TCC arqurbuvv Casa das Artes: Projeto de Requalificação para o Antigo Arquivo Público

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o

ANTIGO, o NOVO

,

o mesmo edificio ainda e sempre


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UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TALITA RUY SOUZA

CASA DAS ARTES: PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PARA O ANTIGO ARQUIVO PÚBLICO

VILA VELHA 2016


TALITA RUY SOUZA

CASA DAS ARTES: PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PARA O ANTIGO ARQUIVO PÚBLICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Simone Neiva Loures Gonçalves

VILA VELHA 2016

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TALITA RUY SOUZA

CASA DAS ARTES: PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PARA O ANTIGO ARQUIVO PÚBLICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Aprovado em ______ de Novembro de 2016.


COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________ Profª Drª Simone Neiva Loures Gonçalves Universidade Vila Velha Orientadora

_____________________________ Profª Drª Michelly Ramos de Angelo Universidade Vila Velha Coorientadora

_____________________________ Janayna Araujo Costa Pinheiro Examinador Externo Convidado

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“Não

esquecemos que o tempo é o grande escultor da História” Marguerite Yourcenar in Memórias de Adriano

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Dedico

este trabalho aos meus pais, Maria de Lourdes e Landes, e ao meu esposo William por todo apoio e amor que me concederam ao longo destes anos


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Agradecimento


Agradeço a um Deus vivo que esteve comigo em todos os momentos da minha vida. Minha fortaleza e fonte segura, renovando a minha fé e força e me tornando uma vitoriosa nesta jornada. Aos meus pais o amor, zelo, carinho e a compreensão, por acreditarem neste sonho, e mesmo com suas limitações, se sacrificaram para realiza-lo. Ao meu esposo William meu grande amor, companheiro e amigo, agradeço pelo incentivo, por cuidar da minha saúde, por renunciar seus desejos para realizar este sonho e por demonstrar todo carinho e paciência nos momentos de ansiedade e ausência. Aos professores, por dividir experiências e conhecimentos. A minha coorientadora

Michelly, que adotou essa ideia e compartilhou com sábias palavras e conselhos. Muito obrigada! Especialmente a minha querida orientadora Simone, com sua paciência e entusiasmo, agradeço por ter me tranquilizado nos momentos de ansiedade com sua delicadeza e doçura. Muito obrigada por acreditar no meu trabalho e contribuir para a realização deste trabalho exposto. Aos meus amigos arquitetos e futuros que fiz para a vida, obrigada por dividir conhecimentos, pelo incentivo e companhia nas noites em claro. Muito obrigada por toda força e solidariedade para concluir essa graduação.

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Resumo O presente trabalho propõe o projeto de requalificação do Antigo Arquivo Público, para a cidade de Vitória – ES, com objetivo de promover a integração cultural da cidade. Consiste em analisar e diagnosticar a área, abordando aspectos físicos, urbanos, históricos, socioeconômicos e culturais, assim como os potenciais turísticos do local e o perfil dos usuários desta localidade. Seu desenvolvimento se dá a partir da coleta de dados acerca do tema, utilizando métodos como a revisão bibliográfica e as referências de projeto de requalificação do Parque Metalúrgico Augusto Barbosa, em Ouro Preto, MG - Brasil, Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro – Brasil e o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro – Brasil. O trabalho tem início com o entendimento dos conceitos para projetar em patrimônio, como a importância da preservação histórica e requalificação. Compreende-se a atuação da história local e da edificação para a valorização cultural local e nacional. Por fim, propõe-se um espaço dinamizador na cidade, bem como um projeto integrador entre as edificações históricas, transformando-o em um novo uso com atividades múltiplas, de caráter comercial, social e de entretenimento, valorizando o patrimônio cultural local. Palavra-Chave: Antigo Arquivo Público. Requalificação. Cultura Local.


Abstract The present work proposes the requalification project of the Old Public Archives for the city of Vitoria - ES, aiming to promote the cultural integration of the city. It consists of analyzing and diagnosing the area, addressing physical, urban, historical, socioeconomic and cultural aspects, as well as the tourist potential of the place and the profile of the users of this locality. Its development is based on the collection of data about the theme, using methods such as the bibliographic review and references of the requalification project of the Augusto Barbosa Metallurgical Park in Ouro Preto, MG, Brazil, Centro Cultural Banco do Brasil, in Rio de January - Brazil and the HĂŠlio Oiticica Municipal Art Center, Rio de Janeiro - Brazil. The work begins with the understanding of concepts to design in heritage, such as the importance of historical preservation and requalification. It is understood the performance of local history and building for local and national cultural valorization. Finally, it proposes a dynamic space in the city, as well as an integrating project between historical buildings, transforming it into a new use with multiple activities, of a commercial, social and entertainment character, valuing the local cultural patrimony.

Keyword: Old Public Archives. Requalification. Local culture.

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Lista de Ilustrações Figura 1 - Planta da baía de Vitória - Espírito Santo, 1850 Figura 2 - Planta da baía de Vitória - Espírito Santo, 1888 Figura 3 - Vista da cidade de Vitória a partir da baía - Espírito Santo, 1884 Figura 4 - Rua Caramuru. Vista em direção ao Cais de São Francisco, 1920 Figura 5 - Avenida Jerônimo Monteiro. À esquerda, Cine Teatro Glória, 1936 Figura 6 - Avenida Beira Mar. Ao fundo, a Ilha do Príncipe, 1970 Figura 7 - Imóvel onde funcionava o Fórum de Vitória, 1926 Figura 8 - Edifício do Arquivo Público e Biblioteca do Estado situado à Rua Pedro Palácios, 1927 Figura 9 - Escada do antigo Edifício Arquivo Público localizado à Rua Pedro Palácios, Centro de Vitória, 2009 Figura 10 - Fachada dos fundos do antigo Edifício Arquivo Público localizado à Rua Pedro Palácios, Centro de Vitória, 2015 Figura 11 - Edifício Getúlio Rezende localizado à Rua Sete de Setembro, Centro de Vitória, 2015 Figura 12 - Antigo edifício do Arquivo Público, localizado na Rua Pedro Palácio Figura 13 - Parque Metalúrgico Augusto Barbosa, Ouro Preto, 2016 Figura 14 - Localização, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2016 Figura 15 - Implantação, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2016 Figura 16 - Fluxo do pavimento térreo, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2013

48 50 52 55 56 58 60 62 63 63 65 67 71 73 75 76


Figura 17 - Fluxo do 1º pavimento, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2013 Figura 18 - Imagem do Teatro Ouro Preto Figura 19 - Imagem do Teatro Ouro Preto Figura 20 - Imagem do auditório São João Del Rei Figura 21 - Imagem do Salão Tiradentes Figura 22 - Salão Diamantina Figura 23 - Salão Diamantina Figura 24 - Salão Mariana Figura 25 - Espaço Sabará Figura 26 - Espaço Congonhas Figura 27 - Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2016 Figura 28 - Localização, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2016 Figura 29 - Implantação, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2016 Figura 30 - Fluxo do pavimento térreo, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012 Figura 31 - Fluxo do 1º pavimento, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012 Figura 32 - Fluxo do 2º pavimento, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012 Figura 33 - Fluxo do 3º pavimento, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012 Figura 34 - Foyer, exposição de arte

77 79 79 79 79 80 80 81 82 82 83 85 86 87 88 90 91 92

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Figura 35 - Sala de exposição de arte Figura 36 - Sala de Teatro III Figura 37 - Sala de Teatro I Figura 38 - Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro Figura 39 - Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2016 Figura 40 - Localização, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, 2016 Figura 41 - Implantação, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2016 Figura 42 - Fluxo do pavimento térreo, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012 Figura 43 - Fluxo do 1º pavimento, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012 Figura 44 - Fluxo do 2º pavimento, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012 Figura 45 - Sala de exposição de arte Figura 46 - Localização do terreno no Centro de Vitória, Espírito Santo, 2016 Figura 47 - Percurso realizado por veículos, Centro de Vitória, 2016 Figura 48 – Mapa de morfologia urbana Figura 49 - Mapa de uso e ocupação do solo Figura 50 - Uso misto na Rua Pedro Palácios Figura 51 – Uso institucional próximo à Rua Pedro Palácios Figura 52- Uso institucional Catedral Metropolitana

92 93 93 94 95 97 98 99 100 101 103 109 110 113 114 115 116 116


Figura 53 – Mapa de gabarito Figura 54 – Edificações com gabaritos acima de 10 pavimentos Figura 55 – Edificações com gabaritos acima de 10 pavimentos Figura 56 – Vista da Rua Pedro Palácios, de frente para o Arquivo Público Figura 57 – Mapa de fluxo de veículos e pedestres Figura 58 – Av. Getúlio Vargas Figura 59 – Rua São Francisco Figura 60 – Escadaria Maria Ortiz Figura 61 – Calçada danificada na Rua Pedro Palácios Figura 62 – Mapa de evolução da morfologia urbana Figura 63 – Mapa de ambiente histórico Figura 64 – Mapa de paisagem cultural Figura 65 – Praça Presidente Roosevelt Figura 66 – Rua Pedro Palácios Figura 67 – Fluxograma do programa de necessidades Figura 68 – Proposta para à Rua Pedro Palácios, Centro de Vitória Figura 69 – Implantação do projeto Casa das Artes na Rua Pedro Palácios Figura 70 – Planta baixa de levantamento do térreo Figura 71 – Planta baixa de levantamento do primeiro pavimento Figura 72 – Planta baixa de levantamento do subsolo Figura 73 – Fluxograma do pavimento térreo Figura 74 – Fluxograma do primeiro pavimento

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Figura 75 – Fluxograma do subsolo Figura 76 – Setorização do pavimento térreo Figura 77 – Vista do hall de entrada Figura 78 – Estante de livros da livraria Figura 79 – Livraria Figura 80 – Cafeteria Figura 81 – Sacada externa no térreo Figura 82 – Setorização do primeiro pavimento Figura 83 – Biblioteca Figura 84 – Vista da biblioteca Figura 85 – Área de exposição de arte Figura 86 – Setorização do subsolo Figura 87 – Espaço interno do subsolo Figura 88 – Espaço interno do subsolo Figura 89 – Área externa da edificação Figura 90 – Área externa da edificação Figura 91 – Setorização do subsolo Figura 92 – Cobertura de aço corten e vidro temperado no lavabo Figura 93 – Corte B - B Figura 94 – Corte C - C Figura 95 – Fachada principal Figura 96 – Fachada lateral Figura 97 – Fachada fundos

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Lista de Tabelas Tabela 1 - tabela de análise dos estudos de caso desenvolvidos no projeto Tabela 2 - tabela de controle urbanístico

Lista de Siglas ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas APEES – Arquivo Público do Estado do Espírito Santo CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil CMAHO – Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional NBR 9050/2015 – Norma Brasileira Registrada 9050/2015 PDU – Plano Diretor Urbano SECULT – Secretaria de Estado da Cultura UFES – Universidade Federal do Espírito Santo UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto

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INTRODUÇÃO

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JUSTIFICATIVA

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OBJETIVOS GERAIS

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METODOLOGIA

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ESTRUTURA DO TRABALHO

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01. CONCEITOS PARA PROJETAR EM PATRIMÔNIO

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1.1 O QUE É PRESERVAÇÃO

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1.2 O QUE É REQUALIFICAÇÃO

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02. A HISTÓRIA: CIDADE E EDIFÍCIO

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2.1 A IMPORTÂNCIA HISTÓRICA DA CIDADE ALTA

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2.2 A HISTÓRIA DO ARQUIVO PÚBLICO

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03. ESTUDO DE CASO 3.1 PARQUE METALÚRGICO AUGUSTO BARBOSA – OURO PRETO 3.1.1 Localização

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3.1.2 Implantação

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3.1.3 Fluxos

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3.1.4 Programa

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3.2 CENTRO CULTURAL DO BANCO DO BRASIL – RIO DE JANEIRO

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3.2.1 Localização

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3.2.2 Implantação

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3.2.3 Fluxos

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3.2.4 Programa

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3.3 CENTRO MUNICIPAL DE ARTE HÉLIO OITICICA – RIO DE JANEIRO

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3.3.1 Localização

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3.3.2 Implantação

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3.3.3 Fluxos

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3.3.4 Programa 3.4 ANÁLISE GERAL DOS ESTUDOS DE CASO

04. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO

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4.1 ANÁLISE DA ÁREA DE ESTUDO

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4.2 LOCALIZAÇÃO

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4.3 MORFOLOGIA URBANA

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4.4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

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4.5 GABARITO

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4.6 FLUXOS

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4.6.1 Fluxo de veículos

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4.6.2 Fluxo de pedestres

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4.7 EVOLUÇÃO DA MORFOLOGIA URBANA

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4.8 AMBIENTE HISTÓRICO

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4.9 PAISAGEM CULTURAL

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05. PROPOSTA ARQUITETÔNICA

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5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES

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5.2 IMPLANTAÇÃO E ACESSOS

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5.3 LEVANTAMENTO

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5.3.1 Pavimento térreo

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5.3.2 Primeiro pavimento

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5.3.3 Subsolo

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5.4 FLUXOGRAMA

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5.5 ESTUDO PRELIMINAR

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5.5.1 Pavimento térreo

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5.5.2 Primeiro Pavimento

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5.5.3 Subsolo

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5.5.4 Cobertura

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5.6 CORTES

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5.7 FACHADAS

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5.8 CONCLUSÃO

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06. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Introdução


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INTRODUÇÃO

o período do governo de Florentino Avidos (1924), o mesmo já presenciava o novo crescimento da economia capixaba em razão da produção cafeeira. Devido a este aumento, Avidos cria a Comissão de Melhoramentos de Vitória para acelerar as obras de urbanização (MONTEIRO, 2008). Para enriquecer esta Comissão, aprovam construções de auxílio ao governo como a Sede de Serviços e Melhoramentos, Prefeitura Municipal, Imprensa Oficial, Arquivo Público, Mercado da Capixaba e a Vila Rubim. Apoiou obras particulares como o Teatro Carlos Gomes e o Hotel Majestic, além da remodelação de antigas ladeiras para escadarias. Atualmente, algumas dessas construções que prevaleceram com o tempo, são consideradas edificações históricas e tombadas pelo estado (MONTEIRO, 2008). Ao longo do tempo é notável que o cenário do crescimento da cidade de Vitória é importante para a economia local. Entretanto, diante de estudos realizados sobre este desenvolvimento urbanístico e o adensamento excessivo e descontextualizado que ocorrem até o dia presente para suprir as necessidades da região e da população, este aumento construtivo tem comprometido as edificações históricas e os valores a qual exerciam na cidade.


Sabemos que Vitória é uma cidade de antigas edificações. Até mesmo antes de tornar-se a capital do Espírito Santo, a cidade já comportava capelas, fortes e espaços que hoje, foram transformados em monumentos históricos para contar a história da dominação, da luta dos nativos e do desenvolvimento (PREFEITURA DE VITÓRIA, 2016). Mas com o desenvolver da cidade, surgimento de grandes avenidas, construção de pontes que conectam com outros municípios, nota-se que Vitória se expande na produtividade, levando ao surgimento de novos edifícios e a verticalização dos mesmos e a necessidade da transferência de serviços em edificações históricas para novos edifícios até que venha suportar tal demanda. Devido a essas mudanças, atualmente é possível encontrar edifícios desativados com valores históricos no centro de uma cidade com o fluxo presente diariamente e a diversidade de público no local. Alguma das construções em excelente estado de preservação. Dessa maneira, o presente trabalho consiste na proposta de requalificação do Antigo Arquivo Público de Vitória (ES), a fim de que o equipamento seja um elemento integrador entre as edificações históricas, bem como entre as atividades já existentes na Cidade Alta e o usuário, de forma a adotá-lo de um novo uso oferecendo atividades múltiplas, de caráter comercial, social e de entretenimento, valorizando o patrimônio cultural local.

