LAR DE ACOLHIMENTO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE

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REINSERÇÃO

SOCIAL LAR DE ACOLHIMENTO TEMPORÁRIO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE – SP TAUANA CAROLINE MARQUES DA SILVA ROCIUTTI


FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO ALGACYR MUNHOZ MAEDER” CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TAUANA CAROLINE MARQUES DA SILVA ROCIUTTI

REINSERÇÃO SOCIAL LAR DE ACOLHIMENTO TEMPORÁRIO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE – SP

Orientador: Prof. Mestre Yeda Ruiz Maria

Presidente Prudente – SP 2019


FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO ALGACYR MUNHOZ MAEDER” CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

TAUANA CAROLINE MARQUES DA SILVA ROCIUTTI

REINSERÇÃO SOCIAL LAR DE ACOLHIMENTO TEMPORÁRIO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE – SP

Trabalho de Conclusão, apresentado a Faculdade de De Engenharia “Conselheiro Algacyr Munhoz Maeder”, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para a sua conclusão. Orientador: Prof. Mestre Yeda Ruiz Maria

Presidente Prudente – SP 2019


TAUANA CAROLINE MARQUES DA SILVA ROCIUTTI

REINSERÇÃO SOCIAL LAR DE ACOLHIMENTO TEMPORÁRIO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE – SP

Trabalho de Conclusão, apresentado a Faculdade de De Engenharia “Conselheiro Algacyr Munhoz Maeder”, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para a sua conclusão. Presidente Prudente, 05 de dezembro de 2019

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Prof. Mestre Orientadora Yeda Ruiz Maria Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente - SP

_______________________________________ Prof. Mestre Thays Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente - SP

_______________________________________ Prof. Dr. Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente - SP


DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais por toda força, e as pessoas em situação de rua que necessitam de uma atenção especial de nós meros seres humanos.


AGRADECIMENTOS Ao pensar nas palavras de gratidão, me veem a memória, quantas experiências, quantas pessoas, quantos sentimentos bons, me deram força pra me manter firme. É por essas pessoas, pelos 5 anos conhecendo cada vida que participou dessa história comigo, que tenho uma gratidão imensa. Obrigada Jesus Cristo por ter feito eu acreditar que sou capaz e até aqui me sustentou e está comigo em todos os momentos. Obrigada mãe e pai, por cada suor derramado, por cada dia trabalhado para me sustentar até aqui, por cada palavra que me fez ter forças. Obrigada a minha orientadora Yeda por aceitar me suportar por um ano, e mesmo com minhas inseguranças e medo acreditou em mim, se um dia eu for professora quero ser igual a você, exemplo de Mestre. Obrigada aos meus amigos que esteve comigo no dia a dia da faculdade, e em especial o Felipe Gasquez, que esteve comigo em cada momento, 24 horas por dia, no estagio, na faculdade, nas festas e tudo que poderíamos fazer estávamos juntos. E também não poderia deixar de citar a Caila Larissa, que me

aguentou todos os dias, meu mal humor, minhas cantorias e sou grata a cada dia que me levou pra jantar no restaurante japonês. Poderia citar muitas pessoas e muitas situações, mas quem está comigo sabe o quão grata estou por cada vida, a gratidão será eterna.


NÃO SOMOS LIXO

Não somos lixo e nem bicho. Somos humans. Se na rua estamos é porque nos desencontramos.

Não somos bicho e nem lixo. Nós somos anjos, não somos o mal. Nós somos arcanjos no juízo final. Nós pensamos e agimos, calamos e gritamos. Ouvimos o silêncio cortante dos que afirmam serem santos. Não somos lixo. Será que temos alegria? Às vezes sim... Temos com certeza o pranto, a embriaguez, A lucidez dos sonhos da filosofia.

Não somos profanos, somos humanos. Somos filósofos que escrevem Suas memórias nos universos diversos urbanos. A selva capitalista joga seus chacais sobre nós. Não somos bicho nem lixo, temos voz. Por dentro da caótica selva, somos vistos como fantasmas. Existem aqueles que se assustam. Não somos mortos, estamos vivos. Andamos em labirintos.

Depende de nossos instintos. Somos humanos nas ruas, não somos lixo.

Carlos Eduardo (Cadu), Morador de rua em Salvador


RESUMO REINSERÇÃO SOCIAL LAR DE ACOLHIMENTO TEMPORÁRIO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE – SP A existência de pessoas em situação de rua é um fenômeno crescente e típico, vivendo sob a extrema condição de fragilidade e exclusão social. Esses fatores os impedem de superar sua própria condição sem o apoio de serviços e equipamentos adequados. Por esse fato, o presente trabalho trata da criação de um lar de acolhimento temporário para a população que vive em situação de rua na cidade de Presidente Prudente – SP, com objetivo de compreender as necessidades e características dessas pessoas trazendo soluções para os problemas que esses indivíduos vem enfrentando, não somente acolhendo-os, mas também trabalhando para eles consigam se reinserir novamente na sociedade e, finalmente, superar as dificuldades e recuperarem sua identidade quanto indivíduos. Por tanto, foram realizados pesquisas e aprofundamento teóricos sobre o tema para melhor entendimento, assim, verificando quais são as necessidades de tais pessoas, podendo projetar um local acolhedor, que traga diversas atividades propostas de forma integrada e que convide as pessoas em situação de rua a estar no local e se sentir pertencente dele. Palavras-chave: população em situação de rua, reinserção social, lar de acolhimento temporário para pessoas em situação de rua e Presidente Prudente – SP.


ABSTRACT SOCIAL REINSERTION TEMPORARY HOSTING HOME FOR PEOPLE STREET SITUATION IN PRESIDENT PRUDENTE - SP The existence of homeless people is a growing and typical phenomenon, living under the extreme condition of fragility and social exclusion. These factors prevent them from overcoming their own condition without the support of proper services and equipment. For this reason, the present work deals with the creation of a temporary shelter for the homeless population in the city of Presidente Prudente - SP, aiming to understand the needs and characteristics of these people, bringing solutions to the problems they face. Individuals have been facing not only welcoming them but also working for them to reinsert themselves into society and ultimately to overcome difficulties and regain their identity as individuals. Therefore, theoretical research and deepening were conducted on the subject for a better understanding, thus verifying what are the needs of such people, being able to design a welcoming place that brings several proposed activities in an integrated way and that invites people in homeless situation to be in the place and feel belonging to him. Keywords: homeless population, social reintegration, temporary shelter for homeless people and Presidente Prudente - SP.


LISTA DE SIGLAS

CA

– Centros de Acolhida

CRMPR

– Centro de Referência Migrante e População de Rua

CRAS

– Centro de Referência da Assistência Social

CREAS

– Centro de Referência Especializada da Assistência Social

GTI

– Grupo de Trabalho Interministerial

IBGE

– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA

– Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MDS

– Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MNPR

– Movimento Nacional Da População de Rua

PNAS

– Política Nacional de Assistência Social

SAS

– Secretaria Municipal de Assistência Social

SNAS

– Secretaria Nacional de Assistência Social

SUAS

– Sistema Único de Assistência Social

UNESCO

– Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura


LISTA DE TABELAS

Tabela 01 –

Situações variável de pessoas em situação de rua no Brasil......

26

Tabela 02 –

Avanços de Políticas Publicas.................................................................

31

Tabela 03 –

Programa e pré-dimensionamento do bloco de atendimento......

72


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 -

Casa abrigo........................................................................................................... 34

Figura 2 -

Morador de rua na Praça da Bandeira em Presidente Prudente.

Figura 3 -

Pontos de concentração de pessoas em situação de rua na cidade

36

de Presidente Prudente.................................................................................... 36 Figura 4 -

Raio de análise do lote de inserção projetual........................................... 37

Figura 5 -

Acessos ao lote do de inserção projetual.................................................. 38

Figura 6 -

Malha viária das vias.......................................................................................... 39

Figura 7 -

Figura fundo.......................................................................................................... 39

Figura 8 -

Levantamento de equipamentos urbanos................................................... 40

Figura 9 -

Levantamento de uso e ocupação do solo.................................................. 41

Figura 10 - Levantamento de gabarito de altura............................................................. 41 Figura 11 -

Levantamento Arborização existente.......................................................... 42

Figura 12 - Ventilação e insolação....................................................................................... 42 Figura 13 - Sklyne ventilação e insolação......................................................................... 43 Figura 14 - Topografia e lote de inserção projetual....................................................... 43 Figura 15 - Mapa de implantação da Stepping Stones ................................................. 46 Figura 16 - Relação do edifício com o entorno................................................................ 47 Figura 17 - Proposta da restauração da antiga estação de metrô........................... 47 Figura 18 - Planta baixa do térreo....................................................................................... 48 Figura 19 - Corte destacando a circulação vertical....................................................... 48 Figura 20 - Planta baixa tipo.................................................................................................. 49


Figura 21 -

Planta baixa do pavimento superior............................................................ 50

Figura 22 - Setorização de publico e privado.................................................................. 51 Figura 23 - Mapa de implantação da The Bridge............................................................ 54 Figura 24 - Relação do edifício com o entorno............................................................... 55 Figura 28 - Relação com o entorno do Complexo Boracea........................................ 61 Figura 29 - Planta baixa do The Brigde.............................................................................. 62 Figura 30 - Raio de análise do lote de inserção projetual.......................................... 67 Figura 31 -

Croqui esquemático do espaço de convivência e a horta..................... 68

Figura 32 - Perspectiva do espaço de convivência do lar de acolhimento proposto................................................................................................................ 69 Figura 33 - Perspectiva da horta do lar de acolhimento proposto.......................... 69 Figura 34 - Croqui esquemático fluxograma................................................................... 70 Figura 35 - Croqui esquemático de setorização e acessos........................................ 71 Figura 36 - Programa de necessidades e pré-dimensionamento............................ 72 Figura 37 - Perspectiva da fachada do lar de acolhimento proposto..................... 73 Figura 38 - Croqui esquemático do gabarito de altura do entorno imediato........ 73 Figura 39 - Perspectiva do acesso principal do lar de acolhimento proposto..... 75 Figura 40 - Perspectiva da recepção do lar de acolhimento proposto................... 75 Figura 41 -

Perspectiva do banheiro do lar de acolhimento proposto................... 76


Figura 42 - Perspectiva do refeitório do lar de acolhimento proposto................... 76 Figura 43 - Perspectiva da cozinha do lar de acolhimento proposto...................... 77 Figura 44 - Perspectiva do refeitório do lar de acolhimento proposto................... 77 Figura 45 - Perspectiva dos dormitórios do lar de acolhimento proposto............ 79 Figura 46 - Perspectiva do ateliê do lar de acolhimento proposto.......................... 81 Figura 47 - Perspectiva do espaço externo do lar de acolhimento proposto...... 81 Figura 48 - Perspectiva das esquadrias do lar de acolhimento proposto............. 88


SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO

16

2

POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL

19

3

4

5

2.1

Contexto e caracterização

20

2.2

Índices e perfis

25

2.3

Políticas Públicas

30

PRESIDENTE PRUDENTE, SÃO PAULO 3.1

Instituições de acolhimento em Presidente Prudente, SP

34

3.2

Locais de permanência de pessoas em situação de rua em Presidente Prudente, SP

35

3.3

Análise urbana do entorno do lote de inserção projetual

37

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

44

4.1

Stepping Stones, King's Cross, Londres

45

4.2

Centro de assistência a desabrigados “The Bridge”, Dallas, Texas

52

4.3

Oficina Boracea, São Paulo

59

PROPOSTA PROJETUAL 5.1

6

33

Diretrizes projetuais

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

63 64

95


Introdução

O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS (2014), conceitua a população em situação de rua como grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que possuem em comum a condição de pobreza extrema, fragilidade de vínculos familiares e falta de moradia convencional. A existência de indivíduos em situação de rua é um fenômeno crescente e típico das grandes cidades. Vivendo sob a extrema condição de fragilidade e exclusão social, são marcados pela violência, perda da autoestima e das relações sociais. Esses fatores os impedem de superar sua própria condição sem o apoio de serviços e equipamentos adequados. O desenvolvimento de estratégias, identificação e apoio à população em situação de rua, por parte dos gestores públicos, só apareceu a partir do aumento da representatividade dessas instituições de cunho assistencialista, distantes até então da noção de política pública e dever do Estado. Esse panorama

começou a ser alterado a partir da Constituição Federal Brasileira de 1988, que considerou os direitos sociais como

1616


direitos fundamentais de todo cidadão e reconheceu a

assistência social como política pública. Presidente Prudente – SP, é uma cidade de porte médio, com 223.749 habitantes (IBGE, 2016) e se sabe que possui cerca de 140 pessoas em situação de rua (SAAB; ALBANO; BORGES, 2017). Cidade existem duas instituições financiadas pela Prefeitura Municipal, que apoiam os moradores em situação de rua, porém, não contêm estrutura suficiente para atender esses sujeitos A presente pesquisa visa abordar as realidades de populações em situação de rua no Brasil, com foco, na cidade de Presidente Prudente – SP, interior do estado de São Paulo, pensando nas condições de vida e os serviços sociais existentes. A grande importância do estudo é revelar a relação das organizações sociais com o poder público na realização do trabalho orientado à essa população, com objetivo principal de criar um lar que venha acolher e dar suporte com alimentação, higiene e saúde, capacitação profissional, rede de estímulo à

geração de renda, atividades de lazer e cultura, visando a reinserção social.

17


Metodologicamente,

adotou-se

uma

abordagem

de

pesquisa bibliográfica, documental, pesquisa de levantamentos, estudo de campo e estudo de caso. Em uma análise de dados referentes ao público alvo, tanto em âmbito nacional quanto municipal, permitirá traçar um perfil e definir características desse grupo para então estabelecer suas necessidades básicas. Com as informações detalhadas das necessidades da população em situação de rua e a análise do terreno e de seu entorno e também de referências projetuais, será elaborado o projeto arquitetônico e social de um lar de acolhimento temporário destinado a esses sujeitos.

18


5

POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL Definir quem são e como vivem as pessoas em situação de rua, dando visibilidade a um fato que muitas vezes ninguém

quer enxergar. Alguns dados importantes foram levantados através de fontes e autores, no que

diz

a

respeito

características demográfica

as social

e

econômicas

desta população, seu perfil e trajetória nas ruas, informações sobre a vivência e de vínculos

familiares,

suas

rotinas

e

saúde, descriminações sofridas, entre outros fatores que esse capítulo irá abordar.


2.1

contexto e caracterização Para viver sua plena cidadania, a pessoa precisa ter

consciência de seus direitos e deveres, além de se identificar com o espaço em que habita, sentindo-se assim parte dele (RIBAS, 2015). A falta de moradia significou, por longos períodos, a falta de informações sobre essa parcela expressiva da população brasileira. Resultado dramático dessa situação é que o Estado ficou sem chegar justamente a esses mais necessitados (CUNHA; RODRIGUES; 2009). Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS (2006) define tais sujeitos como: à população em situação de rua é um grupo populacional heterogêneo, constituído por pessoas que possuem em comum a garantia de sobrevivência, por meio de atividades produtivas desenvolvidas nas ruas, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a não referência de moradia regular (BRASIL, 2006, p. 18).

