Continente Especial Gonzaga - #144

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# 144

DIGA

RÁDIO

sim

SINTONIA TOTAL!

PRA VIDA CONTINUAR AVISE A SUA FAMÍLIA QUE VOCÊ É DOADOR.

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O MEIO MAIS POPULAR COMPLETA 90 ANOS NO BRASIL

ano XII • dez/12 • R$ 11,00

CONTINENTE

SUCRE

UMA CIDADE VESTIDA DE BRANCO ALCIR LACERDA

50 ANOS DE FOTOGRAFIA EM LIVRO

SEJA UM DOADOR DE ÓRGÃOS. Só assim a Central de Transplantes de Pernambuco pode continuar a salvar vidas. Em 18 anos, foram realizados mais de 10 mil transplantes, graças a pessoas que comunicaram às suas famílias o desejo de serem doadores de órgãos. Mas a fila de espera por novos transplantes não para de crescer. Por isso, comunique. Mais importante do que ser um doador, é dizer.

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CENTRAL DE TRANSPLANTES

E MAIS BEA FEITLER | HOMENAGENS A GONZAGÃO | VEGETARIANISMO MÚSICA DE NATAL | FILMES DE ETS | VIAS DA DANÇA E GRUPO GRIAL 30/11/2012 11:21:12


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con ti nen te

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BIOGRAFIA Luiz Gonzaga, segundo Sinval

Há muito fora de catálogo e agora relançada, a obra O sanfoneiro do Riacho da Brígida é trabalho de um confesso admirador do Rei do Baião, que pretende mimetizar sua fala e eternizar o mito texto Danielle Romani

O sanfoneiro do Riacho da Brígida,

de Sinval Sá, foi a primeira biografia escrita sobre Luiz Gonzaga. Lançada em 1966, é um clássico, não apenas por ser o registro da vida do artista que virou ícone da música popular brasileira, mas por ser conduzido como se fosse uma entrevista, com o “vozeirão” de Gonzaga permeando a narrativa. No mês em que se comemora o centenário do músico sertanejo, o título volta às livrarias, desta vez, com o selo da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), que aproveita o aniversário de nascimento do Velho Lua, no dia 13, para republicar o trabalho assinado pelo paraibano Sinval. Sem pretensões de ser uma obra para especialistas – o leitor perceberá que o trabalho não faz análise crítica, por exemplo – o livro é uma grande conversa com Luiz Gonzaga, na qual o artista expôs suas emoções, paixões, sentimentos, dúvidas e expectativas. É um diálogo franco, aberto, passional. O próprio Sinval admite que atuou menos como escritor e mais como uma espécie de ghost writer do artista. O trabalho é descritivo e obedece a uma ordem cronológica. Na abertura, Infância, estão registrados a chegada da família de Gonzaga a Exu, o nascimento do menino no Riacho da Brígida; a vocação musical, que despertou logo

cedo; os primeiros trabalhos; o ambiente sertanejo; as primeiras paixões; e a surra que Luiz levou da mãe, Santana, que o deixou profundamente humilhado e o levou a fugir para Fortaleza. Na segunda parte do livro, O 122 bico de aço, número de recruta de Gonzagão, são contadas suas aventuras como militar, o orgulho que o matuto sentia em vestir

Sem pretensões de ser uma obra para especialistas, o livro apresenta uma grande conversa com Luiz Gonzaga a farda e desfilar na rua – diante de mocinhas deslumbradas –, a viagem para o Sudeste com o exército, as desavenças com oficiais e superiores e sua saída da instituição. A escalada, terceira parte do volume, registra o início da sua carreira. Primeiro, tocando em festas e bares, depois, participando de programas nas rádios cariocas. Um fato, em especial, chama a atenção: sua luta para se firmar como cantor e não apenas como instrumentista. Quem admira a voz de Luiz não imagina que ele ouviu um

diretor de rádio afirmar que ela era “horrível”. Ainda bem que o comentário não o fez desistir. Em 1945, gravou sua primeira mazurca, Dança Mariquinha (Luiz Gonzaga/Miguel Lima). Logo em seguida se daria o encontro com Humberto Teixeira, do qual resultou a gravação de Asa branca, que o levaria a ser reconhecido nacionalmente. O último capítulo do livro, Estórias e fatos, está mais centrado em episódios pitorescos. No apêndice, um cancioneiro de Luiz Gonzaga, com seus mais emblemáticos sucessos.

