Se Liga nos festivais
EM BREVE NOS CINEMAS Por Bruno Camelo
Por Arthur Helpmepls
30/08
17/07 13º FESTIVAL DE ANIMAÇÃO ESTUDANTIL DO BRASIL O Anim!Arte é um festival de animação voltado para o público estudantil, e tem como objetivo incentivar a cultura e o crescimento profissional e artístico na área de animação no Brasil estimulando principalmente o aumento de produções audiovisuais de animação entre estudantes. Barreto alcançou a fama graças ao personagem, apesar de jamais ser reconhecido pelas pessoas por sempre estar fantasiado e morreu sendo menos conhecido ainda como goku.
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Via tela
10/08 20º FESTIVAL BRASILEIRO DE CINEMA UNIVERSITÁRIO
27/09 49º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO
Cinema universitário é um festival de animação voltado para o público estudantil, e tem objetivo incentivar a cultura e o crescimento profissional e artístico na área de animação no Brasil estimulando principalmente o aumento de produções audiovisuais de animação entre estudantes. Pippo, Sol e Bento se infiltram na festa de rio, a terrível síndica que é, literalmente, uma bruxa a aventura fica completa quando Tom, Mila e Capim.
Festival de Brasília é um festival de animação voltado para o público estudantil, e tem como objetivo incentivar a cultura e o crescimento profissional e artístico na área de animação no Brasil estimulando principalmente o aumento de produções audiovisuais de animação entre estudantes. Celso portiolli se infiltram na festa de Dona Alan Cardec realizou mais de uma ou duas vezes mais, a terrível síndica que é, literalmente, uma bruxa.
17/07
13/08
LINO O FELINO
DETETIVES DO PRÉDIO AZUL
BINGO - O REI DAS MANHÃS
Lino trabalha como animador de festas, mas não aguenta mais ter que suportar todos os maus tratos feitos pelas crianças, que zombam dele por trabalhar com uma ridícula fantasia de gato gigante. Determinado a mudar sua vida, ele contrata os serviços de um feiticeiro, mas, inesperadamente, a magia acaba sendo um tiro no pé e Lino se transforma justamente em um felino ele contrata os serviços enorme. Determinado a mudar sua vida, ele contrata os serviços de um feiticeiro, mas, inesperadamente, a magia acaba sendo um tiro no pé e Lino se transforma justamente em um felino enorme.
Os Detetives do Prédio Azul são confrontados com o maior caso de suas vidas: salvar o próprio edifício da destruição. Pippo, Sol e Bento se infiltram na festa de Dona Leocádia, a terrível síndica que é, literalmente, uma bruxa. A aventura fica completa quando Tom, Mila e Capim, fundadores do clubinho original, são trazidos de volta ao Rio de Janeiro para ajudar no caso. Pippo, Sol e Bento se infiltram na festa de Dona Leocádia, a terrível síndica que é, literalmente, uma bruxa. Os Detetives do Prédio Azul são confrontados com o maior caso de suas vidas: salvar o próprio edifício da destruição.
Cinebiografia de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo no programa matinal homônimo exibido pelo SBT durante a década de 1980. Barreto alcançou a fama graças ao personagem, apesar de jamais ser reconhecido pelas pessoas por sempre estar fantasiado. um dos intérpretes do palhaço esta frustração o levou a se envolver com drogas, chegando a utilizar cocaína e chegando a utilizar crack nos bastidores do programa. Cinebiografia de Arlindo Barreto, Barreto alcançou a fama graças ao personagem, apesar de jamais ser reconhecido pelas pessoas por sempre estar fantasiado.
