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AGRADECIMENTOS ACKNOWLEDGEMENTS
Alessia Alegri Ana Anacleto Ana Cristina Ana Paula Roque Ana Vaz Milheiro André Dourado Antero Calvo António Bruno António Cardoso Pinto António Leal Artur Reynolds Brandão Carlos Canário Carlos Coelho Cassius Taylor-Smith Cristina Santos David Gerber David Moura Diogo Vitorino Eduardo Prado Coelho Eva Pérez de Vega Steele Fernando Lopes Francisco Alves Gayle Markovitz Harry Allen Horácio Gonçalves Isabel Costa Isabel Mello Isaura Gonçalves Joana Cancela Joana Navarro de Castro João Lopes João Luís Ferreira João Paulo Velez João Rodeia Jorge Figueira Jorge Galamba Jorge Nogueira Jorge Paixão José Cardoso José Carvalho José Galvão Teles José Silva Graça Lidija Kolovrat Luís Filipe Rosa Luís Miguel Bandeira Ferreira Luís Tavares Pereira Luísa Bordado Maria Fernanda Mello Maria João Seixas Maria Sousa e Silva Marta Belém Lima Michel Redolfi Nancy de Brito Nuno Grande Patrícia Barbas Patrício António Paulo Martins Barata Paulo Nabais Paulo Noguez Paulo Ochôa Paulo Santos Pedro Bandeira Rebecca van de Sande Rogério Madeira Rui Alegria Sílvia Jerónimo Susana Correia Tozé Brito Valdemar Lebre Vera Cortês Vítor Beça
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Empresa de Engenharia Civil fundada em 1992 e integrada no Grupo Cenor do qual é líder a Cenor · Consultores, Lda. Áreas de Intervenção: Estruturas Obras Hidráulicas Hidráulica Urbana e Saneamento Aproveitamentos Hidráulicos e Recursos Hídricos As restantes áreas de Engenharia Civil são asseguradas pelas empresas altamente especializadas do Grupo: Cenorplan > Vias de Comunicação ECG e ECGPlan > Fiscalização e Coordenação de empreitadas respectivamente no Continente e nas Regiões Autónomas Cenorgeo > Projecto e Fiscalização de Obras Geotécnicas
CENOR, Projectos de Engenharia, Lda. Av. Almirante Gago Coutinho, 133 1749-043 Lisboa • Portugal Tel. +351 218 437 300 • Fax +351 218 437 301 E-mail: cenor@mail.telepac.pt
CENOR, Projectos de Engenharia, Lda. is a civil engineering company integrated in the CENOR Group, whose holding company, CENOR, Consultores, Lda., was founded in 1980. Established in 1992 as a result of a restructuring of CENOR, Consultores, the company is organised into four moderately sized and Strongly specialised sectors: · Structures; · Hydraulic Engineering Works; · Urban Drainage and Wastewater; · Hydroelectric Power and Water Resources.
design Prof. Arne Jacobsen A Vola é fabricada pela Vola a/s, uma sólida empresa dinamarquesa fundada em 1873, gerida pelos seus proprietários – a família Overgaard. Pouco tempo depois de Arne Jacobsen ter ganho um concurso de design do National Bank of Denmark, foi contactado pelo proprietário da I.P.Lund, Verner Overgaard, que lhe apresentou a sua proposta para uma nova misturadora de parede. Tinha imaginado um design onde todas as partes mecânicas da misturadora estavam ocultas deixando apenas os manípulos e a bica à vista. Naquela altura este conceito era uma novidade. Arne Jacobsen compreendeu que esta ideia combinada com o seu conceito funcional de design poderia ser desenvolvida. Foi desta forma que o design simples da Vola, que hoje conhecemos, foi concebido. Foi quase imediato ter sido seleccionada para exposições em centros de arquitectura e design, tais como o MOMA de Nova Iorque, o Cincinnati Art Museum ou o Neue Sammlung de Munique e outros. Somente a escolha criteriosa das melhores matérias primas permite à Vola a produção de artigos de latão de elevada qualidade, bronze e alguns elementos de aço inoxidável. Todos os suportes e válvulas são feitos utilizando latão. Toda a gama Vola existe em cromado polido ou escovado, latão, dourado, platinado, platinado escovado ou em 18 cores. Cada fase do processo de produção, desde a inspecção da barra de latão até ao acabamento da torneira, é submetida a um intenso sistema de controlo de qualidade da I.P.Lund, baseado no sistema de qualidade ISO 9001.
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DEPARTAMENTO DE ARQUITECTURA direcção do departamento Director Manuel Graça Dias
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Secretário Coordenador Flavio Barbini
corpo de professores convidados
ALEXANDRE MELO* ANA FILIPA RAMALHETE ANA DE LA FÉRIA ANA VAZ MILHEIRO ANTÓNIO ADÃO DA FONSECA* ANTÓNIO LAGOA HENRIQUES ANTÓNIO MARQUES MIGUEL BERNARDO PIMENTEL CARLOS NOGUEIRA CARLOS PEREIRA CRUZ CRISTINA GUEDES DIOGO SEIXAS LOPES DÓRIS GRAÇA DIAS EGAS JOSÉ VIEIRA FERNANDO SALVADOR FLAVIO BARBINI FRANCISCO AIRES MATEUS GIULIA DE APPOLONIA GUILHERME CARRILHO DA GRAÇA HELENA BARREIROS HELENA RIBEIRO DOS SANTOS INÊS LOBO ISABEL MARCOS JOÃO LUÍS CARRILHO DA GRAÇA JOÃO PINHARANDA JOÃO SANTA-RITA JOSÉ ADRIÃO JOSÉ MANUEL FERNANDES* MANUEL AIRES MATEUS MANUEL CARLOS PATRÍCIO MANUEL GRAÇA DIAS MANUEL LACERDA MANUEL VICENTE* MARGARIDA GRÁCIO NUNES NUNO MATEUS ÓSCAR PRADA SANTOS PAULO SERÔDIO LOPES PEDRO BRANDÃO VÍTOR FIGUEIREDO YVETTE CENTENO* * REGIME DE CONFERÊNCIAS
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FICHA TÉCNICA CREDITS
PROTOTYPO N.º 8 MARÇO 2003 ANO IV [número duplo double issue]
DIRECÇÃO DIRECTORS Diogo Seixas Lopes Paulo Serôdio Lopes Pedro Rufino EDITORES EDITORS Diogo Seixas Lopes Paulo Serôdio Lopes DESIGN Pedro Rufino [prude] MARKETING Maria de Lurdes Mello Paulo Serôdio Lopes TRADUÇÕES TRANSLATIONS Stereomatrix
COLABORARAM NESTE NÚMERO CONTRIBUTORS THIS ISSUE Gerrit Confurius, Promontório Arquitectos [João Perloiro, João Luís Ferreira, Paulo Perloiro, Paulo Martins Barata, Pedro Appleton], David Chipperfield Architects [David Chipperfield], Leeser Architecture [Thomas Leeser], Reiser+Umemoto [Jesse Reiser, Nanako Umemoto], Zaha Hadid, Larry Barth, Julião Sarmento, Clara Ferreira Alves, [A].ainda arquitectura, Miguel Wandschneider, Filipe Alarcão, Sebastiano Olivotto, Rui Tavares FOTOGRAFIA PHOTOGRAPHY Rui Morais de Sousa, David Burkhart, Richard Davies, Tom Miller, Christian Richters, Stefan Müller, David Grandorge, Dominic Harris, Jeff Cheng, Rodrigo Peixoto TIPOGRAFIA TYPOGRAPHY BS Landscope © Mário Feliciano [FTF] BS Looper © Mário Feliciano [FTF] BS Mandrax © Mário Feliciano [FTF]
PRÉ-IMPRESSÃO PRE-PRESS Fergráfica
PUBLICAÇÃO PUBLISHING
IMPRESSÃO PRINTING Fergráfica
StereoMatrix - Arquitectura, Lda. Apartado 27052 . 1201-950 Lisboa Tel. 351.213479135 | Fax 351.213479134 e-mail stereomatrix@vizzavi.pt
PAPEL PAPER CAPA COVER Creator Silk 350g/m2 MIOLO INSIDE Creator Silk 170g/m2 DISTRIBUIÇÃO DISTRIBUTION > Nacional Assírio & Alvim Rua Passos Manuel, 67-B 1150 Lisboa . Portugal Tel. 351.1.3562743 Fax 351.1.3152935 > International IDEA Books Nieuwe Herengracht, 11 1011 RK Amsterdam . Netherlands Tel. 31.20.6226154 Fax 31.20.6209299 TIRAGEM PRINTING 4.000 exemplares
PAULO SERÔDIO LOPES TM 914565612 e-mail stereomatrix@vizzavi.pt DIOGO SEIXAS LOPES TM 914107106 e-mail dogus@oninet.pt PEDRO RUFINO TM 966776628 e-mail prude@addition.pt MARIA DE LURDES MELLO TM 914056524
ISSN: 0874-4513 DEPÓSITO LEGAL: www.prototypo.com copyright © 2003 StereoMatrix · Arquitectura, Lda. Direitos de autor reservados. Esta revista não pode ser reproduzida no todo ou em parte, qualquer que seja o modo utilizado, sem a autorização prévia da Editora.
EDITORIAL
Marxismo, comunismo, sindicalismo, anarquismo, pacifismo, catolicismo, misticismo. Estas terão sido apenas algumas das estações percorridas por Simone Weil (1909-1943) na sua via sacra muito própria pelo século da nossa Modernidade. Figura capaz de inspirar declarações de respeito e admiração por parte de figuras tão diversas como Trotsky, T.S. Elliot ou Simone de Beauvoir, aquela a quem chegaram a chamar de Virgem Vermelha singularizou-se pelo vínculo, feito de carne e osso, entre o pensamento e a sua prática. Uma contínua militância para com o real, da ideologia à fé. Prototypo #008 “Gravity and Grace” solicita-lhe o título da sua primeira colecção de ensaios – publicada já depois da sua morte – para lançar a gravidade e graça como possíveis categorias de ordenação do mundo e, muito concretamente, da arquitectura. «Um teste do que é real é que ele é duro e rude. Pode encontrar-se a alegria nele, não o prazer. O prazer pertence aos sonhos», citação do livro em causa, remete-nos para um despojamento, austeridade, que adivinhamos no pragmatismo das abordagens ao sítio e obras dos Promontório Arquitectos e David Chipperfield Architects. O legado modernista, entendido como ferramenta sistematizadora dos problemas levantados pelo concreto, paira explicitamente pela sua produção. Sem ensejo de negociar os implacáveis requisitos do mundo da construção, a sua ambição vincula-se na crença da permanência vitruviana. Se a este bloco de conteúdos, sob a aura da gravidade, se confronta um outro, tocado pela graça, jamais se imaginam cada um deles como entidades estanques. Mas é verdade que o corpo digital e reconfigurável projectado por Leeser Architecture, a morfologia “proto-urbanística” e fluida de Reiser+Umemoto ou a manifestação sísmica que constrói em vez de destruir a tecnópole de Zaha Hadid procuram, pelos seus dispositivos formais e processuais, ensaiar uma emancipação dessa condicionante última da arquitectura. A de ter de «encontrar o chão», como refere Gerrit Confurius no seu ensaio. A desconcertante pluralidade da disciplina hoje, os seus múltiplos modos de fazer, também podem ser lidos à luz dos pólos de Prototypo #008 “Gravity and Grace”. Com eles, entre eles, emergem complexidades e contradições. Ou mesmo o paradoxo de ficcionar, como fez Julião Sarmento, o encontro entre James Joyce e os planos imaculadas de Walter Gropius. Talvez que o escritor irlandês (outro mito fundador do moderno) olhasse para toda aquela heróica abstracção e lembrasse, como Marx, que «tudo o que é sólido desfaz-se em ar»
Marxism, communism, unionism, anarchism, pacifism, catholicism, mysticism. These were only but some of the stations crossed by Simone Weil (1909-1943) on her very own holy way throughout the century of our Modernity. A persona capable of inspiring pronouncements of awe and reverence from such disparate characters as Trotsky, T.S. Elliot or Simone de Beauvoir; she who some even christened the Red Virgin, was unique due to her bond, made of flesh and blood, between thought and practice. An unyielding embrace of the real, leaping from ideology till faith. Prototypo #008 “Gravity and Grace” borrows the title of her fist collection of essays – published posthumously – to launch gravity and grace as promising categories of evaluating the world and, most specifically, architecture. «A test of what is real is that it is hard and rough. There is joy to be found in it, but not pleasure. Pleasure belongs to dreams», quoted from the summoned book, conveys us a sense of starkness and simplicity we seem to foresee in the pragmatic approach of site and construction endorsed by Promontório Arquitectos and David Chipperfield Architects. The modernist legacy, perceived as a systematizing tool of problems arisen by the existing, unmistakably hovers over their output. With few hesitations when negotiating the ruthless cravings of the real estate frontline, their ambition is rooted in a firm belief of the Vitruvian permanence. Although this cluster of contents, under the aura of gravity, is confronted by another one, touched by grace, one should not presume that each of them does not mingle with the other. Still, it is true that the digital and reconfigurable body engineered by Leeser Architecture, the “proto-urbanistic” and fluid morphology of Reiser+Umemoto or the seismic outbursts, building instead of destroying Zaha Hadid's technopolis seek, by means of their formal devices and processes, to stage a deliverance of that ultimate architectural proscription. The fate of having to “meet the ground”, as Gerrit Confurius advances in his essay. The bewildering diversity of the craft today, its multiple modes of making, can also be read from both extremes of Prototypo #008 “Gravity and Grace”. With them, in between them, complexities and contradictions surface. Or even the paradox of hoaxing, as Julião Sarmento did, a rendez-vous between James Joyce and the pristine walls of Walter Gropius. One can only wonder if the Irish writer (yet another founding myth of the modern) would not behold all that heroic abstraction and admonish, as Marx did, that «all that is solid melts into air».
CURRICULAE
GERRIT CONFURIUS Nasceu em Lübeck em 1946 e estudou línguas germânicas, sociologia e história de arte em Hamburgo, Viena e Munique (onde se viria a doutorar em filosofia). Entre 1989 e 1992, deu palestras e trabalhou como jornalista free-lancer em diversos periódicos e publicações sobre arte e arquitectura, até se tornar editor da Bauwelt em Berlim (1992-1999). Nesse ano, foi nomeado editor-chefe de Daidalos, revista de teoria sobre arquitectura, arte e cultura, também sediada em Berlim. Born in Lübeck in 1946, he studied German linguistics, sociology and history of art in Hamburg, Vienna and Munich (Dr.Phil). Between 1989 and 1992, he lectured and worked as a free-lance journalist for various journals and publications on art and architecture, until he became an editor of Bauwelt, in Berlin (1992–1999). In 1999, he was appointed chief-editor of Daidalos, a critical journal on architecture, art and culture, also based in Berlin.
PROMONTÓRIO ARQUITECTOS Promontório Arquitectos foi fundado em 1990 por João Perloiro, João Luís Ferreira, Paulo Perloiro e Paulo Martins Barata, a que mais tarde se associou Pedro Appleton. Todos os seus sócios se licenciaram pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. A empresa desenvolve projectos de forma integrada e complementar nas áreas de arquitectura, planeamento, programação, investigação de sistemas construtivos, controlo de custos e design de interiores para ambos sectores públicos e privado. Promontório conta hoje com mais de 40 colaboradores e abriu recentemente uma filial em Madrid. Desde a sua fundação, desenvolveu mais de 400 projectos de arquitectura, planeamento urbano e design de interiores em Portugal, Angola, Espanha e Itália. Para Promontório Arquitectos, a ideia de excelência do projecto não resulta unicamente do binómio qualidade/custo, mas de uma inteligente e criativa gestão dos recursos disponíveis que deve honrar os compromissos orçamentado e calendarizados com os seus clientes. Os sócios, em conjunto com as equipas designadas de colaboradores, acompanham passo a passo o desenvolvimento de cada projecto, desde as fases iniciais do planeamento até às fases de assistência à obra e pós-obra. Promontório Arquitectos was founded in 1990 by João Perloiro, João Luís Ferreira, Paulo Perloiro and Paulo Martins Barata, and later joined by Pedro Appleton. They all received their architectural degree at FAUTL in Lisbon. The practice provides full architecture, master planning, space planning, programming, building analysis and interior design services
for clients in both the public and private sectors. It has since grown to over 40 collaborators and has recently established a branch in Madrid. Since its inception, Promontório has completed more than 400 architecture, interior design, urban design and planning projects in Portugal, Angola, Spain and Italy. For Promontório Arquitectos, design excellence is not so much regarded as a quality cost/issue, but as a wise and creative allocation of resources that should honor the clients’ budgets and schedule objectives. The partners, together with a team of architects, are involved in the supervision and design of each project from the initial stages of planning through construction and post-construction. www.promontorio.net
DAVID CHIPPERFIELD ARCHITECTS Nascido em Londres em 1953, David Chipperfield recebeu o seu diploma de arquitecto em 1978 pela Architectural Association. Colaborou com Douglas Stephen, Richard Rogers e Norman Foster. Foi um dos fundadores da Galeria 9H em Londres e membro do conselho da Architecture Foundation entre 1992 e 1997. David Chipperfield detém actualmente a Cátedra Mies van der Rohe na Escola de Arquitectura de Barcelona, foi Professor de Arquitectura na Staatliche Akademie der Bildenden Künste em Estugarda e Professor Convidado de instituições como a École Polytechnique de Lausanne, Suíça, Universidade de Graz, Aústria e Harvard University, Estados Unidos. David Chipperfield Architects foi estabelecido em 1984 e desde então desenvolveu trabalho na Europa, Japão e Estados Unidos. Os seus projectos incluem desde encomendas para mobiliário e interiores até edifício e propostas urbanas de grande escala. Em 1987, DCA abriu um escritório em Tóquio para desenvolver trabalhos como lojas para o estilista Issey Miyake, um museu privado em Tóquio, uma loja design em Kyoto e a sede da companhia Matsumoto em Okayama. A firma tem um escritório em Berlim para acompanhar o projecto do Neues Museum, um dos edifícios públicos mais importantes da cidade, e do Grassimuseum, em Leipzig. Foi por duas vezes finalista do Stirling Prize: em 2002 com o Centro de Serviços da Ernsting em CoesfeldLette, Alemanha e em 1999 com o Museu River and Rowing, Henley-on-Thames, Reino Unido. Este edifício foi também finalista do Prémio Mies van der Rohe no mesmo ano. Em 1999, David Chipperfield recebeu a Medalha de Ouro Heinrich Tessenow. O seu trabalho tem sido amplamente publicado em diversas revistas da especialidade e monografias. Born in London in 1953, David Chipperfield was awarded his Diploma in Architecture from the Architectural Association in 1978. Worked for Douglas Stephen, Richard Rogers, and Norman Foster. He was a founder member of the 9H Gallery, in London, and a trustee of the Architecture Foundation from 1992 to 1997. David Chipperfield currently holds the Mies van der Rohe Chair at the Barcelona School of Architecture and was a Professor of Architecture at the Staatliche Akademie der Bildenden Künste in Stuttgart and Visiting Professor of several instituitons, namely École Polytechnique de Lausanne, Switzerland, University of Graz, Austria and Harvard University, United States. David Chipperfield Architects was established in 1984, and has since undertaken work in
Europe, Japan and the USA. Projects range from commissions for furniture and interiors to buildings and large-scale urban proposals. In 1987, DCA opened an office in Tokyo. Work carried out there includes shops for the fashion designer Issey Miyake, a private museum in Tokyo, a design store in Kyoto and a headquarters building for Matsumoto in Okayama. The practice has an office in Berlin to handle projects for the Neues Museum, one of the most important public buildings in the city, and the Grassimuseum, Leipzig. It has been twice shortlisted for the Stirling Prize: in 2002 with the Ernsting Service Center, Coesfeld-Lette, Germany and in 1999 with the River and Rowing Museum, Henley-on-Thames, United Kingdom. This building was also shortlisted for the Mies van der Rohe Award that same year. In 1999, David Chipperfield was awarded the Heinrich Tessenow Gold Medal. The work of the practice has been published extensively in numerous journal articles and several books. www.davidchipperfield.co.uk
LEESER ARCHITECTURE Thomas Leeser formou-se primeiro como designer de equipamento e depois como arquitecto na Alemanha e Estados Unidos. Após a sua licenciatura juntou-se ao gabinete de arquitectura de seu pai, Architekturbüro Leeser, que viria a deixar em 1979, mudando-se para Nova Iorque. Aí iniciou um colaboração de dez anos com Peter Eisenman, trabalhando como projectista principal e depois como sócio responsável. Descolando desse período e corpo de trabalho, Thomas Leeser fundou Leeser Architecture, passando a concentrar-se em aspectos das tecnologias emergentes e seus desafios à prática e teoria arquitectónicas. Ao longo dos seus 12 anos de história, Leeser Architecture, sempre entendeu as colaborações com artistas, filósofos, linguístas, engenheiros, outros arquitectos, fabricantes e clientes como parte essencial do processo de pesquisa e desenho. O atelier está envolvido em projectos em diversas partes do mundo e com um amplo espectro: do plano urbano, edifícios de grande escala, espaços institucionais, interiores até ambientes virtuais e instalações. Neste momento encontra-se na segunda fase do concurso internacional para uma escola de design em Essen, Alemanha e, antes disso, tinha sido uma das três equipas finalistas para a última fase do concurso do Eyebeam Atelier, um museu de arte e tecnologia em Nova Iorque. Leeser Architecture foi recentemente contratado pela companhia alemã Igus para desenhar as suas novas unidades de produção em Providence, Rhode Island. Thomas Leeser, was educated as an Industrial Designer and then as an Architect in Germany and the US. After his graduation he joined his fathers' architectural practice, Architekturbüro Leeser, which he would leave in 1979 and move to New York. There he joined the offices of Peter Eisenman, working for almost ten years as Head Designer and later Partner-in-Charge of Design. Breaking away from this period and body of work, Thomas Leeser established Leeser Architecture, and started to focus on issues of newly emerging technologies and their ensuing challenges to architectural theory and practice. In its 12-year history, Leeser Architecture has understood collaborations with artists, philosophers, linguists, engineers,
other architects, fabricators and clients to be an essential part of the research and design process. The office is engaged in projects worldwide with a broad range of scale: from urban design, large scale buildings, institutional buildings, and residential interiors to virtual environments and installations. It is currently in the second phase of an international competition for a design school in Essen, Germany, and prior to this was one of three firms shortlisted for the last phase of the Eyebeam Atelier competition for a new Museum of Art and Technology in Chelsea, New York. In addition, Leeser Architecture has just been hired by the German company Igus to design their new production facility in Providence, Rhode Island. www.leeser.com
REISER+UMEMOTO Jesse Reiser e Nanako Umemoto trabalham em Nova Iorque sob a designação Reiser+Umemoto RUR Architecture P.C. desde 1986. Estabeleceram o seu atelier como um laboratório inovador no qual conceitos sociais, culturais e estruturais relevantes são sintetizados numa arquitectura dinâmica e tangível. Reiser+Umemoto concluiu no início de 2003 uma proposta para o World Trade Center num trabalho de co-autoria que tomou o nome de United Architects. Mais recentemente o New Museum convidou a firma a desenvolver um projecto para o seu novo edifício em Nova Iorque. Reiser+Umemoto também se encontra a ultimar o seu próximo livro, A Handbook of Novel Tectonics. Em 2002 Reiser+ Umemoto foram seleccionados como finalistas no concurso para o desenho de uma fábrica da BMW em Leipzig tendo o projecto ganho um prémio da AIA (American Institute of Architects) em 2002. Em 2001 a firma ficou classificada em terceiro lugar num concurso por convites para o Museu da Criança de Pittsburgh e foi seleccionada como finalista do concurso para o Museu de Arte e Tecnologia Eyebeam planeado para Nova Iorque. Em 1998 e 1999, Reiser+Umemoto desenvolveram propostas para a frente ribeirinha do East River e para o West Side, em Manhattan. Em 2000, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque convidou-os a mostrar o seu trabalho numa exposição intitulada The Long View e na Bienal de Veneza apresentaram Transurbanism. Foi-lhes atribuído o Chrysler Award for Excellence in Design em 1999 e em 2000 o Academy Award in Architecture pela Academia Americana das Artes e Letras. Jesse Reiser and Nanako Umemoto have practiced in New York City as Reiser+Umemoto RUR Architecture P.C. since 1986. They have established their office as an innovative laboratory in which significant social, cultural and structural ideas are synthesized into a tangible, dynamic architecture. In 2003 Reiser+Umemoto completed a design proposal for the World Trade Center in a collaborative effort under the name of United Architects. Most recently the New Museum has invited the firm to develop a design for their new building in New York. Reiser+Umemoto is also currently preparing their upcoming book A Handbook of Novel Tectonics. In 2002 Reiser+Umemoto were selected as finalists in the design of the BMW Factory in Leipzig, Germany, and won the AIA (American Institute of Architects) 2002 Design Award for the project. In 2001 the firm placed third in a limited competition for
the Pittsburgh Children’s Museum, and was selected as one of the finalists in a competition for the Eyebeam Museum of Art and Technology planned for New York City. In 1998 and 1999, the firm developed proposals for the East River front of Manhattan, and the West side of Manhattan. In 2000 The MoMA asked them to show their work in an exhibition entitled The Long View and they were invited to the 2000 Venice Biennale where they exhibited Transurbanism. The firm was awarded the Chrysler Award for Excellence in Design in 1999, and in 2000 the Academy Award in Architecture by the American Academy of Arts and Letters. www.reiser-umemoto.com
ZAHA HADID Considerada como uma das mais inovadoras arquitectas contemporâneas, Zaha Hadid tem sido reconhecida internacionalmente pelos seus projectos e planos urbanos, bem como pelas suas pinturas e desenhos. O seu trabalho começou a suscitar atenção generalizada em 1983 com a proposta vencedora para o Peak Club em Hong Kong, seguido de primeiros lugares em concursos para a Kufurstendamm em Berlim (1986), para um centro de Arte e Media em Düsseldorf (1989) e para a Ópera de Cardiff (1994). Em 1988-1989, Hadid recebeu a encomenda para projectar a Estação de Bombeiros da Vitra em Weil am Rhein, Alemanha, de imediato aclamada como um dos edifícios seminais da arquitectura do final do século XX. Outras obras relevantes incluem a Land Formation-One em Weil am Rhein (1999), a Mind Zone no Millennium Dome de Londres (2000), um estacionamento automóvel e terminal de eléctricos em Estrasburgo (2002) e a recentemente inaugurada pista de saltos de ski em Innsbruck. Projectos em curso incluem o Centro Científico de Wolfsburg na Alemanha, com conclusão programada para 2004, o Centro Nacional de Artes Contemporâneas de Roma e uma unidade fabril para a BMW em Leipzig. Nascida em Bagdad, Iraque, em 1950, Hadid iniciou os seus estudos de arquitectura em 1972 na Architectural Association em Londres onde lhe foi atribuído o diploma em 1977. Juntou-se então ao Office for Metropolitan Architecture e começou a ensinar na Architectural Association com Rem Koolhaas e Elia Zenghelis; mais tarde dirigiria o seu próprio estúdio na AA até 1987. Hadid é actualmente Professora Convidada em Yale e detém um cargo de professorado na Universidade de Artes Aplicadas em Viena. Regarded as one of the most innovative and original contemporary architects working today, Zaha Hadid has been recognized internationally for her architecture and urban designs, as well as for her paintings and drawings. Her work began to attract widespread recognition in 1983 with a winning entry for The Peak Club in Hong Kong, followed by first-place awards in competitions for Kurfurstendamm in Berlin (1986), an Art and Media Center in Düsseldorf (1989) and the Cardiff Bay Opera House (1994). In 1988-1989, Hadid received the commission for Vitra Fire Station in Weil am Rhein, Germany, which was immediately recognized as one of the seminal buildings of late 20th-century architecture. Other major projects have included Land Formation-One in Weil am Rhein (1999), the Mind Zone in London's Millennium Dome (2000), a
car park and tram terminus in Strasbourg (2002) and the recently completed Ski Jump in Innsbruck. Her current projects include the design for the Wolfsburg Science Center in Germany, slated for conclusion in 2004; the National Center for Contemporary Arts in Rome and a Central Plant Building for BMW in Leipzig. Born in Baghdad, Iraq, in 1950, Hadid began her formal study of architecture in 1972 at the Architectural Association in London and was awarded the Diploma Prize in 1977. She then joined the Office for Metropolitan Architecture; began teaching at the Architectural Association with Rem Koolhaas and Elia Zenghelis; and later led her own studio at the AA until 1987. Hadid is currently a visiting professor at Yale and holds a Professorship at the University of Applied Arts in Vienna. www.zaha-hadid.com
JULIÃO SARMENTO Nasceu em Lisboa em 1948. Estudou primeiro pintura e depois arquitectura na ESBAL sem nunca ter terminado nenhum dos cursos. Em 1997 foi professor para pós-graduados no CCA Center for Contemporary Art em Kitakyushu, Japão. Em 1998-99 foi professor na Akademie der Bildenden Künste em Munique, Alemanha. Participou na sua primeira exposição colectiva em 1968 e realizou a primeira exposição individual em 1976. Representou Portugal na Bienal de Veneza em 1997. Vive e trabalha no Estoril Born in Lisbon in 1948. He first studied painting and then architecture at the Lisbon School of Fine Art but concluded neither of the degrees. In 1997 he was a professor for postgraduates at the CCA Center for Contemporary Art in Kitakyushu, Japan. In 1998-99 he was a professor at the Akademie der Bildenden Künste em Munich, Germany. Participated in his first group show in 1968 and held his first oneperson exhibition in 1976. He represented Portugal at the Venice Biennale in 1997. Lives and works in Estoril. Exposições Individuais One-person Exhibitions (sel.) 2002: Julião Sarmento Trabalhos dos Anos 70, Museu do Chiado, Lisboa (cat.) 2001: -me, Museu de Arte Contemporânea, Fortaleza de S. Tiago, Funchal, Ilha da Madeira (cat.); 2000: Julião Sarmento: Flashback, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (cat.) 1999: Julião Sarmento: Fundamental Accuracy, Hirshhorn Museum and Sculpture Garden,Washington, D.C.; Segredos e Mentiras, Paço Imperial, Rio de Janeiro; Julião Sarmento: Flashback, Palacio de Velazquez, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid (cat.) 1997: Julião Sarmento, XLVII Biennale di Venezia, Palazzo Vendramin ai Carmini, Venezia (cat.); Julião Sarmento - Werke 1981-1996, Haus der Kunst, München (cat.); 1996: Two Rooms, Van Abbemuseum, Eindhoven (cat.) 1995: Quatre Mouvements de la Peur, Edifício das Caldeiras, Coimbra (cat.) 1994: Julião Sarmento, IVAM, Valencia (cat.); The White Paintings, Centre des Arts Saidye Bronfman, Montréal (cat.) 1993: Julião Sarmento, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (cat.) 1992: Julião Sarmento, Fundação de Serralves, Porto (cat.) 1991: Julião Sarmento, Witte de With, Center for Contemporary Art, Rotterdam (cat.) 1986: Julião Sarmento, Museo de Bellas Artes de Malaga, Malaga (cat.)