SOBRE SINVAL

O sucesso de O sanfoneiro do Riacho da Brígida, que tem como marcas a espontaneidade e a coloquialidade, deveu-se à persistência do paraibano José Sinval de Sá, cuja admiração por Gonzaga ajudou a registrar momentos importantes da vida do artista. Numa visita que fizemos a Sinval Sá, há alguns meses, em sua casa, em Brasília, encontramos um nonagenário saudável e com disposição invejável. O ex-funcionário público, que desde a década de 1950 atua também como escritor (tem sete títulos publicados, entre romances, biografia e histórias para crianças), contou como concebeu o livro, numa época em que eram incomuns as biografias de artistas

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populares; lembrou como foram os encontros com Gonzaga e falou sobre a feitura do trabalho. Era o ano de 1955, época em que, ainda oficial da Aeronáutica, Sinval se encontrava em Taubaté, São Paulo. Numa terça-feira de Carnaval, sozinho, longe da família e da mulher Rizete, ele diz que se emocionou profundamente quando, sentado num banco de praça, escutou pelo altofalante a estrofe inicial de Asa branca. Cinco anos depois, instalado em Fortaleza e já livre da farda, soube que Gonzaga estava hospedado num hotel da capital. Telefonou e marcou um encontro com ele. Fez-lhe a proposta da biografia, que foi aceita e elogiada. “Na ocasião, Gonzaga me disse: ‘Gostei de você. Parece sério, direito. Foi o primeiro a me falar em escrever sobre minha vida sem cobrar nada’”. A produção do livro, porém, só se deu um ano depois, quando, em visita ao Rio, Sinval ligou para Gonzaga, que morava na Ilha do Governador. Durante os dois anos seguintes, escritor e artista se encontravam na Praia do Dendê ou da Cocotá (ambos na Ilha). “Conversamos sobre tudo: infância, exército, amores, músicas, sucesso, mágoas. Era um período em que ele tocava nos teatrinhos do interior, nas rádios, uma fase de baixa popularidade, bem diferente da badalação que tivera nas décadas anteriores.” Passado esse período, Sinval voltou para Fortaleza, romanceou a história, deixando-a cheia de floreios, e a enviou para Gonzaga. Recebeu uma resposta desaforada: “Não gostei, está uma porcaria, não foi isso que contei ao senhor!”. Diante do “carão”, resolveu manter-se mais fiel ao linguajar de Gonzagão. Lançada em 1966, na Praça do Ferreira, em Fortaleza, a edição esgotou-se rapidamente. Se, durante os anos de encontro com Sinval, Gonzaga vivia alguma melancolia e certo ostracismo, em breve, recuperaria parte da fama e do sucesso, graças à interferência de Carlos Imperial e dos artistas protagonistas da Tropicália Gilberto Gil e Caetano Veloso. Nas décadas de 1970 e 1980, recebeu várias homenagens, fez centenas de shows, gravou discos. E morreu consagrado como artista único e brilhante que se revelou.

forró Emblema sonoro do Nordeste

No ano do centenário do Rei do Baião, é lançado livro que narra a trajétoria do gênero musical, desde sua origem mais remota ao dias atuais TEXTO Olivia de Souza

“O sertão perdeu seus cantadores”, afirmava o potiguar Luís da Câmara Cascudo, em 1934, enquanto percorria os cerca de 1.307 km de estrada pelos interiores do Rio Grande do Norte. Integrante da comitiva do interventor federal Mário Câmara, o historiador, antropólogo e jornalista havia se incumbido de registrar tudo o que ali encontrasse. Publicados originalmente no periódico O Potiguar, e posteriormente reunidos no livro Viajando pelo Sertão, os 18 textos de Câmara Cascudo concluíam que o avanço tecnológico possibilitava

a construção de estradas que moviam sertanejos para outros municípios, tão próximos quanto longínquos, gerando a descaracterização da região. De acordo com Cascudo, “o Sertão esvaía-se”. Dentre alguns apontamentos citados nos textos que comprovavam sua tese, a música regional estaria se acabando, resultado das transformações trazidas pelo progresso, e a influência de outros ritmos. Ele finalizava a série com a pergunta: onde estariam a música, o ritmo e a dança tão característicos do povo nordestino?

