Era uma vez

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ERA UMA VEZ.........

TATIANA RIBEIRO SOLOMINY




Sumário Pinóquio ............................................................................................................................................................... 5 OS TRÊS PORQUINHOS .......................................................................................................................................... 12 A BELA ADORMECIDA ......................................................................................................................................... 19


Pinóquio Era uma vez, um senhor chamado Gepeto. Ele era um homem bom, que morava sozinho em uma bela casinha numa vila italiana.

Gepeto era marceneiro, fazia trabalhos incríveis com madeira, brinquedos, móveis e muitos outros objetos. As crianças adoravam os brinquedos de Gepeto. Apesar de fazer a felicidade das crianças com os brinquedos de madeira, Gepeto sentia-se muito só, e por vezes triste. Ele queria muito ter tido um filho, e assim resolveu construir um amigo de madeira para si. O boneco ficou muito bonito, tão perfeito que Gepeto entusiasmou-se e deu-lhe o nome de Pinóquio

Os dias se passaram e Gepeto falava sempre com o Pinóquio, como se este fosse realmente um menino. Numa noite, a Fada Azul visitou a oficina de Gepeto. Comovida com a solidão do bondoso ancião, resolveu tornar seu sonho em realidade dando vida ao boneco de madeira. E tocando Pinóquio com a sua varinha mágica disse: __Te darei o dom da vida, porém para se transformar num menino de verdade deves fazer por merecer . Deve ser sempre bom e verdadeiro como o seu pai, Gepeto. A fada incumbiu um saltitante e esperto grilo na tarefa de ajudar Pinóquio a reconhecer o certo e o errado, dessa forma poderia se desenvolver mais rápido e alcançar seu almejado sonho: tornar-se um menino de verdade. 5


No dia seguinte, ao acordar, Gepeto percebeu-se que o seu desejo havia se tornado realidade. Gepeto, que já amava aquele boneco de madeira como seu filho, agora descobria o prazer de acompanhar suas descobertas, observar sua inocência, compartilhar sua vivacidade. Queria ensinar ao seu filho, tudo o que sabia e retribuir a felicidade que o boneco lhe proporcionava. Sendo assim, Gepeto resolveu matricular Pinóquio na escola da vila, para que ele pudesse aprender as coisas que os meninos de verdade aprendem, além de fazer amizades. Pinóquio seguia a caminho da escola todo contente pensando em como deveria ser seu primeiro dia de aula estava ansioso para aprender a ler e escrever. No caminho porém encontrou dois estranhos que logo foram conversando com ele. Era uma Raposa e um Gato, que ficaram maravilhados ao ver um boneco de madeira falante e pensaram em ganhar dinheiro às custas do mesmo. __ Não acredito que você vai a escola! Meninos espertos preferem aprender na escola da vida! – falou a Raposa se fazendo de esperta. _ Vamos Pinóquio, sem desviar do nosso caminho! Gritou o pequeno e responsável grilo. A Raposa e o Gato começaram a contar que estavam indo assistir ao show do teatro de marionetes. Pinóquio não conseguiu vencer sua curiosidade, para ele tudo era novidade, queria conhecer o teatro divertido, do qual os dois estranhos falavam. __ Acho até que você poderá trabalhar no teatro, viajar conhecer novas pessoas, ganhar muito dinheiro e comprar coisas para você e para quem você gosta. Continuou a instigar a Raposa. O pequeno grilo continuou a falar com Pinóquio, mas este estava tão empolgado que nem o escutava mais

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Pinóquio então, seguiu com a Raposa e o Gato, rumo à apresentação do teatro de marionetes, deixando seu amigo grilo para trás.

A Raposa e o Gato venderam o boneco par ao dono do teatro de marionetes.

