Revista Dois Pra Cá

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ALMA FEMININA O olhar de Tina Lautert sobre o universo da mulher


DESIGN CONFORTO ELEGÂNCIA REUNIDOS NUMA SÓ DANÇA



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Edição 1 - Ano I - Dezembro de 2016

Expediente Projeto Gráfico/Capa

Louise Rachadel Murilo Hiratomi Olívia Lino Tairone Moreira Thaisi Porto

Professores

Israel Braglia Luciano Castro Mary Meürer

Kirinus Escola de Dança Rua Lauro Linhares, 1335 - Trindade Florianópolis-SC – CEP 88036-003 Tel 48 3233-6868 Diretor Luiz Kirinus contato@kirinus.com.br Online be.net/doispraca issuu.com/taironemoreira/docs/revista_final_web Matérias e sugestões de pauta contato@kirinus.com.br Para anunciar contato@kirinus.com.br Tiragem 1000 exemplares A Revista Dois pra Cá é uma publicação independente bimestral da Kirinus Escola de Dança A Dois pra Cá não se responsabiliza pelas ideias e conceitos expressos nos artigos assinados, que trazem somente o pensamento dos autores e não representam necessariamente a opinião da revista.

É proibida a reprodução total ou parcial de suas publicações, para qualquer finalidade, sem prévia autorização. DOIS PRA CÁ 4


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Palavra do

Presidente P O R LU I Z KI R I N U S

Sejam todos muito bem vindos!

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com muita felicidade e gratidão que lançamos a primeira edição após 18 anos de história com muita alegria, dedicação e responsabilidade na arte e educação. Transformando vidas, unindo pessoas e plantando a sementinha da fraternidade com muito amor. Nesse novo espaço iremos falar de um pouco de tudo que acontece na Kirinus: festas, exposições, apresentações, nossas aulas, da cultura em geral. Conhecer mais os nossos colaboradores e alunos e do nosso lindo bairro Trindade, que sempre nos acolheu da melhor forma possível. Estamos sempre abertos para a transformação e inovação. Dança em todos os cantinhos destas páginas! E venham para Kirinus escola de dança. Forte abraço, Luiz Kirinus

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Edição 1 | Ano 2016

Coluna

Sumário

10 O SAMBA VIVE Quem acompanhou o carnaval do Rio voltou para casa sabendo que a festa resiste com bravura

verso 12 AS MULHERES QUE HABITO Noite de abertura da exposição “As Mulheres que Habito” da artista Tina Lautert.

pausa 36 DE CASA Sabrina Stahelin conta como é ser aluna da Kirinus 40 DANCE MAIS VIVA MELHOR Conheça os princiapis benefícios da dança 43 THE GET DOWN Série narra o nascimento do Hip Hop no Bronx dos anos 70

solo 48 A VOZ DA ILHA Joana Castanheira conta como foi iniciar ocanal que lhe rendeu mais de 80 mil fãs pelo país todo.


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Refrao 24 O CENTENÁRIO DO SAMBA Entenda as mudanças pelas quais passou o gênero que agoniza, mas não morre 35 MODA E SAMBA O Samba é presente em vários âmbitos da cultura brasileira, na moda não é diferente

20 GIGANTES DO SAMBA 2 Alexandre Pires e Luiz Carlos retornam aos palcos de Floripa com hinos atemporais do samba 22 AGENDA KIRINUS Conheça os eventos que agitam a escola nos meses de Dezembro 21 AGENDA CULTURAL Não perca os melhores eventos de Floripa


Pausa

P L AY L I S T

Centenário

do Samba

E M U M A R E V I S TA A S S I M N ÃO P O D E R I A FA LTA R M Ú S I C A

ESCUTE AGO R A DOIS PRA CÁ 8


Solta o som

Por Tairone Moreira

Foto:Spotify

Pausa

Nossa revista conta com novidade tecnológica, confira

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eria impossível uma revista cuja o tema é música não tocar o seu próprio som, por isso, ao abrir a Dois pra Cá, você já tem o que ouvir! Mas como irá funcionar? Simples! preparamos uma playlist das melhores músicas do tema deste bimestre no spotify e para acessá-la basta escanear o código QR do anúncio com seu celular e será levado direto pra lá! você pode seguir nossa playlist e ouvir onde quiser, e até ensair os passos de dança. A playlist conta com grande parte das músicas que marcaram os 100 anos do Samba no Brasil, de Noel Rosa a Zeca Pagodinho, foi preparada como uma homenagem ao centenário, e para você. O QR Code é a tecnologia que permite essa integração e que nós consigamos fazer você ouvir a nossa música de forma fácil e rápida, e muito atualizada! O Spotify é a plataforma que vai tocar a música, hoje é o aplicativo mais usado para executar playlists e se você não possui uma conta pode criar no site com seu login do facebook em poucos cliques pra poder aproveitar nosso som.

QR Code

Spotify

Cada vez mais presente em ações de marketing, os QR Codes ainda se parecem mais com um enigma do que com um meio de transmitir rapidamente informações a dispositivos móveis. Mas o que é, afinal, um QR Code? É um código de barras que pode ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares que têm câmera fotográfica. Esse código, após a decodificação, passa a ser um trecho de texto, um link e/ou um link que irá redirecionar o acesso ao conteúdo publicado em algum site. Inicialmente criado pela empresa japonesa Denso-Wave em 1994 para identificar peças na indústria automobilística, desde 2003 é usado para adicionar dados a telefones celulares através da câmera fotográfica. Pra ler o QR Code é simples. Execute o aplicativo instalado no seu celular, posicione a câmera digital de maneira que o código seja escaneado. Em instantes, o programa irá exibir o conteúdo decodificado ou irá redirecioná-lo para o site do link que estava no código.

Com o Spotify, é fácil encontrar a música certa para cada momento – no seu telefone, computador, tablet e outros. Existem milhões de faixas no Spotify. Não importa se você está malhando, em uma festa ou relaxando, a música certa está sempre em suas mãos. Escolha o que quer ouvir ou deixe o Spotify surpreendê-lo. Você também pode navegar pelas coleções de músicas de amigos, artistas e celebridades, ou criar uma estação de rádio e simplesmente aproveitar. Produza a trilha sonora de sua vida com o Spotify. Assine ou ouça de graça.

Músicas O Spotify tem milhões de músicas. Escute seus sons favoritos, descubra novas músicas e reúna seus favoritos em um só lugar.

Playlists No Spotify você encontra uma playlist para cada momento. Todas feitas por fanáticos e especialistas da música. DOIS PRA CÁ 9


Coluna

O samba vive

Por Flavia Oliveira

Quem acompanhou o carnaval do Rio voltou para casa sabendo que a festa resiste com bravura

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ão tema. “A infância está perdida, a mocidade está perdida, mas a vida não se perdeu”, escreveu Carlos Drummond de Andrade (“Consolo na praia”, 1945), sete décadas antes de o desfile de 2016 fazer o que fez com a escola de Padre Miguel. O tal carnaval da crise, que começou com chororô e mimimi, terminou com “bum bum paticumbum prugurundum” (Império Serrano, 1982) histórico a nos aquietar o coração. O samba vive. Viva o samba! A coluna desta quinta foi escrita e editada horas antes de a banca de julgadores de Liesa e Lierj apresentarem o veredicto dos desfiles da Série A e do Grupo Especial, na Passarela Professor Darcy Ribeiro, nome completo do sambódromo carioca. Este ano, o cenário abrigará, além do maior espetáculo audiovisual do planeta — diria Neguinho da Beija-Flor, 40 anos de passarela e de escola de samba —, competições do maior evento esportivo mundial, os Jogos Olímpicos. Mas o somatório de notas já não importa. É jogo jogado. A roda da folia girou, e os devotos da religião chamada carnaval podem dormir sossegados. Habemus samba. O mais brasileiro dos ritmos baixou por aqui há um século, muito antes de o país fazer parte do top ten da economia mundial. E sobrevive à inaceitável posição da mesma nação como 75ª no ranking do desenvolvimento humano da Organização das Nações Unidas (ONU). Quando a ditadura afiava as garras, nos anos 1960, o Rio de Janeiro pariu a Banda de Ipanema, que enfrentou com ousadia e irreverência os anos de chumbo. Em 1989, quando a hiperinflação enfiou a faca no bolso das famílias, e a década perdida se aproximava do fim, Joãosinho Trinta e DOIS PRA CÁ 10

