BODYBOARD MAGAZINE EDIÇÃO NÚMERO 02 - 2013
“MEMÓRIAS DE SAL” ENTREVISTA SUPASTAR IRMÃOS PINHEIRO ESPECIAL DROPKNEE ENTREVISTA COM MIGUEL SERRÃO LIFE STYLE GALLERY PHOTO BIO COM PEDRO CARVALHO “ANSIEDADE DA ILUSÃO”
BODYBOARD MAGAZINE
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FICHA TÉCNICA Direcção Geral: Ruben Tavares João Faustino Renato Fonte Design Gráfico: Ruben Tavares Departamento de Redacção João Faustino Renato Fonte Departamento de Fotografia Ruben Tavares Pedro Carvalho Colaboradores Externos Rui Melo (Foto) Ricardo Nascimento (Foto) Jorge Mimoso (Texto/Foto) Nuno Cardoso (Foto) Vanessa Monteiro (Foto) Marco Rufino (Foto) Pedro Graça (Foto) Paulo Marcelino (Foto) Miguel Nunes MTN (Foto) Marcos Clímaco (Foto) Contactos Gerais: Revista: http://issuu.com/supastarbbmag Email: supastarbbmag@gmail.com Facebook: supastarbbmag Esta publicação, por opção dos seus autores, não segue as regras do novo acordo ortográfico.
Foto: Ruben Tavares
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EDITORIAL Quando comecei a pensar este editorial, não imaginava os dias agitados que se iriam fazer sentir no mundo do Bodyboard. Após um final mítico do Circuito Mundial em Frontón, a comunidade preparava-se já para o iníicio da nova época competitiva na famosa onda de Pipeline, quando a notícia do cancelamento da prova caiu que nem uma bomba. Felizmente, a situação inverteu-se! A IBA mais uma vez conseguiu dar a volta por cima. Não é minha intenção opinar sobre a organização e forma como se conseguiu pôr de novo a onda rainha no circuito. O que me fascinou realmente foi a reacção apaixonada dos bodyboarders. Foi com espanto que vi uma comunidade a levantar a sua voz, a unirse para mudar o cenário negro que se adivinhava. Quantos desportos com muito mais mediatismo têm uma comunidade com tamanha personalidade? Com tamanha paixão? Aqui na Supastar sentimos cada vez mais orgulho em pertencer a esta tribo. Por isso, e apesar de todas as dificuldades, voltamos a pôr de pé uma nova edição.
Renato Fonte
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Foto: Renato Fonte
Foto: Pedro Graรงa
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construída, com boas imagens nacionais e que é uma lufada de ar fresco no Bodyboard português”. Nos dias posteriores, a informação sobre a Supastar continuava a aparecer em blogues e fóruns nacionais da especialidade, ao mesmo tempo em que começávamos a receber emails, ou a ser abordados
MENSAGEM DE AGRADECIMENTO
pessoalmente por amigos, conhecidos ou desconhecidos, com mensagens de incentivo e ofertas pessoais para futuras colaborações na nova revista. Foi o caso do Jorge Mimoso, bodyboarder e enfermeiro do INEM, que nesta edição vê publicado o seu artigo sobre socorrismo adaptado ao contexto do
... Foi nesta altura que começámos a ganhar real consciência de que o que havíamos feito não tinha pa-ssado despercebido dentro da comunidade bodyboarder nacional...
Bodyboard, ou o já conhecido fotógrafo Pedro Carvalho, que passa a colaborar com a Supastar a partir desta edição, inclusive, facto que achamos ser uma grande mais-valia para a qualidade final da nossa publicação. Da mesma forma, agradecemos também aos fotógrafos Rui Melo, Ricardo Nascimento, Nuno Cardoso, Vanessa Monteiro, Pedro Graça, Miguel Nunes, Marcos Clímaco, Paulo Marcelino e Marco Rufino a importante contribuição para a Supastar, com a cedência
Antes de alguém, algum dia, ter ouvido fa-
de fotografias da sua autoria.Os dias foram
lar de nós, eramos apenas três amigos que
passando e, ao fim de dez, tínhamos pratica-
se juntaram e começaram a trabalhar num
mente 9000 visualizações da primeira edição
projecto comum, tendo em vista o simples
da “Supastar Bodyboard Magazine”, o que
contributo para a valorização mediática do
prova a real adesão do público. Este facto
nosso desporto, o Bodyboard, sem esperar
acabou por nos deixar algo perplexos e entu-
qualquer contrapartida pelo nosso empenho.
siasmados, ao mesmo tempo que começá-
Organizámo-nos, fizemos os artigos e ent-
mos a sentir algum “peso nos ombros”, por
revistas, juntámos e seleccionámos algumas
sentirmos que despoletava em nós um efei-
fotos dos nossos arquivos pessoais, às quais
to de compromisso para com quem, desde o
reunimos algumas mais, gentilmente cedi-
início, nos apoiou, passou a palavra e gostou
das pelos nossos entrevistados, Nicolas Ros-
da nossa iniciativa. Assim, em nome de toda
ner e Miguel Graça. Com tudo isto compilado
a equipa e para todos vós, sem excepção,
num só, através do design criativo do Ruben
para além de um grande e sincero “Muito
Tavares, nasceu o nosso, e vosso, primeiro
Obrigado”, queremos retribuir o vosso apoio
número que foi publicado online no dia 18 de
através do nosso total empenho e dedica-
Novembro de 2012.
ção, sempre com o intuito de melhorar con-
Foi nesta altura que começámos a ganhar
tinuamente e de forma sustentável aquele
real consciência de que o que havíamos feito
que acreditamos ser um projecto de futuro.
não tinha passado despercebido dentro da
Meus amigos, a “Supastar Bodyboard Maga-
comunidade bodyboarder nacional. No dia
zine” veio para ficar!
seguinte ao lançamento, o site bodyboard.
O #2 está aqui e é vosso! Disfrutem...
pt noticia o lançamento da nova publicação afirmando que “(…) é uma revista bem
João Faustino
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Foto: Pedro Carvalho / Spot: Fronton
Foto: Pedro Carvalho
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energia que, à nossa semelhança, nasce, percorre o seu caminho para, finalmente, se desvanecer num último gesto com a sua rebentação… E é exactamente antes deste momento que se dá a comunhão perfeita entre nós e essa mesma entidade que recebemos nos segundos finais do seu percurso. Naquele momento, sentados no line up, avistamo-la e sorrimos. Remamos para a acompanhar e partilhamos com felicidade os últimos momentos da sua viagem, ao mesmo tempo que esta retribui, da melhor forma possível, o conforto que lhe
SAL
MEMÓRIAS DE
...Remamos para a acompanhar e partilhamos com felicidade os últimos momentos da sua viagem...
damos antes de se dissolver em milhões de partículas e se unir novamente ao seu elemento inicial, como se de um ciclo de vida se tratasse. Nesse momento, ela entende cada manobra no lip como se lhe acariciássemos o cabelo, cada 360 ou cada cutback, como um carinho na sua face e devolve-nos tudo com paixão, abraçando-nos com força, na forma de um tubo profundo. Por vezes com tanta força que parece não nos querer largar… É uma simbiose perfeita e que só nós compreendemos. Todos nós já surfámos ondas que acabaram por ter mais importância que outras. Enquanto umas passam despercebidas, outras tornam-se inesquecíveis, seja por que razão for... Quem não se recorda tão bem “daquela” onda que surfou há uma década atrás como se o tivesse feito hoje? Por que razão a tem tão presente na memória? O que fez dessa onda, uma onda tão especial? O que a tornou tão diferente de todas
Poucas pessoas têm o privilégio de en-
as outras?
