Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo - FEC
TFG 2012
PROJETO PARA A HISTĂ“RICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA
Sarah Viliod Martins 074994 Orientadora Dra. Regina Andrade Tirello Campinas, 30 de novembro de 2012
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Professora Doutora Regina A. Tirello pela grande abertura de visão que me proporcionou ao longo deste trabalho. Aos professores Francisco Borges Filho, Evandro Ziggiatti, Ana Maria Reis de Góes e Silvia Mikami pelo fundamental apoio. A todos os professores da graduação aos quais devo muito. A Marco Antônio Guidotti, Wilson Guidotti Jr., Marcelo Guidotti, Camila C. dos Santos e Maria Fernanda de Carvalho Guidotti por todo apoio à minha pesquisa e acompanhamento do meu trabalho. Aos meus pais, Ilka e João, que sempre estão ao meu lado. Aos colegas e amigos a quem recorri muitas vezes.
6.4.2_O CONJUNTO ARQUITETÔNICO
SUMÁRIO
6.4.3._ FICHAS DE IDENTIFICAÇÃO
1_OBJETIVOS
5
2_INTRODUÇÃO
6
3_A CIDADE DE PIRACICABA
7
6.5_ AS RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA USINA MONTE ALEGRE
3.1_ BREVE HISTÓRICO: FORMAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DOS GRANDES ENGENHOS DE AÇUCAR
6.5.1 DESCRIÇÃO DOS BLOCOS
3.2_ PIRACICABA HOJE
6.5.1.2. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DAS RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA USINA MONTE ALEGRE
3.2.1_O RIO PIRACICABA
6.5.1.3_ EDIFÍCIOS ATUALMENTE EXISTENTES
3.2.2_ AGENDA 21 DE PIRACICABA
6.5.1.4_ INDICAÇÃO DOS BLOCOS
4 _ P R EM IS SAS T E Ó RI C AS
6.4.3.1_VILA HELOÍSA 6.4.3.1_VILA JOANINHA MORGANTI
12
6.5.2_ ESTUDO DA CRONOLOGIA ARQUITETÔNICA DAS RUÍNAS ARQUITETÔNICAS
4.1 A QUESTÃO DO USO DE EDIFICAÇÃO HISTÓRICA OU DO ESPAÇO URBANO
6.5.2.1_COMPARAÇÃO ENTRE IMAGENS
4.2_O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DA INDUSTRIALIZAÇÃO
6.5.2.2_COMPARAÇÃO ENTRE IMAGENS: VSITAS GERAIS PARA O COMPLEXO DA USINA MONTE ALEGRE
4.3_O RESTAURO CRÍTICO
6.5.2.3_CRONOLOGIA ARQUITETÔNICA DO COMPLEXO DA USINA MONTE ALEGRE
4.4_PIER LUIGI CERVELLATi
6.5.3_VISTAS DOS EDIFÍCIOS DA USINA MONTE ALEGRE E MOSAICOS FOTOGRÁFICOS DE APOIO
5 _ OBJETO DE ESTUDO: O BAIRRO E A USINA MONTE ALEGRE 15
7_ ANÁLISE DO LOCAL 80
5.1_BREVE HISTÓRICO DA USINA MONTE ALEGRE
7.1_LOCALIZAÇÃO: ENTORNO E ÁREA FOCO DO PROJETO 7.2_ ASPECTOS DO LOCAL
5.1.2__IMAGENS ANTIGAS DO COTIDIANO DA USINA MONTE ALEGRE 5.2_ SITUAÇÃO ATUAL DO BAIRRO MONTE ALEGRE
8_ PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO: DO RESTAURO DO EDIFÍCIO À PAISAGEM LOCAL 82 8.1_PROPOSTA 1: PARQUE E ÁREA DE RESTAURANTES
5.2.1_DADOS DO INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE PIRACICICABA
8.2_
5.3_ LEGISLAÇÃO INCIDENTE 5.3.1_ LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO
8.3_ PROPOSTA 3: RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA USINA MONTE ALEGRE
9 _ P R O J ET OS R E FE R E NC I A IS 8 4
5.3.1.1_LEI DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 5.3.2_ O PATRIMÔNIO EXISTENTE NO BAIRRO
6 _ E ST UD OS D O S Í T I O H I ST Ó R I C O U RB A N O P A R A D E T E RM I NA ÇÃ O D AS D I R E T RI Z ES D E P R O J E T O 23
9.1_PROJETO REFERENCIAL 1: ANTIGO MATADOURO LEGAZPI, DE ARTURO FRANCO, 2009. 9 . 2 _ P R O J E T O R E F E R E N C I A L 2 : DUISBURG PARK, ALEMANHA, 1990. 9 . 3 _ P R O J E T O R E F E R E N C I A L 3 : AUDITORIUM NICOLO PAGANINI, DE RENZO PIANO, 2001.
6.1_METODOLOGIA
6.2_LEVANTAMENTO DO BAIRRO MONTE ALEGRE
PROPOSTA 2: VILA HELOÍSA
9 . 4 _ P R O J E T O R E F E R E N C I A L 4 : SESC POMPÉIA, DE LINA BO BARDI, 1976. 9 . 5 _ SEDE DA ANTIGA CHÁCARA PARAÍSO, CAMPINAS – SP, ANTONIO DA COSTA SANTOS, 1978.
6.2.1_IMAGEM AÉREA DO BAIRRO
1 0_ P R OJ E T O
6.2.2_LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO
87
10.1_NOVOS USOS PROPOSTOS
6.2.3_ MAQUETE FÍSICA DO BAIRRO
10.2_ PROPOSTAS E RESPECTIVOS PROGRAMAS
6.3_LEVANTAMENTO DAS CONSTRUÇÕES ANTIGAS DO BAIRRO
10.2.1_PROPOSTA 1: PARQUE E ÁREA DE RESTAURANTES
6.3.1_ DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DO BAIRRO
10.2.1.1_MOBILIDADE
6.3.2_ ASPECTOS DA ARQUITETURA LOCAL
10.2.1.2_INFOGRÁFICOS EXPLICATIVOS DA PROPOSTA 1 10.2.2_PROPOSTA 2: VILA HELOÍSA
6.3.3_ INFOGRÁFICOS DE LEVANTAMENTO DAS CONSTRUÇÕES DO BAIRRO 6.4._ AS VILAS DO BAIRRO MONTE ALEGRE 6.4.1_ TIPOLOGIA RESIDENCIAL 6.4.1.1_ VILA MARISA 6.4.1.2_ VILA JOÃO DE BARRO 6.4.1.3_ VILA HELOÍSA 6.4.1.4_VILA MARIA HELENA 6.4.1.5_VILA JOANINHA MORGANTI 6.4.1.6_VILA JOSEFINA
10.2.3_PROPOSTA 3: RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA USINA MONTE ALEGRE 10.2.3.1_ INDICAÇÃO DE INTERVENÇÕES NAS RUÍNAS ARQUITETÔNICAS 10.2.3.2_
ELEMENTOS DAS RUÍNAS A SEREM INCORPORADOS AO PROJETO
1 1_ R EF E R Ê N C IAS B IB LI O G RÁ F I CA S
99
1 _ OBJETIVO
O objetivo deste projeto é propor novos usos às antigas instalações da Usina Monte Alegre - localizada no bairro Monte Alegre, em Piracicaba (SP) - de forma a se proporcionar uma nova dinâmica a este sítio histórico urbano situado em área de relevância econômica para a cidade. Esta usina de açúcar e álcool contribuiu para o desenvolvimento econômico e miscigenação do município e seu funcionamento ocorreu até a década de 1980. Após o encerramento de suas atividades, o local passou a ser gradativamente abandonado por sua população. Visando a preservação do sítio histórico urbano do Monte Alegre, o projeto propõe a manutenção de suas construções históricas e novos usos que ocasionam baixo impacto na área. O conjunto deve ser mantido. Por meio das propostas de projeto, pretende-se integrar o bairro à dinâmica da cidade. O projeto permite a aproximação das pessoas ao patrimônio arquitetônico ali existente e à paisagem local.
5
‘
Uma intervenção no bairro Monte Alegre deve considerar o conjunto morfológico,
2_INTRODUÇÃO
funcional e estrutural do sítio histórico urbano como parte integrante da malha urbana, do meio ambiente e da paisagem. Mesmo que algumas de suas construções não possuam O bairro Monte Alegre possui valor histórico para a cidade de Piracicaba. No local,
valores arquitetônicos especiais, elas deverão ser protegidas para a manutenção do conjunto4.
funcionou uma usina de açúcar e álcool – a Usina Monte Alegre (UMA) – de 1910 a 1981. A fazenda em que foi instalada já existia desde 1804 e nela outros engenhos menores mantiveram suas atividades até o início do século XX. A partir de 1910, os proprietários da usina buscaram proporcionar aos colonos – plantadores de cana e outros funcionários da usina – infraestrutura básica para vida cotidiana, como moradia, escola, biblioteca,
O projeto apresentado visa um baixo impacto na área de forma a ser preservar a paisagem local. Isto é alcançado por meio da manutenção das construções existentes, da permanência da população da área e da proposta de implantação de um parque para a cidade.
ambulatório, farmácia, armazém, clube, cinema, etc. Tal investimento teve como resultado a
Este trabalho apresenta levantamento histórico e arquitetônico 5 do bairro Monte Alegre,
formação de um bairro. Suas antigas construções são exemplares de diferentes décadas e
conteúdo de pesquisas relacionadas à preservação do patrimônio e propostas de um novo
algumas delas representam tipologias não mais encontradas em Piracicaba. Durante os 71
projeto para as antigas instalações da Usina Monte Alegre. Esse local foi escolhido devido ao
anos de funcionamento, a Usina Monte Alegre buscou implantar inovações para produção de
seu significado histórico/cultural para Piracicaba e à necessidade de se propor novos usos ao
açúcar, álcool e papel1 para se adaptar às exigências de mercado durante o século passado.
complexo abandonado que se encontra em região de importância econômica para o
A grande produção da Usina Monte Alegre contribuiu para o desenvolvimento
município6.
econômico da cidade. Após o encerramento de suas atividades, parte dos moradores e descendentes dos funcionários permaneceu no bairro e, desde década de 1980, a área tornou-se predominantemente residencial. O local estudado apresenta significado cultural por seus valores estéticos, histórico e social; sendo assim, a conservação e preservação deste sítio histórico urbano são justificadas2. O conjunto da usina e colônia representa restos de uma cultura industrial e também possuem valor tecnológico e científico. Tais restos são constituídos por edifícios, áreas abertas para produção, armazéns, depósitos, locais em que atividades sociais eram desenvolvidas, moradia, igreja e escola3. Bairro Monte Alegre, Piracicaba – SP
Analisando-se o contexto atual da cidade, as instalações fabris da Usina Monte Alegre
Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
poderão ser adaptadas a novos usos, o que contribui para um desenvolvimento sustentável da cidade - a recuperação de uma área pode favorecer uma economia local. 4
Definição de patrimônio industrial pela Carta de Nizhny Tagil sobre el Patrimonio Industrial, 2003. Disponível em http://www.patrimonioindustrial.org.br/modules.php?name=News&file=article&sid=29, acesso em março de 2012. 1
A fábrica de papel ainda funciona no bairro, mas agora pertence a Oji Papéis. 2 Carta de Burra, 1980. Disponível em portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=251, acesso em março de 2012. 3 Definição de patrimônio industrial pela Carta de Nizhny Tagil sobre el Patrimonio Industrial, 2003. Disponível em http://www.patrimonioindustrial.org.br/modules.php?name=News&file=article&sid=29, acesso em março de 2012.
5
Para a elaboração de um projeto de intervenção em um sítio histórico urbano, o levantamento histórico e arquitetônico é primordial para definir os valores simbólicos de cada edificação e elencar quais dos objetos arquitetônicos devem ser mantidos ou modificados. 6
O bairro Monte Alegre localiza-se na zona leste do município, área considerada um pólo tecnológico devido à presença de empresas maiores, como Caterpillar e Delphi.
6
3_ A CIDADE DE PIRACICABA 3.1_ BREVE HISTÓRICO: FORMAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DOS GRANDES ENGENHOS DE AÇUCAR O rio Piracicaba deu o nome à cidade e determinou o seu crescimento. Na língua indígena, Piracicaba significa “lugar onde o peixe para, ajunta, passa, chega e sofre” 7. Até a segunda metade do século XVIII, este rio era um dos caminhos seguidos por desbravadores do território que seguiam rumo ao sertão do Brasil. De acordo com o escritor e historiador Mário Neme, no rumo a oeste ocorreu o pioneirismo agrário e foi com Piracicaba que se principiou o povoamento do Estado8. Imagem 2: Salto do Rio Piracicaba. Vista a partir da ponte pênsil.
Os primeiros habitantes da região foram os índios paiaguás. Em 1693, Pedro de Morais Cavalcanti pediu ao governo português que lhe fosse concedida uma sesmaria, cujo centro
Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins. 2012.
seria o salto do rio Piracicaba (Imagens 1 e 2).
Com o crescimento das bandeiras, ocorreu o aumento da população à beira do rio. Por volta de 1700, com o a descoberta do ouro e aumento da migração para Minas Gerais, Cuiabá e Goiás, Piracicaba pouco se desenvolveu nos 26 anos seguintes: “Piracicaba também ficaria no esquecimento até 1726, quando uma longa picada foi aberta no meio da floresta. Atravessando o rio logo abaixo do salto, nos baixios que davam passagem na época da seca, esse caminho ligava Itu a Cuiabá. Por aí veio o ituano Felipe Cardoso, que abriu uma sesmaria no porto nascente, abrangendo grande parte da atual zona urbana do município. Ele é considerado um dos primeiros povoadores da cidade.” (MALUF, 1988)
Após 1765, o capitão português Morgado de Mateus, nomeado governador paulista, organizou um governo que incluiu o aumento do número de povoações calcadas no Imagem 1: Salto do Rio Piracicaba. Vista a partir do Parque do Mirante. Fonte: Piracicaba 2010 – realizando o futuro. 2001.
desenvolvimento agrícola9. São José dos Campos, Itapetininga e Registro são exemplos de cidades que surgiram nesse contexto. Para Piracicaba foi enviado Antonio Correa Barbosa – fabricante de barcos de Itu – e no dia 1º de agosto de 1767 foi oficializada a fundação do povoado. Barbosa se estabeleceu a 70 Km acima do ponto inicialmente indicado (Imagens 03 e 04). O governador “desejava criar um posto de abastecimento no rio Tietê, entre Itu e Iguatemi, próximo à fronteira com o Paraguai”.
7
MALUF, Adilsom B. Piracicaba Passado e Presente, 1988. p. 10
8
9
MALUF, Adilsom B. Piracicaba Passado e Presente, 1988. p. 11
NEME, Mario. História da fundação de Piracicaba. Piracicaba: Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, 1974. p. 25.
7
Em 1777, Piracicaba contava com 300 moradores. As matas da área fornecia a madeira para a fabricação de canoas e a terra era utilizada para a agricultura10: “No século 18, ao redor do Salto do Piracicaba, surgiu a primeira povoação, constituída por uma rústica sociedade integrada por índios, negros, mulatos, mestiços, caboclos e brancos que se dedicavam aos roçados de milho, mandioca e feijão, à exploração da caça e pesca, e construção de barcos.” (NEPTUNE, 2003)
Em 1784, a freguesia recebeu autorização para se mudar para a margem esquerda do rio. Nessa ocasião, foi realizado o primeiro plano de arruamento pelo mestre entalhador Imagem 03: Casa considerada como a do povoador Antonio Correa Barbosa fundada na margem esquerda do rio Piracicaba. Fonte: MALUF, Adilsom B. Piracicaba Passado e Presente, 1988. P. 11.
Miguel Francisco Paes Soares, seguindo esquema ortogonal rígido característico do período. Este núcleo inicial desenvolveu-se a partir de uma pequena igreja, ao redor da qual foram estabelecidas propriedades agrícolas. Com o início do ciclo da cana-de-açúcar, a população em Piracicaba cresceu – em 1816, já somavam 2 mil pessoas na localidade – e novas vias foram abertas na freguesia. Assim como o número de habitantes, o número de engenhos de açúcar e aguardente “pulou de 18 naquele ano, para 7811 em 1822”
12
. Nesta ocasião a freguesia foi elevada a Vila Nova
da Constituição – para celebrar o evento, foi erguido no centro da vila o pelourinho – e os membros da Câmara municipal foram eleitos. O desenvolvimento econômico da vila e sua expansão no século XIX tiveram como consequência uma série de melhoramentos urbanos como instalação de serviços públicos: coleta de lixo (1883), abastecimento de água (1887), rede de esgoto (1888) e iluminação elétrica (1893). Vila Nova da Constituição fora elevada a categoria de cidade em 1856 13. A cidade passou a se chamar Piracicaba após indicação do então vereador Pudente de Moraes Imagem 04: Casa do Povoador. Cartão Postal – Brasil Turístico – “Noiva da Colina” – Casa do Povoador. Eduardo Siqueira Barbosa. s/d.
Barros14 em 1877.
Fonte: NEPTUNE, Nordahl Christian. “Elias dos Bonecos”. 2003. Dissertação de mestrado. Institutos de Artes – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. P.93. 10
NEPTUNE, Nordahl Christian. “Elias dos Bonecos”. 2003. Dissertação de mestrado. Institutos de Artes – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. p.09. 11
Em 1836, Piracicaba abrigava 78 engenhos de açúcar, sendo superada apenas por Itu (93 engenhos) e Campinas (83 engenhos).
12
MALUF, Adilsom B. Piracicaba Passado e Presente, 1988. p. 13. Idem, ibidem, p. 14. 14 Prudente de Moraes Barros tornou-se o terceiro presidente do país, em 1894, sendo o primeiro político civil a ocupar este cargo. 13
8
A estrada de ferro da Cia. Ituana foi implantada em Piracicaba em 1873. Com a vantagem do transporte mais veloz, próximo aos trilhos instalaram-se as primeiras grandes usinas de açúcar: o Engenho Central em 1883 ( Imagens 05 e 06 ), o de Capivari em 1894 e o Engenho Monte Alegre em 1890.
Imagem 07: Localização de Piracicaba no estado de São Paulo. Representação sem escala. Fonte: www.ipplap.com.br, acesso em fevereiro de 2012.
Imagens 05 e 06: Localização do Engenho Central em Piracicaba e vista para as antigas instalações da usina a partir da Ponte Pênsil. Fonte: Google Earth, 2012; Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
3.2_ PIRACICABA HOJE O Patrimônio Cultural revela a história e está atrelado a identidade cultural de uma cidade. Em Piracicaba, no interior paulista a 159Km de São Paulo e 70Km de Campinas (Imagens 07 e 08), encontram-se diversas edificações e localidades que relatam a história de sua fundação, sua formação política, os desenvolvimentos educacional da população e tecnológico da cidade, as manifestações culturais e a religiosidade. Hoje, a cidade possui 364.571 habitantes, área de 1.739 km² e os biomas presentes são Cerrado e Mata Atlântica15. A economia local abrange os setores da agropecuária, indústria e serviços16; a cidade destaca-se em pesquisas no setor da agroindústria.
Imagem 08: Município de Piracicaba e rodovias que o conectam a outras cidades próximas. O círculo vermelho indica a localização do bairro Monte Alegre. Fonte: Google Earth, 2012.
15 16
Dados encontrados em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=353870, acesso em junho de 2012. Geram as rendas anuais de, respectivamente, R$77.834,00, R$ 3.497.362,00 e R$ 4.681.976,00.
