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Suzana Scaravatti Olimpio
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O alimento não é simplesmente um objeto nutritivo que permite saciar a fome, mas algo que também tem “significativo simbólico em uma determinada sociedade.” - Regina Schluter
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AGRADECIMENTO Após esses longos 5 anos, a sensação de dever cumprido bate na porta. É muito gratificante ter alcançado essa conquista depois de muito esforço, trabalho e noites mal dormidas. Agradeço inicialmente a minha orientadora Renata Góes, por toda a ajuda, apoio e paciência. Obrigada pelo aprendizado durante esse ano. Agradeço á minha família que sempre me incentivou muito e me ajudou em todos os momentos, desde o início do curso. Agradeço ao meu namorado Lucas, pela paciência, por todo o apoio, incentivo e ajudas infinitas. Muito obrigada ás pessoas queridas com quem dividi esses 5 anos de muitos desesperos e bons momentos, Laura, Marcela e Andressa.
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PARQUE GASTRONÔMICO CAMPINAS Suzana Scaravatti Olimpio Orientadora: Renata Góes
Universidade São Francisco | Curso de Arquitetura e Urbanismo | Trabalho Final de Graduação Campus Campinas 2020
Sumário
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INTRODUÇÃO
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OBJETIVOS
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ÁREA DE ESTUDO
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Campinas: Açúcar, C
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Análises do Entorno
Café e Industria;
o.
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PATRIMÔNIOS
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Mac-Hardy;
44 46
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GASTRONOMIA
48
Gastronomia: Cultura, Turismo e Economia;
Fábrica Lidgerwood;
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Campinas Como Polo Gastronômico;
Cervejaria Columbia.
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Gastronomia como Patrimônio Imaterial, Cultural e Atividade Turística.
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REFERÊNCIAS
72
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Confeitaria Colombo, Rio de Janeiro;
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Espaço Gastronômico Do Forks Market, Canadá
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Mercado ROMA, México
CONCEITO E PARTIDO
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CONDICIO
ONANTES
11
82
PROJETO
128
BIBLIOGRAFIA
Introdução
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02
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Introdução O tema proposto para o presente trabalho final de graduação partiu da percepção de duas ideias principais: do potencial existente na cidade de Campinas relativo a gastronomia e a intenção de contribuir com o desenvolvimento nos eixos cultural e turístico em áreas pouco valorizadas no centro histórico de Campinas. Através desse potencial encontrado no município, a proposta de projeto é relacionar a gastronomia com a cultura da cidade, atingindo áreas como educação e economia, além do eixo social, a fim de trazer um novo tipo de equipamento à cidade. Inserido no centro histórico de Campinas, o projeto tem como intuito a valorização de edifícios patrimoniais que possuem relação com a história da cidade mas que atualmente encontram-se subutilizados e em mau estado de conservação. Nestes edifícios, será proposto a requalificação e junto ao complexo gastronômico, busca-se a atração da população nesses espaços. Nesse sentido, o projeto terá como base arquitetônica a busca da valorização e conexão com os edifícios patrimoniais ali existentes. Buscando relacionar o patrimônio histórico e a gastronomia, Raul Lody cita: “ Sendo a cozinha um microcosmo da sociedade e uma fonte inesgotável de saberes históricos, é importante que algumas das suas produções sejam consideradas como patrimônio gustativo da sociedade. Por tudo que venham a representar do ponto de vista do original e de criativo, que permitem destacar
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as identidades locais e regionais, certos pratos podem ser considerados como bens culturais, como lugares de memória, como patrimônio imaterial.” (LODY, 2008 pg. 20). No contexto histórico e cultural, levando em consideração que a cidade de Campinas antigamente era polo cafeeiro, onde havia várias fazendas dedicadas única e exclusivamente ao cultivo do café e que movimentava a economia da região, o centro gastronômico conta com um café (padaria), no sentido de contar a história da cidade, trazendo a importância tanto do patrimônio material quanto imaterial. Outro ponto que busca-se atingir é o conceito educacional e social, através de uma diretriz projetual de uma escola profissionalizante que atua em cursos de capacitação atendendo também jovens de baixa renda. Trata-se de um complexo no qual além de possuir uma escola profissionalizante de pequeno porte, conta com espaços de lazer e convivência. O resultado é um empreendimento singular no município que une tanto o lazer, onde se encontram espaços para a apreciação da culinária em diferentes perfis, como também no que diz respeito ao aprendizado e discussão das técnicas da gastronomia, estando esses elementos ligados ao turismo da cidade. No sentido social, um exemplo que auxiliou na determinação do projeto foi a organização Gastromotiva, fundada pelo chef de cozinha e professor David Hertz que atua no conceito de “gastronomia social”, promovendo cursos para
jovens de baixa renda, habilitando-os para trabalhar em cozinhas, empregandoos e indicando negócios com missões semelhantes. Outras instituições que atuam nesse sentido é o La Cocina (EUA) – ONG que cede seu espaço para que mulheres de baixa renda e imigrantes tenham onde preparar seus produtos, além de ajudar na formalização de suas microempresas. Nos últimos anos a gastronomia tornou-se um importante atrativo turístico, principalmente no que diz respeito à atrativo turístico- cultural, tendo em vista que os hábitos alimentares de um povo e os seus modos de fazer identificam e expressam a identidade de uma comunidade. Fica claro que a relação entre a gastronomia e o turismo acontece decorrente das mais variadas formas de atrativos para a sua realização. A alimentação se destaca com grande importância cultural no sentido de representação social da cidade, além de ser fonte rentável para a economia.
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Objetivos
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Objetivos Gerais e Específicos OBJETIVOS GERAIS A proposta de projeto é relacionar a gastronomia com a cultura de Campinas, combinar usos de comercio e lazer, afim de atrair a população e criar um novo tipo de equipamento à cidade. A ideia é de proporcionar mais vivência na área central, no sentido de criar um espaço que englobe atividades de educação, cultura e lazer, atraindo mais pessoas de diversas idades e estilos a ocuparem espaços subutilizados do centro histórico de Campinas. Ao conectar a população com equipamentos públicos históricos, busca-se gerar uma valorização dos edifícios patrimoniais ali existentes. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos propostos através da implantação do projeto são: • Diretriz de uma escola profissionalizante na área de gastronomia; • Criar um espaço para a apreciação da culinária em diferentes perfis com áreas de lazer e convivência; • Relacionar o complexo gastronômico com a cultura e história de Campinas; • Valorizar os edifícios patrimoniais subutilizados do entorno através de uma revitalização e conexão com o projeto.
Ă rea de Estudo
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Campinas: Açúcar, Café e Industria Localizada no Brasil, a cidade de Campinas encontra-se dentro do estado de São Paulo, à 99km da capital, ocupa uma área de 797,6km², sendo 238,323km² em perímetro urbano e os 559,227 km² restantes constituindo a zona rural com uma população de aproximadamente 1.204.073 habitantes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)-2019. Reconhecido pelo IBG, Campinas passou a ser caracterizada como metrópole, pois possui diversas empresas e instituições públicas multilocalizadas, além de possuir grande atratividade para bens e serviços.
Imagem 01 - Hierarquia Geogárica - Brasil, São Paulo, Campinas. Fonte Suzana Scaravatti
Devido aos impulsos da expansão econômica mineira que eram exercidos pela Monarquia Portuguesa, surgiram os primeiros registros territoriais de
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Nasce a cidade de Campinas no entorno da estrada que liga SĂŁo Paulo a JundiaĂ. Primeiros engenhos da cana de açúcar.
Estruturação dos primeiros equipamentos públicos como hospitais, escolas e inicio das atividades de comÊrcio. 1872 - Cia. Paulista e Mogiana de Estradas de Ferro; 1868 – fundição lidgerwood manufacturing 1890 – inicio da estabilização da produção cafeeira. 1897 – Queda dos preços do cafÊ 1889-1897 - Surto de febre amarela, urbanismo sanitarista e primeiras açþes de segregação socioespacial
Campinas. Nesse momento, foram construĂdos diversos pousos utilizados para abastecimentos das caravanas para registro das taxas que incidiam sobre o minĂŠrio extraĂdo. Inicialmente conhecido como o Caminho dos Guaiases, Campinas, como outras cidades, nasceu de um pouso que conectava a cidade de SĂŁo Paulo Ă JundiaĂ, em 1722. ApĂłs o declĂnio da mineração e redução do trânsito nos pousos, os primeiros moradores da cidade começaram a se instalar ao longo da estrada, formando um bairro rural afim de aproveitar as terras campineiras para cultivo do milho, feijĂŁo, cafĂŠ, mandioca, entre outros grĂŁos. Com o crescimento da população dos trabalhadores rurais, os moradores descontentes pela deficiente assistĂŞncia espiritual, presente somente na cidade de JundiaĂ, reivindicaram em 1773 a construção da Igreja Matriz. AtravĂŠs de uma licença de capela provisĂłria, em 1774 foi construĂda uma pequena capela de paus roliços e cobertura de sapĂŠ, situada onde se acha erguido o monumento
a Carlos Gomes. “Neste momento, a cidade começa a se estabilizar e o sesmerio Barreto Leme se tornou responsĂĄvel por fomentar a criação do povoado, delimitando quadras segundo as orientaçþes urbanĂsticas recebidas do Governador da Capitania, e doando sua prĂłpria terra para o novo logradouro pĂşblico, chamado de Largo do RosĂĄrio.â€? (BadarĂł, 1996 pg. 20) Na ĂŠpoca, a cidade de Campinas possuĂa uma população pobre, era habitada por trabalhadores rurais e tinha um pequeno centro religioso provisĂłrio. A situação passou a se modificar apĂłs a introdução da lavoura da cana-de-açúcar. Elevada Ă Vila em 1797, foram delimitados os territĂłrios da cidade e com o aumento dos preços do açúcar na Europa, gradativamente foi transformada a economia e a imposição da agroindĂşstria do açúcar voltada para exportação, o que modificou os hĂĄbitos e deu inĂcio aos traços da riqueza da cidade. Neste momento, instalavam-se os grandes engenhos constituĂdos na reuniĂŁo de
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Centro se transforma em novo eixo industrial pela ampliação das industrias na cidades da região e a ligação entre elas pela estação fepasa. Caracterização comercial da rua 13 de maio como via para pedestre. E umento do fluxo migratório åra a årea central. Alargamento de vias (Lei 640/1951) e valorização de imóveis nas åreas centrais.
