.44

Intervenções na escala das casas Página 40: Edifícios de Habitação Social e Realocações Página 42: Metabolismo Urbano

p.46 p.47

Fontes Referências Bibliográficas


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1921

1968

2015

Ano 1921. Desmonte do morro do Castelo, durante a reforma de Pereira Passos. Ano 1968. Remoção da favela da Catacumba, governo de Carlos Lacerda. Ano 2015. Remoção da favela Metrô-Mangueira, durante obras de infraestrutura urbana para grandes eventos.

TEMA / JUSTIFICATIVA


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Os padrões de vida, de consumo e o modelo de desenvolvimento que induzem à predação de recursos naturais e energéticos regularam a forma como produzimos as cidades desde o período da Revolução industrial. Cidades “cinzas”, desconectadas da natureza e dos anseios naturais humanos, projetadas para os automóveis e moldadas pelos interesses privados, trazem consigo preocupações no que diz respeito a vulnerabilidade às mudanças climáticas, a efetividade de seus sistemas sociais, ambientais e econômicos sobre cenários adversos e a qualidade de vida de seus habitantes.

Sobre esse contexto, a cidade do Rio de Janeiro sofre com a falta de visão sistêmica no planejamento e continua a repetir os erros de políticas e reformas urbanas passadas. Historicamente, o município passou por vários processos de remodelação pautados, principalmente, por questões estéticas, sanitaristas, pela abertura de grandes eixos viários e que tiveram como consequência direta as demolições e desapropriações sobre as áreas mais pobres. Desde a reforma proposta por Pereira Passos, em 1875, até as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, continuamos a remover assentamentos informais, expulsar seus residentes para áreas suburbanas e longe dos locais de trabalho, canalizar e poluir rios, construir grandes anéis viários e priorizar o individual sobre o coletivo. Este trabalho tem como objetivo questionar a lógica de produção urbana carioca, ao evidenciar a necessidade de uma mudança de paradigmas fundamentada, principalmente, na efemeridade, adaptabilidade e evolução dos cenários e dinâmicas.

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Colagem síntese representativa do processo de remoção e das reinvindicações dos moradores pelo direito à cidade.

CONTEXTO

RIO DE JANEIRO 2016


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A cidade do Rio de Janeiro passa por um período de vertiginosa valorização imobiliária, fruto, principalmente, da reestruturação urbana para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. A perspectiva de consolidação de uma cidade voltada para o mercado imobiliário ameaça as individualidades, na medida em que constrói espaços cada vez mais genéricos, impessoais e voltados para interesses particulares. O desmantelamento do programa “Morar Carioca”, bem como o elevado número de remoções na cidade, reforçam essa lógica de produção urbana, e mais uma vez, deixam escapar a oportunidade de resolver problemas intrínsecos à cidade do Rio de Janeiro. Somado a esses fatores, vivemos uma época de incertezas, marcada pelas mudanças climáticas, sobrecargas dos sistemas e elevação do nível do mar. Tais fatos tornam emergenciais a adoção de soluções sistemáticas que visem a resiliência e diminuam os impactos negativos sobre a cidade.

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População da cidade x População residente em aglomerados subnormais (IBGE, 2010)

Relação entre a estruturação urbana devido aos grandes eventos e o processo de remoções. Mapa retirado do livro SMH 2016: Remoções no Rio de Janeiro olímpico.

Favelas c/ remoções

MCMV

Porto Maravilha

Clusters olímpicos


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rio de janeiro: cidade partida Mega-eventos + Governança corporativa + City Marketing + Processo de produção espacial capitalista

=

CIDADE ForMAL

recursos naturais

cidade informal

Especulação imobiliária: De 2001 a 2010: Preços dos imóveis residenciais e comerciais chegaram a subir 400% e 700%, respectivamente. (Fonte: FGV 2010); Aumento do preço do solo Investimento urbano em áreas já valorizadas pelo mercado Multiplicação de condomínios privados Privatização dos espaços públicos.

Ausência de gestão ambiental (impermeabilização do solo, desmatamento, despejo de resíduos sobre os rios e canalização dos mesmos); Abandono do “legado ambiental”e piora da qualidade das águas Cultura de jardins homogêneos Extinção de espécies e perda de diversidade Desconexão das pessoas com a natureza.

22 mil famílias removidas de suas casas (entre janeiro de 2009 e dezembro de 2015). (Fonte: RioNow). Perda de vínculos de vizinhança; Abandono do programa “Morar Carioca” Aumento da segregação sócio-espacial / gentrificação.


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Áreas vulneráveis a redefinição da linha de costa pela elevação do nível médio do mar.

Mapa adaptado do projeto: Região Metropolitana do Rio de Janeiro: Vulnerabilidades das megacidades brasileiras às mudanças climáticas.

Favela Asa Branca

O estudo considerou a possibilidade de estabelecimento da Baixada de Jacarepaguá como o caso mais crítico na capital carioca, visto que a faixa marginal do sistema lagunar de mesmo nome é fortemente adensada, o que causaria maiores danos sociais, ambientais e econômicos com a expansão de seu espelho d’ água.


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Muralhas de dinheiro em busca de ajustes espaciais para aterrissar, balés fantásticos e, de certo modo, macabros que acordam e mobilizam financeiramente moradias até então imóveis, inertes e sem liquidez, milhões de pessoas removidas por todas as grandes cidades do mundo, sintomas e sinais mapeados, lutas pela cidade, lutas que desenham campos de força.” Raquel Rolnik, citação adaptada do livro “Guerra dos Lugares: A colonização da Terra e da Moradia na Era das Finanças”.

“ “

Primeiro nós moldamos as cidades, e então, elas nos moldam. Jan Gehl, citação retirada do livro “Cidades Para Pessoas”.

Cidades construídas para uma vida salutar e não para o lucro e especulação com áreas verdes assumindo um papel importante em seus complexos, serão o interesse principal do planejador urbano.” Jens Jensen, citação retirada do texto “Terra Fluxus”.

CONCEITUAÇÃO


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Como a cidade pode transformar o panorama atual em uma oportunidade para reforçar sua economia, afirmar sua herança sócio-cultural e preparar-se para os desafios das mudanças climáticas?