tender o Mar como nós. Poucos são os que
Estas são questões que nos levam à con-
o olham da forma como nós o fazemos,
clusão de que o nosso desporto não é uma
vendo-o muito mais além que o comum
ciência exacta e que vai muito além de
dos mortais. Para nós, não é simplesmente
uma estratégia treinada com a finalidade
água. Para nós, que com ele vivemos e
de atingir determinado objectivo. Torna-se,
convivemos, o Mar é vida, é sentimento,
sim, extremamente relativo e os resultados,
são memórias...
esses são totalmente distintos. Mas, acima
É como se, no seu todo, este fosse o
de tudo e mais importante que qualquer
mundo e cada vaga, cada onda que chega
outra coisa, acaba por ser algo muito, mas
à costa, fosse uma transfiguração de nós
muito, pessoal...
próprios, representada por um turbilhão de
A experiência vivida por cada um, certa-
MEMÓRIAS DE SAL
mente não será repetida por outro. Cada
Senão, vejamos… Questões como “Quem
onda é única e a forma como a entendem-
não se recorda tão bem “daquela” pessoa
os, a forma como a vivemos, é só nossa. A
que partiu há uma década atrás como se
onda que te deixa hoje saudade, não poderá
ainda hoje cá estivesse?”, “Por que razão
ser vivida novamente e resta-te apenas
a tem tão presente na memória?”, “O que
guardá-la na memória e, fechando os olhos
fez dessa pessoa, uma pessoa tão espe-
com força, recordá-la novamente. Outras
cial?”, “O que a tornou tão diferente de
ficarão certamente registadas nas tuas lem-
todas as outras?”. Comparem estas mes-
branças, mas cada uma com a sua vivência
mas questões às colocadas parágrafos an-
própria, com a sua história. Um pouco como
tes… Parece-me uma analogia plausível e
nós próprios e os relacionamentos pessoais
exemplificativa do misticismo presente no
que vamos acumulando ao longo das nos-
Bodyboard.
sas vidas…
Temos assim o privilégio de viver, através
Foto: Marco Rufino / Spot: Pópulo São Miguel
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do nosso desporto, uma experiência tran-
Mas tu, bodyboarder como eu, entendes-
scendental e incomparável com qualquer
me e rever-te-ás nestas palavras e nestes
outro que se possa praticar, excluindo de-
pensamentos. Porque Bodyboard é, acima
sta lista o surf que, apesar de usar uma
de tudo, um acto espiritual!
prancha de diferente formato, vive da mesma essência. Temos a sorte de pertencer a uma classe que vive uma experiência de
Em tua memória…
contornos não definidos e que se aproxima rapidamente da filosofia do imaterial a cada onda dropada. Quem está alheio a este sentimento, alheio ao nosso desporto, chamar-me-á exagerado. Poderá até rir-se deste artigo.
João Faustino
MEMĂ“RIAS DE SAL Foto de Capa: Pedro Carvalho / Rider: Daniel Fonseca / Spot: Tonel
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MEMĂ“RIAS DE SAL Foto: Ruben Tavares / Rider: Miguel Fragoso / Spot: Reef
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MEMÓRIAS DE SAL Foto: Nuno Cardoso
MEMÓRIAS DE SAL Foto: Rui Melo / Rider: João André “Magoito “ / Spot: Secret
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MEMร RIAS DE SAL Foto: Rui Melo / Rider: Pitaรงa / Spot: Cova do Vapor
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Foto: Miguel Nunes MTN / Rider: Joรฃo Pinheiro
Foto: Paulo Marcelino / http://swell-algarve.blogspot.pt Rider: Gonรงalo Pinheiro
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ENTREVISTA SUPASTAR
Dois irmãos, ambos Bodyboarders e já com títulos de campeões nacionais. Estes percursos semelhantes são simples coincidências ou são o fruto de um apoio de ambas as partes? Vocês puxam muito um pelo outro?
JOÃO PINHEIRO GONÇALO PINHEIRO
A Supastar foi ao sul conversar com dois irmãos algarvios que, cada vez mais, vão dando que falar. João e Gonçalo Pinheiro são dois atletas de respeito e, ambos, excelentes exemplos para os mais novos, seja pelo seu empenho e resultados, seja pela força de vontade em conciliar, respectivamente, o seu trabalho e os seus estudos com a prática do desporto que tanto prazer lhes dá.
Fiquem então com a nossa “Entrevista Supastar”!
Por João Faustino
Gonçalo (G): Desde de pequeno que comecei a ir aos campeonatos com o meu irmão, ia ver e apoiá-lo. Depois, puxamos sempre um pelo outro dentro de água e apoiamo-nos sempre. João (J): São caminhos muito idênticos porque o apoio e influência saíram praticamente das mesmas pessoas. Os meus Pais, Avós, Tio, amigos e, no meu caso, o apoio da minha namorada, contribuíram bastante para o meu desenvolvimento como pessoa e bodyboarder. Sendo que o meu irmão cresceu sempre comigo e com os meus amigos, acabou por adquirir os mesmos valores. Eu acho que sou um bocado exigente com ele porque acredito que tem um talento enorme e com força de vontade e treino poderá ser o melhor Algarvio de sempre. Como tal estou sempre a puxar por ele e ele por mim.
Gonçalo, sendo tu o irmão mais novo, com certeza que o João terá tido a sua responsabilidade no facto de teres começado a praticar Bodyboard. Confirmas esta afirmação? De que forma ele te tem ajudado e influenciado o teu percurso? G: Sim, claro. Ele sempre me apoiou. Desde de pequeno que comecei a surfar e, quem me ensinou as primeiras coisas antes de entrar para a escola do Chico, foi o meu irmão. Sempre me disse como devia fazer as coisas, como era o mais correto, mais fácil. Depois, influenciou-me porque sempre foi um exemplo a seguir. E que eu ainda tento seguir…
Como se definem enquanto bodyboarders? Tipo de linha, tipo de ondas, tendência de manobras… G: Eu sou um free-surfer, gosto de ondas quadradas, power! Em termos de manobras, as que gosto mais são os reverses aéreos! J: Eu penso que temos linhas de onda bastante diferentes. Eu tenho uma linha de onda mais recta porque o meu surf teve uma influência enorme do GT, pois há 13 anos atrás
Foto: Marcos ClĂmaco / Rider: Gonçalo Pinheiro
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o homem partia tudo. Hoje em dia temos uma abordagem mais fluida e com linhas de onda mais “redondas”.
Vocês vivem em Portimão, onde também apanham umas ondas sempre que possível. Mas, na verdade, o vosso palco habitual de treinos acaba por ser nos principais spots de Sagres. Como surge a vossa forte ligação a esta espectacular “máquina de ondas” algarvia? G: Fomos criados em Sagres, temos os nossos amigos lá, é o nosso lugar! Por isso, é inevitável acabarmos por estar sempre lá. J: Os nossos pais são ambos de Sagres mas o trabalho fez com que viessem morar para Portimão, onde tenho também grandes amigos. A família do meu Avô “Sousa” é gigante, então os primos são muitos e a ligação a Sagres é algo de nascença. Passei lá todos os verões, as férias e fins-de-semana. Comecei a praticar Bodyboard porque o meu Tio já o fazia e depois entrei para o Clube do Mar, onde o BB começou a ser mais importante. Depois, o bichinho foi crescendo e a vontade de surfar e estar sempre na água nunca mais parou.
