UNIVERSIDADE DE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO
TARCISIO LIMA CORDEIRO
CENTRO DE ACOLHIMENTO E BEM-ESTAR ANIMAL
VILA VELHA - ES 2018
TARCÍSIO LIMA CORDEIRO
CENTRO DE ACOLHIMENTO E BEM-ESTAR ANIMAL: ARQUITETURA MODULAR
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina TCC02, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Vila Velha – UVV, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Loureiro
VILA VELHA - ES 2018
Prof.ª
Ma.
Priscilla
Silva
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a minha Mãe, que me deu força e apoio nas horas difíceis, de desânimo e de cansaço, na faculdade e na vida. Aos meus amigos, pelo incentivo incondicional.
A minha orientadora, Priscilla Loureiro pela paciência, dedicação e por ter me guiado nessa jornada, a minha co-orientadora Ana Dieuzeide, que sempre esteve à inteira disposição em me ajudar e a quem tenho grande e admiração, a Arquiteta Lígia Diniz, pela dedicação aos animais e pelo aceite em participar da minha banca.
Por fim agradeço aos cães e gatos, a quem dedico este trabalho com imenso carinho e afeto, com o sonho que um dia todos tenham uma família amorosa e um lar.
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RESUMO
A criação de um centro de Acolhimento e Bem Estar animal é relevante por duas questões elementares: A saúde pública, animal e o desenvolvimento de um modelo de arquitetura voltada para as necessidades dos animais de rua, modelos esse como já existentes em países do exterior. O objetivo deste trabalho é estudar os espaços de qualidades já existentes, no que diz respeito a guarda e bem estar animal e integra-los as necessidades de um centro de acolhimento, se utilizando da arquitetura modular e suas funcionalidades em uma proposta de modelo de arquitetura multifuncional, a fim de facilitar a diversidade de ocupações, futuros projetos para abrigos de animais e se utilizar da sustentabilidade com o uso do elemento Contêiner como partido arquitetônico, sempre buscando as necessidades dos animais como o centro do projeto.
Palavras-chave: Animais. Abrigo. Modulação. Sustentabilidade. Contêiner.
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ABSTRACT
The creation of an Animal Welfare and Welfare Center is relevant for two basic issues: Public and animal health and the development of an architecture model focused on the needs of street animals, models already existing in countries abroad. The objective of this work is to study the spaces of qualities already existent with regard to animal welfare and welfare and integrate them with the needs of a shelter of abandoned animals, if using the modular architecture and its functionalities in a proposal of multifunctional architecture model, in order to facilitate the diversity of occupations, future projects for animal shelters and to use of the sustainability with the use of the element Container as architectonic party, always seeking the needs of the animals as the center of the project.
Keywords: Animals. Shelter. Modulation. Sustainability. Container.
6
LISTA DE DIAGRAMAS
Diagrama 01 - Número de animais domésticos no país................................. 21 Diagrama 02 - Proporção entre animais domésticos e população, no Brasil.
21
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Motivadores de abandono: cães..............................................
23
Gráfico 2 - Motivadores de abandono: gatos.............................................
23
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Dimensões usuais de Contêineres industriais............................
39
Tabela 02 - Programa de Necessidades do Animal Refuge Centre..............
49
Tabela 03 - Índices Urbanísticos – ZOP 05...................................................
73
Tabela 04 - Enquadramento das Atividades Permitidas – ZOP 05...............
74
Tabela 05 - Grau de Impacto Urbano e Ambiental– ZOP 05.........................
74
Tabela 06 - Número de vagas destinadas a estacionamento de veículos...
75
Tabela 07 - Programa de necessidades do Projeto.......................................
77
9
LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Adesivos de famílias para automóveis.....................................................24 Figura 02 - Porcentagem dos novos perfis familiares no Brasil.................................25 Figura 03 - Centro de Controle de Zoonoses, de Vila Velha - ES..............................27 Figura 04 - Abrigo Fauna e Flora Abrigo, Brasília - DF................................................28 Figura 05 - Santuário de Harpias de Itaipu - Paraná..................................................29 Figura 06 - Abertura de CPI dos Maus-Tratos, Vitória - ES........................................31 Figura 07 - Modulor, Le Corbusier..............................................................................36 Figura 08 - Tipos mais comuns de Combinação entre Módulos.................................37 Figura 09 - Primeira Casa em Contêiner do Brasil.....................................................40 Figura 10 - Depósito de Contêineres em Vila Velha.......................................................41 Figura 11 - Isolamento Termo acústico e tubulação Elétrica......................................42 Figura 12 - Fachada Principal do Animal Refuge Centre...........................................44 Figura 13 - Localização do Animal Refuge Centre.....................................................45 Figura 14 - Implantação do Animal Refuge Centre....................................................46 Figura 15 - Setorização do térreo do Animal Refuge Centre......................................47 Figura 16 - Setorização do 2º Pavimento do Animal Refuge Centre..........................47 Figura 17 - Corte Esquemático - Solário.....................................................................48 Figura 18 - Corte Esquemático - Iluminação e Ventilação Natural.............................48 Figura 19 - Comeia de Abelha....................................................................................53 Figura 20 - Planta de Locação....................................................................................56 Figura 21 - Implantação e Eixo...................................................................................56 Figura 22 - Eixos Visuais em Perspectiva..................................................................57 Figura 23 - Estudo de Volumetria Geral.....................................................................58 Figura 24 - Estudo de Volumetria de Facha...............................................................58 Figura 25 - Estudo de Escala do Projeto....................................................................59 Figura 26 - Modelos de ocupação em Lotes - Propostas de evolução.......................60 Figura 27 - Modelo Mínimo – Projeto Inicial (07 Contêineres)....................................61 Figura 28 - Segundo Modelo – Modelo de Expansão 01 (18 Contêineres)................62 Figura 29 - Terceiro Modelo – Modelo de Expansão 02(18 Contêineres)..................64 Figura 30 - Feira de Adoção no Shopping Boulevard.................................................66 Figura 31 - Localização Geral.....................................................................................67 Figura 32 - Localização do terreno no entorno...........................................................68 Figura 33 - Localização e vias....................................................................................69
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Figura 34 - Entorno do Terreno..................................................................................70 Figura 35 - Condicionantes do Terreno......................................................................71 Figura 36 - Massa de Vegetação aos fundos.............................................................72 Figura 37 - Localização do Lote no Zoneamento Urbano.........................................73 Figura 38 - Fluxograma..............................................................................................79 Figura 39 - Planta Baixa - Acessos Gerais.................................................................80 Figura 40 - Planta Baixa - Setorização Geral.............................................................82 Figura 41 - Planta Baixa - Setor Boas Vindas............................................................83 Figura 42- Render da Recepção e Área de Espera...................................................84 Figura 43 - Render - Berçários...................................................................................85 Figura 44 - Planta Baixa - Setor Administrativo..........................................................86 Figura 45 - Planta Baixa - Setor Eventos Externo......................................................86 Figura 46 - Render - espaço de eventos ao ar livre....................................................87 Figura 47 - Planta Baixa - Setor Eventos Educacionais.............................................88 Figura 48 - Render – Setor Eventos Educacionais....................................................88 Figura 49 - Planta Baixa - Setor Médico/Internação..................................................89 Figura 50 - Render – Setor Médico/Internação..........................................................90 Figura 51 - Planta Baixa - Setor do Canil...................................................................90 Figura 52 - Planta Esquemática e Corte - Módulo de Canil (um contêiner)...............91 Figura 53 - Setor do Canil..........................................................................................92 Figura 54 - Render Baias do Canil.............................................................................92 Figura 55 - Materiais Usados nas Baias do Canil......................................................93 Figura 56 - Planta Baixa - Setor do Gatil....................................................................94 Figura 57 - Render Baias do Gatil..............................................................................95 Figura 58 – Planta Baixa - Setor Funcionários...........................................................96 Figura 59 - Planta Baixa - Residência do Zelador......................................................97 Figura 60 - Render Entrada de Funcionários............................................................98 Figura 61 - Planta Baixa - Setor de Serviços..............................................................99 Figura 62 - Pontos de Coleta e Armazenamento de Águas Pluviais..........................99 Figura 63 - Planta Baixa – Áreas Sujas....................................................................100 Figura 64 - Planta Baixa – Espaços de Vivência......................................................101 Figura 65 - Render PetPark......................................................................................102 Figura 66 - Fachadas Holandesas x Esquema de Formas e Cores.........................103 Figura 67 - Croqui da Fachada x Render Final.........................................................104 Figura 68 - Render Materiais da Fachada................................................................105
11
Figura 69 - Render Materiais da Fachada................................................................105 Figura 70 - Beneficiado e utilizado como residência................................................106 Figura 71 - Paletes de madeira.................................................................................107 Figura 72 - Piso elevado em Grade Industrial..........................................................108 Figura 73 - Mobiliário Feito com Varas de Aço e Caixotes de Madeira....................108 Figura 74 - Uso do OSB como Vedação e Decoração.............................................109 Figura 75 - Uso de Cordas na decoração.................................................................109 Figura 76 - Piso emborrachado Feito de Pneus Descartados..................................110 Figura 77 - MoodBoard –referencias Visuais do Projeto..........................................110 Figura 78 - Espectro de Cores dos humanos x Cães...............................................112 Figura 79 - Comparação de Cores enxergadas pelos humanos x Cães..................112 Figura 80 - Comparação de Cores enxergadas pelos humanos x Felinos...............113 Figura 81 - Paletas de Cores do projeto...................................................................113 Figura 82 - Tipos de Vegetação Inseridas................................................................114 Figura 83 - Estratégias Sustentáveis........................................................................115 Figura 84 - Render da Praça de Entrada...................................................................123 Figura 85 - Render da Fachada................................................................................123 Figura 86 - Render da Fachada................................................................................124 Figura 87 - Render da Entrada do Estacionamento.................................................124 Figura 88 - Rende do Eixo/PetPark..........................................................................124 Figura 89 - Render do PetPark.................................................................................125 Figura 90 - Render da Recepção..............................................................................125 Figura 91 - Render Loja de Conveniência................................................................126 Figura 92 - Render Hall de Entrada..........................................................................126 Figura 93 - Render do Berçário................................................................................127 Figura 94 - Render da Área de Espera.....................................................................127 Figura 95 - Render da Praça Interna Multifuncional.................................................128 Figura 96 - Render Áreas Sociais.............................................................................128 Figura 97- Render do Setor do Canil........................................................................129 Figura 98 - Render das Baias...................................................................................129 Figura 99 - Render do Setor do Gatil........................................................................130 Figura 100 - Render Centro Educacional/ventos......................................................130 Figura 101 – Setorização Geral Ampliada................................................................131
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................
14
1.1.
Apresentação...................................................................................
15
1.2.
Justificativa......................................................................................
15
1.3.
Objetivos Gerais..............................................................................
18
1.4.
Objetivos Específicos.....................................................................
18
1.5.
Metodologia...................................................................................... 19
1.
2.
CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................
20
2.1.
Contextualizando o Abandono....................................................... 21
2.2.
Novos Perfis Familiares..................................................................
2.3.
Definições de Abrigos..................................................................... 26
2.4.
Legislações......................................................................................
29
3.
TÉCNICAS CONSTRUTIVAS...........................................................
34
3.1.
Modulação e Flexibilidade..............................................................
35
3.2.
Uso do Contêiner como Modulaçao..............................................
37
24
3.2.1.
Uso do Contêiner no Brasil.......................................................................... 39
3.2.2.
Vantagens...................................................................................................
40
3.2.3
Regulamentação.........................................................................................
41
3.2.4
Instalações..................................................................................................
42
4.
PROJETO DE REFERÊNCIA...........................................................
43
4.1.
Animal Refuge Centre.....................................................................
44
4.1.1.
Localização.................................................................................................. 45
4.1.2.
Condicionantes............................................................................................
4.1.3.
Setorização.................................................................................................. 47
4.1.4.
Programa.....................................................................................................
46 49
13
5.
O PROJETO………….......................................................................
51
5.1.
Desenvolvimento do Partido..........................................................
52
5.2.
Forma e Implantação....................................................................... 53
5.3.
Volumetria........................................................................................
5.4.
Evoluções e Ampliações................................................................. 59
5.5.
Análise do Terreno..........................................................................
65
5.5.1.
Localização………………………………………………………………………
67
5.5.2.
Entorno…………………………………………………………………………..
69
5.2.3.
Condicionantes Ambientais e Climáticos…………………………………….
71
5.6.
Condicionantes Legais...................................................................
72
5.7.
Aplicação da Proposta Projetual Final..........................................
76
5.7.1.
Programa de Necessidades.……...............................................................
76
5.7.2.
Acessos..................................................………..........................................
79
5.7.3.
Setorização……………………….................................................................
81
5.8.
Fachada………………………...…….................................................. 102
5.9.
Materiais e Acabamentos…………………………………………….
106
Paleta de Cores………………………………………………………………....
111
5.10.
Paisagismo.......................................................................................
114
5.11.
Estratégias de Conforto e Sustentabilidade.................................
115
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................
117
REFERÊNCIAS..................................................................................................
118
APÊNDICE.........................................................................................................
122
5.9.1.
57
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1. INTRODUÇÃO
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1.1 Apresentação
Os cuidados adequados e essenciais com os animais são questões éticas cada vez mais discutidas em nossa atual sociedade, devido a interação entre homem-animal cada dia mais forte na contemporaneidade, o que de certa forma leva as pessoas a tomar partido e notarem a importância da qualidade de vida dos animais, alem a preocupação com a saúde pública por parte do poder público.
