Fruto (a)colhido- narrativa transmídia sobre o extrativismo sustentável de frutos nativos do Cerrado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

FRUTO (A)COLHIDO – NARRATIVA TRANSMÍDIA SOBRE O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DE FRUTOS NATIVOS DO CERRADO EM MATO GROSSO DO SUL

LETICIA FERREIRA BUENO THAYNÁ RAFAELA DE OLIVEIRA

Campo Grande Nov/2017


FRUTO (A)COLHIDO – NARRATIVA TRANSMÍDIA SOBRE O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DE FRUTOS NATIVOS DO CERRADO EM MATO GROSSO DO SUL

LETICIA FERREIRA BUENO THAYNÁ RAFAELA DE OLIVEIRA

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador(a): Profª. Drª Katarini Giroldo Miguel

UFMS Campo Grande Novembro - 2017


SUMÁRIO Resumo

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Introdução

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1. Atividades desenvolvidas

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1.1 Execução

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1.2 Dificuldades encontradas

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1.3 Objetivos alcançados

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2. Suportes teóricos adotados

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2.1 Cerrado

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2.2 Narrativa transmídia

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2.3 Narrativa longform

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3. Considerações finais

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4. Referências

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5. Apêndice

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5.1 Roteiro de perguntas

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5.1.1 Roteiro de perguntas para professores da UFMS

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5.1.2 Roteiro de perguntas para os participantes do II Simpósio

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de Frutos Nativos e Exóticos (Sinatex) 5.1.3 Roteiro de perguntas para os moradores dos assentamentos

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RESUMO: “Fruto (a)colhido – Narrativa transmídia sobre o extrativismo sustentável de frutos nativos do Cerrado em Mato Grosso do Sul” é uma grande reportagem transmídia dividida em três produtos jornalísticos: uma reportagem multimídia no estilo longform, um minidocumentário alocado em um DVD-Rom e uma reportagem fotojornalística impressa. O produto experimental em questão aborda as etapas de colheita, processamento, comercialização e valorização de frutos nativos do Cerrado, e como comunidades tradicionais e rurais de Mato Grosso do Sul utilizam-se destas atividades para complementar a sua renda familiar. A grande reportagem fala ainda sobre os impactos dessas atividades no Cerrado e a conservação deste bioma. A reportagem multimídia está dividida em três capítulos - Fruto de quintal, Cerrado em pé e Eu sou terra - que abordam as ações em torno desses frutos e foi publicada na plataforma Web na internet, no domínio temporário www.frutoacolhido.negociosms.com.br. O minidocumentário e a reportagem fotográfica serão entregues aos moradores das comunidades após as considerações finais da banca avaliadora, assim como a compra de um domínio permanente. PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo; Jornalismo Ambiental; Reportagem transmídia; Cerrado; Frutos nativos.


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INTRODUÇÃO O projeto experimental desenvolvido trata-se da elaboração de uma grande reportagem transmídia que engloba três produtos jornalísticos: reportagem multimídia no estilo longform, minidocumentário e reportagem fotojornalística impressa. A narrativa traz como tema a colheita, o processamento e a comercialização de frutos do Cerrado, e como estas atividades ajudam na complementação de renda das famílias de comunidades rurais e tradicionais de Mato Grosso do Sul. São discutidos também quais são os impactos para o meio ambiente ocorridos em consequência da colheita das plantas e frutos nativos do Cerrado nessas comunidades. A

reportagem

multimídia

está

disponível

no

domínio

temporário

www.frutoacolhido.negociosms.com.br, o minidocumentário está alocado em DVDsRom e a reportagem fotográfica é impressa. Os dois últimos serão entregues aos moradores das comunidades visitadas, após as considerações finais da banca avaliadora, assim como a compra de um domínio permanente. O tema foi definido pela possibilidade de estudar e trabalhar com o jornalismo ambiental, a valorização de uma das principais vegetações que compõem o estado (Cerrado), a interdisciplinaridade e abrangência em âmbito social do tema, e o impacto que a narrativa pode ter sobre a sociedade. O estilo adotado para a apresentação da narrativa foi o transmídia, que tem como característica o uso de duas ou mais plataformas para exposição de um mesmo tema, permite a utilização do audiovisual, possibilita o maior envolvimento e imersão do público com o tema e o aproveitamento dos recursos multimídias da melhor maneira para transmitir as informações, de acordo com suas características. Dessa forma, foram produzidos três produtos que se complementam, porém possuem sentido completo independente uns dos outros. Para reforçar a ideia de que os produtos são parte da mesma narrativa, foi utilizada a mesma identidade visual para todos. O estilo multimídia, forma de fazer jornalismo com o uso de recursos digitais em uma plataforma na internet, foi escolhido para a reportagem longform com o propósito de explorar o potencial imagético do tema por meio de fotografias e vídeos, e o potencial sonoro, com a gravação de entrevistas. Por se tratar de uma plataforma digital e do cibermeio, não há limites físicos de espaço para a produção textual e de