Pinóquio sem perceber o acontecido atuou na apresentação dos bonecos e fez grande sucesso com o público. Ao final da apresentação, Pinóquio quis ir embora, porém o dono do teatro vai em Pinóquio a sua chance de ganhar muito dinheiro, sendo assim o trancou numa gaiola. Pinóquio passou a noite preso, chorando, lembrou do seu pai e teve medo de não vê-lo novamente. Já estava amanhecendo quando o Grilo enfim, conseguiu encontrar Pinóquio. Mas não o conseguiu libertar da gaiola. Nesse momento, apareceu a Fada Azul que perguntou ao boneco o que havia acontecido. Pinóquio mentiu, contou que havia se perdido e encontrado o dono do teatro de marionetes, que o prendeu e o obrigou a trabalhar para ele. Pinóquio se assustou com o que havia acontecido em seguida.Seu nariz dobrar de tamanho. Assustado, o boneco começou a chorar. __ Não chore, Pinóquio! disse a Fada Azul abrindo com a sua varinha mágica o cadeado da gaiola. __ Sempre que você mentir seu nariz o denunciará e crescerá. A mentira é algo aparente, é errado e não deve fazer parte de quem possui um bom coração.- Continuou a Fada. __ Não quero ter esse nariz! Eu falo a verdade! Quis saber como era um teatro de marionetes e sai do meu caminho.Acabei me dando mal. __ Não minta novamente, Pinóquio! Lembre-se que para ser um menino de verdade, você deve fazer por merecer.- disse a fada , desaparecendo em seguida. Pinóquio estava voltando para casa com o grilo, quando viu três crianças correndo sorridentes em uma direção oposta à sua. 7


Como era muito curioso, Pinóquio perguntou a um dos meninos onde ele ia. __ Estamos indo pegar um barco para a Ilha da Diversão.Lá existe um enorme parque com brinquedos e doces à vontade. Criança lá não estuda.Só se diverte! Pinóquio achou a ideia de uma ilha como aquela tentadora.Parou no meio do caminho e olhou na direção dos meninos que corriam.

__ Não, Pinóquio! Dúvida, não! O que eles estão fazendo parece bom, divertido, mas é errado.Fazer o que é errado traz más consequências. – disse o esperto grilo. Os meninos, já um pouco distantes chamavam Pinóquio para ir junto. __Ah! Grilo, eu vou só conhecer a ilha,. Não ficarei lá para sempre.- disse o inocente boneco, já correndo em direção aos meninos. O grilo não concordou, mas seguiu Pinóquio, afinal era responsável por ele. Pinóquio entro num barco cheio de crianças que ia para a tal ilha. Ao chegarem na ilha, as crianças correram em direção aos brinquedos. Podia-se brincar à vontade,comer doces o quanto quisessem. O grilo observava, desapontado, o boneco se divertindo. A noite chegou, e as crianças exaustas de tanto brincar, dormiram no chão, espalhadas pelo parque. Algumas sentiam dores na barriga de tanto comer doces. Pinóquio estava quase dormindo, quando o grilo o acordou. __Pinóquio, o que está acontecendo? __O que grilo? Estou com sono.Está acontecendo que todos estão dormindo. - disse o boneco sonolento. _ Não estou falando disso, Pinóquio! Falo das orelhas de vocês! Estão com orelhas... de burro! – disse o grilo preocupado .

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Pinóquio despertou e assustado correu em direção a um lago, para ver seu reflexo na água. Várias crianças já haviam percebido o que estava acontecendo e choravam assustadas. Pinóquio ficou com m muito medo, pois via que outras crianças já estavam também com rabo de burro.

O grilo chamou o boneco para saírem imediatamente da ilha. Devia ser algum feitiço.Em troca da diversão que tiveram estavam se transformando em burros. Pinóquio correu em direção a um pequeno barco.Com ele, iam o grilo e outras crianças. Porém, ninguém conseguia dirigir o barco. Pinóquio, chorando, chamou a fada Azul. _ Fada Azul, por favor, nos ajude! A fada apareceu, ficou feliz por Pinóquio pedir ajuda também pelas outras crianças.

Ao perguntar ao boneco o que havia acontecido, a Fada recebeu deste outra mentira. Pinóquio mentiu que havia seguido um menino que ia para a mesma vila que o Gepeto morava e acabaram se perdendo. No mesmo instante, o nariz do boneco começou a crescer.

