Entrevista
Elias Frenzel fala sobre a banda Sevenaid
Conheça
Sambulus Eder Miguel Glad Azevedo
Divulgue sua banda Ferramentas gratuitas para pontecializar sua divulgação
Fome de Vida: a banda Nuvens e seu financiamento pelos fãs
No Eixo|| 1
2 || No Eixo
Sumário Espaço do fã
6 Espaço destinado aos fãs e seus relatos de shows
Cliques
7 Fotos de shows, porque eles são o motivo de nossa existência
Definições
16 Tamy Antunes apresenta a cena Billie e suas particularidades
Era uma vez...
18 Conheça a história da banda curitibana Poléxia que marcou o cenário independente da cidade
Cd, Mp3 ou SMD
8 Qual o formato ideial para lançar sua música?
Profissão: baterista
Novidades
Perfil
9 Lila Polese conta um pouco as novidades da Puerto Madero
Conheça
Bandas e artistas que você deve conhecer - Sambulus 10 - Mitre 11 - Eder Miguel 12 - Glad Azevedo 13
Entrevista
14 Elias Frenzel conversou sobre a Sevenaid e conta um pouco sobre a sua saída da Reação em Cadeia
CAPA
20 Diego Andrade escolheu a bateria como sua profissão e conta como é sua vida 24 Conheça um pouco mais do músico e cantor Tico Santa Cruz
Festivais
26 Oportunidades para artistas e bandas mostrarem seus trabalhos pelo Brasil e no mundo
Foi importante porque 28
Músicos que participaram de festivais contam a importancia dele na carreira da banda
Albuns Clássicos
33 Marcos Paulo conta um pouco sobre a banda gaúcha Defalla
Financiamento multidão
pela
30 Conheça o crowndfunding e saiba o que ele pode fazer por sua banda. Nuvens apresenta Fome de Vida, resultado de seu financiamento bem sucedido
Divulgue sua banda
34 Ferramentas gratuitas para pontecializar sua divulgação pela rede
Dentro e mainstream
fora
do
36 Leo Richter fez parte do mainstream brasileiro e hoje está fora dele e conta como é viver fora dele e continuar na música
Todas vez que ver um * clique que abrirá uma tela com a explicação do que a palavra significa Todas as bandas citadas tem links para que você possa conhecer seu trabalho No Eixo|| 3
EDITORIAL + EXPEDIENTE Olá, como estão vocês? A música está presente em nossa vida em todos os momentos, até mesmo naqueles em que nós não queremos, mas pode ser pior afinal, nem sempre gostamos do que somos “obrigados” a ouvir. A música é estado de espírito, pode ajudar a acalmar ou extravasar a raiva, ajuda a espantar aquela preguiça e ainda nos faz lembrar momentos marcantes de nossas vidas, mesmo que eles não sejam bons para se recordar. Mais do que falar de música, o objetivo é ouvir música! A cada nome de banda que você encontrar na revista com apenas um clique no nome você será direcionado ao espaço utilizado pela banda para divulgar seu trabalho. Outra novidade é que toda vez que você ver um * e clicar abrirá uma janela explicando o que a palavra no meio musical. A revista No Eixo dá oportunidade as bandas de mostrarem o que estão fazendo, como estão fazendo e o pensam sobre esse universo tão extenso. Em um mundo onde a Internet ocupa cada vez mais espaço no dia a dia a revista digital quer ter seu espaço garantido no espaço virtual e também no disco rígido dos mais interessados. Escrever sobre bandas e artistas conhecidos é muito bom e fácil, porque se existe sucesso existe publico garantido. Mas é justamente aí que surgiu a pergunta: o sucesso está somente no mainstream ou existe sucesso fora dele? Em um país tão grande como o nosso, muitos vivem de música – e para a música – e não estão na mídia. O objetivo aqui é justamente o de mostrar que nem só do mainstream vive a música. E mais mostrar que nem todo artista conhecido faz parte do meio mais famoso da música. Vamos mostrar o underground* e apresentar o circuito médio* – a cena que existe entre o main e o under – onde vive esse artista que é conhecido, mas que não faz parte da “elite musical” se é que essa elite realmente existe. O nosso diferencial? Uma revista eletrônica feita integralmente com entrevistas via web: email, Facebook, Twitter e MSN foram essenciais nessa edição.
q Editora-chefe:
Talita Lima
tallyy@gmail.com
Redação:
Talita Lima
tallyy@gmail.com
Diagramação:
Camila Kovalczyk camilak@gmail.com
Talita Lima
tallyy@gmail.com
Periodicidade: Mensal
Colaboração: Lila Polese em Novidades Marcos Paulo em Álbúns Clássicos Tamires Antunes em Definições 4 || No Eixo
Fotos:
a
1. Banda Nuvens por Rodrigo Torrezan 2. Detonautas, Tihuana, Luxúria, Te Extraño, Ludov, Lemoskine, Mr. Einstein, O Homem Amarelo, Sukhoi, Terminal Guadalupe, Relespública, Ramirez e Ímpar em Cliques por Talita Lima 3. Sambulus por Cleverson Amaral 4. Mitre por Leonardo Rocha 5. Sevenaid divulgação 6. Poléxia por Fabiana Bubniak e Talita Lima 7. Diego Andrade por Karen Ferreira 8. Tico Santa Cruz por Talita Lima 9. Defalla divulgação 10. Billies por Tamy Antunes 11. Leo Richter por Luiza Bergamaschi 12. Eder Miguel por Renato Guimarães 13. Glad Azevedo por Talita Lima
Bem vindos e boa leitura, Talita Lima
Contato:
Twitter: @noeixo E-mail: revistanoeixo@gmail.com Critícas, dúvidas, elogios e sugestões são sempre bem vindas. Participe e ajude a revista a ficar com a sua cara além de divulgar o trabalho do sua banda ou artista preferido. As opiniões expressas aqui não representam a opinião da revista No Eixo.
No Eixo|| 5
ESPACO , DO FÃ ~
Eu fui....
Espaço destinado aos fãs e seus relatos de shows Quando? 08 de outubro de 2011 Local: Matriz Onde? Belo Horizonte/ MG Quem? Scracho Relato por Carol Lages
Quando? 21 de outubro de 2011 Local: Nova Farol Onde: São Miguel do Oeste/ SC Quem? Detonautas Roque Clube Relato por Izadora Motta
No último dia 8 de outubro, aconteceu o lançamento do cd do Scracho chamado Mundo a descobrir. O Matriz estava lotado e a banda carioca não deixou a desejar. Cantou antigos sucessos acompanhados pelo coro alto dos fãs. O que mais me surpreendeu é que todas as músicas do novo cd foram cantadas pelo público presente. Da mesma maneira que a banda não decepcionou os fãs também fizeram sua parte, fazendo que o vocalista Diego falasse que era um momento inesquecível pra ele. Uma das melhores partes do show foi quando a baterista Dedé cantou sozinha A menina dança, música dos Novos Baianos. Um dos momentos em que o grupo interage com os fãs é quando os fãs são autorizados para subir no palco e enquanto a música é tocada pela banda, eles podem dançar no palco. Uma das fãs que subiu ao palco dessa vez foi Débora de Paula, que é apaixonada pela banda. “Nunca me senti tão bem e feliz ao estar ao lado dos meus ídolos”. Ao meu ponto de vista, tenho que’ confessar que vi uma evolução da banda desde o último show em BH para o atual. A banda amadureceu, mas não deixou de lado as letras que fazem com que cada fã se identifique com elas. No meu caso, a música com que me identifico é Tudo bem. q
6 || No Eixo
Na sexta-feira, 21 de outubro, o Detonautas fez seu segundo show da tour no Sul. Foi em São Miguel do Oeste/ SC. A banda já havia se apresentado na cidade, inclusive no mesmo local em 2006. Antes do show, como de praxe rolou a passagem de som, na qual produção e banda trabalham juntos para deixar tudo certo para que tudo funcione na hora do show. Mesmo com a correria e os atrasos, a passagem ocorreu de forma tranquila e conforme o previsto. Bom, a casa estava lotada e o show foi lindo! O público cantou praticamente tudo! O repertório foi parecido com o do show feito dia 02 de outubro, no Rock in Rio. A galera enlouqueceu, principalmente quando a banda tocou O Retorno de Saturno, O Inferno são os outros e a nova Um Cara de Sorte, que está tocando direto nas rádios aqui de Santa Catarina. Já nos outros momentos do show o público ficou mais tranquilo, mas ainda assim reagia a todos os estímulos do Tico. No final do show, como sempre, a banda atendeu a todos os fãs no camarim. Mais uma vez reinava a alegria e o clima era de amizade. Esse foi meu 5º show, e posso dizer que foi um dos melhores. A Farol é um excelente local, com um bom som e iluminação adequada. q
Cliques Porque são os shows que fazem a nossa Terra girar... Fotos por Talita Lima
Detonautas Roque Clube, Tihuana, Luxúria, Te Extraño, Ludov, Lemoskine, Mr. Einstein, O Homem Amarelo, Sukhoi, Terminal Guadalupe, Relespública, Ramirez e Ímpar.
No Eixo|| 7
Cd, SMD ou MP3
Essas siglas podem até confundir, mas para um músico elas são essenciais para determinar o quanto poderá ou não gasto na produção de um disco. Afinal qual o formato ideal para lançar sua música? Talita Lima
E
m 17 de agosto de 1982, Sony e Philips apresentam
enquanto um SMD pronto com disco, capa de papel e encarte é
ao mundo o sucessor do vinil: o compact disc ou
vendido a R$ 5.
simplesmente CD.
A banda carioca Rabugentos apostou no SMD e não se
Com tamanho reduzido, maior capacidade de armazenamento
arrependeu. “O SMD tem a mesma qualidade técnica do CD e
e qualidade sonora, o CD não tardou a tomar conta do mercado.
não precisa de diferença na produção, além de ter lucro mesmo
Sua popularidade chegou ao topo nos anos 90 como a mídia
vendendo a R$5 reais, preço que é estampado na capa do disco”.
mais utilizada para distribuições digitais. O vinil se tornou artigo de
Paulinho ainda brinca “A R$5 até quem não gosta da banda
colecionador e, nos dias atuais, discos lançados nesse formato se
compra”.
tornam raridades rapidamente.
