TALVANE SOBREIRA
PREVALÊNCIA DE LESÕES BENIGNAS NA CAVIDADE BUCAL EM PACIENTES DO HOSPITAL NAPOLEÃO LAUREANO – JOÃO PESSOA/PB.
UNIVERSIDADE FEDRAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA
João Pessoa – PB 2004
TALVANE SOBREIRA
PREVALÊNCIA DE LESÕES BENIGNAS NA CAVIDADE BUCAL EM PACIENTES DO HOSPITAL NAPOLEÃO LAUREANO - JOÃO PESSOA/PB
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia, da Universidade Federal da Paraíba em cumprimento às exigências para obtenção do Título de Mestre em Odontologia. Área de concentração: Diagnóstico Bucal.
Orientador: Prof. Dr. Lino João da Costa
João Pessoa 2004
Dados Internacionais de Catalogação na Publicaçao (CIP) Biblioteca Setorial de Odontologia - UFPB
Sobreira, Talvane. Prevalência de lesões benignas na cavidade bucal em pacientes do Hospital Napoleão Laureano - João Pessoa/PB/ Talvane Sobreira. João Pessoa: UFPB, 2004. 75p. Dissertação (mestrado em Odontologia) – Programa de PósGraduação em Odontologia, Universidade Federal da Paraíba. 1 Lesões bucais 2 Neoplasias Benignas 3 Biopsia I Titulo CDU 616.31-006(043) S677p
Bibliotecária Responsável Izabel França de Lima CRB 4/ 1098
TALVANE SOBREIRA
PREVALÊNCIA DE LESÕES BENIGNAS NA CAVIDADE BUCAL EM PACIENTES DO HOSPITAL NAPOLEÃO LAUREANO – JOÃO PESSOA/PB.
Data da defesa 27/02/2004
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________ Prof. Dr. Lino João de Costa Orientador- UFPB
_______________________________________ Prof. Dr. Ítalo Honorato Alfredo Gandelmann Examinador – UFRJ
_______________________________________ Profa. Rita de Cássia Cavalcanti Gonçalves Examinador - UFPB
João Pessoa - PB 2004
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, pois sem Ele nada seria possível. Aos meus pais, pois sem eles eu não teria tido esta oportunidade. À minha esposa, pois sem ela eu não teria esta conquista. Aos Meus filhos, pois sem eles não haveria razão nisto tudo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que de uma forma ou de outra contribuíram para a finalização deste trabalho, mas agradeço especialmente: Ao amigo Dr. João Batista Simões pelo seu empenho demonstrado para que esta pesquisa fosse realizada. Ao Prof. Lino João da Costa pela maneira amiga e sincera que conduziu a orientação. À minha turma de mestrado, pela convivência amistosa e solidária no período em que passamos juntos. Aos meus amigos Gustavo, Luciana, Sheila, Marcelo, Neto, Conceição pelas sempre presentes palavras de incentivo e amizade. Aos professores, que sempre demonstraram interesse e vontade em nos transmitir seus conhecimentos, em particular ao Prof. Fábio Sampaio, pela sua extrema capacidade e competência. Aos funcionários que conviveram conosco neste período de nossas vidas se fazendo úteis e solidários. Ao meu amigo Jayro Nyelles, pelo seu incentivo e apoio nesta empreitada. À Vanda, chefe do Serviço de Arquivo médico do HNL, núcleo da pesquisa Ao Prof. Wilton Padilha, pelos seus ensinamentos e estímulo, sem os quais eu não teria terminado este trabalho. Aos meus alunos e amigos Gaião e Waldson, pessoas especiais que sem sua ajuda e dedicação este trabalho não seria possível. À Profa. Izabel França de Lima pela sua extrema paciência, dedicação e ajuda na conclusão deste trabalho.
DE NOVO Se caíste em serviço, Levanta-te e caminha. Por nada te envergonhes Começar outra vez... Nem te humilhe rogar Auxilio companheiro. Ainda moras na Terra Não no país dos Anjos Toma a charrua e lavra O solo que te espera. De novo planta o bem Deus te protegerá Emmanuel
RESUMO
Este trabalho objetivou descrever a prevalência de lesões benignas que se desenvolveram na cavidade bucal, bem como a sua localização anatômica, hipótese diagnóstica, laudo de exame radiográfico, diagnóstico histopatológico e tratamento realizado. Como metodologia utilizou-se uma abordagem indutiva, com procedimento descritivo estatístico e técnica de pesquisa documental indireta. O universo do estudo compreendeu os prontuários de pacientes de ambos os gêneros que buscaram atendimento no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Napoleão Laureano – João Pessoa / PB, no período de Janeiro de 1990 a Dezembro de 2000. A amostra compreendeu os pacientes dos quais os prontuários indicavam a presença de lesões benignas na cavidade bucal. Os resultados encontrados quanto ao perfil dos pacientes revelou maior prevalência no gênero feminino (52,8%); idade média de 39 anos; e etnia branca predominante (56%). Quanto a presença da lesão, o hemangioma foi a mais prevalente (47,2%); e a língua foi a região anatômica mais acometida (36%), seguida da mucosa labial inferior (16%); sendo que o blastoma foi a hipótese diagnóstica inicial de maior relevância (45,6%); o tratamento eleito foi cirúrgico em 100% dos casos. Pode-se concluir que houve uma equivalência na frequência das lesões em relação ao gênero dos pacientes; o hemangioma foi a lesão com maior frequência e a língua foi a área anatômica mais afetada. Houve expressiva discordância entre a hipótese diagnóstica
e
o
resultado
do
exame
anátomo-patológico.
DESCRITORES: Lesões bucais, Neoplasias benignas, Biópsia.
ABSTRACT
This work aimed to describe the prevalence of benign lesions that they grew in the buccal cavity, as well as your anatomical location, diagnostics hypothesis, X-Ray analysis, histopatological diagnosis and accomplished treatment. The analysis was an inductive approach, with statistical descriptive procedure and indirect documental technique research. The universe includes the patients' records attended at the Head and Neck service in Napoleão Laureano Hospital - João Pessoa / PB, includes a period among January, 1990 and December, 2000. The sample consists in patients who were present any benign lesions in the buccal cavity. The results found, with relationship to the patients' profile (male and female) revealed larger prevalence at female gender (52,8%); medium age 39 years old; and predominant white ethnic (56%). The hemangioma was the more relevant lesion (47,2%); and the tongue was the anatomical area more affected (36%), followed by the lower lip mucous membrane (16%); and the blastoma was the hypothesis more relevant (45,6%); the elect treatment was surgical in 100% of the cases. It’s can be concluded that there was equivalence in the lesions frequency in comparison to patients' gender; the hemangioma was the lesion more frequent and the tongue was the more affected anatomical area. There was expressive disagreement between the diagnostic hypothesis and the result of the pathologic anatomy exam. Key words: Buccal lesions, benign Neoplasm, Biopsy.
LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Distribuição dos pacientes em número e porcentagem segundo o gênero...........................................................................................42
TABELA 2 - Distribuição das idades dos pacientes por média e amplitude, em relação ao gênero.........................................................................42
TABELA 3 - Distribuição de etnia dos pacientes em número e porcentagem conforme encontradas na amostra..............................................42
TABELA 4 - Distribuição das lesões benignas da cavidade bucal em número e porcentagem de acordo com o diagnóstico histopatológico.........43
TABELA 5 - Distribuição das lesões benignas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo o ano de ocorrência.................................43
TABELA 6 - Distribuição das lesões benignas da cavidade bucal em número e porcentagem conforme região anatômica de ocorrência..............44
TABELA 7 - Distribuição dos casos de hemangioma da cavidade bucal em número
e
porcentagem
conforme
região
anatômica
de
ocorrência....................................................................................44
TABELA 8 - Distribuição dos casos de papiloma da cavidade bucal em número e porcentagem conforme região anatômica de ocorrência...........45
TABELA 9 - Distribuição dos casos de ameloblastoma na cavidade bucal em número
e
porcentagem
segundo
região
anatômica
de
ocorrência.....................................................................................45
TABELA 10 - Distribuição dos casos de hemangioma na cavidade bucal em número e porcentagem segundo gênero e faixa etária dos pacientes...................................................................................45
TABELA 11 - Distribuição dos casos de papiloma em número e porcentagem segundo gênero e faixa etária dos pacientes............................46
TABELA 12 - Distribuição do ameloblastoma em número e porcentagem segundo o gênero e a faixa etária dos pacientes...................46
TABELA 13 - Distribuição das lesões benignas da cavidade bucal em número e
porcentagem
segundo
a
hipótese
diagnóstica
estabelecida.............................................................................47
TABELA 14 - Distribuição dos casos de hemangiomas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo a hipótese diagnóstica, confirmada pelo exame histopatológico...................................48 TABELA 15 - Distribuição dos casos de papiloma da cavidade bucal em número e porcentagem segundo a hipótese diagnóstica confirmada pelo exame histopatológico...................................48
TABELA 16 - Distribuição dos casos de ameloblastoma em número e porcentagem, segundo a hipótese diagnóstica confirmada pelo exame histopatológico............................................................49
TABELA 17
- Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo o diagnóstico radiográfico.............................................................................49
TABELA 18 - Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo tratamento realizado.................................................................................49
TABELA 19
- Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo ocorrência de recidivas da lesão...................................................................49
TABELA 20
- Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem que recidivaram.................50
TABELA 21 -
Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem de acordo com o diagnóstico histopatológico dos pacientes que não possuíam registro no arquivo do hospital..................................................................50
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................15 2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................17 2.1 LESÕES BENIGNAS.............................................................................19 2.2 TUMORES ODONTOGÊNICOS............................................................20 2.3 HEMANGIOMA......................................................................................22 2.4 PAPILOMA............................................................................................24 2.5 AMELOBLASTOMA..............................................................................25 2.6 LIPOMA..................................................................................................27 2.7 FIBROMA...............................................................................................28 2.8 NEUROFIBROMA..................................................................................29 2.9 OSTEOMA.............................................................................................30 2.10 MIXOMA...............................................................................................31 2.11 OSTEOBLATOMA...............................................................................32 2.12 LINFAGIOMA.......................................................................................34 2.13 ADENOMA PLEOMÓRFICO (TUMOR MISTO BENIGNO)................35 2.14 HISTIOCITOMA...................................................................................36 3 PROPOSIÇÃO .........................................................................................37 4 METODOLOGIA ......................................................................................38 5 RESULTADOS .........................................................................................41
6 DISCUSSÃO ............................................................................................51 7 CONCLUSÕES ........................................................................................57 REFERÊNCIAS ...........................................................................................58 ANEXO A – Ficha de coleta / Prevalência de neoplasias benignas............64 ANEXO B - “Assim nasceu a fundação laureano”.......................................65
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1
INTRODUÇÃO O termo neoplasia significa novo crescimento e, biologicamente significa
uma massa anormal de tecido, com crescimento excedente e descoordenado daquele dos tecidos normais, persistindo da mesma forma excessiva após a cessação dos estímulos que desencadearam a alteração, havendo a perda de resposta aos controles de crescimento normal. O termo tumor empregado atualmente refere-se quase que exclusivamente a massas neoplásicas que podem causar tumefação na superfície corporal, mas, literalmente, um tumor é uma tumefação que também pode ser ocasionado por edema ou hemorragia em um determinado tecido (KUMAR; COTRAN; ROBBINS, 1994). Caracterizam-se como crescimentos descontrolados, que tendem a se desenvolver em pacientes fisicamente debilitados, e apresentam um certo grau de autonomia, não possuindo, contudo, uma autonomia completa. Aumentam de tamanho, de forma mais ou menos constante, ocupando uma determinada extensão. Comumente sabe-se que a maioria dos tumores benignos cresce lentamente e que a maioria dos cânceres cresce muito mais rápido, para, afinal, disseminar-se no local e / ou para locais distantes. No entanto, existem várias exceções a esta generalização, como no caso dos leiomiomas, tumores benignos do músculo liso do útero, que é influenciado pelos níveis circulantes de estrogênio, podendo aumentar rapidamente no período de gravidez e, inversamente, parar o seu crescimento ou até mesmo atrofiar, tornando-se fibro-calcificado após a menopausa (KUMAR; COTRAN; ROBBINS, 1994). Segundo Kumar; Cotran; Robbins (1994) todos os tumores, até mesmo os benignos podem causar morbidade e mortalidade, portanto, cada novo crescimento tumoral deve ser cuidadosamente acompanhado, a fim de se
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identificar o tipo de lesão, sendo conveniente destacar que os tumores benignos são mais freqüentes do que os cânceres e, devido à localização e invasão das estruturas adjacentes, síntese hormonal, sangramentos e infecções secundárias, podem provocar desde complicações sistêmicas até resultar em morte do paciente. Este trabalho objetivou descrever a prevalência de lesões benignas que se desenvolveram na cavidade bucal, bem como a sua localização anatômica nas estruturas orais; hipótese diagnóstica; laudo de exame radiográfico; diagnóstico histopatológico e tratamento realizado e ocorrência de recidivas em pacientes do Hospital Napoleão Laureano.
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REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Tommasi 1977, a boca constitui um conjunto de estruturas “banhadas” pela saliva, contendo uma microflora própria em íntimo contato com o meio externo e, além das agressões que sofre no desempenho de suas funções, é sede de inúmeros fatores modificadores de sua higidez. Possui um incrível potencial defensivo que mantém seu equilíbrio biológico, mesmo sob condições bastante desfavoráveis. As estruturas histológicas da mucosa bucal, a microflora, saliva e metabolismo de todo o conjunto, são alguns dos elementos responsáveis por sua alta capacidade de defesa. O aspecto morfológico e funcional da mucosa bucal varia conforme a região ou parede da boca. A mucosa que reveste o palato duro e gengiva inserida é extremamente queratinizada e denominada mucosa mastigatória. O dorso da língua é recoberto por epitélio semelhante, porém funcionalmente especializado em decorrência da presença de diversas papilas linguais. A mucosa que recobre as demais estruturas é denominada de revestimento. Essas diferenças são bem evidenciadas quando se realiza uma citologia esfoliativa nas diversa localizações anatômicas. Clinicamente, essas variações regionais da mucosa bucal serão de importância na interpretação de diversos estados patológicos; a própria interpretação da citologia esfoliativa depende da região em que as células são obtidas (TOMMASI, 1977). O diagnóstico consiste em obter dados através de exames do paciente para coleta dos sinais e sintomas, conduzem e orientam o clínico a determinar uma doença. O diagnóstico clínico inicia-se com a observação dos indícios, dados clínicos que, isolados, não podem definir nem estabelecer uma doença,
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podendo apenas sugeri-la ou indicar uma conduta a ser seguida. Quando os dados clínicos são insuficientes para montar as hipóteses de diagnóstico ou ainda não se pode levantar hipótese devido à pobreza de sintomatologia, tornam-se necessários procedimentos clínicos (semiotécnicos) que auxiliem a formação do diagnóstico provisório, como as raspagens nos casos de lesões brancas. Se a área branca em questão destacar-se, pode sugerir uma lesão ulcerada que com freqüência se apresenta recoberta por pseudomembrana ou uma candidíase pseudomembranosa, o que não define necessariamente a lesão. Portanto, a semiologia é o estudo dos sinais e sintomas. Os sintomas consistem de manifestações clínicas subjetivas relatadas pelo paciente, como as dores, as coceiras, a sensibilidade gustativa e outras, enquanto o sinal é observado pelo clínico e representa manifestações objetivas, como manchas e elevações de mucosa. Assim, o conjunto de sinais e sintomas compõe o quadro clínico ou sintomatologia do paciente, sendo utilizado para descrever em conjunto todas as informações que se extraiu do relato e do exame físico. Já o sinal patognomônico é exclusivo de uma doença e indica de maneira absoluta a sua existência, especificando-lhe o diagnóstico (BORAKS, 2001). Segundo o supracitado autor, a semiologia compõe três partes: semiogênese, que é o estudo da formação dos sinais e sintomas de acordo com o ponto de vista clínico; semiotécnica, que é a técnica de colheita dos sinais e sintomas, utilizando os sentidos naturais do examinador, e a propedêutica clínica, a qual analisa e interpreta os dados coletados pela semiotécnica atribuindo-lhes valores clínicos.
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Com relação ao tratamento, temos que considerar que, apesar do crescente
desenvolvimento
da
terapêutica
moderna,
muitas
doenças
permanecem com seus fundamentos etiológicos desconhecidos, e para outras ainda não foi possível desenvolver um recurso efetivo. As bases da terapêutica moderna são fundamentadas em pesquisa e experiência clínica, porém, nem mesmo todo conhecimento científico acumulado até o momento pode superar o bom senso profissional (TOMMASI, 1977).
2.1 LESÕES BENIGNAS
Um tumor benigno é um crescimento tecidual de causa desconhecida, inútil ao organismo, contínuo, de progressão lenta e autolimitada. Apesar de, na grande maioria dos casos, não ter origem definida, não é incomum o aparecimento de lesões tumorais benignas estimuladas por fator traumático mecânico. Como são de curso lento, em geral, as células que compõem os tumores benignos são semelhantes às do tecido que lhes deu origem, estando aumentadas quantitativamente, e, clinicamente, os tumores, na maioria das vezes não são ulcerados, sendo representados em geral por nódulos com contorno nítido e bem definido. A coloração é geralmente a mesma da mucosa que o recobre, ou pode se alterar, dependendo do conteúdo de sua massa (BORAKS, 2001). Segundo Kumar; Cotran; Robbins (1994) um tumor é considerado benigno quando suas características citológicas e macroscópicas indicam, de
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certa forma, que este se localiza no sítio de origem, sem que haja disseminação para estruturas adjacentes ou à distância, sendo sensível à remoção cirúrgica local. Shafer; Hine; Levy (1987) afirmam que um tumor pode ser definido como o aumento de volume de tecido, e, no sentido estrito, a palavra não sugere um processo neoplásico. Enquanto cisto verdadeiro é uma cavidade atapetada por um epitélio, podendo estar situado inteiramente dentro de tecidos moles ou profundamente no interior de ossos, ou ainda localizar-se sobre uma superfície óssea produzindo uma área depressível por compressão. Dentro dos maxilares, este epitélio pode ter sua origem no epitélio odontogênico, e a proliferação e degeneração cística deste formará os cistos odontogênicos (BORAKS, 2001).
