A H UMA N I Z AÇÃO N O PROCE SSO DE CURA CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
SUELLEN M. DE OLIVEIRA ARQUITETURA E URBANISMO, 2022
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ARQUITETURA E URBANISMO
SUELLEN M. DE OLIVEIRA RGM: 11172500959
A HUM ANI ZAÇÃO NO PR OCESSO DE CUR A CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Trabalho de conclusão de curso I apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.
Prof.ª Orientadora: Consuelo Gallego
MOGI DAS CRUZES - SP. 2022
SUELLEN M. DE OLIVEIRA
A HUM ANI ZAÇÃO NO PR OCESSO DE CUR A CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO Trabalho de conclusão de curso I apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
Prof.ª Orientadora: Consuelo Gallego Universidade de Mogi das Cruzes
Prof. Convidado: Maria Cristina Domingues Lopes Ferreira Universidade de Mogi das Cruzes
Arq. Convidado: Amanda Poloni de Almeida Universidade de Mogi das Cruzes
Es te tr a b a l h o é d ed i c a d o à to d o s o s p a ci en tes c o m c âncer, q u e lu ta m b r ava men te e i n ces s a n temen te co n t r a es ta d o e n ç a.
Ao longo destes cinco anos de desafios e conquistas, não poderia deixar de agradecer aqueles que participaram desta jornada. À Deus, por me ajudar a superar todos os obstáculos encontrados durante este processo. Aos meus pais, Elenice Oliveira e Antônio Oliveira, pelo exemplo de força e determinação que influenciaram na construção do meu ser. Ao meu companheiro e amigo Lucas Tenório, por todo apoio e carinho. Às amizades antigas, Sabrina Duarte e Larissa de Castro, por todo apoio que me proporcionaram nestes 12 anos de amizade. À família que a arquitetura me proporcionou, Camila Dantas, Felipe Reis, João Terra, Lucas Welber, Nathalia Siqueira, Samuel Carvalho, Sheylla Miho e Thyago Freire, que me propiciaram as melhores risadas e tornaram esta caminhada mais leve. Aos professores, por compartilharem seus conhecimentos. E à todos aqueles que ajudaram direta e indiretamente na construção deste trabalho.
RE SUMO Esta pesquisa consiste na exploração da humanização no processo de cura dos pacientes oncológicos e a relação da arquitetura neste processo. Abordando o câncer e sua evolução para um problema de saúde pública mundial, citando os principais métodos diagnósticos e tratamentos que revolucionaram a medicina, destacando a importância destas técnicas para o processo de cura do paciente. O objetivo deste trabalho é analisar a problemática do câncer e a qualidade dos espaços destinados ao tratamento da doença, visando maior compreensão das necessidades dos pacientes e demais usuários para a elaboração de um projeto de um Centro de Tratamento Oncológico, a ser implantado no município de Suzano, SP. Uma vez que, há uma carência de serviços públicos assistenciais especializados no tratamento da doença e ausência de espaços preparados para oferecer o suporte emocional aos pacientes e familiares, que resultam em um deslocamento destes pacientes para cidades vizinhas. A missão deste trabalho, é proporcionar aos usuários um espaço focado na cura do paciente como um todo, considerando a tríade da saúde integrativa: corpo, mente e espírito. Palavras Chave: Humanização; Tratamento oncológico; Terapia complementar; Câncer.
ABSTR ACT This research consists of exploring humanization in the healing process of cancer patients and the relationship of architecture in this process. Approaching cancer and its evolution to a global public health problem, citing the main diagnostic methods and treatments that revolutionized medicine, highlighting the importance of these techniques for the patient's healing process. The objective of this work is to analyze the problem of cancer and the quality of spaces destined to the treatment of the disease, aiming at a better understanding of the needs of patients and other users for the elaboration of a project of an Oncological Treatment Center, to be implemented in the city of Suzano, SP. Since there is a lack of public assistance services specialized in the treatment of the disease and the absence of spaces prepared to offer emotional support to patients and families, which result in a displacement of these patients to neighboring cities. The mission of this work is to provide users with a space focused on healing the patient as a whole, considering the triad of integrative health: body, mind and spirit. Keywords: Humanization; treatments oncology; Integrative Health; Cancer.
LI S TA D E FI G U R AS Figura 01: Não deixe o tabaco tirar seu fôlego
39
Figura 02: Parece inofensivo, mas fumar narguilé é como fumar 100 cigarros
39
Figura 03: Linha do Tempo - Trajetória do Câncer
40
Figura 04: Incidência do Câncer no mundo, 2018.
44
Figura 05: Incidência do Câncer no Brasil no triênio de 2020-2022
44
Figura 06: Incidência em mulheres no triênio de 2020-2022
45
Figura 07: Incidência em homens no triênio de 2020-2022
45
Figura 08: Incidência e mortalidade do Câncer em Homens no Mundo
47
Figura 09: Incidência e mortalidade do Câncer em Mulheres no Mundo
47
Figura 10: Manifestação por melhores tratamentos em La Paz
48
Figura 11: Linha de cuidado do câncer
50
Figura 12: Tomógrafo
56
Figura 13: Ressonância magnética em campo fechado
56
Figura 14: Ressonância magnética em campo aberto
56
Figura 15: As classificações da quimioterapia
59
Figura 16: Prática de Yoga
62
Figura 17: Acupuntura
62
Figura 18: Musicoterapia
63
Figura 19: Dança terapia
63
Figura 20: Terapia ocupacional com tinta e desenhos
64
Figura 21: Terapia ocupacional com leitura
64
Figura 22: Terapia ocupacional com atividades físicas
65
Figura 23: Terapia ocupacional com jardinagem
65
Figura 24: Propriedades da cromoterapia
68
Figura 25: Recepção do Hospital Johns Hopkins
70
Figura 26: Brinquedoteca do Hospital Johns Hopkins
70
Figura 27: Ala de quimioterapia do Ballarat Regional Integrated Cancer
71
Figura 28: Sala de radioterapia do Centro Oncológico Kraemer
71
Figura 29: Sala de espera do Memorial Sloan Kettering Evelyn H. Lauder
76
Figura 30: Sala de espera Hospital Infantil Nemours
76
Figura 31: Instituto de Câncer e Radium de Belo Horizonte, Minas Gerais
85
Figura 32: Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
85
Figura 33: Fachada lateral - Centro Kathleen Kilgour
86
Figura 34: Fachada principal - Centro Kathleen Kilgour
86
Figura 35: Sala de espera - Centro Katheleen Kilgour
87
Figura 36: Recepção - Centro Kathleen Kilgour
87
Figura 37: Planta do Pavimento Térreo - Centro Kathleen Kilgour
89
Figura 38: Planta do 1° Pavimento - Centro Kathleen Kilgour
89
Figura 39: Planta do 2° Pavimento - Centro Kathleen Kilgour
90
Figura 40: Corte Esquemático - Centro Kathleen Kilgour
91
Figura 41: Fachada leste - CCUA
92
Figura 42: Fachada em painéis metálicos perfurados - CCUA
92
Figura 43: Ala de quimioterapia - CCUA
93
Figura 44: Cafeteria - CCUA
93
Figura 45: Planta do pavimento térreo - CCUA
95
Figura 46: Planta do 1° pavimento - CCUA
95
Figura 47: Planta do 2° pavimento - CCUA
96
Figura 48: Planta do 3° pavimento - CCUA
96
Figura 49: Recepção 2° pavimento - CCUA
97
Figura 50: Sala de espera 2° pavimento - CCUA
97
Figura 51: Vista 01 - Praça do Hospital Popular Panzhou
98
Figura 52: Vista 02 - Praça do Hospital Popular Panzhou
98
Figura 53: Vista 03 - Praça do Hospital Popular Panzhou
99
Figura 54: Vista 04 - Praça do Hospital Popular Panzhou
99
Figura 55: Diagrama de implantação - Praça do Hospital Popular Panzhou
100
Figura 56: Implantação 3D - Praça do Hospital Popular Panzhou
101
Figura 57: Fachada principal - Centro de Tratamento Maggie's
102
Figura 58: Biblioteca e circulação vertical - Centro de Tratamento Maggie's
102
Figura 59: Sala de terapia em grupo - Centro de Tratamento Maggie's
103
Figura 60: Cozinha compartilhada - Centro de Tratamento Maggie's
103
Figura 61: Planta do pavimento térreo - Centro de Tratamento Maggie's
104
Figura 62: Planta do Mezanino - Centro de Tratamento Maggie's
105
Figura 63: Área de leitura - Centro de Tratamento Maggie's
106
Figura 64: Escada e espaços de leitura - Centro de Tratamento Maggie's
106
Figura 65: Fachada - Hub de Saúde, Vila Nova Esperança
108
Figura 66: Auditório ao ar livre - Hub de Saúde, Vila Nova Esperança
108
Figura 67: Circulação de conexão entre térreo A e B - Hub de Saúde
109
Figura 68: Sala de espera consultórios - Hub de Saúde
109
Figura 69: Diagrama de concepção do edifício - Hub de Saúde
110
Figura 70: Pavimento térreo inferior (A) - Hub de Saúde
111
Figura 71: Pavimento térreo superior (B) - Hub de Saúde
112
Figura 72: 1° pavimento - Hub de Saúde
113
Figura 73: 2° pavimento - Hub de Saúde
113
Figura 74: 3° pavimento - Hub de Saúde
114
Figura 75: Inserção do Estado de São Paulo no Brasil
129
Figura 76: Inserção da Região Metropolitana no Estado de São Paulo
129
Figura 77: Inserção do Município de Suzano na Região Metropolitana
129
Figura 78: Unidades Básicas de Saúde no Município de Suzano
132
Figura 79: Unidades de Atenção Especializada no Município de Suzano
133
Figura 80: Localização do Lote
135
Figura 81: Levantamento Fotográfico
136
Figura 82: Levantamento Topográfico
138
Figura 83: Corte Longitudinal (AA)
139
Figura 84: Corte Transversal (BB)
140
Figura 85: Mapa de Cheios e Vazios
142
Figura 86: Mapa de Uso e Ocupação do Solo
143
Figura 87: Mapa de Gabarito de Altura
144
Figura 88: Mapa de Sistema Viário
145
Figura 89: Perfil do Usuário
150
Figura 90: Fluxograma Arquitetônico
164
Figura 91: Estudo de Setorização do Edifício
166
Figura 92: Estudo de Implantação do Edifício
167
Figura 93: Planta de Situação Área de Intervenção Urbana
168
Figura 94: Estudo de Implantação Urbana
169
LI S TA D E TAB EL AS Tabela 01: Óbitos de Câncer na Grande São Paulo - Sexo feminino Tabela 02: Óbitos de Câncer na Grande São Paulo - Sexo masculino Tabela 03: Programa de Necessidades Arquitetônico
LI S TA D E SI G L AS E AB REVIATU R AS ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ASCO
American Society of Clinical Oncology
BMJ
British Medical Journal
BR
Brasil
CCUA
Centro de Câncer da Universidade do Arizona
COFFITO
Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
CLP
Centro de Liderança Pública
CPS
Coordenadoria de Planejamento de Saúde
DATASUS
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DNSP
Departamento Nacional de Saúde Pública
DRS
Departamento Regional de Saúde
EAM
Estúdio de Arquitetura Mutável
EAS
Estabelecimento Assistencial de Saúde
EIV
Estudo de Impacto de Vizinhança
GAIS
Grupo Técnico de Avaliação e Informações de Saúde
HMV
Hospital Moinho de Ventos
HPV
Papilomavírus Humano
IAB
Instituto de Arquitetos do Brasil
IARC
International Agency for Research on Cancer
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICESP
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo
ICS
Instituto Curitiba de Saúde
INCA
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva
KKC
Kathleen Kilgour Centre
LLA
Leucemia Linfoblástica Aguda
LUOPS
Lei de Uso Ocupação e Parcelamento do Solo
OMS
Organização Mundial de Saúde
ONU
Organização das Nações Unidas
OPAS
Organização Pan-Americana de Saúde
PICS
Práticas Integrativas Complementares em Saúde
PNHAH
Programa Nacional de Humanização de Assistência Hospitalar
RCBP
Registro de Câncer de Base Populacional
RHC
Registro Hospitalar de Câncer
RM
Ressonância Magnética
RMN
Ressonância Magnética Nuclear
SIM
Sistema de Informações sobre Mortalidade
SUS
Sistema Único de Saúde
TC
Tomografia Computadorizada
UFRN
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
ZURC-2
Zona Urbana Consolidada 2
S UMÁRIO
Introdução
23
Justificativa
24
Problemática
25
Objetivos Gerais e Específicos
26
Metodologia
27
Parte 01 - Bases Conceituais: O câncer, sua evolução e os processos de humanização
31
1 O CÂNCER
33
1.1 O Câncer e sua trajetória
33
1.2 Estatísticas do Câncer no Brasil e no Mundo 42 2 OS MÉTODOS DIAGNÓSTICOS E OS TRATAMENTOS
54
2.1 Métodos Diagnósticos
54
2.2 Tratamentos Convencionais
57
2.3 Tratamentos Complementares
60
2.4 Terapias Ocupacionais
63
3 A HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA
66
3.1 Contextualização da Humanização
66
3.2 A Influência das Cores
68
3.3 A Influência da Iluminação
71
3.4 A influência dos Sons
73
3.5 A Função dos Mobiliários no Processo de Humanização
75
PARTE 02 - Revisão Histórica da Tipologia e Estudos de Caso
79
4 BREVE HISTÓRICO DA TIPOLOGIA
81
4.1 A Evolução dos Estabelecimentos Assistenciais
81
de Saúde no Combate do Câncer 5 REFERÊNCIAS PROJETUAIS:
86
5.1 Centro Kathleen Kilgour
86
5.2 Centro do Câncer da Universidade do Arizona (CCUA).
92
5.3 Praça do Hospital Popular de Panzhou.
98
6 ESTUDOS DE CASO COMPLEMENTARES
102
6.1 Centro de Tratamento de Câncer Maggie’s.
102
6.2 Hub de Saúde.
107
PARTE 03 - Condicionantes Legais
117
7 LEGISLAÇÕES APLICADAS
119
7.1 Plano Diretor de Suzano.
119
7.2 Lei de Uso Ocupação e Parcelamento do Solo (LUOPS).
119
7.3 Lei N° 12.342: Código Sanitário do Estado de São Paulo.
120
7.4 Resolução - RDC N°50
121
7.5 NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
122
7.6 NBR 9077: Saídas de Emergência em Edifícios.
123
PARTE 04 - Análise Territorial
125
8 A CIDADE E A ÁREA DE INTERVENÇÃO
127
8.1 A Região da Grande São Paulo
127
8.2 A Cidade
129
8.3 A Área de Intervenção
134
PARTE 05 - Esquemas Estruturantes
149
9 PROPOSTA PROJETUAL
149
9.1 O Perfil do Usuário
149
9.2 O Conceito
151
9.3 O Partido Arquitetônico
152
9.4 O Partido Urbanístico
152
9.5 Programa de Necessidades Arquitetônico
153
9.6 Fluxograma Arquitetônico
164
9.7 Proposta de Implantação Arquitetônica
166
9.10 Proposta de Implantação Urbana
168
CONSIDERAÇÕES FINAIS
171
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
175
Introdução
INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)¹, saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença” (OMS,1947). Isto é, estar em total equilíbrio biológico, psíquico e social. Este conceito defende a ideia de que a saúde e doença não resultam apenas de fatores biológicos do organismo do indivíduo, mas também do ambiente em que vivem e de suas relações sociais. De acordo com dados da OPAS/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde/ regida pela Organização Mundial da Saúde), em 2018, o câncer foi responsável por 9,6 milhões de óbitos², e em 2020, sendo responsável por 10 milhões de óbitos. Neste mesmo ano,19,3 milhões de pessoas receberam o diagnóstico da doença. Segundo os dados fornecidos pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva), a doença é listada como a segunda maior causa de morte no mundo, atrás apenas de doenças do sistema circulatório como as cardiovasculares, além disso, é a principal causa de óbitos entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no Brasil. Com os avanços tecnológicos, os tratamentos estão se tornando cada vez mais eficazes e demonstram sinais de esperança, o que até meados do século XIX não havia. Embora ainda não exista uma cura para o câncer, a detecção e o tratamento precoce da doença aumentam as chances de sobrevivência dos pacientes, podendo levar a um estado de remissão³. A tecnologia se mostrou fundamental neste processo, o avanço dos exames por imagem como tomografias e ressonâncias magnéticas permitiram identificar a presença de tumores antes que estes chegassem as fases avançadas, contribuindo na escolha do melhor tratamento. Os tratamentos contra o câncer também evoluíram nas últimas décadas, as radioterapias, quimioterapias e cirurgias são os três pilares mais utilizados, outras terapias que estão sendo utilizadas juntamente com os tratamentos convencionais são as terapias complementares e ocupacionais, que tratam não somente a doença mas o estado psicológico do indivíduo.
1 A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi fundada em 7 de abril de 1948, data em que se comemora o Dia Mundial da Saúde. É uma agência especializada em saúde pública, subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU). Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/ estudo/o-que-e-a-organizacao-mundial-da-saude-e-qual-a-sua-funcao/> 2
De acordo com dados da OPAS/OMS 2018 <https://www.paho.org/pt/topicos/cancer>
3 A remissão do câncer pode ser parcial ou completa, significa que os sinais da doença são mínimos ou ausentes, o paciente que permanece em remissão por cinco anos ou mais é considerado curado. 23
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Sabe-se que a recuperação dos pacientes está relacionada a fatores que vão além de tratamentos clínicos, fatores que estão atrelados a interação destes pacientes com as pessoas de seu convívio e a qualidade do ambiente em que estão inseridos. Deste modo a arquitetura pode contribuir para a recuperação do paciente, em conjunto com a assistência médica e psicológica, objetivando a recuperação do paciente de forma total, corpo, mente e espírito.
Justificativa Segundo a Constituição Federal de 1988: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. (Art. 196, Sessão II, Constituição Federativa do Brasil de 1988). Isto significa que, todos possuem direito a cuidados que vão desde a prevenção até a recuperação, devendo possuir tratamento de forma igualitária, sendo um direito de todos e de dever do Estado torná-la possível e acessível para todos os cidadãos. É dever do Estado prestar os serviços de saúde, disponibilizando atendimento médicohospitalar, e provendo os recursos necessários para a efetivação deste direito. Desta forma, o SUS (Sistema Único de Saúde) atua na prestação destes serviços de forma gratuita e acessível para todos. Entretanto, somente o sistema não é capaz de efetivar este direito, é necessário um conjunto de ações e espaços adequados para que este seja garantido. Deste modo, buscou-se compreender as necessidades do sistema público de saúde no Brasil, tendo os cuidados e tratamentos do câncer como foco desta pesquisa. Para contextualizar, estima-se que no Brasil, no período de 2020-2022, surjam 625 mil novos casos da doença para cada ano4, em virtude deste aumento de casos, optou-se pelo desenvolvimento de um Centro de Tratamento Oncológico, a ser
4 Estima-se que no Brasil, no período de 2020-2022 <https://www.inca.gov.br/noticias/brasil-tera625-mil-novos-casos-de-,cancer-cada-ano-do-trienio-2020-2022> 24
INTRODUÇÃO
implantado no município de Suzano, região metropolitana de São Paulo. A escolha do município é resultado da ausência de equipamentos públicos de saúde adequados na cidade que proporcionem o tratamento para pacientes com câncer. Em decorrência disso, há um deslocamento destes usuários para cidades vizinhas, resultando em uma alta demanda de pacientes nos centros de tratamento destes municípios, que muitas das vezes não estão equipados e preparados para receber esta demanda de pacientes, afetando diretamente na qualidade do tratamento e nas chances de recuperação e cura do paciente.
Problemática O câncer, como dito anteriormente, é uma das doenças que mais matam no mundo, este fator está associado a fatores externos como mudanças no ambiente provocadas pelo homem, hábitos, comportamentos e a falta de espaços que prestem os serviços de diagnóstico e tratamento, resultando na não detecção precoce da doença e por consequência a não realização do tratamento. Esta doença não escolhe idade ou classe social, os mais incidentes no triênio de 2020-2022 na população mundial considerando todas as faixas etárias e separados por gênero são: nas mulheres o câncer de mama apresentando uma taxa de 29,7%, liderando o ranking, seguido pelo câncer de cólon e reto com taxa de 9,2%, colo do útero com 7,4%, pulmão 5,6%, e tireoide 5,4%. Nos homens, o câncer de próstata lidera com 29,2%, cólon e reto 9,1%, pulmão 7,9%, estômago 5,9% e cavidade oral 5%. Estes dados foram fornecidos pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva). Atualmente o mundo vive um dos períodos mais complexos da história da saúde pública, a pandemia de Covid-19 evidenciou ainda mais um problema que já ocorria na maior parte do mundo: a falta espaços adequados para a prestação de serviços á saúde. Uma pesquisa realizada pelo Hospital Sírio Libanês em São Paulo em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), demonstrou que a pandemia de Covid-19 impactou no diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer. Os resultados demonstraram que “no mundo todo, incluindo o Brasil, mais de 52% dos pacientes atrasaram cirurgias ou tratamentos como quimioterapia e radioterapia, 25
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
e 77,5% interromperam os cuidados” (Organização Mundial da Saúde/Hospital Sírio Libanês, 2021). Estes dados são preocupantes para a saúde pública em uma escala global. A pandemia expôs o colapso no sistema público de saúde, com a lotação dos hospitais e a falta de equipamentos especializados para o tratamento da doença, resultando em um atraso nos atendimentos a estes pacientes, dificultando as chances de cura e recuperação dos mesmos. Um outro estudo publicado pela revista científica BMJ (British Medical Journal), avaliou que o atraso de um mês no tratamento contra o câncer eleva o risco de morte em 10%5. Outro fator que interfere consideravelmente para tais dados é a desigualdade no acesso aos tratamentos. Um estudo realizado pela Fundação do Câncer em um período de 2006 a 2018, revelou as desigualdades encontradas por mulheres que fazem tratamento do câncer de mama em redes públicas e particulares. Os registros demonstraram que as pacientes que procuram o tratamento pelo SUS levam mais tempo para iniciar o tratamento comparado as pacientes do setor privado, "cerca de 34% das pacientes de origem SUS iniciaram o tratamento antes dos 60 dias, contra 48% do setor privado" (SCAFF, Alfredo). Estes dados refletem a dimensão do problema, demonstrando a necessidade de maior atenção e ações efetivas para promover o tratamento da doença de forma igualitária, visto que a saúde é um direito de todos, garantido pela Constituição Federal de 1988.
Objetivos Gerais e Específicos O objetivo geral deste trabalho é desenvolver um projeto que possa ampliar e melhorar os serviços de tratamento a pacientes com câncer, não visando somente seu bem-estar físico mas levando em consideração todos os aspectos emocionais e sociais do indivíduo. O objetivo específico é a implantação de um Centro de Tratamento Oncológico a ser inserido no município de Suzano - São Paulo,com a finalidade de atender a demanda de pacientes acometidos pela doença na cidade, proporcionando acesso a consultas com especialistas, exames diagnósticos, tratamentos convencionais
5 O atraso de um mês no tratamento contra o câncer eleva o risco de morte em 10%. < https://www1. folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/11/estudo-mostra-que-atraso-de-um-mes-no-tratamento-decancer-eleva-risco-de-morte-em-10.shtml> 26
INTRODUÇÃO
e complementares, e o apoio psicológico, visando o atendimento público pelo Sistema Único de Saúde (SUS), objetivando melhorar o acesso aos tratamentos a pacientes que não possuem condições financeiras para custear estes tratamentos. Desta forma, busca-se a qualidade de vida destes pacientes e de seus familiares, proporcionando o acesso ao diagnóstico precoce, elevando as chances de cura da doença.
Metodologia A metodologia aplicada para o desenvolvimento deste trabalho se deu por meio de cinco partes contendo a apresentação do tema, dados estatísticos para compreensão da magnitude da doença, estudos de caso da tipologia construtiva e análise da área de intervenção. A primeira parte denominada Parte - Bases Conceituais: O câncer, sua evolução e os processos de humanização, dividida em três seções, é dedicada a compreensão do tema e sua evolução, os métodos de diagnóstico da doença e de tratamentos, e a importância da humanização dos serviços e dos ambientes durante este processo, buscando apresentar como os serviços de atendimento e os espaços de tratamento interferem na recuperação do paciente. Este capítulo foi elaborado com base em pesquisas, os gráficos elaborados e os dados estatísticos foram fornecidos pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes), OMS (Organização Mundial da Saúde), GLOBOCAN, OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), e IARC (International Agency for Research on Cancer). Para elaboração do histórico do tema foram utilizadas citações de Luiz Antonio Teixeira, graduado em História pela UFRJ (1987), mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ (1994) e doutor em História Social pela USP (2001). Outra autora importante para as definições abordadas neste trabalho é Cristina Maria Oliveira Fonseca, graduada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1982), com mestrado em História pela Universidade Federal Fluminense (1990) e doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro IUPERJ (2005), atua como pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, desde 1985. Faz parte deste capítulo as referências projetuais da tipologia construtiva. Buscou-se nos estudos de caso a referência projetual para tratamento do corpo, 27
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
mente e espírito. Desta forma, foram selecionados para referência em tratamento físico o Centro Kathleen Kilgour e o Centro do Câncer da Universidade do Arizona (CCUA). Para o tratamento psicológico (mente) foram selecionados estudos de caso que focassem na recuperação do paciente considerando os fatores emocionais, para tal foram selecionados o Centro de Tratamento Maggie e a Praça do Hospital Panzhou. A praça além de ser idealizada para a recuperação do paciente é uma referência projetual urbanística. Em relação aos cuidados com o espírito, fora selecionada referência projetual que integra os tratamentos físicos, psicológicos e práticas de terapias complementares associadas ao lazer, para tal fora selecionado o projeto do Hub de Saúde. No terceiro capítulo denominado Condicionantes Legais, foram abordadas as principais legislações que auxiliam na construção do Centro de Tratamento Oncológico, dentre elas: o Plano Diretor de Suzano; a Lei de Uso Ocupação e Parcelamento do Solo (LUOPS); o Código Sanitário do Estado de São Paulo; a RDC N°50; a NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos; e a NBR 9077 - Saídas de Emergência em Edifícios. Estas apresentam diretrizes e condicionantes para a implantação do projeto, sendo parte fundamental deste trabalho. No quarto capítulo denominado Análise Territorial, buscou-se apresentar a área de intervenção do macro para o micro, abordando primeiramente a inserção da Região Metropolitana no Estado de São Paulo, seguindo para a inserção da cidade na Região Metropolitana. Como parte da análise, foram elaborados levantamento de dados das unidades de saúde dedicadas ao tratamento do câncer na Região Metropolitana, buscando identificar os estabelecimentos mais próximos para tratamento da doença dos munícipes de Suzano e região, com esta constatação partiu-se para o mapeamento das unidades de saúde pública da cidade, buscando identificar se as mesmas atendem a região. A partir desta revisão do território de inserção, partiu-se para a apresentação do terreno e os elementos necessários para a compreensão do mesmo, como: análise topográfica e as edificações do entorno, realizadas por meio de imagens que demonstram estes elementos. Também buscou-se analisar o entorno do lote em um raio de 1.000m para a compreensão dos elementos que podem interferir na implantação do projeto. Para tal foram realizados os mapas de cheios e vazios, 28
INTRODUÇÃO
uso e ocupação do solo, gabarito de altura e sistema viário. Estes mapas permitiram a compreensão dos lotes ocupados e vazios que ainda podem ser implantadas novas construções, os edificações predominantes do entorno para compreensão do uso e o gabarito de altura demonstrando a altura máxima das edificações buscando identificar os edifícios que possam interferir na paisagem urbana. O mapa de sistema viário fora utilizado para identificar as vias confrontantes do lote, identificando as vias que podem gerar maior fluxo de veículos e por consequência as vias que podem gerar maiores transtornos aos usuários, este mapeamento permite a avaliação de implantação dos acessos ao edifício. No quinto e último capítulo denominado Esquemas Estruturantes, foram abordados os elementos que estruturam a proposta projetual, dentre eles: o perfil do usuário, o conceito, o partido arquitetônico e urbanístico, o programa de necessidades e o fluxograma. Estes são fundamentais para a compreensão de quem é o usuário e quais são suas necessidades que devem ser consideradas na implantação do projeto. Partindo para a proposta projetual, a conceituação e o partido arquitetônico e urbanístico demonstram a idealização do projeto e o objetivo que este busca atender demonstrando como esta idealização pode ser realizada. O programa de necessidades e o fluxograma abordam os primeiros estudos para a implantação da edificação, nestes estão presentes os ambientes necessários e o caminho para acessá-los. A proposta projetual a ser apresentada é baseada em todos os estudos e levantamentos de dados abordados neste trabalho, esta se torna percursora para a elaboração do projeto a ser apresentado na segunda fase, por meio de desenhos foram elaborados estudos de implantação do projeto arquitetônico e urbanístico, objetivando a setorização dos espaços para maior compreensão da elaboração da proposta projetual.
