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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS ENGENHEIRO COELHO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

A Arquitetura da Cenografia: adaptação e cenário da peça teatral O Pequeno Príncipe

SUSANA CAROLINA GONÇALVES

ENGENHEIRO COELHO 2017


SUSANA CAROLINA GONÇALVES

A Arquitetura da Cenografia: adaptação e cenário da peça teatral O Pequeno Príncipe

Monografia para apresentação à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Adventista de São Paulo Campus Engenheiro Coelho, sob orientação do Professor Álvaro Petersen Junior, como exigência para conclusão do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo.

ENGENHEIRO COELHO 2017


Gonçalves, Susana C. A Arquitetura da Cenografia: adaptação e cenário da peça teatral O Pequeno Príncipe / Susana Carolina Gonçalves. 2017. 105 f. ; 29,7 cm. Trabalho de Conclusão de Curso – Unasp-EC - Centro Universitário Adventista de São Paulo – Engenheiro Coelho, 2017. “Orientação: Prof. Álvaro Petersen Junior.” 1. Cenografia. 2. Arquitetura de cenários. 3. O Pequeno Príncipe. I. Título



Ficha catalogrรกfica incluir depois que o trabalho for aprovado


Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo do curso de Arquitetura e Urbanismo, apresentado e aprovado em _____ de ___________ de ______.

_______________________________________ Prof. Álvaro Petersen Junior

_______________________________________ Segundo Leitor

_______________________________________ Terceiro Leitor


AGRADECIMENTOS

Para elaboração deste trabalho foram dispendidas incontáveis horas de pesquisa e dedicação, além de eu ter contato com a ajuda direta e indireta de algumas pessoas, às quais presto aqui os meus sinceros agradecimentos. Primeiramente agradeço a Deus pela vida e por Ele ter me dado a força necessária para chegar até aqui sem esmorecer. Carinhosamente agradeço ao meu querido orientador, o Professor Álvaro Petersen Junior, cuja a ajuda, atenção e incentivo fizeram toda a diferença no resultado deste trabalho. Agradeço também à minha família, pelo apoio e por acreditar sempre na minha capacidade, especialmente a minha amada mãe, Luzia, que não me deixou desistir por um momento sequer e se manteve firme ao meu lado durante toda a caminhada. Aos meus queridos amigos Guilherme, José Vitor, Maiara, e Wendell, por tornarem as noites melhores e fazer parte da minha história.


O invisível é aquilo que torna possível a visibilidade. É aquele constituinte que, ao não poder ser visto, torna possível o visível. (Maurice Merleau-Ponty)


RESUMO

Este trabalho tem por objetivo contextualizar sobre a cenografia e elaborar um projeto para a peça teatral do Pequeno Príncipe com adaptação estética dos personagens e cenários do livro Filhos do Éden. Para que fosse possível esta pesquisa, foi necessário buscar informações sobre o tema desde o surgimento das primeiras manifestações teatrais, afim de entender quando surgiu a cenografia, discorrendo sobre sua evolução dentro das diferentes tipologias de teatro com o passar do tempo e até chegarmos na cenografia brasileira. Logo no início desta pesquisa deparei-me com a escassez de material necessário para o esclarecimento das questões levantadas, principalmente pelo fato deste assunto ser um tema tão pouco conhecido durante a formação acadêmica do Arquiteto e Urbanista, o que aguçou ainda mais a vontade de saber sobre o tema, apesar de também demandar mais tempo de pesquisa e mais dedicação para atingir os objetivos finais.

Palavras Chave: cenografia, arquitetura de cenários, o pequeno príncipe, filhos do éden.


ABSTRACT

This work aims to contextualize on scenography and elaborate a project for the play of the Little Prince with aesthetic adaptation of the characters and scenarios of the book Sons of Eden. For this research to be possible, it was necessary to seek information about the theme from the outset of the first theatrical manifestations, in order to understand when the scenography has emerged, discussing its evolution within the different typologies of theater over time and until reaching the Brazilian scenography. Right at the beginning of this research I came across the scarcity of material necessary for to clarification of the issues raised, mainly due to this subject be so little known during the academic formation of the Architect and Urbanist, which has increased even more the willingness to know about the topic, although it also has demanded more time of research and more dedication to achieve the ultimate goals.

Key words: scenography, scenario architecture, the little prince, sons of eden.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01. Eira de moer grãos puxada por bois........................................................ 16 Figura 02. Teatro de Epidauro, Polykleitos. Epidauro, 340 a.C. Planta .................... 30 Figura 03. Teatro Grego. Perspectiva da skéne e orchestra. Séc. V a.C. ................ 30 Figura 04. Teatro de Herodes, Séc. I d.C. Planta ..................................................... 31 Figura 05. Teatro de Pompéia, 60 d.C. Modelo ........................................................ 31 Figura 06. Perspectiva Teatro Elisabetano ............................................................... 32 Figura 07. Palco Italiano ........................................................................................... 33 Figura 08. Cine Casablanca ..................................................................................... 35 Figura 09. Teatro Castro Mendes em 1974 após as reformas ................................. 36 Figura 10. Teatro Castro Mendes em 2007, durante a reforma................................ 36 Figura 11. Teatro após a última intervenção em 2012 ............................................. 37 Figura 12. Palco Italiano do Teatro Castro Mendes ................................................. 37 Figura 13. Croquis para cenografia de Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, com cenografia de Tomás Santa Rosa ............................................................................. 38 Figura 14. Detalhe de maquete da cenografia para Missa crioula. Foto de Cyro Del Nero .......................................................................................................................... 39 Figura 15. Desenho de Flávio Império para a cenografia de Depois da queda, de Arthur Miller (1964).................................................................................................... 39 Figura 16. Maquete de cenografia de Flávio Império para Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams (1962) – Foto de Benedito Lima de Toledo ............. 40 Figura 17. Desenho de Flávio Império para o projeto cenográfico de Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams (1962) ...................................................... 40 Figura 18. Desenho de Flávio Império para o projeto cenográfico de A falecida, de Nelson Rodrigues (1979) .......................................................................................... 41 Figura 19. Desenho do projeto cenográfico de Flávio Império para Réveillon, de Flávio Márcio (1975) .................................................................................................. 41 Figura 20. Cenografia e direção de Gianni Ratto para O canto da cotovia (1958) – Foto do Arquivo do Instituto Gianni Ratto .................................................................. 42 Figura 21. Desenho de José de Anchieta para a cenografia de Scapino, de Molière (2000) ........................................................................................................................ 42 Figura 22. Maquete e foto de José de Anchieta para a cenografia de Scapino, de Molière (2000) ........................................................................................................... 43


Figura 23. Desenho de José de Anchieta para a cenografia de José e seu manto technicolor, direção de Yacov Hillel (2007) ............................................................... 43 Figura 24. Desenho de cenografia de José de Anchieta para O dia que raptaram o papa, direção de Yacov Hillel (2007) ......................................................................... 44 Figura 25. Desenhos de J.C. Serroni para os quatro atos do espetáculo Rei Lear, de Shakespeare (2000) .................................................................................................. 44 Figura 26. Maquete de cenografia de J.C. Serroni para Senhora Macbeth, de Shakespeare (2006) .................................................................................................. 45 Figura 27. Croquis de J.C. Serroni para a cenografia de Hamlet, de Shakespeare (1985) ........................................................................................................................ 45 Figura 28. Ilustração do Pequeno Príncipe............................................................... 47 Figura 29. Ilustração de André Ramos da personagem Kaira Centelha Divina – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves ......................................................................... 48 Figura 30. Imagem do Piloto, cena do filme de Mark Osborne ................................. 48 Figura 31. Ilustração de André Ramos do personagem Denyel – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves ................................................................................................ 49 Figura 32. Ilustração do Rei...................................................................................... 49 Figura 33. Ilustração de André Ramos do personagem Metatron – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves ......................................................................................... 50 Figura 34. Ilustração do Contador (ou Homem de Negócios)................................... 50 Figura 35. Ilustração de André Ramos do personagem Tom Craig – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves ......................................................................................... 51 Figura 36. Ilustração do Acendedor de Lampiões .................................................... 51 Figura 37. Ilustração de André Ramos do personagem Kha – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves ................................................................................................ 52 Figura 38. Ilustração do Geógrafo ............................................................................ 52 Figura 39. Ilustração de André Ramos do personagem Sophia – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves ................................................................................................ 53 Figura 40. Ilustração da Raposa............................................................................... 53 Figura 41. Ilustração de André Ramos do personagem Zacarias – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves ......................................................................................... 54 Figura 42. Croqui do apartamento de Londres – Planta Baixa ................................. 55 Figura 43. Croqui do apartamento de Londres – Vista ............................................. 56 Figura 44. Referência Interior Apartamento de Londres - Cozinha .......................... 56


Figura 45. Referência Interior Apartamento de Londres - Sala ................................ 57 Figura 46. Referência Interior Apartamento de Londres - Quarto............................. 57 Figura 47. Croqui do quarto da república – Planta Baixa ......................................... 58 Figura 48. Croqui do quarto da república – Vista ..................................................... 58 Figura 49. Referência decoração quarto da república .............................................. 59 Figura 50. Trono de Metatron o Hades – Planta Baixa ............................................. 60 Figura 51. Trono de Metatron o Hades – Vista ......................................................... 60 Figura 52. Ideia para o Hades, paleta de cores e sensações ................................... 61 Figura 53. Cabana Tom Craig – Planta Baixa .......................................................... 61 Figura 54. Cabana Tom Craig – Vista ...................................................................... 62 Figura 55. Fogueira no templo de Kha – Planta Baixa ............................................. 62 Figura 56. Fogueira no templo de Kha – Vista ......................................................... 63 Figura 57. Modelo fogueira ....................................................................................... 63 Figura 58. Disposição dos portais na dimensão da Sophia – Planta Baixa .............. 64 Figura 59. Disposição dos portais na dimensão da Sophia – Vista .......................... 64 Figura 60. Modelos portas ........................................................................................ 65 Figura 61. Modelos portas ........................................................................................ 65 Figura 62. Floresta (A Serpente e Zacarias) – Planta Baixa..................................... 66 Figura 63. Floresta (A Serpente e Zacarias) – Vista................................................. 66 Figura 64. Ideia para floresta .................................................................................... 67


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12 1.1.

OBJETIVOS ..................................................................................................... 13

1.2.

JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 14

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 15 2.1.

A História da Cenografia ................................................................................ 15

2.1.1 A História da Cenografia no Brasil .............................................................. 19 2.2. A Cenografia e a Arquitetura ............................................................................. 24 2.2.1 Arquitetura de Interiores .............................................................................. 25 2.2.2. Direção de Arte ............................................................................................ 27 2.3.

A Cenografia e o Teatro ........................................................................... 28

2.3.1 A Evolução dos Teatro ................................................................................. 29 2.4.

O Teatro José de Castro Mendes ............................................................ 34

3. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 39 4. PROPOSTA........................................................................................................ 50 4.1.

RESUMO DA HISTÓRIA ........................................................................... 51

4.2.

ADAPTAÇÃO DOS PERSONAGENS ....................................................... 52

4.3.

OS CENÁRIOS .......................................................................................... 60

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 73 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 74 7. ANEXOS............................................................................................................. 78 7.1.

O Pequeno Príncipe – Adaptado por José Humberto Mello ........................ 78

7.2.

Projeto Arquitetônico Teatro José de Castro Mendes ........................ 104

7.3.

Projeto Cenográfico ............................................................................... 105


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1.

INTRODUÇÃO A inspiração para escolher este tema, tão pouco estudado na área de

Arquitetura e Urbanismo, se originou devido ao grande interesse pela literatura de peças e artes cênicas. A curiosidade em saber mais sobre esse assunto, nasceu ao assistir o espetáculo “O Fantasma da Ópera”, onde despertou o interesse em entender como e de que forma o cenário faz parte da interpretação do espectador no entendimento da obra, e como a arquitetura pode ser relacionada diretamente com esta percepção de cenário e visão da plateia. Em que a evolução da arquitetura cenográfica ao longo da história, reflete a importância na construção do entendimento da cena, por seu conjunto cenário, peça e ator, onde não há necessidades das palavras para se sentir tal sentimento. Assim, ao pesquisar a relação entre arquitetura e cenografia, se mostrou de forma clara a conexão presente entre elas, contudo, sua escala de atuação, mostram-se diferentes, onde em poucos casos, se conversam na mesma dimensão, em seus materiais e técnicas. Por fim, ao compreender os contextos teóricos e técnicos sobre essa temática, será possível desenvolver e apresentar um projeto cenográfico acerca do texto da peça escolhida, aplicando todos os conhecimentos obtidos ao longo desta pesquisa.


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1.1. OBJETIVOS Objetivo Geral

Este trabalho tem por objetivo geral o entendimento da cenografia e suas técnicas, a fim de obter claro conhecimento sobre o tema, e projetar, por fim, um cenário para o texto escolhido.

Objetivos Específicos

Os objetivos específicos desse trabalho são: 

Contextualizar sobre a história da cenografia;

Entender a influência da arte cênica na arquitetura;

Estudar a cenografia específica para o teatro;

Entender a visão do espectador em relação ao palco;

Analisar as necessidades dos espaços para a peça;

Estudar as diferentes formas de construção do cenário;

Apresentar as propostas de projeto e projeto final;


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1.2. JUSTIFICATIVA A cenografia é o complemento do espaço cênico, que faz com que o espectador compreenda o que se passa no espaço de atuação apenas observando o seu cenário, é um elemento de ligação entre o que se passa na cena e o público. De acordo com Gontijo (2009, p. 19):

A pesquisa sobre as relações e o envolvimento do público com a obra, em todos os campos artísticos e no caso específico das artes cênicas, é uma marca constante da produção contemporânea. Vale dizer que a definição de referenciais conceituais, primeiro fator objetivo para uma pesquisa, traz em si uma subjetividade, o da própria escolha, excludente de outros referenciais.

Além da importância da paixão e vontade, esta é uma pesquisa que se faz bastante necessária, pois enquanto procurava por trabalhos que pudessem enriquecer a pesquisa e trazer uma base para o tema, encontrei grande dificuldade em filtrar os trabalhos que pudessem realmente dar valor às minhas palavras. O material é de difícil acesso, e muitas vezes os grandes nomes da cenografia brasileira, que tanto contribuíram para esta área são mencionados apenas nos escritos de outros países aos quais pude ter acesso. Por este motivo, esta pesquisa se faz necessária, para que possamos cada vez mais chamar a atenção das pessoas e ganhar visibilidade para esta área que muitas vezes é deixada de lado. Buscamos então com esta visibilidade o incentivo à preservação da cultura e história brasileira.


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2.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. A História da Cenografia Conforme Pavis apud Urssi (2006, p. 18) “A origem do teatro é pré-histórica, ele nasceu da forma circular definida pelo público que se posicionava em torno do espetáculo primitivo. O xamã, instrumento de ligação entre a natureza mística e o ser humano, era o proto-personagem1”. E segundo Berthold apud Urssi (2006, p.19) “O teatro primitivo utiliza acessórios [...], embora na mais simples forma concebível”. Segundo Del Nero apud Carvalho e Malanga (2013, p. 2), a cenografia mais próxima da que conhecemos atualmente nasceu na Grécia Antiga por volta do século V a.C. “Desenhos nas tendas onde os atores se trocavam dão o pontapé inicial para a criação da cenografia”. Ainda de acordo com Del Nero apud Carvalho e Malanga (2013, p. 2), “as apresentações [...] eram realizadas quase em sua totalidade ao ar livre, pois os primeiros prédios de teatro foram construídos em madeira e somente no século V, estes prédios foram feitos em pedra”. A encenação estava sempre ligada às festas típicas e também às cerimônias religiosas, conforme menciona Carvalho e Malanga (2013, p. 3):

Em propriedades rurais no interior da Grécia dos séculos VII e VI a.C., existiam as eiras2, pisos circulares onde grãos eram moídos por uma mó girada por uma parelha de bois. [...]. Durante as colheitas, várias festas e rituais religiosos eram realizados nela ou em um terreno circular. A eira dos bois criava um círculo de terra batida onde os festivais agrícolas eram realizados: a festa de Komos, origem da comédia. Estes festejos se davam com as danças fálicas festivas, logo o primeiro cenógrafo pode ter sido a pessoa chamada para decorar o local da festa ou mesmo somente pode ter esculpido o grande falo.