2.2 TUMORES ODONTOGÊNICOS
Os tumores odontogênicos como grupos de tumores de comportamento neoplásico ou blastomatóide são raros. A natureza e origem de muitas das lesões odontogênicas mais raras seguem sendo obscuras e a patologia comparativa dos tumores odontogênicos constitui um problema complexo, portanto o seu reconhecimento e interpretação são de fundamental importância para se chegar a uma terapêutica apropriada (GORLIN; GOLDMAN, 1980). Enquanto que para Lu et al. (1998); Mosqueda-Taylor (1997) Regezi; Sciubba (2000) os tumores odontogênicos são lesões provenientes dos tecidos
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epiteliais ou mesenquimais, que fazem parte do mecanismo de composição do elemento dentário e são encontrados quase exclusivamente na mandíbula e maxila, portanto tais localizações devem ser consideradas quando se realiza diagnóstico diferencial e o conhecimento das características básicas típicas, como a idade, localização e aspecto radiográfico dos diversos tumores odontogênicos pode ser muito importante na composição de um diagnóstico diferencial. Sugerem a classificação dos tumores odontogênicos em: Tumores epiteliais – Ameloblastoma, tumor odontogênico escamoso, tumor epitelial odontogênico calcificante, tumor odontogênico de células claras e tumor odontogênico adenomatóide. Tumores mesenquimais – Mixoma odontogênico, fibroma odontogênico central, fibroma cementificante, cementoblastoma, displasia cemento-óssea periapical. Tumores mistos (epiteliais e mesenquimais) – Odontoma, fibroma ameloblástico e fibrodontoma ameloblástico. E tumores benignos não-odontogênicos: fibroma ossificante, displasia fibrosa,
fibroma
desmoplástico,
osteoblastoma,
osteoma
osteóide,
osteoblastoma, condroma, osteoma, granuloma central de células gigantes, tumor de células gigantes, hemangioma do osso, doença da célula de Langherans, toros, exostoses e hiperplasia da coronóide.
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2.3 HEMANGIOMA
O hemangioma é uma lesão benigna dos vasos sanguíneos, sendo um tumor comum em recém-nascidos e da infância, embora alguns casos se desenvolvam em adultos. Em algumas situações, a lesão representa provavelmente um hamartoma e não um neoplasma verdadeiro, sendo reconhecido vários tipos, que incluem: hemangioma capilar, hemangioma juvenil,
hemangioma
cavernoso
e
o
hemangioma
arteriovenoso.
O
hemangioma capilar é o tipo mais comum, sendo de três a cinco vezes mais freqüente no gênero feminino que no masculino, iniciando na pele como uma área plana e avermelhada, observada no nascimento ou nas primeiras semanas de vida, proliferando rapidamente entre seis e doze meses. Também produz massa elevada e freqüentemente lobulada, que varia do vermelho ao roxo. O hemangioma juvenil refere-se ao estado imaturo altamente celular de um hemangioma capilar, sendo comum na região parotídea, constituindo o tumor mais comum de glândula parótida na infância. O hemangioma cavernoso possui este nome devido ao grande diâmetro dos vasos sanguíneos proliferantes, mostrando características clínicas semelhantes ao hemangioma capilar, incluindo a ocorrência na infância e a preferência pelo gênero feminino e pela região da cabeça e do pescoço. Já os hemangiomas arteriovenosos são malformações vasculares causadas por uma comunicação anormal entre a circulação arterial e venosa, transpassando o leito capilar (NEVILLE et al., 1998). Estudos realizados por Barrett; Speight (2000), mostram que, das 470 lesões vasculares observadas, 36 lesões de 35 pacientes (19 feminino e
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16 masculino) tinham as características do hemangioma arteriovenoso superficial. Todas as lesões estavam situadas no interior da cavidade bucal ou no vermelhão do lábio, e a idade média dos pacientes acometidos pelo hemangioma foi de 59 anos. É importante destacar que todas as lesões ocorriam solitárias, em 17 dos 35 pacientes; lábios e comissuras labiais foram afetados. Estes autores concluíram em seu estudo que o hemangioma arteriovenoso superficial de mucosa oral é incomum, de etiologia multifatorial, é uma lesão benigna e a completa excisão parece ser curativa na maioria dos casos. A respeito do hemangioendotelioma epitelióide, Pigadas et al. (2000) afirma que é bastante incomum e com um curso clínico imprevisível. O termo hemangioendotelioma epitelióide é utilizado para diferenciar aquelas lesões vasculares de epitélio de células endoteliais dos hemangiomas benignos ou aqueles altamente agressivos, como os angiossarcomas. A localização preferida é nos pulmões, fígado, ossos, tecidos moles e pele, podendo ocorrer na cavidade bucal. O termo hemangioendotelioma também tem sido usado para designar hemangiomas das glândulas salivares. Esta lesão ocorre em pacientes com idade avançada, aproximadamente na sétima década de vida e afeta homens e mulheres. Quando ocorre na cavidade bucal, afeta mais a gengiva, mucosa alveolar, língua e palato. Não apresenta etiologia conhecida, podendo-se associar a lesão ao trauma, à radioterapia e a fatores hormonais. O tratamento de eleição é a excisão dos linfonodos regionais.
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2.4 PAPILOMA
O papiloma escamoso oral é uma proliferação benigna do epitélio escamoso estratificado, presumivelmente induzido pelo papiloma vírus humano (HPV), o qual encerra um grupo de viroses de filamento duplo de DNA do subgrupo A de papovavírus, que pode estar completamente integrado ao DNA da célula hospedeira. O modo de transmissão é desconhecido. Em oposição a outras lesões induzidas por HPV, as viroses, nessa lesão, parecem ter uma virulência e uma taxa de infectuosidade extremamente baixas (MAO, 1995; MILLER; WHITE, 1993). O papiloma é uma lesão nodular, globosa, filiforme ou papilífera, pediculada, de coloração esbranquiçada, de superfície opaca, de textura áspera, verrucosa de pequenas dimensões, de 1 a 5 mm de diâmetro em geral, podendo ocorrer em qualquer área da mucosa bucal, sendo prevalente na semimucosa labial, dorso da língua e palato duro, ou seja, em áreas bastante queratinizadas. Pode está associada a traumatismo mecânico crônico de baixa intensidade. Os papilomas orais são mais comumente diagnosticado em pessoas de 30 a 50 anos de idade e aparece, com a mesma frequência, em homens e mulheres (GERSON, 1990; PINDBORG, 1980; WARD et al. 1995). A maioria dos patologistas orais considera o papiloma como um tumor benigno de superfície epitelial bem definida. A etiologia do papiloma oral é desconhecida, sendo um tumor que se origina com freqüência a partir de uma mucosa de aspecto completamente normal, com ausência de sinais de traumatismos, infecções ou outras causas prováveis que contribuam para sua
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ocorrência (GORLIN; GOLDMAN, 1980; PREMOLI-DE-PERCOCO; RAMIREZ; GALINDO, 1998).
2.5 AMELOBLASTOMA
O ameloblastoma é o tumor odontogênico epitelial mais comum, que causa pouca ou nenhuma indução dos derivados mesodérmicos. Tem uma freqüência relativamente baixa e tem-se postulado várias origens: o revestimento epitelial do cisto dentígero, os restos da lâmina dental e órgão do esmalte, além da lâmina basal da mucosa bucal. Manifesta-se em geral na mandíbula em região de molares. Desenvolve-se de maneira assintomática, apresentando crescimento lento e progressivo a partir da infância ou da adolescência evoluindo, clinicamente imperceptível, até atingir dimensões que possam induzir expansão da cortical óssea e conseqüente abaulamento provocando assimetria facial, sem outra sintomatologia com até vinte anos de evolução (GARDNER, 1996). Boraks (2001) relata que o ameloblastoma manifesta-se clinicamente como osteolítica de crescimento lento e progressivo promovendo aumento consistente à palpação geralmente com abaulamento da cortical óssea. Podendo em alguns casos, apresentar aspecto exofítico, nos casos onde há rompimento da cortical óssea, exteriorizando-se para a cavidade bucal. Os primeiros sinais clínicos costumam aparecer a partir da terceira década da vida sem preferência por gênero e mais comumente na mandíbula. Podem provocar deslocamento e mobilidade dental.
