Tabela de Conteú dos Capı́tulo Um Capı́tulo Dois Capı́tulo Trê s Capı́tulo Quatro Capı́tulo Cinco Capı́tulo Seis Capı́tulo Sete Capı́tulo Oito Capı́tulo Nove Capı́tulo Dez Capı́tulo Onze Capı́tulo Doze Capı́tulo Treze Capı́tulo Quatorze Capı́tulo Quinze
Capı́tulo Dezesseis Capı́tulo Dezessete Capı́tulo Dezoito Capı́tulo Dezenove Capı́tulo Vinte Capı́tulo Vinte e Um Capı́tulo Vinte e Dois Capı́tulo Vinte e Trê s Capı́tulo Vinte e Quatro Capı́tulo Vinte e Cinco Capı́tulo Vinte e Seis Capı́tulo Vinte e Sete Capı́tulo Vinte e Oito Capı́tulo Vinte e Nove Capı́tulo Trinta Capı́tulo Trinta e Um Epı́logo Agradecimentos
Capı́tulo Um O inimaginá vel estava acontecendo.
Seu relacionamento mais longo já registrado... acabou em um piscar de olhos. Trê s semanas de sua vida perdidas. Piper Bellinger olhou para seus lá bios vermelhos, para o seu vestido coquetel de um ombro só e tentou encontrar a falha, mas nã o deu em nada. Suas pernas incrivelmente bronzeadas estavam polidas, ela checou se havia algum pelo nelas antes. Nada parecia errado em cima, també m. Ela passou a ita para segurar os seus seios enquanto estava nos bastidores de um des ile em Milã o durante a semana de moda – estamos falando do Santo Graal da ita adesiva – e aqueles seios estavam no ponto. Grandes o su iciente para atrair a atençã o de um homem, pequenos o su iciente para atingir uma vibraçã o atlé tica a cada quatro postagens no Instagram. A versatilidade manteve as pessoas interessadas. Satisfeita de que nada a respeito de sua aparê ncia estava totalmente fora do lugar, Piper seguiu seu olhar até as dobras pregueadas do clá ssico terno Tom Ford de Adrian, feito da melhor lã de pele de tubarã o, incapaz de reprimir um suspiro sobre as lapelas luxuosas e os botõ es com monogramas. A maneira como seu namorado impacientemente checou seu reló gio Chopard e examinou a multidã o por cima do ombro, só aumentou o efeito de playboy entediado. Sua fria intangibilidade nã o a tinha atraı́do para ele em primeiro lugar? Deus, a noite de seu primeiro encontro parecia ter sido há cem anos. Ela fez pelo menos dois tratamentos faciais desde entã o, certo? O que era o tempo mesmo? Piper podia se lembrar de sua apresentaçã o como se fosse ontem. Adrian a salvou de vomitar na festa de aniversá rio de Rumer Willis. Enquanto ela olhava para o queixo esculpido atravé s de seu lugar em seus braços, ela foi transportada para a Velha Hollywood. Uma é poca de jaquetas fumegantes e mulheres perambulando com longos casacos de penas. Foi o inı́cio de sua pró pria histó ria de amor clá ssica. E agora os cré ditos estavam rolando. — Eu nã o posso acreditar que você está jogando tudo fora assim. — Piper sussurrou, pressionando sua taça de champanhe entre seus seios. Talvez chamar sua atençã o para lá o mudasse de ideia? — Já passamos por tanta coisa. — Sim, toneladas, certo? Adrian acenou para algué m do outro lado do telhado, sua expressã o deixando quem quer que fosse saber que ele estaria em breve com eles.
Eles vieram para a festa preta, branca e vermelha juntos. Uma pequena festa para arrecadar dinheiro para um projeto de ilme independente chamado Lifestyles of the Oppressed and Famous. O diretor-roteirista era amigo de Adrian, o que signi ica que a maioria das pessoas neste encontro da elite de Los Angeles eram seus conhecidos. Suas amigas nem estavam lá para consolá -la ou facilitar uma saı́da elegante. A atençã o de Adrian voltou-se para ela com relutâ ncia. — Espere, o que você estava dizendo? O sorriso de Piper parecia frá gil, entã o ela aumentou mais um pouco, tendo cuidado para mantê -lo um degrau crucial abaixo do manı́aco. Queixo erguido, mulher. Esta nã o foi sua primeira separaçã o, certo? Ela tinha jogado muito, muitas vezes de forma inesperada. A inal, esta era uma cidade de caprichos. Ela nunca tinha realmente notado o ritmo de como as coisas mudaram. Nã o até recentemente. Aos 28 anos, Piper nã o era velha. Mas ela era uma das mulheres mais velhas da festa. Em todas as festas que ela tinha ido recentemente, pensando bem. Apoiada no parapeito de vidro que dava para Melrose, estava uma estrela pop emergente que nã o poderia ter um dia a mais de dezenove anos. Ela nã o precisava de ita adesiva de Milã o para segurar os peitos. Eles eram leves e elá sticos com mamilos que lembravam a Piper o fundo de uma casquinha de sorvete. O pró prio apresentador tinha vinte e dois anos e estava iniciando uma carreira no cinema. Essa foi a carreira de Piper. Festejando. Sendo vista. Segurando um produto de branqueamento dentá rio ocasional e ganhando alguns dó lares por ele. Nã o que ela precisasse do dinheiro. Pelo menos, ela pensava que nã o. Tudo o que ela possuı́a vinha de um cartã o de cré dito, e era um misté rio o que acontecia depois disso. Ela presumiu que a conta foi para o e-mail de seu padrasto ou algo assim? Com sorte, ele nã o estranharia a compra de uma calcinha que ela encomendou de Paris. — Piper? Olá? — Adrian passou a mã o na frente do rosto dela, e ela percebeu há quanto tempo estava olhando para a estrela pop. Tempo su iciente para que a cantora a encarasse de volta. Piper sorriu e acenou para a garota, apontando timidamente para sua taça de champanhe, antes de voltar a sintonizar a conversa com Adrian. — Isso é porque eu casualmente levei você ao meu terapeuta? Nã o estamos no fundo do poço, nem nada disso, eu prometo. Na maioria das vezes, apenas tiramos uma soneca durante minhas consultas. Ele a encarou por vá rios segundos. Honestamente, foi legal. Foi a maior atençã o que ela recebeu dele desde que quase caiu no vô mito. — Eu namorei algumas cabeças de vento, Piper. — Ele suspirou. — Mas você as deixou no chinelo.
Ela manteve o sorriso no lugar, embora fosse preciso mais determinaçã o do que o normal. As pessoas estavam assistindo. Naquele exato momento, ela estava no fundo de pelo menos cinco sel ies sendo capturadas em torno do telhado, incluindo uma de Ansel Elgort. Seria um desastre se ela deixasse seu coraçã o apertado aparecer em seu rosto, especialmente quando a notı́cia da separaçã o vazasse. — Eu nã o entendo — ela disse com uma risada, varrendo o cabelo rosa dourado por cima do ombro. — Chocante — ele respondeu secamente — Olha, querida. Foram trê s semanas divertidas. Você é um show de biquı́ni. — Ele encolheu os ombros, um elegante ombro vestido de Tom Ford. — Só estou tentando acabar com isso antes que ique chato, sabe? Chato. Ficando mais velha. Nã o um diretor ou uma estrela pop. Apenas uma garota bonita com um padrasto milioná rio. Piper nã o conseguia pensar nisso agora, no entanto. Ela só queria sair da festa o mais discretamente possı́vel e chorar. Depois que ela pegar um Xanax e postar uma citaçã o inspiradora em seu feed no IG, é claro. Isso con irmaria a separaçã o, mas també m permitiria que ela controlasse o ocorrido. Algo sobre crescer e amar a si mesma, talvez? Sua irmã , Hannah, teria a letra da mú sica perfeita para incluir. Ela estava sempre sentada em uma pilha de vinis, aqueles fones de ouvido gigantescos e feios enrolados em sua cabeça. Maldiçã o, ela gostaria de ter dado mais cré dito à opiniã o de Hannah sobre Adrian. O que ela disse? Oh, sim. Ele é como se alguém desenhasse olhos em um nabo. Mais uma vez, Piper saiu do ar e Adrian olhou para o reló gio pela segunda vez. — Terminamos aqui? Eu tenho que me misturar. — Oh. Sim — ela se apressou em dizer, sua voz terrivelmente anormal. — Você nã o poderia estar mais certo sobre terminar antes de icar chato. Eu nã o pensei sobre isso desse jeito. — Ela bateu sua taça de champanhe contra a dele. — Estamos nos desacoplando conscientemente. Très mature. — Certo. Chame do que você quiser. — Adrian forçou um sorriso branco. — Obrigado por tudo. — Nã o, obrigada você. — Ela franziu os lá bios, tentando parecer o menos cabeça-de-vento possı́vel. — Aprendi muito sobre mim nas ú ltimas trê s semanas. — Vamos lá , Piper. — Adrian riu, a examinando de sua cabeça aos pé s — Você brinca de se fantasiar e gasta o dinheiro do papai. Você nã o tem motivo para aprender nada. — Eu preciso de um motivo? — ela perguntou levemente, os lá bios ainda inclinados nos cantos. Aborrecido por ser surpreendido, Adrian bufou.
— Eu acho que nã o. Mas você de initivamente precisa de um cé rebro que funcione alé m de quantas curtidas você pode ter em uma foto de seu guarda-roupa. A vida é mais do que isso, Piper. — Sim, eu sei — disse ela, estimulada pela irritaçã o - e mais do que um pouco de vergonha relutante. — A vida é o que estou documentando por meio de fotos. Eu... — Deus. — Ele gemeu, soltando uma risada logo em seguida. — Por que você está me forçando a ser um idiota? — Algué m chamou seu nome de dentro da cobertura, e ele ergueu um dedo, mantendo o olhar ixo em Piper. — Nã o há nada de mais em você , ok? Existem milhares de Piper Bellingers nesta cidade. Você é apenas uma maneira de passar o tempo. — Ele encolheu os ombros. — E seu tempo acabou. Foi um milagre Piper manter seu sorriso vitorioso intacto enquanto Adrian partia, já chamando seus amigos. Todos no terraço estavam olhando para ela, sussurrando por trá s de suas mã os, sentindo pena dela – de todos os horrores. Ela os saudou com seu copo, entã o percebeu que estava vazio. Colocando-o na bandeja de um garçom que passava, ela pegou sua bolsa de cetim Bottega Veneta com toda a dignidade que pô de reunir e deslizou por entre a multidã o de curiosos, piscando para conter a umidade em seus olhos para colocar o botã o de chamada do elevador em foco. Quando as portas inalmente a esconderam, ela caiu para trá s, contra a parede de metal, respirando fundo pelo nariz, e expirando pela boca. A notı́cia de que ela havia sido dispensada por Adrian já seria espalhada em todas as redes sociais, talvez até com o vı́deo incluı́do. Nem mesmo as celebridades da lista C a convidariam para festas depois disso. Ela tinha a reputaçã o de se divertir. Algué m para cobiçar. Apenas uma “garota”. Se ela nã o tinha seu status social, o que ela tinha? Piper puxou o telefone de sua mala e distraidamente solicitou um Uber de luxo, conectando-a com um motorista que estava a apenas cinco minutos de distâ ncia. Em seguida, ela fechou o aplicativo e abriu sua lista de favoritos. Seu polegar pairou sobre o nome “Hannah” momentaneamente, mas pousou em “Kirby”, em vez disso. Sua amiga atendeu no primeiro toque. — Ai, meu Deus. E verdade que você implorou a Adrian para nã o terminar com você na frente de Ansel Elgort? Foi pior do que ela pensava. Quantas pessoas já haviam avisado o TMZ? Amanhã à noite, à s seis e meia, ele estaria jogando o nome dela pela redaçã o enquanto Harvey bebericava de sua xı́cara reutilizá vel. — Eu nã o implorei a Adrian para continuarmos. Vamos, Kirby, você me conhece melhor do que isso. — Vadia, eu sei. Mas nã o sou todo mundo. Você precisa fazer o controle de danos. Você tem um publicitá rio contratado?
— Nã o mais. Daniel disse que eu indo à s compras nã o precisa de um comunicado à imprensa. Kirby bufou. — Ok, boomer.1 — Mas você está certa. Eu preciso controlar os danos. — As portas do elevador abriram e Piper saiu, sapateando atravé s do saguã o com seus saltos de sola vermelha, eventualmente saindo em Wilshire, o ar quente de julho secando a umidade em seus olhos. Os pré dios altos do centro de Los Angeles alcançavam o cé u noturno enevoado de verã o, e ela esticou o pescoço para ver os topos. — Até que horas a piscina da cobertura está aberta no Mondrian? — Você está perguntando sobre o horá rio de funcionamento em um momento como este? — Kirby molestou, seguido pelo som de seu vaporizador crepitando ao fundo — Nã o sei, mas já passa da meianoite. Se ainda nã o estiver fechado, será em breve. Um Lincoln preto parou, encostando. Depois de veri icar o nú mero da placa duas vezes, Piper entrou e fechou a porta. — Entrar na piscina e curtir nossas vidas nã o seria, tipo, a melhor maneira de combater fogo com fogo? Adrian seria o cara que terminaria com uma lenda. — Ai, merda. — Kirby respirou fundo — Você está ressuscitando a Piper de 2014. Esse era o ponto, nã o era? Nã o houve melhor é poca em sua vida do que o ano em que fez 21 anos e correu totalmente selvagem por Los Angeles, tornando-se famosa por ser famosa na é poca. Ela estava apenas em uma rotina, isso era tudo. Talvez fosse hora de reclamar sua coroa. Talvez entã o ela nã o ouvisse as palavras de Adrian girando repetidamente em sua cabeça, forçando-a a considerar que ele poderia estar certo. Sou apenas uma entre milhares? Ou sou a garota que invade uma piscina para nadar há uma hora da manhã? Piper assentiu resolutamente e se inclinou para frente. — Você pode me levar ao Mondrian, em vez disso, por favor? Kirby soltou um gritinho ao longo da linha. — Eu te encontro lá . — Tive uma ideia melhor. — Piper cruzou as pernas e caiu para trá s no assento de couro. — Que tal fazermos com que todos nos encontrem lá ?
Capı́tulo Dois A cadeia era um lugar frio e escuro.
Piper icou bem no centro da cela, tremendo e abraçando os cotovelos para que ela nã o tocasse acidentalmente em nada que pudesse exigir uma injeçã o antitetâ nica. Até este momento, a palavra “tortura” tinha sido apenas uma vaga descriçã o de algo que ela nunca entenderia. Mas tentar não fazer xixi no banheiro mofado depois de cerca de seis drinques mistos era um tormento que nenhuma mulher deveria conhecer. A situaçã o do banheiro no Coachella tarde da noite nã o era nem um pouco parecida com a sujeira que está o vaso de metal no canto da cela. — Com licença? — Piper chamou, balançando para as barras em seus calcanhares. Nã o havia guardas à vista, mas ela podia ouvir os sons distintos de Candy Crush vindos de perto. — Oi, sou eu, Piper. Tem outro banheiro que eu possa usar? — Nã o, princesa — uma voz de mulher gritou de volta, parecendo muito entediada. — Nã o tem. Ela saltou de um lado para o outro, sua bexiga exigindo ser aliviada. — Onde você vai ao banheiro? Um bufo. — Aonde vã o os outros nã o criminosos. Piper gemeu em sua garganta, embora a guarda levantasse os olhos de seu livro para dar uma resposta tã o selvagem sem hesitaçã o. — Eu nã o sou uma criminosa. — Piper tentou novamente — Isso tudo é um mal-entendido. Uma risada estridente ecoou pelo corredor monó tono da delegacia de polı́cia. Quantas vezes ela havia passado pela estaçã o de North Wilcox? Agora ela era uma presidiá ria. Mas, falando sé rio, foi uma festa e tanto. A guarda apareceu lentamente na frente da cela de Piper, os dedos en iados na calça do uniforme bege. Bege. Quem quer que estivesse no comando da moda policial deveria ser condenado por puniçã o cruel e incomum. — Você chama duzentas pessoas que invadiram a piscina de um hotel depois do expediente de um mal-entendido? Piper cruzou as pernas e respirou fundo pelo nariz. Se ela se mijasse usando um Valentino, permaneceria voluntariamente na prisã o. — Você acreditaria que as horas da piscina nã o sã o explı́citas em nenhum cartaz? — E esse o argumento que seu advogado caro vai usar? — A guarda balançou a cabeça, visivelmente divertida. — Algué m teve que quebrar
a porta de vidro para entrar e deixar todos os outros garotos ricos entrarem. Quem fez isso? O homem invisı́vel? — Nã o sei, mas vou descobrir. — Piper jurou solenemente. A guarda suspirou com um sorriso. — E tarde demais para isso, querida. Sua amiga com as pontas roxas já a nomeou como lı́der. Kirby. Tinha que ser. Ningué m mais na festa tinha pontas roxas. Pelo menos, Piper achava que nã o. Em algum lugar entre as brigas de galo na piscina e os fogos de artifı́cio ilegais sendo disparados, ela meio que perdeu a noçã o dos convidados que chegavam. Ela deveria ter pensado melhor antes de con iar em Kirby, no entanto. Ela e Piper eram amigas, mas nã o boas o su iciente para ela mentir para a polı́cia. A base do relacionamento delas era comentar as postagens uma da outra nas redes sociais e irem fazer compras ridı́culas, como uma bolsa de quatro mil dó lares em forma de batom. Na maioria das vezes, esse tipo de amizade super icial era valiosa, mas nã o esta noite. E por isso que seu ú nico telefonema foi para Hannah. Por falar nela, onde estava sua irmã zinha? Ela fez aquela ligaçã o uma hora atrá s. Piper pulou de um lado para o outro, perigosamente perto de usar as mã os para conter a urina. — Quem está forçando você a usar calças bege? — ela engasgou. — Por que nã o estã o presos també m? — Tá . — A guarda mostrou a palma da mã o. — Nisto podemos concordar. — Literalmente, qualquer outra cor seria melhor. Sem calças seria melhor. Tentando se distrair do Chernobyl acontecendo na parte inferior de seu corpo, ela divagou, como costumava fazer em situaçõ es desconfortá veis. — Você tem uma igura muito fofa, policial, mas é , tipo, um mandamento que ningué m deve tirar a roupa aqui. A sobrancelha da outra mulher arqueou. — Você poderia. — Você está certa. — Piper soluçou — Eu poderia totalmente. A risada da guarda se transformou em um suspiro. — O que você estava pensando, incitando esse caos esta noite? Piper caiu um pouco. — Meu namorado me largou. E ele... nem me olhou nos olhos o tempo todo. Acho que eu só queria ser vista. Reconhecida. Famosa em vez de... desconsiderada. Você entende? — Desprezada e agindo como uma tola. Nã o posso dizer que nunca estive assim.
— Sé rio? — Piper perguntou esperançosamente. — Claro. Quem nunca colocou todas as roupas do namorado na banheira e derramou á gua sanitá ria por cima? Piper pensou no terno Tom Ford icando manchado e estremeceu. — Isso é cruel — ela sussurrou — Talvez eu devesse apenas ter cortado seus pneus. Pelo menos isso é legal. — Isso... nã o é legal. — Oh. — Piper deu ao guarda uma piscadela exagerada. — Ceeerto. A mulher balançou a cabeça, olhando para cima e para baixo no corredor. — Tudo bem, olhe. E uma noite tranquila. Se você nã o me causar problemas, vou deixar você usar um banheiro um pouco menos horrı́vel. —Ah, obrigada, obrigada, obrigada. Com as chaves posicionadas sobre o buraco da fechadura, a guarda a atingiu com olhos sé rios. — Eu tenho uma arma de choque. Piper seguiu sua salvadora pelo corredor até o banheiro, onde meticulosamente juntou a saia de seu Valentino e aliviou a pressã o profana em sua bexiga, gemendo até a gota inal cair. Enquanto ela lavava as mã os na pequena pia, sua atençã o se prendeu no re lexo no espelho. Olhos de guaxinim olharam para ela. Batom manchado, cabelo mole. De initivamente, muito longe de onde ela começou a noite, mas ela nã o podia deixar de se sentir como um soldado voltando da batalha. Ela se propô s a desviar a atençã o de sua separaçã o, nã o foi? Um helicó ptero da LAPD sobrevoando enquanto ela liderava um bando de pessoas de initivamente rea irmou seu status como a rainha do partido reinante em Los Angeles. Provavelmente. Eles con iscaram seu telefone durante toda a coisa da foto da polı́cia/impressã o digital, entã o ela nã o sabia o que estava acontecendo na internet. Os dedos dela estavam loucos para tocar em alguns aplicativos, e isso é exatamente o que faria assim que Hannah chegasse para socorrê -la. Ela olhou para seu re lexo, surpresa ao descobrir que a perspectiva de quebrar a internet nã o colocou seu coraçã o em um tamborilar emocionante como antes. Ela estava quebrada? Piper bufou e se afastou da pia, usando um cotovelo para puxar a maçaneta da porta ao sair. Obviamente, a noite havia cobrado seu preço – a inal, eram quase cinco horas da manhã . Assim que ela dormisse um pouco, passaria o dia se deleitando com mensagens de congratulaçõ es e uma enxurrada de novos seguidores. Tudo icaria bem. A guarda algemou Piper novamente e começou a levá -la de volta para a cela, assim que outro guarda as chamou do lado oposto. — Ei, Lina. Bellinger pagou a iança. Traga-a para o processamento. Seus braços voaram em vitó ria. — Sim!
Lina riu. — Vamos, rainha da beleza. Vigor restaurado, Piper pulou ao lado da outra mulher. — Lina, hein? Eu devo muito a você . — Ela apertou as mã os sob o queixo e fez um beicinho vitorioso. — Obrigado por ser tã o legal comigo. — Nã o dê muita importâ ncia a isso — disse a guarda, embora sua expressã o estivesse satisfeita — Eu simplesmente nã o estava com vontade de limpar a urina. Piper riu, permitindo que Lina destrancasse a porta no inal do corredor cinza. E lá estava Hannah na á rea de processamento, de pijama e boné , preenchendo a papelada com os olhos semicerrados. Calor se espalhou no peito de Piper ao ver sua irmã mais nova. Elas nã o eram nada parecidas, tinham menos ainda em comum, mas nã o havia mais ningué m que Piper chamaria em caso de emergê ncia. Das duas irmã s, Hannah era a mais con iá vel, embora tivesse um lado hippie preguiçoso. Onde Piper era mais alta, Hannah tinha sido chamada de camarã o em desenvolvimento e nunca atingiu o pico de crescimento do ensino fundamental. No momento, ela mantinha sua igura miú da enterrada sob um moletom da UCLA, seu cabelo loiro arenoso aparecendo ao redor do boné vermelho. — Ela está livre? — Lina perguntou a um homem de lá bios inos curvados atrá s da mesa. Ele acenou com a mã o sem olhar para cima. — O dinheiro resolve tudo. Lina abriu as algemas mais uma vez e disparou para a frente. — Hannnnns. — Piper choramingou, jogando os braços ao redor de sua irmã . — Eu vou te pagar de volta por isso. Vou fazer suas tarefas por uma semana. — Nã o temos tarefas domé sticas, seu rabanete. — Hannah bocejou, cerrando os olhos com o punho cerrado. — Por que você cheira a incenso? — Oh. — Piper cheirou seu ombro. — Acho que a cartomante acendeu alguns. — Endireitando-se, ela apertou os olhos. — Nã o tenho certeza de como ela descobriu sobre a festa. Hannah icou boquiaberta, parecendo despertar pelo menos um pouco, seus olhos castanhos em total contraste com os azuis-claros de Piper. — Por acaso ela disse que há um padrasto puto em seu futuro? Piper estremeceu. — Oh, nã o. Tive a sensaçã o de que nã o poderia evitar a ira de Daniel Q. Bellinger. — Ela esticou o pescoço para ver se havia algué m recuperando seu telefone. — Como ele descobriu? — As notı́cias, Pipes. As notı́cias.
— Certo. — Ela suspirou, alisando as mã os pela saia amarrotada de seu vestido. — Nada que os advogados nã o possam resolver, certo? Espero que ele me deixe tomar um banho e dormir um pouco antes de uma de suas famosas palestras. Estou toda suja e desgrenhada. — Cale a boca, você está ó tima. — Hannah disse, seus lá bios se contraindo enquanto ela completava a papelada com um loreio de sua assinatura. — Você sempre está ó tima. Piper deu um pequeno baque. — Tchau, Lina! — Piper chamou na saı́da da estaçã o, seu amado telefone embalado em seus braços como um recé m-nascido, os dedos vibrando com a necessidade de ligá -lo. Ela foi direcionada para a saı́da traseira, onde Hannah poderia dar a volta com o carro. Protocolo, eles disseram. Ela deu um passo para fora da porta e foi cercada por fotó grafos. — Piper! Por aqui! Sua vaidade berrou como um pterodá ctilo. Os nervos se agitavam da direita para a esquerda em sua barriga, mas ela lhes deu um sorriso rá pido e abaixou a cabeça, correndo o mais rá pido que pô de em direçã o ao jipe de Hannah. — Piper Bellinger! — Um dos paparazzi gritou. — Como foi sua noite na prisã o? — Você se arrepende de desperdiçar o dinheiro de seu padrasto? A ponta de seu salto alto se prendeu em uma rachadura, e ela quase caiu de cara no asfalto, mas se agarrou à borda da porta que Hannah havia aberto, jogando-se para o lado do passageiro. Fechar a porta ajudou a cortar as perguntas gritadas, mas a ú ltima que ela ouviu continuou a retumbar em sua mente. Desperdiçando o dinheiro de seu padrasto? Ela tinha acabado de dar uma festa, certo? Tudo bem, levou uma quantidade considerá vel de policiais para acabar com ela, mas tipo, isso era Los Angeles. A polı́cia nã o estava apenas esperando que coisas assim acontecessem? Ok, isso soou privilegiado e malcriado até mesmo para seus pró prios ouvidos. De repente, ela nã o estava tã o ansiosa para veri icar suas redes sociais. Ela enxugou as palmas das mã os suadas no vestido. — Eu nã o estava tentando irritar ningué m ou desperdiçar dinheiro. Eu nã o estava pensando muito nas consequê ncias. — Piper disse baixinho, virando para encarar sua irmã , o má ximo quanto ela podia com o cinto de segurança. — Isso é ruim, Hanns? Os dentes de Hannah estavam cravados em seu lá bio inferior, suas mã os no volante navegando lentamente em seu caminho atravé s das pessoas freneticamente tirando foto de Piper.
— Nã o é bom. — ela respondeu apó s uma pausa. — Mas ei, você costumava fazer merdas como essa o tempo todo, lembra? Os advogados sempre encontram uma maneira de manipular isso, e amanhã eles estarã o em outra coisa. — Ela estendeu a mã o e tocou na tela do rá dio, e uma melodia baixa inundou o carro. — Olha. Eu tenho a mú sica perfeita planejada para este momento. As notas sombrias de “Prison Women”, de REO Speedwagon, saı́ram dos alto-falantes. O crâ nio de Piper bateu no encosto de cabeça. — Muito engraçado. — Ela bateu o telefone contra o joelho por alguns segundos, antes de endireitar a coluna e abrir o Instagram. Lá estava. A foto que ela postou hoje de madrugada, à s 2:42. Kirby, a mulher traidora, havia tirado usando o telefone de Piper. Na foto, Piper estava empoleirada nos ombros de um homem cujo nome ela nã o conseguia lembrar – embora ela tivesse uma vaga lembrança dele alegando jogar para os Lakers? – reduzida a calcinha e ita adesiva, mas tipo, de uma forma artı́stica. Seu vestido Valentino estava pendurado em uma poltrona ao fundo. Fogos de artifı́cio explodiam ao seu redor como o 4 de julho, envolvendo Piper em brilhos e fumaça. Ela parecia uma deusa saindo de uma né voa elé trica – e a imagem estava perto de um milhã o de curtidas. Dizendo a si mesma para nã o fazer isso, Piper tocou na seçã o destacada que mostrava exatamente quem gostou da foto. Adrian nã o era um deles. O que era bom. Um milhã o de outras pessoas tinham, nã o é ? Mas eles nã o passaram trê s semanas com ela. Para eles, ela era apenas uma imagem bidimensional. Se eles passassem mais de trê s semanas com Piper, eles iriam embora també m? Deixariam-na mergulhar no borrã o das milhares de outras garotas como ela? — Ei. — Hannah disse, pausando a mú sica. — Vai dar tudo certo. A risada de Piper soou forçada, entã o ela a interrompeu. — Eu sei. Sempre acaba bem. — Ela apertou os lá bios. — Quer saber mais sobre a competiçã o dos boxeadores molhados?
Capı́tulo Trê s Não correu nada bem, como era de se esperar.
Nada estava. Nã o de acordo com seu padrasto, Daniel Bellinger, venerado produtor de ilmes, ilantropo e velejador competitivo vencedor do Oscar. Piper e Hannah tentaram se esgueirar pela entrada do bufê de sua mansã o em Bel-Air. Eles se mudaram quando Piper tinha quatro anos e Hannah dois, depois que sua mã e se casou com Daniel, e nenhuma delas conseguia se lembrar de ter morado em outro lugar. De vez em quando, quando Piper sentia o cheiro do oceano, sua memó ria enviava um sinal atravé s do nevoeiro, lembrando-a da cidade do Noroeste do Pacı́ ico onde ela havia nascido, mas nã o havia nada substancial ao que se agarrar e sempre se afastou antes que ela pudesse entender. Agora, a ira de seu padrasto? Ela podia entender isso completamente. Estava gravada nas linhas bronzeadas de seu rosto famoso, nos acenos de cabeça desapontados que ele deu à s irmã s enquanto elas se sentavam, lado a lado, em um sofá , no escritó rio de sua casa. Atrá s dele, prê mios brilhavam nas prateleiras, pô steres de ilmes emoldurados estavam pendurados nas paredes e o telefone em sua mesa acendia a cada dois segundos, embora ele o tivesse silenciado para a pró xima palestra. A mã e delas estava no Pilates e nã o sabia de nada? Isso deixou Piper ainda mais nervosa. Maureen tendia a ter um efeito calmante sobre o marido – e ele estava tudo, menos calmo agora. — Hum, Daniel? — Piper se arriscou brilhantemente, colocando uma mecha de cabelo murcho atrá s da orelha. — Nada disso é culpa de Hannah. Tudo bem se ela for para a cama? — Ela ica. — Ele prendeu Hannah com um olhar severo. — Você estava proibida de pagar a iança e fez isso de qualquer maneira. Piper voltou seu espanto para a irmã . — Você fez o quê ? — O que eu deveria fazer? — Hannah tirou o boné e o torceu entre os joelhos. — Deixar você lá , Pipes? — Pois é . — Piper disse lentamente, encarando seu padrasto com horror crescente. — O que você queria que ela izesse? Me deixar lá? Agitado, Daniel passou os dedos pelos cabelos. — Pensei que você tivesse aprendido sua liçã o há muito tempo, Piper. Ou lições, no plural, é melhor. Você ainda estava circulando em todas as malditas festas entre aqui e o Valley, mas nã o estava me custando dinheiro ou me fazendo parecer um idiota no processo. — Ai. — Piper afundou de volta nas almofadas do sofá . — Você nã o precisa ser mau.
— Eu nã o tenho que ser. — Daniel fez um som exasperado e beliscou a ponta de seu nariz. — Você tem vinte e oito anos, Piper, e nã o fez nada com sua vida. Nada. Você teve todas as oportunidades, qualquer coisa que seu coraçã o pudesse pedir, e tudo o que você tem a mostrar é uma… uma existê ncia digital. Nã o signi ica nada. Se isso for verdade, eu também não signi ico nada. Piper agarrou um travesseiro e o segurou sobre o estô mago turvo, dando a Hannah um olhar agradecido quando ela se esticou para esfregar o joelho. — Daniel, sinto muito. Tive um rompimento ruim ontem à noite e agi mal. Nã o vou fazer nada assim, nunca mais. Daniel pareceu murchar um pouco, recuando em sua mesa para se inclinar na beirada. — Ningué m me deu nada na vida. Comecei como ajudante no lote da Paramount. Preenchendo pedidos de sanduı́ches, buscando café . Eu era um garoto de recados enquanto estudava cinema. — Piper assentiu, fazendo o possı́vel para parecer profundamente interessada, embora Daniel contasse essa histó ria em todos os jantares e eventos de caridade. — Eu iquei pronto, armado com conhecimento e motivaçã o, apenas esperando pela minha oportunidade, para que pudesse aproveitá -la — ele fechou o punho — e nunca olhar para trá s. — Foi quando você foi convidado a fazer falas com Corbin Kidder. — Piper recitou de memó ria. — Sim. — Seu padrasto inclinou a cabeça, momentaneamente satisfeito ao descobrir que ela estava prestando atençã o. — Enquanto o diretor olhava, eu nã o apenas entreguei as falas com paixã o e zelo, mas també m melhorei o texto sem graça. Adicionei meu pró prio talento. — E você foi contratado como assistente de redaçã o. — Hannah suspirou, girando o dedo para ele, para encerrar a histó ria tantas vezes repetida. — Para o pró prio Kubrick. Ele exalou pelo nariz. — Isso mesmo. E isso me traz de volta ao meu ponto original. — Um dedo foi sacudido. — Piper, você está muito confortá vel. Pelo menos Hannah se formou e tem um emprego remunerado. Mesmo se eu pedisse favores para conseguir uma vaga de iniciante, ainda assim ela é mais produtiva. — Hannah encolheu os ombros, mas nã o disse nada. — Você se importaria se a oportunidade batesse na sua porta, Piper? Você nã o tem que dirigir para ir a qualquer lugar. Ou fazer qualquer coisa. Por que você faria isso quando esta vida que eu lhe dei está sempre aqui, recompensando sua falta de ambiçã o com conforto e uma desculpa para permanecer felizmente estagnada? Piper olhou para o homem que ela considerava um pai, surpresa ao descobrir que ele a via sob uma luz tã o negativa. Ela cresceu em Bel-Air. Fé rias, festas na piscina e saı́das com atores famosos. Esta era a ú nica vida que ela conhecia. Nenhum de seus amigos trabalhou. Apenas um
punhado deles se preocupou com a faculdade. Qual era o objetivo de um diploma? Fazer dinheiro? Eles já tinham toneladas disso. Se Daniel ou sua mã e a haviam encorajado a fazer outra coisa, ela nã o conseguia se lembrar de nenhuma conversa desse tipo. A motivaçã o era algo com que outras pessoas simplesmente nasceram? E quando chegou a hora de abrir caminho no mundo, eles simplesmente agiram? Ela deveria estar procurando por um propó sito esse tempo todo? Estranhamente, nenhuma das citaçõ es inspiradoras que ela postou no passado continha a resposta. — Eu amo muito a sua mã e. — Daniel continuou, como se lendo sua mente. — Ou eu nã o acho que teria sido paciente por tanto tempo. Mas, Piper… você foi longe demais desta vez. Seus olhos se ixaram nos dele, seus joelhos começaram a tremer. Ele já havia usado aquele tom resignado com ela antes? Nesse caso, ela nã o se lembrava. — Eu fui? — Ela sussurrou. Ao lado dela, Hannah se remexeu, um sinal de que ela estava percebendo a gravidade do momento també m. Daniel balançou a cabeça. — O dono do Mondrian está inanciando meu pró ximo ilme. — Essa notı́cia caiu como uma granada no centro do escritó rio. — Ele nã o está feliz com a noite passada, para dizer o mı́nimo. Você fez o hotel dele parecer que nã o tem segurança. Você fez disso um motivo de piada. E pior, você poderia ter queimado o maldito lugar. — Ele olhou para ela com olhos duros, deixando tudo afundar. — Ele ameaçou retirar o inanciamento, Piper. E uma quantia muito considerá vel. O ilme nã o será feito sem a contribuiçã o dele. Pelo menos nã o até encontrar outro patrocinador – e isso pode levar anos nesta economia. — Sinto muito. — Piper respirou, a magnitude do que ela tinha feito afundando-a ainda mais nas almofadas do sofá . Ela tinha realmente acabado com um trabalho de Daniel apenas por postar uma foto de vingança que a faria triunfante em uma separaçã o? Ela era tã o frı́vola e estú pida? Adrian estava certo? — Eu nã o sabia. Eu... Eu nã o tinha ideia de quem era o hotel. — Nã o, claro que nã o. Quem se importa com quem suas açõ es afetam, nã o é , Piper? — Tudo bem. — Hannah se inclinou para frente com o cenho franzido. — Você nã o tem que ser tã o duro com ela. Ela obviamente percebe que cometeu um erro. Daniel permaneceu imperturbá vel. — Bem, é um erro pelo qual ela vai responder. Piper e Hannah trocaram um olhar. — O que você quer dizer com... — Piper balançou os dedos na forma de aspas no ar — “responder”?
O seu padrasto deu a volta na mesa e abriu a ú ltima gaveta do arquivo, hesitando apenas um momento antes de remover uma pasta de papel. Ele bateu irmemente no calendá rio de sua mesa, considerando as irmã s nervosas com os olhos estreitos. — Nã o falamos muito sobre o seu passado. Um tempo antes de eu me casar com sua mã e. Admito que é principalmente porque sou egoı́sta e nã o queria lembretes de que ela amou algué m antes de mim. — Uau. — Piper disse automaticamente. Ele a ignorou. — Como você sabe, seu pai era pescador. Ele morava em Westport, Washington, a mesma cidade onde sua mã e nasceu. Um lugarzinho pitoresco. Piper olhou para cima com a mençã o de seu pai bioló gico. Um pescador de caranguejo chamado Henry, que morreu jovem, sugado para as profundezas geladas do Mar de Bering. Seus olhos se desviaram para a janela, para o mundo alé m, tentando se lembrar do que vinha antes dessa vida pretensiosa à qual ela havia se acostumado. A paisagem e as cores dos primeiros quatro anos de sua vida eram evasivas, mas ela conseguia se lembrar do contorno da cabeça de seu pai. Lembrava-se de sua risada aguda, do cheiro de á gua salgada em sua pele. Podia se lembrar da risada de sua mã e ecoando gentilmente, quente e doce. Nã o havia como entender aquela outra hora e lugar – quã o diferente era de sua situaçã o atual – e ela tentou muitas vezes. Se Maureen nã o tivesse se mudado para Los Angeles como uma viú va de luto, armada com nada mais do que boa aparê ncia e sendo uma ó tima costureira, ela nunca teria conseguido um emprego como igurinista no primeiro ilme de Daniel. Ele nã o teria se apaixonado por ela, e esse estilo de vida luxuoso deles nã o seria nada mais do que um sonho, enquanto Maureen existia em alguma outra linha do tempo inimaginá vel. — Westport. — Hannah repetiu, como se estivesse testando a palavra em sua lı́ngua. — Mamã e nunca nos disse o nome. — Sim, bem. Eu posso imaginar que tudo o que aconteceu foi doloroso para ela. — Ele fungou, batendo na borda da pasta novamente. — Obviamente ela está bem agora. Melhor do que bem. — Um segundo se passou. — Os homens em Westport... eles vã o para o mar de Bering durante a temporada do caranguejo-rei, em busca de seu dia de pagamento anual. Mas nem sempre é con iá vel. As vezes, eles pegam muito pouco e precisam dividir uma pequena quantia entre uma grande equipe. Por causa disso, seu pai també m possuı́a um pequeno bar. Os lá bios de Piper se curvaram em um sorriso. Isso foi o má ximo que algué m já havia falado com ela sobre seu pai bioló gico e os detalhes... eram como moedas caindo em uma jarra vazia dentro dela, enchendo-a
lentamente. Ela queria mais. Ela queria saber tudo sobre aquele homem de quem ela só conseguia se lembrar por sua risada turbulenta. Hannah pigarreou, sua coxa pressionando contra a de Piper. — Por que você está nos contando tudo isso agora? — Ela mordeu o lá bio. — O que há na pasta? — A escritura do bar. Ele deixou o pré dio para você s, meninas, em seu testamento. — Ele colocou a pasta sobre a mesa e a abriu. — Há muito tempo, coloquei um zelador no lugar, para garantir que nã o caı́sse em ruı́nas, mas, na verdade, eu tinha me esquecido completamente até agora. — Meu Deus... — Hannah disse baixinho, obviamente prevendo algum resultado para essa conversa que Piper ainda nã o estava entendendo. — V-você ...? Daniel suspirou na sequê ncia da pergunta perdida de Hannah. — Meu investidor está exigindo uma demonstraçã o de arrependimento pelo que você fez, Piper. Ele é um homem-feito assim como eu, e nã o perderia a chance de me desestabilizar por causa da minha ilha rica e mimada. — Piper se encolheu, mas ele nã o viu porque estava digitalizando o conteú do do arquivo. — Normalmente eu diria a qualquer um que exigisse algo de mim para se foder... mas nã o posso ignorar meu pressentimento de que você precisa aprender a se virar sozinha por um tempo. — O que você quer dizer com — Piper fez aspas no ar novamente — “se virar”? — Quero dizer, você sair da sua zona de conforto. Quero dizer, que você está indo para Westport. A boca de Hannah caiu aberta. Piper disparou para frente. — Espere. Que? Por quanto tempo? O que devo fazer lá ? — Ela voltou seu olhar em pâ nico para Hannah. — A mamã e sabe sobre isso? — Sim. — Disse Maureen da porta do escritó rio. — Ela sabe. Piper choramingou em seu pulso. — Trê s meses, Pipes. Você pode fazer isso por esse tempo. E espero que você faça sem hesitar, considerando que vou manter meu orçamento de ilmes fazendo essas reparaçõ es. — Daniel deu a volta na mesa e colocou a pasta de papel no colo de Piper. Ela olhou para ele como se fosse uma barata correndo. — Há um pequeno apartamento acima do bar. Liguei antes para ter certeza de que está limpo. Estou con igurando uma conta de dé bito para você começar, mas depois disso... — Oh, ele parecia muito satisfeito. — Você está por sua conta. Listando mentalmente todas as galas e des iles de moda que aconteceriam ao longo de trê s meses inteiros, Piper se levantou e lançou um olhar suplicante para sua mã e. — Mã e, você realmente vai deixar ele me mandar embora? — Ela estava cambaleando. — O que eu devo fazer? Tipo, cozinhar um peixe
para viver? Eu nem sei fazer torradas. — Estou con iante de que você vai descobrir. — Maureen disse suavemente, sua expressã o simpá tica, mas irme. — Isso vai ser bom para você . Você vai ver. Você pode até aprender algo sobre si pró pria. — Nã o. — Piper balançou a cabeça. A noite passada nã o rendeu a revelaçã o de que ela nã o servia para nada alé m de festejar e parecer gostosa? Ela nã o tinha as habilidades de sobrevivê ncia para uma vida fora desses portõ es. Mas ela poderia lidar com isso, desde que tudo continuasse familiar. Lá fora, sua inaptidã o, sua inutilidade seriam gritantes. — Eu… eu nã o vou. — Entã o, nã o vou pagar seus honorá rios advocatı́cios. — Disse Daniel com relutâ ncia. — Estou tremendo. — Piper sussurrou, segurando uma mã o plana e trê mula. — Olhe para mim. Hannah passou o braço em volta da irmã . — Eu vou com ela. Daniel icou surpreso. — E quanto ao seu trabalho? Eu mexi os pauzinhos com Sergei para você conseguir um lugar cobiçado na produtora. Com a mençã o de Sergei, a paixã o de longa data de Hannah, Piper sentiu a fraçã o de segundo de indecisã o de sua irmã . No ú ltimo ano, a Bellinger mais jovem ansiava pelo novo riquinho de Hollywood, cujo ilme de estreia, Nobody's Baby, havia conquistado a Palma de Ouro em Cannes. A maioria das baladas tocando constantemente no quarto de Hannah pode ser atribuı́da à sua paixã o profunda. A solidariedade de sua irmã fez Piper icar com a garganta apertada, mas de jeito nenhum ela permitiria que seus pecados banissem sua pessoa favorita para Westport també m. A pró pria Piper ainda nã o tinha se resignado a ir. — Daniel vai mudar de ideia. — Ela sussurrou com o canto da boca para Hannah. — Vai icar tudo bem. — Eu nã o vou. — Daniel explodiu, parecendo ofendido. — Você viaja no inal de julho. Piper fez uma contagem mental. — Isso é , tipo, daqui a algumas semanas! — Eu diria para você usar o tempo resolvendo seus negó cios, mas você nã o tem nenhum. Maureen fez um som. — Eu acho que isso é o su iciente, Daniel. — Com o rosto cheio de censura, ela acompanhou as irmã s atordoadas para fora da sala. — Vamos. Vamos demorar um pouco para processar tudo isso. As trê s mulheres Bellinger subiram as escadas juntas, subindo até o terceiro andar, onde os quartos de Hannah e Piper icavam em lados opostos do corredor acarpetado. Entraram no quarto de Piper, acomodando-a na beira da cama, e entã o recuaram para observá -la
como se fossem estudantes de medicina sendo solicitados a fazer um diagnó stico. Com as mã os nos joelhos, Hannah analisou seu rosto. — Como você está , Piper? — Você realmente nã o consegue fazer com que ele mude de ideia, mã e? — Piper resmungou. Maureen balançou a cabeça. — Sinto muito, querida. — Sua mã e caiu na cama ao lado dela, segurando sua mã o inerte. Por longos momentos, ela icou quieta, claramente se preparando para algo. — Eu acho que parte da razã o pela qual eu nã o lutei muito com Daniel para mandar você para Westport foi... bem, eu me sinto culpada por manter tanto de seu pai bioló gico para mim. Eu estava com muita dor por um longo tempo. Amargura també m. E eu segurei tudo, negligenciando sua memó ria no processo. Isso nã o era certo da minha parte. — Suas pá lpebras caı́ram. — Ir para Westport... é conhecer seu pai, Piper. Ele é Westport. Há muito mais histó ria... naquela cidade do que você imagina. E por isso que eu nã o pude icar depois que ele morreu. Ele estava me cercando... e eu estava com muita raiva da injustiça de tudo isso. Nem mesmo meus pais conseguiram ver atravé s de mim. — Quanto tempo eles icaram em Westport depois que você foi embora? — Hannah perguntou, referindo-se aos avó s que as visitavam de vez em quando, embora as visitas fossem poucas e distantes conforme as irmã s icavam mais velhas. Quando Daniel adotou o icialmente Piper e Hannah, seus avó s nã o pareciam confortá veis com todo o processo, e o contato entre eles e Maureen havia diminuı́do em graus, mesmo que eles ainda se falassem em feriados e aniversá rios. — Nã o muito. Eles compraram o rancho em Utah pouco depois. Longe da á gua. — Maureen olhou para suas mã os. — A magia havia sumido da cidade para todos nó s, eu acho. Piper podia entender o raciocı́nio de sua mã e. Poderia simpatizar com a culpa. Mas toda a sua vida estava sendo arrancada por um homem que ela nã o conhecia. Vinte e quatro anos se passaram sem uma ú nica palavra sobre Henry Cross. Sua mã e nã o podia esperar que ela aproveitasse a oportunidade agora porque decidiu que era hora de se livrar da culpa. — Isso nã o é justo. — Piper gemeu, caindo para trá s em sua cama, virando seus lençó is Millesimo. Hannah se esparramou ao lado dela, jogando um braço sobre o estô mago de Piper. — Sã o apenas trê s meses — disse Maureen, levantando-se e lutuando para fora da sala. Pouco antes de sair, ela se virou, a mã o posicionada no batente da porta. — Palavras sá bias para você , Piper. Os homens em Westport... eles nã o sã o o que você está acostumada. Eles sã o rudes e diretos. Capazes de certas coisas que os homens que você conhece... nã o sã o. — Seu olhar icou distante. — O trabalho deles é
perigoso e nã o se importam com o quanto isso assusta você , eles voltam para o mar todas as vezes. Sempre escolherã o isso em vez de uma mulher. E eles preferem morrer fazendo o que amam do que estar seguros em casa. A gravidade atı́pica no tom de Maureen grudou Piper na cama. — Por que você está me contando isso? Sua mã e ergueu um ombro delicado. — Esse perigo em um homem pode ser excitante para uma mulher. Até que nã o seja mais. Entã o tudo acaba. Basta ter isso em mente se você se sentir… persuadida. Maureen parecia querer dizer mais, mas abriu a porta e foi embora, deixando as duas irmã s olhando para ela. Piper pegou um travesseiro e o entregou a Hannah. — Me sufoque com isso. Por favor. E a coisa mais humana a se fazer. — Eu vou com você para Westport. — Nã o. E quanto ao seu trabalho? E o Sergei? — Piper exalou. — Você tem coisas boas acontecendo aqui, Hanns. Vou encontrar uma maneira de lidar com isso. — Ela deu a Hannah uma expressã o sé ria e ingida. — Eles devem ter sugar daddies em Westport, nã o é ? — De initivamente, eu vou com você .
Capı́tulo Quatro Brendan Taggart foi o primeiro residente de Westport a avistar as
mulheres. Ele ouviu a porta de um carro bater no meio- io e, lentamente, girou o barril que era um assento em Sem Nome. Sua garrafa de cerveja parou a meio caminho de sua boca, a narrativa alta e a mú sica enchendo o bar desaparecendo. Pela janela suja, Brendan observou a dupla sair em lados opostos de um tá xi e imediatamente as descreveu como turistas sem noçã o que obviamente tinham o endereço errado. Isto é , até começarem a tirar as malas do porta-malas. Sete, para ser exato. Ele grunhiu. Bebeu sua cerveja. Elas estavam muito longe do caminho conhecido. Nã o havia nenhuma pousada nos quarteirõ es pró ximos. Alé m de julgarem mal seu destino, estavam vestidas para ir à praia à noite, durante uma chuva de im de verã o, sem guarda-chuva – e visivelmente confusas com o ambiente. Foi a de chapé u de sol que chamou sua atençã o de imediato, simplesmente porque ela parecia a mais ridı́cula, uma bolsa em forma de batom pendurada no antebraço, os pulsos moles e levantados até os ombros, como se ela tivesse medo de tocar em alguma coisa. Ela inclinou a cabeça para trá s, olhou para o pré dio e riu. E aquela risada se transformou no que parecia um soluço, embora ele nã o pudesse ouvir atravé s da mú sica e da vidraça. Assim que Brendan percebeu como a chuva estava moldando o vestido para os seios da Chapé u de Sol, ele desviou o olhar rapidamente, voltando ao que estava fazendo antes. Fingir estar interessado na histó ria exagerada de Randy, embora ele a tivesse ouvido oitenta vezes. — O mar estava fervendo naquele dia — disse Randy, em uma voz equivalente à sucata sendo esmagada. — Já atingimos nossa cota e mais, graças ao capitã o aqui. — Ele saudou Brendan com sua cerveja espumosa. — E lá estava eu, em um deck mais escorregadio do que a bunda de um pato, imaginando a banheira cheia de dinheiro em que eu estaria nadando quando chegá ssemos em casa. Está vamos puxando o ú ltimo balde e lá estava ele, o maior caranguejo do maldito mar, o ilho da puta do avô de todos os caranguejos, e ele me disse com seus olhinhos redondos que nã o vai dessa sem lutar. Nã ã ã o, senhor. Randy apoiou uma perna no banquinho em que estava sentado antes, suas feiçõ es á speras arranjadas para o má ximo de drama. Ele estava trabalhando no barco de Brendan há mais tempo do que Brendan o comandava. Tinha visto mais temporadas do que a maioria da
tripulaçã o combinada. Ao inal de cada uma, ele dava a si mesmo uma festa de aposentadoria. E entã o ele aparecia para a pró xima temporada como um reló gio, tendo gasto até o ú ltimo centavo da pesca do ano passado. — Quando eu digo que aquele otá rio enrolou uma perna em volta do braço da minha capa de chuva, direto para as minhas roupas, do tecido, de tudo isso, eu nã o estou mentindo. Ele estava grudado no plá stico. O tempo parou, senhoras e senhores. O capitã o estava gritando para eu puxar o balde, mas me ouçam, eu estava enganado. Aquele caranguejo lançou um feitiço em mim, estou lhe dizendo. E foi entã o que a onda nos atingiu, conjurada pelo pró prio caranguejo. Ningué m imaginou que isso aconteceria e, de repente, fui jogado na bebida. O homem que era como um avô para Brendan fez uma pausa para beber metade da cerveja. — Quando eles me puxaram… — Ele exalou. — Aquele caranguejo nã o estava em lugar nenhum. As duas pessoas no bar lotado que ainda nã o tinham ouvido a lenda riram e aplaudiram – e foi nesse momento que Chapé u de Sol e a outra decidiram fazer sua entrada. Em segundos, icou silencioso o su iciente para ouvir um al inete cair, e isso nã o surpreendeu Brendan nem um pouco. Westport era uma parada turı́stica, com certeza, mas eles nã o faziam muitos estranhos tropeçarem no Sem Nome. Era um estabelecimento que nã o podia ser encontrado no Yelp. Principalmente porque era ilegal. Mas nã o foi apenas o choque de nã o-locais entrando e interrompendo sua sessã o de besteira de domingo à noite. Nã o, era a maneira como elas pareciam. Especialmente Chapé u de Sol, que entrou primeiro, e percebeu a energia questioná vel da sala. Em seu vestido curto e solto, e sandá lias que envolviam suas panturrilhas, ela poderia ter saı́do das pá ginas de uma revista de moda para todos eles… linhas estreitas e curvas suaves. Brendan poderia ser objetivo sobre isso. Seu cé rebro poderia apontar uma mulher atraente sem ele se importar de uma forma ou de outra. Ele colocou sua cerveja no parapeito da janela e cruzou os braços, sentindo um lampejo de aborrecimento com as expressõ es estupefatas de todos. Randy tinha estendido o tapete vermelho na forma de sua lı́ngua pendurada para fora de sua boca, e o resto dos homens estavam preparando mentalmente propostas de casamento, pelo que parecia. — Uma ajudinha com as malas, Pipes? — Chamou a segunda garota da entrada, onde ela aguentou a porta aberta com o quadril, lutando com o peso de uma mala. — Oh! — A Chapé u de Sol girou, rosa subindo nas laterais de seu rosto – e inferno, aquele rosto era demais. Nã o poderia negar, agora que nã o havia uma vidraça suja distorcendo. Aquele era o tipo de olhos
azuis-claros que fazia os homens entregarem suas vidas, sem falar daquele lá bio superior largo e teimoso. A combinaçã o a tornava ingê nua e sedutora ao mesmo tempo, e esse era um problema do qual Brendan não queria participar. — Desculpe, Hanns. — Ela estremeceu. — Eu vou pegar o resto… — Eu vou pegá -las. — Disseram pelo menos nove homens de uma vez, tropeçando em si mesmos para chegar à porta. Um deles pegou a mala da companheira de Chapé u de Sol, enquanto vá rios outros se lançaram na chuva, icando presos lado a lado na porta. Metade desses idiotas estava na tripulaçã o de Brendan, e ele quase os deserdou ali mesmo. Em segundos – embora nã o sem alguma discussã o familiar – todas as sete malas estavam empilhadas no meio do bar, todos parados ao redor delas em expectativa. — Que cavalheiros! Tã o educados e acolhedores. — Chapé u de Sol sussurrou, abraçando sua bolsa bizarra contra o peito. — Obrigada! — Sim, obrigada. — Disse a segunda garota baixinho, secando a chuva do rosto com a manga de um moletom da UCLA. Los Angeles. Claro. — Uh, Pipes? — Ela girou em um cı́rculo, observando os arredores. — Tem certeza de que este é o lugar certo? Em resposta à pergunta de sua amiga, ela pareceu notar onde estava pela primeira vez. Aqueles olhos icaram ainda maiores enquanto ela catalogava o interior do Sem Nome e as pessoas que o ocupavam. Brendan sabia o que ela estava vendo, e já se ressentia da maneira como ela recuou com a poeira nos assentos que nã o combinavam, as tá buas do piso quebradas, as antigas redes de pesca penduradas nas vigas. A decepçã o nos cantos curvados de sua boca falou muito. Não é bom o su iciente para você, amor? Aí está a porta. Com movimentos afetados, Pipes – guardiã de nomes e bolsas ridı́culas – abriu a bolsa e tirou um telefone incrustado de joias, batendo na tela com uma unha quadrada vermelha. — Aqui é … 62 North Forrest Street? Um coro de sim cumprimentou a pergunta estrangulada. — Entã o… — Ela se virou para a amiga, o peito se expandindo em respiraçõ es rá pidas. — Sim. — Ah. — Respondeu UCLA, antes de limpar a garganta, estampando um sorriso tenso em um rosto que era bonito de uma forma muito mais sutil do que o de Pipes. — Hum… desculpe pela entrada estranha. Nã o sabı́amos que algué m estaria aqui. — Ela mudou seu peso em botas que nã o seriam boas para nada alé m de sentar. — Eu sou Hannah Bellinger. Esta é minha irmã , Piper. Piper. Nã o Pipes. Nã o que fosse uma grande melhora. O chapé u mole caiu e Piper sacudiu o cabelo, como se estivesse no meio de uma sessã o de fotos. Ela deu a todos um sorriso tı́mido.
— Nó s possuı́mos este lugar. Nã o é loucura? Se Brendan pensava que sua entrada havia produzido silê ncio, nã o era nada comparado a isso. Era a dona deste lugar? Ningué m possuı́a o Sem Nome. Estava vago desde que ele estava na escola. Originalmente, os habitantes locais juntaram seu dinheiro para abastecer o lugar com bebidas alcoó licas e cerveja, para que tivessem um lugar para fugir dos turistas durante um verã o particularmente infernal. Uma dé cada se passou desde entã o, mas eles continuaram vindo, os regulares se revezando na coleta de dı́vidas uma vez por semana para manter a bebida luindo. Brendan nã o vinha ao Sem Nome com muita frequê ncia, mas considerava que o Sem Nome era deles. De todos eles. E essas duas moradoras de fora da cidade entrando e reivindicando a propriedade nã o parece bom. Brendan gostava de rotina. Gostava das coisas no lugar delas. E essas duas nã o pertencem a este lugar, especialmente Piper, que percebeu que ele estava carrancudo e teve a coragem de enviar-lhe um aceno pequenino. Randy desviou sua atençã o de Brendan com uma risada perplexa. — E o quê ? Você é dona do Sem Nome? Hannah se aproximou de sua irmã . — E assim que você chama? — Chamo assim há anos. — Randy con irmou. Um dos marinheiros de Brendan, Sanders, desvencilhou-se de sua esposa e avançou. — O ú ltimo dono deste lugar era um Cross. Brendan percebeu o leve tremor que passou por Piper com o nome. — Sim. — Hannah disse hesitantemente. — Estamos cientes disso. — Ooh! — Piper começou a percorrer seu telefone novamente na velocidade da luz. — Há um zelador chamado Tanner. Nosso padrasto tem lhe pago para manter este lugar limpo. — Embora seu sorriso permanecesse no lugar, seu olhar rastejou sobre a barra distintamente não limpa. — Ele tem… estado de fé rias? A irritaçã o subiu pela nuca de Brendan. Esta é uma orgulhosa cidade de tradiçõ es de longa data. De onde diabos essa garota rica saiu valsando e insultando seus amigos de longa data? Sua tripulaçã o? Randy e Sanders bufaram. — Tanner está ali. — Disse Sanders. A multidã o se separou para revelar seu “zelador” caı́do sobre o bar, desmaiado. — Ele está de fé rias desde 2008. Todos no bar levantaram suas cervejas e riram da piada, os lá bios de Brendan se contorcendo em diversã o, embora seu aborrecimento nã o tivesse diminuı́do. Nem um pouco. Ele pegou sua garrafa de cerveja no peitoril da janela e deu um gole, mantendo os olhos em Piper. Ela
parecia sentir a atençã o dele, porque se virou com outro daqueles sorrisos sedutores que de initivamente nã o deveriam ter causado uma cutucada quente na parte inferior de seu corpo, especialmente considerando que ele já decidiu que nã o se importava com ela. Mas entã o seu olhar ixou-se na aliança de casamento que ele ainda usava ao redor de seu dedo anelar – e ela imediatamente desviou o olhar, sua postura perdendo a alegria. Isso mesmo. Olhe para outro lugar. — Acho que posso esclarecer a confusã o. — Disse Hannah, esfregando a nuca. — Nosso pai… era Henry Cross. O choque juntou as sobrancelhas de Brendan. Essas meninas eram ilhas de Henry Cross? Brendan era muito jovem para se lembrar do homem pessoalmente, mas a histó ria da morte de Henry era uma lenda, nã o muito diferente da histó ria do caranguejo malvado de Randy. Era pronunciada com muito menos frequê ncia para nã o dar azar, sussurrada entre os pescadores de Westport depois de muito á lcool ou de um dia particularmente difı́cil no mar em que o medo se instalou. Henry Cross foi o ú ltimo homem da tripulaçã o de Westport a morrer enquanto caçava o todo-poderoso caranguejo-rei no Mar de Bering. Havia um memorial dedicado a ele no porto, uma coroa de lores colocada no pedestal todos os anos no aniversá rio do mar que o levou. Nã o era incomum que homens morressem durante a temporada. A pesca do caranguejo-real era, por de iniçã o, a atividade mais perigosa nos Estados Unidos. A cada outono, alguns homens perdiam a vida. Mas eles nã o perderam um homem de Westport em mais de duas dé cadas. Randy sentou em seu banquinho, estupefato. — Nã o. Você s… Você s nã o sã o as garotas de Maureen, sã o? — Sim. — Piper disse, seu sorriso muito engajado para a paz de espı́rito de Brendan. — Nó s somos. — Santa cavala. Eu vejo a semelhança agora. Ela costumava trazer você s, meninas, para as docas, e você s saı́am com os bolsos cheios de doces. — A atençã o de Randy voltou-se para Brendan. — Seu sogro vai se cagar. As meninas de Henry. Paradas bem aqui em seu bar. — Nosso bar. — Brendan o corrigiu baixinho. Duas palavras que saı́ram de sua boca foram o su iciente para lançar um calafrio na atmosfera. Alguns moradores locais encolheram de volta em seus assentos, as bebidas esquecidas nas caixas que serviam de mesa. Brendan terminou sua cerveja calmamente, dando a Piper uma sobrancelha levantada desa iadora sobre o gargalo de vidro. Para seu cré dito, ela nã o empalideceu como a maioria das pessoas que recebem um de seus olhares. Um olhar de pedra atravé s da janela da casa do leme poderia fazer um novato se cagar. Esta garota parecia apenas estar avaliando ele, aquele pulso lá cido mais uma vez puxado contra seu ombro, aquela longa juba de cabelo rosa dourado jogado para trá s.
— Que pena. A escritura diz o contrá rio. — Piper disse docemente. — Mas nã o se preocupe. Estaremos matando sua vibraçã o estranhamente hostil por apenas trê s meses. Entã o estaremos de volta em LA. Se possı́vel, todos se encolheram ainda mais para seus assentos. Exceto por Randy. Ele estava achando a coisa toda hilá ria, seu sorriso tã o largo que Brendan podia contar seus dentes, trê s dos quais eram de ouro. — Onde você s vã o icar? — Brendan perguntou. As duas irmã s apontaram para o teto. Brendan reprimiu uma risada. — Sé rio? Vá rios clientes trocaram olhares ansiosos. Algué m até pulou e tentou despertar Tanner no bar, mas nã o deu em nada. Toda essa situaçã o era absurda. Se elas pensaram que o bar estava em ruı́nas, elas nã o tinham visto nada ainda. Elas – especialmente ela – nã o durariam uma noite em Westport. Pelo menos nã o sem se registrar em uma das pousadas. Satisfeito com essa conclusã o, Brendan deixou sua cerveja de lado e se levantou, meio que gostando da maneira como os olhos de Piper se arregalaram quando ele atingiu sua altura má xima. Por alguma razã o, ele tinha medo de icar muito perto dela. E com certeza nã o queria saber como ela cheirava. Mas ele se considerou um idiota por hesitar e avançou, pegando uma mala em cada mã o. — Bem, entã o. Permita-me mostrar-lhe as acomodaçõ es.
Capı́tulo Cinco Quem diabos. Era mesmo. Esse babaca?
Piper forçou o queixo para cima e seguiu a fera até o fundo do bar – o bar que era essencialmente do tamanho de seu armá rio em Bel-Air – e subiu uma escada estreita, Hannah logo atrá s. Deus, ele era assustadoramente grande. Só para subir as escadas, ele teve que se abaixar um pouco, para que sua cabeça coberta pelo gorro nã o atingisse o teto. Por uma fraçã o de segundo, ela achou os olhos verdes prateados sob a faixa daquele gorro meio cativantes. Sua barba negra estava bem cuidada. Completa e cortada rente. Aqueles ombros teriam sido muito valiosos na competiçã o de luta de galo algumas semanas atrá s, para nã o falar do resto dele. Ele era grande e nem mesmo seu moletom surrado conseguia esconder a musculatura robusta de seu peito e braços. Ele estava olhando para ela, entã o fez o que fazia de melhor quando um homem parecia interessado. Ela passou a mostrar mais. Era tã o natural quanto respirar, a mudança sutil do quadril. Encontrando a luz nas maçã s do rosto, chamando a atençã o para a boca e sugando sua alma com os olhos. Era uma manobra que ela normalmente executava com uma alta taxa de sucesso. Em vez disso, ele só parecia chateado. Como ela poderia saber que ele era casado? Eles caminharam em uma multidã o de duas dú zias de pessoas. No bar de seu pai, que aparentemente havia sido con iscado por um grupo de moradores da cidade. Havia muito o que aprender de uma vez, ou ela poderia ter notado a aliança de ouro. Parecia propositalmente brilhar para ela, e como ela de initivamente nã o era o tipo de ir atrá s de algué m que já era comprometido, ela fechou seu olhar de vem cá imediatamente. Piper revirou os ombros um por um e decidiu tentar ser amigá vel com a fera, pelo menos mais uma vez. Foi admirá vel da parte dele, nã o foi? Ser agressivamente iel à esposa? Se algum dia ela se casasse, esperava que o marido izesse o mesmo. Uma vez que ele percebesse que ela nã o estava tentando chamar sua atençã o, talvez ele relaxasse. Ela e Hannah viveriam em Westport por noventa dias. Fazer inimigos logo de cara seria uma merda. — Nã o precisamos pegar a chave do apartamento com Tanner? — Piper falou da escada acima. — Nã o. — Ele respondeu brevemente. — Sem fechaduras. — Hum, ok. — A entrada do bar tem uma fechadura — disse ele, abrindo a porta do apartamento com um chute e desaparecendo lá dentro. — Mas quase todo mundo lá embaixo tem uma có pia.
Piper mordeu o lá bio. — Isso nã o parece muito seguro… Seu escá rnio era palpá vel. — Você está preocupada que algué m vá invadir e roubar sua bolsa de batom? Hannah respirou fundo. — Ele realmente disse isso. Com a inco, Piper se manteve irme e se juntou a ele no apartamento. A luz ainda nã o tinha sido acesa, entã o ela deu um passo para o lado para deixar Hannah entrar e esperou, mais grata do que nunca por sua irmã ser teimosa e se recusar a deixá -la ser banida para Westport sozinha. — Eu acho que podemos ter começado com o pé errado. — Piper disse ao homem. Onde quer que ele tenha ido. — Qual você disse que era seu nome? — Eu nã o disse. — Ele escondeu um sorriso zombeteiro no escuro — E Brendan. — Brendan… A luz acendeu. Piper agarrou o braço de Hannah para nã o desmaiar. Ah, nã o. Não, não, não. — Ohhhh meerrddaa. — Hannah sussurrou ao lado dela. Deve haver algum engano. Ela pesquisou Westport no Google e fez algumas buscas, mesmo que minimamente. Qualquer outro lugar simplesmente não era Los Angeles, entã o o que isso importava? Sua busca revelou que Westport era pitoresco e eclé tico, localizado bem na beira do Oceano Pacı́ ico. Um destino de surf. Uma vila bonita. Ela imaginou uma vista para o mar em um apartamento rú stico, mas habitá vel, com muitas fotos dela desbastando-o, com a hashtag #PNWBarbie2. Esse nã o era o caso. Tudo estava em uma sala. Havia uma divisó ria ina como papel bloqueando o banheiro, mas se ela desse trê s passos para a esquerda, ela estaria na mini cozinha. Trê s para a direita e ela se chocaria contra a cama de beliche. Cama. De. Beliche. Ela já tinha visto um daqueles na vida real? As botas de Brendan arrastaram até parar na frente das irmã s. Ele cruzou os braços sobre o peito largo e examinou o apartamento, sua disposiçã o repentinamente jovial. — Segundas impressõ es? Os olhos de Piper rastrearam o teto e ela perdeu a conta das teias de aranha. Devia haver um centı́metro de sujeira em cada superfı́cie – e ela nem tinha visto o banheiro ainda. A ú nica janela dava para a parede de
tijolos do pré dio ao lado, de modo que o odor almiscarado nã o podia ser ventilado. Ela começou a dizer a Hannah que iriam embora. Elas pegariam a ninharia que Daniel colocava em suas contas de dé bito e a usariam para alugar um carro e dirigir de volta para Los Angeles. Dependendo de quanto custasse alugar um carro, claro. Pode ser mil dó lares ou cinquenta. Ela nã o tinha ideia. Outras pessoas geralmente organizam esse tipo de coisas para ela. Talvez se ligassem para Daniel e dissessem que seu zelador estava descontando um cheque e nã o fazendo nenhum trabalho, ele cederia e permitiria que ela e Hannah voltassem para casa. Como ele poderia dizer nã o? Este lugar era insuportá vel. Pelo menos até que fosse totalmente limpo – e quem faria isso por elas? O olhar irme de Brendan permaneceu nela, esperando que ela cedesse. Ela estava indo para o matadouro, entã o? Mú ltiplas vozes voltaram para ela, apertando sua nuca. Você brinca de se fantasiar e gasta o dinheiro do seu pai. Você não tem motivo para aprender nada. Simplesmente não há nada para você, ok? Você não tem motivação para ir a lugar nenhum. Ou fazer qualquer coisa. Por que você faria quando esta vida que eu lhe dei está sempre aqui, recompensando a sua falta de ambição com conforto e uma desculpa para permanecer felizmente estagnada? A presunçã o de Brendan foi repentinamente enjoativa, como cola secando em sua traqueia. Que original. Outro homem que pensava que ela nã o valia nada? Como é de tirar o fô lego. Ele nã o importava. Sua opiniã o era discutı́vel. As baixas expectativas de todos em relaçã o a ela estavam começando a se desgastar, no entanto. Um olhar para ela e esse idiota se tornou tã o desdenhoso de suas habilidades quanto seu padrasto e seu ex-namorado. O que havia nela que cortejou um julgamento tã o severo? Piper nã o tinha certeza, mas depois de ser despejada e banida para este albergue de assassinato, ela realmente nã o sentiu vontade de levar outra indireta, especialmente quando nã o era justi icada. Uma noite. Ela poderia passar uma noite. Nã o podia? — Estamos bem, nã o estamos, Hanns? — Piper disse brilhantemente. — Nó s nunca tivemos que fazer a coisa toda do acampamento de verã o. Vai ser divertido. Piper olhou para Hannah, aliviada quando seu rosto se transformou em um sorriso. — E bom. — Ela balançou no espaço como se estivesse examinando uma cobertura de um milhã o de dó lares. — Muito versá til. Aconchegante. Só precisa de um pouco de tinta.
— Hummm. — Piper cantarolou em concordâ ncia, balançando a cabeça e batendo um dedo contra o queixo. — Forma e funçã o. Esse palete abandonado no canto será uma linda prateleira de exposiçã o para minha coleçã o de sapatos. Quando ela arriscou um olhar para Brendan, estressou-a ao descobrir que seu sorriso superior nã o havia escorregado um milı́metro. Foi quando ela ouviu o arranhã o. Isso a lembrou de um jornal sendo amassado em um punho. — O que é aquilo? — Ela perguntou. — Seu outro colega de quarto. — Brendan en iou a lı́ngua na bochecha e caminhou em direçã o à saı́da. — Um de vá rios, suponho. Assim que as palavras saı́ram de sua boca, um roedor correu pelo chã o, disparando para um lado, depois para o outro, com o nariz arrepiado. O que foi isso? Um rato? Eles nã o deveriam ser bonitos? Piper subiu na cama de cima com um grito, Hannah quente em seus calcanhares. Elas se encontraram no meio e se agarraram, Piper tentando nã o engasgar. — Aproveite a sua noite, senhoritas. — A risada arrogante de Brendan o seguiu para fora da porta, suas botas fazendo as escadas gemerem em seu caminho de volta para o bar. — Vejo você s por aı́. Talvez. — Espere! — Cautelosamente, Piper desceu da beliche e estremeceu até o patamar onde Brendan fez uma pausa, mantendo a voz baixa. — Acontece que você nã o conhece um bom, hum… exterminador ou empregada na á rea, conheceria? Seu escá rnio era palpá vel. — Nã o. Limpamos nossas pró prias casas e pegamos nossos pró prios vermes aqui. — Cativante. — Ela veri icou os tornozelos em busca de criaturas famintas. — Coloque isso na placa de boas-vindas da cidade e observe os preços dos imó veis dispararem. — Os preços dos imó veis — ele repetiu. — Esse tipo de conversa pertence a LA. Aqui nã o. Piper revirou os olhos. — Como é ter um senso tã o preciso de onde as coisas pertencem? E quem pertence a onde? — Ainda procurando por criaturas, ela disse distraidamente — Posso estar em uma sala cheia de pessoas que conheço e ainda sinto que nã o pertenço. Enquanto ela repetia aquela declaraçã o para si mesma, os olhos de Piper se ergueram para encontrar Brendan franzindo a testa para ela. Ela começou a suavizar sua verdade revelada com algo leve e divertido, mas sua exaustã o tornava isso um grande esforço. — De qualquer forma, obrigada pela recepçã o calorosa, Prefeito Negativo e Pessimista. — Ela recuou um passo para dentro do apartamento. — Você com certeza me colocou no meu lugar.
Ele semicerrou os olhos. — Espere aı́. — Estranhamente, Piper prendeu a respiraçã o, porque parecia que ele ia dizer algo importante. Na verdade, ela meio que teve a sensaçã o de que ele nã o falava muito, a menos que fosse signi icativo. Mas no ú ltimo segundo, ele pareceu mudar de ideia, abandonando a expressã o pensativa. — Você nã o está aqui para ilmar um reality show ou algo assim, está ? Ela bateu a porta na cara dele.
Capı́tulo Seis Brendan trancou a porta de sua casa e veri icou novamente o reló gio.
8:15, em ponto. Como era o há bito de um capitã o, ele parou um momento para avaliar o cé u, a temperatura e a densidade da né voa. Cheirava como se o sol fosse queimar o nevoeiro até à s dez horas, mantendo o calor do inı́cio de agosto no mı́nimo até que ele pudesse terminar suas tarefas. Ele puxou o gorro e virou à esquerda a pé em direçã o à West Ocean Avenue, andando pelo mesmo caminho de sempre. O tempo pode fazer toda a diferença para um pescador, e ele gosta de praticar, mesmo nos dias de folga. As lojas estavam acabando de abrir, os gritos estridentes de gaivotas famintas se misturando aos sinos tilintando enquanto os funcioná rios sustentavam as portas abertas. O arrasto de uma lousa sendo puxada para o meio- io anunciando novas pescas, algumas das quais a tripulaçã o de Brendan havia capturado em seu ú ltimo passeio. Os lojistas dizendo bons-dias preguiçosos uns para os outros. Dois jovens amontoados acendendo cigarros do lado de fora da cervejaria, já vestidos para a praia. Como eles estavam se aproximando do inal da temporada turı́stica, havia descontos anunciados em todos os lugares. Em chapé us e cartõ es postais, e almoços especiais. Ele apreciava o ciclo das coisas. A tradiçã o. A con iabilidade das mudanças climá ticas e as mudanças das estaçõ es estabelecendo uma rotina nas pessoas. Era a consistê ncia deste lugar. Duradouro, assim como o oceano que amava. Ele nascera em Westport e nunca pretendia partir. Uma onda de irritaçã o se espalhou sob sua pele quando ele se lembrou da noite anterior. A pedra atirada nas á guas calmas de como as coisas eram feitas. Pessoas de fora simplesmente nã o apareceriam e reivindicavam a propriedade das pessoas daqui. Em Westport, as pessoas trabalhavam por tudo o que tinham. Nada era entregue sem sangue, suor e lá grimas. As duas garotas nã o pareciam pessoas que apreciavam o lugar, as pessoas, o passado sobre o qual foi construı́do. O trabalho á rduo necessá rio para sustentar uma comunidade nos caprichos de um oceano volá til – e fazê -lo bem. Ainda bem que nã o icariam por muito tempo. Ele icaria chocado se Piper conseguisse passar a noite sem fazer o check-in no hotel cinco estrelas mais pró ximo. Posso estar em uma sala cheia de pessoas que conheço e ainda não sinto que pertenço. Por que sua mente se recusou a deixar isso pra lá ? Ele remoeu isso por um longo tempo na noite passada, e novamente esta manhã . Nã o se encaixou. E ele nã o gostava de coisas que nã o se
encaixavam. Uma garota linda – com humor reconhecidamente a iado – como Piper poderia pertencer a qualquer lugar que ela escolhesse, nã o poderia? Só nã o aqui. Brendan esperou em um semá foro antes de cruzar Montesano, passando pela porta automá tica do Shop'n Kart, a ruga de irritaçã o suavizando-se ao ver que tudo estava em seu lugar. Ele acenou para Carol, a atendente de caixa de sempre. Gaivotas de papel pendiam do teto e voavam na brisa que ele permitiu entrar. Ainda nã o havia muitas pessoas na loja, por isso ele gostava de chegar mais cedo. Sem conversas ou perguntas sobre a pró xima temporada de caranguejos. Se ele esperava uma grande pesca, ou o trajeto que ele traçou. Se a tripulaçã o do Della Ray iria derrotar os russos. Falar sobre seus planos só iria deixá -los ansiosos. Como marinheiro, Brendan se preocupava com a sorte. Ele sabia que só podia controlar as coisas até certo ponto. Ele poderia construir um cronograma apertado, guiar o barco na direçã o de sua escolha. Mas cabia ao oceano como e quando ele entregaria seus tesouros. Com a temporada do caranguejo se aproximando rapidamente, ele só podia esperar que a sorte os favorecesse mais uma vez, como acontecera nos ú ltimos oito anos, desde que assumiu o cargo de capitã o de seu sogro. Brendan pegou um carrinho de mã o e seguiu para o oeste, para o corredor do freezer. Ele nã o tinha uma lista e nã o precisava de uma, já que fazia sempre as mesmas compras. As primeiras coisas que ele pegava eram alguns hambú rgueres congelados e entã o… — Siri, o que devo fazer para o jantar? Aquela voz, vinda do pró ximo corredor, fez Brendan parar. — Aqui está o que encontrei na Web — foi a resposta eletrô nica. Um gemido se seguiu. — Siri, o que é um jantar fácil? Ele apertou o punho na testa, ouvindo Piper falar com o telefone como se fosse um ser humano vivo, respirando. Houve alguns murmú rios frustrados. — Siri, o que é estragão3? Brendan passou a mã o pelo rosto. Quem deixou essa menina sair para o mundo sozinha, sem supervisã o? Francamente, ele icou meio chocado ao encontrá -la em um supermercado. Sem mencionar isso no inı́cio da manhã . Mas ele nã o foi questioná -la. Ele nã o se importou com a explicaçã o dela. Havia um cronograma a cumprir. Ele seguiu em frente, arrancando os hambú rgueres do freezer e jogando-os no carrinho de mã o. Ele se virou para o outro lado do corredor e escolheu seu pã o habitual. Trigo simples. Ele hesitou antes de virar para o pró ximo corredor, onde Piper ainda estava gritando com seu telefone… e nã o pô de deixar de parar, uma carranca juntando suas
sobrancelhas. Quem diabos usa um macacã o de lantejoulas para ir ao supermercado? Pelo menos, ele pensou que poderia ser chamado de macacã o. Era uma daquelas coisas que as mulheres usavam no verã o com a parte superior ixada na parte inferior. Exceto que este tinha shorts que terminavam logo abaixo de sua bunda apertada e a fazia parecer uma maldita bola de discoteca. — Siri… — Seus ombros caı́ram, seu carrinho de mã o pendurado em dedos moles. — O que é uma refeiçã o com dois ingredientes? Brendan soltou um suspiro inadvertido e, com um movimento de cabelo, ela olhou para cima, piscando. Ele ignorou a punhalada de espanto em seu peito. Ela tinha icado mais bonita durante a noite, maldita seja. Com um giro de ombros, ele tentou aliviar a tensã o entre suas costelas. Esta garota provavelmente inspirou a mesma reaçã o em todos os homens que ela já encontrou. Mesmo na forte iluminaçã o do supermercado, ele nã o conseguiu identi icar uma ú nica falha. Nã o queria olhar tã o de perto. Mas ele teria que estar morto para nã o o fazer. E melhor admitir. O corpo de Piper o lembrou, pela primeira vez em muito, muito tempo, que ele tinha necessidades que nã o poderiam ser satisfeitas para sempre por suas pró prias mã os. Adicione isso à lista de motivos pelos quais sua estadia em Westport nã o poderia terminar rá pido o su iciente. — Ainda aqui? — A mandı́bula se contraiu, Brendan desviou os olhos de suas pernas longas e dolorosamente lisas e se moveu pelo corredor, jogando macarrã o e um pote de molho em sua cesta. — Achei que você já tivesse ido há muito tempo. — Nã o. — Ele podia sentir o quã o satisfeita ela estava consigo mesma enquanto caminhava ao lado dele. — Parece que você está preso comigo pelo menos mais um dia. Ele jogou uma caixa de arroz em sua cesta. — Você fez as pazes com a horda de ratos? — Sim. Eles estã o me fazendo um vestido para o baile agora. — Ela fez uma pausa, parecendo estudá -lo para ver se ele tinha pegado a referê ncia de Cinderela. Mas ele nã o demonstrou nada. — Hum… Ele apenas diminuiu o passo para que ela pudesse acompanhá -lo? Por quê ? — Hum, o quê ? Para seu cré dito, ela nã o piscou com seu tom de merda. Seu sorriso pode ter sido um pouco frá gil, mas ela o manteve no lugar, queixo erguido. — Olha, eu sinto que você está com pressa, mas… — Eu estou. Aquele fogo que ele viu em seus olhos na noite passada estava de volta, piscando atrá s do azul bebê .
