apresenta
FESTIVAL DE CINEMA
25_ AGO 07_ SET 2016 SP
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FESTIVAL DE CINEMA
25_ AGO 07_ SET 2016 SP
A CAIXA, uma das principais patrocinadoras da arte e da cultura brasileiras, destina anualmente mais de R$ 75 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais em espaços próprios, selecionados via edital público. Esta é uma opção da CAIXA para fazer mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todo o país, bem como também dar mais transparência à utilização dos recursos da empresa. A CAIXA Cultural apresenta o festival Ponte Nórdica, realizado em parceria com o Instituto Cultural da Dinamarca, e traz pela primeira vez ao Brasil uma filmografia de filmes produzidos na Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia e Groenlândia. Esse projeto essencialmente feminino, pois traz em grande parte filmes produzidos, dirigidos ou roteirizados por mulheres, conta com a presença de diretoras nórdicas, além de debates e uma sessão work in progress. A mostra trará ao público a oportunidade de se enveredar pelas culturas desses países e se aprofundar em sua produção cinematográfica contemporânea. Assim, ao viabilizar este projeto, a CAIXA contribui com o pensamento crítico e com a formação do público, dando mais uma prova do seu compromisso com os brasileiros. Desde que foi criada, em 1861, ela tem atuado intensamente na melhoria da qualidade de vida da população. Além de seu papel como banco público e parceiro das políticas de estado, a CAIXA apoia e estimula a cultura, especialmente na circulação de eventos pelas sete unidades da CAIXA Cultural. Não é fácil chegar a tantas pessoas e lugares, mas esse é um desafio que vale a pena. Afinal, para a CAIXA, a vida pede mais! Caixa Econômica Federal
SUMARIO
07 Rumo ao norte | curadoria 11 Uma nova ponte entre os países nórdicos e o Brasil LONGAS-METRAGENS Dinamarca 18 A COMUNIDADE 22 EMBRIONÁRIO 24 MORAL DA HISTÓRIA Finlândia 26 A JOVEM REI Groelândia 28 SUMÉ - O SOM DE UMA REVOLUÇÃO Islândia 30 REVOLUÇÃO DA PIA DA COZINHA Noruega 32 IRMÃOS 34 36 38 40
Suécia A TEORIA SUECA DO AMOR MARTHA & NIKI PESSOAS BRANCAS UM JOGO SÉRIO
CURTAS-METRAGENS Dinamarca 42 MINI 43 MAMÃE Finlândia 44 ANNELI Islândia 45 EU E VOCÊ 46 HELGA 47 VELHO AMIGO Noruega 48 ALGUMAS PESSOAS TÊM PROBLEMAS DE VERDADE 49 BUNKER 50 Debate | Mulher, Imagem e Mercado de Trabalho 53 Palestra | O futuro não é mais como era antes: Mudanças de comportamento no século 21 54 Sessão | work in progress 56 As Mulheres de Bergman | Bergmancenter 59 Atravessando a ponte | WIFT 78 Programação
CURADORIA
RUMO AO NORTE Por Tatiana Groff
O festival Ponte Nórdica foi criado para tornar acessível a cultura nórdica aos brasileiros e dialogar, construindo pontes. Nesta primeira edição, o Ponte Nórdica enfatiza a perspectiva de mulheres diretoras, produtoras e protagonistas, sem, contudo, deixar de incluir excelentes filmes de produtores, diretores e atores homens. A proposta é tratar a equidade de gênero e promover diálogos com cineastas nórdicos, abordando, por exemplo, o cinema sustentável praticado no norte da Europa, um modelo inovador para a atual indústria audiovisual brasileira. A ideia surgiu a partir da experiência inovadora capitaneada por Anna Serner, diretora do Instituto de Cinema da Suécia, em um bem sucedido programa de promoção da equidade de gênero. Em 2013, apenas 14% dos cineastas apoiados pelo instituto sueco eram mulheres. A partir da atuação de Serner, esse percentual subiu para 44% em 2015. O apoio resultou no crescimento do total de realizadoras premiadas em festivais regionais e internacionais. Um sinal de que havia uma perspectiva cinematográfica feminina que não era valorizada porque não chegava a ser vista.
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curadoria
A meta de Serner é chegar a 50% dos apoios do instituto para cineastas mulheres e intervir nos principais obstáculos para que elas possam se consolidar como realizadoras. Iniciativas semelhantes vêm sendo realizadas há décadas na Suécia, mas na indústria cinematográfica mundial, assim como em outras esferas da sociedade, as mulheres são sub-representadas. A curadoria desta edição buscou selecionar, entre filmes inéditos no Brasil, realizadoras que também se engajam em coproduções internacionais. É o caso de Lone Scherfig, diretora e roteirista dinamarquesa que integrou o Dogma 95 e participa da programação como autora de “Um Jogo Sério” (Suécia e Dinamarca, 2016). O filme tem como diretora a atriz sueca Pernilla August, premiada em Cannes por seu papel em “As Melhores Intenções” (1992), e também protagonista de outro filme da programação, “Pessoas Brancas” (Suécia, 2015). Além da ênfase nas coproduções, também procuramos trazer diretoras e atrizes premiadas. “A Comunidade”, o filme de abertura, dirigido por Thomas Vinterberg, traz Trine Dyrholm, dinamarquesa que ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim por seu trabalho. Trine ainda atua em “Moral da História” (Dinamarca, 2015), dirigido pela dinamarquesa May el-Touhky, que virá ao festival apresentá-lo e participar de debate. Também estrela de “A Comunidade”, Ulrich Thomsen, reconhecido ator dinamarquês, protagoniza e exibe na programação seu primeiro trabalho como diretor, “Embrionário” (2016). O protagonismo de mulheres em outras esferas da sociedade, como na política, também foi enfatizado no line-up. Halla Kristin Einarsdóttir é diretora e roteirista de “Revolução da Pia da Cozinha” (Islândia, 2015), documentário sobre as consequências da candidatura de um partido só de mulheres às eleições de 1982, estopim de uma onda feminista na política islandesa.
curadoria
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As atividades formativas também são uma parte importante do festival. No debate “Mulher, imagem e mercado de trabalho”, diretoras da Suécia e da Dinamarca debaterão com convidadas brasileiras sobre como criar condições para realizar e distribuir projetos de cineastas mulheres. A conversa será mediada por Maristela Bizarro, cofundadora da WIFT Brasil, organização internacional que promove o aprimoramento profissional de mulheres que trabalham com cinema, televisão e novas mídias. A programação conta ainda com uma proposta formativa ainda nova no Brasil, mas que vem sendo bastante utilizada no exterior, o work in progress. Em uma sessão especial, a realizadora sueca Katja Wik exibirá cenas de seu primeiro longa-metragem, “Ex-Mulher”, ainda em fase de finalização, e vai conversar com o público sobre os bastidores do filme, realizado ao longo de dez anos, e a questão do gênero no cinema. A edição de estreia do festival se encerra com a palestra “O futuro não é mais como era antes”, do dinamarquês Peter Kronstrøm, diretor na América Latina do Copenhagen Institute for Futures Studies (CIFS), que falará das mudanças de comportamento pelas quais nossa sociedade está passando, do novo status da mulher e da importância do feminino na indústria audiovisual e em outros campos de atuação. Desta forma, esperamos criar pontes cinematográficas duradouras entre o Brasil e os países nórdicos, em um diálogo múltiplo e diverso. Bem-vindos!
DINAMARCA
UMA NOVA PONTE ENTRE OS PAISES NORDICOS E O BRASIL
A missão do Instituto Cultural da Dinamarca (ICD) é criar uma ponte entre as culturas, utilizando as artes como matéria-prima. Para o ICD, o intercâmbio cultural não se faz criando eventos aleatórios, mas por meio de estratégias e parcerias sólidas. Assim, as sementes plantadas em cada ação brotam na cooperação intercultural e florescem para viverem independentemente. Em 2014, o ICD criou a marca CineKlap com o intuito de desenvolver novas cooperações com festivais de cinema no Brasil. Isso resultou em várias mostras de cinema dinamarquês por todo o país. Decidimos, então, levar o CineKlap a um outro nível e apresentar, além de filmes da Dinamarca, produções nórdicas atuais para o público brasileiro. Assim nasceu um novo festival de cinema - o Ponte Nórdica. Em muitos sentidos, os países nórdicos representam o oposto da cultura brasileira, mas, se olharmos mais de perto, veremos que ambas as culturas se complementam e têm muitos traços em comum. Nosso desejo é criar um festival nórdico anual que mostra o quanto nossas culturas têm a oferecer uma a outra.
