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O SU e outras expressões
O SU: as expressões presentes no âmbito universitário
Vivemos uma realidade nova que permeia toda a nossa sociedade. Algumas de suas faces são descritas pelo Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, como a “generalizada indiferença relativista, relacionada com a desilusão e a crise das ideologias que se verificou como reação a tudo o que pareça totalitário”. Essa conjuntura implica todas as relações da vida social, lembrando-nos que, cada vez mais, vivemos uma cultura “onde cada um pretende ser portador de uma verdade subjetiva própria”, afastando-nos de um projeto comum que vai além dos benefícios e desejos pessoais (EG, 61). Esses reflexos estão presentes, também, nos espaços educativos, tal como o ambiente universitário. Nele encontramos uma vasta gama de atores, diversidades, interesses, saberes e identidades, que clamam por agentes sensibilizados e perceptíveis a suas especificidades, especialmente, para se realizar uma atividade pastoral. Dentro desse amplo horizonte de interesses, destacamos o elemento religioso, que, também aí, reflete uma imensa variedade de manifestações, crenças e práticas. Apesar de um processo de secularização que tende a reduzir a fé e a religião a um âmbito, sempre mais privado e íntimo (EG, 64), encontramos muitas manifestações religiosas presentes dentro da universidade. Elas perpassam as várias expressões da fé católica, de outras denominações cristãs e religiosas, até mesmo de grupos de agnósticos e ateus. Quando nos referimos às manifestações religiosas ligadas à fé católica no âmbito universitário, encontramos algumas possibilidades de atuação da ação evangelizadora nesse
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cenário como a Pastoral Universitária, os Movimentos Eclesiais que atuam neste âmbito (movimentos, novas comunidades e congregações religiosas), as Instituições de Ensino Superior Católicas e a ANEC – Associação Nacional de Educação Católica, além das Paróquias e Capelanias Universitárias (presença de verdadeiras comunidades cristãs dentro das Instituições de Ensino Superior - IES). Promover a articulação e trabalho conjunto dessas expressões é um dos principais desafios do Setor Universidades. Todas essas forças são expressões da ação evangelizadora e refletem a rica diversidade de dons e carismas presentes em nossa Igreja. Contudo, para que todos possam viver sua fé de maneira sadia e de forma a contribuir para uma eclesialidade sempre mais profunda e bela, é necessário que estejam abertos a uma busca contínua por encontrar espaços de diálogo, que podem exigir renúncias e doação, mas que se revelam em inigualáveis caminhos de comunhão. Alguns pontos essenciais nesse percurso conjunto são a vivência saudável da sua espiritualidade ou carisma próprios, a promoção de uma eclesiologia de comunhão e participação, através da inserção de seus membros na comunidade eclesial, e a manutenção de uma sintonia com a Igreja local, representada pela figura do bispo (arqui)diocesano. Na pluralidade do mundo acadêmico entramos em contato com outros irmãos, cristãos e não cristãos, com os quais também devemos construir uma cultura do diálogo. Mais
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do que procurar conhecer, para facilitar o encontro entre diferentes culturas e sujeitos, a cultura do diálogo proposta pelo Setor Universidades é aquela que visa, através de princípios como liberdade, igualdade, alteridade e respeito, abrir-nos ao outro, reconhecendo sua dignidade, de maneira que possamos construir pontes em direção a ações conjuntas que busquem alcançar os objetivos sociais de justiça e paz.
Pistas de ação para um trabalho da PU
Em nosso Regional, a realidade das (arqui) dioceses é bastante diversificada quanto à presença das IES’s. Encontramos em várias dioceses, um ou mais campi de universidades presenciais. Por outro lado, há dioceses onde só encontramos universidades na modalidade de ensino à distância (EAD). Há, também, a diversidade quanto às instituições públicas e privadas. Temos, ainda, instituições confessionais. Tudo isso nos leva a pensar em quais estratégias utilizar para que exista e atue um Setor Universidades Diocesano. O Estudo 102 da CNBB (O Seguimento de Jesus Cristo e Ação Evangelizadora no Âmbito Universitário) no seu n. 63 traz algumas indicações que podem nos ajudar: - Uma primeira observação: “A Pastoral Universitária nas Instituições de Ensino Superior – sejam elas comunitárias, confessionais ou não, privadas ou públicas – pode acontecer de muitas formas, mas se realiza plenamente, de forma madura, na medida em que
forma comunidades cristãs que testemunhem a sua fé e
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realizam o diálogo entre fé e cultura no âmbito
universitário”. - O documento continua pontuando que há uma necessidade de que a Pastoral Universitária esteja articulada com a Igreja local (seu bispo, através do assessor eclesiástico designado para este fim); com outras experiências eclesiais (movimentos ou novas comunidades) envolvendo o âmbito universitário existentes no território da diocese e regional; com iniciativas já presentes dentro da própria IES (projetos de pesquisa e extensão) e também com outras ações evangelizadoras presentes na própria diocese e no regional. - É preciso ter claro o termo “âmbito universitário” que é o “campo próprio” da ação da nossa PU. Espera-se, assim, que a Pastoral Universitária seja realizada com os próprios estudantes, professores e funcionários inseridos nas IES. A presença na PU nas IES acontecerá por meio de diversas atividades que contemplem os três eixos
espiritualidade, reflexão e ação solidária ou
socioeducacional.