— Bem, se você está atrasado para um compromisso, ou se irá rolar em peixes… — Ela se inclinou para frente e cheirou. — E melhor cancelar. Você já está acertando em cheio. — Bem-vinda a Westport, querida. Tudo cheira a peixe. — Eu nã o — ela disse, levantando um quadril. — Dê -lhe tempo. — Ele pegou uma lata de ervilhas. — Na verdade, nã o. Ela jogou a mã o que segurava seu telefone, deixando-o bater contra a parte externa de sua coxa. — Uau. Qual é o seu problema comigo? — Aposto que você está acostumada com homens caindo sobre si mesmos para fazer você feliz, nã o é ? — Ele jogou a lata no ar e a pegou. — Desculpe, nã o vou ser um deles. Por alguma razã o, sua declaraçã o fez com que a cabeça de Piper tombasse para trá s em uma risada semi-histé rica. — Sim. Os homens salivam para cumprir minhas ordens. — Ela usou seu telefone para gesticular entre eles. — E só isso? Você está sendo rude comigo porque sou mimada? Brendan se aproximou. Perto o su iciente para ver seus lá bios incrı́veis se separarem, para sentir o cheiro de algo claramente feminino – nã o de lores. Esfumaçado e sensual, mas de alguma forma leve. O fato de que ele queria se aproximar e inalar ainda mais o irritou. — Eu vi seu julgamento deste lugar antes de qualquer outra pessoa na noite passada. A maneira como você olhou para o pré dio e riu, como se fosse uma piada cruel sendo pregada a você . — Ele fez uma pausa. — E tipo isso. No meu barco, tenho uma tripulaçã o e cada membro tem uma famı́lia. Uma histó ria. Essas raı́zes percorrem toda a cidade. Eles viveram muito disso dentro do Sem Nome. E no convé s do meu barco. Lembrar a importâ ncia de cada membro da minha tripulaçã o e das pessoas que esperam por eles em terra é o meu trabalho. Isso faz desta cidade o meu trabalho. Você nã o entenderia o cará ter necessá rio para fazer este lugar funcionar. A persistê ncia. — Nã o, eu nã o entendo. — Ela gaguejou, perdendo um pouco de força. — Estou aqui há menos de um dia. Quando a simpatia – e um pouco de arrependimento por ter sido tã o duro – o atingiu em cheio, ele soube que era hora de seguir em frente. Mas quando ele dobrou para o pró ximo corredor, ela o seguiu, tentando parecer que sabia o que estava fazendo, colocando vinagre de maçã e feijã o-de-lima em seu carrinho. — Jesus Cristo. — Ele pousou o carrinho e cruzou os braços. — O que diabos você está planejando fazer com essa combinaçã o? — Algo para envenená -lo seria bom. — Ela deu a ele um ú ltimo olhar descontente e saiu pisando duro, o traseiro, uma obra de arte se contraindo por todo o caminho até o inal do corredor. — Obrigada por
ser tã o amá vel. Você sabe, obviamente você ama este lugar. Talvez você devesse tentar ser uma representaçã o melhor dele. Tudo bem. Isso o pegou. Brendan foi criado por uma comunidade. Uma vila. Quando ele tinha dez anos, já tinha visto o interior de todas as casas de Westport. Cada residente era amigo de seus pais. Eles cuidaram dele, seus pais retribuı́ram o favor e assim por diante. Sua mã e sempre trazia um prato para as comemoraçõ es quando os homens voltavam do mar, fazia o mesmo com os conhecidos que estavam doentes. Bondade e generosidade podiam ser contadas. Fazia muito tempo que ele nã o se perguntava o que sua mã e pensaria de seu comportamento, mas ele pensou nisso agora e fez uma careta. — Foda-se. — Ele murmurou, pegando sua cesta e seguindo Piper. Menina rica e mimada ou nã o, ela estava certa. Sobre uma coisa. Como um residente de Westport, ele nã o estava fazendo justiça a este lugar. Mas, assim como nas raras vezes em que ele saiu do curso na á gua, ele poderia facilmente corrigir o caminho – e continuar com o dia. — Tudo bem. — Ele disse, vindo por trá s de Piper no corredor de bolos e observando suas omoplatas enrijecerem. — Com base na conversa que você estava tendo com seu telefone, parece que você está procurando por uma refeiçã o rá pida. Estou certo? — Sim. — Ela murmurou sem se virar. Ele esperou que Piper olhasse para ele, mas ela nã o o fez. E ele de initivamente nã o estava impaciente para ver o rosto dela. Ou qualquer coisa assim. Tã o perto, ele julgou que o topo de sua cabeça quase alcançou seu ombro e sentiu outra pontada de arrependimento por ser um idiota. — Italiano é mais fá cil, se você nã o precisa que seja chique. Finalmente, ela o encarou, revirando os olhos. — Eu nã o preciso ser chique. En im, é principalmente… — Ela balançou a cabeça. — Esquece. — O quê ? — E principalmente para Hannah. — Ela agitou os dedos para indicar as prateleiras forradas. — A comida. Para agradecer a ela por ter vindo comigo. Ela nã o precisava. Você nã o é o ú nico com pessoas importantes e raı́zes. També m tenho pessoas que quero cuidar. Brendan disse a si mesmo que nã o queria saber nada sobre Piper. Por que exatamente ela veio, o que ela planejava fazer aqui. Nada disso. Mas sua boca já estava se movendo. — Por que você está em Westport, a inal? Para vender o pré dio? Ela torceu o nariz, considerando sua pergunta. — Eu acho que é uma opçã o. Nó s realmente nã o pensamos tã o longe. — Pense em todos os chapé us gigantes que você poderia comprar. — Quer saber, idio- — Ela girou nos calcanhares e começou a sair, mas ele a segurou pelo cotovelo para impedir seu progresso. Quando
ela se desvencilhou de seu domı́nio imediatamente e recuou com uma expressã o de censura, isso o pegou desprevenido. Pelo menos até que ele notou que ela estava olhando diretamente para sua aliança de casamento. A tentaçã o de colocar seu equı́voco de lado foi repentina e… alarmante. — Eu nã o estou interessada — ela disse categoricamente. — Eu també m nã o estou. — Mentiroso, acusou seu pulso acelerado. — O que você disse antes, sobre sua irmã ser sua raı́z. Eu entendo. — Ele pigarreou. — Você tem outros també m. Aqui em Westport. Se você sentir vontade de se incomodar. Sua desaprovaçã o diminuiu ligeiramente. — Você quer dizer meu pai. — Para começar, sim. Eu nã o o conhecia, mas ele faz parte deste lugar. Isso signi ica que ele é parte de todos nó s. Nã o esquecemos. — Quase nã o há memó rias para eu esquecer — disse ela. — Eu tinha quatro anos quando partimos, e depois disso… nã o tocamos mais no assunto. Nã o porque eu nã o estivesse curiosa, mas porque machucou nossa mã e. — Seus olhos piscaram. — Eu me lembro da risada dele, no entanto. Eu… posso ouvir. Brendan grunhiu, realmente começando a desejar ter recuado e considerado ela de mais de um â ngulo antes de ir para a defensiva. — Há um memorial para ele. Do outro lado do museu, no porto. Ela piscou. — Sé rio? Ele acenou com a cabeça, surpreso com o convite para levá -la que quase escapou. — Estou com medo de ir e dar uma olhada — ela disse lentamente para si mesma. — Fiquei tã o confortá vel com as poucas memó rias que tenho. E se algo mudar? Quanto mais minutos passava na presença de Piper, mais ele começava a questionar sua primeira impressã o dela. Ela era realmente uma pirralha exagerada da terra do faz de conta? Ele nã o pô de deixar de catalogar tudo o que sabia sobre ela. Por exemplo, ela nã o iria perseguir um homem indisponı́vel. Achava que ela nã o poderia pertencer a uma sala cheia de pessoas que conhecia. E ela estava no supermercado à s 08:30 da manhã para comprar ingredientes para fazer uma refeiçã o para sua irmã . Entã o. Talvez nã o fosse tã o egoı́sta quanto ele originalmente pensava. Honestamente, no entanto. O que diabos a impressã o dele sobre ela importa? Ela iria embora logo. Ele nã o estava interessado. Fim de jogo. — Entã o eu acho que você vai ter que ligar para o seu terapeuta. Tenho certeza que você tem um.
— Dois, se você contar meu reforço — ela respondeu, o queixo erguido. Brendan afastou seu interesse em inspecionar a linha da garganta dela remexendo em sua cesta. — Olha. Faça para sua irmã um molho à bolonhesa fá cil. — Ele transferiu seu pote de marinara para a cesta dela, junto com um pacote de macarrã o. — Vamos. Ele se virou para ter certeza de que ela estava seguindo o caminho para o corredor de carnes, onde pegou meio quilo de carne moı́da e a en iou junto com suas outras compras, que ainda incluı́am o feijã o-delima e o vinagre de cidra de maçã . Ele estava curioso para saber se ela compraria esses dois itens apenas para ser teimosa. Piper olhou entre ele e a carne. — O que eu faço com isso? — Ponha um pouco de azeite na frigideira e doure. Adicione algumas cebolas, e cogumelos se quiser. Quando estiver tudo cozido, acrescente o molho. Coloque sobre a massa. Ela olhou para ele como se ele tivesse acabado de citar uma partida de futebol. — Assim como… tudo ica em camadas? — Piper murmurou lentamente, como se imaginando as açõ es em sua cabeça e achando isso extremamente estressante. — Ou devo misturar tudo? Brendan tirou o molho da cesta dela. — Aqui está uma ideia melhor. Caminhe até West Ocean e pegue alguns menus de comida para viagem. — Nã o, espere! — Eles começaram uma guerra com a jarra de molho. — Eu posso fazer isso. — Seja honesta, você nunca usou um fogã o, querida. — Ele a lembrou ironicamente. — E você nã o pode vender o pré dio se o incendiar. — Eu nã o vou. — Ela deu um grito de boca fechada. — Deus, eu sinto muito por sua esposa. Seu aperto afrouxou automaticamente no frasco, e ele puxou a mã o de volta como se tivesse se queimado. Ele começou a responder, mas havia algo preso em sua garganta. — Você deveria — ele disse inalmente, seu sorriso rı́gido. — Ela aguentou muito. Piper empalideceu, seus olhos marcando para o centro de seu peito. — Eu nã o quis dizer… Ela…? — Sim. — Seu tom era neutro. — Se foi. — Eu sinto muito. — Ela fechou os olhos, balançando nos calcanhares. — Eu quero me enrolar e morrer agora, se isso faz você se sentir melhor. — Nã o faça isso. Está tudo bem. — Brendan tossiu em seu punho e a contornou, pretendendo pegar mais algumas coisas e sair. Mas ele parou antes que pudesse ir muito longe. Por alguma razã o estú pida, ele
nã o queria deixá -la se sentindo culpada. Nã o havia como ela saber. — Ouça. — Ele acenou com a cabeça para a cesta dela. — Nã o se esqueça de pô r o corpo de bombeiros na discagem rá pida. Apó s uma breve hesitaçã o, Piper bufou para ele. — Nã o se esqueça de comprar sabonete — disse ela, acenando com a mã o na frente do rosto. Mas ele nã o perdeu a gratidã o naqueles olhos azuis. — Vejo você por aı́. Talvez. — Provavelmente nã o. Ela encolheu os ombros. — Veremos. — Acho que vamos. Ok. Feito. Nada mais a dizer. Ele levou mais alguns segundos para se mover. E que inferno se ele nã o foi sorrindo em seu caminho de volta para o Oceano Oeste.
Capı́tulo Sete Depois que os mantimentos foram comprados e organizados no
mini refrigerador, as irmã s Bellinger decidiram ir explorar e escapar do apartamento de cima. Agora, Piper estava sentada no parapeito de madeira com vista para o porto, a cabeça inclinada para permitir que a brisa do inı́cio da tarde levantasse o cabelo de seu pescoço, o sol pintando sua bochecha. Ela parecia inspirada e bem descansada, vanguardista em um body de costas abertas e jeans skinny. Botas Chloe que diziam, eu posso ir em um desses barcos, mas outra pessoa estará fazendo o trabalho. — Hanns. — Disse ela com o canto da boca. — Levante o telefone e incline-o para baixo. — Meus braços estã o icando cansados. — Mais uma. Vá icar naquele banco. — Piper, eu nã o tirei menos que quarenta fotos de você parecendo uma deusa. Quantas opçõ es você precisa? Ela fez um beicinho exagerado. — Por favor, Hannah. Vou te comprar um sorvete. — Nã o sou uma criança de sete anos. — Resmungou Hannah, subindo no banco de pedra. — Quero com granulado. — Ah, isso daria uma foto muito fofa! — Sim. — Sua irmã respondeu secamente. — Tenho certeza de que todos os meus dezenove seguidores adorariam. — Se você me deixasse compartilhar apenas uma vez… — De jeito nenhum. Nó s conversamos sobre isso. Incline a cabeça para trá s. — Piper obedeceu, e sua irmã tirou a foto. — Eu gosto de ser privada. Sem compartilhamento. Piper saiu do trilho, aceitando o telefone de volta de Hannah. — Você é tã o fofa e todos deveriam saber disso. — Uh-uh. Muita pressã o. — Como? — Você provavelmente está tã o acostumada com isso que nã o para e pensa em como... todos esses estranhos e suas respostas à s suas postagens estã o determinando sua diversã o. Tipo, você está experimentando o porto agora ou está tentando criar uma legenda? — Ah. Abaixo da cintura. — Ela fungou. — 'Sentindo-se um pouco ousada' é fofo? — Sim. — Hannah bufou. — Mas isso nã o signi ica que você pode me marcar. — Tá . — Piper pigarreou e colocou o telefone no bolso de trá s. — Vou esperar para postar e nã o vou checar curtidas. Nã o consigo nenhum sinal, de qualquer maneira. O que devo fazer? Lançar um olhar
penetrante com meus olhos? O que a realidade tem a me oferecer? Guia-me, ó sá bio. Com um sorriso indulgente, Hannah prendeu o braço no de Piper. Cada uma pegou um sorvete em uma pequena loja e se dirigiu para as ileiras de navios de pesca atracados. Gaivotas circulavam ameaçadoramente no alto, mas depois de um tempo, a visã o delas e seus gritos estridentes tornaram-se parte do cená rio, e Piper parou de se preocupar em estar debaixo de uma chuva de cocô de gaivota. Era uma tarde ú mida de agosto, e turistas em sandá lias e chapé us de balde passavam por cartazes anunciando observaçã o de baleias e embarcavam em barcos que balançavam na á gua. Outros icaram em cı́rculos nas bordas das docas, jogando o que parecia ser baldes de aço no mar. Piper notou à frente o pré dio branco que se autoproclama ser o museu marı́timo e se lembrou do que Brendan havia dito sobre o memorial de Henry Cross. — Ei. Hum… nã o quero despejar isso em cima de você , mas aparentemente há um memorial para nosso pai aqui em cima. Você quer ir olhar? Hannah considerou. — Isso vai ser estranho. — Tã o estranho. — Piper concordou. — Seria mais estranho as suas ilhas não irem visitá -lo, no entanto. — Ela mordeu o lá bio. — Vamos visitar. Se esperarmos, continuaremos encontrando motivos para adiar. — Será que vamos? — Nã o pela primeira vez hoje, ocorreu a Piper o quã o pouco elas falaram sobre seu pai. També m conhecido como o inı́cio borrado de suas vidas. — Descobrir sobre Henry é algo que você gostaria de evitar? — Nã o é ? — Elas trocaram um olhar. — Talvez seguir o exemplo da mamã e nisso seja natural. — Sim. — Poré m nã o parecia natural. Parecia que um pedaço estava faltando em sua memó ria. Ou como se houvesse uma corda solta em um sué ter que ela nã o podia ignorar. Ou talvez o julgamento de Brendan a tivesse afetado no supermercado. A mã e e os avó s esconderam dela detalhes importantes sobre Henry, mas ela poderia ter descoberto sobre ele sozinha, certo? Talvez essa fosse sua chance. — Acho que quero ir. — OK. — Sua irmã a estudou. — Vamos ir. Piper e Hannah continuaram ao longo do porto, procurando o memorial. Elas devolveram o aceno de um homem idoso que estava sentado no gramado do museu lendo o jornal. Pouco depois, elas avistaram uma está tua de bronze delineada pelo mar. Seus passos diminuı́ram um pouco, mas elas continuaram até que pararam na frente dela. Gaivotas uivavam ao redor delas, barcos zumbiam à distâ ncia e a
vida continuava como de costume enquanto elas icavam diante de uma representaçã o artı́stica de seu pai há muito perdido. Lá estava ele. Henry Cross. Ele esteve lá , imortalizado, o tempo todo. Uma versã o de latã o maior que a vida dele, de qualquer maneira. Talvez seja por isso que seu sorriso congelado e a ondulaçã o de metal de sua jaqueta de pescador pareciam tã o impessoais, estranhos. Piper procurou por algum tipo de conexã o dentro dela, mas nã o conseguiu encontrar, e a culpa fez sua boca icar seca. Uma placa posicionada a seus pé s dizia: Henry Cross. Profundamente perdido, para sempre lembrado. — Ele parece um jovem Kevin Costner. — Piper murmurou. Hannah bufou um som. — Merda, ele realmente parece. — Você estava certa. Isso é estranho. Suas mã os se encontraram e se cruzaram. — Vamos. Eu tenho aquela ligaçã o do Zoom com Sergei em dez minutos, de qualquer maneira. Hannah concordou em fazer algum trabalho administrativo remoto enquanto estivesse em Westport e precisava de tempo para pentear o cabelo e encontrar um bom cená rio. Com o passo acelerado, as irmã s viraram na rua que as guiaria de volta ao Sem Nome e seu apartamento, mas nenhuma delas falou. Hannah parecia perdida em pensamentos, enquanto Piper tentava lidar com a culpa – e uma leve sensaçã o de fracasso – de que ela nã o estava… afetada por seu primeiro encontro com Henry. Ela era muito super icial para sentir alguma coisa? Ou o inı́cio de sua vida estava tã o distante de sua realidade que ela nã o conseguiu alcançá lo tantos anos depois? Piper respirou fundo, seus pulmõ es se alegrando com a falta de poluiçã o. Elas passaram por pescadores enquanto caminhavam, a maioria dos homens eram mais velhos, e cada um deles deu à s irmã s um aceno com a ponta do boné . Piper e Hannah sorriram de volta. Mesmo se elas icassem um ano em Westport, ela provavelmente nunca se acostumaria com a facilidade amigá vel dos habitantes locais, já que eles reconheciam outros humanos sem motivo. Havia algo de bom nisso, embora ela de initivamente preferisse a indiferença entediada de Los Angeles. Com certeza. També m havia algo a ser dito por nã o olhar para o telefone enquanto caminhava. Se ela tivesse respondido aos comentá rios em sua postagem, ela poderia ter perdido a mulher colocando peixe fresco na vitrine de sua loja, duas gaivotas brigando por uma batata frita, uma criança saindo de uma loja de doces en iando caramelo de á gua salgada na boca. Talvez ela devesse tentar desligar o telefone com mais frequê ncia. Ou pelo menos absorver os momentos reais em que pudesse.
Quando chegaram ao Sem Nome, Piper icou surpresa ao encontrar um homem encostado na porta. Ele parecia estar na casa dos sessenta anos, com a barriga ligeiramente redonda, um boné de jornaleiro descansando no topo de sua cabeça. Ele as observou se aproximarem com os olhos semicerrados, uma leve curva em sua boca. — Oi. — Hannah chamou, pegando suas chaves. — Podemos ajudá lo? O homem empurrou a porta e bateu com a mã o na coxa. — Só vim ver as meninas de Henry e Maureen pessoalmente, e aı́ estã o você s. Que tal isso? Depois de viver duas dé cadas sem ouvir o nome de seu pai, foi um choque ouvi-lo em voz alta, tê -lo conectado a elas. E sua mã e. — Eu sou Piper — ela disse, sorrindo. — Esta é Hannah. E você é ...? — Mick Forrester — disse ele afavelmente, estendendo a mã o para um aperto, dando a cada irmã um abraço. — Lembro-me de quando você estava na altura dos joelhos. — Ah! E um prazer conhecê -lo, agora, como adulta. — Ela olhou para Hannah. — Minha irmã tem uma coisa de trabalho. Mas se você quiser entrar, acho que ainda tem um pouco de cerveja em um dos refrigeradores. — Nã o, eu nã o posso. Estou indo almoçar com os veteranos. — Ele alisou a barriga com os nó s dos dedos grossos, como se estivesse pensando no que pediria para enchê -la. — Nã o podia deixar passar um dia antes de parar para dizer olá , ver se você s, meninas, acabaram favorecendo Maureen ou Henry. — Seus olhos brilharam enquanto ele olhava entre elas. — Eu teria que dizer sua mã e, com certeza. Sorte, isso. Ningué m quer parecer um pescador envelhecido. — Ele riu. — Embora, Henry pudesse ter aquele olhar desgastado pelo oceano sobre ele, mas, rapaz, seu pai tinha uma grande risada. As vezes, juro que ainda o ouço sacudindo as vigas deste lugar. — Sim. — Interiormente, Piper estremeceu com este estranho tendo memó rias e sentimentos mais substanciais por seu pró prio pai. — Essa é a ú nica coisa de que me lembro. — Droga. — O sorriso de Hannah estava tenso. — Vou chegar atrasada à reuniã o. Pipes, você vai me contar mais tarde? — Vou sim. Boa sorte. — Piper esperou até que Hannah tivesse desaparecido, o som dela subindo correndo a escada dos fundos do Sem Nome desaparecendo depois de um momento. — Entã o, como você conheceu Henry? Mick se acomodou, cruzando os braços sobre o peito. Uma postura clá ssica de contar histó rias. — Nó s pescamos juntos. Subimos na hierarquia, lado a lado, de novatos à marinheiros e à tripulaçã o, até que inalmente comprei o Della Ray e me tornei meu pró prio capitã o. — Um pouco do brilho se apagou em seus olhos. — Sem querer trazer à tona um assunto triste,
Piper, mas eu estava bem ali na casa do leme quando o perdemos. Foi um dia sombrio. Nunca tive um amigo melhor do que Henry. Piper colocou a mã o em seu cotovelo. — Eu sinto muito. — Inferno, você é ilha dele. — Ele recuou. — Eu é que deveria estar confortando você . — Eu queria… Bem, nã o nos lembramos muito sobre ele. E nossa mã e... — Ela estava sofrendo muito para preencher as lacunas, eu suponho. Isso nã o é incomum, você sabe. As esposas dos pescadores sã o de origem difı́cil. Elas tê m nervos de aço. Minha esposa os tem, os passou para minha ilha, Desiree. — Ele deu um aceno de cabeça. — Você deve ter conhecido o marido dela, Brendan, na outra noite quando você chegou. Desiree. Esse era o nome da falecida esposa de Brendan? Simples assim, ela era real. Algué m com personalidade. Algué m com rosto, voz, presença. A tristeza desceu pelos lados de sua boca com a mençã o de sua ilha. — Esposas de pescadores sã o ensinadas a encarar seus medos, seguir em frente. Sem chorar ou reclamar. Sua mã e se rebelou um pouco contra a norma, suponho. Nã o foi possı́vel encontrar uma maneira de lidar com a perda, entã o ela foi embora. Recomeçou em um lugar que nã o a faria lembrar de Westport. Nã o posso dizer que nã o iquei tentado uma ou duas vezes a fazer o mesmo depois que minha ilha faleceu, mas descobri que valia a pena manter o curso. A garganta de Piper icou apertada. — Eu sinto muito. Sobre sua ilha. Mick acenou com a cabeça uma vez, cansaço passando por seu rosto. — Escute, eu tenho muito mais para lhe contar. Já que você vai icar um pouco, acho que teremos chances. Muitos de nó s, habitantes locais, lembramos do seu pai e nunca perdemos a chance de relembrar. — Ele tirou um pedaço de papel do bolso de trá s e entregou a Piper. Um endereço estava escrito nele, direto, mas legı́vel. — Falando de habitantes locais, imagino que há algué m que estaria mais ansiosa para vê -la do que qualquer um de nó s. Este aqui é o endereço de Opal. Eu nã o tinha certeza se você já teve a chance de parar e vê -la. Opal era uma mulher que Piper deveria conhecer? Nenhuma pista. Mas depois de visitar o memorial de Henry e nã o ser movida do jeito que deveria, ela nã o estava disposta a admitir sua falta de noçã o, alé m da culpa persistente. Alé m disso, havia outra coisa sobre a qual ela estava se perguntando e nã o queria perder a chance de perguntar. — Opal. E claro. — Piper dobrou o pedaço de papel, debatendo se deveria ou nã o fazer sua pró xima pergunta. — Mick… como exatamente
Henry…? — Ela suspirou e começou de novo. — Sabemos que aconteceu no mar, mas nã o sabemos realmente os detalhes. — Ah. — Ele tirou o chapé u e pressionou-o contra o peito. — Os vagalhões foram o que causaram isso. Ele estava ali parado em um minuto, e desapareceu no pró ximo. Ela simplesmente o agarrou do convé s. Sempre pensamos que ele devia ter batido a cabeça antes de entrar no oceano, porque ningué m nadava mais forte do que Henry. Ele tinha que estar inconsciente quando passou da borda. E aquela á gua do mar de Bering é tã o gelada que há apenas um minuto de intervalo antes de sugar o ar dos pulmõ es de um homem. Um estremecimento a pegou desprevenida, arrepios subindo em cada centı́metro de sua pele. — Oh, meu Deus — ela sussurrou, imaginando o homem robusto feito de latã o sendo lançado para o lado de um barco, afundando no fundo do oceano sozinho. Frio. Ele acordou ou simplesmente adormeceu? Ela esperava que fosse o ú ltimo. Estranhamente, seus pensamentos se voltaram para Brendan. Ele está seguro quando se aventura na á gua? Toda a pesca era tã o perigosa? Ou apenas pesca de caranguejo? — Isso é terrı́vel. — Sim. — Mick suspirou e recolocou o chapé u, estendendo a mã o para dar um tapinha desajeitado no ombro dela. Até que ele a tocou, Piper nã o percebeu que seus olhos estavam ú midos. — Eu prometo que nã o vou fazer você chorar toda vez que te ver. — Ele disse, obviamente tentando aliviar o clima. — Só de vez em quando? — Ela riu. A diversã o iluminou seus olhos novamente. — Aqui agora, ouça. Vamos dar uma festinha na sexta à noite. Só nó s, os locais, tomando algumas bebidas, um encontro. Compartilharemos memó rias. Considere você e Hannah convidadas. — Ele apontou para o porto. — Por ali, há um bar chamado Blow the Man Down. Estaremos no salã o de festas lá embaixo, por volta das 20h. Espero ver você lá . — Eu adoro uma festa. — Ela piscou para ele e ele corou. — Tudo bem, entã o. — Ele deu a ela a marca registrada de Westport, um aceno com o chapé u. — Otimo conhecê -la, Piper. Tenha um bom dia. — Você també m, Mick. — Filha de Henry Cross — ele murmurou, se afastando. — Inferno, que coisa tudo isso. Piper se levantou e o observou caminhar um pouco antes de entrar. Ela nã o queria interromper a ligaçã o de Hannah, entã o se sentou em um dos barris, deixando o silê ncio se instalar ao seu redor. E pela primeira vez, Sem Nome parecia um pouco mais do que quatro paredes.
Capı́tulo Oito Mais tarde naquela noite, Piper olhou para o pacote de carne moı́da e
tentou reunir coragem para tocá -lo com as pró prias mã os. — Nã o acredito que a carne parece cé rebro antes de ser cozida. Todo mundo sabe sobre isso? Hannah veio por trá s de sua irmã , apoiando o queixo no ombro de Piper. — Você nã o tem que fazer isso, você sabe. Ela pensou no rosto presunçoso de Brendan. — Oh, sim, eu tenho. — Ela suspirou, cutucando a mancha vermelha com o dedo indicador. — Mesmo se pudé ssemos encontrar uma maneira de esticar nosso orçamento para cobrir comida para viagem todas as noites, você deveria ter refeiçõ es caseiras. — Movendo-se de um lado para o outro, ela balançou os pulsos e respirou fundo. — Eu sou a irmã mais velha e vou cuidar para que esteja bem alimentada. Alé m disso, você limpou o banheiro do inferno. Você mereceu o jantar e a santidade, no que me diz respeito. Ela sentiu o arrepio da irmã . — Eu nã o posso discutir com isso. Havia manchas lá que datam da administraçã o de Carter. Depois de seu telefonema de trabalho, Hannah foi até a loja de ferragens para comprar material de limpeza. Elas encontraram uma vassoura, pá de lixo e alguns trapos em um armá rio de suprimentos no andar de baixo do bar, mas era só isso. O que signi ica que foram forçadas a gastar uma boa parte de seu orçamento em alvejante, um esfregã o, um balde, toalhas de papel, esponjas, produtos de limpeza e bombril para bloquear os buracos de rato. Todos os oito deles. Quando arrastaram o beliche para longe da parede, o painel que corria ao longo do fundo parecia um queijo suı́ço. Elas estavam limpando desde o meio da tarde, e o estú dio, embora ainda irreversivelmente sujo, parecia muito melhor. E Piper podia admitir uma certa satisfaçã o que veio junto com seu pró prio progresso. Fazer parte do antes e do depois nã o envolvia maquiagem ou trabalhar com um personal trainer. Nã o que ela quisesse se acostumar com a limpeza. Mas ainda assim. Agora cheirava a limã o em vez de lixo podre, e as irmã s Bellinger de Bel-Air eram as responsá veis. Ningué m em casa acreditaria. Sem mencionar que sua manicure cagaria um tijolo se pudesse ver o esmalte lascado nas unhas de Piper. Assim que elas estivessem acomodadas, encontrar um salã o de beleza com serviço completo que izesse cabelo, unhas e depilaçã o estava no topo da agenda. Mas primeiro. Bolonhesa.
Olhar para os ingredientes alinhados a forçou a se lembrar de sua improvisada viagem de compras matinal com Brendan. Deus, ele era presunçoso. Até que ela mencionou sua falecida esposa. Ele nã o tinha icado presunçoso entã o. Mais como perturbado. Há quanto tempo a mulher se foi? Se Brendan ainda estava usando sua aliança de casamento, a morte tinha que ser recente. Nesse caso, ele teve uma atitude de nuvem de tempestade por um bom motivo. Apesar de nã o gostar do pescador barbudo e corpulento, ela nã o conseguiu evitar uma onda de simpatia por ele. Talvez eles pudessem aprender a acenar e sorrir um para o outro na rua durante os pró ximos trê s meses. Se crescer em Los Angeles lhe ensinou alguma coisa, foi como ser uma inimiga. Da pró xima vez que eles se cruzassem, ela també m nã o se importaria de dizer a ele que dominou a bolonhesa e passou para su lê s e frango com vinho. Quem sabe? Talvez cozinhar seja sua vocaçã o desconhecida. Piper ligou o queimador do fogã o, prendendo a respiraçã o quando ele apitou. Apitou mais um pouco. Chamas dispararam do ferro forjado preto, e ela gritou, tropeçando para trá s em sua irmã , que felizmente a estabilizou. — Talvez você devesse amarrar o cabelo para trá s? — Hannah sugeriu. — Os dedos podem ser sacri icados esta noite, mas nã o vamos perder aquelas ondas de praia sem esforço. — Ai, meu Deus, você está tã o certa. — Piper exalou, arrancando a faixa preta de seu pulso e prendendo um rabo de cavalo elegante. — Bom observado, Hanns. — Sem problemas. — Ok, eu simplesmente vou fazer isso. — Piper disse, segurando seus dedos abertos acima da carne. — Ele disse para cozinhar na frigideira até dourar. Isso nã o parece muito difı́cil. — Quem disse? — Ah. — Ela fez um som desdenhoso. — Brendan estava no supermercado esta manhã fazendo um des ile de babacas de um homem só . — Fechando os olhos, ela pegou a carne e jogou tudo na frigideira, um pouco alarmada com o chiado que se seguiu. — Ele é viú vo. Hannah contornou a lateral do fogã o, apoiando um cotovelo na parede que estava muito mais limpa do que estava esta manhã . — Como você descobriu isso? — Está vamos discutindo. Eu disse que sentia pena de sua esposa. — Jesus. Piper gemeu enquanto cutucava a carne com uma espá tula enferrujada. Ela deveria, tipo, virar isso em algum ponto?
— Eu sei. Ele meio que me deixou escapar mesmo tendo cutucado a sua ferida, no entanto. O que foi surpreendente. Ele poderia realmente ter me culpado. — Piper mordeu o lá bio por um momento. — Eu pareço realmente mimada? Sua irmã estendeu a mã o sob o boné vermelho para coçar a tê mpora. — Nó s duas somos mimadas, Pipes, no sentido de que recebemos tudo o que podı́amos desejar. Mas nã o gosto dessa palavra, porque signi ica que você é … estragada. Como se você nã o tivesse boas qualidades. E você tem. — Ela franziu o cenho. — Ele chamou você de mimada? — Tem sido fortemente implı́cito. Hannah fungou. — Eu nã o gosto dele. — Eu també m. Principalmente seus mú sculos. Que nojo. — De initivamente havia mú sculos. — Hannah concordou com relutâ ncia. Entã o ela a abraçou e suspirou, deixando Piper saber exatamente em quem ela estava pensando. — Ele nã o pode competir com Sergei, no entanto. Ningué m pode. Percebendo que suas mã os estavam gordurosas por causa da carne, Piper estendeu a mã o para a pia, que estava bem ali, graças à cozinha ter mais de um metro de largura, e lavou as mã os. Ela as enxugou em um pano e o pousou, depois voltou a cutucar a carne. Estava icando bem marrom, entã o ela jogou as rodelas de cebola, parabenizando-se por ser a pró xima Giada. — Você sempre foi atrá s dos artistas famintos — ela murmurou para Hannah. — Você gosta de torturá -los. — Nã o vou negar. — Hannah tirou o boné e passou os dedos pelos cabelos de comprimento mé dio. Cabelo tã o bonito quanto o de Piper, mas usado para baixo com muito menos frequê ncia. Um crime, para o jeito de Piper pensando, mas ela percebeu há muito tempo que Hannah seria Hannah - e ela nã o queria mudar nada sobre sua irmã . — Mas Sergei é diferente. Ele nã o está apenas ingindo estar nervoso, como os outros diretores com quem trabalhei. Sua arte é tã o agridoce, comovente e austera. Como uma das primeiras cançõ es de Dylan. — Você falou com ele desde que chegamos aqui? — Somente por meio das reuniõ es de grupo do Zoom. — Hannah foi até a geladeira estreita e tirou uma Coca Diet, abrindo a tampa. — Ele foi tã o compreensivo sobre a viagem. Eu consigo manter meu emprego… e ele consegue manter meu coraçã o. — Ela disse melancolicamente. Elas trocaram um bufo. Mas o som morreu na garganta de Piper quando as chamas saltaram do balcã o. O balcã o da cozinha? Nã o, espere. O trapo… o que ela usou para secar as mã os.
Estava pegando fogo. — Merda! Hannah! — Meu Deus! Que porra é essa? — Nã o sei! — Operando por puro re lexo, Piper jogou a espá tula no fogo. Nã o surpreendentemente, isso nã o fez nada para subjugar o fogo. As chamas laranja lamejantes estavam apenas icando maiores, e o laminado do balcã o era basicamente inexistente. Será que os pró prios contadores també m podem pegar fogo? Eles nã o eram nada mais do que madeira quebradiça. — E esse o pano que usamos para limpar? — Pode ser... sim, acho que sim. Estava encharcado naquela coisa de limã o. — No canto dos olhos de Piper, Hannah pulava na ponta dos pé s. — Vou descer correndo e procurar um extintor de incê ndio. — Eu nã o acho que haja tempo. — Piper gritou - e a irritou que neste momento de morte certa, ela quase podia ouvir Brendan rindo de seu funeral. — Está bem, está bem. Agua. Precisamos de á gua? — Nã o, eu acho que á gua torna tudo pior. — Hannah respondeu ansiosamente. A carne agora estava envolta em chamas, assim como sua curta carreira na cozinha. — Bem, Jesus. Eu nã o sei o que fazer! — Ela avistou um par de pinças na borda da pia, agarrou-as, hesitou uma fraçã o de segundo antes de beliscar uma ponta do pano em chamas e arrastar toda a bagunça fumegante para a frigideira, em cima da carne. — O que você está fazendo? — Hannah gritou. — Nã o sei! Nó s izemos isso! Vou apenas retirá -lo deste pré dio antes de queimarmos o lugar. E entã o Piper desceu correndo as escadas com uma panela. Uma panela que continha um inferno de carne e algodã o encharcado de Pinho-Sol. Ela podia ouvir Hannah correndo escada abaixo atrá s dela, mas nã o entendeu uma palavra do que sua irmã disse, porque ela estava cem por cento focada em sair do pré dio. No caminho pelo bar, ela se pegou pensando nas palavras de Mick Forrester no inı́cio daquele dia. Rapaz, seu pai tinha uma ótima risada. Às vezes, juro que ainda o ouço sacudindo as vigas deste lugar. A lembrança desacelerou seu passo momentaneamente, a fez olhar para o teto, antes que ela chutasse a porta da frente e corresse para a movimentada rua Westport com uma frigideira em chamas, gritando por socorro.
Capı́tulo Nove Brendan examinou o menu do Red Buoy na lousa, embora já
soubesse muito bem que pediria peixe com batatas fritas. Todas as segundas-feiras à noite, ele encontrava Fox no pequeno restaurante de Westport. Uma instituiçã o que existia desde que seus avó s trabalhavam nos barcos de pesca. Brendan nunca deixou de conseguir a mesma coisa. Nã o fazia sentido consertar algo que nã o estava quebrado, e o Red Buoy tinha os melhores peixes da cidade. Os moradores entravam e saı́am, gritando olá uns para os outros, a maioria pegando comida e levando para sua famı́lia em casa, com sacolas gordurosas debaixo do braço. Esta noite, Brendan e Fox estavam usando uma das trê s mesas do local, esperando que seus pedidos icassem prontos. E se Fox notou Brendan olhando muitas vezes para o Sem Nome do outro lado da rua, ele nã o mencionou. — Você está ainda mais quieto do que o normal — comentou Fox, recostando-se tanto na cadeira que foi um milagre ele nã o ter caı́do. Ele nã o faria isso, Brendan sabia. Seu melhor amigo e capitã o do Della Ray raramente dava um passo em falso. Dessa forma, ele fez jus ao seu nome. — Você tem caranguejos no cé rebro, capitã o? Brendan resmungou, olhando para o outro lado da rua novamente. Se ele nã o tinha caranguejos no cé rebro, com certeza precisava colocá -los lá . Em algumas semanas, eles estariam fazendo a viagem ao mar de Bering para a temporada. Por duas semanas depois disso, eles estariam caçando naquelas á guas frias, mas familiares, fazendo o possı́vel para encher a barriga do barco com caranguejos o su iciente para sustentar sua equipe de seis pessoas até o pró ximo ano. Cada membro da tripulaçã o e marinheiro do Della Ray trabalhava durante o ano todo na pesca fora do porto de Westport, alé m de participar da temporada, mas o caranguejo-real era o dia de pagamento deles, e os homens de Brendan contavam com ele para fazer as entregas. — Tenho estudado os mapas — disse Brendan inalmente, obrigando-se a se concentrar na conversa e nã o no pré dio do outro lado. — Tenho a sensaçã o de que os russos vã o colocar seus barcos onde deixamos os nossos no ano passado, imaginando que seja um lugar que trará resultados. Mas a temporada é mais cedo do que nunca neste ano e as maré s estã o mais volá teis. Nada é garantido. Fox considerou isso. — Você está pensando em ir mais para o oeste? — Norte. — Eles trocaram um olhar de cumplicidade, ambos cientes das á guas turbulentas que se estendiam naquela direçã o. — Nã o
consigo pensar em uma tripulaçã o que teve muita sorte indo em direçã o à Ilha de St. Lawrence. Mas eu tenho um palpite. — Ei. Seus palpites sempre deixaram minha conta bancá ria feliz. — Ele caiu para frente, batendo sua garrafa de Bud contra a de Brendan. — Vamos fazer esta maldita coisa. Brendan acenou com a cabeça, satisfeito em deixar o silê ncio se estabelecer. Mas ele percebeu que Fox parecia estar lutando contra um sorriso. — Você tem algo a dizer? — Brendan inalmente perguntou. A boca de Fox se espalhou em um sorriso que o tornou popular com mulheres. Na verdade, ele nã o tinha ido ao Sem Nome no domingo à noite porque tinha feito uma viagem a Seattle para ver uma mulher que conheceu pela internet. Vendo que ele havia passado duas noites lá , Brendan teve que presumir que o encontro havia sido... bem-sucedido, embora ele tivesse cortado a lı́ngua antes de pedir detalhes. Era melhor deixar esse tipo de coisa no privado. Por alguma razã o, o fato de seu melhor amigo ser popular com as mulheres o estava incomodando mais do que o normal. Ele nã o conseguia entender por quê . — Posso ter algo a dizer. — respondeu Fox, de uma forma que presumia que ele realmente tinha. — Fiz uma caminhada até o porto esta manhã . Ouvi dizer que temos visitas de LA na velha Westport. Dizem que você teve um belo bate-papo com uma delas. — Quem disse? Seu amigo encolheu os ombros. — Nã o se preocupe com isso. — Algué m da tripulaçã o, entã o. Sanders. Fox estava visivelmente se divertindo. — Você está olhando para a janela do Sem Nome, capitã o. — Havia uma covinha estú pida na bochecha do capitã o. Sempre esteve lá ? As mulheres gostavam de merdas assim? — Ouvi dizer que ela nã o desistiu do seu olhar mortal. Brendan icou enojado. Principalmente porque ele estava certo. Piper nã o recuou. Nã o ontem à noite e nã o esta manhã . — Você parece uma adolescente fofocando em sua primeira festa do pijama. Isso arrancou uma risada da Fox. Mas seu amigo voltou a beber sua cerveja por um momento, seu sorriso perdendo um pouco do entusiasmo. — Está tudo bem, você sabe — disse ele, mantendo a voz baixa em deferê ncia aos outros clientes que aguardavam seus pedidos. — Já se passaram sete anos, cara. — Eu sei quanto tempo faz. — OK. — Fox cedeu, conhecendo-o bem o su iciente para mudar de assunto. Nã o é o assunto de sua esposa. Mas o assunto de... seguir em
frente. Em algum ponto, perto ou longe. Mesmo o vislumbre dessa conversa o deixou nervoso. Como tudo em sua vida, ele permaneceu casado em sua mente desde que ela faleceu, porque se tornou um há bito. Uma rotina. Uma espé cie de conforto. Entã o ele nã o estava dando boas-vindas à possibilidade. Ainda assim, quando os dois se levantaram para pegar seus pedidos um minuto depois e se sentarem à mesa, Brendan nã o começou a comer imediatamente. Em vez disso, ele encontrou sua mã o fechada em punho sobre a mesa, à direita do prato. Fox també m viu e esperou. — Nã o saia farejando a mais velha. Piper. — Brendan murmurou. — E també m nã o me peça para explicar o porquê . Fox baixou o queixo, sua boca em uma linha sé ria, mas seus olhos estavam felizes pra caralho. — Nem uma ú nica cheirada. Você tem minha palavra... — O amigo de Brendan deixou cair o garfo que ele tinha acabado de pegar, sua atençã o voltada para algo acontecendo na rua. — O que diabos? A cabeça de Brendan girou e calculou a situaçã o no espaço de um segundo, a mente do capitã o procurando imediatamente por uma soluçã o. Sua vida pode seguir cronogramas e rotina, mas essa mentalidade organizada foi o que tornou mais fá cil para ele gerenciar o caos. Surgiram problemas, as soluçõ es se apresentaram. Apenas mais um imprevisto. Mas isso... Ele nã o se sentia como de costume assistindo Piper disparar para a rua. Seu corpo se moveu para ele, no entanto. Ele disparou da mesa e gritou para a garota de registro que usava viseira: — Extintor de incê ndio. Agora. Ela icou pá lida como um fantasma, e caramba, ele teria que se desculpar por assustá -la mais tarde, mas naquele momento, ele estava atravessando a rua rapidamente, puxando o pino do extintor. Por alguns segundos infernais, ele observou Piper girar em cı́rculos, procurando um lugar seguro para pousar a panela que estava pegando fogo, antes que ela nã o tivesse escolha a nã o ser jogá -la na rua. — Saia daı́. — Brendan ordenou, mirando e apagando as chamas. Deixou para trá s uma panela carbonizada do sé culo XIX, pelo que parecia. Ele respirou fundo, percebeu que seu coraçã o estava disparado em seu peito. Sem parar para pensar, ele largou o extintor e agarrou os pulsos de Piper, virando as mã os dela para procurar marcas de queimadura. — Você se machucou? — Nã o — ela respirou, piscando para ele. — Obrigada. Hum... obrigada por apagar o fogo. Ele largou as mã os dela, sem saber se queria reconhecer a queda livre de alı́vio que sentiu por ela nã o ter se machucado. Recuando, ele tirou o gorro, deixando uma onda de irritaçã o invadir sua barriga.
— Sé rio, Piper? — Brendan gritou. — Eu só estava brincando sobre ter o corpo de bombeiros na discagem rá pida. Até que Hannah se colocou entre eles, Brendan nem percebeu que a irmã zinha havia seguido Piper para fora do pré dio. Ah, mas ela estava lá , ela estava chateada, e sua raiva era dirigida diretamente a ele. — Nã o grite com ela, seu brutamontes de merda. Interiormente, ele se encolheu. Brutamontes? Fox fez um som sufocado. Brendan se virou para dizer ao amigo para manter a boca fechada e percebeu que estavam atraindo uma multidã o. Uma multidã o curiosa. — Hannah, está tudo bem. — Piper suspirou, saindo de trá s de sua irmã . Com o rosto vermelho de vergonha, ela usou a bainha da camisa para pegar a frigideira. O movimento deixou quase todo o estô mago dela exposto, e Brendan apertou seus molares juntos. Se ele nã o pô de deixar de notar a pequena verruga à direita de seu umbigo, ningué m mais pô de. Ela nã o estava mais usando aquela coisa de lantejoulas, mas sim uma bermuda, estava com o cabelo solto e tinha uma mancha de sujeira no nariz, ela nã o era menos bonita. — Ignore-o. — Piper disse, dispensando-o com um toque de sua mã o. — Você sabe de um lugar onde eu possa jogar isso fora? — Ignore-o, a senhora diz. — disse Fox, divertido. — Quem você é , o ajudante bonitinho? — Hannah acenou para Fox que estava completamente atordoado e reorientou sua ira em Brendan. — A ú ltima coisa que ela precisa é de outro cara fazendo ela se sentir um lixo. Deixe-a em paz. — Hannah. — Piper sibilou bruscamente, passando por ela. — Nã o vale a pena icar chateada. Venha me ajudar. Mas sua irmã nã o tinha acabado. — E foi minha culpa. Deixei o pano de limpeza no balcã o da cozinha, todo encharcado de produtos quı́micos. Ela é a ú nica que salvou o pré dio de um incê ndio. — Hannah o cutucou no meio do peito. — Fique. Longe. Dela. Brendan estava se sentindo pior a cada segundo. Algo engraçado estava preso em sua garganta, e o apetite com o qual ele havia saı́do de casa o havia abandonado. Ele ainda estava cambaleando por Hannah chamá -lo de brutamontes quando ela disse: A última coisa que ela precisa é de outro cara fazendo ela se sentir um lixo, e agora algo quente e perigoso estava fervendo em sua barriga. Nada disso era familiar. Mulheres, especialmente as com metade de seu tamanho, nã o gritavam com ele na rua. Ou assustá -lo pra caralho quase pegando fogo. Parte dele queria que o dia acabasse logo para poder recomeçar amanhã , esperando e rezando para que tudo voltasse ao normal. Mas, em vez disso, ele descobriu que queria... consertar essa situaçã o com Piper mais do que ele queria se apegar ao seu orgulho. Talvez ele estivesse pegando a maldita gripe ou algo assim, porque
quando Piper jogou a panela em uma lata de lixo e navegou de volta para seu pré dio, icou claro que ela pretendia ir para casa sem dizer mais nada a ele. E por alguma razã o, ele simplesmente nã o podia permitir que isso acontecesse. Deixe-a em paz, disse a irmã , e seu pedido de desculpas icou preso na garganta. Como se ele fosse um idiota premiado que saiu por aı́ ferindo os sentimentos das mulheres. Nã o. Só esta. Por que só esta? Brendan pigarreou com força. — Piper. A mulher em questã o parou com a mã o na porta, deu uma sacudida impaciente no cabelo que era sexy demais para uma noite de segundafeira em Westport. Sua expressã o dizia: Você de novo? Enquanto isso, Hannah franziu a testa para ele. — Eu disse para deixar minha irmã — Escute. — Brendan disse para a mais jovem. — Eu ouvi o que você disse. Eu respeito você por dizer isso. Você é bem durona para algué m de Los Angeles. Mas eu nã o sigo ordens, eu as dou. — Ele deixou ela absorver isto. — Eu gritei com ela porque é isso que as pessoas fazem quando há um perigo. — Por cima da cabeça de Hannah, ele encontrou o olhar de Piper. — Eu nã o vou fazer isso de novo. Uma ruga apareceu entre as sobrancelhas de Piper e, droga, ele icou aliviado. Pelo menos ela nã o parecia mais indiferente em relaçã o a ele. — Está tudo bem, Hannah. — Piper disse, sua mã o caindo longe da porta. — Se você quiser voltar lá para cima, posso ir pegar uma comida para o jantar. Hannah ainda nã o se mexia. Nem a multidã o em torno deles. Brendan també m nã o podia culpar os moradores por serem curiosos. Essas duas garotas estavam totalmente deslocadas nos arredores da pequena vila de pescadores. Como duas explosõ es de cores. Piper avançou e colocou a cabeça no ombro da irmã . — Eu aprecio que você me defenda, Hanns, mas você é uma amante, nã o uma lutadora. — Ela deu um beijo na bochecha. — Vá relaxar. Seus á lbuns do Radiohead estã o escondidos no bolso secreto da minha mala Chanel acolchoada vermelha. A irmã mais nova engasgou, girando sobre Piper. — Eles nã o cabiam em nenhuma das minhas malas. Você os trouxe para mim? — Eu os estava guardando para um dia chuvoso. — Ela bateu com o quadril no de Hannah. — Vá . Ligue o toca-discos e ouça o mais alto que puder. — Você é fã de vinil? — Fox saltou, lembrando Brendan que ele estava ali em primeiro lugar. Hannah olhou duvidosamente para o
amigo de Brendan, mas isso só serviu para aprofundar aquela covinha estú pida. Ele apontou o polegar na direçã o do porto. — Você sabe, há uma loja de discos pertinho daqui. Eu poderia te mostrar. Os olhos da Bellinger mais jovem se arregalaram como os de uma coruja. — Fox. — Brendan avisou, pegando seu braço e puxando-o de lado. — Ah, pare com isso. — Fox rebateu, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. — Ela é uma criança. — Eu nã o sou uma criança. — Hannah chamou. — Tenho vinte e seis anos! Fox baixou a voz e se aproximou. — Jesus, ela é fofa, mas ela nã o poderia estar mais longe do meu tipo. Só estou tentando ganhar algum tempo para você icar a só s com Piper. — Ele ergueu uma sobrancelha. — E quem nã o gostaria de um tempo sozinho com Piper. Meu Deus, cara. Sanders nã o lhe fez justiça. — Cale a boca, porra. Seu amigo riu. — Você realmente sabe como recuperar o tempo perdido, nã o é ? — Eu disse, nã o me faça explicar. — Brendan rangeu fora. — Tudo bem. Tudo bem. Apenas faça isso por mim. — Fox murmurou. — Eu a trarei de volta em vinte minutos, e posso até dizer algumas coisas boas sobre sua bunda rabugenta. Nã o faria mal. Brendan odiava admitir que Fox tinha razã o. Este foi seu terceiro encontro com Piper, e ele foi um idiota nas trê s vezes. No inı́cio, porque ela julgou sua cidade. Entã o ele chegou à conclusã o de que ela era uma garota rica excessivamente indulgente. Depois disso, ele só poderia culpar o fato de estar dolorosamente enferrujado com o sexo oposto. E isto... estar sozinho com uma mulher. Foi um grande passo. Ele poderia dar a ela um pedido de desculpas simples agora, ir para casa, tentar parar de pensar nela. Sim, ele poderia fazer isso. Apenas evitar esta parte da cidade por trê s meses e manter o curso de sua rotina. Ela olhou para ele atravé s dos cı́lios. Nã o como se estivesse lertando. Mais... curioso. Como se ela estivesse se perguntando sobre ele. E ele se arrependeu das má s impressõ es que causou. — Ele é meu capitã o substituto. Se ele nã o a trazer de volta em vinte minutos, poderia afogá -lo e fazer com que parecesse um acidente. Um sorriso brincou em seus lá bios, e ele se perguntou - nã o pô de evitar - que tipo de homem receberia um beijo de uma mulher assim. — Tire uma foto da identidade dele, Hanns. — Piper disse, ainda olhando para Brendan como se ele fosse um quebra-cabeça que ela nã o tinha certeza se queria resolver. — Envie-me uma mensagem primeiro. Deslizando a carteira do bolso de trá s, Fox assentiu. — Acho que eles as ensinam de forma inteligente e bonita em LA. — Uau. — Piper sorriu para Fox. — Um elogio. Eu estava começando a achar que isso era contra a lei em Westport.
Brendan lançou um olhar mortal para Fox. — O que eu disse? Fox deslizou seu documento para Hannah. — Desculpe, capitã o. O charme vem naturalmente. A Bellinger mais jovem tirou uma foto da carteira de motorista de Fox. Um momento depois, houve um bing, e Piper con irmou que ela tinha as informaçõ es vitais do homem. Fox fez um gesto para que Hannah o seguisse, e ela o fez, de braços cruzados. Mas nã o antes de ela emitir um aviso para Brendan. Meu Deus, o que aconteceu com ele sendo tã o respeitado nesta cidade? Se essas duas garotas tivessem as ferramentas adequadas, ele tinha certeza absoluta de que estaria coberto de alcatrã o e penas agora. Talvez pendurado na ponta dos pé s no porto como um prê mio. Brendan fechou a distâ ncia entre eles, sentindo como se estivesse caminhando sobre uma prancha. Mas ele nã o precisava se preocupar em icar sozinho com Piper, porque ele jurou que metade da maldita cidade ainda estava por perto, se inclinando para ver como ele sairia da casa do cachorro. — Aquele incê ndio arruinou seu jantar? Ela acenou com a cabeça, brincando com a bainha de sua camisa. — Eu acho que o universo simplesmente nã o podia permitir algo tã o perfeito. Você deveria ter visto. A carne mal parecia mais com cé rebros. Ele foi pego de surpresa pelo desejo de sorrir. — Eu, uh... — Ele recolocou seu gorro, tentou assustar alguns moradores locais com uma fungada alta, grati icado quando eles se espalharam em todas as direçõ es. — Foi rude gritar antes. Peço desculpas. — Senhor, ela estava ainda mais bonita com o pô r do sol em seus olhos. Provavelmente foi por isso que ele acrescentou: — Desta vez e das outras vezes. A boca de Piper se torceu e ela abaixou a cabeça um pouco, como se estivesse tentando camu lar seu pró prio sorriso. — Obrigada. Desculpas aceitas. Brendan grunhiu e baixou o queixo na direçã o da bó ia vermelha. — Eles chamaram meu nú mero um pouco antes do negó cio do fogo. Vá lá e coma. — Quando ela piscou, ele reproduziu sua demanda e percebeu que era exatamente o que tinha sido. Uma demanda. — Se você quiser. — ele acrescentou. Ela cantarolou e passou por ele, seu perfume subindo e aparentemente fazendo algo em seu cé rebro, porque ele a seguiu sem mandar a ordem aos pé s. Todos se viraram e olharam quando eles entraram e se sentaram na mesma mesa. Inferno, os clientes esperando por seus pedidos nem mesmo tentaram disfarçar seu interesse. Ele nã o queria que nenhum deles ouvisse a conversa. Nã o era da conta deles. Essa foi a ú nica razã o pela qual ele se sentou ao lado de
Piper e puxou sua cadeira um pouco mais perto. Brendan empurrou o prato de peixe com batatas fritas na frente dela, pegou o garfo e colocou-o na mã o dela. — Entã o... — Ela espetou a menor batata frita do prato e ele franziu a testa. — Seu amigo é seu capitã o substituto. Isso faz você ... o capitã o? Obrigado, Cristo. Algo sobre o qual ele pudesse falar. — Isso mesmo. Eu sou o capitã o do Della Ray. — Oh. — Ela inclinou a cabeça. — De onde vem esse nome? — Eu peguei o barco do meu sogro, Mick. Tem o nome de sua esposa. — Que româ ntico. — Se falar de seus sogros era uma conversa estranha, ela nã o deixou transparecer. Em vez disso, seu interesse parecia aguçado. — Eu e Hannah caminhamos até o porto esta tarde. Muitos barcos tê m nomes de mulheres. Há uma razã o para isso? Ele pensou em Piper se aventurando ao longo de seu porto e se perguntou quantos acidentes de carro ela havia causado. — As mulheres sã o protetoras. Carinhosas. Um barco recebe o nome de uma mulher na esperança de que ela proteja a tripulaçã o. E esperança de poder falar bem com a outra mulher importante em nossas vidas, o oceano. Ela deu uma mordida no peixe, mastigando um sorriso. — Você já teve uma mulher em sua equipe? — Jesus Cristo, nã o. — Lá se foi o sorriso. — Estou tentando não afundar. A diversã o dançou em seu rosto. — Portanto, a ideia de mulheres é reconfortante, mas sua presença real seria um desastre. — Sim. — Bem, isso faz todo o sentido. — Seu sarcasmo foi transmitido com uma piscadela. — Meu padrasto nos contou um pouco sobre a pesca do caranguejo-real. E apenas algumas semanas no ano? — Muda a cada temporada, dependendo da oferta, o resultado geral do ano anterior. Piper acenou com a cabeça. — O que você faz no resto do ano? Alé m de gritar com mulheres inofensivas na rua. — Você está pensando em guardar isso por muito tempo? — Eu nã o decidi. — Justo. — Ele suspirou, notou que ela havia parado de comer e colocou a mã o do garfo em açã o. Quando ela colocou uma mordida de tamanho decente em sua boca, ele continuou. — No verã o, pescamos atum. Esses sã o os trabalhos mais longos. Quatro, cinco dias fora. Entre essas longas viagens, fazemos viagens noturnas para trazer salmã o, truta e bacalhau. Suas sobrancelhas se ergueram e ela inclinou o garfo em direçã o ao prato.
— Você pescou isso? — Talvez. Ela cobriu a boca. — Isso é tã o esquisito. E? Ele meio que gostava de icar sentado ali enquanto ela comia algo que ele trouxera em seu barco. Ele gostava de saber que a maior parte da cidade ganhava dinheiro com suas capturas ou alimentava suas famı́lias com elas, mas nunca pareceu que o orgulho masculino endurecia seu peito como agora. — Você quer que eu faça um pedido para sua irmã ? Ou eles podem embalar o jantar de Fox, e ele pode se defender sozinho. — Ela icará feliz com a sua outra metade. — Ela empurrou o prato de Fox para ele. — Você deveria comer o dele, no entanto. Nã o sei o que é , mas parece bom. Brendan grunhiu. — E um empadã o. — Ah. — Ela esperou, mas ele nã o fez mençã o de pegar o garfo. — Você nã o gosta de empadã o? — Nã o é peixe com batatas fritas. — E isso é ruim. — Nã o é ruim, só nã o é o que eu peço. — Ele se mexeu na cadeira, perguntando-se se os assentos sempre foram tã o desconfortá veis. — Eu sempre peço o peixe com batatas fritas. Piper o estudou novamente, por baixo de seus longos cı́lios - e ele desejou que ela nã o o izesse. Cada vez que ela fazia isso, o zı́per de sua calça jeans parecia apertado. — Você nunca comeu mais nada no menu? — Nã o. Eu gosto do que eu peço. — Isso é tã o chato, no entanto. — Eu chamo isso de seguro. — Ah nã o. — Uma expressã o sé ria apareceu em seu rosto. — Você acha que há uma mulher pescadora escondida nesta torta, Brendan? Sua gargalhada a fez pular. Inferno, fez-lhe saltar. Algué m já o pegou desprevenido assim? Nã o, ele achava que nã o. Ele se virou ligeiramente para encontrar os funcioná rios do Red Buoy e meia dú zia de clientes olhando para ele. Quando ele se virou, Piper estava segurando o garfo. — Experimente a torta. Seja corajoso. — Eu nã o vou gostar. — Entã o? Então? — Eu nã o tento coisas. Se eu decidir comer a torta, terei que comer tudo. Eu nã o saio por aı́ experimentando merda e seguindo em frente. Isso é indeciso. — Se Hannah estivesse aqui, ela diria que seu problema é psicoló gico.
Brendan suspirou para o teto. — Bem, eu nã o parecia ter nenhum problema até que você s duas apareceram e começaram a apontá -los. Uma batida se passou. — Brendan. Ele baixou o queixo. — O quê ? Ela estendeu o garfo. — Experimente a torta. Nã o vai te matar. — Cristo. Se for tã o importante para você . — Brendan arrancou o garfo da mã o dela, tomando cuidado para nã o arranhá -la com os dentes. Quando ele segurou o garfo acima da casca do empadã o, ela pressionou os nó s dos dedos contra a boca e gritou um pouco. Ele balançou a cabeça, mas uma parte dele estava aliviada por ela nã o parecer estar passando por um momento terrı́vel. Mesmo que o entretenimento dela viesse à s custas dele. Ele reconheceu que meio que devia a ela depois da cena na rua, nã o foi? Sim. Ele espetou o garfo na torta, puxou-o com um pouco de frango, legumes e molho. Colocou na boca e mastigou. — Eu odeio isso. — Algué m atrá s do balcã o engasgou. — Sem ofensa — ele chamou sem se virar. — Só nã o é peixe com batatas fritas. As mã os de Piper caı́ram de seu rosto. — Bem, isso foi decepcionante. Ele continuou comendo, apesar do molho escorrendo pelo seu lá bio superior. — Você realmente vai comer a coisa toda — ela murmurou — nã o é ? Ele deu outra grande mordida. — Eu disse que sim. Eles comeram em silê ncio por alguns minutos até que ele notou a atençã o dela se voltando para a janela, e ele pô de ver que ela estava pensando no incidente da frigideira. Outra pontada de culpa o pegou no meio por gritar com ela. — Você está pensando em tentar cozinhar de novo? Ela considerou seu prato de comida, no qual ela mal havia tocado. — Eu nã o sei. O objetivo era sobreviver uma noite e partir daı́. — Ela semicerrou os olhos para ele. — Talvez eu tenha mais sorte se der ao nosso fogã o um nome de mulher. Brendan pensou por um segundo. — Eris. — Ela inclinou a cabeça curiosamente para ele. — A deusa do caos. — Ha-ha. Piper largou o garfo, sinalizando que ela havia terminado de comer, e Brendan sentiu um pontapé de urgê ncia. Eles estavam sentados lá por uns bons dez minutos, e ele ainda nã o sabia nada sobre ela. Nada
importante, de qualquer maneira. E ele nã o se importaria de dar sentido a ela, essa garota que apareceu mimada em um minuto e vulnerá vel no pró ximo. Inferno, havia algo fascinante sobre como ela olhou em uma direçã o, depois na outra, dando dicas de algo mais profundo, antes de dançar para longe. Ele tinha realmente falado sobre pescar durante a maior parte do jantar? Ele queria perguntar o que Hannah quis dizer quando disse que os homens tratam Piper como lixo. Essa declaraçã o icou presa em sua garganta desde que a ouviu. — Você nã o me respondeu esta manhã . Por que exatamente você está em Westport? — Foi o que ele perguntou em vez disso. Ela estava passando os dedos pelos cabelos, mas parou quando ouviu sua pergunta. — Você disse trê s meses. — ele continuou. — E um tempo bastante especı́ ico. Embaixo da mesa, sua perna começou a balançar. — E uma histó ria meio estranha. — Você precisa de uma cerveja antes de contar? Seus lá bios se contraı́ram. — Nã o. — Ela fechou os olhos e estremeceu. — E mais do que estranho, na verdade. E humilhante. Nã o sei se devo lhe dar essa muniçã o. Cara, ele tinha realmente sido um bastardo. — Eu nã o vou usar isso contra você , Piper. Ela o perfurou com aqueles olhos azuis e parecia satisfeita com o que via. — OK. Basta manter a mente aberta. — Ela soltou um suspiro. — Tive um té rmino ruim. Em pú blico. E eu nã o queria ser rotulada de paté tica na mı́dia social, certo? Entã o, mandei mensagens em massa para centenas de pessoas e os mandei para o telhado da piscina no Mondrian. Ficou fora de controle. Tipo, helicó pteros da polı́cia, fogos de artifı́cio e nudez descontrolada. Entã o fui presa e quase custou ao meu padrasto o dinheiro da produçã o de seu pró ximo ilme. Ele me enviou aqui com quase nenhum dinheiro para me ensinar uma liçã o... e me forçar a ser autossu iciente. Hannah nã o me deixou vir sozinha. O garfo de Brendan icou suspenso no ar por um bom minuto. Ele tentou juntar as peças, mas tudo sobre este mundo que ela havia descrito estava tã o longe do dele que soava quase como um faz-deconta. — Quando foi isso? — Algumas semanas atrá s — disse ela em uma expiraçã o. — Uau, parece muito pior quando falo em voz alta. — Mastigando o lá bio inferior, ela procurou seu rosto. — O que você está pensando? Que você estava certo e eu sou apenas uma pirralha rica e mimada? — Nã o coloque palavras na minha boca. Você já está me fazendo comer essa porcaria de torta.
— Nã o, eu nã o estou! Ele empurrou outra mordida de merda, sua mente girando de volta para o té rmino ruim que ela mencionou. Por que sua cabeça parecia estar prestes a explodir? — Estou pensando muitas coisas — disse ele. — Mas nã o consigo imaginar você na prisã o. — Nã o foi tã o ruim. A guarda, Lina, era uma boneca. Ela me deixou usar o banheiro normal. — Como você conseguiu isso? — Pessoas gostam de mim. — Ela olhou para ele daquele jeito adorá vel. — A maior parte do tempo. Ele bufou. — Sim, eu posso ver isso. O lerte. Ela engasgou. Entã o encolheu os ombros. — Sim. — Alguns segundos se passaram. — Você nã o me deixou lertar com você . E entã o pensei que você fosse casado. Todo o meu padrã o foi jogado fora,e agora nã o sei como agir. Tentar lertar de novo parece inú til. O inferno que foi. — Tente. — Nã o. Eu nã o posso! — ela gaguejou. — A terceira parede já foi derrubada. Ele estava suando por baixo das roupas? O que diabos havia de errado com ele? — Qual é a pró xima etapa apó s o lerte? Depois de se ter estabelecido? — Estabelecido? Eca. — Ela encolheu os ombros. — Alé m disso, eu nã o sei. Nunca cheguei tã o longe. — Ela cruzou as pernas, atraindo seu olhar para o deslizamento de seu short ao longo da parte inferior lisa de sua coxa. E lá se foi seu zı́per novamente, con inando as coisas. — Saı́mos do assunto de toda a minha histó ria só rdida. — Nã o, nã o saı́mos — respondeu ele. — Ainda estou digerindo tudo. Juntamente com— Nã o se atreva a trazer a torta de novo. — Cada um deles ofereceu um meio sorriso. — De qualquer forma, a menos que eu consiga encontrar um caminho de volta para Los Angeles, eu e Hannah estaremos aqui até o Halloween. Acho que minha melhor aposta é gastar menos tempo cozinhando, mais tempo tentando descobrir como se preparar. — Ela bateu a unha na mesa. — Talvez se houvesse uma maneira de provar que aprendi a ser responsá vel, Daniel me deixaria voltar para casa. Brendan estava pensando em Piper estar em uma festa que envolvia nudez - em que posiçã o, exatamente? Ela icou nua? - Entã o ele falou com mais rigor do que o pretendido.
— Aqui está uma ideia. Por que você nã o tenta e realmente aproveita seu tempo fora do nono cı́rculo do inferno que é Los Angeles? — Quem disse que nã o estou me divertindo? Olhe para mim, sendo atacada por peixe com batatas fritas. Se isso nã o é viver, estou fazendo errado. — Sorrindo, ela colocou uma batata frita na boca, e ele tentou nã o vê -la mastigar. — Mas você está certo. Eu poderia me esforçar mais. Talvez eu encante um daqueles pescadores fofos no porto para me levar para pescar. Algo á cido borbulhava em sua traqueia com a perspectiva dela no barco de outro homem. — Você poderia. Se você quisesse uma experiê ncia abaixo da mé dia. — Você está dizendo que poderia me dar uma melhor? — Claro que sim. Eles ainda estavam falando sobre pesca? Brendan nã o sabia. Mas ele estava excitado... e ela parecia estar esperando por algo. Para ele convidá -la para sair em seu barco? Uma brisa de pâ nico manteve sua boca fechada por um momento a mais. Piper lançou-lhe um olhar avaliador e visivelmente seguiu em frente, levantando-se quando sua irmã e Fox apareceram do lado de fora do restaurante. — Ali estã o eles. Vou embrulhar o resto para levar. — Ela se inclinou e beijou ambas as bochechas, como se eles estivessem na droga de Paris ou algo assim. — Obrigada pelo jantar, capitã o. Eu prometo icar longe de você . Enquanto ela despejava o restante do peixe com batatas fritas em um recipiente e ricocheteava para se juntar à irmã , Brendan nã o tinha certeza se queria Piper fora de seu caminho. Se nã o o izesse, ele perderia uma abertura clara para convidá -la para sair. De manhã , ele partiria para uma pescaria de trê s dias, entã o - supondo que ele quisesse a oportunidade de ver mais da garota de Los Angeles - ele teria que esperar por outra. E pode nunca acontecer. Fox se deixou cair na cadeira ao lado dele, sorrindo de orelha a orelha. — Como foi, capitã o? — Cala a boca.
Capı́tulo Dez Piper foi presa em um pesadelo no qual ratos gigantes com
pequenos narizes a perseguiram atravé s de um labirinto enquanto ela empunhava uma frigideira em chamas. Entã o, quando ela ouviu a batida na porta na manhã seguinte, seu pensamento ao acordar foi O rei dos ratos veio atrá s de mim. Ela girou em uma posiçã o sentada e bateu com a cabeça na cama de cima. — Ai — ela reclamou, empurrando a má scara de olho até a testa e apalpou o ponto de colisã o com um dedo. Já está dolorido. Um bocejo veio de cima. — Você bateu com a cabeça de novo? — Sim — ela resmungou, tentando entender por que havia acordado em primeiro lugar. Nã o era como se a luz do sol pudesse ser iltrada pela janela e pelo pré dio ao lado. Nã o quando uma escassa polegada os separava da parede vizinha. O apartamento estava quase preto. Ainda nã o podia ser o nascer do sol. Um punho bateu duas vezes na porta, e ela gritou, sua mã o voando para o centro do peito. — O rei dos ratos — ela se engasgou. Hannah deu uma risadinha. — O quê ? — Nada — Piper sacudiu as teias de aranha mentais e olhou para a porta com cautela. — Quem está aı́? — E o Brendan. — Oh. — Ela olhou para cima e soube que estava trocando uma carranca com Hannah, embora elas nã o pudessem se ver. O que o rabugento capitã o do barco precisava dela que nã o podia esperar até o horá rio normal das pessoas? Cada vez que ela pensava quando eles tinham se visto pela ú ltima vez, ele parecia estar bem ali, na sua frente, lhe observando. A confundindo. Ela nã o mentiu sobre nã o saber como agir na presença dele. Normalmente era fá cil seduzir, lertar, elogiar e deixar os homens na palma de sua mã o. Até que se entediavam e seguiam em frente, o que pareciam fazer cada vez mais rá pido nos dias de hoje. Mas isso nã o vinha ao caso. Brendan roubou o trunfo da garota bonita de seu baralho e ela nã o conseguiu recuperá -lo. Ele deu muitas espiadas atrá s da cortina agora. A primeira vez que se encontraram, ela era um rato afogado e ofendeu sua amada Westport. Na segunda vez, ela blasfemou contra sua esposa morta. Na terceira, ela quase queimou esta relı́quia de edifı́cio... Embora comer com ele tenha sido meio… bom. Talvez essa nã o fosse a palavra certa.
Diferente. De initivamente diferente. Ela conversou com um homem sem tentar constantemente apresentar seu melhor â ngulo e rir da maneira certa. Ele parecia interessado no que ela tinha a dizer. Ele estava? Obviamente, ele nã o tinha icado instantaneamente extasiado com a aparê ncia dela. Seus experientes olhares de vem para cá só o deixaram mais mal-humorado. Entã o, talvez ele quisesse ser seu amigo! Tipo, com base na personalidade dela. Isso nã o seria incrı́vel? — Sim — ela murmurou atravé s de um bocejo. — Amigos. Balançando as pernas para a beira da cama, ela calçou os chinelos de veludo preto Dolce & Gabbana acolchoados até a porta. Antes de abri-la, ela cedeu à vaidade e esfregou as ramelas nos cantos dos olhos. Ela abriu a porta e esticou o pescoço para olhar o rosto do capitã o malhumorado. Piper começou a dizer bom dia, mas Brendan pigarreou com força e deu um passo para trá s, olhando para o batente da porta. — Vou esperar até você se vestir. — Desculpe...? — Com o nariz enrugado, ela olhou para seu top e calcinha. — Oh. — Aqui. — Hannah chamou sonolenta, jogando um travesseiro para Piper. — Obrigada — Ela o pegou, segurando-o diante de si como um escudo fofo. Espere aı́. Este homem que ela julgou como pouco mais do que um valentã o estava... corando? — Ah, qual é , Brendan — ela riu. — Há muito pior no meu Instagram. No Instagram de qualquer pessoa, na verdade. — Nã o no meu. — Hannah disse, a voz abafada. Um segundo depois, ela estava roncando suavemente. Pela primeira vez, Piper notou o kit de ferramentas aos pé s de Brendan. — Para que serve tudo isso? Finalmente, Brendan permitiu que sua atençã o voltasse para ela, e um mú sculo se contraiu em sua mandı́bula. O travesseiro cobria Piper do pescoço à parte superior da coxa, mas a curva de seu traseiro coberto pela calcinha ainda era visı́vel. Os olhos de Brendan viajaram por aquela onda agora, continuando pela linha das costas dela, engolindo em seco. — Eu mudei a fechadura da porta lá embaixo — disse ele com voz rouca, seu olhar voltando para o dela. — Vim mudar esta també m. Isso levará apenas alguns minutos. — Ah. — Piper se endireitou. — Por quê ? — Partimos esta manhã por trê s noites. Ultima pescaria antes da temporada de caranguejo. Eu só ... — Ele se agachou e começou a vasculhar sua caixa, o metal tilintando de forma que ela mal pudesse
ouvi-lo quando ele disse: — Queria ter certeza de que este lugar era seguro. Os dedos de Piper se apertaram no travesseiro. — Isso foi muito legal da sua parte. — Bem. — Ferramentas na mã o, ele endireitou-se mais uma vez em toda a sua altura. — Eu vi que você nã o tinha feito isso. Mesmo que você tenha tido dois dias. Ela balançou a cabeça. — Você tinha que ir e estragar o belo gesto, nã o é ? Brendan grunhiu e começou a trabalhar, aparentemente tendo decidido ignorá -la. Ok. Só para irritá -lo, ela deixou cair o travesseiro e foi fazer café . Na viagem de sua irmã à loja de discos com Fox, Hannah encontrou uma loja de eletrô nicos familiar, comprando o tipo de cerveja que normalmente se encontra em um quarto de hotel. Eles estavam vendendo por dez dólares. Quem vende alguma coisa por dez dó lares? Elas se alegraram com a caça de pechinchas de Hannah, da mesma forma que Piper costumava celebrar a descoberta de um vestido Balmain de quatro mil dó lares em uma venda de amostra. — Gostaria de uma xı́cara de café ? — Piper perguntou a Brendan. — Nã o, obrigado. Já tomei uma. — Deixe-me adivinhar. — Depois de adicionar uma caneca de á gua, ela abaixou a tampa da má quina e ligou-a. — Você nunca toma mais do que uma xı́cara. Um grunhido. — Duas aos domingos. — Suas sobrancelhas se curvaram para baixo e juntas. — O que é essa marca vermelha na sua cabeça? — Ah. — Seus dedos se levantaram para cutucar o alto dolorido. — Nã o estou acostumada a dormir com outra cama um metro acima da minha. Eu continuo batendo minha cabeça na cama de cima. Ele fez um som. Continuou carrancudo. Seu visı́vel mau humor fez com que o canto da boca de Piper se erguesse. — O que você vai pescar desta vez? — Linguado. Rock ish. Ela revirou os olhos com a resposta abrupta e se recostou no balcã o da cozinha lascado. — Bem, Hannah e eu conversamos sobre isso e estamos abertas a sugestõ es. — Ela pegou o café acabado, mexendo-o com o dedo e bebendo. — Queremos aproveitar nosso tempo em Westport. Diga-me para onde ir. O que fazer. Brendan levou mais um minuto para terminar a fechadura. Ele testou e recolocou suas ferramentas na caixa antes de se aproximar dela, tirando algo do bolso de trá s. Ela sentiu um formigamento na pele macia de suas coxas e soube que ele a estava examinando, mas ingiu nã o notar. Principalmente porque ela nã o sabia como se sentir a
respeito. Aquela queimaçã o familiar de consideraçã o masculina nã o estava dando a ela o estrondo obrigató rio de sucesso. A atençã o de Brendan a fez icar meio que... inquieta. Ele teria que estar morto para nã o olhar. Mas o interesse real era outra coisa. Ela nem tinha certeza do que faria se Brendan mostrasse mais do que um olhar passageiro para suas curvas. E ele ainda estava usando sua aliança de casamento. Ou seja, ele ainda estava preso a sua falecida esposa. Entã o ela e Brendan seriam amigos. De initivamente, apenas amigos. Brendan pigarreou. — Você está a cinco minutos a pé do farol. E ainda está quente o su iciente para a praia. També m há uma pequena vinı́cola na cidade. Meus homens estã o sempre reclamando de ter que ir lá nos encontros. Eles tê m algo chamado ponto para sel ies. Entã o você deve adorar. — Isso é verdade. — També m trouxe alguns cardá pios de comida — disse ele em voz baixa, jogando-os no balcã o e, com ele tã o perto, era impossı́vel nã o registrar a grande diferença de tamanho. Ou sentir o cheiro de seu desodorante de á gua salgada. Amigos, ela lembrou a si mesma. Um viú vo enlutado nã o era material para cobiçar. Engolindo em seco, Piper olhou para os menus. Ele trouxe trê s deles. Ela franziu os lá bios. — Acho que é muito cedo para ser insultada. — Isso nã o sou eu dizendo para você nã o cozinhar. Estes sã o para casos de emergê ncia. — Ele abriu o primeiro cardá pio dobrado, de um restaurante chinê s. — Em cada um deles, procurei e circulei o que pedi todas as vezes, para você saber o melhor prato. Ela bateu no quadril dele, embora graças a ele ser um pé mais alto, sua mã o pousou em algum lugar perto do topo de sua coxa. — Você quer dizer, o ú nico que você já tentou? Um sorriso ameaçou aparecer em seu rosto. — Eles sã o o mesmo. — Meu Deus. — Você está com seu telefone à mã o? — Brendan perguntou. Assentindo, ela girou nos calcanhares, deu dois passos e pegou o travesseiro descartado, segurando-o sobre sua bunda para acabar com o sofrimento dele - e para deixá -lo saber que ela tinha percebido o seu olhar. Ela pegou o celular em seu lugar de honra sob o travesseiro, entã o girou, transferindo o travesseiro mais uma vez para bloquear sua frente. Quando ela se virou, Brendan estava olhando para ela com curiosidade, mas nã o comentou sobre sua sú bita modé stia. — Se você e sua irmã tiverem algum problema enquanto eu estiver fora, ligue para Mick. — Ele abaixou o queixo— Ele é meu... sogro.
— Nó s o conhecemos ontem. — Piper disse, sorrindo atravé s da estranha tensã o com a mençã o de Brendan ter um sogro — Ele é um amor. Brendan pareceu momentaneamente pego de surpresa. — Ah. Certo. Bem, ele nã o está muito longe daqui. Deixe-me dar a você as informaçõ es de contato dele, caso você precise de algo. — Sim, capitã o.— Ela bateu os pé s descalços — E depois disso, vou limpar o convé s. Ele bufou. — Você usou um esfregã o pela primeira vez... Piper sorriu. — Oh, você notou nosso trabalho de limpeza, nã o é ? — Sim. Nada mal — ele comentou, olhando ao redor do apartamento — Pronta? Piper programou o nú mero de Mick em seu telefone enquanto ele o dizia. — Obrigada— Pegue o meu també m — ele disse abruptamente, repentinamente fascinado por um dos menus — Nã o terei sinal na á gua, mas... — Pegar para o caso de eu precisar de conselhos sobre culiná ria quando você voltar? Ele fez um som a irmativo com a garganta. Piper apertou os lá bios para esconder um sorriso. Ela tinha visto Brendan com seu amigo Fox. Como eles se al inetavam feito irmã os enquanto conversavam. Realmente nã o deveria ser uma surpresa que fazer novos amigos nã o fosse algo natural para ele. — Tudo bem. Dê -me esses dı́gitos, capitã o. Ele parecia aliviado com o incentivo dela, recitando o nú mero enquanto ela discava no telefone. Quando ela anotou o nú mero, a cabeça dele se ergueu como se tentasse descobrir de onde vinha o som. — Esse é o seu telefone — disse ela, e riu — Estou ligando para que você també m tenha meu nú mero. — Hum. — Ele acenou com a cabeça, o canto da boca puxando um pouco. — Certo. Ela colocou a mã o em concha em volta da boca e sussurrou: — Devo esperar nudes? — Jesus Cristo, Piper — ele resmungou, endireitando os menus para viagem e sinalizando o im da discussã o. Mas ele hesitou um segundo antes de caminhar para a porta. — Agora que você tem o meu nú mero, signi ica que da pró xima vez que você invadir uma piscina na cobertura, estarei no convite em massa? Brendan piscou para que ela soubesse que estava brincando. Mas ela nã o pô de deixar de sorrir com a imagem mental deste homem caminhando por um mar de riquinhos e mimados de Los Angeles. — Ah, sim. Você está dentro.