Globalização; empresas de alta tecnologia; shoppings, Loteamentos fechados e condomĂnios, principalmente no vetor Norte/Leste do municĂpio.
pequenas propriedades rurais da regiĂŁo. AtribuĂdo pelo conselho, o arruamento era feito atravĂŠs da abertura de novas ruas ou o prolongamento das existentes, era concedido terrenos aos que pretendiam construir, afim de intensificar a ocupação da ĂĄrea pĂşblica. As esquinas eram oferecidas aos senhores mais importantes. Nos campos foram concedidas ĂĄreas amplas para pequenos agricultores, afim de estimular a dedicação ao plantio. “Posteriormente, as obras da Catedral (1807-1833), do Teatro SĂŁo Carlos (1814), da Igreja do RosĂĄrio (1817) e a construção da casa do Conselho e Cadeia ( entre 1825-1830) atraĂram o comĂŠrcio mais requintado que se estabeleceu ao longo da rua Direita, no largo do RosĂĄrio que, jĂĄ entĂŁo se definia como centro da cidade.â€? (BadarĂł, 1996 pg. 23). A economia dominante atĂŠ a dĂŠcada de 1840 era da agroindĂşstria do açúcar, o que caracterizava a organização espacial e funcional da vila, possuĂa cunho
administrativo e religioso, complementando a vida dos engenhos centrados na fazenda. No começo do sĂŠculo XIX, a partir de 1835, a produção do cafĂŠ para exportação tornou-se significativa para Campinas. A fertilidade das terras campineiras junto aos preços internacionais do cafĂŠ atraĂram a mudança da vila do açúcar para a cidade do cafĂŠ e foi tomando conta da infraestrutura jĂĄ existente dos engenhos de cana-de-açúcar, da mĂŁo de obra escrava e das vias abertas atĂŠ a capital. Em pouco tempo, o cafĂŠ impulsionou um novo ciclo de desenvolvimento da cidade. A partir da economia cafeeira, Campinas passou a concentrar um grande contingente de trabalhadores. A cidade começava a experimentar um intenso percurso de modernização dos meios de transporte e produção de vida. Os intitulados “BarĂľes do CafĂŠâ€? formavam verdadeiras micro vilas em suas fazendas. Surgiram teatros, escolas, desenvolvimento das artes, modernização arquitetĂ´nica, armazĂŠns com gĂŞneros importados e uma sĂŠrie de itens que
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Imagem 02 - Primeiro Mapa de Campinas-1850. Fonte: http://www.campinasvirtual.com.br/
trouxeram grande progresso para a população rural do Estado. Campinas chegou a ser a maior cidade exportadora do produto no paĂs devido ao solo plano e mais rico, o que movimentava a economia da regiĂŁo. O processo de industrialização que a cidade sofreu apĂłs essa ĂŠpoca, foi viabilizado pelo desvio na apropriação e no destino do capital cafeeiro que atingiu as ferrovias, bancos e empresas de serviços pĂşblicos. As ferrovias passaram a exercer uma grande influĂŞncia na geografia econĂ´mica urbana e cultural da cidade. A sua constituição atravĂŠs da mobilização do capital regional marcou o inĂcio de importantes empreendimentos do setor industrial, gerando demandas e concentrando excedentes de capital e divisas nas mĂŁos de uma elite sempre interessada em bons investimentos industriais, quando o cafĂŠ perdia preço no mercado. O surgimento das primeiras indĂşstrias em Campinas coincidiu com a expansĂŁo da lavoura cafeeira e com a consequente vinda dos primeiros imigrantes
Imagem 03 -Largo do Carmo - 1900 . Fonte: http://www.campinasvirtual.com.br/
europeus. Valeu-se especialmente da experiĂŞncia da colĂ´nia alemĂŁ e do capital dos fazendeiros do cafĂŠ. A oficina da Cia. Mogiana, das mais completas do paĂs, produzia peças, concertava e montava vagĂľes. Situada na Vila Industrial onde o prolongamento de seus trilhos conectava com a Cia. Paulista, foi em grande parte responsĂĄvel pela evolução daquele bairro, que a partir de entĂŁo receberia uma crescente população operĂĄria. Estimuladas pelo crescente mercado regional, outras indĂşstrias fabricavam massas alimentĂcias, cervejas, tecidos, artigos de couro e sabĂŁo, reunindo na cidade cerca de 2000 operĂĄrios. A estrada de ferro reforçou a tendĂŞncia industrial e operĂĄria e determinou o surgimento da vila industrial. Este foi o bairro escolhido para moradia dos ferroviĂĄrios . No ano de 1888 a libertação dos escravos contribuiu para a aumentar a
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Imagem 04 -Estação da Cia Paulista - 1952. Fonte: http://www.campinasvirtual.com.br/
população urbana, pois grande nĂşmero de negros se transferiram das fazendas para a cidade. O crescimento rĂĄpido, fazia a cidade encarar questĂľes bĂĄsicas de saneamento. As instalaçþes prediais de ĂĄgua encanada nĂŁo estavam concluĂdas, nĂŁo havia esgoto e os arruamentos esbarravam nos brejos e cĂłrregos que envolviam a cidade. A partir de 1889, trĂŞs surtos consecutivos de febre amarela assolaram a cidade de Campinas, interrompendo a longa fase de prosperidade que a havia colocado como a principal força econĂ´mica da provĂncia. A população decresceu bruscamente, instalando-se na cidade uma situação de medo e calamidade que levou a intendĂŞncia municipal a propor medidas de higiene e controle da saĂşde pĂşblica, apressando as obras de saneamento bĂĄsico. Nessa ĂŠpoca foram retomadas com rigor as obras de infraestrutura e em 1891 e 1892 a Cia. Campineira de Ă guas e Esgotos concluiu a instalação para
Imagem 05 -Rua BarĂŁo de Jaguara - 1980. Fonte: http://www.campinasvirtual.com.br/
abastecimento predial de ĂĄgua e para a destinação de esgotos sanitĂĄrios. A lei n° 43 de 1894, regulamentada em 1896, estabeleceu para edificaçþes no perĂmetro urbano, normas de higiene e solidez que construĂram no primeiro cĂłdigo de Construçþes da cidade. A partir de 1897, Campinas voltou ao normal, readquirindo em 1900 a população urbana de 19mil habitantes. A crise apĂłs a queda de valores da bolsa americana em 1929, produziu um grande abalo financeiro, especialmente nos setores vinculados ao cafĂŠ, o que impulsionou a industrialização no Brasil e refletiu na cidade campineira, tornando-se uma cidade com economia predominantemente industrial. Relacionada a economia cafeeira, a industrialização de Campinas teve predominância no fornecimento de mĂĄquinas e implementos agrĂcolas destinados a plantação, colheita e beneficiamento do cafĂŠ. Os fatores que contribuĂram para a implantação de indĂşstrias em Campinas tem
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Imagem 06 -Mapa de Campinas - 1900 Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br/
relação Ă proximidade da capital e das facilidades de transporte proporcionadas pelo entroncamento ferroviĂĄrio jĂĄ instalado. O crescimento populacional da cidade rĂĄpido e desordenado, justificaram, em 1934, a contratação do Plano de Melhoramentos Urbanos – Destinado a conduzir a configuração do espaço urbano relacionado ao desenvolvimento industrial. Entre as dĂŠcadas de 1930 e 1940, portanto, a cidade de Campinas passou a vivenciar um novo momento histĂłrico, marcado pela migração e pela multiplicação de bairros na proximidade das fĂĄbricas e das grandes rodovias em implantação – Via Anhanguera (1948), Rodovia Bandeirantes (1979) e Rodovia Santos Dumont (dĂŠcada de 1980) Durante a dĂŠcada de 50, a Estação FEPASA foi desativada para uso de passageiros teve os seus edifĂcios subutilizado, mudando as caracterĂsticas de movimento da cidade e passando a ser pouco frequentado e com mau estado de preservação, o
Imagem 07 - Praça JosÊ Bonifåcio (Largo da Catedral) - 1924 Fonte: http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com
que refletiu tambĂŠm nas antigas fĂĄbricas do entorno, deixando de exercer suas funçþes primĂĄrias e apresentando estados de degradação e desuso. Anos depois, em 1980 a Estação FEPASA passou por uma grande reforma e reconhecido como patrimĂ´nio atravĂŠs de um processo de tombamento realizado pelo CONDEPHAAT, juntamente com outros prĂŠdios do entorno. Contraditoriamente do processo de tombamento teĂłrico que exige a valorização do patrimĂ´nio e uso adequado do edifĂcio, os patrimĂ´nios continuaram subutilizados e suas estruturas foram comprometidas. A ĂĄrea de implantação do projeto ĂŠ localizada nesse cenĂĄrio. Um terreno e um edifĂcio patrimonial abandonados entre a Rua General OsĂłrio e suas perpendiculares Avenida Andrade Neves e Rua Lidgerwood.
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Imagem 08 -Av. Andrade Neves - 1940 Fonte: http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com
Imagem 09 - Ponte Sobre Rodovia Dom Pedro I - 1977 Fonte: http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com
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Ă rea de Estudo
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04.1
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Análises do Entorno O Lote escolhido para a implantação do projeto está localizado na região central da cidade de Campinas, margeada por vias de grande importância que possui um alto fluxo de veículos e pedestres: a Avenida Andrade Neves, Avenida Campos Sales, Rua Lidgerwood e a Rua General Osório. De acordo com a lei de zoneamento, prevista no site da prefeitura, visto que o terreno está localizado em uma área envoltória de preservação de patrimônio, é permitido apenas construções térreas. Por esse motivo, para que seja possível abrigar todas as atividades pretendidas e a criação de áreas verdes para convivência e lazer, optou-se por utilizar o edifício da antiga fábrica Mac-Hardy, ao lado do terreno, a partir de uma diretriz projetual que propões a implantação de um espaço educacional voltado a gastronomia. Dessa forma, busca-se contribuir com a preservação do edifício atribuindo um novo uso e a revitalização do mesmo.
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Imagem 10 - Mapa de Localização do Terreno. Fonte: Suzana Scaravatti 04/2020.
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Escolha do Lote O principal motivo pela escolha dos lotes é a necessidade de se revitalizar essa avenida, com o foco de atingir o eixo cultural e histórico da cidade. O local conta com importantes patrimônios que se encontram em mal estado de conservação e estão subutilizados. Através da proposta de revitalização desses espaços e a implantação do complexo gastronômico, espera-se trazer mais vida ao local devido a inserção de um equipamento cultural e comercial. A partir dessa intervenção pontual, espera-se a atração e permanência de pessoas, diversificando o foco da avenida que é composta por áreas de comércio solidificados, serviços e saúde. Com a variação de usos, o estimulo do fluxo de pedestre e à dinamização de ocupação, o intuito é de gerar melhorias no espaço público como um todo. Além disso, é um local muito atrativo e de fácil acesso, pois está próximo ao corredor central e dos terminais central e rodoviário.
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Imagem 11 - Mapa de Hierarquia de vias. Fonte: Suzana Scaravatti 04/2020.
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Hierarquia das Vias O local de estudo apresenta grande concentração de avenidas importantes por se localizar no centro da cidade de Campinas, por esse motivo encontra-se a conexão dos principais eixos da cidade. Muitas vias arteriais cruzam os bairros conectando-os à pontos de transporte públicos como no caso da Avenida Moraes Sales, Avenida Andrade Neves e Avenida Benjamin Contant. Essas vias apresentam fluxo intenso. Existem Vias com grande índice de fluxo de pedestre, como a Rua 13 de Maios que se caracteriza pelo extenso calçadão e a Rua Lidgerwood que conecta a estação rodoviária com a 13 de Maio.
