GUSTAVO ABRÃAO GUIMARÃES
INTERIOR DA BOLA DO VALE DO PARAÍBA A BRAGANÇA PAULISTA 11 CAPÍTULOS QUE AJUDAM A CONTAR A HISTÓRIA DO FUTEBOL
GUSTAVO ABRÃAO GUIMARÃES
INTERIOR DA BOLA DO VALE DO PARAÍBA A BRAGANÇA PAULISTA 11 CAPÍTULOS QUE A JUDAM A CONTAR A HISTÓRIA DO FUTEBOL
Livro apresentado para a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo como parte das exigências para a obtenção do título de Graduação em Jornalismo.
São Paulo, 5 de dezembro de 2019.
AGRADECIMENTOS Antes de mais nada, não poderia deixar de agradecer aos meus pais, Catarina e Rodrigo, por tudo que sempre fizeram por mim e pelo meu irmão, Leonardo, em especial no que se refere à educação. Nestes anos de graduação, tiveram muita paciência e apoiaram minhas decisões.
Agradeço também à Karime, minha grande companheira durante todos esses anos enquanto estudante de jornalismo. Obrigado por tudo que vivemos, espero que os bons momentos continuem perdurando. Agradeço ao meu irmão, Lelê, meu parceiro de histórias - tanto das que vivemos realmente, quanto das que acompanhamos juntos em livros e filmes.
Agradeço aos meus familiares. Ao avô Abrão, obrigado por ter despertado a paixão pelo nosso Burro da Central. Ao avô Jota Jota, obrigado por sempre incentivar minha curiosidade quanto às histórias do futebol. À avó Diva, obrigado por ser essa fortaleza de bondade e simpatia. Também preciso citar a avó Maria, de quem sinto imensas saudades diariamente. À Vi e à tia Elisa, por terem aberto a porta de suas casas para que eu pudesse morar em São Paulo. Agradeço aos grandes amigos que fiz durante a graduação, como o Leonardo ‘Piu Piu’, o Rafael ‘Lukita’, o Guilherme Sette, o Vitor ‘Sossô’, o Lucas ‘Balão’ Marques, o João Victor ‘Bodão’, o Victor ‘Vitola’ Pinheiro e o Salvador Strano, e os que permanecem desde os tempos de Dom Barreto, como o Leo Bernardes, o Thales Andrade e o Leandro Zanon, pelas boas risadas e confiança.
Agradeço ainda ao Gabriel ‘Cassião’ Pitor e ao Fernando ‘Jogos Perdidos’ Martinez, que foram essenciais em minhas pesquisas, ajudando com informações, como datas e nomes, e tirando dúvidas sobre o que aconteceu nesse nosso Interiorzão de São Paulo. Agradeço também ao meu orientador, Cristiano Burmester, pelos grandes conselhos e pelas sugestões de leitura, os quais foram extremamente importantes. Também agradeço aos demais professores que participaram desta caminhada e aos funcionários das instituições de ensino pelas quais passei.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO. . ................................................................................ 5 TAUBATÉ - CAMPEONATO AMADOR DO INTERIOR PAULISTA DE 1918. . ... 7 XV DE PIRACICABA - SEGUNDA DIVISÃO DE PROFISSIONAIS DO CAMPEONATO PAULISTA DE 1948..................................................... 19 GUARANI - CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1978.................................. 32 INTER DE LIMEIRA - CAMPEONATO PAULISTA DE 1986 . . ...................... 54 BRAGANTINO - CAMPEONATO PAULISTA DE 1990............................... 71 SÃO CAETANO - CAMPEONATO PAULISTA DE 2004............................. 86 SANTO ANDRÉ - COPA DO BRASIL DE 2004 . . ...................................... 102 PAULISTA - COPA DO BRASIL DE 2005. . ............................................ 114 ITUANO - CAMPEONATO PAULISTA DE 2014....................................... 128 BOTAFOGO - CAMPEONATO BRASILEIRO DA SÉRIE D DE 2015 . . ............. 143 BRAGANTINO - CAMPEONATO BRASILEIRO DA SÉRIE B DE 2019. . ......... 152 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. . ...................................................... 168
INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir tem a intenção de mostrar a importância do futebol no Interior de de São Paulo. No esporte bretão, aliás, pode-se considerar que essa região englobe praticamente todo o Estado, com exceção das cidades de São Paulo e Santos. Afinal, o que é conhecido como Campeonato Paulista, em seus primórdios, se limitava, em geral, à disputa de equipes destes dois municípios, enquanto o Campeonato Amador do Interior incluía os demais - inclusive do ABC Paulista.
Os dois primeiros capítulos, aliás, têm a intenção de mostrar um pouco disso. Como as equipes interioranas conseguiram galgar um espaço no cenário estadual, tendo o Campeonato Amador do Interior Paulista de 1918 e a Segunda Divisão de Profissionais do Campeonato Paulista de 1948 como pontos principais. Na terceira parte, o enfoque será dado para o título do Guarani no Campeonato Brasileiro de 1978. Até abordá-lo, será relatado como foi criada a competição e quais são os seus precursores, passando pela polêmica unificação dos títulos envolvendo a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Na sequência, serão três capítulos tratando de títulos estaduais de representantes do Interior. Primeiro, sobre a Inter de Limeira de 1986, após uma sequência de bons resultados de clubes como Ponte Preta e XV de Piracicaba. Depois, sobre o Bragantino de 1990, abordando elementos 5
de marketing esportivo. Mais adiante, como problemas de calendário possibilitaram a ascensão do São Caetano até a conquista de 2004.
A Copa do Brasil será destrinchada, já que o Santo André, em 2004, e o Paulista, em 2005, a conquistaram. Aliás, estes foram os últimos títulos do Interior em competições de elite nacional. A taça do Ramalhão também trará informações sobre como os clubes interioranos driblam e driblaram a falta de calendário.
O nono capítulo aborda o título do Ituano no Paulistão de 2014. Além de ser o último interiorano a conseguir o feito, será possível perceber como os Estaduais perderam relevância, principalmente a partir do começo da década de 1990. As últimas duas partes tratarão do Botafogo, campeão brasileiro da Série D de 2015, o único do Interior na competição, e do Bragantino, que levantou o título brasileiro da Série B de 2019. A conquista dos tricolores será abordada mostrando a construção das divisões de acesso nacionais, enquanto a dos alvinegros será contada lembrando as participações da Red Bull no esporte mundial.
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Capítulo 1
TAUBATÉ - CAMPEONATO AMADOR DO INTERIOR PAULISTA DE 1918
A BOLA ROLA INTERIOR ADENTRO 14 de abril de 1895. Foi nesta data que o futebol, oficialmente, aterrissou em terras brasileiras. Na ocasião, The São Paulo Railway Team, de empregados da ferrovia - entre eles, Charles Miller, considerado “O Pai do Futebol Brasileiro” -, venceu The Gas Works Team, de funcionários da corporação, pelo placar de 4 a 2. O duelo foi disputado na Várzea do Carmo, em São Paulo. Não tardou para que o esporte bretão se espalhasse por todo o território nacional. E um dos primeiros locais a recebê-lo foi o Interior Paulista, mais especificamente, Campinas. A cidade, que fica a menos de 100km de distância da Capital, tem a honra de ter o time de futebol mais antigo em funcionamento ininterrupto do Brasil.
Charles Miller, O Pai do Futebol Brasileiro. Foto: Reprodução
Em 11 de agosto de 1900, os patronos Capitão João Vieira da Silva, Theodor Kutter, Hermenegildo Wadt e Nicolau Burghi, alunos do Colégio Culto à Ciência, fundaram a Associação Atlética Ponte Preta, uma referência ao bairro onde a instituição escolar foi fundada. A cercania, por sua vez, tem esse nome graças à uma ponte de ma7
deira que ficava nas redondezas e, para melhorar sua conservação, havia recebido tratamento com piche.
O novo esporte continuou se espalhando interior adentro e, antes de 1910, Inter de Bebedouro, Pirassununguense, Rio Claro e Paulista, clubes que seguem existindo até hoje - o representante de Pirassununga está afastado das competições oficiais desde 2014, porém - também foram fundados.
CHEGADA EM TAUBATÉ Em Taubaté, no Vale do Paraíba, o esporte bretão também ia ganhando adeptos. Consequentemente, em 9 de abril de 1904, surgiu o pioneiro Club Sportivo Taubateense, que chegou ao fim antes de 1910.
Em 1º de julho de 1906, nasceu o Taubaté Foot-ball Club, que, em meio aos diversos clubes que pipocavam pela cidade, também foi efêmero, mas essencial para o surgimento do Sport Club Taubaté. Afinal, o atual Esporte Clube Taubaté, de 1º de novembro de 1914, foi fundado por ex-jogadores do Taubaté Foot-ball Club.
O PRIMEIRO RIVAL A estreia alviazul nos campos aconteceu já no Natal de 1914. Em casa, no Campo do Bosque, no Parque Municipal da Praça Monsenhor Silva Barros, o clube valeparaibano foi goleado por 5 a 1 para a Associação Athlética das Palmeiras, instituição que nada tem a ver com a atual Sociedade Esportiva Palmeiras.
Aliás, pelo contrário. Sócios e cartolas do clube preto e branco mais 60 ex-componentes do Club Athlético Paulistano fundaram o São Paulo Futebol Clube, em 26 de janeiro de 1930. Aquela instituição tricolor, conhecida como São Paulo da Floresta, já que mandava jogos na Chácara da Floresta um dos principais palcos do início do futebol na cidade de São Paulo, junto com o Velódromo Municipal -, chegou ao fim em 14 de maio de 1935. Ainda naquele ano, em 16 de dezembro, o São Paulo Futebol Clube foi refundado como “preservador das glórias e tradições do São Paulo Fute8
bol Clube, da Floresta”, de acordo com o estatuto são-paulino que vigorou até 1º de janeiro de 2017, quando um novo código estabeleceu que “O São Paulo Futebol Clube (foi), fundado na cidade de São Paulo em 25 de janeiro de 1930, tendo temporariamente suspendido e retomado suas atividades no ano de 1935”.
AVALIAÇÃO O placar de 5 a 1 para a AA Palmeiras sobre o Taubaté, segundo escreveu o periódico O Norte à época, “foi bem recebido (pelos donos da casa) pois se esperava pior”. A temporada de 1915 foi importante para comprovar tal afirmação: após 16 partidas, o escrete taubateano conquistou 11 vitórias e três empates, além de ter marcado 57 gols e sofrido 21.
PAULISTÃO O Campeonato Paulista é a competição futebolística mais antiga do Brasil, já que a Liga Paulista de Foot-ball (LPF), fundada em 1901 por cinco clubes paulistanos - São Paulo Athletic Club (SPAC), Sport Club Germânia (atual Pinheiros), Sport Club Internacional, Club Athletico Paulistano (CAP) e Associação Atlética Mackenzie College - organizou a primeira edição em 1902. Naquele ano, o SPAC conquistou o título.
Pôster comemorativo ao tricampeonato do SPAC em 1904 produzido pelo próprio Charles Miller. Foto: Reprodução
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O clube ligado a Charles Miller, fundado em 1888 e sediado na Rua da Consolação, em São Paulo, foi tricampeão já em 1904 e chegou ao quarto troféu em 1911. Em 1912, desistiu do futebol, alegando que um profissionalismo não-oficial já havia sido instaurado, o que feria o estatuto da instituição, o qual era favorável ao amadorismo. De qualquer forma, ao longo de mais de uma década, o SPAC jamais encarou um time do Interior. No máximo, duelou com equipes da cidade de Santos. Prova disso: o primeiro interiorano a participar do Estadual foi o Hydecroft Foot-Ball Club. A equipe jundiaiense, em 1914, esteve, apesar de ter abandonado a disputa antes do término, no torneio organizado pela LPF, a qual, desde o ano anterior, ganhara a ‘concorrência’ de outro Paulistão - este, organizado pela Associação Paulista de Sports Athléticos (APSA). Ao que consta, a LPF pretendia passar a aceitar clubes populares e/ou de colônias, como o Corinthians, enquanto Paulistano, AA Palmeiras e Mackenzie ansiavam manter o esporte voltado para a elite econômica e social. O trio, também inconformado com questões relacionadas à utilização de estádios, então, em 1913, fundou a APSA. Já em 19171, porém, incentivada pelas Associações Uruguaia e Argentina e pela prefeitura municipal de São Paulo, a Liga se fundiu à Associação, encerrando o primeiro período - no caso, entre 1913 e 1916 - de vigência de dois Paulistões ao mesmo tempo.
A VEZ DO INTERIOR Em que pese a participação nas partidas ainda ser muito restrita à elite, o futebol, como se vê, já tinha galgado espaço e garantido importância na sociedade paulista do início século XX. Daniel Araújo dos Santos (2012, p.20), em sua tese de mestrado, destacou:
Alguns historiadores como Joel Rufino, influenciados pela lógica marxista, viam
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Foi naquela temporada, aliás, que o primeiro Dérbi Paulistano aconteceu: em 6 de maio de 1917, triunfo do Pa-
lestra Itália, atual Palmeiras, sobre o Corinthians, no Parque Antarctica, por 3 a 0, todos os gols marcados por Caetano Izzo, atacante que completaria 20 anos dali cinco dias.
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na popularização do esporte uma forma de controle social. Em São Paulo, seria interessante para a burguesia a criação de uma “válvula de escape” para a crescente massa operária, naquele momento influenciada pelo anarcossindicalismo.
Atenta a essa movimentação, a ‘nova’ APSA, em 1918, criou o Campeonato Amador do Interior. Cabe destacar, porém, que torneios paralelos já existiam - a LPF, em 1916, e APSA, a partir de 1917, por exemplo, organizaram o que seria equivalente a uma segunda divisão do Paulistão, no entanto, sem os moldes atuais, com acessos e rebaixamentos bem definidos. Isso só aconteceria décadas depois.
Disposta a integrar os mais diferentes rincões do Estado de São Paulo e economizar nos gastos -, a Associação definiu que a fase preliminar do Campeonato do Interior seria disputada em zonas que faziam referências às linhas férreas, entre 23 e 30 de março de 1919, enquanto as provas finais aconteceriam na cidade de São Paulo.
Escrete taubateano campeão do Interior. Foto: Arquivo / Moacir Santos / Historiador do EC Taubaté
Na Zona Central do Brasil2, o Taubaté, que contava com Jajá, primeiro negro a vestir as cores do clube valeparaibano, goleou a Caçapavense, de Caçapava, por 9 a 1 e venceu a Sportiva, de Guaratinguetá, por W.O. O Savóia, de Votorantim (à época, um distrito de Sorocaba), também não teve maio-
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Há certas divergências com relação aos dados da competição, mas o livro ‘Os Esquecidos - Arquivos do Futebol
Paulista’, o acervo do jornal O Estado de S. Paulo e a revista O Coronel indicam os resultados citados na sequência sobre o Campeonato Amador do Interior Paulista de 1918.
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res dificuldade e derrotou Sorocabano, de Sorocaba, por 1 a 0, e XV de Piracicaba, por 2 a 1, levando a Zona Sorocabana. O Brasil, de Santos, ganhou do White Team, de Campinas, por 4 a 3 para ficar com a Zona São Paulo Railway. A Zona Paulista precisou de semifinal e final: o Paulista, de Jundiaí, anotou 2 a 0 no Corinthians, de Jundiaí, e 3 a 2 no Pirassununguense, de Piraçununga, que havia feito 1 a 0 no Rio Claro. Por fim, o Comercial, de Ribeirão Preto, se classificou diretamente como único representante da Zona Mogiana.
Pôster comemorativo ao título do Taubaté no primeiro Campeonato Amador do Interior. Foto: Arquivo / Moacir Santos / Historiador do EC Taubaté
PRIMEIRO CAMPEÃO!
Arthur Friedenreich com a camisa da Seleção Brasileira. Foto: Reprodução
Em 6 de abril, já na Capital, o Taubaté venceu o Brasil por 3 a 1 e se credenciou para a decisão, enquanto o Savóia bateu o Paulista por 2 a 1 e avançou para encarar o Comercial. Seis dias depois, o clube de Ribeirão Preto triunfou por 2 a 0 e assegurou a segunda vaga à decisão. Já na sequência, em 13 de abril, na Chácara da Floresta, os valeparaibanos chegaram ao título com nova vitória por 3 a 1 sobre os alvinegros3.
DOMÍNIO PAULISTANO Com o sucesso do Campeonato do Interior, a APSA criou a Taça Competência, que colocaria o campeão interiorano frente à frente com o vencedor da Capital. Em 17 de agosto de 1919, o Paulistano comprovou que era a
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O livro ‘Os Esquecidos - Arquivos do Futebol Paulista’ e o acervo do jornal O Estado de S. Paulo divergem com
relação aos autores dos gols. Ambos, porém, cravam que o terceiro taubateano foi de Tatu. Além disso, não há explicação para o Comercial ter eliminado um adversário a mais para chegar à decisão.
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grande equipe paulista da Era do Amadorismo: no Campo do Jardim América, em São Paulo, o time vermelho e branco goleou o Taubaté por 5 a 0.
O clube do Jardim América4 contava com Arthur Friedenreich, também conhecido com El Tigre, considerado o sucessor de Charles Miller e o antecessor de Leônidas da Silva, o Diamante Negro, como principal futebolista brasileiro. Aquele ano de 1919, aliás, representa a maior temporada de Fried. Afinal, além do tíArthur Friedenreich com tulo do Paulistão e da Taça Competência, faturou a a camisa do Paulistano. Foto: Reprodução Taça Fuchs, disputa entre as seleções de São Paulo e do Rio de Janeiro, e o Campeonato Sul-Americano de Seleções5. O Paulistano6 seguiria com o departamento de futebol ativado apenas até 8 de janeiro de 1930, quando abandonou as atividades, contrariado com a iminente profissionalização do esporte, mas levando consigo 11 títulos estaduais, feito que o coloca como quinto maior vencedor do Paulistão, atrás apenas de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. Além disso7, a sequência entre 1916 e 1919 faz com que o time vermelho e branco seja o único tetracampeão consecutivo da história paulista. “Nossa decisão é definitiva. Futebol no Paulistano é capítulo encerrado. Os jogadores poderão se inscrever em outra agremiação e continuar sócios do clubes”, declarou o então presidente do clube vermelho e branco, Antônio Prado Júnior.
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Arthur Friedenreich, entre 27 de junho de 1909 e 21 de julho de 1935, teria marcado 595 gols em 605 jogos, média
de 0,983 tento por jogo. 5
O Campeonato Sul-Americano de Seleções é a atual Copa América. Aquele título de 1919, conquistado no estádio
das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, representa o primeiro da Seleção Brasileira na competição. Arthur Friedenreich, aliás, marcou o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Uruguai, na segunda prorrogação do jogo extra da final. 6
Atualmente, mesmo sem o departamento de futebol profissional, o Paulistano segue tendo relevância esportiva,
tanto que conquistou o Novo Basquete Brasil, a elite nacional do basquete masculino, na temporada 2017/18. 7
O São Paulo leva a cor vermelha justamente por ter sido fundado por ex-membros do Paulistano, descontentes
com a descontinuidade do futebol na instituição.
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CRAQUE: TATU Nascido em Taubaté, Altino Marcondes foi o primeiro ídolo do clube do Vale do Paraíba. Artista circense durante parte da adolescência e bombeiro no começo da vida adulta, em São Paulo, passou pela Ponte Preta antes de chegar ao Taubaté e foi um dos principais destaques e autor do tento final do título alviazul. Logo seguiu para a Capital, onde conquistou o primeiro tricampeonato consecutivo do Corinthians no Paulistão. O último da sequência, aliás, aconteceu em 1924 - gol do craque taubateano. Ficou no time alvinegro entre 1920 e 1925, marcando 63 gols em 92 jogos e venceu o Campeonato Sul-americano de Seleções de 1922, atual Copa América, com o Brasil. Ainda vestiu as cores de Vasco e Portuguesa. Morreu com apenas 33 anos, em 25 de maio de 1932, vítima de tuberculose e extremamente pobre.
Tatu nos tempos de jogador do Taubaté. Foto: Arquivo / Moacir Santos / Historiador do EC Taubaté.
TÉCNICO. TÉCNICO? A figura de um treinador capacitado é cada vez mais relevante no contexto do atual momento do futebol. No entanto, nem sempre foi assim. O Corinthians, por exemplo, teve seu primeiro técnico remunerado apenas em 1933, o primeiro ano do profissionalismo no País. Além disso, conforme escreveu o jornalista Fernando Carlos de Oliveira Junior (2018, p.9-10) em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), um marco no esporte nacional: [...] veio a partir de 1937 com a chegada do húngaro Izidor Kürschner ao Fla-
mengo. Nascido em Budapeste, o antigo ponta esquerda foi bicampeão húngaro nos anos de 1904 e 1908, sendo dirigido no final da carreira pelo treinador inglês Jimmy Hogan, um dos primeiros treinadores ingleses a trabalhar o conceito de
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sistematização tática. E era essa a novidade trazida por ele no Brasil: a cultura da sistematização tática. Antes de tudo, vale ressaltar que o futebol brasileiro não era uma completa bagunça antes da chegada de Kürschner ao Rio de Janeiro. Sabido historicamente, a formação do futebol brasileiro sempre teve como principais características o drible, o improviso e o empirismo dentro de campo, embora sempre disputado de forma organizada. Entretanto, qual o sentido de organização aqui? A ideia era que, dos 11 jogadores dispostos dentro de um espaço delimitado, cada um sabia onde deveria ficar no campo e qual sua função durante o tempo de jogo. A contribuição de Kürschner - que fora incorporada e desenvolvida pela maioria dos treinadores brasileiros, e teve sua melhor representatividade pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1950 - era teorizar, categorizar e conceituar o futebol brasileiro dentro de uma organização dimensional intelectiva. O treinador estrangeiro deu sentido às funções desempenhadas pelos jogadores, além de ensiná-los posicionamentos coletivos considerados modernos na Europa.
Dessa forma, não é de se estranhar que o time campeão do Interior de 1918 não tenha tido um treinador: “Era um diretor o responsável em organizar a equipe. Nessa época, o diretor era o João Rachou”, explica Moacir Santos, historiador do Esporte Clube Taubaté.
Tatu, quarto da esquerda para a direita, no Corinthians campeão paulista de 1924. Foto: Reprodução
O TAUBATÉ DALI EM DIANTE… O Taubaté seguiu relevante durante as décadas seguintes. Já em 1926, conquistou seu segundo título do Interior, o primeiro organizado pela Liga 15
dos Amadores de Futebol (LAF), apesar de o da APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos, que nada mais era do que a APSA, que aportuguesou os termos em 1925) continuar existindo. Em 1942, chegou ao tricampeonato, vencendo a edição inaugural sob gestão da atual Federação Paulista de Futebol (FPF).
Charge de A Gazeta Esportiva, de julho de 1955, satiriza acesso do Taubaté mesmo usando jogador irregular. Torcida alviazul adotou o mascote. Foto: Reprodução.
Seis anos depois de a ‘Lei do Acesso’ começar a valer, o Taubaté conquistou o título da Segunda Divisão de Profissionais do Campeonato Paulista de 19548, mas foi rebaixado no Paulistão de 1962 e chegou a se licenciar do futebol profissional a partir de 1969. Dois motivos levaram ao pedido. O estádio Joaquim de Morais Filho, conhecido como Joaquinzão, estava em construção e demandava altos custos. Além disso, a FPF havia congelado a ‘Lei do Acesso’ em 1972.
Os primeiros passos para o retorno aconteceram em 1975, quando disputou a Copa Integração do Vale, amadora, visando o retorno ao profissionalismo no ano seguinte. O que de fato aconteceu em 1976, temporada na qual a ‘Lei do Acesso’ voltou a valer. 8
Já em 1979, conquistou a Divisão Intermediária (atual Paulista da SéO apelido Burro da Central surgiu justamente durante aquela competição. O atacante Alcino foi escalado irre-
gularmente em um duelo diante do Comercial, fazendo com que o Taubaté perdesse os pontos da partida e a imprensa paulistana chamasse os cartolas taubateanos de burros. Com o time campeão, a torcida adotou a alcunha. O ‘da Central’ é uma referência à Estrada de Ferro Central do Brasil, que corta a cidade de Taubaté.
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rie A2, equivalente ao segundo escalão estadual) derrotando o arquirrival São José na última rodada do quadrangular final. Permaneceu no Paulistão até 1984, sendo que o atacante Edmar foi o artilheiro da edição de 1980, com 17 gols.
Desde então, milita nas divisões de acesso, tendo conquistado o título do Paulista da Série A3 (o terceiro nível estadual) de 2003 e 2015 e o acesso no Paulista da Série B (o quarto e último patamar de São Paulo) de 2009. Em 2019, alcançou as quartas de final do Paulista A2 e a segunda fase da Copa Paulista.
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Troféu Parafuso, oferecido ao campeão do Interior de 1918, está no Museu do Taubaté. Foto: Bruno Castilho / EC Taubaté
Recortes do Estadão repercutindo o título taubateno. Foto: Reprodução
Capítulo 2
XV DE PIRACICABA - SEGUNDA DIVISÃO DE PROFISSIONAIS DO CAMPEONATO PAULISTA DE 1948 INTERIOR NA CAPITAL O encontro entre Taubaté e Paulistano pela Taça Competência, em agosto de 1919, abriu a porta para que os clubes do Interior passassem a ser convidados para as competições da Capital. Em 1926, a Liga dos Amadores de Futebol (LAF) chamou o Paulista, que retornaria até 1929, fazendo com que Jundiaí voltasse a ter um representante no Paulistão após 12 anos, repetindo o Hydecroft. A reta final da Era do Amadorismo, que terminou em 1933, teve, entre outras, as participações de Guarani (pela Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), entre 1927 e 1931), Ponte Preta (pela LAF, em 1928 e 1929), Comercial (pela APEA, em 1927 e 1928), o já citado Paulista (pela LAF, entre 1926 e 1929) e Taubaté (pela LAF, em 1927).
A Taça Competência, além do mais, seguiu sendo organizada. Em 10 de outubro de 1920, valendo o título de 1919, o Paulistano venceu o Paulista, de Jundiaí, por 5 a 4. Na edição de 1920, que deveria ter acontecido em 1921, o Palestra Itália derrotou o Corinthians, de Jundiaí, por W.O. Em 21 de abril de 1922, o Paulistano volta a bater o Paulista - dessa vez, por 6 a 3. Nos dois anos seguintes, o Corinthians ficou com o título diante do Rio Branco, de Americana: em 3 de maio de 1923, goleada do por 5 a 0; e em 30 de março de 1924, vitória por 2 a 1. 19
A edição de 1924 não aconteceu por conta dos eventos que ficaram conhecidos como Revolta Paulista de 1924 (ou ainda Revolução do Isidoro, Revolução Esquecida, Revolução de 1924 e de Segundo 5 de Julho). A competição ainda foi organizada outras três vezes. Em 18 de abril de 1926, o Velo Clube, de Rio Claro, perdeu por 2 a 0 para a AA São Bento. Em 7 de agosto de 1927, o Palestra Itália goleou o Elvira, de Jacareí, por inapeláveis 10 a 0. Por fim, em 20 de maio de 1928, novo triunfo palestrino - dessa vez, 5 a 0 no Botafogo, de Ribeirão Preto.
CONFUSÃO E ESTABELECIMENTO DA FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL (FPF) O início da Era Profissional, celebrado oficialmente em 1933, trouxe consigo uma série de desdobramentos sobre a organização das competições. O livro ‘Os Esquecidos - Arquivos do Futebol Paulista’ (RED BULL BRASIL, 2016, p.6-7) resume quase uma década de disputas até a consolidação da atual Federação Paulista de Futebol (FPF). • 1933: FPF - Fundada a Federação Paulista de Futebol, filiada à CBD1. A entidade passa a ser a oficial no Estado, mantendo o amadorismo. • 1934: LBD - Palestra Itália2 e Corinthians com o apoio do Vasco e da CBD fundam a Liga Bandeirante de Desportos, já que a APEA havia rompido com a entidade e fundado a FBF (Federação Brasileira de Futebol) junto com a LCF (Liga Carioca de Futebol). • 1935: LPF - A LBD incorpora a FPF e muda o nome com a fundação da Liga Paulista de Futebol. Os clubes fundadores, além de Palestra Itália e Corin1
A Confederação Brasileira de Desportos (CBD) deveria regir e fomentar o esporte nacional.
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Durante a II Guerra Mundial, o governo de Getúlio Vargas proibiu que instituições brasileiras levassem referên-
cias aos países do Eixo (Japão, Itália e Alemanha) em seus nomes. Por isso, o Hespanha Foot Ball Club e o Palestra Itália, entre outros, tiveram que ser rebatizados. Os santistas viraram Jabaquara Atlético Clube; enquanto os paulistanos mudaram para Sociedade Esportiva Palmeiras (cabe destacar: depois de um longo imbróglio, já que a diretoria alviverde, sob a alegação de que palestra é uma palavra de origem grega, tentou trocar para Palestra de São Paulo, o que também foi rechaçado).
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thians, foram: São Paulo, Santos, Juventus, Portuguesa Santista e Hespanha. • 1936: FPFA - O advento da cisão entre APEA e LBD/LPF instaurou definitivamente o profissionalismo no futebol de São Paulo (1933). Os clubes pequenos não mais participavam das competições e as 2ªs e 3ªs divisões foram extintas (assim como o Campeonato do Interior). No intuito de manter esses clubes ativos, foi fundada a Federação Paulista de Futebol Amador (FPFA). • 1937: LFP - Com o iminente fim da APEA, a Liga recebe Portuguesa e Ypiranga e com esses dois novos fundadores é ‘refundada’ com o nome de Liga de Futebol Paulista. • 1938: LFESP - A Liga incorpora definitivamente a APEA e passa a se chamar Liga de Futebol do Estado de São Paulo. • 1941: FPF - O Governo do Estado de São Paulo decide regulamentar o esporte. Neste momento, a LFESP passaria a ser responsável pelas competições profissionais e a FPFA pelas amadoras. Durante o processo e com a lei do Governo Federal que estandartizou as entidades esportivas, a LFESP passa a se chamar Federação Paulista de Futebol e ter dois departamentos: Profissional e Amador, encampando a FPFA. Aos nove fundadores originais se juntaram SPR (São Paulo Railway, atual Nacional) e Comercial e era unificada a situação do futebol em São Paulo.
Todo esse imbróglio entre entidades leva a alguns pontos delicados. Entre 1913 e 1916, houve o primeiro momento com dois Paulistões simultâneos e todos os oito campeões do período são oficialmente considerados e lembrados. Entre o final da década de 1920 e o começo dos anos 1930, a situação voltou a se repetir, mas com legados distintos. Entre 1926 e 1929 e entre 1933 e 1936, o Estadual teve duas edições paralelas no mesmo ano. Entretanto, a atual FPF não reconhece apenas os campeões da antiga FPF, favorável ao amadorismo - Albion, em 1933, e Fiorentino (atual Juventus), em 1934.
‘Esquecidos’ (RED BULL BRASIL, 2016, p.169) ajuda a elucidar a questão: 21
Em todos estes processos, com divisões e ligas paralelas, apenas uma não foi considerada ou reconhecida oficialmente: a FPF, a primeira FPF. O motivo mais provável para isso teria sido o fato da liga não ter tido “um grande” como campeão em seu período de existência.
Se entre 1926 e 1929 havia uma discordância com relação à adesão ou não ao profissionalismo, as duas ligas existentes em 1935 e 1936, LPF e APEA, já haviam deixado o amadorismo para trás. ‘Esquecidos’ (RED BULL BRASIL, 2016, p.169) também comenta o assunto: Talvez, a história tenha considerado a APEA nestes dois anos porque a
Portuguesa foi a campeã. Em que pese estes terem sido os primeiros títulos da Lusa, a equipe já era uma tradicional participante desde a década de 20.
TUDO RESOLVIDO: A BATUTA É DA FPF A Federação Paulista de Futebol (FPF), portanto, passou a comandar o esporte em 1941, ano em que a pirâmide futebolística estadual começa a tomar forma - até por exigências tanto do Governo do Estado, quanto do presidente Getúlio Vargas, líder do Estado Novo. Naquela temporada, o Corinthians conquistou a Divisão Profissional. Além disso, o Santo Amaro FC faturou a Divisão Principal de Amadores, enquanto o CE América levou a Segunda Divisão de Amadores. Outro detalhe importante é que os clubes do interior começaram a entrar no profissionalismo - São Caetano EC, de São Caetano do Sul, e Guarani FC, de Catanduva, foram os primeiros. Em 1942, a FPF organizou sua primeira edição do Campeonato do Interior, ainda amador. O Estado de São Paulo foi dividido em 24 regiões - ao todo, segundo divulgado pela entidade em conjunto com Comissões de Esportes, foram 202 times de 98 municípios distintos. Os 24 campeões regionais disputaram a fase inter-regional, sendo que as etapas eliminatórias aconteceram entre 4 e 25 de outubro daquele ano. A decisão foi entre o Lusitana, de Bauru, e o Taubaté, de Taubaté. Na ida, em Bauru, em 1º de novembro, 4 a 0 para os donos da casa. Na volta, em 8 de novembro, goleada alviazul por 7 a 0 e título valeparaibano. 22
Já em 1943, a FPF aumentou o número de regiões - foram 26, sendo que a 25ª era a de Marília, que acabou desmembrada da de Bauru, e a 26ª era a da Capital, a qual incluía times do ABC Paulista e cidades como Franco da Rocha e Guarulhos. O Noroeste, de Bauru, foi o grande campeão ao bater o Guarani, de Campinas: na primeira partida, em 7 de novembro, vitória alvirrubra por 2 a 0; no segundo duelo, em 10 de novembro, empate sem gols. Aliás, a decisão também comprova que o Campeonato do Interior era destaque no Estado, já que os dois jogos da final foram disputados no estádio do Pacaembu, em São Paulo, que fora inaugurado em 27 de abril de 1940 para ser a casa do futebol paulista.