9
3.2.1_O RIO PIRACICABA O Rio Piracicaba é um dos elementos presentes no município que se relaciona a cultura e identidade locais (Imagem 09). O lazer e a cultura na cidade estão fortemente atrelados a esta peça que compõe a paisagem urbana – a Rua do Porto e o Engenho Central, localizados na margem esquerda do rio, abrigam atividades ao ar livre, gastronomia e eventos culturais para a população. O público mensal que frequenta a área nos finais de semana é de 150 mil pessoas17. As margens do Rio Piracicaba são o espaço principal para manifestações culturais na cidade e sediam atividades culturais e de lazer para a população. Um projeto ao longo de sua margem no bairro Monte Alegre deve atingir os habitantes do município:
Imagem 09: O Rio Piracicaba cruza a cidade de leste a oeste. Em suas margens iniciou-se o povoamento da região. Na imagem, observa-se, à esquerda, o Engenho Central.
“A permanência dessas manifestações e interações, ainda que muito afetadas
Fonte: Piracicaba 2010 – realizando o futuro. 2001.
pelo próprio processo de intensa urbanização que a cidade viveu ao longo do século XX, mantiveram presente na memória coletiva local que outras
Desde 2001, o município vem desenvolvendo o Projeto Beira Rio (PBR), o qual almeja a
possibilidades de relacionamento eram possíveis, permitindo vislumbrar um outro
requalificação da orla do Rio Piracicaba. Busca-se desenvolver o turismo local nas
cenário para esta frente fluvial”. (OTERO; SOUZA, 2011)
A partir de seu leito, foi se definindo a ocupação da cidade desde sua fundação: “Em Piracicaba – que, como poucas cidades no mundo, tem um rio que corta a
modalidades de turismo de negócios, lazer, eventos, esportivo e rural. O PBR faz parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável para o município presentes no projeto Piracicaba 201019. O Plano de Ação Estruturador (PAE) é um plano geral de ações para o PBR e dividiu a
cidade de forma diagonal e que tem como prêmio maior uma cachoeira e um salto, tornando-a privilegiada e o maior orgulho piracicabano [...] – esta mudança
orla urbana do rio e seu entorno em oito trechos urbanos para projetos futuros (Imagem 10).
de paradigma18 tem início na década de 70, quando, tanto a população como o poder público, colocam na agenda a importância do resgate do Rio Piracicaba e de suas margens. É a partir deste período que tanto a quantidade como a qualidade das águas viram objeto de ações do poder público.” (CHADDAD, 2011)
Esta divisão foi feita sem uma hierarquia e foi baseada nas propriedades de cada área, como aspectos morfológicos, históricos e sociais – características orientadoras para intervenções futuras, por meio de projetos desenvolvidos pelo poder público, por parcerias e ou por concursos públicos20. As intervenções planejadas envolvem reflorestamento e projetos arquitetônicos e urbanísticos. Atualmente, o trecho da Rua do Porto encontra-se em obras.
17
18
Fonte: IPPLAP (org.). Piracicaba, o rio e a cidade: ações de reaproximação. Piracicaba, IPPLAP, 2011. P. 109.
O autor João Chaddad, arquiteto e diretor – presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba, refere-se à conscientização de se preservar os recursos naturais findáveis.
19 20
O projeto Piracicaba 2010 foi elaborado com base em uma Agenda 21 Local. Fonte: Piracicaba 2010 - realizando o futuro. 2001. p. 10 www.ipplap.com.br e IPPLAP (org.). Piracicaba, o rio e a cidade: ações de reaproximação. Piracicaba, IPPLAP, 2011.
10
Imagem 10: O desenho mostra a divisão dos oito trechos para os quais se almeja a requalificação da orla do Rio Piracicaba. Atualmente, as obras acontecem no trecho da Rua do Porto. Fonte: IPPLAP (org.). Piracicaba, o rio e a cidade: ações de reaproximação. Piracicaba, IPPLAP, 2011. P. 115.
3.2.2_ AGENDA 21 DE PIRACICABA A Agenda 21 de Piracicaba21 e o Projeto Beira-Rio, definem que os projetos a serem implantados nas margens do Rio Piracicaba devem favorecer atividades de turismo e lazer para a população da cidade e de municípios vizinhos. O turismo deverá se destacar como fonte geradora de receitas e de fonte de renda para Piracicaba, sendo uma atividade receptiva nas modalidades de negócios, lazer, gastronômico, eventos, cultural, rural, esportivo, entre outras22. Segundo o arquiteto e urbanista Estevam Vanale Otero, chefe do Departamento de Projetos Especiais do Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba (IPPLAP), o município carece de espaços destinados ao turismo de negócios.
21
Material disponível em: http://www.pira21.org.br/pira21/arquivos/Agenda21.pdf. Acesso em abril de 2012.
22
“Há cerca de 30 anos, a atividade turística em Piracicaba se caracterizava pelo fluxo de visitantes originados, principalmente, dos municípios integrantes das regiões metropolitanas de São Paulo (39 municípios) e de Campinas (19 municípios), que procuravam na cidade opções de lazer e alimentação às margens do Rio Piracicaba nos finais de semana, como o tradicional peixe na brasa servido nos restaurantes da Rua do Porto. Devido a conjunturas nacionais e locais, essa característica se alterou. Atualmente, o turismo de negócios responde por cerca de 90% do faturamento setorial, além de manter parte da rede hoteleira com taxas de ocupação superiores a 60% (em média) nos meses de março a novembro, durante os dias úteis, especialmente entre segundas e quintas-feiras. Aos finais de semana, essas taxas declinam acentuadamente”. Agenda 21 de Piracicaba. Material disponível em: http://www.pira21.org.br/pira21/arquivos/Agenda21.pdf. Acesso em abril de 2012. P. 90.
11
“As ações em obras de épocas precedentes tornaram-se efetivamente preservação de
4_PREMISSAS TEÓRICAS
bens culturais quando se afastaram dos atos ditados por razões pragmáticas –
As propostas de intervenção para o sítio histórico urbano do Monte Alegre baseiam-se
abandono, destruição, reformas, reconstruções, transformações feitas, em geral, por
em conceitos teóricos que abrangem a forma de se intervir na edificação histórica e em
questões de usos, que predominaram para quaisquer obras até a segunda metade do
discussões sobre possibilidades de uso.
século XVIII – e assumiram conotação fundamentalmente cultural. Passou-se a ter distanciamento crítico em relação ao passado e procurou-se perpetuar os testemunhos reconhecidos como de interesse para a cultura para que servissem de suporte do conhecimento e da memória coletiva, valorizando seus aspectos documentais formais,
4.1_ A QUESTÃO DO USO DE EDIFICAÇÃO HISTÓRICA OU DO
memoriais e simbólicos. O uso era e continua a ser essencial, dada a sua importância
ESPAÇO URBANO
para a própria manutenção e, portanto, sobrevivência do edifício; mas passa a ser um meio e não a finalidade de intervenção” (KÜHL, 2011)
O uso e preservação de edificações históricas aproxima uma população à identidade de “Entre os bens mensuráveis e heterogêneos do patrimônio histórico, escolho como categoria exemplar aquele que se relaciona mais diretamente com a vida de todos, o
sua cidade.
patrimônio histórico representado pelas edificações. Em outros tempos falaríamos de
4.2_O PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DA INDUSTRIALIZAÇÃO
monumentos históricos, mas as duas expressões não são mais sinônimas. A partir da década de 1960, os monumentos históricos já não representam senão parte de uma herança que não pára de crescer com a inclusão de novos tipos de bens e com o
“A expansão do conceito de patrimônio cultural para um grupo cada vez maior de
alargamento do quadro cronológico e das áreas geográficas no interior das quais esses
artefatos, contexto em que destacamos o crescente interesse pela salvaguarda de
bens se inscrevem”. (CHOAY, 1992)23
paisagens urbanas, abriu caminho para a identificação e reconhecimento de diversos
Edificações históricas fazem parte do cotidiano e podem apresentar valores histórico,
exemplares arquitetônicos e conjuntos urbanos relacionados à industrialização. Inseridos
cultural e arquitetônico. Françoise Choay esclareceu (2001, p. 26) que um monumento tem
no conjunto de artefatos contemplados pela ampliação do conceito de patrimônio, muitos
por finalidade fazer reviver o passado; ou seja, ele representa elos e auxilia na afirmação de
edifícios e sítios industriais começaram a ser valorizados tanto pela sua importância documental, como também por suas especificidades estéticas e figurativas, bem como pelo
uma identidade local/cultural24; sua preservação torna-se imprescindível. No entanto, os
próprio caráter de conjunto responsável pela conformação de paisagens que começavam a
monumentos são “de modo permanente, expostos às afrontas do tempo vivido”25; o
adquirir representatividade; interesse também impulsionado pela consolidação da noção
desprendimento e a falta de uso fazem com que edifícios de valores históricos sejam
de patrimônio urbano como ‘monumento coletivo’. Como vimos, a atenção para artefatos
abandonados. Nota-se que o uso contínuo de uma edificação, ou do espaço urbano, é uma
até então considerados ‘menores’ e a apreensão das especificidades de certos conjuntos
das melhores maneiras de conservá-la. Sobre usos e ações sobre obras, Kühl elucidou (2011,
urbanos permitiu o reconhecimento do valor cultural de tecidos e agrupamentos
p. 206):
arquitetônicos cuja homogeneidade de volumes, escalas e elementos figurativos compunham o testemunho histórico e estético que os qualifica, contexto em que inserimos muitos exemplares do patrimônio industrial” (RUFINONI, 2009)26
23
CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo, Editora da. UNESP, 2001. P. 12.
24
Ver: CHUVA, R. R. Os arquitetos da memória: sociogênese das práticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil ( anos 1930 – 1940 ). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009. 25
26
RUFINONI, Manoela Rossinetti. Preservação e restauro urbano: teoria e prática de intervenção em sítios industriais de interesse cultural.
2009. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo, Editora da. UNESP, 2001. P. 26.
12
Beatriz Kühl esclareceu em “Preservação do patrimônio arquitetônico da industrialização:
estudos sobre história da arte e da estética. A autora acrescentou (p. 117) que Brandi sugeriu,
problemas teóricos de restauro” que o patrimônio industrial passou a atrair maior atenção das
de maneira geral, a predileção pela instância estética, a qual proporciona singularidade de
pessoas na década de 1960, “quando importantes testemunhos arquitetônicos do processo de
uma obra de arte em relação a outros produtos humanos – história e praticidade são menos
industrialização foram demolidos, a exemplo da Estação Euston em Londres, destruída em
relevantes.
1962”. Mesmo sob protestos, as demolições foram feitas.
O restauro crítico compreende a restauração como um processo histórico-crítico
Edifícios e complexos industriais sempre sofreram ameaça devido a sua obsolescência
desenvolvido a partir de uma análise histórica e formal das obras que sofrerão intervenção e
funcional, pelo desenvolvimento e crescimento das cidades e pela pressão da especulação
não de categorias pré-determinadas. Cesare Brandi compreendeu a restauração como
imobiliária27 – tipologias fabris são demolidas para dar espaço a novas edificações; no
momento metodológico do reconhecimento que deve se embasar na análise de uma obra em
entanto podem ser suficientes para abrigar novos usos. O interesse por antigos edifícios fabris
seus aspectos físicos e em sua transformação ao longo do tempo30.
consolidou-se no século XX é diferentes países começaram a elaborar inventários sistemáticos para investigar e proteger seu patrimônio industrial: “a arqueologia industrial é, na Europa, um tema particular da arqueologia, enquanto que no resto do mundo, mais especificamente nas antigas colônias européias, a arqueologia dos últimos séculos passados é definida como arqueologia histórica, na qual a arqueologia industrial não seria mais que um sub-tema (Clarke, 1999:239)”
28
.
De acordo com Alessandro Campanelli31, “Cesare Brandi notava como “a obra de arte reduzida à ruína, pelo fato de qualificar uma paisagem ou uma zona urbana [...] não é de modo algum ligada à sua primitiva unidade e inteireza, mas é, sim, conexa à sua mutilação atual” e é [...] por isso um erro crer que toda coluna despedaçada possa ser reerguida e recomposta de modo legítimo quando, ao contrário, o ambiente onde isso deveria acontecer já atingiu, historicamente e esteticamente, uma acomodação que não deve ser destruída nem para
No Brasil, ainda não existe uma discussão teórica aprofundada voltada à realidade do
a história nem para a arte”. A partir desses conceitos, interpreta-se a necessidade do
país e “uma carta de princípios nacional, poderia, por exemplo, inquirir e integrar os preceitos
reconhecimento do significado de uma obra histórica e de seu estado de conservação para
da carta de Veneza (ou refutá-los e propor outra coisa), que como mencionado, têm caráter
definição de propostas de intervenção.
indicativo e não são de aplicação e interpretação fácil e imediata”29.
4.4_PIER LUIGI CERVELLATI 4.3 _O RESTAURO CRÍTICO
“ A palavra “tipo”, em seu significado literal e original grego, significava “impressão” ou “figura”. O termo também derivava do verbo “bater”: este vocábulo era utilizado para o cunho de moedas e, após Gutenberg e Plantin, para as peças em madeira ou metal com as
Segundo Manoela Rufinoni (2009, p. 116), Césare Brandi analisou o restauro como um
letras do alfabeto usadas para as impressões. A referência ao caráter, reforçada pela
ato crítico dirigido ao reconhecimento da obra e de sua individualidade a partir de criteriosos
conotação simbólica do tipo, foi facilmente assimilada pelos teóricos da arquitetura preocupados em distinguir entre edifícios de diferentes usos. Descrever um tipo de edificação implicava não somente a busca pelo seu reconhecimento primeiro, ou a sua restauração a um
27
KÜHL, Beatriz M. “Preservação do patrimônio arquitetônico da industrialização: problemas teóricos de restauro”. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011. P. 38
templo ou uma cabana, mas também a questão do seu aspecto específico, a forma que
28
Thiesen, B. V. Arqueologia industrial ou arqueologia da industrialização? Mais que uma questão de abrangência. Artigo disponível em: https://mail.google.com/mail/?shva=1#inbox, acesso em junho de 2012.
30
Kühl, Beatriz M. “O tratamento das superfícies arquitetônicas como problema teórico da restauração”. An. mus.
paul. [online]. 2004, vol.12, n.1, pp. 309-330. 29 29
KÜHL, Beatriz M. “Preservação do patrimônio arquitetônico da industrialização: problemas teóricos de restauro”. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011. P. 115.
31
CAMPANELLI, A. P. “Restauro Contemporâneo: algumas abordagens”. http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/cpc/n7/03.pdf, acesso em junho de 2012.
Artigo
disponível
em:
13
possibilitava que o edifício fosse lido –num primeiro olhar - de acordo com o seu propósito: “todas as diferentes espécies de produção que pertencem à arquitetura deviam carregar a “impressão” da intenção particular de cada edifício, cada um destes últimos deveria possuir um caráter que determinasse a forma geral, a qual afirmasse o edifício por aquilo que ele fosse”, escreveu Jacques François Blondel em 1749.” (VIDLER, s/d.)32
Pier Luigi Cervellati33 utilizou os estudos de morfologia urbana e tipologia edilícia34 para estruturar o Plano de Conservação do Centro Histórico de Bolonha. O propósito deste plano era refrear a especulação imobiliária, melhorar as condições de vida da classe trabalhadora e preservar o patrimônio histórico do centro da cidade. Foram estudadas as tipologias existentes na área, as quais apresentavam a possibilidade de abrigar unidades habitacionais. No local foram levantadas quatro tipologias principais: - Grandes complexos edificados (A), como palácios, monastérios e conventos; - Pequenos complexos edificados (B), representados por construções com pátio interno e testadas de 10 a 15m; - Casas dos Artesãos (C), representadas por construções geminadas com testadas de 4m a 8m; - Construções sem interesse histórico (D); A partir deste levantamento arquitetônico e classificação, foram propostas intervenções a essas construções. Para as duas primeiras tipologias descritas, foram definidos a preservação e o restauro; para o terceiro tipo descrito, a reforma interna com a preservação dos elementos externos (fachadas, pórticos, galerias, portas e janelas); para o quarto tipo foi proposta a demolição. O tipo C foi considerado o mais importante por apresentar capacidade de se abrigar unidades habitacionais e diferentes tamanhos de apartamentos destinados a famílias. Para esta tipologia foram propostos novos usos ao pavimento térreo, como lavanderias, comércio e serviços comuns. A metodologia de Cervellati aplica-se a levantamentos de sítios históricos urbanos de forma a se definir usos e possibilidades de intervenção em diferentes tipologias. 32
VIDLER, Anthony. “A idéia do tipo: a transformação do ideal acadêmico, 1750
– 1830”. Tradução de Anat Falbel e Sarah Viliod
Martins. 33
Ver “Os tipos na arquitetura e no urbanismo” em: http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/e_nobre/tipos_arq_urb.pdf, acesso em agosto de 2012. 34 O trabalho de Cervellati partiu dos estudos de Aldo Rossi sobre tipos e tipologia. Nestes são discutidas a arquitetura da cidade e a importância da continuidade histórica; o tipo é identificado como elemento fundamental da arquitetura.
14
5_OBJETO DE ESTUDO: O BAIRRO E A USINA MONTE ALEGRE 5.1_BREVE HISTÓRICO DA USINA MONTE ALEGRE A fazenda Monte Alegre foi fundada pelo vigário de Piracicaba, Joaquim Amaral Gurgel, em 1804. Na propriedade, cultivava-se a cana de açúcar e outras pequenas culturas. No local foi construído um pequeno engenho. Doze anos depois, a fazenda foi vendida para os sócios senador Vergueiro e brigadeiro Luiz Antônio de Souza. Em 1824, ocorreu a união entre as fazendas Monte Alegre e Taquaral, o que originou o Engenho Monte Alegre. Nesse momento, a propriedade (Imagem 11) pertencia ao político e jornalista José da Costa Carvalho – o Marquês de Monte Alegre (Imagem 12). Com o seu falecimento em 1860, a propriedade foi passada a Conselheiro Costa Pinto. Vinte e um anos depois, o Engenho Monte Alegre foi herdado por seus familiares, que o venderam a Joaquim
Imagem 12: Figura publicada no Jornal da Usina Monte Alegre em 21 de maio de 1939.
Rodrigues do Amaral e a Idalício de Camargo Penteado no ano de 1888. Nesse ano, foi
Fonte: Jornal UMA. Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
fundado o Engenho Central de Monte Alegre, constituído por Antônio Alvez Carvalho.
Em 1910, Pedro Morganti (Imagens 13 e 14) e José Puglisi Carbone tornaram-se os proprietários da fazenda e Engenho Central do Monte da Alegre. Dois anos após a compra foi fundada a Companhia União dos Refinadores e o Engenho do Monte Alegre transformou-se em usina de açúcar. O álcool começou a ser produzido na UMA em 1917 e a indústria entrou na década de 1920 com um crescimento acelerado nas produções (Imagem 15).
Imagem 13: Visita do governador Adhemar de Barros a UMA, durante o seu mandato como interventor federal (19381941). O homem ao centro é Pedro Morganti. Fotografia sem data. Imagem 11: Gravura mostra a primitiva fazenda Monte Alegre em 1845. Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr. Fonte: Piracicaba Noiva da Colina, 1976, no. 03 – Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
15
do município de Piracicaba – a Usina Tamoio em Araraquara era parte integrante da Refinadora Paulista (Imagem 16) e lá também foi constituído núcleo quase autônomo35.
