O Espaço Público em Busca de uma Cidade Viva: Proposta Projetual de Parque Linear na Região 01, Vila Velha – ES
Suzany Rangel Ramos 2017/02
SUZANY RANGEL RAMOS O ESPAÇO PÚBLICO EM BUSCA DE UMA CIDADE VIVA: PROPOSTA PROJETUAL DE PARQUE LINEAR NA REGIÃO 01, VILA VELHA – ES. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como prérequisito para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação da Prof.ª Larissa Leticia Andara Ramos.
COMISSÃO EXAMINADORA
Profª. Me. Larissa Leticia Andara Ramos Universidade Vila Velha Orientadora
Prof.ª Dr.ª Ana Paula Rabello Lyra Universidade Vila Velha Avaliador Interno
Esp. Arq. Eliomar Venancio de Souza Filho Membro Externo
VILA VELHA 2017
AGRADECIMENTOS Primeiramente à Deus, que me dá forças todos os dias para encarar as dificuldades e conseguir conciliar minha vida pessoal, acadêmica e profissional. Ao meu pai, Mauro Ramos, e à minha mãe, Sueli Rangel Ramos, que, além incentivarem e investirem em minha formação profissional, me inspiram a ser uma pessoa melhor a cada dia. Às orientadoras de Iniciação Científica, Larissa Andara e Luciana Netto, que me acompanharam no desenvolvimento da pesquisa que se tornou o tema deste trabalho de conclusão de curso, e às colegas Patrícia Scarpat, Natiele Dalbó e Ohanna Ferri, que deram continuidade e aprofundaram a pesquisa por mim iniciada, possibilitando melhor escolha do terreno para o projeto do Parque. Novamente à Larissa Andara por ter aceitado dar continuidade ao trabalho e ser minha orientadora neste projeto, por todo carinho, pela dedicação e disponibilidade. A professora Ana Paula Lyra, pelas contribuições e por acreditar no meu potencial. Ao arquiteto Heliomar Venancio por ter aceito participar da banca, se dispondo a contribuir com o trabalho. Aos docentes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha pela riqueza dos conhecimentos transmitidos, responsáveis pela base da formação profissional.A todos os amigos e familiares, que incentivaram minha escolha e compreenderam meus momentos de ausência. E finalmente às amigas de graduação, Giulia Zocca, Isabella Nunes, Juliana Moreira, e Paloma Martins, que dividiram comigo momentos de felicidade e angústia durante o desenvolvimento deste trabalho e durante os cinco anos de graduação.
RESUMO
ABSTRACT
A qualidade de vida da população residente em meio urbano é influenciada pela presença de espaços livres de permanência e lazer, dotados de boa infraestrutura e vegetação. Esses espaços são responsáveis pela dinamização e vitalidade urbana, uma vez que são palco de manifestações e atividades diárias da população. As relações entre pessoas e cidades estão cada vez mais distantes devido a carência desses espaços livres, com isso esse trabalho visa compreender, através de revisão bibliográfica, a importância dessas relações, a fim de dar suporte para a elaboração do projeto do parque linear a ser implantado numa área remanescente de infraestrutura viária entre os bairros Cristóvão Colombo, Divino Espírito Santo e Ilha dos Ayres, localizados na Região 01, Vila Velha – ES. O diagnóstico da área escolhida foi realizado a fim de identificar as potencialidades e vulnerabilidades locais, e partir disso propor diretrizes e ações de projeto. A proposta do Parque Linear é baseada nos conceitos de pluralidade e reconciliação, aonde o espaço público é responsável por aproximar as pessoas ao meio ambiente através da reabertura do Canal Bigossi, num local que reúne atividades de lazer, entretenimento, esporte, cultura e contemplação, além de oferecer serviços para a população.
The quality of life of the population residing in urban areas is influenced by the presence of the free spaces for permanence and leisure, equipped with good infrastructure and vegetation. These spaces are responsible for the dynamism and urban vitality, since they are the stage of manifestations and daily activities of the population. The relationships between people and cities are increasingly distant due to the lack of these free spaces, in order this work aims to understand, through a bibliographical review, the importance of these relations, giving support to the elaboration of a linear park project implanted in a remnant area of road infrastructure between the neighborhoods Cristóvão Colombo, Divino Espírito Santo and Ilha dos Ayres, in Região 01, Vila Velha - ES. The diagnosis of the chosen area was accomplished to identify the local potentialities and vulnerabilities, and from that propose guidelines and projects actions. The linear park proposal is based on the concepts of plurality and reconciliation, where the public space is responsible to bringing people closer to the environment by reopening the Canal Bigossi, in a place that combines activities of leisure, entertainment, sports, culture and contemplation, besides offering services to the population.
Palavras-chave: Planejamento das Cidades; Espaço Público; Parque Linear.
Key-words: Urban Planning; Public Space; Linear Park.
LISTA DE FIGURAS Figura 01. Diagrama de Atributos dos Espaços Públicos...................................................13 Figura 02. Localização do Parque Madureira....................................................................16 Figura 03. Implantação do Parque Madureira...................................................................16 Figura 04. Setorização Geral do Parque Madureira..........................................................17 Figura 05. Detalhe do Setor 01, Parque Madureira...........................................................17 Figura 06. Praça do Samba, Parque Madureira.................................................................17 Figura 07. Posto Médico, Parque Madureira.....................................................................17 Figura 08. Perspectiva do Setor 01, Parque Madureira....................................................18 Figura 09. Detalhe do Setor 02, Parque Madureira...........................................................18 Figura 10. Nave do Conhecimento, Parque Madureira......................................................18 Figura 11. Jardim Sensorial, Parque Madureira..................................................................19 Figura 12. Jardim Botânico, Parque Madureira..................................................................19 Figura 13. Academia da Terceira Idade, Parque Madureira..............................................19 Figura 14. Espaço da Terceira Idade, Parque Madureira...................................................19 Figura 15. Jogo de Bocha, Parque Madureira....................................................................20 Figura 16. Mesas de Jogos, Parque Madureira..................................................................20 Figura 17. Mesas de tênis, Parque Madureira....................................................................20 Figura 18. Lagos, Parque Madureira...................................................................................20 Figura 19. Jardim das Esculturas, Parque Madureira........................................................21 Figura 20. Centro de Educação Ambiental, Parque Madureira........................................21 Figura 21. Mirante e Escadaria Hidráulica, Parque Madureira..........................................21 Figura 22. Perspectiva do Setor 02, Parque Madureira.....................................................22 Figura 23. Detalhe do Setor 03, Parque Madureira...........................................................22 Figura 24. Circuito de Skate, Parque Madureira................................................................22 Figura 25. Perspectiva do Setor 03, Parque Madureira...................................................22 Figura 26. Detalhe do Setor 04, Parque Madureira..........................................................23 Figura 27. Arena Carioca Fernando Torres, Parque Madureira........................................23 Figura 28. Perspectiva do Setor 04, Parque Madureira....................................................23 Figura 29. Nova Pista de Skate Half Pipe, Parque Madureira...........................................23 Figura 30. Pista de Skate para iniciantes, Parque Madureira...........................................24 Figura 31. Projeto da Praia, Parque Madureira..................................................................24 Figura 32. Cascatas da Praia, Parque Madureira..............................................................24 Figura 33. Cachoeira Urbana, Parque Madureira..............................................................24 Figura 34. Teatro Zaquia Jorge, Parque Madureira..........................................................25 Figura 35. Projeto do Parque Infantil, Parque Madureira.................................................25 Figura 36. Baixo Bebê, Parque Madureira.........................................................................25
Figura 37. Edifício Multiuso, Parque Madureira................................................................25 Figura 38. Aspecto Sociabilidade do Diagrama de Atributos...........................................26 Figura 39. Aspecto Usos e Atividades do Diagrama de Atributos....................................26 Figura 40. Aspecto Acessos e Conexões do Diagrama de Atributos...............................27 Figura 41. Aspecto Conforto e Imagem do Diagrama de Atributos.................................27 Figura 42. Localização e Regiões Administrativas de Vila Velha – ES..............................29 Figura 43. Divisão dos bairros da Região 01......................................................................29 Figura 44. Espaços Livres de Uso Público para Práticas Sociais da Região 01.................30 Figura 45. Espaços Potenciais da Região 01......................................................................30 Figura 46. Cruzamento de dados: Raio de influência dos espaços livres e terrenos prioritários da Região 01.....................................................................................................31 Figura 47. Localização da área de projeto.........................................................................31 Figura 48. Perspectiva da área de projeto........................................................................32 Figura 49. Extensão do Projeto Corredor Bigossi.............................................................32 Figura 50. Trajeto do BRT de Serra à Cariacica..................................................................32 Figura 51. Corredor exclusivo de BRT à esquerda da via com estação de embarque e desembarque......................................................................................................................33 Figura 52. Área de Projeto em 2005: anterior à intervenção viária...................................33 Figura 53. Área de Projeto em 2013: Processo de desapropriação...................................33 Figura 54. Av. Gonçalves Lêdo antes da Intervenção........................................................33 Figura 55. Av Gonçalves Lêdo após a Intervenção............................................................34 Figura 56. Canal Bigossi – Trecho descoberto 1.................................................................34 Figura 57. Canal Bigossi – Trecho descoberto 2................................................................34 Figura 58. Canal Bigossi – Trecho descoberto 3................................................................34 Figura 59. Diagrama de elementos físicos ambientais......................................................35 Figura 60. Diagrama de elementos físicos comportamentais..........................................36 Figura 61. Faixa de pedestres, ciclovia e calçada acessível...............................................37 Figura 62. Iluminação Pública Instalada............................................................................37 Figura 63. Mapa de Uso do Solo........................................................................................38 Figura 64. Mapa de Gabarito das Edificações....................................................................39 Figura 65. Diagrama de fluxo viário...................................................................................40 Figura 66. Av. Gonçalves Ledo – fluxo de veículos...........................................................41 Figura 67. Divisão dos trechos do terreno........................................................................41 Figura 68. Diferença de dimensões do terreno – trecho 1...............................................41 Figura 69. Diferença de dimensões do terreno – trecho 2...............................................42 Figura 70. Diferença de dimensões do terreno – trecho 3...............................................42 Figura 71. Mapa Síntese de Potencialidades e Vulnerabilidades.......................................43 Figura 72. Mapa de Intervenção: Manter, renovar e requalificar.....................................46 Figura 73. Diagrama Conceitual: Pluralidade.....................................................................47