Historicamente, as favelas se estabeleceram em várias partes das cidades como a única alternativa de moradia para grande parte da população mais pobre. Constituíram-se, assim, como territórios às margens da cidade formal, destituídos de infra-estrutura urbana - com sistemas de abastecimento de água, drenagem, coleta de esgoto e de lixo precários - e ausência de serviços públicos como creches, escolas e hospitais. Entretanto, seus espaços e casas são exemplos da organicidade e poder de participação popular na construção de um território, o que apesar de deflagrar problemas de infraestrutura e planejamento, apresenta uma série de aspectos positivos que se perderam ao longo do tempo no âmbito do Urbanismo. Enquanto várias cidades se apressam para estimular a transformação e construção de cidades para a escala humana, bem como o engajamento popular na tomada de decisões e a dinamicidade dos espaços, tais características se desenvolveram nos assentamentos informais por décadas. A homogeneização das soluções sobre os espaços das comunidades, são consequência de visões e anseios superficiais, resultantes de interesses externos a esses territórios. Sobre esse ponto, este estudo pretende potencializar as dinâmicas positivas que se desenvolveram nos assentamentos informais, enquanto mitiga problemas relacionados à ausência do poder público, a infraestrutura precária e a homogeneização das soluções adotadas por projetos urbanos passados ao buscar a resiliência de seu território, bem como a garantia de melhor qualidade de vida para seus moradores.

As comunidades ecológicas buscam alcançar a resiliência social, econômica e ecológica por meio da reconexão entre as pessoas e a natureza, a recuperação de cenários ambientais degradados, a mimetização dos processos naturais e o envolvimento de seus habitantes nesses processos. Voltam-se para o bem-estar de seus moradores, cidadãos participantes da vida em comunidade, e não meros consumidores de bens e serviços. Buscam fechar seus ciclos de energia localmente, por meio da produção local de alimentos e o fornecimento de energia para garantir seu funcionamento mesmo em cenários de crise. Seu território funciona como um catalisador social e é protagonista de importantes funções ecológicas para a cidade, possuindo pequena pegada ecológica. Tratam-se de comunidades mais igualitárias, cooperativas, seguras, e que oferecem mais oportunidades por meio de uma economia rentável e ao mesmo tempo, não-predatória.

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Vista da laje de um morador da Rua Dulce Bia. Foto: Rio On Watch.

Seu Bezerra mostra a poluição do rio Pavuninha. Foto: Associação de moradores de Asa Branca.

Parque Linear Cidade Jardim. Foto tirada em Outubro de 2016.

ÁREA DE ESTUDO IMEDIAÇÕES DA FAVELA ASA BRANCA curicica, rio de janeiro


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O bairro de Curicica, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, passou por profundas transformações resultantes da preparação para a sediação dos Jogos Olímpicos de 2016. As melhorias na infraestrutura trouxeram como consequência: 1) A valorização imobiliária e a expansão vertiginosa do tecido urbano; 2) Patologias ambientais: desmatamento de grandes áreas, construção de grandes subsolos e rebaixamento dos lençóis freáticos, descarte de resíduos nos corpos hídricos; 3) Eclosão de conflitos de interesses: constante pressão sobre o território das comunidades. A favela Asa Branca é um exemplo de resistência entre as comunidades cariocas que, apesar de renegadas pelo Estado, construíram sua infraestrutura, ainda que rudimentar, por

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meio do engajamento de seus moradores. Seu território denota o fracasso dos programas de urbanização anteriores, visto que apesar de ter passado pelo “Bairro Maravilha”, continua a apresentar problemas de drenagem, a carência de espaços de lazer e de equipamentos públicos, a insalubridade de seus espaços (consequência da qualidade da água do “Canal da Pavuninha”, da conformação de áreas extremamente adensadas na comunidade e ausência de vegetação). Nas próximas páginas, será apresentada uma análise sobre as escalas macro e meso, que embasaram a formulação de propostas para a região.

Vista de uma das principais ruas da comunidade - Rua Dulce Bia Foto: Associação de Moradores de Asa Branca. Tirada em 2012.


escal


la meso

escala macro

localização dos recortes


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ESCALA MACRO Análise de contexto - Mapa síntese

BRT Praça do Bandolim

BRT Curicica

BRT Asa Branca

BRT Minha Praia BRT Pedro Corrêa

Terminal Centro Olímpico BRT Parque Olímpico

LEGENDA:

FIA Topografia TOPOGRA m nível- -00-80 de nível Curva de a 80 m Curva m nível--8585-160 de nível Curva Curva de a 160 m 200mm 165a -200 nível- -165 de nível Curva Curva de 240mm 205a -240 nível- -205 de nível Curva Curva de

Mobilidade Linhas do BRT Estações BRT Transolímpica Estações BRT Transcarioca Ciclorrotas existentes Ciclovias existentes

Hidrografia Rios Trechos cobertos Margens com ocupação irregular Trechos com mata ciliar Lagoa de Jacarepaguá

Vegetação Fragmentos de vegetação densa (ameaçados pela expansão do tecido urbano) Vegetação primitiva (área natural preservada a matriz genética) Parques lineares (jardins cosméticos)


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ESCALA MACRO - TOPOGRAFIA Análise de contexto

Pedra da Águia Caída

Morro do Outeiro

O bairro de Curicica situa-se na baixada de Jacarepaguá, região que recebe as águas provenientes do Maciço da Pedra Branca (com 1024 m de altura) e do Maciço da Tijuca (com 1021 m de altura). Incidem diretamente sobre a dinâmica de águas na favela pequenas elevações, tais como: o Morro do Outeiro (com 56 m de altura) e grandes elevações, como o Maciço da Pedra Branca). O recorte analisado apresenta enchentes recorrentes, devido a constituição do seu relevo como área de baixada, e que são potencializadas, principalmente, pela expansão descontrolada do tecido urbano, o desmatamento de grandes áreas e a impermeabilização do solo.

Maciço da Pedra Branca

Pedra da Águia Caída Favela Asa Branca

Perfil do relevo. Fonte: Google Earth

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ESCALA MACRO - HIDROGRAFIA Análise de contexto “Além do complexo lagunar, a Baixada de Jacarepaguá também é bastante vascularizada por rios e canais. A maior parte das águas que descem a vertente sul das cadeias montanhosas acaba sendo direcionada para as lagoas; porém, em determinados locais, as escarpas dos respectivos maciços alcançam a linha costeira e as águas escorrem direto para o mar (MARQUES, 1984). A característica de formação dos ambientes lênticos da Baixada faz com que a renovação das águas seja insuficiente, o que aumenta a suscetibilidade dos mesmos a impactos negativos. Por estar localizado numa área deprimida, o complexo lagunar de Jacarepaguá recebe naturalmente fluxos de água e sedimentos originados em toda a área abrangida pela bacia de drenagem. Mais recentemente, com o crescimento desordenado da ocupação urbana, vêm sendo acrescidos poluentes de origem antrópica aos fluxos de água e sedimentos em direção ás lagoas e suas margens. Esses efluentes, após percorrerem vastas áreas da bacia hidrográfica da Baixada de Jacarepaguá, acabam sendo despejados in natura nos ecossistemas lagunares configurando um quadro de insalubridade e degradação ambiental.“¹ 5 Rio dos Passarinhos

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Rio Arroio Pavuna

4

6

Rio Caçambé

3

Rio da Pavuninha

2

Lagoa de Jacarepaguá

Quatro principais sub-bacias, partes da Macrobacia de Jacarepaguá, possuem influência no recorte estudado: Arroio Pavuna, Pavuninha, Passarinhos e Caçambé. De forma geral, esses corpos d’água estão bastante assoreados, possuem trechos com as margens ocupadas por favelas e por vegetação aquática.

