Sync

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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação

Núcleo de Pesquisa PIPOL

Projetos Integrados em Pesquisa Online

Projeto de Conclusão de Curso em Design Sync Tatiana Harada Orientador Prof. Dr. Dorival Campos Rossi

Bauru Novembro/2012



Agradecimentos À minha família por todo suporte em todos os sentidos. À minha mãe e ao meu pai, pela dedicação, por sempre me incentivarem a sempre buscar meus caminhos e apoiarem minhas escolhas. Ao Marcos, irmão que me faz tanta falta! Obrigada por estar ao meu lado nas horas felizes e nas difíceis, por sempre acreditar e me incentivar a ser uma pessoa melhor. À Tieko por toda dedicação e ajuda, tenho certeza que esse projeto de conclusão começou lá atrás na casinha enquanto você costurava e eu rabiscava suas coisas. Ao Henrique, pela felicidade nesses três anos e por toda paciência, ajuda e compreensão. À Ana e ao Leandro pela companhia durante esses anos e pelos bons momentos de leveza ao não levarem as coisas tão a sério, fazendo-as mais divertidas. À Laura, pela cumplicidade em tão pouco tempo e pela ajuda especial nas fotos. Ao Dorival, por mostrar caminhos diferentes, por incentivar a explorá-los e pelo Design. Ao professor Alceu, pela disponibilidade instantânea de compartilhar seu conhecimento e ajudar. Aos amigos de Design Jr., Interdesigners e Centro Acadêmico por acreditarem na mudança e pelo companheirismo em inúmeras reuniões e conquistas que me fazem ter certeza de que todo trabalho valeu a pena. A todos que me acompanharam e incentivaram esse projeto de conclusão de curso.


ÍNDICE INTRODUÇÃO

EXTENSÕES DO CORPO Dos sentidos 14 Referências 15

08

12 20

38 40

21 Costura 30 Fio Eletroluminescente 34 União 36 Fotos

CONCLUSÕES

BIBLIOGRAFIA 42 Links

PROJETO


e




INTRODUÇÃO


U

m dos pontos de partida deste projeto foi a mudança que está tão presente no mundo e foi decisiva em minha passagem pela universidade. Durante o desenvolvimento do projeto, enquanto a linha se transformava em costura, essa trajetória foi repassada diversas vezes em meus pensamentos, me fazendo refletir como minha percepção sobre o Design mudou, assim como as relações que me reconstroem a cada dia e a cada experiência diferente. Os questionamentos sobre Design incentivados principalmente pelo professor e orientador Dorival em aulas inspiradoras resultaram no resgate de um ponto sob o qual tenho um grande fascínio desde a infância, as roupas. No sentido de como elas interagem com o corpo e se tornaram fonte de tantas significações e expressão para a sociedade sendo uma constante durante tanto tempo.

Diante das possibilidades de navegar pelas relações entre o corpo, interações através da roupa e diversos cruzamentos com potência experimental nesse meio, o projeto Sync começou sua exploração através do campo do estímulos, da interação com o corpo e da dobra, exprimindo a invenção de diferentes formas de integração com o som e a luz para as peças deste projeto de conclusão de curso. Assim, esse projeto é reflexo de tudo isso, é mais uma tentativa de materialização do que estava submerso e de outros questionamentos que se extendem pelo texto a seguir.

Porém, mesmo com essa presença tão forte, elas poderiam ser mais exploradas em suas potencialidades, libertando-se do sistema de ser variações do mesmo.

Logotipo do projeto Sync.

Estudos iniciais em tecido e sobre o logotipo

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EXTENSÕES DO CORPO


O

corpo, essa representação intrínseca das pessoas com o mundo físico, faz a mediação de interação em diversos níveis e centraliza o modo como todos se relacionam com o mundo ao redor. Desse modo, fazer com que essa relação se extenda ao que está em contato frequente com ele seria potencializá-la. Conforme Santaella (2008), a evolução dos aparelhos que nos cercam a todo momento acaba fazendo com que estes sejam extensões do corpo humano. Desse modo, as peças que vestimos podem fazer parte dessas extensões ao serem mudarem, a fim de aprimorar suas funções ou a fim de melhorar a experiência de uso, aperfeiçoando seu papel como extensão do corpo. A partir desse ponto, hibridizações capazes de mesclar os limites entre corpo e tecnologia são capazes de tornar as peças inorgâncas em verdadeiras extensões pessoais. Exemplo a esse respeito de manisfestações do póshumano pode ser visto no trabalho do australiano Stelarc (figura ao lado).