Sagres é uma localidade pequena mas com um núcleo de bodyboarders muito bem cotados a nível nacional e até com algumas provas dadas na cena internacional. Nomes como os vossos, o de Francisco Pinheiro, Ivo e Neuza Mochacho, Luís Bajolo, Joana Schenker, entre outros, são exemplo disso. Na vossa opinião, a que se deve este fenómeno? G: Devido à qualidade das ondas. Se não tivéssemos as ondas que temos, se calhar não tínhamos os riders com a qualidade que temos! J: Para além das altas ondas que Sagres tem durante quase todo o ano, o BB faz já parte da cultura neste momento. Eu comecei a ir para a praia e havia malta já mais velha a partir. Agora somos nós os mais velhos e a começar outra “fornalha”. E farei tudo o que puder para ajudá-los!
No panorama nacional, é um facto que o mediatismo do nosso desporto é muito centrado nas zonas de Lisboa, Ericeira e
Peniche. Sagres, apesar da qualidade reconhecida das suas ondas, não é muito tida em consideração no que a isto diz respeito. Porque acham que tal acontece? Sentem-se, de alguma forma, prejudicados relativamente a este assunto? G: Não sei, talvez por estarmos longe, não sei… Mas nunca senti falta disso nem nunca me senti prejudicado. J: Claro que sim, é notório que a única revista existente até há pouco tempo dá mais destaque aos atletas do centro. Mas havendo mais fotógrafos e pessoas para filmar e editar, é normal haver mais destaque para esses atletas. No início isso deixava-me algo triste porque nós temos atletas e picos fantásticos aqui em baixo mas, neste momento, penso que estamos a melhorar e as redes sociais contribuíram bastante para isso.
É do conhecimento de todos que o apoio das marcas é muito importante para o desenvolvimento de qualquer atleta, independentemente da modalidade. Seguindo esta lógica, e contextualizando a situação ao mundo do Bodyboard, qual a vossa opinião acerca da situação actual? G: Acho que o Bodyboard está a crescer, mas esta crise não ajuda... E se calhar agora as marcas diminuem o número dos patrocinados. J: Claro que a conjuntura económica não ajuda e os desportos mais radicais e que menos movem “massas”, como o BB, são os mais prejudicados. Há que pensar bastante bem qual a estratégia que o BB irá seguir, ponderar todos os aspectos, para alinhar ideias e partir para uma nova era. Acredito que o BB pode ter impacto e irá receber o reconhecimento merecido.
Dêem agora um pouco de visibilidade a quem vos apoia! Quais são, neste momento, os vossos patrocinadores e que tipo de relação mantêm com estes? Baseia-se tudo num âmbito estritamente profissional, através de apoio financeiro ou material e condicionado unicamente aos bons resultados, ou acaba por se desenvolver uma empatia mútua tal ao ponto de sentirem que existe também o apoio moral necessário para vos incentivar quando as coisas não correm tão bem?
Foto: Vanessa Monteiro / Rider: Jo達o Pinheiro
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G: Eu tenho patrocínio da Turbo, Refleex, Freedom Fins e pela Secret Spot Surf Shop. A relação que tenho com os meus patrocinadores é muito boa, sempre me dei bem com os meus patrocinadores. Aliás, praticamente desde de pequeno que os conheço e sempre senti apoio moral da sua parte. J: Neste momento tenho patrocínio da Found e da Secret Spot Surf Shop. Sou bastante amigo do Joãozinho e do Nuno da Secret e considero que ambos têm feito um excelente trabalho pelo BB no Algarve. A Found é claramente mais profissional e uma marca que apostou em mim e nos meus projectos para 2013. No meu caso não existe qualquer vínculo a resultados. Existe sim o compromisso de ajudar e divulgar a marca o melhor que posso. Tanto pode ser através de resultados ou fotos e vídeos. Para além disto, o Nuno Amado (Found) foi o meu primeiro treinador e um amigo de longa data.
João, tal como referiste antes, assinaste contrato com a Found bem recentemente, deixando assim o teu antigo patrocinador, a Deeply. Partindo do princípio que as mudanças se fazem para melhor, que esperanças depositas nesta nova etapa e que benefícios acreditas que esta grande marca, que já é um ícone na modalidade, traga à tua carreira? J: É uma marca recente, inovadora, moderna, com bons materiais, shapes e de um enorme Bodyboarder. Acho que é a marca ideal para esta fase da minha carreira. Estava a precisar de um desafio e acredito que representar esta marca o será. Por falar em patrocínios, sabe-se que ser atleta a tempo inteiro, ou seja, ganhar a vida com o Bodyboard, é tarefa quase impossível! Vocês, infelizmente, não são excepção e ambos têm ocupações em paralelo. Um trabalha e o outro estuda. Como se consegue conciliar o trabalho / estudo com os treinos e competições e, ainda assim, apresentar bons resultados desportivos, situação de que vocês são prova viva? G: Acho que se consigo conciliar as coisas foi por fazer exactamente como o meu irmão fez. Sempre segui o que ele fazia e, por isso, sempre me dei bem. Então, não sei bem o segredo… J: Consegui sempre fazer tudo. Estudar e surfar. Não era fácil, mas sabia que o BB não
iria sustentar-me e tentei conciliar ambos. Foi claramente a decisão mais racional apesar de o meu coração indicar-me que era só o BB a seguir. Agora, a trabalhar, ainda é mais difícil mas, se isto fosse fácil, não tinha piada. Temos de ter o dobro da pica, da vontade, do sacrifício para treinar mas, no fim, acaba por valer a pena.
Como vêem o mundo da competição? Vêem-se como competidores natos ou, por outro lado, divertem-se mais com as sessões de free-surf com os amigos? G: Eu sou um free-surfer, prefiro aquelas sessões épicas do que os campeonatos, não gosto de pressão. Apesar de saber que a competição é muito importante para o Bodyboard. J: Muita gente diz que sou um competidor. De facto, adoro competir porque acabo por sair da minha zona de conforto mas acho que nunca consigo mostrar todo o meu Bodyboard. Espero que este ano, ao viajar mais e competir no Mundial, possa ajudar neste aspecto. No entanto, surfar em casa com os amigos é a essência do desporto e aquilo que realmente me satisfaz.
Ambos já foram campeões nacionais de esperanças e actualmente continuam a dar provas do vosso talento. Em termos competitivos, são considerados adversários de grande valor. Falem-nos um pouco dos vossos resultados desportivos. Quais os que mais vos marcaram? G: Quando fui Campeão Nacional de Esperanças. É sempre algo que nos marca. Principalmente por aquele ser o meu primeiro ano e estar ali só com o meu irmão a apoiar-me e por ser um desconhecido, pois ninguém sabia quem eu era ou de onde vinha. J: O Campeonato Nacional de Esperanças foi para mim fantástico. Acabei por conseguir três títulos. Representei a selecção nos Sub16 e Sub-18. Ganhei três taças de Portugal nos Esperanças. No Open Nacional e Europeu, tenho ficado de forma assídua no Top 6. O mais marcante foi sem dúvida o 7º Lugar no Mundial da Praia Grande. No entanto, no Open o nível está muito alto e existem atletas profissionais como o Manuel Centeno ou o Pinheirinho, que nos momentos primordiais raramente falham. Depois tens o Tó, Daniel
Foto: Vanessa Monteiro / Rider: João Pinheiro
Foto: Marcos Clímaco / Rider: Gonçalo Pinheiro
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Fonseca, Jaime Jesus, Gastão, Jofi, Moita e muitos mais que estão a surfar muito.