29
01 PARTE
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
O primeiro capítulo deste trabalho, denominado: Parte 1 - Bases Conceituais: Câncer, sua Evolução e o Processo de Humanização, aborda a definição do tema, o histórico e a evolução da doença até o séc. XXI, apresentando os avanços da medicina que revolucionaram e influenciaram nos tratamentos que conhecemos hoje. São abordados também os principais métodos de diagnóstico e tratamento utilizados no combate a doença, incluindo os tratamentos convencionais, complementares e integrativos. Como base fundamental neste trabalho, é abordado neste capítulo o processo de humanização nos centros de saúde e como a arquitetura influência neste processo. 32
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
1. O CÂNCER 1.1 O CÂNCER E SUA TRAJETÓRIA De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer): “Câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas que têm em comum o crescimento desordenado de células, que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos a distância. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo.” (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. O que é Câncer?, 2020).
A palavra câncer vem do grego karkínos, que significa “caranguejo”, este nome foi dado devido a aparência das células cancerígenas que se espalham no organismo, em que os vasos sanguíneos da região afetada se assemelham as patas e as pinças do caranguejo. Esta palavra surgiu através do médico Hipócrates6, por volta de 400 a.C. Através de estudos de Hipócrates (séc. IV. a.C.), o câncer foi caracterizado como “um tumor duro que, muitas vezes, reaparecia depois de extirpado, ou que se alastrava para diversas partes do corpo levando a morte” (TEIXEIRA, Luiz A.; FONSECA, Cristina O. 2007, p.14). Entretanto, um dos primeiros registros de câncer datam de 2.500 a.C., descrito em um papiro egípcio que foi traduzido em 1930, nele, são relacionados os relatos e tratamentos aplicados aos pacientes realizados pelo médico Imhotep7. O livro: O Imperador de Todos os Males – Uma biografia do Câncer (MUKHERERJEE, Siddhartha, Companhia das Letras, 2012), traz um trecho do papiro 6 Hipócrates (460.a.C. - 377 a.C.), foi um médico grego que dedicou-se por anos a prática da medicina e fundou a Escola de Hipócrates. Hipócrates procurava explicações para as doenças, ministrava que o médico deveria observar o paciente e registrar os sintomas. Ele desenvolveu processos a serem observados como, a temperatura corporal, o aspecto dos olhos e da pele, o apetite e a eliminação dos resíduos. 7 Imhotep (2686 a.C. - 2613 a.C.), foi um filósofo e idealizador da primeira pirâmide egípcia, além de ser um importante médico de sua época, que diagnosticou e tratou mais de 200 doenças. 33
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
em que relata a presença de uma massa saliente no peito, destacado pelo autor “dificilmente haveria uma descrição mais vívida do câncer de mama” (MUKHERERJEE, Siddhartha, 2012, p.40). No decorrer da história, o câncer foi visto de diversas formas pela sociedade, sendo considerado desde um tumor maligno a uma neoplasia8, passando de um infortúnio individual a um problema de saúde pública. Com a descoberta do sistema linfático9 no século XV, fez com que relacionassem a doença ao desequilíbrio da línfa no organismo, isto é, o desequilíbrio do sistema imunológico e das defesas do corpo que combatem as bactérias, vírus, parasitas e fungos, este desequilíbrio pode facilitar a entrada de diversas doenças no organismo, como a gripe, o resfriado e o câncer. O câncer passou a ser visto como uma doença local por certo período, mais precisamente a partir do século XVIII, com o desenvolvimento da anatomia patológica10 e o conhecimento sobre as células, através de estudos desenvolvido pelo anatomista italiano Giovanni Battista Morgagni (1662-1771), e o médico Marie François Xavier Bichat (1771-1802). O anatomista italiano publicou em 1761 “Sobre os Lugares e as Causas das Doenças Anatomicamente Verificadas” (MORGAGNI, Giovanni B.), onde descrevia a vida de seus pacientes, a forma como morreram e os achados de necropsia encontrados. O médico Marie François “elaborou um tratado revolucionário, mostrando que os órgãos são formados por diferentes tecidos, cujas lesões apontavam a localização das várias patologias” (TEIXEIRA, Luiz A.; FONSECA, Cristina O. 2007, p.15). Isto permitiu a compreensão dos diferentes tipos de câncer e as diversas localizações que ele poderia ser encontrado. O médico Joseph Claude Anthelme Recamier (1774-1852), ao observar um segundo tumor que estava no cérebro de sua paciente, que inicialmente havia atingido o seu seio, deu origem ao conceito conhecido hoje como metástase11. Os estudos de Joseph
8
Neoplasia é o crescimento excessivo e anormal das células.
9 O sistema linfático é um conjunto de tecidos, órgãos, e vasos que se dividem pelo corpo, ajudando a filtrar as impurezas do organismo. Ele contribui para a formação das células de defesa do organismo, combatendo os microrganismos que podem causar doenças. Disponível em: < https:// www.tuasaude.com/sistema-linfatico/> 10 A anatomia patológica consiste em um ramo da medicina, responsável por diagnosticar condições patológicas, isto é, um estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais das células, tecidos e órgãos, com base no exame macroscópico. 11 Metástase são células cancerígenas que se espalham pelo organismo, tecidos e órgãos.
34
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
indicavam que as células cancerosas na corrente sanguínea ou linfática provocam o surgimento de novos tumores em outros órgãos. No século XVIII, iniciou-se os tratamentos cirúrgicos que naquele momento foram considerados ineficazes, apenas no século XIX, com os avanços da cirurgia e das técnicas de assepsia12 e anti-sepsia13, desenvolvidas por Joseph Lister (18271912), dava uma nova esperança no combate ao câncer, visto que, a doença era considerada fatal, os pacientes eram desenganados pelos médicos, resultando na internação dos doentes em asilos, apenas esperando o momento de sua morte. A descoberta da assepsia foi um marco na medicina, que possibilitou a segurança na realização das incisões que antes eram ineficazes devido as infecções que surgiam. O primeiro sucesso obtido através da cirurgia na retirada de um câncer aconteceu em 1881, com a retirada de um câncer de estômago, pelo cirurgião alemão Theodor Billroth (1829-1894). Em 1890, o médico Willian Stewart Halsted realizou uma mastectomia14 no Hospital Johns Hopkins em Nova York. No ano de 1900, Ernest Wertheim (1864-1920) publicou os resultados de uma histerctomia15 do câncer de útero que havia reduzido os índices de óbitos com taxa de 72% para 10%. No século XIX a partir do trabalho desenvolvido por Virchow (1821-1902), com a criação da teoria celular, percebeu-se a vinculação das doenças às células e seu processo de divisão, ele acreditava que “o câncer era causado por uma irritação crônica e se propagava como um líquido no organismo” (TEIXEIRA, Luiz A.; FONSECA, Cristina O. 2007, p.16). Ainda no séc. XIX, o anatomista Wilhelm Waldeyer (1836-1921) identificou que as células cancerosas se desenvolvem a partir de células normais, e o processo chamado de metástase, era resultante do transporte das células cancerosas pela corrente sanguínea ou linfática. No Brasil, os primeiros registros de câncer datam do século XIX, onde pouco se sabia sobre a doença ou como tratá-la. Os enfermos com poucos recursos eram 12 Assepsia é um processo de limpeza, caracterizada por um conjunto de procedimentos que visam impedir a introdução dos germes em determinado organismo, ambiente e objetos. 13 Antissepsia é a desinfecção do local ou organismo que já foi infectado, esta desinfecção é realizada com produtos que reduzem ou eliminam os micro-organismos. 14 Mastectomia é um procedimento cirúrgico que consiste na excisão ou remoção total da mama. 15 Histerectomia é um procedimento cirúrgico que consiste na retirada do útero. 35
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
acolhidos em enfermarias ou casas de apoio, os mais abastados eram tratados em suas residências. Até então, não havia nenhuma notícia de cura para o câncer ou um tratamento efetivo, apenas os cuidados paliativos, somente os casos que apresentavam sintomas visíveis e específicos eram caracterizados como tumores, e devido aos poucos recursos da época, muitos casos foram negligenciados. Os acometidos pela doença eram sentenciados a uma vida de dor e sofrimento. Em meados do século XIX, as técnicas de tratamento da doença evoluíram no país para a retirada do tumor por meio de cirurgia, técnica que já era aplicada em outros países. Os procedimentos realizados eram a mastectomia e a histerectomia, que consistem na retirada da mama e do útero, respectivamente. Neste período, não existia outras opções de tratamento, os recursos eram limitados e o melhor tratamento considerado era a retirada dos tumores, que era um procedimento doloroso e que nem sempre dava resultado, mas poderia prolongar a vida do paciente por mais um tempo. Em 1872, uma das ações importantes protagonizadas por médicos brasileiros foi a descoberta da transmissibilidade hereditária do câncer, o médio Hilário de Gouveia foi responsável por este feito. Ele diagnosticou um caso de retinoblastoma16 no olho direito de uma criança do sexo masculino, anos depois, este cresceu e se casou com uma mulher que não possuía casos de câncer na família, tiveram dois filhos e estes possuíam o mesmo tipo de câncer do pai, o que deu início aos estudos da hereditariedade do câncer. Outro marco importante ocorrido no Brasil, aconteceu em meados dos anos 1900, o médico Arnaldo Vieira de Carvalho, obteve o sucesso na extirpação total de um estômago, sendo a quinta cirurgia deste tipo realizada no mundo. No início do século XX, os interesses pelo câncer aumentaram em todo o mundo, muito pelo fato de que os casos da doença só aumentavam a cada ano. As evoluções de tratamento no Brasil decorreram de congressos médicos internacionais, que possibilitou o contato com outros médicos, propiciando acesso a novas técnicas de combate a doença. Em 1910, o médico Olympio Portugal desenvolveu um estudo sobre a frequência do câncer, que mostrou que nos estados do Rio de Janeiro e São
16 Retinoblastoma é um tipo de tumor maligno (câncer) localizado no globo ocular (região dos olhos).
36
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
Paulo a mortalidade dos pacientes se mostrava ascendente. “O interesse da medicina brasileira pelo câncer teve uma ascensão relacionada a eventos de cunho internacional, como a Conferência Internacional sobre o Câncer, ocorrida em Paris, em 1910, e por seus desdobramentos nos congressos médicos latino-americanos. A partir de 1910, estudos de médicos cariocas e paulistas que procuravam mostrar a progressiva ampliação da incidência do câncer no País e sua possível contagiosidade acabaram reforçando esse interesse. Todo esse processo logrou uma vinculação efetiva da doença às preocupações da medicina nacional, num caminho ascendente ,que levaria à sua incorporação pela saúde pública, a partir da década de 1920.” (TEIXEIRA, Luiz A.; FONSECA, Cristina M.O. 2007, p.29)
Em meados dos anos 1910, inúmeras mudanças marcaram a saúde pública no Brasil, a princípio ela era associada as epidemias que assolavam a população neste período. No final dos anos 1919, começou a se pensar no câncer como saúde pública devido ao aumento de casos e de mortes pela doença, para tal foi desenvolvido o Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP). “Apesar do esforço dos sanitaristas em trazer o problema do câncer para a órbita da saúde pública, sua ação não logrou obter resultados imediatos, ficando a Inspetoria de Profilaxia da Lepra e das Doenças Venéreas com uma ação bastante limitada em relação ao câncer.” (TEIXEIRA, Luiz A.; FONSECA, Cristina M.O. 2007, p.33).
Em 1927, uma das únicas medidas instauradas em relação ao câncer como saúde pública foi a ampliação nos atestados de óbitos pela doença, que permitia a obtenção de dados mais confiáveis para as estatísticas. Para reverter isso e criar novas medidas de combate à doença, o DNSP enviou o médico brasileiro Sérgio Lima Barros de Azevedo para França e Alemanha, com o objetivo de estudar e desenvolver um relatório com as novas medidas que estavam sendo utilizadas em outros países. “O relatório apresentado por ele quando de sua chegada ressaltava a importância atribuída à educação sanitária nesses países. Também enaltecia o sistema francês que tinha como base o funcionamento 37
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
de centros regionais de tratamento espalhados por todo aquele país, circundados por uma rede de proteção social filantrópica.” (TEIXEIRA, Luiz A.; FONSECA, Cristina M.O. 2007, p.33).
O relatório abordava também que era necessário uma ampliação das estatísticas da doença para melhor propor as ações contra o câncer, ele também propunha a criação de uma rede de laboratórios aptas para realizar os exames de biópsia de casos suspeitos. Em suma, ele propunha que fosse seguido o modelo de orientações francesas para o controle da doença, com a criação de centros de tratamento regionais especializados no tratamento da doença, que possuíssem uma área ambulatorial, uma hospitalar e uma outra parte destinada aos estudos laboratoriais, além disso deveriam possuir um serviço social para o acolhimento destes pacientes. O trecho destacado por Luiz Teixeira e Cristina Fonseca destacam que apesar dos esforços de Azevedo não havia uma estrutura no Brasil para atender a complexidade da doença. “Apesar de grande parte dos médicos do período comungarem com as propostas de Azevedo, a saúde pública brasileira na época não tinha uma estrutura capaz de suportar uma organização tão complexa e custosa. Assim, o DNSP, por toda a sua existência, se limitou a pôr em prática iniciativas voltadas para a divulgação de conhecimento sobre a doença como forma de evitá-la ou tratá-la precocemente e medidas de refinamento de sua notificação. Embora o câncer fosse visto pela classe médica como um problema de grande importância, os níveis de sua incidência e o valor simbólico a ele atribuído não se comparavam aos de outras doenças como a malária, a tuberculose e a sífilis, vistas como empecilhos ao desenvolvimento do País e marca de seu atraso.” (TEIXEIRA, Luiz A.; FONSECA, Cristina M. O. 2007, p.33).
Na década de 1950 os cientistas estudavam três possibilidades para a causa do câncer: um vírus, substâncias químicas externas, e os genes. Até então, não se tinha muito conhecimento sobre a doença, e o fato de ser uma doença recorrente despertou a curiosidade dos cientistas, resultando na busca para a cura da doença. Atualmente sabe-se que a causa para o câncer não é apenas uma, o que dificulta o tratamento. Dos anos 2000 até os dias atuais, apesar do tempo e das evoluções da 38
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
tecnologia, os métodos de tratamento ainda estão focados na tríade: quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Sabe-se que, alguns tipos de cânceres são mais agressivos que outros e portanto não respondem a estes tratamentos, o que muita das vezes leva ao óbito do paciente. Porém, alguns cânceres são causados por fatores como maus hábitos, comportamentos, genética, substâncias químicas, certos alimentos, hormônios e condições imunológicas. Desta forma, podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis. A figura 01 e a figura 02 demonstram exemplos de campanhas utilizadas pelo Ministério da Saúde em conjunto com o INCA para conscientizar a população. Figura 01: Cartaz: Não deixe o tabaco tirar seu fôlego Fonte: INCA, 2019.
Figura 02: Cartaz: Parece inofensivo, mas fumar narguilé é como fumar 100 cigarros Fonte: INCA, 2015.
A linha do tempo apresentada na figura 03, demonstra a evolução dos conhecimentos e os marcos importantes da trajetória do câncer até o ano de 2018, destacando os principais momentos históricos que agregaram conhecimento e influenciaram nos diagnósticos e tratamentos do câncer. Em decorrência destas descobertas, os tratamentos do câncer se tornaram mais eficazes, prolongando a vida dos pacientes. 39
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Figura 03: Linha do Tempo - Trajetória do Câncer Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados fornecidos pelo ASCO (American Society of Clinical Oncology) e pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA)
2.500 a.C
1846
1860
Primeiros indícios do câncer
Criação da anestesia
Criação das técnicas de
Descritos em um papiro egípcio pelo médico
Criada a anestesia, na cidade de Boston,
Assepsia e Antissepsia
Imhotep. Nele são relatados os tratamentos
Estados
Desenvolvidas
aplicados aos pacientes que apresentavam
dentista americano Thomas Green Morton.
de
massas salientes no corpo, conhecidas depois
Resultando
permitindo
como câncer.
invasivos que não causassem dor ao
procedimentos invasivos, sem
paciente.
que houvessem infecções após
Unidos. em
Desenvolvida procedimentos
pelo mais
assepsia a
as e
técnicas antissepsia,
realização
de
os mesmos.
1896
1913
1947
Primeiro diagnóstico utilizando o
Criação da mamografia
Primeira
remissão
Raio-x
O cirurgião Albert Salomon inventa a
leucemia pediátrica
Realizado o primeiro diagnóstico com a
mamografia. Técnica utilizada para detectar
Realizada por meio do médico
utilização do raio-x, após sua descoberta em
o câncer de mama, só foi popularizada em
Sidney
1895.
1960.
Infantil de Boston. Alcançando
Ferber,
do
de
Hospital
a primeira remissão parcial da leucemia pediátrica em uma menina de 4 anos.
1981
2003 Obesidade é associada a causas
Desenvolvida a vacina
Hepatite B
de morte por câncer
para
A hepatite B é uma das principais causas
Uma pesquisa envolvendo quase 1 milhão
para o câncer de fígado. Em 1991, os
de americanos constatou que 20% das
Criada a vacina do papilomavírus
Estados Unidos iniciaram a vacinação na
mortes por câncer eram causadas por
humano (HPV), possibilitando a
população infantil, anos depois o número de
obesidade.
prevenção do câncer de colo do
Desenvolvida
a
vacina
para
casos em crianças de até 15 anos diminuiu em 98%.
40
2006
o
Papilomavírus
Humano (HPV)
útero.
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
1881
1884
1895
Primeira remoção de câncer de estômago com sucesso
Primeiro sucesso em uma mastectomia radical
Descoberta do raio-X
Primeiro sucesso obtido na remoção
Realização da primeira mastectomia
Wilhelm Conrad Roentgen. Realizando
de um câncer de estômago. Através
radical, feita pelo cirurgião William
a primeira radiografia de uma mão.
de cirurgia realizada pelo médico
Stewart Holsted, no Hospital Johns
alemão Theodor Billroth (1829-1894).
Hopkins.
1959
1972
Desenvolvido pelo físico alemão
1975
Iniciam as campanhas de cessação do tabagismo
Surgimento da Tomografia Computadorizada
Na década de 50, estudo identificaram
Realização da primeira mastectomia
que o tabagismo estava associado
radical, feita pelo cirurgião William
A quimioterapia adjuvante, utilizada
aos casos de câncer de pulmão
Stewart Holsted, no Hospital Johns
após o tratamento cirúrgico passou
Hopkins.
a prolongar a vida de mulheres com
Primeira quimioterapia adjuvante prolonga vida de mulheres com câncer.
câncer de mama em fase inicial. Importante método utilizado até os dias de hoje.
2013 Descoberta de uma nova abordagem para o tratamento da leucemia infantil Um estudo clínico mostrou que uma
2018 Terapia combinada fornece o primeiro tratamento eficaz para o câncer de tireoide anaplásico em quase 50 anos
nova abordagem chamada terapia de
O
tratamento
combinado
com
células T levou à remissão completa
trametinib e dabrafenib (remédios em
da leucemia linfoblástica aguda
comprimido) tornou-se o tratamento
(LLA).
padrão para pacientes com câncer de tireoide anaplásico.
41
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
1.2 ESTATÍSTICAS DO CÂNCER NO BRASIL E NO MUNDO Apesar dos avanços significativos das instituições públicas e privadas com a missão de tratar, prevenir e pesquisar formas de combate a doença, os índices dos últimos anos ainda se mostram crescentes. De acordo com a OMS, em 2018 ocorreram 18 milhões de novos casos e 9,6 milhões de mortes por câncer no mundo17. No ano de 2019, o câncer esteve entre a primeira ou segunda causa de morte antes dos 70 anos em 112 países18, registrando 7,6 milhões de mortes. Segundo o relatório "Global Cancer Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide for 36 Cancers in 185 Countries" publicado pela IARC (International Agency for Research on Cancer), para o ano de 2020, eram previstos 19,3 milhões de casos (aumento de 7,22% em relação a 2018), e 10 milhões de óbitos (aumento de 4,16% em relação ao ano de 2018). "A iniciativa intitulada GLOBOCAN recolhe os dados epidemiológicos dos países e publica as atualizações a cada 2 anos, enfatizando a distribuição epidemiológica da doença e a relação desses dados com o contexto socioeconômico da região e as estratégias de diagnóstico precoce e prevenção. Nessa iniciativa, 185 países estão envolvidos com o registro de 36 diferentes tipos de câncer." (ARRAES, Cecília. 2021).
Neste relatório também há a projeção da incidência do câncer para 2040, estima-se que 28,4 milhões de casos surjam em 2040, representando um aumento de 47% em relação aos casos de 2020, esta projeção é devida ao envelhecimento da população e consequentemente os comportamentos que estão associados aos fatores de risco. "A magnitude relativa do aumento é mais notável nos países com IDH baixo (95%) e nos países com IDH médio (64%). Em termos de carga absoluta, os países com IDH elevado deverão registar o maior
17 De acordo com a OMS. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/estimativa/introdução> 18 No ano de 2019. Disponível em: < https://www.cnnbrasil.com.br/saude/quais-canceres-sao-maiscomuns-e-mais-mortais/>
42
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
aumento da incidência, com mais 4,1 milhões de novos casos em 2040 em comparação com 2020. Esta projeção deve-se unicamente ao crescimento e envelhecimento da população e pode ser ainda mais exacerbada por uma prevalência crescente de fatores de risco em muitas partes do mundo." (GLOBOCAN, 2021).
A figura 04 apresenta um gráfico com os cânceres mais incidentes no mundo, segundo dados fornecidos pela OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde). Podemos observar que os cânceres mais incidentes são os de mama e pulmão, seguido pelo câncer de colorretal, próstata, câncer de pele não melanoma e estômago. No Brasil o cenário não é muito diferente do resto do mundo. De acordo com a publicação "Estimativa 2020 - Incidência de Câncer no Brasil" (INCA, 2020), que abrange a incidência da doença no período de 2020 à 2022, o Brasil terá 625 mil novos casos da doença para cada ano, resultando em 1.875.000 casos da doença nos três anos. O estudo fora realizado com os dados de morbimortalidade obtidas pelos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), Registros Hospitalares de Câncer (RHC) e pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Na figura 05 podemos observar os tipos de câncer mais incidentes no Brasil no período de 2020 á 2022, as porcentagens foram aplicadas ao total de 625 mil casos para cada ano. O câncer de pele não melanoma representa a maior taxa com 177 mil casos (28%), seguido pelo câncer de próstata e mama, representando 66 mil casos cada um (11%), câncer de cólon e reto com 41 mil casos (7%), câncer de pulmão com 30 mil casos (5%), câncer de estômago com 21 mil casos (3%), e 224 mil casos que representam outros tipos de câncer (36%). Na figura 06 e figura 07 podemos observar os índices de câncer separados por sexo, feminino e masculino, respectivamente. Nas mulheres o câncer com maior incidência é o de mama (29,7%), seguido pelo câncer de pele não melanoma (29,5%), câncer de cólon e reto (9,2%), câncer de colo do útero (7,5%), câncer pulmão (5,6%), câncer de tireoide (5,4%), 13,1% representam vários outros tipos de câncer. Para os homens, o câncer mais incidente será o de próstata (29,2%), seguido do câncer de pele não melanoma (27,1%), câncer de cólon e reto (9,1%), câncer de pulmão (7,9%), 43
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
câncer de estômago (5,9%), câncer de cavidade oral (5%), e 15,8% representam outros tipos de câncer. Estes gráficos demonstram os cânceres mais incidentes e a projeção para os anos futuros, eles foram realizados para compreender a evolução do câncer e alertar a população e as organizações de saúde mundiais sobre os autos índices que crescem a cada ano e demonstram preocupação. Este estudo é realizado para que possa ser implantado medidas de controle para o combate a doença, estas medidas são realizadas através de campanhas de conscientização dos fatores de risco, dos métodos diagnósticos para a detecção da doença e a instalação de novos espaços e equipamentos adequados para o tratamento do câncer. "Em todo mundo, são esperados 28,4 milhões de novos casos de Câncer em 2040, um aumento de aproximadamente 47% em relação a 2020. Esse aumento será ainda mais expressivo em
Figura 04: Incidência do Câncer no mundo, 2018 Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados fornecidos pela OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde)
44
Figura 05: Incidência do Câncer no Brasil no triênio de 2020-2022 Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados fornecidos pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva)
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
países com IDH considerado baixo ou médio, estimado em 96% de crescimento na incidência de novos casos de câncer em relação a 2020. Essa projeção reflete o crescimento e envelhecimento populacional, exacerbado por aumento de prevalência dos fatores de risco. É preciso se preparar para o impacto desta doença nos diversos sistemas de saúde, com adoção de medidas de prevenção, diagnóstico precoce e alocação de recurso para tratamento adequado, que ano após ano, assume maior complexidade e custo." (GLOBOCAN, 2020).