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outros elementos. Assim, foram produzidas diversas mídias (fotos, vídeos, texto e áudios) utilizadas na plataforma digital da internet, a “Web”, para contar de forma mais completa as histórias e informações obtidas nessas comunidades e proporcionar ao leitor imersão no conteúdo. O minidocumentário é a compilação de diversas entrevistas gravadas em vídeo durante o processo de pesquisa e entrevista jornalísticas. A decisão por uma plataforma puramente audiovisual permite a inclusão de vídeos mais longos e o material está alocado em DVDs-Rom. Já a reportagem fotojornalística, tipo de reportagem que tem foco em fotografias informativas, textos pequenos ou médios e legendas complementares, é um produto impresso. Ambos foram pensados para que haja uma devolutiva física para as comunidades visitadas. Cada um desses produtos jornalísticos foi uma forma de aplicar os conhecimentos adquiridos durante os quatro anos de graduação, como por exemplo, a Redação Jornalística, o Fotojornalismo e o Ciberjornalismo. Foi construída uma narrativa que tem a possibilidade de alcançar vários lugares e um grande número de pessoas. O eixo central deste projeto experimental é a reportagem multimídia no estilo longform, que está dividida em capítulos que abordam a colheita, o processamento, a comercialização e a valorização de frutos alimentícios do Cerrado, nos quais estão contextualizadas e aprofundadas as atividades em questão. Os relatos obtidos nas comunidades foram usados para exemplificar cada uma destas etapas, de maneira que o leitor possa imergir no conteúdo. Por meio de fotos, vídeos e áudios, o leitor pode visualizar como os moradores vivem e realizam as ações apresentadas; e pelo texto, conhecer de forma detalhada as características dos lugares, das pessoas, das plantas e frutos. Os demais produtos são complementos a este eixo central e foram planejados para que cheguem às pessoas que não possuem acesso à internet. Eles serão distribuídos, após as possíveis correções propostas pela banca avaliadora, nas comunidades visitadas e para o programa de extensão da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) “Valorização de Plantas Alimentícias do Pantanal e Cerrado” que tem como objetivo promover a melhoria da renda de comunidades locais, segurança alimentar e a conservação da vegetação nativa do Cerrado e Pantanal. O


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programa serviu de apoio para acesso aos pesquisadores do tema e moradores das comunidades tradicionais e rurais.


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1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Foi definido o tema, realizado o levantamento bibliográfico e a elaboração dos relatórios, a prospecção de fontes, entrevistas com especialistas, o planejamento de viagens para as comunidades tradicionais e rurais, viagens para estas comunidades para a realização das entrevistas, captação dos áudios, vídeos, fotografias e, posteriormente, a análise e decupagem das informações coletadas e a produção e montagem dos três produtos experimentais.

1.1 Execução Foram realizadas leituras sobre Biologia, Ecologia e Meio Ambiente, Economia, Ciberjornalismo, Redação e Entrevista Jornalística, e Jornalismo Ambiental, para suporte teórico do projeto experimental. Também foi feito contato com professores integrantes do programa “Valorização de Plantas Alimentícias do Pantanal e Cerrado” da UFMS para tirar dúvidas sobre a temática, conhecer e realizar pré-entrevistas com os especialistas. A partir disso, foi possível elaborar roteiros de perguntas para a realização das entrevistas (constam no apêndice). Após o entendimento e lapidação do tema para a entrega do pré-projeto, houve a realização de entrevistas com professores da UFMS que participam do programa de extensão. As entrevistas proporcionaram acesso ao contato de moradores das comunidades tradicionais e rurais, sendo que uma dessas moradoras, Rosana Claudina, do Centro de Produção, Pesquisa e Capacitação do Cerrado (Ceppec), localizado no Assentamento Andalúcia, no município de Nioaque, estava em Campo Grande e foi realizada uma primeira entrevista, na qual surgiu a possibilidade de visitar o assentamento no dia 6 de outubro. Para mais informações sobre a temática e outras comunidades, a cientista social da organização não governamental Ecoa – Ecologia e Ação, Nathalia Ziolkowski, foi contatada. A conversa para tirar dúvidas e obter informações auxiliou na seleção das comunidades a serem visitadas. Como forma de aprimorar o conhecimento sobre os frutos alimentícios do Cerrado, acompanhou-se a professora Raquel Pires Campos, do Curso de Tecnologia de Alimentos da UFMS, e seus alunos ao laboratório da Unidade de Tecnologia de Alimentos e Saúde Pública (Utasp) da UFMS, para reconhecimento de frutos secos e in