orgânico e inorgânico através do corpo protético, sinalizando uma época em que a diferença entre o corpo, as pessoas e o ambiente tende a ser cada vez menor. O corpo é reprojetado para atuar também através das ambiguidades e diferenças, fugindo da obsolescência. Esse corpo que está se transformando, implicitamente ou explicitamente, no ponto de convergência entre diversos meios como o das artes, desde as artes artesanais, perfomáticas, instalações, até as artes digitais, que utilizam as tecnologias para ultrapassar o fim da limitação das fronteiras do corpo físico conforme seu envolvimento em outras matrizes, como a sensorialidade e sensibilidade. A expansão dos hibridismos na cultura e na comunicação está cada vez mais frequente, redimensionando as relações e a complexificação que se instala no ser humano. De acordo com Santaella (2004), “o corpo não é mais considerado como um envelope da alma, mas em si mesmo, em toda sua complexidade, vulnerabilidade e, especialmente, sua suscetibilidade para interagir com as novas tecnologias”.

Nas intervenções de Stelarc, é possível notar o abandono dos dualismos entre Stelarc com a intervenção “Third Hand” em seu corpo.

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Dos sentidos “Todas as coisas são emissoras, sem interrupção e em todas as direções; nossos sentidos não cessam de ser receptores.” (Serres, Michel. 1977) Além dos questionamentos sobre a relação entre corpo e suas possíveis extensões, o som e a música são estímulos que sempre me influenciaram, assim fazendo com que a pesquisa chegasse nos sentidos. O som, além do efeito sobre a audição e vibração sobre a pele, gera uma reação natural invisível, emocional. Então surgiu a ideia de criar outro tipo de reverberação do som. O interessante do som (estímulo sonoro) é o fato de ser um canal sempre aberto para recepção da mensagem através do ar, o som é recebido e processado involuntariamente. Então, surgiu a opção de utilizar a visão como um sentido que é estimulado de acordo com o som pela inversão de papéis, já que culturalmente o visual predomina o sonoro. Já para percepção da imagem (estímulo visual) é necessário ser ativo para focar no que se pretende observar através da luz. Neste experimento, o estímulo visual será uma reverberação do som. Assim, há o encontro de universos complementares, interagindo no projeto. Para intermediar essa relação está a tecnologia, o meio utilizado para transmissão de informações aos sentidos, fazendo com que todo o processo seja controlado por um conjunto de mecanismos instalados no suporte. Neste campo, a sensação também deve ser levada em conta pela maneira como somos afetados pelos estímulos e as experiências geradas. Os sujeitos perceptivos são o lugar dessas coisas, assim como a relação entre emissão e recepção. Todas as relações de emissão e recepção dos sentidos também podem ser abordadas pela visão das sensações que oferecem estados ou maneiras de ser do sujeito, as verdadeiras coisas mentais, como citado por Merleau-Ponty.

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Referências “I’m not a fashion person or an art person. I’m an ideas person” (CHALAYAN, Hussein) Além dos principais conceitos, serão brevemente citados alguns dos trabalhos e designers que me influenciaram antes e durante este projeto. Dentre eles, serão destacados alguns em meio a tantas informações que foram recebidas e provavelmente tem papel neste projeto, sendo estes Hussein Chalayan, Jum Nakao e Shingo Sato. Hussein Chalayan é um designer britânico de projetos surpreendentes, sempre trabalhando com grande carga de tecnologia e complexidade. Entre seus projetos, está “Echoform”, em que o vestido apresentado era operado mecanicamente através de um controle remoto, abordando a relação entre natureza, cultura, tecnologia e o processo de transformação que ocorria em frente ao público. Em “One Hundred And Eleven”, Chalayan uniu o ato da transformação com a imagem conceitual de uma flor com espelhos que apareciam quando a peça se abria e a mudança acontecia diante do público. As partes individuais da peça foram trabalhadas como módulos e manifestavam-se simultaneamente. Shingo Sato é designer nascido no Japão e nomeia seu processo de criação e desenvolvimento como “Transformational Reconstruction”, no qual ele consegue produzir formas 3D através de tecidos e roupas, opção feita pela liberdade criativa que esse modo oferece em seu processos de desenvolvimento. Além do resultado surpreendente em modelos complexos, Sato compartilha seus métodos através de cursos e vídeos disponibilizados gratuitamente na internet. Nos modelos criados, a presença de dobras, curvas acentuadas e formas geométricas são frequentes sob acabamento impecável.

