projeto
awa
Projeto DSG1004 - 2014.2 PUC Rio Taiane Brito Grupo acompanhado: Turma de Dança Afro-Brasileira, professora Aline Valentim. Local: Espaço atmosfera, Fundição Progresso, Lapa, RJ
SUMÁRIO
Introdução ......................................................................... 5 Conhecendo a dança afro ............................................... 7 Identificação do Objetivo ................................................. 19 Experimentação ................................................................ 29 Partido Adotado ................................................................ 35 Geração de Alternativas ................................................... 39 Alternativa Adotada .......................................................... 49
Estampas.......................................................................... 53
Oficina ............................................................................. 59
Apresentação Cordão Bola Preta ................................. 67
Conclusões e agradecimentos ........................................ 69
resumo Projeto participativo realizado com a Professora de dança Afro Aline Valentim. Aline oferece aula à 10 anos na Fundição Progresso de danças populares e dança afro-brasileira, recentemente fundou a Cia Babalakina, fruto das pesquisas em dança afro. Durante o semestre acompanhei as aulas, um processo de observação participante, construi junto com a Aline uma frase objetivo: A dança recolhe a riqueza de cada um. Desenrola o tempo como oportunidade de mergulhar no próprio corpo, ouvindo o seu ritmo com Axé. Essa frase serviu como o guia de todo o projeto. No final do processo produzi 7 estampas que retratam as vivências da aula, os movimentos, os gestuais e a ligação com sagrado, cada uma simboliza um orixá, com cores e elementos distintos. Essas estampas foram impressas em tecidos que viravam saias, e são usadas pelas alunas nas aulas de dança Afro.
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conhecendo a danรงa Afro primeiros encontros
1. encontro A aula teve inicio com todos sentados em roda, esticando os braços, as pernas, movendo o pescoço, os pés, aos poucos Aline começa a direcionar os exercícios de alongamento para os movimentos de dança, os braços são abertos e o tronco começa a se mover de um lado para o outro, seguindo o ritmo do tambor, tocado pelo Bruno, percursionista da aula. Todos se levantam em ritmo lento, Aline continua guiando: Desenrola o corpo, Cresce, repara que o movimento vem de dentro para fora, Abre o braço, o centro é o seu umbigo, é o centro que chama o braço para fora. São acrescentados novos movimentos e o ritmo se torna mais rápido, balança, balança, ficou, recolhe, abre. Aline introduz um movimento que chama de braço de Oxum, diz que o bonito desse movimento é que um braço que fica e o outro que segue suavemente, e chama atenção para uma aluna ajeitar o braço de Oxum. A dança da Aline conversa com o som do tambor do Bruno, em um momento que o ritmo distou, eles se olharam, e o Bruno modificou o ritmo para o movimento que Aline estava fazendo. Em seguida Aline começou reproduzir os sons com a fala, Um abre Pum Pum, Um abre gira e troca, GueGueGueREDA, HAA HUM HAA. Terminando a aula Aline fez uma união de ritmos, misturando os movimentos Afro, com Frevo, quadrilha, Funk e voltando para o Afro.
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Bruno finalizou cantando Afoxé: “Aee leva eu mamãe, leva eu mamãe, leva eu mamãe Me leva pra Bahia Me leva pra o terreiro Me leva pra o tambor e também pro meu amor (Repete e vai variando: me leva.... No fim faz menção dos santos do candomblé) Me leva pra Oya Me leva para Ogum e também Oxumaré”
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Após a música Aline se abaixou em frente ao tambor, como se o agradecesse e saudasse e os alunos a seguiram nesse gesto. Todos sentaram iniciando uma conversa com o Bruno e com a Aline, que disse que esse gesto de saudar o tambor é característico das danças de origem Africana, consideram o tambor um elemento sagrado, a alma dança, e também é uma forma de retribuir a energia oferecida pelo Bruno ao tocar o tambor.
“Agradeço a Aline por dizer que o movimento vem de dentro para fora, vejo que minha busca sobre a cultura africana vem do meu querer conhecer a mim mesma, o que está dentro, minha origem. Agradeço ao Bruno e Aline por cantar afoxé, tive vontade dançar junto com a turma e de ir batucar com o Bruno.”