Começámos agora o ano. Na vertente de competição, quais os vossos objectivos para 2013? G: Ser campeão nacional de esperanças Sub18, viajar e evoluir mais o meu surf! J: Se tudo correr como o previsto este ano será o ano que sempre sonhei. Irei tentar fazer as etapas principais do GQS e do World Tour e melhorar muitos aspectos do meu surf. Quanto ao Nacional e Europeu, o objectivo é ficar no Top 3.
João, nesta área tu começas o ano em grande e, no momento em que os nossos leitores lêem esta entrevista, tu já estarás por terras havaianas, no North Shore de Oahu, para participar na abertura do Tour de 2013 na mítica onda de Pipeline, e ainda para mais numa altura muito especial em que o Pipeline Challenge celebra o seu 30º aniversário. Quais as tuas expectativas para este evento? J: Sendo este o meu primeiro ano irei um pouco mais cedo com o Gastão e o MTN para tirar umas fotos e conhecer a onda. Pipe é aquela onda de sonho e adoraria passar muitos heats para surfar Pipeline apenas com mais três atletas. Espero apanhar boas ondas e usufruir o máximo desta experiencia. Vejam no meu Facebook toda a acção da viagem. Irei tentar fazer um update diário.
Ao participares em provas desta dimensão e importância, tens certamente noção de que estás a realizar uma ambição pessoal que acaba por ser o sonho de muitos de nós. Sentes-te um privilegiado que algures no seu percurso teve a sorte necessária para tal, ou acreditas que qualquer um, com esforço e dedicação, consegue alcançar esta meta? O que pensas sobre isto e que conselhos dás a quem almeje competir entre os melhores? J: Penso que qualquer um pode fazê-lo e se tem esse sonho deverá persegui-lo. O meu caso é a prova disso. Andei talvez sete anos a querer ir ao Hawaii e acontecia sempre qualquer coisa que inviabilizava esta viagem.
Não desisti e finalmente aos 25 anos irei lá estar. A força de vontade é o essencial. Sempre pretendi correr o Mundial, pois é uma experiência que fica para sempre. Talvez a idade já não seja a mais adequada mas irei focarme e fazer de tudo para concretizar o meu objectivo.
Gonçalo, o teu início de ano é bem mais complicado que o do João. Foste operado a um joelho em meados de Dezembro e vais ter pela frente uns meses de recuperação. O que motivou esta lesão? G: Esta lesão derivou de uma lesão mal curada quando tinha 11 anos. E este ano agravei mais a lesão tornando-se impossível continuar com o joelho neste estado, o que me levou a ter que ser operado.
E como encaras estes meses fora de água e até que ponto isso pode prejudicar a concretização dos objectivos que delineaste para 2013? G: Às vezes fazer uma paragem faz bem. Eu estou muito motivado e com vontade de ganhar mais do que nunca. E como, em princípio, vou estar recuperado em Abril, não me vai prejudicar muito esta época.
Para finalizar, como vêem este recente projecto da Supastar Bodyboard Magazine?
G: Acho que é bom existir mais uma revista de Bodyboard Portuguesa e acho que só ajuda o Bodyboard a crescer ainda mais em Portugal. J: Foi algo que me surpreendeu pela positiva, pois dá destaque a muitos bodyboarders que normalmente não aparecem tanto e com uma qualidade brutal, promovendo o BB nacional.
Obrigado pela vossa colaboração! Da nossa parte, João, a melhor das sortes na etapa de Pipeline e que este seja, realmente, “aquele” ano pelo qual tanto tens aguardado! Quanto a ti, Gonçalo, votos de uma recuperação o mais rápida possível e que voltes depressa à água para conseguires alcançar o teu objectivo para este ano.
Foto: Pedro Carvalho / Rider: Jo達o Pinheiro
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Foto: Marcos ClĂmaco / Rider: Gonçalo Pinheiro
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Foto: Jorge RubenMimoso Tavares / Rider: Saguim Foto:
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ESPECIAL DROPKNEE
DK FANS ... Não são muitos os que fazem DK regularmente. E são quase nenhuns os bodyboarders cujo foco principal seja este estilo... Se o Bodyboard é low profile, o que dizer do Dropknee? Desconhecido de grande parte, pouco valorizado por muitos e dado como morto por alguns. Não são muitos os que fazem DK regularmente. E são quase nenhuns os bodyboarders cujo foco principal seja este estilo. Pelo menos em Portugal a situação é esta e não creio que algum dia foi muito diferente. Contudo, não podemos generalizar esta situação para todos os momentos e picos do mundo.
Foto: Pedro Carvalho / Rider: HĂŠlio Conde / Spot: Supertubos
ESPECIAL DROPKNEE
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No passado não existia revista internacional ou filme de Bodyboard que não desse especial destaque ao DK. Era impossível não o fazerem, já que a grande generalidade dos bons bodyboarders, eram excelentes em Prone, DK e, alguns, mesmo em Stand Up. Mesmo nos campeonatos mais importantes não existia uma divisão DK e outra Prone. Era comum existirem heats em que as ondas eram surfadas ora em DK, ora em Prone. Não nos podemos esquecer que os melhores na altura eram locais das águas quentes do Hawaii, onde o DK sempre esteve presente. Surpreendentemente, foi através deste estilo que o Bodyboard teve uma influência “visível” e mediática no Surf, mesmo quando a rivalidade entre estes desportos mais se fazia sentir. Paul Roach, o “rei” dos dropkneers, aparece nos filmes referência do Surf da altura, “Momentum I” e “Momentum II”, onde simplesmente parte a loiça. A forma como ele usava o tail da prancha foi adorada, estudada e replicada pelos surfistas. Contudo, aos poucos o DK começou a perder protagonismo. Os riders deste estilo eram incompreendidos nos campeonatos, ao mesmo tempo que não se criaram vertentes competitivas de “DK Only”. As marcas de Surf deixavam de apoiar o Bodyboard e o dinheiro deixou de chegar aos free surfers. Para se viver do Bodyboard, era necessário ganhar-se campeonatos e, por sua vez, para se ganhar campeonatos era necessária uma quase total focagem no Prone. A consequência: o DK saiu de palco… No entanto, não morreu! Sempre teve fiéis seguidores, sempre teve pequenos oásis. Recentemente estive no Hawaii e pude constatar isso mesmo, o DK está forte e saudável, é praticado por muita gente. Diria mesmo que nos dias de ondas mais fracas é rei e senhor entre os bodyboarders. Sinto que está a voltar a crescer.
