ÁTIMO cultura como forma de ocupação
POR BEATRIZ PIRES, MARIA CAROLINA BRITO, SUENIA AZEVEDO E THAíS LIMA
ÁTIMO
Cultura como forma de ocupação Recife, fevereiro de 2015. Edição I.
EDITORIAL Grande parte da Região Metropolitana do Recife recebe estereótipos negativos pela própria população pernambucana. São os lugares longes dos holofotes, postos em segundo ou último plano para quem quer descobrir a cidade e expandir o leque cultural. O fato é que esses lugares têm muito mais a oferecer do que parece. A cultura, por vezes, pode ser encontrada nos lugares mais inusitados. Da periferia ao centro, a RMR está cheia deles. Nesta seção, vamos apresentar alguns deles. Além de introduzi-los, a intenção é mostrar que muita gente já descobriu o que está escondido para a grande maioria, e as impressões dessas pessoas sobre esses locais. "Cultura como forma de ocupação" pretende mostrar para você, leitor, que a cultura é a principal causa para a ocupação de espaços. Pretendemos apresentar você à sua cidade.
SUMÁRIO Bar do Ari .................................. 04 Edifício Pernambuco .................................. 06 Morro da Conceição .................................. 10 Som na Rural .................................. 12 Táxi Cultural .................................. 14
INUSI TA DO NoBardoAri,ocardápioé literário. O famoso "pega bêbado" ganha ares de requinte com os livros espalhados pelo local. Até obras em outras línguas estão à disposição dos clientes.
Estação de metrô Werneck: bairro de Jardim São Paulo, no Recife. Cerca de 10 mil pessoas passam por lá todos os dias, segundo a CBTU/Metrorec. Estudantes e trabalhadores movimentam o pontilhão e os arredores desde as cinco da manhã. Por ser um bairro predominantemente residencial, a movimentação maior é de moradores da área, que utilizam o transporte coletivo para chegar aos seus compromissos. Do lado contrário à entrada principal da estação, uma rua movimentada. Comércio ativo, muita sujeira espalhada pelo chão. O som das pessoas conversando, dos carros passando, dos carrinhos de CD pirata tocando e do metrô passando se juntam em uníssono em um grande barulho. Gatos e cachorros brigam por espaços e restos de comidas nas lixeiras, o vendedor da loja de roupa anuncia a liquidação semanal. São três da tarde e quem desce na estação provavelmente não nota nada de diferente na casinha de fachada de cerâmica azul, oposta à saída
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do metrô, onde fica o Bar e Restaurante do Ari. Passando por ali de forma apressada, a estudante Ingrid Silva, de 23 anos, não dá muito pelo local. Muita gente, assim como Ingrid, não sabe, mas o bar é também uma espécie de biblioteca particular de seu Ari, o dono. “Me parece ser um lugar sujo, que serve pratos feitos e muita cachaça. Um 'pega bebo' como o pessoal fala”, opinou ela. No entanto, a cultura, por vezes, pode ser encontrada nos lugares mais inusitados. A leitura é a grande paixão de Ari. Desde pequeno, o pai o estimulava a aprender duas novas palavras por dia. Com essa rotina, ganhar gosto pela leitura foi apenas questão de tempo. Por conta do cotidiano corrido, Ari preferiu trazer seus livros para o trabalho. Assim, poderia ler sempre que quisesse. Isso foi há 6 anos. Os livros dividem espaço com garrafas de conhaque, rum e uísque.
Os livros são o prato principal no bar de Seu Ari. (Fotos: Thaís Líma) Hoje, a biblioteca, que fica nas paredes do bar vazadas em forma de prateleira, conta com, aproximadamente, 700 títulos. Ali é possível encontrar dicionários, obras religiosas, revistas e livros dos mais diversos gêneros e autores.Os preferidos de Seu Ari são “O Auto da Compadecida”, do renomado mestre da literatura Ariano Suassuna, “Enterre Meu Coração na Curva do Rio”, de Dee Brown e “O Sol Também Se Levanta”, de Ernest Hemingway.
Jacqueline Vieira, 31 anos, que almoça pelo menos uma vez por semana no local.