Gravity and Grace: on the high-wire of a definition Gravidade e Graça: na corda bamba de uma definição
Gerrit Confurius
«Questionei-o sobre o mecanismo destas figuras e como seria possível controlar individualmente os seus membros sem ter a miríade de fios nos dedos que o ritmo do movimento dos dançarinos exige. Respondeu-me que não devia pensar nos membros como se cada um fosse individualmente movido e controlado pelo mestre das marionetas a cada passo da dança. (…) Porém, continuou, essa linha de movimento é sobre outros aspectos misteriosa. Na verdade, é como um trilho da alma do dançarino. Duvidava então que tal linha pudesse ser obtida sem que o mestre das marionetas se colocasse no centro da gravidade da marioneta. Por outras palavras, a menos que ele próprio dançasse.» “O Teatro de Marionetas”, Heinrich von Kleist
«I inquired about the mechanism of these figures and how it was possible to control the individual limbs and their points without having myriads of string on one's fingers as the rhythm of the movements of the dancer requires. He answered that I should not think of each limb as if it were moved and controlled individually by the puppet master during the various parts of the dance. (…) But then again, he continued, this line, from another aspect, is something very mysterious. For it is nothing less than the path of the dancer's soul. He doubted that such a line could be attained unless the puppet master placed himself in the centre of gravity of the marionette or, in other words, unless he dances.» “The Marionette Theatre”, Heinrich von Kleist
A obra seminal de Simone Weil serviu de título a uma exposição que teve lugar na Hayward Gallery em Londres, em 1993: “Gravity and Grace: the changing condition of sculpture 1965-1975”. A exposição incluía trabalhos de figuras tão díspares como Luciano Fabro, Keith Sonier, Robert Smithson, Richard Long, Mario Merz, Eva Hesse e Jannis Kounellis, e talvez pela primeira vez, a gravidade na escultura terá sido observada naquilo que representa em termos de potencialidade e contingência. A Gravidade e Graça de Weil estava obviamente menos concentrada nas questões do mundo físico, e mais próxima das metáforas da transcendência e da religião. Assim, quando afirma que as duas únicas forças que operam no mundo são a gravidade e a graça, Weil tem em mente algo mais próximo da Epístola de São Paulo aos Romanos (8:3). Paulo fala de duas leis que disputam a nossa posse: a lei do pecado e da morte e a Lei de Deus. Cada uma puxa-nos na direcção contrária da outra. Na analogia de Weil a gravidade é entendida como limitação, escuridão, capitulação e recusa, enquanto a graça surge como luz, benção, encantamento e sabedoria. Uma analogia paralela é sugerida pela definição de “Leveza” de Italo Calvino nas suas “Seis Propostas para o Próximo Milénio”, quando compara, enquanto género literário, a densa solidez de Dante Aligheri, face à etérea
Simone Weil’s seminal essay set the title to an exhibition that took place at the Hayward Gallery in London in 1993: “Gravity and Grace: the changing condition of sculpture 1965-1975”. This exhibition included such disparate artists as Luciano Fabro, Keith Sonier, Robert Smithson, Richard Long, Mario Merz, Eva Hesse, and Jannis Kounellis, and perhaps for the first time an attempt was made to identify the potential and contingency that gravity represents for sculpture. Weil’s Gravity and Grace was of course less concerned with the physical realm and closer to the transcendent. Thus, when she states that the only two operating forces in the world are gravity and grace, she has in mind something closer to Saint Paul’s Epistle to the Romans (8:3). Paul speaks of two laws that dispute our possession, the law of sin and death, and the Law of God. The one can lift us above the pull of the other. In Weil’s analogy, gravity is given as limitation, darkness, breakdown and density, while grace issues forth as light, blessing, attentive wonder and wisdom. A parallel analogy could be drawn from Italo Calvino’s definition of “Lightness” in his “Six Memos for the Next Millennium”, when he weighs, as a literary genre, the dense solidity of Dante Aligheri against the hovering intangibility of Guido Cavalcanti. Calvino, however, is
not so inclined to take sides between these dialectic poles, other than strategically recognising the prospective value of “Lightness”. In many ways the pursuit of Modernity is the conquest of gravity. Galileo’s legendary finding, when realising that different objects falling from Pisa’s leaning tower landed at approximately the same time, led him to conclude that g, the acceleration of gravity, equals nine point eight meters per second squared. Shortly after, in 1687, Sir Isaac Newton discovered that every particle in the universe attracts every other particle with a force that is directly proportional to the product of their masses and inversely proportional to the square of the distance between them. Thus, the Law of Gravity dictates that anything heavier than air must stay on the ground, or fall if you drop it. But when man understood the principle of gravity, he used this knowledge to overcome that God-given law: gravity was superseded by aerodynamics. When you combine the law of lift with thrust, an aeroplane flies like a bird. But yet, you could sit on the runway all day praying that the aeroplane would fly, and nothing will happen until you apply the thrust needed for it to lift. Like Von Kleist’s puppet master, we realise that gravity is permanent and that its overcoming is both temporary and dependent on our effort. Modern architecture was equally enraptured by this quest – witness Le Corbusier’s fascination with the aeroplane – but since it had to dismiss any utopian possibility of buildings lifting the ground, it chose instead to use the expressive potential resulting from the mitigation of gravity. For architecture eluding gravity, liberating itself from the ballast of history, meant inventing materials that suggested the ability to float. This was of course essentially made possible by the widespread release of reinforced concrete technology. Enter the cantilever, the greatest protagonist of modern architecture, or shall we say contemporary, since to our day it remains of the highest consequence to architectural production.
intangibilidade de Guido Cavalcanti. Porém, para Calvino não é imperativo tomar um partido claro entre estes pólos dialécticos para além do reconhecimento estratégico do valor prospéctico da “Leveza”. Sob muitos aspectos, a busca da Modernidade é a luta pela conquista da gravidade. A lendária descoberta de Galileu, ao verificar que diferentes objectos ao caírem da torre de Pisa atingiam o solo aproximadamente ao mesmo tempo, levou-o a concluir que g, aceleração da gravidade, é igual a 9,8 metros por segundo ao quadrado. Pouco depois, em 1687, Sir Isaac Newton descobriu que cada partículas do Universo é atraída pelas outras com uma força que é directamente proporcional ao produto da sua massa e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. Assim, a Lei da Gravidade dita que qualquer coisa mais pesada que o ar permanece no solo ou cai se a largarmos. Mas quando o Homem compreendeu o princípio da gravidade, imediatamente usou esse conhecimento para o ultrapassar, e a gravidade foi superada pela aerodinâmica. A combinação da força motora com o processo de descolagem permite ao avião voar como um pássaro. Mas, sem essa força mecânica poderíamos ficar sentados o dia todo na pista a rezar para que o avião levantasse, sem que nada acontecesse. Como no mestre das marionetas de Von Kleist, concluímos que a gravidade é permanente e que a possibilidade de a superar é sempre temporária e dependente do nosso esforço. Este deslumbrante imaginário foi também objecto de encantamento para a arquitectura moderna veja-se por exemplo o fascínio de Le Corbusier pelo avião - mas ao abdicar da possibilidade utópica dos edifícios descolarem do solo, escolheu usar o potencial expressivo da mitigação da gravidade. Para a arquitectura iludir a gravidade significava inventar materiais que permitissem sugerir a possibilidade dela flutuar. Um objectivo em larga medida tornado possível pela introdução da tecnologia do betão armado. Entra em cena a consola, principal protagonista da arquitectu ra moderna, ou melhor dizendo, da arquitectura contemporânea, uma vez que mesmo hoje é da maior consequência para a produção arquitectónica.
Para lá da sua presença subliminar no subconsciente arquitectónico, o desafio da gravidade representa o non-plus-ultra do moderno. Pela sua natureza estática, a forma pesada não merece nem louvor, nem sublimação metafísica. Reconhece-se a sua existência apenas por causa da gravidade. A consola, pelo contrário, tem o poder de nos seduzir por teatralmente dissimular a gravidade. Não ficámos nós espantados com o bloco de habitação para idosos dos MVRDV como terão ficado perplexos os contemporâneos do projecto para a Petersschule em Basel de Hannes Meyer? Porém, ao contrário do discurso teleológico de Weil, para a arquitectura nem a gravidade nem a leveza comportam implicações de natureza moral. Se assim fosse teríamos que alegadamente enjeitar o Museu Kimbell de Louis Kahn ou a Maison Jaoul de Le Corbusier por serem obras extemporaneamente pesadas. Como nos relembra George Simmel na sua “Ästhetik der Schwere”, sem a resistência severa da natureza e da sociedade «não teríamos materiais contra os quais a nossa vida interior se pudesse desenvolver e revelar». Esta reflexão tomava por base o conflito do artista com o matéria: a resistência que esta lhe oferece tem um impacto positivo no seu processo de busca de uma forma. A leveza procura fazer esquecer a resistência da matéria. A dignidade deixa ao peso ter o seu efeito inalterado, respeitando a sua natureza primordial. A graciosidade não é a ausência de gravidade mas sim a harmonia do espaço-forma. Relutantemente agrupados, os autores e projectos que aqui se mostram representam diferentes trajectórias da história e pensamento arquitectónicos. Se é um facto que não podemos desvalorizar alguns deles como deselegantes, nem outros como destituídos de gravidade, não hesitamos porém em avançar que uns perseguem uma articulação tectónica de typos e topos, bem como os outros buscam a espacialidade fluida de uma Gestalt livre. Num mundo cada vez mais dominado pelo “espectacular”, em prejuízo de uma continuidade física e histórica da forma cívica, é uma nota de so-
Besides its underlying presence in the architectural subconscious, the challenge of gravity represents the non-plus-ultra of the modern. The cantilever has the power to amaze us by theatrically eluding gravitas. Were we not struck by MVRDV’s elderly housing in Amsterdam, or Hannes Meyer’s contemporaries with his Petersschule project for Basel? However, unlike Weil’s teleological discourse, neither gravity nor grace bear moral consequences to architectural form. Otherwise, would we dismiss Louis Kahn’s Kimbell Museum, or latterday Le Corbusier’s Maison Jaoul on the grounds of being ungraceful? Could we argue that a compact and firmly grounded built form is unable to be graceful? As George Simmel reminds us in his “Ästhetik der Schwere”, without the harsh resistance of nature and society «we would have no material against which our inner life could develop and show itself.» This he took from the topic of the artist struggling with the material. The resistance he had to face from the material had a positive impact on the result of the free form-finding process. Lightness seeks to obliviate material resistance. Dignity lets heaviness have its effect undiminishedly and this primeval nature will be respected. Gracefulness is not the absence of gravity, but bienséance, the harmony of the space-form. Reluctantly grouped, the authors and the projects presented in this issue widely represent different trajectories of architectural history and thought. While we could not possibly dismiss one as ungraceful, nor the other as free from gravity, we would not be as hesitant to argue than one pursues a tradition of tectonic articulation of typos and topos, as much as the other seeks the flowing spaciality of a free Gestalt. In a world that is increasingly dominated by the “spectacular”, vis-à-vis a disdain for the physical and historical continuity of the civic form, it is a note of sobriety to find a practice like Promontório Arquitectos setting itself out to produce an architecture that is open to the creation of context and
Promontório Arquitectos TELHEIRAS, Lisboa
Promontório Arquitectos ORIENTE, Lisboa
the formation of community. Their work returns us to Venturi and Scott-Brown’s “Complexity and Contradiction”, reminding us that, «architects should be experts in the existing conventions», in that «they select us much as they create». It is only the unprepared eye that will fail to identify Promontório’s architecture within certain enduring features of Portuguese tradition. I have in mind a particularly hybrid character that willingly accommodates the daily constrains of everyday life within the putative order of things. In this sense, Promontório’s craft is fairly close to the stirrings of the Portuguese master Fernando Távora, whose ability to reconcile the complexity of programme with the problems of language, left him just as open to formal contingency as uneasy with reductive radicalism. Exemplary of this critical sensitivity is Promontório’s apartment blocks bordering the peripheral highway of Lisbon, in Telheiras, completed between 1994 and 1997 for a non-profit housing co-operative. The attempt to reconcile the programme of the single-family suburban home with the high-rise typology is recurrent from Le Corbusier to James Wines (SITE). However, what is perhaps different here is the ability to combine a wealth of several typologies - or better even, habitats - in single and duplex apartments within a coherent normative system. Something of the nature of this hybrid approach to the programme is equally present in the Oriente housing, shops and office co-operatives, under construction in the district of the former Expo’98 in Lisbon. Set in a perimeter block determined by the masterplan, the architects were nevertheless able to create an ensemble that, while open to different levels of civic and individual participation, eschews the reductive logics of both the private condominium and the shopping centre. Thus, the intimacy of the raised but accessible cortile of the U-shaped housing block is counterpoised by the overtly public nature of the ground level office and shopping plaza. This multifarious program is seemingly unified by a modular eternit facade system
briedade depararmos com uma prática como a dos Promontório Arquitectos, empenhada em produzir uma arquitectura aberta à criação de contexto e à formação de comunidade. O seu trabalho remete-nos para a “Complexidade e Contradição” de Venturi e Scott-Brown, quando lembra que «os arquitectos devem ser especialistas nas convenções existentes». Só um olhar menos atento deixará de identificar na sua obra certas características dominantes de uma tradição portuguesa. Refiro-me a um carácter híbrido que acomoda com solicitude os constrangimentos da vida quotidiana na suposta ordem das coisas. Nesse sentido, há na prática dos Promontório contactos com as movimentações de Fernando Távora, cuja aptidão para reconciliar a complexidade do programa com os problemas da linguagem deixou-o sempre tão receptivo a contingências formais como inquieto com um radicalismo redutor. O bloco de apartamentos em Telheiras, junto à segunda circular, realizado entre 1994 e 1997 para uma cooperativa de habitação é exemplar dessa sensibilidade crítica. A tentativa de reconciliar o programa da moradia unifamiliar suburbana com a tipologia do prédio é recorrente, de Corbusier a James Wines (SITE). No entanto, aquilo que talvez distinga esta obra é a capacidade de combinar uma riqueza de diferentes tipologias – melhor ainda, habitats – em apartamentos simples ou duplex no contexto de um sistema normativo coerente. Algo desta natureza híbrida de abordagem ao programa está igualmente presente no conjunto Oriente de habitação, comércio e escritórios, em construção no Parque das Nações em Lisboa. Circunscrito ao perímetro imposto pelo plano-mestre deste recinto, os arquitectos conseguiram todavia criar um complexo que, ainda que permeável a diferentes graus de participação cívica e individual, evita as lógicas simplistas do condomínio privado ou do centro comercial. A intimidade do pátio elevado (mas percorrível) do bloco de habitação disposto em U é contrabalançada pela natureza assumidamente pública do piso térreo de escritórios e da praça ocupada por lojas. Este programa abrangente é unificado em aparência pelo sis-
tema modular da fachada em eternit (devedor das experiências anteriores em Telheiras), cruzado com espessas caixilharias de madeira. Se a pesquisa tectónica dos Promontório tem incidido em problemas de encaixe e activação mecânica numa espécie de “poesia do equipamento”, tempos recentes testemunharam a sua reificação no problema das ordens em termos que parecem retomar caminhos trilhados por Kahn ou Perret.Tal é o caso do projecto para o Lote 1.10, concurso ganho em 2001 para um complexo com uso misto de hotel e escritórios. Este remata a monumental avenida do plano da Expo’ 98 com um conjunto compacto e solidamente implantado de dois edifícios com massas sobrepostas entre os 12 e os 22 pisos. A sua disposição garante vistas desobstruídas e o acesso pedonal de e para o parque na colina adjacente. A severa repetição do módulo da fachada, de composição em coluna-lintel, reverberando a dicotomia entre revestimento e núcleo, membrana e estrutura, dissolve a massa colossal do conjunto em nada mais que delicadas linhas verticais. As torres gémeas de 20 pisos situadas junto ao Tejo colocaram uma outra preocupação muito específica: como representar a presença corpórea de um edifício recorrendo ao vidro, material que pela sua própria natureza tende para o anonimato e negação auto-reflexiva da superfície? Dada a sua homogeneidade, a resposta parece estar no detalhe e junta. No caso dos Dons do Tejo, a superfície é tratada como uma desmesurada alvenaria de tijolos enquanto os vãos aparentam em formato a própria estereotomia; em falta. Ligações em falta, por assim dizer, que realçam a estrutura horizontal como o contrapeso do movimento vertical do prédio. Não podemos deixar de suspeitar que a divisão interior do edifício é menos homogénea do que aquilo que o exterior sugere. Esta estratégia de representação acaba por ser uma camuflagem, ocultando a multitude tipológica dos vários apartamentos, diferenciados pelo tamanho e desenho. Ainda que se erga como um monumento ou porta para toda uma nova área urbana, é a repetição do módulo de vidro estriado que lhe garante a leveza de uma imagem em puzzle.
(which likely owes to the previous experience of Telheiras), combined with thick wood frames. While Promontório’s underlying approach to tectonics has been focused on the problems of assemblage and the mechanical engagement in a kind of “poetry of the equipment”, recent years witnessed its reification in the problem of the orders in terms that seemingly attempt to pick up where Kahn and Perret left. Such seems to be the case of the Lote 1.10 project, won in a competition in 2001 to provide for mixed-use complex of hotel and office space. This last, crowning the monumental boulevard of the Expo’98 masterplan in a compact and firmly grounded ensemble of twin buildings with overlapping masses between 12 and 22 storeys, is positioned in such a way as to leave open vistas and pedestrian access to and from the adjacent hilltop park. Here, the severe repetition of the facade module of post-and-lintel composition, echoing the dichotomy between dressing and core, between membrane and structure, dissolves the colossal mass of the ensemble into nothing but delicate vertical lines. The twin 20-storey apartment towers set in the riverfront of the Tagus posited to Promontório a very specific concern: how to represent the corporeal presence of a building using glass, a material that by its very own nature tends for the anonymous and self-reflective denial of its surface? Given its homogeneity, detail and joint seems to be the answer. In the case of Dons do Tejo, the surface is treated like an oversized brickwork, whereas the windows resemble in format the stones themselves, like missing stones, missi ng links so to say, thus emphasising the horizontal structuring as counterweight to the vertical movement of the highrise. One cannot but suspect that the inner division of the building is less homogenous than the outside suggests. So this representational strategy turns out to be a camouflage, hiding a typological multitude of different flats distinguished by design and size. Although rising as a milestone or a kind of gate to the whole new urban area, it is the repetition of the fretted glass module that provides the lightness of a puzzle picture.
Promontório Arquitectos LOTE 1.10, Lisboa
Promontório Arquitectos DONS DO TEJO, Lisboa
Promontório Arquitectos NEUBAU UNIVERSITÄT LUZERN
David Chipperfield Architects HOUSE IN GALICIA, Corrubedo
The competition project for the University of Luzern, is illustrative of the firm’s ability to inflect and respond to the schismatic contorts of dishevelled spaces. With a space-form ingeniously folded and jagged, the built mass is virtually mounted on the site like a bridge-building so as to absorb the loose ends of its is fragmented infrastructure, only to give an urban completion and façade system around its perimeter. Echoing the fragmentation of the site with a series of slanted cuts, the skyline of this mega-form is broken down in a series smaller volumes that offer a variety of interstitial institutional spaces.
O concurso para a Universidade de Luzerna é ilustrativo da capacidade de resposta e inflexão dos Promontório às fracturas dos espaços desordenados. Com uma forma engenhosamente dobrada e angulosa, a massa construída instala-se virtualmente no sítio como uma ponte-edifício de modo a absorver as pontas soltas da sua infra-estrutura fragmentada. Para com isso dar completude urbana e sistema à fachada em torno do seu perímetro. Fazendo eco do seu sítio fragmentado com uma série de cortes inclinados, a silhueta desta mega-forma é subdividida num conjuntos de volumes menores que oferecem uma variedade de espaços institucionais nos seus interstícios.