— Otimo. Depois de mais uma varredura quase imperceptı́vel de suas pernas, Brendan tossiu em seu punho e se virou novamente. Ele pegou sua caixa de ferramentas e começou a descer as escadas. Bem desse jeito. Seu trabalho estava feito e as formalidades eram estú pidas. Piper o seguiu, olhando para ele do topo da escada. — Somos amigos, Brendan? — Nã o — ele respondeu, sem perder o ritmo. Sua boca estava aberta, uma risada saindo dela quando ela fechou a porta. Hannah se sentou e perguntou: — O que diabos está acontecendo aı́? Lentamente, ela balançou a cabeça. — Nã o tenho a menor ideia.
Capı́tulo Onze Brendan sentou-se na cabine do Della Ray encarando a tela de seu
telefone. Ele deveria ter ajudado a tripulaçã o a carregar os mantimentos e o gelo de que precisariam para manter o peixe fresco no porã o. Mas eles partiriam em dez minutos e ele precisava aproveitar os ú ltimos minutos restantes de acesso à Internet, embora ela fosse uma merda no porto. Ele baixou o Instagram; agora eles estavam pedindo informaçõ es pessoais. Ele tinha que ser um membro dessa coisa estú pida para olhar fotos? Caramba. Ele nã o deveria estar fazendo isso. Mesmo se Piper tivesse dado a informaçã o de que ela estava aparentemente seminua nesta porra de aplicativo, ele nã o deveria estar olhando. Na verdade, se ele esperava se concentrar muito nesta viagem, ele absolutamente nã o deveria estar adicionando isto ao tesouro das imagens de Piper que já lutuam em sua cabeça. Em primeiro lugar, estava a memó ria de Piper atendendo a porta com aquela calcinha branca. Branca. Ele nã o teria imaginado isso. Talvez rosa-brilhante ou azul-pavã o. Mas inferno, o algodã o branco cobrindo sua boceta, um contraste inocente e sexy, deixou-o inquieto por meia hora depois e baixando aplicativos como um maldito adolescente. Ele estava rangendo os dentes desde que saiu do Sem Nome, havia privado de suas palmas deslizarem para baixo na curva lexı́vel de sua bunda - e Deus, ele nã o tinha que pensar nisso. Por que ela se cobriu com o travesseiro pela segunda vez? Ele tinha estado tã o obviamente excitado que a deixou desconfortá vel? Considerando isso, ele franziu a testa. Ele nã o gostou da ideia de ela estar nervosa. Nã o perto dele. De jeito nenhum. — Tudo carregado. Estamos prontos — disse Fox, entrando na cabine do leme, o boné dos Marinheiros puxado para baixo sobre os olhos. Mas nã o baixo o su iciente para que Brendan nã o os visse acender. — Você está baixando o Instagram, capitã o? — Quem está baixando o Instagram? — Sanders perguntou, abaixando sua cabeça ruiva e cacheada sob o batente da porta — Quem ainda nã o tem Instagram? — Pessoas que tê m coisas melhores para fazer. — Brendan rosnou, fechando a boca de ambos. — Eles estã o me pedindo para escrever um nome de usuá rio. Entrou um terceiro membro da tripulaçã o, Deke, seus dedos marrom-escuros envolvendo uma garrafa de Coca enquanto ele tomava um gole.
— Nome de usuá rio para quê ? Brendan inclinou a cabeça para trá s. — Jesus Cristo. — Instagram — disse Sanders, informando Deke. — Você está fuçando as fotos de Piper, nã o está ? — Fox perguntou, sua expressã o era de puro prazer eterno — Está fazendo o download de algumas fotos para mantê -lo aquecido na viagem? — Você pode fazer isso? — Brendan meio que gritou. — Algué m pode simplesmente baixar fotos dela? — Eu, você , qualquer um — disse Deke. — E a internet, cara. Brendan olhou para o telefone com repulsa. Para ele, esse era ainda mais um motivo para entrar nesse aplicativo idiota e ver o que acontecia. — Nã o me deixa usar meu pró prio nome como nome de usuá rio. — Sim, provavelmente porque cerca de novecentos Brendan Taggarts se juntaram antes de você . — Entã o, o que devo usar? — Capitã oFo inho69 — Fox cuspiu. — EuTenhoCarrangueijosParaVocê — forneceu Deke. — EscorregadioQuandoMolhado. Brendan icou olhando. — Você s estã o todos demitidos. Vã o para casa. — Tudo bem, tudo bem, vamos falar sé rio — disse Fox, levantando as mã os. — Você tentou Capitã oBrendanTaggart? Ele grunhiu, clicando na tela com um dedo contundente. Demorou uma eternidade, porque seu dedo era tã o grande que ele continuava acertando letras erradas. — Foi — ele resmungou inalmente, mudando de posiçã o na cadeira do capitã o. — O que eu faço agora? Deke se acomodou ao lado de Sanders, como se estivessem no meio da maldita hora da fofoca. — Pesquise o nome dela — disse ele, puxando seu pró prio telefone. Brendan apontou para ele. — E melhor você nã o estar olhando. O homem guardou o telefone no bolso novamente sem dizer outra palavra. — O capitã o é um pouco sensı́vel sobre Piper. — Fox explicou, ainda com aquele sorriso de comedor de merda. — Ele nã o sabe o que fazer com seus sentimentos confusos de homem. Brendan ignorou seu amigo e preferiu digitar o nome de Piper na barra de pesquisa, suspirando quando uma lista inteira de opçõ es apareceu. — A marca de veri icado signi ica que é ela? — Ooh. — Sanders se animou. — Ela tem um veri icado? — Isso é bom ou ruim?
Deke acabou com sua Coca, soltando um arroto que ningué m reagiu. Era apenas um componente da trilha sonora de um barco de pesca. — Isso signi ica que ela tem um grande nú mero de seguidores. Signi ica que ela é famosa na Internet, chefe. Fazendo um som baixo com a garganta, Brendan apertou a marca de veri icaçã o... e Piper explodiu na tela de seu telefone. E, Cristo, ele nã o sabia onde diabos olhar primeiro. Um pequeno quadrado tinha uma foto dela ajoelhada na arrebentaçã o na praia, com as costas à mostra, vestindo nada alé m de um biquı́ni estreito. Ele poderia ter encarado sua linda bunda o dia todo - e ele de initivamente voltaria mais tarde quando estivesse sozinho - mas havia mais. Muito mais. Milhares de fotos de Piper. Em outra, ela usava um vestido vermelho, com lá bios da mesma cor, um martı́ni na mã o e o pé balançando de brincadeira. Mais bonita do que qualquer um tinha o direito de ser. Ele se concentrou em uma recente, de algumas semanas atrá s, e icou de queixo caı́do com o espetá culo. Quando ela contou a ele aquela histó ria sobre como ela foi presa e enviada para Westport, ele presumiu que ela embelezou um pouco. Nã o. Lá estava ela, entre a multidã o barulhenta, envolta em fumaça e fogos de artifı́cio, os braços erguidos. Feliz e viva. E foi esse o nú mero de pessoas que clicaram no coraçã o? Mais de três milhões? Brendan passou a mã o pelo rosto. Piper Bellinger era de um planeta diferente e mais vistoso. Ela está fora do seu alcance. Muito fora. Lembrando-se de como ele a alimentou com peixe e batatas fritas na noite anterior, quando ela estava obviamente acostumada com caviar e champanhe, ele icou envergonhado. Se ele pudesse voltar no tempo e nã o trazer para ela aqueles cardá pios estú pidos de comida, ele o faria em um piscar de olhos. Deus, ela devia estar rindo dele. — Nó s vamos? — Fox perguntou. Brendan pigarreou com força. — O que signi ica “seguir”? — Nã o faça isso. — Deke se apressou em dizer. — Nã o clique. Seu polegar já estava subindo. — Tarde demais. Todos os trê s membros da tripulaçã o se levantaram. — Nã o. Brendan, nã o me diga que você acabou de apertar o botã o azul — Sanders gemeu, com as mã os em seu cabelo ruivo. — Ela vai ver que você a seguiu. Ela vai saber que você a perseguiu na Internet. — Nã o posso simplesmente parar de seguir agora? — Brendan começou a bater novamente.
Fox se lançou para frente. — Nã o! Nã o, isso é ainda pior. Se ela já percebeu que você a seguiu, só vai pensar que você está brincando. — Jesus. Vou excluir tudo — disse Brendan, jogando o celular no painel, onde se chocou contra o para-brisa. Sua tripulaçã o o encarou com expectativa, esperando que ele dissesse algo que izesse sentido. — Mais tarde — ele rosnou, ligando o motor. — Vã o trabalhar. Assim que os trê s homens sumiram de vista, ele pegou o telefone de volta lentamente. Pesando-o na mã o por um momento, ele abriu o aplicativo novamente e percorreu o feed de Piper até que uma imagem o deteve. Ela estava sentada ao lado de Hannah em um trampolim, as duas enroladas na mesma toalha, gotas de á gua por todo o rosto. Parecia a Piper com quem ele jantou na noite anterior. Ela era aquela garota? Ou a ousada animal da festa? O grande nú mero de fotos dela brilhando em festas, bailes e até mesmo em premiaçõ es sugeriam que ela amava os holofotes, a riqueza e o luxo. Merda, ele nã o sabia nada. Mais do que isso, ela claramente gostava de homens bem cuidados e elegantes, provavelmente com contas bancá rias iguais à s dela. E isso signi icava que seu interesse por ela nã o era apenas irritante, era ridı́culo. Ele era um pescador obstinado. Ela era uma socialite rica e aventureira. Ele nã o conseguia nem pedir algo novo em um restaurante, e ela jantava com celebridades. Saía com eles. Ele apenas teria que passar os pró ximos meses mantendo sua admiraçã o por ela para si mesmo, para nã o parecer um idiota. Com um ú ltimo olhar para a foto dela sorrindo no trampolim, ele determinadamente en iou o telefone no bolso da frente da calça jeans e se concentrou no que sabia. Pescar.
Capı́tulo Doze Obviamente elas visitaram a adega primeiro.
Brendan estava certo sobre Piper amar o local para sel ies - maldito seja - uma parede em tons de joias havia sido pintada para se parecer com vitrais, trepadeiras subindo pelas laterais e envolvendo um letreiro né on dizendo VINO. Essencialmente, um altar para adorar os deuses da mı́dia social. Hannah nã o bebia. Graças a quatro taças de vinho, muitas tentativas foram feitas para obter uma imagem nã o borrada de Piper antes que uma adequada fosse tirada. Piper aplicou um iltro antes de passar para o Instagram. Automaticamente, ela clicou em suas noti icaçõ es. — Ah, olha só isso. — Seus batimentos dispararam — Brendan me seguiu — Ela entrou em seu per il e engasgou. — Oh. Eu sou a única que ele está seguindo. Ele acabou de criar a conta. Hannah apertou as bochechas. — Hum, garoto. Coisa de principiante. — Sim... — Mas foi uma coisa muito, muito cativante també m. Como ela se sentia sobre Brendan olhando para sua in inidade de peitos e as curvas de seu corpo? Mesmo suas fotos mais modestas eram meio provocadoras. E se a falta de modé stia dela o afastasse? Ele realmente criou um per il apenas para segui-la? Talvez Hannah tivesse razã o sobre a mı́dia social ter muita propriedade sobre seus pensamentos e prazer. Agora ela iria passar os pró ximos trê s dias se perguntando quais fotos Brendan olhava e o que ele pensava delas. Ele riria de suas legendas? Se este feed do Instagram fosse o seu vislumbre da vida de Piper Bellinger, isso substituiria a impressã o da vida real que ela lhe deu? — Você deveria ter visto aquela pequena loja de discos, Pipes. — Hannah disse tomando um gole de vinho. Sua irmã costuma fazer mais sobre uma loja de discos depois de beber demais, em vez de um exnamorado ou uma paixã o. Até onde ela conseguia se lembrar, Hannah vivia imersa em fones de ouvido, seu rosto enterrado nas letras das mú sicas. Quando ela completou dezesseis anos, Piper a levou para seu primeiro show - Mumford & Sons - e a pobre garota quase desmaiou com a coisa toda. Sua alma era feita de notas musicais — Eles tinham um pô ster de um show do Alice in Chains em 1993. Está pregado na parede! Porque eles nã o tiveram coragem de derrubá -lo! Piper sorriu com o entusiasmo de sua irmã . — Por que você nã o comprou nada? — Eu queria. Havia um LP do Purple Rain muito bom, mas o preço era muito baixo. Teria sido como roubar.
— Você é uma boa pessoa, garota. — Piper teve o desejo mesquinho de rolar seu feed do Instagram e ver tudo pelos olhos de Brendan, mas ela o ignorou com determinaçã o. — Entã o. Como é o Fox? Hannah pousou o copo. — Uh-uh. Nã o me pergunte assim. — O quê ? Ele é fofo. — Ele nã o é meu tipo. — Nã o está deprimido e amargo o su iciente? Sua irmã bufou. — O telefone dele apitou umas cem vezes em vinte minutos. E uma garota apaixonada ou vá rias admiradoras, e meu dinheiro está apostado no ú ltimo. — Sim. — Piper admitiu — Ele tinha aquele olhar de playboy. Hannah balançou os pé s. — Alé m disso, eu acho que ele estava apenas fazendo a coisa do amigo puxa-saco. Ele nã o perdeu tempo em exaltar as virtudes de Brendan. — Sé rio? — Piper tomou um gole de vinho muito casual. — O que Fox tinha a dizer sobre ele? Apenas por curiosidade. Sua irmã estreitou os olhos. — Diga-me que você nã o está interessada nele. — Uau. Eu nã o estou. Sua aliança de casamento está tipo, soldada em seu dedo. — E ele é mau com você . — Hannah mudou o peso do corpo no banquinho, parecendo que estava se esforçando para dizer algo. — Você tem sido pisoteada por alguns caras malvados ultimamente, certo? Adrian, por exemplo. E aquele antes dele que produziu o primeiro episó dio de uma sé rie de icçã o cientı́ ica da HBO, cujo nome nã o me lembro. Só quero ter certeza de que você nã o está caindo em um padrã o ruim. Piper recuou um pouco. — Um padrã o onde eu escolho homens que vã o me fazer sentir uma merda? — Bem... sim. Ela repassou seus ú ltimos trê s relacionamentos. O que nã o demorou muito, já que juntos duraram seis semanas. — Merda. Você pode estar certa. — Eu estou? — As sobrancelhas de Hannah se ergueram. — Quero dizer... eu sei. — Ok, estarei mais ciente disso — disse Piper, esfregando uma dor no centro do peito. Se sua irmã estava certa, por que ela estava colhendo maçã s podres de propó sito? A ideia de um bom relacionamento a assustava? Porque ela nã o achava que poderia fazer parte de um? Nã o era apenas possı́vel, mas prová vel. Ainda assim, colocar Brendan na categoria de “maçã podre” nã o parecia certo. —
Nenhum daqueles outros caras era do tipo que pedia desculpas. Eles de initivamente nã o eram o tipo de cara que ansiava por sua esposa morta. Acho que estou apenas curiosa sobre Brendan mais do que qualquer outra coisa. Nã o temos homens como ele em LA. — Isso é verdade. — Nó s tivemos uma conversa real sem conotaçõ es sexuais. Nenhum de nó s checou nossos telefones nem uma vez. Foi muito estranho. Provavelmente estou apenas... fascinada. — Bem, tenha cuidado. — Mordendo o canto da boca, Hannah começou a dobrar um guardanapo de bar em um aviã o. — Ou divirta-se com Fox em vez disso. Aposto que seria muito menos complicado. Piper nã o conseguia nem se lembrar do rosto do cara. Apenas que o classi icou como atraente. Agora, o rosto de Brendan. Ela podia se lembrar até dos pé s de galinha se espalhando nos cantos de seus olhos. As manchas prateadas pontuando o verde de suas ı́ris. Suas mã os gigantescas e envelhecidas, a largura de seus ombros. Ela se sacudiu. Eles izeram uma refeiçã o juntos ontem. Claro que ela se lembrava dessas coisas. Você consegue se lembrar da voz de Adrian? — Eu acho que talvez eu apenas vou icar comigo mesma nesta viagem. — Piper murmurou. Duas horas depois, elas desceram a calçada, traçando o caminho para casa. Já passava da hora de colocar a irmã mais nova na cama. As quatro horas da tarde, mas quem estava controlando? Atravessando a rua em direçã o a casa, os passos de Piper diminuı́ram. Parecia que elas tinham uma visita. Um velhinho com uma caixa de ferramentas e um sorriso como a luz do sol. — Senhorita. — Hum, olá . — Piper cutucou Hannah alertando-a, acenando para o homem que esperava do lado de fora do Sem Nome. Pensando bem, voltar para casa e encontrar um morador local à sua porta estava começando a se tornar um há bito. — Oi. Posso ajudar? — Na verdade, estou aqui para ajudá -la. — Com a mã o livre, ele tirou um pedaço de papel do bolso da camisa. — Eu sou dono de uma loja de ferragens em West Paci ic. Meus ilhos tê m o controle do lugar agora, mas eles tê m os pequenos, entã o só conseguem chegar mais tarde pela manhã . Quando abri hoje, havia um bilhete colado na minha porta. Ele o estendeu para Piper. Como isso poderia pertencer a ela? Com um encolher de ombros mental, ela pegou a nota e examinou as quatro linhas contundentes com uma obstruçã o crescente em sua garganta. Bar Sem Nome. Apartamento no andar de cima. Piper Bellinger. Necessita de acolchoamento instalado na base da beliche superior. Ela continua batendo com a cabeça.
Capitão Taggart. — Ai, meu Deus — ela respirou, abanando-se com a nota. Eu estou levitando? Ela tinha acabado de decidir ser apenas amiga do capitã o do mar. Isso de initivamente nã o iria ajudar a desviar sua atraçã o um tanto irritante por ele. — Ele deixou algum dinheiro para cobrir isso — disse o homem, estendendo a mã o para dar um tapinha no braço dela. — Você vai ter que me ajudar a subir as escadas quando estivermos dentro, eu temo. Minhas pernas decidiram que já viveram o su iciente quando eu iz setenta, mas o resto de mim ainda está aqui. — Certo. E claro. Deixe-me pegar as ferramentas. — Grata por algo para distraı́-la do gesto de Brendan, Piper pegou a caixa empoeirada. — Hum. Hannah? — O quê ? — Olhos de coruja piscaram de volta. — Oh. Bocejando, Hannah transferiu seu peso bê bado para a lateral do pré dio para que Piper estivesse livre para destrancar a porta. Todos eles entraram, viajando em uma marcha comicamente lenta em direçã o à s escadas. Piper enganchou seu braço direito no esquerdo do velho, e eles seguiram o andar irregular de Hannah em direçã o ao apartamento. — Eu sou Piper, a propó sito. A garota da nota. — Eu provavelmente deveria ter veri icado. Minha esposa teria algumas perguntas se eu deixasse algum estranho me levar ao apartamento dela. — Ela riu, ajudando-o a subir o quinto degrau e o sexto, com passos lentos e constantes. — Eu sou Abe. Eu vi você caminhando ontem no porto. Normalmente ico sentado do lado de fora do museu marı́timo lendo meu jornal. — Sim. Eu vi você . Ele parecia satisfeito por ela se lembrar. — Eu costumava ler o jornal lá fora todos os dias, mas está cada vez mais difı́cil subir as escadas até a varanda. Só consigo me sentar lá à s quartas e quintas agora. Esses sã o os dias de folga da minha ilha no supermercado. Ela me acompanha e me ajuda a subir, para que eu possa sentar na sombra. Nos outros dias, eu sento no gramado e rezo para que o sol nã o esteja muito forte. Segurando Abe, Piper destrancou a porta do apartamento. Uma vez que eles estavam dentro, ela en iou uma garrafa de á gua nas mã os de Hannah, Piper gesticulou para o beliche. — E aqui. Você pode ser capaz de ver o contorno da minha cabeça nessas placas agora. Abe acenou e se agachou muito lentamente para acessar sua caixa de ferramentas. — Agora que estamos na luz, posso ver aquele hematoma que você está exibindo també m. Ainda bem que estamos consertando isso.
Enquanto Abe trabalhava no beliche de cima com uma pistola de pregos, Piper tentou evitar as cutucadas provocadoras de Hannah na sua cintura. — Brendan nã o gosta de Piper com dó i-dó i. Brendan arranja... — Oh, cale a boca — ela sussurrou, apenas para os ouvidos de sua irmã . — Isso é exatamente o que as pessoas fazem em cidades pequenas como esta. Talvez ele esteja tentando esfregar o horror de LA na minha cara. — Nã o. Primeiro a fechadura. Agora isso. — Uau. Ela realmente arrastou esse s. — Ele é um verdadeiro campeã o. — Eu pensei que você nem gostasse dele. O que aconteceu com 'Deixe minha irmã em paz, seu valentã o'? — Na é poca, eu quis dizer isso. — Hannah resmungou. — Olha, estou apenas esperando que eu possa voltar ao meu habitat natural. Nã o há necessidade de distraçõ es. — Mas– — Você nã o me encorajaria a ter um caso com um pescador de caranguejo, nã o é ? — Ela deu uma olhada em Hannah, seguida por uma fungada. — Vou contar para a mamã e. Hannah revirou os olhos e abriu a boca para dar uma resposta, mas Abe interrompeu com um alegre — Terminei! Deus, quã o alto elas haviam falado no inal daquela conversa? Abe deve ter interpretado sua expressã o preocupada, porque ele riu. — Eu espero que você nã o se importe que eu diga, foi bom ouvir uma briga entre irmã s. Os meus irmã os cresceram, casaram e se mudaram, você sabe. Passo muito tempo com meus ilhos na loja, mas eles se dã o tã o bem. Piper se abaixou para ajudar Abe a colocar tudo de volta em sua caixa de ferramentas. — Entã o... hum. — Ela baixou a voz vá rios tons. — Você conhece bem o capitã o Taggart? Sua irmã bufou. — Todo mundo conhece o capitã o, mas ele gosta de ser reservado. Nã o fala muito, só entra na loja e compra o que precisa. Nã o importa onde esteja. — Abe deu um tapa no joelho e se levantou. — Ele é totalmente focado. — Ele é . — Piper concordou, pensando um pouco demais sobre aqueles olhos verdes prateados. Como eles tentaram tanto icar acima de seu pescoço. Quando Abe pigarreou, ela percebeu que estava olhando para o nada. — Desculpe. Deixe-me ajudá -lo a descer as escadas. — Eu vou embora. — Abe disse quando eles alcançaram o primeiro nı́vel, um sorriso contornando sua boca — Me conte, você já foi visitar Opal?
Opal. Opal. Piper procurou esse nome em seu banco de memó ria. Mick Forrester nã o havia mencionado uma Opal e anotado o endereço da mulher? Por que todos pensaram que ela iria visitar essa pessoa? Obviamente, ela precisava obter algumas respostas. — Hum, nã o. Ainda nã o. Ele pareceu um pouco desapontado, mas escondeu isso rapidamente. — Certo. Bem, foi um prazer conhecê -la, Piper. Nã o se esqueça de dar um oi quando me vir do lado de fora do museu. — Eu nã o vou esquecer. — Ela entregou-lhe a caixa de ferramentas com cuidado, certi icando-se de que ele aguentaria o peso. Enquanto o observava se dirigir para a porta, seus pé s se arrastando, a rigidez nas pernas ó bvia, uma ideia brotou em sua cabeça. — Ei, Abe. Tenho um horá rio bastante lexı́vel aqui, e o museu ica apenas a uma curta caminhada. Entã o... tipo, eu nã o sei, se você quiser sentar do lado de fora e ler seu jornal mais de duas vezes por semana, eu poderia ir até lá e ajudá -lo a subir até a varanda. Por que ela estava nervosa com a possibilidade de que esse velhinho a rejeitasse? E isso que um homem sentiu quando pediu o nú mero dela? Seus nervos se acalmaram quando Abe se virou para ela com uma expressã o esperançosa. — Você faria isso? — Claro — disse ela, surpresa com a sensaçã o de ser ú til. — Sextafeira de manhã ? Eu poderia te encontrar fora da loja de ferragens depois da minha corrida. Ele piscou. — Combinado. *** Hannah havia renunciado à bebida, entã o elas evitaram mais idas à vinı́cola. Em vez disso, elas izeram uma faxina. Até mesmo colocaram algumas cortinas listradas de verde e branco no apartamento. Por sugestã o de Brendan, visitaram o farol e izeram um passeio de um dia até a praia, embora a abundâ ncia de pedras e a necessidade de um moletom por volta das trê s da tarde nã o se parecesse com o litoral da Califó rnia. Ainda assim, Piper se encontrou relaxando, se divertindo, e o resto da semana passou mais rá pido do que o esperado. Ela saiu para correr na sexta-feira de manhã , terminando do lado de fora da loja de ferragens onde Abe esperava, um jornal enrolado debaixo do braço. Ele a encheu de perguntas sobre a vida em Los Angeles na caminhada até o museu marı́timo – ele era um homem que raramente se aventurava fora de Westport – e ela o deixou na cadeira
Adirondack com a promessa de ncontra-lo novamente amanhã de manhã . Piper desceu até o inal de uma das docas do porto e balançou os pé s para o lado, olhando para a ampla boca do Pacı́ ico. O que Brendan estava fazendo naquele exato momento? Ela meio que esperava que a distâ ncia e o tempo a livrassem do formigamento in lexı́vel que sentia cada vez que pensava nele. Mas trê s dias se passaram, e sua imagem ainda pipocava em sua mente com uma regularidade irritante. Esta manhã , ela acordou com um sobressalto, sentou-se em uma posiçã o vertical, e o acolchoamento impediu sua testa de bater no beliche de cima. E ela caiu de volta em seu travesseiro com um suspiro apaixonado. Ele estava pensando nela? — Ugh, Piper. — Ela icou de pé no inal da doca — Organize sua vida. — Ela precisava de outra distraçã o. Outra maneira de absorver algum tempo, para que seus pensamentos nã o continuassem voltando para Brendan. Talvez agora fosse um bom momento para resolver um misté rio chamado: Opal. Piper tinha tirado uma foto do endereço que Mick deu a ela fora do Sem Nome, e ela rolou até ele agora, batendo com o polegar. Distraçã o alcançada. Ela disse a Mick que visitaria a mulher, e com um dia inteiro pela frente, nã o havia tempo como o presente. Ela digitou o endereço em seu aplicativo de mapa, bufando para si mesma quando chegou depois de apenas dois minutos de caminhada. Opal morava em um pré dio de apartamentos com vista para Grays Harbor, e era meio estranho, invadindo o apartamento de algué m sem ligar antes, mas a porta do vestı́bulo destrancou imediatamente. Dando de ombros, Piper pegou o elevador até o quinto andar e bateu na porta do apartamento 5F. A porta se abriu e uma mulher que Piper estimava estar no inal dos anos sessenta saltou para trá s, uma mã o voando para sua garganta. — Ai, meu Deus, pensei que você fosse minha cabeleireira, Bá rbara. — Ah! Desculpa! — As bochechas de Piper queimaram. — Eu me perguntei por que você me atendeu tã o rá pido. Você é Opal, certo? — Sim. E nã o vou comprar nada. — Nã o, nã o estou vendendo nada. Eu sou Piper. Bellinger — Ela estendeu a mã o para um aperto. — Mick me disse que eu deveria ir ver você . Eu sou... Filha de Henry Cross? Um tipo diferente de tensã o agarrou os ombros de Opal. — Oh, meu Senhor — ela respirou. Algo carregou o ar, fazendo com que os cabelos da nuca de Piper se arrepiassem. — Você ... me conheceu quando eu era um bebê , ou...?
— Sim. Sim. Eu conheci. — Opal levou a mã o à boca e largou-a. — Eu sou Opal Cross. Eu sou sua avó . *** Eu sou sua avó. Essas palavras soaram como se fossem dirigidas a outra pessoa. Pessoas que compram sué teres de tricô feios na manhã de Natal ou que adormecem na parte de trá s de seu carro apó s uma viagem a Bakers ield. Os pais de sua mã e moravam em Utah e se comunicavam por telefone, exceto os de Henry... bem, ela parou de se perguntar sobre qualquer famı́lia extensa do lado de seu pai bioló gico, há muito tempo, a possibilidade havia desaparecido. Mas a mulher nã o. Ela estava parada bem ali na frente de Piper, parecendo como se tivesse visto um fantasma. — Sinto muito. — Piper sussurrou inalmente, apó s um longo silê ncio. — Mick me disse para vir aqui. Ele presumiu que eu sabia quem você era. Mas eu... lamento dizer que nã o. Opal se recompô s e assentiu. — Isso nã o é muito surpreendente. Receio que sua mã e e eu nã o terminamos nas melhores condiçõ es.— Ela correu os olhos por Piper mais uma vez, balançando a cabeça levemente e parecendo sem palavras. — Por favor, entre... Bá rbara deve estar aqui para um café em breve, entã o eu tenho a mesa arrumada. — Obrigada. — Piper entrou no apartamento atordoada, seus dedos torcendo na bainha de sua camisa de corrida. Ela estava encontrando sua avó desaparecida em roupas de corrida suadas. Clá ssico. — Bem, eu mal sei por onde começar. — Opal disse, juntando-se a Piper na pequena sala ao lado da cozinha. — Sente-se, por favor. Café ? Foi meio desconcertante a maneira como essa mulher olhou para ela, como se ela tivesse voltado dos mortos. Parecia um pouco como se estivesse mesmo. Como se ela tivesse entrado em um ilme que já estivesse em andamento e todos conhecessem a trama, exceto ela. — Nã o, obrigada. — Piper gesticulou para a porta de vidro que levava a uma pequena varanda — B-bela vista. — E, nã o é ? — Opal se acomodou em sua cadeira, pegando uma xı́cara de café pela metade. Colocando-a de volta no lugar. — Originalmente, eu queria um apartamento de frente para o porto, para que pudesse me sentir perto de Henry. Mas depois de todos esses anos, parece apenas um lembrete triste. — Ela estremeceu. — Eu sinto muito. Nã o quero ser tã o casual sobre tudo isso. Isso me ajuda a ser franca. — Está bem. Você pode ser direta. — Piper a assegurou, embora ela se sentisse um pouco abalada. Nã o apenas pelo sú bito aparecimento de uma avó , mas pela maneira como ela falava de Henry, como se ele
tivesse morrido ontem, em vez de vinte e quatro anos atrá s. — Nã o me lembro muito do meu pai. Apenas pequenas coisas. E nã o me falaram muito. — Sim. — Opal disse, recostando-se na cadeira com o queixo tenso. — Sua mã e estava determinada a deixar tudo para trá s. Alguns de nó s achamos isso mais difı́cil de fazer. — Um segundo se passou. — Eu era uma mã e solteira desde que Henry era um garotinho. Seu pai era... bem, um relacionamento casual que nenhum de nó s tinha a intençã o de seguir. Seu pai era tudo que eu tinha, alé m de meus amigos. — Ela soltou um suspiro, visivelmente se recompondo. — O que você está fazendo em Westport? — Minha irmã e eu... — Piper parou antes de chegar à parte sobre canhõ es de confete e helicó pteros da polı́cia. Aparentemente, a necessidade de causar uma boa impressã o na avó era forte, mesmo quando a conheceu como uma adulta totalmente crescida. — Estamos apenas tirando fé rias. — E por alguma razã o, ela acrescentou — E cavando um pouco em nossas raı́zes enquanto estamos aqui. Opal se aqueceu, até parecendo aliviada. — Fico muito feliz em ouvir isso. Piper mudou de posiçã o em sua cadeira. Ela queria que seu pai se tornasse uma... presença substancial em sua vida? Uma parte sé ria de Piper nã o queria apego sentimental a Westport. Assustava ter todo esse novo aspecto de seu mundo, sua existê ncia aberta. O que ela deveria fazer com isso? Ela sentiu tã o pouco na está tua de seu pai - e se o mesmo acontecesse agora? E se seu distanciamento do passado se estendesse a Opal e ela desapontasse a mulher? Ela claramente já tinha passado pelo su iciente sem Piper adicionar a isso. Ainda assim, nã o faria exatamente mal descobrir um pouco mais sobre Henry Cross, este homem que era o pai dela e de Hannah. Esse homem de quem as pessoas falavam com reverê ncia silenciosa. Este homem que foi homenageado com um memorial no porto. Seria? Ainda esta manhã , durante sua corrida, ela viu uma coroa de lores colocada a seus pé s. Sua mã e estava certa. Ele era Westport. E embora ela sentisse menos emoçã o do que esperava na primeira vez que visitou a está tua de bronze, ela estava de initivamente curiosa sobre ele. — Você ... tem alguma coisa de Henry? Ou talvez algumas fotos? — Eu esperava que você perguntasse. — Opal se levantou, movendose com muita rapidez para uma mulher de sua idade, foi até a sala de estar e pegou uma caixa de uma prateleira sob a televisã o. Ela se sentou novamente e removeu a tampa, folheando alguns pedaços de papel antes de puxar um envelope marcado como Henry. Ela o deslizou pela mesa para Piper. — Vá em frente. Piper virou o envelope em suas mã os, hesitando momentaneamente antes de levantar a aba. Derramava uma velha licença de pescador com
uma foto granulada de Henry no canto laminado, a maior parte de seu rosto obscurecido pelos danos causados pela á gua. Havia uma foto de Maureen, 25 anos mais jovem. E um pequeno sinal de Piper e Hannah, a ita ainda colada na parte de trá s. — Estavam em seu beliche no Della Ray. — Opal explicou. A pressã o se acumulou na garganta de Piper. — Oh — ela conseguiu dizer, passando o dedo pelas bordas curvas da foto dela e de Hannah. Henry Cross nã o tinha sido nenhum fantasma; ele era um homem de carne e osso com um coraçã o, e ele as amava com isso. Maureen, Piper, Hannah. Opal. Elas izeram parte de seus pensamentos inais? Era loucura sentir como se elas o tivessem abandonado? Sim, ele escolheu realizar este trabalho perigoso, mas ele ainda merecia ser lembrado pelas pessoas que amava. Ele tinha Opal, mas e o resto de sua famı́lia? — Ele era um homem determinado. Amava debater. Adorava rir quando tudo acabava. — Opal suspirou. — Seu pai amou você em pedaços. Chamava você de sua pequena ilhinha. Aquele sentimento que Piper estava perdendo no memorial... agora subia em uma maré lenta, e ela teve que piscar para conter a repentina pressã o quente atrá s de seus olhos. — Me desculpe se isso foi demais. — Opal disse, colocando uma mã o hesitante no pulso de Piper. — Eu nã o recebo muitos visitantes, e a maioria dos meus amigos... Bem, é uma coisa complicada... Piper ergueu os olhos da foto dela com Hannah. — O que foi? — Bem. — Opal olhou para sua caneca de café . — As pessoas tendem a evitar o luto. Pesar, em geral. E nã o há ningué m mais triste do que um pai que perdeu um ilho. Em algum momento, acho que decidi poupar a todos da minha misé ria e comecei a icar em casa. E por isso que tenho meus compromissos de cabelo aqui — Ela riu. — Nã o que algué m consiga ver os resultados. — Mas... você é tã o adorá vel. — Piper disse, limpando a garganta da emoçã o produzida pelas fotos. — Nã o há como as pessoas evitarem você , Opal. Você tem que sair daı́. Vá dar um pulo a um bar. Dê o inferno aos homens em Westport. Os olhos de sua avó brilharam com diversã o. — Aposto que é mais seu departamento. Piper sorriu. — Você estaria certa. Opal girou a caneca em um cı́rculo, parecendo insegura. — Nã o sei. Eu me acostumei a icar sozinha. Isso é o má ximo que conversei com algué m alé m de Bá rbara em anos. Talvez eu tenha esquecido de como ser social. — Ela exalou. — Eu vou pensar sobre isso, no entanto. Eu realmente vou.
Oferecer um relacionamento a essa mulher nã o era uma coisa pequena. Esta era sua avó . Nã o era apenas uma conhecida passageira. Pode ser um compromisso para toda a vida. Uma relaçã o com a gravidade real. — Bom. E quando você estiver pronta... Eu serei sua ajudante. Opal engoliu em seco e abaixou a cabeça. — Combinado. Elas icaram sentadas em um silê ncio amigá vel por um momento, até que Opal olhou seu reló gio e suspirou. — Eu amo Barbara até a morte, mas a mulher é mais escamosa do que uma tigela de cereal. Piper franziu os lá bios, estudou o cabelo grisalho cortado rente da mulher. — O que você estava planejando que ela izesse? — Apenas um corte, como sempre. — Ou... — Piper se levantou, movendo-se atrá s de Opal. — Posso? — Por favor! Piper en iou os dedos no cabelo de Opal e testou a textura. — Você nã o sabe disso, Opal, mas está na presença de um gê nio cosmé tico. — Seus lá bios se curvaram. — Você já pensou em experimentar um faux hawk? Vinte minutos depois, Piper tinha moldado o cabelo de Opal em um tipo de moicano liso e sutil no centro de sua cabeça, usando a falta de um corte de cabelo recente a seu favor, torcendo e espetando os ios cinza. Em seguida, elas abriram um kit de maquiagem Mary Kay que Opal havia comprado de uma vendedora que apareceu em sua porta foi isso que levou Opal a achar que Piper era uma - e a transformaram completamente. Piper teve muito prazer em entregar o espelho a Opal. — Entã o? Opal engasgou. — Sou eu? Piper zombou. — Inferno, sim, é você . — Bem. — Sua avó virou a cabeça para a esquerda e para a direita. — Bem, bem, bem. — Considerando a sua aparê ncia antes, agora o negó cio icou sé rio, nã o é ? — Pode apostar que sim. — Ela se olhou no espelho novamente, entã o de volta para Piper. — Obrigado por isso — Opal respirou fundo. — Você poderia... voltar e me ver de novo? — E claro. E vou trazer Hannah da pró xima vez. — Oh, eu simplesmente adoraria isso. Ela era tã o pequena da ú ltima vez que a vi.
Piper se inclinou e beijou Opal nas duas bochechas, o que ela pareceu achar extremamente engraçado, entã o saiu do pequeno apartamento, surpresa ao se descobrir sentindo... radiante. Até lutuante. Ela navegou pelas ruas de volta para Sem Nome sem usar o mapa do telefone, reconhecendo os pontos de referê ncia enquanto caminhava, nã o mais desconhecendo os sorrisos amigá veis e as gaivotas circulando. O envelope contendo os pertences de Henry estava en iado em seu bolso, e isso parecia ancorá -la naquele lugar. Ela parou do lado de fora do Sem Nome, levando um momento para olhar para o pré dio desbotado, e desta vez... ela tentou realmente ver. Realmente pensar sobre o homem que viveu dentro de suas paredes algum dia. Pensar em Maureen se apaixonando por aquele homem, tanto que se casou e concebeu duas ilhas com ele. Ela era uma daquelas ilhas. Um produto desse amor. Nã o importa o que Piper sentia por seu passado, era real. E nã o foi algo que ela poderia ignorar ou permanecer desligada. Nã o importa o quanto isso a assustasse. Sentindo-se pensativa e um pouco inquieta, ela foi procurar Hannah. *** Piper e Hannah olharam para o telefone, ouvindo a voz de sua mã e pelo viva-voz. — Procurei Opal vá rias vezes ao longo dos anos — disse Maureen. — Ela é tã o teimosa quanto seu pai era. Ela viu minha partida como uma traiçã o, e nã o havia como consertar. E... eu fui egoı́sta. Eu só queria esquecer aquela vida inteira. A dor. — Você poderia ter me contado sobre ela antes de eu vir. — Piper entoou. — Eu fui pega de surpresa. Maureen fez um som de angú stia. — Eu estava bem no limite e... — Maureen suspirou. — Eu acho que nã o queria ver seus rostos quando eu dissesse que estava guardando algo tã o importante. Eu sinto muito. Vinte minutos depois, Piper andava de um lado para o outro no chã o desgastado do Sem Nome enquanto Hannah se sentava de pernas cruzadas em um barril comendo batatas fritas, um olhar de mil metros nos olhos. Sua irmã ainda estava processando a notı́cia de que elas tinham uma avó maluca, mas ela provavelmente nã o re letiria sobre tudo até que pudesse icar sozinha com seus pensamentos. Estendendo a mã o para esfregar o ombro de Hannah confortavelmente, Piper olhou ao redor e examinou o espaço. Ela estava sofrendo um transtorno emocional com o choque de encontrar um membro da famı́lia que estava a tanto tempo perdido?... ou ela estava começando a desenvolver interesse por este lugar?
Elas eram tã o jovens quando Maureen se mudou. Nã o era culpa delas terem esquecido seu pai, mas nã o podiam ignorá -lo agora. Nã o com pedaços dele em todos os lugares. E esse bar bagunçado era a representaçã o perfeita de um legado esquecido. Algo que já esteve vivo... e agora estava corroı́do. E se pudesse ser trazido de volta à vida? Como algué m poderia começar? Piper pegou seu re lexo em uma sessã o de vidro quebrado aparecendo por trá s de um pedaço de madeira compensada. Seu talento para encontrar a iluminaçã o mais lisonjeira nã o podia ser descartado, mas havia apenas algumas lâ mpadas cobertas por teias de aranha, sem luminá rias. Era basicamente o pior pesadelo de qualquer pessoa com mais de 25 anos, porque destacava cada fenda no rosto de uma pessoa. O lugar tinha uma certa vibraçã o barulhenta que poderia realmente se bene iciar de alguma iluminaçã o vermelha suave. Temperamental. Hum. Ela nã o era decoradora. Maureen pagava um designer de interiores para vir anualmente e renovar a casa em Bel-Air, e isso incluı́a seus quartos. Mas Piper entendeu a atmosfera. O que inspiraria as pessoas a icarem um pouco mais. Alguns homens iam a bares para assistir a esportes. Ou o que fosse. Mas o que enchia um bar de homens? Mulheres. Apele para as mulheres, e os homens começaram a aparecer apenas para ter uma chance de conquistar alguma. Por onde ela começaria com este lugar? — Apenas para ins de argumentaçã o, digamos que queiramos embelezar este lugar. Considerando que temos fundos limitados, você acha que podemos fazer com que valha a pena? Hannah pareceu pega de surpresa. — De onde vem isso? — Nã o sei. Quando estava conversando com Opal, comecei a pensar como era injusto que a pró pria famı́lia de Henry nunca o tivesse honrado. Claro, foi principalmente uma decisã o da mamã e, mas talvez essa seja uma maneira de fazer as pazes. Para... nos conectarmos com ele um pouco. Para ter uma mã o na maneira como ele é lembrado. Isso é bobo? — Nã o. — Hannah abanou a cabeça. — Nã o, claro que nã o. Apenas muito para absorver. Piper tentou uma abordagem diferente. — No mı́nimo, essa poderia ser uma forma de convencer Daniel de que somos cidadã s responsá veis e pró -ativas em qualquer lugar. Poderı́amos reformar o bar, mostrar a ele como somos incrivelmente capazes e fazer uma viagem cedo para casa, para Los Angeles. Hannah ergueu uma sobrancelha. — Isso nã o é uma má ideia. Nada mal. — Com uma respiraçã o ofegante, sua irmã mais nova pulou do banquinho, enxugando as mã os
na calça jeans. — Quero dizer, precisarı́amos de uma cabine de DJ, obviamente. — Ali no canto da janela? — Piper apontou. — Eu gosto disso. As pessoas que passassem ouviriam MC Hannah aos berros e tropeçariam para entrar. As irmã s estavam de costas uma para a outra enquanto completavam uma revoluçã o no bar. — Este lugar nã o é grande o su iciente para uma pista de dança, mas poderı́amos construir uma prateleira ao longo da parede para as pessoas colocarem suas bebidas. Pode ser apenas na sala de espera. — Ooh. E totalmente uma opçã o para um novo nome. Somente na sala de espera. — Amor. — Hannah franziu os lá bios. — Terı́amos que fazer muita limpeza. Elas compartilharam um gemido. — Você acha que poderı́amos consertar essas cadeiras? — Piper perguntou, passando o dedo nas costas de um assento torto. — Talvez polir o bar? Hannah bufou. — Quero dizer, que porra mais estamos fazendo? — Deus, você está certa. Dá para acreditar que só se passaram cinco dias? — Piper cravou o nó do dedo no canto do olho. — O que pode acontecer de pior? Trabalharı́amos muito, gastarı́amos todo o nosso dinheiro, Daniel nã o se impressionaria e nos obrigaria a terminar nossa missã o, que deveria ser apenas a minha missã o? — Nã o entre em desespero. O melhor que poderia acontecer é voltarmos para casa mais cedo. Elas trocaram um encolher de ombros carinhoso, mas sutil. Naquele momento, o fragmento inal do pô r do sol apareceu pela janela suja, iluminando o espelho atrá s da madeira compensada. Havia um canto branco de algo do outro lado, e sem pensar, Piper se moveu naquela direçã o, passando por cima de garrafas vazias para se esconder atrá s do balcã o e beliscar a protuberâ ncia branca entre os dedos. Ela deu um puxã o e saiu uma fotogra ia. Nela, duas pessoas que ela nã o reconheceu pareciam estar cantando neste mesmo estabelecimento, embora em uma versã o muito mais limpa, seus cabelos proclamando-os ilhos dos anos oitenta. — Ah. Uma foto. — Hannah esticou o pescoço para ver melhor a á rea atrá s do compensado. — Você acha que tem mais? — Poderı́amos puxar esta prancha para baixo, mas ou vamos acabar com lascas de madeira espetadas em nossos dedos ou uma manada de aranhas e ratos irã o nos atacar. Hannah suspirou. — Depois de limpar o banheiro do andar de cima, estou bastante insensı́vel a qualquer coisa desagradá vel. Vamos fazer.
Piper choramingou enquanto segurava a madeira compensada, o aperto de Hannah estava ao lado do dela. — OK. Um, dois, três! Elas jogaram a tá bua de madeira no chã o e pularam para trá s, esperando uma repercussã o, mas nenhuma veio. Em vez disso, icaram olhando para um espelho coberto de fotos antigas. Elas trocaram uma carranca e se aproximaram ao mesmo tempo, cada uma delas retirando uma fotogra ia e estudando-a. — Esse cara parece familiar... — Piper disse baixinho. — Ele é muito mais jovem nesta foto, mas acho que foi ele quem esteve aqui no domingo à noite. Ele disse que se lembrava da mamã e. Hannah se inclinou e olhou. — Oh, meu Deus. Com certeza é ele. — Sua risada foi incré dula. — Droga, vovô . Ele poderia totalmente pegar qualquer um nessa altura. Piper riu. — Reconhece algué m na sua? — Nã o. — Hannah pegou outra. — Espere. Pipes. Ela estava ocupada examinando os rostos olhando para ela do passado, entã o ela nã o ouviu imediatamente a urgê ncia abafada no tom de Hannah. Mas quando o silê ncio se estendeu, ela olhou para encontrar o rosto da irmã pá lido, os dedos tremendo enquanto ela estudava a foto. — O que é isso? — Piper perguntou, esgueirando-se ao lado de sua irmã . — Oh. Sua mã o voou para o coraçã o de repente bombeando. Considerando que a está tua de latã o de Henry era impessoal e a licença de pesca era granulada, um homem sé rio fazendo uma pose padrã o, esta foto tinha vida nela. Henry estava rindo, uma toalha branca jogada sobre um ombro, um bigode sombreando seu lá bio superior. Os olhos dele... eles saltaram direto da superfı́cie brilhante da fotogra ia, cintilando. Muito parecido com o delas. — Esse é o nosso pai. — Piper, ele se parece conosco. — Sim... — Ela estava tendo problemas para recuperar o fô lego. Ela pegou a mã o de Hannah e elas a viraram juntas. A caligra ia estava desbotada, mas era fá cil distinguir as palavras, Henry Cross. No ano de 1991. Nenhuma delas disse nada por longos momentos. E talvez Piper tenha sido oprimida pela prova fı́sica de que seu pai bioló gico realmente existiu, uma foto descoberta enquanto estava em seu bar, mas de repente ela sentiu... como se o destino a tivesse colocado naquele mesmo lugar. A vida delas antes de Los Angeles sempre foi fragmentada e vaga. Mas parecia real agora. Algo para explorar. Algo que talvez até estivesse faltando, sem que ela soubesse o su iciente para reconhecer.
— Devemos melhorar o bar. — Piper disse. — Nó s deverı́amos fazer isso. Nã o só para podermos ir para casa mais cedo, mas... você sabe. Uma espé cie de homenagem. — Você leu minha mente, Pipes. — Hannah deitou a cabeça no ombro de Piper enquanto elas continuavam a olhar para o homem que as gerou, seu rosto sorrindo de volta, dé cadas antes. — Vamos fazer isso.
Capı́tulo Treze Brendan observava pelo binó culo à medida que Westport se formava,
tranquilizadora e familiar, no horizonte. Seu amor pelo oceano sempre tornou o retorno para casa agridoce. Nã o havia nenhum lugar onde ele estivesse mais à vontade do que na casa do leme, o motor zumbindo sob seus pé s. Um rá dio ao seu alcance para que ele pudesse dar ordens. Sua certeza de que esses comandos seriam sempre executados, sem perguntas. O Della Ray era uma segunda camada de pele, e ele escorregava nela sempre que possı́vel, ansioso pela subida e descida da á gua, o bater das ondas no casco, o cheiro de sal, peixe e possibilidades. Mas essa volta ao lar nã o teve a mesma sensaçã o de sempre. Ele nã o estava calculando as horas até que pudesse voltar para a á gua. Ou tentando ignorar as emoçõ es que se agarraram ao interior de sua garganta quando ele levou sua tripulaçã o para casa em segurança. Havia apenas nervosismo dessa vez. Nervos agitados, ansiosos e suados. Sua mente nã o tinha estado focada nos ú ltimos trê s dias. Oh, eles encheram a barriga do navio com peixes, izeram seu maldito trabalho, como sempre. Mas uma garota de Los Angeles estava ocupando muito espaço em sua cabeça para seu conforto. Só Deus sabia, esta noite não era a noite para explorar aquele espaço vazio, també m. Assim que atracassem o barco e carregassem as capturas para levar ao mercado, ele era esperado no jantar anual em memó ria de Desiree. Todos os anos, como um reló gio, Mick organizava a reuniã o no Blow the Man Down, e Brendan nunca deixava de cumprir sua programaçã o de pesca em torno disso. Inferno, ele geralmente ajudava a organizar. Desta vez, entretanto... ele se perguntou como conseguiria passar a noite sabendo que estivera pensando em Piper sem parar por trê s dias. Nã o importava quantas vezes ele lamentou sua presença glamourosa na internet. Nã o importava quantas vezes ele se lembrasse que eles eram de dois mundos diferentes e ela nã o planejava ser parte do dele por muito tempo. Ainda assim, ele pensou nela. Preocupado com o bem-estar dela enquanto ele estava na á gua. Preocupado que ela nã o estivesse comendo os itens certos dos menus que ele havia deixado. Esperava que a loja de ferragens tivesse recebido seu bilhete e ela nã o estivesse mais batendo com a cabeça. Ele pensou em seu corpo. Pensou nisso a ponto de se distrair. Quã o macia ela seria embaixo dele, quã o exigente ela provavelmente seria na cama e como ele faria. De novo e de novo, até que ela destruı́sse
suas costas com as unhas. Muitos dos homens a bordo começaram a veri icar o sinal de internet em seus telefones assim que o porto estava à vista, e Brendan normalmente revirava os olhos para eles. Mas ele tinha o telefone na mã o agora, continuava digitando e digitando sua senha, querendo dar uma olhada na porra do Instagram dela. Ele mal tinha notado o maldito aplicativo alguns dias atrá s; agora ele tinha o polegar pairando sobre o ı́cone, pronto para obter sua dose de fotos dela. Ele nunca esteve tã o desesperado por alı́vio ao ponto de bater uma enquanto estava no barco, mas tinha sido necessá rio na maldita primeira noite. E na segunda. Trê s barras apareceram no canto superior esquerdo da tela e ele clicou, prendendo a respiraçã o. A primeira coisa que viu foi o contorno branco de uma cabeça. Ele clicou. Piper o havia seguido de volta? Ele grunhiu e olhou por cima do ombro antes de sorrir. Havia uma nova imagem no seu feed, e ele a ampliou, o maldito ó rgã o em seu peito ganhando velocidade. Ela aceitou sua sugestã o e foi para a vinı́cola, e Jesus, ela estava linda. Tornando as uvas uma boa sugestã o. Ele estava rindo da legenda quando uma mensagem de texto de Mick apareceu. Ligue para mim, foi tudo o que disse. O sorriso de Brendan caiu e ele se levantou, o coraçã o falhando algumas batidas quando a ligaçã o para o sogro foi conectada. Droga, Piper se meteu em problemas de novo, nã o é ? Ela provavelmente começou outro incê ndio ou quebrou o pescoço ao cair da escada enquanto tentava escapar de um rato. Ou… — Sim, ei, Brendan. — O que houve? — Ele demandou. — O que aconteceu? — Ei, calma. — Mick riu, mú sica estava tocando ao fundo. — Nada aconteceu. Eu só queria lembra-lo sobre esta noite. A culpa se torceu como um saca-rolhas em seu intestino. Aqui estava este homem se preparando para uma festa em homenagem a sete anos sem sua ilha, e Brendan estava preocupado com Piper. Nã o conseguia pensar em nada além dela. Isso nã o estava certo. Ele nã o era um homem melhor do que isso? Brendan olhou para a aliança de casamento em seu dedo e engoliu em seco. Sete anos. Ele mal conseguia se lembrar da voz de Desiree, de seu rosto ou de sua risada. Ele nã o era do tipo de fazer um voto e facilmente seguir em frente, no entanto. Quando uma promessa saia de sua boca, era cumprida ao pé da letra. Ela tinha sido tecida no tecido de sua vida em Westport tã o completamente, era quase como se ela nunca tivesse morrido de verdade. O que pode ser explicado por ele ter icado preso na parte até a morte de sua promessa.
Restos dela o cercavam aqui. Seus pais, seu memorial anual, pessoas que compareceram ao casamento. Tirar a aliança parecia desrespeitoso, mas agora… agora estava começando a parecer ainda mais errado mantê -lo ligado. Esta noite nã o era a noite para tomar grandes decisõ es, no entanto. Ele tinha o dever de estar no memorial e estar mentalmente presente, entã o ele estaria. — Eu estarei lá . — disse Brendan. — Claro que eu vou. *** Nos primeiros anos apó s a morte de Desiree, os eventos comemorativos foram uma reconstituiçã o de seu funeral. Ningué m sorrindo, todos falando em voz baixa. Difı́cil nã o se sentir desrespeitoso sendo qualquer coisa alé m de angustiado quando Mick e Della colocaram fotos de sua ilha em todos os lugares, trouxeram um bolo com o nome dela em um glacê azul brilhante. Mas com o passar dos anos, o clima melhorou um pouco. Nã o completamente, mas pelo menos ningué m estava chorando esta noite. O local provavelmente nã o ajudou muito a cultivar uma atmosfera tranquila. O porã o de Blow the Man Down nã o tinha passado por reformas como o andar de cima. Foi um retrocesso aos dias de painé is de madeira e iluminaçã o baixa e fosca, e lembrou Brendan do casco de seu navio, tanto que ele quase podia sentir a ondulaçã o e o mergulho do oceano sob seus pé s. Uma mesa dobrá vel e cadeiras foram colocadas contra a parede oposta, carregadas com pratos cobertos e um santuá rio à luz de velas para Desiree, bem ali ao lado da salada de macarrã o. Bancadas e tampos altos ocupavam o resto do espaço, junto com um pequeno bar usado apenas para festas, que era onde Brendan estava com seu capitã o substituto, tentando evitar conversa iada. Brendan sentiu Fox estudá -lo com o canto do olho e o ignorou, em vez disso sinalizou para o barman pedindo outra cerveja. Nã o era segredo como Fox via o evento anual. — Eu sei o que você vai dizer. — Brendan suspirou. — Nã o preciso ouvir de novo. — Que pena. Você vai ouvir. — Aparentemente, Fox havia recebido pedidos su icientes nos ú ltimos trê s dias, foram bons e já estavam prontos. — Isso nã o é justo com você . Arrastando você de volta para esse… luto a cada maldito ano. Você merece seguir em frente. — Ningué m está arrastando ningué m. — Certo. — Fox girou sua garrafa de cerveja em um cı́rculo no bar. — Ela nã o iria querer isso para você . Ela nã o gostaria de algemar você assim.
— Pare com isso, Fox.— Ele massageou a ponte do nariz. — E apenas uma noite. — Nã o é apenas uma noite. — Ele manteve sua voz baixa, seu olhar desviado, para que ningué m pegasse sua discussã o. — Olha, eu conheço você . Eu sei como você pensa. E um empurrã ozinho anual para manter o curso. Fique irme. Para fazer o que você acha que é honrado. Quando diabos é o su iciente? Maldiçã o, havia uma parte dele que concordava com Fox. Enquanto este memorial permanecia no calendá rio, Brendan continuava pensando, eu devo a ela mais um ano. Eu devo a ela mais um. Até que o refrã o se transformou em, devo a isso mais um ano. Ou devo mais uma ao Mick. Por tudo que seu sogro izera por Brendan. Torná -lo capitã o do Della Ray. Essa fé e con iança iriam embora se Brendan seguisse em frente? Seja qual for o motivo, em algum momento o luto deixou de ser por causa de seu casamento, mas ele nã o tinha ideia de quando. A vida era uma sé rie de dias em terra, seguidos de dias no mar, e depois tudo de novo. Nã o havia tempo para pensar sobre si mesmo ou como ele – se sentia. E ele nã o era um bastardo egoı́sta e inconstante. — Olha. — Fox tentou novamente, depois de um longo gole de sua cerveja. — Você sabe que eu amo Mick, mas no que diz respeito a ele, você ainda está casada com a ilha dele e isso é muita pressã o para vo… — Ei, pessoal! A bebida de Brendan parou a meio caminho de sua boca. Essa era a voz de Piper. Piper estava aqui? Ele agarrou sua cerveja com cuidado e olhou por cima do ombro para a porta. Lá estava ela. Em lantejoulas, obviamente. Um cor-de-rosa bem chamativo. E ele nã o podia negar que a primeira emoçã o que o atingiu foi o prazer. Por vê -la. Depois, alı́vio por ela ainda nã o ter voltado para LA. Desejo de falar com ela, estar perto dela. Logo apó s essa reaçã o, poré m, o sangue foi drenado de seu rosto. Nã o. Isso nã o estava certo. Ela nã o deveria estar lá . Em um braço, ela tinha aquela bolsa ridı́cula em forma de batom. E embalado em seu outro braço estava uma bandeja de shots que ela obviamente trouxe do bar no andar de cima. Ela andou atravé s de um mar de convidados perplexos e fascinados, oferecendo a eles o que parecia ser tequila. — Por que os rostos tristes? — Ela sacudiu o cabelo e riu, tirando uma foto sua. Jesus. Tudo isso estava acontecendo em câ mera lenta. — Aumente a mú sica! Vamos começar essa festa, certo? — Oh, merda. — Fox murmurou. Brendan viu o momento exato em que Piper percebeu que acabara de derrubar um memorial para uma mulher morta. O des ile dela desacelerou, aqueles enormes olhos azuis se arregalando no santuá rio
improvisado ao lado da salada de macarrã o, o quadro gigante da foto do ú ltimo ano de Desiree, seu nome escrito na parte inferior. Desiree Taggart. Sua boca se abriu em um som sufocado, e ela se atrapalhou com a bandeja de shots, se recuperando bem a tempo de evitar que eles se espatifassem no chã o. — Oh — ela respirou. — Eu… eu nã o… eu nã o sabia. Ela largou os shots na mesa mais pró xima como se eles a ofendesse – e foi quando seus olhos se ixaram em Brendan, e seu estô mago despencou com a humilhaçã o absoluta ali. — Piper. — Desculpa. Eu estou… uau. — Ela recuou em direçã o à saı́da, seu quadril batendo em uma cadeira, que se espatifou no chã o, fazendo-a estremecer. — Eu sinto muito. Tã o rá pido quanto ela chegou, ela se foi, como se algué m tivesse silenciado todos os sons e cores na sala. Antes e depois de Piper. E Brendan nã o pensou, ele apenas deixou cair sua cerveja no bar com um barulho e foi atrá s dela. Quando ele começou a subir as escadas, ela já havia passado pelo topo, entã o ele acelerou o passo, entrando e saindo da multidã o de sexta à noite, grato por sua altura para que pudesse procurar as lantejoulas rosa. Por que ele se sentiu como se tivesse levado um soco no estô mago? Ela não precisava ver isso, ele continuou pensando. Ela não precisava ver isso. Com o canto do olho, ele viu um lash rosa cruzando a rua. Lá estava Piper, no que parecia ser saltos que podiam perfurar gelo, indo em direçã o ao porto em vez de voltar para casa. Algué m chamou seu nome do bar, mas ele os ignorou, empurrando para fora e seguindo em seu rastro. — Piper. — Ah nã o. Nã o, nã o, nã o. — Ela alcançou a calçada oposta e se virou, acenando com as mã os para ele, com as palmas para fora. — Por favor, você tem que voltar. Você nã o pode deixar o memorial de sua esposa para ir atrá s da idiota que o arruinou. Mesmo se ele quisesse, ele nã o poderia voltar. Seu corpo, isicamente, nã o permitiria. Porque por mais que odiasse seu ó bvio constrangimento, ele preferia estar lá fora perseguindo-a na rua do que naquele porã o. Nã o foi uma competiçã o. E sim, ele nã o podia mais negar que suas prioridades estavam mudando. Como uma criatura de há bitos, isso o assustou, mas ele se recusou a simplesmente deixá -la ir embora. — Você nã o estragou nada. Ela zombou e continuou andando. Ele seguiu. — Você nã o vai me ultrapassar com esses saltos. — Brendan, por favor. Deixe-me encolher até a morte em paz.
— Nã o. Ainda de costas para ele, ela diminuiu a velocidade até parar, levantando os braços e pousando-os em sua cintura, em um tipo de abraço. — Muito imprudente da minha parte deixar aqueles shots para trá s. Eu poderia beber cerca de seis deles agora. Ele a ouviu fungar e os parafusos se apertaram em seu peito. Mulheres chorando nã o necessariamente o assustavam. Isso o tornaria um idiota com o coraçã o mole, nã o é ? Mas ele encontrou muito poucos delas em sua vida, entã o ele levou um momento para considerar o melhor curso de açã o. Ela estava se abraçando. Entã o talvez… talvez um dele també m nã o fosse uma má jogada? Brendan veio por trá s de Piper e segurou-a pelos ombros com as mã os, certi icando-se de que ela nã o fosse correr se ele a tocasse. Senhor, eles eram tã o macios. E se ele a arranhou com seus calos? A cabeça dela se virou ligeiramente para olhar para a mã o direita dele descansando, e ele tinha certeza de que nenhum dos dois respirava quando ele a puxou de volta contra seu peito, circulando seus braços ao redor de seu corpo esguio. Quando ela nã o mandou ele se foder, ele aproveitou mais uma chance e apoiou o queixo no topo de sua cabeça. Um som soprou para fora dela. — Você realmente nã o me odeia? — Nã o seja ridı́cula. — Eu realmente nã o sabia. Eu sinto muito. — Já chega de desculpas. — Todos eles devem me odiar, mesmo que você nã o me odeie. Eles com certeza odeiam. — Ele começou a dizer a ela que supor aquilo era bobo també m, mas ela falou sobre ele, soando tã o desamparada que ele teve que apertar seu abraço. — Deus, eu sou uma cabeça de vento, nã o sou? Ele nã o gostou nada dessa pergunta. Nã o da pergunta em si. E nã o da forma como foi formulada, como se algué m tivesse usado aquele termo idiota para descrevê -la. Brendan a virou nos braços e prontamente esqueceu o processo de respiraçã o. Ela estava linda como o inferno com seus olhos ú midos e bochechas rosadas com um constrangimento persistente, tudo banhado pelo luar. Ele teve que recorrer a cada gota de força de vontade para nã o abaixar sua boca para a dela, mas nã o era o momento certo. Havia um fantasma entre eles e um anel em seu dedo, e tudo isso precisava ser resolvido primeiro. — Venha, vamos sentar. — disse Brendan rispidamente, pegando seu cotovelo e guiando-a para um dos bancos de pedra com vista para o porto noturno. Ela se sentou e cruzou as pernas em um movimento luido, sua expressã o quase perdida. Abaixando-se ao lado dela, Brendan ocupou o resto do espaço no banco, mas ela nã o parecia se
importar com seus quadris e coxas juntos. — Você nã o é uma cabeça de vento. Quem disse isso a você ? — Nã o importa. E verdade. — Não é verdade — ele rebateu. — Sim, é sim. Eu deixei uma trilha interminá vel de provas. Eu sou como um caracol superquente. — Ela tapou os olhos com as mã os. — Eu realmente disse 'Por que os rostos tristes' em um jantar memorial? Ai meu Deus. Inacreditavelmente, Brendan sentiu um estrondo de riso crescendo em seu peito. — Você disse isso. Um pouco antes de você virar um shot. Ela deu um soco na coxa dele. — Nã o ouse rir. — Desculpa. — Ele forçou seus lá bios a parar de se contorcer. — Se te faz sentir melhor... aquele jantar precisava de um pouco de leveza. Você fez um favor a todos. Brendan sentiu que ela o estava estudando. — Esta noite deve ter sido difı́cil para você . — Foi difı́cil há sete anos. Seis. Até cinco. Agora é só ... — Ele procurou a palavra certa. — E respeito. E dever. Piper icou em silê ncio por tanto tempo que ele teve que olhar para ela, encontrando-a com uma expressã o de admiraçã o. — Sete anos? — Ela ergueu o nú mero apropriado de dedos. — Tudo isso? Ele assentiu. Ela encarou o porto, deixando escapar um suspiro, mas nã o antes que ele visse sua atençã o mergulhar em seu anel. — Uau. Achei que poderia ter sido um ano. Talvez até menos. Ela deve ter sido muito especial. Claro que isso era verdade. Brendan nã o sabia como explicar a conveniê ncia e… a praticidade de seu casamento anterior sem soar desrespeitoso para uma mulher que nã o poderia falar mais por si mesma. Hoje, especialmente, ele nã o faria isso. Mas ele nã o podia negar o desejo de se expor um pouco. Só parecia justo quando ela estava sentada ali, tã o vulnerá vel. Ele nã o queria que ela icasse sozinha. — Eu estava pescando quando aconteceu. Um aneurisma. Ela tinha saı́do para dar um passeio na praia. Sozinha. — Ele soltou um suspiro lento. — Ela sempre ia sozinha, mesmo quando eu estava em casa. Eu nã o estava, uh… sendo o melhor marido. Nã o me adaptei a novas rotinas ou padrõ es diferentes, tenho certeza que você está chocada. — Ela icou quieta. — Dizem que mesmo que eu estivesse lá , nã o poderia ter feito nada, mas poderia ter tentado. Eu nunca tentei. Entã o, é isso… ano apó s ano, sou eu tentando, eu acho. Depois de tudo isso. Piper nã o respondeu de imediato.
— Nã o sei muito sobre casamento, mas acho que as pessoas amadurecem e melhoram com o tempo. Você teria. Você simplesmente nã o teve a chance. — Ela suspirou na brisa noturna. — Lamento que tenha acontecido com você . Ele acenou com a cabeça, esperando que ela mudasse de assunto. Talvez Fox estivesse certo e ele estivesse cumprindo uma penitê ncia por tempo su iciente, porque pensar no passado agora apenas o deixava inquieto. — Meu relacionamento mais longo durou trê s semanas. — Ela ergueu o nú mero certo de dedos. — Esse tanto. Mas em semanas. Brendan escondeu um sorriso. Por que ele meio que amava saber que nã o havia um ú nico homem em Los Angeles que poderia prender Piper? E… o que seria necessá rio? — Foi ele quem te chamou de cabeça de vento? — Você está hiperfocado nisso. — Ela puxou os ombros para trá s. — Sim, foi ele quem disse isso. E eu provei que ele estava certo no pró ximo minuto, assumindo que ele estava terminando as coisas porque eu havia discutido a compatibilidade de nossos signos astroló gicos com meu terapeuta. Eu nã o poderia ter soado mais como uma idiota de Los Angeles se tentasse. — Me irrita ouvir você se chamando desse jeito. Ela engasgou. — Irritado? Essa é uma verdadeira mudança para você . O canto dos lá bios de Brendan se contraiu. — Eu mereço isso. — Nã o, você nã o merece. — Ela disse, e suspirou, icando em silê ncio por alguns momentos. — Desde que chegamos aqui, nunca foi tã o ó bvio que nã o sei o que estou fazendo. Sou muito boa em ir a festas e tirar fotos, e nã o há nada de errado nisso. Mas e se for só isso? E se for só isso? — Ela olhou para ele, parecendo recompor seus pensamentos. — E você continua testemunhando essas minhas enormes falhas, mas nã o posso me esconder atrá s de uma bebida e um sorriso sedutor aqui. Sou só eu. Ele nã o conseguia esconder sua confusã o. — Só você ? Mais uma vez, ele estava vendo lashes de insegurança sob a camada externa aparentemente perfeita de Piper Bellinger, e eles despertaram seus instintos de proteçã o. Ele a ridicularizou no inı́cio. Agora ele queria lutar contra qualquer coisa que a deixasse triste. Puta que pariu, era confuso. Piper nã o respondeu, silenciosamente enxugando seus olhos ú midos – e ele estava bem com o choro por um tempo, mas ele deveria ter sido capaz de secar suas lá grimas agora. O que ele estava fazendo de errado aqui? Lembrando-se de como o abraço pelo menos a fez parar de fugir,
ele colocou o braço esquerdo em volta dos ombros dela e a puxou para o lado. Talvez uma distraçã o fosse o caminho a percorrer. — O que você fez enquanto eu estava fora? — Você quer dizer, alé m de desfrutar de passeios pelo porto com todos os pescadores locais? Apesar de seu tom provocador, algo quente o cutucou na jugular. — Engraçadinha. Seus lá bios se contraı́ram, mas ao longo de alguns segundos, ela icou sé ria. — Muita coisa aconteceu desde que você partiu, na verdade. Conheci minha avó , Opal. Brendan se assustou um pouco. — Você nã o a conhecia antes desta viagem? Sem ligaçõ es ou… — Nã o. — Suas bochechas coraram ligeiramente. — Eu nunca teria sabido sobre ela, també m, se nã o tivé ssemos vindo aqui. Ela estava apenas trancada em seu apartamento todo esse tempo, sofrendo pelo meu pai. Saber disso faz minha vida em LA parecer um faz-de-conta. Abençoada ignorâ ncia. — Um segundo se passou. — Ela tinha algumas diferenças de opiniã o com a minha mã e. Nã o entramos muito no assunto, mas acho que minha mã e queria deixar tudo para trá s, e Opal queria... — Viver no luto. — 'Luto' é uma boa maneira de dizer 'o mundo real', mas você está certo. — Ela olhou para seu colo. — Eu e Hannah fomos ver o memorial para Henry, e eu nã o sabia o que deveria sentir, mas nã o achei que seria simplesmente nada. Permaneceu assim até hoje, quando encontramos toda uma colagem de fotos no bar. Atrá s da madeira compensada. Ele estava rindo em uma das fotos, e só entã o... inalmente houve reconhecimento. Brendan a estudou. Essa garota que ele classi icou como uma namoradeira boba no primeiro dia. E ele se viu puxando-a para mais perto, precisando oferecer conforto. Querendo que ela se apoiasse nele para isso. — Qual é a sensaçã o do reconhecimento? — Assustadora — disse ela em uma expiraçã o. — Mas eu tenho um pouco de culpa por ignorar este lugar, o passado, mesmo que nã o seja inteiramente minha culpa. Isso está fazendo com que eu me incline para o assustador, eu acho. A minha maneira. Entã o eu dei a Opal um penteado novo, e vamos dar ao bar de Henry uma reforma, começando amanhã . Se há duas coisas que eu sei, é cabelo e festas. Quando seu polegar começou a traçar a linha de seu ombro? Ele ordenou a si mesmo que parasse. Mesmo que fosse bom pra caralho. — Você está lidando com um monte de novas informaçõ es do seu pró prio jeito. — Ele disse rispidamente. — Nã o há nada de errado com
isso. Você está se ajustando. Eu gostaria de ter mais dessa mentalidade. Piper olhou para ele, seus olhos suaves e um pouco gratos, aumentando seus batimentos para um nı́vel mais alto. Eles se encararam trê s segundos a mais, antes que ambos desviassem o olhar rapidamente. Sentindo que eles precisavam de uma distraçã o da tensã o crescente entre eles, Brendan tossiu. — Ei, lembra daquela vez que você era a ú nica que eu seguia no Instagram? Ela começou a rir, uma coisa tã o brilhante e linda, que ele só poderia se maravilhar. — O que você estava pensando? — Eu estava apenas apertando botõ es, querida. Mais risadas. Desta vez, ela realmente pressionou a testa em seu ombro. — Me faz sentir melhor sobre o mundo que algué m lá nã o esteja jogando joguinhos. — Ela tamborilou os dedos no joelho nu. — Entã o, quais fotos você viu? Ele soltou um longo suspiro. — Muitas delas. Ela mordeu o lá bio inferior e abaixou a cabeça. Eles icaram sentados em silê ncio por alguns momentos. — Qual garota é você ? A garota nas fotos ou a que está sentada ao meu lado? — Ambas, eu acho. — Ela disse depois de uma pausa. — Gosto de me vestir bem e ser admirada. E gosto de fazer compras, dançar, ser mimada e elogiada. Isso faz de mim uma pessoa má ? Ele nunca conheceu ningué m como ela. Esses luxos nã o faziam parte de seu mundo. Ele nunca teve que pensar em nada alé m de pescar, trabalhar duro e cumprir as cotas, mas queria obter a resposta certa porque era importante para ela. — Já estive em muitos barcos com muitos homens que falam muito sobre mulheres. E me parece que a maioria das pessoas gosta de ser admirada e elogiada, mas nã o sã o tã o honestas sobre isso. Isso nã o faz de você uma pessoa má , mas sim verdadeira. Ela piscou para ele. — Certo. — Me deixe terminar. — Ele espalmou a cabeça dela e a colocou de volta em seu ombro. — Eu nã o pensei que você sobreviveria uma noite naquele apartamento. Piper, eu nem teria icado lá e dormi em beliches com homens sujos por semanas a io. Mas você aguentou. E você sorriu para mim quando eu estava sendo um babaca. Você també m é uma boa irmã . Acho que tudo isso tem que equilibrar o fato de você carregar aquela bolsa feia. Piper sentou-se ereta e balbuciou em meio a uma risada: — Você tem alguma ideia de quanto custa aquela bolsa feia?
— Provavelmente menos do que eu pagaria para vê -la queimada. — Ele falou lentamente. — Mas eu amo isto. Ele suspirou e passou a mã o pelo cabelo. — Acho que nã o iria queimá -la, entã o. Ela estava olhando para ele com olhos suaves e uma boca exuberante, e se fosse qualquer outra noite, se o momento fosse melhor, ele a teria beijado e feito o possı́vel para trazê -la para casa. Para sua cama. Mas ele ainda nã o podia. Entã o, embora doesse, ele se levantou e ajudou Piper a se levantar. — Vamos, vou garantir que você chegue bem em casa. — Sim. Oh meu Deus, sim. — Ela o deixou ajudá -la a se levantar. — Você deveria voltar. E Hannah deve estar se perguntando onde estou. — Por que ela nã o veio esta noite? — Minha irmã nã o gosta de festas. Todos esses genes pousaram em mim. Alé m disso, ela ainda está um pouco assustada com a ressaca da vinı́cola. — Ah. Lado a lado, eles começaram a voltar, pegando uma rua lateral diferente para evitar Blow the Man Down. Quando ela esfregou os braços, ele amaldiçoou o fato de nã o ter se demorado a pegar a jaqueta quando veio atrá s dela, porque ele teria dado qualquer coisa para envolvê -la naquele exato momento. Pegar de volta amanhã com o cheiro dela na jaqueta. — Você conseguiu — ela murmurou, depois de caminharem por dois quarteirõ es. — Ainda estou com vergonha de invadir a festa. Mas eu me sinto… melhor. — Ela semicerrou os olhos para ele. — Brendan, acho que isso signi ica que somos amigos. Eles chegaram à porta dela e ele esperou que ela a destrancasse. — Piper, eu nã o coloco meus braços em volta de garotas à toa. Ela parou na porta. Olhou para trá s. — O que isso signi ica? Ele cedeu a apenas um toque de tentaçã o, colocando uma mecha de cabelo emaranhada pelo vento atrá s da orelha. Suave. — Signi ica que estarei por perto. Sabendo que se ele icasse lá por mais um segundo, ele tentaria provar sua boca, Brendan recuou alguns passos, entã o se virou, a imagem de sua expressã o atordoada – e de initivamente cautelosa – queimou em sua mente todo o caminho de volta para Blow The Man Down. *** Mais tarde naquela noite, Brendan parou na frente de sua cô moda, torcendo a aliança de ouro em seu dedo. Usar sempre parecia certo e
bom. Honroso. Uma vez que algo fazia parte dele, uma vez que ele fazia promessas, elas valiam. Ele icou preso. A vida de um pescador estava enraizada na tradiçã o e ele sempre se consolou com isso. Os protocolos podem mudar, mas o ritmo do oceano nã o. As cançõ es permaneceiam as mesmas, o pô r do sol era con iá vel e eterno, as maré s sempre mudavam e puxavam. Ele nã o tinha pensado em onde sua vida iria a seguir. Ou se pudesse ir em uma direçã o diferente. Havia apenas rotina, manter o equilı́brio, trabalhar, mover-se, manter vivos os costumes que lhe ensinaram. Ironicamente, foram essas mesmas qualidades que o tornaram um marido distraı́do. Um ausente. Ele nunca aprendeu a mudar. Para permitir coisas novas. Novas possibilidades. Agora, entretanto. Pela primeira vez desde que conseguia se lembrar, Brendan sentiu uma necessidade de se desviar de seus há bitos. Ele se sentou no porto esta noite com o braço em volta de Piper, e nã o era onde ele deveria estar. Mas ele nã o queria estar em nenhum outro lugar. Nã o cumprindo penitê ncia por ser um marido de merda. Nã o prestar respeito aos sogros, que ainda viviam como se a ilha tivesse morrido ontem. Nem mesmo traçando cursos ou puxando panelas para seu barco. Nã o, ele queria estar sentado lá com a garota de Los Angeles. Com essa verdade admitida para si mesmo, usar o anel nã o era mais certo. Isso o tornava fraudulento e ele nã o podia permitir isso. Nem mais um dia. A maré havia mudado e ele nã o cometeria os mesmos erros duas vezes. Ele nã o icaria tã o irmemente enraizado em suas prá ticas e rotinas que uma coisa boa viria e escaparia. Ao tirar a aliança de ouro e colocá -la em um lugar seguro na gaveta de meias, ele se despediu e se desculpou pela ú ltima vez. Entã o, ele apagou a luz.
Capı́tulo Quatorze Decidir reformar o bar e realmente reformá -lo eram duas coisas
muito diferentes. As irmã s rapidamente decidiram que nã o havia como recuperar o chã o do bar. Mas, graças a uma abundâ ncia de buracos do tamanho de um pé na madeira, eles podiam ver o concreto abaixo e, assim, nasceu sua visã o industrial e ná utica chique. Retirar as tá buas do assoalho era mais fá cil falar do que fazer. Era um trabalho sujo, suado e desagradá vel, especialmente porque nenhuma das duas conseguiu forçar a abertura das janelas, adicionando ar estagnado à mistura. Elas estavam progredindo, no entanto, já que até o meio-dia de sá bado, elas conseguiram encher um saco de lixo de tamanho industrial com o antigo piso do Sem Nome. Piper amarrou a ponta do saco com um loreio, tentando desesperadamente nã o derramar lá grimas sobre o estado abismal de suas unhas, e arrastou-o em direçã o ao meio- io. Ou ela tentou arrastá lo, de qualquer maneira. A maldita coisa nã o se mexia. — Ei, Hanns, me ajude a pô r essa coisa para fora. Sua irmã deixou cair o pé -de-cabra que ela comprou naquela manhã na loja de ferragens, colocou-se ao lado de Piper e segurou. — Um, dois, três. Nada. Piper deu um passo para trá s, passando o pulso pela testa com uma careta. — Nã o parei para pensar na parte em que realmente tı́nhamos que movê -lo. — Eu també m, mas tanto faz. Podemos apenas dispersá -lo entre alguns sacos que nã o serã o tã o difı́ceis de carregar. Um gemido borbulhou dos lá bios de Piper. — Como isso aconteceu? Como vou gastar meu sá bado dividindo o lixo? — Comportamento imprudente. Uma noite na prisã o… — Grossa. — Piper fungou. — Você sabe que te amo. — Hannah tirou as luvas. — Quer fazer uma pausa para o almoço? — Sim. — Elas deram dois passos e sentaram-se em banquetas lado a lado. Por mais exaustivo e difı́cil que essa reforma do bar estivesse se tornando, com um pouco de distâ ncia, a quantidade de trabalho que elas izeram em apenas algumas horas era meio que… satisfató ria. — Eu me pergunto se poderı́amos pintar o chã o. Como um oceano azul realmente profundo. Eles fazem pinturas em pisos? — Nã o me pergunte. Eu sou apenas a DJ.