Doações são muito bem-vindas. A professora Janine de Paula, 49, traz sempre novos livros para o bar. “Ganho muitos livros, então quando eu termino de ler trago direto pra cá. Acho legal a proposta desse lugar, dá chance de introduzir conhecimento a pessoas que, aparentemente, não estão em busca disso”, opinou ela. Recentemente, as prateleiras ganharam mais um exemplar. “Olga”, de Fernando Alguns livros da biblioteca particular são bastante Morais, foi um presente do amigo e fiel cliente curiosos, como um manual cristão escrito em quatro Alexandre Nascimento. “A gente troca para que os línguas diferentes. “O diferencial daqui é que, dois estejam sempre lendo. Aqui é bom e enquanto você aproveita a comida, ainda dá para surpreende muita gente o fato de que um bar tão descansar a mente com uma ótima leitura. Tem pra simples possa ter uma biblioteca interessantíssima”, todos os gostos”, disse o analista fiscal Severino disse Alexandre. “Um lugar tão rico, que todos Presciliano, de 61 anos, frequentador do bar. “Aqui deviam tomar como exemplo”, completa. tem livros até da Romênia. Nem sabia que a Romênia existia até perguntar a Seu Ari onde que era isso”, conta meio encabulada a empregada doméstica Átimo / cultura como forma de ocupação
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EDIFíCIO (CULTURAL O Edifício Pernambuco, no bairro de Santo Antônio, no Recife, passa despercebido pelos apressados que andam pela Avenida Dantas Barreto. Lá, apesar de muita gente não saber, alguns andares abrigam cultura. Pegando o elevador, a primeira parada é no sexto andar: o rico e caótico centro da cidade se torna ponto de encontro para exposições, debates, oficinas, cineclube e pocket shows oferecidos pelas 15 pessoas que dividem o espaço. Juntas, elas formam 11 coletivos de produção cultural, como fotografia, comunicação, design e produtora de audiovisual. “Já fui para dois shows promovidos pela galera do sexto andar. O ambiente é super agradável e as pessoas e a música também são. É uma forma de trazer a galera para um lugar que é só diurno. Faz a gente redescobrir o centro”, disse a estudante Bárbara Lima, de 23 anos. Os shows que Bárbara fala são parte do projeto “Excentricidades”, pensado, promovido e divulgado pelos próprios integrantes do Sexto Andar. O projeto acontece uma vez por mês e foi idealizado para fazer o diálogo entre uma atração musical e outra atividade artística (performance, exposição, dança, teatro, etc). Tudo se resume ao resgate do laço afetivo com a cidade. “A
ideia é mostrar que existe possibilidade de o centro ser ótimo, como era na época de nossos pais. Porque se pararmos para pensar, isso aqui era tudo residência”, explica Erick Gomes, fotógrafo e um dos integrantes do coletivo. Como não podem cobrar entrada dos frequentadores do prédio, os participantes do coletivo “passam o chapéu” e recolhem o valor que o público quiser contribuir. Mesmo havendo uma variação na bilheteria do evento, nenhum deles acha isso negativo. “O fato do pessoal dar quanto pode ou acha que deve não é negativo. É uma forma de promovermos uma reflexão sobre o valor da arte e isso é algo muito subjetivo”, explica Isadora Melo, 25 anos, designer, cantora e integrante do Sexto Andar. Com objetivo semelhante, a Orbe Coworking funciona há um ano no oitavo andar. O local surgiu de um sonho dos sócios Guilherme Luigi, designer gráfico, e Ticiano Arraes, designer de produtos. Ambos também exercem a atividade de produção cultural e, sempre desejaram criar um espaço de trabalho mais dinâmico e rotativo.
DE) PERNAMBUCO Após muito tempo de procura, eles encontraram no centro da cidade o espaço perfeito. “Nossas atividades envolvem o centro do Recife, todos que trabalham aqui moram perto, então não tinha por que ser em outro lugar, sabe?”, disse Guilherme Luigi, 32 anos.
acreditam que a cultura é a melhor forma de atrair as pessoas. “É incrível como, hoje em dia, os lugares antes inabitáveis estão sendo palco de coisas realmente legais. Isso faz a gente ficar mais perto da própria cidade, do próprio povo”, comentou o designer Ticiano Arraes, de 33 anos.
O oitavo andar funciona através da contratação de plano de horas. Ou seja, as pessoas que faziam home office alugam o espaço, levam o próprio material de trabalho e encontram na Orbe um ambiente propício para realização de atividades, cursos, palestras e eventos culturais. A ideia principal é romper com o universo unicamente de trabalho, fazendo com que as pessoas interajam mais umas com as outras, além de oferecer um lugar com aluguel bem mais em conta do que os escritórios usuais.
Mas não só esses três espaços recebem atividades que remetem à cultura local. O edifício Pernambuco, no coração da cidade do Recife, também possui, ao longo de seus 11 andares, diversas empresas, produtoras, artistas, profissionais autônomos da cultura e arte. Alguns exemplos são o Espaço Fonte, no 4º andar, REC Produtores, no 5º, Caramiolas Lab, no 7º, Ateliê Paulo Meira, no 10º e Coletivo localizado no 11º andar. Todos esses andares focam na produção e divulgação de elementos culturais. Pessoas que encontram no centro da cidade uma oportunidade de trabalho e de realização pessoal.