Com isso, torna-se necessário um espaço que atenda a essas necessidades, adotando de atividades revitalizadoras, requalificadoras e reeducativas a estes seres que fazem parte da família brasileira atual. Espaços de vacinação, adestramento, terapia, lazer e abrigo são o mínimo proposto para que os animais possam, depois de passar pelo centro de acolhimento, voltar a fazer parte de uma família novamente. Esses e outros objetivos serão tratados nos capítulos adiante, a fim de embasar e qualificar a proposta final do projeto.
1.2 Justificativa
Os bichos de estimação, cada dia mais ocupam maiores espaços nas famílias brasileiras. Em um estudo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2013, revelou que o número de animais de estimação que fazem parte de famílias superou o número de crianças, naquele ano (IBGE, 2013). Com um número maior de procura por animais de estimação, cresce também o número de abandonos.
Cães, gatos e outros animais que chegam a abrigos têm em sua maioria uma história sofrida, muitas vezes abandonados, violentados ou maltratados. Aqueles resgatados encontram nos abrigos uma chance de ter uma vida mais digna, porém, quando a quantidade de resgates excede as
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capacidades oferecidas pelas ONGS, começam a se multiplicar as dificuldades e os problemas encontrados pelas mesmas para se manterem.
A atenção e os cuidados com os animais são questões cada vez mais discutidas em nossa sociedade, devido às relações mais próximas homem-animal, o que leva a outra questão, a vida digna desses seres que são de responsabilidade e consequência de atos humanos.
Considerando o levantamento realizado pelo site do jornal Folha Vitória (FOLHA VITÓRIA, 2016), que foi revelado que só na Grande Vitória, o número de animais abandonados ultrapassa os 30 mil, entre cães e gatos, sendo o primeiro em maior quantidade, onde se aplicarmos corretamente o conceito de guarda responsável é possível diminuir consideravelmente esse número de casos. Por definição do Ministério da Saúde, guarda responsável compreende ações como: controlar a reprodução, mobilidade, cuidados com a saúde, deixa-los livres de dores e doenças, livre de fome, sede, medo, estresses, entre outras.
Por esses motivos, a criação de um espaço de acolhimento e abrigo para animais em situação de abandono, deve ser considerado um tema relevante, além de outras duas razões fundamentais: a saúde pública e animal e o desenvolvimento de um modelo de arquitetura a ser desenvolvido em outras cidades e quem sabe até em outros estados, voltado as necessidades destes animais de rua, assim como acontecem em outros lugares pelo mundo.
Voltando-se os olhares para os espaços e abrigos existentes hoje na região metropolitana da Grande Vitória, os já existentes possuem algumas características em comum: espaços pouco adequados para guarda dos animais, tanto em tamanho quanto em qualidade, ferramentas e mobiliários improvisados, baixo conforto térmico e pouca ou nenhuma condição básica de higiene para os animais, tendo muitas vezes somente espaços coletivos e quando em melhores condições, possuem poucas baias para separação de alguns animais que não podem ficar soltos ou se misturarem ao restante.
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Outros aspectos a serem considerados são os baixos recursos financeiros, a falta de opções de captação de rendas extras e o alto custo de manutenção e melhoramento dos espaços. Os gastos elevados com uso de água, por exemplo, é um dos principais fatores agravantes, pois além de matar a sede de dezenas de animais é necessária também para dar banho frequentes em todos eles e na higienização das áreas de uso coletivo todos os dias, áreas essas com dezenas e até centenas de metros quadrados, sendo a captação e reutilização de águas pluviais uma necessidade a ser desenvolvida no projeto.
A baixa atratividade das edificações é outra grande problemática, geralmente situados em áreas muito distantes e de difícil acesso, não possuem nenhuma estrutura para receber visitantes e encontram dificuldades para desenvolverem atividades como feiras de adoção, dias de encontros e ate mesmo para entrega de doações, principal fonte de recursos. Sendo esse um programa que necessita da ajuda de terceiros, tanto pessoas físicas quanto empresas a capacidade de atrair, receber e manter essas pessoas no abrigo é muito importante para o projeto, no que diz respeito a sua localização, estética e programa.
Pensando na atratividade e nos recursos financeiros, outra dificuldade encontrada neste programa proposto, diz respeitos ao terreno utilizado para sua implantação, como a localização, dimensões e custos com a compra ou aluguel dessas áreas. Muitas vezes esses abrigos têm dificuldades em encontrar terrenos que se enquadrem dentro de suas necessidades espaciais e de localização, tendo que equilibrar custo e adaptabilidade do programa ao local. É recorrente também, o surgimento de problemas de convivência com a vizinhança, ou mesmo com os próprios senhoris, quebras de contratos de aluguel ou a não renovação dos mesmos, surgindo daí a necessidade de realocação com certa frequência de toda a estrutura que ali foi instalada e desenvolvida.
Com isso em mente, surge a proposta da uma arquitetura modular, desmontável e principalmente móvel, resolvendo a maioria desses problemas
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destacados de forma mais eficiente, já que toda a estrutura terá a capacidade de se realocar sem que se perca o que já foi desenvolvido naquele lugar a ser abandonado, suas características estéticas e espaciais.
A proposta a ser desenvolvida deverá desenvolver um programa um pouco mais extenso do que o normal, para que sua abrangência seja capaz de absorver não somente a demanda local, mas também intermunicipal caso necessário, podendo até propor a união de diferentes abrigos em um único projeto.
1.3. Objetivos Gerais
O presente trabalho visa à elaboração do estudo preliminar de um modelo de arquitetura modular, desmontável e com capacidade de mobilidade, para um programa de um Centro de Acolhimento e Bem-Estar Animal para animais domésticos em situação de abandono.
1.4. Objetivos Específicos
Buscar entender o panorama atual em que se encontra a gestão pública no que diz respeito à guarda responsável, abandono de animais e espaços de abrigo.
Analisar os projetos apresentados e executados no mundo sobre o tema, debatendo a respeito das atuais tipologias e programas de necessidades, voltadas ao uso de abrigo animal.
Estudo do uso de Contêineres desativados e sem uso como alternativa para desenvolver uma arquitetura moldável, intercambiável, expansiva, modulada e de rápida execução.
Plenitude na resolução dos problemas encontrados no programa proposto, a partir de uma arquitetura bem planejada, eficiente e ecológica.
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1.5. Metodologia
A metodologia desenvolvida baseou-se no levantamento de dados, artigos científicos, teses e dissertações, dados demográficos relacionados ao tema, jornais, revistas temáticas, material retirado de sites especializados e informações de ONG’s e através de entrevistas com veterinários e voluntários, com o objetivo de colaborar com a explicação da atual situação dos animais em situação de abandono e na aplicação prática projetual, de forma clara, conceituada e objetiva. Para completar o estudo bibliográfico, julgou-se necessário a etapa de estudo da modulação e flexibilidade da arquitetura, alem da
análise
dos
elementos
e
ambiências,
possibilitando
assim
o
desenvolvimento do edifício, propondo alternativas de conforto ambiental, de projeto, desempenho estrutural, ecológico e no uso de materiais leves e de baixo custo.
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2. CONTEXTUALIZAÇÃO
21
2.1. Contextualizando o Abandono
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET), até o final do ano de 2015 existiam cerca de 58,4 milhões só de cães e gatos só no Brasil, como demonstrado no Diagrama 01. A Organização Mundial da Saúde (OMS) juntamente com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirmam que atualmente existem cerca de 30 milhões de animais abandonados nas ruas, principalmente nas grandes capitais.
Diagrama 01: Número de animais domésticos no país Fonte: ABINPET, 2013.
Em cidades como São Paulo, são cerca de um cão para cada cinco pessoas. No Brasil em geral, os números são semelhantes, sendo apresentados no Diagrama 02.
Diagrama 02: Proporção entre animais domésticos e população, no Brasil. Fonte: IBGE: ABINPET, 2013.
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De fato, atentando-se a todos estes números, a conscientização da população acerca da guarda responsável de animais domésticos é um importante passo a ser tomado para minimizar o problema, além de políticas governamentais, públicas e privadas, educando crianças, jovens e adultos no que diz respeito a ter, adotar ou comprar um animal de estimação.
Para o Centro de Controle de Zoonoses (CZZ), as pessoas que adotam ou adquirem um animal por impulso, ou por acharem bonitos enquanto filhotes são as mais propensas a praticarem o abandono. Um fato importante a se observar é a relação entre o crescimento desse número de indivíduos em situação de rua com problemas de saúde como, por exemplo, acidentes de transito, ataques e mordidas de animais agressivos e/ou infectados, transmissão indireta de doenças para as pessoas e outros animais (leishmaniose, raiva, leptospirose, sarnas, toxoplasmose, entre outras), presença constante de fezes e urina nas vias públicas, excesso de ruídos, superpopulação e a interferência em outros serviços públicos, como o espalhamento de lixo pelas ruas, deixando esses animais ainda mais vulneráveis a outros tipos de contaminação. Uma pesquisa feita pela Revista “Journal of Applied Animal Welfare Science” nos EUA, citada pela Revista Folha (FOLHA, 2007), explica os maiores motivos que podem entrar na lista de fatores motivadores do abandono, em porcentagem dividido por cães e gatos, sendo a maioria deles causados por mau comportamento, falta de tempo para cuidados ou falta de treinamento adequado, entre outros detalhados nos Gráficos 01 e 02.
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Cães Suja a casa Destrutivo fora de casa
7%
15%
Agressivo
16%
Tende a fugir 10%
Agitado Requer muita atenção
8% 9% 8%
Morde
9% 9%
Muito barulho
Destrutivo dentro de casa
9%
Desobediente Gráfico 01: Motivadores de abandono de cães por seus donos Fonte: Alterada – FOLHA, 2017.
Gatos Suja a casa 7%
Destrutivo fora de casa
4%
Agressivo
6%
30%
Não se adapta a outros animais Morde
12%
Requer muita atenção Destrutivo dentro de casa
6% 9%
7% 6%
13%
Não amigável Muito agitado Outros
Gráfico 02: Motivadores de abandono de gatos por seus donos Fonte: Alterada – FOLHA, 2017.
No Brasil, uma reportagem publicada pela Revista UOL (Uol, 2015), Conduzido pelo “Instituto Waltham”, identificou alguns outros fatores, como por exemplo: mudança de residência para casa menor ou condomínio que não permite animais, um dos motivos mais citados nas pesquisas; ninhada indesejada, quando não existe a atenção e os cuidados adequados, já que
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esse motivo poderia ser facilmente evitado; falta de dinheiro e/ou desemprego; férias prolongadas, onde não se pode levar e nem se tem onde deixar o seu animal de estimação; falta de tempo na rotina para cuidar dos bichos; nascimento de um filho, quando os pais veem o animal como uma ameaça ao bebê, entre outras citadas.
Nesse contexto, é importante dizer que no Brasil, o abandono de animais pelo seu dono constitui crime ambiental, já que este estaria se abstendo de exercer a guarda responsável do animal, que optou a ter e este estará infringindo o artigo 225º da Constituição Federal e 32ª da Lei de Crimes Ambientais, violando a dignidade animal (BRASIL, Constituição 1988). Apesar disso, o Brasil não tem leis efetivas para defender os animais principalmente de maus tratos, o que já existe em outros países. Enquanto o exemplo não é seguido, cabe a pessoas dedicadas a causa, minimizar o problema, mesmo quando de maneira improvisada.
2.2 Novos Perfis Familiares
Atualmente, vivemos numa sociedade em que a considerada família tradicional se desfez, não existe mais um único padrão de configuração familiar, aquela formada por um pai, uma mãe e um filho. A família brasileira, mais do que nunca, apresenta-se em novos formatos (Figura 01).
Figura 01: Adesivos de famílias para automóveis. Fonte: AGAZETA, 2016.
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Mães e pais solteiros, divorciados que unem suas famílias, casal de homossexuais
que
têm
filhos
de
um
relacionamento
heterossexual
anterior, crianças que são criadas pelos avós, praticantes do poliamor, heterossexuais, homossexuais, casais sem filhos, amigos que moram juntos, três gerações que dividem o mesmo teto, casais divorciados que vivem na mesma casa, as possibilidades são as mais diversas (ARRIAGADA, 2001). Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento de 2010 (PROUD, 2010), demonstrou em porcentagens cada um dos novos perfis familiares mais comuns em relação ao perfil padrão de pais, mãe e filhos, como mostra a Figura 02.
Figura 02: Porcentagem dos novos perfis familiares no Brasil. Fonte: PROUD, 2010.
É dessas novas famílias “desconstruídas”, que surgem as novas relações com os animais de estimação, esses assumem um papel diferenciado nas relações intrafamiliares nas residências, de modo que o proprietário identifica o seu animal como membro da família, participando das atividades diárias, ou visualiza seu animal como um fator que gera segurança, segundo Oliveira (2006). No
Artigo
“RELAÇÃO
ENTRE
FAMÍLIAS,
ANIMAIS
DE
ESTIMAÇÃO, AFETIVIDADE E CONSUMO”, Mosteller (MOSTELLER, 2008) apresenta três subtipos de relações, inicialmente descritos por Hirschman (1994), entre homens e os animais de estimação. No primeiro deles, os animais
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são apresentados com uma extensão da pessoa (Self), de modo que o comportamento do animal é utilizado para representar as características do comportamento do proprietário, como, por exemplo, um cão dócil e amável com crianças dá a impressão que seu dono tem essas mesmas características. No segundo, os animais são tratados como extensão da família, não sendo considerados como posse, mas sim como um membro familiar, participando de atividades diárias da família, como: assistir televisão, ter acesso a todos os locais do domicílio e, até mesmo, ser motivo de festas familiares. No terceiro, o animal é tido como um amigo e desperta grande apego emocional em seu proprietário.
Independente do tipo de relação fica nítido o novo cargo delegado aos animais, um lugar de importância nos meios familiares e que, portanto carecem de todo respeito, atenção e dignidade que todos nós desejaríamos a membros de nossas famílias, sendo assim, a importância de educação, a melhoria da qualidade de vida e a criminalização de ações prejudiciais a esses seres tendem a ser cada vez mais populares e necessárias na nossa sociedade.
