Arquitetura Camuflada _Um Ensaio Cultural na Paisagem do Morro da Barrinha

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a r q u i t e t u r a pg2014/2 ArquiteturaCamuflada Um Ensaio Cultural na Paisagem do Morro da Barrinha

TAMARA RAIZER SIMテグ


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO ARQUITETURA E URBANISMO Projeto de Graduação apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientador: Tarcísio Bahia Co-orientador: Marco Antônio Romanelli Agradecimento aos professores engenheiros Flávia Ruschi e Wilson Aragão pelo auxílio nas disciplinas específicas.

FOLHA DE AVALIAÇÃO PROJETO DE GRADUAÇÃO APROVADO EM:

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ATA DE AVALIAÇÃO DA BANCA:

________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ AVALIAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________ nota Prof.Tarcísio Bahia Orientador ______________________________________________ nota Prof.Marco Antônio Romanelli Co-orientador ______________________________________________ nota Prof.Bruno Massara Convidado APROVADA COM NOTA FINAL: ______

Vitória, 2015


“A arquitetura não é uma entidade independente, fechada em si mesma, que produz significado. Em vez disso, a relação entre arquitetura e seu ambiente, bem como a relação entre os espaços distintos dentro da obra de arquitetura, vai produzir significado”. Pierre Lahaye _MDS Architecture


APRESENTAÇÃO

O trabalho nasce com o terreno e para o mesmo, o morro da Barrinha. Com paisagem e localização privilegiadas, esta área sempre me chamou a atenção. Dos anos escolares no Colégio Sacre-Couer até alguns eventos frequentados no Ilha Shows, pude desfrutar da natureza e das visuais que o local proporciona da cidade. Diante deste potencial do espaço, surge a ideia de se pensar um novo uso a ele. A intenção, acima de tudo, promover a Interação, seja entre os Homens, entre eles e a Natureza, e também entre esta nova Arquitetura, o usuário e o Entorno. Pesquisando sobre a área, as ideias de Saturnino de Brito, expressas no plano do Novo Arrabalde, surgiram para completar a proposta arquitetônica. Esta nova arquitetura deveria promover a circulação, os percursos e os mirantes naturais. Como diria Brito, a paisagem do morro da Barrinha seria um “Caminho ao Deleite”.


É bom lembrar que o morro é ocupado, atualmente, pelo Sacré-Couer, pelo Centro de Treinamento Dom João Batista e pelo Ilha Shows, e o projeto prevê a ocupação da área do Ilha Shows e parte do Centro de Treinamento Dom João Batista, entendendo o uso do colégio como o de maior influência histórica no local e, logo, não devendo sofrer interferências. Com o terreno definido, eis que surge uma informação importante: o edifício principal do Ilha Shows teria sido projetado pelo importante arquiteto Zanine Caldas. Diante da mesma, definiu-se mais uma vertente do projeto: a Arquitetura Oculta x a Arquitetura de Zanine em destaque. Para projetar em um terreno íngreme, como é o caso, foram necessárias análises topográficas, inclusive com o redesenho da topografia atual antes de se iniciarem os estudos para o novo projeto. Com ajuda de profissionais da área de topografia, assim como a orientação de professores das disciplinas de estrutura, elétrica e conforto ambiental, foi possível desenvolver estudos concretos para a área, que levaram a proposta projetual final a ser apresentada ao longo do trabalho.

APRESENTAÇÃO

O termo Arquitetura Oculta se refere à ideia de valorização das visuais e dos percursos pelo terreno, quando a construção passa a se integrar à natureza, quase que “sumindo” na mesma, abrindo caminhos sobre seus terraços-jardim.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8 | O MIRANTE NATURAL 10 | ASPECTOS LOCAIS 12 | EDIFÍCIO ZANINE 16 | TOPOGRAFIA 18 | PROGRAMA 23 | DIRETRIZES PROJETUAIS

CENTRO CULTURAL DA ILHA 28 | IMPLANTAÇÃO 30 | DECK

Vista do Morro da Barrinha para a Praia de Camburi. Morro do Penedo ao fundo. 1960. Blogspot “De Olho na Ilha-Vix”


SUMÁRIO

33 | TRILHAS 34 | ESTACIONAMENTO 37 | ACESSOS 38 | TORRE DE SERVIÇOS 42 | A PRAÇA 45 | MIDIATECA 47 | FACHADA 50 | CONFORTO 54 | EXPOSIÇÕES 56 | EVENTOS 58 | ENTRETENIMENTO 61 | O ZANINE 62 | MUSEU DA ILHA 70 | ESTRUTURA 72 | CLIMATIZAÇÃO 74 | INSTALAÇÕES 76 | SUSTENTABILIDADE 78 | CONSIDERAÇÕES FINAIS


INTRODUÇÃO

O termo Arquitetura Oculta remete imediatamente a uma edificação escondida na Paisagem. De fato, o trabalho resultará em um Projeto cuja principal característica é a Camuflagem no Espaço Urbano da Ilha de Vitória. Há, contudo, questões relevantes que permeiam esta proposta Arquitetônica. Primeiramente, pretende-se reavaliar a importância da natureza no ambiente construído. Neste contexto, é explorada a Interface Simbiótica entre Homem, Natureza e Arquitetura, tratando a relação entre elementos opostos, conflitantes, que coexistem em um mesmo espaço em exercício benéfico a todos. A fim de manter esta dinâmica – e tomando partido do desejo de devolver à sociedade um panorama importante da Ilha– nasce, então, a proposta desta Arquitetura que quase “some” na Paisagem. Explora-se, neste caso, a minimização da presença da mesma em favor da recuperação de importantes visuais bem como da interação com outros elementos do entorno, sem anular, em momento algum, a grande importância da Paisagem Construída para a Vida Humana.

É notória, por mais bem planejada que possa ser uma cidade, que a paisagem tem sido “ferida” pelo concreto. No caso da Ilha de Vitória, pode-se dizer que temos “perdido” paisagens importantes da cidade para o mercado imobiliário, com a verticalização no tecido urbano. Em casos de grandes obras como o caso da nova Sede da Petrobras, medidas compensatórias foram exigidas por parte do governo em decorrência dos impactos causados pela instalação no local. Um parque recentemente inaugurado no bairro do Barro Vermelho disponibiliza espaços de lazer e promove a interação entre o usuário e a natureza. Alternativas como esta, também utilizada na construção das torres de edifícios no Parque Natural Municipal Von Schilgen, no coração da Praia do Canto, parecem aceitáveis frente ao desenvolvimento econômico da cidade. Deve-se lembrar, contudo, que, ainda que novas áreas verdes sejam implementadas, a verticalização compromete o clima, a ecologia e o paisagismo da região. Com privatização bem mais precoce podemos citar a paisagem do Morro da Barrinha, na Ponta Formosa do bairro. Diferentemente de como previu o urbanista e sanitarista Saturnino de Brito no Plano do Novo Arrabalde, em 1896, o Morro da Barrinha, ou do Pato, passou longe de tornar-se um passeio público ou mirante natural. Ocupado pela Arquidiocese de Vitória e, atualmente, também pelo comércio de eventos, em ambas as formas de ocupação a área ganha um caráter totalmente privativo. Restrito aos estudantes do Colégio Sacré-Couer ou, no caso do Ilha Acústico, aos frequentadores dos eventos no local, tive o privilégio de desfrutar das belas paisagens do colégio na infância, lembranças que me indagam a repensar a “privatização” de uma panorama tão importante da cidade. 8

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INTRODUÇÃO

É importante lembrar que, em nossas cidades caóticas, “o espaço público se torna vital como um respiro, um lugar de descompressão e precisa ser (re) valorizado como tal, como forma de se contrapor a esta arquitetura introvertida que clama, com muita propriedade, por seu lugar privilegiado na cidade” 1. Infelizmente, assistimos à ressignificação do espaço público frente à nova dinâmica das cidades. O adensamento urbano, o tráfego e a insegurança das ruas criou um novo ambiente urbano muito pouco favorável à vida comunitária nos lugares públicos. “A cidade se interioriza e volta para dentro das casas onde surge uma arquitetura introvertida, mais bonita que o entorno de sua própria cidade” 2. Sem dúvida, enfrentamos, no século XXI, o desafio do espaço público nas cidades. Vale ressaltar a necessidade de espaços públicos no que se refere a espaços mais democráticos, que propiciem a convivência e promovam as relações sociais entre os homens e destes com a paisagem, seja ela construída – a Arquitetura e a Cidade – seja ela natural. 1 | 2 DIAS. Fabiano Vieira. “Arquitetura Introvertida”. In website ViverCidades. Rio de Janeiro, ago. 2002 <www.vivercidades.org.br>.

Frente aos fatos apresentados nasce o desejo por promover esta dinâmica Homem x Arquitetura x Natureza. De fato, trata-se de resgatar, ou melhor, adaptar uma proposta já expressa no Novo Arrabalde ao final do século XXI. A paisagem privilegiada do Morro da Barrinha aparece como palco perfeito para promover esta relação, ganhando um caráter importante de Espaço Urbano e Cultural da Ilha de Vitória. É importante ressaltar que não se trata apenas de uma proposta Arquitetônica Sustentável. Inegavelmente, ao tratar da interação entre o ambiente construído e o natural não se podem ignorar preceitos de sustentabilidade que preservem a “saúde” da natureza. Contudo, o trabalho visa discutir uma relação simbiótica não apenas da Arquitetura com a natureza, mas de ambas com o Homem e as experiências - sensoriais e sociais - que estas podem causar no mesmo. Vale destacar que o projeto do Centro Cultural da Ilha pretende abordar o conceito de simbiose não apenas entre a obra e seu entorno, mas também entre o novo e o antigo, o monumental e o discreto. Em suma, qualquer leitura do lugar leva à certeza de que nenhuma construção pode destoar do verde exuberante dali. A arquitetura, portanto, deve surgir da fusão total da estrutura com o entorno. O “Mirante Natural” de Brito pode, sim, e deve ser devolvido à sociedade capixaba, e qualquer intervenção arquitetônica deve sempre respeitar seu entorno sem implicar nas visuais da Ilha. Neste caso, não se trata de uma verticalização ou de uma arquitetura de destaque, mas justamente o oposto. O projeto visa a minimizar a sua presença, tornando-se tão natural ao seu entorno quanto possível.

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O MIRANTE NATURAL

O MIRANTE NATURAL Plano Novo Arrabalde O Projeto do Novo Arrabalde, de 1896, surge no governo de Muniz Freire, como iniciativa de formular uma proposta de vida urbana inovadora para a então “Cidade do Sem”, como assim era denominado aquele limitado sítio onde estava assentada a acanhada cidade de Vitória – que carecia de infraestrutura, serviços e outras temáticas urbanas. A figura de Saturnino de Brito surge neste contexto, sendo o engenheiro e sanitarista responsável por elaborar o Planejamento Urbano da cidade, devendo dar à capital um direcionamento futurista de desenvolvimento com garantias higiênicas e com os predicados estéticos das cidades modernas.

Morro da Barrinha Morro da Barrinha As Ilhas e Morros ganham destaque nas As Ilhas e de Morros ganham nas propostas Brito, não destaque apenas pela propostas de Brito, não apenas pela escala impressionante - cuja soma de escala impressionante - cuja soma de suas áreas, em projeção, aproxima-se suas emdaprojeção, aproxima-se de 45%áreas, do total área projetada - mas, de 45% do total dapelo áreapotencial projetada destas - mas, principalmente, principalmente, pelo potencial destas como panoramas e espaços propícios ao como panoramas e espaços propícios ao diálogo entre as duas esferas homem diálogo entrepriorizando as duas esferas e natureza, a saúdehomem e o e natureza, bem-estar da priorizando população. a saúde e o bem-estar da população. Dentre os morros, Brito cita o Morro da Dentre os morros, citaoo uso Morro da Barrinha, ao qualBrito destina como Barrinha, qual destina o uso como um local deaopasseio e mirante natural, um de passeio e mirante natural, nãolocal prevendo qualquer intervenção além não qualquer intervenção além das prevendo vias transitáveis que conduzem ao das vias transitáveis que conduzem ponto de vizualização do horizonte.ao ponto de vizualização do horizonte.