Ainda de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS (2006), essa população também se caracteriza pela utilização de logradouros públicos (praças, jardins, canteiros, marquises, viadutos) e de áreas degradadas (prédios abandonados, ruínas, carcaças de veículos) como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como das unidades de serviços de acolhimento para pernoite temporário ou moradia provisória. Estudos que fazem a escuta dos sujeitos que habitam as ruas

das grandes cidades e que avaliam essas experiências a partir do olhar dos próprios sujeitos constatam histórias e cotidianos marcados por perdas, exclusão, subalternização e desqualificação, confirmando pesquisas efetivadas com técnicos e grupos específicos que também aportam relatos similares (ABREU et al., 1999; BULLA; MENDES; PRATES, 2004; REIS; PRATES; MENDES, 1994; SNOW; ANDERSON,1998; YAZBEK, 1992; SCHUCH et al., 2008). Atualmente não existem pesquisas que retratem os índices e 20


características desse público com uma abrangência nacional, pois o IBGE não faz o censo da população de rua no Brasil, uma vez que seus dados são baseados apenas na população que possui domicílio registrado, mas existe a perspectiva de que o próximo censo do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE já contemple a população em situação de rua em sua pesquisa. Os dados existentes são baseados em pesquisas realizadas por municípios ou por universidades, sempre com o objetivo de refletir a realidade local (LIMA, 2005). Esta

ausência,

entretanto,

justificada

pela

complexidade

operacional de uma pesquisa de campo com pessoas sem endereço fixo, prejudica a implementação de políticas públicas voltadas para este contingente e reproduz a invisibilidade social da população de rua no

âmbito das políticas sociais (NATALINO, 2016). A pesquisa com maior abrangência nacional realizada até o momento, foi desenvolvida pelo MDS em parceria com a

Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, entre agosto de 2007 e março de 2008 (LIMA, 2005). Essa população é um dos principais símbolos da desigualdade social e de um sistema excludente, os quais parecem dispensar esses cidadãos de uma vida produtiva para a sociedade. Cada um deles marcados por trajetórias e histórias diversas e conturbadas,

caracterizadas em sua maioria por problemas químicos, pelo preconceito e falta

de acesso a condições mais dignas de

sobrevivência, e assim muitas dessas pessoas optam por morar nas ruas (SILVA, 2006, apud OGG, 2014). Considerando suas características diversas que variam entre o andarilho solitário, famílias que habitam pontes, viadutos, parques ou terrenos baldios, loucos de rua que vivem sozinhos e pequenos grupos que permanecem em locais mais ou menos fixos, deslocando-se para abrigar-se das intempéries, mas no âmbito de um mesmo bairro, e

aqueles que circulam entre abrigos e albergues públicos, os mais diversos estudos reconhecem que se constituem como um segmento heterogêneo (PRATES, PRATES, MACHADO, 2011).

21


Segundo a Pastoral Social da Paroquia São Luis Gonzaga¹ classificam a população em situação de rua em: a) Os que são das ruas ou outsiders² : considerados os que moram permanentemente nas ruas e que já perderam todos os vínculos familiares/sociais. Esse grupo se desprende da ideia de sair das ruas e se concentra em meios para sobreviver nelas. b) Os que estão nas ruas ou recém-deslocados: considerados os que recentemente se encontram na rua, mas que ainda possuem vínculos familiares e sociais. Esse grupo é o que procura com mais frequência sair das ruas, então há uma maior busca por empregos tanto formais quanto informais pelos indivíduos que acabaram de ingressar nessa realidade; c) Os que simplesmente ficam nas ruas ou vacilantes: considerados os que acabam vivendo nas ruas por motivos diversos e circunstancialmente. Esse grupo passa a ter o que pode-se chamar de espécie de conformismo, no qual ele começa a se habituar com a situação de rua, mas ainda assim possui perspectivas de mudar a sua realidade; d) Andarilhos: esse grupo é composto por trabalhadores migratórios, suas viagens costumam ser padronizadas e não são aleatórias. Possuem uma aceitação da situação de rua que vivenciam, que os levam muitas vezes a abandonar seus nomes de batismo e a adotar novos nomes. e) Mendigos: tradicionalmente indica um indivíduo não trabalhador e não migrante. Geralmente não realizam trabalhos remunerados, ao invés disso, sobrevivem de atividades de mendicância, comércio, catação de lixo e papel e de doações de instituições e de apoio de serviços sociais; f)

Doentes mentais: é o grupo mais imóvel de população de rua. Sobrevivem aceitando doações, mendigando e fazendo buscas por comida em lixos. São os mais isolados da sociedade, não costumam fazer uso de álcool e de bebidas alcoólicas.

¹Entidade Social de São Paulo sem fins lucrativos, fundada em 1995 por empresários, profissionais liberais e alguns fiéis da própria Paróquia.

²Outsiders

traduzido para o Português significa “estranhos”, que segundo dicionário online de português significa: um adjetivo substantivo masculino, que ou o que é de fora, que ou o que é estrangeiro. Disponível: https://www.dicio.com.br/

22


Outra confusão frequente que se verifica na caracterização desse segmento populacional é referenciá-los como mendigos. Mendigos são aqueles que praticam a mendicância, que esmolam em sinaleiros, nas ruas, na porta de prédios públicos. Muitos dos sujeitos que habitam as ruas não praticam a mendicância, o que foi explicitado em um estudo realizado em Porto Alegre com sujeitos adultos em situação de rua. Mostra o estudo que, de um total de 222 moradores de rua que, na ocasião, viviam na cidade, 47,5% costumavam esmolar, 50,2% recebiam alimentos da comunidade e 47%, outros auxílios como roupa, cobertores, dinheiro – o que foi reiterado por estudo, de mesmo tipo, realizado 5 anos depois no mesmo município (REIS; PRATES; MENDES, 1995). Uma pesquisa nacional sobre população em situação de rua, realizada em cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes, pelo MDS em 2008, mostra que apenas 16% desses sujeitos pedem dinheiro para sobreviver ou praticam a mendicância, logo, é um equívoco atribuir essa prática ao conjunto da população que habita as ruas dos grandes centros urbanos. [...] (BRASIL, 2008a). Alguns

sujeitos

que

utilizam

o

espaço

da

rua

como

sobrevivência, seja para a prática de mendicância, seja para a realização de trabalhos geralmente precários, como cuidar de carros ou fazer outros biscates, retornam para suas casas no final do dia e, portanto, não se caracterizam como alguém que habita as ruas (PRATES, PRATES, MACHADO, 2011). O trabalho, na expressão de um dos entrevistados que vive em situação de rua, é visto como “[...] a primeira porta que se abre” (BRASIL, 2008, p. 18) e que oferece oportunidades para suprir necessidades como alimentos, banho, pousada. Destacam, contudo, que as atividades dirigidas para a capacitação dos sujeitos que antecedem esses processos são de fundamental importância, pois incidem sobre sua autoestima recuperando sua dignidade perdida. Acreditar em si próprios e que é possível ressignificar³ trajetórias é o primeiro passo para que possam progressivamente superar o processo de rualização, afirmam os sujeitos (BRASIL, 2008). ³Segundo Dicionário Online de Português ressignificar

é um verbo transitivo direto que tem como significado atribuir um novo significado; dar um sentido diferente a alguma coisa. Disponível: https://www.dicio.com.br/

23


Bulla, Mendes e Prates (2004) ressaltam, utilizando a fala de um morador de rua entrevistado, a importância do emprego e sua vinculação com as demais expectativas desses sujeitos: Eu quero ter uma oportunidade de ter um emprego, moradia e ter minha família em paz e se tiver ao meu alcance ajudar meus irmãozinhos que estão na rua: [...] A única coisa, o meu sonho, é um trabalho e um teto para minha família, eu e minha mulher, quero ter a minha sobrevivência, eu prometo: se eu tiver um lar para ficar e um trabalho eu prometo, eu largo das drogas, eu largo da bebida (BULLA; MENDES; PRATES, 2004).

Ainda que uma diversidade de estudos realizados no Brasil sobre pessoas em situação de rua mostre que não só o desemprego tem sido fator determinante para a condição de rualização, a falta de emprego supera todos outros fatores que levam esses sujeitos a habitar na rua. Ao expressarem a representação que fazem do lugar que os referencia, trazem suas histórias de vida marcadas por perdas diversas, da casa, do emprego, da família, da autoestima, por culpas e uso abusivo de álcool, aspectos comuns amplamente confirmados por estudos realizados com moradores de rua, em âmbito mundial e em grandes metrópoles brasileiras (VIEIRA, 1992). Verifica-se, em suas expressões, o que se pode chamar de auto exclusão, ou seja, o não reconhecimento de si próprios como sujeitos de direitos, como parte integrante da sociedade – inferência realizada a partir da expressão de um dos entrevistados: [...] eu era, antigamente, da sociedade [...] (FARIAS, 2007). Essas palavras refletem a internalização, por parte dos sujeitos moradores de rua, de uma imagem desqualificada, reiterada pelo estigma com que são tratados pela sociedade, o que os leva, em algumas situações, a isolamentos quase absolutos, conforme destaca Paugam (1999). Morar na rua implica ter aí o seu habitat, o que promove uma reutilização dos espaços públicos, conferindo-lhes novos significados. Passa a se realizar no domínio da rua, o que habitualmente faz parte do domínio da casa. Isto pode explicar a natureza repressiva da intervenção que o Estado historicamente tem realizado junto a população de rua (VIEIRA, BEZERRA, ROSA, 1992, p. 131).

24


Segundo Alderon Pereira da Costa (2009), foi possível reconhecer duas realidades através de pesquisas bibliográfica, aparentemente antagônicas: uma considerada o “fim da linha” e outra em que se apresentam possibilidades de saídas das ruas. [...] algumas pessoas que já não conseguem mais sair da rua e que têm a rua como modo de vida, isto é, única alternativa de vida, seja por ineficiência das políticas públicas, ou pela própria situação de rua. De forma geral, o indivíduo vai sofrendo um processo de depauperamento físico e mental em função de má alimentação, precárias condições de higiene e pelo o uso constante de álcool (VIEIRA, BEZERRA, ROSA 1992, p. 137).

Vale destacar que não só a comunidade em geral, mas também o Poder Público e pessoas capacitadas que podem trazer uma melhoria para essas pessoas que habitam nas ruas, segundo a percepção da mesma, evidenciam a falta de integração, ações e atenções superficiais, que não investem no fortalecimento e independência de tal população, o que demanda o reconhecimento da complexidade do problema. E por estarem vivendo em circunstância precária que os tornam pessoas em situação de rua.

2.2

índices e perfis

Os principais índices dessa população são dados coletados pelo 1º Censo e Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua em parceria com a UNESCO no ano de 2007 a 2008 (tabela 01). O levantamento de dados abrangeu aproximadamente 32 mil moradores de rua em 71 cidades, sendo que 23 delas eram capitais (excetuadas aquelas em que já haviam ocorrido estudos semelhantes – São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife) e 48 cidades com mais de 300 mil habitantes (QUIROGA, 2010). Apesar de significativo, esse resultado não deve ser tomado como o total de pessoas em situação de rua no país, já que não abrangeu todos os municípios brasileiros. O estudo realizado mostra a predominância masculina nos processos de rualização. Contudo, alguns estudos recentes referem 25


que o número de mulheres vem crescendo e, quando se encontram em situação de rualização, a vulnerabilidade a que estão sujeitas é ainda maior por sua condição de gênero (BRASIL, 2008). A pesquisa indica que 74% dos entrevistados sabem ler e escrever, 15,1% não tem esse domínio. Os dados constam também que 48,4% não concluíram o primeiro grau, 17,8% não responderam o seu nível de escolaridade e 3,2% concluíram o segundo grau (BRASIL, 2008). [Tab. 01] Situações variável de pessoas em situação de rua no Brasil.

VARIÁVEL Gênero

Escolaridade

Ganho mensal

Preferência para dormir

Não dormir na rua

Não dormir em albergue

Motivos para ida à rua

OPÇÕES Masculino Feminino Nunca estudou 1º grau incompleto 1º grau completo 2º grau incompleto 2º grau completo Superior incompleto Superior completo Não informado

% 82,0 18,0 15,1 48,4 10,3 3,8 3,2 0,7 0,7 17,8

Até R$20,00 R$20,00 até R$40,00 R$40,00 até R$80,00 R$80,00 até R$120,00 R$120,00 Não sabe Não respondeu Rua Albergue Não sabe/não respondeu Violência Desconforto Aspectos climáticos Dificuldade para higiene pessoal Ação Policial Falta de liberdade Horários Proibição de uso de álcool ou drogas Dificuldade em conseguir vagas Maus tratos/violência Banho obrigatório Alcoolismo/drogas Desemprego

17,5 16,4 18,7 7,7 7,4 12,1 20,2 46,5 43,8 9,7 69,3 45,2 38,2 22,5 14,6 44,3 27,1 21,4 20,7 19,0 3,7 35,5 29,8 29,1 20,4 16,1 7,7 7,6

Problemas com pai/mãe/irmãos Perda de moradia Separação/decepção amorosa Ameaça/violência Preferência/opção própria

Fonte: 1º Censo e Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, 2008.

26


Nota-se que mesmo recebendo algum valor mensal, as situações dessas pessoas ainda se mantem difícil e isso acaba tornando cada vez mais precária. Existe uma semelhança de quantidades de pessoas que preferem dormir na rua e dormir em albergues, o fato é que parte desses indivíduos procuram lugares seguros para dormir, porém, acabam não sendo bem recebidos nos centros de acolhimento ou albergues e por não serem bem tratados acabam preferindo as ruas para descanso noturno. Um estudo realizado por Bulla, Mendes e Prates (2004) em albergue municipal para atendimento a moradores de rua mostra que os albergados reivindicavam maior tempo de permanência tanto nos albergues quanto nos abrigos e a ampliação do número de vagas nos mesmos. Segundo as autoras, os usuários sugeriram uma maior articulação entre os albergues para que houvesse diferentes horários para a entrada nas instituições de albergagem, para que no caso de superlotação pudessem dispor de outra alternativa. Sugeriram também que houvesse mais espaços de escuta, de valorização e de proximidade dos profissionais das instituições com os usuários. Os principais motivos pelos quais essas pessoas passaram a viver e morar na rua se referem aos problemas de alcoolismo e/ou drogas (35,5%), isso mostra o quão essas pessoas não tem um apoio dos familiares ou não procuram ajuda em locais especializados para tratamento de dependes químicos, e mesmo existindo esses locais (BRASIL, 2008). O segundo fator importante que levam essas pessoas a ocupar as ruas consisti na falta de emprego (29,8%), a carência do dinheiro faz com que não consiga pagar o aluguel e não conseguindo manter as despesas do mês. As desavenças (29,1%) com familiares (pai, mãe, irmãos e outros) consisti no terceiro maior fator para essas pessoas estarem nas ruas (BRASIL, 2008). Segundo Abreu (1999, p. 203), a ideia de perda do trabalho é relacionada à perda de identidade, perda de condições de vida e de autoestima: “[...] não ter trabalho é estar pesado, morto”. A porcentagem de ida as ruas podem ser maiores por conta das drogas 27


e alcoolismo, porém, a falta de emprego acaba ser tornando bem mais relevante nessa situação.