As figuras 08 e 09 apresentam mapas com os cânceres mais mortais no sexo masculino e no sexo feminino, respectivamente, e a localidade onde são mais incidentes, estes dados auxiliam na identificação de fatores como meio ambiente, comportamentos e hábitos culturais de cada país, que podem interferir no surgimento de alguns tipos de câncer, tornando-os mais incidentes, com base nisso, é possível
Figura 06: Incidência do Câncer em mulheres no triênio de 2020-2022
Figura 07: Incidência do Câncer em homens no triênio de 2020-2022
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados fornecidos pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados fornecidos pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer
José Alencar Gomes da Silva)
José Alencar Gomes da Silva)
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
propor medidas para mudar este cenário. Podemos observar que nos homens os cânceres que mais causam mortes é o de pulmão, seguido pelo câncer de próstata, câncer de fígado e câncer de estômago. Nas mulheres o câncer com maior incidência de mortalidade no mundo é o câncer de mama, seguido pelo câncer de colo do útero, câncer de pulmão e câncer de fígado. Estes dados demonstram o aumento de casos que provavelmente serão acompanhados pelo aumento das taxas de mortalidade se não forem tratados. As causas para tal estão relacionadas a fatores como: o tabagismo, o consumo de álcool, dieta pouco saudável, falta de atividades físicas, além de doenças infecciosas como o papilomavírus humano (HPV), hepatite B e C. Segundo a Organização PanAmericana de Saúde (OPAS), entre 30% e 50% dos cânceres poderiam ser prevenidos evitando os fatores de risco, neste caso, aplicando aos 625 mil casos para cada ano de 2020 á 2022 no Brasil, poderiam ser evitados 250 mil casos da doença para cada ano. Cerca de 70% dos cânceres ocorrem em países de baixa e média renda, as causas para tal está relacionada com hábitos e comportamentos, falta de tratamentos e equipamentos adequados para a detecção precoce da doença. A falta de informações e de medidas de prevenção também são fatores que contribuem para esta estatística. O aumento de casos é preocupante e pode sobrecarregar os sistemas de saúde, sendo necessária a implantação de medidas para o controle e o combate da doença, visando evitar mais mortes. "Entre 30% e 50% dos cânceres podem ser prevenidos. O câncer pode ser reduzido e controlado por meio da implementação de estratégias baseadas em evidências para a prevenção, a detecção precoce e o tratamento de pacientes com a doença. Muitos cânceres têm uma alta chance de cura se detectados precocemente e tratados adequadamente." (OPAS, Organização Pan-Americana de Saúde. 2020).
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Câncer de Pulmão
Câncer de Próstata
Câncer de Fígado
Câncer de Estômago
Câncer de Colorretal
Sarcomas
Câncer de Cavid. Oral
Sem registros
Figura 08: Incidência e mortalidade do câncer em homens no mundo, 2020. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados fornecidos pelas Estatísticas Globais do Câncer 2020: Estimativas Globais de Incidência e mortalidade em todo o mundo para 36 cânceres em 185 Países. Câncer de Mama
Câncer de Colo do Útero
Câncer de Pulmão
Câncer de Fígado
Câncer de Estômago
Sem registros
Câncer de Colorretal
Figura 09: Incidência e mortalidade do câncer em mulheres no mundo, 2020. Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados fornecidos pelas Estatísticas Globais do Câncer 2020: Estimativas Globais de Incidência e mortalidade em todo o mundo para 36 cânceres em 185 Países. 47
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Figura 10: Manifestação por melhores tratamentos em La Paz (Bolívia) Fonte: EL PAÍS. Aizar Raldes/AFP/Getty Images, 2018
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BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
A figura 10 apresenta uma manifestação realizada na en La Paz (Bolívia) no ano de 2018. A imagem apresenta uma senhora com um cartaz com a seguinte frase: "Tengo cáncer, no tengo dinero ¿Por eso estoy condenada a la muerte?", em tradução para o português: "Tenho câncer, não tenho dinheiro, por isso estou condenada a morte?". A figura representa a superlotação e a demora no atendimento nos centros públicos de tratamento da doença, que não ocorre somente na Bolívia, há uma fila de pacientes a espera de tratamento em diversos países, e como já dito neste trabalho, o diagnóstico precoce da doença proporciona maiores chances de cura, e o atraso do mesmo pode levar a morte do paciente. "A Europa registra 23% dos casos e 20% das mortes, com apenas 9% da população mundial. A América tem 21% da incidência e 14% das mortes, com 13% dos habitantes do planeta. A África, com quase 500 milhões de habitantes a mais que a Europa, não chega a 6% dos casos. Nas sociedades mais desenvolvidas, a expectativa de vida é mais alta e há maior incidência de câncer. Nos países menos desenvolvidos, as pessoas vivem menos e morrem mais de causas infecciosas [HIV/AIDS e malária]” (GRAGERA, Rafael Marcos, 2018)
No Brasil a situação não é muito diferente, o Sistema Único de Saúde (SUS) presta atendimento público a todos os cidadãos, sendo um direito garantido pela Constituição Federal de 1988. Apesar disso, percebemos a falta de espaços adequados e equipamentos de diagnóstico e tratamento da doença. A figura 11 expressa o longo caminho para diagnóstico e tratamento do câncer no Brasil, o que traz graves consequências para o paciente. "O tempo médio para diagnóstico do câncer no Brasil é de 270 dias na rede pública de saúde. Essa demora faz com que cerca de 80% dos pacientes com algum tipo da doença comecem o tratamento em estágios mais avançados – portanto, com menores chances de cura. [...] Enquanto isso, aponta o TCU, a cada hora, pelo menos 27 pessoas morrem vitimadas pelo câncer no Brasil, a principal causa de óbito em 516 cidades, praticamente 10% do total." (ONCOGUIA, 2019).
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BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
Primeira consulta com médico especialista a partir do encaminhamento do médico generalista com a identificação dos primeiros sintomas. Realização de exames para confirmação da doença pelo SUS (Sistema único de Saúde). Liberação dos resultados dos exames necessários para diagnóstico do câncer. Retorno com especialista para confirmação do diagnóstico e início dos procedimentos para dar início ao tratamento. Início para o tratamento da doença.
Controle de sintomas e alívio da dor.
CUIDADOS PALIATIVOS
05
TRATAMENTO
DIAGNÓSTICO
PROCEDIMENTO
04
Quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e cirurgia
03
Exames laboratoriais, de imagem e biópsia
02
Consulta Especializada
Consulta com médico generalista
RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO PRECOCE
01
INVESTIGAÇÃO
Figura 11: Linha de Cuidado do Câncer Fonte: Elaborado pelo autor com o fornecimento e dados do Oncoguia.
TEMPO MÉDIO PARA ATENDIMENTO 33 A 52 DIAS
23 A 69 DIAS
20 A 50 DIAS 36 DIAS
60 DIAS
Sabe-se que o câncer não afeta somente adultos, também afeta crianças e adolescentes. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) publicou em 2020 as projeções de incidência do câncer infanto-juvenil para o triênio de 2020-2022. É estimado que para cada ano surjam no Brasil 8.460 novos casos, sendo 4.310 casos em homens e 4.150 em mulheres, isto representa 25.380 casos de câncer infanto-juvenil em três anos. De acordo com o INCA, cerca de 80% dos casos de câncer infanto-juvenis podem ser curados se forem diagnosticados precocemente e tratados, aplicando esta 51
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
porcentagem aos 25.380 casos esperados para o triênio de 2020-2022, poderiam ser curados 20.340 casos da doença. "O câncer infantojuvenil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Diferentemente do câncer do adulto, o câncer infantojuvenil geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação." (INCA, 2020). Um dos cânceres mais incidentes neste grupo é a leucemia, um tipo de câncer que atinge os glóbulos brancos, que constituem em um conjunto de células produzidas na medula óssea. Os glóbulos brancos são responsáveis por defender o organismo de corpos estranhos, sinalizando o sistema imunológico sobre a invasão dos mesmos. Em decorrência disso há a ação dos linfócitos T e dos linfócitos B, sendo o primeiro responsável pela captura dos invasores e o segundo pela destruição dos corpos estranhos no organismo. Para contextualizar, quando os glóbulos brancos não funcionam corretamente eles se tornam suscetíveis a infecções, deixando o organismo doente. Apesar disso, a leucemia é um dos tipos de câncer ao qual não foram encontrados fatores de risco, portanto não há conhecimento de como evitá-la, dificultando as formas de prevenção. Este tipo de câncer causa sintomas como: fadiga, dores nos ossos e nas articulações, sangramentos, febre e perda de peso. É comum a utilização da quimioterapia e o transplante de medula óssea para o tratamento deste tipo de câncer, o transplante é realizado em sala cirúrgica, exigindo uma estrutura física muito maior. Outro tipo de câncer que costuma afetar as crianças e os adolescentes são os tumores cerebrais do sistema nervoso central (SNC), representando 26% dos casos de câncer infanto-juvenis, estes tumores atingem as áreas do cerebelo e tronco cerebral, causando náuseas, dores de cabeça, tonturas, visões turvas ou duplas, dificuldades para caminhar ou manipular objetos. Este tipo de tumor é tratado com quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Os cânceres mais frequentes em adolescentes são os tumores ósseos, sendo os principais: osteossarcoma e tumor de Ewing, juntos eles representam 3% dos 52
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
cânceres em adolescentes. Os osteossarcomas normalmente se desenvolvem nas partes ósseas do corpo que ainda estão em crescimento, como os ossos das pernas e dos braços. O tumor de Ewing costuma atingir os ossos da pelve, tórax, ou na parte do meio dos ossos da perna. Os sintomas incluem inchaços e dores na região afetada, e os tratamentos envolvem cirurgia, radioterapia e quimioterapia. O câncer vai além dos sintomas físicos, ele afeta diretamente o emocional do paciente. O artigo denominado "O paciente com câncer: cognições e emoções a partir do diagnóstico" (SILVA, Shirley de S. e col. 2008), aborda os efeitos emocionais que o diagnóstico do câncer traz aos pacientes e familiares destacando os sentimentos e as consequências frequentes destes quando não são tratados. "Esta doença, vista pelo indivíduo, como uma ameaça do destino, desencadeia
uma
série
de
sentimentos
como
impotência,
desesperança, temor e apreensão, levando o diagnóstico a ser, frequentemente, acompanhado de depressão, consequência ocorrida pelo fato do paciente não conseguir aceitar sua doença (SILVA, Shirley de S. e col. v.4, n.2, p.76, Rio de Janeiro 2008)"
Desta forma, podemos observar que a doença não pode ser tratada considerando somente os aspectos físicos do paciente, mas também considerando os aspectos emocionais dos mesmos, objetivando a cura do paciente como um todo visto que os sentimentos mencionados acima podem interferir no agravamento da doença. Para tal, é necessário que haja um conjunto de ações e o envolvimento de profissionais multidisciplinares para promover a estrutura necessária para a recuperação do paciente.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
2. OS MÉTODOS DIAGNÓSTICOS E DE TRATAMENTOS 2.1 MÉTODOS DIAGNÓSTICOS Os diagnósticos e tratamentos da doença vieram com o estudo de outros campos de investigação, como a química e a física. Os exames diagnósticos que possibilitaram maior conhecimento da doença surgiram em 1895 com o raio-x, desenvolvidos pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen, que utilizou um filme fotográfico como parte dos equipamentos para realizar a primeira radiologia, ela foi feita em sua esposa, colocando a mão esquerda da mesma no chassi, o processo durou cerca de 15 minutos, e resultou na imagem dos ossos da mão. Este era o início da evolução dos exames diagnósticos da medicina, sendo um exame utilizado hoje para diagnosticar diversas doenças, e a partir dele outros exames mais precisos foram surgindo, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. A tomografia foi criada na década de 70 pelo engenheiro eletrônico britânico Godfrey Newbold Hounsfield. O método utilizava a radiação para medir a densidade e assim obter imagens, inicialmente foi realizada no cérebro para finalidades diagnósticas. “Neste método, cujo desenvolvimento transcorria há 10 anos, seriam feitas diversas medidas de transmissão dos fótons de raio X, em múltiplos ângulos e, a partir desses valores os coeficientes da absorção pelos diversos tecidos seriam calculados pelo computador e apresentados em uma tela como pontos luminosos, variando do branco ao preto, com tonalidades intermediárias de cinza. Os pontos formariam uma imagem correspondente a uma seção axial do cérebro, que poderia ser estudada ou fotografada, para avaliação posterior.” (INCURSOS, 2019).
O primeiro equipamento de Tomografia Computadorizada (TC) foi utilizado no Atkinson Morley Hospital, Londres. No Brasil, o primeiro tomógrafo foi instalado no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, no ano de 1977. Em 1979, Godfrey Newbold Hounsfield e Allan Cormack receberam o prêmio Nobel em Fisiologia e Medicina pelo desenvolvimento da tomografia computadorizada. A tomografia fornece imagens em alta resolução, detectando alterações em ossos, tecidos, órgãos e outras 54
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
estruturas do corpo. O exame busca investigar nódulos ou tumores e auxilia no diagnóstico do câncer. O aparelho gira em torno dele mesmo gerando as radiografias em cortes transversais, o procedimento dura em torno de 10 a 30 minutos e não é considerado invasivo, a depender do caso é aplicado um contraste19 que facilita a visualização de determinadas áreas. Outro exame de imagem muito utilizado para o diagnóstico da doença é a Ressonância Magnética (RM). O primeiro protótipo foi construído na década de 70 pelo médico Raymond Vahan Damadian, que descobriu que os tumores e tecidos normais poderiam ser diferenciados através da ressonância magnética nuclear (RMN) através de um método de relaxamento dos tecidos, porém os estudos da ressonância magnética nuclear que levaram a construção do equipamento surgiram muitos anos antes, mais precisamente em 1946. "Felix Bloch, da Universidade de Stanford e Edward Purcell, de Harvard, concluíram que alguns núcleos ao serem colocados em campos magnéticos, absorviam energia dentro de uma faixa de radiofrequências do espectro eletromagnético. Com isso, eram capazes de reemitir esta energia, quando os núcleos restauravam seu estado original." (RADVANY, João. 2004).
Apesar das semelhanças, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética possuem diferenças. A tomografia computadorizada utiliza as radiações (raio-x) para gerar as imagens em diferentes intensidades, este exame necessita de equipamento específico, o tomógrafo, que gira em torno dele mesmo gerando as imagens em cortes transversais (figura 12). A ressonância magnética não utiliza raio-x, mas sim campos magnéticos e ondas de rádio, assim como a tomografia é necessário um equipamento específico, porém neste equipamento a maca onde está o paciente é deslizada para dentro de um tubo para assim gerar as imagens. Ambas possuem alta resolução de imagens e são indicadas em casos específicos, para a sua realização é necessário ficar imóvel para que não haja alterações nas imagens, e também a retirada de todos os objetos de metais que há no corpo. Há dois tipos de 19 O contraste é uma substância química que realça algumas áreas específicas do corpo, diferenciando os tecidos normais de lesões ou processos inflamatórios. 55
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
equipamentos para a realização da ressonância magnética: a de campo fechado e a de campo aberto. A ressonância magnética de campo fechado, é um equipamento com abertura de 60 a 70cm de diâmetro (figura 13), onde a maca é deslizada para dentro do tubo, a potência varia de 1 a 3 Tesla20. A ressonância magnética de campo aberto é realizada em um equipamento com abertura em três lados onde o paciente não precisa entrar dentro do tubo (figura 14), é mais utilizado em pacientes com claustrofobia21 e pacientes com obesidade, a potência utilizada é de 0,35 Tesla. Figura 12: Tomógrafo Fonte: Sky Factory, 2022.
Figura 13: Ressonância Magnética em Campo Fechado Fonte: Business Wire, 2017.
Figura 14: Ressonância Magnética em Campo Aberto Fonte: CAL Clínica, 2021.
20 Tesla é uma unidade para densidades de fluxo magnético, o nome é em homenagem à Nikola Tesla (1856 -1943engenheiro eletrotécnico e mecânico, responsável por inúmeras tecnologias como a transmissão via rádio, a robótica, o radar, a física teórica e nuclear e da ciência computacional. 21 A claustrofobia é uma fobia situacional que envolve o medo de espaços fechados ou confinados.
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BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
2.2 OS TRATAMENTOS CONVENCIONAIS Para chegar aos tratamentos que conhecemos hoje, como a quimioterapia e radioterapia, fora necessário muito estudo e investimento em pesquisas. A partir da descoberta do raio-x, vieram as radioterapias, que de acordo com o INCA é “um tratamento no qual se utilizam radiações ionizantes (raio X, por exemplo) para destruir um tumor ou impedir que suas células aumentem”22. Esta técnica era realizada com a utilização de tubos que eram introduzidos nos pacientes para que os raios atingissem os órgãos acometidos pela doença. Porém, este tratamento era considerado perigoso, causava queimaduras e se utilizado em altas doses poderia ser cancerígeno. Naquele momento não havia a padronização da dosagem, o que tornava o método inseguro, desta forma muitos médicos se mostravam conservadores não utilizando-a como terapia. Em 1898 a descoberta do rádio trazia uma nova ferramenta para combater o câncer, ela consistia em um efeito cauterizante sobre a pele, que diferente da radioterapia, seu controle era facilitado, devido ao fato de que “a radiação gerada pelo rádio é diretamente proporcional à quantidade do elemento empregado” (TEIXEIRA, Luiz A.; FONSECA, Cristina M. O. 2007, p.18). No século XX percebeu-se que doses diárias de radiação emitidas na quantidade certa aumentavam bastante as chances de cura do paciente. Hoje em dia, a radioterapia é realizada através de máquinas que fornecem terapia de radiação, é possível ajustar as intensidades dos feixos, emitindo a radiação direto no tumor possibilitando a remoção do mesmo. A radioterapia possui seus efeitos colaterais, que incluem a fadiga, reações cutâneas, perda de cabelo, náuseas e vômitos e a perda de apetite. "A maioria dos efeitos colaterais causados pela radioterapia dura apenas alguns dias ou semanas após o término do tratamento. Entretanto, alguns como os sintomas de fadiga ou perda de cabelo (em casos onde a região da cabeça recebe a radiação), podem durar alguns meses." (ONCOGUIA, 2014).
22 De acordo com o INCA. Disponível em: < https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/o-que-eradioterapia> 57
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Durante a Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, surgiu a quimioterapia, através de estudos realizados em soldados que possuíram contato com o gás mostarda23, estas pessoas começaram a apresentar diminuição dos leucócitos em suas medulas ósseas e no seu sistema linfático. Em 1941, pesquisadores da Universidade de Yale descobriram que a substância causava a remissão de alguns linfomas24, em 1942 foi descoberto que proporcionava o desaparecimento de tumores. "O tratamento dos tumores malignos começou com a cirurgia – provavelmente muito antes dos egípcios. No início do século 20, a descoberta dos raios X abriu caminho para a destruição de tumores pela radioterapia. Na década de 1940, as pesquisas secretas do exército americano para utilização da mostarda nitrogenada como gás de guerra conduziram ao nascimento da quimioterapia. Com ela, estava inaugurada a era moderna do tratamento do câncer disseminado." (VARELA, Drauzio. 2011).
Estes passos deram início as pesquisas que resultaram nos avanços da quimioterapia. Assim como a radioterapia, a quimioterapia possui seus efeitos colaterais que envolvem enjoos, vômitos, diarreia, fadiga, alterações no tom da pele, tonturas, queda de cabelo, alterações hormonais e de humor. Vale lembrar que estes efeitos são diferentes para cada caso e para cada organismo. Atualmente há quatro classificações dos tratamentos de quimioterapia que são aplicadas em diferentes estágios da doença, a quimioterapia curativa; quimioterapia adjuvante; quimioterapia neoadjuvante e a quimioterapia paliativa, como demonstrado na figura 15. A quimioterapia curativa é aplicada quando o objetivo é curar o câncer e é realizada através de quimioterápicos específicos. A quimioterapia adjuvante é utilizada quando o objetivo é exterminar as células cancerosas que podem não ter sido eliminadas com a cirurgia. A quimioterapia neoadjuvante é utilizada para realizar a redução do tumor antes da radioterapia ou cirurgia. A quimioterapia paliativa é realizada quando
23 Gás mostarda é uma substância conhecida pelo seu uso como arma química, pode provocar transtornos respiratórios, cegueiras e bolhas. Foi utilizado durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial. 24 Linfomas são um grupo de cânceres das células do sistema imunológico, este grupo é composto por mais de 60 diferentes tipos de câncer.
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BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
o câncer se encontra em estágio avançado, visando melhor qualidade de vida do paciente. Os dois tratamentos possuem diferenças entre si, enquanto a quimioterapia é realizada de forma oral ou venosa, atingindo todo o corpo, a radioterapia é realizada com a utilização de um aparelho que emite os raios especificamente na área do tumor.
Figura 15: As classificações da quimioterapia Fonte: Elaborado pela autora.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
2.3 AS TERAPIAS COMPLEMENTARES O Ministério da Saúde criou em 2006 as Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS), que consiste em recursos terapêuticos que visam a prevenção de doenças e a recuperação do paciente, muito utilizada em pacientes com câncer. Elas são utilizadas em conjunto com os tratamentos convencionais, visando o bem-estar do paciente como um todo, seu físico, o seu emocional, o seu estado espiritual e psicológico. "Uma das abordagens desse campo são a visão ampliada do processo saúde/doença e da promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado. As indicações são embasados no indivíduo como um todo, considerando-o em seus vários aspectos: físico, psíquico, emocional e social." (MINISTÉRIO DA SAÚDE, Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS).
São Práticas Integrativas e Complementares: Medicina Tradicional Chinesa/ Acupuntura, Medicina Antroposófica, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Termalismo Social/Crenoterapia, Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa, Yoga, Apiterapia, Aromaterapia, Bioenergética, Constelação familiar, Cromoterapia, Geoterapia, Hipnoterapia, Imposição de mãos, Ozonioterapia e Terapia de Florais. Estes tratamentos auxiliam na redução dos efeitos colaterais, trazendo maior conforto ao paciente. Segundo o Dr. Thomas Breitkreuz, chefe do Hospital Paracelsus, em Munique, um dos mais importantes centros da Alemanha, a medicina integrativa se concentra na qualidade de vida do paciente, ele destaca a importância da prática de atividades físicas e a inclusão do esporte nesta forma de tratamento, “A atividade física é muito importante. A prática de caminhadas durante o tratamento pode reduzir o risco de mortalidade associada ao câncer de mama, por exemplo" (BREITKREUZ, Thomas). "Segundo o especialista, no EUA quase todas as universidades têm centros de medicina integrativa, que combinam fitoterápicos, massagem, exercícios físicos, acupuntura, entre outras modalidades. 60
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
Na Europa, práticas como a psico-oncologia, acompanhamento nutricional e a terapia artística também vêm sendo utilizadas pelos centros de oncologia." (HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ, Conheça os benefícios da medicina integrativa para oncologia. Boletim do Câncer).
A figura 16 demonstra a prática da yoga, que consiste em um conjunto de técnicas que combinam posições, respiração e meditação para reconectar o ser consigo mesmo ou algo maior. Esta técnica auxilia na redução do estresse, alivia as dores crônicas e auxilia no equilíbrio mental. A acupuntura, demonstrada pela figura 17, é uma técnica milenar chinesa que consiste na aplicação de agulhas sob a pele em pontos específicos do corpo, esta técnica ajuda a melhorar a imunidade, reduz o estresse emocional e a auxilia no tratamento de doenças como a enxaqueca. A figura 18 apresenta a musicoterapia, que de acordo com a Federação Mundial de Musicoterapia, é: "[…] é a utilização da música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas." (World Federation of Music Therapy).
A figura 19 apresenta a dançaterapia que é realizada com um grupo de pessoas que se reúnem e praticam a dança. Um estudo realizado em 44 indivíduos com câncer, com idade entre 18 e 65 anos que praticam este método de terapia, demonstrou que a prática do exercício traz inúmeros benefícios a saúde física e mental do paciente, "[...] sobre os benefícios da dança a maioria acha que dá disposição, ânimo, energia e bemestar, além de terem um melhor sono, e também auxilia na melhora física, funcional e na saúde." (LIMA e col. 2021). Desta forma, podemos observar a importância das Práticas Integrativas Complementares em Saúde (PICS) no tratamento de doentes com câncer, que podem trazer inúmeros benefícios físicos e emocionais, que são de extrema importância no combate da doença. 61
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Figura 16: Prática de Yoga
Figura 17: Acupuntura
Fonte: Time Out, 2019
Fonte: Antoni Shkraba, Pexels, 2019.
Algumas das terapias complementares supracitadas, se tratam de fitoterápicos, remédios feitos a partir de substâncias naturais que auxiliam na redução de efeitos colaterais, um exemplo disso é a Homeopatia. A Homeopatia é uma das terapias complementares que tem como objetivo estimular o sistema imunológico e reequilibrar a energia vital do paciente, buscando o equilíbrio para assim, visto que um corpo equilibrado é menos suscetível a doenças. Desta forma, ela pode ser utilizada como uma terapia de prevenção e também de tratamento, é ministrada através de um remédio feito através de substâncias vegetais. Outro exemplo de terapia complementar que utiliza substâncias naturais é a fitoterapia, extraída através de plantas e vegetais. Um dos benefícios deste tratamento é a não dependência e a ausência de efeitos colaterais, auxiliando no combate de diversas doenças. Um exemplo de fitoterápico é o gengibre, que pode ser prescrito em forma de comprimido, cápsula, extrato e pó, é indicado para aliviar enjoos, náuseas, vômitos e para dificuldades de digestão. As Práticas Integrativas Complementares em Saúde são formas de terapia que vão além do tratamento físico, elas consideram o corpo como um todo, físico, emocional e espiritual, buscando o equilíbrio, sendo uma terapia complementar ao tratamento convencional, e não substitutiva.
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Figura 18: Musicoterapia
Figura 19: Dançaterapia
Fonte: Benenzon Brasil - Centro de Musicoterapia, 2021
Fonte: Centro Internacional de Dançaterapia Maria Fux, 2019.
2.4 TERAPIAS OCUPACIONAIS De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde): "Terapia Ocupacional é a ciência que estuda a atividade humana e a utiliza como recurso terapêutico para prevenir e tratar dificuldades físicas e/ou psicossociais que interfiram no desenvolvimento e na independência do cliente em relação às atividades de vida diária, trabalho e lazer. É a arte e a ciência de orientar a participação do indivíduo em atividades selecionadas para restaurar, fortalecer e desenvolver a capacidade, facilitar a aprendizagem daquelas habilidades e funções essenciais para a adaptação e produtividade, diminuir ou corrigir patologias e promover e manter a saúde."
Desta forma, a terapia ocupacional é o exercício de atividades de atividades humanas de forma terapêutica, tratando doenças físicas, mentais, emocionais e sociais, auxiliando no bem-estar do paciente e na sua qualidade de vida. Este modelo de terapia pode incluir atividades manuais, lúdicas, artísticas e expressivas, melhorando a autoconfiança, autoestima e a sensação de bem estar. Ela pode ser realizada em ambientes hospitalares, ambulatórios, consultórios, lares de idosos, creches e escolas, sistemas prisionais, empresas e comunidades terapêuticas. 63
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A principal função da terapia ocupacional é "oferecer qualidade de vida por meio da prevenção e reabilitação, incentivando a pessoa a readquirir autonomia e independência que, por algum motivo, foram bloqueadas" (EQUIPE SBIE, 2016). De acordo com o COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), os profissionais que exercem essa função são dotados de formação nas áreas de saúde e sociais, estes avaliam o paciente considerando sua faixa etária, seu desenvolvimento, sua formação pessoal, social e familiar, compreendendo uma abordagem fundamentada em critérios avaliativos que são coordenados com o processo terapêutico implementado. "O terapeuta é como um guia para saúde mental e, além de auxiliar no retorno das funções motoras, ajuda no processo de ressignificação das ações e sentimentos por meio de diversos tipos de atividades, fazendo com que o paciente descubra como viver com saúde e bemestar." (EQUIPE SBIE, 2016).