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2. encontro A aula iniciou com todos em pé de mãos dadas formando um círculo, respiraram fundo e soltaram 3 vezes, começaram a mover o corpo se alongando, Aline sempre orientando, estica, desenrola o corpo,solta e solta e balança, estou dando pulinhos mesmo. Ao descer a coluna, a cabeça e os braços descem juntos, relaxando os membros superiores, ao subir, todos os membros também sobem juntos lentamente, cada um vai subindo no seu ritmo. “Olha lá em baixo esticando a ponta do pé, a mão é a continuidade do braço, a mão é só para equilibrar o pé, tenta manter o corpo lá na frente” Aline explicando no movimento em que apenas um pé fica apoiado no chão, e o corpo se projeta para frente. Após o alongamento todos se posicionam em 3 fileiras de frente para o espelho, Aline introduz o movimento partindo da fileira do centro e andando até o espelho, os alunos atrás começam a seguir o movimento e conforme vão chegando ao fim da sala retornam para o canto, (fileira direita segue pela direita, fileira esquerda segue pela esquerda). No meio da aula Aline, começa a fazer movimentos da Orixá Iemanjá e veste uma saia longa branca. Aline fala que a saia traz um gestual, e ela mostra segurando a ponta da saia com uma mão e com a outra realizando um movimento de onda.
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A aula segue com Aline criando passos de dança, Direita puxa, esquerda e mergulha; mergulha e abre; abre e fecha o peito; é de baixo para cima o movimento, e vai andando mais lento, passinho mais lento; passa a mão no seu corpo; ouvindo as conchas, mão na orelha conchas. Bruno finalizou com um canto de Iemanjá: “Odaya Iemanja, Ela é mãe dos peixes, Rainha do mar” “Dia 02 de fevereiro,Dia de festa no mar, vou levar o meu presente,para saldar Iemanjá”
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Quando Aline, fala “Ouvindo as conchas”, é um movimento como se realmente ela estivesse com uma concha em suas mãos ouvindo seu canto próximo a orelha. Nesse momento todos estavam imersos em si mesmos, alguns com olhos fechados e com sorrisos delicados no rosto.
“Agradeço a Aline por dizer Ouvindo as conchas, lembro do quanto fico imersa no mar, me entrego completamente, assim como vi a entrega das alunas ao fecharem os olhos ao executarem esse movimento.”
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3. encontro Assim como nas primeiras aulas, a aula teve inicio com alongamento e em seguida iniciou a dança. Aline explicou que os movimentos eram fortes pois representavam o Orixá Xangô, Orixá guerreiro, da justiça e por isso alguns gestos representavam posições de ataque animal, entendi melhor essa relação ao observar um movimento que dançavam dando pulos como se estivessem segurando uma lança na mão. Aline destacou o movimento, que chama de montaria de cavalo, os braços ficam firmes esticados a frente com os punhos fechados e as pernas revezam dando pequenos saltos a frente, exatamente como se estivessem montados em um cavalo segurando suas rédeas. Após mostrar os movimentos Aline começou a organizar danças em duplas, duas fileiras um ficava de frente para o outro e seguiam na montaria de cavalo até o espelho e voltavam ao inicio. Depois começaram as danças em pequenos grupos, Aline aproveitou para mostrar o movimento da Orixá Iansã explicando que Xangô teve 3 grandes mulheres e uma delas foi Iansã, por isso o próximo passo da dança foram saídas em grupos de 3, 2 representando Iansã e 1 representando Xangô ao centro. O movimento de Iansã é rápido, com pisadas fortes no chão e pequenos pulos que projetam para cima, mãos erguidas ao alto a frente do corpo, paralelas e espalmadas, Aline explica que esse movimento com as mãos é como se estivesse afastando energias ruins. O último movimento foi com toda a turma, foi feita uma formação diagonal, dois grupo, cada um em um ponta, inicia-se a dança e cada grupo sai a frente, dançando um de frente para o outro. Ao fim da aula ouve um dialogo com a turma, Bruno ressaltou que o movimento de enfrentamento, provocação entre dois grupos, que eles tinham acabado de realizar, simbolizava um momento
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de confronto que existiu em um período de guerras entre tribos na
“eram rituais quase que religiosos de luta, dança e enfrentamentos”.
África...
“Agradeço a Aline pelas formações em duplas e em grupos na dança de Xangô, visualizei dois grandes triângulos com as pontas de frente uma para outra, o que fez com que eu percebesse que os movimentos em grupo tem formas simétricas. Agradeço pela dança final de Xangô com a turma inteira, pude sentir a força do grupo pelas pisadas fortes no chão.” 15
4. encontro - conversas No quarto encontro acompanhei uma conversa da Aline com a turma: Aline explicou que sua aula é uma mistura de tudo que assimila com sua pesquisa sobre a dança afro-brasileira, não têm um foco em passar técnicas. Gosta de dar uma característica própria, unir, acrescentar, moldar cada movimento que passa para turma. A aula não segue “regras de movimentos” porém existem pontos essências que devem ser respeitados, como por exemplo, na dança de Xangô, um orixá ligado a força e justiça, manter as mãos firmes e retas é essencial. Um ponto forte da aula é chegar na exaustão, levar o corpo ao limite e descobrir com o seu corpo reage no limite. Em seguida tive uma conversa com o Bruno, em que ele me explicou alguns significados do que foi cantado na ultima aula: Axé – Trazer fartura/Energia Boa “Xoxo e cuiú”– Vai em bora o que tem de Ruim
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“Agradeço a Aline por dizer que gosta de dar características próprias aos movimentos, misturando e acrescentando, percebo que também gosto de criar dessa forma, tem que existir algo de mim no que eu crio se não vai ser falso.”