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MERGÊNCIA LUZES DE EMERGÊNCIA ZES DE EMERGÊNCIA LUZES DE EMERGÊNCIA LUZES DE EMERGÊNCIA LUZES DEGÊNCIA CIA LUZES DE EMERGÊNCIA ERGÊNCIA LUZES DE EMER SE ACENDENDO AUTOMATICAMENTE DE PODEM EMERGÊNCIA LUZES DE EMERGÊNCIA SER ÚTEIS RGÊNCIALUZES DE EMERGÊNCIA E EMERGÊNCIA LUZES DE EMERGÊNCIA RESENHA LITERÁRIA
Por Isabelle Campos
Gabriel e Henrique são melhores amigos; são vizinhos desde os 6 anos em Canoas, Rio Grande do Sul. Em uma tarde comum Gabi entra em coma por conta de um acidente doméstico banal. Seu melhor amigo, Henrique (Ike), não sabe como lidar com a sua ausência e fica meses sem sequer visitá-lo no hospital. Para tentar amenizar a falta do amigo, Ike decide escrever cartas para que, quando ele acordasse, soubesse o que aconteceu enquanto estava “dormindo”. O livro é composto pelas cartas intercaladas com alguns capítulos descritos por um narrador onisciente. Ike é jovem, vinte e poucos anos, e tem uma vida um pouco sem graça e mal sucedida. Cursa Administração (desistiu de Química Industrial), trabalha em uma loja de conveniências de um posto de gasolina e namora Manuela (Manu), com quem tem um relacionamento à beira do fracasso. Com Gabi em coma Ike começa a sair com os amigos em comum, mas sempre levando seu bloco de anotações para repassar todas as informações ao amigo. Mente sobre o acidente para semi conhecidos, pois não quer que o amigo entre pra uma lista de “formas mais bizarras para se entrar em coma”. Conhece pessoas, fica bêbado, usa drogas, vai a festas, tenta até um grupo de autoajuda para pessoas que perderam alguém importante, tentando preencher o vazio deixado. A história não tem um enredo clássico, com início, meio e fim, nem um clímax. Talvez por isso ela seja interessante, porque é a vida da forma como ela é, revelando um personagem fictício com uma vida que poderia ser de qualquer um. Recomendo a leitura, pois é um retrato da juventude atual que
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uniVERSO
até então tem sido pouco ou mal explorada nos livros contemporâneos. Nem em todo o conto isso é utilizado, com início, meio e fim, nem um clíma x. Talvez por isso ela seja interessante, porque é a vida da forma como ela é, revelando um personagem fictício com uma vida que poderia ser de qualquer um. Recomendo a leitura, pois é um retrato da juventude atual que até então tem sido pouco ou mal explorada nos livros contemporâneos. A história não tem um enredo clássico, com início, meio e fim, nem um clímax. Para tentar amenizar a falta do amigo, Ike decide escrever cartas para que, quando ele acordasse, soubesse o que aconteceu enquanto estava “dormindo”.
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BOI NEON UM PÉ NO CINEMA DE ARTE
Por Renato Hermsdorff
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toca raul
Enredo Nos bastidores das vaquejadas, Iremar prepara os bois antes de solta-los na arena. Levando a vida na estrada, o caminhão que transporta os bois para o evento é também a casa improvisada de Iremar e seus colegas de trabalho: Zé, seu parceiro de curral, e Galega - dançarina, motorista do caminhão e mãe da audaciosa Cacá. Juntos, eles formam uma família improvisada e unida. O cotidiano é intenso e visceral, mas algo inspira novas ambições em Iremar: a recente industrialização e o polo de confecção de roupas na região do semiárido nordestino.Deitado em sua rede na traseira do caminhão, sua cabeça divaga em sonhos de lantejoulas, tecidos requintados e croquis. O vaqueiro esboça novos desejos. Um consenso entre a imprensa especializada é que no Brasil falta aquele tipo de produção considerado como “filme médio”, ou seja, a obra que não tem pretensões de ser o novo “Glauber Rocha”, nem se trata de uma comédia hiper irada e sendo televisiva e muito caça-níquel. Pois com a profissionalização do mercado nacional, aos poucos essa realidade tem se alterado – embora ainda sem o merecido reflexo nas bilheterias. Casa Grande (2014) e Que Horas Ela Volta? (2015) são exemplos recentes dessa safra, na qual se colhe também o ótimo Boi Neon. Boi Neon - Com um pé no cinema de arte (o que se confirma, por exemplo, nos clipes impactantes da mulher que dança vestindo uma cabeça de cavalo – e que, sim, têm relação com a dramaturgia do filme), a nova produção de Gabriel Mascaro (Ventos de Agosto) - que assina também o roteiro - passa por um cinema, ao mesmo tempo, de fácil assimilação pelo grande público. O mérito, em última análise, se dá em grande parte pela riqueza – e humor – dos diálogos. Tal qual o universalmente regional longa protagonizado por Regina Casé, Boi Neon é falado em um pernambuquês riquíssimo, cheio de expressões tão significativas quanto deliciosas.A premissa já valeria o ingresso. No longa-metragem, Iremar (Juliano