Imagem 14: Edda Mussolini Ciano, mulher à direta na fotografia, em visita a Usina Monte Alegre em 1939. Pedro Morganti encontra-se à esquerda. Imagem 16: Logotipo da Refinadora Paulista.
Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Com o falecimento de Pedro Morganti em 1942, os filhos passaram a tomar conta das empresas. Para ampliação dos negócios, instalaram no bairro Monte Alegre, em 1953, a Fábrica de Papel e Celulose Piracicaba36 – a primeira no Brasil que aproveitava do bagaço de cana como matéria-prima para o papel (Imagens 17 e 18).
Imagem 15: Usina Monte Alegre na década de 1920. Fonte: Arquivo pessoal Wilson Guidotti Jr.
Na década de 1940, a Usina Monte Alegre possuía 3.076 alqueires divididos entre as
Imagem 17: Fábrica de Papel e Celulose de Piracicaba ainda em construção na Usina Monte Alegre. Final da década de 1940.
seguintes propriedades: Monte Alegre, Santa Rita, Bela Vista, Santa Cruz, Taquaral, Santa
Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti.
Izabel (São João), Varginha, Casulos, Fazendinha, São Luiz, Sertãozinho, Santo Antônio, Recanto, Batistada, Berraldo, Pigatti e Furlan. Algumas das propriedades localizavam-se fora 35
PERES, Maria Thereza Miguel. “O colono de cana na modernização da usina monte alegre: Piracicaba (1930-1950)”. Dissertação de
mestrado em História. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.São Paulo: 1990. 36
Jornais UMA, 1953.
16
Imagem 19: Praça Comendador Pedro Morganti. Imagem de cartão postal. Sem data. Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr. Imagem 18: Da esquerda para a direita: Lino Morganti, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros. Interior da Fábrica de Papel e Celulose de Piracicaba. Fotografia de 1958. Fonte: Arquivo pessoal Wilson Guidotti Jr.
Em 1971, a Refinadora Paulista foi vendida ao Grupo Silva Gordo e a produção de açúcar e álcool durou até 1981. Na década de 1970, a família Silva Gordo vendeu a empresa para o Grupo Ometto que encerrou a atividade sucroalcooleira do bairro. A fábrica de papel continuou em funcionamento, pertencendo ao Grupo São Simão, mas foi vendida ao Grupo Votorantim em 199237.
Imagem 20: Trabalhadores da Usina Monte Alegre nas escadas do Clube Teixeirada. Este clube era destinado aos funcionários da Usina e proporcionava atividades de lazer como esporte, almoços, jogos, etc.
5.1.2__IMAGENS ANTIGAS DO COTIDIANO DA USINA MONTE ALEGRE As seguintes imagens ilustram o local e o cotidiano dos trabalhadores da antiga usina de açúcar e álcool e evidenciam uma dinâmica própria.
Imagem 21: Cinema. 37
BRITO, M. C; BARRETTO, K. D; FREITAS, V.M.T; MAURO, F; RANIERI, S.B.L; FREIXÊDAS, V.M. Diagnóstico socioambiental dos bairros Monte
Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Alegre e Bosques dos Lenheiro. Casa da Floresta Assessoria Ambiental. Texto disponível em: www.casadafloresta.com.br. Acesso em fevereiro de 2011.
17
uma das maiores produtoras de açúcar e álcool no país até 1981- funcionava ininterruptamente ao longo de toda a semana39. O Monte Alegre encontra-se no trecho 7 da divisão proposta pelo PAE do Projeto Beira Rio e parte da área que abrigava as instalações fabirs da usina e moradia dos colonos, hoje, é propriedade particular. No local, existem algumas edificações tombadas pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba (Codepac).
Imagem 22: Vaporadores em um dos edifícios da Usina Monte Alegre. Imagem sem data. Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Imagem 23: Decantadores de garapa. Imagem sem data. Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
5.2_ SITUAÇÃO ATUAL DO BAIRRO MONTE ALEGRE O bairro Monte Alegre localiza-se na Zona Leste de Piracicaba (Imagens 24, 25 e 26), na margem esquerda do Rio Piracicaba, e sua formação foi concretizada com a implantação
Imagem 24: Regiões e bairros de Piracicaba, SP. O infográfico mostra a localização do bairro Monte Alegre, o perímetro urbano atual, as cinco regiões do município e as divisas entre os bairros. Informações coletadas no site do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba: www.ipplap.com.br, acesso em fevereiro de 2012.
da Usina Monte Alegre, a partir de 1910. Pedro Morganti e José Puglisi Carbone tornaram-se proprietários da fazenda Monte Alegre que já existia na área desde o início do século XIX38 nesta propriedade havia um engenho, o Engenho Monte Alegre. A Usina Monte Alegre foi
38
Há registros da contratação de imigrantes para trabalharem na fazenda Monte Alegre desde o final do século XIX. De acordo com Leme (2001, pp. 43-44), “o primeiro grupo de tiroleses (1877), trabalhou na fazenda do Visconde de Indaiatuba até o ano de 1886. Acabando o contrato de nove anos, apenas as famílias de Bortolo Vitti e uma dos Forti renovaram o contrato por mais um ano. As outras famílias tirolesas dirigiram-se a outras cidades, como, por exemplo, Amparo, Capivari e Piracicaba (cidades próximas à cidade de Campinas – SP). As famílias dos dois últimos grupos de tiroleses: os Corrers, os Stenicos, os Pompermayers, os Cristofolettis, os Brunellis e os Degasparis foram trabalhar na fazenda Monte Alegre na cidade de Piracicaba, lá permanecendo até a compra da fazenda de Santa Olímpia no ano de 1892”.
39
Depoimento do Sr. Eloy Ferraz, 84 anos, antigo funcionário da Usina Monte Alegre.
18
Imagem 26: Imagem de satélite mostra a localização da Usina Monte Alegre na margem esquerda do Rio Piracicaba. Fonte: Google Earth, 2012.
A Usina Monte Alegre formou um núcleo (Imagem 27) praticamente autônomo, com infraestrutura urbana para cerca de 1500 funcionários40. Nas suas proximidades (Imagem 28) encontram-se, por exemplo, a Escola Superior de Agronomia Luiz de Queirós - USP, o Aeroporto Comendador Pedro Morganti, a empresa Caterpillar, o Clube dos Funcionários da Caterpillar e o Centro de Detenção Provisória de Piracicaba (o “Cadeião”). Existem duas vias que permitem de acesso ao bairro: a estrada Comendador Pedro Morganti (a “Estrada do Monte Alegre”) e o Anel Viário (Imagens 29 e 30). Uma nova alça do anel viário está sendo construída a leste do bairro e ligará a Rodovia do Açúcar à Rodovia Laércio Corte.
Imagem 27: Vista para as instalações da Usina Monte Alegre. Década de 1950. No fundo à direita encontra-se a Capela São Pedro. À esquerda encontram-se as casas que serviam de moradia aos operários da usina. Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr. Imagem 25: A imagem mostra a localização do bairro Monte Alegre e a legenda indica pontos referenciais em Piracicaba, SP. A área escolhida para realização do projeto encontra-se a 8,5Km da Praça José Bonifácio, centro da cidade.
40
Sobre a dinâmica da UMA, Maria Thereza Peres descreveu (1990, p. 170): “A inter-relação entre as atividades produtivas, culturais e sociais acabou definindo uma vasta organização da vida social, envolvendo trabalho, residência, trocas materiais, práticas religiosas, festas, desenvolvidas dentro do limite dominado pelo usineiro, afastando os trabalhadores cada vez mais de seu contato com a cidade.”
Fonte: Google Earth, 2012.
19
5.2.1_DADOS DO INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE PIRACICICABA Os dados socioeconômicos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Piracicaba (IPPLAP) referentes ao bairro são de 2004-2009 e estão atualmente disponíveis no banco de dados do site deste órgão municipal. Em 2004, a população total indicada é de 458 pessoas (em 2010, a população de Piracicaba era de 364.874 habitantes), a área total do bairro é de 254,80 ha, a área ocupada pela população é de 55 ha, a densidade populacional é de 8,33 hab/ha e atualmente existe um loteamento residencial implantado no local em 2007 (Residencial Monte Alegre). Os dados referentes à ocupação do bairro em 2009 indicam que a área ocupada é de 118,25 ha, a área livre é 384,15 ha e a área total é de 502,40 ha. O bairro não apresenta ocupação por favelas e não possui um sistema público de lazer (Imagem 31 e Tabela 1).
Imagem 28: Pontos referenciais próximos e no interior do bairro. A leste do Monte Alegre há o anel viário, por meio do qual é possível o acesso para o bairro. A oeste, a “Estrada do Monte Alegre” possibilita o acesso ao bairro e ao Residencial Monte Alegre. Fonte: Google Earth, 2012.
Imagem 36: Gráfico comparativo do bairro Monte Alegre em relação a região leste de Piracicaba, SP. Fonte: Diagnóstico Sistema de Lazer: Bairro Monte Alegre. IPPLAP, Piracicaba, 2004. Disponível em: http://www.ipplap.com.br/docs/MonteAlegre.pdf, acesso em fevereiro de 2012.
Imagens 29 e 30: A imagem à esquerda mostra o acesso ao bairro Monte Alegre pelo Anel Viário; a imagem à direita, o acesso ao bairro pela Estrada do Monte Alegre. Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012. Tabela1 : Distribuição das áreas do sistema de lazer conforme classificação. Comparativo com a região leste de Piracicaba. Fonte: Diagnóstico Sistema de Lazer: Bairro Monte Alegre. IPPLAP, Piracicaba, 2004. Disponível em: http://www.ipplap.com.br/docs/MonteAlegre.pdf, acesso em fevereiro de 2012.
20
O bairro é predominantemente residencial, não possui estabelecimentos comerciais ou de serviços, não oferece muitas opções de lazer aos moradores e sua população é de classe média. Com o fim da Usina monte Alegre, o bairro não apresentou desenvolvimento econômico ou crescimento das atividades locais.
5.3_ LEGISLAÇÃO INCIDENTE 5.3.1_ LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO O bairro Monte Alegre é considerado uma Zona de Ocupação Controlada por Infraestrutura (ZOCIE) e diretrizes para seu desenvolvimento fazem parte do Plano de Ação Estruturador do Projeto Beira Rio. Para futuras obras a serem instaladas no bairro, o município
Infográficos 1 e 2: “Zonas Especiais de Interesse Histórico, Cultural e Arquitetônico do Município” e “Divisão
considera41: “Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Codepac), é atualmente propriedade particular
e assim deve ser considerado para
em Zonas de Ocupação do Bairro Monte Alegre”.
efeito do
desenvolvimento de intervenções futuras, à luz da preservação do patrimônio e do fomento ao
5.3.2_ O PATRIMÔNIO EXISTENTE NO BAIRRO
turismo”. 5.3.1.1_LEI DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO De acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo do município, o bairro divide-se em
O Plano Diretor do Município define algumas diretrizes sobre a preservação do patrimônio cultural na cidade. Sobre a política de preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Arquitetônico42:
duas zonas de: Zona de Ocupação Controlada por Infra-Estrutura 1 (ZOCIE 1) e Zona Especial Industrial 1 (ZEI 1 ocupação (ver Infográfico 1 “Divisão em zonas de ocupação do bairro Monte Alegre”)). A região também é considerada uma Zona Especial de Interesse Histórico, Cultural e Arquitetônico (ver Infográfico 2 “Zonas Especiais de Interesse Histórico, Arquitetônico e Cultural
Art. 17: Para realização das diretrizes, a política de preservação do patrimônio histórico cultural e arquitetônico municipal deverá adotar as seguintes ações estratégicas: I.
Garantir a participação da comunidade na política de preservação do patrimônio cultural e arquitetônico do município;
do Município”). II.
Desenvolver, estimular e consolidar o potencial turístico da área central da cidade, da Rua do Porto, do Bairro Monte Alegre e das margens do Rio Piracicaba, de forma compatível com a preservação de seu patrimônio histórico; Os bens imóveis do bairro Monte Alegre foram tombados em diferentes épocas e são:
Capela São Pedro, em 1991; Escola Marquês de Monte Alegre, em 1997; Vila João de Barro e
41
“Projeto Beira-Rio: Descrição dos Trechos”, disponível em: http://www.ipplap.com.br/projetos_beirario_introducao3.php, acesso em março de 2012.
42 Plano Diretor de Desenvolvimento do Município de Piracicaba. Leis disponíveis em: http://www.ipplap.com.br/acervoin.php?id=574, acesso em março de 2012.
21
Vila Heloísa, em 2001. O tombamento das ruínas da Usina Monte Alegre e das outras vilas existentes vem sendo discutido desde 2001. De acordo com Marcelo Cachione, arquiteto e diretor do Departamento de Patrimônio Histórico do IPPLAP, os imóveis que foram tombados no município até 2005 devem ser preservados integralmente.
22
6_ ESTUDOS DO SÍTIO HISTÓRICO URBANO PARA DETERMINAÇÃO DAS DIRETRIZES DE PROJETO
formais, artísticos, estéticos e técnicos dos objetos arquitetônicos43. Após o processo de levantamento e diagnóstico, mapeamento de danos e avaliação do estado de conservação, é feita a proposta de intervenção44. O levantamento do bairro Monte Alegre foi feito de forma a se definir a área em que o projeto deveria implantado e quais novos usos poderiam ser
6.1_METODOLOGIA “Devem-se registrar e analisar os edifícios, tanto aqueles destinados à produção
adaptados às construções existentes. A classificação dada para as construções existentes foi “As Vilas do bairro Monte Alegre” e “As Ruínas Arquitetônicas da Usina Monte Alegre”.
propriamente dita, quanto os demais tipos de construção que podem compor o
As etapas do levantamento da área foram 45:
complexo (como escola, ambulatório e moradia) - com sua configuração arquitetônica e espacial, suas técnicas e sistemas construtivos -, os remanescentes dos modos de
1) Pesquisa histórica: levantamento em arquivos, entrevistas com antigos moradores
produção e o maquinário existente, que devem ser preservados in situ; ou seja,
do bairro e pesquisa bibliográfica;
preservar a memória do trabalho é essencial. É necessário, ainda, estudar a implantação desses edifícios e sua articulação com o bairro, cidade ou território, suas
2) Reconhecimento do bem: levantamento das construções existentes no conjunto;
relações com os meios de transporte etc. De início, pode ser feito um levantamento
estudo da cronologia das vilas e do conjunto fabril; levantamento métrico em
preliminar com descrição e registro sumários do sítio e dos artefatos, com especial
campo; documentação fotográfica;
atenção também ao maquinário, suas dimensões básicas e o estado em que estão.
3) Análise do estado de conservação das edificações: verificação de alterações nas
Essa apreciação, associada a estudos multidisciplinares abrangendo aspectos históricos, sociológicos, geográficos, antropológicos e econômicos, permite uma
antigas vilas e ruínas das instalações fabris;
exemplares
4) Organização dos dados: elaboração de fichas sobre as vilas ainda existentes no
considerados mais importantes para fins de preservação, por seu interesse histórico,
Monte Alegre; divisão e descrição do conjunto compostos pelas ruínas das
memorial e pelo papel simbólico que possuem para a comunidade concernidas.”
instalações fabris da Usina Monte Alegre.
identificação
consciente,
para
estudos
mais
aprofundados,
dos
(KÜHL, 2011)
O bairro Monte Alegre é considerado um sítio histórico urbano devido ao seu valor
Primeiramente foi realizado o levantamento arquitetônico geral do bairro, com a
histórico na cidade de Piracicaba. Desde o século XIX o local abrigou instalações para
elaboração de infográficos que indicam tipologia residencial predominante na região. O olhar
produção de derivados da cana-de-açúcar e, durante este período, sofreu transformações.
para a área auxiliou a identificação das potencialidades da arquitetura local e do contexto do
Atualmente, a área abriga edificações levantadas pela Usina Monte Alegre ao longo do século
município. O trabalho de campo consistiu em buscar materiais, como levantamento
XX e estes exemplares arquitetônicos representam um valor cultural para a cidade.
topográfico, plantas, desenhos de fachadas, imagens antigas e medições em campo para se
Para concretização das propostas de projeto, o levantamento arquitetônico é necessário para se definir quais edifícios devem ou não ser preservados, além de se indicar o uso compatível para cada edificação. Algumas construções podem apresentar um valor simbólico maior do que outras e o estudo da arquitetura local indica quais objetos devem permanecer como símbolos de um período. Os manuais de elaboração de projetos de intervenção no patrimônio edificado indicam como metodologia que o primeiro passo a ser tomado é a identificação do bem imóvel. O objetivo da primeira etapa é analisar os aspectos históricos,
43
“Manual de Elaboração de Projetos”, Monumenta, 2005. Disponível em: http://www.monumenta.gov.br/upload/Manual%20de%20elaboracao%20de%20projetos_1168630291.pdf. Acesso em abril de 2012. 44 O manual do Monumenta aponta como etapas do projeto de intervenção em espaço público urbano: identificação e conhecimento do objeto de intervenção; pesquisa histórica, levantamento físico; levantamento de infra-estutura; levantamento dos aspectos legais; levantamento sócio-econômico ambiental; diagnóstico; análise do estado de conservação; estudos, prospecções e ensaios, análise dos aspectos paisagísticos; avaliação do mobiliário urbano e comunicação visual; avaliação da legislação existente; proposta de intervenção; estudo preliminar; projeto básico de intervenção em espaços públicos; e projeto executivo. 45
FREITAS, Pedro Murilo. “O reconhecimento do objeto histórico: os princípios metodológicos do projeto de restauro arquitetônico”. Tese de doutorado. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – UNICAMP. Campinas, 2012. 23
registrar a situação atual das edificações. Recentemente, foi realizado o levantamento métrico das ruínas da usina por meio de escaneamento 3D46 (Imagens 37, 38 e 39). As dimensões precisaram ser averiguadas devido a diferenças entre o estado atual e os
antigos
levantamentos métricos.
Imagem 39: Maquete eletrônica em elaboração a partir das medidas obtidas no escaneamento 3D. Fonte: Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti e Sarah Viliod Martins.
Desenhos e maquetes eletrônicas permitem definir intervenções físicas adequadas sobre o
pré-existente.
Diretrizes
de
projeto
e
partido
em
um
projeto
de
restauro/preservação/manutenção dependem do levantamento arquitetônico.
Imagem 37: Nuvem de pontos do complexo da usina gerada a partir do programa Cloudworx. Fonte: Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti.
Imagem 38: Imagem a partir do escaneamento 3D do edifício que abrigava as moendas. Fonte: Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti.
46
O escaneamento 3D foi realizado pelos proprietários da área com o intuito de obter medidas precisas dos edifícios. A partir da nuvem de pontos gerada é possível a execução de maquetes eletrônicas.
24
6.2_LEVANTAMENTO DO BAIRRO MONTE ALEGRE 6.2.1_IMAGEM AÉREA DO BAIRRO
Imagem 40: Área que abriga as instalações da Usina Monte Alegre marcada em vermelho. Fonte: Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti. 25
6.2.2_LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO
Imagem 41: Levantamento topográfico da área ocupada pelas antigas instalações da Usina Monte Alegre. Fonte: Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti. 26
6.2.3_ MAQUETE FÍSICA DO BAIRRO A imagem da maquete física (Imagem 42) mostra quatro vistas gerais para o bairro Monte Alegre.