Figura 74. Diagrama Conceitual: Reconciliação................................................................47 Figura 75. Diagrama de Intervenção Viária.......................................................................48 Figura 76. Perfil 1: Via ao lado do Hospital Vila Velha........................................................48 Figura 77. Perfil 2: Rua Europa...........................................................................................48 Figura 78. Perfil 3: Avenida Gonçalves Ledo.....................................................................48 Figura 79. Conexão Subterrânea de Veículos – Mergulhão..............................................49 Figura 80. Conexão Aérea de Pedestres – Passarela........................................................49 Figura 81. Mapa de Novos Usos para a Operação Urbana................................................49 Figura 82. Diagrama de Usos e Atividades proposto para o Parque Linear.....................50 Figura 83. Identificação dos Setores do Parque Linear....................................................51 Figura 84. Implantação Geral do Setor 1............................................................................52 Figura 85. Perspectiva Geral do Setor 1.............................................................................53 Figura 86. Complexo Esportivo..........................................................................................54 Figura 87. Skate Park..........................................................................................................55 Figura 88. Muros grafitados...............................................................................................55 Figura 89. Área para idosos................................................................................................56 Figura 90. Área Infantil.......................................................................................................56 Figura 91. Food Trucks........................................................................................................57 Figura 92. Implantação Geral do Setor 2...........................................................................58 Figura 93. Perspectiva Geral do Setor 2.............................................................................59 Figura 94. Redários.............................................................................................................60 Figura 95. Áreas para práticas de YOGA e ginástica.........................................................60 Figura 96. Área para luau e prática de slackline................................................................61 Figura 97. Área para piquenique........................................................................................61 Figura 98. Feira e Quiosques..............................................................................................82 Figura 99. Feira e Banca de Revista...................................................................................62 Figura 100. Implantação Geral do Setor 3..........................................................................63 Figura 101. Perspectiva Geral do Setor 3............................................................................63 Figura 102. Centro Cultural e Palco....................................................................................64 Figura 103. Anfiteatro.........................................................................................................65 Figura 104. Área de Eventos...............................................................................................65 Figura 105. Quiosques de alimentação...............................................................................66 Figura 106. Implantação Geral e Corte Esquemático do Setor 4.....................................67 Figura 107. Perspectiva geral do setor 4............................................................................68 Figura 108. Unidade de Pronto Atendimento ..................................................................69 Figura 109. Clínica Veterinária Popular..............................................................................69 Figura 110. Posto Comunitários de Segurança..................................................................70 Figura 111. Centro de Informação Turística........................................................................70 Figura 112. Jardim Educativo e Terapêutico......................................................................70
Figura 113. Espaços de permanência ao decorrer do Canal..............................................71 Figura 114. Deck e Passarela sobre o Canal Bigossi.........................................................71 Figura 115. Rua Compartilhada..........................................................................................72 Figura 116. Passarela de Pedestres...................................................................................73 Figura 117. Mergulhão.......................................................................................................73 Figura 118. Terminal de bicicleta compartilhada..............................................................74 Figura 119. Ponto de ônibus..............................................................................................74 Figura 120. Situação original da área de intervenção......................................................75 Figura 121. Situação atual da área de intervenção após projeto de fechamento do Canal....................................................................................................................................75 Figura 122. Proposta de intervenção com reabertura do Canal......................................75 Figura 123. Edifício sobre Pilotis..........................................................................................76
LISTA DE TABELAS Tabela 01. Resumo dos Critérios para Avaliação da Qualidade de um Espaço Público.................................................................................................................................13 Tabela 02. Diretrizes e ações de projeto...........................................................................44
SUMÁRIO 01 INTRODUÇÃO___________________________________________________________________________________________________________________________________7 1.1 Contextualização do tema___________________________________________________________________________________________________________________________8 1.2 Justificativa e relevância do tema_____________________________________________________________________________________________________________________8 1.3 Objetivos_________________________________________________________________________________________________________________________________________8 1.4 Metodologia______________________________________________________________________________________________________________________________________9 1.5 Estrutura do Trabalho_______________________________________________________________________________________________________________________________9
02 BUSCANDO UMA CIDADE VIVA_________________________________________________________________________________________________________________10 2.1 Sobre as Cidades___________________________________________________________________________________________________________________________________11 2.2 Sobre os Espaços Públicos___________________________________________________________________________________________________________________________12 2.3 Sobre os Parques Urbanos___________________________________________________________________________________________________________________________14
03 ESTUDO DE CASO: O PARQUE MADUREIRA______________________________________________________________________________________________________15 3.1 Apresentação do Parque____________________________________________________________________________________________________________________________16 3.2 Setorização e Caracterização________________________________________________________________________________________________________________________17 3.3 Avaliação do Parque_______________________________________________________________________________________________________________________________26
04 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE PROJETO____________________________________________________________________________________________________28 4.1 Apresentação da área de estudo _____________________________________________________________________________________________________________________29 4.2 Identificação dos Espaços Livres de Uso Público para Práticas Sociais e Espaços Potenciais da Regional 01________________________________________________________29 4.3 Sobre a Área de Projeto_____________________________________________________________________________________________________________________________31
05 PROPOSTA PROJETUAL ________________________________________________________________________________________________________________________45 06 CONSIDERAÇÕES FINAIS________________________________________________________________________________________________________________________77 07 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________________________________________________________________________________79 08 APÊNDICE______________________________________________________________________________________________________________________________________82
01 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do tema O processo de urbanização gera pressões no uso e ocupação do solo das cidades e impõe a substituição de áreas naturais por áreas construídas, o que afeta diretamente a população residente. A qualidade de vida da população é uma abordagem que vem assumindo proporções significativas, e para alcançá-la é importante que a cidade, dentre outros fatores, permita as relações entre o espaço edificado e os espaços livres de uso público, a fim de possibilitar maior interação da população com o meio natural que a circunda. O planejamento das cidades deve levar em consideração o dinamismo que a criação de espaços públicos tem a oferecer, o que influencia na saúde física e mental da população, a partir da diversidade de possíveis apropriações. Segundo Gehl (2014) o ponto natural de partida para se projetar cidades para pessoas é a relação entre mobilidade e os sentidos humanos, pois é o que define o comportamento humano e sua comunicação com o espaço urbano. Ainda de acordo com Gehl (2014) o desafio dos urbanistas é mais que simplesmente planejar espaços que garantam a circulação de pessoas, é projetar espaços que possibilitam o contato direto com a sociedade em seu entorno, através da criação de espaços vivos, multifuncionais e diversos.
1.2 Justificativa e relevância do tema O tema deste trabalho é um desdobramento do projeto de Iniciação Científica desenvolvido na Universidade Vila Velha, no ano de 2016, com orientação das docentes Larissa L. A. Ramos e Luciana A. N. de Jesus, que gerou o artigo “Identificação das áreas de convívio público e áreas verdes do município de Vila Velha - ES: Um estudo sobre a Regional 1 - Grande Centro”. Nessa pesquisa foi realizado um levantamento qualitativo e quantitativo dos sistemas de espaços livres de uso público existentes na Regional 1. De acordo com o mapeamento, a distribuição desses espaços públicos é desigual. Enquanto alguns bairros possuem até quatro praças, outros não possuem nenhum, sendo que apenas 34% da população da Regional têm acesso aos espaços públicos num raio de 300 metros. Também foram identificados os terrenos potenciais para práticas sociais e equilíbrio ambiental, que, por estarem localizados em áreas estratégicas e com carências de áreas livres, podem ser utilizados em futuras intervenções de modo a equilibrar o acesso e usufruto dos espaços livres de uso público. A partir da identificação da problemática da falta de área livres de uso público, e do mapeamento de terrenos potenciais para receberem essas áreas, resolveu-se dar continuidade e identificar um terreno para de fato elaborar o projeto de um espaço público.
8 O terreno escolhido está localizado numa área remanescente de planejamento urbano, consequência do projeto do eixo viário Canal Bigossi, que liga a Terceira Ponte diretamente a Avenida Carlos Lindenberg. Possui localização privilegiada devido a proximidade com o Terminal Rodoviário de Vila Velha e por seu raio de influência de 300 metros abranger quatro bairros da Regional 01: Cristóvão Colombo, Divino Espírito Santo, Ilha dos Ayres e Glória, sendo considerado um terreno estratégico para atender o maior número de habitantes possível. Essa abordagem é de grande relevância para a sociedade como um todo, pois o espaço público é palco de manifestações e local de lazer para a população, além de ser direito de todos. É importante que discussões sobre esse tema sejam levantadas a fim de chamar atenção do poder público, para que tornem reais esses projetos idealizados não somente por arquitetos e urbanistas, que buscam melhorias no planejamento das cidades, mas também pela população, que anseia pela melhor qualidade de vida nestas.
1.3 Objetivos O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma proposta projetual, a nível de estudo preliminar, em uma área residual da malha viária, de um Parque Linear que atenda a população da Região 01 da cidade de Vila Velha, em especial os bairros Cristóvão Colombo, Divino Espirito Santo e Ilha dos Ayres, a fim de suprir a carência de espaços públicos identificada nesses bairros. Para realizar o projeto do Parque Linear fez-se necessário traçar alguns objetivos específicos, como: a) Revisar bibliografias e levantar conceitos a fim de compreender a relação entre as pessoas e a vivência na cidade a partir da apropriação dos espaços públicos; b) Pesquisar sobre um projeto de parque urbano a fim de analisar suas características e avaliá-lo de acordo com os critérios para avaliação de espaços públicos; c)
Produzir um diagnóstico para contextualização da área de projeto e seu entorno, através da elaboração de diagramas de análise e levantamento fotográfico in loco.
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1.4 Metodologia
1.5 Estrutura do Trabalho
De acordo com Gil (1991) e Silva (2005), no que diz respeito à natureza, a presente pesquisa pode ser classificada como aplicada, pois terá um desdobramento projetual. Quanto à forma de abordagem do problema pode ser enquadrada como qualitativa. Já em relação aos objetivos, a mesma pode ser classificada como exploratória e descritiva. Em relação aos procedimentos técnicos, primeiramente foi realizado a revisão de bibliografias relacionadas às cidades, aos espaços públicos e parques urbanos. As discussões sobre as cidades foram fundamentadas em autores como Gehl (2014), Cullen (2008), Jacobs (2013) e Lynch (2006), que explanam sobre a importância das pessoas vivenciarem cada espaço e serem protagonistas das cidades. Santiago e Marchesano (2016) e Gatti (2013), auxiliaram na compreensão dos conceitos, dos elementos e dos critérios de avaliação que compõe a estrutura de um espaço público. O foco em parques urbanos foi fundamentado em autores como Kliass (1993) e Macedo e Sakata (2003), autores que trazem definições diversificadas sobre parques a fim de mostrar que, de fato, não existe um conceito único para esse equipamento urbano. Além disso trazem exemplos de parques existentes no Brasil, que servem como referência para o projeto. O estudo de caso foi realizado tendo como referência Bonelli (2013), engenheiro responsável pela obra do Parque Madureira, objeto de estudo. Optou-se por analisar um parque com características de implantação e realidade local semelhantes à área de projeto deste trabalho, ou seja, com terreno remanescente de infraestrutura viária. Além da descrição de suas características, o parque escolhido foi avaliado de acordo com os critérios levantados na fase de revisão bibliográfica. A caracterização e o diagnóstico da área de estudo foram realizados a partir do levantamento de dados via ferramentas digitais, como Google Earth e Street View e visitas de campo. Além disso utilizou-se os resultados da pesquisa “Identificação das áreas de convívio público e áreas verdes do município de Vila Velha - ES: Um estudo sobre a Regional 1 - Grande Centro”. Também foram realizados diagramas para avaliação das condicionantes do terreno, a fim de dar suporte à elaboração do projeto. Por fim, será apresentado o Estudo Preliminar do Parque Urbano, realizado a partir do embasamento teórico desenvolvido durante a pesquisa, a nível de estudo preliminar, a fim de criar um espaço que supra a demanda local. O estudo conta com diagramas conceituais, plantas baixas e estudos volumétricos que permitem sua melhor compreensão.