As figuras 20, 21, 22 e 23, expressam algumas das atividades trabalhadas na terapia ocupacional. As atividades mais comuns da terapia ocupacional é a realização de atividades com tinta, desenhos, leitura, atividades físicas, jardinagem, jogos e dinâmicas. Estas atividades variam de paciente para paciente, e podem ser realizadas
Figura 20: Terapia ocupacional com
Figura 21: Terapia ocupacional com leitura
tinta e desenhos
Fonte: Burst (Pexels), 2019.
Fonte: Vlada Karpovich (Pexels), 2019.
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BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
de forma individual ou coletiva. Dentro da oncologia, a terapia ocupacional atua de forma complementar, com o objetivo de restaurar funções do paciente, que foram acometidas pela doença e auxiliar no tratamento psicológico. “O terapeuta ocupacional atua durante o processo de desospitalização, amenizando os aspectos negativos da hospitalização, favorecendo a autoconfiança e autoestima (que muitas vezes ficam diminuídas devido às consequências da doença: emagrecimento, perda de cabelo, malestar, etc) e retomando ao máximo a autonomia e a independência do paciente oncológico. ” (INSTITUTO RONALD MCDONALD).
A atuação da prática terapêutica ocupacional na área da oncologia tem como objetivo máximo alcançar a qualidade de vida dos pacientes e familiares que sofrem com a doença por longos períodos, ela atua auxiliando na autonomia do indivíduo que muitas das vezes são incapacitados de exercer atividades básicas sozinhos. Esta terapia também é responsável por humanizar os serviços de atendimento á saúde, visto que, ela considera os aspectos físicos e emocionais do paciente e do familiar que também sofre durante a doença do ente querido, esta, busca amenizar os sintomas e os efeitos físicos e emocionais que a doença traz.
Figura 22: Terapia ocupacional com atividades
Figura 23: Terapia ocupacional com
físicas
jardinagem
Fonte: Andrea Piacquadio (Pexels), 2019.
Fonte: Markus Spiske (Pexels), 2019.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
3. A HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA 3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA HUMANIZAÇÃO A humanização é a ação ou efeito de humanizar, isto é "tornar humano; dar feição ou condição humana a; tornar benévolo, afável; mostrar-se benévolo, compassivo, caridoso" (FERNANDES, 2000). Este conceito nos remete ao instinto humano, emergindo ações de bondade e caridade para com o próximo, ações estas que guiam as boas relações na sociedade. Em meados do século XX, este termo assumiu um papel importante em decorrência do capitalismo e da globalização econômica, quando os valores humanos foram sendo esquecidos pela sociedade. Somente na década de 80 este termo passou a ser utilizado na área da saúde, sendo inicialmente abordado no campo da saúde mental e posteriormente abordado no movimento feminista pela humanização do parto e do nascimento, na área da saúde da mulher, cujo objetivo era tornar o tratamento a estas questões de forma mais humana e complacente. A partir destes dois movimentos os hospitais iniciaram o desenvolvimento de ações "humanizadoras" que tinham como finalidade transformar o ambiente hospitalar com a implementação de atividades lúdicas, entretenimento, arte e lazer, focando no ambiente físico, tendo em vista que os ambientes hospitalares são conhecidos como espaços frios, de dor e sofrimento, a humanização busca reverter este cenário minimizando o desconforto do paciente através de estratégias de humanização. Atualmente, a humanização é vista como um elemento que vai além de ações que se remetem ao ambiente físico, passando a ser utilizada na gestão e nos serviços prestados por médicos, enfermeiros e funcionários gerais, estando relacionada diretamente com a prática humana e não somente na transformação do espaço. Nos anos 2000, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), que visa a divulgação das ideias de humanização com ênfase nas transformações das relações interpessoais, propondo melhorias na qualidade da assistência a saúde. Em 2003 houve a ampliação deste sistema, intitulado como Política Nacional de Humanização (PNH), que tem como objetivo promover mudanças na forma de gerir e cuidar nos espaços assistenciais de saúde, visto que, 66
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
o paciente ao buscar atendimento em uma unidade de saúde está buscando também acolhimento e ajuda por estar sofrendo com algum mal ou doença, desta forma é fundamental que os estabelecimentos de saúde estejam preparados para prestar o atendimento da melhor forma possível. A integração entre usuários e colaboradores estabelece vínculos necessários para o sucesso dos tratamentos. "[...] Em outras palavras, a PNH propõe uma gestão participativa ou cogestão, na qual os trabalhadores e usuários são incluídos e valorizados no processo de produção de saúde, implicando em uma mudança na cultura de atenção dos usuários e da gestão dos processos de trabalho." (CHERNICHARO, Isis de Moraes; SILVA, Fernanda Duarte da; FERREIRA, Márcia de Assunção. Rio de Janeiro, p.157, 2014).
A arquitetura assumiu um papel fundamental no processo de humanização, com o desenvolvimento de técnicas que podem influenciar positivamente na vida de pacientes e familiares no ambiente hospitalar. Durante um longo período, os hospitais e os outros estabelecimentos de saúde foram idealizados focando somente em cuidar da doença sem se preocupar com o que aquele cenário arquitetônico transmitia aos usuários, sendo conhecido como "um lugar fechado, hostil, que causa medo e insegurança" (LUKIANTCHUKI; SOUZA, 2010). Com base nisso, a arquitetura de interiores iniciou o processo de humanização nos ambientes internos dos estabelecimentos de saúde, com o objetivo de propiciar aos usuários um sentimento reverso ao destacado por Souza Lukiantchuki. Em um estabelecimento de saúde o paciente deve se sentir acolhido, seguro e confiante, desta forma a humanização pode ser trabalhada através de cores, iluminação e mobiliários, de forma a ambientar o espaço para torná-lo mais convidativo. Estas técnicas precisam estar em conjunto com ações por parte de todos os profissionais dos estabelecimentos de saúde, médicos, enfermeiros, recepcionistas, seguranças, funcionários administrativos, dentre outros.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
3.2 A INFLUÊNCIA DAS CORES Em uma unidade de saúde, o papel do psicólogo é lidar com os sentimentos dos pacientes e compreender a relação dos profissionais com os mesmos e com seus familiares, de modo a não considerar apenas a doença e sim a pessoa como um todo, buscando o equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Neste contexto, a psicologia possui um papel importante nos ambulatórios e unidades hospitalares, objetivando maior humanização nos atendimentos. Sabemos que a humanização não se faz apenas com as ações por parte dos profissionais, mas também com a preocupação do cenário ao qual este usuário está inserido e como ele interfere na vida do mesmo, ou seja, os dois conceitos precisam ser realizados em conjunto e harmonia. Algumas das técnicas utilizadas para humanizar um espaço é o uso das cores, quando utilizadas corretamente podem favorecer a conexão dos usuários com o ambiente ao qual estão inseridos, de modo a proporcionar o maior conforto aos pacientes e familiares. Segundo Koth (2013) o uso das cores devem ser aplicados de acordo com a função de cada ambiente, enfatiza que "a cor verde está ligada à
VERMELHO PROPRIEDADES DA COR
AMARELO PROPRIEDADES DA COR
1.
1.
Estimula o sangue e libera a
2.
2.
Combate resfriados sem febre e
3.
Retrata a saúde e a ação construtiva,
energizante,
Estimula a percepção, o intelecto Desperta esperança em doentes
mas também a raiva, o mau humor
que desistiram da cura, fortalece
e o perigo.
os olhos e os ouvidos.
LARANJA PROPRIEDADES DA COR 1.
Tonifica, combate a fadiga, estimula o sistema respiratório e fixa o cálcio no organismo.
2.
É antidepressivo, aumenta o otimismo, e estimula o apetite, promove a boa digestão,.
3.
Beneficia a maior parte do sistema metabólico, rejuvenesce e vitaliza, e pode elevar a pressão sanguínea.
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estimulante,
e o sistema nervoso central.
ameniza dores reumáticas; 3.
É
purificador e eliminador.
adrenalina;
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
esperança", e que "nas salas de espera o ideal seria o uso de cores mais frias, pois ajudam a diminuir a ansiedade e o nervosismo. Já na circulação o adequado seria o amarelo, para um ar menos depressivo." (Koth, 2013, p.7). "A cor é uma necessidade vital para o ser humano. Sua ação não é apenas decorativa, atua psicologicamente e tem um caráter cultural muito forte. Os estudos de cromoterapia nos revelam a influência da cor na vida das pessoas, servindo para estabelecer equilíbrio e harmonia do corpo, da mente e das emoções. Intensifica com a luz, que amplia o sentimento de alegria e bem-estar e pode agir terapeuticamente na cura de pacientes se usada de forma correta." (KOTH, Deyse. 2013).
Figura 24: Propriedades da Cromoterapia Fonte: Elaborado pela autora com dados fornecidos pelo artigo: A influência da iluminação e das cores no ambiente hospitalar: a saúde vista com outros olhos.
AZUL PROPRIEDADES DA COR 1.
Tem efeito relaxante, calmante e analgésico. Atua no sistema nervoso, nos vasos sanguíneos, e em todo o sistema muscular.
2.
Ameniza as inflamações, auxilia na cura do eczema (glândula tireoide), em casos de dores de cabeça, enxaquecas e asma.
VERDE PROPRIEDADES DA COR 1.
Analgésica, e ajuda no equilíbrio hormonal, estimula órgãos digestivos, é refrescante e anti-infecciosa.
2.
Pode estimular a depressão quando usada em excesso.
3.
Útil em problemas de coração, úlceras, dores de cabeça, casos de câncer etc. Alivia a insônia.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Pode-se observar que as cores não possuem apenas uma função decorativa e estética, elas estão presentes no nosso dia-a-dia e influenciam direta e indiretamente nas sensações dos usuários, a exemplo disso temos a cromoterapia, como já citado anteriormente, é uma das terapias complementares autorizadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que utilizam as cores como métodos terapêuticos considerando os níveis físicos, mentais, emocionais, energéticos e espirituais do ser humano. A figura 24 apresenta as propriedades da cromoterapia, demonstrando as cores associadas as sensações que elas podem provocar no indivíduo. Outra cor muito utilizada nas unidades de saúde é a cor branca, ela possui efeito positivo e afirmativo, está associada a limpeza, ordem, estabilidade, paz e harmonia, além de ser uma cor que auxilia na iluminação do ambiente interno, absorvendo pouca luz e emitindo pouco calor, permitindo maior conforto aos usuários. De acordo com o fisioterapeuta Paulo Edson Reis Jacob Neto (s.d.): “As cores possuem certas vibrações energéticas, que produzem mudanças químicas no organismo, interferindo na parte física e mental”. As figuras 25, 26, 27 e 28 exemplificam a utilização das cores nos ambientes internos das unidades de saúde, a figura 25 demonstra a recepção do Hospital Johns Hopkins, que utilizam cores como o verde, e o branco, além de mobiliários que trazem um maior conforto aos usuários. Outro
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Figura 25: Recepção do Hospital Johns
Figura 26: Brinquedoteca do Hospital Johns
Hopkins
Hopkins
Fonte: Archdaily, 2012.
Fonte: Archdaily, 2012.
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
exemplo é a figura 26 que também utiliza o azul, amarelo e o branco em uma área infantil do Hospital Johns Hopkins. A figura 27 demonstra uma sala de tratamento de quimioterapia, localizada no Regional Integrated Cancer Center, Austrália, que utiliza o verde, o branco e tons de madeira clara, além de utilizar a iluminação natural que permite uma conexão do usuário com o lado exterior. A figura 28 demonstra uma sala de tratamento de radioterapia, nota-se que nela são utilizados tons brancos, azuis, amadeirado e o verde, permitindo uma vista para um jardim vertical, englobando a natureza no processo de humanização do espaço. 3.3 A INFLUÊNCIA DA ILUMINAÇÃO A iluminação também possui uma grande importância na recuperação dos pacientes, que vai além de simplesmente iluminar as salas e corredores, elas estão associadas as condições psicológicos dos usuários, elas precisam ser projetadas de acordo com cada função exercida no ambiente, de modo a ampliar a visualização e propiciar aos usuários maior conforto e bem estar. A iluminação natural e artificial nos estabelecimentos de saúde é de extrema importância, tendo em vista o estado de fragilidade dos pacientes e a permanência no local por longos períodos, se forem aplicadas de forma incorreta elas podem provocar alterações de humor, fadiga,
Figura 27: Ala de quimioterapia do Ballarat
Figura 28:
Sala de radioterapia do
Regional Integrated Cancer Center, Austrália.
Centro Oncológico Kraemer
Fonte: Archilovers,
Fonte: Archdaily
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
estresse e desconforto visual, comprometendo a saúde do usuário. Desta forma, a iluminação atua na função de propor maior conforto aos usuários, pensando nos aspectos da visibilidade do espaço e das sensações psicológicas. É fato que a iluminação natural contribui para a redução do consumo energético, porém ela é muito mais que isso, como dito anteriormente ela afeta diretamente na nossa saúde física e emocional. De acordo com a revista Veja, fora realizado um estudo em 2014 com trabalhadores, este estudo mostrou que aqueles que possuíam janelas em seu ambiente de trabalho apresentavam hábitos de sono mais saudável e uma melhor sensação de bem estar, aqueles que trabalhavam em locais fechados apresentavam sensações opostas aos usuários com janelas em seu ambiente de trabalho. "Do ponto de vista da saúde mental, a iluminação natural aumenta a produção de serotonina, conhecida como hormônio do bem-estar, que regula o sono, o humor e o apetite, entre outros aspectos do funcionamento corporal. É por isso que países que sofrem com invernos rigorosos, com meses de escassa luz solar, a população corre maior risco de desenvolver depressão sazonal. O problema está diretamente associado à falta de iluminação natural e o tratamento inclui exposição à luz azul (espectro mais presente na luz do sol). " (VEJA, 2019).
Partindo do ponto de vista que, a iluminação assim como as cores possuem poderes de relaxar ou agitar o usuário, é necessário entender as funções do espaço para propor a iluminação correta do mesmo. De acordo com Tatiana Arcolini, em matéria para a AECweb, em locais de deslocamento de pacientes a iluminação deve ser baixa e próxima ao nível do piso, as temperaturas de cor devem estar entre 4000K e 4500K, valores a mais podem provocar frio e desconforto, valores a mais que os mencionados podem provocar sensações de calor. “As lâmpadas mais utilizadas atualmente, quando se deseja provocar a sensação de conforto e relaxamento, são as dicroicas e as halogenas, ou as fluorescentes compactas e tubulares", afirma Ronald de Goes, Doutor em Arquitetura e Urbanismo (UFRN), e professor do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil). 72
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
3.4 A INFLUÊNCIA DOS SONS "Considera-se poluição sonora a emissão de ruídos indesejáveis de forma continuada e em desrespeito aos níveis legais que, dentro de um determinado período de tempo, ameaçam a saúde humana e o bem estar da coletividade. Os ruídos podem ser descritos como sinais acústicos aperiódicos, originados das superposições de vários movimentos de vibração com diferentes frequências, as quais não apresentam relação entre si." (OLIVEIRA, CRD; ARENAS GWN. Occupational Exposure to Noise Pollution in Anesthesiology. Rev Bras Anestesiol, vol. 62. 2012).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), determina critérios para o conforto acústico interno de um ambiente recomendando os níveis de pressão sonora entre 35 a 45dB para ambientes hospitalares, a exposição a ruídos maiores podem afetar a saúde física e emocional do indivíduo. No caso dos ambientes de cura das unidades de saúde os ruídos dos equipamentos de tratamento e as conversações de equipes médicas e dos demais usuários podem provocar uma situação de estresse, elevando os níveis de adrenalina e cortisol25. "Um estudo identificou que 34,0% das fontes de barulho hospitalares são totalmente evitáveis e 28,0% são parcialmente evitáveis. Os autores ainda afirmam que soluções físicas podem reduzir em 48,0% as fontes de barulho, e o treinamento da equipe pode reduzir 14,0% dessas fontes." (ANDRADE, Kléber P; OLIVEIRA, Loraine L.A; SOUZA, Rodrigo de P.; MATOS, Ione Maria de. Rev. CEFAC, 2016).
Pensando no equilíbrio sonoro, é necessário avaliar os elementos que podem causar ruídos em unidades de saúde, fluxo de pessoas, ambulâncias, equipamentos que se locomovem com velocidades distintas, além de ambientes que são emissores de ruídos como as áreas técnicas de ar condicionado, lavanderias, recepção e 25 Cortisol é um tipo de hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, localizada acima dos rins. Este tipo de hormônio possui a função de auxiliar o organismo no controle do estresse, reduzir inflamações e contribui para o funcionamento do sistema imune. Quando os níveis de cortisol estão elevados é desencadeado um estresse no organismo que pode favorecer o enfraquecimento do mesmo, em níveis muito baixos, pode causar depressão, fraqueza e cansaço. 73
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
lanchonetes. Para o controle destas fontes de ruído são utilizadas estratégias técnicas de setorização dos ambientes e materiais que proporcionam o isolamento acústico. "Fonseca Filho complementa que, via de regras, a solução acústica deve ser aplicada com a adoção de forros. As paredes dos hospitais precisam ser lisas por questão de higiene e para instalação dos equipamentos hospitalares. O projeto precisa prever a utilização de piso vinílico para absorver o impacto do caminhar e da passagem das macas." (Associação Brasileira para a Qualidade Acústica, 2020)
Diferente dos ruídos, que proporcionam reações negativas ao cérebro e às emoções do indivíduo, a música exerce um papel positivo, beneficiando no tratamento destes pacientes, no físico e no psicológico. Segundo dados obtidos pela revista cientifica Rede Câncer, do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA): "Estudos comprovam que, no aspecto fisiológico, a música é capaz de interferir na batida cardiovascular, no sistema respiratório e na tonicidade muscular. Marly Chagas, psicóloga e supervisora do Projeto Musicoterapia em Oncologia, no INCA, defende os benefícios da atividade para os tratamentos clínicos. Em relação à questão emocional, por exemplo, a utilização terapêutica da música é capaz de diminuir a ansiedade, o desconforto e mesmo a dor. “Entre a dor e a música, o cérebro prefere a música”, afirma Marly, acrescentando que pode haver até diminuição no tempo de internação, além de um melhor entrosamento do paciente com seus familiares e com as equipes profissionais." (INCA, Rev. Rede Câncer n°7, pág. 36, 2009).
A musicoterapia é utilizada em hospitais para diminuir o estresse, a ansiedade e o medo que um diagnóstico de câncer traz ao paciente. Desde 2002 o INCA recomenda esta forma de terapia aos pacientes oncológicos, que não beneficiam somente os doentes mas seus familiares e os profissionais que tratam estes pacientes, “para familiares e profissionais, o dia fica mais agradável. Eles nos contam que se sentem felizes ao observar que os pacientes estão mais alegres” afirma Thaina Saraiva, coordenadora assistencial do Serviço de Oncologia do HMV. O trabalho de 74
BASES CONCEITUAIS: O CÂNCER, SUA EVOLUÇÃO E O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
musicoterapia é realizado por um profissional da área, formado em psicologia com especialização em musicoterapia, são eles que determinam qual tonalidade musical é benéfica para cada paciente, ela pode ser realizada de forma receptiva e ativa,sendo receptivo quando o paciente recebe o som e não participa utilizando os instrumentos, e ativo quando há uma interação do paciente com os instrumentos juntamente com o musicoterapeuta. Atualmente existem grupos de musicoterapia que atuam em hospitais de referência no Brasil, como exemplo disso o Hospital Sírio Libanês que possui a musicoterapia como parte do tratamento integrativo para pacientes ambulatoriais e de internação do hospital.
3.5 A FUNÇÃO DOS MOBILIÁRIOS NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO
O ambiente de cura precisa estar apto para receber o paciente de forma íntegra, com base nisso, os mobiliários possuem a função de trazer sensações de conforto e acolhimento aos usuários, além de proporcionar a redução do cansaço dos mesmos. Os mobiliários influenciam na experiência dos pacientes no ambiente de cura, estes permanecem por longos períodos nas unidades e salas de espera, quando não estão em boas acomodações tendem a apresentar sensações de cansaço, angústia, podendo piorar os sintomas físicos. Com a utilização do design criativo atrelado a ergonomia, as sensações de fadiga podem ser amenizadas, não somente nos pacientes, mas também em seus acompanhantes e nos profissionais que permanecem por longos períodos nas unidades de saúde. Como exemplo, podemos citar a utilização de sofás e poltronas nas áreas de espera, que devem ser elaboradas com materiais que proporcionam conforto, levando em consideração os aspectos referente a durabilidade do material e a simplicidade em sua manutenção. Desta forma, é possível proporcionar bem-estar aos usuários, reduzir os estresses e a fadiga, além de propiciar um custo benefício econômico á estas unidades. "Pensar em um mobiliário menos sóbrio é indispensável para a construção desse espaço acolhedor. A substituição, por exemplo, dos
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
bancos rígidos e padronizados nas salas de espera por sofás mais coloridos, com texturas e conforto, é benéfica tanto para pacientes quanto para acompanhantes." (RS Design Corporativo, 2021).
Os mobiliários assim como a estética do ambiente, precisam transparecer as sensações de tranquilidade, ambientação agradável, com o objetivo de combater o estresse da espera, do resultado de um diagnóstico, auxiliar no bem-estar e na recuperação destes pacientes. Para exemplificar, no setor de quimioterapia são necessárias poltronas feitas com tecidos confortáveis e antibactericidas e laváveis para facilitar na higienização, a exemplo disso, é utilizado o couco sintético naval importado. A utilização das formas, tecidos, e das cores conforme as propriedades da cromoterapia também são elementos fundamentais para a humanização do espaço. A figura 29 demonstra uma sala de espera do Memorial Sloan Kettering Evelyn H. Lauder, NY (Nova York), que fornece tratamentos contra o câncer, a figura 30 exemplifica um outro modelo de mobiliário utilizado no Hospital Infantil Nemours, localizado em Orlando, Flórida. Os mobiliários apresentam formas curvas, e presença de cores que estimulam a sensação de bem-estar, é possível observar na ambientação a vista para as áreas externas da edificação. Figura 29: Sala de espera do Memorial Sloan Kettering Evelyn H. Lauder Fonte: Perkins Eastman, 2019.
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Figura 30: Sala de espera Hospital Infantil Nemours Fonte: Archdaily, 2013.
02 PARTE
REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
O segundo capítulo deste trabalho, denominado: Parte 2 - Tipologias Construtivas e Estudos de Caso, aborda a evolução dos estabelecimentos de saúde voltados ao atendimento a pacientes com câncer, apresentando sua concepção física e elementos construtivos característicos desta tipologia. São apresentados também os estudos de caso que serviram como referência projetual para a concepção do projeto de um Centro de Tratamento Oncológico, com projetos que auxiliam na compreensão dos ambientes e da necessidade dos pacientes e funcionários, levando em consideração os parâmetros sociais para sua implantação.
“Não seria melhor se houvesse espaços privativos, banhados por luz, para se esperar pela próxima série de testes, ou onde se pudesse contemplar, em silêncio, os resultados? Se a arquitetura pode desmoralizar os pacientes, contribuindo para um nervosismo extremo, não poderia ela também se mostrar restauradora?”
Margaret Keswinck Jencks (Cofundadora dos Centros Maggie)
PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
4. BREVE REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA 4.1 A EVOLUÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE NO COMBATE DO CÂNCER. De acordo com a Resolução - RDC n°50, de 21 de fevereiro de 2002, que estabelece as normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, a definição para EAS (Estabelecimento Assistencial de Saúde) é "denominação dada a qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde à população, que demande o acesso de pacientes, em regime de internação ou não, qualquer que seja o seu nível de complexidade." (Resolução - RDC n°50, de 21 de fevereiro de 2002). "O estudo da arquitetura dos estabelecimentos de saúde não pode ser desvinculado dos conceitos e práticas médicas adotadas durante a idealização de seus espaços. A doença e a busca de sua cura possuem inter-relações permeadas por aspectos culturais e ideológicos que, por sua vez, levam a diferentes tipos de soluções espaciais e construtivas. Analisar a arquitetura para a saúde, portanto, será o mesmo que visitar os paradigmas curativos que se estabelecem no decorrer da história da medicina. A afirmação de que, em arquitetura, a função determina a forma não poderá ser mais verdadeira do que nas edificações para a saúde, onde o correto desempenho das atividades pode determinar a vida ou morte de seres humanos." (CARVALHO, Antonio P. A. 2014, p. 12).
Para compreender a evolução dos centros de tratamento oncológico é necessário voltar aos primórdios da história e compreender as evoluções dos estabelecimentos de saúde de forma geral, que foram acompanhados pela evolução da medicina e da sociedade, sendo estes norteadores na construção destes estabelecimentos. Os centros de tratamento oncológico surgiram a partir do aumento de casos e da criação dos hospitais, tais edificações influenciaram no programa arquitetônico e na distribuição dos fluxos, que permitiram a evolução dos edifícios assistenciais de saúde especializados no tratamento do câncer. Desde os primórdios da história até meados do século XVIII, a medicina era 81
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
praticada por religiosos e leigos, por meio da caridade. Estes enfermos eram exilados da sociedade, vistos como um empecilho e eram acolhidos por estas instituições. No período da idade média os médicos se limitavam ao atendimento em domicílio aos pacientes com boas condições financeiras, desta forma, estes profissionais ainda não faziam parte das unidades hospitalares, que eram gerenciadas pelos religiosos, o que influenciava na arquitetura dos estabelecimentos de saúde, com características arquitetônicas que se assemelhando as igrejas da época. "Até finais do século XIX, podem-se identificar, na evolução das tipologias de edificações para a saúde, três sistemas ou filosofias de projeto arquitetônico: a nave e o claustro, o sistema radial e o pavilhonar. A nave demonstra formalmente a falta de diferença entre as doenças e o caráter asilar dos hospitais do período. O tratamento da saúde em edificações públicas era uma questão de caridade e tentativa de isolamento dos marginalizados pela sociedade. O sistema radial já indica certa preocupação ambiental e separação de patologias. A facilidade de vigilância e de visão de altares e ícones religiosos ilustra a continuação da predominância do sagrado na recuperação dos doentes." (CARVALHO, Antonio P. A. 2014, p.12).