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A introdução ao livro O fole roncou! Uma história do forró (Jorge Zahar Editor) oferece uma leitura sobre a importância que tiveram os forrozeiros no que concerne à manutenção da cultura tradicional, alguns anos depois daquelas andanças de Cascudo. Escrita pelos jornalistas paraibanos Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, e lançada no ano do centenário de Luiz Gonzaga, a publicação pode ser considerada a primeira biografia do estilo que teve o Velho Lua como seu maior representante. Por conta disso, a trajetória dele é esmiuçada no livro, sendo seu ponto de partida. Entre fatos curiosos sobre o Rei do Baião, está explicitada sua vontade de se vestir de símbolos que pudessem ser diretamente associados ao Nordeste – daí sua escolha pelos acessórios de couro que o acompanharam pelo resto da vida, inspirados por sua admiração pelo cangaço. Também a influência do pai Januário, exímio sanfoneiro de oito baixos da região. O livro revela que a parceria de cinco anos com o letrista Humberto Teixeira possibilitou a Gonzaga perder a vergonha de “mostrar as coisas que tinha trazido do mato”, rendendo belíssimas composições que tinham como temática central a dor da ausência e a melancolia do sertanejo com saudades de sua terra (sendo Asa branca e Assum preto referências diretas a esse respeito). O livro também oferece espaço para outros importantes representantes do gênero, como Jackson do Pandeiro e Geraldo Correia (o “João Gilberto dos oito baixos”), além de trajetórias como a do casal Marinês e Abdias, Genival Lacerda, Dominguinhos e Alcymar Monteiro. Dos cânones para a atualidade, chega-se ao “forró universitário” (em São Paulo) e o “forró eletrônico”, este último surgido no Ceará, na década de 1980. Outra qualidade de O fole roncou é a abordagem de assuntos pouco comentados, como o fato de o forró não ter passado incólume à censura militar, que vetou letras de duplo sentido. Além disso, o livro dispõe de vasto material gráfico, fotografias de artistas e capas de discos.

Museu

um pedaço de sertão no cais Cem anos após a última reforma, o Porto do Recife vem se transformando num centro de turismo, cultura e lazer, a partir da recuperação de 1,5 km da área de extensão do ancoradouro, onde ficavam nove antigos armazéns de carga. Restaurados, eles ressurgem na forma de equipamentos urbanos com múltiplas funções, a exemplo do Centro de Artesanato de Pernambuco, inaugurado em setembro, que já modificou e alegrou a paisagem do bairro em que nasceu a cidade. Neste mês, o projeto dá um importante passo. No dia 13, será inaugurada a primeira etapa do Cais do Sertão Luiz Gonzaga, que terá – quando completo – 7,5 mil m² de área construída (reunidas no armazém 10 e nos pátios 9 e 10) e investimentos de R$ 47 milhões, provenientes de parceria entre os governos federal e estadual. Uma estrutura de grande porte, que terá espaço para exposições com tecnologia e interatividade semelhantes às dos grandes museus do mundo.“O Cais do Sertão será uma obra mais ousada que o Museu da Língua Portuguesa. Quando o então Ministro da Cultura Juca Ferreira me convidou para produzi-lo, o presidente Lula me disse: ‘Quero algo maior e melhor que o Museu da Língua’”, afirma Isa Grinspum Ferraz, responsável pela produção de conteúdo do equipamento recifense. Ela havia participado da montagem do museu paulistano.