Por outro lado, temos a banda goiana Violins, que escolheu
A popularização do CD não fez com que os custos de sua
para seu sétimo álbum o lançamento em duas plataformas: a virtual
produção diminuíssem. Gravar um disco no formato ainda é
e a física. O álbum lançado em abril de 2011 - Direito de ser nada
caro. O processo padrão para gravar um disco é basicamente
- possui duas opções para download: gratuita com dez músicas e
composição, demos, pré-produção, produção, gravação, mixagens
a paga - R$ 10 - com onze músicas de qualidade sonora superior.
e masterização. Com o custo alto, são poucas as bandas que
O álbum físico estará disponível em breve, a banda conta com o
resolvem investir no formato sem ter uma gravadora. Uma
apoio de um selo, a Monstro Discos para a distribuição dos discos.
delas é a curitibana, O Homem Amarelo. O vocalista, Neto
Beto Cupertino, vocalista da Violins, explica: “A versão física é algo
Albuquerque, falou para a No Eixo. “No nosso caso, para uma
que sempre fizemos e ainda continuaremos a fazer, pois o disco
banda independente, mas com um disco bem gravado, de forma
físico é, querendo ou não, é o que marca a existência de um álbum,
profissional entre esses processos e a confecção da arte, fotos e
principalmente em termos de mídia impressa.” Beto alega que
prensagem do disco, o custo final ficou em torno de R$25 mil”. Os
conhece o SMD, mas que nunca pensaram em utilizar o formato.
custos poderiam ser menores se a banda tivesse optado por fazer
“Já vi algumas bandas lançarem disco nesse formato, mas nunca
parte do processo em casa. “Atualmente, muitas bandas e artistas
pensamos em lançar . Preferimos o tradicional cd mesmo”.
optam por gravar em casa. Com um bom computador, uma boa
A carioca Ramirez, até pouco tempo era de uma gravadora,
placa de som e um software específico.
lançou três discos, sendo os dois
Logicamente esse método irá baratear e
primeiros em CDs.Forada gravadora
muito o custo de gravação, pois não se
e sem um selo, o álbum Bonanza
contam as horas de estúdio”.
foi lançado em MP3 para download
Mas atualmente o CD tem um
gratuito em maio de 2011 e também
rival quase desconhecido no Brasil.
em CD. Segundo Thiago Pedalino,
O semi metalic disc (SMD), criado e
o lançamento em MP3 é justamente
desenvolvido no Brasil, é uma das
atrair público. “O motivo é atingir o
tentativas de combate à pirataria. O
maior número de pessoas possível, e
formato é compatível com todos os
hoje não existe melhor meio que pela
aparelhos que reproduzem o CD, mas
internet”. A banda gravou seu disco
tem um custo de produção 30% mais
em um estúdio e, para bancar os
barato que um CD. A prensagem de
custos, conta apenas com a venda
um único CD custa em torno de R$4
de seus shows e dos CDs físicos. q
8 || No Eixo
Novidades Puerto Madero
A
Lila Polese Paulista, relações públicas. Transita entre a música, o esporte e o amor.
Puerto Madero, do ABC Paulista, é formada por
sentimentos, como o que se pensa sobre o determinado assunto.
Barnez (voz e guitarra), André (baixo e voz) e Filipe
Mas nada se compara à grandiosidade da junção de todas essas
(bateria). O trio que já teve outras formações está
‘expressões’ em um único CD, o qual cada detalhe, cada frase,
junto há pouco mais de um ano e foi vencedor do festival Teenage Riot do site Zona Punk, além de ter sido convidado para tocar no evento Promessas do ABC.
cada nota, cada intenção de voz foi planejada”. A faixa Não quero mais abre o CD com um refrão daqueles que dá vontade de cantar bem alto junto com a banda. Em seguida
O primeiro CD, que leva o nome da banda, foi lançado de
Sonho profundo, com um ótimo jogo de vozes do Barnez e do
forma independente e começou a ser gravado em abril de 2011,
André. Ao lado dos brothers, talvez seja a faixa que mais permita
para que tudo saísse com a melhor qualidade possível. Os
notar o talento do baixista André, que também solta a voz no refrão.
meninos passaram meses compondo e ensaiando para alcançar
A música Sexta-feira tem em um dos refrões um coro formado
a sincronia perfeita. O baterista Filipe nunca havia gravado antes
por amigos cantando com a banda. Só de ouvir já é possível
e conta: “Era a primeira vez que iria usar o metrônomo e isso me
imaginar a galera cantando junto nos shows. Lá vamos nós é
deixou com receio, mas, na hora que sentei na bateria e vi todos
a faixa mais hardcore do CD, destaque para um ótimo solo de
aqueles equipamentos em volta, a emoção entrou no lugar do
guitarra.
nervosismo e tudo saiu bem”.
Desde o primeiro acorde, é possível notar que Mundo de
Para realizar esse sonho, os integrantes da banda se
mentiras é a faixa mais romântica do CD, sem perder a principal
dispuseram a enfrentar uma verdadeira maratona, exercendo
influência da banda, o SKA. A música ainda surpreende com um
outras funções durante o dia para captar recursos, cursando a
trecho de voz e violão. Outra que segue o mesmo estilo romântico
faculdade, além dos ensaios nos finais de semana e as gravações
é oitava faixa do CD, Beijos Seus, essa um pouco mais dançante
acontecendo nas madrugadas no meio da semana. Mesmo assim,
que a primeira.
o trio ainda arrumava força para correr atrás da parte burocrática
Deslize e Até eu descobrir são, sem dúvida, as mais fortes
que foi toda feita por eles. “No meio de uma rotina onde sou
do CD. A primeira fala sobre política, já a segunda merece um
cobrado 24h por dia e não paro um segundo sequer, eu precisava
destaque para baterista Filipe. Pense nisso é a única música
de mais alguma coisa além da minha fé, dos meus amigos e do
acústica do álbum e conta a história da banda. Assombrações
meu pai, que sempre estiveram ao meu lado, pra me dar forças
conta a história de um ídolo do rock esquecido. Quem canta é o
pra continuar. Foi então que eu pedi pro meu tatuador desenhar
baixista André, a voz feminina que acompanha é da Paps, amiga
a minha guitarra junto com umas asas de fogo, como se fosse
da banda que fez uma participação no CD. O álbum é encerrado
a Phoenix. Agora, quando estou em um dia difícil, eu olho minha
com as duas únicas músicas que sobrevivem do antigo EP, são
tatuagem e vejo que tem algo esperando por mim” conta Barnez.
elas O tombo, um reggae que também fala sobre política, e O meu
Com 13 faixas, todas compostas pelo vocalista e guitarrista
som, com uma pegada punk e letra divertida.
Barnez, o álbum é para se ouvir da primeira à última canção,
A banda Puerto Madero segue agora para a próxima etapa,
surpreendendo não só pela qualidade, mas pela diversidade do
a de divulgação, pois o primeiro sonho já se realizou, como disse
som. Com letras sobre o dia a dia, política e sobre o amor, a banda
o baixista André: “Em poucas palavras pode-se dizer, sem medo
procura expressar seus sentimentos e opiniões através do som.
de ser um clichê, que foi um sonho realizado. Creio que nós três
André conta sobre o processo de composição e o resultado final:
soubemos a importância e a responsabilidade de respeitarmos a
“O ato de escrever uma musica e colocá-la no papel já é algo muito
divisão desse sonho que lutamos juntos. E, com certeza, isso nos
gratificante, representa uma liberdade de expressão, tanto de
ajudou e ajudará a superar os desníveis dessa longa estrada”. q No Eixo|| 9
Clássico para Hendrix Talita Lima
Q
uando falamos em Jimi Hendrix, é fácil se lembrar
presentes
nas
da guitarra e do cabelo black power do músico.
interpretações.
Quarenta anos após a sua morte, um disco feito
Somente no mês
em sua homenagem apresenta uma encantadora surpresa: uma
de
poderosa voz feminina, um piano e, como não poderia deixar
Up From The
de ser, uma guitarra. O disco Up From The Skies foi lançado em
Skies foi lançado
2010 por um duo carioca: Luana Mariano e Caesar Barbosa. O
no Brasil. E com
disco pode parecer inusitado, mas é primoroso.
o
A história da dupla é completamente diferente, e só se cruzou
novembro,
lançamento
internacional,
a
tardiamente. Luana, 29 anos, nasceu em São Paulo e começou
dupla consolidou
a estudar piano clássico aos 2 anos de idade. Aos 15 foi para
sua
Viena aperfeiçoar seus estudos. Caesar, 29 anos, nascido no Rio
no
de Janeiro, começou a tocar guitarra de forma autodidata ainda
recebe inúmeros
criança. Tocou com nomes importantes da música nacional como
convites de apresentações. Recentemente, o duo retornou da
Elza Soares e Mauricio Baia. Dois músicos natos com histórias
Itália e o próximo passo será embarcar para os Estados Unidos.
totalmente diferentes que tiveram suas vidas cruzadas após um
Luana conta que, hoje, a carreira no exterior está consolidada.
concurso realizado na UFRJ onde Luana estudava Medicina
“Nossa carreira tem bases mais sólidas no exterior por uma
após retornar de Viena. Luana venceu o concurso como melhor
questão muito simples: o público no exterior tem maior curiosidade,
cantora e foi convidada a participar de uma apresentação de blues.
historicamente e culturalmente, pela mistura, pelo inesperado,
Durante o ensaio conheceu aquele que seria seu parceiro na
pelo novo, pelo inusitado. Tem maior respeito pelo talento, pela
música e na vida, Caesar. “Nos conhecemos, nos aproximamos
criação, pela habilidade técnica, pela arte. Aqui, no Brasil, as
e nos apaixonamos - um pelo outro e os dois pela nossa música”,
coisas mudaram muito em 50, 60 anos: houve uma pasteurização
declara Luana.
musical, fomentada, talvez, pela interrupção da educação musical
carreira exterior
e
A Sambulus gravou e lançou Up From The Skies em
nas escolas. As pessoas deixaram de ter ouvidos educados e
poucas semanas e mesmo com pouco tempo, engana-se quem
críticos, de apreciadores musicais, para ter ouvidos mais próximos
pensa que tudo aconteceu de forma não planejada. Muitas
da música de fácil assimilação, associada a festas e afins. Música
experimentações foram feitas até o resultado final. “Montamos
de “curtição”, como dizem. Hoje o “diferente” é praticamente igual
um laboratório em casa: antropofagicamente queríamos saber
a todos os outros. É muito mais uma questão de mídia, do que
o que é que sairia da gente explorando ao máximo as nossas
uma questão artística de fato”. q
potencialidades. E somente com o que a gente soubesse fazer
Curiosidades
dentro de casa, com o que tivéssemos à mão. Qual era o limite? Existiria um? Aonde chegaríamos? Foi um tal de amplificador
Caesar Barbosa fala sobre a escolha do nome:
em armário, corredor, colchão no piano, voz no banheiro” conta
“Sambulus surgiu numa brincadeira. Pensávamos em
Luana.
São Blues, mas achava que iria incutir no público a ideia
Com a autorização da Experience Hendrix LLC, o disco foi
de que a gente só tocava um estilo musical. Amamos o
lançado pelo selo Discobertas em setembro de 2010. O disco
blues e ele está no meio de tudo o que fazemos, mas não
ficou pronto a tempo de o duo embarcar para Londres com ele na
é a única coisa. Então, de tanto brincar com São Blues,
bagagem.ASambulus foi convidada a participar das homenagens
São Blues, São Blues, virou Sambulus. Algum tempo
ao guitarrista na cidade de Londres, lançando seu disco no exterior
depois é que descobrimos que Sambulus existe! Na
em uma série de eventos, todos com lotação esgotada.Acrítica se
verdade, é o nome de uma árvore africana que, segundo
rendeu a Luana e Caesar, ressaltando a inovação e sensibilidade
a religiosidade local, é de proteção! Adoramos!!!”