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Identificação do Objetivo
Após os 4 encontros reuni um conjunto de 200 palavras do universo vocabular da Aline. Escrevi essas palavras em pedaços de papeis e a entreguei para que organizasse. Ao final, pedi para que me explicasse a organização, gravei em áudio e abaixo está a transcrição:
Eu vejo como que as palavras se dividem em algumas informações da aula. Em uma parte são as partes do corpo e as informações sobre o uso dessa parte. Tem pés, mão, bacia, cabeça, arredondando, mobilidade, relaxa, zigue zague, desenrola, tudo isso são os caminhos do corpo, espreguiça, abaixa. É bom ver também as liberdades dos movimentos, girou girou, balança. Tem os sons que eu faço durante a aula... XoXo cuiú, ligadinho, pulinho, passinho, PUM PUM PA,isso já vai caracterizando um pouco mais a forma que lido com o corpo. Depois entramos na parte da energia e os elementos da natureza,
a dança afro tem isso de primar por uma conexão maior com a natureza. no caso,
As culturas africanas desenvolveram muito do seu saber pela observação da natureza, assim como os indígenas, eles não romperam com a natureza tanto como o homem ocidental, muito pelo contrário, esse conhecimento vem dos elementos da natureza, o respeito a natureza. “Tem uma história que gosto de citar dos escultores de Zimbábue que esculpem em pedras, eles tem um tempo de meditação
diante da pedra, a idéia é que a pedra vai se comunicar
com ele e dizer no que ela quer se transformar.
É
uma visão mais integrada, por isso a natureza está nessa busca,
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nessa filosofia, não que eu diga que eu viva 100% nisso, é óbvio que não, eu vivo aqui (cidade), mas a minha busca é para não perder esse fio, e a minha dança é minha forma de buscar essa re-conexão, na aula eu prezo por isso. Por isso a importância de todas as palavras que tem a ver com a natureza, e as ações, muitas vezes eu falo mergulha, então o mar é uma inspiração, e o mergulho é um gesto que a gente faz, então tem mergulho, tem mar, tem areia, vento. Na parte dos sentidos (ouvindo, olha) uma exemplo comum na aula:quando sua cabeça gira para um lado, gira para outro, não quer dizer que você está olhando para onde sua cabeça virou, então eu falo: Olha para frente! O ouvir também é muito importante para dança afro, ligada a música, e o ritmo que é fundamental, nosso cargo chefe. Selecionei “o gesto” que é muito importante, considero que a dança afro brasileira que toca nos orixás, danças sagradas, o gesto tem uma simbologia. Sempre chamo atenção na aula, até brinquei que as meninas estavam com as mãos muito frouxas, pareciam a Carmem Miranda, não é assim, o que adianta você está representando uma dança que tem a ver com um Orixá que tem um gesto forte, se seu corpo está firme e sua mão está mole.
Juntos, é a idéia do corpo coletivo que faz parte das danças africanas, das danças populares de você fazer junto, não é idéia do solista, do ser melhor, mas, do junto e do solo, primazia do todo, integrando momentos que cada um faz e mostra sua dança.
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Tempo,
sempre trabalhei com turmas mistas, iniciantes e
avançados, é uma riqueza que todos estejam num mesmo espaço, respeito a diferença, uma pessoa que chegou agora pode admirar quem está ali a mais tempo e se inspirar nela, assim como cada um tem o seu tempo para cada movimento. Tem a questão da parceria, faço muitas atividades em grupo, em dupla, e eu sinto que ali ocorre uma parceria, uma pessoa ajuda a outra, aprende não só comigo mas com os alunos antigos.
Terreiro, porque o terreiro é um espaço de resistência dos negros muito forte, foi onde se recriou e se manteve uma identidade africana, de certa forma, se
hoje existe dança afro é porque existiu o terreiro antes, onde se manteve essa identidade de onde o negro retirou força espiritual para continuar para ser feliz, viver, construir, e por outro lado a aula para mim também é um terreiro, no sentido da resistência cultural e do equilíbrio espiritual, porque ali as pessoas vão fazer uma terapia, uma limpeza, algo que não é só corporal mais o corpo nesse complexo mente,espírito, energia, então ali também é um terreiro e eu sou mãe de santo daquele terreiro. As aulas tem movimento, é onde é feito o meu trabalho, um trabalho corporal, espiritual, energético.
Oportunidade, para vida, para mim, para quem está dançando, como se fosse um microcosmo da vida que reproduzimos na dança as energias iremos precisar para o dia a dia, força, continuidade. Conseguir seguir em frente mesmo estando cansado, você vai do seu jeito, adapta mais segue.