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natura, além de conhecer alguns produtos já processados. No dia 26 de setembro, foi entrevistada a agricultora familiar e microempresária Rosa Maria da Silva, proprietária do estabelecimento Brotos Frutos, que produz e comercializa receitas enriquecidas com frutos do Cerrado em Campo Grande. Nos dias 27, 28 e 29 de setembro aconteceu na UFMS o 2º Simpósio de Frutos Nativos e Exóticos (Sinatex) com o tema “Inovação e Sustentabilidade”. Nele, foram ministradas palestras que complementaram o conhecimento sobre o tema e possibilitaram entrevistas com professores e pesquisadores de fora de Campo Grande, como o Prof. Dr. José Felipe Ribeiro da Embrapa Cerrado e a Profª. Drª. Clarissa Damiani da Universidade Federal de Goiás (UFG); e professores não integrantes do programa “Valorização de Plantas Alimentícias do Pantanal e Cerrado”, como a Profª. Drª. Marney Pascoli Cereda da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e a Profª. Drª. Thelma Luchese Cheung da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) (roteiro de perguntas consta no tópico 5.1.2 do apêndice). No mesmo evento, foi novamente realizada uma conversa com Rosana e remarcada a viagem ao Assentamento Andalúcia para os dias 21 e 22 de outubro. Também foi efetuada uma entrevista com Élida Martins Aivi (roteiro de perguntas consta no tópico 5.1.2. no apêndice), moradora do Assentamento Santa Lúcia, no município de Bonito. Após o evento, todo o material coletado foi analisado, transcrito e decupado. Paralelamente ao Sinatex, foi feito contato com a presidente da Associação de Mulheres do Assentamento Monjolinho (Amam), Maria da Penha, e foi marcada uma visita ao local nos dias 19 e 20 de outubro. As viagens foram programadas da seguinte forma: no dia 19 de outubro as mulheres do Assentamento Monjolinho, do município do Anastácio, apresentaram como é feito o processamento dos frutos do Cerrado e, no dia 20, os moradores que comercializam estes produtos foram para a Feira Municipal da Agricultura Familiar e da Economia Solidária, no município de Anastácio. Estas etapas, desde o processamento até a venda, foram acompanhadas e registradas, e as pessoas envolvidas foram entrevistadas. No Assentamento Andalúcia, em Nioaque, nos dias 21 e 22, foi realizada a visita para captação de informações sobre o Ceppec, o processamento dos alimentos e sua comercialização. Os assentamentos São Manoel e Conceição não estavam no


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planejamento inicial, porém foram entrevistados moradores destes locais durante esse período. No Assentamento Monjolinho foram entrevistados os membros da Amam, Maria da Penha, Gilda da Silva, Isabel Custódio, Lucila Ferreira da Cruz e Odília Santana Fernandes, assim como Herculano Queiroga da Cruz, morador do assentamento e um dos organizadores da Feira Municipal da Agricultura Familiar e da Economia Solidária de Anastácio, e Vera Regina Barcelo Francisco. A moradora do Assentamento São Manoel, Maria Lúcia Moraes Lima, e Jane Cléia Klein Silveira, extensionista socioorganizacional rural da Agraer de Anastácio, foram entrevistadas durante a feira municipal. Antes de chegar no Assentamento Andalúcia, foi entrevistada Maria Vera Lúcia dos Santos, moradora do Assentamento Conceição. No Andalúcia, foram entrevistados Altair de Souza e Rosana Claudina, membros ativos do Ceppec, como também o casal Marinalva de Brito e Geraldo Fernandes. Todo o material coletado durante este processo, da pesquisa bibliográfica às viagens, contribui para o resultado final de cada um dos três produtos jornalísticos. A reportagem multimídia no estilo longform está alocada na plataforma Web na internet. A produção do layout foi realizada em conjunto com o designer gráfico Gabriel Melo e o desenvolvedor front end (profissional responsável por projetar a interface de um website) Mateus Santana. As ilustrações dos frutos nativos foram realizadas pelo acadêmico do curso de Design Gráfico da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Daniel Batista. Esta parceria fortalece o trabalho em equipe do jornalista com profissionais de outras áreas, além de servir como forma de otimizar o tempo de produção do layout da reportagem multimídia e permitir que os outros dois produtos fossem realizados. A narrativa multimídia está dividida em capítulos que contemplam as principais etapas que envolvem o trabalho com os frutos nativos: a colheita, o processamento e a comercialização. Acrescenta-se ainda a questão da valorização dos frutos que permeia entre estas três fases e o amor à terra por parte dos assentados. Foi discutido também, ao longo dos capítulos, a questão da conservação do bioma Cerrado. Em leituras sobre a relação da área de estudo da Economia com o


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extrativismo vegetal dos frutos típicos desse bioma, descobriu-se que para continuar a venda dos frutos, é necessário o seu plantio e manutenção. Por este motivo, deve haver uma conservação dessas plantas, o que consequentemente resultará na preservação do Cerrado (GRZEBIELUCKAS et al., 2009). Está também relacionado ao trabalho com os frutos do Cerrado os conceitos de consumo e desenvolvimento sustentável, que giram em torno da ideia de que os recursos são limitados e não devem ser esgotados. As comunidades visitadas foram orientadas a não extrair totalmente os frutos das plantas nativas e a conservar o bioma. Este cenário deu base para a discussão do tema dentro reportagem. Os três capítulos podem ser acessados por meio do menu ou pela barra de rolagem. Cada um deles utiliza recursos como a técnica de paralaxe, slides de fotografias, players de áudios e de vídeos, com o intuito de possibilitar um envolvimento mais dinâmico e aprofundado com o tema. O uso do conceito da hipertextualidade está concretizado por meio do uso de hiperlinks de ligação a conteúdos externos a reportagem, como também internos, chamados âncoras de ligação, o que dá ao leitor a possibilidade de escolher como ler a narrativa. Os capítulos são independentes entre si, não sendo necessária uma leitura hierárquica. O primeiro capítulo, “Fruto de quintal”, aborda o Cerrado e suas características, apresenta como os moradores dos assentamentos rurais se envolveram com o extrativismo, explana a relação inicial deles com os frutos e explica as etapas de colheita, processamento e comercialização. O segundo capítulo foi nomeado “Cerrado em pé”, alusão à conservação do bioma, tema central desta parte. Nele, é contextualizado o cenário atual do Cerrado, a influência do extrativismo sustentável para a manutenção da flora e aborda a valorização dos alimentos nativos. Por fim, o capítulo “Eu sou terra” aprofunda na relação dos moradores dos assentamentos visitados com a terra em que vivem, quais as dificuldades que enfrentam neste trabalho com os frutos nativos e o que mudou em suas vidas desde o início da atividade. Os demais produtos foram planejados pensando-se nos moradores dos assentamentos. Nas comunidades não há acesso à internet e na sede do Ceppec, no Assentamento Andalúcia, não há energia elétrica. Desse modo, o minidocumentário e a