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Imagem 12 - Mapa de Transporte PĂşblico - Sem escala. Fonte: Suzana Scaravatti 04/2020.
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Transporte Público A estrutura viária que permeia a área, por contar com 3 Estações rodoviárias na região, apresenta um grande fluxo de transporte público, em sua maioria nas principais vias que conectam a RMC. A Rotula Central, que conta com os principais pontos de interesse do centro de Campinas, apresenta grande fluxo de transporte público nas principais vias. Outras Avenidas com grande concentração de transportes públicos são as Avenidas mais largas como Andrade Neves e Avenida Moraes Sales.
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Imagem 13 - Mapa de Uso e Ocupação- Sem escala. Fonte: Suzana Scaravatti 04/2020.
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Uso e Ocupação A malha de ocupação da região central de Campinas apresenta uma grande diversidade. Conta com a predominância do uso comercial, principalmente na região da rótula central. Usos institucionais e de serviço são encontrados em maior quantidade próximos as avenidas principais. Na área da Vila industrial a predominância é residencial, mantendo muitos edifícios antigos desde a sua construção. É possível notar a caracterização de diferentes polos na região central, devido a desconexão gerada pela grande área da estação Fepasa. Dessa forma, não existem acessos seguros que conectam as duas esferas do local. Diversas áreas nessa proximidade percorrendo até a região norte do recorte encontram-se subutilizadas, existindo pontos de drogas e prostituição nesses locais.
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Imagem 14 - Mapa de Gabarito - Sem escala. Fonte: Suzana Scaravatti 04/2020.
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Gabarito A paisagem urbana da região central é bem diversificada, levando em consideração que os primeiros edifícios institucionais, residenciais, comercias e o início da cidade ocorreu nesse local. As leis de zoneamento determinam o gabarito máximo para preservar a caracterização e visibilidade de área como um todo. Nota-se que edifícios mais altos são presentes na área da rótula central onde o uso é predominantemente comercial e o restante da região apresenta gabarito mais baixo, salvo algumas exceções pontuais.
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Imagem 15 - Mapa de Equipamentos PĂşblicos - Sem escala. Fonte: Suzana Scaravatti 04/2020.
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Equipamentos Públicos Á área analisada não apresenta diversidade de atividades de interesse público, em específico de lazer. Contém apenas um teatro que está localizado na região da Vila Industrial, porém devido a barreira existente através da linha de ferro e estação Fepasa, o local não possui fácil acesso. Outro equipamento voltado ao lazer é a estação cultura, que possui algumas atividades porém não é muito frequentado. A Avenida Andrade Neves é caracterizada pela presença de hospitais e clínicas. Nota-se poucas áreas demarcadas como praças, em sua grande maioria apresenta poucos mobiliários públicos e sem uso.
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Imagem 16 - Mapa de PatrimĂ´nios - Sem escala. Fonte: Suzana Scaravatti 04/2020.
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Patrimônios Caracterizada por ser o centro histórico do Município, a área apresenta diversos edifícios tombados e em processo de tombamento. Nesse local existiu importantes construções que caracterizaram o desenvolvimento econômico da cidade, iniciando-se pela estação de trem que ali existiu. Nota-se que existe uma grande mancha denominada como área de preservação que define a paisagem da cidade através de legislações criadas por órgãos como CONDEPACC e CONDEPHAT.
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Imagem 17 - Mapa de Grau de Preservação de Patrimônios - Sem escala. Fonte: Suzana Scaravatti 04/2020.
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Preservação dos Patrimônios Os patrimônios inseridos nas regiões de predominância comercial são mais frequentados e apresentam usos como comércio ou serviço, dessa forma, tornase um ponto de interesse e são, consequentemente, mais bem preservados. A exemplo disso, podemos notar que o Hospital Beneficência Portuguesa, a Catedral metropolitana e o Mercado Municipal de Campinas apresentam bom estado de preservação. Por outro lado, nos locais subutilizados e localizados em áreas vazias da região, não possuem fiscalização e abrigam usuários de droga. Apresentam fachadas com pichações e em alguns casos não possuem estruturas básicas como telhado.
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Imagem 18 - Mapa de Zoneamento - Sem escala. Fonte: Suzana Scaravatti 04/2020.
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Zoneamento A legislação incidente destina maior parte do zoneamento para uso misto, permitindo em sua maioria áreas de comercio, serviço, institucional e industrial. O zoneamento caracterizado pela área da estação Fepasa (ZM2) não atinge o mínimo de habitação pois em sua maior parte não apresenta edificações e é subutilizada. Visto que a maioria das edificações são antigas, não apresentam as diretrizes presentes no zoneamento. Pode-se notar que os recuos não são obedecidos na maior parte do recorte urbano analisado, alterando assim a morfologia no local. O terreno escolhido para projeto se insere na Macrozona de estruturação urbana, o zoneamento possibilita a implantação de comercio e instituição, permite ainda o uso de alta incomodidade. Porém, visto que se insere no entorno de patrimônios tombados, apresenta legislação diferenciada devido a área de preservação que permite apenas construções térreas.
PatrimĂ´nios
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Patrimônios Quando falamos em centro histórico, devemos pensar que isso significa uma forma de escrever história, tratando-se de um processo de memorização individual e coletiva. A memória da arquitetura urbana cumpre o papel de reproduzir as experiências construídas por uma sociedade, isso inclui influências, cultura, economia, gestão de trabalho, desenvolvimento e outros fatores. Ao se contemplar um espaço de relevância histórica, esse espaço evoca lembranças de um passado que é capaz de produzir sentimentos e sensações que parecem fazer reviver momentos e fatos que ali existiram, fundamentam e explicam a realidade presente. Essa memória pode ser despertada através de edificações e de monumentos que, em sua materialidade, são capazes de fazer rememorar a forma de vida daqueles que o utilizaram no passado. Cada edificação, portanto, carrega em si não apenas o material de que é composto, mas todos os significados e vivências ali experimentados. A história de preservação dos patrimônios da cidade de Campinas passou por diversos processos bastante particulares. A criação de um órgão de preservação da memória da cidade de acordo com o jornal “O Estado de São Paulo” do dia 10 de maio de 1978, foi sugerida pelo vice-prefeito José Roberto Magalhães Teixeira. Campinas possuía riquíssimas fazendas de café, casarões e vilas operárias, o incomparável complexo ferroviário, as áreas naturais e seria referência internacional na preservação do patrimônio cultural e natural.
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Marcada pelas iniciativas do movimento modernista e o crescimento desordenado da cidade, junto ao plano de Melhoramento Urbano no século XX, parte considerável do patrimônio urbano histórico, fundamental para a memória do município, foi destruído, alterando de forma radical a morfologia urbana. Em 1979, foi criada uma lei em defesa ao patrimônio histórico de Campinas, porém, implementar uma política de preservação do patrimônio cultural passa antes pela via política, portanto, é necessária a vontade pública para que seja realizada. Nesse contexto, a lei de 1979 foi inoperante. No caso de Campinas houve muita pressão da comunidade para que a iniciativa política se consolidasse. Exemplo disto é o abraço ao Lidgerwood, edifício que abrigou uma das primeiras indústrias de máquinas agrícolas de Campinas. Moradores, comerciantes e estudantes fizeram um ato público pela preservação deste patrimônio histórico ameaçado de demolição pelas obras municipais de interligação do sistema viário Aquidaba-Suleste. Devido a falta de legislação e políticas para o entorno de um edifício tombado, durante a implantação da rodoviária de Campinas, muitas casas da vila operária que existiam nesse local foram demolidas, e assim, do grande complexo ferroviário agora temos fragmentos. Perante a necessidade de se implementar um órgão dedicado à preservação cultural com estrutura inclusiva ao acesso público a respeito dos instrumentos
de tombamento, e visto que órgãos como o IPHAN e CONDEPHAAT tinham a necessidade de uma gestão compartilhada de bens e de suas áreas envoltórias, em 1987 foi criado o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Cultural de Campinas (CONDEPACC) A iniciativa da criação do CONDEPAAC foi promovida por um grupo de arquitetos, no ano de 1978. Foi publicado em jornal a preocupação quanto à preservação da Academia Campinense de Letras perante as novas construções da área envoltória.
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Imagem 19 - Abraço à antiga fábrica Lidgerwood Fonte: Correio Popular 06/1987. Biblioteca do Centro de Memória da UNICAMP.
Imagem 20 - Foto aérea do centro de Campinas-1967. Fonte: Revista Manchete. COSTA, A. 10/1967. Biblioteca do Centro de Memória da UNICAMP.
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Imagem 21- Jornal de Campinas de 25 de agosto de 1889 Fonte: Centro de Memória da UNICAMP - CMU
Imagem 22 -Almanach Histórico de Campinas em 1912 Fonte: Centro de Memória da UNICAMP - CMU
CONDEPACC: Processo de Tomabmento 25/05 - Resolução n° 99 de 01/06/10. No ano de 1875, o mecânico vindo da Escócia, Guilherme Mac Hardy, fundou um estabelecimento para fabricação de máquinas de beneficiamento de café e outros utensílios, ferramentas e implementos voltados a lavoura. Em 1880 as instalações foram ampliadas após uma organização de sociedade com John Ross, vindo da Inglaterra e Joseph Sims, brasileiro. Estabelecendo-se inicialmente na Av. Campos Sales (anteriormente conhecida como Rua Bom Jesus), após expansão, a fábrica mudou-se para a Av. Andrade Neves, n°1 e n°15, onde foi montada uma oficina que ocupava 8.000m². Em 1883 a companhia dispunha de 145 operários, chegando no ano de 1901 á 300 operários. Os primeiros operários, tinham em sua maioria entre 11 e 19 anos e entravam a título de serviço gratuito, mas em pouco tempo estavam aptos a ganhar um salário mínimo que chegava a 2,3, e 4$000 (mil réis) diários. O papel desempenhado pela Cia Mac Hardy afetou na desvalorização das
máquinas agrícolas, que até então era monopolizada pela agência Lidgerwood. Foi criado em 1885 o Club Musical Mac Hardy, que tinha por objetivo proporcionar lazer aos empregados, porém desenvolveu uma função não só recreativa como cultural e assistencial, pois dispôs de biblioteca, sala de leitura, piano, bilhar e fez-se presente durante a recepção do imperador D. Pedro II no ano de 1886, junto a 160 operários da indústria. Durante o primeiro surto de febre amarela em 1889, Guilherme Mac-Hardy perdeu seus dois colaboradores e acabou associando-se a personalidades campineiras transformando seu estabelecimento comercial e industrial em sociedade anônima. Em 1893, Guilherme Mac-Hardy voltou à sua terra natal e no ano seguinte a companhia promoveu o loteamento do seu terreno. Na década de 1960 a Cia Mac Hardy foi assumida pelos irmãos Duarte, passando por profundas modificações em sua estrutura técnica, econômica e administrativa e em 1975
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Imagem 23 - Muro tombado - Remanescentes Mac Hardy. Fonte: Suzana Scaravatti 07/2020.