10 || No Eixo
M-THree... MyThree... Talita Lima
A
banda Mitre nasceu em 2007, depois que os
começou a
amigos de colégio Kiko Costa e Beto Gonzaga
discutir um
se reencontraram. Reencontro esse que não
nome
pra
foi o primeiro. Kiko e Beto se conheceram em 1994 no colégio,
banda...
até que no final de 1995, ambos foram expulsos do colégio.
mas
“Éramos ótimos exemplos de alunos: fazíamos muita coisa
b a n d a
errada e não queríamos nada com nada. Eu e o Beto fazíamos
acabou
parte dos vilões do mundo só porque meu avô era dono de
só
faculdade e o pai do Beto cinegrafista da Rede Globo”.
depois que
Depois da expulsão, cada um seguiu seu rumo, até
a e
anos
voltou como
que em 1999, Kiko e Beto estavam novamente no mesmo
Mitre”.
colégio. Do reencontro, surgiu a banda Angels of Rock, com
nome Mitre
composições em inglês e uma linha hard rock. As famosas
saiu de uma
“divergências musicais” marcaram o fim da banda depois de
conversa no bar entre Kiko e Helinho Fazolato. “O nome é uma
três anos.
analogia às três letras M que abriam as palavras do antigo
Não muito tempo depois, em 2003, Kiko formou a Macacos Me Mordam e ligou para Beto para fazer parte da banda. “Eu
O
nome: Macacos Me Mordam... M3 ... M-THree... MyThree... Mitre”.
precisava de um guitarrista base na MMM, mas que fosse um
Hoje a Mitre é formada por Kiko Costa na guitarra e Beto
bom cantor também, aí liguei pro Beto. Nunca deixamos de
Gonzaga no vocal e Gustavo Abreu no baixo. Baterista? Até o
ser amigos”. Quando tudo ia bem, a banda foi chamada para
momento eles sempre tem um convidado. O objetivo é trazer
tocar em um espaço no shopping New York City Center, no
de volta o hard rock visceral com uma roupagem moderna,
Rio de Janeiro. Poucos dias antes do show, eles descobriram
sem exageros de cores e palhaçadas. “As músicas falam de
por email que já existia uma banda com esse nome. “Foi uma
amor e diversão, mas as guitarras berram e os vocais são
ducha de água fria na galera”.
rasgados. Resumindo, muito rock de verdade sem firula e
E enquanto eles ainda decidiam um novo nome para a banda, Kiko e Beto, mais uma vez, se desentenderam. “A gente
sem colorido. Simples e direto como sempre foi e sempre deve ser!”, completa Kiko. q
Publicidade
No Eixo|| 11
No mesmo lugar Talita Lima
E
der Miguel é o pseudônimo de Eder Araújo
esses
Borges dos Santos, cantor e compositor
com o Doce
paulista. Começou a frenquentar o barracão
Encontro,
da escola de samba Mocidade Alegre aos 5 anos, e tem
Eder resolveu
no samba sua principal influência para optar pelo estilo
lançar
sua
de música que faz na atualidade. “O samba sempre
carreira
solo
esteve em minha vida, desde os 5 anos frequento uma
em maio de
escola de samba para a qual torço, Mocidade Alegre!
2010
Com certeza, por esse motivo optei por cantar samba!”
um
Já aos 8 anos, Eder ouvia Michael Jackson e os
anos
por motivo
simples
“O
sucessos da rádio na época. “Eu gostava de dançar as
grupo
tinha
músicas do Michael Jackson, de ouvir os pagodes da
uma
visão
época!” Um ano depois começou a ter suas primeiras
diferente
aulas de violão, com o amigo Ari. “O Ari me ensinou os
minha, e era como um relacionamento amoroso, igual
primeiros acordes, as primeiras músicas, como Legião
a qualquer um, quando não dão certo, naturalmente se
Urbana, Paralamas do Sucesso. Depois fui estudar pra
separam.”
conhecer melhor o violão!”
da
Hoje Eder está trabalhado seu primeiro disco solo,
Ainda com 9 anos de idade, deu início a sua carreira
No mesmo lugar traz músicas de sua autoria e parcerias
de cantor nas noites da cidade de São Paulo e não parou
com Rodrigo Oliveira, Cleverson Luiz e Sidnei Souza.
mais. Começar na noite cedo deu a Eder experiência
O título do CD No Mesmo Lugar é de uma canção que
e maturidade. “Experiência e maturidade pra entender
foi arranjada e composta pelo próprio cantor. Mesmo
que a música existe, e o status é realmente uma ilusão!
sem uma gravadora, Eder não se sente prejudicado.
Me fez estudar mais cedo, enfim, só me ajudou”.
“Hoje, devido à pirataria, as gravadoras não são mais o
Além do samba, tem influência de outros estilos como jazz nacional e internacional, Luis Miguel e na
motivo maior de um trabalho concreto! Por isso qualquer artista vive muito bem sem”.
MPB em artistas como Vinicius, Tom, Chico, Emilio,
Além de cantar, Eder já produziu dois discos: do
Djavan, Jorge Vercilo. Eder aprimorou seus estudos
Grupo Pura Inocência e do cantor Cyro Aguiar. Teve
para viver de música. É formando em Técnica Vocal
também músicas gravadas por artistas como Art Popular
pela Universidade Livre de Música Tom Jobim, estudou
e Marlon e Maicon.
por um ano piano erudito e ainda fez teatro e música
Eder já tem um fã-clube fiel e é muito grato por
para melhorar a sua interpretação. “Na verdade, se for
isso. “Essas pessoas que me fazem existir no cenário
a fundo no piano e no violão, eu não toco nenhum dos
musical, fora que nunca imaginei ter um fã-clube”. Ele
dois, posso dizer que sou um cantor. Mas me viro melhor
pretende continuar divulgando seu disco além de ter
no violão, o piano ainda não é familiar como o violão pra
planos para um DVD. “Daqui a um ano, se Deus quiser,
mim”. Mas ainda assim, para o cantor, “estudar música
quero gravar meu primeiro DVD.”
não tem nada a ver com música”.
Eder pode ser considerado um artista completo.
Como cantor, fundou o grupo de samba Doce
Canta, compõe, toca, arranja e produz, faz o que ama
Encontro em 1998, onde permaneceu durante 12 anos
e vive de sua arte simplesmente por ter tido todo o
e nesse período gravou dois discos Além dos Limites e
apoio que necessitava de sua família e por nunca ter se
Ascendente. Além de cantar, Eder compôs e arranjou
dedicado a outra coisa na vida além da música. “Amo
músicas em ambos os trabalhos. Depois de todos
música!” q
12 || No Eixo
Cantos da minha terra Talita Lima
C
rescer cercado pela música pode não
gravei esse
influenciar na escolha de uma carreira
disco, passei
na área, pode somente trazer um carinho
a divulgá-lo
especial pela arte e pelos momentos proporcionados
em São Luís
pela música. Mas, com o maranhense Glad Azevedo,
e
ter a música presente em sua vida desde a infância o fez
necessidade
seguir sua carreira como cantor e compositor.
de sair da
Glad nasceu na cidade de São Luís em 1972, com
senti
cidade
a
pra
a música fluindo de todos os lados. “Cantar eu sempre
divulgá-
gostei desde que me entendo por gente. Meus pais
lo
onde
frequentavam saraus de música na casa de amigos e
havia
mais
sempre que podiam me levavam. Minha mãe sempre
mercado. Foi
gostou de cantar e minha avó cantava, mas não seguiu
aí que vim
a carreira profissional”.
pro Rio de Janeiro tentar um contrato com uma gravadora
Em um desses saraus, Glad conheceu Agostinho
e também tentar me apresentar num programa de TV”.
Reis, violonista, que seria responsável pelo incentivo ao
Já estabelecido no Rio, em 1994, lançou seu primeiro cd
estudo do violão. “O Agostinho me impressionava por
intitulado Marcas, também de forma independente.
tocar muito bem o violão e foi quem me incentivou a
Em 2003, Glad consegue o apoio do selo Mills
estudar o instrumento”. Aos 9 anos, começou a estudar
Records, parceria estabelecida até hoje, e que já
violão. Já com 11 anos, recebeu o maior incentivo para
possibilitou o lançamento de mais dois cds Por Inteiro
se tornar cantor. “Participei do Festival Festa no Colégio
e o Quase Tudo, em 2003, e mais recentemente, Canto
Santa Tereza e ganhei o prêmio de melhor intérprete,
de lá, lançado em 2010. “Por Inteiro e o Quase Tudo
o que me incentivou a não parar mais e me tornar um
foi basicamente todo bancado pelo selo e lançamos em
cantor profissional”. Glad participou de um trio chamado
2005 no Teatro Rival, com participações especiais de
Os Brasas e teve uma banda chamada Digital 4, na qual
Orlando Morais e Milton Guedes. Atualmente estamos
tocava guitarra e cantava. “Comecei a cantar num trio
divulgando o Canto de Lá, onde interpreto clássicos de
chamado Os Brasas, influenciados pela Jovem Guarda,
compositores importantes da minha terra”.
nas igrejas e praças de São Luís. Depois criei com amigos
Canto de lá é uma homenagem de Glad a sua
a banda Digital 4. Foi nessa época que começamos a
terra natal e aos grandes compositores que sempre
tocar em eventos e fazer abertura de shows para artistas
estiveram presentes em sua vida. Algumas das músicas
locais. Com a Digital 4 que gravei minha primeira música
que compõem o repertório são Minha História de João
em parceria com Valdenor Lopes, Noção do Tempo, que
do Vale, Oração Latina de César Teixeira, Namorada do
chegou a tocar nas rádios da cidade, a partir daí fizemos
Sol de Nonato Buzar e O Bonde do compositor Papete,
mais shows, em shoppings, bares e boates”.
composta em 1968. “Esse projeto é para quem gosta
Com 18 anos, Glad se mudou para a cidade do Rio
de ouvir música brasileira e entende que no Brasil afora
de Janeiro e começou a estudar harmonia e também fez
existe uma rica flora de bons compositores a germinar
aulas de canto, sem jamais deixar o violão de lado. Glad
obras que contribuem e confirmam nossa ampla cultura
lançou seu primeiro disco em 1989, Independência.
musical popular. Esse é um projeto onde eu interpreto
“No final dos anos 80, eu reuni alguns músicos e fomos
músicas e não deve ficar só no primeiro volume, creio
pra Recife gravar meu primeiro disco solo Inocência foi
eu que Canto de Lá volume 2, em breve, deve pintar por
gravado na maior inocência mesmo, um Lp. Depois que
aí”. q No Eixo|| 13
Entrevista: Elias Frenzel
“Conquistar fãs e amigos verdadeiros, que sejam parceiros do projeto” A Sevenaid é uma banda de rock gaúcha formada por Will Pedra no vocal, Afonso Gaviraghi na guitarra, Jhonny U.S no baixo e Elias Frenzel na bateria. A banda faz um rock pesado e com um vocal marcante e tem como objetivo fazer a diferença na vida das pessoas com músicas que mostram atitude, mas falam de amor. O baterista da Sevenaid, Elias Frenzel, conversou com a No Eixo e contou um pouco sobre o novo projeto e sobre a sua saída da Reação em Cadeia. Como você descreveria hoje um músico sem gravadora?