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ponte nórdica
Agradecemos à CAIXA Cultural pela confiança nesse projeto. Não poderíamos estar mais felizes com a localização do festival de cinema nórdico – o Caixa Belas Artes, em São Paulo. Também gostaríamos de agradecer a Tatiana Groff, que com seus 20 anos de experiência com o cinema nórdico realizou um incrível trabalho de curadoria dos filmes para o festival. Em cooperação com Tatiana, escolhemos como tema desta primeira edição as mulheres na indústria do cinema. Os países nórdicos têm uma longa história de igualdade de gênero, mas o audiovisual segue apresentando desafios para a atuação das mulheres, e não é diferente no Brasil. O Ponte Nórdica oferece atividades educativas focadas nesse tema e no futuro da indústria audiovisual. Agradecemos à equipe do ICD e nossos parceiros: WIFT, O2 Play, Spcine, The Danish, Swedish, Norwegian, Icelandic e Finnish Film Institutes, Embaixada da Suécia, Bergmancenter, Faxe e restaurante La Casserole pelo apoio ao projeto de trazer um festival de cinema nórdico para o Brasil. Tenham um ótimo festival! Maibrit Thomsen, diretora do Instituto Cultural da Dinamarca
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FINLÂNDIA
A Embaixada da Finlândia, em conjunto com o Consulado Honorário da Finlândia em São Paulo e a Fundação do Cinema Finlandês, está feliz por participar desta maravilhosa iniciativa que busca tornar a cultura nórdica mais próxima do público brasileiro. O tema desta primeira edição do Ponte Nórdica é muito importante para nós; um festival que celebra a cooperação nórdica e mulheres fortes no cinema. A Finlândia é uma sociedade que está, e sempre foi, comprometida com a equidade de gênero. O sucesso da Finlândia como país está em grande parte ligado aos avanços quanto ao status das mulheres e à igualdade de gênero. “A Jovem Rei” conta a história da rainha Cristina da Suécia, com direção de Mika Kaurismäki. O filme pinta o retrato de uma rainha extravagante, atípica e com grande ambição, que vestia calças, caçava e tinha muito interesse em estudar e educar as pessoas próximas a ela. A rainha jovem, obstinada e inteligente rejeitou o papel típico de uma mulher e provocou grande assombro na sociedade extremamente masculina do século 17. Embaixada da Finlândia
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ISLÂNDIA
Eu realmente gosto do nome do festival, Ponte Nórdica. Espero que seja o caminho cinematográfico ideal para introduzir filmes dos países nórdicos ao público brasileiro. Para mim, os últimos nove anos tem sido uma alegria e um prazer por poder promover longas e curtas de ficção e documentário da Islândia por todo o mundo, e vê-los arrebatar os corações das plateias. “Revolução da Pia da Cozinha” é um excelente documentário, que enfoca como o primeiro partido político de mulheres foi criado na Islândia. É dirigido por Halla Kristin Einarsdottir, que já está trabalhando em outros projetos muito interessantes, ganhou o prêmio de melhor documentário de 2015 da Academia de Cinema Islandesa e o prêmio do público do Panorama Nórdico do mesmo ano. Os filmes islandeses estão fazendo bons negócios internacionalmente e no circuito de festivais. Nossa pequena grande ilha tem encantado o mundo, assim como na última Eurocopa, quando nosso time conseguiu bons resultados e chamou a atenção ao fazer um grande coro para a plateia ao comemorar os resultados. Espero que o público de São Paulo posso fazer o mesmo ao assistir alguns dos filmes islandenses exibidos no Ponte Nórdica. “Góða skemmtun”, como dizemos em islandês. Christof Wehmeier, coordenador de festivais do Centro Islandês de Cinema
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NORUEGA
A Embaixada da Noruega visa promover a riqueza da cultura norueguesa de forma ampla e variada, apoiando a realização de manifestações culturais de diversos tipos, como teatro, artes, música, literatura e cinema. Ao longo de 2016, a fim de divulgar a indústria do cinema norueguês ao público brasileiro, a Embaixada da Noruega, em conjunto com o Instituto Norueguês de Cinema (Norwegian Film Institute – NFI), participou de festivais de cinema que tinham como objetivo destacar as produções cinematográficas vigentes na Europa e nas Américas, entre eles o I Festival Internacional de Cinema LGBTI (DF), a Mostra Cinema Norueguês Contemporâneo (SP) e o Festival Internacional de Cinema LGBT (MG). A Embaixada da Noruega busca apoiar novos eventos e promover colaborações na área de cultura. A Embaixada e o NFI traçam mais uma parceria ao apoiar a primeira edição do Festival Ponte Nórdica, que traz três filmes noruegueses: o aclamado documentário “Irmãos”, da diretora Aslaug Holm, e os curtas “Algumas Pessoas Têm Problemas de Verdade”, de Hedda Bremseth, e “Bunker”, de Vibeke Heide. Embaixada da Noruega
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SUÉCIA
Internacionalmente, o cinema sueco é bem reconhecido e tem ganhado prêmios nos maiores festivais internacionais, como Cannes, Tribeca e Berlim. Só em 2013, três suecos foram premiados no Oscar, um por melhor documentário e dois por melhor edição de som. E neste ano, a atriz sueca Alicia Vikander venceu o Oscar de melhor coadjuvante pelo filme “A Garota dinamarquesa”. Hoje temos uma nova geração de diretores que estão desafiando antigos estereótipos, criando novos caminhos e cativando públicos. Filmes nórdicos têm sido refilmados em Hollywood e muitos atores e atrizes estão sendo reconhecidos internacionalmente por seu talento. Alguns até já estão bem estabelecidos no mercado norte-americano, como Stellan Skarsgård, Peter Stormare, Noomi Rapace e Malin Åkerman. Documentários e curtas-metragens também têm um peso importante no cinema sueco, e uma onda recente tem sido retratar temas internacionais. Em 2013, o diretor Malik Bendjelloul ganhou um Oscar pelo documentário “Searching for Sugar Man”, sobre o músico americano Sixto Rodriguez. O que faz o cinema sueco ser tão bem sucedido? Em geral, pode-se dizer que os suecos adoram experimentar novas técnicas e explorar gêneros fora do domínio tradicional. Também são curiosos por mercados fora do tradicional domínio nórdico. O resultado tem sido diretores e filmes que
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ponte nórdica
constantemente reavivam o cinema, gerando sucesso internacional e aumentando a demanda por profissionais do cinema sueco. Gioreley Rios, oficial de Informação e Cultura da Embaixada da Suécia
As coisas estão avançando em todo o mundo em relação às perspectivas femininas, e a julgar pelo interesse e apreço tanto de festivais quanto do público, é evidente que havia uma falta disso no passado. A iniciativa do Ponte Nórdica Festival de Cinema de ter esse foco é muito bem-vinda e espero que possa convencer com o mercado cinematográfico brasileiro de que o ponto de vista feminino é algo a se considerar ao produzir novos filmes. Anna Serner, diretora do Instituto de Cinema da Suécia
título original KOLLEKTIVET país18dinamarca direção thomas vinterberg roteiro tobias lindholm, thomas vinterberg elenco principal ulrich thomsen, trine dyrholm, helene reingaard neumann, lars ranthe ano 2016 duração 110 minutos
longas - metragens
exibição
livre
25/8 - 20h
A COMU Ao herdar uma casa milionária do pai que não via há anos, o arquiteto Erik (Ulrich Thomsen) nem pensa duas vezes, vai vendê-la e embolsar o dinheiro. Mas não demora muito para essa fria matemática capitalista se render a uma ideia muito mais sedutora nos anos 1970: que tal reunir amigos e desconhecidos excêntricos para todos morarem ali e fundar uma comunidade? Um dos criadores do Dogma 95, o diretor Thomas Vinterberg
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UNIDADE
SESSÃO DE ABERTURA
se inspirou em sua própria juventude para criar “A Comunidade”, primeiro encenada ao teatro e levada depois às telas no Festival de Berlim, onde fez sua estreia na competição oficial. Na trama, Erik é incentivado pela mulher, Anna (Trine Dyrholm), uma famosa âncora de telejornal, a transformar o cotidiano a três com a filha adolescente do casal, Freja, em um relacionamento aberto com os outros mora-
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dores. No coletivo daquele casarão em uma zona abastada de Copenhague, os interesses individuais não têm força; o voto, sim. É uma experiência de catarse libertária, pauta pelo amor e a união. Ao menos até a comunidade experimentar seu maior teste, estremecida por um triângulo amoroso. Essa é a história de uma geração que se confronta com suas crenças e se torna vítima de seus próprios ideais. Vinterberg viveu em uma comunidade na capital dinamarquesa dos 7 aos 19 anos, e testemunhou em primeira mão como é estar mergulhado em um microcosmo romântico e idealista ao extremo. “Foi um período louco, intenso e fantástico, repleto de memórias incríveis e momentos absurdos, em que vivia rodeado por órgãos genitais, cerveja, discussões acadêmicas de alto nível, amor e tragédias pessoais”, escreveu o cineasta. “As reuniões na casa eram a autoridade suprema – uma reunião democrática onde os membros compartilhavam tudo com o coração e discutiam quaisquer questões que consideravam importantes.” “A Comunidade” retoma a parceria de Vinterberg com os atores Ulrich Thomsen e Trine Dyrholm, iniciada no primeiro longa-metragem do diretor,
Urso de Prata em Berlim Um dos rostos mais conhecidos do cinema dinamarquês, TRINE DYRHOLM, 44 anos, ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim por seu papel em “A Comunidade”. Ganhou destaque mundial com “Festa de Família” (1998), também dirigido por Thomas Vinterberg. Além de diversos trabalhos na TV, estrelou sucessos internacionais como “Na China Comem Cães” (1999), “Além do Desejo” (2006), “Em Um Mundo
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“The Biggest Heroes” (1996), e depois com o pungente “Festa de Família” (1998), filme inaugural do Dogma 95 – movimento artístico que buscava um cinema verdadeiro e naturalista, também capitaneado por Lars Von Trier. Um dos mais famosos atores da Dinamarca, Thomsen exibe na Ponte Nórdica sua estreia na direção, o longa-metragem “Embrionário”. Vinterberg coescreveu o roteiro com Tobias Lindholm, diretor de “Sequestro” (2012) e “Guerra”, indicado ao último Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro. “A Comunidade” é a terceira colaboração entre os dois escritores, depois de “Submarino” (2010) e “A Caça” (2012), que também concorreu ao prêmio da Academia de Hollywood. Além dos trabalhos na Dinamarca, Vinterberg dirigiu três filmes de língua inglesa: “Dogma do Amor” (2003), estrelado po Joaquin Phoenix, Claire Danes e Sean Penn; “Querida Wendy” (2005), escrito por Lars von Trier e estrelado por Jamie Bell; e, mais recentemente, a adaptação do romance “Longe Deste Insensato Mundo” (2015), com Carey Mulligan no papel principal. O próximo filme do diretor é “Kursk”, reconstituição do desastre com o submarino russo homônimo, estrelado por Colin Firth.