Imagem 42: Maquete física do bairro Monte Alegre. O complexo fabril da Usina Monte Alegre, marcado em marrom, insere-se no nível menos elevado do bairro, nas proximidades da margem do Rio Piracicaba. As construções tombadas pelo Codepac estão marcadas em branco. 27
6.3_LEVANTAMENTO DAS CONSTRUÇÕES ANTIGAS DO BAIRRO 6.3.1_ DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DO BAIRRO
28
6.3.2_ ASPECTOS DA ARQUITETURA LOCAL Do núcleo quase autônomo da Usina Monte Alegre restaram várias edificações, sendo algumas delas tombadas pelo Codepac. O valor arquitetônico do conjunto se dá pelo fato de ser o único exemplo na cidade e por representar diferentes décadas ao longo do século XX. Tomando como referência a entrada para o bairro pela Estrada do Monte Alegre 47, veículos e pedestres acessam a Avenida Comendador Morganti e nela são encontradas as edificações tombadas pelo órgão municipal. À direita da Avenida Comendador Pedro Morganti, encontram-se a área verde do loteamento residencial, a Capela São Pedro (Imagens 43, 44, 45 e 46), a casa da família Morganti (Imagens 47 e 48), o antigo ambulatório e
Imagens 45 e 46: Interior da capela decorada por Alfredo Volpi entre 1936 e 1937.
centro de puericultura (Imagens 49, 50, 51 e 52), a Escola Marquês de Monte Alegre (Imagens
Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
53 e 54) e o conjunto de casas atualmente ocupadas; à esquerda, estão a Vila João de Barro, os edifícios de escritórios da usina e a Vila Heloísa – formada por edifícios de uso público da Usina Monte Alegre e antigas casas dos colonos. Atrás das edificações à esquerda da Avenida Comendador Morganti, existem as antigas instalações da usina. A Capela de São Pedro, bem tombado pelo Codepac, é comumente enfatizada, pois
A residência da família Morganti permanece fechada e foi doada, em 2005, ao “Lar dos Velhinhos de Piracicaba”, cidade geriátrica de abrigo a idosos. Há registro de que a casa foi reformada por Archimedes Dutra em 1950. A edificação é separada do terreno da capela por um espelho d´água e o imóvel não é tombado.
seu interior foi pintado por Alfredo Volpi, pintor imigrante italiano, a pedido de Pedro Morganti. O edifício foi projetado pelo engenheiro italiano Antonio Ambrote e construído entre 1937 e 1938. Hoje, a capela é propriedade particular.
Imagens 47 e 48: Vista para a residência da família Morganti a partir do portão da frente. Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
O Ambulatório foi criado em 1942 para oferecer atendimento médico e odontológico aos funcionários da usina – cirurgias eram realizadas no local. Atrás dele foi construído o Centro de Puericultura em 194548. O edifício apresenta uma característica comum àqueles de Imagens 43 e 44: Capela São Pedro localizada no bairro Monte Alegre, em Piracicaba, SP. Imagem de cartão postal da década de 1950. Vista para a capela e suas instalações à esquerda; fevereiro de 2012.
uso público da usina: as paredes são em alvenaria aparente. Este prédio não foi tombado
Fonte: Arquivos pessoais de Wilson Gudotti Filho e Sarah Viliod Martins. 48
47
Sobre o centro de Puericultura, Maria Thereza Peres descreveu (1990, p. 203): “Oficialmente, foi inaugurado a 15 de abril de 1945, o Centro de Puericultura. A sua principal responsabilidade era solucionar o problema de amparo à maternidade e da proteção à infância montealegrina, “montando e mantendo um dispensário de higiene pré-natal, outro de higiene infantil e finalmente, um lactário equipado a capricho”.
À esquerda da entrada pela Estrada do Monte Alegre existem as instalações da fábrica Oji Papéis. A fábrica de papéis fez parte da Usina Monte Alegre – fora criada na década de 1950.
29
pelo Codepac e vem sofrendo depredação: portas, janelas e vidros foram quebrados, portão e gradil foram roubados e em alguns pontos existem pichações.
Imagens 53 e 54: Escola Marquês de Monte Alegre, construída em 1927. Fonte: : http://oespiritodolugar.blogspot.com.br/p/monte-alegre.html; arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012. Imagens 49 e 50: Ambulatório localizado na Avenida Comendador Pedro Morganti na década de 1950 e atualmente. Fonte: Arquivos pessoais de Wilson Guidotti Filho e Sarah Viliod Martins, 2012.
As observações e pesquisas sobre as construções antigas do bairro Monte Alegre foram sintetizadas em infográficos apresentados no item “Infográficos de levantamento das construções do bairro”. Existe a seguinte classificação entre os edifícios existentes no sítio histórico urbano do Monte Alegre: 1) Edifícios de uso coletivo: Capela de São Pedro, Ambulatório, Centro de Puericultura, Escola marquês de Monte Alegre, clube, bar, biblioteca, armazém e cinema (estes últimos quatro inserem-se em construção pertencente à Vila Heloísa);
2) Arquitetura burguesa senhorial: residência da família Morganti e Vila Maria Helena (vila residencial destinada a funcionários de altos cargos da usina Monte Alegre);
3) Conjuntos habitacionais (Vilas residenciais): Vila Heloísa, Vila Marisa, Vila João de Barro, Imagens 51 e 52: Centro de Puericultura, localizado atrás do ambulatório. No local era feito o atendimento médico
Vila Josefina e Vila Joaninha Morganti.
para crianças, filhos dos colonos da UMA. Fonte: http://oespiritodolugar.blogspot.com.br/p/monte-alegre.html; arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
O Edifício das Escolas Reunidas, ou Grupo Escolar do Monte Alegre, foi tombado pelo
Nota-se que não houve um planejamento urbano na implantação do conjunto de edificações do sítio histórico urbano do Monte Alegre; a implantação dos conjuntos de vilas e edifícios de uso coletivo acompanhou a topográfica local.
Codepac e sua construção, em 1927, foi uma iniciativa da família Morganti para atender aos filhos dos funcionários da Usina Monte Alegre. Com o fim das atividades da Usina Monte Alegre, o edifício foi oferecido ao governo do Estado de São Paulo para a implantação de uma escola, a qual funcionou até o início da década de 1990. Foram feitas reformas de restauração e readequação para sediar o Instituto Rubens Moraes – RUMO - que atende crianças carentes. Atualmente, o edifício encontra-se vazio. 30
6.3.3_ INFOGRÁFICOS DE LEVANTAMENTO DAS CONSTRUÇÕES DO BAIRRO CONSTRUÇÕES EXISTENTES NO BAIRRO MONTE ALEGRE (Infográfico 3)
Infográfico 3: Construções existentes no bairro Monte Alegre
31
IDENTIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA DAS EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS (Infográfico 4)
Infográfico 4: Identificação Arquitetônica das Edificações Históricas
32
GABARITO DAS EDIFICAÇÕES ANTIGAS DO BAIRRO MONTE ALEGRE (Infográfico 5)
Infográfico 5: Gabarito das Edificações Antigas do Bairro Monte Alegre
33
USO DO SOLO (Infogrรกfico 6)
Infogrรกfico 6: Uso do solo
34
IMテ天EIS TOMBADOS PELO CODEPAC, PIRACICABA-SP (Infogrテ。fico 7)
Infogrテ。fico 7: Imテウveis tombados pelo Codepac.
35
GRAU DE ALTERAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES ANTIGAS (Infográfico 8)
Infográfico 8: Graus de alteração das Construções Antigas
36
VILAS DO BAIRRO MONTE ALEGRE (Infogrรกfico 9)
Infogrรกfico 9: Vilas do bairro Monte Alegre.
37
PERÍODO DE CONSTRUÇÃO DAS EDIFICAÇÕES ANTIGAS (Infográfico 10)
Infográfico 10: Período de construção das edificações antigas.
38
VILAS EXISTENTES ATÉ 1974 (Infográfico 11)
Infográfico 11: Vilas existentes até 1974.
39
6.4_ AS VILAS DO BAIRRO MONTE ALEGRE 6.4.1_ TIPOLOGIA RESIDENCIAL
construtora e dois escritórios de empreendimentos. O restante das vilas permaneceu ocupado por trabalhadores da usina ou por seus descendentes. Até 1974, o bairro abrigava 12 vilas e hoje, dos seis exemplares, três se encontram menos descaracterizadas: as vilas Heloísa, João de Barro e Marisa.
A partir do levantamento geral das construções do bairro, os estudos sobre os edifícios antigos aprofundaram-se nas vilas residenciais do bairro – tipologia predominante no local. A sequencia das descrições sobre as vilas neste item é dada pela localização de cada uma delas
As construções apresentam diferenças na volumetria ou na implantação no lote, mas todas são de um pavimento. Os conjuntos de casas com fachadas sem ornamentos eram destinados aos funcionários da usina de cargos mais inferiores, como cortadores de cana-de-
a partir do acesso para o bairro pela Estrada do Monte Alegre.
açúcar; as casas destinadas a funcionários que ocupavam cargos elevados, apresentam mais O trabalho de levantamento resultou em uma classificação das vilas do bairro Monte
ornatos e alguns cômodos a mais. As únicas construções residenciais isoladas no lote são da
Alegre e este estudo teve como referência o livro de Rosa M. G. Rolim de Moura,
Vila Maria Helena e o restante é formado por construções geminadas com recuo nas laterais
“Protomodernismo de Pelotas”. No bairro havia vilas residenciais e edifícios de uso coletivo
ou dispostas - sem recuos - ao longo de uma via.
(Capela São Pedro, clube, pequeno comércio, cinema, ambulatório, escola etc), e devido às 6.4.1.1_ VILA MARISA
características próprias das obras e do lugar, um sistema de categorização por vila foi elaborado.
Esta sistematização permitiu ampliar a análise arquitetônica da área e avaliar
Este conjunto apresenta cinco blocos de casas geminadas implantadas no terreno com
quais edifícios deveriam sofrer intervenções. Fichas para consulta foram elaboradas para
recuos nas laterais. Ela se localiza ao longo de antigo trecho na Avenida Comendador Pedro
visualização de imagens e informações sobre as construções. Os itens classificatórios são:
Morganti, em frente a fábrica Oji Papéis especiais. O acesso a cada casa ocorre pela lateral
localização; situação e ambiência; proteção existente; estado de conservação; tipologia
por meio de uma escada que atinge uma varanda. Todas possuem um recuo lateral que
(finalidade
e
foram adaptados como garagem para veículos por seus moradores. Atualmente as casas
acabamentos), imagens e plantas; e referências bibliográficas. Para estas definições foram
encontram-se vazias e praticamente inalteradas; estes imóveis não foram tombados pelo
tomadas como referências categorias organizadas por Lucio Costa (no período em que foi
Codepac.
e
função,
elementos
construtivos
e
programa,
elementos
estruturais
membro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; texto “A Organização dos Fichários Especializados”)49 e as fichas de Inventário de Proteção do Acervo Cultural (IPAC), da Bahia. Não existe um levantamento arquitetônico completo do bairro e este trabalho buscou compilar tais informações. As fichas são apresentadas no item: “Fichas de Identificação”. No bairro foram identificadas seis vilas ainda existentes: Vila Marisa (Imagem 55), Vila João de Barro (Imagem 56), Vila Heloísa, Vila Maria Helena (Imagens 57 e 58), Vila Joaninha (Imagem 59), e Vila Josefina (Imagem 60). Todas tinham função residencial, no entanto a Vila Heloísa abrigava alguns de seus blocos estabelecimentos comerciais, serviços e lazer
Imagem 55: Vila Marisa no bairro Monte Alegre, Piracicaba – SP.
destinados aos colonos e funcionários da Usina Monte Alegre. Atualmente, as vilas João de Barro e Marisa encontram-se desocupadas; parte da Vila Heloísa abriga serviços: há uma 49
Imagem: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
Material fornecido em assessoria.
40
6.4.1.2_ VILA JOÃO DE BARRO A Vila João de Barro encontra-se à esquerda da Avenida Com. Pedro Morganti, próxima a entrada do bairro. Foi tombada pelo Codepac em 2001, suas edificações abrigaram residências para colonos da Usina Monte Alegre e, hoje, encontram-se vazias. A área em que se localiza é de propriedade particular e atualmente está fechada.
Imagem 57: Edifício de escritórios da Usina Monte Alegre. Atualmente fechado, abriga documentação trabalhista dos antigos funcionários. A partir dele é possível ter acesso ao complexo industrial localizado entre a Avenida Comendador Morganti e Rio Piracicaba. No fundo, à direta, observa-se a Vila Heloísa. Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
Imagem 56: Vila João de Barro na Avenida Comendador Pedro Morganti. Imagem: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
A Vila João de Barro é formada por quatro blocos de casas geminadas com recuos nas laterais. Devido à declividade do lote, porões habitáveis foram acrescentados ao programa das residências. Nas laterais das casas, escadas levam ao nível mais baixo do terreno. Hoje as casas encontram-se vazias e são de propriedade da família Silva Gordo; a área está cercada e Imagem 58: A Vila Heloisa começa após o edifício de escritórios da Usina Monte Alegre. A primeiro conjunto de
o acesso ao conjunto pode ser feito pela fábrica Oji Papéis Especiais.
edificações era de uso público: farmácia, armazém, bar, cinema etc.
6.4.1.3_ VILA HELOÍSA A Vila Heloísa (Villa Eloíza)50 é um conjunto de edificações que serviram para moradia e uso público. Seu tombamento ocorreu em 2001. A partir da entrada, ao lado da Vila João de Barro, há um antigo edifício de escritórios da usina – não tombado - e, em seguida, encontrase a Vila Heloísa (Imagens 57 e 58). O edifício de escritórios ainda é propriedade do Grupo Silva Gordo, encontra-se fechado e abriga a documentação trabalhista de antigos funcionários da UMA. Esta construção é vista nas fotografias antigas da Usina a partir da década de 1950.
50
Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
Nas edificações à direita dos escritórios localizavam-se os estabelecimentos de uso público da Vila Heloísa: farmácia, armazém geral, depósito, sede do União Monte Alegre (time de futebol da usina), bar, cinema, salão de jogos e biblioteca. Parte dessas construções apresenta alvenaria aparente (Imagens 59, 60, 61 e 62). Após a biblioteca, existe uma série de residências de 03 ou 04 cômodos (Imagens 63, 64, 65 e 66) - estas são menores que as encontradas na Avenida Joaninha Morganti (antiga Vila Joaninha, fundada na década de 1940). O material gráfico sobre a Vila Heloísa encontra-se em sua respectiva ficha.
As Vilas João de Barro e Heloísa foram erguidas no começo da década de 1920.
41
Imagem 61: À esquerda localizava-se o armazém e hoje abriga uma construtora e uma empresa de Imagem 59: As construções vizinhas do edifício de escritórios desmoronaram após tempestade em torno de 2005. Nesse período, a cobertura começou a ser trocada, mas por ordem do Codepac, as obras foram cessadas. Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
empreendimentos (edificação com os toldos sobre as janelas e portas). Do centro à direita, a antiga construção abrigava o clube, um depósito, o bar, o cinema e a biblioteca. Fonte: Arquivo pessoal, Sarah Viliod Martins, 2012.
Imagens 62 e 63: A edificação em tijolo aparente é o mesmo conjunto exposto anteriormente. As residências começam a partir da edificação ao centro. A segunda imagem mostra o primeiro conjunto de residências que Imagem 60: Antigo edifício de escritórios da Usina Monte Alegre. As telhas foram retiradas, mas a estrutura do telhado permaneceu.
pertence à Vila Heloísa. Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012
Imagens 64 e 65: Continuação das casas da Vila Heloísa e série final de residências.. Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
42
Imagem 66: Série de casas da Vila Heloísa vista a partir da entrada ao bairro pelo Anel Viário. Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
Imagens 67 e 68: Imagem de cartão postal da década de 1940 e à direita, situação atual da Vila Maria Helena e i Imagens: Arquivos pessoais de Sarah Viliod Martins e Wilson Guidotti Jr.
6.4.1.4_VILA MARIA HELENA
6.4.1.5_VILA JOANINHA MORGANTI
A Vila Maria Helena localiza-se na Praça Antônio Keller, entre a Avenida Joaninha
A Vila Joaninha Morganti localiza-se na Avenida Joaninha Morganti e foi construída
É um conjunto formado por nove casas
entre as décadas de 1930 e 1940. O conjunto de residências é composto por casas
implantadas isoladamente em cada bloco. Estas residências eram destinadas a funcionários de
geminadas e hoje, a parte de seus exemplares encontra-se descaracterizada. Estes imóveis
cargos mais elevados da Usina Monte Alegre e suas volumetrias e fachadas apresentam mais
não são tombados pelo Codepac.
Morganti e a residência da família Morganti.
ornatos quando comparadas às outras tipologias residenciais existentes no bairro. Este
As casas apresentam mais detalhamento em sua volumetria e eram destinadas a
conjunto de casas encontra-se mais fechado em relação aos outros por estar implantado em
funcionários de cargos mais elevados da Usina Monte Alegre. As casas possuem seis cômodos
uma praça e seu acesso ocorre por meio de duas travessas que a conectam a Avenida
e cada bloco possui recuos em suas laterais – como ocorre nas implantações das vilas Marisa
Comendador Pedro Morganti. Esta vila foi construída na década de 1930.
e Maria Helena. O sistema estrutural é em alvenaria e as fachadas externas não receberam
Cada casa apresenta cinco cômodos e o seu acesso ocorre pela fachada lateral –
revestimento nas paredes; apenas os pilares e vigas foram revestidos e pintados
característica semelhantes a das casas da Vila Marisa. Assim como nas demais tipologias do
(provavelmente pintura em caiação). A cobertura é de quatro águas e apresenta telhas
bairro, seu sistema estrutural é em alvenaria e as fachadas são em tijolos aparentes; a
francesas. Todas as casas possuíam uma mureta na frente do lote.
cobertura caracteriza-se pelas telhas francesas. Estes imóveis não são tombados pelo Codepac.
Imagem 69: Casa geminada da Vila Joaninha. Imagem: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
43
mas pela estratégica localização. Estavam situados nas proximidades da
6.4.1.6_VILA JOSEFINA
Igreja, do grupo escolar, da praça onde eram realizadas as festas ao ar
A Vila Josefina data da década de 1920 e atualmente encontra-se bastante
livre; mais adiante estava o cinema, o clube frequentado pelos
descaracterizado – apenas uma das casas manteve suas características originais. A volumetria
trabalhadores e o campo de futebol. Este quadro demonstrou a maneira
e fachadas são mais simples que as dos exemplares encontrados na vilas Marisa, Joaninha e
pela qual se distribuía e ao mesmo tempo se concentrava a autoridade
Maria Helena. A Vila Josefina estende-se pelo leste do bairro e imagens antigas indicam a
sobre vários setores da vida social, sem escapar do controle e vigilância do
presença de áreas abertas em seu interior; dessa forma, cogita-se que algumas das casas
proprietário e daqueles que ocupavam cargos de confiança.” (PERES,
atuais não são originais do conjunto. Estes imóveis não foram tombados pelo Codepac.
1990)
As casas são geminadas e algumas possuíam até quatro cômodos, com banheiro nos fundos do quintal. Seu sistema estrutural é em alvenaria e as construções foram revestidas e pintadas em caiação. Algumas das casas possuem cobertura de quatro águas e as telhas são capa e canal; as aberturas caracterizam-se por forma em verga reta. Cada exemplar encontra-se cerca de 50cm do nível da rua.