Agora que a ideia estava na cabeça de Piper, ela estava interessada em obter as respostas. — Talvez eu vá com você à loja de ferragens na pró xima vez. Procurar por aı́. Hannah sorriu, mas nã o olhou. — OK. Um minuto de silê ncio se passou. — Eu te disse que invadi uma festa em homenagem à esposa de Brendan na noite passada? Entrei com uma bandeja de shots como se fosse fé rias de primavera em Miami. Sua irmã virou a cabeça lentamente. — Você está me zoando? — Nã o. — Ela puxou o io de um condutor imaginá rio. — O trem de Piper continua. Para cré dito de Hannah, levou quinze segundos inteiros para começar a rir. — Ai meu Deus, eu nã o estou rindo… Quer dizer, é uma coisa triste, o memorial. Mas, ah, Piper. Apenas, ai meu Deus. — Sim. — Ela tirou um pouco de poeira de suas calças de ioga. — Você acha que minha bolsa de batom é feia? — Uhhh... Hannah foi salva de ter que responder quando a porta da frente do Sem Nome se abriu. Brendan entrou com uma bandeja de café s na mã o e uma sacola de padaria enrolada na outra. Havia algo diferente sobre ele esta manhã , mas Piper nã o conseguia descobrir. Nã o imediatamente. Ele estava vestindo seu moletom, gorro e jeans trifecta caracterı́sticos como sempre, parecendo desgastado, terroso e no comando, levando consigo o cheiro do oceano, café e açú car. Seus olhos verdes prateados encontraram os de Piper e os seguraram por tempo su iciente para causar uma vibraçã o perturbadora em sua barriga, antes que ele examinasse a sala e seu progresso. — Ei — disse ele, naquele tom de barı́tono rouco. — Ei de volta. — Piper murmurou. Piper, eu não coloco meus braços em volta de garotas à toa. Ela icou acordada metade da noite dissecando essa declaraçã o. Separando-a e abordando-a de â ngulos diferentes, todas as quais levaram aproximadamente à mesma conclusã o. Brendan nã o coloca os braços em volta das garotas, entã o signi icava algo ele ter os colocado ao redor dela. Provavelmente só queria fazer sexo com ela, certo? E ela estava... interessada nisso, ao que parecia, com base em como seus mamilos haviam se transformado em pequenos pontos dolorosos no segundo em que ele se abaixou para o Sem Nome com suas grandes coxas de gladiador e espessa barba negra. Ah, sim. Ela estava interessada, com certeza. Mas nã o da maneira usual que ela se interessava por homens.
Porque Brendan veio com um rolo de ita isolante em volta dele. Ele nã o era um cara casual. Entã o, o que isso o tornava? O que mais estava lá ? Alé m de seu padrasto, ela encontrou muitos poucos tipos de relacionamentos sé rios. Ele era um deles? O que ele queria com ela? Havia uma boa chance de que ela o estivesse interpretando errado també m. Isso poderia muito bem ser apenas uma amizade, e como ela nunca teve uma amizade genuı́na com um homem, as intençõ es platô nicas podem ser irreconhecı́veis para ela. Esta era uma cidade pequena. As pessoas eram gentis. Eles lhe cumprimentavam com os chapé us. Ela provavelmente esteve em LA por muito tempo, e isso a deixou cı́nica. Ele apenas colocou os braços ao redor dela na noite passada para ser decente. Relaxe, Piper. — Isso é café para nó s? — Hannah perguntou esperançosa. — Sim. — Ele cruzou a escassa distâ ncia e colocou a bandeja no barril na frente das irmã s. — Há um pouco de açú car e outros complementos no saco. — Ele colocou o saco branco no chã o e esfregou a nuca. — Nã o sabia como você toma. — Nosso heró i. — Piper disse, abrindo a sacola e dando um suspiro sonhador para os donuts dentro. Mas primeiro, cafeı́na. Ela pegou um Splenda e um dos cremes nã o lá cteos, adulterando o café . Quando ela olhou para Brendan, ele estava seguindo suas açõ es de perto, uma linha entre as sobrancelhas. Memorizando como ela toma seu café ? Sem chance. Ela engoliu em seco. — Obrigada. Isso foi muito atencioso. — Sim, obrigada. — Hannah interrompeu depois de tomar um gole do dela, preto, e em seguida, vasculhar o saco branco em busca de uma rosquinha. — Nem é feito de couve- lor. Nó s realmente nã o estamos mais em LA, Pipes. — Couve- lor? Jesus Cristo. — Brendan tirou seu pró prio café da bandeja – e foi entã o que Piper percebeu o que havia de realmente diferente nele esta manhã . Ele havia tirado sua aliança de casamento. Depois de sete anos. O olhar de Piper viajou para o de Brendan. Ele sabia que ela tinha visto. E havia alguma comunicaçã o silenciosa acontecendo entre eles, mas ela nã o entendia o idioma. Nunca tinha falado isso ou estado perto de um homem que pudesse transmitir tanto sem dizer uma ú nica palavra. Ela nã o conseguiu traduzir o que se passou entre eles, ou talvez nã o estivesse pronta para decifrar o que ele queria dizer. Uma gota de suor desceu por sua espinha, e de repente ela podia ouvir sua pró pria respiraçã o super icial. Ningué m nunca a olhou nos olhos por tanto tempo. Era como se ele pudesse ler sua mente,
soubesse tudo sobre ela e gostasse de tudo. Queria um pouco para si mesmo. E entã o ela soube, pela determinaçã o de sua mandı́bula e sua energia con iante, que Brendan Taggart nã o pensava nela como uma amiga. — Este donut é incrı́vel. — Hannah disse, suas palavras abafadas pela massa em sua boca. — Há caramelo na cobertura. Pipes, você tem que provar… — Ela se interrompeu, seu olhar saltando para frente e para trá s entre Piper e Brendan. — O que está acontecendo aqui? — N-nada. — Piper disse em uma voz estridente. — Nã o sei. Hum. Brendan, você sabe se é , tipo, possı́vel pintar concreto? Seu estado de nervosismo parecia diverti-lo. — E sim. — Oh! Bom, bom, bom. — Exasperada com sua pró pria falta de jeito, ela pulou do banquinho. Entã o ela bateu em outro em uma tentativa de dar a Brendan um amplo espaço. — Decidimos ir com um tema industrial e ná utico. Uma vibraçã o meio chique de armazé m, mas com coisas tipo pescador. — Coisas de pescador — ele repetiu, tomando um gole de café . — Como o quê ? — Bem, vamos usar cores mais escuras, preto, metá lico, cinza e vermelho, mas vamos misturar tudo um pouco. A maioria dos barcos no porto tem aqueles tons suaves e desgastados, certo? Entã o pensei que poderı́amos integrar o novo e o antigo pendurando redes no teto, mas poderı́amos pintá -las de ouro ou preto, para que iquem coesos. Estou apenas tagarelando tudo isso, no entanto. Pode ser... — Suas mã os tremularam em sua cintura. — Talvez eu deva repensar tudo... A expressã o de Brendan passou de divertida para pensativa. Ou talvez… desaprovamento? Ela nã o sabia dizer. Parecia que semanas haviam se passado desde a primeira noite em que ela entrou e ele deixou claro que Sem Nome pertencia aos habitantes locais. Portanto, ele provavelmente odiava suas idé ias e o fato de que ela queria mudar qualquer coisa em primeiro lugar. — Certo. — Disse ele, rolando a palavra em torno de sua boca. — Bem, se você quer ná utico, você nã o vai pagar a mais por nada nas lojas para turistas no porto. Há uma loja de artigos de pesca em Aberdeen, onde eles colocam redes de graça na maioria das compras e nem tudo tem uma maldito peixe estrela colado nele. — Seus lá bios se torceram em torno de um gole de café . — Mas nã o posso ajudá -la com a tinta spray dourada. — Ah. — Piper soltou um suspiro que ela nã o sabia que estava segurando. — Obrigada. Estamos com um orçamento apertado, especialmente depois de nossa pequena viagem para a vinı́cola, entã o isso será ú til. Ele grunhiu e passou por ela, passando por cima da lacuna no piso. Parecia que ele estava indo em direçã o à escada dos fundos, entã o Piper
franziu a testa quando ele passou por ela, parando na frente de mais um pedaço de compensado que tinha sido pregado sobre buracos na parede. Só que, quando ele arrancou a madeira com uma das mã os e a jogou fora, havia uma porta atrá s dela. O queixo de Piper caiu. — Aonde isso leva? Brendan pousou o café na superfı́cie mais pró xima e experimentou a maçaneta enferrujada. Girou, mas a porta nã o abriu. Nã o até que ele colocou seu grande ombro contra ela e empurrou... E Piper viu o cé u. Uma á rvore caı́da e, claro, mais teias de aranha, mas havia cé u. — Um espaço ao ar livre? Hannah deu um pulo, boquiaberta. — De jeito nenhum. Como um pá tio? Brendan acenou com a cabeça. — Achei durante uma tempestade há alguns anos. Nã o estava sendo muito usado de qualquer maneira, com toda a chuva. — Ele apoiou a mã o no batente da porta. — Você quer que isso seja limpo. As irmã s acenaram com a cabeça. — Sim. Como fazemos isso? Ele nã o respondeu. — Depois que a á rvore acabar, você verá que o pá tio tem um tamanho decente. Pavimento cinza-escuro, entã o acho que está de acordo… Qual é o seu tema? Há uma lareira de pedra no canto. — Ele ergueu o queixo. — Você vai querer colocar uma pé rgula e uma capa impermeá vel. Mesmo com tempo ú mido, você poderá usá -la com o fogo aceso. O que ele estava descrevendo soou acolhedor, rú stico e muito fora de suas capacidades. Piper riu baixinho. — Quer dizer, isso parece incrı́vel, mas... — Nã o vamos sair para a temporada de caranguejos até o pró ximo sá bado. Vou trabalhar nisso. — Ele se virou e caminhou para a saı́da, parando ao lado do saco de lixo impossı́vel de levantar. — Você quer isso na calçada? — Sim, por favor. — Piper respondeu. Com esforço aparentemente zero, ele jogou-o por cima do ombro direito e saiu, levando consigo o cheiro de á gua salgada e da masculinidade sem remorso. Piper e Hannah olharam para a porta por vá rios longos minutos, o vento vindo do pá tio esfriando seus pescoços suados. — Eu acho que era isso. — Hannah inalmente disse com uma risada. — Eu nã o acho que ele vai voltar. Brendan voltou... no dia seguinte, juntamente com Fox, Sanders e um homem chamado Deke. Os quatro puxaram a á rvore pela frente do bar
e, com um olhar indecifrá vel na direçã o de Piper, Brendan prontamente saiu novamente. Logo cedo na manhã de segunda-feira, ele estava de volta. Apenas entrou como se nã o tivesse passado um momento desde sua ú ltima saı́da dramá tica, desta vez com uma caixa de ferramentas. Piper e Hannah, que estavam no processo de arrancar gesso da parede de tijolos em perfeito estado, olharam pela porta da frente para ver uma caminhonete carregada com madeira serrada. Uma viagem de cada vez, Brendan trouxe a madeira atravé s do bar para o pá tio dos fundos, junto com uma serra de mesa, enquanto Piper e Hannah o observavam com as cabeças girando, como se estivessem assistindo a uma partida de tê nis. — Espere, eu acho... — Hannah sussurrou. — Eu acho que ele está construindo para você aquela maldita pé rgula. — Você quer dizer nós? — Piper sussurrou de volta. — Nã o. Eu quero dizer você. — Isso é loucura. Se ele gosta de mim, por que ele simplesmente nã o me convidava para sair? Elas trocaram um olhar perplexo. Hannah respirou fundo. — Você acha que ele está , tipo, cortejando você ? Piper riu. — O quê? Nã o. — Ela teve que pressionar a mã o em seu abdô men para manter uma sensaçã o estranha e pegajosa sob controle. — Ok, mas se ele estiver, e se estiver funcionando? — E está ? — Nã o sei. Ningué m nunca construiu nada para mim! — Eles pularam para trá s quando Brendan pisou no bar novamente, longas tá buas de madeira equilibradas em seu ombro largo. Quando ele colocou a madeira no chã o, ele agarrou a parte de trá s de seu moletom e tirou-o, trazendo a camiseta por baixo junto com ele, e doce mã e de Deus, Piper só percebeu uma sugestã o de um sulco profundo em seu quadril e uma parte dos mú sculos do estô mago compactos antes que a camisa voltasse ao lugar, mas foi o su iciente para fazê -la apertar onde era importante. — Ah, sim. — Piper disse guturalmente. — Está funcionando. — Ela suspirou. — Merda. — Por que 'merda'? — Hannah deu a ela um sorriso malicioso. — Porque mamã e deu aquele aviso sinistro sobre os pescadores? — Ela fez um som assustador de woo-woo. — Nã o é como se você deixasse icar sé rio. Você o manteria casual. Sim. Ela iria. Mas Brendan iria? O cara que constró i uma pé rgula nã o parecia o tipo casual. E a falta de uma aliança de casamento era quase mais uma presença do que a
pró pria aliança. Cada vez que seus olhos se encontravam, um calafrio quente surgia por sua espinha, porque havia uma promessa ali, mas també m… paciê ncia. Maturidade. Ela já tinha namorado um homem de verdade antes? Ou todos eles eram meninos? *** Era quarta-feira à tarde, durante a pausa para o almoço. Brendan, Deke, Fox e Sanders comeram sanduı́ches em embalagens de papel, enquanto Hannah e Piper ouviam principalmente as teorias da equipe sobre sua pró xima viagem de caranguejo – e foi aı́ que Piper atingiu o alvo. Ela puxou o telefone para ter certeza, soprando serragem da tela. E decidiu que o descuido nã o poderia durar mais um momento. — Brendan — ela chamou, durante uma pausa na conversa sobre caranguejos. — Você ainda nã o postou sua primeira foto no Instagram. Seu sanduı́che parou a meio caminho de sua boca. — Isso nã o é obrigató rio, é ? Fox deu-lhe um aceno exagerado atrá s das costas do capitã o, incitando-a a mentir. — E totalmente necessá rio. Caso contrá rio, eles excluirã o sua conta. — Ela estudou seu telefone, ingindo mexer. — Estou chocada que ainda nã o o tenham feito. — Nã o dá para ver as fotos sem sua conta, chefe. — Disse Deke, tã o indiferente que Piper só podia imaginar como esses caras estavam acostumados a pregar peças um no outro. — Estou apenas dizendo. Brendan lançou um olhar para Piper. Se ela nã o estava enganada, ser chamada por perseguir sua conta do Instagram tinha virado até as pontas das orelhas um pouco vermelhas. — Eu posso colocar uma foto de qualquer coisa, né ? Até deste sanduı́che? Quã o longe eles poderiam levar isso sem ele chamar de besteira? Já era um jogo nã o falado. Faça o capitã o postar uma foto na internet por qualquer meio necessá rio. — Tem que ser seu rosto da primeira vez. — Hannah interrompeu, esfregando o cabelo sob o boné de beisebol. — Você sabe, tecnologia de reconhecimento facial. — Sim. — Sanders apontou seu sanduı́che para Hannah. — O que ela disse. — A luz está perfeita agora. — Piper se levantou e cruzou o andar do Sem Nome em direçã o a Brendan, balançando o telefone no ar. — Vamos, posso te mostrar como fazer uma pose. — Uma pose? — Ele puxou seu gorro. — Uh-uh.
— Só faça. Todos nó s passamos por isso, cara. — Disse Sanders — Sabe aquelas fotos de noivado que tirei ano passado? Duas horas de pose. Em um maldito cavalo. — Viu? Você só precisa posar ao lado de um cavalete. — Piper colocou a mã o no bı́ceps do tamanho de um melã o de Brendan e apertou, soltando uma vibraçã o inconfundı́vel em sua barriga. — Vai ser divertido. — Talvez nã o tenhamos a mesma ideia de diversã o. — Disse ele em dú vida. — Nã o? — Ciente de que estava brincando com fogo, mas incapaz de se conter, Piper se abaixou e murmurou em seu ouvido: — Posso pensar em algumas coisas divertidas que ambos gostarı́amos. Brendan engoliu em seco. Uma veia formigou em sua tê mpora. — Uma foto. — Fabuloso. Piper puxou Brendan de pé , puxando o gigante relutante para o lado de fora, suas botas esmagando os destroços da construçã o. Um movimento rá pido de barris disse a ela que Hannah e a tripulaçã o os seguiam para o pá tio, ansiosos para capturar esse momento raro e brilhante. — Todo mundo vai se lembrar onde estava quando Brendan tirou sua primeira foto para o Instagram. — Disse Deke com falsa gravidade. — Primeira e ú ltima — corrigiu o capitã o. — Quem sabe, você pode criar um há bito. — Piper disse, chegando ao lado de Brendan onde ele estava atrá s do cavalete. — Ok, entã o, com camisa? Ou sem? Brendan olhou para ela como se ela fosse louca. — Com. Piper torceu o nariz para ele. — Tudo bem, mas eu posso apenas… — Ela beliscou a manga de sua camiseta vermelha suada entre os dedos e puxou-a para cima, revelando o corte profundo de seu trı́ceps. — Ooh. Isso vai funcionar. Ele grunhiu, parecendo irritado consigo mesmo por estar lisonjeado. Mas ele de initivamente lexionou um pouco esse trı́ceps. Piper escondeu o sorriso e se moveu para icar a uma curta distâ ncia, o telefone pronto em modo retrato. — Ok, mã o esquerda no cavalete, pegue a furadeira com a direita. — Grandes ferramentas!— Hannah ligou. — Yay, simbolismo. — Isto é ridı́culo. — Ele olhou ao redor. — E ó bvio que nã o estou perfurando nada. — Distraia-os com seu sorriso. — Disse Hannah, entre longos goles de seu refrigerante. — Mostre a eles estes brancos perolados. — Quem sã o eles? — Brendan quis saber. — Piper é a ú nica que está me seguindo. Todos ignoraram isso.
— Poste algum conteú do e irei considerá -lo. — Sanders fungou. — Sorria como se estivé ssemos transportando cem caranguejos por panela. — Fox sugeriu. — Nó s izemos isso. Você se lembra de mim sorrindo entã o? — Esse é um ponto vá lido. — Disse Deke. — Talvez o capitã o só esteja descansando sua cara de idiota. Finalmente, Piper teve pena de Brendan e se aproximou do cavalete. — Eu esqueci de te dizer uma coisa. E meio que um segredo. — Ela apontou o dedo para o homem, satisfeita quando ele se inclinou como se fosse compelido. Seu calor suado caiu sobre ela, e ela icou na ponta dos pé s, ansiosa para se aproximar. Talvez até exigindo uma proximidade adicional. — Eu tenho pedido seus pratos sugeridos dos menus de comida para viagem, e você estava certo. Eles sã o os melhores. Ela percebeu seu sorriso de perto com o toque na tela. — Olhe para isso — ela sussurrou, virando o telefone em sua direçã o. — Você é natural. O canto de seus lá bios se contraiu, levando sua barba junto. — Você vai dar um coraçã o nisso? — Mmm-hmm. — Oh, ela estava lertando abertamente com o capitã o agora. Isso signi icava que a terceira parede estava de volta? Ou ela estava em algum territó rio de lerte desconhecido que icava do outro lado dos escombros? — Eu curtiria duas vezes se pudesse. Ele fez um som com a garganta e se inclinou um pouco mais perto. — Eu sei que eles nã o precisam de uma foto para manter sua conta ativa. Tratava-se de fazer você sorrir, nã o eu. — Seu olhar caiu em sua boca, demorando a encontrar seus olhos novamente. — Valeu a pena. — Com isso, ele largou a furadeira e prendeu sua tripulaçã o com um olhar. — De volta ao trabalho. Tudo o que Piper podia fazer era olhar para o local que ele acabara de desocupar. Arrepiada. Ele a deixou arrepiada. *** Ao longo da semana, enquanto Brendan construı́a a pé rgula sobre o pá tio dos fundos, era impossı́vel para Piper nã o sentir uma sensaçã o crescente de... importâ ncia. Havia um calor em seu meio abrindo caminho para fora com cada zumbido da serra, cada golpe de seu martelo. Ela pensou que nada poderia fazê -la se sentir mais sexy do que um par de Louboutins, mas este homem construindo algo para ela à mã o nã o apenas a excitou, como a fez se sentir cobiçada. Desejada. De uma forma que nã o era super icial, mas durá vel. Entã o. Isso foi assustador.
Mas nã o era apenas o trabalho de Brendan que a fazia se sentir positiva, era sua pró pria persistê ncia. Piper e Hannah desciam as escadas todas as manhã s e começavam, transportando entulho, martelando a moldura da coroa pendurada, lixando as molduras das janelas e dando-lhes novas camadas de tinta e organizando os espaços de armazenamento atrá s do bar. Um caloroso brilho de orgulho se instalou e se sentiu em casa com a conclusã o de cada novo projeto. Na quinta-feira, no inal da tarde, cessaram os ruı́dos da construçã o civil no pá tio dos fundos, do martelo e da serra. Hannah tinha ido passar a tarde com Opal, entã o eram apenas Piper e Brendan no Sem Nome. Ela estava lixando algumas prateleiras atrá s do bar quando as botas dele arranharam a soleira, a pele de seu pescoço esquentando sob seu olhar. — Está pronto. — Brendan disse naquele timbre baixo. — Você quer vir olhar? Os nervos de Piper estavam à lor da pele, mas ela largou a lixa e foi. Ele a observou se aproximando, sua altura e largura enchendo a porta, seu olhar mergulhando para o decote de sua blusa apenas brevemente. Mas foi o su iciente para suas pupilas se expandirem, sua mandı́bula se contrair. Ela estava uma bagunça empoeirada. Já fazia seis dias. E nã o parecia ter nenhuma importâ ncia. Com calças de corrida sujas ou lantejoulas, ela ainda era digna da pé rgula. Ele tinha estourado seu traseiro simplesmente porque gostava dela e nã o apenas pela sua aparê ncia? A possibilidade de que ele aparecesse para vê -la, ajudá -la, sem nada em troca, a deixava confortá vel em sua pró pria pele – ironicamente, sem nenhuma de suas habituais armadilhas de embelezamento. No ú ltimo segundo, ele se moveu para que ela pudesse deslizar pela porta, e precisou de todo o seu autocontrole para nã o correr as mã os pela Muscle Mountain. Ou se inclinar e dar uma tragada vigorosa do exercı́cio masculino real, real. Deus, a cada dia que passava, ela estava icando cada vez menos apaixonada pelos homens bem-cuidados e penteados que conhecia. Ela gostaria de vê-los tentando operar uma serra de mesa. Piper saiu e olhou para cima, o prazer, a surpresa, deixaram sua boca na forma de uma risada hesitante. — O quê ? Você … Brendan, você acabou de construir isso? — Com o rosto inclinado para trá s, ela girou em um cı́rculo lento. — Isso é lindo. Surpreendente. Este pá tio era uma selva no domingo. Agora olhe para isso. — Ela apertou as mã os entre os seios. — Obrigada. Brendan limpou a sujeira de suas mã os com um pano, mas ele a observou irmemente por baixo da faixa escura de seu gorro. — Estou feliz por ter gostado. — Nã o. Eu amei isso. Ele grunhiu.
— Está pronta? — Pronta para quê ? — Para eu ainda convidar você para jantar. Seu pulso disparou sozinho. Levantou. Tropeçou novamente. — Você achou que precisava construir uma pé rgula para me convencer? — Nã o. Eu, uh… — Ele jogou o pano no chã o e en iou as mã os nos bolsos. — Eu precisava de algo para me manter ocupado enquanto criava coragem para perguntar. Oh. Oh, não. Aquela inquietante agitaçã o em sua barriga foi à loucura, voando em uma dú zia de direçõ es e caindo em partes internas importantes. Ela precisava fazer algo sobre isso antes… do quê ? Ela nã o sabia o que acontecia com homens sé rios. Homens que a cortejavam e nã o apenas passavam os braços em volta das mulheres, querendo ou nã o. — Uau. Eu... eu nã o sei o que dizer. Exceto... Com certeza vou jantar com você , Brendan. Eu adoraria. Ele desviou o olhar, acenou com a cabeça com irmeza, um sorriso provocando um canto de sua boca. — Tudo bem. — Mas… — Ela engoliu em seco quando aqueles intensos olhos verdes voltaram em sua direçã o. — Eu gosto. Eu gosto de você , Brendan. Mas eu só quero ser direta e dizer, você sabe… que estou voltando para LA. Parte do motivo pelo qual estamos consertando o bar é para impressionar Daniel, nosso padrasto. Esperamos que a demonstraçã o de engenhosidade seja um bilhete para casa mais cedo. — Ela sorriu. — Entã o, nó s dois sabemos que este jantar é casual. Amigá vel, até . Certo? Nó s dois sabemos disso. — Ela riu nervosamente, prendendo um pouco de cabelo em seu rabo de cavalo. — Estou apenas a irmando o ó bvio. Sua bochecha se contraiu. — Certo. Piper franziu os lá bios. — Entã o... estamos concordando nisso. Uma batida se passou enquanto ele a considerava. — Olha, nó s dois sabemos que gosto de ter as coisas sob controle, mas eu… nã o fui capaz de fazer isso com você . Vamos ver o que acontece. O pâ nico fez có cegas em sua garganta. — Mas… Ele apenas começou a guardar suas ferramentas. — Vou buscá -la amanhã à noite. As sete. Sem esperar por uma resposta, ele se virou e entrou no bar, em direçã o à saı́da.
Ela levou um momento para engasgar internamente, entã o foi atrá s dele. — Mas, Brendan… Num segundo ele estava segurando a caixa de ferramentas, no pró ximo ela estava no chã o e ele estava se virando. O impulso de Piper trouxe-a contra o corpo de Brendan, com força, e o antebraço de capitã o do barco envolveu sua parte inferior das costas, levantando-a apenas o su iciente para que os dedos dos pé s tocassem o concreto. E entã o ele a curvou para trá s naquele braço de aço, batendo sua boca na dela em um beijo é pico. Era como um pô ster de ilme, com o protagonista masculino curvando seu corpo grande e corpulento sobre a senhora feminina desmaiada e tomando seu fô lego. O quê? O que ela estava pensando? Seu cé rebro estava claramente comprometido – e nã o era de se admirar. A boca que encontrou a dela era tenra e faminta ao mesmo tempo. Adorá vel, mas contendo um apetite que ela nunca encontrou antes. Assim que seus lá bios se conectaram e seguraram, os dedos dela se enrolaram no pescoço de sua camiseta, e aquele braço na parte inferior de suas costas a ergueu, achatando a frente de seus corpos, e oh Deus, ele simplesmente a devorou. Seus lá bios empurraram os dela amplamente, seus dedos de trabalhador afundaram em seu cabelo, e sua lı́ngua penetrou profundamente, invadindo e desencadeando chamas em suas zonas eró genas. E ele gemeu. Este homem enorme e corajoso gemia como se nunca tivesse provado algo tã o bom em toda a sua vida e ele precisava de mais. Ele os levantou para um suspiro simultâ neo de ar, entã o ele voltou ao trabalho, sua lı́ngua acariciando a dela implacavelmente até que ela estava usando seu aperto em sua gola para escalá -lo, sua boca tã o ansiosa quanto necessitada. Oh Deus, oh Deus, oh Deus. Eles iriam fazer sexo, ali mesmo. Esse era o ú nico lugar que um beijo como esse poderia levar. Com ele gemendo por uma razã o totalmente diferente, aqueles quadris fortes segurando suas coxas separadas para tomar suas estocadas. Como eles estavam orbitando um ao outro por mais de uma semana sem que isso acontecesse? Com cada inclinaçã o de sua boca dura, ela estava perdendo a cabeça… A porta do Sem Nome se abriu, deixando entrar os sons distantes do porto. — Ah! Eu sinto muito… — Hannah disse timidamente. — Hum, eu só vou... Brendan havia quebrado o beijo, sua respiraçã o difı́cil, os olhos brilhando. Ele olhou para a boca dela por alguns longos momentos
enquanto o cé rebro de Piper lutava para recuperar o atraso, sua mã o inalmente caindo de seu cabelo. Não, ela quase choramingou. Volte. — Amanhã à noite. — Ele murmurou. — As sete. Ele manteve os olhos em Piper até o ú ltimo segundo possı́vel antes de desaparecer pela porta. Nesse ponto, ela cambaleou atrá s do bar e destampou uma cerveja do refrigerador. Graças a Deus eles tiveram a clarividê ncia de enchê -lo de gelo. Piper bebeu profundamente, tentando colocar sua libido de volta sob controle, mas nã o funcionou nem de perto. A costura de sua calcinha estava ú mida, seus mamilos duros e doloridos, seus dedos coçando para serem torcidos mais uma vez na camisa de Brendan. — Vou precisar de sua ajuda, Hanns. — Ela disse inalmente. — Tipo, muito dela. Sua irmã a encarou de volta, com os olhos arregalados, nunca tendo visto Piper ser derrubada de lado por um homem. — Ajuda com o quê ? — Lembrando de tudo o que acontece com Brendan… é temporá rio. — Vou ajudar, mana. — Hannah deu a volta no bar, abriu sua pró pria cerveja e icou ombro a ombro com Piper. — Jesus. Eu nunca vi você tã o nervosa. Quem diria que seu fetiche eram espaços externos? O bufo de Piper se transformou em uma risada completa. — Temos um encontro em aproximadamente vinte e quatro horas. Você sabe o que isso signi ica? — Você tem que começar a se preparar agora? — Sim. Hannah riu. — Vá . Vou limpar aqui. Piper beijou a tê mpora de sua irmã e correu escada acima, indo direto para o armá rio. Ela pressionou a boca da garrafa de cerveja contra os lá bios e leu suas escolhas, perguntando-se qual vestido dizia que eu não sou do tipo que se acomoda. Porque ela nã o era. Principalmente em Westport. Ela só precisava lembrar Brendan disso. Com um aceno de cabeça irme, ela escolheu o vestido curto de veludo Alexander Wang verde-esmeralda. Se ela estivesse aqui apenas para se divertir, ela teria o mais divertido. E tentar esquecer o quã o envolvido seu coraçã o esteve naquele beijo.
Capı́tulo Quinze Brendan arrumou os talheres sobre a mesa da sala de jantar,
tentando se lembrar da ú ltima vez que ele teve motivo para usar mais de um conjunto. Se Fox ou algum membro da tripulaçã o vinha, eles comiam com as mã os ou garfos de plá stico. Piper estaria acostumada com algo melhor, mas isso nã o poderia ser evitado. Ao invé s de mergulhar de novo no namoro apó s uma pausa de sete anos de todas as coisas femininas, ele mergulhou direto no fundo do poço com uma mulher que poderia ser impossı́vel de impressionar. Claro, ele estava intimidado com o nı́vel de luxo a que Piper estava acostumada, mas nã o podia deixar que o esforço o assustasse. Tentar era o mı́nimo que ele podia fazer, porque... Piper Bellinger havia isgado-o. Ele absorveu cada segundo observando-a trabalhar no Sem Nome durante toda a semana – e ele foi para encontrar o aspecto socialite exigente de sua personalidade... bem, adorá vel. Ela era dona disso. Nã o se desculpou por odiar o trabalho manual ou por seu amor por sapatos caros e sel ies. E, porra, toda vez que ela se encolhia com a sujeira sob as unhas, ele queria deitá -la em um travesseiro de seda e fazer todo o trabalho por ela, para que ela nã o precisasse. Ele queria mimá -la. Seriamente. Era ó bvio que ela odiava construçã o, mas ela aparecia todos os dias com um sorriso corajoso e terminava. Alé m disso, ela arrumava tempo nas tardes para levar Hannah para ver Opal, e ele testemunhava seu crescente conforto, dia apó s dia, com o fato de que ela tinha uma avó . Percebeu como ela começou a envolver Opal nas conversas sem parecer afetada ou estranha. Ela estava tentando coisas novas e tendo sucesso. Se ela podia fazer isso, ele també m podia. Brendan abriu a geladeira e veri icou o champanhe novamente, esperando que o preço alto signi icasse que era meio decente. Ele tinha provado sua boca inacreditá vel ontem à noite, e seu orgulho exigia apenas o melhor em sua lı́ngua. Ele teria que se esticar alé m de suas capacidades normais por esta mulher. Ela nã o icaria feliz com cerveja, hambú rgueres e uma partida de sinuca no Blow the Man Down. Nem sempre. Ela o faria trabalhar para mantê -la contente, e ele queria esse desa io. Nã o tinha sido assim na primeira e ú nica vez que ele namorou uma mulher. Nã o houve urgê ncia, antecipaçã o ou fome crua que nunca diminuiu. Houve aceitaçã o, compreensã o. Tranquilidade. Mas a batida de seu coraçã o quando ele subiu na caminhonete nã o foi silenciosa.
O Sem Nome era perto dali, mas Piper provavelmente estaria usando sapatos ridı́culos, entã o ele a levaria de carro para sua casa. Sair de casa a essa hora nã o fazia parte de sua rotina e todos que viram sua caminhonete ergueram as sobrancelhas, acenando hesitantemente. Eles sabiam que ele partiria amanhã de manhã para a temporada de caranguejos e provavelmente se perguntaram por que ele nã o estava indo para a cama cedo com duas semanas de mar traiçoeiro em seu futuro. Havia uma mulher para ver primeiro. Foi por isso. Brendan estacionou na calçada do lado de fora do Sem Nome. Ele tentou a entrada da frente e a encontrou destrancada, entã o ele entrou e subiu as escadas até a porta dela. Nã o era a primeira vez que ele a via vestida para matar um homem, entã o ele nã o deveria ter se surpreendido quando ela respondeu com um sorriso sedutor, com o cheiro de um perfume exó tico, como fumaça. Com um vestido tã o curto, ele veria tudo se descesse dois degraus. Ele quase engoliu a porra da lı́ngua. — Olá , marinheiro. — Piper. — Brendan exalou forte, fazendo tudo que podia para evitar que sua ereçã o instantâ nea icasse incontrolá vel. Jesus, o encontro nem tinha começado ainda, e ele precisava se ajustar. — Você sabe que estamos indo para a minha casa, certo? — Mmm-hmm. — Ela fez beicinho para ele. — Você nã o gosta do meu vestido? E, naquele momento, Brendan viu atravé s dela. Viu o que ela estava fazendo. Fazendo esta noite ser sobre sexo. Tentando manter as coisas casuais. Categorizando-o como um amigo com benefı́cios. Com um homem menos determinado, ela teria tido sucesso també m. Facilmente. Ela era o paraı́so nas pernas, e provavelmente um monte de bastardos de temperamento fraco nã o seriam capazes de recusar qualquer coisa que ela estivesse disposta a dar. Mas ele se lembrou do beijo deles. Provavelmente se lembraria disso pelo resto da vida. Ela nã o escondeu nada enquanto suas bocas estavam se tocando. Ela icou assustada, surpresa, excitada e assustada novamente. Ele poderia se relacionar. E, embora ele nã o tivesse ideia se poderia oferecer a esta mulher o su iciente para fazê -la feliz, ele nã o iria deixar Piper classi icá -lo como uma foda casual. Porque o que ela o fez sentir nã o foi casual. Nem um pouco. — Você sabe que eu amei, Piper. Você está linda. Suas bochechas coraram com o elogio. — E você nã o está usando seu gorro. — Ela estendeu a mã o e passou os dedos pelo cabelo dele, as unhas roçando levemente seu couro cabeludo. — Eu nã o posso acreditar que você estava escondendo tudo isso de mim. Cristo. Ele corria o risco de engolir a lı́ngua novamente.
Nã o era apenas porque ele nã o tinha sido tocado por uma mulher fazia sete anos. E porque é esta mulher quem está o tocando. — Está esfriando. Você tem uma jaqueta ou quer pegar a minha emprestada? Hannah apareceu atrá s da irmã na porta, os fones de ouvido enrolados no pescoço. Ela deixou cair um sué ter preto sobre os ombros de Piper e cheirou. — Traga-a para casa em um horá rio razoá vel, por favor. Brendan balançou a cabeça para a mais jovem e ofereceu sua mã o para Piper. — Nã o há muita escolha. Partimos para o Alasca pela manhã . Hannah cantarolou por um segundo, cantando baixinho uma cançã o sobre o fundo do mar azul profundo, mas ele nã o a reconheceu. Aparentemente presa nas palavras, Hannah deu um tapinha no ombro da irmã e fechou a porta. Deslizando a mã o na de Brendan, Piper fez um som divertido. — Ela provavelmente já está fazendo para você uma playlist de marinheiro para a viagem. Ela nã o consegue se conter. — Se nã o estamos colocando redes de pesca ou puxando-as para cima, estamos tentando dormir algumas horas. Nã o há muito tempo para ouvir mú sica. — Ele pigarreou. — Eu nã o vou dizer isso a ela, no entanto. Ele abriu a porta da frente, e Piper sorriu para ele enquanto ela passava. Haviam alguns clientes esperando do lado de fora do Red Buoy, do outro lado da rua. Quando eles o viram ajudando Piper a entrar na caminhonete – e com certeza ela estava usando aqueles saltos picadores de gelo de novo – eles se acotovelaram, um deles até correndo para dentro para contar a fofoca. Ele estava preparado para uma reaçã o. Nã o se importava nem um pouco, especialmente com ele saindo da cidade por duas semanas. Certo ou errado, ele icaria tranquilo se a cidade soubesse que ela estava comprometida. Mesmo que Piper ainda nã o soubesse disso. Eles dirigiram os trê s minutos até a casa de Brendan, e ele entrou na garagem, contornando o pá ra-choque dianteiro para ajudá -la a sair. Ele nã o tinha nenhuma esperança de tirar os olhos de suas pernas quando ela se virou toda feminina no assento, usando seus ombros para se equilibrar enquanto descia do lado do passageiro de sua caminhonete. — Obrigada — ela sussurrou, passando um dedo pelo centro de seu peito. — Um cavalheiro. — Isso mesmo. — Ele ergueu o queixo dela. — Isso é exatamente o que vou ser, Piper. Sua bravata diminuiu um pouco. — Acho que veremos sobre isso. — Acho que vamos.
Ela tirou o queixo da mã o dele e andou pela calçada, apenas para jogar sujo. O material verde pegajoso de seu vestido esticou e mudou sobre sua bunda, imediatamente fazendo-o questionar se ser um cavalheiro era ultrapassado. Sim, ele queria levá -la para a cama mais do que conseguia se lembrar de querer alguma coisa. Cada mú sculo de seu corpo estava tenso com a visã o de suas pernas lindas na escuridã o do lado de fora da porta da frente. Mas ele nã o conseguia afastar a intuiçã o de que ir rá pido demais com Piper seria um erro. Talvez ela até queria que ele cedesse, só para que ela pudesse colocá -lo em uma caixa com o ró tulo Paquera. A pior parte foi que… talvez ele fosse apenas algo casual para ela. Esta noite, ela parecia mais adequada para deslizar em torno de uma mansã o de Hollywood do que comer uma refeiçã o caseira em seu apartamento. Ele pode estar delirando por tentar algo. Se ela estava determinada a voltar para LA, nã o havia como impedi-la. Mas algo dentro dele, alguma intuiçã o, nã o permitiria que ele desse a Piper nada alé m de seu melhor esforço. Brendan destrancou a porta, acendeu as luzes e se virou para observar a reaçã o dela. Ela seria capaz de ver a maior parte à primeira vista. O andar de baixo era um conceito aberto, com a sala de estar à direita, cozinha e sala de jantar à esquerda. Nã o estava cheio de bugigangas, nem de fotos. Tudo era simples, moderno, mas os mó veis que ele tinha eram feitos à mã o localmente com madeira lutuante – e ele gostava disso. Gostava que sua casa fosse uma representaçã o do que as pessoas de sua cidade podiam fazer com a madeira do oceano. — Oh. — Ela soltou um suspiro, uma covinha aparecendo em sua bochecha. — Brendan… você já pô s a mesa. — Sim. — Lembrando-se de seus modos, foi até a cozinha e tirou a garrafa de champanhe da geladeira. Ela parou ao lado da mesa de jantar, parecendo um pouco perplexa ao vê -lo abrir a rolha e servir. — Você vai ter que me dizer se esse é bom. Eles só tinham dois tipos na loja de bebidas, e o outro vinha em lata. Ela riu, largou a bolsa e tirou o sué ter em um movimento lento e sensual que quase fez sua compostura vacilar. — Por que você nã o toma um pouco comigo? — Eu bebo cerveja. Sem champanhe. Piper apoiou o quadril na mesa e ele quase transbordou do copo. — Aposto que vou convencê -lo a tomar um pouco até o inal da noite. Jesus, ela provavelmente poderia convencê -lo a fazer um monte de coisas se ela se concentrasse nisso, mas ele achou que deveria manter isso para si mesmo. Ele entregou a ela a taça de champanhe que comprou naquela mesma tarde, observou-a tomar um gole e a memó ria do beijo deles rolou por ele com força. — E fantá stico — disse ela com um suspiro.
O alı́vio se estabeleceu pró ximo à necessidade. Ele ignorou o ú ltimo. Por enquanto. — Só vou colocar o peixe no forno, depois quero mostrar uma coisa para você . — Okay. Brendan abriu a geladeira e tirou a assadeira coberta com papel alumı́nio. Ele já havia preparado o linguado, regado com suco de limã o, sal e pimenta. Em Westport, você aprende jovem a fazer um jantar com peixe, mesmo que nunca tenha aprimorado outra habilidade na cozinha. Era necessá rio, e ele agradecia a Deus por esse conhecimento agora. Quando ligou o forno e colocou o prato, ele decidiu que sua cozinha icaria para sempre chata sem Piper ali. Ela era algo de outro mundo, posada para seduzir com seu corpo assassino angulado apenas para a direita, cotovelo no quadril, pulso girando preguiçosamente seu champanhe. — Vamos. — Antes que ele pudesse ceder à tentaçã o e colocá -la sobre a mesa e esquecer completamente o jantar, ele agarrou sua mã o livre, guiando-a pela sala em direçã o aos fundos da casa. Ele acendeu a luz que levava ao pá tio dos fundos e abriu a porta, gesticulando para que ela o seguisse. — Pensei em mostrar o que é possı́vel com o espaço ao ar livre no bar, se você quiser adicionar um pouco de verde. — E ocorreu a ele entã o que talvez jardinagem nã o fosse exatamente uma caracterı́stica sexy para um homem ter. — Eu só precisava de algo para fazer nos meus dias de folga... Seu suspiro o interrompeu. — Uau. Ai meu Deus, Brendan. E má gico aqui. — Ela caminhou pelo caminho de pedra rudemente cortada, de alguma forma nã o tropeçando nos calcanhares. As samambaias, que ele realmente precisava cortar, roçavam seus quadris quando ela passava. O som gotejante da fonte de á gua de pedra parecia chamá -la, e ela parou na frente dele, arrastando um dedo ao longo da superfı́cie. Havia uma ú nica cadeira de ferro forjado em um canto onde ele à s vezes se sentava com uma cerveja depois de uma longa viagem, tentando recuperar o equilı́brio. — Eu nã o pensaria que você fosse um jardineiro, mas agora posso ver. Você ama suas raı́zes. — Ela olhou para ele por cima do ombro. — Você tem tudo esculpido do jeito que você gosta. Eu tenho? Ele teria pensado assim até recentemente. Ele fazendo suas coisas, repetidamente, tornou-se menos… satisfató rio. Nã o há como negar. — Eu amo este lugar — ele disse lentamente. — Westport. — Você nunca pensaria em ir embora. — Uma declaraçã o, nã o uma pergunta. — Nã o — ele respondeu de qualquer maneira, resistindo ao desejo de quali icar aquele não de initivo de alguma forma.
Ela se inclinou para cheirar uma das lores em seu arbusto de á ster roxo. — Que tal umas fé rias? Você costuma tirar algumas? Ele esfregou a nuca. — Quando eu era criança, meus pais costumavam me levar para acampar na Ilha Whidbey. Eles se mudaram para Eugene, Oregon, um tempo atrá s, para icar mais perto da famı́lia da minha mã e. — Nenhuma viagem de lazer desde a infâ ncia? Nada mesmo? Brendan balançou a cabeça, rindo quando Piper deu a ele um olhar escandalizado. — As pessoas viajam para ver o oceano. Nã o preciso ir a lugar nenhum para isso. Ele está bem aqui no meu quintal. Piper se aproximou, a diversã o dançando em seus olhos. — Minha mã e me avisou tudo sobre você s, pescadores de caranguejo-real, e seus casos de amor com o mar. Achei que ela estava sendo dramá tica, mas você realmente nã o consegue resistir ao puxã o da á gua, nã o é ? — Ela procurou seu rosto. — Você está em um relacionamento sé rio. Algo mudou em seu estô mago. — O que você quer dizer com 'ela te avisou'? Seu ombro se ergueu e caiu. — Ela ama o marido, Daniel. Mas... Acho que houve algum luto nã o superado falando. Por causa do que aconteceu com Henry. — Ela olhou para longe, como se tentasse se lembrar da conversa. — Ela disse a mim e à Hannah que os pescadores sempre escolhem o mar. Eles voltam de novo e de novo, mesmo que assuste seus entes queridos. Com base nisso, acho que ela queria que Henry saı́sse e... você sabe o resto. Esta nã o foi uma conversa que ele planejou. Ele desistiria dos aspectos mais perigosos de seu trabalho? Nã o. Nã o, lutar contra as maré s, a corrente, as ondas, isso era o trabalho de sua vida. Havia á gua salgada correndo em suas veias. Deixar claro que ele sempre escolheria o oceano, nã o importa o que acontecesse, o deixava em desvantagem com Piper – e eles nem haviam comido ainda. Mas quando ela virou o rosto para o luar e ele viu apenas uma curiosidade honesta, ele se sentiu compelido a fazê -la entender. — Todo ano, eu coloco alguns novatos no barco. Marinheiros de primeira viagem. A maioria deles sã o crianças tentando ganhar algum dinheiro rá pido, e eles nunca icam mais do que a primeira temporada. Mas de vez em quando, há um... Posso ver da casa do leme. O vı́nculo que ele está formando com o mar. E eu sei que ele nunca vai fugir dele. Ela sorriu. — Gosto de você . Uma voz sussurrou no fundo de sua cabeça: Você está se ferrando. Ele era um homem honesto, poré m, muitas vezes exagerado.
— Sim. Eu també m. — Ele procurou sua linha do cabelo. — Aquele hematoma em sua cabeça inalmente sumiu. Ela estendeu a mã o e esfregou o local. — Sim. Eu alguma vez te agradeci devidamente por enviar Abe para resolver o problema da beliche de cima? — Nã o é necessá rio. Piper eliminou a distâ ncia restante entre eles, parando apenas quando seus seios tocaram seu peito. Ela era suave, graciosa, feminina. Muito menor do que ele. Com ela tã o perto, ele se sentia como um gigante domesticado, prendendo a respiraçã o e esperando, esperando para ver o que a linda garota faria a seguir. — Você poderia apenas ter dado um beijo e deixado tudo melhor. Sua exalaçã o saiu forte, graças a todo o sangue em seu corpo correndo para o sul, direto para o seu pê nis. — Você me disse que seu lerte nã o funcionava comigo. Nã o parece que seja esse o caso esta noite. Seus lá bios se curvaram. — Talvez porque eu vim vestida com uma armadura. Brendan inclinou a cabeça e deixou seu olhar varrer seus ombros nus, suas pernas e de volta para seu decote baixo e apertado. — Essa armadura nã o poderia protegê -la de nada. Algo cintilou em seus olhos. — Nã o poderia? Ela entrou na casa, deixando seu perfume sedutor em seu rastro. Brendan sempre pensou que lutar contra o oceano seria para sempre seu maior desa io. Mas isso foi antes de ele conhecer Piper. Talvez ele nã o soubesse o como ou o quê dessa coisa entre eles ainda, mas seu instinto nunca mentiu. Ele nunca perdeu uma batalha com a á gua ao ouvir seus instintos, e ele esperava como o inferno que esses mesmos instintos nã o o faltassem agora.
Capı́tulo Dezesseis Piper observou Brendan se sentar no lado oposto da mesa e fez uma
careta. O capitã o do barco nã o parecia ser facilmente seduzido. Quando ela escolheu este vestido, ela nem esperava que eles conseguissem passar pela porta da frente, mas aqui estavam eles, sentados em sua charmosa sala de jantar masculina, se preparando para comer a comida que ele mesmo preparou. E ele comprou champanhe para ela. Os homens compravam joias para ela, a levavam em bons restaurantes – um carinha ansioso até comprou um Rolls Royce para ela em seu aniversá rio de 22 anos. Ela nã o fazia segredo sobre gostar de coisas boas. Mas nenhum desses presentes a fez se sentir tã o especial quanto esta refeiçã o caseira. Ela nã o queria se sentir especial perto de Brendan, no entanto. Ou queria? Desde que chegou a Westport, ela teve conversas mais francas com Brendan do que qualquer pessoa em sua vida, exceto Hannah. Ela queria saber mais sobre ele e revelar mais sobre si mesma em troca, e isso era extremamente assustador. Por que, o que poderia resultar disso? Ela só icaria em Westport por trê s meses, e havia se passado quase duas semanas já . Amanhã ele partiria por duas semanas. Entã o, de volta ao mar, trê s dias seguidos. Isso tinha todas as caracterı́sticas de uma conexã o temporá ria. Mas sua recusa em colocar um ró tulo nessa coisa entre eles deixou a porta de possibilidades escancarada. Na verdade, ela nem sabia como ser mais do que uma conexã o temporá ria. Aquela linha bronzeada impossı́vel de ignorar ao redor de seu dedo anelar e o fato de que ela era seu primeiro encontro desde que o tirou? Foi esmagador para algué m cujo relacionamento mais longo durou apenas trê s semanas e terminou com sua con iança cheia de buracos. O que ele esperava que acontecesse entre eles… ela nã o poderia cumprir isso. E talvez esse fosse o verdadeiro problema. O corpulento capitã o do mar esperou em silê ncio que ela desse a primeira mordida, os cotovelos sobre a mesa, totalmente inexperiente em um encontro. Um mú sculo estremeceu em sua bochecha, dizendo a ela que Brendan estava nervoso com a reaçã o dela a sua comida. Mas cada pensamento em sua cabeça deve ter aparecido em seu rosto, porque ele ergueu uma sobrancelha para ela. Ela tirou a tensã o dos
ombros e cravou o garfo no peixe branco escamoso, adicionando uma batata també m e empurrando-o entre os lá bios. Mastigando. — Oh. Uau, isso é ó timo. — Sim? — Totalmente. — Ela deu outra mordida e ele inalmente começou a comer sua pró pria refeiçã o. — Você cozinha muito para si mesmo? — Sim. — Ele comia da mesma maneira que comia tudo o mais. Sem rodeios. Cravando o garfo, colocando o alimento na boca e repetindo. Sem pausa. — Exceto nas noites de segunda-feira. — Ah, o Red Buoy é um evento programado semanalmente. Eu deveria saber. — Ela riu. — Eu tiro sarro de você por suas rotinas, mas provavelmente sã o o que o torna um bom capitã o. Ele fez um som. — Nã o estive na minha rotina esta semana, nã o é ? — Nã o. — Ela o considerou. Até advertiu a si mesma para nã o se aprofundar muito no motivo de ele ter mudado as coisas. Mas sua curiosidade levou a melhor. — Por que isso? Quero dizer, o que fez você decidir… tirar seu anel?... reorganizar sua programaçã o? Brendan parecia escolher suas palavras. — Eu nunca sou impulsivo. Consistê ncia é sinô nimo de segurança na á gua, e me sinto confortá vel obedecendo à s regras o tempo todo. Me faz digno de ter vidas nas mã os, sabe? Ou esse foi o meu raciocı́nio no inı́cio, e simplesmente continuou sendo. Por muito tempo. Mas recentemente, aqui em terra... algué m continuou bagunçando as minhas rotinas, e o mundo nã o acabou. — Ele a estudou, como se para julgar sua reaçã o e se deveria ou nã o continuar. — Foi como se eu estivesse esperando um sapato cair. Entã o caiu, e em vez do caos, eu apenas, uh... — Uma batida se passou. — Vi potencial para um novo curso. Piper engoliu em seco. — O sapato caiu, mas era um stiletto de dedo aberto? — Algo parecido. — Eu posso controlar meu caos para sempre. Posso precisar de você como uma testemunha de cará ter em um julgamento futuro. — Suas palavras nã o transmitiam a leviandade que ela esperava, principalmente porque ela parecia sem fô lego com a admissã o dele. Piper Bellinger teve um efeito positivo em algué m. Ele admitiu em voz alta. — Mas nã o fui só eu que forçou a mudança — disse ela, e riu, desesperada para diminuir a pulsaçã o em seu peito. — Com certeza houve outros fatores. Brendan começou a dizer algo e parou. Desde que conheceu este homem, ela suspeitou que ele nunca disse nada sem motivo. Se ele estava se segurando, ela só podia imaginar o quã o importante deveria ser. Ela se pegou largando o garfo, querendo dar a ele toda a sua atençã o. — O que foi?
Ele pigarreou. — Estou comprando um segundo barco para a pró xima temporada. Ele está sendo construı́do agora. Vou veri icar o andamento enquanto estou no porto holandê s – é o porto do Alasca, onde esperaremos uma semana apó s colocarmos nossas redes. — Isso é emocionante. — Sua sobrancelha se enrugou. — Como você vai comandar dois navios? — Eu nã o vou. Vou colocar o Fox na casa do leme do Della Ray. Piper sorriu para um gole de champanhe. — Ele já sabe? — Nã o. Nã o posso dar tempo para ele se convencer do contrá rio. — Ele iria? Ele parece… con iante. — Essa é uma boa maneira de dizer que ele é um idiota arrogante. E ele é . Mas ele é mais inteligente do que pensa. — Brendan fez uma pausa, olhando para baixo com uma sobrancelha franzida. — Talvez entregar o Della Ray seja uma boa maneira de me distanciar do passado. Piper icou muito quieta. — Por que você quer se distanciar? — Alé m de estar na hora? Eu acho que... uma parte de mim se sente obrigado a permanecer no passado enquanto eu estiver comandando o barco de Mick. — Ele esfregou a mã o no rosto, rindo sem humor. — Eu nã o posso acreditar que estou dizendo isso em voz alta quando normalmente eu apenas deixaria quieto. Talvez eu deva deixar quieto. — Nã o faça isso. — Sua boca estava seca sobre este homem se abrindo para ela. Olhando para ela do outro lado da mesa com rara vulnerabilidade masculina, como se ele realmente valorizasse sua resposta. — Você nã o precisa se sentir culpado por querer algum espaço depois de sete anos, Brendan. — Ela disse calmamente. — Isso é muito mais do que a maioria das pessoas esperaria. O fato de você se sentir culpado apenas prova que você é um ser humano de qualidade. Mesmo que você use um gorro na mesa de jantar. O verde de seus olhos esquentou. — Obrigado. Por nã o me julgar. Sentindo sua necessidade de mudar de assunto, Piper olhou ao redor da sala de jantar. — Quem sou eu para julgar algué m? Especialmente algué m que tem uma casa legal e que seus pais nã o sejam os donos dela. Dois barcos e um plano de vida. E intimidante, na verdade. Ele franziu a testa. — Você está intimidada por mim? — Nem tanto por você . Mais com sua é tica de trabalho. Eu nem sei se estou pronunciando isso direito. E que eu não disse muitas vezes 'é tica de trabalho' em voz alta. — Ela sentiu a necessidade de equilibrar o campo de jogo, de recompensar a honestidade dele com um pouco da
sua pró pria. Suas con issõ es tornaram mais fá cil confessar seus pró prios pecados. — Minha amiga Kirby e eu começamos uma linha de batom chamada Pucker Up, há uns trê s anos. Depois que a festa de lançamento acabou e percebemos quanto trabalho tı́nhamos que fazer, distribuı́mos nosso estoque para amigos e fomos para Saint-Tropez. Porque está vamos cansadas. — Talvez nã o fosse a carreira certa. — Sim, bem… — Seus lá bios se contraı́ram. — Soneca pro issional foi minha alternativa, e acertei nisso. Em parte é por isso que estou aqui. Mas também porque minha amiga Kirby me delatou para a polı́cia. — Ela nã o fez isso. — Disse ele, sua expressã o escurecendo. — Ela fez! Me apontou como a lı́der da parte rasa da piscina. Adequadamente. — Piper acenou com a mã o. — Está tudo bem, no entanto. Ainda somos amigas. Eu simplesmente nã o posso con iar nela ou dizer a ela qualquer coisa importante. Ele parecia estar muito concentrado no que ela dizia. — Você tem muitos amigos assim? — Sim. — Ela desenhou um cı́rculo na lateral da taça de champanhe. — E mais por imagem do que qualquer coisa, eu acho. In luê ncia. Ser vista. Mas é estranho, você sabe. Só estou fora de Los Angeles há duas semanas e é como se nunca tivesse estado lá . Nenhum dos meus amigos me enviou mensagens de texto ou me ligou. Eles estã o em busca de coisas maiores e melhores. — Ela balançou a cabeça. — Enquanto isso, as pessoas ainda deixam lores no memorial de Henry depois de vinte e quatro anos. Entã o… quã o real ou substancial é uma imagem se tudo o que ela ganha pode desaparecer em duas semanas? — Você nã o foi embora, no entanto. Você está sentada bem aı́. — Eu estou. Estou aqui. Nesta mesa. Em Westport. — Ela engoliu em seco. — Tentando descobrir o que fazer quando ningué m está olhando. E me perguntando se talvez isso seja o que realmente importa. — Sua risada saiu um pouco instá vel. — Isso provavelmente soa amador para algué m que construiria um maldito barco e nã o contaria a ningué m sobre isso. — Nã o, nã o importa. — Ele esperou até que ela encontrasse seus olhos. — Parece que você foi desenraizada e jogada em algum lugar desconhecido. Você acha que eu lidaria bem se fosse mandado para algum lugar onde nã o conhecesse ningué m, nã o tivesse comé rcio? Ela engasgou. — Como você compraria seu peixe com batatas fritas nas noites de segunda-feira? Um canto de seus lá bios saltou. — Você está indo muito bem, querida. Foi o querida á spero que fez isso. Suas pernas se juntaram sob a mesa e se apertaram, os dedos dos pé s lexionando em seus sapatos. Ela queria as mã os de Brendan sobre ela. Por toda parte. Mas ela també m
estava com medo de ir até ele, porque mais uma vez, a cortina de fumaça sexy que ela estava escondida se dissipou, deixando apenas ela. Brendan estava olhando para ela com uma combinaçã o de calor e ternura, e ela precisava aumentar o botã o do primeiro. Isso tudo estava indo longe demais, rá pido demais, e ela estava começando a gostar muito dele. Ela podia estar tendo uma crise existencial, mas ainda queria Los Angeles de volta e todas as armadilhas brilhantes que vinham com isso. Nã o queria? Claro, depois de semanas sem contato de seus amigos, a ligaçã o de LA diminuiu um pouco. Ela realmente começou a gostar de nã o veri icar suas noti icaçõ es a cada dez segundos. Mas a fama crescendo e diminuindo fazia parte do acordo, certo? Aquela onda de reconhecimento e adoraçã o que ela parou de desejar ultimamente voltaria. Sempre foi assim. Nã o havia outra opçã o a nã o ser voltar para casa e, se muito, seu tempo em Westport a faria apreciar seu privilé gio desta vez. Nã o foi essa a liçã o que ela foi enviada para aprender? Sim. Resumindo, ela passou vinte e oito anos construindo essa imagem e nã o podia simplesmente começar do zero. Ela poderia ter Brendan esta noite e ainda icar de olho nessa realidade? Claro que ela poderia. Ignorando o entalhe em sua garganta, Piper se afastou da mesa e se levantou, com champanhe na mã o. Ela contornou o mó vel lentamente, satisfeita quando a garganta dele engoliu em seco. Seus olhos e queixo eram teimosos, no entanto. Bem, se ele ia ser obstinado, ela teria que jogar para ganhar. Piper deslizou entre Brendan e a mesa, puxando-a um pouco para trá s para que pudesse icar de pé confortavelmente no V de suas coxas. Seus olhos estavam quase pretos de fome, iluminando seu decote, suas coxas e quadris, sua boca. Assim que ela passou os dedos de sua mã o livre em seu cabelo, aquele grande peito começou a arfar, suas pá lpebras se fechando. — Piper — ele disse roucamente. — Nã o foi por isso que eu convidei você para jantar. Ela retirou a mã o, pousou o champanhe que segurava na outra e en iou os dedos sob as alças do vestido. — Talvez nã o seja a ú nica razã o — ela murmurou, retirando o corpete de veludo verde, deixando seus seios nus a meros centı́metros de sua boca. — Mas é um deles, nã o é ? Brendan abriu os olhos e um estremecimento o atingiu, as mã os voando para agarrar os quadris dela. — Jesus Cristo, porra, eles sã o tã o bonitos, baby. — Ele se inclinou, pressionando a boca no caminho suave da pele entre seus seios, respirando pesadamente, usando seu controle sobre seus quadris para
puxá -la para mais perto, como se ele nã o pudesse evitar. — E aqui que você coloca aquele perfume, nã o é ? Bem aqui, entre esses peitos sexys. O desespero em suas mã os, a fricçã o do veludo na sua pele, deixaram seus mamilos rı́gidos. — Eu coloquei para você esta noite. — Ela sussurrou em seu cabelo. — Tudo para você . Ele gemeu, virou a cabeça ligeiramente para que pudesse respirar contra seu seio. — Eu sei o que você está fazendo. Você quer fazer isso ser sobre sexo. Seu pulso disparou em seus ouvidos. — Pare de pensar demais e me toque. Ainda assim, ele hesitou, a mandı́bula prestes a quebrar. Piper estendeu a mã o e pegou a taça de champanhe, tomando um gole lento. Ela engoliu a maior parte do lı́quido borbulhante, mas deixou um traço em sua lı́ngua, levando-o aos lá bios de Brendan. Lambendo o champanhe em sua boca. — Eu disse que faria você experimentar. — Ela murmurou, brincando com a ponta de sua lı́ngua com a dele. — Quer mais? Esse grande corpo avançou mais para perto, linhas de tensã o aparecendo ao redor de sua boca. — Por favor… — Você nã o tem que implorar. — Piper disse, trazendo a taça de champanhe para seus seios, inclinando a taça e deixando o champanhe escorrer por um mamilo, entã o o pró ximo, e Brendan começou a ofegar. — Nã o por algo que nó s dois queremos. Toque em mim, Brendan. Me prove. Por favor? — Cristo, eu tenho que fazer. — Ele traçou a boca até o mamilo esquerdo, pressionou os dentes à mostra contra ele, antes de esfregar a lı́ngua contra a ponta rı́gida, puxando seus quadris para frente, o movimento arqueando as costas de modo que ela teve que usar seu cabelo para se equilibrar, tomando dois grandes punhados. Sua boca estava em um O, observando-o saboreá -la, maltratando seu corpo. Sem jogos. Só vontade. A boca dele correu até o umbigo, lambendo aquele buraco onde um pouco do champanhe gotejante tinha acabado, antes de subir novamente para o seio oposto, sugando com mais força agora. Devorando. Ela pretendia estar no controle aqui, mas sua boca estava entregando a mais incrı́vel textura e sucçã o, e sua bunda bateu contra a mesa desajeitadamente, um soluço saindo de sua garganta. — Brendan. — Ela engasgou. — Brendan. — Eu sei, baby. Posso colocar minhas mã os em seu vestido? — ele murmurou, suas palmas já massageando a parte de trá s de suas coxas, sua barba acariciando para frente e para trá s sobre seu mamilo distendido, e enviando uma onda de umidade para o á pice de suas coxas. — Piper.
— O quê ?— ela respirou, a cabeça girando. — Qualquer coisa que você disser. Sim. Sim. Essas mã os ocupadas se moveram mais rá pido do que um raio, segurando sua bunda com tanta força que o ar evacuou de seus pulmõ es. Ele a puxou para frente para que pudesse ofegar diretamente contra sua barriga, suas mã os nunca parando de massagear, apertar e levantar a carne de seu traseiro, os dedos dele calejados emaranhados em sua calcinha na pressa de tocar, moldar. — V-você gosta de bundas, pelo jeito — ela gaguejou. Ele balançou sua cabeça. — Nã o, Piper. Eu gosto dessa bunda. — Oh — ela sorriu afetadamente. Isso foi estranhamente româ ntico. E possessivo. E ela gostou muito dessas duas qualidades. Ela precisava recuperar o controle de alguma forma, porque calculou muito mal a rapidez com que Brendan poderia puxá -la para baixo. Esta atraçã o era ainda mais perigosa do que ela pensava originalmente. — Brendan. — Ela conseguiu dizer, segurando seus ombros largos e usando cada grama de sua força para empurrá -lo de volta em sua cadeira. — E-espere, eu... — Sinto muito — disse ele entre respiraçõ es. — Nã o, é só que já faz tanto tempo para mim e você tinha que ser a mulher mais sexy da porra do planeta. Piper tinha ouvido direito? Ela balançou a cabeça para clareá -la, embora a maior parte da né voa de luxú ria permanecesse no lugar. — Espere, eu sei que você usava a aliança, mas… sem sexo? Completamente? Conhecendo você , eu deveria ter imaginado isso, mas... — Seu olhar viajou para a frente de seu corpo, parando quando ela alcançou o contorno de sua ereçã o de aparê ncia dolorosa. Ele se projetava contra a braguilha de sua calça jeans, grande e pesado. Sua pró pria mã o se arrastou em direçã o a ele, sua frustraçã o sexual ó bvia em cada linha dura de seu rosto. Havia uma maneira de lutar de volta para o controle dessa conexã o entre eles, e fazê -lo se sentir bem – e de repente ela nã o conseguiu se conter. — Ah, Brendan. — Ela ajoelhou-se e deu um beijo na protuberâ ncia grossa. — Precisamos cuidar disso, nã o é ? Sua cabeça caiu para trá s, o peito erguendo-se e despencando. — Piper, você nã o precisa. Ela segurou sua grande excitaçã o, massageou-o atravé s de sua calça jeans, e ele gemeu entre os dentes. — Eu quero — ela sussurrou. — Eu quero fazer você se sentir tã o bem. Ela abriu o botã o no topo de sua braguilha e abaixou o zı́per com cuidado, prendendo a respiraçã o quando seu volume icou
impossivelmente maior dentro de sua cueca na ausê ncia de con inamento. Os nó s dos dedos de Brendan estavam brancos nos braços da cadeira, mas ele parou de respirar quando ela puxou o có s de sua cueca e viu sua ereçã o de perto. Masculino. Nã o havia outra maneira de descrever o peso e aço sem remorso dele, o cabelo preto espesso na base, o saco pesado. Ele era longo, liso e largo, as veias em volta dele como linhas em um mapa rodoviá rio, e uau. Sim. Ela estava dizendo a verdade. Ela realmente queria que ele se sentisse bem. Queria tanto, que a parte interna das suas coxas estava icando escorregadia com sua pró pria necessidade. Queria estar de joelhos, dando prazer a este homem que foi intocá vel por tanto tempo. Este homem que a tratou com cuidado e respeito, e icou nervoso por ela provar sua comida. Alé m disso, ela poderia estabelecer de antemã o que se tratava apenas de sexo. Apenas sexo. — Olhe para você , Piper. — Brendan disse com voz rouca. — Cristo, eu nã o tive chance, nã o é ? Com um beicinho simpá tico, ela deu uma bombada em seu volume. E uma outra. Esperou até que os olhos dele começassem a icar vidrados, entã o ela arrastou a lı́ngua pela parte inferior carnuda dele, fechou a boca sobre a cabeça de veludo. Tornando sua lı́ngua plana e rı́gida, ela brincou com a fenda salgada, as cristas sensı́veis, antes de cavá -lo profundamente, bem fundo, até o ponto em que as lá grimas picaram suas pá lpebras. Deus, ele pulsou em sua lı́ngua, grandes e rá pidos surtos de vida que sua feminilidade começou a ecoar, fazendo-a gemer em torno de sua carne dura. — Maldiçã o, baby, essa boca. — Ele gemeu, uma de suas mã os agarrando seu cabelo, incitando-a mais rá pido, mesmo enquanto ele gemia. — Pare. Pare. Eu vou gozar. Piper o deixou deslizar de sua boca com um redemoinho de sua lı́ngua, sua mã o direita trabalhando nele, engrossando-o com cada golpe de seu punho. Sim, ele nã o duraria muito mais, e havia algo tã o quente nisso. O quanto ele precisava de alı́vio. — Onde você quer me ter? — ela sussurrou, pegando seu saco na mã o e massageando-o gentilmente, inclinando-se para enrolar a lı́ngua em torno da ponta roxa. — Onde você quiser, capitã o. — Porra — ele rangeu, suas coxas começando a vibrar. Em vez de responder a sua pergunta bonita e urgente, ele fechou os olhos, as narinas dilatadas enquanto ele respirava fundo. — Nã o. Entã o o inesperado aconteceu. Bem à beira de seu merecido orgasmo, Brendan avançou, envolvendo as mã os em volta da cintura dela e erguendo-a sobre a mesa da sala de jantar. Ela cambaleou, tonta com a rá pida ascensã o, mas voltou à realidade quando Brendan caiu de joelhos e tirou a camisa. — Ohhh — ela disse em câ mera lenta. — Ei, olhaaaaaa issssssoooo.
O cara era musculoso. Ela sabia, em algum nı́vel, que Brendan foi construı́do como um ilho da puta. Seus braços sempre testavam as costuras de suas camisetas, seu peito enrugado com mú sculos, mas ela desconhecia a de iniçã o. Os planos cinzelados de seus peitorais terminaram em uma queda apertada; entã o era uma cadeia de montanhas de abdominais. Mas nã o do tipo desagradá vel. Eles tinham carne neles. E cabelo. Tudo dele tinha. Ele parecia um homem de verdade que trabalhava na selva, porque era exatamente isso que ele era. E nenhuma tatuagem, que era tã o Brendan, fazia sua garganta parecer estranha. Claro que ele nã o gostaria de lidar com a confusã o de tudo isso ou perder seu tempo fazendo uma. Volte para à terra, Piper. — Espere, eu estava... — Ela apontou para sua ereçã o. — Você estava... — Nã o se preocupe comigo — ele murmurou, arrastando-a para a beira da mesa. — Abra suas coxas e deixe-me vê -la, Piper. Suas paredes internas se contraı́ram, deliciando-se com sua franqueza. — Mas… — Você acha que eu vou ser chupado e deixar a cidade por duas semanas? Nã o vai acontecer. Você vai gozar, baby, ou ningué m vai gozar. Como se estivesse no piloto automá tico, suas coxas se abriram amplamente sobre a mesa. Oh, isso nã o era bom. Ela nem sabia qual parte dela estava no comando. Sua cabeça, seu coraçã o, seu negó cio de senhora. Ou talvez todas estivessem, trê s vadias batendo nos interruptores de seu painel de controle. Ela só sabia que Brendan precisava parar de revelar lados positivos de si mesmo. Agora eles estavam adicionando generosidade à mistura? A bainha de seu vestido delicado nas mã os do capitã o do barco a fez gemer. Ele o ergueu, e só Deus sabia o que ele estava vendo. Sua calcinha era transparente para começar, mas ela nunca tinha estado tã o molhada em sua vida sempre amorosa. Para nã o mencionar, suas mã os impacientes em sua bunda a puxaram de lado. Ele olhou ixamente para sua conjuntura, o aperto em seus joelhos lexionando, uma maldiçã o saindo vacilante de sua boca. — Sim, eu tenho que ser um idiota para ter deixado você sem minha atençã o por duas semanas. Ela ofegou. — Você está me chamando de exigente? — Você está negando? — Ele puxou de lado a tira de material que protegia seu nú cleo, que felizmente ela havia aparado como um apito antes de sair de LA. — Porra. Você pode ser exigente o quanto quiser, querida. Mas eu sou o ú nico que faz o serviço. — Ele correu o polegar pela costura de seu sexo. — Entendido?
Piper acenou com a cabeça, como se estivesse em transe. Qual era o sentido de dizer nã o? Pelo menos esse acordo verbal era sobre sexo. Nada emocional. E ela nã o iria ingir que algué m nesta cidade poderia aparecer e interessá -la, mesmo que fosse uma fraçã o da quantia que Brendan interessava. Ela precisou viajar muito longe para encontrar isso, pensando bem. Os lá bios dele percorreram a parte interna de sua coxa, seus dedos enganchando nas laterais de sua calcinha. — Levante-se. — Ele rugiu, beliscando sua pele sensı́vel com os dentes. — Quero ela fora. Ah, ó timo. Sua voz poderia icar ainda mais profunda? Ressoou todo o caminho até seu clitó ris, e ela caiu para trá s sobre os cotovelos, avançando os quadris para cima o su iciente para Brendan tirar a tira de couro por suas pernas. Ela observou este homem, que icava mais excitado a cada momento, esperando que ele jogasse a cueca no chã o. Em vez disso, ele envolveu o ino material preto em torno de seu eixo, pressionando sua boca e nariz contra a umidade dela, gemendo enquanto se sufocava para cima e para baixo em um punho apertado. — Deus... — Piper respirou, desmaiando momentaneamente. — Vê isso, baby?— Ele esfregou a boca de um lado para o outro, separando as dobras ú midas de sua feminilidade, a mã o empurrando com força entre suas coxas. — Você me tira do sé rio també m. Quando suas costas bateram na mesa? Um segundo ela estava olhando para a cabeça de Brendan, em seguida, ela estava olhando com os olhos arregalados para o teto. A lı́ngua de Brendan serpenteava lentamente pelo vale de seu sexo, e seus dedos arranharam seu caminho em seu cabelo, o movimento involuntá rio, mas se ele parasse, se parasse, ela iria morrer. — Bom, Piper. Me puxe com força. Mostre-me o quanto você quer minha lı́ngua. Nã o, nã o, nã o. Sua voz parecia uma lixa agora. Ela poderia gozar com aquele barı́tono sozinho? — Brendan. — Ela ergueu as pernas, enganchou-as sobre os ombros deles, ganhando um grunhido, outro puxã o á spero de seus quadris para a borda da mesa. — Por favor, por favor. Por favor. Ela nunca implorou por nada sexual em sua vida. Principalmente oral. Os homens sempre faziam parecer que estavam fazendo um favor à mulher. Ou talvez ela apenas tivesse se distanciado e projetado uma explicaçã o que a manteria assim. Ela nã o podia permanecer desligada agora, e isso... ah! De initivamente nã o era uma di iculdade para Brendan – e ele a deixou saber disso. Seu antebraço desceu em seus quadris, prendendo-os à mesa, e ele rosnou naquela segunda lambida, arrastando a ponta sobre seu clitó ris, provocando-o, a ondulaçã o lexionada de seu ombro dizendo a Piper que sua mã o estava se movendo febrilmente fora de vista. Com o uso da calcinha.
Ele era o homem mais consistente que ela já conheceu, e ela agradecia a Deus por isso agora, porque ele selou seu lá bio superior no topo de sua fenda, sua lı́ngua nunca parava ou mudava de ritmo. Foi perfeito, perfeito, saboreando seu clitó ris inchado com fricçã o e pressã o, e ela realmente ia chegar lá por causa disso. Ai meu Deus, ela teria um orgasmo. Um orgasmo real e autê ntico. Ela nã o iria ingir para acariciar seu ego. Isso estava acontecendo. — Por favor, nã o pare, Brendan. Está perfeito. Isso… oh Deus, oh Jesus. Suas coxas começaram a tremer incontrolavelmente, e ela nã o conseguia ver nada alé m de faı́scas dançando na frente de seus olhos. Os dedos que ela en iou em seu cabelo o puxaram para mais perto, as pernas envolvendo sua cabeça, seus quadris levantando, procurando, torcendo a parte inferior do corpo. E ela ainda nã o o desalojou daquele lugar má gico, e talvez ele fosse Jesus. Ela nã o sabia. Nã o sabia nada alé m do intenso prazer que se abatia sobre ela. Mas entã o ele tirou o antebraço de seus quadris e pressionou a palma da mã o em sua entrada chorosa e girou – com força – e ela gritou. Ela gritou, porra. E ela nã o parou quando ele deslizou um dedo grosso dentro dela, procurando e encontrando seu ponto G, adicionando uma pressã o irme. Ela chegou ao clı́max. O que era uma palavra lamentá vel para se referir a viajar para um plano distante onde fadas dançavam e doces choviam do cé u. Quando suas costas protestaram, ela percebeu que tinha se arrastado para fora da mesa involuntariamente. Ela olhou para seus quadris elevados em transe, o alı́vio in inito correndo por ela, apertando seus mú sculos e os deixando ir. Uau. Oh, uau. Brendan se moveu sobre seu corpo caı́do e seu rosto estava quase irreconhecı́vel pela luxú ria em sua boca, a febre fazendo seus olhos brilharem. A parte enorme dele ainda estava dura, sua mã o torcendo para cima e para baixo em todo o comprimento, um lado de sua calcinha em torno de seu eixo, o outro em torno de seu punho. — Posso me tocar aqui, baby? — Brendan respondeu asperamente, seu peito nu arfando, uma ina camada de suor sobre aqueles mú sculos a iados pelo trabalho. — Só quero me tocar onde iz você gozar. — Sim. Ele quase caiu sobre ela, seu rosto pousando na curva do pescoço dela, seu punho posicionando sua rigidez entre suas coxas, bem sobre aquela carne ultra-sensı́vel. — Um dia em breve, Piper, vou te foder com tanta força. — Ele alternou entre arrastar sua ponta inchada atravé s de suas dobras saturadas e acariciar a si mesmo. — Vou foder a palavra 'amigo' da sua linda boca. Você vai esquecer como dizer qualquer coisa, exceto meu nome. Muito rá pido, querida. Seu clitó ris zumbiu novamente, inacreditavelmente, e aquele zumbido de conexã o, de mais prazer prometido teve que ser a razã o
pela qual ela virou a cabeça ligeiramente, sussurrando em seu ouvido: — Promete? Com um grunhido estrangulado de seu nome, ele atingiu seu pico, lançando umidade em sua barriga, sua mã o se movendo em um borrã o, seus dentes à mostra contra o lado de sua garganta. — Piper. Piper. O poder, a alegria de Brendan dizendo o nome dela enquanto tinha um orgasmo era tã o incrı́vel que ela nã o conseguia icar parada. Ela passou a lı́ngua para cima e para baixo em seu pescoço tenso, esfregou o interior de suas coxas para cima e para baixo em suas costelas pesadas, raspou as unhas sobre seus ombros e costas. Quando o corpo pesado dele desabou sobre ela, ela continuou, algum instinto que ela nunca tivera antes a incitando a acalmá -la, a sussurrar palavras de elogio que ela realmente, literalmente quis dizer. Ela poderia ter icado lá até amanhã , apenas existindo sob o peso reconfortante dele – e essa complacê ncia trouxe de volta seus sentidos. Ok, eles izeram um bom sexo. Ou… quase sexo, de qualquer maneira. Melhor do que qualquer relaçã o real que ela já teve, no entanto. Aos trancos e barrancos. Porque você gosta dele. Bastante. Por quem ele é, não o que ele pode fazer por você. Essa percepçã o bateu com força no rosto dela. Deus. Ela nunca tinha pensado em suas açõ es anteriores nesses termos antes, mas eles se encaixavam. Raso. Tã o super icial. Quem era ela para aceitar os doces gestos que este homem oferecia? Ele deveria ter esperado para tirar sua aliança de casamento por alguma altruı́sta local que icaria contente em mandá -lo para o mar pelo resto de sua vida. Uma pontada atingiu Piper no peito, e ela tentou se sentar, mas nã o conseguiu se mover porque Brendan a prendeu à mesa. Sua cabeça se ergueu, os olhos se estreitando como se ele já pudesse sentir sua tensã o crescente. — Piper. — O quê ? — Ela sussurrou, sem fô lego de seus pensamentos. — Saia da sua cabeça. Com um sorriso sarcá stico, ela revirou os olhos. — Sim, sim, capitã o. — Com algum esforço, ela tentou fazer o que ele pediu. Tentou deixar de lado suas preocupaçõ es para depois. A inal, ele partiria por duas semanas amanhã de manhã . Seria muito tempo para tirar sua cabeça estú pida das nuvens. — Aquilo foi… Uau. — Mantenha-o leve. Sexy. — Muito, muito bom. Brendan grunhiu. Ele baixou a cabeça e sorriu para o vale entre seus seios, fazendo seu coraçã o palpitar. — Bom? — Ele bufou, beijando seus seios por sua vez e se levantando, visivelmente relutante em deixá -la. Depois de fechar sua
ereçã o ainda semidura de volta em seu jeans, ele tirou alguns guardanapos do suporte sobre a mesa e limpou Piper de seus luidos, enxugando com e iciê ncia como fazia com todo o resto, balançando a cabeça lentamente com a aparê ncia dela. — Eu vou morrer de fome sem o seu gosto. Apesar do protesto de seus mú sculos, ela conseguiu se sentar e ajeitar o vestido, piscando para a calcinha que estava em uma pilha molhada no chã o, as memó rias da ú ltima meia hora inundando-a. Uau. Ela tinha sido assim... real. Dentro de cada segundo com ele. Quando ela tinha sido ı́ntima no passado, ela passava o tempo todo obcecada com sua aparê ncia, o que o cara estava pensando, se ela estava correspondendo à s expectativas. Nenhuma dessas ansiedades tomou conta de Brendan. Nenhuma. Porque… ele gostava dela. Nã o da imagem dela. Sua personalidade e opiniõ es reais. Com as mã os de Brendan sobre ela, ela nã o tinha paredes, nem limites. Esta noite foi tudo sobre limites, mas em vez de de ini-los, a linha continuou sendo empurrada mais e mais para fora. Ela pulou da mesa, pousando nos saltos que ainda usava, e deu uma checada de quadril nele. — Talvez eu te deixe experimentar de novo quando você voltar. — Talvez, hein? — Ele a pegou pelo braço e a girou, apoiando-a contra a geladeira, prendendo-a ali com seu corpo robusto. O corpo traidor de Piper derreteu-se imediatamente, ansiosa para ser apoiado por sua força superior, a cabeça pendendo para trá s. A boca dura de Brendan encontrou a dela com os lá bios já abertos, sua lı́ngua mergulhando fundo, levando o sabor leve de seu clı́max, dando a ela com golpes completos, um grunhido baixo de satisfaçã o fervendo em sua garganta. Quando ele se afastou, seus olhos verdes prateados procuraram seu rosto, uma mã o segurando seu queixo. — Isso tem gosto de 'talvez' para você ? Em outras palavras, ela voltaria para mais. — Algué m está arrogante de repente. — Piper bufou. — Nã o arrogante, querida. — Ele beijou sua boca novamente, suavemente desta vez. — Determinado. Ela gaguejou. Determinado a fazer o quê ? Ah, cara, ela precisava sair de lá . — Eu tenho que acordar amanhã cedo — ela desabafou. — E você també m, certo? Entã o… — Entã o. — Ele parecia estar lutando contra um sorriso, e era irritante. Ainda sem camisa, ele pegou o cardigã de Piper e ajudou-a a vesti-lo, antes de entregar a bolsa. No ú ltimo segundo, ele vestiu sua pró pria camisa e pegou as chaves do carro. — Eu terei misericó rdia de você desta vez, Piper, e levarei você para casa. — Ele entrelaçou os dedos nos dela e puxou-a em direçã o à porta. — Este tinha que ser o ano em que a temporada do caranguejo é marcada mais cedo, nã o
tinha? Caso contrá rio, eu gastaria cerca de uma semana entrando em sua cabeça... — Levaria mais tempo do que isso. — Mas, caramba. — Ele abriu a porta da frente. — Vai ter que esperar até eu voltar. Rá . Sem chance. Nã o haveria como entrar na cabeça de ningué m. Duas semanas foram tipo, um milhã o de anos. Eles nem se lembrariam dos nomes um do outro depois. Eles se cruzariam na rua e vagamente se lembrariam de um jantar de peixe e uma festa de sexo oral. Você está mentindo para si mesma. E ela continuou fazendo isso durante toda a volta para casa. Continuou mentindo para se tranquilizar quando Brendan a acompanhou escada acima até seu apartamento. Mas o ingimento se despedaçou a seus pé s quando ele a beijou como se nunca a visse novamente, sua boca movendo-se sobre a dela com tanta ternura, seus joelhos viraram borracha e ela teve que se segurar em seu colarinho para icar de pé . — Aqui — disse ele, exalando trê mulo e puxando as chaves do bolso. — Estou lhe dando uma chave reserva da minha casa, tudo bem? Apenas no caso de você e sua irmã precisarem de algum lugar para ir enquanto eu estiver fora da cidade. Piper olhou para o objeto com um horror crescente. — Uma chave? — Vai icar mais frio nas pró ximas semanas, e o aquecedor neste lugar provavelmente nã o é bom. — Ele cruzou a mã o dele em torno da dela, depois beijou sua testa. — Pare de surtar. Ela pronunciou uma sé rie de palavras sem sentido. Ele achava que ela realmente usaria essa coisa? Porque ela nã o iria. Ele riu da expressã o dela e se virou para ir embora – e ela entrou em pâ nico. Um tipo de pâ nico diferente da variedade que sentiu ao receber a chave. Ela pensou na está tua de latã o no porto e Opal esvaziando o conteú do de um envelope sobre a mesa. — Brendan! Diminuindo a velocidade, ele se virou com uma sobrancelha levantada. — Por favor, tenha cuidado — ela sussurrou. O calor se fundiu em seus olhos, e ele a examinou, da cabeça aos pé s, antes de continuar seu caminho, a porta do andar de baixo fechando atrá s dele, seguida por silê ncio. Muito mais tarde, ela percebeu o que Brendan estava realmente fazendo quando catalogou seus traços, suas mã os, seu quadril inclinado. Memorizando a visã o dela. Apenas por precauçã o?