Melhor” (2010, vencedor do Oscar de filme estrageiro), “O Amante da Rainha” (2012) e a comédia romântica “Amor é Tudo o Que Você Precisa” (2012), ao lado de Pierce Brosnan. Além de “A Comunidade”, Trine também está na programação da Ponte Nórdica em “Moral da História”.
exibição
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26/8 - 16h 27/8 - 23h30 06/9 - 14h
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título original EMBRYO país dinamarca | direção e roteiro ulrich thomsen | elenco principal ross mccall, kristen hager, ulrich thomsen | ano 2016 | duração: 100 minutos | 16 anos
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EMBRIONARIO Traficante com um passado traumático, Sean vive cercado por malandros e mulheres fúteis, em um dia a dia violento e de relações vazias. Então ele conhece Lily, linda, misteriosa e viciada em heroína. Os dois rapidamente se reconhecem como almas gêmeas e se entregam a um amor fulminante, em busca de redenção. O que era para ser um novo início, no entanto, pode dar origem a um desfecho trágico, em um esforçado estudo da natureza humana.
Estrela do cinema dinamarquês e um dos atores mais prestigiados e requisitados da Europa, Ulrich Thomsen estreia como diretor e roteirista com “Embrionário”, rodado em Los Angeles e falado em inglês. Famoso por papéis em filmes como “Festa de Família”, “007: O Mundo Não É o Bastante”, “Brothers” e uma infinidade de produções norte-americanas e europeias, Ulrich é o protagonista de “A Comunidade”, também na programação da Ponte Nórdica.
exibição
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26/8 - 18h30 06/8 - 18h30
longas - metragens
título original LANG HISTORIE KORT país dinamarca | direção may el-toukhy | roteiro maren louise käehne e may el-toukhy | elenco principal danica curcic, mille hoffmeyer lehfeldt, jens albinus, trine dyrholm, peter gantzler, dya josefine hauc | ano 2015 | duração 100 minutos | livre DEBATE COM A DIRETORA | 26/8, às 18h30 | Caixa Belas Artes
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MORAL DA HISTORIA Um grupo de amigos, todos por volta dos 40 anos, vive às turras com o amor e anseia por um romance definitivo. Será que existe mesmo um relacionamento perfeito? O que é amor verdadeiro? “Moral da História” acompanha os altos e baixos amorosos desses personagens por três anos, divididos em oito capítulos, todos eles festas – uma véspera de Ano Novo, aniversários, um casamento. O elenco é recheado de astros do cinema dinamarquês, com nomes como Jens Albinus, Peter Gantzler e Trine Dyrholm, ela também em cartaz na Ponte Nórdica com “A Comunidade”.
Filha de pai egípcio e mãe dinamarquesa, a diretora e roteirista May el-Toukhy tem grande experiência no teatro, rádio e televisão – trabalhou em diversos episódios da popular série “Borgen”. “Moral da História” é seu primeiro longa-metragem e a cineasta vem a São Paulo debater com o público no Caixa Belas Artes.
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02/9 - 18h30 06/9 - 16h30
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título original THE GIRL KING país finlândia | direção mika kaurismäki | roteiro michel marc bouchard | elenco principal malin buska, sarah gadon, michael nyqvist | ano 2015 | duração 100 minutos | livre
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A JOVEM REI A rainha Cristina da Suécia é uma das figuras mais controversas e curiosas da história da aristocracia europeia. Coroada aos 6 anos, em 1632, pouco depois da morte do pai, só assumiu o trono aos 16. Sempre rodeada por tutores e professores, aprendeu múltiplos idiomas, a lutar e a montar. Se já não bastasse ter se aproximado do catolicismo em um país protestante, a rainha ainda tinha polêmica de sobra: vestia roupas masculinas e morria de amores pela condessa Ebba Sparre, noiva de um dos membros da corte.
A cinebiografia de Cristina, famosa por depois abandonar o reinado e tornar-se uma notória defensora das artes em Roma, é comandada pelo prolífico diretor finlandês Mika Kaurismäki, de filmes como “Moro no Brasil”, “Brasileirinho” e “O Ciúme Mora ao Lado”. O roteiro foi adaptado do teatro para o cinema pelo autor original, o franco-canadense Michel Marc Bouchard. “A Jovem Rei” conquistou o grande prêmio do Festival de Valladolid, na Espanha.
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longas - metragens
exibição
datas de exibição do filme 29/8 - 18h30 30/8 - 18h30 05/9 - 16h
título original SUMÉ: MUMISITSINERUP NIPAA país groenlândia | direção inuk silis hoegh | roteiro inuk silis hoegh, emile h. péronard | ano 2014 | duração 74 minutos | livre
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SUMÉ – O SOM DE UMA REVOLUÇAO Entre 1973 e 1976, a banda groenlandesa Sumé lançou três álbuns que mexeram com os corações e mentes de toda uma geração e mudou para sempre a história de seu país. Primeiro grupo de rock a gravar em groenlandês, a Sumé compunha letras políticas e introduziu palavras como “revolução” e “opressão” no seu idioma, em canções de protesto contra a colonização dinamarquesa, que já durava 250 anos. Quatro décadas depois, a banda se reencontra em frente às câmeras e recorda o processo que recuperou a autoestima da Groenlândia e culminou com a instalação de um parlamento autônomo em 1979.
“Sumé – O Som de Uma Revolução” é o primeiro documentário em longa-metragem produzido na Groenlândia. O diretor Inuk Silis Hoegh também é responsável por “Goodnight” (1999), primeiro curta a ser rodado no pequeno país nórdico.
exibição
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30/8 - 16h 31/8 - 18h30 05/9 - 18h30
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título original KITCHEN SINK REVOLUTION país islândia | direção e roteiro halla kristín einarsdóttir | ano 2015 | duração 73 minutos
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REVOLUÇAO DA PIA DA COZINHA Quando os políticos e o governo da Islândia não encararam de frente a igualdade de direitos de gênero no início dos anos 1980, as mulheres do país decidiram enfrentar o problema e resolvê-lo com as próprias mãos. O documentário “Revolução da Pia da Cozinha” narra os efeitos da candidatura da recém-criada Aliança Feminina, um partido só de mulheres, às eleições de 1982. Foi o estopim de uma onda feminista que sacudiu a política islandesa, mudou a sociedade local para sempre e se espalhou pelos outros países nórdicos.
Natural da capital Reykjavik, a diretora Halla Kristín Einarsdóttir é professora de documentário criativo na Universidade da Islândia e é conhecida por seus trabalhos documentais sobre movimentos pelos direitos das mulheres.
exibição
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28/8 - 16h 04/8 - 16h 07/9 - 16h
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título original BRØDRE país noruega | direção e roteiro aslaug holm | ano 2015 | duração 102 minutos | livre
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IRMAOS A documentarista norueguesa Aslaug Holm filmou por dez anos o crescimento de seus dois filhos, Lucas e Markus, que tinham 5 e 8 anos, respectivamente, no início das gravações. A partir do primeiro dia de Lucas na escola, acompanha-se as dúvidas do caçula sobre o mundo à sua volta, e o sonho de Markus de se tornar um jogador profissional de futebol.
O filme captura trivialidades do dia a dia dos garotos, como suas decepções, vitórias e más decisões, e, à medida com que eles vão ficando mais velhos, até mesmo seus questionamentos sobre o trabalho da mãe. Embora atrás da câmera, a cineasta – também experiente diretora de fotografia, o que explica a beleza do documentário – expõe muito de sua vida pessoal. Comparado a “Boyhood: Da Infância à Juventude” (2014), de Richard Linklater, “Irmãos” provocou burburinho no circuito de festivais e foi o grande vencedor do prestigiado Hot Docs, no Canadá, um dos mais importantes prêmios documentais do mundo.
exibição
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02/9 - 16h 03/9 - 16h 04/9 - 18h30
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título original THE SWEDISH THEORY OF LOVE país suécia | direção e roteiro erik gandini | ano 2015 | duração 90 minutos | livre
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A TEORIA SUECA DO AMOR A Suécia é exemplo mundial de uma sociedade perfeitamente organizada, que fornece a seus indivíduos oportunidades iguais para uma existência livre – inclusive de todos os outros. O documentarista Erik Gandini atua como um sociólogo de outro planeta e analisa o modo de vida sueco, em que metade da população vive sozinha, mulheres cada vez mais recorrem a bancos de sêmen para serem mães solteiras e idosos morrem sem ter ninguém para compartilhar seus últimos momentos. Seria a solidão o preço da liberdade?
Diretor do premiado “Videocracy” (2009), um retrato ácido sobre a cultura de celebridades fomentada pela TV italiana, Gandini se especializou em produzir ensaios políticos com um quê pop, trazendo à tona informações surpreendentes a partir de um intenso trabalho de pesquisa. O filme reflete como uma sociedade tão equalitária e segura pode gerar frustração e mostra como alguns suecos estão reagindo a esse diagnóstico.