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toca raul
Cazarré, excelente) é um peão que trabalha na vaquejada, “esporte” no qual dois vaqueiros têm de emparelhar o boi até uma faixa de cal riscada no chão e derrubar o animal. Ele é o responsável por preparar o bicho para a arena. Mas o que o matuto mais quer da vida é trabalhar no “fabrico de roupa”, como o próprio personagem define, ou seja, ele sonha em ser estilista do Polo de Confecções do São Jõao do Agreste. De cara, daí, é possível extrair duas informações importantes. A primeira delas se insere em um contexto mais amplo e atual. O tal polo de fato existe e tem como um dos pilares a confecção de moda praia – isso no meio de uma paisagem árida localizada a léguas de distância do mar, o que escancara as contradições de um desenvolvimento socioeconômico pelo qual o país passa. Boi Neon - é o reposicionamento de gêneros. Num cenário fortemente associado ao machismo, nosso “herói” tem como objetivo a inserção em um meio do campo semântico feminino (moda). O que não quer dizer que se trate de um personagem gay – amadureça, o buraco é muito mais embaixo. E Iremar não é o único. Enquanto o homem costura, a mulher dirige o caminhão (a atriz Maeve Jinkings, ótima); quando o rapaz passa roupa, a motorista também atua como mecânica; enquanto o macho (Vinicius de Oliveira) alisa o cabelo, ela se orgulha das madeixas pixaim. E toda a construção é articulada de maneira orgânica, sem forçar a barra ou, principalmente, levantar bandeira. Se há um quesito em que o boi titubeia este está relacionado à duração das cenas. O tempo da ação é uma herança não popular dos filmes “de arte”. Longas demais, elas não contribuem para a narrativa da história que, em si, é simples, sem grandes conflitos ou reviravoltas. Mas o aspecto é compensado pela ousadia do filme. Com uma fotografia lindíssima (de Diego Garcia), Boi Neon traz um visual tão impactante quanto a luminosidade vibrante que o título sugere, ao mesmo tempo em que aponta para uma justificada quebra de paradigmas capaz de sensibilizar o cavalo mais xucro. E olha que nem entramos no mérito das cenas de sexo.
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Dizia-se no auge da Retomada que a elite brasileira não era retratada no cinema porque não daria boas histórias, e da mesma forma é muito raro ver nas telas hoje a nova elite do agronegócio que prosperou no interior do país. Se Boi Neon (2015) tem uma particularidade, à primeira vista, é esboçar uma aproximação entre os Brasis diferentes que vivem do gado. Os personagens ricos do filme de Gabriel Mascaro não surgem como figuras sádicas com seus pequenos poderes, como os agroboys de Baixio das Bestas, nem como os folclóricos latifundiários do coronelismo, e sim como tipos desapaixonados que vivem em função do seu negócio: o fazendeiro que troca funcionários sem pensar, o apresentador que tenta injetar, maquinalmente, algum drama no leilão. Olhando para eles, não é difícil entender por que a elite não dá bons filmes. Falta-lhes a jornada, o sonho impossível. Em meio a esse mundo feito de repetições - tocar o gado, abrir a porteira, derrubar a res, lavar e lavar - que Mascaro escolhe filmar em Scope, o que ressalta a horizontalidade maçante desse processo industrial, desponta Iremar (Juliano Cazarré), mão-de-obra das vaquejadas que almeja se tornar estilista. O Brasil ao redor de Iremar se multiplica em oportunidades - shoppings em construção, complexos industriais sempre presentes no horizonte, mesmo inseridos digitalmente - e no Nordeste do século 21 talvez esse não seja um sonho tão impossível assim. Depois de ganhar notoriedade como diretor de documentários feitos em cima do conflito de classes, como Doméstica e Um Lugar ao Sol, Mascaro estreou na ficção com Ventos de Agosto, um filme que aderia à tradição contemporânea do cinema pernambucano de tratar do sexo e do corpo como um manifesto político. Essa adesão se desdobra em Boi Neon, na medida em que o filme sugere que aquilo que separa Iremar e seus pares da gen-