Figura 1 – Eira de moer grãos puxada por bois

1

Proto-personagem: proto – elemento de composição que exprime noção de primeiro ou anterior; então, primeiro personagem. "proto-", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/proto- [consultado em 19/04/2017]. 2

Vide figura 1


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Fonte: Cyro Del Nero (2010)

Durante muito tempo estas manifestações populares aconteceram nas áreas rurais, apenas após a construção do primeiro espaço cênico é que estas passaram a ter um lugar apropriado. Conforme cita Carvalho e Malanga (2013, p. 3):

As cerimônias [...] foram transferidas para dentro do Teatro de Dionísio, quando este foi construído por Pisístrato (600-528 a.C.). Neste teatro havia um santuário de Dionisos, um altar, uma gruta e uma “orquestra” circular de terra batida ou areia (arena), onde se realizavam danças coletivas e cantos. Esta orquestra tinha diâmetro de 27 m, [...] a visão para o público e a acústica eram perfeitas. Não existia a diferenciação de assentos para classes sócias mais privilegiadas ou mesmo pessoas com cargos importantes da região.

Entendemos então que desde os primórdios a cenografia era importante e constantemente aplicada aos espetáculos e rituais, no entanto o termo não era tão comum e nem tampouco descrito como o conhecemos atualmente. Segundo McKinney e Butterworth (2009, p. 3), trecho original extraído do livro publicado pela Cambridge University Press, The Cambridge Introduction to Scenography (tradução livre)3: A origem do termo “cenografia” está associada tanto à pintura de cena quanto ao desenho arquitetônico em perspectiva. No século XX este termo ganhou gradualmente visibilidade atraindo a atenção para a forma como o espaço de palco pode ser usado como contribuição dinâmica e cinestésica na experiência de performance. Isto sugere a 3

Texto na íntegra: “The origins of the term ‘scenography’ are associated with both scene painting and architectural perspective drawing. In the twentieth century the term has gradually gained currency by drawing attention to the way stage space can be used as a dynamic and ‘kinaesthetic contribution’ to the experience of performance. This suggests a difference in intention from the static and pictorial scene design of previous centuries.”


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diferença de intenções da cena pictórica e estática característica dos séculos anteriores.

Desde o final do século XIX e começo do século XX a cenografia vem ganhando importante significância no espaço das artes e sendo reconhecida, graças também aos grandes nomes da cenografia universal, que tiveram papel importante nesta evolução, tais como: Wilhelm Richard Wagner – compositor, escritor e ator alemão, segundo Urssi (2006, p. 42):

Deixou-nos textos teóricos importantes como A Obra de Arte do Futuro, 1850 e Ópera e Drama, 1851, em que propõe a noção de obra de arte total – gesamtkunstwerk – a síntese de todas as artes. Conceito que define o drama, a arte total, como a união da música, da mímica, da arquitetura e da pintura para uma interação única – oferecer ao homem a imagem do mundo.

Adolphe

Appia

músico

e

compositor

suíço

que

se

interessou

profundamente pelo teatro. De acordo com Carvalho e Malanga (2013, p. 19) “Sua obra parte de reflexões sobre o drama de Wagner”. Segundo Urssi (2006) dentre seus trabalhos Appia escreveu três obras que foram muito importantes para o seu desenvolvimento, são estas: A encenação do Drama Wagneriano de 1895, A Música e a Encenação de 1899 e A Obra de Arte Viva de 1921. Edward Gordon Craig – ator, cenógrafo e diretor teatral inglês. Segundo Viana e Campello Neto (2010, p. 121) “Foi o primeiro homem de teatro a afirmar os princípios fundamentais da direção teatral, quando a profissão diretor ainda não existia”. Josef Svoboda – ator e diretor de arte checo. De acordo com Viana e Campello Neto (2010, p.166):

A importância da sua obra para a cenografia aumenta na medida em que continua sua demanda por novas formas de expressão cênica. Suas realizações a partir do seu primeiro trabalho contam-se em número impressionante. Há alguns anos, somavam trezentas e cinqüenta cenografias com figurinos.


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Dentre os mais importantes trabalhos de Svoboda estão a Exposição Internacional de Bruxelas em 1958; São Paulo, 1961; Londres, 1967. E dentre as cenografias mais reconhecidas estão: Núpcias de Ouro, de P. Hanus; Romeu e Julieta de Prokofield e A Flauta Mágica de Mozart. Além é claro, de ter recebido vários prêmios por sua incrível contribuição à cenografia mundial, tais como o Grande Prêmio da Bienal de São Paulo para a cenografia em 1961 e também o prêmio do Royal College of Art em Londres no ano de 1969. (VIANA; CAMPELLO NETO, 2010).


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2.1.1 A História da Cenografia no Brasil Para falar sobre a cenografia brasileira é preciso que entendamos primeiro o que estava acontecendo aqui antes dos portugueses encontrarem nossa tão rica terra. Aqui vivia o povo indígena e o que era praticado por eles, os rituais, é o que já explicamos, que foi o começo de toda a cenografia, ainda que da forma mais simples. Então já tínhamos o que era necessário, mesmo antes da influência europeia chegar até aqui. Segundo Viana e Campello Neto (2010, p. 168): O nosso ritual era composto de dança; invocação de entidades da natureza, os seres míticos, para a cura, a libertação de um mal ou mesmo para a preparação de guerras (já que os Terra-Brasiliensis4 não eram tão calmos assim e lutavam entre si); música, usada nas mais diversas situações, inclusive cantos e evocações; iluminação, pois determinados rituais eram realizados ao ar livre, ou em ambientes fechados, realizados por pajés, xamãs e demais atores participantes - a tribo inteira.

Ainda de acordo com Viana e Campello Neto (2010), um costume muito praticado pelas tribos, que ficavam onde hoje é a cidade de São Paulo, era que todo visitante que estava sendo esperado pela tribo, ou mesmo aquele que chegava sem aviso, mas que era devidamente anunciado, seria recebido com o choro (de emoção, é claro) das mulheres, após passar por um caminho todo enfeitado e chegar ao centro da aldeia. Este gesto do povo local traduzia a alegria que sentiam por receber a visita. Agora imaginemos os portugueses, todos acostumados com os costumes e tradições europeias, chegando ao Brasil e se deparando com a peculiaridade dos índios. Conforme contam Viana e Campello Neto (2010) José de Anchieta chegou ao Brasil com a missão de catequizar os índios, e fez uso destes costumes, que já estavam muito bem fixados. Ele fez disto um teatro, muitas pessoas vinham de longe para ver a peça, que foi a representação dos costumes indígenas, o mesmo caminho enfeitado, conduzindo ao espaço de apresentação e as mulheres (nestas encenações representadas por homens vestidos de mulher, visto que as mulheres 4

Terra-Brasiliensis eram os habitantes da Terra-Brasilis. Nome dado ao Brasil pelos europeus. E significa Terra dos Índios, in Dicionário inFormal, 2006-2017, http://www.dicionarioinformal.com.br/terra+brasilis/[consultado em 03/06/2017].


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não participavam destas encenações) chorando ao receber os convidados. E como era bem conhecida, a peça era apresentada em pelo menos três idiomas: o tupi, que era a língua falada no Brasil deste período, o português e também o espanhol. De acordo com as informações de Viana e Campello Neto (2010, p. 169) “Existem outras evidências de que houve teatro no país, mas falta um bom estudo que determine qual o tipo de material usado nas apresentações em termos de cenários e figurinos”. Podemos observar que houve uma lacuna entre a época de José de Anchieta e seu entendimento dos costumes e práticas dos índios e aplicação na representação cênica, e a época em que a cenografia brasileira começou realmente a ser reconhecida, que foi a partir da década de 1940 já com Tomás Santa Rosa Junior e sua companhia de teatro Os Comediantes, juntamente com os amigos Luiza Barreto Leite e Jorge de Castro. Viana e Campello Neto apud Barsante (2010, p. 171) descreve a situação da cenografia brasileira daquela época como “Mero pano de fundo, pois a ambientação se fazia com telões pintados, mobiliário „gentilmente cedido pelo comércio local‟, acessórios sem qualquer função, além de tornar o palco mais enfeitado”. A companhia de teatro de Santa Rosa iniciou por volta de 1937, porém o primeiro trabalho deles foi acontecer apenas em 1940, com a montagem do cenário para a peça A Verdade de Cada Um, para grande surpresa dos três, que não estavam esperando nada visto que já haviam percorrido um longo caminho sem sucesso até então, a casa estava lotada e sua cenografia foi considerada uma das mais bonitas (VIANA; CAMPELLO NETO, 2010). Depois deste vieram o cenário para a peça Uma Mulher e Três Palhaços e Vestido de Noiva, que alavancaram a carreira da companhia. “A atuação de Santa Rosa vem unir-se às de cenógrafos que surgem com talento e formação cultural, colocando-os no caminho da afirmação de uma cenografia brasileira” (VIANA; CAMPELLO NETO, 2010, p. 176). Nesta fase a cenografia brasileira teve um salto tanto em qualidade quanto em grandes contribuições e pessoas com muito interesse em fazer parte desta área. Interessados em contribuir ainda mais com o desenvolvimento da cenografia nacional, vários nomes que conhecemos hoje começam a vir de fora e podemos citar em especial Gianni Ratto, que colaborou muito com seu trabalho impecável. Segundo Viana e Campello Neto (2010, p. 177):


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A partir do início da década de 1950, Gianni Ratto passa a colaborar e a exercer influência sobre a cenografia brasileira. Seus cenários para óperas, balés, seus trabalhos de diretor conjugados com cenografia e figurinos significam modelos de cenografia perfeita. Sempre sob uma linha de completo equilíbrio de estilo, forma, cor e iluminação.

Gianni Ratto foi um grande cenógrafo, figurinista, iluminador e também atuou como diretor de arte. Nascido na Itália, mas radicado no Brasil, apesar de ter adquirido vasta experiência ainda em seu período na Itália, após a Segunda Guerra Mundial, seu país de origem ainda sofria os efeitos da guerra, e com um inesperado convite de Maria Della Costa e Sandro Polloni para dirigir o seu teatro no Brasil, convite este que Ratto aceitou alegremente, pois gostava da ideia de conhecer novos lugares, mas ficou um tanto preocupado porque não sabia muita coisa sobre este lugar desconhecido. (CARNEIRO FILHO, 2007) A trajetória de Ratto na cenografia brasileira foi de grande valor, ao chegar aqui foi ganhando espaço. A estreia de Ratto no Brasil foi a montagem do cenário para a peça O Canto da Cotovia (L’Alouette) de Jean Anouilh, em outubro de 1954 e obteve um retorno excelente de críticos de renome da época. Segundo Carneiro Filho apud Prado:

O ideal, no teatro, é que o cenário e a encenação nasçam de um só e mesmo instante de inspiração, explicando-se um pelo outro. Em “O Canto da Cotovia” ambos devem-se à inteligência e à intuição teatral de Gianni Ratto. Essa a primeira grande qualidade do espetáculo do Teatro Maria Della Costa: uma unidade visual perfeita, englobando tudo, desde a disposição da cena até os movimentos dos atores. (...) Tomando em mãos um elenco heterogêneo e recém-formado, constituído por veteranos e principiantes, profissionais e amadores, vindo das experiências teatrais as mais diversas, conseguiu, em apenas dois ou três meses, incutir-lhe muita homogeneidade, baseada principalmente na discrição e o bom gosto. Ninguém representa demais, nem de menos, ninguém procura a ênfase que ainda hoje se associa, às vezes, erradamente, ao gênero histórico. A representação é simples, natural, sóbria.

Ratto representou uma evolução, um grande passo para a cenografia moderna totalmente brasileira. Embora não tenha nascido brasileiro Ratto abraçou a nacionalidade e dentre as diversas características de direção impecáveis que tinha destacou-se o fato de que ele revolucionou totalmente o modo como os atores


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entendiam e ensaiavam a peça em si. Ele, ao contrário de como era feito por todos os outros cenógrafos, entregava uma cópia integral do texto para cada um dos atores, desta forma eles poderiam, junto com ele, entender o contexto da história e a estrutura de cada um dos personagens, para que desta forma pudessem estar cada vez mais dentro dos seus papéis com essa percepção e a imersão nas intenções do autor, Ratto defendia que o cenário, o figurino e a encenação deveriam ser feitas totalmente fiéis a intenção original do autor. Desta época em diante podemos destacar que a cenografia brasileira passou a ser valorizada e não demorou para que mais nomes começassem a surgir, sendo que dentre os importantes nomes que fizeram parte do processo evolutivo da cenografia até a que conhecemos hoje, não podemos deixar de destacar alguns, tais como: Clóvis Graciano – além de cenógrafo, ele era também pintor, dentre outras diversas atividades que exercia. Ele nasceu no interior de São Paulo, mas viveu na capital durante grande parte de sua vida e dentre os vários espetáculos nos quais mostrou o seu trabalho podemos destacar alguns, O Auto da Barca do Inferno, em 1943, Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro, em 1945, À Margem da Vida, em 1948 e A Família e a Festa na Roça, em 1954. (ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTE E CULTURA BRASILEIRAS, 2017). Cyro Del Nero – cenógrafo paulista, mas com uma experiência que rodou o mundo, estudou cenografia na Alemanha e pode mostrar seus trabalhos em alguns países da Europa. No Brasil influenciou bastante as artes cênicas, além de passar seus conhecimentos para frente, ajudando a formar muitos profissionais da área quando se tornou professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Dentre os seus trabalhos no Brasil, podemos citar o espetáculo A Semente, em 1960, A Revolução dos Beatos, em 1962, Romeu e Julieta e Hamlet, em 1969 e É Hoje!, em 1972. (ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTE E CULTURA BRASILEIRAS, 2017). Flávio Império – arquiteto, cenógrafo, figurinista, diretor e artista plástico, também paulista. Estudou a arquitetura ao mesmo tempo em que trabalhou para um grupo de teatro amador na periferia de São Paulo e foi professor na Escola de Arte


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Dramática da Universidade Federal de São Paulo (EAD/USP). Foi ele o pioneiro na transição entre a cenografia meramente como decoração, ou embelezamento do palco, para uma cenografia que recrie e ajude a contar uma história e as intenções do autor por trás de suas palavras, algo que se comunique com a plateia de forma mais direta do que tão somente as pinturas e imagens ao fundo como antes. Entre os seus trabalhos estão: Pluft, o Fantasminha, em 1956, Quem Casa Quer Casa, em 1959, Morte e Vida Severina, em 1960, Roda Viva, em 1968, e sua última realização foi a cenografia para o show 20 Anos de Paixão de Maria Bethânia em 1985. (ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTE E CULTURA BRASILEIRAS, 2017). José Carlos Serroni (JC Serroni) – arquiteto, cenógrafo, figurinista e iluminador nascido no interior de São Paulo. Estudou arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e foi aluno de Flávio Império na Escola de Arte Dramática (EAD/USP). Ele é reconhecido internacionalmente por seu trabalho, é pesquisador e curador de exposições de cenografia e arquitetura no Brasil. Dentre os importantes trabalhos que realizou estão: Flicts e Souzalândia, em 1977, As Aves da Noite, em 1980, Tartufo, o Pecado de Molière, em 1984, As Raposas do Café, em 1990, No Reino das Águas Claras, em 1998, Os Saltimbancos, em 2001 e Elas Não Gostam de Apanhar, em 2012. (ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTE E CULTURA BRASILEIRAS, 2017).