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Circuito Spcine 25, 26, 27, 28, 30 e 31/08
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título original MARTHA & NIKI país suécia | direção e roteiro tora mårtens | ano 2016 | duração 90 minutos | livre Consulte os horários e endereços em www.circuitospcine.com.br
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MARTHA E NIKI Em 2010, as dançarinas suecas Martha Nabwire e Niki Tsappos entraram para a história ao serem as primeiras mulheres a vencer, em Paris, a Juste Debout, mais importante competição de dança de rua do mundo. Partindo dessa conquista, o documentário acompanha as duas em uma emocionante jornada pelo universo do hip hop, amplamente dominado por homens, em que elas deixam claro seu amor pela dança e por uma à outra. No entanto, ao girarem o mundo fazendo apresentações, essa amizade vista como indestrutível é posta à prova.
A diretora Tora Mårtens descobriu a dupla assistindo a vídeos no YouTube e a seguiu por cinco anos, registrando viagens por todo canto, de Cuba à África do Sul. Seu primeiro filme, o curta “Tommy” (2008), disputou o Leão de Ouro em Berlim e o documentário “Colombianos” (2012), sua estreia em longa-metragem, venceu diversos prêmios.
exibição
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01/9 - 16h 02/9 - 23h30 07/9 - 18h30
longas - metragens
título original DET VITA FOLKET país suécia | direção e roteiro lisa aschan | elenco principal vera vitali, pernilla august, issaka sawadogo, aliette opheim, bahador foladi | ano 2015 | duração 82 minutos | livre
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PESSOAS BRANCAS Alex está a caminho do mercado da esquina quando é presa pela polícia e levada para uma prisão subterrânea. Lá estão várias pessoas que, como ela, aguardam a deportação para o país de onde vieram (ou fugiram). Sem aceitar esse destino, Alex está determinada a escapar e ser livre novamente. Para isso, vai precisar passar por cima da segurança rigorosa e da temida diretora do presídio (a experiente atriz sueca Pernilla August, diretora de “Um Jogo Sério”, também na Ponte Nórdica).
Thriller com influências de ficção científica, “Pessoas Brancas” investiga no que as pessoas se transformam quando estão fora de sua zona de conforto, em situações extremas. O quanto estamos dispostos a sacrificar por nossa liberdade? É o segundo filme da diretora Lisa Aschan – sua estreia em longa-metragem, “She Monkeys” (2011), foi aclamada no circuito de festivais, com prêmios em Berlim e Tribeca, entre outros.
exibição
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28/8 - 18h30 01/9 - 18h30 02/9 - 18h30
longas - metragens
título original DEN ALLVARSMMA LEKEN país suécia | direção pernilla august | roteiro lone scherfig | elenco principal michael nyqvist, sverrir gudnason, karin franz körlof, mikkel boe følsgaard | ano 2016 | duração 115 minutos | livre
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UM JOGO SÉRIO Na virada do século 20 em Estocolmo, o revisor pobretão Avid e Lydia, filha de um artista, vivem um caso de amor. O pai da garota morre e Avid, sem dinheiro, não pode ser levado a sério como pretendente. Anos depois, quando ambos já estão em casamentos por conveniência, reencontram-se e sucumbem ao desejo, em uma história de paixão, medo e traição.
A adaptação do romance de Hjalmar Söderberg (“Doutor Glas”) ficou a cargo da dinamarquesa Lone Scherfig (“Um Dia”, “Educação”, “Italiano para Principiantes”). Já a direção é de Pernilla August, uma das maiores atrizes da Suécia, em seu segundo trabalho como cineasta – o primeiro, “Beyond”, foi premiado em Veneza e na Mostra de São Paulo. Vencedora da Palma de Ouro de atriz em Cannes por “As Melhores Intenções” (1992) – dirigido por seu ex-marido, Bille August –, Pernilla foi colaboradora longeva de Ingmar Bergman e entrou para o universo pop ao interpretar a mãe de Anakin Skywalker nos dois primeiros episódios de “Star Wars”.
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curtas - metragens
MINI Simon vive com a mãe, fisiculturista, no norte da Suécia. Ela está se dedicando às competições regionais e Simon a ajuda em seu dia a dia na academia, mas desconfia que a mãe não vai conseguir aguentar a rotina por muito tempo. Uma descoberta o fará ter que decidir entre seguir apoiando-a ou ir atrás de seus sonhos. “Mini” tem roteiro coescrito por Christian Miller-Harris,
exibição
também autor de “Helium” (2013), curta dinamarquês vencedor do Oscar.
30/8 - 14h 31/8 - 16h
título original MINI país dinamarca | direção milad alami | roteiro christian gamst miller-harris, milad alami | elenco principal joel lützow, madelene lundberg, iza westman | ano 2014 | duração 25 minutos | livre
exibição
curtas - metragens
30/8 - 16h 31/8 - 16h
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título original MOMMY país dinamarca | direção e roteiro milad alami | elenco principal karoline brygmann, ellen bischoff poulsen, morten hee andersen | ano 2015 | duração 12 minutos | livre
MAMAE Uma jovem mãe solteira faz uma festinha em casa com os amigos enquanto cuida da filha pequena. Depois que a festa pega fogo e os outros querem continuá-la em outro lugar, a garota precisa que a filha durma para se juntar a eles, vivendo um conflito interno entre seguir adolescente e encarar novas responsabilidades. Também diretor de “Mini”, Milad Alami nasceu no Irã, cresceu na Suécia e vive na Dinamarca. “Mommy” ganhou o prestigiado Festival Internacional de Odense e o prêmio Robert de melhor curta dinamarquês.
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curtas - metragens
ANNELI Um escritor solitário se debruça sobre a máquina de escrever nas noites geladas de inverno e acompanha com desconforto os sons de violência doméstica do andar de cima. Um dia ele resolve tomar uma atitude. Rodado em preto e branco, “Anneli” é a estreia na ficção do fotojornalista Antti Raatikainen, que tem dois curtas-metragens documentais no currículo, todos
exibição
rodados na região da Lapônia, onde mora.
29/8 - 16h
título original ANNELI país finlândia | direção e roteiro antti raatikainen | elenco principal johanna virsunen, marko syysmaa, samu stenberg, olli halttu | ano 2015 | duração 20 minutos | livre
exibição
curtas - metragens
30/8 - 16h 31/8 - 16h
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título original ÞÚ OG ÉG país islândia | direção e roteiro ása hjörleifsdóttir | elenco principal laufey elíasdóttir, gríma valsdóttir, snorri engilbertsson | ano 2015 | duração 13 minutos | livre
EU E VOCÊ Em uma noite fria na capital islandesa, uma jovem conhece um jovem num bar. Ela o convida para ir até seu apartamento, mas as coisas fogem de controle quando os dois ficam a sós. A filha da garota acorda e surpreende o casal, dando margem para uma tocante troca de papéis. Quarto filme da diretora e roteirista Ása Hjörleifsdóttir, que atualmente roda sua estreia em longa-metragem, “O Cisne”, baseado no romance de Guðbergur Bergsson.
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curtas - metragens
HELGA Recém divorciada, Helga tem problemas para enfrentar a nova rotina de mãe solteira. Um dia, ao refletir sobre seus tempos de infância, ela aprende um pouco mais sobre si mesma e acaba percebendo as coisas que realmente importam na vida. Primeiro trabalho na direção da islandesa Tinna Hrafnsdóttir, também atriz, o curta “Helga” foi selecionado para a competi-
exibição
ção oficial do último Festival de Cannes.
30/8 - 16h 31/8 - 16h
título original HELGA país islândia | direção e roteiro tinna hrafnsdóttir | elenco principal guðrún eva mínervudóttir, viðja dís ísfeld rögnvaldsdóttir | ano 2016 | duração 12 minutos | livre
exibição
curtas - metragens
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título original HJÓNABANDSSÆLA país islândia | direção jörundur ragnarsson | roteiro jörundur ragnarsson e elizabeth rose | elenco principal sigurður skúlason, theódór júlíusson | ano 2014 | duração 15 minutos | livre
VELHO AMIGO Dois amigos solteiros e sessentões levam uma vida pacata em um vilarejo islandês à beira-mar. Inseparáveis, trabalham, se exercitam e tomam banho juntos. Uma mulher atraente da mesma idade chega ao povoado planejando escrever um livro. A velha amizade da dupla é colocada à prova quando um deles demonstra interesse na forasteira. Com uma longa carreira em festivais, o curta foi premiado em Montreal e pela Academia Islandesa.
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curtas - metragens
ALGUMAS PESSOAS TÊM PROBLEMAS DE VERDADE Laura, mãe solteira perto dos 30 anos, procura desesperadamente por sexo para aplacar seus desejos. Mas essa busca vai de fato proporcionar o que ela mais precisa? A personagem é um alter ego da diretora norueguesa Hedda Bremseth, também protagonista do filme, descrito como uma “comédia séria”. Hedda defende que atuar em seus trabalhos é uma forma de con-
exibição
frontar o público ao exibir seus sentimentos mais íntimos (e nem tão nobres).