Laíla produziram o maior desfile da História, “Ratos e urubus, larguem minha fantasia” (Beija-Flor, 1989). Em 1996, quando a fome envergonhava o país que viria a se tornar celeiro do mundo — que o digam a Vila Isabel de 2013, e a Unidos da Tijuca e a Imperatriz de 2016 —, o Império Serrano (de novo, ele) reverenciou o sociólogo Betinho, que içou o combate à miséria ao topo da agenda política nacional. Era de se esperar que, num ano nascido sob o signo da recessão, da inflação, do desemprego, da instabilidade política, do caixa esvaziado do setor público, o mundo do samba fizesse sua parte. E sem resquício de dúvidas fez. e altivez, “Apesar de você”, cantaria Chico Buarque. No domingo anterior ao feriadão, Madureira ferveu com o bloco Timoneiros da Viola e sua homenagem a Zé Ketti. O subúrbio ainda canta, lembra e valoriza seus mestres. Quando o Rei Momo recebeu do prefeito Eduardo Paes as chaves da cidade, na sexta-feira de carnaval, Dona Ivone Lara se apresentou, Wilson Moreira cantou, Nelson Sargento compareceu. Os três bambas, 263 anos somados, mostraram que o samba tem passado e presente. E tem futuro. O incansável Mombaça, cantor e compositor, pôs pelo segundo ano seguido o bloco afro Samba Trançado na rua. A menina Karine, um ano e três meses, mal aprendeu a falar, mas sambou e bateu palmas no ritmo dos tambores. A Praça Maracanã, onde começa a Vila Isabel de Noel Rosa, será, de agora em diante, um espaço de resistência do jongo e do samba nas segundas-feiras de folia. Nos últimos domingos de cada mês, quem quiser saber como tudo começou deve passar pela Praça Agripino Grieco, no


Coluna

início do Méier, para apreciar as apresentações de capoeira e jongo do grupo cultural Afrolaje. O samba vive, porque a Unidos de Vila Isabel, como manda seu hino-exaltação, renasceu das cinzas de um par de desfiles sofríveis e tomou a Sapucaí a plenos pulmões, convocando o povo a dançar o frevo, a ciranda, o maracatu na homenagem a Miguel Arraes. Vive, porque a Viradouro incorporou Ogundana, o alabê de Jerusalém, e deu aula de tolerância e fraternidade entre as religiões. O samba vive, porque o Salgueiro teve a coragem de abrir e fechar seu desfile com as entidades encantadas da umbanda, historicamente demonizadas por quem rejeita a liberdade de culto e a diversidade de tradições e conhecimentos. Vive, porque a Mangueira, com o enredo sobre Maria Bethânia, lembrou ao Brasil que no coração de quem tem fé cabem Iansã, Oxum, Oxalá — orixás das religiões de matriz africana — e Nossa Senhora, Menino Jesus de Praga, São João Menino — santidades do catolicismo. O samba vive, porque a Beija-Flor vestiu Selminha Sorriso e Claudinho Souza de colombina e arlequim, e Marcella Alves dançou pelo Salgueiro com figurino clássico, igualmente revivendo antigos carnavais. Vive, porque Squel Jorgea girou com o pavilhão da verde e rosa vestida de iaô, de cabeça raspada e pintada. Vive, porque quando o Rio parecia se acostumar a viver sem o arrebatamento, as arquibancadas, dos setores um ao 13, explodiram em ovação à Portela, maior campeã do carnaval carioca. Não importam notas, tropeços, crises. O samba vive. Viva o samba!

Colunista da edição: Flavia Oliveira

Flávia foi criada no bairro de Irajá, no subúrbio carioca. É técnica em Estatística pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence). Formou-se em Jornalismo no Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS-UFF), em 1993. Ingressou no jornalismo no ano anterior, como repórter do Jornal do Commercio. Desde maio de 1994, trabalha no jornal O Globo, onde ganhou prêmios por reportagens e cadernos especiais. É titular da coluna Negócios & Cia, no Globo, desde agosto de 2006. Tem coluna semanal, em vídeo, no vespertino para tablets “O Globo a Mais”, do Globo. É comentarista do Estúdio i da GloboNews, desde 2008.

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As mulheres que habito DOIS PRA CÁ 12

Foto:Bolívar Alencastro

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m novembro, dando continuidade ao movimento que traz diferentes artistas para que exponham seus trabalhos em nossa escola, convidamos Tina Lautert para apresentar a exposição As Mulheres que Habito. Tina Lautert já era artista muito antes de encontrar a pintura. A poe-

sia sempre esteve presente em sua vida: seu olhar, suas escolhas, seu andar, seu caminho e seu destino foram constantemente guiados pela poesia. Na exposição “As Mulheres que Habito” a artista Tina Lautert expõe com charme toda sua sensibilidade, fragilidade, delicadeza, sensualidade e poesia.

Por Bolívar Alencastro

Tina revela variadas possibilidades adormecidas nas almas femininas. Mistura tinta, dança, música, sonho e movimento. A liberdade com que suas cores se misturam e a força com que suas curvas nos seduzem são um convite para uma deliciosa viagem pelo universo feminino.

Foto:Bolívar Alencastro

Dançando com Arte

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Foto:Bolívar Alencastro

Foto:Bolívar Alencastro

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vERSO Sua temática recorrente busca fonte de inspiração na alma feminina. Sempre presente em seus quadros, a dança, o movimento, a sensualidade, a provocação, o desejo, a leveza, as curvas, o colorido em um universo infinito que só o mundo feminino é capaz de contar.

Foto:Bolívar Alencastro

Muito sensível, a artista cria quando seus sentimenos demandam saída. “Quando a emoção transborda, a pintura toma forma. Tanto alegria e plenitude quanto tristeza e tormento; o sentimento me inspira.” - diz a artista. “Quando o peito está explodindo e já não cabe mais no coração, a arte cria vida.”

Foto:Bolívar Alencastro

Nascida em Porto Alegre, formou-se em Arquitetura pela UniRitter, transitou pela dança, teatro, música, yoga, artes plásticas e magia. Autodidata, trabalha com técnicas variadas: tinta acrílica, aquarela, aquarela para tecido, hidrocor, lápis de cor e colagem.

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poder mudar o humor de uma pessoa é um processo lindo.” Tina Lauter busca a beleza, o lúdico, a felicidade e o equilíbrio em sua arte, e, dessa maneira, compartilhar um pouquinho do seu próprio mundo.

AS MULHERES QUE HABITO por Tina Lautert. Abertura: 11 de Novembro as 20h Kirinus Escola de dança Rua Lauro Linhares, 1335. Entrada livre

Foto:Bolívar Alencastro

A artista sente que suas experiências individuais são também experiências universais femininas. “Estar plena me faz querer pintar, e a minha pintura procura mostrar o que é belo. Tornar o mundo mais florido, mais colorido, mais alegre,

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Foto:Bolívar Alencastro

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Foto:Divulgação Gigantes do Samba

Gigantes do Samba 2


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Clássicos do pagode chegam em Florianópolis. Por Karin Barros

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les marcaram gerações, subiram em milhares de palcos nos últimos 25 anos, lançaram dezenas de canções de sucesso e já venderam milhões de CD’s. O projeto Gigantes do Samba, que já agitou todo o Brasil ao som de Alexandre Pires (Só Pra Contrariar) e Luiz Carlos (Raça Negra), está de volta a Floripa, apresentando todos os hits que deixaram saudades no coração de milhões de brasileiro. Eles são gigantes do samba para quem nasceu entre a década de 1980 e 1990, e curtiu uma época em que o samba e o pagode reinavam no país – diferente de 2010 para cá, em que o sertanejo disputa diretamente o públicos nas noites badalas do país. Para quem viveu esse momento, Alexandre Pires, que fez sucesso com o Só Pra Contraria, e Luiz Carlos, do Raça Negra, deram voz – e ritmo - a bons e maus momentos de muita gente. Daqueles dramáticos em que você só quer ouvir uma música que dê ainda mais dor ao seu cotovelo ou mais cor aos dias de amor cheio de felicidade. O projeto Gigantes do Samba 2, que chega em Florianópolis em dezembro, nasceu em 2014, passou pela capital catarinense em sua primeira turnê e trazia os maiores sucessos da dupla em suas carreiras individuais. A apresentação aconteceu no mesmo local em que ocorre este ano, no Devassa On Stage, mas no verão, e reuniu centenas de fãs, que cantavam do início ao fim todos os “hinos” do samba.