“A ideia de que um ambiente saudável exerça influência na atitude moral dos indivíduos é uma questão também presente no pensamento de Brito, associada à concepção de uma cidade saneada e bela. Tão mais bela, pode-se dizer, quanto o permite a conformação natural do sitio, o que se aplica para o caso de Vitoria” 3.

Novo Arrabalde. Projeto do engenheiro Saturnino de Brito. Fonte: Site Morro do Moreno

Morro da Barrinha. Anos 60. Blogspot “De Olho na Ilha-Vix”

O morro da Barrinha se conformou com cunho privativo e as propostas expressas por Brito ao final do século XX foram esquecidas. Eis que surge o questionamento: Porque não resgatar o significado desta área?

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O MIRANTE NATURAL

“Conservando-se aí as matas existentes, abrirse-ão sombrias alamedas transitáveis por carruagem, até o ponto culminate que se acha situado entre as duas barras do estuário: ter-se-á, assim, ao pé, as paisagens ridentes das margens e, ao longe, o indefinido do Oceano oferecendo-se favorável à contemplação interior e à criação de imagens” 5. 5 BRITO. Francisco Saturnino Rodrigues de Bri ” 5 Coisas Que Voce Precisa Saber Sobre Zanine Caldas.” Casa Abril. 14 Feb. 2014. Web. 04 May 2014. Os morros do solo capixaba. Fonte: Site Morro do Moreno

“Ele associa a “contemplação interior” e a “criação de imagens” a aspectos que remetem ao Romantismo: a contemplação do oceano como percurso para a busca do eu interior; e a observação da paisagem sob a estética do pitoresco” 4. 3 | 4 CASAGRANDE. Braz Casagrande. “Novo Arrabalde: Conservação E Ocupação Urbana Na Concepção Do Projeto De Expansão Da Cidade De Vitória”. No website TesesUSP. São Paulo, 2011 <www.www.teses. usp.br >.

Vale ressaltar a orientação de Brito pela conservação da cobertura vegetal. A apropriação, centrada na contemplação da paisagem, limita a intervenção à conformação de vias em meio à vegetação local. Neste caso não são espaços concebidos como parques, no sentido do termo, mas como passeios ou retiros associados ao deleite e aos benefícios para a saúde. Em relação as propostas de Brito para os Morros da cidade, “a opção por mantê-los na sua conformação natural ou utilizá-los para usos com pouca interferência visual, conforme se apresentam no projeto do Novo Arrabalde, portanto, pode ser vista como um indicativo da importância desse efeito estético desejado” 6. 6 CASAGRANDE. Braz Casagrande. “Novo Arrabalde: Conservação E Ocupação Urbana Na Concepção Do Projeto De Expansão Da Cidade De Vitória”. No website TesesUSP. São Paulo, 2011 <www.www.teses.

A questão estética nunca dissociada da ambiental, sugere uma interação entre beleza e conservação aplicadas ao desenho urbano. Para Pimentel7 a descrição de Brito em relação ao morro da Barrinha é a que mais delineia a nuance estética de sua concepção, influenciado pelo gosto pitoresco disseminado na Europa no início do século XIX. Diante dos fatos apresentados, é possível vislumbrar no Plano Novo Arrabalde um cuidado com os morros e panoramas da cidade de Vitória, em específico com a paisagem do Morro da Barrinha. Infelizmente, com o desenvolvimento das cidades, o avanço do mercado imobiliário e as mudanças no pensamento da sociedade atual - talvez não tão “romântica” como em tempos coloniais - a importância dessas áreas como símbolo estético, natural, cultural e social parece ter se perdido. 7 Pimentel, Viviane L. “NOVO ARRABALDE : Expansão Urbana E Mídia Impressa.” ANPUH – XXIII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Londrina, 2005. NOVO ARRABALDE : Expansão Urbana E Mídia Impressa (2005): n. pag. Anpuh – Xxiii Simpósio Nacional De História – Londrina. Web.

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ASPECTOS LOCAIS

ASPECTOS LOCAIS Localização O Morro da Barrinha localiza-se na chamada Ponta Formosa da Ilha de Vitória, em um ponto estratégico, marcado pela Ponte de Camburi que liga duas grandes avenidas da cidade: a Dante Micheline e a Saturnino de Brito.

Históricos/Usos O Colégio Sagrado Coração de Maria foi o primeiro edifício a se instalar no Morro da Barrinha, em 1944. Anos depois foi construída uma pousada a qual deu lugar a atual Casa de Eventos Ilha Shows. Ao lado, tem-se, com apropriação também por parte da Arquidiocese de Vitória, o Centro de Treinamento Dom João Batista.

Acessos O Morro conta com 2 acessos, um pela Rua Sagrado Coração de Maria, exclusivo para o Colégio e as edificações vizinhas, e outra, que permite acesso também ao Ilha Shows e ao Centro de Treinamento, pela Alameda Irmâ Nieta, logo no início da ponte de Camburi, sendo esta de fluxo maior, com trânsito intenso nos dias de semana pelos alunos do Colégio, e nos fins de semana pelos frequentadores do Ilha Shows. À direita: Imagem Aérea Morro da Barrinha 2015 Fonte: Google Earth. Abaixo: Imagem Paulo Bonino Morro da Barrinha | Anos 60. Fonte: Site “De Olho na Ilha“

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Reportagem Ampliação Ciclovia. Fonte: Site PMV


ASPECTOS LOCAIS

Ampliação da Rede Cicloviária As obras para ampliação do trecho das ciclovias na cidade de Vitória, iniciadas em meados de 2014, permitirá o trajeto do pedestre e do ciclista, de forma segura, no trecho de acesso ao Morro da Barrinha. Dentre os 650 metros de ciclovia a serem construídos no trecho que liga a Praia do Canto à de Camburi, este tem particular importância por sua localização estratégica entre duas movimentadas avenidas. Ciclovia ampliada na área da Ponte de Camburi. Site PMV.

Índices Urbanísticos O Morro da Barrinha classifica-se dentre as zonas: de Ocupação Restrita e de Proteção Ambiental. As construções limitam-se, ainda, quanto a sua altura, com gabarito de, até, 2 pavimentos e altura máxima de 7,5m. Vale lembrar que grande parte das edificações foram construídas antes do Plano Diretor Urbano, apresentando, por isso, características distintas.

ZOR/08

Mapa Morro da Barrinha. Fonte: Google Maps

Acima: Mapa de Zoneamento. Plano Diretor Urbano de Vitória. Fonte: Site PMV. Abaixo: Modelo Volumétrico do Terreno com destaque para área cuja construção é permitida, na ZOR/08.

C.A.=1,2 T.O. = 60% H.Máx.= 7,5 m Gabar. = 2 Pav.

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O EDIFÍCIO ZANINE

O EDIFÍCIO ZANINE Destaque para a obra Arquitetônica de Zanine Caldas A importância de José Zanine Caldas no cenário Arquitetônico tem início nos anos 40. Arquiteto autodidata, dentre outras profissões, inicia seus trabalhos no ramo da arquitetura aos 20 anos, com uma empresa de maquetes, no Rio de Janeiro, tomando contato com nomes como Niemeyer e Lúcio Costa. Essa convivência abriu-lhe a oportunidade de participar da construção de Brasília, produzindo as maquetes dos edifícios da nova capital. Por seu talento incomum foi reconhecido como “Mestre da Madeira”. Seu trabalho promoveu a integração do artesanato tradicional brasileiro e do modernismo de forma singular. O estilo Zanine aparece em várias cidades brasileiras e chega, também, ao solo capixaba. A partir de 1998, quando passa a residir na capital, mantém atelier em Vila Velha e organiza o projeto do Instituto Internacional Zanine Caldas. Neste meio tempo, sem dados concretos sobre o ano de sua construção, surge o edifício exuberante de madeira bem ao alto, no Morro da Barrinha.

Entende-se a importância do arquiteto, assim como o valor histórico e arquitetônico do edifício. Propõese, inegavelmente, a preservação do patrimônio Zanine.

Casa de Shows “Ilha Shows”; atual ocupação no terreno em estudo. Fonte: Site Ilha Shows

Área de Serviços; sem valor estético Croqui Estudo Volumétrico Estrutura Edifício Zanine

O Edifício Zanine, abriga, junto a grande área sob cobertura metálica, a Casa de Eventos Ilha Shows, que recebe até 2000 pessoas nas noites da Ilha. Conta ainda com um estacionamento de 1500m² para, aproximadamente, 100 veículos. 14

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1.Vista interna da Casa de Eventos com o edifício Zanine, a ser preservado, em destaque. 2.A área pavimentada, sob a grande cobertura metálica, não faz parte do projeto original de Zanine. Entende-se que não há valor histórico ou arquitetônico e, logo, esta área deve receber um novo desenho urbano/arquitetônico. 3.Além do Edifício de valor arquitetônico, é preservada ainda, do projeto atual, a árvore ao fundo do terreno, antiga e imponente, deve integrar o novo paisagismo. Imagens Acervo Pessoal

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Acima: Estudo Volumétrico Terreno atual “Ilha Shows“ com destaque para os elementos a serem preservados: o Zanine e a Árvore. Abaixo: Vista do Píer de Iemanjá. Acervo Pessoal

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O EDIFÍCIO ZANINE

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O EDIFÍCIO ZANINE

Imagens Acervo Pessoal

A Estrutura de Madeira A estrutura de madeira do Zanine se encontra visivelmente degradada. Faz-se necessária uma avaliação por parte de um profissional de engenharia; provavelmente será necessário o reforço estrutural do conjunto de vigas e pilares a fim de receberem o novo uso do edifício. Anexa a sua Arquitetura, o Zanine conta com uma plataforma elevatória para cadeirantes e outros portadores de necessidades especiais. Outro elemento, que compõe a exuberante estrutura de madeira, é o conjunto de esquadrias de Vidro. Aquelas presentes no pavimento superior permitem a visual do entorno e cria uma conexão direta com a grande sacada, permitindo justamente esta interação entre o visitante e a paisagem neste amplo mirante. As varandas laterais, com guarda-corpo em madeira, também completam a arquitetura de Zanine Caldas. 16

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Tão importante quanto a imponente e característica estrutura de madeira da arquitetura de Zanine Caldas são as visuais que este edifício emoldura. Um passeio pelo Zanine permite ao usuário uma visual de toda a Praia de Camburi, a partir da Ponte até a Companhia Vale do Rio Doce, com o Morro Mestre Álvaro coroando esta linda paisagem. De outros ângulos é possível ver parte da Praia do Canto, o Canal de Camburi e os altos edifícios do Barro Vermelho. Fugindo da área urbana, há ainda a paisagem das ilhas “desertas“ no lado oposto do Morro. De fato, o terreno proporciona “frames“ muito interessantes da Ilha e a arquitetura ali inserida não se fecha para esta Paisagem. Pelo contrário, o edifício Zanine cria mirantes para admirar o exterior. O pôr do sol desta localização é, sem dúvida, imperdível, e a ideia de um novo projeto para este espaço deve saciar o desejo pela maximização e potencialização destas visuais. Acima: Vista da varanda do pavimento superior do edifício. Abaixo: Vista da Praia de Camburi a partir do platô criado para abrigar o estacionamento do atual “Ilha Shows. Imagens Acervo Pessoal

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O EDIFÍCIO ZANINE

Os Mirantes


TOPOGRAFIA

TOPOGRAFIA Da Pousada à Casa de Eventos A casa projetada por Zanine foi construída na área mais nivelada do terreno, sem grandes interferências na sua topografia. Mais recentemente, contudo, foi realizado um aterro em parte significativa do terreno para funcionar como estacionamento para 100 veículos numa área aproximada de 1500m2. Para entender as mudanças topográficas sofridas - entre o projeto atual e aquele que consta no banco de dados da Prefeitura de Vitória - foram realizados estudos com maquetes, física, primeiramente, e também eletrônica.