29/8 - 16h
título original SOME PEOPLE HAVE REAL PROBLEMS país noruega | direção e roteiro hedda bremseth | elenco principal hedda bremseth, stein alsos | ano 2014 | duração 8 minutos | livre
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curtas - metragens
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título original BUNKER país noruega | direção e roteiro vibeke heide | elenco principal marie blokhus, ester grensersen, stina bianca jensen abelsen, helene rapp karlsen | ano 2015 | duração 30 minutos | livre
BUNKER Duas amigas se reencontram para lembrar os velhos tempos em um passeio até um bunker abandonado, cenário para suas aventuras na infância. A caminhada, no entanto, desperta problemas não resolvidos do passado e o choque de visões de mundo distintas. Vencedor como melhor curta-metragem do Amanda, a mais importante premiação do cinema norueguês, “Bunker” é o terceiro filme produzido, escrito e dirigido por Vibeke Heide.
DEBATE
MULHER, IMAGEM E MERCADO DE TRABALHO Sábado, 27/6, às 16h | Caixa Belas Artes
Convidadas Katja Wik (Suécia) May el-Toukhy (Dinamarca) Vera Egito (Brasil) Débora Ivanov (Brasil) Mediadora Maristela Bizarro (Brasil) *Evento com tradução consecutiva para o português
Diretoras da Suécia e da Dinamarca vão debater com convidadas brasileiras sobre como criar condições para a realização e distribuição de projetos de cineastas mulheres. A inserção das mulheres no mercado audiovisual é tema caro aos dias de hoje. O debate busca refletir sobre a produção e a veiculação de conteúdo audiovisual produzido por mulheres no cinema e na televisão. O enfoque recai sobre os modos de se fazer cinema no Brasil e nos países nórdicos, buscando delinear quais trabalhos melhor dialogam com os canais tradicionais e quais conteúdos estão mais alinhados com as novas janelas de exibição.
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debate
KATJA WIK (SUÉCIA)
MAY EL-TOUKHY (DINAMARCA)
A diretora e roteirista sueca es-
Filha de pai egípcio e mãe di-
treou em 2012 com o curta “Retóri-
namarquesa, a diretora e roteirista
ca da Mentalidade de Vítima” e tra-
May el-Toukhy tem larga experiên-
balhou em filmes premiados como
cia no teatro, rádio e televisão – foi
“Força Maior” e “Um Pombo Pousou
assistente de direção da popular
num Galho Refletindo sobre a Exis-
série “Borgen”, entre outros traba-
tência”. Atualmente, finaliza seu pri-
lhos. A cineasta dinamarquesa exi-
meiro longa,”Ex-Mulher”. A diretora
be “Moral da História”, seu primeiro
exibirá cenas inéditas do filme em
longa-metragem, na Ponte Nórdica
uma sessão Work in Progress na
e discutirá o filme com o público no
programação da Ponte Nórdica.
Caixa Belas Artes.
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debate
DÉBORA IVANOV (BRASIL)
VERA EGITO (BRASIL)
Produtora de cinema e TV, tem
No Festival de Cannes de 2009,
mais de 60 trabalhos no currículo,
quando exibiu dois curtas na Sema-
entre curtas, médias, longas, telefil-
na da Crítica, a paulistana foi apre-
mes e séries. Seus projetos acumu-
sentada como "talento promissor"
lam mais de 200 prêmios e as maio-
do cinema brasileiro. Foi assistente
res bilheterias do cinema nacional
de direção de “O Cheiro do Ralo” e é
em 2012 e 2014. Atualmente, com-
coautora dos roteiros de “À Deriva” e
põe a diretoria colegiada da Agência
“Serra Pelada”. Em 2016, estreou em
Nacional de Cinema (Ancine).
longa-metragem com o filme “Amores Urbanos” e já prepara seu próximo trabalho, “Rua Maria Antônia”.
MEDIAÇÃO MARISTELA BIZARRO
Mestre em Comunicação pela PUC-SP e doutoranda em Literatura Brasileira pela USP, é professora do Centro Universitário FIAM-FAAM e desenvolve pesquisas sobre estereótipos femininos e a representação da mulher na mídia. Também cineasta, dirigiu o documentário "Imagem Mulher" (2011) e é cofundadora da WIFT Brasil, rede que promove mundialmente o aperfeiçoamento das mulheres que trabalham com cinema, televisão e novas mídias.
PALESTRA
O FUTURO NAO É MAIS COMO ERA ANTES: MUDANÇAS DE COMPORTAMENTO NO SÉCULO XXI Quarta-feira, 7/9, às 16h | Caixa Cultural (Praça da Sé, 111, São Paulo)
Palestrante Peter Kronstrøm (Dinamarca)
O que podemos aprender olhando para as tendências do entretenimento e da arte produzidos atualmente? Diretor do Copenhagen Institute for Futures Studies (CIFS) na América Latina, Peter Kronstrøm vai falar das mudanças de comportamento pelas quais nossa sociedade está passando e o novo status da mulher – a consciência da luta pela igualdade de gêneros e a importância do feminino na indústria audiovisual e nos mais diversos campos de atuação. O encontro também vai traçar uma análise atual das coproduções internacionais e o maior intercâmbio cultural presente na sociedade globalizada. O CIFS identifica insights e produz estudos de cenários do futuro, mapeando as mais relevantes megatendências dos mercados globais e latino-americano, em diversas áreas. Kronstrøm é membro do conselho consultivo do Consulado Geral da Dinamarca e do Centro de Inovação Dinamarquês em São Paulo. Com ampla experiência em comportamento do consumidor, desenvolvimento de negócios e aplicação de estudos futuros, já trabalhou na Europa, América do Norte e Oceania e vive na América do Sul desde 2007.
SESSÃO
WORK IN PROGRESS Sábado, 27/8, às 18h30 | Caixa Belas Artes
Convidada Katja Wik (Suécia) *Evento com tradução consecutiva para o português
Sessão especial na presença da diretora sueca Katja Wik, que exibirá cenas inéditas do seu primeiro longa-metragem,“Ex-Mulher”. A projeção será acompanhada de conversa com a cineasta sobre os bastidores do filme, realizado ao longo de dez anos, de suas pesquisas para a produção e sua abordagem para o roteiro, que apresenta três diferentes facetas da mulher contemporânea. O público terá oportunidade de fazer perguntas à diretora e aprofundar a questão do gênero no cinema – afinal, este filme poderia ser diferente se fosse escrito, dirigido ou protagonizado por homens?
programa especial
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EX-MULHER título original EXFRUN país suécia | direção e roteiro katja wik | elenco principal maria sundbom, nina zanjani, ellen olaison, robin keller | ano 2016 | livre
Klara está apaixonada e não há nada que ela goste mais do que ficar grudada ao lado de Jacob. Anna, mãe de duas crianças, tem cabeça quente e não pensa duas vezes para dar safanões no marido, mesmo quando ele está preparando a mamadeira do bebê. Já Vera, divorciada, não consegue superar o antigo casamento. “Ex-Mulher”, estreia da diretora sueca Katja Wik em longa-metragem, segue três mulheres e seus relacionamentos, lembrando as manias de que ninguém gosta, mas invariavelmente existem. A diretora e roteirista Katja Wik é Mestre em Cinema pela Universidade de Gotemburgo. Estreou na direção em 2012 com o curta “Retórica da Mentalidade de Vítima”, vencedor do prêmio do público do Festival de Gotemburgo e exibido mundialmente, que também deu origem a um livro. Katja é conhecida por seu trabalho com casting para longas como “Força Maior”(2014), de Ruben Östlund, e “Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência” (2014), de Roy Andersson, ganhador do Leão de Ouro em Veneza. Com a produtora Marie Kjellson, administra a produtora Kjellson & Wik. Atualmente trabalha no lançamento do seu primeiro longa-metragem, “Ex-Mulher”, em pós-produção.
OPINIÃO
AS MULHERES DE BERGMAN Por Helen Beltrame-Linné*
Ainda que seja impossível apontar a exata proporção entre homens e mulheres no mundo, estatisticamente a verdade é uma só: mulheres são metade da população mundial. E, no entanto, essa presença feminina não se reflete apropriadamente em todas as áreas da sociedade, sendo reservados às mulheres certos espaços tidos como femininos. Essa ausência incomoda especialmente na arte: museus, bibliotecas e cinemas estão repletos de obras de homens. Mulheres não pintam? Não esculpem? Não escrevem, não dirigem filmes? Nesses contexto, a Ponte Nórdica surge como um festival focado na produção escandinava sob uma interessante e, sobretudo, apropriada perspectiva em sua primeira edição: o protagonismo feminino. Se os países nórdicos, com suas culturas tradicionalmente igualitárias, sempre tiveram muito a nos ensinar sobre equidade de gênero, nos últimos anos essa vocação para pioneirismo no tema ampliou seu alcance indubitavelmente ao audiovisual. Compreendendo a necessidade de aumentar o acesso da mulher aos meios de produção culturais, a agência governamental sueca de cinema deu início a um projeto de igualdade na direção de filmes com financiamen* Helen Beltrame-Linné é brasileira, advogada e diretora da Fundação Bergman Center, na Suécia
opinião
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to do governo. Um programa claro e transparente que conseguiu em pouco mais de cinco anos atingir o almejado patamar de 50/50 na direção de filmes por homens e mulheres. A Suécia percebeu também a necessidade de se pagar a dívida histórica do cinema escandinavo com as mulheres. A recém lançada plataforma “Nordic Women in Film” tem buscado reescrever a história do cinema escandinavo sob um ponto de vista feminista. Por meio de um olhar cuidadoso e atento, a iniciativa busca alçar luz sobre o desconhecido papel da mulher no cinema da região, contribuições femininas esquecidas, negligenciadas ou até mesmo apagadas da História por um corpo crítico majoritariamente masculino. Como diretora da Fundação Bergman Center na ilha de Fårö, sou frequentemente confrontada com a abundância de mulheres que contribuíram para a obra de Ingmar Bergman ao longo de sua carreira. Ingrid Bergman, Hariett Andersson, Bibi Andersson, Ingrid Thulin, Gunnel Lindblom, Lena Olin... Atrizes que emprestaram seu talento às multifacetadas e profundas personagens de Bergman. Liv Ullmann e Pernilla August, que começaram como atrizes mas passaram para o outro lado da câmera, seguindo carreira também como diretoras de seus próprios filmes. Mas muitas mulheres permanecem na sombra de Ingmar: Katinka Faragó, a “mão direita de Bergman”, produtora de seus filmes por mais de 40 anos; Sylvia Ingemarsdotter, montadora responsável por todos os filmes do diretor a partir de “Sonata de Outono” (1978); e mesmo Käbi Laretei, celebrada pianista responsável não só pela execução mas também pela tão elogiada seleção musical em dezenas de filmes de Bergman. Ingmar Bergman nunca escondeu sua profunda admiração e encantamento pelas mulheres. Foi um diretor que fez do feminino um dos maiores
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opinião
temas de sua arte, e que soube captar e escrever como ninguém sobre a alma feminina. Mas pouco ou nada se fala sobre as mulheres que foram parceiras essenciais em seus 60 anos de carreira. E é preciso que se mude isso. “Por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher” diz o ditado brasileiro. Os escandinavos nos ensinam que é passada a hora de tantas mulheres brilhantes tomarem os holofotes.