A estrutura física destes hospitais se assemelhavam as naves dos templos religiosos, possuindo três principais formatos que evoluíram ao longo dos anos. O primeiro consistia nas plantas em formatos de nave, basílica ou capela. No modelo de nave, não havia segregação dos pacientes, quando havia separação era por sexo. O acúmulo de pacientes com enfermidades distintas no mesmo espaço acabava agravando as condições dos doentes, fazendo com que a proliferação de doença se tornasse mais abundante, neste período as taxas de mortalidade nestas unidades eram altas. Devido ao aumento do número de pacientes decorrido do crescimento populacional e das condições sanitárias da época, os edifícios de assistência a saúde evoluíram para o sistema radial, uma evolução do sistema de nave, as unidades hospitalares do sistema radial consistiam em uma planta em formato de cruz. O sistema pavilhonar, evolução do sistema radial, consiste na organização da edificação 82
PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
em blocos, com as áreas de internação dispostas em paralelogramos, destacados do corpo do edifício, através deste sistema começou a surgir algumas salas de apoio para estas alas de internação. Neste período o sistema pavilhonar representou um grande avanço no modelo das edificações, tornando a arquitetura hospitalar mais funcional. "Nessa fase, os hospitais deixam de ser locais para exclusão e aguardo da morte para se transformarem em instrumentos efetivos de recuperação e cura" (CARVALHO, Antonio P.A. 2014, p.20). "A história da arquitetura hospitalar acompanha a evolução dos paradigmas de tratamento de saúde. A solução em naves é a resposta arquitetônica a um período em que o sagrado, a caridade e a religiosidade predominavam, não passando o hospital de depósito de marginalizados e doentes à espera da morte. Com o crescimento das cidades, em fins da Idade Média, observa-se o aumento da pobreza e das epidemias, forçando o hospital a adotar a solução em naves cruzadas, que permitia maior capacidade e facilidade de vigilância, sem, no entanto, modificações em suas funções e imagem." (CARVALHO, Antonio P. A. 2014, p.21). [...] "O sistema pavilhonar vem limitar a quantidade de doentes por bloco, adotar a ventilação cruzada e toda uma estrutura de apoio aos cuidados de saúde, auxiliando na afirmação do novo papel dos médicos e enfermeiros leigos no cuidado e cura dos doentes. O edifício hospitalar passa a ser implantado em áreas ajardinadas, favorecendo o passeio e a contemplação paisagística, auxiliando no processo de recuperação de doentes. Essas características fazem essa tipologia manter-se atual e muito utilizada, ganhando novos adeptos na atual preocupação mundial pela humanização do tratamento de saúde, valorização do convívio e preservação da natureza." (CARVALHO, Antonio P. A. 2014, p.22).
A partir disso, a evolução dos estabelecimentos de saúde foram sofrendo transformações a medida que a sociedade foi evoluindo. No início do século XX, 83
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
surgiram os monoblocos, construções verticalizadas que surgiram com a complexidade dos diagnósticos e alta demanda de procedimentos. Esta tipologia de edificação é setorizada de modo a proporcionar maior funcionalidade aos ambientes, deste modo, o subsolo era destinado a serviços e a área técnica da edificação, o pavimento térreo era formado por consultórios, serviços assistenciais, pronto atendimento e exames de imagem. O primeiro pavimento era utilizado para atividades laboratoriais e administrativas. O segundo pavimento para internação e o terceiro pavimento para a ala cirúrgica. Esta tipologia arquitetônica se disseminou por todos os países, se tornando a mais comum nas edificações hospitalares. A medida que a tecnologia se instalava na sociedade, os estabelecimentos de saúde sofreram transformações em sua ambientação. No Brasil, a criação do SUS (Sistema Único de Saúde) em 1990, possibilitou a hierarquização dos estabelecimentos de saúde, além de proporcionar acesso a saúde de forma gratuita garantida pela Constituição Federal de 1988. De acordo com o sistema do SUS, as unidades de saúde foram organizadas pela complexidade de atendimento, dividindo as unidades em baixa, média e alta complexidade. Sendo considerado baixa complexidade as unidades básicas de saúde, que presta serviços básicos como coletas de exames, consultas com clínico geral, ginecologista e odontologia; média complexidade os ambulatórios de especialidades, com consultórios médicos com especialistas como neurologistas, cardiologistas, otorrinolaringologia e ortopedista, neste grupo também estão as unidades de pronto-socorro; e alta complexidade os hospitais regionais e de especialidades, como hospitais infantis, hospitais oncológicos e hospitais cardiovasculares. O que difere nestas edificações é o programa arquitetônico que aumenta conforme a necessidade e a complexidade. Existem elementos arquitetônicos que caracterizam estas unidades, como a distribuição dos fluxos, separando os acesso de serviço e de pacientes de modo que não se cruzem e não causem conflitos. Todos estes estabelecimentos precisam cumprir dimensionamentos mínimos exigidos pela RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) N°50, de 21 de fevereiro de 2002. Esta Norma também determina a ventilação, iluminação, e o correto descarte de resíduos gerados pela unidade, elementos necessários para o correto funcionamento das instalações, de modo a 84
PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
evitar a proliferação de doenças e garantir a segurança dos usuários. Os centros de tratamento de câncer surgiram a partir das unidades hospitalares e de assistência a saúde. As primeiras iniciativas no Brasil para combater a doença se deram pela criação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) em 1920, e a criação do Centro de Cancerologia em 1937, atual INCA (Instituto Nacional do Câncer). O DNSP visava a ampliação do campo de ação assistencial, sendo um dos responsáveis nas medidas de prevenção a doença. O INCA foi e ainda é o principal responsável pelo ensino, pesquisa e vigilância do câncer no Brasil. Devido ao aumento de casos da doença, fora necessária a implementação de centros de tratamento especializados para o combate do câncer. Atualmente, este tratamento é fornecido pelo sistema público e privado, em clínicas médicas, unidades ambulatoriais especializadas no tratamento da doença e hospitais do câncer. Em meados do século XIX os pacientes eram tratados por instituições filantrópicas, pouco se sabia da doença ou como tratá-la, estes recebiam cuidados paliativos até os dias de sua morte. O Instituto de Radium de Belo Horizonte - MG, foi o primeiro hospital para pacientes com câncer no Brasil, fundado em 1922 (figura 31). Em 1929 foi inaugurado o Instituto do Câncer como um setor da Santa Casa de Misericórdia em São Paulo (figura 32). A medida que a tecnologia foi se instalando na sociedade, proporcionando a evolução dos métodos diagnósticos e de tratamento, estas unidades de atendimento evoluíram também. Figura 31: Instituto de Câncer e Radium,
Figura 32: Santa Casa de Misericórdia de São
Belo Horizonte, Minas Gerais
Paulo.
Fonte: Mostra Virtual CCMS.
Fonte: Mostra Virtual CCMS.
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5. REFERÊNCIAS PROJETUAIS 5.1 CENTRO DE TRATAMENTO KATHLEEN KILGOUR O Centro de Tratamento Kathleen Kilgour é um centro de tratamento oncológico, situado no campus do Hospital Tauranga, localizada na Av. Twentie, 3112, Tauranga, Nova Zelândia. A cidade está situada na Ilha Norte da Nova Zelândia, com cerca de 131.507 habitantes segundo dados do ano de 2017 da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com dados do Desenvolvimento Humano da ONU, a Nova Zelândia possui cerca de 4,5 milhões de habitantes, e é considerado o sexto melhor país em qualidade de vida e estrutura, estando listado entre os 15 países mais felizes para viver. Apesar da boa estrutura, os pacientes oncológicos da cidade de Tauranga necessitavam se deslocar em longas distâncias para conseguir tratamento. Dentro deste cenário, o Centro de Tratamento Kathleen Kilgour foi implantado com o objetivo de atender a alta demanda de pacientes oncológicos que antes necessitavam se
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Figura 33: Fachada lateral - Centro
Figura 34: Fachada principal - Centro
Kathleen Kilgour
Kathleen Kilgour
Fonte: Archdaily, 2015
Fonte: Archdaily, 2015
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deslocar por cerca de 90km para conseguir este tipo de tratamento. O projeto foi realizado pelo escritório de arquitetura neozelandês Wingate + Farquhar, tendo como responsável técnico o arquiteto Blair Farquhar. O projeto foi finalizado em 2014 e conta com uma área construída de 3.000M2 divididos em três pavimentos em uma superfície de 1000M2. Um dos conceitos adotados pelo escritório foi o desenvolvimento estrutural do edifício focado na facilidade de acesso e na boa circulação do paciente, além de ser psicologicamente tranquilo e acolhedor. O KKC (Kathleen Kilgour Centre) é financiado pelo setor público e privado, fornecendo aos pacientes o atendimento e o suporte de forma gratuita. Os serviços incluem acesso a consultas, exames laboratoriais e de imagem, tratamento de quimioterapia e radioterapia, apoio psicológico, massagens terapêuticas, auxílio de enfermagem em domicílio, auxílio transporte e viagens para tratamento, advocacia para solucionar as questões jurídicas do tratamento. O centro de tratamento foi projetado para atender 600 pessoas, dentro do horário de funcionamento de segunda-feira á sexta-feira das 7h ás 18h. Figura 35: Sala de espera - Centro Kathleen
Figura 36: Recepção - Centro Kathleen
Kilgour
Kilgour
Fonte: Archdaily, 2015
Fonte: Archdaily, 2015
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A figura 33 e a figura 34 apresenta as fachadas laterais da edificação. Estas fachadas harmonizam com a paleta de cores selecionadas para o interior do centro de tratamento (figura 35 e figura 36).O design interno foi elaborado para transparecer tranquilidade aos pacientes, tornando o ambiente acolhedor e não clínico, o verde claro das janelas se contrastam com o esbranquiçado da pele de aço, janelas estas que permitem a sombreamento ao mesmo tempo que fornece luz natural, isto se dá por meio de pequenas caixas volumétricas que se sobressaem da edificação. A cobertura segue o modelo dente de serra, tal elemento possui o objetivo de melhorar a eficiência energética dos painéis solares. O edifício trabalha a sustentabilidade com a reutilização da água da chuva por meio de captação de água, e com as placas fotovoltaicas que ajudam a compensar o consumo energético das máquinas de radiação utilizadas para o tratamento. O pavimento térreo, apresentado pela figura 37, é disposto de, uma recepção, salas de espera, sanitários, vestiários, área de serviço e esterilização, uma sala de tomografia computadorizada, sala de recuperação anestésica com posto de enfermagem, laboratório de imagens, além de três salas de acelerador linear para tratamento por meio de radioterapia com suas respectivas salas de comando. Estas três salas são como bunkers26, se encontram parcialmente subterrâneos devido a topografia do terreno. Eles foram feitos com paredes de concreto com espessura de 1,20m, com o objetivo de barrar a radiação emitida pelos aceleradores lineares Elekta Versa HD, um dos mais inovadores equipamentos de tratamento que emitem radiação de alta energia. Neste pavimento também há o acesso de serviço para funcionários. A figura 38 apresenta o primeiro pavimento, este é composto pelo estacionamento, que é totalmente gratuito. O estacionamento encontra-se na parte mais alta da via principal de acesso, permitindo a entrada e saída de veículos. Ao todo, o estacionamento possui 19 vagas, é possível observar que os arquitetos responsáveis deram ênfase aos pedestres, demarcando as faixas de circulação em 26 Bunkers são construções com uma estrutura extremamente reforçada, que utiliza grossas paredes feitas de concreto armado ou aço, podendo estar parcialmente ou totalmente subterrâneo. Os bunkers possuem o objetivo de suportar grandes impactos, sendo muito utilizado em períodos de guerra. Na arquitetura hospitalar, os bunkers são feitos para barrar a radiação de equipamentos radioativos, impedindo que esta energia percorra além das paredes de concreto. 88
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Figura 37: Planta do pavimento térreo - Centro Kathleen Kilgour Fonte: Archdaily, 2015. Editado pela autora.
Figura 38: Planta do 1° pavimento - Centro Kathleen Kilgour Fonte: Archdaily, 2015. Editado pela autora.
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tons de verde, e a circulação de veículos em cinza. A faixa verde da acesso ao hall de circulação vertical. No segundo pavimento há uma segunda entrada de serviço e uma conexão com os prédios técnicos do Hospital Tauranga. O segundo e último pavimento, é composto por uma segunda recepção, que dá acesso á cinco consultórios médicos, nestes consultórios estão anexos ambientes para a examinação dos pacientes. Apesar de possuir consultórios neste andar, a maior parte da metragem quadrada é destinada ao setor de serviço/administrativo. É possível observar na figura 39 as salas de descompressão e refeitório médico. O pavimento possui três salas de reunião, treze salas de escritórios individuais, uma sala de escritório coletivo, três vestiários coletivos, sendo um masculino e outro feminino e o terceiro PCD. O edifício foi projetado para possuir uma fonte renovável de energia, desta forma foram dispostos 450M2 de placas fotovoltaicas, se torando uma das maiores do país. Na figura 40 é possível observar através das setas amarelas a localização das placas solares na cobertura e com o formato "dente de serra" permite a entrada de iluminação ao segundo pavimento. A figura também apresenta a captação da água da chuva que é feita com a utilização de cinco calhas que encaminham a água para Figura 39:
Planta do 2° pavimento -
Centro Kathleen Kilgour Fonte: Archdaily, 2015. Editado pela autora.
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um reservatório subterrâneo onde é realizado o processo de filtragem para que ela possa ser reutilizada no edifício, este processo é demonstrado de forma esquemática por setas azuis. As setas rosas demonstram como é feita a circulação de ar, no lobby principal onde há as circulações verticais, o pé-direito duplo permite maior iluminação e ventilação nesta área. A humanização do espaço é trabalhada através de elementos como a utilização de cores que proporcionam a sensação de tranquilidade, mobiliários com design diferenciado e cores que estimulam as sensações de bem-estar no cérebro. A presença de iluminação natural que entram na edificação através de grandes janelas, permitem a conexão do interior com o exterior. Há uma parede verde na recepção do pavimento térreo que traz a natureza para dentro do edifício, o que de acordo com estudos pode auxiliar na recuperação dos pacientes. Desta forma, o edifício se torna uma grande referência para este trabalho, apresentando conceitos que proporcionam o bem-estar do paciente por meio da utilização da arquitetura, com a disposição dos ambientes, o programa de necessidades, a humanização trabalhada no interior e no exterior da edificação, e a utilização de recursos naturais que auxiliam no funcionamento do edifício e possibilitam a sustentabilidade.
Figura 40: Corte Esquemático - Centro Kathleen Kilgour Fonte: Archdaily, 2015
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5.2 CENTRO DO CÂNCER DA UNIVERSIDADE DO ARIZONA (CCUA) O Centro do Câncer da Universidade do Arizona (CCUA) é uma edificação hospitalar dedicada ao tratamento oncológico. Este edifício está localizado em Phoenix, Arizona, Estados Unidos. O Estado do Arizona é conhecido pelas paisagens desérticas e pelas altas temperaturas que provocam períodos de seca na região. Desta forma, o edifício foi projetado para se relacionar com a paisagem do entorno, através de elementos e materiais que compõem sua fachada. O projeto que foi finalizado em 2015 e fora elaborado pelo escritório de arquitetura ZFG Architects, possui área de 20.438,67M2, divididas em quatro pavimentos com blocos interligados horizontalmente. O edifício foi projetado para oferecer o mais alto padrão de tratamento de câncer de forma multidisciplinar, com a mais alta tecnologia visando o bem-estar do paciente. Os conceitos adotados pela equipe de projeto é a interação do usuário com o exterior da edificação, iluminação natural e humanização, objetivando amenizar os aspectos frios do ambiente hospitalar. A figura 41 apresenta uma das fachadas da edificação que foi projetada para se relacionar com a paleta de cores do deserto do Arizona. Na composição dos materiais Figura 41: Fachada Leste (CCUA)
Figura 42: Fachada com painéis
Fonte: Archdaily, 2015.
metálicos perfurados (CCUA) Fonte: Archdaily, 2015.
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utilizados está presente a pele de vidro em áreas comuns da edificação, como recepção e cafeteria, e nas áreas que necessitam maior privacidade como salas de exames, consultórios e escritórios, são utilizados brises metálicos perfurados (figura 42) em tons de cobre que reduz os ganhos de calor. "As fachadas leste e oeste estão revestidas com um sistema de sombras feito de painéis de composto de alumínio (ACP) retangulares repetitivos de 1/4 de polegada, perfurados com orifícios de meia polegada de diâmetro, conferindo um fator de abertura de 40%. Os painéis estão fixos com um ângulo calculado, dobrando-se para fora revelando uma vista sombreada do contexto do deserto circundante a partir do interior. Este conjunto de tons de cor cobre assume a coloração da paisagem, acrescentando estética contextual ao projeto." (Archdaily, 2015).
O paisagismo desértico é inspirado no clima da região, que possui altas temperaturas no verão e invernos amenos. Foram utilizadas pedra travertino nos muros externos da edificação e também nas paredes internas de determinadas áreas, Figura 43: Sala de quimioterapia do CCUA Fonte: Archdaily, 2015.
Figura 44: Cafeteria do CCUA Fonte: Archdaily, 2015.
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como exemplifica a figura 41 e 44. As salas de tratamento de quimioterapia estão localizadas em uma área com muita iluminação natural, as baias são separadas parcialmente por divisórias em drywall e cortinas translucidas em tons neutros (figura 43), esta composição promove o equilíbrio entre a privacidade do paciente e a interação do mesmo com outros usuários. Os mobiliários que permeiam as áreas comuns da edificação são formados por poltronas com paleta de cores neutras e confortáveis que promovem a comodidade e o aconchego dos usuários. O partido arquitetônico adotado pela equipe de projeto foi a utilização de amplas folhas de vidro que promovem a claridade ao ambiente e trazem maior interação com o lado externo. A humanização da edificação é trabalhada através de elementos como a iluminação natural, mobiliários, cores neutras, texturas, contato do interior com o exterior, e a facilidade nos acessos, estando bem sinalizados. A figura 45 apresenta o pavimento térreo do CCUA, nele estão dispostos os acessos discriminados para cada setor conforme demonstram as setas. Neste pavimento está a recepção principal que direciona os atendimentos aos devidos setores, neste andar também é possível observar o café que dá acesso á uma área externa, se tornando uma zona de descompressão para funcionários e pacientes. As principais salas de exames radiológicos se concentram neste pavimento, demonstrado pela letra C, devido ao peso dos equipamentos de radioterapia, estes se encontram no pavimento térreo juntamente com suas salas de apoio, demonstrado pela letra E na figura 45. O setor D, é destinado á pesquisa e diagnóstico da doença. A figura 46 apresenta a planta do primeiro pavimento, este é composto pelo setor de infusão e quimioterapia com seus apoios como postos de enfermagem, sanitários, recepção e salas de reunião. Neste andar é possível observar a área de survivorship, ambiente destinado a oferecer suporte ao paciente após o tratamento oncológico, este é formado por salas de psicologia, nutrição e medicina integrativa, com o objetivo de auxiliar o paciente neste processo. É destacado na imagem as áreas administrativas e de serviço, o laboratório, áreas de pesquisa e a farmácia.
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PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
Figura 45: Planta do Pavimento Térreo (CCUA) Fonte: Archdaily, 2015. Editado pela autora.
Figura 46: Planta do 1° Pavimento(CCUA) Fonte: Archdaily, 2015. Editado pela autora.
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Figura 47: Planta do 2° Pavimento (CCUA) Fonte: Archdaily, 2015. Editado pela autora.
Figura 48: Planta do 3° Pavimento (CCUA) Fonte: Archdaily, 2015. Editado pela autora
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A figura 47 apresenta o segundo pavimento, onde estão localizados os ambientes destinados a consultas com especialistas. Neste pavimento é possível observar o setor de ginecologia, dermatologia, pneumologia e as salas de apoio a estes consultórios. É possível observar as recepções dispostas de forma central próximas a circulação vertical do edifício. A figura 48 apresenta a planta do último pavimento que consiste na continuação dos setores especializados, tendo a neurologia, a cardiologia, setor de cólon e reto e o setor de gastrointestinal, neste pavimento há uma área destina ao exame de endoscopia com seus apoios que constituem sala de recuperação, sanitários, expurgo e esterilização. São destacados em todos os pavimentos os blocos rígidos de escadas, elevadores e sanitários. Este projeto se torna referência pelo amplo programa de necessidades e pela forma como os ambientes são distribuídos no espaço, a ambientação interna foi elaborada para trazer conforto ao paciente, por meio de cores neutras e relaxantes e elementos que facilitam a circulação dos usuários, como demonstram as figuras 49 e 50. Neste projeto, há uma preocupação com o bem-estar do paciente de forma integral, no 2° pavimento a área de suporte e apoio demonstrada na figura 47, que auxilia o paciente no âmbito psicológico, não somente focando em seu bem-estar físico. Desta forma, este projeto apresenta grande relevância para este trabalho. Figura 49: Recepção 2° Pavimento - CCUA Fonte: Archdaily, 2015.
Figura 50: Sala de espera 2° Pavimento CCUA Fonte: Archdaily, 2015.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
5.3 PRAÇA DO HOSPITAL POPULAR DE PANZHOU O projeto de intervenção urbana foi realizado em um estacionamento do Hospital Popular de Panzhou, uma pequena cidade situada no sudoeste da China, estando localizada a mais de 2.000KM da capital Pequim. A ideia surgiu devido a falta de espaços públicos na região, onde as instalações urbanas são insuficientes. A proposta foi elaborada pelo escritório de arquitetura paisagística Mind Studio, com a finalidade de aprimorar e otimizar o desempenho dos espaços urbanos, utilizando o design para promover mudanças significativas nestes ambientes, sendo concluído em 2018, a área total da praça é equivalente a 8.000M2. Para a realização do projeto, o estacionamento foi deslocado para o subsolo do Hospital, o escritório buscou solucionar problemas conflitantes como o fluxo de veículos e pedestres, a poeira e o ruído que foram reduzidas com implementação da vegetação. "Através da metodologia do projeto de paisagismo, o local se tornou aberto, ativo, ecológico e saudável. As estratégias transmitem a mensagem da preocupação aos cuidados humano, sendo um lugar prático que encoraja o diálogo, além de se tornar um espaço de cura para ajudar os pacientes a se recuperarem." (ACHDAILY, 2020).
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Figura 51: Vista 01 - Praça do Hospital Popular
Figura 52: Vista 02 -Praça do Hospital
Panzhou
Popular Panzhou
Fonte: Archdaily, 2020.
Fonte: Archdaily, 2020.
PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
As figura 51, 52, 53 e 54 apresentam fotografias da praça após a conclusão do projeto. Esta foi pensada para se tornar um refúgio aos pacientes e usuários, sabese que os hospitais são considerados hostis e frios e que estas sensações podem agravar os sintomas físicos da doença, desta forma são necessários espaços que proporcionem o bem-estar físico e mental com a finalidade de aliviar os sintomas. Este conceito foi trabalhado através de caminhos e ilhas verdes desenhadas em formatos curvos, com o objetivo de proporcionar sentimentos suaves. Neste projeto foram trabalhados elementos aquáticos, de forma a proporcionar maior interação entre o usuário e a natureza, as árvores estão dispostas de forma a barrar os ruídos externos que iam de encontro a edificação principal, os diversos caminhos sinuosos se assemelham a experiência de andar em uma floresta, tais percepções foram utilizadas pelos arquitetos para promover a melhor experiência ao usuário, se tornando uma praça não somente de circulação, mas também de interação e permanência. Como demonstrado na figura 54, os espelhos d'água e a vegetação oferecem uma experiência multissensorial, "A água, o som e as plantas tornam o espaço originalmente plano e aberto, rico e diversificado." (ARCHDAILY, 2020).
Figura 53: Vista 03 - Praça do Hospital
Figura 54: Vista 04 - Praça do Hospital
Popular Panzhou
Popular Panzhou
Fonte: Archdaily, 2020.
Fonte: Archdaily, 2020.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Uma das principais problemáticas da região de Panzhou é a falta de áreas livres destinadas ao lazer da população. Em meio a tantas discussões nos últimos anos sobre a humanização no ambiente hospitalar e como isto influencia no tratamento de diversas doenças e no bem-estar físico e psicológico do ser humano, fez-se necessária a implementação de um espaço público que pudesse atender não somente aos pacientes do hospital mas também a população do entorno hospitalar. Para compreendermos a inserção da praça e a conexão com o Hospital da cidade, o diagrama representado pela figura 55 apresenta a implantação dos blocos hospitalares no terreno. São cinco blocos onde cada um desempenha uma função, o bloco destacado pela cor roxa é destinado ao combate de doenças infecciosas, o bloco destacado pela cor verde e o bloco laranja são destinados a consultas, exames e tratamentos. O edifício destacado pela cor vermelha é destinado ao atendimento ambulatorial e de emergência, e o bloco amarelo é destinado aos serviços gerais do hospital. O contorno laranja demonstra o local onde estava situado o antigo estacionamento do edifício. Figura 55: Diagrama de Implantação do Hospital Popular Panzhou Fonte: Archdaily, 2020. Editado pela autora.
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Os três pilares conceituais utilizados no edifício foram a reabilitação, a circulação e a convivência. A reabilitação é um processo terapêutico e é trabalhada por meio de áreas verdes no projeto. A circulação é definida pelos tons de cinza escuro e claros dos pisos que destacam as áreas de passeio. A convivência é realizada por meio dos mobiliários que possibilitam a permanência do usuário no local, podendo se relacionar com outros indivíduos e interagir com a natureza ao seu redor, para tal, fora pensado no espelho d'água interativo. Desta forma, a figura 56 demonstra as áreas de permanência, de circulação e de interação. Este projeto é uma referência projetual de requalificação urbana, a transformação de uma área que antes era destina a automóveis e que passa o foco para o pedestre, se tornando um espaço de cura para pacientes e funcionários, agregando uma área de recreação e lazer para á cidade. Além dos conceitos adotados pela equipe de projeto, a forma como estes são trabalhados de forma simplória, funcional e elegante, se tornam um modelo para a elaboração deste trabalho.
Figura 56: Implantação 3D - Praça do Hospital Popular Panzhou Fonte: Archdaily, 2020.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
6. ESTUDOS DE CASO COMPLEMENTARES 6.1 CENTRO DE TRATAMENTO DE CÂNCER MAGGIE'S O Centro de Tratamento de Câncer Maggie's está localizado no campus do Hospital Freeman em Newcastle Upon Tyne, cidade situada no nordeste da Inglaterra. Este é apenas um dos Centros Maggie's espalhados pelo mundo, que são projetados por arquitetos e designers renomados como Frank Gehry, Richard Rogers, Steven Holl e Zaha Hadid. Para compreender a concepção dos Centros Maggie's é necessário compreender sua história. A história destes centros
iniciaram com Margaret Keswick Jencks (1941-
1995), escritora, artista e designer, na luta contra um câncer terminal percebeu que os ambientes de tratamento contra o câncer poderiam ser melhorados através de um bom projeto, utilizou sua experiência com a doença para criar um novo auxílio para o tratamento do câncer. A filosofia dos Centros Maggie é proporcionar o suporte físico e psicológico ao paciente através de uma boa arquitetura e da ambientação dos espaços,
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Figura 57: Fachada principal Centro de
Figura 58: Biblioteca do Centro de
Tratamento de Câncer Maggie's
Tratamento de Câncer Maggie's
Fonte: Archdaily, 2014
Fonte: Archdaily, 2014.
PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
utilizando a interação com a natureza, espaços banhados de iluminação natural e ambientes privativos para a privacidade do paciente. O objetivo é, reunir pessoas na mesma situação em um espaço positivo que as auxiliem a encontrar esperança. A instituição filantrópica fornece atendimento gratuito a pacientes e familiares. Ela defendia a importância de locais aconchegantes que não se assemelhassem a hospitais, onde os pacientes e familiares pudessem se sentir acolhidos. Em colaboração com sua equipe médica, Maggie desenvolveu uma abordagem para os locais de tratamentos oncológicos. Charles Jenks (1939-2019), marido de Maggie, paisagista, historiador da arquitetura e renomado teórico cultural, auxiliou na realização dos projetos de Maggie fundando o primeiro Centro Maggie's em 1996, em Edimburgo capital escocesa. "Era maio de 1993, e a escritora e designer Margaret Keswick Jencks se sentara em um corredor sem janelas de um pequeno hospital escocês, temendo o que estaria por vir. O prognóstico era ruim - seu câncer havia voltado - mas a espera, e a sala de espera, drenavam
Figura 59: Sala de Apoio do Centro
Figura 60: Cozinha compartilhada do Centro
de Tratamento de Câncer Maggie's
de Tratamento de Câncer Maggie's
Fonte: Archdaily, 2014.