Corte com alteração do terreno a partir da mudança do uso no local - da antiga Pousada para a área de Eventos “Ilha Shows”. Desenho com base na análise do mapa topográfico da Prefeitura Municipal de Vitória x Imagens Aéreas do Google Earth, e Visitas ao local.

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Modelo físico para Estudo da Topografia atual do “Ilha Shows“.

Planta Topográfica do atual “Ilha Shows“ desenvolvida a partir da análise de mapas, imagens aéreas e fotos. Obs.: Área do terreno destacada na topografia do Morro.


TOPOGRAFIA Maquete Eletrônica com destaque para o Edifício Zanine que permanece no terreno.

O Estacionamento foi a última alteração feita no terreno. Tratase de uma área irregular, para aproximadamente 100 veículos, sem pavimentação, guarda-corpo ou qualquer estrutura que configure o local como uma área para receber aquele uso. De toda forma, este espaço proporciona uma ótima visual, no nível mais próximo ao mar que o usuário tem acesso, e, por isso, vale ser destacado. Área para Estacionamento de veículos da Casa de Eventos. Imagem Acervo Pessoal. Maquete Eletrônica para melhor entendimento do terreno.

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PROGRAMA

PROGRAMA DE NECESSIDADES O Programa de Necessidades foi desenvolvido a partir de referências de edifícios com o mesmo uso, adaptando-o ao contexto da cidade e seu público. Entre os edifícios visitados estão o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, o Centro de Convenções de Vitória e o Museu de Biologia Mello Leitão. Além destas, edificações de maior porte como o Complexo Cultural Tomie Othake, em São Paulo, também serviram como referência. Neste caso, trata-se de uma edificação com os mesmos usos, culturais e de entretenimento; para a proposta arquitetônica em Vitória, as dimensões foram adaptadas ao contexto de uma cidade menor, com outra dinâmica e clima. Foi utilizado, ainda, o Manual do Arquiteto para dimensionamento de áreas mínimas, sendo respeitadas as normas determinadas pelo Código de Obras de Vitória. Por tratar-se de um Complexo Cultural, com diferentes usos, o Programa foi dividido, inicialmente, em blocos. Vale lembrar que alterações foram feitas durante o processo projetual até chegar-se as soluções mais adequadas, sempre tendo como base este prédimensionamento.

C

espaço expositivo

B

H

estacionamento

J

Foi pensado ainda uma área de café com lounge anexo. A ideia é propor um grande Estar, aconchegante e convidativo àquele que acessa o Complexo. 20

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E

eventos

A

F

recepção

apoio

museu

área técnica

I

Para a entrada da edificação, é proposto um grande hall com serviços variados, de guarda-volumes a bilheteria, ponto de informação e uma Loja de Souverir, entendendo o projeto como um grande atrativo turístico da região.

D

praça

BLOCOS DE SERVIÇO

BLOCO A

midiateca

H administrativo

G


No manual, é possível pré-dimensionar a partir do tipo de mesas. No caso, foram pensados restaurantes para uma que, de acordo com o Manual da Arquiteto, é o usual para nível de sofisticação. A ideia é abrigar um restaurante e outro de comida contemporânea.

de público e a quantidade média de 120 lugares cada, restaurantes de Médio-Alto de comida típica da região

BLOCO C Para pré-dimensionar a Midiateca também foi usado o Manual, e referência de projetos de outras edificações do mesmo tipo. Além da ampla área de leitura, são identificados ainda os serviços técnicos, como a área para servidores, e uma livraria com café em anexo, propondo a vivência, e melhor, a convivência entre os usuários da Midiateca.

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PROGRAMA

BLOCO B A Praça seria o maior Bloco e disporia de uma ampla área de Vivência com serviços de alimentação e estar. Para dimensionar as áreas de restaurantes e a subdivisão de suas áreas, dentre elas o recebimento de mercadoria, estocagem, lavagem e gerenciamento, foi usado como referência o Manual do Arquiteto.


PROGRAMA

BLOCO D Por tratar-se de exposições temporárias, optou-se pelo “Open Space”, um salão expositivo amplo a ser dividido conforme necessário. Além da ampla área livre, foi identificada a necessidade de áreas de apoio e depósito das obras.

BLOCO E A fim de manter o uso atual do local, de Eventos, é proposta uma nova área, com seus serviços necessários de apoio, como cozinha e depósito. Um Open Space também é pensado para esta área, sem a setorização do espaço. Esta é uma alternativa importante para áreas multifuncionais, que podem abrigar diferentes tipos de eventos - de palestras a convenções ou festas.

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Como referência para este espaço foi usado o Centro de Convenções de Vitória, que conta com salas para eventos e auditórios de diferentes dimensões, inclusive quanto ao pé-direito dos espaços. Desta forma, foi possível estimar a área de eventos no contexto em que o projeto está inserido. No caso, foi prevista uma planta livre para, aproximadamente, 400 pessoas.


As áreas de Teatro e Cinema foram pré-dimensionadas com base nas salas do Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. No caso do projeto inserido na cidade de Vitória, é identificada a necessidade de apenas 1 sala de cinema, para 120 pessoas, e uma sala de teatro, para 300 espectadores, considerando diferenças referentes ao número de visitantes e à difusão da cultura teatral nas diferentes capitais.

BLOCO G Para o Museu foi pensado um espaço livre, com aproveitamento da varanda para eventuais exposições externas. Em geral, propõese um espaço para uma exposição específica sobre a Ilha, permanente, não requerendo grandes áreas de depósito.

BLOCO H A área administrativa conta com suas divisões por setor, almoxarifado e também as áreas de serviço como copa e sanitários exclusivos aos funcionários. Conta ainda com uma área de recepção/espera, e uma sala de reuniões. Por tratar-se de um Complexo de Edifícios, este demanda uma área administrativa maior. Para o pré-dimensionamento da Zona Administrativa foi utilizado, também, o Manual do Arquiteto.

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PROGRAMA

BLOCO F


PROGRAMA

BLOCO I As áreas técnicas foram pré-dimensionadas com medidas gerais, considerando o tamanho da edificação e seus usos, ressaltando a necessidade de projetos específicos de elétrica, hidráulica e demais complementares. Desta forma, com a definição dos equipamentos, tubulações e outros elementos a serem inseridos nos ambientes, será possível dimensionar adequadamente as áreas técnicas. Durante o processo projetual, com a orientação de profissionais das áreas citadas, foi possível estimar mais precisamente estas áreas e a disposição destas pelo terreno.

Quanto aos Reservatórios de Água, foram efetuados os cálculos de consumo diário tirando uma média do volume a ser armanzenado nos ambientes a ele destinado. BLOCO J Em relação as áreas de apoio, é identificada a necessidade de uma área exclusiva para funcionários, com vestiários, copa e estar, a serviço de todos que trabalham no Complexo. BLOCO K Para o Estacionamento foram pensadas vagas a partir de uma média, com referência no Plano Diretor Urbano de Vitória.

Por fim, foram computadas as áreas a fim de controlar o coeficiente de aproveitamento do espaço; para conferir se seria possível projetar todos os espaços desejados no terreno em estudo.

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A ideia de projetar uma arquitetura que se incorporasse ao terreno parte do desejo de preservar as visuais da cidade com caminhos e mirantes que o morro da Barrinha possibilita, como reforçado durante todo o trabalho. Incorpora-se ainda a importância da arquitetura de Zanine Caldas e então têm-se duas arquiteturas que, em certo ponto e de certa forma, dialogarão.

1.LIVRE

CIRCULAÇÃO

*EDIFÍCIO ZANINE COMO ELEMENTO DE DESTAQUE E DE TRANSIÇÃO ENTRE OS EDIFÍCIOS *ENCONTRO COM O MAR

2.MULTIFUNCIONALIDADE *DIVISÃO FUNCIONAL POR NÍVEIS : ARQUITETURA “ENTERRADA“ -> ESCALONAMENTO TERRENO

circulação vertical

museu recepção/administrativo

eventos

cinema

teatro

exposições midiateca praça/restaurantes

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DIRETRIZES PROJETUAIS

DIRETRIZES PROJETUAIS


DIRETRIZES PROJETUAIS

A idéia básica por trás do conceito da Arquitetura “Enterrada“ no terreno é a integração, ou melhor, a interação da mesma com seu entorno. Trata-se de abrir Mirantes Naturais sobre os edifícios; percursos para os visitantes; terraços que lentamente adaptamse à topografica, superando o desnível do terreno de forma com que o usuário/visitante não se atente ao grande declive do terreno, e tenha, por outro lado, uma experiência agradável no desvendar do espaço.

3.ARQUITETURA “ENTERRADA“ X MIRANTE NATURAL

Projetos mundo afora já exploram este conceito. Alguns servem de referência para o Projeto no Morro da Barrinha. São eles: VINÍCOLA CHEVAL BLANC, CHRISTIAN DE PORTZAMPARC - FRANÇA O arquiteto cita, em sua descrição do projeto, que pensou o edifício como uma adega em forma de um mirante projetado para fora do “château” e se abrindo para a bela paisagem. Esta ideia explora exatamente o conceito de criar percursos sobre os edifícios; caminhos com tratamento paisagístico que proporcionam uma experiência agradável ao visitante. Imagem: Lancia TrendVisions

ALONI HOUSE, DECA ARCHITECTURE - GRÉCIA Na Arquitetura desta Casa, a estratégia simples de “borrar” os contornos da casa faz com que sua massa se torne imperceptível dentro do horizonte mais amplo da ilha. Ganha destaque, neste projeto, a abertura zenital, que permite a iluminação natural, vistas generosas e um relacionamento compacto com a paisagem ao seu entorno, porém rica para a sua configuração. Imagem: ArchDaily

MUSEU ARQUEOLÓGICO VUCEDOL, RADIONICA ARHITEKTURE - CROÁCIA No projeto do Museu, grande parte está enterrado no solo e apenas a fachada está aberta à paisagem. Além disso, sua forma, como uma serpentina, acompanha o terreno, criando terraços verde que levam o visitante aos sítios arqueológicos acima do museu. A integração com o terreno é obtida também ao selecionar materiais, como o tijolo para o revestimento exterior, um material natural que muito se assemelha ao chão do local. Imagem: ArchDaily 26

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DIRETRIZES PROJETUAIS

4.CAMUFLAGEM O Conceito de uma Arquitetura Camuflada parte do princípio que o edifício estará, de alguma forma, “escondido“ no terreno. Isto ocorre quando se trabalha acompanhando as características do terreno, seja ao acompanhar sua forma, - no caso de terreno em declive, acompanhando suas curvas de nível seja com o escalonamento dos blocos de edifícios. É possível trabalhar essa camuflagem também com o uso dos materiais. Falase no uso de materiais que compõem o contexto em que será inserida aquela arquitetura.

Levando em conta o contexto do Morro da Barrinha, que conta com uma vegetação arbórea considerável, pretende-se criar este efeito estético a partir da criação de um elemento de fachada que mimetize essa natureza do entorno. A imagem abaixo - dos galhos de uma árvore - servem como referência para a aplicação deste mecanismo de “camuflagem“ no projeto do Centro Cultural da Ilha, a ser apresentado a seguir. Imagem: Google

Materiais presentes na paisagem do entorno podem criar um efeito de mimetização da natureza exterior e, consequentemente, proporcionar ao usuário o efeito de “camuflagem“ desta Arquitetura.