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O
“Eu”, ficou quase no centro, é importante tudo partir do “EU” ,
no melhor sentido possível, você
se olhar, perceber, seguir, força, pés no chão, destravar, redondo, o zigue zague, a progressão, os olhos, o bem para você mesmo.
Umbigo, é um centro de energia, relacionando ao cordão umbilical, o que está lhe nutrindo.
Os orixás, que são representados e reverenciados na aula, Oxum, Nana, Iemanjá, Xangô, Odoya saudação. Tem essa parte dos “gritinhos”, vem de uma forma espontânea, balança balança, Haa Haa, Xô coro corô. Tem também as palmas, a vibração da galera que é muito importante, o canto, uma forma de está presente, o giro, Giro Giro, que é uma forma de transe de catarse, o que busco na aula.
A Bahia,
é um lugar no Brasil muito importante, com uma cultura
negra forte, em que dança afro lá é desenvolvida. Tem os blocos afros que admiro, eles começaram a juntar a questão de resistência cultural com a questão política e na déc. de 70, foi muito importante para o movimento. A Banda Eva, hoje em dia talvez um pouco menos, mais ainda é uma resistência para auto-estima e identidade local negra, porque o nosso movimento histórico infelizmente vem diminuindo as raízes negras, como se a perda da identidade negra fosse um ponto positivo para sociedade, o branqueamento. O movimento desde muito tempo atrás vem “peitando” o contrário e na Bahia o movimento dos blocos Afros tem esse papel importante de resistência, pesquisa histórica africana, a menina negra valoriza a estética negra, seus panos, suas roupas. Bahia tem essa coisa de fundir, pegar o que
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é afro-brasileiro e fundir com outras referencias africanas, criar coisas novas, eles são bons nisso.
Axé é o ponto chave porque ele significa energia vital, quando dançamos movimentamos nosso Axé, acendemos efortalecemos, é a nossa melhor energia, cada um tem seu axé.
Para finalizar, vou falar do Axé, o
Por isso que eu falo para as pessoas terem capricho no seu movimento, não é capricho no sentido “capricha para ficar bonito, como bailarina!”é um cuidar extremo, porque você está lidando com sua energia. Penso que quando a gente faz uma dança com consciência do nosso corpo todo, inspirado na natureza, ouvindo o ritmo, seguindo
estamos fazendo uma harmonização, com formas e energias harmônicas, produzindo mais energias harmônicas, o Axé é essa energia, que com o coletivo,
tem hora que começa a crescer, tem hora que é só mais energia e a forma já importa pouco, e tem hora de cuidar um pouco dessa forma também, não para ser bonito mas para ser harmônico.
“Agradeço a Aline por dizer que a dança Afro prima por uma conexão maior com a natureza, por isso as palavras mar, areia, vento, mergulho são faladas em aula, estão ligadas as características e movimentos dos orixás. Percebo que minha conexão com a dança vem do meu querer me conectar mais com a natureza e comigo mesma.” 24
“Agradeço por Aline dizer que a palavra Junto é a ideia do corpo coletivo presente nas danças africanas. Enxerguei mandalas nas danças em que o grupo se une formando esse corpo coletivo.” “Agradeço a Aline por dizer que se a dança Afro existe é porque existiu o terreiro antes, se mantendo a identidade, resistência negra e a força espiritual. Sinto que estou em uma busca por descobrir essa identidade negra em mim, e que essa força espiritual vem crescendo com minha aproximação da musica e da dança.”
Frases feitas a partir do Jogo de palavras: O mar é a arte de equilibrar. Dança desembola os olhos, destrava os pés e deixa o movimento girar. Mergulha no mar e deixa a natureza energizar. Desenrola o corpo e deixa seu tempo dançar. Zigue Zague, 3 giros, balança balança. A dança recolhe a riqueza de cada um. O ritmo do corpo segue o equilíbrio do mar. O axé da Bahia destrava o umbigo e a força da palma. A força de Xangô é o centro do terreiro. O canto de oxum é ritmo, corpo e riqueza. O corpo tem seu tempo, tem seu ritmo tem seu seu chão e tem seu mar. O centro da força é o umbigo. Oxumaré mergulha no chão em seu movimento. As conchas de Iemanjá são energia do canto. Odaya Rainha, olha o seu ritmo e faz fartura com seu axé, equilibrando o movimento.