NOVA PÁGINA NO INTERIOR Em 1947, Roberto Gomes Pedrosa assumiu a presidência da Federação Paulista de Futebol (FPF) com o objetivo de ampliar o destaque dos clubes menores e reestruturou o Campeonato Amador do Interior, que teve o Rio Pardo FC, de São José do Rio Pardo, conquistando o título sobre o CA Votorantim, de Votorantim (ainda um distrito de Sorocaba).
Entretanto, aquele ano ficou mesmo marcado pela primeira edição do Campeonato da Divisão Gatão, principal jogador do XV de de Profissionais do Interior, que, na prática, seria Piracicaba na década de 1940. Foto: um segundo escalão estadual. Depois de levar em Arquivo / Família Naval. consideração o histórico dos times, campanhas regionais e importância das cidades, a entidade escolheu 14 equipes: Barretos FC, de Barretos; Batatais FC, de Batatais; Botafogo FC, de Ribeirão Preto; EC Mogiana, Guarani FC e AA Ponte Preta, de Campinas; AA Francana e Palmeiras FC, de Franca; AA Internacional, de Limeira; Rio Branco FC, de Americana; AA São Bento, de Marília; SE Sanjoanense, de São João da Boa Vista; EC XV de Novembro, de Piracicaba; e EC Taubaté, de Taubaté. A competição foi disputada em turno e returno, entre 18 de maio e 21 de dezembro. Após 26 rodadas, o Alvinegro Piracicabano teve 14 triunfos e 23
nove empates e chegou ao título somando 37 pontos3, pouco à frente de Taubaté, com 36; Ponte Preta, com 35; e Batatais, com 34.
XV de Piracicaba com a taça de 1948. Foto: Acervo Delphim F. Rocha Netto
PIONEIRO NA LEI DO ACESSO... Ainda em setembro de 1947, o presidente da FPF, Roberto Gomes Pedrosa, promulgou o que ficou conhecido como ‘Lei do Acesso’ - uma série de diretrizes que norteava o que os clubes precisariam para disputar a Segunda Divisão de Profissionais4 e teriam que contar para terem direito a um possível acesso à Primeira Divisão. Em 1948, 43 times estavam aptos a jogar a Segunda Divisão, os quais foram divididos em três grupos, chamados de séries - um com 15 e dois com 14. As equipes jogaram dentro das chaves em turno returno. O XV de Pira-
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Até então, o usual era vitória dar dois pontos, e empate, um. A Federação Inglesa (The Football Association (FA,
na sigla em inglês)) foi pioneira no uso do triunfo valendo três pontos, o que foi colocado em prática pela primeira vez na temporada de 1981-1982 após proposta de James William Thomas Hill, o Jimmy Hill, notória personalidade inglesa conhecida por ter sido um verdadeiro ‘faz-tudo’ (atuou pelo Fulham em mais de 300 partidas, foi cartola de clubes e da FA, apresentador e comentarista de televisão - e até bandeirinha). A FIFA aderiu ao novo sistema em 1993; em 1995, o modelo foi incorporado como parte das regras do esporte. 4
Paralelamente, o Campeonato Amador do Interior seguiria sendo organizado, entretanto, como explica o livro
‘Os Esquecidos - Arquivos do Futebol Paulista’ (RED BULL BRASIL, 2016, p.xxxx), “até que com a criação da 3ª Divisão de Profissionais em 1954, ainda continuaram a ser disputados, mas sobre o ponto de vista histórico, também deixaram de ser relevantes”.
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cicaba conquistou a Série Prata; o Linense, de Lins, a Série Branca; e o Rio Pardo, de São José do Rio Pardo, a Série Vermelha.
Os três vencedores, então, se enfrentaram em turno e returno. Entretanto, cada equipe teve duas vitórias e dois empates, somando quatro pontos. Como não havia critério de desempate, ficou definido que uma fase final seria disputada em campo neutro, em São Paulo, já em 1949. O Linense ganhou um sorteio e avançou diretamente à decisão. Em 6 de fevereiro, os piracicabanos venceram os rio-pardenses por 2 a 1 e também passaram de fase. A grande final foi disputada em 13 de fevereiro, no Palestra Itália, atual Allianz Parque, casa do Palmeiras. Depois de um primeiro tempo equilibrado, sem gols, os quinzistas chegaram ao título com a vitória por 5 a 1, gols marcados por Gatão e Rabeca, duas vezes cada, e De Maria, enquanto Moreno fez o único tento atleticano.
O feito é valorizado de tal forma pelos alvinegros que ele foi parar no hino oficial do clube: “No basquete e futebol / É motivo de vaidade / Pioneiro na lei do acesso5 / Engrandece nossa cidade”...
CRAQUE: GATÃO Vicente Naval Filho talvez seja o maior ídolo da história do XV de Piracicaba. A trajetória de Gatão no Alvinegro Piracicabano teve muitas conquistas, com destaque para o bicampeonato da Segunda Divisão de São Paulo
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“A Lei do Acesso provocou uma verdadeira agitação no futebol paulista. Vivia-se um período em que os clubes
dependiam de arrecadação proveniente do quadro social e até chegavam a fazer campanhas, oferecendo anistia aos sócios em atraso. O retorno financeiro que os jogos davam não era suficiente. As rendas eram divididas e a maioria dos clubes não levava grandes públicos aos estádios. Esperava-se agora, com a participação de novos clubes, vindos do interior, que esse quadro começasse a se reverter e que o futebol paulista ganhasse novo impulso (...) Foi assim, que, de repente, os clubes da capital descobriram um mercado novo. Veio a seguir verdadeira enxurrada de amistosos com as até então desconhecidas equipes de Francana, Batatais, XV de Novembro de Piracicaba, etc. O São Paulo F.C. foi além dos amistoso. Tratou de assegurar para sua equipe os reforços de que necessitava. Contratou o goleiro Bertolucci, do XV de Piracicaba, campeão do interior, e o primeiro clube a se valer da Lei do Acesso” (RIBEIRO, 2000, p. 587-588).
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(1947-1948) e o título do Torneio Início do Campeonato Paulista de 1949.
Gatão (d) ao lado de Zizinho (e), craque do São Paulo. Foto: Reprodução
Somando as duas passagens pelo Nhô Quim, Gatão fez 423 jogos e marcou 202 gols, se tornando o maior artilheiro do clube. Ele ainda acabou na Seleção do Centenário do Nhô Quim. Teve certo brilho no Corinthians, entre 1952 e 1955, com 18 gols em 73 partidas, vencendo o Paulistão de 1952 e 1954 e o Torneio Rio-SP de 1953 e 1954.
TÉCNICO: EUGENIO VANNI O XV de Piracicaba conquistou o título daquela temporada com Eugenio Vanni como treinador. Entretanto, o comandante alvinegro durante a maior parte da competição, e responsável por montar o elenco e dirigir o clube piracicabano até cerca de um mês antes da decisão, foi Moacir de Moraes. Ele não permaneceu pois se desentendeu com a diretoria, que optou pela sua saída.
Gatãozinho (e), Gatão (c) e Tatau (d). Foto: Arquivo Família Naval
O XV DE PIRACICABA DALI EM DIANTE… O Nhô Quim se consolidou como uma das grandes forças estaduais. Não à toa, soma 46 participações no Paulistão (entre 1949-1965, entre 26
1968-1980, entre 1984-1993, em 1995 e entre 20122016), feito que o coloca como quarto interiorano com mais aparições, atrás apenas de Guarani, Ponte Preta e Botafogo. Em 1976, o XV teve seu momento de maior protagonismo, quando foi vice-campeão estadual.
Além disso, ao lado do Santo André, é o clube que mais vezes conquistou a Segunda Divisão do Estado, atualmente chamada de Paulista da Série A2: cinco vezes. Depois de 1947 e 1948, o Alvinegro Piracicabano ainda venceu a competição em 1967, 1983 e em 2011.
Gatão é fotografado pela A Gazeta Esportiva Ilustrada. Foto: Reprodução.
Consequentemente, disputou diversas edições de Campeonato Brasileiro - inclusive, entre 1977 e 1979, esteve no que hoje é conhecido como Série A. Coleciona ainda 11 participações na Série B e também integrou a Copa João Havelange de 2000. Por conta do título da Copa Paulista de 2016, a última aparição do XV de Piracicaba em competição nacional aconteceu em 2017, quando foi eliminado ainda na primeira fase da Série D. Em 1991, caiu na etapa de abertura da única Copa do Brasil que jogou.
Na Série C, são três participações - e um título, em 1995. Aquele torneio, aliás, ficou marcado como o maior Campeonato Brasileiro de todos os tempos independente da divisão até então - e só seria ultrapassado pela Copa João Havelange de 2000. Os 107 clubes foram distribuídos em 32 chaves com três ou quatro equipes. Os dois melhores de cada grupo avançaram ao mata-mata, mas apenas os finalistas, XV de Piracicaba e Volta Redonda, conquistaram o acesso. O comandante alvinegro na ocasião era Oswaldo Alvarez, o Vadão, que dirigiu a Seleção Brasileira Feminina na Copa do Mundo de 2019.
Mais recentemente, o estádio Barão da Serra Negra foi palco de uma verdadeira ‘gangorra’ no começo do novo milênio. Em 2001 e 2002, o Alvinegro Piracicabano esteve no Brasileiro da Série B e no Paulista da Série A3; em 2003, no Brasileiro C e no Paulista A3. As temporadas no terceiro escalão estadual se seguiram até 2010, com pequeno hiato em 2006, quando foi rebaixado na A2. 27
Em 2018 e 2019, perdeu as semifinais - e consequentemente, o acesso ao Paulistão - no Paulista A2 para, respectivamente, Guarani e Inter de Limeira. Em 2019, ainda foi vice-campeão da Copa Paulista, perdendo o título para o São Caetano.
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Estadão repercutindo o título quinzista. Foto: Reprodução
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Capítulo 3
GUARANI - CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1978
COMO É QUE É? Até 2010, a questão sobre quem era o primeiro campeão brasileiro não dava muito ‘pano pra manga’: essa honra cabia ao Atlético Mineiro, em 1971. Entretanto, há quase uma década, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), surgida em 24 de setembro de 1979 após a extinção da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), decidiu unificar os títulos da Taça Brasil, organizada entre 1959 e 1968, e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, também conhecido como Robertão e Taça de Prata, existente entre 1967 e 1970.
Dessa forma, o Bahia, que venceu a edição inaugural da Taça Brasil, passou a ser oficialmente o ‘dono’ de tal feito. No entanto, torneios com
O Bahia que conquistou a primeira Taça Brasil, em 1959. Foto: Reprodução.
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Em 2010, Pelé, que conquistou cinco Taças Brasil e um Robertão, participou do evento que confirmou a unificação dos títulos nacionais. Foto Reprodução
o intuito de apontar quem era o melhor além das fronteiras estaduais são registrados desde 1911. Naquele ano, houve a disputa da Taça Salutaris, em referência à uma marca de água mineral.
TAÇA SALUTARIS De um lado, a AA Palmeiras, campeã do Paulistão de 1910, o qual fora organizado pela Liga Paulista de Foot-ball (LPF). De outro, o Botafogo Football Club, que, em 8 de dezembro de 1942, se fundiria com o Club de Regatas Botafogo e daria vida ao atual Botafogo de Futebol e Regatas. 1
A equipe alvinegra havia conquistado o Cariocão de 19101, organizado
Aquele título é um marco na história botafoguense, já que, além da campanha avassaladora, com nove vitórias
(sendo seis goleadas; uma delas, por 6 a 1 sobre o vice, o Fluminense, valeu a afirmação da conquista) e um derrota, foi o primeiro caneco celebrado em General Severiano (apesar de, em 1996, o Fogão ter sido reconhecido como campeão da edição de 1907 ao lado do próprio Flu, já que ambos acabaram com a mesma pontuação e não havia critérios de desempate definidos, nem houve um jogo-desempate). Não à toa, o apelido Glorioso, que os botafoguenses carregam até hoje, surgiu para celebrar a taça alvinegra de 1910.
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pela Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA), entidade que surgira em 8 de julho de 1905 como Liga Metropolitana de Futebol (LMF) e mudara de nomenclatura em 18 de fevereiro de 19072.
O primeiro encontro entre os times preto e branco aconteceu em 11 de junho de 1911, na Rua Voluntários da Pátria, no Rio de Janeiro, e terminou com vitória paulista por 4 a 2. A finalíssima foi realizada quase três meses depois, em 3 de setembro, no Parque Antarctica, em São Paulo, e teve novo triunfo bandeirante - dessa vez, por 2 a 0.
Esse sistema de disputa, entre os campeões cariocas e paulistas3, seguiu vigorando intermitentemente até 1987, mas foi perdendo relevância.
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A história do Campeonato Carioca pode ser dividida em três partes. A primeira, entre 1906 e 1959, quando a cap-
ital brasileira era o Rio de Janeiro; portanto, era uma competição do então Distrito Federal. Em um segundo momento, com a ida da capital para Brasília, a cidade do Rio de Janeiro foi alçada à condição de estado da Guanabara, o que levou à criação de uma competição guanabarina entre 1960 e 1978. O atual momento iniciou-se em 1979, quatro anos depois da fusão do estado da Guanabara, a Região Metropolitana, com o estado do Rio de Janeiro, o Interior. Paralelamente aos dois primeiros momentos citados, havia o Campeonato Fluminense, que contemplava os clubes do atual interior do Rio de Janeiro e foi disputado entre 1915 e 1978. Vale considerar que esta competição interiorana não entra para a história oficial do Campeonato Carioca, sendo considerada extinta.
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O encontro entre paulistas e cariocas voltou já em 1913 com o nome de Taça dos Campeões Estaduais de São Pau-
lo e do Rio de Janeiro, mas apenas o primeiro jogo foi realizado, não havendo, portanto, um campeão - o Paulistano havia vencido o América por 3 a 2. Em 1914, a AA São Bento bateu o Flamengo. Entre 1917 e 1919, o Laboratório Ioduran patrocinou a disputa, que foi batizada de Taça Ioduran - o América, na estreia, e o Fluminense, na última edição, venceram o Paulistano por W.O.; por fim, em 7 de abril de 1918, o Paulistano anotou 3 a 2 no Fluminense. Renomeada como Taça dos Campeões Estaduais de São Paulo e do Rio de Janeiro, a competição ainda aconteceu, segundo a Rec.Sport.Soccer Statistics Foundation (RSSSF), entre 1928 e 1931; entre 1934 e 1936; entre 1941 e 1948; em 1953; entre 1955 e 1957; em 1975; em 1980 e entre 1985 e 1987. No entanto, a organização esclarece que 1928 e 1944 não têm campeão e não há registros sobre os motivos que levaram a isso; em 1935, o torneio, vencido pelo América, também foi conhecido como Taça Dr. Sergio Meira; por fim, em 1955, 1956 e 1986, há dúvidas se as partidas não teriam sido apenas jogos amistosos.
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TAMBÉM TEVE ESSE... Em 1920, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), precursora da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), organizou uma competição visando a montagem do elenco nacional que disputaria o Campeonato Sul-Americano de Seleções daquele ano, no Chile. A Copa dos Campeões Estaduais contou com a presença do Paulistano, representando São Paulo, e do Brasil de Pelotas, vindo do Rio Grande do Sul, além dos cariocas do Fluminense, donos do estádio das Laranjeiras, local onde o triangular foi disputado. Todos, como o nome do torneio sugere, haviam conquistado os estaduais de 19194.
O regulamento foi bastante simples: todos contra todos, turno único - vitória valendo dois pontos; empate, um. Na estreia, goleada do Paulistano sobre o Brasil por 7 a 3, em 16 de março. Três dias depois, foi a vez de o Fluminense aplicar 6 a 2 nos gaúchos. Na ‘decisão’, em 23 de março, os paulistas, que contavam com Arthur Friedenreich, venceram os cariocas por 4 a 1.
Competições nestes moldes foram realizadas outras três vezes. Em 19315, Botafogo, Pelotas e Corinthians deveriam ter se encontrado no Rio Grande do Sul. Os paulistas alegaram dificuldades financeiras e não participaram do que acabou ficando conhecido como Taça Rio-Sul. Em jogo único disputado na Boca do Lobo, em Pelotas, em 8 de julho, os cariocas venceram os donos da casa por 3 a 2.
Entre janeiro e fevereiro de 1937, quando ainda havia uma ferrenha disputa sobre o fim (ou não) do amadorismo, a Federação Brasileira de Fute4
Em 1920, o futebol já havia se consolidado, havendo estaduais por todos os cantos do País - por exemplo: na Ba-
hia, desde 1905; no Pará, o primeiro campeão é de 1908. A CBD, no entanto, optou por levar ao Rio de Janeiro apenas os campeões dos estaduais mais prestigiados.
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O historiador do Botafogo, Luiz Felipe Carneiro, afirma que o clube alvinegro considera aquele duelo apenas uma
das partidas da primeira excursão que fez ao Rio Grande do Sul.
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bol (FBF)6 organizou a Copa dos Campeões Estaduais. Foram convidados: Aliança, campeão citadino de Campos dos Goytacazes de 1936; os campeões estaduais de 1936, Atlético Mineiro, Fluminense, Portuguesa e Rio Branco-ES; e a Liga de Sports da Marinha, do Rio de Janeiro. Na fase qualificatória, os capixabas eliminaram os ‘marinheiros’ - que haviam passado pelos campistas - e avançaram para um quadrangular final com os demais participantes. “O Club Athletico Mineiro conquistou para Minas Gerais o título de campeão brasileiro”, conforme noticiou, à época, o Jornal Estado de Minas. A campanha alvinegra somou nove pontos, com quatro vitórias, um empate e uma derrota.
Na última delas, em 1967, a Federação Mineira de Futebol (FMF) montou um esquema simples: quatro times e mata-mata. Em 18 de janeiro, o vice-campeão estadual de 1966, Atlético-MG, venceu o Palmeiras, campeão paulista de 1966, por 3 a 1, enquanto o Bangu, que conquistara o Carioca de 1966, bateu o então campeão mineiro e da Taça Brasil, Cruzeiro, por 2 a 0. Na disputa pelo terceiro lugar, quatro dias depois, 3 a 2 para os celestes sobre os alviverdes. Também em 22 de janeiro, empate por 2 a 2 entre alvirrubros e alvinegros. Decidiu-se, então, que haveria um jogo-desempate em 19 de março, aproveitando que as equipes já se enfrentariam pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967. Diante de 16.773 torcedores no Mineirão, em Belo Horizonte, os banguenses chegaram ao título (e somaram pontos importantes no Robertão) com vitória por 1 a 0, gol solitário de Cabralzinho, aos oito minutos do primeiro tempo, após cruzamento de Tonho.
O PRIMEIRO TORNEIO RIO-SÃO PAULO O início dos anos 1930 é marcado pela disputa entre clubes e entidades que queriam a adesão - ou não - ao profissionalismo. De um lado, havia a Federação Brasileira de Futebol (FBF), entidade que era favorável ao
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A Federação Brasileira de Futebol (FBF) era favorável ao profissionalismo e antagonizava com a Confederação
Brasileira de Desportos (CBD), entidade aliada à Federação Internacional de Futebol (FIFA) e que defendia o amadorismo.
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término do amadorismo e contava com apoio da Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) e da Liga Carioca de Football (LCF). O representante nacional junto à FIFA, porém, era a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que apoiava o amadorismo e tinha a carioca Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA) e a antiga Federação Paulista de Futebol (FPF) como filiadas. A maioria dos principais clubes paulistas e cariocas estavam ‘fechados’ com a FBF, que organizou, então, a primeira edição do Torneio Rio São-Paulo, em 1933, que foi disputado por pontos corridos, em turno e returno.
Foram 12 participantes7 - Palestra Itália (atual Palmeiras), São Paulo, Portuguesa, Corinthians, Santos, AA São Bento, Ypiranga, Bangu, Vasco da Gama, Fluminense, América e Bonsucesso. O curioso é que as partidas da competição regional valiam também para os respectivos estaduais, os quais tinham o mesmo formato.
Após 22 rodadas, o Palestra Itália conquistou o título com 36 dos 44 pontos possíveis - os palestrinos também levaram o Paulistão da APEA, enquanto o Bangu levou o Cariocão da LCF.
QUE BAGUNÇA... Houve esforços para retomar o Torneio Rio-São Paulo em 1934 e 1940, mas as tentativas fracassaram, e ele retornou apenas em 1950. Os oito times - Corinthians, Portuguesa, Palmeiras, São Paulo, Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo - duelaram em turno único. Após sete rodadas, o Timão foi campeão. O Torneio Rio-São Paulo, que, em 1954, passou a se chamar oficialmente Torneio Roberto Gomes Pedrosa, foi realizado até 1955; depois, permaneceu no calendário entre 1957 e 1966. Voltou em 1993 e foi disputado regularmente entre 1997 e 2002. Ao longo dessas décadas, porém, a competição se notabilizou por momentos, no mínimo, curiosos.
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O Torneio Rio-São Paulo de 1933 conseguiu mobilizar os clubes, tanto que apenas o Sírio, entre os paulistas filia-
dos à APEA, e o Flamengo, entre os cariocas vinculados à LCF, não participaram do regional organizado pela FBF.
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Em 1956, a competição estava prevista para acontecer durante o primeiro semestre. Entretanto, os clubes cariocas pediram o seu adiamento, já que a Seleção Brasileira estava com uma série de compromissos (Sul-Americano, Pan-Americano, excursão à Europa e ‘tour’ pela América do Sul). Os paulistas não aceitaram e, em meio ao impasse, organizaram o Torneio Internacional Roberto Gomes Pedrosa, que contou com a participação de Santos, que seria o campeão, Palmeiras, Corinthians, Portuguesa e São Paulo, além do uruguaio Nacional e dos argentinos Newell’s Old Boys e Boca Juniors.
Em 1964, os dez times se enfrentaram em turno único. Após nove rodadas, Santos e Botafogo somaram 14 pontos. Assim, o vencedor seria definido em uma série melhor de três. No entanto, por falta de datas, apenas a primeira decisão aconteceu - vitória botafoguense por 3 a 2. Dessa forma, ambos foram declarados campeões.
JÁ VIU ISSO? O ‘auge’, de qualquer forma, aconteceu em 1966, quando o Rio-SP contou com a participação de Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Portuguesa, Bangu, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Em janeiro daquele ano, a cidade do Rio de Janeiro sofreu com fortes chuvas, as quais resultaram em 250 mortes e cerca de 50 mil desabrigados. Muitos deles foram abrigados no estádio do Maracanã, que ficou impossibilitado de receber partidas. Assim, o Flamengo precisou levar uma competição amistosa para o Pacaembu, em São Paulo. Além disso, prevendo públicos ruins e baixas rendas (o que acabaria se tornando realidade), os clubes cariocas solicitaram o cancelamento do Rio-São Paulo, o que foi rechaçado pelo supervisor da CBD, Carlos Nascimento, o qual alegou que a competição era essencial para a montagem do elenco nacional. Afinal, a Copa do Mundo aconteceria na Inglaterra entre 11 e 30 de julho.
A solução, então, foi enviar algumas partidas para São Januário, casa do Vasco da Gama, até a reabertura do ‘Maraca’. O torneio, apesar de curto 38
(realizado entre 9 de fevereiro e 29 de março), foi arrastado por conta do espremido calendário: a Portuguesa, por exemplo, disputou quatro jogos antes mesmo que Palmeiras, Santos, Vasco e Botafogo tivessem estreado. Dessa forma, não foi de se espantar que quatro times, os alvinegros Vasco, Corinthians, Botafogo e Santos, somassem 11 pontos após nove rodadas - e todos fossem declarados campeões. Isso porque não havia critérios de desempate bem definidos, nem datas para a realização de jogos-desempate. Após chegar ao fim, começou-se a especular a entrada dos mineiros para 1967...
Momentos antes de uma das partidas entre Bahia e Santos na Taça Brasil de 1959. Foto: Reprodução
O PRIMEIRO RECONHECIDO A Confederación Sudamericana de Fútbol (CONMEBOL), em 30 de julho de 1959, convocou um congresso, em Caracas, na Venezuela, na qual sinalizou que o Chile, contando com apoio de Argentina e Brasil, havia sugerido a criação da Copa dos Campeões, uma competição envolvendo os principais países do continente8. Pouco depois, em 2 de agosto, com oito
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Competições entre clubes de países distintos vinham ‘pipocando’, mas não conseguiam manter regularidade. Em
1948, o chileno Colo-Colo organizou a Copa Sul-Americana dos Campeões, que contou com a participação de sete times - entre eles, o Vasco da Gama, campeão carioca de 1947. Segundo a Rec.Sport.Soccer Statistics Foundation (RSSSF), o escrete cruzmaltino havia sido escolhido o representante nacional pelo fato de, na falta de uma competição abrangente
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votos favoráveis, um contra (do Uruguai) e a abstenção da Venezuela, foi oficialmente criada a Copa dos Campeões, a qual passou a se chamar Copa Libertadores da América após sessão do congresso da entidade realizado entre 27 e 30 de agosto. A ‘Liberta’ indicaria o representante sul-americano no encontro anual com o campeão europeu - o que passou a ocorrer já em 1960 no que é popularmente conhecido como Mundial Interclubes ou Copa Intercontinental.
Bahia celebra o título da Taça Brasil de 1959. Foto Arquivo O Globo
Portanto, para indicar um representante na Libertadores, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), dirigida desde janeiro de 1958 por João Havelange, criou a Taça Brasil, um torneio no formato mata-mata. Paulistas e cariocas apresentaram certa resistência, mas, já para aquela primeira edição, ganharam o direito de colocarem os respectivos campeões estaduais de 1958 direto na semifinal. A ‘zebra’, porém, apareceu ‘logo de cara’: um
entre clubes, o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, ter conquistado o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais de 1946. Disputado em turno único, a equipe alvinegra venceu o título ao somar dez pontos de 12 possíveis. Em 1951, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) criou a Copa Rio, que foi integrada por seis campeões nacionais mais Palmeiras e Vasco, os quais haviam faturado os respectivos Estaduais do ano anterior. Os palestrinos acabaram chegando ao título sobre a italiana Juventus - o segundo jogo da decisão contou com mais de 116 mil torcedores no Maracanã. Esta primeira edição, aliás, conseguiu trazer clubes europeus relevantes muito por conta dos esforços do ex-jogador e jornalista francês Gabriel Hanot. Empolgado no retorno à Europa, liderou uma movimentação que criou a Copa dos Campeões da Europa (desde a temporada 1992/1993, Liga dos Campeões da Europa), para a temporada 1955/56. Uma nova Copa Rio foi realizada em 1952, vencida pelo Fluminense sobre o Corinthians.
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dos outros 14 clubes que precisaram participar das fases preliminares, o Bahia passou por Vasco e Santos para chegar ao título e ser o primeiro brasileiro a participar da Libertadores. Ricardo Serran, em 30 de março de 1960, escreveu no jornal O Globo: [...] primeiro campeão brasileiro de todos os tempos [...] um título único e
inédito de uma importância sem igual. Uma odisseia fantástica do Esporte Clube Bahia, quase desacreditado depois da derrota em Salvador, vitorioso e inconstante no Rio de Janeiro, no templo do futebol, o Maracanã, contra o maior time do mundo.
A Taça Brasil seguiu sendo realizada até 1968 e teve amplo domínio do Santos, que vivia o auge da Era Pelé. Os alvinegros foram cinco vezes campeões (entre 1961 e 1965). Os demais vencedores foram: Palmeiras (1960 e 1967); Cruzeiro (1966) e Botafogo (1968). Com o passar dos anos, vale destacar, a competição foi perdendo relevância - tanto que Palmeiras e Santos abriram mão da participação a que tinham direito na última edição. Um dos motivos para isso foi ...
Palmeiras, o campeão da Taça Brasil de 1967. Foto: Divulgação / Palmeiras
RIO-SÃO PAULO ‘COM FERMENTO’ … o Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Como mencionado anteriormente, a edição de 1966 do Torneio Rio-São Paulo, cujo nome oficial era Torneio Roberto Gomes Pedrosa, ficou marcada por uma série de eventos que resultou em quatro campeões. Para o ano seguinte, a Federação Carioca de 41
Palmeiras, o campeão do Robertão de 1967. Foto: Divulgação / Palmeiras
Futebol (FCF) e a Federação Paulista de Futebol (FPF), que organizavam a disputa, convidaram clubes de Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul para o ‘Robertão’. O Jornal do Brasil, em março de 1967, em “Torneio que começa hoje é um começo do caminho”, ponderou:
Essa ideia, há muito defendida pelos que se propõem a solucionar os pro-
blemas do nosso profissionalismo, sempre teve fortes opositores. Mesmo atualmente, se os opositores já não são tantos, ainda há quem encare com reservas uma competição entre clubes do Rio, São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, Paraná e outros Estados, em lugar dos obsoletos e deficitários regionais que vigoram há mais de meio século.
Na mesma época, a Folha de S.Paulo, em “RGP inicia amanhã em 5 capitais”, destacou que “ampliação do número de concorrentes, agora com a presença de clubes mineiros, gaúchos e um paranaense, deu um colorido diferente ao certame, e há muita expectativa em torno de sua realização”.
A fórmula foi relativamente simples. Na primeira fase, 15 clubes jogaram todos contra todos uma única vez, mas divididos em duas chaves para efeito de classificação - os dois melhores de cada grupo avançaram ao quadrangular final. Depois de turno e returno, o Palmeiras9 foi campeão, com Internacional, Corinthians e Grêmio fechando os demais participantes da etapa decisiva. 9
Portanto, segundo a unificação dos títulos nacionais proposta pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF),
em 2010, os palestrinos são bicampeões brasileiros no mesmo ano. Afinal, conquistaram, em 1967, tanto a Taça Brasil, quanto o Torneio Roberto Gomes Pedrosa.
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A competição ‘pegou’ e, a partir de 1968, foi organizada pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), passando também a ser conhecida como Taça de Prata. Nas três edições derradeiras (vencidas por Santos, em 1968; Palmeiras, em 196910; e Fluminense, em 1970), os Estados da Bahia e de Pernambuco também enviaram representantes.
UM CASO POUCO CONHECIDO... Hoje tratada como obsessão pelos clubes brasileiros, a Libertadores nem sempre foi tão valorizada. Prova disso: em 1966, 1969 e 1970, o País não enviou representantes. Na primeira vez que isso aconteceu, os dirigentes tupiniquins não concordaram com o regulamento, que passou a oferecer duas vagas por federação filiada à Confederación Sudamericana de Fútbol (CONMEBOL). Na segunda, o grande argumento foi a impossibilidade de definir quais times iriam - afinal, a Taça Brasil de 1968 foi inacreditavelmente extensa, tendo começado em 4 de abril de 1968 e terminado em 4 de outubro de 1969. Santos e Internacional, finalistas do Robertão de 1968, até foram cogitados, mas não se animaram em participar.
Dadá Maravilha cabeceia e marca o gol do título atleticano de 1971. Foto: Arquivo / Superesportes
No começo de 1969, foi organizado o Torneio dos Campeões da CBD, que deveria dar vaga à Libertadores do ano seguinte. Em março, o Grêmio
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Sem contar a edição de 2019, a segunda maior média de público registrada no unificado Campeonato Brasileiro
pertence a 1969, quando 22.067 torcedores foram aos estádios por jogo. O melhor ano foi 1983, com 22.953.
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Maringá, que vencera o Torneio Centro-Sul de 1968, encarou o Sport, campeão do Torneio Norte-Nordeste de 1968, e conquistou dois triunfos por 3 a 0, avançando para encarar o Santos, que levantara o Robertão de 1968. Em 10 de maio, empate por 1 a 1. Quase um ano depois, em 4 de abril de 1970, nova igualdade - dessa vez, por 2 a 2. Os paulistas, então, abriram mão de realizar um jogo-desempate. Assim, os paranaenses deveriam enfrentar o Botafogo, que faturara a Taça Brasil de 1968. Os cariocas, porém, também optaram por sequer subir a campo, fazendo com que os maringaenses fossem declarados campeões. Em 2010, a diretoria do Grêmio Maringá até aventou a possibilidade de entrar com um pedido junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), solicitando para ser reconhecido como campeão brasileiro de 1969.
ENFIM…
Atlético Mineiro chega à cidade de Belo Horizonte e comemora o título brasileiro de 1971. Foto: Arquivo / O Estado de Minas
Um dos principais argumentos entre aqueles que defendem que a unificação dos títulos brasileiros foi uma medida anacrônica é que ela escantearia um dos principais elementos da criação do Campeonato Nacional de Clubes: a ditadura civil-militar.