Imagem 24 - R. General Osório - Remanescentes Mac Hardy. Fonte: Suzana Scaravatti 07/2020.
encerrou suas atividades produtivas.
02
03
01 04
01 - Área de Projeto 02 - Cervejaria Columbia 03 - Cia Mac - Hardy 04 - Fábrica Lidgerwood 05 - Estação Fepasa
05 Imagem 25 - Mapeamento de patrimônios do entorno. Fonte: Suzana Scaravatti 12/2020.
05.2
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Imagem 26 - Almanach do Correio de Campinas -1886. Fonte: http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com/
Imagem 27 -Fabrica Lidgerwood -1990. Fonte: http://www.campinasvirtual.com.br/
CONDEPACC : Processo de tombamento: 03/89 Resolução n° 004 de 27/11/1990. CONDEPHAAT: Processo de tombamento: 00381/73 Resolução SC-68, de 19/12/2017. Empreendida pelo norte-americano Guilherme Van Wleck Lidwerwood, antes de estabelecer-se em Campinas, a Lidgerwood se destacava como uma das mais importantes importadoras da capital, até então localizada na cidade do Rio de Janeiro, com escritório de representação da matriz industrial nos Estados Unidos. Em Campinas, a fábrica estabeleceu-se no ano de 1864 operando no sistema de beneficiamento de café. Em 1884 foi agregado ao depósito de máquinas agrícolas uma oficina mecânica e no ano de 1886, a indústria dispunha de 85 operários que manufaturavam vinte toneladas de ferro por mês. Nesse mesmo ano, foi inaugurada uma nova oficina mecânica e uma vasta fundição de ferro e bronze à Avenida Andrade Neves n° 93. Cogitou-se também instalar nesse prédio um curso noturno de mecânica industrial prática para os empregados da fábrica. A fábrica se desenvolveu de forma que por volta de 1907, oferecia espaço
para abrigar 300 operários e possuía como complemento ao setor industrial, escritório voltado para desenho e orçamento dos projetos. Durante o surto de febre amarela, foram instalados depósitos da fábrica e oficinas na cidade de São Paulo, em 1889. Segundo Luzo e Manning, a Cia Lidgerwood, por volta de 1919 era bastante conhecida, possuía produção variada e se diferenciava por suas oficinas mecânicas. Após a epidemia da febre amarela, em 1885 foi criara a Sociedade Beneficente Lidgerwood, que prestou relevantes serviços à população campineira e teve sua colaboração com a cidade reconhecida, tendo seu nome atribuído à rua que separava a fábrica da estação da Cia Paulista de Estradas de Ferro. Guilherme Lidgerwwod voltou para sua cidade natal na Inglaterra durante a epidemia de febre amarela que assombrou Campinas e veio a falecer em 1910. Em 1990 o edifício foi restaurado e tombado pelo CONDEPACC.
Imagem 28 - Placa de Tombamento Cia. Lidgerwood. Fonte: Suzana Scaravatti 07/2020.
Imagem 30- Fachada Vista da Av. Andrade Neves. Fonte: Suzana Scaravatti 07/2020.
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Imagem 29- Fachada Esquina Vista da Av. Campos Sales. Fonte: Suzana Scaravatti 07/2020.
Imagem 31 - Perímetro de tombamento Ligerwood. Fonte: https://www.infopatrimonio.org/
05.3 46
Imagem 32 - Fachada Principal. Cervejaria Columbia. Fonte: Suzana Scaravatti 07/2020.
Imagem 33 - Detalhes construtivos e fechamento das Janelas. Fonte: Suzana Scaravatti 07/2020.
CONDEPACC : Processo de Tombamento n° 09/04 – Resolução 076, de 18/12/08. Construído em 1873, o edifício da Av. Andrade Neves foi utilizado como galpão para peças fundidas da Companhia Mac-Hardy. Após o fim da Companhia, em 1906 foi sede da fábrica de cerveja e gelo Columbia, fundada pelo italiano Angelo Franceschini. Em agosto de 1933, foi realizado pelo Jockey Club o primeiro grande prêmio do Brasil, no Rio de Janeiro. O cavalo Mossoró foi o grande vencedor da competição, tornando-se herói nacional na época em que o turfe era o esporte mais popular do Pais. Após esse fato, a cervejaria Columbia que produzia as cervejas Franciscana, Duqueza, Columbia e Negrita, lançou o seu novo produto em homenagem ao cavalo vencedor. O rótulo da cerveja escura Mossoró estampava o cavalo Campeão, produto que possuía grande nome para o Brasil. A Cerveja Mossoró foi produzida até o ano de 1957, quando a cervejaria Columbia foi comprada pela Antarctica e seu produtos foram gradativamente retirados do mercado.
Atualmente a edificação encontra-se em mau estado de preservação, sem cobertura e telhado e em total desuso. O descaso com o edifício histórico foi destaque na imprensa no ano de 2008, quando os portões foram fechados pelo presidente da associação de moradores e comerciantes da região, Flávio Costa Vieira. O local estava abandonado com entulhos e mau cheiro. Além da grande concentração de usuários de drogas o entorno apresentava uma quantidade significante de roubos e furtos. De acordo com o processo de tombamento, todos as construções existentes são de um único pavimento, variando a altura do pé direito de acordo com cada barracão. A utilização do imóvel requer reforma geral de todo o complexo de pavilhão, devido as diversas falhas além das adequações de construções a serem projetadas. Deve ser preservada a fachada, volumetria e gabarito de altura. O bem tombado caracteriza a transformação do município durante o período da chegada das ferrovias.
Imagem 34. Visca Rua. General Osório - Det. de Degradação. Fonte: Suzana Scaravatti 07/2020.
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Imagem 35 - Vista Interna da Antiga Cervejaria Columbia. Fonte: Suzana Scaravatti 07/2020.
Imagens 36 à 38 - Notícia do Correio Popular em 05/2008. Descaso com a Histório. Fonte: http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com/
Gastronomia
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06
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Gastronomia: Cultura, Turismo e Economia A gastronomia é uma arte que o êxito do seu produto final consiste na sintonia perfeita de quem executa e quem a aprecia, não é fácil compreende-la pois não está ligado apenas a um ato necessário para a sobrevivência de um indivíduo, mas faz parte de uma rotina e da história de quem a criou. Ao longo dos anos, a gastronomia é conhecida como um conjunto de práticas multiculturais de uma população. A evolução da gastronomia teve início ainda no período medieval, a partir da prática da caça até a produção do alimento. Técnicas foram desenvolvidas, bem como formas de manipulação e conservação dos alimentos. A alimentação está além da necessidade de saciar a fome, ela é estética e filosófica, representa uma população tanto quanto a arte, pintura, peças de teatro ou arquitetura. Segundo Montanari: “A invenção não nasce apenas do luxo e do poder, mas também da necessidade e da pobreza- e esse é, no fundo, o fascínio da história alimentar: descobrir como os homens, com o trabalho e com a fantasia, procuraram transformar as mordidas da fome e as angústias da penúria em potenciais oportunidades de prazer..” (MONTANARI, 2008, pág. 41) A gastronomia se localiza no eixo cultural de uma sociedade, pois envolve práticas e hábitos alimentares pontuais para construção da identidade de um lugar e, por este motivo, ela já é considerada um patrimônio. É também através da alimentação que grupos se distinguem, através do preparo dos ingredientes,
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da apresentação ou da história que envolve a construção e caracterização do alimento. Nesse sentido, a gastronomia é uma prática que vai além do fato de preparar o alimento, ou seja, nela estão impressas características da identidade do local em que é realizada. É esta identidade impressa no fazer gastronômico que muitas vezes impulsiona o turista a se deslocar a determinado lugar. Por esse motivo, os investimentos em áreas relacionadas ao turismo gastronômico estão em constante crescimento, pois ela aproxima o turista da cultura do local visitado além de estimular a capacidade de gerar receita e empregos no local em que se manifesta. “O alimento não é simplesmente um objeto nutritivo que permite saciar a fome, mas algo que também tem um significado simbólico em uma determinada sociedade. Partindo de elementos similares, distintas culturas preparam sua alimentação de diversas formas. Essa variedade na preparação dos pratos está condicionada pelos valores culturais e códigos sociais a partir dos quais as pessoas se desenvolvem.” (Schluter,2003, Pg. 16) Outro ponto que impõe a identidade local na alimentação se dá ao fato que de as sociedades geralmente utilizam para preparar seus pratos elementos desenvolvidos na área em que residem, dessa forma é polarizado uma certa afetividade e o enfoque simbólico que dá origem a cultura presente na gastronomia. Entretanto, para haver sucesso da gastronomia dentro do setor do turístico,
existem diversos fatores a se considerar, os gestores e empreendedores devem buscar meios para atrair tanto o turista quanto o anfitrião para o consumo. Devem ser considerados pontos estratégicos como a preservação da cultura local e a participação direta da comunidade, afim de destacar a tradição de todo o processo. Para se desenvolver no setor turístico, o local pode recorrer a algumas estratégias, como: um cardápio diferenciado e com qualidade, pela localização próximo a outros pontos de interesse turístico, ou o uso da tematização do estabelecimento, bem como a cozinha típica e elementos da região. É necessário também pensar no entorno e no conjunto de elementos que potencializaria o uso do local junto a gastronomia, como a ambientação e espaços de convivência, visto que a alimentação raramente é um ato que se faz sozinho. A comida e a bebida são, em geral, atos sociais entre amigos e famílias que se reúnem no entorno de uma mesa, produzindo assim uma interação social. De acordo com uma publicação sobre a salvaguarda do patrimônio imaterial, a UNESCO reafirma essa necessidade da preservação do contexto como um todo, para que a gastronomia, como patrimônio imaterial, seja apreciada: [...] práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. (UNESCO – Convenção
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para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, 2003, p. 1) Portanto, é importante que além da gastronomia, a comunidade esteja diretamente envolvida para que o intercambio cultural seja estabelecido e o patrimônio imaterial mantido.