2.3 Definições de Abrigos
Espaços destinados a acolher animais de rua são denominados de Zoocômios, de acordo com o Portal de Educação (2013). Esses espaços são conhecidos como abrigos e destinados a abrigar determinados tipos de animais. Existem, por definição, alguns diferentes tipos de abrigos, variando de acordo com os serviços que nestes são prestados aos animais e a comunidade, os mais comuns são os citados abaixo. Centro de controle de Zoonoses – Quando se pensa em espaços para recolhimento de animais de rua, as zoonoses geralmente são os primeiros espaços que vem à mente, pois segundo a FUNASA- Fundação Nacional de Saúde, esses são atualmente os principais estabelecimentos de recolhimento destes animais, principalmente cães e gatos. Ainda segundo a FUNASA, essas
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unidades de controle de zoonoses são locais onde se desenvolvem ações para a vigilância ambiental, controle de doenças transmitidas entre humanos e animais, além de monitorar e controlar a população animal (figura 03).
Figura 03: Centro de Controle de Zoonoses, de Vila Velha - ES Fonte: PMVV- VILA VELHA, 2016.
As funções de recolhimento, abrigo e ações de doação de animais não são por definição as funções das zoonoses, porém, muitas vezes devido à grande demanda das cidades, esses espaços acabam por atender essas necessidades juntamente com suas funções primárias. O problema surge quando o recolhimento desses animais atinge um número elevado e por se tratar de um espaço não planejado para a permanência desses animais, a eutanásia acaba por ser bastante utilizada como maneira de controle. Abrigos Portas Abertos – Mais conhecidos como abrigos de animais, de acordo com a WAP- Word Animal Protection (2014), esses espaços são geralmente de iniciativa privada, mantidos por doações de pessoas físicas ou jurídicas sem envolvimento do poder público, tem a política de receber quaisquer animais que lhes são entregues, sem a necessidade de lista de espera ou mediante a qualquer tipo de pagamento. Nestes estabelecimentos a
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eutanásia não costuma ser aplicada, exceto em casos extremos ou que gere riscos à saúde dos outros animais ou pessoas, não sendo admitido somente para controle do número de animais (Figura 04).
Figura 04: Abrigo Fauna e Flora Abrigo, Brasília - DF Fonte: Gshow, 2017.
São principalmente espaços para abrigar e cuidar de animais abandonados e/ou resgatados, além de providenciar feiras de adoção. Santuários – Por sua vez, são espaços que recebem os animais e destinam-se a cuidar deles até sua morte natural, costumam recolher animais com problemas comportamentais ou de saúde grave, além de animais selvagens que foram utilizados em espetáculos de circo, atropelados ou abandonados por outros animais. Esses espaços podem ou não providenciar a adoção dos animais (Figura 05).
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Figura 05: Santuário de Harpias de Itaipu – Paraná Fonte: ITAIPU.GOV, 2015.
Organizações de resgate – Segundo a WAP- Word Animal Protection (2014), ainda existem as organizações de resgate, que são grupos que vivem de doações e ajuda para o resgate dos animais. Geralmente não possuem um espaço físico específico para a guarda dos animais resgatados, ficando estes na casa dos próprios voluntários ou recorrendo aos santuários, citados acima.
Esse tópico desenvolvido tem como objetivo buscar a melhor definição do espaço proposto no final desta pesquisa. Tendo em mente que o projeto final deverá ter como finalidade um espaço para recolhimento, cuidados de saúde, abrigo e reabilitação de animais abandonados, além de treinamentos, palestras, cursos e oficinas, a definição que mais se aproxima da proposta é a de Abrigo Portas Abertas, de acordo com a pesquisa descrita.
2.4. Legislações Foi em 1978, através da “Declaração Universal dos Direitos dos Animais”, que a UNUSCO reconheceu oficialmente os direitos dos animais
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(UNESCO, BELGICA, 1978), onde lista em seus 14 artigos, todos os direitos merecidos aos animais.
Na Lei nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998, dispõe-se sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
No Art. 32, diz que, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos pode resultar em pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. O artigo ainda continua dizendo, nos parágrafos 1º e 2º que: “1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos
ou
científicos,
quando
existirem
recursos
alternativos”. 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. ”(BRASIL, 1998)
Na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, deputados aprovaram um projeto de lei que prevê multa de um mil reais para quem abandonar animais domésticos no município (Figura 06). Em entrevista ao G1 (GLOBO, 2016), o autor do projeto, o deputado Marcos Bruno, diz que “a medida torna mais forte e legítimo o movimento de adoção de animais abandonados” e evita a procriação descontrolada.
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Figura 06: Abertura de CPI dos Maus-Tratos, Vitória – ES Fonte: REDEGAZETA, 2017.
A proposta cria um novo cenário na questão do abandono, já que quanto mais reincidente, maior fica a multa. “A maioria dos animais abandonados tem capacidade de procriar e essa capacidade provoca agravamento da já dramática explosão populacional de animais urbanos excedentes”, afirma, lembrando que isso gera ônus aos cofres municipais. ”(BRUNO.Marcos, 2016).
O município conta ainda com a Lei Municipal nº 4.726 (VILA VELHA, ES, 2008), que dispõe sobre o controle da população de animais domésticos no município de Vila Velha e dá outras providências. Esta Lei estabelece as normas gerais sobre o controle de populações de animais domésticos e domesticados no Município de Vila Velha, guarda responsável, prevenção e controle de zoonoses, consideradas medidas de saúde pública.
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Disserta sobre o que é considerado como maus tratos e tortura, sobre os centros de zoonoses e seu funcionamento e relação com a sociedade (no que diz respeito à visitação, adoção e voluntariado), e fala sobre o que considera como ações de prevenção da saúde pública do município, tais como:
I - incentivar a viabilização e o desenvolvimento de programas que visem ao controle reprodutivo de cães e de gatos e à promoção de medidas protetivas, por meio de identificação, registro, esterilização cirúrgica, adoção, e de campanhas educacionais para a conscientização pública da relevância de tais atividades, cujas regras básicas seguem descritas nesta
lei;
II - realizar o controle da população dos animais, cães e gatos, através da esterilização cirúrgica, vacinação, vermifugação e controle de ectoparasitos.
III - realizar campanhas permanentes de guarda responsável dos animais
e
campanhas
permanentes
de
adoção;
IV - prevenir, reduzir e eliminar a morbidade, a mortalidade e o sofrimento dos animais humanos e não humanos causados pelas zoonoses, através do cuidado com a saúde do animal que convive com o homem. (VILA VELHA, ES, 2008).
No que diz respeito à arquitetura dos espaços dedicados a guarda e cuidados a animais, dimensões e materiais aplicados, o projeto será desenvolvido em cima das exigências da Resolução Federal nº 1.015, de 2015 (BRASIL, 2015), seguindo assim as definições do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), essa resolução regulamenta o funcionamento, instalações e equipamentos necessários para estabelecimentos que possuem uso médico-veterinário de atendimento a pequenos animais. Uma critica do CFMV-ES a resolução diz respeito a falta de mecanismos que regem os estabelecimentos, tendo poucas informações, definindo somente no que diz respeito
aos
ambientes/equipamentos
que
devem
conter
em
cada
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estabelecimento. Além disso, a resolução não cita espaços dedicados a abrigos ou centros de cuidado animal, para tal foi consultada o decreto nº 40.400, São Paulo (1995), norma técnica para estabelecimentos veterinários.
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3. TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
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3.1. Modulação e Flexibilidade
Um dos objetivos deste trabalho é o uso da modulação e sua funcionalidade na arquitetura proposta, criando um modelo de arquitetura aliada à flexibilidade, a fim de facilitar diferentes implantações e incentivar a diversidade de ocupação, futuras ampliações, novos futuros abrigos, além da sustentabilidade, ao ressignificar os contêiner descartados como partido, possuindo esses, uma validade de apenas 10 anos, que após esse período de uso são descartados ou abandonados ás centenas, ficando sem uso e significado em depósitos pela cidade.
Quando se fala em flexibilidade na arquitetura, as primeiras menções ao assunto são dadas ao estilo da arquitetura tradicional japonês. Segundo Kronenburg (2007) e Paiva (2002), os primeiros exemplos significativos de flexibilidade em edifícios, são encontrados nas antigas casas japonesas, onde a tradição construtiva baseava-se em divisórias verticais, com estrutura de madeira e vedação em papel, inseridas de forma com que se movimentassem sobre esteiras, modificando o interior da edificação de forma rápida e fácil, ampliando ou subdividindo ambientes, criando assim múltiplas disposições do espaço, dependendo da sua necessidade.
No mundo da arquitetura, de imediato resgatamos Le Corbusier (Figura 07), que viria a apresentar as potencialidades das plantas livres, movendo a estrutura para seu exterior e possibilitando o edifício poder ser definido no seu interior, de diferentes formas com bastante flexibilidade e liberdade, qualquer que lhe fosse o uso pretendido (Paiva, 2002).
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Figura 07: Modulor, Le Corbusier Fonte: VITRUVIUS, 2015.
A criação de um projeto modulado gera diversas soluções e alternativas eficientes, além de que, contribui para a criação de diversas formas arquitetônicas,
flexibilidade,
auxilio
a
tomada
de
decisões
projetuais/econômicas e a aproximação do processo de projeto ao processo de produção/execução. O uso de componentes padronizados reduz à necessidade de cortes, evitando o desperdício e diminuindo a imprevisibilidade no canteiro de obras, aumentando a produtividade e a qualidade da construção. (GREVEN; BALDAUF, 2007).
A modulação depende de uma produção repetitiva, porém, como resultado final, gera autonomia e flexibilidade no projeto, a partir do momento em que a composição dos módulos pode ser diferenciada (figura 08). Esse modelo possibilita a criação de uma variedade de resultados finais, permitindo o cliente personalizar de forma mais prática seus espaços, resultante da combinação de outros módulos ou peças. Contudo, essa estratégia necessita da antecipação de decisões importantes nas fases iniciais do projeto, no que diz respeito à divisão do produto final em partes menores e a definição das relações e conexões entre essas partes. (AL ARAYEDH, 2006).
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Figura 08: Tipos mais comuns de Combinação entre Módulos Fonte: MOURÂO; Alexandre, 2013.
Tratar dos objetivos deste capítulo é aliar as necessidades que um abrigo de animais necessita, com as facilidades, qualidades e funcionalidades de uma arquitetura flexível, sustentável, moderna e atrativa, que gere para as pessoas e animais, ambientes que atendam suas necessidades de forma global e integrada aos demais espaços externos que o rodeiam.
Para alcançar o objetivo da modulação, foi escolhido como elemento principal o uso de containers reutilizados. Por se tratar de elementos já modulados, esses já carregam consigo, em sua forma e fabricação, a função estrutural e de vedação, de forma a tornar a execução da edificação mais ágil, sustentável e moderna.
3.2. Uso do Contêiner como Modulação
De acordo com o Artigo 4º do decreto nº 80.145 de 15 de agosto de 1977 (BRASIL, 1977), que regulamenta a Lei nº 6.288, de 11 de dezembro de
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1975, que dispõe sobre a utilização, movimentação e transporte, inclusive intermodal de mercadorias em unidades de carga, Contêiner é definido como:
“Recipiente construído de material resistente, destinado a propiciar o transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez”(BRASIL, 1977).
Em resumo, os contêineres são grandes caixas de metal, cujas paredes e teto possuem ondulações, com piso de madeira, que circulam de um ponto ao outro por todo o mundo, através de caminhões, navios e vagões, transportando mercadorias.
Nos últimos tempos, os contêineres têm surgido como uma nova alternativa para a construção sustentável. Caixas de aço, antes utilizadas para transportar cargas através de navios, passaram a ser uma forte tendência na arquitetura contemporânea. No inicio utilizados como abrigos de emergência, stands de exposições, eventos ou escritórios em canteiros de obras, passaram a ser introduzidos em arquiteturas de moradia (Archdaily, 2015).
De acordo com a Delta Containers, empresa especializada em construção em Container e arquitetura modular, a customização dos módulos é relativamente rápida e mais barata do que em construções convencionais, por se tratar de um sistema construtivo de fácil execução, ampliação e manutenção, através de um sistema de encaixes. A área do terreno deve ser capaz de comportar os containers, com espaço para as manobras dos guindastes que fazem a conexão entre os módulos.
Os containers de carga são geralmente medidos em pés, os mais comuns são os 201 e 40’ (Tabela 02). Os utilizados no projeto serão os de 20’ (vinte pés), que apresentam as dimensões 6,00m x 2,40m com 2,60m de altura, e os de 40’ (quarenta pés) que possui dimensões de 12,00m x 2,40m com 2,60m de altura (HOMETEKA, 2014).
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Comprimento Largura Altura Comprimento Largura
Dimensões Externas Dimensões Internas Área
Contêiner 20' 6,06m 2,44m 2,60m 5,75 2,35m
Contêiner 40' 12,19m 2,44m 2,60m 12,03m 2,35m
Exterior
14,77m²
31,50m²
Interior
13,54m²
28,30m²
Tabela 01: Dimensões usuais de Contêineres Industriais Fonte: ARCHDAILY, 2015.
As unidades são pintadas com tinta anti-ferrugem e encaixadas através de um sistema de engate. Os contêineres podem ser combinados, basta cortar o piso, paredes ou teto para criar aberturas e novas conexões.
De acordo com a Convenção Internacional para Segurança de Contêineres (SCS,1973), o limite de empilhamento deve ser de no Maximo cinco contêineres (térreo + 4 unidades). Mais andares exigem cálculos estruturais adicionais, que complexificam a obra.