Cadeia e a Isaias? Na verdade eu não abandonei a REC. Antes da
Vivemos num tempo um pouco diferente do
minha saída oficial, eu já havia pedido para sair por
passado nesse quesito. A gravadora ainda é muito
vontade própria, porque não estava mais contente
importante para promover o artista em grandes meios
com o ambiente. Sentia falta de algumas coisas, mas,
de comunicação. Entretanto, com muitas ferramentas
como a banda estava em um momento importante,
gratuitas à disposição, temos um potencial quase
pediram para que eu permanecesse e então acabei
que infinito e isso tornou muitas coisas mais fáceis.
ficando. Mas depois disso, cerca de um ano depois,
Hoje o artista grava suas obras, divulga sozinho
o clima já não estava muito bem entre nós e algumas
ou junto com amigos e admiradores o seu trabalho
atitudes estavam causando incômodo. Já na Isaias
para praticamente todo canto do plan
eta, e isso
permaneci por alguns anos, mas como os integrantes
abre um novo universo de possibilidades. Sendo
residem em outras cidades do litoral norte gaúcho,
assim, eu descrevo um músico sem gravadora como
estava complicada a minha atuação, então, para o
um batalhador, uma pessoa que trabalha um pouco
bem da banda, me afastei do projeto.
mais que um músico com gravadora, mas com isso aprende muitas outras coisas. Vejo que um bom trabalho independente resulta em admiradores reais, fãs verdadeiros, e em muitos casos, um contrato com uma gravadora. Conclusão: é possível sobreviver sem uma gravadora tranquilamente, mas a gravadora te possibilita voar mais alto. Após você sair da Reação em Cadeia, passou pela Isaias. Quais foram os motivos que te fizeram entrar na Sevenaid? Acredito que eu precisava lavar a alma. Fazia muitos anos que não tocava o que realmente queria tocar. Um som mais enérgico, com um grau de exigência técnica um pouco maior e isso tudo a Sevenaid me proporciona. Aceitei o convite com muita honra e decidi
Quais são os projetos da Sevenaid? Com a Sevenaid, pretendemos conquistar fãs e amigos verdadeiros, que sejam parceiros do projeto, mas sem pressa para que isso aconteça. Queremos trabalhar, viajar com os nossos amigos e fazer muitos shows por esse país gigantesco. Quais são as influências da Sevenaid? Na Sevenaid, todos os integrantes tocam com outros projetos, então todos colocam suas influências pessoais, sem nos preocuparmos muito se isso ou aquilo estará dentro de algum estilo, se ficar legal, já era! Tudo muito livre. Então a Sevenaid tem influência de hard rock, metal, pop, jazz, soul e até funk, o verdadeiro é claro.
gravar músicas e composições de bateria que dessem
Todos os integrantes da Sevenaid têm
o que falar. Hoje vejo que fiz uma sábia decisão, pois
projetos paralelos à banda? Quais são os
acredito muito na banda e acredito que fará sucesso
seus?
tocando um estilo que não é muito conhecido no Brasil. O que te fez abandonar a Reação em 14 || No Eixo
Não, quase todos os integrantes da Sevenaid possuem outros projetos, o Johnny é o único que não tem. O Daniel tem outra banda, a OH!, já o Will Pedra
é baterista do cantor Catuípe. O Afonso é guitarrista
da
cantora
Luka – aquela mesma do “Tô nem aí, tô nem aí”. E eu toco bateria em uma banda gospel chamada Castelo Forte e toco também com o cantor Evandro Moah. O que fez com que vocês optassem pelo
rock
mais
pesado? Acredito que essa opção foi devido a uma satisfação pessoal de todos da banda, é o estilo de
não fiquemos presos a uma região determinada. E a
som que todos nós gostamos e que poucas vezes
internet hoje contribui muito também para que isso
temos a oportunidade de tocar. Como a maioria da
não aconteça.
banda vive da música, seja dando aulas ou tocando na noite, nem sempre conseguimos tocar o que realmente queremos, e na Sevenaid isso é possível. Todos nós gostamos de som pesado. Como a Sevenaid lida com o assédio dos fãs?
Uma vez vocês falaram em uma entrevista que tocam por hobbie. Como foi a decisão de viver desse hobbie? Como disse antes, o estilo da Sevenaid não era o que tocávamos frequentemente, pois vivemos da música num mercado delicado e ditado por modas.
Como em outros projetos que participei ou
Mas começamos a perceber frutos significativos do
participo, quando rola esse carinho e admiração de
nosso som muito antes do esperado e isso nos motivou
fãs, é sempre muito gostoso, é uma das maiores
a levar mais a sério a Sevenaid, nos fazendo enxergar
recompensas que podemos receber. E todos da
a banda como uma possível carreira promissora e não
Sevenaid pensamos igual e tratamos sempre cada
mais só um hobbie.
pessoa com muito carinho e atenção, até porque sem elas a banda não faria muito sentido. Algumas vezes já me senti um pouco invadido por alguns fãs. Às vezes você está em algum lugar para descansar ou com sua família, mas ainda assim penso que para aquela pessoa é muito importante estar ali com você naquele momento, então trocar algumas palavras ou tirar uma foto nunca me incomodou. O que fazer para que a Sevenaid não fique conhecida somente no Rio Grande do Sul?
A
Sevenaid
já
participou
de
algum
festival? Qual o maior ensinamento que vocês tiraram disso? A Sevenaid fez poucos shows, mas todos muito importantes. Foi possível perceber que algumas pessoas estavam ali somente para nos ver e isso é o mais importante. Mas sim, tocamos em um grande festival na cidade de São Leopoldo/ RS e as principais bandas da noite eram Nx Zero, Tchê Guri Vide Bula e a Sevenaid. Esse festival nos proporcionou poder
Esse é um ponto muito importante. Um dos
mostrar nosso trabalho para muitas pessoas que ainda
fatores que acredito que possa contribuir para que
não conheciam e isso sempre é importante. Mesmo
isso não aconteça é o nosso estilo de som. Tocamos
sendo um estilo não muito comum, percebemos a
um rock universal, nosso estilo de música agrada a
aceitação do público em geral, devido a nossa energia
muitas pessoas no mundo todo e isso ajuda para que
de palco. Foi uma experiência maravilhosa. q No Eixo|| 15
Definições
Tamy Antunes Jornalista, apaixonada por psychobilly, topetes e tatuagens.
A tríade billie: hillbilly, rockabilly e psychobilly
N
ão conhece? Então vem comigo agora! Conheça
paradas por uma semana na 23ª colocação, vendendo 75.000
os três gêneros que chacoalham Curitiba há um
cópias. Outro ícone do rokcabilly é o rei Elvis Presley!
certo tempo e agora vão conquistar você também.
O termo psychobilly foi usado pela primeira vez por
Hoje, Curitiba é uma das cidades referência quando o
Johnny Cash em sua canção One Piece at Time. A primeira
assunto são os gêneros “billies”. Essa cena é formada por três
banda considerada psychobilly foi a Meteors, formada no sul de
estilos musicais: hillbilly, rockabilly e psychobilly. Grande parte
Londres em 1980. Com um integrante que fazia parte da sub-
do desenvolvimento desta cena em Curitiba é responsabilidade do Psycho Carnival, que acontece na capital desde 2000 em todos os feriados de Carnaval. Mas, para esclarecer o que é cada um, vamos começar essa história cronologicamente. A mistura da música country com o jazz tocado por orquestras negras no Texas fez surgir nos anos 1930 uma variação que enfatizava o som dos violões e dava mais suingue às canções country. Estava nascendo nos Estados Unidos um dos primeiros tipos de rock’n’roll, o hillbilly. A fusão do country com o rock intensificou-se nos anos 60 e 70, quando vários grupos de rock norte-americanos se inspiraram na canção
cultura do rockabilly, outro envolvido com a sub-cultura punk e um terceiro que era fã de filmes de terror, suas ideias musicais se juntaram e formataram o gênero como ele existe atualmente. O Meteors também inventou o conceito de o psychobilly ser apolítico, encorajando seus shows a serem zona “nãopolitizada” em função de evitar brigas entre os fãs, como estava se tornando recorrente no cenário punk da época. Até hoje, praticamente nenhuma música de psychobilly fala de política, apesar de a maioria dos fãs do estilo repudiarem os pensamentos de extrema direita. Para deixar uma dica especial de cada billy tratado nesta
country para compor boa parte de seus repertórios. Dois dos principais artistas do gênero são Hank Williams e Johnny Cash. O termo “rockabilly” é uma junção das expressões rock e hillbilly. Outras influências importantes para o gênero foram a música country, o blues e o hillbilly. A influência e a notoriedade do estilo sofreram um baque nos anos 60, mas durante o final dos anos 70 e começo dos 80 o rockabilly passou por uma recuperação em sua popularidade e permanece firme até agora. Um dos pioneiros, Bill Haley, em 12 de abril de 1954, gravou com a sua banda Bill Haley and His Comets o sucesso Rock Around the Clock, pela Decca Records de Nova York. Quando a música foi lançada, em maio daquele ano, permaneceu nas 16 || No Eixo
matéria vou puxar a sardinha para os meu conterrâneos, Hillbilly Rawhide - banda que leva o hillbilly até no nome, os rokabillies Anne & The Malaguetas Boys e os power psychobillies Sick Sick Sinners. q
No Eixo|| 17
Era uma vez... Poléxia A história da Poléxia é a prova de que uma banda dá origem a outras e, mais, de que uma vez no circuito você não sai mais dele. Talita Lima
E
m 2002, nasceu em Curitiba uma das
esforço da banda para ter um disco bem produzido e
mais promissoras bandas independentes
gravado em CD. O resultado não poderia ser melhor:
da cidade: a Poléxia. A banda que leva o
críticas positivas pelos quatro cantos do país além de a
nome de uma das groupies* do filme ‘Quase famosos’ é
Poléxia ser considerada uma das revelações da década
formada inicialmente pelos vizinhos Rodrigo Lemos na
no cenário curitibano. A mistura de influências como Los
guitarra e Eduardo Cirino no teclado. Tempos depois,
Hermanos, Smashing Pumpkins e Mutantes resultou
a banda ficaria completa com a entrada de Raphael
em um álbum inteligente e com sensibilidade à flor da
Moraes no baixo e Juninho Jr na bateria.
pele. Muitas músicas receberam destaque e projetaram
No mesmo ano de nascimento, a banda lançava o
a banda em definitivo no cenário nacional. Violetas na
seu primeiro registro musical. A capa do EP* trazia uma
Janela e Garotos de Aluguel foram bem executadas
boneca segurada por um band aid e com isso o disco
nas rádios locais em 2005. E Garotos de aluguel trouxe
ficou conhecido pelo mesmo nome do curativo. A canção
outros trunfos positivos: foi confundida como uma das
Sal de Fruta sempre foi destaque e sempre pedida em
novas músicas dos Los Hermanos e teve seu clipe
coros pelo público em todos os shows da banda.
exibido na MTV Brasil.
Já em 2003, a banda gravou um acústico ao vivo
Quando tudo pareciam flores em 2005, a banda
no lendário Teatro Paiol em Curitiba, com participações
começa a passar por mudanças. Juninho resolve
de músicos curitibanos como Dary Jr (Terminal
deixar a música e cuidar de sua vida profissional longe
Guadalupe), Maryelle Loyola (Cores D Flores) e Fábio
dos palcos. Com a baixa, a banda sofre sua primeira
Elias (Relespública). O acústico foi lançado com edição
mudança - a saída de Juninho abriu espaço para a
especial e limitada. A banda, com apenas dois anos, já
entrada de Neto na bateria.
tinha no repertório vários sucessos como Garotos de Aluguel, Melhor Assim e Violetas na Janela.
No ano de 2006, a Poléxia foi uma das convidadas para participar do álbum em tributo a Odair José,
O primeiro álbum de estúdio da banda saiu em 2004,
gravando a faixa A maça e a serpente, e depois lançou
e é considerado o primeiro álbum oficial da Poléxia.
mais três músicas novas Eu te amo, porra; Onde você
O avesso foi gravado com recursos próprios, fruto do
quer chegar e O triste fim de Baltazar da Rocha. Um
18 || No Eixo
mimo aos fãs foi o lançamento do disco ao vivo com sete faixas, incluindo a inédita Inércia já em 2007.