Gastronomia
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06.1
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Campinas Como Polo Gastronômico A atividade gastronômica e turística em Campinas se destaca cada vez mais. Atualmente, a cidade apresenta diversas opções gastronômicas, desde a culinária típica, como italiana, árabe, francesa, japonesa, alemã, feijoada brasileira, além da cozinha caipira regional, petiscos, iguarias da culinária local e também pratos sofisticados, o que caracteriza a cidade entre os polos gastronômicos do país. O turismo junto a gastronomia, vem se consolidando como atividade econômica bastante significativa devido aos investimentos realizados pelo poder público. Desde 2018, Campinas é associada a uma organização de cunho empresarial que visa o setor de alimentação fora do lar (AFL), que tem como objetivo facilitar o empreender no setor alimentício, a ABRASEL - A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes. De acordo com o Prefeito Jonas Donizete, a ABRASEL na região de Campinas representa o conselho de turismo e busca o fortalecimento da economia através do eixo gastronômico. O aumento do interesse da população por eventos gastronômicos também demonstra que Campinas trabalha para ser o maior centro gastronômico do interior do Estado de São Paulo, realizando com o apoio da Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e de Turismo e da Secretaria de Cultura, eventos voltados a grastronomia. Como exemplo, um evento de sucesso que ocorre na cidade é o “Chefs na Praça”, que em 2019 contou com a presença de 25 mil visitantes. A primeira edição do
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Chefs na praça, aconteceu há sete anos e desde então reúne a alta gastronomia na Praça Carlos Gomes e tem a proposta de valorizar a gastronomia local, utilizando o espaço público para colocar os chefs e restaurantes da região ao alcance da população, oferecendo pratos a preços acessíveis. Outro importante festival gastronômico de Campinas é localizado em Sousas e Joaquim Egídio. O festival de Inverno é uma iniciativa da ADEGAS – Associação dos Dirigentes de Estabelecimentos de Gastronomia – núcleo de Sousas e Joaquim Egídio, é considerado um dos mais importantes eventos do calendário anual da cidade de Campinas, no quesito gastronomia. Conta ainda com o apoio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Social e de Turismo, da Secretaria de Cultura e também da Subprefeitura de Sousas e Joaquim Egídio. Campinas segue à risca as tendências mundiais, com restaurantes tradicionais e também contemporâneos. O eixo gastronomico contribui diretamente no setor econômico, sendo possível observar a interferência desse segmento através das diversas opções que o município apresenta. Os dois maiores shoppings de Campinas têm pelo menos 21,6% do total de lojas ocupadas por opções de alimentação, entre elas, restaurantes, lanchonetes, sorveterias, cafés, docerias e bares. Outro fato que deve-se considerar são as universidades de Campinas que aumentam o público para estes empreendimentos, sobretudo bares e
restaurantes. Em locais como Barão Geraldo, conhecido por abrigar umas das mais importantes universidades brasileiras, a UNICAMP, existe uma grande quantidade de estabelecimentos voltados a vida noturna, como o Empório do Nono, Almanaque Café, etc. Outro local importante na gastronomia Campineria é o distrito de Joaquim Egídio, que conta com muitos turistas em busca de lazer e variedades culinárias presentes nos 16 restaurantes que transforma o local em um verdade polo gastronômico da Região Campineira. Com construções históricas e bem conservadas, as atrações se alteram entre bares e opções de café da manhã, como o charmoso Café Matriarca. Revela-se ainda bairros como Cambuí e Centro, onde se encontram tradicionais bares e restaurantes, entre eles Giovannetti, Rosário. Próximos ao Largo do Rosário, todos eles guardam a memória do centro da cidade e são a cara de Campinas. A gastronomia campineira atual é um reflexo de gradativas interferências do progresso e da abertura para novidades, o que contribui com a atração da população de cidades vizinhas.
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Imagem 39 - Ocupação do centro pela cidadania: o impacto do Chefs na Praça Fonte: http://agenciasn.com.br/ - José Pedro Martins
Imagem 40 - Evento Chefs na Praça em sua 7° edição. Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br/ - Gilson Machado
Gastronomia
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06.2
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Gastronomia como Patrimônio Imaterial, Cultural e Atividade Turística A atividade turística evidencia-se como uma atividade socioeconômica e cultural que possui no elemento humano algo indispensável. Tratando-se do turismo cultural, a perspectiva do turista em busca de uma experiência que lhe acrescente é imprescindível, de uma forma que além do olhar para o outro, ele possa vivenciar e experiência do outro. A alimentação e o ato de se alimentar, é uma importante manifestação cultural, em que a cozinha é um símbolo da cultura, da memória e a identidade de um povo. De acordo com Paulo Solmucci, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL): “ A arte de combinar os ingredientes com os temperos, os rituais de preparar e servir, e o prazer do convívio à mesa, tudo se inscreve no universo mais amplo da herança cultural, esse inesgotável conjunto de valores que determinam nossa identidade”. Por esse motivo, na atualidade, a gastronomia apresenta uma influência como patrimônio cultural imaterial, contribuindo diretamente no processo de valorização do turismo cultural, por proporcionar experiências singulares ao turista, contribuindo na preservação das cozinhas regionais. No Brasil, a cultura alimentar além de diversificada, carrega a história e formação de seu povo, motivo de extrema importância em identifica-la, reconhece-la e principalmente preserva-la, considerando as particularidades do território nacional. O alimento constitui uma categoria histórica, pois os padrões de permanência
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e mudanças dos hábitos e práticas alimentares têm referências na própria dinâmica social. Os alimentos não são somente alimentos. Alimentar-se é um ato nutricional, comer é um ato social, pois constitui atitudes ligadas aos usos, costumes, protocolos, condutas e situações. Nenhum alimento que entra em nossas bocas é neutro. A sensibilidade gastronômica e história explica e é explicada pelas manifestações culturais e sociais como espelho de uma época. Neste sentido, o que se come é tão importante quanto quando se come, onde se come, como se come e com quem se come. Em 1995, o documento Recomendação da Europa aborda a paisagem cultural como: Caracterizada pela maneira pela qual é percebida por um indivíduo, ou por uma comunidade, testemunhando, do passado ao presente, o relacionamento entre o homem e seu meio ambiente. Possibilitando, a partir de sua observação, especificar culturas e locais, sensibilidades, práticas, crenças e tradições. (UNESCO). Em 2009, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) considerou como paisagem cultural brasileira “[...] a porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas, ou atribuíram valores.” (IPHAN, 2009). Nesse sentido, a importância da gastronomia – saberes e tradições – como bem
imaterial que possui um inestimável valor cultural, é tratada também através da Constituição Federal de 1988 em seu Artigo n. º 216 em que estabelece: “Patrimônio cultural constitui-se dos bens de natureza material e imaterial, tombados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Conforme analisado, a importância da preservação de um patrimônio afim de estabelecer o sentido cultural, seja material ou imaterial, teve como premissa no ano de 2011, o tombamento como patrimônio histórico e cultural imaterial de São Paulo o Virado à Paulista, prato tradicional da região. Baseada na afirmação de que uma receita é capaz de revelar de forma eloquente costumes, comportamentos e trajetórias de um povo, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), efetivou o tombamento do Virado à Paulista. De acordo com o professor Maurício Waldman, jornalista, antropólogo, pós doutor em Geociências pela Unicamp e emissor do parecer de tombamento, considera a importância do tombamento sob três vertentes: A vertente popular, a mestiça e a regional. Waldman argumenta: “Note-se que o Virado sempre foi um prato do dia a dia dos paulistas, mais tarde calendarizado pelo cardápio dos botecos e dos restaurantes como manjar das segundas-feiras. É igualmente mestiço por
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fundamentalmente resultar da articulação de dois acervos culturais, o indígena e o português. Por fim, é regional, pois apenas em São Paulo encontramos o Virado tal como conhecemos”. Os diferentes comportamentos alimentares caracterizam grupos e suas localidades. A contribuição de produtos alimentares regionais para o turismo não está relacionada apenas com o acolhimento de turistas na comunidade, mas também como marcas da colonização e da história brasileira. Certos alimentos, como o Virado à Paulista, podem representar uma forma de renda e representatividade para as comunidades locais produtoras, além de se fazer necessária para fortalecer como patrimônio da cozinha brasileira e compartilhados pelas gerações futuras do Brasil. A gastronomia como produto turístico pode ser compreendida por meio da valorização do patrimônio cultural das comunidades que ao longo de gerações conseguem preservar além de um legado material, seu uso pode estimular o interesse dos moradores pela própria cultura e assim, ser recuperada e preservada, contribuindo para a auto sustentação turística. Essa preservação do imaterial, deve ser valorizada em virtude da reafirmação das identidades coletivas em contrapartida às tendências de globalização, de forma que garanta sua continuidade e transmissão. Por fim, a aplicabilidade da gastronomia como movimento cultural e tendência turística torna possível a revitalização e a preservação da Avenida Andrade
Neves, junto aos patrimônios deteriorados que hoje se encontram no local. Além de possibilitar a inserção da população nas atividades recorrentes a gastronomia e educação que ali são propostas, faz com que o local, novamente, seja visto como importante ponto de convívio para a história da cidade.
ReferĂŞncias
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07
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Confeitaria Colombo, Rio de Janeiro
Fundada em 1894 pelos então imigrantes portugueses, Joaquim Borges de Meireles e Manuel José Lebrão. Na época, célebres da sociedade brasileira como intelectuais, políticos e artistas, usavam o espaço. A arquitetura e toda sua ornamentação do prédio nos faz referência de como teria sido a Belle Époque na então capital da República. Foi tombado em 1983 pelo Patrimônio Histórico e Artístico da cidade do Rio de Janeiro e considerado um dos bens culturais mais valiosos da cidade por manter suas tradições, desde a sua fundação. É símbolo do que representou a belle époque na vida da cidade. Sua decoração art nouveau é comparável ao que existe de mais típico e representativo dessa época nos salões europeus. Por mais de um século a Confeitaria Colombo é uma das mais respeitadas casas comerciais do país. Foi considerada uma espécie de extensão da Academia Brasileira de Letras, Devido a quantidade de influentes que frequentavam o
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local. Possui espelhos belgas, bancadas de mármore italiano, lustres e pisos intactos como eram no começo do século XX. Por toda a sua história, bela arquitetura, e comida, a Confeitaria Colombo é um dos principais pontos turísticos da cidade do Rio de Janeiro. A Confeitaria Colombo possui um Espaço Memória, destinado à sua história. O Espaço Memória possui louças, cristais e curiosidades históricas dos mais de 100 anos da Confeitaria Colombo. Analisando a trajetória do seu entorno com o seu grande conhecimento atualmente, é possível notar o quanto a preservação da história agregou no que a confeitaria é atualmente para a cultura local e o turismo da cidade. A confeitaria Colombo possui grande importância no desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro, é edifício tombado e conhecido por ter se desenvolvido sem perder a sua importância histórica, além disso, é possível notar o quanto a sua preservação agregou no que a confeitaria é atualmente para a cultura local e o turismo da cidade. É isso o que se busca ao realizar o projeto do complexo gastronômico, revitalizar os edifícios patrimoniais do entorno e trazer através do edifício a importância histórica que o local.