Rios Trechos cobertos Margens com ocupação irregular Trechos com mata ciliar Lagoa de Jacarepaguá

¹ Fonte: Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) das obras de prolongamento do molhe existente na entrada do Canal da Joatinga e as melhorias da circulação hídrica do Complexo Lagunar de Jacarepaguá.


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TRECHOS GERAIS - SUB-BACIAS

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PLANOS E PROJETOS EXISTENTES: Projetos do INEA (Instituto Nacional do Ambiente) previstos para a Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá :

Trecho 1: Rio Pavuninha na altura da favela Vila Calmete. A ocupação das margens acontece de forma semelhante no rio dos Passarinhos e no Arroio Pavuna.

Trecho 2: Ponto de encontro entre o rio Pavuninha e dos Passarinhos. Foz alterada pelas obras olímpicas.

Trecho 3: Foz dos rios Caçambé, Pavuninha e dos Passarinhos, alteradas pelas obras olímpicas. Antes, desembocavam em pontos distintos da Lagoa de Jacarepaguá.

Projeto Rio Ecobarreira - O projeto tem o objetivo principal de reduzir o lixo flutuante presente nos corpos d’água. As ecobarreiras são estruturas flutuantes que, instaladas transversalmente nas calhas de rios nos trechos próximos à foz, retêm o lixo flutuante. Na concepção do projeto, pelo CIDS/FGV, previu-se utilização de materiais reciclados para flutuação, como garrafas PET, bombonas plásticas, além da madeira plástica POLICOG, material produzido a partir de Pet’s. Status: Inoperante. Projeto Ecobarcos - Também foi criado para reduzir o lixo flutuante existente, utilizando embarcações para fazer o recolhimento diário de lixo flutuante e sedimentado nas áreas costeiras e do entorno das ilhas da Baía de Guanabara. Status: Inoperante. Projeto de Saneamento da Restinga de Itapeba - A CEDAE é responsável pela execução deste projeto, que tem a finalidade de coletar todo o esgoto da área adjacente às avenidas das Américas, Salvador Allende, Alfredo Balthazar, Professor Fausto Moreira, Otávio Dupont e Di Cavalcanti, garantindo o tratamento final do esgoto produzido nas edificações presentes. Status: Em execução.


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ASPECTOS RELEVANTES - RIO PAVUNINHA Trecho 4: Rio Pavuninha no trecho da Favela Asa Branca. Moradores convivem com grandes quantidades de lixo, com o mau-cheiro e a proliferação de doenças. Foto: Associação de moradores de Asa Branca. Tirada em 2012.

Trecho 4: Travessias possíveis em poucos pontos do rio e, por várias vezes, feita de forma improvisada. Foto: Associação de moradores de Asa Branca. Tirada em 2013.

Trecho 5: Segundo os moradores, as obras da Transolímpica pioraram o assoreamento e as enchentes. Foto: Reportagem do RJTV 1ª edição (dia 12 de novembro de 2015 - “Rio desapareceu embaixo do lixo”).

Trecho 6: Obras de “dragagem” foram feitas com o final da construção da Transolímpica. Para isso, parte da mata ciliar foi retirada, o que deflagrou o estado crítico do rio para os moradores do entorno. O escoamento da água é prejudicado pela quantidade de lixo e ,assim, vira um reservatório de água parada e vetor de transmissão de doenças, como a dengue. Foto: Página do Facebook: Canal Pavuninha Tirada em Janeiro de 2016.


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Rio Pavuninha em 2016: obras de dragagem melhoraram a quantidade de lixo, porém o mau-cheiro continua. Em Outubro, durante entrevistas, moradores relataram que as enchentes cessaram após as intervenções, porém, até então, o sistema não havia sido submetido a grandes níveis de precipitação.


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ESCALA MACRO - COBERTURA VEGETAL Análise de contexto

Praça do Bandolim

Parque Linear Cidade Jardim

A Baixada de Jacarepaguá possui inúmeras áreas de preservação (APP) formadas por remanescentes de restinga, mangue e floresta ombrófila densa nas cotas mais altas que integram o Maciço da Pedra Branca. No recorte analisado, fica evidente a presença de uma coleção de fragmentos de vegetação densa impactados pela ação antrópica (queimadas, aberturas de estradas, expansão da malha urbana). A desconexão entre as áreas verdes, a presença de jardins cosméticos, e a retirada da mata ciliar, associados a outros fatores, são responsáveis pela supressão das funções ecológicas da paisagem e da potencialização de problemas relacionados à restrição do espaço destinado a biodiversidade em ilhas desconexas; à drenagem; e as ilhas de calor. A análise da página ao lado, busca apreender as principais características sobre algumas espécies pioneiras da região. Dessa forma, objetiva-se conectar as funções ecossistêmicas dos diferentes tipos

de vegetação nativas à aplicação na fase projetual para diversos fins, valendo-se das características particulares e do equilíbrio e recuperação dos ecossistemas possíveis. Fragmentos de vegetação densa (ameaçados pela expansão do tecido urbano) Vegetação primitiva (área natural preservada a matriz genética) Parques lineares (jardins cosméticos) Propriedades - Vegetação local Atrai fauna Propriedades fitoterápicas Inflorescência ornamental Folhagem ornamental Frutos comestíveis Filtra contaminantes


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Quaresmeira

Açoita-Cavalo

Pau-cigarra

Embaúba

Aroeira-da-praia

Bromélia Noeregelia cruenta

Tocoyena bullata

Palmeira Guriri

Seashore paspalum

Mangue-branco

Mangue-vermelho

MANGUEZAIS

RESTINGA

Crindiúva

FLORESTAIS

ESPÉCIES PIONEIRAS


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ESCALA MACRO - PARTIDOS E PRINCÍPIOS DE AÇÃO A região analisada deflagra o processo de produção urbana pautado nos interesses privados, onde a criação de ilhas de interesses colocou territórios a margem dos investimentos de infraestrutura básica, fragmentou a rede biótica, priorizou o rodoviarismo e renegou a importância dos espaços livres e da unidade territorial como fundamental ao estabelecimento de uma dinâmica salutar de trocas e encontros entre as pessoas e a cidade. Como consequência, problemas relacionados a falta de planejamento sistêmico acometem, principalmente, as áreas renegadas pelo poder público. A venda de grandes áreas florestadas para a implantação de condomínios sobrecarrega os sistemas de drenagem da região, e ao mesmo tempo, impulsiona o processo de gentrificação. O objetivo principal das intervenções na escala regional é costurar o tecido urbano por meio de uma rede de espaços livres capaz de reconectar as pessoas, reestruturar a rede biótica e desmantelar limites territoriais, enquanto propõe novas atividades e relações com o espaço urbano.