Capı́tulo Dezessete A tempestade começou treze dias depois.
Piper havia caı́do em uma rotina diá ria até entã o. Correr ao longo do porto logo apó s o nascer do sol. Acompanhar Abe até o museu marı́timo pela manhã , visitar Opal no caminho para casa, geralmente com Hannah junto. Trabalhar no bar até a hora do jantar, depois desmaiar. Elas izeram muitos progressos no Sem Nome e iriam começar a decorar na pró xima semana, assim que instalassem a cornija4 branca e aplicassem outra camada de tinta industrial no concreto. Elas pegaram um Uber até a loja de suprimentos de pesca na semana passada, graças à sugestã o de Brendan, e conseguiram a maior parte do que precisavam para atingir o tema ná utico, em seguida, encomendaram mais equipamentos baratos online. E para seu espanto absoluto, os ilhos de Abe tinham aparecido na semana passada para deixar alguns banquinhos e cadeiras feitos à mã o como um agradecimento por levar seu pai ao museu todas as manhã s. Piper disse que nã o era necessá rio, mas eles se recusaram a aceitar um nã o como resposta, graças a Deus, porque agora tinham mó veis de verdade! Piper e Hannah estavam aplicando camadas lentas de verniz no bar antigo quando um estrondo de trovã o lá fora fez as duas pularem. — Uau. — Hannah disse, usando a parte de trá s do pulso para limpar a testa. — Isso pareceu um tiro de canhã o. — Sim. — Piper prendeu uma mecha de cabelo em seu rabo de cavalo e cruzou a barra para olhar pela janela. Um arrepio percorreu sua espinha quando viu o Red Buoy fechando mais cedo. O mesmo com a loja de iscas duas portas abaixo. Haveria uma tempestade muito forte ou algo assim? Brendan. Nã o, Westport estava longe o su iciente do Mar de Bering para que ele nã o fosse atingido pela mesma tempestade, certo? Ela nã o tinha nenhuma ideia terrena. Ela era da porcaria do sul da Califó rnia, onde o sol brilhava e, alé m da neblina, o clima era apenas uma entidade vaga com a qual as pessoas em outros estados tinham que se preocupar. Ele icaria bem. Piper pressionou a mã o no centro do peito para encontrar seu coraçã o disparado. — Ei, você pode ligar para a loja de discos e perguntar se eles estã o fechando mais cedo? Nas ú ltimas duas semanas, Hannah havia se tornado uma presença constante na loja. Depois que ela revelou sua experiê ncia em todas as coisas relacionadas à mú sica, eles pediram para que ela ajudasse a atualizar o lugar. Embora isso tenha diminuı́do o tempo de Hannah
trabalhando no bar, Piper nã o foi capaz de negar a sua irmã esta oportunidade é pica de exibir seu esnobismo musical. Hannah era agora uma funcioná ria nã o o icial da Disc N Dat e até fez alguns amigos locais, e iam tomar café juntos depois do expediente. — Sim, claro — disse Hannah, tirando o celular do bolso de trá s. — Vou mandar uma mensagem para Shauna. — Okay. Piper respirou fundo, mas a pressã o em seu peito nã o diminuı́a. Brendan deveria voltar depois de amanhã , e ela estava treinando mentalmente para manter as coisas entre eles livres de problemas. Mas com uma tempestade escurecendo o cé u, ela nã o conseguia pensar direito, muito menos lembrar por que seu relacionamento com Brendan tinha que permanecer casual. Ele precisava, certo? O Sem Nome estava quase pronto e eles estavam muito perto de de inir uma grande data de reabertura, quando ligariam para Daniel e o convidariam. Se esse plano para impressionar Daniel funcionasse, elas poderiam estar na reta inal. A caminho de LA. Ela nã o podia se dar ao luxo de ser conquistada pelo capitã o do barco, mesmo que sentisse sua falta. Mesmo que ela procurasse por ele em cada esquina de Westport, apenas no caso de ele ter voltado para casa mais cedo. — Vou correr até o Red Buoy e ver se eles sabem o que está acontecendo. Hannah saudou Piper em seu caminho para fora da porta. Assim que ela saiu para a rua, o vento a jogou para o lado dois passos, seu cabelo se soltou do rabo de cavalo e chicoteou em torno de seu rosto como uma nuvem, obscurecendo sua visã o. Rapidamente, ela juntou o cabelo em um punho e olhou para o cé u, encontrando grandes nuvens cinzentas ondulantes olhando para ela. Seu estô mago caiu, e uma onda de medo percorreu sua barriga. Isso parecia um grande problema. Incapaz de engolir, ela correu pela rua, pegando a garota que trabalhava no caixa ao sair, com a cabeça enterrada no capuz de uma capa de chuva. — Ei, hum... vai haver uma tempestade muito forte… ou algo assim? — Piper perguntou, claramente, ela era a garota mais californiana que já existiu na Califó rnia. A garota riu como se Piper estivesse brincando, e parou quando percebeu que nã o estava. — Temos um tufã o se aproximando. O que diabos era um tufã o? Ela resistiu ao impulso de pegar o telefone e pesquisar no Google. — Oh, mas é , tipo, contido na costa de Washington, certo? Ou é maior? — Nã o, está vindo em nossa direçã o, direto do Alasca, na verdade. E assim que sabemos que vai ser um pé ssimo ilho da puta, desculpe
minha linguagem. — Alasca. — Piper resmungou, seus dedos icando dormentes. — Ok, obrigada. A garota saiu correndo, entrando em um caminhã o que esperava bem no momento em que as primeiras gotas de chuva começaram a cair. Piper mal se lembrava de atravessar a rua e se abrigar na porta do Sem Nome. Ela pegou o telefone e procurou "tufã o" com os dedos trê mulos. As primeiras duas palavras que surgiram foram "ciclone tropical". Entã o, "um sistema rotativo e organizado de nuvens e tempestades que se originam em á guas tropicais ou subtropicais". — Meu Deus. Ela tinha que inspirar e expirar lentamente para nã o vomitar. Brendan era muito bom em seu trabalho. Inteligente. O homem mais capaz e con iante que ela já conheceu. Nã o havia como algo acontecer com ele. Ou Fox, Deke e Sanders. Eles eram pescadores grandes, fortes e tementes a Deus. Nã o tinha jeito, certo? O rosto sorridente de Henry surgiu em sua mente. Bem em seus calcanhares, a voz de Mick iltrada por seus pensamentos. E aquela água do mar de Bering é tão gelada que só resta uma janela de um minuto antes de sugar o ar dos pulmões de um homem. Nã o com Brendan. Isso nã o aconteceria com Brendan. Fazer com que suas pernas a carregassem para o Sem Nome exigiu esforço, mas ela conseguiu, encostando-se fracamente na parede. Demorou um pouco para perceber que Hannah estava vestindo um moletom. — Ei, Shauna perguntou se eu poderia descer agora e ajudar a fechar a loja. Devo estar de volta em dez minutos. — Ela parou quando viu o rosto de Piper. — Você está bem? — E um tufã o. Vindo do Alasca. Hannah riu enquanto jogava sua bolsa carteira sobre o peito. — Você parece uma meteorologista. O que é mesmo um tufã o? — Um ciclone tropical. — Piper disse roboticamente. — Um sistema rotativo e organizado de nuvens e tempestades que se originam em á guas tropicais ou subtropicais. — Ah, merda. — A compreensã o surgiu nos olhos de Hannah. — Ohhh. Merda. — Ele vai icar bem. Eles vã o icar bem. — Claro que vã o. — Hannah hesitou, entã o começou a tirar sua bolsa. — Eu vou icar aqui com você … — Nã o. Vai! Vai! Vai! — Sua risada foi aguda. — Acho que aguento dez minutos. Sua irmã estava em dú vida. — Tem certeza? — Absoluta.
Nenhuma delas tinha ideia do quã o forte uma tempestade poderia icar em dez minutos. A chuva açoitava a janela com tanta força que Piper se moveu para o centro do bar para sua pró pria segurança. O vento parecia que estava dentro dela. Com uma sensaçã o crescente de pavor, ela observou mais e mais pessoas correrem na rua para se esconder, acabando por deixá -la completamente deserta. O trovã o sacudiu o solo, seguido de perto por curvas irregulares de relâ mpagos no cé u. Piper mexeu no telefone inquieta, encontrando Hannah em seus favoritos e discagem. — Ei — ela disse assim que sua irmã atendeu. — Eu acho que você deveria icar onde está , ok? — Shauna disse o mesmo. Como a chuva foi tã o rá pida? — Nã o sei. — Ela fechou os olhos. Brendan havia passado pela mesma tempestade. Rá pida. Furiosa. — Eu estou bem aqui. Apenas ique em um lugar seguro e nã o saı́a de lá até que a chuva acalme. Tudo bem, Hanns? — Okay. Piper desligou e caminhou um momento, seus passos aumentando quando a eletricidade acabou. Ela icou lá , perto da escuridã o e agiu de acordo com um dos instintos mais tolos de sua vida – e Jesus Cristo, isso era dizer algo. Mas ela nã o podia icar ali pensando, se preocupando e especulando. Ela teve que se mover... e ela queria estar perto de Brendan da ú nica maneira que podia. Entã o ela trancou a porta do Sem Nome atrá s dela e começou a correr na direçã o da casa dele. Foram apenas trê s minutos de carro. Ela estaria lá em cinco se ela corresse. E entã o ela estaria segura. E talvez estar perto dele seria mantê-lo seguro, oque també m era uma noçã o ridı́cula, mas ela se agarrou a ele fortemente e correu na calçada. O trovã o retumbou em suas costas, impulsionando-a, seus tê nis ensopados depois de apenas dois quarteirõ es, graças à chuva caindo em torrentes agora. Ela dobrou duas esquinas e desceu correndo uma rua estreita que parecia um pouco familiar? Na noite do encontro, ela estava preocupada demais para notar qualquer um dos nomes das ruas. Mas entã o, lá estava. A caminhonete de Brendan, estacionada na frente de sua casa, parecendo tã o robusta e con iá vel quanto seu dono. O alı́vio a inundou, e ela apertou o passo, transformando-o em uma corrida rá pida, os dentes da chave da casa mordendo sua palma. Ela correu pelo caminho e destrancou a porta com dedos congelados, seus dentes batendo, e caiu sobre a soleira em uma pilha, chutando a porta para fechá -la atrá s dela. E entã o a tempestade nã o era nada mais do que estrondos abafados, suas pró prias calças á speras abafando-o. — Olá ? — Piper se sentou e gritou, porque parecia a coisa certa a se fazer. Talvez ele tivesse voltado mais cedo e simplesmente nã o tivesse ido vê -la ainda. — Brendan?
Nã o houve resposta. Ela usou a bainha da camisa para secar a chuva do rosto e se levantou, movendo-se pela casa quieta e quente enquanto o vento batia nas vidraças, sacudindo-as. Esta era uma atitude de perseguidor? Essa preocupaçã o a fez mastigar o lá bio, mas ele deu a ela uma chave, certo? Alé m disso, havia algo tã o convidativo na casa, quase como se estivesse esperando por ela. Seu cheiro permaneceu no ar da sala de estar, á gua salgada e homem. Piper tirou os sapatos, caminhou descalça até a cozinha e ligou a má quina de café , desesperada para se livrar do frio. Depois que uma caneca foi preparada, ela abriu a geladeira para tirar o leite – e uma garrafa de champanhe fechada rolou em sua direçã o na gaveta. O pela metade que ela bebeu ainda estava presa na porta, mas… ele comprou duas? Apenas no caso de ela ter parado enquanto ele estava fora? Sua garganta doeu enquanto carregava a caneca de café escada acima, tentando nã o reconhecer o quã o natural era colocar o café na pia do banheiro e tirar as roupas encharcadas, pendurando-as sobre o toalheiro. Ela levou o café para o chuveiro e bebeu enquanto a á gua roubava o frio de seus ossos. Ela se ensaboou em sua lavagem corporal, e seu perfume foi levado até ela no vapor lutuante, fazendo seus mamilos enrijecerem. Fazendo-a fechar os olhos, encostar a testa na parede de ladrilhos e pedir a Deus, com muita educaçã o, que trouxesse o teimoso para casa em segurança. Enrolada em uma toalha minutos depois, ela entrou no quarto de Brendan, acendeu um abajur na mesinha de cabeceira e suspirou. Tã o prá tico. Azul-marinho e bege por toda parte, paredes brancas, as tá buas do assoalho que rangiam a lembravam dos conveses dos navios que havia visto no porto. Uma janela bem na frente de sua cama dava para o porto. O oceano alé m. O amor de sua vida. Como se precisasse ver logo de manhã . Ela enviou uma mensagem para Hannah para se certi icar de que sua irmã estava bem, entã o caiu de lado no centro da cama, o travesseiro de Brendan abraçado contra seu peito, rezando para que quando ela acordasse tudo estivesse bem. Que ele entraria pela porta. Deus deve ter estado ocupado respondendo à s oraçõ es de outra pessoa. *** Brendan desligou a conversa interminá vel vinda do rá dio da guarda costeira, seu ú nico foco onde precisava estar. Puxando baldes. Este nã o foi o primeiro tufã o deles e nã o seria o ú ltimo. Eles faziam parte do curso nesta é poca do ano no Mar de Bering e no Pacı́ ico vizinho. Esse trabalho era perigoso por um motivo, e eles nã o tinham escolha a nã o ser enfrentá -lo, terminar de recuperar a corda e voltar para o holandê s.
Entã o ele treinou seus olhos na á gua à frente, procurando por ondas fora do comum enquanto mantinha o controle no convé s ocupado abaixo. Sua tripulaçã o se movia como uma má quina bem lubri icada, embora depois de uma semana transportando potes, eles mostrassem sinais de fadiga. A pró xima bó ia apareceu ao lado do navio e, em um movimento treinado, Sanders lançou seu anzol, arrastando o cabo e prendendo-o ao guincho. Deke se juntou a ele no outro lado para engatar o sistema hidrá ulico, levantando a panela. Uma alegria exultante veio dos homens no convé s, embora tenha sido abafada pela tempestade que assolava o barco, o barulho do motor abaixo. Meio cheio. Se esta leva nã o bastasse, estavam quase lá , desde que os caranguejos fossem machos e eles nã o fossem obrigados a jogá -los de volta. Tirar fê meas do mar era contra o regulamento, pois mantinham o crescimento populacional. Ele esperou que Fox sinalizasse um nú mero atravé s da janela da casa do leme. Setenta. Brendan anotou o nú mero em seu diá rio, movendo a boca enquanto fazia as contas. A cota emitida pela comissã o de vida selvagem era de oitenta mil libras de caranguejo para a temporada. Eles estavam em 99 por cento com cinco levas restantes para coletar. Mas com a tempestade uivando lá fora e os homens icando cansados, nã o valia a pena continuar. Especialmente se ele pudesse vencer os russos no mercado e conseguir um preço mais alto pelo que eles capturaram. Ele sinalizou para Fox encerrar a operaçã o, prender o equipamento no convé s e levar todos para baixo. Eles estavam voltando para o holandê s mais cedo. E a porra do alı́vio que o agarrou pela garganta foi muito mais forte do que o normal, ele teve que respirar fundo vá rias vezes, seus dedos lexionando ao redor do volante enquanto esperava por uma pausa nas ondas para começar a executar a curva. Essa tempestade já havia chegado em casa? Onde ela estava? Ela estaria esperando por ele? Brendan apoiou o corpo contra a lateral da casa do leme enquanto o Della Ray navegava por uma onda de trê s andares e batia de volta em um poço negro de á gua do mar agitada. Maldiçã o de tempestade. Nã o foi mais violenta do que as que haviam enfrentado no passado, mas desta vez… o barco nã o parecia tã o substancial sob seus pé s. A roda estava vibrando com muita força em suas mã os? Sua vida parecia estar por um triz. Essas eram preocupaçõ es que ele nã o reconhecia desde que era novato, e era porque ele nunca quisera tanto voltar para casa. Nenhuma vez na porra de sua vida.
Uma tripulaçã o nã o muito longe deles havia perdido um membro ontem quando seu pé icou preso em uma corda, arrastando-o direto para o fundo do mar. Outro barco havia desaparecido totalmente, sete homens a bordo. Uma má temporada. Mais perdas do que o normal. Tã o facilmente poderia ter sido um membro de sua tripulaçã o. Poderia ter sido ele. Uma onda feroz, alta e inclinada, irrompeu do canto do olho de Brendan, e ele agarrou o rá dio, gritando para o convé s para se prepararem para o impacto. Vagalhão. E pela primeira vez, Brendan se ressentiu da corrida selvagem que sentia pelo perigo. De assumir a natureza e vencer. Naquele momento, era apenas a coisa o mantendo longe de Piper. A onda bateu e o barco rangeu, inclinando-se para o lado. Por longos momentos, o vagalhã o salpicou á gua sobre a casa do leme e obscureceu sua visã o do convé s. E com o mundo ao seu lado, tudo o que ele podia ouvir era a voz de Piper dizendo a ele para ter cuidado. A guarda costeira gritou atravé s do rá dio, intercalada com está tica, e ele orou. Ele orou como nunca antes. Apenas me deixe ir para casa e vê-la. Mas o Mar de Bering escolheu aquele momento para lembrá -lo exatamente quem estava no controle.
Capı́tulo Dezoito Piper acordou com o telefone tocando.
Ela piscou para o aparelho e, em seguida, para os arredores. Paredes brancas, colcha azul-marinho, cadeira bege inclinada no canto por um abajur. Sem sons de tempestade. Acabou? O mundo estava quase assustadoramente quieto ao redor dela, exceto pelas notas tilintantes do toque do seu celular, mas ela ignorou a sensaçã o de frio na barriga. Havia um brilho no horizonte que lhe disse que era de manhã cedo. Tudo tinha que estar bem agora, certo? Tomando uma respirada inal no travesseiro de Brendan, ela atendeu ao chamado da irmã . — Ei, Hanns. Você está bem? — Sim, eu estou bem. Acabei de voltar para o pré dio. Onde você está ? As bochechas de Piper se fundiram com o calor. — No Brendan — disse ela timidamente. — Oh. — Houve uma longa pausa. — Piper... De repente, um alerta, ela se sentou, tirando a mecha de cabelo do rosto. — O quê ? — Eu nã o sei de nenhum detalhe, ok? Mas eu encontrei uma das esposas dos membros da tripulaçã o no caminho de volta. De Sanders, talvez? Tudo o que ela disse foi… houve um acidente. Seus pulmõ es se encheram de gelo. — O quê ? — Ela apertou a mã o no peito, empurrando para baixo, tentando diminuir o ritmo acelerado de seu coraçã o. — Que tipo de acidente? — Ela nã o disse. Mas ela estava chateada. Ela estava indo para o hospital. — Qual...? O quê ? — Piper pulou para fora da cama, nua, a toalha havia se desprendido durante a noite. — Ela disse alguma coisa sobre Brendan? — Só que ele está no hospital. — O quê? — Tenho certeza de que ele está bem, Piper. Como... Ele tem o corpo de um trator. — Sim, mas ele enfrentou uma porra de aguaceiro e um ciclone. Um ciclone! — Ela estava gritando agora, fora da cama e girando em cı́rculos, tentando descobrir o que fazer. Por onde começar. — Ok, ok, eu nã o sou a namorada dele. Eu nã o posso simplesmente ir para o hospital, posso? — Pipes, gostaria de ver algué m tentar impedi-la.
Ela já estava assentindo. Como sempre, sua irmã estava certa. Se ela icasse lá e esperasse por notı́cias, icaria absolutamente louca. — Ela disse em qual hospital? — Comunidade Grays Harbor. Já mapeei e está a meia hora de distâ ncia. Eles foram levados primeiro a um hospital no Alasca e depois trazidos de aviã o de volta para cá . Piper abriu a gaveta do meio da cô moda de Brendan e pegou a primeira camisa que encontrou, em seguida, correu para o banheiro. — Em um helicó ptero? Ai meu Deus, isso é ruim. — Ela encontrou seus pró prios olhos selvagens no espelho sobre a pia. — Eu tenho que ir. Eu te ligo daqui a pouco. — Espere! Como você vai chegar lá ? — Vou usar a caminhonete de Brendan. Deve haver uma chave reserva por aqui em algum lugar. Ele é um cara que teria uma chave reserva. — Sua mã o tremia ao redor do telefone. — Eu vou te ligar. Tchau. Ela levou cinco minutos para colocar a camisa de Brendan e as calças de ioga secas do dia anterior. Ela encontrou uma escova de dente reserva embaixo da pia, usou-a em tempo recorde e desceu correndo as escadas enquanto penteava o cabelo com os dedos. Depois de calçar os tê nis ainda encharcados, ela começou a procurar a chave reserva da caminhonete. Nã o estava em nenhuma das gavetas de lixo ou pendurada em qualquer gancho conveniente. Onde Brendan a colocaria? Tentando desesperadamente nã o pensar na imagem dele em uma cama de hospital em algum lugar, inconsciente e gravemente ferido, ela correu para a cozinha e subiu no balcã o, passando a mã o pelo topo dos armá rios. Em cheio. Ela saiu de casa alguns segundos depois, agora estava sentada no banco do motorista da caminhonete gigante de Brendan. E caramba, seu cheiro estava lá també m. Tã o forte que ela teve que se concentrar em digitar o nome do hospital em seu aplicativo de mapa, amaldiçoando a correçã o automá tica toda vez que trocava as letras certas pelas erradas. — Vamos — ela choramingou. — Hoje nã o, inferno. Finalmente, ela estava a caminho, pisando nas ruas silenciosas, vazias e cheias de destroços de Westport e em uma estrada desconhecida. Nã o havia ningué m nas ruas e ela odiava isso. Isso fez a tempestade da noite anterior parecer ainda mais sé ria. E mais prová vel que cause vı́timas. Por favor, por favor, por favor. Brendan não. Certo, tudo bem. Ela nã o estava planejando ter algo sé rio com o homem, mas ela realmente, realmente, precisava que ele estivesse vivo. Se algué m tã o vital, resistente e teimoso pudessem ser varrido da face da Terra, que esperança o restante deles tinha?
Ela usou o ombro para enxugar a umidade que escorria por suas bochechas. Nã o deixar as coisas icarem sé rias sobre Brendan. Certo. Demorou 25 minutos para chegar ao hospital e estava tã o silencioso quanto as estradas. Havia alguns carros estacionados do lado de fora e um administrador sonolento cuidando da recepçã o. — Sanders. Taggart — ela deixou escapar. A mulher nã o tirou os olhos da tela do computador enquanto mandava Piper ir para o quarto andar, acenando com a cabeça em direçã o ao elevador do outro lado do saguã o. Ao entrar no elevador, seus dedos pararam sobre o botã o. O quarto andar era a UTI. Não. Não. Não. Depois de apertar o botã o, ela fechou os olhos e respirou, inspirando e expirando, quase se jogando pelas portas quando elas se abriram. Mais silê ncio a cumprimentou. Os mé dicos e as enfermeiras nã o deveriam estar correndo para salvar Brendan? Seus tê nis molhados respingaram no chã o de linó leo do corredor escuro enquanto ela se dirigia ao balcã o de informaçõ es. Nã o havia ningué m lá . Ela deveria esperar ou apenas começar a veri icar os quartos? Uma enfermeira saiu de um quarto e correu para outro com uma prancheta na mã o. Estava indo ver Brendan? Algo estava errado? Com o coraçã o na garganta, ela rastejou em direçã o à sala aonde a enfermeira tinha ido… — Piper? Ela girou ao som da voz profunda de Brendan. E lá estava ele em sua calça jeans, gorro e moletom de sempre, as mangas empurradas até os cotovelos. Acima de sua cabeça, a luz do corredor piscou e, brevemente, ela se perguntou se isso signi icava que ele era um fantasma. Mas nã o. Nã o, ali estava seu cheiro, a ruga de sua sobrancelha escura, aquele tom barı́tono. Ele estava lá . Vivo, vivo, vivo. Graças a Deus. Seus olhos eram tã o verdes. Ela já havia notado como eles eram bonitos? Eles estavam rodeados de olheiras, mas eram incrı́veis. — Oh, bom — ela resmungou, sua imagem rapidamente se desfocando. — V-você está bem. — Ela tentou ser sutil ao enxugar as lá grimas dos olhos. — Eles apenas disseram que houve um acidente, entã o eu... Só pensei em veri icar. Ser uma boa vizinha e tudo. — Boa vizinha. Sua voz rouca enviou um calafrio por sua espinha. — Sim. Eu até trouxe sua caminhonete. Brendan deu um passo à frente, seus olhos parecendo cada vez menos cansados a cada momento. — Você estava na minha casa?
Ela assentiu com a cabeça, recuou, errando por pouco um carrinho de suprimentos. Seu peito subia e descia, e ele deu um passo à frente novamente. — Essa camisa é minha, querida? Querida. Por que ele teve que chamá -la assim? — Nã o, eu tenho um igual a ela. — Piper. — Mmm? — Por favor. Por favor, venha aqui. *** O coraçã o de Brendan batia forte, os tendõ es em suas mã os doı́am pelo esforço de nã o tocá -la. Ela veio para o hospital. Em suas roupas. Ela percebeu que as lá grimas estavam escorrendo pelo seu rosto e ela estava tremendo da cabeça aos pé s? Nã o, ela nã o percebeu. Com base em seu encolher de ombros sedutor e tentativas de piscar, ela pensou que estava jogando com calma, e isso fez seu peito queimar. Essa garota. Ele icaria com ela. Nã o havia maneira de contornar isso. Houve um momento na noite passada em que ele pensou que sua sorte poderia ter acabado, e havia apenas imagens dela, piscando uma apó s a outra, e ele criticou a injustiça de conhecer Piper, mas nã o ter estado tempo o su iciente com ela. Se eles nã o estivessem no inı́cio de algo real aqui, seu intestino era um mentiroso imundo. Se ele fosse honesto consigo mesmo, ele estava tentando dizer a ele que Piper seria importante desde o segundo em que a viu em seu chapé u atravé s da janela do Sem Nome. — Piper. — Mmm? — Por favor. Por favor, venha aqui. Ela balançou a cabeça, parou de tentar colocar um sorriso corajoso. — Por quê ? Para você poder me preencher como uma estaçã o de recarga? Você tem o trabalho mais perigoso do país, Brendan. — Seu lá bio inferior tremeu. — Eu nã o quero seus abraços. Sua sobrancelha se arqueou. — Estaçã o de recarga? — E assim que eu chamo... — Ainda se afastando dele, ela jogou o cabelo para trá s e cheirou. — Esquece. — Quando eu te abraço? — Porra. Seu coraçã o estava girando e girando como o motor de um carro. — Meus abraços sã o sua estaçã o de recarga? — Pare de atribuir signi icado à s minhas palavras. Uma obstruçã o se formou em sua garganta e ele teve a sensaçã o de que nunca seria capaz de engoli-la. Nã o enquanto ela olhava para ele, toda beleza, força, vulnerabilidade, confusã o e complicaçõ es.
— Eu deveria ter ligado, mas deixei meu telefone no barco e foi uma correria o tempo todo até o helicó ptero. Nã o tive tempo de encontrar outro telefone, e entã o me preocupei que você estivesse dormindo. — Ele fez uma pausa. — Você pode icar com raiva de mim enquanto eu te beijo, baby? E tudo que eu queria fazer nas ú ltimas duas semanas. — Sim, okay — ela sussurrou, invertendo as direçõ es e indo em direçã o a ele. Ela deu o passo inal e saltou. Ele fez um som á spero, envolvendo os braços ao redor dela tã o forte quanto possı́vel, e a ergueu do chã o quando seus tremores aumentaram. — Nã o, querida. Sem tremer. — Ele plantou beijos no cabelo que cheiravam suspeitosamente a seu xampu. — Estou bem. Eu estou bem aqui. Seu rosto pressionado na curva de seu pescoço. — O que aconteceu? — Sanders teve uma concussã o. Grave. Uma onda o fez deslizar pelo convé s e ele se chocou contra um dos pilares de aço. Voltamos para Dutch e o levamos para o hospital. — Ele esfregou cı́rculos nas costas dela. — Deixei Fox encarregado de levar os caranguejos ao mercado e voltei com Sanders esta manhã . — Ele vai icar bem? — Sim. Ele vai. Ela acenou com a cabeça, colocou os braços mais apertados em volta do pescoço. — E o sistema hidrá ulico funcionou bem durante toda a viagem? Sem problemas com a pressã o do ó leo? Com uma risada exalada, ele inclinou a cabeça para trá s para encontrar os olhos dela. — Você fez uma bela pesquisa no Google enquanto eu estava fora? — Talvez um pouco — disse ela, enterrando o rosto ainda mais em seu pescoço. — Tem certeza de que quer me beijar com meus olhos vermelhos e inchados? Ele agarrou seu cabelo suavemente, puxando até que estivessem nariz com nariz. — Eu quero te beijar especialmente com seus olhos vermelhos e inchados. No momento em que suas bocas colidiram, Brendan soube que havia cometido um erro. Ele deveria ter esperado para beijá -la até que estivessem em casa em sua cama, porque a incerteza dos ú ltimos onze dias recuou e o socou. O mesmo aconteceu com Piper – ele podia sentir. Ela deu um gemido entrecortado e abriu a boca doce para ele, sua respiraçã o saindo em ofegos curtos quase que imediatamente, assim como a dele. Ele mal deslizou a lı́ngua entre seus lá bios quando ela agarrou seus ombros, puxando-se contra seu peito e colocando as pernas em volta de sua cintura. E Jesus, ele já estava duro, seu pau roçando contra sua braguilha agora, inchando como um ilho da puta
quando ela colocou o calor de seu sexo em cima dele, o arrasto da fricçã o fazendo-o amaldiçoar. Fazendo-o desejar que estivessem em qualquer lugar, menos no corredor de um hospital, a meia hora de sua casa. Ainda assim, ele nã o conseguia deixar de beijá -la como tinha sonhado em fazer todas as noites desde que partiu, rudemente, avidamente, usando seu controle no cabelo para guiá -la para a esquerda, e a direita, encontrando seus lá bios com grandes inclinaçõ es, engolindo seus pequenos gemidos como se fossem sua ú ltima refeiçã o. Deus. Deus, ela tinha um gosto bom pra caralho. Melhor do que qualquer porto depois de uma tempestade. Lar. Ele tinha feito isso. — Piper — ele rosnou, dando dois passos e achatando-a contra a parede mais pró xima, sua boca passando por seu pescoço delicioso, sua mã o esquerda deslizando para cima para segurar seus seios. — Eu nã o posso te foder aqui, baby. Mas isso é exatamente o que vou fazer se continuarmos assim. Olhos azuis aturdidos encontraram os dele, a boca molhada de tanto beijar. — Eu preciso de você , agora — disse ela com voz rouca, puxando a gola de sua camisa. — Agora, agora, Brendan. Por favor, mal posso esperar. Ele aprendeu algo sobre si mesmo naquele momento. Se essa mulher acrescentasse a palavra 'por favor' a qualquer pedido, ele encontraria uma maneira de atendê -la. Construa um palácio para mim, por favor. Quantos andares, querida? Brendan já a estava carregando para a extremidade mais escura do corredor do hospital antes que ela terminasse de formular sua exigê ncia. Graças a Cristo, o andar estava quase vazio, porque nada iria impedi-lo de entrar nela agora. Nã o quando ela estava marcando seu pescoço com os dentes, suas coxas agarradas aos quadris dele como uma hera. Ele parou na frente da porta mais distante do quarto de Sanders, olhou atravé s do vidro para se certi icar de que nã o havia ningué m ocupando-o, entã o a trouxe para dentro, capturando sua boca em um beijo enquanto os levava para o outro lado do quarto. Ela esfregou sua boceta para cima e para baixo no comprimento rı́gido dele, choramingando em sua boca e puxando sua camisa, e Jesus, ele estava tã o excitado, seus arredores eram irrelevantes em comparaçã o. Ainda assim, ele nã o teria algué m entrando e vendo Piper em um momento ı́ntimo - isso era apenas para seus olhos – entã o ele se forçou a se concentrar. Apenas o su iciente para fazer dar certo. Ele colocou Piper no chã o e rogou por força de vontade para se afastar de sua boca.
— Nã o se mexa — disse ele, apoiando-a contra a parede – sim, apoiada. Suas pernas nã o pareciam estar funcionando, e inferno, como ele estava satisfeito em saber que nã o estava tã o fora de prá tica a ponto de nã o deixar Piper quente e excitada. Graças a Deus. Querendo colocar as mã os de volta nela o mais rá pido possı́vel, ele correu para a porta e empurrou uma cadeira sob a maçaneta. Em seu retorno para o outro lado do quarto, ele puxou a cortina que os bloquearia de vista, caso algué m passasse. Entã o ele estava na frente de Piper, emoldurando seu rosto com as mã os, maravilhado com a urgê ncia febril em seus olhos. Para ele. Menos de doze horas atrá s, ele teve certeza de que sua sorte havia acabado, mas ele estava errado. Ele transbordou. Ela correu as mã os por baixo do moletom dele, as unhas deslizando atravé s dos pelos do peito dele. — Você vai tirar sua camisa para mim? — ela sussurrou, esfregando as cristas de seu abdô men com a palma das mã os. — Por favor? Eu amo seu corpo. — Essa é a minha fala — disse ele de forma desigual, abalado por sua con issã o. Sim, ele cuidou de si mesmo e o trabalho manteve seu corpo forte e capaz, mas ele estava muito longe de ser perfeito. Nã o como dela. Mas, como já havia descoberto, se Piper dissesse por favor, ele obedeceria, e o fez agora, tirando o moletom em um movimento rá pido, encontrando sua boca assim que sua cabeça estivesse livre do colarinho. Com os lá bios ú midos e inquietos, o beijo deles escalou a um ponto sem volta novamente. Os dois lutaram com o có s de suas calças de ioga, empurrando-as para baixo, passando por seus quadris, até que ela pudesse chutá -las para longe. E entã o ela voltou a escalá -lo, suas coxas á geis deslizando até sua cintura, seus quadris avançando para obter seu pê nis contra sua suavidade, prendendo-a contra a parede no processo. — Reparei que nã o preciso arrancar nenhuma calcinha de você — disse ele entre beijos, encontrando sua bunda incrı́vel com as duas mã os e amassando-a quase que com raiva, porque Jesus, essa coisa o deixava louco. — Você dirige até aqui na minha caminhonete com a boceta nua, Piper? Ela mordeu seu lá bio inferior. — Dormi na sua cama sem ela també m. — Cristo. — Um estrondo começou em seu peito, e nã o parou até que ele tirasse a camisa emprestada que ela usava, jogando-a no chã o, deixando-a completamente, abençoadamente nua. Nua e enrolada em torno dele, todo o cabelo da manhã bagunçado e olhos inchados de tanto chorar por ele. Se seu pê nis nã o estivesse latejando de dor, ele poderia ter se ajoelhado e a adorado. Todos aqueles momentos no barco, implorando para vê -la mais uma vez, foram bem fundamentados. Talvez, ele tenha implorado demais, porque ela era uma sereia, um anjo
de misericó rdia e uma mulher com tesã o, tudo em um. Um sonho do caralho. E ela estava tentando como o inferno abrir o zı́per de sua calça jeans. Brendan a ajudou, desfazendo o fecho de cima, estremecendo quando abaixou o zı́per e seu pau subiu, enchendo-se com ainda mais pressã o agora que tinha espaço para respirar. Ele se amontoou no entalhe entre suas pernas, e ela choramingou, cravando os calcanhares em sua bunda para trazê -lo para mais perto - e ele gozou, esfregando-se contra sua carne escorregadia. Uma estocada e ele estaria em casa. Foi quando a pior coisa possı́vel lhe ocorreu. — Maldiçã o, Piper. — Sua vida passou diante de seus olhos. — Eu nã o tenho camisinha. Ela fez uma pausa no ato de colocar beijos em seu pescoço, sua respiraçã o engatou. — Você está mentindo. Por favor, me diga que você está mentindo. — Eu nã o estou. Eu nã o carrego. — A cabeça dela caiu para trá s em um soluço, e ele nã o pô de evitar lamber a linha sexy de sua garganta, prendendo os dentes em sua orelha. — Eu nã o pensei que veria você ... Suas cabeças viraram ao mesmo tempo, outro beijo puxando-os profundamente, e seus quadris bombearam involuntariamente, movendo-se no ato de foder, seu eixo deslizando para cima e para trá s atravé s dos lá bios suaves de seu sexo sem violar sua entrada. — Brendan — ela ofegou. — Sim, baby. — Eu iz um exame clı́nico. Pouco antes de vir para cá . — Eles respiraram forte contra a boca um do outro. — Estou bem, e tomo anticoncepcional e preciso tanto de você . Demais. Ele deixou cair o rosto em seu pescoço e rosnou, alcançando entre eles para segurar sua ereçã o. — Estou bem, també m. Piper, Jesus, você vai me deixar te foder mesmo? — Sim. Sim. Ela ronronou com aquele segundo 'sim' e suas bolas latejaram dolorosamente, fazendo-o cerrar os dentes, ordenando-se mentalmente para nã o gozar muito rá pido. Mas quando ele marcou seus primeiros centı́metros dentro de seu calor ú mido, tornou-se ó bvio o desa io que seria. — Deus, baby. Deus. — Ele balançou mais fundo, e ela engasgou. — Você é mais apertada que o pecado. No momento em que ele a encheu completamente, ela estava tremendo como a porra de uma folha, e ele teve que se concentrar, focar em icar parado. Apenas o su iciente para organizar sua luxú ria, reunir algum resquı́cio de controle, ou ele apenas a tomaria em um frenesi. Ele só precisava de um minuto. Só um minuto.
— Forte — ela soluçou, arqueando as costas na parede. — Quero você forte. Lá se foi seu minuto. O primeiro impulso de Brendan para cima a empurrou até a parede, e ela engasgou com um grito, aqueles lindos olhos azuis vidrados. Ele tapou a boca com a palma da mã o e bombeou de novo, com mais força, seus olhos se encontrando na curva de sua mã o. Havia uma espiral no centro de seu peito, e deve ter sido registrada em seu rosto porque algo chamejou em seu olhar. Uma onda de pâ nico no lago de sua luxú ria. Ela afastou a mã o dele lentamente, sua expressã o mudando. Suas pá lpebras caı́ram a meio mastro, e ela olhou para ele atravé s do vé u delas, mordendo o lá bio. — Isso é bom? — Ritmicamente, ela o apertou com as paredes de sua vagina, zumbindo em sua garganta, matando-o lentamente. — Minhas coxas estã o abertas o su iciente para você , capitã o? Suas pernas quase cederam, mas ele se segurou. Contido, embora parte dele estivesse tã o faminto por liberaçã o que ele estava tentado a deixá -la fazer isso ser apenas sobre sexo. Mesmo que ela tivesse dormido em sua cama, preocupada com ele o su iciente para aparecer no hospital chorando. Mas ele lutaria esta batalha com ela quantas vezes fosse necessá rio. Até que ela percebeu que ele nã o estava caindo nessa e havia mais aqui. Muito mais. Brendan colou a boca em sua orelha e começou a foder – com força – as pernas dela sacudindo em torno de seus quadris com cada impulso cruel. — Veio aqui para ser gentil, Piper? Existe alguma coisa de vizinhança na maneira como estou lhe dando esse pau? Deus, ele amava a maneira como ela choramingava seu nome em resposta. — Eu estava no meio de uma porra de tempestade pensando em você . Pensando em como você ica bonita no meu jardim. Pensando em você me esperando no inal do meu cais, no meu porto. Ficar lá no pô r do sol para que eu possa tocá -la antes mesmo de tocar a terra. — Ele abriu os lá bios na pulsaçã o em seu pescoço, arrasando o local com os dentes, seus quadris se movendo em socos duros. — Eu pensei sobre sua boca, seus olhos, suas pernas e sua buceta. Eu nunca parei. Agora, pare de ingimento, baby, e me diga que sentiu minha falta. Ela respirou fundo, seus dedos se curvando em seus ombros. — Senti a sua falta. Um bá lsamo se espalhou por seu coraçã o, mesmo enquanto sua necessidade, sua urgê ncia, aumentavam, icavam mais quentes. — Você pode me envolver tã o forte quanto quiser em torno desse dedinho, mas nã o vou brincar sobre o que é isso. Me entende, Piper? Seus olhos se encontraram um pouco antes de suas bocas. Eles sabiam que a batalha de vontades estava longe de terminar, mas sua
fome iria eclipsá -la por enquanto. Ele segurou sua bunda e a ergueu mais alto contra a parede, puxando seus joelhos para cima e os apoiando em seus quadris. Ele se inclinou profundamente, para dentro e para cima, para que ele pudesse acertar aquele ponto dentro dela – e ele foi com força. Seus gemidos guturais diziam a ele para icar bem ali, continuar metendo, e ele o fez. Ele colocou um bloqueio na semente quente dentro dele morrendo de vontade de se soltar e se concentrou na maneira como o rosto dela mudava cada vez que ele aumentava o ritmo. Ele passou de otimista a espantado e desesperado. — Ai meu Deus, Brendan, nã o pare. — Seus olhos perderam o foco, suas unhas cravando-se na pele de seus ombros. — Mais forte. Mais forte. Você vai... você vai me fazer... — Sempre, Piper. — Na á gua, ele repassou Piper tendo um orgasmo enquanto ele lambia seu clitó ris na mesa da cozinha cerca de mil vezes, mas sentir isso acontecer em torno do seu pau acionou um interruptor primitivo dentro dele, e ele se libertou, pressionando suas testas juntos e perfurando seu canal doce e confortá vel que já estava começando a convulsionar. — Vamos lá , baby. Vamos lá . Me mostre o que eu faço com essa boceta exigente. Sua boca formou um O, e ela apertou suas mã os e bateu em seus ombros – e entã o ela caiu, sua carne ondulando ao redor dele. Ela se contorceu entre ele e a parede, lutando contra o prazer e exigindo-o ao mesmo tempo, com os olhos arregalados e nã o vendo nada. — Brendan. Jesus Cristo. Jesus Cristo. Brendan. Ouvir seu nome em seus lá bios o empurrou alé m de seu ponto de ruptura, e o selo rasgou sua resistê ncia. A parte inferior de sua espinha se retorceu, a luxú ria derretida atingindo-o baixo, duro, com mais urgê ncia do que ele já sentiu qualquer coisa. As pernas de Piper icaram moles quando ele gozou, mas ela o segurou com força enquanto ele resistia. Levantando os pé s do chã o até que o resto da pressã o inacreditá vel o deixasse. E ele desabou contra ela. — Deus… — Ela respirou em seu pescoço. — Puta merda. Seu coraçã o batia forte na jugular. — Nã o poderia concordar mais. Ela soltou uma risada atordoada. Ele beijou sua tê mpora e se afastou para procurar seus olhos. — Nã o ique tensa comigo, Piper. — Eu nã o tenho certeza se estarei tensa novamente — ela sussurrou, suas pá lpebras caindo. Com o peito cheio de orgulho, Brendan beijou sua testa, bochechas, boca, entã o se ajoelhou e beijou sua barriga, pegando sua camisa emprestada antes de se endireitar. Ele a colocou sobre a cabeça dela, ajudando-a a colocar os dois braços nos buracos, e fechou o zı́per de volta em sua calça jeans. Com Piper ainda encostada na parede em um estado de estupor que ele de initivamente nã o se importava, ele
encontrou uma caixa de lenços de papel, tirou um punhado e limpou o resto do interior de suas coxas. Essa ú ltima parte a acordou. — Eu posso fazer isso — disse ela, pegando a caixa de lenços de papel. Ele segurou seu pulso. — Eu gosto de fazer isso. — Brendan... — Sua deglutiçã o foi audı́vel. — Só porque eu senti sua falta... Lá estava. — Sim? — Nó s vamos... — Ela se abaixou e recolheu as calças, arrastando-as pelas pernas com as mã os trê mulas. — Eu… Eu estou preocupada de que eu esteja te enganando… — Jesus. — Ele riu sem humor, levou um momento para puxar o moletom pela cabeça e ignorou o aperto no peito. — Eu só posso imaginar que tipo de idiotas você namorou, Piper. Mas eu nã o sou um deles. Sou um homem crescido e sei onde estamos. Eu sei que você vai me fazer correr atrá s de você , e eu nã o tenho medo disso. Seus olhos icaram momentaneamente sonhadores, mas ela se recuperou rapidamente. — Correr atrá s de mim? Nã o há nada pelo que correr! — Que diabos isso signi ica? — Ele rebateu. — Isso signi ica... — Ela torceu as mã os. — Eu estou… Nã o estou disponı́vel para ser sua namorada. Brendan suspirou. Ele icou irritado? Sim. Ele queria estar em qualquer outro lugar do mundo? Nã o. E isso era confuso pra caralho, mas aparentemente era o que ele gostava agora. Ficar confuso, encantado e destruı́do por essa mulher. — Como você quer chamar isso, Piper? Vamos nos comprometer. — Amigos com benefı́cios? — Nã o. — Por quê ? Ele estendeu a mã o, segurou sua boceta rudemente atravé s da lycra de suas calças de ioga, provocando a costura com o dedo mé dio. — Isso é muito mais do que um benefı́cio. Piper balançou. Ele tirou a mã o rapidamente e a segurou, puxando-a contra o peito. — Que tal nos chamarmos de 'mais do que amigos'? — Isso é muito amplo. Pode signi icar qualquer coisa. — Ela esfregou cı́rculos ausentes em seu peito enquanto ele contava seus cı́lios. — Pessoas casadas sã o mais do que amigos. Era muito cedo para examinar por que ele gostava tanto da palavra 'casado' em seus lá bios, certo?
— Nó s iremos com 'mais do que amigos'. — Ele rugiu, beijando-a antes que ela pudesse protestar. Ela levou alguns segundos para participar, mas suas bocas rapidamente icaram sem fô lego. Ele a apoiou contra a parede mais uma vez, a palma da mã o de Piper moldando-se na frente de sua calça jeans, onde seu pê nis subiu novamente, pronto, desesperado por mais dela… — Brendan Taggart, por favor, dirija-se ao balcã o de informaçõ es do quarto andar — veio uma voz cansada pelo sistema de som, repetindose duas vezes enquanto eles permaneceram congelados no meio do beijo. — Porra — ele grunhiu, respirando pelo nariz e desejando que sua ereçã o diminuı́sse. Nã o tinha como isso estar acontecendo, entretanto, ele se ajustou para ser o mais discreto possı́vel, entã o pegou a mã o de Piper e a puxou em direçã o à porta. — Venha comigo. — Oh. — Ele olhou por cima do ombro para encontrar Piper arrumando seu cabelo desordenado de uma forma que ele achou adorá vel. — Hum. Okay. Brendan moveu a cadeira que ele prendeu sob a maçaneta da porta, e eles caminharam lado a lado para o corredor escuro do hospital. Ele olhou para ela, tentando imaginar como ela se sentia sobre o ró tulo 'mais do que amigos'. Esta conversa, esta guerra, estava longe de terminar, mas ele nã o podia deixar de sentir que tinha vencido uma batalha, apenas fazendo com que ela segurasse sua mã o como se fosse a coisa natural a se fazer. Você não vai se livrar de mim, Piper. — Brendan? O som da voz de seu sogro causou um obstá culo em seu passo. Brendan desviou sua atençã o de Piper para encontrar Mick vagando pelo balcã o de informaçõ es. — Mick. Seu sogro icou imó vel, o desâ nimo estragando suas feiçõ es enquanto ele dividia um olhar entre Brendan e Piper. Suas mã os unidas. O cabelo bagunçado de Piper. E por alguns segundos, Brendan nã o conseguiu afastar a culpa. Nã o completamente. Mas só porque ele deveria ter ido até Mick, contado ao homem sobre seus sentimentos por Piper. Cegá -lo assim era a ú ltima coisa que Brendan queria fazer. Ele nunca tinha visto Brendan com ningué m alé m de sua ilha, e o choque tinha que doer. Distraı́do por seus arrependimentos, ele nã o reagiu rá pido o su iciente para Piper puxar sua mã o. Ele tentou recuperá -la, mas era tarde demais. — Ei, Mick — ela disse baixinho, umedecendo os lá bios. Mick nã o respondeu. Na verdade, ele ignorou Piper descaradamente, e Brendan sentiu uma onda de raiva. Isso foi culpa dele, no entanto. Ele havia perdido um passo crucial e agora aqui estavam eles, nesta situaçã o embaraçosa que poderia ter sido evitada. E caramba, a ú ltima
coisa que ele precisava era dar a Piper outro motivo para manter distâ ncia entre eles. — Oh, bom — disse uma enfermeira sorridente, dando um passo atrá s da mesa. — Você o encontrou. — Só vim para ver Sanders — Mick murmurou, apontando o polegar para nenhum lugar em particular. — Oh, hum. Eu vou... — Piper começou. — Eu, hum... Você pode pegar uma carona de volta com Mick, nã o é ? — Ela nã o olhou para ele, já estava se aproximando dos elevadores. — Hannah provavelmente está se perguntando onde estou. Eu deveria ir para casa. Brendan seguiu Piper, pegando-a pelo cotovelo antes que ela pudesse apertar o botã o de chamada. — Fica. Nó s iremos para casa juntos. — Pare. — Ela bateu no peito dele de brincadeira, voltando ao lerte. — Você tem que icar aqui e se certi icar de que Sanders está bem. Te vejo mais tarde! — Piper. — Brendan — ela repetiu, imitando seu rosto sé rio enquanto seu dedo apertava desesperadamente o botã o do elevador. — Está tudo bem, ok? — Quando ele ainda hesitou em soltar seu cotovelo, ela perdeu a postura e implorou com os olhos. — Por favor. Com um aceno de cabeça rı́gido, ele a observou desaparecer atrá s das portas do elevador, já sentindo falta do peso de sua mã o dentro da dele. Ele queria ir atrá s dela, pelo menos beijá -la antes que ela fosse para casa, mas tinha a sensaçã o de que ela precisava de espaço. Ele apenas esperava que o progresso que eles izeram esta manhã na jornada para 'mais do que amigos' nã o tivesse sido apagado em questã o de minutos. Dever e respeito o puxaram, entã o enquanto ele jurou acertar as coisas com Piper mais tarde, ele deu meia-volta e foi enfrentar seu sogro. Mick ergueu a mã o quando Brendan o alcançou. — Você nã o tem que se explicar, Brendan. Eu sei que você é um jovem com aveia para semear. — Ele esfregou a nuca. — Nã o sã o muitos caras que seriam capazes de ignorar uma garota assim. — Nã o. Ela é … impossı́vel de ignorar. — Ele fez tudo em um dia, nã o foi? Menos? Antes que ela começasse a sentir... o inevitá vel. Brendan nã o pô de deixar de olhar para trá s, para o elevador. Quando ele se virou, Mick estava concentrado em seu dedo anelar. Na falta da aliança em torno dele, na verdade. As linhas ao redor dos olhos de Mick icaram totalmente brancas e um brilho os preencheu. Brendan odiava o sentimento de deslealdade que se escondia sob a pele dele. Logicamente, ele sabia que nã o havia nada de desleal sobre ele querer Piper. De jeito nenhum. Mas este homem que tomou Brendan sob sua asa, fez dele o capitã o de seu barco, e foi um bom amigo e uma igura paterna... merda, decepcioná -lo o machucava. Estava bem ali na
ponta da lı́ngua para explicar que ele estava falando sé rio sobre Piper, nã o sobre semear aveia, mas Mick vendo que ele inalmente tirou sua aliança de casamento foi o su iciente por um dia. Ele nã o precisava bater na cabeça do homem. Nã o quando ele provavelmente viu a falta da aliança de Brendan como mais um pedaço de sua ilha sendo lascado. Ele deu um tapinha no ombro de Mick. — Vamos visitar Sanders, certo? Mick, obviamente grato pela mudança de assunto, assentiu e eles caminharam lado a lado até a ala onde Sanders estava se curando.
Capı́tulo Dezenove Piper arrastou-se até os degraus do apartamento e abriu a porta. Por
preocupaçã o com seu estô mago roncando, ela parou para tomar café da manhã na volta para casa, quase meio-dia. Ela já havia mandado uma mensagem à Hannah para que soubesse que Brendan e a tripulaçã o estavam bem, entã o prontamente ignorou todas as perguntas seguintes sobre como as coisas iam no hospital. Por que… como as coisas iam no hospital? Ainda sem respostas concretas, ela entrou no apartamento carregando um dolce latte com canela para Hannah, meio que esperando que sua irmã estivesse trabalhando na loja de discos, mas Hannah estava deitada no beliche de cima, fones nos ouvidos, chorando sobre uma simples reviravolta do destino. Piper bateu na moldura da cama do beliche e Hannah gritou, sentando-se e jogando os fones de ouvido no pescoço. Sua expressã o assustada se transformou rapidamente em deleite. — Oooh. Para mim? Piper entregou a xı́cara à irmã . — Aham. Hannah ergueu uma sobrancelha enquanto tomava um gole. — Você parece... diferente hoje. — Eu tomei banho ontem à noite e dormi com o cabelo molhado. — Piper murmurou distraidamente, sentando-se no beliche de baixo. Ela olhou para a parede oposta do apartamento – que, na verdade, estava bem perto – e tentou processar as ú ltimas horas. Sua irmã desceu do beliche de cima. — Piper. — Ela se aconchegou perto, cutucando Piper nas costelas com o cotovelo. — Você está muito quieta. Fale comigo. Piper apertou os lá bios e nã o disse nada. — Ah, vamos lá . Silê ncio. — Comece pequeno. Algo simples. Como foi a viagem? — Eu nã o me lembro. — Incapaz de manter uma certa notı́cia para si mesma por mais tempo, embora ela provavelmente se arrependesse de compartilhar em uma data posterior, Piper estendeu a mã o e agarrou o joelho de Hannah. — Hannah, ele... ele me deu um orgasmo vaginal. Sua irmã quase deixou cair o café . — O quê ? Tipo… você atingiu o clı́max apenas com a penetraçã o? — Sim. — Piper sussurrou, abanando o rosto. — Foi tipo, eu pensei... pode ser? E entã o… sem chance. Mas entã o, sim. Sim, sim, porra sim. Contra uma parede. Uma parede, Hanns. — Ela fechou os olhos e
acrescentou: — Foi o sexo mais maravilhoso da minha vida. E ele nem começou a suar. — Oh, Piper. — Hannah abanou a cabeça. — Você está tã o fodida. — Nã o. — Piper jogou os ombros para trá s. — Nã o, eu escapei sem muito dano. Ele me fez admitir que somos mais do que amigos, mas houve um mı́nimo de carinho e nã o temos planos de nos ver novamente. Vou apenas evitá -lo por um tempo. Hannah se levantou e se virou para Piper. — Do que você está com medo? Piper bufou. — Eu nã o estou com medo. E ela nã o estava. Ela estava? Esse peso constante em sua barriga era totalmente normal. Assim como a certeza de que Brendan acabaria percebendo que havia milhares de outras garotas como Piper Bellinger; ela de initivamente nã o era o tipo de garota por quem um homem manteve um anel por sete anos, isso é certo! Ela era apenas um pá ssaro exó tico nesta cidade pequena e monó tona, e ele perceberia isso eventualmente. Ou ele nã o iria. Isso foi ainda mais assustador. E se os sentimentos dele por ela fossem realmente genuı́nos? Ela nã o podia lutar contra os dela por muito mais tempo. Eles estavam piorando a cada dia. Ela dirigiu como um morcego saindo do inferno para o hospital, já meio de luto. Doente com isso. E a alegria quando ele chegou, saudá vel e saudá vel. Meu Deus, ela estava quase exausta pensando na giná stica que seu coraçã o tinha feito. Se esses sentimentos icaram cada vez mais profundos em ambos os lados... entã o, o quê ? Ela ica em Westport? — Ha! Hannah abriu o café e tomou um longo gole, engolindo em seco. — Você percebeu que está tendo uma conversa dentro da sua pró pria cabeça, certo? Nã o consigo ouvir. — Eu nã o vou icar aqui. — Piper respirou, seu coraçã o batendo forte em sua garganta. — Ele nã o pode me obrigar. — Ela puxou o telefone do bolso, batendo até chegar ao Instagram, digitalizando seu feed colorido. Essas fotos e o estilo de vida sem esforço que representavam pareciam quase estranhos agora – quase banais – e isso era assustador. Isso signi icava que ela estava realmente considerando um novo caminho? Um que ela nã o documentou por causa da adoraçã o, embora falsa? Sua vida diá ria em Westport era grati icante de uma forma que ela nunca esperava, mas ela ainda era uma estranha aqui. Em LA, seu ajuste era perfeito, pelo menos externamente. Ela era boa em ser Piper Bellinger, a socialite. Se Piper poderia ser um elemento ixo em Westport ainda estava para ser visto.
Ela ergueu o telefone, de frente para o luxo de fotos em direçã o a Hannah. — Para o bem ou para o mal, essa garota é quem eu sou, certo? Estou icando tã o longe dessa Piper. Tã o rá pido. — Tudo bem — disse Hannah lentamente. — Brendan faz você sentir que precisa mudar? Piper pensou sobre isso. — Nã o. Ele até chamou minha buceta de exigente, no bom sentido. Acho que ele gosta de mim assim. E horrı́vel. — Sim, parece o pior. Qual é o verdadeiro problema, Piper? Piper explodiu. — Hannah, eu estava morrendo de medo na noite passada! Sua irmã acenou com a cabeça, só bria. — Eu sei. — E ele nem é meu namorado. — Ainda. — Grossa. — Ela brandiu seu telefone. — Essa garota nã o é ... forte o su iciente. Para se preocupar assim o tempo todo. Amar algué m e perdê -lo, como mamã e e Opal perderam Henry. Nã o sou feita desse tecido, Hannah. Eu vou à porra de festas e faço propagandas de marcas de maiô s. Nã o sei quem sou em Westport. Hannah fechou a distâ ncia entre eles, envolvendo os braços em torno de Piper. — Uau. Um orgasmo vaginal e um avanço psicoló gico no mesmo dia. Você deve estar cansada. — Eu estou. Estou exausta. — Ela retribuiu o abraço de Hannah, deixando cair a testa sem cerimô nia no pescoço da irmã . Ela pensou no rosto de Mick quando a viu segurando a mã o de Brendan e se encolheu por dentro. Honestamente, ela nem estava pronta para contar a Hannah sobre aquele momento. Quã o baixa ela se sentiu. Nã o necessariamente uma destruidora de lares, mas… uma intrusa. Uma estranha. Quem essa garota festeira de Los Angeles pensa que é, entrando aqui e tentando ocupar o lugar da esposa de um pescador nascido e criado? O telefone de Piper tocou. Quem era aquele? Nã o poderia ser Brendan. Ele havia deixado o telefone no barco. E nenhuma de suas amigas havia entrado em contato com apenas um alô desde que ela deixou o có digo postal de Bel-Air. Ela ergueu a tela e um sorriso apareceu em seu rosto. — Oh, esta é uma excelente notı́cia. Hannah largou os braços do pescoço de Piper. — O que é isso? — E sexta-feira à noite e nossa avó está inalmente pronta para a festa.
*** Nunca sendo do tipo que gosta de festas com leviandade, Piper nã o perdeu tempo. Ela tomou banho, arrumou o cabelo até que seu cabelo icasse apresentá vel, aplicou a maquiagem com cuidado e aventurou-se propositalmente em direçã o ao porto com uma bolsa de roupas contendo uma seleçã o de vestidos, incluindo um para ela. Opal era pequena, e com um pouco de costura de ú ltima hora, Piper a faria parecer um mulherã o na hora. Opal abriu a porta – vestindo um robe curto lilá s realmente fofo – Piper percebeu que ela estava mudando de idé ia. — Nã o. — Piper a interrompeu com um beijo, bem na boca. — Todo mundo ica nervoso antes da festa, Opal. Você me escutou? Todo mundo. Mas nã o deixamos que isso nos impeça, deixamos? Nã o. Nó s resistimos. E icamos bê badas até nã o sentirmos mais nada. Visivelmente fortalecida, Opal assentiu e foi direto balançar a cabeça. — Eu sou um peso leve. Só bebo café desde os anos noventa. — Triste. Mas é por isso que usamos o mé todo Bellinger. Um copo de á gua entre cada bebida alcoó lica. Em seguida, uma torrada e dois Engov antes de deitar. Absorve bem. Você poderá correr uma maratona amanhã de manhã . — Eu nã o posso correr uma agora. — Eu sei. E assim que funciona bem. Opal deu uma gargalhada. — Desde que você começou a me visitar, Piper, eu ri mais do que ri em dé cadas. Hannah nã o foi capaz de vir hoje? — Nã o, ela tem um turno na loja de discos. Mas ela manda um beijo. Sua avó acenou com a cabeça e transferiu sua atençã o para a bolsa de roupas, perdendo a umidade inesperada que dançou nos olhos de Piper. — Bem, querida. Vamos ver o que você tem. Demorou apenas trê s horas para transformar Opal de semi-eremita enlutada em uma senhora da cidade. Depois que Piper adicionou um pouco de mousse modelador ao cabelo da mulher mais velha e fez sua maquiagem, Opal escolheu seu vestido. Claramente, ela tinha bom gosto, porque ela foi direto para o Versace de mangas bufantes. — A aluna se tornou a mestre, vovó . Opal se assustou um pouco com o tı́tulo, e Piper prendeu a respiraçã o també m. Tinha escapado sem planejamento, mas parecia estranhamente natural. Finalmente, Opal avançou e envolveu Piper em um abraço, segurando irme por alguns momentos antes de recuar para estudá -la. — Obrigada.
Piper só conseguiu acenar com a cabeça, graças ao nó preso em sua garganta, observando Opal enquanto ela ia para o quarto para se trocar. Surpresa ao descobrir que seus dedos tremiam, Piper tirou a legging e o sué ter que usara na viagem, fechando o zı́per em um minivestido listrado de zebra verde e preto da Balmain. A memó ria muscular entrou em açã o, e ela ergueu o telefone para tirar uma sel ie, percebendo com um sobressalto que recebera uma mensagem de Brendan. "Quero te ver esta noite". Onda apó s onda de excitaçã o percorreu seu meio. Deus, ela amava como ele ia direto ao ponto. Sem jogos. Sem rodeios. Apenas isso é o que eu quero, baby. Agora é sua vez. Ela queria ver Brendan? Sim. Inegavelmente sim. Mais do que isso, ela queria ser vista por ele assim. Queria ver a apreciaçã o masculina esticar seus traços e saber com absoluta convicçã o que ele estava pensando em fazer sexo com ela. E seria muito mais fá cil jogar com calma em sua armadura de batalha, cercada por testemunhas em um bar. A vida noturna de Westport pode nã o ser exatamente o que Piper estava acostumada, mas era mais perto de seu ambiente do que um bar em construçã o ou um hospital com iluminaçã o ruim. Ela precisava se sentir ela mesma. Precisava de um lembrete de sua antiga vida. A vida para a qual ela estava voltando. Mais cedo ou mais tarde. Com muita frequê ncia, ultimamente ela tinha icado desequilibrada por seus sentimentos. Ou a situaçã o em que se encontrava, a mais de mil milhas de casa. Sem amigos, um peixe fora d'á gua. Brendan, desde que ela o conheceu, tornou-se impossı́vel para ela manter uma faxada. Ela nunca foi capaz de ser nada alé m de honesta com ele. Assustadoramente honesta. Mas ele nã o estava parado na frente dela agora, transbordando com toda aquela intensidade, nã o é ? E a Piper de LA estava sacudindo suas dobradiças, exigindo ser apaziguada. Aquela Piper nã o mandaria uma mensagem de volta dizendo que queria vê -lo esta noite també m. Nã o, nã o. Ela deixava uma migalha de pã o e dançava em um lash de luzes estroboscó picas. "Estou saindo. Talvez te pegue mais tarde no Blow the Man Down". Trê s pequenos pontos apareceram, deixando-a saber que Brendan estava escrevendo de volta. Entã o eles desapareceram. Ela apertou a mã o contra o estô mago para neutralizar um chute de excitaçã o. Opal saiu do banheiro parecendo uma sobremesa completa. — Entã o? — Entã o? — Piper deu um assobio baixo. — Cuidado, Westport. Há uma raposa à solta. ***
A ú nica experiê ncia de Piper no Blow the Man Down foi menos do que empolgante e entrar pela porta novamente foi desesperador. Mas esta noite nã o era apenas para se lembrar da velha Piper; tratava-se de tirar de sua concha esta mulher que ela realmente gostava. Opal estava com o braço preso ao de Piper quando elas entraram no bar barulhento. Os pescadores ocuparam a longa ileira de banquinhos perto da entrada, brindando por mais uma semana completa na á gua. E a sobrevivê ncia da tempestade da noite anterior parecia dar à atmosfera uma lutuabilidade adicional. Os barmen colocavam canecas na frente de homens mais velhos, seus amigos e esposas. Ningué m estava fumando, mas o cheiro de cigarros chegou de fora e se agarrou à s roupas. A voz de Neil Young teceu atravé s das conversas e risos. Opal empacou assim que elas cruzaram a soleira, mas Piper deu um tapinha em seu braço, guiando-a pela seçã o mais barulhenta do bar, em direçã o à á rea de estar nos fundos. Da ú ltima vez, ela só icou no bar tempo o su iciente para pedir aquela fatı́dica bandeja de doses, mas foi o su iciente para dar uma olhada no terreno. E ela icou aliviada ao ver que as mesas na parte de trá s do Blow the Man Down estavam ocupadas por mulheres novamente esta noite. Algumas delas tinham a idade de Opal, outras eram mais pró ximas da de Piper, e todas falavam ao mesmo tempo. Algumas das mulheres mais velhas se cutucaram com a apariçã o de Opal. Uma por uma, uma dú zia ou mais de senhoras começaram a notá la. Por longos momentos, eles olharam para ela com a boca aberta – e entã o todos eles a emboscaram de uma vez. — Opal — disse uma mulher de aparê ncia gentil com cabelo curto vermelho, levantando-se. — Você veio! — E parecendo uma grande gostosa! — disse outra. A risada ondulou sobre as mesas e Piper pô de sentir o prazer de Opal. — Bem, eu tenho uma estilista chique agora — Opal disse a eles, apertando o braço de Piper. — Minha neta. Westport era uma cidade pequena e era ó bvio que algumas das mulheres já sabiam que as irmã s Bellinger haviam estabelecido residê ncia, bem como sua conexã o familiar com Opal, enquanto outras estavam visivelmente conectando os pontos e maravilhando-se. De qualquer forma, o grupo como um todo pareceu surpresa ao vê -las juntas e parecendo tã o pró ximas. — Existe… espaço para mais duas? — Opal perguntou. Todos se embaralharam ao mesmo tempo, arrastando cadeiras de outras mesas. Os olhos de Opal exibiram um brilho suspeito quando ela olhou para Piper e soltou um suspiro. — E como se eu nunca tivesse ido embora. Piper se inclinou e beijou sua bochecha.
— Por que você nã o vai se sentar? Vou pegar algumas bebidas para nó s. Tequila para você , certo? — Oh, pare. — Opal bateu em seu braço de brincadeira. — Stoli e Seven com dois limõ es, por favor. — Droga — murmurou Piper com um sorriso, enquanto Opal se afastava. A mulher mais velha reivindicou uma cadeira e foi imediatamente atulhada com a atençã o merecida. — Tenho a sensaçã o de que você vai icar bem. Piper pagou uma rodada de bebidas para ela e Opal, sentando-se ao lado dela. Depois de meia hora de conversa fá cil, a noite parecia estar se transformando em um ponto de encontro discreto para mulheres. Até que uma das garotas de vinte e poucos anos comprou uma bebida para Piper em troca de uma consulta de beleza. Realmente, a bebida nã o tinha sido necessá ria. Ela icava feliz em dar conselhos com base no tom de pele da garota e no formato oval do rosto… mas entã o outra garota colocou um shot na frente de Piper, querendo saber sua rotina de beleza. Outra trocou uma gota de limã o por dicas de como se vestir sexy quando estava sempre – frio pra cacete e chovendo – no inverno. E entã o tudo piorou a partir daı́. *** — E tudo uma questã o de arrogâ ncia. — Piper gritou por cima da mú sica uma hora depois, um olho semicerrado para que ela visse apenas um grupo de pessoas, em vez de duas. A menos que houvesse dois conjuntos? Quando eles chegaram lá ? Ela tentou se lembrar do que estava dizendo em primeiro lugar. Tudo isso tinha sido uma bagunça arrastada? Mas nã o, as garotas que empurraram as mesas para o lado para criar uma passarela na parte de trá s do Blow the Man Down estavam ouvindo-a com atençã o extasiada. Entregue, Piper. — Você , eu, todas nó s, senhoras. Nó s exercemos o poder. — Ela jogou um dedo apontando para o bar cheio de homens. — Eles sabem disso. Eles sabem que nó s sabemos disso. O segredo é mostrar a eles que sabemos que eles sabem que nó s sabemos. Isso faz sentido? Um coro de sim foi ouvido, seguido pelo tilintar de copos. — Observe-me andar. — Piper disse, empurrando o cabelo para trá s sobre os ombros e se pavoneando ao longo das tá buas do chã o, girando no inal de sua pista improvisada. Nã o foi seu melhor trabalho, mas era bastante decente depois de quatro, talvez oito bebidas. — Olhe para o meu rosto. E como se eu nã o tivesse tempo para suas merdas. Estou ocupada. Estou vivendo! — Isso vai me fazer transar? — Uma garota perguntou. Piper agarrou o rosto da garota e olhou em sua alma. — Sim.
— Eu acredito em você . — Ei, Piper. — Outra garota apareceu à vista. Ou ela era gê mea? — O Dia do Trabalho está chegando. Devı́amos fazer uma festa e experimentar as dicas de maquiagem. — Ai meu Deus. — Piper respirou, a melhor/pior ideia quebrando sua deliciosa embriaguez. — Eu deveria dar a festa. Eu tenho um bar. — Ei, pessoal! Piper está dando uma festa do Dia do Trabalho! Os aplausos foram ensurdecedores. — Mostre-nos a caminhada de novo! Piper tomou um shot que algué m ofereceu a ela. — Dane-se isso! Vamos dançar!
Capı́tulo Vinte Brendan se encostou na parede do Blow The Man Down com os
braços cruzados, um sorriso calmo em seu rosto, enquanto observava Piper tecer sua magia sobre todos em sua vizinhança. Ela estava com cara de merda – e adorá vel. Todos que falaram com Piper tiveram sua atençã o total e foram embora como se ela tivesse acabado de transmitir os segredos do universo. Ela forjou conexõ es com as pessoas, quase instantaneamente, e elas a amavam. Ela percebeu que estava fazendo isso? Algué m gritou com o bartender para tocar Beyoncé , e as mesas foram empurradas ainda mais para fora do caminho, transformando o espaço da passarela pessoal de Piper em uma pista de dança, e tudo que ele podia fazer era icar lá e observá -la, seu pulso acelerando – junto com outra parte de seu corpo – a maneira como ela trabalhava os quadris, os braços soltos e descuidados sobre a cabeça, os olhos sonhadores. Ela estava chamando a atençã o de muitos homens no bar e, francamente, ele nã o gostou, mas Piper era a garota por quem ele se apaixonou. Ter ciú me veio com o territó rio. Piper icou imó vel na pista de dança, uma carranca marcando sua testa, e, como se ela tivesse inalmente sentido sua presença, se virou para olhar diretamente para ele. E quando seu rosto se transformou em pura alegria e ela acenou com entusiasmo, Brendan soube que a amava. Deus sabia, tinha acontecido rá pido, mas ele foi incapaz de pisar no freio. Nã o quando ela era o destino. Sua boca icou seca, mas ele conseguiu acenar de volta. Esta nã o era nenhuma emoçã o que ele experimentou antes. Nã o é como a simples companhia de seu casamento. Nã o como o vı́nculo de amor/ó dio que ele tinha com o oceano. O que ele sentia por Piper o transformou em um jovem no meio de sua primeira paixã o, enquanto també m invocava as raı́zes mais profundas de sua maturidade. Em outras palavras, para manter esta mulher, ele se apresentaria e faria o que fosse necessá rio, mas seu maldito coraçã o estaria disparado o tempo todo. Ele poderia colocar cada grama de seu esforço em manter Piper, e ela ainda poderia ir embora. Poderia dançar até o pô r do sol a qualquer momento e voltar para sua vida extravagante, deixando-o cambaleando. E isso o apavorou mais. Mas Brendan determinadamente deixou de lado esses pensamentos sombrios. Porque ela estava vindo em sua direçã o agora, toda corada por causa da bebida e da dança, e ele simplesmente abriu os braços, con iando que ela andaria direto para eles. Seus olhos se fecharam
automaticamente quando ela o fez, sua boca traçando sua linha do cabelo, plantando beijos. Cristo, ela se encaixava nele de uma forma que o fazia se sentir protetor, pronto para agir como seu escudo, ao mesmo tempo que o deixava duro, faminto. — Você está aqui — ela murmurou feliz, icando na ponta dos pé s para cheirar seu pescoço. — Claro que estou aqui, baby. — Sanders está bem? A tripulaçã o conseguiu voltar? — Sanders está em casa — ele grunhiu contra sua orelha, aquecido por sua preocupaçã o por seus homens. — O resto deles també m. Eles chegaram ao porto há pouco tempo. — Estou tã o feliz. — Ela lançou um olhar acusató rio por cima do ombro. — Essas mulheres locais sem escrú pulos me deixaram bê bada. — Eu posso ver isso. — Seus lá bios se contraı́ram, sua mã o esfregando cı́rculos no centro de suas costas. — Você quer dançar um pouco mais, ou posso te levar para casa? — Onde ica a casa? — Comigo. — Mmmm. — Ela ergueu os olhos para ele. — Eu nã o tenho meu juı́zo comigo, Brendan. Você nã o pode usar nada do que eu digo esta noite contra mim. E tudo da boca para fora. — Ok, eu prometo. — Bom, porque eu senti sua falta. De novo. — Ela beijou seu queixo, abriu caminho até sua orelha, gemeu contra ela de uma forma que fez seu pê nis enrijecer. — Esta manhã com você foi o melhor, melhor, melhor sexo da minha vida. Ela disse isso bem quando a mú sica foi cortada. Todos no bar ouviram. Alguns homens saudaram Brendan com suas canecas, mas felizmente Piper bê bada nã o sabia sobre sua con issã o pú blica. E inferno, ter Piper efetivamente dizendo a todos em Westport que eles estavam dormindo juntos – e que até agora ele tinha sido ó timo nisso – era uma maneira de apaziguar seu ciú me. A mú sica começou de novo, mas ela nã o parecia obrigada a fazer nada alé m de icar ali e abraçá -lo, o que o deixou totalmente confortá vel. — Aqui estou eu, mais uma vez, na reestação de carregamento! — Piper cantou, rindo para si mesma. — Eu gosto daqui. Está tã o quente. Você é um grande e duro ursinho de pelú cia do mar. Como o atum do mar, mas com um urso. A risada de Brendan a desequilibrou. — Eu gosto da Piper bê bada. — Você gosta. Eu tenho zero inibiçõ es agora. — Ela cheirou seu pescoço novamente, beijou-o uma vez, duas vezes. — Ou qualquer nú mero que seja menor que zero.
Ele passou a mã o pelo cabelo dela. — Tudo o que vou fazer com você esta noite é colocá -la na cama. — Ooh, eu consigo dormir na estaçã o de recarga? Seu coraçã o estava vivendo em sua garganta. — Sim, querida. Você pode dormir nele todas as noites. Ela suspirou satisfeita. — No meu caminho, vi Hannah caminhando para casa e parei para pegar uma mala com algumas roupas para você . — Muito gentil da sua parte. — Em um instante, sua expressã o passou de despreocupada para preocupada. — Mas, Brendan, e se eu for uma empadinha? — O quê ? — Você deu uma mordida em mim e, mesmo que decida que realmente nã o gosta de mim, você será nobre e comerá tudo. Você nã o pode fazer nada pela metade. E tudo ou nada. Se eu sou uma empadinha, você tem que me dizer. Você nã o pode simplesmente continuar comendo e comendo e... Estou mais bê bada do que pensava. Sim, ela podia estar bê bada, mas sua preocupaçã o era genuı́na. Seu tom de voz desamparado tornava isso ó bvio e o perturbava. Nã o porque houvesse uma chance de ser vá lido – ela era uma mulher, nã o uma porra de uma torta. A preocupaçã o dela o incomodava porque ela nã o se sentia segura. Ainda. E ele precisava encontrar uma maneira de consertar. — Vamos para casa — disse ele. — Okay. Deixe-me garantir que Opal tem uma carona. Piper saiu trotando para conversar com um grupo de mulheres, abraçando cada uma delas vá rias vezes antes de voltar para o lado dele. Brendan passou um braço em volta dos ombros dela e a guiou para fora do bar. Ele estacionou sua caminhonete perto da entrada e a destrancou agora, empurrando Piper para o lado do passageiro e colocando-a no cinto. Quando ele subiu no banco do motorista, a cabeça dela estava pendurada no banco, e ela o estava estudando. — Nó s vamos conversar sobre o que você disse. De manhã . Quando você estiver lú cida e se lembrar do que eu disser de volta. — Provavelmente é uma boa ideia. Estou me sentindo muito compartilhada agora. — Estou tentado a deixar você compartilhar, entã o eu sei o que estou enfrentando. Mas nã o quero que você me diga coisas e se arrependa amanhã . Ela icou em silê ncio quando ele entrou na estrada e pegou a primeira à direita. — Você fala sobre estar comigo como se fosse uma batalha. — E, de certa forma. Mas estou grato por ser eu quem está lutando contra isso. Ele podia sentir que ela estudava seu per il.
— Vale a pena lutar por você també m. Se você fosse banido para LA por trê s meses, eu faria de tudo para mantê -lo lá . — Ela fez uma pausa. — Nada funcionaria, no entanto. Nã o é real o su iciente para você . Você odiaria. — 'Odio' é uma palavra forte, querida. Você estaria lá . — Eh. — Ela acenou com a mã o. — Existem milhares de mim lá . Brendan bufou com a piada dela. E entã o ele percebeu que ela estava falando sé rio. — Piper, nã o há ninguém como você . Ela sorriu como se estivesse agradando a ele. — Piper. Ela pareceu surpresa com seu tom. — Uau. O quê ? Ele puxou o carro para o encostamento, pisou no freio e estacionou. — Você me ouviu? — Ele estendeu a mã o para levantar o queixo dela. — Nã o há ningué m como você . — Por que você está icando tã o nervoso? — Porque eu… — Ele passou a mã o pelo cabelo. — Achava que era um homem intuitivo. Um homem inteligente. Mas continuo descobrindo novas maneiras de lidar com algo que é tã o importante. Você . Você é importante. E eu pensei que você estava apenas com medo de compromisso. Ou nã o pensei que você pudesse pertencer a Westport. Mas é mais do que isso, nã o é ? Você acha que tenho algum tipo de interesse passageiro em você ? Como se pudesse mudar como o vento? — Todo mundo tem!— Seus olhos brilharam. Com dor, com irritaçã o. — Nã o apenas caras. Meus amigos, meu padrasto. Eu sou a cor desta temporada, em demanda hoje, na prateleira de vendas em Marshalls amanhã . Eu sou apenas… momentâ nea. — Nã o para mim. — Deus, ele queria sacudi-la, beijá -la, sacudi-la um pouco mais. — Nã o para mim. Ela puxou o queixo de seu aperto e se jogou contra o assento. — Podemos conversar sobre isso amanhã , como você disse? Brendan voltou a colocar o carro em movimento. — Ah, vamos conversar sobre isso. — Bom! Talvez eu junte alguns pontos de discussã o. — Eu també m, baby. Eles passaram por Sem Nome, e ela fez um pequeno som. Ela fungou. — O quê ? — ele perguntou, suavizando seu tom. — Eu estava me lembrando de quando você mandou Abe consertar o problema da beliche. Você é realmente atencioso e maravilhoso, e nã o quero discutir com você . Ele quase deixou escapar eu te amo, naquele exato momento, mas se controlou no ú ltimo segundo. O momento era muito volá til para jogar essa con issã o na mistura, mas ele nã o achava que seria capaz de mantê -la por muito mais tempo.