Imagem 40 - Fachada. Fonte: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/
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Imagem 41 - Salão Confeitaria . Fonte: http://www.confeitariacolombo.com.br/
Imagem 43 - Salão Fonte: http://www.confeitariacolombo.com.br/
Imagem 42 - Espaço Memória. Fonte: http://www.confeitariacolombo.com.br/
ReferĂŞncias
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07.1
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Espaço Gastronômico Do Forks Market, Canadá Projetado em 2016, pelo escritório Number TEN Architectural Group, assim como o centro gastronômico, o espaço Forks Market busca inspiração através do passado industrial de Forks. Dessa forma, aço forjado à mão e detalhes em madeira natural são usados para reforçar o caráter da arquitetura histórica. Os detalhes em aço forjado à mão por um ferreiro local faz referência à arte industrial tradicional. A estrutura azul turquesa existente foi pintada de cinza escuro e nova iluminação foi adicionada para valorizar o caráter e materialidade dos edifícios originais. Novas mesas com bases de aço e assentos circulares giratórios fazem uma releitura dos bancos de uma fábrica, relacionando o Forks Market como um lugar industrial da virada do século.
Imagem 44 - Detalhe. Fonte: https://www.archdaily.com
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O espaço gastronômico dá vida nova a um dos espaços públicos mais importantes e queridos de Winnipeg. Um lugar para as pessoas se reunirem e relaxarem com seus amigos e entes queridos. O projeto visa redefinir o interior antigo como um moderno espaço gastronômico e espaço para eventos. No desenvolvimento do projeto, era importante apoiar tanto as várias funções do espaço público quanto a rica história do lugar. Por centenas de anos, o Forks tem sido um lugar de encontro e comércio. A partir do final do século XIX em diante, o local foi usado como um pátio ferroviário. As duas estruturas de tijolos, que formam hoje o mercado, já foram lojas de máquinas para veículos de carga e reparação de ônibus, e mais tarde estábulos para as empresas ferroviárias. Um espaço de átrio foi construído no final dos anos 1980, ligando as duas estruturas históricas para criar o edifício do Forks Market, estabelecendo um destino de compras e alimentação. O Forks atuou como um espaço de encontro e comércio ao longo de sua rica história. Nossa esperança é que o renovado espaço gastronômico traga uma nova energia para o espaço, ajudando esta tradição a continuar por muito tempo no futuro.
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Imagem 45 - Área de Refeição. https://www.archdaily.com
Imagem 47 - Área de Refeição Perspectiva. https://www.archdaily.com
Imagem 46 - Área de Refeição. https://www.archdaily.com
ReferĂŞncias
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07.2
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Mercado Roma, México Projetado em 2013, pelo escritório Rojkind Arquitectos, O mercado Roma, além de apresentar conceitos que se enquadram no centro gastronômico a ser projetado, traz referencias através do seu design. Concebido como um espaço para abrigar expressões da rica cultura gastronômica contemporânea e mexicana, cria uma ênfase especial no sentido de comunidade e colaboração. O espaço também é projetado para favorecer encontros, intercâmbios, interações, relações, tornando a experiência mais significativa. “Mercado Roma pretende ser um catalisador para a comunidade. O mercado procura integrar os esforços locais e iniciá-los a partir de uma plataforma contemporânea enraizada em tradições culturais e da história coletiva de uma
Imagem 48 - Interior Mercado. Fonte: https://www.archdaily.com
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nação”. Ignacio Cadena. Um espaço de tipo industrial, anteriormente ocupado pelo famoso León Bar, localizado na parte norte do bairro Roma, foi readaptado para este projeto. O nível da rua abriga cinquenta e três tendas de venda configuradas em caminhos orgânicos e fluidos, que reinterpretam a grade do mercado tradicional. Os dois níveis superiores abrigam dois restaurantes, um bar e um terraço. O projeto também inclui um espaço ao ar livre cercado por uma horta vertical
Imagem 49 - Fachada https://www.archdaily.com
totalmente funcional, a partir da qual os produtos frescos serão colhidos para serem vendidos no mercado, completando assim o ciclo de produçãodistribuição-varejo. “Nós vemos isso como uma grande oportunidade para criar um mercado contemporâneo no México, onde o conceito vai posicioná-lo como um referencial na comunidade, oferecendo produtos de alta qualidade”. Gerardo Salinas
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Imagem 51 - Fachada. Fonte: https://www.archdaily.com
Imagem 50 - Diagrama Planta. https://www.archdaily.com
Imagem 52 - Interior Restaurante Fonte:https://www.archdaily.com
Conceito e Partido
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Conceito e Partido O conceito adotado para o projeto tem como base a questão de preservar e integrar, pois o local de implantação trata-se de uma área histórica da cidade que apresenta problemáticas como insegurança, edifícios subutilizados e em mau estado de conservação. Dessa forma, a proposta de projeto busca promover infraestrutura pública e outras opções de atividade. Em relação a forma, a fim de destacar a importância histórica dos patrimônios, o conceito de ferrovia é aplicado no formato das edificações do centro gastronômico que remetem a um entroncamento ferroviário, visto que próximo ao local de implantação existiu a importante ferrovia paulista que teve grande influência no desenvolvimento da cidade.
PRESERVAR
INTEGRAR
FERROVIA
Imagem 53 - Diagrama Conceito. Fonte: Suzana Scaravatti
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O partido tem como diretriz revitalizar os patrimônios históricos ali existentes e caracterizar a importância desses edifícios. O conceito preservar é aplicado no sentido de trazer uso aos edifícios subutilizados e o de Integrar, buscando atrair o interesse da população e relacionar o edifício com os patrimônios mau conservados do entorno . Nesse sentido, busca-se destacar o desenvolvimento da cidade que teve início nessa região a partir de uma releitura da arquitetura das industrias que ali existiram. Seguindo os conceitos dessa arquitetura, o complexo terá como partido a criação de espaços versáreis, flexíveis, bem iluminados e acessíveis. Afim de restaurar a vitalidade da via que possui uma concentração grande de veículos porém pouco uso efetivo da população no que diz respeito a lazer, o complexo deve possuir áreas verdes de descontração, descanso e lazer, gerando uma plataforma para a vida pública, atraindo uma população diversificada em
diferentes horários e criando um local atrativo e seguro.
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Imagem 54 - Estação Fepasa 1918. Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/
Imagem 55 - Entroncamento Ferroviario Fepasa 1950. Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/
Imagem 56 - Fachada Fepasa, atual Estação Cultura 2020. Fonte: Suzana Scaravatti.
Condicionantes
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Condicionantes de Projeto Para o desenvolvimento eficiente do projeto, foram realizados estudos das condicionantes ambientais e legais do terreno. O local de implantação do projeto está localizado na Zona C4 da cidade. O lote ocupa todo o quarteirão, totalizando 6.000m² e tem como limite as ruas General Osório, Rua Lidgerwood, Av. Campos Sales e Av. Andrade Neves. O entorno imediato é caracterizado pela grande quantidade de patrimônios tombados além de hospitais, farmácias e comércios. O Terreno possui uma topografia em declive em direção a Av. Andrade Neves, com diferença de 6 metros do ponto mais alto ao ponto mais baixo. A cidade de Campinas possui um clima tropical de altitude, está localizada na Zona Bioclimática 3 do País e apresenta um clima ameno, com verão e inverno bem marcado. Os invernos são secos e amenos e verões chuvosos com temperaturas moderadamente altas, enquanto outono e primavera são estações de transição. A temperatura média é da ordem de 22°C. A umidade relativa do ar possui a média anual de 72,1%. Os ventos são predominantes na direção sudeste, com velocidade média de 2,0 m/s.
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Imagem 57 - Estudo topogrรกfico. Fonte: Suzana Scaravatti.
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Imagem 58 - Estudo condicionantes climรกticas. Fonte: Suzana Scaravatti.
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Verifica-se que o verão (novembro a março) possui maior duração que o inverno (junho a agosto), indicando a predominância do calor sobre o frio na cidade durante o ano O clima da cidade está situado em uma zona de transição, não se caracterizando exatamente como úmido, nem como seco, e ainda apresenta variações ao longo do ano, possuindo uma estação mais seca e outra mais úmida. Neste caso as soluções devem ser ponderadas, não indo a extremos, e ainda há necessidade de balancear as exigências contraditórias ao longo do ano. Isto foi especialmente observado nas recomendações para as propriedades térmicas dos materiais, insolação, e na dosagem das recomendações de ventilação de verão.
Imagem 60 - Carta Solar de Campinas. Fonte: Suzana Scaravatti PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
Imagem 59- Mapa Zona Climática. Fonte: https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/ projetos/normalizacao/Termica_parte3_SET2004.pdf
Imagem 61 - Relatório meteorológico de Campinas. Data 20/10/2020. Fonte: https:// www.meteoblue.com/pt/tempo/archive/windrose/campinas_brasil_3467865
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Concluindo esse estudo, foram pensadas as seguintes diretrizes para concepção do projeto: • Aberturas orientas de modo que seja possível a ventilação cruzada, aproveitado o vento vindo do sudeste. • A orientação dos edifícios afim de favorecer o aproveitamento de iluminação e ventilação. • Controle da radiação solar através de fechamento e coloração apropriada das superfícies. • Tratamento do solo para controlar temperaturas através do uso de vegetação, contribuindo também para a diminuição da necessidade de drenagem da água da chuva • Separação entra as edificação para entrada do vento sudeste • Superfícies envidraçadas afim de controlar a radiação solar nos horários mais quentes do dia e possibilitar a iluminação natural no ambiente.
Projeto
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Projeto A metodologia que auxiliou no desenvolvimento do projeto do complexo gastronômico foi apresentada por Elvan Silva, 1984. De acordo com o autor, o processo projetual que soluciona um problema é organizado em etapas de acordo com o grau de definição. As etapas de projeto são: estudos preliminares, anteprojeto e projeto definitivo. Assim que definido o tema e objeto de estudo, deve-se definir o Programa de necessidades, que para Silva consiste na resolução dos requisitos (necessidades, aspirações e expectativas) que são solucionados pelo projeto que será executado. É proposto no parque gastronômico opções que contribuem para a diversidade do ambiente, afim de atrair diferentes usuários. Dessa forma, foi criado três tipologias de restaurantes, além da galeria cultural e área administrativa. Dois restaurantes que possui capacidade de atendimento para 50 pessoas, uma Cafeteria e um restaurante do tipo tradicional típico de gastronomia local, com cardápio que represente a cultura campineira; dois restaurantes menores para 25 lugares com o cardápio asiático e uma sorveteria; Por fim, o espaço terá uma área destinada a food trucks, com cardápio composto principalmente por petiscos e bebidas em geral, atraindo a população noturna no local.
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Após estudos realizados de referência e da bibliografia estudada, foi elaborado o programa de necessidades e o seu pré dimensionamento. Sendo assim, a área do parque gastronômico foi dividido em grupos: Serão 03 áreas comuns de convivência, uma destinada a refeição próximo aos food trucks, outra sob as árvores em um gramado voltado a atividades como picnic e a de acesso principal sob uma rampa com equipamentos públicos para permanência. Cada restaurante apesar de ter seus ambientes e funcionamento independentes, se conectarão através dessas áreas. Os Restaurantes 01 (cafeteria) e 02 (Regional) que são de médio porte, suportam até 50 pessoas, e os restaurantes 03 (asiático) e 04 (sorveteria/açaí), suportam 25 pessoas, além dos foodtrucks noturnos e das áreas administrativa e galeria. Ao lado do Parque gastronômico, no edificio patrimonial da antiga Cervejaria Columbia, será proposto através de uma diretriz a implantação de uma Escola Gastronômica, que conta com um espaço administrativo, áreas voltadas a estudo como salas de aula, laboratório e biblioteca, além de cozinhas demonstrativas e também destinadas a confeitaria e chocolateria. O pré-dimensionamento dos restaurantes foi baseado nas informações contidas nos livros “Manual básico para planejamento e projeto de restaurantes e cozinhas industriais”, “Arte de Projetar em Arquitetura” e “Restaurantes Populares, roteiro de implantação 2007”.