Dinâmicas sociais

Dinâmicas econômicas Dinâmicas ambientais

LEGENDA:

Topografia FIA TOPOGRA m nível- -00-80 de nível Curva de a 80 m Curva m nível--8585-160 de nível Curva Curva de a 160 m 200mm 165a -200 nível- -165 de nível Curva Curva de 240mm 205a -240 nível- -205 de nível Curva Curva de Hidrografia Rios Trechos cobertos Margens com ocupação irregular Trechos com mata ciliar Lagoa de Jacarepaguá

Mobilidade Linhas do BRT Estações BRT Transolímpica Estações BRT Transcarioca Ciclorrotas existentes Ciclovias existentes Ciclovias propostas

Sistema de conexão ambiental / espaços livres Áreas verdes a serem protegidas Áreas verdes sujeitas ao espraiamento do tecido urbano Áreas de Parque Ruas verdes propostas Área de acomodação de águas Novas travessias sobre o rio


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ESCALA MACRO - MAPA SÍNTESE Diagnóstico + Intervenções: Sistema de conexão ambiental e espaços livres

BRT Praça do Bandolim

BRT Curicica

BRT Asa Branca

BRT Minha Praia BRT Pedro Corrêa

Terminal Centro Olímpico BRT Parque Olímpico

1

2

3

1 Parque Linear da Pavuninha 2 Parque Symbiosis 3 Ciclovia de conexão: Av. Embaixador Abelardo Bueno - Estrada Coronel Pedro Corrêa - Estrada

Arroio Pavuna- Estrada dos Bandeirantes


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1) SISTEMA DE CONEXÃO AMBIENTAL / ESPAÇOS LIVRES:

Objetivo geral:

público nas imediações da favela Asa Branca.

Conectar os fragmentos de vegetação, preservar áreas verdes ameaçadas pela expansão do tecido urbano e com influência direta na retenção das águas da chuva e articulação o sistema natural com as dinâmicas de fluxos e encontros de pessoas.

2 - Reestruturação da rede biótica:

Metas: - Preservação e incentivo ao plantio das espécies de vegetação nativas; - Proteção das áreas verdes da expansão urbana desenfreada; - Envolvimento das pessoas com as dinâmicas naturais como forma de preservação dos recursos naturais; - Reconexão da rede biótica; - Recuperação de ecossistemas degradados; - Preparação para a sobrecarga dos sistemas sob condições climáticas adversas.

Estratégias: 1 - Recuperação de recursos hídricos: 1.1 - Implementação de jardins flutuantes sobre corpos hídricos degradados: Estruturas hexagonais que servem de apoio a plantas aquáticas capazes de filtrar poluentes sem o uso de produtos químicos. Além disso, é instalado nos rios um reator capaz de adicionar ar à água e introduzir no ecossistema uma bactéria que se alimenta dos poluentes. Trata-se de uma técnica de baixo custo desenvolvida pela empresa “Biomatrix Water”. (Figura 1). 1.2 - Obras de infraestrutura para evitar o despejo de resíduos poluentes; Com o objetivo de melhorar a qualidade da água e do ar e o controle sobre a propagação de vetores de doenças. 1.3 - Relocação de moradias coladas no leito dos rios: As mudanças climáticas tendem a sobrecarregar o sistema hídrico e promover eventos extremos com mais frequência. Senso assim, como forma de prevenção de eventuais perdas e danos ao moradores, eles seriam relocados para casas construídas pelo poder

2.1 - Preservação de áreas verdes com influência direta na retenção das águas da chuva: O desmatamento de grandes áreas vegetadas e a impermeabilização do solo em uma região que recebe um intenso aporte de águas sobrecarregariam o sistema de drenagem da região, que já sofre com alagamentos. 2.2 - Implementação de corredores verdes: Conectam as áreas verdes preservadas, os fluxos de pessoas por transporte não-motorizado, os espaços públicos e os recursos hídricos.

2.3 - Criação do Parque Linear da Pavuninha: Espaço destinado ao lazer e à prática de esportes, a conexão entre as pessoas e a natureza e a mobilidade por transporte não-motorizado. 2.4 - Parque de acomodação de águas: Responsável pela acomodação das águas em ocasiões em que haja sobrecarga dos sistemas. 2.5 - Ponte Verde: Permite o atravessamento da fauna pela Av. Salvador Allende. Também possibilita o fluxo de pessoas e a integração com os sistemas naturais. 2.6 - Recuperação da mata ciliar: As matas ciliares colaboram na proteção dos corpos hídricos, diminuindo problemas relacionados a erosão do solo e a manutenção a qualidade das águas dos corpos hídricos.

3 - Integração entre os espaços públicos existentes: A região possui pouquíssimos espaços públicos de convivência. O Parque Linear do condomínio Cidade Jardim, apesar de sua grande área, tem caráter semi-público e é pouco frequentado (Figura 3), diferentemente do que ocorre no campinho ao lado de Asa Branca (Figura 2).


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Figura 1 Jardins flutuantes

Figura 2 Item 3

Figura 3 Item 3

ESCALA MACRO Intervenções: Sistema de conexão ambiental e espaços livres LEGENDA: Áreas verdes a serem protegidas Áreas verdes sujeitas ao espraiamento do tecido urbano Áreas de parque Recuperação de mata ciliar

Ruas verdes propostas Área de acomodação de águas Novas travessias sobre o rio

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SYMBIOSIS: A PAISAGEM COMO COSTURA SÓCIO-ECOLÓGICA

Foto da Rua do Comércio. Fonte: Associação de moradores de Asa Branca.

ESCALA MESO IMEDIAÇÕES DA FAVELA ASA BRANCA curicica, rio de janeiro


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RUA AMARO CRUZ AV RUA DA ESPER . SA ANÇA LVA RUA DO COMÉR DO CIO RA LLE ND A S E O B A R N A NI B RUA UA TIA A A R ANC EN R S B RUA ASA A V B NO RUA RUA RU AD

dos fora da comunidade, requerem a caminhada por vias com pouca ou nenhuma arborização e o atravessamento por duas vias expressas onde o pedestre não possui prioridade. A partir dos resultados da fase de entrevistas, foi realizada uma análise da favela, com enfoque nos aspectos formadores de identidade da comunidade, a temática de infraestrutura verde e o sistema de espaços livres, que será apresentada nas páginas a seguir.