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2.2. A Cenografia e a Arquitetura Para entender melhor o tema deste trabalho, é necessário entender não apenas a história da cenografia, mas também como ela se relaciona com a arquitetura e é claro que, muito além do espaço em que o cenário é montado, que pode ser um daqueles belíssimos teatros, ou ao ar livre, é nesta relação entre espaço e cena que devemos nos aprofundar. Neste contexto podemos comparar a cidade com os palcos, pois neles estão inseridos os cenários. No caso das cidades o cenário é composto por edifícios, casas e ruas, é claro que em diferentes escalas. Neste mesmo palco, que faz referência às cidades, também estão inseridos os personagens, que exercem seus papéis e se misturam ou fazem uso deste cenário. Segundo Rodrigues (2008, p. 101-102):

O teatro urbano não busca impor uma nova abordagem, procura abrir possibilidades outras de apropriação dos espaços, seja cênico, seja cotidiano. O evento funciona como um procedimento artístico que objetiva estabelecer hipóteses inovadoras de experiências tanto físicas quanto mentais no público espectador. Este, ao entrar em contato com o espetáculo, participando do evento, cria seus processos de subjetivação próprios que culminam em uma experiência total, onde a percepção, as sensações e a interação com o site, com o habitat estabelecido, constituem algo único, indivisível.

Analisando esta comparação fica mais simples entender a forma como a arquitetura, que é pouco mencionada na cenografia, faz parte deste ponto não somente no seu entorno, o que cobre o palco, mas também na concepção do cenário em si e em como pode influenciar diretamente a sua composição.


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2.2.1 Arquitetura de Interiores

Não é possível determinar precisamente quando iniciou a preocupação ou a noção com relação à disposição em que os móveis e objetos estavam posicionados em um ambiente, muito menos quanto as paredes, pinturas e ornamentações. No entanto, podemos começar a falar sobre este tema explicando que toda a forma de arquitetura e a influência dos costumes da antiguidade vinham da única preocupação que estes tinham com a religião, ou seja, tudo que era feito, pensavase apenas em atender a estes padrões sem nenhuma, ou com pouca, preocupação com o conforto humano. Esta preocupação só podia ser observada nas classes mais abastadas dentre o povo egípcio. No caso dos faraós, seu mobiliário deveria ser feito para durar para sempre, pois, como estes acreditavam que a pessoa deveria ser sepultada junto com todos os seus bens para que pudessem utiliza-la na vida após a morte. (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Continuamos então nossa explicação sobre o design, não podemos de fato esquecer dos gregos, que viram o modo como os egípcios utilizavam as pinturas, ornamentos e mobiliário, e conseguiram então aperfeiçoar e dar mais ênfase a estes detalhes, não mais ligados totalmente à prática religiosa. Desta forma, começaram a surgir móveis mais trabalhados, e uma preocupação muito maior com estes detalhes que começavam a preencher os espaços. (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). Depois vieram os romanos, que também contribuíram de forma riquíssima para o desenvolvimento do conceito e aplicação do design de interiores. Com o passar do tempo, esta preocupação se tornou muito evidente, pois era sinônimo de riqueza. Passaram-se então a Idade das Trevas, entraram no período chamado de Gótico, após o final das constantes guerras na Europa Medieval. Veio também o Renascimento, que propôs mudanças ao período vivido anteriormente. Mais e mais coisas foram surgindo ao longo dos tempos, tivemos o período Neoclássico, que foi a releitura do que já havia sido criado no período clássico greco-romano. Passamos da Era Vitoriana então para o estilo Arts and Crafts e depois para o Art Nouveau e o Modernismo que chegou com a Bauhaus. (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013). O que podemos destacar de características comuns dentre todos os períodos até chegar aos dias atuais, notamos que a preocupação com a funcionalidade é cada vez mais buscada. Um pouco a cada período, essa percepção de que o objeto


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e sua relação com o espaço devem trazer conforto, avança para o que conhecemos hoje. Atualmente essa forma de expressão e cuidado com as características do ambiente, ligadas ao modo como deve ser feito para atender de forma agradável e melhorar também a qualidade de vida de quem irá usufruir, está cada vez mais disseminada e acessível a todos. Normalmente o modo como a história do design de interiores é expressada segue uma linha de pensamento muito parecida com a da arquitetura, visto que ambas acabam andando juntas no processo de evolução. A história trata principalmente dos móveis e objetos, sem enfatizar o conceito de espacialidade que de fato envolve o design de interiores, porém essa característica importantíssima para o design vem se alterando com o tempo e é hoje tratada de forma mais correta. (ATTIWILL et al, 2004). A arquitetura de interiores, ou o design de interiores, pode ser entendida como uma técnica cenográfica que busca decorar e ambientar espaços internos, utilizar melhor a disposição dos móveis e objetos e também busca as melhores soluções para proporcionar conforto a quem irá utilizar. Podemos então fazer uma correlação entre a arquitetura de interiores e a cenografia. Sim, a cenografia pode ser inserida dentro desta área da arquitetura, pois as descrições de ambas as técnicas se sobrepõem. A cenografia é a esquematização de um cenário dentro de um ambiente definido que trará algum significado para quem verá. No entanto, devemos considerar também que a cenografia vai além das atribuições da arquitetura de interiores. Neste caso podemos coloca-la como parte da Direção de Arte, que é uma área que pode sim abranger as habilidades de um profissional de arquitetura.


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2.2.2. Direção de Arte

Podemos definir a direção de arte, que é um termo abrangente de todas as áreas da arte e da cenografia tais como o cinema e a televisão, neste caso citaremos como diretor de teatro, que segundo Haderchpek apud Pavis (2009, p. 67):

No Dicionário de Teatro de Patrice Pavis, encontramos duas definições que remetem diretamente a esta arte de conduzir atores e processos artísticos. A primeira delas é o diretor de teatro: “A figura do diretor de teatro, administrador, Intendant5 alemão ou artista encenador nomeado pelo governo contribui grandemente não só para a gestão, mas também para a estética dos espetáculos. ” (1999, p.100). A segunda definição recai sobre o termo encenador: “Pessoa encarregada de montar uma peça, assumindo a responsabilidade estética e organizacional do espetáculo, escolhendo os atores, interpretando o texto, utilizando as possibilidades cênicas à sua disposição. ” (PAVIS, 1999, p. 128).

A função do diretor de arte é cuidar para que todas as coisas que devem acontecer no processo de produção de uma peça, um filme, uma novela, etc., aconteçam da forma planejada. Este profissional atua diretamente, no caso do teatro, por exemplo, com o cenógrafo (podendo também exercer este papel), com o sonoplasta, com o ator e todas as partes da engrenagem que devem funcionar, além de exercer papel fundamental na escolha do texto, na orientação dos atores e no cuidado para que a interpretação esteja correta, podendo inclusive fazer alterações no texto e cuidando de cada detalhe que faz com que o espetáculo aconteça no final. Desta forma, o diretor de arte deve oferecer o suporte necessário, tanto para as pessoas que cuidam do cenário e estão por trás das cortinas, quanto para os atores, para garantir o melhor de cada um no final.

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Intendant ou diretor em tradução livre.


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2.3. A Cenografia e o Teatro A cenografia sempre esteve ligada ao Teatro, sua origem está diretamente ligada com a origem do Teatro. Segundo Rossini apud Souza (2012, p. 158):

Como todo fundamento do teatro ocidental, a cenografia tem origem no teatro grego. Os teatros gregos foram construídos nas encostas de colinas, compostos pelo theatron (local destinado ao público, “lugar de onde se vê”) e pela orchéstra (área circular onde o coro atuava). Nos primeiros teatros, uma tenda localizada em oposição frontal ao público recebia o nome de skené. A skené, “na tangente da primitiva arena grega, foi o primeiro elemento estrutural introduzido no espaço cênico, seguindo-se, ao longo da história, por número crescente de recursos destinados à delimitação da área de representação.

A cenografia não era vista de outra forma que não dentro do teatro, até a criação da televisão e do cinema. E o todo (cenografia e teatro) era comumente ligado à questão social, onde os melhores lugares mais ao alto (no Teatro Elisabetano) e mais ao centro (no Teatro Italiano) com uma visão privilegiada e mais clara da cena eram reservados para nobres, monarcas e pessoas de grande poder na época, enquanto os lugares onde a visão não era tão boa e os acentos ou espaços não tão confortáveis eram destinados à população mais humilde. Podemos notar então que o teatro sempre foi ligado à cultura e questões sociais, e que esta influência da cultura está associada à forma como o teatro e a cenografia evoluíram através do tempo, se adaptando sempre às exigências sociais.


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2.3.1 A Evolução dos Teatro Atualmente o Teatro, ou o palco, encontra-se em qualquer lugar onde esteja acontecendo uma apresentação, ou que será alvo de alguma intervenção da cenografia para um espetáculo acontecer. Mas, apesar de fazermos tudo virar o palco para nossas encenações, não podemos descartar a forma como o conceito e a forma dos teatros e palcos, antes de estarem espalhados por todos os lugares, fizeram parte da evolução ao longo dos tempos. Podemos começar apresentando o Teatro Grego, visto que a Grécia foi onde tudo começou a fazer sentido e ganhar nomes e estudos no teatro. Foi Aristóteles quem estudou e mostrou o conceito de mímesis6 e katharsis7, que puderam ser a base para sua poética. (URSSI, 2006). Conforme explica Urssi apud Del Nero (2006, p. 21):

O espaço cênico grego é composto originalmente pelo theatron, a orchestra, e a skéne. O theatron – lugar de onde se vê – é constituído por degraus em semicírculo no aclive de uma colina e por isso com excelente acústica natural, podendo abrigar uma plateia de cerca de 14 mil espectadores. A orchestra, onde o coro atua, nasceu do espaço circular primordial de areia, tendo em seu centro o thymele, um altar de pedra. A skéne, a cena, era originalmente uma tenda onde os atores trocavam de figurinos e posteriormente onde o aparato cenográfico era guardado. O uso da skéne como suporte pictórico era evidente por ser o ponto focal da cena. Até o século V a.C. os teatros gregos eram construídos em madeira.

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Mímesis – 1. Figura de retórica em que o orador imita o gesto ou a voz de outrem. 2. Reprodução artística da realidade que é percebida pelos sentidos. 3. Imitação. "mimese", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/mimese [consultado em 06/06/2017]. 7

Katharsis – Catarse – 1. Palavra pela qual Aristóteles designa a “purificação” sentida pelos espectadores durante e após uma representação dramática. “catarse”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 20082013, https://www.priberam.pt/dlpo/catarses [consultado em 06/06/2017].


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Figura 2 – Teatro de Epidauro, Polykleitos. Epidauro, 340 a.C. Planta.

Fonte: Nelson José Urssi (2006)

Figura 3 – Teatro Grego. Perspectiva da skéne e orchestra. Séc. V a.C.

Fonte: Nelson José Urssi (2006)

Depois do Teatro Grego, devemos mostrar também o Teatro Romano, que se originou principalmente das festividades do povo e dos tablados que eram dispostos nas ruas pelos atores ambulantes. Este novo Teatro que estava surgindo herdou muitas das características do que já estava presente no Teatro Grego. (URSSI, 2006). Como é apresentado por Urssi (2006, p. 25):

O edifício teatral romano era construído em terreno plano em pedra e alvenaria, característica diferenciadora principal do modelo grego, dentro do perímetro da urbs romana. A plateia, que simula a mesma inclinação do theatron grego com os degraus da arquibancada, passa a ser construída sobre abóbadas de pedra e seus assentos


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são ocupados hierarquicamente pelo público. A orchestra agora transformada em semicírculo dispõe os primeiros lugares como reserva para os magistrados e os senadores. O proscenium tem sua fachada decorada com colunas, estátuas e baixo-relevos. Um pano de boca, sustentado por um sistema de mastros telescópicos de acionamento vertical, fechavam a cena.

Figura 4 – Teatro de Herodes, Séc I d.C. Planta.

Fonte: Nelson José Urssi (2006)

Figura 5 – Teatro de Pompéia, 60 d.C. Modelo

Fonte: Nelson José Urssi (2006)

Depois de um longo processo de evolução, passou-se pelo período Medieval, onde a característica principal era o espaço cênico com ligação direta com a religião, ou seja, as peças e encenações aconteciam mesmo dentro das Igrejas. Após este período, chegamos então ao Teatro Elisabetano. Urssi (2006, p. 29) descreve o Teatro Elisabetano da seguinte maneira:


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O edifício teatral elisabetano foi construído em madeira em formato poligonal e com até três níveis. As galerias superiores eram destinadas aos espectadores mais abastados, as galerias inferiores e o centro do edifício para o público popular. O palco é elevado do piso popular em aproximadamente um metro e meio onde duas colunas sustentam uma cobertura de „duas águas‟, onde várias cenas poderiam ser representadas simultaneamente. O palco tinha pouca caracterização, utilizavam-se apenas alguns móveis e objetos.

Figura 6 – Perspectiva Teatro Elisabetano

Fonte: Edu Rodrigues (2009)

Passamos também do Teatro Elisabetano para o período da Renascença, e nesta época surge então o Teatro Renascentista, que buscava aquilo que já havia sido criado no período greco-romano, mas que também pudesse estar nos moldes do que acontecia neste período. Foi nesta época também que surgiram alguns teatros que deram início ao conceito da caixa cênica, utilizada também no Teatro Italiano. (URSSI, 2006). Chegamos então ao início da representação do edifício teatral mais conhecida atualmente, o Teatro Italiano, ou Palco Italiano. Urssi apud C.f. Roubine (2006, p. 36) diz:

A sala italiana apresenta um edifício retangular dividido em duas partes distintas – a cena e a plateia – privilegiando-se a separação, pelo proscênio e a ribalta, entre área de representação e espaço destinado ao público. A boca de cena formava a moldura de um


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quadro vivo que o espectador contemplava como uma pintura. Esta divisão entre palco e plateia foi definida posteriormente por Antoine como a teoria da quarta parede, a parede da cena transparente para o espectador que tem a ilusão que a cena é uma ação real onde os atores atuam independente e livremente.

E ainda segundo Urssi apud Pavis (2006, p. 36):

O palco italiano resgata o sistema de cortinas do teatro romano invertendo-o. A cortina frontal, marca obrigatória da teatralidade, apresenta “...seu caráter construtor ou desconstrutor da artificialidade da ilusão e das fantasias que ela induz.” A cortina de fundo, pintada com cenas em perspectiva, aparecia e desaparecia por um poço atrás do palco. O proscênio era iluminado frontalmente desde a ribalta.

Figura 7 – Palco Italiano

Fonte: Edu Rodrigues (2009)

Chegamos então ao ponto onde queríamos. Apesar de existirem hoje inúmeras tipologias de teatros e palcos, tanto que a rua também virou palco de várias encenações, nesta pesquisa em específico abrangeremos apenas até o palco italiano para que possa ser explicado também a escolha do Teatro José de Castro Mendes para o projeto, fazendo uma ligação entre a história e a projeção real da tipologia.


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2.4. O Teatro José de Castro Mendes José de Castro Mendes foi um importante historiador, pintor, escritor, entre muitas outras atividades que exercia, nasceu e viveu em Campinas. José de Castro Mendes, ou Zeca (Zek) como era popularmente conhecido, passou a maior parte da vida buscando mostrar a história da cidade de Campinas, para que esta nunca fosse esquecida. (LOPES, 2011) Conforme explica Lopes (2011, p. 5):

Em época de expansão da economia de base industrial e da urbanização, assim como da implantação do plano de melhoramentos urbanos, as mudanças nas feições da cidade não passam despercebidas a José de Castro Mendes. Foi, assim, impelido a coletar, a documentar, a resguardar do esquecimento os vestígios de um passado, em sua visão, “belo, rico e grandioso”, tal como convém a um “bairrista apaixonado e zeloso da terra natal”.