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Programa de Necessidades ADMINISTRATIVO
RESTAURANTES MÉDIO PORTE
SERVIÇOS Sala de Equipamentos Câmara Fria Depósito ALUNOS Salas de Aula Cozinha Demonstrativa Cozinha para Chocolate Cozinha para Confeitaria Banheiros Louge/Leitura Laboratório/Biblioteca
Parque Gastronômico
Escola Gastronômica
Sala dos Professores Coordenação Recepção/Adm
Cafeteria Restaurante Regional RESTAURANTES PEQUENO PORTE Restaurante Asiático Sorveteria (Açaí) FOOD TRUCKS Bar Hamburgueria Espetaria Doces Pizza Pastel LAZER Convivência 01 - Picnic Convivência 02 - Refeição Galeria Cultural ADMINISTRATIVO Recepção RH Financeiro Adm. Operacional
QTD.
AMBIENTE
ÁREA
QTD.
AMBIENTE
ÁREA
02 02 01 03 01 01 02
Cozinha Demonstrativa Cozinha para Confeitaria Cozinha para Chocolate Salas de Aula Laboratório/Biblioteca Lounge/Leitura Sanitários
200m² 130m² 130m² 90m² 130m² 50m² 14m²
01 02 01 01 01 01
Hall Entrada Sanitários Sala Administrativa RH Financeiro Operacional
50m² 15m² 20m² 20m² 30m² 45m²
01 01 01 01
Sala de Equipamentos Câmara Fria Carga/Descarga Depósito
35m² 35m² 20m² 20m²
01 01 01 01
Nutrição Coordenação Recepção/Administração Sala dos Professores
50m² 30m² 50m² 40m²
Administrativo
Escola Gastronômica
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87
QTD.
AMBIENTE
ÁREA
01 01 01 02
Área de Refeição Interna Área Refeição Externa Balcão Sanitários
150m² 60m² 35m² 15m²
01 02 02
Cozinha Vestiário Vestiário Assessível
40m² 6m² 9m²
01 01 01 01
D.M.L Câmara Fria Depósito
4m² 10m² 10m²
02 Restaurantes- 25 lugares
02 Restaurante- 50 lugares
Programa de Necessidades com Áreas QTD.
AMBIENTE
ÁREA
01 01 02
Área de Refeição Interna Balcão Sanitários
85m² 19m² 15m²
01 02 02
Cozinha Vestiário Vestiário Assessível
34m² 6m² 9m²
01 01 01 01
D.M.L Câmara Fria Depósito
4m² 12m² 10m²
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Entrada 02
Entrada 03
Cafeteria
Restaurante Regional
Galeria
Administrativo
Restaurante Asiático
Ac
Convivência 03 Praça Food Trucks
Convivência 01 Rampa Madeira Convivência 02 Praça Pic-Nic
Sorveteria (Açaí) Entrada 05
Entrada 04
Escola Gastronômica
Parque Gastronômico
Entrada 01
Sala dos Professores
Coordenação
Sala de Reunião
Recep
Nu
Salas
Ban
Loug
pção/Adm.
utrição
Fluxograma
Cozinhas Demonstratibas
Acesso 02
Cozinha Chocolate
Carga/Descarga
Cozinha Confeitaria
Depósito
Depósito
Câmara Fria
nheiros
Sala de Equipamentos
Laboratório/Biblioteca
Cozinha -Preparo
Vestiários
s de Aula
ge/Leitura
Acesso Funcionários
Restaurantes
cesso 01
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D.M.L
- Cocção - Limpeza
Depósito
Câmara Fria
Balcão
Sanitários
Refeição Acesso Clientes
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Imagem 62 - Diagrama Condicionantes Terreno. Fonte: Suzana Scaravatti
O terreno apresenta um desnível de 6 metros a partir do ponto mais baixo, Av. Andrade Neves, ao ponto mais alto, Rua Lidgerwood. Após analisar essas condicionantes foram definidos os principais fluxos do lote. O intuito é de conectar o terreno com as ruas do entorno, para isso os fluxos foram pensados de forma a possibilitar o fácil acesso tanto da Avenida Andrade Neves, onde tem o fluxo mais intenso de pessoas e veículos, da Rua General Osório, onde foi proposta a diretriz projetual da escola gastronômica e da Rua Lidgerwood que dá acesso a Estação Fepasa onde acontecem eventos culturais periódicamente. Nesse contexto, foram criadas rampas que possibilitam esse acesso do ponto mais baixo ao ponto mais alto. Valorizando esses caminhos, as principais rampas são largas e permeáveis e foram implantados equipamentos públicos para a permanência e convivência do usuário nesses locais
Imagem 63 - Diagrama Rampas e Fluxos. Fonte: Suzana Scaravatti
Após a definição dos fluxos, foi criado um talude no ponto mais alto do terreno, para possibilitar esse acesso da Rua Lidgerwood. Nesse ponto, foi pensado um espaço de permanência e lazer, com vegetação e equipamentos para convivência. Para a implantação dos edifícios, analisando o estudo bioclimatico realizado anteriormente, foram dispostos de forma a adquirir a distância necessária para possibilitar a ventilação e iluminação natural, e implantar um espaço de área verde, de forma a garantir o conforto termico no local. Nesses espaços, foram criados platôs para possibilitar a implantação dos edifícios, mantendo o mesmo nível das rampas, garantindo o acesso para o usúario que permeia o local.
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Imagem 64 - Diagrama Platôs Fonte: Suzana Scaravatti
Imagem 65 - Diagrama Volumetria Explodida. Fonte: Suzana Scaravatti
FOODTRUCK SORVETERIA PICNIC
RESTAURANTE REGIONAL ADM
DIRETRIZ ESCOLA RESTAURANTE REGIONAL
CAFÉ E GALERIA
Imagem 66 - Volumetria Final. Fonte: Suzana Scaravatti
Imagem 67 - Setorização. Fonte: Suzana Scaravatti
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Imagem 68 - Plano de massas. Sem Escala. Fonte: Suzana Scaravatti.
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Plano de Massas
Com o propósito de se relacionar com os patrimônios do entorno, um dos pontos principais para a definição da implantação foi o conceito de ferrovia, que remete diretamente a estação cultura localizada ao lado da área do projeto, que influênciou muito no desenvolvimento econômico, social e cultural para a cidade de Campinas. O formato do edifício tem como referência o entroncamento de uma ferrovia. Para atingir os objetivos de projeto, o espaço foi pensado através de uma arquitetura orgânica que busca colocar o edifício a serviço das atividades comuns e diárias, além de conter ambientes agradáveis e funcionais. Dessa forma, o parque gastronômico Campinas, considera uma filosofia humanista, através da estrutura fluida, com dinamismo na composição dos espaços. Outro ponto importante a se destacar é a intenção de conectar o centro da cidade, que possui grande quantidade de edifícios, com a natureza, visto que
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07
RUA GENERAL OSÓRIO
03 06 A RU
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D LI O W
W
R GE
01
D
O
04
AV. CAMPOS SALLES
Imagem 69 - Implantação. Escala 1/750. Fonte: Suzana Scaravatti.
AV. AMDRADE NEVES
02
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01 - Café e Galeria 02 - Restaurante Asiático 03 - Restaurante Regional e Administração 04 - Sorveteria 05 - Pic Nic 06 - Food Truck 07 - Diretriz projetual Escola Gastronômica
existe uma escasses de áreas verdes nesse local. Nesse sentido, foi projetada uma área verde de convivência, voltada a refeições como pic-nic. Além disso, considerando o estudo bioclimático do local, para atingir um melhor conforto térmico no parque, foram implantadas vegetações por todo o terreno e árvores de copas grandes e coloridas, criando um ambiente aconchegante e evitando a insolação indesejada em determiandos pontos. Foram criados também elementos como brises em fachadas voltadas ao oeste e jardins verticais nas fachadas. De acondo com a legislação de área de preservação, os edifícios apresentam apenas nível térreo, em excessão ao edifício 03 - Restaurante Regional e Administração, onde foi criado um segundo pavimento para implantação do setor administrativo do parque, que foi possível devido ao desnível do terreno, visto que está localizado em uma área de nível mais baixo que o superior onde se encontra o talude de foodtrucks.
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CORTE BB ESCALA 1/500
CORTE CC ESCALA 1/500
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Imagem 70 - Vista Lateral Sorveteria
Imagem 71 - Perspectiva Rampa Madeira
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CORTE DD ESCALA 1/500
C
CORTE AA ESCALA 1/500
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100
Café Campinas O café é implantado na principal fachada do terreno, Av. Andrade Neves, e foi escolhido devido as industrias de melhoradores de café que existiram no entorno e hoje são patrimônios tombados. O local busca abrigar a rica cultura do café para a cidade de Campinas. Além da área gastronômica, o espaço conta com um mezanino onde se encontra uma galeria cultural voltada a exposições que caracterizam a importância da história da cidade. Foram criados 2 acessos: o acesso principal e o acesso de funcionários. O acesso de funcionários possui 2 ambientes principais, o depósito, em caso de carga e descarga de mercadorias e os vestíarios. O intuito ao pensar no dia a dia do funcioário, levando em consideração o cenário de pandemia que vivemos na atualidade, é que o funcioário entre, acesse o vestiário e posteriormente entre para a cozinha. Na cozinha foi delimitado três setores de trabalho: A higienização, a Preparação e a Cocção, de acordo com o “manual básico para planejamento e projeto de restaurantes e cozinhas industriais- ROMAO”. Foram criadas um área interna para refeição e outra externa, além de um lounge que garante uma sensação de acolhimento e aconchego.