A oportunidade de trabalhar é associada à possibilidade de novas perspectivas de vida, melhora da autoimagem, possibilidade de inserção e pertencimento. É [...] possibilidade de ‘estar bonito e ser admirado’, ‘trabalho é coisa linda, é tudo, é vida’, ‘trabalho é essencial ao homem, para sentir-se bem em qualquer lugar’, ‘trabalho é independência, é ter direitos é andar arrumado’, ‘trabalho é entrar na sociedade, é não ser marginal’ (ABREU et al., 1999, p. 203).

Segundo

Natalino

(2016),

[...]

variáveis

de

crescimento

demográfico, centralidade e dinamismo urbano, vulnerabilidade social e serviços voltados à população de rua, bem como o número de pessoas em situação de rua cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadastro Único. Estima-se que existiam, em 2015, 101.854 pessoas em situação de rua no Brasil. Apesar desses dados estabelecerem um diagnóstico da realidade da população em situação de rua em muitos municípios brasileiros, é importante considerar que o período apurado pode não mais retratar a realidade atual, por ser dados levantados há tempos atrás. Para atender a esta demanda, segundo Natalino (2016), o MDS optou por adotar como estratégia a compilação dos conhecimentos municipais disponíveis no âmbito das secretarias de assistência social e congêneres. Por meio do Censo Suas – que é um instrumento eletrônico nacional de captação anual de informações institucionais de secretarias e conselhos estaduais e municipais de assistência social, bem como de equipamentos públicos, tais como os: • Cras - Centros de Referência da Assistência Social; • Creas - Centros de Referência Especializado de Assistência Social; • Centros POP - Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua.

28


São coletados dados sobre se o município possui ou conhece o número de pessoas em situação de rua no seu território, em caso afirmativo, o número de moradores nesta situação, e a forma como essa informação foi levantada (NATALINO, 2016). Desse total 101.854 pessoas em situação de rua no Brasil, estima-se que dois quintos (40,1%) habitem municípios com mais de 900 mil habitantes e mais de três quartos (77,02%) habitem municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes. Por sua vez, estima-se que nos 3.919 municípios com até 10 mil habitantes habitem 6.757 pessoas em situação de rua, (6,63% do total). Ou seja, a população em situação de rua se concentra fortemente em municípios maiores (NATALINO, 2016, p. 25).

A distribuição

regional,

por sua

vez,

é vigorosamente

influenciada pela presença de grandes municípios. Sobressai-se a

região Sudeste, que abriga as três maiores regiões metropolitanas do país e 48,89% da população em situação de rua. Por sua vez, na região Norte, habitam apenas 4,32% da população nacional em situação de rua. [...]. Recomenda-se que a contagem da população de rua seja incorporada ao Censo Populacional de 2020 para suprir esta carência e que, até esta data, o Governo Federal incentive as gestões municipais a conhecerem melhor sua população em situação de rua (NATALINO, 2016). É de extrema importância incluir tal população no Censo

Populacional, podendo coletar dados e através disso evidenciar Políticas Públicas que venha trazer soluções que possa amenizar que essas pessoas entre em estado de situação de rua. Através de locais, que ofereça apoio e todo serviço que essas pessoas necessitem. E partir do momento que se dá visibilidade a esses sujeitos, acolhendoos, se tem o dever de encontrar respostas para tais problemas e construir soluções abrindo caminhos e alternativas através do acolhimento fazendo que essas pessoas retornem novamente para a sociedade.

29


2.3

políticas públicas

As Políticas Públicas estão diretamente associadas ao Estado e, contudo, há outros atores que agem na construção delas, tanto de cunho privado como público (GIANEZINI, BARRETO, LAUXEN, BARBOSA, VIEIRA, 2008). Segundo o Manual de Política Pública (2008), a mesma necessita desenvolver uma série de ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como saúde, educação e meio ambiente, para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade. As Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos

que os Governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público (LOPES; AMARAL; CALDAS; 2008). A Constituição Federal de 1988 traz consigo uma força que impulsiona as políticas publícas de assistência social, assim como a população em situação de rua ganha olhares diretos (KLAUMANN, 2014). De acordo com Brasil (2011), foi sancionada a Política Nacional de Assistência Social - PNAS em 2004, que oferece proteção à população em situação de rua. Ou seja, assegurando a cobertura a essa

população. PNAS tem como objetivo nortear as ações do governo, definindo estratégias, diretrizes, princípios e instrumentos para gestão das atividades sociais, além de apresentar ideias para a construção e consolidação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS. Cujo modelo de gestão é descentralizado e participativo, foi criado com a finalidade de tornar a Política de Assistência Social mais eficiente, apresentando uma organização político administrativa que visa organizar as ações sociais a nível de território nacional (OGG, 2014).

As instituições públicas estatais que acolhem essa população em situação de rua são denominadas Centro de Referência da Assistência Social - CRAS, que usualmente ofertam a assistência social básica e os Centro de Referência Especializado da Assistência Social - CREAS, que prestam serviço de proteção especial de média complexidade (OGG, 2014). 30


Segundo Klaumann (2014), em 2005 o Movimento Nacional Da

População de Rua – MNPR intensificou-se, culminando no começo da formulação da Política Nacional para População em Situação de Rua, visando denunciar as situações de violência física e moral vividas pelos moradores em situação de rua no dia a dia e as operações de limpeza realizadas em diversas cidades. A Lei nº 11.258/2015, parágrafo único do art. 23 das Lei Orgânica De Assistência Social - LOAS estabelece a obrigatoriedade de criação de programas direcionados à população em situação de rua em situação de rua, no âmbito da organização dos serviços de assistência

social, numa perspectiva de ação intersetorial. Essa Lei parte do princípio de que deverão ser criados nos serviços sociais, programas destinados especialmente às pessoas em situação de rua. Em 2009, de acordo com Klaumann (2014), ocorreu o II Encontro Nacional sobre População de Rua em Situação de Rua. Também a Resolução CNAS nº 109, de 11 de novembro, de 2009 – Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. E o Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009 – instituiu a Política Nacional para a População em Situação de Rua e o seu Comitê Intersetorial de

Acompanhamento e Monitoramento. E nos últimos anos foram surgindo atos administrativo especial (tabela 02). [Tab. 02] Avanços de Políticas Publicas. Ano

Legislação

Acontecimentos Prioriza entre os candidatos pessoas que se encontrem em Situação de Rua e recebam acompanhamento sócio

2010

Portaria n°. 414

assistencial do DF, Estados e Municípios, bem como de instituições privadas sem fins lucrativos, que trabalhem em

parceria com o Poder Público. Dispõe sobre o cofinanciamento federal dos serviços 2010

Portaria n° 843

socioassistenciais ofertados pelos CREAS e pelos Centros Pop e dá outras providências. Dispensa População em Situação de Rua e ciganos nômades

2011

Portaria n° 940

da

apresentação

de comprovante

de endereço

para

cadastramento no Sistema Único de Saúde.

2012

Portaria n° 139

Dispõe sobre parmametros para o cofinanciamento federal para oferta de serviços socioassistenciais pelo Centro POP.

Fonte: Alexandre da Rocha Klaumann, 2014.

31


Nota-se que os avanços nas políticas públicas para pessoas em

situação de rua são muitos recentes, desde a Constituição de 1988 esse grupo era invisível aos olhos do Estado e sofriam por essa falta de apoio através de leis e decretos. Atualmente essas políticas tem evoluído e oferecido progressos importantes, mesmo que ainda muito tímidas. Mesmo após anos de luta, a significativa evolução das formulações de políticas públicas, conquistados pelos moradores, ainda existem muitos problemas sociais e falta de estrutura adequada para o auxílio a essa população, necessitando ainda de atenção dos

diferentes campos governamentais para que essa realidade mude. Vivendo em estado de vulnerabilidade, agravada pela ausência de uma política pública adequada em relação à vida deste grupo humano: sem moradia, cuidados de saúde, trabalho, espaços públicos de acolhimento, onde possam tomar um banho e lavar suas roupas; sem formação, acesso aos benefícios sociais e um tratamento específico para os dependentes químicos. A ausência de uma política pública adequada, expressa a indiferença com esses sujeitos.

32


3

PRESIDENTE P R U D E N T E, SÃOPAULO O município de Presidente Prudente

-SP,

possui

aproximadamente habitantes

223.749

(IBGE,

2016).

Considerada uma cidade de porte médio, enfrenta problemas sociais com o atendimento à população em situação de rua e, de acordo com um levantamento feito pela Secretária de Assistência Social – SAS (2016), a referida cidade possui cerca de 140 indivíduos em situação de rua, sabendo que 50%

já recebeu ajuda e se encontra em tratamento programa

dentro social

de

algum

local

(SAAB;

ALBANO; BORGES, 2017).


de acolhimento em 3.1 Instituições Presidente Prudente, SP Segundo José (2007), em Presidente Prudente – SP em 2007,

foram inauguradas quatros “casas abrigo” para moradores de rua (figura 01). Localizadas na Rua Napoleão Antunes Ribeiro Homem, 481, Jardim Marupiara. Essas casas abrigam pessoas que vivem na rua ou na casa de passagem do município. Tais pessoas dependentes de bebida alcóolica e drogas são assistidas pelo Centro de Referência Migrante e População de Rua - CRMPR, na recuperação da dependência química com o acompanhamento de assistentes sociais. São quatro residências com sala, quarto, refeitório e banheiro que foram construídos pela Secretaria Municipal de Assistência Social – SAS. Figura 01: Casa abrigo.

Fonte: Marcos Sanches, 2007.

Presidente Prudente – SP conta também com o atendimento do Centro de Referência da População Migrante de Rua, que é realizado durante todo o ano. O órgão é mantido pela Secretaria Municipal de Assistência Social – SAS, conhecido como antiga Casa de Passagem e realiza o acolhimento das pessoas que buscam abrigo para pernoite; são atendidos moradores de rua e pessoas que estão de passagem pela cidade e não possuem familiares ou condições de pagar hospedagem (CAMPOS, 2012).

Em uma conversa informal com a coordenadora Campos (2012), o Centro de Referência da População Migrante de Rua oferece 33 camas, com quatro refeições por dia (café da manhã, almoço, café da tarde e jantar), vestuário, acomodação para pernoite, passagem para o 34


destino de origem, além de assistência social para localizar famílias, ou caso tenha direito aos benefícios sociais ou de transferência de renda. Mesmo existindo duas instituições na cidade de Presidente Prudente – SP, que apoiam os moradores em situação de rua, elas não contêm estrutura necessária para atendê-los. Mesmo tendo o suporte

das políticas públicas e da Secretaria Municipal de Assistência Social SAS, elas enfrentam problemas com a falta de recursos para atender essa população de forma adequada. Os serviços acabam sendo improvisados e não tendo soluções suficientes e essa falta de recursos e infraestrutura, incentiva o presente trabalho, desenvolvendo ideias e possíveis soluções para a construção de um espaço adequado para atender as necessidades dessas pessoas. A maioria dos abrigos no Brasil tem péssimas condições, e em Presidente Prudente – SP a realidade não é diferente, parte das pessoas

em situação de rua reclamam por não terem apoio e cuidados suficientes. A grande dificuldade desses abrigos é que maioria são estruturados para acolhimento temporário, porém, a maior parte dessas pessoas precisam não apenas de um lar temporário, mas sim, de um lar que tenha estrutura que possa lidar qualquer tipo de situação que o sujeito se encontra.

de permanência de pessoas 3.2 Locais em situação de rua em Presidente Prudente, SP

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS (2006), pessoas em situação de rua se caracterizam por utilizar espaços públicos: praças, jardins, canteiros, marquises, viadutos e de áreas degradadas (prédios abandonados, ruínas,

carcaças de veículos) como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente. Através de levantamentos in loco, conversas informais e estudo de campo (figura 02), foram levantados pontos de concentração de pessoas que habitam as ruas na cidade de Presidente Prudente – SP e nota-se que é constante a presença desses indivíduos em espaços marcados por altos fluxos de pessoas e veículos, ocupando esses 35


lugares na intenção de conseguir ajuda ou até mesmo doações. Figura 02: Morador de rua na Praça da Bandeira em Presidente Prudente.

Fonte: Da autora, 2018.

É visível que a maior parte dessas pessoas se concentram na área central da cidade de Presidente Prudente – SP (figura 03), lugares esses que se tornam permanentes para essas pessoas pelo fato de

estar próximo a comércios e restaurantes ou lanchonetes, tendo a possibilidade de se alimentar e conseguir algum tipo de ajuda. Figura 03: Pontos de concentração de pessoas em situação de rua na cidade de Presidente Prudente.

Parque do Povo

Praça dos Pioneiros

Praça da Bandeira

Parque de Uso Múltiplo

Viaduto Comendador Tannel Abbud

Projeto

Praça 9 de Julho

Praça Igreja Nossa Senhora Aparecida

Quadrilátero central

500 m

Fonte: Da autora, 2019.

Após

levantamentos

e

análises

desses

pontos

de

concentrações, o local de inserção do projeto de um lar de acolhimento temporário para as pessoas em situação de rua será implantado adjacente a eles. 36


3.3

Análise urbana do entorno do lote de inserção projetual

Analisar o entorno do lote de inserção projetual possibilitará uma melhor compreensão acerca do ambiente urbano: zoneamento, acessos e fluxo das vias, equipamentos urbanos, malha viária e topografia. O entendimento dessas análises tende a justificar a implantação do lar de acolhimento temporário para pessoas em situação de rua nesse espaço urbano. Tratando-se de uma malha urbana extensa com raio de 200 metros escolhido para a análise foi definido através da importância aonde o lote está inserido, defronte a antiga Estação Ferroviária e adjacente ao centro da cidade de Presidente Prudente – SP, situado na Vila Marcondes que surgiu junto a fundação da cidade (figura 04). Com a continua observação e análise do entorno, é de entendimento que o lote de inserção projetual está em uma área favorecida, sabendo que está inserido na área central da cidade, contendo todas as linhas de transporte público (regional e municipal) passando pelas avenidas principais Washington Luiz, Av. Brasil. Av. Cel. José Soares Marcondes e Av. Manoel Goulart.

zoneamento O lote de inserção projetual segundo mapa de

Figura 04: Raio de análise do lote de inserção projetual.

zoneamento de Presidente Prudente – SP (2019), é do tipo ZCS1, permitindo os usos de residências unifamiliares e multifamiliares horizontal ou

vertical,

serviços tolerados comercio

comércios

vicinal, os e

e usos

e são de

serviço

especifico de indústria não poluitiva.

5

Terreno

Av. Brasil

Estação Ferroviária

Av. Washington Luiz

0

25 10

75 50

100 m

Fonte: Da autora, 2019.

37


Os índices urbanísticos exige um tamanho mínimo do lote de 500m² com frente mínima do lote 15m² (normal) e 19m² (esquina). Taxa de ocupação máxima é 80%. Recuo frontal mínimo 0m a 4m (se for exclusivamente residencial tem que ser 4m). Área mínima do terreno por unidade habitacional é 10 m². Taxa de permeabilidade é de 0% a 10%

(se for exclusivamente residencial tem que ser 10%) e com altura do gabarito livre.

acessos O acesso principal para o lote de inserção projetual se da pela Avenida Washington Luiz e a Avenida Brasil (Figura 05), duas avenidas cujo fluxo de veículos e pessoas é grande na maior parte do dia, elas fazem ligações a maioria dos bairros da cidade de Presidente Prudente – SP. Figura 05: Acessos ao lote do de inserção projetual.