Ao longo da primeira metade do século XX, além da Vila Heloísa, outros conjuntos de casas foram construídos e formaram o bairro Monte Alegre (Imagem 71). O período das construções foi verificado. As únicas vilas que não sofreram grande descaracterização foram as Vilas João de Barro e Heloísa. Até 1900, o Engenho ali existente já construíra grupos de casas para os seus colonos, no entanto, a área sofreu várias modificações com a administração da família Morganti52.
Imagem 70: Exemplares da tipologia da Vila Josefina na Rua Marcos Ometto. Imagem: Sarah Viliod Martins, 2012.
6.4.2_O CONJUNTO ARQUITETÔNICO Imagem 71: Mapa das vilas na Usina Monte Alegre de 1974.
Sobre o conjunto arquitetônico do bairro, Maria Thereza Peres expôs (1990, p. 167):
Fonte: Processo de tombamento da Vila Heloísa, Codepac, Piracicaba-SP.
“No conjunto das casas destacava-se uma parte central, onde a construção mais imponente e sofisticada era a residência dos “usineiros e seus homens de confiança”51. Estas construções contrastavam com as demais, não só pela sofisticação e amplitude do espaço físico ocupado, 51
Maria Thereza Peres descreveu em sua tese o programa das casas destinadas a família e gerentes da Usina Monte Alegre: “Casas com 21 cômodos, de residência da família Morganti, com “hall”, escritório, 2 saletas, sala de jantar, cozinha, copa, despensa, oito dormitórios, 4 banheiros, tendo ainda um parque, piscina, quadra de tênis, 2 vacas e 2 repucho com estátua de bronze; Casa de 15 cômodos, de residência do gerente, com “hall”, escritório, sala de jantar, dispensa, copa, cozinha, sala de recreio, sala de costura, 3 dormitórios, 2 banheiros, quarto de vestir e quarto de empregadas. (Relatório da Usina – 1945)”. (PERES, p. 170).
52
CARRADORE, Hugo Pedro. “Monte Alegre Ilha do Sol”. Editora Shekinah, 1996. P. 28.
44
De acordo com Telma de Barros Correia53, a construção de núcleos fabris (Imagem 72) no final foi, em parte, consequência do contexto econômico: “A construção destas vilas e núcleos visou superar dificuldades de atração e retenção de mão-de-obra pelas empresas e possibilitar sua ingerência direta no cotidiano operário, solidária com o controle e a produtividade no trabalho. No caso dos núcleos fabris, foi uma ação associada à necessidade54e de implantação de fábricas e mineradoras no campo, junto a fontes de energia (matas e cachoeiras) e/ou de matérias-primas. Nestes casos, à construção de moradias articulou-se, frequentemente, a criação de equipamentos coletivos – igreja, escola, clube, cinema, armazém, de abastecimento, etc – voltados à contenção dos moradores no lugar, à formação de uma mão-de-obra eficiente e regrada e ao controle do tempo livre do trabalhador. A criação desses núcleos associa-se também à busca de terras baratas e de autonomia da empresa em relação a poderes (Estado, igreja e sindicatos) sediados em cidades”. (CORREIA, 2010)
Imagem 72: Espacialização de colônia italiana no sul do país. Núcleo de uso comum com igreja e instalações para atender os colonos. Fonte: MILANO, Daniela Ketzer. Uma vila operária na colônia italiana: o caso Galópolis (1906-1941) / Diss. (Mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em História, PUCRS, 2010.
53
CORREIA, Telma de Barros. Patrimônio Industrial e Agroindustrial no Brasil: a forma e a arquitetura dos conjuntos residenciais. Segundo seminário de patrimônio agroindustrial. São Carlos, 19-22 de outubro de 2010. Artigo disponível em: www.arquitetura.eesc.usp.br/sspa/.../Telma_de_Barros_Correia.pdf, acesso em abril de 2012.
45
6.4.3._ FICHAS DE IDENTIFICAÇÃO As duas primeiras vilas apresentadas (Vila Heloísa e Vila João de Barro são tombadas pelo Codepac; o tombamento das outras vilas ainda é discutido por este órgão municipal.
6.4.3.1_VILA HELOÍSA
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
6.4.3.2_VILA JOテグ DE BARRO
58
59
6.4.3.3_VILA JOANINHA MORGANTI
60
6.4.3.4_VILA JOSEFINA
61
6.4.3.5_VILA MARIA HELENA
62
6.4.3.6_VILA MARISA
63
6.5_ AS RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA USINA MONTE ALEGRE
Imagem 74: Bloco 1. Imagem 73: Ruínas Arquitetônicas da Usina Monte Alegre Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins
Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins
Bloco 2: portaria, almoxarifado, refeitório e depósito de cal.
Como forma de documentação arquitetônica, o complexo da usina foi dividido em blocos para descrição de toda a infra-estutura. O infográfico “Indicação dos blocos existentes”
Área total: 412m²
(Infográfico 12) mostra em planta a disposição do complexo e as descrições são
Pé-direito de aproximadamente 4m; piso em cerâmica retangular vermelha, tijolado, ladrilho
acompanhadas por imagens; o mapa de documentação fotográfica auxilia a compreender os
hidráulico ou cimentado; cobertura com telha tipo paulista. Sobre o antigo almoxarifado não
pontos a partir dos quais as fotografias foram tiradas.
existe mais a cobertura. Na portaria e no refeitório, as paredes são revestidas e pintadas em
Parte das informações sobre as características físicas dos edifícios da usina foi retirada
caiação.
de levantamento realizado, em 2002, pelo engenheiro civil Cyro Barbosa Ferraz. Outras informações, como medições, foram feitas em pesquisa de campo. A classificação dos blocos foi feita analisando-se os fluxos entre eles – potencialidade das edificações para o projeto.
6.5.1 DESCRIÇÃO DOS BLOCOS Bloco 1: Escritórios, almoxarifado e complementos. Área total: 333,38m² Imagem 75: O segundo bloco localiza-se à direita.
Pé-direito de aproximadamente 6m, com cobertura de telhas do tipo paulista sobre, aproximadamente, 140,00 m² da construção. Paredes em tijolos aparentes ou pintura em
Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
caiação no espaço interno.
64
Bloco 3: empacotamento, turbinas, turbo-gerador, vácuo, fabricação, decantadores, moendas e tratamento de caldo.
Bloco 4: esteiras e moendas, oficina mecânica, cabine elétrica e salas. Área total: 1568,74m²
Área total: 2925m²
A área de prensa do bagaço encontra-se descoberta; seu piso é tijolado e as paredes são em
Pé-direito de variável entre 8m e 14m de altura. Os edifícios de empacotamento e turbinas
tijolos aparentes. A oficina mecânica possui cobertura com telhas francesas, piso cimentado e
encontram-se atualmente descobertos; as coberturas dos edifícios restantes do bloco são em
paredes internas revestidas com pintura em caiação. O pé direito do conjunto é de
telhas francesa, paulista ou eternit. As paredes revestidas receberam pintura em caiação e os
aproximadamente 10m.
pisos internos são em ladrilhos hidráulicos ou cimentados.
Imagem 78: Fachada da oficina mecânica. Imagem 76: Parte do terceiro bloco localiza-se à esquerda.
Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
Imagem 79: Área interna do edifício que abrigava as prensas de bagaço. Imagem 77: Fachada leste do terceiro bloco.
Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
Fonte: Arquivo pessoal de Sarah Viliod Martins, 2012.
65
Bloco 5: edifícios em que se localizavam turbo-gerador e caldeiras.
Bloco 6: pré-fermentação, destilaria, depósito de álcool e laboratório.
Área total: 1138,96m²
Área total: 550,38m².
Pé-direito variável entre 8m e 14m de altura. O edifício em que se localizavam as caldeiras
Neste bloco encontra-se uma das chaminés das instalações da usina. O pé-direito do bloco é
encontra-se sem cobertura; o prédio do turbo-gerador possui cobertura com telhas francesas e
variável entre 8m e 14m. As paredes internas são revestidas em caiação e no laboratório, até
pisos tijolados. Algumas das paredes internas foram revestidas e a pintura é em caiação; as
2m de altura, são revestidas em azulejo branco. Os pisos encontrados são em ladrilhos
fachadas são em tijolos cerâmicos aparentes. Neste bloco localiza-se uma das chaminés da
hidráulicos e cimentado.
usina.
Imagem 82: Bloco 9 da usina. Fonte: Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti, 2012. Imagem 80: Edifício das caldeiras.
Bloco 8: prédio da fermentação.
Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
Área total: 418,07m². O bloco encontra-se descoberto e possui pé-direito de aproximadamente 7,00m. O piso é de ladrilho hidráulico e as paredes internas revestidas receberam pintura em caiação. Todos os elementos metálicos, como esquadrias e maquinário, foram retirados.
Imagem 81: Área interna do edifício das caldeiras. Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
66
Bloco 9: depósito de açúcar e adubo. Área total: 733,70m². Estas instalações contavam com ramificação de sanitários, a qual não existe atualmente. O pé direito é de aproximadamente 9m e a edificação encontra-se sem a cobertura. Há alguns anos, as telhas utilizadas eram eternit. A idade aproximada do edifício é de 80 anos.
Imagem 83: Prédio da fermentação. Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
Blocos 7: depósito de álcool.
Imagem 85: Depósito de açúcar: fachada oeste. Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
Área total: 501,83m² Esta parte restante do depósito de álcool possui uma das metades coberta por telhas francesas; o piso é tijolado e as paredes não foram revestidas. O pé-direito é de aproximadamente 6m.
Imagem 86: Área interna do depósito de açúcar. Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
Imagem 84: Parte restante do depósito de álcool. Fonte: Arquivo pessoal Sarah Viliod Martins, 2012.
67
Bloco 10: Granja Heloísa Área total: 1240m² Nos edifícios da Granja Heloísa, animais eram criados para fornecimento de alimentos aos colonos da usina. Nesta área também funcionou a leiteria. Os edifícios possuem pé-direito de aproximadamente 4m, piso tijolado e paredes internas revestidas e pintadas em caiação. O piso original de parte desses edifícios era em cerâmica sextavada. A cobertura foi retirada para se evitar que partes dos edifícios desabem.
Imagem 87: Granja Heloísa. Fonte: Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti, 2012.
68
6.5.1.2. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DAS RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA USINA MONTE ALEGRE
69
6.5.1.3_ EDIFÍCIOS ATUALMENTE EXISTENTES INDICAÇÃO DOS BLOCOS EXISTENTES (Infográfico 12)
Infográfico 12: Indicação dos blocos existentes.
70
6.5.1.4_ INDICAÇÃO DOS BLOCOS INDICAÇÃO DOS BLOCOS (Infográfico 13)
Infográfico 13: Indicação dos blocos.
71
6.5.2_ ESTUDO DA CRONOLOGIA ARQUITETÔNICA DAS RUÍNAS ARQUITETÔNICAS A evolução das instalações da Usina Monte Alegre pôde ser realizada através da análise de imagens antigas que datam desde a década de 1910. As fotografias deram indícios do período de construção de cada bloco e as estimativas temporais foram indicadas nos mosaicos das vistas principais do complexo fabril. Não foram consideradas as instalações da fábrica de papel próximas à usina de açúcar e álcool, visto que os seus edifícios não são foco do projeto e estão atualmente ocupados. 6.5.2.1_COMPARAÇÃO ENTRE IMAGENS Da esquerda para a direita, as legendas indicam o período da imagem.
Imagens 92 e 93: Década de 1940 e década de 1950. Vistas para o complexo da usina. Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Imagens 88 e 89: Década de 1920 e década de 1930. Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Imagens 90 e 91: Década de de 1930 e década de 1940. Imagens tiradas do complexo da usina a partir da Capela São São Pedro. Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
72
6.5.2.2_COMPARAÇÃO ENTRE IMAGENS: VSITAS GERAIS PARA O COMPLEXO DA USINA MONTE ALEGRE
72
6.5.2.3_CRONOLOGIA ARQUITETテ年ICA DO COMPLEXO DA USINA MONTE ALEGRE A cronologia arquitetテエnica baseou-se nas imagens antigas da Usina Monte Alegre.
73
6.5.3_VISTAS DOS EDIFÍCIOS DA USINA MONTE ALEGRE E MOSAICOS FOTOGRÁFICOS DE APOIO A partir do levantamento foram desenhadas as vistas dos edifícios. Mosaicos fotográficos e desenhos auxiliam no estudo da cronologia do histórico complexo fabril. As vistas são indicadas no Infográfico 14.
Infográfico 14: Indicação das vistas para as ruínas arquitetônicas. 74
VISTA 1 – SITUAÇÃO ATUAL
75
VISTA 2 – SITUAÇÃO ATUAL
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VISTA 3 – SITUAÇÃO ATUAL
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VISTA 4 – SITUAÇÃO ATUAL
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VISTA 5 – SITUAÇÃO ATUAL O levantamento da situação atual desta fachada foi feito a partir da nuvem de pontos.
Da esquerda para a direita: imagem da situação atual e nuvem de pontos no programa AutoCAD. Fonte: Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti, 2012.
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7_ ANÁLISE DO LOCAL
Área foco do projeto: 471.360, 12 m² Distância do bairro Monte Alegre ao centro da cidade: 8Km.
7.1_LOCALIZAÇÃO: ENTORNO E ÁREA FOCO DO PROJETO
Acessos ao bairro: Estrada do Monte Alegre e Anel Viário. Acesso à área foco de projeto: Avenida Comendador Pedro Morganti e Anel Viário.
7.2_ ASPECTOS DO LOCAL O levantamento histórico indicou a relevância da área devido à contribuição para a miscigenação na cidade e à alta produção de açúcar e álcool, ao longo do século XX - dentro de uma economia historicamente dependente da produção de açúcar e álcool. Sua localização na margem esquerda do rio relacionava-se anteriormente à produção dos engenhos e, hoje, representa uma potencialidade para o lazer na cidade. Atualmente, o bairro Monte Alegre (Infográficos 15 e 16) não possui estabelecimentos comerciais e de serviços ou oferece opções de lazer aos moradores; a população que ali habita é de classe média – no condomínio, de alto padrão, o poder aquisitivo das famílias é maior; desde a década de 1990 existe o interesse de se instalar novas empresas do setor de agronegócios no complexo - ou área - industrial que pertenceu a Usina monte Alegre. Imagem 94: Vista aérea para entorno próximo ao bairro Monte Alegre. O local será delimitado por duas alças do Anel Viário.
Imagem 95: Localização da área foco do projeto que abrange Vila Heloísa e Ruínas Arquitetônicas da usina
Infográfico 15: Áreas do bairro Monte Alegre.
Monte Alegre. Fonte das imagens 94 e 95: Google Earth, 2012.
80
A partir dessa análise, potencialidades foram interpretadas (Infográfico 17) e o projeto para o Monte Alegre deve envolver diferentes usos para atender à cidade e ao entorno. Sua história e localização indicam vínculos com a economia local; a paisagem local é uma somatória de aspectos históricos e naturais, devendo ser preservada e utilizada pela população.
Infográfico 16: Vista para o bairro Monte Alegre. Indicação da localização de edificações no bairro. Vila Heloísa marcada em roxo e ruínas arquitetônicas da Usina Monte Alegres marcadas em marrom.
A população que ainda reside no antigo núcleo residencial é formada por 455 pessoas, entre as quais encontram-se antigos colonos e alguns de seus descendentes. A dinâmica local assemelha-se a de uma cidade pequena e 5% da população encontra-se com 70 anos ou mais. Desde 1981, a população local não aumenta. Moradores do bairro1 relataram sentir a necessidade de se implantar algo que leve mais pessoas à área, utilizando exemplos como restaurantes e lojas - notou-se uma tendência dos moradores mais antigos em descrever a história do local, com ênfase na organização da
Infográfico 17: Potencialidades verificadas na área.
Usina Monte Alegre e nos benefícios dados a população pela família Morganti. Em 2007, foi implantado no bairro o loteamento residencial Monte Alegre. Casas já foram construídas e ainda não há previsão da instalação de outros empreendimentos semelhantes no bairro. O loteamento é fechado com acesso pela Estrada do Monte Alegre e sua integração com o restante do bairro não é perceptível. Nas proximidades do bairro encontram-se diferentes instituições como ESALQ, FATEC, COSAN, Caterpillar, Delphi, Case e uma nova fábrica da Hyndai, configurando-se como o pólo tecnológico da cidade. A cidade carece de espaços, em diferentes escalas, para abrigar eventos organizados por empresas. O Plano Diretor da cidade e o Projeto Beira-Rio definem diretrizes de ocupação das margens do Rio Piracicaba, as quais buscam o potencial turístico da paisagem local de modo a ser implantando o turismo de lazer e de negócios.
1
Foram entrevistados os senhores Nelson Zinsly, 82 anos, Eloy Ferraz, 84 anos e Domingos Cegalla, morador do bairro desde 1982.
81
8_ PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO: DA PAISAGEM LOCAL AO
8.1_PROPOSTA 1: PARQUE E ÁREA DE RESTAURANTES
RESTAURO DO EDIFÍCIO
A área próxima ao Rio Piracicaba em que se localizam a Vila Heloísa e Ruínas
Este item explica as formas de intervenções propostas para sítio histórico urbano do Monte Alegre. A partir das análises sobre o local e construções antigas do foram definidas as diretrizes de projeto e propostas de usos. Os edifícios históricos a sofrerem intervenção são a Vila Heloísa e as ruínas arquitetônicas da Usina Monte Alegre. O projeto preserva o sítio histórico urbano com o reuso destas edificações, mantendo a paisagem local.
Arquitetônicas da Usina Monte Alegre deve receber a implantação de um parque e de área de restaurantes de forma a ser utilizada pela tanto pela população local como pela população da cidade. Novas construções que abrigam restaurantes devem ser inseridas, mas seu gabarito de até 4,5m não interfere na paisagem local; além disso, a implantação de áreas verdes esconde tais edificações.
8.2_ PROPOSTA 2: VILA HELOÍSA
Esta diretriz está atrelada aos conceitos levantados sobre o restauro de tipologias de Cervellati e sobre o Restauro Crítico. O reconhecimento do sítio histórico urbano local permitiu
Seguindo os preceitos de Cervellati, a Vila Heloísa deve ter sua fachada e sua cobertura
indicar novos usos de acordo com a capacidade das antigas edificações e reconhecer o valor
restauradas para a manutenção do conjunto e abrigar em seu interior novos usos:
de cada objeto arquitetônico ali existente.
estabelecimentos comerciais e de serviços. Antigas paredes internas – hoje em ruínas – devem
As intervenções na área foram divididas em três propostas – Proposta 1, Proposta 2 e
ser demolidas adotando-se a planta livre.
Proposta 3 – que envolvem, respectivamente, a área foco do projeto, a Vila Heloísa e as 8.3_ PROPOSTA 3: RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA USINA MONTE ALEGRE
Ruínas Arquitetônicas da Usina Monte Alegre. As diretrizes apontadas nas três propostas de intervenção permitem a manutenção do sítio histórico urbano do Monte Alegre. O Infográfico 18 sintetiza as diretrizes de projeto.
Nos blocos das antigas instalações fabris, quase todo o conjunto deve ser mantido, pois todas as marcas cronológicas deste conjunto são consideradas relevantes. Demolições foram propostas a pequenos blocos sem relevância estética ou histórica, tomando como partido facilitar a circulação de pessoas. Faz-se o uso da estética da ruína (Imagem 96) como forma de se preservar as marcas cronológicas e manter o conjunto arquitetônico do sítio histórico urbano. Novos usos são adaptados por meio de estrutura interna independente (Imagem 97) - a qual auxilia na amarração das paredes antigas - e foram propostos tomando como base aberturas a possibilidade de fluxos entre as edificações já existentes (Infográfico 19). A área edificada possibilita a implantação de um centro de eventos empresariais, espaço coworking, área para exposições, restaurantes e jardins (áreas de contemplação).
