Jornal 2

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Mural cerâmico do Mercado Sindolpho Freire

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Cidade Velha

FalĂŠsia do Cabo Branco

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Entrevista com Gonzaga Rodrigues Editorial p. 6

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Relicário de Memória

Entrevista com Gonzaga Rodrigues Ele nasceu em Alagoa Nova, mas João Pessoa ocupa um lugar especial em seu coração. Hoje, é um dos maiores nomes da literatura paraibana, autor de Notas do Meu Lugar, Um Sítio que Anda Comigo, Café Alvear, Filipéia, entre outros. Com uma carreira de sessenta anos no jornalismo, Gonzaga Rodrigues também é cronista e conhece, como poucos, a história da cidade. Foi numa terça feira que consegui localizálo: um senhor gentil, de riso fácil e rosto alegre. Em uma agradável conversa na Academia Paraibana de Letras, da qual era presidente interino, ele contou um pouco de sua vida, carreira e sua relação com a cidade.

sempre começaram pelo jornalismo, até porque jornalismo é exercício, e é um exercício do qual você não pode fugir, você está ganhando a vida ali.

Casa do Patrimônio – Nos anos 1970 o senhor começou a escrever crônicas. Como começou seu interesse e qual a importância desse gênero textual? Gonzaga Rodrigues – Eu era um homem de redação, repórter, copydesk, redator; sempre fui da redação,nunca fui um bom

Casa do Patrimônio – Como o senhor definiria a sua relação com a cidade de João Pessoa?Onde se encontram a sua história e a história da cidade?

Gonzaga Rodrigues – Sim, sempre tiveram, a maioria. Os escritores quase

repórter. O pessoal deixava o texto na redação para que eu desse uma ajeitada, nesse sentido, sempre fui preciosista, mas nunca fui um bom repórter. Severino Ramos sim foi um grande nome, o melhor repórter que conheci até hoje. A crônica é mais trabalhosa, por mais arte que exija, ela é uma visão de um fato processado subjetivamente, não é como uma reportagem que tem a obrigação de usar sempre palavras objetivas para narrar um fato. Então, na época,a crônica

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casadopatrimoniojp.com

Casado patrimônio – Raquel de Queiroz, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Machado de Assis, são grandes nomes da literatura brasileira que sempre tiveram essa relação com o jornalismo em maior ou menor grau...

Casa do Patrimônio - Sua trajetória de cinco décadasno jornalismo é uma marca impressionante. O jornalismo é a sua vida ou existem outras paixões? Gonzaga Rodrigues– A minha paixão mesmo é a literatura, o jornalismo nunca foi a minha paixão, foi somente um meio de vida, uma forma de sobreviver, mas nunca foi minha paixão. Eu nunca desejei ser um grande repórter, mas sempre desejeiserum grande escritor, o que nunca consegui. Para mim, a maior das artes é a música porque a transmissão é rápida: você está ali sentadinho, sem esforço nenhum e de repente (cantarolando) Tantantan! Você imediatamente recebe a mensagem.

Casado Patrimônio – Gonzaga Rodrigues, em sua opinião, qual é o papel da leitura na formação de um bom jornalista, ou até de um bom cidadão? Gonzaga Rodrigues – É fundamental. Sem leitura, por osmose, ele jamais chegará a lugar nenhum. A leitura é mais do que fundamental, por isso o governo devia estimular as bibliotecas pelo país. Houve um governo aqui na Paraíba, o governo de Pedro Gondim, onde havia uma biblioteca ambulante; ela saía por aí pelas cidades e foi muito festejada, afinal, eram cidadezinhas de interior que não tinham bibliotecas e de repente chegava lá: Monteiro Lobato e outros autores, muito bem escolhidos, que pudessem agradar. Faziam sucesso.

tinha uma força enorme no jornalismo brasileiro. Aquela linguagem, mais doce, mais suave, sem a dureza da objetividade é uma visão pessoal do fato. A diferença é essa: a notícia é impessoal, mas a crônica é pessoal. Então enveredei por esse caminho e as pessoas começaram a achar bom (risos), não sei se isso foi bom ou ruim, mas estou nesse caminho.

Gonzaga Rodrigues– É a minha segunda casa.Eu cheguei aqui jovem, tinha 18anos, vinha de uma terrinha pequenininha, Alagoa Nova. Então tem aquela coisa platônica da primeira impressão. Essa cidade, João Pessoa,pareceu muito com o meu temperamento, era uma cidade quieta, tranquila, recatada; não era exibida como Natal. João Pessoasempre foi recolhida, as pessoasviviam em casa. Mas isso está mudando por conta dessa cidade nova que está surgindo ali à beiramar, com esses arranha-céus; e é outra




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