Fonte: Archdaily, 2014.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
suas energias. Ao longo dos dois anos seguintes, até sua morte, ela retornou diversas vezes para sessões de quimioterapia. Em espaços tão negligenciados e impensados, escreveu, pacientes como ela eram deixados ao léu para "murchar" sob o brilho dessecante das luzes fluorescentes." (ARCHDAILY, 2014).
O estudo de caso em questão, apresenta o projeto de um dos diversos Centros Maggie, projetados pelo escritório de arquitetura Cullinan Studio, sendo concluído em 2013. Estes centros oferecem apoio emocional, social e prático para os pacientes e familiares que lutam contra o câncer. A edificação possui uma área total de 300M2 divididos em dois pavimentos, sendo térreo e mezanino, com planta em formato de "L". No pavimento térreo demonstrado pela figura 61 é possível observar o lobby que dá acesso a uma recepção, aberta que leva ao setor da biblioteca e ao lado a circulação vertical, há três salas de reunião para terapias em grupo, uma sala para aconselhamento individual, uma sala para oficina de jardinagem, três banheiros localizados em diferentes pontos, escritório administrativo e uma cozinha compartilhada que é utilizada como uma área de convivência após as sessões de terapia. Todas as
Figura 61: Planta do pavimento térreo - Centro de Tratamento Maggie's Fonte: Archdaily, 2014. Editado pela autora
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PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
salas de reunião para terapia em grupo possuem acesso ao pátio descoberto, o que proporciona um contato direto com a natureza e com a iluminação natural, neste pátio há uma escada que leva ao terraço da edificação, há uma escada interna próxima a recepção que leva ao mezanino e ao terraço descoberto. No pavimento do mezanino é possível observar o acesso ao hall que leva ao terraço e um depósito. São dois acessos ao terraço neste pavimento, um localizado ao lado esquerdo e outro ao lado direito da edificação. Na planta apresentada pela figura 62 é possível observar a projeção da cobertura em formato curvo. Esta cobertura foi projetada para coletar energia para o centro de tratamento, diminuindo os custos energéticos. É possível observar pela figura 57 a fachada da edificação com a cobertura curva inclinada, também é possível perceber o guarda-corpo do terraço. A fachada apresenta elementos como o vidro, madeira, e chapas de aço cortén. As figuras 58, 59 e 60 apresentam trechos dos ambientes internos, que apresentam tons de cinza e amadeirado. Para aproveitamento do vão da escada fora projetado estantes de livros que ficam acessíveis aos usuários que acessam a unidade, nesta área também é possível observar as áreas de leitura, que proporcionam maior privacidade aos pacientes.
Figura
62:
Centro
de
Mezanino
-
Tratamento
Maggie's Fonte:
Archdaily,
2014.
Editado pela autora.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Os Centros Maggie's promovem a interação entre os pacientes, familiares e profissionais da saúde através da arquitetura, os ambientes transmitem a sensação de lar, se torna acolhedor pelos ambientes se assemelharem aos ambientes de uma casa, isto deixa os pacientes mais tranquilos. Desta forma o centro oferece o tratamento psicológico através de diversos métodos, a ambientação, os serviços, o atendimento, todos juntos trabalham para promover as melhores sensações para estes pacientes. A escolha do projeto como estudo de caso de referência para este trabalho se deu justamente pela forma como a arquitetura é utilizada para promover o bem-estar nos pacientes, a ambientação é pensada para transmitir aconchego e esperança, as cores claras dos ambientes internos, como os tons de madeira, cinza e branco, deixando as cores azul, amarelo e laranja nos detalhes dos mobiliários como os tecidos, utensílios de cozinha. A fachada apresenta tons escuros e sua forma se destaca no espaço. A presença de iluminação natural permeia toda a edificação, promovendo o contato dos pacientes com a área externa, esta interação é trabalhada de diversas formas, os terraços proporcionam áreas para descanso, exercícios físicos ou simplesmente uma boa conversa, todo este conjunto contribui psicologicamente com o paciente e com o familiar, auxiliando no tratamento da doença, sendo assim este projeto demonstra extrema relevância para este trabalho. A figura 63 demonstra a entrada de iluminação natural e o mobiliário trabalhado de forma humanizada e aconchegante, com cores e tecidos acolchoados. A figura 64 apresenta uma vista da escada, onde é possível observar os ambientes de leitura individual.
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Figura 63: Área de leitura
Figura 64: Escada e espaços de leitura
Fonte: Cullinan Studio, 2014
Fonte: Cullinan Studio, 2014
PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
6.2 HUB DE SAÚDE O Hub de Saúde é uma tipologia construtiva que se assemelha a um complexo, porém de serviços de saúde. Este em questão, reúne espaços de atendimento médico, esportes e áreas de lazer e convivência em um único espaço. O Hub de Saúde apresentado neste trabalho é um projeto elaborado para o concurso internacional Smart Green & Beyond: Healthcare Facility of the Future, promovido pelo Grupo de Saúde Pública da União Internacional dos Arquitetos, ao qual recebeu menção Honrosa. Projetado pelo Arquiteto Erik Vicente, proprietário do Estúdio de arquitetura mutável (eam), o projeto foi desenvolvido para o bairro Vila Nova Esperança, na cidade de São Paulo, Brasil. A escolha do local se deu devido ao fato do bairro não possuir equipamentos de saúde pública, fazendo com que os moradores desta região se desloquem para outras cidades para obter atendimento médico. "Nas metrópoles brasileiras os edifícios de saúde são grandes polos geradores de tráfego, porém não colaboram com a fluidez do tecido urbano, negando, muitas vezes, seu entorno imediato ao se cercarem de muros e grades. Esse fato se agrava nos edifícios públicos de saúde, afastando a população, tornando-se espaços que não oferecem alternativas saudáveis de convivência. Sendo assim, como poderiam ser as unidades de saúde do futuro?" (VICENTE, Erick, 2017).
O projeto propõe uma mudança de paradigmas para os estabelecimentos de saúde, com o desenvolvimento de um estabelecimento de saúde para a comunidade, com espaços de lazer e convivência para a população do entorno. Desta forma, o Hub de saúde é composto por uma clínica de saúde pública, que oferece serviços de prevenção de doenças, exames e tratamentos ambulatoriais e psicológicos juntamente com espaços de convivência, lazer e esportes. A gestão deste equipamento seria realizada por meio de um sistema digital informatizado, utilizando a tecnologia para organizar os atendimentos e os exames, gerando dados epidemiológicos para auxiliar nas estratégias de saúde pública. O aplicativo estaria disponível nas lojas de aplicativo digitais para Android e IOS, onde seria possível avisar os pacientes das datas da consulta, através de um cadastro prévio lincado com a unidade de saúde, seria possível desmarcar consultas, exames e demais atendimentos. 107
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Figura 66: Auditório ao ar livre Figura 65: Fachada do Hub de Saúde Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017 Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017.
A figura 65 apresenta a fachada da edificação, onde é possível observar a entrada e os edifício suspenso sobre pilares permitindo uma área de convivência coberta. A figura 66 apresenta o trecho onde há o auditório ao ar livre, onde o palco está centralizado de forma a servir para os dois auditórios, o auditório fechado e coberto localizado a esquerda e o auditório aberto localizado a direita. A figura 67 apresenta um trecho de circulação entre o térreo A e o térreo B. A figura 68 apresenta uma sala de espera com a utilização de mobiliários diferenciados. Dentre os ambientes propostos para atendimento na unidade estão: consultórios clínicos gerais, sala de ginecologia, sala de pediatria e consultórios odontológicos. No setor de exames estão: sala de tomografia computadorizada, sala de raio-x, sala de ultrassonografia, sala de densitometria27, sala de endoscopia, sala de mamografia, sala de ecocardiograma, sala de eletrocardiograma e sala de ergometria. Na clínica há um laboratório de análises clínicas para avaliar as amostras de sangue, fezes e urina coletados na área de atendimento básico a saúde, que é composta por salas de enfermagem, salas de coleta e curativos. Nesta unidade também há uma farmácia 27 Densitometria é um tipo de exame realizado para verificar a massa óssea em regiões do corpo como coluna, lombar e fêmur, muito utilizado para o diagnóstico de osteoporose. Este é realizado em um aparelho de dupla emissão de raio-X, porém com baixa dosagem de radiação, onde o paciente deita em uma maca que captas as imagens semelhante há um raio-x, é um exame indolor e não invasivo, com tempo de duração de 10 a 15 minutos. 108
PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
Figura 67: Circulação de conexão entre o térreo A e o térreo B. Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017.
Figura 68: Sala de espera dos consultórios Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017.
para a distribuição de remédios gratuitos, também é previsto uma ala destinada a fisioterapia e outra a terapias ocupacionais. O diagrama apresentado pela figura 69 demonstra em um conjunto de seis imagens como foi realizada a concepção do edifício. O terreno em formato circular era disposto de uma praça com quadra esportiva, pista de skate e áreas verdes. A ideia do arquiteto foi manter as atividades no local porém reposicionando elas para outros locais, deixando o térreo livre para promover as conexões de um lado ao outro. A última imagem do diagrama demonstra como foram implantados os blocos de saúde, devido a topografia do terreno há dois térreos, que foram dispostos a promover a circulação livre de pedestres, é onde se encontram parte das áreas comuns do programa de necessidades proposto, como as pistas de skate e o auditório, tornando uma praça aberta de conexão entre as duas extremidades do terreno. No térreo também se encontram os acessos a recepção da edificação como será demonstrado pela figura 70 nas páginas a seguir. Os blocos foram implantados sob pilares para que pudessem permitir a circulação livre no térreo entre as duas extremidades do terreno, desta forma o primeiro e segundo pavimento do bloco A são destinados a clinica de atendimento. O bloco B, no primeiro pavimento também é destinado a clínica, no segundo pavimento se encontra a administração do edifício e no terceiro pavimento a quadra esportiva. 109
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Figura 69: Diagrama de concepção do edifício. Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017.
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PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
A edificação possui ao todo 6.476,37M2, divididas em seis pavimentos, iniciando pelo subsolo, onde está concentrada a área técnica dos reservatórios da edificação, este possui área de 209,10M2. No pavimento térreo inferior apresentado pela figura 69 estão as áreas de convivência, a pista de skate localizada a direita da planta é de livre acesso a toda população, o auditório fechado possui quatro entradas, duas de frente para a rua e duas na parte inferior do auditório, a escadaria localizada atrás do auditório se torna um auditório ao ar livre, coberto porém com aberturas que permite a circulação de ar, o palco está disposto no meio entre os dois auditórios, podendo ser utilizado para ambos. É possível observar a rampa que dá acesso ao térreo superior, ao lado direito do terreno em formato circular é possível observar o acesso de serviço ao bloco, neste andar há algumas das áreas destinadas ao serviço da unidade. Figura 70: Pavimento Térreo inferior (A) Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017. Editado pela autora.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
No pavimento térreo superior, destacado pela figura 71 há uma farmácia dentro do bloco de serviço, onde também está o refeitório dos funcionários e a área de esterilização. Neste pavimento também é possível visualizar a área de ginástica, as salas de assistência social e o acesso a circulação vertical que leva ao pavimento superior onde estão concentradas as áreas de atendimento médico básico e ambulatorial. A cobertura do auditório se torna um terraço e um espaço de convivência, que pode ser acessado por uma passarela. Figura 71: Pavimento Térreo superior (B) Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017. Editado pela autora.
No primeiro pavimento (figura 72) há os consultórios médicos e odontológicos, também há as salas destinadas a exames e áreas de serviço. No segundo pavimento (figura 73) está o setor administrativo com salas individuais e coletivas, e salas de reunião. Há também a área destinada a fisioterapia com seus apoios de sanitários e consultório médico, neste pavimento é possível observar as salas de terapia em grupo e individual. 112
PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
Figura 72: 1°Pavimento Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017. Editado pela autora.
Figura 73: 2° Pavimento Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017. Editado pela autora.
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HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
O último pavimento apresentado na figura 74, é possível observar a quadra esportiva que pode ser acessada pelo elevador social ou pela escadaria que fica disposta de forma pública, não requerendo nenhum controle de acesso, a frente da quadra há uma área de convivência para que os usuários possam assistir os jogos ou conversar neste espaço. Neste pavimento também há sanitários para quem utiliza esta área, é possível observar as áreas de serviço composta por um depósito de materiais esportivos e um DML.
Figura 74: 3°Pavimento Fonte: Escritório de Arquitetura Mutável (EAM), 2017. Editado pela autora.
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PARTE 2: REVISÃO HISTÓRICA DA TIPOLOGIA E ESTUDOS DE CASO
O edifício trabalha a sustentabilidade de diversas formas: "Para reduzir o consumo de recursos naturais, alguns sistemas foram sugeridos. Para a geração de energia elétrica, sistema composto por placas fotovoltaicas, sem armazenagem por baterias. Para o consumo de água, sistema de filtragem e reutilização de água pluvial e do córrego que existe no local, para acionamento das descargas dos vasos sanitários, cubas de despejo, rega de jardins e lavagem das áreas externas. O esgoto seria totalmente tratado no local, por estação compacta formada por filtros anaeróbios e aeróbios, despejando a água limpa no córrego existente." (VICENTE, Erick, 2017).
O edifício atua como estudo de caso complementar neste trabalho por não se tratar de uma unidade específica para o tratamento do câncer mas que possui diversas razões para se tornar uma referência projetual, apesar de não ser específico no tratamento de câncer, os consultórios e a área de exames são ambientes necessários para um Centro de Tratamento Oncológico. A área destinada a terapias demonstra a preocupação do arquiteto com a saúde mental do indivíduo, não somente focando em sua saúde física, reforçando a defesa da necessidade destes espaços, defendido por esta monografia. O edifício inclui áreas de convivência e lazer voltados a população, demonstrando que a unidade pode ir além dos atendimentos médicos proporcionando espaços que promovem o bem-estar físico e mental para esta população. Também é demonstrado a forma como o edifício trabalha a sustentabilidade, utilizando a captação de água para reuso e a centralização de suas áreas técnicas e maquinários que auxiliam no funcionamento da edificação. A humanização é simples mas existe, é trabalhada com cores e com a criação de espaços de convivência, promovendo a interação entre usuários e funcionários.
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03 PARTE
CONDICIONANTES LEGAIS
O terceiro capítulo deste trabalho, denominado: Parte 3 - Condicionantes Legais, consiste nas legislações aplicadas para auxiliar na construção de um Centro de Tratamento Oncológico. Estas servem como guias e diretrizes para a concepção do projeto, atendendo as necessidades para o bom funcionamento do edifício. Para tal, são abordados o Plano Diretor da cidade de Suzano, São Paulo, como forma de examinar o planejamento do município; A Lei de Uso e Ocupação do Solo, para determinar a zona e os parâmetros de implantação da edificação, como taxas de permeabilidade, recuos e coeficientes de aproveitamento. O Código Sanitário do Estado de São Paulo determina as dimensões mínimas dos ambientes, a ventilação e iluminação necessária para o bom funcionamento destes. A RDC 50, resolução da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), determina as normas técnicas para que os estabelecimentos de saúde funcionem corretamente e com segurança. A NBR 9050, determina os parâmetros técnicos para que haja acessibilidade nas edificações; A NBR 9077, determina os parâmetros técnicos para as saídas de emergência das edificações.
PARTE 3: CONDICIONANTES LEGAIS
7. CONDICIONANTES LEGAIS 7.1 PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE SUZANO A Lei Complementar N°312 de 2017, institui o Plano Diretor do Município de Suzano, ao qual estabelece as diretrizes e orientações para o desenvolvimento econômico, social e territorial da cidade. Este é responsável por atender aos interesses coletivos e fundamentais do cidadão, proporcionando moradia com dignidade, trabalho, preservação do meio ambiente, integração e equilíbrio do território da cidade por meio do planejamento e da gestão urbana. Este é fundamental para a organização dos esquemas estruturantes da cidade. O Art. 6° do Capítulo I - Das Disposições Gerais, define a abrangência do Plano Diretor no território municipal, estabelecendo o Ordenamento Territorial nas Macrozonas; o Ordenamento Territorial nas Zonas Especiais; os Instrumentos de Política Urbana, Ambiental e de Desenvolvimento Rural; a Política de Desenvolvimento Urbano; os Sistemas de Planejamento, Gestão e Controle; os Projetos Prioritários para o Município. O Art. 58 da Subseção II - Dos Empreendimentos e Atividades de Impacto, determina que as atividades consideradas de impacto no município, independente da área construída ou metragem do terreno, dentre estes estão as unidades hospitalares e similares. Sendo assim, o Centro de Tratamento Oncológico proposto é considerado uma atividade de impacto no município, sendo objeto de Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV. 7.2 LEI DE USO OCUPAÇÃO E PARCELAMENTO DO SOLO (LUOPS) A Lei Complementar N°340 de 9 de dezembro de 2019, dispõe sobre o Uso Ocupação e Parcelamento do Solo. Esta estabelece os parâmetros urbanísticos para o desenvolvimento e expansão do município, determinando os princípios e orientações a serem adotados para a elaboração de um projeto, com a função de delimitar o território do município, as zonas e seus parâmetros de implantação, objetivando o equilíbrio do espaço urbano. Segundo a LUOPS, a região ao qual será implantado o projeto está em uma ZURC-2 (Zona Urbana Consolidada 2), porém a área em questão 119
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
para implantação do projeto está em uma ZEPIU - A (Zona Especial de Projetos de Intervenção Urbana), estabelecido pela Lei Complementar n° 366 de 21 de Dezembro de 2021. 7.3 DECRETO N°12.342: CÓDIGO SANITÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO O Decreto n°12.342, de 27 de setembro de 1978, dispões sobras as normas de promoção, preservação e recuperação da saúde no campo da competência da Secretaria do Estado de São Paulo. Este Decreto intitula o Código Sanitário do Estado de São Paulo, cuja função é estabelecer os dimensionamentos mínimos dos compartimentos de qualquer finalidade construtiva, analisando iluminação, ventilação e insolação, objetivando a redução e a prevenção dos riscos a saúde decorrentes do meio ambiente. O Art. 226 do Capítulo XI, estabelece que os estabelecimentos de assistência médico-hospitalar deverá "atender as exigências referentes as habitações e aos estabelecimentos de trabalho em geral constantes deste Regulamento e de sua Normas Técnicas Especiais, além das disposições previstas na legislação federal pertinente." (Decreto n°12.342, de 27 de setembro de 1978. Capítulo XI - Estabelecimentos de Assistência Médico-Hospitalar). O Art. 246 da Seção IV, que dispõe sobre as Farmácias, Drogarias, Ervanarias, Postos de Medicamentos, Unidades Volantes e Dispensários de Medicamentos, determina que os postos de medicamentos deverão obter área mínima de 12M2, o Art. 247 determina que os dispensários de medicamentos também deverão obter área mínima de 12M2. O Capítulo XIII, estabelece as normas técnicas de vigilância a saúde nos Laboratório de Análises Clínicas de Patologia Clínica, de Hematologia Clínica, os ambientes de apoio para o diagnóstico de doenças, este determina que os ambientes precisam estar revestidos de material liso, resistente e impermeável, com paredes em tons claros ou de azulejos em tons claros, a fins de promover maior limpeza ao ambiente, estes não poderão ter área inferior a 20M2. Sendo assim, os laboratórios quando presentes na unidade de atendimento assistencial a saúde auxiliam na agilidade do diagnóstico, sendo de extrema relevância nos centros de tratamento de oncologia, agilizando o processo de tratamento da doença. 120
PARTE 3: CONDICIONANTES LEGAIS
7.4 RESOLUÇÃO - RDC N°50 A Resolução - RDC n°50, de 21 de fevereiro de 2002, estabelece o Regulamento Técnico para o planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, sendo assim, a principal Norma Técnica de orientação para os projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Esta Resolução estabelece o programa de necessidades básico para cada tipologia de atendimento sendo apresentado por tabelas. Estas determinam os ambientes necessários para uma unidade de tratamento oncológico ambulatorial. A tabela denominada Unidade Funcional 4: Apoio ao Diagnóstico e Terapia com atividades de imagenologia, determina que no setor de radiologia é necessário sala de preparo de pacientes de no mínimo 6M2; sala de preparo de contraste com 2,5M2; sala de indução anestésica e recuperação de exames; sala de exames com comando geral no caso de exames odontológicos, mamografias e densitometria; sala de exames telecomandados com sala de comando anexa; sala de interpretação de laudos sendo uma para cada sala de exames. No setor de tomografia é necessário sala de exames, sendo um equipamento tomográfico por sala com área de comando anexo; sala de indução e recuperação anestésica; sala de laudos e interpretação e posto de enfermagem para auxiliar na realização do exame. O setor de ressonância magnética necessita dos ambientes supracitados com a adição de área de detecção de metais e a sala de componentes técnicos (computadores e compressores). O setor de radioterapia necessita de sala de recuperação e observação de pacientes e sala de confecção de moldes e máscaras. No setor de endoscopia digestiva e respiratória, são necessários consultórios indiferenciados, sala de exames e procedimentos; área para limpeza e desinfecção de endoscópios; sala de recuperação; sala de laudos e interpretação. Na ala de quimioterapia são necessárias salas de aplicação de quimioterápicos, com utilização de poltronas para casos de curta duração e leitos para longa duração, como apoio a esta área há postos de enfermagem e sanitários. Todos os setores mencionados acima necessitam de ambientes de apoio, como recepções e área de espera, sanitários, vestiários, arquivo de chapas ou filmes, sala de utilidades, depósitos de materiais e equipamentos. 121
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
7.5 NBR 9050: ACESSIBILIDADE A EDIFICAÇÕES, MOBILIÁRIO, ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS URBANOS A NBR 9050/2015 estabelece os parâmetros técnicos para Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos, objetivando proporcionar a qualidade da utilização do espaço para todos, independentemente de sua limitação e níveis de percepção. Esta norma garante a inclusão de pessoas com deficiência a todos os estabelecimentos. Para a elaboração do Centro de Tratamento Oncológico serão utilizados os parâmetros técnicos estabelecidos nesta Norma, objetivando a inclusão e facilidade ao empreendimento proporcionando maior conforto aos usuários da edificação. Os parâmetros a serem utilizados estão relacionados a circulação interna e externa vertical e horizontal da edificação, instalações sanitárias, e mobiliários. Segundo a norma, os dimensionamentos mínimos e as sinalizações aplicáveis ao projeto são: •
Largura mínima para deslocamento em linha reta: para uma pessoa em cadeira de rodas é de 0,90m, para um pedestre e uma cadeira de rodas é de 1,20m á 1,50m, para duas cadeiras de rodas é de 1,50m a 1,80m;
•
Área de manobra para cadeira de rodas sem deslocamento: rotação de 90° 1,20m x 1,20m, para rotação de 180° 1,20m x 1,20m, para rotação de 360° círculo com diâmetro de 1,50m;
•
Sanitários e vestiários: As instalações sanitárias acessíveis devem corresponder a 5% do total das peças sanitárias, com no mínimo um para cada sexo em cada pavimento. Estes também necessitam de alarmes de emergência a uma altura de 0,40m e barras de apoio. O ambiente deve possuir dimensionamento mínimo do espaço de 1,50m x 1,50m. A altura da bacia sanitária deve estar entre 0,43m a 0,45m do piso acabado. As dimensões mínimas do box é de 0,90m x 0,95m;
•
Sinalização de pavimento: os corrimãos de escadas fixas e rampas devem possuir sinalização tátil com caracteres em braille identificando o pavimento, esta sinalização deve ser instalada na geratriz superior do prolongamento horizontal do corrimão. Os degraus das escadas deverão ser aplicadas
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PARTE 3: CONDICIONANTES LEGAIS
nas bordas laterais dos pisos e espelhos com fotoluminescentes ou retroiluminado; •
Sinalização tátil: a sinalização tátil de alerta deve ser utilizada para informar a pessoa com deficiência visual a presença de desníveis ou situações de risco permanente, informar mudanças de direção ou opções de percursos, estar indicada no início e no término degraus, escadas e rampas. As sinalizações táteis direcionais "deve ser instalada no sentido do deslocamento das pessoas, quando da ausência ou descontinuidade de linha-guia identificável, em ambientes internos ou externos, para indicar caminhos preferenciais de circulação" (NBR 9050, 2015, p.50).
7.6 NBR 9077: SAÍDAS DE EMERGÊNCIA EM EDIFÍCIOS A NBR 9077/2001 estabelece os parâmetros técnicos para as saídas de emergência nas edificações, tendo como função estabelecer as condições de segurança para a rápida evacuação dos usuários em caso de emergência, objetivando a proteção e a integridade física dos mesmos. Esta Norma auxilia na elaboração do projeto, sendo fundamental para os dimensionamentos mínimos das portas e as disposições das saídas de emergência, garantindo a segurança nas circulações horizontais e verticais determinando as condicionantes para o correto funcionamento da edificação, visando maior segurança e conforto aos usuários. Segundo a norma: •
Larguras mínimas das saídas: estas devem ser dimensionadas de acordo com o fluxo de pessoas. Sendo o cálculo realizado por meio da seguinte equação: N = P x C, onde N é o número de unidades de passagem, P a população aplicada a tipologia projetual e C capacidade da unidade de passagem;
•
Distância máxima a ser percorrida: em unidades hospitalares ou similares em pisos elevados e saídas únicas é de 25m sem detecção automática de incêndio e 30m com detecção automática, para piso de descarga, 35m sem detecção automática de incêndio e 40m com detecção automática.