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reportagem fotojornalística têm o objetivo de levar a eles as informações que lhes interessam. Os vídeos referentes ao minidocumentário foram organizados de maneira que

formassem

blocos

informativos

separados

em:

introdução,

colheita,

processamento, comercialização, desafios, conservação do Cerrado e complementação de renda. Para a edição e montagem, foi utilizado o software Adobe Premiere e o resultado final foi compilado em um DVD-Rom. A reportagem fotojornalística foi diagramada de maneira em que os moradores dos assentamentos rurais pudessem se ver e se reconhecer, ao mesmo tempo em que os textos complementares informam sobre a história do trabalho com os frutos nativos nestes locais. A editoração foi feita no software Adobe InDesign e impressa em gráfica para manter a qualidade do material. Os dois produtos serão distribuídos após as correções finais que podem ser propostas pela banca avaliadora.

1.2 Dificuldades Encontradas As dificuldades iniciais para a realização do trabalho em questão estavam relacionadas a não familiaridade com o tema, o que foi resolvido com a pesquisa bibliográfica e conversas presenciais com especialistas e professores da UFMS que trabalham com o assunto. As maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento do projeto experimental concentraram-se no contato e locomoção às comunidades. Por estarem localizadas na região rural e devido ao baixo sinal telefônico, o contato com os representantes dos assentamentos demorou. Próximo à data das viagens, o tempo chuvoso prejudicou as ligações, que não completavam ou não eram atendidas. A moradora do Assentamento Andalúcia, Rosana Claudina, ficou hospedada em Campo Grande durante dois meses por motivos de saúde familiar e, como ela não estava no local para acompanhamento, a visita ao Ceppec, que inicialmente seria no dia 6 outubro, foi adiada para os dias 21 e 22. Outro problema com telefonia aconteceu com a agricultora familiar Rosa Maria da Silva, que teve sua linha telefônica cortada. O contato foi restabelecido por um número de celular com acesso ao aplicativo de mensagens WhatsApp.


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Entre os fatores que prejudicaram a execução das viagens estão o acesso a transporte para os assentamentos e hospedagem, pois foi necessário ficar mais de um dia no local para realização das entrevistas e conhecimento da comunidade; e o clima, pois o acesso aos assentamentos se dá por estradas não asfaltadas que, com a alta incidência de chuva, podem causar o atolamento do veículo. Na viagem ao Assentamento Monjolinho, o ônibus que saía de Anastácio para o local se atrasou, as mulheres da Amam não iriam mais fabricar alimentos enriquecidos com os frutos, como foi combinado por telefone e durante as entrevistas. Fotografias e vídeos foram realizados no lote de Gilda da Silva. Nesta ocasião, o microfone tipo lapela, item essencial para gravar vídeos e áudios com boa qualidade sonora, caiu pelo terreno e foi encontrado apenas no dia seguinte, quando a viagem já havia seguido para o Assentamento Andalúcia. Para manter o padrão de qualidade da narrativa, foi necessário procurar por um microfone substituto em diversas lojas dos municípios de Anastácio e Aquidauana. Na visita ao Assentamento Andalúcia, a maior dificuldade foi a falta de atividades por parte dos moradores. Não havia atividades ocorrendo no Ceppec na data visitada. Também houve dificuldade para realizar entrevistas, apenas cinco moradores falaram de forma clara e extrovertida, os demais tiveram muita dificuldade em fornecer informações, mas maior dificuldade encontrada nesta viagem foi o mau tempo no dia da volta à Campo Grande. A chuva forte quase impediu o trânsito na estrada que liga o assentamento à rodovia. Um dos fatores que contribui para que as viagens se enquadrem como dificuldade foi o fato de realizá-las por conta própria, pois no planejamento inicial ela seria realizada em parceria com o “Valorização de Plantas Alimentícias do Pantanal e Cerrado”, mas por burocracias internas do programa isso não foi possível e as visitas foram organizadas sem ajuda externa. 1.3 Objetivos Alcançados O objetivo geral deste projeto experimental foi construir uma narrativa transmídia composta por três produtos jornalísticos: uma reportagem multimídia no estilo longform, um minidocumentário e uma reportagem fotojornalística impressa, de