David Chipperfield is certainly a point in case for a discussion on gravitas. There is an evident search for the reduction of formal resonance in the work of Chipperfield, but it is never shrouded under some cryptic nimbus of minimal purity. It has much more to do with the pragmatist need to establish a critical balance between form, programme and materials; the latter being not only those that constitute the space but also those that are somehow present by virtue of the exhibit. The last decade witnessed a change of scale in the commissions of Chipperfield Architects that brought to fore a considerable change in the conceptual precepts of the practice. Early work shows evidence of an intuitive plasticity, one where the wall and the window are freely arranged according to an introspective functionality that is defiantly sculptural, having in mind for instances the Kinght house, built in London before the 1980s were over. In the latter, were it not for the sensibility that emanates from sheer presence of material and joint, one could not but perceive it as the avatar of the atectonic. Much the same could be argued about his own vacation house built in the shorefront of the piscatory village of Corrubedo, in the Spanish province of Galicia, where the encrusted and sensuously jagged white volume is hovering above a fully glazed street floor level that seemingly holds a towering volume framed by punched windows. Here, as in earlier projects, we witness Chip-
David Chipperfield é certamente um autor a ter em conta numa discussão sobre a gravitas. Há no seu trabalho uma clara procura de redução de ressonâncias formais; no entanto ele não se deixa enredar num limbo críptico de pureza minimalista. Está muito mais ligado à necessidade pragmática de estabelecer um balanço entre forma, programa e materiais; sendo estes não apenas aqueles que constituem o espaço mas também os que estão de certa forma presentes em virtude daquilo que é exposto. Na última década deu-se uma mudança na escala das encomendas feitas a Chipperfield Architects, trazendo para primeiro plano transformações consideráveis às suas premissas conceptuais. O seu trabalho inicial dava mostras de uma plasticidade intuitiva, onde parede e janela eram livremente dispostas de acordo com uma funcionalidade introspectiva de clara ousadia escultórica, tal como acontece na casa Knight construída em Londres ainda nos anos 80. Neste projecto, não fora a sensibilidade que emana da forte presença dos materiais e juntas, talvez só a víssemos como um avatar do não-tectónico. O mesmo pode argumentar-se sobre a sua própria casa de férias na linha costeira da vila piscatória de Corrubedo, Galiza, onde um volume branco incrustado e sensualmente recortado flutua sobre o piso térreo integralmente envidraçado. Este parece suster uma massa que se amontoa e é enquadrada pelas perfurações das janelas. Aqui, tal como nos
seus primeiros projectos, testemunhamos a necessidade de Chipperfield reconciliar forma e contexto ou, nas suas palavras, «o desejo de localizar o projecto.» Nada poderia estar mais longe desta delicada plasticidade que o complexo de escritórios para o retalhista de vestuário alemão Ernsting, concluído em 2001 na periferia de Münster. Dada a liberdade contextual do campus, em conjunto com os idiomas vizinhos de Calatrava e Schilling, David Chipperfield procurou uma composição idealizada de pórticos de betão capaz contudo de articular a linguagem e requisitos dos ambientes de trabalho actuais. Tal foi concretizado pela disposição das colunas como se estas fossem quase paredes. Elas formam uma loggia contínua que garante amplo sombreamento em todo o edifício e sugere uma monumentalidade solene, paradoxalmente constrastada pela leveza dos pórticos. No interior, o duplo pé-direito do átrio principal é atravessado pelas vigas na cobertura, a fazer lembrar o lendário átrio da Casa del Fascio de Guiseppe Terragni. Tal como em Terragni, o espaço é apresentado como um impluvium de luz e, não obstante a diferença de sombras entre as regiões do Como e da Vestefália, um similar contraste destaca a presença da estrutura. O edifício desenhado por Chipperfield para o Landeszentralbank nas proximidades de Leipzig aproxima mais que nunca a sua prática de uma tradição Schinkeliana. Se parte do estático monolitismo do edifício se deve a uma imagem de ilusória invulnerabilidade (forjada à luz da mente burocrática do seu financiador), a sua pesada estereotomia, disposta em grandes painéis de betão verde-acinzentado, é sintomática de recentes preocupações suas. A este respeito podem citar-se projectos como o concurso para a galeria Adolf Würth (1997) e o cemitério San Michele em Veneza (1998). Em todos estes casos a estereotomia manifesta-se por uma articulação consistente e contínua das peças de revestimento de forma a sugerir uma hipotética transferência das cargas na fachada. Muito desta robusta abordagem tectónica pode igualmente encontrar-se no bloco de habitação social encomendado pelas autoridades municipais de
perfield’s need to reconcile form and context, or in his own words, «the desire to localise the project.» Nothing could be further from this delicate plasticity than the office building complex design of the British architect for the German clothing retailer Ernsting, concluded in 2001, on the outskirts of Münster. Given the context-free campus, complete with the neighbouring idioms of Calatrava and Schilling, David Chipperfield sought an idealised composition of concrete porticoes that could nevertheless articulate the language and requisites of the modern officescape. This he accomplished by positioning the columns as quasi-walls that form a continuous loggia that provides the building with a deep shadow all around, implying a solemn monumentality which is paradoxically contrasted by the lightness of the porticos. Inside the edifice, the double height of the main atrium is crisscrossed by structural roof beams in a manner that recalls the legendary court of Guiseppe Terragni’s Casa del Fascio. Here, as in Terragani’s, the space is suggested as an impluvium of light, and, notwithstanding the difference of shade between Como and Westfalen regions, a similar contrast highlights the presence of the structure. The building that Chipperfield designed for the Landeszentralbank in the vicinity of Leipzig brings his practice closer than ever to the Schinkel tradition. While some of the impervious monolithism of the building owes to the somewhat illusory image of invulnerability forged under the bureaucratic mind of the moneylender, the heavy stereotomics laid out in large panels of a greenish grey concrete are exemplary of the architect’s present concerns. I have in mind a number of other projects, such as the competition for Adolf Würth gallery of 1997, in Germany, and San Michele Cemetery of 1998, in Venice. In all these cases, the stereotomic makes itself manifest by a consistent and continuous articulation of the cladding units in a way that alludes to a hypothetical transfer of loads in the façade. Much of this heavyweight tectonic approach can be equally found in the social housing block commissioned by the municipal authority of Madrid, for
David Chipperfield Architects ERNSTING CENTER, Coesfeld-Lette
David Chipperfield Architects LANDESZENTRALBANK, Gera
David Chipperfield Architects SOCIAL HOUSING, Madrid
David Chipperfield Architects BARCELONA CITY OF JUSTICE
the Southern district of Villaverde. The seven-storey U-shaped building comprising some 170 apartments proposes a critical declination of the pitched roof imposed by the masterplan. Slightly tilted inwards, the entasis-like massive piling up of concrete panels suggests the building as an Egyptoid rampart where the apparently random openings, born from the slots between panels form elegant porte-fenêtres. The latter ethically dislocates the status of social housing, avowed as cheap and repetitive purely on the grounds of economic constraints, to a humanised architecture that is realistically engaged in the wellbeing community. The presence of Mies is still far from losing its aura when it comes to dealing with the expressive potential of the glassed facade. That is certainly the case of the project for the Barcelona City of Justice that Chipperfield won in association with b720 Architects, where that theme comes to fore in the form of a variegated structural glassing that cleverly hides its bolting system with the fretted coloration. Bordering Barcelona and Hospitalet de Llobregat, the new Catalonian city of justice is a vast ensemble comprising eight towers of different heights connected at floor level by a full 4-storey atrium that accompanies the changing topography. Set in a manner that recalls Aalto’s fan-like approach to the territorial settlement, this partitioned building ingeniously occupies the plot in a way that is neither ideological nor infatuated with its condition, which of necessity, is necessarily monumental.
Madrid, para o bairro de Villaverde, na parte sul da cidade. O edifício de sete pisos, disposto em U e contendo cerca de 170 apartamentos, propõe uma declinação crítica da cobertura inclinada, imposta pelo plano de pormenor. Ligeiramente desviado para dentro, o efeito de êntase dado pelos painéis de betão justapostos faz do edifício como que uma fortificação egiptóide, onde as aberturas aparentemente aleatórias formam elegantes porte-fenêtres. Esta imagem desloca o estigma da habitação social, tida como pobre e repetitiva tão somente pelos seus constrangimentos económicos, para uma arquitectura realmente empenhada no bem-estar comunitário. A presença de Mies ainda não perdeu a sua aura quando se trata de abordar o potencial expressivo da fachada de vidro. Esse é certamente o caso do projecto para a Cidade da Justiça de Barcelona que Chipperfield ganhou em associação com o gabinete b720: o tema ganha forma pelos seus envidraçados de coloração variada, que oculta com inteligência o sistema de aparelhagem. Localizado nos limites de Barcelona e Hospitalet de Llobregat, a nova cidade da justiça catalã é um vasto conjunto composto por oito torres de diferentes alturas, interligadas no piso térreo por um átrio de quádruplo pé-direito que acompanha as cambiantes da topografia. Disposto no território de um modo evocativo das implantações em leque de Alvar Aalto, este edifício fraccionado ocupa engenhosamente o lote sem ser ideológico ou altivo com a sua condição. Que, por necessidade, é necessariamente monumental.
Interplay between the whole and its fractions acquires an entirely different agenda in Leeser Architecture’s proposal for the Eyebeam Museum located in Chelsea, New York. Components of the building are literally interpreted as gears programmed to be set in motion when needed, activating some sort of graceful cyborg. This animated apparatus could thus be regarded as an IT take on the Corbusian machine ethics and aesthetics: pursuing a favoured field of the practice’s research - the impact of new technologies on the architectural design
A relação entre o todo e as suas partes ganha um outro tipo de contornos na proposta de Leeser Architecture para o museu Eyebeam situado em Chelsea, Nova Iorque. Os componentes do edifício são tidos literalmente como mecanismos programáveis que ganham movimento quando necessário, como um cyborg gracioso. Este dispositivo animado é como que uma actualização informática da ética e estética maquinais de Corbusier: perseguindo um campo de pesquisa caro a esta prática – o impacto das novas tecnologias nos processos de projecto e construção
da arquitectura – a proposta parece ter encontrado um enunciado ideal para as suas investigações. A “garagem” de Leeser, metáfora tomada a uma tipologia muito presente nas redondezas do edifício, é um espaço incompleto e reconfigurável que reaviva o charme provisório do seu motivo de inspiração. O museu é antes de mais um espaço de trabalho; garantindo uma matriz para a produção emergente de arte em suporte digital ele alberga também os aspectos mais quotidianos do que nele será exposto. O seu volume pode ser ampliado ou reduzido, paredes interiores, mesmo pavimentos, retiradas para que tudo seja adaptável e flexível. A superfície exterior revestida a alumínio, metal pintado, vidro cromogénico reflectante e não reflectante (electronicamente capaz de ajustar a transmissão de luz de 10% a 80%), sugere uma impressionante leveza. Talvez que esta sensação de imponderabilidade também se deva a uma associação figurativa com algo que pertence ao mundo das pequenas coisas, uma composição reminiscente de caixas de plástico empilhadas. Uma forma desta natureza ilude-nos quanto à sua grandeza e peso, tenta dissimular o facto que toda a arquitectura tem por destino encontrar o chão. O edifício sublima ainda mais o seu corpo ao recorrer às tatuagens electrónicas dos painéis LCD ou videowalls, transmitindo sem cessar informação interactiva e sempre renovada. Flutuando por entre as divisórias interiores e exteriores, estas imagens e pixéis diluem uma distinção clara entre o que é estático e o que é mutável no envólucro do museu. Como Ícaro, este conjunto cinético parece almejar a libertação dos mandamentos da gravidade.
and construction process - this proposal seems to have found an ideal briefing for such inquiries. Leeser’s “garage”, a metaphor taken from a prevalent typology in the building’s whereabouts, is an incomplete, changeable, reconfigurable space updating the provisional charm of its heritage motif. This museum is primarily a workspace, providing a framework for the emerging digital-based art production it will host as well as for the everyday aspects of what will be exhibited there. Its volume can be extended or reduced, inside walls, even floors can be removed: everything in order to be adaptable and flexible. The exterior surface, made of aluminium cladding and painted metal, reflective and non-reflective chromogenic glass, which is electronically adjustable from 10% to approximately 80% light transmission, suggests lightness to an astonishing extent. Maybe this impression of lightness and weightlessness is also due to the figurative association with something that belongs to the world of small things, a composition reminiscent of piled-up plastic boxes. Such a form eludes us as to its bigness and weight, it tries to blur the fact that all architecture is bound to meet the ground. The building further sublimates its body resorting to the “electronic tattooing” of LCD panels or videowalls endlessly streaming ever changing, interactive data. Floating along interior and exterior partitions, these moving pictures and pixels dissolve clear distinctions between what is static and what is mutable in the museum’s envelope. Like Icarus, this dynamic ensemble seems to crave deliverance from the inextricable commandments of gravity.
Fluxo é certamente uma palavra-chave na proposta de concurso de Reiser+Umemoto para uma fábrica e complexo multi-usos da BMW em Leipzig. O projecto implementa-se numa amplitude nómada e elástica entre a arquitectura e a paisagem, criando um contexto de suaves superfícies e plataformas por onde trabalhadores, clientes e automóveis convivem. Um depoimento dos arquitectos sobre experiências com sistemas escalares esclarece-nos quanto à sua
Flow is surely a keyword in Reiser+Umemoto’s competition entry for a BMW plant and multipurpose complex in Leipzig. The project posits itself in a transient, supple, range between architecture and landscape, seeking to generate a setting of smooth surfaces and platforms where workers, clients and cars mingle. A memo on the architects’ experimentations with such scalar systems further enlightens their strategy: «A lateralized transition across
Leeser Architecture EYEBEAM MUSEUM, New York
Reiser+Umemoto BMW LEIPZIG
scales would suggest that buildings, rather than being conceived as discrete and bounded objects, exist in a kind of continuum somewhere between the urban and the micro-scales. This requires that the definition of a building in the landscape be loosened such that there is a thickened zone of transition between itself and its environment». These attempts to morph nature (landscape) and artifice (architecture) glide from micro to macro-elements: everything appears to converge to an unconstrained setting, engineered to let space and its dwellers navigate freely. Responding to such calling, elegant structural layouts empty the rooms of columns or any other kind of supporting elements. Striving for unlimited, unrestricted spans, this assemblage of fly-through elements is evocative of Buckminster Fuller’s geodetic antics: both try to establish a kind of zero-gravity perimeter where the new territories of the Modernist enterprise could be reinvented. Not by chance, the mechanical poetry and sophistication of the automobile is once again a figurative and material departure point for an architectural prototype of new spatiality. Reminiscing von Kleist and his puppet master, the kinetic allure of a sports car steering ratio, its smooth contour and routes, trace the itinerary of a built landscape in an everlasting dance. Space and matter are activated by a chain of events, their performative nature advertised even by a skymark projecting images onto an artificial cloud. «All that is solid melts into air», thus sentenced Karl Marx. In spite of overt ideological contradictions, this water mist prop could be perceived as a permanent reminder of such decree, defeating gravity through the erosion of matter itself. Countless are the attempts to make us forget the circumstance that gravity bears with its unfair distribution and limited resources to overcome it: from inversions of heavy and light parts of a building to the stilted and stalking cities of Constant or the Metabolists. With Zaha Hadid’s approach we now have another variant. Her projects produce the impression of lightness and grace because their gravi-
estratégia: «Uma transição lateralizada entre escalas aponta para que os edifícios, em vez de serem concebidos como objectos discretos e delimitados, existam como um contínuo algures entre o urbano e as micro-escalas. Isto exige que a definição do edifício na paisagem seja de tal forma solta que a sua zona de transição com a envolvente ganha espessura.» Este esforço para fundir natureza (paisagem) e artifício (arquitectura) desliza por entre micro e macro-elementos: tudo parece convergir para um cenário sem constrangimentos, calculado para deixar o espaço e os seus ocupantes navegar livremente. Respondendo a esse desejo, um elegante sistema estrutural esvazia as salas de colunas ou qualquer outro tipo de elementos de suporte. Em busca de vãos ilimitados, esta armação voadora faz eco das acrobacias geodésicas de Buckmnister Fuller: ambas tentam estabelecer um perímetro de gravidade-zero, por onde os territórios da aventura Modernista possam ser reinventados. Não por acidente, a poesia mecânica do automóvel é uma vez mais ponto de partida material e iconográfico para um protótipo arquitectónico de novas espacialidades. Regressando a von Kleist e ao seu mestre de marionetas, o fascínio cinético do carro desportivo, as suas linhas fluidas e manobras suaves, traçam as linhas de uma paisagem construída numa dança que jamais finda. Espaço e matéria são activados por uma cadeia de acontecimentos sendo a sua natureza performativa anunciada até por um sinal aéreo que projecta imagens sobre uma nuvem artificial.«Tudo o que é sólido desfaz-se no ar», assim promulgou Karl Marx. Apesar das evidentes contradições ideológicas, este dispositivo de vapor de água pode ser entendido como uma lembrança permanente dessa sentença, derrotando a gravidade pela erosão da própria matéria. São inúmeras as tentativas para nos fazer esquecer a circunstância que a gravidade transporta com a sua injusta distribuição e os recursos limitados para a superar: de inversões das partes pesadas e leves do edifício às cidades elevadas de Constant ou dos Metabolistas. Com Zaha Hadid temos agora outra
variante. Os seus projectos causam uma impressão de leveza e graça porque a sua gravidade não se apresenta como uma carga que se transmite na vertical para o chão. Esta estratégia transgride a convenção de que há uma única força gravítica, que para garantir protecção um edifício dever erguer-se de pé. Como notou Greg Lynn, os alinhamentos nada verticais com a terra de Hadid sugerem duas possibilidades: a de que os edifícios devem ser vistos como singularidades ou planetas, com os seus graus de força gravítica, e a de que as relações entre essas massas planetárias serão reguladas pelas particularidades e adjacências dos próprios elementos, e não pela relação de cada um deles com a força gravítica – única – da Terra. Isto permite que uma multiplicidade de vectores viagem ao longo e através de objectos, onde as cargas são transmitidas por sólidos suspensos, em consola, comprimidos e trespassados. O resultado é um tipo de leveza diferente daquela produzida por técnicas de construção para redução de massa e pelo uso de materiais ligeiros que tendem para a imaterialidade. É a arquitectura que define a nossa experiência da gravidade; ela ganha leveza como a baleia a ganha com a água que a envolve. Como se a arquitectura fosse ela própria parte da terra, concebida como uma massa porosa capaz de suportar objectos. Numa das suas mais recentes propostas, Zaha Hadid transferiu este conceito espacial que desenvolvera em edifícios e projectos como o seminal Peak Club em Hong Kong para a dimensão de uma cidade inteira. O plano urbano One-north para um núcleo tecnológico em Singapura eleva a parada do repertório de Hadid para a escala do território numa área de intervenção de 190 hectáres. O terreno parece dissolver-se em fragmentos tridimensionais de elementos que se comprimem, deslizam e encostam como placas tectónicas dançando uma sinfonia sinuosa, orquestrada pela arquitecta. Talvez que a sua amplamente comentada arquitectura planetária atinja um cume inesperado com esta empreitada de proporções épicas, com a invenção pura de um “novo mundo”, casa para 50.000 residentes e 70.000 trabalhadores. Todas as suas unidades parecem orbitar em torno de fenóme-
ty appears not as a load that presses vertically onto the ground. This strategy transgresses the convention that there is a singular gravitational force, that in order to provide shelter a building must stand right up. As Greg Lynn noted, Hadid’s less-than-vertical alignments to the earth, suggests at least two possibilities: firstly, that buildings might be seen as singularities, or planets, with their own degrees of gravitational force; and secondly, that relations between these planetary masses will be regulated by the particularities and adjacencies of the elements themselves, rather than by the relation of each of them to the single, uniform gravitational force of the Earth. This allows for a multiplicity of vectors through, along, and across objects, where loads are transmitted through a network of propped, sloped, cantilevered, sandwiched, and skewered solids. The outcome is a kind of lightness different from the lightness provided by mass-reducing construction techniques and the use of light materials that tend towards immateriality. Architecture itself defines what we experience as gravity; it gains lightness like the whale gets it from the surrounding water. As if architecture were part of the earth itself, conceived as a porous mass capable of supporting objects within its own mass. In one of her most recent designs, Zaha Hadid transferred this dynamic spatial concept she developed for single buildings like the seminal Peak Club design in Hong Kong to the dimension of an entire city. The One-north masterplan for a science hub in Singapore raises the ante of Hadid’s repertoire to territorial scale with an intervention area of 190 hectares. The construction terrain seems to be dissolved into a three-dimensional debris of pushing, rolling, lurching elements as if tectonic plates come alive, swinging to a meandering symphony orchestrated by the architect. Perhaps her amply probed planetary architecture reaches an unforeseen apex with this enterprise of epic proportions, with the sheer invention of a “new world”, home of 50.000 residents and 70.000 workers. All constituents seem to orbit around phenomena of motion and exchange (or should we say Xchanges,
Zaha Hadid ONE-NORTH, Singapore
the plan’s alias for its urban clusters?), deemed as the quintessence of the future technopole. These traits, unrelentingly pushing the boundaries of Vitruvius’ firmitas dictate, are prime requirements for the fostering of innovative lifestyles in the “constellations” of One-north. Cosmological terminology is the logical outcome of Zaha Hadid’s dialect: her architectural universe levitates effortlessly across scales reaching farther and farther. Rooted by the firm belief that, if it were summoned for such a task, it could embrace and encompass - through grace - an entire galaxy.
nos de movimento e intercâmbio (Xchanges, chamamse os seus nós urbanos), vistos como a quintessência desta futura tecnópole. Estes atributos, que testam sem cessar os limites do mandato vitruviano da firmitas, são os principais requisitos para a fomentação de estilos de vida inovadores nas “constelações” de One-north. A terminologia cósmica é o corolário do dialecto de Zaha Hadid: o seu universo arquitectónico levita sem esforço por entre escalas, chegando cada vez mais longe. Alicerçado na convicção de que, caso fosse convocado para essa tarefa, poderia abraçar e abarcar – pela graça – uma galáxia inteira.
«Grace fills empty spaces, but it can only enter where there is a void to receive it. We must continually suspend the work of the imagination in filling the void within ourselves.» Simone Weil’s spiritual call to arms in face of the gruesome episodes of early twentieth century - ominously climaxing with the onslaught of the World War II to which she tragically capitulated – reverberates in present days with uncanny acuity. Her beckoned leap of faith confronted the rhetoric of progress championed by the Modernist project with unforeseen moral undertones: down to earth and up above. This interval between Gravity and Grace still commands our very existence. Architecture is no exception to this wandering condition. The featured selection, next shown, of its many distinct contemporary discourses corroborates such belief. Amidst the flotsam and jetsam of bygone canons, the discipline tries to reassert its integrity and scope, suspended between Weil’s extremes. An act of funambulism, on the high-wire of a definition.
«A Graça preenche espaços desocupados, mas só pode entrar onde exista um vazio para a receber. Devemos continuadamente suspender o trabalho da imaginação ao preencher o vazio que temos dentro de nós». O repto espiritual de Simone Weil face aos brutais episódios do princípio do século XX – culminando funestamente no massacre da Segunda Grande Guerra perante a qual tragicamente viria também a capitular – reverbera nos dias presentes com uma estranha acuidade. O salto de fé que nos pedia confrontava a retórica do progresso cantada pelo projecto Modernista com implicações morais não ponderadas: cá na terra e lá em cima. Esse lapso entre Gravidade e Graça ainda comanda a nossa vida. A arquitectura não é excepção a este ser errante. A selecção que a seguir se apresenta dos seus muitos distintos discursos de hoje corrobora essa visão. Por entre os escombros de cânones de outrora, a disciplina tenta reafirmar a sua integridade e alcance, suspensa por entre as extremidades de Weil. Um acto de funambulismo, na corda bamba de uma definição.
PROMONTÓRIO ARQUITECTOS
TELHEIRAS Localização Location Telheiras, Lisboa Client Cliente Coociclo, Cooperativa de Habitação, CRL Concurso Competition 1993 Projecto e Obra Project and Completion 1994-1997 Fundações e Estrutura Structural Engineer Miguel Braga (OA4) Instalações e Equipamentos Mecânicos Mechanical Engineer Carlos Aires (Pgi) Instalações e Equipamentos de Águas e Esgotos Services Engineer José Silva Graça (Cenor) Instalações de Equipamentos Eléctricos e de Telecomunicações Electrical Engineer José Cardoso (Eppe) Instalações de Segurança Security and Control Engineers Paulo Cardoso (Eppe) Paisagismo Landscaping Laura Costa (Aparte) Controle de Custos Quantity Surveying António Bruno (Escala Digital) Tipologia Typology 48 apartamentos em 13 pisos, 8 tipologias por bloco com variantes duplex e simplex. 48 apartments in 13 floors, 8 typologies per block with single and double-floor variants. Construtor Contractor Moniz da Maia, Serra & Fortunato, SA. Área do Lote Plot Area 2.450 m2 Área de Implantação Footprint Area 800 m2 Área Bruta Total Gross Floor Area 15.000 m2 Custo da Construção Construction Costs 6.500.000 Euros 650 Euros per m2 Fotografia Photography Rui Morais de Sousa
ORIENTE Localização Location Expo’98, Lisboa Clients Clientes Coociclo Oriente, Cooperativa de Habitação, CRL; Espreita o Rio, Cooperativa de Construção, CRL Projecto e Obra Project and Completion 1996-2003 Colaboradores Collaborators José Luís Ferreira, Tiago Ferreira Controle de Custos Quantity Surveying António Bruno (Escala Digital) Fundações e Estrutura Structural Engineer Miguel Braga (OA4) José Nascimento Instalações e Equipamentos Mecânicos Mechanical Engineer Pgi Instalações e Equipamentos de Águas e Esgotos Services Engineer José Silva Graça (Cenor) José Nascimento Instalações de Equipamentos Eléctricos e de Telecomunicações Electrical Engineer José Cardoso (Eppe); Pdg Instalações de Segurança Security and Control Engineers Paulo Cardoso (Eppe); Pdg Paisagismo Landscaping João Ferreira Nunes (Proap) Tipologia Typology Habitação, escritórios e comércio Housing, offices and shops Área do Lote Plot Area 6.800 m2 Área Bruta Total Gross Floor Area 24.000 m2 Fotografia Photography Rui Morais de Sousa
LOTE 1.10 Localização Location Expo’98, Lisboa Client Cliente 1.10 - Empreendimentos Imobiliários, SA Concurso Competition 2001 Projecto Project 2001-2002 Controle de Custos Quantity Surveying António Bruno (Escala Digital) Fundações e Estrutura Structural Engineer António Baptista (Cenor) Instalações e Equipamentos Mecânicos Mechanical Engineer José Galvão Teles Instalações e Equipamentos de Águas e Esgotos Services Engineer José Silva Graça (Cenor) Instalações de Equipamentos Eléctricos e de Telecomunicações Electrical Engineer José Cardoso (Eppe) Instalações de Segurança Security and Control Engineers Paulo Cardoso (Eppe) Paisagismo Landscaping Inês Norton de Matos (Global) Tipologia Typology Hotel de 5 estrelas com 320 quartos e edifício de escritórios 5-star hotel with 320 bedrooms and office building Área do Lote Plot Area 13.672 m2 Área Bruta Total Gross Floor Area 72.000 m2 Modelos 3D 3D Models André Serpa
DONS DO TEJO Localização Location Expo’98, Lisboa Client Cliente Almeida & Gil, SA. Colaboradores Collaborators Luís Teixeira, Filipa Vitória, Joana Cancela, Rita Henriques, Verónica Costa Fundações e Estrutura Structural Engineer Miguel Braga (OA4) Instalações e Equipamentos Mecânicos Mechanical Engineer José Galvão Teles Instalações e Equipamentos de Águas e Esgotos Services Engineer José Silva Graça (Cenor) Instalações de Equipamentos Eléctricos e de Telecomunicações Electrical Engineer José Cardoso (Eppe) Instalações de Segurança Security and Control Engineers Paulo Cardoso (Eppe) Paisagismo Landscaping Inês Norton de Matos (Global) Tipologia Typology 93 apartamentos de T1 a T6 93 flats Área de Implantação Footprint Area 1.160 m2 Área de Bruta de Construção Gross Floor Area 39.000 m2 Custo Total da Construção Total Building Cost 26.000.000 Euros Custo de Construção por m2 Building Cost per m2 1.200 Euros Modelos 3D 3D Models André Serpa
NEUBAU UNIVERSITÄT LUZERN Localização Location Kasernenplatz, Luzern Client Cliente Universität Luzern Concurso Competition 2002 Arquitectos Associados Associate Architects Professor Max Steiger Architekt SIA BSA, Baden Colaboradores Collaborators Marion Steiger, Alessia Alegri, Pedro Campos Costa, Sofia Araújo Área Bruta Gross Floor Area 18.000 m2 Maquete Model Schalk, Zurich Fotografia Photography David Burkhart
TELHEIRAS EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO . Lisboa HOUSING BLOCKS
Os dois edifícios de habitação são resultantes do 1º lugar num concurso por convites promovido pela cooperativa de habitação Coociclo, sob uma volumetria imposta pelo plano de pormenor da zona. Independentemente da formalização burocrática da volumetria e implantação, a proposta de projecto submetida a concurso propunha tipologias exclusivamente em duplex, em que as varandas-pátio – numa revisão crítica do modelo Corbusiano do immeuble-villa – funcionam como jardins suspensos de duplo pédireito. Face a uma localização urbanisticamente hostil, entre vias rápidas e a construções indistintas, o conjunto pretende funcionar como um condensador social capaz de gerar novas formas de habitar o conceito de “bloco de apartamentos”. A varanda – o espaço proscrito do subúrbio pós-Carta de Atenas – reconquista aqui uma condição de habitabilidade para lá do mero ornamento compositivo. Pela profundidade, altura e sistema de protecção móvel, as varandas funcionam efectivamente como pátios onde as pessoas se podem encontrar em termos muito semelhantes aos do quintal de uma moradia. A fachada, inicialmente concebida exclusivamente em varandas pátio para tipologias duplex, densifica-se para incorporar as tipologias simplex, através da sobreposição de um sistema híbrido de janelas singulares e dispersas. A esta aparente aleatoriedade fazem-se corresponder os requisitos funcionais de cada piso. A complexidade compositiva do conjunto é formalmente sistematizada pela representação das lajes e pela ostensiva monotonia dos materiais – eternit cinzento, betão aparente e alumínio natural – num contraste decisivo com a vulgaridade multicolor da envolvente. Em última análise, os edifícios encerram as expectativas do nostálgico paradigma burguês da moradia urbana, hoje irreconciliável com o fenómeno de concentração metropolitana. Broadacre vertical, Levittown em altura ou degenerescência do immeuble-villa, tornam-se assim reconfigurações de um modelo hiper-democrático de gestão colectiva do projecto inflectido no sistemático exercício das vontades individuais dos cooperantes. Absorvido na mancha saturada e indistinta de um inventário suburbano, o conjunto renuncia a distinções formais específicas que não advenham da insólita banalidade imanente do cumprimento do complexo tecnofuncional.