Infográfico 18: Indicação da área foco de projeto, de diretrizes e de construções a serem mantidas.
82
Dentre os blocos da usina, alguns ainda apresentam cobertura original (Infográfico 20). Estas devem ser restauradas; os blocos descobertos devem receber nova cobertura, a qual é apoiada pela nova estrutura interna.
(96)
(97)
Imagem 96: Sede da Antiga Chácara Paraíso, Campinas – SP. Exemplo da utilização da estética da ruína. Fonte: BITTENCOURT, L. C. Utopia: a dimensão urbanística de uma intervenção de restauro contemporânea. P. 39. Imagem 97: Nave 16, Matadero de Madrid. Manutenção da estética da ruína e estrutura interna independente que possibilita novos usos.
Infográfico 20: Áreas cobertas e descobertas das ruínas arquitetônicas da Usina Monte Alegre.
Quanto às aberturas – portas e janelas -, são mantidas aquelas da situação atual dos blocos; novas aberturas justificam-se pela necessidade de iluminação no espaço interno e fluxo de usuários. Novas esquadrias devem ser adotadas, buscando semelhança aos tipos originais – devido ao estado atual de conservação dos blocos, as antigas esquadrias devem ser retiradas / substituídas.
Nas ruínas utilizadas como jardins, antigas esquadrias são
retiradas para segurança dos usuários. O interior das ruínas arquitetônicas ocupadas deve ter seu reboco substituído por representar uma característica original e encontrar-se atualmente em péssimo estado de conservação; as paredes externas devem permanecer em alvenaria aparente. A estrutura interna deve ser utilizada para consolidação (cinta) das paredes antigas. Infográfico 20: Aberturas já existentes que permite o fluxo entre os blocos. Proposta de usos toma este aspecto como partido por permitir fruição entre atividades.
83
9_ PROJETOS REFERENCIAIS
9.2_PROJETO REFERENCIAL 2: DUISBURG PARK, ALEMANHA, 1990.
Dos projetos referenciais apontados, foram pesquisados a linguagem arquitetônica
O projeto de LATZ+PARTNER tem uma área total de 200.000 m² e utilizou antigas
utilizada e os usos propostos. Foram tomados como referências principais os projetos do
instalações fabris construídas em 1901. A intervenção ocorreu na década de 1990 e sua
antigo Matadouro Legazpi, na Espanha, e do Duisburg Park, na Alemanha.
função é de um parque multifuncional. O projeto utilizou estrutura industrial existente e lhe
9.1_PROJETO REFERENCIAL 1: ANTIGO MATADOURO LEGAZPI, DE ARTURO FRANCO, 2009.
proporcionou um novo uso; o local alia a estrutura criada pelo homem e natureza e abriga atividades culturais e empresariais, uma área esportiva, mirante, apresentações etc. Os espaços são abertos para a realização de eventos.
O projeto instalado em dois blocos de um matadouro desativado em Madri proporcionou um diálogo entre o antigo e o contemporâneo. As ruínas foram preservadas para que sua estética fosse aproveitada. O destaque deste projeto é a linguagem proposta pelo arquiteto, pela qual nota-se as intervenções, mas estas não se sobressaem. Elementos Antigo Matadouro Legazpi, de Arturo Franco, 2009.
como ferro, vidro e telhas cerâmicas foram utilizados para compor o espaço interno. Estes materiais, com um acabamento mais bruto, somam-se ao edifício antigo. Antigo Matadouro Legazpi, de Arturo Franco, 2009.
O projeto instalado em dois blocos de um matadouro desativado em Madri proporcionou um diálogo entr e o antigo e o contemporâneo. As ruínas foram preservadas para que sua estética fosse aproveitada. O de staque deste projeto é a linguagem proposta pelo arquiteto, pela qual nota-se as intervenções, mas estas não se sobressaem. O projeto instalado em dois blocos de um matadouro desativado em Madri proporcionou um diálogo entr e o antigo e o contemporâneo. As ruínas foram preservadas para que sua estética fosse aproveitada. O de staque deste projeto é a linguagem proposta pelo arquiteto, pela qual nota-se as intervenções, mas estas não se sobressaem.
Áreas externas abrigam diferentes usos e eventos
Teatro instalado em uma das antigas edificações
Imagens: Revista SUMMA+, ed. 115, jun/11, p 28 e 34 Imagens: Revista SUMMA+, ed. 115, jun/11, p 28 e 34 Elementos como ferro, vidro e telhas cerâmicas foram utilizados para compor o espaço interno. Estes materiais, com um acabamento mais bruto, somam-se ao edifício antigo. Imagens: Revista SUMMA+, ed. 115, jun/11, p 28 e 34
Fontes: http://www.latzundpartner.de/; PAREDES, C. «Industrial Chic: Reconverting Spaces. EdizioniGibraudo, 2006. 84
9.3_PROJETO REFERENCIAL 3: AUDITORIUM NICOLO PAGANINI, DE RENZO
9.4_PROJETO REFERENCIAL 4: SESC POMPÉIA, DE LINA BO BARDI, 1976.
PIANO, 2001. Este projeto de Renzo Piano foi implantado na cidade de Parma, Itália, em uma antiga
Auditorium Nicolò Paganini, de Renzo Piano, 2001.
refinaria de açúcar. Internamente, foram feitas algumas modificações para a construção da sala de concertos. O projeto preservou a volumetria, recuperou as fachadas e é um exemplo de uma adequação estrutural em um edifício antigo. A imagem mostra a iluminação natural no espaço interno. Os panos de vidro proporcionaram permeabilidade entre os espaços. Auditorium Nicolò Paganini, de Renzo Piano, 2001.
O projeto de Lina Bo Bardi propôs intervenções em antiga instalação fabril de 1938 Fábrica de Tambores da Pompéia. O projeto de de 1976 e atualmente abriga o SESC Pompéia, o qual abriga atividades culturais, esportivas e de lazer. A intervenção busca manter as qualidades formais do edifício e a intenção da arquiteta foi, segundo Ana Carolina Bierrenbach, manter da “ebolição da vida” nos espaços internos. Implantação e volumetria foram preservadas, assim como características do projeto original de 1938 foram mantidas. Nota-se espaços internos amplos para uma livre circulação dos usuários.
Este projeto de Renzo Piano foi implantado na cidade de Parma, Itália, em uma antiga refinaria de açúcar. Internamente, foram feitas algumas modificações para a construção da sala de concertos. O projeto preservou a volumetria, recuperou as fachadas e é um exemplo de uma adequação estrutural em um edifício antigo. Este projeto de Renzo Piano foi implantado na cidade de Parma, Itália, em uma antiga refinaria de açúcar. Internamente, foram feitas algumas modificações para a construção da sala de concertos. O projeto preservou a volumetria, recuperou as fachadas e é um exemplo de uma adequação estrutural em um edifício antigo.
Galpão de convivência.
Galpão dos ateliês. http://www.bonatti.it/Projects/Auditorium-Niccolo-Paganini-Parma, acesso em abril de 2012.
A imagem mostra a iluminação natural no espaço interno. Osabrilpanos http://www.bonatti.it/Projects/Auditorium-Niccolo-Paganini-Parma, acesso em de 2012. de vidro proporcionaram permeabilidade entre os espaços. A imagem mostra a iluminação natural no espaço interno. Os panos de vidro proporcionaram permeabili dade A imagem mostra a iluminação natural no espaço interno. Os panos de vidro proporcionaram permeabili dade entreentre os espaços. os espaços.
Fonte: http://www.bonatti.it/Projects/Auditorium-Niccolo-Paganini-Parma, acesso em abril de 2012.
Fontes: BIERRENBACH A. C. ‘Os restauros de Lina Bo Bardi’. Disponível em: Fontes: BIERRENBACH http://www.docomomo.org.br/seminario%205%20pdfs/012R.pdf A. C. ‘Os restauros de Lina Bo Bardi’. Disponível em: http://www.docomomo.org.br/seminario%205%20pdfs/012R.pdf
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9.5_ SEDE DA ANTIGA CHÁCARA PARAÍSO, CAMPINAS – SP, ANTONIO DA COSTA SANTOS, 1978. As intervenções realizadas nas antigas Casa Grande e Tulha fazem uso da estética da ruína. As marcas cronológicas são deixadas em evidência por meio de adaptação estrutural (amarração) e consolidação do reboco. A utilização de diferentes materiais contrasta o antigo e o novo.
Corredor dos Guaiases entre Casa Grande e Tulha. Fonte: BITTENCOURT, L. C. Utopia: a dimensão urbanística de uma intervenção de restauro contemporânea. P. 52.
Varanda recebe piso em gradil de aço. Fonte: BITTENCOURT, L. C. Utopia: a dimensão urbanística de uma intervenção de restauro contemporânea. P. 45.
86
10_ PROJETO
Para a implantação do projeto são considerados o conjunto da Vila Heloísa e o antigo conjunto fabril em ruínas. O programa proposto busca estabelecer relações entre o sítio histórico urbano do Monte Alegre e o município de forma a se proporcionar dinâmica à área e aproximar a população ao patrimônio ali existente. O bairro Monte Alegre era associado à economia local e está inserido em área de relevância econômica para a cidade; os novos usos relacionam-se à economia e ao trabalho na cidade, além de proporcionar lazer para as pessoas. Os novos usos proporcionam condições favoráveis para a área ser frequentada, sendo, portanto, a intervenção no local justificada. Conforme citado no item “Propostas de intervenção: do restauro do edifício à paisagem local”, as intervenções na área buscam manter o conjunto arquitetônico seguindo preceitos de Cervellati e do Restauro Crítico. O levantamento arquitetônico verificou o estado de conservação dos edifícios e buscou estabelecer vínculos entre os novos usos e a memória do
Infográfico 20: Intervenções propostas.
objeto. Toda a área recebe três propostas de intervenção e ao conjunto é dado o nome de Centro UMA54.
10.1_NOVOS USOS PROPOSTOS O uso misto (Infográfico 21) possibilita a criação de uma dinâmica e aproximação do bairro Monte Alegre ao restante da cidade. A partir deste conceito, são propostos os usos de comércio, serviços, centro de eventos empresariais, espaço de coworking, área de exposições, parque e área de restaurantes. A permanência dos usuários não é longa, porém aproxima as pessoas à paisagem local; estes novos usos relacionam-se (Infográfico 21) e estimulam o turismo de lazer e negócios conforme estipulado pela legislação municipal. Além de seguirem diretrizes do planejamento urbano da cidade; os novos usos aproximam o patrimônio histórico e arquitetônico a exigências contemporâneas. Infográfico 21: Relação entre os usos propostos.
54
UMA: Usina Monte Alegre.
87
O Infográfico 22 mostra a distribuição dos novos usos sobre a área foco do projeto:
Imagem 98: Imagens da Rua do Porto. O público mensal estimado nos finais de semana é de 150 mil pessoas.
Percursos: Os percursos para pedestres e ciclistas seguem eixos já existentes na paisagem, como forma de preservar a paisagem local, e buscam a visibilidade para o complexo da antiga Usina Monte Alegre. Os caminhos possuem no mínimo 2,5m de largura quando destinados apenas a pedestres; as ciclovias seguem os passeios de pedestres – estes percursos Infográfico 22: Novos usos propostos para área e edificações já existentes.
apresentam no mínimo 4m de largura e devem ser separados por canteiros. É oferecido um serviço de aluguel de bicicletas a visitantes da área e bicicletários encontram-se próximos a
10.2_ PROPOSTAS E RESPECTIVOS PROGRAMAS
locais de permanência ou contemplação55. Áreas verdes:
10.2.1_PROPOSTA 1: PARQUE E ÁREA DE RESTAURANTES
Além da presença do Rio Piracicaba, o Córrego Figueira corta o terreno. Faz-se
Localizado próximo ao Rio Piracicaba, o local busca aproximar as pessoas da paisagem
necessário respeitar limites para construção de edificações e implantação de percursos. A faixa
local. Para a área é proposto um parque que se conecta a um percurso ao longo do rio que
de restaurantes deve ser implantada a 100m do leito para evitar transtornos com possíveis
abriga restaurantes - o que vai de encontro a uma identidade cultural da cidade (Imagem 98).
inundações e permitir uma área verde maior ao longo do percurso; ao longo do córrego
Devido à proposta de preservação da paisagem, proíbe-se o fluxo de veículos no interior deste
respeita-se um limite de 30m em cada margem. Áreas verdes (Infográfico 23) mais densas nos
espaço.
limites do terreno buscam compensar possíveis danos. A mata mais densa soma uma área de 121.894m²; ao longo do percurso, áreas verdes menos densas somam 33.578,86m², totalizando 155.472,86m². A implantação das áreas verdes mais densas ajudam a esconder o
55
Estes pontos são indicados na implantação.
88
conjunto de novas edificações que abrigam os restaurantes na proximidades do Rio Piracicaba.
Imagem 100: Da esquerda para a direita: sibipiruna, dedaleiro, ipê-amarelo e quaresmeira.
Área de restaurantes ao longo do Rio Piracicaba: A área restaurantes busca manter a visibilidade para o Rio Piracicaba, conformando-se linearmente ao longo da margem. Entre o rio e os restaurantes localiza-se um percurso de pedestres e ciclovia; coberturas abrigam mesas fazendo com que as pessoas frequentem o espaço externo; escadas permitem que os visitantes se aproximem da água, seguindo uma linguagem anteriormente existente – no antigo Clube Teixeirada, formado por funcionários da usina, uma escada era frequentada por pessoas que iam nadar no rio (Imagens 101). No total devem ser construídos oito restaurantes, totalizando uma área de 1200m². Infográfico 23: Áreas Verdes. Representação sem escala.
Nas áreas verdes menos densas devem ser plantadas árvores de médio porte, cuja altura não ultrapassa 10 m (Imagem 99). Este porte proporciona sombra e deve ser plantado ao longo do percurso. Espécies nativas que podem ser plantadas no local são (Imagem 100): sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), dedaleiro (Lafoensia pacari), ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha) e quaresmeira (Tibouchina granulosa).
Imagem 101: Moradoras do bairro na escadaria do Clube Teixeirada. Sem data. Fonte: Arquivo Codepac, Piracicaba – SP.
A área pensada para a margem do rio baseia-se no projeto do Parque das Nações, em Lisboa (Imagem 102). O espaço ao longo do Rio Tejo oferece às pessoas jardins e o contato com este elemento da paisagem.
Imagem 99: Croquis de estudo sobre implantação de árvores ao longo do percurso de pedestres e bicicletas.
89
Imagem 102: Parque das Nações em Lisboa. O percurso permite o contato com o Rio Tejo. Imagem: Arquivo pessoal de Regina Tirello.
10.2.1.1_MOBILIDADE Para se evitar um alto fluxo de automóveis e impedir a passagem de caminhões pela Avenida Comendador Pedro Morganti, propõe-se uma bifurcação na Estrada do Monte Alegre na altura da entrada do Residencial Monte Alegre. Esta alça liga-se ao anel viário (Imagem 104). A implantação do projeto tem como consequência maior movimentação no bairro e as novas vias evitam o trânsito na área residencial. Outra proposta a ser implantada é a circulação de ônibus municipal a cada 30 minutos. A linha 21, que liga o bairro ao centro da cidade, passa pelo Monte Alegre a cada hora. Esta medida pode evitar que um número maior de carros acesse a região. No interior do complexo a ser instalado proíbe-se o fluxo de carros. O estacionamento (Imagem 105) deve ser implantado em espaço vizinho, atualmente ocupado por canaviais, com uma área total de 16000m². O número de vagas é 1250. Para o transporte de pessoas no interior do complexo deve ser instalado o bonde elétrico (Imagem 103). Este meio leva visitantes aos edifícios da usina a partir da entrada e é uma alternativa que não agride demasiadamente o meio ambiente.
Imagem 103: Nova ligação entre vias para evitar um alto fluxo de veículos na Avenida Comendador Pedro Imagem 103: Modelo do transporte elétrico que pode ser implantado.
Morganti.
Fonte: www.vossloh-rail-vehicles.com, acesso em setembro de 2012.
90
Imagem 105: Localizaテァテ」o do estacionamento
10.2.1.2_INFOGRテ:ICOS EXPLICATIVOS DA PROPOSTA 1
91
92
10.2.2_PROPOSTA 2: VILA HELOÍSA A Vila Heloísa (Imagem 106) possibilita a implantação de estabelecimentos comerciais e de serviços, os quais podem ser frequentados durante toda a semana e contribuem para a manutenção do turismo na área. Os espaços podem ser alugados e o objetivo é a venda de produtos e serviços ao público - como artesanato, souvenirs, roupas, alimentos não perecíveis, atividades turísticas e de lazer, estética, trabalhos de profissionais liberais etc. Este conjunto deve ser divido em módulos e as atividades a serem implantadas devem ser compatíveis os espaços disponíveis. Este uso atinge tanto o bairro como o restante da cidade. As casas da Vila Heloísa são icônicas e o restauro de suas fachadas tem como objetivo a manutenção do conjunto arquitetônico formado pelas vilas do bairro e ruínas da Usina Monte Alegre. A intervenção proposta para estas construções é: reconstituição das fachadas originais e coberturas; a planta livre permite flexibilidade no uso. A área total a ser utilizada pelos estabelecimentos comerciais e de serviços é de 3.188m², sendo possível abrigar 36 espaços comerciais e de serviços.
O Infográfico 24
mostra as áreas e viabilidade de implantação destes usos. Atrás da Vila Heloísa devem ser implantadas praças para a contemplação da área. Novas construções não são propostas em suas proximidades para manutenção do conjunto.
Infográfico 24: Estudo de viabilidade para implantação de novos usos na Vila Heloísa.
Imagem 106: Implantação da Vila Heloísa. Novas praças atrás das antigas construções são áreas de contemplação da paisagem. Representação sem escala.
93
10.2.3_PROPOSTA 3: RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA USINA MONTE ALEGRE
Os blocos das antigas instalações fabris possuem um total de 7.493,05m², dentro da qual os novos usos podem ser implantados e adaptados por meio de estrutura interna e
Os novos usos (Imagem 107) propostos aos antigos blocos da Usina Monte Alegre são centro de eventos empresariais, espaço coworking, área para exposições, restaurantes e jardins
independente. No conjunto (Imagem 108) deve ser mantida a estética da ruína, incluindo a permanência de antigos elementos / apoios do maquinário da usina.
(espaços abertos) – estes permitem os usuários do espaço contemplarem a paisagem local. O projeto arquitetônico apresentado abrange estas históricas edificações.
Imagem 108: Vista para o conjunto das ruínas arquitetônicas; estética da ruína a ser mantida.
As atividades a serem abrigadas nas ruínas arquitetônicas da antiga Usina Monte Alegre mantêm relações entre si por estarem envolvidas ao trabalho de diferentes profissionais e atenderem empresas. Estes usos atendem o entorno próximo ao Monte Alegre, o qual abriga empresas de diferentes tamanhos. CENTRO DE EVENTOS EMPRESARIAIS O local deve sediar pequenos eventos corporativos como encontros, palestras, reuniões, cursos e exposições de pequenos produtos. Os espaços são alugados de acordo com a necessidade do cliente. Para este centro não são previstas grandes feiras expositivas. Este espaço abriga recepções, dois espaços de uso múltiplo (correspondem a ambiente com planta livre para abrigar, por exemplo, encontros ou exposições de pequenos produtos), dois auditórios (um para 224 pessoas e outro para 231 pessoas), áreas de apoio, sete salas de aula / treinamento e quatro restaurantes para atender aos usuários deste centro de eventos – Imagem 107: Novos usos propostos para as ruínas arquitetônicas da Usina monte Alegre. Em vermelho está marcada nova edificação de um pavimento que servirá de área de apoio aos restaurantes.
sendo um deles interno -, banheiros, área administrativa e jardins. A capacidade máxima de lotação desses espaços, considerando as áreas dos três restaurantes, é de 960 pessoas55. Os 55
O público estimado baseia-se em projetos de Centros de Eventos Corporativos que definem, em média, receber entre 400 e 800 pessoas. Sites indicados em referências bibliográficas.