Quando o então prefeito Orestes Quércia comprou o antigo Cine Casablanca, este foi readequado para que pudesse ser um teatro. José de Castro Mendes foi um dos principais nomes que fizeram campanha para que a ópera O Guarani (que completava 100 anos em 1970) fosse remontada. Infelizmente ele faleceu antes que pudesse ver sua conquista e em 1974 o teatro passou a levar o seu nome. Teatro Municipal José de Castro Mendes. (PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS, 2014) Depois das reformas de 1974 o teatro passou a ser considerado um dos melhores do país, sediando várias Companhia de Teatro e os principais shows da região, tornando-se parte fundamental da cidade de Campinas, um marco histórico e cultural. (INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL, 2015) O auge da utilização do Teatro passou e em 1990 este se encontrava em condições precárias, hora aberto e hora fechado. Após sete anos, o prédio estava correndo o risco de ser demolido, foi então que deram entrada num processo de tombamento, com a justificativa para tal focando na importância cultural, histórica e emocional do prédio para a comunidade. Neste mesmo ano foram iniciadas as reformas do Teatro, que ainda se encontrava em processo de tombamento. (INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL, 2015)


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No final de 1997 o Teatro foi reinaugurado e voltou a funcionar normalmente. Em 2004 o pedido de tombamento foi concedido pelo CONDEPACC. Em 2007 nova intervenção no Teatro fez com que este tivesse que ser interditado novamente, mas desta vez envolvendo a maior parte do Teatro que sofreria importantes melhorias, as reformas que iniciaram neste ano, só tiveram fim no ano de 2012, quando este foi reaberto. Figura 8 – Cine Casablanca

Fonte: Pro Memória de Campinas. In: Inventário Patrimonial do Bem Arquitetônico – IAB. (2015)


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Figura 9 – Teatro Castro Mendes em 1974 após as reformas

Fonte: Pro Memória de Campinas. In: Inventário Patrimonial do Bem Arquitetônico – IAB. (2015)

Figura 10 – Teatro Castro Mendes em 2007, durante a reforma


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Fonte: Pro Memória de Campinas. In: Inventário Patrimonial do Bem Arquitetônico – IAB. (2015)

Figura 11 – Teatro após a última intervenção em 2012.

Fonte: Arquivo pessoal Marília Vasconcellos. In: Inventário Patrimonial do Bem Arquitetônico – IAB. (2015)


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O palco do Teatro Castro Mendes segue a tipologia do Palco Italiano, que Ê a tipologia mais utilizada. Figura 12 – Palco Italiano do Teatro Castro Mendes

Fonte: Luiz Granzotto. In: Prefeitura Municipal de Campinas (2012)


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3.

REFERÊNCIAS Cada cenário elaborado deve seguir o texto, desta forma, podemos entender

que cada projeto é único e vai da leitura e interpretação do texto por parte do cenógrafo. Este é exatamente o ponto que queremos evidenciar aqui, abaixo estão exemplos de cenários muito bem executados e que mostram claramente o trabalho de cada um dos profissionais. Destaque para a diferença de cada um dos projetos e como o texto é a grande influência do trabalho final. Para o objeto deste trabalho o cenário será único, mas com uma busca pelo melhor ângulo e a preocupação com os detalhes e a sensação de realidade que podemos observar nas referências abaixo. Figura 13 – Croquis para cenografia de Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, com cenografia de Tomás Santa Rosa (1943)

Fonte: SERRONI, 2013, p. 16

Figura 14 – Detalhe de maquete da cenografia para Missa crioula. Foto de Cyro Del Nero


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Fonte: SERRONI, 2013, p. 112

Figura 15 – Desenho de Flávio Império para a cenografia de Depois da queda, de Arthur Miller (1964)

Fonte: SERRONI, 2013, p. 144


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Figura 16 – Maquete de cenografia de Flávio Império para Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams (1962) – Foto de Benedito Lima de Toledo

Fonte: SERRONI, 2013, p. 148

Figura 17 – Desenho de Flávio Império para o projeto cenográfico de Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams (1962)


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Fonte: SERRONI, 2013, p. 151

Figura 18 – Desenho de Flávio Império para o projeto cenográfico de A falecida, de Nelson Rodrigues (1979)

Fonte: SERRONI, 2013, p. 150

Figura 19 – Desenho do projeto cenográfico de Flávio Império para Réveillon, de Flávio Márcio (1975)


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Fonte: SERRONI, 2013, p. 152

Figura 20 – Cenografia e direção de Gianni Ratto para O canto da cotovia (1958) – Foto do Arquivo do Instituto Gianni Ratto


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Fonte: SERRONI, 2013, p. 165

Figura 21 – Desenho de José de Anchieta para a cenografia de Scapino, de Molière (2000)


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Fonte: SERRONI, 2013, p. 184

Figura 22 – Maquete e foto de José de Anchieta para a cenografia de Scapino, de Molière (2000)


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Fonte: SERRONI, 2013, p. 185

Figura 23 – Desenho de José de Anchieta para a cenografia de José e seu manto technicolor, direção de Yacov Hillel (2007)


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Fonte: SERRONI, 2013, p. 184

Figura 24 – Desenho de cenografia de José de Anchieta para O dia que raptaram o papa, direção de Yacov Hillel (2007)

Fonte: SERRONI, 2013, p. 185


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Figura 25 – Desenhos de J.C. Serroni para os quatro atos do espetáculo Rei Lear, de Shakespeare (2000)

Fonte: SERRONI, 2013, p. 274

Figura 26 – Maquete de cenografia de J.C. Serroni para Senhora Macbeth, de Shakespeare (2006)

Fonte: SERRONI, 2013, p. 276


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Figura 27 – Croquis de J.C. Serroni para a cenografia de Hamlet, de Shakespeare (1985)

Fonte: SERRONI, 2013, p. 278


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4.

PROPOSTA Para este trabalho, a proposta é a elaboração de um cenário com tema

infanto-juvenil, tendo como palco escolhido o Teatro José de Castro Mendes na cidade de Campinas, para a adaptação de José Humberto Melo do livro O Pequeno Príncipe inserido no contexto da linguagem visual e estética do livro Filhos do Éden de Eduardo Spohr. A escolha deste texto foi devido a mensagem que este passa ao público. Tanto a peça quanto o livro passam uma mensagem positiva, onde é possível tocar tanto os adultos quanto as crianças, e a escolha de inserir o texto com uma mensagem importante em uma nova estética é para trazer uma ideia moderna dos personagens, porém mantendo sempre as características. O projeto buscará a mesma qualidade e riqueza de detalhes de uma produção para o teatro adulto.


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4.1. RESUMO DA HISTÓRIA História original – A história começa com o Piloto que caiu com seu avião no meio do deserto, enquanto está preocupado em consertá-lo para voltar para casa O Pequeno Príncipe, um menino que pode ir para qualquer lugar num estalar de dedos mesmo que em outros planetas, aparece com muitas perguntas e pedidos atormentando o Piloto. Durante a história o Pequeno Príncipe passa por vários lugares e planetas, onde podemos observar a fragilidade da natureza humana e como se prender às coisas materiais pode afetar o modo de vida das pessoas. Ao final da história, e da viagem inesquecível do Pequeno Príncipe, todos aprendem uma lição importante sobre amizade e a importância em valorizar o que temos de melhor na vida, as pessoas.

História Adaptada - A história começa com Denyel o Anjo Caído, durante um dia ruim, quando seu avião de coleção favorito caiu e quebrou, ele recebe uma visita inesperada de Kaira Centelha Divina, um anjo que pode viajar entre as dimensões e pode também viajar no tempo, que começa a atormentar o anjo com suas perguntas. No desenrolar deste enredo, Kaira passa por várias dimensões e épocas diferentes, em uma viajem surpreendente que mostra a fragilidade da humanidade, e como as pessoas estão sempre presas ao mundo material e se esquecem do que realmente importa. Por fim, após viajar pelas dimensões e através do tempo, Kaira apreende uma lição e também Denyel, que volta a olhar as coisas como quando criança.


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4.2. ADAPTAÇÃO DOS PERSONAGENS A proposta deste trabalho é fazer a adaptação dos personagens do livro O Pequeno Príncipe para o aspecto estético do livro Filhos do Éden. Abaixo será feita a comparação entre os personagens originais e os personagens adaptados para esta peça teatral. O Pequeno Príncipe – Este que é o personagem principal e também aquele que dá nome ao famoso livro se tornará Kaira Centelha Divina. O critério de escolha utilizado para este personagem foi a pureza de espírito que ambos possuem e a ingenuidade das ações. Ambos os personagens mostram, direta ou indiretamente, a preocupação que se tem com os outros e como isso os leva a tomar certas atitudes no decorrer da história. Figura 28 – Ilustração do Pequeno Príncipe

Fonte: Blog de Tudo um Pouquinho. Disponível em: http://www.detudoumpouquinho.com/2013/10/resenha-o-pequeno-principe-antoine-de.html

Figura 29 – Ilustração de André Ramos da personagem Kaira Centelha Divina – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves


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Fonte: SPOHR; RAMOS. 2016, p.144.

O Piloto – Este que é o personagem também muito importante para entender a história e a mensagem do livro se tornará Denyel O Anjo Caído. O critério de escolha utilizado para este personagem foi a descrença de ambos na humanidade. Figura 30 – Imagem do Piloto, cena do filme de Mark Osborne

Fonte: Guia Folha - UOL. Disponível em: http://guia.folha.uol.com.br/cinema/2015/08/1670716-o-pequeno-principe-e-longa-da-serie-entourageentram-em-cartaz.shtml


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Figura 31 – Ilustração de André Ramos do personagem Denyel – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves

Fonte: SPOHR; RAMOS. 2016, p.124.

O Rei – Um personagem marcante para a narrativa do livro se tornará Metatron, o primeiro dos anjos de Deus. O critério de escolha utilizado para este personagem foi a necessidade de comando, ambos se sentem no direito de comandar e exigem que sejam tratados como soberanos, além da necessidade de ter seguidores, súditos. Figura 32 – Ilustração do Rei


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Fonte: Blog Palavras ao Vento. Disponível emhttp://palavrasdearlete.blogspot.com.br/2011/01/simbologia-das-personagens-de-o-pequeno.html

Figura 33 – Ilustração de André Ramos do personagem Metatron – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves

Fonte: SPOHR; RAMOS. 2016, p.143.

O Contador (ou Homem de Negócios) – Este é um personagem que tem bastante personalidade e passa uma mensagem importante. Ele mostra a ganância do mundo em possuir coisas. Ele se tornará Tom Craig, um veterano da Segunda Grande Guerra. O critério de escolha utilizado para este personagem foi analogia entre o contador contando suas estrelas e o veterano que tem que contar suas perdas em batalha. Figura 34 – Ilustração do Contador (ou Homem de Negócios)


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Fonte: Blog Palavras ao Vento. Disponível emhttp://palavrasdearlete.blogspot.com.br/2011/01/simbologia-das-personagens-de-o-pequeno.html

Figura 35 – Ilustração de André Ramos do personagem Tom Craig – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves

Fonte: SPOHR; RAMOS. 2016, p.156.

O Acendedor de Lampiões – Este personagem mostra como as pessoas estão sempre correndo e não prestam atenção nas coisas do dia a dia e o que está acontecendo ao redor. Ele se tornará Kha O Sol, o mais poderoso dos três pilares, Sentinelas assim como Metatron. O critério de escolha utilizado para este personagem foi analogia entre a luz do lampião, o dia e a noite, e o poder de emanar a luz assim como o sol que tem Kha.


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Figura 36 – Ilustração do Acendedor de Lampiões

Fonte: Blog Palavras ao Vento. Disponível emhttp://palavrasdearlete.blogspot.com.br/2011/01/simbologia-das-personagens-de-o-pequeno.html

Figura 37 – Ilustração de André Ramos do personagem Kha – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves

Fonte: SPOHR; RAMOS. 2016, p.147.

O Geógrafo – Este personagem se preocupa sempre em documentar, mas nunca em sair e viver, está sempre atrás de uma escrivaninha, esquecendo-se da vida. Ele se tornará Sophia, uma seguidora de Metatron e um anjo da casta dos elohins, capaz de abrir portais para qualquer lugar em todas as dimensões. O critério de escolha utilizado para este personagem foi o extremo oposto entre ambos,


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enquanto o geógrafo está sempre atrás da escrivaninha, Sophia está no mundo e é o mundo que queremos mostrar. Figura 38 – Ilustração do Geógrafo

Fonte: Blog Palavras ao Vento. Disponível emhttp://palavrasdearlete.blogspot.com.br/2011/01/simbologia-das-personagens-de-o-pequeno.html

Figura 39 – Ilustração de André Ramos do personagem Sophia – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves

Fonte: SPOHR; RAMOS. 2016, p.145.

A Raposa – Este personagem tem uma vontade de sentir-se parte de algo e desta forma ajudar as pessoas a se sentirem melhor, como um melhor amigo. Ele se


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tornará Zacarias, um anjo da casta dos ofanins, que tem diferentes avatares, o seu é um cão labrador. O critério de escolha utilizado para este personagem foi pela missão dos ofanins, que é ajudar as pessoas. Zacarias, na sua forma de cachorro, se infiltra nos lares que precisam de ajuda, cativa as pessoas e ajuda com os problemas. Figura 40 – Ilustração da Raposa

Fonte: Blog Palavras ao Vento. Disponível emhttp://palavrasdearlete.blogspot.com.br/2011/01/simbologia-das-personagens-de-o-pequeno.html

Figura 41 – Ilustração de André Ramos do personagem Zacarias – Foto elaborada por Susana C. Gonçalves

Fonte: SPOHR; RAMOS. 2016, p.129.

Dentre todos os personagens há dois que não foram alterados, a Rosa e a Serpente, ambos serão mantidos com a mesma linguagem estética original, apenas modificando o espaço em que estarão inseridos nas cenas.


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4.3. OS CENÁRIOS A seguir estão algumas imagens de referência e croquis para cada cenário de acordo com as cenas da referida peça de teatro. Cena I – Esta cena se passará na sala de estar do apartamento de Denyel em Londres na década de 1950. Figura 42 – Croqui do apartamento de Londres – Planta Baixa

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Figura 43 – Croqui do apartamento de Londres – Vista


61

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Figura 44 – Referência Interior Apartamento de Londres - Cozinha

Fonte: Blog Central Deco. Disponível em: http://marmolesarca.com.mx/blog/claves-pararecrear-un-estilo-retro/.


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Figura 45 – Referência Interior Apartamento de Londres - Sala

Fonte: Blog Central Deco. Disponível em: http://marmolesarca.com.mx/blog/claves-pararecrear-un-estilo-retro/.

Figura 46 – Referência Interior Apartamento de Londres - Quarto

Fonte: Blog Marie Claire Maison. Disponível em: http://www.marieclaire.fr/maison/a-florenceun-loft-modulable-installe-dans-une-menuiserie,200262,1160962.asp.


63

Cena II – Esta cena se passará no quarto de Kaira na república feminina da Faculdade de Santa Lúcia no Rio de Janeiro no ano de 2015. Figura 47 – Croqui do quarto da república – Planta Baixa

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Figura 48 – Croqui do quarto da república – Vista

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.