O trabalho foi dividido em cinco (5) capítulos: • • • • • •
Capítulo 1: Introdução Capítulo 2: Referencial Teórico Capítulo 3: Estudo de Caso: Parque Madureira Capítulo 4: Caracterização e Diagnóstico da Área de Estudo. Capítulo 5: Proposta Projetual de Parque Linear. Capítulo 6: Considerações Finais
O capítulo 1 contém a contextualização do tema, onde o leitor compreende de forma geral o assunto abordado; os objetivos, gerais e específicos, onde são traçadas estratégias para se alcançar o produto final; a justificativa e relevância do tema, mostrando a necessidade desses espaços para o contexto atual das cidades; a metodologia, que contém as ferramentas utilizadas para desenvolver o produto; e a estruturação do trabalho, que permite melhor compreensão das divisões dos capítulos. O segundo capítulo apresenta o referencial teórico, realizado a partir da revisão de bibliografias relacionadas às cidade, espaços públicos e parques urbanos, a fim de dar embasamento para o desenvolvimento do projeto. O capítulo 3 traz um estudo de caso realizado a fim de compreender o processo de criação de um espaço público, suas características formais e os elementos que o compõe, além da avaliação crítica do projeto a partir dos critérios mencionados na revisão bibliográfica. O quarto capítulo apresenta a caracterização legal da área de estudo (Região 01) e traz diagnósticos realizados a fim de contextualizar e compreender a realidade do entorno da área de projeto (terreno). Além disso contém diagramas que analisam as condicionantes do terreno que interferem no processo de criação do projeto. O capítulo 5 contém a proposta projetual do parque, desenvolvida a partir da fundamentação e análises realizadas nos capítulos anteriores. Nesse capítulo é apresentado o conceito, partido e cada elemento que compõe o espaço. O último capítulo traz as considerações finais do projeto, onde são mostrados os resultados da pesquisa e do projeto, além da conclusão do trabalho.
02 BUSCANDO UMA CIDADE VIVA
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2.1 SOBRE AS CIDADES O desenvolvimento urbano atual aponta para investimentos em espaços privados como casas e condomínios fechados e murados, que visam o bem-estar individual, e transforma a cidade num espaço de risco. Essa dinâmica de privatização muda o modo de vida dos habitantes, substitui a convivência pessoal, e contribui para a desqualificação da identidade coletiva com a cidade. Com o individualismo trazido pela globalização, a cidade pública e democrática está cada vez mais distante. A medida em que parte da sociedade se retira dos espaços da cidade para constituir um espaço privado o sentido de cidade compartilhada se limita. (REVISTA Au, 2007) Essa sensação de insegurança que amedronta toda a população, faz com que as pessoas utilizem menos os espaços da cidade. São nesses espaços que ocorrem toda a dinâmica coletiva da vida urbana, relações interpessoais e manifestações, logo, a insegurança contribui para a perda de vitalidade social, que é um fator importante a ser considerado na análise das cidades. (NYGAARD, 2010) Para Mongin (2009) a cidade pode ser definida como um lugar praticado, que caracteriza a condição urbana ativa. Ela deve produzir espaços públicos qualificados que permitam experiências e participação aos seus usuários. Usuários estes que, segundo Lefebvre (2001), têm direito à cidade, ou seja, direito à liberdade, à socialização, à participação e à apropriação dos espaços urbanos. Apesar disso o cenário atual das cidades aponta para o desaparecimento desses espaços públicos. Segundo Rogers (2001) esse desaparecimento pode acarretar grandes problemas sociais que caracterizam o declínio da cidade. A redução desses espaços significa redução da vitalidade, ou seja, as pessoas passam a não participar da vida urbana. A medida que a população cresce, crescem também seus anseios por novos lugares e novas opções de entretenimento, lazer e cultura. Com isso, de acordo com Gehl (2014, p.6) “a visão de cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis tornou-se um desejo universal e urgente”. As pessoas precisam sentir-se convidadas a participar como protagonistas na vida da cidade. Quanto a vivacidade dessas cidades Gehl (2014) afirma que o objetivo maior é fazer com que as pessoas caminhem ou pedalem por prazer, vivenciando a cidade numa velocidade menor, podendo apreciar cada singularidade do local. Esse prazer em caminhar é reforçado quando, durante o trajeto, surgem oportunidades de encontros e recreações versáteis. O autor enfatiza que a constituição do espaço deve também permitir frequentes mudanças de atividades, intercalando a caminhada com a parada, o descanso, a permanência e o bate-papo. Outro fator que influencia a apropriação das cidades é a segurança dos espaços públicos, que está diretamente ligada a presença de pessoas. Quando há pessoas caminhando nos
espaços públicos há um aumento da segurança real e da segurança percebida, de forma a tornar aquele local mais convidativo às outras pessoas. (GEHL, 2014) Segundo Gehl (2014) a sustentabilidade social está relacionada ao acesso igualitário ao espaço. Essa igualdade é incentivada com a combinação entre as caminhadas e pedaladas e o transporte público. A qualidade do espaço e do sistema de transporte público devem ser atreladas para que as pessoas se sintam seguras e confortáveis. Duarte, Sanchez e Libardi (2011) defendem ainda o fortalecimento dessa rede integrada de mobilidade urbana, que promove acesso amplo e democrático da população aos espaços da cidade e estimula a apropriação desses espaços, intensificando o convívio urbano. Cullen (2008) afirma que a formação das cidades depende da reunião de pessoas. Para ele a cidade “é uma unidade geradora de um excedente de bem-estar e de facilidades que leva a maioria das pessoas a preferirem viver em comunidade a viverem isoladas”. (CULLEN, 2008, p. 9) Além disso Jacobs (2013) afirma que o desempenho social e o econômico das cidades dependem da animação e variedade de atividades que nelas acontecem. A animação atrai mais animação, já a apatia e monotonia repelem a vivacidade. A medida que se consegue mesclar a diversidade de usos e usuários, consegue-se sustentar com naturalidade os espaços públicos. Lynch (2006) deixa bem claro a importância das pessoas na construção da imagem da cidade. Para o autor as pessoas não devem apenas observar, e sim ser parte dela, a fim de que se tenha uma percepção abrangente da cidade. Por isso sua forma deve ser agradável aos olhos humanos, funcionando como um símbolo da vida urbana, ou seja, por mais comum que essa cidade seja, é importante que admirá-la seja um prazer especial. Outro conceito importante para a relação entre cidades e pessoas é o conceito de urbanidade. Segundo Rheingantz e Pedro (2012) a urbanidade se refere ao modo como os espaços da cidade acolhem as pessoas, ou seja, o quão hospitaleiro é esse local. Neste sentido o espaço público é fundamental para promover a urbanidade na medida que vira palco da cultura urbana compartida, baseada nos princípios da coletividade, convivência, integração e diversidade.
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2.2 SOBRE OS ESPAÇOS PÚBLICOS Os espaços públicos, segundo Alex (2011), são locais abertos e acessíveis a todas as pessoas, que podem assumir formas e tamanhos variados, por isso devem ser vistos como um conjunto de práticas sociais. As praças, parques, ruas e jardins compõe o sistema de espaços abertos da cidade, e o convívio nesses locais dependem muito de acessos, pois a articulação com o tecido urbano define sua conexão com a cidade. Para Nygaard (2010) esses espaços representam a vitalidade ou a estagnação da vida urbana. São capazes de incorporar usos econômicos e sociais variados através das práticas socioespaciais. O povo é quem domina esse espaço, promovendo convivência social e relação interpessoal. Rogers (2001) afirma que um espaço público seguro e não excludente, seja ele de pequeno ou grande porte, é fundamental para a coesão social, pois servem de palco para a expressão da democracia. Nesses espaços a população tem liberdade para debater sobre os direitos dos cidadãos, e estimular essas discussões. De acordo com Brandão (2008) o espaço público é definidor da forma urbana. Esse espaço que configura a socialização e a vivência comum como um bem coletivo da comunidade, devendo ser visto como um bem de utilização livre, que traduz o equilíbrio entre o meio e o homem. Segundo Gatti (2013) a vida coletiva dos espaços públicos é indicador de qualidade de vida de uma cidade, pois esse espaço é local de lazer, descanso, conversa, circulação e encontro de pessoas. Para a autora o espaço deve ser projetado através da compreensão da dinâmica urbana, a fim de refletir as necessidades e anseios dos seus usuários. Os espaços públicos podem ser instalados em diferentes áreas dentro do contexto urbano. Uma dessas áreas é chamada por Gatti (2013) de “sobras de planejamento sem uso”, que são espaços residuais subutilizados resultantes de obras viárias, como baixos de viaduto, rotatórias e canteiros. Segundo a autora essas áreas remanescentes podem se tornar espaços de grande impacto e benefício para a população de seu entorno, contribuindo para a circulação e segurança dos pedestres. De acordo com Santiago e Marchesano (2016), autores da 2ª edição do Guia do Espaço Público do estado de São Paulo, espaços públicos bem planejados geram igualdade social, e a falta deles caracteriza uma cidade dividida, com relações sociais frágeis e tensas. A existência desses espaços reduz a taxa de criminalidade local ao possibilitar atividades que tragam segurança. O guia traz discussões sobre o “Placemaking”, que além de um conceito é uma ferramenta prática que repensa espaços a fim de promover melhorias a partir das próprias pessoas que se sentem inspiradas por aquele local. É uma ferramenta de participação comunitária que inclui o planejamento, desenho, gestão e a programação
de espaços públicos, criando atividades e conexões que permitem a evolução desse espaço. (SANTIAGO; MARCHESANO, 2016). A participação popular nesses espaços é importante. Segundo Reis e Kageyama (2011) existe o movimento das “pessoas criativas”. A classe criativa busca espaços públicos flexíveis e estimulantes, que acomodam qualquer atividade humana e que as permitam vivenciar esse espaço com três mentalidades diferentes: a) mentalidade ativa, quando se participa de manifestações no espaço e se sentem parte dele; b) mentalidade indiferente, quando estão apenas de passagem pelo espaço, e c) mentalidade ausente, quando se isolam do meio. Existem alguns critérios e parâmetros para avaliar a qualidade dos espaços públicos. Estes podem variar de acordo com diferentes autores. Para Gatti (2013) as características básicas para definir as condições dos espaços públicos são: a) condições de circulação para o pedestre e modais não motorizados; b) acessibilidade; c) arborização; d) segurança; e) conforto; f) áreas de estar e permanência; g) atividades realizadas e h) apelo visual. A partir dessa leitura dos espaços é possível entender os problemas e as potencialidades de cada lugar, a fim de direcionar os investimentos e as intervenções. Além dos critérios e parâmetros elencados acima, Brandão (2008) aponta alguns elementos essenciais para que os espaços públicos possuam qualidade urbana, são eles: a) identidade, que é alcançada a partir de elementos de diferenciação que tornam o local reconhecível; b) continuidade e permeabilidade, proporcionando boa integração com a malha viária; c) segurança e conforto, oferecendo boa qualidade visual e elementos ergonômicos; d) acessibilidade e mobilidade, oferecendo facilidade de movimentação e promovendo interligações; e) diversidade e adaptabilidade, flexibilizando usos a partir da escolha de serviços e equipamentos; f) robustez e resistência, atendendo as solicitações de uso e desgaste, garantindo maior tempo útil de vida possível e, finalmente, g) sustentabilidade, na esfera econômica, ambiental, social e cultural, sendo produtivos, pouco impactantes ecologicamente, promovendo equidade e sendo significativos. Para o Guia do Espaço Público, um espaço público bem-sucedido tem quatro qualidades fundamentais: é acessível, ativo, confortável e sociável. Acessível por permitir a circulação de todo tipo de pessoa, com ou sem dificuldades locomotoras; ativo pela variedade de atividades; confortável por oferecer bons locais de permanência e contemplação e sociável por promover encontros. (SANTIAGO; MARCHESANO, 2016) O Guia traz um diagrama de atributos para avaliação dos espaços públicos (Figura 01). O círculo central do diagrama (lugar) é um espaço público específico, e os critérios de avaliação estão no anel cinza, chamados atributos chaves. No anel azul estão aspectos intuitivos e qualitativos do lugar, e no rosa, aspectos quantitativos, medidos a partir de estatísticas. (SANTIAGO; MARCHESANO, 2016)
Figura 01 – Diagrama de Atributo dos Espaços Públicos.