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Rainha dos olhos arredondados é axé, fartura e riqueza. Pé no chão deixa seguir o ziguezague do movimento até o centro. Progressão da energia, do axé, do ritmo. Oportunidade é cada um mergulhar no seu corpo, ouvindo o seu ritmo com axé. Eu movo meus pés com coragem na progressão do ritmo, do movimento e do canto. Juntos somos coragem e força, juntos somos o centro do terreiro. O centro do terreiro deixa Ogum com energia nos pés. Balança, balança, o ritmo do corpo é a arte de Iansã. Mergulha com força para Oxumaré girar a gira. O mar de movimento é corpo de Iemanjá. Haa Haa deixa a Iansã trabalhar a fartura da dança. Olha o ritmo do seu corpo, mergulha no seu tempo, cada um tem sua riqueza. Parceira que é parceira dança bem e bate palma.
Levei todas as frases escritas em papel para que Aline definisse qual seria a nossa frase-objetivo, após uma dinâmica junto com os alunos, chegamos na seguinte frase:
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“A dança recolhe a riqueza de cada um. Desenrola o tempo como oportunidade de mergulhar no próprio corpo, ouvindo o seu ritmo com Axé.” 27
experimentação
Após a definição do jogo da frase objetivo, iniciou-se a construção de experimentos.
1. Saia de Folhas,
foi feita com folhas naturais verdes e
compridas, amarradas em uma emenda de tecidos, que possibilitava amarração na cintura. O que chamou atenção da Aline foram as folhas, ela amarrou na cintura usando como saia, fez alguns passos com ela. As folhas fizeram sons ao mexerem e se chocarem. Agradeço a Aline por seu encanto com a possibilidade de uma saia de folhas verdes. Gerou em mim querer aprender a trabalhar com essas folhas naturais.
2. Tecido de Folhas,
tecido com colagem, Aline achou
interessante a textura, e a resistência do tecido junto com a folha, tentou usar como saia, mas o tecido ficou rígido não sendo possível a flexibilidade para ser amarrado na cintura. Agradeço a Aline por tentar usar o tecido folha como saia. Percebi que precisava colocar alguma corda que possibilitasse a amarração na cintura já que esse material não tinha a fluidez de um tecido simples.
3.Conjunto de tecidos conchas 1, tecido rendado com detalhes de conchas e semente azu.l 2, tecido voal com trouxinhas de conchas penduradas. 3, tecido vel (com furinhos) vermelho com trouxinhas de conchas penduradas.
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Aline amarrou o tecido na cintura e começou a dançar, testanto os sons das conchas, os movimentos lentos não geraram sons. Aline destacou que a cor do tecido poderia ser ligada ao elemento, conchas em tecido de cor azul, e que seria bom reproduzir mais peças para o uso na aula pelos alunos também. O voal foi o que teve maior resposta de som quando as conchas se bateram, o com renda destacou-se por lembrar o mar. Aline disse que a cor vermelha não combinava com associação concha-mar. Agradeço a Aline por dizer para levar mais panos, possibilitando que todos os alunos usassem. Assim produzi maior quantiade de tecidos para as próximas experimentações.
4. Origami de surpresas, envelope feito com dobradura de origami, 1 com semente de girassol, outro com pó de madeira. Aline disse que usaria esses materiais em sua aula de exploração dos sentidos com os elementos naturais, indicando que eu trouxesse mais com outras sementes e o de pó de madeira poderia ser terra. Agradeço a Aline por dizer para trocar pó de madeira por terra. Recordei o significado da terra, dito no jogo de palavras, atrelado ao chão, a ancestralidade na dança dos orixás, e que eu poderia trazer os elementos que são conversados em sala dentro desses origamis.
5. Segredo de Argila, bolinha feita com argila, com uma pequena folha dentro, envolta de um tecido vermelho com bolinhas douradas. Esse experimento lembrou a Aline um objeto de fundamento de terreiro, disse que em sua aula de materiais naturais também faz uma bolinha de argila oca e que antes de fechar, coloca um
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pedido dentro dela. Agradeço a Aline por dizer que colocava um pedido dentro da argila. Lembrei que aprendi a fazer essa bolinha com a Ana Branco, uma professora querida, dessa mesma forma, colocando um pedido dentro.
6. Tecido com desenhos,
da Aline e alguns símbolos
africanos feitos a mão.Aline rapidamente se reconheceu desenhada no tecido e o colocou em sua cintura usando como saia. Agradeço a Aline por querer usar o tecido pelo desenho. Gerando em mim perceber que o tecido ganhou significado a partir do desenho.
8. Adereços,
O primeiro foi um corda com folhas secas e
sementes. O segundo um trançado de palha. Ambos foram usadas como adereços para serem colocados na cintura. Agradeço a Aline por dizer que as sementes e palha eram interessantes serem trabalhados. Percebi que esse experimento trazia um pouco do que a Aline fala nas aulas de primar pela relação que a dança trás com a natureza.
9. Treliça bambu, foi armada no canto da sala em forma
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circular onde foram pendurados todos os experimentos feitos ficando disponível para que a turma usasse durante a aula. Agradeço a Aline por dizer que a forma circular da treliça representava a união da turma. Revivi que os experimento precisavam conter dois pontos principais o individual, “de dentro para fora”, e o coletivo, a união, a força e a beleza do grupo.