Terreno Concentração de pessoas Av. Brasil Av. Washington Luiz

Rua Barão Do Rio Branco Rua Srg. Firmino Leão Rua Quintino Bacaiúva Rua Dib Buchaala Rua Mal. Floriano Peixoto

Fonte: Da autora, 2019.

Localizado na esquina entre as ruas Mal. Floriano Peixoto e Dib Buchala na Vila Marcondes (figura 03), o lote de inserção projetual está situado adjacente ao quadrilátero central e defronte à antiga Estação Ferroviária, onde existe uma concentração de pessoas em situação de rua que ocupam o lugar como permanência e moradia. 38


O Lote de inserção projetual tem acesso direto através das Rua Barão do Rio Branco com via de duplo sentido de direção, Srg. Firmino Leão, Quintino Bocaíuva e Dib Buchala com vias de sentido único de direção. A malha viária traz uma hierarquia de vias, fluxos e direção (figura 06), as ruas mais largas coincidem com os eixos comerciais, onde há maior fluxo de pessoas e veículos. Enquanto as ruas com

perfil mais residenciais, portam ruas de largura inferior. Nota-se que existe um eixo entre as quadras aonde está localizado a antiga Estação Ferroviária, e adjacente as quadras segue um padrão quadriculado. Figura 06: Malha viária das vias.

5

25

0 10

Terreno

75 50

100 m

Estação Ferroviária

Fonte: Da autora, 2019.

Sobre os espaços construídos (figura 07) a área possui uma intensa malha construída, porém, por conta da Linha Férrea que está no eixo das quadras trazendo um vazio entre essa malha fechada de construções, lembrando que segundo a Lei n° 6.766, de 19 de dezembro de 1979 no capítulo II art. 4º nas ferrovias é a reserva de uma faixa nãoedificável de 15 metros de cada lado. Figura 07: Figura fundo.

5

25

0 10

Terreno

Estação Ferroviária

75 50

100 m

Linha Férrea

Fonte: Da autora, 2019.

39


equipamentos urbanos Sabendo que a área de inserção projetual está localizada na extensão central da cidade, adjacente a área do lote, apenas na Avenida Brasil tem pontos de transporte público. Nota-se que existe diversidade de equipamentos urbanos (figura 08), como espaços públicos por meio da Praça da Bandeira e Praça Igreja Nossa Senhora Aparecida. Existe também o Coletivo Galpão da lua e o Centro Cultural

Matarazzo, ambos de aspecto cultural. Figura 08: Levantamento de equipamentos urbanos.

Terreno

Praça Nossa Senhora Aparecida

Praça da Bandeira

Centro Cultural Matarazzo

5 0

25 10

75 50

100 m

Fonte: Da autora, 2019 .

uso e ocupação do solo e gabarito de altura Por estar em uma área central os usos dos lotes são bem variados, ou seja, ao fundo do lote de inserção projetual se concentra uma área mais residencial, e a frente do lote, sabendo que é o centro da cidade de Presidente Prudente – SP, se concentra mais comércios e prestações de serviços. Um total de 230 lotes foram analisados (figura 09), identifica-se 111 lotes com uso residencial, 56 lotes com uso comercial, um total de 50 lotes que realizam prestações de serviços, 7 lotes institucionais e 6 lotes

vazios.

Pode-se

concluir

o

caráter

predominantemente

residencial sendo ao fundo do terreno e a frente se concentra o uso comercial e serviço. 40


Figura 09: Levantamento de uso e ocupação do solo.

Institucional Comercial Serviço Residencial Terreno Praça

5 0

25

75

10

50

100 m

Fonte: Da autora, 2019.

É importante destacar que na maior parte do dia a área analisada está em constante movimentação, com fluxos de pessoas e veículos, sabendo que o local é centro da cidade, e trazendo não só os trabalhadores, mas também, trazendo pessoas de várias cidades que estão no entorno de Presidente Prudente – SP, ressaltando que a mesma da suporte de comercio e serviços para toda essa região. Figura 10: Levantamento de gabarito de altura.

1 pavimento 2 pavimentos 3 ou mais pavimentos Terreno

5

Fonte: Da autora, 2019. .

0

25 10

75 50

100 m

Sobre o gabarito de altura observa-se que a maioria dos lotes foram edificados em apenas um ou dois pavimentos, adjacentes a área do lote, já mais ao centro da cidade edifícios se intercalam com outros de 2, 3 ou até 20 andares (figura 10). 41


arborização Compreende-se que o entorno do lote de inserção projetual tem uma carência de arborização (figura 11), existe uma concentração de vegetação na Praça da Bandeira e na Rua Mal. Floriano Peixoto onde está localizado o lote que será implantado o projeto. Existe áreas vazias com apenas vegetação forrageira (grama) onde se encontra a antiga Linha Férrea. Figura 11: Levantamento Arborização existente.

5 0

Terreno

25 10

75 50

100 m

Rua Mal. Floriano Peixota

Praça da Bandeira

Fonte: Da autora, 2019.

E por não ser utilizadas árvores adequadas para calçadas as suas raízes acabam destruindo o passeio e perdendo a acessibilidade e mobilidade.

ventilação e insolação Figura 12: Ventilação e insolação.

A sensação de vento

Por do sol

em um determinado local é altamente

dependente

da

topografia,

e

de

o

lote

inserção projetual se localiza em um ponto alto da cidade de Presidente Prudente - SP, sabendo que velocidade e a direção dos ventos na cidade são

predominantes

de

sudeste a noroeste (figura 12).

Terreno

Direção do vento

Fonte: Da autora, 2019.

5 0

25 10

75 50

100 m

Nascer do sol

42


Figura 13: Sklyne ventilação e insolação.

Sem escala

Corte aa

Fonte: Da autora, 2019.

Dentre os elementos climáticos, a temperatura se destaca, e as características da cidade, como o uso e a ocupação do solo, a permeabilidade, topografia e os materiais construtivos, promovem o aumento da temperatura do ar. Na insolação do terreno o sol nasce ao fundo do terreno e se põe a oeste, na fachada (figura 13).

topografia Em relação a topografia, o lote de inserção projetual está inserido na curva de nível mais alta em relação ao seu entorno (figura 14). A partir do lote, nas suas laterais, as curvas tem uma declividade que estão de 5 metros em 5 metros. Figura 14: Topografia e lote de inserção projetual.

Terreno 5 0

25 10

75 50

100 m

Fonte: Da autora, 2019.

O terreno tem uma forma irregular de 1600 metros quadrados,

e acessos por duas ruas por ser um lote de esquina, e com uma topografia plana. o estudo do pré-projeto não terá problemas com movimentações de terra, isso facilitará na execução projetual.

43


4

REFERÊNCIAS PROJETUAIS Visando

investigar

as

arquiteturas concebidas para este

programa que tem como publico as pessoas em situação de rua e, para auxiliar no desenvolvimento do

anteprojeto

acolhimento Presidente

do

lar

temporário Prudente

de em SP,

selecionam-se três edificações com

proposito

de

auxiliar

e

abrigar essa população. Sendo

Stepping

Stones

Centro

de

em

Londres,

assistência

a

desabrigados “The Bridge” em Dallas no Texas e Oficina Boracea no Brasil em São Paulo. Em cada um dos projetos, os

aspectos

considerados

de

maior relevância para o estudo foram as análises de partidos, plantas

baixa,

programas

de

necessidades

e

soluções

apresentadas

pelos

arquitetos

servirão de base para elaboração da

proposta

arquitetônico.

do

anteprojeto


4.1

Stepping Stones - King's Cross, Londres O concurso lançado pelo New Horizon Youth Centre e pelo

gabinete do prefeito de Londres para a reinvenção e reabilitação da desativada estação de York Road do metro de Londres foi ganho pelo escritório de arquitetura Morris + Company como moradia para os desabrigados da cidade de Londres (WALSH, 2019).

ficha técnica Localizado em King's Cross, Londres, Reino Unido, o projeto ganhou um nome de Stepping Stones (pisar pedras). A proposta é uma intervenção na antiga Estação de metrô inaugurada no ano 1906 e foi fechada em 1932, agora o concurso propõe um novo uso que é um albergue para pessoas em situação de rua e espaço de co-working. O Escritório Morris + Company que nasceu em 2018 e é uma evolução da Duggan Morris Architects, o mesmo espírito criativo, desenvolvido ao longo de doze anos como Dugaan Morris, é o alicerce de nossa prática renovada, mas nossa remontagem trouxe um campo de visão mais amplo e uma maneira mais colegiada de trabalhar (WALSH, 2019).

situação urbana O

Stepping

Stones

reaproveita

a

antiga

estação

do

metropolitano londrino como albergue para os sem-abrigo e também como espaço de trabalho flexível ‘co-working’. Inaugurado em 1906 a estação de York Road integrava o percurso original de Great Northern, Piccadilly e Brompton Railway (GNP & BR), com pecursor da atual linha Piccadilly, a quarta mais movimentada na rede do metrô londrino. Os níveis de tráfego nunca foram altos, e a estação fechou em 1932, no mesmo dia em que a extensão norte da Linha Piccadilly de Finsbury Park para Arnos Grove se abriu (NASCIMENTO, 2019). Um fator importante é que a antiga estação de metrô está localizada dentro de uma malha urbana onde se tem no seu entorno um contexto de muitas oportunidades, adjacente está concretado centro de educação, igrejas, entretenimentos, comércios, empresas, fabricas e uma área residencial. 45


A proposta de intervenção é acessada através da Avenida

principal York Way e as ruas adjacentes Randell’s St, Bingfield St e Outram Pl. Também com acessos de entrada para o edifício como: acesso principal, acesso secundário e acesso de carga e descarga. Por ser uma pré-existência de décadas e ter sido restaurada, trazendo um novo uso para esse espaço, os acessos foram modificados e adequados para melhor circulação (figura 15). Figura 15: Mapa de implantação da Stepping Stones.

5

Stepping Stones 0

25 10

75 50

100 m

Fonte: Mapas e informações geográficas. Editado pelo autor, 2019.

O entorno é predominantemente uma área comercial e serviço

e traz também centro de educação, igrejas e entretenimentos com parques e praças. E o gabarito de altura varia entre 2 pavimentos de edifícios com pequenas empresas e 15 pavimentos com edifícios administrativos e residenciais. Com o passar dos anos a tipologias de construções no local foram se alterando e tornando a pré-existência cada vez mais imponente no que diz respeito ao seu valor histórico, porque em relação a escala urbana o edifício acaba ficando sem destaque por conta dos edifícios verticais que estão no seu entrono

(figura 16)

(WALSH, 2019).

46


Figura 16: Relação do edifício com o entorno.

Fonte: Archdaily por Niall Patrick Walsh, escritório Morris + Company. Editado pelo autor, 2019.

situação formal Com a proposta da restauração da antiga estação de metrô, o projeto propõe um anexo com 3 pavimentos (figura 17) utilizando uma materialidade diferente da de origem, entretanto, a intervenção e ampliação da edificação foi feita de uma maneira que não perdesse a originalidade do local e sua história, e trazendo um novo uso com novos espaços com jardins e sacadas. Figura 17: Proposta da restauração da antiga estação de metrô.

Fonte: Archdaily por Niall Patrick Walsh, escritório Morris + Company.

configuração espacial O programa de necessidades foi organizado de uma forma que atendesse as necessidades das pessoas em situação de rua, trazendo em seu primeiro pavimento lojas e um espaço de co-working (figura 18) e esse espaço co-working tem como função dar empregos as pessoas em situação de rua que irão residir no centro de acolhimento. Foram também adicionados dois espaços verdes, um na entrada principal de acesso ao público e outro ao fundo sendo privativo. 47


Figura 18: Planta baixa do térreo.

AA

LEGENDA: 01 - A rua interna 02 - entrada do abrigo 03 - loja de caridade 04 - Recepção 05 -Trabalho 06 - Reunião rentável 07 - loja de bicicletas

08 - sala de tv 09 - suíte operativa 10 - lavanderia 11 - escritório / reunião 12 - Jardim Secreto 13 - Jardim externo 14 - Parque de skate

5 0 m

25 10

75 50

100

Fonte: Archdaily por Niall Patrick Walsh, escritório Morris + Company.

O primeiro pavimento foi adaptado no espaço que já existia da

antiga estação de metro e foram inseridos escadas e elevadores que resolvem a acessibilidade e a circulação vertical (figura 19) que dá acesso aos outros pavimentos. Figura 19: Corte destacando a circulação vertical.

Circulação vertical

Corte AA

Fonte: Archdaily por Niall Patrick Walsh, escritório Morris + Company. Editado pelo autor, 2019.

48


No pavimento tipo (figura 20) foi pensado em ambientes que atendesse pessoas que chegam em primeiro instante no centro de acolhimento, com várias camas no mesmo espaço (01), porém, elas ficam elevados pra cada pessoa ter sua privacidade (unidade de curta duração). O ambiente também tem uma sala de convívio e banheiros.

Unidade de curta duração: Cama para pessoas

que

chegam

no

centro

acolhimento, com um espaço de 7m².

A partir do momento que a pessoa já esta estabilizada no local, ela passa residir em outro ambiente que fica no mesmo pavimento, com uma área mais privativa (dormitório individual), com cama e banheiro (unidade intermediaria). Unidade

intermediária:

Ambiente

privativo, um espaço que contém 11,5m², com cama, sala e uma mesa de trabalho. Figura 20: Planta baixa tipo.

LEGENDA: 01 - abrigo de curta duração 02 - Convivência 5 0

25 10

75 50

100 m

Fonte: Archdaily por Niall Patrick Walsh, escritório Morris + Company.

49


O ultimo pavimento (figura 21) foi pensado em espaços para pessoas que já estão empregados e residindo no centro de acolhimento. Ambiente com dormitório, cozinha e sala de estar, com direito a uma bela vista da cidade através de sacadas (unidade de convívio).

Unidade de convívio: quando a pessoa já está empregado e tem esse local como endereço fixo, e esse espaço contém 21m².

Cada uma dessas unidades é projetada de forma modular

usando materiais de madeira leve, permitindo facilidade de construção, manutenção, substituição e acabamento de materiais naturais. São módulos que podem ser alterados e montados da maneira que atenda a necessidade de cada um. Figura 21: Planta baixa do pavimento superior.

LEGENDA: 01 - Living 02 - Convivência

Fonte: Archdaily por Niall Patrick Walsh, escritório Morris + Company.

50


Uma planta baixa assimétrica, com seus ambientes adaptados por ser uma pré-existência. A circulação se define entre o público e privado (figura 22) de uma forma simples e pratica. Com acessos e circulação vertical acessíveis através de elevadores e escadas. Figura 22: Setorização de publico e privado.

Planta baixa térreo

Planta baixa tipo Publico

Privado

Planta baixa superior

Jardins

Fonte: Archdaily por Niall Patrick Walsh, escritório Morris + Company. Editado pelo autor, 2019.

síntese e conclusão Sabendo que esse é um projeto de intervenção, de uma forma simples o programa de necessidades e setorização foram bem resolvidos, dando uso ao um local que estava abandonado, seus ambientes adaptados ao local foram bem resolvidos, e atendendo todo norma de acessibilidade e o mais importante, dando visibilidade e oportunidades para que pessoas que vivem nas ruas possam novamente se sentir parte da sociedade. O projeto não só acolhe pessoas em situação de rua como também da oportunidade de emprego, e tem como principal objetivo dar abrigo de etapas que esses indivíduos têm acesso. Para concluir, essa referência foi utilizada por trazer uma proposta de intervenção dando um novo uso para um local abandono e por estar localizado no centro da cidade. Propondo também um espaço de co-working e lojas, proporcionando que as pessoas em situação de rua tenha

oportunidade de emprego,

e também

espaços de

acolhimento, para que tais pessoas possam se restabelecer e ser enseirada novamente na sociedade.