Foto: Jo達o Tavares Faustino/ /Rider: spot: Miguel Sanguessuga Foto: Ruben Tavares / Spot: Fonte da Telha
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ESPECIAL DROPKNEE
Finalmente, o circuito mundial de DK começa a consolidar-se, o nível tem vindo a melhorar muito, como se pôde comprovar na etapa de Porto Rico, que teve heats de excelente surf. Por esse mundo fora, têm-se criado campeonatos “DK Only”, como o nosso “Refresh
Dropknee Challenge”. Têm-se criado novos formatos de campeonatos, como os “DK Wars”, onde não existem heats, sendo que
o atleta fica o tempo que quiser na água durante o período de vigência do evento e, no fim, é eleito entre os participantes aquele que se destacou. Puro convívio, tal como os praticantes deste estilo tanto gostam. Na verdade, nunca deixaram de aparecer novos valores ao longo destes anos em que o DK não teve presença forte nos media, como Dylan Lee, Mason Rose, Kim Feast, Sasha Specker, Brandon Foster e Cesar Bauer. Mas quem realmente está a definir as tendências futuras deste estilo é um grupo de havaianos constituído por Miles Kauhaahaa, Dave Hubbard e, especialmente, Bud Miyamoto, que exploram as manobras aéreas como nunca tinha sido feito antes. Por outro lado, na Austrália Matt Lackey consolida uma linha de onda perfeita, onde as manobras são realizadas com precisão e agressividade sem paralelo no passado. Vejam o filme “The Lackey Project” e compreenderão o que digo. DK é difícil. Talvez das formas de wave riding mais difíceis de praticar. Provavelmente só o Stand Up numa bodyboard seja de mais complicada aprendizagem. Mas acreditem que vale a pena, pois o prazer que se retira deste estilo é diferente e único. Ondas que, para Prone, passam despercebidas podem ser perfeitas para o DK. Todo um novo mundo de possibilidades se abre quando nos aventuramos seriamente por este estilo. Na Supastar faremos tudo para que o DK seja presença constante. Porque este estilo bem merece… Renato Fonte
Foto: Pedro Carvalho / Rider: Nuno Leitão ”Batata” / Spot: Supertubos
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Foto: Ruben Tavares / Rider: Nicolas Rosner
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Foto: Pedro Carvalho / Rider: Dave Hubbard / Spot: Praia Grande
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Foto: Ruben Tavares / Rider: Claudio Diogo
Foto: Renato Fonte / Rider: Nicolas Rosner
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Foto: Pedro Carvalho / Rider: Desconhecido / Spot: Supertubos
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Foto: Ricardo Nascimento
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ENTREVISTA
queria rodar e pôr a mão desse lado dentro de água. Claro que no dia seguinte fui para S. Julião, praia onde comecei a apanhar as primeiras ondas, treinar os 360 com as mãos. Entretanto, em 2004 entrei na escola “Action Waves”, na Praia Grande, onde aprendi muito com o meu treinador, Gonçalo “Estrela” Silva, e evoluí enquanto bodyboarder e pessoa.
MIGUEL SERRAO ...Simplesmente, neste tipo de mar, conseguimos ter sensações de medo e emoção, únicas... Miguel, vamos começar pela pergunta da praxe. Quando e como entrou o Bodyboard na tua vida? Quando foi a primeira vez que apanhei uma espuma em cima de uma prancha de Bodyboard, isso não sei dizer, mas quando comecei a encarar o bodyboard como uma paixão e uma forma de vida foi há uns nove anos graças ao namorado da minha irmã daquela altura que, infelizmente, acabou por falecer um ano mais tarde devido a problemas de saúde. Para mim, ele foi sempre uma referência e ao longo destes anos uma grande força de motivação. Lembro-me de lhe pedir para me ensinar como fazer um 360 e ele dizia-me que tinha de levantar os pés olhar, para o lado que
Eu venho de uma geração em que não havia escolinhas. A tua experiência é oposta. Consegues imaginar como seria o teu surf se não tivesses essa experiência? A meu ver acho essencial começar os primeiros passos numa escola. Ter alguém a acompanhar e a ensinar-nos é bastante bom e produtivo. Se não tivesse tido essa oportunidade provavelmente muitos dos dias não teria maneira de ir para a praia ou companhia para surfar e não saberia o que sei hoje sobre Bodyboard. Uma escola de Bodyboard faz mais que ensinar, produz um grande espírito de equipa e gera novas amizades, dá-nos a conhecer novos picos e acima de tudo temos alguém que está em cima de nós a corrigir os nossos erros. Realmente, há poucos anos havia poucas escolas de surf mas hoje em dia existem tantas e de tão grande qualidade, que acho algo imprescindível para quem quer começar a apanhar umas ondas. Ainda ontem estava a pensar como muitas das pessoas que estiveram presentes nos momentos chave da minha vivência como bodyboarder, como a primeira espuma, a primeira remada para o outside, a primeira surfada em reef breaks, estarão sempre na minha memória, mesmo que a sua passagem na minha vida tenha sido breve. Durante algum tempo via a surfada como uma experiência muito individual, hoje diria que é o oposto. Como vês o Bodyboard a esse nível? Preferes a solidão no lineup? Ou partilhar uma surfada com um crowd simpático? A meu ver o Bodyboard de individual tem muito pouco ou mesmo nada. Ao longo dos anos que se cresce como bodyboarder tens sempre uma pessoa como referência, um género de ídolo, crias o teu grupo de amigos das surfadas e vês filmes de Bodyboard dia e noite, onde te vais inspirar, observando os melhores e tentando seguir os seus passos. Observando os outros e com muito treino e persistência é que se vai longe neste desporto. Tenho a certeza que praticamente toda a gente gosta de apanhar boas ondas com os amigos, divertindo-se, fazendo “macacadas” ou mesmo puxando uns pelos outros, a ver quem manda o maior tubo ou o maior voo. Para apanhar boas ondas muitas vezes temos a necessidade de fazer uns bons quilómetros
Foto: Ricardo Nascimento / Rider: Miguel Serr達o
MIGUEL SERRÃO
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de carro ou até mesmo viajar e isso é o início para novas experiências e novas amizades. Queiramos ou não, vai haver sempre mais gente a partilhar o pico connosco e, por isso, onde quer que vás vais acabar sempre por te relacionar com outras pessoas e fazer novas amizades e no fim voltas a casa com novas recordações e com a sensação de querer lá voltar pois as pessoas que conheceste proporcionaram-te novas grandes experiências. O Bodyboard permitiu-me sair da minha cidade e conhecer pessoas de norte a sul de Portugal e de toda a parte do globo. Sinto que a comunidade de Bodyboard é muito unida. Já me aconteceu conhecer uma pessoa e pelo facto de saber que ela faz Bodyboard, de partilharmos a mesma paixão, deu assunto para falar durante horas e combinar logo futuras surfadas. Apesar de dependeres de ti próprio, o Bodyboard é um desporto de amizades, de convivência e de grupo, que te vai proporcionar grandes momentos e os melhores desses momentos vão ser passados na companhia dos teus amigos. Mas se me perguntarem se prefiro surfar com crowd ou sozinho, a minha tendência é a de que prefiro sozinho mas isso nem sempre é verdade. O ideal é mesmo surfar com “aquele” grupo de amigos. Olhando para trás, qual foi a sessão mais marcante que já tiveste? Eu sei lá, já tive tantas que me irão marcar para sempre… Mas penso que as que nos marcam mais são as que exigem mais de nós, física e psicologicamente, principalmente quando o mar está bastante grande e estamos a surfar num pico novo. Certamente uma das sessões que me marcou mais foi a 26 de Dezembro de 2010. Quando pensava que já tinha recebido todas as prendas de Natal, tive outra surpresa. O mar estava com condições bastante pesadas e estava a surfar num pico novo para mim, o que mete sempre mais respeito. Graças ao pessoal com quem estava a surfar (Faustino, Tó, Fazendeiro e Rasta) fui ganhando ritmo e mais motivação para dar o meu máximo. Acabei por fazer altas ondas e no fim levei um caldo em que me saíram os pés de pato e acabei por ir sair a um sítio um pouco invulgar no meio das rochas, mas são estes acontecimentos que marcam as sessões. Há pouco mais de um ano, na Indonésia, também tive uma sessão bastante especial. Estavam uns dois metrões perfeitos, uns tubões animais, partilhava o pico só com os meus mates e uns australianos e, para além das boas ondas, o que me marcou mais foi o tubarão que por lá andava que pôs bastante tensão entre todos nós. Há bem pouco tempo, tive outra sessão bastante especial para mim, em que estava