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Telê Santana, o técnico campeão brasileiro de 1971. Foto: Divulgação / Atlético Mineiro
Entre 1968 e 197311, o País vivia o chamado Milagre Econômico, período no qual conseguiu crescer cerca de 10% ao ano (em 1973, o aumento bateu 14%) e baixar a inflação (medida, à época, pelo Índice Geral de Preço (IGP), passou de 25,5% para 15,6% durante aqueles anos).
Guarani posado para celebrar a conquista de 1978. Foto: Arquivo / Gazeta Press.
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Aquele crescimento, porém, não foi benéfico para o trabalhador. Em 1960, portanto, antes do golpe militar, o
Gini, índice que mede a concentração de renda, marcava 0,54 no País, em uma escala que vai de 0 a 1 (quanto mais perto do 0, mais igual); em 1977, saltou para 0,63.
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Durante esses tempos, o governo empenhou-se em colocar em prática medidas que aproximassem as regiões, investindo, por exemplo, em obras faraônicas, como a Hidrelétrica de Itaipu e a rodovia Transamazônica. Essas ações passaram a ser balizadas pelo Plano de Integração Nacional, o PIN, assinado em 16 de julho de 1970 pelo presidente Emílio Garrastazu Médici. O futebol, claro, foi objeto de atração depois do tricampeonato mundial da Seleção Brasileira, em 1970.
Até ali, um dos argumentos que justificavam a falta Zé Carlos (e), Renato (c) e Zenon (d). de uma competição verdadeiramente nacional era o Foto: Acervo / Gazeta Press alto custo, tanto das viagens quanto da estadia. O Brasileirão de 1971, batizado oficialmente de Campeonato Nacional de Clubes, portanto, saiu do papel graças ao financiamento estatal, como escreveu Daniel Araújo dos Santos (2012, p.13), em sua tese de mestrado: A criação da Loteria Esportiva, sugerindo ao povo a possibilidade de as-
censão social apenas usando seus conhecimentos esportivos contribui para o processo, assim como as crescentes críticas da imprensa esportiva, lideradas pela Revista Placar. As críticas chegaram ao Palácio do Planalto que, através do ministro da Educação e Cultura Jarbas Passarinho, elaborou uma série de medidas demonstrando interesse no tema.
O Atlético Mineiro chegou ao título, com o São Paulo como vice. Apesar disso, aquela primeira edição ainda tinha ‘cheiro’ de Robertão - afinal, contou com 20 clubes e as únicas novidades foram as entradas de Ceará, Coritiba e América Mineiro (ou seja, apenas o estado do Ceará havia galgado um espaço no cenário nacional, já que o Paraná e as Minas Gerais já vinham enviando representantes).
Insatisfeito com esse cenário, ainda em 1971, o então presidente do Goiás, Hailê Pinheiros, encampou a criação do Torneio de Integração Nacional, que acabou sendo bancado pela Federação Goiana de Desportos e foi disputado por 16 clubes de onze estados distintos. O Atlético Goianiense derrotou a Ponte Preta na final. O recado estava dado: era hora de abrir o Brasileirão pelos rincões do País. 46
Esse processo fica claro com o aumento significativo de participantes e de Estados representados. Já em 1972, foram 26 clubes de 13 locais diferentes…
O BRASIL SE VESTE DE VERDE E BRANCO! A década de 1970 consolidou o Guarani como uma força relevante no cenário nacional. O Bugre estreou no Campeonato Brasileiro em 1973, quando fez boa campanha ao avançar à fase semifinal e ficar na 15ª colocação entre 40 participantes. No ano seguinte, com o mesmo número de candidatos ao título, alcançou o 12º lugar. Em 1975 e 1976, parou na décima posição. Em 1977, o 28º lugar entre 62 postulantes foi mal recebido.
Capitão (e), Careca (c) e Bozó (d). Foto: Arquivo / Gazeta Press
Para o Brasileirão de 197812, a arquirrival Ponte Preta, que havia sido vice-campeã estadual de 1977, era apontada como candidata à zebra no
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Desde 1975, o nome do Campeonato Brasileiro era Copa Brasil, nome do troféu oferecido pela Caixa Econômica
Federal ao campeão. A Taça das Bolinhas, como ficou conhecida, deveria ficar definitivamente com que o time que conquistasse o Brasileirão três vezes consecutivas ou cinco alternadas. No entanto, desde 2007, ela protagoniza um imbróglio envolvendo Flamengo e São Paulo. Os paulistas venceram a competição em 1977, 1986, 1991, 2006 e 2007 (depois, em 2008), enquanto os cariocas faturaram o ‘caneco’ em 1980, 1982, 1983 e 1992 (e também em 2009), além da Copa União de 1987, a qual será comentada mais à frente. A polêmica ainda não chegou ao fim - portanto, a Copa Brasil ainda não tem um ‘dono’ definitivo.
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Brasileirão, enquanto o Guarani era considerado uma incógnita, uma vez que apostava em Carlos Alberto Silva como treinador.
O comandante alviverde logo ‘subiu’ cinco promessas da base - entre eles, Careca, centroavante de 17 anos que já tinha estreado entre os profissionais, mas ainda não era uma peça regular do elenco ‘de cima’. A estrela era o meia Zenon, que estourara no Avaí e chegara ao Brinco de Ouro em 1976, com 21 anos. Entre os titulares, tarimbados mesmo eram apenas Neneca, goleiro com boa passagem pelo Náutico, e o meia Zé Carlos, uma já lenda do Cruzeiro - ambos com mais de 30 anos.
Aquela edição foi disputada por 74 times divididos em seis grupos (quatro de 12 e dois de 13). Uma curiosidade é que a vitória por até dois gols de diferença valia dois pontos, enquanto triunfo por goleada dava três. O Guarani começou cambaleante, perdendo para o Vasco, em Campinas, na estreia, por 3 a 1, e com uma grande dúvida no ataque, já que Adriano e Careca se revezavam no posto de centroavante. Na fase preliminar, na qual o Bugre avançou apenas com a quinta colocação do Grupo D, o grande resultado foi a vitória por 2 a 1 sobre a Ponte Preta, em casa, com ambos os gols alviverdes anotados por Careca, que, a partir daquele oitavo jogo, assumiu definitivamente a condição de camisa 9. Na fase semifinal (nome oficial do segundo estágio), quarta posição do Grupo J entre nove equipes.
A partir da estreia na terceira fase (oficialmente, fase final - 1º turno), os alviverdes se credenciaram como fortes candidatos ao título. Em 2 de julho, o Guarani visitou o Internacional, que vencera o Brasileirão de 1975 e 1976 e levaria o de 1979, e venceu por 3 a 0 - após terem escutado de Lauro Quadros, figura importante da mídia gaúcha, ironizar, momentos antes da partida: “Capitão, Careca e Bozó: o que é isso, um ataque de circo?”. Os campineiros ficaram na liderança do Grupo Q, com um empate e seis vitórias. A única igualdade foi contra o Goiás, na segunda rodada, fora de casa. Aquele 1 a 1, aliás, representou o último tropeço alviverde na campanha.
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Depois, no mata-mata (chamado de fase final - 2º turno), foram só vitórias. Nas quartas, 0 a 2 e 4 a 0 sobre o Sport. Nas semifinais, 2 a 0 e 1 a 2 no Vasco da Gama. Por fim, duplo 1 a 0 no Palmeiras - primeiro no Morumbi; depois, no Brinco de Ouro. A sequência de 11 triunfos consecutivos, aliás, representa a maior em uma mesma edição de Campeonato Brasileiro até os dias de hoje.
CRAQUE: CARECA Antônio de Oliveira Filho ganhou o famoso apelido por conta da admiração que tinha pelo palhaço Carequinha. Dentro de campo, mesmo sem ter completado 18 anos, foi um dos protagonistas da campanha. Foram 13 gols, artilheiro da equipe ao lado de Zenon - o do título, aliás, saiu dos pés do atacante, que ainda brilhou por São Paulo e Napoli e disputou as Copas do Mundo de 1986 e 1990.
Careca, o craque daquele Guarani de 1978. Foto: Reprodução
TÉCNICO: CARLOS ALBERTO SILVA Diferentemente de boa parte dos treinadores, Carlos Alberto Silva não era o típico ‘boleiro’. Formado em educação física pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), chegou ao Brinco de Ouro em 1978, quando tinha apenas 38 anos, credenciado pela passagem pela Caldense. 49
Era uma aposta que chegava com a missão de dar espaço à base bugrina e ajudar a garimpar jogadores menos conhecidos. E foi com essa fórmula que o Guarani conquistou o Brasileirão de 1978. No País, ainda venceu alguns Estaduais.
Marcou também época pelo Porto, pelo qual foi bicampeão do Português, em 1992 e 1993, e campeão da Supertaça Cândido de Oliveira de 1991. À frente da Seleção Brasileira, foi medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul (KOR), e de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis (EUA).
Carlos Alberto Silva, o comandante bugrino de 1978. Foto: Arquivo / Gazeta Press
O GUARANI DALI EM DIANTE… O Guarani seguiria como uma das principais forças do País até a década seguinte, mas não fez uma grande defesa do título do Campeonato Brasileiro. Em 1979, o time campineiro entrou diretamente na terceira fase da competição nacional, estágio no qual foi apenas terceiro colocado do Grupo P depois de três rodadas. Na Libertadores daquele ano, porém, o Bugre fez história ao chegar à fase semifinal - dois grupos de três, com o melhor de cada um deles avançando à decisão - e perder a vaga à final para o Olímpia, representante do Paraguai que seria o campeão. Além disso, a equipe alviverde viu Miltão ser o artilheiro continental ao lado de Oré, do Universitario, do Peru. Naquela temporada, ainda deu tempo de ser eliminado pela arquirrival Ponte Preta na semifinal do Paulistão, que acabou apenas em fevereiro de 1980. Em 1980, foi 16º colocado no Brasileirão, além de ter sido sétimo colocado no Paulistão. Por conta desse mal desempenho estadual, o Guarani acabou se qualificando apenas para a Taça de Prata de 1981, espécie de Série B do Brasileiro. O curioso é que a competição dava vagas à Taça de Ouro - o Brasileirão - ainda daquela temporada. Campeões de cada chave da segunda fase da Segundona, Bahia, Náutico, Palmeiras e Uberaba se garantiram na segunda fase da Elite. Os vices foram para as semifinais, e o Bugre che50
gou ao título ‘prateado’ sobre o Anapolina. O jogo decisivo foi disputado no Brinco de Ouro da Princesa, casa alviverde, que teve um público de 12.452 pessoas. No Brasileirão de 1982, o Guarani chegou às semifinais, etapa na qual foi eliminado para o futuro campeão, o Flamengo - e então vencedor do Mundial de Clubes. Em 15 de abril, pela partida de volta, o Brinco de Ouro registrou seu maior público - 52.002 pagaram ingresso e viram o triunfo rubro-negro por 3 a 2. Zico anotou os três gols visitantes, enquanto Jorge Mendonça descontou duas vezes. Já em 1986, o Guarani voltou a se destacar nacionalmente, indo à decisão do arrastado Campeonato Brasileiro, competição que começou apenas em 30 de agosto. No primeiro jogo da final, o Bugre foi ao Morumbi e conseguiu o empate por 1 a 1 com o São Paulo. Na volta, em casa, em 18 de fevereiro de 1987, no Brinco de Ouro, novo 1 a 1 e disputa por pênaltis - mas vitória tricolor por 4 a 3.
Em 1988, ano em que, ao lado do Sport, representou discretamente o País na Libertadores, o Bugre alcançou sua primeira decisão de Campeonato Paulista, mas o título escapou por pouco. Em 24 de julho, no Morumbi, em São Paulo, empate por 1 a 1, com direito a gol de bicicleta marcado por Neto para os bugrinos. Na volta, no Brinco de Ouro, empate sem gols no tempo normal e vitória do Corinthians, por 1 a 0, tento anotado por Viola, de carrinho, na prorrogação, na qual os alviverdes jogavam por nova igualdade. No ano seguinte, a maré começou a mudar: o Guarani amargou o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Na Série B de 1990, o Bugre até alcançou a fase semifinal, disputada em dois grupos de quatro, mas não chegou ao acesso, o qual viria em 1991, quando foi vice e subiu com o Paysandu.
O último grande momento da história bugrina aconteceu em 1994. Naquele ano, o ataque chegou a contar com Djalminha, Amoroso e Luizão, mas o Guarani não conseguiu parar o Palmeiras, que vivia o auge dos investimentos da Parmalat, e foi eliminado nas semifinais - duas vitórias e 5 a 2 no agregado para os palestrinos, que seriam campeões sobre o arquirrival Corinthians. 51
Placar sobre o título bugrino. Foto: Reprodução
A virada do século não foi nada animadora para o lado alviverde de Campinas. Pelo contrário. De 2001 para cá, o Guarani foi rebaixado para o Paulista da Série A2 (em 2001, 2006 2009 e 2013); para o Brasileiro da Série B (em 2004 e 2010); para o Brasileiro da Série C (em 2006 e 2012); e ainda no extinto Torneio Rio-São Paulo, em 2002. O último título foi o Paulista A2 de 2018 conquistado sobre o Oeste.
Atualmente, a dívida bugrina gira em torno de R$ 200 milhões, fazendo com que o estádio Brinco de Ouro da Princesa, em 2014, fosse vendido para a Magnum, do empresário Roberto Graziano13, por R$ 44,450 milhões. Em 2019, o Guarani foi eliminado na primeira fase da Copa do Brasil e do Paulistão e flertou com o rebaixamento à Série C do Brasileiro.
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A venda do Brinco de Ouro, porém, ainda é um imbróglio. Assim, a Magnum ainda não conseguiu tocar seu pla-
no para o local, que é a construção de um centro comercial de prédios. O Guarani, em troca, ainda espera receber uma arena multiuso com capacidade para 25 mil pessoas, um centro de treinamento e uma sede social.
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Jornal do Brasil traça perfil dos campeões brasileiros de 1978. Foto: Emmanuel do Valle / Reprodução.
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Capítulo 4
INTER DE LIMEIRA - CAMPEONATO PAULISTA DE 1986
A PRIMEIRA VEZ… O brasilianista Robert M. Levine (1982), em ‘Esporte e Sociedade: O caso do futebol brasileiro’, propõe a periodização da história do futebol brasileiro em quatro momentos: 1894-1904 (jogado em clubes urbanos ligados a colônias estrangeiras); 1905-1933 (fase amadora); 1933-1950 (início do profissionalismo) e desde 1950 (reconhecimento do nível internacional do esporte praticado no País). Por incrível que pareça, a primeira vez que um clube do Interior ‘se meteu’ entre os principais do Estado aconteceu já em 1929 - portanto, ainda no período amador. Naquele ano, houve duas edições do Campeonato Paulista.
A competição organizada pela Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA), à luz da história, acabou sendo mais ‘badalada’. Após turno único e apenas sete rodadas, o Corinthians1 conquistou o título, seguido por Santos, Palestra Itália (atual Palmeiras), Portuguesa e Guarani, além de Sílex, Sírio e Ypiranga.
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Sobre a importância do futebol já em meados do século XX: “Um estudo de alerta do fim de 1960 realizado
por Antonio Euclides Teixeira oferece evidências (...): foi demonstrado que a produção industrial em São Paulo subiu 12,3% nas semanas em que o Corinthians venceu e que os acidentes de trabalho aumentaram 15,3% quando ele perdeu” (LEVINE, 1982, p.37).
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No outro torneio, sob responsabilidade da Liga dos Amadores de Futebol (LAF), o vencedor acabou sendo o Paulistano, mesmo que os 12 participantes não tenham disputado as 22 partidas previstas, já que as duas entidades se fundiram em torno da APEA. De qualquer forma, o Paulistão da Liga ficou marcado pelo vice-campeonato da Ponte Preta, que somou 26 pontos em 20 jogos, enquanto o CAP teve 30 em 19 confrontos.
QUASE! Estabelecida a atual Federação Paulista de Futebol, que organizou seu primeiro Paulistão em 1941, demorou quase três décadas para que um interiorano ‘se intrometesse’ novamente. Mais uma vez, com a Ponte Preta, que se tornaria ‘arroz de festa’ entre os melhores - mas jamais seria a campeã.
Em 1969, o clube alvinegro conquistou a Primeira Divisão (atual Série A2, equivalente ao segundo escalão). Apesar disso, para chegar à fase principal do Paulistão de 1970, precisou disputar uma etapa preliminar com outras dez equipes. Além da Macaca, Guarani, Ferroviária, Botafogo e São Bento se juntaram a São Paulo, Palmeiras, Santos, Corinthians e Portuguesa na disputa pelo título. O regulamento foi simples. Após jogarem todos contra todos em turno e returno, o Tricolor do Morumbi anotou 27 pontos, cinco à frente do Verdão e da Ponte Preta, que dividiram a segunda colocação.
OLHA O PELOTÃO DE FRENTE! Em 1976, o Paulistão foi disputado por 18 equipes, divididas em três grupos de seis na primeira fase, batizada oficialmente de primeiro turno. Os times, porém, jogaram no sistema todos contra todos em turno único. Após 17 rodadas, os quatro melhores de cada chave avançaram ao estágio decisivo. O Guarani, por ter melhor campanha, conquistou um ponto extra para a etapa seguinte, enquanto o Santos foi um dos eliminados.
Na fase final, o segundo turno, os 12 sobreviventes se enfrentaram mais
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uma vez em turno único. Depois de 11 partidas, o Palmeiras2 levantou o título com 19 pontos. Logo abaixo, apareceram: XV de Piracicaba, com 14, Guarani, com 13, Botafogo e América, com 12, e Ponte Preta, com 11. O São Paulo foi apenas sétimo, também com 11, enquanto o Corinthians foi penúltimo, com sete, à frente apenas da Ferroviária, com cinco.
FIM DA FILA! Campeão estadual de 1954, conquista bastante celebrada pelos alvinegros, já que comemorava-se o IV Centenário de fundação da cidade de São Paulo, o Corinthians amargava uma tremenda ‘fila’3 em 1977.
Depois de três fases, o clube do Parque São Jorge, dirigido por Oswaldo Brandão, técnico que comandara a equipe alvinegra no último título estadual, encarou a Ponte Preta, que contava com o maior ídolo de sua história, o meia Dicá.
Apesar da pressão da diretoria pontepretana, que pretendia atuar pelo menos uma vez no Moisés Lucarelli, em Campinas, que comportava até 35 mil torcedores, a Federação Paulista de Futebol (FPF), prevendo alta bilheteria com a decisão e ouvindo uma recomendação do Secretário de Segurança, Antônio Erasmo Dias, definiu o Morumbi, casa do São Paulo, portanto, ‘campo-neutro’, como sede da final. Por ter melhor campanha, o Corinthians entrou na série de três partidas com um ponto, precisando, para chegar ao título, de uma vitória e um empate nos dois primeiros jogos ou triunfar em uma, perder outra e segurar o empate até a prorrogação do terceiro confronto. 2
Em 5 de outubro, os paulistanos venceram por 1 a 0, gol solitário de Palhi-
O Palmeiras entrou em campo pela última vez naquele Estadual em 22 de agosto, quando, já campeão, venceu
o Corinthians por 2 a 1, na rodada final. Depois, o clube do Parque Antarctica ficou na ‘fila’ até 1993. Em 12 de junho daquele ano, os palestrinos golearam os corintianos por 3 a 0 e ganharam a prorrogação por 1 a 0 e saíram com outro título paulista. 3
O Corinthians havia sido um dos campeões do Torneio Rio-São Paulo de 1966, mas, por conta de toda a situação
que envolvera aquela edição da competição interestadual, além da extrema importância que se dava ao Estadual naquela época, o sentimento alvinegro era de ‘jejum’ de quase 23 anos.
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nha, principal nome do elenco. Quatro dias depois, triunfo interiorano por 2 a 1, com Dicá e Rui Rei virando após Vaguinho abrir o placar, em um Morumbi abarrotado com 146.082 pessoas (138.032 pagantes)4, o maior público da história do estádio.
A grande decisão ficou para 13 de outubro. Logo antes dos 20 minutos de jogo, o árbitro Dulcídio Wanderley Boschilia expulsou o centroavante Corinthians celebra o título paulista de 1977. campineiro Rui Rei, após reclamação. Foto: Arquivo / Lance! Mesmo com um homem a mais, o Corinthians só abriu o placar aos 37 da segunda etapa, com Basílio após bate-rebate dentro da área. Ainda deu tempo de o zagueiro Oscar, da Ponte, e o centroavante Geraldão, dos paulistanos, serem expulsos, mas a taça ficou mesmo com os corintianos.
DÉRBI PARA LÁ, DÉRBI PARA CÁ… E FINAL ALVINEGRA! O calendário do futebol nacional era uma bagunça nos anos 1970. Prova disso: o Paulistão de 1978 chegou ao fim apenas em 28 de junho… de 1979, data na qual o São Paulo venceu o tempo normal por 2 a 0, mas não saiu de um empate sem gols na prorrogação e viu o Santos conquistar o título.
Já em 1º de julho, era dada a largada para o início da edição de 1979, que também prometia ser arrastada - e de fato foi. Na primeira fase, os 20
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Aquele segundo duelo entre Corinthians e Ponte Preta é dono do 31º maior público da história do futebol nacion-
al. Os outros 30 à frente aconteceram no Maracanã, no Rio de Janeiro. O topo da lista pertence à vitória do Uruguai sobre o Brasil, por 2 a 1, na rodada final da Copa do Mundo de 1930, quando 173.850 pagaram ingresso (oficialmente, 199.854 presentes) para ver o título uruguaio.
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times jogaram todos contra todos em turno e returno, mas divididos em quatro grupos de cinco para efeito de classificação. Após 38 rodadas, os três melhores de cada um deles avançaram para a segunda fase. Os 12 sobreviventes foram agrupados em duas chaves de seis e deveriam se enfrentar dentro delas apenas uma vez. Após cinco partidas para cada time, os dois melhores de cada lado avançariam para a semifinal. Foi o que aconteceu - mas não sem polêmicas. O presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Nabi Abi Chedid, resolveu marcar para 11 de novembro, pela segunda rodada, uma jornada dupla de partidas no Morumbi com transmissão de TV. Corinthians e Ponte Preta se enfrentariam antes de Palmeiras e Guarani.
Maior ídolo da história alvinegra, Dicá foi o grande protagonista da Ponte Preta no final dos anos 1970 e começo dos 1980. Foto: Arquivo / Dicá
O presidente corintiano, o folclórico Vicente Matheus, não aceitou, alegando que o clube do Parque São Jorge não fazia partida preliminar por ter maior torcida do que os outros três envolvidos. Resultado: o Estadual ficou paralisado, o que fez com que jogadores ganhassem férias obrigatórias. O Palmeiras, que era dirigido pelo técnico Telê Santana, vinha ‘sobrando’. Na primeira fase, o time palestrino tinha conseguido 20 vitórias e 12 empates; na segunda, quatro triunfos e uma igualdade. A parada, portanto, poderia ‘quebrar o ritmo’ alviverde. E foi o que acabou acontecendo. Curiosamente, as semifinais, realizadas no final de janeiro de 1980, reservaram dois clássicos. No Dérbi Campineiro, a Ponte Preta bateu o Guarani duas vezes: 2 a 1 e 1 a 0. No Dérbi Paulistano, o já não mais embalado Palmeiras parou no Corinthians, que conquistou o empate por 1 a 1 no primeiro jogo e venceu o segundo por 1 a 0.
Assim como em 1977, a decisão foi disputada em série melhor de três no Morumbi. Dessa vez, porém, o Corinthians sofreu menos para derrotar a Ponte Preta. A equipe da Capital venceu a primeira partida por 1 a 58
0, em 3 de fevereiro; segurou o empate sem gols, três dias depois; e anotou 2 a 0, no dia 10.
BATENDO NA TRAVE… O Paulistão de 1981 ficou marcado pela ‘longevidade’. No primeiro turno, após duas fases, Ponte Preta5 e Guarani fizeram a decisão em duas partidas. Na primeira, no Brinco de Ouro, empate por 1 a 1. Quatro dias depois, em 5 de agosto, no Majestoso, vitória alvinegra por 3 a 2. No segundo turno, também após três estágios, foi a vez de São José e São Paulo duelarem pela final. Na ida, no Martins Pereira, São José dos Campos, 1 a 0 para os valeparaibanos. Quatro dias depois, em 22 de novembro, no Morumbi, 3 a 2 para os paulistanos, que avançaram por conta da melhor campanha.
Inter de Limeira, campeã paulista de 1986. Foto: Divulgação / AA Internacional
Dessa forma, Ponte Preta, em sua terceira final em cinco anos, encarou o São Paulo na grande final - em dois jogos no Morumbi. Em 25 de novembro, 1 a 1. Quatro dias depois, 2 a 0 para os tricolor, gols de Renato ‘Pé Murcho’ e Serginho Chulapa. 5
A Ponte Preta tinha chegado às semifinais do Brasileirão de 1981, quando perdera a vaga para a decisão para o
Grêmio. O segundo jogo foi disputado no estádio Olímpico, em Porto Alegre, diante de 98.421 pessoas (85.721 pagantes), o maior público da antiga casa tricolor (em dezembro de 2012, os gaúchos inauguraram a Arena do Grêmio e trocaram de lar). O clube campineiro até venceu o duelo por 1 a 0, mas ficou sem a vaga por ter sido derrotado por 3 a 2 na ida. O Grêmio foi campeão em decisão sobre o São Paulo.
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O curioso é que o time são-paulino precisou fazer inacreditáveis 56 jogos para chegar ao título. Em 2019, o Corinthians foi campeão estadual com cerca de um terço disso - 18 partidas.
Lance na decisão do Paulistão de 1986. Foto: Reprodução
UM ALVINEGRO CAMPEÃO… Fundada em 1913, a Inter de Limeira é conhecida por ser um dos clubes mais vitoriosos do Interior de São Paulo. Curiosamente, o Leão da Paulista6 até que demorou para chegar à elite do Estadual. Em 1966, conquistou a Segunda Divisão (na prática, a terceira). Em 1978, faturou a Intermediária (equivalente à segunda). Portanto, frequentou o Paulistão pela primeira vez apenas em 19797.
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A Inter de Limeira é conhecida pelo apelido ‘Leão da Paulista’. Há divergências sobre os motivos da adoção do
leão como mascote, havendo três versões: na década de 1920, teria oferecido grande desafio ao Palestra Itália (atual Palmeiras) em amistoso; em data desconhecida, a equipe alvinegra teria vencido duelo diante do Comercial, apelidado como Leão do Norte, e, por isso, ‘roubado’ a alcunha do adversário; outra hipótese, mais genérica, é que os jogadores do time limeirense seriam conhecidos por demonstrarem muita raça em campo - e, no futebol, um atleta raçudo é um ‘leão’. A segunda parte do apelido, ‘da Paulista’, é uma clara referência à Companhia Paulista de Estradas de Ferro, já que uma de suas linhas passava pela cidade de Limeira. 7
Pode-se considerar que o Paulistão vivia seu auge naqueles tempos. Tanto que, em 1979, São Paulo, Corinthians,
Santos e Portuguesa não ficaram satisfeitos com o regulamento do Brasileirão e não o disputaram para dar atenção ao Estadual.
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Nos primeiros anos, se não protagonizou grandes façanhas, também não ficou na ‘rabeira’ da tabela, frequentando as zonas intermediárias. Além disso, entre 1982 e 1984, os times do Interior, a bem da verdade, não conseguiram ameaçar. Em 1985, Guarani e Ferroviária até foram para a semifinal, mas não apresentaram grande resistência. No placar agregado de duas partidas, os alviverdes perderam por 4 a 1 para o São Paulo, que seria o campeão, enquanto os grenás ficaram pelo caminho com o 4 a 2 para a Portuguesa.
Palmeiras alça a bola na área da Inter de Limeira na decisão do Paulistão de 1986. Foto: Arquivo / Agência Estado
Em 19868, o Paulistão - cujo regulamento era relativamente simples, já que os campeões de turno mais os dois melhores gerais após 38 rodadas avançariam ao mata-mata - começou dando toda a ‘pinta’ que o cenário dos anos anteriores se repetiria: o Santos conquistou o primeiro turno ao somar 26 pontos de 38 possíveis. No segundo, porém, a situação mudou. A Inter ‘sobrou’, fazendo 28, quatro à frente do Palmeiras, segundo colocado. Dessa forma, os limeirenses, que haviam terminado o turno na sexta colocação, chegaram às semifinais ostentando a melhor campanha. Por isso, 8
1986 é um ano importante para comprovar a crescente profissionalização em áreas correlatas ao esporte. Afinal,
foi quando a American Psychological Association (APA, a associação de psicólogos esportivos) reconheceu a atividade da psicologia do esporte, considerada uma das sete subáreas das ciências esportivas.
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enfrentaram o Santos, dono da pior pontuação entre os quatro sobreviventes. Foram duas vitórias interioranas e placar agregado de 4 a 1. Na outra perna, o Palmeiras perdeu a ida por 1 a 0, devolveu o placar na volta e eliminou o Corinthians com 2 a 0 na prorrogação.
Tato marca para a Inter de Limeira na finalíssima paulista de 1986. Foto: Reprodução
A Federação Paulista de Futebol (FPF) determinou que ambas as finais seriam disputadas no Morumbi, em São Paulo. Em 31 de agosto, mais de 104 mil torcedores acompanharam o empate sem gols.
Em 3 de setembro, cerca de 80 mil assistiram ao 2 a 1 dos alvinegros todos os gols marcados já no segundo tempo: Kita, em bela finalização de fora da área, aos 4 minutos; e Tato, após trapalhada dos alviverdes Denys e Martorelli, quase aos 9, abriram vantagem; aos 29, de cabeça, Amarildo descontou.
Kita comemora gol na decisão diante do Palmeiras. Foto: Arquivo / Edmar Ferreira
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Aquele resultado, portanto, marcou o primeiro título de um clube do Interior no Paulistão. Curiosamente, um time alvinegro, tal qual Ponte Preta e XV de Piracicaba, que haviam ficado ‘pertinho’ do feito. Uma verdadeira zebra preta e branca!
CRAQUE: KITA Andarilho da bola, João Leithardt Neto passou por clubes importantes do cenário naJoão Luis (e) e Gilberto Costa (d) comemora o cional, como Grêmio, Flamengo, Portuguesa título alvinegro de 1986. Foto: Agência Estado e Athletico Paranaense, e outros do Interior Gaúcho, como Brasil de Pelotas e Gaúcho, onde foi revelado. Ainda integrou a Seleção Olímpica Brasileira que conquistou a medalha de prata nos Jogos de Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1984, quando era atleta do Internacional. Entretanto, é sempre lembrado como o craque da Inter de Limeira de 1986. A memória é justa. O atacante foi o artilheiro máximo do certame ao anotar 23 gols - um deles, inclusive, abriu o placar na finalíssima sobre o Palmeiras.
Kita em duelo contra o Juventus na Rua Javari. Foto: Reprodução
Jogadores comemoram o título da Inter de Limeira. Foto: Agência Estado
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Kita, o craque do Paulistão de 1986. Foto: Reprodução
TÉCNICO: PEPE José Macia é uma das maiores lendas da história do futebol. Apesar de soar como tal, não é uma hipérbole. Como atacante, integrou o esquadrão do Santos das décadas de 1950 e 1960 que conquistou, entre outros, dois Mundiais de Clubes, duas Libertadores, cinco Taças Brasil, um Roberto Gomes Pedrosa e onze Paulistas - com 403 gols em 741 partidas, é o segundo maior artilheiro da história alvinegra, atrás apenas de Pelé. Pela Seleção Brasileira, foram dois títulos de Copa do Mundo, em 1958 e 1962. Seguiu fazendo história enquanto treinador. Pela Inter de Limeira,
Pepe em treino da Inter de Limeira. Foto: Reprodução Pepe comemora o título da Inter de Limeira. Foto: Agência Estado
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venceu o Paulistão de 1986 e o Brasileiro da Série B de 1988; pelo Athletico Paranaense, a Série B de 1995; pelo São Paulo, o Brasileirão de 1986; pelo Santos, o Paulistão de 1974; pelo Fortaleza, o Cearense de 1985; e pelo Verdy Kawazaki, o Japonês de 1991/92.
Pepe nos tempos de jogador do Santos. Foto: Arquivo / Lance!
A INTER DE LIMEIRA DALI EM DIANTE… O ano de 1986 continuou sendo ‘mágico’ para a Inter de Limeira. Em 7 de outubro, no estádio Major José Levy Sobrinho, o Limeirão, em Limeira, casa do Leão da Paulista, diante de 12.608 pagantes, a equipe interiorana encarou o Flamengo pela Taça dos Campeões São Paulo-Rio de Janeiro e chegou ao título com a vitória por 3 a 0, gols marcados no segundo tempo por Tato, Carlos Silva e Bugrão. O ídolo Kita, na ocasião, não vestia mais a camisa alvinegra - na verdade, usou o manto rubro-negro.