No dia 2 de dezembro, no Devassa On Stage, você tem um encontro marcado com as vozes donas de diversos sucessos, desde a década de 1990. Quem não lembra de “Cheia de Manias” e “Jeito de Ser” da banda Raça Negra? E os hits “Depois do Prazer” e “Essa Tal Liberdade” na voz de Alexandre Pires do Só Pra Contrariar? E para cair no samba, a noite ainda terá abertura com Péricles, o grande nome que comandou por anos o Exaltasamba vai relembrar sucessos como Eu Me Apaixonei Pela Pessoa Errada, A Gente Faz A Festa e Telegrama.

Atrações - Abertura com Péricles - Gigantes do Samba co Alexandre Pires do Só Pra Contrariar e Luiz Carlos do Raça Negra

O quê: Gigantes do Samba 2 Quando: 02/12, Onde: Devassa On Stage, rod. Maurício Sirotsky Sobrinho, Km 1,5, Jurerê, Florianópolis Quanto: a partir de R$ 50

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Agenda Kirinus NOVEMBRO Forró do K - Pra Lá e Pra Cá 20 NOVEMBRO

Forró do K Guaypekabuto a Tim Mai 27 NOVEMBRO

Flow Train Party Bday Vinícius Cabral Port

DEZEMBRO 03 DEZEMBRO

Forró do K - Erva Rasteira 04 DEZEMBRO

XII Mostra de Dança Teatro Alvaro de Carvalho

Forró do K - Cabrobró 11 DEZEMBRO

Forró do K Especial Final de Ano 18 DEZEMBRO

Curtiu algum evento mas perdeu a data? Fique de olho na nossa página e saiba quando vai rolar de novo: https://goo.gl/CSNVAv

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Bridge 25 de Novembro - 15 de Dezembro

9 de Dezembro

Exposição ‘Duchamp Was Here‘

Show Racionais MCs

Garupa - Bicicletaria & Etc

Devassa on Stage

11 de Dezembro

16 de Dezembro

Playing for Change

Mamba Negra

P12 - Parador Internacional

Terraza

16 - 18 de Dezembro

17 de Dezembro

Abertura Natal Mágico com Show de Daniel

Show Skank

Costão do Santinho Resort

P12 - Parador Internacional

17 de Dezembro

17 de Dezembro

III Happy Holi Florianópolis

Ópera Romeo Et Juliette

Beiramar São José

Teatro Ademir Rosa (CIC)

Agenda Cultural DOIS PRA CÁ 23


~ Refrao

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Foto:RCA

O Centenรกrio do Samba


Foto: Pedro de Moraes

~ Refrao

Clementina de Jesus, Pixinguinha e João da Baiana

As músicas dos 100 anos de samba O começo do século

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stá ouvindo essa música? Os versinhos são velhos conhecidos. Há 100 anos, Ernesto dos Santos, conhecido como Donga, registrava a partitura da música na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, como um “samba carnavalesco”. O carioca, com então 26 anos, já estava de olho no carnaval do ano seguinte. Na voz do cantor Manuel Pedro dos Santos, chamado Baiano, a canção foi gravada e, como ansiado por Donga, estourou e foi cantada em coro por foliões em blocos pelas ruas do Rio. “O chefe da folia, pelo telefone mandou me avisar Que com alegria não se questione Para se brincar! Ai, ai, ai. Deixe as mágoas pra trás, ó rapaz Ai, ai, ai. Fica triste se és capaz e verás.” (Donga e Mauro de Almeida) Além de garantir a alegria de quem brincava o carnaval, “Pelo telefone”

guarda a importância de ser apontada como o primeiro samba gravado. O que não é livre de contestações. Primeiro, pesquisadores apontam a existência de gravações anteriores que já levavam a classificação de gênero “samba”. Questiona-se também a autoria do samba como sendo de Donga, além do jornalista Mauro de Almeida, já que muitos dos versos já eram cantados em rodas de samba de toda parte do Rio de Janeiro. Por fim, rebate-se ainda seu enquadramento como samba. Sob dúvida ou não, o caso é que “Pelo telefone” marcou época e colocou o samba, gênero musical adotado como sendo “a cara do Brasil”, em evidência no carnaval carioca. “Ele fez um sucesso estrondoso e levou o samba para o disco, fazendo com que o samba se tornasse a trilha sonora do carnaval carioca em definitivo”, diz Luis Filipe de Lima, instrumentista, “Antes dele, havia muita marcha, maxixe… Tinha de tudo. ‘Pelo telefone’ marca esse salto do samba em matéria de prestígio.”

Murilo R., Ariel T. e Guilherme P.

O samba que nasce e a turma do Estácio É da década de 1910 a primeira geração de sambistas. Contemporâneos de Donga, estavam ali grandes nomes como o talentoso Pixinguinha (autor de “Carinhoso”), o pandeirista João da Baiana, os pioneiros do violão sete cordas China (irmão de Pixinguinha) e Tute, além do instrumentista e compositor Sinhô. Este, cujo nome era José Barbosa da Silva, assina diversas composições que viriam a ser gravadas por vozes importantes da época, como Francisco Alves e Mário Reis. Não por acaso, ganhou o título de “Rei do samba”. Nesta época, o processo de gravação era penoso e os resultados, de baixa qualidade. Os músicos eram obrigados a cantar a plenos pulmões em direção a uma corneta, a fim de imprimir por meio de uma agulha o som nos discos de 78 rotações, posteriormente tocados em gramofones. DOIS PRA CÁ 25


~ Refrao A seleção do que e como seria gravado também era rigorosa. Sendo centralizada no Rio de Janeiro, a pequena indústria fonográfica registrava as produções de quem ali vivia e ao estilo da fatia da população carioca com poder aquisitivo que pudesse comprá-las. O advogado e músico Rafael Lo Ré, membro do grupo paulista Glória ao Samba, dedicado à pesquisa e reprodução de sambas antigos, comenta que por essa razão muitos dos sambas da época eram orquestrados e raramente contavam com “batucada”, ou seja, instrumentos de percussão como pandeiro, surdo e tamborim. O samba estava ali, mas ainda não com a estrutura que assumiria a partir da segunda metade da década de 1920, com um grupo de sambistas do Estácio, bairro central do Rio de Janeiro. Alcebíades Barcelos, Ismael Silva, Nilton Bastos, Mano Edgar, Armando Marçal, entre outros, formaram aquela que se tornou a primeira escola de samba carioca, chamada “Deixa Falar”. Localizados próximos a uma Escola Normal, adotaram a brincadeira de que eram professores de samba, daí o título de “escola de samba”. “O pessoal do Estácio chega fazendo um samba diferente, com melodia, sincopado, ou seja, apoiado nas notas fracas, e também com notas longas, recurso que ajuda a se cantar mais alto, feito para se desfilar o Carnaval”, diz o músico Luis Filipe de Lima.