13 vivacidade. A “socialidade” deve ser promovida para que os espaços sejam pontos de encontro, onde pessoas interagem não só com amigos, mas também com estranhos, tendo assim sensação de pertencimento. O espaço deve ser convidativo a todas as faixas etárias de usuários, a fim de incentivar as apropriações. A gestão desses espaços deve envolver não só o poder público, mas também a população local. É importante o envolvimento da população através do cooperativismo e voluntarismo, a fim de preservar o bem comum. (SANTIAGO; MARCHESANO, 2016) Segundo Robba e Macedo (2010) esses espaços possuem valores que trazem algumas qualidades. No contexto ambiental proporcionam melhorias na ventilação e aeração urbana, sendo importantes circuladores de ar que facilitam a dispersão dos gases poluentes; melhoram a insolação, quando da inserção de árvores, principalmente em áreas muito adensadas; ajudam no controle da temperatura, pois a arborização não absorve nem irradia o calor, e melhoram a drenagem pluvial, com a presença de superfícies permeáveis. No aspecto funcional, a importância desses espaços está no fato de serem uma das principais opções de lazer urbano, e no valor estético e simbólico representa um referencial de identidade e composição cênica da paisagem urbana local. Tabela 01 – Resumo dos Critérios para Avaliação da Qualidade de um Espaço Público.
Fonte: Santiago e Marchesano, 2016. Quanto aos atributos-chaves “acessos e conexões”, o espaço público deve ser de fácil chegada e saída, sendo bem conectado com as ruas do entorno. Deve estimular a diversidade dos meios de locomoção, permitindo conforto para o pedestre e ciclista, e a facilidade de acesso por meio do transporte público. Além disso, deve prever áreas de estacionamento para os usuários que chegam por meio de transportes particulares. O “conforto e imagem” dizem respeito às percepções dos usuários que estão relacionadas à itens como segurança, limpeza, visuais e disponibilidade de locais de descanso. Os “usos e atividades” devem ser os pilares básicos do espaço, sendo motivo principal da atração de pessoas ao local. Esse espaço deve ser ativo e divertido, com propostas de atividades diversificadas. Além disso, deve ser especial e real, possibilitando maior
Fonte: Produzido pela autora, 2017. A tabela acima resume os critérios para avaliação da qualidade dos espaços públicos de acordo com os três autores citados anteriormente: Gatti (2013), Brandão (2008) e Santiago e Marchesano (2016). Esses critérios servirão como base para avaliação do estudo de caso do parque urbano, além de auxiliar no projeto do parque linear que será proposto à frente nesse trabalho. A acessibilidade, conforto e diversidade são elementos comuns entre os autores, e por isso identificados como fundamentais. Estes, quando atrelados, são responsáveis pela vitalidade do local.
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2.3 SOBRE OS PARQUES URBANOS Dentre as várias tipologias de espaços públicos que uma cidade pode oferecer, o foco deste trabalho são os Parques Urbanos. Segundo Mascaró (2008) o Parque Urbano é um espaço aberto, de médio porte, geralmente entre 10 e 50 hectares, envolvido por vias de circulação que permitem uma boa conexão com o sistema de transporte público e privado da cidade. Nesse espaço há a predominância de áreas verdes, e inclui áreas destinadas a exposições e eventos. Segundo Macedo e Sakata (2003) o parque urbano é um espaço livre público que atende solicitações de recreação e lazer da população, tanto voltadas às atividades esportivas como culturais. Esse espaço é dotado de vegetação, sendo capaz de incorporar intenções de conservação em sua área. Outras definições também são encontradas, podendo ser parque qualquer espaço público de lazer ou de conservação, que possua vegetação, não importando que seja um pátio ou uma área com milhares de metro quadrados. (MACEDO; SAKATA, 2003) Para Sá Carneiro e Mesquita (2000) parques são espaços livres públicos com função predominante de recreação, ocupando na malha urbana uma área superior à da quadra típica urbana, que apresenta componentes da paisagem natural, como vegetação, topografia, elementos aquáticos, e também edificações destinadas a atividades recreativas, culturais e/ou administrativas. Kliass (1993) afirma que os parques urbanos são espaços públicos com dimensões significativas que possuem predominância de elementos naturais, principalmente cobertura vegetal. São destinados à recreação e ao lazer, configurando espaços de usufruto da população, onde a vegetação é responsável por criar ambiência mais agradável às atividades. Para Jacobs (2013) os parques são locais efêmeros, pois possuem picos de popularidade e impopularidade, dependendo do seu desempenho. Os populares diversificam as atividades tornando-se um local de confluência agradável. Os impopulares trazem efeitos negativos relacionados principalmente a segurança do seu entorno. Um projeto de parque possui basicamente quatro elementos: complexidade, centralidade, insolação e delimitação espacial. A complexidade é marcada pela multiplicidade de usos que sejam estimulantes; a centralidade diz respeito a um local de destaque que cria a identidade do parque; a insolação é um elemento que deve ser estudado a fim de ser explorado ou repelido, através das proteções solares; e a delimitação espacial está relacionada as edificações que as envolvem. (JACOBS, 2013). De acordo com Serpa (2013), o parque público funciona como um meio de controle social. Ele confere qualidade estética ao local de implantação e seu entorno. Além de ser um preservador da natureza local por estimular as áreas verdes, funciona como um
patrimônio da cidade, uma vez que se torna referência e símbolo de identidade. Funciona também como um espaço estruturador de vínculos e relações sociais, integrando-se no tecido urbano, melhorando a qualidade de vida e resolvendo os conflitos sociais através de intervenções espaciais. Além disso contribui para o prestígio da área onde está inserido revalorizando a imagem do local por serem vistos como locais ideias. Dentro das tipologias de parques urbanos existem os parques lineares. Eles foram criados, à princípio, para uso recreativo. Hoje, por sua configuração linear na malha urbana, são utilizados como corredores de conexão entre diversos destinos da cidade. Sua implementação valoriza o entorno e melhora a qualidade de vida da população, concentrando atividades ligadas ao esporte, cultura e lazer. É um espaço de acesso fácil e democrático, pois não beneficia apenas uma área dentro da cidade. (SCALISE, 2002) Existem alguns pontos que devem ser levados em consideração na criação desses espaços: sua conexão com os bairros locais e com outros lugares de interesse da população; sua segurança, devendo evitar perigos a partir da permeabilidade e continuidade de sua forma, e sua fiscalização, realizada por autoridades e até mesmo pelos seus usuários. (SCALISE, 2002) Segundo a Coordenação do Programa Soluções para Cidade (sem data), os parques lineares são áreas destinadas à conservação e à preservação de recursos naturais, capazes de interligar fragmentos de paisagem, onde é possível agregar funções de uso humano, como, por exemplo, atividades de lazer e cultura, além de formar rotas de locomoção através das ciclovias e dos caminhos para pedestres. Apesar de serem muito utilizados como instrumentos de recuperação de áreas ambientais degradadas, podem também servir como espaços recreacionais, criando infraestruturas alternativas para a cidade. Ainda de acordo com o Programa citado a cima (sem data), além das vantagens desse sistema, que melhora o microclima urbano; gera áreas recreativas para a população e serve como escape de tensões psíquicas dos seres humanos, deve-se tomar algumas precauções ao implantá-lo, pois, geralmente, é necessário que se façam desapropriações de ocupações irregulares, o que pode gerar um alto custo. Além disso é importante prever serviços de manutenção e incentivar o envolvimento da população para que o parque não sofra com depredações.
03 ESTUDO DE CASO: O PARQUE MADUREIRA
16 O estudo de caso do Parque Madureira foi realizado tendo como base a dissertação de mestrado, “Sustentabilidade em obras públicas: o caso do Parque Madureira”, do engenheiro Mauro Bonelli, coordenador da obra do Parque.
3.1 APRESENTAÇÃO DO PARQUE LOCALIZAÇÃO O Parque está localizado no bairro Madureira, um dos mais antigos da Zona Norte da Cidade do Rio de Janeiro. Figura 02 - Localização do Parque Madureira.
O projeto tem como objetivo proporcionar áreas verdes, de lazer e de contemplação, incentivando a prática de esporte e o cuidado com a saúde. É responsável por promover cultura, arte e educação ambiental para a comunidade do entorno e seus usuários. Com isso buscou a pluralidade de atividades, a fim de ocupar toda sua área de forma acessível e atraente à população de diferentes faixas etárias e interesses diversificados. O conceito de sustentabilidade foi fortemente abordado no projeto do Parque, que foi o primeiro do Brasil a conquistar o selo AQUA de sustentabilidade da Fundação Vanzolini. IMPLANTAÇÃO O projeto possui implantação linear, com 1.350 m de extensão, e área de 108.870,32 m². O terreno era utilizado pela empresa Light, concessionária de energia que, a partir de negociações com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, compactou as redes de transmissão e distribuição de energia, cedendo uma faixa do terreno para a implantação do Parque. Figura 03 - Implantação do Parque Madureira.
Fonte: Google Maps, 2017. É um bairro com grande adensamento, com índice de urbanização de 99,93 %, ou seja, menos de 1m² de área verde/habitante. A predominância de uso no entorno do terreno é residencial unifamiliar de até três pavimentos, apesar de abrigar um dos maiores polos comerciais da cidade: Madureira Shopping e Mercadão Madureira. O PROJETO O Parque Madureira surgiu de um projeto de educação socioambiental e foi idealizado e coordenado pelo engenheiro Mauro Bonelli, da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. As questões arquitetônicas, urbanísticas e paisagísticas do Parque foram projetadas pelo escritório RRA, no ano de 2016.
Fonte: Google Earth, 2017.
17 Devido ao grande público foi necessário a instalação de um Posto Médico que desse suporte aos eventos em caso de emergência.
3.2 SETORIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO O Parque foi dividido em quatro setores para melhor desenvolvimento do projeto.
Figura 06 – Praça do Samba, Parque Madureira.
Figura 04 - Setorização Geral do Parque Madureira.
SETOR 1
SETOR 2
SETOR 3
SETOR 4
Fonte: Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, 2012. Figura 05 – Detalhe do Setor 01, Parque Madureira.
Fonte: Bianca Rezende, 2016. Figura 07 – Posto Médico, Parque Madureira.
Fonte: Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, 2012.
SETOR 01 O Setor 01, denominado “Praça do Samba”, tem cerca de 22.460,69 m² e é destinado à eventos musicais e culturais. É uma homenagem às duas Escolas de Samba tradicionais do bairro (Portela e Império Serrano). Possui um palco de 309 m² coberto por uma concha acústica em concreto aramado, arquibancada com 360 lugares e uma área de 1.560 m² destinada à cerca de 3.000 pessoas em pé. Esse setor possui dois acessos, e seus portões podem isola-lo totalmente dos demais setores em dias de grandes eventos. Em cada acesso tem-se um Ponto de Atendimento ao Usuário, que fornece informações aos frequentadores, servindo também como base de apoio aos guardas municipais que fazem a segurança do Parque.
Fonte: Mauro Bonelli, 2016.
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Figura 08 – Perspectiva do Setor 01, Parque Madureira.
O Setor 02, conhecido como “Parque Contemplativo”, é um espaço para relaxamento e contemplação. O Quiosque da Bicicleta é aonde ocorre a venda de equipamentos relacionados às bicicletas e sua manutenção. Adjacente a ele encontra-se um estacionamento de bicicletas que incentiva o uso destas pelos mais de 1.450 m de ciclovia implantadas no Parque. A Nave do Conhecimento é um espaço de criatividade e inovação, que traz a cultura digital através de equipamentos com alta tecnologia e cursos. Figura 10 – Nave do Conhecimento, Parque Madureira.
Fonte: Google Earth, 2017. SETOR 02 Figura 09 – Detalhe do Setor 02, Parque Madureira
Fonte: arcoweb.com.br O Jardim Sensorial manifesta-se através dos quatro sentidos do corpo humano. O tato é representado pela textura das plantas; a audição com os repuxos d’água; a visão pelas cores exuberantes e o olfato através dos aromas das espécies. O Jardim Botânico apresenta à população espécies tropicais do mundo inteiro. A academia da terceira idade e o espaço para atividades ao ar livre foram previstos para contemplar todas as faixas etárias.