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te rica do agronegócio é menos uma pré-condição econômica e mais um potencial à espera de se realizar - acima de tudo um potencial físico. Imaginemos que Iremar enriqueça. Nada o impede de se tornar um milionário entediado, ainda que faça o que ama. O Iremar de Boi Neon, porém, como os garanhões do leilão, vibra de oportunidade; a sua inquietação se confunde com o desejo represado, e o filme brinca com essa expectativa ao se recusar até o último instante a definir a orientação sexual do personagem. Mascaro filma a figura apolínea de Cazarré não como um brinquedo sexual óbvio, ao contrário da novela das 9, mas como um potencial secreto: a camisa entreaberta, o trabalho físico na vaquejada que Iremar faz sem esforço, sem exibicionismo. Se Boi Neon frequentemente torna mais didática a aproximação que está fazendo entre os animais e a pulsão do sexo - na máscara de boi que Maeve Jinkings usa na noite, na cena do adestrador que se deita literalmente com seu cavalo - isso não tira a força das cenas com Cazarré. Não seria exagero dizer que o sucesso internacional do filme deriva em boa medida da figura do ator, com sua fotogenia tão afrodisíaca para o estrangeiro, e Mascaro não se furta a filmar sua nudez, ainda que a câmera mantenha distância dos corpos o tempo inteiro, e algum pudor. Mas que riscos corre um filme como Boi Neon? Da mesma forma que obras irmãs, reagindo como um touro louco e tudo que mais quero é ser como os recentes Era uma vez Eu, Verônica e Tatuagem, também se conformavam com o sexo mais como um fim do que como um meio, em Boi Neon a política dos corpos periga se tornar um recurso dramatúrgico apaziguador, apesar da sua aparente “coragem” de desnudar. Não que Mascaro tenha feito um sexploitation de arte para exportação, não é isso, mas acaba que Boi Neon, como seu protagonista, pulsa o tempo inteiro com potenciais ainda à espera de se realizar.
Imagens boineon.com
O sonho impossível
Deitado em sua rede na traseira de um caminhão de boi, Iremar, um vaqueiro que trabalha nos bastidores das vaquejadas, divaga em sonhos de lantejoulas, tecidos requintados e croquis. 59
O passa é a conc rinho ele diz o iência, almente que retece na aconcena
MATE-ME POR FAVOR Desde sua apresentação no Festival do Rio no ano passado, culminando com o Redentor de melhor atriz para Valentina Herszage, o rótulo de ‘filme de gênero’ Por Luiz Carlos Merten colou em Mate-me por Favor.
Como foi ser premiada no Rio? Foi incrível e inesperado. Fui à premiação como curtição, porque estava adorando o festival. Quando Nanda Costa falou meu nome, fiquei paralisada. Três anos representam muito na vida de uma adolescente. Lembra do que sentiu ao ler o roteiro? E ao ver o filme pronto? Achei que seria um grande desafio, que teria de testar meus limites, de superar barreiras, mas que valeria a pena. Não sei o que esperava ao ver o filme, mas ele me surpreendeu. Anita (a diretora Rocha da Silveira) entendeu a gente.
O filme também é sobre amizade feminina e o 58
Estação Espacial
poder da mulher. Ficaram amigas de verdade? A Dora (Freind) já era minha melhor amiga. Fizemos o teste juntas e foi massa quando fomos selecionadas. Com a minha filha mais nova Júlia (Roliz) tinha feito curso de teatro e a Mari (Mariana Oliveira) foi uma descoberta. Três anos representam muito na vida de uma adolescente. Achei que seria um grande desafio, que teria de testar meus limites, de superar barreiras, mas que valeria a pena. Não sei o que esperava ao ver o filme, mas ele me surpreendeu. Anita (a diretora Rocha da Silveira) entendeu a gente. O filme também é sobre amizade feminina e o poder da mulher. Ficaram amigas de verdade? A Dora (Freind) já era minha melhor amiga. Fizemos o teste juntas e foi massa quando fomos selecionadas. Com a Júlia (Roliz) tinha feito curso de teatro e a Mari (Mariana Oliveira) foi uma descoberta. Lembra do que sentiu ao ler o roteiro? Fizemos o teste juntas e foi massa quando fomos selecionadas.Super! Com a Júlia (Roliz) tinha feito curso de teatro e a Mari (Mariana Oliveira) foi uma descoberta.