— Eu també m nã o quero discutir com você , Piper. Tudo o que quero fazer é trazer você para casa, colocá -la em uma das minhas camisas e descobrir se você ronca. Ela engasgou, um pouco do humor voltando a seus olhos. — Eu nã o ronco. — Veremos. — Você tem torrada e Engov? — Sim. Eles pararam em sua garagem um momento depois. Brendan desceu e contornou o pá ra-choque dianteiro para o lado de Piper, sorrindo quando ela se derreteu em seus braços. Ele a segurou e balançou por alguns instantes na escuridã o, no que ele pensou ser um pedido de desculpas mú tuo e silencioso por gritarem um com o outro no caminho para casa. E ele queria fazer isso pelo resto de sua vida. Pegá -la em uma noite com as garotas, tê -la suave e lexı́vel contra ele, ser seu homem. — Você nem vai me beijar esta noite, vai? — Piper disse, sua voz abafada por seu ombro. — Você provavelmente acha que estaria se aproveitando de mim. Brendan suspirou. — Você acertou. Ela fez beicinho para ele. — Isso é româ ntico e eu odeio isso. — Que tal eu prometer compensar amanhã ? — Podemos negociar um beijo de boa noite? — Acho que posso te dar isso. Apaziguada, ela o deixou trazê -la para dentro. Enquanto ele fazia torradas, ela se sentou empoleirada no balcã o da cozinha com um copo de á gua, parecendo tã o bonito, ele teve que icar olhando por cima do ombro, veri icando para ver se ela era real. Que ele nã o a tinha sonhado. — O que você está pensando? — Ela perguntou depois de engolir um pedaço. — Que eu gosto de tê -la aqui. — Ele apoiou as mã os no balcã o, baixou a boca até os joelhos nus e os beijou, por sua vez. — Que gostaria de ir para o meu quarto hoje e encontrar uma reentrâ ncia do tamanho de uma Piper no meu edredom. — Um pensamento lhe ocorreu. — Quando você veio? Ela engoliu em seco. Nã o respondeu. — Nã o com aquela tempestade acontecendo. — Seu olho direito estava começando a tic. — Certo? Piper largou a torrada e colocou as costas da mã o na testa. Balançou dramaticamente. — Estou me sentindo meio tonta, Brendan. Acho que vou desmaiar. Com um grunhido, ele a tirou do balcã o. E com as pernas dela enganchadas em torno de sua cintura, ele saiu da cozinha e carregou-a escada acima.
— Vou adicionar isso à minha lista de tó picos de discussã o para amanhã . Ela gemeu, seus dedos brincando com as pontas de seu cabelo. — Amanhã parece que vai ser um momento super sexy. — Vamos chegar a isso depois. — Antes. — Depois. — Antes e depois. Brendan colocou Piper na ponta da cama, abalado pela certeza de tê la ali. Emoçã o acumulada em seu peito, mas ele se virou antes que ela pudesse ver. — Tire esse vestido. — Ele abriu a gaveta e tirou uma de suas favoritas – uma camiseta branca surrada com a palavra 'Harbor' escrita no meio. — Falando nisso, você ao menos tem um par de jeans… — Ele se virou para encontrar Piper esparramada em sua cama em uma calcinha io-dental roxa neon. E nada mais. — Isso nã o deve ser confortá vel de dormir — disse ele com voz rouca, já se arrependendo de sua promessa de dar a ela um beijo de boa noite e nada mais. Ela levantou os joelhos. — Eu acho que você tem que vir aqui e tirá -la. — Cristo. — A carne em sua calça jeans inchou, curvando-se contra seu zı́per, e ele soltou uma respiraçã o irregular. — Se o oceano nã o me matar, você o fará . Só assim, seus joelhos caı́ram para trá s, seus braços subindo para cruzar sobre os seios. E talvez ele nã o devesse ter icado chocado quando as lá grimas correram em seus olhos, mas ele icou. Eles izeram sua garganta apertar. — Deus — ele disse densamente. — Foi uma coisa estú pida de se dizer. — Está tudo bem. — Nã o, nã o está . — Ele a ergueu e puxou a camiseta pela cabeça, segurando-a com força contra o peito. — Nã o está bem. Eu sinto muito. — Podemos adicionar isso aos pontos de discussã o de amanhã . — Disse ela, olhando-o nos olhos por tempo su iciente para fazer seu coraçã o bater o triplo e, em seguida, puxando-o para o travesseiro. — Quero meu beijo. — ela murmurou contra seus lá bios, puxando-o para baixo com uma complicaçã o lenta e ú mida de lı́nguas, suas pernas nuas e lisas enrolando-se nas dele, seus dedos o puxando para mais perto pelo có s da calça jeans até que seus corpos estivessem travados juntos, suave contra duro, homem contra mulher. — Talvez sejamos um pouco mais do que amigos. — ela sussurrou, colocando a cabeça sob o queixo dele. — Boa noite, Brendan. Suas pá lpebras caı́ram como venezianas, seus braços puxando-a para mais perto. Eu te amo, ele murmurou acima da cabeça dela.
Ele nã o adormeceu por horas.
Capı́tulo Vinte e Um Barulhos domé sticos vieram de algum lugar. Gavetas abrindo e
batendo suavemente, pé s descalços no chã o, o barulho de uma cafeteira. Piper abriu um olho, mas nã o se moveu. Ela nã o poderia, porque ela perderia o ponto ideal do calor, das roupas de cama fofas e do cheiro de Brendan. O melhor sono da vida dela, sem dú vidas. Ela acordou em algum momento durante a noite tendo que fazer xixi e se viu trancada na estaçã o de recarga, a respiraçã o suave de Brendan contra sua nuca. E ela decidiu segurá -lo. O que ela disse ontem à noite? Algo sobre empadinhas. Ela també m se lembrou de tentar seduzi-lo e fracassar. Oops. Alguns gritos no caminho para casa. Sem sexo. Ela só teria que avaliar seu humor para descobrir se ela disse ou fez algo irremediavelmente embaraçoso. Havia uma boa chance dela ter, porque senã o ele ainda estaria na cama, certo? Tipo, olá . Senhora com tesã o. Bem aqui. A bexiga de Piper gritou com ela, e ela se sentou, grata pelo mé todo Bellinger ter funcionado, e foi até o banheiro. Ela ignorou a sensaçã o pegajosa de derretimento em sua barriga quando encontrou a escova de dentes da manhã do acidente ao lado da de Brendan no armá rio. Onde mais ele colocaria? Com a escova de dentes na boca, ela pegou um frasco de perfume nã o usado e cheirou. Mas nã o combinava com ele, e ela nã o conseguia imaginá -lo usando. Fora isso, havia apenas sua navalha, um pouco de creme de barbear e desodorante. O armá rio no banheiro dela em casa provavelmente o faria ter uma erupçã o cutâ nea, de tã o bagunçado. Ela terminou de escovar os dentes, jogou um pouco de á gua no rosto, penteou o cabelo com os dedos e desceu as escadas... e… na mosca. Brendan estava de pé na cozinha com nada alé m de cuecas boxer pretas. Piper se amontoou contra a parede para que pudesse observá -lo sem ser descoberta. Ele estava curvado sobre o balcã o da cozinha lendo um jornal, e Jesus, as linhas grossas e masculinas dos mú sculos das costas eram tudo que ela queria para o café da manhã . Como ele ousa com essas coxas? Ele as usou para ancorar o barco? Elas eram generosas e fortes e… — Você quer café ? — Ele perguntou sem olhar para cima. — Ahn? — Piper deixou escapar em voz alta, descendo o resto do caminho pelas escadas, muito ciente de que ele estava de cueca enquanto ela usava nada alé m de sua camiseta e um io dental. E entã o
ele se levantou do balcã o e arranhou seu rastro de felicidade, e sim, ela estava muito ciente disso també m. — Hum, sim? Café , claro. Certo. Ele deu um meio sorriso. — Okay. Ela torceu o nariz para ele. — O que é toda essa arrogâ ncia extra? Brendan serviu uma xı́cara de café para ela, preparada exatamente como ela gostava. — Você pode ter me dito ontem à noite no bar que eu era o melhor, o melhor, o melhor sexo da sua vida. O calor subiu por suas bochechas. — Eu disse 'melhor' trê s vezes, hein? Depois de entregar o café a ela, ele se encostou no balcã o e cruzou os tornozelos. — Você com certeza disse. Ela escondeu seu sorriso pá lido em um gole de café . — Acho que també m posso ter me tornado uma consultora de beleza pro issional ontem à noite. Aquela que é paga em bebidas. — Mais e mais memó rias tricotadas. — E, ai Deus, me ofereci para dar uma festa no Dia do Trabalho no bar. — Ops. — Mal posso esperar para contar a Hannah. — Ela colocou as mã os em volta da caneca, apreciando o calor. Nã o apenas da bebida em si, mas da cozinha de Brendan. O jeito que ele olhou para ela com afeto, nã o uma pressa no mundo para se mover ou se apressar. Quando ela começou a gostar dessas coisas? O silê ncio entre eles nã o precisava ser preenchido, mas ela estava pensando muito, entã o o fez de qualquer maneira. — Quem comprou o perfume para você ? Sua sobrancelha se arqueou. — Você quer dizer aquele no meu armá rio? Presente de aniversá rio de Sanders. Sua esposa escolheu. Obviamente. Ele nem sabia o que era até que eu abri – e os caras, eles o importunaram por meses. Eu provavelmente só mantenho porque me faz rir. — Você é muito pró ximo deles. Sua tripulaçã o. — Tenho que ser. Nossas vidas... — Ele se interrompeu, tomando um gole abrupto de café . — Estã o nas mã os um do outro? — Quando ela disse isso, a memó ria dela chorando na cama dele na noite passada voltou com a maré . Provavelmente era isso, entã o. Nã o há mais cortinas de fumaça ou se esconder ou lertar para icar em segurança com este homem. Mesmo que ela nã o conseguisse se lembrar de cada segundo da noite anterior, ela podia sentir que as camadas haviam sido removidas. Por suas mã os. Suas palavras. Sua presença. — De qualquer forma, nã o é o perfume que eu escolheria para você . O interesse iluminou sua expressã o.
— O que você escolheria? — Nada. Você já tem o oceano em sua pele. E nã o é tı́pico de você embelezar o que já está funcionando. — Algo aqueceu em seus olhos com as palavras dela. Na prova de que ela estava catalogando seus detalhes mais sutis? — Mas se eu tivesse que escolher um perfume... seria algo como chuvoso e musgoso. Para me lembrar do seu jardim. Como você é terreno. Quã o substancial. — Sua atençã o vagou pela linha de pelos pretos que desapareciam em sua cueca. — Quã o masculino. Seu peito subia e descia com um estremecimento. — Você está realmente bagunçando meus planos para amanhã , Piper. — Quais eram seus planos? — Para sair com você no Della Ray. O sorriso explodiu em seu rosto. — O quê? Você está falando sé rio? — Aham. Estar na á gua é bom para conversar. — Ah, certo. — Ela balançou para trá s sobre os calcanhares, sua excitaçã o inicial temperada pelo lembrete de que o acerto de contas havia chegado. — A nossa conversa. — Isso mesmo. — Ele a varreu com um olhar ardente que transformou seus mamilos em picos formigantes. — Agora eu só quero te levar de volta para a cama, no entanto. Sua respiraçã o icou super icial. — Nã o podemos fazer os dois? Seu arrependimento era ó bvio quando ele balançou a cabeça. — Da pró xima vez que eu te foder, quero ter certeza de que você nã o vai se afastar de mim depois. — E eu nã o posso escapar em um barco? — Isso pode ter passado pela minha cabeça. Ela bufou uma risada. Ele estava realmente falando sé rio sobre ela. E ela tinha ido para casa com ele na noite passada sabendo disso. Tã o natural quanto poderia ser, como se ela izesse isso o tempo todo. E assim que se sente sendo resgatada por Brendan e dormindo em seus braços. Esperado. Inevitá vel. Maldito seja. Havia uma chance de que ela també m estivesse falando sé rio sobre Brendan. Como isso aconteceu? — Só para esclarecermos — disse ela, pousando a caneca de café . — Você está me negando sexo. — Nã o, eu nã o estou. — Sua mandı́bula lexionou. — Eu vou te foder de bruços sobre o balcã o, Piper. Se sexo é tudo que você quer, eu darei a você . Mas eu quero mais. — Sua voz nã o tolerava nenhum absurdo. — Você també m, ou nã o teria vindo aqui no meio de uma
tempestade e dormido na minha cama. A propó sito, nunca mais faça isso. Preciso saber que você estará segura quando eu nã o estiver aqui. — Sou uma corredora forte! Ele deu um grunhido duvidoso. — Tudo bem — disse ela, a voz irregular. — Conversaremos! — Bom. Quando você estiver pronta. Perdida em um mar de vulnerabilidade emocional, ela utilizou sua melhor arma fı́sica, tirando sua camisa e jogando-a para ele. Entã o ela marchou para fora da cozinha e subiu as escadas com nada alé m de sua calcinha, sabendo muito bem que ele a vigiaria durante todo o caminho. Se ele fosse exigir que ela o deixasse entrar completamente, entre todas as suas defesas, ela se certi icaria de que fosse um longo dia para os dois. *** Quando o Della Ray recuou de sua rampa para a boca do porto, tornou-se ó bvio para Piper que o barco era uma extensã o do pró prio Brendan. E o tempo que ele passou em terra foi apenas um detalhe. Ele se sentou na cadeira do capitã o com um ar de comando, con iante em cada movimento, a roda deslizando por suas mã os prontas, seus olhos vigilantes. Emoldurado pela nebulosa luz do sol, ele poderia ser do passado ou do presente. Um homem e o oceano. Eterno. Piper o observava do assento do capitã o substituto, sua bochecha pressionada contra os painé is de madeira da casa do leme, nunca se sentindo mais segura em sua vida. Fisicamente, pelo menos. O zumbido do motor abaixo representou um aviso sinistro para o ó rgã o trê mulo em seu peito. — Até onde vamos? — Oito ou nove quilô metros — disse ele. — Vou lançar as â ncoras e levá -la a um tour. Parece bom? Ela acenou com a cabeça, encontrando-se ansiosa por isso. Assistindo este homem se mover em seu habitat natural. Ele é sexualmente capaz. E talvez se ela izesse perguntas su icientes, eles poderiam evitar ter a conversa toda. Okay, certo. Nã o havia como escapar disso. A expressã o de sua mandı́bula dizia que uma resoluçã o era iminente e ele estava com menos ressaca do que ela. Alé m disso, ele estava em um modo de capitã o de barco sexy. Nã o era um bom pressá gio. — Ei. — Brendan disse, seu queixo barbudo dando um puxã o persuasivo. — Venha comandar essa coisa. — Eu? — Ela se levantou devagar. — Tem certeza? Com base no meu histó rico, vou encontrar o ú nico parquı́metro no meio do oceano e ir em direçã o a ele.
Linhas de riso apareceram ao redor de seus olhos – e entã o ele deu um tapinha em sua coxa grande e robusta. Ah sim, como se ela fosse deixar passar isso. — Venha aqui. Ela ingiu mais um momento de indecisã o, entã o subiu na coxa esquerda dele, louvando mentalmente Hannah por colocar uma saia para que ela pudesse sentir o jeans de Brendan contra a parte de trá s de suas pernas. A mudança de mú sculo. Brendan tirou um velho chapé u de capitã o de um prego na parede e o jogou na cabeça dela. Entã o ele envolveu seu braço esquerdo em volta da cintura dela e puxou-a para trá s, seguramente contra seu peito. — Vê este medidor? Basta manter a seta bem aqui. Noroeste. — Ele pegou as mã os dela e as colocou no volante, certi icando-se de que estavam irmes antes de soltá -las. — Como está ? — Frio. — Ela riu sem fô lego, fascinada pelas vibraçõ es que começaram em suas palmas e viajaram até os cotovelos. — Realmente legal. — Sim. Isto é . Sentindo-se quase vertiginosamente leve e meio que… desenfreada, ela apontou para o horizonte. — Sereia fora da proa de bombordo! — Ele bufou em seu ouvido. — Ufa. Eu tirei a referê ncia da Pequena Sereia do meu sistema. Eu ia explodir. — Nã o sei o que em meu barco fazer você pensar em um ilme da Disney. — Aw, nã o tenha ciú mes do Prı́ncipe Eric, nó s… — Ela virou a cabeça e o encontrou a uma distâ ncia de um fô lego, aqueles vı́vidos olhos verdes treinados em sua boca. Nã o na á gua, onde ela esperava que eles estivessem. O braço em volta de sua barriga lexionou, sua palma voltando para sua caixa torá cica. O calor alisou o interior de suas coxas, sua pele toda sensibilizada. — Nã o se atreva a me olhar assim — disse ela com di iculdade. — Você é quem queria conversar primeiro. Ele exalou forte. — E entã o você subiu correndo minhas escadas em um io dental roxo. Teve um impacto. — Você vive, você aprende — ela gorjeou. Um rosnado acendeu em sua garganta. — Você vai me punir o dia todo, nã o é ? — Conte com isso. Aposto que você está duvidando de querer uma garota de alta manutençã o de... — Ela se interrompeu bem a tempo. — Estou segurando seu sustento em minhas mã os, Brendan. Deixe-me focar. Eles dirigiram o barco por mais quinze minutos antes de Brendan diminuir o acelerador e colocá -lo na posiçã o vertical. Ele apertou uma sé rie de botõ es e um barulho constante se seguiu, que ele explicou ser
as â ncoras caindo. E entã o tudo icou quieto. Apenas o bater da á gua na lateral do barco e os gemidos suaves do navio compensando a ascensã o e queda do oceano. Eles se sentaram na cadeira do capitã o com a cabeça recostada em seu ombro, os dedos percorrendo seu braço nu. — Vamos — ele disse rispidamente. — Vou levá -la para o convé s. Assentindo, ela seguiu Brendan descendo as escadas da casa do leme e saindo para a ampla plataforma lutuante que formava o convé s. A embarcaçã o balançou embaixo deles, mas ele se moveu como se estivesse parado, suas pernas compensando facilmente as quedas e elevaçõ es. Ela tentou copiar sua facilidade e pensou que parecia apenas um pouco bê bada. — Na semana passada, havia setenta redes de aço empilhadas nesta extremidade. — Ele gesticulou para o inal do convé s mais pró ximo da casa do leme, entã o se abaixou para mostrar a ela um portal coberto. — Quando estamos procurando o caranguejo, é aqui que colocamos os guardiõ es. Homens acima de um certo peso. Nó s os enviamos abaixo para processamento e, em seguida, para o congelador. — E se você estiver pescando? — Mesma coisa. Mas nó s o colocamos cheio de gelo. Sem á gua. Ela apertou os olhos para os grandes guindastes acima, os re letores e antenas presos no topo, e um frio a pegou desprevenida. — Essas luzes sã o para ajudá -lo a ver no escuro? Ou ver se há uma onda chegando? Brendan veio icar ao lado dela e deu um beijo em seu ombro. — Sim. Eu posso ver quando elas estã o vindo, baby. — Você sabia... Que foi assim que Henry morreu? — Por que ela estava sussurrando? — Um vagalhã o simplesmente o derrubou. Mick me contou. — Sim, eu sabia. — Ele nã o disse nada por um momento. — Nã o vou ingir que coisas assim ainda nã o acontecem, Piper, mas acontece muito menos hoje em dia. O treinamento para estar no convé s é mais abrangente, o maquiná rio de que dispomos deixa menos espaço para erro humano. Os barcos sã o mais bem projetados para segurança agora e, com todas as atualizaçõ es recentes, o meu é um dos mais seguros. Piper olhou para ele. — E por isso que você me trouxe aqui? — Ela perguntou baixinho. — Para me mostrar por que nã o preciso me preocupar quando você for embora? — E um dos motivos. Eu nã o gosto de você chorando. Ela engoliu um objeto a iado em sua garganta. — Quando soube que houve um acidente, iquei pensando no barco capotando. Isso pode acontecer? — Raramente. Muito raramente. Especialmente para um deste porte. — Brendan estudou o rosto dela por um instante, depois foi para trá s dela, envolvendo os ombros dela com os braços. — Feche seus olhos.
Ela se forçou a relaxar. — Okay. — Basta sentir a maneira como o barco se move como se fosse parte da á gua. E assim que foi projetado, para compensar as ondas. Como um aviã o passando por uma turbulê ncia. Existem solavancos, mas eles nunca o impedem de se mover. — A mã o dele deslizou pela frente para levantar o queixo dela. — Você vê como as grades estã o baixas neste barco? E aquelas aberturas na base? E para que a á gua possa passar sem parar. Nã o consegue reter a á gua de uma onda nem tornar o peso desigual. — Mas… porque eles sã o tã o baixos, nã o é fá cil para um homem passar por cima? — Isso ainda nã o aconteceu com ningué m da minha equipe. — Ele soltou seu queixo e a puxou para mais perto. — Posso dizer que quando trabalhei na tripulaçã o, antes de ser capitã o, minhas pernas passaram a fazer parte do barco. Você aprende a se equilibrar. Você aprende a ler a á gua, a se preparar, a se soltar. Fico na casa do leme, por isso é quase impossı́vel para mim exagerar, mas sou responsá vel por cinco homens, nã o apenas por mim mesmo. — O que é mais difı́cil? — A responsabilidade. Distraidamente, ela estendeu a mã o e acariciou sua barba. — Eles estã o certos em con iar em você . Ela o sentiu engolir contra a parte de trá s de sua cabeça. — Você ... se sente melhor? — Um pouco. Ficar no barco faz com que pareça mais substancial. Mas é um dia claro. Nenhuma nuvem de chuva à vista. As tempestades são uma história diferente. Ele estava fazendo um esforço tã o doce para acalmar seus medos que ela se manteve em silê ncio. — Com o que mais você se preocupa? — Brendan perguntou em seu ouvido. Piper encolheu os ombros, mas nã o respondeu. Um movimento errado e eles poderiam virar para um territó rio perigoso. Talvez ela devesse fazer outra referê ncia à Pequena Sereia… — Piper. — Oh, sim? — Com o que mais você se preocupa? Seu suspiro permitiu que a verdade subisse sorrateiramente por sua garganta, mas ela ingiu que sua preocupaçã o era menor. Quando de initivamente nã o era. Na verdade, ela estava começando a achar que era o nó em sua garganta. — Eu nã o sou, hum… construı́da para todo esse negó cio preocupante, Brendan. Manter o fogo da casa aceso. Envolver um casaco de lã nos ombros e andar de um lado para o outro nas docas, segurando um
medalhã o ou algo assim? Isso soa como eu? Nã o. Você sabe que sou muito patricinha para isso. Eu sou… Ele icou quieto, apenas a abraçou. O que foi ruim, porque ela começou a divagar. — Você sabe. Apenas hipoteticamente falando. Uma vez por ano, você sai para pegar caranguejo, com certeza. Mas o tempo todo? Vai para a cama pensando que nã o vai voltar, noite apó s noite? Nã o, nã o. Eu nã o sou... — Ela fechou os olhos com força. — Nã o sou forte o su iciente para isso. — Sim, você é . Eu sei que é pedir demais, mas sim, você é . — Nã o. Eu nã o sou. Nem toda mulher pode fazer isso. Ela… — Ugh. Piper revirou os olhos para si mesma. Como ela estava sendo verdadeiramente paté tica, criando outra mulher. Mas assim que as palavras começaram a luir, a pressã o em seu peito começou a diminuir, como se um tijolo tivesse sido colocado em cima dele. — Você teve a esposa de um pescador. Ela nasceu aqui, e isso era normal para ela. Você nã o pode realmente esperar que eu cumpra isso. Eu vou... — Desapontá-lo. Me decepcionar. Desapontar Henry. — Há pouco menos de um mê s, eu nã o tinha responsabilidades. Nem preocupaçõ es. E agora, agora... Uma enorme. E enorme. Esse cara de quem gosto muito, tipo, muito, tem o emprego mais perigoso do universo. E eu nã o tenho trabalho nenhum. Eu nem moro aqui. Nã o permanentemente. Tipo, nó s não somos adequados, Brendan. Nã o vai funcionar, entã o pare… — Parar o quê , Piper? De pensar em você a cada segundo do dia? Sentir tanto sua falta que eu escalo a porra das paredes? Parar de desejar você ? Nã o consigo desligar nada disso e nã o quero. — Quando ele virou Piper, ela viu que ele estava visivelmente preocupado com o que ela havia revelado. Bem, bem-vindo à festa, fanfarrão. — Ok, vamos começar do inı́cio. Vamos conversar sobre meu casamento. Nã o como ela morreu, mas como foi. Ela respirou fundo. — Nã o sei se quero. — Você pode con iar em mim, querida? Estou apenas tentando chegar à luz. Chegar a você . — Ele esperou pelo aceno dela, entã o fez aquela postura ampla, se acomodando e cruzou os braços. Como se a deixasse saber que ele nã o sairia de lá . — Eu conheci Desiree minha vida inteira, mas nã o muito bem. Ela estava um ano acima de mim na escola. Quieta. Eu realmente nã o consegui conhecê -la até começar a trabalhar para Mick. Mais ou menos na é poca em que meus pais se mudaram da cidade, ele me colocou sob sua proteçã o e se tornou uma espé cie de… guia. Ele me mostrou uma coisa que eu amo. Pescaria. Como fazer bem. E com o tempo, acho que ela també m se tornou famı́lia. Eu nunca senti... — Ele baixou a voz. — Nã o havia uma atraçã o como a que eu tenho por você . Nã o estou falando apenas de sexo. Eramos amigos, de certa forma. Ela estava sempre tentando atender à s
expectativas do pai, e eu també m, depois que ele me deu o Della Ray. Ele obviamente pensou que nó s farı́amos um bom casal, entã o eu a convidei para sair, e eu acho... nó s dois apenas querı́amos fazer Mick feliz. Isso é o que tı́nhamos em comum. Entã o nó s apenas seguimos os movimentos, mesmo quando nã o parecia certo. Quando ela morreu, mantive o anel no dedo, mantive meus votos de mantê -lo ali tanto quanto possı́vel. Entã o você apareceu, Piper. Você . E parecia errado já ter feito os votos a algué m. — Ela era forte? Ela se sentiu confortá vel se despedindo de Mick e eu toda vez que saı́mos do porto? Sim. Eu acho sim. Mas ela teve dé cadas para chegar lá . Só faz um mê s para você , Piper. Menos, se você contar o tempo que passamos ingindo que nã o nos querı́amos. Portanto, essa comparaçã o é injusta. Você é injusta consigo mesma. Nã o havia dú vida de que Brendan acreditava em tudo o que dizia. E era difı́cil nã o acreditar nele també m, quando ele estava um pé acima dela, um capitã o do mar em seus domı́nios com uma voz cheia de convicçã o. Ele estava enorme naquele momento. Tã o intenso que ela teve que se lembrar de respirar. Ela estava feliz por seu casamento nã o ter sido cheio de paixã o? Nã o. Este homem merecia isso. Desiree també m. Mas aquela parte de sua vida tinha sido um canto sombrio e ajudou a ter seus aspectos misteriosos desaparecidos. — Obrigada por me dizer. — Eu nã o acabei. — Uau. Depois de começar, nã o há como diminuir sua velocidade. Brendan se aproximou e a agarrou pelos cotovelos. — Ontem à noite, você disse algumas coisas que me incomodaram e agora vamos resolver isso. — Ele se inclinou e beijou sua testa, nariz, boca. — Nunca mais me diga que existem milhares de outras pessoas como você , porque essa é a maior pilha de besteiras que eu já ouvi. E algum dia, acredite em mim, espero encontrar a pessoa que lhe disse isso. Uma pessoa nã o reconstruiu um legado para um homem morto, a menos que eles tenham cará ter e possam aceitar responsabilidades. — Ele beijou sua tê mpora com força. — Ontem à noite, eu observei você no bar, como você imediatamente fez de todos seus melhores amigos. Fez com que valessem a pena. E você sabe o que signi icou para mim ter você aparecendo no hospital? — Ele nã o falou por um momento. — Você tem perseverança, cará ter e um grande coraçã o. Acho que você ainda pode estar encontrando seu caminho, mas eu també m. Eu e minhas rotinas estú pidas. Eu pensei que tinha tudo planejado até que você me fez começar a quebrá -los. Eu quero continuar quebrando-os com você . Enquanto ele falava, Piper se transformou em um macarrã o linguini mole em seus braços. A ponta do nariz estava vermelha e ela teve que piscar para o cé u para nã o chorar. O calor e uma sensaçã o de
pertencimento alcançaram todo o caminho até os dedos dos pé s, enrolando-os em suas sapatilhas. — Isso é muito para processar — ela sussurrou. — Compreendo… — Quero dizer, nó s somos namorado e namorada agora. Eu acho que você conseguiu o que queria. Uma rajada de sua respiraçã o passou pelo topo de sua cabeça. Seus braços a estavam esmagando contra o peito corpulento agora. — Claro que sim. — Uma batida se passou. — Sobre você voltar para LA... — Podemos adiar essa parte? — Ela pressionou o nariz na gola de sua camisa e inalou seu perfume central. — Por enquanto? Ele suspirou, mas ela o sentiu assentir. — Sim. Por enquanto. Eles icaram assim por um tempo, Piper presa na segurança de seu abraço enquanto o barco ia alto e baixo no oceano, os raios de sol aquecendo suas costas. Ele deu a ela muito em que pensar. Talvez fosse hora de examinar a si mesma. Ou, mais importante, como ela se via. Mas uma coisa que ela nã o precisava pensar demais era fazer com que esses momentos com Brendan contassem. Ela beijou seu queixo e recuou, entrelaçando os dedos e apreciando a maneira como seu olhar vagava pela frente de seu corpo. — Eu vou ganhar o resto do passeio? — Sim. — Ele limpou a garganta e puxou-a de volta na direçã o da casa do leme. — Vamos. Piper inclinou a cabeça enquanto olhava para as costas ondulantes de Brendan, se perguntando se ele percebeu o quã o perto eles estavam de transar. Ele acordou com um plano para tentar matar seus dragõ es... e ele o cumpriu. Nada icou em seu caminho. Ele até pulou o sexo para que eles pudessem cavar a raiz de seus problemas, e Deus, isso nã o era apenas louvá vel. Estava quente. O capitã o Brendan Taggart era um homem. Um de verdade Seu primeiro. E ela podia admitir agora que icar com ele signi icaria desistir de Los Angeles e da vida que ela conhecia. Mas havia uma raiz que ele nã o havia encontrado, apesar de todas as suas pesquisas: Quem diabos seria Piper Bellinger se icasse em Westport? No entanto, isso era um problema para outra hora. Segure suas ligaçõ es. Agora, ela tinha cem por cento do cé rebro sexual. Primeiro, Brendan mostrou a ela a casa das má quinas, e ela assentiu lindamente enquanto ele explicava para que servia um propulsor, elogiando-se por nã o rir nenhuma vez. Em seguida, voltaram para a sala
da tripulaçã o, a cozinha onde comeram enquanto estavam na á gua e, inalmente, o quarto. — Uau — ela murmurou, observando as camas estreitas dobradas contra as paredes. — Quartos pró ximos. — Tinham nove no total, a maioria deles empilhados com duas camas na altura. Mais ou menos como o beliche que ela dividia com Hannah, mas as camas do barco eram presas à parede. A maioria deles tinha fotos grudadas ao lado deles. Crianças, mulheres, homens sorridentes segurando peixes gigantes nas mã os. Um tinha um calendá rio ligeiramente inadequado que a fez bufar. — Desculpe por isso — resmungou Brendan, esfregando a nuca. — Nã o é meu. Ela revirou os olhos para ele. — Duh. — Ela bateu nos lá bios com um dedo e deu uma volta ao redor da pequena sala, parando na frente de um beliche ao longo da parede oposta, tã o separada dos outros quanto se poderia icar em um local tã o apertado. Era o ú nico que nã o tinha cama em cima. — Nã o, o seu é este. A cama sem nenhuma foto, nã o é ? Ele grunhiu a irmativamente. — Você … quer uma foto de m… — Sim. — Oh. — Ela estava corando? — Okay. Isso pode ser arranjado. — Obrigada. Piper se aproximou de seu novo namorado lentamente, deixando-o ver a intençã o em seus olhos, e o verde dos dele se aprofundou drasticamente, um mú sculo deslizando verticalmente em sua garganta forte. Ela deixou apenas as pontas de seus seios encontrarem seu peito. — Você costuma icar sozinho no barco? — Se eu precisar de um tempo sozinho, eu consigo — ele murmurou. — Tenho precisado muito disso ultimamente. O que era tã o bom quanto uma admissã o de que ele se masturbou a bordo enquanto pensava nela. O prazer feminino se transformou em maciez entre suas coxas. — Entã o, que tal fotos privadas? Apenas para você . — Ela esfregou os seios de um lado para o outro e sua respiraçã o engasgou. — Você gostaria de algumas dessas? Suas pá lpebras icaram semicerradas. — Deus, sim. Ela mordeu o lá bio e deu um passo para trá s. — Pegue o seu telefone. Brendan estendeu a mã o e tirou o celular do bolso de trá s, sem tirar os olhos de Piper nenhuma vez ao abrir a câ mera. Entã o ele acenou com a cabeça uma vez para que ela soubesse que estava pronto. Ela sempre gostou de ser o centro das atençõ es, mas ter o foco total desse homem era emocionante de uma forma totalmente nova. Porque
seu coraçã o estava envolvido. Até o fundo, aparentemente. Ele bateu impacientemente contra suas costelas, ecoando em seus ouvidos enquanto ela tirava a jaqueta que usava e a pendurava ordenadamente em um canto da cama de Brendan. O barco gemeu e suspirou sob seus pé s enquanto ela passava as palmas das mã os na frente do corpo, sobre os seios, apertando, em seguida, voltando para baixo para recolher a bainha, lentamente levantando e tirando a roupa, deixando-a vestida apenas com saia jeans e sapatilhas vermelhas. Ela colocou as mã os atrá s da cabeça, baixou o quadril, arrastou o lá bio inferior entre os dentes. Deixe perdê -lo o controle. Ele exalou uma risada dolorida e balançou a cabeça. — Foda-se. — Nó s vamos chegar lá . As narinas de Brendan dilataram-se quando ele ergueu o telefone e abriu a câ mera. Clique. Ela desabotoou a saia em seguida, virando-se enquanto abaixava o zı́per. Com um olhar sedutor por cima do ombro, ela deixou as calças vermelhas caı́rem. Hannah tinha sido muito hilá ria, nã o colocando calcinha ou sutiã na bolsa de Piper, mas a reaçã o de Brendan ao ver seu traseiro nu de initivamente valia a pena qualquer irritaçã o que tivesse ocorrido. Sim, tudo foi perdoado quando ele deu um passo involuntá rio para frente, com o peito arfando. Clique. Clique. Clique. Ela apoiou a mã o na parede e se inclinou ligeiramente para a frente, arqueando as costas e balançando os quadris para estourar aquele controle – CLIQUE – e isso foi tudo o que ela percebeu. Brendan largou o telefone e foi até ela de uma só vez. Ele se abaixou e a pegou, jogando-a com um salto sobre sua cama, cobrindo seu corpo nu com o seu totalmente vestido, e colocando sua boca em cima da dela. E, oh Senhor, oh Senhor, aquele contraste disparou lança-chamas em seu sangue. Ela era vulnerá vel, cobiçada e desejada, e isso era tudo. Tudo. — Esta cama nã o é forte o su iciente para sobreviver ao que vou fazer com você . — Brendan rosnou contra sua boca, capturando seus lá bios novamente em um beijo repleto de frustraçã o sexual masculina. Isso a deixou saber em termos inequı́vocos que ela era a fonte e ele seria a vingança exigente. Pegue. Pegue. Sem quebrar o contato com sua boca, a mã o de Brendan se cravou entre eles e puxou o zı́per para baixo, o desespero de seus movimentos bruscos excitando-a como nada mais, amortecendo as dobras entre suas pernas. — Depressa — ela implorou, mordendo seus lá bios. — Depressa.
— Maldiçã o, Piper, você me deixa duro pra caralho. — Ambos empurraram para baixo o có s de sua cueca boxer, as mã os colidindo, as lı́nguas acariciando a boca um do outro, Piper provocando, Brendan agressivo. Finalmente, seu eixo estava livre e ele estremeceu, respirou fundo, envolvendo um punho em torno de sua espessura. — Diga-me que você está molhada. Diga-me para colocá -lo. — Estou tã o molhada — ela gemeu, levantando os quadris, correndo o interior de seus joelhos para cima e para baixo em suas costelas. — Estou pronta. Eu preciso de você . O mais forte que você puder. Aquela cú pula lisa e cheia pressionou contra sua entrada, e ela se preparou, uma mã o voando para o ombro dele, a outra para a grade do beliche de madeira. E ainda assim ela nã o estava preparada para a selvageria daquele primeiro golpe. Com um rugido rouco, seus quadris levaram Piper até a cama estreita, sua espessura invadindo todo o espaço disponı́vel dentro dela, e sem lhe dar tempo para se ajustar, ele já estava bombeando fortemente, balançando a cama com curtos intervalos. A boca de Piper estava permanentemente aberta contra seu ombro, seus olhos lacrimejando com a força do prazer. O prazer de ter seu sexo duro batendo em sua umidade como se fosse o dono de tudo, suas mã os calejadas empurrando seus joelhos para baixo, abrindo-a mais para sua conveniê ncia. O prazer de ter trazido este homem vital de joelhos com a necessidade. Deus a ajudasse, ela adorava isso. Sabia que ele adorava ser desa iado. Sabia que ele amava que ela adorava desa iá -lo. Perfeito, perfeito, perfeito. — Grite por isso, baby — ele ofegou, arranhando sua orelha com a boca aberta. — Implore pelo meu pau. Ningué m pode nos ouvir. Uma tampa saiu dentro dela, tudo o que restou de suas inibiçõ es pulando para fora e correndo selvagemente em suas pernas minú sculas. Ela engasgou com as primeiras tentativas de chamar seu nome, porque a força que ele estava exercendo em cima dela era tã o intensa, seu corpo enorme surgindo entre suas pernas sem cessar – e ainda totalmente vestido enquanto ela permanecia nua. Por que isso era tã o pecaminosamente quente? — Brendan — ela engasgou. Entã o, mais alto — Brendan. Você é tã o bom. E tão bom. — Eu nunca vou deitar nesta cama novamente sem ter que me masturbar. — A mã o dele subiu para enquadrar sua mandı́bula, aplicando pressã o su iciente enquanto a olhava bem nos olhos quando outra onda de umidade cobriu seu sexo, ajudando-o na destruiçã o de seus sentidos. — Você adora saber disso, nã o é ? Você adora me deixar louco. Ela mordeu o lá bio e acenou com a cabeça. — Tem certeza que quer ser meu namorado?
— Sim — ele rosnou, e bateu nela, segurando ainda, profundamente, seu rosto dolorido caindo na curva de seu pescoço. — E nã o me chame assim agora ou eu vou gozar. Oh. Jesus. Essa con issã o enviou uma onda de contraçã o atravé s do nú cleo de Piper, e ela soltou um soluço estrangulado, suas mã os voando para a bunda de Brendan dentro de sua calça jeans solta, unhas afundando e puxando-o, arranhando caminhos em sua carne. — Meu Deus. A-agora. Agora. — Porra — ele grunhiu, pegando seu ritmo acelerado novamente, o som de tapas molhados ecoando no quarto minú sculo. — Foda-se. Eu nã o consigo parar. — Ela o ordenhou com seus mú sculos ı́ntimos e ele gemeu, bombeando com mais força, sacudindo a cama embaixo deles. — Isso te deixa excitada, baby? Ouvir como ser seu homem vai me tirar do sé rio? Fazer seu namorado gozar? Diga isso de novo. Ela correu as unhas por sua bunda dura e lexionada e cravou-as, sussurrando: — Meu namorado me fode tã o bem, eu o deixo gozar dentro de mim sempre que ele quiser. — Um sorriso, atordoado e perverso, curvou seus lá bios quando ela en iou o dedo mé dio na fenda de seu traseiro e o prendeu em sua entrada. — Ele sabe exatamente como merecê -lo. Piper estava pairando bem na beira de seu pró prio orgasmo quando ela ronronou essas trê s ú ltimas palavras, mas a reaçã o de Brendan a empurrou ainda mais perto do esquecimento. Ela assistiu atravé s de uma nuvem opaca de felicidade acumulada enquanto ele latia uma maldiçã o chocada, seus quadris batendo para frente e para trá s em desespero, seus dedos parecendo prontos para agarrar. — Cristo, terminei. Terminei. E é melhor você gozar comigo, Piper — ele murmurou, estendendo a mã o e acariciando seu clitó ris com o polegar. — Eu satisfaço a boceta da minha namorada todas as vezes. E, oh Deus – bum – ela disparou do canhã o. Seus joelhos dispararam e abraçaram o corpo dele, arqueando as costas enquanto ela gritava, balançava, batia em seus ombros, enquanto as lá grimas rolavam por suas tê mporas. Nã o acabava. As pulsaçõ es quentes e dolorosas nã o acabavam, especialmente quando Brendan dirigiu profundamente, bem dentro dela, acalmou e entã o estremeceu violentamente, seus quadris se movendo em padrõ es desconexos, o volume de seus gemidos rivalizando com o grito dela que ainda pairava no ar. Ela se contorceu embaixo dele, tentando encontrar bem o fundo do prazer, mas até que a boca dele pousou na dela, ancorando-a, ela nã o percebeu… nã o percebeu que o fundo do poço nã o era fı́sico. Ela precisava de sua conexã o emocional para se acalmar. Precisava dele, de seu coraçã o, de sua condiçã o de Brendan. Assim que seus lá bios se encontraram, seu coraçã o suspirou feliz e rolou, a languidez viajando por seus membros e deixando-a sem ossos.
— Shhh, querida. — Ele respirou com di iculdade, seus dedos tremendo enquanto acariciavam o lado de seu rosto. — Eu cuido de você . Eu sempre vou cuidar de você . Ela nã o desviou o olhar. — Eu sei. A satisfaçã o se iltrou em seus olhos verdes prateados. — Bom. Brendan saiu de cima de Piper e desapareceu no banheiro, voltando com o jeans fechado e toalhas de papel, limpando o interior de suas coxas e beijando pontos sensı́veis enquanto limpava. Entã o ele se juntou a ela na cama, os dois virando-se de lado, as costas dela contra seu peito, um braço possessivo em volta de sua cintura. Piper estava caindo em um sono sonolento quando Brendan retumbou a pergunta em seu ouvido. — Entã o, vamos simplesmente não falar sobre a coisa do dedo? O barco balançava continuamente ao sol enquanto eles riam e riam um pouco mais. E a oito quilô metros da terra, era fá cil ingir que nenhuma decisã o difı́cil teria que ser feita. Mais cedo ou mais tarde.
Capı́tulo Vinte e Dois Eles ancoraram em Grays Harbor naquela noite. Brendan planejou
voltar mais cedo, mas Piper tinha adormecido em seu peito, e nem uma escavadeira poderia tê -lo movido. Lá foi ela novamente, mudando seus planos. Levando uma caneta vermelha para suas rotinas. Enquanto ele estacionava sua caminhonete na frente do Sem Nome e olhava atravé s do console para Piper, ele se lembrou da conversa no barco. Eles conseguiram esclarecer muitas questõ es nã o ditas entre eles. Seu casamento, seus medos sobre sua pro issã o e, o mais importante, a maneira como ela se via. Toda aquela conversa, toda aquela puri icaçã o do ar, levou-a a icar em Westport, quer ela estivesse disposta a discutir isso ou nã o. O que seria necessá rio para ela considerar isso? Ele estava pedindo muito sacrifı́cio da parte de Piper. Ela teria que deixar sua casa, seus amigos e tudo que ela já conheceu. Hannah també m, eventualmente, quando ela voltasse para LA. Simplesmente se libertar de seus padrõ es nã o chegava nem perto do que ele estava pedindo de Piper. Comparado com o que – quem – ele receberia em troca, isso nã o era nada. E isso o incomodou. Bastante. O fez se sentir um bastardo egoı́sta. — Ei. — Piper se inclinou para o assento do motorista e beijou seu ombro. — Porque está com essa carranca assustadora? Ele balançou a cabeça, debatendo se devia ou nã o ser honesto. Houve muita honestidade entre eles no barco, e isso eliminou os obstá culos mais urgentes. Fazer a apreensã o do que estava por vir parecia deixá -lo mais tranquilo. Gerenciá vel. Mas ele nã o teve coragem de lembrá -la das escalas desequilibradas. Nã o queria que ela pensasse sobre isso ou considerasse o assunto muito de perto. Ainda nã o, quando nã o teve tempo su iciente para encontrar uma soluçã o. Havia uma porra de soluçã o? — Eu estava pensando sobre nã o ter você na minha cama esta noite. — Brendan disse inalmente, feliz por nã o precisar mentir. Nã o completamente. — Eu quero você lá . — Eu també m. — Ela teve a coragem de corar e desviar os olhos depois do que eles izeram no barco? Maldiçã o. Esta mulher. Ele queria passar dé cada apó s dé cada decifrando todos os pequenos componentes que a compunham. — Mas nã o é justo com Hannah. Ela está em Westport por minha causa e nã o posso continuar a deixá -la sozinha. — Eu sei — ele resmungou.
— Vou mandar uma mensagem para você — ela persuadiu. — E nã o se esqueça dos seus nudes novinhos em folha. — Piper, mesmo quando eu estiver morto, nã o vou esquecê -los. Ela balançou os ombros, satisfeita. — Okay, tudo bem. Bom. Entã o, acho que é aqui que damos o grande e dramá tico beijo namorado e namorada e agimos como se nã o fossemos nos ver por um ano. Brendan suspirou. — Sempre achei ridı́culo o jeito como os caras nã o conseguem se livrar de suas esposas e namoradas no cais. Puto porque eles estã o nos atrasando. — Ele olhou para sua linda namorada com uma expressã o impassı́vel. — Ficarei surpreso se nã o tentar carregá -la por cima do ombro para o barco da pró xima vez. Até levar você comigo. — Sé rio? — Ela se endireitou. — Você levaria? — Inferno, nã o. E se houvesse uma tempestade ou você se machucasse? — Por que ele estava suando de repente? Seu pulso nã o estava funcionando como deveria, acelerando e tropeçando em si mesmo. — Eu perderia minha cabeça, Piper. — Hannah chamaria isso de padrã o duplo. — Ela pode chamá -lo do que quiser — disse ele rispidamente. — Você ica em terra a menos que seja uma viagem curta como hoje. E só quando eu estiver com você . Por favor. Piper estava lutando contra um sorriso. — Bem, já que você disse por favor, acho que recusarei todos os meus convites para barcos de pesca. Mesmo que ela estivesse sendo sarcá stica, Brendan grunhiu, satisfeito. — Você disse algo sobre um grande beijo dramá tico — ele a lembrou, estendendo a mã o para desa ivelar o cinto de segurança, roçando os nó s dos mamilos, um de cada vez, enquanto retirava a mã o. Eles se enriçaram sob seu olhar, seus quadris se movendo no assento. Ela cortou seu gemido miserá vel inclinando-se, puxando sua barba até que ele a encontrou no meio do caminho e beijando-o. Levemente no inı́cio, entã o eles surgiram juntos e afundaram em uma longa e ú mida amostra de lá bios e lı́nguas, suas respiraçõ es estremecendo entre eles. Eles se separaram com suspiros relutantes. — Mmmm. — Ela piscou para ele, voltou a sentar-se e empurrou a porta. — Tchau, capitã o. Brendan a observou desaparecer dentro do pré dio e passou a mã o pelo rosto. Se Piper Bellinger fosse matá -lo, ele morreria feliz. Ele começou a dirigir para casa, mas se viu voltando para a casa de Fox em vez disso. Seu melhor amigo morava em um apartamento perto do porto, a poucos passos da á gua, e onde a casa de Brendan tinha um ar está vel, a de Fox era o mais temporá ria possı́vel. Pintura super icial,
mó veis bá sicos e uma televisã o enorme. Em outras palavras, a moradia de um homem solteiro. Brendan nã o costumava visitar Fox em casa com muita frequê ncia, já que eles se viam por dias – geralmente semanas – seguidos no barco. Sem mencionar que Brendan tinha suas rotinas, e elas nã o envolviam ir a bares ou conhecer mulheres, ou qualquer uma das coisas que Fox fazia em seu tempo livre. Mas todo esse negó cio de Piper sacri icar tudo enquanto dava muito pouco? Estava subindo sob sua pele como raı́zes de á rvore. Revirar e revirar o problema em sua mente nã o o estava resolvendo. Talvez ele precisasse resolver suas preocupaçõ es em voz alta, apenas no caso de estar faltando alguma coisa. Uma soluçã o fá cil. Inferno, valeu a pena tentar. Melhor do que ir para casa e icar remoendo tudo sozinho. Fox abriu a porta de moletom e pé s descalços, uma garrafa de cerveja na mã o. Os sons de um jogo de beisebol chegaram à passagem aberta por trá s de seu capitã o. — Capitã o. — Sua sobrancelha estava franzida. — E aı́? Algo errado? — Nã o. Se mexa. — Ele empurrou Fox para dentro do apartamento, inclinando a cabeça para a cerveja. — Você tem outro desses? — Tenho uma dú zia ou mais. Fique à vontade. Geladeira. Brendan grunhiu. Ele pegou uma cerveja na geladeira e tirou a tampa com a mã o, juntando-se a Fox na frente do jogo de beisebol, colocando os homens em lados opostos do sofá . Ele tentou se concentrar no que estava acontecendo na tela, mas seu cé rebro solucionador de problemas nã o estava conseguindo. Cinco minutos se passaram antes que Fox dissesse alguma coisa. — Você vai me dizer por que está mascando unhas aı́? — Fox ergueu a mã o. — Quero dizer, roer unhas é o seu normal, mas você geralmente nã o faz isso no meu sofá . — Você tem companhia vindo ou algo assim? — Jesus, nã o. — Seu amigo bufou. — Você sabe que eu nã o namoro em casa. — Sim — disse Brendan. — Falando nisso, você geralmente vai para Seattle depois de um dia de pagamento como o que acabamos de ter. O que você está fazendo aqui? Fox encolheu os ombros e olhou para a TV. — Nã o sei. Só nã o estava animado com a viagem dessa vez. Brendan esperou que seu amigo elaborasse. Quando ele nã o pareceu inclinado a fazer isso, Brendan concluiu que nã o adiantava mais adiar o motivo de sua visita. — Essas mulheres que você conheceu em Seattle. Você nunca foi... sé rio sobre qualquer uma delas, nã o é ? — Acho que você está perdendo o objetivo de deixar Westport para conhecer mulheres. — Ele saudou com sua garrafa de cerveja. — 'Desculpe, querida. Só passar a noite na cidade. E pegar ou largar.' —
Ele colocou a bebida na boca. — Eles sempre pegam, caso nã o seja ó bvio. — Parabé ns. — Obrigado. — Fox riu. — De qualquer forma, por que você está me perguntando sobre… — Ele se interrompeu com uma expressã o de compreensã o crescente. — Você veio aqui para pedir conselhos sobre mulheres? Brendan zombou. — Isso é um exagero. — Você está , nã o é ? Filho da puta. — Fox sorriu. — Piper ainda está sendo um problema? — Quem disse que ela era um problema?— Brendan gritou. — Relaxe, capitã o. Eu quis dizer... — Fox procurou no teto as palavras corretas. — Você a tirou do seu sistema? Como se isso fosse possı́vel? — Nã o. — Você nã o dormiu com ela? Porra. Ele nã o gostava de falar sobre isso. O que aconteceu entre ele e Piper deve ser privado. — Eu nã o disse isso — ele rosnou. Fox parecia impressionado. — Você dormiu, entã o. E qual é o problema? Brendan icou olhando. — Acho que o problema pode ser que eu vim até você para pedir conselhos. Seu amigo acenou para o insulto. — Apenas me pergunte o que você quer saber. Na verdade, estou muito lisonjeado por você ter vindo até mim. Eu sei sobre duas coisas: pescar e mulheres. E essas duas coisas tê m muitas semelhanças. Quando você está pescando, você usa isca, certo? — Ele apontou para seu sorriso. — Eu tenho sua isca feminina bem aqui. — Jesus Cristo. — Em seguida, você tem o gancho. Essa é a sua fala inicial. Um buraco se abriu no centro do estô mago de Brendan. — Minha fala inicial para Piper foi basicamente dizer a ela para ir para casa. — Sim, estou muito surpreso que funcionou sozinho. — Ele esfregou a linha entre as sobrancelhas. — Onde eu estava com minha analogia? — Você terminou. — Nã o, eu nã o terminei. Depois que ela for isgada, você só precisa puxá -la para dentro. — Ele se inclinou para frente e apoiou os antebraços nos joelhos. — Parece que você já fez tudo isso, no entanto. A nã o ser que… Espere, o objetivo era apenas sexo, certo? — Eu nã o tinha uma porra de um objetivo. Nã o no começo. Ou provavelmente nã o teria gritado com ela, chamado sua bolsa de feia e
sugerido fortemente que ela fosse para casa. — De repente, mal do estô mago, Brendan derrubou a garrafa de cerveja e icou de pé . — Deus, eu tenho sorte que ela está me dando o tempo todo. Agora tenho coragem de tentar fazê -la icar aqui por mim? Eu sou maluco? Fox deu um assobio baixo. — Ok, as coisas progrediram muito desde a ú ltima vez que conversamos. — A perplexidade de seu amigo era alarmante. — Você quer que aquela garota ique nesta cidade? Brendan massageou a pressã o em seu peito. — Nã o fale assim. Uma batida de silê ncio passou. — Eu estou fora do meu alcance neste aqui, capitã o. Nã o tenho nenhum conselho sobre como realmente manter os peixes no barco. Eu normalmente apenas os deixo nadar novamente. — Foda-se. Pare com a analogia. — E boa e você sabe disso. Brendan sentou-se novamente e colocou as mã os entre os joelhos. — Se ela voltasse para LA, eu nã o teria escolha a nã o ser deixá -la. Meu trabalho está aqui. Uma tripulaçã o que depende de mim. — Sem mencionar que você icaria louco lá . Nã o é você . Você ... é Westport. — Entã o isso deixa Piper desistindo de tudo. — Sua voz soou sombria. — Como posso pedir a ela para fazer isso? Fox balançou a cabeça. — Nã o sei. Mas ela estaria ganhando você . — Ele encolheu os ombros. — Provavelmente nã o é uma troca idiota total. — Obrigado — disse Brendan secamente, antes de icar sé rio. — Se ela está feliz, ela nã o vai embora. Isso é ló gico, certo? Mas do que as mulheres gostam? O que as faz felizes? Fox apontou para sua virilha. Brendan balançou a cabeça lentamente. — Você é um idiota. O homem deu uma risadinha. — Do que as mulheres gostam? — Desta vez, ele pareceu realmente considerar a questã o. — Eu nã o acho que haja uma coisa. Depende da mulher. — Ele sacudiu um ombro e voltou a olhar para o jogo de bola. — Olhe a irmã de Piper, por exemplo. Hannah. Ela gosta de discos, certo? Se eu quisesse fazê -la feliz, eu a traria para Seattle amanhã . Há uma exposiçã o de vinil acontecendo no centro de convençõ es. — Como diabos você sabe disso? — Simplesmente apareceu na internet. Eu nã o sei. — Fox explicou, um pouco rá pido demais. — A questã o é que você tem que pensar sobre a mulher especı́ ica. Nem todos gostam de lores e chocolate. — Certo.
Fox começou a dizer mais alguma coisa, mas uma sé rie de notas encheu a sala. Brendan levou um momento para perceber que seu telefone estava tocando. Ele se mexeu no sofá e puxou-o do bolso de trá s. — Piper — ele disse, apertando o botã o de resposta imediatamente, tentando nã o ser ó bvio que apenas a promessa de ouvir a voz dela deixava seu pulso um caos. — Tudo certo? — Sim. O pré dio ainda está intacto. — Ela parecia alegre, relaxada, totalmente inconsciente de que ele estava do outro lado da cidade tentando desbloquear qualquer magia que lhes desse uma chance para um futuro. — Hum, seria muito pedir para emprestar sua caminhonete amanhã ? Há uma garota incrı́vel e artı́stica no Marketplace vendendo um lustre chique gasto que precisamos, tipo, absolutamente precisamos, para o bar. Por quarenta dólares. Mas temos que pegá -lo. Ela está localizada entre aqui e Seattle. — Cerca de uma hora de carro — ele ouviu Hannah chamar ao fundo. — Cerca de uma hora de carro — Piper repetiu. — Está vamos tentando calcular o custo de um Uber, entã o eu me lembrei que tenho um namorado gostoso com uma caminhonete. — Ela fez uma pausa. — Isso nã o mexeria com nenhuma de suas rotinas, nã o é ? Seu estô mago chutou. Rotinas. Pedir a Piper que permanecesse em Westport exigiria que ela tivesse muita fé nele. Para dar um grande salto. Mostrar a Piper o quã o longe ele chegou em termos de contrariar seus há bitos pode fazer uma diferença quando chegasse a hora de ela decidir se voltaria ou nã o para LA. Se ele pudesse dar a ela um pouco do que ela estava perdendo em LA, ele preencheria a lacuna naquele salto que ele eventualmente pediria. Brendan pode ser espontâ neo. Ele poderia surpreendê -la. Faça-a feliz. Dê a ela o que ela amava. Nã o podia? Sim. Ele poderia. Na verdade, ele estava ansioso por isso. — Por que nã o pegamos seu lustre e continuamos dirigindo para Seattle? Podemos passar a noite e voltar para Westport na segundafeira. Brendan ergueu uma sobrancelha para Fox. Fox acenou com a cabeça, impressionado. — Sé rio? — Piper deu uma risada. — O que farı́amos em Seattle? Sem hesitaçã o. — Há uma exposiçã o de vinil no centro de convençõ es. Hannah pode gostar. — Uma exposiçã o de vinil? — Hannah gritou ao fundo, seguido pelo som de pé s batendo mais perto no chã o de madeira. — Oh, hum... sim,
posso dizer que ela está interessada. — Uma batida se passou. — Como você sabia que essa exposiçã o estava acontecendo? A pergunta de Piper deve ter sido alta o su iciente para ouvir pelo receptor, porque Fox já estava balançando a cabeça. — Fox mencionou isso. — Brendan mostrou-lhe o dedo indicador. — Ele també m vai. A expressã o de traiçã o no rosto de seu amigo foi quase o su iciente para envergonhar Brendan. Quase. A chance de passar mais tempo com sua namorada superou sua pró pria desonra. Deus sabia que Piper era uma distraçã o e ele nã o queria que Hannah icasse insegura em uma cidade estranha. Piper també m nã o. — Entã o irı́amos todos juntos? — Piper perguntou, parecendo divertida e animada ao mesmo tempo. — Sim. Ela riu. — Okay. Parece divertido! Bem, até amanhã . — Sua voz caiu algumas oitavas, soando um pouco hesitante. — Brendan… Eu sinto sua falta. Seu coraçã o subiu em sua garganta. — També m sinto sua falta. Eles desligaram. Fox cutucou o ar com um dedo. — Você está me devendo. Muito. — Você tem razã o. Eu estou. — Brendan se dirigiu para a porta, pronto para uma noite de planejamento. — Que tal eu te dar o Della Ray? Ele fechou a porta diante da expressã o estupefata do amigo.
Capı́tulo Vinte e Trê s Piper tinha borboletas no estô mago.
Bom. Ela estava saindo da cidade hoje com o namorado. Nã o importava se ela estava um pouco descon iada das circunstâ ncias. Tampouco importava que, ao concordar em ser sua namorada e viajar juntos, ela estivesse se afundando cada vez mais em um relacionamento. Um que podia nã o resistir ao teste do tempo, dependendo se ela voltasse para Los Angeles mais cedo ou mais tarde. Mas nada disso estava acontecendo hoje. Ou amanhã . Entã o ela iria chutar para trá s, relaxar e aproveitar o passeio. E Brendan també m estaria gostando de alguns passeios. Piper colocou a escova de dente em sua bolsa e riu de sua pró pria insinuaçã o, mas a fechou quando Hannah lhe lançou um olhar questionador. Controle-se, sua sapa excitada. Sé rio. Era quase desconfortá vel o quã o sexualmente carregada ela se tornou nos ú ltimos dias. Os orgasmos vaginais estavam arruinando sua vida normal. Mesmo com a mençã o mais casual de Brendan, a sua boceta começou a bombear uma gelé ia lenta. Falando nisso. — Eu acho que vou me depilar enquanto estivermos lá . — Piper disse, tentando decidir se ela tinha esquecido de embalar alguma coisa. — Você quer vir comigo? — Claro. — Hannah pendurou sua mochila de pelú cia no ombro. — Apenas no caso de irmos para a piscina do hotel ou algo assim. — Assim que eu descobrir onde estamos hospedados, agendarei uma sessã o. — Piper bateu palmas. — Encontro de cera das irmã s! — E tudo tã o emocionante. — Hannah brincou, inclinando o quadril contra a lateral da cama de beliche. — Ei, Fox nã o está vindo para tipo... tomar conta de mim. Certo? O nariz de Piper enrugou. — Brendan disse que ele já estava indo. — Sim, exceto que ele nã o sabia a diferença entre quarenta e cinco e setenta e oito naquele dia na loja de discos. — Ela estreitou os olhos. — Sinto um cheiro de peixe estragado. — Bem-vindo a Westport. E o aroma o icial da cidade. — Piper apoiou as mã os nos ombros de Hannah. — Ele nã o está vindo para cuidar de você . Você tem vinte e seis anos. En im, por que você precisa de uma babá ? Eu e o Brendan estaremos com você o tempo todo. O queixo de Hannah caiu. — Piper, você nã o pode ser tã o ingê nua. — O que você quer dizer?
— Quando perguntei se Fox estava vindo para cuidar de mim, eu quis dizer, ele está vindo para me distrair para que Brendan possa ter um tempo sozinho com você e sua boceta recé m-depilada? — Agora foi a vez de Piper se abrir. — Porque eu de initivamente nã o me importo com isso. Nem um pouco. Estarei entre meu povo e posso pesquisar os registros até que as vacas voltem para casa. Mas nã o quero que Fox se sinta obrigado a me entreter. Isso arruinaria a experiê ncia, sabe? — Eu entendo o que você está dizendo. — Piper apertou os ombros de Hannah. — Você con ia em mim? — Claro que eu con io. — Bom. Se um de nó s tiver a sensaçã o de que eles estã o tentando dividir e conquistar, nó s nos dividiremos. Okay? Se nó s duas nã o estivermos nos divertindo, nã o vale a pena. Hannah acenou com a cabeça, deu um pequeno sorriso. — Combinado. — Combibado. — Piper molhou os lá bios. — Ei, antes que eles cheguem, eu tenho uma coisa para te perguntar. — Ela soltou um suspiro lento. — Como você se sente com a inauguraçã o do novo e melhorado bar no Dia do Trabalho? Os lá bios de sua irmã se moveram, contando silenciosamente. — Isso é daqui a oito dias! Uma semana! Piper riu lindamente. — Possı́vel, entretanto? — Você se ofereceu para dar uma festa, nã o foi? Piper gemeu, tirando as mã os dos ombros da irmã . — Como você soube disso? — Eu te conheço. Planejar festas é o que você faz. — Eu nã o pude evitar. — Sua voz caiu para um sussurro. — Elas sã o tã o divertidas. Hannah lutou contra um sorriso e venceu. — Pipes, nó s nem convidamos Daniel ainda. — Ela estudou Piper. — Você está pensando em nã o convidá -lo mais? Ou você quer icar os trê s meses inteiros? — Claro que pretendo convidá -lo! — Piper disse automaticamente. Algo a iado se retorceu em seu meio no momento em que ela disse essas palavras. Mas ela nã o podia pegá -los de volta. Nã o dó i ter um plano B, certo? Daniel sempre poderia concordar em deixar Piper voltar para casa mais cedo, e ela poderia recusar a oferta. Mesmo que seu padrasto fosse tolerante, ela nã o precisava entrar em um aviã o no mesmo dia. Suas opçõ es só precisavam icar abertas. Quanto mais tempo ela passava com Brendan, poré m, menos ela ia ter para achar uma saı́da para si mesma. E ela nã o estava nem perto de estar pronta para tomar a decisã o de icar em Westport. Como ela poderia estar? Ela pode ter feito amigos em Blow the Man Down. Pode ter começado a estabelecer conexõ es com pessoas como Abe, Opal e as
garotas do Red Buoy. E os donos de lojas de ferragens e alguns moradores locais que perambulavam o dia todo no porto. E daı́ se ela gostasse de parar para conversar com eles? E daı́ se ela nã o se sentisse tã o deslocada agora como ao chegar? Isso nã o signi icava para sempre. Ela pensou em Brendan acariciando seus cabelos enquanto eles cochilavam em seu beliche no Della Ray. Pensou no balanço suave da á gua e no som de sua respiraçã o regular. E ela teve que forçar suas pró ximas palavras. — Vou ligar e convidar Daniel agora. Apenas para estar segura. Hannah arqueou uma sobrancelha. — Sé rio? — Sim. — Piper pegou seu telefone, ignorando a estranha pontada de mau pressá gio em sua barriga, e discou. Seu padrasto atendeu no segundo toque. — Ei, Daniel! — Piper. — Ele parecia nervoso. — Tudo certo? Ela riu, tentando dissipar a frieza em seu peito. — Por que todo mundo atende minhas ligaçõ es dessa maneira? Eu sou um desastre assim? — Nã o. — Mentiroso. — Nã o, é só que você nã o liga há um tempo. Eu esperava que você estivesse implorando para voltar para LA muito antes de agora. Sim, bem. Quem poderia ter previsto um grande hematoma de um capitã o do mar que deu orgasmos vaginais e a fez esquecer como respirar? — Uh… — Ela colocou um pouco de cabelo atrá s da orelha e deu à Hannah um olhar reconfortante. — Temos estado um pouco distraı́das, na verdade. E para isso que estou ligando para falar com você . Eu e Hannah decidimos dar uma pequena reforma no bar. Silê ncio. — Sé rio. Ela nã o sabia se ele estava impressionado ou cé tico. — Sé rio. E teremos a grande inauguraçã o no Dia do Trabalho. Você acha que…? Você viria? Por favor? Depois de um momento, Daniel suspirou. — Piper, estou muito ocupado com este novo projeto. Isso era alı́vio que ela estava sentindo? Deus, se assim fosse, era enervante. — Oh. Bem… — Dia do Trabalho, você disse? — Ela o ouviu clicar em alguns botõ es em seu computador. Provavelmente abrindo seu calendá rio. — Tenho que admitir que estou um pouco curioso para ver o que você chama de reforma. — Ele parecia um pouco seco, mas ela tentou nã o se ofender. Ela nã o tinha exatamente dado a ele um motivo para suspeitar que ela teria o dom do faça-você -mesmo, a menos que ela contasse
aquele cachimbo que ela fez com uma berinjela durante seu ú ltimo ano do ensino mé dio. — Eu provavelmente poderia ir. A que distâ ncia ica Seattle? Um peso afundou em seu estô mago. Ele estava vindo. Piper forçou um sorriso. Isto foi uma coisa boa. Isso era o que ela e Hannah precisavam. Opçõ es. Apenas por precauçã o. — Duas horas, mais ou menos. Tenho certeza que posso encontrar um hotel para você perto de Westport… Daniel bufou. — Nã o, obrigado. Vou pedir à minha assistente que encontre algo para mim em Seattle. — Ele suspirou. — Bem, está no calendá rio. Acho que verei você s em breve. — Otimo!— O sorriso de Piper vacilou. — E a mamã e? Ele começou a dizer algo e mudou de assunto. — Ela nã o está interessada em voltar. Mas vou representar a nó s dois. Ok? — Mais teclas digitadas. — Eu tenho que ir agora. Bom falar com você . Abraços para você e Hannah. — Ok, tchau, Daniel. — Piper desligou e fundiu suas feiçõ es com otimismo, ignorando irmemente a fogueira que acontecia em seu estô mago. Deus, por que ela se sentia tã o culpada? Ter seu padrasto vindo para Westport na esperança de cortar o curto perı́odo sabá tico tinha sido o plano o tempo todo. — Tudo pronto! Hannah acenou com a cabeça lentamente. — Okay. — Okay! E ele disse para te dar um abraço. — Piper apertou a irmã contra o peito, balançando-a loucamente. — Ai está . — Ela pegou sua bolsa. — Devemos ir? Quando as irmã s saı́ram, Brendan e Fox estavam encostados no caminhã o em movimento, carrancudos idê nticos, como se estivessem discutindo. Ao ver Piper, o rosto de Brendan clareou, o calor queimando em seus olhos. — Bom dia, Piper — ele a cumprimentou rispidamente. — Bom dia, Brendan. Piper nã o pode deixar de notar que Fox parecia quase... nervoso quando viu Hannah, seu corpo esguio empurrando para fora da caminhonete para pegar sua mochila. — Bom dia — disse ele. — Quer que eu pegue isso para você ? — Nã o, obrigada — disse Hannah, contornando-o e jogando-o pela janela aberta do banco traseiro da caminhonete. — Vou icar com isso. Piper riu. — Minha irmã nã o se separa dos fones de ouvido. — Ela deixou Brendan pegar sua bolsa e pegou a lapela de sua lanela, puxando-o para um beijo. Ele grunhiu ansiosamente, juntando os lá bios e dando a ela o sabor fraco de seu café matinal. E em uma mudança ela encontrou
o velho e cativante esconderijo, ele puxou seu gorro e o usou para proteger seus rostos da vista. — Senti sua falta — ela sussurrou, se afastando e dando a ele um olhar signi icativo. O peito de Brendan retumbou em resposta, e ele quase arrancou a porta do passageiro das dobradiças, recuando para ajudá -la a entrar. Fox e Hannah subiram na cabine traseira, sentando-se o mais distantes possı́vel. A mochila de Hannah descansava no assento entre eles, fazendo Piper se perguntar se havia alguma tensã o ali sobre a qual sua irmã nã o tinha falado. Ela tinha estado tã o envolvida em sua pró pria vida amorosa que ela perdeu algo importante acontecendo com Hannah? Ela jurou remediar isso na primeira oportunidade. Eles estavam dirigindo por cinco minutos antes que Piper notasse o endereço na tela de navegaçã o. Ele incluı́a o nome de um hotel muito so isticado. — Espere. Nã o é onde estamos hospedados, é ? Brendan resmungou e entrou na rodovia. Banheiras de má rmore, algodã o egı́pcio, roupõ es brancos fofos e iluminaçã o lisonjeira dançavam em sua cabeça. — Isto é ? — Ela respirou. — Uh-oh. Algué m está disparando grandes armas. — Hannah riu no banco de trá s. — Bem jogado, Brendan. — A voz dela mudou. — Espere, mas... quantos quartos você reservou? — Eu vou icar com Hannah — Piper disse preventivamente, passando para sua irmã um olhar do tipo 'eu cuido de você vadia' sobre a divisó ria do tá xi. — Claro que você vai — disse Brendan facilmente. — Eu tenho trê s quartos. Fox e eu teremos o nosso pró prio. Ele se cansa do meu ronco no barco. Trê s quartos? Um mê s atrá s, ela nem teria considerado o custo de passar a noite em um hotel de luxo. Mas ela calculou mentalmente o preço de tudo agora, até uma xı́cara de café da tarde. Trê s quartos neste hotel seriam caros. Bem na casa dos milhares. Quanto dinheiro os pescadores ganhavam, a inal? Isso nã o fazia parte de sua pesquisa. Ela se preocuparia com isso mais tarde. No momento, ela estava ocupada demais sendo excitada pelo pensamento de um prato de queijo do serviço de quarto e chinelos de cortesia. O capitã o realmente a descobriu, nã o foi? — Eu iz uma playlist de viagem. — Hannah disse, se inclinando para frente e entregando a Piper seu telefone. — Eu chamei de 'Seattle Bound'. Basta clicar no aleató rio, Pipes. — Sim, senhora. — Ela o conectou na tomada de Brendan. — Eu nunca questiono o DJ. — The Passenger — de Iggy Pop veio primeiro. — Essa é a voz de Bowie se juntando ao refrã o. — Hannah falou sobre a mú sica. — Essa
mú sica é sobre a amizade deles. Dirigindo juntos, fazendo viagens. — Ela suspirou melancolicamente. — Você pode imaginá -los parando ao seu lado em um semá foro? — E isso que você vai comprar na exposiçã o? — Fox perguntou a ela. — Bowie? — Pode ser. A beleza da compra de discos é nunca saber com o que você sairá . — Animada por seu tó pico favorito, Hannah sentou-se para frente, virando-se no assento para enfrentar Fox. — Eles tê m que falar com você . Mais importante, você tem que ouvir. Por trá s dos ó culos de sol, Piper assistia à conversa com interesse pelo espelho retrovisor. — Os discos sã o como um bom vinho. Alguns estú dios tiveram melhores anos de produçã o do que outros. Nã o é apenas a banda, é a pressã o. Você pode ser tã o sentimental quanto quiser sobre um á lbum, mas há um aspecto de qualidade també m. — Ela sorriu. — E se você conseguir uma impressã o perfeita de um á lbum que você ama, nã o há nada como aquela primeira nota quando a agulha toca. — Você já teve isso? — Fox perguntou baixinho depois de um momento. Hannah assentiu solenemente. — 'Um Caso de Você ' por Joni Mitchell. Foi a primeira mú sica que toquei em seu á lbum Blue. Eu nunca fui a mesma. 'Fast Car' de Tracy Chapman apareceu em seguida na lista de reproduçã o. A irmã de Piper cantarolou alguns compassos. — O humor també m é um fator. Se estiver feliz, posso comprar o Weezer. Se estou com saudades de casa, procuro Tom Petty... Os lá bios de Fox se contraı́ram. — Você ouve alguma coisa da sua pró pria geraçã o? — As vezes. Mas geralmente nã o. — Minha Hannah tem uma alma velha. — Piper gritou de volta. O amigo de Brendan acenou com a cabeça, em relaçã o a Hannah. — Entã o, você tem mú sicas para todos os gostos. — Eu tenho centenas de mú sicas para todos os gostos. — Hannah respirou, abrindo o zı́per de sua mochila e puxando seus fones de ouvido e o iPod embalado, pressionando-os contra o peito. — Que tipo de humor você está agora? — Nã o sei. Uh... — Fox exalou para o teto, aquele sorriso ainda brincando nos cantos de seus lá bios. — Alegre. Fico feliz, Hannah murmurou. — Por quê ? Fox nã o respondeu de imediato. — Porque eu nã o tenho que dividir um quarto com Brendan. Obviamente. — Ele acenou com a cabeça para os fones de ouvido de Hannah. — O que você tem com isso?
Parecendo superior, Hannah entregou-lhe o fone de ouvido. Fox os colocou. Um momento depois, ele soltou uma gargalhada. Piper se virou no assento. — Que mú sica você tocou para ele? — 'No Scrubs.' Até Brendan riu disso, sua risada de motor enferrujado fazendo Piper querer rastejar em seu colo e acariciar sua barba. Provavelmente era melhor esperar até que eles nã o estivessem dirigindo para isso. Ao longo da viagem de duas horas, Fox e Hannah se aproximaram no banco de trá s até que inalmente compartilharam o conjunto de fones de ouvido, se revezando na escolha de mú sicas para tocar um ao outro e discutindo sobre quais escolhas eram melhores. E enquanto Piper nã o tinha gostado da tensã o entre Fox e sua irmã , ela nã o estava certa de que ela como estava agora. Ela teve encontros su icientes com jogadores para detectar um a um quilô metro de distâ ncia – e a menos que ela estivesse totalmente enganada, Fox tinha a realeza de playboy escrita em cima dele. Depois de uma rá pida parada para pegar o lustre e cobri-lo com uma lona na traseira da caminhonete de Brendan, eles chegaram ao hotel antes da hora do almoço. Piper teve alguns minutos preciosos para apreciar a cachoeira do saguã o e a mú sica suave do piano antes de irem para os elevadores. — Eu pedi a eles que nos colocassem o mais pró ximo possı́vel, entã o estamos todos no dé cimo sexto andar. — Brendan disse, distribuindo as chaves do quarto, tã o casualmente no comando que Piper teve que morder o lá bio. — A exposiçã o começa ao meio-dia. Você quer se encontrar no saguã o e ir até lá ? — Parece bom — disseram as duas irmã s. Embora eu queira pular em você, é o que Piper estava pensando. Eles chegaram ao dé cimo sexto andar e seguiram em direçõ es diferentes – e Piper estava grata por ter meia hora sozinha com sua irmã . — Ei, icando um pouco aconchegante com Fox aı́, hein? — Ela sussurrou, batendo a chave do quarto contra o sensor, liberando a fechadura. Hannah bufou. — O quê ? Nã o. Está vamos apenas ouvindo mú sica. — Sim, exceto que mú sica é como sexo para você … — Piper parou de arfar, correndo o resto do caminho para a sala. Foi magnı́ ico. Luz do sol apagada. Uma visã o da á gua. Um edredom macio branco na cama kingsize, completo com cabeceira espelhada e iluminaçã o ambiente. Cremes elegantes, ouro e má rmore. Uma á rea de estar com um pufe macio e almofadas decoradas com borlas. Capas vintage da Vogue até serviram
como arte. — Oh, Hannah. — Piper girou em um cı́rculo, os braços estendidos. — Estou em casa. — O capitã o se saiu bem. — Ele se saiu muito bem. — Piper arrastou as pontas dos dedos ao longo de um travesseiro em forma de nuvem. — Mas ainda estamos falando sobre Fox. O que está acontecendo lá ? Hannah se jogou na poltrona, a mochila no colo. — E idiota. — O que é idiota? Sua irmã resmungou. — Naquele dia em que caminhamos até a loja de discos, posso ter pensado que ele era fofo. Está vamos tendo uma boa conversa – mais profunda do que eu esperava, na verdade. E entã o… seu telefone começa a vibrar sem parar. Vá rios nomes de garotas surgindo na tela. Tina. Josie. Mika. Isso me fez sentir meio estú pida por olhar para ele dessa forma. Como se houvesse mesmo… potencial. — Ela largou a mochila com um estremecimento. — Acho que talvez os produtos de limpeza que incendiamos subiram à minha cabeça ou algo assim. Mas foi um lapso momentâ neo. Gosto de Sergei. Tudo sobre ele. Mesmo que ele me trate como uma irmã mais nova. — Entã o... nenhum sentimento pegajoso por Fox? — Na verdade nã o. — Hannah parecia satisfeita consigo mesma. — Eu acho que gosto dele como amigo, no entanto. Ele é divertido. Inteligente. Foi natural para mim notar que ele é bonito. Quer dizer, quem nã o gostaria? Mas está tudo a bordo do trem platô nico. Toot, toot. Somente amigos. — Você tem certeza, Hanns? — Piper olhou para sua irmã . — Bem ó bvio que ele é um homem feminino. Eu nã o gostaria que você se machucasse ou... — Pipes. Nã o estou interessada. — Hannah parecia estar dizendo a verdade. — Juro por Deus. — Okay. — Na verdade, estou de boa em sair com ele hoje. Nã o há nenhum ar de babá . — Ela fez um movimento de enxotar com a mã o. — Você e Brendan podem fazer algumas coisas. — O quê ? De jeito nenhum! Eu també m quero procurar vinis. — Nã o, você nã o quer. Mas você é fofa por ingir. Piper fez beicinho, entã o se iluminou. — Teremos uma sessã o de cera para nossas irmã s!— Ela engasgou. — Você sabe o quê ? Eu reservei em um lugar mais perto do centro de convençõ es, porque presumi que seria onde icarı́amos. Mas vou cancelar. Aposto que eles tê m depilaçã o no quarto aqui. Vamos fazer alarde. — A localizaçã o nã o importa para mim. O cabelo está sendo arrancado de qualquer maneira.
Piper se lançou para o telefone. — Esse é o espı́rito!
Capı́tulo Vinte e Quatro Brendan tinha esperança de ter um monte de tempo a só s com Piper
enquanto em Seattle. Ele nã o esperava conseguir isso tã o cedo, mas com certeza nã o iria reclamar. Enquanto os quatro estavam no luxuoso saguã o do hotel se preparando para se separar, ele fez o possı́vel para nã o se sentir malvestido com jeans, lanela e botas. Ele tirou o gorro assim que chegou ao seu quarto, meio que estupefato com o nı́vel de extravagâ ncia. O preço da estadia o avisou que seria chique, mas ele passaria o tempo todo preocupado em deixar pegadas de botas no tapete. É a isso que ela está acostumada. Isso é o que você vai dar a ela. Piper estava rindo da expressã o descontente de Hannah. — Isso é ruim? — Ela nem mesmo me avisou. Apenas rasgue. — Quem nã o avisou você ? — Fox perguntou, dividindo um olhar curioso entre as mulheres. — Jesus. O que aconteceu desde que te deixamos? — Nó s fomos depiladas. — Piper explicou despreocupadamente. — No quarto. Hannah cutucou a irmã nas costelas. — Piper. Piper fez uma pausa no ato de afofar o cabelo. — O quê ? E como uma funçã o humana bá sica. — Nã o para todos. — Hannah riu, com o rosto vermelho. — Meu Deus. Eu deveria ir antes que minha irmã me envergonhe mais. — Ela se virou para Fox e ergueu uma sobrancelha. — Pronto? Pela primeira vez, o melhor amigo de Brendan parecia estar sem palavras. — Uh, sim. — Ele tossiu em seu punho. — Vamos comprar discos. — Encontre-nos aqui à s seis para o jantar — disse Brendan. Fox fez uma saudaçã o preguiçosa e seguiu Hannah em direçã o à saı́da. Eles estavam quase na porta girató ria quando Piper puxou a camisa de Brendan, fazendo-o olhar para baixo. — Eles me preocupam um pouco. Ela diz que eles sã o apenas amigos, mas eu nã o quero que minha irmã tenha o coraçã o partido. Brendan nã o diria em voz alta, mas estava preocupado com a mesma coisa. Fox nã o tinha amigas. Ele tinha casos de uma noite. — Eu vou falar com ele. Piper acenou com a cabeça, embora ela lançou mais um olhar preocupado para as costas de sua irmã e Fox.