A Poléxia chegou ao fim, mas deixou sua história gravada no cenário musical do país de forma definitiva
Ainda em 2007, quem resolve mudar de ares
e, além disso, nos deu a oportunidade de conhecer
é Raphael, e aí sim a banda passa por mudanças
novos sons e novas bandas. Com isso fica a prova de
significativas. Mas o que parecia ser o início do fim
que, uma vez na música, não há outra saída a não ser
trouxe um troca de baixistas até a entrada definitiva de
continuar nela. q
Francis Yokohama. A saída de Raphael para a Poléxia não foi só a perda de um músico, mas também de um
Discografia
grande compositor e desse rompimento nasceu mais uma banda curitibana, a primeira banda de um exPoléxia, a Nuvens. Em 2008, a Poléxia seguia em frente com uma nova formação sólida e já traçava planos para um novo álbum de estúdio. Quem voltou, oficialmente, ao cenário
Nome: Band aid Ano: 2002 Músicas: 5 Destaque: Sal de Fruta (em duas versões)
musical nesse mesmo ano foi Juninho, que assumiu as baquetas na Banks. A entrada de Francis deu à banda estabilidade e um novo fôlego. E já em 2009, a banda lançou A força do Hábito, com participações de Vanessa Krongold, Habacuque Lima e Mauro Motoki da banda Ludov e a
Nome: Acústico Ano: 2003 Músicas: 15 Destaque: Violetas janela
nas
produção de John Ulhoa do Pato Fu. Mas o que parecia ser o renascimento das cinzas trouxe a notícia do adeus.
Nome: O Avesso Ano: 2004 Músicas: 14 Destaque: Aos Garotos de Aluguel Nome: Ao vivo na Grande Garagem que Grava Ano: 2007 Músicas: 7 Destaque: Inércia Em 12 de junho de 2009, a Poléxia chega ao fim pouquíssimo tempo depois do lançamento de seu segundo álbum oficial. Com o fim da Poléxia, outras bandas surgiram: Te Extraño, com a participação de Neto e Dudu, e, mais recentemente, a Lemoskine, do vocalista vocalista Rodrigo, que é o último poléxio
Nome: A Força do Hábito Ano: 2009 Músicas: 14 Destaque: Você já teve mais cabelo
a lançar uma nova banda. Antes disso, entretanto, participou oficialmente da Sabonetes e trabalhou em em vários projetos, incluindo sua outra banda, que virou web hit em junho, A Banda Mais Bonita da Cidade. Importante lembrar que todas essas bandas marcam a história do cenário musical fazendo um som próprio com letras autorais dos próprios integrantes.
Participação Tributo a Odair José - Vou tirar você desse lugar Ano: 2006 Faixa: A maça e a serpente No Eixo|| 19
Profissão: baterista
Ser músico no Brasil não é fácil e não é considerado profissão por muitos. Afinal, dá para viver apenas de música? Talita Lima
Q
ual músico nunca ouviu a clássica
levada, as ideias eram novas, saíam da mesmice dos
pergunta “Ah sim, você é musico, mas
anos 80, viradas com pedal duplo sem ser repetitivo,
trabalha com quê?” O preconceito ainda
enfim, depois que ouvi esse cd quis tocar bateria
é forte com relação à classe que muitas vezes não é
daquele jeito, independente do estilo do artista que
vista como um emprego.
eu toco hoje eu trago muito das influência do Korn e
O carioca Diego Andrade é um dos representantes dessa classe. Tem na bateria sua profissão e seu
das bandas de new metal que se sucederam naquela época, até agora”.
sustento. A música e a bateria são partes incondicionais
Com influências diversas desde a infância, Diego
de sua vida. “A bateria é meu retiro espiritual, quando
tem uma opção que muitos músicos não têm: ele é
eu sento e começo a tocar entro num mundo particular,
freelancer e toca em diversas bandas ao mesmo
com a sensação de estar no meu lugar fazendo algo
tempo “Eu estava fazendo musicais em SP, Hedwig e
que eu nasci para fazer. A música é começo, o meio e o
o Centímetro Enfurecido, que terminou recentemente,
fim de tudo na minha vida... A música me alimenta e me
e eram todos os finais de semana, então acabei dando
sustenta de todas as formas. Em todos os momentos
um tempo com as bandas, já que a maioria dos shows
da minha vida ela fez parte, desde muito pequeno até
são sextas, sábados e domingos. Mas eu tenho projetos
agora; nos momentos bons e ruins ela esteve comigo.
meus e toco com muita gente, mas nem sempre esses
Eu não sei o que seria da minha vida sem música!”
artistas estão fazendo shows, então quando rola eles
Diego toca bateria desde os 10 anos e aprendeu
me chamam, posso enumerar pelo menos 8 trabalhos
a tocar sozinho. Diego conta que seu pai também
ao mesmo tempo com artistas e bandas diferentes”.
tocava, mas que não pegou essa época, mas cresceu
Como conciliar a agenda? “O certo seria dar prioridade
vendo seu primo tocar bateria, até que um dia pegou
onde me pagam mais, mas eu levo pela ordem de
as baquetas e não as largou mais. “Aprendi sozinho,
chamada mesmo, quem me chamar primeiro eu vou.
nunca tive aula de bateria. Fui muito influenciado pelas
Tento ao máximo não deixar furos com ninguém, já fiz
bandas que gostava e também pelo meu primo que era
dois shows com artistas diferentes no mesmo dia para
baterista, aí eu ia nos ensaios, shows e fui pegando
poder cumprir a agenda com todos. Quando não dá
gosto pela música como um todo”. Quando criança
indico algum baterista de confiança pra me substituir”.
ouvia muito rock dos anos 80 mas a guinada na forma
Entre as bandas em que está atualmente podemos
de tocar o instrumento veio em 1994. “Quando era
dar destaque às cantoras Jullie e Sabrina Sanm, e as
pequeno, ouvia muito rock anos 80 - eram os anos
bandas dos atores Daniel Del Sarto e Theo Becker.
80 - principalmente Paralamas do Sucesso e Titãs.
Hoje, Diego toca em 8 bandas, mas já não sabe ao
Gostava também de Rush e The Doors. Já mais velho,
certo em quantas bandas tocou que hoje não existem
o disco que mudou minha maneira de tocar bateria foi
mais. “Depois que eu saí de algumas eu não mantive
o primeiro do Korn, em 94”. Segundo Diego, o Korn
mais contato, então não sei se acabaram mesmo ou
mudou sua forma de tocar por ser uma banda nova
se estão sumidas, mas posso dizer que já fiz parte de
com um novo estilo, o new metal. “Eles trouxeram um
muitas bandas; que não existem mais deve ter mais de
conceito novo para a música. No meu caso, o que mais
10”. Isso sem contar as bandas de baile que tocava, nas
me chamou a atenção foi a bateria, outros tipos de
quais adquiriu experiência e pôde transitar portodos os
20 || No Eixo
estilos musicais possíveis.;
geralmente conheço algum representante, mostro meu
De todas essas bandas, a que mais teve potencial
trabalho, com quem eu toco, e sendo algo vantajoso
de estar no mainstream foi a Sukhoi. “Tenho sorte de
para ambos rola a parceria. O bom é que isso me ajuda
sempre tocar em bons projetos, mas o destaque é o
a ter um equipamento profissional de qualidade e em
Sukhoi. Estivemos bem perto do mainstream. Tínhamos
contra partida eu os ajudo divulgando a marca”.
uma gravadora, empresário, música na rádio, clipe
Como músico, se pudesse, mesmo que estivesse
na TV, fomos trilha sonora da Malhação. Era uma
no mainstream, não deixaria de ter mais de uma banda.
excelente banda e músicos. O som bem feito e as letras
“Eu não deixaria, mas se fosse uma banda com uma
maduras. no
Estávamos
momento
porém
certo,
quando
o
trabalho sai das mãos da banda e passa a ser gerenciado por outros, você fica à mercê da vontade deles, fomos trabalhados de forma errada
por
pessoas
sem talento. Gastouse
muito
dinheiro
em coisas erradas e faltou
dinheiro
ações
de
marketing
certas. presos que
nas
Ficamos a
não
pessoas souberam
trabalhar o potencial da banda e colocála no devido lugar no mercado.
O
tempo
passou e o projeto esfriou”. Oficialmente, a Sukhoi não acabou, está parada e passou por mudanças em sua formação. “Quem sabe um dia dá certo?” Como
baterista
freelancer,
Diego
consegue se sustentar e conta com o apoio de alguns patrocinadores. “Consigo viver de música aos
agenda lotada e com muitos compromissos, seria difícil
trancos e barrancos, não tenho a vida mais luxuosa e
conciliar tempo com outras, mas por vontade própria
confortável do mundo, porém, faço o que amo e pago
seguiria tocando com todas”.
o preço da escolha que fiz pra minha vida, mas não me
Mas, para Diego, um fato é recorrente, no
vejo fazendo outra coisa. Com relação aos patrocínios,
mainstream ou no underground “está cada vez mais
eu só uso instrumentos e acessórios dos quais eu gosto,
difícil viver de musica no Brasil”. q No Eixo|| 21
22 || No Eixo
No Eixo|| 23
As mil faces de um homem Talita Lima
H
á quem diga que ele é hipócrita, falso moralista
música, arte. Foi o pulsar de um coração que estava quase
e mal educado. Por outro lado, os amigos e a
se entregando. Foi o resgate”.
família discordam em número, gênero e grau, e
Depois de conhecer o Corujão, nasceu o projeto
ele também: “Posso ser qualquer coisa, mas meu caráter
Voluntários da Pátria. Um coletivo de música, poesia,
dinheiro nenhum compra”. Esse é Luís Guilherme Brunetta
teatro e reflexão que viaja o país divulgando trabalhos
Fontenelle de Araújo, nascido no Rio de Janeiro, mineiro
independentes e que visam criar uma juventude pensante.
por parte de mãe e carioca nato por parte de pai. Mas não é
Política, amor, violência e sexo, não importa o tema, ele será
por esse nome que ele é conhecido; seu nome para muitos
discutido pelos artistas e pelo público que tem participação
não é Luís Guilherme e nunca será. Para o mundo, ele é
cativa a qualquer momento. “Ao sentir a transformação em
Tico Santa Cruz.
mim, que já não acreditava mais em nada, percebi que a
Tico recusou o sobrenome no início da carreira musical porque “família é um lance complicado, muitos querem
poesia, a música, as reflexões propostas por aquele grupo poderiam ser úteis também a outros corações perdidos.”
aproveitar a fama do sobrenome”. Sai o sobrenome, entra
Protestos ele tem alguns nas costas: do Rio de Janeiro
Santa Cruz. É a união do apelido de infância com o nome
a Brasília, nunca deixou de fazer a sua parte, mesmo que
que escolheu para si.
fosse sozinho. “Já fiquei pelado no meio da rua, quase
Tico é sempre muito falante – se não estiver assim algo
ninguém viu. Era jogo do Brasil na Copa do Mundo.” Mesmo
está errado. Sem papas na língua, fala o que pensa para
sem o apoio de uma geração que quer fazer a revolução via
quem quiser e também para quem não quer ouvir. Defende
internet, ele prefere fazer a ficar calado. “Sou o idiota no
sua verdade a qualquer hora e lugar. Personalidade forte e
país dos espertos.”
crítica. “Criticas são sempre bem-vindas”.