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JUSTIFICATIVA Este trabalho tem como meta a requalificação do Antigo Arquivo Público, que promoverá integração cultural da Cidade Alta. O projeto propõe a melhoria do acesso visando os elementos essenciais para a mobilidade através da ABNT NBR 9050/2015, contribuindo para a relação dos seus usuários com o ambiente e o entorno. Nossa área de estudo abrange uma parte da Cidade Alta e seus principais monumentos. A escolha se deve a sua riqueza de usos econômicos, sociais e turísticos e sua importante história local e nacional. O intuito da requalificação é promover um novo uso ao Antigo Arquivo Público, propondo exposições de arte, livraria, auditório, uma cafeteria no térreo e demais serviços. O projeto busca atender a comunidade, ao turismo e aos órgãos públicos e administrativos, mas, sobretudo valorizar a cultura da cidade. A proposta beneficiará todo o município, destacando-o no cenário histórico e turístico. Além disso, trará qualidade no uso do espaço público - relevante para os moradores, visitante e turista para o edifício e o entorno. OBJETIVOS GERAIS Este trabalho tem como objetivo geral elaborar uma proposta de requalificação, após a análise do melhor uso e ocupação para o Antigo Arquivo Público, situado na Cidade Alta de


Vitória. O projeto visa melhorias de acesso e uma interligação com alguns dos monumentos históricos a fim de propor atividades mais adequadas e atraentes para o local. Para alcançar o objetivo geral, fizeram-se necessários alguns objetivos específicos para tal atuação, tais como: • Realizar pesquisas relativas à concepção de preservação e requalificação patrimonial; • Coletar dados históricos da cidade, priorizando a importância histórica local para o Antigo Arquivo Público; • Pesquisar referências projetuais com semelhança e analisar sua funcionalidade e os programas desenvolvidos; • Realizar diagnóstico no entorno da área do edifício; • Identificar os usos nas proximidades como potenciais turísticos e de lazer existentes que possam se conectar com o Antigo Arquivo Público; • Desenvolver um programa que contemple as atividades culturais, lazer e contemplação para inclusão social na cidade; • Facilitar os acessos aos usuários para a utilização desse espaço, bem como promover a inclusão da acessibilidade para todos;

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METODOLOGIA O procedimento utilizado para a elaboração deste trabalho se fragmenta no primeiro e segundo semestre de 2015, onde no primeiro semestre é determinado a revisão bibliográfica e o segundo a elaboração do projeto. A metodologia inclui procedimentos técnicos e organização que vão desde a coleta de dados históricos da região estudada por meio de pesquisas, estudos de caso, levantamento fotográfico, bem como a revisão bibliográfica atualizada acerca do tema. Para atingir os objetivos do desenvolvimento do diagnóstico da área e as propostas de requalificação, é necessário definir uma organização e seguir um passo a passo de divisão para a elaboração do projeto. ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho inicia-se com a introdução que define a localização e a poligonal, a justificativa, os objetivos gerais e a metodologia utilizada para a elaboração do mesmo. Sequencialmente, o trabalho está estruturado em seis capítulos. O primeiro apresenta os conceitos específicos para projetar em patrimônio. Ele expõe a importância da preservação


histórica, bem como a caracterização geral da requalificação de um patrimônio cultural, tornando-se determinante para a área estudada e sua composição natural e infraestrutura existente. O segundo capítulo traz uma abordagem para a importância histórica da Cidade Alta de Vitória. Apresenta a evolução urbana do Espírito Santo até o crescimento vertical da densidade construtiva na malha, mostrando como os edifícios patrimoniais existentes na área ofuscam com esse desenvolvimento. Apresenta ainda a evolução histórica do Edifício Arquivo Público, desde o princípio do seu surgimento até os dias de hoje. No terceiro capítulo são apresentados estudos de caso que servirão como base para a compreensão dos ambientes do edifício e o desenvolvimento geral do projeto. Serão analisados nos estudos de caso de projetos semelhantes, segundo a definição do programa. O quarto capítulo consiste em apresentar um diagnóstico da área de estudo, onde são exibidos os pontos relevantes que atuam diretamente no projeto como a análise do terreno, o zoneamento urbanístico, morfologia urbana, uso e ocupação do solo, mapa de gabarito, mapa de fluxo de veículos e pedestres, evolução da morfologia, ambiente histórico e paisagem cultural. A importância deste capítulo é envolver a participação dos usuários e entender o comportamento das pessoas que vivem nesta área da cidade.

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O quinto capítulo traz o desenvolvimento do projeto de requalificação para o Antigo Arquivo Público. Serão apresentadas as características existentes do edifício, pontuando o programa de necessidades para a implantação, acessos, fluxograma, setorização, diagrama funcional e preservação da fachada. O sexto capítulo traz as considerações finais, avaliando todo o trabalho, as vocações, os pontos positivos e negativos e das propostas de requalificação. Finalizando com as referências bibliográficas utilizadas para a elaboração deste trabalho.


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01.

Conceito para se projetar em patrimĂ´nio


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01. CONCEITOS PARA PROJETAR EM PATRIMÔNIO 1.1

O QUE É PRESERVAÇÃO

Segundo Soares e Oliveira (2013), o sentido da palavra preservação está presente em diferentes áreas do conhecimento do restauro, mas principalmente na ação do cuidado e na preservação do patrimônio. Preservar tem como objetivo conservar o que já existe, levando a história deste bem patrimonial ao mais próximo da realidade, impedindo que se destrua. A preservação ocupa-se de estudos e análises de monumentos históricos, a fim de garantir e registrar por meio de pesquisas e dados da realidade do patrimônio, para que sejam atuadas as manutenções, desde a fase simples até as intervenções de escala maior. Ao longo do século XX, surgiram importantes legislações que tratam sobre a compreensão do processo de preservação do Patrimônio Histórico. As primeiras delas são as Cartas Patrimoniais providas pelas Cartas de Atenas de 1931 e 1933, e a Carta de Veneza de 1964 (IPHAN, 1999). Sobre a administração e legislação dos monumentos históricos da Carta de Atenas (1931): A conferência assistiu à exposição das legislações cujo objetivo é proteger os monumentos de interesse histórico, artístico ou científico, pertencentes às diferentes nações. Em consequência, aprovada à tendência geral dessas legislações, a conferência espera que elas sejam adaptadas às circunstâncias locais e à opinião pública, de


modo que se encontre a menor oposição possível, tendo em conta os sacrifícios a que estão sujeitos os proprietários, em benefício do interesse geral. Votou-se que em cada Estado a autoridade pública seja investida do poder do tomar, em caso de urgência, medidas de conservação (CARTA DE ATENAS, 1931, p. 2).

De acordo com a Carta de Veneza (1964), há uma divisão no pensamento da preservação. O monumento passa a ter o valor de um “documento vivo”, ou seja, ele passa a fazer parte da vida das pessoas. Considerando essa análise, as novas intervenções devem ser feitas com o uso de materiais novos, adotando os critérios desenvolvidos, tais como diferenciação, reversibilidade, contextualismo e que contrastem em relação aos antigos. Sendo assim, a Carta de Veneza consiste em ser o referencial mais forte de procedimentos e recomendações utilizadas em todo o mundo para trabalhos em conservação de monumentos históricos. Choay (2001) afirma que o monumento tem por finalidade reviver no presente um passado absorvido pelo tempo. O monumento histórico mantém uma relação diferente com a memória viva e com a duração. No entanto, os monumentos estão permanentemente expostos às agressões do tempo vivido. Entretanto, as cartas patrimoniais não devem ser utilizadas somente para justificar ações, mas estimular a consciência em refletir os aspectos metodológicos e operacionais da restauração, para que os projetos de preservação sejam inalteráveis no bem patrimonial.

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No Brasil o termo preservação é o mais abrangente. Ele envolve métodos e procedimentos de intervenção nos bens, incluindo a manutenção, a conservação e a restauração. Sobre a manutenção, estão relacionadas às ações diárias e periódicas que têm por objetivo resolver os problemas assim que surgem. Já a conservação, implica na manutenção permanente e objetiva em manter o estado existente do monumento histórico (SOARES; OLIVEIRA, 2013). A Carta de Veneza (1964) esclarece o conceito de preservação: Art. 4º - A conservação dos monumentos exige, antes de tudo, manutenção permanente. Art. 5º - A conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua destinação a uma função útil à sociedade; tal destinação é, portanto, desejável, mas não pode nem deve alterar à disposição ou a decoração dos edifícios. É somente dentro destes limites que se deve conceber e se podem autorizar as modificações exigidas pela evolução dos usos e costumes. Art. 6º - A conservação de um monumento implica a preservação de um esquema em sua escala. Enquanto subsistir, o esquema tradicional será conservado, e toda construção nova, toda destruição e toda modificação que poderiam alterar as relações de volumes e de cores serão proibidas (CARTA DE VENEZA, 1964, p. 2).

Para Soares e Oliveira (2013), a dificuldade real está em adaptar os conceitos teóricos da preservação para as ações práticas de intervenção em monumentos históricos. As ações legais nem sempre ajudam esse processo. Diante dos equívocos formais registrados em


leis e decretos, ainda é evidente a interferência política, que facilita ou não a aprovação de determinados projetos. Essas interferências levam a entender como interesses econômicos e políticos, causam o afastamento dos princípios básicos da motivação que gera a preservação e conservação dos monumentos históricos, podendo impedir a valorização da cultura. Motivar e valorizar a preservação de um bem patrimonial, a partir de ações de razões culturais, éticas, científicas e os aspectos estéticos, memoriais e simbólicos, é fundamental para a história local. Assim como promover o interesse populacional de cada região fazendo com que se adapte aos valores das obras culturais, tornando os monumentos históricos como parte da história da cidade, através da educação patrimonial que é motivar a consciência da população em preservar. Este trabalho propõe a preservação do Antigo Arquivo Público de Vitória diante do que foi exposto anteriormente. Entendemos que o melhor conceito aplicado sobre esse edifício é a requalificação. Sabendo que se trata de uma edificação histórica, e por isso, a preservação sobre ele é fundamental para a história da cidade. Sua edificação compõe importantes elementos históricos e arquitetônicos estadual incluindo a sua estrutura e a fachada.

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1.2

O QUE É REQUALIFICAÇÃO

O conceito de reabilitação1 ou requalificação de edifícios tem evoluído de forma considerável. Imóveis requalificados representam alternativa diante da progressiva construção, apresentam melhor desempenho ambiental e muitas vezes contribuem para a revitalização de áreas degradadas, diversidade de usos e de classes sociais. Essa ação surge como alternativa à demolição e à construção de novos edifícios, nos quais algum impacto ambiental é inevitável (KAWABATA; GONÇALVES, 2010). Para Delgado (2008), a sobrevivência dos edifícios, resulta do reconhecimento do seu valor patrimonial e da vontade de vincular na memória das gerações existentes, que contribuíram e contribuem de forma decisiva para aquilo que somos e fazemos hoje. Medidas de preservação e reutilização do patrimônio cultural constituem uma forma de envolvê-la, possibilitando a conscientização e a revitalização das tradições. A valorização da identidade cultural permite que se intensifique o sentimento de pertencimento à comunidade. Em contrapartida, o abandono e desvalorização do patrimônio cultural expressam nossa dependência cultural (BASTOS, 2004). 1 A reabilitação urbana é um ramo de intervenção da arquitetura para a conservação do patrimônio construído. O conceito é relativamente recente tendo origem no século XIX como consciência de proteção histórica atenta aos valores culturais e patrimoniais.


É importante ressaltar que a preservação combina com reabilitação, sendo assim, são ações que se complementam e, juntas, podem valorizar bens e áreas que se encontram deterioradas. Nas atuações de reabilitação e requalificação, o mais importante é a harmonia entre a preservação das características do edifício e as adaptações necessárias ao novo uso. Atualmente, muitas edificações antigas, cuja função original não mais existe, são readaptadas para uma nova utilização. Toda e qualquer obra, no entanto, deverá ser antecipadamente aprovada pelo órgão que efetuou o tombamento. A aprovação depende do nível de preservação do bem e está sempre vinculada à necessidade de serem mantidas as características que justificaram o tombamento (BONDUKI, 2010). Complementando as afirmações anteriores, Lopes (2013) alega que a maioria dos discursos pensados nas intervenções que visam à requalificação remete ao passado e formam um quadro de “diálogo entre passado e presente”. Os projetos descritos como requalificação, trazem à contradição visões e sentidos atribuídos aos equipamentos classificados como patrimônio. A requalificação urbana trata-se de um fenômeno presente em grande parte das metrópoles mundiais. O principal objetivo é transformar centros históricos considerados degradados em áreas de entretenimento e lazer para pessoas. As intervenções promovem reformas na estrutura física dos equipamentos públicos e medidas que desenvolvem o valor simbólico, a partir do planejamento de novos usos tais como os favorecidos por meio de apresentações

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musicais, teatrais exposições de arte, lançamentos de livros e entre outros. Os principais alvos são as construções que constituem o patrimônio histórico como os monumentos, prédios e praças considerados bens culturais, com isso os novos usos visam reativar antigos sentidos perdidos no tempo (PEIXOTO, 2009). Essas intervenções possuem um poder criativo capazes de definir novos usos para o patrimônio, além de construir cenários de forte impacto visual. Mas, por este ponto, não devemos deixar de considerar o patrimônio como espaço público, um local de encontro dos diferentes usuários. Desta forma, analisamos até que ponto as concepções de patrimônio se aproximam da realidade dos diferentes usuários dessas áreas históricas (LOPES, 2013). Lopes (2013) ainda afirma que, nos projetos de requalificação, existem uma diversidade de usos, interações e sociabilidades. Essas formas de usar e interagir demonstram diferenças de classes e contradições existentes no espaço público. Entretanto, é necessário analisar como se dá a relação entre usos e os contra usos dessas áreas históricas consideradas requalificadas e a partir dessas práticas apontarem para o cuidado e sensibilidade nesse processo. Aplicando esse conceito sobre o Antigo Arquivo Público, entende-se que requalifica-lo tornase uma opção fundamental para a valorização da cidade, mas principalmente por garantir a preservação histórica do local e suas características construtivas. Da mesma forma que o


edifício contribuirá com diversidade de novos usos e interações com a sociedade, a cidade retribuirá com o reconhecimento da existência deste patrimônio, abrangendo a importância da preservação das edificações patrimoniais. Para compreender as delimitações da aplicação do conceito de requalificação em patrimônio histórico, é preciso conhecer a evolução da cidade de Vitória por meio de sua história e a importância a qual transmite.

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02.

A histĂłria: cidade e edif Ă­cio


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02. A HISTÓRIA: CIDADE E EDIFÍCIO 2.1

A HISTÓRIA DA CIDADE ALTA

A história da colonização do Espírito Santo começa em 23 de maio de 1535, quando o donatário Vasco Fernandes Coutinho aporta às margens da Enseada da Prainha, onde observa os mínimos detalhes da sua geografia e dá início à colonização portuguesa do Estado, fundando, assim, a Vila do Espírito Santo (Figura 1). Figura 1 - Planta da baía de Vitória - Espírito Santo, 1850.

Fonte: Prefeitura de Vitória, governo do Espírito Santo. Com adaptação da autora.