Fonte: Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, 2012.
19 Figura 11 – Jardim Sensorial, Parque Madureira.
Figura 13 – Academia da Terceira Idade, Parque Madureira.
Fonte: Mauro Bonelli, 2016. Figura 14 – Espaço da Terceira Idade, Parque Madureira. Fonte: Mauro Bonelli, 2016. Figura 12 – Jardim Botânico, Parque Madureira.
Fonte: Mauro Bonelli, 2016.
Fonte: Mauro Bonelli, 2016.
20 Atividades como jogo de bocha, mesa de jogos e mesa de tênis foram implantadas no Parque, trazendo maior variedade de usos e usuários. Nesses locais é possível ocorrer aulas e competições relacionados a cada modalidade.
Figura 17 – Mesas de tênis, Parque Madureira.
Figura 15 –Jogo de Bocha, Parque Madureira.
Fonte: Bianca Rezende, 2016. A água é o elemento chave do conceito de sustentabilidade utilizado no Parque. Neste setor foi previsto um grande conjunto de lagos, com um total de 1.263 m² de espelho d’agua, que contam também com chafarizes. Fonte: Mauro Bonelli, 2016. Figura 16 – Mesas de Jogos, Parque Madureira.
Fonte: Mauro Bonelli, 2016.
Figura 18 – Lagos, Parque Madureira.
Fonte: Bianca Rezende, 2016.
21 Figura 19 – Jardim das Esculturas, Parque Madureira.
O Jardim das esculturas visa fomentar a arte popular e local do bairro de Madureira. O Centro de Educação Ambiental tem papel administrativo e socioambiental no Parque. É uma edificação sustentável que contém tetos e paredes verdes, captação de energia solar e água de chuva. As últimas instalações que compõe o setor 02 são o Mirante, estrutura elevada que permite a visual do Parque, e a Escadaria Hidráulica, que forma uma cascata, atração muito procurada em dias quentes. O setor 02 é o maior do projeto, e juntamente com o setor 03 representa uma área de 60.543,35 m². Os dois setores são contínuos, não possuindo segregação física entre eles como acontece entre os setores 01 e 02, que são separados por uma via. Figura 21 – Mirante e Escadaria Hidráulica, Parque Madureira.
Fonte: Mauro Bonelli, 2016. Figura 20 – Centro de Educação Ambiental, Parque Madureira.
Fonte: Bianca Rezende, 2016.
Fonte: Mauro Bonelli, 2016.
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Figura 22 – Perspectiva do Setor 02, Parque Madureira.
A principal vocação do setor 03 é para o esporte. Com 3.850 m², o Circuito de Skate do Parque é a segunda maior pista do país. É a pista mais moderna, funcional e completa, sendo apta a receber eventos nacionais e internacionais de skate. A quadra de grama sintética (futebol society) foi locada ao lado do circuito para servir como área de apoio para montagem de eventos. Além disso o setor possui quadras poliesportivas, quadra de vôlei de areia, uma área com equipamentos para ginástica e um lago. Figura 24 – Circuito de Skate, Parque Madureira.
Fonte: Google Earth, 2017.
SETOR 03 Figura 23 – Detalhe do Setor 03, Parque Madureira.
Fonte: Bianca Rezende, 2016. Figura 25 – Perspectiva do Setor 03, Parque Madureira.
Fonte: Google Earth, 2017. Fonte: Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, 2012.
23 Figura 28 – Perspectiva do Setor 04, Parque Madureira.
SETOR 04 Figura 26 – Detalhe do Setor 04, Parque Madureira.
Fonte: Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, 2012. A Arena Carioca é um espaço para shows e teatro que comporta cerca de 330 pessoas sentadas na área interna e mais de 1.500 em pé na externa. É uma área segregada do Parque, uma vez que o acesso é cobrado, além de ser separado por uma via. Nesse setor está também a sede da Inspetoria da Guarda Municipal, separada do Parque por um muro, ocupando cerca de 1.579,21 m², e a Estação de Tratamento de Esgoto, responsável por coletar os dejetos do Parque uma vez que o bairro Madureira não possui rede de esgoto. Figura 27 – Arena Carioca Fernando Torres, Parque Madureira.
Fonte: Débora Scherrer, 2016.
Fonte: Google Earth, 2017.
EXPANSÃO DO PARQUE MADUREIRA Uma nova pista de skate half pipe foi montada sob uma cobertura de concreto de 3.500 m², e permite receber competições, por ser uma pista de última geração. Além disso, próximo dela, foi feita uma pista para iniciantes. Figura 29 – Nova Pista de Skate Half Pipe, Parque Madureira.
Fonte: www.rra.com.br
24 Figura 30 – Pista de Skate para iniciantes, Parque Madureira.
Figura 32 – Cascatas da Praia, Parque Madureira.
Fonte: www.rra.com.br
Fonte: www.rra.com.br
A Praia de Rocha Miranda é um balneário artificial com 500 m², faixa de areia com permissão para cadeiras de praia e guarda-sóis, e 120 m de queda d’água, formadas por três cascatas.
No novo trecho foi criada uma escadaria com queda d’água de 3,5 m de altura, que proporciona momentos refrescantes aos visitantes, chamada Cachoeira Urbana. Figura 33 – Cachoeira Urbana, Parque Madureira.
Figura 31 – Projeto da Praia, Parque Madureira.
Fonte: www.rra.com.br Fonte: oglobo.globo.com
25 O teatro a céu aberto Zaquia Jorge tem capacidade para 391 pessoas sentadas e 1.000 em pé. O espaço conta com um palco de 170 m², área de apoio com camarins, banheiros e coxias. O telhado verde do teatro foi implantado como solução termoacústica, atuando como isolante e evitando a transferência de calor, frio e ruído para o interior da construção. O Baixo Bebê é um parquinho com piso emborrachado e total acessibilidade, que inclui crianças com pouca mobilidade. Figura 34 – Teatro Zaquia Jorge, Parque Madureira.
O edifício multiuso foi construído com técnicas modernas de sustentabilidade. O prédio possui 610 m², dois salões climatizados e uma varanda. O telhado contém 250 placas fotovoltaicas que geram energia, reduzindo o abastecimento elétrico do edifício. Abriga a exposição permanente “Parque Madureira: um sonho concretizado”, composta por fotos e informações sobre o Parque desde a primeira fase de obras. Dividida entre Passado, Transformação e Presente, a mostra aborda a evolução e as fases de implantação do projeto, desde a compactação das linhas de transmissão da concessionária de energia Light, abordando preceitos que nortearam toda concepção como sustentabilidade, lazer, botânica e esportes. Figura 36 – Baixo Bebê, Parque Madureira.
Fonte: www.rra.com.br
Fonte: www.prefeitura.rio
Figura 35 – Projeto do Parque Infantil, Parque Madureira.
Figura 37 – Edifício Multiuso, Parque Madureira.
Fonte: www.rra.com.br
Fonte: ww.jb.com.br
3.3 AVALIAÇÃO DO PARQUE AVALIAÇÃO SEGUNDO SANTIAGO E MARCHESANO (2016) No capítulo anterior foi apresentado o diagrama de atributos para avaliação dos espaços públicos elaborado pela Organização Conexão Cultural de São Paulo, que aponta quatro atributos chaves para a avaliação: Sociabilidade; Usos e Atividades; Acessos e Conexões; e Conforto e Imagem.
26 Existem áreas como a Praça do Samba, o Teatro Zaquia Jorge e a Arena Carioca Fernando Torres que são responsáveis pela atração de multidões, e que podem ser utilizadas durante todo o dia, promovendo maior vitalidade ao espaço. Figura 39 – Aspecto Usos e Atividades do Diagrama de Atributos.
Figura 38 – Aspecto Sociabilidade do Diagrama de Atributos.
Fonte: SANTIAGO e MARCHESANO, 2016. Editado pela autora, 2017.
Fonte: SANTIAGO e MARCHESANO, 2016. Editado pela autora, 2017. Quanto a sociabilidade o Parque Madureira promove inclusão, buscando atender diferentes públicos, a partir da instalação de equipamentos e criação de espaços que permitam a apropriação por diferentes faixas etárias. O Parque foi concebido a partir do estudo da realidade do público local, por isso é um elemento de integração social que permite bom acesso dos bairros vizinhos. A população local cria afeição e se identifica com o espaço, e isso faz com que cuidem dele. Os usos e atividades do Parque Madureira lhe permitem fluxo de pessoas durante todo o dia, caracterizando-o como um espaço ativo e vivo. O diferencial desse parque é a capacidade que ele tem de oferecer espaços que atraem públicos com níveis de demandas diferentes.
Existem os espaços que atraem público mediano, como a nave do conhecimento, o espaço multiuso, a praia artificial, e as pistas de skate, principalmente em dias de competições. Mas existem também aqueles que atraem público pequeno e mais específico. É o caso das academias ao ar livre, dos playgrounds, quadras e áreas de jogos. A diversão proporcionada pelos usos torna o Parque especial, como por exemplo a cachoeira urbana, escadaria hidráulica com cascata e parquinho infantil com piso emborrachado e cama elástica no piso. É um local que permite a participação popular não só para o lazer, mas também como fonte de renda, uma vez que possui quiosques de alimentação, quiosques de vendas de equipamentos, posto de atendimento, posto médico, e outros serviços prestados à comunidade que demandam pessoas especializadas para desenvolvê-los, gerando emprego para a população local.
27 Figura 40 – Aspecto Acessos e Conexões do Diagrama de Atributos.
Figura 41 – Aspecto Conforto e Imagem do Diagrama de Atributos.
Fonte: SANTIAGO e MARCHESANO, 2016. Editado pela autora, 2017.
Fonte: SANTIAGO e MARCHESANO, 2016. Editado pela autora, 2017.
O Parque é uma área que se estende por três bairros: Madureira, Honório Gurgel e Rocha Miranda, e apesar de ser uma área bem localizada e de fácil chegada, possui uma barreira física que atrapalha o acesso, a permeabilidade e integração com a via pública: os gradis que circundam o parque. Para acessá-lo a população têm que se dirigir a um dos portões, que são 5, distribuídos ao decorrer do parque. As distâncias entre eles são consideravelmente grandes, chegando a 500 m, o que gera desconforto para os usuários que vão a pé. Apesar da dificuldade de acesso ao Parque, a infraestrutura interna permite ao usuário boa conexão entre os espaços propostos. As áreas caminháveis são dotadas de boa iluminação e arborização, o que torna o passeio mais agradável. O sistema de ciclovias do parque também o torna uma área convidativa, propondo diversidade nos meios de locomoção, porém o entorno do parque não é dotado de ciclovias que façam a conexão com a cidade. Quanto à acessibilidade toda a extensão do parque conta com percursos e equipamentos acessíveis, com sinalização adequada e rampas, a fim de garantir pleno acesso.
O conforto proporcionado pelo Parque Madureira vai além de simples espaços de permanência com locais para se sentar em áreas arborizadas. O conceito de sustentabilidade utilizado na concepção do parque permite elementos que ajudam no controle da temperatura e umidade do ar, mantendo o espaço mais agradável. O elemento água foi importante nesse controle de temperatura. Atrações como a praia, cascata, e escadaria hidráulica permitem a utilização do parque em dias muito quentes, comuns no Rio de Janeiro. A imagem criada pelo Parque Madureira é repleta de simbologias e historicidade, uma vez que dá a suas edificações, nomes homenageando personagens ou manifestações importantes para a cultura local. Um exemplo é o teatro Zaquia Jorge, que recebe o nome da mulher que arrecadou subsídios para a criação do primeiro teatro de Madureira. A segurança, apesar de controlada pelos postos da guarda municipal e pelas câmeras instaladas ao decorrer do parque, está diretamente ligada à diversidade de usos e atividades que o local promove.