Kita no ‘jogo das faixas diante do Flamengo’. Foto: Reprodução
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Como era praticamente regra ao Campeonato Brasileiro - independente da divisão - até a criação dos pontos corridos na Série A, em 2003, a competição nacional de 1986 foi uma ‘bagunça’. No que seria a Elite, naquele ano batizada de Copa Brasil, 44 times foram divididos em quatro chaves e 32 deles avançaram à segunda fase, enquanto no Torneio Paralelo, uma espécie de Série B, foram quatro grupos de nove equipes. Treze-PB, Central-PE, Inter de Limeira e Criciúma-SC venceram cada uma dessas chaves - e subiram para a Série A já de 1986. O quarteto entrou direto na segunda fase da Copa Brasil. Paulistas e catarinenses fizeram boas campanhas e avançaram às oitavas de final, etapa na qual foram eliminados. O Leão da Paulista perdeu para o São Paulo, que seria o campeão. O Tigre Carvoeiro, por outro lado, ficou diante do Fluminense. O Tricolor do Morumbi eliminou, nas quartas de final, justamente o Tricolor das Laranjeiras. Paraibanos não tiveram a mesma chance e foram rebaixados por conta da campanha na segunda fase.
Aquele Torneio Paralelo de 1986, aliás, é motivo de polêmicas, já que não houve um cruzamento entre os times que venceram as chaves - o que gera a interpretação de que os quatro clubes são campeões brasileiros da Série B. O Central, por exemplo, durante uma partida da Série D de 2019, levantou um troféu para lembrar o ‘título’. O Treze, em matéria vinculada em seu site oficial, também se considera campeão daquele ano. Curiosamente, o Criciúma, que já se posicionou algumas vezes dizendo que não faz questão que a CBF chancele conquista, foi aquele que teve a melhor campanha entre os quatro. Em nota divulgada pelo Globo Esporte, em 18 de outubro de 2018, a CBF se posicionou sobre o tema: A fórmula adotada naquele ano não previa a definição de um ou mais cam-
peões no ápice da competição. Em 1986, os times em questão terminaram a Série B do Campeonato Brasileiro como líderes de seus respectivos grupos e conseguiram a classificação para a segunda fase da Série A do mesmo ano. O correto seria mencionar o mérito de 1986 como ‘Classificação à Série A’.
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Em 19879, a Inter de Limeira disputou o Brasileirão organizado pela CBF, o Módulo Amarelo, e ficou no oitavo lugar. Com a reestruturação do Campeonato Brasileiro em 1988, o Leão da Paulista foi colocado na Série B - oficialmente, a Divisão Especial.
Na primeira fase, os 24 participantes foram divididos em quatro grupos de seis. Após turno e returno, os quatro melhores de cada um deles avançaram, enquanto os quatro lanternas foram rebaixados. Os 16 sobreviventes foram novamente colocados em chaves - dessa vez, quatro de quatro. Depois de seis rodadas, os dois primeiros de cada uma delas garantiram classificação. A terceira fase teve dois grupos de quatro, e os dois melhores foram para o quadrangular do acesso. Nessa etapa com os quatro clubes restantes, Inter de Limeira e Náutico deixaram Ponte Preta e Americano para trás e, além de subirem de divisão, foram para a final. Já em 11 de fevereiro de 1989, em partida única disputada no Limeirão, os alvinegros venceram por 2 a 1 diante de 12.325 torcedores. A derrocada alvinegra começou pouco depois, logo na virada da década. No Brasileirão de 1990, a Inter foi rebaixada ao lado do São José-SP. Ainda naquele ano, foi quinta colocada do Grupo 1 da repescagem do Paulistão e acabou indo parar no Grupo B10. Resumidamente, a Elite do Estadual daqueles tempos tinha dois grupos - um com que equipes mais fortes; outro, com times mais fracos e que ficavam ameaçados de rebaixamento.
Em 1991, apenas o São Bento, lanterna dos ‘piores’, caiu de divisão no Estadual. São Paulo, Inter de Limeira e Santo André se destacaram entre os ‘ruins’ e se juntaram aos ‘melhores’ - Corinthians, Palmeiras, Botafogo, Portuguesa e Guarani - na reta final. O campeão acabou sendo o clube do Morumbi. No ano seguinte, o Leão da Paulista foi último colocado no Grupo A, o dos ‘melhores’. Em 1993, os limeirense foram 12º no Grupo B, o dos ‘piores’. Foi então que o presidente da FPF à época, Eduardo José Farah, passou o ‘facão’: em 1994, o Grupo B - dos ‘fracos’ - passaria a ser de fato o segun-
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Para mais detalhes, ver “São Caetano - Campeonato Paulista de 2004” na página 86
10
Conforme explicado detalhadamente em “Bragantino - Campeonato Paulista de 1990” na página 71
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do escalão estadual, batizado de Paulista da Série A2. Isso criou um efeito cascata - os times que estavam no segundo nível, a Divisão Intermediária, foram realocados para o Paulista da Série A3 e assim por diante. Portanto, os clubes foram rebaixados em uma ‘canetada’. A Inter de Limeira foi uma das equipes que sofreu a queda nos bastidores.
O Leão da Paulista disputou a Série A2 até 1996, quando conquistou o título. A fase final foi disputada por quatro equipes, que se encararam em turno e returno. Após seis rodadas, os limeirenses somaram dez pontos e subiram junto com Portuguesa Santista, que somou nove, e São José, que fez seis. Ituano, com cinco, amargou a eliminação. A Inter de Limeira permaneceu no Paulistão até 2003, quando foi a única rebaixada. O retorno, porém, foi imediato. A Série A2 começou com dois grupos de oito - e os quatro melhores de cada um deles avançaram, enquanto o São José, lanterna do Grupo 2, foi o único rebaixado. Na segunda fase, foram duas chaves de quatro. Depois, com os dois primeiros dos grupos anteriores, os quatro sobreviventes jogaram em turno e returno. Após seis rodadas, o Leão da Paulista somou 12 pontos, dois à frente de Taubaté e Taquaritinga e nove a mais do que o Flamengo.
A metade final dos anos 2000 foi péssima para a Inter de Limeira, amargando sucessivos rebaixamentos em competições com 20 participantes. Em 2005, foi lanterna do Paulistão. Em 2008, segurou a última colocação da Série A2. Em 2009, terminou a Série A3 em 18º. A reconstrução começou, por outro lado, já com acesso na Série B de 2010, nome oficial do quarto escalão estadual, competição que foi disputada por elencos majoritariamente Sub-23 - por partida, cada equipe poderia utilizar apenas três jogadores nascidos a partir de 1986.
O Leão da Paulista permanceu na Série A3 até 2017. Naquele ano, foi vice-campeão, perdendo a decisão para o Nacional. Ainda naquela temporada, foi derrotado pela Ferroviária na final da Copa Paulista, garantido uma vaga na Copa do Brasil de 2018. Em 2019, ano em que ainda chegou à segunda fase da Copa Paulista, o acesso na Série A2 veio com novo vice campeonato. O século XXI ainda afastou a Inter de Limeira das competições nacionais. 68
Depois de participar do equivalente à Série C da Copa João Havelange de 2000, disputou a Série C de 2002 e 2003, caindo, respectivamente, na primeira fase e na segunda fase. Na Copa do Brasil de 2018, eliminou o Rio Branco-AC, mas acabou eliminada pela rival Ponte Preta na segunda fase.
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Perfil de Kita feito pela revista Placar durante a reta final do Paulistão de 1986. Fotos: Reprodução / Trivela
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Capítulo 5
BRAGANTINO - CAMPEONATO PAULISTA DE 1990
TÁ BOMBANDO! Em outubro de 2019, a peça “Verde é a cor da inveja”, criada pela agência Bullet celebrando o acordo da marca esportiva alemã Puma com o Palmeiras, foi premiada nas categorias “moda” e “lançamentos” no Effie Awards Brasil 2019, tradicional premiação de campanhas publicitárias no País. A ação foi divulgada no primeiro minuto do ano e anunciava os novos uniformes da temporada. Aldo Pini, CSO e sócio da agência Bullet, declarou: A ação gerou resultados impressionantes. A hashtag ‘verde é a cor da
inveja’ foi trend topic no dia 1º de janeiro, a frente da posse presidencial e o filme teve a melhor taxa de engajamento da história da Puma Internacional. Três mil camisas foram vendidas nas primeiras 6 horas, o maior número de camisas vendidas por hora na história do e-commerce. A campanha foi duas vezes e meia maior que as campanhas de Milan e Olympique somadas. Além disso, obtivemos mais de 2 horas de mídia espontânea na TV, 354 Inserções diferentes na grade televisiva durante os primeiros 15 dias, mais de 6 milhões de reais em mídia espontânea. (PERAZZINI, 2019, online)
Quem vê esses números pode nem imaginar, mas o marketing esportivo é uma atividade desenvolvida, pode-se dizer, há pouco tempo, se pensarmos que as regras do futebol foram unificadas em 1863 e a primeira partida entre clubes aconteceu um pouco antes, em 26 de dezembro de 71
1860, quando o Sheffield FC bateu o Hallam FC durante as comemorações do Boxing Day1.
Arthur Friedenreich (e) e Leônidas da Silva (d). Foto: Reprodução
CASOS FAMOSOS No Brasil, os primeiros cases famosos datam pouco depois da profissionalização do futebol. Em 1938, a Seleção Brasileira fez a sua primeira grande Copa do Mundo2, quando foi terceira colocada e viu o atacante Leônidas da Silva3 ser o artilheiro ao anotar sete gols na campanha. A fabricante Lacta, então, decidiu rebatizar um de seus produtos4.
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“A tradição da data pós-natalina, no entanto, vai muito além do futebol…(O boxing day) surgiu na Idade Média,
a partir da elite que presenteava funcionários e pessoas de classes mais baixas – e, por causa das caixas, o nome foi dado. Aos poucos, o esporte se incorporou às festividades. E a proibição da caça à raposa, muito popular entre os britânicos, incentivou a criação das rodadas especiais no futebol, no rúgbi union e no rúgbi league desde o Século XIX”, contextualizou o jornalista Leandro Stein no site Trivela, em 2014, sobre a importância da data. 2
A Copa do Mundo de 1938 foi um marco midiático, pois foi a primeira transmitida ao vivo pelas rádios.
3
Leônidas da Silva já havia disputado a Copa do Mundo de 1934, vencida pelos italianos, donos da casa. Aquela
edição foi disputada diretamente em mata-mata, e o Brasil foi eliminado logo na primeira rodada ao perder para a Espanha por 3 a 1 - o único tento verde e amarelo foi anotado justamente por Leônidas da Silva. Pelo time canarinho, são 37 gols em 37 partidas. 4
Reportagem do Globo Esporte de 2013 trouxe informações da própria Lacta que a empresa teria pago 2 contos de
réis mais participações em vendas futuras a Leônidas da Silva. A fabricante, porém, não soube informar até quando ele teria recebido parte dos lucros.
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Portanto, o Chocolate ao Leite com Crocante Lacta passou a se chamar Diamante Negro, um dos apelidos do jogador, também conhecido como Homem Borracha5. Em 2013, a empresa divulgou que o Diamante Negro detinha 4% do mercado de chocolates no País.
Outro caso relevante está ligado ao Bangu. Em 1937, Dr. Silveirinha, dono da Fábrica de Tecidos Bangu, assumiu a presidência do clube carioca e investiu altas cifras - inclusive, liderou esforços para a construção do estádio Moça Bonita, casa alvirrubra até hoje. Em 1948, a
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Leônidas da Silva nos tempos de Flamengo. Foto: Arquivo / Lance!
Mundialmente famoso por ter aperfeiçoado a bicicleta, uma dos lances mais plásticos do futebol, Leônidas da Sil-
va é dos maiores jogadores da história do futebol. Nascido em 6 de setembro de 1913 e cria do Bonsucesso-RJ, o atacante sempre se posicionou favorável ao profissionalismo e teve passagens relevantes pelo Peñarol, do Uruguai, e por Vasco e Botafogo antes de chegar ao Flamengo, em 1936. O clube rubro-negro, ligado às elites do Rio de Janeiro, vinha passando por um processo de massificação que começara na década de 1930, com a transferência da sede do bairro do Flamengo para a Gávea, e se acentuara com as chegadas dos craques e negros Domingos da Guia, Fausto, Waldemar de Brito e do próprio Leônidas da Silva (vale destacar que o esporte ainda era muito elitizado, e as portas para os negros iam se abrindo aos poucos). Autor de 150 gols em 179 jogos e campeão carioca de 1939, o Diamante Negro entrou em litígio com os flamenguistas (a crise foi tamanha que o clube rubro-negro descobriu que ele usara um documento de reservista falsificado e fez com que o atleta ficasse preso por oito meses) e só conseguiu deixar o Rio de Janeiro em 1942, quando o São Paulo, que ainda tentava se consolidar no cenário paulista, pagou 200 contos de réis, então maior transação da história do futebol sul-americano. No desembarque de trem na Estação do Norte (atual estação do Brás), em 10 de abril, foi recebido por mais de 10 mil pessoas. Sua estreia com a camisa tricolor, no empate por 3 a 3 com Corinthians, em 24 de maio, foi acompanhada por 72.108 pagantes, maior público da história do Pacaembu. Para se ter uma ideia do que o Homem Borracha representava: a renda líquida do confronto foi de 151:857$500, sendo que metade ficou com os são-paulinos (dessa forma, 38% do investimento pago ao Flamengo foi recuperado com apenas uma partida). Dentro de campo, ele também se mostrou valioso, fazendo 144 tentos em 211 aparições e com o São Paulo conquistando os títulos estaduais de 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949, os primeiros desde o retorno após o final do São Paulo da Floresta. Leônidas da Silva também foi pioneiro ao contratar assessor de imprensa e se tornar comentarista (venceu o prêmio Roquete Pinto, um dos mais prestigiados, por sete oportunidades). Exerceu a nova função até 1974, quando começou a apresentar traços do mal de Alzheimer. Foram quase duas décadas até a internação - por isso, passou os últimos 11 anos de vida na Casa de Repouso São Camilo, em São Paulo, até falecer em 24 de janeiro de 2004, aos 90 anos, por conta de complicações da doença e de um câncer na próstata.
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diretoria teve uma ‘grande sacada’, já que o time passou a usar o logo da empresa ao invés do brasão oficial. Até aquele momento, a Fédération Internationale de Football Association (FIFA) proibia propaganda nos uniformes de jogo. Entretanto, como tanto a patrocinadora quanto a equipe se chamavam Bangu, não havia muito o que ser feito.
Carregado pelo povo, Leônidas da Silva chega em São Paulo para defender o São Paulo. Foto: Folha da Noite
LÁ FORA… O Eintracht Braunschweig, campeão alemão ocidental de 1967, usou a mesma ‘tática’ do Bangu. Em um duelo diante do Schalke 04, pela Bundesliga, nome da principal liga local, em 24 de março de 1973, o escudo do clube foi substituído pela logo do licor Jägermeister, que desembolsara 100 mil marcos alemães para aparecer na camisa amarela. A proibição seguia em voga - mas, assim como os cariocas, os germânicos também passaram ilesos de qualquer punição.
A ação foi ‘copiada’, entre outros, pelo Bayern de Munique durante a temporada 1973/74, quando as camisetas não tiveram o escudo da equipe e contaram, além das tradicionais três listras na manga da empresa alemã, com uma imensa inserção da adidas, que permanece como fornecedora oficial de material esportivo dos bávaros até hoje.
Durante os anos 1980, a Fédération Internationale de Football Association (FIFA), enfim, liberou os patrocínios oficialmente. Afinal, a própria FIFA, por exemplo, tinha parceria com a adidas, que fabrica as bolas oficiais da Copa do Mundo desde a edição de 1970, no México.
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Teixeirinha e Zizinho com a camisa do Bangu que tinha o logo das fábricas de tecido. Foto Reprodução
Outro caso emblemático é o do antigo Mundial de Clubes, também chamado de Copa Europeia/Sul-Americana ou Copa Intercontinental, que, a partir de 1980, passou a ser disputado em jogo único no Japão e organizado pela Japan Football Association (JFA) em parceria com a Toyota, empresa automobilística, sob supervisão da Confederación Sudamericana de Fútbol (CONMEBOL) e da Union of European Football Associations (UEFA). Não à toa, a competição ficou também conhecida como Copa Toyota Intercontinental.
Eintracht Braunschweig e o logo do licor Jägermeister. Foto: Reprodução
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DE VOLTA PARA CÁ… Dessa forma, vê-se que é a década de 1980 a que consolida o marketing esportivo como importante agente no cenário futebolístico. No Brasil, mesmo com casos anteriores, o marco é 19826, quando o Conselho Nacional do Desporto (CND) liberou publicidade sobre a numeração, nas costas. No ano seguinte, a parte frontal foi liberada.
Bayern de Munique, em 1973, já vestia adidas. Foto: Getty Images
O primeiro clube a se valer das novas normas foi o Democrata de Sete Lagoas-MG, em julho. A Equipe pagou Cr$ 500 mil em uniformes, bolas, chuteiras e tênis para ser o material esportivo oficial da equipe mineira. Pouco depois, o presidente Geraldo Negocinho firmou acordo com o banco Agrimisa. Entre essas duas negociações democratenses, o Ceará-CE anunciou que receberia Cr$ 16 milhões para divulgar a Associação Cearense de Cadernetas de Poupança por 48 meses.
QUEM LEMBRA? A americana Coca-Cola é a patrocinadora mais antiga dos Jogos Olímpicos - desde a edição de 1928, disputada em Amsterdã, nos Países Baixos. Apesar disso, como os Estados Unidos privilegiam outros esportes7,
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Também em 1982, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) causou mal-estar com a organização da Copa do
Mundo, disputada na Espanha. Afinal, no cantinho do escudo, foi colocado um pequeno ramo de café - uma referência ao patrocinador, o estatal Instituto Brasileiro do Café (IBC), que pagara U$ 3 milhões pelo espaço. 7
Em 2017, 7% dos adultos dos Estados Unidos consideravam o futebol o seu esporte predileto. Esse índice é o
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a empresa só deu maior atenção ao futebol a partir 1974, quando passou a investir na Copa do Mundo, a qual foi disputada na Alemanha Ocidental naquele ano, e se tornou parceira da Fédération Internationale de Football Association (FIFA). Em 1985, a companhia integrou o pool que repatriou o meia Zico, que deixava a italiana Udinese para retornar ao Flamengo.
Placar noticiou o patrocínio da Equipe ao Democrata de Sete Lagoas-MG. Foto: Reprodução
Um momento significativo no País, porém, foi a Copa União de 19878. A competição, organizada pelo Clube dos 13, foi patrocinada por Varig, que ficou responsável pelo transportes das equipes, Globo, que transmisitiria as partidas, e, claro, Coca-Cola9.
“(Don Keough, então CEO da Coca-Cola) me pediu que liderasse uma força-tarefa para avaliar as operações da Coca-Cola no Brasil, na época sob o comando de Jorge Giganti. O pessoal de Atlanta (sede da multinacional)
maior desde que a Gallup começou a aferir esses dados, em março de 1937, e coloca o ‘soccer’ como quarto preferido nos EUA, atrás apenas de futebol americano (37%), basquete (11%) e baseball (9%). 8
Para mais detalhes sobre o que aconteceu dentro de campo, ver “São Caetano - Campeonato Paulista de 2004”
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A intenção da Coca-Cola era aparecer na parte frontal das camisas dos participantes. No entanto, alguns clubes
já contavam com outros patrocínios. Outros, notoriamente o Grêmio, por conta do Internacional, se recusaram a vestir o tradicional logo da empresa - escrito branco sobre um fundo vermelho - por conta de rivais que usam a cor rubra. De qualquer forma, todos os 16 integrantes da Copa União apareceram em materiais de divulgação da empresa.
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reclamava que Giganti não andava se comunicando bem com a matriz e que ele estava obcecado com a ideia maluca de patrocinar uma liga de futebol brasileiro falida. O mais importante, contudo, era o fato básico de que o crescimento se encontrava estagnado. Ao chegar ao Rio, eu me reuni com Jorge para me informar sobre o lado dele na história. ‘Não há nenhum problema’, ele disse, e acrescentou: ‘Só telefono para Atlanta uma vez por mês.’ Em menos de uma hora, encontrei a raiz do problema: falta de comunicação. Passamos a semana no Rio e constatamos que a ideia de patrocinar a liga de futebol na verdade fazia bastante sentido. Por apenas 1 milhão de dólares, todos os times de futebol do Brasil vestiriam o logo da Coca Cola. Afinal, estávamos no país do futebol e seria loucura deixar passar a oportunidade”, relatou o ex-CEO da Coca Cola e presidente da companhia na Europa Central naquele ano, Neville Isdell, no livro ‘Nos bastidores da Coca-Cola: o ex-CEO da companhia conta como foi construída a marca mais popular do mundo’.
NO INTERIOR… O Bragantino10 também ajudou a inaugurar uma nova era para o esporte nacional, conforme resume Francisco Paulo de Melo Neto (1995, p. 232234), professor da Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD-UFRJ), no livro Marketing Esportivo. [...] Os clubes são o cartão de identificação da cidade. Qual é a empresa,
sediada na cidade, que não gostaria de associar seu nome e sua imagem ao cartão de identificação da própria cidade? Surgem aí excelentes perspectivas de investimento no esporte para as empresas locais. Se investir no esporte é um bom negócio, investir na promoção da cidade é melhor ainda. Desta nova parceria - clube, prefeitura e empresa - surgem novas perspectivas para o marketing esportivo.
De fato, esse cenário, de empresas investindo em equipes esportivas das cidades onde estão inseridas, se consolidou no Brasil, com destaque
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O Bragantino chegou ao Paulistão de 1990 vivendo o melhor momento de sua história até ali. Tinha conquistado
o Paulista da Divisão Especial de 1988 (equivalente ao segundo patamar estadual) e o Brasileiro da Série B de 1989, além de ter sido semifinalista do Paulistão de 1989.
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para o vôlei - casos, por exemplo, do Leite Moça/Sorocaba, campeão do Mundial de Clubes Feminino de 1994, e do EMS Taubaté Funvic, que conquistou a Superliga Masculina de 2018/19 - e o basquete - como, entre outros, o Paschoalotto/Bauru, que venceu a Liga das Américas Masculina de 2015.
Bragantino e Novorizontino protagonizaram a ‘Final Caipira’ de 1990. Foto: Reprodução.
No futebol, esse fenômeno - de marcas darem nomes às equipes - ficou famoso a partir do Paulista. Durante a virada do milênio, o clube jundiaiense era chamado oficialmente de Lousano Paulista, entre 1995 e 1998, e Etti Jundiaí, entre 1998 e 2002. Depois, viria o Red Bull Brasil.
Mas onde mais entra o Bragantino nesta história levantada por Francisco Paulo de Melo Neto? Bom, o Massa Bruta conquistou o Paulistão de 199011 diante do Novorizontino12, e a decisão entre os representantes de 11
Os times do Interior continuaram dando trabalho no Paulistão entre 1987, ano posterior ao título da Inter de
Limeira, e 1989, temporada anterior à conquista do Bragantino. Não à toa, em 1988, o Guarani perdeu a decisão para o Corinthians. Em 1989, o São José ficou com o vice-campeonato ao ser derrotado para o São Paulo, que havia eliminado o Bragantino nas semifinais. 12
Vice no Paulistão de 1990, o Grêmio Esportivo Novorizontino ainda foi campeão brasileiro da Série C, mas licen-
ciou-se do futebol profissional em 1999. Em 2001, porém, foi fundado o Grêmio Novorizontino, que se filiou à Federação Paulista de Futebol (FPF) apenas em 2010, mas que utiliza cores, mascote, escudo, uniforme e estádio similares à ‘primeira encarnação’. De lá para cá, acumulou três acessos es está no Paulistão desde 2016, tendo participado das quartas de final em 2017, 2018 e 2019, garantindo participação no Campeonato Brasileiro da Série D de 2018, 2019 e 2020.
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Bragança Paulista13 e Novo Horizonte ficou conhecida como Final Caipira14, a primeira vez que clubes do Interior fizeram a final do Estadual. Os campeões vestiam uniforme da Dell’Erba e contavam com patrocínio máster da...Coca-Cola. Pois é!
COMO FOI? Aquela edição do Paulistão também é famosa por conta do suposto rebaixamento do São Paulo. Afirmar que o clube tricolor foi rebaixado, porém, é impreciso. Afinal, os anos 1990 continuavam, tal qual as décadas anteriores, marcados pelos confusos e estapafúrdios regulamentos que impediam uma boa compreensão do público geral.
Naquele ano, a primeira fase da Primeira Divisão era composto por 24 times - o Grupo 1 contou com os 12 melhores de 1989, enquanto o Grupo 2 teve os 10 piores do Paulistão anterior mais os dois primeiros da Divisão Especial de 1989, o segundo escalão. Os sete primeiros da ‘chave forte’ e os cinco melhores da ‘chave fraca’ avançaram à etapa seguinte. Os demais, entre eles o São Paulo, foram para a repescagem. Os 12 times foram distribuídos em duas chaves de seis e, após dez rodadas, Botafogo, no Grupo 1, e Guarani, no Grupo 2, foram líderes e ‘subiriam’ para a chave ‘dos melhores’ de 1991 - os demais, incluindo os são-paulinos, ficariam na ‘chave fraca’ do ano seguinte. O jornalista Paulo Vinícius Coelho, quando ainda trabalhava para os canais ESPN, conseguiu ter acesso ao regulamento do Paulistão de 1990, o qual não previa rebaixamento, mas também não era claro se haveria o cruzamento entre as diferentes chaves para 1991. 13
Segundo Censo de 1991, Campinas era a segunda maior cidade do Estado de São Paulo em termos populacionais,
com 847.595 moradores. Novo Horizonte tinha 30.446, enquanto Bragança Paulista, 108.980. 14
Um grande momento futebolístico pode receber apelido para marcar sua importância. Pode-se citar, por exem-
plo: o título uruguaio sobre a Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 1950, que ficou conhecido Maracanazo; a vitória húngara sobre o escrete verde e amarelo no Mundial de 1954, a qual é lembrada como A Batalha de Berna; e, ainda na final desta mesma competição, a Alemanha bateu a própria Hungria n’O Milagre de Berna.
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Bragantino perfilado para a final paulista de 1990. Foto: Divulgação / CA Bragantino
Bragantino comemora o título paulista de 1990. Foto: Fábio Salles
“De acordo com decisão unânime do Conselho Arbitral, a partir de 1991, a Primeira Divisão será integrada por 28 clubes. Para 1991, o Grupo 1 será constituído pelas 14 associações classificadas para disputar a quarta fase de 1990, e o Grupo 2 será constituído pelas 10 associações restantes que não se classificaram para a quarta fase mais quatro promovidos da Divisão Especial de 1990. No Campeonato Paulista da Primeira Divisão de 1990, não haverá descenso”. Bragantino e Novorizontino, de qualquer forma, não tinham nada com isso e se destacaram já a partir do Grupo 1, dos ‘fortes’. Os alvinegros ocuparam a terceira colocação, com 28 pontos, enquanto os aurinegros, assim como Santos, Mogi Mirim e Portuguesa, fizeram 25, e fecharam a zona de classificação. São Paulo, União São João e Guarani vieram abaixo, com 23.
Depois, com os 14 sobreviventes - os sete do Grupo 1, os cinco do Grupo 2 e Botafogo e Guarani, vindos da repescagem -, a dupla seguiu colhendo grandes resultados. As equipes foram divididas em duas chaves de sete times e jogaram dentro delas. Após 12 partidas, o Bragantino foi primeiro do Grupo Preto, com 18 pontos, e o Novorizontino liderou o Grupo Vermelho, com 16. Os dois jogos da decisão terminaram empatados por 1 a 1. Em ambos, o Tigre saiu vencendo, mas o Massa Bruta teve forças para empatar. Com isso, a finalíssima, disputada no Marcelo Stéfani15, em Bragança Paulista,
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Em 2009, o presidente Marquinho Chedid resolveu mudar o nome da casa alvinegra - o estádio era conhecido
como Marcelo Stéfani e passou a se chamar Nabi Abi Chedid, homenagem ao pai, morto em 29 de novembro de 2006, que havia sido importante cartola do clube bragantino e do futebol sul-americano.
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foi para o período extra. Com o empate sem gols na prorrogação, os donos da casa ficaram com o título por conta da melhor campanha.
CRAQUE: MAURO SILVA
Mauro da Silva Gomes vestiu a camisa de apenas três clubes. Guarani, onde foi revelado, Bragantino, pelo qual ganhou projeção e conquistou o Paulistão 1990, e Deportivo La Coruña, clube que defendeu por 13 temporadas.
Mauro Silva vestindo o ‘manto’
Na Europa, conquistou um Espanhol, duas Copas do Rei e três Supercopas da Espanha. Com a camisa da Seleção Brasileira, venceu a Copa do Mundo de 1994 e a Copa América de 1997. Atualmente, é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF).
A Final Caipira, porém, teve outros jogadores campeão paulista de 1990. Foto: Rede amplo destaque depois daquela decisão. produção Pelo lado alvinegro, casos do goleiro Marcelo Martelotte e do meia Pintado; pelo lado aurinegro, exemplos são o atacante Paulo Sérgio e o zagueiro Márcio Santos.
Thiago Scuro (e) e Marquinho Chedid (d) fazem homenagem a Mauro Silva (c) durante jogo do Brasileiro da Série B de 2019. Foto Lucas Bettine
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TÉCNICO: VANDERLEI LUXEMBURGO Como lateral-esquerdo, Vanderlei Luxemburgo da Silva não teve muito destaque, apesar de ter passado por Flamengo, Botafogo e Internacional. Os brilhos vieram mesmo como treinador. O primeiro deles, aliás, foi justamente à frente do Bragantino.
Vanderlei Luxemburgo (d) nos tempos de Bragantino. Foto: Gazeta Press
Primeiro, conquistando o Brasileiro da Série B de 1989. Depois, o Paulistão de 1990. A carreira embalou durante a década de 1990 e o começo dos anos 2000, vencendo, entre outros, cinco Brasileiros da Série A e uma Copa do Brasil. Chegou à Seleção Brasileira e venceu a Copa América de 1999.
Luxemburgo (c) durante a final estadual de 1990. Foto: Gazeta Press
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Entre 2004 e 2005, teve uma passagem de 340 dias como comandante do Real Madrid. Desde então, só levantou taças estaduais, mesmo dirigindo clubes como Grêmio, Fluminense e Flamengo. Ficou livre no mercado entre outubro de 2017, quando deixou o Sport, e maio de 2019, quando acertou com o Vasco da Gama.
O outro técnico daquela decisão do Paulistão de 1990 também foi ‘revelado’ para o mundo da bola ali. Nelsinho Baptista conquistaria o Brasileirão daquele ano com o Corinthians, o primeiro título nacional alvinegro, e a Copa do Brasil de 2008 com o Sport, além de ter passagem de destaque pelo futebol japonês.
Bragantino promove a tradicional entrega das faixas. Foto: Reprodução
O BRAGANTINO DALI ATÉ 2018 O Bragantino seguiu colhendo bons resultados durante o começo dos anos 1990. No Brasileirão de 1990, alcançou as quartas de final, etapa na qual acabou eliminado pelo Bahia. Na defesa do título estadual, o Massa Bruta foi eliminado ainda na primeira fase com a sexta colocação do Grupo A. O Brasileirão de 1991 teve um regulamento simples, ‘praticamente’ uma novidade para a época: os 20 times jogaram em turno único, com os quatro melhores avançando às semifinais e os dois melhores caindo de divisão. Surpreendentemente, os interioranos acabaram na segunda colocação com os mesmos 26 pontos do São Paulo e eliminaram o Fluminense no primeiro mata-mata. A decisão foi diante do Tricolor do Morumbi - e os alvinegros 84
seriam campeões em caso de dois empates, já que tinham melhor campanha no somatório das fases. Na ida, em São Paulo, triunfo tricolor por 1 a 0. Na volta, no Marcelo Stéfani, em Bragança Paulista, empate sem gols e título paulistano.
Mauro Silva usando o famoso uniforme ‘carijó’, com o qual o Bragantino foi vice-campeão brasileiro de 1991. Foto: Divulgação / CA Bragantino
O Bragantino foi mais uma vez destaque no Brasileirão de 1992. Terminou a fase classificatória na terceira colocação e, no quadrangular semifinal, somou oito pontos, um abaixo do Botafogo, que avançou à decisão, na qual foi derrotado pelo Flamengo na decisão.
A primeira ‘pancada’, porém, aconteceu já em 1995. Naquele ano, o Paulistão teve um regulamento (no mínimo) curioso. Os 16 times jogaram em turno e returno e, após 30 rodadas, XV de Piracicaba, Bragantino e Ponte Preta foram rebaixados, enquanto os sete melhores avançaram para a segunda fase, etapa na qual ganharam a companhia do Mogi Mirim, ‘campeão’ da fase inicial da Série A2. O Corinthians conquistou o título sobre o Palmeiras após dois jogos disputados no estádio Santa Cruz, casa do Botafogo, em Ribeirão Preto. Entretanto, no Brasileirão daquele ano, o Massa Bruta conseguiu a sexta colocação.