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modo

a

mostrar

os

processos

de

colheita,

processamento,

valorização

e

comercialização dos frutos nativos do Cerrado, e como estas atividades auxiliam financeiramente comunidades tradicionais e rurais do estado de Mato Grosso do Sul. Os objetivos alcançados foram o de conhecer sobre o bioma Cerrado, seus frutos e plantas alimentícias; pesquisar sobre Jornalismo Ambiental, Ciberjornalismo, reportagens multimídia e reportagens longform; e determinar um plano de trabalho detalhado para a realização da pesquisa de campo e para organização do material que compõe o projeto experimental. Foram feitas as pautas (tópico 5.1.1 do apêndice) e entrevistas com as Professoras Raquel Pires Campos do curso de Tecnologia em Alimentos e Ieda Bortolotto do curso de Ciências Biológicas, ambas da UFMS. Foram feitas visitas aos laboratórios da Utasp da UFMS para reconhecimento dos frutos. Ocorreu a participação no evento II Simpósio de Frutos Nativos e Exóticos (Sinatex), onde foram entrevistados quatro especialistas e uma moradora de assentamento que trabalha com frutos do Cerrado. Foram eles Prof. Dr. José Felipe Ribeiro representante da Embrapa - Brasília, o qual ministrou a palestra “O Uso e Conservação da Biodiversidade no Cerrado”; Profª. Drª. Clarissa Damiani da UFG com a palestra “Processamento e Aproveitamento de Frutos Nativos do Cerrado”; Profª. Drª. Marney Pascoli Cereda da UCDB, da palestra “Tecnologias Inovadoras e Sustentáveis”; Profª. Drª. Thelma Luchese Cheung da UFMS que falou sobre Consumo Sustentável; e Élida Martins Aivi, moradora do Assentamento Santa Lúcia do município de Bonito e comerciante de rapadura com frutos do Cerrado (roteiros de perguntas constam no tópico 5.1.2 do apêndice). Outros objetivos alcançados foram os de identificar os pontos positivos e negativos da colheita dos alimentos provindos do Cerrado; visitar as comunidades tradicionais e rurais selecionadas para reconhecimento; entrevistar as pessoas sobre o local, o cotidiano, a cultura, o ambiente, a dinâmica e as dificuldades do trabalho realizado por eles; terminar o texto, fotografias, vídeos, áudios e construir o design gráfico personalizado da reportagem multimídia. Teve também o objetivo de publicar e divulgar esta narrativa na internet utilizando recursos de programação HTML e CSS. Acrescentados a esses objetivos, esteve gravar o documentário no DVD e imprimir a


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reportagem fotojornalística, produtos projetados para levar informações da narrativa às pessoas que não terão acesso ao material multimídia na internet.


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2. SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS: 2.1 – Cerrado O Cerrado é um bioma brasileiro presente na região central do Brasil, em aproximadamente dois milhões de quilômetros quadrados por todo o país. É o segundo maior bioma e abrange os estados de Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Pará e Rondônia. Está presente também no Distrito Federal e em manchas nos estados de Roraima e Amapá (NOVAES, 2008). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Cerrado ocupa 61% do estado de Mato Grosso do Sul. O Centro-Oeste e o Sudeste abrigam a maior parcela desta vegetação, que aparece em áreas com altitude entre 300 e 1800 metros. Ainda segundo o IBGE (2004), a definição de bioma consiste em um conjunto de vidas vegetais e animais formados por agrupamentos de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças que resultam numa diversidade biológica própria. Até os anos de 1960 o Cerrado teve poucas alterações feitas por parte da ação humana em sua região. Segundo Novaes (2008), foi a partir desta época que houve uma expansão da fronteira agropecuária em direção às áreas do bioma. Em 1970, o surgimento de novas tecnologias, políticas de desenvolvimento e investimento em infraestrutura propiciaram a ocupação do bioma e a expansão agrícola comercial nesta região. Com isso, a produção de grãos, principalmente da soja, e de carne aumentou no país. Esta situação fez com que as áreas ocupadas fossem desmatadas e a cobertura vegetal diminuísse. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), depois da Mata Atlântica, o Cerrado hoje é o bioma que mais sofreu com a ação e ocupação do ser humano e é também devido à extensiva agricultura e agropecuária na região que o bioma perdeu muito dos seus recursos naturais, fauna e flora. Uma notícia publicada no site do Observatório do Clima divulgou um estudo realizado pelo Inpe e publicado no site do MMA informando que, no ano de 2015, o bioma teve perda de 9.348 km² de vegetação e superou em 52% o desmatamento na Amazônia.


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Por causa da extinção de parte do habitat, o Cerrado é considerado um dos hotspots mundiais (nomenclatura dada às áreas com abundância de espécies endêmicas e grande perda da vegetação natural). Segundo informações do MMA, o Cerrado brasileiro abriga 11.627 espécies de plantas nativas catalogadas, porém apenas 8,21% de seu território é legalmente protegido por unidades de conservação e, incluído nesta porcentagem, 5,36% são unidades de conservação de uso sustentável, onde 0,07% são Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), e somente 2,85% são unidades de conservação que garantem proteção integral. Mesmo com grande parte de sua cobertura vegetal perdida, o Cerrado ainda é considerado um bioma rico em relação às plantas e frutos típicos, e estes podem ser aproveitados e utilizados em estudos científicos e nutricionais. Na alimentação diária, o uso desses alimentos pode ser feito in natura, na fabricação de farinhas, na utilização em receitas, entre outros. O Cerrado ocupa toda a parte central do país, constituindo um ecossistema rico tanto do ponto de vista econômico e ecológico. Possui em sua área um grande número de vegetais, dentre estes vários produzem frutas comestíveis tais como o pequi, a cagaita, o araticum, a mangaba e o baru, esses consumidos em geral in natura pela população local nas diversas regiões do Cerrado. (RODRIGUES, 2004, p.35)