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CENTRO CULTURAL DA ILHA

Lazer Cultura & Entretenimento em um só Lugar Um Passeio Interativo pelo Morro da Barrinha Da importante interseção da Avenida Saturnino de Brito com a Ponte de Camburi nasce uma nova ramificação. Este caminho convida o pedestre, ou ciclista, a um passeio as margens do Canal de Camburi. Percurso arborizado e dotado de equipamentos urbanos, é pensado como uma grande área de Convivência. Com um caminhar despretensioso ou não, o transeunte encontra uma nova arquitetura. Esta, até então não evidenciada, oferece serviços variados. Da Praça no pavimento térreo à área de eventos no nível mais elevado do bloco, é possivel desfrutar de atividades de Lazer e Cultura. O Complexo conta ainda com uma área de Entretenimento cujo acesso ocorre através do Edifício Zanine, monumento de importância arquitetônica que ganha destaque no novo projeto abrigando o Museu da Ilha de Vitória. .arquiteturaCamuflada.

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projeto | IMPLANTAÇÃO

Em Contato com a Paisagem A paisagem do Morro da Barrinha e seus arredores foi o ponto de partida para a idealização de um trabalho no local. A vegetação nativa e as visuais daquela área são admiráveis e, sem dúvida, desejáveis. Com isso, o projeto de intervenção neste espaço deve, prioritariamente, trabalhar em conjunto com seu entorno. Este diálogo entre o Público e a Paisagem ocorre de algumas formas, seja no trajeto sinuoso do Deck que acompanha as curvas do terreno e permite o contato e a aprecicação do entorno, seja pela extensão e criação de novas trilhas, que tem por finalidade promover a circulação das pessoas por todo o terreno, com a descoberta da vegetação nativa e “frames“ da Ilha. Quando a Arquitetura entra em cena - por motivos econômicos, sociais, culturais e políticos - ela também prioriza o diálogo com a Paisagem em busca de uma coexistência harmoniosa. Na Implantação é possível perceber a minimização de sua presença em meio a vegetação. Trata-se de uma Arquitetura Camuflada, “escondida“ sob seus terraçosjardim. QUADRO DE ÁREAS A proposta projetual trabalha dentro dos limites de construção e ocupação exigidos pelo Plano Diretor Urbano de Vitória, com ressalva para as áreas do Deck e Estacionamento, entendendo a necessidade de apresentar à Prefeitura os benefícios do projeto frente a ampliação da área de intervenção.

Croqui Estudo Retas Arquitetura x Curvas Caminhos 30

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projeto | IMPLANTAÇÃO Uma Arquitetura Dinâmica

Tratamento Paisagístico

As novas edificações são projetadas a partir de linhas retas, justamente se opondo a sinuosidade dos percursos. Além disso, procura-se fugir das previsíveis linhas curvas que prevalecem como solução estética para projetos em topografia acidentada, principalmente quando há a pretensão de esconder a construção.

Quanto ao tratamento Paisagístico do local, muito fundamental por tratar-se de um projeto com foco no destaque da Natureza, entende-se a necessidade de um estudo do tipo de vegetação adequada ao clima e aos usos diferentes dentro do Complexo.

Entende-se que as linhas retas, trabalhadas em diversos ângulos, criam “perspectivas“ e oferecem a dinamicidade e a interação com o terreno, sem optar pela mimetização de suas curvas.

São sugeridos, por exemplo, tipos diferentes de vegetação para o paisagismo nos jardins sobre laje, naqueles ao longo do terreno, a fazer sombra nas trilhas, e árvores recomendadas para o interior de edificios. .arquiteturaCamuflada.

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projeto | DECK

PASSEIO PELO DECK Um percurso descontraído à Beira do Canal de Camburi A idéia de criar um deck que pudesse ligar os transeuntes das Avenidas Saturnino de Brito e Dante Micheline ao terreno foi um dos insights do projeto. De fato, o diálogo com o entorno é uma das principais propostas projetuais e designar não apenas o acesso pelo Morro da Barrinha, mas também ao nível da rua, cria a sensação de “permeabilidade” a essa nova Arquitetura.

Além disso, a forma do elemento arquitetônico segue o traçado das curvas de nível do Morro da Barrinha, o que reforça o diálogo entre o elemento construído e o elemento natural. São acrescentadas à função de conexão, aquelas de lazer e contemplação, com a preservação do sistema natural, uma vez que propõe-se uma estrutura independente a não influenciar o funcionamento do Ecossistema local.

CIRCULAR ESTAR INTERAÇÃO COM ENTORNO

CONTEMPLAR REFÚGIO

CONECTAR

Pode-se dizer que o Deck ganha destaque na proposta arquitetônica por abrigar uma diversidade de funções tal como a arquitetura propriamente dita dos edifícios.

Um passeio ao longo de seus 450 metros linear

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De Circulação e Conexão, esta estrutura anexa ao terreno propõe também um ambiente de Estar, Contemplação e Interação com o Entorno, além de servir como Refúgio na complexa interseção das grandes avenidas da cidade de Vitória.


projeto | DECK

Localizado na altitude de 4m, o mesmo nível do Píer de Iemanjá, o deck cria uma sensação de continuidade do Calçadão de Camburi - através da coordenação de materiais - cujo significado como área de socialização e bem-estar já está enraizado nos usuários. Logo, não se pretende competir com o percurso existente, mas, sim, estendê-lo. É bom lembrar que estão dividas as áreas de ciclista e pedestre ao longo do percurso, sendo estas uma extensão dos trechos - agora ampliados - que ligam os transeuntes das avenidas Saturnino de Brito e Dante Micheline.

Em relação ao material, o projeto propõe um deck em madeira sobre estacas. Com uma distância mínima do Morro da Barrinha, há a intenção de preservar o funcionamento do Ecossistema, minimizando qualquer dano ao mesmo. Entende-se que este material promove uma menor interferência se comparado, por exemplo, a estrutura utilizada no Píer de Iemanjá, sobre Enrocamento. Por se tratar, ainda, de uma área fora da zona permitida à construção, propõe-se uma arquitetura que interfira ao mínimo no seu entorno.

Píer de Iemanjá sobre Enrocamento. Nível = 4m. Acervo Pessoal

Escadaria ao final do Píer de Iemanjá. Acervo Pessoal

Croqui. Corte do Deck com especificação Nível, o qual segue a mesma cota, propositalmente, do Píer de Iemanjá.

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projeto | DECK

Outro partido para o projeto do deck nasce do termo “Refúgio”. O acesso pela faixa litorânea, justamente em um ponto de importante conexão entre duas grandes avenidas, convida o pedestre e o ciclista a “escaparem” do ruído e poluição deste trecho intenso de fluxo urbano, e adentrarem uma área de tranquilidade, contemplação e vivência. Trata-se de criar um percurso para pedestres e ciclistas, quase que como um “Boulevard”, amplo e com cuidado paisagístico, e que conforma áreas de vivência informais ao longo de sua extensão. A estrutura segue além da entrada do Complexo, justamente para não configurar o deck como um “hall de entrada”, mas, de fato, para constituir-se como objeto de importância própria. Como referência para este projeto, podemos citar o “Hornsbergs StrandPark”, projetado pelo escritório “Nyréns”, na Suíça. Este aborda o conceito do percurso como um “living room“; como um ambiente de estar que promove a vivência no espaço, e melhor, a convivência entre seus usuários.

Neste caso, assim como no projeto para o Morro da Barrinha, há uma conexão direta entre o deck e o Mar. No caso da proposta projetual, ela inclui escadas que chegam ao nível da água, permitindo uma proximidade ainda maior, como acontece também no projeto do Píer de Iemanjá. Por fim, o usuário deve circular pelo Deck independentemente dos serviços oferecidos pela Praça ou pela Midiateca, afinal, a Arquitetura e as experiências a que esta submete o indivíduo se inicia no percurso do Deck e não apenas quando o indivíduo adentra o objeto edificado.

Referência: “Hornsbergs StrandPark”, Suiça Fonte: Site ArchDaily 34

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Desvendando a Paisagem O projeto propõe a abertura de caminhos para promover a livre circulação pelo terreno, criando mirantes, como propunha Brito em seu Plano para a cidade de Vitória. Vale lembrar que já existem, no local, algumas trlhas, informais, sem caminhos definidos; algumas sem continuidade, que, em geral, encontram as praias “escondidas” pelo Maciço. Propõe-se a extensão destas, ampliando os percursos.

Trilha Existente. Fonte: Imagens Google Earth

Praias “Escondidas“ para onde levam as trilhas existentes. Fonte: Imagens Google Earth

Os novos trechos de trilha conectam aquelas existentes aos novos edifícios e promovem a livre circulação por todo o Complexo.

À esq.: Imagem do novo trecho da trilha que se conecta ao Deck. À dir.: Croqui .arquiteturaCamuflada.

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projeto | TRILHAS

TRILHAS E CAMINHOS


projeto | ESTACIONAMENTO

ESTACIONAMENTO Estrutura Leve O estacionamento para visitantes é dividido em 3 platôs, de forma a comportar a média de 120 veículos necessárias. A quantidade foi dimensionada a partir do PDU da Cidade de Vitória. Vale ressaltar que não há especificação para todas as áreas em uso, logo, criou-se uma média, levando em conta a quantidade total de visitantes esperada, uma média de 3000 pessoas/dia, o mesmo que comporta a atual Casa de Eventos, tendo, esta, um estacionamento para 100 veículos. As vagas para Carga e Descarga se encontram em um outro platô, ao lado oposto da rua. Esta área está associada à entrada de serviços da edificação. Vale ressaltar que a área destinada ao Estacionamento de veículos se encontra fora do terreno do atual Ilha Shows.

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Trata-se de um terreno em anexo, arborizado. Pretende-se aproveitar a vegetação ao máximo com o replantio de algumas delas no novo projeto paisagístico do Centro Cultural. Terreno anexo destinado ao novo Estacionamento. Arquivo Pessoal


projeto | ESTACIONAMENTO O bloco de vidro de Escada e Elevador permite a circulação entre os platôs, sendo que o acesso ao Complexo acontece pelo primeiro nível. Vale lembrar que é proposta a ampliação da Alameda Irmã Nieta, com uma alça para a circulação de pedestres. Com início na entrada do morro, a alça encontra o estacionamento e, também, o início da trilha que leva o usuário diretamente ao deck, criando esta livre circulação por todo o terreno. Atualmente, os pedestres circulam junto com os veículos pela Alameda, logo, esta proposta visa, primeiramente, a segurança dos pedestres com a separação dos fluxos.

Croqui Estacionamento .arquiteturaCamuflada.

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projeto | ESTACIONAMENTO

“Crib Wall“ Uma alternativa Verde para o grande Muro de Arrimo No caso do platô do estacionamento, optouse por um sistema construtivo que, além de trabalhar a contenção de encostas de grande altura, contribui para a estética do projeto ao dialogar com a paisagem. Trata-se da tecnologia chamada “Crib Wall” ou, no Brasil, “Muro em Fogueira”, uma estrutura de contenção feita com módulos montados por meio da sobreposição de peças de concreto, metal ou madeira, sendo estes preenchidos por brita ou terra, criando uma estrutura que exerce a contenção por meio de gravidade. Entre os módulos e as peças, costuma-se plantar vegetações, criando, no caso do terreno em estudo, um aspecto visual que interage com o entorno. Detalhe “Crib Wall“

Corte Estacionamento

Exemplo de Construção com o Sistema da “Anda-Crib“. Fonte: Site Retain UK 38

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Espaço Convidativo Como já mencionado, o acesso ao terreno pelo Deck surge como alternativa àquele já existente, pela Alameda Ponta Formosa. Neste caso o passeio por esse “Boulevard“ conduz o transeunte ao edifício da Praça e Midiateca, de onde pode, então, transitar verticalmente para os outros pavimentos. No percurso existente, em paralelepípedo, prevalece o trânsito de veículos e de pequenos caminhões para Carga e Descarga. Com o estacionamento localizado nesta área, somado à criação da alça exclusiva para pedestres, entende-se um grande fluxo de pessoas por esse percurso. Quem chega ao Complexo por este lado, pelo alto do Morro da Barrinha, encontra uma área com tratamento paisagísitco e alguns equipamentos urbanos como bancos, postes de iluminação, lixeiras, placas de sinalização e etc. Desta grande área de passeio/estar arborizada é possível optar por algumas direções.