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partido adotado
Primeiro quente e frio Reuni todos os experimentos realizados e trouxe para a Aline, pedi para que ela fizesse uma linha horizontal, colocando em primeiro lugar o experimento que considerasse mais relevante para sua aula, conversando com a frase-objetivo. Formando assim uma linha de experimentos do quente para o frio. A linha ficou na seguinte ordem: 2ºTecido com desenhos 3º Conjunto de tecidos conchas 4º Saias de folhas 5º Tecido de folha 6º Segredo de Argila 7º Adereços para cintura 8º Origami de Surpresas 9º Treliça de bambu Apesar da treliça de bambu ter ficado em ultimo na horizontal Aline destacou que pensava que ele também ficava no meio dos experimentos, pois a forma circular reforça a idéia da união, da riqueza do grupo e permite a exposição da dança.
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Aline explicou que os objetos levados são as representações físicas, materiais da aula, ela considera importante mostrar a dança além do corporal, indo para o tangível. As conchas, as folhas, os desenhos representam a riqueza da dança e trazem Axé.
“Agradeço a Aline por dizer que os experimentos tecidos e a estrutura de bambu não se excluem, elas se complementam. Enxerguei a possibilidade dos objetos além de serem vestíveis, servirem como forma de expor a dança Afro.”
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geração de alternativas
Partindo do primeiro quente e frio produzi adereços, com cores, tecidos e texturas diferentes, alguns com desenhos das danças realizadas na aula, semelhante a estampas africanas, outros seguindo a linha de materiais naturais.
1. Tecidos com desenhos, 8 tecidos com cores e desenhos diferentes que poderiam ser associados aos orixás. 1. Amarelo com gravuras feita a partir de folhas, mesclando o vermelho e o azul. 2. Azul e vermelho, com desenhos do grupo dançando de mãos dadas, e símbolos africanos circulares reforçando a união. 3. Tecido branco brilhoso, com um desenho principal em vermelho de uma dança em conjunto, ao fundo gravuras feitas de folhas em azul e detalhes verdes. 4. Azul escuro, desenhos da Aline dançando em preto, e ao fundo linhas brancas ondulosas. 5. Azul escuro com símbolos circulares africanos e desenhos da turma dançando. 6. Vermelho brilhoso com desenhos da Aline e símbolos africanos em preto. 7. Tecido pintado com argila, com desenho de um homes indicando força. 8.Tecido branco com gravuras feitas com folhas, vermelho e verde.
2. Tecidos conchas, 2 tecidos com penduricalhos de conchas. 1. Tecido rendado com conchas e semente azuis penduradas.
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2. Tecido vel, com sacolinhas de conchas costurados, possibilitando maior barulho.
3. Tecido com estampa de onça
com palhas pendu-
radas.
4. Saia trançada de folhas de palmeira, desenvolvida a partir do primeiro experimento de saia folha, descobri que os trançados poderiam ser um caminho para se trabalhar com folhas, pois ganhavam volume e forma.
5. Saia de tecido folha, baseado no experimento de colagens de folhas, acrescentando apenas uma corda transpassada facilitando a amarração na cintura.
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Todo esse material foi levado para aula de dança, junto com a treliça de bambu feita na primeira fase do projeto e com as frases e palavras coletadas. Foram realizadas duas experimentações, a primeira com a turma de iniciantes e a segunda com a turma de alunos avançados.
Primeira experimentação Aline armou a treliça de bambu no canto da sala em forma circular, pondo os adereços pendurados e a frase guia do projeto (A dança recolhe a riqueza de cada um. Desenrola o tempo como oportunidade de mergulhar no próprio corpo, ouvindo o seu ritmo com Axé) no centro da roda. A aula iniciou com o Fabio tocando um instrumento africano de corda, as luzes estavam apagadas, os movimentos eram delicados seguindo o som, Aline frisava o gesto, o sentir o som para executar o movimento. No final Aline chamou os alunos para junto da treliça e pediu para que cada um escolhesse o adereço que mais se identificasse. Voltaram para dança, e a primeira parte foi para que cada um dançasse conforme a cor e, ou a lembrança de algum orixá que o adereço pudesse trazer, rapidamente cada um foi aderindo aquela veste, surgindo iemanjá, oxum, xangô, oxossi... A segunda foi reconhecer uma dupla, seja pela cor ou pelo material e iniciar uma dança, lentamente cada um foi escolhendo seu par.