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04 PARTE
ANÁLISE TERRITORIAL
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
O quarto capítulo deste trabalho, denominado: Parte 4 - Análise Territorial, consiste na análise do território onde será implantado o projeto. Sendo assim, a análise foi realizada do macro para o micro, apresentando a inserção da cidade na Região Metropolitana de São Paulo até a área de intervenção onde será implantado o projeto. Para maior compreensão da área, foram elaborados estudos por meio de mapas para compreender o uso do espaço, o gabarito de altura e o sistema viário, visando o entendimento das necessidades e características do local. 126
PARTE 4: ANÁLISE TERRITORIAL
8. A CIDADE E A ÁREA DE INTERVENÇÃO 8.1 A REGIÃO DA GRANDE SÃO PAULO A região da Grande São Paulo ou Região Metropolitana de São Paulo é formada por 39 municípios, dentre estes estão os municípios pertencentes ao Alto Tietê, formado por: Suzano, Mogi das Cruzes, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Biritiba Mirim, Guararema, Salesópolis, Arujá, Santa Branca, Santa Isabel e Guarulhos. De acordo com um levantamento realizado pelo médico especialista em saúde pública José Vaz Mendes em parceria com Grupo Técnico de Avaliação e Informações de Saúde (GAIS), Coordenadoria de Planejamento de Saúde (CPS) e Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a região da Grande São Paulo é a que possui a maior taxa de mortalidade por câncer no Estado de São Paulo, em um período de três anos com comparativo de 10 anos de intervalo, sendo o estudo realizado em 2006/2008 e 2016/2018. A tabela 01, elaborada com base neste estudo demonstra os números de óbitos no sexo feminino nos períodos de 2006/2008 e 2016/2018 por tipos de câncer na região da Grande São Paulo. Tabela 01: Óbitos de Câncer na Grande São Paulo - Sexo Feminino Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados fornecidos pelo artigo: Mortalidade regional por câncer no Estado de São Paulo - comparação entre triênios 2006/2008 e 2016/2018. ÓBITOS DE CÂNCER NA GRANDE SÃO PAULO - SEXO FEMININO Tipos de Câncer
Período 2006/2008
Período 2016/2018
1.781
2.190
924
1.401
1.032
1.455
Pâncreas
508
782
Estômago
623
622
Colo do útero
418
475
Mama Traquéia, Bronquio, Pulmão Cólon, reto e anus
É possível observar o aumento de casos no triênio de 2016/2018 em relação ao triênio de 2006/2008 no sexo feminino, exceto pelo câncer de estômago que apresenta redução de 1 caso. Podemos observar também que o câncer de mama lidera o ranking de óbitos sendo 1.781 em 2006/2018 e 2.190 em 2016/2018. 127
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
A tabela 02 apresenta os números de óbitos no sexo masculino nos períodos de 2006/2008 e 2016/2018 por tipos de câncer na região da Grande São Paulo. É possível observar que os cânceres que mais causaram mortes neste período foram os de traqueia, brônquio e pulmão, seguido pelo câncer de próstata; cólon e reto; estômago; cavidade oral, lábio e faringe; fígado e vias biliares. É possível observar o aumento destes casos com exceção dos cânceres de colo e reto, e estômago que permanecem com o mesmo número de óbitos nos triênios de 2006/2008 e 2016/2018. Tabela 02: Óbitos de Câncer na Grande São Paulo - Sexo Masculino Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados fornecidos pelo artigo: Mortalidade regional por câncer no Estado de São Paulo - comparação entre triênios 2006/2008 e 2016/2018. ÓBITOS DE CÂNCER NA GRANDE SÃO PAULO - SEXO MASCULINO Tipos de Câncer
Período 2006/2008
Período 2016/2018
Traquéia, Bronquio, Pulmão
1.542
1.757
Próstata
1.145
1.333
Cólon, reto
1.059
1.042
Estômago
1.059
1.042
Cavidade oral, lábio, faringe
592
708
Fígado e vias biliares
477
702
As causas para tal são diversas, envolvem a falta de acesso ao diagnóstico precoce, falta de tratamento, maus hábitos alimentares, fatores genéticos, entre outros. Fato é que, o triênio de 2016/2018 demonstrou aumento nestes casos de mortes por câncer, sendo a Grande São Paulo a região que lidera o ranking em relação as demais regiões do Estado de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, são no total 25 estabelecimentos de saúde estão habilitados para o atendimento em câncer na Região da Grande São Paulo, destes as unidades mais próximas ao município de Suzano estão localizadas na cidade de Mogi das Cruzes, são elas: o Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, localizado á 16,6Km da cidade de Suzano, e o Centro Oncológico Mogi das Cruzes, localizado á 12,3Km do município de Suzano. Estas unidades além de atenderem a população do município ao qual estão inseridas, atendem também a população de outras cidades como: Arujá, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos e Guararema. Apenas o Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo atende aos pacientes do SUS. 128
PARTE 4: ANÁLISE TERRITORIAL
8.2 A CIDADE A cidade de Suzano é um município do Estado de São Paulo - BR. O município é uma das 39 cidades pertencentes a Região Metropolitana de São Paulo, e é um dos 12 municípios pertencentes ao grupo do Alto Tietê que é composto por: Suzano, Mogi das Cruzes, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Biritiba Mirim, Guararema Salesópolis, Arujá, Santa Branca, Santa Isabel e Guarulhos. As figuras 75, 76 e 77 demonstram a inserção do município nas localidades supracitas e a relação com os municípios do Alto Tietê.
Figura 75: Inserção do Estado de São Paulo no Brasil Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 76: Inserção da Região Metropolitana no Estado de São Paulo Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 77: Inserção do Município de Suzano na Região Metropolitana. Fonte: Elaborado pela autora.
O crescimento populacional da cidade se deu em 1875, após a implantação dos trilhos que ligava a cidade de Mogi das Cruzes á São Paulo, sendo inaugurada em 6 de novembro de 1875 com uma parada na estação Guaianazes. Uma segunda parada foi construída para o embarque de lenha, esta foi denominada Parada Piedade, em função disso Antônio Marques de Figueira construiu sua casa junto a parada, e 129
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
juntamente com outros proprietários da região "como o Major Francisco Pinheiro Froez, dono das Fazendas Boa Vista e Revista; o Major Guilherme Boucault, líder político de Mogi das Cruzes, e o Conde João Romariz, proprietário da fazenda que se localizava onde hoje é o bairro da Vila Amorim" (PREFEITURA DE SUZANO), juntos buscavam um arruamento junto a esta parada que foi aprovado em 1890. Esta pequena estação de madeira apresentava precariedades em sua construção, levando a população o temor de que esta fosse desativada. Desta forma, estes solicitaram ao engenheiro Joaquim Augusto Suzano Brandão a construção de alvenaria da Estação Piedade, sendo assim, em homenagem a ela, a estação passou a se chamar Suzano em 1908. Por muito tempo Suzano era um distrito pertencente a cidade de Mogi das Cruzes, após muita luta, em 24 de dezembro de 1948 a cidade conseguiu sua autonomia. A cidade de Suzano está situada a 749m de altitude em relação ao nível do mar e é composta por três distritos: Centro, Boa Vista e Palmeiras, estes possuem 199 bairros ao todo distribuídos nos três distritos. De acordo com dados do IBGE do último censo de 2010, Suzano possui uma população de 262.480, com população estimada para o ano de 2021 de 303.397 habitantes. Ainda segundo dados do IBGE de 2019, a cidade possui PIB percapta de R$ 40.453,09 sendo uma das cidades do Alto Tietê que mais evoluíram nos últimos anos, segundo um levantamento elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP). "Entre os principais aspectos avaliados nesta edição, o município se destaca na inserção econômica, avançando 156 colocações e alcançando a 90ª posição em âmbito nacional. Já no acesso à saúde, Suzano avançou 58 colocações no ranking. No acesso e qualidade da educação, a cidade também ganhou 21 e 14 colocações, respectivamente. " (PREFEITURA DE SUZANO, 2021).
Segundo o Plano Municipal de Saúde de Suzano do período de 2018-2021, elaborado pelo Secretário Municipal de Saúde Luis Claudio Rocha Guillaumon, a cidade possui 22 unidades básicas de saúde, 1 Centro de Fisioterapia, 1 Ambulatório de Especialidades, 1 CEO, 2 Farmácias Populares, 1 Pronto Atendimento Municipal, 1 Laboratório Municipal, 1 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, 1 Serviço de Assistência Especializada, 1 Canil, 3 Centros de Atenção Psicossocial, 1 Consultório 130
PARTE 4: ANÁLISE TERRITORIAL
na rua, 1 Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar, 1 Pronto Socorro Municipal e 1 Unidade Hospitalar. A atenção básica é formada por 22 Unidades Básicas de Saúde, apresentadas na figura 78. De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica é estabelecido que para o correto funcionamento do atendimento á população é necessário 1 unidade básica de saúde para cada 18.000 habitantes. É destacado pelo Secretário de Saúde do Município de Suzano " Apesar disso, por questões geográficas, a rede básica de saúde municipal ainda é insuficiente para suprir toda a demanda (face ao crescimento populacional, bem como às invasões e ocupações irregulares)". (GUILLAUMON, Luis Claudio R. 2018, pg.10). As Unidades Básicas de Saúde são as primeiras na estruturação de atendimento do SUS, a partir delas estes pacientes são encaminhados para as consultas com médicos especialistas que são realizadas no Ambulatório de Especialidades de Suzano, este fornece consultas com especialidades como: dermatologia, otorrinolaringologia, ginecologia, ortopedista e oftalmologia. Os casos mais complexos são encaminhados para outras cidades. A figura 79 apresenta um mapa com a indicação das unidades de atendimento especializado do SUS, dentre as 6 listadas, 2 são unidades de pronto atendimento, 1 ambulatório de especialidade, 1 laboratório municipal, 1 unidade do SAMU e 1 unidade hospitalar. Com apenas um ambulatório de especialidades o sistema se encontra sobrecarregado para atender a uma população estimada de 303.397 (IBGE 2021). Dentre os equipamentos mapeados, não foram encontrados centros especializados no tratamento do câncer. O Hospital Auxiliar de Suzano atende casos mais complexos, este não atende os munícipes pois se trata de um hospital de retaguarda do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, ao qual possui uma gestão estadual. Os pacientes da cidade que necessitam de atendimento para o câncer são encaminhados para as cidades da região como Mogi das Cruzes, mas devido a quantidade de pacientes, alguns são encaminhados para distâncias maiores.
131
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Figura 78: Unidades Básicas de Saúde no Município de Suzano Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados fornecidos pelo Plano Municipal de Saúde do Município de Suzano 2018-2021.
132
PARTE 4: ANÁLISE TERRITORIAL
Figura 79: Unidades de Atenção Especializada Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados fornecidos pelo Plano Municipal de Saúde do Município de Suzano 2018-2021.
133
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
8.3 A ÁREA DE INTERVENÇÃO O lote selecionado para a implantação do projeto está localizada na Av. Mogi das Cruzes, S/N, Jardim Imperador, Suzano - São Paulo, conforme figura 80. Este mede 105m em sua parte frontal e 160m em sua lateral, possuindo área de 16.800M2, e está situado entre dois polos educacionais importantes para a cidade: a Faculdade Piaget e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. O lote está situado no distrito do centro da cidade em uma ZEPIU - A (Zona Especial de Projeto de Intervenção Urbana), que de acordo com a Lei Complementar n°366 de 21 de dezembro de 2021, o lote deverá possuir taxa de permeabilidade mínima de 15%, taxa de ocupação máxima de 70%, e coeficiente de aproveitamento de 2,5. A área não possui gabarito de altura máximo. É aplicado para lotes nesta zona faixa non aedificandi de 4,00m. Com estes índices aplicados ao lote temos: taxa de ocupação de 70% x 16.800M2 = 11.760M2 máximo para a ocupação do lote no terreno, e coeficiente de aproveitamento de 2,5 x 16.800M2 x 2,5 = 42.000M2. Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de Harvard, em conjunto com o Brigham and Women’s Hospital, em Boston (EUA), analisou 108.630 mulheres americanas entre os anos 2000 e 2008, eles compararam os índices de mortalidade entre elas com o nível de vegetação ao redor de suas residências em um raio de 250M2. Foi constatado que as mulheres que moravam próximo a áreas verdes mostravam uma taxa de mortalidade de 12% menor as que não residiam próximo a natureza. Investigando as causas da morte, fora constatado que as habitantes de locais próximos a natureza possuíam 41% menos de chance de morrer por problemas nos rins, 34% por males respiratórios e 13% por alguns tipos de câncer. Em virtude disso, a escolha do terreno se deu pela proximidade ás áreas verdes e de lazer da cidade objetivando a recuperação do paciente. Á frente do lote escolhido está localizado o Parque Max Feffer, sendo o único parque na cidade de Suzano. Para compreender melhor a relação do terreno com o entorno e o município, fora realizada a análise por meio de elementos gráficos para compreender as necessidades da região. Sendo assim, foram elaborados levantamentos fotográficos e topográfico, mapeamento de cheios e vazios, do uso e ocupação do solo, do gabarito de altura e do sistema viário. 134
LAGOA AZUL
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CONSTRUÇÃO HOSPITAL REGIONAL DE SUZANO
A= 16.800M²
FACULDADE PIAGET
PARQUE MAX FEFFER
EM. PROF. ELIANA PEREIRA FIGUEIRA
N SESI
SEM ESCALA
LEGENDA AV. MOGI DAS CRUZES
AV. PAULISTA
LOTES VAZIOS
INSTITUCIONAL
LAGOA AZUL
AV. SENADOR ROBERTO SIMONSEN
TERRENO
CONSTRUÇÃO HOSPITAL REGIONAL DE SUZANO
ÁREAS VERDES
MORADIAS IRREGULARES
Figura 80: Localização do Lote Fonte: Google Earth. Editado pela autora. A figura 00 apresenta a localização do lote e os seus confrontantes. Também é apresentado a distância entre a área frontal do lote e o Parque Municipal Max Feffer em um trajeto a pé. 135
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
136
01
02
04
05
PARTE 4: ANÁLISE TERRITORIAL
03
Figura 81: Levantamento Fotográfico Fonte: Google Earth. Editado pela autora. A figura 81 apresenta o levantamento fotográfico em um conjunto de 5 imagens. É possível observar na primeira imagem a vista frontal do lote, a segunda imagem a vista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, a terceira imagem a vista do Parque Max Feffer, localizado a frente do lote, quarta imagem com a Faculdade Piaget e quinta imagem a construção do Hospital Regional de Suzano. É possível observar nas imagens o grande recuo frontal nas calçadas a frente do lote, este recuo é disposto de forração sem manutenção, onde é utilizado como estacionamento para os veículos da Faculdade Piaget, a calçada está em condições regulares e a iluminação da via não é suficiente para o período noturno, o que causa sensação de insegurança nos moradores e visitantes da região. Em análise realizada fora possível constatar que devido ao comprimento da via as faixas de pedestre existentes não atendem as travessias, sendo necessário percorrer longas distâncias para atravessar com segurança. Apesar da grande área de lazer (Parque Max Feffer) estar localizada á frente da Faculdade Piaget e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Lazer, este não possui aberturas para este lado da via, não permitindo esta conexão entre os polos educacionais e as áreas verdes, sendo necessário percorrer uma longa distância para acessar ao parque. A construção do Hospital Regional possibilitou o prolongamento da R. Sete de Setembro, o que poderá permitir melhores conexões e distribuição de fluxos entre o setor leste e oeste. 137
A P04
P09 P08 P07 P06
B
P03
P05
B P02
A P01
N SEM ESCALA
Figura 82: Levantamento Topográfico Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados fornecidos pelo Google Earth.
A figura 82 apresenta o contorno do terreno com dois cortes, o longitudinal (AA) e o transversal (BB). Os nove pontos apresentados no mapa demonstram os níveis de elevação nestas áreas do terreno, a serem apresentados pelas figuras 83 e 84 a seguir. É possível observar na figura 84 que no P01 próximo ao nível da rua a cota está em 739m, no P02, entrada área frontal do lote a cota sobe para 740m, no P03 a cota desce para 738m e permanece até o P04, final do terreno.
138
PARTE 4: ANÁLISE TERRITORIAL
Figura 83: Corte longitudinal (AA) Fonte: Google Earth. Editado pela autora. A figura apresenta as cotas de nível dos quatro pontos determinados no terreno no corte longitudinal AA.
139
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Figura 84: Corte transversal (BB) Fonte: Google Earth. Editado pela autora. A figura apresenta as cotas de nível dos cinco pontos determinados no terreno no corte longitudinal BB.
140
PARTE 4: ANÁLISE TERRITORIAL
A figura 84 apresenta o corte transversal (BB), nela estão presentes as cotas de nível pré-determinadas nos pontos apresentados pega figura 82 (levantamento topográfico), é possível observar que na extremidade esquerda do terreno o P05 está na cota 740m, no P06 na cota 738m, no P07 este nível sobe para 739m, no P08 desce novamente para 739m e no final do lote no sentido transversal a cota desce para 738m (P09). Deste modo, podemos considerar que o lote não apresenta grandes desníveis, com apenas 2m de desnível em alguns pontos, podendo ser trabalhada na concepção do projeto sem a necessidade de grandes movimentações de terra. As figuras 85, 86, 87 e 88 apresentam os mapas de cheios e vazios, uso e ocupação do solo, gabarito de altura e sistema viário, respectivamente, em um raio de 1000m É possível observar no mapa de cheios e vazios que a área é abundantemente adensada, o perímetro direito e esquerdo do mapa é composto por lotes menores onde poucos estão desocupados. Na área central do mapa onde está localizado o terreno, é possível observar que há lotes maiores vazios, porém nas duas laterais do lote os terrenos estão ocupados com construções que não passam de 4 pavimentos. O mapa apresentado na figura 86 demonstra o uso e ocupação do solo, sendo uma zona mista composta por edificações residenciais, comerciais, institucionais e de serviços, é possível observar a hidrografia, as áreas e as áreas verdes. Em maioria, a área é composta por edificações residenciais, seguidas de edificações comerciais e institucionais. O mapa de gabarito de altura demonstra a altura das edificações, podendo identificar quais edificações podem interferir no sombreamento e no campo visual do lote. É possível observar que o lote está inserido no meio de duas edificações, á direita a Faculdade Piaget com 3 pavimentos e á esquerda o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia sendo uma edificação térrea. Á frente do lote está o Parque Max Feffer, o que proporciona uma vista do lote para as áreas verdes. O mapa apresentado na figura 88 demonstra o sistema viário, que é composto por vias locais em grande maioria, seguido pelas vias coletoras, neste raio não foram encontradas vias arteriais. As vias coletoras que formam o sistema viário do entorno do lote são: Av. Mogi das Cruzes, Av. Senador Roberto Simonsen, Av. Brasil, Av. Paulista e R. Sete de Setembro. É possível observar nos três mapas a hidrografia, onde o lote está localizado próximo a Lagoa Azul e a linha férrea da Estação Suzano da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). 141
PÇA.
C.P.T
.M.
"10"
PRAÇA
N ESC. 1/12000 LEGENDA
Figura 85: Mapa de Cheios e Vazios Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados fornecidos pelo Google Earth O Mapa de cheios e vazios apresenta a relação dos lotes ocupados e dos lotes não ocupados no entorno do terreno em um raio de 1000m. Este tem o objetivo de apresentar se o entorno do lote possui grande adensamento ou não.
142
LIMITE DO MUNICÍPIO
TERRENO
VAZIOS
LINHA FÉRREA
HIDROGRAFIA
CHEIOS
PÇA.
C.P.T
.M.
"10"
N ESC. 1/12000 LEGENDA LIMITE DO MUNICÍPIO
TERRENO
HIDROGRAFIA
RESIDENCIAL
INSTITUCIONAL
LINHA FÉRREA
LOTES VAZIOS
ÁREA VEGETADA
COMERCIAL
SERVIÇOS
Figura 86: Mapa de Uso e Ocupação do Solo Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados fornecidos pelo Google Earth. Este mapa apresenta o uso e ocupação do solo no entorno do lote em um raio de 1000m. É possível observar que a área possui construções mistas com predominância residencial, seguido por comércios locais, construções institucionais e serviços. As áreas vegetadas estão localizadas na parte central do mapa, nota-se que há poucas áreas verdes nos perímetros do mapa. 143
PÇA.
C.P.T
.M.
"10"
PRAÇA
N ESC. 1/12000 LEGENDA LIMITE DO MUNICÍPIO
TERRENO
TÉRREO
3 PAVIMENTOS
LINHA FÉRREA
HIDROGRAFIA
2 PAVIMENTOS
4 PAVIMENTOS
Figura 87: Mapa de Gabarito de Altura Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados fornecidos pelo Google Earth O mapa apresenta o gabarito de altura no entorno com de 1000m. É possível observar a predominância de construções de dois pavimentos, seguidas de construções térreas. Há poucas construções nesta área com 4 pavimentos ou mais, desta forma podemos observar que estas construções não causam interferência ao lote. 144
MAIS DE 4 PAVIMENTOS
PÇA.
C.P.T
.M.
"10"
PRAÇA
N ESC. 1/12000 LEGENDA LIMITE DO MUNICÍPIO
TERRENO
VIAS LOCAIS
LINHA FÉRREA
HIDROGRAFIA
VIAS COLETORAS
Figura 88: Mapa de Sistema Viário Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados fornecidos pelo Google Earth. O mapa apresenta o sistema viário no entorno do lote em um raio de 1000m. É possível observar as vias locais e coletoras que são responsáveis por realizar as conexões entre os bairros da cidade. A Av. Brasil é uma das principais vias de ligação da cidade á outros municípios. As vias coletoras de maior relevância para o lote são formadas pela Av. Mogi das Cruzes, via do terreno selecionado, e por suas confrontantes: Av. Paulista (á esquerda) e a Av. Senador Roberto Simonsen (á direita). 145
05 PARTE
ESQUEMAS ESTRUTURANTES
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
148
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
9.PROPOSTA PROJETUAL A estruturação deste capítulo foi organizada em duas partes: os esquemas estruturantes teóricos, norteadores para a composição do projeto, e os esquemas estruturantes de estudos de implantação do projeto. Nos esquemas estruturantes teóricos são abordados o público-alvo, o conceito idealizado para o Centro de Tratamento Oncológico, e os partidos, arquitetônico e urbanístico. O partido arquitetônico fora elaborado para atender as necessidades da edificação e o partido urbanístico para a atender as necessidades do entorno. A partir disso foram desenvolvidos os programas de necessidades abordando os ambientes necessários, e suas condicionantes para implantação. São parte dos esquemas estruturantes de estudos de implantação deste projeto: fluxograma arquitetônico e urbanístico, estudo de implantação arquitetônico e urbanístico, considerando as condicionantes determinadas pela Lei Complementar n°340 de 9 de dezembro de 2019, que dispõe sobre o Uso Ocupação e Parcelamento do Solo, ao qual determina que a zona ao qual será implantado o projeto consiste em uma ZURC-2 (Zona Urbana Consolidada 2). O Centro de Tratamento Oncológico será semipúblico, com acesso ao público para determinadas atividades e com horários controlados. Isto permite a organização do espaço de modo á atender também a comunidade e a população geral. O programa arquitetônico a ser apresentado nas próximas páginas inclui setores de: atendimento físico, atendimento emocional, serviços de terapia ocupacional e áreas de convivência (biblioteca, cafeteria e auditório). 9.1 O PERFIL DO USUÁRIO O Centro de Tratamento Oncológico é organizado em quatro tipologias de usuários: pacientes oncológicos, familiares, população do município (crianças, jovens, adultos e idosos), e funcionários. O objetivo principal é o atendimento aos pacientes oncológicos residentes no município de Suzano e região, prestando atendimento físico e psicológico a pacientes da faixa etária adulta, a partir dos 18 anos de idade. O Centro também busca atender os familiares dos pacientes prestando o atendimento psicológico necessário, estes também poderão frequentar as instalações voltadas á 149
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
convivência do Centro de Tratamento Oncológico.
Figura 89: Público Alvo Fonte: Elaborado pela autora.
Tendo em vista que o Centro possuirá em seu programa de necessidades áreas comuns de acesso ao público como: biblioteca, podendo ser utilizada por toda a população, tendo como foco os pacientes e familiares, mediante á cadastro prévio na unidade; cafeteria, podendo ser frequentada por um público diverso que inclui crianças, estudantes, adultos e idosos moradores da região ou visitantes; área de exposições, onde é realizada a exposição de trabalhos realizados nas oficinas, a exemplificar, trabalhos artísticos e de jardinagem, podendo ser acessível a toda população do entorno; e auditório, sendo utilizado para palestras e demais eventos de pequeno porte da unidade, podendo ou não ser acessível aos moradores da região, desde que não interfiram no funcionamento da unidade e não gerem transtornos aos pacientes. Os funcionários são parte fundamental deste público, são formados por gestores, médicos, enfermeiros, seguranças, funcionários administrativos, operacionais e de serviços. Estes possuirão acesso ás áreas controladas da edificação que forem pertinentes ao seu cargo. Podemos concluir que o público alvo é definido de acordo com os setores da edificação, que é composto por: áreas públicas de acesso á toda população; áreas de acesso controlado e restrito á pacientes, familiares e funcionários; e áreas restritas de acesso somente á funcionários. Desta forma, será prevista áreas de atendimento á todos os usuários supracitados, visando a integridade física e mental de todos.
150
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
9.2 O CONCEITO A missão deste trabalho é proporcionar aos usuários um espaço de recuperação e reabilitação visando a cura do paciente como um todo, norteadas pela tríade da saúde integrativa: corpo, mente e espírito. Desta forma, o Centro de Tratamento Oncológico presta serviços de atendimento para o bem-estar físico e emocional do paciente, a serem trabalhados com a arquitetura por meio da humanização atrelada á neuroarquitetura, levando em consideração que este não é um processo a ser efetivo somente por meio da arquitetura mas que esta exerce uma função primordial para a realização deste processo. Para tal, são utilizados os princípios da neuroarquitetura na concepção projetual deste centro de tratamento, sendo esta responsável pelos estudos de como o ambiente físico afeta o bem-estar dos usuários, a neuroarquitetura é frequentemente utilizada nos ambientes coorporativos para estimular a produtividade, o foco e a concentração, sendo uma das técnicas a serem utilizadas para melhorar os espaços destinados aos funcionários. Porém, esta técnica pode ser utilizada para melhorar os ambientes físicos dos estabelecimentos de saúde. Segundo Ana Clara Aguiar (2020), escritora do blog Archademy: "Os espaços arquitetônicos funcionam como espécies de âncoras para a memória. Encontramos nosso lugar na sala por meio de nossa percepção sensorial; o cérebro faz uso de superfícies e sistemas espaciais para armazenar e organizar o mundo em que vivemos. A compreensão desse princípio forma a base para a transferência dos resultados de pesquisas neurocientíficas recentes para a prática arquitetônica. " (AGUIAR, Ana Clara, 2020).