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Figura 49 – Referência decoração quarto da república

Fonte: Blog Casa Vogue. Disponível em: http://casavogue.globo.com/Interiores/apartamentos/noticia/2017/01/marcenaria-inteligente-garanteconforto-no-apartamento-familiar.html

Cena III – Esta cena se passará no Hades profundo, em uma dimensão paralela onde o tempo corre de maneira diferente. Figura 50 – Trono de Metatron no Hades – Planta Baixa


65

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Figura 51 – Trono de Metatron no Hades – Vista

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Figura 52 – Ideia para o Hades, paleta de cores e sensações


66

Fonte: Blog Mitologia Grega Br. Disponível em: http://mitologiagrega.net.br/o-reino-de-hades/.

Cena IV – Esta cena se passará no meio de uma floresta na Baixa Normandia em um acampamento do exército dos Estados Unidos (1944). Figura 53 – Cabana Tom Craig – Planta Baixa

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.


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Figura 54 – Cabana Tom Craig – Vista

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Cena V – Esta cena se passará no templo de Kha no ano de 2015. Figura 55 – Fogueira no templo de Kha – Planta Baixa

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.


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Figura 56 – Fogueira no templo de Kha – Vista

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Figura 57 – Modelo fogueira

Fonte: Blog Bem Arranjado. Disponível em: http://bemarranjado.blogspot.com.br/2012/04/poco-de-fogueira-desfrutar-um-luar-no.html.

Cena VI – Esta cena não terá uma localização específica ou um período no tempo, é a dimensão particular da Sophia com todas os portais para qualquer lugar do mundo.


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Figura 58 – Disposição dos portais na dimensão da Sophia – Planta Baixa

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Figura 59 – Disposição dos portais na dimensão da Sophia – Vista

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Figura 60 – Modelos portas


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Fonte: Blog Lunelli. DisponĂ­vel em: http://lunelli.com.br/blog/confira-algumas-das-portas-maisinspiradoras-espalhadas-pelo-mundo/.

Figura 61 – Modelos portas

Fonte: Blog Lunelli. DisponĂ­vel em: http://lunelli.com.br/blog/confira-algumas-das-portas-maisinspiradoras-espalhadas-pelo-mundo/


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Cena VII – Esta cena se passará em uma floresta no ano de 2015 (A floresta usada nesta cena será a mesma usada na Cena VIII). Figura 62 – Floresta (A Serpente e Zacarias) – Planta Baixa

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.

Figura 63 – Floresta (A Serpente e Zacarias) – Vista

Fonte: Elaborado por Susana C. Gonçalves.


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Figura 64 – Ideia para floresta

Fonte: Blog Unique Landscape. Disponível em: https://unique-landscape.com/topic/pinelandscaping-ideas

Cena VIII – A floresta usada nesta cena será a mesma usada na Cena VII. Cena IX – Esta cena se passará no quarto do Denyel no apartamento de Londes, conforme figuras 42, 43 e 46.

.


73

5.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho objetivou entender o contexto histórico da cenografia de forma

que, ao final, pudéssemos chegar à elaboração de um projeto cenográfico para a peça teatral O Pequeno Príncipe com adaptações propostas de acordo com o contexto do livro Filhos do Éden. Apesar da escassez de material, e a dificuldade em filtrar melhor os trabalhos que poderiam dar fundamento a história deste tema, conseguimos, de forma esclarecedora, entender e discorrer sobre o tema. Com muito esforço para o levantamento de trabalhos, a pesquisa de campo e as horas de estudo que foram necessárias para que chegássemos a este resultado, porém a experiência adquirida foi deslumbrante, fantástica até, visto que no início deste ano não tinha o conhecimento que levo hoje. E também, ter a oportunidade de, graças ao meu ilustríssimo orientador Álvaro (a amada Celeste) poder me aprofundar no mundo fascinante da cenografia e apaixonar-me por ela.


74

6.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARVALHO, André Sass de; e MALANGA, Eliana Branco. ARTE REVISTA: CENOGRAFIA UMA HISTÓRIA EM CONSTRUÇÃO. Edição 1. São Paulo: 2013. Volume

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75

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HADERCHPEK, Robson Carlos. A POÉTICA DA DIREÇÃO TEATRAL: O DIRETOR-PEDAGOGO E A ARTE DE CONDUZIR PROCESSOS. Campinas: UNICAMP, 2009. 178 f. Tese (Doutorando em Artes) – Curso de Doutorando em Artes, Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, 2009. IAB – INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL (Núcleo Regional de Campinas). Inventário Patrimonial do Bem Arquitetônico. Campinas. Coordenado por: Mirza Pellicciotta.

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22

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76

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SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. 48. Ed. Rio de Janeiro, Editora Agir, 2009. Aquarelas do autor. 48ª edição / 49ª reimpressão. Tradução por Dom Marcos Barbosa. 93 p. SERRONI, José Carlos. CENOGRAFIA BRASILEIRA – Notas de um cenógrafo. Edições Sesc SP, São Paulo, 2013. 376 p.


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78

7.

ANEXOS

7.1. O Pequeno Príncipe – Adaptado por José Humberto Mello

Livre

adaptação

para

teatro

feita

por

José

Humberto

Mello

(

melloh@bol.com.br) da obra de Saint Exupery. Novembro de 2007. CENA I PILOTO: Há muito tempo atrás, quando eu tinha uns seis anos, eu vi num livro sobre a Floresta Virgem, um desenho muito interessante, que representava uma jiboia que engolia uma fera. Está aqui o desenho, vejam (mostra para o público).

Dizia no livro que as jiboias engolem a presa inteira, sem mastigar; e em seguida elas não conseguem se movimentar e dormem durante os seis meses da digestão. Eu achei aquilo muito interessante e resolvi fazer um desenho da jiboia. Ele era assim (mostra para o público).

Eu achei o meu desenho muito legal e mostrei a minha obra prima às pessoas grandes e perguntei a elas se o meu desenho dava medo. As pessoas grandes sempre respondiam: “ Claro que não, por que é que um chapéu daria medo em alguém? ” Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jiboia engolindo um elefante. Aí eu resolvi desenhar então, o interior da jiboia, a fim de que


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as pessoas grandes pudessem compreender melhor. Elas têm sempre necessidade de explicações. Meu desenho era assim:

As pessoas me aconselharam a deixar de lado os desenhos de jiboias abertas ou fechadas, e me dedicar de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática. Foi assim que eu abandonei, aos seis anos, a possibilidade de uma grande carreira de pintor. Só porque os meus primeiros desenhos não eram La essas coisas.... As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, ficar toda hora explicando, explicando. Bom, tenho que dar um jeito de consertar meu avião senão eu vou ficar preso aqui nesse fim de mundo. (ELE PEGA UMA CAIXA DE FERRAMENTAS E COMEÇA A REMEXE-LA A PROCURA DE FERRAMENTAS. SURGE O PEQUENO PRINCIPE, QUE VAI ATÉ ELE. PEQ. PRINCIPE: Oi moço, tudo bem? PILOTO: (ASSUSTANDO) Ai meu Deus! Você me mata de susto garoto! De onde é que você apareceu? PEQ PRINCIPE: Desculpa moço... eu não queria te assustar. O que é que você está fazendo? PILOTO: Eu estou tentando consertar o meu avião que caiu aqui. PEQ. PRINCIPE: Nossa! Outro avião da TAM? PILOTO: Não, é meu avião particular.... Está ali, viu? (APONTA PARA FORA DA CENA) PEQ.PRINCIPE: Ah sim, estou vendo... Bonito o seu avião. (O PILOTO CONTINUA MECHENDO NA CAIXA). Eu posso te pedir uma coisa? PILOTO: Pode, é claro. Mas se for carona vai demorar muito.


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PEQ.PRINCIPE: Não, não é carona. Você desenha um carneiro para mim? (ESTENDE A ELE UM BLOCO DE DESENHO) PILOTO: Como? PEQ.PRINCIPE: Desenha um carneiro para mim, fazendo o favor! PILOTO: Desenhar? Mas, me diga uma coisa garoto, o que você está fazendo aqui nesse fim de mundo e sozinho hein? PEQ.PRINCIPE: Por favor, desenha um carneiro para mim! PILOTO: Olha, eu sinto muito. Eu sou péssimo para desenhar. PEQ.PRINCIPE: Não tem importância.... Desenha um carneiro como você souber. PILOTO: Está bem, vamos ver o que eu consigo fazer.... Vamos lá... isso.... Mais um detalhe e.… pronto. É o melhor que eu consigo, certo? PEQ.PRINCIPE: Ah..., mas isso aqui não é um carneiro. Isso aqui é um elefante numa jiboia. Ah não, a jiboia é muito perigosa e o elefante ocupa muito espaço. No planeta que eu moro não tem muito espaço, ele é muito pequeno. Eu preciso é de um carneiro mesmo.... Você se importa de desenhar um carneiro? PILOTO: Está bem garoto.... Está bem.... Vamos lá novamente, não é? Saindo um carneiro especial para esse garoto que mora num lugar pequeno e que não tem muito espaço. Pronto... o que acha? PEQ.PRINCIPE: Hum... sei não, acho que esse carneiro que você desenhou está muito doente.... É, ele está com cara de doente. PILOTO: É só a cara... Ele não está doente não.... Eu é que não sou bom pra desenhar. PEQ.PRINCIPE: Ah não, com essa cara de doente não dá viu.... Desenha outro, vai...


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PILOTO: Está bem, está bem... vamos lá..., mas olha, você está atrasando o meu serviço viu.... Eu tenho muito trabalho para consertar o meu avião. Pronto, aqui está seu outro carneiro. PEQ.PRINCIPE: Ih... está na cara que isso aqui não é um carneiro! É um bode. PILOTO: Que bode? É um carneiro sim.... Pois foi eu que desenhei. E eu desenhei um carneiro. PEQ.PRINCIPE: Mas não é um carneiro mesmo.... Olha os chifres. Isso aqui são chifres de bode. PILOTO: (PEGANDO O BLOCO DE DESENHO). Olha aqui meu garoto, vamos andar logo com isso que eu não tenho mais tempo para perder com desenhos, ok? Pronto, aí está o seu carneiro... com cara e chifres de carneiro. Está satisfeito? PEQ.PRINCIPE: É um carneiro sim. Cara e chifres de carneiro... mas olha para cara dele moço.... É um carneiro velho. Eu preciso de um carneiro jovem, que viva muito. Para me fazer companhia por muitos e muitos anos. Esse aqui que você desenhou vai morrer logo, logo. PILOTO: (CONTRARIADO). Me dá a borracha, vai! Vou fazer uma plástica nesse carneiro e ele vai rejuvenescer logo, logo. PEQ.PRINCIPE: Uma plástica? O que é isso? E rejuvenescer? Também não sei o que é isso... PILOTO: Olha, essa explicação fica para depois, certo? Vamos lá.... Saindo um carneirinho jovem e com muitos anos de vida pela frente. Pronto! PEQ.PRINCIPE: (OLHANDO PARA O DESENHO DE VARIOS ANGULOS). Mas eu não estou vendo o carneiro. PILOTO: Isso aí que eu desenhei é uma caixa. O carneiro está dentro dela. Prontinho para a viagem.


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PEQ.PRINCIPE: Nossa! Que legal! Gostei viu.... Era isso mesmo que eu queria. Mas me diga uma coisa moço, será que esse carneiro precisa de muito capim para ser alimentado? PILOTO: E para quê que você quer saber isso meu garoto? Me diga, vai. PEQ.PRINCIPE: É porque onde eu moro é muito pequeno sabe, não vai ter muito capim não... PILOTO: Não se preocupe, eu te dei um carneirinho bem pequenininho... vai comer bem pouco, qualquer coisinha vai encher a barriga dele, viu? PEQ.PRINCIPE: Ah... ele não é tão pequeno assim não..., e além do mais ele vai crescer, não é? Vai ficar adolescente e depois adulto. Olha, ele deve estar dormindo. Não está fazendo nenhum barulho na caixa. PILOTO: Meu garoto, me diga uma coisa, de onde é que você vem? Me diga vai.... Onde você mora? Vai levar esse carneiro para onde? PEQ.PRINCIPE: O bom é que a caixa que você desenhou vai servir de casa para ele a noite né... PILOTO: Sim, com certeza. Se você quiser eu posso desenhar uma corda para você amarrar o carneiro durante o dia. Quer? PEQ.PRINCIPE: Eu não! Para que? Que ideia esquisita.... Amarrar o coitadinho do carneiro... PILOTO: É que amarrando ele, ele não vai embora, nem vai se perder, entende? PEQ.PRINCIPE: Não... Ele iria para onde? PILOTO: Não sei... por aí.... Andando sempre para frente. PEQ.PRINCIPE: Não se preocupe, onde eu moro é tão pequeno que ele jamais se perderia. E além disso, quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe... (PAUSA). É verdade que os carneiros comem arbustos? PILOTO: Sim, é verdade. Eles comem de tudo.


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PEQ.PRINCIPE: Ah, que bom. Então eles também comem os baobás, não é? PILOTO: Os baobás não são arbustos. São árvores bem grandes... parecem igrejas de tão altas. Mesmo que você levasse com você um rebanho de elefantes, eles não chegariam a comer uma única arvore de baobá. PEQ.PRINCIPE: Seria preciso botar um em cima do outro, né? Para conseguirem comer o baobá todinho... Mas os baobás antes de crescer são pequenos, né?... Mas me diga outra coisa, se um carneiro come arbustos, ele também come flores? PILOTO: Meu filho, um carneiro come tudo que encontra pela frente... PEQ.PRINCIPE: Mesmo as flores que tenham espinhos? PILOTO: Sim, mesmo essas. PEQ.PRINCIPE: Então.... Eu não entendi. Para que servem os espinhos? Não é para defender as flores? Para que é que eles servem? PILOTO: Meu querido, os espinhos não servem para nada. São pura maldade das flores. PEQ.PRINCIPE: Ah... eu não acredito nisso não... as flores são tão fracas. Ingênuas. Elas se defendem como podem, não é? O engraçado é que elas se julgam terríveis com os seus espinhos... (PAUSA). Então você pensa que as flores... PILOTO: Eu não penso nada meu jovenzinho.... Eu só tenho tempo para me preocupar com coisas sérias, entende? PEQ.PRINCIPE: Coisas serias! Pois sim... PILOTO: Você fala como se fosse adulto, como se fosse um menino crescido! PEQ.PRINCIPE: Você é que confunde todas as coisas.... Você mistura tudo! Eu conheço um planeta onde tem um sujeito vermelho, quase roxo de tão vermelho... Ele nunca cheirou uma flor. Nunca olhos uma estrela lá no céu... Nunca amou ninguém... Nunca fez outra coisa senão fazer contas, somar, somar e somar... E ele fica o dia inteiro repetindo o que você disse, “eu sou um homem sério”. Acontece que ele não é um homem, é um cogumelo.