Logo em evidência econtra-se o Edifício Zanine, que convida o visitante ao grande hall de Recepção, de onde ele pode, atravessando o edifício, acessar a área de Entretenimento, com Cinema e Teatro. Ou pode, também, conhecer o Museu da Ilha no pavimento superior do Zanine e contemplar a melhor vista do Complexo: a da Varanda do Museu. Já o visitante que veio especificamente para um evento, por exemplo, a uma palestra ou convenção, pode se dirigir diretamente ao espaço destinado a este uso - até então “camuflado” sob o terraçojardim - cujo acesso se dá através de uma imponente escada. Pensando na acessibilidade e facilitando a circulação vertical por todos os blocos do edifício, é proposta, também, uma “Caixa de Vidro“, com elevadores e escada de emergência, cujo acesso ocorre ao nível da grande área arborizada. Há ainda quem queira apenas passear pelas longas áreas verdes do Complexo. Este pode seguir por trilhas e caminhos pavimentados em todos os níveis e desvendar os Mirantes Naturais que o projeto oferece.

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projeto | ACESSOS

ACESSOS


projeto | TORRE SERVIÇOS

Acima tem-se uma vista da varanda do pavimento superior do Edifício Zanine, agora Museu da Ilha, com destaque para a “Caixa de Vidro“ da Torre de Serviços, que “invade“ este nível, permitindo a circulação direta com os pavimentos inferiores. Vale lembrar que esta “Caixa de Vidro” invade o nível superior do Complexo apenas na área da Circulação Vertical do Público. Como pode-se perceber na Seção abaixo, sobre os demais serviços da Torre, como sanitários e circulações de serviço e mercadorias - no desenho, sobre o depósito - configura-se como zona técnica, com casa de máquinas e reservatório de água.


Livre Circulação Ao trabalhar com um projeto em níveis, criando platôs no terreno inclinado, temse a questão da circulação vertical a ser resolvida. Neste caso, criar um bloco que segue comum por todos os pavimentos aparece como uma ótima solução. Foi projetada, portanto, a Torre de Serviços. Esta conta com os blocos de circulação vertical, tanto dos visitantes, quanto de serviços/ funcionários, e também aquela destinada ao fluxo de carga e mercadorias nas áreas de depósito. O bloco de sanitários também faz parte dessa torre, concentrando as instalações hidráulicas em uma mesma prumada.

Desta forma, também, o visitante pode ter acesso direto a Torre e, consequentemente aos pavimentos inferiores sem ter que passar pela área de Eventos, a qual pode estar fechada para alguma ocasião, fazendo necessário um acesso alternativo. Vale lembrar que a Torre contempla apenas os blocos da Praça e Midiateca, Exposições e Eventos. Deste último nível pode-se chegar á área de Entretenimento, a partir do qual tem-se acesso também à recepção e ao Museu da Ilha no Edifício Zanine.

Sendo um elemento importante funcionalmente, optou-se por torná-lo parte da arquitetura, levando-o até o nível da área verde superior, ao nível do Zanine. Croqui. Esquema da Torre de Serviços

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projeto | TORRE SERVIÇOS

TORRE DE SERVIÇOS


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projeto | A PRAÇA

A PRAÇA Vivência e Permeabilidade A Praça surge a partir do conceito da não diferenciação interior x exterior, promovendo uma continuação entre estas duas áreas, de forma a convidar o visitante que está a passeio pelo deck. Para reforçar este conceito, os materiais tem papel fundamental. O piso de madeira do deck, por exemplo, “invade” o interior do edifício criando uma sensação de continuidade entre os dois ambientes. A “pele” de aço cortén perfurada também enfatiza este conceito de um espaço único, não se configurando como barreira. Pelo contrário, sua superfície vazada permite a visibilidade, iluminação e ventilação natural. Pretende-se fugir do significado literal de vedação como aquele que fecha um espaço. A ideia é exatamente o oposto. Vale ressaltar que trata-se de uma superfície independente, “descolada“ do limite do restaurante, ganhando força como elemento arquitetônico. 44

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Como ambiente de entrada e acesso dos transeuntes pelo Deck, o espaço deve conter funções de receber o visitante. Para isso, conta com uma grande área de estar, dois restaurantes, e espaço para instalação de um café e uma doceria, como proposta incial. Propõe-se uma variedade no tipo de alimentação, justamente por tratar-se de um espaço exclusivo, com poucos espaços para serviços alimentícios. Um “Point“ de Informações também auxilia na circulação dos visitantes que, a partir deste pavimento, podem conhecer as outras áreas do Complexo. Partindo do conceito de um espaço aberto e dinâmico, os restaurantes são distribuídos em lados opostos e com características e acessos diferenciados. Um deles, completamente fechado, como uma “Caixa de Vidro“, e climatizado, tem seu acesso pelo interior do edifício. Já o outro conta com a entrada pelo exterior do edifício - diretamente pelo deck - através de uma grande esquadria do tipo guilhotina que compõe a superfície de aço cortén da fachada. Neste é preservada a ventilação e a iluminação natural, com controle solar através do elemento de fachada, aliado também a um posicionamento estratégico da escada, o qual limita a área de mesas na zona central do Restaurante. A escada conduz o cliente ao Pavimento Mezanino, que conta com mais algumas mesas e área técnica do espaço comercial, além de uma vista ainda mais privilegiada do exterior.Vale ressaltar que se trata de restaurantes para aproximadamente 120 pessoas cada, a serem arrendados, e que seguem a ideia de cardápios distintos; um deles de comida típica capixaba, e ambos com preço médio.

projeto | A PRAÇA

A Praça surge como ambiente de grande importância para a construção do conceito de interação com a Paisagem. Não bastaria criar uma Praça a céu aberto - como o usual - x edifícios voltados a seu interior. A ideia é proporcionar uma extensão do deck para o interior da edificação como um espaço único, ao menos aos sentidos do usuário; é importante que haja a interação entre os dois ambientes.


projeto | A PRAÇA

A árvore que “rasga” a laje do bloco da Praça e da Midiateca aparece como elemento importante do projeto deste espaço. Ela reforça o conceito da Praça Interna, criando uma área de estar sob sua copa; uma área sombreada logo na entrada dos visitantes ao Complexo. Além disso, este vão na cobertura, junto ao sistema de três Sheds, compõe um mecanismo de iluminação e ventilação natural, permitindo a entrada da luz - direta e indiretamente - e a ventilação cruzada com a fachada vazada. Vale ressaltar que a intenção é iluminar e ventilar estes ambientes, sem super aquecê-los. Para isso, brises verticais nos sheds e a sombra que a árvore cria na área de estar sob sua copa servem como mecanismo de controle solar. Quanto ao conforto térmico nas áreas de serviço e sanitários, estas contam com ventilação através de exaustão mecânica por shafts, e as áreas de cozinha dos restaurantes tem esquadrias altas viradas para o exterior. LEGENDA: 1 DECK 2 JARDIM 3 INFO POINT 4 PRAÇA 5 CAIXAS ELETRON. 6 CAFÉ 7 DOCERIA 8 SANITARIOS

Croqui. Área de Estar sob Copa da Árvore na entrada do bloco da Praça.

9 TEL. PUBL. 10 CIRC. SERV.. 11 A. FUNC. 12 DEPOSITO 13 MEDIDORES 14 A. FUNC. REST. 15 LIXO 16 DESPENSA 17 CAMARA FRIA 18 PREPARO 19 BEBIDAS 20 COZINHA 21 LAVAGEM 22 CAIXA 23 SALÃO 120LUG.

24 SANITARIOS REST. 25 REST. 100LUG. 26 SANITARIOS REST. 27 A. TECNICA (F.COIL) 28 CAIXA 29 COZINHA 30 PREPARO 31 BEBIDAS 32 LAVAGEM 33 COZIMENTO 34 CAMARA FRIA 35 DESPENSA 36 A. FUNC. 37 LIXO 38 DEPOSITO

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Esta ideia aparece no projeto do Complexo de Cultura de Niewe Kolk, usado como referência para este espaço.

Leitura e Interatividadede A partir da escada rolante, chega-se ao mezanino, área que também deve interagir com a praça e o exterior do edifício. Para isso, manteve-se o peitoril e o contato visual direto com o pavimento inferior, fechando apenas áreas climatizadas como o Cyber Space e uma parte da área de leitura, mais reservada. Referência: Complexo de Cultura de Niewe Kolk, Holanda. Fonte: Site ArchDaily

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LEGENDA: 1 PLANTA LIVRE 2 A. TÉCNICA 3 CYBER SPACE 4 GUARDA-VOLUMES 5 AMBIENTE CLIMATIZADO 6 DEPOSITO 7 A. TÉCNICA 8 SANITARIOS

9 SECRETARIA. 10 DIREÇÃO 11 ARQUIVO. 12 REUNIÃO 13 SERVIDORES. 14 SERV.ADMIN. 15 LIXO 16 CIRC. FUNC. 17 MEDIDORES 18 DEPOSITO 19 LIVRARIA

20 CAFÉ 21 JARDIM DE INVERNO 22 RESERV. AGUA 23 A. TÉCNICA

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projeto | MIDIATECA

MIDIATECA


projeto | MIDIATECA

Este pavimento conta ainda uma livraria e um café que seguem o mesmo conceito de ambientes livres e abertos. Ao final do café, um jardim de inverno separa visualmente esta área e o restaurante em pé direito duplo do pavimento inferior. Neste pavimento situa-se, ainda, uma área administrativa para parte do Complexo. A interação visual entre pavimentos também ocorre na relação com o pavimento superior, do Espaço Expositivo, através de um “rasgo“ na laje. Na imagem abaixo, destaque para a Clarabóia e para a Caixa de Vidro, que recebe um restaurante e o Cyber Space no Mezanino.

Trata-se de um espaço contemporâneo, livre de muitas divisões do espaço, com a finalidade de promover, junto á Praça, um espaço de “conectividade “, onde vários elementos, as pessoas , natureza e arte, convergem para criar novas possibilidades de comunicação e colaborações. 48

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projeto | CAMUFLAGEM

ARQUITETURA “CAMUFLADA” Para garantir a camuflagem desta nova arquitetura foi necessário, não apenas escavar o terreno e trabalhar em níveis, mas, tão importante quanto, trabalhar os materiais de fachada. O aço cortén aparece como uma alternativa interessante devido, primeiramente, a sua maior resistência à corrosão frente a um ambiente agressivo como a orla marítima, e também por seu aspecto enferrujado, que varia ao longo do tempo e das mudanças climáticas, podendo ser caracterizado como um material “mutante”, assim como a natureza. Este material aparece em placas por todos os blocos da edificação, exceto na fachada principal do pavimento térreo, quando as chapas aparecem perfuradas, em formas triangulares, remetendo aos galhos de árvores e fazendo alusão a uma floresta. Em relação as esquadrias, estas seguem o mesmo material da fachada, o aço cortén, inclusive com o mesmo recorte da chapa perfurada, justamente para, quando fechadas, comporem a estética proposta. Durante o dia, quando aberto o edifícioimagina-se o funcionamento de 10h as 22h - estas correm para cima - do tipo guilhotina. Neste momento, têm-se grandes vãos abertos que infatizam ainda mais o conceito de permeabilidade. Não há portas ou janelas a serem abertas e fechadas. O edifício está sempre fazendo um convite ao visitante.

Referência: Edifício de Escritórios Sustentável “Steel Band“, ou Fita de Aço. Projeto do Atelier Arcau. França, 2012. Fonte: Site ArchDaily

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projeto |CONFORTO

CONFORTO TÉRMICO ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO ZENITAL Ao projetar em um terreno inclinado, principalmente com uma proposta de Arquitetura Camuflada no mesmo, é muito importante atentar-se para a iluminação e ventilação dos ambientes. Neste contexto a iluminação e ventilação zenital aparecem como uma alternativa importante para o conforto da edificação. Este mecanismo aparece no bloco da Praça, com a presença de Sheds voltados para a orientação Sul, protegendo o ambiente, assim, da intensa incidência solar vinda do Norte.