Foto Paola Olivero
Tivemos a chance de entrevistar a atriz Mariana Oliveira, que interpretou a jovem protagonista Frida Ontário e nos falou um pouco mais sobre a experiencia de fazer um filme de tamanha importância. Quando iniciou o projeto de Mate-me por Favor, a diretora Anita Rocha da Silveira começou a distribuir cartazes em escolas, a chamar possíveis candidatas no Face. Um dia, estava no teatro. Viu uma garota que a impressionou muito, e era a Valentina (Herszage). O curioso é que ela havia visto o anúncio enviado uma foto que me passou despercebida. O filme é sobre como os jovens lidam com a morte. Como a vida mais ordinária pode tornar-se extraordinária, com um lugar para a fantasia.
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CIDADE LINDA ou CiDADE CINZA?
O prefeito João Doria junto a políticos como Bruno Covas reacendem uma discussão antiga na cidade com a implementação do programa intitulado “Cidade Linda”. Com uma política de tolerância zero a pichação e um projeto para a criação do chamado “grafitódromo” no bairro da Mooca ao estilo Wynwood de Miami, Dória divide opiniões entre a população sobre suas decisões tomadas. Lugares como a 23 de Maio e os seus “Arcos de Jânio”, repletos de graffitis e outras manifestações artísticas, foram cobertas pelo próprio prefeito vestido de uniforme laranja e equipado de uma máquina compressora que cuspia tinta cinza em cima de muros intitulados velhos e vandalizados. Insistindo para os pichadores mudarem de profissão, o prefeito dá o recado: “Se tornem artistas e terão o apoio da Prefeitura para a arte urbana, através da Secretaria de Cultura, onde estas pessoas vão receber orientação, apoio, material, recursos pra que se tornem artistas, grafiteiros ou muralistas. Se quiserem continuar disputando com a Prefeitura, serão perdedores”. De outro lado, artistas urbanos (tanto grafiteiros como pichadores) questionam as medidas e expõem 2
toca raul
a visão de um movimento que está enraizado na cidade a mais de 30 anos. Segundo alguns escritores o próprio dias da posse, carrega um julgamento e um padrão pré-estabelecido do que é arte, do que é bonito e o que representa a cidade.“O que se quer apagar tem cor, classe social e endereço. Uma cultura de rua que vem das margens, mas que não se limita a elas, circula por toda a cidade, transpondo barreiras físicas e simbólicas. Guerrear é não querer o diálogo, diálogo que nem sequer tentou-se estabelecer. Pintar uma cidade inteira de uma só cor, é tirar da visibilidade das superfícies a diversidade que faz da nossa cidade o que somos. Aqui não é Miami, aqui é São Paulo mesmo, e é essa cidade que queremos para a gente. Uma cidade que, com todas dificuldades, permite diferentes formas de experiências, vivências e circulação. Essa cidade nunca deixaremos ser maquiada. Talvez o que se enxergue no spray, nos rolinhos e nas tintas seja mesmo uma arma, mas trata-se da arma das ideias, e as nossas sempre serão livres.”. Seria papel da cidade definir esses padrões? Quem teria realmente ou tem poder donde faze-lo-ei?
Foto Nelson Padilha
Por Sean Paul
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VOCÊ SABE O QUE E É UM SAPATO VEGANO?