WIFT BRASIL
ATRAVESSANDO A PONTE Por Maristela Bizarro*
Gosto da acepção grega da palavra “ponte”, cuja raiz, “pent”, significa a ação de caminhar. Ponte Nórdica remete a um movimento entre os países nórdicos e o Brasil, por meio do cinema. Poética a proposta de ir ao encontro de obras de terras tão longínquas, pois, se por um lado estamos espacialmente distantes, por outro há identificação no desenvolvimento de narrativas e na construção de personagens. O diálogo não é recente, basta lembrar os caminhos tortuosos do inconsciente percorridos pelas personagens femininas em Ingmar Bergman. Parte da geração que me antecedeu pode pensar a experiência de ser mulher ao dialogar com “A Fonte da Donzela” (1959), “Persona” (1966) e “Gritos e Sussurros” (1972), entre outros. A minha geração teve contato com estas obras por meio de festivais e uma ou outra exibição na TV aberta, mas para quem estuda a sétima arte, Bergman é lição de casa obrigatória. Prazerosa, confesso. De Bergman à geração do Dogma 95, movimento liderado por Thomas Vinterberg e Lars Von Trier, muito se discutiu sobre a arte de contar histórias nas telas e é fato que os dramas humanos marcam presença por meio personagens femininas densas e complexas, a exemplo de * Maristela Bizarro é cineasta, professora e cofundadora da WIFT Brasil
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Anna, interpretada por Trine Dyrholm, em “A Comunidade”, filme de abertura do festival. Vintenberg assina a direção de uma narrativa centrada na família e no término de um casamento – ainda que o título refira-se a uma comunidade, é disso que trata o enredo. Diverso de “Festa de Família” (1998), cujo ambiente incestuoso configurava um caminho sem volta, o desejo de convivência coletiva em uma Copenhague dos anos 70 aponta para uma atmosfera criativa, ao menos no início da trama. Anna, âncora de um telejornal local, é casada com Erik (Ulrich Thomsen), professor universitário, que recebe uma casa de herança paterna. Entediada com a monotonia do casamento, Anna sugere que o casal convide alguns amigos e conhecidos para dividirem o mesmo teto. Este é o primeiro quarto do filme. Daí pra frente contemplamos uma mulher literalmente roubar a cena. Não fosse a atuação majestosa de Trine Dyrholm, que lhe conferiu o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim 2016, teríamos um melodrama a ser exibido no horário nobre, para o gosto médio da família tradicional. É na força dessa personagem, apoiada pelas tramas paralelas, que se debruça o talento de Vintenberg. O conflito principal reside no triângulo amoroso estabelecido quando Erik se envolve com uma de suas alunas e a leva para morar na casa, o que culmina com o rompimento entre Erik e Anna e o adensamento dos conflitos internos da protagonista. “A Comunidade” é um filme sobre amor, amizade e solidão. Anna é a mulher que tira a máscara perante os amigos e expõe sua dor e sua angústia pela perda do amor e pela passagem do tempo. Em uma sequência emblemática, prestes a apresentar o telejornal, a personagem não controla o choro. O minimalismo gestual garante a gradação do tensionamento de
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quem tem consciência não ser possível a perfeição. Cabe aqui questionar: qual é a especificidade da dor feminina? Essa pergunta suscitada pelo filme dialoga com as inquietações do público feminino brasileiro que tem participado das exibições que realizamos pela WIFT Brasil. Nós, mulheres, temos demandado representações que não sejam estereotipadas e a seleção de filmes para este festival é uma abertura para o diálogo nesse sentido. Considerando que o Instituto Cultural da Dinamarca e a WIFT Brasil entendem a Ponte Nórdica como um espaço de encontro, convidamos diversos profissionais para escrever nesse catálogo e contrapor diferentes olhares. Essa proposta dialoga com as ações de formação para mulheres no audiovisual promovidas pela WIFT Brasil. Em quatro anos de atividade, a organização tem pensado a mulher enquanto representação nas telas e enquanto profissional, por meio da curadoria e produção de mostras, festivais de cinema e simpósios com temática de gênero; mentorias de direção, roteiro e interpretação; criação de planos de negócios viáveis e estratégias de captação de recursos para coproduções nacionais e internacionais. Parte desse trabalho pode ser percebida pelas mulheres que assinam os textos de apresentação dos filmes. São pesquisadoras, roteiristas, produtoras e diretoras de cinema que vem contribuir para a reflexão porque entendemos que o espaço de fala é um ato político. Também convidamos homens porque acreditamos que uma sociedade igualitária se constrói no diálogo e eles têm muito a contribuir. Aos convidados, o agradecimento sincero e a certeza de que o primeiro passo já foi dado.
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LIBERDADE, LIBERDADE [PESSOAS BRANCAS] Por Iana Cossoy Paro*
Segundo longa da roteirista e diretora sueca Lisa Aschan, “Pessoas Brancas” (2015) é um filme sobre migrações, xenofobia, autoritarismo e relações de poder. É, também, um filme sobre uma mulher branca em busca de liberdade. O universo proposto é violento, claustrofóbico e misterioso, e isso já é estabelecido desde a primeira sequência, um pequeno prólogo que apresenta ao espectador o espaço e o tom da narrativa que irá se desenvolver. O relato, protagonizado pela recém capturada Alex, ocorre praticamente inteiro no interior de uma prisão onde algumas pessoas esperam para serem deportadas, sob a vigilância do grupo que administra e patrulha o local. As poucas sequências externas ocorrem em espaços frios e nevados, onde predominam o branco e o vazio. É possível perceber no filme uma preocupação em tratar de temas como liberdade, autoritarismo e hierarquia de forma não explícita. Apesar de os personagens falarem sueco, não sabemos exatamente onde estão, nem para onde serão deportados, em uma abordagem que nos remete, por vezes, à ficção científica. O espaço, e o tratamento estético dado a ele, é fundamental para a construção do relato audiovisual de “Pessoas * Iana Cossoy Paro é pesquisadora e roteirista, integrante do Coletivo Vermelha, criado em São Paulo para compreender o espaço ocupado pelas mulheres no audiovisual.
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Brancas”. Isso porque trata-se de um filme que dá ao espectador poucas informações e explicações sobre o passado dos personagens e o porquê de estarem na situação em que estão. É por meio de sua relação com o espaço e seus habitantes que os personagens revelam um pouco de si, ao mesmo tempo em que seu mundo interno pode ver-se refletido, metaforicamente, nas características imagéticas e sonoras do ambiente. Lisa Aschan recorre a ferramentas do drama para estruturar o roteiro. Apesar de sabermos pouco sobre Alex, ela traça uma jornada clássica, a da “heroína” que, com o objetivo de libertar-se e reencontrar sua filha, passa por obstáculos e luta contra antagonistas e situações adversas. O fato de a protagonista ser levada a situações limite faz com que sua natureza possa se revelar, e é por meio de suas ações que conhecemos seu caráter. Por ser uma história em que sabemos tão pouco sobre os personagens, é interessante que duas das mulheres destacadas na trama têm seus objetivos pautados pela maternidade: a protagonista Alex, por ter uma filha, e Viktoria, a diretora do presídio, que deseja ter uma. Ainda é importante destacar que “Pessoas Brancas” é realizado no contexto de políticas audiovisuais da Suécia, primeiro país a conquistar a paridade de gênero na realização de obras cinematográficas. Uma das iniciativas aplicadas nas salas de cinema suecas é o selo A-rate, concedido a filmes que passam no teste de Bechdel. “Pessoas Brancas” foi aprovado, por ter personagens mulheres em papéis protagônicos, com nomes e que falam entre si de assuntos que não são um homem. Trata-se, portanto, de um filme em que as mulheres estão presentes de forma relevante.