51


4.2

Centro de assistência a desabrigados “The Bridge”, Dallas, Texas

Segundo Shibley (2011), o Centro de Assistência a Desabrigados “The Bridge” (a ponte) tem como objetivo implementar uma estratégia para eliminar doenças crônicas, fornecendo "habitação em primeiro lugar" e dando oportunidades de emprego as pessoas em situação de rua. Uma instalação de abrigo de uma forma que não isole tais pessoas, mas conectando-as a espaços verde e instalações públicas, bem como abrigo e serviços de forma segura, atenciosa e respeitosa.

ficha técnica Localizado no centro de Dallas, Texas – EUA, o Centro de Assistência a Desabrigados não é mais considerado apenas o porta-

estandarte do centro de desalojados nos Estados Unidos, mas agora é o modelo mundial para design de centros sem lar, já que ganhou o prêmio de Melhor Entrada Arquitetônica. Concurso Internacional de Homelessness Rebranding, organizado pela Fundação de Liderança Tshwane da África do Sul (ARCHDAILY, 2011). Projetada pela Overland Partners Architects, sediada em San Antonio, e pela CamargoCopeland Architects, LLP, com sede em Dallas, a instalação foi exposta no Better World Village em Pretoria, África do Sul, um festival de um mês com o objetivo de promover preocupações

sociais globais (ARCHDAILY, 2011). Concluída em maio de 2008 e situada no distrito central de negócios de Dallas, a The Bridge oferece um amplo expecto de cuidados, oferecendo abrigo diurno e noturno, habitação de transição para a cidade população de rua. Uma instalação de serviço que fornece cuidados de saúde coordenados, como: serviços de saúde mental e abuso de substâncias, emprego, lavanderia, biblioteca e acesso ao computador, e três refeições diárias para os necessitados (SHIBLEY, 2011).

situação urbana O The Bridge está localizado no bairro Warehouse District a três quarteirões da Câmara Municipal de Dallas, onde muitas das pessoas 52


em situação de rua se concentrava. O complexo ocupa uma quadra inteira, situado adjacente a vários pontos importantes da cidade. Um quarteirão da St. Louis Street para o sudeste foi desocupado para acomodar parte do complexo, mas a direita foi deixada de modo que não impedisse o uso da via pública no futuro (SHIBLEY, 2011).

O conjunto de seis edifícios é geralmente mais denso em direção ao norte e leste minimizando o impacto sobre o bairro e deixando espaço para expansão. As fachadas dos edifícios estão direcionadas para a calçada, criando uma margem urbana clara. O bairro é dominado por estacionamentos e ruas conectando destinos do centro com a rodovia interestadual (SHIBLEY, 2011). Os patrocinadores do projeto enfatizaram a importância da proximidade do local com a Prefeitura e o centro de Dallas. Lugares públicos são acessíveis a partir das instalações, mas o núcleo do

distrito de escritórios no centro da cidade é cinco a dez quarteirões de distância. No geral, a The Bridge não é muito visível para o público à luz do dia, embora o "farol" seja visível da prefeitura à noite (SHIBLEY, 2011). A localização da The Bridge parece expressar uma ambivalência pública em relação as pessoas em situação de rua, porém, mantendo eles um pouco fora de vista e garantindo que eles sejam conectados a uma rede de espaços públicos, instalações de transporte, caminhos de pedestres, e comodidades como a planejada “Emerald Colar ”dos

parques do centro da cidade (SHIBLEY, 2011). Segundo Shibley (2011), a grande apreensão sobre o impacto da implantação do projeto no bairro, é irônico que a instalação é sem dúvida o melhor edifício do local. Enquanto alguns interesses comerciais temiam que construí-lo lá podia amortecer o mercado de trabalho para o desenvolvimento adicional de habitação no centro da cidade, a abertura e operação da instalação parece ter teve o efeito oposto. As vias de acesso é através das Avenidas Cadiz St e S Harwood

St, e as ruas S Ervay St, Corsicana St, South St. Paul Street, Park Ave e St Louis St. Os acessos para o complexo foram projetadas de uma maneira que separasse por necessidades, os usuários de drogas 53


entraram pelo Sul, uma entrada para residentes de longo prazo e uma entrada principal no lado norte do complexo para os hóspedes que chegam pela primeira vez. Esse fluxo foi pensado em resposta às exigências de que a entrada principal fosse localizada longe de uma escola próxima (figura 23). Os edifícios do complexo são construídos para a calçada, se relacionando com os edifícios vizinhos, e também tendo a interação com o exterior. Figura 23: Mapa de implantação da The Bridge.

The Bridge

Fonte: Mapas e informações geográficas. Editado pelo autor, 11-03-2019.

situação formal O entorno do complexo é predominante uma área comercial e serviço, e também grandes edifícios residenciais. E o gabarito de altura nas proximidades do The Bridge varia entre 1 a 4 pavimentos e mais ao norte entre 15 a 20 pavimentos com edifícios administrativos e residenciais (figura 24). De acordo com Shibley (2011), o complexo The Bridge foi projetado por uma equipe de arquitetos que prontamente reconheceu que nunca antes tinha feito um edifício como um abrigo, mas como essa instalação era de emergência, fizeram o projeto. O resultado foi um conjunto de edifícios que parece ter sido bem aceito pelos hóspedes e funcionários que utilizam o espaço, apreciado pela comunidade em geral e tem sido amplamente reconhecida por meio de vários prêmios de arquitetura. 54


Figura 24: Relação do edifício com o entorno.

Fonte: Mapas e informações geograficas. Editado pelo autor, 11-03-2019.

Vale ressaltar que o conceito de campus, o uso de ar, luz e vidro, design urbano e sustentabilidade, tudo isso foi trabalhado de forma que respeitasse as pessoas que utilizariam o espaço.

configuração espacial Os arquitetos procuraram um complexo que evitasse o caráter tipicamente institucional, projetando uma imagem que tanto a comunidade e os convidados ficariam orgulhosos de se associar. O complexo precisava ser simultaneamente aberto e protegido. A

organização dos edifícios e os pátios cria espaços nos quais a comunidade possa crescer (SHIBLEY, 2011). Segundo Shibley (2011), o complexo é organizado para atender às necessidades das pessoas em situação de rua de forma abrangente, servindo como um nó central em uma rede de serviços projetados para ajudar as pessoas a encontrar o caminho de volta ao abrigo, emprego e vida normal. Composta por seis edifícios criando um pátio central, além de atrair a comunidade do entorno, o The Bridge incorpora um prédio de

serviços de três andares, um prédio de boas-vindas, um prédio de armazenamento, o prédio do sono, estacionamento e um pavilhão ao ar livre e refeitório, que serve como um ponto focal para o pátio interno, proporcionando aos assistentes sociais a oportunidade de se conectar com as pessoas em situação de rua. Com 75.000,00 metros quadrados os seis edifícios juntos dão o suporte de cuidados no qual objetivo o edifício foi fundado, conectando curto prazo com serviços de longo prazo, e integrando abrigo, 55


alimentação,

cuidados pessoais,

cuidados de saúde,

habitação

transitória e assistência na procura de emprego e habitação permanente.

Shibley (2011) afirma que o modelo (figura 25) desse tipo de prestação de serviços é tão complexo e as necessidades dessas pessoas são tão diversos, que a programação necessária para começar do zero a partir com da compreensão dos múltiplos caminhos que tais pessoas podem percorrer pelas instalações e serviços, bem como as necessidades específicas das pessoas que vivem em situação de rua, por exemplo, a necessidade de que alguns preferem dormir fora, ao ar livre. Figura 25: Planta de implantação do The Brigde.

1

2

6 7

3

5

4

Fonte: SHIBLEY, Robert, 2011.

1. O edifício de boas-vindas fica ao lado da entrada principal (figura 26). Local onde as pessoas passam por processo de triagem. No seu programa de necessidade comtempla: área de recepção, escritórios de casos, cuidado pessoal, biblioteca, serviços femininos, jardim secreto e também banheiros e área de serviço. 56


2. O Edifício de Armazenamento oferece espaço para os convidados guardar suas coisas e canis para cães. 3. O edifício do sono é um local reutilizado de forma adaptativa, fornecendo abrigo para pessoas que dormem em esteiras. As portas são deixadas abertas para

residentes que se sentem mais confortáveis dormindo ao ar livre. 4. Banheiros

e

chuveiros

ao

ar

livre

oferecendo

a

oportunidade para todas as pessoas. 5. O edifício de refeições e cozinha ocupa uma localização central, fornecendo três refeições por dia. 6. O Edifício de Serviços contém no primeiro pavimento: formação (sala de aula, treinamento e aconselhamento), entrada, saúde mental e física; segundo pavimento espaço

para serviços de apoio: assistência jurídica, colocação de emprego, dormitórios masculino e feminino, e no terceiro pavimento para residentes de longo prazo. 7. Os pátios centrais são uma parte crucial do complexo. Um deles ao ar livre para a sala de jantar, o outro é para os residentes. E o "jardim secreto" é reservado para crianças menores de dezoito anos. Figura 26: Fachada do The Brigde.

Fonte: SHIBLEY, Robert, 2011.

57


Como podemos notar o programa de necessidades e o

fluxograma é bem complexo, porém, foi pensado de uma maneira que atendesse todas as necessidades tanto das pessoas em situação de rua quanto da comunidade do entorno, lembrando que o complexo esta setorizado na área central de Dallas.

síntese e conclusão O complexo com uma organização bem resolvida tem o compromisso de habitação em primeiro lugar. Também a abordagem

de habitação inicial promete não só todos os serviços que uma pessoa em situação de rua pode precisar, mas também para fornecer serviços no local mais apropriado, oferecendo uma economia de custos para o governo. É mais barato acolher alguém em um abrigo ou em uma habitação permanente de apoio do que em uma prisão ou hospital psiquiátrico. Estudar todo o complexo da The Bridge, através do programa de necessidades e setorização, entende-se que uma instalação de abrigo deve ser projetada de uma forma que não isole as pessoas em situação

e rua, mas conectando-os ao transporte, espaço de jardins, instalações públicas, cuidados, abrigo que os respeite e seja digno de habitação. Os impactos positivos causados pela instalação do complexo, não foi apenas pelas pessoas que residia o espaço, mas também, a vizinhança imediata e especialmente no centro de Dallas: • Menos emergências de saúde; • Menos desempregados; • Menos pessoas habitando nas ruas; • Habitação permanente para essas pessoas;

• Menos criminalidade na vizinhança; • Tais pessoas trabalhando para melhoria do bairro; • Aumentou a atividade no bairro; • Redução de crime no Distrito Central; • Economia pública. É nítido que a proposta e implantação desse projeto foi bem planejada e resolvida de uma maneira correta, trazendo melhorias não apenas para as pessoas em situação de rua, mas avanços para a cidade.

58


4.3

Oficina Boracea, São Paulo

O Complexo Boracea abriga sete Centros de Acolhida – CA. Existente há 12 anos, abrigando diversos grupos sociais em vulnerabilidade social. O foco deste estudo é o Centro Oficina Boracea que concentra uma série de atividades e espaços de convivência, visando restituir a dignidade das pessoas em situação de rua.

ficha técnica Segundo Quintão (2012), construído em 2003 ao invés de uma casa adaptada para servir de albergue ou abrigo, fez-se o uso de um

terreno da Prefeitura, na cidade de São Paulo, na Barra Funda. Desenvolvido pelo escritório Roberto Loeb associados SC Ltda, o projeto implantado em um terreno de 17.000 metros quadrados, ocupando a antiga oficina de transportes da Prefeitura de São Paulo e tem capacidade para acolhimento de 680 pessoas em situação de rua e funciona 24 horas por dia e todos os dias da semana. Com uma equipe de profissionais advindo das mais variadas áreas, foram feitas várias reuniões para se chegar ao Programa, e à forma de funcionamento e acolhida do local. Desde modo, não seria só

uma questão de projeto (arquitetura), mas de assistência social, saúde, zoonose para os animais de estimação, profissionais para as oficinas (como artistas plásticos), e outros (QUINTÃO, 2012). De acordo com Quintão (2012) o local em funcionamento 24 horas serviria de pernoite e atividades diurnas. As diretrizes para a População de Rua (Decreto N°.40.232,2001 - ainda em reelaboração na época do projeto) previa um máximo de 20 pessoas por quarto. Hoje, pensa-se em 4 ou 5 pessoas. De todo modo, mesmo aquela época, o máximo de pessoas sugerido era muitíssimo inferior ao que foi projeto

e hoje são 80 indivíduos por quarto. Ou seja, o poder público foi o primeiro a burlar as próprias legislações.

59


situação urbana O centro de acolhimento está situado nas proximidades da Avenida Marginal Tiete, a estação de metrô Barra Funda e o centro da cidade. Igual as duas referências citadas anteriormente o projeto Oficina Boracea também está situado na centralidade, assim como a implantação do projeto proposto nesse trabalho. O acesso principal do centro de acolhimento é feito pela Avenida Rudge e o Viaduto Eng. Orlando Murgel, e as ruas Sérgio Tomás e Norma Pieruccini GiannottI (figura 27). Vias que tem um fluxo intenso durante o dia por conta do centro da cidade. Figura 27: Mapa de implantação do Complexo Boracea.

Complexo Boracea

Fonte: Mapas e informações geográficas. Editado pelo autor, 2019.

situação formal O entorno do complexo acaba sendo misto com concentração comercial, prestações serviços e residenciais. E o gabarito de altura nas proximidades varia entre 3 a 5 pavimentos e mais ao oeste entre 15 a 20 pavimentos com edifícios administrativos e residenciais lembrando que próximo do centro da cidade (figura 28). 60


Figura 28: Relação do edifício com o entorno do Complexo Boracea.

Fonte: Mapas e informações geográficas. Editado pelo autor, 2019.

De fato não houve um planejamento para implantação do complexo nesse local, a falta de infraestrutura urbana e infraestrutura do projeto em si, faz com que gere um problema ainda maior, ao invés desse local acolher pessoas, ele acaba afastando, até mesmo nas ruas e calçadas do seu entorno existe pessoas residindo.

configuração espacial Acesso principal se da pela recepção, passando por uma triagem, dando acesso ao pátio central. No pátio tem uma capela e uma estufa comunitária com hortas, É oferecido também oficinas, com acesso a biblioteca, central de reciclagem, loja e brechó, sala de informática, local para estacionamento de carrinhos de coleta das pessoas em situação de rua, canil e atendimento para animais. Também uma área de serviços como: guarda-volumes, lavanderia,

depósitos, banheiros, cozinha industrial, restaurante. Os dormitórios são o ponto chave do projeto, um grande galpão, onde a primeira ideia era fazê-lo repleto de redes para dormir, além de dormitório para idosos e atendimento de emergência. E por fim, essa ideia acabou não funcionando, porque nesse galpão foram colocar inúmeras beliches que torna esse acolhimento precário. A principio uma planta baixa (figura 29) bem resolvida, mas não foi assim que foi executado o projeto. Hoje em dia o complexo funciona de uma forma muito diferente do proposto.