Vestido “Echoform” de Hussein Chalayan acima e Shingo Sato modelando abaixo.

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Na carreira de Jum Nakao, o que me chamou atenção foi o rompimento que ocorreu em sua trajetória em 2004. “Não importa se o objeto é feito de uma matéria simples como uma folha de papel, importa o invisível, o conteúdo, o pensamento, porquê e como é feito. Num momento tão high tech nos esquecemos do processo; importa apenas a velocidade, o tempo. Nos esquecemos que o tempo tudo corrói e vivemos a falta de espessura. É necessário resgatar o tempo e olhar humanos” (NAKAO, Jum. 2004) Seu trabalho seguia o ritmo do mercado de moda de acordo com a demanda até que, em seu útimo desfile na São Paulo Fashion Week, ele produziu a coleção de papel, abordando

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a costura do invisível com uma coleção inteira feita de papel detalhadamente cortado, dobrado e modelado. Além das roupas e do momento do desfile, muitas fronteiras foram invadidas com a produção de um documentário, um livro e exposições que são referência até hoje. Atualmente, Jum Nakao dedica-se principalmente à arte e à educação no movimento de tornar visíveis outras costuras invisíveis, alinhando suas criações a arte, cultura, cidadania, e consciência por acreditar que estas são ferramentas mais eficientes de fazer com que todos sejam a transformação e tragam o invisível à superfície. Como dito por Jum Nakao, “o trabalho que mais me dá prazer neste momento é vestir pessoas no sentido metafórico para um dia voltar a vestir pessoas através da metáfora: roupa”. Além desses exemplos, há referências em imagens, músicas e vídeos que foram sendo reunidos e compartilhados desde quando esse projeto de conclusão era apenas uma pretensão vaga e também durante o tempo de desenvolvimento no tumblr She Gets, que está linkado no fim desde relatório junto com outros projetos também na lista de links que podem ser acessados.

Desfile de Jum Nakao na São Paulo Fashion Week 2004.

Imagem de modelo de Shingo Sato acima e imagem do tumblr She Gets abaixo.

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PROJETO


A

ssim, o projeto Sync surgiu da pretensão de reunir esses conceitos e trabalhar a hibridização desse corpo com a tecnologia através de uma roupa como interface bidirecional, fazendo com que essa seja o meio entre estímulos sonoros e visuais. Juntamente com a concepção da roupa veio a escolha do nome Sync, do verbo sincronizar em inglês. A palavra fala sobre produzir sincronismo ou a simultaneidade normalmente utilizada para fazer referência à música. Além disso, a opção pela palavra em inglês deu-se pela maior abrangência que a língua oferece e pelo fato de que a pronúncia se mantém sem danos quando lida por pessoas que falam apenas português, já que a leitura acaba sendo bastante semelhante. Outro item a ser explorado através da roupa é a dobra e as possibilidades que esta pode oferecer. Um pouco pelo fato de ter tido contato desde a infância com origamis, mas principalmente para trabalhar as dobras em função da mudança da silhueta do corpo, gerando assim formas a partir da repetição da dobra “montanha” (como é chamada no vocabulário sobre origami). O

resultado apresenta mobilidade, podendo ser expandindo para frente com a forma menor mais afastada do corpo ou dobrada como normalmente é apresentada próxima ao corpo. A execução do modelo contou com a ajuda de diversas pessoas entre a roupa, a parte elétrica e opiniões gerais. Esse projeto é muito maior do que eu, não apenas conceitualmente, mas também nessas peças materiais que representam o desenvolvimento do Sync. A partir do ponto em que decidi pelo desenvolvimento das peças vestíveis, a pesquisa começou para conhecer como os moldes eram feitos normalmente e assim eu pudesse explorá-los de um novo modo. Diversas experimentações foram feitas até que o método aqui descrito foi definido. Desse modo, fica aqui o registro do processo, sem “certos” ou “errados”, apenas como um dos caminhos possíveis.