04 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE PROJETO
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4.1 APRESENTAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Figura 43 – Divisão dos bairros da Região 01.
De acordo com a Lei Municipal nº 4707/2008 o município de Vila Velha é dividido em 05 (cinco) Regiões Administrativas, como mostra o mapa abaixo. Figura 42 – Localização e Regiões Administrativas de Vila Velha – ES.
Fonte: Dalbó et al., editado pela autora, 2017.
4.2 IDENTIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS LIVRES DE USO PÚBLICO PARA PRÁTICAS SOCIAIS E ESPAÇOS POTENCIAIS DA REGIÃO 01
Fonte: Dalbó el al., editado pela autora, 2017. A área de estudo é a Região 01 – Grande Centro, que compreende 18 bairros: Centro de Vila Velha, Boa Vista I, Boa Vista II, Coqueiral de Itaparica, Cristóvão Colombo, Divino Espírito Santo, Glória, Ilha dos Ayres, Itapoã, Jaburuna, Jockey de Itaparica, Olaria, Praia da Costa, Praia das Gaivotas, Praia de Itaparica, Residencial Coqueiral, Soteco e Vista da Penha.
Segundo Mendonça (2015) os espaços livres de uso público para práticas sociais são aqueles destinados ao lazer, atividades recreativas e esportivas. Fazem parte deste grupo as praças, parques urbanos, trechos de orlas marítimas urbanizadas (Calçadão), espaços residuais associados à malha viária e faixa de areia da praia próxima ao mar. De acordo com o mapeamento, na Regiãol 01, existem 20 (vinte) praças e 01 (um) parque. Percebe-se que esses espaços são distribuídos de forma desigual e estão localizados, principalmente, nos bairros de maior renda per capita e com infraestrutura mais consolidada, geralmente localizados próximos a orla. 09 (nove) dos 18 (dezoito) bairros que compõem a Região 01 não são contemplados com nenhum tipo de espaço relacionado a práticas sociais (DALBÓ el al., 2017).
30 O acesso da população é um fator importante e decisivo na qualidade dos espaços públicos da cidade. Considerando um raio de 300 metros de influência direta (REDE NOSSA SÃO PAULO, 2012), foi possível constatar que apenas 37,73% da população da Região 01 tem acesso aos espaços livres públicos para práticas sociais, o que reforça a necessidade da criação de novos espaços que atenda essa demanda (DALBÓ el al., 2017). Figura 44 –Espaços Livres de Uso Público para Práticas Sociais da Região 01.
comportamentais, que são usos informais, estruturas e caminhos improvisados pelos moradores locais, que demonstram a necessidade de espaços para convívio social. Essas circunstâncias são vistas com maior frequência nos bairros onde não existem espaços livres públicos para práticas sociais (DALBÓ el al., 2017). De acordo com o mapeamento a Região 01 possui 147 terrenos com potencial para a criação de espaços livres públicos para práticas sociais. Esses terrenos possuem no mínimo 400,00 m², seguindo os parâmetros para metragem quadrada de espaços públicos estudados por Jacobs (2000), que defende a ideia de praças pequenas para o fortalecimento da vitalidade urbana em escala de vizinhança (DALBÓ et al., 2017). Dentre esses terrenos existem alguns, em vermelho no mapa da Figura 45, que são prioritários para a criação de espaços livres públicos para práticas sociais, pois estão localizados em áreas não atendidas pelos espaços públicos já existentes, considerando o raio de influência de 300 m, logo, são responsáveis por suprir essa carência. Figura 45 – Espaços Potenciais da Região 01.
Fonte: Dalbó et al., editado pela autora, 2017. Bairros contemplados: Boa Vista II; Centro; Coqueiral de Itaparica; Divino Espírito Santo; Glória; Itapoã; Jockey de Itaparica; Praia da Costa; Praia das Gaivotas; Praia de Itaparica. Bairros não-contemplados: Boa Vista I; Cristóvão Colombo; Ilha dos Ayres; Jaburuna; Olaria; Residencial Coqueiral; Soteco e Vista da Penha Para Mendonça (2012) os espaços livres potenciais são terrenos particulares vazios, espaços remanescentes da ocupação de equipamentos de grande porte e da malha viária, além de espaços de transição entre as áreas urbanas e rurais, que podem ser transformados em áreas livres de uso público. São espaços ou terrenos livres, sem qualquer infraestrutura privada ou pública, também chamados de vazios urbanos. Na maior parte deles percebem-se sinais
Fonte: Dalbó et al., editado pela autora, 2017.
31 Figura 46 – Cruzamento de dados: Raio de influência dos espaços livres e terrenos prioritários da Região 01.
4.3 SOBRE A ÁREA DE PROJETO LOCALIZAÇÃO A área de projeto faz limite com 3 bairros da Região 01: Cristóvão Colombo, Divino Espírito Santo e Ilha dos Ayres. Figura 47 – Localização da área de projeto.
1 Fonte: Dalbó et al., editado pela autora, 2017.
A partir da leitura do mapa da Figura 46 é possível compreender a importância dos terrenos identificados como prioritários. A partir desses terrenos foi traçado o raio de 300 metros de influência, e chegou-se à conclusão que eles são responsáveis por preencher os vazios, ou seja, a carência de espaços públicos na Região 01.
Fonte: Dalbó et al., editado pela autora, 2017.
APRESENTAÇÃO O terreno é um canteiro central decorrente do projeto de infraestrutura e mobilidade urbana realizado pela Prefeitura Municipal de Vila Velha em parceria com o Governo do Estado na área do Canal Bigossi. Possui área de aproximadamente 26.000 m² e 1,1 km de extensão, sendo atualmente um grande espaço subutilizado.
32 Figura 48 – Perspectiva da área de projeto.
As obras de mobilidade proporcionaram a ligação direta entre a Terceira Ponte e a Avenida Carlos Lindenberg, com objetivo de desafogar o fluxo de veículos e melhorar o trânsito da região. O objetivo do projeto Corredor Bigossi, além da mobilidade, é criar um corredor empresarial na área. As novas vias possuem três faixas de rolamento em cada sentido, sendo que duas – uma por direção – são destinadas ao projeto de corredores exclusivos do BRT. O BRT (Bus Rapid Transit) é um novo modelo de transporte cuja implantação proporciona mais agilidade e conforto para a população. De acordo com o projeto os corredores exclusivos serão à esquerda da via, contanto com estações de embarque e desembarque. (PREFEITURA DE VILA VELHA, 2012) Figura 50 – Trajeto do BRT de Serra à Cariacica.
Fonte: Google Earth, editado pela autora, 2017. O projeto de Infraestrutura conta com a drenagem, a construção da galeria e a cobertura do canal, além da pavimentação da área a partir da abertura de novas vias – que gerou o canteiro central. Segundo a prefeitura de Vila Velha (201) através da canalização foi possível melhorar a mobilidade urbana e a qualidade de vida da população. Figura 49 – Extensão do Projeto Corredor Bigossi.
Fonte: Prefeitura de Vila Velha, 2012.
Fonte: A Gazeta, 2014.
33 O projeto do Corredor Bigossi teve execução com alto grau de complexidade, principalmente pelas 150 desapropriações necessárias para a conclusão da obra. Os imóveis do entorno, em sua maioria, possuíam baixo padrão e infraestrutura, e não havia regularização junto ao registro geral de imóveis, o que dificultou o processo. (MARTINS; OLIVEIRA e THOMAZ, 2009).
Figura 53 – Área de Projeto em 2013: processo de desapropriação
Figura 51 – Corredor exclusivo de BRT à esquerda da via com estação de embarque e desembarque.
Fonte: Google Earth, editado pela autora, 2017. Figura 54 – Av. Gonçalves Lêdo antes da Intervenção.
Fonte: Prefeitura de Vila Velha, 2012. Figura 52 – Área de Projeto em 2005: anterior à Intervenção viária.
Fonte: Google Street View, 2017.
Fonte: Google Earth, editado pela autora, 2017.
34 Figura 55 – Av. Gonçalves Lêdo após a Intervenção.
Figura 57 – Canal Bigossi – Trecho descoberto 2
Fonte: Google Street View, 2017.
ANÁLISE
Fonte: Acervo da autora, 2017.
A análise do terreno e seu entorno foi realizada a partir de diagramas, mapeamento, imagens e visita de campo com o objetivo de identificar os elementos que compõem e contextualizam a área de projeto a fim de compreender suas potencialidades e vulnerabilidades. O diagrama de elementos físicos e ambientais (Figura 59) apresenta elementos como o vento dominante, a insolação e a localização do Canal Bigossi, que ainda após a intervenção de canalização possui trechos a céu aberto (Figuras 56, 57 e 58), além de marcar a visual para o Convento da Penha, que pode ser explorada no projeto. Figura 56 – Canal Bigossi – Trecho descoberto 1
Figura 58 – Canal Bigossi – Trecho descoberto 3
Fonte: Acervo da autora, 2017.
Fonte: Acervo da autora, 2017.
Figura 59 – Diagrama de elementos fĂsicos-ambientais
Trecho 3 Trecho 2 Trecho 1
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
35
Figura 60– Diagrama de elementos fĂsicos-comportamentais
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
36
37 O diagrama de elementos físicos-comportamentais (Figura 60) contextualiza o entorno do terreno. Com a urbanização do Canal Bigossi vieram também algumas infraestruturas como calçadas acessíveis; ciclovias e ciclofaixas; faixas de pedestres; sinalização e iluminação pública. Existem algumas edificações importantes que influenciam no fluxo de pessoas no entorno da área de projeto. O público dessa área é diversificado, uma vez que transitam pelo local crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, que usam algum dos serviços oferecidos: escola pública de ensino fundamental e supletivo, escola particular da educação infantil ao pré-vestibular, faculdade particular, hospital particular e terminal rodoviário, além dos próprios moradores locais. O uso do solo é predominantemente residencial, com edificações de até 3 pavimentos. O uso misto é encontrado nas principais vias que dão acesso à área, com comércio ou serviço no térreo e residência nos demais pavimentos. O detalhamento do mapeamento do uso do solo e do gabarito das edificações encontram-se nas Figuras 63 e 64 a seguir, onde foi traçado o raio de 300 metros a partir do limite do terreno, medida considerada confortável para o acesso de pessoas ao espaço público através de caminhada, como já mencionado em capítulos anteriores.
Figura 62 – Iluminação Pública instalada.
Fonte: Acervo da autora, 2017. Figura 61– Faixa de pedestres, Ciclovia e Calçada Acessível.
Fonte: Acervo da autora, 2017.
Figura 63 – Mapa de Uso do Solo
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
38
Figura 64 – Mapa de Gabarito das Edificações
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
39
40
Figura 65 – Diagrama de fluxo viårio.
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
41 O diagrama de fluxo viário (Figura 65) mostra às principais vias que dão acesso à área de projeto e a intensidade de fluxo destas. Essas vias são responsáveis pelo fluxo de veículos que influencia diretamente na dinâmica local. As vias identificadas como de maior fluxo foram a Av. Luciano das Neves, a Av. Antônio Ataíde, a Rua Europa e a Av. Gonçalves Lêdo em seus trechos próximos a Terceira Ponte, a Av. Capixaba e a Av. Carlos Lindemberg. O maior nó viário – que irá influenciar diretamente nas decisões de projeto do Parque – foi identificado na interseção da Av. Capixaba, Av. Gonçalves Lêdo e Rua Eurpa.
Figura 67 – Divisão dos trechos do terreno.