Entre as diversas atividades, ainda encontra tempo para
Tico é músico, voluntário, poeta, escritor, contestador,
participar ativamente das redes sociais. E faz questão
pai de família. Como pessoa, mudou muito nos últimos
de fazer tudo sozinho, sem ninguém para falar por ele.
anos. Apaixonado por livros, tem neles uma fonte de
Assessoria de imprensa? Somente para a banda.
conhecimento inesgotável. “A maior rebeldia num país como
Em setembro de 2010, aceitou um desafio, para ele
o Brasil, repleto de analfabetos e analfabetos funcionais, é
um desafio pessoal. Viver um reality show. “Não aceitei
ser inteligente. Ler é a maior rebeldia”.
o convite de primeira. Como muitas pessoas, também
Em 2006, a violência da cidade do Rio bateu à porta e era
tinha preconceito com esse tipo de programa. Pensei
impossível não deixar que ela passasse por cima. Rodrigo
insistentemente a respeito. Foi depois de conversar com
Netto, seu amigo e companheiro de banda, foi assassinado.
pessoas muito próximas e refletir bastante que decidi que
“Por que isso foi acontecer com ele? Eu preferia que tivesse
poderia ser uma experiência humana interessante.”
sido comigo. Trocaria de lugar se pudesse voltar no tempo
Dessa experiência, surgiram novas críticas, elogios, fãs
e deixá-lo aqui nesse universo injusto, porque sem dúvida
e também novos “anti Tico”. É também dessa experiência
nenhuma sua forma leve de viver a vida deve ser um
que quem o conhece afirma mais do que nunca: “Tico, ame
exemplo a ser seguido”.
ou odeie, não existe meio termo.” Mas, para ele, a única
Uma época de mudanças, um visual desleixado e a barba
coisa que importa é que voltou para a sua vida, sua família e
sem fazer. “Eu vagava noites em claro chorando as saudades
para a estrada com a banda. “Porque aqui é meu lugar.” Em
do meu amigo que partira. Havia perdido completamente a
2011, Tico realiza um sonho construído na adolescência,
esperança nos humanos, mergulhei num poço de revolta,
quando o menino via o show dos ídolos: Guns N’ Roses,
angústia e medo de não conseguir mais sorrir”.
no Rock in Rio. “Ter o Detonautas no festival foi um grande
Quando tudo parecia perdido, surgiu a luz: o Corujão
cala boca para aqueles que diziam que estávamos mortos.
da Poesia. “Foi amor à primeira vista. Amor por pessoas
Sempre disse que um dia iria tocar no festival, e chegou a
que tinham em seus olhares, bocas e expressões poesia,
minha vez.” q
24 || No Eixo
No Eixo|| 25
FESTIVAIS
Oportunidades para você mostrar seu trabalho no Brasil e no exterior PRÉVIAS FESTIVAL TOMARROCK Inscrições até 07 de novembro 2011 Quando? De 11 a 18 novembro de 2011 Onde? Boa Vista/ RR Vagas: 8 Site: http://www.festivaltomarrock.wordpress.com O IV Festival TomaRRock acontece em dezembro e traz diversas atrações a Boa Vista. Parte das bandas que vão se apresentar no Festival serão escolhidas nas prévias realizadas entre 11 e 18 de novembro. Condições: As bandas são responsáveis por todas as despesas. Restrições: Show autoral de 30 minutos. Estilos: Axé, Big Band, Blues, Bossa Nova, Clássico, Cumbia, Dub, Eletrônico, Erudito, Experimental, Folk, Folklore, Forró, Frevo, Gospel, HardCore, Hip-Hop, Indie, Instrumental, Jazz, Metal, MPB, Pagode, Pop, Punk, Quarteto, R&B, Rap, Reggae, Regional, Rock, Samba, Sertanejo, Ska, Soul, Tango, Tecno Brega, Vallenato.
HONKY TONK Inscrições até 01 de dezembro 2011 Quando? De 17 de maio a 31 de dezembro de 2011 Onde? Ribeirão Preto/ SP Vagas: indeterminadas Oportunidade para artistas apresentarem seu trabalho em Ribeirão Preto, na casa de show Pub House. Condições: a produção garante hospedagem, alimentação, transporte local e cachê. Restrições: nenhuma.
ITATIKIDS WEB RÁDIO Inscrições até 31 de dezembro de 2011 Quando? 14 de julho a 31 de dezembro de 2011 Onde? São Paulo/ SP Vagas: ilimitadas Site: http://www.itatikids.com.br Tem uma nova banda? Uma dupla? Um trio? Qualquer outro talento musical ou humorístico? Então entre em contato. Envie seu material em formato mp3 e gravado em estúdio, fotos, um histórico ou resumo do seu talento. Se for aprovado, divulgamos na Itatikids, a web rádio dos novos talentos. 26 || No Eixo
SERRA DA MESA FESTIVAL OF MUSIC AND DIGITAL ARTS AND ORGANIC Inscrições até 30 de abril 2012
Quando? De 11 de novembro de 2011 a 30 de abril de 2012 Onde? Uruaçu/ GO Vagas: ilimitadas, mas dependem de aprovação da curadoria do festival. Um festival como um meio de expressão de multidentidades culturais, não se concentrando em apenas um dos aspectos artísticos, Serra da Mesa Festival of Music and Digital Arts and Organic é um evento de interações estéticas e culturais, que surgiu da necessidade de espaços continuados para intercâmbio de várias redes sociais urbanas, nascidas de uma cultura que tem crescido à margem da cultura mainstream, atingindo novas expressões e visões, num ambiente onde haja total possibilidade, mutualidade cultural do novo, do tradicional e dos milenares onde todos poderão exercer livremente sua cidadania universal e cultural. Pensamentos, músicas, esculturas, pinturas, roupas, filmes, fotos, ideologias, experiências, comunicação, filosofia e muito mais, todos reforçando as possibilidades de trocas de experiências de vida e estéticas. Condições: o festival garante hospedagem, alimentação e transporte local. Restrições: estilos musicais: Axé, Big Band, Blues, Bossa Nova, Cumbia, Folk, Forró, Gospel, HardCore, Hip-Hop, Indie, Metal, MPB, Pagode, Pop, Punk, Quarteto, R&B, Rap, Reggae, Rock, Samba, Sertanejo, Ska, Soul, Tango, Tecno Brega, Vallenato.
EDITAL: PROGRAMA DE INTERCÂMBIO E DIFUSÃO CULTURAL Inscrições até 30 de novembro de 2011 Local: Nova Yorque, NY / EUA Estabelecimento: The Gabarron Foundation - Carriage House Center for the Arts Site
http://www.cultura.gov.br/site/2011/09/27/programa-de-
intercambio-e-difusao-cultural-41/ Vagas: ilimitadas O objetivo é estimular a difusão e o intercâmbio da cultura brasileira em todas as áreas culturais: artes cênicas, artes visuais, música, audiovisual, memória, movimento social negro, patrimônio museológico, patrimônio cultural, novas mídias, design, serviços criativos, humanidades, diversidade cultural, dentre outras expressões. Além do transporte pessoal, o benefício pode ser utilizado para custear despesas com o transporte de material, cenários ou equipamentos utilizados na realização da atividade; estada durante o período de participação no evento; inscrição; e confecção de material para a atividade a ser realizada no evento; entre outras despesas, devendo o candidato ter informado, no ato da inscrição, de que forma utilizará o auxílio financeiro. Condições: o edital dá recursos financeiros que podem garantir hospedagem, alimentação, transporte local, transporte entre cidades. O que não pode ser contabilizado como despesa é o cachê, que não é permitido. Restrições: País de origem e residência: Brasil. Consultar edital para mais especificações. No Eixo|| 27
Foi importante porque... Participar de festivais pode ser uma experiência produtiva ou frustante para uma banda. Aqui alguns músicos contam um pouco de sua participação e se a participação foi positiva ou não. a inscrição porque achava que o perfil do festival "Brazilian Beat" “Fiz tinha a ver com o do trabalho - que sai um pouquinho de pop rock e abraça uns ritmos sincopados - Seria legal poder representar o país além das fronteiras, mas fomos prejudicados pela alteração de horários em cima da hora.
”
Rodrigo Lemos, vocalista da Lemoskine, sobre o festival Yamaha Brazilian Beat – etapa Curitiba, em 2011.
“
Foi importante para nós porque divulgamos o nosso trabalho através do nome de uma grande marca de instrumentos musicais. Um evento como esse nos proporciona mais credibilidade e nos ajudou a ter mais reconhecimento até mesmo aqui em Curitiba.
”
Luciano Costa, guitarrista e backing vocal da Colorphonic, sobre o festival Yamaha Brazilian Beat – etapa Curitiba e São Paulo, em 2011
nesses grandes festivais é além de ser uma grande ferramenta de divul“Tocar gação do nosso trabalho, é um movimento que gera a união de bandas e seus públicos. Participamos de algumas edições de festivais que movimentaram a juventude do rock, que marcou pra muita gente uma fase especial de suas vidas. Para o Granada, é muito importante essa união e essa troca de energia que os festivais geram. Hoje temos orgulho de termos feito parte dessa nova geração do rock e saber que estaremos sempre marcados na história desses festivais que fazem um grande bem para as bandas, o público e os profissionais relacionados. Que venham muitos outros
”
Zeh Nery, vocalista do Granada, sobre os festivais Sampa Music Festival, ABC pró HC e Senhas Rock nos anos de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011. 28 || No Eixo
“
“
O lugar era legal, o Gárgulas Pub em São José dos Pinhais/ PR, além de ter bastante público era uma maneira de mostrar o cd que estávamos gravando, mas foi foda (sic) porque fomos bem, mas perdemos pontos por termos estourado o tempo porque demorou para arrumarem nosso palco”. Anubis, guitarrista da Archityrants (que na época era chamada de A Tribute to the Plaige) sobre o festival Sanjo Music, em 2010
Sampa é um festival que já participamos quatro vezes e ajudou muito a “Obanda a conquistar mais seguidores. Isso porque em um festival você não toca
só para seu público, mas também para públicos que foram assistir as outras bandas e que normalmente não iriam conhecer o seu som se não estivessem ali. Um festival é muito legal, pois soma diferentes estilos e etnias, galeras variadas unidas, além de render sempre ótimos encontros nos camarins
”
Teco Martins, vocalista da banda Rancore, sobre o Sampa Music Festival em 2010 e 2011
as bandas o mais importante é a divulgação e o prêmio. Foi legal “Para por termos a oportunidade de tocar no Jokers Pub que é um lugar que nunca havia tocado com nenhuma banda. O ponto negativo é porque o intuito principal é a marca que promove lucrar e não o de apoiar as bandas locais, mas isso todo mundo sabe
”
Taís D’Albuquerque Viana, baixista da banda Lasttape, sobre o Klein Rock Contest, em 2011
importante porque é uma maneira ótima de divulgação da banda. O “Foi público do metal em geral se encontra num mesmo lugar, as vezes para ver
uma só banda, e acabam conhecendo várias outras. A partir do momento que se participa de um festival de grande porte como River Rock, por exemplo que teve um público de 6mil pessoas no ano em que participamos, surgem muito mais oportunidades para a banda como convites, entrevistas, resenhas, enfim... O interesse pela banda é muito maior e, consequentemente, a procura por materiais da banda como CDs, bottons, adesivos e etc cresce muito mais.