RUA

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A favela Asa Branca está localizada no bairro de Curicica, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Com 8000 moradores e área aproximada de 75900m², a comunidade sofre com problemas relacionados ao crescimento desordenado, o descaso do poder público e a pressão pelo modelo de cidade vigente. Durante a etapa de diagnóstico, foram realizadas entrevistas com os moradores que apontaram como principais fraquezas do território: 1) O aumento da pressão imobiliária sobre os limites da favela, ocasionado principalmente pela valorização da região depois das obras olímpicas. 2) Os constantes alagamentos, frutos de um sistema de drenagem insuficiente e da constante movimentação de terra ocasionada pelos empreendimentos que fazem fronteira com a comunidade. 3) A poluição do Rio Pavuninha e a propagação de vetores de doenças relacionadas ao contato com a água. 4) A qualidade ambiental do espaço: Altas temperaturas e pouca ventilação. 5) A existência de barreiras que impossibilitam os atravessamentos por dentro da comunidade. 6) A qualidade dos percursos realizados até os equipamentos públicos: localiza-

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ECOLÓGICAS: 32 COMUNIDADES ESTUDO DE CASO SOBRE A FAVELA ASA BRANCA 30 SYMBIOSIS: A PAISAGEM COMO COSTURA SÓCIO-ECOLÓGICA

aspectos formadores de identidade

ASPECTOS FORMADORES DE IDENTIDADE

1981

90’s

Primeiras famílias ocuparam a área que daria origem à Asa Branca.

Início da construção do condomínio Rio 2 pela construtora Carvalho Hosken. Uso da área antes da sua ocupação: Agricultura

Quem eram? Trabalhadores da antiga fábrica Cimentex.

1996

2009

Construção do sistema de esgoto rudimentar por iniciativa dos moradores.

Anúncio da cidade como sede das Olimpíadas de 2016.

2010

2012

2014

Criação do programa Morar Carioca, com o objetivo de urbanizar mais de 200 favelas.

Obras de urbanização do programa "Bairro maravilha". Asa Branca selecionada para o programa "Morar Carioca". Início das obras da Transolímpica.

Início da remoção da vizinha “Vila Autódromo”. Ameaça de remoção parcial pela Prefeitura.

2016

2015

Inauguração das linhas do BRT “Transolímpica” e “Transcarioca”.

Chegada de 180 imigrantes haitianos a Asa Branca. Eles dão aula de Francês e Inglês na associação de moradores e em troca, recebem aulas de português. Remoções na Vila União de Curicica por obras do BRT TransOlímpica.

Instalação de barreiras nas entradas da favela durante as Olimpíadas.


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LIMITES DE DEMARCAÇÃO DO TERRITÓRIO

2006

2016

2010

A partir das fotos de evolução urbana, foram identificadas algumas tendências de espraiamento do tecido urbano, registradas no mapa abaixo. Por meio das imagens, podemos perceber a forte pressão imobiliária sobre os limites da favela, principalmente após a implementação das linhas de BRT no entorno próximo, o que gerou uma valorização no preço do solo, e a venda de algumas garagens de ônibus e concessionárias para darem lugar à condomínios fechados.

Legenda LEGENDA:

Legenda Favela Favela Asa Asa Branca Branca Legenda

Favela Asa Branca Concessionárias/ garaConcessionárias/ Favela Asa Brancagaragens de ônibus Legenda gens de ônibus garagens de ônibus Concessionárias/ Condomínios Concessionárias/ garagens de ônibus Condomínios Condomínios Favela Asa Branca Residências unifamiliares e comércio Condomínios Residências unifamiliaResidências unifamiliares comércio Concessionárias/ garagense de ônibus Empresa de unifamiliares Terraplanagem (movimentação de terra) Residências e comércio res e comércio Empresa de Terraplanagem (movimentação de terra) Condomínios BRT Transolímpica Empresa de TerraplanaTerraplanagem (movimentação de terra) BRT Transcarioca Transolímpica Residências unifamiliares BRT gem (movimentação de e comércio BRT Transolímpica BRTPavuninha Transcarioca Empresa de Terraplanagem (movimentação de terra) terra) Rio BRT Transcarioca Rio Pavuninha BRT Transolímpica BRT Transolímpica Vetor de expansão do mercado imobiliário Rio Pavuninha Vetor de expansão do mercado imobiliário BRT Transcarioca Transcarioca BRT Vetor de expansão do mercado imobiliário Rio Rio Pavuninha Pavuninha Vetor dede expansão dodo mercado imobiliário Vetores expansão mercado imobiliário


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SYMBIOSIS: A PAISAGEM COMO COSTURA SÓCIO-ECOLÓGICA

ATORES-CHAVE A fase de entrevistas foi crucial para que fossem traçados alguns perfis do público-alvo. A partir deles, busca-se investigar as potencialidades dos espaços públicos existentes e a abrangência da utilização dos que fossem projetados, de modo que atendessem às necessidades dos moradores e tivessem ampla utilidade a população.


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SYMBIOSIS: A PAISAGEM COMO COSTURA SÓCIO-ECOLÓGICA

CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL Sobre esse aspecto, a análise realizada na escala da favela busca apreender sobre os impactos negativos ambientais que comprometem a qualidade de vida dos moradores e a salubridade dos espaços e que poderiam ser mitigados com a implementação de infraestrutura verde.

1

2

3

LEGENDA: Direção predominante dos ventos Orientação solar Terrenos com constante movimentação de terra (empresa de terraplanagem)


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ILHA DE CALOR - TEMPERATURAS A imagem abaixo mostra a variação de temperatura ocasionada pela conformação do tecido da favela, que dificulta a passagem de ventos e, aliada a ausência de árvores, elucida as altas temperaturas que acometem a comunidade. A análise teve como base a percepção da autora ao caminhar pela área em um dia ensolarado no mês de novembro de 2016.

ºC Rua Nova Rua B Asa Branca

Rua Sena

Rua Tia Nina

Rua Barbosa Rua do Comércio

ÁREAS PERMEÁVEIS X IMPERMEÁVEIS Os programas de urbanização que ocorreram em Asa Branca se limitaram a impermeabilizar as ruas principais da comunidade. Relatos de moradores contam que desde o programa “Bairro Maravilha”, em 2012, os alagamentos pioraram, já que as ruas foram asfaltadas, porém não foram realizadas obras de melhoria da drenagem. Em algumas localidades, o asfalto foi colocado até a beira das casas, não havendo espaço de calçada, para o escoamento de água e o plantio de árvores.