The two apartment blocks were designed on the outcome of a shortlist competition promoted by Coociclo, an independent non-profit housing cooperative that was established after the revolution of 1974 with the purpose of providing housing for the middle class. The received volume of the ensemble is the consequence of a strict compliance with the techno-functional and bureaucratic stipulations of the city masterplan. Notwithstanding, in the competition scheme, Promontório proposed all the apartments as duplex (double-floor); the idea being a kind of critical reconstruct of the Corbusian immeuble-villa, where the verandas were to function as double-height suspended gardens. In a very hostile and nouveau riche Taipei-like suburb, immersed between highways and a saturated inventory of post-modern pastiche, this building was conceived to effectively function as a social condenser. A building where the balcony – the outcast space of the post-Athens chart suburbia – could regain a condition of inhabitability, instead of mere compositional adornment. By their sheer size, the balconies would realistically function as suspended patios, wherein, shielded by a system of louvers, people could gather to have lunch and children could play in much the same way as they would in the backyard of a suburban home. Later in development of the scheme Promontório was asked to introduce single-floor apartments in addition to the double-floor typology. To this end, the facades initially conceived as open courts exclusively for double-floor dwellings, had to accommodate yet another rationale based in singular window units scattered on the elevations. The apparent randomness, albeit perplexing, is true to the functional needs of the by now highly complex typological combinations. The hierarchy of the diverse compositional elements is restrained by the string course representation of the floor slabs, while the rigorous monotony of materials – light gray fibber cement cladding, exposed concrete and aluminum – imparts a decisive contrast against the colorfulness of the surroundings. Ultimately, the buildings draw from the expectations prefigured in the nostalgic paradigm of the urban single-family house, made irreconcilable by metropolitan concentration. Vertical Broadacre, stacked Levittown or degenerative immeuble-villa; these are all possible reconfigurations of a hiper-democratic model of collective design management systematically inflected to accommodate the will of the individual.
Planta Tipo [I] Type Floor Plan [I]
Planta Tipo [II] Type Floor Plan [II]
Alรงado Norte North Elevation
Alรงado Poente West Elevation
ORIENTE HABITAÇÃO, ESCRITÓRIOS E LOJAS . Expo’98 Lisboa HOUSING, OFFICES AND SHOPS
O projecto do complexo Oriente resulta da junção num único quarteirão de duas cooperativas com diferentes programas, nomeadamente, escritórios, habitação e comércio. Localizado numa das zonas mais infra-estruturadas da Expo’98, frente à Alameda dos Oceanos e nas imediações do Pavilhão de Portugal e do Museu da Ciência Viva, o lote anteriormente ocupado por pavilhões temáticos durante o período da Exposição, foi projectado como um bloco perimetral dividido aproximadamente ao meio pelas cooperativas. Embora esta separação seja total, quer ao nível das caves, quer acima do solo, foi possível criar um entendimento de base em relação à harmonização do espaço público, dos sistemas compositivos e construtivos, de tal forma que o conjunto permanecesse uno. Em observância às disposições legais do plano de pormenor, os edifícios estão localizados sobre uma plataforma comum que funciona como um embasamento comercial que se constitui em arcada na frente da Alameda. O bloco de habitação forma um U à cota da plataforma, que por intermédio de uma passagem em túnel gera um pátio ajardinado de acesso semi-público aos apartamentos. No edifício de escritórios essa tipologia em U é repercutida ao nível da rua gerando uma grande praça pública coroada por uma mezzanine ao nível da plataforma. Neste piso, além dos acessos aos escritórios, um conjunto de restaurantes e esplanadas geram um permanente movimento urbano. Um pequeno edifício de serviços isolado no topo superior poente da praça, serve de contraponto formal ao vazado do edifício de habitação por um lado, e ao elevador público no extremo oposto da praça por outro. O sistema construtivo comum a ambas as fachadas de habitação e escritórios é constituído por uma parede simples de alvenaria rebocada e isolada, recoberta por uma estrutura ventilada de painéis de fibrocimento. Este sistema de painéis é seccionado entre pisos pela marcação das lajes de betão na fachada. Em contraste com o betão e o fibrocimento, as caixilharias são em madeira envernizada. A presença física do conjunto, ainda que discreta e formalmente contida, pretende estabelecer um contraste positivo à plasticidade multicolor da envolvente.
The design of the Oriente complex results from the merger in a single plot of two co-operatives and different programmes for housing, offices and shops. Set in one of the most infra-structured zones of the Expo’98 precinct, facing the Boulevard of the Oceans and bordering the Portuguese Pavilion and the Museum of Science, the plot formerly occupied by theme pavilions during the World Exhibition, was later devised as a perimeter block divided approximately in half by the two co-operatives. Even tough this separation is total, that is from underground parking to the surface floors, it was nevertheless possible to create an understanding between the parties involved in regard to the public space and the compositional systems, so that the ensemble could be perceived as a single entity. Complying with the legal constrains imposed by the Expo’98 masterplan the buildings are set on a platform that functions as a commercial belt around the perimeter, the latter compulsorily shaped as an arcade on the elevations facing the boulevard. The housing building is set as a U on the platform level, permeated by an arched passage that generates a semi-enclosed patio allowing public access to the apartments. In the office building area this U-shaped typology is received at street level generating a large public plaza, crowned by a mezzanine at the platform level. On the latter, besides access to the offices, a number of restaurants and cafeterias produce a constant flow of public movement. A small services building, isolated on the East top of the platform functions as a counterpoise to both the missing slot of the arched passageway of the housing block and the public elevator tower on the opposite end of the plaza. The wall construction system for both the housing and office facades is based on an insulated brick wall, protected by a ventilated fiber-cement panelling system. The surfacing of the peripheral beams of the floor slabs interrupts the stereotomy of the panels. In contrast with artificial nature of concrete and fiber-cement, the frames are made of solid redwood. The physical presence of the ensemble, however discreet and formally restrained, aims to establish a positive contrast with the multifarious plasticity of the surroundings.
Planta do Piso 1 First Floor Plan
Alรงado Nascente East Elevation . Alรงado Poente West Elevation
LOTE 1.10 HOTEL E EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIOS . Expo’98 Lisboa HOTEL AND OFFICE BUILDING
O projecto do empreendimento Lote 1.10 resulta do 1º lugar num concurso por convites lançado pelo consórcio promotor em 2001 para a definição da implantação e concepção de um conjunto urbano de referência integrado no plano de urbanização da Expo’98. O projecto é composto por um hotel de cinco estrelas com 324 quartos em 13 pisos e um edifício de escritórios em 19 pisos, ambos com entrada directa pela Avenida Dom João II, o eixo estruturante do plano da Expo que culmina a sul no Jardim do Cabeço das Rolas. Os dois edifícios procuram assim colocar-se na continuidade dos alinhamentos dos planos de fachada da própria Avenida, deixando aberta e directa a sua relação com o sistema de vistas do Jardim do Cabeço das Rolas, e reforçando a complementaridade entre áreas construídas e áreas ajardinadas do plano. Dispostos perpendicularmente entre si e constituindo uma praça ao nível do embasamento, os volumes são justapostos de forma laminar, enfatizando uma silhueta de crescendo vertical que culmina no eixo da avenida. A composição deste conjunto urbano assenta na ideia de monumentalidade como resposta ao carácter eminentemente simbólico do plano que, enquanto remate da grande avenida, é reforçado pela expressão estática e tectónica dos edifícios. Monumentalidade, entendemos aqui como a dissolução de toda a expressão funcional e a consequente redução dos edifícios a objectos arquitectónicos puros: expressão imaculada e essencial das obras representativas ou simbólicas sem prejuízo da sua habitabilidade e vivência. Nestes termos, esta proposta afirma uma monumentalidade intencional a que está associada a qualidade matérica dos alçados, cuja constituição em grandes placagens de GRC branco e caixilharias de alumínio polido, assegura a solidez, durabilidade e baixa manutenção do conjunto. O facto da colocação dos caixilhos ser invulgarmente recuada relativamente ao plano de fachada garante não só o necessário ensombramento mas também a sugestão de um pórtico colossal. No interior, ambos os edifícios contêm um vazado central que percorre todos os pisos até ao nível do respectivo corpo adjacente menor. Iluminado por um lanternim na cobertura, este vazado central tem uma função simbólica corporativa e assume-se como espaço de descompressão interior e continuidade vertical do espaço do átrio.
The project for the Lote 1.10 development is the outcome of the 1st prize in a shortlist competition held in 2001 by a private consortium for the planning and design of a large urban plot integrated in the Expo’98 master plan. The project comprises a 5-star hotel with 324 bedrooms in 13 floors, and an office building in 19 floors, both with a direct entrance from the Dom João II Avenue. The latter being the main axis of the Expo plan which, southwards, culminates in this plot and is crowned by the hilltop garden of the Cabeço das Rolas. Given the site, the two buildings are placed in continuity with the facade alignments of the Avenue, creating a direct panoramic and pedestrian relation with the Cabeço das Rolas and reinforcing the reciprocity between the built and the landscaped areas of the precinct. Positioned perpendicularly between each other, the buildings form a plaza at ground level while their blade-like configuration emphasizes the silhouette of a vertical crescendo that reaches its peak on the avenue axis. As a whole, the composition of the ensemble suggests a certain expression of monumentality as a response to the eminently symbolic character of the Expo plan. Monumentality here is regarded as the discarding of functional expression and the consequential reduction of the building to the essential architectural type-form; an immaculate expression of representational and symbolic meaning without forsaking the conditions of inhabitation. To this end, the ensemble owes much of its proclaimed monumentality to the material and constructional quality of its facades that, in large panels of white GRC and polished aluminum frames, suggests an image of solidity, durability and low maintenance. The fact that the frames are positioned unusually deep in facade warrants the natural shading of the glazing and reinforces the image of the buildings as a superimposed colossal portico. Inside, both buildings have high atriums that rise up to the last floor level of the lower adjacent wing. Lit by a rooftop skylight, this large void functions both as a space of corporate representation and as a form of interior decompression from the undifferentiated office space and hotel rooms.
Planta Tipo Type Floor Plan
Alรงado Norte North Elevation
Alรงado Nascente East Elevation
DONS DO TEJO TORRES DE HABITAÇÃO . Expo’98 Lisboa HOUSING TOWERS
As duas torres de habitação com 20 andares resultam de uma volumetria previamente definida no plano de pormenor da zona, e que entendia este conjunto como remate – ou “porta sul” – do plano de urbanização da Expo’98, confrontadas a sul com um viaduto, a norte com uma nova avenida e a nascente com o estuário do rio Tejo. Daí que, independentemente da definição programática, o conceito arquitectónico fosse desenvolvido pressupondo uma monumentalidade abstractizante que enfatizasse o carácter simbólico deste conjunto urbano. Essa ideia de uma monumentalidade contemporânea é assim afirmada pela repetição exaustiva de um único módulo cuja estereotomia remete para o antigo sistema compositivo da silharia da pedra mas que é paradoxalmente materializada em vidro. Assim, além das janelas com medida única de 2,60 m por 1,90 m e abertura pivotante, o vidro reveste também as restantes superfícies das empenas, sendo que nestas é colado a uma estrutura de alumínio com uma tela opaca e estriada no interior do laminado. Apesar da aparente simplicidade compositiva, as torres têm diferenças tipológicas consideráveis com variações do T1 ao T6, e que correspondem não só ao layout inicial dos apartamentos, mas às sucessivas transformações que foram ocorrendo na fase de comercialização. Em termos paisagísticos, os arranjos exteriores foram desenvolvidos de forma a garantir uma grande permeabilidade visual. No essencial, trata-se de um plinto que sobreeleva o lote em 50 cm relativamente às ruas mas que mantém as mesmas inclinações e pendentes, sendo o acesso assegurado por ténues rampas inseridas no plinto. Essas rampas ligam os caminhos de acesso aos edifícios sendo a restante área plantada. Além das duas torres, faz também parte deste conjunto um pequeno edifício comercial para o qual se concebeu uma plataforma em madeira que serve de miradouro sobre o rio.
The precise shape and location of the twin 20-storey housing towers was already defined in the city master plan. The latter regarded this ensemble as a kind of milestone, or South Gate of the whole urban development of Expo’98; the plot being bound on the south by a viaduct, on the north by a wide boulevard and on west by the bank of the Tagus river. To this end, and regardless of the commercial definition of the program, the project was conceived having in mind the need for a certain abstract monumentalization of form; one that would emphasize the symbolic ethos of the ensemble. This call for a contemporary monumentality, to follow Gideon’s legendary “rappel à l'ordre” of 1944, is here asserted by the incessant repetition of a single module whose stereotomics summons the ancient compositional systems of say, an opus quadratum, vis-à-vis its paradoxical materialization in glass, the alter-ego of modernity. Thus, other than the single size pivoting windows with 2,60 m by 1,90 m, the surfaces of the building are clad in filtered laminated glass glue mounted on an aluminum structure. Notwithstanding the ostensible simplicity of the composition, the towers have considerable typological differences varying from 1-bedroom to 6-bedrooms’ flats. These correspond not only to the commercial layout but also to the changes that followed the selling process. In terms of landscaping, the planting and paths were conceived in order to guarantee unobstructed views of the monumental axis of the Expo’98 plan. With a small plinth surrounding the plot, 50 cm high, parallel to the inclines of the street, pedestrian access is warranted by ramps imbedded in that same plinth. In addition to the towers, the ensemble comprises a small commercial building with two floors that will eventually include a cafeteria and a local grocery store.
Planta Tipo Type Floor Plan
Alรงado Norte North Elevation
Alรงado Nascente East Elevation
NEUBAU UNIVERSITÄT LUZERN CONCURSO COMPETITION
«… eppure si muove» Galileo, circa 1632 O lugar escolhido para a implantação do novo edifício central da Universidade de Luzerna está envolvido por uma complexa rede de infra-estruturas, envolvendo um túnel de entrada e saída da cidade, ilhas para táxis e autocarros, uma ponte pedonal, um silo automóvel e um passeio ribeirinho com um fluxo constante de turistas. É impossível ignorar esta rede de fluxos porque é uma estrutura vital da cidade e deverá ser inevitavelmente assumida como condição do próprio lugar. O edifício proposto funciona como um condensador ao absorver na sua própria massa estes fluxos, procurando simultaneamente melhorar a sua performance urbana. Como uma forma mineral, circunscreve o perímetro do lote com uma fachada contínua de três pisos por forma a garantir uma continuidade e contorno urbano às ruas adjacentes. O piso térreo envolve e absorve o túnel, a Militaerstraße, a saída para Baselstraße, as paragens de autocarros e a base do silo automóvel; este último a ser ampliado e incorporado na massa do edifício. Em contraste com a forma angular do perímetro, o interior do edifício organiza-se com base numa matriz ortogonal em torno de um claustro e do uma sequência de pátios abertos. O claustro foi simultaneamente concebido como grande hall exterior e passagem pedonal do quarteirão. Por sua vez, os pátios servem como espaços introspectivos das várias faculdades. Em lados opostos do claustro estão localizados o foyer, os auditórios, a recepção pública; e a sala de exposições e cafetaria. No 2º piso acima estão localizadas as salas de seminário e no 3º, a biblioteca. Os institutos estão localizados em tornos dos pátios no lado poente. Esta parte é ampliável até Guetschstraße, sendo que aí, e dependendo das necessidades da universidade, se podem localizar espaços de escritórios para arrendamento. O edifício procura localizar-se na margem do rio com o mesmo tipo de densidade e compacidade do casco histórico de Luzerna. Fazendo eco da fragmentação da silhueta ribeirinha, o perfil do novo edifício da Universidade de Luzerna é recortado numa série de recessos angulares pelo confronto entre a geometria dos pátios e o perímetro da fachada.
The site for the new university is a complex web of infrastructure, crisscrossed by lanes and tunnels for cars going in and out of the city, lanes and isles for buses and taxis, a bridge for pedestrians to cross, an existing parking building and a riverside walkway with a constant flow of tourists and shoppers. This web of fluxes cannot be ignored; it is a vital condition of the city structure and therefore has to be accepted as a given data of the site. The proposed building functions as a condenser by absorbing within its mass all these fluxes and improving the urban situation of the site. Like a rock-cut shape, it surrounds the periphery of the given plot by a continuous facade of three-floors of height, thus granting the adjoining streets a clear and balanced contour. The ground level encloses the tunnel, the Militaerstraße, the exit to Baselstraße, the bus stops on both lanes, and the existing parking building, which is to be adapted and expanded within the perimeter of the building. In contrast with the free-flowing angles of the perimeter, the interior of the building is organized in an orthogonal matrix around a large courtyard and a sequence of open-air patios. The courtyard is conceived both as an exterior main hall for the university and as a public passage for the pedestrians. The patios serve as introspective gardens for the faculties. On one side of the large courtyard are located the entrance foyer, the auditoriums and the public serving desks. On the other side are the exhibitions’ foyer and the cafeteria. On the riverside there is a walkway passing in front of the bookshop and the leisure facilities. Likewise, opening to the courtyard, the auditoriums and seminary rooms are on the first floor, while the library is on the second floor. The institutes are located on the western part of the building around the patios. This part can be extended up to Guetschstraße and offers rental facilities on street level as needed. The building runs close by the edge of the river in the same dense and compact way as the urban structure of Luzern was historically formed. Echoing the fragmentation of the riverfront facades, the silhouette of new university building is also broken and stepped in a series of angular cuts by the intersection of the patio fronts with the facade perimeter.
Planta do Piso TĂŠrreo Ground Floor Plan
Planta do Piso 1 First Floor Plan
Alçado para a Militaerstraße Militaerstraße Elevation . Alçado para a Baselstraße Baselstraße Elevation
DAVID CHIPPERFIELD ARCHITECTS
HOUSE IN GALICIA Location Local Corrubedo, Galicia, Spain Completion Date Data de Conclusão 2002 Client Cliente Evelyn Stern Gross Floor Area Área Bruta 210 m2 Contract Value Orçamento 320,000 euro Team Equipa Louise Brooker, Luca Donadoni, Pablo Gallego Picard, Victoria Jessen-Pike, Daniel Lopez-Perez, Anat Talmor, Oliver Ulmer, Giuseppe Zampieri Contact Architect Equipa Local Carlos Seoane, Carlos Fontenla General Contractor Construtor Serinfra: Reinaldo Nuñez Structural Engineer Estruturas e Fundações Javier Estevez Cimadevila Models Maquetas The Network: Richard Armiger Photographs Fotografias David Chipperfield Architects, Richard Davies Bibliography Bibliografia Lust auf Urlaub pur, DBZ, December 1998, p. 30; David Chipperfield: Contro la retorica del nuovo – 3 progetti, Casabella, no. 638, October 1996, pp. 34–43
ERNSTING SERVICE CENTER Location Local Coesfeld-Lette, Germany Completion Date Data de Conclusão 2001 Client Cliente Kurt Ernsting Gross Floor Area Área Bruta 14,000 m2 Contract Value Orçamento 24,000,000 euro Team Equipa Eric Ajemian, Jennifer Beningfield, Martin Ebert, Mansour El-Khawad, Jochen Glemser, Johannes tho Pesch, Heidrun Schuhmann, Henning Stummel, Peter Westermann Contact Architect Equipa Local Schilling Architekten: Johannes Schilling, Jochem Vieren Landscape Architect Arquitecto Paisagista Wirtz International: Peter Wirtz General Contractor Construtor E. Heitkamp GmbH: Heinz-Peter Dämgen, Uwe Galka, Marcus von Rüden Structural Engineer Estruturas e Fundações Arup GmbH: Joachim Güsgen; Jane Wernick Associates: Steve Haskins, Jane Wernick Services Engineer Serviços Planungsgemeinschaft Haustechnik PGH: Hilmar Göhre, Albert Hoffmann, Thomas Scislowski Models Maquetas A-Models; David Chipperfield Architects Photographs Fotografias Tom Miller, Christian Richters Bibliography Bibliografia Ernsting’s Family, Bauwelt, August 2002, pp. 12–17
LANDESZENTRALBANK Location Local Gera, Germany Completion Date Data de Conclusão 2001 Client Cliente Landeszentralbank in den Freistaaten Sachsen und Thüringen Gross Floor Area Área Bruta 5,471 m2 Contract Value Orçamento 42,000,000 euro Team Equipa Philip Auer, Petra Elm, Mansour El Kawad, Robin Foster, Isabelle Heide, Tina Müller, Gundula Proksch, Alexander Schwarz, Florian Steinbecher, Henning Stümmel Contact Architect Equipa Local Architekturbüro Krüger + Krüger: Klaus Krüger, Stefan Krüger General Contractor Construtor IFB Horst Grün Gmbh: Ralph Kettenis Landscape Architect Arquitecto Paisagista Büro Thomanek & Duquesnoy: Karl Thomanek, Irene Winterstein, Annette Konrad, Jörg Michel, Hieltrud Dusquen Structural Engineer Estruturas e Fundações Ingenieurbüro Joachim Trogisch: Hilmi Candogan, Joachim Trohisch Services Engineer Serviços Ingenieurbüro Quirin: Hans Quirin, Astrid Quirin-Nied Project Management Gestão de Obra BAL AG: Norbert Krenz, Johannes Bittcher Models Maquetas David Chipperfield Architects, Mathew Marchbank Photographs Fotografias Richard Davies, Stefan Müller
SOCIAL HOUSING Location Local Madrid, Spain Completion Date Data de Conclusão 2004 Client Cliente Empressa Municipal de la Vivienda Gross Floor Area Área Bruta 11,698 m2 Contract Value Orçamento 6,700,000 euro Team Equipa Kevin Carmody, Andy Groarke, Takeshi Hayatsu, Kaori Ohsugi, Bernard Tulkens, Jonathan Wong, Mark Zogrotzski Contact Architect Equipa Local Matias Manuel Santolaya Heredero, José Maria Fernández-Isla Models Maquetas Matthew Marchbank Photographs Fotografias David Chipperfield Architects, Richard Davies
BARCELONA CITY OF JUSTICE Location Local Barcelona, Spain Competition Date Data do Concurso 2002 Completion Date Data de Conclusão 2007 Client Cliente GISA Gross Floor Area Área Bruta 330,000 m2 Contract Value Orçamento 207,500,000 euro Team Equipa Motohisa Arai, Tomomi Araki, Alberto Arraut, Alessandra Maiolino, Ana Bassat, Alexander Bauer, Johannes Baumstark, Doreen Bernath, Roberta Buccheri, Christian Clemares, Luca Donadoni, David Finlay, Jochen Glemser, Chris Hardie, Isabelle Heide, Serena Jaff, Michael Krusse, Reto Liechti, Eduardo Miralles, Takayuki Nakajima, Rentaro Nishimura, Magadalena Ostornol, Ignacio Peydro, Sashwin Pillai, John Puttick, Jordi Sinfreu Alay, Jennifer Singer, Cordula Stach, Hau Ming Tse, Patrick Überbacher, Giuseppe Zampieri Contact Architect Equipa Local b720 Arquitectura: Ana Basat, Adriana Plasencia, Fermin Vazquez Landscape Architect Arquitecto Paisagista Manuel Colominas Structural Engineer Estruturas e Fundações Jane Wernick Associates: Jane Wernick; Obiol i Moya Associats: Agusti Obiol Services Engineer Serviços Ove Arup & Partners: Andrew Sedgwick; Grupo JG: Joan Gallostra Quantity Surveyor Fiscalização Tim Gatehouse Associates: Tim Gatehouse Model Maqueta David Chipperfield Architects Matthew Marchbank Vista Models Vistas 3D Chris Barber Photographs Fotografias Richard Davies Bibliography Bibliografia Barcelona City of Justice, Architecture Today, no. 128, May 2002, pp. 12–24
HOUSE IN GALICIA CORRUBEDO
This house occupies a gap in the main street of the small Galician fishing
Esta casa preenche um vazio na rua principal de Corrubedo, pequena vila
village of Corrubedo. Sitting at the northern edge of a large protected
piscatória da Galiza. Situado no extremo Norte de uma grande baía prote-
bay on Spain’s northwest Atlantic coast, the site offered dramatic views
gida da costa espanhola Noroeste do Atlântico, o local oferece vistas pri-
out over the harbour and to the sea beyond. Unlike the other buildings
vilegiadas sobre o porto e o mar. Ao contrário de outros edifícios dispos-
along the harbour side which turn their backs to the sea, facing instead
tos ao longo da linha ribeirinha, que viram as suas costas a essa paisagem
the enclosed spaces of the village, the house looked to exploit the views
e convergem, em vez disso, para os espaços mais confinados da aldeia, a
afforded by its location and orientate all of its internal spaces towards
casa procura explorar os enquadramentos proporcionados pela sua locali-
the ocean.
zação, orientando todos os seus espaços internos para o oceano.
