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Por dentro da cultura punjabi
A palavra Punjab é composta de um conjunto de expressões persas — panj, que significa cinco, e āb, cuja tradução é água. Não à toa: séculos atrás, o Punjab era cercado por cinco rios – Jhelum, Chenab, Ravi, Beas e Sutlej. Após a independência da Índia, em 1947, a antiga colônia britânica foi repartida ao meio, dando origem ao território soberano do país e à criação oficial do Paquistão. Em consequência dessa mudança, o Punjab se tornou uma região fronteiriça entre as duas nações e tem sido foco de violência e de conflitos tanto territoriais quanto políticos e religiosos.
Escola de contos eróticos para viúvas convida a uma imersão punjabi — embora se passe em Southall, distrito suburbano no oeste de Londres, o livro conta a história de protagonistas que emigraram do Punjab indiano em busca de novas oportunidades de vida. Isso não significa, no entanto, que elas tenham abandonado os seus costumes. Muito pelo contrário: a cultura dessas mulheres permeia todo o enredo da obra do mês. Você vai notar que as personagens demonstram grande apego ao idioma nativo. O punjabi integra um subgrupo de línguas indo-iranianas de natureza tonal: dependendo da entonação, a semântica das palavras assume diferentes interpretações. A grafia da linguagem é o Gurmukhi, desenvolvida por devotos sikh. Escritores recentes, como Rupi Kaur, homenageiam o Gurmukhi mesmo escrevendo em inglês — de origem punjabi, a autora canadense escreve inteiramente em letras minúsculas e só utiliza pontos finais como uma forma de honrar a sua ancestralidade.
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ÍNDIA
No idioma punjabi, o termo sikh quer dizer “discípulo”: quinta religião monoteísta mais popular do mundo, o sikhismo é conhecido por pregar o princípio da igualdade. Idealizada por Guru Nanak (1469–1539) em meados do século XV, a fé tem elementos semelhantes aos do hinduísmo e do islamismo e segue os ensinamentos dos dez gurus que estão reunidos no livro sagrado dos sikhs, o Guru Granth Sahib ou Adi Granth. Ao longo de Escola de contos eróticos para viúvas, você vai notar a repetição de dois nomes que carregam um significado cultural: Kaur e Singh, ou, em punjabi, princesa e leão. Nem todos os personagens são parentes ou familiares, porém; no máximo, relacionam-se por meio da sua crença. O décimo e último porta-voz sikh, Guru Gobind Singh (1666–1708), estabeleceu o uso obrigatório de Kaur e Singh como sobrenomes, respectivamente, de todas as mulheres e homens iniciados na religião. Naquele tempo, essa mudança visava promover a união dos seguidores, bem como acabar com os sobrenomes que se referiam a determinadas classes sociais — o sikhismo rejeita, desde o seu surgimento, o sistema de castas indiano. Estima-se que cerca de 23 milhões de pessoas sejam adeptas da crença, concentradas especialmente na Índia e na região do Punjab; outros países do continente asiático, como Singapura e Malásia, representam uma parcela dessa população. Reino Unido, Estados Unidos e Canadá são os principais destinos ocidentais de sikhs.