A Vila do Espírito Santo foi se desenvolvendo a passos lentos, até que em 1539, Vasco Fernandes Coutinho, resolve voltar a Lisboa a procura de ajuda, pois a Vila encontrava-se em falta de recursos. Sua ausência permitiu que a capitania ficasse à gerência de Dom Jorge Menezes e Simão Castelo Branco, que decidiu escravizar os índios, fazendo com que eles contra atacassem e destruíssem a Vila (KILL, 1999). Quando Vasco Fernandes Coutinho retorna à sua capitania em 1547 e a encontra destruída, a sede da capitania é transferida para a ilha de Santo Antônio (Figura 1) em prol da segurança dos habitantes. A ilha que era então doada a Duarte Lemos, se estabelece em 1551 e passa a se chamar de Vila de Vitória (OLIVEIRA, 2008). Para Muniz (2000), após a transferência da Capitania para a Vila de Vitória, na Ilha já deveria existir alguma povoação de lavradores, além da Casa de Duarte Lemos e a capela sesmaria que, segundo historiadores do século passado, seria a Capela Santa Luzia. A nova Vila nasceu próxima a estas edificações, no topo de uma colina elevada, onde logo foi implantado o Colégio dos Jesuítas e as primeiras igrejas seculares. A Vila da Vitória (Figura 2) foi implantada no dorso de uma colina pouco elevada, cercada de vegetação e rochas que avançavam no mar. Esse relevo teve papel fundamental na configuração da paisagem, tanto como suporte para implantação e desenvolvimento da cidade quanto como um cenário de grande riqueza visual. Além disso, estava estrategicamente posicionada de forma mais segura e por avistar aqueles que ali chegavam (KLUG, 2009).

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Figura 2 - Planta da baía de Vitória - Espírito Santo, 1888.

Fonte: Prefeitura de Vitória, governo do Espírito Santo. Com adaptação da autora.

Porém, com o passar do tempo, entendeu-se que todos esses elementos no entorno da implantação seria um limitador de crescimento da vila. Desta forma, como os jesuítas sendo os personagens principais para o crescimento e ordenamento da capitania, a Cidade Alta se tornou referência institucional, acolhendo atividades administrativas e religiosas (KLUG, 2009).


Muniz (2000) relata que os interesses das ordens religiosas que aqui se instalaram condicionaram o traçado básico do núcleo histórico. Implantadas de modo a obedecerem a uma determinada distância entre si, as primeiras igrejas foram construídas no alto da Ilha, de costas para o mar, estabeleceram assim os limites e a valorização dos espaços abertos, onde efetuavam as principais atividades religiosas, cívicas e recreativas da vila. Sobre a ocupação da Vila: Percebia-se uma ocupação mais horizontal, podendo-se contemplar o Maciço Central ao fundo, uma visão bucólica da vila, mas tendo sempre em destaque as igrejas, os edifícios mais altos da vila. E foi a partir dessa região que a cidade de Vitória se expandiu e se desenvolveu (PREFEITURA DE VITÓRIA; PROJETO VISITAR, p. 2, 2010, acesso em 01 mar. 2016).

De fato, apresentar o histórico da Cidade Alta é relevante, pois nesta área é que surgem as edificações mais significativas do período colonial e, posteriormente, do período republicano. Entre as edificações coloniais estão a Capela Santa Luzia, o Palácio Anchieta, o Convento de São Francisco, a Igreja de São Gonçalo, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Entre as edificações ecléticas da república estão o Theatro Carlos Gomes, a Catedral Metropolitana de Vitória, o Convento do Carmo, o Arquivo Público Estadual, Palácio Domingos Martins, a Escola Maria Ortiz e o Palácio da Justiça. Segundo Klug (2009), já era possível observar a cidade com uma concentração mais fechada, mas ainda horizontal. Além disso, a harmonia da paisagem natural era dada pela

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implantação das igrejas no ponto mais alto do terreno. No alto, destaca-se a Igreja Matriz (Figura 3), demonstrando o poder e a força dessas instituições. Figura 3 – Vista da cidade de Vitória a partir da baía – Espírito Santo, 1884.

Fonte: Prefeitura de Vitória, governo do Espírito Santo. Com adaptação da autora.

No decorrer do século XIX, Vitória apresentou poucas modificações no seu traçado urbano. Neste momento, descreviam a cidade como um lugar limpo e bonito, com bons edifícios no velho estilo português, com balcões e rótulas de madeiras, com ruas calçadas, porém estreitas e sem qualquer regularidade (MUNIZ, 2000). Contudo, após o desenvolvimento de atividades econômicas como comércio e cultura do café no fim do século XIX, ocorre um processo gradativo de expansão da Vila, que resultaram em aterros feitos sobre o mar, criando novas ruas, entre elas a Rua do Comércio


que ligava o Porto dos Padres, a Rua Primeiro de Março e a Rua da Alfândega (MUNIZ, 2000). Com o decorrer do tempo, a capitania do Espírito Santo não passa por grandes transformações até chegar à época da Primeira República. Nas últimas décadas do século XIX, as atividades políticas se desenvolveram substituindo em parte o religioso. Testemunhos desta mudança foram os diversos edifícios para funções públicas (DERENZI, 1995). Sobre a modernização da Vila: No período situado entre fins do século XIX e a década de 1950, a cidade de Vitória passa por um processo de modernização, embelezamento e expansão promovido pelo poder público, que vai remodelar partes da cidade e buscar novas áreas para expansão do tecido urbano. No intuito de atender aos interesses da nova burguesia enriquecida e adequar a cidade ao desenvolvimento imposto pela economia cafeeira, busca-se construir uma nova cidade, mais moderna, com uma linguagem de retidão das formas e amplitude de espaços que se contrapunha ao desenho tortuoso da cidade colonial (KLUG, 2009, p. 25).

Políticas intervencionistas sobrepuseram a esta marca do passado, o traçado reto e de vias largas que representavam a noção de cidade mais moderna e saudável, conforme os modelos europeus (MUNIZ, 2000). O advento da República possibilitou certa autodeterminação política e administrativa. Juntando a isso o crescimento da economia com a expansão das lavouras de café e a alta

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nos preços desses produtos. Dessa forma, a exemplo de trabalhos desenvolvidos em outras cidades, o engenheiro Saturnino de Brito, foi contratado para traçar o plano urbanístico do Novo Arrabalde, ampliando a área urbana de Vitória, o que só veio a se efetivar décadas mais tarde (MUNIZ, 2000). Muniz (2000) ainda afirma que, as transformações urbanas em Vitória ocorreram nas duas primeiras décadas do século XX, que foram motivadas mais pelo pensamento de progresso da elite que assumiu o poder na República, do que propriamente pela procura de soluções para a vida e saúde da população. No entanto, algumas dessas transformações trouxeram melhor nível de vida, outras descaracterizaram e condenaram o marco da história da cidade, destruindo parte da memória cultural. Após o governo de Jerônimo Monteiro, Florentino Avidos (1924 – 1928) garante a continuidade aos trabalhos do governo anterior como importante processo de melhoramento e expansão da cidade de Vitória. Então, por meio recursos advindos da economia cafeeira, Avidos (re)começou as obras e, para tal, criou a Comissão de Melhoramentos de Vitória. Em sua administração foi feito o aterro próximo ao Forte São João, melhorando o acesso a essa região. Também teve início a implantação do projeto do Novo Arrabalde (de 1896, do governo de Muniz Freire). Seu governo ainda registrou a realização das obras do Porto; a construção dos três primeiros galpões na região do Parque Moscoso; a construção da Ponte Florentino Avidos (chamada popularmente de Cinco Pontes), que liga a ilha de Vitória ao continente pela cidade de Vila Velha; e a


abertura da larga, longa e reta Avenida Capixaba (atual Av. Jerônimo Monteiro), que modificou, inclusive, o padrão das construções que ali existiam (PREFEITURA DE VITÓRIA, PROJETO VISITAR, p. 11, 2010, acesso em 01 mar. 2016).

Assim, é neste momento que a cidade de tipologia e dimensões coloniais, cujo traçado seguia a topografia do terreno, com ruas estreitas, tortuosas e mal iluminadas com edifícios de pequeno porte (Figura 4) começa a romper com essa linguagem. Vitória passou a ser uma cidade moderna, centro da cultura, da economia e da administração do Estado do Espírito Santo, tornando-se a principal cidade do Estado (KLUG, 2009). Figura 4 - Rua Caramuru. Vista em direção ao Cais de São Francisco, 1920.

Fonte: Prefeitura de Vitória, governo do Espírito Santo.

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A cidade colonial foi descaracterizada, os principais edifícios não foram poupados e seu perfil já não era tão marcado pelas edificações religiosas, mas notava-se a presença de outras construções mais verticais e de grandes dimensões, como é o caso do Teatro Glória (Figura 5) com cinco pavimentos. Figura 5 - Avenida Jerônimo Monteiro. À esquerda, Cine Teatro Glória, 1936.

Fonte: Prefeitura de Vitória, governo do Espírito Santo.


Nas décadas seguintes, a urbanização continuou se expandindo na região do Centro e também no Novo Arrabalde. No final da década de 1940, iniciou-se o processo de verticalização do Centro. Apesar de o Novo Arrabalde fazer parte da zona urbana da cidade e ser bem ocupado, o centro continuou a ser a região privilegiada da cidade (MONTEIRO, 2008). Posteriormente ocorre o incentivo a verticalização, que se valia do aprimoramento das técnicas construtivas e equipamentos, para elevar os gabaritos no centro histórico. Esse processo de verticalização intensificou-se ao longo das décadas seguintes entre 1960 e 1970 o que gerou um modelo de planejamento guiado por leis. (MONTEIRO, 2008). Ao longo do tempo os edifícios acabaram criando uma cortina de concreto dos imensos edifícios (Figura 6) impedindo a visualização da região primitiva da cidade. Além disso, as instalações dos galpões no Porto também comprometeram a vista, impedindo o contato dos moradores com o mar (PREFEITURA DE VITÓRIA; PROJETO VISITAR, 2010). Após a concretização da Região Metropolitana de Vitória, que ajuntou a municípios vizinhos como Vila Velha, Serra e Cariacica, a região do centro de Vitória se estabeleceu como eixo de passagem para os trabalhadores que moravam nesses municípios e trabalhavam na capital.

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Figura 6 - Avenida Beira Mar. Ao fundo, a Ilha do Príncipe, 1970.

Fonte: Prefeitura de Vitória, governo do Espírito Santo.


Esses fatores contribuíram para o quadro de degradação e abandono do Centro de Vitória. Somente a partir de 1990, surgem as primeiras mobilizações para que se retomem atividades importantes na região do Centro Histórico de Vitória, a fim de resgatar a memória da cidade. A atual administração da cidade se preocupa em reabilitar o centro de Vitória, a resgatar o que resta de sua história, procurando sensibilizar a população para a preservação de nossa memória cultural. Nos dias de hoje, 2016, o Centro de Vitória carece de atrações por parte do poder público. Ainda é possível encontrar prédios importantes que estão vazios como o Arquivo Público. Em meio há tantos edifícios construídos que ofuscam a importância de certos usos para a sociedade, entende-se que a proposta de requalificação faz parte dessa ação de resgate dos monumentos de valor histórico que se encontram sem utilidade. O objetivo desse trabalho é propor ao Antigo Arquivo Público um novo uso a fim de interação com o espaço público e a sociedade local adequando o conceito de preservação e valorizando a história local. 2.2

A HISTÓRIA DO ARQUIVO PÚBLICO

Segundo o Catálogo Patrimônio Cultural do Espírito Santo (2009), em 18 de Julho de 1908, promovida pelo então Presidente do Estado Jerônimo Monteiro, o “Archivo Público EspíritoSantense” foi provisoriamente instalado no edifício do Palácio do Governo, atual Anchieta,

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como um anexo ao da Biblioteca Estadual. Nesse momento, entre seus objetivos está o abrigo de documentos de diferentes origens, como legislativa, executiva e judiciária, e âmbitos como histórico, geográfico, literário e artístico. O Presidente do Estado Jerônimo Monteiro normaliza os diversos ramos da administração do Estado. Por este motivo, o Arquivo Público passa a funcionar na Diretoria do Interior e Justiça, junto com a Biblioteca Pública (SECULT, 2009). De acordo com a Secult (1991), Augusto Calmon Nogueira da Gama é nomeado como diretor-geral. Neste período o Arquivo sofre algumas eventualidades: o vazamento de água de chuva e o desaparecimento de parte do depósito consumido por cupins. A imagem a seguir (Figura 7) apresenta o imóvel onde funcionava o Fórum de Vitória e que foi demolido para ser construído o prédio que abrigaria, em 1926, o “Archivo Público Espírito-Santense” e a “Biblioteca Pública Estadual”. Entre 1924 e 1926, por iniciativa da presidência estadual de Florentino

Figura 7 - Imóvel onde funcionava o Fórum de Vitória, 1926.

Fonte: Secretaria da Cultura do Estado do Espírito Santo.


Avidos, é construído um edifício especialmente destinado ao Arquivo Publico do Estado do Espírito Santo (Figura 8). Sobre os relatos de Florentino Avidos: Departamento de grande importância à administração pública, depósito dos documentos que interessam á vida do Estado em suas múltiplas relações de ordem política e administrativa, como é o Archivo, a situação deplorável a que chegou acarreta os mais sérios embaraços. Tenho o máximo empenho de reorganizar o Archivo em um prédio apropriado e com as acomodações necessárias para a conservação dos documentos existentes e dos que se acham nos arquivos particulares de cada Secretaria. Já adquirir para tal fim o terreno e pretendo, dentro em breve, iniciar a construção do prédio. A nossa Biblioteca, instalada desde 16 de Julho de 1855, na presidência de Sebastião Machado e restaurada em 1908, embora não esteja como seria de desejar, está em condições de modestamente, satisfazer ao seu fim. Pretendo enriquece-la com obras e construir um edifício vasto comum para a Biblioteca e Archivo (SECULT, APEES, BIBLIOTECA DIGITAL, acesso em 30 mar. 2016).

Situado na Rua Pedro Palácios, via da Cidade Alta dominada por sobrados de configuração tradicional e que liga diretamente o Palácio Anchieta e a Catedral Metropolitana, de localização próxima ao Palácio Domingos Martins, à Escola Maria Ortiz e ao Palácio da Justiça, o Arquivo Público constitui importante conjunto histórico e arquitetônico estadual. Neste contexto urbano, o prédio do Arquivo se destacava por sua discreta rigidez, modelada com forte influência da linguagem clássica renascentista (SECULT, 2009).

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Figura 8 - Edifício do Arquivo Público e Biblioteca do Estado situado à Rua Pedro Palácios, 1927.

Inicialmente as instalações das atividades do Arquivo Público Estadual ficavam no térreo e a Biblioteca Pública Estadual, no primeiro pavimento. No ano de 1943, é desfeita a união entre Arquivo e Biblioteca Pública mantendo o Arquivo Público na Rua Pedro Palácios com suas atividades arquivistas (SECULT, 2009).

Arquitetonicamente edificado em dois pavimentos, o Arquivo tem sua presença anunciada no pavimento térreo, pelo tratamento rusticado do reboco e pela porta de acesso, e se fortalece no pavimento superior com a escada artesanalmente construída em madeira (Figura 9) e a disposição de janelas alinhadas por molduras em argamassa (SECULT, 2009). Fonte: Secretaria da Cultura do Estado do Espírito Santo.

Construtivamente, o Arquivo Público (Figura 10) é um tradicional edifício erguido sobre paredes de pedras e tijolos, colocadas sobre alicerces de pedras, responsáveis pelo apoio das vigas horizontais de madeira. Juntamente foram escolhidos os modernos materiais


da época, como o ferro, utilizado na fabricação do gradil e o ladrilho hidráulico, usado originalmente no revestimento do piso do térreo (SECULT, 2009). Figura 9 - Escada do antigo Edifício Arquivo Público localizado à Rua Pedro Palácios, Centro de Vitória, 2009.

Figura 10 - Fachada dos fundos do antigo Edifício Arquivo Público localizado à Rua Pedro Palácios, Centro de Vitória, 2015.

Fonte: Catálogo Patrimônio Cultural do Espírito Santo, 2009.