61


Figura 29: Planta baixa do The Brigde.

Planta baixa

LEGENDA: 1 – Acesso principal 2 – Recepção 3 – Praça 4 – Fogo central 5 – Capela

6 – Esportes 7 – Estufa comunitária 8 – Complexo dos carrinheiros 9 – Atendimento aos animais 10 – Taba

11 – Central de reciclagem 12 – Loja / Brechó 13 – Serviço/ lavanderia e deposito 14 – Sala de informática

15 – Posto atendimento social 16 – Posto atendimento medico 17 – Inst. de estudo sobre o fenômeno dos moradores de rua e do espaço urbano incluso e solidário

Fonte: Wagner Origines – SMADS.

síntese e conclusão Em relação a escala da cidade, não foi pensado em que outras áreas carecem deste serviço. Também não foi analisado se o local de implantação seria estratégico para o acolhimento a pessoas em situação de rua. O Projeto Oficina Boracea foi analisado tanto na forma positiva quanto negativa para o trabalho que será proposto de um lar de acolhimento temporário para pessoas em situação de rua em Presidente Prudente – SP. A equipe de profissionais trabalha o projeto em várias áreas, não só uma questão de projeto arquitetônico, mas de

assistência social, saúde, acolhimento para os animais de estimação e também profissionais que trazem oficinas e oportunidade de conhecimento para essas pessoas. Quando o arquiteto não projeta para seu cliente, efetivamente, mas para quem o contratou, o resultado pode até ser belo como é realmente o Projeto Boracea, porém, na realidade atual não é assim que ele funciona. Mas a pergunta a ser feita é se funciona para a população que efetivamente utiliza este serviço: a população em situação de rua.

Do que adianta levar as pessoas nesses lugares e mantê-las em péssimo estado, da mesma forma que vão para rua e se acomodam, ali também estarão acomodadas e não enxergarão que estão dentro de um problema ou continuam no problema.

62


5

PROPOSTA PROJETUAL


5.1

diretrizes O lar de acolhimento funcionará como uma junção dos

equipamentos de apoio existentes na cidade de Presidente Prudente – SP, enfatizando que projeto será implantado no bairro Vila Marcondes, onde existe vários serviços de apoio que ajudara no funcionamento do lar de acolhimento, desta forma o local poderá oferecer ao morador em

situação de rua tanto um espaço de acolhida, quanto um espaço de acompanhamento social. De fato, há um número considerável de moradores de rua com um perfil específico, são cidadãos que possuem curta ou mesmo nenhuma experiência de vida nas ruas, com pouca instrução e baixa qualificação, desempregados, impossibilitados de arcar com os custos de locação e manutenção de um imóvel e sem parentes próximos a quem possam se socorrer. Com

isso

será

disponibilizado

oficinas

de

capacitação

profissional, desenvolvendo ações de geração de renda através da horta que será proposto no projeto, também apoio e desenvolvimento social com o objetivo de possibilitar a saída das ruas por meio da qualificação dos usuários que buscam uma reintegração no mercado de trabalho e contribua para o processo de autonomia e inserção social. Sabendo que parte das pessoas que moram nas ruas vive em situação precária com a falta de alimentação e higienização, para solucionar esse fator, o lar propõem um refeitório para alimentações,

lavagens de roupas e banhos diários. Entre esses serviços que serão oferecidos para tais pessoas, respeitando as necessidades individuais de cada morador, conservando sua identidade e história pessoal, o espaço foi pensado de forma flexível de maneira a atender diferentes grupos em situação de rua, onde eles não se sintam confinados em um espaço totalmente fechado, gerando assim um sentimento de pertencimento maior ao espaço proposto do que a própria rua. O lar terá possibilidade de acolher até 50 pessoas, sendo, 30

homens, 15 mulheres e 5 casais, segundo a demanda da cidade de Presidente Prudente – SP, e para se ter acesso ao acolhimento a

64


pessoa deverá passar por triagem, um processo pelo qual determina a prioridade do tratamento das pessoas com base no seu estado, onde

receberá acompanhamento de assistente social. A organização se dará por forma participativa dos acolhidos a fim de garantir que o usuário possa sentir-se responsável por tarefas do cotidiano. Neste sentido as equipes através de diálogos, podem estabelecer escalas semanais de organização, limpeza e manutenção dos espaços. Os usuários não serão responsáveis pela limpeza, apenas contribuirão para tal. Esses acolhidos poderão escolher uma série de ações e atuar diretamente em diferentes áreas, como educação e oficinas, também

uma horta que trará a possibilidade de usar os produtos cultivados no local para uso próprio do lar e venda em dias específicos através das feiras oferecidas na cidade, assim, podendo atingir resultados satisfatório e promovendo o bem-estar dessas pessoas. Será disponibilizado espaço para acomodação de animais de estimação em adequadas instalações e guarda de carrinhos de coleta de material reciclável. Para a elaboração do programa foram pensadas algumas diretrizes com possibilidades diferenciadas de acolhida em horário

diurno e noturno. O horário de entrada será as 06:00 horas até 20:00 horas e a partir do momento que os acolhidos chegam no local passam pela triagem podendo assim ter acesso ao cronograma e terá um prazo máximo de permanência de até 3 meses com acompanhamento de assistente social. Oficinas, atividades e eventos de convívio que possibilitem uma reinserção social, promovendo a convivência com outros grupos da sociedade rompendo com a discriminação e exclusão social e com espaço de convivência que ofereça atividades de cultura e lazer para

promover a socialização entre essa população com o objetivo de reintegração social por meio da criação de vínculos familiares e com a comunidade. Como foi discutido no capitulo 01, a grande dificuldade dos abrigos é a falta estrutura que possa lidar com qualquer tipo de situação que o sujeito se encontra. Por esse fator, haverá equipes do 65


serviço de abordagem social que irão abordar pessoas em situação de

rua na tentativa de encaminha-las para o atendimento desses serviços oferecidos pelo lar de acolhimento, auxiliando na recuperação de drogadição e alcoolismo e falta de emprego. Com um espaço destinado a alimentação, a cozinha e refeitório comunitário, possibilitando a preparação e distribuição de alimentos, que são feitas nas ruas ou praças por organizações sociais e, os mesmo que irão utilizar este espaço para dar continuidade a essas ações voluntarias. Funcionará também lavanderia semanalmente com acesso a 10

maquinas de lavar e estendal e, horários disponíveis diariamente para higiene pessoal (banho). Para ter acesso as esses serviços os indivíduos deverão estar cadastrados na entrada do local, assim, não haverá conflitos futuramente. O lar de acolhimento terá parcerias com o Poder Público para que políticas públicas possam ser aplicadas de forma mais eficaz, a fim de possibilitar a reintegração dos acolhidos na sociedade. Com objeto principal de criar um abrigo que venha acolher e dar suporte com alimentação, higiene e saúde, capacitação profissional, rede de

estímulo à geração de renda e atividades de lazer e cultura. Será realizado parceiras com instituições de ensino por meio dos serviços de estagiários (estudantes de cursos específicos: arquitetura e urbanismo, serviço social, psicologia) entre outros que possa colaborar de alguma forma. Parcerias também com coletivos e grupos religiosas, que fazem trabalhos voluntários semanalmente. A proposta é fazer com que esse local de acolhimento se torne um ponto de encontro e de suporte para que essas pessoas trabalharem a favor de uma melhoria de vida a esses sujeitos.

Outra parceira poderá ser formada com a Companhia Prudentina de Desenvolvimento – PRUDENCO, uma vez que há muitas pessoas em situação de rua que tiram sustento de coleta de material reciclável. Haverá orientação na obtenção de documentos através de parceira com o Poupa Tempo⁴ e encaminhamento profissional e pessoal, com serviço de inclusão social visando a reinserção no 66


mercado

de

trabalho,

disponibilizando

cursos

profissionalizantes, oferecendo oficinas de capacitação e qualificação. Desde o inicio, pretendeu-se criar um programa que contemplaria, além de abrigo, uma série de outras atividades que ajudariam aos usuários. E para atender todo o programa de necessidades a implantação do abrigo atenderá a algumas diretrizes segundo a legislação vigente de Presidente Prudente SP. Identificando-se que o local escolhido está inserido na Zona ZCS1 – Zona de Comércio e serviço central, de ocupação vertical, sabendo que a edificação poderá ocupar o terreno até 80%, podendo respeitar ou não um recuo frontal de 0 a 4 metros linear e contendo obrigatoriamente 10% de permeabilidade, com um gabarito de altura livre, sem restrições.

O lar de acolhimento conta com uma metragem de 1.569,57m², podendo atender até 50 pessoas, entre elas que pernoitam, utilizam os banheiros, a lavanderia, se alimentam ou realizam outras atividades, uma horta e um espaço aberto de socialização na entrada do terreno que integra o edifício com a linha férrea situada defronte ao terreno é um dos principais

pontos de concentração de pessoas em situação de rua e também o centro da cidade (figura 30). [Fig. 30] Raio de análise do lote de inserção projetual. centro

linha férrea

convivência

Fonte: da autora, 2019.

⁴O Programa Poupatempo foi implantado para facilitar o acesso do cidadão às informações e serviços públicos. O programa reúne em um único local órgãos e empresas prestadoras de serviços de natureza pública, realizando atendimento sem discriminação ou privilégios com eficiência e cortesia. Disponível: https://www.poupatempo.sp.gov.br/

67


conceito e partido O conceito e o partido se deu através dos estudos das referencias projetuais estudas anteriormente e na realidade que se tem hoje em relação a situação das pessoas que utilizam as ruas como moradia. Cada uma

das referencias estudadas trabalham a

espacialidade de formas diferentes, porém, trazem a mesma função em seus ambientes. A referencia The Bridge trabalha a liberdade dentro do edifício, seus materiais translúcidos e ao mesmo tempo preservadores, sua flexibilidade e espaços abertos de convivência como o pátio central, são atributos que procurou-se seguir ao projetar o lar de acolhimento. A partir da ideia de reinserir o lote na cidade, sabendo que o mesmo está abandonado por fatores históricos, e dando uma nova visibilidade para esse local inserindo ele socialmente no centro da cidade de Presidente Prudente – SP, fazendo com que ele tenha um uso que seja destinado a pessoas carentes que vivem nas ruas principalmente ao derredor desse terreno. O publico alvo para o lar de acolhimento é formado por pessoas que necessitam de atenção e uma nova perspectiva de vida, com isso, o conceito baseia-se na reinserção desses sujeitos em situação de rua na sociedade, fazendo a integração dessas pessoas em um espaço com uma função social, pensando principalmente em formas que esse projeto abrace a cidade, como exemplo trazendo a ideia do pátio central, espaço de socialização, convivência, e que possibilita essa reinserção (figura 31). [Fig. 31] Croqui esquemático do espaço de convivência e a horta.

Fonte: Da autora, 2019.

68


Assim, foi elaborado estratégias e propostas de intervenção que estejam de acordo com o perfil de cada morador de rua, adotado como partido o espaço de convivência (figura 32) e a horta (figura 33) como área principal de encontro e socialização. O pátio externo é visto logo ao entrar no lar de acolhimento,

pensado para ser um dos principais ambientes externo e é evidenciado por todos os ambientes interno do edifício através da fachada envidraçada e as janelas e portas ampla. [Fig. 32] Perspectiva do espaço de convivência do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

Esse ambiente aberto é ideal para permanência e lazer, além de oferecer a possibilidade para uso de atividades que pode ser oferecidas por grupos/coletivos, profissionais ou voluntários. [Fig. 33] Perspectiva da horta do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

69


fluxograma/setorização A principio o fluxograma se define por conta dos acessos, a entrada principal se da pela área central do terreno através da rua Mal. Floriano Peixoto chegando direto a recepção. A entrada secundaria está próximo a esquina com a rua Dib. Buchala aonde as pessoas terão acesso a área de canil e deposito de carrinhos de coleta (figura 34).

[Fig. 34] Croqui esquemático fluxograma.

Rua Mal. Floriano Peixoto acesso secundário

acesso principal

embarque e desembarque

serviço carrinhos canil

Recepção

acolhimento b.w.c fem/mas dormitórios

atendimento/ administração recepção triagem segurança assistente social psicólogo administração coordenação copa w.c vestiário doações

apoio diário b.w.c fem/mas Lavanderia Dml Cozinha deposito da cozinha

ensino sala de aula ateliê b.w.c convivência

Fonte: da autora, 2019.

70


Com o fluxograma resolvido de forma que a edificação fosse disposta de maneira a ajudar o conforto térmico, em especial o pavimento de acolhimento destinado apenas para os dormitórios. Todos os setores se conecta através de corredores com acessos através de escada e elevador, trazendo integrações e ao mesmo

tempo privacidade para os ambientes. A disposição dos ambientes fez que o edifício criasse uma área de convívio como se abraçasse o centro da cidade que situa a frente do terreno. Desta forma, considerando os acessos e o programa de necessidades, o edifício foi divido em vários setores com três pavimentos, com áreas que buscará atender as necessidades locais. Assim, se compõem através do setor de atendimento e administração, apoio diário, serviço, acolhimento, ensino e um espaço aberto que contemplará toda a área de convivência e socialização (figura 35). [Fig. 35] Croqui esquemático de setorização e acessos. ensino: área destina a estudos e oficinas de qualificação profissional.

acolhimento: setor destinado apenas para dormitórios e banheiros para pessoas que irão dormir no local. atendimento/administração: bloco principal com acesso a triagem e toda a área de administração e controle. apoio diário: bloco com acesso diário através dos banheiros, lavanderia e cozinha.

serviço: bloco distinto destinado ao acolhimento de animais e deposito de carrinhos de coleta.

Fonte: da autora, 2019.

acesso principal

acesso secundário

71


programa de necessidades O programa de necessidades foi elaborado através das necessidades dos usuários e dos mobiliários que compõem cada ambiente (tabela 03), a fim de atender as demandas existentes. Os fluxos, a divisão dos ambientes, o conforto dos usuários, além de propor espaços adequados para a execução de atividades que

auxiliarão no desenvolvimento de habilidades geradoras de renda. O programa foi elaborado da seguinte forma:

ensino

Acolhim.

serviço

apoio diário

atendimento/administração

[Tab. 03] Programa de necessidades e pré-dimensionamento. recepção

27,30 m²

triagem

42,81 m²

segurança

9,62 m²

assistente social/psicólogo

12,08 m²

administração

12,08 m²

coordenação

11,38 m²

copa

11,38 m²

w.c masculino / w.c feminino / vestiário

16,34 m²

doações

20,66 m²

bwc masculino / bwc feminino

65,70 m²

lavanderia

22,80 m²

dml

4,00 m²

cozinha

30,68 m²

deposito

14,97 m²

serviço

9,08 m²

refeitório

92,77 m²

dep. carrinhos

43,01 m²

canil

53,18 m²

horta

108,80 m²

dormitório masculino / feminino

415,56 m²

bwc feminino / bwc masculino

65,70 m²

dormitório aberto

59,25 m²

sala de aula

33,30 m²

ateliê

87,75 m²

bwc feminino / bwc masculino

39,80 m²

sacada

51,88 m²

Fonte: da autora, 2019.