94
novos usos foram propostos levando-se em consideração a possibilidade de fluxos entre os blocos da usina; os ambientes adaptados às ruínas apresentam as seguintes áreas: Espaço de Uso Múltiplo 1 - com ligação para jardim externo: 736m² (capacidade para 70 pessoas) Espaço Uso Múltiplo : 638m² (capacidade para 160 pessoas) Auditório para 224 pessoas: 339,50m² Auditório para 231 pessoas: 336m² Salas de Aula: 564m² (capacidade de cada sala: 50 pessoas) Salas de Treinamento: 243 m² (capacidade de cada sala: 11 pessoas)
Imagem 109: Vista para o jardim que se liga ao espaço de Uso Múltiplo 1: antigos elementos estruturais são utilizados como elementos paisagísticos. Uso de novos materiais, como chapas em aço corten sobre o chão, marcam a nova intervenção.
Restaurante Interno: 222m² (capacidade para 56 pessoas) Restaurante com área externa para alimentação: 710m² (capacidade para 72 pessoas) Restaurantes Externos: 981m² (capacidade para 236 pessoas) Área Administrativa: 270m² (capacidade para 12 pessoas; área dada considera área de circulação) Jardim com ligação para Espaço de Uso Múltiplo 1: 1426m² Jardim junto à área externa de alimentação: 331,40m² Foi tomado como partido a implantação de áreas administrativas em pavimentos superiores para liberação do pavimento térreo e assim ampliar a área de eventos e facilitar circulação de usuários do centro de eventos empresariais.
Imagem 110: Vista para o espaço interno do Espaço de Uso Múltiplo 1. Manutenção da estética da ruína. Neste espaço, o piso mais elevado é pré-existente. Aos fundos, observam-se paredes –são pré-existentes.
Este complexo deve receber nova edificação de um pavimento, em área externa e
Antigas estruturas internas ainda existentes, quando não impedem circulação, são
próxima aos restaurantes para abrigar áreas de apoio e banheiros para público e
mantidas. Nos jardins externos, antigas estruturas são utilizadas para compor o paisagismo e
funcionários. Isto é proposto como forma de se ter maior aproveitamento dos espaços antigos
a seguinte imagem (Imagem 109) mostra como isto é proposto no jardim que se liga ao
para a implantação das áreas com mesas dos restaurantes.
Espaço de Uso Múltiplo 1 (Imagem 110):
95
ESPAÇO COWORKING
determinado tempo de acordo a sua necessidade. A área total é de 705,10m². O espaço
Coworking é um escritório compartilhado (Imagem 111) em que espaços são alugados e alguns serviços, terceirizados, como motoboy e secretárias. O espaço facilita trocas de
coworking é projetado para atender uma lotação de 70 pessoas. Os seguintes croquis estudam a estética da ruína a ser mantida no edifício.
experiências entre profissionais – exemplos: empresas de programação, de desenvolvimento de sites e de consultoria. Estes locais são alugados por horas ou mensalmente e os benefícios para aqueles que os alugam são redução de custos operacionais e networking/motivação com a possibilidade de se interagir com outros profissionais. Exemplos de ambientes necessários aos espaços coworking: salas para reuniões, áreas compartilhadas (“salas de estar”), salas para apresentações, copa, banheiros, estações de trabalho etc. O número de ambientes depende da área e do número de usuários para quem se pretende alugar. Estes escritórios compartilhados não sofrem modificações para atender especificamente as empresas ou
O projeto para o espaço coworking exemplifica a utilização da estrutura interna para a adaptação de novos usos (Imagens 112 e 113). O sistema reticulado deve ser utilizado em
profissionais liberais que os utilizam56.
todos os blocos que necessitam receber nova estrutura para adaptação de usos e cobertura; tal sistema é composto por perfis em I de dimensões 30cmx40cm. Este sistema estrutural auxilia na amarração das paredes antigas. No edifício do espaço coworking, algumas aberturas nas fachadas, no primeiro pavimento, devem receber viga metálica para auxiliar no travamento da estrutura.
Imagem 111: Exemplo de espaço coworking em Melbourne. Fonte: http://www.deskmag.com/en/coworking-space-expansions-within-the-same-location-536, acesso em agosto de 2012.
O espaço coworking possui quatro pavimentos e abriga recepção e sala de espera (68,65m²), sala de administração (26m²), área de convivência(50m²), copa (15m²), serviço de cópias e impressão (17m²), salas para reuniões maiores (cerca de 25m²), salas para reuniões menores (até 20m²), salas de estar (cerca de 50m²), áreas coletivas de trabalho (113m²), sala de apresentações ( 22m²), sala de trabalho em equipe ( aproximadamente 30m²) banheiros, ,
Imagem 112: Estrutura interna é encaixa-se no interior do bloco em ruínas. Na fachada, viga metálica deve auxiliar o travamento da estrutura.
depósito, área de apoio e manutenção. Estes espaços são oferecidos e o cliente aluga por um
56
Entrevista realizada com Cesar Wagner, publicitário e dono de um espaço coworking em Fortaleza, CE.
96
Para a realização de exposições, painéis em madeira devem ser dispostos ao longo do antigo bloco em ruínas.
Imagem 114: Salão do Humor realizado todos os anos no Engenho Central em Piracicaba, SP. As margens do rio abrigam eventos culturais e atividades de lazer. Imagem 113: Nova estrutura interna auxilia na amarração das paredes antigas.
Fonte: http://salaodehumor.blogspot.com.br/2010_09_01_archive.html, acesso em maio de 2012.
O sistema estrutural metálico recebe lajes em steel deck e piso em microcimento. Nas
Os galpões a serem utilizados estão voltados para o rio, o que favorece a ligação
laterais das lajes, um gradil em aço deve ser disposto para proporcionar segurança aos
com a área externa. O estado atual de conservação das fachadas favorece a permeabilidade
usuários e não impedir a ventilação entre os pavimentos. Nos ambientes fechados do espaço
entre os espaços interno e o externo (Imagem 115).
coworking, como salas de reuniões, paredes em alvenaria e divisórias em vidro devem ser levantadas. Os eixos estruturais do sistema proposto para o espaço coworking distanciam-se 3,5m entre si, seguindo as distâncias dos pilares das paredes em ruínas.
ÁREA PARA EXPOSIÇÕES Esta área deve abrigar exposições temporárias, sendo utilizado por artistas individuais, escolas ou grupos que desenvolvem alguma atividade artística. Este setor abrigará dois espaços delimitados por dois dos galpões, sendo um deles externo, proporcionando flexibilidade de uso. A área total a ser utilizada é de 1849m², sendo 990m² de área coberta e 859m² de área externa. A planta livre desses espaços permite flexibilidade nas exibições
Imagem 115: Croqui mostra permeabilidade dos blocos que abrigam área externa de exposições e alimentação.
(Imagem 114). Esta área para exposições conta com área administrativa em um segundo pavimento que ocupa 430m², considerando área de circulação. O bloco da área de exposições deve receber estrutura interna independente e sua cobertura original deve ser restaurada. 97
10.2.3.1_ INDICAÇÃO DE INTERVENÇÕES NAS RUÍNAS ARQUITETÔNICAS
10.2.3.2_ ELEMENTOS DAS RUÍNAS A SEREM INCORPORADOS AO PROJETO Os elementos das ruínas a serem incorporados no projeto são constituídos por antigos apoios em concreto e tanques metálicos. Na área externa, tanques e partes de antigas construções devem permanecer na paisagem. A seguinte imagem (Imagem 117) indica, em vermelho, elementos a serem preservados nas ruínas arquitetônicas:
Imagem 117:
Planta do segundo nível. Antigos patamares, apoios e tanques metálicos são indicados em vermelho. Tais elementos são incorporados no projeto.
Imagem 116: Novas construções devem ser inseridas para abrigar áreas de apoio e caixas de circulação.
98
11_ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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e
suas
contribuições
no
espaço
geográfico
piracicabano
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100
PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA LOCALIZAÇÃO
LEVANTAMENTO HISTÓRICO Imagens antigas mostram a ocupação da área desde o século XIX.
N
N
Século XIX
Bairro Monte Alegre
Bairro Monte Alegre, Piracicaba, SP.2004.
Fonte: Google Earth, 2012
Área do projeto.
Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
A área é ocupada desde o final do século XVIII e nesse período, a Fazenda Monte Alegre abrigava um engenho de açúcar. Esta função na Fazenda se manteve ao longo do século XIX e, em 1910 ,as terras e o engenho foram compradas pelo imigrante italiano Pedro Morganti - o engenho local passou a ser denominado Usina Monte Alegre. A partir desse ano o bairro começou a se desenvolver ao redor das instalações fabris e se configurou como hoje é conhecido - as construções ainda existentes são do século XX. A ocupação da área não teve um planejamento urbano e as construções eram erguidas conforme o desenvolvimento da usina. Na antiga Usina Monte Alegre foram construídas vilas residenciais e um núcleo praticamente autônomo que servia às atividades cotidianas dos colonos, com igreja, escola, ambulatório, mercado, clube, cinema e bar.
Fonte: Google Earth, 2012
População da cidade: 364.571 hab. População do bairro Monte Alegre: 455 hab. Área foco do projeto: 471.360, 12 m² Distância do bairro Monte Alegre ao centro da cidade: 8Km.
JUSTIFICATIVA
ÁREAS DO BAIRRO MONTE ALEGRE
O bairro Monte Alegre localiza-se na Zona Leste de Piracicaba - pólo tecnológico da cidade -, na margem esquerda do Rio Piracicaba, e sua formação foi concretizada com a implantação da Usina Monte Alegre (UMA), a partir de 1910. Esta foi uma das maiores produtoras de açúcar e álcool no país até 1981. A Usina Monte Alegre, ao longo século XX, formou um núcleo praticamente autônomo com infraestrutura urbana para cerca de 1500 funcionários - foram construídas vilas residenciais, igreja, estabelecimentos comerciais, clube para funcionários e escola. Suas antigas construções são exemplares de diferentes décadas e algumas delas representam tipologias não mais encontradas em Piracicaba. Durante os 71 anos de funcionamento, a Usina Monte Alegre buscou implantar inovações para produção de açúcar, álcool e papel para se adaptar às exigências de mercado durante o século passado. A grande produção da Usina Monte Alegre contribuiu para o desenvolvimento econômico da cidade e a vinda de imigrantes, para a miscigenação na cidade. Após o encerramento de suas atividades, parte dos moradores e descendentes dos funcionários permaneceu no Monte Alegre. Desde década de 1980, o bairro caracteriza-se como uma área predominantemente residencial e áreas ao seu redor abrigam grandes empresas. O local apresenta significado cultural por seus valores estéticos, histórico e social - O conjunto fabril e antigas colônias representam restos de uma cultura industrial ; sendo assim, a conservação e preservação deste sítio histórico urbano é justificada. O término das atividades da Usina Monte Alegre, em 1981, resultou no gradativo abandono da área pela população e degradação das antigas construções. Nota-se um distanciamento entre o bairro Monte Alegre e o restante da malha urbana, sendo desprezadas potencialidades relacionadas ao patrimônio histórico e cultural e à paisagem natural das margens do Rio Piracicaba.
N
Final da década de 1930
Década de 1930
Década de 1950
Década de 1950
Imagens: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
O PATRIMÔNIO DO BAIRRO MONTE ALEGRE Tombamento: foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba (Codepac) duas das antigas vilas residenciais - Vila Heloísa e Vila João de Barro - a igreja - Capela de São Pedro - e a escola - Escola Marquês de Monte Alegre. o conjunto da antiga Usina Monte Alegre encontra-se quase intacto, no entanto a maior parte de suas construções está em péssimo estado de conservação. A principal vila do bairro - Vila Heloísa (ver Imagens da Situação Atual da Área) - apresenta a maior parte de suas casas desocupadas. As instalações fabris (ver Imagens da Situação Atual da Área) da usina foram abandonadas na década de 1980 e hoje estão em ruínas - este complexo não é tombado pelo Codepac.
Anel Viário Rodovia - Limeira
13 Vista para o complexo fabril abandonado ainda não tombado.
Oji Papéis Especiais
N
IMAGENS DA SITUAÇÃO ATUAL DA ÁREA
Rio Piracicaba
VILA HELOÍSA
Centro
Ruínas da Usina Monte Alegre Vila Heloísa Áreas residenciais
12
POTENCIALIDADES
1: Escritórios da Usina Monte Alegre. Edificações abandonadas em ruínas.
2: Antiga farmácia. Hoje a edificação abriga construtora.
3: Armazém. Deste antigo edifício resta apenas a fachada.
5: Antigos salão de festa, cinema e biblioteca.
5: Antigo Conjunto das 10 Casas.
6: Antigo Conjunto das 20 Casas. Edificação e ruínas.
7: Acesso ao bairro pela Estrada do Monte Alegre.
8: Acesso ao bairro pelo Anel Viário.
N
10
Anel Viário
7
1
2
13 9
3
Rodovia - Limeira
RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA ANTIGA USINA MONTE ALEGRE
11
4
Oji Papéis Especiais
5 Rio Piracicaba
MAPA DE DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Centro
9: Vista para as ruínas da Usina Monte Alegre. À esquerda encontra-se a Vila Heloísa.
8
10 : Vista para a Vila Heloísa a partir das ruínas do conjunto fabril.
11: Vista para o conjunto das antigas residências da Vila Heloísa. Nível inferior a Avenida Comendador Pedro Morganti.
12 : Vista para antiga granja e leiteria da Usina Monte Alegre.
Representação sem escala.
Rio Piracicaba e área oferecida pelas edificações abandonadas da Usina Monte Alegre Localização na principal via do bairro; elemento icônico
OBJETIVOS O projeto busca a preservação do sítio histórico urbano do Monte Alegre, a valorização da paisagem local e aproximação da área ao restante da malha urbana. Para tanto, são propostos novos usos para as antigas instalações da Usina Monte Alegre, os quais atendem a população local, o entorno mais próximo e o restante da cidade. A implantação de um centro de eventos empresariais, espaço coworking, estabelecimentos comerciais e de serviços e de um parque proporciona uma nova dinâmica à área de valor histórico para Piracicaba. Os novos usos devem ser implantados na Vila Heloísa e nas ruínas das instalações fabris da Usina Monte Alegre e o conjunto denomina-se Centro UMA.
O LOCAL
N
Área residencial Antigas vilas dos colonos
Rodovia Laércio Corte
As análises sobre o local e levantamento arquitetônico do patrimônio ali existente resultaram em três propostas de intervenções para o local:
possibilita a implantação de um centro de eventos empresariais, espaço coworking e área para exposições e restaurantes.
aproximam visitantes do rio.
PROPOSTA 2: VILA HELOÍSA Esta vila localiza-se na via principal do bairro, sendo um elemento icônico. A tipologia representa outra potencialidade, visto que a área construída permite abrigar estabelecimentos comerciais e de serviços. A intervenção arquitetônica para o conjunto é o restauro das fachadas e cobertura para preservar a paisagem local.
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo - FEC TFG 2012
próxima ao Rio Piracicaba deve abrigar restaurantes e bares, sendo uma opção de lazer para a cidade. Novas edificações; gabarito não ultrapassa os das construções já existentes.
O projeto para o Monte Alegre propõe o reuso dos antigos edifícios e a implantação ide diferentes usos de forma a proporcionar uma dinâmica ao lugar e alia o patrimônio a exigências contemporâneas.
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Rio
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Pir
Ruínas arquitetônicas da Usina Monte Alegre: entrada para o centro de
N
eventos empresariais, parque e área de restaurantes.
PROPOSTA 3: RUÍNAS ARQUITETÔNICAS DA USINA MONTE ALEGRE A localização do bairro, demandas atuais na cidade de Piracicaba e a área construída das antigas instalações fabris possibilitam a implantação de um centro de eventos empresariais, espaço coworking, área de exposições e restaurantes. A intervenção arquitetônica para as ruínas da usina é a preservação das construções existentes e adaptação dos usos por meio de estrutura interna independente; as marcas cronológicas serão mantidas e poucas demolições são propostas; a estética da ruína caracteriza a intervenção nestas edificações.
RELAÇÕES ENTRE USOS Comércio e serviços
Cursos, palestras, encontros
Alimentação
Ave
nida
Turismo de negócios
Rio Piracicaba
Anel Viário
USOS PROPOSTOS
PROPOSTA 1: PARQUE E ÁREA DE RESTAURANTES. A paisagem local deve ser contemplada pela população e a implantação de um parque e de área de restaurantes ao longo do rio abre a área às pessoas.
Vila Heloísa Ruínas da Usina Monte Alegre
Área de restaurantes ao longo do Rio Piracicaba: a área
io ár
Oji Papéis Especiais
Parque na área ao longo do Rio Piracicaba: percursos e áreas de contemplação
Vi
Capela de São Pedro Loteamento Residencial Monte Alegre
Ruínas arquitetônicas da Usina Monte Alegre: a área construída
el
Hoje vivem na área 455 pessoas e o local é predominantemente residencial. A localização do bairro Monte Alegre, seu patrimônio histórico e a paisagem natural representam potencialidades da área. O Plano Diretor da cidade o Projeto Beira-Rio definem diretrizes de ocupação das margens do Rio Piracicaba e estabelecem que projetos a serem realizados no bairro Monte Alegre devem incentivar o turismo de lazer e de negócios e preservar seu patrimônio histórico e arquitetônico.
PROPOSTAS
An
O bairro Monte Alegre localiza-se em área de relevância econômica e tecnológica para a cidade. Nas suas proximidades encontram-se a Escola Superior de Agronomia Luiz de Queirós (USP), o Aeroporto Comendador Pedro Morganti, empresas como Caterpillar e Hyndai, o bairro industrial Unileste, a FATEC etc. Existem duas vias que permitem de acesso ao bairro: a estrada Comendador Pedro Morganti (a “Estrada do Monte Alegre”) e o Anel Viário que liga a Rodovia Luís de Queirós (estrada para as cidades de Americana e Santa Bárbara d´Oeste) à Rodovia Laércio Corte (estrada para a cidade de Limeira).
Década de 1930
C
Piracicaba, SP.
Década de 1910
Espaços de trabalho
Banca Final 11 de dezembro de 2012
Uso Misto
Turismo de lazer
Vila Heloísa: antiga vila residencial
Novas edificações: pontos
deve abrigar comércio e serviços de forma a atender a população local e visitantes da área.
de parada para do bonde elétrico e bicicletários.