Pretende-se proporcionar no interior da Praça uma boa iluminação natural, mas sem super aquecer o ambiente. Para isso, brises verticais posicionados a cada 1 m - definido após estudo solar para aquela orientação específica, realizado com a técnica da Máscara de Sombra aumentam a zona de proteção térmica, proporcionando um ambiente mais agradável ao usuário.

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A clarabóia também aparece como mecanismo de iluminação zenital no pavimento de Exposições. Ela proporciona a iluminação natural não apenas para aquele ambiente, mas a luz incide também sobre a área da Midiateca, uma vez que um rasgo na laje do pavimento expositivo cria o contato direto entre as duas áreas e permite a iluminação indireta no pavimento inferior. Com a questão da exposição dos livros ao sol, o layout da Midiateca é pensado com a distribuição de mesas nesta área iluminada, reservando ambientes mais protegidos para o acervo de livros.

É bom lembrar que a utilização de aberturas zenitais é uma opção, também, para evitar as distrações geradas pela visualização do exterior através das aberturas laterais, no caso da área de exposições, por exemplo; sem contar que a iluminação oferecida por aberturas zenitais produzem distribuições bem mais uniformes que as oferecidas pelas aberturas laterais.

Croqui do funcionamento dos mecanismos de proteção solar. A árvore, por exemplo, serve como elemento sombreador, minimizando os efeitos da incidência solar direta.

Quanto aos demais ambientes, como as áreas de apoio aos restaurantes no pavimento térreo, estes contam com janelas altas, que “buscam“ uma fresta de ar nessa arquitetura enterrada.

projeto | CONFORTO

Ainda no bloco da Praça e Midiateca, um “rasgo“ na laje abre espaço para uma grande Árvore. Esta área a céu aberto cria uma ventilação cruzada com a fachada ventilada, além de propiciar iluminação natural, e, mais importante, a sensação de estar inserido na paisagem. Um grande jardim sob ela, no nível da Praça, recebe as águas da chuva, além de compor uma área de estar.


projeto | CONFORTO

Mecanismos de Proteção Solar As fachadas principais seguem a orientação do edifício Zanine, à Noroeste. Trata-se de uma orientação em que a insolação é intensa, principalmente pela parte da tarde, requerendo a proteção solar nos ambientes de maior permanência. CHAPA PERFURADA No caso da Praça, por exemplo, optou-se pelo uso, na fachada principal, da Chapa Perfurada de Aço Cortén, primeiramente por uma intenção estética, como já mencionado– de mimetização da natureza e pela característica do material de tranformar-se ao longo do tempo e mudanças climáticas– e também funcional, uma vez que sua superfície vazada diminui a incidência solar de acordo com a porcentagem dos vãos. No caso, a fachada possui em torno de 50% da área de seu painel vazada.

Vale lembrar que esta “pele” diminui a incidência solar, mas não protege totalmente as áreas internas. Logo, torna-se necessário propor outros elementos de proteção solar a fim de proporcionar ao usuário um conforto térmico adequado. VIDRO DE BAIXA EMISSIVIDADE - “Low-E” O edifício é revestido, basicamente, em aço cortén e vidro. Com o alto índice de raios solares incidindo nas principais fachadas do Complexo, é necessário pensar cuidadosamente sobre seu uso. Atentando a esta questão, propõe-se o uso do vidro com revestimento baixo emissivo, o chamado Low-E, tecnologia muito utilizada atualmente nos projetos de edifícios por seu bom isolamento térmico aliado ao efeito estético. De fato, o Low-E oferece um bom desempenho ao refletir para fora as radiações causadas pelos raios solares, sem criar o indesejável efeito espelho. Isto ocorre devido a uma camada extrafina de metal de baixa emissividade que o vidro recebe em um de seus lados na etapa de fabricação. Essa fina camada filtra os raios solares intensificando o controle de transferência de temperaturas entre ambientes, sem impedir a transmissão luminosa. Vale lembrar que o Vidro Low-E não “trabalha sozinho”. A característica da baixa emissividade do low-e é um aditivo a mais para os vidros de controle solar que, em um país como o nosso, ainda são mais adequados para o objetivo de amenizar o calor do Sol. 54

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O fator econômico deve também ser destacado. Os novos produtos chegam a coeficientes de ganho de calor solar menores do que 0,3, ainda oferecendo transmissões de luz de mais de 50%, o que gera uma economia de energia no resfriamento dos ambiente, e em casos de países mais frios, para o aquecimento dos mesmos.

Vale lembrar que esta tecnologia é aplicada em todos o vidros do Complexo, sendo que, em ambientes de maior permanência, como o Café do bloco de Entretenimento, e no pavimento de Exposições, que recebe o fechamento de vidro em parte de sua fachada, nestes locais o vidro aparece acompanhado sempre de algum outro elemento sombreador, em geral uma marquise. No caso do Restaurante e Cyber Space do bloco da Praça, estes são protegidos também pela Fachada Ventilada de Aço Cortén, como citado anteriormente. Esquema de Funcionamento Vidro “Low-E”. Fonte: Site AnaVidro

É importante ressaltar que apenas um dos restaurantes é totalmente fechado pela pele de vidro, sendo que o outro segue a proposta de ser “aberto” ao exterior e por isso sua única forma de proteção solar é a o painel da fachada. De toda forma, entendese que se trata de um ambiente de longa permanência e que deve, portanto, manter um conforto térmico adequado. Para isso, o layout do restaurante é proposto de forma a expor a escada, uma área de passagem, para a área de maior insolação, e este elemento acaba servindo de proteção para a área das mesas no interior do restaurante.

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projeto | CONFORTO

Mais especificamente, um vidro de controle solar tem como principal característica o bloqueio do calor emitido por radiação. Ele impede que o ambiente fique superaquecido por causa do calor solar e ajuda a diminuir os custos com ar condicionado. Somado a uma camada metálica de vidro low-e, esse vidro de controle solar ganha um bônus: a baixa transferência térmica do exterior para o interior por meio de condução.


projeto | EXPOSIÇÕES

A área expositiva visa minimizar a distração para os visitantes, com foco na criação de um ambiente calmo e agradável. Destaque para o painel de vidro recuado da fachada, emoldurando a bela paisagem da Praia de Camburi. LEGENDA: 1 2 3 4

5 SECRETARIA 6 DIREÇÃO 7 ÁREA FUNC. 8 VEST. FUNC. PNE 9 VEST. FUNC. FEMIN. 10 VEST. FUNC. MASC.

PLANTA LIVRE EXPO SANITÁRIOS CIRC. OBRAS APOIO EXPO

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COPA FUNC. SERVIDORES CIRC. FUNC. MEDIDORES DEPÓSITO CENT.ÁGUA GELADA

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Um Espaço de Conectividade e Interação e A área de exposições temporárias também aparece com layout em planta livre. Trata-se de um ambiente fechado ao interno, em grande parte, para valorizar as peças a serem expostas. Em momentos específicos do passeio do visitante pelas obras, a exuberante beleza da paisagem ao externo é desvendada e emoldurada como mais uma arte neste espaço expositivo. O contato visual ocorre quando o visitante é “surpreendido” em dois momentos. Primeiramente, pela clarabóia instalada na laje superior, formando um contorno para o vazio do céu, e mais, para as pessoas que transitam pelo terraço-jardim. Estas tem uma vista dos curiosos da arte que passeiam no espaço expositivo abaixo, e ainda, da Midiateca, que também se conecta visualmente ao espaço expositivo através de um vazio na laje entre eles. Trata-se de acompanhar o conceito de interação dos ambientes e visitantes que circulam pelos blocos do Complexo. Sobre a iluminação e ventilação dessa área, além da clarabóia, que contribui para ambos, a ventilação é reforçada com esquadrias altas; isto para não perder área livre de parede a receber quadros, pinturas e outros. O outro contato visual com a paisagem exterior ocorre quando aos olhos do visitante, surge um pano de vidro recuado da fachada. Este recuo cria uma grande marquise para a proteção solar evitando o superaquecimento do ambiente e proporciona, também, uma experiência espacial que segue a irregularidade das formas do exterior.

Ambientes conectados, ainda que visualmente, criam a sensação de amplitude dos espaços e a interação entre os visitantes por todo o Complexo.

CENTRO DE BIODIVERSIDADE _Granada | Cuac Arquitectura O diálogo com a natureza através dos grandes panos de vidro está presente neste projeto para o Centro de Biodiversidade de Granada, onde arquitetura e paisagem se unem sob a sombra de uma grande árvore pré-existente. Neste pavimento também se encontra um acesso exclusivo de funcionários, com vestiários, estar e copa. Há ainda acesso direto para o depósito e para a Central de Água Gelada, responsável pela Climatização dos Ambientes do Complexo. Deste ambiente a água vai para os aparelhos Fan Coil, embutidos no Forro, de onde o ar é distrubuído aos ambientes do Complexo. Corte Esquemático com aparelho de Fan Coil instalado no Forro do pavimento Expositivo; necessidade de cálculo de carga térmica para dimensionamento correto do aparelho. .arquiteturaCamuflada.

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projeto | EXPOSIÇÕES

EXPOSIÇÕES


projeto | EVENTOS

EVENTOS Palestras, Convenções e Demais Eventos A área de eventos conta com um salão climatizado para até 400 pessoas, com copa de apoio, podendo, também, expandir-se para a área externa através das grandes portas de correr de vidro. Abertas, estas ampliam o ambiente criando um grande salão, ou a área sob a marquise pode servir, de forma independente, como um grande foyer. O acesso a este ambiente acontece por diversas formas. A principal é através da escada “enterrada“ em meio ao verde da praça superior; entre os caminhos que são desenhados pelo verde do terreno. Outra opção, com foco na acessibilidade, é através da caixa de elevador e escada da torre de serviços, que leva o visitante até ao pavimento inferior, onde a grande marquise o recebe para então acessar a área de eventos. Neste bloco estão localizados ainda os compartimentos de energia elétrica do edifício, com acesso direto pela zona de serviços, ao lado do estacionamento de Carga e Descarga. A diferenciação dos acessos entre serviços e visitante é especificada na planta abaixo. As setas vermelhas representam o acesso de serviços, já as azuis representa os acessos à área de eventos por parte dos visitantes. E, no pavimento técnico em cujo nível aparece também a “Caixa de Vidro“ da Circulação Vertical - é também representado o acesso por parte destes. LEGENDA: 1 2 3 4

HALL ENTRADA ÁREA EVENTOS ÁREA TÉCNICA SANITÁRIOS

5 COZINHA 6 ÁREA FUNC. 7 DEPÓSITO 8 MEDIDORES 9 LIXO 10 SUBESTAÇÃO

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GERADOR CIRC. VERTIC. RESERV. AGUA ÁREA TÉCNICA

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projeto | EVENTOS A marquise ganha destaque no projeto deste pavimento. Ela funciona como elemento de conexão entre a área de eventos, as trilhas e o bloco de entretenimento. Neste ponto há destaque para o encontro dos pilares novos com os antigos do edifício Zanine. Na nova proposta arquitetônica, os pilares da área de serviços, abaixo da varanda do pavimento térreo do Zanine, recebem reforço estrutural para avançarem 1,5 metro de profundidade, necessário para nivelar-se aos blocos de eventos e entretenimento. Vale ressaltar a necessidade de um cálculo estrutural preciso dos esforços a fim de garantir a segurança dos visitantes. Neste encontro, o novo x antigo é destacado a partir do uso do aço na base reforçada dos pilares frente à estrutura original de madeira, como é representado no croqui abaixo.