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Os Ameloblastomas ocorrem em três diferentes situações: Sólido convencional multicístico 86%, unicístico 13% (NEVILLE et al., 1997; SAID, 1998). O aspecto radiográfico é característico de uma lesão multilocular radiotransparente, muitas vezes descrito como aspecto de bolhas de sabão, quando as loculações são grandes e como favos de mel quando são pequenas (GARDNER, 1996). Raramente são encontrados ameloblastomas extra-ósseos, os quais aparecem na gengiva e na mucosa jugal, sendo vistos em adultos mais velhos, geralmente entre 40 e 60 anos de idade. Podem surgir a partir do epitélio de recobrimento ou dos restos de Seres, e exibem um curso benigno não agressivo. Em geral, lesões extra-ósseas não invadem o osso subjacente e recidivam ocasionalmente (GARDNER, 1996; REGEZI; SCIUBBA, 2000). Em estudos realizados no Laboratório de Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no período de 1970 a 1999, foram diagnosticadas 5289 lesões dos maxilares e destas, 127 eram tumores odontogênicos confirmados histologicamente, sendo o ameloblastoma a segunda lesão mais prevalente, com 30,7% dos casos (SANTOS et al., 2001). Um dos questionamentos importantes sobre o ameloblastoma é o mecanismo pelo qual ele invade os tecidos circunjacentes, pois entre os fatores que modulam a invasividade local de uma neoplasia são as metaloproteínas da matriz (MMPs), pois estas enzimas podem clivar a maioria dos componentes da matriz extracelular (PINHEIRO, 2002).
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O prognóstico do ameloblastoma é favorável desde que sejam mantidas as normas de ressecção com a margem de segurança preconizada. (SACHS, 1998). O ameloblastoma é um tumor benigno que raramente assume formas malignas, além de a recidiva não ser rara. Muitas teorias têm surgido no que diz respeito à melhor forma de tratamento dos ameloblastomas, baseados principalmente nas suas características comportamento, levando vários autores a discordarem quanto ao tipo de tratamento ideal (GREMPEL et al. 2003).
2.6 LIPOMA
Segundo Gorlin; Goldman (1980) o lipoma é um neoplasma benigno, composto por células adiposas maduras. Apresenta crescimento lento, indolor e acomete muito raramente a cavidade oral, e quando isto acontece localiza-se mais freqüentemente na língua, assoalho de boca, mucosa jugal e fundo de sulco do vestíbulo (GARCIA, 1999). Pode apresentar-se séssil ou pedunculado, de consistência mole e superfície lisa e é freqüentemente encontrado em pacientes com mais de 40 anos e não há predileção por gênero. O tratamento é excisão cirúrgica e o prognóstico é excelente (ALLEGRA, 2001; NEVILLE et al., 1998; THOMA, 1946)
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Sarah et al. (1985) realizaram análise de 46 lipomas intrabucais num período de 20 anos, no Departamento de Patologia Oral da Faculdade de Odontologia da Universidade do Chile e observaram que esta lesão acometeu mais freqüentemente mulheres entre 50 e 70 anos e teve maior prevalência de localização para a mucosa jugal. A variante histológica mais comum foi o fibrolipoma, que é um tumor caracterizado pela presença de tecido adiposo e fibroso, sendo sua aparição no assoalho bucal muito rara, apesar de Chaparro et al. (2001) relatar o seu aparecimento em paciente de 72 anos de idade com uma base de implantação no assoalho bucal de 1cm e microscopicamente foram observadas células poligonais dispostas em ninho com citoplasma
2.7 FIBROMA
O fibroma ossificante periférico é uma lesão nodular, pediculada na maioria dos casos, de coloração avermelhada entremeada de áreas esbranquiçadas. Algumas vezes sangra quando se toca na lesão ou até espontaneamente, principalmente quando é traumatizada. Possui superfície brilhante e opaca em alguns pontos, às vezes ulcerada, apresentando textura e contorno irregulares e pode atingir grandes dimensões. Já o fibroma central é uma lesão fibrótica intra-óssea que possui algumas características do fibroma ossificante periférico, como o conteúdo da sua massa com o mínimo de tecido inflamatório e pode ser vista numa tomada radiográfica como uma área pouco
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radiopaca, circular e uniforme, podendo também apresentar calcificações em meio à massa, visível aos raios-X (PEREZ-ORDONEZ et al. 1999). O fibroma ossificante é caracterizado como um neoplasma bem delimitado e ocasionalmente encapsulado, formado de tecido fibroso que possui quantidades variadas de tecido calcificado lembrando osso, cemento ou ambos e o fibroma ossificante juvenil sujeita à controvérsia, distinguida de um grande número de fibromas ossificantes com base na idade dos pacientes, locais de envolvimento e comportamento clínico mais freqüentes (NEVILLE et al., 1998). De acordo com Gorlin; Goldman (1980), o fibroma não-osteogênico surge em pacientes com idade entre 15 e 38 anos; é caracterizado por crescimento lento, gradual e indolor, aparecendo com maior freqüência na mandíbula. Radiograficamente a lesão é bem definida, sendo pouco menos radiotransparente do que um cisto.
2.8 NEUROFIBROMA
O Neurofibroma é uma neoplasia benigna de origem nervosa, sendo a mais comum dentre todas as neoplasias que envolvem os tecidos nervosos e se origina das células de Schwann e de fibroblastos perineurais, embora sua origem seja controversa. São mais comuns nos adultos, apresentando-se como lesões moles, indolores, de crescimento lento e aumento de tamanho, desde pequenos nódulos a grandes massas. São tumores não-encapsulados,
30
passando axônios, diretamente através dos neurofibromas e normalmente envolvem múltiplas lesões, sendo as mudanças regressivas desta lesão, menos comum. Podem ser encontrados na pele e sua incidência na cavidade oral é comum, mas quando ocorrem são encontrados na língua e mucosa gengival e quando se desenvolvem dentro do osso são radiolúcidos podendo ser uni ou multiloculares (CHRYSOMALI et al. 1997; NEVILLE et al. 1998; KOSAKA et al. 2002; STAFNE; GIBILSCO, 1982;). Os neurofibromas são normalmente observados em associação com a doença de Von Recklinhausen`s (DUGAR; SHARP, 1999; HEHAR; OSEBOLD; MAXWELL, 195; MOORE, 1979). Sua ocorrência na região de parótida é bastante rara e somente oito casos foram registrados na literatura (KOSAKA et al. 2002). Quando se apresentam solitários podem ser tratados por excisão cirúrgica e a recidiva é rara (THOMA, 1946).
2.9 OSTEOMA
O osteoma é uma neoplasia benigna que se caracteriza pela proliferação do osso compacto ou esponjoso que acomete apenas o crânio e ossos da face. (ALLEGRA, 2001; GORLIN; GOLDMAN, 1980). Neville et al. (1998) refere dúvidas quanto ao fato dos osteomas serem entidades únicas, muitas vezes estas lesões são associadas a traumatismos ou processos inflamatórios do estágio final do processo hamartomatoso.
31
O osteoma pode surgir na superfície do osso como uma massa polipóide ou sinal (periósteo) e ainda localizado no espaço medular (endósteo). É mais comum em adultos jovens, acomete mais a mandíbula e é constituído de lesões isoladas e assintomáticas. Não há predileção por gênero, e são de aumento lento, podendo se elevar de tamanho, causando deformação (NEVILLE et al., 1998). Radiograficamente apresenta-se como lesão esclerótica, circunscrita e difícil de se diferenciar de processos não patológicos do osso esclerótico, podendo ser confundida com odontoma complexo (STAFNE; GIBILISCO, 1982). Estudos realizados no laboratório de Patologia Bucal da Faculdade de Odontologia da UFRGS estabeleceram que o osteoma é uma lesão de crescimento
lento
e
aparece
com
mais
freqüência
na
mandíbula.
Radiograficamente pode ser observado em localização central exclusivamente se for do tipo compacto e histologicamente é constituído por tecido ósseo compacto ou esponjoso, com características histológicas semelhantes ao tecido ósseo normal, sendo que o diagnóstico histológico correto só pode ser obtido quando associados a achados clínicos e radiográficos (BARBACHAN, 1985).
2.10 MIXOMA
O mixoma é um tumor benigno, raro, que preferencialmente ocorre na mandíbula, apresentando crescimento lento, assintomático e com alto grau de infiltração local (ELISSALDE; AGUIRRE, 1993; GONÇALES et al. 1999).
32
É constituído por tecido semelhante ao mesênquima odontogênico primitivo. São encontrados em adultos jovens, mas podem ocorrer em qualquer idade, porém a média de idade é de 25 a 30 anos. Não há predileção por gênero e a mandíbula é mais afetada do que a maxila. A lesão é geralmente indolor, sendo descoberta através de radiografias de rotina, que revelam uma área radiolúcida ou multilocular e suas margens são irregulares. Nas lesões radiotransparentes podem estar presentes finas trabéculas de osso. O diagnóstico diferencial é o ameloblastoma do ponto de vista radiográfico (ALLEGRA, 2001; GORLIN; GOLDMAN, 1980; NEVILLE et al., 1998). Panella (1987) afirma que a radiografia panorâmica é o exame de eleição para a correta elaboração das hipóteses diagnósticas. As técnicas radiográficas periapicais e oclusais, que à primeira instância, chamam a atenção do clínico para a alteração do padrão de normalidade óssea, também são incluídas. Em determinados casos o tumor apresenta tendência para formar fibras colágenas, sendo denominadas de fibromixomas ou mixofibromas, portanto não existem evidências de que estas formas devam ser consideradas entidades separadas, admitindo-se apenas como variação do mixoma (NEVILLE et al. 1998).