— Entã o... — Ela girou nos calcanhares e deu a Brendan toda a atençã o. — Somos só nó s dois. Durante toda a tarde. Devemos ir passear? — Nã o. — Nã o? — Seus olhos estavam brincalhõ es. — O que você tinha em mente? Ela obviamente pensou que ele iria jogá -la por cima do ombro e trazê -la de volta para o quarto. E maldiçã o, ele estava tentado a passar o dia inteiro fodendo uma Piper nua naquela cama ridı́cula, mas ser previsı́vel nã o o serviria. Ele precisava usar seu tempo com ela com sabedoria. — Vou levar você para fazer compras. Seu sorriso se desfez. Um brilho revestiu seus olhos. Uma mã o trê mula pressionou sua garganta. — V-você vai?— ela sussurrou. Ele colocou uma mecha de cabelo atrá s da orelha. — Sim. — Mas… Sé rio? Agora? — Sim. Ela abanou o rosto. — Para quê ? — O que você quiser. Aqueles olhos azuis piscaram. Piscou novamente. Uma linha se formou entre suas sobrancelhas. — Eu nã o posso... Nã o consigo pensar em nada que eu queira agora. — Talvez quando você começar a procurar... — Nã o. — Ela molhou os lá bios, parecendo quase surpresa com as palavras que saı́ram de sua boca. — Brendan, sempre vou adorar fazer compras e hoté is luxuosos. Tipo, amar. Mas eu nã o preciso deles. Eu nã o preciso que você faça… — Ela cercou o saguã o com um gesto amplo — tudo isso para me fazer feliz. — Sua bochecha pressionada contra seu peito. — Você pode me deixar entrar na estaçã o de recarga, por favor? Sem demora, seus braços envolveram Piper, sua boca pressionada no topo de sua cabeça. Até que ela disse as palavras e o alı́vio caiu sobre ele, ele nã o sabia o quanto precisava ouvi-las. Ele poderia ser capaz de pagar por lugares como este, mas nã o podia negar a necessidade de ter o su iciente por si mesmo. Estranhamente, agora que ela apagou essa preocupaçã o, ele se viu querendo dar a ela um dia de suas coisas favoritas ainda mais. — Vou levar você para fazer compras, querida. — Nã o. — Sim, eu vou. — Nã o, Brendan. Isso nã o é necessá rio. Eu já icaria feliz em ver os peixes no Pike Place Market com você , e ai meu Deus, eu realmente
quero fazer isso. — Ela se aconchegou mais perto, sua mã o em punho em sua lanela. — Eu realmente, realmente quero. — Piper. — Ele baixou a boca para o ouvido dela. — Mimar você deixa meu pau duro. — Por que você nã o disse isso? — Ela agarrou sua mã o e puxou-o em direçã o à saı́da. — Vamos fazer compras! *** — Jeans? Piper ergueu o queixo. — Você disse o que eu queria. Desfrutando de si mesmo, Brendan seguiu Piper pelos corredores da elegante loja Paci ic Place, observando sua bunda socar de lado a lado em sua saia rosa. Ela estava tã o bem entre os manequins e prateleiras de roupas que ele estava feliz como o inferno por tê -la empurrado para ir à s compras. Assim que passaram pelas portas, as vendedoras atacaram sua namorada e já estavam trocando pelo primeiro nome, correndo para pegar uma pilha de jeans do tamanho de Piper. — Claro, você pode ter o que quiser — disse ele, tentando nã o derrubar as prateleiras com os ombros largos. — Eu só imaginei que você iria direto para os vestidos. — Talvez eu tenha. — Ela lançou-lhe um olhar altivo por cima do ombro. — Se eu nã o me lembrasse de você me perguntando sarcasticamente se eu tinha um par de jeans. — Na noite em que você foi dançar no Blow the Man Down? — Ele pensou de volta. — Nã o achei que você se lembrasse da metade daquela noite. — Oh, apenas as partes importantes — disse ela. — Como golpes com as costas da mã o contra o meu guarda-roupa. — Eu gosto do seu… Guarda-roupa. — Tudo bem entã o. Ele usou a palavra 'Guarda-roupa' agora. Com uma cara sé ria, també m, aparentemente. — No começo, eu achava que era... — Ridı́culo? — Nã o-prá tico — ele a corrigiu com irmeza. — Mas eu mudei de ideia. — Você só gosta das minhas roupas agora porque pode tirá -las. — Isso nã o é mentira. Mas, principalmente, porque elas sã o você . Esse é o verdadeiro motivo. — Ele observou a vendedora se aproximar com uma braçada de jeans e mal se impediu de latir para ela ir embora. — Eu gosto das coisas que fazem você Piper. Nã o vá mudá -las agora. — Nã o vou mudar nada, Brendan — disse ela, e riu, puxando-o para o vestiá rio. — Mas eu só consigo me safar com vestidos por um certo tempo. A temperatura vai cair em breve, no noroeste do Pacı́ ico.
A vendedora entrou rapidamente atrá s deles e conduziu Piper para longe, colocando-a no vestiá rio mais pró ximo com meia dú zia de pares de jeans de vá rias cores e estilos. Em seguida, ela apontou para uma pequena cadeira feminina, sem palavras, sugerindo que Brendan deveria se sentar – e ele o fez, sem jeito, sentindo-se muito parecido com Gulliver. — E assim que você vai fazer compras em LA? — Ele perguntou a Piper atravé s da cortina. — Mmmm. Nã o exatamente. — Ela olhou para ele e piscou. — Eu normalmente nã o tenho um capitã o do mar de um metro e noventa comigo para o passeio. Ele fez um som divertido. — Isso o torna melhor ou pior? — Melhor. Muito melhor. — Ela empurrou a cortina e caminhou com um par de jeans pintados de azul claro e um sutiã preto transparente. — Ooh, nã o gostei. — Ela se virou e olhou para sua bunda no espelho de corpo inteiro. — O que acha? Brendan arrastou a mandı́bula para cima da porra do chã o. — Eu sinto muito. Por que você nã o gostou? Ela fez uma careta. — A costura é esquisita. — O… quê ?— Ele se inclinou para olhar mais de perto e imediatamente se distraiu com a bunda. — Quem dá a mı́nima? A vendedora entrou e inclinou a cabeça. — Oh sim. Nã o. Passe adiante. Piper acenou com a cabeça. — Isso foi o que eu pensei. — Você s duas estã o brincando comigo? Eles sã o perfeitos. Ambas as mulheres riram. A vendedora saiu. Piper se retirou para o vestiá rio. E Brendan icou se perguntando se ele tinha tomado pı́lulas malucas. — Sim, seguro dizer que isso é de initivamente diferente do que fazer compras com meus amigos em LA. Tenho quase certeza de que na maioria das vezes eles me dizem que algo parece ó timo, mesmo quando nã o parece. Sempre há um senso de competiçã o. Tentando chegar ao limite. — Um zı́per foi aberto e ele observou os pé s dela virar à direita, à esquerda, à direita sob a cortina, sorrindo para o esmalte brilhante em seus dedos. Era tã o Piper. — Eu acho que fazer compras nã o tem sido divertido por um tempo e eu nem percebi. Nã o me entenda mal, eu adoro as roupas. Mas quando penso em ir à caça de vestidos com Kirby agora, nã o me lembro de ter sentido nada. Passei todo esse tempo tentando me dar aquela primeira onda de euforia. Mas... Eu estava mais animada para fechar um negó cio em uma rede de pesca na loja de suprimentos do porto do que comprar minha ú ltima bolsa Chanel. Ela engasgou.
O alarme endireitou a coluna de Brendan. — O quê ? — Acho que a liçã o de Daniel funcionou. — Ela empurrou a cortina, revelando sua expressã o chocada. — Acho que posso apreciar o dinheiro agora, Brendan. Se ele nã o deveria achá -la totalmente adorá vel pra caralho, ele estava falhando miseravelmente. — Isso é ó timo, Piper — ele disse rispidamente, ordenando a si mesmo para nã o sorrir. — Sim. — Ela apontou para um par de jeans escuros que se moldavam indecentemente em seus quadris de dar á gua na boca. — Isso é um nã o, certo? — Eles sã o um sim. Ela balançou a cabeça e fechou a cortina novamente. — E eles sã o cem dó lares. Eu olhei a etiqueta de preço! — Entã o ela murmurou: — Eu acho que é muito? Sua cabeça tombou para trá s. — Eu ganho mais do que isso com um caranguejo, Piper. — O quê ? Nã o. Quantos caranguejos você pega? — Em uma temporada? Se eu atingir a cota? Oitenta mil libras. Quando ela abriu a cortina novamente, ela tinha puxado a calculadora em seu telefone. Com a boca em um O, ela lentamente virou a tela para mostrar a ele todos os zeros. — Brendan, isso é tipo, milhões de dó lares. Ele apenas olhou para ela. — Oh, nã o — ela disse depois de uma batida, balançando a cabeça. — Isto é ruim. Brendan franziu a testa. — Como isso é ruim? — Acabei de aprender o valor do dinheiro. E agora descobri que tenho um namorado rico? — Ela suspirou tristemente e fechou a cortina. — Nó s temos que terminar, Brendan. Para o meu pró prio bem. — O quê? — O pâ nico deu-lhe uma azia imediata e abrasadora. Nã o. Nã o, isso nã o estava acontecendo. Ele tinha ouvido errado. Mas se ele nã o tivesse ouvido mal, eles nã o iriam deixar essa porra de vestiá rio até que ela mudasse de ideia. Ele se levantou e puxou a cortina, apenas para encontrar Piper rindo na palma da mã o em concha, com as laterais do corpo tremendo. O alı́vio o invadiu, como se um sistema de sprinklers no teto tivesse sido acionado. — Isso nã o foi engraçado — disse ele asperamente. — Foi sim. — Ela deu uma risadinha. — Você sabe que foi. — Você me vê rindo? Ela apertou os lá bios para se livrar do sorriso, mas seus olhos ainda brilhavam de tanto rir. Mas ele nã o podia estar bravo com ela, especialmente quando ela cruzou os pulsos atrá s do pescoço dele,
pressionou seu corpo macio contra o dele e persuadiu sua boca a um beijo tortuoso. — Eu sinto muito. — Ela lambeu suavemente sua lı́ngua. — Nã o achei que você fosse acreditar tã o facilmente. Ele grunhiu, irritado consigo mesmo por gostar do jeito que Piper estava tentando voltar à s suas boas graças. Seus dedos torceram as pontas de seu cabelo, seus olhos estavam arrependidos. Tudo isso era estranhamente calmante. Cristo, estar apaixonado estava afetando sua vida. Ele era um caso perdido. — Você vai me perdoar se eu deixar você escolher meu jeans? — Ela murmurou contra seus lá bios. Brendan alisou as palmas das mã os para frente e para trá s ao longo de sua cintura. — Eu nã o sou louco. Eu nã o posso ser. Nã o em você . Ela tirou as mã os do pescoço dele e entregou-lhe o pró ximo par de jeans da pilha. Enquanto ele observava, ela abriu o zı́per dos que estava usando e os abriu pelas pernas. Bom Deus todo-poderoso, Piper estava curvada na frente do espelho, sua bunda quase roçando o vidro - e olhando de cima, ele podia ver tudo. A tira de tecido verde-menta en iada entre suas bochechas macias, a sugestã o de uma linha bronzeada aparecendo. Quando ela se endireitou, seu rosto estava vermelho e o pê nis de Brendan estava lutando contra o zı́per. — Coloque para mim? Cristo. Nã o importava que a vendedora pudesse entrar a qualquer minuto. Preso como estava por aqueles grandes olhos azuis do quarto, nada importava alé m dela. Inferno, talvez esse seja sempre o caso. Brendan soltou um suspiro trê mulo e caiu de joelhos. Ele começou a abrir a cintura para que ela pudesse colocá -lo, mas o pequeno triâ ngulo de sua calcinha absorveu sua atençã o quando ele se lembrou que ela havia se depilado naquela manhã . Sinceramente, ele nunca tinha pensado nas mulheres... assim antes. Mas desde a primeira vez que ele comeu a boceta de Piper, ele ansiava pela dela. A maneira como parecia, sentia, saboreava a suculê ncia suave dela. — Posso ver? Quase timidamente, ela assentiu. Brendan en iou um dedo no centro do có s da frente de sua calcinha e puxou-o para baixo, revelando aquela pequena fenda provocante, a protuberâ ncia de carne apenas separando seus lá bios. Ele balançou para frente com um grunhido, pressionando o rosto contra a carne exuberante e inspirando profundamente. — Isso é meu. Seu estô mago se contraiu ao inspirar. — Sim.
— Vou estragar você com meu cartã o de cré dito agora. — Ele beijou o topo de sua fenda. — Entã o, você vai sentar no meu rosto e eu vou te mimar com a porra com a minha lingua mais tarde. — Brendan. Ele colocou os braços em volta dos joelhos dela quando eles mergulharam, usando a parte superior do corpo para encostá -la na parede do provador. Quando ele se certi icou de que ela estava está vel, ele a incentivou sem palavras para pisar nas pernas, uma de cada vez. Suas mã os deslizaram a calça jeans por suas panturrilhas, joelhos e coxas, sua boca deixando beijos na pele que desaparecia. Doeu arrastar o zı́per para cima e esconder sua boceta, mas ele o fez, girando a lı́ngua em torno de seu umbigo enquanto pressionava o botã o. Ele se levantou, virando Piper para que ela icasse de frente para o espelho. Ele puxou sua bunda de volta para seu colo para que ela pudesse sentir seu pau duro, fazendo seus lá bios incharem e seu pescoço icar mole. Atravé s dos olhos atordoados, ela examinou seu re lexo, sua atençã o na mã o de Brendan enquanto ela viajava para baixo em seu estô mago, seus longos dedos mergulhando na cintura da frente para agarrar sua boceta com força, ganhando um gemido de choque. — Leve esse. Com certeza. — S-sim, vamos levar eles — disse ela com pressa. Brendan apertou seu aperto novamente, levantou, e ela icou na ponta dos pé s, seus lá bios se abrindo em um suspiro. — Sim. Sim. Sim. Brendan deu um beijo na lateral do pescoço dela, mordendo no local e lentamente deslizando a mã o para fora de sua calça jeans. Quando ela parou de balançar, ele a deixou corada na frente do espelho e foi para a sala de espera. — Boa menina. — Você sabia — ela ofegou atravé s da cortina. — Comprar é mais sobre a viagem do que o destino. Ele gesticulou para a vendedora quando ela entrou. — Ela vai levar todos eles.
Capı́tulo Vinte e Cinco Piper cheirou o pescoço de Brendan e franziu os lá bios, pensativa.
— Nã o, ainda nã o é o certo. Muito cı́trico. Brendan apoiou o cotovelo no balcã o de vidro, meio divertido, meio impaciente. — Piper, você vai icar sem lugares para me borrifar. Já era tarde, e depois do almoço no centro – durante o qual Brendan provou seu primeiro tiramisu e gostou! – eles estavam de volta ao hotel. Seu namorado parecia bastante inclinado a levá -la para cima o mais rá pido possı́vel, mas ela o arrastou para uma loja masculina perto do saguã o para ver se eles poderiam encontrar um perfume exclusivo para ele. Ela estava enrolando? Talvez um pouco. Por alguma razã o, seus nervos estavam à lor da pele. O que era uma loucura. Entã o, eles estavam subindo para transar. Eles izeram isso duas vezes antes, certo? Nã o havia razã o para o nervosismo de bolhas extra em sua corrente sanguı́nea. Exceto que uma nova torrente delas era liberada toda vez que Brendan beijava seus nó s dos dedos ou colocava um braço em volta de seu ombro. E mesmo com o ar condicionado, a pele de seu pescoço ardeu e ela descobriu ela mesma respirando fundo, profundamente, tentando acalmar seu coraçã o acelerado. Se ela pudesse apenas se concentrar em encontrar para ele o perfume perfeito, isso lhe daria tempo su iciente para relaxar. Ou pelo menos descobrir por que ela nã o podia. Ela se inclinou sobre o vidro para pegar uma garrafa quadrada, cor de salva, e Brendan espalmou a mã o em suas costas. Casualmente. Mas seu pulso disparou como se ela estivesse fazendo um teste no detector de mentiras e sendo questionada sobre seus há bitos anteriores de consumo. Sacudindo-se mentalmente, ela ergueu o frasco e deu uma cheirada. — Oh — ela sussurrou, cheirando-o novamente para ter certeza. — E esse. Esse é o seu cheiro. E talvez tenha sido a coisa mais louca, mas encontrar aquela essê ncia indescritı́vel de Brendan, segurá -la bem ali na mã o e fazê -la inundar seus sentidos... caiu aquele ú ltimo vé u que estava obscurecendo seus sentimentos. Ela estava irremediavelmente apaixonada por este homem. A mudança em seus arredores tornava impossı́vel nã o reconhecer cada pequena razã o pela qual ela gravitava em direçã o a ele. Sua honra, sua paciê ncia, sua con iabilidade e natureza irme. Como ele poderia liderar e ser respeitado sem ter fome de poder. Seu amor pela natureza,
tradiçã o e lar. Até a maneira como ele lidou tã o delicadamente com os sentimentos do sogro a atingiu. Assim que ela reconheceu a profundidade de seus sentimentos, essas trê s pequenas palavras ameaçaram escapar de sua boca. Essa era a fonte de seus nervos. Por que onde isso a levaria? Em um relacionamento. Um permanente. Nã o apenas com este homem, mas com Westport. — Piper. — Brendan disse com urgê ncia. — Você está bem? — Claro que estou — ela respondeu, muito brilhantemente. — Eu… eu encontrei. E perfeito. Sua sobrancelha ergueu-se cé tica quando ele virou a garrafa. — Madeira Esplê ndida? — Viu? Você s foram feitos um para o outro. — Ela olhou em seus olhos como um cachorrinho apaixonado por vá rios segundos, antes de quebrar o feitiço. — Hm, nó s temos que sentir o cheiro em você , no entanto. Brendan estava olhando para ela com uma sobrancelha franzida, praticamente con irmando que seu comportamento estava errado. — Você já borrifou meus pulsos e os dois lados do meu pescoço — disse ele. — Nã o sobrou nada. — Seu peito? — Ela olhou ao redor da pequena loja masculina. O balconista estava ocupado do outro lado com outro cliente. — Apenas um teste de cheiro rá pido. Desde jeito, nã o desperdiçamos dinheiro. — Ela sorriu. — Oh, me escute, Brendan! Estou praticamente usando cupons aqui. Afeiçã o brilhou em seu rosto. — Seja rá pida — ele rosnou, desabotoando os trê s primeiros botõ es de sua lanela. — Vou precisar de trê s banhos para tirar essa coisa. Piper dançou no lugar, animada com a descoberta iminente. Isso seria perfeito. Ela simplesmente sabia disso. Com esforço, ela conteve o grito e lançou uma nuvem de perfume no cabelo do peito de Brendan enquanto ele segurava a lanela aberta. Ela se inclinou, enterrando o nariz ali, inalando a combinaçã o da terra e da á gua salgada de Brendan… e ai Senhor, sim, ela estava apaixonada, sim. Seu cé rebro suspirou com total contentamento e alegria por tê -lo achado, encontrado uma maneira de respirá -lo a qualquer hora que ela quisesse. Ela deve ter icado lá em um estado de sonho, exalando ruidosamente, por longos momentos, porque Brendan inalmente riu, e ela abriu os olhos. — O que você está pensando aı́ embaixo? Que se eu não tomar cuidado, haverá bebezinhos de capitão do mar correndo por aí. E o quã o ruim isso soou, a inal? Nada mal mesmo. Meio incrı́vel, na verdade.
— Eu estava pensando que estou orgulhosa de você . — Ela inalmente respondeu, abotoando novamente a camisa dele. — Você experimentou tiramisu hoje. E… e você apenas planeja viagens para Seattle agora. Por impulso. Você é como um novo homem. E eu estava pensando… Como ela mudou muito, també m, desde que chegou a Westport. Desde que conheci Brendan. O que ela pensava antes era viver a vida ao má ximo, na verdade era viver a vida para outras pessoas assistirem. Para icar boquiaberta. Ela nã o mentiria para si mesma e ingiria que um mê s a havia curado completamente o seu desejo profundamente enraizado por atençã o. Por elogios. Pelo que ela uma vez interpretou como amor. Agora, entretanto? Ela estava participando de sua pró pria vida. Nã o apenas posando e ingindo. O mundo era muito maior do que ela, e ela realmente estava vendo isso agora. Ela estava realmente olhando. No provador, enquanto experimentava jeans, nem ocorreu a ela tirar uma sel ie no espelho. Ela só queria estar lá , no momento, com este homem. Porque a maneira como ele a fazia se sentir era trê s milhõ es de vezes melhor do que a maneira como trê s milhõ es de estranhos a faziam se sentir. Santo Deus. Ela iria dizer a Brendan que o amava? Sim. Sim, ela iria. Se ela pensava que invadir uma piscina no terraço e chamar o departamento de polı́cia era loucura, isso parecia um milhã o de vezes mais arriscado. Era como fazer rapel na lateral daquele hotel de Los Angeles com bananas de dinamite saindo de suas orelhas. Porque ela era nova nisso, e o caminho para descobrir exatamente onde ela se encaixava em seu novo lugar era longo. E se, no inal das contas, ela nã o se encaixasse em lugar nenhum? A maneira como ela se sentiu quando Adrian a largou seria risı́vel em comparaçã o com o desapontamento de Brendan. Ele sabia exatamente quem ele era (comandante de uma embarcaçã o), o que queria (uma frota de barcos) e como conseguir (aparentemente ganhar milhõ es de dó lares e só mandar construir barcos??). Enquanto isso, ela passou uma semana tentando encontrar um lustre com a vibraçã o certa. Isso pode ser um desastre. Mas ela olhou em seus olhos agora e ouviu suas palavras ecoarem no convé s do Della Ray. Você tem perseverança, caráter e um grande coração. E ela escolheu acreditar nele. Ela escolheu acreditar em si mesma. — Brendan, eu… Seu telefone enlouqueceu em sua bolsa. Notas altas e dispersas que ela nã o reconheceu imediatamente porque fazia muito tempo desde
que as ouviu. — Oh. — Ela recuou um pouco. — Esse é o toque da Kirby. — Kirby. — Suas sobrancelhas se juntaram. — A garota que te entregou à polı́cia? — A primeira e ú nica. Ela nã o me ligou desde que eu saı́. — Algo disse a ela para nã o fazer isso, mas ela abriu o zı́per da bolsa e tirou o telefone de qualquer maneira, pesando-o na mã o. — Eu me pergunto se algo está errado. Talvez eu deva responder. Brendan nã o disse nada, apenas estudou o rosto dela. Sua indecisã o durou muito tempo e o telefone parou de tocar. Ela soltou um suspiro de alı́vio, feliz pela decisã o ter sido tirada de suas mã os – entã o o telefone começou a tocar de novo. Nã o era apenas Kirby ligando de novo; eram mensagens de texto de nomes que ela reconhecia vagamente, noti icaçõ es de e-mail... e agora outro nú mero com um có digo de á rea de Los Angeles estava ligando na outra linha. O que estava acontecendo? — Eu acho que deveria atender isso — ela murmurou, franzindo a testa. — Posso encontrar você nos elevadores? — Sim — disse Brendan depois de um momento, parecendo que queria dizer mais. — E apenas um telefonema. Quando essa declaraçã o saiu soando como se ela també m estivesse tentando se tranquilizar, ela respirou fundo e saiu da loja. Mas foi apenas um telefonema? Seu dedo pairou sobre o botã o verde de resposta. Esta foi a primeira vez que sua vida em LA a tocou desde que viera para Washington. Ela ainda nã o tinha respondido, mas parecia que algué m a estava sacudindo na cama, tentando acordá -la de um sonho. — Você está sendo ridı́cula — ela se repreendeu baixinho, falando sé rio. — Ei, Kirby. Realmente se demorou no pedido de desculpas, nã o foi, querida? Piper franziu a testa para seu re lexo no elevador de aço. Era sua imaginaçã o ou ela parecia completamente diferente conversando com seus amigos de LA? — Piper! Eu me desculpei! Nã o desculpei? Ai meu Deus, se nã o, eu estou, tipo, de joelhos. E sé rio. Eu fui uma amiga terrı́vel. Eu simplesmente nã o podia permitir que meu pai me lagrasse. Por que, ah, por que ela atendeu a chamada? — Sim, nem eu. — Pode ter algo a ver com as interminá veis batidas e vibraçõ es acontecendo em seu ouvido. — Olha, está tudo bem, Kirby. Eu nã o vou usar isso contra você . E aı́? — E aí? Você está falando sé rio? — Algumas buzinas foram disparadas ao fundo, o som de um ô nibus passando. — Você viu a capa do LA Weekly? — Nã o — ela disse lentamente.
— Você está nela – e parecendo uma gostosa, vadia. Ai meu Deus, a manchete, Piper. 'Ato de desaparecimento de uma princesa partidá ria.' Todo mundo está pirando. Suas tê mporas começaram a latejar. — Nã o estou entendendo. — Vá dar uma olhada no Instagram deles. O post está explodindo. — Ela gritou. — O ponto principal do artigo é que você deu a festa da dé cada e depois desapareceu. E como um misté rio gigante, Piper. Você é tipo, a porra do Banksy ou algo assim. Todo mundo quer saber por que você saiu do Wilshire Boulevard para um porto qualquer. Você nem mesmo marcou sua localizaçã o! As pessoas estã o morrendo por detalhes. — Sé rio? — Ela encontrou um banco e caiu nele, tentando decifrar as notı́cias inesperadas. — Ningué m se importou antes. Kirby ignorou isso. — Mais importante, eles querem saber quando você voltará e reivindicará seu trono! O que me leva ao ponto principal da minha ligaçã o. — Ela exalou bruscamente. — Deixe-me lhe dar uma festa de boas-vindas. Já arrumei o local. Apenas convites exclusivos. O Retorno da Princesa das Festas. Posso ter vazado a ideia para alguns designers, algumas empresas de bebidas, e eles estã o se oferecendo para pagar você , Piper. Muito dinheiro para andar com seus vestidos, beber suas merdas diante das câ meras. Estou falando de seis dı́gitos. Vamos fazer isso. Vamos fazer de você uma porra de uma lenda. Um arrepio subiu pelo braço de Piper, e ela olhou para cima para encontrar Brendan parado a alguns metros de distâ ncia, segurando sua bolsa com os jeans e uma caixinha menor, que ela presumiu conter o perfume. Ele nã o estava perto o su iciente para ouvir a conversa, mas sua expressã o disse a ela que ele sentiu a gravidade do telefonema. O telefonema era tã o importante assim? Esse aumento de popularidade seria passageiro e rá pido. Ela teria que pegar a onda o mais longe possı́vel, entã o imediatamente começar a tentar encontrar uma nova maneira de ser relevante. Comparada com o homem que ela amava estar em um barco durante uma tempestade… ou uma onda vindo do nada e arrebatando algué m do convé s… uma viagem de volta aos holofotes nã o parecia tã o signi icativa. Um mê s atrá s, essa sorte inesperada de notoriedade teria sido a maior coisa que já aconteceu em sua vida. Agora isso a deixava basicamente vazia. Havia uma parte irritante de Piper que queria voltar a esse estilo de vida em que ela era boa? Sim, ela estaria mentindo se dissesse que nã o havia. Seria uma segunda natureza des ilar em um clube escuro com a mú sica perfeita e ser aplaudido por nã o realizar absolutamente nada alé m de ser bonita, rica e fotogê nica. — Piper. Você está aı́?
— Sim — ela resmungou, seus olhos ainda presos nos de Brendan. — Eu nã o posso fazer isso. - Sim, você pode — disse Kirby, exasperada. — Olha, eu ouvi que Daniel cortou seus fundos, mas se você izer esta festa, você terá dinheiro su iciente para se mudar, fazer suas pró prias coisas. Talvez pudé ssemos até renovar o Pucker Up agora que você tem alguma in luê ncia extra! Vou comprar a passagem de aviã o de volta para LA, ok? Você pode icar no meu quarto de hó spedes. Feito e feito. Eu reservei o local para o dia 7 de setembro. Todo os lugar já foram reservados para o Dia do Trabalho. — Sete de setembro? — Piper massageou o centro de sua testa. — Isso nã o é uma terça-feira? — E daı́? Quantos anos você tem, quarenta? Deus. Esta era sua melhor amiga? — Kirby, eu tenho que ir. Vou pensar sobre isso. — Você está louca? Nã o há nada em que pensar. Paris está na minha lista de prioridades – e no momento ela está na parte inferior. Isso é o que vamos falar pelo resto de nossas vidas. Brendan estava se aproximando, seu olhar de laser focado no rosto dela. Eu não posso contar a ele. Ela nã o queria contar a ele sobre nada disso. LA Weekly. A festa que estava sendo planejada em sua homenagem. Seu novo tı́tulo chamativo. Qualquer coisa. Se ela izesse uma lista pró /contra LA vs Westport, Piper ama Brendan estaria na coluna pró -Westport e isso superaria qualquer contra. Eles nã o podiam discutir um possı́vel retorno a LA sem Piper revelar seus sentimentos, e entã o... como ela poderia fazer qualquer coisa, mas recusar a oportunidade depois de dizer a ele essas trê s palavras? Mas ela nã o estava cem por cento pronta para dizer nã o a Kirby. Ainda nã o. Se ela dissesse nã o a esse retorno triunfante à cena que viveu na ú ltima dé cada, estaria dizendo sim a Westport. Sim, estar com este homem que se arriscava naturalmente. Sim, para começar do zero. Kirby estava tagarelando em seu ouvido sobre um esquema de cores inspirado na Burberry e uma bebida exclusiva chamada Horny Heiress. — Ok, obrigada, Kirby. També m sinto saudade. Tenho que ir. Tchau. — Nã o se atreva a desligar… Piper desligou rapidamente e desligou o telefone, pondo-se de pé . — Ei. — Ela dirigiu seu mais vencedor e, esperançosamente, sorriso distrativo para Brendan. — Você comprou o perfume? Eu queria pegar para você como um presente. — Se isso faz você querer sentir o meu cheiro em pú blico, vou considerá -lo um investimento. — Ele fez uma pausa, acenando para o telefone dela. — Tudo bem?
— O quê ? Sim. — Pare de mexer suas mãos. — Apenas uma fofoca que Kirby considerou urgente. Spoiler: nã o é . Vamos subir, nã o é ? Piper saltou para frente e apertou o botã o de chamada, elogiando os santos quando o elevador vazio abriu imediatamente suas portas à sua esquerda. Ela pegou o pulso grosso de Brendan, grata quando ele se permitiu ser arrastado para dentro. E entã o ela o empurrou contra a parede do elevador e utilizou duas de suas habilidades favoritas evitaçã o e distraçã o – para impedi-lo de fazer mais perguntas. Perguntas que ela nã o queria se fazer també m.
Capı́tulo Vinte e Seis Brendan nã o conseguia afastar a sensaçã o de que Piper tinha
acabado deslizar para fora de seu alcance e que, porra, o aterrorizava. Enquanto comprava colô nia, ela olhou para ele de uma forma que nã o tinha feito antes. Como se ela estivesse se preparando para largar suas armas e se render. Ele nunca teve ningué m olhando para ele assim. Assustado e esperançoso ao mesmo tempo. Lindamente exposta. E ele mal podia esperar para recompensar essa con iança. Para deixá -la feliz por ter dado o salto, porque ele a pegaria. Mal podia esperar para dizer a ela que a vida antes de ela aparecer em Westport era sem cor, luz e otimismo. Suas mã os alisaram seu peito agora. Para baixo, até o seu abdô men. Ela se inclinou e enterrou o nariz em seu peito, inalando, gemendo baixinho… Traçando o contorno de seu pê nis com os nó s dos dedos. Esse toque, obviamente destinado a distraı́-lo, prendeu-o entre a necessidade e a irritaçã o. Ele nã o queria Piper quando sua mente estava obviamente em outro lugar. Ele queria que essas barreiras fossem embora. Queria tudo dela, cada maldito grama. Mas havia uma parte dele que estava nervoso també m. Nervoso como o inferno por nã o estar equipado para lutar contra qualquer inimigo invisı́vel que estava enfrentando. Este ú ltimo foi responsá vel por sua aspereza quando agarrou seu pulso, mantendo-o longe de sua braguilha aberta. — Diga-me do que realmente se tratava o telefonema. Ela estremeceu com seu tom, afastando-se dele. — Eu já disse. Nã o foi nada. — Você realmente vai mentir para mim? Deus, ela parecia literal e igurativamente encurralada, presa no elevador sem ter para onde correr. Nã o que ela nã o procurasse uma saı́da, mesmo no teto. — Eu nã o tenho que te dizer tudo — ela gaguejou inalmente, apertando o botã o para abrir a porta repetidamente, embora eles estivessem apenas no meio do caminho para o dé cimo sexto andar. — Você está planejando ser tã o dominador o tempo todo? — A risada dela foi aguda, em pâ nico, e queimou um buraco em seu peito. — Porque é um pouco demais. Nã o. Nã o iria morder aquela isca. — Piper. Venha aqui e olhe para mim. — Nã o. — Por que nã o? Ela revirou os olhos.
— Eu nã o quero ser interrogada. — Bom — ele grunhiu. — Eu quero a verdade sem ter que pedir a você . Ele ouviu seu engolir em seco pouco antes da porta do elevador se abrir, e ela saiu como um tiro, andando rá pido na direçã o oposta de seu quarto, que era onde diabos ela iria parar, se ele tivesse algo a dizer sobre isto. Brendan a alcançou antes que ela pudesse entrar em seu pró prio quarto, envolvendo um braço em volta da cintura dela e puxando-a de volta contra seu peito. — Chega. — Nã o fale comigo como uma criança. — Você está agindo como uma. Ela engasgou. — Você é o ú nico... — Cristo. Se você me disser que sou eu que queria uma namorada exigente, você vai me irritar, Piper. — Ele agarrou seu queixo e inclinou a cabeça para trá s até encontrar seu ombro. — Eu quero você. Seja como você for, seja o que for, eu quero você. E vou lutar para entrar nessa cabeça quantas vezes for preciso. De novo e de novo e de novo. Nã o se atreva a duvidar de mim. Seu corpo se ergueu com duas respiraçõ es profundas. — Kirby me ligou para dizer que estou na capa do LA Weekly. Okay? 'Ato de Desaparecimento de uma Princesa Festeira.' Há toda uma histó ria e… agora eu acho, ta-dah, sou interessante novamente. Depois de um mê s de silê ncio, de repente todos querem saber para onde fui. — Ela se soltou de seu aperto e se afastou, com uma postura defensiva. — Kirby quer me dar uma grande e exagerada festa de volta para casa. E eu nã o queria te dizer porque agora você vai me derrubar até que eu magicamente produza respostas sobre o que eu quero – e eu não sei! A pulsaçã o de Brendan ricocheteou em suas veias, seus nervos escalando para o medo total. LA Weekly. Festa exagerada. Ele tinha a porra de uma chance contra isso? — Do que você sabe, Piper? — Ele falou, roucamente. Seus olhos se fecharam. — Eu sei que te amo, Brendan. Eu sei que te amo e é isso. O mundo icou momentaneamente sem som, desprovido de ruı́do, exceto pelo som dos tendõ es de seu coraçã o se esticando, a ponto de estalar sob a pressã o da maravilha que ela acabara de colocar dentro dele. Ela o amava. Esta mulher amada dele. — Como você pode dizer 'é isso'? — Ele deu um passo gigante e a pegou em seus braços, apertando-a quando ela suspirou, enlaçando as pernas em sua cintura, enterrando o rosto em seu pescoço. — Como você pode dizer que 'é isso' se é a melhor coisa que já aconteceu comigo? — Ele beijou seu cabelo, sua bochecha, pressionou sua boca em sua orelha. — Eu te amo, baby. Droga, eu també m te amo. Enquanto
for esse o caso, tudo icará bem – e sempre será o caso. Vamos trabalhar nos detalhes. Okay? — Okay. — Ela ergueu a cabeça e acenou com a cabeça, rindo de uma forma atordoada. — Sim. Okay. — Nó s nos amamos, Piper. — Ele se virou e caminhou em direçã o ao seu quarto, grato por já estar com a chave na mã o, porque ele nã o teria sido capaz de tirar sua atençã o dela para procurá -la. — Eu nã o vou deixar nada ou ningué m acabar com isso. Jesus. Ela estava… entregue. Seus olhos eram suaves e con iantes e bonitos e, o mais importante, convictos. Nele. Neles. Ele fez a coisa certa insistindo, por mais forte que tenha sido vê -la assustada. Mas estava tudo bem agora, graças a Deus. Graças a Deus. Ele bateu a chave do quarto sobre o sensor e chutou a porta, sua ú nica missã o na vida era dar a esta mulher um orgasmo. Ver aqueles olhos azuis amolecidos icarem cegos e saber que seu corpo era o responsá vel. Seria sempre responsá vel por cumprir suas necessidades. — Eu preciso tanto de você — ela soluçou, puxando seu colarinho, movendo seus quadris em pequenos cı́rculos desesperados. — Ai meu Deus, estou ardendo. — Você sabe que vou lidar com isso. — Ele mordeu o lado do pescoço dela, empurrou os quadris para cima com força e ouviu a respiraçã o dela icar presa. — Nã o é ? — Sim. Sim. Brendan colocou Piper no chã o e a girou, entã o puxou a saia acima dos quadris. — Talvez um dia possamos esperar tempo su iciente para nos despirmos ao mesmo tempo. — Ele murmurou, tirando a calcinha dela até os tornozelos, antes de atacar o zı́per com as mã os trê mulas. — Mas nã o vai ser hoje. Coloque os dois joelhos na beira da cama. Deus, ele amava Piper quando ela era uma sem vergonha. Quando ela estava chateada. Quando ela estava sendo uma provocaçã o ou fazendoo trabalhar pra caralho. Mas ele a amava mais como ela era agora. Honesta. Nã o escondendo nada. Quente, necessitada e real. Subindo na beirada da cama e balançando os quadris, implorando. — Por favor, Brendan. Você vai, por favor, você vai, por favor… Nã o havia como ele nã o parar um momento e admirar a obra de arte que era Piper. As linhas lexı́veis de suas coxas separadas, a bunda que tornava sua vida o paraı́so e o inferno. Ele agarrou sua bunda e a amassou, espalhando a carne para que ele pudesse ver o que estava esperando por ele no meio. — Ah, baby. Eu deveria ser sempre aquele a dizer 'por favor' — disse ele com voz rouca, inclinando-se e acariciando a pele apertada de sua entrada traseira. Ela bufou o nome dele, entã o gemeu hesitantemente, esperançosamente, e sim, ele nã o pô de evitar puxar seu traseiro sexy para mais perto, enterrando sua boca no vale e lambendo-a rudemente.
— Oh, uau — ela respirou, empurrando de volta contra ele. — O que você … ai meu Deus. Ele colocou a mã o em torno de seu quadril, arrastando dois dedos entre suas dobras macias, e apreciou o ato de molhar sua boceta como o inferno. Apreciando sua timidez inicial e a maneira como ela eventualmente nã o pô de evitar deslizar os joelhos ainda mais largos na cama, seus quadris ondulando no tempo com os golpes famintos de sua lı́ngua. Na hora que ele deixou sua lı́ngua viajou para baixo e ao redor de seu sexo, seu clitó ris estava tã o inchado; ele bateu na protuberâ ncia com a lı́ngua algumas vezes, esfregou a carne sensı́vel com o polegar, e ela se separou, soluçando no edredom, sua umidade deliciosa cobrindo a parte interna das coxas, a boca dele. Ela estava ofegante quando ele se levantou, abaixou o peito sobre suas costas e empurrou seu pê nis dentro de sua boceta ainda contraı́da. — Minha — ele grunhiu, o aperto dela apertando suas bolas dolorosamente, disparando cada grama de seu sangue com possessividade. — Estou pegando o que é meu agora. Um movimento à frente deles na cama lembrou Brendan da cabeceira espelhada, e ele quase gozou, pego de surpresa pela visã o eró tica de sua mandı́bula frouxa e seios que saltavam junto com cada movimento de seus quadris. Seu corpo apareceu atrá s dela, quase o dobro de seu tamanho, os lá bios afastados de seus dentes como se ele pudesse muito bem devorá -la inteira. Quem nã o gostaria? Quem nã o gostaria de reunir cada parte desta mulher o mais pró ximo possı́vel? Para consumir seu fogo? Quem nã o morreria tentando ganhar sua lealdade? — Cristo, você é tã o bonita — ele gemeu, caindo em cima dela, prendendo-a na cama e resistindo, enchendo-a como se ela estivesse enchendo seu peito, sua mente. Tudo dele. Completando-o, como uma respiraçã o. Ele pegou seu cabelo em um punho, usando-o para puxar sua cabeça para trá s, travando seus olhares no espelho. Ela engasgou, sacudiu em torno de seu pê nis, suas paredes lhe dizendo que ela estava tã o excitada por vê -los tanto quanto ele. — Sim, você gosta de ser admirada e elogiada, nã o é , Piper? Nã o há melhor elogio do que o quã o duro você deixa meu pau, nã o é ? Quã o forte você me faz querer você ? Nã o consigo nem tirar o meu maldito jeans. — Sua respiraçã o engatou e ela começou a se contorcer embaixo dele, seus dedos agarrando o edredom enquanto ela gritava com a boca fechada em seu nome. — Continue. Me dê um segundo, baby. Quero fazer você gozar, porra. Seus olhos azuis icaram cegos, e ela gemeu roucamente, seus quadris se contorcendo embaixo dele, espasmos torturando sua boceta e o levando ao limite. Ele balançou em seu canal quente mais uma vez, espetando profundamente, olhando-a nos olhos enquanto rosnava seu nome, liberando a pressã o excruciante entre suas pernas, ofegando contra o lado de sua cabeça.
— Eu te amo — ela engasgou, as palavras parecendo pegá -la desprevenida, alarmá -la, e Brendan se perguntou se seria possı́vel seu coraçã o explodir fora de seu peito. Como ele iria sobreviver a ela? Cada vez que ele pensava que seus sentimentos por ela haviam inalmente alcançado o á pice, ela provava que ele estava errado, e seu peito crescia de outro tamanho. Como ele poderia continuar nesse ritmo pelos pró ximos cinquenta, sessenta anos? — Piper, eu també m te amo. Eu te amo. — Ainda pressionando-a contra a cama, ele deixou beijos lentos em sua tê mpora, ombro, pescoço, antes de inalmente rolar para o lado, puxando-a com força para o lugar que ela chamava de estaçã o de recarga. E ele riu desse nome, mas quando ela encontrou seu lugar em seus braços, suas feiçõ es relaxaram e ela suspirou, como se ser abraçada por ele realmente izesse tudo icar bem. Jesus Cristo, esse privilé gio o humilhou. — Eu nunca disse isso a ningué m antes — ela murmurou, descansando a cabeça em seu bı́ceps. — Nã o pensei que algum dia eu diria. Ele passou a mã o pelo cabelo dela. — Como você achou que seria? Ela pensou sobre isso. — Acabar com isso. Como arrancar um band-aid. — E como você se sentiu? — O contrá rio. E como colocar um curativo. Envolvendo bem. — Ela estudou o queixo dele por um momento, depois ixou os olhos nos dele. — Acho que é porque con io em você . Eu con io completamente em você . Isso é uma grande parte do amor, nã o é ? — Sim. Acho que tem que ser. — Ele engoliu em seco o nó na garganta. — Mas eu nã o sou um especialista, baby. Nunca amei assim. Ela demorou um pouco para falar. — Eu nunca vou esconder nada de você novamente. — Sua expiraçã o foi rochosa. — Oh, uau. Grandes declaraçõ es pó s-sexo acontecendo aqui. Mas eu quero dizer isso. Chega de guardar as coisas para mim. Nem mesmo durante uma viagem de elevador. Nã o vou fazer você lutar para entrar na minha cabeça. Eu nã o quero isso. Nã o quero ser um trabalho constante para você , Brendan. Nã o quando você torna tã o fá cil amar você . Ele a apertou contra ele, sem outra escolha, a menos que ele quisesse se separar da porra da emoçã o que ela produziu dentro dele. — Trabalho constante, Piper? Nã o. Você me entendeu mal. — Ele ergueu o queixo dela e beijou sua boca. — Quando a recompensa é tã o perfeita quanto você , tã o perfeito quanto isto, o trabalho é uma honra do caralho. Brendan rolou Piper de costas enquanto seus beijos aumentavam, seu pau endureceu novamente em questã o de segundos, inchando dolorosamente quando ela implorou para ele tirar a camisa. Ele
obedeceu, de alguma forma encontrando uma maneira de tirar o jeans e a boxer antes de tirá -la de qualquer roupa també m. Sons satisfeitos explodiram de suas bocas quando seus corpos nus inalmente se entrelaçaram, pele com pele, sem uma ú nica barreira à vista. Os lá bios de Piper se curvaram com humor sob os dele. — Entã o, não vamos falar sobre a coisa da lı́ngua? Suas risadas se transformaram em suspiros e, eventualmente, em gemidos, as molas da cama gemendo sob eles. E parecia que nada poderia tocar a perfeiçã o deles. Nã o depois de con issõ es tã o difı́ceis. Nã o quando eles pareciam nã o conseguir respirar um sem o outro. Mas se Brendan tinha aprendido uma coisa como capitã o, era isto: justo quando parecia que a tempestade estava começando a cair e a luz do dia se espalhava pelas á guas calmas? Foi quando a maior onda o atingiu. E esquecer essa liçã o pode muito bem custar-lhe tudo.
Capı́tulo Vinte e Sete O resto do tempo em Seattle foi um sonho.
Hannah e Fox encontraram-se com eles no saguã o do hotel na hora marcada, cheios de discos de segunda mã o. E enquanto Piper ainda queria que Brendan falasse com Fox sobre Hannah estar fora dos limites, seus medos foram temporariamente colocados de lado pela amizade genuı́na que parecia ter surgido entre os dois. Uma tarde juntos e eles estavam terminando as frases um do outro. Eles tinham piadas internas e tudo. Nã o que isso surpreendeu Piper. Sua irmã era uma deusa com um espı́rito puro e româ ntico, e já era hora de as pessoas se unirem a ela. Contanto que certos membros permanecessem em suas calças. No jantar, Brendan e Fox contaram a elas sobre a vida no barco. A histó ria favorita de Piper era sobre uma garra de caranguejo sendo presa ao mamilo de Deke, exigindo que Brendan lhe desse pontos. Ela os fez contar duas vezes enquanto ria até entrar em um estupor auxiliado pelo vinho. No meio da refeiçã o, Fox trouxe à tona a tempestade da semana passada, e Piper observou Brendan enrijecer, seu olhar voando para o dela, avaliando se ela poderia lidar com isso. Ela icou surpresa ao descobrir que enquanto seus nervos borbulhavam ameaçadoramente, ela era capaz de acalmá -los com algumas respiraçõ es profundas. Aparentemente, Brendan estava demasiado feliz com Piper encorajando Fox a terminar a histó ria, ele a puxou para seu colo, e foi onde ela icou feliz pelo resto da noite. Eles dormiram em seus quartos designados naquela noite, embora alguns textos maliciosos tivessem sido trocados entre ela e Brendan, e na manhã seguinte eles se amontoaram na caminhonete para voltar para Westport. Com a mã o presa com força na de Brendan e a playlist da viagem de Hannah saindo dos alto-falantes, Piper se encontrou… ansiosa para ir para casa. Ela ligou para Abe esta manhã para avisá -lo que chegaria tarde para a caminhada, seguido por uma ligaçã o rá pida para Opal para marcarem um café no inal da semana. Havia mais de cem mensagens de texto e incontá veis e-mails em seu telefone de conhecidos de Los Angeles, proprietá rios de clubes e Kirby, mas ela os estava ignorando por enquanto, nã o querendo que nada roubasse a beleza remanescente da viagem a Seattle. Alé m das mensagens cada vez mais urgentes sobre o 7 de Setembro, Piper icou encantada por receber duas mensagens de texto de garotas que conheceu em Blow the Man Down. Eles queriam se encontrar e ajudar a planejar a festa do Dia do Trabalho. E como ela se sentiria sobre um tutorial de maquiagem em grupo?
Bom. Ela sentiu… muito bem sobre isso. Com seu nú mero crescente de amigos e a grande inauguraçã o no horizonte, Piper de repente tinha uma agenda lotada. E se ela realmente pudesse pertencer a Westport? Sim, Brendan a fazia sentir como se ela já pertencesse. Mas ele tinha seu sustento aqui. Uma comunidade que ele conhecia desde o nascimento. A ú ltima coisa que ela queria era ser dependente dele. Se ela permanecesse em Westport, ela precisava seguir seu pró prio caminho. Ser uma pessoa independente de seu relacionamento, bem como um membro dele. E pela primeira vez, isso nã o parecia uma possibilidade impossı́vel. Quando chegaram a Westport, Brendan deixou Fox em seu apartamento primeiro, depois completou os cinco minutos de carro até a casa de Piper e Hannah. Sua expressã o só poderia ser descrita como ranzinza quando ele estacionou a caminhonete no meio- io, visivelmente relutante em dizer adeus a ela. Ela poderia se relacionar. Mas de jeito nenhum ela criaria o há bito de deixar Hannah sozinha. Sua irmã se inclinou sobre o banco da frente agora, com o queixo apoiado nas mã os. — Tudo bem, Brendan — disse ela secamente. — Piper estava cantando 'Natural Woman' a plenos pulmõ es no chuveiro esta manhã … — Hannah!— Piper estalou. — E já que gosto de vê -la feliz, vou te fazer um favor. Brendan virou a cabeça ligeiramente, seu interesse aguçado. — O que é isso? — Okay. Presumo que você tenha um quarto de hó spedes em sua casa — disse Hannah. O namorado de Piper resmungou a irmativamente. — Nó s vamos… — Hannah recuou. — Eu poderia icar nele. Isso aliviaria a culpa fraterna de Piper e ela poderia icar nos aposentos do capitã o. — Vá fazer as malas. — Brendan respondeu, sem hesitaçã o. — Eu vou esperar. — Espera. O quê ? — Piper se virou no assento, dividindo um olhar incré dulo entre essas duas pessoas malucas que ela amava. — Nã o vou… nã o vamos… nos mudar para sua casa, Brendan. Isso requer, hum… no mı́nimo, uma conversa sé ria. — Vou deixar você conversar. — Hannah disse alegremente, pulando para fora da caminhonete. — Brendan… — Piper começou. — Piper. — Ele alcançou o console, roçou o polegar ao longo de sua bochecha. — Você pertence à minha cama. Nã o há nada para discutir. Ela soltou uma risada. — Como você pode dizer aquilo? Nunca morei com ningué m, mas tenho certeza de que uma parte signi icativa do tempo é gasta sem
maquiagem e… lavanderia! Você levou as roupas sujas em consideraçã o? Onde vou colocar o meu? Eu consegui manter um certo ar de misté rio… — Misté rio — ele repetiu, os lá bios se contraindo. — Sim, está bem. — Ela afastou seu toque. — O que vai acontecer quando nã o houver mais… misté rio restante? — Eu nã o quero nenhum misté rio quando se trata de você . E temos que partir para uma pescaria no sá bado. Duas noites fora. — Apenas alguns dias a partir de agora. — Quero cada segundo que puder com você até sair do porto. — Sá bado. — Isso era novidade para ela, embora soubesse que em algum momento ele voltaria para a á gua. Normalmente, a volta era ainda mais cedo, mas eles haviam tirado uma semana inteira de folga apó s a temporada de caranguejos. — Você acha que vai voltar para a grande inauguraçã o no Dia do Trabalho? — Com certeza eu vou. Eu nã o perderia. — Ele ergueu uma sobrancelha casual, como se nã o tivesse acabado de fazer seu pulso vibrar de alegria nã o diluı́da. — Cestos de roupa separados vã o in luenciar você ? — Pode ser. — Ela mordeu o lá bio. — Teria que haver uma regra que proı́be beijos antes de escovar os dentes. — Nã o, porra. — Seu olhar caiu para a bainha de sua saia. — Eu quero entrar direto na sonolenta Piper e fazer suas pernas tremerem logo de manhã . — Tudo bem — ela deixou escapar. — Vou fazer as malas, entã o. Sua expressã o se tornou uma mistura de triunfo e afeto. — Bom. Franzindo a testa para o namorado, embora seu coraçã o estivesse pulsando de entusiasmo, ela empurrou a porta da caminhonete. Antes que ela pudesse fechá -la atrá s de si, ela se lembrou de sua promessa de encontrar Abe e levá -lo ao museu. — Que tal irmos na hora do jantar?— Ela disse a Brendan. — Nó s vamos pegar mantimentos no caminho. Talvez você possa me dar uma aula de culiná ria. — Vou ter meu extintor à mã o. — Ha-ha. — Era normal que o rosto de algué m doesse de verdade por sorrir? — Vejo você hoje à noite, capitã o. Seus olhos verde-prata fumegavam com promessa. — Hoje à noite. *** Piper correu até a loja de ferragens e acompanhou Abe até o museu marı́timo, conversando um pouco com ele antes de continuar sua corrida até a casa de Opal para tomar um café . Caminhando de volta
para o Sem Nome, ela digitou respostas para suas novas amigas, Patty e Val, marcando um horá rio para planejar o Dia do Trabalho. Ela e Hannah teriam que elevar sua produtividade e hiperatividade para ter tudo pronto a tempo – elas nem tinham um novo letreiro ainda – mas com alguma determinaçã o, elas poderiam fazer isso. Naquela noite, as irmã s empacotaram roupas su icientes para algumas noites e caminharam até o mercado com suas mochilas, comprando ingredientes idê nticos aos que Brendan colocou em seu carrinho de mã o naquela primeira manhã em Westport. Asas de borboleta varreram seu estô mago quando ela bateu na porta dele, mas os golpes se tornaram lâ nguidos e reconfortantes no momento em que seu corpo extragrande apareceu na entrada… em calças de moletom cinza e uma camiseta. E tudo bem. Sem mais nem menos, as vantagens desse arranjo habitacional já se faziam conhecidas. — Nã o olhe para a marca do pau do meu namorado — Piper sussurrou para Hannah enquanto eles o seguiam para dentro de casa, fazendo sua irmã cair na gargalhada. Brendan ergueu uma sobrancelha para elas por cima do ombro, mas continuou até que chegaram ao quarto de hó spedes, carregando os mantimentos que trouxeram em uma das mã os. O quarto para o qual ele as conduziu era pequeno e pró ximo à cozinha, mas tinha uma bela vista do jardim e a cama parecia in initamente mais confortá vel do que o beliche do Sem Nome. — Obrigada, isso é perfeito — disse Hannah, deixando cair a mochila no chã o. Ela se virou em um cı́rculo para observar o resto da sala e respirou fundo, sua mã o voando para cobrir a boca. — O que é … o que é aquilo? Intrigado com a mudança de comportamento de sua irmã , o olhar de Piper viajou da calça de moletom de Brendan para o objeto que provocou a reaçã o. Sobre a escrivaninha havia um toca-discos. Empoeirado e de aparê ncia pesada. — Lembrei-me de que meus pais me deram os deles antes de se mudarem — disse Brendan, cruzando os braços e acenando com a cabeça. — Fui e tirei do porã o. — Este é um Pioneer vintage. — Hannah respirou, passando o dedo ao longo da tampa de vidro. Ela voltou os olhos arregalados para Brendan. — Posso usar? Ele acenou com a cabeça uma vez. — E por isso que eu trouxe isso pra cá . — Como se ele nã o tivesse acabado de fazer a vida de Hannah, ele apontou com o queixo para o armá rio. — Coloquei todos os discos que eu pude encontrar lá . Pode nã o ser nada. — Qualquer coisa vai soar como algo sobre isso. — Os joelhos de Hannah caı́ram e ela saltou, fazendo uma dança animada. — Eu nem me
importo se você desenterrou isso especi icamente para abafar os ruı́dos sexuais. Obrigada. As orelhas de Brendan escureceram ligeiramente, e Piper de alguma forma se apaixonou ainda mais por ele. Fazer algo de bom para sua irmã conquistou sua devoçã o eterna. E quando ele disse, em seu jeito rude e reservado: — Nã o. Obrigado por, uh… me deixar ter Piper aqui — ela quase desmaiou. — Vou guardar isso. Ele tirou a mochila dos ombros de Piper, beijou sua testa e saiu abruptamente da sala. Elas observaram sua partida como gaivotas observando uma fatia inteira de pã o voando pelo ar – e graças a suas corridas no porto, Piper sabia o que parecia agora. Reverente. Você tem que se casar com ele, Hannah murmurou. Eu sei, Piper murmurou de volta. Que porra é essa? Ainda nenhum som real saiu da boca de Hannah. Pergunte a ele primeiro. Faça isso agora. Eu poderia. Oh, Deus. Eu poderia. Hannah se debruçou cuidadosamente sobre o toca-discos. — Você pode ter encontros duplos comigo e com meu toca-discos. Piper, olhe para isso. — Ela afundou na cadeira da escrivaninha. — Na exposiçã o, eu estava de olho neste Fleetwood Mac perfeito, perfeito, quarenta e cinco. Era muito caro. Mas se eu soubesse que tinha um Pioneer para jogar, teria esbanjado. — Ah nã o. Ele falou com você ? — Alto e claro. — Hannah suspirou, afastando sua tristeza. — Está bem. Se era para ser, eu voltarei a encontrá -lo um dia. — Ela icou de pé . — Vamos fazer o jantar. Estou esfomeada. *** Os trê s seguiram um padrã o feliz. De manhã , Brendan acordou Piper com as pontas dos dedos subindo e descendo por sua barriga, o que a levou a provocar o pau dele. As vezes, ele a rolava de bruços e a colocava de joelhos, tomando-a rá pida e furiosamente, com as mã os agarradas à cabeceira da cama para se apoiar. Outras vezes, ele jogava os joelhos dela sobre seus ombros musculosos e balançava dentro dela lentamente, sussurrando elogios á speros na curva de seu pescoço, o empurrã o e puxã o de seu eixo entre suas pernas tã o con iá veis quanto a maré , nunca deixando de deixá -la mole e trê mula, seus gritos persistentes no ar frio e escuro de seu quarto. Depois que ela lutava de volta para a terra de seu intenso ato de amor, ela se vestia para sua corrida e ia encontrar Abe, ajudando-o a subir as escadas do museu antes de continuar seu caminho. Depois ela voltaria para casa e tomaria banho, entã o tomaria o café da manhã com
Brendan e Hannah antes de ir com a caminhonete para o Sem Nome trabalhar. Alé m do letreiro, o bar só precisava de decoraçã o e alguns retoques inais. Brendan pendurou o lustre, rindo da maneira como Piper gritou em vitó ria, declarando-o perfeito. Eles organizaram mesas e bancos altos, penduraram cordas de luzes no pá tio dos fundos e limparam a serragem de tudo. — Estive pensando sobre o nome — Piper disse uma tarde, esperando até que sua irmã olhasse para ela. — Hm… como você se sente em relaçã o a Cross e Filhas? Um som saiu de Hannah, seus olhos adquirindo um brilho. — Eu amei isso, Pipes. Brendan veio por trá s dela, dando um beijo duro em seu ombro. — E perfeito. — Eu gostaria que tivé ssemos um pouco mais de tempo — disse Hannah. — Esse nome merece um grande logo. — Sim. Mas eu acho... talvez o que é perfeito neste lugar é que nã o é . E pessoal, nã o é perfeito. Certo? — Piper riu. — Vamos pintar nó s mesmas. Vai signi icar mais dessa forma. O telefone de Hannah tocou e ela saiu da sala para atender, deixando Piper e Brendan sozinhos. Ela se virou para encontrá -lo examinando-a da maneira que vinha fazendo com frequê ncia ultimamente. Com amor. Atençã o. Mas havia mais coisas acontecendo por trá s daqueles olhos també m. Ele disse que nã o a pressionaria para tomar uma decisã o, mas quanto mais ela o deixava sem resposta, mais ansioso ele icava. Eles pintaram o letreiro na quinta-feira com grandes baldes desleixados de tinta azul-celeste. Brendan havia passado a manhã lixando um longo pedaço de madeira compensada e aparando as bordas em um formato oval com sua serra de mesa. Assim que Piper fez um esboço á spero das letras com um lá pis, eles partiram para as corridas, aplicando a tinta azul com curvas divertidas e linhas inclinadas. Alguns podem ter dito que parecia pouco pro issional, mas tudo o que ela viu foi o cará ter. Uma adiçã o a Westport que se encaixava como uma noz na bochecha de um esquilo. Depois que a tinta secou, Brendan icou ansioso, preparado para pegá -las se caı́ssem das escadas que elas compraram na loja de ferragens. Agora, elas o ixaram sobre o letreiro original desbotado com sua pistola de pregos, Brendan as instruindo pacientemente do chã o. Quando o letreiro foi pregado de todos os lados, as duas irmã s desceram e se abraçaram na rua. Ela nã o podia dizer com certeza como Hannah se sentia por ter a reforma concluı́da, mas naquele momento, algo se encaixou dentro de Piper. Algo que nem existia antes de ela pousar neste canto a noroeste do mapa. Foi a festa de boas vindas ao lar que Henry Cross merecia, mas nunca teve. Foi um enterro adequado, um pedido de desculpas por abandoná -lo, e acalmou as arestas irregulares que surgiram em seu coraçã o quanto mais ela aprendeu sobre seu pai.
— Agora tudo o que precisamos é de cerveja — disse Hannah, recuando e enxugando os olhos. — E gelo. — Sim, é hora de ligar para o distribuidor, eu acho. Uau. Isso foi rá pido.— Ela olhou para o letreiro, emocionada com o loreio no inal de 'Filhas'. — Se quisermos servir bebidas eventualmente, precisaremos de uma licença para bebidas alcoó licas. — Se você quiser, Pipes. — Hannah disse suavemente, colocando um braço em volta de seu ombro. — Deixar você vai ser uma merda, mas eu nã o posso icar aqui para sempre. Eu tenho meu trabalho com Sergei esperando. Se você decidir icar… — Eu sei. — Piper disse, sua visã o borrando. — Você vai? Ficar mesmo? Pela janela, eles observaram Brendan dentro do bar, encaixando uma lâ mpada no lustre. Tã o capaz, reconfortante e familiar agora, seu coraçã o apertou, alojando-se em sua garganta. — Sim. Vou icar. — Merda. — Hannah respirou. — Estou dividida entre icar feliz e triste. Piper enxugou os olhos, provavelmente espalhando tinta azul por todo o rosto, mas sem se importar nem um pouco. — Juro por Deus, é melhor você me visitar. Sua irmã bufou. — Quem mais vai pagar sua iança quando tudo isso der errado?
Capı́tulo Vinte e Oito As coisas estavam boas demais para ser verdade.
Na á gua, isso geralmente signi icava que Brendan estava perdendo alguma coisa. Que ele se esqueceu de limpar uma linha de combustı́vel ou substituir um guincho enferrujado. Nã o existia uma navegaçã o tranquila em um barco, nã o por muito tempo. E desde que ele viveu sua vida da mesma maneira que ele comandou o Della Ray, ele nã o pode deixar de antecipar uma bomba-reló gio explodindo. Ele tinha essa mulher. Esta mulher ú nica em cem vidas que poderia entrar em uma sala e roubar a porra da respiraçã o dele. Ela era corajosa, doce, inteligente, sedutora, aventureira, gentil, inocente em um momento, travessa em outro. Tã o linda que um sorriso dela poderia fazê -lo sussurrar uma prece. E ela o amava. Mostrou a ele exatamente o quanto de novas maneiras todos os dias - como quando ele a pegou borrifando seu perfume em sua camisa noturna, segurando-a contra o nariz como se pudesse curar todos os males. Ela sussurrava seu amor em seu ouvido todas as manhã s e todas as noites. Ela perguntou a ele sobre pesca e pesquisou no Google para preencher as lacunas, o que Brendan sabia porque ela sempre deixava o navegador do laptop aberto no balcã o da cozinha. Muito bom para ser verdade. Ele estava esquecendo alguma coisa. Uma linha iria se romper. Era difı́cil imaginar algo ruim acontecendo no momento, no entanto, enquanto cozinhava na cozinha com Piper. Com o cabelo preso ao ombro em uma trança solta, ela estava descalça, vestindo calças de ioga e um sué ter apertado, cantarolando entre ele e o fogã o, mexendo distraidamente o molho de macarrã o com uma das mã os. Eles cozinharam trê s noites seguidas, e ele nã o teve coragem de dizer a ela que estava farto de comida italiana, porque ela estava muito orgulhosa de si mesma por ter aprendido a fazer molho. Ele comeria por uma dé cada direto, desde que ela prendesse a respiraçã o para a primeira mordida e aplaudisse quando ele levantasse o polegar. Brendan tinha o queixo no topo da cabeça de Piper, os braços em volta da cintura dela, balançando de um lado para o outro ao som da mú sica que vinha do quarto de Hannah. Nesses momentos de tranquilidade, ele precisava continuamente se conter para nã o pedir uma decisã o. Ela estava voltando para LA para a festa? Ou nã o? Esta festa em sua homenagem o deixou nervoso por vá rios motivos. E se ela fosse para casa e fosse lembrada de todas as razõ es pelas quais ela amava aquele lugar? E se ela decidisse que ser paparicada e reverenciada por milhõ es de pessoas era melhor do que estar com um
pescador que a deixava todas as semanas? Porque, Jesus, isso nã o seria uma porra de exagero. Se ela simplesmente dissesse a ele que Westport era sua casa, ele acreditaria nela. Ele deixou o medo ir embora. Mas todos os dias ele ia e vinha enquanto eles dançavam ao redor da sala. Apesar de sua recusa em pressioná -la, o desconhecido, a falta de um plano, o estava afetando. Ele nunca compararia seu relacionamento com Piper com seu casamento, mas depois do tufã o e da corrida subsequente de Piper para o hospital - sem mencionar as lá grimas que ela derramou em sua cama depois – uma nova ansiedade se enraizou. Coisas ruins acontecem quando eu saio. Quando não estou aqui para fazer nada sobre eles. Ele voltou para casa uma vez para se encontrar como um viú vo. Parecia que foi ontem que ele assustou Piper pra caralho. Enviou-a correndo por uma tempestade perigosa e dirigindo para alcançá -lo em estado de pâ nico. E se ele voltasse para casa da pró xima vez e descobrisse que ela havia partido? Sem uma resposta em relaçã o ao futuro, a viagem iminente assomava de forma ameaçadora, a impaciê ncia o dominava. — Quem cozinha quando você está no Della Ray? — Ela perguntou, inclinando a cabeça para trá s contra o peito dele. Brendan sacudiu seus pensamentos indesejados, tentando ao má ximo estar presente. Para aceitar a perfeiçã o que ela estava dando a ele e ser grato por cada segundo. — Nó s nos revezamos, mas geralmente é Deke, já que ele gosta de fazer isso. Ela suspirou. — Lamento que você nunca seja capaz de gostar de nada tanto quanto gosta do meu molho. — Você tem razã o. — Ele beijou seu pescoço. — Nada jamais se comparará . — Eu terei alguns prontos quando você chegar em casa. Duas porçõ es. — Apenas ique pronta — ele rugiu, correndo um dedo ao longo do có s da calça dela. Piper inclinou a cabeça para trá s e suas bocas se encontraram em um beijo lento que o deixou ansioso para mais tarde, quando poderiam icar a só s na cama. Ansioso por ouvir aqueles soluços de urgê ncia em seus ouvidos. Ansioso para memorizá -los para que pudesse levá -los no barco amanhã . — Brendan? — Sim? Ela reprimiu uma risada. — Quanto tempo você vai comer esse molho antes de admitir que está cansado dele? Vou perder minha aposta com Hannah.
Ele riu tanto que ela deixou cair a colher no molho. — Oh! — Piper tentou pescar o utensı́lio do molho borbulhante com os dedos, mas os arrancou com um grito. — Oh droga! Ai! Sua risada morreu imediatamente, e ele a virou, rapidamente usando um pano de prato para limpar seus dedos queimados e beijá -los. — Você está bem, baby? — Sim — ela engasgou, seu pequeno corpo começando a tremer de tanto rir contra ele. — Acho que perder alguns dedos é o preço de ganhar a aposta. — Eu amo o molho. — Curioso, ele mudou. — Quanto tempo Hannah achou que demoraria… — Admitir que você estava enjoado do meu molho? A eternidade. — E quanto tempo deveria ter levado — Brendan rosnou, chateado consigo mesmo. — Você deveria ter perdido. E você deveria ter assumido que levaria uma eternidade també m. Seus lá bios se contraı́ram. — Eu nã o sou louca. — Ela encostou a bochecha no centro do peito dele. — Eu pude ouvir aquela risada grande e bonita. Sou uma vencedora dupla. — Eu amo o maldito molho — ele resmungou no topo de sua cabeça, decidindo dar voz a outra das preocupaçõ es que o estavam atormentando. — Você vai icar bem quando eu partir amanhã ? — Sim. — Ela olhou para ele com uma ruga entre as sobrancelhas. — Nã o se preocupe comigo quando você estiver lá fora, por favor. Preciso saber que você está focado e seguro. — Eu estou, Piper. — Ele roçou sua bochecha com os nó s dos dedos. — Eu vou estar. Seu corpo relaxou um pouco mais contra ele. — Brendan... — Com o nome dele persistindo no ar, ela pareceu sair de um transe, começando a se afastar dele. — Devı́amos pedir pizza... Ele a impediu de se virar. — O que você ia dizer? Com base na maneira como ela endireitou os ombros, ela estava se lembrando de sua promessa de nã o manter nada preso em sua cabeça. Longe dele. Uma mistura de medo e curiosidade percorreu seu estô mago, mas ele permaneceu em silê ncio. Essa foi boa. O relacionamento entre eles estava icando cada vez mais fá cil, por causa da con iança. — Eu ia perguntar se você queria ilhos algum dia. E eu percebo que parece... como se eu estivesse perguntando se você os quer comigo, o que… — A cor inundou suas bochechas. — De qualquer forma. E que nunca conversamos sobre isso, e as crianças parecem algo que você tem um plano irme sobre... Seu telefone começou a vibrar no balcã o da cozinha. — Deixa.
Piper acenou com a cabeça. O telefone dela estava excepcionalmente ativo desde que eles voltaram de Seattle, o que era outro motivo pelo qual ele estava nervoso. Mas, assim como quando estavam no saguã o do hotel comprando o perfume, o telefone nã o parava de silenciar, vibrando e tilintando no balcã o. — Deixe-me apenas silenciá -lo — ela murmurou, alcançando o dispositivo. Fazendo uma pausa. — Oh. E Daniel. — Seus olhos se arregalaram um pouco, como se ela tivesse acabado de se lembrar de algo. — Eu... eu ligo para ele mais tarde. Brendan nã o queria nada mais do que voltar para a conversa anterior, mas quando ele dissesse a ela que sim, ele queria ilhos, ele nã o precisava que ela se distraı́sse. — Tudo bem. Responda. Ela balançou a cabeça vigorosamente e colocou o telefone no modo silencioso, mas a falta de irmeza em suas mã os o fez escorregar. Quando ela o pegou, a ponta de seu dedo apertou o botã o de resposta por engano. — Piper? — Veio uma voz de homem pelo viva-voz. — Daniel — ela engasgou, segurando o telefone desajeitadamente entre o peito e o de Brendan. — Ei. Oi! — Oi, Piper — ele disse formalmente. — Antes de reservar este voo, só quero ter certeza de que a grande inauguraçã o ainda vai acontecer. Você nã o é exatamente famosa por sua con iabilidade. Brendan enrijeceu, o alarme e a traiçã o gelaram seu sangue. Aqui estava. A outra fachada caindo. Piper fechou os olhos. — Sim — ela disse calmamente. — Ainda vai acontecer. As seis horas. — Isso vai servir, entã o — seu padrasto respondeu rapidamente. — Tem um vô o que chega poucas horas antes. Posso trazer alguma coisa de casa para você ? — Só você — disse ela com brilho falso. Daniel cantarolou. — Muito bem. Tenho que correr. Sua mã e manda lembranças. — O mesmo para ela. Tchau. Quando ela desligou o telefone, ela nã o olhou para ele. E talvez isso fosse uma coisa boa, porque ele estava sem fô lego para esconder qualquer medo e ansiedade que tomavam conta de seu sistema. — Daniel está vindo. — Ele engoliu as unhas na garganta. — Você ainda está pensando em impressioná -lo com o bar. Entã o ele vai deixar você voltar para Los Angeles mais cedo. — Nó s vamos... — Ela enroscou dedos instá veis no cabelo. — Esse era o plano original, sim. E entã o tudo começou a andar tã o rá pido conosco… e eu esqueci. Eu apenas esqueci.
— Você esqueceu? — A voz de Brendan estava monó tona, a raiva ganhando vida em seu peito. Raiva e medo, o medo de que ela desaparecesse. Droga. Justamente quando ele pensava que eles estavam sendo honestos um com o outro. — Nã o temos feito nada alé m de trabalhar no Cross e Filhas na ú ltima semana, e o motivo pelo qual você começou a renová -lo em primeiro lugar passou despercebido? Você espera que eu acredite nisso? — Sim — ela sussurrou, estendendo a mã o em direçã o a ele. Brendan saiu de seu alcance, lamentando imediatamente a açã o quando ela se encolheu e largou a mã o. Mas ele estava muito preocupado e cheio de buracos para se desculpar e chegar até ela. Seus braços estavam pesados de qualquer maneira. Impossı́vel levantar. — Você nã o manteve a visita de Daniel como um plano B? Sua cor se aprofundou, falando alto. — Bem, eu f- iz, mas isso foi… Sua risada era sem humor. — E sua amiga Kirby? Você disse a ela que nã o planeja voar para LA para a festa? A boca de Piper se formou em uma linha reta. — Nã o, eu acho que nã o — ele murmurou, um objeto pontiagudo atravessando suas costelas. — Você tem todos os tipos de planos B, nã o é , Piper? — Eu nã o ia — ela ofegou, abraçando sua cintura. — Brendan, pare de ser assim. Mas ele já nã o a ouvia. Alé m de tudo, menos resistir à s ondas violentas. Tentando evitar que todo o navio fosse sugado pelo redemoinho. Era isso. Esta foi a tempestade que ele sentiu chegando. Sentiu na porra de seus ossos. Ele realmente teve uma chance com Piper, ou ele foi um delirante idiota? — Jesus, o que diabos há de errado comigo? — Disse ele, virando-se e saindo da cozinha. — Você nunca iria icar, nã o é ? Piper correu atrá s dele. — Meu Deus. Você poderia apenas parar e me ouvir? As pernas de Brendan subiram as escadas de dois em dois, sem ver nada à sua frente. Apenas ligando o piloto automá tico. — Eu estava bem aqui, pronto para ouvir o tempo todo, Piper. Ela seguiu. — Você nã o está sendo justo! Tudo é novo para mim. Esta cidade. Estar em um relacionamento. Eu estou... Me desculpe por ter demorado mais do que deveria para abrir mã o de tudo, mas abrir mã o de tudo é pedir muito. — Eu sei disso, droga. Eu sei. Mas se você nem mesmo estava considerando isso, nós, você nã o deveria ter me amarrado como um de seus seguidores quando estava apenas planejando sua saı́da nas minhas costas.
Chegando ao quarto, ele olhou por cima do ombro para encontrá -la parecendo abatida. E seu estô mago afundou, seu coraçã o protestando contra tudo e qualquer coisa, mas fazendo-a feliz. Acalmando ela. Mantendo-a em seus braços o tempo todo. O que diabos havia de errado com ele? Ele se odiava pelas lá grimas nos olhos dela, pela insegurança em sua postura. Deus, ele se odiava. Mas o medo de perdê -la estava vencendo o bom senso. Acima de seu instinto de confortar Piper, dizer a ela que ele a amava mil vezes. Isso o fez icar com raiva, para se proteger de ser estripado como um peixe. — Olha, Piper — ele disse irregularmente, puxando sua mochila de giná stica debaixo da cama. — Você só precisa pensar sobre o que você realmente quer. Talvez você nã o possa fazer isso quando estou constantemente na sua cara. — Brendan. — Ela parecia em pâ nico. — Pare! Você está sendo ridı́culo. Eu nã o iria embora. Guarde a bolsa. Guarde isso. Suas mã os tremiam com a necessidade de fazer o que ela implorava. — Você nunca me disse que ia icar. Você queria uma saı́da. Um plano B. Quer você pense assim ou nã o. — E uma grande decisã o — ela respirou. — Mas eu estava… — Você tem razã o. E uma grande decisã o. — Ele engoliu o desejo de raiva um pouco mais. Enraivecer-se contra sua possı́vel partida. Enraivecer-se com a possibilidade terrı́vel de voltar para casa da viagem e encontrá -la infeliz. Ou perceber que ela se foi. Ou que estava arrependida. Mas tudo o que ele podia fazer era enfrentá -la de frente e esperar que tivesse feito o su iciente para fazê -la icar. Tudo o que ele podia fazer era torcer para que seu amor fosse su iciente. — Vou passar a noite no barco. — Ele conseguiu dizer, embora sua garganta estivesse se fechando. — Pense no que você quer fazer. Realmente pense. Eu nã o aguento mais essa besteira de vai-ou-nã o-vai, Piper. Eu nã o consigo lidar com isso. Ela icou congelada enquanto ele descia as escadas, passando por Hannah de olhos arregalados. — Estarei no cais pela manhã . — Piper gritou, descendo as escadas, sua expressã o agora determinada – e ele a amou com tanta força naquele momento. Adorei cada camada, cada faceta, cada humor, cada complicaçã o. — Eu já sei o que eu quero, Brendan. Quero você . E estarei no banco do cais para dar um beijo de despedida em você pela manhã . Okay? Você quer sair furioso? Tudo bem. Vá . Eu serei a forte desta vez. Ele nã o conseguiu falar por um momento. — E se você nã o estiver lá de manhã ? Piper estendeu a mã o beligerante. — Entã o é porque voltei ao meu plano B. E isso que você quer que eu diga? Você tem que ser tudo no preto e branco? — E o que eu sou.
— Eu sei e amo quem você é . — O temperamento estalou em seus lindos olhos. — Tudo bem, se eu nã o estiver lá amanhã de manhã , acho que você saberá minha decisã o. Mas eu estarei lá . — Ela piscou vá rias vezes contra a umidade em seus olhos. — Por favor… nã o duvide de mim, Brendan. Nã o você . Tenha fé em mim. Okay? Com o coraçã o na boca, ele se virou para ir embora. Antes que ele alcançasse Piper e esquecesse a discussã o e se perdesse nela. Mas os mesmos problemas existiriam pela manhã e ele precisava resolvê -los de uma vez por todas. Ele precisava que a dú vida desaparecesse. Precisava saber se ele teria uma vida inteira com ela ou uma vida inteira no vazio. A indecisã o o estava comendo vivo. Ele deu uma ú ltima olhada nela atravé s do pá ra-brisa de sua caminhonete antes de recuar para fora da garagem – e quase desligou a igniçã o e saiu. Quase.
Capı́tulo Vinte e Nove Piper foi dormir chateada e acordou pior.
Ela disparou para fora da cama em direçã o à s gavetas da cô moda que Brendan havia designado para ela, pegando um sutiã esportivo preto e uma calça de corrida vermelha (a cor da raiva), junto com algumas meias de cano baixo. Assim que ela concluı́sse uma corrida rá pida e levasse Abe até o museu, ela iria des ilar naquela doca como se fosse uma passarela da semana da moda e beijar a boca estú pida do capitã o. Ela o deixaria duro e ofegante e se sentindo um grande idiota, entã o ela voltaria para casa. Lar. Para a casa de Brendan. Ela desceu as escadas, trazendo uma Hannah sonolenta para fora de seu quarto. — Você já está pronta para conversar? Piper en iou um AirPod no ouvido. — Nã o. Hannah apoiou o quadril no sofá e esperou. — Estou focada em enterrá -lo nos arrependimentos agora. — Parece o inı́cio de um relacionamento saudá vel. — Ele saiu. — Piper caiu de bunda e começou a amarrar seus tê nis de corrida. — Ele nã o deveria ir embora! Ele deveria ser paciente e razoá vel! — Você é a ú nica que tem permissã o para ser irracional? — Sim! — Algo icou preso em sua garganta. — E ele obviamente já está cansado da minha merda. E tudo ladeira abaixo a partir daqui. Eu nem sei por que estou me incomodando em ir para o cais. — Porque você o ama. — Exatamente. Olhe para o que eu me abri. — Ela esticou os laços. — Eu iria reviver sendo abandonada por Adrian mil vezes para evitar que Brendan saı́sse uma vez. Do jeito que ele fez na noite passada. E dói. Hannah se sentou de pernas cruzadas na frente dela. — Acho que isso signi ica que vale a pena lutar um pouco para os bons momentos, nã o é ? — Ela abaixou a cabeça para encontrar os olhos de Piper. — Vamos. Coloque-se no lugar dele. E se ele saiu ontem à noite sem a intençã o de voltar? E isso que ele teme que você faça. — Se ele apenas tivesse ouvido… — Sim, eu sei. Você está nos dizendo que vai icar. Mas, Pipes. Ele é um cara infalı́vel. E você deixou as lacunas. Piper caiu de costas no chã o de madeira. — Eu as teria fechado. Ele deveria ser compreensivo comigo. — Sim, mas você tem que ser compreensiva com ele també m. — Hannah riu, deitou-se ao lado da irmã . — Piper, o homem olha para
você assim... ele está cheio de rachaduras e você é a cola. Ele só queria te dar um pouco de espaço, sabe? E uma grande decisã o que você está tomando. — Ela se virou de lado. — E també m, vamos levar em conta o fato de que ele é um homem e há coragem, orgulho e testosterona na mistura. E uma mistura mortal. — Verdade. — Piper respirou fundo e soltou o ar. — Mesmo que o perdoe, ainda posso marchar até lá como uma vadia vingativa e fazê -lo lamentar? — Eu icaria desapontada se você nã o o izesse. — Okay. — Piper se sentou e icou de pé , ajudando Hannah a se levantar depois. — Obrigada pela conversa, ó sá bia. Promete que posso ligar para você a qualquer hora que quiser por seu sá bio conselho? — A qualquer momento. Piper partiu para sua corrida com tempo mais do que su iciente para acompanhar Abe até o museu e descer até o cais para desejar boa viagem a Brendan. Ainda assim, ela estava ansiosa para ver Brendan e assegurar a ambos que eles eram só lidos, entã o ela estabeleceu um ritmo rá pido. Abe estava esperando em seu lugar habitual fora da loja de ferragens quando ela chegou, o jornal enrolado debaixo do braço. Ele acenou calorosamente quando ela se aproximou. — Bom dia, Srta. Piper. — Bom dia, Abe — ela disse, diminuindo a velocidade até parar ao lado dele. — Como você está hoje? — Bem como se pode esperar. Eles caı́ram em um ritmo fá cil, e Piper ergueu o rosto para o cé u, grata pelo tempo calmo, a falta de nuvens de tempestade. — Eu queria dizer a você que vamos dar uma grande festa de inauguraçã o no Cross e Filhas no Dia do Trabalho. Ele ergueu uma sobrancelha branca. — Cross e Filhas? E assim que você decidiu chamá -lo? — Sim. — Ela olhou para ele. — O que você acha? — Eu acho que é perfeito. Uma junçã o do novo e o velho. — Isso é o que eu pensei… — O dedã o do pé de Abe se prendeu em uma rachadura irregular na calçada, e ele caiu. Com tudo. Piper tentou agarrá -lo, mas era tarde demais e sua tê mpora caiu na calçada com um baque agourento. — Meu Deus! Abe! — O repentino e rá pido disparo da pulsaçã o de Piper dobrou seus joelhos, e ela caiu para o chã o ao lado dele, as mã os tremulando sobre sua forma deitada, sem ideia do que fazer. — Ai Jesus. Jesus. Você está bem? — Ela já estava pegando seu telefone com as mã os trê mulas. — Vou chamar uma ambulâ ncia e depois vou chamar seus ilhos. Vai dar tudo certo. Sua mã o surgiu e a impediu de discar. — Sem ambulâ ncia — ele disse fracamente. — Nã o é tã o ruim assim.