Costura A técnica de partida foi a tradicional, na qual o molde é desenhado de acordo com as medidas desejadas conforme sequência predeterminada. O molde inicial foi de um vestido, já que é uma peça única que consegue integrar grande parte do corpo com liberdade de movimento. 21


Após essa etapa, foi possível compreender a construção básica de molde para desenvolver um próprio que conseguisse seguir a conceituação. O início efetivo demonstrado na página ao lado, deu-se a partir de alguns desenhos de como seria a roupa e a partir do novo molde feito em papel, riscado com marcações dos pontos onde ficariam as dobras do tecido e os cortes de acordo com as arestas das dobras. Após esse ponto, veio a parte dos recortes do molde, em que cada linha desenhada na frente do molde se tornaria uma aresta. Cada linha foi recortada para adição de outra parte em papel, que tem o funcionamente como o de uma sanfona, sendo a parte em que a roupa consegue se extender e mudar seu formato. O molde foi todo recortado para que a costura pudesse ser feita, desse modo foi dividido em quatro pedaços correspondente ao número de arestas desejadas em cada nível, fazendo com que as costuras ficassem nos encontros entre elas. A partir do molde pronto e separado com suas extensões preparadas, foi feita uma versão teste em algodão cru para verificar o funcionamento da estrutura e fazer possíveis ajustes. Até este momento dois modelos estavam sendo produzidos com o nível de cinco lados e outro de quatro lados, que foi escolhido por sua clareza e melhor funcionamento. O aplique de entretela também foi testado com auxílio de um busto para costura e posteriormente utilizado para auxiliar a sustentação e definição da forma geral. Ajustes foram feitos em relação a assimetria que passou a ser explorada também nas saídas dos braços e no volume da parte posterior do modelo que foi aumentado para mudança da silhueta do corpo tanto na parte frontal quanto posterior. Com todo o esquema definido, o tecido escolhido para o protótipo final foi sarja misto por seu caimento e certa elasticidade, cortado em viés. A entretela foi colada no verso do tecido da parte frontal e finalizado em máquina comum e acabamentos internos em overlock. O molde básico de saia também foi construído a partir do molde de vestido e recortado em diversos pontos verticalmente para reconstruir uma peça com volume.

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A segunda opção de saia foi feita com outro tipo de recortes, sendo que seu início também foi a partir de um molde construído a partir das medidas de maneira tradicional que teve a parte frontal reproduzida em algodão cru. Além disso, outro elemento foi construído em algodão cru que une um cilindro e um círculo vazado unidos em uma extremidade. Um círculo foi feito na superfície da saia e nesse a peça com o cilindro foi encaixada, de modo que os dois círculos ficassem no mesmo plano e alinhavados. Essa parte foi colocada no busto para facilitar a visualização e traçar as marcas onde seriam os cortes da saia. Depois os pedaços separados geraram um novo molde no próprio algodão, que ao ser passado para o tecido definitivo formou a parte frontal da saia.

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Fio Eletroluminescente A fonte de luz utilizada é baseada em fio eletroluminescente, um tubo fino composto por diversas camadas, quando ligado a uma fonte de energia o material é semelhante a um fio fino de neon e quando desligado parece um tubo de plástico comum, que pode ter diversas cores. Esse tubo também é conhecido por outros nomes como “cabo el”, “fio luminoso” ou pelo nome em inglês “el wire”. O fio é formada por diversos materiais, sendo que a camada central é feita de cobre que funciona como condutor, alternando a corrente do sistema de energia. Ao redor da camada de cobre, há uma camada de fósforo eletroluminescente, que emite luz quando recebe os estímulos elétricos da corrente alternada. Em torno do fósforo, há um cabo fino de cobre que completa o circuito elétrico, cujo início está no condutor de cobre no centro do fio eletroluminescente. Dessa maneira, o fio não precisa ser ligado ao circuito pelas suas extremidades. Na camada mais externa, há o revestimento de plástico que protege tanto a parte interna de fósforo contra ações externas, quanto o usuário contra choques elétricos. Esse revestimento é composto por duas superfícies finas de plástico, sendo uma transparente incolor e a outra colorida, finalizando o conjunto. Em relação à alimentação de energia, o cabo precisa de bateria e conversor para converter a energia de corrente direta em corrente alternada.