72


acessos A entrada do edifício se deu através da Rua Mal. Floriano Peixoto por ser de fácil acesso do centro da cidade e a Vila Marcondes onde está implantado o mesmo. Dessa maneira a implantação se deu por conta dos acessos tendo como entrada principal para pessoas e um acesso secundário

para caminhões de carga e descarga (figura 37). [Fig. 37] Perspectiva da fachada do lar de acolhimento proposto

Fonte: da autora, 2019.

Considerando o formato irregular do lote e uma topografia regular e com intuito de concentrar as atividades existentes que cumpra as funções de abrigo para a população em situação de rua, a implantação é composta por um edifício com três pavimentos, adequando-se assim ao gabarito do seu entorno imediato (figura 38). [Fig. 38] Croqui esquemático do gabarito de altura do entorno imediato.

rua mal. floriano peixoto

Fonte: da autora, 2019.

acesso principal

acesso secundário

73


RUA PARANÁ

RUA DIB BUCHADA

460

RUA MAL. FLORIANO PEIXOTO

460

1

IMPLANTAÇÃO 1 : 500

LAR DE ACOLHIMENTO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE -SP

DISCENTE: TAUANA CAROLINE M. S. ROCIUTTI ORIENTADORA: PROF. MESTRE YEDA RUIZ MARIA

74


pavimento térreo O projeto é espacialmente generoso, garantindo um equilíbrio entre a conexão com seu entorno e a privacidade. Com o acesso principal pela Rua Mal. Floriano Peixoto (figura 39), o pavimento térreo foi projetado para atender o publico externo através da recepção e triagem (figura 40). [Fig. 39] Perspectiva do acesso principal do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

Logo após a recepção e triagem está localizado a área de apoio psicológico para os sujeitos que irão utilizar dos benefícios do lar de

acolhimento. No mesmo setor fica todo apoio para funcionários com a administração, copa, banheiros e vestiário com armários, e também um depósito para recebimento de doações. [Fig. 40] Perspectiva da recepção do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

75


No setor de apoio diário tem os banheiros masculino e feminino contendo bacias e chuveiros, onde as pessoas poderão utilizar diariamente mesmo não pernoitando no lar. As divisórias dos chuveiros são compostas por perfis estruturais de alumínio anodizado e chapas de TS Estrutural, o

revestimento da parede é um azulejo versos wh lux: formato de fabricação 82,4X257,5X7,4mm com junta de assentamento 2mm, esses acabamentos será utilizado nos banheiros dos 3 pavimentos (figura 41). [Fig. 41] Perspectiva do banheiro do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

O pavimento térreo conta também com o refeitório e cozinha que além de ser usado em refeições diárias poderá ser aberto em horários alternativos, assim, foi pensando em entradas independentes do acesso principal, o refeitório com a permeabilidade visual aberto ao exterior e que proporcionam uma mistura entre os usuários e a cidade (figura 42). [Fig. 42] Perspectiva do refeitório do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

76


A cozinha segue toda norma de vigilância sanitária utilizando todo seu mobiliário de aço inoxidável e com revestimento de parede o azulejo versos wh lux: formato de fabricação 82,4X257,5X7,4mm com junta de assentamento 2mm (figura 43). O estoque dos alimentos ficará no depósito tento acesso pela cozinha com as estantes que ajudam a

manter o material devidamente organizado e separado, sabendo que a cozinha tem tanto um acesso interno quanto um acesso externo para entrada de carga e descarga, funcionários ou voluntários, e também é utilizado para o descarte de lixos. [Fig. 43] Perspectiva da cozinha do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

A permeabilidade visual do refeitório faz uma integração com o espaço externo feito através de uma fachada envidraçada com brises de madeira (figura 44). [Fig. 44] Perspectiva do refeitório do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

77


B 85

B

25,09 2,00 30 15

2,51

15

15

2,51

15 90 5 90 5 90 5 90 5

4,60

15 2,65

P4

A:28,89 m² P.D: 4,0m

A:35,68 m² P.D: 4,0m

15 10 15

2,50

P4

+0,00

15

P4

4,68

P4 BWC FEM.

COORD.

A:22,71 m²

2,60

15

P9

P.D: 4,0m +0,00

15

6,49

15

COZINHA A:32,34 m² P.D: 4,0m

A:20,63 m²

2,17

A:8,85 m²

+0,00

+0,00

9,30

J5

6,35

15

2,50

15

8,80

15

P.D: 4,0m

15

1,41

3 1,17 10

2

3

4

+0,00

20

6,35

8

C

A:65,18 m²

PASSEIO i: 3%

10

REFEITÓRIO A:91,22 m² P.D: 4,00

10

8,05

6,15

5,92 8,90

13

15,68

15

2,60

13 10

PROJEÇÃO DO PRIMEIRO PAVIMENTO

7

CANIL/DEPÓSITO DE CARRINHOS DE COLETA

+0,00

20

6

4,20

PROJEÇÃO DO PERGOLADO

2,09

5

1,75

10

RUA MAL. FLORIANO PEIXOTO

J1

4,05

SERVIÇO

+0,00

P.D: 4,0m

15

15

2,50

P5

15

4,00

6,35

P8

DEPÓSITO DE DOAÇÕES

15

J5

3,25

1

TABELA DE PORTAS TIPO

LARGURA

ALTURA

QUANT.

MODELO

P1 P2 P4 P5 P6 P7 P8

6,00 2,50 0,80 0,90 0,90 1,80 2,50

2,70 2,10 2,00 2,10 2,10 2,10 2,15

1 2 37 14 8 2 2

CORRER 4 FOLHAS EM VIDRO CORRER 3 FOLHAS EM VIDRO ABRIR 1 FOLHA EM VENEZIANA CORRER 1 FOLHA EM MADEIRA ABRIR 1 FOLHA EM MADEIRA CORRER 1 FOLHAS VENEZIANA VIDRO E TELA CORRER 2 FOLHAS VENEZIANA VIDRO E TELA

APOIO

5,00

TABELA DE PORTAS

P.D: 2,30m -0,02

MODELO JANELA DE ALUMÍNIO E VIDRO DE CORRER JANELA DE ALUMÍNIO E VIDRO DE CORRER JANELA DE ALUMÍNIO E VIDRO DE CORRER

3,80

A:3,62 m²

A:14,97 m²

P5

BW FEM.

DEPÓSITO

2,70

+0,00

15

1,53

15

15

A:4,01 m²

P7

1,88

P6

2,00 15

15

15

J7 P4 DML

2,60

+0,00

TIPO LARGURA ALTURA PEITORIL QUANT. J6 3,65 0,80 2,20 1 J7 2,15 0,80 5 J9 3,00 1,50 1,40 4 Total geral: 26

8,25 3 1,00 3 1,00 3 1,00 3 1,00 3 1,00 3 1,00 3 1,00 3 1,00 3

8,00 10

P.D: 4,0m

P10

A:24,34 m²

+0,00

CASA DE GÁS

P.D: 4,0m

7,93 J5

1,10 15

LAVAGEM DE ROUPAS

J7

+0,00

TABELA DE JANELAS

15

15

15,70 A:38,73 m²

P.D: 4,0m

1,65

2,61

P9 J3

3,50

+0,00

15

15

J1

15

+0,00

2,69

15

A:3,62 m²

2,50

CIRC.

+0,00

67 15

15 2,55

BW MAS.

P.D: 4,0m

15

A:8,91 m²

15 2,20 15

C

COPA

A:11,13 m²

PAREDE PARA BANCADA H: 1,00M

2,12

P.D: 4,0m

2,20

J3

3,50

ADM.

VESTIÁRIO

P6

6,35

P6

A:12,08 m² +0,00

1,65

38 1,00

P6

15

15

15

3,25

TIPO LARGURA ALTURA PEITORIL QUANT. MODELO J1 0,60 0,70 2,20 2 JANELA SIMPLES MAXIM-AR 1 PAINEL DE VIDRO J2 3,95 1,50 1,50 1 JANELA SIMPLES DE ALUMÍNIO E VIDRO J3 2,00 2,00 1,00 5 JANELA DE ALUMÍNIO E VIDRO DE CORRER J4 2,60 1,20 1,00 1 JANELA DE ALUMÍNIO E VIDRO FIXO J5 3,95 0,80 2,20 7 JANELA DE ALUMÍNIO E VIDRO DE CORRER

P7

15

3,80

2,00

P4 P4 P4 P4 15 90 5 90 5 90 5 90 5

P8

15

15

3,45

4,90

15

15

1,97

15

ESTENDAL

P11

+0,00

15

2,61

J6

+0,00

+0,00

15

3,70

P.D: 4,0m

J3

A:11,38 m²

P4

P.D: 4,0m

3,50

P.D: 4,0m

P1

A:35,35 m²

3,80

A:12,08 m²

P4

P6

TABELA DE JANELAS

1,81

P4

P5

15

15

AS. SOCIAL

A

P11

BWC MAS.

+0,00

P6 3,50

1,81

RECEPÇÃO

+0,00

J3

P4

2,15

P.D: 4,0m

P4

15

A:42,45 m²

15

1,85

P2

TRIAGEM

VIDRO

P4

P2

15

P14

3,20

6,25

15

6,85

6,85 15

2,76 2,61

ELEVADOR

+0,00

J4 2,60

15 15

J5

P.D: 4,0m

2,69

13,20

SEG.

A:9,10 m²

6,49

J5

P5

A

15

5 90 5 90 5 90 15 90 5 90 5 90 5

J3

2,21 GLAZING

1,95

J2

6,34 4,13

15

1,15 1530

15

1,40 15

3,95

2,60

P5

15 1,15

15

15

1,85

6,25

15

15

15

3,50

2,00

PASSEIO i: 3%

1,80

ACESSO SECUNDÁRIO

ACESSO PRINCIPAL

TIPO

LARGURA

ALTURA

QUANT.

MODELO

P9 P10 P11 P12 P13 P14

3,00 1,15 0,90 5,00 2,80 0,90

2,70 1,63 2,00 2,10 2,10 2,10

2 1 6 3 1 3

CORRER 4 FOLHAS EM VIDRO ABRIR 2 FOLHAS VIDRO DUPLO ABRIR 1 FOLHA EM VENEZIANA PIVOTANTE 4 FOLHO EM VIDRO PIVOTANTE 4 FOLHO EM VIDRO PIVOTANTE 2 FOLHAS EM VIDRO

RUA MAL. FLORIANO PEIXOTO

1

PLANTA BAIXA TÉRREO

B

1 : 200

LAR DE ACOLHIMENTO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE -SP

DISCENTE: TAUANA CAROLINE M. S. ROCIUTTI ORIENTADORA: PROF. MESTRE YEDA RUIZ MARIA

78


primeiro pavimento Ao projetar um lar, o espaço para a acolhida das pessoas em situação de rua tem um papel fundamental. Assim, foi criado um espaço amplo que consiste apenas com divisórias de 1,50 metros de altura feitas de Drywall. As divisórias conferem uma certa privacidade a quem dorme, o que os deixa mais confortáveis parar recobrarem sua

individualidade (figura 45). Cada cama fica num modulo com uma cadeira parar apoiar pertences ou realizar leitura, e um armário. mantendo a privacidade e ao mesmo tempo integrando o espaço, por meio da proposta de um sistema simples e contínuo, [Fig. 45] Perspectiva dos dormitórios do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

Cada dormitório tem sua própria área de descanso onde os mesmo podem interagir por meio da área livre que tem ao centro do pavimento e também uma sacada a oeste do edifício, sabendo é fachada que receberá maior incidência solar foi pensado em uma fachada tanto com ventilação quanto protegendo o insolação no período

do por do sol através de brise de madeira. 79


ÁREA EXTERNA

ÁREA EXTERNA


segundo pavimento Nesse pavimento está situado a sala de aula e ateliês (figura 46), destinados aos cursos de capacitação profissional, as salas possuem espaço adequado com mesas grandes e armários de apoio para a realização de aulas e demais atividades acadêmicas. Possuem

conforto térmico e uma boa iluminação e ventilação natural através de portas pivotantes que fazem a integração dos ateliês. [Fig. 46] Perspectiva do ateliê do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

A ideia é que eles se sintam produtivos e possam comercializar

na feira semanal por exemplo, o que produzirem, afim de retornarem ao mercado de trabalho. Foi pensado também em um espaço de contemplação e convivência, através de um terraço que fica a frente do terreno dando vista para a linha férrea e o centro da cidade (figura 47). [Fig. 47] Perspectiva do espaço externo do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

81



cobertura A cobertura comporta as caixas d'água que está no ponto mais alto da edificação e

localizada em cima dos banheiros que se concentram em um eixo único de área molhada. O telhado é composto por alturas diferentes

através

de

duas

águas

com

estrutura de madeira e vedação de telha termoacústica fabricada sob medidas, as chapas

são

galvalume,

pré-pintadas

e

proporcionam muita resistência. As calhas metálicas fazendo a captação de água pluvial

que dá apoio a horta implantado no pavimento térreo. Um pergolado de madeira ipê com vigas de 10x5cm e tem uma alta resistência a fungos

e

cupins,

também

tem

ótima

resistência para ambientes exteriores e ainda boa resistência contra o apodrecimento, com uma dureza alta e excelente densidade, e vedação de vidro que cobre o espaço aberto

no 2 pavimento, e a mesma estrutura forma a coberta do canil.



circulação Toda circulação horizontal do edifício é feita por corredores amplos tendo acesso pela circulação vertical através das escadas e elevador concentrado na área central com acesso principal da recepção se tornando o eixo norteador para todos os pavimentos e ambientes do lar.


paisagismo Com a missão de estimular a produção sustentável de

hortaliças e gerar parte da a alimentação dos usuários, próximo ao acesso principal foi inserida um espaço para horta podendo ser agregada como parte das atividades diárias, fazendo com que traga uma fonte de renda. Haverá árvores frutíferas que ajudarão tanto no consumo, quanto em conforto térmico e serão plantadas na parte da frente e lateral do terreno. A horta será cultivada pelos usuários do local e para ajudar na manutenção de irrigação vão ser instaladas sistema de capitação de água.

Na área da horta serão utilizadas tijolinhos a vista para fazer os canteiros das hortaliças e o piso congregaram e ajudará na drenagem do solo e um fácil acesso aos usuários.

amora

limão

lichia

Produz vasta frutificação e não necessita de muitos cuidados. Árvore de porte médio, até 12 metros de altura.

Pequena árvore de 6 metros de altura, suas flores perfumadas e brancas são formadas de agosto a outubro.

Planta que veio da Ásia e se adaptou bem ao clima brasileiro. Podendo chegar a 12 metros de altura, pode ser cultivada em vasos, terraços e varandas bem abertas ao sol.

Jabuticaba

carambola

Árvore de porte médio, Produz fartamente frutos muito saborosos, diversas vezes ao ano. Muito indicada para vasos, adapta se perfeitamente em quintais, bonsai e até em apartamento.