Rua do Canal Corredor de vento

1 - Foto da Rua Barbosa, em 2014.

2- Movimentação de terra nos limites da favela, em 2016.

RUAS COM MAIOR FREQUÊNCIA DE ALAGAMENTOS Asa Branca sofre com alagamentos frequentes, principalmente no período do verão. A falta de arborização, o assoreamento do rio Pavuninha, a movimentação de terra do entorno e a impermeabilização de grandes áreas são fatores que intensificam a ocorrência de cenários onde há sobrecarga dos sistemas. Maior aporte de águas

Menor aporte de águas

3 - Foto da Rua Leonardo Villas Boas, em 2016.


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SYMBIOSIS: A PAISAGEM COMO COSTURA SÓCIO-ECOLÓGICA

SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES “Os espaços livres urbanos, constituem algo além de um vazio a ser preenchido e/ou decorado. Representam, na verdade, fragmentos significativos que caracterizam o cotidiano das cidades e estruturam um organismo complexo composto por intrincadas redes de relações. Este organismo que conecta a cidade, a arquitetura construída e a paisagem configura um sistema espacial denominado “sistema de espaços livres”. É esse sistema que determina o desenho da paisagem e estabelece continuidades espaciais que relacionam construções e espaços a céu aberto nos quais a dinâmica da natureza e da geomorfologia locais – ainda que transformadas e domesticadas – exercem papel importante na reprodução da vida humana e da sociedade.”² ² Trecho retirado de: Cadernos Técnicos Morar Carioca: Espaços Livres.

3 2

1

LEGENDA:

Fluxo de pessoas Grande Médio Baixo

Áreas de permanência Principais Secundárias


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ÁREAS NÃO-CONSTRUÍDAS X ÁREAS CONSTRUÍDAS O esquema gráfico ao lado mostra em preto a configuração dos espaços intersticiais, que abrangem superfícies com vegetação, espaços de circulação, áreas de estar públicas e espaços residuais. O mapa indica a elevada densidade populacional da favela quando comparada ao entorno imediato.

SISTEMA DE CIRCULAÇÃO

1 - Rua do Canal: Área de permanência Caixa de rolamento (compartilhada entre pedestres e veículos): 5 metros Calçada: 2 metros

2 - Vielas Distância entre as casas varia de 0,80 a 1,20 m. Espaços intersticiais de passagem, escuros e mal ventilados.

3 - Rua do Comércio: * Área de permanência Caixa de rolamento (compartilhada entre pedestres e veículos): 5,50 metros

ÁREAS DE PERMANÊNCIA Em geral, configuram-se nas ruas de comércio e em pequenos espaços residuais espalhados pela comunidade. Não possuem mobiliário urbano, arborização, sombreamento, nem uma conexão clara. As imagens abaixo exemplificam as dinâmicas que ocorrem nesses espaços. 1 - Espaço que abriga os eventos político-culturais da comunidade: shows, debates, apresentações...

2 - Campinho de futebol ao lado da comunidade.

3 - As ruas da comunidade, principalmente as comerciais, configuram-se como as principais áreas de permanência.


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SYMBIOSIS: A PAISAGEM COMO COSTURA SÓCIO-ECOLÓGICA

ESCALA MESO - MASTERPLAN

1 2 Área de Zona de acomodação amortecimento de águas

9

10

Centro comercial existente

Parque linear da Pavuninha

3 Plantio de árvores

4 Novas ruas de pedestre

4 Novas ruas de pedestre

11 Parque

12

8 6 Centro de reciclagem e Carga e descarga compostagem Estacionamento

5 Rua de serviço

13

7 Biodigestores

14

15

Habitação Wetlands Mercado Fazenda vertisocial + cal e mirante térreo ativo


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JUSTIFICATIVAS GERAIS 1 Área de acomodação de águas Responsável pela acomodação das águas em ocasiões em que haja sobrecarga dos sistemas e pela sensibilização das pessoas por meio do contato com a dinâmica das águas. 2 Zona de amortecimento Camada arbórea que amortece o barulho e a poluição vindos da Av. Salvador Allende. 3 Plantio de árvores Plantio de árvores nos canteiros do BRT, que, atualmente, são apenas gramados. Essa estratégia visa amenizar a formação de ilhas de calor e a filtragem do ar das vias expressas. 4 Novas ruas de pedestre Proposição de novos atravessamentos e implantação de infra-estrutura verde em áreas que contituem-se como barreiras e/ou possuem elevado adensamento e péssimas condições de insolação e ventilação. 5 Rua de serviço Permite o acesso de veículos ao interior da favela e aos prédios de habitação social e comércio. 6 Carga e descarga / Estacionamento Durante a semana: carga e descarga dos caminhões de lixo do Centro de Reciclagem. Durante os fins de semana: estacionamento do parque e mercado. 7 Biodigestor Espaço destinado a infra-estrutura para geração de energia limpa.*

8 Centro de Reciclagem e Compostagem Separação e aproveitamento da matéria-prima inorgânica. Calculado para uso de até 25.000 pessoas.

9 Centro comercial existente Promover integração com o Parque Linear Pavuninha. 10 Parque Linear da Pavuninha Espaço destinado ao lazer e à prática de esportes, a conexão entre as pessoas e a natureza e a mobilidade por transporte não-motorizado.

11 Parque conector Área aproximada: 86.000 m² Conexão física, biótica e cultural: Parque Linear da Pavuninha - Parque Linear Cidade-Jardim - Rio Arroio-Pavuna. Ajuda na mitigação de enchentes e descontaminação do solo. Promove a diversificação de atividades, com áreas destinadas a contemplação e relaxamento, lazer, geração de renda, habitação, geração de energia, produção de alimentos orgânicos e envolvimento das pessoas com as dinâmicas naturais. 12 Habitação social + comércio Relocação de moradores cujas casas foram afetadas pelas intervenções no interior da favela Asa Branca e oferta de unidades para novos moradores.

13 Wetlands Acomodar água da chuva em dias de sobrecarga dos sistemas e descontaminar o solo, hoje acometido pelo óleo das garagens de ônibus. Também possui função pedagógica.

14 Galpão multifuncional Nos fins de semana: Venda de alimentos orgânicos produzidos na fazenda vertical e nas hortas propostas para as coberturas dos edifícios de habitação. Durante a semana: feiras, eventos, oficinas. 15 Fazenda vertical e mirante Produção de alimentos orgânicos. * Solo contaminado por óleo impede o plantio.