Recentemente, o local tem recebido muitos eventos culturais. Antes em datas pontuais, as apresentações, cursos, shows, palestras e Um tesouro perdido em meio ao caos. Vários happy hours não têm mais limite nem dia andares e mil propostas para a população específico para acontecer. Tudo fica à cargo da recifense: de eventos à produção material. demanda existente: qualquer dia é dia. Com o centro da cidade ganhando cada vez mais visibilidade, os sócios Guilherme e Ticiano
No oitavo andar, a Orbe é um local de trabalho dinâmico e espaço para eventos culturais. (Foto: Suenia Azevedo)
O Edifício Pernambuco está instalado no coração do Recife. (Foto: Divulgação/ Edifício Pernambuco)
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Na Orbe, em todos o espaço é possível encontrar resquícios de arte e reciclagem. (Foto: Suenia Azevedo)
Na Orbe Coworking, o ambiente de trabalho é prioridade: tudo tem que estar em ordem e a intenção é que o clima do lugar agrade a todos. (Fotos: Suenia Azevedo)
O espaço fonte ocupa o quarto andar. (Foto: Divulgação)
No Sexto Andar, todo mês tem edição do projeto "Excentricidades". São eventos culturais gratuitos e com enfoque regional. (Foto:Divulgação/ Edifício Pernambuco)
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Lá EM CIMA DO MORRO Do sagrado ao profano Subida íngreme, ladeiras intermináveis. Para quem quer chegar ao alto do Morro da Conceição, Zona Norte do Recife, o trajeto é complicado, especialmente para quem vai fazê-lo a pé. As escadarias também são opção e, para quem vai de automóvel, as curvas da subida são muitas, é preciso estar bem atento ao local de descida. O Morro fica
no bairro de Casa Amarela, mas o status de comunidade é tão forte que parte da populaçãorecifensejáoconsideraumbairro independente. Um local de difícil acesso, que cresceu e se desenvolveu ao redor da imagem da Santa Maria Imaculada da Conceição, há 110 anos. A 60 metros acima do nível do mar, daqui é possível ver a cidade inteira e é pra cá que a cidade inteira e até gente de outros locais vêm para festejar na festa da santa. "É um verdadeiro ponto turístico”, disse o padre José Roberto França, 41 anos, pároco da igreja Nossa Senhora da Conceição. Nos dez dias de comemoração ao aniversário da santa, que acontece sempre entre final de novembroecomeçodedezembro,pessoasde várias partes da Região Metropolitana do Recife ocupam o morro.
Em dezembro, os fiéis lotam o Morro da Conceição. (Foto: Carolina Brito)
Além da religião, a cultura também é motivo de visita: lá acontecem shows gospel e de bandas locais, de estilos variados, em uma estrutura montada ao lado do monumento, durante todos os dias de comemoração. “Vim hoje no último dia agradecer, mas vim em outros três dias para curtir a programação. Moro no Ibura, mas todo ano venho”, contou a secretária Simony Gomes, 35 anos. No entanto, grande engano de quem pensa que o Morro da Conceição só recebe visitantes neste período do ano.
Shows de brega são os mais esperados no Acadêmicos do Morro. (Foto: Divulgação/Facebook)
Os moradores recebem nos fins de semana pessoas de toda a Região Metropolitana e o destino é um só: Clube Acadêmicos do Morro. Além da variedade de pessoas de acordo com o lugar que moram, gente de toda classe social visita a casa de festas. Os taxistas já são acostumados a encher as corridas da madrugada com os amantes do local. “Levo gente para Boa Viagem, Graças, Espinheiro, Camaragibe. A cidade toda vem para cá. E quando a atração é mais conhecida, então, eu só paro as corridas de manhã, porque é muita gente”, disse João Timóteo, 56 anos, e taxista na área há 28 anos. No clube, que geralmente atrai um público bastante diversificado, se apresentam durante os finais de semana artistas da cena musical pernambucana. No Acadêmico, o brega, o frevo, o forró e o funk coabitam sem problemas. E é por este motivo que a estudante de letras, Ana Luiza Souza, de 24 anos, gosta de frequentar o local. “Eu sempre venho porque é um espaço democrático, toca de tudo. Eu me sinto à vontade para ir com meus amigos sempre".