”
Mizuho Lin, vocal feminino da banda SEMBLANT, sobre o festival River Rockem 2010
No Eixo|| 29
Financiamento pela m
Essa é a ideia do crowdfunding, que já é considerado o futuro dos financiamentos de projetos c Talita Lima
O
termo
pode
parecer
complicado
-
algum tempo é a Vakinha, que a princípio pode ser
crowdfunding - mas a ideia é simples: são
confundida como um simples meio de doar um valor ao
financiamentos coletivos, ou se preferir a
criador do pedido.
tradução ao pé da letra: financiamento pela multidão.
O valor mínimo para contribuir em algumas
As plataformas de financiamentos coletivos no Brasil
plataformas é R$10 e não existe valor máximo; quem
são relativamente novas e muitas ainda esbarram na
escolhe o valor máximo é quem está disposto a ajudar
burocracia da lei. O mais importante é não confundir
o projeto em questão. O importante é ressaltar que o
sites de compras coletivas com o crowdfunding. Nas
idealizador do projeto só recebe o valor do financiamento
plataformas de financiamento coletivo, você ajuda e
se o valor de contribuições for igual ou maior do que o
pode escolher um prêmio como recompensa de acordo
solicitado por ele, caso contrário, o valor é estornado
com o valor que você está contribuindo.
para o contribuinte. Existem também plataformas que
Algumas
em
possibilitam a contribuição com materiais e mão de
funcionamento no Brasil podem ser separadas por foco
obra, como é o caso da Benfeitoria. Outra característica
de atuação. Alguns exemplos de plataformas são: para
que muda entre as plataformas são as taxas cobradas,
projetos criativos temos a BePart e a Movere. Se o seu
tanto que o aconselhável é que os donos dos projetos
projeto for para eventos ou shows tem a Embolacha e
acrescentem ao valor necessário para a realização do
a Showzasso. Uma plataforma que já é conhecida tem
projeto o valor destinado a essas taxas. Por exemplo,
30 || No Eixo
das
principais
plataformas
multidão
criativos
o Movere dá a dica para que seja acrescentada ao
Quer saber mais sobre crowdfunding e suas
valor total do projeto uma porcentagem de 12%. Por
plataformas? Então seguem
isso é importante que o dono do projeto conheça as
trazer dicas importantes sobre o assunto. O Crowdfunding
diferenças entre cada uma das plataformas bem como
Brasil http://crowdfundingbr.com.br trata sobre o assunto
as características de cada uma delas.
com matérias e artigos redigidos por blogueiros e por
Com já foi dito, existem várias plataformas do
duas dicas que podem
fundadores de plataformas.
gênero cada uma com sua particularidade. Uma dessas
O outro blog é o Crow do que? http://crowdoque.
plataformas é o Catarse, que entrou em funcionamento
typepad.com que da mesma maneira que o anterior
em 17 janeiro de 2011. O Catarse já ajudou a financiar
aborda o assunto com artigos e matérias sobre o assunto,
projetos de teatro, cinema, arte, circo, web, jornalismo,
mas está em constante atualização além de trazer um
fotografia, música, entre outros.
mapa de plataformas e a possibilidade de baixar e-books
A banda curitibana Nuvens utilizou o Catarse para conseguir dinheiro para financiar a prensagem de seu
sobre o tema. Lembrando que o importante é acessar o site das
novo álbum Fome de Vida. O baterista Guima Scartezini,
plataformas e ler sobre seu funcionamento nos FAQs.
conversou conosco sobre o projeto e diz que conheceu o
O disco
crowdfunding por meio de uma artista canadense, junto com a produção da banda, começaram a pesquisar
A Nuvens arrecadou com o Catarse a verba
sobre o assunto e descobriram o Catarse. “Vi que essa
necessária para a prensagem do disco Fome de Vida,
ideia era genial e que poderia ser usada na nossa
que é um disco com 10 músicas, que abordam temas
banda. Porém, não conhecíamos nenhum site aqui no
amplos, apresentando mais que apenas dois opostos
Brasil que fazia isso até que a Milena achou o Catarse
como o som e o silêncio ou o certo e o errado. As canções
na internet. Conversamos sobre o que colocaríamos
passam de forma, ora passional, ora reflexiva, por um
para ser financiado e decidimos colocar a prensagem
contexto que se torna uma apologia ao ato de estar vivo.
do CD, que custará R$4.500 reais”.
As músicas foram compostas com a certeza de que
Com o projeto definido e a plataforma escolhida,
tudo se transforma o tempo todo, entre viagens, paixões,
é necessário escolher o tempo para arrecadação das
perdas e alegrias. Além das experiências do dia a dia,
contribuições que, no caso do Catarse, é de 30, 60
três obras foram fundamentais nas composições e no
ou 90 dias. A Nuvens optou por 60 dias, como contou
conceito: “O poder do mito”, de Joseph Campbell, “Lobo
Guima. “Escolhemos 60 dias porque achamos que mais
da estepe”, de Herman Hesse e “A alma imoral”, de
que isso seria tempo demais. Conseguimos o valor total
Nilton Bonder.
em 51 dias”. A banda conseguiu arrecadar 22% além
A sonoridade do disco surgiu da busca pela energia
do valor estimado e vai utilizar parte do valor para a
do ao vivo ou do máximo que podia ser alcançado em
produção e envio das recompensas dos contribuintes.
estúdio. Com riqueza nos arranjos, a banda buscou
Entre as recompensas oferecidas pela banda estavam:
valorizar os climas e intenções das letras. Num disco
jantar com a banda, kits contendo produtos da banda
que cita Cazuza, Jimi Hendrix e Renato Russo, é
e CDs autografados. Sobre o valor extra, Guima diz:
perceptível a influência do rock 70, da psicodelia e da
“O que sobrar disso iremos lucrar. Mas o valor extra
música brasileira, presente nas harmonias e temas. Um
que arrecadamos será para cobrir os gastos de todo o
trabalho com personalidade única, sem medo de buscar
projeto que realmente não está barato”.
a fundo cada som e palavra. No Eixo|| 31
A amizade que produz shows
os que pagaram e sem nenhum reembolso, por não ter
Mobilização de amigos abriu portas para a realização
A equipe do Queremos atualmente é formada por
de shows considerados sem público na cidade do Rio
cinco pessoas, porém, já existem planos para expansão
de Janeiro.
do projeto para fora da cidade do Rio de Janeiro, podendo
E
havido venda de ingressos.
chegar a outros estados.
m 2010, uma iniciativa inédita foi tomada
Com essa iniciativa, os amigos Bruno Natal, Tiago
no Rio de Janeiro: o financiamento de
Lins, Felipe Continentino, Pedro Seiler, Pedro Garcia
shows pelo próprio público. Pode parecer
e Lucas Bori craiaram em 2010 a primeira plataforma
impossível, mas não é. A ideia é dividir por uma fatia do
para a realização de shows no Brasil e de forma inédita
público o valor necessário para produção de um evento,
- até onde se sabe - com a possibilidade de reembolso
garantindo assim a sua realização e com a possibilidade
integral do valor investido pelo fã.
de reembolso integral para esses investidores com
Seu primeiro festival
a arrecadação da bilheteria. Assim nasceu o projeto Queremos http://queremos.com.br.
Não satisfeitos com a realização de show com uma
O Queremos funciona como divulgador e uma
banda, o Queremos - contando com o apoio exclusivo
plataforma de financiamento. O pagamento das cotas é
de uma grife de roupas - lançou o desafio para realizar
feito por cartão de crédito através do sistema PayPal*.
seu primeiro festival com o nome de Eu Quero Festival
Identificada a possibilidade da realização de um evento,
http://euquerofestival.com.br.
são levantados os custos de produção.
“Depois de trazer tantas bandas, perdemos as contas
Com o valor definido, o valor total é dividido em
de quantas vezes nos disseram: “Eu Quero Festival!” Se
unidades - cada unidade é chamada de ingresso-
é um festival que vocês querem, é um festival que vocês
reembolsável - que tenham um valor possível para a
terão!”, dizem os organizadores orgulhosos.
compra ser feita por um fã. Quando todas as unidades
O lançamento da proposta do Eu Quero Festival foi
são vendidas dentro do prazo estipulado, o valor mínimo
no dia 11 de agosto de 2011 e em apenas nove horas
necessário para a realização do evento está assegurado,
todos os 400 ingressos reembolsáveis necessários
e o evento é confirmado. Com a confirmação, é iniciada
para a realização do festival estavam vendidos. Cada
a venda de ingressos normais para o público em geral.
ingresso teve o custo de R$ 200 reais.
Todos que compraram o ingresso-reembolsável têm
O custo do festival é de R$ 160 mil reais e a parceria
direito a um reembolso que é proporcional à venda de
com a grife de roupas ajudou e muito na realização do
ingressos, sendo assim, o reembolso pode ser de zero até
evento, porque o patrocínio cobriu metade dos gastos,
o valor integral. Por exemplo, no primeiro show realizado
então, ao invés de serem vendidos 800 ingressos, foi
do grupo sueco Miike Snow, foram 100 unidades de R$
necessária a venda de metade deles para garantir o
200, e todos que compraram o ingresso-reembolsável
evento. O festival foi confirmado e os ingressos já estão
assistiram ao show de graça.
à venda.
O ingresso reembolsável não é físico, entretanto, o
Os shows acontecem no Circo Voador, na cidade
comprador do ingresso retira seu ingresso no dia do show
do Rio de Janeiro, nos dias 7 e 8 de novembro de 2011.
na entrada da casa, apresentando sua identidade e seu
No dia 7, a noite será comandada por Beady Eye (+
nome estará em uma lista especial. Caso o valor mínimo
banda internacional a confirmar + abertura nacional) e o
não seja atingido - no dia seguinte à data estabelecida
ingresso custa R$ 90.
como limite - todos que colaboraram serão imediatamente
Já na noite do dia 8 de novembro, a festa será por
reembolsados, via estorno no cartão de crédito utilizado
conta de Broken Social Scene e Toro Y Moi (+ abertura
para compra, e o evento não é confirmado.
nacional) com o ingresso a R$ 70.