3.2.1. Uso do Contêiner no Brasil
Este tipo de arquitetura ainda é muito restrita no Brasil, porém o cenário vem mudando ultimamente.Os profissionais atentos as novas tecnologias e modos sustentáveis de construção começaram a integrar elementos nessa linha projetual aos seus trabalhos, aos poucos inserindo esse novo modal de arquitetura na indústria da construção civil.
A primeira casa nesses moldes, no Brasil, foi construída em 2009 e projetada pela Lívia Ferraro (Figura 09), do escritório Ferraro Contêiner Habitat. A casa conta com soluções sustentáveis, como o armazenamento de água da chuva, painéis solares fotovoltaicos, sistema de tratamento de resíduos, paredes com tratamento acústico e térmico. (VERA, 2009).
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Figura 09: Primeira Casa em Contêiner do Brasil Fonte: VERA, 2009.
3.2.2. Vantagens
"Uma das vantagens em se optar pelo contêiner na construção, é o seu baixo custo de compra e instalação, valor que chega a ser 15% menos do que em alvenaria convencional", explica Pablo Castilho, gerente técnico e de projetos
da
Delta
Containers
(Brasil),
empresa
especializada
no
desenvolvimento de projetos especiais a partir de contêineres. (CASTILHO, 2016). De acordo com Pablo Castilho, dentre as vantagens do uso modular em Container, podem ser descritas como principais as seguintes:
Baixo custo de construção (15% a menos que a convencional em blocos);
Estruturalmente sólidas;
Fácil Mobilidade;
Flexibilidade construtiva;
Reutilização de containers em desuso;
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Curto prazo de construção;
Um dos pontos fortes segundo o especialista é se tratar de construções ecologicamente corretas, pois reutilizam os contêineres que não podem ser mais utilizados para transporte marítimo, já que sua vida útil é de cerca de 10 anos, e os transformam e beneficiam em edificações adaptáveis a qualquer tipo de terreno e topografia, sem necessitar de grandes estruturas.
3.2.3. Regulamentação
Os alvarás e licenças para uma construção de container são os mesmos de alvenaria, obtidos junto às prefeituras municipais. No entanto, podem-se encontrar problemas em algumas cidades, já que se trata de uma construção pouco usual e não descrita ou mencionada nas legislações existentes. Na cidade de Vila Velha – ES, nenhuma de suas legislações menciona a regulamentação de seu uso em arquiteturas civis, o que faz com que seja tratado de forma semelhante à alvenaria convencional no que diz respeito a sua aprovação.
Figura 10: Depósito de Contêineres Fonte: CATRACALIVRE, 2016.
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3.2.4. Instalações
Seu isolamento térmico e acústico é realizado com aplicação de lã de vidro, lã de rocha ou no caso do projeto que será apresentado como proposta, lã de PET, que alem de ótimo isolante é sustentável ao ser produto de reciclagem de garrafas PET. As placas de Isolamento são colocadas em forma de sanduiche, entre a estrutura e placas de revestimento, que podem ser cimentícias, gesso, MDF, compensado ou OSB, entre outros materiais. Entre um elemento e outro se cria vãos, onde são colocados os tubos das instalações elétricas e hidrossanitárias, como ilustrado na Figura 11.
Figura 11: Isolamento Termoacústico e tubulação Elétrica Fonte: HOMETEKA, 2016.
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4. REFERÊNCIA PROJETUAL
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Após realizar pesquisas em organizações/instalações de abrigos e entender que para solucionar um problema que afeta condições no âmbito urbano são necessárias ações em conjunto, tendo também em mente o estado atual em que se encontram os animais em situação de rua, a sua relação com o ser humano e os problemas decorrentes da falta de informação, selecionou-se um projeto de abrigo referência, cujos conceitos arquitetônicos se assemelhem ao objetivo final deste trabalho, tendo como conceitos, propostas de espaços de qualidade, que acolham, requalifiquem e reabilite os animais de rua, compreendendo as suas necessidades e fortalecendo o laço da sociedade com esses espaços de maneira criativa e moderna.
4.1. Animal Refuge Centre
Figura 12: Fachada Principal do Animal Refuge Centre. Fonte: ARCHDAILY, 2008.
Localizado na cidade de Amsterdam, na Holanda, o Animal Refuge Centre (Figura 12), é o segundo maior abrigo de animais do país, com o custo de 4,1 milhões de euros, projeto dos arquitetos Piso Arans e Arnoud Gelaulff, surgiu da necessidade da união de dois abrigos que existiam na cidade e visa
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abrigar e realojar cães e gatos em situação de rua, tendo uma rotatividade de cerca de 2mil animais por ano.
4.1.1. Localização
O edifício, implantado na periferia da cidade, está localizado em uma região de indústrias e produção agrícola, afastado da região residencial da cidade. O abrigo é inteiramente voltado para o interior, a fim de reduzir os ruídos excessivos emitidos pelos animais e não incomodar os vizinhos (Figura 13).
Figura 13: Localização do Animal Refuge Centre Fonte: Alterada GOOGLE EARTH, 2017.
Localizado as margens de um canal, o terreno escolhido para implantação do novo abrigo, possuía um formato não muito indicado para o projeto, aparentemente impróprio para as necessidades do programa e suas funções necessárias para o funcionamento do abrigo de cães e gatos.
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4.1.2. Condicionantes
Usando a forma do terreno e as condições naturais como partido, os arquitetos conseguiram
solucionar algumas das dificuldades impostas pelo
programa do projeto (Figura 14).
Apesar do entorno ser praticamente todo ocupado por áreas industriais, vegetação e áreas agrícolas, ainda assim está localizado em uma área com algumas residências e grande movimentação nas vias de acesso. Desta forma, surgiu a necessidade de volta-lo todo para seu interior, auxiliando assim no menor impacto e incômodo possível, causados pelos ruídos dos animais. Aliado a isso, foi utilizado também como partido, o córrego que o margeia, que auxilia na diminuição desse desconforto sonoro.
Acessos
Figura 14: Implantação do Animal Refuge Centre Fonte: Alterada ARCH2o, 2016.
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4.1.3. Setorização
O Animal Refuge Centre, possui dois pavimentos, sendo o térreo dedicado aos setores de recepção, clínica veterinária e espaços oferecidos aos cães (Figura 15).
Figura 15: Setorização do térreo do Animal Refuge Centre Fonte: Alterada ARCH2, 2016.
Já o segundo pavimento, conta com setores oferecidos aos gatos, separando-os dos cães por motivos de segurança, espaços de administração e outros mais reservados como o Auditório (Figura 16).
Figura 16: Setorização do 2º Pavimento do Animal Refuge Centre Fonte: Alterada ARCH2o, 2016.
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Tanto o canil como o gatil, contam com solário, aberturas zenitais e espaços abertos para ventilação e aquecimento natural, o que garante saúde e o bem estar dos animais e visitantes, auxiliando no conforto térmico e visual dos espaços internos criados, tornando-os mais quentes no inverno com a entrada dos raios solares, e mais frescos no verão com a entrada de ventilação cruzada, juntamente com a iluminação. (Figuras 17 e 18).
Figura 17: Corte Esquemático – Solário Fonte: Alterada ARCH2o, 2016.
Figura 18: Corte Esquemático – Iluminação e Ventilação Natural Fonte: Alterada ARCH2o, 2016.
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A posição central do átrio de entrada, junto com os ambientes de apoio, resulta em um projeto fluido e coerente, com acessos e conexões muito bem resolvidas, que separam ares de usos diferentes e restringem acessos a áreas restritas. A posição dos pátios centrais, junto com os outros espaços de apoio, resulta em um projeto que valoriza e toma partido da iluminação natural, onde todos os ambientes alem de um conforto térmico, são bem iluminados.
4.1.4. Programa
O programa deste projeto referência, pelo que foi analisado, busca principalmente a funcionalidade como principal conceito de projeto, aliando a forma definida pelo terreno com os espaços necessários para um funcionamento pleno e conciso de todo o abrigo, a fim de criar espaços de qualidade dedicados aos cuidados dos animais.
Os espaços que foram projetados para apoios, administração, circulação, eventos, lazer e dos canis e gatis, totalizam uma área de 7.513,50m² e seguem descritos na Tabela 02.
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TOTAL
7.513,5m²
Tabela 02: Programa de Necessidades do Animal Refuge Centre Fonte: Elaboração Própria
Nota-se, que para que um programa de Centro de Acolhimento e Bem-Estar Animal funcione de forma plena, com todos os espaços devidamente planejados, se torna necessária uma área relativamente ampla, como no projeto apresentados acima, estando sujeito à proposta final de projeto deste trabalho, que o projeto acabe se tornando uma edificação de médio à grande porte, não somente atendendo as necessidades animais, mas como também atendendo uma necessidade administrativa, de serviços e social como o próprio conceito do projeto mostrará.
Portanto, é de grande importância que este projeto de referência internacional seja apresentado, analisado e discutido, para então se iniciar a elaboração do Centro de acolhimento e bem estar animal que este trabalho pretende criar, fugindo dos padrões arquitetônicos que hoje se conhece no Brasil, trazendo consigo inovações, espaços humanizados e elementos que contribuem para a reabilitação e aumento qualitativo na vida dos animais abandonados. Destacando sua estrutura, funcionalidade e capacidade para atender uma demanda da cidade, alem de proporcionar conforto, acústica e uma arquitetura moderna e arrojada, alem de elementos voltados à sustentabilidade.
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5. O PROJETO
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5.1. Desenvolvimento do Partido
Primeiramente tendo mente que projeto deverá dar a possibilidade de ser desmontável e transportável, de forma com que possa mudar sua localização de acordo com a necessidade, a edificação deverá interferir o mínimo possível nas condições originais do local, isso inclui topografia, composição do solo, compactação e vegetação.
Formado este partido, objetiva-se ainda a criação de um espaço que seja principalmente funcional, eficiente, belo e acessível a todos, este capítulo tem como função materializar as diversas formas com que esses atributos serão devidamente alcançados.
O projeto, portanto, adota soluções tanto espaciais quanto materiais, no que dizem respeito a fluxos, características de sustentabilidade, implantação e volumetria. São elas:
- Uso de modulação em Contêiner; - Facilidade de montagem e desmontagem; - Pátios internos (espaços ao ar livre); - Uso de materiais reaproveitados de descartes industriais; - Ressignificação de matéria prima (dar novas funções); - Captação de águas pluviais; - Elevação da edificação do Solo; - Horta Comunitária e muro verde;
Estas estratégias e suas justificativas são exploradas nos tópicos a seguir.
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5.2. Forma e Implantação
Para que a implantação interfira o mínimo possível no terreno, o desenho do projeto foi pensado de forma pavilhonar, onde são criados pátios internos a fim de liberar o máximo possível do solo e criar os espaços internos de lazer e recreação, tanto para os animais quanto para os visitantes, ajudando também na ventilação interna da edificação, já que devido às restrições do projeto, a mesma deverá ser inteiramente voltada para seu interior, devido aos ruídos que os animais produzem.
Juntamente com a implantação pavilhonar, o projeto será criado baseando-se na forma de coméias de abelha. Esta formatação, além de se utilizar da melhor maneira possível do espaço com o menor esforço possível, produz uma simetria ao conjunto e cria espaços internos que podem ser mais bem aproveitados (Figura 19).
Figura 19: Comeia de Abelha Fonte: SUPERINTERESSANTE, 2016.
No caso especifico do projeto apresentado, para atender as necessidades do programa e para melhor adaptação a vários tipos de terreno e implantações e a fim de melhorar questões como adaptabilidade de novos módulos, foi utilizada a forma do octógono, polígono que segue praticamente
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as mesmas vantagens do hexágono usado nas coméias, mas oferecendo uma maior quantidade de faces ou fachadas, para melhor implantação e utilização de recursos como ventilaçãoe luz, como mostrado no Diagrama 03.
O diagrama ilustra como a forma octogonal definida oferece uma configuração com múltiplas orientações de fachada, o que auxilia na adaptabilidade da proposta em terrenos variados.
Diagrama 03: Estudo da Forma do Projeto Fonte: Autoria Própria.
A figura “A” ilustra um objeto quadrado, que tem suas quinas lapidadas criando um octógono, a sua direta (Figura B) o octógono resultante, que proporciona o dobro de faces de menor comprimento e variadas orientações. A seguir apresenta-se a figura “C”, de onde foi retirado parte do centro com a intenção de liberar a maior área possível do terreno, ficando os contêineres instalados pelo perímetro da área. O centro do pátio, um espaço que poderá ser bem aproveitado como área de fácil acesso, foi resguardado. Levando em conta que conexões em ângulos de 90º entre os contêineres seriam prejudiciais aos espaços propostos nesse projeto, acabariam por tornar as áreas das extremidades dos contêineres com pouco aproveitamento, impossibilitando até duas baias dos espaços para guarda dos animais a cada nova junção entre dois módulos. Na forma que foi proposta, os
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ambientes acabam por relacionar-se melhor com os acessos e necessidades, como visto no diagrama apresentado a seguir (Diagrama 04).
Diagrama 04: Estudo das Conexões Entre Módulos. Fonte: Autoria Própria.
A implantação do desenho foi pensada a fim de valorizar a fachada principal, a entrada de serviços e os fluxos existentes no entorno, fluxos esses que ligam o Terminal de Itaparica ao Shopping Boulevard, passando ao lado do terreno, o que pode ser bem explorado a favor do projeto.
A ideia também foi direcionar a fachada principal do projeto para saída do shopping e seu estacionamento, que possui grande fluxo de pessoas e veículos, valorizando a entrada e chamando a atenção de quem trafega no local (Figuras 20, 21 e 22).
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N
Figura 20: Planta de Locação Fonte: Elaboração Própria.
Figura 21: Implantação e Eixo Fonte: Alterada GOOGLE EARTH, 2018.