2.11 OSTEOBLASTOMA
O osteoblastoma benigno é uma lesão rara, que acomete os ossos da fíbula, coluna vertebral, fêmur, mandíbula e maxila. Pode ser confundido com
33
um tumor maligno. Ocorre mais comumente em pessoas jovens, abaixo dos vinte anos, mas pode ocorrer também em adultos mais velhos (SHAFER; HINE; LEVY, 1987; SLOOTWEG, 1992). Tem origem osteoblástica e caracteriza-se como uma lesão de crescimento
lento,
assintomática,
podendo,
algumas
vezes,
sofrer
transformação sarcomatosa e consiste de uma massa de tecido hipocelular mineralizado, podendo formar grande massa de trabeculado irregular. Esta matriz mineralizada contém numerosos osteoblastos hipercromáticos e um estroma fibroso ricamente vascularizado (NOWPARAST et al., 1979; SLOOTWEG, 1992). Somente 58 casos de osteoblastoma em maxila e mandíbula foram previamente registrados pela literatura inglesa até o ano de 1992, com idades variando entre 5 e 59 anos (SLOOTWEG, 1992). Estudos de Guerrero et al. (1998), através de revisão da literatura, encontraram 44 casos documentados, destes 32 (73%) localizavam-se na mandíbula e 12 (27%) em maxila, as idades variaram entre 5 e 38 anos. Clinicamente se caracteriza por dor na região envolvida com tumefação no local. Uma sintomatologia dolorosa aparece geralmente ‘a noite, radiograficamente a lesão se apresenta bem definida, com áreas radiolúcidas e radiopacas, podendo ser diferenciado clinicamente da infecção periapical, pela radiopacidade já referida e também pela expansão óssea observada. O tratamento na maioria dos casos é por excisão cirúrgica, sendo o prognóstico bom e a recidiva rara. (GORDON; MACINTOSH; WESLEY, 2001; THOMA, 1946; STAFNE; GIBILSCO, 1982).
34
2.12
LINFANGIOMA
Os linfagiomas são lesões tumorais benignas dos vasos linfáticos, as quais se localizam em 95% dos casos nas regiões do pescoço e axila, os outros 5% ocorrem esporadicamente nos ossos, pulmões, rins, mediastino e glândulas adrenais (PERRY, 2001). Existem controvérsias de que sejam neoplasmas verdadeiros (NEVILLE et al., 1998; ALLEGRA, 2001) e classificam-se em linfagioma simples, cavernoso e cístico (higroma cístico). O linfagioma simples ou capilar consiste em vasos pequenos, o cavernoso é composto por vasos grandes e dilatados e o cístico é composto de grandes espaços císticos macroscópicos. Tem predileção pela cabeça e pescoço e podem ocorrer tanto em crianças como em adultos. Quando acometem a cavidade oral, são mais freqüentes na língua, mas também é observado na mucosa jugal e palato. Por ser a língua a região mais afetada pode ser confundido com macroglossia, e quando acomete o lábio pode ser confundido com uma macroqueilia (GORLIN; GOLDMAN, 1980). Os Linfagiomas se apresentam de forma superficial e seu aspecto se assemelha a vesículas transparentes (ovos de rã), afetando mais o gênero masculino na proporção de 2:1. A hemorragia para dentro das vesículas pode dar uma coloração arroxeada, e os mais profundos apresentam-se como uma massa mole e mal definida. (NEVILLE et al. 1998; SHAFER; HINE; LEVY, 1987).
35
As recidivas são comuns, quando tratados os linfagiomas cavernosos, e mesmo nos linfagiomas capilares a regressão espontânea é rara (NEVILLE et al., 1998).
2.13 ADENOMA PLEOMORFO (TUMOR MISTO BENIGNO)
O adenoma pleomórfico é o tumor benigno mais freqüente das glândulas salivares e a parótida é a mais afetada, porém é pouco freqüente na glândula e sua incidência é de 1% de todas as neoplasias das glândulas salivares (FAUBEL et al. 1997). Figueiredo et al. (2001) realizaram um estudo epidemiológico de 196 tumores de glândulas salivares maiores e menores em dois Serviços de Anatomia Patológica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte no período de 1970 a 1999 e observaram que o adenoma pleomórfico foi a lesão benigna mais prevalente, a variação entre os gêneros masculino e feminino foi de 1,47: 1, sendo a glândula parótida a mais acometida pela lesão. Estudos do Departamento de Cirurgia do Hospital Clínico da Universidade do Chile mostram que dos 62 casos analisados de tumores de parótida entre 1977 e 1982, o tumor mais freqüente foi o adenoma pleomórfico benigno, com 40 dos 49 casos estudados (CANU, 1986). Para o tratamento desta lesão, a excisão cirúrgica é o tratamento eleito, devendo-se evitar a enucleação local, pois há o risco de não se remover o tumor por completo ou a cápsula pode ser rompida, permitindo-se assim a
36
permanência de células na base do tumor (FONSECA; MARTINS; SOARES, 1991).
2.14 HISTIOCITOMA
O fibrohistiocitoma é formado por histiócitos e células semelhantes a fibroblastos
produtoras
de
colágeno,
caracterizados
por
crescimento
encapsulado e abundantemente vascularizado. São relativamente raros na cavidade oral e nesta sua localização mais comum é na mucosa jugal e vestíbulo bucal. Ocorrem na meia idade ou em adultos mais velhos, apresentando-se como uma massa nodular indolor podendo variar de alguns milímetros a alguns centímetros. Podem ocorrem em qualquer parte do corpo e mais freqüentemente na derme. Foram relatados achados intra-ósseos nos maxilares (NEVILLE et al., 1998). Blanco et al. (2001) afirma que são lesões de tecidos moles, classificadas como benigna, tumores localmente agressivos e neoplasias malignas invasivas. Podem aparecer em qualquer parte do corpo e tem grande prevalência na região periorbitária. Shafer; Hine; Levy (1987) referiu que o tumor é mais freqüente em crianças e adultos jovens e que sua localização inclui o lábio e a língua.
37
3
PROPOSIÇÃO
Este estudo se propôs a realizar uma análise dos prontuários dos portadores de neoplasias benignas da cavidade bucal diagnosticadas e tratadas no Hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa/PB, num período de onze anos, bem como uma avaliação do diagnóstico clínico, radiográfico, tratamento e prognóstico destas neoplasias.
38
4
METODOLOGIA
Utilizou-se uma abordagem indutiva, com procedimento descritivo estatístico e técnica de pesquisa documental indireta.
4.1. UNIVERSO E AMOSTRA
O universo do estudo compreendeu os prontuários de pacientes do Hospital Napoleão Laureano – João Pessoa / PB, de ambos os gêneros que buscaram atendimento do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, no período de Janeiro de 1990 a Dezembro de 2000. A amostra do estudo compreendeu todos os prontuários de pacientes que indicaram lesões benignas na cavidade bucal.
4.2. COLETA DOS DADOS
A coleta dos dados foi dividida em duas etapas: Primeira etapa - Identificação dos prontuários de pacientes portadores de lesões benignas de cavidade bucal. Utilizando o arquivo do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Napoleão Laureano, selecionou-se a partir do exame anátomo-patológico dos pacientes, apenas aqueles prontuários de pacientes que foram atendidos pelo Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e que o referido exame indicava
39
presença de lesão benigna na cavidade bucal. Para tanto foi necessário analisar exames solicitados por todos os Serviços do Hospital, pois tais exames não se encontravam separados por especialidade, mas sim pelo ano em que foi realizado. As informações necessárias para a identificação dos prontuários foram registradas em planilha específica, a saber: o número do exame; o resultado do anátomo-patológico e o número de registro do prontuário. Segunda etapa – Análise dos prontuários Após identificação e acesso aos prontuários contendo lesões benignas da cavidade bucal, a pesquisa seguiu com a etapa da análise onde foram retiradas informações sobre o paciente e sobre a lesão. Estas informações também foram registradas em planilha específica e as informações sobre o paciente, organizadas da seguinte maneira: •
O ano em que procurou o serviço do Hospital pela primeira vez;
•
O gênero
•
A cor
•
A idade
Informações sobre a lesão: •
Diagnóstico
Hipótese diagnóstica;
Histopatológico;
•
Laudo radiográfico;
•
O tratamento realizado;
•
A região da lesão;
•
Presença de recidiva (evolução)
40
4.4. ANÁLISE DOS DADOS
Para a análise dos dados foi utilizado o programa Epinfo, versão 5.1, com a distribuição dos dados em tabelas de freqüência, porcentagens e médias (Estatística Descritiva).
41
5
RESULTADOS
Os resultados mostraram que no período de Janeiro de 1990 a Dezembro de 2000 houve ocorrência de 314 (trezentos e quatorze) casos de lesões benignas na cavidade bucal atendidos no Hospital Napoleão Laureano (HNL), destes apenas 125 (39,8%) possuíam registro no Serviço de Arquivo Médico (SAME) do referido hospital. As lesões benignas de boca encontradas nos exames anátomo-patológico foram: •
Hemangioma
•
Lipoma
•
Osteoblastoma
•
Neurofibroma
•
Fibrolipoma
•
Ameloblastoma
•
Linfagioma
•
Fibrohistiocitoma
•
Fibroma
•
Papiloma
•
Mixoma
•
Fibromixoma
•
Osteoma
•
Adenoma pleomórfico (tumor misto benigno)
42
As tabelas de 1 a 21 mostram as prevalências na amostra estudada.