Entre religiosidade e paganismo, o Morro da Conceição acaba atraindo gente de todas as classes sociais, credos e culturas. Há pessoas que, mesmo morando distante do local, se identificam com o clima do local e sempre estão por perto, como é o caso de Cláudia Santos, dentista, que mora em Boa Viagem. “Tenho amigas que residem aqui em Casa Amarela e, por isso, comecei a frequentar o morro. Hoje já conheço bons lugares para apreciar a comida, a música e para rezar também, sempre que posso”, disse. Criando conceitos e acabando com preconceitos, a visita ao Morro da Conceição pode surpreender muita gente de forma positiva. O padre José Roberto França acredita que o lugar é mágico e muito atraente aos olhos de quem vem. “Quando deixa de lado os estereótipos de morro, o pessoal curte a festa da nossa senhora de sorriso largo. E em outras épocas também, moro aqui e recomendo a visita”, afirmou ele.
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Com o espírito de ocupação da cidade cada vez maior na população recifense, o Som na Rural, de Roger Renor, aumentou bastante a legião de seguidores, especialmente do ano passado para cá. E não é só acompanhando carros de som que o desejo de rua se torna evidente na capital: as bicicletas nas ciclofaixas aos domingos, os skates e patins no Marco Zero nos fins de semana e o polêmico episódio do Ocupe Estelita exemplificam essa vontade. E, quando o assunto é cultura na rua, o projeto de Renor, que leva música alternativa às ruas do Recife, foi um grande vanguardista.
espaços públicos”, disse o idealizador. Com o Som na Rural, Renor promove festas semanais. O local? A cada semana um novo destino. "A gente escolhe o lugar de acordo com a necessidade da intervenção para provocar o questionamento, debate e atenção da população. Além disso, a vocação musical espontânea do local é sempre importante”, contou.
As festas, todas gratuitas e abertas ao público, reúnem os mais distintos frequentadores. A engenheira Geise Cristina, de 26 anos, acha que A ideia de levar a sua caminhonete do modelo o destaque do projeto é a música em si. "Acho Rural Willys, de 1973, aos lugares dos mais uma ideia fantástica ser uma festa itinerante, inusitados surgiu da vontade de questionar a mas, para mim, o melhor é a música. Porque é ideia de “uso do espaço público” e espalhar por diferente dessas músicas de sempre que tocam todos os cantos da cidade. "Com a televisão, na maioria das festas que rolam na cidade". Já a depois de pouco tempo não deu certo. Então nos estudante Dynara Liberato, 22, gosta da plateia voltamos num formato independente, usando a que o projeto reúne. "Curto muito a proposta, rural, que fosse ágil e questionasse o uso dos que conheci através do Ocupe
MÚSICA ITINERANTE
A história de uma Rural Willys 1973 que leva cultura gratuita a quem estiver disposto a ouvir
A Rural Willys 1973 é o principal símbolo do projeto Som na Rural. (Foto: Divulgação)
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O Som na Rural teve, no Ocupe Estelita, seu evento de maior repercussão. (Foto: Maria Barreira/Reprodução)
Estelita. Gosto da música, mas também da galera não permitiram que Renor estacionasse sua que frequenta as festas", disse. Rural na calçada da rua. Depois de um acordo, o projeto foi liberado desde que informe aos A participação do Som na Rural no Ocupe órgãos competentes as datas e locais de Estelita em julho do ano passado foi, inclusive, realização com antecedência. uma das apresentações mais significativas na história do projeto. "Desde 2012 Mesmo sendo um projeto antigo, foi no Ocupe participávamos do debate no Estelita e, quando Estelita que o Som na Rural ganhou divulgação isso cresceu, servimos de ponto de apoio jamais vista na história do projeto. Foi a partir político para o movimento. Incrível, pois daí que a ideia de ocupar lugares inusitados conseguimos levar ao Ocupe uma média de deixou de ser estranha para se tornar cinco mil pessoas por evento durante vários fins interessante para muita gente. No entanto, o de semana seguidos”, lembra. Roger levou sua projeto ainda atinge, em grande parte, apenas Rural musical para o Cais José Estelita no dia 5 de um público específico: alternativo. O Som na julho, quando se apresentaram os cantores Rural visa, no futuro diversificar o estilo das Lirinha, Renato da Mata e o DJ Dolores, além do atrações culturais que são apresentadas às rapper paulista Criolo. pessoas, para que cada vez mais gente se interesse e, de fato, ocupe a cidade. Ao longo da existência do projeto, muitas questões foram levantadas quanto à viabilidade Hoje, a atividade de encontrar ou levar cultura da festa. Em fevereiro do ano passado, o Som na aos cantos da cidade do Recife tem hoje como um Rural foi proibido pela Prefeitura de realizar dos principais exemplos a velha Rural 1973 e festas na Rua da Aurora. Os agentes de trânsito Roger Renor. se basearam no código de trânsito brasileiro e
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CULTURA A BORDO O projeto do pernambucano Mauro Lima que ganhou o prêmio “Brasil Criativo”, do Ministério da Cultura
No táxi cultural, o passageiro conhece à fundo a Região Metropolitana do Recife. (Foto: Catraca Livre/ Divulgação Já imaginou um táxi que serve como guia turístico pelos principais pontos turísticos do estado? Essa foi a ideia do o produtor cultural Lucio Mauro Lira que, desde 2012, dirige o seu Táxi Cultural. O transporte passa pelos mais diversos pontos da cidade da Região Metropolitana
indico logo o Mauro para dar uma voltinha com eles, é o jeito mais prático de conhecer a cidade", conta ela. E Mauro afirma: "As indicações são o ponto forte do meu negócio, além da divulgação ná página do Facebook". O nome “Táxi Cultural” foi criado para que o público identificasse o projeto como algo itinerante através do qual pudessem conhecer Pernambuco de uma forma mais profunda. “O nome foi pensado com a intenção de que o projeto se identificasse com a prática de deslocamento, visita, conhecimento, taxiar, ir e vir”, explica Mauro.