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Figura 22: Eixos Visuais em Perspectiva Fonte: Alterada GOOGLE EARTH, 2018.
Foram
levados
em
consideração
todos
os
condicionantes
ambientais, aproveitando a orientação sudeste para posicionamento da maior fachada, protegendo também a fachada guardada para a entrada de serviço.
5.3. Volumetria
Quanto à volumetria definida, a mesma possui formas regulares básicas, com um volume principal de entrada destacado verticalmente, com pé direito duplo para locação das áreas técnicas necessárias e todo o restante desenvolvido no eixo horizontal, materializado em contêineres com pé direito mais baixo, sendo todo o volume, elevado do solo (Figuras 23 e 24).
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Volume Principal Verticalizado
Volume em Contêineres Aproveitamento do centro
Criação de pátios
Figura 23: Estudo de Volumetria Geral Fonte: Elaborado pelo Autor.
Volume Principal Verticalizado
Volume em Contêineres
Figura 24: Estudo de Volumetria de Fachada Fonte: Elaborado pelo Autor.
Foram pensados pátios nos centros dos octógonos, com a função de favorecer a iluminação e ventilação natural dos espaços, alem de serem usados para criação dos espaços de recreação dos animais e espaços dedicados aos visitantes.
Ao centro dos átrios foi deixado um maciço, por ser essa uma área estratégica para o projeto, já que se trata de espaços com campo de visão de 360º dentro do projeto, ótimos para espaços que necessitam de amplo acesso e fácil localização.
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Figura 25: Estudo de Escala do Projeto Fonte: Elaborado pelo Autor.
A escala do volume principal destaca-se do restante, na Figura 25, pensando na marcação e valorização da entrada principal, mas sem destoar no que diz respeito ao estilo, formas, materiais, cores e texturas da volumetria como um todo. Linhas retas e bem marcadas compõe o conjunto formal, traduzindo a ideia de funcionalidade dos espaços propostos.
5.4. Evoluções e Ampliações
Quando se leva em consideração que o programa proposto dependerá de doações de empresas e ajuda externa para sua construção e desenvolvimento, é de grande importância que o desenho preveja um modelo mínimo para inicio do projeto, um modelo que seja igualmente eficiente, porém que utilize menos materiais e em dimensões menores.
Assim foram criadas três etapas de evolução do projeto, levando em consideração os terrenos com dimensões e áreas previstas para a cidade de Vila Velha, ES.
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O PDM da cidade prevê que os lotes devem ter uma área mínima de 250,00m² (Duzentos e cinquenta metros quadrados) com testada mínima de 10,00 metros, porém os lotes mais comuns encontrados em regiões planejadas e principalmente próxima a área escolhida para o projeto, são lotes de 15,00 metros de testada (frente) por 20,00 metros de comprimento, sendo estas as dimensões usadas como referência para as propostas de modelos de evolução do projeto, onde primeiro foi utilizado apenas dois lotes conjugados, depois o uso de quatro lotes e em seguida a proposta de evolução usando oito lotes, como demonstrado na Figura 26.
04 Lotes
02 Lotes
08 Lotes
20,00m m 15,00m
Figura 26: Modelos de ocupação em Lotes - Propostas de evolução FONTE: Elaboração Própria, 2018.
Cada uma das etapas mostradas a seguir foi projetada levando em consideração a funcionalidade, eficiência espacial, fluxos e acessibilidade, além de acessos e conexões que pudessem ser expandidas sem problemas futuros. A ideia é que o projeto evolua aos poucos, de acordo com a chegada dos materiais doados ou emprestados, como é o caso dos contêineres, que provavelmente não chegarão todos os necessários para a execução do projeto finalizado de uma única vez.
O primeiro modelo, chamado aqui de Modulo Mínimo, pensado para ocupação de apenas dois Lotes, é formado por um volume principal com estrutura em estrutura metálica, constituído por um Hall de recepção, banheiro de visitantes e depósito, que da acesso a circulação interna
e aos sete
contêineres, distribuídos em administração, consultório, seis canis individuais
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(com 5,00m² cabendo até dois animais em cada), um canil coletivo para até quatro animais, um gatil para até dez gatos, um depósito de ração e um espaço de banho e tosa, área de recreação dos animais, além dos espaços dedicados a captação e reserva de águas pluviais para reutilização e horta comunitária (Figura 27).
Figura 27: Modelo Mínimo – Projeto Inicial (07 Contêineres) FONTE: Elaboração Própria, 2018.
O segundo Modelo, foi projetado para a ocupação de quatro lotes, seguindo o Modelo Mínimo como forma inicial, essa expansão utiliza quatorze contêineres, sete a mais do que o modelo anterior, possui todos os ambientes do Modelo Mínimo, adicionando apenas novos ambientes, tendo no total, dezoito canis individuais (doze a mais), dois canis coletivos (um a mais), dois vestiários (masculino e feminino) e dois banheiros com chuveiros (um
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masculino e outro feminino), alem de uma pequena copa para funcionários, quatro espaços de quarentena e área de recreação dos animais (Figura 28).
Figura 28: Segundo Modelo – Modelo de Expansão 01 (18 Contêineres) FONTE: Elaboração Própria, 2018.
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O terceiro modelo de expansão proposto ocupa oito lotes, um lado a outro da quadra, e possui setores mais bem definidos e separados por usos. O setor administrativo possui o Hall, banheiros, depósitos e escritórios, o setor de guarda possui dezessete canis individuais, dois canis coletivos, dois espaços de quarentena, dois gatis coletivos e espaços de apoios, alem das áreas de recreação. O setor educacional possui duas salas de aula, um auditório reversível e banheiros acessíveis para o público. Por fim o setor de serviço conta com dois vestiários com duchas, uma copa, refeitório e banheiro de funcionários acessíveis.
O projeto ainda conta com captação e reaproveitamento de água pluvial e horta orgânica (Figura 29).
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Figura 29: Terceiro Modelo – Modelo de Expansão 02(18 Contêineres) FONTE: Elaboração Própria, 2018.
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5.5. Análise do Terreno
A escolha do terreno se deu através de algumas exigências do tema, o tipo de arquitetura, potencialidades da área e do impacto social e principalmente urbano, no que diz respeito ao entorno.
A área escolhida deve estar dentro do perímetro urbano, mas sendo afastada de áreas residenciais, onde não haja adensamento populacional muito elevado, pois um abrigo de animais poderia causar transtornos para a vizinhança, como ruídos e mau odor.
Para minimizar esses possíveis problemas, o terreno escolhido fica numa zona pouco habitada, próximo a áreas de ocupações industriais e edificações voltadas para o interior dos seus terrenos, aonde um futuro problema com ruídos não viria a incomodar a vizinhança e nem mesmo edificações mais sensíveis, como creches, hospitais e escolas.
Um dos desafios desta proposta, esta relacionado ao terreno onde será implantado o projeto e diz respeito ao tipo de uso, pois se tratando de um projeto filantrópico, esse não possui recursos próprios para aquisição de grandes áreas, como a utilizada neste projeto final, principalmente dentro dos limites do perímetro urbano da cidade, por esse motivo será abordado aqui as possíveis soluções mais viáveis para essa problemática.
Existem quatro principais opções mais prováveis de utilização e implantação da proposta deste projeto num terreno dentro do perímetro urbano da cidade, são eles:
1- A doação do terreno ou fração deste por empresas ou pessoas ligadas a causa animal, em áreas pouco valorizadas ou que estejam sofrendo especulação imobiliária; 2- compra ou aluguel do terreno, através de parecerias com empresas privadas engajadas com causas socioambientais, como o caso da Arcellor e Vale, onde está bancaria com os custos de aluguel do terreno,
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como forma de colaboração indireta; 3- Doação ou empréstimo de uma área de lote pela Prefeitura, através de arrendamento ou de terrenos subutilizados pela mesma; 4- Empréstimo do terreno pelo proprietário, por tempo limitado e determinado previamente para implantação do projeto, de forma que este seja transportado para um novo local após fim deste prazo.
A localização escolhida, além de ser excelente para a inserção do programa proposto, levou em consideração a proximidade com o shopping Boulevard, programa que já atrai um número grande de pessoas á região e também é nele que já ocorrem os eventos em parceria com os abrigos de vila velha, como o evento divulgado na Figura 30, entre eles, as feiras de adoção de animais, brechós, festas temáticas e outros eventos beneficentes aos abrigos, estando já familiarizados os usuários do empreendimento com esse tipo de ocupação.
Figura 30: Feira de Adoção no Shopping Boulevard Fonte: GAZETA ONLINE, 2018.
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5.5.1. Localização
O terreno escolhido está localizado no Estado do Espírito Santo, na cidade de Vila Velha, mais precisamente no bairro Jockey de Itaparica (Figura 31).
Figura 31: Localização Geral Fonte: Alterada GOOGLE EARTH, 2017.
Localizado próximo a algumas construções importantes já existentes na cidade de Vila Velha, o acesso até o local do terreno fica facilitado vindo de todas as regiões da cidade e também das cidades vizinhas, tanto para quem vem do centro de Vila Velha ou terceira ponte, como de Vitória e chega pela 2ª ponte ou vem de Guarapari. A área está circundada pela Fundação Bradesco, Rodoviária de Vila Velha, Terminal Urbano de Itaparica, Shopping Boulevard e próximo ao Jockey de Itaparica, local onde ocorrem competições e corridas de cavalo, além de grandes galpões industriais espalhados em vários pontos ao redor (Figura 32).
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Figura 32: Localização do Terreno no Entorno Fonte: Alterada GOOGLE EARTH. 2017.
Como muitos dos animais no município de Vila Velha encontram-se em sua maioria nas periferias e zonas mais pobres, com menor infraestrutura, o terreno foi escolhido numa zona próxima as regiões menos favorecidas, o que facilita a questão de transporte e locomoção desses animais ate o abrigo, tanto pela Rodovia do Sol, como pela rodovia Darly Santos, que conectam grande parte dos bairros da cidade.
O terreno ao todo possui cerca de 15.720 m², sendo utilizado para o projeto um recorte de 6.082,00m² uma área que, a partir das analises de estudos de caso, seria mais do que suficiente para criação de todos os setores e ambientes que o programa venha a precisar, sem que haja áreas ociosas ou aglomeração de usos (Figura 33).
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Figura 33: Localização e Vias Fonte: Alterada GOOGLE EARTH, 2017.
5.5.2. Entorno
A área escolhida possui ótima infraestrutura, levando em conta que passou por obras recentes e por ser uma área recentemente parcelada, com vias em ótimo estado, calçadas largas e acessíveis, boa condição de sinalização e iluminação pública.
As vias que dão acesso à região são bastante largas, em sua maioria de mão única e com três e até quatro faixas de rolamento, contando ainda com uma rotatória e via de acesso restrito (Figura 34).
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Figura 34: Entorno do Terreno Fonte: Alterada GOOGLE EARTH, 2018.
A imagem “A” mostra a via de saída do Terminal Urbano de Itaparica, via de uso exclusivo dos ônibus do sistema Transcol. A imagem “B” mostra a avenida de acesso ao lote, via de duas mãos com duas faixas de rolamento cada uma, iluminação central e calçadas padronizadas, alem de uma ciclofaixa. A imagem “C” mostra a rotatória que existe logo na frente do terreno com o Shopping Boulevard ao fundo.
Por se tratar de uma área que passou recentemente por desmembramento, não foi possível identificar os nomes dessas vias que circundam o lote, sendo provavelmente extensão das ruas e avenidas já
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existentes que dão acesso ao local. Os terrenos confrontantes se encontram todos vazios, estando os moradores mais próximos a cerca de 310,00 metros de distancia.
5.5.3. Condicionantes Ambientais e Climáticos
No que diz respeito aos condicionantes ambientais que favorecem ou interferem de alguma forma no projeto, pode-se identificar os seguintes: grande massa de vegetação na parte posterior do terreno, canal d’água aos fundos, ventilação natural livre de obstáculos e maior incidência de radiação solar nas menores testadas do lote (Figura 35).
Figura 35: Condicionantes do Terreno Fonte: Alterada GOOGLE EARTH, 2017.
O terreno tem suas maiores faces expostas a Norte e Sul, sendo a fachada norte o sentido mais sensível a problemas causados devido à questão de insolação e o sul o menos prejudicado. Suas menores dimensões ficam orientadas praticamente a Leste e oeste, sendo a leste que recebe insolação na parte da manhã e a oeste na parte da tarde.
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Os ventos vindos do nordeste, predominantes na região, conseguem chegar pela testada principal do terreno (sudeste), além do vento marítimo, também chegando nesta mesma fachada, o que favorece maiores aberturas nos ambientes voltados para essa orientação explorando da melhor maneira a ventilação natural da edificação.
A massa verde composta por arvores de eucalipto, mostrada na Figura 36, está localizada aos fundos do terreno e pode ser considerada vegetação de médio e alto porte, transformando-se numa barreira solar natural da testada noroeste da área escolhida.
Figura 36: Massa de Vegetação aos fundos Fonte: Alterada GOOGLE EARTH, 2018.
5.6. Condicionantes Legais
Condicionante legal diz respeito a todas as regras e normas técnicas estabelecidas por órgãos fiscalizadores, neste caso, a prefeitura da cidade de Vila Velha, mais especificamente o que rege o Plano Diretor Municipal (PDM) no âmbito da aprovação de projetos, a fim de comprovar a segurança, habitabilidade e viabilidade construtiva das edificações dentro da cidade.
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De acordo com o PDM de Vila Velha, a área onde o terreno se encontra está contido dentro do perímetro urbano, na zona urbana denominada de Zona de Ocupação Prioritária 05 (ZOP05), onde os índices urbanísticos são bastante generosos, a fim de incentivar sua ocupação. A Figura 37 destaca o terreno no mapa de zoneamento do PDM de Vila Velha, retirado da LEI MUNICIPAL Nº 4.575/2007.