Conforme a Secult (1991), foi constatado no ano de 1980 que a sede do Arquivo Público não passava por uma reforma desde 1936 e, por isso, apresentava problemas de rachaduras em sua estrutura. Executou-se, então, ampla reforma das instalações físicas, incluindo rede

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elétrica e de água, quando foram implantados laboratórios de restauração de papel e de processamento de microfilme resultante da construção de anexo localizado no fundo do terreno. Foi feita a substituição do piso térreo em ladrilho hidráulico por tacos de madeira e piso emborrachado. No ano de 1983, a sede do Arquivo Público é tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Estadual pelo Conselho Estadual de Cultura. Em 1988, Maria Inês Ribeiro Pupa assume a direção-geral do Arquivo Público. E de 1988 a 1993, surgem publicações importantes que servem como instrumento de pesquisa do maior fundo documental do acervo do APEES (SECULT, 1991). Em 1996, segundo a lei complementar n.º 76, de 23 de janeiro de 1996, o Arquivo Público passa a integrar a estrutura organizacional básica da Secretaria de Estado da Cultura e Esportes, como entidade vinculada e descentralizada, sendo mantida sua natureza jurídica (SECULT, 1991). Após dois anos, quando já havia completado 90 anos, o Arquivo Público se torna o primeiro arquivo do país a receber a documentação completa do “Projeto Resgate” que trouxe os registros, em microfilmes de documentos referentes à Capitania do Espírito Santo, pertencentes ao Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal. O Arquivo passa a ser vinculado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, sendo mantida a sua situação jurídica,


em 03 de fevereiro de 2003. Posteriormente, no ano de 2005, o Governo do Estado oficializou a aprovação do Edifício Getúlio Rezende (Figura 11), situado à Rua Sete de Setembro, como nova sede para o Arquivo Público (SECULT, 1991). Figura 11 - Edifício Getúlio Rezende localizado à Rua Sete de Setembro, Centro de Vitória, 2015.

Fonte: Turismo e Serviços, acesso em 01 mai. 2016.

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O Governo afirma que o objetivo dessa melhoria é para favorecer o acesso, a preservação e a organização dos documentos. Na nova sede os acervos foram acomodados em estantes deslizantes instaladas em ambientes climatizados, com controle de temperatura e umidade, que seguem as normas internacionais. A sala de pesquisas foi ampliada, oferecendo maior comodidade aos visitantes. O novo APEES contou ainda com um laboratório de microfilmagem, um moderno Centro de Processamento de Dados para guarda e acesso aos documentos digitais e um auditório para 90 pessoas (SECULT, ESPAÇOS CULTURAIS, 1991, acesso em 29 mar. 2016).

Atualmente, o Antigo Arquivo Público, objeto da nossa proposta de requalificação, encontrase como Tombado pelo Conselho Estadual da Cultura desde 1983, para proteção legal de sua edificação. Sua perfeita localização se dá pela Rua Pedro Palácios, via da Cidade Alta que liga diretamente a pontos importantes para o turismo como, o Palácio Anchieta e a Catedral Metropolitana, de localização próxima ao Palácio Domingos Martins, à Escola Maria Ortiz e ao Palácio da Justiça. O antigo Arquivo Público Estadual do Espírito Santo (Figura 12) compõe importantes conjuntos históricos e arquitetônicos estadual. Com relação a sua construção, a Rua Pedro Palácios é uma via dominada por edificações com forma tradicional, implantados sobre os limites laterais e a frontal do terreno. Nessa situação, o arquivo se destacava por sua discreta rigidez, modelada com forte influência da linguagem clássica renascentista (ACHIAMÉ, 1991).


Figura 12 - Antigo Edifício do Arquivo Público, localizado na Rua Pedro Palácio, 2009.

Fonte: Catálogo Patrimônio Cultural do Espírito Santo, 2009.

Hoje o Antigo Arquivo Público carece de uma nova proposta de uso. Encontra-se em condições críticas de abandono e necessitando de reformas e cuidados. Compreende-se que tal uso a qual se estabeleceu no passado não sustentaria a demanda que o Estado possui atualmente. Por isso, estudos de caso de requalificação foram levantados para alcançar experiências de atividades e programas direcionados para edificações históricas em cidades diferentes.

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03.

Estudo de Caso


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03. ESTUDO DE CASO O desenvolvimento deste trabalho compreende a importância do estudo de caso que servirá de base para a elaboração da proposta de requalificação do Antigo Arquivo Público de Vitória, bem como a descrição do seu programa. Este capítulo contará com itens focados nos critérios relevantes de cada estudo, assim como uma breve história do edifício e sua localização. Consequentemente, serão abordados os aspectos arquitetônicos dos projetos de adaptação aos edifícios tombados como implantação, programa, fluxos, acessos e entorno. O processo de análise dos estudos de caso foi pautado nas questões mais importantes de cada programa, naquilo que se ajustasse à proposta estabelecida. A proposta visa à transformação do Antigo Arquivo Público em uma galeria para exposição de arte, livraria, biblioteca, auditório e uma cafeteria que atendam tanto o público visitante quanto os moradores e usuários da região. 3.1

PARQUE METALÚRGICO AUGUSTO BARBOSA – OURO PRETO

O Parque Metalúrgico Augusto Barbosa (Figura 13) surgiu em 1946, com a finalidade de abrigar as atividades didáticas da Escola Nacional de Minas e Metalurgia. Em seguida, foram implantadas uma unidade produtora de ferro-gusa, uma oficina mecânica e galpões


para o estoque de matérias primas e produtos acabados. A construção dessa grande estrutura ampliou os serviços oferecidos, que passaram a incluir a produção de ferro-gusa para as indústrias da região. As atividades se mantiveram até a metade da década de 1960 (CENTRO DE ARTES E CONVENÇÕES DA UFOP, 2010). Figura 13 – Parque Metalúrgico Augusto Barbosa, Ouro Preto, 2016.

Fonte: Catálogo Patrimônio Cultural do Espírito Santo, 2009.

Em 1969, as instalações do parque passaram a ser domínio da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). No local, continuou a funcionar uma pequena fundição, uma serralheria e, aos poucos, foram sendo edificados diversos setores da Universidade, como almoxarifado, arquivo e quadra de esportes. Com o objetivo de fomentar o potencial turístico, científico e cultural de Ouro Preto, o Conselho Universitário da UFOP, em 1993, autorizou a transformação do Parque Metalúrgico em um espaço destinado a abrigar eventos, iniciando o processo de implantação

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do Centro de Artes e Convenções de Ouro Preto (CENTRO DE ARTES E CONVENÇÕES DA UFOP, 2010). Segundo UFOP (2010), após o período de acordos entre órgãos municipais, federais e privados para efetivar a reforma e a reestruturação dos espaços já existentes e a construção de novos locais, o Centro de Artes e Convenções da UFOP foi inaugurado em 23 de março de 2001, e vem se consolidando como uma referência no mercado de eventos, ganhando projeção nacional e internacional. 3.1.1 Localização Próxima dos três grandes centros urbanos da região Sudeste do Brasil, provida de estradas, transporte ferroviário e com acesso fácil a aeroportos internacionais, Ouro Preto tem, no Centro de Artes e Convenções, um equipamento de alta eficácia para a realização de eventos. O Parque Metalúrgico (Figura 14) encontra-se localizado dentro do tecido urbano de Ouro Preto, ao lado da Estação Ferroviária pertencendo a uma cidade com o maior conjunto homogêneo de arquitetura barroca do Brasil. Ele ocupa um terreno envolto por topografias elevadas e a presença de edificações típicas e históricas da região. Mais adiante a nordeste, encontram-se edificações tombadas com características importantes para cidade como a Igreja Nossa Senhora do Carmo, Igreja de


São Francisco de Assis, Praça Tiradentes, Teatro Municipal – Casa da Ópera, Museu da Inconfidência e entre outros. Figura 14 - Localização, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2016.

Fonte: Google Maps. Com adaptação da autora.

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3.1.2 Implantação O edifício está posicionado no centro de um relevo montanhoso e situado à boa parte do quarteirão sobre um eixo linear no sentido norte/sul (Figura 15). Com sua ocupação no terreno retangular, está localizado paralelo a Rua Diogo de Vasconcelos sendo esta o acesso principal. A implantação do terreno é concebida pela conexão de volumes garantindo uma área livre no centro destinada a circulação e estacionamento. O acesso ao interior do Centro de Convenções se dá no pavimento térreo pela área livre e pelos demais setores divididos por toda extensão. O clima predominante é tropical de altitude úmido, característico das regiões montanhosas com frequência de chuvas e temperaturas baixas predominantes da região (SUA PESQUISA, acesso em 10 mai. 2016). Por conta da localização do Centro de Convenções, boa parte do dia recebe uma ação menor do sol (Figura 15) devido à presença do relevo montanhoso no sentido leste/oeste.


Figura 15 - Implantação, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2016.

Fonte: Google Maps. Com adaptação da autora.

3.1.3 Fluxos Os setores do Centro de Convenções foram estruturados de forma modular, o que permite seu funcionamento independentemente ou integrados entre si. Tal versatilidade permite

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sediar um único evento em toda extensão ou vários eventos paralelos, distribuídos em seus espaços. Após o acesso principal, o fluxo segue de forma aleatória de maneira que não há uma forma existente de percorrer. No pavimento térreo (Figura 16) encontra-se a maior parte dos setores como, salão mariana, praça vila rica, saguão principal, museu, setor feiras, teatro ouro preto e um espaço para depósito. Figura 16 - Fluxo do pavimento térreo, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2013.

Fonte: Ministério da Educação, Universidade Federal de Ouro Preto. Com adaptação da autora.


No primeiro pavimento, o fluxo destinado aos visitantes concentra-se um número menor de setor ao lado oeste (Figura 17) dispor-se ao espaço sabará, salão tiradentes e o auditório. Ao norte, encontra-se o setor de gerenciamento separado para os funcionários do local. Figura 17 - Fluxo do 1º pavimento, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2013.

Fonte: Ministério da Educação, Universidade Federal de Ouro Preto. Com adaptação da autora.

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3.1.4 Programa Por conta do acordo estabelecido para garantir a reforma do local, cada espaço da implantação possui um nome em homenagem a uma cidade do Estado de Minas Gerais, como Sabará, Congonhas, São João Del Rei e entre outros (CENTRO DE ARTES E CONVENÇÕES DA UFOP, 2010). A reforma do espaço possibilitou a construção de um Teatro Ouro Preto (Figura 18 e 19) com capacidade para 510 pessoas em poltronas e um palco equipado tanto para eventos culturais e cênicos como para grandes congressos e reuniões. Possuem ainda camarins e cabine para monitoramento de som, luz, projeção e tradução simultânea e um amplo foyer, bilheteria e balcão de recepção. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, UFOP, 2013). Possui um auditório com capacidade limite de 300 pessoas com uma estrutura de paredes móveis, podendo-se transformar o espaço em dois auditórios menores de 150 lugares cada. O auditório São João Del Rei (Figura 20) conta com apresentação de seminários, palestras, simpósios e congressos (CENTRO DE ARTES E CONVENÇÕES DA UFOP, 2010). O programa conta com o Salão Tiradentes (Figura 21) que comporta seis salas de 50 lugares, com a mesma estrutura de paredes móveis, que permitem a modulação de ambientes diversos, com capacidade máxima para 300 lugares. Os eventos mais comuns são reuniões empresariais, minicursos e círculos de discussões (CENTRO DE ARTES E CONVENÇÕES DA UFOP, 2010).


Figura 18 - Imagem do Teatro Ouro Preto.

Figura 20 - Imagem do auditório São João Del Rei.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.

Figura 19 - Imagem do Teatro Ouro Preto.

Figura 21 - Imagem do Salão Tiradentes.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.

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O Centro de Convenções comporta um Setor Feira Salão Diamantina (Figura 22 e 23) que possui mezanino com salas para administração dos eventos e amplo salão, um setor que permite exposições, apresentações de pôsteres e stands, com piso marmorizado polido, galeria subterrânea com pontos de energia, água, telefone e instalações para secretaria, área de apoio, stand, coffee break e festas. Além disso, conta também com suporte para transmissão de dados, acesso privativo para caminhões e dependência de apoio e vestiário (CENTRO DE ARTES E CONVENÇÕES DA UFOP, 2010). Figura 22 - Salão Diamantina.

Figura 23 - Salão Diamantina.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.


Em ambiente amplo, o salão mariana (Figura 24) é destinado à área de alimentação para atendimento aos eventos. Possui uma cozinha com 36m², equipada, podendo ser utilizada para um simples coffee break ou para coquetéis e jantares. Versátil, o salão ainda pode ser utilizado para montagem de exposições de artes plásticas e painéis técnico-científicos. Preserva equipamentos metalúrgicos antigos, que assumem função decorativa (CENTRO DE ARTES E CONVENÇÕES DA UFOP, 2010). Figura 24 - Salão Mariana.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.

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Por fim, possui dos espaços de apoio para secretarias e/ou lounges como o espaço sabará (Figura 25) que dispõe de área útil de 212,00m², com dois balcões de atendimento, banheiros e copa e o espaço congonhas (Figura 26), ponto central de recepção dos participantes dos eventos. Possui amplo salão, equipado com balcão de informações, elevador, banheiros para portadores de necessidades especiais e uma área útil de 354,87m² (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, UFOP, 2013). Figura 25 - Espaço Sabará.

Figura 26 - Espaço Congonhas.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.


O Centro de Convenções conta ainda com instalações de segurança, isolamento termoacústico dos ambientes, sistema de combate a incêndios, adaptações para clientes com necessidades especiais e amplo estacionamento conhecido como Praça da Universidade (CENTRO DE ARTES E CONVENÇÕES DA UFOP, 2010). 3.2

CENTRO CULTURAL DO BANCO DO BRASIL – RIO DE JANEIRO

Figura 27 – Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2016.

Fonte: Centro de Convenções, UFOP.

Inaugurado como sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro, o edifício histórico de 17 mil m², construído em 1906, abrigava a Bolsa de Fundos Públicos. Na década de 1920, o edifício passa a pertencer ao Banco do Brasil, que o reforma para abertura de sua sede. Esta função tornou o edifício simbólico do mundo financeiro nacional e duraria até 1960, quando cedeu lugar à Agência Centro do Rio de Janeiro e depois à Agência Primeiro de Março (CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL, RJ, 2016).

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No final da década de 1980, resgatando o valor simbólico e arquitetônico do prédio, o Banco do Brasil decidiu pela sua preservação, transformando-o em um centro cultural. O projeto de adaptação preservou a distinção das colunas, dos ornamentos, do mármore que sobe do foyer pelas escadarias e retrabalhou a cúpula sobre o edifício (CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL, RJ, 2016). De acordo com a CCBB (2016), em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural do Rio de Janeiro (Figura 27) transformou-se rapidamente em um dos centros culturais mais importantes do país. É considerada a instituição cultural mais visitada do Brasil e a 20º no mundo. 3.2.1 Localização O Centro Cultural Banco do Brasil encontra-se na Rua Primeiro de Março, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Ao lado do eixo principal da Avenida Presidente Vargas. O CCBB (Figura 28) está localizado entre duas avenidas importantes e de grande fluxo da cidade. Além disso, está centrado entre edificações com valores respeitáveis que proporcionam uma alta frequência de visitação. Possui fácil acesso para veículos e pedestres por sua localização na malha urbana, pela proximidade com a Av. Presidente Vargas e a Av. Rodrigues Alves e a presença de vagas para estacionamento nas ruas próximas. Está próxima a Estação de Transportes Marítimos trafegados pela Baía de Guanabara tornando-se o marco visual da região.


Figura 28 - Localização, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2016.

Fonte: Google Maps. Com adaptação da autora.

3.2.2 Implantação O edifício está localizado em um tecido urbano plano no sentido noroeste/sudeste do seu eixo longitudinal, ocupando-se a maior parte do quarteirão paralelo á Rua Primeiro de Março. Destaca-se no seu entorno a comunicação com edificações históricas, providas de suas características respeitando seus afastamentos.