Pamella, Bárbara e Laura, as três sócias da Insecta Shoes: sapatos veganos.A moda sustentável passou do discurso à prática há muito tempo: fios orgânicos, pigmentos naturais, reaproveitamento de retalhos. Reciclar roupas, contudo, continua sendo um desafio e tanto – em geral, o processo é tão custoso quanto começar uma peça do zero. Uma marca gaúcha de sapatos – a Insecta Shoes – nasceu diante dessa missão. E em menos de dois anos no mercado já escreve uma bela página no movimento ecofashion nacional, com modelos feitos a partir de peças de brechó e sem matéria-prima animal. “O produto mais verde é aquele que já existe, porque não depende de novos recursos naturais para ser feito”, já dizia John Donahoe, CEO do eBay. Por aí se entende a filosofia da Insecta, ancorada em conceitos como reaproveitamento, customização e upcycling. Upcycling é uma tendência na indústria do design que aposta no reuso criativo. Como sugere a expressão, trata-se de uma reciclagem com um “up”, que evita “matar” a matéria-prima original ao renascer como produto. Ou seja, a peça já nasce com uma história para contar.No caso da Insecta, um encontro de interesses comuns traçou as primeiras linhas da história. A profissional de mar-
A moda sustentável passou do discurso à prática há muito tempo: fios orgânicos, pigmentos naturais, reaproveitamento de retalhos
Foto Insecta Shoes
Por Thiago Guimarães
keting Bárbara Mattivy tinha um brechó online, o Urban Vintagers, e a designer de moda Pamella Magpali tocava a MAG-P Shoes, uma marca de sapatos artesanais que empregava o excesso de couro da indústria calçadista. A proposta da Insecta Shoes é reaproveitar tecidos: não existe um modelo igual ao outro. Quem frequenta brechós sabe o drama que é encontrar peças bacanas, mas de modelagem defasada. O brechó de Bárbara tinha na gaveta umas roupas vintage com estampas legais, mas em tamanho XXL e que acabaram ficando sem ajuste. Pamella sugeriu usá-las para fazer sapatos e o resultado foi ótimo: 20 pares lindões que venderam como água. Decididas a transformar a parceria em sociedade, Pam e Babi buscavam um nome universal, que remetesse à natureza. Nessa busca, descobriram uma paixão comum: ambas passavam horas pesquisando insetos exóticos no Pinterest, Babi tinha colares de âmbar com esses bichinhos, Pam colecionava besouros secos. Daí surgiu o nome da marca – e também dos gêneros de insetos que batizam cada modelo. Além de unir o trabalho com excedentes da indústria de Pamella e a preocupação com o pós-consumo de Bárbara, a Insecta também.
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Chroma Squad
JOGOS FEITOS EM SOLO NACIONAL? Vamos te mostrar dois jogos que você precisa conhecer para abrir os Por Thomas Nibiru olhos para a indústria de jogos brasileira.
Essa indústria começou ainda na ditadura, quando o governo determinava a reserva do mercado de informática para empresas brasileiras. Os desenvolvedores de jogos no Brasil driblaram todo tipo de dificuldade. Mesmo com a proibição de importações na área, durante o período militar, os brasileiros davam um jeitinho. “Muitos falsificavam aparelhos e criavam programas do zero”, explica o jornalista especialista em games Pedro Zambarda de Araújo, que criou o site Drops de Jogos e também mantém o Geração Gamer, endereço dedidado aos jogos vindos de terras brasileiras. A trancos e barrancos, o crescimento desse campo por aqui alcança de 9%
a 15% anuais, desde 2009, segundo pesquisas da anã a ABRAGAMES, a maior associação de desenvolvedores do país. Nesse ritmo, a tendência é que o Brasil chegue aos pesosmédio desse ramo em breve. Agora, se você quiser comprar uma só que, por enquanto, sem esbarrar nos gigantes como Estados Unidos e Japão. Um dos pontos que servem para alavancar o Brasil, além das novidades nos projetos autorais, é o formato em que vêm os jogos e a quais plataformas são acessíveis, agora, se você quiser comprar uma produção nacional, não vai ficar refém do PC, já que aumentaram as chances de que ela esteja disponível para Xbox, como sempre eu vou por exemplo.
No entanto, seu aspecto colorido, seu humor irreverente e sua história cheia de momentos “eu não desisto nunca” não poderiam ter saído de outro lugar que não o Brasil -- tão belamente cantado no samba-enredo da Império Serrano de 1964. E é justamente por esse caldeirão de influências, que mistura arroz com curry e feijoada, que Chroma Squad talvez seja um dos games verde-amarelos melhor capazes de fazer bonito lá fora e mostrar que o Brasil pode sim fazer “joguinhos eletrônicos do tipo videogame” sem usar o Saci.Os desenvolve-
dores brasileiros são frequentemente cobrados por fazer jogos com temática nacional. Bobagem com o humor e a malemolência tupiniquins, mas inspirados na cultura japonesa, a Behold Studios comete em Chroma Squad um jogo globalizado e tropicalista, capaz de agradar o público estrangeiro sem parecer Carmen Miranda. Mais do que manter o (alto) nível de Knights of Pen and Paper, Chroma eleva o padrão de qualidade da empresa com boa jogabilidade, visual charmoso e ótimo texto. É hora de morfar.