Mas caso sejam somente vendidas as unidades
Além de uma iniciativa inédita na realização de
reembolsáveis, o evento está garantido com o valor
shows, o Queremos proporciona transparência no valor
mínimo arrecadado. E o evento acontece apenas para
real da realização de um show ou de um festival. q
32 || No Eixo
Álbuns Clássicos Defalla: A metamorfose do rock brasileiro
N
os anos 1980, a banda gaúcha Defalla já fazia, no Brasil, boa parte da mistura entre o rock e o funk, americano é claro, que o
Red Hot Chili Peppers levou para o grande público no mundo. Era o início do rock brasileiro, e algumas bandas começavam a ser conhecidas, como o Ira! e a Plebe Rude. Além dos grandes centros, Rio de Janeiro e São Paulo, Brasília e Porto Alegre começavam a revelar boas bandas. Edu K era o maluquete do grupo. Entre outras coisas, o cara se vestia de mulher, em alguns shows, com cintaliga, sutiã e outros adereços. Se você acha isso estranho, em 2011, imagine nos anos 1980... O Defalla tocou no festival Rock na Estação, que comemorava os dois anos da rádio curitibana Estação Primeira, realizado em 1988 no Palácio de Cristal, no Círculo Militar, ao lado do Ira!, dos Mulheres Negras, ex-banda do multi-instrumentista André Abujamra, dos Replicantes e do Nenhum de Nós. Foi um dos primeiros grandes shows que Curitiba presenciou. Edu K, depois do término da banda, simplesmente virou um cantor de música romântica, de terninho e tudo mais. Imaginem... Sua primeira aparição no cenário nacional foi na coletânea Rock Grande do Sul, lançada em 1986. Defalla, de 1987, e Defalla Vol. 2, de 1988, trazem grandes clássicos
do
rock
underground*
Marcos Paulo Curitibano, jornalista e músico. Atleticano desde sempre. baterista, uma fêmea segurando as baquetas... Biba Meira. Apesar do seu um metro e meio, Biba, em um português claro, desce a lenha na batera. Aliás, falando em Rio Grande do Sul, o estado já nos deu grandes bandas como os Engenheiros do Hawaii e o Nenhum de Nós. Ao lado de São Paulo de do Rio de Janeiro, os gaúchos foram os grandes produtores de cultura rock nesse início de rock brasileiro. A banda voltou a fazer shows em 2011. Especulase um novo trabalho, em breve, que pode ter qualquer estilo, afinal a banda já tocou baladas, passou pelo funk e chegou até ao heavy metal. Se você, como a grande maioria do público, só lembra do Defalla pela famigerada Popozuda Rock and roll, vá atrás da história dos caras, principalmente nos anos 80. Mesmo sem nunca ter sido considerada uma “banda de ponta”, de levar grandes multidões aos seus shows, o público do Defalla sempre foi fiel, pois os caras não faziam de sua música uma coisa vendável. Ao contrário, usavam todos os elementos disponíveis, na época, para diferenciarem o seu som. A banda sempre pertenceu ao underground* da música brasileira e é um dos poucos grupos que sobreviveram, mesmo que com que com um longo período de inatividade, desde os primeiros passos do rock nacional. q
brasileiro, como Não me mande flores, Repelente e Sobre amanhã. Os caras foram um dos primeiros grupos a compor letras em inglês. Junte isso com um som swingado e pesado, ao mesmo tempo, e teremos uma química poderosa. Você imagina um cover de Sossego, do mestre do soul brasileiro, Tim Maia, tocada em uma levada funk que depois vira um death metal? Os gaúchos talvez tenham sido a primeira banda do país a ter uma No Eixo|| 33
Divulgue sua banda Soundcloud http://soundcloud.com
Podem ser disponibilizadas músicas para downloads, releases, rider técnico e contatos com a banda.
Plataforma para postagens de músicas no formato mp3, com espaço para divulgação de links de redes sociais e site da banda. Também é possível a inclusão de email e telefone para contato com a banda ou para venda de shows. O Soundcloud tem opção de inscrição gratuita ou premium. As opções têm algumas diferenças entre si, mas o que mais pode pesar para uma banda contratar um dos planos da plataforma é poder aumentar o número de downloads permitidos de uma música e o tempo total de músicas que pode ser enviado. O site deixa disponível para qualquer usuário a opção de colocar um player pré definido com as músicas postadas pela banda em blogs ou outros sites. Mesmo com uma predefinição, o usuário pode modificar cores e optar para que a música comece automaticamente com o carregamento da página onde o player será postado.
Toque no Brasil (TNB) www.tnb.art.br
cab.php?Quem=40
Punkshop http://www.punkshop. com.br/shop/index_
A Punkshop é uma loja de vendas online mas que é uma empresa que fabrica todo tipo de merchandise para bandas. A marca foi criada em 1997 e entrou para o setor de vendas online em 2003. Até 2010 a Punkshop atendeu mais de 60 mil pedidos. Hoje a loja online trabalha com mais de cinco mil tipos de produtos oficiais, autorizados e licenciados por seus autores e proprietários. Algumas sugestões dadas pela empresa para bandas divulgarem seu trabalho são diversos modelos de camisetas, bottons, adesivos, mouse pads, chaveiros, canetas e muitos outros produtos. No site existem informações sobre valores e quantidade mínima de produtos que devem ser adquiridos, uma boa pedida para bandas que desejam ter merchandising próprio.
Wix http://pt.wix.com
O Toque no Brasil é uma rede de oportunidades para dinamizar e fortalecer laços entre elos da cadeia de valor da música, além de facilitar o encontro entre quem faz a música e quem contrata músicos e bandas.
O Wix é um site para fazer sites! Sites em flash com
No TNB, artistas de qualquer estilo podem criar um
conteúdo pronto, mas que podem ser editados para que
perfil e se inscrever para as diversas oportunidades abertas
fiquem com a personalidade do dono. A Wix nasceu em
no formato de convocatória, onde o gestor da oportunidade
2006, mas só disponibilizou sua primeira versão em junho
realiza a curadoria online e divulga os resultados, tudo
de 2008.
dentro do site. As oportunidades podem ser apresentações
O site tem cadastro gratuito e está disponível em
ao vivo (shows, festivais e turnês); publicidade (propaganda,
português. Uma maneira fácil e rápida para criar um site
jingle e trilha sonora) ou interações com marcas (patrocínio,
com traços profissionais mesmo sem entender - muito ou
competições e concursos).
quase nada - de programação.
Tudo isso é feito na lógica das redes sociais, onde
A opção premium dá direito a domínio próprio gratuito
todo usuário tem um perfil inteiramente customizável, onde
por um ano, sem anúncio da Wix, além de um cupom que
consegue carregar arquivos e interagir com os demais.
dá direito a um anúncio do seu site no Facebook. q
34 || No Eixo
No Eixo|| 35
Dentro e fora do mains
O mainstream* é um desejo de muitos, mas que pode ser alcançado por poucos. Estar nele e s Talita Lima
V
iver de música, para muitos, é um sonho.
também uma parcela de músicos que já estiveram
Sonho que muitas vezes não pode ser
no mainstream e que hoje, fora dele, conseguem se
mantido pelas dificuldades de conseguir
manter apenas com a música. O que é inegável é que o
se sustentar financeiramente. Para alguns músicos, ter
mainstream também faz com que você aprenda a fazer
uma banda com uma gravadora e todos os aparatos
as coisas da maneira certa mesmo quando se vai utilizar
necessários para se manter somente como músico é
o conhecimento fora dele.
essencial. Mas há aqueles que consigam, sim, viver
Um bom exemplo disso é Leo Richter, que ficou
somente da música mesmo sem todo esse apoio. Existe
conhecido nos anos 2000 com a boy band brasileira, Twister. Uma época em que o pop dominava o cenário musical tanto no Brasil quanto no exterior. No auge do sucesso de artistas como Backstreet Boys, *Nsync e Five, o Brasil não poderia ficar de fora, e foi nessa época que surgiu o Twister. O Twister, além de Leo, era composto inicial
por
em
sua
formação
Gilson
Campos,
Sander Mecca e Luciano Borba, sob os cuidados do empresário Hélio Batista. Hélio havia sido responsável
pela
turnê
dos
Menudos no Brasil anos antes e tinha bastante experiência no ramo. A banda estava erradicada em São Paulo, conseguiu um contrato com a gravadora Abril Music e o sucesso foi conquistado com a música 40 graus. Tudo ia muito bem até a saída repentina de Luciano e a entrada de Alex Bandeira. A história ficou mal explicada, mas a banda seguiu em frente até o Twister trocar o empresário Hélio Batista e chamar Luciano de volta. Com isso o quarteto virou quinteto, e 36 || No Eixo
stream
sair pode ser frustrante, ou não. de quebra arrumou as malas rumo ao México, onde já
na minha vida, mesmo na época do Twister. Além de
havia uma carreira consolidada com muitos fãs e era
cantar e tocar também é produtor, uma tendência de
responsável pela música tema de uma novela intitulada
bandas independentes. “A verdadeira arte não é um
El Juego de La Vida. Com o sucesso no México, a
produto, e o fato de a banda ter autonomia ajuda muito
banda ainda foi responsável pelo show de abertura do
para compor algo com essência e originalidade. Afinal
grupo *Nsync.
é assim que se faz história. Aos poucos o público tem
A banda seguiu bem até que em meados de 2002,
procurado mais por bandas que não estejam na moda
sem muitas explicações, a banda acabou. Segundo
e que tenham conteúdo diferenciado. Hoje vivemos um
Leo, o caminho foi lógico. “Com o fim da gravadora e
bom momento para a música, todos podem mostrar
também do contrato com o empresário, a banda perdeu
seu trabalho, porém nem sempre vemos conteúdo ou
espaço na mídia o que contribuiu para o fim. Foi na
originalidade. Vejo um futuro onde não existirão mais
mesma época também que alguns na banda tinham
gravadoras físicas, mídia de cd, TV aberta, tudo será
começado seus trabalhos solo reforçando a decisão de
bem democrático, você grava suas músicas e apresenta
encerrar a banda Twister”.
ao público, os shows serão transmitidos pela internet,
De lá pra cá muito aconteceu, mas Leo não deixou a música e acredita que, se fosse hoje, talvez a banda
muitos já são transmitidos. Será a era da autonomia, quem tiver talento sobreviverá.”
pudesse continuar, mesmo sem uma gravadora, mas
Segundo Leo, atualmente existe uma inversão
Leo ainda completa que somente a internet não é
de papeis entre mainstream e undreground*, e que
suficiente. “Se tivéssemos na época esse apelo da
logo o under vai precisar de um novo nome. “Hoje o
internet como nos dias de hoje, talvez pudéssemos
underground virou mainstream, as gravadoras têm se
continuar com a banda em atividade. Sinceramente eu
interessado muito por bandas que têm seu público e
não acho que somente a internet possa fazer com que
sobrevivem no underground, consequentemente essas
um artista se projete a ponto de ter grande público ou
bandas farão parte do mainstream. Vejo que terão que
mantê-lo, já foi o tempo que isso deu certo. Nem todos
criar uma nova sigla para underground, pois nenhum
que curtem o seu trabalho pela internet vão aos shows
artista quer ser totalmente underground, precisam
ou compram os discos.”
conquistar um público maior, e pra isso precisam do
Depois do Twister, Leo voltou com uma banda anterior, a Deex. “A Deex era a banda que eu tinha antes
mainstream. A própria internet hoje é o mainstream dessa galera.”
do Twister só que com outro nome – A.R-15 – e estilo,
Mesmo fora do mainstream, hoje Leo se considera
com a mesma formação, o som era Hard e Heavy Metal
mais preparado para o cenário musical e não sente
Melódico, e as composições eram em inglês. Quando
nenhuma frustração por ter saído do meio. “Para mim
saí do Twister e remontei a Deex, o trabalho era mais
não há diferença, basta trabalhar que aos poucos vai
pop, pois as minhas influências nessa época eram mais
reconquistando o seu espaço. Em termos de composição
pop e foi um seguimento do trabalho que vinha fazendo”.
e produção, hoje, me sinto muito mais preparado, e
Desde 2008, Leo está com a banda La Madre, uma
tudo graças ao fato de não estar mais no mainstream
banda de rock, com composições autorais. “Quando
e ter tempo de me dedicar às novas ideais. Costumo
montei a La Madre, resolvi voltar às minhas origens e
dizer, devagar e sempre, vejamos o que o futuro nos
resgatar a sonoridade rock que sempre esteve presente
reserva.” q No Eixo|| 37
38 || No Eixo