As Tabelas 1, 2 e 3 evidenciam aspectos relacionados à características gerais da amostra estudada, considerando gênero, faixa etária e etnia.
TABELA 1 - Distribuição dos pacientes em número e porcentagem segundo o gênero.
Gênero
Nº
%
Feminino
66
52,8
Masculino
59
47,2
Total
125
100
TABELA 2 - Distribuição das idades dos pacientes por média e amplitude, em relação ao gênero.
Gênero
Média das idades
Amplitude das idades
Feminino
39,01
72 (04-76)
Masculino
36,64
77 (03-80)
TABELA 3 - Distribuição de etnia dos pacientes em número e porcentagem conforme encontradas na amostra.
Etnia
Nº
%
Brancos
70
56,0
Não informado no prontuário
36
28,8
Negros
4
3,2
Outras
15
12,0
Total
125
100
43
As Tabelas 4 e 5 distribuem as lesões de acordo com a sua prevalência e ocorrência por ano, respectivamente.
TABELA 4 - Distribuição das lesões benignas da cavidade bucal em número e porcentagem de acordo com o diagnóstico histopatológico.
Diagnóstico histopatológico
Nº
%
Hemangioma
59
47,2
Papiloma
31
24,8
Ameloblastoma
10
8,0
Lipoma
05
4,0
Neurofibroma
04
3,2
Fibrolipoma
03
2,4
Fibroma
02
1,6
Osteoma
02
1,6
Fibromixoma
02
1,6
Osteoblastoma
02
1,6
Linfagioma
02
1,6
Fibrohistiocitoma
01
0,8
Mixoma
01
0,8
Adenoma
01
0,8
Total
125
100
TABELA 5 - Distribuição das lesões benignas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo o ano de ocorrência.
Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Total
Nº 18 15 13 14 16 08 12 11 10 03 05 125
% 14,4 12,0 10,4 11,2 12,8 6,4 9,6 8,8 8,0 2,4 4,0 100
44
A Tabela 6 mostra como estão distribuídas as lesões benignas de cavidade bucal de acordo com a região anatômica, sendo que, as Tabelas 7, 8 e 9 demonstram as regiões anatômicas de ocorrência das lesões benignas mais prevalentes na cavidade bucal.
TABELA 6 - Distribuição das lesões benignas da cavidade bucal em número e porcentagem conforme região anatômica de ocorrência.
Região de lesão
Nº
%
Língua
45
36,0
Mucosa labial inferior
20
16,0
Mandíbula
19
15,2
Maxila
14
11,2
Mucosa labial superior
11
8,8
Gengiva
07
5,6
Palato mole
05
4,0
Mucosa jugal
03
2,4
Assoalho bucal
01
0,8
Total
125
100
TABELA 7 - Distribuição dos casos de hemangioma da cavidade bucal em número e porcentagem conforme região anatômica de ocorrência.
Região de lesão
Nº
%
Língua
24
40,7
Mucosa labial inferior
16
27,1
Mucosa labial superior
07
11,9
Maxila (palato duro)
05
8,5
Mandíbula
03
5,0
Região jugal
02
3,4
Gengiva
01
1,7
Assoalho bucal
01
1,7
Total
59
100
45
TABELA 8 - Distribuição dos casos de papiloma da cavidade bucal em número e porcentagem conforme região anatômica de ocorrência.
Região de lesão
Nº
%
Língua
15
48,4
Maxila (palato duro)
06
19,3
Palato mole
04
12,9
Mucosa labial inferior
03
9,7
Gengiva
02
6,4
Mucosa labial superior
01
3,2
Total
31
100
TABELA 9 - Distribuição dos casos de ameloblastoma na cavidade bucal em número e porcentagem segundo região anatômica de ocorrência.
Região de lesão
Nº
%
Mandíbula (corpo e ramo)
10
100
Total
10
100
As Tabelas 10, 11 e 12 demonstram a faixa etária segundo o gênero para as três lesões benignas de cavidade bucal mais prevalentes. TABELA 10 - Distribuição dos casos de hemangioma na cavidade bucal em número e porcentagem segundo gênero e faixa etária dos pacientes.
Gênero Masculino
Faixa etária 4 - 16 19 - 28 34 - 59 60 - 76
Nº 12 07 11 07
% 20,3 11,8 18,6 11,8
03 - 12
37 06
62,7 10,1
19 - 29 36 - 57 68 - 79
04 08 04
6,7 13,5 6,7
22 59
37,3 100
Subtotal Feminino
Subtotal Total
46
TABELA 11 - Distribuição dos casos de papiloma em número e porcentagem segundo gênero e faixa etária dos pacientes.
Gênero Masculino
Subtotal Feminino
Faixa etária
Nº
%
14 - 16
04
12,9
23 - 37
04
12,9
51 - 69
04
12,9
12
38,7
01
3,2
25 - 47
08
25,8
50 - 57
04
12,9
63 - 80
06
19,3
19
61,3
31
100
09
Subtotal Total
TABELA 12 - Distribuição do ameloblastoma em número e porcentagem segundo o gênero e a faixa etária dos pacientes.
Gênero Masculino Subtotal Feminino
Faixa etária
Nº
%
35 - 38
02
20
70 - 76
02
20
04
40
03
30
03
30
06
60
10
100
18 – 27 32 - 50
Subtotal Total
47
A Tabela 13 evidencia as hipóteses diagnósticas para as lesões benignas da cavidade bucal.
TABELA 13 - Distribuição das lesões benignas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo a hipótese diagnóstica estabelecida.
Diagnóstico inicial
Nº
%
Blastoma
57
45,6
Hemangioma
19
15,2
Papiloma
16
12,8
Não informado no prontuário
12
9,6
Fibroma
05
4,0
Ameloblastoma
04
3,2
Lipoma
03
2,4
Granuloma
02
1,6
Osteoblastoma
02
1,6
Carcinoma Espino-Celular
02
1,6
Odontoma
01
0,8
Linfagioma
01
0,8
Neurofibroma
01
0,8
Total
125
100
Os aspectos ligados ao diagnóstico e tratamento das três lesões mais prevalentes podem ser observados nas Tabela 14 a 21.
48
TABELA 14 - Distribuição dos casos de hemangiomas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo a hipótese diagnóstica, confirmada pelo exame histopatológico.
Diagnóstico clínico inicial
Nº
%
Blastoma
21
35,6
Hemangioma
16
27,1
Papiloma
04
6,8
Fibroma
04
6,8
Osteoma
03
5,0
Linfagioma
02
3,4
O prontuário não informava
02
3,4
Neurofibroma
01
1,7
Fibrolipoma
01
1,7
Mixoma
01
1,7
Nevo sebáceo
01
1,7
Leiomioma
01
1,7
Osteoblastoma
01
1,7
Lipoma
01
1,7
Total
59
100
TABELA 15 - Distribuição dos casos de papiloma da cavidade bucal em número e porcentagem segundo a hipótese diagnóstica confirmada pelo exame histopatológico.
Diagnóstico clínico inicial
Nº
%
Blastoma
16
51,6
Papiloma
10
32,2
Carcinoma Espino-Celular
02
6,4
Não indicado
02
6,4
Fibroma
01
3,2
Total
31
100
49
TABELA 16 - Distribuição dos casos de ameloblastoma em número e porcentagem, segundo a hipótese diagnóstica confirmada pelo exame histopatológico.
Diagnóstico clínico inicial
Nº
%
Blastoma
05
50,0
Ameloblastoma
04
40,0
Não indicado
01
10,0
Total
10
100
TABELA 17 - Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo o diagnóstico radiográfico.
Diagnóstico radiográfico
Nº
%
Não informado no prontuário
109
87,2
Radiopaca intra-óssea
08
6,4
Aspecto normal
07
5,6
Radiotransparente multilocular
01
0,8
Total
125
100
TABELA 18 - Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo tratamento realizado.
Tratamento Cirúrgico Não informado no prontuário Total
Nº 122 03 125
% 97,6 2,4 100
TABELA 19 - Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem segundo ocorrência de recidivas da lesão.
Recidiva
Nº
%
Não houve
112
89,6
Houve
11
8,8
Não informado no prontuário
02
1,6
Total
125
100
50
TABELA 20 - Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem que recidivaram.
Recidiva Ameloblastoma Hemangioma Osteoblastoma Papiloma Lipoma Linfagioma Fibrolipoma Total
Nº 03 02 02 01 01 01 01 11
% 2,4 1,6 1,6 0,8 0,8 0,8 0,8 8,8
TABELA 21 - Distribuição dos casos de neoplasias benignas da cavidade bucal em número e porcentagem de acordo com o diagnóstico histo-patológico dos pacientes que não possuíam registro no arquivo do hospital.