Segundo Isa, o novo centro supera seus congêneres por vários motivos. Um deles, ressalta, se deve à combinação entre a concepção dos conteúdos e das soluções museográficas com a concepção arquitetônica. “Não se trata de um exibicionismo tecnológico gratuito. Queremos trazer para a beira do mar a alma sertaneja”, explica Isa, que conta com uma equipe de 18 pessoas, de vários estados e de diversas especialidades, inclusive um biólogo, responsável pela condução e transplante de um juazeiro. “Os conteúdos serão distribuídos em torno de 10 unidades. Elas contêm instalações, objetos, projeções em audiovisuais de diferentes formatos, estações multimídias, jogos interativos, maquetes, esculturas, textos, obras de arte. Além de surpresas, como jardins sertanejos e um ‘rio’ São Francisco com suas águas e pedras”, enumera. A segunda etapa do Cais do Sertão está prevista para ser entregue em agosto de 2013. Até lá, as instalações serão montadas progressivamente. O centro terá salas de exposições temporárias, salas multiuso para cursos e oficinas, uma biblioteca, uma midioteca, a reserva técnica, um grande auditório, um restaurante, laboratórios de conservação e restauro e, do lado de fora, a Praça do Juazeiro, recepcionando os visitantes. DANIELLE ROMANI

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COLETÂNEA As várias faces de um tributo

CD triplo 100 anos de Gonzagão reúne antigos e novos artistas da música popular brasileira para interpretar clássicos do cancioneiro gonzaguiano texto André Valença 3

Qual a maneira mais adequada de se produzir um tributo a um cantor ilustre, composto por interpretações de artistas diferentes? Para qualquer lado que se corra, você irá se deparar com certos impasses. É o que acontece quando se trabalha com modelos canônicos. A começar pelo recorte: quais as músicas que definem melhor a obra de alguém? Depois, passando pela seleção dos convidados: quem está em consonância? E termina nos arranjos: o que seria ideal, compor novas versões – que, de certa maneira, “maculariam” aquilo que já foi consagrado pelo tempo – ou reproduzir fielmente o que já está dado, apenas preenchendo com outra voz o vazio deixado pelo ídolo?

Essa segunda maneira seria virtualmente irrealizável com a música de Luiz Gonzaga, porque não haveria outra que preenchesse a lacuna por ela deixada. Na voz do Rei do Baião, deciframos – mais do que em qualquer outra – cheiro de mato e gosto de juá. Os timbres ondulam como uma luz difusa – mais do que escaldante e sofrível – e trazem aos olhos uma paisagem fabulosa do Nordeste. Sua voz transporta para o patamar sonoro esses elementos, retira-lhes do plano concreto e literal e os ressignifica subjetivamente. Vai além dessa sinestesia, abarca sentimentos de uma memória coletiva – reminiscências vividas ou não. Tem um poder de interiorização e de

projeção no outro, de a sentirmos em nós mesmos e também em nossos pais, que, por sua vez, percebem-na como indissociável dos próprios pais. Sentimento irreproduzível nas cordas vocais de outro intérprete. Atravessando essas considerações e admitindo a inalcançabilidade do mito, é possível partir para uma homenagem “humilde”. Nesse contexto, o CD triplo 100 anos de Gonzagão dá certo por ser plural. Três linhas claras permeiam a obra: uma, que faz questão de se aproximar da maneira como Gonzaga cantava, outra, que isola e destaca uma particularidade do estilo dele, e aquela na qual os cantores se desprendem e puxam o andamento mais para o próprio modus operandi.