Croqui com representação da composição Pilar Antigo de Madeira da atual área de serviços do Zanine x Reforço com base metálica

PILARES DO ZANINE A SEREM REFORÇADOS

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projeto | ENTRETENIMENTO

CINEMA E TEATRO Um espaço de Entretenimento No bloco de Entretenimento situam-se um Teatro e um Cinema, além de um grande Foyer com café e bilheteria. Foram pensados espaços reduzidos e exclusivos; trata-se de uma sala de Cinema para 120 assentos e um Teatro para 300 assentos; A vedação do Foyer é em pele de vidro translúcido do tipo “Low-e“, protegido também por uma grande marquise. Vale ressaltar que as paredes do Cinema e Teatro são mais espessas, recebendo proteção acústica. A área técnica e de apoio situam-se num nível inferior ao palco e, quanto aos sanitários, estes são localizados perto da saída do bloco, entre o Entretenimento e a grande Marquise do Eventos, a ser usado também pelos visitantes que circulam pelas trilhas e percursos do Complexo. LEGENDA: 1 2 3 4 5

FOYER CAFÉ ÁREA EXTERNA BILHETERIA SANITÁRIOS

6 DEPOSITO 7 ÁREA TÉCNICA 8 RESERV. AGUA 9 CINEMA 120LUG. 10 TEATRO 300LUG. 11 BASTIDORES 12 PALCO

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projeto |ENTRETENIMENTO O acesso ao espaço de Entretenimento ocorre pelo Edifício Zanine, através de uma escada imponente que conduz o visitante a um espaço até então escondido na paisagem, como na área de Eventos. Sob os terraços-jardim se encontram um Teatro e um Cinema, com Bilheteria e Foyer. Neste, se encontra um Café, com espaço para mesas na área exterior, sob a marquise, propondo o contato direto com o verde do terreno.

Na imagem acima é representada, ainda, a conexão entre o terraço-jardim e o Café do edifício Zanine. Trata-se de promover, sempre, essa interatividade entre os edifícios e a livre circulação por todo o terreno, criando mirantes para a Ilha de Vitória; neste caso para a Praia de Camburi e o Píer de Iemanjá.

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projeto | ENTRETENIMENTO

O Teatro Trata-se de um espaço para receber espetáculos, recebendo um público de até 300 espectadores e respeitando os preceitos da acessibilidade; um montacarga na sala permite a circulação dos portadores de necessidades especiais e os assentos destinados a eles, como para obesos, seguiram os valores estipulados pelo Código de Obras. A área do palco segue alturas mínimas para o posicionamento de equipamentos de iluminação e som, com base no Manual do Arquiteto.

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A área de Apoio, com vestiários e depósito, se encontra em um nível inferior, “enterrado“ no terreno, com ventilação mecânica. Este espaço conta ainda com uma área técnica para instalação de aparelhos Fan-Coil de climatização do espaço, e outros serviços que forem necessários. Quanto à forma do teatro, cria-se, ao externo, um terraço-jardim inclinado, como uma rampa ao mirante. Ao interno, o forro acompanha esta inclinação, preservando a visual de todos os assentos.


Receber e Conectarde O edifício de Zanine, no uso atual do Ilha Shows, aparece como um edifício auxiliar ao grande salão sob a tenda branca. Pretende-se, com a nova proposta arquitetônica, colocá-lo em destaque, sendo esta a única construção sobressalente na natureza do terreno. Sem afetar sua aparência ou descaracterizar a marca dos projetos do arquiteto, pretende-se preservar a bela estrutura de madeira, acrescentando vedações em vidro em algumas áreas necessárias, como no café e na loja de Souvenir. Em relação à estrutura do edifício existente, esta receberá um reforço onde anteriormente havia uma área de serviços - no nível inferior, abaixo da varanda do pavimento térreo – uma vez que o novo projeto prevê abaixar o nível 1,5m neste ponto da construção, encontrando a área de Eventos. Ao bloco Zanine, agora em destaque na paisagem, é dado à função de “Receber”. Ele recebe o visitante e o conecta a outros espaços, o qual pode dirigirse ao Cinema e Teatro através de uma escada imponente – de grandes dimensões, a funcionar como um caminho agradável para a contemplação da paisagem; ou, verticalmente, conectar-se ao Museu da Ilha, no pavimento superior. O pavimento térreo conta com um hall de entrada, com recepção e seus demais serviços como guarda-volumes e sanitários. A área administrativa do Museu e do Bloco de Entretenimento também se localizam neste pavimento, e um Café, cuja área, climatizada, recebe vedação em vidro e pode se conectar diretamento ao terraçojardim do bloco de Entretenimento.

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projeto | O ZANINE

EDIFÍCIO ZANINE


projeto | MUSEU DA ILHA

MUSEU DA ILHA Caminhando pela História Com a construção de um projeto de tamanha dimensão em um ponto importante da cidade, entende-se que o espaço receberá também muitos turistas. Logo, faz-se interessante manter um acervo dedicado à história da Ilha, principalmente quando o passeio por estes arquivos permite visuais e retratos da história oas visitantes com os próprios olhos. Sem dúvidas, a melhor vista do Complexo é a da ponto mais alto, da varanda do pavimento superior do Zanine. O projeto propõe a preservação de toda a estrutura do espaço, com a inserção do bloco de

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sanitários onde se encontra, hoje, uma área administrativa. Fora isso, tratase de um “Open Space“ a ser utilizado como necessário para a exposição sobre a Ilha de Vitória. Propõe-se a inserção de mobiliários de estar na varanda para promover a permanência neste local tão privilegiado. Vale lembrar a existência de um bloco de elevador e escada ao lado da varanda que, além de promover a acessibilidade entre o Zanine e o Entretenimento, permite a comodidade do visitante que pode se servir na área de Café do pavimento térreo, mas sentar-se ao ar livre no pavimento superior, desfrutando da melhor Vista do Complexo.

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LEGENDA: 1 HALL ENTRADA 2 RECEPÇÃO 3 GUARDA-VOLUMES 4 VEST. FUNCION. PNE 5 VEST. FUNCION. MASC. 6 VEST. FUNCION. FEMIN. 7 COPA FUNCION. 8 WC MASC. 9 WC MASC. PNE. 10 WC FEMIN. PNE. 64

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WC FEMIN. WC ADMINIST. COPA ADMINIST. ARQUIVO REUNIÃO ADMINISTRATIVO DIREÇÃO SECRETARIA LOJA SOUVENIR CIRC. EXTERNA CAFÉ ESTAR/MIRANTE

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EXPO MUSEU DA ILHA VARANDA ÁREA TÉCNICA RESERV. AGUA


Destaque para a “Caixa de Vidro” inserida no Zanine. Ali se encontra a Loja de Souvenir, no pavimento térreo, e, no pavimento superior, cria-se este espaço - um invólucro de vidro - para contemplação da paisagem. Na imagem acima vale ressaltar a grelha de ventilação do bloco de Eventos e os caminhos pelo jardim, que levam o visitante a diferentes destinos; à Recepção, à caixa de circulação vertical que o direciona até a Praça e o Deck, ou os diferentes percursos aos Mirantes Naturais. Abaixo, a Recepção se configura como ambiente de Estar, no Lounge do Café, e como espaçõ de passagem e conectividade para o bloco de Entretenimento e o Museu da Ilha.

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projeto | ESTRUTURA

SISTEMAS CONSTRUTIVOS Laje Nervurada Propõe-se o uso da laje nervurada por se tratar de uma boa opção para vencer grandes vãos. Além disso, há grande economia com o emprego de laje nervurada apoiada em estrutura metálica. Neste caso, a estrutura fica constituída somente de vigas principais, apoiadas nos pilares, sem utilização das secundárias que seriam necessárias para emprego de outros tipos de lajes.

Laje Nervurada “Atex“ com Estrutura Metálica utilizado no Center Minas Fonte: Site Panoramio

Grelha Metálica A utilização de vigas nos pavimentos permite obter maiores distâncias entre apoios. Assim sendo, estas são lançadas em sistema reticulado plano, denominado grelha, gerado pelo cruzamento rígido entre as vigas no plano do pavimento. Os reticulados podem ser ortogonais ou diagonais com relação às vigas periféricas; a disposição diagonal apresenta melhor comportamento, porém é de difícil execução. No caso do projeto, trabalhou-se sobre uma malha ortogonal com pilares 30x30, entre vãos de até 8m. Vale ressaltar que em ambientes onde há necessidade de planta livre, vãos maiores, como na Praça e no Teatro, a estrutura pode sofrer reforço e aumento da sua seção.

Fundação Para a fundação, foi indicado o uso de Estacas Escavadas, entendendo a necessidade de um estudo sobre o tipo de solo para uma definição concreta, como afirma a engenheira Flávia Ruschi. De toda forma, parte-se do preceito de ser uma área de solo misto – areia e argila - e, neste caso, as Estacas Escavadas são caracterizadas pela adaptabilidade a diversos tipos de terreno. Além disso, é um tipo de estrutura simples e de fácil execução, e que pode ser executada na presença de lâmina d’água, como no caso do Deck.

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Contenção A topografia do morro da Barrinha varia entre 0 e 26m de altitude e trata-se de um terreno misto, com componentes argilosos e arenosos. Por tratar-se de uma área muito íngreme, foi necessária a criação de platôs nos diversos níveis da construção. Foi importante atentar para o tipo de contenção de taludes, que pode ser feita com diversos sistemas, a depender do tipo de solo, estabilidade do maciço, nível d’água, magnitude do empuxo e outros. Com orientação da engenheira Flávia Ruschi, optou-se pelo sistema chamado Cortina Pré-Moldada de Concreto, com seção variante de 30 a 50cm, uma alternativa para taludes sem estabilidade e que permite vencer alturas maiores, de até 6m.


Neste sistema, são utilizados painéis pré-moldados de concreto em ambas as faces da cortina, com o vão preenchido com concreto fluido. É importante garantir a drenagem da água, uma vez que possíveis pressões na obra podem colocar em risco a estabilidade da encosta. Para isso, tem papel importante os chamados barbacãs, drenos cuja função é retirar a água acumulada atrás dos muros de arrimo ou de qualquer obra que esteja em contato com o solo; e também o material filtrante, como a brita, que evita o entupimento destes elementos.

A calha é localizada no vão criado entre a Cortina de Concreto e a alvenaria da Edificação e esta é responsável por conduzir a água acumulada no muro até um reservatório, podendo ser reaproveitada no uso da edificação. Este vão, de 70 cm, permite o acesso para manutenção e é ventilado por grelhas metálicas instaladas na laje superior. O projeto prevê que este sistema seja adotado como contenção das forças atuantes na área superior do terreno, onde os esforços atuam diretamente e, portanto, com maior magnitude. Nos demais recortes do terreno serão adotadas paredes duplas de concreto, devido à questão da umidade presente em casos em que as paredes estão em contato direto com o terreno.

Cortina de Concreto Parede Dupla .arquiteturaCamuflada.

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projeto | ESTRUTURA

Cortina Pré-Moldada de Concreto


projeto | CLIMATIZAÇÃO

CLIMATIZAÇÃO Condicionamento de Ar Central Os blocos que compõem o Complexo, pelas suas características de funcionamento, possuirão sistemas independentes de climatização e exaustão. Serão abastecidos por uma Central de Produção de Água Gelada, e serão dotadas de unidades resfriadoras de água acionadas por energia elétrica ou com o uso de gás natural, dependendo dos estudos custo-benefício-espaço físico a serem desenvolvidos quando da elaboração do projeto executivo.

Sistema Fan Coil O sistema a ser adotado será do tipo Refrigeração por Expansão Indireta com água gelada refrigerada por Chillers que trocam calor diretamente com o externo. O sistema de distribuição do ar em alguns ambientes será através de unidades fan coil estrategicamente localizadas, corretamente dimensionados em função dos cálculos de carga térmica a serem desenvolvidos. A climatização com fan-coils possibilitará o controle de temperatura e umidade individual de determinados ambientes.