From the sea, the collection of individual and apparently random build-
Vista do mar, a colecção de edifícios individuais e aparentemente arbi-
ings in Corrubedo form a kind of village elevation – a thin ribbon of build-
trários de Corrubedo formam uma espécie de frente vernacular – uma es-
ings that although made up of houses of varying heights and geometries,
guia fita de construções que, embora feita de casas com diferentes cérceas
still presents itself as a unified and solid arrangement. The introduction
e geometrias, ainda se apresenta como uma composição sólida e unificada.
of a new house with different priorities had to take into consideration its
A introdução de uma nova casa com prioridades distintas teve de tomar em
place within this wall. Looking to provide a sense of continuity, there-
consideração o seu lugar nesta “muralha”. Assim, procurando fornecer um
fore, the house sits on a solid stone and concrete base, and its upper
sentido de continuidade, a casa assenta numa sólida base de betão e pedra
mass, like the neighbouring houses, is punctured by small windows.
sendo o volume que se ergue acima, à imagem das casas adjacentes, pontu-
Placed like a shelf between these two conditions, a large panoramic win-
ado por pequenas janelas. Colocada como uma prateleira entre estas duas
dow, extending the full width of the house, provides all encompassing
condições, uma grande janela panorâmica, que se estende a todo o compri-
views across the beach and harbour.
mento da casa, fornece vistas abrangentes sobre a praia e a enseada.
In this way, rather than resisting the surrounding geometries, the house
Desta forma, em vez de resistir às geometrias circundantes, a casa toma-
takes them into its own form. This strategy is most apparent on the
-as para a sua própria forma. Esta estratégia é particularmente evidente
street side of the building where the colliding geometries of adjoining
na frente para a rua, onde a colisão de geometrias das casas contíguas se
houses extend across the building, dictating its formal composition.
prolongam para o edifício ditando a sua composição formal. No interior,
Internally this pattern is repeated with stairs, bedrooms, and living
este padrão é repetido com as escadas, quartos e zonas de estar articu-
spaces articulated according to differing geometries, while on top of the
ladas de acordo com diferentes geometrias enquanto no topo da casa,
house, introducing its own more organic outline, a large enclosed roof
introduzindo uma silhueta mais própria e orgânica, um grande terraço
terrace forms a framed and protected view of the sea. Looking out from
delimitado na cobertura compõe uma vista enquadrada e protegida do mar.
this terrace over the surrounding rooftops, the house can clearly be seen
Olhando a partir deste terraço para as coberturas circundantes, a casa
to maintain a sense of continuity with the rest of the harbour side, while
pode ser entendida como mantendo um sentido de continuidade com o resto
at the same time its silhouette, angular spaces and white walls also offer
da linha costeira, enquanto, ao mesmo tempo, o seu perfil, espaços angu-
something striking and new.
losos e paredes brancas oferecem algo de novo e surpreendente.
Ground Floor Plan Planta do Piso T茅rreo 路 First Floor Plan Planta do Piso 1
Second Floor Plan Planta do Piso 2 路 Third Floor Plan Planta do Piso 3
North-South section through the western part of the house Corte Norte-Sul pela sector Oeste da casa
Northeast-Southeast section through the central part of the house Corte Nordeste-Sudeste pela zona central da casa
ERNSTING SERVICE CENTRE COESFELD-LETTE
This building, located in the small town of Coesfeld-Lette, just west of
O edifício, situado na pequena vila de Coesfeld-Lette, logo a Oeste de
Münster in Germany’s Nordhein Westfalen region, is the new headquar-
Münster na região alemã da Vestefália, é a nova sede da Ernsting, reta-
ters for the German clothing retailer Ernsting. Designed on a greenfield
lhistas de vestuário. Projectado para uma zona de prado, a estrutura er-
site, the structure stands alongside two existing distribution centres,
gue-se ao lado de dois centros de distribuição existentes, um deles dese-
one of which was designed by Santiago Calatrava in the 1980s and the
nhado por Santiago Calatrava nos anos 80 e o outro pelo gabinete
other by Schilling Architects in the late 1990s. This third building com-
Schilling Archithects no final da década de 90. O terceiro edifício com-
pletes the Ernsting compound and provides office space for business and
pleta o complexo da Ernsting e garante áreas de escritórios para quadros
retail managers together with a research and development department.
e vendedores bem como um departamento de pesquisa e desenvolvimento
The concept for its design was to break up the form of the two storey
de produtos.
building so as to allow each of its spaces a closer interaction with the
O conceito do seu desenho foi o de partir a forma do prédio de dois pisos
surrounding landscape and to provide a more open than usual relation-
permitindo assim que cada um dos seus espaços tenha uma maior inter-
ship between inside and outside. This notion of fragmenting the internal
acção com a paisagem envolvente e uma relação mais aberta que o normal
mass of the structure was also influenced by the demands of the client
entre interior e exterior. Esta noção de fragmentar a massa interna da
who sought to define each of Ernsting’s various business holdings with-
estrutura também foi influenciada por exigências do cliente, que
in a singular building envelope. These conditions allowed for the oppor-
procurou definir cada um dos vários postos de négocio da Ernsting num
tunity to design internal courtyards which provide a hub from which all
único contentor espacial. Tais condições tornaram possível a oportu-
of the programmatic elements of the building could radiate, and which
nidade de desenhar pátios interiores que se assumem como núcleos a par-
simultaneously afforded all of the office areas light and open space. The
tir dos quais todos os elementos do programa do edifício irradiam e qu e,
sense of openness is further emphasised by a colonnade and balconies
simultaneamente, fornecem às áreas de escritório luz e espaços amplos.
around the periphery of the monolithic precast structure, and by two
Este sentido de abertura é ainda enfatizado pela colunata e galerias em
atrium spaces, the larger of which acts as the main lobby and entry point
torno da periferia da estrutura monolítica pré-moldada e por dois átrios
for the building, and accommodates the principal area where people
(o maior dos quais funciona como ponto principal de recepção e entrada
inside the building can meet. Inside, the office space is open-plan, with
para o edifício, zona de encontro das pessoas no edifício). O espaço de
very few of the more conventional cellular offices compartments dividing
escritórios é de planta livre com muito pouc os dos compartimentos mais
up the space, so as to provide views into the courtyards and across to the
convencionais a dividir o espaço, para não interromper as vistas sobre os
surrounding countryside from both sides of the interior of the building.
pátios e através da paisagem natural circundante de ambos os lados do
Complementing this strong sense of lightness and horizontal detach-
interior do edifício. Complementado este forte sentido de leveza e liber-
ment, the building is raised slightly off the ground plane so as to appear
tação horizontal, o edifício é ligeiramente elevado do plano do solo, para
to float, and vertically further looking to maintain a lightness of touch
que aparente flutuar, tentando manter verticalmente uma leveza de
within the weight of architectural presence.
toque no peso da pre sença arquitectónica.
Ground Floor Plan Planta do Piso TĂŠrreo
First Floor Plan Planta do Piso 1
Southwest Elevation Alçado Sudoeste · Southeast Elevation Alçado Sudeste
Section looking Northeast Corte com vista para Nordeste 路 Section looking Southeast Corte com vista para Sudeste
LANDESZENTRALBANK GERA
This new headquarters building for the Landeszentralbank is located
A nova sede para o Landeszentralbank situa-se nas imediações de Leipzig,
near Leipzig in the former East Germany. Situated on the periphery of
na antiga RDA. Localizada na periferia da cidade histórica de Gera, o edifí-
the historic town of Gera, the building has been designed to take advan-
cio foi projectado de modo a aproveitar a sua posição dominante e criar
tage of its prominent position and to create a series of internal and
uma série de espaços interiores e exteriores que facilitem o complexo pro-
external spaces that facilitate the complex programme of security and
grama de segurança e manuseamento de dinheiro.
money handling.
A forma do edifício principal (que contém a zona de atendimento, espaços
The main building form (containing the banking hall, office, and adminis-
administrativos e escritórios) organiza-se para criar num dos lados um
tration spaces) is organised to form on one side an edge to the busy Am
remate à movimentada rua Am Stadion, e no outro, um pátio protegido,
Stadion street, and on the other, a protected courtyard enclosed by the
encerrado pelo edifício do cofre do banco e por um bloco de habitação para
bank vault building and a housing block for staff. Each of these elements
os funcionários. Cada um destes elementos foi desenhado para gerar um
have been designed to create a consistent and coherent whole, but at the
todo consistente e coerente indo, em simultâneo, ao encontro dos rígidos
same time they each also comply with the strict technical and security
critérios técnicos e de segurança estipulados pelo Landeszentralbank.
requirements dictated by the Landeszentralbank.
A homogeneidade dos vários elementos construídos do banco é, em parte,
The homogeneity of the various built elements of the bank is in part
enfatizada pela forma como cada uma das superficies foi revestida com os
emphasised by the way each of its surfaces have been clad with the same
mesmos painéis de betão verde-acinzentado. Marcado pelas suas bandas
grey/green concrete finish. Distinguished by its horizontal banding, the
horizontais, o padrão aparentemente irregular destas fachadas permite
seemingly irregular pattern of these facades allows for a flexible system
um sistema flexível de aberturas no recinto arquitectónico do banco:
of openings within the bank’s architectural compound – from the win-
desde a fachada cega do bloco do cofre do banco até às áreas abertas e
dowless bank vault block to the more open, public areas of the offices and
públicas dos escritórios e zonas de atendimento. Estas partes mais aces-
banking hall. These more accessible parts of the building are distin-
síveis do edifício caracterizam-se ainda pela generosidade dos seus
guished further by the generosity of their internal spaces (particularly
espaços internos (particularmente o átrio da escadaria, de triplo pé-direi-
the three-storey stair hall, and double height money processing area),
to, e a área para processamento do dinheiro, de duplo pé-direito) e pela sua
and by their lighting (flooded by natural light from windows and roof
iluminação (invadidas pela luz natural das janelas e lanternins). Forne-
lights). Providing some kind of emblem to these areas, advertising their
cendo como que um emblema para essas áreas, anunciando a sua acessi-
accessibility, English artist Michael Craig-Martin was specially commis-
bilidade, o artista inglês Michael Craig-Martin foi especialmente convo-
sioned by the Landeszentralbank to produce a series of wall murals –
cado pelo Landeszentralbank para produzir uma série de pinturas murais
everyday images of chairs and musical instruments presented on bright,
– imagens quotidianas de cadeiras e instrumentos musicais apresentadas
saturated purple and sky blue backgrounds – that play with our tradi-
em fundos brilhantes e saturados de púrpura ou azul-turquesa – que
tional heavy associations of bank buildings with colour, humour, and a
jogam com as nossas tradicionais e pesadas associações entre edifícios
certain degree of frivolity.
bancários, cor, humor e, até um certo grau, frivolidade.
Ground Floor Plan Planta do Piso TĂŠrreo
First Floor Plan Planta do Piso 1
West Elevation from Am Stadion street Alçado Oeste da rua Am Stadion · South Elevation / Entrance Alçado Sul / Entrada
Longitudinal Section Corte Longitudinal 路 Section through main stair hall Corte pelo 谩trio da escadaria central 路 Section through banking hall Corte pela zona de atendimento
SOCIAL HOUSING MADRID
Commissioned by the Empresa Municipal de la Vivienda, this design for a
Encomendado pela Empresa Municipal de la Vivienda, este projecto para
social housing scheme is located on plot 203 of a new development in
um complexo de habitação social situa-se no lote 203 de um novo desen-
Verona, in the Villaverde district of southern Madrid. Comprised of 176
volvimento em Verona, Villaverde, bairro na parte Sul de Madrid. Compos-
one-, two-, and three-bedroom apartments, the scheme responds to an
to por 176 apartamentos com um, dois ou três quartos de dormir, a pro-
overall masterplan for the site which requested a single U-shaped block,
posta responde a um plano-mestre para o local que solicitou um único blo-
15m deep, and with a footprint of just over 2,000m2. Like other buildings
co, disposto em U, com 15 metros de profundidade e uma implantação de
within the same development, it also required that the block be eight sto-
cerca de 2.000 m2. Como outros edifícios no mesmo recinto, era também
ries high and have the appearance of a pitched roof.
exigido que o bloco tivesse oito pisos e coberturas inclinadas.
Within the confines of this brief, the design attempted to manipulate
Seguindo os parâmetros deste enunciado, a proposta procurou tornar em
these architectural restrictions so as to abstract the normative idea of
abstracção a ideia normativa do bloco de apartamentos. Enquanto outros
an apartment block. So whereas other neighbouring buildings adopt a
edifícios nas proximidades adoptam uma configuração simétrica com duas
symmetrical, double-pitched silhouette, here the traditional relation-
águas, neste caso as relações de parede e cobertura foram abstractizadas
ships of wall and roof are abstracted into a low, single pitch for the bulk
numa única água, baixa, para o núcleo do edifício e numa outra, secundá-
of the block, and a small secondary pitch bevelling the building’s front
ria, a biselar a sua face frontal. O acréscimo de área de ocupação obtido
edge. The increase in floor area achieved by this reduction in roof volume
por esta redução do volume da cobertura permitiu uma abordagem mais
also allowed for a more sculptural approach to the building envelope –
escultórica ao envólucro do edifício – escavando os lados do bloco, liber-
carving back the sides of the block, away from the orthogonal, to create
tando-o da ortogonalidade, para criar um perfil mais variado do seu alça-
a more varied outline to the building’s elevation. Further distinguished
do. Este é ainda mais personalizado pela escolha dos materiais: painéis de
by its choice of materials – earthy-pink concrete façade panels, slate
betão com uma coloração rosa-terra na fachada, betão cinzento-azulado no
blue concrete for the courtyard portico, and a dense band of landscaping
pórtico do átrio e uma densa banda de elementos paisagísticos pelo meio
in between, the effect is a rich tricolour of colours radiating outwards.
conferem um efeito tricolor muito rico que se projecta para o exterior.
Like the building’s overall form, the surface of the block also evolved
À imagem da forma geral do edifício, a superfície do bloco também foi de-
from a predetermined set of limitations. These emerged from the desire
senvolvida a partir de um conjunto pré-determinado de limitações. Estas
to create both an hierarchical façade (with larger rooms expressing
emergiram de um desejo de criar tanto uma fachada hierarquizada (com
themselves on the outside with more windows openings) and one in which
as divisões maiores a manifestarem-se no exterior por mais aberturas)
this fenestration does not repeat itself over the building’s eight floors
mas cuja fenestração não se repetisse ao longo dos oitos pisos (para que a
(so that each window placement appears unique). As much, then, as a
colocação de cada janela pareça singular). Assim, o desenho do lote 203
three-dimensional study into mass and form, the design of plot 203 rep-
tanto é um estudo tridimensional sobre massa e forma como um exercício
resents a two-dimensional, almost mathematical, exercise in patterning.
bidimensional, quase matemático, na construção de padrões.
Ground Floor Plan Planta do Piso TĂŠrreo
West Elevation Alรงado Oeste
East Elevation Alรงado Este
Section Corte
BARCELONA CITY OF JUSTICE BARCELONA
In 2002 David Chipperfield Architects in association with b720
Em 2002 David Chipperfield Architects, associado a b720 Arquitectura,
Arquitectura won the competition to design the new “City of Justice” for
venceu o concurso para desenhar a nova “Cidade da Justiça” de Barcelona
Barcelona and Hospitalet de Llobregat. The building will be located mid-
e Hospitalet de Llobregat. O edifício será localizado a meio caminho entre
way between the two cities and is well connected to some of Barcelona’s
as duas cidades sendo servido por algumas das principais avenidas e eixos
main arterial avenues. The site itself is a disused army barracks in an
de Barcelona. O sítio é um antigo quartel desactivado numa área sujeita a
area undergoing significant urban change, between the Gran Via, tra-
transformações urbanas significativas, entre a Gran Via – que atravessa
versing Barcelona and linking the city to the airport, and Carrilet, con-
e liga a cidade ao aeroporto – e Carrilet – que faz comunicar Hospitalet e
necting Hospitalet to Barcelona.
Barcelona.
The David Chipperfield Architects and b720 scheme breaks down the
A proposta de David Chipperfield Architects e b720 parte a imensa área
massive area required to accommodate the programme (330,000 m2) into
exigida para acomodar o programa (330,000 m2) em oito edifícios, unidos
eight buildings which are linked by a continuous four-storey high, land-
por um espaço contínuo de átrio com quatro pisos de altura e arranjos
scaped atrium space. Each of the eight buildings have courtrooms in their
paisagísticos. Cada um dos oito edifícios possui tribunais nos seus quatro
lower four levels with the offices and chambers associated to the court-
pisos inferiores e salas de audiências nos pisos acima. Sete deles foram
rooms on the floors above. Seven of the buildings are designated to
destinados a alojar os tribunais da Cidade de Barcelona. O oitavo contém
accommodate the law courts for the City of Barcelona. The eighth build-
todos os requisitos para Hospitalet de Llobregat.
ing contains all of the requirements for Hospitalet de Llobregat.
O átrio central é um espaço totalmente público, preenchido com restau-
The central atrium is a completely public space, filled with restaurants,
rantes, cafés, pontos de encontro e uma área com tratamento paisagístico,
cafés, and meeting points, and providing a landscaped area from which
a partir da qual se pode aceder às salas de tribunal. A circulação entre elas
all of the courtrooms can be accessed. Circulation to all of the different
ocorre à volta do perímetro de cada piso, sobranceiro a este espaço públi-
courtrooms occur around the perimeter of each floor overlooking this
co fechado. O acesso à zona de escritórios acima dos tribunais também é
enclosed public space. Access into the office spaces above the court-
feito a partir do átrio, ainda que com um segundo nível de segurança.
rooms is also gained from the atrium but has a second level of security.
Todos os edifícios têm fachadas de dupla face, revestidas com vidro de
Each of the individual buildings has a double skin façade clad in different
diferentes colorações. A coloração é feita em bandas horizontais e varia
coloured fritted glass. The fritting is in horizontal bands and varies in
na sua densidade através dos prédios, de acordo com a função que se aloja
density across the buildings depending upon the function behind the
por trás da fachada. Os tribunais nos quatro pisos inferiores de cada um
facade. The courtrooms in the lower four levels of each of the buildings
dos edifícios usam bandas de superfície muito densa enquanto as dos
use a very dense surface banding while the office spaces above are more
espaços de escritórios são mais matizadas. Resumindo, o vidro que reves-
variegated. Essentially the glass which clads each of the office floors is
te cada um dos pisos de escritórios é denso ao nível da cintura e torna-se
dense at spandrel level and becomes sparse at window height.
mais esparso à altura da janela.
The main entry to the City of Justice is off a new public plaza located off
A entrada principal para a Cidade da Justiça é feita por uma nova praça
the Gran Via. This plaza is set amongst a large public garden which con-
pública separada da Gran Via. A praça é disposta em redor de um grande
nects the main roads which border the site.
jardim público que liga as principais vias que contornam o sítio.
First Floor Plan Planta do Piso 1
Fifth Floor Plan Planta do Piso 5
Section through street looking East Corte pela rua com vista para Este
Section looking North Corte com vista para Norte
EYE
EbEAM LEESER ARCHITECTURE
Principal Arquitecto Thomas Leeser With Com Rebecca van de Sande Matteo Grimaldi Phillip Heidelmann Nina Feix Philip Raum Marcel Madsen Krista de Fries Yeekai Lim Caroline Van Biervliet
EYEBEAM ATELIER
LEESER ARCHITECTURE
COMPETITION, 3RD PHASE
INCOMPLETE PERFECTION, PERFECT INCOMPLETENESS The emerging design concept for Eyebeam Atelier's Museum of Art and Technology is rooted in the context of Chelsea as a transforming industrial neighborhood which is now the center of New York's art world. The neighborhood is made up of warehouses and garages which are typically two stories tall. This contextual scale serves as the organizational structure for the new museum. The garage is an incomplete, ever changing but perfect space, stacking and interlocking this model produces a surprising result: The new Museum for Art and Technology becomes an assembly of high tech new media shops, blurring the traditional boundaries of production and exhibition, of visitor and visited, of curator and artist, of observer and observed. The truck and the loading dock are an essential element of this paradigm. They become icons of this fundamental idea of the workspace, the atelier, the non-traditional museum where the inner workings and everyday aspects are visible. The truck dock is in full view from the street and the lobby, a symbol of the new understanding of what constitutes a museum. Equally significant are the elevators signaling this new relationship of production and exhibition: the elevators are designed as freight elevators, rather than passenger ones. The doors are video-mapped with visitors entering and leaving the elevators, blurring the distinction between the visitor and the visited. This building is designed for the work of cultural production, constantly framing, filtering and curating emerging art forms. The notion of the museum as an incomplete instrument to be used, altered and explored rather than a museum of static relationships, of preconceived notions of uses and applications is what may render this building timeless. It is less the formal expression of architectural design than the programmatic radicality that will ensure longevity and significance. The museum is conceived as a totally reconfigurable space, where even significant portions of its floor plates can be removed, and later reinstalled with relative ease. Extreme verticality can easily be achieved, additional black boxes can be installed, bleachers, ramps or stairs added and removed all without any finality. Because we do not know what the future of art requires of its production and exhibition spaces, we require them to be adaptable and flexible. At no point is there a space constructed for one specific use without the possibility of conversion. We have pro-
PERFEIÇÃO INCOMPLETA, INCOMPLETUDE PERFEITA O conceito subjancente à proposta para o Museu de Arte e Tecnologia do Eyebeam Atelier está ancorado ao contexto de Chelsea como uma zona industrial em transformação que é hoje o centro artístico de Nova Iorque. Essa envolvente é composta por armazéns e garagens, normalmente com dois pisos de altura: a sua escala serve como estrutura organizativa para o novo museu. A garagem é um espaço incompleto, em contínua transformação, porém perfeito; ao sobrepor e entrelaçar este referente produz-se um resultado surpreendente: o novo Museu de Arte e Tecnologia torna-se numa sequência de laboratórios media de alta tecnologia, dissipando as fronteiras tradicionais de produção e exposição, visitante e visitado, curador e artista, observador e observado. A garagem e cais de cargas e descargas são elementos fulcrais deste paradigma, eles tornam-se ícones desta ideia do espaço de trabalho, do atelier, do museu não tradicional onde os mecanismos internos e aspectos quotidianos são visíveis. A garagem apresenta-se à vista da rua e do átrio, símbolo de um novo entendimento do que constitui um museu. Igualmente relevantes são os ascensores que assinalam esta relação outra entre produção e exposição: eles são desenhados como monta-cargas e não apenas como elevadores para passageiros. As suas portas estão revestidas com painéis video onde se projectam os visitantes a entrar e sair dos ascensores. Este edifício é desenhado para o processo da produção cultural, enquadrando, filtrando e programando constantemente novas formas de arte. A noção do museu como instrumento incompleto para ser usado, alterado e explorado em vez de ser apenas um espaço de relações estáticas e noções preconcebidas de uso é aquilo que pode vir a fazer dele algo de intemporal. Trata-se menos da sua expressão formal e arquitectónica e mais do radicalismo programático, capaz garantir a sua longevidade e significado. O museu é concebido como um espaço totalmente reconfigurável, onde mesmo porções significativas dos seus painéis de pavimento podem ser retirados para mais tarde serem reinstalados. Uma verticalidade acentuada pode ser facilmente alcançada, caixas pretas complementares podem ser instaladas, rampas ou escadarias adicionadas e retiradas. Por não sabermos o que o futuro da arte requer em termos dos seus espaços de produção e exibição exigimos deles que sejam adaptáveis e flexíveis: em nenhum ponto existe um espaço construído para um uso específico sem qualquer possibilidade de reconversão. Propusemos um espaço flexível mas poderoso, capaz de criar experiência sobre-
EYEBEAM ATELIER
LEESER ARCHITECTURE
COMPETITION, 3RD PHASE
posed a flexible but potent space that will create overlapping, evolving, memorable experiences. The FORUM is an example of a re-programmable space. It is physically convertible through a floor system that allows the space to ramp or step in different directions and adjoin three different levels, as well as a space that can be electronically reprogrammed through the use of sensors and sensor driven systems of light and sound projection. These two ideas combined with the possibility of motorized screens on all four sides and image-carrying surfaces on all six sides of this space makes it an instant VR environment for any artist to utilize. EYEBEAM ON-LINE FORUM One of the central spaces of Eyebeam Atelier is the lobby and ground floor exhibition space. The main feature is a hydraulic translucent glass floor which serves as a projection surface for the Eyebeam on-line FORUM. Real-time communications are constantly projected onto the floor and are easily readable from the cafe/virtual lounge on the mezzanine floor above. The floor can be reconfigured and screens can be lowered on any side and at any level for 360º virtual environment projections on all surfaces. The theater uses the floor as an easy ramp access and extension of the theater lobby, Eyebeam Atelier uses it with the hydraulic bar at lobby level for special events and openings, the restaurant may use it for parties and as a dance floor. When raised, a reflective pool allows one to read the on-line FORUM at the restaurant level SMART WALLS All walls separating exhibition from production spaces are designed as modular "Smart Walls" containing the electronic infrastructure necessary to support the various snap-in information panels. As default, the walls will only display information when approached (activated through motion sensors). The wall can be upgraded, customized and reconfigured according to individual needs and newly emerging technologies. The production side of the smart wall typically consists of adjustable chromogenic glass (clear to black). The exhibition side consists of electronically adjustable LCD glass (clear to white) for potential projections. Other panels may be holographic glass, OLED panels for ultra thin high-res image display, touch screens for instant information access, infrared beaming points (pda's), sound
postas, envolventes e memoráveis. O FÓRUM é um exemplo de um espaço reprogramável, ele é fisicamente convertido através de um sistema de pavimentos que permite ao espaço rampear ou escadear em diferentes direcções tornando contíguos três níveis diferentes, bem como um espaço que pode ser electronicamente reprogramado através de sensores e sistemas de projecção de luz e som. Estas duas ideias combinadas com a possibilidade de écrans dinâmicos nas quatro paredes e superfícies transmissoras de imagens nas seis faces deste espaço transformam-no num ambiente instantâneo de realidade virtual que qualquer artista pode utilizar. FÓRUM EYEBEAM ON-LINE Um dos espaços centrais do Atelier Eyebeam é o átrio e área expositiva no piso térreo. A sua principal característica é um pavimento hidrâulico de vidro translúcido que serve como superfície de projecção para o FÓRUM Eyebeam on-line. Comunicações em tempo real são projectadas sobre os painéis do pavimento sendo facilmente perceptível da cafeteria/lounge virtual situado na mezzanine acima. O pavimento pode ser reconfigurado e ecrãs rebaixados em qualquer lado e a qualquer cota para projecções panorâmicas de ambientes virtuais. O auditório usa o pavimento como acesso em rampa e extensão do seu foyer, o Atelier Eyebeam usa-o com o bar hidrâulico para inaugurações e outros acontecimentos, o restaurante pode usá-lo para festas e como pista de dança. Quando levantado, uma piscina reflectante permite a leitura do FÓRUM on-line à cota do restaurante. PAREDES INTELIGENTES Todas as paredes que separam espaços de produção e exposição são desenhadas como “Paredes Inteligentes” modulares contendo as infraestruturas electrónicas necessárias para suportar os vários painéis de informação acopláveis. Por defeito, as paredes só emitem informação quando delas nos aproximamos (activadas por sensores de movimento). A parede pode ser reconfigurada, personalizada e incrementada de acordo com as necessidades individuais e novas tecnologias. A face de produção de uma parede inteligente consiste de vidro cromogénico ajustável, a sua face expositiva é feita de vidro LCD electronicamente ajustável para projecções. Outros painéis podem ser de vidro holográfico, painéis OLED para superfícies ultra-finas de imagens de alta resolução, ecrãs sensíveis ao tacto para acesso instantâneo a informação, feixes de infravermelhos, placas de som para transmissão acústica de informação, sensores de movimento e cartões digitais (activando apresentações em realidade aumen-
Reconfigurable lobby and exhibition space Allows for street level receptions and casual gatherings as well as art installations and performances Espaço de átrio e exposição reconfigurável Permite encontros casuais e recepções à cota da rua bem como instalações artísticas e performances.