Foto: Ideias e Opiniões

Banda da Lua e Carmen Miranda

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Choro, exaltação e enredo Ainda nos anos 30, aparece o samba-choro, ramo que, segundo o músico Luis Filipe de Lima, influencia não só o samba da época, mas também serve de inspiração para figuras futuras, como Tom Jobim e a bossa nova, Luiz Gonzaga e o baião. “Num primeiro momento, o samba era arranjado por músicos habituados ao maxixe. Depois, entram os regionais de choro, que eram pau para toda obra”, diz Lima. Do estilo, saltam os sucessos de Noel Rosa, como “Conversa de botequim”, feito com seu parceiro Vadico. “É um samba choro clássico, com intervalos menos comuns, uma harmonia que

NOEL POSSUÍA A LINGUAGEM DO SAMBA E SEU SOTAQUE se movimenta mais que o samba, e uma melodia mais elaborada. Ainda assim é um grude, quem conhece, canta e entra na memória”, diz. Para o jornalista Sérgio Cabral, especialista na história do samba carioca, “para entender de samba é preciso conhecer certos autores, e Noel Rosa certamente é um deles”.

Em “Palpite infeliz”, de Noel Rosa, já se tem algo do que seria chamado de samba-exaltação: tipo que se volta a exaltar um personagem da história, o Brasil, ou ainda, como era frequente, o próprio samba, seus compositores e escolas (caso de “Mangueira”, de Assis Valente, interpretado pelo Bando da Lua). Em 1935, a Portela sai para desfilar com o samba “Cidade mulher”, enaltecendo o Rio de Janeiro, então capital da República. Segundo Monarco, antigo compositor da escola, foi uma forma do fundador Paulo da Portela agradecer as autoridades por permitir o desfile das escolas, então marginalizadas. Quatro anos depois, o mesmo Paulo da Portela fincaria uma bandeira na história do carnaval ao fazer um samba que acompanhasse o enredo proposto pela escola, trajada também com fantasias que remetiam ao tema. Era 1939 e a Portela sairia na Praça Onze exaltando a figura do professor e as salas de aula. Paulo, então, fez “Teste ao samba”. “É um samba fundamental, um marco de um gênero que começava a surgir ali que era o samba-enredo”, diz o historiador Luiz Antonio Simas, que conta que antes dele, os sambas das escolas não tinham que estar ligados a um enredo.


~ Refrao Balanço, verso improvisado e o registro das escolas

Foto: Nexo Jornal

Paulinho da Viola e Araci Cortes

Samba na canção e a bossa Em geral, são sambas de andamento mais lento, orquestrados com melodias rebuscadas, letras melancólicas e românticas (“de fossa”, se preferir), interpretadas pelas vozes do rádio, como Araci Cortes (que dá voz à canção que origina o subgênero: “Linda flor ‘Ai Ioiô’”, de Henrique Vogeler e Luiz Peixoto), Dalva de Oliveira (“Intriga”, de Sinval Silva e Tito Clement), Dora Lopes (“Você morreu para mim”, de Fernando Lobo e Newton Mendonça), Orlando Silva (“Eu sinto vontade de chorar”, de Dunga), Silvio Caldas (“Mente ao meu coração”, de Francisco Malfitano), Francisco Alves (“Marina”, de Dorival Caymmi) e Nelson Gonçalves (“Último desejo”, de Noel Rosa). Dentre os compositores mais gravados no samba-canção, destaque para o gaúcho Lupicínio Rodrigues, autor da célebre “Nervos de aço”, gravado em 1947 por – novamente ele – Francisco Alves. Ruy Castro, em seu livro “A noite do meu bem: A história e as histórias do samba-canção”, lembra que o subgênero era associado ao bolero cubano. Coisa que ele refuta. “Como o nome diz, ele é um samba em forma de canção –

suave, moderada. Ou uma canção em ritmo de samba – este também suave, moderado. É irmão de todas as canções românticas do mundo.” Da dor de cotovelo, o samba com arranjos e melodias sofisticadas segue na mesma linha e encontra o violão de João Gilberto, o piano de Tom Jobim e a poesia de Vinicius de Moraes. Inaugurando a bossa nova, no disco “Canção do amor demais”, Elizeth Cardoso canta as composições de Tom e Vinicius acompanhada do violão de João. É neste álbum que “Chega de saudade” aparece pela primeira vez, antes de ser gravada pelo Cariocas e pelo próprio João Gilberto meses depois, em 1958. Caso tenha ficado na dúvida se bossa nova é samba, Sérgio Cabral responde. “Isso nunca foi uma discussão. ‘Chega de saudade’ não só é um samba, como é um belíssimo samba. Muito bem feito, por sinal.” O músico e pesquisador Luis Filipe de Lima adota posição semelhante. “Tem gente que entende a bossa nova como um braço que se destacou do samba. Eu não. Eu vejo como um ramo dessa grande árvore. E ‘Chega de saudade’ é um exemplo de samba que virou um samba de bossa nova.”

A década de 60 marca a época em que os pequenos e pesados discos de 78 rotações vão deixando o mercado e dando lugar aos discos de vinil, os LPs, permitindo a gravação de mais músicas de cada lado e tornando o processo todo mais fácil. É nesse período que o samba ganha outros inovadores, além de discos de artistas solo, de escolas de samba e do partido alto em ação. A começar por Jorge Ben, surgindo com sua levada em 1963 com seu disco “Samba Esquema Novo”. “É um cabeça de chave do que virou o sambalanço, o samba rock. Tem uma harmonia já diferente. Dele eu fico com ‘Mas que nada’, samba que abre o disco e já dizia a que vinha”, opina Lima, citando a faixa que viria a ser regravada também por artistas de fora do país, como Ella Fitzgerald. Se o carioca Jorge Ben chamou atenção pelo novo, Martinho da Vila cativou por colocar um tipo de samba tradicional para tocar nas rádios. Do Rio de Janeiro, Martinho apresenta um samba que remete ao calango, samba rural que se executa entre cantores que soltam versos improvisados ao som de um pandeiro. É através dele que a levada rural se imprime no disco, bem como ganha popularidade o samba de partido alto, típico dos terreiros ou quadras de escola de samba, no qual se tem um refrão e os versos também são feitos de improviso. “O partido alto se fazia de muito, era para se versar. Isso eu vivi na casa da minha tia ainda pequeno. Era na palma da mão, raspando faca no prato, e um pandeiro, que às vezes nem tinha. Era um negócio mais artesanal mesmo”, lembra o instrumentista, compositor, cantor e personagem notório nessa história, Wilson das Neves, de 80 anos. “Com sua melodia simples e poética riquíssima, Martinho é um inovador”, diz o músico e produtor musical Rildo Hora. “Quando ele apareceu, estava naquele período pós-bossa nova e ele simplificou ao máximo a melodia e harmonia do samba.” DOIS PRA CÁ 27


Foto:O Globo

~ Refrao

Silas de Oliveira ensina menino a tocar em caixa de fósforo

Recordando os antigos Com os LPs, passam a surgir discos feitos com as escolas de samba do Rio de Janeiro que passam a registrar os sambas apresentados nos desfiles de carnaval, bem como sambas “internos”, chamados de terreiro, de quadra ou ainda “de meio de ano”. Da época, Rafael Lo Ré e Tuco Pellegrino, ambos do grupo Glória ao Samba, destacam o álbum “Portela, passado de glória”, de 1970. O disco é resultado de um trabalho do Paulinho da Viola de resgate de sambas antigos, músicas dos carnavais dos idos de 1930, algumas interpretadas pelos seus próprios compositores. É assim que as criações de Manacéa (“Quantas lágrimas”), Paulo da Portela (“Cocorocó”), Chico Santana (“Vida de fidalga”), Alberto Lonato (“Sofrimento de quem ama”), Ventura (“Se tu fores na Portela”) puderam ser preservadas. Dentre os compositores de escolas de samba, ao menos um nome se sobressai por se tratar de um sambista considerado um divisor de águas. Silas de Oliveira, compositor e sambista, que ganharia prestígio escrevendo DOIS PRA CÁ 28

samba-enredo para a escola Império Serrano, em Madureira, da qual participou da fundação. “Silas de Oliveira muda toda a lógica de samba-enredo. A métrica era uma antes de Silas e outra depois”, diz Tadeu Kaçula, músico e diretor do Instituto Cultural Samba Autêntico, em São Paulo.