grande, bastante cavado e estava a surfar naquele pico pela primeira vez. No entanto, acabei por mandar um dos tubos mais intensos da minha vida. Todas as sessões têm o seu momento marcante mas há sempre umas que nos marcam mais por causa de certos momentos. Essa paixão por ondas com tamanho e cavadas vem de onde? Desde miúdo que me apaixonei por sentir o coração bastante acelerado e pela adrenalina a correr pelo corpo todo a mil a hora. Simplesmente, neste tipo de mar, conseguimos ter sensações de medo e emoção, únicas. As sensações que se tem em ondas grandes e cavadas são inesquecíveis. Mandar um drop aéreo do tamanho de um andar, estar dentro de um tubo onde cabe lá um camião ou bater num lip em que nunca pensaríamos bater são imagens que nos ficam marcadas para sempre. Penso que surfar ondas grandes proporcionanos sempre novas experiências, a cada sessão queremos mais, todas elas são diferentes e exigem todas bastante de nós para que tudo corra bem. Talvez o bichinho que se sente neste tipo de mar, de que num segundo a surfada pode correr para o torto ou, pelo contrário, numa única onda podemos fazer a onda mais intensa de sempre e ficar recordada como “aquela onda”, “naquela sessão”, é o que mais me motiva para superar os meus limites nestas condições. Este misto de emoções é sem dúvida o que mais me excita nestas sessões. Quem são as tuas referências ao nível do Bodyboard? O Ricardo Faustino e o Luís “Porkito” Pereira desde há uns anos que têm sido a minha referencia a nível nacional. Muito devido à linha que têm e à sua atitude dentro de água em mar grande. São os dois malucos da cabeça! O Faustino, parecendo que não, é duro que nem uma pedra e é capaz de bater em qualquer lip e descer qualquer vagalho. O Porco também não “bate bem” e apresenta um dos melhores estilos de Portugal. Recentemente, o António Cardoso também tem dado muito nas vistas e devido a conhecê-lo desde miúdo, vejo-o sempre como referência quanto ao nível que eu deveria atingir. A nível internacional, sempre adorei ver o Jeff Hubbard devido à capacidade que tem para voar em qualquer tipo de onda, com um estilo muito próprio e o Mitch Rawlins, porque tem o melhor invert do mundo, para mim, e uma linha de onda “perfeita”. Falaste em alguns dos bodyboarders mais atirados que há em Portugal. É esse o caminho que queres fazer? Pôr o teu nome
Foto: Ricardo Nascimento / Rider: Miguel Serr達o
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nessa lista restrita de big riders? Seguir o passo desses senhores? Como já tinha dito, adoro sentir o bichinho de estar a surfar em condições extremas e esse é um aspecto em que o Bodyboard se destaca relativamente a outros desportos. Para mim, surfar ondas grandes faz parte de ser bodyboarder e não penso nisso como se fosse um ponto aparte do Bodyboard. Claro que quero continuar a superar os meus limites e apanhar ondas maiores e se isso puser o meu nome nessa “lista de big riders”, então quer dizer que estou no caminho certo. Fazer parte dos melhores bodyboarders de Portugal é o que qualquer um quer. Que viagens já fizeste? Que aspectos mais te marcaram em cada uma delas? No que toca a viagens posso-me considerar um sortudo pois já fui à Indonésia por três vezes, uma com a minha família e duas delas só para surfar. Também já estive na Gran Canaria por duas vezes. Viajar sempre foi, para mim, uma das melhores coisas que indirectamente o Bodyboard nos dá, pois viajar para um país só para surfar é algo extraordinário, conheces uma nova cultura, uma nova forma de vida, excelentes paisagens, fazes grandes amizades e surfas as melhores ondas da tua vida. A viagem que mais me marcou foi, sem dúvida, a ultima que fiz à Indonésia durante o mês de Agosto de 2011. Fui com um grande grupo de amigos e conheci o lado que não conhecia da Indonésia, as outras ilhas para além de Bali. Sumatra, Sumbawa e Lombock são certamente ilhas tão ou mais fascinantes que Bali e aconselho toda a gente a ir lá. Aí sim, senti-me no meio de uma cultura completamente diferente, a muçulmana. Nestas ilhas as pessoas são simplesmente fantásticas, olham para ti como se fosse a primeira vez que vissem um turista e as pessoas têm vontade de comunicar contigo nem que seja para dizer “Hello Mister”. Então os miúdos olham para ti como um género de ídolo! Foi uma sensação de outro mundo estar integrado nesta cultura. Que próxima viagem tens em mente? Bem, em relação à próxima viagem, estou com muitos planos na cabeça. Sempre tive o sonho de viajar para a Austrália mas agora tenho a possibilidade de ir para lá estudar, tirar um mestrado em Arquitectura. Já ando a planear isto há uns meses e seria um completo sonho mas também uma grande aventura que me iria fazer crescer bastante como pessoa e bodyboarder. Entretanto, devo ir antes do verão novamente às Canárias ou então aos Açores, local que me fascina imenso.
Pareces-me ser uma pessoa muito racional. Planeias, de uma alguma forma, a tua carreira como bodyboarder? Objectivos ao nível competitivo, exposição mediática… Sempre sonhei em poder correr o circuito mundial e poder competir com os melhores do mundo mas, até lá, ainda é preciso treinar muito e apostar em viagens e em ondas power. Por agora preciso de estabilizar a minha vida, focando-me em ir para a Austrália e só depois é que posso delinear bem os meus objectivos a nível competitivo, mas irei dar o máximo para poder estar em etapas como México, Chile e Frontón. Até lá, tenho de continuar a treinar e apostar mais em filmagens, pois hoje em dia não há nada melhor que um bom clip na internet para ganhar imagem. Que achas do panorama competitivo em Portugal? Atrai-te? O que mudarias? E como? Sempre gostei de entrar em campeonatos devido ao ambiente em torno deles. As ondas normalmente não são as melhores mas a convivência, o encontro de pessoas do norte a sul do país, é o que há de melhor nos campeonatos. Hoje em dia um bom clip é capaz de dar mais que falar do que uma pessoa que vença o campeonato “x”. No entanto, penso que a competição em Portugal está a evoluir muito mas ainda há muito trabalho pela frente e talvez o Bodyboard pudesse mostrar algo único a nível competitivo e de imagem. Através da escolha dos melhores spots do país como Ericeira, Nazaré, Sagres, entre outros, delinear um período de um mês de espera de maneira a ter ondas tão boas como no mundial, e isso é bem possível em Portugal. O único senão disto é o budget, mas existem soluções para isso. Se tiverem mesmo boas condições, atrairá tantas pessoas como no “Special Edition” e com o passar do tempo, cada vez mais haverá mais patrocínios, pois o bodyboard dá retorno. Só é preciso ter ondas cavadas e perfeitas, delimitar o campeonato ao mínimo de dias possíveis de maneira a reduzir os gastos e ter o máximo de pessoas a assistir todos os dias e, posto isto, penso que aí o Bodyboard dará um grande passo, mesmo! Miguel, muito obrigado por esta conversa. Queres deixar algum comentário, agradecimento? Quero agradecer ao meu patrocinador, à Liquidchoice, aos meus amigos e à minha família que me tem apoiado estes anos todos. Por fim, quero congratular a Supastar por, numa época tão difícil, não desistir do sonho de criar uma revista de Bodyboard e ajudar este desporto a crescer.