Ela se inclinou e viu o sangue escorrendo de sua tê mpora. Foi muito? Demais? — Eu… Você tem certeza? Eu realmente acho que deveria. — Ajude-me a sentar. — Ela o fez, com cuidado, engolindo em seco quando o sangue desceu para o pescoço dele. — Só ligue para os meus ilhos. Sem ambulâ ncia, garota. Por favor. Nã o quero assustar a todos sendo levado para o hospital. Meu telefone está no meu bolso. Ligue para Todd. — Tudo bem — ela conseguiu dizer, percorrendo seu telefone. — Okay. No momento em que Piper puxou o contato e apertou o botã o, uma mulher saiu correndo de uma loja com um punhado de toalhas de papel amassadas para Abe pressionar em seu ferimento. Ele ainda falava em frases completas e seus olhos estavam claros, o que devia ser uma coisa boa, certo? Oh Deus, por favor, não deixe nada acontecer a este doce homem. Todd atendeu no quarto toque, mas ele estava na escola deixando seus ilhos e nã o poderia estar lá por quinze minutos e tal... foi entã o que Piper percebeu que perderia a partida do Della Ray. Estava programado para sair há dois minutos. Seu batimento cardı́aco bateu em seus tı́mpanos e seus movimentos tornaram-se lentos. Brendan nã o iria embora, no entanto. Ele iria esperar por ela. Ele saberia que ela estava vindo. E se ela nã o aparecesse, ela tinha que acreditar que ele viria procurá -la. Mas ela nã o podia deixar Abe. Ela nã o conseguiu. Ela tinha que ter certeza de que ele icaria bem. Ela ligou para Brendan, mas foi direto para a caixa postal. Duas vezes. Na terceira vez que ela ligou, a linha foi desconectada. Com os dedos instá veis, ela escreveu uma mensagem de texto, seu pâ nico aumentando quando ele nã o respondeu imediatamente. Deus, isso nã o poderia estar acontecendo. Ela descobriu cedo o quã o terrı́vel era a recepçã o de celular em certas partes de Westport, especialmente no porto, mas a tecnologia nã o poderia estar falhando tã o completamente agora. Nã o quando era tã o crucial. Todd nã o chegou lá em quinze minutos. Demorou vinte. Nesse momento, eles colocaram Abe de pé e o moveram para um banco. Ele parecia cansado e um pouco envergonhado com a queda, entã o ela contou a ele sobre a vez que tentou deslizar em um poste de stripper depois de seis doses de tequila e acabou com uma torçã o no pulso. Isso o fez rir, pelo menos. Todd chegou em sua caminhonete parecendo preocupado, e Piper ajudou Abe a entrar no lado do passageiro, maços de toalhas de papel amassados pressionados contra o peito. Ela o fez prometer que ligaria para ela mais tarde, e eles foram embora, desaparecendo na esquina do quarteirã o. Piper estava quase com medo de olhar para o telefone, mas reuniu coragem e veri icou a hora. Oh, Deus. Meia hora. Meia hora de atraso.
Ela começou a correr. Ela correu o mais rá pido que seus pé s puderam levá -la em direçã o ao porto, tentando se apegar à fé . Tentando ignorar a voz sussurrando no fundo de sua cabeça que Brendan mantinha uma agenda apertada. Ou que ele desistiu dela. Por favor, por favor, não deixe que seja esse o caso. Na Westhaven Drive, ela virou à direita e quase derrubou o quadro de pratos de um restaurante na calçada. Mas ela continuou correndo. Continuou até ver o Della Ray à distâ ncia, viajando para o mar, deixando um rastro branco e selvagem na á gua, e ela parou como se tivesse batido em uma parede invisı́vel. Um zumbido ensurdecedor começou em seus ouvidos. Ele foi embora. Ele se foi. Ela tinha sentido falta dele e agora… Brendan pensou que ela tinha escolhido LA. Um grande soluço de soluços cresceu em seu peito. Seus pé s a levaram em direçã o à s docas, embora fosse inú til agora. Ela só queria chegar lá . Fazer isso era tudo o que ela podia fazer, mesmo que ela nã o tivesse nada para encontrar lá . Sem beijos. Sem garantias. Sem Brendan. Seus olhos estavam transbordando de lá grimas quando ela alcançou o deslizamento do Della Ray, seus arredores tã o embaçados que ela quase nã o percebeu as outras mulheres paradas ao redor, obviamente recé m-acenando para fora do barco. Ela reconheceu vagamente a esposa de Sanders desde a primeira noite em que ela e Hannah entraram no Sem Nome. A idade de outra mulher indicava que ela era mã e de um dos membros da tripulaçã o, em vez de uma pessoa importante. Piper queria cumprimentá -los de alguma forma, mas suas mã os estavam pesadas ao lado do corpo, suas cordas vocais atro iadas. — E Piper, certo? — A esposa de Sanders se aproximou, mas recuou um pouco quando viu as lá grimas escorrendo pelo rosto entorpecido de Piper. — Oh. Querida, nã o. Você vai ter que ser muito mais resistente do que isso. A mulher mais velha riu. — Que bom que você nã o apareceu aqui com aquela cara, fazendo seu homem se sentir culpado. — Ela passou por cima de uma corda e dirigiu-se para a rua. — Homens distraı́dos cometem erros. — Ela está certa — a esposa de Sanders disse, ainda parecendo desconfortá vel em torno da cachoeira constante de lá grimas de Piper. O barco era apenas um ponto agora. — Especialmente se você vai icar com o capitã o. Você precisa ser con iante. Forte. Eles nã o gostam de admitir, mas muito de sua con iança vem de nó s. Mandá -los embora nã o é uma coisa fá cil de fazer, semana apó s semana, mas fazemos o que é necessá rio, nã o é ?
Piper nã o sabia quanto tempo ela icou parada olhando para a á gua, observando uma bó ia balançar no balanço das ondas, o vento secando as lá grimas em seu rosto e a deixando rı́gida. Pescadores a contornavam, guiando os turistas até seus barcos, mas ela nã o conseguia fazer os pé s se moverem. Havia uma dor vazia em seu estô mago que parecia uma coisa viva, a dor se espalhando até que ela teve medo de engoli-la inteira. Mas nã o era o im do mundo, certo? — Nã o é — ela sussurrou para si mesma. — Ele voltará . Você vai explicar. Piper encheu os pulmõ es lentamente e saiu da doca com as pernas doloridas, ignorando os olhares questionadores das pessoas pelas quais passava. Certo, tudo bem. Ela havia perdido o barco. Isso é pé ssimo. Muito, muito ruim. Ficava doente pensar que ele estaria supondo que o relacionamento entre eles havia acabado por dois dias. Mas nã o acabou. E se ela tivesse que gritar e implorar quando Brendan chegasse em casa, ela o faria. Ele ouviria. Ele entenderia, nã o é ? Ela acabou do lado de fora do Cross e Filhas, mas nã o se lembrava de nenhuma parte da caminhada. Doeu estar lá quando tanto de Brendan enchia o espaço. Sua pé rgula. O lustre que ele pendurou. Seu cheiro. Ainda estava lá desde o dia anterior. A pressã o encheu sua garganta novamente, mas ela engoliu com determinaçã o. Ela teve que ligar para os distribuidores e con irmar as entregas para a grande inauguraçã o de segunda-feira. Ela nem tinha uma roupa ainda, e entã o havia o encontro esta tarde com Patty e Val. Para ajudar a planejar a festa. Ela nã o estava disposta a exatamente nada disso, mas ela seguiria em frente. Ela poderia sobreviver nos pró ximos dois dias. Seu coraçã o simplesmente teria que lidar. Naquela tarde, Piper e Hannah encontraram Patty e Val no Blow the Man Down, e elas dividiram as responsabilidades. Hannah era, é claro, a DJ e já tinha uma trilha sonora de inal de verã o pronta para começar. Patty se ofereceu para trazer cupcakes de fogos de artifı́cio e Val sugeriu rifar prê mios de fornecedores locais. A maior parte do dia eles bebiam e conversavam sobre maquiagem, e isso ajudou a amortecer algumas das maiores ansiedades de Piper de que Brendan estivesse perdido para ela. Que ele já havia desistido. Tenha fé. Tenha fé. *** Era meio-dia no Dia do Trabalho quando Daniel ligou para cancelar. Piper estava ocupada abastecendo as latas atrá s do bar com gelo, entã o Hannah atendeu o telefone – e um olhar para o rosto de sua irmã
disse a Piper tudo que ela precisava saber. Hannah colocou a chamada no viva-voz e Piper ouviu com as mã os imó veis no gelo. — Meninas, eu nã o posso ir. Eu sinto muito. Estamos tendo alguns problemas de elenco de ú ltima hora e tenho que voar para Nova York para um encontro cara a cara com um representante de talentos e seu cliente. Piper deveria estar acostumada com isso. Deveria ter sido preparado para seu padrasto desistir no ú ltimo segundo possı́vel. Em seu ramo de trabalho, sempre havia voos para Nova York, Miami ou Londres na dé cima primeira hora. Até aquele momento, ela nã o tinha percebido o quanto estava ansiosa para mostrar a Daniel o que elas haviam conquistado com o Cross e Filhas. Para o bem ou para o mal, Daniel foi o homem que a criou, dando-lhe tudo. Ela só queria mostrar a ele que nã o foi à toa. Que ela poderia criar algo que valesse a pena se tivesse a oportunidade. Mas ela nã o teria essa chance agora. Depois que Brendan saiu sem se despedir, o cancelamento de seu padrasto foi outro golpe no meio. Nenhum deles acreditava nela. Ou tinha alguma fé . Ela tinha fé em si mesma, no entanto. Nã o foi ela? Mesmo que estivesse começando a se desgastar e se desfazer quanto mais perto chegava do momento da inauguraçã o. Mas Brendan estaria de volta esta noite e a certeza disso a acalmou. Talvez ele voltasse zangado ou desapontado com ela, mas estaria de volta em terra irme e ela lutaria para fazê -lo ouvir. Ela continuaria lutando até que sua crença nela voltasse. Esse plano ajudou a centrar Piper, e ela trabalhou, estocando cerveja e arrumando bases para copos, guardanapos, canudos, cerveja e rodelas de laranja para a cerveja de trigo. Ela e Hannah izeram uma limpeza de ú ltima hora e penduraram o banner de inauguraçã o que pintaram na noite anterior do lado de fora. E entã o elas pararam no centro do bar e observaram o que elas izeram, ambos meio que estupefatos com a transformaçã o. Quando elas chegaram, há mais de um mê s, o lugar nã o era nada alé m de coelhos de poeira e barris. Ainda era uma espé cie de bar, mas inferno se agora nã o era chique e muito mais acolhedor. Pelo menos para elas. Mas já eram seis e meia, e ningué m havia passado pela porta do Cross e Filhas. Hannah se sentou na cabine do DJ mexendo em seu mix de verã o, e Piper icou atrá s do bar torcendo as mã os e veri icando obsessivamente a hora em seu telefone. Ela tinha nove novas mensagens de Kirby, todas desde esta manhã , exigindo que ela colocasse sua bunda em um aviã o de volta para Los Angeles. Piper havia deixado o convite pendurado por muito tempo, e agora ela nã o sabia como recusar a festa. E sob coação, ela podia admitir… ela deu uma espiada em alguns dos e-mails de Kirby detalhando a lista de convidados e as opçõ es de vestidos de grife.
Se ela fosse, escolheria a Monique Lhuillier preta com decote profundo. Ela realmente precisava avisar Kirby que nã o poderia ir amanhã à noite, mas por algum motivo, Piper nã o teve coragem de enviar a mensagem. Para cortar o laço inal quando ela ainda estava tã o abalada com a saı́da de Brendan. Por ter aquela presença está vel e con iá vel arrancada quando ela mais precisava. E a coisa sobre as festas de LA, se ela nã o aparecesse, ningué m realmente se importaria. Haveria cinco minutos de especulaçã o e alguma decepçã o passageira antes que todos voltassem a fazer carreiras e beber vodca. Ainda assim, ela enviaria a mensagem em breve. Piper estava usando um dos pares de jeans que Brendan comprou para ela. Quanto mais tempo se arrastava sem um ú nico cliente, mas Piper se sentia como uma impostora no jeans macio, tã o diferente de seus vestidos ou saias usuais. Sete horas vieram e se foram. Sete e meia. Patty e Val ainda nã o estavam lá . Nada de Abe ou Opal. Sem Brendan. Ela ignorou os olhares preocupados que Hannah continuava mandando da cabine do DJ, seu estô mago começando a afundar. Os habitantes locais gostavam do Sem Nome. Eles nã o queriam este lugar enfeitado por duas estranhas. Esta foi a sua maneira de fazer com que as irmã s soubessem disso. Finalmente, pouco antes das oito horas, a porta se abriu com um rangido. Mick entrou com um sorriso hesitante no rosto. As palmas das mã os de Piper começaram a suar com a apariçã o do pai de Desiree. A ú ltima vez que ela o viu foi no hospital, logo depois que ela esteve com Brendan pela primeira vez. Antes disso, ela havia invadido o jantar em memó ria de sua ilha. Eles podem ter começado com o pé direito, mas aquela base nã o era mais tã o só lida. Havia algo na maneira como ele a olhava, mesmo agora, que a julgava e achava que ela era incapaz. Ou, em todo caso, por ela nã o ser a sua ilha. Com Mick caminhando em sua direçã o para se sentar no bar, o estô mago de Piper começou a se agitar. Brendan havia obliterado suas inseguranças sobre Desiree, mas agora, de pé no bar dolorosamente vazio, elas voltaram, fazendo sua nuca icar quente. A falta de clientes era um julgamento. O olhar de Mick era um julgamento. E ela nã o estava passando. — Olá . — Mick murmurou, mudando de posiçã o em seu banquinho. — Acho que estou adiantado. Era uma mentira para seu benefı́cio, e a generosidade disso fez Piper relaxar um pouco. Momentaneamente, pelo menos. — Você gostaria de uma cerveja, Mick? — Claro que sim. Bud, se tiver.
— Oh, temos alguns cervejas locais. — Ela acenou com a cabeça para o quadro-negro montado no alto. — Aqui está a lista. Se você é um bebedor de Bud, eu recomendo o… Ele riu nervosamente, como se oprimido pela lista de cinco cervejas, suas descriçõ es cuidadosamente escritas à mã o por Hannah. — Oh. Eu… Vou icar sentado um pouco, entã o. — Ele se virou em seu banquinho e examinou o bar. — Parece que nã o há muito interesse em mudanças chamativas por aqui. Um peso afundou na barriga de Piper. Ele nã o estava falando apenas sobre o Cross e Filhas, isso estava claro. Sua ilha era velha. Ela era a nova. A substituta que deixava a desejar. Westport era pequena. A essa altura, Mick provavelmente já tinha ouvido falar de Piper chorando como um bebê nas docas, observando o Della Ray desaparecer no horizonte. E agora isso. Agora ningué m havia chegado à grande inauguraçã o e ela estava lá como uma idiota certi icada. Ela tinha sido uma idiota. Nã o apenas por acreditar que ela poderia conquistar a todos neste lugar tã o unido, transformando o bar, mas por acreditar que seu padrasto daria a mı́nima. Ela tinha sido uma idiota em esconder coisas importantes de Brendan, fossem ou nã o as omissõ es intencionais, e ele perdeu a fé nela. Perdeu a con iança. Eu não pertenço a este lugar. Eu jamais pertencerei. Brendan nã o viria esta noite. Ningué m viria. O Cross e Filhas estava vazio e oco, e ela se sentia da mesma maneira, parada ali sobre duas pernas trê mulas, apenas querendo desaparecer. O universo estava enviando a ela uma mensagem alta e clara. Piper estremeceu quando Mick colocou a mã o em cima da dela, acariciando-a. — Agora, Piper… — Ele suspirou, parecendo genuinamente simpá tico. — Nã o vá se sentindo mal ou algo assim. E um lugar difı́cil de quebrar. Você tem que ser forte para se manter à tona. Palavras da esposa de Sanders voltaram. Oh. Querida, não. Você vai ter que ser muito mais duro do que isso. Em seguida, sua primeira conversa com Mick. As esposas dos pescadores são de origem di ícil. Eles têm nervos de aço. Minha esposa os tem, os passou para minha ilha, Desiree. Ela pensou em quando tombou com Brendan no mercado em sua primeira manhã em Westport. Você não entenderia o caráter necessário para fazer este lugar funcionar. A persistência. Em seu coraçã o, ela sabia que sua mente havia mudado desde entã o, mas talvez ele estivesse certo. Talvez ela nã o soubesse como fazer qualquer coisa durar. Nã o é um relacionamento, nã o é um bar, nada. O legado de Henry Cross nã o
pertencia a ela, pertencia a esta cidade. Que ridı́culo da parte dela se precipitar e tentar reivindicá -lo. Mick deu um tapinha na mã o dela novamente, parecendo um pouco preocupado com o que viu em sua expressã o. — E melhor eu ir — disse ele rapidamente. — Boa sorte, Piper. Piper olhou para a madeira luminosa do bar, passando o pano sobre ela uma e outra vez, com o pretexto de limpar, mas ela parou quando Hannah circulou uma mã o em torno de seu pulso. — Você está bem, Pipes? As pessoas provavelmente erraram na hora. — Eles nã o erraram. Sua irmã franziu a testa e se inclinou sobre o bar para estudar o rosto de Piper. — Ei… você não está bem. — Estou bem. — Nã o, você nã o está . — Hannah argumentou. — Seu brilho Piper se foi. Ela riu sem humor. — Meu o quê ? — Seu brilho Piper — repetiu sua irmã , parecendo cada vez mais preocupada. — Você sempre o tem, nã o importa o que aconteça. Mesmo quando você foi presa ou Daniel estava sendo um idiota, você sempre tem esse tipo de otimismo iluminando você . Brilho. Mas agora se foi e nã o gosto disso. O que Mick disse para você ? Piper fechou os olhos. — Quem se importa? Hannah bufou um som com a resposta incomum de Piper. — O que vai fazer você se sentir melhor agora? Diga-me o que é e faremos. Eu nã o gosto de ver você assim. Brendan atravessar a porta e puxá -la para a estaçã o de recarga curaria muitos males, mas isso nã o iria acontecer. Ela podia sentir isso. Ela estragou muito ao manter as redes de segurança no lugar sem contar a Brendan. O quanto ela o machucou ao fazer isso. O su iciente para que até o homem mais irme da terra tivesse chegado ao im de sua paciê ncia com ela. — Nã o sei. Deus, eu só quero piscar e estar a um milhã o de quilô metros de distâ ncia. Mais do que isso, ela queria se sentir como antes. A velha Piper pode ter falhado nesse quesito, mas ela estava feliz, certo? Quando as pessoas julgavam a velha Piper, era do outro lado da tela do iPhone, nã o em seu rosto. Ela nã o teve que tentar e falhar, porque ela nunca tentou em primeiro lugar, e Deus, tinha sido fá cil. Só entã o, ela queria escorregar de volta para essa identidade e cair fora, para que ela nã o tivesse que sentir essa decepçã o desconfortá vel consigo mesma. Nã o teria que reconhecer a prova de que ela nã o era durona. Nã o era capaz. Nã o pertencia. Seu telefone tocou no bar. Outra mensagem de Kirby.
Piper abriu a mensagem e suspirou sobre as bombas peep-toe Tom Ford em sua tela. Branco com correntes de ouro para servir de tira de tornozelo. Kirby estava jogando duro agora. Colocando aqueles sapatos e um vestido matador e entrar em um mar de estranhos tirando fotos seria como tomar um analgé sico agora. Ela nã o teria que sentir nada. — Vá para casa, Pipes. Ela ergueu os olhos bruscamente. — O quê ? Hannah parecia estar lutando com algo. — Você sabe que eu acho que seus amigos de LA sã o falsos e você é boa demais para eles, certo? — Ela suspirou. — Mas talvez você precise ir à festa de Kirby. Eu posso ver que você quer. Piper largou o telefone com irmeza. — Nã o. Depois de todo esse trabalho? Nã o. — Você sempre pode voltar. Ela voltaria, entretanto? Depois de voltar para aquela né voa de dança, sel ies e dormir até o meio-dia, seria realista que ela voltasse a Westport e enfrentasse suas de iciê ncias? Especialmente se ela ganhasse dinheiro su iciente com patrocı́nios amanhã à noite para tirá la do bolso de Daniel? — Eu nã o posso. Eu simplesmente nã o posso… Mas por que ela nã o poderia? Olhe em volta. O que a estava impedindo? — Nó s vamos... — Um tremor de excitaçã o percorreu suas pontas dos dedos. — Você virá comigo, certo Hanns? Se eu nã o estiver aqui, você també m nã o precisa estar. Sua irmã balançou a cabeça. — Shauna me pediu para abrir a loja de discos amanhã e quartafeira. Posso pedir a ela para encontrar um substituto, mas até entã o, eu tenho que icar por aqui. — Hannah estendeu a mã o e segurou os lados do rosto de Piper com as mã os. — Só estarei alguns dias atrá s de você . Vá . E como se você tivesse um latline e eu odeio isso. — Ir agora? Mas… — Ela gesticulou fracamente. — O bar. Fizemos isso por Henry. Hannah encolheu os ombros. — Henry Cross pertence a este lugar. Talvez devolvê -lo a eles fosse o que ele gostaria. Foi o espı́rito por trá s disso que contou, Piper. Estou orgulhoso de nó s, nã o importa o que aconteça. — Ela examinou a ila de bancos vazios. — E eu acho que posso lidar com o resto dessa mudança sozinha. Envie a mensagem para Kirby. Diga a ela que você está indo. — Hannah, tem certeza? Eu realmente nã o gosto de deixar você aqui. Sua irmã bufou. — Pare com isso. Estou bem. Vou dormir na casa de Shauna se isso te faz sentir melhor.
A respiraçã o de Piper começou a icar mais rá pida. — Estou realmente fazendo isso? — Vá . — Hannah ordenou, apontando para a escada. — Vou chamar um Uber para você . Nossa, isso estava realmente acontecendo. Ela estava deixando Westport. Voltando a algo que ela poderia fazer e fazer bem. Fá cil. Muito fá cil. Evite esse desespero e decepçã o. Apenas vá e nunca olhe para trá s. Esqueça este lugar que nã o a queria e o homem que nã o con iava nela. Ignorando a imagem clara e amada de Brendan em sua cabeça, sua voz profunda dizendo a ela para icar, Piper correu escada acima e começou a en iar seus pertences nas malas.
Capı́tulo Trinta Brendan estava no convé s do Della Ray, olhando na direçã o de
Westport. A direçã o que eles estavam indo agora. Ele nã o viu nada alé m da á gua aparentemente interminá vel à sua frente. Nã o viu nenhum dos homens puxando cabos e consertando iscas ao redor dele, o barulho baixo do Black Sabbath vindo dos alto-falantes da casa do leme. Ele estava trancado em um estado sedado desde a manhã de sá bado, quando eles deixaram o porto. Ela não apareceu. Ele deu a Piper tempo para pensar, e ela percebeu que estar com ele exigia muito sacrifı́cio, e ela tomou sua decisã o. Ele sabia que era bom demais para ser real. Que ela desistiria de tudo, de toda a sua vida, só por ele. Sua jugular doı́a por apoiar o coraçã o. E onde estava agora, a cada minuto do dia; ter Piper em sua vida tinha sido dolorosamente doce. Muito melhor do que ele sabia que a vida poderia ser. Só nã o tinha ido para os dois lados. Mais de uma dé cada como pescador e ele nunca tinha enjoado, mas seu estô mago agora agitava-se ameaçadoramente. Ele foi capaz de se distrair do golpe devastador, a memó ria do cais vazio, nos ú ltimos dois dias, empurrando os homens e a si mesmo com força, debruçado sobre mapas digitais e até mesmo trabalhando na sala de má quinas enquanto Fox cuidava da casa do leme. Se ele parasse de se mover ou de pensar, lá estava ela, e Jesus, ele a perdeu. Nã o. Ele nunca ganhou o direito de tê -la em primeiro lugar. Esse era o problema. Era segunda-feira à tarde. Dia de trabalho. Piper estaria se preparando para abrir o bar. Ela ainda o esperava lá ? Ou ela presumiria que ele icaria longe agora que ela decidiu seguir em frente? Para alavancar o novo bar em uma viagem para casa. Se ele aparecesse no Cross e Filhas, poderia estar no caminho dela. Ela pode nã o o querer lá . Brendan cravou os nó s dos dedos indicadores em ambos os olhos, imagens de Piper massacrando-o. Piper toda bagunçada pela manhã e mal-humorada. Perdido com seus pensamentos em Piper. Ela segurando uma frigideira em chamas, chorando por ele no hospital, gemendo em seu travesseiro. Piper. Cada encarnaçã o dela era uma facada no peito, até que ele jurou que ir ao mar e afundar na porra do oceano gelado parecia preferı́vel a viver com as memó rias... e nã o tê -la realmente. Mas ela fez a coisa certa por si mesma. Nã o foi? Ele nã o tinha que respeitar isso? Respeitar que esta mulher que ele queria como esposa estava indo embora?
Jesus Cristo. Ele poderia nunca mais tê -la. Uma garoa começou, mas ele nã o fez nenhum movimento para entrar para pegar sua capa impermeá vel. Ficar encharcado e morrer de pneumonia parecia um plano muito bom no momento. Um momento depois, poré m, Sanders passou e entregou a capa de chuva para Brendan. Simplesmente para ter alguma coisa para fazer com as mã os, ele a vestiu e colocou as duas mã os nos bolsos. Algo brilhante escorregou entre seus dedos. Ele o puxou – e lá estava Piper sorrindo para ele. Uma foto deles. Um que ele nã o sabia que ela havia tirado. Ela tirou uma sel ie nas costas dele enquanto ele a segurava na estaçã o de recarga. E seus olhos estavam sonolentos e felizes. Feliz. Apaixonado. Como um machado dividindo sua jugular ao meio, Brendan virou a foto e viu que ela havia escrito uma mensagem feminina maluca. Para sua cama, capitão. Volte para mim com segurança. Eu te amo muito, Piper. O vento havia sido tirado dele. Uma onda balançou o barco e ele mal conseguiu fazer suas pernas compensarem. Todo o poder funcional abandonou seu corpo, porque seu coraçã o precisava de tudo para bater tã o furiosamente. Ele fechou os olhos e agarrou a imagem contra o peito, sua mente vasculhando um milhã o de memó rias de Piper para encontrar uma dela em pé em sua porta. A ú ltima vez que ele a viu. Por favor... não duvide de mim, Brendan. Não você. Tenha fé em mim. Okay? Mas ele nã o fez exatamente isso ao partir? Ele a deixou. Depois de exigir uma e outra vez que ela desse um salto de fé , ele saiu e arruinou sua tê nue con iança. Pelo amor de Deus, ela só estava na cidade há tipo? Cinco semanas? O que ele poderia exigir dela? Tudo, é isso. Ele exigiu tudo – e isso nã o foi justo. Entã o ela manteve algumas redes de segurança. Bom. Como o homem que a amava, isso é exatamente o que ele deveria ter encorajado. A segurança de Piper. O que diabos ele fez em vez disso? Puni-la por isso. Nã o admira que ela nã o tenha aparecido no cais. Ele nã o merecia vê la ali, muito menos icar ali orando para que ela aparecesse, implorando a Deus para fazê -la aparecer, quando agora ele percebeu muito bem… que ela não deveria ter vindo. E agora, quando era tarde demais, a soluçã o ó bvia para mantê -la, para merecê -la, caiu sobre ele como um meteoro. Ela nã o teve que desistir de tudo. Ele a amava o su iciente para encontrar soluçõ es. Isso é o que ele fez. Nã o havia inconveniente ou obstá culo que ele nã o
enfrentaria se isso signi icasse tê -la em sua vida, entã o ele os enfrentaria. Ele se adaptaria, como Piper fez. — Eu cometi um erro — ele murmurou, o arame farpado envolvendo seu coraçã o e puxando tenso. — Jesus, cometi um erro de merda. Mas se houvesse uma chance de que ele pudesse consertar, ele se apegaria a essa esperança. Caso contrá rio, ele icaria louco. Brendan girou nos calcanhares e correu para a casa do leme, apenas para descobrir que Fox parecia preocupado enquanto falava com a guarda costeira pelo rá dio. — O que foi? Fox encerrou a transmissã o e colocou o rá dio de volta no lugar. — Nada muito ruim. Eles estã o apenas nos aconselhando a ajustar nossa rota para o sul. A sonda de perfuraçã o pegou fogo cerca de seis milhas à frente e há alguma visibilidade ruim, mas isso só deve nos atrasar cerca de duas horas. Duas horas. Brendan veri icou a hora. Eram quatro horas. Originalmente, eles estavam programados para voltar à s seis e meia. Quando o barco foi descarregado e eles levaram o peixe ao mercado, ele estava olhando para as malditas dez ou onze horas antes de chegar no Cross e Filhas. Agora, alé m de sua merda indesculpá vel, ele iria quebrar sua promessa de estar na grande inauguraçã o. A impotê ncia arranhou o interior da garganta de Brendan. Ele olhou para a foto de Piper que ainda segurava, como se estivesse tentando se comunicar com ela. Sinto muito por ter falhado com você, baby. Apenas me dê mais uma chance. *** A mensagem de texto apareceu em seu telefone no segundo em que eles pararam no porto. Estou chegando. Eu tive uma emergência. Espere por mim. Eu amo você. Essas palavras quase deixaram Brendan de joelhos. Ela tentou vir? Ela queria se despedir dele? Oh, Deus. Que emergê ncia? Ela se machucou ou precisava dele? Nesse caso, se ele tivesse partido quando ela estava em apuros, ele nunca se recuperaria. Depois disso, seus ouvidos rugiram e ele nã o viu nada alé m de seus pé s batendo no chã o. Quando Brendan e Fox invadiram Cross e Filhas à s onze horas, estava lotado. 'Summer in the City' estava tocando em um volume ensurdecedor, uma bandeja de cupcakes surfava na direçã o de Brendan
e todos tinham uma bebida nas mã os. Momentaneamente, o orgulho de Piper e Hannah, no que elas realizaram, eclipsaram todo o resto. Mas uma urgê ncia intensa de ver sua namorada voltou rapidamente. Ela nã o estava atrá s do bar. Estava apenas Hannah, abrindo as cervejas o mais rá pido que podia, claramente nervosa. Ela estava en iando dinheiro nos bolsos e tentando contar o troco, jogando contas no balcã o e correndo para ajudar o pró ximo cliente. — Cristo. Eu vou ajudá -la. — Fox disse, já abrindo caminho atravé s da multidã o. Onde estava Piper? Com uma carranca, Brendan se moveu na esteira de seu amigo, acenando distraidamente para os moradores que chamavam - ou melhor, arrastavam - seu nome. Ele foi para a pista de dança primeiro, sabendo que era um lugar prová vel para encontrar Piper, no entanto... que nã o rastreou. Ela nã o deixaria sua irmã perdida atrá s do bar. E de qualquer maneira, ela deveria ser bartender. Hannah era a DJ. Um buraco começou a se abrir em seu intestino, o á cido borbulhando, mas ele tentou manter a calma. Talvez ela estivesse apenas no banheiro. Nã o, nã o lá . Uma senhora na saı́da con irmou que os banheiros estavam vazios. O pâ nico subiu pela espinha de Brendan enquanto ele abria caminho até o bar. A expressã o de Fox o parou de repente antes que ele pudesse chegar lá . — Onde ela está ? — Brendan gritou acima do barulho. O olhar de Hannah dançou até ele, entã o se afastou tã o rá pido. Ela atendeu outro cliente, e ele percebeu que suas mã os estavam trê mulas, o que o deixou apavorado. Ele ia explodir. Ele iria destruir este lugar com as pró prias mã os se algué m nã o mostrasse sua namorada agora. — Hannah. Onde está sua irmã ? O Bellinger mais jovem parou, respirou fundo. — Ela voltou para LA. Para a festa de Kirby. E talvez… icar. — Ela balançou a cabeça. — Ela nã o vai voltar. O mundo icou turvo ao seu redor, a mú sica distorcendo, diminuindo a velocidade. Seu peito cedeu sobre si mesmo, levando seu coraçã o para baixo no colapso. Nã o. Não, ela nã o poderia ter ido. Ela nã o poderia ter partido. Mas mesmo com a negaçã o martelando o interior de seu crâ nio, ele sabia que era verdade. Ele nã o conseguia senti-la. Ela se foi. — Sinto muito — disse Hannah, puxando seu telefone e abaixando a mú sica com alguns movimentos do polegar. As pessoas atrá s dele protestaram, mas calaram a boca e se aquietaram imediatamente, distraı́das pelo homem no bar que se mantinha de pé com um
banquinho e morria de forma lenta e torturante. — Olha. Nã o havia ningué m aqui. Ninguém. Até talvez meia hora atrá s. Nó s pensamos que era uma grande falha. E antes disso, nosso padrasto cancelou, e você ... bem, você sabe o que fez. — A umidade saltou aos olhos de Hannah. Ela enxugou as lá grimas enquanto Fox hesitantemente começou a esfregar cı́rculos em suas costas. — Ela perdeu o seu brilho. Isso me assustou. Achei que se ela fosse para casa, ela o pegaria de volta. Mas agora ela nunca vai saber que todo mundo adora este lugar. Ela perdeu o seu brilho. Era uma linguagem feminina e, ainda assim, ele entendia perfeitamente o que Hannah queria dizer, porque Piper tinha um brilho singular. Se eles estavam discutindo, rindo ou transando, isso sempre estava lá , puxando-o para seu universo, tornando tudo perfeito. Esse brilho era positividade e vida e promessa de coisas melhores, e ela sempre, sempre teve, brilhando dentro do azul de suas ı́ris, iluminando o quarto. O fato de que tinha saı́do, e que ele teve algo a ver com isso, arruinou-o exatamente no mesmo segundo. — Eu deveria ter ido e encontrado ela — disse Brendan, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa. — Quando ela nã o apareceu no cais. Eu deveria ter ido procurá -la. Para que diabos eu fui embora? — Ela apareceu — disse uma voz de mulher atrá s dele. A esposa de Sanders se aproximou com uma cerveja pela metade na mã o. — Ela estava lá , apenas mais tarde. Soluçando por todo lado. Brendan teve que contar com o banquinho para sustentar seu peso. — Disse a ela para endurecer — disse a esposa de um membro da tripulaçã o, mas seu tom mudou quando as pessoas ao seu redor começaram a murmurar. — De um jeito legal — ela acrescentou defensivamente. — Eu acho. Jesus. Ele mal conseguia respirar pensando nela chorando enquanto ele partia. Ele nã o podia suportar isso, porra. Brendan ainda estava se recuperando da notı́cia de que Piper tinha vindo para se despedir dele, que ela derramou lá grimas por sentir falta dele, quando um homem mais velho caminhou em direçã o à multidã o com uma bandagem branca colada na cabeça. Abe? O dono da loja de ferragens da cidade com os ilhos? — Foi minha culpa que Piper estava atrasada para a doca, capitã o. Ela tem me levado ao museu todas as manhã s para que eu pudesse ler meu jornal. Nã o consigo subir as escadas sozinho hoje em dia. — Ele mexeu na bandagem. — Cai e bati minha cabeça na calçada. Piper teve que icar comigo até Todd chegar. Demorou porque ele estava deixando meu neto na escola. — Ela está levando você ao museu todos os dias? — Brendan perguntou, a voz nã o natural por causa da chave inglesa torcendo um parafuso permanente em sua garganta. Ela nã o disse nada sobre Abe.
Ela tinha acabado de pegar outro melhor amigo e o tornado importante. Foi o que ela fez. — Sim, senhor. Ela é a garota mais doce que você vai conhecer. — Seus olhos se encheram de humor. — Se meus ilhos nã o fossem casados e ela nã o tivesse se apaixonado pelo capitã o daqui, eu estaria bancando o casamenteiro. Pare, ele quase gritou. Poderia ter, se suas cordas vocais estivessem funcionando. Ele ia morrer. Ele estava morrendo. — Doçura nem cobre isso — saltou Opal, onde ela estava perto do fundo da multidã o. — Fazia muito tempo que eu nã o saia do meu apartamento, desde que meu ilho faleceu. Nã o para alé m de fazer compras ou uma caminhada rá pida. Nã o até que Piper me ajudasse e Hannah me mostrasse como usar o iTunes. Minhas netas me trouxeram de volta à vida. — Alguns murmú rios aumentaram com o discurso apaixonado. — O que é essa bobagem sobre Piper voltar para LA? — Sim! — Uma garota da idade de Piper apareceu ao lado de Opal. — Nó s devemos ter um tutorial de maquiagem. Ela me deu um olho esfumaçado na semana passada, e dois clientes no trabalho pediram meu nú mero. — Ela desabou. — Eu amo Piper. Ela nã o se foi realmente, certo? — Uh, Sim. — Hannah gritou. — Ela foi. Tente chegar na hora certa, Westport. — Desculpe por isso. — Abe disse, parecendo culpado junto com todos ao seu redor. — Houve um incê ndio em uma plataforma de petró leo na costa. Um jovem da cidade trabalha lá , perfurando. Acho que todo mundo estava esperando por novidades, para ter certeza de que um dos nossos estava bem, antes de ir para a festa. — Precisamos mesmo de uma televisã o — murmurou Hannah. Brendan sentou-se desolado enquanto mais e mais provas se acumulavam de que Piper estivera criando raı́zes. Silenciosamente, com cuidado, provavelmente só para ver se ela conseguia. Provavelmente com medo de que ela nã o tivesse sucesso. Tinha sido seu trabalho confortá -la – e ele estragou tudo. Ele perdeu a melhor coisa que já aconteceu com ele. Ele ainda podia ouvi-la naquela noite, quando eles se sentaram em um banco com vista para o porto, momentos depois que ela foi para o memorial com uma bandeja de doses de tequila. Desde que chegamos aqui, nunca foi tão óbvio que não sei o que estou fazendo. Sou muito boa em ir a festas e tirar fotos, e não há nada de errado nisso. Mas e se for só isso? E se for só isso? E com essas inseguranças a reboque, ela começou a tocar todos nesta sala, de uma forma ou de outra. Abrindo seu caminho nos coraçõ es de todos. Tornando-se indispensá vel. Ela ao menos sabia o quã o
completamente ela teve sucesso? Piper uma vez disse que Brendan era Westport, mas agora era o contrá rio. Este lugar era ela. Por favor… não duvide de mim, Brendan. Não você. Tenha fé em mim. Okay? Nã o havia nenhuma maneira, nenhuma maneira no inferno, ele poderia deixar isso ser a ú ltima coisa que ela disse a ele. Seria melhor deitar e morrer ali mesmo, porque ele nã o seria capaz de viver com isso. E de jeito nenhum sua ú ltima lembrança dela seria deixando sua casa, deixando-a chorando, pelo amor de Deus. Brendan se irmou, distribuindo seu peso de uma maneira que lhe permitisse se mover, andar, sem romper mais o coraçã o despedaçado em seu peito. — E minha culpa que ela se foi. A responsabilidade é minha. Ela é minha. — Ele engoliu o vidro. — E eu vou buscá -la. Bem ciente de que ele poderia falhar, Brendan ignorou os aplausos que aumentaram. Ele começou a se afastar do bar, mas Hannah acenou com a mã o para chamar sua atençã o. Ela tirou o telefone do bolso, socou a tela e o deslizou na direçã o dele na madeira que Piper passou uma semana lixando com perfeiçã o, aplicando a laca com concentraçã o cuidadosa. Brendan olhou para a tela e engoliu em seco. Lá estava Piper. Mandando um beijo sob as palavras 'O Retorno Triunfante da Princesa das Festas', seguido por um endereço para um clube em Los Angeles. Amanhã à noite à s nove da noite. Ingresso por quinhentos dó lares. As pessoas pagariam quinhentos dó lares só para icar no mesmo quarto com sua namorada, e ele nã o podia culpá -las. Ele teria dado as economias de sua vida para estar na frente dela naquele momento. Jesus, ele sentia muito a falta dela. — Tecnicamente, ela nã o deveria estar de volta em LA ainda ou eu diria a você para tentar nossa casa primeiro. Ela provavelmente está morando com Kirby, mas nã o tenho suas informaçõ es de contato. — Hannah acenou com a cabeça para o telefone. — Você vai ter que pegá la no clube. — Obrigado — ele conseguiu dizer, grato por ela nã o estar punindo-o como ele merecia. — Eu iria a qualquer lugar. — Eu sei. — Hannah apertou a mã o dele na barra. — Concerte isso. Brendan caminhou em direçã o à porta, o pulso batendo em seus ouvidos, mas Mick entrou em seu caminho antes que ele pudesse voltar para o frio. — Brendan, eu... — Ele abaixou a cabeça. — Quando você achá -la, você pode se desculpar por mim? Eu nã o fui muito gentil com ela hoje à noite. Uma adaga se enroscou nos olhos de Brendan. Cristo, quanta dor de cabeça sua Piper foi forçada a lidar desde que ele embarcou no barco no
sá bado? Primeiro ele foi embora, entã o seu padrasto cancelou. Ningué m apareceu em sua grande inauguraçã o – ou assim ela pensava. E agora ele estava descobrindo que Mick tinha potencialmente ferido seus sentimentos? Suas mã os formaram punhos ao lado do corpo, lutando contra o desejo feroz de quebrar algo. — Tenho medo de perguntar o que você disse, Mick — ele sussurrou, fechando os olhos. — Eu poderia ter insinuado que ela nã o poderia substituir minha ilha. — Mick disse em voz baixa, lamentando cada palavra. Brendan exalou asperamente, sua misé ria completa. Devastando-o onde ele estava. — Mick — ele respondeu com uma calma forçada. — Sua ilha sempre terá um lugar em meu coraçã o. Mas Piper possui esse coraçã o. Ela veio aqui e me roubou à s cegas. — Eu vejo isso agora. — Bom. Lide com isso. Incapaz de dizer outra palavra, incapaz de fazer qualquer coisa alé m de chegar até ela, chegar até ela por qualquer meio necessário, Brendan caminhou até sua caminhonete e acelerou atravé s de Westport.
Capı́tulo Trinta e Um Oh, ela cometeu um grande erro.
Enorme. Piper estava montada em um unicó rnio mecâ nico, preparando-se para ser elevada por um alçapã o a um palco. Kirby empurrou uma varinha de princesa em sua mã o, e Piper olhou para o objeto, lamentando o fato de que ela nã o poderia se desejar magicamente fora desta situaçã o. Seu nome estava sendo entoado por centenas de pessoas lá em cima. Seus pé s pisaram no chã o do clube, sacudindo o teto. Nos bastidores, as pessoas continuavam vindo até ela, tirando sel ies sem permissã o, e Piper imaginou que ela parecia em estado de choque em cada uma delas. Isso era exatamente o que ela sempre quis. Fama, reconhecimento, festas em sua homenagem. E tudo o que ela queria agora era ir para casa. Nã o para Bel-Air. Nã o, ela queria estar na estaçã o de recarga. Essa era a sua casa. Brendan estava em casa. O canto icou mais alto junto com o pisoteio, e Kirby dançou em cı́rculo ao redor de Piper, gritando. — Saboreie a antecipaçã o, vadia! Assim que eles começarem a tocar sua mú sica, o sistema hidrá ulico a fará subir lentamente. Quando você acenar a varinha, o cara da iluminaçã o vai fazer parecer que você está espalhando pó de fada. Parece tã o real. As pessoas vã o enlouquecer. Ok, tudo bem, essa parte foi muito legal. — Com qual mú sica? — 'Girls Just Want to Have Fun' remixado com 'Sexy and I Know It'. Obviamente. — Oh, sim. Obviamente. Kirby abanou as axilas. — Tente cronometrar seus ilmes de fada com a batida, sabe? Piper engoliu em seco, olhando para seu vestido Lhuillier, suas ligas pretas aparecendo sob a bainha de cada lado do unicó rnio. Vestir-se foi uma distraçã o divertida, assim como se arrumar e arrumar o cabelo pro issionalmente, mas... agora que chegara a hora de fazer seu retorno – triunfante – ela se sentia meio que… falsi icada Seu coraçã o estava em pedaços. Ela nã o queria entrar em um clube com um unicó rnio hidrá ulico. Ela nã o queria que sua foto fosse tirada e publicada nas redes sociais. Nunca haveria nada de errado em se divertir. Ou dançando e se vestindo como ela escolheu se vestir. Mas quando ela foi para Westport
e nenhuma dessas pessoas ligou ou mandou mensagem ou se interessou pelo resultado da festa que eles gostaram, ela teve um vislumbre de como tudo era falso. A rapidez com que a fanfarra foi embora. Quando chegou a hora de ela subir no palco, nenhum dos aplausos seria para Piper. Para a verdadeira Piper. Seria uma celebraçã o pela construçã o de uma imagem de sucesso. E essa imagem nã o signi icava nada. Nã o contava. Ela pensou que deslizar de volta para essa cena seria fá cil, que ela simplesmente mergulharia nela e se divertiria, icaria entorpecida por um tempo. Mas tudo em que ela conseguia pensar era... quem tomaria café com Opal amanhã ? Quem levaria Abe ao museu? Essas visitas a izeram se sentir um milhã o de vezes melhor do que as explosõ es momentâ neas do estrelato na Internet. Porque era só ela, vivendo momentos reais, nã o os fabricando para o entretenimento dos outros. Reformando o bar com a irmã , parada no convé s de um barco com os braços do amor de sua vida ao redor dela, correndo pela né voa do porto, fazendo amigos que pareciam interessados nela e nã o no que ela poderia fazer por eles. Essas coisas contavam. Isso tudo era para se exibir, e participar disso fez Piper se sentir menos iel a si mesma. Como se ela estivesse se vendendo. Esta fama que ela sempre alcançou estava inalmente voltando, e ela nã o estava interessada. Piper, Piper, Piper. Os cantos eram ensurdecedores agora, mas ela só queria ouvir uma voz dizendo seu nome. Por que ela nã o icou e lutou por ele? O que ele estava fazendo agora? — Brendan — ela sussurrou, o desejo por ele tã o intenso que ela quase se dobrou. — Me desculpe, eu sinto sua falta. Eu sinto muito. — O quê ? — Kirby gritou acima do barulho. — Ok, você vai subir. Fique aı́, vadia! — Nã o, espere. — Piper enxugou seus olhos ú midos. — Eu quero sair. Me deixe sair. Kirby olhou para ela como se ela fosse louca. — E tarde demais. Você já está subindo. E ela estava. Muito mais rá pido do que ela esperava. Este unicó rnio realmente tinha algum jeito de se levantar e ir embora. Piper agarrou-se à crina sinté tica e prendeu a respiraçã o, olhando para cima para ver as portas do palco se abrindo acima dela. Droga. Droga. Nã o tinha como voltar atrá s. Ela podia pular, mas quase certamente quebraria o tornozelo com esses sapatos. Ela quebraria aqueles lindos saltos Tom Ford també m, e isso ia contra sua religiã o. Sua cabeça estava prestes a limpar o palco.
Respirando fundo, Piper se endireitou e sorriu, acenando para a multidã o que estava enlouquecendo. Por ela. Foi uma experiê ncia fora do corpo, estar suspensa acima de suas cabeças, e ela nã o gostou. Nã o queria estar lá , sentado como um idiota neste unicó rnio enquanto centenas de pessoas capturavam sua imagem em seus telefones. Eu quero ir para casa. Eu só quero ir para casa. O unicó rnio inalmente se acomodou no palco. Otimo. Ela já estava procurando a saı́da mais pró xima. Mas quando ela desceu, ela encontrou o clube inteiro. Nã o havia outra maneira de permanecer modesta do que bloquear a virilha com o cabelo de unicó rnio e escorregar desajeitadamente, o que ela fazia agora, com as pessoas se pressionando contra o palco. Ela nã o se sentia apenas como um animal preso. Ela era uma. Nã o havia saı́da. Piper se virou, procurando uma via de fuga – e lá estava ele. Brendan? Nã o, nã o pode ser. Seu capitã o do mar nã o pertencia a LA. Eram duas entidades que nã o faziam sentido no mesmo espaço. Ela ergueu a mã o para bloquear a luz estroboscó pica piscando, e Deus. Meu Deus. Ele realmente estava lá , trinta centı́metros mais alto do que todos na multidã o, barbudo, bonito, irme e salgado. Eles se olharam e ele lentamente puxou o gorro da cabeça, segurando-o no centro do peito, quase um movimento automá tico – e sua expressã o era uma terrı́vel mistura de tristeza e admiraçã o. Nã o. Ela tinha que chegar até ele. Estar tã o perto e nã o estar em seus braços era uma tortura. Ele estava lá . Ele estava lá . — Brendan! — Piper gritou, sua voz engolida pelo barulho. Mas ela viu seus lá bios se moverem. Soube que ele chamou o nome dela de volta. Incapaz de se separar dele por mais tempo, ela caiu de bunda e saiu do palco, empurrando a multidã o apertada, rezando para estar se movendo na direçã o certa, porque ela nã o podia mais vê -lo. Nã o com as luzes piscando e os telefones em seu rosto. — Brendan! Mã os a agarraram, tornando impossı́vel para ela se mover. Os braços de estranhos pendurados em seu pescoço, puxando-a para sel ies, o há lito quente percorreu seu pescoço, seus ombros. Nã o, nã o, nã o. Ela só queria um toque. O toque de um homem perfeito. — Piper! Ela ouviu sua voz profunda e em pâ nico e girou no caleidoscó pio de cores, lashes disparando, desorientando-a. Lá grimas rolavam por seu rosto, mas ela as deixou ali para tentar abrir caminho no meio da multidã o. — Brendan! Adrian apareceu na frente dela, momentaneamente distraindo Piper de sua corrida no labirinto, porque tudo era tã o absurdo. Ela estava tentando chegar ao ser humano mais maravilhosamente real da terra, e
este falso e doloroso ilho da puta estava bloqueando seu caminho. Quem ele pensa que é ? — Ei, Piper. Eu esperava encontrar você ! — Adrian gritou por cima da mú sica. — Você está fodidamente incrı́vel. Devı́amos tomar uma bebida… Brendan apareceu atrá s de seu ex-namorado e, sem hesitaçã o, o jogou de lado como uma formiga irritante, fazendo-o voar, e Piper nã o perdeu tempo em se lançar na estaçã o de recarga. Uma sensaçã o de certo tomou conta em uma fraçã o de segundo, trazendo-a de volta a si mesma. De volta à Terra. Brendan a ergueu, fechando os braços ao redor dela com força, e ela se derreteu no abraço como manteiga. Suas pernas envolveram seus quadris, ela enterrou o rosto em seu pescoço e soluçou como um bebê . — Brendan. Brendan. — Eu entendi você . Eu estou bem aqui. — Ferozmente, ele beijou o lado de seu rosto, seu cabelo, sua tê mpora. — Ficar ou ir, baby? Do que você precisa? — Ir, por favor. Por favor. Tire-me daqui. Piper sentiu o registro de surpresa de Brendan – surpresa por ela querer ir embora? – seguido por uma contraçã o de seus mú sculos. Uma mã o segurou a parte de trá s de sua cabeça de forma protetora, e entã o ele estava se movendo atravé s da multidã o, ordenando que as pessoas saı́ssem de seu caminho, e ela tinha certeza de que nunca, nunca estivera tã o segura em toda a sua vida. Ela respirou o perfume de sua colô nia e se agarrou a seus ombros, segura de sua con iança absoluta neste homem. Ele veio. Depois de tudo, ele veio. Um momento depois, eles estavam na rua, mas Brendan nã o parou de se mover. Ele carregou Piper alé m da linha de espectadores boquiabertos, continuou indo até que o som grave diminuiu e um silê ncio relativo caiu ao redor deles. E só entã o ele parou de andar, mas ele nã o a deixou ir. Ele a conduziu até a porta de um banco e balançou-a de um lado para o outro, seus braços como um torno. — Sinto muito, baby — ele raspou contra sua testa. — Eu sinto muito, porra. Eu nã o deveria ter ido embora. Eu nunca deveria ter ido embora ou feito você chorar. Por favor, me perdoe. Piper soluçou em seu pescoço e acenou com a cabeça; ela o perdoaria por qualquer coisa naquele momento se ele apenas icasse. Mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele continuou. — Eu tenho fé em você , Piper. Eu nunca vou duvidar de você novamente. Você merece muito mais do que eu dei, e foi errado da minha parte icar com raiva de você por se proteger. Você já estava dando muito. Você dá tanto a todos e a tudo que toca, sua garota incrı́vel do caralho, e eu te amo. Mais do que qualquer maldito oceano, está me ouvindo? Eu te amo, e estou caindo mais fundo a cada minuto,
entã o, baby, por favor, pare de chorar. Você estava tã o linda lá em cima. Deus, você estava tã o linda e eu nã o pude alcançá-la. Suas palavras a izeram sentir como se estivesse lutuando. Elas eram o puro Brendan em sua honestidade, profundidade, rudeza e humildade. E elas eram tudo para ela. Como ele se entregou totalmente, este homem. Quã o totalmente ela queria se dar em troca. — Eu també m te amo — ela sussurrou tremulamente, beijando seu pescoço, sua boca, puxando profundamente seus lá bios irmes e acolhedores. — Eu també m te amo. Eu amo você . Eu nã o queria estar lá esta noite. Eu só queria estar com você , Brendan. Eu só queria tanto ouvir sua voz. — Entã o eu vou falar até minha voz falhar — ele murmurou, inclinando seus lá bios sobre os dela, respirando em sua boca. Aceitando sua respiraçã o em troca. — Eu vou te amar até que meu coraçã o pare. Serei seu homem por mil anos. Mais se eu puder. — Com um som miserá vel, ele beijou as lá grimas de seu rosto. — Eu errei tanto, Piper. Eu deixei meu medo de perder você icar entre nó s. Isso me cegou. — Ele recuou, esperou até que ela olhasse para ele. Em toda aquela intensidade. — Se você precisa que Los Angeles seja feliz, entã o vamos fazer isso funcionar. Posso ir para o norte para a temporada de caranguejos e atracar o novo barco mais perto de LA pelo resto do ano. Se você me aceitar de volta, nó s faremos isso acontecer. Eu nã o vou deixar isso falhar novamente. Apenas me deixe te amar para sempre. — Se eu tiver você de volta... — Ela exalou sua descrença, as palavras dele demorando um momento para realmente se ixarem. Oh, uau. Uau. Seus joelhos começaram a tremer em torno de seus quadris, o amor surgindo dentro dela e enchendo cada parte dela que havia rachado nos ú ltimos trê s dias. — Você faria isso, nã o faria? Você mudaria toda a sua vida por mim. — Eu icaria honrado. Basta dizer a palavra. — B-Brendan. — Seu peito doı́a quase demais para falar. — Quando eu estava me apaixonando por você , eu estava me apaixonando por Westport ao mesmo tempo. Essa é minha casa. Nosso Lar. E eu nã o quero estar em nenhum outro lugar. Eu soube assim que cheguei aqui esta noite. Nada estava certo. Nada estava certo sem você . — Piper — ele murmurou, suas bocas se aquecendo, procurando. — Diga que você é minha de novo. Seja clara. Eu preciso que você seja clara. Tenho me sentido miserá vel pensando que perdi você para sempre. — Sou sua. Claro que sou sua. Me desculpe por ter vindo. Me desculpe, eu duvidei… Ele a silenciou com uma forte pressã o de lá bios, seu corpo se contraindo de alı́vio.
— Graças a Cristo — disse ele com voz rouca. — E nã o. Você nã o fez nada errado. Nada. — Seu polegar roçou a base de sua coluna, seu corpo ainda balançando de um lado para o outro. — Tudo vai icar bem agora. Encontramos nosso caminho de volta. Eu tenho você de volta e nã o vou deixar você ir nunca mais. Ela se agarrou a ele. — Promete? — Vou fazer essa promessa todos os dias. Um sorriso feliz loresceu em seu rosto. — Vou tentar de novo com o Cross e Filhas. Serei mais forte da pró xima vez nas docas. Eu posso ser… — Oh, Deus nã o. Piper. — Ele abaixou a cabeça para fazer contato visual, suas sobrancelhas escuras unidas. — Em primeiro lugar, você nã o precisa ser forte. Nem sempre. Nã o sei quem decidiu que minha namorada perfeita, gentil, doce e incrı́vel precisava se encaixar em algum molde maldito, mas você nã o. Apenas seja Piper, ok? Ela é por quem estou apaixonado. Ela é a ú nica mulher feita para mim. Chore se quiser chorar. Dance se você quiser dançar. Inferno, grite comigo, se precisar. Ningué m pode dizer a você como agir ou sentir quando eu partir. Ninguém . E baby… — Ele deu uma risada. — Quando cheguei ao bar, estava lotado. Todo mundo adorou. As pessoas simplesmente se movem em um ritmo diferente em Westport. Eles nã o estã o todos em uma agenda rı́gida como eu. — Espere. Sé rio? Estava lotado? — Ela engasgou. — Ah nã o. Hannah… — Está bem. Fox saltou para ajudar. E ela me ajudou a encontrar você esta noite. — Oh! Oh. Estou tã o feliz. — A felicidade borbulhou dentro de seu peito e ela deu uma risada aguada. — E melhor irmos para casa, entã o. Acho que tenho um bar para administrar. Brendan juntou suas bocas e beijou-a com um afeto meticuloso que rapidamente começou a arder. Seu gemido gutural encontrou seu grunhido urgente, suas lı́nguas enrolando profundamente, sua mã o raspando em seu traseiro. — Nó s poderı́amos ir para casa esta noite — ele rugiu, inclinando os quadris para que ela pudesse sentir a irmeza aumentando sua necessidade. — Ou podemos atravessar a rua até meu quarto de hotel e nos preocupar em chegar em casa pela manhã . Um suspiro estremeceu. — Por que ainda nã o estamos lá ? — Me dê um minuto. — Ele deu um salto na avenida tranquila que se transformou em uma corrida, empurrando-a por todo o lugar, fazendo sua risada ecoar pela rua coberta de noite, entã o um grito eufó rico quando ele a jogou por cima de seu largo ombro de pescador. — Entã o… — ele disse quando eles estavam no meio do saguã o do hotel,
escandalizando todos em seu rastro. — Não vamos falar sobre o unicó rnio mecâ nico? — Eu te amo — ela engasgou em meio à s lá grimas de alegria. — Tanto. — Ah, Piper. — Sua voz tremia de emoçã o. — Eu també m te amo.
Epı́logo Uma semana depois
Foi um dia triste.
Foi um dia feliz. Brendan estava voltando de uma viagem de pesca, mas Hannah estava voltando para LA. Piper sentou-se na cama e tirou a má scara, maravilhada – nã o pela primeira vez – com o quanto o quarto havia mudado. Antes de deixar LA, Brendan a levou a Bel-Air para uma visita rá pida para Maureen e Daniel. No meio da parada, Brendan havia desaparecido. Ela o encontrou no andar de cima em seu quarto, empacotando suas coisas. Nã o apenas suas roupas, embora fosse bom ter seu guarda-roupa cheio de volta. Mas suas bugigangas. Seus perfumes, suas colchas, sua vitrine de sapatos e lenços da moda. E assim que eles chegaram em casa em Westport – okay, tudo bem, depois de uma rapidinha á spera e suada no sofá da sala de estar – ele levou os itens para cima e fez o quarto… deles. Seu capitã o do mar super-masculino agora dormia sob um Consolador. Sua loçã o pó s-barba estava espremida entre frascos de esmalte e batons, e ele nã o poderia parecer mais feliz com a desordem feminina. Eles tiveram apenas alguns dias de convivê ncia o icial antes de sua viagem, mas foram os melhores dias de sua vida. Assistir Brendan escovar os dentes com nada alé m de uma toalha enrolada em sua cintura, sentir seus olhos nela enquanto ela preparava o jantar, panquecas na cama, sexo no banho, jardinagem juntos em seu quintal, sexo no banho. E o melhor de tudo, sua promessa sussurrada em seu ouvido todas as manhã s e noites de que ele nunca, jamais a deixaria ir novamente. Piper se jogou contra os travesseiros e suspirou sonhadoramente. Ele estaria chegando em Grays Harbor em apenas algumas horas, e ela mal podia esperar para contar a ele todas as coisas que aconteceram no Cross e Filhas desde que ele partiu. Mal podia esperar para sentir o cheiro de á gua salgada em sua pele e até mesmo continuar a conversa sobre um dia... algum dia ter ilhos. Ele nã o tinha esquecido a tentativa de Piper de trazer o assunto à tona na noite de sua discussã o. Eles tentaram discutir isso em quatro ocasiõ es diferentes desde que chegaram em casa, mas assim que a
palavra 'grá vida' era pronunciada, Piper sempre acabava de costas, Brendan caindo sobre ela como um trem de carga. Entã o. Sem queixas. Abanando o rosto, Piper saiu da cama e passou por sua rotina matinal de correr e levar Abe ao museu. Quando ela chegou em casa uma hora depois, Hannah estava fechando o zı́per de sua mala, e o estô mago de Piper deu uma cambalhota desconfortá vel. — Vou sentir sua falta. — Piper sussurrou, encostando um ombro no batente da porta. Hannah se virou e se deixou cair na beira da cama. — Eu vou sentir mais. Piper balançou a cabeça. — Você sabe… você é minha melhor amiga. Sua irmã pareceu pega de surpresa por isso, acenando com a cabeça de maneira brusca. — Você é a minha. Você sempre foi a minha també m, Pipes. — Se você nã o tivesse vindo... — Piper gesticulou para os arredores. — Nada disso teria acontecido. Eu nã o teria descoberto tudo sozinha. — Sim, você teria. Piper piscou rapidamente para conter as lá grimas. — Você está pronta para ir para o aeroporto? Hannah acenou com a cabeça e – depois de dar um beijo de despedida na vitrola Pioneer – ela empurrou a mala para a frente da casa. Piper abriu a porta para deixar sua irmã passar, franzindo a testa quando Hannah parou bruscamente. — O que é isso? — O que é o quê ? Piper seguiu a linha de visã o de sua irmã e encontrou um pacote marrom, em forma de quadrado, encostado na varanda. De initivamente nã o estava lá quando ela voltou da corrida. Ela se abaixou e o pegou, inspecionando a etiqueta de entrega e entregando a caixa para sua irmã . — E para você . Soltando a alça de sua mala, Hannah abriu o papelã o, revelando um disco embrulhado em celofane. — Seu… Oh. — Sua garganta trabalhou. — E aquele á lbum do Fleetwood Mac. Aquele que falou comigo na exposiçã o. — Ela tentou rir, mas saiu sufocada. — Fox deve ter comprado. Piper deu um assobio baixo. Hannah continuou a olhar para o á lbum. — E bem… amigá vel dele. De initivamente era algo. Mas Piper nã o tinha certeza se 'amigá vel' era a palavra certa. Vá rias batidas se passaram, e Piper estendeu a mã o para colocar um pouco de cabelo atrá s da orelha de sua irmã .
— Pronta para ir? — Ela perguntou suavemente. — Hm... — Hannah se sacudiu visivelmente. — Sim. Sim, claro. Vamos. Algumas horas depois, Piper estava na doca e assistiu a abordagem do Della Ray, seu pulso indo mais rá pido e mais rá pido quanto mais perto se aproximava, uma esteira branca se espalhando ao redor da embarcaçã o como asas ondulantes. As outras pessoas importantes da tripulaçã o, mã es e pais, tomavam café no clima frio de outono, especulando sobre o andamento da viagem. Eles foram gentis com Piper esta tarde, mas mais importante, ela estava aprendendo a ser gentil consigo mesma. Aprendendo a amar a si mesma, assim como ela era. Frı́vola e tola à s vezes, mas determinada e teimosa també m. Quando ela estava brava, ela se enfurecia. Quando ela estava triste, ela chorava. E quando ela estava feliz, como estava naquele momento, ela abriu os braços e correu direto para a fonte principal, deixando que ele a levasse embora... O FIM
Agradecimentos Esse livro foi minha fuga mental durante a “Grande Quarentena de 2020” e sempre terá um lugar especial em meu coraçã o. Quando tudo icou muito opressor, consegui fechar a porta do meu escritó rio e viajar para Westport para ajudar duas pessoas a se apaixonarem - e sou muito grata por isso. Eu nã o poderia ter escrito este livro sem meu marido, Patrick, que manteve uma criança confusa de nove anos ocupada sem o benefı́cio da escola ou qualquer senso de normalidade por meses a io.
Obrigada, també m, aos meus amigos - Nisha, Bonnie, Patricia, Michelle, Jan e Jill - que me animaram com mensagens de texto ou visitas socialmente distantes, do meio- io, enquanto eu gritava da varanda de pijama. Obrigada à personagem Alexis Rose, de Schitt’s Creek, por quem me apaixonei tã o loucamente que precisava dar a ela um felizes para sempre via Piper. Obrigada aos trabalhadores essenciais e aos mé dicos que trabalharam incansavelmente sob o risco de saú de ao longo de 2020 e alé m. Você s sã o heró is. Como sempre, obrigada à minha fantá stica editora, Nicole Fischer; minha agente, Laura Bradford; e, claro, os leitores que continuam lendo minhas histó rias. Eu valorizo cada um de você s. Fique atento para a histó ria da Hannah em...
Hook, Line, and Sinker Vindo no começo de 2022!
Cena extra Porra.
Esta menina pequena com sardas tinha acabado de icar cara a cara com o capitã o. Ainda parecia louca de raiva, també m, por baixo da aba do seu boné vermelho. Era uma coisa boa que Fox sabia o su iciente sobre as mulheres para limpar a diversã o de seu rosto. Hannah, a nova garota na cidade, brevemente voltou sua ira contra ele do lado de fora do Red Buoy, e ele nã o estava ansioso para reviver o momento. Nem o seu pau, que momentaneamente retraiu-se para dentro de si mesmo como um caranguejo eremita na rara exibiçã o do desprazer em sua companhia. Só entã o, um forte vento de agosto atingiu o boné de Hannah e o arrancou da sua cabeça. Eles foram em direçã o ao boné ao mesmo tempo, os dedos dele envolvendo a aba antes que pudesse atingir o solo. Ainda curvado – e com o maior sorriso vencedor que ele conseguiu reunir – Fox o devolveu, sua boca alargando ainda mais quando ela apenas olhou para ele com descon iança. Hannah fungou. — Obrigada. — A qualquer momento. Com um zumbido cé tico, ela puxou o boné de volta sobre os olhos, mas ele já tinha visto a luz do sol da noite viajar sobre seu rosto. Um rosto fofo, proclamava o nariz empinado localizado entre dois grandes olhos de avelã e uma covinha na bochecha direita. Os dedos dos pé s dela espiaram para fora de seus chinelos, mostrando uma nota musical que percorria toda a extensã o de seu segundo maior dedo do pé . Sim. Fofa pra caralho. Mas nã o tã o fofa a ponto de que ela nã o pudesse transformar sua masculinidade em um crustá ceo. Quem você é, o ajudante bonitinho? Aparentemente, alé m de ser adorá vel e destemida, ela era cautelosa. A parte bonita era ó bvia. E agora, aqui estava ele, levando estes fogos de artifı́cio de volta na loja de discos para que seu melhor amigo pudesse passar um tempo sozinho com a primeira mulher a despertar seu interesse desde o falecimento de sua esposa, sete anos antes. Assim, a Fox estava assinalando a caixinha de ajudante. Sinceramente? Ele nã o se importava em nã o ser levado a sé rio. Em deixar Hannah o colocar em uma categoria baixa. Isso o salvou de ter que tentar. Tentar qualquer coisa que valha a pena sempre leva à decepçã o.
Fox percebeu que seu sorriso havia escorregado e o ixou de volta no lugar, gesticulando para que Hannah o seguisse ao longo da calçada. — Depois de você , amor. Ela o estudou pela ponta do nariz, entã o soprou passado. — Você pode diminuir a potê ncia, pavã o. Nada que eu diga a Piper sobre você afetará a decisã o dela. Pavã o? Brutal. — A decisã o dela sobre o quê ? — Para ir fundo ou negar um caso com o malvado. O malvado. Selvagem. — Você s duas parecem pró ximas. Ela nã o valoriza sua opiniã o? Hannah parou e se virou, sua expressã o era de uma pessoa correndo de volta a sua declaraçã o anterior. — Oh nã o, ela valoriza. Ela valoriza. Mas minha irmã , hum... — Seus dedos estalaram no ar em busca das palavras certas. — Ela está tã o desesperada para ver o que há de bom nas pessoas que nã o presta atençã o a um aviso bem colocado. — Ah. E você procura o que há de ruim nas pessoas? — Oh, minha a liçã o é muito pior do que a de Piper; eu gosto do que há de ruim nas pessoas. Ela mostrou a ele aquela covinha e continuou andando. Fox levou um momento para recuperar o passo. De repente ele estava interessado em uma conversa. Mais do que ele esteve em tempo para caralho. Por quê ? Alé m do fato de que ela ganhou o seu respeito por ter recusado a recuar de um homem com o dobro do seu tamanho, nã o havia razã o pela qual ele deveria estar acelerando o ritmo para descobrir o que Hannah ia dizer a seguir. Eles nem mesmo iriam dormir juntos. Fazer isso poderia atrapalhar seriamente as coisas para Brendan - e Jesus, ela nã o era seu tipo, de qualquer maneira. Um, ela estaria morando em Westport em um futuro pró ximo. Perto demais para seu conforto. Dois, seu charme foi totalmente desperdiçado com esta forasteira. O jeito que ela caminhou em velocidade dois metros à frente dele deixou isso claro como cristal. Talvez seja por isso que ele queria continuar falando com ela. Ele tinha ouvido o discurso de “sexo nã o é permitido” e ela era imune a Fox. A pressã o era nula. O surpreendeu o quanto aquela pressã o estava presente em seu peito quando começou a diminuir, gradualmente, como o ar saindo de uma praia bola. —Quer desacelerar um pouco, Freckles5? — ele disse, um pouco irritado do que ele pretendia, por causa da sensaçã o estranha. — Eu sou o ú nico que sabe para onde estamos indo. Hannah deu-lhe uma sobrancelha levantada por cima do ombro, mas diminuiu de uma corrida para uma caminhada. Talvez até tenha
parecido um pouco mais curiosa sobre ele - mas que sentido isso fazia? — Sé rio? Você acha que sou “Freckles”? — Era isso ou o Capitã o Assassino. Isso foi uma sugestã o de um sorriso? Por há bito, ele estava prestes a elogiá -la por seu sorriso quando o telefone em seu bolso começou a vibrar. Ele cometeu um erro de principiante ao pegá -lo, em vez de ignorar, mas rapidamente guardou o dispositivo de volta quando o nome “Carla” piscou na tela. Nã o antes de Hannah ver, no entanto. Seu olhar se afastou rapidamente, sua expressã o permanecendo neutra, mas ela de initivamente notou que uma mulher estava ligando para ele. Nã o havia motivo para incomodá -lo. Nã o havia razã o para a estú pida decepçã o em seu estô mago. Nenhuma mesmo. Fox tossiu em seu punho e eles continuaram a andar, lado a lado. — O que exatamente você quer dizer com “Gosto do que há de ruim nas pessoas”? Sua covinha se aprofundou enquanto ela pensava nisso. — E tipo... a parte ruim de algué m també m é a parte mais honesta, sabe? Quando você conhece algué m novo, você escava e escava até chegar à s coisas boas. Imagine quanto tempo economizarı́amos se o nosso maior defeito fosse nossa primeira frase. — Você é muito intensa para algué m apelidada de Freckles. Uma risada escapou dela, e a estranheza que tinha sido um barril de movimento em seu peito parou abruptamente, desacelerado pela satisfaçã o. Cordialidade. — Ei, eu questionei seu julgamento. Você foi irme em Freckles. — Seu sorriso se transformou em um suspiro. — E eu sei, eu sou um pouco intensa. E tudo por causa das mú sicas que eu escuto. Tudo está ok na superfı́cie em uma mú sica. Calamidade, desgosto, tensã o, esperança. E difı́cil voltar ao normal vida depois de uma mú sica de Courtney Barnett. — Ela lançou um olhar furtivo para ele. — Eu tendo a compartilhar em excesso imediatamente apó s conhecer algué m. Essa é a causa de eu nã o ter muitos amigos em casa. Eu venho com mais força do que bebida gelada. Isso o fez rir. — Espera aı́. Eu nã o disse que intensidade é broxante. Seu olhar cortou para ele, a boca em uma linha reta. Opa. Pisou em uma mina terrestre. Melhor recuar. — “Broxante” foi a expressã o errada. Nisso — Fox balançou a mã o entre eles — nã o há nada para broxar. Ela concordou com a cabeça e eles voltaram a andar. Merda, isso era meio que bom. Ter uma interaçã o ligeiramente antagô nica com uma garota. Essa garota. Havia algo revigorante em passar um tempo com ela sem expectativas envolvidas. Nã o foi feito muito esforço para seduzir mulheres. Esse talento era uma espé cie de
mecanismo embutido. Tentar seduzir Hannah teria sido muito mais complicado, e o fato de que ele nã o precisava... A ú nica opçã o restante era a amizade. Uau. Que reviravolta o dia havia tomado. Quando ele acordou essa manhã , se algué m tivesse dito a ele que ele estaria andando por aı́ com uma garota, ele os teria chamado de mentirosos. Mas aqui estava ele. Sem tentar fazer sexo com ela. Era contra sua natureza nã o a checar um pouco, apenas para o bem da posteridade, e ela tinha o tipo de bunda agitada que o deixava louco. Mas ele estava arquivando isso como irrelevante. — Que tipo de coisas você normalmente compartilha demais? — ele perguntou a ela. Ela olhou para o cé u riscado pelo pô r do sol, mas rapidamente se afastou sob a aba de seu boné quando uma gaivota circulou acima. — Meus maiores medos, quais ilmes me fazem chorar, minha relaçã o com a minha mã e. Coisas assim. Em Los Angeles, você deveria começar com o que você faz para viver. — Eu estava querendo perguntar, o que você faz da vida? Uma risadinha honesta a Deus saiu dela. — Sou uma olheira de locais de ilmagem para ilmes independentes. Sim, ele podia vê -la fazendo isso. Prancheta, fone de ouvido, mastigando um chiclete, assistindo a um drama se desenrolar no set de um ilme. — Isso soa como se nutrisse sua intensidade, com certeza. E isso que você quer fazer permanentemente? —Nã o. — Ela parecia hesitante em dizer mais. —Vamos lá , compartilhe mais. Nã o me decepcione. — E que eu ainda nã o contei a ningué m. — Ela mergulhou a bochecha em direçã o a seu ombro. Sua versã o de encolher de ombros? — Eu quero fazer trilhas sonoras para ilmes. Nã o partituras. Apenas selecionar as mú sicas perfeitas para uma cena. — Isso parece muito legal. Ela en ia as mã os nos bolsos da calça jeans. — Obrigada. — Ela está mordendo o lá bio para reprimir um sorriso? Droga. Ele meio que queria ver isso. — E você ? Suponho que você seja um pescador como o malvado 1? — Isso mesmo. — Ele bateu em seu pulso interno. — Tem á gua salgada correndo essas veias. — Te assusta? Quando o mar ica agitado? — Eu seria um idiota se isso nã o me assustasse. Por alguma razã o, isso pareceu trazer essa garota interessante para o time dele. Ela assentiu com a cabeça, examinando-o um pouco mais de perto. — Eu o ouvi chamar você de capitã o substituto. Você sempre quis comandar a sua pró pria embarcaçã o?
— De jeito nenhum. — Por que nã o? — Muita responsabilidade. — Ele passou a mã o pelo cabelo. — Eu gosto das coisas exatamente como estã o agora. Ter um emprego, nã o cometer nenhum erro, voltar para casa com dinheiro no bolso, e no im acordo cumprido. Deixar outra pessoa para pensar sobre o quadro geral. Hannah franziu os lá bios. — Você é preguiçoso ou tem medo de bagunçar tudo? A defensiva icou presa em seu meio de forma inesperada, e usando a ú nica arma que ele tinha, Fox desviou sua atençã o para suas coxas. — Eu tenho certeza de que nã o sou preguiçoso, Freckles. Ela engoliu em seco, as mã os enroladas nos bolsos. — Entã o você está ...com medo, entã o? — Nã o dá para nã o cavar, nã o é ? — Rindo, Fox balançou a cabeça. — Você nã o vai encontrar o que há de ruim em mim tã o facilmente. Está selado bem fundo. — Famosas ú ltimas palavras — ela murmurou, e eles se consideraram por uma batida prolongada. — Existe realmente uma loja de discos ou você me atraindo para uma sepultura aquosa? — Nã o seja pessimista, Freckles. — Ele a puxou para a Disc N Dat antes que ela pudesse passar por ela. — E aqui. — Sé rio? — Ela estudou o pré dio baixo de estuque branco. — Nã o há nada. — Você nã o sabe que é isso que o torna legal? Eu pensei que você fosse de LA. — Fox abriu a porta para Hannah antes que ela pudesse responder, sorrindo quando ela passou. E sim, tudo bem, ele icou um pouco grato quando a suas bochechas icaram rosadas. Ele poderia ser amigo de uma garota, mas nã o faria mal para ela, pelo menos, reconhecer a sua beleza. A inal, ele trabalhou tã o duro para ter certeza de que era a principal coisa que as pessoas notariam sobre ele. Hannah pô s os pé s dentro da loja de discos e parou completamente. Ele nã o era um fã de discos como essa garota, mas tinha estado no Disc N Dat o su iciente em Westport para saber que havia algo má gico sobre ele. O fato de que ele foi o ú nico a apresentá -lo a Hannah lhe deu uma surpreendente sensaçã o de orgulho. Ainda parado na porta, ele tentou ver a loja atravé s dos olhos dela. As prateleiras tinham iluminaçã o embutida azul, lançando um brilho de sonho nas ileiras de discos. Lâ mpadas vintage penduradas no teto, â mbar e ouro e prata, moveis de papel girando em torno deles para lançar formas e sombras nas paredes e no piso original. O lugar cheirava a café , poeira e couro. Hannah se voltou para ele com os olhos arregalados. Ela tirou o boné , deixando solta uma mecha de seu cabelo loiro sujo, o rosto inundado de tons de joia acendendo, secando a boca dele.
Fofa. Amigos. Fox repetiu essas palavras trê s vezes cada, mas ele parou de pensar completamente quando ela deu dois passos e colocou os braços ao redor de seu pescoço. Abraçando-o. Aconchegando suas curvas e montes contra os mú sculos dele e apertando com força. — Obrigada por me trazer aqui. Sua respiraçã o estava quente, seu queixo apoiado naquele lugar onde o pescoço e o ombro dele se encontraram, e Jesus, foi bom. Muito bom. Muito bom. Mas isso nã o o impediu de inclinar-se ligeiramente para compensar sua diferença de altura e puxá -la para mais perto de seu peito. Hannah se afastou lentamente, virando a cabeça... e seus olhos se encontraram. “Fade Into You” tocou baixo e arrebatador nos alto-falantes. Nada sobre isso era esperado ou remotamente parecido com a vida real. Nã o para ele. Ele nã o teve momentos como este. Com ningué m. Mas essa... garota. Essa garota fora dos limites. Ela estava fazendo com que ele precisasse beijá -la. Como ela estava fazendo isso? Já se xingando mentalmente de idiota, Fox abaixou a cabeça e seu telefone vibrou no bolso da frente de sua calça jeans. Desta vez ele nã o puxou para fora, mas Hannah deu um passo para trá s, visivelmente se sacudindo do momento, porque parecia pairar nã o dito entre eles que uma mulher estava ligando. Provavelmente era. Sem adoçar isto. As mã os de Fox nã o pareciam capazes de fazer nada alé m de cair pesadamente para os lados. — Vou dar uma olhada — disse Hannah, escondida sob o boné mais uma vez, já virando para o primeiro corredor. — Se você quiser atender sua ligaçã o... —Sim, obrigado. Eu vou apenas... ir lá fora. Mas quando Fox saiu da loja, ele deixou a ligaçã o ir para o correio de voz e em vez disso, assistiu Hannah sonhar com os discos pela janela.
Notas [←1] “Ok, boomer” é uma expressão popular da Internet que se tornou um meme – principalmente na América do Norte. Geralmente, a frase é u lizada como forma de rejeição e retaliação por jovens da geração Y(nascidos entre 1981 e 1996) ou Z (nascidos entre 1997 e 2012), para demonstrar aversão aos ideais de pessoas mais velhas, par cularmente aos ideais da geração de baby boomers (pessoas nascidas entre 1946 e 1964).
[←2] PNW em inglês significa "Pacific North West".
[←3] São folhas pequenas e estreitas, encontradas naturalmente em vastas áreas do Hemisfério Norte.
[←4] Pedestal na parte superior da parede, geralmente entalhado com texturas.
[←5] Significa “Sardas”. Ele a apelidou dessa forma porque ela possui muitas sardas no rosto. Decidimos manter o original para preservar os personagens.