Figura 66 – Avenida Gonçalves Ledo – fluxo de veículos.
Fonte: Google Earth, editado pela autora, 2017. Figura 68– Diferença de dimensões do terreno – trecho 1.
Fonte: Acervo da autora, 2017. Apesar do terreno possuir grande extensão é possível perceber que existem trechos com dimensões diferentes em seu decorrer. O terreno foi dividido em três trechos (identificados na Figura 67) a fim de caracterizar essa diferença a partir de imagens do local.
Fonte: Acervo da autora, 2017.
42 Figura 69 – Diferença de dimensões do terreno – trecho 2.
CONCLUSÃO DA ANÁLISE A partir do levantamento de dados in locco foi elaborado um mapa síntese (Figura 71) destacando as potencialidades e vulnerabilidades da área de projeto. A partir desse mapa foi produzido uma tabela (Tabela 02) que traz as diretrizes e as ações de projeto que objetivam fomentar cada potencialidade e mitigar cada vulnerabilidade identificadas na fase de análise.
Fonte: Acervo da autora, 2017. Figura 70 – Diferença de dimensões do terreno – trecho 3.
Fonte: Acervo da autora, 2017.
43 Figura 71– Mapa SĂntese de Potencialidades e Vulnerabilidades
Fonte: Acervo da Autora, 2017
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Tabela 02 – Diretrizes e Ações de Projeto
Fonte: Acervo da Autora, 2017
05 PROPOSTA PROJETUAL
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PROPOSTA PROJETUAL A proposta de intervenção foi tratada como uma Operação Urbana Consorciada. Segundo a lei 10.257/2001, Estatuto da Cidade: “Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental”. Para essa operação foi realizado o mapeamento de áreas a serem mantidas, renovadas ou requalificadas, apresentado na Figura 72, a fim de gerar o Masterplan da intervenção, identificando os novos usos e apropriações. O foco da proposta é o projeto de um parque linear, espaço público para práticas sociais incluindo atividades culturais, esportivas, de lazer e de prestação de serviços para a população. As áreas mantidas são aquelas cujas edificações possuem melhor padrão construtivo e onde ocorre uma ordenação da malha viária, sendo assim consideradas áreas consolidadas com melhores infraestruturas. A renovação urbana é um processo que está ligado a demolição do espaço edificado com objetivo de substituição por uma nova construção. É uma intervenção em grande escala de dimensão morfológica, funcional e social (MOURA, et. al., 2006). Considerando esse conceito, as áreas renovadas englobam as quadras limítrofes ao parque, onde busca-se a integração e permeabilidade, os terrenos identificados como vazios urbanos, a fim de integrá-los ao parque ou trazer novos usos, e áreas que possuem baixa infraestrutura. A requalificação urbana é um instrumento para a melhoria da qualidade de vida da população a partir da construção e recuperação de equipamentos e infraestruturas e da valorização do espaço público. Essa intervenção muda o valor econômico, cultural, paisagístico e social da área (MOURA, et. al., 2006). Com isso, a requalificação foi aplicada na área proposta para a criação do parque linear, a fim de trazer essas melhorias para o local. Figura 72 – Mapa de Intervenção: Manter, renovar e requalificar
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
CONCEITO E PARTIDO
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Como estudo na revisão bibliográfica os espaços vivos são aqueles que se sustentam com naturalidade a medida que se consegue mesclar usos e usuários. O Canal Bigossi, hoje coberto, é um importante elemento ambiental e paisagístico da área. Com isso, o conceito do Parque Linear é: Pluralidade e Reconciliação. A Pluralidade é um conceito que caracteriza a multiplicidade, traduzida no projeto através da diversidade de usos, públicos, atividades e diferentes possibilidades de acessos que se pretende englobar no projeto. Além disso, o conceito se traduz no piso que integra todos os setores do Parque, através de uma paginação com diversas formas e cores.
A Reconciliação é o restabelecimento da boa relação, traduzida no projeto na reinserção do canal no perfil paisagístico da área de intervenção, a fim de trazer memórias e valorizar esse bem natural que incentiva a relação entre o homem e a natureza. Figura 74 – Diagrama Conceitual: Reconciliação
Figura 73 – Diagrama Conceitual: Pluralidade
Fonte: Produzido pela autora, 2017. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
48 Figura 76 – Perfil 1: Via ao lado do Hospital Vila Velha.
INERVENÇÃO VIÁRIA Como já mencionado na síntese da análise da área, apesar da extensa porção territorial, as vias tornam esse local estreito, deixando o pedestre vulnerável. A Figura 75 mostra, através de diagrama, a intervenção viária realizada a fim de tornar a relação entre veículos e pedestres mais segura. Figura 75 – Diagrama de Intervenção Viária
Fonte: Produzido pela autora, 2017. Figura 77 – Perfil 2: Rua Europa.
Fonte: Produzido pela autora, 2017 Figura 78 – Perfil 3: Avenida Gonçalves Lêdo.
Fonte: Produzido pela autora, 2017. Além disso foi elaborado os novos perfis propostos para as vias e o esquema de conexões subterrâneas e aéreas propostas para melhorar a relação entre veículos e pedestres. O perfil 1 (Figura 76) apresenta uma via de mão dupla, com estacionamento em ambos os sentidos, o que não ocorre nas demais vias por serem vias de fluxo mais rápido. Nessas vias (Figura 77 e 78) as calçadas são mais largas, a fim de promover uma vivência diferenciada para o pedestre. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
49 Figura 79 – Conexão Subterrânea de Veículos – Mergulhão.
USOS E ATIVIDADES A seguir estão representados o mapa de novos usos propostos para a área de intervenção da Operação Urbana (Figura 81) e o diagrama de novos usos e atividade para o Parque Linear em si (Figura 82). Nas áreas identificadas como “Renovadas” foram propostos novos edifícios, com gabarito controlado, a fim de dinamizar o fluxo de pessoas no local, através, principalmente, dos modelos híbridos e de uso misto. A ideia da quadra aberta e edifícios em pilotis foram pensados para serem extensões do próprio parque, e trazerem maiores áreas de vivência para a população. A distribuição das atividades no parque buscou reafirmar o conceito de diversidade, a fim de que os usuários possam ter o maior número de experiências possíveis num mesmo local. Figura 81 – Mapa de Novos Usos para a Operação Urbana
Fonte: Produzido pela autora, 2017. Figura 80 – Conexão Aérea de Pedestres – Passarela.
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
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Figura 82 – Diagrama de Usos e Atividades proposto para o Parque Linear
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
51 PROJETO DO PARQUE LINEAR O Parque Linear proposto é um equipamento público de escala municipal, cujo objetivo é proporcionar para a população o acesso ao lazer, entretenimento, cultura, saúde e diversas outras atividades, num local que abrigue a pluralidade de idades, gêneros, raças e classes sociais. Localizado na divisa entre três bairros – Divino Espírito Santo, Cristóvão Colombo e Ilha dos Ayres – o Parque possui 1,1 quilômetros lineares e aproximadamente 67.300 m². O projeto foi dividido em quatro (4) setores com intuito de facilitar o desenvolvimento e a visualização, uma vez que o terreno é extenso e de configuração linear. Os setores possuem atividades diversificadas, a fim de manter a vivacidade durante todos os períodos do dia. Essas atividades buscam maior envolvimento da população, a fim de criar a sensação de pertencimento, fundamental para a manutenção e evolução do espaço coletivo. As perspectivas dos setores foram elaboradas a fim de criar um panorama geral e facilitar a compreensão da localização de cada atividade, sendo assim elementos como arborização e mobiliário não aparecem e serão mostrados a frente nas imagens a nível do observador. Figura 83 – Identificação dos Setores do Parque Linear
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
52
Figura 84 – Implantação Geral do Setor 1. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21.
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Rua Compartilhada Terminal de Bike Compartilhada Estacionamento Público Posto Comunitário de Segurança Área de Alimentação (Food Trucks) Canal Bigossi Edifício Híbrido Skate Park Passarela sobre o Canal Quadra Poliesportiva Campo Society Vestiário Academia Popular Ciclovia Pista de Cooper Academia da Terceira Idade Quadra de Tênis Campo de Bocha Mesas de Jogos Playground Horta Comunitária
53
Figura 85 – Perspectiva Geral do Setor 1
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
54 O setor 1, intitulado “Entretenimento”, possui aproximadamente 24.000m², é uma área ampla e está em uma das extremidades do parque. Localizado próximo a Escola Municipal de Ensino Fundamental, é um setor que reúne o complexo poliesportivo, horta comunitária, playground, área para idosos e área de alimentação, além do estacionamento público. Por todo setor e ao longo do Canal foram previstas áreas de permanência e convívio para todos os tipos de público. O complexo poliesportivo possui uma quadra poliesportiva, uma quadra de tênis, e um campo de futebol society, além da academia popular de musculação. Foi proposto um vestiário para dar apoio à essas atividades. Esse complexo está localizado próximo a escola a fim de incentivar a prática esportiva, a realização de competições e programas sociais de inclusão. As arquibancadas entre as quadras possibilitam visualização para ambas.
Figura 86 – Complexo Esportivo. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
55 Outra atividade do Setor 1 é o Skate Park, onde além da prática esportiva os jovens têm a oportunidade de se expressar através da Street Art, com muros para grafite, criando mais oportunidades de interação
Figura 87 – Skate Park. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 88 – Muros Grafitados. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
56 A horta comunitária foi implantada com o objetivo de estimular a inclusão social e produtiva. Essa atividade funciona com o trabalho voluntário e solidário da comunidade local, incentivando a manutenção da área e o cultivo dos alimentos. A intensão é desenvolver o pertencimento e o cuidado com o bem coletivo. A área infantil desse setor é um playground que mescla brinquedos tradicionais e lúdicos, onde as crianças interagem entre si e desenvolvem os sentidos. A área para idosos reúne atividades como
academia da terceira idade, mesas de jogos e campo de bocha, protegidos por arborização e pergolados
Figura 89 – Área para idosos. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 90 – Área infantil. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
57 A área de alimentação desse setor foi direcionada para o público dos food trucks, dando oportunidade aos profissionais da área mostrarem seu trabalho e à população ter opções diversificadas de alimentação. A presença dos food trucks gera movimentação no parque, principalmente no período noturno. O estacionamento público conta com vagas para carros, motos, vans e ônibus, a fim de facilitar o acesso da população ao parque também por meios motorizados. Para garantir a segurança e monitorando da área foi previsto um Posto Comunitário de Segurança.
Figura 91 – Food Trucks. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
58
Figura 92 – Implantação Geral do Setor 2. 1. Rua Compartilhada 6. Canal Bigossi 9. Passarela sobre o Canal 14. Pista de Cooper 15. Ciclovia 22. Percurso de Trilha 23. Área para Piquenique 24. Área para Redários e Leitura 25. Quiosques de Serviço 26. Feiras de produtos naturais 27. Deck de Contemplação 28. Área para prática de ginástica e yoga 29. Área para luau e prática de slackline 30. Passarela Elevada
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
59
Figura 93 – Perspectiva Geral do Setor 2
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
60 O Setor 2, “Contemplação”, é uma área de aproximadamente 10.700 m². Para essa área foram reservados espaços de maior contato com a natureza através de percursos arborizados que trazem a ideia de trilhas. Essas trilhas chegam em áreas destinadas a atividades voltadas para o relaxamento e contemplação da natureza, como: espaços para piquenique; áreas de redário; espaços para prática de ginásticas, yoga e slackline; locais para luau e áreas de leitura. Apesar de ser uma área desprivilegiada pela maior proximidade com a rua pretende-se amenizar o ruído dos veículos com a arborização.
Figura 94 – Redários. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 95 - Áreas para prática de YOGA e Ginástica. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
61
Figura 96 – Área para Luau e prática de SlackLine.