A ideia surgiu a partir de um trabalho desenvolvido quando Mauro trabalhava na assessoria regional nordeste do Ministério da Cultura, ocupando o cargo de coordenador técnico do Programa Pontos de Cultura. Inicialmente, o projeto era uma ideia de experiência e pesquisa. Hoje, está sob a responsabilidade da Gapuia Cultura, A princípio era utilizado o táxi, mas, Comunicação e Turismo e da Loa Turismo de atualmente, as viagens são organizadas Experiência. dependendo da quantidade de pessoas. Além dos táxis, vans, ônibus e barcos também estão Uma das principais clientes é Andrea Barreto, disponíveis, todos com um acervo composto por auditora do Tribunal de Justiça de Pernambuco. muitos livros, CDs e DVDs sobre a cultura local – "Viajo muito e acabo virando amiga de gente de tática que serve para que o passageiro vá se tudo que é canto. Quando eles vêm pra cá, habituando com o lugar antes da visita.
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Os trajetos são feitos por diversos pontos turísticos que caracterizam a cultura pernambucana, incluindo as favelas e comunidades carentes, como forma de dar visibilidade à cultura da massa.
com o movimento cultural pernambucano, potencializando e propondo uma rede de economia sustentável e criativa para os envolvidos no Projeto”, disse Mauro explicando o porquê do projeto ter vencido o prêmio. Além do reconhecimento em prêmios, o que Mauro “No começo, foi uma ideia de experiência e realmente quer é que todos conheçam bem o pesquisa. Hoje, o projeto se tornou realidade na lugar onde moram, e saibam que, apesar dos prática. Ele conta com empresas e pessoas com problemas, a beleza existe. perfis diferenciados, formando um núcleo de desenvolvimento. A Gapuia Cultura, Pensando no futuro, Mauro agora quer unir Comunicação e Turismo é responsável pela ideias sobre Educação e Meio Ambiente ao gestão do projeto; a Loa Turismo de Experiência projeto. Para o criador do Táxi Cultural, estas se agrega ao projeto com a função de dinamizar e seriam outras formas de manter uma relação potencializar as ações idealizadas”, completa o direta com a cultura do estado. O projeto criador do Táxi Cultural. itinerante encontrou em uma ideia simples algo muito especial. Ao levar os recifenses para além Inovador e entusiasta da cultura das suas zonas de conforto e fazê-los circular pernambucana, em 2014, o projeto Táxi Cultural pelo seu estado, o Táxi Cultural fortalece a foi premiado pelo Ministério da Cultura ao autoestima das comunidades e cria formas de vencer o prêmio “Brasil Criativo” na categoria fomento e financiamento às atividades do “Culturas Populares”. "Os roteiros são todos ponto de visitação. voltados para troca de experiências Confira a programação do passeio do Táxi Cultural para o início deste ano, que acontece todas as segundas-feiras com destino a Tracunhaém e Nazaré da Mata: 9h - Saída do Recife para Tracunhaém/ Visita ao Centro de Artesanato e participação no Encontro de Maracatus da cidade 12h30 - Ida para o Encontro de Maracatus de Nazaré da Mata 15h – Visita e almoço no Engenho Santa Fé 17h - Volta para o Recife
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O Fiat Uno vermelho de Mauro Lima deu início ao projeto "táxi Cultural". (Foto: Divulgalção/ Prêmio Brasil Criativo)
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