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A implantação do edifício (Figura 29) é concebia por sua forma retangular, com os seus afastamentos garantidos em todos os lados, permitindo assim uma flexibilidade maior em seus acessos e a visão de todas as suas fachadas. Em razão do clima tropical semiúmido e principalmente das atividades existentes, o Centro Cultural é todo climatizado. Há saídas de ar condicionado no teto de todas as salas de exposição e não há existência de ventilação natural. Sobre a rotunda, há uma grande cúpula de vidro, que ilumina este espaço e também a circulação do primeiro pavimento. A cúpula é a única fonte de iluminação natural utilizada na parte de exposições. Figura 29 - Implantação, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2016.

Fonte: Arquitetura de Museus, UFRJ. Com adaptação da autora.


3.2.3 Fluxos A partir do acesso principal e do saguão de entrada, o visitante encontrará fluxos que seguem de forma aleatória de acordo com a procura de cada uso, de modo que não há um trajeto único a percorrer. No pavimento térreo (Figura 30) encontra-se a maior parte dos setores como, serviços, salão principal, espaço cultural, foyer, restaurante, agência bancária, entre outros e a circulações verticais que permitirá o acesso as demais atividades distribuídas nos pavimentos superiores (ARQUITETURA DE MUSEUS, UFRJ, 2016). Figura 30 - Fluxo do pavimento térreo, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012.

Fonte: Arquitetura de Museus, UFRJ. Com adaptação da autora.

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No pavimento superior o fluxo se distribui da mesma forma que no térreo, não há existência de sequência de salas a percorrer, deixando o visitante livre a escolher os espaços que desejar (Figura 31). A circulação vertical para o uso público é separada da escada de serviço, eliminando quaisquer conflitos entre diferentes usos. Figura 31 - Fluxo do 1º pavimento, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012.

Fonte: Arquitetura de Museus, UFRJ. Com adaptação da autora.

No segundo pavimento o fluxo segue da mesma forma aleatória de acordo com a disposição dos usos apresentados (Figura 32). Neste pavimento, o visitante dá continuidade ao percurso através da circulação vertical, onde encontrará exposições, teatro e serviços.


Figura 32 - Fluxo do 2º pavimento, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012.

Fonte: Arquitetura de Museus, UFRJ. Com adaptação da autora.

No ultimo pavimento o visitante encontrará boa parte do uso destinado à biblioteca do CCBB do Rio de Janeiro (Figura 33). Para o público voltado para pesquisa, este espaço é uma importante fonte de consulta nas áreas de artes, ciências sociais, filosofia e literatura. Além disso, é dividido com espaços de serviços destinados aos funcionários do local.

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Figura 33 - Fluxo do 3º pavimento, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012.

Fonte: Arquitetura de Museus, UFRJ. Com adaptação da autora.

3.2.4 Programa O CCBB do Rio de Janeiro, através do seu programa educativo busca criar um elo entre o acervo e o frequentador, educando os visitantes para a arte. O mesmo possui 15.046 m² com espaços diversos para diferentes atrações culturais, como música, teatro, cinema e exposições. Além disso, possui biblioteca e videoteca, além de abrigar o Arquivo Histórico e o Museu Banco do Brasil (CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL, RJ, 2016).


O Centro Cultural tem como ênfase o público infantil, tanto grupos de escolas como crianças que são levadas pelos pais. Durante a semana, as atividades são diretamente voltadas para escolas, com agendamento. Já nos finais de semana, é aberto ao público (CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL, RJ, 2016). As salas de exposição podem Figura 34 - Foyer, exposição de arte. ser utilizadas para atividades relacionadas à exibição de artes, quando estas forem compatíveis com o espaço. Na rotunda (Figura 34) também acontecem atividades, como espetáculos, exposições e oficinas. Com relação às salas de exposição temporária (Figura 35), são bastante flexíveis quanto à iluminação e materialidade do fundo, recebendo, geralmente, tratamentos diferenciados de acordo com a exposição que hospedam (CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL, RJ, 2016). Fonte: CCBB do Rio de Janeiro, 2016.

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Figura 35 - Sala de exposição de arte.

Fonte: CCBB do Rio de Janeiro, 2016.

O Centro Cultural desenvolve outras atividades como peças de teatro específicas para cada público. Possuem três salas teatrais (Figura 36 e 37) variando entre 123,00 a 170,00 m², todas devidamente projetadas em varas cênicas e de iluminação e um espaço destinado a pessoas com mobilidade reduzida.


Figura 36 - Sala de Teatro III.

Figura 37 - Sala de Teatro I.

Fonte: CCBB do Rio de Janeiro, 2016.

Fonte: CCBB do Rio de Janeiro, 2016.

Criada em 1931, a antiga Biblioteca do Banco do Brasil (Figura 38), possui acervos de mais de 125 mil exemplares informatizados, atualizado e periodicamente higienizado por uma equipe da APAE - São Gonçalo (CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL, RJ, 2016). A Biblioteca do CCBB Rio de Janeiro localiza-se no 3º pavimento. Seus 2.200m² abrigam um salão de leitura para 100 pessoas, três salas para a coleção geral, sala de referências com enciclopédias e dicionários, sala de literatura infanto-juvenil com mais de dois mil títulos, sala de multimídia, além de salas com coleções especiais (CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL, RJ, 2016).

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Figura 38 - Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro.

Fonte: CCBB do Rio de Janeiro, 2016.

O Centro Cultural conta ainda rampa para pessoas com mobilidade reduzida pela entrada da Avenida Presidente Vargas, com sanitários para cadeirantes no térreo e 2º pavimento, boxes para cadeirantes distribuídos nas salas de teatro, cinemas e videoteca, elevadores especiais localizados no restaurante e videoteca e sistema de telefones públicos para pessoas com deficiência auditiva ou visual.


3.3

CENTRO MUNICIPAL DE ARTE HÉLIO OITICICA – RIO DE JANEIRO

O prédio foi construído em 1872, para sediar o Conservatório de Música e também acolheu o Conservatório Dramático Brasileiro. Nesse espaço, além de aulas e concertos eram realizadas conferências literárias com poetas e escritores como Olavo Bilac, Coelho Neto, Medeiros e Albuquerque, Viriato Correia e Luiz Edmundo (GUIA CULTURAL DO CENTRO HISTÓRICO, RJ, 2016). Figura 39 – Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de

O Centro Municipal (Figura 39) tem Janeiro, 2016. como propósito incentivar a reflexão sobre as artes visuais, estimulando o intercâmbio entre a novíssima produção artística carioca e brasileira e artistas já consagrados. Busca, também, estabelecer um diálogo entre as diversas linguagens artísticas, através de programas interdisciplinares, como exposições, seminários, debates, encontros, cursos e oficinas (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, CENTROS CULTURAIS, 2016).

Fonte: Catraca Livre, 2016.

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Localizado no Centro histórico, o espaço cultural fica num prédio eclético com feições neoclássicas do século XIX e reúne o acervo do artista plástico Hélio Oiticica, um dos grandes nomes da arte contemporânea do Brasil. O local recebe exposições de artistas nacionais e estrangeiros, além de eventos, palestras e debates. São seis galerias e uma sala de conferências (GUIA CULTURAL DO CENTRO HISTÓRICO, RJ, 2016). Em 1990 ocorreu uma intervenção para ampliação com anexação de dois prédios, sob a orientação do arquiteto italiano Sante Bucciarelli e em 1993, ocorreu obras de restauração para que o edifício abrigasse o Corredor Cultural e o Centro de Arte Hélio Oiticica (GUIA CULTURAL DO CENTRO HISTÓRICO, RJ, 2016). 3.3.1 Localização O CAHO está localizado (Figura 40) na esquina das ruas Imperatriz Leopoldina e Luiz de Camões que, por serem estreitas e com piso de paralelepípedo, possuem pouco movimento de veículos. Como opções de transporte, há várias linhas de ônibus que passam na Praça Tiradentes e na Av. Passos, e também duas estações de metrô próximas: Carioca e Uruguaiana. O Centro de Arte não possui estacionamento, mas há opções de parada próximo na Av. Passos. E durante o final de semana pode-se estacionar na Praça Tiradentes, em vagas rotativas da Prefeitura.


Figura 40 - Localização, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, 2016.

Fonte: Google Maps. Com adaptação da autora.

3.3.2 Implantação A implantação do edifício é concebia por sua forma retangular, com os seus afastamentos garantidos somente pela fachada frontal na Rua Luiz de Camões e pela fachada lateral, na Rua Imperatriz Leopoldina, permitindo assim uma flexibilidade melhor em seus acessos (Figura 41). Localizado no centro do Rio de Janeiro, próximo ao Centro Cultural Banco do Brasil, suas características climáticas se encaixam com o clima o tropical semiúmido.

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Figura 41 - Implantação, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2016.

Fonte: Google Maps. Com adaptação da autora.

O acesso ao interior do centro cultural se dá no pavimento térreo, pela Rua Luiz Camões, de onde o visitante chega à entrada principal iniciando pelo foyer. E na fachada, há placas de identificação do Centro de Arte e galhardetes indicativos das exposições temporárias. A iluminação natural através de janelas é provida pela Rua Luiz Camões e a Rua Imperatriz, aplicada em espaços como o foyer, livraria e administração. Nas galerias do térreo e 1º


pavimento há um filtro sobre as janelas que diminui bastante a entrada de luz, sendo a iluminação basicamente artificial. 3.3.3 Fluxos A partir do acesso principal ao foyer, o visitante encontra uma recepção para informações e dará continuidade ao fluxo que segue de forma aleatória. Após a recepção, pode se dirigir à livraria, loja ou galerias do térreo, bistrô e auditório de acordo com a procura de cada uso (Figura 42).

Figura 42 - Fluxo do pavimento térreo, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012.

Neste pavimento o visitante pode seguir o fluxo podendo acessar Fonte: Arquitetura de Museus, UFRJ. Com adaptação da autora.

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serviços como banheiros, além das circulações verticais que conduzem o percurso para o primeiro pavimento. No primeiro pavimento (Figura 43) encontram-se galerias de exposição temporária, setor administrativo, áreas técnicas e as circulações. Ao acessar a primeira galeria, o fluxo segue de forma estreita para as outras salas causando aglomeração de pessoas por se tratar de um único acesso para ida e vinda.

Figura 43 - Fluxo do 1º pavimento, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012.

Já no último pavimento (Figura 44), há duas galerias abertas e uma grande galeria com apenas duas entradas. Essas duas galerias de exposição temporária, possuem acessos independentes e estão ao lado das circulações verticais. E a

Fonte: Arquitetura de Museus, UFRJ. Com adaptação da autora.


galeria de exposição permanente, com apenas dois acessos, seu fluxo de distribui em uma área abrangente de forma que não cause tumulto. Figura 44 - Fluxo do 2º pavimento, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012.

Fonte: Arquitetura de Museus, UFRJ. Com adaptação da autora.

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3.3.4 Programa O CMAHO, inaugurado em 1996 para abrigar parte do acervo de obras do artista Hélio Oiticica, manteve ao longo de sua existência uma forte característica de centro cultural, sediando exposições de grandes artistas brasileiros e estrangeiros e apoiando suas produções mais recentes. No final dos anos 2000 o acervo de Oiticica foi transferido para outro local. Atualmente o CMAHO é um espaço de encontro de diversos públicos, conectado com o território ao seu redor por meio da Rede Tiradentes Cultural (GUIA CULTURAL DO CENTRO HISTÓRICO, RJ, 2016). Distribuído em três andares, o CMAHO possui seis espaços para exposições, dois mezaninos e duas salas multiuso (Figura 45). Além disso, também dispõe de um auditório para cem pessoas, ideal para palestras, apresentações teatrais e musicais, uma cafeteria e zona wifi no andar térreo. A memória da instituição composta por documentos, fotos, vídeos e textos, pode ser consultada mediante agendamento prévio na Sala de Pesquisa, cujo acervo conta, também, com publicações voltadas para a arte contemporânea e áreas afins, editadas pelo CMAHO ou doadas por parceiros, disponíveis para consulta do público (GUIA CULTURAL DO CENTRO HISTÓRICO, RJ, 2016).


Figura 45 - Sala de exposição de arte.

Fonte: Guia cultural do centro histórico, Rio de Janeiro, 2016.

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3.4

ANÁLISE GERAL DOS ESTUDOS DE CASO

A partir dos estudos de caso exposto inicialmente, é possível analisar a ação dos trabalhos desenvolvidos em cada edificação visando à integração que estes ambientes devem ter com o entorno a qual estão inseridos, mas principalmente para atender as necessidades da população. Conforme a análise obtida, cada programa contribuirá para o desenvolvimento do projeto sendo aplicados de forma a se adequar ao Antigo Arquivo Público e às necessidades da população existente e dos visitantes. Ressalta-se também a grande semelhança dos edifícios dos estudos de caso estar localizados em centros históricos como o atual edifício escolhido. Buscando a valorização do edifício Arquivo Público, o reconhecimento da sociedade e a reintegração na Cidade Alta, a proposta de requalificação que será feita para o edifício terá como base as intenções projetuais destes, como a implantação de atividades culturais, livraria, biblioteca, auditório e cafeteria, tornando-se espaços para contemplação e descanso. Consequentemente, para melhor aperfeiçoamento do projeto, foi elaborada uma tabela objetiva com a análise de cada estudo de caso pontuando os aspectos principais e relevantes para aplicação no trabalho desenvolvido (tabela 1).


Tabela 1 - Tabela de análise dos estudos de caso.

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TABELA DE ANÁLISE DOS ESTUDOS DE CASO DESENVOLVIDOS NO PROJETO ESTUDO DE CASO Parque Metalúrgico Augusto Barbosa

Centro Cultural Banco do Brasil

LOCALIZAÇÃO

IMPLANTAÇÃO

FLUXOGRAMA

PROGRAMA

Está implantado em um terreno Localizado em Ouro Por conta da forma retangular e concebido pela conexão Preto - MG, próximo a modular e a variedade de volumes garantindo uma área Estação Ferroviária. de uso, o fluxo segue de central livre no terreno. Além disso, Centralizado por forma aleatória de está afastado de edificações topografias elevadas e maneira que não há históricas importantes que se paralelo a Rua Diogo de uma existência a encontram a noroeste em um nível Vasconcelos. percorrer. elevado.

> Saguão Principal;

Localizado no Centro do Rio de Janeiro, paralelo a Rua Primeiro de Março com acesso principal pela Av. Presidente Vargas. Encontra-se próximo a Baía de Guanabara.

> Saguão Principal;

Após o acesso principal, Concebida por sua forma retangular o fluxo segue de acordo e pelos afastamentos em todos os com a procura de cada lados, sua construção se destaca em uso. No térreo seu entorno. O edifício divide espaço encontrará a maior parte com importantes construções dos serviços e históricas com caracteríscas de usos acessibilidade para similares. mobilidade e acesso.

Centro Municipal de Arte Hélio Localizado no Centro Oiticica

Implantado em uma forma histórico do Rio de retangular, o acesso ao edifício se dá Janeiro, de esquina com por ruas estreitas e piso de a Rua Imperatriz paralelepípedo, garantindo assim um Leopoldina e Rua Luiz fluxo menor de carros no seu entorno de Camões e próximo à e incentivando o passeio do Praça de Tiradentes. pedestre.

A partir do acesso ao foyer, o visitante tem acesso ao balcão de atendimento e poderá se dirigir aos demais usos distribuídos. O fluxo segue de forma aleatória.

> Museu; > Teatro Ouro Preto; > Espaço para eventos; > Espaço para exposições; > Espaço para coffe break; > Serviços diversos para apoio; > Salas de Teatro; > Salas de Cinema e Vídeo; > Espaço para exposições; > Restaurante; > Livraria; > Biblioteca e serviços; > Foyer; > Recepção; > Espaço para exposições; > Espaço multi-uso; > Livraria; > Auditório; > Cafeteria e serviços;

Arquivo Público de Vitória Entende-se que a localização no centro histórico com fácil acesso, assegura uma valorização do trabalho realizado.