Esquema de operação Sistema Central de Água Gelada com Chiller e Aparelhos de Fan Coil. Referência Desenho: “Sistemas de Climatização“ Prof. Fábio Ferraz

Vale lembrar que o projeto de Ar Condicionado deverá ser desenvolvido seguindo os princípios de racionalização do uso da energia elétrica, dotado de todos os mecanismos de recuperação de energia disponíveis no mercado, tanto na parte da produção de frio quanto na distribuição de ar, permitindo o seu funcionamento pleno sem desperdícios e com baixo consumo de energia e qualidade de ar nos interiores. 74

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projeto | CLIMATIZAÇÃO Sistema de Acumulação Térmica Propõe-se adotar o sistema de acumulação térmica com o uso do Tanque de Gelo, o qual trabalha diretamente com os aparelhos Fan Coil nos horários de pico - entre 17h e 19h, por exemplo - momento em que o Chiller pode ser desligado, gerando economia uma vez que o custo elétrico é maior nestes períodos. Sistema VAV de Controle de Temperatura O sistema de controle individualizado por ambiente permite que a regulação do volume de ar insuflado sobre o ambiente, com sensor de temperatura independente.

Esquema de operação pelo Sistema VAV. Referência Desenho: “Sistemas de Climatização“ Prof. Fábio Ferraz .arquiteturaCamuflada.

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projeto | INSTALAÇÕES

INSTALAÇÕES Instalações Elétricas As instalações elétricas principais localizam-se em um mesmo setor, com acesso exterior pela entrada de serviços da edificação. O poste público existente é conectado ao poste particular, dentro do terreno, através de uma ligação subterrânea, e então são ramificadas as fiações para os compartimentos da rede elétrica da edificação, sendo estes a Subestação, com transformadores, dispositivos para-raios, chaves, disjuntores e barramentos),e outro para o Gerador de Emergência. Vale lembrar que o dimensionamento destas áreas é feita tendo em vista a dimensão do Complexo, sendo necessário o conhecimento da potência instalada para definir o tamanho do transformador de entrada e então dimensionar adequadamente a área destinada a estes equipamentos. Além destes dois compartimentos principais, temos a área dos Medidores presentes em cada pavimento, visando atender as exigências técnicas de estar distante no máximo 30 m do ponto de entrega. Para a distribuição vertical da fiação elétrica foi previsto um Shaft e, quanto à distribuição horizontal para os ambientes, esta ocorre através do forro. A imagem abaixo ilustra, de forma esquemática e bem simples, a explicação sobre o funcionamento da rede elétrica no Complexo. Vale ressaltar que trata-se de um dimensionamento a partir de diretrizes gerais para edificações deste tipo, levando em conta a necessidade da contratação de projeto complementares a serem elaborados por profissionais das áreas específicas.

Shaft de Distribuição Vertical Estação Elétrica fiação Subterrânea

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Fiação Forro Distribuição por Pavimento


Dividindo o Complexo em três blocos, foi feito o Cálculo de Consumo de Água diário para cada um deles e obteve- se uma média do consumo. A partir de então, foi possível estimar as dimensões dos compartimentos para Reservatório de Água. Para o Bloco 1 (Restaurantes + Midiateca + Exposições + Eventos), estimado para atender uma média de 1800 pessoas, foram reservadas duas áreas. Uma cisterna no pavimento da Midiateca com capacidade para 60m3; e um reservatório superior com capacidade para 75m3. Lembrando que os sanitários dos Restaurantes são atendidos de forma independente devido à distância da Torre de Serviços. Vale ressaltar ainda que, devido a força da gravidade, em um terreno em declive como este, entende-se que a água chegará primeiramente no reservatório superior para então atender a cisterna, a qual conta com uma casa de bombas em anexo para bombear a água para outros pavimentos, caso necessário. Para os demais blocos – Entretenimento (Teatro e Cinema) e Zanine - os reservatórios de água são distribuídos especificamente na área a ser atendida. Quanto à circulação das tubulações hidráulicas ao longo do Complexo, esta ocorre como nas Instalações Elétricas; verticalmente através de um shaft localizado na Torre de Serviços, e horizontalmente no pavimento através do forro. Na imagem abaixo, a vista da lateral do conjunto de blocos mostra a localização do acesso de serviços do edifício. Foi importante agrupá-los numa mesma área - separada do acesso de visitantes - para facilitar a circulação geral dentro do edifício. No caso das mercadorias, estas chegam até a Carga e Descarga, são colocadas no depósito deste nível, e então encaminhadas para seu destino final através do montacarga.

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projeto | INSTALAÇÕES

Instalações Hidráulicas


projeto | SUSTENTABILIDADE

SUSTENTABILIDADE A sustentabilidade é hoje a questão central na elaboração de projetos, especialmente quando se tratam de construções comerciais e públicas. Preocupados com os aumentos do custo com energia e conscientizando-se das questões ambientais, as pessoas responsáveis pelo projeto de um edifício discutem freqüentemente o que significa ser ou tornar-se “verde”. Vale lembrar que a Sustentabilidade é entendida como o conjunto do todo, o que o ambiente pode proporcionar ao usuário e ao seu entorno. “(...) a verdadeira sustentabilidade envolve todos os elementos de uma edificação (...). Se esta nova abordagem ecológica não conseguir promover uma mudança no entorno social e na forma da cidade, fracassará em sua tentativa de se converter na tendência predominante 1”. Neste contexto, foram aplicadas algumas medidas com preceitos sustentáveis na concepção do Complexo Cultural da Ilha. Dentre elas, e talvez a mais importante, destaca-se a aplicaçao do Jardim sobre Laje por todo o projeto. Todos os edifícios usam esta cobertura vegetal a fim de “camuflar-se“ no terreno, e mais, visando uma melhor condição térmica no interior das edificações. 1 EDWARDS, B. O Guia Básico para a Sustentabilidade. Barcelona: Gustavo Gili, 2008, p. 37. Fonte: Vitruvius

Terraços-Jardim Quando se fala em Sustentabilidade, o terraço-jardim aparece como um mecanismo quase que constante. De fato, ele pode agregar bem estar e beneficiar as pessoas com a melhoria da qualidade do ar respirado, uma vez que a vegetação atua como um elemento filtrante, retendo partículas de poluentes dispersos no ar. No caso da proposta projetual, ele aparece como elemento de destaque, não apenas por seu apelo estético mas também por promover o bem estar do usuário no interior do edifício e por promover o (re)plantio de vegetação, compensando o prejuízo da construção civil à natureza do local.

TecGarden A Tecnologia TecGarden permite o plantio de vegetação rasteira bem como de arbustos e árvores de grande porte. Além disso, o sistema de irrigação por capilaridade do Tec Garden economiza em media 30% de água potável quando comparado ao sistema de aspersão, e, por possibilitar o armazenamento de água proveniente das chuvas sob o jardim este percentual cresce otimizando ainda mais água tratada. Esquema em 3d da Tecnologia TecGarden com reservatório para armazenamento das águas provenientes da captação da chuva. Fonte: Site Remaster

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projeto | SUSTENTABILIDADE

CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA O Esquema apresentado mostra o reservatório de água incorporado a este sistema de captação de água da chuva. Justamente como ocorre no caso do Centro Cultural da Ilha, em específico no bloco de Eventos, onde está localizado um reservatório de água sobre o bloco de serviços, o qual armazena esta água e promove seu reuso na irrigação dos extensos jardins ao longo do Complexo.

Esquema em 2d da Tecnologia TecGarden. Área de plantio sobre estrutura para captação de água da chuva. Fonte: Site Remaster

Os jardins sobre os edifícios contam com 60 cm de terra para plantio de vegetação rasteira e de médio porte. Já no caso de árvores com raízes mais profundas, algumas áreas chegam a 2m de profundidade de área de plantio, como no caso da cobertura da zona de instalações elétricas, no bloco de Eventos, cujo pé-direito é reduzido frente ao necessário para o Salão de Eventos. Esquema em 3d da Tecnologia TecGarden. Fonte: Site Remaster

Vidro Low-E Há muitos elementos em um projeto que podem construir uma estrutura mais sustentável. O vidro está no topo da lista. Para garantir a eficiência energética, o sistema de envidraçamento deverá ter um valor-U e ganho de calor solar baixos e uma transmissão de luz visível alta, a fim de maximizar a luz do dia. Produtos de vidro com revestimentos baixo emissivo (low-E) oferecem o melhor desempenho de energia disponível hoje em dia e, logo, foi proposto para as vedações expostas a luz solar de vidro do Complexo Cultural da Ilha.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho se inicia com a citação de uma frase do arquiteto Pierre Lahaye, que define uma arquitetura como significativa àquela que interage com os outros elementos do ambiente. Em outras palavras, eu traduziria que a construção por si só - o concreto e o conjunto vigas x pilares – não exerce outro papel, se não funcional, de receber um uso em um determinado espaço a partir de normas técnicas. Trata-se de um objeto construído. A Arquitetura, contudo, pode ser mais do que um objeto; ela pode se configurar, acima de tudo, como elemento social, o qual produz e incentiva as relações interpessoais, e também do indivíduo com a paisagem, trabalhando no mais profundo dos sentidos do usuário daquele espaço. Com essa linguagem – de certa forma poética – nasce a proposta arquitetônica para o Morro da Barrinha. Dotada de conceitos que tentam se encaixar em uma mesma implantação, o espaço consegue unir a Cultura, o Meio Ambiente, o Indivíduo e a Arte em um só lugar, sem a imposição de um bloco que ofusque a bela paisagem do entorno. Pelo contrário, acredita-se que o projeto tenha atendido ao seu extenso programa e ainda assim tenha se mantido fiel a intensão de minimizar a presença da arquitetura na paisagem do entorno. Entende-se que o diálogo entre as três esferas homem, arquitetura e natureza foi desenvolvido e o projeto, se aplicado, beneficiaria a população, permitindo a ela desfrutar, de fato, daquele espaço urbano. Fala-se do uso por parte da população local, e também do turista – cuja quantidade e frequência vem aumentando nos últimos anos na capital– propiciando a todos os visitantes um local agradável, multifuncional e que conta um pouco da história da Ilha com um passeio por belas visuais da mesma. 80

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AGRADECIMENTOS O projeto final de graduação simboliza a conquista do desejado título de Arquiteta e Urbanista. Mais importante, faz parte de uma trajetória de muito trabalho a qual não seria possível sem as palavras de estímulo e o apoio de todos familiares, mestres e professores, amigos e colegas de profissão. À Deus, eterno protetor, dedico minha vida e meu ânimo renovado a cada dia. Obrigada ao meu Pai, o homem que fez tudo possível e cuja sabedoria e garra são inspiração. À minha mãe, que despertou em mim a paixão pela profissão e acreditou no meu potencial não medindo esforços em tornar meus sonhos realidade. Aos meus irmãos, obrigada por serem espelho de inteligência e determinação; aos meus amigos, com quem compartilhei minhas inseguranças e vitórias, pelo elo de confiança e companheirismo. Aos meus colegas de profissão, em quem me espelho e a quem admiro, e com quem dividi experiências e conhecimento, deixo aqui meus sinceros agradecimentos. Por fim, com o devido respeito, admiração e consideração, agradeço aos meus professores e mestres, que acompanharam meu crescimento profissional, me incentivaram e compartilharam sua sabedoria e conhecimento sobre a profissão. Deixo um agradecimento especial ao professor Tarcísio Bahia pelos ensinamentos durante o curso, me questionando sempre sobre as soluções arquitetônicas para que o turbilhão de ideias, de fato, se refletisse em um projeto executável. Em especial, no projeto final de graduação, quando esteve me acompanhando e me incentivando em todos os momentos. Ao Romanelli, agradeço por dividir seu conhecimento e pelo ânimo em me fazer avançar com o projeto, somando com ideias criativas e motivadoras. Agradeço também ao professor Bruno Massara pelo auxílio na produção do meu Porftólio e por me incentivar a buscar novas oportunidades e caminhos dentro da profissão. Aos demais professores e mestres, agradeço por tornarem possível esta trajetória. Hoje se encerra mais um ciclo da minha vida. Sinto-me realizada pelo trabalho desenvolvido na Universidade, e motivada a continuar exercendo a profissão, levando comigo todo o conhecimento e amizade que adquiri nestes últimos anos. Tamara Raizer Simão


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