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A experimentação finalizou com uma dança unindo todos em uma grande família. Link dos vídeos da experimentação: https://youtu.be/XT3cR0bfotk https://youtu.be/fLWGtkyAhmc
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Segunda Experimentação A segunda experimentação Aline usou a treliça aberta pendurada na parede e novamente pôs as saias nele. Nessa aula Aline fez as danças de dois Orixás, Oxossi e Oxum, iniciando com a dança Oxossi, no meio da aula ela pôs a saia de folhas e disse que quem quisesse também poderia escolher a sua, rapidamente cada um escolheu seu adereço, usaram como saias, faixas e turbantes. A aula finalizou com uma dança de oxum, em que Aline trocou sua saia de folha por uma saia de conchas. No fim da aula conversamos sobre a experimentação e ela comentou que estava faltando uma saia que representasse Oxum, orixá cuja a cor é o amarelo e seu elemento é o rio, por que na hora que pegou a saia de conchas percebeu que ela remetia a Iemanjá, Orixá das águas do mar. Outro ponto foi a divisão dos tecidos pois percebeu que usando todos os tecidos de uma vez só ficou um pouco confuso, já que normalmente as aulas são focadas em um ou dois orixás.
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“Agradeço a Aline pela experimentação dos tecidos na aula, só assim pude ver que o azul se transformava em uma veste de ogum, o de conchas em uma saia de Iemanjá. Vi que o que atribui vida e significado ao experimento é o seu uso, e que que minha função não é criar, mas, identificar o uso e potencializar esse objeto para tal.” “Agradeço a Aline por me dizer dizer que estava faltando uma saia que representasse Oxum. Percebi a diferença entre Oxum e Iemanjá, uma de água doce, outra água salgado, Oxum representada pela cor amarela, Iemanjá pelo branco e azul.” 47
alternativa adotada Construção do Protótipo
2º Quente e frio A segunda linha de quente e frio ficou da seguinte forma: 1º Saia trançada de palmeiras 2º Tecido com colagem de folha 3º Tecidos com os desenhos das danças (Alunos e Aline) 4º Tecido rendado com concha 5º Tecido Vel com concha 6º Tecido com palhas 7º Tecidos com gravuras de folhas Aline explicou que a saia de palmeiras e a colagem de folhas representavam a ligação com a natureza, os orixás da mata. Os tecidos com os desenhos, representavam sua aula, pois ela e seus alunos estavam neles. As cores de cada tecido também ajudavam a representar os Orixás. Os tecidos com conchas eram a representação das águas, da Orixá Iemanjá. No tecido com palhas representava o Orixá Omolú.
“Agradeço a Aline, por me mostrar que os desenhos nos tecidos eram a representação visual da aula da dança. Aprendi a diferença entre estética e função, os tecidos que tinham as pessoas dançando representavam uma realidade, a dança viva e a energia do grupo.”
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Baseado no segundo - quente e frio, definimos que seriam feitos 8 tecidos, que poderiam ser usados como saia, representando a dança e os orixás, escolhemos 8, os orixás da terra: Ogum e Omolú, do fogo e dos ventos: Xangô e Iansã , das águas: Iemanjá e Oxum, das matas: Oxossi e Ossãe.
Criação do Protótipo - Estampas Tendo como base os aprendizados desses 4 meses de observações e registros fotográficos, iniciei a produção das estampas. Dividi os desenhos por movimentos especificos de cada Orixá, para isso fiz uma pesquisa sobre cada Orixá, suas cores seu símbolos, seus movimentos e relacionei os desenhos feitos das danças na aula da Aline. Defini padrões para serem usados ao fundo dos desenhos baseado na estética de estampas africanas. As estampas foram impressas em tecido de poliamida, pela técnica da sublimação, no tamanho 1,40 x 0,50m.
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estampas
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Estampa de Omolú Orixá das doenças e das curas, da vida e da morte, o dono da terra. Tem como símbolo as palhas, com o que se cobre, pois seu brilho interior é muito grande. Suas cores são preto, branco e amarelo. A escolha pelo tom predominante marrom de Omolú se deve por ele ser um orixá ligado a terra. Os desenhos, que se intercalam na padronagem, são respectivamente a Aline em um gesto de concentração, quase reza ao mesmo tempo é um gesto forte e o outro é a representação do próprio Orixá.
Estampa de Ogum Ogum é um Orixá guerreiro, ativo, que conquista o que quer. Tem como símbolos os metais e como cor predominante o azul escuro. Nessa estampa foi feita uma relação do movimento de Ogum, o seu lado ativo, com os desenhos de alguns instrumentos africanos e com o bruno tocando.
Estampa de Iemanjá Rainha das Águas doces e salgadas, mãe de todos os filhos de todo o mundo. Seu elemento é água e suas cores são branco, prateado e azul. Os desenhos escolhidos representam os movimentos de Iemanjá na dança, o primeiro com os braços seguindo o movimento das águas e o segundo com os braços abertos como se acolhesse a um filho. Os padrões ao fundo lembram conchas e o movimento das águas.