Imagem Chroma Squad
guerreiros folcóricos No entanto, seu aspecto colorido, seu humor irreverente e sua história cheia de momentos “eu não desisto nunca” não poderiam ter saído de outro lugar que não o Brasil -- tão belamente cantado no samba-enredo da Império Serrano de 1964. E é justamente por esse caldeirão de influências, que mistura arroz com curry e feijoada, que Chroma Squad talvez seja um dos games verde-amarelos melhor capazes de fazer bonito lá fora e mostrar que o Brasil pode sim fazer “joguinhos eletrônicos do
tipo videogame” sem usar o Saci. Os desenvolvedores brasileiros são frequentemente cobrados por fazer jogos com temática nacional. Bobagem. Com o humor e a malemolência tupiniquins, mas inspirados na cultura japonesa, a Behold Studios comete em Chroma Squad um jogo globalizado e tropicalista, capaz de agradar o público estrangeiro sem parecer Carmen Miranda. Mais do que manter o (alto) nível de Knights of Pen and Paper, Chroma eleva o padrão de qualidade da empresa com boa jogabilidade, visual charmoso. Imagem Guerreiros Folclóricos
vtn
Cú doce
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JOGOS FEITOS EM SOLO NACIONAL? Vamos te mostrar dois jogos que você precisa conhecer para abrir os Por Thomas Nibiru olhos para a indústria de jogos brasileira.
Essa indústria começou ainda na ditadura, quando o governo determinava a reserva do mercado de informática para empresas brasileiras. Os desenvolvedores de jogos no Brasil driblaram todo tipo de dificuldade. Mesmo com a proibição de importações na área, durante o período militar, os brasileiros davam um jeitinho. “Muitos falsificavam aparelhos e criavam programas do zero”, explica o jornalista especialista em games Pedro Zambarda de Araújo, que criou o site Drops de Jogos e também mantém o Geração Gamer, endereço dedidado aos jogos vindos de terras brasileiras. A trancos e barrancos, o crescimento desse campo por aqui alcança de 9%
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a 15% anuais, desde 2009, segundo pesquisas da anã a ABRAGAMES, a maior associação de desenvolvedores do país. Nesse ritmo, a tendência é que o Brasil chegue aos pesosmédio desse ramo em breve. Agora, se você quiser comprar uma só que, por enquanto, sem esbarrar nos gigantes como Estados Unidos e Japão. Um dos pontos que servem para alavancar o Brasil, além das novidades nos projetos autorais, é o formato em que vêm os jogos e a quais plataformas são acessíveis, agora, se você quiser comprar uma produção nacional, não vai ficar refém do PC, já que aumentaram as chances de que ela esteja disponível para Xbox, como sempre eu vou por exemplo.
Chroma Squad No entanto, seu aspecto colorido, seu humor irreverente e sua história cheia de momentos “eu não desisto nunca” não poderiam ter saído de outro lugar que não o Brasil -- tão belamente cantado no samba-enredo da Império Serrano de 1964. E é justamente por esse caldeirão de influências, que mistura arroz com curry e feijoada, que Chroma Squad talvez seja um dos games verde-amarelos melhor capazes de fazer
bonito lá fora e mostrar que o Brasil pode sim fazer “joguinhos eletrônicos do tipo videogame” sem usar o Saci.Os desenvolvedores brasileiros são frequentemente cobrados por fazer jogos com temática nacional. Bobagem com o humor e a malemolência tupiniquins, mas inspirados na cultura japonesa, a Behold Studios comete em Chroma Squad um jogo globalizado e tropicalista, capaz de agradar o público estrangeiro.