Fonte: Autora, 2016.

Outro fator importante é o edifício estar implantado próximo a edificações históricas com valores respeitáveis e com usos semelhantes. Além do incentivo do passeio do pedestre.

> Saguão Principal; Uma das opções é promover assecibilidade > Livraria e Biblioteca; a todos e adotar o fluxo > Espaço para exposições; de forma que o visitante > Auditório; fique a vontade. > Cafeteria e serviços;


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04.

Diagnรณstico da รกrea de estudo


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4

DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO

O atual capítulo apresenta o diagnóstico da área de estudo, realizado por meio de visitas de campo e consultas no Plano Diretor Municipal de Vitória. Este trabalho tem por objetivo mostrar a situação atual do entorno do Antigo Arquivo Público, analisando as diretrizes e condicionantes para propor um projeto de requalificação de um espaço para a cultura, entretenimento e lazer. 4.1 ANÁLISE DA ÁREA DE ESTUDO Possuindo uma área de 492,10 m² o terreno encontra-se localizado no Centro do município de Vitória (Figura 46). Assim como o seu edifício implantado neste terreno com valor de patrimônio histórico, há presença no entorno uma morfologia de cidade colonial, analisando que em certos pontos de acesso os arruamentos são estreitos e a Rua Pedro Palácios, a qual está inserido o Arquivo Público, possui dimensão ampla. O Arquivo Público encontra-se no ponto alto da topografia com a presença de um conjunto histórico tombado a nível federal, estadual e municipal. Considerando a presença de avenidas principais que interligam os municípios vizinhos, é necessário fazer um contorno pelo centro (Figura 47) para acessar a Cidade Alta, analisando este o sentido fácil para veículos. Do mesmo modo, também à presença de escadarias históricas que ligam essas


Figura 46 – Localização do terreno no Centro de Vitória, Espírito Santo, 2016.

Fonte: Google Maps. Com adaptação da autora.

avenidas que recebem um fluxo contínuo de transporte público possibilitando ao pedestre a chegar à parte alta da cidade.

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Figura 47 – Percurso realizado por veículos, Centro de Vitória, 2016.

Fonte: Google Maps. Com adaptação da autora.

4.2 ZONEAMENTO URBANÍSTICO De acordo com o Plano Diretor Urbano do Município de Vitória (2006), o Antigo Arquivo Público está localizado na Zona de Ocupação Limitada 01 (ZOL 01), correspondente a áreas com predomínio do uso residencial (Tabela 2).


Tabela 2 – Tabela de controle urbanístico.

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TABELA DE CONTROLE URBANÍSTICO USOS PERMITIDOS Residencial Unifamiliar Condomínio Residencial Unifamiliar Atividades não residenciais classificadas como GI e G2 Condomínio Residencial Multifamiliar Misto (Residencial e não residencial) Hotel, ApartHotel e similares.

TOLERADOS

Supermercado e Hipermercado – com área vinculada a atividade superior a 1000m² em qualquer localização

ÍNDICES CA MÁX.

TO MÁX.

TP MÍN

GABARITO

ALTURA DA EDIFICAÇÃO

AFASTAMENTOS MÍNIMOS FRENTE

1.2 ZOL/01 100% e 70% nas demais

Isento na ZOL/01 e 10% nas demais

ZOL/01 4 pav. Demais isento

1.8

_______

Isento na ZOL/01 e 3,00m nas demais

LATERAL

FUNDOS

Na ZOL/01 Isento

Na ZOL/01 Isento

Demais até o 3º pav. Isento

Demais até o 3º pav. Isento

Acima do 3º pav. – ver Anexo 10

Acima do 3º pav. – ver Anexo 10

PARCELAMENTO TESTADA MÍN

ÁREA MÁXIMA

10,00m

300,00m²

Fonte: PDU de Vitória, 2006, pg. 214.

Compreende-se que este projeto se trata de uma edificação já existente e que sua construção foi realizada no início do século XX, ou seja, o surgimento do Plano Diretor ocorreu décadas posteriores. Contudo, a sua construção se enquadra com a tabela de controle urbanístico. A ZOL 01 se caracteriza por preservar os locais de interesse ambiental e visuais de marcos significativos da paisagem urbana, os quais precisam de tratamento específico para proteção, recuperação e manutenção. Assim como a melhoraria das condições de mobilidade urbana, em especial, nos pontos problemáticos do sistema viário e a ampliação da oferta de áreas verdes e de lazer (PDU, 2006).


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4.3 MORFOLOGIA URBANA O desenho urbano da Cidade de Vitória ocorreu de forma instintiva, de acordo com a necessidade de defesa e direcionamento da fé católica, tendo como influência as ordens leigas, o Estado, a economia, a população, os movimentos sociais e do mesmo modo a Igreja Católica. Mesmo ocorrendo o crescimento desordenado, o alto adensamento e traçado irregular típico da morfologia urbana da parte histórica, a cidade possui eixos direcionais e visuais que conectam edifícios históricos, como a Rua Pedro Palácios que liga a Catedral Metropolitana, Palácio Domingos Martins e o Palácio Anchieta com Arquivo Público entre eles. Através do mapa de análise da morfologia realizada na área de estudo (Figura 48), constatouse traçados diferenciados e um número de edificações que surgiram conforme o crescimento da cidade. Tais edificações com arquitetura diferenciada das edificações jesuítas e ecléticas, assim como a presença predominante de um conjunto histórico patrimonial. Fazendo parte deste conjunto encontra-se o Arquivo Público, alvo de nossa proposta.


Figura 48 – Mapa de morfologia urbana.

Fonte: Elaborado pela autora.

4.4 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO Este mapa (Figura 49) ilustra o uso e ocupação do solo no entorno da área de estudo, a qual possui atividades diferenciadas e características herdadas de um crescimento urbano. O centro da cidade, como mencionado no mapa anterior, foi uma área de atividades de

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influência de pessoas, serviços, comércios, de investimentos públicos e privados, econômica e cultural da cidade. Figura 49 – Mapa de uso e ocupação do solo.

Fonte: Elaborado pela autora.

O uso institucional e misto se encontra em maior escala na área de estudo entre o entorno da Catedral Metropolitana com a conexão com o Palácio Anchieta. Estes estão relacionados a instituições religiosas, público e atividade comercial no térreo com residências nos pavimentos acima (Figura 50).


Figura 50 – Uso misto na Rua Pedro Palácios.

Fonte: Arquivo pessoal.

A área analisada abriga um número considerável de instituições, que variam desde igrejas a serviços públicos, sendo em sua maioria prédios de valor patrimonial e cultural (Figura 51 e 52). Bem como edificações históricas que atualmente encontram-se sem uso. É através desses principais usos institucionais que ocorre a presença do turismo na cidade. Pode-se observar que a localização do Arquivo Público encontra-se em uma área estratégica para a implantação

de um novo uso, avaliando que o mesmo está sem utilidade por tempo indeterminado. Sendo assim, uma atividade voltada para a arte e cultura, torna-se fundamental para o local, visando o seu entorno. Considerando ainda o movimento gerado por pessoas que transitam nas outras instituições do entorno.

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Figura 51 – Uso institucional próximo à Rua Pedro Palácios.

Figura 52 – Metropolitana.

Uso

Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.

institucional

Catedral


4.5 GABARITO O gabarito (Figura 53) é um estudo destinado a regulamentar a altura das edificações de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor Urbano para cada zona. Apesar do Centro de Vitória dispor de uma diversidade de zoneamento que proporciona uma variação do número de gabaritos, excepcionalmente esse limite não é acatado dentro desta zona. Figura 53 – Mapa de gabarito.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Para todos os tipos de usos permitidos nesta zona, a tabela de controle urbanístico da ZOL 01 estabelece o número de gabaritos até 04 pavimentos. O que não ocorre no perímetro da área de estudo, ultrapassando 10 pavimentos na Rua Pedro Palácios (Figura 54 e 55). Isso incide na prevalência do uso residencial multifamiliar na região. Figura 54 – Edificações com gabaritos acima de 10 pavimentos.

Figura 55 – Edificações com gabaritos acima de 10 pavimentos.

Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.


Com a análise realizada em campo nota-se uma diferença espantosa na Rua Pedro Palácios. Somente o Antigo Arquivo Público e o edifício ao lado (Figura 56) condizem com as exigências do controle de gabarito. É pela ação do homem e a inevitável verticalização das edificações no entorno da área de projeto que acaba interrompendo possíveis visuais interessantes. Mesmo assim, com a presença das árvores inibindo essa massa vertical, é possível sentir uma altercação no clima tornando-o a rua atrativa e agradável de circular. Para fins do projeto, não haverá alteração do gabarito do Arquivo Público, nem mesmo em seus possíveis anexos. Figura 56 – Vista da Rua Pedro Palácios, de frente para o Arquivo Público.

Fonte: Elaborado pela autora.

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4.6 FLUXO DE VEÍCULOS E PEDESTRES 4.6.1 Fluxo de veículos O sistema viário apresentado no mapa seguinte (Figura 57) foi elaborado de acordo com as pesquisas realizadas em campo. A análise define os principais caminhos de intenso, médio e baixo fluxo. Verificou-se no percurso até a Cidade Alta que a circulação de veículos é dificultada pela largura das vias e em certos pontos se torna estreitas e dividem espaço com os estacionamentos, que por muitas vezes são liberados por placas de sinalização, porém, acabam criando pontos nodais. Figura 57 – Mapa de fluxo de veículos e pedestres.

Fonte: Elaborado pela autora.


Apesar do fluxo intenso na região, em horários de pico essas vias conseguem escoar o trânsito. Este fluxo é ordenado pelo sentido único das vias (Figura 58 e 59). No entanto, essa coordenação do tráfego provoca deslocamentos amplos, tanto para moradores da região quanto para outros que buscam chegar à parte alta da cidade onde estão localizados edifícios geradores de tráfego como o Palácio Anchieta, Fórum, o Hospital Público dos Funcionários do Estado do Espírito Santo e entre outros voltados para o turismo. Figura 58 – Av. Getúlio Vargas.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 59 – Rua São Francisco.

Fonte: Arquivo pessoal.

Além disso, o transporte público não atende a cidade alta e o ponto de táxi mais próximo da Av. Jerônimo Monteiro está na Praça Costa Pereira, agravando assim o problema da mobilidade e para portadores de necessidades especiais. Tratando-se da área de projeto, a Rua Pedro Palácios com sentido único se destaca pela sua largura ampla de 11 m e com calçada acima de 3

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m de largura. Apresenta estacionamento público com ângulo de 60º dos dois lados e com o comprimento aproximadamente 121 metros. É uma rua atrativa devido à presença de 15 árvores que proporciona um clima agradável e ao mesmo tempo tornando o visual limpo e inspirador. 4.6.2 Fluxo de pedestres Os passeios públicos nas proximidades e na área em estudo são deficientes e estreitos. Em certos momentos onde a via é apertada ocorre à falta das calçadas obrigando assim o pedestre à circular junto com os veículos. As calçadas não possuem uma identidade e uniformidade em sua pavimentação. Os equipamentos que deviam estar em uma faixa de serviço, árvores, sinalizações, rampas e hidrantes, entram em conflito com o fluxo de pedestres. O outro problema dos passeios são as escadarias que precisam de reparos (Figura 60), consideradas o acesso mais rápido dos pedestres até a Cidade Alta. Além disso, as rampas de pedestre com diferentes inclinações, mal cuidadas e nem todas as calçadas (Figura 61) são favorecidas com esse tipo de acesso. Desse modo, em nossa proposta propõem-se o tratamento do acesso em conformidade com a Norma 9050.


Figura 60 – Escadaria Maria Ortiz.

Figura 61 – Calçada danificada na Rua Pedro Palácios.

Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.

4.7 EVOLUÇÃO DA MORFOLOGIA URBANA O levantamento deste mapa (Figura 62) se resume no contexto histórico da cidade de Vitória através de pesquisas mostrando o surgimento do bairro e como se desenvolveu sucessivamente. Deste modo, é possível compreender o aparecimento das edificações históricas como, por exemplo, a Capela Santa Luzia que pertence ao início do século XVI.

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Figura 62 – Mapa de evolução da morfologia urbana.

Fonte: Elaborado pela autora.

No período do século XVII caracterizou-se como um momento de concretização da Vila Vitória. As atividades econômicas neste tempo desenvolveram um papel importante para o crescimento local. Já no século XVIII o contorno da cidade passa a ser mais fechado e horizontal por motivos de proteção e isolamento político, econômico e social, impedindo aberturas de caminhos que possibilitariam a conexão entre capitanias. Até o período do século XIX o conjunto de paisagem natural foi preservado, priorizando a localização das igrejas no ponto mais alto da cidade (SOUZA, 2012).


Iniciando o período da República, no final do século XIX assume então o governo de Muniz Freire (1892 – 1896) tendo uma política intervencionista que transformou a paisagem de Vitória. Essas mudanças incidiram para a expansão da cidade, com grandes aterros e elaboração de projetos urbanos (SOUZA, 2012). Com o passar do tempo e a economia sustentada pelo café, à cidade buscou-se modernização, mudança no traçado e melhoramento nas ruas, deixando as linhas tortuosas de vila colonial para linhas retas e largas. Após, surgiram obras de expansão e embelezamento através do Plano de Melhoramento de Vitória, desenvolvidas no governo de Florentino Avidos. É neste período que o corre a construção do Arquivo Público. A pesquisa realizada neste mapa representa a evolução das edificações históricas com o passar do tempo. O levantamento deste estudo influenciou nas pesquisas das principais edificações apresentadas no tópico seguinte que se encontram na área de estudo. 4.8 AMBIENTE HISTÓRICO O mapa a seguir (Figura 63) é consequência do levantamento da evolução morfológica da cidade. Nele apresenta os principais pontos turísticos que hoje ainda estão presentes e são vistos no percurso diário do visitante. Alguns destes pontos foram selecionados e destacados, pois fazem parte da área de estudo e se conectam entres eles.

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Figura 63 – Mapa de ambiente histórico.

Fonte: Elaborado pela autora.


Cada edificação histórica foi demarcada com cores diferenciadas e exposta à imagem de cada uma como forma de lembrança, apresentando assim uma breve história do surgimento dessas edificações. A proposta deste mapa é apresentar a influência e o valor que essas edificações possuem para a cultura e o turismo da cidade e como podem ser aproveitadas para demais usos diversificados e atrativos para sociedade. Nota-se que o Arquivo Público encontra-se em um corredor histórico mais importante do Centro. O que por sinal justifica o projeto de requalificação do mesmo. 4.9 PAISAGEM CULTURAL O desenvolvimento deste mapa (Figura 64) engloba a marcação dos monumentos, escadarias, edifícios de preservação municipal, estadual e federal. O objetivo é apresentar esses pontos públicos como elementos de potencialidades e marcos visuais, mas que são utilizados pela população como local de passagem, pelo motivo de não possuírem nenhum atrativo como áreas de recreação, mobiliários e equipamentos de lazer para integração da população. São espaços vazios que possuem conjuntos arbóreos, e bancos apenas. São ambientes com clima agradável e com capacidade para uso recreativo e permanência, possibilitando um ambiente para contemplação dessas edificações históricas. Assim como ocorre na Praça

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Costa Pereira, com a presença de um comércio consolidado, com atrativos que incentivam a permanência no lugar, bancos dispostos e com muita arborização. Figura 64 – Mapa de paisagem cultural.

Fonte: Elaborado pela autora.

O estudo expõe também o levantamento de parques, praças e jardins a qual apresenta potencialidade de uso. Como exemplo, a Praça Presidente Roosevelt que fica ao lado do


Palácio Anchieta, em frente à Residência do séc. XX e do Palácio Domingos Martins e na calçada do Arquivo Público (Figura 65 e 66). Espaço ideal para propor atividades atrativas que direcionam as esses monumentos. Figura 65 – Praça Presidente Roosevelt.