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SYMBIOSIS: A PAISAGEM COMO COSTURA SÓCIO-ECOLÓGICA

ESCALA MESO - DETALHAMENTO DAS PROPOSTAS Edifícios de Habitação Social e Realocações Caracterização I Áreas de Atuação Quadra 1: Rua do Canal Parte do tecido urbano com maior densidade populacional da favela. Edificações “grudadas” ou separadas por no máximo 1,20 m, com péssimas condições de ventilação e iluminação. Presença de comércio no nível térreo. Fachada oeste voltada para a rua. Quadra 2: Rua Dulce Bia Zona estritamente residencial, localizada no centro geográfico da comunidade. Tecido pouco vascularizado. Quadra 3*: Rua Nova Asa Branca Organização semelhante ao tecido formal. Casas compartilham o mesmo fundo de lote. Melhores condições de ventilação e insolação.

Área 1

Área 2

Área 3

Critério de escolha para realocações: Quadras extremamente adensadas, insalubres e que constituem-se como barreiras para o atravessamento tanto dos ventos quanto o de pessoas pela comunidade.

Objetivos: 1) Promover melhor articulação do miolo de quadra com o restante da malha urbana; 2) Aprimorar aspectos relacionados ao conforto ambiental, a eficiência energética e as condições de salubridade nas residências; 3) Implantação de jardins de chuva para mitigar enchentes; 4) Fomentar a diversificação das atividades e as oportunidades de geração de renda; 5) Criar espaços de convívio por toda comunidade.


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Mapa de Realocações Unidades realocadas: 76 Estimativa de moradores realocados (aproximado): Famílias: 90 Pessoas: 360 (Média: Famílias com 4 membros) *8 unidades têm comércio no térreo, que seriam transferidos para o térreo dos prédios de habitação. No total, aproximadamente, 4,5% dos moradores da favela seriam realocados para os novos prédios de Habitação Social.

3 2 1

Cálculo de densidade proposta Apartamento médio: 50m²

Prédio 2:

Prédio 1:

Térreo comercial 56 apartamentos

Térreo comercial 52 apartamentos

Total: 168 apartamentos

{

Prédio 3:

Térreo: apartamentos para pessoas com mobilidade reduzida (12 unidades) + 48 apartamentos

90 apartamentos para realocações 92 apartamentos para novos moradores (Estimadamente, 370 novos moradores)


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SYMBIOSIS: A PAISAGEM COMO COSTURA SÓCIO-ECOLÓGICA

ESCALA MESO - DETALHAMENTO DAS PROPOSTAS Metabolismo Urbano 1) Geração de energia - “Distributed Generation” (DER) O sistema convencional de geração de energia funciona em grande escala, e, por isso, possui grandes perdas durante a sua distribuição. O DER é um sistema descentralizado, modular e que se utiliza de tecnologias flexíveis. Proporciona o fechamento do ciclo de energia localmente e pode ser combinado ao sistema convencional, permitindo a articulação entre várias fontes de coleta de energia. Assim, reduz os impactos ambientais e promove a resiliência. (Fonte: Gate 5 Energy Partners).

1.1) Biodigestores Asa Branca possui um sistema de coleta de esgoto rudimentar, construído pelos próprios moradores. Como em várias partes da cidade, a favela e alguns condomínios do entorno descartam seus resíduos em corpos d’água próximos. A proposta a seguir, visa a utilização do esgoto como um insumo para geração de energia elétrica para a comunidade e seu entorno. Vantagens: Custo baixo (operação,

manutenção e operação). Eficiência de 85% no tratamento de esgoto.

1

2

6

3

4

5

*Diagrama fora de escala

1 Entrada de material orgânico 2 Caixa de areia: gradeamento para retenção de partículas sólidas no esgoto; 3 Biofiltro: Filtração; 4 Biodigestor: onde o efluente fica por aproximadamete 1 dia, sendo digerido por bactérias anaeróbicas que, ao se alimentarem, produzem biogás, que fica retido numa espécie de campânula, integrado ao sistema hidráulico que o impulsiona para a etapa de geração de energia;

5 Gerador de energia elétrica: Uso do biogás produzido no biodigestor; 6 Fazenda Vertical: Irrigação da horta com o líquido proveniente do tratamento pelo biodigestor (por gotejamento). O processo também produz adubo para ser utilizado na horta e/ou vendido.


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Dimensionamento O dimensionamento foi realizado com base no biodigestor que atende o bairro Guarus, na cidade de Campos , Rio de Janeiro. Lá, o biodigestor de 2 metros de diâmetro e 3 metros de altura, atende a 1100 pessoas e atende a 70% da demanda diária. Para um mesmo cenário, o biodigestor de Asa Branca deve ter 9 metros de diâmetro e 3 metros de altura, para atender cerca de 8400 moradores da comunidade e aproximadamente 12.000 moradores do entorno imediato.

1.2) Energia Solar Instalação de placas de energia solar na cobertura dos prédios de habitação social e do mercado. O sistema de Energia Solar é complementar ao dos biodigestores. Principais vantagens: - Não poluente; - Centrais necessitam de manutenção mínima. Principal desvantagem: - Produtividade depende das condições climáticas

2) Centro de Reciclagem e Compostagem O Centro de Reciclagem e Compostagem foi dimensionado com base no centro de reciclagem do Edifício Malzoni em São Paulo. Por se tratar de um prédio corporativo de classe média alta, a produção de lixo é maior do que em uma favela e os condomínios residenciais do entorno, porém, até o presente momento, nenhuma referência desse dispositivo em um contexto similar foi encontrada.

Edifício Malzoni

Asa Branca

3000 usuários diários 80m² 3 funcionários

25000 usuários diários Aprox. 700m² 25 funcionários

Coleta seletiva por andar

Coleta seletiva por quadra

Tipos de resíduos reciclados: 1) Vidros; 2) Papelão e papel; 3) Metal; 4) Bitucas de cigarro; 5) Resíduos especiais: isopor, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes. *Depois de reciclados os materiais são vendidos para empresas especializadas.

Tipos de resíduos reciclados: 1) Vidros; 2) Papelão e papel; 3) Metal; 4) Bitucas de cigarro; 5) Resíduos especiais: isopor, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes. * Depois de reciclados, alguns materiais, como plástico e metal, serão utilizados como matéria-prima para a confecção do mobilíario urbano.

Compostagem: 60% dos resíduos orgânicos compostados. Diminui a quantidade de lixo enviado ao aterro e a proliferação de vetores de doenças e economiza no tratamento de chorume enquanto produz adubo.

O composto orgânico produzido será destinado às hortas das coberturas dos prédios e dos moradores da favela.