101
Projeto
Imagem 72 - Fachada CafĂŠ
VISTA 01 ACESSO PRINCIPAL
102
BANHEIRO
LOUNGE
BANHEIRO
ÁREA DE REFEIÇÃO EXTERNA BALCÃO DE ATENDIMENTO
PREPARAÇÃO
COCÇÃO CÂMARA FRIA
DEPÓSITO
HIGIENIZAÇÃO BANHEIRO ACESSÍVEL BANHEIRO
BANHEIRO D.M.L
COBOGÓ TIJOLO
PLANTA BAIXA CAFÉ TERREO. ESCALA 1/100
ACESSO FUNCIONÁRIOS
ÁREA DE REFEIÇÃO
VISTA 01 ACESSO PRINCIPAL
103 COBOGÓ TIJOLO
Setorização
BANHEIRO
LOUNGE
BANHEIRO
ÁREA DE REFEIÇÃO EXTERNA BALCÃO DE ATENDIMENTO
PREPARAÇÃO
COCÇÃO CÂMARA FRIA
DEPÓSITO
GALERIA
HIGIENIZAÇÃO BANHEIRO ACESSÍVEL BANHEIRO
BANHEIRO D.M.L
COBOGÓ TIJOLO
PLANTA BAIXA CAFÉ PAV. SUP.. ESCALA 1/100
ACESSO FUNCIONÁRIOS
ÁREA DE REFEIÇÃO
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CAFÉ CAMPINAS
ELEVAÇÃO VISTA 01 - . ESCALA 1/100
105
Imagem 73 - Fachada CafĂŠ
Imagem 74- Lounge
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MEZANINO
BALCÃO
CORTE AA - . ESCALA 1/100
ÁREA DE REFEIÇÃO
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O
Imagem 75 - Perspectiva Interior
O
Imagem 76 - Área de Refeição externa
108
Restaurante Asiático e Sorveteria A implantação do Restaurante Asiático partiu da proposta da criação de um espaço para a apreciação da culinária de diferentes perfis, atraindo uma população diversificada e em diferentes horários, de forma que o local se torne mais frequentado e seguro. Apesar de um empreendimento novo, buscou-se trazer através dos elementos construtivos, a história dos edifícios patrimoniais do entorno. O intuito é que que o usuário, ao entrar no espaço, tenha a sensação de estar em um local com história para contar e que, ao mesmo tempo, estivesse se expandindo para receber novas histórias e marcas do tempo. Para isso foi utilizado a estrutura metálica, as paredes em concreto e de tijolo desgastado, além de uma ideia alternativa para o tijolo muito presente nas edificações do entorno - o cobogó. Além da escolha estética do material, essa tem como função o conforto térmico, pois permite a entrada de luz e ventilação natural. Os acessos e cozinha foram pensada como os demais restaurantes. O Restaurante Asiático e sorveteria possuem plantas iguais, ambos comportam 25 pessoas.
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Projeto
Imagem 77- Fachada Restaurante Asiรกtico
110
PREPARO CÂMARA FRIA
DEPÓSITO
COCÇÃO
VESTIÁRIO
VESTIÁRIO
VESTIÁRIO ACESSÍVEL BALCÃO DE ATENDIMENTO COBOGÓ TIJOLO
ACESSO PRINCIPAL
BANHEIRO
ACESSO PRINCIPAL
VISTA 01
ACESSO FUNCIONÁRIOS
D.M.L
HIGIENIZAÇÃO
PLANTA BAIXARESTAURANTE ASIÁTICO E SORVETERIA. ESCALA 1/100
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Imagem 78 - Perspectiva Interior Restaurante Asiรกtico
Imagem 79 - Perspectiva Interior Sorveteria
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ELEVAÇÃO VISTA 01 - . ESCALA 1/100
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Imagem 80 - Fachada Restaurante Asiรกtico
Imagem 81 - Perspectiva Interior restaurante asiรกtico
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CORTE AA. ESCALA 1/100
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Imagem 82 - Fachada Sorveteria.
Imagem 83 - Interior Sorveteria
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Restaurante Regional e Aministração O restaurante Regional busca evidenciar a cultura Campineira através de pratos típicos da região. Tem a fachada voltada a Rua Lidgerwood e além da entrada principal e de funcionários, conta também com uma entrada que dá acesso ao setor administrativo localizado no segundo pavimento. Apesar dos restaurantes possuirem acessos independetes, a administração do parque conta com uma recepção, setor administrativo, RH, financeiroo, operacional e também uma área de café para convivência dos funcionarios. Foram colocados brises nas aberturas da fachada oeste, para evitar a insolação indesejada e manter o conforto térmico nas salas. O restaurante possui uma área de refeição externa voltada a Rua Lidgerwood, tornando o local aconhcegante e atrativo. Afim de preservar a estética da fachada, foram criados elementos arquitetônicos como a parede verde e o cobogó de tijolo para evitar o fechamento e permitir a ventilação e iluminação nos banheiros.
117
Imagem 84 - Rampa Pricipal
VISTA 01
118
PLANTA BAIXA RESTAURANTE REGIONAL TERRO. ESCALA 1/100
VISTA 01
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Cortes
SACADA OPERACIONAL COBOGÓ SOBREPOSTO
FINANCEIRO
R.H
RECEPÇÃO
CAFÉ A.D.M BANHEIRO
BANHEIRO
PLANTA BAIXA RESTAURANTE REGIONAL PAV. TERREO. ESCALA 1/100
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ELEVAÇÃO VISTA 01 - . ESCALA 1/100
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Imagem 85 - Perspectiva รกrea Pic-Nic
Imagem 86 - Fachada Restaurante Regional
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CAFÉ
HALL ADM.
CORTE AA. ESCALA 1/100
FINANCEIRO
ÁREA DE REFEIÇÃO
123
Estrutura
COBOGÓ DE TIJOLO
VIDRO
MADEIRA
CIMENTO QUEIMADO
Afim de proporcionar espaços funcionais e aconchegantes, foi escolhida a estrutura metálica por possibilitar grandes vãos e manter uma estrutura esbelda. Possui pontos positivos por ser eficiente em obra e proporcionar pouco desperdício, além de garantir uma estética industrial e moderna, remetendo as indústrias que existiram no entorno. É combinada com materiais que mantem a linguagem da arquitetura indústrial como fachadas de tijolo vazado e revestimento em cimento queimado.
Optou-se pela utilização de pilares VS em Perfil I, com sessoes de 40cmx14cm e 45cmx15cm.
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
P3
P5 P2
L2 V1
4CM)
P1
(40X1 )
7.19
L1 7.75
P7
P4
V6
5.43
L3 P10
V8
4
P1
V6
P8
L6
P6
V3
L5
P13
V4
V5
9.04
P1 6
L3
P1 2
P9
P7
L9
L6
P12
V7
L2
CM)
P11
L4 8.47
V2
P6
P2
P1
(45X15
P8
14CM
(40X
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L5
P1 5
V6
L8
4.72
P4
6.68
P1 0
6.50
P4
L1
P6
5CM)
5.32
7.78
V1
(45X1
8.02
P3
P2
V1
P1
(40X14CM)
(40X14CM)
L4
P1
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9.09
3.78
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V3
L4
P9
P8
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P6
V2
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P9
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L2
L1
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L6
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V6 V4
P14
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L10 V8
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P13
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P11
P10 V3 L5
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P3
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P1
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L2
V4
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)
P4
(40X
P1
14C
M)
V1
14CM (40X
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V2
P2
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L1
8.47
VERSION
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Imagem 84- Planta Estrutura Terreo. Escala 1/750. Fonte: Suzana Scaravatti.
Imagem 85- Planta Estrutura 1 Pav. Escala Fonte: Suzana Scaravatti. P4
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14CM (40X
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VERSATILIDADE – Devido ao modo de elasticidade do aço, a estrutura metálica possibilita a abertura de grandes vãos e estrutura mais esbelta. P4
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L3 P3
V8 7.29
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(40X1 )
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(40X14CM)
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P1
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SUSTENTABILIDADE – A estrutura industrializada em aço reduz os impactos ambientais visto que demanda menos energia para execução, gera menos transporte de entrada na obra e praticamente elimina a geração de resíduos. Além disso, o aço é um material 100% reciclável.
MEZANINO / GALERIA
V8
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V6
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P11
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PRECISÃO E PADRONIZAÇÃO – Para a aplicação da estrutura metálica, é necessário a realização de um projeto muito preciso, visto que o material é fabricado e entregue pronto em obra. Isso garante uma estrutura nivelada e padronizada, o que facilita atividades como assentamento de esquadrias, bem como a redução no custo de materiais com revestimento. RAPIDEZ – A fabricação industrial demanda menos mão de obra e diminui os usos de materiais, reduzindo o tempo de execução da obra comparado com processos convencionais.
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a 1/750.
RESISTÊNCIA – Apresenta alto nível de resistência e durabilidade e a possibilidade de elevar sua vida útil através de pinturas especiais, protegendo contra a corrosão e agentes químicos.
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Imagem 87 - Fachada Café
Imagem 88 - Entrada Av. Andrade Neves
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Imagem 89 - Perspectiva FoodTruck
Imagem 90 - Perspectiva FoodTruck
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Imagem 91 - Pic Nic
Imagem 92 - Rampa Principal
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Bibliografia
132
11
133
Bibliografia ROMÃO, Antonio. Manual basico para planejamento e projeto de restaurantes e cozinhas industriais. Varela, 1996 MONTANARI, Massimo. A comida como cultura. Senac São Paulo; 2ª edição, 2008 SILVA, Elvan. Uma Introduçao Ao Projeto Arquitetonico, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1983 NEUFERT, Peter. A Arte de projetar em arquitetura. Gustavo Gili; 18ª edição, 2013. SILVA, Enos. Cozinha Industrial: Um Projeto Complexo. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de São, 1998. Marcus Granato e Guadalupe do Nascimento Campos.Teorias da conservação e desafios relacionados aos acervos científicos, MIDAS [Online], 1 | 2013, consultado no dia 29 março 2020. URL: http://journals.openedition.org/midas/131; DOI: https://doi.org/10.4000/midas.131 Schicchi, Maria. Patrimônio arquitetônico das cidades paulistas: a preservação como questão de urbanismo. PUC, 2008 de Veneza, 1964C. (1). CARTA DE VENEZA 1964 - CARTA INTERNACIONAL SOBRE A CONSERVAÇÃO E O RESTAURO DE MONUMENTOS E SÍTIOS. Cadernos De Sociomuseologia, 15(15).
Bibliografia
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135
Bibliografia LAPA, José Roberto. A Cidade - os cantos e antros: Campinas. São Paulo: EDUSP, 2008. BADARÓ, Ricardo. Campinas, o despontar da modernidade. Campinas: Centro de Memória Unicamp, 1996. BERTINATO, Wania Lucy Valtim. A história da preservação do Patrimônio Cultural em Campinas: A trajetória do CONDEPACC (1987-2008). CAMILLO, Ema Elisabete Rodrigues, Guia histórico da indústria nascente em Campinas (1850-1887). Campinas: CMU e Mercado de Letras, 1998. SCHLUTER, Regina G. Gastronomia e turismo. São Paulo: Aleph, 2003 FAGLIARI, Gabriela S. Turismo e alimentação: análises introdutórias. São Paulo: Roca, 2005 SOUZA, Cecina Pinheiro. Duna complexo gastronômico. Monografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2016 http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/luos/p3a/anexo2_linhadotempo/linhadotempo_proc_urb_patrimonio.pdf https://artsandculture.google.com/exhibit/o-patrim%C3%B4nio-cultural-de-campinas-centro-de-memoria-unicamp/cQIyAEURn1eBJg?hl=pt-BR
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