Assim, entre 1996 e 1998, o representante de Bragança Paulista viveu a inusitada situação de ser tanto um time de Brasileirão, quanto de Série A2 Paulista. Depois, entre 1999 e 2002, ficou na A2 do Estadual e na B do Nacional. Desde então, alternou entre o Paulistão e a Série A2 e entre a Série B e a Série C do Brasileiro (apenas entre 2004 e 2006, o clube bragantino não teve uma divisão nacional). O único título no século XXI até 2019 foi a Terceirona Nacional de 2007.
Em 2018, chegou às quartas de final do Paulistão e conquistou o acesso no Brasileiro Série C. Tais feitos atraíram a atenção da Red Bull... 85
Capítulo 6
SÃO CAETANO - CAMPEONATO PAULISTA DE 2004
PROBLEMA NOVO? No dia 3 de outubro de 2019, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou o calendário para a temporada seguinte. A entidade, presidida por Rogério Caboclo, anunciou que, em 2020, o futebol nacional irá pausar e respeitará as datas FIFA (períodos de atividade das seleções), as quais acontecem sempre entre quintas e terças-feiras já definidas. A questão, porém, é que isso é uma inverdade. Os clubes, de fato, não jogarão nas datas FIFA. Entretanto, os atletas de times brasileiros que servirem aos respectivos países poderão entrar em campo em um intervalo inferior a 66 horas, período recomendado de descanso entre uma partida e outra (o ideal, aliás, é de 72 horas).
Um exemplo que ajuda a ilustrar ocorrerá em setembro. Entre 3 e 8 do nono mês, as equipes nacionais sul-americanas estarão envolvidas com as terceira e quarta rodadas das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022. A partida de ida da final da Copa do Brasil, por outro lado, está agendada já para o dia 10. Para piorar, dez rodadas do Campeonato Brasileiro da Série A serão realizadas enquanto é disputada a Copa América, sediada na Argentina e na Colômbia entre 12 de junho e 12 de julho.
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PROBLEMA ANTIGO! Engana-se quem acredita que calendário é um problema recente no País. Pelo contrário! Exemplos são encontrados desde quando o esporte engatinhava.
Em 1926, ainda durante o amadorismo, a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) organizou o Campeonato Paulista Extra. A intenção era movimentar os clubes filiados entre uma edição e a outra, já que a daquele ano se encerrara em setembro e o seguinte começaria apenas em maio. O regulamento foi bastante simples. Após turno único, o melhor de cada grupo avançou à decisão. Na final, em 13 de fevereiro de 1927, o Palestra Itália (atual Palmeiras) venceu o Sírio, no Palestra Itália, por 1 a 0, gol solitário de Amílcar Barbuy no segundo tempo.
Palmeiras conquistou o Paulista Extra de 1926. Foto: Divulgação / SE Palmeiras
Pouco depois, em 1938, já com o profissionalismo oficialmente instaurado, a Liga de Futebol do Estado de São Paulo (LFESP) também realizou um Campeonato Paulista Extra. A justificativa para ele era que a Copa do Mundo, sediada na França, faria os clubes ficarem cerca de seis meses do ano parados. Os 12 participantes, então, foram divididos em três chaves de quatro. Após turno e returno dentro dos grupos, Palestra Itália (atual Palmeiras), São Paulo Railway (atual Nacional) e Corinthians avançaram à fase decisiva. Na semifinal, empate por 1 a 1 e vitória alviverde por 3 a 1 sobre os ferroviários. Na final diante dos alvinegros, com os dois jogos acontecendo no Parque Antarctica, empate sem gols e 2 a 1 para os palestrinos (saíram ganhando com Barrilotti e Rolando, enquanto Teleco descontou).
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Palmeiras também faturou o título do Paulista Extra de 1938. Foto: Divulgação / SE
TEVE MAIS!
Zico ergue a Copa União de 1987. Foto: Arquivo / Lance!
O calendário também teve singularidades por problemas das entidades organizadoras. Um dos casos mais clássicos aconteceu em 1987. Naquela temporada, um impasse da ‘quebrada’ Confederação Brasileira de Futebol (CBF) fez com que a União dos Grandes Clubes Brasileiros, o popular Clube dos 13, entidade fundada em julho daquele ano por Bahia, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Internacional e Grêmio, tomasse as rédeas, convidasse Santa Cruz, Coritiba e Goiás e criasse a Copa União, que, com patrocínio de Varig, Rede Globo e Coca-Cola1, teria a missão de ser o Brasileirão.
Vislumbrando o sucesso que a competição teria, a CBF ‘foi traíra’. Afinal, havia permitido que Copa União fosse a grande competição nacional daquele ano, mas, com apoio do SBT, montou o próprio torneio, o qual contou com 15 participantes, já que o América-RJ - semifinalista da temporada anterior - optou por ficar de fora.
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Para mais detalhes sobre extra-campo, ver o capítulo ““Bragantino - Campeonato Paulista de 1990” na página
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Um dos articuladores da manobra foi o Guarani, uma vez que o clube campineiro se sentia atingido por não ter sido convidado pelo Clube dos 13, apesar de ser o então vice-campeão nacional. Em 1986, vale lembrar, os bugrinos haviam perdido o título para o São Paulo apenas nos pênaltis.
A CBF, então, passou a considerar a Copa União como o Módulo Verde e o seu próprio campeonato como o Módulo Amarelo e esperava que houvesse um cruzamento entre os dois primeiros de cada um deles. O Clube dos 13 não aceitou, mas viu Eurico Miranda, vice-presidente do Vasco e interlocutor da entidade na CBF, se comprometer com a confederação e confirmar que o chaveamento aconteceria. O Flamengo conquistou a Copa União em decisão sobre o Internacional, enquanto Sport e Guarani encerraram a decisão do Módulo Amarelo quando a disputa de pênaltis estava empatada em 11 a 11. Como gaúchos e cariocas se recusaram a enfrentar pernambucanos e paulistas, o Leão e o Bugre voltaram a se encontrar. ‘Valendo o título nacional’, os recifenses tiveram um empate por 1 a 1 e uma vitória por 1 a 0 e foram ‘campeões’2.
Lance em jogo que o Sport derrotou o Guarani. Foto: Arquivo / Lance!
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O imbróglio sobre quem é ou não o campeão brasileiro de 1987, em tese, chegou ao fim em março de 2018, quan-
do o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou os nordestinos em sentença transitada em julgado. Jornalistas como Juca Kfouri, Roberto Assaf, Paulo Calçade e Mauro Cezar Pereira, porém, já se manifestaram afirmando que o campeão de fato é o Flamengo, mesmo com a decisão do STF.
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QUE ARRANCADA! Outro caso emblemático relacionado às questões de calendário aconteceu no finzinho do milênio. A Associação Desportiva São Caetano foi fundada em 4 de dezembro de 1989 e estreou nas competições profissionais no ano seguinte, quando se utilizou de uma artimanha e ficou com a vaga na Segunda Divisão Paulista (equivalente ao terceiro escalão) que pertencia à Sociedade Esportiva Recreativa União Jabaquara, de São Caetano do Sul. Chegou a jogar o Paulistão de 1993, mas já estava de volta à Série A3 em 1995. Em 1998, o regulamento do Paulista da Série A3 previa que apenas o campeão entre 16 participantes conquistaria o acesso. Depois de duas fases, o São Caetano encarou o Taubaté, venceu as duas partidas, somando 5 a 2 no placar agregado, e chegou ao título. Com isso, o Azulão pediu para disputar o Brasileiro da Série C - o que foi aceito. Na primeira fase, liderou o Grupo 9, à frente de Santo André, Rio Branco, Matonense, Etti Jundiaí (atual Paulista) e Francana. No mata-mata, passou por São José-RS, Anápolis e Rio Branco-SP. No quadrangular do acesso, somou oito pontos após seis rodadas, foi vice-campeão e subiu junto com o Avaí.
Em 1999, o São Caetano teve boas campanhas, mas não conseguiu o acesso no Paulista da Série A2 e no Brasileiro da Série B. E foi neste ano que a sorte sorriu para o clube azulino, protagonista de uma ascensão meteórica nunca antes vista no futebol nacional - e que ainda não se repetiu.
O Brasileirão de 1999 previa que o rebaixamento aconteceria a partir da média dos dois últimos nacionais. Por isso, o Botafogo deveria cair. No entanto, descobriu-se que Sandro Hiroshi, atacante do São Paulo, era ‘gato’, ou seja, atuava com documentos irregulares desde 1994. Diante disso, o Fogão recebeu os três pontos do duelo diante do Tricolor do Morumbi que havia acabado 6 a 1 para os paulistas. O Gama-DF, por consequência, entrou na zona de rebaixamento no lugar dos cariocas, mas não aceitou a situação e apoiou os apelos do Sindicato dos Técnicos do Distrito Federal e do Partido da Frente Liberal (PFL, atual Democratas), os quais ingressaram na Justiça comum para reverter a queda candanga via ‘tapetão’. 90
Paraná comemora título do Módulo Amarelo da Copa João Havelange de 2000. Foto: Paulo Pinto / Estadão
Por conta desse imbróglio, a Confederação Brasileira de Futebol se viu impossibilitada de organizar o Campeonato Brasileiro de 20003, que ficou a cargo do Clube dos 13 em um grande acordo entre os envolvidos no ‘Caso Sandro Hiroshi’. A entidade, então, optou por dar vida à Copa João Havelange, uma competição de 116 clubes divididos em três divisões e quatro módulos.
Alambrado de São Januário despenca na final da Copa João Havelange de 2000. Foto: Jorge Araújo / Folhapress
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O ano de 2000 ficou marcado pelos regulamentos peculiares. No Campeonato Paulista, não foi diferente. Afinal,
havia uma comunicação entre as três primeiras divisões (o pior da primeira fase de uma série caía, enquanto o melhor de outra subia - já para a segunda fase daquela mesma temporada). Lanterna na Série A1, o América foi substituído pelo Botafogo, que venceu o estágio inicial da Série A2. Além disso, o Olímpia venceu a abertura da Série A3 e trocou de lugar com o Oeste. Ainda houve rebaixamentos ‘regulares’. O Araçatuba despencou no Paulistão; o XV de Piracicaba, na A2; e Ferroviária e Corinthians, de Presidente Prudente, na A3. Por fim, o São Caetano, que faturou a A2, e o Nacional, que levou a A3, conquistaram acessos às divisões de cima para 2001.
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O mais bizarro de todo esse cenário já bizarro é que todos os participantes teriam a possibilidade de chegar ao título, conforme constava no regulamento. Os 12 primeiros da primeira fase do Módulo Azul (o equivalente à Série A) mais Paraná, São Caetano e Remo - respectivamente, campeão, vice e terceiro do Módulo Amarelo (que seria a Série B) - e o Malutrom que conquistara o Módulo Verde e Branco (o mesmo que a Série C) - entraram nas oitavas de final.
O Azulão fez uma campanha marcante - e contando com nomes que estavam no título da Série C de 1998, casos de Silvio Luiz, goleiro; Dininho, zagueiro; Magrão, volante; e Adhemar, atacante. No mata-mata, o time do ABC Paulista passou por Fluminense (4 a 3 no agregado de duas partidas), Palmeiras (6 a 5) e Grêmio (6 a 3) até encontrar com o Vasco na decisão. Na partida de ida, no Parque Antarctica, que se tornara a casa azulina quando não pudesse utilizar o Anacleto Campanella, empate por 1 a 1. A volta, três dias depois, em 30 de dezembro de 2000, começou com domínio da equipe paulista. Mas, conforme escreveram Fábio Victor, Raphael Gomide e Sérgio Rangel para a Folha de S.Paulo: Não poderia ter sido pior.
A Copa João Havelange, do inchaço, da virada de mesa, do regulamento esdrúxulo e da falta de comando, conseguiu ontem superar sua própria natureza. No segundo jogo da decisão do torneio criado pelo Clube dos 13, entre Vasco e São Caetano, no estádio de São Januário, no Rio, um alambrado desabou na metade do primeiro tempo, dando início a um festival de desorganização, violência e trapalhadas e deixando temporariamente vago o posto de campeão brasileiro de 2000. A partida estava empatada em 0 a 0 quando aconteceu o acidente, causado por uma briga entre torcedores do Vasco, que dominavam as arquibancadas - o São Caetano não recebeu ingressos. Pelo menos 117 pessoas ficaram feridas. O jogo foi paralisado pelo árbitro Oscar Roberto Godoi, e o campo foi invadido pela torcida. Por pouco mais
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de uma hora reinou o caos, até que Godoi, após uma ordem do governador do Rio, Anthony Garotinho, decidiu não dar continuidade à partida. Instantes antes do anúncio do juiz, o secretário da Defesa Civil do Estado, Paulo Gomes Filho, informara que havia condições para que o jogo fosse reiniciado - os dois times já estavam preparados. O que transcorreu durante os 70 minutos em que a partida esteve paralisada (das 16h35 às 17h45) vai entrar para o anais do futebol. Em meio ao socorro dos acidentados, enquanto os representantes do Clube dos 13 assistiam a tudo impassíveis, o presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio, Eduardo Viana, e o presidente eleito do Vasco, Eurico Miranda, mandaram no gramado, liderando operação para que a final fosse retomada. Helicópteros pousavam no gramado para atender e resgatar feridos, ao mesmo tempo em que Eurico e Viana diziam que tudo estava tranquilo e que o jogo poderia ser retomado - tudo pontuado por declarações preconceituosas, como “está tudo tranquilo, não tinha nenhum paulista na torcida”. “As resoluções aqui são minhas. Isso aqui não é terreiro de nenhum suburbano de São Paulo”, afirmou Viana, ao saber que o presidente do São Caetano solicitara a suspensão da final. Minutos depois de o jogo ter sido suspenso, jogadores do Vasco, por ordem da diretoria, foram ao campo, pegaram a taça de campeão e deram a volta olímpica. Muitos deles estavam constrangidos. Parte da torcida que ainda ocupava as arquibancadas começou a vaiar a equipe. “O jogo terminou empatado em 0 a 0 (resultado que daria o título aos cariocas). Então o campeão é o Vasco”, declarou Eurico. Pelo regulamento da Copa JH, a partida deveria ser realizada hoje, um dia após seu cancelamento. O atacante Romário, que não estava em campo no momento da paralisação, não poderia jogar.
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O dirigente vascaíno chamou Garotinho de “frouxo” e “incompetente” por ordenar o encerramento do jogo. “Se sair tumulto lá fora temos que responsabilizar o governador”, disparou Viana. Ao saber que a partida não seria retomada, os torcedores se dividiram entre a revolta e o desespero. Muitos pediam o dinheiro de volta. A PM reprimiu com violência manifestações dos torcedores, conturbando mais o ambiente. O São Caetano, que iniciou a Copa JH no Módulo Amarelo e se tornou a maior surpresa entre os 116 participantes, dominava o Vasco até a paralisação do jogo. “Eles deveriam estar orgulhosos de ter jogado em São Januário. Não estão habituados a pisar em um estádio de primeiro mundo como o nosso”, afirmou Eurico, em referência à construção de 1927, que jamais sofreu reforma profunda e ontem possivelmente recebeu mais torcedores do que a sua capacidade (35 mil lugares). Ao saber que o Vasco se declarara campeão, o vice-presidente do clube do ABC , Luiz de Paula, disse que se contentaria com o vice. Mas o título de 2000 está oficialmente vago. O juiz não divulgou o relatório, fundamental para a decisão do Clube dos 13 - na terça-feira, a entidade decidirá o futuro da Copa JH em reunião.
Eurico Miranda não queria que a decisão da Copa João Havelange fosse interrompida. Foto: Agência Estado
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Jogadores do Vasco comemoram o título da Copa João Havelange de 2000. Foto Divulgação / CR Vasco da Gama
O campeão foi descoberto apenas em 18 de janeiro de 2001, quando a partida decisiva foi disputada no Maracanã. Os alvinegros dominaram a partida e venceram por 3 a 1, gols de Juninho Pernambucano, Jorginho Paulista e Romário, com Adãozinho descontando.
De qualquer forma, a partir de uma ‘lambança’, o São Caetano já se intrometia e passava a frequentar o seleto grupo de principais clubes - do País e das Américas.
VAI, NÃO VAI... Os bons resultados seguiram sendo acumulados pelos lados de São Caetano do Sul. Em 2001, liderança da primeira fase do Brasileirão. No mata-mata, passou por Bahia e Atlético Mineiro, mas perdeu o título para o Athletico Paranaense. Em 2002, vice-campeonato da Libertadores,4 edição que ficou nas mãos do paraguaio Olímpia5. Em 2003, quarta colocação na primeira edição em pontos corridos da história do Brasileirão.
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Em três participações na Libertadores, o São Caetano sempre caiu nas penalidades máximas: em 2001, para o
Palmeiras; em 2002, para o Olímpia; em 2004, para o Boca Juniors. 5
O Olímpia é o único time que conseguiu reverter uma derrota como mandante na decisão e chegou ao título da
Libertadores. Na ida, 1 a 0 para o São Caetano. Na volta, 2 a 1 para os paraguaios, que venceram a disputa de pênaltis por 4 a 2.
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FOI! O Paulistão de 20046 foi disputado por 21 times. Na primeira fase, eles foram divididos em duas chaves, uma de dez e outra de onze, e atuaram em turno único dentro delas. Juventus7, lanterna do Grupo 1, e Oeste, último colocado do Grupo 2, foram rebaixados.
São Caetano perfilado para o jogo remarcado da decisão da Copa João Havelange. Foto: Reprodução
O grande favorito ao título era o São Paulo, que liderara o Grupo 1 com uma campanha praticamente perfeita: oito vitórias e um empate. O São Caetano não deu bola para isso: no único duelo das quartas de final, foi ao Morumbi e venceu por 2 a 0, ambos marcados pelo atacante Fabrício Carvalho. Na semifinal, o Azulão derrubou o Santos - uma goleada e um empate e 7 a 3 no placar agregado das duas partidas. A decisão foi diante do Paulista.
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Entre o título do Bragantino, em 1990, e o do São Caetano, em 2004, os clubes do Interior pouco ameaçaram no
Paulistão. Prova disso é que, com exceção da edição de 2002, que não contou com Corinthians, São Paulo, Santos, Palmeiras, Portuguesa, Etti Jundiaí (atual Paulista), São Caetano, Ponte Preta e Guarani, os quais participaram do Torneio RioSão Paulo, somente em 2001 as duas primeiras posições não foram ocupadas pelos quatro principais times do Estado - o Botafogo perdeu a decisão para o Corinthians. 7
Um dos fatos mais lembrados daquele Paulistão envolve três clubes da cidade de São Paulo. Na última rodada do
Grupo 1, o São Paulo enfrentaria o Juventus, então lanterna, enquanto o ameaçado Corinthians receberia a Portuguesa Santista. Uma vitória grená sobre os tricolores aliada à uma derrota alvinegra diante dos litorâneos faria com que o time do Parque São Jorge fosse rebaixado. E isso ficou próximo de acontecer. No Pacaembu, o Timão perdeu para a Briosa por 1 a 0. No Anacleto Campanella, porém, o Tricolor venceu por 2 a 1, dois gols do atacante Grafite, ‘salvou’ o maior rival e ‘rebaixou’ o Moleque Travesso.
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O clube de Jundiaí, assim como o São Caetano, vivia o momento mais importante de sua história, já que vencera a Copa Estado de São Paulo (atual Copa Paulista) de 1999, o Paulista Série A2 de 2001 e o Brasileiro Série C de 2001 - e levantaria a Copa do Brasil de 2005, a qual só foi possível graças à vaga conquistada com a participação naquele Paulistão de 2004.
Apesar do bom momento tricolor, o Azulão, que ainda era defendido pelo goleiro Sílvio Luís e pelo zagueiro Dininho, venceu os dois jogos da decisão sem maiores dificuldades - 3 a 1 (gols de Euller e Warley, duas vezes, para os caetanistas, e Canindé, para os tricolores) e 2 a 0 (tentos de Marcinho e Mineiro), ambos no Pacaembu. Aquela ainda representou a última vez que dois times do Interior fizeram a decisão do Estadual de São Paulo.
CRAQUE: MINEIRO Carlos Luciano da Silva teve uma rápida passagem pela base do Internacional até se estabelecer como um grande jogador de clubes relevantes do Estado, já que trabalhou por Guarani, Ponte Preta, Rio Branco e São Caetano. Em 2004, conquistou o Paulistão pelo São Caetano e se destacou nas demais disputas.
Assim, acabou acertando com o São Paulo, onde ficou por apenas duas temporadas o suficiente para se tornar um dos maiores Tite montou o elenco campeão paulista de ídolos da história do clube após vencer o 2004. Foto: Globo Esporte Estadual, a Libertadores e o Mundial, todos de 2005, e o Brasileirão de 2006. Depois, rodou por clubes da Europa sem grande destaque. Pela Seleção Brasileira, Mineiro8 participou da Copa do Mundo de 2006 e foi campeão da Copa América de 2007.
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Apesar de volante, Mineiro marcou gols importantes - de títulos. Pelo São Caetano, fez o segundo da finalíssima
do Paulistão 2004 diante do Paulista; pelo São Paulo, anotou o único tento da decisão contra o Liverpool no Mundial de Clubes de 2005.
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TÉCNICO: MURICY RAMALHO Como jogador, foi uma das principais revelações do São Paulo na década de 1970, sendo campeão do Paulistão de 1975 e do Brasileirão de 1977, o primeiro título nacional do clube tricolor, e teve longa passagem pelo Puebla, do México.
Em 1994, nos primeiros passos, como treinador, conquistou a Copa Conmebol com o time do Morumbi que ficou conhecido como ‘Expressinho’. Foi apenas uma amostra do que viria nos primeiros anos 2000, que o consolidariam como um dos grandes técnicos do futebol nacional, afinal, conquistou quatro Brasileiros da Série A, sete Estaduais, uma Libertadores e uma Recopa Sul-Americana. Em 2010, após a eliminação da Seleção Brasileira ainda nas quartas de final da Copa do Mundo, o comandante recusou um convite da CBF para assumir a equipe nacional, permanecendo no Fluminense. Se aposentou da ‘prancheta’ em 2016, quando dirigia o Flamengo. Desde então, é comentarista, com passagens por ESPN e SporTV.
Muricy Ramalho segura a taça do Paulistão de 2004. Foto: Globo Esporte
Muricy Ramalho, porém, não foi o responsável por montar o elenco do São Caetano campeão estadual daquele ano. Ele substituiu Tite9, demitido
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Tite, atual técnico da Seleção Brasileira, foi contratado pelo São Caetano no final de julho de 2003 para a vaga de
Nelsinho Baptista, que deixara o clube azulino para assumir o japonês Nagoya Grampus.
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em 16 de fevereiro após derrota para o Marília, por 1 a 0, como mandante, pela sexta rodada do Grupo 2. O Azulão ocupava apenas a sexta colocação da chave.
O SÃO CAETANO DALI EM DIANTE… Ainda em 2004, o São Caetano foi até as quartas de final da Libertadores, etapa na qual foi eliminado apenas nos pênaltis para o Boca Juniors, e caiu para o São Paulo na Copa Sul-Americana depois de ter passado pelo Coritiba.
Aquele restante de temporada, porém, ficou marcado mesmo pela Serginho estava no jogo entre Vasco e São Caetano, em São morte do zagueiro Serginho, em 27 Januário, que não chegou a terminar. Foto: Reprodução de outubro, após após uma parada cardiorrespiratória durante partida contra o São Paulo, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro. O defensor de 30 anos, um dos alicerces do time azulino no começo do século, tinha uma doença que leva à dilatação do coração, a miocardiopatia hipertrófica assimétrica.
O médico Paulo Forte e o presidente Nairo Ferreira de Souza foram punidos, assim como o clube azulino - o caso, porém, jamais foi devidamente esclarecido. O STJD, baseado no no artigo 214 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), tirou 24 pontos do Azulão, que teria escalado o experiente jogador de maneira irregular em quatro partidas. Dessa forma, o clube paulista, que tinha somado 77 e terminado na quinta colocação, garantindo uma vaga na Sul-Americana seguinte, despencou para o 18º lugar do Brasileirão, com 53 pontos. O São Caetano, então, entrou em uma crise da qual jamais se recuperou. Depois de ter se acostumado a ser protagonista, comprovados com os vices da Copa João Havelange de 2000, do Brasileirão de 2001 e da Libertadores de 2002, campanhas de destaque nacional foram minguando; e os rebaixamentos, se acumulando. 99
Em 2006, vice-lanterna do Brasileirão e queda para a Série B; em 2013, descenso para a Série C, um ano depois de ter perdido o acesso para Athletico Paranaense e Vitória por conta do número de vitórias, 21 contra 20, após tríplice empate, todos com 71 pontos. Já em 2014, na Série C, penúltima colocação do Grupo B. Em 2015, o acesso na Série D escorregou para o Botafogo-SP.
Serginho morreu após uma parada cardiorrespiratória durante o duelo entre São Paulo e São Caetano no Morumbi. Foto: Agência Estado
No Campeonato Paulista, o São Caetano conseguiu se manter mais firme. Em 2007, vice do Paulistão diante do Santos. Em 2013, rebaixamento com a penúltima colocação entre 20 participantes. Foram quatro temporadas na Série A2. O título de 2017, além de marcar o retorno à Elite do Estadual, fez com que o Azulão disputasse a Copa do Brasil de 2018, na qual foi eliminado pelo Criciúma na primeira fase.
Serginho sendo retirado do gramado do Morumbi após a parada cardiorrespiratória. Foto: Agência Estado
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A temporada de 2019 foi de altos e baixos. No Paulistão, rebaixamento com apenas oito pontos em 12 rodadas. No Brasileiro da Série D, eliminação na primeira fase, com uma vitória e dois empates em seis partidas no Grupo A16. Por fim, título da Copa Paulista, vencendo o XV de Piracicaba na decisão.
O médico Paulo Forte tenta reanimar Serginho. Foto: Gazeta Press
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Capítulo 7
SANTO ANDRÉ - COPA DO BRASIL DE 2004
TAPANDO BURACO Um dos grandes problemas para os clubes chamados pequenos desde a instituição completa do profissionalismo no Estado de São Paulo sempre foi o calendário. Por questões que iam desde a demora para, independente da divisão, o início do Campeonato Paulista - muitas vezes, por conta de imbróglios jurídicos e brigas nos bastidores - até um Estadual com poucos jogos ou concentrado em um determinado momento da temporada, as equipes ficavam sem ter o que disputar por longos meses.
Por isso, os times muitas vezes faziam torneios por conta própria, com a Federação Paulista de Futebol (FPF) chancelando e apoiando com questões burocráticas, como arbitragem e tabela. Algumas dessas iniciativas ficaram famosas, como: Torneio João Mendonça Falcão de 1966, Torneio José Ermírio de Moraes de 1969, Torneio 25 de Janeiro de 1972, Torneio Marcelo Castro Leite de 1973, Torneio Vicente Feola de 1976, Torneio Incentivo de 1977, Copa Federação Paulista de Futebol – Rede Globo 20 anos de 1985, Torneio José Maria Marin de 1987 e Torneio Eduardo José Farah de 1988. Entretanto, em geral, envolviam apenas aqueles que estivessem no que seriam o 1º e o 2º escalão de São Paulo.
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Desde 1999 e com exceção de 2000, a FPF1 organiza a Copa Paulista2, que tem como objetivo exatamente esse: complementar o ano de alguns de seus filiados que estejam no que ela chama de Primeira Divisão3. Além disso, a Copinha, como ela também é conhecida, é famosa por oferecer vaga em competição nacional4.
Até se chegar à criação da Copa Paulista, porém, houve tentativas que podem ser consideradas precursoras justamente por terem efetivamente sido organizadas pela FPF, além de terem completado o calendário estadual e invariavelmente darem vaga para algum outro campeonato. Pode-se citar, portanto, as Taças São Paulo de 1962 e 1985 e as Copas Estado de São Paulo de 1979 a 1981. Já nos anos 1990, houve o Torneio Seletivo de 1990, a Copa Benedito Teixeira de 1991 e a Copa 90 Anos de Futebol de 1992.
1
Em 2002, a FPF organizou a Copa Mauro Ramos, que contou com a participação de oito times e foi vencida pelo
Ituano em decisão sobre o Santo André. Acabou tendo pouca relevância, já que foi um torneio ‘tampão’ - não deu vaga para nenhuma outra competição - e nunca mais voltou a ser disputada. Em 2007, houve a Copa Energil C, que movimentou clubes que não estavam na Copa Paulista. 2
A competição mudou de nome ao longo do tempo. Em 1999 e em 2002 e 2003, foi Copa Estado de São Paulo; em
2001, Copa Coca-Cola; entre 2004 e 2006, Copa Federação Paulista de Futebol; e em 2007, Copa Federação Paulista de Futebol - Heróis de 32. A nomenclatura Copa Paulista vem desde 2008 (com exceção de 2012, quando foi Copa Paulista - Heróis de 32). 3
A pirâmide estadual, atualmente, é composta oficialmente pela Primeira Divisão (que, por outro lado, é subdi-
vidida em Série A1, Série A2 e Série A3) e pela Segunda Divisão (que, também conhecida como Bezinha ou Segundona ou Série B, é, na prática, o equivalente ao quarto escalão estadual). Entretanto, nem sempre foi assim. Entre 2001 e 2003, havia a Série B3 (o sexto patamar). Por fim, também chegou, obviamente, a existir um quinto degrau, que perdurou em 1978 e 1979 e entre 1994 e 2004 (na reta final, entre 2000 e 2004, foi batizada como Série B2). 4
Em 1999 e 2002, não ofereceu nenhuma vaga, enquanto o Bandeirante deveria ter se classificado à Copa do Brasil
com o título de 2001 (o que não aconteceu e ela acabou transferida ao Bragantino sem maiores explicações - no jargão popular, uma ‘virada de mesa’). Entre 2003 e 2005 e entre 2008 e 2014, o campeão ia para a Copa do Brasil. Em 2006 e 2007, o campeão avançava para a Copa do Brasil; o vice, para o Brasileiro da Série C. Em 2015, o Linense levantou o caneco e foi para o Brasileiro da Série D e para a Copa do Brasil; segundo, o Ituano se classificou para a Série D. Desde 2016, o vencedor escolhe entre a Série D e a Copa do Brasil; o vice fica com a vaga que sobrar. Além disso, entre 2007 e 2010, o campeão ia para Recopa Sul-brasileira, uma torneio de curtíssima duração que contava com um representante de Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina (basicamente, havia semifinal e final, mas não classificava para mais nada; servia exatamente para movimentar um pouco mais alguns clubes).
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CAPÍTULO À PARTE! Outra ainda foi a Copa Bandeirantes de 1994, a qual merece destaque. Afinal, teve a participação dos chamados clubes grandes - e com seus times principais. Ao longo de duas décadas de Copa Paulista, tanto Corinthians, Santos e São Paulo5 entraram na competição, mas apenas para darem oportunidade para jovens promessas. A Federação Paulista de Futebol (FPF) precisava indicar o terceiro representante do Estado de São Paulo para a Copa do Brasil de 1995 - as duas primeiras já haviam sido preenchidas por Palmeiras e São Paulo, respectivamente, campeão e vice do Paulistão de 1994. Por isso, decidiu criar a Copa Bandeirantes. Estabeleceu-se que seria disputada por Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos, América e Novorizontino, os seis primeiros colocados do Paulistão; Araçatuba, campeão da Série A2; e Nacional, que conquistara a Série A3. O torneio começou em 18 de julho, um dia após a Seleção Brasileira conquistar o título da Copa do Mundo pela quarta vez.
Apesar do formato simples - dois grupos de quatro times, que jogariam dentro deles em turno e returno; depois, final entre os campeões das chaves -, a Copa Bandeirantes não ‘pegou’. Talvez, por isso, tenha caído no esquecimento6. Os públicos foram irrisórios. Alguns exemplo? A goleada corintiana por 4 a 1 sobre os são-paulinos, no Morumbi, foi vista por 2.187 ‘almas’. Outro?
5
Entre 2000 e 2013, o Palmeiras manteve o Palmeiras B (na Europa, times B são bastante comuns, mas essa inicia-
tiva não ‘pegou’ no País), cujo objetivo era revelar jogadores para a equipe principal e não poderia ascender ao Paulistão, mesmo se conquistasse o acesso dentro de campo (de acordo com as regras vigentes, um grupo econômico não pode ter dois times no mesmo patamar). O Palmeiras B disputou a Copa Paulista entre 2003 e 2007 e 2009 e 2012 - a melhor posição foi o nono lugar, obtido em 2006. 6
Tal afirmação pode ser feita a partir de uma análise da página referente aos títulos do Corinthians no site oficial do
clube alvinegro. Afinal, a Copa Bandeirantes de 1994 está renegada a uma simples citação na seção ‘Torneios Estaduais’, tendo até menos destaque do que as conquistas na Copa São Paulo de Futebol Júnior, considerado o principal torneio de base do futebol brasileiro.
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O empate sem gols entre palestrinos e nacionalinos, em Santo André, no Bruno José Daniel, teve acompanhamento de 138 ‘guerreiros’.