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Estampa de Xangô Xangô é o rei, orixá da justiça, que demonstra sua força sem excitação. Seu elemento é o fogo, o vulcão, grandes chamas e o raio. Sua cor é o vermelho e o branco. Os desenhos são respectivamente a representação do próprio xangô com um machado na mão e um aluno da aula da Aline em fazendo em um gesto que transmite força, realeza.
Estampa de Iansã Iansã é a rainha dos raios e das ventanias, a tempestade é o seu manifesto. Iansã é guerreira e sabe defender o que é seu. Seus elementos são o vento e o fogo. Sua cor predominante é o vermelho. Na estampa, os desenhos colocados são movimentos característicos da dança de Iansã, os padrões ao fundo tendem a ilustrar o movimento dos ventos.
Estampa de Oxum Oxum é filha de Iemanjá, herdou da mãe a realeza das águas doces. Dona do poder feminino e da fertilidade, é rainha das riquezas e protetora das crianças. Seu elemento é a água e suas cores são o amarelo e o ouro.Os desenhos além de mostrarem os movimentos de Oxum na dança, também representam a maternidade pela mulher grávida.
Estampa de Oxossi Oxossi é caçador e senhor das florestas e dos seres que a habitam. É o orixá da fartura e da riqueza. Seu elemento é a floresta e sua cor predominante é o verde e o branco. Os desenhos mostram o movimento da flecha de Oxóssi e a sua força durante a caça.
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oficina de adereรงos
Após a criação dos tecidos estampados surgiu a ideia de criarmos um oficina de adereços que pudessem ser usados na apresenação de final de ano dos alunos. A proposta era usar como base as primeiras experimentaçõs feitas, as saias de palha, as de concha, as de folha verde. E assim organizamos a oficina para o dia 29 de novembro, na fundição progresso. Os materiais levados para oficina foram divididos em três categorias: Tecidos estapados, junto com as saias de materiais naturais finalizadas, servindo referência para criação de novos adereços. Experimentos que pudessem ser reaproveitados pelos participantes Retalhos de tecidos, folhas secas e verdes, conchas, terra, argila, cola, tesoura...
“Agradeço a Ana Clara que colaborou na organização da oficina e na costura dos tecidos. Aprendi a dividir os trabalhos com ela, ficando com tempo para finalizar as saias de materiais naturais.”
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apresentação cordão bola preta
conclusões e agradecimentos Nesse projeto senti novamente a alegria em realizar um trabalho para e com o outro, entendendo que minha função não é criar, mas, potencializar o que já existe. Reconheci a África como sendo parte do meu berço, um lado que ainda sei muito pouco e que quero conhecer mais, sinto como se tivesse nascido uma semente que quer crescer rapidamente regada de dança e música ancestral. Agradeço a Aline pelo semestre de aprendizado, sobre a dança, sobre o corpo, sobre o resgate de uma cultura que é nossa. Agradeço por me encantar com cada ideia, por cada dinâmica feita com o grupo, aprendi que as minhas criações, experimentos, não são nada sem um uso. Esse semestre com a Aline me fez querer continuar junto com ela aprendendo e desenvolvendo o projeto.
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Agradeço a Bia
Lemos, que atuou fazendo a ponte entre método
que usei no projeto com as exigências feitas pelos professores, sendo criteriosa com o que precisava ser entregue. Apesar de nossas formas de trabalhar e pensar serem bem distintas, graças a sua certeza de querer entregar um projeto bom, continuamos juntos até o final. Aprendi a ceder e a aceitar um modo de fazer diferente do meu. Agradeço a Ana
Clara, por ser quem compreendeu os modos di-
ferentes de pensar e fazer, conseguindo fazer com que eu continuasse no grupo até o fim do semestre. Agradeço por sua calma, sempre dizendo que tudo daria certo, e por nunca dizer que não faríamos porque era muito para nós, pelo contrário, quando Aline tinha uma ideia que eu pensava como eu iria executar, Clara só fazia ficar feliz e ampliar a ideia. Aprendi que sempre posso fazer mais.
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Agradeço a
turma de dança,
pela energia maravilhosa,
pela alegria, pela trocas, por gerar ideias junto comigo e com a Aline. Por mergulharem junto nesse projeto. Gerando em mim me sentir amada, acolhida e com a energia renovada só em pisar naquela sala de aula. Agradeço a Ana
Branco, por dizer, vai em frente e faz o que
você acredita apenas com um abraço. Gerando em mim conforto, de sentir essa confiança da Ana que é minha madrinha orientadora de coração. A cada dia acredito mais no que meu coração me diz para fazer. Agradeço a
Maria, minha avó, por em todos os projetos ser
minha melhor dupla, dizendo que eu tenho que está feliz, perguntando se não vou dormir e quando não vou dormir ficar junto comigo costurando os tecidos. Gera em mim saber que tenho a melhor dupla, melhora amiga, e melhor mãe do meu lado.
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