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PILOTO: O que? Um cogumelo? De onde você tirou isso menino? PEQ.PRINCIPE: Mas é isso mesmo, ele é um cogumelo. Há milhões de anos que as flores fabricam espinhos. Há milhões de anos que os carneiros comem flores, apesar delas terem os seus espinhos. E não será uma coisa séria, procurar entender por que elas perdem tanto tempo fabricando espinhos que não servem para nada? Você acha que a guerra dos carneiros e das flores não tem importância? Eu acho que ela é muito mais importante que as contas daquele sujeito vermelho. Além disso, você já pensou que eu posso conhecer uma flor única no universo, raríssima, que só existe no meu planeta e que um belo dia um carneirinho pode liquidar ela com uma mordida? Você ainda acha que isso não tem importância? PILOTO: Está bem, meu jovenzinho.... Então a sua flor única, raríssima está em perigo, não é? Então eu vou desenhar uma mordaça para você colocar na boca do carneiro... vou desenhar uma grade para você colocar em volta da sua flor... vou também desenhar... (PERCEBE QUE O MENINO SUMIU). Ei! Garoto? Onde está você? Eu hein... que menino mais estranho, esquisito... O melhor que eu faço é cuidar do meu trabalho, do meu avião. MUDANÇA DE LUZ. CENA II O PRINCIPE SE APROXIMA DE UMA FLOR QUE DORME. ELA ACORDA COM A PRESENÇA DELE. FLOR: Oi! Desculpe, eu estava dormindo.... Estou toda despenteada.... Você deve estar me achando horrorosa né.... Espere aí, onde está o meu espelho... PEQ.PRINCIPE: Nossa, como você é linda! Você é muito bonita. FLOR: Sério? Você acha mesmo? Todo mundo me diz isso..., mas agora..., assim.... Eu estou tão desarranjada, preciso me arrumar. PEQ.PRINCIPE: Mas você é bonita assim mesmo, do jeito que você é. FLOR: Nossa, como você é gentil... Educado... E tem bom gosto, né? Se me achou bonita assim, estando eu toda desarrumada... é porque tem bom gosto mesmo.


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PEQ.PRINCIPE: O sol te deixa mais bonita ainda... FLOR: Meu Deus... o sol já está alto! Já deve ser hora do almoço. Você podia fazer a gentileza de cuidar de mim? PEQ.PRINCIPE: Claro... o que você quer que eu faça? FLOR: Está vendo aquele regrador ali? Me sirva uma porção generosa de água, por favor. PEQ.PRINCIPE: Claro. Só água? (PEGA A AGUA E REGA A FLOR) FLOR: Sim meu querido, eu só me alimento de água... não preciso de mais nada. Pelo menos por aqui a água é confiável... não está poluída pelos homens. PEQ.PRINCIPE: Deve ser por isso que você é tão bonita, não é? Se alimenta de água de boa qualidade. Mas me diga uma coisa. Para que servem esses espinhos que você tem no seu corpo? FLOR: Com eles eu posso me defender dos tigres e suas garras. PEQ.PRINCIPE: Sabia que no meu planeta não tem tigres? FLOR: Que bom hein, assim você não corre perigo, não é? PEQ.PRINCIPE: Mas eu não entendi sua preocupação com os tigres se eles não comem ervas... FLOR: (OFENDIDA) O que? Nem estou acreditando no que eu ouvi você dizer.... Você me chamou de erva? PEQ.PRINCIPE: Oh... me desculpe. Não foi com intenção... FLOR: Eu, uma flor bela, delicada, vaidosa... ser comparada com erva! Me desculpe mas fiquei ofendida. Magoei de verdade viu... PEQ.PRINCIPE: Mil perdoes, minha linda flor. Não foi o que eu quis dizer, sabe... FLOR: Está bem, eu perdoo. Você tem cara de ser um garoto educado. Não faria por mal. Esquece... já passou. Eu não tenho medo dos tigres, sabe? Mas eu


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tenho horror das correntes de ar.... O vento é inimigo da minha beleza. Quando venta muito eu fico horrorosa, minhas pétalas ficam todas desarrumadas. Eu detesto o vento. Você por acaso não teria um para-vento para me proteger? A noite você poderia colocar uma redoma em cima de mim. Eu sei que faz muito frio no seu planeta, não faz? Você mora bem lá... eu sei! Sabe, de onde eu venho... (TOSSE) PEQ.PRINCIPE: Mas, você nasceu aqui. Como pode conhecer outro planeta? FLOR: Bom... (desconcertada). Eu... é... PEQ.PRINCIPE? Você mentiu para mim... FLOR: Aí, me desculpe... é que eu queria que você não me abandonasse, que cuidasse de mim. PEQ.PRINCIPE: Mas não precisava ter mentido. Eu vou embora. Adeus! FLOR: Adeus, meu lindo menino... lindo príncipe. Desculpe se fui uma tola com você.... Vai... seja muito feliz! Não se preocupe com a redoma, eu não preciso mais dela. PEQ.PRINCIPE: Mas e o vento? FLOR: Bobagem... eu nem estou assim tão resfriada... O ar fresco da noite vai me fazer bem. PEQ.PRINCIPE: Mas e os bichos? FLOR: Não se preocupe com eles, é preciso que eu aguente duas ou três larvas no meu corpo, se eu quiser conhecer as borboletas.... Dizem que elas são tão lindas. Do contrário, quem é que vai vir me visitar? Você vai estar longe... bem longe. Mas não demore muito, meu principezinho? Você decidiu partir, então vá... eu vou ficar bem. PEQ.PRINCIPE: Então adeus! (SAI) MUDANÇA DE LUZ CENA III NUMA CADEIRA ESTA O REI. ENTRA O PRINCIPE.


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REI: (VENDO O PRINCIPE CHEGANDO). Ah! Até que enfim me aparece um súdito. Eu já estava impaciente com essa demora. Venha cá, chegue mais perto.... Não estou te enxergando direito. Vem beijar minha mão, anda logo! O PRINCIPE BEIJA A MAO ESTENDIDA DO REI E BOCEJA DEPOIS REI: Mas o que é isso? Você não aprendeu etiqueta real? Onde já se viu bocejar na frente do rei. Eu te proíbo de bocejar na minha presença. Insolente! PRINCIPE: Desculpe meu senhor... REI: Meu senhor, não.... Desculpe meu rei... ou, desculpe majestade... PRINCIPE: Mil perdoes majestade... REI: Já melhorou... gostei... Só faltou a reverência.... Um súdito sempre faz reverencia para o rei! Vamos, estou esperando a reverência... PRINCIPE: (FAZENDO A REVERÊNCIA). Assim está bom, majestade? REI: É.… falta um pouco mais de classe, mas está bom. Agora, bocejar na minha frente foi demais meu jovem súdito. Imperdoável! PEQ.PRINCIPE: Desculpe meu Rei, mas é que viajei a noite inteira e não dormi nada, por isso eu bocejei. REI: Então eu ordeno que você boceje! Há anos que eu não vejo ninguém bocejar. Os bocejos são uma raridade para mim. Vamos meu súdito! Boceje! Aproveita e faz outra reverencia, vai... adoro quando fazem reverencia para mim! PRINCIPE: Desculpe Vossa Eminência, assim eu não consigo! REI: Vossa Eminência não!!! Onde é que nós estamos??? Mais respeito meu jovem.... Eu não sou um bispo.... Eu sou um rei, um rei! É Vossa Majestade! Que desrespeito. Esses jovens de hoje são tão desleixados! PRINCIPE: Desculpe Vossa Majestade... REI: Esta desculpado.... Pode começar a bocejar.... Eu ordenei que você boceje pra mim!


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PRINCIPE: É que não dá para bocejar assim.... Só consigo bocejar naturalmente. REI: Então eu ordeno que você boceje naturalmente! Vamos.... Está demorando. (O REI BOCEJA). Já estou até com sono... PRINCIPE: Foi assunto dos bocejos... REI: E quem foi que te ordenou que puxasse esse assunto de bocejos? Eu não ordenei que falasse de bocejos! Que assunto mais chato.... Está até me dando vontade de bocejar! (BOCEJA NOVAMENTE) PRINCIPE: Mas foi vossa majestade que falou em bocejos... REI: Ora essa, mas será que você só pensa em bocejos, em bocejar? Eu ordeno que você pense em outra coisa que não seja bocejante. PRINCIPE: Eu posso me sentar? REI: Eu ordeno que você se sente agora! PRINCIPE: Obrigado majestade. Eu peço perdão por interrogar o senhor... REI: Eu ordeno que me interrogues! PRINCIPE: Majestade, sobre quem o senhor reina? REI: Sobre tudo, ora... PRINCIPE: Sobre tudo? REI: Sim, sobre tudo. Tudo me obedece. Eu não tolero indisciplina. PRINCIPE: Sabe o que eu mais desejo majestade? Ver um pôr do sol... Eu nunca vi um pôr do sol, deve ser lindo! O senhor poderia ordenar ao sol que se ponha só para eu ver? REI: Meu jovem súdito. Se eu ordenasse ao meu general que voasse de flor em flor como uma borboleta, ou escrevesse uma tragédia, ou se transformasse numa gaivota, e o general não executasse a minha ordem, quem estaria errado: ele ou eu?


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PRINCIPE: Vossa Majestade estaria errada... eu acho. REI: Exatamente meu caro súdito. É preciso exigir de cada um, o que cada um pode dar, não é mesmo? PRINCIPE: Sim, mas e quanto o meu pôr do sol? REI: Calma, você vai ter o seu pôr do sol. Eu ordeno que o sol se ponha as seis horas da tarde só para você admirá-lo. E você verá que eu sou muito bem obedecido aqui no meu reino. Inclusive pelo sol. PRINCIPE: Não sei se vou poder esperar majestade. Eu não tenho mais nada a fazer por aqui e preciso continuar a minha viagem. REI: Ah não.... Assim não tem graça. Não vai embora não. Olha, se você ficar eu te nomeio meu ministro! PRINCIPE: Eu, um ministro? Mas ministro de que majestade? REI: Hum... vamos ver... Ministro da Justiça! PRINCIPE: Mas não há ninguém aqui para ser julgado! REI: Como é que podemos saber? Ainda não dei uma volta completa pelo meu reino. Eu estou muito velho. Não tenho lugar para guardar uma carruagem, nem cavalos para puxá-la, e estou muito cansado para andar a pé pelo meu reino. PRINCIPE: Mas eu já andei pelo seu reino todo majestade... não vi ninguém. REI: Então, como ministro da justiça, você vai julgar você mesmo! Isso é a coisa mais difícil de fazer, sabia? É muito, mas muito mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Julgar os outros é muito fácil, é moleza. Se você conseguir julgar você mesmo, você será um grande sábio. PRINCIPE: Mas eu não preciso ficar aqui para me julgar... eu posso me julgar em qualquer lugar majestade. REI: Faz o seguinte meu jovem súdito... eu tenho um ratinho aqui, está escondidinho em algum lugar por aqui.... Eu deixo que você julgue ele, certo? Você pode até condená-lo a morte várias vezes, assim a vida dele dependerá da sua


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justiça. Mas você tem que perdoar o meu ratinho sempre, para economizar a vida dele, afinal, eu só tenho um ratinho né... PRINCIPE: Credo majestade! Eu não gosto dessa coisa de condenar a morte não.... Eu acho que eu vou me embora mesmo, sabe.... Adeus. REI: Ah não.... Aí não tem graça! Eu ordeno que você fique aqui no meu reino. Eu te nomeio o meu súdito predileto, o melhor de todos! PEQ.PRINCIPE: Mas só tem eu aqui! Eu sou o seu único súdito! REI: Isso é apenas um detalhezinho de nada meu jovem súdito! Pula essa parte... PRINCIPE: Vamos fazer o seguinte: fecha os olhos majestade! Agora, se vossa majestade deseja ser atendido, vai ordenar que eu vá embora em menos de um minuto! (SAI CORRENDO) REI: Fechar os olhos? É para contar? Contar até quanto?... (Abrindo os olhos). Ué... cadê aquele meu súdito??? Espere! Espere! Eu te nomeio embaixador! Volta aqui seu súdito desobediente... MUDANÇA DE LUZ CENA IV O HOMEM DE NEGÓCIOS ESTÁ SENTADO CONTANDO DINHEIRO. TEM UM CIGARRO APAGADO NA BOCA. PEQ.PRINCIPE: Bom dia, meu senhor. HOMEM DE NEGÓCIOS: (IGNORANDO) TRÊS E DOIS SÃO CINCO. CINCO E SETE SÃO DOZE. DOZE E TRÊS SÃO QUINZE. PEQ.PRINCIPE: Meu senhor, o seu cigarro está apagado. HOMEM DE NEGÓCIOS: Quinze e sete são vinte e dois. Bom dia. Vinte e dois e oito são trinta. Não tenho tempo para acender o cigarro novamente. Trinta mais seis são trinta e seis. Trinta e seis mais dez são quarenta e seis. Ufa!!! São quinhentos e hum milhões, seiscentos e vinte e dois mil, setecentos e trinta e um.


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PEQ.PRINCIPE: Quinhentos milhões de que? HOMEM DE NEGÓCIOS: Meu jovem. Eu moro nesse planeta há 54 anos e só fui incomodado por três vezes. A primeira vez foi a 22 anos atrás, por um besouro que caiu não sei de onde.... Ele fazia um barulho terrível, um zumbido de incomodar qualquer um, e eu cometi 4 erros na soma. A segunda vez foi a onze anos, por uma crise de reumatismo que me deu, pela minha falta de exercícios. Eu não tenho tempo para passeios, caminhadas, essas bobagens! Eu sou um sujeito sério, não posso perder tempo com besteiras. E a terceira vez é esta agora.... Escute o que eu te digo, eu sou um sujeito sério, que tem coisas sérias para fazer, entende? Portanto, eu estava na contagem de quinhentos e hum milhões... PEQ.PRINCIPE: Mas são milhões de que...? HOMEM DE NEGÓCIOS: Milhões dessas coisinhas que a gente vê as vezes no céu... PEQ.PRINCIPE: O senhor está falando de moscas? HOMEM DE NEGÓCIOS: E eu lá tenho tempo para perder com moscas? Eu falo daquelas coisinhas que brilham. PEQ.PRINCIPE: Já sei, abelhas! HOMEM DE NEGÓCIOS: Também não. Eu falo daquelas coisinhas que brilham no céu, que fazem muitos desocupados sonhar e escrever poemas sobre elas. Eu não, eu sou um sujeito sério, não tenho tempo para essas bobagens de escrever poemas e poesias. PEQ.PRINCIPE: Ah, agora eu já sei. O senhor está falando das estrelas, não é? HOMEM DE NEGÓCIOS: Isso mesmo garoto, das estrelas. Eu até tinha me esquecido do nome delas. Mas eu não tenho tempo para ficar me lembrando desses detalhes de nomes, etc... PEQ.PRINCIPE: Mas eu não entendo é o que o senhor vai fazer com quinhentos e tantos milhões de estrelas...


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HOMEM DE NEGÓCIOS: 501.622.731. Eu sou um sujeito sério. Gosto de exatidão. Não posso errar e por isso preciso de muita concentração e sossego. PEQ.PRINCIPE: Mas eu continuo sem entender... O senhor está contanto as estrelas para que? O que o senhor vai fazer com elas? HOMEM DE NEGÓCIOS: O que eu vou fazer com elas? PEQ.PRINCIPE: Sim. HOMEM DE NEGÓCIOS: Ora, vou fazer nada. Eu apenas as possuo. Elas são minhas, são minha propriedade. PEQ.PRINCIPE: O senhor está dizendo que é o dono dessas estrelas todas aí que contou? HOMEM DE NEGÓCIOS: Sim, é isso mesmo. Elas são minhas. Minhas. PEQ.PRINCIPE: Mas eu já vi um rei que... HOMEM DE NEGÓCIOS: Os reis não possuem nada.... Eles reinam sobre as coisas e pessoas. É muito diferente. PEQ.PRINCIPE: Mas para que que serve possuir as estrelas? HOMEM DE NEGÓCIOS: Ora, para que.... Pense meu rapazinho, pense. Serve para me tornar muito, mas muito rico. PEQ.PRINCIPE: Mas ser rico para que? HOMEM DE NEGÓCIOS: Ser rico para comprar mais estrelas, ora! Para comprar as estrelas que outros encontrarem. É essa a minha vida. Ficar cada vez mais rico, cada vez mais rico... (VAI SAINDO). Retornando a minha soma, 501.622.731 com mais 11 são... CENA V PASSA UM HOMEM COM UM LAMPIAO NA MAO. ELE APAGA O LAMPIAO.