As espécies frutíferas nativas deste bioma destacam-se pelo potencial de utilização agrícola (RODRIGUES, 2004) e estão sendo estudadas por projetos de extensão e pesquisa da UFMS, como a Unidade de Tecnologia de Alimentos e Saúde Pública (Utasp) e o Programa “Valorização de Plantas Alimentícias do Pantanal e Cerrado”. O estudo destes projetos com as plantas e frutos do Cerrado envolve professores e acadêmicos de diversos cursos, entre eles Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado), Farmácia, Nutrição e Tecnologia de Alimentos. Eles trabalham com moradores de comunidades tradicionais, assentamentos rurais e alunos de escolas municipais e estaduais. O programa estuda frutos do Cerrado como o baru, a bocaiúva, o jatobá, o bacuri, o pequi, a mangaba, o jenipapo, a guavira e outros. Os projetos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), além do estudo e otimização dos frutos, visam ajudar comunidades tradicionais e rurais na produção alimentícia com base nas espécies frutíferas do Cerrado. O enfoque desta


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atividade está no retorno econômico às populações locais, procurar estimular o extrativismo de modo consciente, a comercialização dos produtos, valorizar a cultura e a biodiversidade destes locais. 2.2 Narrativa transmídia Há muitas teorias em torno do que seria a narrativa transmídia e para a elaboração da narrativa deste projeto experimental e concepção da ideia dos três produtos jornalísticos, foram utilizados três autores: Denis Porto Renó e Jesús Flores (2012), e Henry Jenkins (2013). Segundo Flores e Renó (2012), “o jornalismo transmídia vem a ser uma forma de linguagem jornalística que contempla, ao mesmo tempo, distintos meios, com várias linguagens e narrativas a partir de numerosos meios e para uma infinidade de usuários.” (FLORES; RENÓ, 2012, p.82, tradução nossa). Na concepção deles, este tipo de jornalismo acontece no meio digital, ambiente proposto pelos autores para fazer seus estudos. Assim, esta forma de narrativa tem a capacidade de seu conteúdo se adequar a outras mídias no meio digital. O uso do audiovisual, da comunicação móvel e da interatividade na difusão do conteúdo, junto do uso de blogs e redes sociais, dá possibilidade de ampliação da circulação do conteúdo. Como adotam o meio digital como campo de estudo para o jornalismo transmídia, Flores e Renó (2012) apresentam dez características básicas do meio digital, que foram propostas por José Luis Orihuel (2003). Seriam elas o receptor ativo, que no meio digital é chamado de usuário; os meios como forma de passar conteúdo; linguagem midiática e com vários canais; conteúdo produzido em tempo real; espaço de dados ilimitados, sem limitação de tempo e espaço; meio autônomo; processo comunicacional de “muitos para um” ou de “muitos para muitos”, utilização do hipertexto e linguagem não linear; conteúdo que oferece interatividade com o usuário na obtenção da informação; e informação sobre a informação (ORIHUEL, 2003 apud FLORES; RENÓ, 2012). Flores e Renó (2012) também reforçam que é fundamental que se compreenda e crie uma linguagem específica para o novo meio.


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O texto não é como um computador, uma vez que a navegabilidade, por mais simples que seja, é diferente. O som não é como no rádio, uma vez que a transmissão nem sempre é perfeita, mesmo que esteja on demand. O vídeo não é o mesmo que a televisão, já que o dispositivo possui uma micro-exibição e, simultaneamente, tecnologia touch screen, ou seja, tecnologia que induz interatividade. Por estas razões, é um dispositivo comunicacional diferente dos demais que conhecemos e a sua língua deve atender a um cenário diferente. (FLORES; RENÓ, 2012, p. 85, tradução nossa)

Para Jenkins (2013), as narrativas transmídia são resultado da cultura da convergência que se caracteriza como a “mudança na lógica pela qual a cultura opera, com ênfase no fluxo de conteúdos pelos canais de mídia” (JENKINS, 2013, p. 386). Segundo ele, nas narrativas transmídia é possível utilizar diversas mídias e cada uma delas deve agir da melhor maneira, dentro de suas especificidades, para transmitir o conteúdo. No glossário do livro Cultura da Convergência o autor define esta prática da seguinte forma: Narrativa transmídia: histórias que se desenrolam em múltiplas plataformas de mídia, cada uma delas contribuindo de forma distinta para nossa compreensão do universo; uma abordagem mais integrada do desenvolvimento de uma franquia do que os modelos baseados em textos originais e produtos acessórios. (JENKINS, 2013, p. 392)

A partir da leitura destes dois autores decidiu-se denominar este projeto experimental como uma grande narrativa transmídia que está dividida em três meios: o on-line, o audiovisual e o impresso. Assim, segue-se aqui o conceito de que uma narrativa transmídia é um modo de apresentar o conteúdo em diferentes meios e com diferentes linguagens, porém adequadas, ao mesmo tempo. Deste modo, o principal produto da reportagem é a narrativa multimídia, que apresenta esta denominação por possuir fotos, vídeos, áudios e textos em uma mesma plataforma. Esta funciona como eixo central. Os outros dois produtos são complementares e independentes, porém acabam por convergir, já que junto de seu conteúdo apresentam o link para a reportagem multimídia na internet, possibilitando um aprofundamento do tema. Jenkins (2013) introduz e sistematiza sete conceitos-chave das narrativas transmídia que foram escolhidos para também serem adotados no projeto experimental. São eles o “Espalhamento x Capacidade de Perfuração”, “Senso de Continuidade x