Desta forma, os aspectos dos ambientes físicos fazem com que nosso cérebro desenvolva certas emoções e sensações (AGUIAR, Ana Clara), sendo responsáveis por causar impacto no dia-a-dia do usuário e até mesmo em seu humor. Cerca de 90% do tempo dos usuários são passados em ambientes construídos, formados por casas, edificações destinadas ao trabalho ou lazer. A memória é formada pelas conexões dos neurônios ou células nervosas no cérebro, que são estimuladas sensorialmente. Portanto, a concepção física do espaço é de extrema importância para a elaboração de boas memórias levando ao bem-estar emocional que impacta no bem-estar físico. 151
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
9.3 O PARTIDO ARQUITETÔNICO O partido arquitetônico exerce a função de efetivar estes conceitos na concepção projetual da edificação. Para tal, serão trabalhados ambientes sensoriais, informais e organizados com a utilização de cores e mobiliários que promovam sensação de bem-estar aos usuários. Os elementos para a concepção dos ambientes sensoriais serão realizados por meio de cores, texturas e contato com a natureza; os ambientes informais serão trabalhados por meio de organização do espaço com elementos que promovam a interação dos usuários, com a utilização de espaços de descontração formados por mobiliários confortáveis e contato com a área externa. Desta forma, é trabalhada a humanização em conjunto com a neuroarquitetura, promovendo espaços que auxiliem na formação de boas memórias. Com base nisso, a saúde integrativa (corpo, mente e espírito) será trabalhada com a criação de espaços de atendimento físico ambulatorial (corpo), desenvolvimento de salas de terapia individuais, coletivas, e terapias ocupacionais (mente e espírito), com o objetivo de garantir a recuperação do paciente como um todo. Pensando nisso, serão trabalhadas na edificação a facilidade nos acessos por meio de elementos de circulação vertical e horizontal, elementos visuais e táteis que auxiliem no processo. Para auxiliar a estruturação da edificação serão previstos métodos de captação de água e de energia elétrica, como reservatórios e placas fotovoltaicas, respectivamente. 9.4 O PARTIDO URBANÍSTICO Em relação ao partido urbanístico, serão aplicados os conceitos de humanização e neuroarquitetura ao entorno do lote, levando em consideração as necessidades físicas ambientais e a circulação do usuário. A proposta inclui a criação de uma praça linear em todo o calçamento onde está localizado o terreno, visto que, este já possui grande recuo que pode ser trabalhado para a criação de espaços para a comunidade, em que hoje é utilizado para estacionamento de veículos. Esta proposta busca a criação de espaços de convivência, objetivando o bemestar físico e mental de toda uma comunidade, de forma que, isto ocorra não somente na edificação proposta mas também em seu entorno. Esta praça fará conexões com o 152
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
Parque Max Feffer, estabelecendo uma nova entrada para o Parque, a conexão de um lado da calçada para o outro será realizada por meio de faixas de pedestres lúdicas. Em todo este calçamento será prevista áreas vegetadas formadas por forração, arbustiva e arbórea, visto que este contato é fundamental para uma boa saúde física e mental. Também serão previstos mobiliários durante este trajeto para que sirvam como área de descanso, convivência e lazer aos usuários. Serão propostos reparos nas vias e nos calçamentos, com a utilização de pisos permeáveis para promover o escoamento da água. Para a iluminação, esta será elaborada pensando no pedestre e no automóvel, de modo a garantir a segurança do usuário ao percorrer este caminho, fazendo com que estes espaços de convivência possam funcionar também no período noturno. 9.5 PROGRAMA DE NECESSIDADES ARQUITETÔNICO O programa de necessidades a ser apresentado pela Tabela 03 fora elaborado com base na RDC N°50, de 21 de fevereiro de 2002, estabelece o Regulamento Técnico para o planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Considerando as unidades ambulatoriais especializadas no tratamento de câncer de média complexidade. Este fora dividido em cinco setores denominados: A, B, C, D, E. O setor A está descrito os ambientes relacionados ao acesso principal da unidade; o setor B é destinado ao apoio diagnóstico, composto por consultórios e áreas de exame laboratoriais, físicos e de imagem; o setor C é destinado ao apoio e tratamento psicológico e ás terapias complementares; o setor D é destinado ás áreas de convivência como cafeteria e auditório; o último setor denominado E, é responsável pela área administrativa, operacional e de infraestrutura da edificação. Nestes são estabelecidos os ambientes, sua função, os mobiliários necessários, as condicionantes legais e as áreas mínimas necessárias.
153
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
Tabela 03: Programa de Necessidades Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados fornecidos pela RDC N°50.
ACESSO PRINCIPAL DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO CÂNCER EXAMES
B
A
SETOR
154
AMBIENTE
FUNÇÃO
MOBIL
Recepção Principal
Recepcionar o público em geral, direcionando aos Balcão, cadeiras, mesas demais setores da edificação
Sala de Espera
Aguardar consultas, exames e procedimentos
Farmácia
Distribuição de Medicamentos
Sanitário PCD Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Lavatório, vaso sanitário,
Sanitário PCD Masc.
Higiene pessoal dos usuários
Lavatório, vaso sanitário,
DML
Armazenar produtos de limpeza da edificação
Tanque, armário.
Recepção
Recepcionar o público em geral, direcionando aos Balcão, cadeiras, mesas demais setores da edificação
Sanitário PCD Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Lavatório, vaso sanitário,
Sanitário PCD Masc.
Higiene pessoal dos usuários
Lavatório, vaso sanitário,
Sala de coleta de material
Coleta de material biológico
Sala de aplicação de medicamentos
Aplicação de medicamentos nos pacientes
Consultórios de oncologia indiferenciados
Consultas com especialistas
Consultório odontológico
Consultas, realização de procedimentos odontológicos
Lavatório, mesa, cadeira
Salão de Fisioterapia
Recuperação motora do paciente
Aparelhos de fisioterapia
Recepção
Recepcionar o público em geral, direcionando aos Balcão, cadeiras, mesas demais setores da edificação
Sala de Espera
Aguardar consultas, exames e procedimentos
Sofás, poltronas, mesas apoio
Sanitário PCD Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Lavatório, vaso sanitário,
Sanitário PCD Masc.
Higiene pessoal dos usuários
Lavatório, vaso sanitário,
Sofás, poltronas, mesas apoio
Armários, balcão de aten
Lavatório, cadeira, maca
Lavatório, cadeira, maca
Lavatório, mesa, cadeira
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
LIÁRIO de apoio, armários. de centro, mesas de
ndimento
, barras de apoio,
, barras de apoio,
de apoio, armários.
, barras de apoio,
, barras de apoio,
a, geladeira
CONDICIONANTES LEGAIS
ÁREA MÍNIMA
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Largura mínima da circulação horizontal de 1,50m.
10m²
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
1,30m² por pessoa
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
12m²
Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,70m; revestida de material cerâmico. Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Largura mínima da circulação horizontal de 1,50m. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
4m²
4m² 4m² 10m²
4m²
4m² 8m²
a, geladeira
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
6m²
as, maca, armário
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
10m²
as, maca, armário
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
10m²
a, armários de apoio, armários. de centro, mesas de
, barras de apoio,
, barras de apoio,
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Largura mínima da circulação horizontal de 1,50m. Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis.
35m² 10m² 1,30m² por pessoa 4m²
4m²
155
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
AMBIENTE
FUNÇÃO
MOBIL
Ultrassonografia
Diagnóstico por meio de ultrassonografia
Aparelho de ultrassom, m
Posto de enfermagem
Auxiliar a área de exames
Balcão, cadeiras, mesas
Sala de Comando
Comandar os exames de imagem
Balcão, cadeiras,
Sala de interpretação de Laudos
Interpretação de Laudos
Balcão, cadeiras,
Mamografia
Diagnóstico de alterações na mama
Mamógrafo
Densiometria Óssea
Diagnóstico de alterações ósseas
Aparelho de densitometr
Sala Função Pulmonar
Diagnóstico de alterações na função pulmonar
Aparelho de função pulm
Nasofibroscopia otorrinolaringologia
Diagnóstico
Lavatório,mesa, cadeira, aparelhos
Audiometria
Diagnóstico
Lavatório, mesa, cadeira
Cistoscopia
Exame endoscópico em vias urinárias
Lavatório, mesa, cadeira
Eletroencefalograma
Diagnóstico
Lavatório,mesa, cadeira,
Eletrocardiograma
Diagnóstico
Lavatório,mesa, cadeira,
Urodinâmica
Diagnóstico
Mesa, cadeira, aparelhos
Teste ergométrico
Diagnóstico
Mesa, cadeira, esteira, ap
Recepção
Recepcionar o público em geral, direcionando aos Balcão, cadeiras, mesas demais setores da edificação
Sala de Espera
Aguardar consultas, exames e procedimentos
Sofás, poltronas, mesas apoio
Sala de preparo de pacientes
Preparar os pacientes para exames radiológicos
Lavatório, maca, mesa, c
Sala de preparo de contraste
Preparar material para exames com contraste
EXAMES E TRATAMENTOS RADIOLÓGICOS
B
EXAMES
SETOR
156
Lavatório, balcão, mesa,
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
LIÁRIO
CONDICIONANTES LEGAIS
ÁREA MÍNIMA
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
9m²
Pé direito mínimo de 3,00m A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
6m²
Pé direito mínimo de 3,00m. A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
6m²
Pé direito mínimo de 3,00m. A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
7,50m²
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
9m²
ria, mesa, cadeira
Pé direito mínimo de 3,00m. A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
9m²
monar, mesa, cadeira
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
9m²
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
11m²
a, cabine de audiometria
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
22m²
a, maca
Pé direito mínimo de 3,00m; Sanitário anexo
5,50m²
, maca, aparelhos
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
5,50m²
, maca, aparelhos
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
5,50m²
s, armários
Pé direito mínimo de 3,00m; Sanitário anexo
9m²
parelhos, armários
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
9m²
de apoio, armários.
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Largura mínima da circulação horizontal de 1,50m.
10m²
de centro, mesas de
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
1,30m² por pessoa
mesa, cadeira de apoio, armários.
, maca, armários,
cadeira cadeira
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
6m²
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
4m²
157
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
EXAMES E TRATAMENTOS RADIOLÓGICOS QUIMIOTERAPIA
B
SETOR
158
AMBIENTE
FUNÇÃO
MOBIL
Sanitário PCD Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Lavatório, vaso sanitário,
Sanitário PCD Masc.
Higiene pessoal dos usuários
Lavatório, vaso sanitário,
Vestiário de Pacientes Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Chuveiro, lavatório, vaso
Vestiário de Pacientes Masc.
Higiene pessoal dos usuários
Chuveiro, lavatório, vaso
Depósito de equipamentos e materiais Armazenar materiais de apoio
-
Posto de enfermagem
Auxiliar a área de exames
Balcão, cadeiras, mesas
Sala de componentes técnicos
Armazenagem de equipamentos para salas de exames
computadores, compres
Sala de recuperação anestésica Recuperação do paciente Sala de comando
Comandar os exames de imagem
Sala de interpretação de laudos Interpretação de Laudos
Lavatório, maca, poltrona
Balcão, cadeiras, Balcão, cadeiras,
Laboratório de processamento de chapas ou laudos
Processar exames de imagem
-
Arquivo de chapas e filmes
Armazenar arquivos de chapas e filmes de exames
-
Raio-x
Diagnóstico por imagem
Aparelho de raio-x/ área
Ressonância Magnética (RM)
Diagnóstico por imagem
Aparelho de ressonância
Tomografia (TC)
Diagnóstico por imagem
Aparelho de tomografia
Radioterapia
Tratamento por meio de radiação ionizante
Aparelho de radioterapia
CME - Central de Material Esterelizado
Expurgo e esterilização de materiais
Cuba, lavatório, bancada
Posto de enfermagem
Auxiliar a área de exames
Balcão, cadeiras, mesas
Sala de aplicação de quimioterápico coletivo
Tratamento
Poltronas, régua de gase
Sala de aplicação de quimioterápico individual
Tratamento
Poltronas, macas, aparel gases
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
LIÁRIO
, barras de apoio,
, barras de apoio,
o sanitário, armário
o sanitário, armário
de apoio, armários.
ssor hélio
as
CONDICIONANTES LEGAIS Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 chuveiro, 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 chuveiro, 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 3,00m. A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado. Pé direito mínimo de 3,00m. Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
ÁREA MÍNIMA 4m²
4m²
6m²
6m²
4m² 6m² 1,30m² por maca
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
6m²
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
7,50m²
-
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
7,50m²
-
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
7,50m²
de comando
Pé direito mínimo de 3,00m; Piso não condutivo;
a magnética
Pé direito mínimo de 3,00m; Piso não condutivo; Pé direito mínimo de 3,00m; Piso não condutivo;
12m² A depender do equipamento A depender do equipamento A depender do equipamento
a
Pé direito mínimo de 3,00m; Piso não condutivo;
a, autoclaves
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
6m²
de apoio, armários.
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
6m²
es, aparelhos de apoio
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
7m² ´por leito
lhos de apoio, régua de Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
1,30m² por pessoa
159
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
APOIO PSICOLÓGICO
SETOR
AMBIENTE
FUNÇÃO
MOBIL
Recepção
Recepcionar o público em geral, direcionando aos Balcão, cadeiras, mesas demais setores da edificação
Sala de Espera
Aguardar consultas, exames e procedimentos
Sanitário PCD Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Sanitário PCD Masc.
Higiene pessoal dos usuários
DML
Armazenar produtos de limpeza da edificação
Tanque, armário.
Tratamento psicológico
Sofás, poltronas, mesas apoio
Tratamento psicológico
Sofás, poltronas, mesas
Consultórios (Terapia individual)
Sofás, poltronas, mesas apoio
Lavatório, vaso sanitário,
Lavatório, vaso sanitário,
TERAPIA OCUPACIONAL
C
Sala de terapia coletiva
160
Recepção
Recepcionar o público em geral, direcionando aos Balcão, cadeiras, mesas demais setores da edificação
Sala de Espera
Aguardar consultas, exames e procedimentos
Sanitário PCD Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Sanitário PCD Masc.
Higiene pessoal dos usuários
DML
Armazenar produtos de limpeza da edificação
Tanque, armário.
Depósito de materiais
Armazenar materiais
Armários
Biblioteca
Leitura, descompressão, convivência
armários, prateleiras, me
Oficina de pintura
Auxiliar na recuperação do paciente por meio da pintura
Mesas, cadeiras, cavalet
Oficina de jardinagem
Auxiliar na recuperação do paciente por meio do contato com a natureza
Mesas, cadeiras, armário
Yoga
Auxiliar na recuperação do paciente por meio da yoga
Colchonetes, armários, n
Pilates
Auxiliar na recuperação do paciente por meio de pilates
Colchonete, overball, dis rampa, armários
Vestiário de Pacientes Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Chuveiro, lavatório, vaso
Vestiário de Pacientes Masc.
Higiene pessoal dos usuários
Chuveiro, lavatório, vaso
Sofás, poltronas, mesas apoio Lavatório, vaso sanitário,
Lavatório, vaso sanitário,
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
LIÁRIO de apoio, armários. de centro, mesas de
, barras de apoio,
, barras de apoio,
CONDICIONANTES LEGAIS Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Largura mínima da circulação horizontal de 1,50m.
10m²
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
1,30m² por pessoa
Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,70m; revestida de material cerâmico.
de centro, mesas de
de apoio
de apoio, armários. de centro, mesas de
, barras de apoio,
, barras de apoio,
ÁREA MÍNIMA
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Largura mínima da circulação horizontal de 1,50m. Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Largura mínima da circulação horizontal de 1,50m. Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Largura mínima da circulação horizontal de 1,50m. Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das
4m²
4m² 4m² 10m² 1,30m² por pessoa 10m² 1,30m² por pessoa 4m² 4m²
Pé direito mínimo de 2,70m; revestida de material cerâmico.
4m²
Pé direito mínimo de 3,00m.
6m²
esas, poltronas, sofás
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
30m²
tes, armários
Pé direito mínimo de 3,00m; A execução da junção entre o rodapé e o piso deve ser de tal forma que permita a completa limpeza do canto formado.
15m²
os
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
15m²
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; isolamento acústico.
15m²
sco inflável, toning balls, Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
15m²
nichos
o sanitário, armário
o sanitário, armário
Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 chuveiro, 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 chuveiro, 5% das peças sanitárias acessíveis.
6m²
6m²
161
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
CONVIVÊNCIA ADMINISTRATIVO E OPERACIONAL
E
D
SETOR
AMBIENTE
MOBIL
Balcão de atendimento, m poltronas, bancos, apare
Cafeteria
Refeição de visitantes da unidade
Sanitário PCD Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Sanitário PCD Masc.
Higiene pessoal dos usuários
Foyer + Área de exposição
Convivência, exposição de trabalhos realizados na sofás, poltronas, painéis terapia ocupacional
Auditório (150 pessoas)
Palestras, treinamentos
Poltronas, palco, camarim
Estacionamento
Para uso de pacientes e funcionários
vagas de automóveis
Recepção
Atendimento ao usuário
Balcão, cadeiras, mesas
Sala de Espera
Aguardar reuniões, entrevistas
Sofás, poltronas, mesas apoio
Sanitário PCD Masc.
Higiene pessoal dos usuários
Sanitário PCD Fem.
Higiene pessoal dos usuários
Lavatório, vaso sanitário,
Lavatório, vaso sanitário,
Lavatório, vaso sanitário,
Lavatório, vaso sanitário,
Vestiário de Funcionários Fem. Higiene pessoal dos usuários
Chuveiro, lavatório, vaso
Vestiário de Funcionários Masc. Higiene pessoal dos usuários
Chuveiro, lavatório, vaso
Sala de descanso médicos e enfermeiros
Descanso, descompressão
Sofás, poltronas, mesas apoio, armários
Sala de Reunão
Reunião de funcionários, médicos, gestores
Mesas de reunião, cadei televisores
Sala de Direção
Administrativo
Mesas, cadeiras, aparado
Salas Administrativas coletivas
Administrativo
Mesas, cadeiras, aparado
Almoxarifado
Administrativo geral
Copa
Refeição de funcionários
Doca de Abastecimento
Recebimento de mercadorias e produtos da unidade
-
Infraestrutura da unidade para uso em pacientes
-
Abrigos de Gases medicinais (Oxigênio, ar comprimido, vácuo,óxido nitroso) Abrigos externos de resíduos (comum, de saúde, químicos e reciclados)
162
FUNÇÃO
-
Bancada de refeições, m microondas, geladeira, a
Boxes independentes, com área para lavagem e desinfecção de carrinhos - Higienização de recipientes coletores.
Carrinhos, lixeiras
Guaritas
Segurança e controle de acessos
mesas, cadeiras
Garagem de Ambulância
Guarda de ambulâncias
lavatório de higienização
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
LIÁRIO
mesas, cadeiras, sofás, elhos
, barras de apoio,
, barras de apoio,
CONDICIONANTES LEGAIS Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
m
-
de apoio, armários. de centro, mesas de
, barras de apoio,
, barras de apoio,
o sanitário, armário
o sanitário, armário
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Largura mínima da circulação horizontal de 1,50m. Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso; Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 para cada 200m²; 5% das peças sanitárias acessíveis. Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; Bacias sanitárias, lavatório e mictório: 1 chuveiro, 5% das peças sanitárias acessíveis.
ÁREA MÍNIMA 30m² 4m² 4m² 1m² por pessoa 1m² por pessoa 10m² 1,30m² por pessoa 4m²
4m² 30m² 30m²
de centro, mesas de
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
30m²
iras, aparadores,
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
2m² por pessoa
ores, armários
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
10m²
ores, armários
Pé direito mínimo de 3,00m; Insolação de 1/5 da área do piso; Ventilação de 1/10 da área do piso;
5,50m² por pessoa
-
Pé direito mínimo de 3,00m;
25m²
Pé direito mínimo de 3,00m;
6m²
mesa, cadeiras, armários, pia.
-
-
-
-
-
-
o, armários, macas
Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso; revestimento cerâmico e lavável.
4m² para cada
Pé direito mínimo de 2,40m; Iluminação natural ou forçada; Ventilação: 1/16 da área do piso;
4m²
-
25m²
163
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
9.6 FLUXOGRAMA ARQUITETÔNICO
APOIO RADIOLOGIA
APOIO RADIO JARDIM DOCA
OFICINA
OFICINA
OFICINA
OFICINA
OFICINA
OFICINA
OFICINA
ESP
SERVIÇOS
RECEPÇÃO D
ESPERA TERAPIA OCUPACIONAL/ COMPLEMENTAR
JARDIM
ACESSO SERVIÇO SANITÁRIOS
S
JARDIM
RECEPÇÃO SETOR ADM
CIRCULAÇÃO VERTICAL PRINCIPAL
ELEVADORES
EL
SERVIÇOS AUDITÓRIO
SANITÁRIOS
RECEPÇÃO A - PRINCIPAL
AUDITÓRIO
F APOIO CAFETERIA
CAFETERIA
ACESSO PRINCIPAL SANITÁRIOS
FOYER
ACESSO AUDITÓRIO
164
S
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
EXAMES RADIOLÓGICOS
SETOR - ACESSO PRINCIPAL SETOR - CIRCULAÇÃO VERTICAL
OLOGIA
SETOR - TRATAMENTO SETOR - DIAGNÓSTICO SETOR - TERAPIAS COMPLEMENTARES/ OCUPACIONAL SETOR - CONVIVÊNCIA SETOR - SERVIÇOS/ADMINISTRATIVO
PERA EXAMES
EXAMES
Figura 90: Fluxograma Fonte: Elaborado pela autora.
RECEPÇÃO C - EXAMES
ARQUIVOS
SANITÁRIOS
JARDIM
LEVADORES
SETOR - JARDINS
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
CONSULTÓRIO
A figura apresenta o fluxograma do andar térreo, no centro está o acesso principal, á direita o setor de consultas e área de exames, á esquerda estão concentradas as áreas de convivência e de serviço, na parte superior deste fluxograma estão as áreas de terapias complementares e ocupacionais.
SANITÁRIOS
FARMÁCIA
JARDIM
CORREDOR PACIENTES
CORREDOR SERVIÇO CONSULTAS
CORREDOR PACIENTES
SANITÁRIOS RECEPÇÃO B - CONSULTAS
ESPERA CONSULTAS
165
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
9.7 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO ARQUITETÔNICA
Figura 91: Estudo de Setorização Edifício Fonte: Elaborado pela autora. Os três diagramas apresentam o estudo de setorização elaborado pela autora para a concepção do centro de tratamento oncológico. É possível observar a divisão dos setores destinados á tratamento físico e psicológico do paciente, assim como a localização dos setores de serviço e administrativo. 1° Pavimento Figura 92: Estudo de Implantação do Edifício Fonte: Elaborado pela autora. O estudo de implantação apresenta os acessos previstos para a edifícação. Nesta proposta é possível observar um trecho da praça linear proposta para o projeto de intervenção urbana.
Térreo
Subsolo
166
PRAÇA INTERNA FUNCIONÁRIOS -0,90
ACESSO SERVIÇO
ACESSO ESTACIONAMENTO
ESTACIONAMENTO FUNCIONÁRIOS
ACESSO DOCA PERÍMETRO EDIFICAÇÃO NO TÉRREO A=5.440m²
ACESSO FOYER AUDITÓRIO
ACESSO SETOR EXAMES DE IMAGEM
-0,90
ACESSO PRINCIPAL 2,10
RAMPA DE ACESSO PEDESTRES
RAMPA DE ACESSO PEDESTRES
N ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO
0,10
ESCALA: 1/750
PERÍMETRO DO LOTE 105X160M = 16.800M²
ENTRADA E SAÍDA DE VEÍCULOS (SERVIÇO)
SAÍDA DE VEÍCULOS (VISITANTES)
AV. MOGI DAS CRUZES 0,00
ENTRADA DE VEÍCULOS (VISITANTES)
167
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
AV.
MOG I DA
S CR
UZE S
9.8 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO URBANA
01
N
ÁREA DE INTERVENÇÃO URBANA SEM ESCALA
Figura 93: Planta de Situação Área de Intervenção Fonte: Elaborado pela autora.
01
Figura 94: Estudo de Implantação Urbana Fonte: Elaborado pela autora. A figura 94 apresenta um trecho com a proposta de implantação urbana, composta por áreas de circulação de pedestres com a remodelação da paginação de pisos, adição de mobiliários urbanos para que os usuários possam descansar. Também é previsto uma ciclovia para este trecho que possa conectar ao parque localizado á frente do lote.
168
02
AV. MOGI DAS CRUZES
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
01
02
N SEM ESCALA
LEGENDA VIA - AV. MOGI DAS CRUZES
ÁREAS VERDES
VAGAS DE ESTACIONAMENTO
CICLOVIA
CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES
169
Considerações Finais
HUMANIZAÇÃO NO PROCESSO DE CURA: CENTRO DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO
172
PARTE 5: ESQUEMAS ESTRUTURANTES
No atual cenário do crescente número de casos de câncer em todo o mundo, faz-se necessária análise de medidas que possam combater esta evolução de forma multidisciplinar, não somente na evolução da ciência mas também na implementação de medidas de prevenção e acesso ao diagnóstico e tratamento da doença que integra outros grupos de profissionais formados por: gestores, arquitetos, engenheiros, médicos, enfermeiros, entre outros. Atualmente, o mundo apresenta diversos recursos tecnológicos de tratamento da doença, apesar de não haver uma cura genérica para o câncer muitos casos da doença podem ser tratados até chegar ao estado de remissão. A problemática abordada neste trabalho demonstrou que, muitos pacientes não recebem o tratamento adequado, muitos aguardam por longos períodos na espera de tratamento devido a falta de equipamentos adequados para atender este perfil. Em virtude de uma doença tão rápida e devastadora, cada segundo perdido representa uma chance a menos de cura da doença. De acordo com a OPAS, cerca de 30% e 50% dos casos de câncer poderiam ser prevenidos, ou seja, cerca de 30% á 50% da população poderia ser salva desta doença com a implementação de estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento. Com base nisso, a arquitetura representa uma parcela fundamental na implementação destas estratégias, é através da arquitetura que os estabelecimentos de saúde focados no tratamento do câncer são concebidos. Conforme abordado neste trabalho, esta desempenha uma função que vai além da concepção do edifício em si, mas traz consigo a responsabilidade de transmitir sensações e emoções ao usuário, podendo ser sensações restauradoras que auxiliam na recuperação do paciente, ou destruidoras que dificultam a recuperação do paciente. O câncer não afeta somente o corpo mas o estado psicológico e espiritual do indivíduo, com base nisso, este trabalho foi estruturado na recuperação do paciente como um todo, baseando-se nos conceitos de saúde definidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Sendo assim, esta pesquisa estruturou-se em demonstrar as dificuldades do paciente no percurso até chegar ao diagnóstico e tratamento da doença, e o papel que a arquitetura exerce para melhorar estas condições. A proposta de implantação de um Centro de Tratamento Oncológico busca a possibilidade de recuperação e cura destes pacientes considerando a saúde como um todo.
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Figura 58: Biblioteca e circulação vertical - Centro de Tratamento Maggie's. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-de-tratamento-de-cancer-maggies-em-newcastle-slash-cullinan-studio. Acesso em 05 de março de 2022. Figura 59: Sala de terapia em grupo - Centro de Tratamento Maggie's. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-de-tratamento-de-cancer-maggies-em-newcastle-slash-cullinan-studio. Acesso em 05 de março de 2022. Figura 60: Cozinha compartilhada - Centro de Tratamento Maggie's. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-de-tratamento-de-cancer-maggies-em-newcastle-slash-cullinan-studio. Acesso em 05 de março de 2022. Figura 61: Planta do pavimento térreo - Centro de Tratamento Maggie's. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-de-tratamento-de-cancer-maggies-em-newcastle-slash-cullinan-studio. Acesso em 05 de março de 2022. Figura 62: Planta do Mezanino - Centro de Tratamento Maggie's. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-142739/centro-de-tratamento-de-cancer-maggies-em-newcastle-slash-cullinan-studio. Acesso em 05 de março de 2022. Figura 63: Área de leitura - Centro de Tratamento Maggie's. Disponível em: https:// www.cullinanstudio.com/projectmaggies-newcastle. Acesso em 05 de março de 2022. Figura 64: Escada e espaços de leitura - Centro de Tratamento Maggie's. Disponível em: https://www.cullinanstudio.com/projectmaggies-newcastle. Acesso em 05 de março de 2022. Figura 65: Fachada - Hub de Saúde, Vila Nova Esperança. Disponível em: https:// www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/eam_/hub-da-saude/4857. Acesso em 02 de abril de 2022. Figura 66: Auditório ao ar livre - Hub de Saúde, Vila Nova Esperança. Disponível em: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/eam_/hub-da-saude/4857. Acesso em 02 de abril de 2022. Figura 67: Circulação de conexão entre térreo A e B - Hub de Saúde. Disponível 190
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