Diagnóstico histopatológico
Nº
%
Hemangioma
91
48,1
Papiloma
30
15,8
Lipoma
22
11,6
Fibroma
20
10,5
Neurofibroma
10
5,2
Linfagioma
05
2,6
Ameloblastoma
03
1,5
Osteoblastoma
02
1,0
Fibrolipoma
01
0,5
Fibrohistiocitoma
01
0,5
Histiocitoma
01
0,5
Osteoma
01
0,5
Neurilenoma
01
0,5
Adenoma benigno
01
0,5
Total
189
100
51
6
DISCUSSÃO O acentuado número de casos referentes a neoplasias benignas do complexo bucal e maxilo facial, bem como o tratamento oferecido aos pacientes
portadores
destas,
foram
fatores
determinantes
para
a
elaboração deste trabalho, sendo o Hospital Napoleão Laureano, centro de referência no tratamento do câncer no Estado da Paraíba, o local eleito para o levantamento dos dados epidemiológicos. As características gerais dos pacientes participantes do estudo configuram uma freqüência de equivalência quanto ao gênero (TABELA 1), não identificando-se na literatura consultada, estudos que apresentassem resultados
semelhantes, uma vez que estes mostram distribuição do
gênero em número e porcentagem para as lesões benignas isoladas; para lesões benignas do complexo bucal e maxilofacial ou de acordo com o tipo da lesão, enquanto que, neste trabalho identificou-se a prevalência de lesões benignas presentes exclusivamente na cavidade bucal. Os resultados da Tabela 2 mostram a média e a amplitude das idades de acordo com o gênero e a Tabela 3 distribui em número e porcentagem, as etnias encontradas na amostra, havendo predomínio da etnia branca, sendo que estes resultados também não podem ser comparados com a literatura consultada pelo mesmo motivo apresentado para a Tabela 1. Conforme os achados
(TABELA 4), a prevalência das lesões
encontradas revela predomínio de hemangioma, o que não é compatível com resultados de Almeida; Silva; Saiki (1987), os quais realizaram levantamento epidemiológico de lesões bucais examinadas no Serviço de
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Anatomia-Patológica do Centro de Patologia Clínica e Preventiva da cidade de Piracicaba, num período de 10 anos, encontrando o papiloma com 65 casos, como lesão mais prevalente. Conforme a Tabela 5 o ano de 1990, foi o de maior ocorrência das neoplasias benignas de cavidade bucal neste hospital onde foi realizada a pesquisa, seguido pelo ano de 1994. Nos anos subseqüentes, observou-se variação de ocorrência. Conforme demonstrado no GRÁFICO 1, ocorreu uma diminuição do número de casos de tumores benignos observada nos registros do Hospital Napoleão Laureano, no período estudado; este fato poderia ser explicada por alterações na oferta e na prioridade do atendimento deste hospital, pois, não há registro que justifique uma redução do número de casos reais neste período.
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
19 90 19 91 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00
Número de lesões
Lesões por ano
Ano FIGURA 1 –Gráfico com a Prevalência de lesões benignas na cavidade bucal segundo o ano de ocorrência
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Barret; Speight (2000) identificaram que todas as lesões encontradas em sua amostra se encontravam localizadas no interior da cavidade bucal, quando analisaram não só a boca, mas a região da cabeça e do pescoço. Em nossa pesquisa, podemos observar esta ocorrência (Tabela 6), sendo que a localização anatômica com maior prevalência foi a língua, seguida da mucosa labial inferior. Em relação a região de ocorrência do hemangioma, pode-se observar nos dados da Tabela 7 que a língua foi também o local de maior ocorrência, seguida da mucosa labial inferior, achados estes, discordantes dos resultados encontrados por Barret; Speight (2000), os quais encontraram maior prevalência desta lesão nos lábios e comissura labial. No entanto, estes resultado estão em concordância com Pigadas et al. (2000); Garcia (1999); Stafne; Gibilisco (1982); Gorlin; Goldman (1980), quando referem-se a maior prevalência tanto de hemangiomas quanto de outros tumores benignos na língua. Na Tabela 8, a distribuição encontrada referente a região de ocorrência de papiloma, permite identificar mais uma vez, a língua como local mais prevalente desta patologia, no entanto, de acordo com Pindborg (1980); Gerson (1990); Ward et al. (1995), a semimucosa labial, dorso da língua e palato duro, ou seja, áreas com queratinização acentuada, aparecem como locais de maior ocorrência da lesão. Os casos referentes à localização anatômica do ameloblastoma encontrados nesta pesquisa demonstram que ocorreram mais na mandíbula e as citações de Boraks (2001); Santos et al. (2001); Bataineh (2000) confirmam estes achados.
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Em pesquisa similar realizada por Eclalar; Rojas (1986), foi identificada presença de dois casos de ameloblastoma localizado na maxila, fato que não pôde ser observado neste estudo. Durante a coleta dos dados não foi possível classificar o ameloblastoma
de
acordo
com
sua
situação
clinicorradiográfica
(multicístico, unicístico e periférico), como preconizado por Neville et al. (1998), devido à ausência desta informação no prontuário do paciente. Quando se compara a faixa etária e o gênero dos pacientes encontrados neste estudo, com os achados de Barret; Speight (2000), podemos observar divergências, pois estes encontraram 19 lesões em pacientes do gênero feminino, 16 em pacientes do gênero masculino e a faixa etária média foi de 59, no entanto a Tabela 10 mostra uma predominância do gênero masculino e faixa etária variando entre 04 e 76 anos de idade, sendo que o surgimento da lesão se deu conforme descrito por Neville et al. (1998), ou seja, maior incidência em crianças de ambos os gêneros. (o que Barret encontrou, que divergiu deste?) Segundo Pindborg (1980); Gerson (1990); Ward et al. (1995) os papilomas de cavidade bucal surgem mais comumente em indivíduos de 30 a 50 anos de idade e com a mesma freqüência, em homens e mulheres. Estas afirmações contradizem com os resultados desta pesquisa, descritos na Tabela 11, onde encontrou-se faixas etárias variáveis e freqüências diferentes para ambos os gêneros. Conforme podemos observar na Tabela 12, a qual evidencia surgimento do ameloblastoma entre a terceira e sétima década de vida para
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o gênero masculino, o que está de acordo com Tanaka et al. (2001) quando diz que a sua ocorrência é rara em crianças. A hipótese diagnóstica para as lesões benignas na amostra estudada está descrita na Tabela 13, sendo a hipótese diagnóstica de blastoma, termo genérico, foi a lesão mais prevalente, seguida da hipótese hemangioma. A literatura consultada evidencia outras pesquisas com objetivo de levantamento epidemiológico restrito a determinadas lesões ou grupo de lesões, como os de Palácios et al. (2001) e Estrada (2001), o que permite a comparação de dados destes autores com os encontrados neste trabalho, mas não se encontraram dados semelhantes aos citados nas Tabelas 14, 15 e 16, os quais tratam do diagnóstico clínico inicial do hemangioma, papiloma e ameloblastoma, respectivamente, havendo discordância entre a hipótese diagnóstica e o resultado encontrado no exame anátomopatológico. De acordo com o diagnóstico do exame anátomo-patológico, apareceram 14 tipos de lesões benignas com localização na cavidade bucal e destas, cinco tipos, totalizando 16 casos, apresentavam indicação para a realização de exame radiográfico, conforme a Tabela 17 que mostra 16 (12,8%) casos onde foram solicitados exames radiográficos, por serem lesões benignas que envolvem osso ou, conforme Neville et al. (1998), derivadas do tecido ósseo primitivo. Como proposto por Pigadas et al. (2000); Shafer; Hine; Levy (1987); Neville et al. (1998); Allegra (2001); Thoma (1946); Gordon; Macintosh; Wesley (2001), a respeito dos tratamentos de lesões benignas indicados, a
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Tabela 18, evidencia uma unanimidade na eleição do tratamento cirúrgico para os tumores diagnosticados no Hospital Napoleão Laureano, onde foi realizada esta pesquisa. Esta conduta se apresentou eficiente, pois conforme demonstra a Tabela 19, em sua distribuição há uma reduzida freqüência de recidivas. Das poucas lesões que recidivaram, o ameloblastoma foi o mais prevalente (TABELA 20), mas segundo Shafer; Hine; Levy (1987); Neville et al. (1998); Grempel et al. (2003), esta lesão tem um prognóstico favorável, desde que se preconize, no procedimento cirúrgico, as margens de segurança e as normas de ressecção. Pelo fato da viabilidade econômica da instituição e a necessidade de se priorizar os casos de lesões malignas, os profissionais do Serviço passaram a encaminhar pacientes portadores de lesões benignas a outros Hospitais da cidade ou do Estado. Portanto os resultados da Tabela 21 traduzem claramente esta realidade, uma vez que neste período muitos dos pacientes com lesões benignas de cavidade bucal foram consultados e encaminhados a outros Serviços, sem que sua passagem fosse registrada pelo Serviço de Arquivo Médico do HNL. Este trabalho permitiu a análise de fatores relacionados ao diagnóstico e tratamento de pacientes portadores de lesões benignas de cavidade bucal, mostrando-se funcional num contexto social, quando consideramos que a partir deste estudo, propostas de melhorias e praticidade em protocolos de atendimentos de determinados Serviços de Saúde podem ser sugeridas e implantadas.