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Multiplicidade”, “Imersão x Capacidade de Extração”, “Construção de Universo”, “Serialidade”, “Subjetividade” e “Performance”. No conceito-chave “Espalhamento x Capacidade de Perfuração”, o espalhamento diz respeito a participação do público na circulação do conteúdo e a perfuração engloba o envolvimento do público com a narrativa. O projeto experimental utiliza-se

da

rede

social

Facebook

(www.facebook.com/frutoacolhido)

para

compartilhamento do tema pelos leitores e a reportagem multimídia no estilo longform tem hiperlinks para aprofundamento do tema, para que o leitor use a narrativa como ponto de partida para entender assuntos mais complexos, como por exemplo, a biodiversidade do Cerrado. Para Martins e Longhi (2015) o “Senso de Continuidade x Multiplicidade” de Jenkins, no jornalismo, se refere ao encadeamento entre as informações e o relacionamento entre notícias de um mesmo tema. Na reportagem multimídia, a continuidade foi trabalhada na coerência e coesão construída na transição entre os parágrafos de texto, vídeos e áudios. No minidocumentário, ela foi trabalhada na edição, para que os vídeos tenham fluidez entre um tema e outro, e na reportagem fotojornalística este conceito-chave se deu na coerência entre os textos e as imagens. Segundo Souza (2011 apud MARTINS; LONGHI 2015) o conceito de multiplicidade pode ser relacionado à exploração da história de uma personagem que pode ganhar importância e revelar um universo paralelo dentro daquele trabalhado pelos jornalistas, por exemplo, em uma matéria ou reportagem. No projeto experimental, a multiplicidade também aparece nos subtemas que surgiram a partir do tema central, como o empoderamento financeiro das moradoras das comunidades tradicionais e rurais, questão que surgiu a partir de pesquisas e entrevistas. Esses dois conceitos não foram trabalhados apenas de forma individual nos produtos jornalísticos apresentados. Os três produtos, em sua totalidade, funcionam um como continuidade e multiplicidade do outro, aumentando o entendimento do conteúdo, dando sequência à narrativa e tornando-a mais completa. Em “Imersão x Capacidade de Extração”, a imersão refere-se ao aprofundamento do leitor na história apresentada e a extração à capacidade do leitor de retirar aspectos na narrativa e aplicá-los no seu dia a dia. O projeto experimental


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propõe a imersão do leitor utilizando diversos recursos e plataformas, e ao abordar de maneira indireta o consumo sustentável e o tema da economia solidária, pretende-se que o leitor extraia alguns destes aspectos para o seu cotidiano. O conceito-chave “Construção de Universo” é similar ao de “Imersão x Capacidade de Extração”, pois se refere ao mundo representado na narrativa e no envolvimento do público com este mundo. Por ser uma grande reportagem transmídia, o projeto experimental constrói um mundo que liga histórias e subtemas em plataformas diferentes. As autoras Martins e Longhi (2015) afirmam que a natureza multiplataforma das narrativas transmídia representa diversas histórias em mídias distintas e “ajudam a compor um universo mais completo e interconectado” (MARTINS; LONGHI, 2015, p. 7). A “Serialidade” se dá na divisão da narrativa em partes que podem ser consumidas sem uma ordem preestabelecida. No projeto experimental, essa divisão da grande reportagem se dá nos produtos jornalísticos em si, pois cada um conterá um aspecto da história dispersado em plataformas diferentes, sem hierarquização e independentes uns dos outros. A “Subjetividade” se refere às diversas maneiras de narrar uma história, permitindo experiências distintas ao público. Este conceito também está presente nos produtos jornalísticos do projeto experimental, pois em cada um deles a narrativa será apresentada e trabalhada de forma diferente. O último conceito-chave é a “Performance”, que diz respeito à motivação da audiência para participar do conteúdo. Para o projeto experimental, essa motivação foi, principalmente, as ferramentas da rede social Facebook que permitem interação com a grande reportagem, como, por exemplo, a possibilidade de “curtir” e comentar sobre a narrativa. Não deixando de lado a análise de Flores e Renó (2012) de que é necessário criar uma linguagem para o meio transmídia, os três produtos foram pensados visando o receptor da mensagem. Tanto o minidocumentário quanto a reportagem fotojornalística foram pensados a partir da necessidade das fontes entrevistadas de terem contato com o conteúdo finalizado. Por não possuírem acesso à internet, esses dois meios têm a capacidade de levar as informações até as comunidades rurais.


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A reportagem multimídia no estilo longform está alocada na plataforma Web na internet no endereço temporário www.frutoacolhido.negociosms.com.br e tem a possibilidade de chegar a várias pessoas e lugares, e aprofundar o conhecimento sobre o assunto.