SILAS DE OLIVEIRA MUDA TODA A LÓGICA DE SAMBA ENREDO Wilson das Neves recomenda “Os cinco bailes da história do Rio” (1965), Luiz Antonio Simas cita “61 anos de República” (1951), “Glória e Graças da Bahia” (1966) e “Heróis da Liberdade” (1969). Já Rildo Hora lembra de um clássico de Silas e compara: “Ele é o Tom Jobim do

samba-enredo, fora de qualquer análise. ‘Aquarela brasileira’ (1974) está para o samba-enredo como ‘Aquarela do Brasil’, do Ary Barroso, está para o samba. Todos seus sambas valem a pena.” “Vejam essa maravilha de cenário É um episódio relicário, Que o artista, num sonho genial Escolheu para este carnaval. E o asfalto como passarela Será a tela do Brasil em forma de aquarela” (Silas de Oliveira) “O mais engraçado é que ele fazia samba-enredo sozinho. Hoje precisam de dez pessoas para assinar um. Igual a ele não se fez mais não”, diz das Neves.

Dando a cara a tapa Dada a possibilidade de gravar álbuns com diversas faixas sem depender de grandes intérpretes, chegam à indústria fonográfica mais facilmente, além de Martinho da Vila, compositores como Cartola, Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara, Candeia; além de Geraldo Filme, em São Paulo; e Batatinha, na Bahia.


~ Refrao Novos instrumentos, o cacique e o pagode No fim da década de 1970, uma reunião de sambistas na zona norte do Rio de Janeiro chama atenção de Beth Carvalho. Na sede do bloco carnavalesco Cacique de Ramos surgiu o Fundo de Quintal, grupo que já teve em sua composição nomes como Jorge Aragão, Sombrinha, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Neoci (filho de João da Baiana, sambista da primeira geração), Mário Sergio e ainda conta com Bira Presidente, Sereno e Ubirany. Em 1978, Beth Carvalho gravou a música “Vou festejar”, de Jorge Aragão, Dida e Neoci, no álbum “De pé no chão”, dirigido por Rildo Hora, inflando sua carreira e chamando atenção para o grupo, que participa tocando nas faixas. “A geração de Cacique é super importante. Havia ali o poeta Luiz Carlos da Vila e toda a contribuição rítmica do Fundo de Quintal e os herdeiros, todos eles com bons sambas”, diz Rildo Hora. “Eu não diria que são sambas sofisticados como os de Paulinho da Viola, mas têm um valor muito grande porque conseguem muita comunicação e têm qualidade harmônica e poética. São sambas que marcaram

bastante e influenciaram o samba que a gente ouve nas ruas até hoje.” “Se os duetos não se encontram mais E os solos perderam emoção Se acabou o gás pra cantar o mais simples refrão Se a gente nota que uma só nota Já nos esgota O show perde a razão Mas iremos achar o tom Um acorde com um lindo som E fazer com que fique bom Outra vez, o nosso cantar E a gente vai ser feliz Olha nós outra vez no ar O show tem que continuar.” (Luiz Carlos da Vila) O grupo inova dando um tempero diferente à “batucada” inserindo novos instrumentos. Almir Guineto introduz o banjo com braço de cavaco; Sereno e Ubirany completavam com um tantã (tipo de tambor tocado na horizontal com as mãos) e um repique-de-mão (adaptação do repique usado nas escolas de samba, também tocado com as mãos).

“Ninguém tocava tantã como o Sereno, inovador, tocou. Bira no pandeiro, Ubirany no repique e Sereno no tantã formam a melhor batucada que eu ouvi nos últimos 30 anos”, completa Hora. Em 1980, o grupo lança seu primeiro disco “Samba é No Fundo do Quintal Vol.1”. Do álbum, destaque para “Gamação danada”, autoria de Almir Guineto e Neguinho da Beija-Flor. “É um samba muito lembrado desse repertório, que tem toda a revolução do pessoal do Cacique”, lembra o pesquisador Luis Filipe de Lima. “É um samba que tem uma marcação um pouco diferente, com notas longas e mais repicado. O samba de maneira geral ganhou um fôlego novo nessa época e acho que não por acaso.” Dos “herdeiros” do Cacique, Zeca Pagodinho é um nome forte. Seu primeiro disco gravado sai em 1986, seguido de “Patota de Cosme”, seu segundo trabalho de estúdio, logo no ano seguinte. Para Teresa Cristina, apesar de gostar de gravar sambas de amigos e compositores iniciantes, quando compôs, Zeca foi muito bem sucedido. É o caso de “Termina aqui”, de 1987, em parceria com Arlindo Cruz e Ratinho. “É um samba muito bonito, com uma melodia linda, que fica na memória.”

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Foto:Catraca Livre

~ Refrao

Grupo Fundo de Quintal

O que veio do pagode A turma do Fundo de Quintal já era chamada de geração do pagode, palavra associada desde o começo do século 20 a reuniões de sambistas. “Não entendo pagode como estilo de música. Pagode é uma festa”, diz o experiente Wilson das Neves. “Eu canto samba, mas acaba virando pagode, porque é sempre uma festa, né?”. O pagode carioca serviria de combustível para uma variação que se alastrou principalmente pela periferia paulistana, dando origem ao que se convencionou chamar de pagode paulista, romântico ou ainda pagode 90. É dessa época grupos como Art Popular, Molejo, Exaltasamba, Negritude Junior, Raça Negra e Só Pra Contrariar. “O movimento do pagode foi importantíssimo. Tem puristas que desconsideram e colocam o pagode como sendo samba de baixa qualidade poética. Eu não discuto isso. Música boa não tem idade”, afirma o músico Tadeu Kaçula, do Instituto Samba Autêntico. Para ele, o pagode partiu da periferia e conseguiu ganhar espaço onde o samba havia perdido: a grande mídia. “Se você for pegar a década de 60 e 70, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Cartola, Adoniran, Paulo Vanzolini… essa turma toda conseguiu chegar na mídia. Mas depois teve um marasmo com o advento DOIS PRA CÁ 30

do rock nacional, que roubou a cena. O samba perdeu presença. O pagode abriu espaço para novas gerações se relacionarem com o samba”, diz. Essa mesma geração já gerou seus próprios herdeiros, como Thiaguinho, Turma do Pagode, Bom Gosto, grupos que até hoje se mantêm populares entre jovens e com grande presença nas rádios e na televisão. Claro que não livre de críticas.

O PAGODE ATUAL É UM SAMBA URBANO, SEM COMPROMISSO COM POESIA O produtor Rildo Hora, de 77 anos, considera o pagode atual um “samba muito urbano” e “sem maiores compromissos com a coisa da poesia”. “O que é ruim é a falta de um grande letrista. O samba teve Noel Rosa, a bossa nova teve o Vinicius, o samba do Cacique teve o Luiz Carlos da Vila. Esse samba aí não tem ninguém. Por isso, acho que quando a peneira da história passar, é capaz de não ficar nada.”

Agoniza mas não morre “Samba, agoniza mas não morre Alguém sempre te socorre Antes do suspiro derradeiro Samba, negro, forte, destemido Foi duramente perseguido Na esquina, no botequim, no terreiro Samba, inocente, pé-no-chão A fidalguia do salão Te abraçou, te envolveu Mudaram toda a sua estrutura Te impuseram outra cultura E você nem percebeu” (Nelson Sargento) Em parte alheio às ramificações e inovações presentes em seus subgêneros, o grande eixo do samba, chamado “raiz” ou “tradicional”, se manteve firme ao longo do século em uma situação de resistência que muitos consideram política. O paulista Germano Mathias é dos que se colocam nesse front. Para ele, o samba sobrevive em razão dos sambistas que continuam a produzir com referência nos mais antigos, apesar da falta de apoio. “O samba tem uma qualidade excelente, mas ele não tem a necessária mídia que deveria. O samba raiz tem divisão marcante, não atrasa, nem adianta, por isso ele fica gostoso. Tem muito sambista de qualidade que


~ Refrao fielmente na resistência e na persistência do samba para daqui muitos anos, mas principalmente pela força dessas comunidades, que de segunda a segunda, fazem seu samba na periferia”, afirma. Rafael Lo Ré cita o trabalho de pesquisa que faz com o grupo Glória ao Samba nas escolas de samba cariocas. Como exemplo, lembra das visitas ao Salgueiro e das conversas buscando resgatar composições antigas. “Falamos com os compositores da época, fizemos amizade, todo final de semana a gente estava no Rio. Levantamos mais de 150 sambas inéditos que foram cantados no Morro do Salgueiro”, lembra. “Teve muita gente que abandonou as escolas por conta da modernização. Resgatar esse samba verdadeiro é algo muito bonito para a gente.”