Assustado, Pinóquio lembrou do que a fada havia dito e falou a verdade. Seu nariz voltou ao normal, e a Fada anulou o feitiço que estava fazendo Pinóquio e as outras crianças se transformarem em burros. Pinóquio seguiu com o grilo em direção à sua casa na vila. Sentia muita saudade do seu pai Gepeto. Estava começando a entender que o seu pai queria sempre o melhor para ele, e o melhor, naquele momento, era a seu lar, a escola e a vila.

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Ao chegar em casa, Pinóquio não encontrou Gepeto. Com medo, ficou imaginando que Gepeto poderia ter morrido de tristeza com o seu sumiço. Mas o grilo encontrou um bilhete de Gepeto, pendurado na porta. No bilhete, Gepeto dizia que ia de barco procurar o seu filho amado. Pinóquio foi em direção à praia, junto com o grilo. Chegando lá, não viram nenhum sinal do barco do Gepeto. Pinóquio ficou sabendo por uns pescadores que um pequeno barco havia sido engolido por uma baleia naquela manhã. O boneco imediatamente pensou que se tratava de Gepeto e atirou-se ao mar, para procurar a tal baleia. O grilo foi atrás de Pinóquio. Ambos nadaram bastante até encontrarem uma enorme criatura. O grilo avisou ao boneco que aquela era uma baleia. Pinóquio se colocou na frente do animal e em poucos segundos foi engolido por ela. O grilo que o acompanhava todo o tempo,também foi engolido.

Ao chegarem no estômago do animal, viram um pequeno barco e Gepeto, triste, cabisbaixo, sentado com as mãos na cabeça.

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Ao ver o boneco, Gepeto sorriu e correu ao seu encontro.

Pinóquio abraçou o pai e pediu desculpas por ter agido mal. __ A única coisa que importa, meu filho, é que você está bem. -disse o bondoso velhinho Pinóquio teve a ideia de fazerem uma fogueira com pedaços de madeira do barco, assim a baleia podia espirrar e atirá-los para fora da sua barriga. O plano deu certo, e a baleia espirrou o barco onde estavam Gepeto, Pinóquio e o grilo. Ao chegarem à praia, Pinóquio e Gepeto novamente se abraçaram felizes por ter dado tudo certo. _ Prometo ser obediente, papai! Não mentir e cumprir meus deveres. –disse o boneco. Gepeto ficou orgulhoso do filho. Sabia que Pinóquio tinha aprendido valiosas lições. Nesse momento, a Fada Azul apareceu e sorridente disse ao boneco: __ Você aprendeu as diferenças entre o bem e o mal. O valor do amor, da lealdade .Tudo o que fazemos tem uma consequência, que pode ser boa ou ruim dependendo de como agimos. Por tudo o que você aprendeu e pelo modo como agiu, agora farei de você será um menino de verdade!

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Assim, a Fada transformou Pinóquio em um menino de verdade. E este viveu muito feliz com o seu pai, Gepeto, e com o amigo grilo.

OS TRÊS PORQUINHOS Era

uma vez, na época em que os animais falavam, três porquinhos que viviam felizes e

despreocupados na casa da mãe. A mãe era ótima, cozinhava, passava e fazia tudo pelos filhos. Porém, dois dos filhos não a ajudavam em nada e o terceiro sofria em ver sua mãe trabalhando sem parar. Certo dia, a mãe chamou os porquinhos e disse: __Queridos filhos, vocês já estão bem

ESTEVA UM BONITO DIA, ENSOLARADO E BRILHANTE.

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crescidos. Já é hora de terem mais responsabilidades para isso, é bom morarem sozinhos. A mãe então preparou um lanche reforçado para seus filhos e dividiu entre os três suas economias para que pudessem comprar material e construírem uma casa. A mãe porca despediu-se dos seus filhos: __Cuidem-se! Sejam sempre unidos! - desejou a mãe. Os três porquinhos, então, partiram pela floresta em busca de um bom lugar para construírem a casa. Porém, no caminho começaram a discordar com relação ao material que usariam para construir o novo lar. Cada porquinho queria usar um material diferente. O primeiro porquinho, um dos preguiçosos foi logo dizendo: __ Não quero ter muito trabalho! Dá para construir uma boa casa com um monte de palha e ainda sobra dinheiro para comprar outras coisas. O porquinho mais sábio advertiu: __ Uma casa de palha não é nada segura. O outro porquinho preguiçoso, o irmão do meio, também deu seu palpite: __ Prefiro uma casa de madeira, é mais resistente e muito prática. Quero ter muito tempo para descansar e brincar. __ Uma casa toda de madeira também não é segura - comentou o mais velho- Como você vai se proteger do frio? E se um lobo aparecer, como vai se proteger?