Dá frutos entre a primavera e verão e é muito indicada para pomares domésticos. Frutífera de médio porte, cresce até 8 metros.

manga rosa

A manga rosa é precoce, pois com menos de 1,5 metros de altura já produz frutos. Quando adulta chega até 10 metros de altura.


ventilação/insolação Sabendo que a fachada está voltada ao oeste em direção ao centro da cidade, recebendo o sol mas quente no período da tarde, esse fator faz com que a fachada receba aberturas através de glazing com janelas basculante e porta pivotante, juntamente com um conjunto de proteções

verticais

que

atendem

a

várias

funções,

incluindo

sombreamento, privacidade, direcionamento de vistas e composição formal, tendo assim uma fachada impermeável com brise de madeira trazendo integração do interior e exterior. Esta fachada não gera apenas uma aparência exterior atraente, mas também permite luz natural e privacidade no espaço interior. Ventilação cruzada através das aberturas, protegendo os usuários do calor, diminuindo a necessidade de ar-condicionado e tornando o edifício mais sustentável.


esquadrias As portas e janelas (figura 48) estrategicamente posicionadas capturam vistas e trazem luz, através das aberturas diferenciadas, utilizando estrutura metálica e vidro. Com objetivo de projetar uma fachada que pareça leve e transparente, um grande pano de vidro e estrutura metálica com brises de madeira fazem com que a fachada traga uma integração do interior com exterior. [Fig. 48] Perspectiva das esquadrias do lar de acolhimento proposto.

Fonte: Da autora, 2019.

pontos elétricos No projeto temos alguns tipos de iluminações. Nas áreas molhada serão utilizadas lâmpadas seladas e resistentes a vapor, sendo as lâmpadas do tipo PAR20 com grau de proteção IP65 (anti poeira, que suporta jatos de água de baixa potência) e spots direcionáveis, para evitar o aparecimento de sombras. Já na área de ensino, onde será realizado a maior parte das atividades será colocada uma iluminação mais branca, direta e objetiva. Nos

dormitórios,

que

é

um

espaço

de

relaxamento,

uma

iluminação mais aconchegante com lâmpadas de tonalidade mais

amarela posicionadas de forma a iluminar indiretamente o ambiente.

88


80

S

B

1,25

RECEPÇÃO

A:35,35 m²

1,25

2,28

2,35

2,00

2,63

2,63

2,63 2,06

2,06

2,63 2,06

2,06

C

1,10

CANIL/DEPÓSITO DE CARRINHOS DE COLETA A:65,18 m²

2,02

2,02

1,20 10,00

1,90

1,20

1,50

1,90

1,50

1,90

1,50

1,90

1,50

1,90

1,50

1,90

1,50

1,90

1,50

1,30 PROJEÇÃO DO PRIMEIRO PAVIMENTO

1,50

3,78

2,40

1,90

2,63

1,08

A:8,85 m²

2,40

1,90 2,40

1,90 2,40

2,40

1,90

2,02

2,02

2,02

2,02 1,90 2,40

1,90 2,40

1,90 2,40

1,15

2,02

2,02

PROJEÇÃO DO PERGOLADO

2,06

2,63

S

SERVIÇO

2,63

A:20,63 m²

2,06

2,63

1,23

1,25

2,06

1,35

1,08

A:32,34 m²

2,06

2,63

1,35

A:3,34 m²

A:14,97 m²

COZINHA

1,30

1,30

1,30

S

DEPÓSITO DE DOAÇÕES

Room

DEPÓSITO

S

1,23

1,35

1,08

1,40

1,40

1,40

8,95

1,35

1,23

1,23

A:4,01 m²

S 1,80

1,35

1,23

S 93 93

1,35

DML

1,23

8,80

1,08

1,08

1,30

1,27

S 2,62

1,51 2,30

1,25

2,16

2,62

1,10

2,16

1,08

2,16

S

A:3,62 m²

1,80

1,25

1,80

1,10

83 83 BW FEM.

1,10

1,28

S 2,00 1,80

1,10

1,10

S

1,45

S

2,16

2,16

1,30

LAVAGEM DE ROUPAS

1,27

2,16

1,25

1,27

1,25

1,30

1,63

1,27

1,26

CIRC.

A:38,73 m²

1,75

3,00 A:3,62 m²

1,25

1,00

1,15

1,28

1,28 1,28 1,10 1,10

83 83 BW MAS.

2,62

COPA

A:11,13 m²

1,00

1,00

A:8,91 m²

C

1,25

A:24,34 m²

ADM.

S

6,49

1,27

S

3,50

A:11,38 m²

1,63

A:12,08 m²

5,20

1,25

S

1,63

5,20

S

6,49

COORD.

CIRC.

A:19,71 m²

1,00

VESTIÁRIO

5,73

BWC FEM.

A:28,89 m²

2,62

A:12,08 m²

1,00

S1,75

3,00

AS. SOCIAL

1,15

5,66

3,67 A:35,68 m²

1,75

1,00

1,83

BWC MAS.

1,25

2,62

1,75

S

2,00

S

1,10

3,50

1,63

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

1,60

3,20

2,05

5,45

1,50

5,45

2,20

S

A:42,45 m²

1,15

6,49

5,45

1,40

2,62

1,00

3,20

1,56

1,60

1,60

2,25

2,25 1,56

TRIAGEM

3,45

5,50

5,50

S

S

S

A

2,00

1,56

3,45

70

3,32

80

A:9,10 m²

1,33

70

3,02

SEG.

1,33

Room

A:25,91 m²

3,85

1,56

3,32

1,90

1,45

2,45

2,25

1,80

2,70

3,50

3,00 1,20

80

1,20

3,02

6,49

1,60

1,20

S

1,20

3,00

A

3,00

3,00

2,60

REFEITÓRIO

1,54

1,04

1,04

1,04

A:91,22 m²

4,00

1,64 85

11,45

3,29

3,90

2,31

PONTO DE ILUMINAÇÃO - TETO

11,21

PONTO DE ILUMINAÇÃO - PISO

1,64

7,38

85

LEGENDA

7,38

S

3,78

4,23

10,00

4,18

88

TOMADA MÉDIA H = 1.05M PISO ACABADO

1,64

88

2,60

4,18

PONTO DE ILUMINAÇÃO - PAREDE TOMADA BAIXA H = 0.30M PISO ACABADO

58

58

58

TOMADA ALTA H = 2.10M PISO ACABADO TOMADA ALTA H = 2.50M P.A AR CHUVEIRO

S0

INTERRUPTOR SIMPLES H = 1.10M PISO ACABADO TOMADA NO PISO ACABADO

1

TÉRREO - ELÉTRICO 1 : 175

B LAR DE ACOLHIMENTO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE -SP

DISCENTE: TAUANA CAROLINE M. S. ROCIUTTI ORIENTADORA: PROF. MESTRE YEDA RUIZ MARIA

89


80

8

7

6

5

4

3

2

1

3,34

2,90

A:35,53 m²

S

1,60

1,83

1,20

5,45

S

BWC FEM.

DORMITÓRIO MASCULINO

5,45

6,49

5,45

3,20

S

4,65

3,00

6,49

1,60 2,95

1,60

1,60 3,20

S

2,45

1,60

2,00

3,85

5,50

BWC MAS.

3,34

5,50

3,00

3,15

80

4,35

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

S

3,00

S

3,00

S

2,15

2,15

S

2,00

S

1,00

2,00

2,00

2,00

1,00

A

3,67

90

3,00

12 11 10 9

6,49

S

S

S

2,90

S

1,80

S

3,88

S

A

2,70

1,90

2,70

90

1,80 98

24,78

B

A:198,21 m²

2,46

1,40

2,00

6,49 2,50

6,35

S

94

S

4,97

11,68

2,00

2,00

C

S

S

S

S

15,65

2,60

S

S

S

3,00

6,35

3,85

15,65 2,00

S

S

S

15,65

S

15,65

S

18,04

17,93

1,00

S

3,85

2,00

A:183,54 m²

1,40

17,93

2,00

2,46

2,15

S

2,00

S

1,00

3,00

3,00

C

2,15

2,15

S

2,00

S

1,00

2,00

2,00

2,00

1,00

2,19

DORMITÓRIO FEMININO

6,35

2,77

2,66

S

1,29

A:59,11 m²

S

3,00

4,97

DORMITÓRIO AR LIVRE

S

3,00

S

3,00

S

3,85

S

2,15

S

2,00

S

1,00

2,37

2,15 2,00

2,00 2,00

1,00

S

S

S

S

S

S S

S

S

15,65

1,93

S 2,40

15,65 94

S

2,15

98

S

S

2,00

98

98

S

1,00

2,37

S

1,40 3,99

3,00

3,00

3,00

2,46

S

2,15

S

2,00

S

1,00

S

15,65 PROJEÇÃO DO PERGOLADO

1,45 61

62

9,00

LEGENDA PONTO DE ILUMINAÇÃO - TETO PONTO DE ILUMINAÇÃO - PISO PONTO DE ILUMINAÇÃO - PAREDE TOMADA BAIXA H = 0.30M PISO ACABADO TOMADA MÉDIA H = 1.05M PISO ACABADO TOMADA ALTA H = 2.10M PISO ACABADO TOMADA ALTA H = 2.50M P.A AR CHUVEIRO

S0

INTERRUPTOR SIMPLES H = 1.10M PISO ACABADO TOMADA NO PISO ACABADO

1

1 PAVIMENTO - ELÉTRICO

B

1 : 175

LAR DE ACOLHIMENTO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE -SP

DISCENTE: TAUANA CAROLINE M. S. ROCIUTTI ORIENTADORA: PROF. MESTRE YEDA RUIZ MARIA

90


80

1,70 1,95

2,74

A

A:22,06 m²

3,80

3,35

A:21,41 m²

1,95

1,65

1,60

BW FEM. 3,50

2,74

1,80

CIRCULAÇÃO A:79,19 m²

S

5,05

A:29,25 m²

1,65

1,60

1,95

3,34

1,80

S

1,95 SALA DE AULA

3,00

BW MAS.

S

1,85

S 1,50

1,67 1,67

ELEVADOR

A:33,30 m²

1,50

1,95

TELHA FIBROCIMENTO

1,50

Incl. = 12%

S

1,95

ATÊLIE

5,40

A:29,25 m²

1,95

1,49

Incl. = 12%

1,95

1,95

TELHA FIBROCIMENTO

3,30

C

1,68

ATÊLIE

A:29,54 m²

S

1,88

1,67

1,67

1,67

1,67 1,95

3,34 sobe

1,70

ATÊLIE

1,95

3,00

2,25

S

2,25

1,60

A

2,25

1,90

2,25

1,85

80

B

C

PROJEÇÃO DO PERGOLADO

TELHA FIBROCIMENTO CONVIVÊNCIA

Incl. = 12%

A:51,88 m²

LEGENDA PONTO DE ILUMINAÇÃO - TETO PONTO DE ILUMINAÇÃO - PISO PONTO DE ILUMINAÇÃO - PAREDE TOMADA BAIXA H = 0.30M PISO ACABADO TOMADA MÉDIA H = 1.05M PISO ACABADO TOMADA ALTA H = 2.10M PISO ACABADO TOMADA ALTA H = 2.50M P.A AR CHUVEIRO

S0

INTERRUPTOR SIMPLES H = 1.10M PISO ACABADO TOMADA NO PISO ACABADO

1

2 PAVIMENTO - ELÉTRICO 1 : 200

B

LAR DE ACOLHIMENTO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE -SP

DISCENTE: TAUANA CAROLINE M. S. ROCIUTTI ORIENTADORA: PROF. MESTRE YEDA RUIZ MARIA

91


pontos hidrรกulicos Todos os banheiros dos 3 pavimentos foram concentrados em um eixo hidrรกulico, tendo assim, acesso direto a caixa d'รกgua que estรก localizada em cima desse eixo.

92


B

50

95

95

AF

AF

95

1,00

AF

AF

1,64

50 EG

AF

3,20

ELEVADOR

SEG.

A

A:9,10 m²

AF

BWC MAS.

90

A:35,68 m²

RECEPÇÃO

A:42,45 m²

AF

A:28,89 m²

AF

AF

AF

AF

3,49

65 50 90

60 60 60 60 60

TRIAGEM

A

AF

AF

AF

AF

AF

AF

EG

AF

90

AF

49

95

95

95

1,00

2,15

AF

90

BWC FEM. A:35,35 m²

85

AF

AF

A:11,38 m²

95

AF

AF

CIRC.

AF

A:38,73 m²

2,50

1,00

1,00 AF

AF

1,64

50

59 60 60 60 60

EG

AF

AF

AF

1,49

2,54

AF

60 95

A:3,62 m²

AF

AF

AF

DML

1,09

AF

A:4,01 m²

DEPÓSITO

AF

1

2

3

4

5

6

7

3,50

AF

AF

49 4,10

AF

AF

4,70

1,20

1,20

1,70

40

AF

CANIL/DEPÓSITO DE CARRINHOS DE COLETA

C

A:65,18 m²

3,20

2

A:8,85 m²

AF

AF

7,35

PASSEIO i: 3%

8,30

95 AF

95 AF

1,00 AF

1,65

50 EG

AF

1 PAVIMENTO HIDRÁULICO 1 : 200

RUA MAL. FLORIANO PEIXOTO

PROJEÇÃO DO PERGOLADO

95

AF

SERVIÇO

A:20,63 m²

AF

AF

60

AF

8

AF

3,00 A:32,34 m²

DEPÓSITO DE DOAÇÕES

AF

85

1,40

COZINHA BW FEM.

65

BW MAS. A:3,62 m² 95 60 65

AF

AF

AF

AF

AF

2,30

1,50

1,70

AF

AF

A:35,35 m²

A:14,97 m²

A:8,91 m²

AF

AF

BWC FEM. CASA DE GÁS

1,50 AF

AF

AF

59 60 60 60 60

VESTIÁRIO

C

AF

A:24,34 m²

1,00

AF

3,50

AF

LAVAGEM DE ROUPAS

AF

1,00

A:11,13 m²

AF

1,48

A:12,08 m²

COPA

95

A:35,53 m²

60 50

ADM.

95

BWC MAS.

90

50

AF

A:22,71 m²

A:12,08 m²

90 50

COORD.

ESTENDAL

AS. SOCIAL

REFEITÓRIO A:91,22 m²

APOIO

A:8,49 m²

90

AF

4,20

ÁRVORES FRUTÍFERAS

80

AF

EG

EG

2,45

PASSEIO i: 3%

64

3,50 BW MAS.

RUA MAL. FLORIANO PEIXOTO

1

EG

95

EG

95

60 60 60 60

A:22,06 m²

AF

AF

AF

AF

AF

BW FEM.

AF

AF

AF

AF

AF

A:21,41 m²

3,50

TÉRREO HIDRÁULICO

EG

95

B

65

1 : 200

2,45 EG

3 LEGENDA - HIDRÁULICA AF

Água Fria

EG

Esgoto

LAR DE ACOLHIMENTO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM PRESIDENTE PRUDENTE -SP

60 60 60 60 95 EG

95 EG

95 EG

EG

2 PAVIMENTO HIDRÁULICO 1 : 200

DISCENTE: TAUANA CAROLINE M. S. ROCIUTTI ORIENTADORA: PROF. MESTRE YEDA RUIZ MARIA

93


considerações finais Após estudos sobre pessoas em situação de rua da cidade de Presidente Prudente – SP, foi possível iniciar estudos de um projeto que atendesse ás necessidades desses indivíduos. A ideia de fornecer um abrigo, com a elaboração de um amplo programa de necessidades trazendo as soluções para problemas que tais pessoas enfrentam, e além disso, o projeto foi pensado de maneira que contribuísse positivamente para a cidade e para seu entorno. Um serviço acolhedor pode não ser suficiente para fazer um bom albergue. Mas um bom projeto influência no comportamento dos

hóspedes e isso é o que o projeto tenta criar.


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99


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