Nova geração Além da preservação do antigo, a sobrevivência está também na criação do samba novo. Para isso, existe toda uma nova geração fazendo samba atual seguindo a linhagem. Teresa Cristina está no olho desse furacão. Cantora de sambas – de compositores sobretudo da Portela – desde 1998, Teresa diz que como parte da “geração anos 2000” vê muita gente boa, compositores novos produzindo sambas de qualidade, “mas cada um com a sua informação”.

Da nova safra, a carioca de 48 anos cita João Cavalcanti (vocalista do grupo Casuarina), Pedro Miranda, Alfredo Del-Penho (considerado o melhor cantor de samba pelo Prêmio da Música Brasileira 2016), a bandolinista Nilze Carvalho, Ana Costa e Alice Passos. “Esse pessoal está trabalhando, mas eu ainda acho cedo para analisar essa obra toda”, diz. Como referência para esse tipo de trabalho, que envolve manutenção do antigo aliado a inovação, Teresa Cristina cita o “mestre” Paulinho da Viola. “Ele ajudou a manter um samba de várias décadas antes, mas trouxe coisas novas.” Como exemplo cita sua versão de “O lenço”, de autoria de Monarco. “Ele desconstruiu a música totalmente e a cantou da maneira como ele via. A minha esperança é que a minha geração esteja fazendo o mesmo.” A cantora cita ainda o samba “Meu lugar” (2007), de Arlindo Cruz e Mauro Diniz (filho de Monarco), lembrando que apesar de ser de compositores de uma geração passada é moderno e já se tornou “um novo clássico”. “O samba está cada vez mais misturado e cada vez mais ele permanece por conta disso. As pessoas sempre vão querer ouvir boas melodias, boas letras, independentemente de ser de 1930 ou 2016. Um bom samba é um bom samba.”

Teresa Cristina em apresentação

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Foto:Canal do Youtube de Teresa Cristina

faz isso, mas que devia ter maior propagação e não tem. Ai se eu tivesse um programa de samba…” O antropólogo, pesquisador musical e criador do programa “Esquenta!”, Hermano Vianna pondera que o samba nunca foi unanimidade e, em toda sua trajetória, foi alvo de disputas. “No meu livro ‘O mistério do samba’ eu tento mostrar como no momento mesmo de sua consolidação como estilo musical, e de sua transformação em ‘símbolo de identidade nacional’, havia a luta constante entre a repressão mais brutal e a enaltação oficial”, diz. “Continuou assim o tempo todo, até agora, uma história de resistência constante, sem trégua, com conquistas e perdas de espaços, muitas vezes ao mesmo tempo.” Nessa resistência constante entram, além das próprias escolas de samba, outras comunidades de samba que fazem o trabalho de pesquisa e memória de sambas tradicionais. Em São Paulo, Tadeu Kaçula cita, além do próprio Instituto Samba Autêntico, que realiza rodas de samba com compositores na cidade, casos como o Mutirão do Samba, Projeto Nosso Samba, Clubes dos Sambistas, Samba da Vela e o Morro das Pedras. “Todos movimentos que ressignificaram o samba em São Paulo. Eu acredito




~ Refrao

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Foto:Caio Kenji/G1

Moda e Samba


~ Refrao

O figurino nas Escolas de Samba

por Nina Lourençon

Foto:R7

É

difícil imaginar alguém no mundo que nunca tenha ouvido falar do Carnaval do Brasil. Sem dúvidas, é uma das mais importantes manifestações da cultura popular brasileira, uma espécie de ode ao samba, à história do povo e, por que não, à moda nacional. Apesar de no século 19 já existirem as “Grandes Sociedades Carnavalescas”, a primeira escola de samba oficial foi fundada apenas em 1928, no Rio de Janeiro, pelo compositor Ismael Silva. A “Deixa Falar” tinha como intenção formar um bloco de carnaval diferente, que ao invés de dançar ao som das então tradicionais marchinhas, seguisse o ritmo do samba. A ideia foi bem recebida e o sucesso foi tremendo! A partir daí, novas escolas sugiram, como a “Estação Primeira de Mangueira”, a “Portela” e a “Unidos da Tijuca”, que desfilam até os dias de hoje. Inicialmente, sua organização era simples e não havia competições. Foi em 1934, quando fundada “União Geral das Escolas de Samba”, que a estrutura das escolas cresceu e se tornou profissional, e a partir da década de 50, as escolas de samba adquiriram o formato próximo do que conhecemos hoje em dia, com várias alas, cada uma com suas diferentes funções, desde os instrumentistas até os dançarinos. A primeira ala de dançarinos a ser organizada foi a das baianas, que atualmente é obrigatória e indispensável nos desfiles. A ala foi inspirada nas mulheres chamadas de “tias baianas”, que recebiam e abrigavam os negros e mulatos em suas casas na época em que o samba, a capoeira e outros costumes afrodescendentes eram marginalizados – fim do século 19, início do século 20.

Os instrumentistas, desde o início, desfilavam pelas suas escolas vestindo o traje que foi imortalizado como a típica imagem do malandro carioca. Inspirados nos capoeiristas da época, usavam camisetas listradas, calças brancas – algumas vezes acompanhadas de blazer branco também – e chapéu de palha. Com o tempo, as escolas de samba ganharam mais alas. Surgiu a ideia de se seguir uma temática, em volta de que tudo é construído, tanto os carros alegóricos, quanto as fantasias e, não menos importante, o samba enredo. Os figurinistas desenvolvem para cada ala uma vestimenta original – a cada ano! – que se refira à história contada pela escola no samba enredo, e, de forma detalhada, criam e constroem uma composição de efeito que cause surpresa e emoção em quem está vendo tanto de perto quanto de longe. Os personagens das escolas de samba que costumam possuir os figurinos mais trabalhados são o mestre sala, a porta bandeira e a famosa rainha de bateria. O escolhidos como mestre sala e porta bandeira geralmente são pessoas de importância na comunidade de origem da escola de samba e levam consigo

sua bandeira, seu brasão e suas cores. O casal veste trajes que remetem à nobreza aristocrática, fazendo referência à época da colonização do Brasil, quando os escravos observavam de longe os bailes que aconteciam nas sedes das fazendas da corte portuguesa e imitavam os seus senhores na maneira de dançar e de se vestir. A porta bandeira usa um vestido com saia extremamente ampla e um suporte para a bandeira. O mestre sala veste calça justa e blusa volumosa. Adereços de cabeça e plumas nas costas também compõe o figurino de ambos. A rainha de bateria, apesar de ser conhecida por usar pouca roupa e mostrar muito do corpo, usa uma das fantasias mais trabalhadas. Seu papel é desfilar à frente da bateria, em uma espécie de cortejo, para animar a plateia e mostrar o samba no pé. Seus figurinos normalmente são mais luxuosos, pelo lugar de destaque que ocupam e pela publicidade gerada à escola de samba. Os adornos de cabeça, as penas e plumas pelo corpo não podem faltar! Porém, o acessório principal da rainha de bateria é o salto! As sandálias costumam ser no estilo gladiador, com o cano todo trabalhando até o joelho, com salto meia pata, sempre fino e bem alto. Apesar de serem fantasias, os figurinos usados pelos integrantes das escolas muitas vezes seguem as tendências do momento e, ainda, influenciam os espectadores, numa espécie de via de mão dupla. Muitas mulheres se inspiram tanto no corpo quanto na roupa das passistas para curtir o verão e especialmente o carnaval. Claro que não ao pé da letra, mas as referências de pedraria, cores e brilhos podem ser vistas nas peças que compõem o look tropical da mulher brasileira! DOIS PRA CÁ 35


Pausa

Foto:Bolívar Alencastro

De casa Conversando com a aluna Sabrina Stahelin Por Tairone Moreira

Bolsista e dançarina da Kirinus, Sabrina fala sobre como é fazer parte da escola e qual a importância música e da dança em sua vida.