Corinthians goleou o São Paulo por 4 a 1 na Copa Bandeirantes. Foto Gazeta Press
Outro motivo que pode ter ajudado a explicar a baixa repercussão da Copa Bandeirantes foi a composição da tabela. O Corinthians, por exemplo, foi a campo quatro vezes pelo Grupo A em um espaço de sete dias. Apesar disso, em 19, 21 e 23 e 25 de julho, os alvinegros tiveram 100% de aproveitamento. A decisão acabou sendo entre corintianos e santistas, com ambos os jogos realizados no Morumbi. E nem mesmo a disputa pelo título mobilizou. O primeiro confronto, que acabou 6 a 3 para a equipe do Parque São Jorge, contou com a presença de 9.267 torcedores e renda de R$ 37.266,00. A finalíssima, em 11 de agosto, que teve empate por 1 a 1, ainda registrou 21.696 presentes e uma arrecadação de R$ 63.997,50.
O mais importante de tudo, de qualquer forma, é que o Corinthians foi o campeão, inaugurando um dos seus períodos de maior brilho, a Era Marcelinho Carioca7, que conquistou: Mundial de Clubes de 2000, Campeonato Brasileiro de 1999 e 1998, Paulistão de 2001, 1999, 1997 e 1995 e também a Copa do Brasil de 1995 - justamente por conta do título da Copa Bandeirantes.
7
Em 1998, poucos meses depois de chegar ao Valencia, o meia desejava deixar a Espanha. E conseguiu de uma
maneira inusitada. A FPF desembolsou R$ 15 milhões e criou o ‘Disk Marcelinho’, no qual torcedores ligavam 0900, ao custo de R$ 3,00, para pedi-lo como reforço. Ele, como pode-se imaginar, retornou mesmo para o Corinthians, que teve 62,5% das ligações. São Paulo (20,3%), Santos (9,5%), e Palmeiras (7,7%) ficaram bem atrás. Mas quem ‘pagou o pato’ mesmo foi a federação, que arrecadou menos de R$ 2 milhões.
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PRIMEIRA METADE... “É com grande orgulho que estamos comemorando a 15.ª edição da Copa Paulista de Futebol. Uma competição que garante ao campeão uma vaga na Copa do Brasil para que sejam possíveis feitos como o que conseguiu o Santo André, campeão da Copa Paulista de 2003, da Copa do Brasil de 2004 chegando à disputa da Taça Libertadores da América de 2005”.
Foi dessa maneira que o então presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marco Polo del Nero, apresentou a Copa Paulista de 2014, em seu guia oficial distribuído à imprensa e aos clubes. A referência não poderia ser mais clara: celebrava a longevidade da competição a partir do sucesso do clube do ABC. O regulamento daquela Copa Paulista de 2003, porém, não foi dos mais simples. Na primeira fase, foram quatro chaves de oito clubes. Os times jogaram em turno e returno dentro delas - além disso, as equipes do Grupo A enfrentaram uma vez as do Grupo B, enquanto o mesmo aconteceu entre os do Grupo C e do Grupo D. Após 22 rodadas, portanto, os dois melhores de cada chave avançaram ao mata-mata, que, aí sim, foi tranquilo de entender. O Santo André chegou ao título eliminando Matonense, Comercial e Ituano (com quem, curiosamente, também conquistou o acesso no Brasileiro da Série C de 2003). A primeira parte na ‘imitação’ ao Corinthians estava completa…
Santo André perfilado para a decisão da Copa do Brasil de 2004. Foto: Reprodução
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SEGUNDA METADE… A Copa do Brasil de 2004 tinha um regulamento simples: 64 times em um grande mata-mata até que se descobrisse o campeão. Os critérios de participação também eram de fácil entendimento: 10 vagas para os melhores clubes do ranking da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com exceção daqueles que estavam na Libertadores e outros 54 lugares distribuídos entre as federações estaduais, que indicavam entre um e três representantes. Naqueles tempos, vitória dos visitantes (que eram os times mais bem posicionados no ranking da CBF) por dois ou mais gols de diferença nas duas primeiras etapas de Copa do Brasil eliminava os donos da casa logo de cara, sem a necessidade do confronto de volta.
E foi exatamente isso que o Santo André tratou de fazer: goleada por 5 a 0 sobre o Novo Horizonte-GO, em 18 de fevereiro. Depois, o Ramalhão teve páreo duro - e em situação oposta. Afinal, em 24 de março, ‘sapecou’ 3 a 0 como mandante. Mais adiante, até perdeu por 2 a 0 como visitante, mas conseguiu eliminar o Atlético Mineiro. Também naquela época, o gol fora era critério de desempate na Copa do Brasil, o que foi essencial para o título andreense. Isso porque, nas oitavas e nas quartas, a classificação saiu por conta dele: contra o Guarani, 1 a 1 e 0 a 0; contra o Palmeiras, 3 a 3 e 4 a 4.
Primeiro jogo da final da Copa do Brasil de 2004 foi disputado no Parque Antarctica. Foto: Gazeta Press
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Na semifinal, o adversário foi o 15 de Campo Bom. No Pacaembu, em São Paulo, vitória gaúcha por 4 a 3, resultado que, diante das circunstâncias, foi bom para o Santo André, que chegou a estar perdendo por 4 a 1. Na volta, no Olímpico, em Porto Alegre, os sulistas até saíram na frente, mas os paulistas conseguiram a virada para 3 a 1 - totalizando 6 a 5 no agregado.
Élvis celebra segundo gol da decisão no Maracanã. Foto Agência Estado
Na decisão, o Flamengo. Na ida, em 23 de junho, no Parque Antarctica, em São Paulo, empate por 2 a 2, resultado que encaminhava o título rubro-negro...Mas não é que o clube do ABC venceu por 2 a 0, gols de Sandro Gaúcho e Elvis já no segundo tempo, em pleno Maracanã lotado com 71.988 pagantes?
Placar do Maracanã aponta a vitória andreense sobre o Flamengo. Foto: Divulgação / EC Santo André
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Logo após a partida, que consolidou o primeiro título de um time do Interior de São Paulo na Copa do Brasil, Dedimar, capitão ramalhino, fez uma declaração para a posteridade: “O Maracanã é um mito criado pela imprensa carioca. É um estádio normal”.
Dedimar, capitão do Santo André, em 2004. Foto: Gazeta Press
CRAQUE: SANDRO GAÚCHO Sandro Rogério Formoso Pires já era um rodado atacante quando foi vice-artilheiro da Copa do Brasil de 2004, com seis gols, dois atrás de Dauri, do XV de Campo Bom, e Alex Alves, do Botafogo, que marcaram oito.
Com Romerito, Sandro Gaúcho comemora o gol marcado no Maracanã. Foto: Gazeta Press
Havia passado por, entre outros clubes, União São João, Ponte Preta, Bragantino, Coritiba e Sport. Entretanto, é sempre lembrado como o autor do primeiro tento daquela decisão sobre o Flamengo, aos sete minutos do segundo tempo. 109
Romerito (e) e Osmar Cambalhota (d) vibram com o gol marcado por Sandro Gaúcho (c). Foto: Reprodução.
A idolatria da torcida do Santo André pelo jogador ainda pode ser explicado pelo fato de ser o segundo maior artilheiro da história do clube, com 58 gols, apenas cinco atrás de Tulica.
TÉCNICO: PÉRICLES CHAMUSCA Os grandes feitos da carreira do treinador Péricles Raimundo Oliveira Chamusca aconteceram na Copa do Brasil. Em 2002, colaborou para que o Brasiliense, clube fundado apenas em 2000, chegasse à decisão, mesmo sendo um time de Série C. Na final, derrota para o Corinthians por 3 a 2 no placar agregado.
Péricles Chamusca, técnico do Santo André, em 2004. Foto: Fernando Santos / Folha Imagem
Pouco tempo depois, teve nova chance dirigindo uma ‘zebra’. E, dessa vez, não desperdiçou a oportunidade ao calar o Maracanã. Desde então, rodou por clubes de todo o País, como Botafogo e Sport, mas se fixou como opção a mercados periféricos do ‘planeta bola’ ao ter passagens por equipes de Catar, Japão e Arábia Saudita. 110
Santo André ergue a Copa do Brasil de 2004. Foto: Pedro Paulo / Futura Press
O SANTO ANDRÉ DALI EM DIANTE… Na Série B de 2004, o Santo André decepcionou e terminou na 14ª colocação da primeira fase com 29 pontos, seis abaixo do Santa Cruz, que fechou o G8, grupo de classificação para a segunda fase, e apenas três acima do América-RN, 19º colocado, o qual abriu o Z6, a zona de rebaixamento para a Série C. Na Copa Paulista, defendendo o título, eliminação ainda na segunda fase.
A temporada de 2005 teve mais resultados relevantes. Na Libertadores, terceira colocação com oito pontos, um abaixo do Palmeiras e quatro a menos do que o Cerro Porteño, do Paraguai, que formaram a zona de classificação às oitavas do Grupo 4. Além disso, o Ramalhão aplicou 6 a 0 no Deportivo Táchira, da Venezuela, na última rodada, a maior goleada daquela edição, resultado que o Santos também fez no Bolivar, da Bolívia. No Paulistão, disputado em pontos corridos entre 20 equipes, quarta colocação. Na Série B, o Santo André avançou à segunda fase, disputada por dois grupos de quatro, mas perdeu a vaga ao quadrangular final para Santa Cruz, com 13 pontos, e Grêmio, com 12, dois à frente dos ramalhinos. Os clubes tricolores, aliás, chegariam ao acesso8.
8
Os gaúchos foram campeões da Série B de 2005 no capítulo que ficou conhecido como A Batalha dos Aflitos. Em
26 de novembro, os gremistas foram ao estádio dos Aflitos, no Recife, encarar o Náutico. Ambos chegavam à última rodada com chances de subir ao Brasileirão. No primeiro tempo, Bruno Carvalho desperdiçou pênalti para os donos da casa. Na etapa complementar, nova penalidade máxima para os alvirrubros. Os visitantes, inconformados, partiram para cima
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Em 2007, o Santo André passou por uma baixa inesperada: rebaixamento no Paulistão. Foram apenas dez pontos em 19 rodadas, enquanto o Sertãozinho, 16º, foi o primeiro fora do Z4, com 19. Na Série B, a campanha não foi das mais brilhantes, mas o suficiente para se manter na divisão. Em junho daquele ano, foi contratado o meia Marcelinho Carioca, ex-Flamengo, Corinthians, Santos e Vasco, que já estava aposentado, trabalhando como comentarista de televisão.
Em 2008, o ano ramalhino foi marcado por grandes campanhas - liderados justamente pelo veterano jogador. No primeiro semestre, título do Paulista A2 sobre o Oeste - com gol decisivo anotado por ele. Na segunda metade, retorno ao Brasileirão, que havia disputado apenas em 1984, com a segunda colocação da Série B, cujo campeão foi o Corinthians. Na Copa Paulista, mesmo com um time alternativo, conseguiu alcançar a semifinal.
Nessa última década, porém, o Santo André não conseguiu manter os bons resultados nacionalmente, além de ter virado ‘ioiô’ no cenário estadual. No Campeonato Brasileiro, rebaixamento na Série A de 2009, na Série B de 2010 e na Série C de 2012, além de eliminação ainda nas oitavas de final da Série D de 2013. Desde então, foram duas quedas na primeira fase da Copa do Brasil, em 2015 e 2017.
No Paulistão de 2010, o Ramalhão fez grande final diante do Santos, que iniciava a era que ficou conhecida como Terceira Geração dos Meninos da Vila (liderada por Robinho, revelou, entre outros, Paulo Henrique Ganso e Neymar). Cada time venceu uma partida por 3 a 2, mas a taça ficou na Vila Belmiro, já que o Peixe tinha melhor campanha. Aquele Santo André também ficou marcado por grandes personagens, como Branquinho, que passou por Bahia e Athletico Paranaense, e Rodriguinho, campeão brasileiro daquele ano com o Fluminense.
da arbitragem e tiveram três expulsos, Patrício, Domingos e Nunes, os quais se somaram a Escalona, que havia tomado
o vermelho momentos antes. Depois de uma indefinição, Ademar foi para a cobrança, mas o goleiro Galatto conseguiu fazer a defesa. Na sequência, Anderson puxou contra-ataque e foi parado por Batata, que deixou os pernambucanos com um homem a menos. Os sulistas bateram a falta com velocidade e pegaram a defesa mandante toda bagunçada. Aos 61 minutos, Anderson, então, entrou na área e, com categoria, fez o gol - do retorno à Série A e do título. Cabe destacar que apenas 71 segundos se passaram entre a defesa do arqueiro e o tento do volante.
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Entretanto, os andreenses caíram para a Série A2 já em 2011, na qual permaneceram até 2016, quando conquistaram o título. Foram apenas duas participações no Paulistão até nova queda, em 2018. Em 2019, porém, nova taça da principal divisão de acesso estadual - o quinto (1975 e 1981 foram os mais antigos), feito que os coloca empatados com o XV de Piracicaba como maior campeão do segundo patamar estadual. Na temporada, ainda chegaram à terceira fase da Copa Paulista, competição que voltaram a vencer em 2014 diante do Botafogo, em pleno Santa Cruz, em Ribeirão Preto.
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Capítulo 8
PAULISTA - COPA DO BRASIL DE 2005
EM TERRAS TUPINIQUINS, É DIFERENTE… Na Europa, as copas nacionais surgiram e se fixaram nos calendários antes do surgimento dos campeonatos. A competição mais antiga do mundo, por exemplo, é a Copa da Inglaterra, disputada pela primeira vez entre novembro de 1871 e março de 1872, quando foi conquistada pelo Wanderers. O Campeonato Inglês, por outro lado, começou na temporada 1888/89 e teve o Preston North End como campeão inaugural.
No Brasil, até por conta das origens do esporte no País, calcadas nas rivalidades regionais criadas a partir dos Estaduais, o campeonato, porém, é que marca presença há mais tempo. Mesmo que não se considere a unificação dos títulos, instituída oficialmente pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2010, a qual igualou Taça Brasil e Roberto Gomes Pedrosa ao Campeonato Brasileiro, e entenda-se que as três são competições distintas, o Brasileirão é que está estabilizado desde 1971, mesmo com as polêmicas envolvendo as edições de 1987 e 2000.
A Taça Brasil, que era bem similar à Copa da Inglaterra por ambas utilizarem o formato mata-mata, durou apenas entre 1959 e 1968. A Copa do Brasil mesmo surge somente em 1989 por questões políticas envolvendo o Brasileirão.
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MUDANÇAS Desde o estabelecimento do Campeonato Nacional, em 1971, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) inchou a competição até bater em incríveis 94 participantes, em 1979. Este ano, aliás, merece destaque, afinal, por conta de um decreto da Fédération Internationale de Football Association (FIFA), que indicava que as instituições nacionais ligadas ao esporte bretão teriam que dar atenção exclusiva ao futebol, surgiu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Quem assumiu o comando da nova entidade foi o empresário Giulite Coutinho, ex-cartola rubro que até batiza o nome do estádio do America-RJ. Ele venceu tumultuada eleição com 16 votos, contra dez do adversário, o almirante Heleno Nunes. Logo após o pleito, ele concedeu entrevista à Rede Globo de Televisão.
“Pessoalmente, eu sou favorável a que o Campeonato Nacional seja disputado no primeiro semestre do ano. A forma de disputa, ela pode ser um campeonato regionalizado, que permite um maior número de clubes, ou então uma divisão que seria a critério de nível técnico”, destacou.
Dito e feito. Em 1980, já sem a necessidade de agradar o regime ditatorial militar, que relaxava a truculência após anos de chumbo, houve a Taça de Ouro, nome dado ao Brasileirão, com 40 times classificados a partir das colocações nos Estaduais, e ainda a Taça de Prata, a Série B, também de acordo com desempenhos regionais. Ainda ficou instituído que clubes da Taça de Prata ascenderiam à Taça de Ouro daquela mesma temporada. Essa solução parecia satisfazer os dois lados. De um, os maiores clubes, que ansiavam menos partidas e deslocamento e regulamento mais claro. Do outro, as federações estaduais1 garantiam a possibilidade de verem um de seus representantes no Campeonato Nacional. 1
O cartola americano permaneceu na CBF até 1986, mas, a partir de 1982,
Em 1980, a Taça de Ouro teve sete equipes paulistas; cinco cariocas; três gaúchas, duas baianas, cearenses, goi-
anas, mineiras, paranaenses e pernambucanas; além de um representante de Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe.
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com a queda da Seleção Brasileira para a Itália, na Copa do Mundo disputada com craques como Zico, Falcão, Sócrates e Toninho Cerezo sob a batuta de Telê Santana, os critérios técnicos para garantir vaga no Campeonato Nacional foram afrouxados, com clubes participando a convite da entidade.
O último Brasileirão de sua gestão, o de 1985, ficou marcado pela ‘decisão mais alternativa da história’, com o Bangu perdendo o título para o Coritiba na final em jogo único em pleno Maracanã abarrotado com 91.527 torcedores, em 31 de julho. Esse cenário, em partes, se deve ao regulamento, que buscou satisfazer os grandes clubes, que procuravam atuar com maior frequência entre si. Os 20 melhores do ranking histórico da CBF foram divididos em dois grupos, enquanto os demais 24 participantes ficaram distribuídos em outros dois. Cada uma das quatro chaves teve direito a colocar quatro equipes na segunda fase, a qual ‘foi misturada’, sem divisão a partir do ranking da CBF, e teve quatro grupos de quatro. Apenas o campeão de cada um deles passou às semifinais, nas quais o Coxa bateu o Atlético Mineiro, vindos da ‘parte forte’, e o Alvirrubro eliminou o Brasil de Pelotas, ambos saídos da ‘parte fraca’.
Giulite Coutinho, então, deixou a CBF no começo de 1986. A eleição, na qual os votantes eram apenas presidentes das federações estaduais, foi acirrada. A chapa situacional era encabeçada pelo industrial João Maria Medrado Dias e tinha apoio de Ricardo Teixeira, até então conhecido como ‘o genro de João Havelange’2, presidente da FIFA entre 1974 e 1998. Já os oposicionistas apostavam em Nabi Abi Chedid, vice da Federação Paulista de Futebol (FPF), que teria Otávio Pinto Guimarães, ex-mandatário da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), como vice. Com o andamento da campanha, Chedid virou o vice; Pinto Guimarães, o presidente - isso porque, em caso de igualdade, o candidato mais velho
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“Sogrão - Teixeira perpetua o Clã Havelange. Ricardo Teixeira conheceu Lúcia, filha de João Havelange, em 1966,
quando o ex-chefão da Fifa era presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e da Viação Cometa. Os dois se casaram e tiveram três filhos, dois meninos e uma menina. O sobrenome dos garotos é invertido: em vez de “Havelange Teixeira”, como manda o costume brasileiro de se colocar o nome do pai por último, eles são “Teixeira Havelange”. Tudo para que o clã Havelange não desapareça, pois o ex-presidente da Fifa não teve filhos homens para levar seu nome adiante. Teixeira e Lúcia se separaram em 1999”, escreveu o Lance!, em pequena biografia sobre o cartola, em 2001.
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ficaria com a cadeira. Outra manobra da oposição foi, no dia da votação, oferecer um cheque de Cr$ 400 mil para que Antoniquinho Antunes - até então alinhado com Medrado Dias - investisse em obras em sua federação, a acreana. A jogada acabou sendo importante: a ‘dupla Rio-SP’ levou a disputa com 13 votos contra 12 dos oponentes, além da abstenção do Amazonas.
A ‘dobradinha’ Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid, entre 1986 e 1988, foi ruidosa - como bem exemplificam duas edições do Brasileirão: a de 1986, cuja decisão foi vencida pelo São Paulo sobre o Guarani apenas em fevereiro do ano seguinte, e todo o imbróglio referente à de 1987, que, de certa forma, se arrasta até hoje. Enquanto isso, Ricardo Teixeira se preparava para ‘dar o bote’, tanto que levou todos os presidentes de federações que haviam ficado ao seu lado e ao de João Maria Medrado Dias para acompanharem a Copa do Mundo de 1986, no México. Em junho de 1988, ‘o genro de João Havelange’ lançou candidatura para a presidência da CBF já sabendo que seria eleito, uma vez que 21 de 26 mandatários estaduais sinalizavam voto nele. Os adversários seriam justamente Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid, em chapas distintas. Entretanto, próximo à votação, ambos retiraram candidatura, o que fez com que Ricardo Teixeira fosse empossado em 16 de janeiro de 1989.
João Havelange (e) e Ricardo Teixeira (d). Foto: Reprodução
Na manhã seguinte, auxiliado pelo diretor de futebol da CBF, Eurico Miranda, ele se reuniu com os presidentes estaduais, descontentes com a Copa União de 1988, nome oficial do Brasileirão daquele ano, que havia 117
tido apenas 24 participantes, para mostrar o interesse em lançar a Copa do Brasil. Pouco à frente, a competição foi oficializada no calendário de 1989 e 1990: 32 times (22 campeões estaduais3 e os 10 vices dos Estaduais com melhor média de renda) fariam um mata-mata que premiaria o campeão com uma vaga à Libertadores da temporada seguinte. Além disso, Ricardo Teixeira ameaçou punir os clubes que não participassem do novo torneio.
Aquela primeira edição durou exatos 46 dias. Começou em 19 de julho, quando o Flamengo venceu o Paysandu por 2 a 0 - cabendo a Alcindo anotar o primeiro gol da história da Copa do Brasil -, no Rio de Janeiro, no estádio da Gávea4. O campeão foi o Grêmio, que venceu o Sport na decisão - no primeiro jogo, na Ilha do Retiro, em Recife, diante de 36.117 torcedores, empate sem gols; na volta, no Olímpico, em Porto Alegre, para 62.807 espectadores, 2 a 1 para os donos da casa, em 2 de setembro.
EXPANDINDO…
Criciúma com a taça de campeão da Copa do Brasil de 1991. Foto: Divulgação / Criciúma EC
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Acre e Rondônia, sem futebol profissional; Amapá e Roraima, territórios criados, respectivamente, em 1943 e
1962, e elevados à categoria de Estado com a Constituição Federal de 1988; e Tocantins, desmembrado a partir de Goiás com a elaboração da nova carta magna; foram os Estados sem representantes naquele início de Copa do Brasil. 4
O estádio da Gávea não recebe o time profissional masculino flamenguista desde 27 de abril de 1997, quando a
os rubro-negros venceram o Americano por 3 a 0, pelo Campeonato Carioca. Foi inaugurado com capacidade para 6 mil torcedores, em 28 de dezembro de 1933, mas, atualmente, recebe apenas jogos das categorias de base e do Flamengo/ Marinha, a equipe feminina do Flamengo.
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Naqueles primeiros anos, a Copa do Brasil foi vista como ‘o atalho mais curto para a Libertadores’, já que a outra vaga continental ia para o vencedor do Brasileirão. Ou seja, o prêmio valeria mais do que o fato de conquistar um título nacional. Um capítulo ajuda a explicar isso.
Em 1992, o São Paulo teria direito a disputar o torneio, que começaria em julho, por ter vencido o Paulistão do ano anterior. No entanto, para não inchar ainda mais a temporada5, abriu mão da participação, já que faturara a Libertadores em 17 de junho. Terceiro do Estadual anterior, o Palmeiras ficou com a vaga. No ano seguinte, de olho no bicampeonato continental, foi eliminado pelo Cruzeiro com o time que ficaria conhecido como Expressinho6. Em tempos de calendário apertado, o clube do Morumbi foi a campo seis vezes entre 4 e 12 de maio7 - inclusive, passou passou pelo Cerro Porteño, nas semifinais da ‘Liberta’. Até 1994, foram 32 times e cinco fases até que se descobrisse o campeão. Além disso, desde a primeira edição, em 1989, o gol fora valia como critério de desempate. Ao longo da reta final da década de 1990, porém, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) abriu mão de usar os Estaduais como único critério de classificação para a Copa do Brasil, o que fez com que a quantidade de participantes variasse - em 19958, foram 36 times; em
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Entre 29 de janeiro e 20 de dezembro, São Paulo foi a campo 84 vezes em 1992 - conquistou o Paulistão, a Liber-
tadores e o Mundial de Clubes, participou da Supercopa da Libertadores e do Brasileirão e realizou amistosos na Europa. 6
O Expressinho era formado por jovens jogadores, como o atacante Catê e o goleiro Rogério Ceni, e conquistou
a Copa Conmebol de 1994, sobre o uruguaio Peñarol. Muitas vezes, nem Telê Santana era o técnico: na segunda partida contra o Cruzeiro, na Copa do Brasil de 1993, o comandante foi Márcio Araújo; na conquista da Conmebol de 1994, o treinador era Muricy Ramalho. 7
Naquele mês de maio de 1993, o São Paulo disputou 14 partidas. Ao todo, foram 97 jogos entre 24 de janeiro e 12
de dezembro. Conquistou quatro títulos internacionais: Mundial, Libertadores, Recopa Sul-Americana e Supercopa da Libertadores. 8
Em 1995, na fase preliminar e nas 16avos de final, a equipe visitante que vencesse o primeiro jogo por três gols de
diferença eliminava o adversário sem necessidade da partida de volta. Entre 1996 e 2012, até as oitavas, triunfo visitante por dois de diferença era suficiente, cenário que também valia nas primeira e segunda fases das edições de 2013 a 2016. O gol fora deixou de ser critério de desempate nas finais de 2015 a 2017 e não é utilizada em fase alguma desde a edição de 2018.
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1996, 40; em 1997, 45; em 1998, 42; em 1999, 64; em 2000, 69. A partir de 2001 e até 2012, por questões envolvendo a maneira como organizava o calendário9, a entidade nacional proibiu que clubes participassem da Copa do Brasil e da Libertadores na mesma temporada.
A decisão era questionável do ponto de vista técnico, já que, em tese, os participantes do continental são os melhores times. Portanto, algumas equipes que fizeram história não têm qualquer relação com a competição. Durante o auge da era Rogério Ceni, entre 2004 e 2010, quando foi tricampeão brasileiro entre 2006 e 2008, vencedor da Libertadores e do Mundial de 2005, finalista da Libertadores de 2006 e semifinalista da ‘Liberta’ de 2004 e 2010, o São Paulo sequer teve a chance de disputar a Copa do Brasil. O Internacional ficou de fora das edições de 2006 e 2007 após ter sido vice-campeão brasileiro de 2005 e campeão sul-americano e mundial de 2006. Isso, apenas nos casos mais notórios. Por outro lado, tanto privilegiar os Estaduais como critério de classificação, quanto a não utilização de equipes da Libertadores fizeram a Copa do Brasil ficar conhecida pelo elevado número de surpresas - as famosas zebras, no jargão popular - até 201210.
Paulista recebe a taça da Copa do Brasil de 2005. Foto: Reprodução
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De 2001 a 2012, a Copa do Brasil e a Libertadores ocupavam o primeiro semestre do ano.
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A partir de 2013, os clubes da Libertadores retornaram à Copa do Brasil, que passou a ocupar os dois semestres.
Entre 2013 e 2015, houve uma fase preliminar entre um time do Acre e outro do Espírito Santo para definir o último classificado à primeira etapa da Copa do Brasil. Entre 2013 e 2016, os representantes brasileiros na Copa Sul-Americana foram definidos também usando a Copa do Brasil como critério - cada um deles teve uma especificidade, mas, em geral, os melhores do Campeonato Brasileiro do ano anterior eliminados até a terceira fase da Copa do Brasil iam para a Sul-Americana do ano então vigente. Desde 2017, com as competições continentais sendo disputadas durante os dois semestres, um clube nacional pode participar tanto da Copa do Brasil, quanto da Sul-Americana ou da Libertadores na mesma temporada. Também a partir de 2017, a Copa do Brasil é disputada por 91 clubes, a maior quantidade já registrada em uma edição da competição.
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PROTAGONISMO... As semifinais da primeira edição, em 1989, por exemplo, já mostravam esse fenômeno - o Sport eliminou o Goiás. Em 1990, além do campeão, Flamengo, os semifinalistas foram Náutico, Goiás e Criciúma. Em 2002, o Brasiliense, que venceria a Série C daquela temporada, perdeu a decisão para o Corinthians. Mesmo sendo ‘equipes de Brasileirão’ na ocasião, Juventude, em 1999, e Sport, em 2008, também assombraram o País ao conquistarem o título.
Mas o principal capítulo que ajuda a contar esse cenário é o fato de que três ‘times de Série B’11 triunfaram na Copa do Brasil. O Criciúma foi o primeiro deles, em 1991, vencendo a decisão sobre o Grêmio. Em 2004, o Santo André calou o Maracanã e foi o primeiro clube do Interior de São Paulo a conseguir o feito. O último deles foi o Paulista, em 2005.
Paulista não teve maiores dificuldades na decisão da Copa do Brasil de 2005 diante do Fluminense. Foto: Reprodução
ÚNICO! A conquista tricolor é ainda significativa por outros dois motivos. Afinal, representa o último título interiorano no cenário de elite nacional. Além disso, o representante jundiaiense foi o único entre os ‘times de Série B’ a ter eliminado apenas equipes do Brasileirão. O Galo da Japi vinha em
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Ou seja, que disputaram o Campeonato Brasileiro da Série B da temporada em questão.
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constante evolução, com resultados expressivos na virada do milênio: título da Copa Estado de São Paulo (atual Copa Paulista) de 1999; título brasi-
Fluminense não teve forças para ameaçar o Paulista na decisão da Copa do Brasil de 2005. Foto: Reprodução
leiro da Série C e paulista da Série A2, em 2001; semifinalista do Brasileiro Série B de 2002; e vice-campeonato do Paulistão de 2004.
A trajetória daquele Paulista na Copa do Brasil de 2005, de qualquer forma, foi acidentada, com classificações ‘no sufoco’. A campanha começou em 16 de fevereiro, com vitória por 1 a 0 sobre o Juventude12, no Jayme Cintra. Na volta, empate por 1 a 1. Depois, 1 a 1 e 2 a 2 diante do Botafogo e classificação por ter feito mais gols como visitante. Nas oitavas, 4 a 2 nos pênaltis, em Jundiaí, sobre o Internacional, que seria vice-campeão brasileiro daquele ano, após triunfo por 1 a 0 para cada lado como mandante.
Paulista eliminou o Cruzeiro
Nas quartas, o cenário foi exatamente o mesmo no Mineirão. Foto: UOL diante do Figueirense - a única mudança foi o placar nas penalidades máximas (3 a 2). Na semifinal contra o Cruzeiro, vitória por 3 a 1, no Jayme Cintra; e derrota por 3 a 2, no Mineirão, após ir para o intervalo perdendo por 3 a 0.
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O adversário do Paulista na primeira fase deveria ter sido o Glória, mas a equipe de Vacaria (RS) desistiu da dis-
puta da Copa do Brasil.
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Paulista calou São Januário. Foto: Reprodução
Jogadores do Paulista comemoram um dos gols da final contra o Fluminense. Foto: Folhapress
A decisão diante do Fluminense foi a etapa na qual o Galo da Japi conseguiu o placar agregado mais confortável. Em Jundiaí, no Jayme Cintra lotado com pouco mais de 15 mil torcedores, 2 a 0, gols da ‘dupla dinâmica’ Márcio Mossoró e Léo Aro. Na volta, no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, empate sem gols e faixa de campeão no peito.
Na volta13, no estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, empate sem gols e faixa de campeão no peito.
E A COPA DO BRASIL?
Jogadores do Paulista comemoram o título. Foto: Agência O Globo
Desde 2013, com a entrada de clubes da Libertadores, e, principalmente, desde 2017, com a participação de todos os representes nacionais nas competições continentais, a Copa do Brasil ganhou em importância. Especialmente, financeiro portanto, deixando de ser apenas o ‘caminho mais curto para a Libertadores’.
Em 2019, a premiação prevista pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para o campeão era de R$ 64,35 milhões. Em comparação, a Confederación Sudamericana de Fútbol (CONMEBOL) deve desembolsar R$ 72 milhões ao vencedor do principal torneio da América.
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O Maracanã estava parado para reformas visando os Jogos Pan-Americanos de 2007.
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Jogadores no ônibus após o título do Paulista na Copa do Brasil de 2005. Foto: Gazeta Press
Esse cenário fez com que as ‘zebras’ ficassem mais raras na Copa do Brasil. A última semifinal ‘diferentona’ foi a de 2011, que contou com Coritiba, Avaí e Ceará, mas teve o Vasco como campeão. Por isso, as maiores surpresas têm ficado mesmo em eliminações surpreendentes, como a do Flamengo para o Fortaleza, então ‘time de Série C’ na edição de 2016, a qual foi conquistada pelo Grêmio.
Márcio Mossoró celebra o título do Paulista. Foto: Reprodução
CRAQUE: MÁRCIO MOSSORÓ José Márcio da Costa chegou desconhecido ao Paulista, mas saiu como um dos maiores ídolos da história tricolor. O Galo da Japi fez apenas 14 gols em 12 partidas na campanha do título. Destes, três foram anotados pelo atacante. 124
Depois de sair do time jundiaense, passou pelo Internacional, conquistando a Libertadores de 2006; pelos portugueses Marítimo e Braga, com o qual venceu a Taça da Liga de 2012/13, e pelo Al-Ahli Jeddah, da Arábia Saudita. Nascido em 1983, se fixou na Turquia nos últimos anos, ficando entre as temporadas 2014/15 e 2018/19 no İstanbul Başakşehi e estando atualmente no Goztepe.