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__ Eu nunca vi um lobo por essas bandas e, se fizer frio, acendo uma fogueira para me aquecer! respondeu o irmão do meio- E você, o que pretende fazer, vai brincar conosco depois da construção da casa?

__Já que cada um vai fazer uma casa, eu farei uma casa de tijolos, que é resistente. Só quando acabar é que poderei brincar. – Respondeu o mais velho. O porquinho mais velho, o trabalhador, pensava na segurança e no conforto do novo lar. Os irmãos mais novos preocupavam-se em não gastar tempo trabalhando. __Não vamos enfrentar nenhum perigo para ter a necessidade de construir uma casa resistente. - Disse um dos preguiçosos. Cada porquinho escolheu um canto da floresta para construir as respectivas casas. Contudo, as casas seriam próximas. O Porquinho da casa de palha, comprou a palha e em poucos minutos construiu sua morada. Já estava descansando quando o irmão do meio, que havia construído a casa de madeira chegou chamando-o para ir ver a sua casa. Ainda era manhã quando os dois porquinhos se dirigiram para a casa do porquinho mais velho, que construía com tijolos sua morada. __Nossa! Você ainda não acabou! Não está nem na metade! Nós agora vamos almoçar e depois brincar. – disse irônico, o porquinho do meio.

• •O porquinho mais velho porém não ligou para os comentários, nem par a as risadinhas, continuou a trabalhar, preparava o cimento e montava as paredes de tijolos. Após três dias de trabalho intenso, a casa de tijolos estava pronta, e era linda!

Os dias foram passando, até que um lobo percebeu que havia porquinhos morando naquela parte da floresta. O Lobo sentiu sua barriga roncar de fome, só pensava em comer os porquinhos. 14


Foi então bater na porta do porquinho mais novo, o da casa de palha. O porquinho antes de abrir a porta olhou pela janela e avistando o lobo começou a tremer de medo. O Lobo bateu mais uma vez, o porquinho então, resolveu tentar intimidar o lobo: __ Vá embora! Só abrirei a porta para o meu pai, o grande leão!- mentiu o porquinho cheio de medo. __ Leão é? Não sabia que leão era pai de porquinho. Abra já essa porta. – Disse o lobo com um grito assustador. O porquinho continuou quieto, tremendo de medo.

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__Se você não abrir por bem, abrirei à força. Eu ou soprar, vou soprar muito forte e sua casa irá voar.

O porquinho ficou desesperado, mas continuou resistindo. Até que o lobo soprou um a vez e nada aconteceu, soprou novamente e da palha da casinha nada restou, a casa voou pelos ares. O porquinho desesperado correu em direção à casinha de madeira do seu irmão. O lobo correu atrás. Chagando lá, o irmão do meio estava sentado na varanda da casinha. __Corre, corre entra dentro da casa! O lobo vem vindo! – gritou desesperado, correndo o porquinho mais novo. Os dois porquinhos entraram bem a tempo na casa, o lobo chegou logo atrás batendo com força na porta. Os porquinhos tremiam de medo. O lobo então bateu na porta dizendo: __Porquinhos, deixem eu entrar só um pouquinho! __ De forma alguma Seu Lobo, vá embora e nos deixe em paz.- disseram os porquinhos. __ Então eu vou soprar e soprar e farei a casinha voar. O lobo então furioso e esfomeado, encheu o peito de ar e soprou forte a casinha de madeira que não aguentou e caiu. 16


Os porquinhos aproveitaram a falta de fôlego do lobo e correram para a casinha do irmão mais velho. Chegando lá pediram ajuda ao mesmo. __Entrem, deixem esse lobo comigo!- disse confiante o porquinho mais velho. Logo o lobo chegou e tornou a atormentá-los: __ Porquinhos, porquinhos, deixem-me entrar, é só um pouquinho! __Pode esperar sentado seu lobo mentiroso.- respondeu o porquinho mais velho. __ Já que é assim, preparem-se para correr. Essa casa em poucos minutos irá voar! O lobo encheu seus pulmões de ar e soprou a casinha de tijolos que nada sofreu. Soprou novamente mais forte e nada.