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PEQ. PRINCIPE: Boa noite, meu senhor. Eu notei que o senhor apagou o lampião. Por que? ACENDEDOR: Ora por que... porque é o regulamento. PEQ. PRINCIPE: E o que o regulamento manda o senhor fazer? ACENDEDOR: Manda eu apagar o lampião... boa noite! PEQ. PRINCIPE: Mas... o senhor acabou de acender o lampião! ACENDEDOR: Porque é o regulamento. PEQ. PRINCIPE: O senhor vai me desculpar viu, mas eu não estou compreendendo. O senhor apaga e depois acende.... Não entendi mesmo. ACENDEDOR: Não é para entender meu jovem. Regulamento é regulamento. Bom dia! (APAGA O LAMPIAO). Essa minha tarefa é terrível. Antigamente ainda dava para aguentar. Eu apagava de manhã e acendia a noite. Tinha o resto do dia e da noite para dormir... PEQ. PRINCIPE: E o que aconteceu depois, o regulamento mudou? ACENDEDOR: Nada disso. Aí é que está o problema. O planeta é que gira mais rápido de ano em ano. O regulamento não muda. PEQ. PRINCIPE: Eu não entendi. ACENDEDOR: É que esse planeta é pequeno, e agora ela dá uma volta por minuto... eu não tenho um segundo de repouso.... Minha vida agora é acender e apagar esse lampião a cada minuto. Ai como eu sofro! PEQ. PRINCIPE: Que interessante! Quer dizer que os dias aqui duram apenas um minuto? ACENDEDOR: Não tem nada de interessante nisso rapazinho.... Já faz um mês que nós dois estamos conversando. PEQ. PRINCIPE: Um mês? O senhor fala sério mesmo?


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ACENDEDOR: Claro que falo sério! Trinta minutos. Trinta dias. Boa noite! (ACENDE OLAMPIAO) PEQ. PRINCIPE: Espere! Eu sei uma maneira de você descansar. ACENDEDOR: Verdade? Ah... eu sempre quero descansar, mas nunca consigo. PEQ. PRINCIPE: O seu planeta é tão pequeno que a gente pode dar a volta nele com três passos, não é?

Então basta que você ande bem lentamente de

maneira que fique sempre para o lado do sol. Quando você quiser descansar é só caminhar... aí o dia durará o tempo que você quiser. ACENDEDOR: Ah não... não adianta. O que eu mais gosto de fazer é dormir. E dormir à noite. PEQ. PRINCIPE: Ih... então não tem remédio para o seu caso. ACENDEDOR: É verdade. Não tem remédio mesmo. Bom dia! (APAGA O LAMPIAO E SAI DE CENA) PEQ. PRINCIPE: Esse aí pelo menos ocupa o seu tempo com algo que não seja ele mesmo. Ele é o único que poderia ser meu amigo, mas o planeta dele é pequeno demais, não cabem duas pessoas nele. CENA VI GEÓGRAFO: Olá! Falando sozinho meu rapaz? Até que enfim eu encontro um explorador! PEQ.PRINCIPE: Olá... nossa que livro grande você tem! Que livro é esse? E o que é que o senhor está fazendo aqui? GEÓGRAFO: Eu sou um geógrafo, muito prazer! PEQ.PRINCIPE: Um geógrafo! E o que é geógrafo? GEÓGRAFO: Modéstia à parte, um geógrafo é um sábio que sabe onde se encontram os mares, os rios, as cidades, as montanhas, os desertos.


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PEQ.PRINCIPE: Que interessante! E o seu planeta é muito bonito viu.... Há oceanos aqui? GEÓGRAFO: Como é que eu vou saber meu jovem? PEQ.PRINCIPE: E cidades, e montanhas? GEÓGRAFO: Como é que eu vou saber? PEQ.PRINCIPE: Mas o senhor disse que é um geógrafo, e que o geógrafo é um sábio que sabe onde fica tudo... GEÓGRAFO: Devagar com o andor meu caro.... Eu sou um geógrafo, não sou um explorador. Hoje em dia estamos em falta absoluta de exploradores. Não é o geógrafo que sai contando as cidades, os rios, as montanhas, os mares. Isso é tarefa para os exploradores. Um geógrafo tem coisas mais importantes que ficar por aí passeando... Ele não deixa a sua escrivaninha nem por um instante. São os exploradores que nos visitam, informam o que viram e nós anotamos as lembranças deles. Entendeu? PEQ.PRINCIPE: Mas por que os geógrafos não saem para passear? Não entendi... GEÓGRAFO: Nossa, estou vendo que você deve ser de longe mesmo hein meu jovem? Mas eu sei que você é um explorador, eu posso ver no seu rosto. Vamos lá, descreva o seu planeta para mim... (ABRE O CADERNO). Vamos, pode ir falando que eu vou anotando. PEQ.PRINCIPE: Olha, onde eu moro, o meu planeta não é assim tão interessante, sabe... é muito pequeno. Eu tenho três vulcões, dois em atividade e um extinto. A gente nunca sabe... GEÓGRAFO: É, a gente nunca sabe. PEQ.PRINCIPE: Ah... eu também tenho uma flor. GEÓGRAFO: Isso não é importante. A gente não anota as flores. PEQ.PRINCIPE: Por que não? É o mais bonito no meu planeta!


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GEÓGRAFO: Porque as flores são efêmeras. PEQ.PRINCIPE: São o que? GEÓGRAFO: Efêmeras... PEQ.PRINCIPE: Mas o que quer dizer EFÊMERAS? GEÓGRAFO: Quer dizer que não dura muito, que está perto de desaparecer. PEQ.PRINCIPE: Quer dizer que a minha flor está perto de desaparecer? GEÓGRAFO: Sim, é isso mesmo. PEQ.PRINCIPE: Coitada da minha flor! Ela é efêmera... Só tem quatro espinhos para se defender do mundo. E eu ainda deixei ela lá sozinha. Bom, eu tenho que continuar a minha viagem, que planeta o senhor me aconselha a visitar? GEÓGRAFO: Eu sugiro o planeta terra... dizem que esse planeta ainda goza de boa reputação. Por enquanto né... PEQ.PRINCIPE: Então muito obrigado ao senhor. Até mais. Adeus GEÓGRAFO: Adeus meu jovem explorador. Adeus. CENA VII PEQ.PRINCIPE: Boa noite! Com licença, a senhora pode me informar em que planeta eu estou? SERPENTE: Você está no planeta Terra. Na África. PEQ.PRINCIPE: Ah... e não tem ninguém por aqui? Não vi ninguém nesse planeta. SERPENTE: É porque aqui é um deserto meu bem, você está num dos desertos desse planeta. E não há ninguém nos desertos. O Planeta Terra é muito grande. PEQ.PRINCIPE: As estrelas são todas iluminadas.... Acho que é para que cada um possa encontrar o seu planeta, não é? Olha lá o meu planeta, consegue ver?


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SERPENTE: Aquele pequenininho e iluminado? PEQ.PRINCIPE: Esse mesmo. Está exatamente em cima de nós. Mas como está longe! SERPENTE: Seu planeta é muito bonito meu jovem... o que você veio fazer aqui? PEQ.PRINCIPE: Eu tive uns problemas com uma flor sabe... aí resolvi viajar por aí. SERPENTE: Entendo. PEQ.PRINCIPE: Mas onde estão os homens desse planeta. A gente se sente muito sozinho no deserto não? SERPENTE: Sim, mas entre os homens é a mesma coisa viu... é possível se sentir só mesmo rodeado de pessoas. Coisas desse nosso planeta. PEQ.PRINCIPE: Você é um bicho engraçado sabia? Parece um dedo comprido e fino... SERPENTE: Mas eu sou mais poderosa que o dedo de um rei, sabia? PEQ.PRINCIPE: Ah... fala a verdade vai... você não é tão poderosa assim. Você não tem nem patas.... Não pode nem viajar. SERPENTE: Olha aqui rapazinho... você me respeite, ok.... Quem disse que é preciso patas para se andar. Hello!!! Eu posso te levar mais longe que um navio, entendeu meu bem? (ENROLANDO-SE NO PRINCIPE). Aquele que eu toco, eu o devolvo à terra de onde veio..., mas você é um menino puro, de bom coração... vem de uma estrela. Sabe que eu tenho pena de você, tão fraco, nessa terra tão dura. Olha, eu posso te ajudar um dia, se você tiver muita saudade do seu planeta. Eu posso... PEQ.PRINCIPE: Precisa não... estou indo... adeus! SERPENTE: Será que eu falei alguma coisa que não devia? Eu hein... MUDANÇA DE LUZ


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CENA VIII RAPOSA: (ESCONDIDA) Oi garotinho... PEQ.PRINCIPE: (PROCURANDO) Oi... onde está você? RAPOSA: Estou escondida aqui atrás? PEQ.PRINCIPE: Escondida por que? RAPOSA: É que eu não te conheço... não sei quais são as suas intenções. PEQ.PRINCIPE: Ah, pode aparecer. Eu quero conhecer você. RAPOSA: (APARECENDO EM CENA) Bom dia! PEQ.PRINCIPE: Bom dia! Nossa, você é bonita. Que casaco bonito você está usando. RAPOSA: Não é um casaco querido. É minha pele, é que eu cuido bem dela. PEQ.PRINCIPE: Nossa, que pelo macio.... Quem é você? RAPOSA: Eu sou uma raposa. PEQ.PRINCIPE: Que legal... vem brincar comigo, vem! RAPOSA: Brincar com você..., mas eu nem te conheço! Ah, eu não posso. PEQ.PRINCIPE: Por que não? RAPOSA: É que você ainda não me cativou, entende? PEQ.PRINCIPE: O que é cativar? RAPOSA: Hum... estou vendo que você não é daqui. O que você está procurando? PEQ.PRINCIPE: Eu estou procurando os homens, as pessoas desse planeta. Você não me disse o que é cativar. RAPOSA: Você procura os homens? Eu não me dou bem com eles, sabe? Eles têm fuzis e caçam. Eles adoram me caçar, pode? E criam galinhas também.


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Aliás, essa é a coisa mais interessante que os homens fazem, sabia? Eu adoro galinhas..., mas as de granja eu não gosto, são muito sem gosto. Você também está procurando galinhas? PEQ.PRINCIPE: Eu não... eu estou procurando amigos, sabe. Você ainda não me disse o que é cativar... RAPOSA: Bom, cativar é uma coisa já bem esquecida pelos homens sabia? Cativar, significa criar laços, estabelecer um relacionamento. PEQ.PRINCIPE: Criar laços? Como assim? RAPOSA: É isso mesmo. Deixa eu ver se consigo te explicar. Você para mim é um garoto igual a outros cem mil garotos por aí.... Eu não preciso de você, nem você precisa de mim. E para você eu sou apenas uma raposa igual a outras cem mil por aí. Mas se você me cativar, nós vamos criar um laço de relacionamento, de amizade entre nós dois. Ser nós dois cativarmos um ao outro, nós vamos ter necessidade um do outro. E aí, você não será apenas mais um menino, você será único para mim e eu serei única para você. PEQ.PRINCIPE: Nossa, que legal esse negócio de cativar.... Entendi tudo. Sabe, tem uma flor lá no meu planeta.... Eu creio que ela me cativou... RAPOSA: Isso é possível viu, a gente vê tanta coisa nesse planeta Terra. PEQ.PRINCIPE: Ah não, não foi aqui no seu planeta não. RAPOSA: Foi em outro planeta? PEQ.PRINCIPE: Sim, foi no meu planeta. RAPOSA: Nossa, que interessante..., mas me diga uma coisa, tem caçadores lá no seu planeta? PEQ.PRINCIPE: Não. RAPOSA: Aí, que legal. Já comecei a gostar desse seu planeta, sabia? E galinhas, tem galinhas lá? Galinhas caipiras! PEQ.PRINCIPE: Também não.


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RAPOSA: Hum... nossa conversa estava indo tão bem... eu já estava tão interessada no seu planeta. Mas nada é perfeito nessa vida, não é mesmo? (PAUSA). Por favor, vai... me cativa. PEQ.PRINCIPE: Olha, até que eu queria muito ficar aqui e te cativar, mas eu não tenho muito tempo. É que eu tenho que descobrir amigos, conhecer muita coisa ainda. RAPOSA: Olha, eu vou te dizer uma coisa. A gente só conhece bem as coisas que cativou, sabia? Os homens hoje em dia não têm mais tempo para conhecer quase nada. Compram tudo prontinho nas lojas, querem fazer somente amigos virtuais.... Acontece que amigos não se vendem em lojas e por isso os homens não tem mais amigos. Agora, se você quiser uma amiga, é só me cativar.... Você quer? PEQ.PRINCIPE: Mas o que eu tenho que fazer pra cativar você? RAPOSA: Primeiramente é preciso ter paciência. No início você vai se sentar longe de mim. Eu vou te olhar pelo canto do olho e você não vai dizer nada. A linguagem dos homens, as palavras são uma fonte de mal-entendidos, sabia? E cada dia que passar, você vai se sentar mais perto, mais perto de mim. Se você vier, por exemplo, as 4 da tarde, eu começarei a ser feliz a partir das 3, porque estarei te esperando. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Quando der 4 horas então, eu estarei inquieta e agitada: vou descobrir o preço da felicidade. Mas se você não marcar hora, e aparecer a qualquer hora, eu nunca saberei a hora de preparar o meu coração.... É preciso um ritual. PEQ.PRINCIPE: Um ritual... O que é isso? RAPOSA: Isso é outra coisa que os homens desse planeta andam esquecendo também. É o que faz com que um dia seja diferente do outro dia. Uma hora diferente das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um ritual. Eles dançam aos sábados com as moças da aldeia. O sábado então é um dia maravilhoso. Eu posso ir passear onde quiser. Agora se os caçadores dançassem em qualquer dia, os dias seriam todos iguais e eu não teria férias. PEQ.PRINCIPE: Interessante. Mas olha, eu vou ter que ir embora.


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RAPOSA: Ah não.... Tão cedo assim? Logo agora que a nossa conversa estava ficando tão boa! Eu vou chorar, sabia? PEQ.PRINCIPE: Chorar? Mas por que? RAPOSA: Porque eu já sinto a sua falta... a sua presença é tão boa para mim. PEQ.PRINCIPE: A culpa é sua, está vendo? Você quis que eu te cativasse. RAPOSA: É verdade, fui eu que quis... PEQ.PRINCIPE: Mas você vai chorar mesmo, se eu for embora? RAPOSA: Vou. PEQ.PRINCIPE: Então você não ganhou com a minha amizade. Você vai chorar... RAPOSA: Ganhei sim, agora quando eu ver uma plantação de trigo, me lembrarei dos seus cabelos. Pode ir, vai ver a sua rosa. Você vai compreender que a sua rosa não é como as outras que tem por aí, ela é única no mundo. PEQ.PRINCIPE: Então adeus minha amiga raposa. RAPOSA: Adeus, meu amigo príncipe. Eu vou te revelar um segredo. É muito simples, lembre-se de que a gente só vê bem com o coração. O essencial, o mais importante, é invisível aos olhos. PEQ.PRINCIPE: Entendi. O essencial é invisível aos olhos. Não vou me esquecer disso. RAPOSA: Foi o tempo que você gastou com a sua rosa é que fez dela tão importante. PEQ.PRINCIPE: É verdade.... Foi o tempo que eu gastei com ela. RAPOSA: Os homens já esqueceram essa verdade, mas você não deve esquecer, certo? Você se torna eternamente responsável por aquilo que você cativas. Você é responsável pela sua rosa. PEQ.PRINCIPE: Não vou me esquecer, eu sou responsável por ela.