Márcio Mossoró brilhou no título do Paulista. Foto: Gazeta Press
TÉCNICO: VÁGNER MANCINI Vágner Carmo Mancini fez parte do vitorioso início dos anos 2000 do clube tricolor. Como jogador, em 2001, conquistou o Paulista da Série A2 de 2001 e o Brasileiro da Série C. Não tardou, então, para receber uma oportunidade como treinador do Galo da Japi, ficando entre 2004 e 2007. No período, conquistou o título da Copa do Brasil de 2005 e ficou muito próximo do acesso ao Brasileirão - na Série B de 2006, somou os mesmos 61 pontos do América-RN, que acabou subindo por conta do número de vitórias. Como atleta, ainda conquistou o Gauchão e a Libertadores, ambos de 1995, pelo Grêmio; e o Catarinense de 2003 com o Figueirense.
Vagner Mancini nos tempos de jogador do Paulista. Foto: Reprodução
Como treinador, venceu alguns Estaduais, mas jamais voltou a ser campeão nacional, apesar de ter dirigido equipes importantes, como Santos, Grêmio e Cruzeiro. No começo de 2019, chegou ao São Paulo para ser co125
ordenador técnico, mas, entre a saída de André Jardine e chegada de Cuca, conduziu o time são-paulino até a decisão do Paulistão. Ainda nesta temporada, deixou o Morumbi com a contratação de Fernando Diniz como novo técnico e, na sequência, ‘assumiu a prancheta’ do Atlético Mineiro.
Vagner Mancini como técnico do Paulista. Foto: Paulo Pinto / Agência Estado
O PAULISTA DALI EM DIANTE… A sequência daquela temporada foi curiosa. Cotado como um dos favoritos na Série B de 2005, o Paulista acabou apenas na 15ª colocação, com 28 pontos, um à frente do Vitória, que abriu o Z6, a zona de rebaixamento.
Na Libertadores de 2006, o Galo da Japi fez uma campanha de uma vitória, três empates e duas derrotas no Grupo 8, cujos classificados foram o paraguaio Libertad e o argentino River Plate, os quais, inclusive, se encontram nas quartas de final (o clube alvinegro foi eliminado na semifinal para o Internacional, futuro campeão). O único triunfo jundiaiense foi memorável, de qualquer forma. Em 5 de abril, 2 a 1 sobre os ‘hermanos’, gols de Jailson e Amaral. Na Série B daquele ano, não ‘pegou o elevador’ por um triz: terminou na quinta colocação com os mesmos 61 pontos do América-RN, que fechou o G4, o grupo de acesso. Os alvirrubros acabaram levando a melhor no número de vitórias, o primeiro critério de desempate - 19 contra 17. 126
Paulista perfilado para a decisão diante do Fluminense. Foto: Agência O Globo
O Paulista amargou uma queda vertiginosa de lá para cá, com poucos momentos que pudessem alegrar o torcedor tricolor. Estadualmente, acumulou rebaixamentos - no Paulistão de 2014, no Paulista A2 de 2016 e no Paulista A3 de 2017 -, apesar dos títulos da Copa Paulista de 2010 e 2011, os quais valeram classificações para a Copa do Brasil de 2011 e 2012, participações que foram discretas. Em Campeonato Brasileiro, rebaixamento na Série B de 2007. Na Série C de 2008, não conseguiu ficar nem entre as posições que garantiriam um lugar na edição seguinte, já que a Série D passaria a ser a última divisão a partir de 2009. No debute da ‘Quartona’, o Galo da Japi foi eliminado ainda na segunda fase, ficando na 18ª colocação entre 39 participantes. Em 2019, o Tricolor Jundiaense disputou o Campeonato Paulista da Segunda Divisão - a competição, equivalente ao quarto nível estadual, só permite, desde 2018, atletas Sub-23 - pelo segundo ano consecutivo e conseguiu chegar ao acesso, conquistando o título sobre o Marília.
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Victor (e) e Réver (d) com a taça da Copa do Brasil. Foto Reprodução
Capítulo 9
ITUANO - CAMPEONATO PAULISTA DE 2014
MUDANÇA Em junho de 2012, Neto, comentarista da Bandeirantes e ex-meio-campista, recordou, em seu blog no UOL, pouco antes do inédito título continental do Corinthians, como [...] nem sempre foi assim. Em 1991, por exemplo, eu jogava pelo Timão
quando encaramos o mesmo Boca pelas oitavas-de-finais da Libertadores. Naquela ocasião a equipe gringa tinha grandes jogadores no ataque, como Gabriel Batistuta e Diego Latorre. Mas para ser bem sincero nem queríamos saber daquele campeonato. Nosso foco estava na disputa das finais do Estadual.
Em 1999, o Palmeiras conquistou a competição continental sobre o colombiano Deportivo Cáli. Quatro dias depois, em 20 de junho, o Verdão decidiria o título estadual diante do arquirrival Corinthians. Em 18 daquele mês, porém, o meia Alex, um dos principais nomes do elenco palestrino, disse ao jornal Folha de S.Paulo que “Nosso dever está cumprido. Seria bom ganhar o Paulista, mas já conseguimos nosso objetivo mais importante”, declaração que foi acompanhada pelo volante Rogério: “Ganhamos o que nos interessava. Estamos satisfeitos com a Libertadores”. O ano considerado chave para essa mudança de mentalidade entre os brasileiros com relação à Copa Libertadores da América é 1992, quando 128
o São Paulo conquistou a sua primeira taça continental. Se a campanha não empolgou, já que os públicos não ultrapassaram 22,5 mil torcedores até a final, o jogo do título diante do argentino Newell’s Old Boys ficou marcada pelos 105.185 pagantes1 e mais de 120 mil presentes.
Até aquele momento, apenas Santos (1962 e 1963), Cruzeiro (1976), Flamengo (1981) e Grêmio (1983) haviam conquistado a ‘Liberta’. De lá para cá, o cenário mudou consideravelmente: São Paulo (1992, 1993 e 2005), Grêmio (1995 e 2017), Cruzeiro (1997), Vasco da Gama (1998), Palmeiras (1999), Internacional (2006 e 2010), Santos (2011), Corinthians (2012) e Atlético Mineiro (2013) ergueram o troféu. Isso fez com que os Estaduais2 fossem cada mais espremidos no calendário e desprestigiados pelas grandes forças locais.
Em São Paulo, o número de jogos para se fazer até o título3 ajuda a mostrar esse novo momento: o São Paulo venceu o Paulistão de 1991 fazendo 34 jogos, enquanto o Corinthians foi a campo 18 vezes em 2019. Em 2016, em meio a esse novo cenário, a Federação Paulista de Futebol (FPF) promoveu mudanças visando deixar o Campeonato Paulista mais interessante4.
1
De acordo com informações da Confederación Sudamericana de Fútbol (CONMEBOL), aquela foi a primeira vez
que uma partida de Libertadores registrou mais de 100 mil pagantes. 2
Do ponto de vista comercial, os Estaduais não têm o mesmo valor, segundo levantamento do jornal Gazeta do
Povo visando a temporada de 2019. Dois exemplos ajudam a ilustrar esse panorama. Em São Paulo, Corinthians, São Paulo, Santos e Palmeiras faturaram R$ 17 milhões com cotas de televisão; Ponte Preta, R$ 5 milhões; e o restante, R$ 3,3 milhões. Por outro lado, no Rio de Janeiro, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco embolsaram R$ 15 milhões; os demais, R$ 2 milhões. 3
Obviamente, o cenário foi alterado aos poucos. Em 1995, por exemplo, a TVA, controlada pelos canais ESPN, ad-
quiriu os direitos de transmissão do Paulistão e apostou em grandes inovações para a época. Cada partida mostrada pelo grupo contava com imagens de seis câmeras (sendo que uma delas dava zoom de até 50 vezes) e envolvia 50 profissionais da área. A competição teve repercussão internacional, constando no pacote pay per view da emissora nos Estados Unidos. Comercialmente, a companhia também conseguiu vender cada uma das cinco cotas de patrocínio por R$ 224 mil e viu a adesão aos canais aumentar cerca de 50% e atingir 140 mil assinantes. 4
Do ponto de vista da média de público pagante, as mudanças surtiram efeito. Em 2015, última edição com 20
participantes no Paulistão, foi de 7.605 e ocupação média de 33%. Em 2019, foram 9.526 torcedores e 36% dos estádios ocupados.
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Naquela temporada, definiu-se que a chamada Primeira Divisão (que engloba os três primeiros níveis estaduais) passaria a ser disputada por 16 equipes já no curto prazo - para que isso acontecesse, pelo tempo que fosse necessário, seis times seriam rebaixados e haveria apenas dois acessos. A Série A1, nome oficial do Paulistão, foi a primeira a se acertar e vem tendo esse número de participantes desde 2017. A Série A2 se ajustou em 2018, um ano antes da Série A3. Desde a adequação, completada, portanto, definitivamente em 2019, são apenas dois acessos e dois descensos em cada competição5.
UM POUCO DE FINANÇAS As receitas dos principais clubes paulistas explodiram nos últimos tempos6. Em 2009, os chamados quatro grandes do Estado arrecadaram - juntos - R$ 549 milhões. Uma década depois, em 2018, esse valores de Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos saltaram para R$ 1,76 bilhão. Vale a pena comparar esses dados do mesmo período, por exemplo, com os clubes do Interior com mais participação no Paulistão, a dupla de Campinas7. A Ponte Preta passou de pouco8 mais de R$ 16 milhões para R$ 41
5
A medida vem sendo questionada pelos integrantes das divisões inferiores. Afinal, na Segunda Divisão, nome ofi-
cial do equivalente ao quarto escalão (e também conhecida como Série B, Segundona ou Bezinha), são, geralmente, mais de 30 times (em 2019, foram 41) buscando apenas dois acessos para a Série A3. Por conta disso, especula-se que, a partir de 2021, um novo patamar seja colocado entre a Série A3 e a Série B - seria a Série A4, que também teria 16 participantes, os quais também estariam aptos a participarem da Copa Paulista (dessa forma, a Segunda Divisão passaria a ser o quinto nível estadual). 6
Os dados sobre Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras são da segundo relatório da consultoria EY e foram
divulgados no jornal O Estado de S.Paulo em 30 de abril de 2019. 7
Os dados de 2009 sobre Ponte Preta e Guarani são da BDO RCS, enquanto os números sobre 2018 saíram no Blog
do Rodrigo Capelo, o qual está radicado no Globo Esporte. 8
O clube alvinegro foi o time do Interior mais regular durante este período. Afinal, disputou dez edições de Pau-
listão e Copa do Brasil; no Campeonato Brasileiro, apareceu cinco vezes na Série A e cinco na Série B (tendo sido vicecampeã em 2014, quando o título ficou com o Joinville); e participou da Copa Sul-Americana três vezes (perdeu a final de 2013 para o argentino Lanús).
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milhões, enquanto o Guarani9 praticamente ‘abocanhou’ o mesmo, caindo de cerca de R$ 15,6 milhões para por volta de R$ 15 milhões.
COMO FOI? Desde o título de 2004 do São Caetano, os clubes grandes de São Paulo, mesmo valorizando menos as conquistas, fizeram valer o poderio financeiro. Ou melhor, em partes…
Mesmo tendo atravessado o auge da Era Rogério Ceni, que levantou a Libertadores e o Mundial de Clubes de 2005 e o tricampeonato brasileiro entre 2006 e 2008, o São Paulo só conquistou a taça estadual em 2005, enquanto o Palmeiras faturou o caneco em 2008, quando ainda não recebia o aporte encabeçado pela empresária Leila Pereira10.
Em 2006, Noroeste foi quarto colocado do Paulistão; na estreia, vitória sobre o Corinthians, então campeão brasileiro. Foto: Arquivo / Lance!
Os rivais Corinthians e Santos, na verdade, é que criaram uma hegemonia. O time da Baixada Santista engatou bons momentos e venceu em 2006, 2007, 2010, 2011, 2012, 2015 e 2016. Já a equipe do Parque São Jorge, por outro lado, foi campeão em 2009, 2013, 2017, 2018 e 2019.
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A seção “O Guarani dali em diante…” mostra a gangorra pelo qual o clube alviverde passou, o que ajuda a explicar
a menor arrecadação do que a rival Ponte Preta. 10
Desde janeiro de 2015, o conglomerado de dez empresas liderado por Leila Pereira investe cerca de R$ 100 mil-
hões ao ano no Palmeiras, cujo uniforme, desde então, conta com propagandas da Crefisa e da Faculdade das Américas. Até dezembro de 2018, o grupo teria crescido 40% em praticamente quatro anos.
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Guarani perdeu a decisão paulista de 2012 para o Santos. Foto: Globo Esporte
Durante quase todos esses anos, o quarteto foi ameaçado pelo Interior. Em 2005 e 2006, mesmo com o formato dos pontos corridos, Santo André e Noroeste, respectivamente, chegaram ao quarto lugar. Em 2007, o São Caetano perdeu o título, enquanto o Bragantino foi até as semifinais.
Medina foi o protagonista da vitória do Guarani sobre a Ponte Preta nas semifinais do Paulistão de 2012. Foto: Globo Esporte
No ano seguinte, a Ponte Preta passou pelo Guaratinguetá na semifinal e ficou com o vice. Duas temporadas depois, cenário parecido: o Santo André bateu o Grêmio Barueri no mata-mata, mas não chegou ao título. Em 2012, depois de passar pelo Palmeiras e pela arquirrival Ponte Preta, o Guarani também teve que se contentar com o segundo lugar.
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Santo André perdeu o título estadual de 2010 para o Santos. Foto: Agência Estado
Em 2013, o Mogi Mirim perdeu disputa de pênaltis na semifinal para o Santos. Três anos mais tarde, o Osasco Audax acabou derrotado na decisão. Em 2017, a Ponte Preta, de novo, bateu na trave, ‘morrendo’ na final.
Jogadores do Ituano celebram o título estadual de 2014. Foto: Márcio Fernandes / Estadão
NÃO FALTA NADA? Ficou faltando citar um ano - 2014. E não foi por acaso. Se a Inter de Limeira foi o primeiro clube do Interior a conquistar o Paulistão, enquanto Bragantino e Novorizontino, em 1990, e São Caetano e Paulista, em 2004, foram responsáveis pelas únicas decisões entre ‘pequenos’, o Ituano foi o último a ser ‘zebra’.
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Ituano faz a festa no gramado do Pacaembu, enquanto os santistas lamentam. Foto: Marcos Ribolli
Entre 2007 e 2010, a Federação Paulista de Futebol (FPF) institui um regulamento simples para o Paulistão: os 20 participantes jogavam todos contra todos, em turno único, e os quatro melhores avançavam às semifinais. Depois, entre 2011 e 2013, a primeira fase passou a classificar oito times ao mata-mata.
Torcida do Ituano vê a taça do título estadual de 2014 de ‘pertinho’. Foto: Márcio Fernandes / Estadão
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Portanto, em 2014, um formato totalmente novo foi colocado em prática11. Na primeira fase, os 20 clubes foram divididos em quatro grupos de cinco, mas as equipes jogaram apenas contra adversários das outras chaves.
Anderson Salles, principal nome do Ituano no Paulistão de 2014, durante a decisão. Foto: Marcos Ribolli
Depois de 15 rodadas, Ituano e Botafogo conseguiram deixar o Corinthians na terceira colocação do Grupo B. Nas quartas, os rubro-negros foram ao Santa Cruz, em Ribeirão Preto, e venceram por 4 a 1 nos pênaltis após empate sem gols no tempo normal.
Vagner, goleiro do Ituano, defende pênalti de Neto, zagueiro do Santos, na decisão. Foto: Marcos Ribolli
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Os clubes chamados grandes vinham solicitando uma primeira fase mais enxuta - e, para 2014, não teve jeito.
Afinal, o Brasil recebeu a Copa do Mundo, entre 12 de junho e 13 de julho, o que fez com que o futebol de clubes ficasse parado entre o finalzinho de maio e meados de julho.
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O Penapolense também protagonizou outro momento de destaque. A equipe capeana foi ao Morumbi, segurou o 0 a 0 e fez 5 a 4 nas penalidades máximas sobre o São Paulo. Além disso, o Palmeiras despachou o Bragantino por 2 a 0, enquanto o Santos goleou a Ponte Preta por 4 a 0.
Ituano recebe a taça do título estadual de 2014. Foto: Marcos Ribolli
Naquela temporada, vale destacar, o Palmeiras vivia o ano do centenário, mas não tinha um grande elenco, até por conta da construção do Allianz Parque, que substituiria o Parque Antarctica e seria inaugurado em 19 de novembro, e via o Paulistão como grande oportunidade de não passar aquela marca importante de mão abanando. Apesar disso, e mesmo com poucos jogadores famosos - destaque para o goleiro Vagner, que atuaria pelo Palmeiras, e Cristian ‘Mendigo’, ex-meia do Palmeiras que passaria pela Ponte Preta -, o Ituano estragou a festa. Em 30 de março, no Pacaembu, o Galo venceu por 1 a 0, gol do ex-corintiano Marcelinho, e despachou os palestrinos para encarar o Santos. Os alvinegros haviam suado e feito o ‘vira-vira’ sobre o Penapolense, anotando 3 a 2.
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Jogadores correm para a celebração do título do Ituano. Foto: Márcio Fernandes / Estadão
Assim como em anos anteriores que contaram com representantes do Interior, a FPF determinou que as finais seriam em campo-neutro. Dessa vez, no Pacaembu. Na ida, os rubro-negros foram superiores, viram o meia Cícero desperdiçar pênalti e garantir o quinto jogo sem que a defesa ituana fosse vazada e venceram por 1 a 0. Na volta, os alvinegros bem que pressionaram, mas só devolveram o mesmo placar. Nas penalidades máximas, 7 a 6 para os ‘visitantes’ e título interiorano.
Jogadores do Ituano comemoram o título paulista de 2014. Foto: Marcos Ribolli
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CRAQUE: ANDERSON SALLES Cria do Santos, pelo qual se profissionalizou, em 2008, Anderson Aparecido Salles chegou ao Ituano em 2010 e ficou no Novelli Júnior até 2014 (para a disputa do Brasileiro da Série B de 2012, foi emprestado para o Grêmio Prudente). Desde então, rodou por Vasco, Goiás, Santa Cruz, Novorizontino e São Bento.
Nascido em 1988, defende o indonésio Bhayangkara desde o início de 2019. Na Anderson Salles. Foto: Divulgação campanha do título do Galo de Itu, ficou marcado por ter feito seis gols em 19 jogos - e sido o único rubro-negro a desperdiçar a cobrança de pênalti na decisão contra o Santos. Além disso, integrou a Seleção do Paulistão, divulgada pela FPF, a qual não teve outros jogadores campeões.
TÉCNICO: DORIVA Dorival Guidoni Júnior foi meio-campista de extremo sucesso durante a década de 1990 e o começo dos anos 2000. Afinal, fez parte do momento mais vitorioso da história do São Paulo: durante a Era Telê Santana, conquistou títulos como o Mundial de Clubes e a Supercopa da Libertadores, ambos de 1993.
Doriva, nos tempos de São Paulo, divide a bola com Amoroso, atacante do Guarani. Foto: Gazeta Press
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Chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira enquanto jogador do XV de Piracicaba, durante o Paulistão de 1995, e disputou a Copa do Mundo de 1998, na França.
Doriva, no XV de Piracicaba, disputa a bola com Zé Elias, volante do Corinthians Foto: Gazeta Press
Iniciou a carreira como treinador de maneira promissora, com o título do Paulistão de 2014, com o Ituano, e do Cariocão de 2015, com o Vasco da Gama. De lá para cá, porém, acumula passagens fracassadas por clubes de todo o País, como São Bento e CRB - e inclusive, pelo próprio São Paulo, em 2015.
Doriva durante a final do Paulistão de 2014. Foto: Marcos Ribolli
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O ITUANO DALI EM DIANTE… Nos primeiros anos do novo milênio, o Ituano se consolidou no cenário nacional. Disputou o equivalente à Série C na Copa João Havelange de 2000 e frequentou a Terceirona até 2003, quando conquistou o título em um quadrangular final que contou ainda com Santo André, que também subiu de divisão, e os paraibanos Botafogo e Campinense. Ficou na Série B até 2007, quando foi rebaixado. Em 2008, não conseguiu ficar entre as posições que garantiram ao menos a permanência na Série C, já que o Campeonato Brasileiro, a partir da temporada seguinte, passaria a contar com a Série D, cuja primeira edição teve a participação dos rubro-negros.
Paralelamente a isso, o Galo de Itu se consolidou como um time de Paulistão. No Paulista A2 de 2001, foi beneficiado com a expansão do Torneio Rio-São Paulo para 2002 e subiu de divisão mesmo com o quarto lugar inicialmente, o regulamento previa a ascensão apenas dos dois primeiros. Em 2002, faturou uma esvaziada edição da Série A1, que não teve justamente os clubes bandeirantes que estavam na competição regional com os cariocas.
Esse título, aliás, credenciou o Ituano a participar do Supercampeonato Paulista de 2002, que ainda teve São Paulo, Palmeiras e Corinthians, os três melhores do Estado no Torneio Rio-São Paulo de 2002. De tiro curto, disputado em formato de mata-mata entre 19 e 30 de maio, os são-paulinos chegaram ao título após derrotarem os rubro-negros na decisão e os alviverdes na semifinal. Até 2009, o clube ituano se manteve na Elite do Estado de São Paulo sem maiores problemas. E é exatamente nesta temporada que a história ituana começou a ganhar novos e importantes capítulos. Em junho daquele ano, o então atacante Juninho Paulista, revelado na base do próprio Galo, assumiu a gestão rubro-negra visando uma reestruturação completa e focado em recolocar o clube no Brasileiro da Série B, mas, dessa vez, mais estruturado. A despedida dele como jogador profissional aconteceu em abril de 2010, 140
quando salvou o Ituano do rebaixamento no Paulistão - o Galo de Itu ia perdendo a rodada derradeira da primeira fase para a Portuguesa por 2 a 0, mas conseguiu a virada para 3 a 2 com um dos gols sendo marcado pelo ‘atleta-cartola’. Focado em galgar um espaço no cenário nacional, os resultados dentro de campo só começaram a surgir, de qualquer forma, em 2014.
Naquele ano, após o título estadual, o Ituano alcançou as oitavas de final da Série D, perdendo a classificação apenas nos pênaltis para o Moto Club-MA. Em 2015, além de chegar às oitavas de final da Copa do Brasil, vice-campeonato da Copa Paulista diante do Linense, garantindo uma vaga na ‘Quartona’ do Brasileiro de 2016. O acesso à Série C, em 2016, bateu na trave - queda nas quartas de final para o CSA com duas derrotas e 3 a 1 no placar agregado. Em 2017, nova participação na Série D - mas eliminação na fase de grupos.
Em 2019, o Galo de Itu conseguiu atingir os objetivos. De volta ao mata-mata do Paulistão, por onde não passava desde a histórica campanha do título de 2014, perdeu a vaga às semifinais para o São Paulo, mas conseguiu manter uma base para a Série D. No Campeonato Brasileiro, o tão sonhado acesso à Série C, enfim, aconteceu. Depois de ficar no segundo lugar do Grupo A13, eliminou Caldense-MG, Vitória-ES e Itabaiana-SE até cair para o Brusque-SC, que seria o campeão, apenas nas semifinais.
O curioso é que a aguardada ascensão veio já com Paulo Silvestri como ‘homem-forte’ - portanto, sem Juninho Paulista, que aceitou convite, em abril de 2019, para assumir como diretor de desenvolvimento do futebol da CBF, agora sob presidência de Rogério Caboclo. Poucos meses depois, em julho, Juninho acabou trocando de cargo e assumindo o posto de coordenador da Seleção Brasileira.
Apesar de o resultado nas quatro linhas ter demorado mais do que o esperado pelo ex-jogador para acontecer, o cartola deixou um legado importante fora delas. Primeiro, em 2011, ao reativar as categorias de base, as quais deram seu fruto mais valioso em 2019. Em 2 de julho, o atacante Gabriel Martinelli, que havia completado 18 anos há alguns dias, foi vendido ao Arsenal em uma transação que custou £ 6 milhões (cerca de R$ 30 milhões) aos ingleses. 141
Com Juninho Paulista, a equipe profissional do Ituano ficou marcada por não ‘fritar’ os técnicos e dar continuidade aos trabalhos: em uma década, foram apenas oito comandantes, com destaque para Doriva (2013 e 2014), Tarcísio Pugliese e Vinicius Bergantin, que está desde novembro de 2017. O trio se junta a Mazola Júnior, Ruy Scarpino, Roberto Fonseca, Fahel Júnior e Roque Júnior. Além disso, o estádio Novelli Júnior virou um complexo esportivo com três campos de treinamento. O local, inclusive, recebeu a Seleção Russa na Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2014.
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Capítulo 10
BOTAFOGO - CAMPEONATO BRASILEIRO DA SÉRIE D DE 2015
NOVIDADES... Em outubro de 2019, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou uma notícia importante: o Campeonato Brasileiro da Série D será ampliado. Em 2020, a competição descobrirá o campeão após 26 rodadas - pode parecer pouco se comparado às 38 da Série A e da Série B. Porém, é um grande avanço ao que vinha sendo praticado.
Em sua primeira edição, em 2009, foram 39 times. Na primeira fase, eles foram distribuídos em dez chaves, nove de quatro e um de três, já que o Acre não enviou representantes. Os dois melhores de cada uma delas avançaram ao mata-mata. O bizarro foi a forma como as quartas de final foram montadas: depois de duas etapas, os cinco que passaram receberam a companhia dos três melhores eliminados no estágio anterior. Ou seja, só duas equipes realmente foram eliminadas na terceira fase. O campeão acabou sendo o São Raimundo-PA, que fez 16 jogos para chegar ao título. Em 2010, o regulamento foi o mesmo - a única diferença foi que os acreanos marcaram presença com o Náuas, possibilitando uma primeira fase com dez grupos de quatro. Entre 2011 e 2015, a CBF acabou com a aberração que era a classificação dos melhores eliminados. Para isso, a primeira fase passou a ter oito chaves de cinco. Os dois melhores de cada uma delas passavam à fase eliminatória, que tinha oitavas, quartas, semifinal e final. Portanto, eram 18 rodadas até que se descobrisse o dono da taça. 143
Mais recentemente, entre 2016 e 2019, um aumento no número de times: 68 postulantes aos quatro acessos1. Eles ficavam em 17 grupos de quatro na primeira fase. Apenas o primeiro de cada um deles mais os 15 melhores segundos tinham direito ao mata-mata. Dessa forma, mesmo com a expansão na quantidade de participantes, houve uma retração no número de datas: 16. A partir de 20202, os clubes de fato ganharão um calendário no segundo semestre. Isso porque serão oito grupos de oito times, garantindo que cada clube entre em campo pelo menos 14 vezes. Os quatro melhores de cada chave avançarão à etapa eliminatória.
Olaria, o campeão da Taça de Bronze, a primeira edição do Brasileiro da Série C, em 1981. Foto: Reprodução
1
Desde 2009, os semifinalistas sempre foram premiados com o acesso. Em 2010, porém, o América-AM ficou
entre os quatro melhores. No entanto, após a Série D, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu o clube amazonense por entender que a equipe manauara havia descumprido o artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça (CBJ), que trata da escalação irregular de jogadores, tirando os pontos das quartas de final. Mesmo vice-campeão, os nortistas perderam o acesso para o Joinville-SC, a quem tinham eliminado na fase em questão. 2
Em 2020 e 2021, haverá uma fase preliminar, antes da de grupos. Os segundos colocados das oito piores feder-
ações no Ranking Nacional das Federações (RNF) participarão de um mata-mata que dará quatro vagas às chaves. A partir de 2022, os Estados com as quatro piores colocações no RNF indicarão apenas um representante à Série D.
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AVANÇO! De qualquer forma, o simples fato de haver uma quarta divisão no Campeonato Brasileiro, mesmo com todos os seus problemas, e uma pirâmide nacional bem estabelecida, com acessos e rebaixamentos bem definidos, já podia ser considerado um avanço.
Em 1971, no primeiro ano do Brasileirão ‘moderno’, além do Torneio de Integração Nacional3, houve o que pode ser considerada a primeira edição da Série B - o Campeonato Nacional de Clubes da Primeira Divisão, seu nome oficial, acabou vencido pelo Villa Nova-MG. Entretanto, ninguém acabou promovido.
Villa Nova, o campeão brasileiro da Série B de 1971. Foto: Reprodução
No ano seguinte, o Sampaio Corrêa-MA venceu a decisão sobre o Campinense-PB. De novo, porém, não houve acessos. Para piorar, América-RN, Tiradentes-PI, Moto Clube-MA e Fortaleza-CE foram alçados para o Brasileirão de 1973, mesmo sem terem ficado sequer entre os três primeiros lugares. Em meio a esse cenário, a Série B deixou de ser realizada até 1980, quando teve um regulamento curioso. América-SP, Americano-RJ, Bangu e Sport foram os melhores das etapas iniciais e conquistaram acesso para a segun-
3
Para relembrar, ver ”Guarani - Campeonato Brasileiro de 1978” na página 32
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da fase do Brasileirão daquele mesmo ano, então batizado de Copa Brasil. Londrina e CSA, campeão e vice, respectivamente, conquistaram acesso à Elite da temporada seguinte. Em 1981, aliás, o Olaria venceu a Taça de Bronze, a primeira Série C da história. Porém, ela não teve prosseguimento, e a terceira divisão retornou apenas em 1988.
Entre idas e vindas tanto da Série B quanto da Série C, classificações confusas, competições sem campeões definidos4, a pirâmide nacional só começou a ter uma forma clara e com sequência a partir de 1994, quando, aos trancos e barrancos, iniciou um período em que o Campeonato Brasileiro era composto por três divisões5. Isso perdurou até 2008 - com exceção de 2000, ano da Copa João Havelange6.
Jogadores do Olaria comemoram o título da Taça de Bronze, a primeira edição do Brasileiro da Série C, em 1981. Foto: Reprodução
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Durante esse período em que os níveis nacionais tinham no máximo três degraus, os clubes do Interior de São Paulo tiveram bons resultados nas divisões de acesso, acumulando acessos e títulos. Guarani (1981), Inter de Limeira (1988), Bragantino (1989), União São João (1996) conquistaram a Série B, enquanto União São João (1988), Grêmio Esportivo Novorizontino (1994), XV de Piracicaba (1995), Etti Jundiaí, o atual Paulista (2001), Ituano (2003), União Barbarense (2004) e Bragantino (2007) levantaram a Série C.
Um exemplo foi o Torneio Paralelo, abordado em “Inter de Limeira - Campeonato Paulista de 1986” na página
54. 5
De acordo com a Rec.Sport.Soccer Statistics Foundation (RSSSF), a Série B foi realizada em 1971 e 1972, entre
1980 e 1985 (em 1986, houve o Torneio Paralelo; em 1987, todo o imbróglio envolvendo a Copa União e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF)), entre 1988 e 1992, entre 1994 e 1999 (em 2000, houve a Copa João Havelange) e desde 2001. A Série C, por outro lado, ocorreu em 1981, em 1988, em 1990, em 1992, entre 1994 e 1999 e desde 2001. 6
Para mais detalhes, ver “São Caetano - Campeonato Paulista de 2004” na página 86.
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DIFICULDADES Com o estabelecimento da atual pirâmide nacional, com quatro divisões, em 2009, porém, os representantes do Interior de São Paulo não têm conseguido manter esses bons resultados. Na Série B, os acessos vieram apenas com Guarani, vice-campeão de 2009; Ponte Preta, terceira de 2011 e vice de 2014; e Bragantino, campeão de 2019. Na Série C, os números ficam melhores - Guaratinguetá, semifinalista de 2009; Oeste, campeão de 2012; Mogi Mirim, semifinalista de 2014; Guarani, vice de 2016; São Bento, semifinalista de 2017; e Bragantino e Botafogo, semifinalistas de 2018.
Na Série D, mesmo tendo a maior quantidade de vagas disponíveis para a competição, foram cinco acessos - Oeste, em 2011; Mogi Mirim, em 2012; São Bento, em 2016; e Ituano, em 2019; sequer chegaram até a decisão. O único finalista foi o Botafogo, que conquistou o título de 2015. Minas Gerais, por exemplo, tem o único clube bicampeão, o Tupi, e ainda outra ascensão com o Tombense. O Ceará chegou ao primeiro lugar com Guarany e Ferroviário, enquanto o Rio Grande do Sul ‘já subiu’ em quatro oportunidades. Prova do equilíbrio: em 11 edições, 21 Estados ‘pegaram o elevador’ rumo à Série C.