Resolveu então se jogar contra a casa na tentativa de derrubá-la. Mas nada abalava a sólida casa. O lobo resolveu então voltar para a sua toca e descansar até o dia seguinte. Os porquinhos assistiram a tudo pela janela do andar superior da casa. Os dois mais novos comemoraram quando perceberam que o lobo foi embora. __ Calma , não comemorem ainda! Esse lobo é muito esperto, ele não desistirá antes de aprende ruma lição.- Advertiu o porquinho mais velho. No dia seguinte bem cedo o lobo estava de volta à casa de tijolos. Disfarçado de vendedor de frutas. __ Quem quer comprar frutas fresquinhas?- gritava o lobo se aproximando da casa de tijolos.

Os dois porquinhos mais novos ficaram com muita vontade de comer maçãs e iam abrir a porta quando o irmão mais velho entrou na frente deles e disse: -__ Nunca passou ninguém vendendo nada por aqui antes, não é suspeito que na manhã seguinte do aparecimento do lobo, surja um vendedor? Os irmãos acreditaram que era realmente um vendedor, mas resolveram esperar mais um pouco. 17


O lobo disfarçado bateu novamente na porta e perguntou: __ Frutas fresquinhas, quem vai querer? Os porquinhos responderam: __ Não, obrigado. O lobo insistiu: Tome peguem três sem pagar nada, é um presente. __ Muito obrigado, mas não queremos, temos muitas frutas aqui. O lobo furioso se revelou: __ Abram logo, poupo um de vocês! Os porquinhos nada responderam e ficaram aliviados por não terem caído na mentira do falso vendedor.

De repente ouviram um barulho no teto. O lobo havia encostado uma escada e estava subindo no telhado. Imediatamente o porquinho mais velho aumentou o fogo da lareira, na qual cozinhavam uma sopa de legumes. O lobo se jogou dentro da chaminé, na intenção de surpreender os porquinho entrando pela lareira. Foi quando ele caiu bem dentro do caldeirão de sopa fervendo. ___AUUUUUUU!- Uivou o lobo de dor, saiu correndo em disparada em direção à porta e nunca mais foi visto por aquelas terras. 18


Os três porquinhos, pois, decidiram morar juntos daquele dia em diante. Os mais novos concordaram que precisavam trabalhar além de descansar e brincar. Pouco tempo depois, a mãe dos porquinhos não aguentando as saudades, foi morar com os filhos. Todos viveram felizes e em harmonia na linda casinha de tijolos.

A BELA ADORMECIDA Era uma vez, há muito tempo, um rei e uma rainha

jovens, poderosos e ricos, mas pouco felizes, porque não tinham concretizado maior sonho deles: terem filhos. Se pudéssemos ter um filho! — suspirava o rei. E se Deus quisesse, que nascesse uma menina! —animava-se a rainha.