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Foto: Ricardo Nascimento / Rider: Miguel Serr達o
L Foto: Renato Fonte
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LIFE
STYLE BB FEST FREESURF BLACK & WHITE 3D PHOTOS
Ruben Tavares Foto: Jo達o Faustino Foto: Ruben Tavares
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BODYBOARD
FREE SURF ...busca incessante pela essência, pela diversão, pelo companheirismo entre amigos....
A busca incessante pela essência, pela diversão,
pelo
companheirismo
entre
amigos ou, simplesmente, por um momento de relaxamento após um intenso dia de trabalho, começa aqui! O Free Surf é o que nos move… A nós e aos que vais ver nas próximas páginas. Enjoy! João Faustino
Foto: Pedro Carvalho / Rider: Dave Winchester / Spot: Praia Grande
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Foto: Ruben Tavares / Rider: Miguel Fragoso / Spot: Reef
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Foto: Rui Melo / Rider: Pierre Louis Costes
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Foto Pedro Carvalho / Rider: André Lúcio / Spot: Reef
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Foto: Ruben Tavares / Rider: Daniel Fonseca / Spot: Molhe leste
Foto: Ruben Tavares / Rider: Luís Pereira “Porkito“ / Spot: Reef
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Foto: Pedro Carvalho / Rider: Faustino / Spot: Pedra Branca
Foto: Nuno Cardoso / Rider: Lachlan Creamsie / spot: The Box, Western Australia
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Foto: Pedro Carvalho / Rider: Desconhecido / Spot: Beliche
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Foto: Pedro Graรงa / Rider: Marta Fernandes
Foto: Rui Melo / Rider: Pitaรงa
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido / Spot: Praia Pequena
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido / Spot: Reef
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Foto: Rui Melo / Rider: Pitaรงa / Spot: Pedra Branca
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Foto: Rui Melo / Rider: Antonio da Cunha Saraiva
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Foto: Pedro Carvalho
Foto: Jo達o Faustino
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PEDRA BRANCA / REEF
BB FEST ... uma final cheia de emoções e condições perfeitas, tanto na Pedra Branca como no Reef.... Nos passados dias 8 e 9 de Dezembro, decorreu na Ericeira a grande final do Bodyboard Fest. A Supastar não podia deixar de estar presente, tendo assistido a uma final cheia de emoções e condições perfeitas, tanto na Pedra Branca como no Reef. Contas feitas, os campeões do Bodyboard Fest foram Diogo silva (Open), Mauro Bandeiras (Sub-18), Gonçalo Rugeroni (Sub-14) e Madalena Pereira (Feminino). Sem mais conversa, vejam agora alguns registos desta grande final!
João Faustino
Foto: Jo達o Faustino / Spot: Reef
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Foto: Jo達o Faustino / Spot: Pedra Branca
Foto: Jo達o Faustino / Spot: Sanguessuga
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Foto: Renato Fonte / João André ”Magoito” / Spot: Pedra Branca
UMA ONDA TRES LENTES
Foto: Renato Fonte / Rider: Daniel Fonseca / Spot: Reef
Foto: Ruben Tavares / Rider: Daniel Fonseca / Spot: Reef
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Foto: Pedro Carvalho / Rider: Daniel Fonseca / Spot: Reef
Foto: Pedro Carvalho / Rider: Daniel Fonseca / Spot: Reef
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MOMENTO DO BODYBOARD FEST
BLACK
WHITE
Porquê preto e branco quando podíamos escolher ter todas as cores? Porque ao trabalhar estas fotos, sentimos que as restantes cores não eram essenciais ao momento. Eis alguns dos casos em que menos é mais…
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Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido
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Foto: Pedro Carvalho / Rider: Daniel Fonseca
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Foto: Renato Fonte
Foto: Ruben Tavares / Rider: Desconhecido
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Foto: Pedro Carvalho / Rider: Barrela / Spot: Supertubos
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Foto: Renato Fonte
...a Supastar tenta acompanhar o ritmo e presenteiavos com algumas imagens 3D.... Num mundo cheio de inovação, a Supastar tenta acompanhar o ritmo e presenteia-vos com algumas imagens 3D. Ponham os óculos e aproveitem para ir buscar os guarda-chuvas, pois há o perigo de apanharem com alguns salpicos de água salgada! João Faustino
Foto: Pedro Carvalho / Rider: Jeff Hubbard
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Foto: Pedro Carvalho / Rider: Pedro Santiago / Spot: Fronton
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Foto: Pedro Carvalho
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Foto: Renato Fonte
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PHOTO BIO
PEDRO CARVALHO ...dado que sou praticante desta modalidade e tenho uma grande empatia com mar... Olá, eu sou o Pedro carvalho e comecei a fotografar há cerca de seis anos. Gosto de fotografar desporto, mais propriamente Bodyboard, dado que sou praticante desta modalidade e tenho uma grande empatia com o mar. Resido na zona da Lourinhã, mas é nas praias de Peniche que passo muito do meu tempo. Sempre gostei de fotografia. No entanto, só em 2007 comecei a dedicar mais tempo a esta arte, devido a uma lesão provocada
ao praticar Bodyboard. Desde logo, desco-
algumas das minhas melhores fotografias e
bri que o prazer de fotografar era igual ou
mantenho várias expostas em diversos lo-
maior ao de “dropar” uma onda.
cais de Peniche.
Já percorri a costa portuguesa e conto com
Conto com o apoio da Refresh Boards, Tree
três viagens à Gran Canaria.
Thecompany e DcodeSurf Equipment.
Tenho fotografias publicadas na revista de
Para verem mais trabalhos meus, podem
Bodyboard nacional Vert, em vários jornais
consultar o meu site pessoal em www.pe-
nacionais, em livros e em sites nacionais
drocarvalhophotos.com, que estará online a
e internacionais da modalidade. Também,
partir de 11 de Fevereiro de 2013.
durante a etapa do Mundial de Bodyboard
Deixo uma foto que ficou marcada na minha
em Sintra, apresentei uma exposição com
carreira, um invert de Daniel Fonseca.
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Foto: Jorge Mimoso
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belo momento desvanece-se e ficamos à deriva no nosso próprio destino ou nas mãos de alguém que pode fazer algo por nós e que, por mero acaso, estava no pico do lado… É neste sentido que este artigo está escrito. Eu não estou a dizer que devemos desistir do
SUPA WIKIPEDIA
KIT S.O.S ...o afogamento é o pior pesadelo de qualquer surfista, seja muito ou pouco experiente...
nosso tão amado desporto e ficar em casa no conforto do sofá… O que eu quero dizer é que todos devemos estar cientes do que podemos fazer para ajudar o próximo, seja aquele “maçarro” que ficou duas horas a tentar apanhar umas espumas, ou até mesmo o big rider “mundialmente” conhecido na nossa zona que, depois daquele “tubaço”, é literalmente engolido e desaparece submerso durante vários segundos. Em Portugal já começa a ser obrigatório, para o exercício da função de monitor de surf/bodyboard, a realização de um curso de primeiros socorros e uma prova de habilidade natatória, na maioria das vezes equiparado ou substituído pelo curso de nadador salvador. Posto isto, e dada a importância desta matéria, porque não começar por dar umas luzes à comunidade bodyboarder? O afogamento é o pior pesadelo de qualquer surfista, seja muito ou pouco experiente e seja muito ou pouco afoito. A questão dos acidentes dentro de água não se prende, na maioria das vezes, a elas mesmas, mas sim à sua consequência, o afogamento por inconsciência da vitima. Por sua vez o afogamento poderá dar origem a uma paragem respiratória (PR) ou mesmo cardio-respiratória (PCR). É então peremptório saber como actuar nestas duas situações específicas seguin-
É verdade que todos nós já passamos por
do as guidelines internacionais e do INEM.