Figura 66 – Rua Pedro Palácios.

Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.

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05.

Proposta ArquitetĂ´nica


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05. PROPOSTA ARQUITETÔNICA O vigente capítulo apresenta o Projeto de Requalificação para o Antigo Arquivo Público de Vitória, que foi concebido após todo o embasamento teórico alcançado nos capítulos anteriores. O capítulo é estruturado em tópicos que primeiramente irão apresentar o programa de necessidades, implantação e acessos, fluxos, estudo preliminar e por fim será apresentada a conclusão do projeto. Ressaltando que por se tratar de uma edificação de patrimônio cultural e difícil acesso, todos os dados do levantamento estrutural foram fornecidos pela Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo. 5.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades (Figura 67) do Antigo Arquivo Público renomeado como Casa das Artes foi definido com base nos estudos de caso, nas exigências legais e nas necessidades dos futuros usuários. Sabendo que em todo decorrer da elaboração do programa o projeto foi pensando como elemento de conexão com a Galeria de Arte de Homero Massena. O programa conta com os seguintes ambientes:


Figura 67 – Fluxograma do programa de necessidades.

Fonte: Elaborado pela autora.

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5.2 IMPLANTAÇÃO E ACESSOS O projeto de requalificação do Arquivo Público se inicia através da alteração da pavimentação da Rua Pedro Palácios e das calçadas (Figura 68) como meio de conectar e fortalecer as características da morfologia e aspectos históricos do Centro, além de garantir aos requisitos de acessibilidade e demais normas. Foi proposta para a Rua Pedro Palácios uma nova pavimentação, o piso intertravado de 10 cm de forma que este sirva como inibidor de alta velocidade dos veículos e um resgate da história da cidade, este por sua vez caracterizado como elemento de transição e transmitindo a sensação de entrada em um novo ambiente. Além de aperfeiçoar a ligação com a Catedral Metropolitana, Palácio Anchieta, Palácio Domingos Martins, Residência do séc. XX e a Galeria de Arte de Homero Massena. Sua paginação será do tipo “Escama de Peixe”, mais indicado para receber o tráfego de veículos e que se apropria melhor às condições do traçado. Nos passeios será utilizado piso acquadreno de 5 cm na cor cinza, com piso tátil de alerta e piso tátil direcional (20 x 20 x 2 cm) na cor azul, de acordo com as recomendações da NBR 9050. O fluxo desta rua permanece com o sentido único da via, porém os estacionamentos voltados para a fachada da Casa das Artes (Antigo Arquivo Público) foram remanejados


Figura 68 – Proposta para à Rua Pedro Palácios, Centro de Vitória.

Fonte: Elaborado pela autora.

para outros locais, garantindo a valorização do mesmo. E como forma de ligação com a Galeria de Arte de Homero Massena, projetou-se uma faixa de pedestre elevada na direção do acesso a Casa dasArtes (Figura 69) proporcionando acessibilidade para todos. Além de estacionamento prioritário para portadores de necessidades, marcação de garagem no piso, rampas de acesso, o projeto irá receber meio de transporte circular coletivo e acessível de pequeno porte que estará em uma rua ao lado do ponto de ônibus na Av. Jerônimo Monteiro, promovendo uma locomoção universal.

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Figura 69 – Implantação do projeto Casa das Artes na Rua Pedro Palácios.

Fonte: Elaborado pela autora.


Tratando-se de uma edificação de patrimônio cultural, toda a sua fachada e volumetria foram preservadas. Mantendo a abertura central como o acesso principal do visitante ao hall de entrada e propondo um acesso lateral para atender as atividades do subsolo e serviços. 5.3 LEVANTAMENTO Analisando os arquivos fornecidos pela Secult, compreende-se a necessidade de modificações internas para alcançar uma circulação acessível. Devido às propostas das atividades estarem voltadas para exposição de artes, entretenimento, lazer e outros, constatou-se a carência de espaços amplos para suprir as exigências. Contudo, evitando o máximo de desperdícios, propõem-se o reaproveitamento e doações de esquadrias, que por sua vez foram retiradas para ampliação dos ambientes. 5.3.1 Pavimento térreo Considerando a planta baixa térreo de levantamento (Figura 70), ao chegar à entrada do Arquivo Público, foi necessário destruir paredes de alvenaria simples para que o hall de entrada tenha uma ampla visão e espaço para circulação do visitante e a relocação da escada de três degraus para a implantação de uma plataforma elevatória. Além disso, propõem-se uma abertura lateral para acesso ao subsolo.

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Figura 70 – Planta baixa de levantamento do térreo.

Fonte: Secretaria de Estado da Cultura. Com adaptação da autora.


Adiante, passando pelas portas propôs na lateral o preenchimento de alvenaria e a construção da laje criando dois ambientes, sanitário individual masculino e feminino e a colocação de um elevador para acessar o primeiro pavimento. E com a proposta da livraria no térreo, foi decidida a retirada do vão deixando o espaço livre para circulação. 5.3.2 Primeiro pavimento Subindo pela escada histórica do arquivo, as decisões do primeiro pavimento (Figura 71) seguem similares com a do térreo. Propôs a destruição das alvenarias que serviam como elemento de divisão de salas, deixando o ambiente amplo para futuras instalações. Passando pelas portas, retirou-se o vão criando um ambiente único para a proposta de sala de exposição. Na lateral, foi necessário fazer o preenchimento de alvenaria e a relocação das esquadrias dando continuidade à proposta de sanitários individuais e o acesso ao elevador.

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Figura 71 – Planta baixa de levantamento do primeiro pavimento.

Fonte: Secretaria de Estado da Cultura. Com adaptação da autora.


5.3.3 Subsolo Para acessar o pavimento do subsolo (Figura 72), é necessário passar pelo térreo onde encontrará uma escada que levará até o nível inferior. Visto que toda a construção na área externa foi realizada com o tempo e não tem ligação com a construção histórica do Arquivo, a proposta é a demolição desses ambientes criando uma área de lazer descoberta. As duas escadas presentes na planta do subsolo, sofrerá reforma de adaptação às normas vigentes. E na parte interna do subsolo, as paredes de alvenaria simples serão demolidas proporcionando um ambiente amplo. Na lateral, segue a mesma proposta dos demais pavimentos para sanitários individuais e o fosso do elevador propondo a abertura na alvenaria de pedra. Já no lugar do gradil, propõem-se a retirada do mesmo e colocando as esquadrias dos pavimentos superiores para melhoraria das aberturas.

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Figura 72 – Planta baixa de levantamento do subsolo.

Fonte: Secretaria de Estado da Cultura. Com adaptação da autora.


5.4 FLUXOGRAMA A Casa das Artes possui dois tipos de fluxos no térreo (Figura 73), o de visitantes e o de funcionários. O percurso realizado pelo visitante inicia-se quando ele passa entre a calçada e a edificação. Nesse instante o visitante estará no mesmo nível da calçada. Porém, é essencial a implantação de uma plataforma elevatória para vencer o obstáculo de um nível de 0,48 cm. Deste modo, o visitante terá a opção de uma escada de três degraus, plataforma se for necessário e a escadaria de madeira pertencente à história do edifício que dá acesso ao primeiro pavimento. A seguir, o visitante irá se defrontar com ambiente destinado a livraria, cafeteria, sanitários, circulação vertical acessível e acesso para o subsolo. Através da circulação vertical pela escada no hall de entrada e o elevador implantado, o fluxo é conduzido para o pavimento superior. E o fluxo destinado aos funcionários, poderá ser feito pela entrada principal ou pela lateral do edifício com o acesso ao subsolo e consequentemente seguindo para o térreo. E os de serviços, somente pela lateral. Entretanto, no caso de funcionários portadores de necessidades especiais, o mesmo poderá acessar pela entrada principal com direito a plataforma e elevador. Após a chegada ao primeiro pavimento (Figura 74), o visitante poderá acessar a biblioteca, a exposição de artes, auditório e os sanitários individuais, onde encontrará uma circulação livre e poderá percorrer conforme o desejado.

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Figura 73 – Fluxograma do pavimento tÊrreo.

Fonte: Elaborado pela autora.


Figura 74 – Fluxograma do primeiro pavimento.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 75 – Fluxograma do subsolo.

Fonte: Elaborado pela autora.


Do subsolo (Figura 75) destinado a atividades de entretenimento, o fluxo se encaminha tanto internamente pelo térreo quanto pela lateral do edifício. O visitante pode acessar pela escada lateral ou pela escada no fundo da edificação. Além da plataforma elevatória caso seja necessário. Ao descer, poderá circular pelo pátio descoberto e transitar no ambiente do subsolo com as propostas estabelecidas. 5.5 ESTUDO PRELIMINAR Com o auxilio das informações obtidas através dos estudos de casos realizados anteriormente, foi desenvolvido o estudo preliminar. Com uma área de 492,10 m² a Casa das Artes se desenvolve por meio de três pavimentos buscando a funcionalidade e acessibilidade. 5.5.1 Pavimento térreo O pavimento térreo (Figura 76) abriga um hall de entrada amplo (Figura 77), no qual o visitante se depara com espaço para encontros, mobiliários contemporâneos e exposições de arte como forma de incentivo à curiosidade, para que ele conheça as obras de exposição no pavimento superior. Neste está disposto um espaço de estar para contemplação dos detalhes arquitetônicos preservados do Antigo Arquivo Público. A partir desse momento o visitante poderá optar em acessar diretamente pela escada de madeira o pavimento superior ou passar a diante e usufruir de serviços como sanitários, livraria, cafeteria e circulação vertical acessível.

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Figura 76 – Setorização do pavimento térreo.

Fonte: Elaborado pela autora.


Figura 77 – Vista do hall de entrada.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Para a valorização da leitura de livros de arte, optou-se em colocar a livraria no térreo (Figura 78) com ligação à cafeteria ao lado. Este pavimento abriga esses dois tipos de atividades por ser o espaço de maior circulação. A proposta da livraria é aproveitar a própria estante de livros como meio divisor de ambientes (Figura 79), deixando as aberturas livres conforme o desejo. Além disso, o objetivo é aproveitar as esquadrias existentes juntamente com a profundidade das alvenarias de pedras e adaptá-las com almofadas para tornar o ambiente de leitura confortável e atrativo. Assim, será possível o visitante usufruir a leitura com a iluminação natural garantida e desfrutando um bom café. Figura 78 – Livraria.

Figura 79 – Estante de livros da livraria.

Fonte: Elaborado pela autora.

Fonte: Elaborado pela autora.


A proposta da cafeteria (Figura 80) servirá como auxilio gastronômico, não só para as atividades da Casa das Artes, mas também para atender o seu entorno como ambiente de encontro, conversas e etc. O objetivo deste ambiente é homenagear um dos principais Figura 80 – Cafeteria.

motivos do crescimento econômico do Estado, a produção cafeeira. O visitante poderá optar na cafeteria em um ambiente interno ou apreciar o paisagismo

Fonte: Elaborado pela autora.

do subsolo através do “mezanino” de estrutura metálica inserido na edificação (Figura 81). A sacada externa foi projetada para auxiliar somente o acesso ao subsolo com uma plataforma elevatória acessível.

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Figura 81 – Sacada externa no tÊrreo.

Fonte: Elaborado pela autora.


5.5.2 Primeiro pavimento A partir do momento que o visitante escolhe acessar o primeiro pavimento (Figura 82) através das circulações mencionadas anteriormente, ele encontrará os ambientes destinados a exposições de artes, biblioteca, auditório e sanitários. O objetivo da biblioteca (Figura 83) é a exposição de livros voltados para a história do Espírito Santo, uma forma de valorizar os autores capixabas. Tendo em vista que a biblioteca esteja em um ambiente distante de barulhos (Figura 84), ela foi disposta para a rua afastando-se do ruído dos fundos. Ressaltando a presença das árvores como paisagem natural na Rua Pedro Palácios, o que abafa um pouco os ruídos e que a mesma é de médio fluxo e foi repaginada para diminuir a velocidade. Foi projetado um pequeno auditório acessível com 11 lugares para atender serviços como reuniões internas de funcionários, apresentação de vídeos e demais atividades. E nas salas de exposição de artes (Figura 85), foi proposto ambiente amplo com fácil circulação e assentos para descanso.

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Figura 82 – Setorização do primeiro pavimento.

Fonte: Elaborado pela autora.


Figura 83 – Biblioteca.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 84 – Vista da Biblioteca.

Fonte: Elaborado pela autora.


Figura 85 – Área de exposição de arte.

Fonte: Elaborado pela autora.

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5.5.3 Subsolo Figura 86 – Setorização do subsolo.

Fonte: Elaborado pela autora.


O pavimento do subsolo (Figura 86) é conformado pelos serviços de entretenimento e lazer. Nele foram implantados dois pequenos espaços gastronômicos, um palco para música ao vivo e sanitários. Foi projetado um ambiente amplo com mesas e cadeiras para atender a demanda local (Figura 87 e 88). A troca das esquadrias facilitou o acesso ao ambiente. Além do espaço interno, o visitante terá a opção do lado externo com vista para o jardim descoberto. Figura 87 – Espaço interno do subsolo.

Figura 88 – Espaço interno do subsolo.

Fonte: Elaborado pela autora.

Fonte: Elaborado pela autora.

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Aproveitando as atividades noturnas que vem Figura 89 – Espaço interno do subsolo. surgindo no Centro de Vitória, o pavimento do subsolo proporciona esse tipo de serviço. Um ambiente mais isolado e com características de conchego. Nele encontrará uma área de lazer descoberta com rampa acessível (Figura 89 e 90), árvores proporcionando sombra e vegetação vertical em todo o muro. Além do serviço de sanitários para atender o público e um lavabo independente. 5.5.4 Cobertura

Fonte: Elaborado pela autora. Figura 90 – Espaço interno do subsolo.

Na cobertura existente do Antigo Arquivo (Figura 91), há presença da telha-francesa de barro estruturado na madeira de lei escondida pela platibanda de 65,5 cm de altura. A madeira se repete em acordo no forro de teto, executado através do tipo saia e camisa, com tabeira e aba, podendo ser visto em sua situação original no vestíbulo da escada. Material preferido para o acabamento (SECULT, 2009). Conforme os dados do levantamento serão necessários reforma e troca por telhas novas. Fonte: Elaborado pela autora.


Figura 91 – Cobertura existente.

Para os ambientes externos criados para ampliação da Casa das Artes, foi proposta uma cobertura com perfis de aço corten fixados no piso e apoiados a alvenaria existente com vidro temperado (Figura 92), facilitando a entrada de iluminação natural no térreo e subsolo. Figura 92 – Cobertura de aço corten e vidro temperado no lavabo.

Fonte: Secretaria de Estado da Cultura. Com adaptação da autora.

Fonte: Elaborado pela autora.

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5.6 CORTES Os cortes B-B e C-C ilustrados abaixo (Figura 93 e 94) visam representar o posicionamento dos ambientes e a identificação dos níveis dos mesmos, destacando-se as escalas e as circulações verticais. Figura 93 – Corte B-B.

Fonte: Elaborado pela autora.


163 Figura 94 – Corte C-C.

Fonte: Elaborado pela autora.


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5.7 FACHADA A fachada principal da Casa das Artes (Figura 95) recebe a disposição de elementos arquitetônicos responsáveis pela configuração de um eixo de simetria onde, em sequência, se sobrepõem a moldura de argamassa diferenciada nas esquadrias. Desse modo, os elementos foram preservados por se tratar de uma edificação de patrimônio cultural. Além do tratamento de pintura para valorização da edificação, é realizada a abertura na lateral do edifício para acessar o subsolo. A esquadria utilizada para essa abertura consiste no reaproveitamento do gradil retirado do subsolo. Figura 95 – Fachada principal.