Figura 97 – Área para Piquenique. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
62 Para garantir maior fluxo de pessoas durante todo o dia foram instalados quiosques de informação e serviços como banca de revista e chaveiro. É essa área também que abriga as feiras livres e orgânicas em dias específicos da semana.
Figura 98 – Feira e Quiosques Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 99 – Feira e Banca de Revista. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
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Figura 100 – Implantação Geral do Setor 3.
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 101 – Perspectiva Geral do Setor 3
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
1. Rua Compartilhada 2. Terminal de Bike Compartilhada 3. Estacionamento Público 6. Canal Bigossi 14. Pista de Cooper 15. Ciclovia 22. Percurso de Trilha 25. Quiosques de serviço
30. Passarela Elevada 31. Mergulhão 32. Anfiteatro 37. Área de Eventos 38. Palco de Apresentações 39. Centro Cultural 40. Bosque 42. Área de alimentação com Quiosques
64 O Setor 3, “Cultura”, localizado na outra extremidade do Parque, possui aproximadamente 21.600 m². Esse setor foi destinado ao incentivo da cultura e para isso foi implantado o edifício do Centro Cultural, que abriga salas e laboratórios voltados à população local, onde são oferecidos cursos de informática, aulas de dança, teatro e música, a fim de promover a inclusão social. Possui também auditório, sala de cinema e salas administrativas. A implantação do edifício é sobre pilotis, liberando o térreo para a instalação de um palco para apresentações, além de criar uma área de vivência coberta.
Figura 102 – Centro Cultural e Palco. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
65 A sua frente, uma grande área livre que pode ser utilizada para eventos sazonais de calendário municipal ou estadual, como feiras, mostras e festivais. Apesar da possibilidade de atração de grande público há nessa área restrição de porte e finalidade do evento, pois próximos a ela há um colégio, uma faculdade e um hospital particular, que podem ser afetados pelos ruídos. A amenização dessa situação será realizada através
da implantação de grandes porções de massa verde. Além do palco, outra opção para apresentações de pequeno porte é o anfiteatro, implantado em desnível junto a passarela para pedestres.
Figura 103 – Anfiteatro. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 104 – Área de Eventos. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
66 A área de alimentação desse setor está localizada estrategicamente próxima ao terminal rodoviário, e diferente da outra, foi destinada a implantação de quiosques, responsáveis por gerar emprego para a população local. Os quiosques possuem um padrão arquitetônico definido, e sua disposição permite a criação de uma grande praça de alimentação, com funcionamento durante todo o dia. A proximidade dessa área com a Escola e Faculdade particular também permitem movimentação e aumento da renda dos vendedores locais. O estacionamento público da área dá suporte principalmente ao público da área de eventos e centro cultural.
Figura 105 – Quiosques de Alimentação Fonte: Produzido pela autora, 2017.
67 Figura 106 – Implantação Geral e Corte Esquemático do Setor 4.
3. Estacionamento Público 4. Posto Comunitário de Segurança 6. Canal Bigossi 31. Mergulhão 33. Pet Park 34. Clínica Veterinária Popular 35. Unidade de Pronto Atendimento 36. Jardim Educativo e Terapêutico 41. Centro de Informações Turísticas
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
68 Figura 107 – Perspectiva Geral do Setor 4
Fonte: Produzido pela autora, 2017.
69 O Setor 4, “Serviço”, com aproximadamente 11.000 m² é uma área que foi integrada ao projeto a fim de proporcionar serviços de qualidade à população local, além de mesclar com atividades de relaxamento e diversão. A Unidade de Pronto Atendimento funciona 24h, todos os dias da semana, e pode ser utilizada pela população em casos de urgência e emergência. O objetivo do serviço é diminuir o tempo de espera nos hospitais, oferecendo atendimento rápido à população local. A Clínica Veterinária Popular é um serviço prestado a comunidade, com objetivo de permitir maior acesso aos cuidados necessários com os animais. O Pet Park é uma área anexa à clínica, que reúne famílias e seus animais. Visa promover o bem-estar e a socialização do ser humano com os animais e vice-versa. Essa estrutura permite a promoção de eventos pet como corrida de obstáculos e feiras de adoção.
Figura 108 – Unidade de Pronto Atendimento. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 109 – Clínica Veterinária Popular. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
70 O Posto Comunitário de Segurança implantado será responsável pela segurança e monitoramento do Parque, bem como de seu entorno próximo, dando auxílio à população e solucionando de possíveis ocorrências. O Centro de Informação Turística é um serviço prestado principalmente aos turistas acolhidos pela região, onde terão informações sobre a culinária, pontos turísticos e outros elementos culturais, não somente da cidade de Vila Velha, mas de todo Estado. Para dinamizar o espaço foi proposto o Jardim Educativo e Terapêutico, que é uma área de interação para todas as idades, desde as crianças até os idosos. A criação desse ambiente estimula a vivência e a cognição, através de elementos naturais, lúdicos e sensoriais como as cores, água, texturas, relevos, cheiros, sons e formas. O bem-estar, a sociabilidade, relaxamento e contemplação também foram elementos-chave no projeto dessa área.
Figura 111 – Centro de Informação Turística. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 110 – Posto Comunitário de Segurança. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 112 – Jardim Educativo e Terapêutico. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
71
O CANAL O Canal Bigossi é o elemento-chave da intervenção. É responsável por conectar os setores e trazer unidade ao projeto. Foi valorizado a fim de trazer as memórias do local, por onde passava a céu aberto antes da intervenção realizada pela Prefeitura, onde foi coberto. O projeto visa a recuperação do Canal. Baseado nas definições da URBEM¹ sobre os tipos de intervenção para resgate de sistemas fluviais, a recuperação visa melhorar o estado do curso d’água e seu entorno, objetivando a valorização das propriedades ecológicas, sociais, econômicas e estéticas. A despoluição do Canal visa integrar esse elemento à paisagem, permitindo a aproximação da população com esse bem natural a partir da criação de passarelas e platôs que promovem esse contato. Ao longo do canal foram previstos mobiliários destinados a reunião de pessoas ou permanência individual, que permitem a vivência em meio natural. Além disso, a ciclovia e pista de cooper o acompanham por todo o parque, estimulando as atividades próximas ao Canal. Os frequentadores do parque têm a oportunidade de atravessar o Canal através de passarelas criadas a fim de diminuir o deslocamento. Também foram criados decks de contemplação que avançam sobre o canal em alguns trechos, a fim de valorizar a visual Figura 113 – Espaços de permanência ao decorrer do Canal Fonte: Produzido pela autora, 2017.
¹ URBEM – Urban River Basin Enhancement Methods é um programa da Comissão Europeia que possui parcerias internacionais e se dedica ao estudo de bacias hidrográficas urbanas.
Figura 114 – Deck e Passarela sobre o Canal Fonte: Produzido pela autora, 2017.
72 A realidade local conta com um alto fluxo de veículos que se deslocam em alta velocidade, por isso no projeto utilizou-se estratégias de traffic calming a fim de priorizar a circulação segura do pedestre, controlando a velocidade do carro ao induzir o motorista a dirigir de forma apropriada neste ambiente. Estreitamento de vias; criação de faixas elevadas para travessia de pedestres; ruas compartilhadas e arborização das vias foram algumas das estratégias utilizadas.
Figura 115 – Rua Compartilhada. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
73 Optou-se por elevar o parque na altura do cruzamento da Rua Europa, Avenida Capixaba e Avenida Gonçalves Ledo, onde o fluxo de veículos é necessário para o bom funciona mento do trânsito local, a fim de proteger os pedestres do alto fluxo e permitir a livre circulação dos veículos. A elevação do parque funcionou como uma conexão aérea, onde o parque continua com uma inclinação acessível aos pedestres e os carros passam embaixo. Outra estratégia foi a criação do mergulhão – conexão subterrânea de veículos – a fim de permitir o fluxo de veículos da Av. Gonçalves Lêdo sem interferir no transito seguro dos pedestres entre o Setor 3 e o Setor 4.
Figura 116 – Passarela de Pedestres. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 117 – Mergulhão. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
74 O sistema integrado de ciclovias foi utilizado no projeto a fim de conectar o Parque às demais ciclovias da cidade, além de incentivar o uso das bicicletas através de terminais de bicicletas compartilhadas gerenciadas por patrocinadores privados. A proximidade do Parque com o Terminal Rodoviário de Vila Velha é um bônus de mobilidade, e a disposição de pontos de ônibus por toda extensão do parque é um incentivo a utilização do transporte coletivo para evitar o acesso ao local através de veículos motorizados individuais.
Figura 118 – Terminal de Bike Compartilhada. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
Figura 119 – Ponto de Ônibus. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
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APROXIMAÇÃO DE VIAS As imagens a seguir mostram a evolução das intervenções realizadas na área.
Figura 121 – Situação atual da área de intervenção após projeto de fechamento do Canal Fonte: Google Earth, 2017.
Figura 120 – Situação original da área de intervenção. Fonte: Google Earth, 2017.
Figura 122 – Proposta de intervenção com reabertura do Canal. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
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NOVAS EDIFICAÇÕES Os edifícios que compõe o entorno do parque têm muita influência sobre o seu desempenho, pois são aliados para a atração do público nos diversos horários do dia. A partir disso os novos edifícios foram pensados a fim de promover maior integração com o parque, a partir do conceito de quadra aberta, edifícios em pilotis, e edifícios híbridos, que trarão atividades residenciais, comerciais, institucionais e de serviço para toda a extensão do parque
Figura 123 – Edifício Sobre Pilotis. Fonte: Produzido pela autora, 2017.
06 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todo ser humano tem direito a cidade e direito de participar da vida urbana. A cidade é responsável por produzir espaços de qualidade que permitam a interação entre pessoas de diversos grupos sociais. Estudos comprovam o impacto dos espaços livres de uso público na qualidade de vida da população ao influenciarem nas relações entre as pessoas e o meio em que habitam. O planejamento urbano tem fundamental importância nessa questão uma vez que é responsável por pensar a cidade de forma inclusiva e universal, valorizando as necessidades das pessoas em vivenciarem de forma saudável o ambiente oferecido pela cidade. A partir disso, o projeto do Parque Linear para a Região 01 de Vila Velha - ES buscou exaltar a vivência do pedestre num local que sofreu um processo de desapropriação e urbanização pensada apenas para a o veículo. Esse processo resultou numa área remanescente da malha viária que gerou espaços ociosos e inseguros para a população local, uma vez que aumentou o fluxo e a velocidade dos veículos nas vias. Outro ponto negativo resultante do projeto de infraestrutura realizado pela prefeitura foi o fechamento do Canal Bigossi. É sabido que atualmente existem diversas intervenções para a recuperação de rios urbanos pelo mundo, e nesse sentido o projeto do Parque Linear quis resgatar este elemento natural importante para Região, procurando reconciliar a relação entre a população e o bem natural. A pluralidade dos usos e atividades propostos para essa intervenção foram pensados a fim de criar, a cima de tudo, a sensação de pertencimento e estimular o envolvimento da população com o parque, permitindo maior interação e relacionamento entre pessoas com experiências e vivencias diferentes e contribuindo para o senso de comunidade. Com esse trabalho buscou-se compreender melhor essa necessidade de se relacionar e se sentir pertencente ao meio; estimular pensamentos críticos sobre as intervenções realizadas pelas prefeituras, que atualmente reproduzem modelos genéricos de espaços recreativos e esportivos sem entender a real necessidade da comunidade local, e por fim, alertar sobre os projetos de canalização e fechamento dos rios urbanos, que são tão importantes para qualidade de vida da população, dando lugar a novas vias para facilitar o deslocamento de veículos pela cidade, ignorando a importância da cidade caminhável.
07 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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