Cobre

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Fósforo

Plástico transparente

Cabo de cobre

Plástico colorido


No caso do protótipo, foi utilizado inversor comum de baixa tensão, que já é o adequado para o funcionamento ideal da metragem de cabo disponível. O circuito possui também um microfone e um seqüenciador, todos conectados. Caso o volume do som seja mais alto do que o limite definido para o dispositivo, a intesidade da luz fica mais intensa e, caso volume do som seja menor do que o limite, o fio eletroluminescente permanece desligado. Juntamente com o microfone e o inversor, está o controle que tem três posições: desligado, pulsante e ligado. No estado pulsante, o fio se acende conforme estímulo sonoro e no estado ligado, ele fica ligado em sua intensidade máxima todo o tempo. Na mesma caixa preta, há o controle de sensibilidade em relação ao som do ambiente. Para o fornecimento de energia, foi escolhido um tipo de abastecimento móvel para que a roupa pudesse ser totalmente independente de fonte fixa. Assim, a fonte mais adequada e acessível foi à base de pilhas pequenas de 1,5v, sendo que 8 pilhas pequenas ligadas em série fornecem os 12v necessários para alimentação do sistema. O fio luminoso e o inversor foram conectados através de ligação simples entre os fios. Já o inversor tinha como fonte de abastecimento um conector para ascendedor de cigarros veicular, que foi substituído por 2 suportes de 4 pilhas cada com de ligação dos fios comum, soldagem e fita isolante. Toda a parte elétrica do projeto foi desenvolvida sob orientação do Professor Assistente Doutor Alceu Ferreira Alves do Departamento de Engenharia Elétrica da Unesp de Bauru que demonstrou disponibilidade desde o primeiro contato, até os testes e finalização, na qual tivemos acesso aos equipamentos dos laboratórios da Faculdade de Engenharia para que o funcionamento fosse ideal.

Caixa com inversor, microfone e regulador acima, e fios do suporte sendo soldados abaixo.

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União Para unir a roupa e a parte elétrica, pode ser utilizada linha de costura simples aplicada para fixar o fio em alguns pontos do tecido, guiando o caminho que ele deve seguir conforme a forma principal da parte superior. No uso da instalação como mostrado ao lado, a caixa preta de som ficaria perto do ombro sem ficar visível e as pilhas e fio comum extra ficariam presos às costas da pessoa, também imperceptíveis por causa do volume que a peça possui. Como o fio eletroluminescente não emite calor e a luz emitida é suficiente para ultrapassar tecidos finos, o contato dele com o tecido não atrapalha o desempenho do equipamento nem compromete a segurança de quem veste a peça. Com esse tipo de instalação, quando o sistema estiver desligado não é possível perceber que a fiação está passando pela parte interna da roupa. Para esse experimento, foi produzido apenas um conjunto do equipamento com fio luminoso de cerca de 2,75 metros mais 1 metro de fio comum, desse modo como este conjunto é fixado apenas com pontos de costura, ele pode ser colocado nas outras peças produzidas ou em outras roupas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS


O projeto Sync é principalmente uma experimentação e, nesse âmbito, o processo de desenvolvimento dessas primeiras peças conseguiu mesclar diversas competências diferentes, desde a teoria até a costura e a solda, funcionando juntas em um mesmo propósito, o que foi muito válido como experiência de construção do projeto. Além disso, é a concretização de um desejo que já vinha existindo como potência há muito tempo. Essa é a visão que eu quero transmitir sobre o Design e sua interdisciplinaridade que possibilita e incentiva a exploração de novos meios. Mesmo que o projeto Sync seja um início, espero que inspire e que este relatório seja uma boa referência de desenvolvimento de uma ideia para que cada um continue reconstruindo seu próprio caminho.

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BIBLIOGRAFIA


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