Como então podemos agir? Como implantar o Setor Universidades na diocese? Por onde começar? Ou como devemos continuar se já temos alguma ação?
1. Se não existe nenhuma iniciativa.
1.1. Conhecer a realidade das IES presentes no território diocesano (um mapeamento para identificá-las);
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1.2. Identificar jovens e professores interessados que estejam nas IES. Este contato pode ser feito via paróquias, movimentos e comunidades; 1.3. Realizar alguma atividade/evento que seja o convite e a motivação para a participação na PU (debates, Diálogo “Fé e Razão”, cine-fóruns, rodas de conversa sobre assuntos de interesse aos universitários e professores); 1.4. Formar grupos de jovens, professores e colaboradores para constituírem pequenas comunidades que orem, partilhem (grupos de revisão de vida ou de vivência da fé no dia a dia) e vivam o Evangelho na universidade (com ações e palavras) e ajudem a discernir os assuntos tratados nas aulas ou na sociedade à luz do Evangelho; 1.5. Oferecer atividades que englobem os três eixos da pastoral (espiritualidade, reflexão e ação social solidária ou socioeducacional). 1.5.1. No eixo Espiritualidade: momentos de espiritualidade, grupos de oração que favoreçam o contato com a Palavra de Deus e o cultivo da espiritualidade (leitura orante, vigílias, etc.). Em algumas IES’s confessionais a Celebração da Eucaristia é um pré-dado (há Capelania e, hoje, também, existem as “paróquias universitárias”). Contudo, não pode ser uma prioridade no âmbito universitário de IES públicas e privadas. 1.5.2. No eixo Reflexão: debates, curso, grupos de reflexão e formação (integração estudo/fé). 1.5.3. No eixo Socioeducativo: missões, projetos sociais que atendam comunidades carentes próximas às IES.
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2. Quando já existe alguma iniciativa.
2.1. O Setor Universidades (Arqui)Diocesano seja um espaço de unidade, serviço e estímulo às atividades já existentes. 2.1.1. Haja para isso um articulador (arqui)diocesano que seja capaz de exercer o ministério de acompanhamento e de integração destas experiências existentes na diocese. Favoreça que tais experiências estejam em comunhão com a (arqui)diocese e o regional, mantendo também comunicação com o Setor Universidades da CNBB. O articulador (arqui)diocesano possibilitará também que as diferentes experiências evangelizadoras assumam os três eixos da Pastoral de maneira integradora. Ele deve estimular as experiências existentes, orientando sem imposição, apontando sempre para o caminho da unidade na pluralidade. 2.1.2. Realizar atividades conjuntas que possam dar visibilidade a esses grupos (muitas vezes dispersos e isolados). 2.1.3. Aproveitar os Congressos diocesanos e regionais (oportunidades para troca de experiências, avançar nas iniciativas locais e na articulação local e regional. Nosso Regional realiza o CRUC de 2 em 2 anos! 2.1.4. Apoiar a mobilização (arqui)diocesana e regional que desembocará nos encontros nacional (EBRUC – Encontro Brasileiro de Universitários Cristãos) e mundiais (JMJ – Jornada Mundial da Juventude e Congresso Mundial das Universidades Católicas).
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Além dessas indicações propostas pelo Estudo 102, acreditamos que em cada realidade, a criatividade iluminada pelo Espírito, fará brotar novas e belas iniciativas. Um exemplo: que bom seria se, em cada paróquia, o pároco ou uma equipe pudesse acolher, no período de férias, os (as) universitários (as) para um encontro ou outra atividade. O Setor Universidades da Arquidiocese de Salvador já faz algo semelhante com o Projeto Acampamento de Férias! O Setor Universidades acredita que sua missão é desafiadora e exigente, mas confiamos no Senhor que nos enviou a “ir em todos os lugares...”. O papa Francisco também nos estimula e convoca: “... encorajo professores e estudantes a viver a Universidade como ambiente de verdadeiro diálogo, que não nivela as diversidades nem sequer a exaspera, mas abre ao confronto construtivo. Somos chamados a compreender e apreciar os valores do outro, superando as tentações da indiferença e do medo. Não tenhais medo do encontro, do diálogo, do confronto.” (Discurso do Papa Francisco por ocasião da visita à Universidade Tre de Roma, em 17/07/2017).
As universidades se configuram como um dos “novos areópagos” – nos recordaram o Documento de Aparecida e também as DGAE 2015-2019 da CNBB – que convocam a presença e atuação dos cristãos e cristãs.
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