Botafogo perfilado para a decisão da Série D de 2015 contra o River-PI. Foto: Divulgação / Botafogo FC
RUGIDO DO PANTERA! Por essas e outras, o título do Botafogo na Série D de 2015 é tão relevante. Celeiro de grandes nomes do futebol nacional, como Raí e Sócrates, ídolos, respectivamente, de São Paulo e Corinthians, e assíduo participante do 147
Paulistão (atrás apenas de Guarani e Ponte Preta como clube do Interior com mais participações na Elite de São Paulo) e de divisões do Campeonato Brasileiro, a equipe tricolor enfrentara um momento conturbado a partir de 2001, quando foi rebaixada no Brasileirão. Em 2006, precisou disputar, de maneira inédita, a Série A3 (jamais havia ficado abaixo do segundo escalão estadual). Saiu de lá com o título daquela temporada, iniciando um processo de reconstrução. Em 2009, já estava de volta ao Paulistão, mas a ‘retomada’ só ficaria completa com o acesso na Série D. Em 2010 e 2013, as eliminações frustraram o torcedor.
Para 2015, a fórmula para montar um elenco promissor foi manter alguns nomes da campanha no Paulistão, no qual chegou às quartas, fazer contratações pontuais e dar espaço a jovens jogadores que haviam sido vice da Copa São Paulo de Futebol Júnior naquele ano. Também tratou de assegurar o experiente técnico Marcelo Veiga.
A campanha vitoriosa foi construída com muitos percalços. Na primeira fase, segunda colocação do Grupo A6, com os mesmos 13 pontos do eliminado Gama - classificação no saldo de gols. Depois, reencontrou o CRAC-GO, que liderara a chave, e passou com 3 a 1 no agregado. Valendo o acesso, o goleiro Neneca foi o herói no jogo de volta das quartas de final, garantindo o empate sem gols diante do São Caetano, no Anacleto Campanella, em São Caetano do Sul, após o 2 a 1 no Santa Cruz, em Ribeirão Preto. Na semifinal, o cenário se repetiu: vitória, em casa, por 1 a 0; empate sem gols, no Mangueirão, em Belém (PA) - e desclassificação do Remo. Na final, o mesmo: 3 a 2, no Santa Cruz; uma semana depois, em 7 de novembro, 0 a 0, no Albertão abarrotado com 42.004 torcedores, em Teresina (PI), e título sobre o River-PI.
CRAQUE: FRANCIS Valmir Aparecido Francis de Campos Júnior passou por Votoraty, Monte Azul, Tupi e Jaboticabal até chegar ao Botafogo-SP, em 2012, onde permaneceu em parte do ano seguinte. Entre meados de 2013 e o começo de 2015, defendeu Joinville, Boa Esporte e Capivariano até retornar ao clube de Ribeirão Preto para a disputa da Série D de 2015. 148
Colaborou com seis gols em 14 aparições - anotou, inclusive, hat-trick na vitória sobre o River-PI na partida de ida da decisão. Desde então, o atacante passou por Vitória de Guimarães, de Portugal, retornou ao Bota e vestiu as cores de Novorizontino e São Bento. Nascido em 1990, esteve no japonês Albirex Niigata durante o ano de 2019.
Francis, o destaque tricolor no título brasileiro da Série D. Foto: Rogério Moroti / Agência Botafogo
TÉCNICO: MARCELO VEIGA Marcelo Castelo Veiga foi defensor durante o final da década de 1980 e boa parte da de 1990. Inclusive, passou por clubes como Santos, Internacional, Goiás e Portuguesa. Começou a carreira pouco depois de ‘pendurar as chuteiras’ e teve amplo destaque pelo Bragantino.
O técnico Marcelo Veiga (e) e o presidente Gerson E. Garcia (d) com a taça de campeão brasileiro da Série D de 2015. Foto: Divulgação / Botafogo FC
Em Bragança Paulista, conquistou o acesso no Paulista da Série A2 de 2005, foi vice-campeão da Copa Paulista de 2006, chegou às semifinais do Paulistão de 2007, conquistou o Brasileiro da Série C de 2007 e o acesso no Brasileiro da Série C de 2018. Com mais de 500 partidas à frente do Massa Bruta, ganhou o apelido de 149
‘Ferguson do Interior’, uma referência a Sir Alex Ferguson, treinador mais vitorioso da história do Manchester United, da Inglaterra.
No Botafogo-SP, teve uma passagem em 2013; na segunda, permaneceu entre maio de 2015 e o fevereiro de 2016. Foi o suficiente para também marcar a história tricolor. Apesar dos questionamentos sobre os resultados como visitante, já que a campanha ficou marcada pelos empates sem gols quando atuava longe de Ribeirão Preto, levou o Pantera da Noroeste ao único título nacional - no caso, o Brasileiro da Série D de 2015.
O BOTAFOGO DALI EM DIANTE… Durante as quatro temporadas que se passaram, o Botafogo buscou se reestruturar para retornar ao Brasileirão, do qual está afastado desde 2001. O primeiro passo foi ser competitivo na Série C e se manter no Paulistão. No Estadual, passou por alguns sustos em 2016 e 2019, mas conseguiu permanecer, e alcançou as quartas de final em 2017 e 2018.
Nacionalmente, perdeu o acesso à Série B, já em 2016, para o ABC, com 1 a 0 no placar agregados das quartas de final. Em 2017, a vaga ao mata-mata bateu na trave, com a sexta colocação do Grupo B após somar 25 pontos, o mesmo do quarto lugar, o Volta Redonda, que fechou a zona de classificação. Em 2018, o acesso veio de forma agônica: derrota, em João Pessoa (PB), no Almeidão, por 1 a 0, e vitória, em casa, no Santa Cruz, pelo mesmo placar, gol solitário de Caio aos 48 minutos do segundo tempo; nos pênaltis, 4 a 3. Na Série B de 2019, início promissor, com ‘pinta’ de que poderia lutar para subir. Isso não aconteceu, mas também não lutou contra o rebaixamento. Fora de campo, porém, é que o clube tricolor se destacou ainda mais no noticiário. Em maio de 2018, uma assembleia geral aprovou que o futebol botafoguense fosse transformado em sociedade anônima - desde então, o Pantera detém 60%, enquanto a Trex Holding, do empresário Adalberto Baptista, ex-diretor do São Paulo Futebol Clube, fica com o restante. Houve um aporte financeiro de cerca de R$ 8 milhões e a criação de um Conselho de Administração. Além disso, em 29 de junho de 2019, foi inaugurada, em amistoso ven150
cido por 2 a 1 sobre o Corinthians, a Arena Eurobike, espaço dentro do estádio Santa Cruz com capacidade para 15 mil pessoas que foi modernizado e passou a contar com dois bares (Seo Tibério Futebol Bar e Hard Rock Cafe), espaço kids (Vilinha Kids), lounge vip (Johnnie Walker), camarotes e suítes corporativas; na área externa, há food trucks e estacionamento. Financeiramente, essas ações, porém, parecem não ter surtido efeito, conforme relatou o Globo Esporte, em 2 de setembro. As duas partes que compõem o Botafogo-SP, S/A e Botafogo Futebol Clube
continuam em um impasse que já acarreta prejuízo financeiro para a instituição. O último repasse mensal de R$ 120 mil estabelecido em contrato não foi feito pela S/A ao clube. Com isso, o BFC que atrasou a terceira parcela do Reffis, podendo perder o acordo estabelecido com a Receita Federal.
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Capítulo 11
BRAGANTINO - CAMPEONATO BRASILEIRO DA SÉRIE B DE 2019
LEVANTOU VOO... Oficialmente, a Red Bull GmbH foi fundada em 1984 por Dietrich Mateschitz, que criou uma bebida inspirada no que conhecia do Extremo Oriente. Durante cerca de três anos, a empresa se dedicou a criar todo um conceito por trás da marca, que foi desde o estilo e marca visual das latinhas até o posicionamento de marketing da companhia.
Dessa forma, a Red Bull Energy Drink entrou no mercado austríaco em 1º de abril de 1987. Desde então, a Red Bull GmbH cresceu e se tornou uma multinacional com números relevantes. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR), em 2014, quando 5.6 bilhões de latas foram vendidas, ela empregava 10.410 pessoas em 167 países diferentes. Em menos de quatro décadas, a empresa já teria vendido mais de 50 bilhões de unidades.
ESPORTES Desde a fundação, a Red Bull sempre se posicionou como uma marca alinhada à vitalidade, à disposição - não à toa, o slogan é ‘Red Bull te dá asas’. Com isso bem definido, a empresa liga sua imagem aos esportes baseada em uma fórmula incomum.
“Em vez de comprar espaços na camisa de grandes clubes, ela é o clube”, como bem resumiu o Nexo, em junho de 2017. 152
O potencial do mercado esportivo foi destacado por Wellington Giovani de Carvalho, em seu projeto de conclusão da pós-graduação em Marketing Empresarial pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2015. Segundo levantamento da Pluri Consultoria, em 2011, a indústria do es-
porte representava 1,6% do PIB brasileiro, com expectativas de crescimento, podendo chegar em 2016 próximo a 1,9%. De acordo com a mesma pesquisa, nos Estados Unidos, onde o PIB é quase sete vezes maior que o do Brasil, o setor esportivo representa 2,1% do produto interno.
Fora dos gramados, o caso mais notório se dá na Fórmula 1, afinal, a empresa conta com duas escuderias. A principal delas é a Red Bull Racing, que começou em 2005, conquistou o título de construtores quatro vezes e viu um de seus pilotos, o alemão Sebastian Vettel, também faturar o tetracampeonato (entre 2010 e 2013, a RBR fez a ‘dobradinha’ na categoria).
A equipe secundária é a Scuderia Toro Rosso, que, desde 2006, serve de laboratório. Prova disso: o próprio Sebastian Vettel passou pelo time. Em 2008, inclusive, o alemão deu à STR sua única vitória na F1 ao aproveitar a forte chuva que caiu sob o circuito de Monza, na Itália, em 14 de setembro. A Red Bull, porém, também investe nos esportes de outras formas. Exemplos são a Red Bull Air Race, espécie de rally com aviões (mas que chegará ao fim neste ano por falta de interesse público), e o Red Bull Ladeira Abaixo, ‘corrida maluca’ de carros sem motor. Em 2015, foi celebrado um acordo com a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) para gestão de eventos do cenário mundial da modalidade.
PRIMEIRA AVENTURA NAS QUATRO LINHAS A Red Bull começou a investir no futebol em 2005, quando adquiriu o austríaco SV Austria Salzburg, de Wals-Siezenheim. O clube, fundado em 1933, sempre teve ligações estreitas com empresas: em 1978, foi chamado de Casino Salzburg; em 1997, Wüstenrot Salzburg (referência à uma companhia do mercado financeiro). Apesar desse cenário, a Red Bull promoveu alterações inéditas - e um tanto quanto profundas. 153
As cores violeta e branco deram lugar ao branco e vermelho, enquanto a instituição foi rebatizada como Fußball Club Red Bull Salzburg. As mudanças não foram bem recebidas por todos - tanto que um novo SV Austria Salzburg foi fundado já em 2005 e chegou a disputar a segunda divisão da Áustria em 2015. Mesmo com essas polêmicas, o Red Bull Salzburg venceu dez dos últimos 13 campeonatos locais e foi semifinalista da Liga Europa em 2017/18.
SUCESSO GERMÂNICO Pouco depois de chegar à Áustria, a Red Bull desembarcou no país vizinho, em 2009, quando comprou uma licença junto ao SSV Markranstädt, da Saxônia, e foi criado o RasenBallsport Leipzig (uma junção, em alemão, de esporte com bola sobre o gramado mais o nome da cidade onde o clube está sediado). A meta era chegar à Bundesliga, a liga de elite da Alemanha, em uma década.
Porém, aliando uma forte categoria de base a investimentos muito acima das divisões de acesso, foram quatro ascensões e debute na ‘Primeirona’ já em 2016/17 - o ‘Time mais odiado da Alemanha’, como ficou conhecido, foi vice-campeão logo na temporada de estreia. Cabe destacar que, em terras germânicas, há mecanismos para impedir que uma empresa ou uma pessoa seja acionista majoritário de um clube, situação inversa ao que ocorre com frequência, por exemplo, na Inglaterra, cujo caso mais emblemático é o Manchester City, que pertence ao City Football Group (CFG) - ligado ao Abu Dhabi United Group, propriedade do sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, membro da família real de Abu Dhabi e ministro do governo dos Emirados Árabes Unidos.
Mas a Red Bull ‘deu um jeitinho’ e dividiu as ações da equipe alemã entre nove de seus funcionários. Essas exigências da liga alemã, aliás, é que impedem que o RB no nome do time de Leipzig não signifique, oficialmente, Red Bull. Em três temporadas na Bundesliga, são três classificações a competições 154
continentais - duas para a Liga dos Campeões, o mais prestigiado torneio de clubes do mundo, e uma para a Liga Europa - e uma final de Copa da Alemanha. Em 2019/20, o time dos energéticos se posiciona como um dos principais candidatos à ‘zebra’ e impedir o octacampeonato consecutivo do Bayern de Munique.
USA! Nos Estados Unidos, os esportes são protagonizados por franquias e ligas, fugindo do padrão mundial. Ou seja: não há o sistema de acessos ou rebaixamentos e as equipes estão mais sujeitas a mudar de cidade ou de donos, o que é recebido mais tranquilamente tanto pelos torcedores, quando pela imprensa. Um time, mesmo em meio a esse cenário, até pode subir para um campeonato mais relevante. Para que isso aconteça, porém, é necessário que haja uma expansão. Em 2006, cansada de esperar por uma na Major League Soccer (MLS), a principal liga de futebol masculina estadunidense, a Red Bull adquiriu o New York/New Jersey MetroStars, que havia sido fundado uma década antes, e criou o Red Bull New York.
Desde então, o New York Red Bulls, como a franquia ficou conhecida, respeitando a tradição americana de batizar as equipes segundo a ‘fórmula local + mascote’, não alcançou grandes resultados. O principal feito é o vice-campeonato de 2008, quando perdeu a decisão para o Columbus Crew.
Uma curiosidade é que, em 20 de março de 2010, o Santos, que já contava com o atacante Neymar, perdeu amistoso que inaugurou a Red Bull Arena, em Harrinson, New Jersey, por 3 a 1. O estádio comporta pouco mais de 25 mil torcedores e custou US$ 250 milhões (cerca de R$ 448 milhões, na cotação da época).
FRACASSO! A Red Bull teve uma curta empreitada pelo continente africano. Em 2008, surgiu o Red Bull Ghana, que foi ‘encostado’ seis anos depois, estacionado na segunda divisão de Gana, após não ter resultados de destaque. 155
CHEGADA AO BRASIL E LONGA ESCALADA Na América do Sul, o desembarque aconteceu em 19 de novembro de 2007, quando foi fundado - do zero - o Red Bull Brasil1, em Campinas (SP), que utilizaria o estádio Moisés Lucarelli, o Majestoso, casa da Ponte Preta. O debute em torneios oficiais aconteceu já em 2008.
Red Bull Brasil foi o campeão paulista da Segunda Divisão de 2009, equivalente ao quarto patamar estadual. Foto: Reprodução
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A imprensa noticiou, em 2007, que a Red Bull negociou com o Juventude, de Caxias do Sul (RS). Em março
daquele ano, o Máquina do Esporte afirmou que a empresa compraria o clube gaúcho pouco depois, em junho, com aporte de US$ 30 milhões (R$ 63 milhões, na cotação da época). No entanto, em maio de 2007, o mesmo portal escreveu que o início ruim no Brasileiro da Série A, além de dois casos de doping com atletas jaconeros e uma mudança na diretoria da companhia, fez com que as negociações esfriassem. O Papo seria rebaixado naquela temporada e pararia na Série D, competição que teve que disputar três vezes consecutivas até chegar ao acesso, em 2013. Em 2019, garantiu mais um retorno à Série B. Além disso, comenta-se nos bastidores que o Nacional, da Barra Funda, que integrava o Paulista da Série A2, também foi procurado, mas, entre outros fatores, o nome Nacional Red Bull foi descartado, encerrando as tratativas que sequer chegaram a vazar, à época. O time ferroviário, de lá para cá, chegou a frequentar a Segundona Paulista (quarto escalão estadual), do qual se sagrou campeão em 2014. Nos últimos tempo, venceu a Série A3 (terceiro degrau) de 2017, mas foi rebaixado na Série A2 (principal divisão de acesso paulista) de 2019.
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Estreando no Campeonato Paulista da Segunda Divisão (na prática, o quarto escalão estadual, conhecida como Segundona Paulista ou Bezinha), competição disputada por equipes majoritariamente Sub-23, o acesso ‘bateu na trave’. Na terceira fase, disputada por duas chaves de quatro, os dois melhores de cada uma delas subiriam para o Paulista A3. O ‘Toro Loko’ foi terceiro colocado do Grupo 12 ao somar oito pontos, apenas um abaixo do Campinas2 e quatro abaixo do Pão de Açúcar3, que seria o campeão.
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O Campinas Futebol Clube, da cidade de Campinas, foi fundado em 1º de janeiro de 1998, encabeçado por dois
ex-centroavante do Guarani, Edmar e Careca, e mandava os jogos no Dr. Horácio Antonio da Costa, também conhecido como Estádio Cerecamp ou Campo da Mogiana. Em 2010, mudou-se para Barueri e adotou o nome de Sport Club Barueri. A cidade da Grande São Paulo havia ficado órfã naquele ano, quando o Grêmio Barueri Futebol, que disputava a elite do Paulista e do Brasileiro, ‘pegou estrada’ para Presidente Prudente. Já em maio de 2011, porém, após dois rebaixamentos, o Grêmio retornou para Barueri. Entretanto, o Grêmio Barueri Futebol entrou em decadência total, tanto que ficou sem divisão nacional e, em 2016, caiu no Paulista A3 com 19 derrotas em 19 rodadas - desde então, não participou mais de competições profissionais. O Sport Club Barueri, por outro lado, disputou dois Paulista A3, em 2010 e 2011, e também não entra em campo desde a Bezinha de 2012. Em 2012, o Oeste Paulista Esporte Clube, de Presidente Prudente, fundado em 2005, aproveitando a brecha, mudou de administração e virou Grêmio Desportivo Prudente, mas, desde então, sequer conseguiu sair da Segundona Paulista - em 2019, também nem subiu aos gramados. Barueri, por outro lado, atualmente é representado pelo Oeste Futebol Clube, equipe que, em 2019, esteve no Paulista da Série A1 e no Brasileiro da Série B e foi fundada em Itápolis no ano de 1921, mas que atua regularmente na Arena Barueri desde 2017 (após passar a Série B de 2016 peregrinando por Catanduva, Barueri e Osasco depois de fazer uma parceria com o Grêmio Osasco Audax, que tinha sido o vice-campeão paulista da Série A1 daquele ano) por conta do imbróglio envolvendo o estádio dos Amaros, casa original dos rubro-negros. 3
O Pão de Açúcar Esporte Clube (PAEC), que foi fundado em 8 de dezembro de 1985 e estreou no profissionalismo
em 2007, pertencia ao Grupo Pão de Açúcar (GPA), que ainda detinha o carioca Sendas Esporte Clube (SEC). Em 2011, o GPA mudou o nomes dos clubes: o PAEC virou Audax-SP; o SEC, Audax-RJ. Em 2014, o banqueiro Mário Teixeira, que já era dono do Grêmio Esportivo Osasco e do Osasco Futebol Clube, comprou a dupla: o Audax Rio de Janeiro Esporte Clube disputou o Carioca da Série A, a elite estadual, em 2014, mas foi rebaixado, ficando na Série B1 desde então; o Grêmio Osasco Audax foi vice-campeão paulista da Série A1 em 2016; porém, acumulou rebaixamentos consecutivos, parando na Série A3 de 2019, do qual se sagrou campeão. Por conta desse cenário, o Grêmio Esportivo Osasco, no final de 2018, trocou de administração, enquanto o Osasco Futebol Clube está afastado do futebol profissional desde 2017, mesmo após ter chegado às semifinais da Segundona Paulista daquele ano.
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Em 2009, a ascensão veio com o título conquistado após cinco etapas e 34 rodadas. Na quarta fase, após seis partidas, liderança do Grupo 16, com dez pontos, apenas dois à frente do Taubaté, que também subiu, e do Desportivo Brasil, que levou a pior no número de gols marcados, e quatro a mais do que o Palestra de São Bernardo. Na decisão, cujos jogos aconteceram já em novembro, empate por 1 a 1, fora de casa, e vitória por 3 a 2, como mandante, diante do Andradina.
Em 2010, novo título e mais um degrau ultrapassado com rapidez. A campanha no Paulista A3 foi bastante regular. Na primeira fase, liderança após Red Bull Brasil se sagrou campeão paulista 19 rodadas, com 12 vitórias e quatro empates. No da Série A3 de 2010, equivalente ao terceiro quadrangular do acesso, foram 11 pontos após seis degrau de São Paulo. Foto: Reprodução jogos no Grupo 2, subindo com o Palmeiras B, com nove, e deixando Penapolense, com nove, e Juventus, com três, para trás. Na decisão, foram duas vitórias sobre a Ferroviária - 3 a 0, em Araraquara, na Fonte Luminosa; e 3 a 2, em casa, no Majestoso. A partir de 2011, os voos do projeto da Red Bull, porém, passaram a ter turbulências. Foram quatro anos consecutivos no Paulista A2, com acesso conquistado com o vice-campeonato em 2014, em uma edição que foi disputada em turno único e pontos corridos e teve o Capivariano como campeão. No segundo semestre de cada temporada, a Federação Paulista de Futebol (FPF) organiza a Copa Paulista4, que movimenta o calendário e oferece vagas a outros torneios. Entre 2010 e 2014, o Red Bull se ausentou dela apenas em 2012, mas o único resultado relevante aconteceu na primeira participação, quando perdeu a decisão para o Paulista. Naquele ano, porém, apenas o campeão ganhava uma vaga à Copa do Brasil da próxima temporada. Dessa forma, tanto a chegada ao Paulistão, quanto a aparição em competições nacionais foi tardia.
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Para detalhes, ver “Santo André - Copa do Brasil de 2004” na página 102.
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ESTAGNAÇÃO Finalmente, em 2015, o Toro Loko, estreou no Paulistão, no qual fez uma campanha honrosa, perdendo para o São Paulo, por 3 a 0, no Morumbi, pelas quartas de final. O desempenho garantiu um lugar no Brasileiro da Série D daquele ano. O acesso nacional, porém, passou longe: na primeira fase, somou oito pontos em oito partidas, ficando na quarta (e penúltima) colocação do Grupo A7.
Em 2016, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) promoveu alterações no formato da Série D - antes disputada por 40 equipes, a competição passou a ter 68 times; além disso, as classificações passaram a ser definidas pela temporada anterior para facilitar o planejamento dos clubes. Assim, mesmo tendo sido eliminado pelo Corinthians apenas nas quartas de final do Paulistão, o Red Bull disputou apenas a Copa Paulista no segundo semestre de 2016 - eliminação na segunda fase. Antes, havia caído para o América Mineiro no estágio inaugural da Copa do Brasil. Em 2017 e 2018, porém, é que o ‘projeto energético’ sofreu os maiores abalos. Sem avançar às quartas do Paulistão - e flertando com o rebaixamento à Série A2, para piorar -, não conseguiu vaga nem para a Série D, muito menos para a Copa do Brasil.
No segundo semestre de ambos os anos, novas derrocadas: na Série D de 2017, eliminação precoce com a terceira colocação do Grupo A14; na Copa Paulista de 2018, perdeu as semifinais para a Ferroviária. Ou seja: em 2019, o calendário, mais uma vez, ficaria restrito apenas à disputa do Paulistão e da Copa Paulista.
Red Bull Brasil comemora o título do Troféu do Interior de 2019. Foto: Divulgação FPF
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TORO DO CANINDÉ? Em junho de 2017, logo após Red Bull e Portuguesa serem eliminados na Série D, a hashtag #PortuguesaRedBull invadiu as redes sociais. Torcedores rubro-verdes, liderados pelo jornalista Flávio Gomes e pelo portal NetLusa, especializado no noticiário lusitano, pediam que a multinacional assumisse o futebol da equipe do Canindé.
No cenário imaginado, a Lusa Red Bull aliaria a tradição, a paixão e a estrutura dos paulistanos e o profissionalismo, a inovação e a modernidade da companhia europeia. A ideia acabou não indo para frente - quer dizer, não exatamente assim…
Thiago Scuro (e) e Marquinho Chedid (d) mostram as camisas que seriam utilizadas pelo Bragantino durante o Brasileiro da Série B de 2019. Foto: Gustavo Abraão Guimarães
BRAGA BULLS! Ao final de 2018, a Red Bull percebeu que o Toro Loko não estava atendendo às expectativas e aos investimentos - no melhor dos cenário, o RBB estrearia no Brasileirão apenas em 2023. Além disso, diferente do que aconteceu nas outras praças, a equipe ‘ener-
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gética’ não conseguiu atrair torcedores ou mesmo simpatizantes5. Ao longo do tempo, diversas atrações e ativações da marca foram feitas no Majestoso - como distribuição de ingresso e energy drink, instalação de brinquedos, contratação de baterias de universidades, entre outras tentativas.
Marquinho Chedid no lançamento ‘Red Bull Bragantino’. Foto: Gustavo Abraão Guimarães
Assim, notícias de que a empresa de bebidas estaria buscando bancar um clube mais bem posicionado nacionalmente - e longe de Campinas, onde enfrentava a ferrenha disputa por torcida com Guarani e Ponte Preta, além de, naturalmente, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo - começaram a pipocar na imprensa. Criciúma-SC e Boa Esporte-MG foram ventilados, mas a matriz da empresa não teria se empolgado em deixar o Estado de São Paulo, principal mercado do País. Dessa forma, as opções se restringiram e ficaram entre Oeste e Bragantino. Os dirigentes do clube rubro-negro confirmavam a procura, mas negavam a intenção de vendê-lo - situação similar ao que se passava em Bragança Paulista.
Evento de lançamento do ‘Red Bull Bragantino’. Foto: Gustavo Abraão Guimarães
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As médias de público no Paulistão comprovam que o Red Bull Brasil jamais ‘pegou’. Em 2015, quando estreou,
foram 1.885 torcedores por jogo como mandante (entre 20 participantes, média à frente apenas do Mogi Mirim). Em 2019, na última aparição, foram 2.620 espectadores por partida (entre 16 clubes, ficou apenas no 13º lugar).
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Entre março e abril de 2019, logo após o Red Bull Brasil chegar às quartas de final do Paulistão e conquistar o Troféu do Interior, garantindo um lugar no Brasileiro da Série D e na Copa do Brasil de 2020, uma série de eventos aconteceram para divulgar: a Red Bull estava fazendo um aporte - cujos valores não foram revelados, mas diz-se em torno de R$ 45 milhões para assumir o Clube Atlético Bragantino.
Thiago Scuro no lançamento ‘Red Bull Bragantino’. Foto: Gustavo Abraão Guimarães
Ficou acordado que a Red Bull apareceria como patrocinador-máster durante a Série B6. Além disso, obras seriam feitas no Nabi Abi Chedid. Por outro lado, a empresa se comprometeu em não tirar o clube da cidade de Bragança Paulista e a manter o nome do estádio. Para 2020, a tendência é que a instituição passe a se chamar Red Bull Bragantino, que ainda ganhará um novo escudo, mais alinhado com os demais clubes da empresa ao redor do mundo.
O objetivo inicial da multinacional era subir para o Brasileirão em até dois anos - conseguiu logo na primeira tentativa. Agora, a meta é chegar às competições internacionais até 2023. Por fim, se consolidar como a quinta força do Estado de São Paulo. Além disso, o Red Bull Brasil seguirá as atividades profissionais - mas como a legislação vigente impede que dois clubes do mesmo grupo econômico disputem a mesma divisão, o Toro Loko, que continuará atuando em Campinas, terá que disputar o Paulista da Série A2 de 2020.
NOVIDADES FORA DAS QUATRO LINHAS E TÍTULO Quando confirmado o aporte, ficou estabelecido que a montagem do elenco ficaria a cargo da Red Bull. A empresa, então, optou por levar para
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Até o fornecedor de material esportivo mudou. Saiu a Ícone e entrou a Nike, parceira global da Red Bull.
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Bragança Paulista a base que havia chegado às quartas de final do Paulistão e conquistado o Troféu do Interior com a camisa do Red Bull, assegurando jogadores como o meia-atacante Claudinho, o goleiro Júlio César e o atacante Ytalo, e também o técnico Antônio Carlos Zago. Além disso, manteve poucos que já estavam no Bragantino, como os atacantes Wesley e Matheus Peixoto, e contratou outros, como o meia Vitinho e o atacante Thiago Ribeiro.
Mas foi no extra-campo que o salto de patamar do clube alvinegro ficou mais evidente. Ralf Rangnic deixou os cargos de diretor de futebol e treinador do RB Leipzig, funções acumuladas durante a temporada 2018/19, quando levou a equipe ‘energética’ à decisão da Copa da Alemanha e ao terceiro lugar da Bundesliga, para se tornar chefe de esporte e desenvolvimento de futebol das equipes da Red Bull nas Américas, mantendo constante contato com Thiago Scuro, CEO da filial brasileira.
Jogadores do Bragantino sobem no alambrado e comemoram o acesso. Foto: Lucas Bettine
Além disso, entre 21 de junho e 4 de julho, durante a parada da Série B para a Copa América disputada no Brasil, o Bragantino realizou uma intertemporada na Áustria. Por lá, conquistou cinco vitórias em cinco jogos-treinos diante de Levski Sofia, da Bulgária; Ferencvaros e Honved, da Hungria; Legia Varsóvia, da Polônia; SAK 1914, da Áustria. 163
Bragantino comemora o acesso na Série B de 2019. Foto: Lucas Bettine
Todo esse investimento foi refletido em acesso e título conquistados sem maiores problemas. O ‘Braga Bulls’ garantiu a vaga no Brasileirão na 33ª rodada, na vitória, em casa, por 3 a 1 sobre o Guarani, enquanto o grito de campeão pôde ser dado na 36ª, no empate, por 1 a 1, em Bragança Paulista, com o Criciúma.
Bragantino perfilado para o jogo diante do Guarani, que carimbou o acesso. Foto: Lucas Bettine.
A média de público também foi inflacionado. Até o duelo diante dos catarinenses, eram 5.976 torcedores por jogo, contra 2.234 no Paulistão de 2019, no qual flertou com o rebaixamento, somando dez pontos - São Bento, com sete, e São Caetano, com oito, caíram para o Paulista A2. 164
CRAQUE: CLAUDINHO Cláudio Luiz Rodrigues Parisi, nascido em 28 de janeiro de 1997, passou pelas bases de Santos e Corinthians, mas demorou para se encontrar. Já como profissional, teve oportunidades no Corinthians, no Bragantino, no Santo André e na Ponte Preta até chegar ao Red Bull Brasil.
Claudinho no ‘jogo do acesso’ diante do Guarani. Foto: Lucas Bettine
Em Campinas, fez um gol em 12 jogos no Paulistão de 2018. Logo depois, disputou 13 partidas da Série B pelo Oeste, mas não engrenou e retornou ao Toro Loko para a Copa Paulista, anotando três tentos em 15 aparições.
Claudinho vibra com o título brasileiro da Série B. Foto: Lucas Bettine
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No boa campanha do Red Bull no Estadual de 2019, foi a campo oito vezes e seguiu junto com o projeto para Bragança Paulista. E foi aí que conseguiu estourar. Até o jogo do título diante do Criciúma, marcou nove gols e distribuiu dez assistências. Por isso, durante a campanha, após sondagens de Cruzeiro e Atlético Mineiro, a empresa dos energéticos tratou de renovar contrato com ele até o final de 2023.
TÉCNICO: ANTÔNIO CARLOS ZAGO Foi um dos principais zagueiros do São Paulo durante a Era Telê Santana, tendo conquistado quatro títulos, com destaque para o Brasileirão de 1991 e a Libertadores de 1992. Depois de uma rápida passagem pelo Albacete, da Espanha, retornou ao Brasil para defender o Palmeiras, pelo qual foi campeão cinco vezes, entre eles, o bicampeonato brasileiro de 1993 e 1994.
Uillian Corrêa (e), Antônio Carlos Zago (c) e Claudinho (e) comemoram o título brasileiro da Série B. Foto: Lucas Bettine
Ainda defendeu os outros rivais, vencendo o Paulistão de 1997 pelo Corinthians e encerrando a carreira em 2007, pelo Santos, após vencer o Paulistão daquele ano e o Brasileirão de 2004. Na Europa, venceu um Italiano e uma Supercopa da Itália pela Roma e um Turco pelo Besiktas. No entanto, acumulou polêmicas enquanto atleta. Em um clássico de Roma diante da Lazio, cuspiu no adversário Diego Simeone. Para piorar, em 2006, 166
quando defendia o Juventude, foi suspenso por 120 dias após chamar o volante Jeovânio de “macaco” e passar a mão no próprio braço e apontar para a cor da pele do jogador do Grêmio.
Durante a comemoração do acesso, jogadores levantam o técnico Antônio Carlos Zago. Foto: Lucas Bettine
Depois de se retirar dos gramados, teve experiências como diretor de futebol, técnico e assistente até se encontrar como comandante do Juventude, pelo qual conquistou o acesso na Série C de 2016. Também subiu o Fortaleza para a Série B, em 2017, e foi eleito o melhor treinador do Paulistão de 2019 à frente do Red Bull Brasil.
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