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intervenções na escala da casa

{ Segundo a “Agenda 21 para a Construção Sustentável em Países em Desenvolvimento” feita pelo Ministério do Meio Ambiente, o termo “construção sustentável” é definido como: “um processo holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído, e a criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equidade econômica”, enfatizando a adição de valor à qualidade de vida dos indivíduos e das comunidades. Nesse sentido, as intervenções realizadas nas casas funcionam como um processo de reforma que tem como objetivo a melhoria das condições de insolação e ventilação, o aproveitamento de recursos e a gestão de resíduos sólidos. Ao lado, foram listadas as principais medidas que abrangem essas categorias.

30%

é a porcentagem que expressa a economia de uma residência sustentável em sua manutenção, gasto de água e energia elétrica.

1 - Diminuição da temperatura média nas residências: 1.1 - Implantação de tetos verdes: A ONG “Teto Verde Favela” propõe uma técnica que utiliza o cultivo de plantas litófitas e epífitas, que possuem raízes superficiais e crescem sobre rochas e cascas de árvores, sob as superfícies dos telhados. Assim, não é necessária a utilização de terra como substrato, o que diminui o peso total sobre a construção e permite que as plantas cresçam sobre telhados de amianto e de zinco. O projeto teve início na favela do Arará, em Benfica, e apresentou uma redução de 25 graus de temperatura quando comparada com uma casa com telhado de amianto. Principais benefícios: _ Conforto térmico; _Impermeabilização das telhas; _ Retenção das águas pluviais; _ Conforto acústico; _ Melhoria na qualidade do ar; _ Baixo custo de instalação e manutenção; _ Baixo peso sobre a estrutura; _ Geração de renda; _Reutilização de materiais (lona utilizada para a impermeabilização é a mesma para a produção de banners).

} 2 - Aproveitamento de recursos: 2.1 - Aproveitamento das águas da chuva: Construção de cisternas para armazenagem e utilização da água para usos não potáveis. 3 - Gestão de resíduos: 3.1 - Adoção de um projeto hidrossanitário com tubulações independentes para as águas negras (vaso sanitário) e para as águas cinzas (reaproveitadas para rega de jardim). 3.2 - Redução da geração de resíduos da construção, com o reaproveitamento e reciclagem de materiais.



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COMUNIDADES ECOLÓGICAS: ESTUDO DE CASO SOBRE A FAVELA ASA BRANCA

Página 4 Foto 1: Desmonte do morro do Castelo. Retirada de: http://infograficos.oglobo.globo.com/rio/castelo-360o.html. Acesso em 08/10/2016. Foto 2: Remoção da favela da Catacumba. Foto por Correio da Manhã. Retirada de: http://rioonwatch. org.br/?p=18044. Acesso em 08/10/2016. Foto 3: Remoção da favela da Metrô Mangueira. Foto por Luiz Baltar / Imagens do Povo. Retirada de: http://of.org.br/noticias-analises/os-megaeventos-sao-justificativas-para-remocoes-forcadas/. Acesso em 08/10/2016. Página 6

Página 14 Foto retirada do site http://rioonwatch.org.br Páginas 15 Foto disponibilizada pela Associação de moradores de Asa Branca. Página 19 3D ilustrando o perfil do relevo gerado pelo Google Earth. Página 20 Estudo realizado com base no “Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Projeto de Recuperação Ambiental da Macrobacia de Jacarepaguá”.

Colagem realizada a partir das fotos disponíveis nos links: https://comitepopulario.files.wordpress. com/2013/02/dsc_03221.jpg; http://www.ebc. com.br/sites/_portalebc2014/files/atoms_image/ vigilia_0.jpg;http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/sites/_agenciabrasil/files/gallery_assist/24/ gallery_assist724430/ABr062913TS_TNG1516.jpg

Página 22 Foto 1 e 2: Disponibilizada pela Associação de moradores de Asa Branca.

Página 7

Foto 4: Disponibilizada na página do Facebook: Canal da Pavuninha. Tirada em Janeiro de 2016.

Mapa 1: Relação entre a estruturação urbana devido aos grandes eventos e o processo de remoções. Retirada do livro: SMH 2016: Remoções no Rio de Janeiro Olímpico. 1ª ed. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2015, de Lucas Faulhaber e Lena Azevedo. Dados do gráfico retirados do Censo 2010 do IBGE.

Página 9 Mapa 1: Áreas vulneráveis a redefinição da linha de costa pela elevação do nível médio do mar. Mapa adaptado do projeto: Região Metropolitana do Rio de Janeiro: Vulnerabilidades das megacidades brasileiras às mudanças climáticas. Disponível em: http://www.rio.rj.gov. br/dlstatic/10112/2122393/DLFE-232588.pdf/ mapa_vulnerabilidade_inpe_smac.pdf Mapa 2: Áreas vulneráveis a elevação do nível do mar próximas a Bacia de Jacarepaguá. Adaptado do estudo: Rio próximos 100 anos.

Foto 3: Reportagem do RJTV 1ª edição (dia 12 de novembro de 2015 - “Rio desapareceu embaixo do lixo”). Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/4603946/.

Página 24 Estudo realizado com base no artigo disponível em: http://www.globalgarbage.org/Apresentacao_ouroazul.pdf%20http://www0.rio.rj.gov. br/smac/up_arq/sub/Volume%203%20-%20 Meio%20Biotico%20(Parte%201).pdf Página 45 Estudo realizado com base na cartilha disponível em: http://www.oeco.org.br/images/stories/ file/abr2013/cartilha_construcoes_sustentaveis_.pdf

fontes


ARQ1109 - PROPOSTA DE PROJETO FINAL - PUC-RIO

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Referências bibliográficas: FIGUEIREDO, Guilherme Araújo de; CENIQUEL, Mario. Cadernos Técnicos Morar Carioca - Espaços Livres. 1ª ed. Rio de Janeiro: Instituto de Arquitetos do Brasil, 2013. PIZARRO, E. P. Interstícios e interfaces urbanos como oportunidades latentes: o caso da Favela de Paraisópolis, São Paulo. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. FAULHABER, Lucas; AZEVEDO, Lena. SMH 2016: Remoções no Rio de Janeiro Olímpico. 1ª ed. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2015. ROLNIK, Raquel. Guerra dos Lugares: A Colonização da Terra e da Moradia na Era das Finanças. São Paulo: Boitempo, 2015. GEHL, Jan. Cidades para Pessoas. Tradução: Anita Di Marco. 2ª ed. São Paulo: Perpectiva, 2013. HERZOG, Cecília Polacow. Cidades para Todos: (Re)aprendendo a conviver com a natureza. 1ª ed. Rio de Janeiro: Mauad x Inverde, 2013. MARICATO, Hermínia. Cidades alternativas para a crise urbana. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 2001. MCGUIRK, Justin. Radical Cities: Across Latin America in Search of a New Architecture. 2014.

referências bibliográficas



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