Figura 37: Localização do Lote no Zoneamento Urbano Fonte: Adaptado PDM VILA VELHA, 2007.
Quanto aos índices urbanísticos, que são os valores encontrados no PDM da cidade que definem a área e dimensões máximas do empreendimento em relação ao terreno, a lei impõe esses identificados na tabela 03 a baixo:
Tabela 03: Índices Urbanísticos – ZOP 05 Fonte: Adaptado PDM VILA VELHA, 2007.
Cada zona possui suas atividades permitidas identificadas por grau de impacto urbano e ambiental, que vão do Grau I (atividades menos
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complexas), ate o Grau IV (atividades mais complexas), o empreendimento proposto se enquadra no Grau I, como mostrado nas Tabelas 04 e 05.
Tabela 04: Enquadramento das Atividades Permitidas – ZOP 05 Fonte: Adaptado PDM VILA VELHA, 2007.
Tabela 05: Grau de Impacto Urbano e Ambiental– ZOP 05 Fonte: Adaptado PDM VILA VELHA, 2007.
O terreno possui índices muito mais elevados do que o projeto necessitará, tanto o Coeficiente de Aproveitamento (CA), quanto o gabarito e altura máxima da edificação, tendo somente a taxa de ocupação como fator de preocupação, cujo valor imposto é 60% da área do terreno, o que não será ultrapassado de forma alguma. Esta baixa taxa de ocupação justifica-se no fato do programa necessitar de muitas áreas térreas e abertas para a saúde e atividade dos animais. Portanto o local escolhido está devidamente apto a receber projeto proposto, conforme visto nas tabelas acima.
Quanto a números de vagas de estacionamento, o PDM não possui nenhuma classificação de atividade onde a proposta se enquadre por completa, tendo a mesma algumas atividades identificadas na tabela 6 abaixo retirada do PDM de Vila Velha.
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Tabela 06: Número de vagas destinadas a estacionamento de veículos Fonte: Adaptado PDM VILA VELHA, 2007.
A tabela acima indica quantas vagas para guarda de veículos deverão ser atendidas por cada atividade. Ficam então definidas para o projeto, 07 vagas de automóvel para o uso recreativo, 02 vagas para o uso de auditório/cinema, 05 vagas para o uso hospitalar e clínico, sendo obrigatórias o total 14 vagas, mas considerando o porte do projeto e os diversos usos propostos, serão projetadas 21 vagas para carros, 06 para motos e 01 vara de carga e descarga. Quanto ao bicicletário, o projeto possui mobiliários que possuem tanto a função de bancos quanto de guarda de bicicletas.
Pensando na proposta como um modelo de projeto, o mesmo poderá ser aplicado em escalas variadas, tendo desde uma abrangência de bairro em menor escala, como no caso do modelo mínimo, ate a uma maior abrangência, como em suas evoluções e ampliações, chegando a uma escala de total funcionamento, no caso da proposta final.
A partir da materialização da proposta final, a mesma ainda assim permite possíveis futuras ampliações ou conexões de novos setores, de acordo com a necessidade de cada unidade construída.
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5.7. Aplicação da Proposta Projetual Final
5.7.1. Programa de Necessidades
O programa de necessidades tem seu foco nas necessidades relacionadas ao bem-estar dos animais, envolvendo cuidados mínimos de conforto, moradia e lazer para eles e para os funcionários e visitantes, promovendo prazer para realização das tarefas do dia-a-dia, ambientes confortáveis, aconchegantes, atraentes e que permitam a proximidade e atratividade das pessoas com os animais.
Inicialmente foram levantados possíveis problemáticas relacionadas á esse tipo de necessidade, como as seguintes:
- A localização estratégica, porem acessível; - A geração de ruídos excessivos; - A necessidade de grande rotatividade de animais devido a grande demanda de novas vagas; - O alto consumo de recursos como a água - Formas de captação de recursos e rendas extra; - Ser um espaço geralmente pouco atrativo os visitantes; - Higienização do local; - Custos com locação de terreno; - Incomodo a moradores vizinhos; - Falta de segurança para os animais;
Após todos esses problemas destacados a serem resolvidos, juntamente com os estudos e análises dos projetos internacionais dos estudos de caso, destacou-se suas características individuais e quais poderiam ser absorvidos para o projeto em questão, para por fim, se chegar a um programa mínimo que atenda às expectativas de um ambiente funcional e confortável.
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Para auxilio e consulta das dimensões e programas mínimos de uma instituição de bem-estar animal, foi consultada a Resolução Federal nº 1.015, de 09 de novembro de 2012, que conceitua e estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos médicos veterinários e dá outras providências. (BRASIL, 2012).
O resultado desta pesquisa é apresentado na tabela 08, a seguir.
Setor
Ambientes Recepção e Espera
Bem-Vindo
Loja Berçário Escritórios
Administrativo
Médico/Internação
Descrição Acesso para adoção clinica, eventos e admin. Venda de produtos para pets e souvenires Área de Contato visual com filhotes 02 Salas para atendimento, denúncias e Administração.
Sala de Reunião
Recepcionar visitantes, empresas, doadores e funcionários.
Consultórios
02 Salas para consultas, vacinação e exames.
Sala de Cirurgia
01 Sala de pequenas cirurgias
Sala de Raio X
Sala para exames com Raio-X
Observação
04 baias individuais de quarentena
Morgue
Espaço para guarda de animais que faleceram
Sala de Aula
02 salas de aula para receber alunos da cidade e região, a comunidade e outros profissionais.
Auditório Eventos Café
Pátios Baias Canil Jardim
Área para pequenos eventos educacionais, apresentações de novos projetos, palestras e reuniões. Área dedicada a armazenar, esquentar e servir lanches aos visitantes. Área externa dedicada a Horta comunitária e eventos internos. 28 baias Individuais e 02 baias coletivas 02 Áreas externas aos canis para recreação e banho de sol dos cães
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Banho/Tosa/Secagem Apoio Baias Gatil Jardim
Área externa para ventilação e iluminação natural das baias
Pátio de eventos externos
Área para feiras de adoção, festas temáticas, feira orgânica.
Interação dos Cães
Pet Park
Lazer
Espera Vestiários
Serviços
Utilizado para dar banho e tosa higiênica nos animais Áreas de guarda de materiais e ração 08 baias coletivas para até 5 gatos com mobiliário para gatos
Chegada e espera para funcionários Masculino e Feminino, acessíveis para funcionários.
Sanitários
Banheiros feminino e masculino acessíveis
Copa
Área para pequenas preparações de refeições
Refeitório
Área de refeições dos funcionários
Lixos
Área dedicada a guarda de lixo úmido, seco e hospitalar
Lavanderia
Espaço para lavagem de lençóis, toalhas e outros panos.
ÁREA TOTAL
1.413,80m²
Tabela 07: Programa de necessidades do Projeto Fonte: Elaborado pelo Autor
O programa foi sendo montado levando em consideração as dificuldades encontradas e destacadas pelas pessoas que trabalham e fazem parte de projetos similares, como no caso da ONG Patinhas Carentes em Vila Velha, através de entrevistas e questionários respondidos por funcionários e voluntários, também através de pesquisas em projetos já realizados.
Foram criados assim, setores nos quais são inseridos os ambientes necessários e suas respectivas funções, sempre levando em conta a acessibilidade, conforto, fluxos e acessos.
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Para ilustrar de forma mais clara como os espaços listados funcionarão quanto aos fluxos, segue o fluxograma geral do projeto a baixo, identificando por cores cada setor e seus respectivos ambientes, com as suas conexões e continuidades (Figura 38).
Figura 38: Fluxograma Fonte: Elaborado pelo Autor.
5.7.2. Acessos
O projeto foi pensando de forma a separar as áreas que possuem funções diferentes, posicionando as entradas de acordo com o uso e função proposto. Tendo em mente que a edificação possui usos distintos que devem ser separados, as entradas foram posicionadas respeitando esses usos e de forma a evitar o conflito de fluxos.
O desenho prevê três entradas separadas, sendo uma principal de visitantes, uma de funcionários e por fim uma entrada/saída de carga e descarga (Figura 39).
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Figura 39: Planta Baixa - Acessos Gerais Fonte: Elaborado pelo Autor.
A entrada principal, que dar acesso ao Hall de recepção, a área de administração e a todo o interior de visitação da edificação, fica localizada na fachada principal voltada e para a direção do Shopping Boulevard, posicionada no volume principal da edificação.
A entrada de serviço, localizada na fachada lateral, fica voltada para a rua de acesso ao Terminal Urbano de Itaparica, estrategicamente pensada próxima ao estacionamento usado para funcionários e visitantes, e próxima à entrada do Terminal, facilitando a chegada e saída de funcionários que usam o transporte público.
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O acesso de carga e descarga está localizado ao final do estacionamento, uma posição escolhida para funcionar de forma discreta e funcional. Juntamente com o estacionamento, foi necessária a criação de uma via lateral dentro da área do terreno, pois a via já construída que é utilizada como saída do Terminal Urbano do Transcol possui apenas uma mão e acesso restrito apenas aos ônibus.
A via criada tem sua entrada voltada a Avenida que fica a frente do terreno e tem como função dar acesso a área destinada ao estacionamento e a entrada de Carga e Descarga. O acesso de carga e descarga está localizado ao final do estacionamento, uma posição escolhida para funcionar de forma discreta e funcional.
5.7.3. Setorização
A proposta final, ou seja, em sua plenitude de expansão projetada como produto deste trabalho, foi pensada de forma a valorizar principalmente a função, otimizando os espaços e qualificando ao máximo os espaços projetados, para conforto de todos seus possíveis usuários.
A partir das evoluções apresentadas anteriormente, esse ultimo modelo desenvolvido, já não se aplica dentro de lotes e quadras padrões dentro da cidade, sendo necessária uma área relativamente maior para sua implantação.
Este fator não prejudica a proposta de forma alguma, já que desde o início a ideia foi de criar um espaço fora de áreas adensadas e próximas a bairros conturbados da cidade, para zonas mais afastadas e desconectadas dessas confirmações, já que o programa causaria incômodo e problemas se este fosse implantado dentro dos bairros com quadras padrões.
A proposta final foi dividida em setores independentes, que são interligados por conexões sociais e de serviço. Para um melhor entendimento
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na leitura do projeto, foram destacados os setores criados, identificados na Figura 40 a seguir.
. Figura 40: Planta Baixa – Setorização Geral Fonte: Elaborado pelo Autor.
Boas-vindas O primeiro setor a ser demonstrado é o de Boas Vindas, é nele que se encontra a entrada principal e acesso ao restante da edificação (Figura 41), nesse setor que estão localizados o Hall de recepção, a Loja de Conveniência, os dois banheiros sociais acessíveis, a área de espera, a área de interação com os filhotes e por fim os dois espaços criados para berçários, área lúdica criada para a exibição dos filhotes passiveis de adoção e estrategicamente locada a frente do espaço de Espera.
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. Figura 41: Planta Baixa – Setor Boas Vindas Fonte: Elaborado pelo Autor.
O Hall possui uma área de trabalho/atendimento e alguns pontos de espera com diferentes funções, um logo na entrada para espera de atendimento a recepção e uma segunda espera com função de atendimento ao setor administrativo. Logo próximo à entrada foi criada uma loja de conveniência, com venda de artigos relacionados ao abrigo, um espaço compacto, mas bem aproveitado, com a finalidade de ser mais uma forma de captação de renda para o Centro, esse espaço pode ser acessado tanto por dentro da recepção como também diretamente por fora, sem a necessidade de acessar ao hall (Figura 42).
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. Figura 42: Render da Recepção e Área de Espera Fonte: Elaborado pelo Autor.
Esse setor foi idealizado como um ambiente contemporâneo, jovem e atraente, espaço esse responsável por transmitir aos visitantes a proposta do abrigo, como um local divertido, interessante e sustentável, valorizando a iluminação natural e a utilização de materiais reciclados.
Ao final do Hall à esquerda, fica localizado as áreas dos berçários, dois espaços dedicados à exibição dos filhotes que estão aptos para a adoção, um espaço separado para cada espécie (cão e gato), contemplado por uma área de interação com os visitantes, com mobiliário de descanso e armários para guarda de brinquedos e petiscos para os filhotes (Figura 43).
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. Figura 43: Render- Berçários Fonte: Elaborado pelo Autor.
Administrativo O setor administrativo, esta localizado ainda no bloco de entrada da edificação, tendo acesso pelo hall de recepção e entrada próxima à área de espera, possuindo os seguintes espaços: banheiros acessíveis, copa, uma sala de reuniões e dois escritórios. Esses espaços foram criados próximos à recepção,
pensado
de
forma
a
receber
parceiros,
fornecedores
e
patrocinadores sem os mesmos terem que adentrar ao restante da edificação, evitando conflitos de fluxos desnecessários (Figura 44).
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Figura 44: Planta Baixa – Setor Administrativo Fonte: Elaborado pelo Autor
Foram usados neste setor dois contêineres, adicionando algumas alvenarias de vedação em Drywall para os banheiros e a copa. Os escritórios de trabalho foram pensados para funcionarem de forma conjugada, sendo um para financeiro e outro para diretoria, tendo uma sala de reuniões como espaço de apoio ou até mesmo um terceiro escritório mais amplo.
Eventos Já o setor dedicado a eventos é composto por duas grandes áreas, uma área de espaços abertos, podendo ser utilizado como espaço de horta e uma praça multifuncional, podendo ser usadas para área feiras, cursos de adestramentos e interação com os animais ou espaço para permanência de visitantes (Figura 45).