Imagem Chroma Squad
guerreiros folcóricos No entanto, seu aspecto colorido, seu humor irreverente e sua história cheia de momentos “eu não desisto nunca” não poderiam ter saído de outro lugar que não o Brasil -- tão belamente cantado no samba-enredo da Império Serrano de 1964. E é justamente por esse caldeirão de influências, que mistura arroz com curry e feijoada, que Chroma Squad talvez seja um dos games verde-amarelos melhor capazes de fazer bonito lá
fora e mostrar que o Brasil pode sim fazer “joguinhos eletrônicos do tipo videogame” sem usar o Saci.Os plenos brasileiros desenvolvedores brasileiros são frequentemente cobrados Bobagem. Mais do que brevemente falados onde tudo é possível e cheio de amor que manter o (alto) nível de Knights of Pen and Paper, Chroma eleva o padrão de qualidade da empresa com boa jogabilidade, visual charmoso.
Imagem Guerreiros Folclóricos
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A GLÓRIA E A GRAÇA
Foto Shirley Felizato
Pode até não tocar fundo nesses pontos mais graves, mas trata a transexualidade como algo que deveria ser consenso geral: a ideia de que todo e qualquer ser humano deve ser feliz, independente de sexo Por Matheus Bonez
O filme é focado na relação entre as duas irmãs que dão título à obra. Graça (Sandra Coverloni) é mãe solteira, massoterapeuta que precisa cuidar de seus dois filhos, uma adolescente de 15 anos e um menor de oito. Uma dor de cabeça incessante revela que ela está com um aneurisma fatal. Sem pai nem mãe vivos ou os pais das crianças, que sumiram pelo mundo, ela recorre à ajuda do irmão, Luis Carlos, com quem não fala há 15 anos. Mas ele, agora, é ela. Glória (Carolina Ferraz), uma bem sucedida travesti, dona de um restaurante chique do Rio de Janeiro, que reluta em aceitar a ideia de criar seus sobrinhos. Especialmente, de voltar a estreitar laços com sua irmã após mais
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de uma década cheia de mágoas. Sob a direção de Flávio Ramos Tambellini, a produção do filme demorou dez anos para ser bem sucedida. A maioria não queria saber de um filme estrelado por uma travesti. Emocionada com a personagem e a dura realidade do transgênero no Brasil e na própria arte de atuar, Carolina Ferraz comprou os direitos do script e ajudou o longa a tomar forma. Fez pesquisa de campo, colheu 62 depoimentos de transexuais entre São Paulo e Rio de Janeiro e até viveu como uma por um tempo para sentir O resultado pode ser conferido na tela. A atriz continua belíssima, mas longe do estereótipo glamourizado com que foi tão taxada por anos.
Ao mesmo tempo, também foge ao máximo do clichê de travestis ao qual estamos tão acostumados. Não há traços de marginalização em Glória. Talvez no retrato com o mundo transexual é colocado de forma geral, aplicando uma dose de realismo na ficção, mas nunca em sua persona. São personagens como tantas mulheres da vida real que não tem sua visibilidade reconhecida até hoje e precisam batalhar para mostrar que o sexo não é nada frágil como tentam incutir na mente de todos no mundo inteiro. Ainda há espaço para uma trans de verdade, a atriz Carol Marra, demonstrar todo seu talento e beleza como a melhor amiga. de Glória.Ao transformar Glória numa mulher com M maiúsculo, forte, determinada e dona de si, Ferraz e Tambellini quebram o padrão, ainda que já tenham ouvido (e vão ouvir mais) a respeito de tem sua visibilidade reconhecida uma mulher heterossexual cisgênero ter sido escalada para o papel, e não uma trans de verdade.Por um lado,
é claro que a crítica é bem colocada pela falta de oportunidades das trans nos diversos meios. Por outro, o nome de uma popular e famosa intérprete pode atrair muito mais público às salas, gerando reflexão naqueles que, fosse uma produção menor e com distribuição mais limitada (afinal, estamos falando de um longa da Globo Filmes), talvez nem soubessem que o filme existe.Mas e quanto ao desenvolvimento da trama em si? O roteiro tenta traçar de forma leve a trajetória de suas personagens. O que poderia ser negativo acaba se tornando extremamente importante. Ao final, se trata de uma obra intensamente feminista e focada nas mulheres e sua complexa e difícil realidade, sejam trans, héteros ou o quer que possam ser. Temos uma mãe batalhadora que precisou criar a família com seus próprios recursos. Uma outra mulher que luta diariamente por estar presa a um corpo masculino tendo a alma feminina.
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