EYEBEAM ATELIER
LEESER ARCHITECTURE
COMPETITION, 3RD PHASE
boards for acoustic information transmission, motion and smart card sensors (triggering augmented reality displays), scratch pads for digital graffiti and video imaging panels for web cam connections. EXHIBITION CONTROL UNIT Technology walls are located in exhibition and Artist-in-Resident spaces and are accessible from either side, contain foldout work surfaces to assist in installing and programming technology needed for exhibition support. Since these walls are potential projection or exhibition surfaces, the operable panels are typically opaque, or may be adjustable LCD glass panels allowing visual access to the installed technology and the spaces beyond. All IT infrastructure runs vertically through these walls. CONVERTIBLE GALLERY FLOOR The galleries contain a central floor area that is completely removable allowing for the installation of special exhibitions requiring extreme ceiling heights or alternative circulation/ /viewing possibilities. These may be future black box spaces or screening rooms. This central area is made of a foldable floor slab that retracts or expands with fairly minimal modifications to the existing space. This is thought off as an optional structure, whose system may only be fully installed when actually needed. Spaces not immediately occupied by Eyebeam Atelier will only be equipped with a "knock-out" concrete floor slab to be converted relatively easily at a later point. MATERIALS, RAISED FLOOR, WALLS AND CEILINGS All surfaces, including walls and ceilings are designed like a raised computer floor. Walls, ceilings and floors are completely accessible with removable panels allowing for the integration of technology such as projectors, computers or other control units. The raised floor panels are concrete filled aluminum panels, while ceiling and wall surfaces are removable wood, metal, acoustical materials, fiberglass panels or any other suitable material. The system can be individually adapted by curators and artists as needed. The exterior surfaces are aluminum cladding and painted metal. Glazing is titanium blue reflective and nonreflective chromogenic glass, which is electronically adjustable from 10% to approximately 80% light transmission. For total black out of daylight retractable shades are provided. The south façade is equipped with adjustable and retractable louvers ::
tada), cristais líquidos para grafitos digitais e painéis de imagem video para ligações a webcams. UNIDADE DE CONTROLO DAS EXPOSIÇÕES As paredes tecnológicas estão localizadas nos espaços expositivos e de residência de artistas sendo acessíveis de ambos os lados e contendo superficies de trabalho desdobráveis para dar assistência à instalação e programação de tecnologia necessária ao suporte expositivo. Dado que estas paredes são potenciais superficies de projecção ou exposição, os painéis operacionais são regra geral opacos ou então painéis de vidro LCD ajustáveis que permitem acesso visual à tecnologia instalada e aos espaços em frente. Toda a infraestrutura de tecnologia informática corre verticalmente através destas paredes. PAVIMENTO CONVERTÍVEL DAS GALERIAS As galerias contêm uma área central do pavimento que é completamente removível para a instalação de exposições especiais que exijam pé-direitos particularmente altos ou possibilidades alternativas de circulação/observação. Estas podem ser futuras zonas de caixas pretas ou salas de projecção. Esta área central é feita de uma laje desdobrável que se expande ou contrai através de modificações mínimas no espaço existente. Tal foi pensado como uma estrutura opcional, cujo sistema só pode ser plenamente instalado quando necessário. Os espaços que não forem imediatamente ocupados pelo Atelier Eyebeam serão apenas equipados com uma laje de betão “temporária” a ser convertida de forma relativamente fácil num ponto futuro. MATERIAIS, PAVIMENTOS, PAREDES E TECTOS LEVANTADOS Todas as superficies, incluíndo paredes e coberturas foram desenhadas como um piso elevado de redes informáticas. Paredes, tectos e pavimentos são totalmente acessíveis através de painéis removíveis que permitem a integração de tecnologia tal como projectores, computadores ou outras unidades de controlo. Os painéis dos pavimentos levantados são módulos de alumínio enchidos de cimento enquanto as superfícies dos tectos e paredes são painéis removíveis em madeira, metal, materiais acústicos, fibra-de-vidro ou qualquer outro material adequado. O sistema pode ser adaptado individualmente por curadores e artistas. As superfícies exteriores são revestidas a alumínio e pintadas com tinta metálica. Os envidraçados são compostos de vidro cromogénico não-reflectante e titânio azul reflectante, electronicamente ajustável para 10% a 80% de transmissão lumínica. Para um obscurecimento total da luz diurna, existem estores retráteis. A fachada Sul é equipada com lanternins ajustáveis e retráteis ::
X-Ray of technology distribution Radiografia da rede tecnol贸gica
Typical gallery space Espaço típico de galeria
Removable floor plate allows for extreme verticality PainĂŠis de pavimento removĂveis garantem desenvolvimentos verticais
bMW REISER+UMEMOTO
DESIGN TEAM EQUIPA DE PROJECTO Principals Arquitectos Jesse Reiser, Nanako Umemoto Lead Designers Projectistas Rhett Russo, Otto Chaslin, Eva Perez de Vega Steele. MEDIA Nona Yehia, Keisuke Akitagawa MODEL MAQUETAS Yuskue Obuchi, Akari Takebayashi, Hideto Aoki, Ian Gordon, Jason Scrotgin, Tom Chan. INTERNS COLABORADORES Akira Nakamur, Keigo Miki, Akiko Eto, Kei Haraguchi, Kristina Zahakos. ARCH.DIPL.ING. GOLLWITZER Hans Gollwitzer, Wolfgang Gollwitzer. ENGINEERING ENGENHARIA Ove Arup & Partners: Structural Estruturas Cecil Balmond, Charles Walker, David Johnston, Mechanical Mecanismos Mahadev Raman. LANDSCAPE PAISAGISMO Wartner & Partners: Helmut Warner
BMW LEIPZIG
REISER + UMEMOTO
COMPETITION, 2ND PHASE
BMW Factory and Central Building in Leipzig, Germany
Fábrica e Edifício Central da BMW em Leipzig, Alemanha
CONCEPT The concept of the new central building is based on a "protourbanistic" morphology- a new typology, larger than a building yet smaller than a city. This mega building smoothly integrates the urban elements of factory, landscape and infrastructure into a coherent spatial unity. The resulting composition engenders effects that are greater than the sum of its parts. Instead of simply assigning each function to its own area as in a conventional master plan, our concept of spatial overlap provokes a level of interaction that cannot be achieved through mere juxtaposition. The central building is essentially a synthesis of infrastructure and landscape; this depends upon an intensive interconnectivity among all scales of its components. The permeable roof structure is a central design element of the project creating both a vertical and horizontal connection to the landscape. Our overall spatial concept is based upon the daily routines of work, social interaction, and recreation. Within the flux of use, fixed elements such the locker rooms, restaurants, and training center are used as zones of attraction and communication, thus enhancing the degree of interactivity. The entire office space is located on the ground floor to guarantee immediate proximity between departments as well as connections to the technology areas on the same floor. These constellations of function foster a synergy between areas of design and production. The entry to the central building is elevated at 3.75 meters above the ground floor, forming a mezzanine that overlooks the main space. This entry sequence allows workers and executives alike to filter through the locker functions on their way to work, while keeping the ground floor free for offices and engineering functions as well as future zones of expansion. STRUCTURE The structural enclosure is essentially a vast yet differentiated shed, connecting a multiplicity of work areas at minimum cost. Structural elements consist of 45cm deep open web steel trusses that span 18 meters between two 10cm deep I-beams. This type of structure can be built quickly and inexpensively while enabling flexible column less spaces washed with natural light.
CONCEITO O conceito do novo edifício central baseia-se numa morfologia “protourbanística” – uma nova tipologia, maior que um edifício porém menor que uma cidade. Este mega-edifício integra suavemente os elementos urbanos da fábrica, paisagem e infra-estruturas numa unidade espacial coerente. A composição resultante gera efeitos mais amplos que a soma das suas partes: em vez de simplesmente atribuir a cada função uma área determinada como num convencional planomestre, o nosso conceito de sobreposição espacial provoca um nível de interacção que não pode ser atingido através da mera justaposição. O edifício central é, resumidamente, uma síntese de infra-estrutura e paisagem; tal depende da intensiva interconectividade entre todas as escalas dos seus componentes. A sua cobertura permeável é um elemento fulcral do projecto ao criar uma ligação tanto horizontal como vertical com a paisagem. A estratégia espacial assenta nas rotinas diárias de trabalho, interacção social e lazer. No fluxo dos usos, elementos fixos como cacifos, restaurantes e centro de treinos são utilizados como zonas de atracção e comunicação, intensificando assim o grau de interactividade. Toda a área de escritórios situa-se no piso térreo para assegurar uma proximidade imediata entre os vários departamentos bem como ligações aos sectores tecnológicos, localizados no mesmo piso. Estas constelações de funções fomentam sinergias entre áreas de pesquisa e produção. A entrada para o edifício central eleva-se 3.75 metros acima da cota do piso térreo, formando uma mezzanine de onde se contempla o espaço central. Esta sequência de acesso permite tanto aos corpos executivos como aos funcionários passar pelos núcleos de cacifos a caminho do seu posto de trabalho mantendo o piso térreo livre para actividades de escritório e pesquisa bem como para futuras zonas de expansão. ESTRUTURA O envólucro estrutural é, em resumo, uma cobertura de estrutura resistente diferenciada albergando uma multiplicidade de zonas de trabalho a custos mínimos. Os seus elementos estruturais consistem em asnas metálicas com uma secção de 45 cm que vencem um vão de 18 metros apoiadas em dois perfis tipo I com 10 cm de base. Este tipo de estrutura pode ser construído com rapidez e economia permitindo simultaneamente espaços flexíveis sem pilares por onde circula a luz
Aerial view of the factory complex Vista aérea do complexo de fábricas
BMW LEIPZIG
REISER + UMEMOTO
COMPETITION, 2ND PHASE
The secondary structural elements are spanned by corrugated metal decking. The amorphic cuts in the roof are made possible by 24cm round columns and tapering beams that carry the edge of the roof. Long column-free spans over the office floor are achieved through the use of two different systems; first, by a conventional column and beam structure at the edge of the offices and second by drum-shaped structural lattices located at the perimeter of the courtyards within the office floor. The foundations are flat 15cm thick plates located below frost level. SKYMARK & LANDSCAPE The presence of the BMW Factory complex is apparent from a long distance through the projection of images onto an artificial cloudscape created from water mist. This banner cloud is emitted from the upper part of an almost invisible tower. The banner calls attention to the BMW complex from the highway in a series of large diaphanous images without initially showing its physical origins. The closer you approach the factory site the more visible the 100-meter high structure will be. Upon leaving the highway and skymark, the first visible building is the BMW retail center; set back from the street and nested into a subtle wave formed by the landscape. Adjacent to the retail center is the parking lot. This vast parking field, measuring nearly one kilometer in length, is the most prominent feature in the BMW landscape. We propose a new synthesis of landscape and parking including tree fields, pedestrian paths, roads and lawns. These elements are coordinated by an organization based upon magnetic field diagrams; with the center of attraction at the factory entrance radiating outward to the farthest extent of the factory grounds in concentric waves of alternating green and hardscape. RETAIL AND DRIVER CENTER This center is set back from the main road approaching the factory, in an intermediate space that connects road to landscape- high technology to nature. The surface of the ground rises up like a dune to form the roof of the retail center. This dynamic roof structure contains a showroom and a café. The landscape flows over and through the building forming a nature-technology sandwich. This fusion of ground and roof enables BMW’s to be brought up from the ground onto the roof for display during special events.
natural. Os elementos estruturais secundários desenvolvem-se sobre plataformas em chapa metálica nervurada. As incisões amórficas na cobertura são suportados por pilares circulares de 24 cm de diâmetro e vigas estreitas onde apoiam as extremidades da estrutura da cobertura. Amplos vãos sobre o piso de escritórios são conseguidos pelo uso de dois sistemas diferentes; primeiro, por uma convencional estrutura de pilar-viga na sua periferia e, segundo, por treliças em forma de tambor colocadas no perímetro dos pátios existentes no piso. As fundações são lajes de 15 cm de espessura localizadas abaixo do nível de congelação das águas. SINAL AÉREO E PAISAGEM A presença do complexo fabril da BMW faz-se notar a longas distâncias pela projecção de imagens numa tela nebulosa artificial, criada com vapor de água. Esta nuvem-estandarte é emitida do topo de uma torre quase invisível, o estandarte chama a atenção para o complexo da BMW da auto-estrada por uma série de grandes imagens diáfanas que não revelam imediatamente a sua procedência física. À medida que nos aproximamos do recinto mais se torna aparente a torre com 100 metros de altura. Ao sair da auto-estrada e ultrapassado o sinal aéreo, o primeiro edifício a ser avistado é o centro de vendas da BMW, afastado da rua e anichado por uma vaga subtilmente moldada na paisagem. Adjacente ao centro de vendas, está o vasto parque de estacionamento. Com quase um quilómetro de comprimento, ele é o mais proeminente elemento da paisagem do complexo. Propomos uma nova síntese de paisagem e estacionamento que inclui árvores, percursos pedonais, estradas e relvados. Estes elementos são coordenados por uma organização inspirada nos diagramas de campos magnéticos, com o centro de atracção situado na entrada da fábrica, irradiando daí até aos limites mais distantes do recinto em ondas concêntricas que alternam paisagem verde e “rígida”. CENTRO DE VENDAS E DO CONDUTOR O centro está recuado da via principal de aproximação à fábrica, num espaço intermédio que liga a estrada à paisagem – a alta tecnologia à natureza. A superfície do solo eleva-se como uma duna para formar a cobertura do centro de vendas, esta cobertura dinâmica contém um stand e uma cafeteria. A paisagem flui sobre e através do edifício criando um entrelaçado de tecnologia e natureza, esta fusão de pavimento e cobertura permite que os modelos da BMW sejam conduzidos do solo até à cobertura para a sua apresentação em acontecimentos especiais.
Roofscape showing continuity with the landscape beyond Vista da cobertura revelando a continuidade com a paisagem envolvente
Interior view looking into the central office space Vista interior orientada para o espa莽o central de escrit贸rios
View from staff lounge looking into central audit area and up to cafe Vista interior do centro de vendas sobre a zona de testes e cafeteria
BMW LEIPZIG
REISER + UMEMOTO
COMPETITION, 2ND PHASE
FAÇADE The façade concept utilizes the standardized modules developed by BMW for their factories as a way of maintaining realistic costs. While the basic principals of construction remain unchanged, the qualities and range of effects these facades can produce may be radically extended by utilizing the principal of the field gradient. This organizational model allows us to smoothly modulate zones of translucency, transparency and color in the façade panels. Unprecedented aesthetic and functional richness can thus be achieved through the simple addition of modules that differ either in terms of color, transparency or width. Like the spatial principal of the central building, the facade organization allows a flexible change of modules according to the use of the spaces they enclose. The blending of colors, moiré effects, and zones of variable density are achieved by the specific arrangement of the modules. By harnessing the concept of continuous variation of a mass-produced product, the façade can achieve an almost infinite variety over its entire length without sacrificing its essential unity ::
FACHADA A fachada recorre a módulos standard desenvolvidos pela BMW para as suas fábricas, por forma a manter custos realistas. Não obstante os princípios básicos de construção não se alterarem, as qualidades e gama de efeitos que estas fachadas produzem podem ser radicalmente amplificados pelo recurso ao princípio do gradiente. Este modelo organizativo permite a suave modulação de zonas de translucidez, transparências e cor nos painéis da fachada. Uma riqueza estética e funcional sem precedentes pode assim ser atingida através da mera adição de módulos que diferem em cor, transparência ou espessura. Tal como o conceito para o espaço do edifício central, a organização da fachada permite uma mudança flexível de módulos consoante o uso das áreas que delimitam. A mistura de cores, os efeitos moiré e zonas de densidade variável são conseguidas pelo arranjo específico dos módulos. Ao aproveitar o conceito da contínua variação da produção em série, a fachada pode alcançar uma variedade quase infinita, a todo a extensão, sem com isso sacrificar a sua unidade essencial ::
Landscape and circulation systems based on field organizations: trees, roads, parking, pedestrian flows Sistemas de paisagem e circulação, baseados em modelos de campos: årvores, estradas, estacionamento, fluxos pedonais
Landmark: "sky writing" tower and fog screen projection Sinal Aéreo: torre de "escrita no céu" e projecção no ecrã de nevoeiro
ON
Ne-NOrTH ZAHAHADID
Principal Arquitectura Zaha M. Hadid Project Director Director de Projecto Markus Dochantschi Project Architects Arquitectos de Projecto David Gerber, Dillon Lin, Silvia Forlati Project Team Equipa de Projecto Kim Thornton, Rodrigo O’Malley, David Mah, Gunther Koppelhuber Urban Strategy Estratégia Urbana Lawrence Barth, Architectural Association Graduate School, Housing and Urbanism Programme Competition Team Equipa de Concurso David Gerber, Edgar Gonzalez, Chris Dopheide, David Salazar, Tiago Correia, Ken Bostock, Patrik Schumacher, Paola Cattarin, Dillon Lin, Barbara Kuit, Woody K.T. Yao Models Maquetas Riaan Steenkamp, Chris Dopheide, Ellen Haywood, Helena Feldman Presentation Models Maquetas de Apresentação Delicatessen Design, Ademir Volic Photography Fotografia David Grandorge, Dominic Harris, and Jeff Cheng Infrastructural Engineers Engenharia de Infraestruturas Arup: Simon Hancock, Ian Carradice, David Johnston Transport Engineers Engenharia de Trâfego MVA: Paul Williams, Tim Booth Landscape Architects Arquitectos Paisagistas Cicada Private Limited Lighting Planners Planeamento de Iluminação LPA: Karou Mende Planning Tool Consultants Consultores das Ferramentas de Planeamento B consultants: Tom Barker, Graeme Jennings
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Following an international competition in April 2001, Zaha Hadid’s office was awarded the commission for the planning and first-phase design of this major new development, a next-generation model for the integration of business, research, and urban living. The masterplan presents an important further step in Hadid’s work, extending to current questions of urban planning her many years of research into the manipulation of groundforms and the experimentation with dynamic form and spatial quality. This research stood as the basis for the competition victory, offering a rich palette of spatial responses to pressing questions of urban strategy. The achievement contained in the completed plan is the application of this spatial language to the challenges presented by a new urban condition. Today, we are called upon to plan for the densification and intensification of the city, to integrate living space with a changed industrial landscape, and to think adaptively and flexibly about the future of the built environment. Zaha Hadid’s One-north masterplan has been guided by an attention to these new conditions. The location for this forward-looking project explains the necessity for forceful innovation in planning. The site covers 190 hectares adjacent to the National University of Singapore and the National University Hospital, and occupies a key location in Singapore’s technology corridor. It also stands at an important intersection of existing and forthcoming Metropolitan Rapid Transit lines, and so will be immediately integrated into the larger Singaporean metropolis. The significance of One-north to the nation’s economic and metropolitan strategies can hardly be exaggerated, and for this reason the plan must have a vision reaching well beyond the science parks dotting the world’s urban industrial landscape in recent decades. Zaha Hadid’s masterplan radically departs from the isolation and mono-dimensionality of those developments, acknowledging and incorporating the powerful synergies between urban life and today’s research-driven industries. Over the coming twenty years, One-north will become home for an anticipated 50,000 new residents, and will accommodate 70,000 workers in a mixed and layered development of great diversity. The traditional two-dimensional land-use plan is insufficient for managing the spatial complexity of such a project. To respond to this problem, Zaha Hadid modeled numerous
ZAHA HADID
Na sequência de um concurso internacional realizado em Abril de 2001, foi atribuído ao gabinete de Zaha Hadid o planeamento e desenho da primeira fase de um vasto desenvolvimento, um modelo de nova geração para a integração de comércio, pesquisa e habitação. O plano-mestre representa um importante passo no trabalho de Zaha Hadid, ampliando para as actuais problemáticas do planeamento urbano os seus muitos anos de pesquisa em manipulações tectónicas e experimentações formais. Este percurso constituiu-se como a base para a vitória no concurso, oferecendo uma gama variada de respostas espaciais a questões prementes de estratégia urbana. A maior conquista contida no plano desenvolvido é a aplicação desta linguagem espacial aos desafios apresentados por uma nova condição urbana. Hoje, somos convocados a planear para a densificação e intensificação da cidade, integrando espaços habitados com uma paisagem industrial transformada, pensando de forma flexível e adaptável sobre o futuro do ambiente construído. O plano-mestre de Zaha Hadid para One-north foi animado por uma particular atenção a estas novas condições. A localização do projecto explica a necessidade para a inovação vigorosa quanto ao planeamento: o sítio abrange 190 hectáres adjacentes à Universidade Nacional de Singapura e ao Hospital Universitário Nacional, ocupando uma posição chave no corredor tecnológico da cidade. Também se assume como uma importante intersecção das linhas de Tânsito Rápido Metropolitano – existentes e projectadas – e desta forma será imediatamente integrado na área da Grande Singapura. O significado do One-north para a economia do país e estratégias metropolitanas não pode ser menosprezado, devendo o plano possuir uma visão que transcenda os diversos parques científicos implantados em décadas recentes nas paisagens industriais urbanas de todo o mundo. O plano-mestre de Hadid descola radicalmente do isolamento e unidimensionalidade desses complexos, reconhecendo e incorporando as poderosas sinergias entre vida urbana e as actuais indústrias de ponta. Ao longo dos próximos vinte anos, One-north irá transformar-se na residência para 50.000 novos habitantes, albergando 70.000 trabalhadores num desenvolvimento misto e estratificado. O tradicional plano bidimensional de uso do solo é incapaz de gerir a complexidade espacial deste projecto. Como resposta a este problema, Zaha Hadid modelou tridimensionalmente diversos cenários espaciais, a diversas escalas, adaptando o processo de planificar o uso do solo à inten-
Zaha Hadid's conceptual competition sketch: guiding lines of urban integration Esboço conceptual de Zaha Hadid (concurso): linhas condutoras de integração urbana
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spatial scenarios in three dimensions and at a variety of scales, adapting the land-use planning process to the intensification of a complex urban environment. Next-generation technopoles will depend upon a vital public life and a culture of innovation, because today’s research-driven industries succeed through novel associations and shared ideas. The kind of environment that sustains new-economy relationships is one that offers variety, intensity, and inclusivity, and this is achieved through the mixing and layering of land-uses. Bringing multiple activities close together maximizes social connections and increases the opportunity for those informal meetings that promote forward thinking. By modeling these new spatial relationships, Zaha Hadid was able to define the key zones of intensity in an effective distribution of land-uses. As a part of Singapore’s economic and urban development strategy, the One-north plan targets key new-economy industries, especially in the areas of Biomedical research and development, Information and Communications Technology, and New Media production. First-phase development will emerge around three tailored centers for research and business collaboration, designed to accommodate and shape industry growth while optimizing the accessibility of shared resources and services. These centers, called Xchanges in the One-north plan, also act as catalysts for urban intensification, integrating the site and organizing local development. The resulting urban constellations are well suited to the patterns and lifestyles in which the boundary between home and work has become blurred. We no longer insist on exaggerated divisions between residence and workplace. In fact, the city increasingly drives new intersections of domestic life and productive activity. Home culture and leisure time have become resources for the new economy, and it is in the heart of urban life that these new relationships are most richly concentrated. One-north facilitates the effective transformation of the urban landscape, accommodating a vital mix of living and working. In addition to establishing the seeds and expansion areas for new-economy industries, a variety of residential, retail, and leisure developments are incorporated into the very heart of the business terrain. These serve to bring a sustained presence to the site and encourage a committed and consistent patronage. Additionally,
ZAHA HADID
sificação de um complexo ambiente urbano. As tecnópoles de nova geração irão depender de uma vida pública vigorosa bem como de uma cultura de inovação, dado que as actuais indústrias de ponta triunfam através de associações criativas e da partilha de ideias. O tipo de ambiente que sustenta as relações da nova economia é aquele que oferece variedade, intensidade e inclusivismo; tal é conseguido pela mistura e estratificação de usos do solo. Fazendo convergir múltiplas actividades, maximizam-se as conexões sociais e intensificam-se as oportunidades para os encontros informais que promovem o pensamento prospectivo. Ao modelar essas novas relações espaciais, Zaha Hadid foi capaz de definir as áreas cruciais de intensidade numa eficaz distribuição de usos do solo. Como parte da estratégia de desenvolvimento económico e urbano de Singapura, o plano One-north concentra-se em indústrias fulcrais da nova economia, particularmente na pesquisa e desenvolvimento biomédicos, tecnologias de informação e comunicações e produção de novos media. O desenvolvimento da primeira fase irá emergir em torno de três centros configurados para a pesquisa e colaboração empresarial, de modo a acomodar e definir o crescimento industrial optimizando, ao mesmo tempo, o acesso a recursos e serviços partilhados. Estes centros, designados no plano One-north como Xchanges, funcionam como catalizadores de intensificação urbana, integrando o sítio e organizando o desenvolvimento local. As constelações urbanas resultantes são correctamente ajustadas aos padrões e estilos de vida nos quais fronteiras entre casa e trabalho se dissiparam. Com efeito, a cidade produz cada vez mais novas intersecções da vida doméstica e da actividade produtiva. A cultura do lar e o tempo de lazer tornaram-se recursos para a nova economia e é no âmago da vida urbana que estas relações se concentram de forma mais rica. One-north facilita a transformação da paisagem urbana, acomodando uma mistura vital de habitação e trabalho. Para além de estabelecer os epicentros e áreas de expansão das indústrias da nova economia, uma variedade de desenvolvimentos residenciais, comerciais e lúdicos são incorporados no centro do território empresarial. Estes servem para garantir uma presença sustentada para o sítio e encorajar financiamentos consistentes e empenhados. Em complemento, tipologias habitação/trabalho são promovidas como novas formas que correspondam com propriedade aos desenvolvimentos empresariais da nova economia, e se adaptem a tecnologias emergentes e transformações das exigências empresariais.