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— E por que não gêmeos? — acrescentava o rei. Mas os filhos não chegavam, e o casal real ficava cada vez mais triste. Não se alegravam nem com os bailes da corte, nem com as caçadas, nem com os gracejos dos bufões, e em todo o castelo reinava uma grande melancolia. Mas, numa tarde de verão, a rainha foi banhar-se no riacho que passava no fundo do parque real. E, de repente, pulou para fora da água uma rãzinha. — Majestade, não fique triste, o seu desejo se realizará logo: Antes que passe um ano a senhora dará à luz uma menina. E a profecia da rã se concretizou, e meses depois a rainha deu a luz a uma linda menina. O rei, que estava tão feliz, deu uma grande festa de batizado para a pequena princesa que se chamava Aurora. Convidou uma multidão de súditos: parentes, amigos, nobres do reino e, como convidadas de honra, as treze fadas que viviam nos confins do reino. Mas, quando os mensageiros iam saindo com os convites, o camareiro-mor correu até o rei, preocupadíssimo. — Majestade, as fadas são treze, e nós só temos doze pratos de ouro. O que faremos? A fada que tiver de comer no prato de prata, como os outros convidados, poderá se ofender. E uma fada ofendida… O rei refletiu longamente e decidiu: — Não convidaremos a décima terceira fada — disse, resoluto. — Talvez nem saiba que nasceu a nossa filha e que daremos uma festa. Assim, não teremos complicações. Partiram somente doze mensageiros, com convites para doze fadas, conforme o rei resolvera. No dia da festa, cada uma das fadas chegou perto do berço em que dormia a princesa Aurora e ofereceu à recém-nascida um presente maravilhoso. — Será a mais bela moça do reino — disse a primeira fada, debruçando-se sobre o berço. — E a de caráter mais justo — acrescentou a segunda. — Terá riquezas a perder de vista — proclamou a terceira. — Ninguém terá o coração mais caridoso que o seu — afirmou a quarta. — A sua inteligência brilhará como um sol — comentou a quinta. Onze fadas já tinham passado em frente ao berço e dado a pequena princesa um dom; faltava somente uma (entretida em tirar uma mancha do vestido, no qual um garçom desajeitado tinha virado uma taça de sorvete) quando chegou a décima terceira, aquela que não tinha sido convidada por falta de pratos de ouro. 20


Estava com a expressão muito sombria e ameaçadora, terrivelmente ofendida por ter sido excluída. Lançou um olhar maldoso para a princesa Aurora, que dormia tranqüila, e disse: — Aos quinze anos a princesa vai se ferir com o fuso de uma roca e morrerá. E foi embora, deixando um silêncio desanimador e os pais desesperados. Então aproximou-se a décima segunda fada, que devia ainda oferecer seu presente. — Não posso cancelar a maldição que agora atingiu a princesa. Tenho poderes só para modificá-la um pouco. Por isso, Aurora não morrerá; dormirá por cem anos, até a chegada de um príncipe que a acordará com um beijo.

Passados os primeiros momentos de espanto e temor, o rei, decidiu tomar providências, mandou queimar todas as rocas do reino. E, daquele dia em diante, ninguém mais fiava, nem linho, nem algodão, nem lã. Ninguém além da torre do castelo. Aurora crescia, e os presentes das fadas, apesar da maldição, estavam dando resultados. Era bonita, boa, gentil e caridosa, os súditos a adoravam. No dia em que completou quinze anos, o rei e a rainha estavam ausentes, ocupados numa partida de caça. Talvez, quem sabe, em todo esse tempo tivessem até esquecido a profecia da fada malvada. A princesa Aurora, porém, estava se aborrecendo por estar sozinha e começou a andar pelas salas do castelo. Chegando perto de um portãozinho de ferro que dava acesso à parte de cima de uma velha torre, abriu-o, subiu a longa escada e chegou, enfim, ao quartinho. Ao lado da janela estava uma velhinha de cabelos brancos, fiando com o fuso uma meada de linho. A garota olhou, maravilhada. Nunca tinha visto um fuso. — Bom dia, vovozinha. — Bom dia a você, linda garota. — O que está fazendo? Que instrumento é esse? 21


Sem levantar os olhos do seu trabalho, a velhinha respondeu com ar bonachão: — Não está vendo? Estou fiando! A princesa, fascinada, olhava o fuso que girava rapidamente entre os dedos da velhinha. madeira que gira assim rápido. Posso experimentá-lo também? Sem esperar resposta, pegou o fuso. E, naquele instante, cumpriu-se o feitiço. Aurora furou o dedo e sentiu um grande sono. Deu tempo apenas para deitar-se na cama que havia no aposento, e seus olhos se fecharam. Na mesma hora, aquele sono estranho se difundiu por todo o palácio. Adormeceram no trono o rei e a rainha, recém-chegados da partida de caça. Adormeceram os cavalos na estrebaria, as galinhas no galinheiro, os cães no pátio e os pássaros no telhado.