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RAPOSA: Eu vou me lembrar de você sempre. PEQ.PRINCIPE: Quando se lembrar de mim, olhe as estrelas. Eu moro numa delas, numa bem pequenininha. Quando você olhar para as estrelas, eu estarei lá em uma delas, sorrindo para você. Eu não consigo te mostrar em qual das estrelas está o meu lar, mas olhe pra todas, minha estrela será qualquer uma delas... RAPOSA: Pode deixar. Quando eu olhar as estrelas a noite, vou saber que você está habitando uma delas, estará lá sorrindo para mim, e todas as estrelas estarão sorrindo para mim. E eu vou sorrir para você também. Vou gostar de olhar para todas elas, e todas elas serão também minhas amigas. PEQ.PRINCIPE: Então minha amiga raposa, adeus. RAPOSA: Adeus, meu pequeno príncipe. Meu pequeno amigo. PEQ.PRINCIPE: A minha viagem valeu a pena. Encontrei amigos. Especialmente você. Você me cativou. Eu te cativei. (ABRAÇAM-SE . CAI A LUZ E SURGE UM FOCO NO PILOTO) PILOTO: Já se passaram muitos anos desde que aconteceu aquele acidente com o meu avião. Os meus amigos e a minha família ficaram contentes por eu ter conseguido consertar meu avião e voltar para casa a salvo. Mas eu sempre estava triste, e eles me diziam: É o cansaço... Agora já estou mais consolado. Mas não totalmente. Sei que o pequeno príncipe voltou ao seu planeta. E eu gosto de, à noite, escutar as estrelas. Quinhentos milhões de luzinhas brilhando... Mas acontece uma coisa: na mordaça que desenhei para o principezinho, eu esqueci de desenhar também uma a correia! Ele não vai poder prender a correia ao carneiro. E eu pergunto então: "O que será que aconteceu no planeta dele? Pode bem ser que o carneiro tenha comido a flor..." Mas aí eu penso: “Claro que não! ” O pequeno príncipe coloca uma redoma de vidro sobre a flor todas as noites e vigia bem o carneiro”. Ou então o carneiro fugiu de mansinho, sem ser notado.... Aí eu me sinto feliz, olho para as estrelas e sinto que elas brilham sorrindo pra mim. O carneiro não fugiu não, nem comeu a flor, senão as estrelas não brilhariam tanto e chorariam...


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Bom, nenhuma pessoa grande vai compreender nem dar importância para isso, não é mesmo? As pessoas grandes têm muita coisa séria para pensar... LUZ MORRE EM RESISTENCIA. FIM


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7.2. Projeto Arquitetônico Teatro José de Castro Mendes A seguir serão apresentadas as pranchas do Teatro Castro Mendes feitas em 2007 para a reforma concluída em 2012: - Planta Baixa Térreo; - Planta Baixa 1º Pavimento; - Planta Baixa 2º Pavimento; - Planta de Cobertura; - Fachada Frontal, Fachada Lateral Esquerda e Corte A; - Corte E, Corte F e Corte G; - Sanitários 1 – 8; - Sanitários 9 – 13;


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7.3. Projeto Cenogrรกfico A seguir serรฃo apresentadas as pranchas do projeto cenogrรกfico elaborado para este trabalho de acordo com os personagens e cenas: - Denyel (Cenas I e IX); - Kaira e a Rosa (Cena II); - Metatron (Cena III); - Tom Craig (Cena IV); - Kha O Sol (Cena V); - Sophia (Cena VI); - A Serpente e Zacarias (Cenas VII e VIII);











1.36 2.31 Sobe

Desce

Sobe

01

03

04

04

05

05

06

01

0.73

02 03

Desce 01

01 02

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03

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04

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13 12

13 07 12

03 Sob

11 09

e

08 11

02 09

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10

Sobe

10

Sobe 03

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14 06

04

08

01

05

06 05

07

02

15

07

14 06

03 e

04

08 15

05

04

Sob

16

04

08 07 06 05

02

03 04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

IMPLANTAÇÃO DO CENÁRIO

CENÁRIO DESMONTADO

Esc.: 1:200

Esc.: 1:200

CORTE A_A Esc.: 1:100

40 2.

4.76

3.18

0.30

2.50

3.40

4.38

1.20 00 1.

A

B

2.10

3.90

CORTE B_B Esc.: 1:100

13.00

A

B

08

08

07

07

06

06

05

05

04

04

03

03

02

02

PLANTA BAIXA

PLANTA DE LAYOUT

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

VISTA FRONTAL Esc.: 1:100

Nº da Folha

01

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Denyel, O Piloto (Cenas I e IX) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


08

08

07

08

07

06

07

06

05

06

05

04

05

04

03

04

03

02

03

02

02

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA I

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA IX

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

PLANTA DE LOCAÇÃO ILUMINAÇÃO Esc.: 1:100

Detalhe 1

4.00

4.76

4.00

6.10

4.00

3.54

PAINÉIS EXTERIOR DO PRÉDIO Esc.: 1:100

4.40

4.00

Detalhe 2

PAINEL DE FUNDO Esc.: 1:100 Detalhe 3

3.14

4.76

2.50

3.18

5.01

3.

54

5.64

2.96

4.40

PRATICÁVEIS Esc.: 1:100

Nº da Folha

LEGENDA Denyel (O Piloto) Kaira (O Pequeno Príncipe)

Holofotes direcionados Ponto de iluminação

Detalhe 1

Detalhe 2 Painel com imagem do rio Tamisa em Londres.

Detalhe 3 A junção dos praticáveis e dos painéis será feita por fixador magnético de neodímio.

02

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Denyel, O Piloto (Cenas I e IX) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


0.34

1.43

1.22

0.34

1.43

1.22

0.34

0.43 0.43 0.43 0.88 0.50 0.50 0.07 0.07

1.22

1.61

Desce 01

Sobe

0.84

Sobe

2.35

0.81

0.32 0.46

1.52

01 02 02 03 04

04

05

05

06

Desce 01 01 02 02 03

03

1.75

1.75 Sobe 01

06

03

04

04

05

05

06

Sobe 01

06

02

02

03

03 16

13 12

13 07 12

03 Sob

11 09

e

08 11

02 09

01

10

Sobe

10

Sobe 03

01

14 06

04

08

01

05

06 05

07

02

15

07

14 06

03 e

04

08 15

05

04

Sob

16

04

08 07 06 05

02

03 04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

IMPLANTAÇÃO DO CENÁRIO

CENÁRIO DESMONTADO

Esc.: 1:200

Esc.: 1:200

A

1. 50

6.14

1.50

1.14

9.50

0.73

0.42

0.63 0.74

A

08

08

07

08

07

06

07

06

05

06

05

04

05

04

03

04

03

02

03

02

02

PLANTA BAIXA

PLANTA DE LAYOUT

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA II

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

Nº da Folha

LEGENDA A Rosa Kaira (O Pequeno Príncipe)

01

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Kaira e a Rosa (Cena II) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


CORTE A_A

VISTA FRONTAL

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

Detalhe 1

3.83

5.67

0.73

3.09

1.50

3.09

6.14

4.00

4.14

4.00

Detalhe 2

4.14

6.14 08 07

PRATICÁVEIS

PAINÉIS EXTERIOR DO QUARTO

06 05 04 03

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

02

PLANTA DE LOCAÇÃO ILUMINAÇÃO Esc.: 1:100

Nº da Folha

LEGENDA Holofotes direcionados Ponto de iluminação

Detalhe 1

Detalhe 2 A junção dos praticáveis e dos painéis será feita por fixador magnético de neodímio.

02

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Kaira e a Rosa (Cena II) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


2.70

0.85 Sobe

1.19

4.47

2.70

2.70

Desce

Sobe

01

2.70

02

04

04

05

05

06

01

2.70

02 02 03

03

Sobe 01

06

4.26

03

Desce 01

01 02

03

04

04

05

05

06

Sobe 01

06

02

02

03

03 16

13 12

13 07 12

03 Sob e

11 09

08 11

02 09

01

10

Sobe

10

Sobe 03

01

14 06

04

08

01

05

06 05

07

02

15

07

14 06

03 e

04

08 15

05

04

Sob

16

04

08 07 06 05

02

03 04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

IMPLANTAÇÃO DO CENÁRIO

CENÁRIO DESMONTADO

Esc.: 1:200

Esc.: 1:200

0.78

0.50

0.74

0.60

08

08

07

08

07

06

07

06

05

06

05

04

05

04

03

04

03

02

03

02

PLANTA BAIXA COM LAYOUT Esc.: 1:100

02

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA III

PLANTA DE LOCAÇÃO ILUMINAÇÃO

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

VISTA FRONTAL Esc.: 1:100 Nº da Folha

LEGENDA Metatron (O Rei) Kaira (O Pequeno Príncipe)

Holofotes direcionados

01

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Metatron (Cena III) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


1.34

0.25 0.20 0.43

0.28 2.37

2.21

0.33 1.12

1.18

0.530.52

Sobe

1.15

0.92

0.48

1.87

0.43 0.92

1.30

1.50

0.94

0.40 0.58

Desce 01 01 02 02 03

03

04

04

05

05

06

4.47 Sobe 01

06

02 03 16 04

08

15

07

05 14

06 06

05

13 07

04

12

03 Sob

e

08 11

02 09

01

10

Sobe 03 01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

IMPLANTAÇÃO DO CENÁRIO Esc.: 1:200

Detalhe 1 S/ Escala

Desce da urdimenta e para armada pela armação de alumínio. 08

08

07

Detalhe 1

07

06

06

05

05

04

04

03

03

02

Sobe

02

Desce 01 01 02 02 03

03

04

04

05

05

06

Sobe 01

06

02 03 16 04

08

15

07

05 14

06 06

05

13 07

04

12

03 So

be

08 11

02 09

01

10

Sobe 03 01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

PLANTA DE LAYOUT

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA IV

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

CENÁRIO DESMONTADO Esc.: 1:200

CORTE A_A Esc.: 1:100

A 2.50

2.50

4.00

A

08

08

07

07

06

06

05

05

04

04

03

03

02

02

PLANTA BAIXA Esc.: 1:100

VISTA FRONTAL

PLANTA DE LOCAÇÃO ILUMINAÇÃO

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100 Nº da Folha

LEGENDA Tom Craig (O Contador) Kaira (O Pequeno Príncipe)

Holofotes direcionados Ponto de iluminação

01

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Tom Craig (Cena IV) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


Nº da Folha

02

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Tom Craig (Cena IV) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


Sobe

3.19

1.90

13.00

Desce

Sobe

01

Desce 01

01

01

02

02 02

03 04

04

05

05

06

2.70

03

02

2.70

03

Sobe 01

06

5.75

03

04

04

05

05

06

Sobe 01

06

02

02

03

03 16

05

08

05

04

07

Sobe

1.33

04

01

03 Sob

e

01

05

13 07

04 12 Sob e

11 09

01

01

01

06

Sobe

13 07 12 08 11

02 09

01

10

Sobe

10

Sobe 03

01

14

02

03

08

02

15 05

03

02

Sobe

04

04

03 06

06

Sobe

05

04

07

14

02

05

08 15

05

03

02

16

04

04

03 06 05

02

03 04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

IMPLANTAÇÃO DO CENÁRIO

CENÁRIO DESMONTADO

Esc.: 1:200

Esc.: 1:200

1.50

1.50

08

08

07

08

07

06

07

06

05

06

05

04

05

04

03

04

03

02

03

02

PLANTA BAIXA COM LAYOUT Esc.: 1:100

02

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA V

PLANTA DE LOCAÇÃO ILUMINAÇÃO

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

VISTA FRONTAL Esc.: 1:100 Nº da Folha

LEGENDA Kha O Sol (O Acendedor) Kaira (O Pequeno Príncipe)

Holofotes direcionados

01

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Kha O Sol (Cena V) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


13.00

Sobe

13.00

Desce

Sobe

01

03

04

04

05

05

06

2.70

R6.06

02 03

Desce 01

2.70

01 02

2.70

01 02 02 03

2.78

Sobe 01

06

03

04

04

05

05

06

2.21

0.61

0.61

2.70 2.07 Sobe 01

06

1.00

02

1.05

02

07

2.41

03 08

03 16 15 14

be

13 07

04 12

08 So

11

02

12

03 be

09

08 11

02 09

01

10

Sobe

10

Sobe 03

01

14 06

05

13 07

01

05

06

06

04

15

07

05

03

04

08

06 05

So

16

04

02

03 04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

IMPLANTAÇÃO DO CENÁRIO (1)

IMPLANTAÇÃO DO CENÁRIO (2)

Esc.: 1:200

Esc.: 1:200

Detalhe 1

Sobe

Desce 01 01 02 02 03

03

04

04

05

05

06

Sobe 01

06

02 03 16 04

08

15

07

05 14

06 06

05

13 07

04

12

03 Sob

e

08 11

02 09

01

10

Sobe 03 01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

CENÁRIO DESMONTADO

VISTA FRONTAL (1)

VISTA FRONTAL (2)

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

Esc.: 1:200

2.79

2.79

7.39 1.09 08

08

07

08

07

06

07

06

05

06

05

04

05

04

03

04

03

02

03

02

02

PLANTA BAIXA COM LAYOUT (1)

PLANTA BAIXA COM LAYOUT (2)

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA VI (1)

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100 Nº da Folha

LEGENDA Sophia (O Geógrafo) Kaira (O Pequeno Príncipe)

Detalhe 1 Na seunda disposição do cenário, a cortina da parte de trás das portas terá uma imagem da cidade de Paris projetada, dando a impressão de estar no local.

01

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Sophia (Cena VI) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


08

08

07

08

07

06

07

06

05

06

05

04

05

04

03

04

03

02

03

02

02

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA VI (2)

PLANTA DE LOCAÇÃO ILUMINAÇÃO (1)

PLANTA DE LOCAÇÃO ILUMINAÇÃO (2)

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

Nº da Folha

LEGENDA Holofotes direcionados

02

UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves Sophia (Cena VI) Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


1.43

1.57

1.43

1.57

1.43

1.57

1.43

0.50 0.50 0.50 0.43 0.50 0.50 0.50 0.50 0.50

1.00

0.50 0.50 0.50 0.50

1.57

Sobe

Desce 01 01 02 02 03

03

04

04

05

05

06

Sobe 01

06

02 03 16 04

08

15

07

05 14

06 06

05

13 07

04

12

03 Sob

e

08 11

02 09

01

10

Sobe 03 01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

IMPLANTAÇÃO DO CENÁRIO Esc.: 1:200

Detalhe 1

08

08

07

07

06

06

05

05

04

04

03

03

02 Sobe

02

Desce 01 01 02 02 03

03

04

04

05

05

06

Sobe 01

06

02 03 16 04

08

15

07

05 14

06 06

05

13 07

04

12

03 Sob

e

08 11

02 09

01

10

Sobe 03 01

02

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA VII

MOVIMENTAÇÃO CÊNICA - CENA VIII

Esc.: 1:100

Esc.: 1:100

CENÁRIO DESMONTADO

3.82

2.47

2.33

1.69

Esc.: 1:200

08

08

07

07

06

06

05

05

04

04

03

03

02

02

PLANTA BAIXA COM LAYOUT Esc.: 1:100

Zacarias (A Raposa) Kaira (O Pequeno Príncipe)

Esc.: 1:100 Nº da Folha

LEGENDA A Serpente

PLANTA DE LOCAÇÃO ILUMINAÇÃO

Holofotes direcionados

Detalhe 1 O caminho por onde andam os personagens será um tapete, e será ficará enrolado até que seja necessário.

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UNASP - Centro Universitário Adventista de São Paulo A ARQUITETURA DA CENOGRAFIA: TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Aluna: Projeto: Orient.:

Susana Carolina Gonçalves A Serpente e Zacarias (Cenas VII e VIII)

Álvaro Petersen Junior

Escala:

adaptação e cenário da peça

Indicadas teatral O Pequeno Príncipe Data:

13/11/2017


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