S

abrina é uma de tantas talentosas alunas (bolsistas) da Kirinus, estuda design na federal e dança desde os 14 anos, é incrível a boa energia que transmite. Confesso que a primeira vez que a vi dançando, era uma festa da UFSC, e as pessoas pararam para vê-la dançar, e era sempre assim. Acompanhe a entrevista com ela, que fala com muito amor sempre que o assunto é dança e Kirinus.

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O que te levou a começar a dançar? A vontade de sentir meu corpo vivo e expressar o que sinto e o que tenho pra falar, que geralmente não consigo colocar em palavras. Quando era criança fiz anos de aulas de balé e um pouco de jazz, contemporâneo e sapateado; porém depois de alguns anos assisti a uma apresentação de rock ‘soltinho’ e senti muita vontade de liberar minha energia da forma que vi naquela coreografia. Foi o que me impulsionou e inspirou por muito tempo a dançar.


Pausa

Que estilos você mais gosta de dançar? O estilo que mais gosto de dançar e me identifico pela questão cultural é o samba de gafieira. Portanto ultimamente o que mais tenho dançado e percebi que consigo me expressar muito por meio deste ritmo é o zouk. Sinto muita vontade de movimentar mais o corpo inteiro de uma forma que na dança de salão, o zouk me proporciona mais pelo tipo de movimento.

L Á É U M LU G A R EM QUE ME S I N TO E M C A S A . O que sente ao ouvir música? E ao dançar?

Que argumentos você usaria pra convencer uma pessoa a fazer dança AGORA? A dança é uma atividade que ajuda muito a desinibir as pessoas, a socializar, a relaxar e descontrair. Recomendo que as pessoas dancem sempre durante a vida, pois começamos a ver outro sentido na vida quando começamos a fazer algo que possa nos desconectar da rotina e proporcionar prazer e energia.

E o ambiente da Kirinus? Como você se sente quando está lá? Lá é um lugar em que me sinto em casa. Os anos de vivência no meio da dança nessa escola me proporcionaram amizades incríveis e um ambiente onde me sinto a vontade para também conhecer pessoas novas todos os dias. O ambiente do dia-a-dia da escola me traz uma energia renovadora a cada vez que vou lá e mesmo que meu tinha não tenha sido bom, por algum tempo consigo me desconectar dos problemas externos e viver o momento em que estou dançando.

Muitas músicas me fazem não conseguir ficar parada e sinto uma vontade muito interna de deixar a expressão corporal rolar. Ao dançar muitas vezes sinto que estou falando alguma coisa que quero expressar e que não consigo falar de outras formas. Não necessariamente são coisas que eu tenha refletido sobre, mas que transcendem do que eu sou e já vivi. Acho a dança essencial na minha vida por isso, se passo muito tempo sem dançar sinto uma angústia interna por ter coisas acumuladas para expressar.

E o teu lifestyle? Bom, além de ser apaixonada por dança e estudar design, como foi mencionado, acho que pontos importantes são que eu sou vegana e gosto muito de praticar outras atividades corporais como corrida. Depois que me tornei vegana consegui ter um entendimento muito melhor do funcionamento do meu corpo, tanto na alimentação quanto na disposição para prática de exercícios e na dança. Geralmente me sinto leve e disposta a gastar energia e me sentir viva realmente, quando o corpo todo trabalha e se sente ativo.

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Pausa

Dance mais Viva melhor A

dança é a expressão da alma através de movimentos corporais. Ela é uma parte integral nas artes e na indústria cultural, mas também é muito importante como atividade física. Como os exercícios

em geral, a dança traz algumas vantagens conhecidas, como a melhora no sistema cardiovascular, controle de peso e fortalecimento dos músculos e ossos. Dançar vai além disso, beneficiando diferentes áreas do cérebro,

reforçando o sistema imunológico e desta forma prevenindo doenças. A dança é uma modo prático e divertido de manter sua saúde e bem estar. Conheça agora quais são os benefícios da dança para o corpo, a mente e sua vida!

PARA O CORPO Reduz o risco de pressão arterial, colesterol e obesidade

Libera endorfina e adrenalina

Dançar reduz o risco de doença do coração

derrame

ataque cardíaco

40%

30%

50%

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Aumenta a flexibilidade, resistência, memória muscular, equilíbrio, força, energia e felicidade


Pausa PARA O CÉREBRO

dançar estimula os dois hemisférios do cérebro Lobo occipital — visão central Lobo parietal — movimento físico Lobo frontal — raciocínio Lobo temporal — audição

dançar combina várias atividades cerebrais ao mesmo tempo: racionais, musicais e emocionais, além disso aumenta sua conectividade neural.

religa o cortex cerebral e o hipocampo (responsável pela memória) fazendo a transmição de informações melhor e mais rápido

PARA A VIDA

dançar reduz as chances de alzheimer

dança de salão reduz as chances de desenvolvimento de disturbios mentais

60%

76%

Dançar pode tratar: artrite doença de parkinson depressão osteoporose

Criado por Melanie Scanlan. Disponível em goo.gl/1qo3Z9

qualquer estilo de dança pode melhorar sua qualidade de vida exercícios físicos proporcionam uma vida saudável a dança é uma maneira divertida de se manter ativo

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Pausa

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Foto:Netflix

The Get Down

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Foto:Netflix

Pausa

Seis bons motivos para assistir a série por Juliana Varella

A

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Foto:Netflix

Foto:Netflix

Netflix nem deixou seus usuários se recuperarem da febre de “Stranger Things” e já colocou no catálogo uma nova série original chamada “The Get Down”, que está conquistando os corações de um público apaixonado por música e arte. Criada e dirigida por Baz Luhrmann (“Moulin Rouge”, “Romeu + Julieta” e “O Grande Gatsby”), a série narra o nascimento do Hip Hop a partir da história de um jovem poeta que, em meio à destruição do Bronx nos anos 70 e no auge da Disco Music, se alia a um DJ para transformar suas rimas em música e em protesto. Se você está procurando uma nova série para mergulhar nas próximas noites, confira 6 motivos para colocar “The Get Down” no topo da sua lista:


Pausa

4. Poesia

Se você ama música, vai querer viver dentro de “The Get Down” para sempre. A série mostra o início do Hip Hop, mas também contextualiza o momento mostrando o sucesso da Disco Music (Donna Summer é uma referência para uma das protagonistas), a transformação da música gospel a partir de influências pop e a popularização do punk rock entre jovens da metrópole. O roteiro não se limita a expor esses movimentos musicais, mas também explora a concorrência e a troca de experiências entre eles, tanto sob a perspectiva da indústria quanto do consumo e produção independente.

A série é contada pela perspectiva de Ezequiel (Justice Smith), um jovem brilhante que tem um dom com palavras e descobre que pode usá-las para fazer música, narrando histórias em forma de rap em festas secretas ou duelos de DJs. Por causa desse personagem, muitos diálogos têm uma cadência musical e são compostos como versos, ora discretamente, ora mais ostensivamente.

2. Política e movimentos sociais A história da música, em “The Get Down”, aparece intimamente conectada à história da política e dos movimentos sociais naquele contexto específico do sul do Bronx nos anos 70. Apesar da especificidade, essa história não parece tão distante da trajetória de qualquer periferia e de suas expressões artísticas – e o uso de imagens de arquivo aproxima ainda mais a ficção da realidade. A série mostra como um candidato à prefeitura branco e elitista, que associa a arte do gueto à criminalidade, alia-se a um líder local para ganhar votos em troca da promessa de reconstruir o bairro durante o seu período mais decadente.