Overall Masterplan drawing, depicting all phases with lines of integration, road infrastructure, and plot distribution Desenho geral do plano-mestre representando todas as fases com linhas de integração, infraestruturas viårias e loteamento
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live/work typologies are promoted as new residential forms that correspond well with new-economy business development, and adapt well to changing business demands and emerging technologies. The plan for One-north emphasizes spatial balance and urban amenity, reconciling land intensification with high-quality open space. The guiding feature of the open space plan is Buona Vista Park, a continuous, multi-purpose spine of landscaped spaces running the length of the site. Its sinuous form provides a strong counterpoint to the sharp edges of future building, and will give a clear identity to the emerging urban environment. Beneath the elegant charm of Buona Vista Park, however, its design meets many demands. While the park edge lends definite shape to neweconomy growth, that same edge softens paths linking key concentrations of business development. While the park’s calm emptiness balances the vitality of the Xchanges, it also becomes the venue for informal gatherings and spontaneous events. Its constructed terraces multiply potential uses, and give landscape at One-north a distinctive urban quality. Similarly, the park contains much of the infrastructure for surface water management, converting necessary engineering into opportunities for the visual play of light and water. The distribution of hard and soft surfaces helps define the spatial rhythm of the park, encouraging patterns of movement and rest according to season and time of day. A key decision embedded within the plan was to integrate highrise development with an active street life, and the system of open spaces presents a key part of this spatial strategy. Through a variety of paths and spaces, Buona Vista Park establishes a web of interactions among the densely built forms of the new economy. The resulting pedestrian system knits together subtly different patterns and textures of movement. The park’s reservoir of green has been drawn into the business developments, promoting networks of calm and introspective locations across the site. Similarly, covered walks doubling as showcases, activity zones, and meeting places extend the built environment into the park. The system of open spaces not only guides movement and activity at ground level, but also shapes the patterns of urban growth. Future development at One-north is built up around a collection of linked parks, plazas, paths, and linear atria. These are designed to promote a dense web of ground-level activity,
ZAHA HADID
O plano para One-north enfatiza o equilíbrio espacial e amenidade urbana, reconciliando intensificação do solo com espaços livres de elevada qualidade. O elemento fulcral do plano de espaços livres é o Buona Vista Park, uma espinha contínua, multi-usos, de arranjos paisagísticos que atravessa toda a extensão do sítio. A sua forma sinuosa produz um forte contraponto aos limites angulosos das novas edificações e atribui clara identidade ao ambiente urbano emergente. Contudo, por detrás do seu charme elegante, o seu desenho responde a muitos requisitos: se a orla do parque atribui forma definida ao crescimento da nova economia, ela adossa também os percursos que ligam concentracões cruciais do desenvolvimento empresarial. Enquanto o calmo vazio do parque equilibra a vitalidade dos Xchanges, ele também se torna no recinto para concentrações informais e acontecimento espontâneos. Os seus terraços construídos multiplicam usos potenciais e conferem à paisagem do One-north uma particular qualidade urbana. A distribuição de superfícies duras e macias ajuda a definir o ritmo espacial do parque, encorajando padrões de movimento e repouso de acordo com a estação e altura do dia. Uma decisão fundamental, constante, do plano foi a integração de desenvolvimentos em altura com uma vida de rua activa; o sistema de espaços livres representa um elemento crucial desta estratégia. Através de uma variedade de percursos e espaços, o Buona Vista Park estabelece uma rede de interacções sob as formas densamente construídas da nova economia. O sistema pedonal resultante entrelaça subtilmente diferentes padrões e texturas de movimento. O reservatório de áreas verdes do parque foi aproximado das áreas empresariais, promovendo sistemas de locais calmos e introspectivos ao longo de todo o sítio. De modo similar, percursos cobertos que se duplicam como montras, áreas de actividades e locais de encontro prolongam o edificado para o parque. O sistema de espaços livre não orientam apenas o movimento e actividade ao nível térreo, mas também configuram os padrões de expansão urbana. Futuros desenvolvimentos no One-north serão construídos em torno de praças, pracetas, percursos comunicantes e átrios lineares. Estes são desenhados para promover uma densa rede de actividade ao nível térreo, uma vida social vibrante contendo oportunidades tanto para trabalho como para lazer. Em conjunto, eles apresentam uma paisagem definida para oportunidades da nova economia em Singapura. O património e as pré-existências locais são estrategicamente ligados ao padrão dos espaços livres e incorporados no plano-mestre,
One North's Urban Fabric and Density rendering facing south along the Buona Vista Park over the Biopolis development Modelo 3D de densidade e tecido urbano de One North. Vista Sul ao longo do Buona Vista Park, sobre o complexo da Biopolis
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encouraging a vibrant social life containing opportunities for both work and play. Together, they present a defining landscape of new-economy opportunities in Singapore. Local topography and heritage are strategically linked to the patterning of open space and incorporated into the masterplan, promoting a built environment of distinctive character and a clear sense of local identity. The heritage areas at Rochester Park, Nepal Park, and Wessex Village present natural counterbalances for the intensity of the Xchange districts. Adapted to new uses, their richness will enliven a sense of local history and landscape even as new built forms are introduced around and among them. The spatial pattern of the heritage elements at onenorth suggest the feel of a relaxed order, allowing the masterplan to juxtapose calmer and more vibrant urban areas. At Rochester Park, the adaptation of black and white bungalows as a compact collection of shops, restaurants, and galleries creates a leisurely terrain linking housing and corporate towers. At Nepal Park, the reuse of heritage elements around the hill-top help establish the “village-common” amongst the live/work studios, media companies, and rooftop terraces which enliven the slopes below. At Wessex Village, clusters of flats become adaptively reused as local services for a predominantly residential intensification. Similarly, the winding path of Portsdown Road provides not only a reminder of a local cultural heritage, but an ideal path for more relaxed modes of transport to bring residents of Wessex Village conveniently to Central Xchange and its new MRT station. Taken together, the heritage areas offer themselves both as intriguing destinations and as local resources. This dual character helps enable One-north to perform well at different scales. The heritage elements also permit flexibility in the timing of development, for they perform equally well as a spatial response to local intensification and as a catalyst for new investment. Through the pattern of the urban districts, the masterplan incorporates these potentials, for it is a pattern emerging as a natural response to the local heritage and the business development strategy. Cities present a kaleidoscope of spatial patterns, continuously evolving according to local circumstance and changing conditions. The differentiation of One-north into seven urban districts accommodates this pattern of organic development, responding
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promovendo um ambiente edificado de carácter particular com um claro sentido de identidade local. As áreas de pré-existências em Rochester Park, Nepal Park e Wessex Village apresentam um contraponto natural à intensidade dos núcleos Xchange. Adaptadas a novos usos, a sua riqueza irá reanimar um sentido de história e paisagem local mesmo quando novas formas construídas forem introduzidas à sua volta e no seu interior. O padrão espacial das pré-existências em One-north sugere uma sensação de tranquila regularidade, permitindo ao plano-mestre justapor áreas urbanas mais calmas a outras mais agitadas. Em Rochester Park, a adaptação de cabanas pretas e brancas como uma colecção completa de lojas, restaurantes e galerias criam uma área de lazer, ligando habitação e torres de escritórios. No Nepal Park, a reutilização de pré-existências em volta da colina ajuda a estabelecer um “aldeamento vernacular” por entre os estúdios de habitação/trabalho, companhias media, e terraços nas coberturas que animam as encostas por baixo. Na Wessex Village, núcleos de apartamentos são adaptados para serviços locais para uma intensificação predominantemente residencial. De forma similar, o percurso sinuoso de Portsdown Road fornece não apenas uma recordação de um património da cultura local mas também um trajecto ideal para formas mais descontraídas de transportar convenientemente os residentes da Wessex Village até à Central Xchange e à sua nova estação de metro à superfície. Em conjunto, as áreas de pré-existências apresentam-se tanto como destinos intrigantes bem como recursos locais. Este carácter dúplice ajuda o One-north a actuar correctamente em escalas diferentes. As pré-existências permitem também uma flexibilidade na calendarização do desenvolvimento do complexo, dado que operam igualmente bem como uma resposta espacial à intensificação local e como um catalizador para novos investimentos. As cidades apresentam um caleidoscópio de padrões espaciais, evoluíndo continuamente de acordo com circunstâncias locais e condições em transformação. A diferenciação do One-north em sete vizinhanças urbanas organiza este padrão de desenvolvimento orgânico, respondendo de igual forma às pré-existências e topografia e aos ritmos de investimento empresarial. A distribuição não contígua dos três Xchanges da primeira fase é parte fundamental desta estratégia de desenvolvimento orgânico. A sua distribuição acomoda o crescimento ao mesmo tempo que concentra recursos e associações de indústrias específicas. O plano-mestre procurou um equilíbrio entre a garantia
One North's Urban Fabric and Building Density rendering facing south, illustrating the primary park void and urban massing design Modelo 3D de densidade e tecido urbano de One North. Vista Sul ilustrando o vazio principal do parque e distribuição da volumetria urbana
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equally to local heritage and topography and to the rhythms of business investment. The non-contiguous distribution of the three Phase 1 Xchanges is a key part of this strategy of organic development. Their distribution accommodates growth while concentrating shared, industry-specific resources and associations. The masterplan has sought a balance between ensuring critical mass in Phase 1 and optimizing the resources and synergies for specific industries. Each of the three Phase 1 Xchanges responds to a particular business ecology, while also providing the catalyst for the residential, commercial, retail, and leisure development which will sustain the vitality of the Xchanges. The resulting pattern distributes sites for business development and simultaneously links them together through an urban web of activity. This pattern both promotes urban vibrancy and optimizes the opportunity to make strategically attractive space available for targeted businesses in a timely way. Ongoing growth should not detract from the amenity of initial investors, but should enhance their sense of centrality. Toward this end, growth is shaped and organized through the pattern of the districts, each bordered by Buona Vista Park and existing urban fabric. This directs the growth of each of the constellations along an edge rich in amenities. Future development serves only to further develop the richness and clarity of these edges. To heighten the sense of local, ground-level linkage between later building and the original business epicenters, the plan establishes a network of parks, plazas, and linear atria orienting local life. Through this hierarchy of spatial controls, the research and business constellations are allowed to grow while maintaining their clear character and amenity. The subtle differentiation of One-north’s seven urban districts supports fluid adaptation to changing conditions of investment and development. Together with the land-use plan, the open space and landscaping plans, and detailed design strategies for each of the Xchanges, the urban guidelines for each of the seven districts have generated a masterplan that promotes both spatial control and adaptability. Zaha Hadid’s One-north plan presents a model for urban intensification under changing conditions, a richly conceived system of groundforms suited to the shaping of new relationships and intersections, and a forceful strategic response to a development of international significance ::
ZAHA HADID
de uma massa crítica na primeira fase e a optimização dos recursos e sinergias para indústrias particulares. Cada um dos três Xchanges da primeira fase responde a uma ecologia empresarial ao mesmo tempo que funciona como o catalizador para o desenvolvimento residencial, comercial e lúdico que irá suster a sua vitalidade. O padrão resultante distribui sítios para o desenvolvimento empresarial e, simultaneamente, liga-os uns aos outros através de uma rede urbana de actividades. Este padrão tanto promove a vibração urbana como optimiza a oportunidade de tornar disponíveis espaços estrategicamente atractivos para negócios seleccionados de uma forma escalonada. O crescimento em curso não deve diminuir a receptibilidade dos investidores iniciais, mas sim intensificar o seu sentido de centralidade. Tendo este fim em vista, o crescimento é configurado e organizado através do padrão das vizinhanças, cada uma delas balizada pelo Buona Vista Park e por tecido urbano existente. Isto conduz o crescimento de cada uma das constelações ao longo de uma orla rica em equipamentos. Desenvolvimentos futuros servem apenas para reforçar ainda mais a riqueza e clareza destas margens. Para intensificar o sentido do local, as comunicações ao nível térreo entre edifícios posteriores e os epicentros empresariais de origem, o plano estabelece uma rede de parques, praças e átrios lineares que orientam a vida local. A subtil diferenciação das sete vizinhanças do One-north suporta uma fluida adaptação às condições em constante mudança do investimento e desenvolvimento. Em conjunto com o plano de uso do solo, os espaços livres e planos paisagísticos, as estratégias de desenho detalhadas para cada um dos Xchanges, as linhas urbanas directoras para as sete vizinhanças geraram um plano-mestre que promove tanto o controlo espacial como a adaptabilidade. O plano One-north de Zaha Hadid apresenta um modelo para a intensificação urbana sob condições em transformação, um sistema ricamente concebido de formações tectónicas e geológicas adaptadas às configurações de novas relações e intersecções, enfim, uma resposta estratégica e poderosa para um desenvolvimento de relevância internacional ::
> Larry Barth
The One North Painting: A subtle overlay of views and overlaps of the planning areas and major voids A Tela One North. Uma subtil sobreposição de vistas, áreas planeadas e vazios principais
Parkland Parque
FORMATION: PHASING AND ZONING THE VISTA PLANNING MATRIX The matrix of diagrams illustrates the overall conceptual master plan, describing phasing, massing, and zoning. The breakdown of each diagram shows a conceptualization of urban integration, programmatic mixing, and site development. The research hubs serve as the generators of Vista's sustainable growth, multiplying the interconnections with residential space and community resources. PHASING STRATEGY To initiate the phasing, we have broken the site into four non-contiguous areas. Their placement derives from the strategy of the hubs: They are the incubators of both site growth and economic development. The gaps allow flexibility in the timing of development and minimize its disruption to the built site, becoming filled as a response to emerging and expanding forces of the business centers. The phasing strategy guides development and distributes increasing urban intensity across the entire site according to the plan of the groundform. PROGRAMMATIC MASSING STRATEGY The image presents massing density rather than site contours, describing a flexible guideline for the distribution of the city-scape. The plan's massing indicates an overall density that relates to the boundary edges and instills in Vista a sense of identity and a quality of lifestyle. The massing presents a megaform generated out of a mediation between our formal vision for the site and neighboring densities and building masses. ZONING STRATEGY The zoning strategy is based on the concept of programmatic mixing, both horizontally and vertically. The distribution of residential, business, commercial and civic space is intended as a guideline through which the Vista master plan can promote informal relations and a culture of innovation. This strategy further emphasizes a sense of place and a unique diversity of peoples and activities. The strategy and guidelines for the Vista technopole are set out to provide sustainable spatial integrity and the necessary proximities. This is achieved through its mixing of programme types emanating from the business hubs themselves. These zoning guidelines establish a rich mix, weaving a portion of the housing into work and commercial spaces. Our proposal pursues a programme of mixed-used development where appropriate, in order to maximize social connections and minimize programmatic distance. Our housing strategy aims toward an optimal mix of typologies in order to accommodate the diversity of lifestyles of Vista's growing research community. We envision a small number of single-family dwellings, including the retention of some Black and White bungalows, while the overwhelming proportion of residential space will be composed of medium- and high-rise structures. A significant portion will also be given over to low-rise, high-density schemes. In this way, the scheme can meet the expectations of a vibrant, professional community, and also distribute housing mass in conformity with the landscape plan.
FORMAÇÃO: FASEAMENTO E ZONAMENTO MATRIZ DE PLANEAMENTO DA VISTA A matriz de diagramas ilustra o conceito geral do plano-mestre, descrevendo faseamento, volumetrias e zonamento. A análise de cada diagrama revela o conceito de integração urbana, combinações de programa e desenvolvimento do sítio. Os núcleos de pesquisa funcionam como geradores do crescimento sustentado do Vista Park, multiplicando as conexões com espaços residenciais e recursos comunitários. ESTRATÉGIA DE FASEAMENTO Para iniciar o faseamento, dividimos o sítio em quatro areas não contíguas. A sua disposição deriva da estratégia dos núcleos: eles são incubadores tanto do crescimento do sítio como do desenvolvimento económico. Os vazios tornam a calendarização do desenvolvimento flexível e minimizam a sua disrupção para as zonas construídas, tornando-se preenchidas como resposta às forças emergentes e expansivas dos centros de negócios. A estratégia de faseamento orienta o desenvolvimento e distribui crescente intensidade urbana ao longo de todo o sítio de acordo com o plano de forma do solo. ESTRATÉGIA DE VOLUMETRIA PROGRAMÁTICA A imagem apresenta a densidade volumétrica em vez dos contornos do sítio, descrevendo uma directriz flexível para a distribuição da paisagem urbana. A volumetria do plano indica uma densidade geral que se relaciona com as fronteiras e institui no Vista Park um sentido de identidade e qualidade de estilo de vida. A volumetria apresenta uma megaforma criada a partir de uma mediação entre a nossa visão formal para o sítio e as densidades e massas construídas circundantes. ESTRATÉGIA DE ZONAMENTO A estratégia de zonamento baseia-se no conceito de combinações programáticas, tanto horizontal como verticalmente. A distribuição de espaços residenciais, empresariais, comerciais e cívicos é entendida como uma linha condutora através da qual o plano-mestre do Vista Park pode promover relações informais e uma cultura de inovação. Esta estratégia enfatiza ainda mais um sentido de lugar e uma diversidade única de pessoas e actividades. A estratégia e directrizes para a tecnopólis do Vista Park estão programadas para providenciar uma integridade especial sustentada, bem como as necessárias proximidades. Tal é conseguido através da sua combinação de tipos de programa que emanam dos próprios núcleos empresariais. Estas linhas condutoras de zonamento estabelecem uma profusa diversidade, entrelaçando uma parte da habitação nos espaços de comércio e trabalho. A nossa proposta diligencia um programa de desenvolvimento de usos mistos onde apropriado, de modo a maximizar laços sociais e minimizar distâncias programáticas. A nossa estratégia residencial aponta para uma mistura optimizada de tipologias de modo a acomodar a diversidade de estilos de vida na crescente comunidade do Vista Park ligada à pesquisa e investigação. Imaginámos um número reduzido de habitações unifamiliares, incluíndo a rmanutenção de alguns bungalows típicos, enquanto a esmagadora maioria do espaço residencial será composto por estruturas de médio e alto porte. Uma parcela significativa sera também atribuída a tipologias de baixo porte e alta densidade. Desta forma, o esquema poderá ir ao encontro de uma comunidade profissional dinâmica e, também, distribuir massa residencial em conformidade com o plano paisagístico.
Topos_
Phase Fase 1_
Phase Fase 2_
Phase Fase 3_
Phase Fase 4_
Overlay Sobreposição_
Massing Level 1 Volumetria Nível 1
Massing Level 2 Volumetria Nível 2
Massing Level 3 Volumetria Nível 3
Massing Level 4 Volumetria Nível 4
Massing Level 5 Volumetria Nível 5
Overlay Sobreposição
BUSINESS EMPRESAS RESIDENTIAL RESIDENCIAL COMMERCIAL COMERCIAL CIVIC CÍVICO PARKING ESTACIONAMENTO WATER ÁGUA
«Oh how I shall enjoy the journey back! Every station will be bringing me nearer to my soul's peace. O how I shall feel when I see the castle of Miramar among the trees and the long yellow quays of Trieste! Why is it I am destined to look so many times in my life with my eyes of longing on Trieste?» December 22, 1909, James Joyce to Nora Barnacle
POSTFOLIO JULIÃO SARMENTO “BAUHAUS” [working title]
I Dare Not Address You Tonight By Any Familiar Name (Dessau 1926), 1995 TĂŠcnica mista sobre tela Mixed media on canvas 155 x 190 cm.
Eppoi Sono Superstizioso (Dessau 1926), 1995 TĂŠcnica mista sobre tela Mixed media on canvas 115 x 90 cm.
Beyond All Bounds of Modesty (Dessau 1930), 1995 TĂŠcnica mista sobre tela Mixed media on canvas 115 x 90 cm.
Tender After the Goods Engine (Dessau 1926), 1995 TĂŠcnica mista sobre tela Mixed media on canvas 65 x 50 cm.
Walking Over Broken Bottles (Bernau 1930), 1995 TĂŠcnica mista sobre tela Mixed media on canvas 120,5 x 86,5 cm.
The Liturgical Colours Are Really Violet («Am Horn» 1923), 1995 Técnica mista sobre tela Mixed media on canvas 115 x 90 cm.
Il Semble Avoir Très Réussi (Dessau-Törten 1927), 1996 Técnica mista sobre tela Mixed media on canvas 115 x 190 cm.