Fonte: Secretaria de Estado da Cultura. Com adaptação da autora.


Na fachada lateral e fundos (Figura 96 e 97) mantenham-se as propostas de pintura para valorização do edifício e a aplicação de materiais como, concreto e vidro, trazendo ao conjunto arquitetônico um aspecto estético contemporâneo e sofisticado. No subsolo foram recolocadas as esquadrias retiradas dos pavimentos superiores, proporcionando uma identidade com as demais aberturas. Figura 96 – Fachada lateral.

Figura 97 – Fachada fundos.

Fonte: Secult. Com adaptação da autora.

Fonte: Secult. Com adaptação da autora.

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5.8 CONCLUSÃO A princípio como um local para exposição, a Casa das Artes tem o potencial para transforma-se também em um importante local de cultura, sociabilidade e interatividade. A requalificação o Antigo Arquivo, que antes abrigava atividades arquivistas da cidade de Vitória, proporcionará um espaço de lazer, gastronômico e de entretenimento, promovendo assim a vitalidade na área. Com as portas abertas, que por muito tempo estiveram fechadas, a Casa das Artes atrairá a atenção dos moradores vizinhos, o turismo local e serviços, despertando o interesse em conhecer um antigo edifício que se transformou em um equipamento cultural para a cidade.


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06.

Considerações Finais


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06. CONSIDERAÇÕES FINAIS Contemporaneamente, a inserção de atrações culturais, que motivam a sociabilidade nos espaços públicos é fundamental. Em datas comemorativas, por exemplo, quando eventos são realizados no centro histórico de Vitória, nota-se a presença maior da população e a frequência do uso de certos ambientes. Em paralelo, tem havido um crescimento maior de empreendimentos enclausurados como shoppings centers adquirindo cada vez mais espaço nas cidades, tornando-se uma escolha fácil para públicos alternativos que optam por espaços “seguros” e de fácil acesso. Essas ocupações tem ofuscado o verdadeiro sentido do centro da cidade, quando anteriormente era um lugar de encontros e compras. Diante deste cenário, é possível observar que certas edificações têm passado por intervenções de requalificação, visando atrair o usuário novamente para o centro, para as ruas, tornando os passeios convidativos e valorizando o local. Além disso, a própria vocação do centro histórico tem sido valorizada, o que fez com que nas últimas décadas tenham surgido pontos de convergência social, turístico e cultural, onde são promovidas exposições de arte, apresentações teatrais, entretenimento, atividades gastronômicas e a ação religiosa.


Refletindo sobre isso, o presente trabalho buscou abordar a preservação de um edifício histórico do centro de Vitória, o antigo Arquivo Público, a partir do conceito mais adequado para o caso – a requalificação. Um dos motivos relevantes para a escolha do projeto na Cidade Alta de Vitória (ES) foi à riqueza patrimonial existente e principalmente a possibilidade de agregar novas atividades culturais interagindo com os diversos usos do local. Em virtude de sua localização estratégica na Cidade Alta, o antigo Arquivo Público de Vitória com suas características históricas e espacialidade única, mostrou-se ideal para a realização do projeto. Para o projeto de requalificação do antigo Arquivo Público, a pesquisa realizou: análises urbanas da Cidade Alta e do entorno mais imediato da proposta; conceitos sobre projetar em patrimônio; registros históricos sobre a cidade e o edifício e a apresentação dos estudos de caso. Cada uma das etapas teve seu grau de importância e garantiu a realização do trabalho e a definição dos novos usos novos que transformaram o Arquivo na Casa das Artes. O projeto abranger as potencialidades da Cidade Alta, em seus aspectos patrimoniais, monumentais e culturais, proporcionando ao usuário local e turistas atividades como exposição de arte e cultura, livraria, biblioteca e serviços de entretenimento. Todas elas, perfeitamente adequadas ao contexto do centro histórico de Vitória.

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Referências Bibliográficas


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______________________. Memória visual da baía de vitória. Disponível em: <http://legado.vitoria.es.gov.br/baiadevitoria/.html>. Acesso em: 20 mai. 2016. _____________________. Plano Diretor Urbano do Município de Vitória, 2006. Disponível em: <http:// http://sistemas.vitoria.es.gov.br/webleis/Arquivos/2006/L6705. PDF>. Acesso 15 out. 2016. PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO. Centros culturais. Disponível em: <http://www. rio.rj.gov.br/web/smc/centros-culturais.html>. Acesso em: 14 mai. 2016. SECULT. Espaços culturais – Arquivo Público do Espírito Santo, 1991. Disponível em: <http://www.ape.es.gov.br/index2.html>. Acesso em: 29 mar. 2016. _______. Patrimônio cultural – Patrimônio imóvel. Disponível em: <http://www. secult.es.gov.br/patrimonios/imoveis.html>. Página 7. Acesso em: 29 mar. 2016. _______. Espaços culturais – Arquivo Público do Espírito Santo – Biblioteca digital. Disponível em: < http://www.ape.es.gov.br/index2.html>. Acesso em: 30 mar. 2016. _______. Catálogo “Patrimônio Cultural do Espírito Santo – Arquitetura”, 2009. Disponível em: <htto:// http://www.secult.es.gov.br/downloads/20/catalogo-patrimoniocultural-do-espirito-santo-arquitetura.html>. Acesso em: 5 nov. 2016.

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SOUZA, Luciene. Vila de Nossa Senhora da Vitória: Uma (possível) estratégia de defesa do território colonial: A importância dos elementos defensivos da Vila da Vitória na configuração do espaço urbano, na apropriação do território da Capitania do Espírito Santo, e na defesa da costa sul da América Portuguesa. Disponível em: <http://unuhospedagem. com.br/revista/rbeur/index.php/shcu/article/viewFile/1261/1235>. Acesso em 7 nov. de 2016. SUA PESQUISA. Cidade de ouro preto. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/ cidadesbrasileiras/cidade_ouro_preto.html>. Acesso em 10 mai. 2016.


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Figura 7. Imóvel onde funcionava o Fórum de Vitória, 1926. Disponível em: <http://www. ape.es.gov.br/index2.html>. Acesso em: 24 mar. 2016. Figura 8. Edifício do Arquivo Público e Biblioteca do Estado situado à Rua Pedro Palácios, 1927. Disponível em: <http://www.ape.es.gov.br/index2.html>. Acesso em: 24 mar. 2016. Figura 9. Escada do antigo Edifício Arquivo Público localizado à Rua Pedro Palácios, Centro de Vitória, 2009. Disponível em: <http://www.ape.es.gov.br/index2.html>. Acesso em: 28 out. 2016. Figura 10. Fachada dos fundos do antigo Edifício Arquivo Público localizado à Rua Pedro Palácios, Centro de Vitória, 2015. Disponível em: <http://www.ape.es.gov.br/index2.html>. Acesso em: 28 out. 2016. Figura 11. Edifício Getúlio Rezende localizado à Rua Sete de Setembro, Centro de Vitória, 2015. Disponível em: <http://turismoeservicos.com.br/novosite/pt-BR/publicacoes/coloniade-ferias-e-exposicoes-de-arte-agitam-o-fim-de-ano/html>. Acesso em: 24 mar. 2016. Figura 12. Antigo edifício do Arquivo Público, localizado na Rua Pedro Palácio. Disponível em: <http://www.ape.es.gov.br/index2.html>. Acesso em: 24 mar. 2016.


Figura 13. Parque Metalúrgico Augusto Barbosa, Ouro Preto, 2016. Disponível em: <http://turismo.ouropreto.mg.gov.br/atrativos/culturais/centros-culturais/centro-de-artes-econvencoes-parque-metalurgico-augusto-barbosa.html>. Acesso em: 25 out. 2016. Figura 14. Localização, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2016. Disponível em: <https://www. google.com.br/maps/place/Parque+Metal%C3%BArgico+Augusto+Barbosa+-+Centro+de +Artes+e+Conven%C3%A7%C3%B5es+da+UFOP/@-20.3888185,-43.5065928,1219m/ data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0xa40ae694766391:0xe4908579b7c2128e!8m2!3d20.3899617!4d-43.5068006html>. Acesso em: 10 mai. 2016. Figura 15. Implantação, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2016. Disponível em: <https://www. google.com.br/maps/place/Parque+Metal%C3%BArgico+Augusto+Barbosa+-+Centro+de +Artes+e+Conven%C3%A7%C3%B5es+da+UFOP/@-20.3888185,-43.5065928,1219m/ data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0xa40ae694766391:0xe4908579b7c2128e!8m2!3d20.3899617!4d-43.5068006html>. Acesso em: 10 mai. 2016. Figura 16. Fluxo do pavimento térreo, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2013. Disponível em: <http://www.ufop.br/downloads/anexo_i_do_edital_-_termo_de_referncia.pdf>. 21 nov. 2013. Acesso em: 12 mai. 2016.

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Figura 17. Fluxo do 1º pavimento, Parque Metalúrgico, Ouro Preto, 2013. Disponível em: <http://www.ufop.br/downloads/anexo_i_do_edital_-_termo_de_referncia.pdf>. 21 nov. 2013. Acesso em: 12 mai. 2016. Figura 18. Imagem do Teatro Ouro Preto. Disponível em: <http://www.centrodeconvencoesufop. com.br/.html>. 2010. Acesso em: 10 mai. 2016. Figura 19. Imagem do Teatro Ouro Preto. Disponível em: <http://www.centrodeconvencoesufop. com.br/.html>. 2010. Acesso em: 10 mai. 2016. Figura 20. Imagem do auditório São João Del Rei. Disponível em: <http://www. centrodeconvencoesufop.com.br/.html>. 2010. Acesso em: 10 mai. 2016. Figura 21. Imagem do Salão Tiradentes. Disponível em: <http://www.centrodeconvencoesufop. com.br/.html>. 2010. Acesso em: 10 mai. 2016. Figura 22. Salão Diamantina. Disponível em: <http://www.centrodeconvencoesufop.com. br/.html>. 2010. Acesso em: 10 mai. 2016. Figura 23. Salão Diamantina. Disponível em: <http://www.centrodeconvencoesufop.com. br/.html>. 2010. Acesso em: 10 mai. 2016


Figura 24. Salão Mariana. Disponível em: <http://www.centrodeconvencoesufop.com.br/. html>. 2010. Acesso em: 10 mai. 2016 Figura 25. Espaço Sabará. Disponível em: <http://www.centrodeconvencoesufop.com.br/. html>. 2010. Acesso em: 10 mai. 2016 Figura 26. Espaço Congonhas. Disponível em: <http://www.centrodeconvencoesufop.com. br/.html>. 2010. Acesso em: 10 mai. 2016 Figura 27. Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <http:// www.arquiteturaene.com.br/2015_03_01_archive.html>. 2010. Acesso em: 25 mai. 2016 Figura 28. Localização, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/CCBB+-+Centro+Cultural+Banco+do+Bras il/@-22.901001,-43.1784179,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x997f58c55b484f:0xb0d27 098592841af!8m2!3d-22.901001!4d-43.1762292html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 29. Implantação, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <http://www.arquimuseus.arq.br/site/.html>. Acesso em: 13 mai. 2016.

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Figura 30. Fluxo do pavimento térreo, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.arquimuseus.arq.br/site/.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 31. Fluxo do 1º pavimento, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.arquimuseus.arq.br/site/.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 32. Fluxo do 2º pavimento, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.arquimuseus.arq.br/site/.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 33. Fluxo do 3º pavimento, Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.arquimuseus.arq.br/site/.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 34. Foyer, exposição de arte. Disponível em: <http://culturabancodobrasil.com.br/ portal/rio-de-janeiro.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 35. Sala de exposição de arte. Disponível em: <http://culturabancodobrasil.com.br/ portal/rio-de-janeiro.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 36. Sala de Teatro III. Disponível em: <http://culturabancodobrasil.com.br/portal/riode-janeiro.html>. Acesso em: 13 mai. 2016.


Figura 37. Sala de Teatro I. Disponível em: <http://culturabancodobrasil.com.br/portal/riode-janeiro.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 38. Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://culturabancodobrasil.com.br/portal/rio-de-janeiro.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 39. Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <http://www.arquiteturaene.com.br/2015_03_01_archive.html>. Acesso em: 25 out. 2016. Figura 40. Localização, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, 2016. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/Centro+Municipal+de+Arte+H%C3%A9lio+Oitici ca/@-22.9058922,-43.1851097,734m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x997f67be7ce10d:0x7 72da07624c86ca7!8m2!3d-22.9058922!4d-43.182921>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 41. Implantação, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/Centro+Municipal+de+Arte+H%C 3%A9lio+Oiticica/@-22.9058922,-43.1851097,734m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x997f67 be7ce10d:0x772da07624c86ca7!8m2!3d-22.9058922!4d-43.182921>. Acesso em: 13 mai. 2016.

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Figura 42. Fluxo do pavimento térreo, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.arquimuseus.arq.br/site/.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 43. Fluxo do 1º pavimento, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.arquimuseus.arq.br/site/.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 44. Fluxo do 2º pavimento, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.arquimuseus.arq.br/site/.html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 45. Fluxo do 2º pavimento, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: < http://guiaculturalcentrodorio.com.br/centro-municipal-de-arte-heliooiticica/html>. Acesso em: 13 mai. 2016. Figura 46. Localização do terreno no Centro de Vitória, Espírito Santo, 2016. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/Bento+Ferreira,+Vit%C3%B3ria+-+ES/@20.3209177,-40.3429233,1481m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0xb817d5e8f4a061:0x87585 46f70a5fa4f!8m2!3d-20.3142039!4d-40.3078938>. Acesso em: 01 nov. 2016. Figura 47 a 49, 53, 56, 57, 62 a 64, 67 a 97. Elaborado pela autora. Figura 50 a 52, 54, 55, 58 a 61, 65 e 66. Arquivo pessoal.


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UVV| 2016



ÍNDICE DE PRANCHAS

1.

MAPAS

1.1 MAPA DE MORFOLOGIA URBANA 1.2 MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 1.3 MAPA DE GABARITO E CONES VISUAIS 1.4 MAPA DE FLUXO DE VEÍCULOS E PEDESTRES 1.5 MAPA DE EVOLUÇÃO DA MORFOLOGIA URBANA 1.6 MAPA DE AMBIENTE HISTÓRICO 1.7 MAPA DE PAISAGEM CULTURAL

2.

PLANTAS

2.1 PLANTA DE SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO 2.2 PLANTA DE IMPLANTAÇÃO 2.3 PROPOSTA DA RUA PEDRO PALÁCIOS, CORTE A – A E DETALHAMENTO 2.4 PLANTA BAIXA – TÉRREO: ALVENARIA EXISTENTE, À CONSTRUIR, À DEMOLIR E PROPOSTA 2.5 PLANTA BAIXA – 1 PAVIMENTO: ALVENARIA EXISTENTE, À CONSTRUIR, À DEMOLIR E PROPOSTA

2.6 PLANTA BAIXA – SUBSOLO: ALVENARIA EXISTENTE, À CONSTRUIR, À DEMOLIR E PROPOSTA 2.7 PLANTA DE COBERTURA E DETALHAMENTO 2.8 CORTE B – B E CORTE C – C 2.9

FACHADA 01, 02 E 03




ED. ED.

KAIANA'S BAR

KAIANA'S BAR

ED. HEITOR LUGON

76 ARQUIVO

D A T

XXIII

MARIA

ED. TORRICELLI








TIPO 1 - ACQUADRENO

REVESTIMENTO ACQUADRENO = 5cm

PEDRA SECA = 3cm PEDRISCO = 6cm BRITA GRADUADA SIMPLES = 6cm SOLO COMPACTADO

TIPO 4 - PISO INTERTRAVADO

PISO INTERTRAVADO = 10cm

AREIA = 5cm BASE DE PEDRISCO = 15cm

BRITA GRADUADA SIMPLES = 3cm

SOLO COMPACTADO







76 ARQUIVO



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