Com
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Áreas externas Exposições
Aluna . Sarah Viliod Martins . 074994 Orientadora . Dra. Regina A. Tirello
Prancha 1 / 14
PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA ESTUDOS DO SÍTIO HISTÓRICO URBANO PARA DETERMINAÇÃO DAS DIRETRIZES DE PROJETO
EDIFÍCIOS HISTÓRICOS DO BAIRRO MONTE ALEGRE Identificação arquitetônica
Tipologias das vilas
Intervenções em edificações históricas requerem o levantamento arquitetônico para documentação, definir diretrizes de restauro e verificar novas possibilidades de usos. No caso de sítios históricos urbanos, todo o conjunto e as suas relações com a cidade em que se inserem também devem ser analisados. Para a definição das diretrizes de projeto para o Monte Alegre foram realizados : 1) Pesquisa histórica: levantamento em arquivos, entrevistas com antigos moradores do bairro e pesquisa bibliográfica; 2) Reconhecimento do bem: levantamento das construções existentes no conjunto; estudo da cronologia das vilas e do conjunto fabril; levantamento métrico em campo; documentação fotográfica; 3) Análise do estado de conservação das edificações: verificação de alterações nas antigas vilas e ruínas das instalações fabris; 4) Organização dos dados: elaboração de fichas sobre as vilas ainda existentes no Monte Alegre;
N
Escola Marquês de Monte Alegre
Capela de São Pedro
1 2 6 5 3 Centro de Puericultura
A partir dessas etapas definiram-se como diretrizes o restauro das fachadas e coberturas da Vila Heloísa e a manutenção de edifícios das instalações fabris da Usina Monte Alegre.
Vila Joaninha
Vila Heloísa
Vila Josefina
Vila João de Barro Capela São Pedro
Construções - Residência da família Morganti Instalações da Usina Monte Alegre
Vila Heloísa
Vila Maria Helena
Vila Joaninha Morganti
Ambulatório e Centro de Puericultura
Vila Maria Helena
Vila João de Barro
Vila Josefina
Vila Marisa
Vila Heloísa
Vila Joaninha Morganti
Escola Marquês de Monte Alegre
Vila Josefina
Época de construção
FICHA DE LEVANTAMENTO
4
Grau de alteração
Imóveis tombados pelo Codepac
Ficha com informações sobre a Vila Heloísa. As fichas apresentam informações como localização, proteção existente, estado de conservação, restaurações e intervenções, imagens e desenhos. Até a década de 1920 Entre 1920 e 1930 Entre 1930 e 1940
Entre 1940 e 1950 Entre 1950 e 1960 Transformações ao longo do século XX
Inalterado Alteração regular
Grande alteração
Imóvel tombado
Descaracterizado
RUÍNAS DAS INSTALAÇÕES FABRIS DA USINA MONTE ALEGRE
Espaço interno - Moendas
Oficina mecânica
Turbo-gerador n. 02
FUNÇÕES DOS BLOCOS DA USINA NA DÉCADA DE 1950
Área das caldeiras
Clarificação
Esteira de cana e moendas
Turbinas American Tools
CRONOLOGIA DAS INSTALAÇÕES FABRIS DA USINA MONTE ALEGRE
Espaço interno - vácuo
Espaço interno - Dorr
LEVANTAMENTO MÉTRICO DAS INSTALAÇÕES FABRIS
Vista A
Recentemente foi realizado na área o escaneamento 3D do conjunto fabril para verificação de levantamento métrico anterior. A partir dos pontos gerados foi desenvolvida a maquete eletrônica dos blocos da Usina Monte Alegre.
Vista B Rio Piracicaba
Interior do depósito de adubo
Vista para a face leste da usina
Rio Piracicaba
Vista A
Vista C
Nuvem de pontos no programa AutoCAD gerada a partir de escaneamento 3D. Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti.
Legenda Demolições propostas Av. Comendador Pedro Morganti
Av. Comendador Pedro Morganti
1910 - 1920 1920-1930 1930-1940 1950 - 1960
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo - FEC TFG 2012
Banca Final 11 de dezembro de 2012
Aluna . Sarah Viliod Martins . 074994 Orientadora . Dra. Regina A. Tirello
1
2
1. Imagem gerada a partir de escaneamento 3D (Arquivo pessoal de Marco Antônio Guidotti).Maquete eletrônica do estado atual da antiga granja da Usina Monte Alegre no programa SketchUp. Verificação de medições realizada em levantamento em campo.
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA PRESERVAÇÃO DA PAISAGEM LOCAL
CONSTRUÇÕES A SEREM MANTIDAS
VISTAS PARA A ÁREA
TRAÇADO ATUAL DE VIAS
PROPOSTA 1
TRAÇADO PROPOSTO DE VIAS
N
O projeto visa um baixo impacto na área de forma a se preservar a paisagem local. Isto é alcançado por meio da manutenção das construções existentes, da permanência da população na área e da proposta de implantação de um parque para a cidade. A área deve ser utilizada pelo bairro e pela população do município. Novas grandes construções não são implantadas para que paisagem seja mantida.
Rio Piracicaba
Década de 1950
2004 Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Vista para a área de projeto: Vila Heloísa, ruínas da Usina Monte Alegre e parque. LEGENDA Vila Heloísa Ruínas da Usina Monte Alegre
INTERVENÇÃO NA ÁREA
ACESSO DE VEÍCULOS HORÁRIOS DETERMINADOS PARA ENTRADA
ÁREA DE BARES E RESTAURANTES PONTO DE PARADA DO BONDE ELÉTRICO
A
AB
ÁREAS DE CARGA E DESCARGA
IC
C RA
PRAÇAS
O
RI
PI
ÁREA DE CONTEMPLAÇÃO: blocos representam coberturas.
BANHEIROS PÚBLICOS
BANHEIROS PÚBLICOS
PERCURSOS E ESCADAS: área de contemplação próxima aos bares e restaurantes.
CONTEMPLAÇÃO
TRILHOS
PARADA BONDE ELÉTRICO ENTRADA
ENTRADA AO CENTRO UMA: informações, aluguel de bicicletas e parada do bonde elétrico.
Estacionamento 16000m²
ÁREAS DE CARGA E DESCARGA
PERCURSOS PARA PEDESTRES E BICICLETAS: caminhos e áreas verdes formam o parque.
PRAÇA
CENTRO UMA
PONTO DE PARADA
TRILHOS
ENTRADA: acesso de veículos com horários determinados para serviços. COBERTURAS: abrigam áreas de alimentação RESTAURANTES
ÁREA DE RESTAURANTES
ACESSO PEDESTRES
Ave
VILA HELOÍSA
nid
aC
om
end
ad
or
Ped r
oM
org
an
CORTES GERAIS
ti
ACESSO PEDESTRES BICICLETAS
Área Residencial
VILA HELOÍSA
ACESSO PEDESTRES BICICLETAS
Anel Viário
CORTE AA Escala 1:1000
IMPLANTAÇÃO escala 1:2000
CORTE BB Escala 1:1000
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CORTE CC Escala 1:1000 Banca Final 11 de dezembro de 2012
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA LOCALIZAÇÃO
IMPLANTAÇÃO VILA HELOÍSA
PROPOSTA 2
CORTE
N
DIRETRIZES DE PROJETO
Praça
N
IMAGENS ANTIGAS DE APOIO Construções Vila Heloísa
IMAGENS ANTIGAS DE APOIO Cobertura
Parada Bonde Elétrico / Bicicletário
Parada Bonde Elétrico / Bicicletário
Córrego Ruínas da Usina Monte Alegre Casas Vila Heloísa
Pérgola
Rampa
Rampas Banheiro Público
Vila Heloísa
Avenida Comendador Pedro Morganti
Banheiro Público
Praça
N
Avenida Comendador Pedro Morganti
Escala 1:500
Bairro Área Residencial
Vistas gerais para o bairro Monte Alegre Vila Heloísa marcada em vermelho.
Ponto de ônibus Sentido do fluxo de veículos Acesso de pedestres
A Vila Heloísa possibilita a implantação de estabelecimentos comerciais e de serviços, os quais podem ser frequentados durante toda a semana e contribuem para a manutenção do turismo na área. Os espaços podem ser alugados e o objetivo é a venda de produtos e serviços ao público - como artesanato, souvenirs, roupas, alimentos não perecíveis, atividades turísticas e de lazer, estética, trabalhos de profissionais liberais etc. Este conjunto deve ser divido em módulos e as atividades a serem implantadas devem ser compatíveis os espaços disponíveis. Este uso atinge tanto o bairro como o restante da cidade.
Banheiro Público
Conjuntos das 10 e 20 Casas Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Escritórios. Imagem sem data.
Escritórios. Imagem sem data.
Armazém. Imagem sem data.
Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
As casas da Vila Heloísa são icônicas e o restauro de suas fachadas tem como objetivo a manutenção do conjunto arquitetônico formado pelas vilas do bairro e ruínas da Usina Monte Alegre. A intervenção proposta para estas construções é: reconstituição das fachadas originais e coberturas; a planta livre permite flexibilidade no uso. O projeto da Vila Heloísa segue o restauro por tipologias segundo preceitos de Cervellati.
Conjunto das 10 Casas e Corporação Musical Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Carpintaria. Imagem sem data. Possivelmente década de 1930. Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Vila Heloísa. Imagem sem data. Após 1937. Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Residências e Corporação Musical vistas a partir da Avenida Joaninha Morganti. Imagem sem data. Após 1937. Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
Conjunto das 10 Casas e Corporação Musical Arquivo pessoal de Wilson Guidotti jr.
Escala 1:1000
MOSAICO - IMAGEM DE APOIO PARA LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO - SITUAÇÃO ATUAL
FACHADAS PROPOSTAS - REPRESENTAÇÃO DA SEQÜÊNCIA DAS EDIFICAÇÕES
Escala 1:200
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
PROPOSTA 3
SITUAÇÃO ATUAL As intervenções nas instalações fabris da Usina Monte Alegre buscam manter marcas relevantes de sua cronologia. A estética da ruína deve ser mantida e os novos usos são adaptados ao espaço interno por meio de uma estrutura interna independente.
Rio Piracicaba
NOVOS USOS O Monte Alegre está inserido na zona leste - pólo tecnológico de Piracicaba – e atualmente a cidade necessita de espaços que possam abrigar profissionais e eventos organizados por empresas. Há carência de locais para esta função em diferentes escalas e tais eventos são representados por encontros, reuniões, palestras, e exibições. Analisando-se as instalações da Usina Monte Alegre, percebeu-se a possibilidade de se implantar um espaço corporativo que abrigasse coworking e pequenos eventos empresariais. ESPAÇO COWORKING Coworking é um escritório compartilhado em que espaços são alugados e alguns serviços, terceirizados, como motoboy e secretárias. O espaço facilita trocas de experiências entre profissionais – exemplos: empresas de programação, de desenvolvimento de sites e de consultoria. Estes locais são alugados por horas ou mensalmente e os benefícios para aqueles que os alugam são redução de custos operacionais e networking/motivação com a possibilidade de se interagir com outros profissionais.
Av. Comendador Pedro Morganti
EDIFICAÇÕES A SEREM DEMOLIDAS E NOVAS CONSTRUÇÕES
CENTRO DE EVENTOS EMPRESARIAIS Existe a possibilidade de se abrir espaços para pequenos eventos corporativos junto aos espaços coworking. O local deve servir para atividades, como encontros, palestras, reuniões, cursos e exposições de pequenos produtos, com a locação de seus espaços de acordo com as necessidades de uma empresa.
Rio Piracicaba
ESPAÇO PARA EXPOSIÇÕES Esta área deve abrigar exposições temporárias, sendo utilizado por artistas individuais, escolas ou grupos que desenvolvem alguma atividade artística. Este setor abrigará dois espaços delimitados por dois dos galpões, sendo um deles externo, proporcionando exibilidade de uso. A área total a ser utilizada é de 1849m², sendo 990m² de área coberta e 859m² de área externa. A planta livre desses espaços permite exibilidade nas exibições CAFÉ E RESTAURANTES Atendem os usuário do espaço coworking e centro de eventos empresariais. Abertos ao público que não utiliza esses espaços. ESPAÇOS ABERTOS Inserem-se nas ruínas e se conectam aos blocos. São áreas de contemplação.
Vista para o antigo complexo fabril da Usina Monte Alegre que abriga centro de eventos empresariais, espaço coworking, espaço de exposições e restaurantes.
Av. Comendador Pedro Morganti
Demolições: blocos não apresentam valor estético; retirada facilita acessos e circulação. Novas construções inserem-se sem ultrapassar o gabarito dos blocos vizinhos; implantação para áreas de apoio e circulação.
LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO DAS RUÍNAS DA USINA MONTE ALEGRE No levantamento arquitetônico das ruínas foram realizados os desenhos de fachadas no estado atual a partir de levantamento métrico em campo. Vista A
Vista B
Mosaico fotográfico - Vista 3 - Imagem de apoio para levantamento arquitetônico
Vista A
0
5
10
15
20m
Escala Gráfica
Levantamento da fachada - Vista 3 Vista B
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA PROPOSTA 3
N
Apoio Restaurantes Jardim Exposições
Placas em aço corten
Vista 4
Vista 2
Vista 3
Linha de projeção do edifício
Vista 1
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PLANTA 1° NÍVEL Escala 1:250
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA PROPOSTA 3
N Apoio
Circulação
Restaurante / Café
Salas de Aula / Treinamento
Jardim
Espaço Múltiplo Uso
Exposições
Espaço Coworking
Vista 4
Vista 3
Vista 2
Pérgola
Exposições
Exposições Área Externa
Área Administrativa
Placas em aço corten Antigos Trilhos
Placas em aço corten
Placas em aço corten
Vista 1
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PLANTA 2° NÍVEL Escala 1:250
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA PROPOSTA 3
N
Apoio Circulação Salas de Aula / Treinamento Espaço Coworking
Vista 4
Vista 2
Vista 3
Vista 1
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PLANTA 3° NÍVEL Escala 1:250
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA PROPOSTA 3
N
Apoio Circulação Salas de Aula / Treinamento Espaço Coworking
Vista 4
Vista 2
Vista 3
Vista 1
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PLANTA 4° NÍVEL Escala 1:250
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N
Apoio Circulação Salas de Aula / Treinamento Espaço Coworking
Vista 4
Vista 2
Vista 3
Vista 1
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PLANTA 5° NÍVEL Escala 1:250
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA IMAGENS - SITUAÇÃO ATUAL DAS RUÍNAS
CORTES
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2 3 1
4
CORTE AA Escala 1:300
0
5
20m
0
SITUAÇÃO ATUAL DOS EDIFÍCIOS
5
20m
Novas aberturas
INTERVENÇÕES
6
Nova estrutura interna
Liberação de aberturas
Retirada de esquadrias
7 2
3 5
1
CORTE BB Escala 1:300
0
5
20m
0
SITUAÇÃO ATUAL DOS EDIFÍCIOS
5
20m
INTERVENÇÕES
Demolições
Nova estrutura interna
Liberação de aberturas
Retirada de esquadrias
Novas Construções
2 10
8 9
CORTE CC Escala 1:300
Nova estrutura interna Novas Construções 0
5
20m
0
SITUAÇÃO ATUAL DOS EDIFÍCIOS
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5
20m
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INTERVENÇÕES
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA PROPOSTA 3
LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO DO COMPLEXO DA USINA Mosaicos fotográficos
VISTA 1
VISTA 2
VISTA 3
DESENHOS DE RECONSTITUIÇÃO DE FACHADAS
FACHADAS PROPOSTAS
Estudo de aberturas e coberturas das edificações.
O projeto não reconstitui totalmente as fachadas.
VISTA 1
0
VISTA 1
5
20 m
0
VISTA 2
0
20 m
0
VISTA 3
5
20 m
VISTA 3
5
20 m
0
VISTA 4
5
20 m
VISTA 4
0 0
20 m
VISTA 2
5
0
5
5
5
20 m
20 m
LEGENDA Novas Construções
Modelo de porta ou janela não identificado
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PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA LOCALIZAÇÃO DO BLOCO NO CONJUNTO FABRIL
PLANTAS ESPAÇO COWORKING - EIXOS ESTRUTURAIS
Edifício vizinho
N
PROPOSTA 3
DETALHES GRADIL
Vista 2
Vi
sta
ta
Vis
2
Recepção
1
Administração
LEGENDA Espaço Coworking
REGISTRO FOTOGRÁFICO 2 4
Circulação
Convivência
Vista 3
FORRO SUSPENSO
Acesso
Planta Térreo
Vista 1
Escala 1:300
N
3 Circulação
1 6
Reuniões Menores Reuniões Menores
5
PLANTA: SITUAÇÃO ATUAL Representação sem escala
ESCALA 1:50
Reuniões
ESCALA 1:25
STEEL DECK NOVO MODELO DE ESQUADRIA
Planta Primeiro Pavimento Escala 1:300
1
O modelo original possuía duas folhas que abriam para o interior do prédio. O modelo proposto é basculante por proporcionar maior segurança aos usuário do espaço coworking. Um segundo tipo original, basculante, será mantido seguido nas aberturas menores.
ESCALA 1:5
2
Antigo apoio para maquinário - à direita - deve ser mantido.
N
Nas fachadas, devem ser substituídas as esquadrias devido ao estado atual. Neste bloco, a maior parte das janelas existentes não é original; sendo assim, foi projetado um novo modelo basculante semelhante ao tipo mais antigo. O levantamento do modelo original foi feito a partir de janelas ainda existentes no bloco e de imagens antigas (Imagem 7).
Reuniões
Esquadrias serão substituídas.
PILARES E VIGAS
Área de Trabalho Apresentações
Apresentações
7 Imagem sem data. Fonte: Arquivo pessoal de Wilson Guidotti Jr.
ESCALA 1:50
Planta Segundo Pavimento Escala 1:300
N
7: Imagem do espaço interno do bloco. Este edifício abrigada os decantadores de garapa.
ESCALA 1:25
4
3 Paredes internas receberão nova argamassa devido a danos causados por umidade.
CORTES
Tanque será mantido no inte rior da edificação.
Circulação
Escala 1:300
Área de Trabalho
USOS
Reuniões Menores Reuniões Menores
USOS
Planta Terceiro Pavimento
5
6
Aberturas nas fachadas serão mantidas, assim como os desenhos deixados pela retirada do reboco.
N
Escala 1:300
Novas aberturas devem ser feitas devido à acesso.
CORTE CC ESCALA 1:200
CORTE AA ESCALA 1:200
CORTE BB ESCALA 1:200
Legenda ESTRUTURA METÁLICA
CORTE CC
CORTE BB
Escala 1:300
Escala 1:300
Público
Circulação vertical
Administrativo
Banheiros
Planta de Cobertura Escala 1:300
CORTE AA Escala 1:300
FACHADAS PROPOSTAS Escala 1:300
Estrutura interna independente encaixa-se no interior do antigo bloco.
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Vista 2
Banca Final 11 de dezembro de 2012
Vista 1
Vista 3
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Prancha 13 / 14
PROJETO PARA A HISTÓRICA USINA MONTE ALEGRE DE PIRACICABA, SP: CENTRO UMA
Proposta 3
Vista para a área de exposições à esquerda, centro de eventos empresariais e restaurantes. Ruínas marcam a paisagem local.
Vista, à direita, para o jardim que se conecta ao espaço de uso múltiplo e bloco que abriga o espaço coworking.
Jardim que se conecta ao espaço de uso múltiplo. Antiga estrutura de maquinário é aproveitada no paisagismo.
Jardim que se conecta ao espaço de uso múltiplo. Área de contemplação para usuários do centro de eventos empresariais, espaço coworking, espaço de exposições e restaurantes.
Interior do espaço de uso múltiplo. O local deve abrigar eventos e seu espaço interno é marcados pela estética da ruína.
Espaço interno é marcado pela estética da ruína. Imagem do espaço de uso múltiplo.
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Banca Final 11 de dezembro de 2012
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Prancha 14 / 14