Figura 45: Planta Baixa – Setor Eventos Externo Fonte: Elaborado pelo Autor
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Figura 46: Render - Espaço de Eventos ao Ar Livre Fonte: Elaborado pelo Autor
Entre as duas praça foi criado um caminho com uma estrutura metálica, lembrando a estética da fachada, com a função de proteção e direcionamento para o volume central da edificação, onde esta o setor médico veterinário.
A segunda área é dedicada a cursos, oficinas e eventos educacionais, possuindo duas salas de oficinas, banheiros de visitantes acessíveis, um auditório reversível (podendo ser totalmente aberto ou fechado, integrando com o jardim exterior) e uma área de apoio dedicada a uma copa/café (Figura 46).
O auditório reversível foi criado com o objetivo de oferecer um espaço mais amplo e com uma capacidade maior de lugares, para que seja utilizado para palestras, eventos recreativos como filmes, teatro, e outros eventos educacionais, foi pensado também, para uso administrativo, como reuniões com funcionários ou eventos com parceiros e outros eventos mais restritos. O espaço possui capacidade para 33 assentos e um espaço para cadeirantes, um palco elevado e possui a capacidade de ser um espaço isolado ou integrado com o jardim que o envolve, dando mais amplidão ao evento (Figuras 47 e 48).
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Figura 47: Planta Baixa – Setor Eventos Educacionais Fonte: Elaborado pelo Autor.
Figura 48: Render – Setor Eventos Educacionais Fonte: Elaborado pelo Autor.
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Médico/Internação O setor dedicado às atividades médicas veterinárias e afins está localizado ao centro da edificação, de forma isolada e de acesso restrito, mas com conexões para os demais setores de forma facilitada, atendendo as necessidades internas do abrigo, mas também podendo ser acessada para uso externo, como internação e pequenas cirurgias, por esse motivo, o setor Médico tem ligação direta e próxima ao setor de Boas Vindas. Esse setor é montado com um total de oito contêineres e possui os seguintes espaços: dois consultórios com lavabo de apoio, espaços dedicados à quarentena e internação de animais recém-chegados, um centro de cirurgia com hall de acesso, área de troca, banheiro com chuveiro, sala de esterilização e sala da mesa de cirurgia (Figura 49 e 50).
Figura 49: Planta Baixa – Setor Médico/Internação Fonte: Elaborado pelo Autor.
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Figura 50: Render - centro Médico/Internação Fonte: Elaborado pelo Autor.
Canil É neste setor que os cães ficarão abrigados de forma segura e confortável, possuindo um total de 28 baias de canil, delimitados de um lado pela circulação social, por onde os visitantes irão transitar e por outro pela circulação de serviços, por onde os funcionários farão as manutenções e limpezas necessárias dos espaços de forma mais discreta (Figura 51).
Figura 51: Planta Baixa – Setor do Canil Fonte: Elaborado pelo Autor
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A Figura 52 ilustra as baias dos canis, que foram projetadas com uma divisória pivotante em perfil metálico e fechamento em OSB, ou seja, a mesma cosegue abrir e fechar, dividindo o espaço em dois ambientes, podendo ser utilizado para proteção dos animais em dias frios e para isolar o cão da área que esteja sendo limpa. Nos espaços foram criados pequenos rasgos na parede de vedação do fundo, essas janelas em fita foram pensadas a fim de permitir a ventilação cruzada e melhorar a o conforto térmico dentro das baias.
Figura 52: Planta Esquemática e Corte – Módulo de Canil (um contêiner) Fonte: Elaborado pelo Autor.
Como são móveis, as meias paredes podem ser totalmente fechadas ou abertas e até mesmo retirada, caso se julgue necessário.
Os espaços foram projetados com o que pode ser chamado de varanda, espaço feito em tela metálica que avança sobre a circulação social, oferecendo um espaço a mais para os animais como também proporcionando uma maior visibilidade dos espaços ao se caminhar pela área e uma maior proximidade dos animais com os visitantes (Figura 53).
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Figura 53: Render – Setor do Canil Fonte: Elaborado pelo Autor
Cada baia possui um painel colorido, onde será instalado o numero de identificação e fixado as informações do animal acolhido ali, como foto, nome, origem e história do animal, para ajudar na organização do canil e eficiência do processo de escolha do animal pelo visitante (Figura 54).
Figura 54: Render - baias do Canil Fonte: Elaborado pelo Autor
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Como são móveis, as meias paredes de divisórias de cada baia podem ser totalmente fechadas ou abertas e até mesmo retirada, caso se seja necessário. Os espaços foram projetados com uma espécie de varanda, espaço feito em tela metálica que avança sobre a circulação social, oferecendo tanto um espaço a mais para os animais como proporcionando uma maior visibilidade dos espaços internos no percurso para os visitantes.
As divisórias entre baias e os revestimento das paredes dos contêineres são em placas de OSB resinado, para evitar acidentes com descolamento de fibras, para isolamento térmico e acústico foi utilizado lã de PET, os outros materiais usados nas baias estão descritos na Figura 55.
Figura 55: Materiais Usados nas Baias do Canil Fonte: Elaborado pelo Autor.
Gatil O espaço de guarda dos gatos foi concebido numa posição estratégica, estando próximo à entrada, porém, afastado da área dos canis, não tendo nenhum contato visual e protegidos pela sua própria volumetria, tendo também um pátio aberto, assim como o Setor do Canil, contemplando
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somente espaços de acolhimento de felinos e dois contêineres dedicados a animais exóticos resgatados (Figura 56).
Figura 56: Planta Baixa - Setor do Gatil Fonte: Elaborado pelo Autor.
As baias dos felinos, diferente da dos cães, são todas coletivas, com capacidade para até seis gatos com o máximo conforto, tendo mobiliário apropriado, brinquedos e prateleiras para recreação dos animais (Figura 57).
Esse setor foi elaborado usando dez contêineres, sendo oito de uso exclusivo para acolhimento de gatos e outros dois para acolhimento de animais selvagens ou exóticos, prevendo que animais acidentados poderão chegar ao abrigo, já que o mesmo se encontra próximo a Rodovia do sol, famosa por
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ocorrer atropelamento de animais selvagens, sendo esses animais transferidos assim que possível para espaços mais adequados pelo IBAMA e órgãos competentes.
Como os gatos possuem a tendência a arranhar superfícies, as paredes de vedação desses espaços foram propostas em compensado naval, superfície homogênea que não tem a tendência de soltar lascas, como no caso do OSB.
Figura 57: Render - Baias do Gatil Fonte: Elaborado pelo Autor.
Funcionários Este setor é um dos mais importantes do projeto, pois é ele que do apoio para que os funcionários possam exercer as atividades de forma digna e com maior segurança e eficiência, estando espalhado em dois pontos do projeto, no primeiro, concentrado a oeste, próximo ao acesso de serviço e áreas de apoio aos funcionários, e no segundo ponto, onde está localizado o contêiner de residência do caseiro/zelador.
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Figura 58: Setor - Funcionรกrios Fonte: Elaborado pelo Autor.
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Figura 59: Residência do Zelador Fonte: Elaborado pelo Autor.
Estão contidos neste setor, os seguintes ambientes: entrada de funcionários, sala de espera para funcionários, vestiários feminino e masculino, áreas de duchas femininas e masculinas, copa, refeitório, banheiros de funcionários com cabine acessível e a residência do zelador (Figura 58). A residência possui banheiro, cozinha e um quarto/sala reversível, assim como mostrado na Imagem 59.
Além disso, este é o único outro setor que possui uma entrada exclusiva para esse uso (Figura 60), para que o fluxo de funcionários não se confunda com o de visitantes e parceiros. Os ambientes citados são foram confeccionados com a utilização de sete contêineres no total e é por esta parte do projeto que os colaboradores entram e saem do abrigo e tem acesso a todo o setor de serviço.
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Entrada de Funcionários
Figura 60: Render - Entrada de Funcionários Fonte: Elaborado pelo Autor.
Serviços Setor dedicado aos espaços de apoio a serviços necessários para o funcionamento do programa, por ter atribuições ligadas a todos os outros setores, não se localiza em um único ponto do projeto, mas pulverizado em toda a área planejada, mostrado na Figura 61.
São ambientes pequenos, porém com funções muito importantes, como: área de carga e descarga, lixos (seco, úmido e hospitalar), morgue, lavanderia, depósito sujo, depósitos de ração e deposito geral, DML (depósito de materiais de limpeza) e as áreas de armazenamento de águas pluviais, este último implantado por toda parte no projeto, priorizando a reutilização da água da chuva, essas áreas são destacadas na Figura 62.
Os espaços sujos, como o morgue, as lixeiras e o depósito sujo (usado para guarda de toalhas, cobertores e panos para lavagem) foram projetados afastados de todos os outros setores, estando conectado somente com a circulação de serviço. As lixeiras possuem conexão direta com o exterior da edificação, estando amparada por uma área de manobra de caminhão de coleta de lixo, ao final do estacionamento de veículos (Figura 63).
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Figura 61: Setor - Serviços Fonte: Elaborado pelo Autor.
Figura 62: Pontos de Coleta e Armazenamento de Ă guas Pluviais Fonte: Elaborado pelo Autor.
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Figura 63: Planta Baixa – Áreas Sujas Fonte: Elaborado pelo Autor.
Esses espaços dedicados à instalação dos recipientes de coleta e armazenamento de água pluvial foram alocados em espaços estratégicos, aproveitando áreas que poderiam ser ociosas no projeto e ao mesmo tempo, próximos aos pontos de captação e condução dessas águas, as calhas dos telhados, principalmente do Canil e do Gatil, como mostra a Figura 62. Essa água deverá ser utilizada para limpeza das baias e outros espaços, irrigação das plantas e das hortas, auxiliando na diminuição dos custos de gasto com água.
Espaços Externos de Vivência
A parte externa da edificação, também recebeu espaços de vivência, tanto para os animais quanto para as pessoas. Foi elaborado próximo ao passeio de entrada principal dois espaços de contemplação e vivência,
101
contendo
uma
praça
contemplativa,
playground,
biciclétario,
hortas
comunitárias e por fim um PetPark.
A praça contemplativa, à direita, foi dotada de mobiliários sombreados próximo ao playground, além de uma paginação de piso diferenciada do restante, para criar uma hierarquia entre os espaços de circulação e os espaços de permanência, como mostra a Figura 64.
Figura 64: Planta Baixa – Espaços de Vivência Fonte: Elaborado pelo Autor.
O PetPark, a esquerda, foi um espaço âncora criado como forma de lazer aos pets dos moradores da região e aos visitantes, mas principalmente como uma estratégia de atrair um público que já consome ou que possa vir a consumir e se utilizar dos serviços e produtos oferecidos no Centro de acolhimento, ajudando no aumento da renda, além de dar vida e movimento ao programa, contribuindo para um melhor aproveitamento dos espaços projetados e como forma de divulgação dos eventos a serem realizados nas áreas externas, como feiras de adoção, festas para arrecadação de verbas, eventos da comunidade, dentre outras (Figura 65).
Por questões de segurança, esse espaço deve ser cercado, com entrada/saída tipo antecâmara, para que os animais não consigam fugir e
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possui uma variedade de equipamentos de recreação como: bebedouros, lixeiras, túneis, piscina, elevações, arcos, ponte, pedestais, dentre outros.
Figura 65: Render PetPark Fonte: Elaborado pelo Autor.
5.8 Fachada
A fachada principal do edifício buscou por uma estética forte e atraente, através de materiais, cores e texturas que compusessem um conjunto harmônico e impactante. A ideia era que o projeto da fachada pudesse contar uma história coerente com tipo de projeto e seu programa, que os visitantes se interessassem pela história da edificação.
103
Figura 66: Fachadas Holandesas x Esquema de Formas e Cores Fonte: CATRACALIVRE, 2016.
Inspirado nas famosas fachadas das edificações tradicionais da Holanda, conhecidas pelo seu colorido, grande numero de portas e janelas e alturas das mais variadas (Figura 66). O resultado formal quis desta forma, homenagear o primeiro e único país do mundo a conseguir abolir o abandono de animais nas ruas.
Através de um plano do governo de políticas socioeducativas, campanhas públicas e duras leis penais com multas pesadas, a Holanda conseguiu exterminar a cultura de abandono de animais domésticos em todo seu território, de acordo com o site Hypeness (2017), as multas chegam aos 17 mil euros, sem contar com o alto imposto sobre a venda de animais de raça, isso tudo contribuiu para o sucesso de um bom planejamento em longo prazo.
O desenho buscou as características das fachadas tradicionais, fazendo surgir à forma de um grande paredão formado das várias portas e janelas, que se conectam ao volume principal da edificação. O volume central foi desenvolvido a partir de formas simples e inspirado em um desenho que lembra uma grande casa de portas abertas, como se convidasse quem passa,
104
a adentrar na edificação. As formas criadas dão a impressão de que a edificação possui várias entradas, criando uma estética e atraente aos seus usuários e visitantes. Nota-se isso ao comparar o croqui inicial com o resultado final da fachada projetada, como mostrado na Figura 67.
Figura 67: Croqui da Fachada x Render Final Fonte: Elaborado pelo Autor.
Quanto aos materiais que compõem a fachada principal, foram utilizados perfis de aço como estrutura de fixação, para a vedação das molduras foram usados placas de compensado pintadas e impermeabilizadas, vidro e principalmente as sobras dos cortes e beneficiamento dos contêineres utilizados em toda parte interna do abrigo, como forma de não produzir excessos de resíduos e reafirmando o conceito de sustentabilidade do projeto como um todo (Figuras 68 e 69).
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Figura 68: Render com Materiais da Fachada Fonte: Elaborado pelo Autor.
Figura 69: Render com Materiais da Fachada Fonte: Elaborado pelo Autor.