BAUHAUS BLUES
POR BY CLARA FERREIRA ALVES
Nora, Dearest, Voltei ontem para casa e a casa estava vazia. Quando não estás a casa está sempre vazia. A rua está sempre vazia. Habitar neste lugar sem os teus braços é habitar um lugar infeliz. Da janela vejo a austeridade das árvores de Inverno, os ramos descarnados como braços de mulher magra. Como estarás vestida agora? Com que xailes e lãs abrigas esse corpo farto que é o lugar onde me deito? Aqui tudo é gelo e água morta e escorre pelas ruas uma tristeza que me arrepia. Uma tristeza azul. Tenho tantas coisas para te contar, pensamentos vagos, outros nervosos e negros como café. Faz-me falta o teu café, a chávena que me preparas e pões nas mãos, aí, nessa casa. Estar separado de ti é a ausência de vida. Tenho escrito, apesar de tudo. O dinheiro aparecerá. Dearest, A senhoria é uma velha alemã que meneia as ancas gordas julgando que tem vinte anos. Vive no andar de cima, e acho que me espreita às escondidas, admirada da minha solidão. Querida mulher, única entre todas, meu serzinho estranho, se soubesses como olho para ela, o que resta dela, e me lembro de ti, do teu calor. Pensa em mim, aí. Imagino-te de pé, no corredor, com o teu vestido verde, a rir quando me vês chegar e me enrolas com os teus braços. Imagino-te deitada na cama com o cabelo solto e a camisa com as fitas de cetim, desabotoada. Imagino o teu sorriso e a tua pele, o teu cheiro e a tua voz. A febre do amor ataca-me. Estou doente desta separação. Dearest, Ouço os passos da mulher por cima de mim, a martelar-me o tecto e as meninges. O frio continua por dentro deste Inverno alemão, eterno e sem coragem. Nem neva, nem chove, nem faz sol. Apenas o chumbo gelado de um céu moribundo e eu gemendo de tédio e falta de companhia. Lá fora, as árvores abanam com o vento, despidas de folhas, rectilíneas como esculturas. Sinto a falta de ti, a falta de Trieste. La nostra bella Triestre. Quero beijar-te e só sobra sobre no mundo esta mulher imunda, a senhoria do andar de cima arrastando os passos cansados no tapete coçado. Os tapetes dela são quadrados com outros quadrados lá dentro, e está sempre tudo arrumado. Vazio. Desabitado. Cadeiras de ângulos rectos onde se senta ninguém. Paredes que se fecham sobre mim quando subo a pagar a renda. E a maníaca obsessão alemã pela limpeza. Neatness. Nem um grão de poeira, uma mancha, uma nódoa, um borrão. Nem um pecado. Ninguém se deita naquelas camas, ninguém fornica nelas. E eu, ansioso pecador longe da mulher que ama, anseio por um pouco de segredo e mistério, uma casa que não se desvendasse tanto ao primeiro olhar, como uma senhora virtuosa. Anseio pela desordem, a repulsa, o desgosto do que não está certo. Dearest, Andei pelas ruas hoje de manhã, devagar, tentando descobrir onde me encontro, que lugar do mundo é este onde vim para escrever e definhar sem ti. Vi a casa de fora, um rectângulo perfeito e medido, uma geometria que não consente a curva, o deslize, o erro. Todas as casas da rua e do bairro são iguais. E todas as janelas das casas são iguais, fechando a casa sobre si, afastando-a da imperfeição. Sinto a falta de Itália como sinto a falta de ti. A luz coada do sol poente em Roma, a decrepitude do
Trastevere, o crepúsculo imperial da beleza. Quando voltar e tiver mais dinheiro iremos a Roma, os dois, afogar-nos um no outro, entrar nos cafés, sujar as camas dos hotéis. Até lá, alimenta-te bem e espera por mim, não demoro. Abomino Berlim nestes dias desertos. Haverá pelo menos borboletas, nestes lugares? Será alguma vez Verão? Dearest, Como está a cidade sem mim? Quando eu chegar a ti não voltarei a partir tão cedo. O teu amante regressa ao teu corpo que sem mim se vê obrigado a ver-se sozinho. Depois da tua carta escaldante imaginei-te dentro do armário, no chão da casa, com a tua mão a lembrar-se de mim. Nora, Dearest, cruzei-me com a senhoria nas escadas e perguntei-me como seria abraçar uma mulher assim, o horror de nunca ter sido abraçada, acariciada. As escadas têm um chão de linóleo que brilha mais do que o mar. Ela deve passar o tempo a esfregá-lo, uma azáfama danada para substituir a falta de sexo. Descobri que dentro destas casas sólidas e rectas não pode haver sexo, nem beijos, nem ruídos de sexo, nem gritos, nem prazer. Tudo é quietação e solidão, para não perturbar o espaço. A casa manda sobre nós, diz-nos o que fazer. Temos de a tratar, a esfregar, a limpar e manipular, como se a casa fosse uma mulher. É isso que faz a senhoria, que odeia entrar no meu quarto, olhar a minha loucura. Sinto-me a enlouquecer, aqui, sem ti. Dearest, Estou encharcado até à medula. Choveu todo o dia e fui passear à chuva, precisava de sentir alguma coisa cair sobre mim, água, terra, qualquer coisa. Estou lúgubre, o Inverno mata-me, e não existe aqui aquela luz de Dublin e da Irlanda, aquela luz de vento e de ar solto, liberto. Isto é uma prisão, a casa aprisiona-me e temo que não me deixe sair mais. Em certos dias, acho que ficarei aqui para sempre à mercê da casa e da sua escrava, a mulher gorda que trata dela e a limpa e esfrega e cuida como se a casa estivesse viva e tivesse pele e pelos e braços e pernas. Uma casa carnívora. As janelas são olhos vazados que me ameaçam e a rua não tinha um transeunte. Por onde anda esta gente? O clima remete-os para dentro das casas que se comportam como mulheres ciumentas. Caminhei durante duas horas sem encontrar ninguém. Julguei que tinham saído todos do mundo e me tinham deixado para trás esquecido. Tu também. Enlouqueço, aqui. Quando voltei, a senhoria trazia a conta da renda do mês. Decidi partir quanto antes, não esperarei até ao fim do Inverno. Bauhaus, esta arquitectura, bauhaus. A perfeição alemã, como uma música sem erros. Preciso escapar, odeio a perfeição. Preciso destruir a casa. Preciso de sair desta wasteland. A mulher chama-se Anna. Anna Livia. Que nome estranho para uma alemã. Nora, dearest. Parto amanhã. Antes que cometa um crime. É o colapso, mas, acabei o que escrevia. Enfim, o dinheiro chegará. E eu chegarei e ficarei na tua cama durante séculos, durante anos, a esquecer-me desta casa. Sinto a falta da anarquia, da nossa vida juntos. A casa deixar-me-á partir? Jim
Nora, Dearest, Yesterday I returned home and the house was empty. When you are not around the house is always empty. The street is always empty. Inhabiting these whereabouts without your embrace is to dwell in a desolate place. From my window I can see the bleakness of the winter trees, branches emaciated as the arms of a skinny woman. I wonder how you are dressed right now. What shawls and cloths shelter that stout body where I lay myself to rest? Here all is ice and stale water and gloom that dribbles through the streets and makes me shiver. Blue gloom. I have so much to tell you, hazy thoughts and others, black and agitated as coffee. I miss your coffee, the cup you bring and lay in my hands, over there, in that house. Being apart from you is the absence of life. Nevertheless, I have managed to write. Money will show up. Dearest, The landlady is a German hag who wiggles her fat hips pretending she is a twenty-year old girl. She lives in the floor above and I suspect she peeks on me, intrigued with my solitude. My dear wife, one and only, my odd little creature, if only you could know how I look at her, what is left of her, and think of you, of your warmth. Please think of me, over there. I can see you standing, at the corridor, with your green dress, smiling as you watch me enter and curl your arms around me. I can see yourself lying in the bed, loose hair and that shirt with the satin stripes, unbuttoned. I can see your smile and your skin, your smell and your voice. I am burning with love fever. I am afflicted by this parting. Dearest, I can hear the footsteps of the woman up above me, pounding the slab and my meninx. The cold marches on through this German Winter, everlasting and drab. There is neither snow, nor rain, nor sun shining. Just the frozen lead of an agonising sky as I moan with dreariness and absence of company. Outside the trees quiver with the wind, worn out of leaves, upright as sculptures. I miss you, I miss Trieste. La nostra bella Trieste. I want to kiss you and the only remains of this world is this filthy woman, the landlady of the floor above, dragging her weary steps over a threadbare rug. Her rugs are chequered with smaller chequers inside and everything is orderly. Empty. Unoccupied. Uninhabited. Straight-angled chairs where nobody sits. Walls closing in on me as I step up to pay the rent. And that manic German obsession with hygiene. Neatness. Not a single speck of dust, not a spot, stain or blotch. Not a sin. No one rests in those beds; no one fornicates in them. And I, impatient sinner kept apart from his beloved woman, yearn for a bit of secret and mistery, a house that would not expose itself so much at first glance, like a virtuous lady. I yearn for mayhem, repulsion, for the grief of what is not right. Dearest, I strolled through the streets this morning, slowly, trying to figure out what place in the world is this where I came to write and wither without you. I looked at the house from the outside, a perfectly measured rectangle, a geometry with no room for curves, slip-ups, mistakes. All the houses in the street and neighbourhood look alike. And all the windows of the houses
are identical, enclosing them, blocking them from imperfection. I miss Italy as much as I miss you: the filtered light of the sun setting in Rome, the decay of Trastevere, the imperial dusk of beauty. When I return, money in my pocket, we shall head to Rome and dive into each other, walk into coffee shops and smear hotel beds. Until then, nourish youself well and wait for me, I won’t be long. I loathe Berlin in these derelict days. Are there butterflies, at least, in this place? Will it ever be Summer? Dearest, How goes the city without me? When I return to you I will not leave so soon. Your lover returns to your body, forced in my absence to contemplate itself all alone. After your infatuated letter I pictured you inside the closet, on the floor, your hand reminiscing about me. Nora, Dearest, I rushed by the landlady in the staircase and asked myself how it would feel to embrace such a woman, the horror of never having been held, caressed. The steps are coated with radiant linoleum, brighter than the sea. She must spend her time polishing it, a demented frenzy to compensate the lack of sex. I concluded that inside these stern houses there can be no sex, no kisses, no moans, nor screams or pleasure. All is stillness and solitude so as to leave the space undisturbed. The house controls us in commanding ways. We have to nurture, scrub, clean and manipulate it as if it were a woman. That is what the landlady does, the one who hates to enter my room and behold my madness. I am going insane here, without you. Dearest, I am soaked to my bones. It rained all day and I wandered around outside. I needed to feel something fall over me: water, earth, something. I am beat, wintertime is killing me and there is no such thing here as the light of Dublin and Ireland, a light of wind and untamed air. This is a prison, the house locks me up me and I fear it will not let me out. Sometimes I feel I will remain here forever at the mercy of the house and its servant, the fat lady that fosters it and cleans it and rubs it and takes care of it as if the house was alive and had skin and fur and arms and legs. A flesh-eating house. The windows are hollowed eyes threatening me and the street had no passer-byes. Where have all the people gone? The weather pushes them towards the houses that behave like jealous wives. I walked for two hours and did not meet a single soul. As if everyone had left this world and I stood behind, forgotten. You too. I am loosing my mind in here. When I got back home the landlady brought the rent bills. I decided to leave right away, I shall not wait until Winter ends. Bauhaus, this architecture, Bauhaus. German perfection, like a flawless score. I need to escape, I hate perfection. I need to destroy the house. I need to exit this wasteland. The woman is called Anna Livia. What a strange name for a German. Nora, dearest. I am leaving tomorrow, before I perpetrate a crime. Pure collapse, but I finished what I was writing. Money, alas, will suffice. And I will arrive and crawl into your bed for ages, years and forget all about this house. I miss chaos, our life together. Will the house let me go? Jim
ENSEMBLE A CASA DO COLECCIONADOR THE COLLECTOR’S HOUSE AIP/FIL - Parque das Nações, 9-14 Outubro 2001 · experimentadesign2001, bienal de cultura do design
[A]. ainda arquitectura + miguel wandschneider + filipe alarcão Comissários Curators Miguel Wandschneider (artes visuais fine arts); [A]. ainda arquitectura | Luís Tavares Pereira e Guiomar Rosa (arquitectura architecture); Filipe Alarcão (design de equipamento industrial design) Colaboração no projecto de arquitectura Collaborator in the architectural project Inés Rivaya Assistente na área de design de equipamento Assistant to the industrial design field João Regal Fotografia Photography Rodrigo Peixoto
A casa do coleccionador resulta de um desafio lançado pela FIL à experimentadesign para conceber um projecto específico no contexto da InterCasa, feira de mobiliário, decoração e iluminação de interiores. A experimentadesign propôs a ideia de simular, no espaço da feira, uma casa de um hipotético coleccionador de arte contemporânea e convidou comissários com actuação em áreas específicas (arquitectura, design e artes visuais), para assumirem a concepção do projecto. Uma colaboração é, quase sempre, um processo de confrontação camuflado sob vários aspectos. Uma colaboração interdisciplinar é sempre um trabalho de definições territoriais imprecisas, de conquistas e de clarificações. É também, e nessa medida, o espelho da complementaridade que potencia o desenvolvimento em sintonia e em simultâneo de áreas de investigação distintas, no interior de um único trabalho. E é tanto mais conseguido quanto mais é capaz de produzir interrogações/dúvidas que questionem os hábitos e as estratégias previamente gizadas, e de ser sensível ao impacto que reciprocamente produzem. Miguel Wandschneider criou uma personagem (o coleccionador) com base numa projecção directa do seu gosto pessoal e da interrogação sobre a relação com a arte no contexto vivencial do espaço doméstico: “Que obras é que eu gostaria de ter em casa se gostasse de ter obras em casa? “Ao fazer a selecção (no universo dos artistas portugueses) rapidamente se tornou claro que são muito poucas as obras de que gosto que gostaria de ter em casa. (…) Como a casa é um lugar para viver e não um santuário da arte, teria tendência para não a sobrecarregar de obras e procuraria que estas se integrassem nela com discrição ou ironia. Teriam uma escala doméstica, isto é, compatível com a dimensão e a morfologia da casa, e seriam escolhidas depois de verificada a sua adequação aos espaços que a compõem. Outros aspectos para além da escala foram deduzidos deste princípio de integração das obras: a função decorativa (a que todas elas obedece m), a localização (não existe a hierarquia da parede como suporte de colocação nem a hierarquia da sala como espaço de visibilidade), os jogos semânticos associados ao contexto (o cobertor e as almofadas de Lourdes Castro, a janela e o livro de Helena Almeida, o estore e o espelho de Luísa Cunha, a cadeira de Pedro
The collector’s house is the outcome of a challenge set by the Lisbon International Exhibition Fair to experimentadesign to conceive a specific project for the setting of InterCasa, an interiors fair. Experimentadesign proposed the idea to mock up, amidst the space of the fair, the house of an imaginary collector of contemporary art inviting curators of specific settings (architecture, design and fine arts) to take on the development of the project. A collaboration is, most of the times, a process of confrontation camouflaged under several guises. An interdisciplinary collaboration is always a work of loose territorial definitions, conquests and elucidations. It is also the reflection of a complementary nature that heightens a harmonic development and simultaneously the spawning of distinct research fields inside a single work. It is all the more effective when it is able to question procedures and strategies previously outlined and when it is responsive to the impact they likewise produce. Art critic and curator Miguel Wandschneider developed an avatar (the collector) based on a direct projection of his personal taste and on the questioning of the relationship between art and the dwelling context of the domestic space. “As the house represents a place for living and not a sanctuary devoted to art, I would be inclined not to overload it with works and would seek for them to be integrated in it with discretion or irony. They would be of a domestic scale, meaning, compatible with the dimensions and morphology of the house and they would be chosen after verifying their adjustment to the spaces composing it. Other aspects beyond scale were inferred from this principle of integration of the works: the decorative aspect (to which they all obey), the placement (there is no hierarchy of the wall as a supporting element nor the hierarchy of the living room as a visibility space), the semantic interplay associated to context (the blanket and pillows by Lourdes Castro, the window and the book by Helena Almeida, the blinds and mirror by Luísa Cunha, the chair by Pedro Croft, the drapes by Ana Jotta) and also, in some cases, the practical function (the blanket and pillows by Lourdes Castro, the mirror by Luísa Cunha).”
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Ana Jotta e Pedro Casqueiro “Solitaire Universel”, 1994 | Mesa Table © Marco Sousa Santos Jarra Vase © Álvaro Siza Vieira | Candeeiro Lamp © Miguel Vieira Baptista Unidade de Cozinha Kitchen Unit © Filipe Alarcão | Ana Jotta “The Ant Song”, 1994
1. Cadeira Chair © Pedro Silva Dias 2. Lourdes Castro “Sombra”, 1970 3. Candeeiro Lamp © José Silveira Dias, Raúl Santos e Rita Muralha 4. Sofá Sofa © Daciano Costa 5. Ângelo de Sousa “Pequenas Esculturas”, 1975
Croft, o cortinado de Ana Jotta), em alguns casos também a função prática (o cobertor e as almofadas de Lourdes Castro, o espelho de Luísa Cunha).” Filipe Alarcão, escolheu um conjunto de peças que mobilam e decoram a casa, variando entre protótipos inéditos e peças já comercializadas ou em comercialização, entre peças de autor (históricas ou mais recentes) de circulação restrita e peças produzidas em massa ao alcance de qualquer consumidor. “Esta escolha segue a lógica da acumulação dos afectos e impulsos de posse que regem normalmente a criação de um espaço quotidiano privado.” Luís Tavares Pereira e Guiomar Rosa conceberam o espaço como uma associação de volumes diferenciados pela escolha de materiais, pelo jogo de escalas e proporções, distinguindo-o radicalmente dos stands que compõem uma feira, através da voluntária recusa da modularidade ou sistema, e pela eleição de soluções construtivas de exterior. Não uma abstracção que simulasse os diferentes espaços da casa, para destacar as peças, mas exactamente o oposto: uma casa real e verdadeira, para recriar um ambiente
Designer Filipe Alarcão, chose a set of objects that furnish and decorate the house, ranging from one-off prototypes to products already commercialized or about to be commercialized, some of them design landmarks (historic or more recent) of restricted circulation, others mass-produced objects, more easily accessible to every kind of consumer. “This selection follows the logic of accumulation of sympathies and possession impulses which usually orient the creation of a quotidian private space”. Architects Luís Tavares Pereira and Guiomar Rosa conceived the space as an assembly of volumes distinguished by the choice of materials, the interaction of scales and proportions, radically differing it from the stands composing the fair due to the voluntary refusal of modularity or system and the election of exterior constructive solutions. Not an abstraction, replicating the different spaces of a house, in order to highlight the works and objects, but exactly the opposite: a real, genuine house, made to recreate a plausible domestic environment, where works
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1. Cadeira Chair © Marco Sousa Santos 2. Candeeiro Lamp © Álvaro Siza Vieira 3. Cadeira Chair © Francisco Providência 4. Helena Almeida “Saída Negra”, 1989 5. Mesa Table © Filipe Alarcão
1. Lourdes Castro “Sombras deitadas num cobertor ”, 1973 2. Candeeiro Lamp © Raúl Cunca 3. Ana Jotta “ Meditations on a Hobby Horse”, 1995 4. Cadeira Chair © José Viana 5. Aparador Aparador © Siza Vieira 6. Cama Bed © Bárbara Rangel 7. Helena Almeida, S/título, 1968
doméstico plausível, onde as peças de arte e de mobiliário perdessem a evidência de artefacto e se confundissem com os sinais pessoais, da vivência do espaço. Uma casa para albergar uma colecção, uma casa para viver. As janelas para o jardim, a árvore, a água. Um lugar onde se afirma a continuidade entre as formas de arte, do design e a experiência quotidiana do habitar. Mas também uma casa modelo, em exposição, para um vasto público, por isso aberta, esventrada, oferecendo-se à contemplação e à experiência. Para simplificar a montagem no curto espaço de tempo disponível entre feiras, o recurso a volumes independentes, pré-fabricados (os painés de betão da cozinha), e a soluções de construção simples (a estrutura de engradado de pinho revestida a policarbonato alveolar, do pavilhão elevado sobre estrutura H metálico, que alberga o escritório; o revestimento de tábuas de madeira, sobreposta em escamas, da entrada). Volumes que mantêm a sua individualidade mas atentos ao contexto, à localização à entrada da feira, abrindo um espaço entre si, para ser atravessado pelo olhar.
of art and furniture would disengage from the evidence of an artifact in order to blend in with the personal traces of inhabiting the space. A house to harbor a collection; a house to live in. The windows towards the garden, the tree, the water. A place where the continuity between art forms, design and the quotidian experience of dwelling is asserted. But also a type-house, exhibited for a vast audience and thus opened, unraveled, offering itself to contemplation and experience. So as to simplify the assemblage in the available short stint of time in-between fairs, the project resorted to independent, pre-fabricated volumes (the concrete panels in the kitchen) and simple construction solutions (the pine wood grating cladded with alveolar polycarbonate on top of a metallic H-beams’ structure sheltering the office; the wood boards overlayed in scales at the entrance). Volumes claiming their individuality but responsive to context, to location, to the fair’s entrance, disclosing a space between itself, in order to be trespassed by our gaze.
ENDTRODUCING SEBASTIANO OLIVOTTO Padova, 1972 Via Soncin 22, 35100, Padova, Italia 路 www.artificialprojects.com 路 olivotto@artificialprojects.com
I.U.A.V. Venezia. Artist Fellowship Prize Winner of the Bevilacqua La Masa Foundation, 1998 Project Projecto Sebastiano Olivotto Supervision Supervis茫o Prof. Franco Purini, Prof. Lebbeus Woods, Arch. Paolo Colusso 3D Model Modelo 3D Sebastiano Olivotto, Giovanni Scalcino Rendering Sebastiano Testoni Photography Fotografia Sebastiano Olivotto Special Thanks Agradecimentos Arch. Ivan Straus, Arch Sead Golos, DOM Engineering, National and University Library of Bosnia-Herzegovina, Enes Kujundzic, Zlatko Disdarevic, Giorgia Salmaso
N.U.L. BiH, Sarajevo 2001 The National and University Library of Bosnia Herzegovina, Sarajevo 2001
Biblioteca Nacional e Universitária da Bósnia-Herzegovina, Sarajevo 2001
This project is an experimental architecture that investigates the post-war urban and architectural reality of Sarajevo. It started in the late 90’s when Sarajevo was an unknown place, no more under the news’ reflector and not yet the subject of architectural competitions. It was a really powerful latent playground, ideal for an intense and innovative research. The result of that research is a project that proposes a new National and University Library for the young state of BosniaHerzegovina, a country with a huge cultural heritage, particularly prominent in the field of literature and book heritage; that was mostly stored in the Vijecnica Building, and this is the reason why the greatest part of it got lost in the burning that struck this building during the war. The new library that rises crossing the ancient and damaged Vijecnica Building, would be a place for the reconstruction and protection of that heritage. The project reflects the need for safety that an invaluable heritage needs, but at the same time is conscious of the today’s technological and communication reality and of its evolving; it proposes in fact a mediatheque in the external part that, as a suspended architecture, is immerged in the air in an eternal work of receptivity and connection. On the contrary, the place for safe storing is an underground architecture beneath the Vijecnica Building, made of concrete and steel, it hosts the archives and the reading rooms; this part is an organic empty space made of concrete and steel placed into the matter of the ground. These two architectural worlds in section are separated by the ground line and by the town but they are connected by a vertical element that holds and grasps the mediateque and at the same time drills into theunderground library, going through the ruins of the Vijecnica Building. In this project the existing architectural reality remains as it is and at the same time it works as a diaphragmatic space and reality between the two feasible architectural visions, but most of all it works like an epicenter space from which the composition started and to which it returns.
Este é um projecto de arquitectura experimental que investiga a realidade urbana e arquitectónica do pós-guerra em Sarajevo. Teve início no final dos anos 90, era a cidade um local esquecido: já não estava na mira dos media e não se tornara ainda tema para concursos de arquitectura. Sarajevo era um poderoso palco expectante, ideal para uma pesquisa intensa e inovadora, o resultado da qual foi o projecto de uma nova Biblioteca Nacional e Universitária para o jovem estado da Bósnia-Herzegóvina. Este país tem um património cultural considerável, particularmente proeminente no campo da literatura e das publicações, tendo este sido depositado em grande parte no Edifício Vijecnica (razão pela qual larga percentagem desse acervo se perdeu com o incêndio que atacou o edifício durante a guerra). A nova biblioteca que se ergue e atravessa o antigo e danificado Edifício Vijecnica seria um lugar para a reconstrução e protecção desse património. O projecto reflecte a necessidade de segurança para um património de tamanho valor mas, simultaneamente, reconhece a realidade e evolução actuais das tecnologias e comunicações: com efeito o que propõe é uma mediateca no sector externo que, como arquitectura suspensa, está imersa no ar num eterno labor de receptividade e conexão. Pelo contrário, o sítio para o armazenamento seguro é uma arquitectura subterrânea por debaixo do Edifício Vijecnica, feita de betão e aço, onde se alojam os arquivos e salas de leitura. Esta porção é um espaço orgânico vazio feito também de betão e aço cravado na matéria do solo. Estes dois mundos arquitectónicos são separados em secção pela linha de terra e pela cidade mas ligados por um elemento vertical que sustém e agarra a mediateca perfurando, em simultâneo através das ruínas do Edifício Vijecnica até chegar à biblioteca subterrânea. Neste projecto a realidade arquitectónica existente permanece tal como ela é mas funciona também como espaço de diafragma e realidade entre duas visões arquitectónicas exequíveis. Acima de tudo assume-se como um epicentro a partir do qual a composição teve início e à qual regressará.
ARCHIVE
MEDIATHEQUE
As pessoas dizem que às vezes conseguem ver do ar a cidade em forma de avião, como uma sombra invertida e luminosa daquele em que voam. Há quem diga que é um passáro ou um arco e uma flecha. Mas isso é para quem chega de avião. Quem não tenha dinheiro bastante chega a Brasília de “ônibus”, adormecerá nos limites de alguma grande cidade como São Paulo ou Belo Horizonte. Nesse caso, a primeira coisa que se vê de manhã é a terra vermelha do serrado, a paisagem de savana que domina o planalto central do Brasil. Cheguei pela primeira vez a Brasília no dia 7 de Setembro de 2000. Mal dormido, precisando de um banho, vi chegar uma multidão de crianças com bandeiras brasileiras nas mãos. Hoje é o dia da independência, disseram no bar da rodoviária, e dos 500 anos. Eu devia sabê-lo, mas enquanto atravessava a cidade com destino a um daqueles endereços em forma de código – SQS 105 K – tudo me parecia inverosímil. Brasília é cheia de árvores e a abóbada celeste protege-a como um estojo. Enquanto o táxi cortava o eixo monumental como se fosse o dono da cidade, olhei para o horizonte e talvez tenha visto a curvatura do globo. Acredito, contudo, que pode enlouquecer-se com o barulho que as cigarras fazem nas árvores, ininterrupto e sem fim, antes da estação das chuvas. Ao fim do dia encontrei por fim os meus amigos, que me deram a conhecer o Beirute – CLS 109. Também poderia ser o Martinica – CLN 303 – ou a cachaçaria em CLN 410. Mas prefiro falar daquele boteco sem nome fixo em CLN 508, onde a primeira geração de jovens já nascidos neste grande disco voador encalhado no planalto convive com a geração mais velha de pioneiros que tocam sambas saudosos como se, de repente, estivéssemos numa das cidades velhas do litoral – Rio, Salvador, Recife. Não sei como me encontrei depois no Templo da Boa Vontade, uma pirâmide new age mandada construir por um filantropo rico, aberta 24 horas por dia, e onde os solitários, os “espiritualizados” e os que não têm nada de melhor para fazer podem acompanhar uma espiral de mármore até ao coração do edifício, onde serão energizados pelo maior cristal do mundo, suspenso a 21 metros de altura. Comigo, pelo menos, não funcionou.
Sometimes people say they can almost see the airplane shape of the city, like an inverted and enlightened shadow of their own plane, high above. Others say it is a bird, or a bow-and-arrow. But that is for people who get there by plane. The moneyless arrive by bus, and after they fall asleep amidst the outskirts of some greater town, such as São Paulo or Belo Horizonte, the first thing they see as the sun rises has to be the serrado’s red soil, the savannah-like landscape of the Brazilian hinterland plateau. I got to Brasília September the 7th 2000. Badly slept and needing a bath, I saw children crowding the city with Brazilian flags in their hands. This was the day, so people at the bus station told me – the Independence Day – together with the 500th anniversary of the Portuguese arrival upon these shores. I was supposed to know this, but as I crossed town towards one of those strangely coded addresses – SQS 105 k – it all looked more like some kind of a reverie. The taxicab cut across Eixo Monumental as if it were the town’s owner, I looked at the horizon, and I may have seen the globe’s curvature. I do believe, however, that one can go mad with the noise cicadas make on those trees, without stop nor end, before the rain season. By the end of the afternoon I found my friends at last. They then took me to Beirute – CLS 109 – or Martinica – CLN 303 – or maybe it was the cachaçaria at CLN 410. Still, I’d rather talk about that unnamed bistro at CLN 508, where the first generation born into this giant flying saucer stuck in the plain mingles with the older migrant pioneers, people who play nostalgic sambas as if they were unmoving from one of their sea-side hometowns – Rio, Salvador, Recife. I do not keep the slightest remembrance on how, after everything had closed, I found myself at the Good Will Temple, a slightly silly new age pyramid, opened 24 hours a day, which was custom-built by one rich philanthropist to be the place where solitary people, the “spiritualized” ones may follow along a marbled spiral into the building’s heart so that they can get energized by the largest crystal in the world, suspended 21 meters high. So they told me – it didn’t work on me.
[A rapariga do lenço na cabeça chamava-se Érica. Ela e o rapaz da direita, André, levaram-me
[The handkerchief girl’s name was Érica. She and the boy by her side, André, were the
ao boteco. Um ano mais tarde voltei ao mesmo lugar só com ele. Este texto é em memória dela
ones who took me to the bistro. One year later I got back to the same place, with only him
– e dedicado a ambos.]
as a company. This text is written in her memory - and dedicated to both.]
SITES BRASÍLIA por Rui Tavares Rui Tavares é um historiador que vive e trabalha em Lisboa Rui Tavares is an historian who lives and works in Lisbon tavares@ehess.fr
Chegada Arrival
Goiás >
Vila Planalto
Universidade de Brasília >
Eixo Monumental >
Super Quadra Sul
Bar de Chorinho >
Esplanada dos Ministérios >
Templo da Boa Vontade
PROTOTYPO#009 ÁLVAROSIZAVIEIRA*RAFAELMONEO DIALEKT “beginning the ending”