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1 dominguinhos Sanfoneiro lidera grupo de artistas que regravou Asa branca zé ramalho 2 A morte do vaqueiro ganha versão blueseira karina buhr 3 Cantora atualiza a canção Xanduzinha

No primeiro caso, temos os discípulos diretos do Rei, como Dominguinhos e Elba Ramalho, fazendo bem o que sabem fazer. No segundo, temos versões como a de Zé Ramalho, que deixa clara a verve blues do baião. O paraibano canta A morte do vaqueiro de modo ainda mais melancólico que o original, quase como um dark blues. Nessa interpretação, é possível estabelecer uma proximidade inesperada com a música sombria de Tom Waits. No terceiro caso, há uma variedade que abre espaço para análises interessantes. Chico César se apossa de Pau de arara como se ele mesmo a tivesse composto. Vanguart desenvolve-se bem numa versão folk de Assum preto. E Karina Buhr imprime em Xanduzinha uma contemporaneidade inconcebível na canção simples e antiquada. São 50 gravações inéditas, divididas nos três CDs. O primeiro volume, Sertão, discorre sobre a temática da seca. Nele, Asa branca ganha duas versões distintas, uma de Fafá de Belém e outra do grupo formado por Dominguinhos, Anastacia, Ednardo, Amelinha e Geraldo Azevedo. O segundo, Xamêgo, vem com canções de amor e “sem-vergonhices”, como o xote Cintura fina, cantado por Gaby Amarantos – sem que se perceba nele muitos resquícios do tecnobrega da cantora. Já o último disco, Baião, apresenta as músicas mais dançantes, em que Respeita Januário fica nas mãos de Zeca Baleiro. Dentre outros, participaram do projeto Daniel Gonzaga (neto do homenageado), Ângela Rô Rô, Maria Alcina, Jussara Silveira, Elke Maravilha, Wanderléa, Baby do Brasil, Simoninha, Claudette Soares, Eliana Pittman, Filipe Catto, Thaís Gulin, China e Guadalupe.

SHOW Quinteto Violado 6, 7 e 8 de dezembro Caixa Cultural Entrada gratuita

DVD

Quinteto canta o rei do baião “A sustança, o tutano do corredor do boi. A vitamina, a proteína. Padim Cícero, Frei Damião. Ascenso Ferreira, Lampião, Cego Aderaldo, Nelson Ferreira, Zé Dantas. Tudo isso é o Quinteto Violado.” Essa descrição que Luiz Gonzaga traçou do grupo recifense quando do lançamento do seu primeiro disco, em 1972, exemplifica a maneira como ele se desenvolveria a partir daí, emparelhado com as manifestações populares, os folguedos e o ambiente das feiras no interior – componentes que também são marcas do Rei do Baião. Se essa correlação entre eles e o Rei era evidente ali, fica ainda mais explícita no DVD Quinteto canta Gonzagão, registro do show ao vivo no palco do Forrocaju, em Sergipe, realizado este ano no São João de Aracaju e encartado nesta edição da Continente. No repertório, estão alguns clássicos da música nordestina, célebres na voz de Gonzagão, e que, sob a régia do Quinteto, vêm com arranjos elaborados. Para Marcelo Melo, voz, violão e viola do grupo, o produto é resultado dessa relação íntima com o cantor sertanejo. “Os primeiros momentos da história do Quinteto foram em turnê com Gonzaguinha,

Gonzagão e Dominguinhos. Desde o início, tivemos uma convivência fraterna, de ouvir, de sugerir e de opinar”, comenta. Dali surgiram algumas parcerias. No disco Antologia do baião (1977), do grupo, Gonzaga empresta a voz para uma versão da música que o tornou célebre. “A primeira vez que ele nos escutou, disse que tocávamos a mais bela leitura da Asa branca. Anos depois, fez essa participação”, lembra Marcelo. O Quinteto retribuiu a participação em O rei volta pra casa, disco de 1982 de Gonzagão. Essa música não entra no DVD, mas outras versões que marcaram a afinidade estão no repertório, como Acauã, Algodão e Pau de arara. “Toda homenagem a Gonzaga é válida, ainda mais este ano. Gonzaga é a essência da cultura nordestina. Tem que ser falado sempre, é um capítulo incontestável da música brasileira”, afirma Marcelo. Para quem quiser conferir uma versão pocket do show, ele será apresentado nos dias 6, 7 e 8 deste mês, sempre às 19h30, na Caixa Cultural (Marco Zero, Bairro do Recife), junto com a exposição Nossos Encontros com o Rei do Baião, que fica em cartaz até o dia seguinte, 9 de dezembro.

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