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QUE ROCK É ESSE [SUMÉ] Por Eduardo de Araújo Teixeira*
Sumé significa “onde”, nome da banda formada em 1972 por jovens de 20 e poucos anos e primeira a fazer rock na língua natal da Groelândia. O documentário “Sumé: O Som de Uma Revolução” (2014) trata justamente do poder da arte e da música de impactar e transformar cultural e politicamente uma sociedade. Malik Høegh, líder e vocalista da Sumé, compôs letras vigorosas e políticas repletas de metáforas angustiantes, cantadas ao som de guitarras e baterias que espantaram não apenas o pacífico povo groenlandês, mas o imperialismo dinamarquês. O sucesso estrondoso da banda (à época, 1 em cada 5 habitantes da ilha tinha o LP “Sumut”, de 1973) deveu-se também ao fato de não apenas reafirmar o “onde” de suas vozes, mas de se apropriar das narrativas, formas (tambores tradicionais) e expressões inuíte/esquimó, exigindo a preservação de sua língua e cultura. O filme se compõe de imagens em super-8, noticiários de jornais, arquivos de vídeo e filmes, pontuados por depoimentos antigos e atuais, tanto dos integrantes (hoje senhores) da banda, quanto de seus fãs. Trata, portanto, do impacto dos três álbuns de rock de sua curta discografia que traduziram as angústias da juventude e dos povos tradicionais inuítes. * Eduardo de Araújo Teixeira dirige curtas e produz documentários, é pesquisador, ensaísta de arte e crítico literário
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Revolucionário estética e politicamente, num país então sob o domínio da Dinamarca, que impunha sua língua e cultura no país, além de cercear toda participação política dos povos locais, o grupo foi estopim para a criação de um parlamento groenlandês, em 1979. Emocionalmente contido, e ainda assim empolgante, é um filme necessário por mostrar o poder da cultura, da juventude e do artista na transformação do mundo, ainda que em tempo de opressão e desencanto.
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FAMÍLIA, FAMÍLIA [IRMÃOS] Por José Sampaio*
Aslaug Holm viajava o mundo cobrindo eventos importantes como fotógrafa. Quando seus filhos nasceram, ela percebeu que a história que devia perseguir estava bem diante de seus olhos. O mundo todo no universo “minúsculo” de seus filhos: um rio, uma escola, um lojinha, um quadra de futebol.
* José Sampaio é montador e produtor cultural, pai de duas meninas incríveis, Nina e Pietra
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E que fotógrafa excepcional é a cineasta norueguesa, por trás do documentário “Irmãos” (2015), rodado ao longo de uma década. Seus enquadramentos e imagens se misturam às cores e a melancolia de Oslo, a capital da Noruega, criando um filme esteticamente impecável. Mas não é apenas a fotografia que chama a atenção nesse documentário de paisagens, de amor e paciência. No primeiro dia de aula de Lucas, o filho mais novo, começamos a acompanhar a jornada de uma infância tranquila, porém cheia de dúvidas. Markus, o mais velho, quer ser jogador de futebol, seguir a carreira que o pai teve de abandonar por uma lesão no joelho. A personalidade de cada irmão vai se desvendando e ficando mais clara com a passagem dos anos. A diretora, com uma câmera apenas observadora na maior parte do tempo, passa, a partir dos questionamentos dos filhos (inclusive quanto aos motivos para fazerem o filme), a se colocar com o passar dos anos de modo mais participativo, interferindo na realidade e assumindo seu papel de mãe na narrativa. “Brothers” mistura nostalgia e encanamento pelo mundo infantil, é repleto de descobertas, anseios e decepções. Uma mistura deliciosa de vida e dúvidas reais com um olhar de confronto mas ao mesmo tempo de aconchego ao grande personagem oculto deste longa: o tempo.
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O PATRIARCADO DESCE RALO ABAIXO [A REVOLUÇÃO DA PIA DA COZINHA] Por Marina Costin Fuser*
O documentário “A Revolução da Pia da Cozinha”, de Halla Kristín Einarsdóttir, narra a trajetória da fundação da Aliança de Mulheres, que provocou abalos sísmicos na arena política da Islândia. Entre a década de 1980, quando só havia três mulheres no parlamento islandês, e 2009, quando o órgão alcançou a equidade plena, o país passou por um processo conflituoso de efervescência política. O filme relata de forma bem humorada e musical a luta para que as demandas das mulheres entrassem efetivamente na agenda da pequena ilha. Combinando animação com entrevistas e imagens de arquivo, o documentário enfoca a política sem deixar de falar das flores: havia flores pelas casas onde foram gravadas as entrevistas, e flores de papel eram bordadas junto aos banners das integrantes da Aliança. Um toque de delicadeza que mostra que mulheres não precisam endurecer para entrar para a política. O riso, a descontração e a criatividade vêm à baila quando o papo é feminismo. No início, o filme volta no tempo para junho de 1915, quando as sufragistas conquistaram o direito ao voto e à elegibilidade. Então dá-se um * Marina Costin Fuser é doutoranda em Sussex, na Inglaterra. Pesquisa e atua no campo de gênero no movimento feminista desde 2006 e participou da fundação do Inanna, núcleo transdisciplinar de investigações de sexualidades, gêneros e diferenças da PUC-SP.
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salto aos anos 1960 para situar o movimento das mulheres com os ecos da contracultura. À época, estavam em pauta demandas por berçários, licença-maternidade e paridade salarial. Enquanto a antropóloga e ex-parlamentar Sigridur Dúna Kristmunsdóttir dá seu depoimento no documentário, em cena uma senhora de avental abre a porta para uma jovem mulher com seus filhos. A porta que se abre divide a tela em duas, precisamente entre o espaço do lar e o da vida pública; o mundo do trabalho e o de luta. A ex-parlamentar Godrún Ogmundsdóttir lembra que no movimento das Meias Vermelhas, na década de 1970, as islandesas reivindicavam terra e assistência social. O próximo passo seria ocupar a esfera pública para impor a agenda política das mulheres. Em tempos de ativismo anterior ao advento da internet, o telefone era o principal instrumento de comunicação. A palavra era passada de boca a boca, mediada por fios que atravessavam os lares e locais de trabalho. Ideias tricotadas pelo burburinho de mulheres que conversavam sobre política e costuravam mudanças. Mesmo depois de alcançar a tão esperada paridade no parlamento, a guarda não foi baixada. Esse processo passa por lutas constantes, decepções e novos desafios que se aprofundam com a inserção digital de um país em um mundo globalizado. Mundo que ainda é atravessado pelo sistema patriarcal. A fama de que a Islândia é um país perfeito para as mulheres deve ser vista com desconfiança, mas o documentário nos mostra uma luta bastante dinâmica, criativa e profícua das mulheres islandesas.
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NEM O TEMPO PODE APAGAR [BUNKER] Por Thais Scabio*
Qual a melhor maneira de desenterrar seu passado? Encontrando uma amiga de infância. Escrito e dirigido pela norueguesa Vibeke Heide, o curta-metragem “Bunker” (2015) é um filme sobre duas amigas que, após 15 anos separadas, se reencontram. As atrizes Marie Blokhus (Monika) e Esther Grenersen (Irene) se entregam às personagens, nos fazendo acreditar em uma relação conturbada e íntima. Entre silêncios, risos, olhares, brigas e choros, percebemos suas diferenças de ideologia e personalidade, que refletem de forma discreta os controles sociais sobre suas vidas e em sua própria relação. Apesar de o filme trazer dois estereótipos de personagens femininas do cinema hollywoodiano – a amiga “certinha”, que pensa antes de falar ou fazer algo e segue a tradição de casar, ter uma casa e filhos, e a amiga “desajustada”, fora dos padrões da sociedade, que quer curtir a vida, fala e faz tudo o que quer –, o roteiro não é nada clichê. Traz um tema universal, mas com características e valorização regional. Existe algo mal resolvido entre Monika e Irene, algo que nem o tempo apagou. Suas personalidades construídas na infância são desenterradas * Thais Scabio é cineasta e sócia da produtora Cavalo Marinho, em São Paulo
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aos poucos e com certeza elas não voltam do passeio retratado na trama como foram.
Há uma grande cumplicidade entre fotografia e arte na desconstrução dessas personagens durante o caminho percorrido. Em uma paisagem belíssima, a câmera na mão acompanha a crescente tensão entre as amigas e quanto mais elas se aproximam do bunker do título, mais seus conflitos de infância são retomados. É um filme simples, sem efeitos especiais, sem máscaras e de uma sensibilidade e uma poética singulares, pouco vistas na cinematografia brasileira.
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MÃE SÓ HÁ UMA? [EU E VOCÊ] Por Mariana Mêmis Müller*
O curta-metragem “Eu e Você” (2015) trata, antes de mais nada, de vulneralibidade feminina, de (falta de) afeto e dos pequenos escapes da realidade que são necessários à mulher na contemporaneidade. Maríanna é divorciada, mãe solteira e mora de aluguel, como ela mesma se refere ao apresentar-se, com uma mesura, ao homem que conheceu na saída de um bar na capital da Islândia. Porém, já em sua casa, em meio ao que parecia ser uma noite promissora, o rapaz torna-se agressivo e o casal é interrompido por Védis, filha de Maríanna, que estava dormindo. A protagonista está visivelmente cansada: cansada da sua vida de mãe solteira e de suas relações utilitárias. Essa apatia torna-se ainda mais evidente no diálogo afetuoso entre mãe e filha na cama da menina, onde as duas trocam papéis, e a filha, uma criança emocionalmente madura para sua idade, conta para a mãe uma história sobre uma mulher que mergulha bem fundo no mar e é sufocada por algas. Mas o que seria esse sufoco senão a vontade de Maríanna de se libertar de tudo e de todos e de viver apenas com (e para) a filha, já que as duas não precisam dos homens? * Mariana Mêmis Müller é produtora executiva do FRAPA, Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre
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Apesar do título, que remete diretamente a um casal, o filme dirigido pela cineasta Ása Hjörleifsdóttir aborda outra relação a dois: a interdependência da relação mãe e filha, onde a sustentação é baseada em descartar o que já não é necessário e priorizar a segurança de um amor incondicional e autossuficiente.