Adormeceu o cozinheiro que assava a carne e o servente que lavava as louças; adormeceram os cavaleiros com as espadas na mão e as damas que enrolavam seus cabelos. Também o fogo que ardia nos braseiros e nas lareiras parou de queimar, parou também o vento que assobiava na floresta. Nada e ninguém se mexia no palácio, mergulhado em profundo silêncio. Em volta do castelo surgiu rapidamente uma extensa mata. Tão extensa que, após alguns anos, o castelo ficou oculto. Nem os muros apareciam, nem a ponte levadiça, nem as torres, nem a bandeira hasteada que pendia na torre mais alta. Nas aldeias vizinhas, passava de pai para filho a história da princesa Aurora, a bela adormecida que descansava, protegida pelo bosque cerrado. A princesa Aurora, a mais bela, a mais doce das princesas, injustamente castigada por um destino cruel.

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Alguns cavalheiros, mais audaciosos, tentaram sem êxito chegar ao castelo. A grande barreira de mato e espinheiros, cerrada e impenetrável, parecia animada por vontade própria: os galhos avançavam para cima dos coitados que tentavam passar: seguravam-nos, arranhavam-nos até fazêlos sangrar, e fechavam as mínimas frestas. Aqueles que tinham sorte conseguiam escapar, voltando em condições lastimáveis, machucados e sangrando. Outros, mais teimosos, sacrificavam a própria vida. Um dia, chegou nas redondezas um jovem príncipe, bonito e corajoso. Soube pelo bisavô a história da bela adormecida que, desde muitos anos, tantos jovens a procuravam em vão alcançar. — Quero tentar também — disse o príncipe aos habitantes de uma aldeia pouco distante do castelo. Aconselharam-no a não ir. — Ninguém nunca conseguiu! — Outros jovens, fortes e corajosos como você, falharam… — Alguns morreram entre os espinheiros… — Desista! Muitos foram, os que tentarem desanimá-lo. No dia em que o príncipe decidiu satisfazer a sua vontade se completavam justamente os cem anos da festa do batizado e das predições das fadas. Chegara, finalmente, o dia em que a bela adormecida poderia despertar.

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Quando o príncipe se encaminhou para o castelo viu que, no lugar das árvores e galhos cheios de espinhos, se estendiam aos milhares, bem espessas, enormes carreiras de flores perfumadas. E mais, aquela mata de flores cheirosas se abriu diante dele, como para encorajá-lo a prosseguir; e voltou a se fechar logo, após sua passagem. O príncipe chegou em frente ao castelo. A ponte elevadiça estava abaixada e dois guardas dormiam ao lado do portão, apoiados nas armas. No pátio havia um grande número de cães, alguns deitados no chão, outros encostados nos cantos; os cavalos que ocupavam as estrebarias dormiam em pé. Nas grandes salas do castelo reinava um silêncio tão profundo que o príncipe ouvia sua própria respiração, um pouco ofegante, ressoando naquela quietude. A cada passo do príncipe se levantavam nuvens de poeira. Salões, escadarias, corredores, cozinha… Por toda parte, o mesmo espetáculo: gente que dormia nas mais estranhas posições.

O príncipe perambulou por longo tempo no castelo. Enfim, achou o portãozinho de ferro que levava à torre, subiu a escada e chegou ao quartinho em que dormia A princesa Aurora. A princesa estava tão bela, com os cabelos soltos, espalhados nos travesseiros, o rosto rosado e risonho. O príncipe ficou deslumbrado. Logo que se recobrou se inclinou e deu-lhe um beijo. Imediatamente, Aurora despertou, olhou par ao príncipe e sorriu. Todo o reino também despertara naquele instante. Acordou também o cozinheiro que assava a carne; o servente, bocejando, continuou lavando as louças, enquanto as damas da corte voltavam a enrolar seus cabelos. O fogo das lareiras e dos braseiros subiu alto pelas chaminés, e o vento fazia murmurar as folhas das árvores. A vida voltara ao normal. Logo, o rei e a rainha correram à procura da filha e, ao encontrá-la, chorando, agradeceram ao príncipe por tê-la despertado do longo sono de cem anos. O príncipe, então, pediu a mão da linda princesa em casamento que, por sua vez, já estava apaixonada pelo seu valente salvador. Eles, então, se casaram e viveram felizes para sempre!

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