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7 CONCLUSÕES De acordo com a metodologia empregada e a análise dos resultados encontrados, pode-se concluir que: a) houve uma equivalência na freqüência das lesões benignas na cavidade bucal quanto ao gênero na amostra estudada; b) a língua foi o local de maior ocorrência de lesões benignas, e em específico para os casos de hemangioma e papiloma; c) o tratamento eleito foi cirúrgico para estas leões; d) O tratamento do hemangioma inclui a ligadura de carótida e embolização prévia, feita por cirurgião vascular.
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_____________________ NOTA Esse trabalho foi elaborado de acordo com as Normas de Documentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (NBR 6023/2002 – Referência Bibliográfica; NBR 6024/2003 – Numeração Progressiva das Seções de um Documento; NBR 6027/2003 – Sumário; NBR 6028/1990 – Resumo; NBR 10520/2002 – Apresentação de citação em documentos e NBR 14724/2002 – Informação e documentação – Trabalhos Acadêmicos – Apresentação)
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ANEXO A - Ficha de coleta de dados utilizada na pesquisa
Ficha de coleta / Prevalência de Neoplasias Benignas Registro Ano Gen. Cor Idade 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º
Diagnóstico inicial
Diagnóstico radiográfico
Diagnóstico histopatológico
Tratamento
Região da lesão
Recidiva
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ANEXO B - Assim nasceu a Fundação Laureano “No dia 17 de março de 1951, na sede do jornal "Diário Carioca", no Rio de Janeiro, realizou-se uma Mesa Redonda solicitada pelo próprio Dr. Napoleão Rodrigues Laureano, que se esforçava para expressar o desejo de ver construído, em João Pessoa, na Paraíba, um centro de combate ao câncer. Naquela ocasião, estavam presentes os jornalista Danton Jobim e Pompeu de Souza, Dr. Simões Filho, Ministro da Educação e da Saúde, os médicos Mário Kroeff, Diretor do Serviço Nacional de Câncer, Alberto Coutinho, Jorge de Marsillac, Osolando Machado, Antonio Pinto Vieira, Adayr Eiras de Araújo, Sérgio de Azevedo, Turíbio Braz e Fernando Gentil, entre outras pessoas. Os trabalhos foram transmitidos pela Rádio Mayrink Veiga e Rádio Nacional, que abriram uma campanha para angariar recursos destinados a luta contra o câncer, conforme desejo do médico paraibano. Napoleão Laureano que retornara dos Estados Unidos desenganado pela medicina, mostrava, com o seu gesto, a grandeza do seu coração, a magnitude de sua solidariedade aos seus semelhantes, especialmente os mais humildes. Iniciando os trabalhos, assim se expressou Napoleão Laureano: "Ilustres Senhores, ninguém poderá duvidar das minhas intenções, pois condenado
como
estou
pela
medicina,
nada
pretendo
para
mim.
Profissionalmente me faltarão as forças necessárias para qualquer iniciativa.
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Assim, não peço para mim, mas para meus patrícios, para milhares de brasileiros que, pelo interior, são vítimas do mesmo mal que me acometeu. Sinto forças morais para pedir, porque conheço a sensação de ser presa dessa moléstia terrível, pedir ao povo e ao Governo que me auxiliem a morrer tranqüilo, com o conforto de haver feito algo, ao menos pela Paraíba, neste setor que abracei como especialidade -de luta contra o câncer. Quero, portanto, ver fundado um centro de combate ao câncer, em João Pessoa, na Paraíba, ainda antes de morrer, se a sorte me permitir". O Dr. Mário Kroeff, entre outras considerações disse o seguinte: “Acho edificante ter um homem os dias contados e estar ainda pensando no próximo. Qualquer outro indivíduo, em melhores condições, já se encontraria no fundo de uma cama, ditando suas últimas disposições, entregue à fatalidade. O comum na vida é haver uma reação natural de revolta nas criaturas, em face da dor e do infortúnio. Este homem, já com suas forças físicas alquebradas, ainda sente forças morais capazes de levantarem sua própria matéria para conduzir uma campanha como esta, que serve de exemplo vivo a todos, exemplo tétrico que ora é focalizado, e para o qual devemos chamar a atenção do público, do governo e dos afortunados “. Em pouco tempo as emissoras de rádio anunciavam que a população carioca estava se manifestando inteiramente solidária com a bandeira de luta de Napoleão Laureano e por isto a arrecadação de donativos já atingia elevado valor financeiro. Por esta razão, foi proposta a criação de um órgão para ficar responsável pelos recursos arrecadados.
67
O Dr. Sérgio de Azevedo sugeriu a criação da Fundação Laureano ou Fundação Napoleão Laureano. A primeira Diretoria ficou assim constituída : Diretor Presidente- Jornalista Pompeu de Souza, Vice-Presidente - Dr. Amadeu Fialho; Diretor Tesoureiro - Dr. Ruy Carneiro; Diretor Executivo- Dr. Mário Kroeff; Diretor Secretário- Dr. Jorge Sampaio Marsillac. Na Presidência de Honra foi confirmado o nome da Sra. Darcy Vargas e na Vice-presidência de Honra o nome do Jornalista Assis Chateaubriand. No dia 31 de Maio de 1951, às 20h30m faleceu, no Hospital Gafrée e Guinle, o médico Napoleão Laureano. Com o correr do tempo, alguns membros da Diretoria inicial renunciaram, a exemplo de professor Amadeu Fialho e do Jornalista Pompeu de Souza. É bom frisar que Mário Kroeff, Jorge de Marsillac e Ruy Carneiro permaneceram no comando da Fundação Laureano até a concretização do ideal de Napoleão Laureano - a inauguração do Hospital de Câncer, em João Pessoa, na Paraíba. É indispensável registrar que o então Deputado Federal Janduhy Carneiro foi eleito Diretor Presidente da Fundação Laureano e, na realidade, deu uma contribuição das mais valiosas para que o nosso Hospital de Câncer pudesse ser inaugurado. Foi ele o autor do Projeto de Lei que abriu um crédito de 100 milhões de cruzeiros, quantia esta que foi distribuída pelo Serviço Nacional de Câncer com as diversas entidades de combate ao câncer de nosso País. Aqui já podemos mostrar os bons resultados da luta encetada pelo médico Napoleão Laureano. Foi graças ao seu desprendimento, a sua dedicação e amor ao próximo, que se criou uma nova consciência de apoio à
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luta contra o câncer no Brasil. O eminente Presidente Getúlio Vargas, sensível aos anseios populares, sancionou o Projeto de Lei de iniciativa do Dep. Janduhy Carneiro, e o Serviço Nacional de Câncer passou a dispor de recursos financeiros possibilitando, assim, a conclusão do Instituto Nacional do Câncer, na Praça da Cruz Vermelha, no Rio de Janeiro, bem como numerário suficiente para a conclusão do Hospital de Câncer de nossa Capital além da ajuda a diversas outras entidades espalhadas pelo território brasileiro. Acreditamos que Napoleão Laureano jamais tenha imaginado que sua bondade pudesse resultar em tantos proveitos para a luta contra o câncer no País. Napoleão Laureano desejava um centro de combate ao câncer em João Pessoa e chegou a expressar o seu desejo em ver, construída uma enfermaria no Hospital São Cristóvão, depois denominado de Newton Lacerda, onde trabalhou ao lado do então diretor e seu colega amigo Dr. Newton Lacerda. A idéia cresceu e resultou na construção do Hospital Napoleão Laureano, que hoje, ocupa uma posição de destaque entre os nosocômios especializados do Brasil. A entidade não somente está bem equipada, mas possui uma equipe multidisciplinar do mais alto valor intelectual. O professor Asdrúbal Oliveira, em certa ocasião se pronunciou, dando um abalizado depoimento, quando declarou: "O atendimento ao paciente de câncer na Paraíba tem duas fases bem distintas, uma antes e outra depois da inauguração do Hospital Napoleão Laureano. Na primeira, o canceroso ficava debaixo das mangueiras na Praça Caldas Brandão, em frente ao Hospital Santa Isabel e na segunda, o canceroso passou a ser recebido,
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examinado e tratado com zelo e carinho no Hospital que Napoleão Laureano tanto desejou edificar. Na ocasião em que se comemora o cinqüentenário de criação da Fundação Laureano, podemos dizer que a entidade, apesar das grandes dificuldades vivenciadas nos longos anos de sua existência, é vitoriosa por tudo que já conseguiu realizar. O Hospital Napoleão Laureano além de sua nobre e árdua missão de tratar os pacientes com câncer, vem sendo um excelente centro de ensinamento aos médicos e aos profissionais da área da saúde. Ele tem colaborado, inclusive, com a Universidade Federal da Paraíba. Parabéns a todos que confiaram, apoiaram e realizaram o sonho do grande médico e mártir Napoleão Laureano”. Dr. Antônio Carneiro Arnaud Presidente da Fundação Laureano