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TEMPO DE VIOLÊNCIA [EMBRIONÁRIO] Por Ana Rita dos Santos Ferreira*
“Embrionário”, estreia na direção do ator dinamarquês Ulrich Thomsen, conta a surpreendente história de amor entre Sean (Ross McCall), um traficante de drogas, e Lilly (Kristen Hager), garçonete, viciada em heroína. Ambos levam a vida embrenhados no crime e assombrados por lembranças perturbadoras. Com clima contemplativo, permeado por close-ups, cenas de longa duração e pouco diálogo, em cenários noturnos e sombrios, o filme nos envolve desde o primeiro momento em uma atmosfera de luzes e trevas, de presente e passado. Ligeiramente charmoso, sem integridade e sem respeito próprio, Sean é um sujeito impulsivo, que obedece as regras do jogo sem refletir e quase sempre usa violência para resolver os problemas. A trama tem sua primeira reviravolta quando Sean vê-se frente a um dilema moral e ajuda Lilly a livrar-se do vício. A partir daí, o filme ganha uma coloração ainda mais sombria, ora com tons avermelhados, ora com lampejos de luz que perpassam a água nas bolhas de oxigênio produzidas na piscina. As cenas de mergulhos de Sean nos convidam a imaginar os movimentos de imersão e reflexão, próprios de quem se prepara para sair de um processo embrionário e está pronto para nascer em uma realidade com novos significados. * Ana Rita dos Santos Ferreira é psicóloga clínica, especialista em psicologia política, políticas públicas e movimentos sociais e mestre em Ciências.
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Assim, a cada mergulho o personagem vai assumindo o protagonismo de sua história. Neste drama psicológico vivido por Sean, a narrativa tangencia, ainda que de forma sutil, questões edipianas do personagem principal, uma vez que este não só apaixona-se por uma mulher parecida com sua mãe, como a sua própria história vai se desenvolvendo de forma semelhante a de seus pais.
Trata-se de um belíssimo filme sobre crescimento moral e intelectual, que nos instiga a refletir como e quanto experiências dolorosas podem fazer-nos perder a sensibilidade. A narrativa apresenta uma correlação de forças entre amor e ódio, reflexão e ação, força e fraqueza, em um contexto em que a violência é compreendida como condição para sobreviver. Em contrapartida, a trama nos leva a considerar o amor como potencial para resignificar o passado, a própria vida e até mesmo transformar a realidade caótica em que vivemos.
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GUERREIRAS DA DANÇA [MARTHA E NIKI] Por Liliane Braga*
Ao trilhar os percursos de Martha e Niki, primeiras mulheres a vencerem, em 2010, na categoria Hip Hop New Style do campeonato internacional de dança Juste Debout, o documentário “Martha e Niki”, da diretora sueca Tora Martens, faz uma incursão pela cultura hip hop em que o foco não são elEs, e sim, elAs. Antes de se tornarem pioneiras da dança, as duas têm suas histórias ligadas à África e ao destino de viver na Europa onde – mostra o filme – não se sentem totalmente em casa. A partir de um país escandinavo, a Suécia, essas jovens mulheres negras impõem-se com suas referências a culturas africanas e afrodiaspóricas em sua forma de se apresentar (cabelos, roupas, adereços) e de se mostrar como “não ajustadas” aquele país. Niki e Martha questionam machismos e racismos que enfrentam. “É sempre assim, não só com a dança. Garotas têm que trabalhar mais para conquistar respeito”, desabafa Martha. Vendo seus movimentos, passos, gestos ao dançarem juntas, estereótipos podem levar a pensar que são lésbicas – apontando para a necessidade da mente cartesiana em categorizar (hetero ou homo; cis ou trans). Mas o uso de maquiagem se “contrapõe” ao de agasalhos largos das competições. Elas usam roupas justas, mesmo que * Liliane Braga é pesquisadora do Centro de Estudos Culturais da África e da Diáspora da PUC-SP e conduziu intercâmbios de hip hop entre artistas do Canadá, Cuba e Brasil.
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uma seja chamada de muito magra e a vejam com pena, por ser africana. Mesmo que a outra tenha curvas que chamem a atenção – hiper-erotização de corpos negros, tratados como exóticos.
Em viagem à Cuba, onde a salsa as reconecta à África, começa a brotar a semente da emancipação. Até participam, como únicas mulheres, de uma roda de freestyle. No retorno à Europa, as coisas já não estão no mesmo lugar. E, em caminhos que se cruzam e se descruzam, um ano depois, chegam ao continente-mãe, em que a dança é parte do cotidiano e não uma eterna competição, como aponta Martha. Em um orfanato em Johnesburgo, crianças e jovens tornam-se co-oficineiras(os) do workshop delas. Em tempos de atenção a vidas racializadas, Martha e Niki falam – e questionam o mundo – por si mesmas.
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PROGRAMAÇAO SEXTA-FEIRA, 25 DE AGOSTO 20h Abertura do festival com o filme “A Comunidade” SEXTA-FEIRA, 26 DE AGOSTO 16h “Embrionário” 18h30 “Moral da história” – programa especial com a diretora do filme: May el-Touhky SÁBADO, 27 DE AGOSTO 16h DEBATE: Mulher, imagem e mercado de trabalho Convidadas: Katja Wik; May el-Touhky (DK); Debora Ivanov; Vera Egito; Mediadora: Maristela Bizarro 18h30 PROGRAMA ESPECIAL com a diretora do filme “Ex-mulher”, Katja Wik 23h30 “Embrionário” DOMINGO, 28 DE AGOSTO 16h “Irmãos” 18h30 “Um jogo sério”
SEGUNDA-FEIRA, 29 DE AGOSTO 16h PROGRAMA CURTAS 2 (gerações, amizade e relações pessoais) Filme 1: “Velho amigo” Filme 2: “Algumas pessoas têm problemas de verdade” Filme 3: “Bunker” Filme 4: “Anneli” 18h30: “Sumé: o som de uma revolução” TERÇA-FEIRA, 30 DE AGOSTO 14h PROGRAMA CURTAS 1 (mães e filhos) Filme 1: “Mamãe” Filme 2: “Mini” Filme 3: “Você e eu” Filme 4: “Helga” 16h “Revolução da pia da cozinha” 18h30 “Sumé: o som de uma revolução”
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QUARTA-FEIRA, 31 DE AGOSTO 16h PROGRAMA CURTAS 1 (mães e filhos) Filme 1: “Mamãe” Filme 2: “Mini” Filme 3: “Você e eu” Filme 4: “Helga” 18h30 “Revolução da pia da cozinha” SEXTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO 16h “Pessoas brancas” 18h30 “A Serious Game” SEXTA-FEIRA, 2 DE SETEMBRO 16h“A teoria sueca do amor” 18h30 “Um jogo sério” SÁBADO, 3 DE SETEMBRO 16h “A teoria sueca do amor” 18h30 “A jovem rei” 23h30 “Pessoas brancas”
DOMINGO, 4 DE SETEMBRO 16h “Irmãos” 18h30 “A teoria sueca do amor” SEGUNDA-FEIRA, 5 DE SETEMBRO 16h “Sumé: o som de uma revolução” 18h30 “Revolução da pia da cozinha” TERÇA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO 14h “Embrionário” 16h “A jovem rei” 18h30 “Moral da história” QUARTA-FEIRA, 7 DE SETEMBRO 16h “Irmãos” 16h PALESTRA: O Futuro não é ais como era antes, com Peter Kronstrøm Instituto de Copenhagen para Estudos do Futuro (CIFS Latam). CAIXA Cultural São Paulo – Praça da Sé 18h30 “Pessoas brancas”
As sessões acontecem no espaço CAIXA BELAS ARTES Rua da Consolação, 2423
PONTE NÓRDICA FESTIVAL DE CINEMA Diretora Maibrit Thomsen Diretor interino Anders Hentze Produtora executiva Charlotte Kaare-Andersen Curadora e coordenadora de produção Tatiana Groff Assistente de produção Jorge Grimaldi Coordenadora de atividades formativas Luisa Berlitz Assessor de imprensa Marcelo Gusmão Coordenador editorial Marco Tomazzoni Tradutora legendas Priscila Marques Designer gráfico Tiago Gonçalves Coordenador técnico Jose Sampaio Assistente técnica Fernanda Kurunczi Tradutora atividades formativas Julia Debasse Estagiário Søren Thornøe
DINAMARCA FINLÂNDIA GROENLÂNDIA ISLÂNDIA NORUEGA SUÉCIA
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CAIXA CULTURAL SÃO PAULO Siga a fanpage facebook.com/CaixaCulturalSaoPaulo Praça da Sé, 111 - Sé, São Paulo - SP Acesse www.caixacultural.gov.br | Baixe o aplicativo CAIXA Cultural Prefira transporte público | Informações 11_2894 5781 #zikazero: um mosquito não é maior que um país inteiro.
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