106
5.9 Materiais e Acabamentos
Sendo uma das principais diretrizes do projeto, que este seja capaz de ser desmontável e transportável, de acordo com necessidades futuras de mudança de implantação, minimizando a geração de resíduos ao meio ambiente, os materiais e acabamentos devem seguir essa mesma ideia, materiais esses de fácil montagem e desmontagem, transporte, manutenção, baixo custo, além de reaproveitados de descartes e/ou reciclagem, se utilizando do conceito de construção seca, aquela que não gera resíduos na sua construção e/ou demolição e pela captação e reaproveitamento de água de chuva.
O desenho foi pensado para facilitar essas características, sendo de escolha prioritária o uso de materiais pré-fabricados ou que necessitem de pouco beneficiamento pós-reciclagem para serem utilizados de forma segura, como é o caso dos contêineres, que passaram por poucas alterações estruturais e de vedação, sendo utilizado em larga escala neste projeto, como na Figura 70.
Figura 70: Contêiner Beneficiado e utilizado como residência FONTE: ARCHDAILY, 2017.
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Todo o piso elevado das circulações sociais e que percorre a todo o centro da edificação é construído com de paletes reaproveitados, muito utilizados em comércios varejistas e indústrias, onde são descartados em grandes quantidades no meio ambiente, e quando vendidos, sua média de preço varia entre 7,77 a 12,00 reais (Figura 71).
Figura 71: Paletes de madeira FONTE: Revista Casa&Jardim, 2016.
A fachada do edifício terá grande parte composta sobras do beneficiamento dos contêineres utilizados no interior da obra, placas de concreto de vedação, perfis de aço e vegetação vertical onde será trabalhada a horta vertical.
Todo o piso da área de circulação de serviço e limpeza no abrigo será executado em grade industrial, material próprio para áreas de serviços industriais e passarelas de fluxo intenso. Esse tipo de piso facilita na manutenção e limpeza de grandes espaços, além de fácil montagem e desmontagem, já que são encontrados em painéis prá fabricados e somente encaixados inloco, sem necessidade de mão de obra especializada na montagem e não necessitando de lavagem e gasto com água para limpeza das mesmas com frequência, possibilitando ainda a ventilação e saída do ar (Figura 72).
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Figura 72: Piso elevado em Grade Industrial FONTE: AECWeb, 2017.
O interior dos espaços criados, utilizarão materiais com baixo custo, de fácil manutenção e aplicação, como as placas de madeira para vedação e revestimento juntamente com sistema de SteelFrame, alterando entre compensado e OSB, além do mobiliário com ideias de utilização de outros tipos de materiais reaproveitados, como varas de aço provenientes da construção civil, caixotes de madeira, cordas e madeira de demolição, por exemplo, tudo que possa ser executado pelos próprios colaboradores e voluntários, através de oficinas e minicursos (Figuras 73, 74 e 75).
Figura 73: Mobiliário Feito com Varas de Aço e Caixotes de Madeira FONTE: ARCHDAILY, 2016.
109
Figura 74: Exemplo do uso do OSB como vedação e decoração FONTE: ARCHDAILY, 2018.
Figura 75: Utilização de Cordas na decoração FONTE: ARCHDAILY, 2018.
Já as áreas da praça de eventos externos e do passeio de entrada do abrigo, serão executadas em piso intertravados de borracha, criados a partir da reciclagem de pneus velhos, o que colabora para a redução da emissão de calor do piso para o ambiente, além de permitir a retirada das peças de forma fácil e pratica, uma das empresas que produz esse tipo de piso é a CROSSFIT PISOS, empresa paulista que preza pela preservação do meio ambiente na produção de seus materiais (Figura 76).
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Figura 76: Piso emborrachado Feito de Pneus Descartados FONTE: CROSSPISO.BR, 2018.
Propõe-se um visual moderno, jovem, sustentável, aconchegante e de destaque, sem que seja necessária a utilização de materiais caros e inviáveis para o esse tipo de programa (Figura 77).
Figura 77: MoodBoard –referencias Visuais do Projeto FONTE: Elaboração Própria, 2018.
Uma paleta de cores pasteis, variando entre o cinza do concreto, marrom ao bege da madeira e amarelo dos contêineres e objetos de destaques compõe as ambiências dos espaços sociais, inserindo o verde através das
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vegetações de decoração em contraste com as texturas dos materiais na sua forma bruta e em contraste com o aço em tons escuros.
5.9.1. Paleta de Cores
As cores escolhidas para compor os cenários do projeto, tanto internos quando externos, foram pensadas desde o início com os devidos cuidados, pois se tratar um projeto que deve ser aconchegante, atrativo e principalmente, confortável aos animais, pois essas escolhas influenciarão diretamente no seu comportamento e conforto visual.
Sabe-se que os animais, dentre eles os gatos e cães contemplados neste projeto, possuem uma visão diferenciada da dos humanos, em cores e contrastes.
Essas cores enxergadas por eles ajudaram a criar a paleta de cores dos ambientes projetados, principalmente nos espaços internos do projeto aos quais eles possuem amplo acesso visual, como, os espaços de guarda (canis e gatis), circulação social, centro médico veterinário e demais espaços onde possam ter contato.
No caso dos cães, o Dr. Ademir Zacarias Júnior, graduado em Medicina Veterinária e especialista no curso de Residência na área de Medicina de Animais de Companhia Pela Universidade de Londrina-PR, afirma através de pesquisas que é possível dizer quais as cores enxergadas pelos cães, que conseguem reconhecer apenas duas cores, o amarelo e o azul, diferenciando-se entre diversos tons de cinzas e não conseguindo diferenciar o verde, laranja e vermelho, como mostrado na Figuras 78 e 79.
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Figura 78: Espectro de Cores dos humanos x Cães FONTE: PETCARE, 2016.
Figura 79: Comparação de Cores enxergadas pelos humanos x Cães FONTE: PETCARE, 2016.
Após os estudos desses dados, ficou definido para os espaços dedicados aos cães, o uso de tons variados entre azul e amarelo, com o objetivo de tornar o ambiente mais vivo para eles. Além disso, no que diz a psicologia das cores, o azul significa tranquilidade/serenidade e harmonia, já o amarelo significa criatividade, luz, alegria e vida, aspectos de comportamento desejáveis para os espaços propostos.
Nos felinos não muda muita coisa, diferenciando-se dos cães apenas por uma visão noturna mais aguçada e conseguindo distinguir o azul, verde, amarelo e violeta, mas não o vermelho, laranja e marrom, tendo as imagens tons amarelados, rosados e esverdeados, como ilustrado na Figura 80.
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Figura 80: Comparação de Cores enxergadas pelos humanos x Felinos FONTE: PETCARE, 2016.
Nos espaços criados para os gatos, optou-se por tons mais claros, variando do rosa, lilás e bege, a fim de torna-los ambientes mais calmos, relaxantes e aconchegantes aos olhos dos seus ocupantes.
Figura 81: Paletas de Cores do projeto FONTE: Elaborado pelo Autor.
É possível identificar acima os setores do projeto por sua paleta de cores e tons (Figura 81), onde os ambientes sociais possuem tons mais frios, o setor dos cães com tons mais vivos, os espaços de lazer cores mais terrosas e os ambientes felinos com tons mais quentes e pasteis.
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5.10. Paisagismo
Para a proposta de todo o paisagismo teve que ser pensando igualmente a arquitetura, de forma que caso necessário possa ser transportado para um novo local sem que se perca tudo ou grande maioria do que já está desenvolvido, isso quer dizer que não deverá ser gasto grandes esforços no plantio e cuidados com vegetação arbórea e outros tipos de vegetação que necessitem de longo tempo para seu crescimento.
Figura 82: Tipos de Vegetação Inserida FONTE: Elaborado pelo Autor.
Um paisagismo cênico com canteiros rasos e plantas em vasos, vegetação rasteira de rápido desenvolvimento, jardins verticais, trepadeiras e arbustos de rápido crescimento, são mais adequados, dando vida e cor ao projeto sem a frustração futura de perdê-las numa possível desmontagem e mudança da arquitetura de local. Espaços que necessitem de maiores cuidados com sombreamento deverão ser protegidos com pergolado e caso não seja viável se utilizar nesses casos arborização de porte pequeno e crescimento rápido (Figura 82).
115
5.11. Estratégias de Conforto e Sustentabilidade Desde o início, buscou-se a sustentabilidade como um dos pilares centrais do projeto, sendo aplicado da estrutura ao acabamento e mobiliário, integrando a otimização, modulação e estética de forma que o trabalho como um todo represente a sustentabilidade em suas instalações e usos.
Algumas dessas características podem ser observadas na Figura 83, que ilustra de forma mais didática, quais essas características e onde foram aplicadas.
Figura 83: Estratégias Sustentáveis FONTE: Elaborado pelo Autor.
Um das principais estratégias é a coleta, armazenamento e uso da água da chuva, fundamental para esse projeto, já que grande parte das atividades de serviço exercidas pelos funcionários, demanda desse recurso.
A escolha pela valorização da iluminação natural nos espaços, através de grandes aberturas e peles de vidro é bastante presente no projeto, além também do uso, sempre que possível, da ventilação natural cruzada, tornando os espaços aos animais bem mais agradáveis, assim como nas circulações de serviços e sociais.
116
O sistema estrutural de grande parte do projeto é a estrutura pronta dos próprios contêineres, o que minimiza o gasto de matéria prima e sobras de material beneficiado, mesmas vantagens do pré-moldado. A vegetação existente nos fundos do terreno foi toda preservada e se utilizou a mesma como barreira solar natural.
A escolha por materiais renováveis, reutilizados ou provenientes de reciclagem é outra escolha feliz nessa proposta, como no já discutido uso intenso dos paletes industriais, também na escolha do piso em borracha reciclada de pneus nas áreas externas, que ainda por cima são permeáveis, e na reutilização das sobras de cortes dos contêineres como revestimento da fachada e das cercas da envoltória.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O exercício realizado constituiu-se na elaboração de um espaço que visa à melhoria da saúde física e mental de cães, gatos e pessoas, integra-los de forma responsável, incentivar a conscientização ambiental e bem-estar, possibilitando uma relação satisfatória, afetiva e benéfica entre todas as partes envolvidas. O resultado final foi enriquecedor e permitiu pensar questões mais profundas e complexas sobre a questão do abandono e em como materializar e fazer real os direitos de uma vida digna e bem-estar mínimos que os animais também possuem e em como promover a conscientização da Posse Responsável de abandonados e necessitados. Além disso, permitiu-se pensar que os espaços quando bem planejados, podem estimular melhores resultados, encontros e interações maiores entre pessoas e animais, fazendo do Centro um lugar para toda a comunidade.
Foi percebido que a criação de um Centro de Acolhimento e BemEstar Animal pode mudar o conceito de canil e gatil que temos no Brasil atualmente, caracterizados por serem espaços não atrativos, insalubres e afastados do acesso do público, onde as pessoas frequentam apenas com o objetivo de adotar ou deixar um animal aos cuidados da instituição. A arquitetura, voltada à questão animal, tem o poder de atrair, integrar, mudar as relações de uso das pessoas e da comunidade com o espaço, contribuir com a responsabilidade social, diminuir o abandono, reforçar os direitos dos animais e promover dignidade de vidas.
Concluo este trabalho final, com imensa satisfação de projetar um espaço que expresse a importância da relação homem x animal e que transmita a gratidão com esses seres, tornando possível assim, os anseios relacionados a uma demanda de bem-estar deles e criando um espaço prazeroso para visitantes, frequentadores e funcionários, sendo uma arquitetura atraente, confortável, aconchegante e que permita e estimule a vivência com os animais da forma mais agradável e saudável para todos.
118
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em:
122
APÊNDICE
Apêndice 01
Figura 84: Render - Praça de Entrada FONTE: Elaborado pelo Autor.
Figura 85: Render - Fachada FONTE: Elaborado pelo Autor.
123
Figura 86: Render - Fachada FONTE: Elaborado pelo Autor.
Figura 87: Render - Fachada FONTE: Elaborado pelo Autor.
Figura 88: Render – Eixo/PetPark FONTE: Elaborado pelo Autor.
124
Figura 89: Render - PetPark FONTE: Elaborado pelo Autor.
Figura 90: Render - Recepção FONTE: Elaborado pelo Autor.
125
Figura 91: Render – Loja de Conveniência FONTE: Elaborado pelo Autor.
Figura 92: Render – Hall de Entrada FONTE: Elaborado pelo Autor.
126
Figura 93: Render – Berçário FONTE: Elaborado pelo Autor.
Figura 94: Render – Área de Espera FONTE: Elaborado pelo Autor.
127
Figura 95: Render – Praça Interna Multifuncional FONTE: Elaborado pelo Autor.
Figura 96: Render – Áreas Sociais FONTE: Elaborado pelo Autor.
128
Figura 97: Render – Setor do Canil FONTE: Elaborado pelo Autor.
Figura 98: Render – Baias do Canil FONTE: Elaborado pelo Autor.
129
Figura 99: Render – Setor do Gatil FONTE: Elaborado pelo Autor.
Figura 100: Render – Centro Educacional/Eventos FONTE: Elaborado pelo Autor.
130
Figura 101: Setorização Geral FONTE: Elaborado pelo Autor.
131
Apêndice 02
APÊNDICE 2.1. PRANCHA 01/05: Planta de Situação. APÊNDICE 2.2. PRANCHA 02/05: Planta baixa – Térreo. APÊNDICE 2.3. PRANCHA 03/05: Planta de Cobertura, Planta Baixa da Área Técnica, Planta Baixa da Sobreloja, Corte A e Corte Esquemático do Canil. APÊNDICE 2.4. PRANCHA 04/05: Planta Baixa Modelo Mínimo e Expansão 01 – 04 Lotes APÊNDICE 2.5. PRANCHA 05/05: Planta Baixa Expansão 02 – 08 Lotes