momentos extasiantes no line up, Momen-
Na água, a reanimação não é de todo eficaz,
tos em que a nossa confiança está ao rubro,
pelo que se torna obrigatório retirar a vítima
em que somos os reis do pico, em que o
da água. Uma vez em terreno sólido poderão
mundo gira à volta daquela surfada clássica,
iniciar-se as compressões torácicas, caso a
em que tudo é perfeito… Mas a qualquer mo-
vítima não tenha pulso, e as ventilações de
mento tudo pode mudar!... Uma queda mal
resgate se não respirar. O esquema fala por si
dada, um choque com outro rider, uma quilha
só… Esperamos nunca tenham que pôr nada
de um qualquer surfista menos cuidadoso, ou
disto em prática, mas é sempre bom estar
até o aparecer ou o agravar de uma ou outra
preparado!!
patologia que, personificando, se lembra a estragar-nos aquele dia épico... e sim... esse
Jorge Mimoso (Enfermeiro)
Foto: Pedro Carvalho / Rider: António “Bodecas” Saraiva / Spot: Praia Norte
Foto: Ruben Tavares / Rider: Nuno Felix
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1 GRITAR POR AJUDA
3 PERMEABILIZAR A VA
2 AVALIAR O ESTADO DE CONSCIÊNCIA
Se houver alguém perto peça para ficar ao pé de si, pois pode precisar de ajuda. Se estiver sozinho grite alto para chamar a atenção, mas sem abandonar a vítima.
Abanar os ombros com cuidado e perguntar em voz alta: “Sente-se bem?”. Se a vítima não responder, gritar por AJUDA.
Numa vítima inconsciente a queda da língua pode bloquear a Ventilação Aerobica. Esta pode ser permeabilizada pela extensão da cabeça e pela elevação do queixo, o que projecta a língua para a frente.
4 RESPIRAÇÃO NORMAL?
5 LIGAR 112
6 INICIAR COMPRESSÕES TORÁCICAS
AVALIAR A VENTILAÇÃO / RESPIRAÇÃO. Mantendo a Ventilação Aerobica permeável, verificar se a vítima respira NORMALMENTE, realizando o VOS até 10 segundos: • Ver os movimentos torácicos; • Ouvir os sons respiratórios saídos da boca/nariz; • Sentir o ar expirado na face do reanimador.
Se a vítima não responder e não tem ventilação normal, active de imediato o sistema de emergência médica, ligando o 112.
Fazer 30 compressões deprimindo o esterno 5-6cm a uma frequência pelo menos 100 por minuto e não mais de 120 por minuto.
• Reanimador único: Se necessário abandone a vítima/local; • Se estiver alguém junto a si, deve pedir a essa pessoa que ligue 112; • Se CRIANÇA ou vítima de afogamento (qualquer idade), só deve ligar o 112 após um minutos de SBV.
7 INICIAR VENTILAÇÕES
8 MANTER SBV
Após 30 compressões fazer 2 ventilações. Se não se sentir capaz ou tiver relutância a fazer ventilações, faça apenas compressões torácicas. Se apenas se fizerem compressões, estas devem ser contínuas, cerca de 100 por minutos (não existindo momentos de pausa entre cada 30 compressões).
Manter 30 compressões alternando com 2 ventilações. PARAR apenas se: • Chegar ajuda (profissionais diferenciados); • Estiver físicamente exausto; • A vítima recomeçar a ventilar normalmente.
EST Sabes aquele texto que tanto queres compartilhar no mundo do Bodyboard? Aquela foto que tiraste no outro dia, de um tubo seco de onde nunca acreditaste ser possível sair? Aquela viagem que gostarias de partilhar com o mundo inteiro? Aquela onda que ficou na memória? Bem, chegou a hora de compartilhar essas e outras histórias da tua vida. Este espaço é só teu!
Caro leitor, se desejas que estas duas páginas sejam tuas por uma edição, contacta-nos! Para mais informações, envia email para supastarbbmag@gmail.com
T
ESPAÇO É
BODYBOARD MAGAZINE
TE
TEU Foto: Pedro Carvalho / Rider: Daniel Fonseca
Foto: Renato Fonte Foto: Jo達o Faustino
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ANSIEDADE DA
ILUSÃO ... O mar é hoje mais um palco, como tantos outros, de futilidades, de superficialidades, do aparente..... É inegável que os bodyboarders têm uma relação de invejável proximidade com o mar. Quanto mais tempo passamos nele, mais dependentes ficamos. Era de esperar que esta intimidade levasse a uma maior compreensão e respeito pelo mar. Que desencadeasse uma mudança no nosso estilo de vida. Mas surpreendentemente não é isso que acontece. Parece que para muitos de nós, uma sessão de surf resume-se a algo semelhante a um chuto de heroína. Chegamos à praia ressacados de sal, caminhamos para a água de
ANSIEDADE DA ILUSÃO peito aberto como se toda a praia tivesse em nós os olhos, remamos para o pico como que um felino a marcar terreno, surfamos as ondas como se tivéssemos num heat com live streaming, esgotamos a adrenalina, regressamos a casa. A ressaca começa a fazer-se sentir novamente. Não me venham com subterfúgios! Esta é a realidade dos nossos line ups. Em todas as surfadas recentes presenciei a autênticos concertos de C#r*%h&d$s a cada set passado em branco, a cada manobra falhada por alguns surfistas e bodyboarders. São sinais do tempo. E é uma pena. Nunca o mundo teve tanta gente dentro de água e nunca tanta gente passou tão ao lado daquilo que é essencial. No fundo, os line ups padecem do mesmo mal de todo o resto. Ego! Juntamos uns “ismos” e o quadro fica completo. O mar é hoje mais um palco, como tantos outros, de futilidades, de superficialidades, do aparente. A par da montanha e do deserto, o mar é um lugar privilegiado de encontro com o essen-
cial, mas é cada vez mais uma oportunidade perdida. Para mim ser bodyboarder, ou surfista, é ser aquele que se deixa levar pelo mar, é o que se deixa apanhar por uma onda. É aquele que descobre e redescobre num tubo que, afinal, não tem que procurar ser o que quer que seja pois, no fundo, aquela é a sua própria identidade. É aquele que se apercebe da futilidade do materialismo porque, afinal, aquele momento dá-lhe tudo e significa mais que qualquer coisa palpável. É aquele que ouve no silêncio do mar um grito de paz. Sem esta solitária iluminação, o mar não passa de um parque de diversões, de uma dose de Xanax, de uma ilusão temporária. Não lhe teremos o devido respeito, admiração e estima. Não tencionava escrever sobre este tema. Tinha em mente um outro bem mais concreto. Contudo, percebi que seria melhor dar um passo atrás, começar por onde faz sentido começar. Renato Fonte
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Foto: Pedro Carvalho / Rider: Chico Pinheiro / Spot: Tonel
Foto: Renato Fonte
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MUSIC
BOX Mark Guiliana Beat Music
Chamem-lhe jazz, chamem-lhe fusão, chamem-lhe dub-jazz, electro-jazz, punk-jazz. Chamem-lhe o que quiserem. Ninguém fica indiferente ao ouvir este senhor. Nada é óbvio, linear, nada se repete, nenhum ritmo é mantido, mas uma coisa é certa, a groove está sempre lá. Mark criou um novo estilo de tocar bateria, redefine em cada performance os limites da mesma. Deixa os teóricos perplexos, e os sentimentalistas eufóricos. É música do futuro agora. Meus senhores, aventurem-se.
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