3. Grafite e cultura underground

5. Espetáculo audiovisual “The Get Down” não fala apenas de arte, mas explora a arte em sua composição. A trilha musical é quase sempre dançante e, em muitos momentos, a mixagem combina duas ou mais cenas embaladas por canções diferentes numa mesma batida, como se simulasse o trabalho do DJ (há apenas um episódio em que isso não funciona tão bem). Quanto ao design, a série explora uma paleta retrô, quente e vibrante, e envolve seus personagens em cenários visualmente explosivos – por todos os lados, há estampas, cartazes, texturas, globos espelhados, carros coloridos e artes em grafite. Já a câmera é ágil e abusa de enquadramentos expressivos, dando ao produto uma linguagem poética que remete a filmes de artes marciais, videoclipes e à própria obra de Luhrmann.

NO FINAL DOS ANOS 70, BRONX EM NOVA YORK SE ASSEMELHAVA A UMA ZONA DE GUERRA

Além da música, também é forte a presença do grafite e de outras referências culturais da época – como os filmes de artes marciais (que inspiram toda uma simbologia junto aos DJs) e as HQs de super-heróis. Um dos protagonistas, interpretado por Jaden Smith, é um grafiteiro que circula pelos túneis ao lado de outros artistas para marcar carcaças de trens com mensagens inspiradoras. Nesse universo secreto, sempre escondido dos olhos públicos, existe uma cultura de territorialidade conquistada por meio de talento e respeito – assim como no nascente Hip Hop (que ainda nem tem esse nome).

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Foto:Nexflix

1. História da música

6. Sem preconceitos

Além de retratar a diversidade artística da época, a série também aborda a diversidade étnica e sexual, sem rodeios. Por se passar quase inteiramente numa comunidade porto-riquenha na periferia de Nova York, a maior parte dos personagens são negros ou pardos e seus cabelos se expressam em magníficos black powers. Além disso há, no elenco principal, pelo menos um personagem homossexual e, num episódio, parte da ação se passa numa balada gay, onde ocorre um concurso de Vogue (um estilo de dança inspirada em poses glamorosas popularizada anos antes da famosa interpretação de Madonna).



Solo

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Foto: Divulgação

A voz da Ilha


Foto: GShow

Solo

Joana apresentando ‘Toxic” no The Voice

Trocando uma ideia com Joana Castanheira

Por Dia Estúdio

A

voz de Joana Castanheira vem encantando muita gente no YouTube. A catarinense de apenas 19 anos arrasa nos mais variados covers: tem versões de sucessos de cantores como Djavan, Beyoncé, Jorge Vercilo, Amy Winehouse, Anitta e Biel. Também há espaço para vlogs cheios de personalidade e participações superespeciais. A youtuber é estudante de jornalismo, mas além da faculdade, sua rotina ainda se divide entre aulas de canto, dança e os ensaios da companhia de teatro que participa, bem como suas respectivas apresentações.. Tudo isso e manter o canal do YouTube, claro. Afinal, já são mais de 40 mil inscritos acompanhando avidamente os seus vídeos semanais.

Em entrevista, Joana Castanheira conta sobre como começou o canal, a relação com a música e seu cotidiano. Conheça mais este talento da Rede Dia Estúdio!

Como começou a sua relação com a música? Eu sempre gostei muito de cantar. Desde muito criança eu lembro que ficava cantarolando Sandy & Junior pela escola. Mas, quando eu fiz 6 anos, eu entrei na primeira série e tive que mudar para um colégio novo e lá tinha um coral. Porém, só podiam participar as crianças que estudassem da segunda série em diante. Então eu esperei aquele ano e, no ano seguinte, eu entrei para o coral e fiquei uns bons anos por lá!

Como surgiu o canal no YouTube? Pouca gente sabe, mas o primeiro vídeo que eu gravei para o Youtube foi um cover da música “Você De Volta”, da dupla Maria Cecília & Rodolfo, em 2008 ou 2009. Na época, o vídeo teve bastante visualizações. Eu acho que tinha mais ou menos umas 25 mil. Só que gente, eu tinha 12 anos! Então mais tarde eu acabei deletando o vídeo, mas continuei colocando covers naquele canal. Mas não era nada muito profissional e isso me incomodava bastante, porque eu queria levar mais a sério. Foi aí que decidi comprar uma câmera e fazer um canal novo pra poder ter uma url nova (porque pasmem, a antiga era “jookaa123”). E então foi assim que o canal surgiu! DOIS PRA CÁ 47


Solo Você faz cover de Anitta a Djavan, músicas nacionais e internacionais. Mas o que toca no seu celular?

Entre aulas de dança e canto, faculdade, shows e canal, como consegue dar conta de tudo?

Se eu disser que não sei dizer exatamente o que eu escuto vai ser muito estranho? Eu gosto muito de ouvir música folk e indie, assim bem calminha, e aí o Spotify vai me sugerindo e eu vou ouvindo! Mas não sei dizer exatamente quais artistas eu ouço. Para quem quiser, dá pra dar um pulo lá no meu perfil do Spotify (joanaccastanheira) e descobrir;

Para ser bem sincera, eu não sei! . É realmente muito difícil dar conta de tudo, mas, eu acho que dentro da minha desorganização sagitariana, eu até que sou bem organizada! Eu sempre tento anotar todas as coisas que eu preciso fazer e resolver, montar cronogramas e agendas pra não deixar nada passar!

Como escolhe as músicas para tocar nos vídeos? Geralmente eu gravo músicas que eu já conheço e toco nos shows, ou eu tento gravar o que está mais em alta no momento. Eu tenho também uma listinha de sugestões onde eu anoto tudo que o pessoal me manda nos comentários dos vídeos ou por mensagem nas redes sociais e aí estou sempre dando uma olhada nessa lista como consulta!

Tem algum youtuber que você gostaria de fazer parceria? Vamos usar a sinceridade aqui? Vamos! Se tem uma pessoa aqui no Youtube que eu admiro e gostaria muito de gravar junto, essa pessoa é a Jout Jout, porque ô mulher maravilhosa, hein?

AINDA FICO TÍMIDA PRA FALAR NA FRENTE DA CÂMERA! Entre aulas de dança e canto, faculdade, shows e canal, como consegue dar conta de tudo? Para ser bem sincera, eu não sei! . É realmente muito difícil dar conta de tudo, mas, eu acho que dentro da minha desorganização sagitariana, eu até que sou bem organizada! Eu sempre anoto tudo que eu preciso resolver, montar cronogramas e agendas pra não perder nada!

Como você superou a timidez em frente às câmeras? Na verdade, eu acho que ainda preciso enfrentar bastante a minha timidez! Eu gosto muito de gravar os vlogs e fico bem feliz com o resultado, mas preciso confessar que ainda fico tímida pra falar na frente da câmera!

O que acha da relação com os fãs que a internet proporciona? Eu acho incrível, de verdade! Acho super gostoso encontrar gente na rua que assiste o canal, por exemplo. Isso me deixa muito feliz e eu tento sempre mostrar isso para as pessoas, porque sem elas nada disso aconteceria!

Entre YouTube, música, dança, teatro e jornalismo, o que você se vê fazendo no futuro? Quais são seus planos para o futuro? Para falar bem a verdade, eu acho que me imagino fazendo um pouco de tudo, do jeitinho que eu e já faço hoje! Eu acho que o Youtube possibilita isso também, de a gente ter a oportunidade de mostrar pras pessoas tudo que a gente sabe fazer e ir fazendo de tudo um pouco. Em geral, eu me imagino trabalhando com teatro musical, fazendo shows, escrevendo um pouco por aí!

Foto: Cris Nunes

Parceria com o canal Música e Moda

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DESIGN CONFORTO ELEGÂNCIA REUNIDOS NUMA SÓ DANÇA


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