2.3 Narrativa longform O estilo narrativo escolhido para a produção de um dos produtos deste projeto experimental é o longform na internet, narrativa que utiliza plataformas digitais que permite o uso de recursos multimídias na produção jornalística, como textos, fotografias, vídeos, áudios e infográficos, com o intuito de apresentar o máximo de informação da melhor maneira possível para que o leitor se insira na narrativa e transmitir o acesso à informação de forma diferenciada dos veículos de comunicação clássicos. Segundo Squirra (2012), o jornalismo e a comunicação vivem um momento de mudança, pois os modelos de atuação comercial e difusão de informação não atingem as pessoas como antes, pois elas estão migrando para novas plataformas de acesso à informação. A utilização de recursos multimídia proporciona mais dinamicidade, pois as mídias não são inertes, elas podem convergir. Squirra (2012) afirma que a convergência midiática também favorece o acesso às informações mais completas, porque permite que fatos ainda não divulgados por falta de espaço e tempo, como em veículos impressos e audiovisuais, sejam publicados. A redação jornalística utilizada pela imprensa generalista simplifica a informação “até ao ponto de ser perfeitamente entendível pelo chamado ‘leitor médio’” (CANAVILHAS, 2014, p.19). A adição dos recursos multimídia na reportagem reforça que a informação seja reproduzida de forma completa e intuitiva, o que, para o autor, torna a leitura mais imersiva e envolvente. O longform marca a volta do incentivo à grande reportagem em tempos de Ciberjornalismo, onde, por muito tempo, a velocidade e dinamicidade das notícias foram mais valorizadas do que a apuração e exploração do conteúdo noticiado. O formato na internet não possui limitações de espaço ou tempo, como as plataformas impressas, televisivas ou radiofônicas, e estimula a pesquisa jornalística extensa e aprofundada,


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uma abordagem completa sobre o tema, como nas grandes reportagens realizadas, por exemplo, na revista Realidade. O jornalismo longform vai muito além do texto longo. A abundância do texto verbal sinaliza um resgate da qualidade, apuração e contextualização já conhecidos do jornalismo impresso, especialmente consagrados pela reportagem. Vários autores têm se debruçado sobre o gênero na internet, apontando sua reconfiguração e remodelação. (LONGHI; WINQUES, 2015, p.8)

A narrativa está construída em capítulos que abordam a colheita, o aproveitamento, a comercialização e a valorização relacionados aos frutos nativos do Cerrado. Estes capítulos possuem blocos informativos que, para Canavilhas (2014), são os textos, imagens, sons ou infográficos. Os blocos podem se conectar por meio de hiperlinks, estejam eles próximos ou não, e o leitor pode fazer uma leitura não linear, o que pode gerar uma descentralização da ideia do conteúdo.

A leitura dinâmica gerada pela circulação do leitor entre blocos informativos aprofunda essa dificuldade, o que obriga o jornalista a produzir blocos com sentido, independentemente do contexto oferecido pelos restantes blocos informativos. Embora esta situação tenda a gerar uma rede não-hierárquica (Aarseth, 1992), a própria natureza do jornalismo implica a existência de algum tipo de marca que indique ao leitor qual o ponto focal do trabalho. O objetivo não é impor uma ordem de importância na perspetiva do jornalista, mas dar indicações sobre a forma como a notícia chegou à situação descrita no bloco informativo onde o leitor se encontra. (CANAVILHAS, 2014, p.7)

Por este motivo, os blocos textuais na reportagem são contextualizados com mais informação e possuem um fio condutor narrativo para que se entenda o foco do trabalho e a narrativa tenha sentido. A reportagem é dividida em capítulos pelo motivo de não deixar o texto muito longo e cansativo, pois, segundo Canavilhas (2014), o leitor não está habituado a conteúdos extensos para serem lidos na tela e uma concentração grande de informação pode demorar a carregar dependendo da velocidade da conexão, o que pode fazer com que o leitor desista da leitura. Logo, foi produzida uma narrativa informativa e descritiva na plataforma Web na internet que, além do espaço ilimitado, permite a interatividade do leitor por estar


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localizada em um espaço digital da internet. Segundo Rost (2014), a interatividade na internet liga o texto aos leitores, pois permite que eles possam fazer sua seleção, intervenção e participação no conteúdo. A interatividade com o leitor é importante, já que o tema abordado atinge várias áreas de estudos e é interessante a disseminação do assunto. A interatividade implica uma certa transferência de poder do meio para os seus leitores. Poder, por um lado, quanto aos caminhos de navegação, recuperação e leitura que podem seguir entre os conteúdos que oferece. E, por outro lado, relativamente às opções para se expressar e/ou se comunicar com outros utilizadores/as (ROST, 2014, p.55)

Na reportagem, a interatividade do leitor acontece por meio de comentários e compartilhamento do conteúdo na rede social Facebook, onde foi criada uma página para a reportagem e que pode ser acessada no link www.facebook.com/frutoacolhido. Também foi feito um e-mail de contato, disponível para críticas e sugestões (frutoacolhido@gmail.com). A intenção é divulgar a colheita, aproveitamento e comercialização dos frutos do Cerrado, não só de forma a mostrar uma alternativa a produtos agrícolas, mas também valorizar os frutos e plantas deste bioma, e apresentar práticas que não agridam o meio ambiente e viabilizem o desenvolvimento econômico local.


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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Quanto mais se pesquisou sobre o tema escolhido para a narrativa, notou-se a abrangência e relevância dele. O extrativismo de frutos nativos do Cerrado envolve questões sociais, como a qualidade de vida dos moradores, questões trabalhistas, como a situação em que a atividade é realizada e as diversas dificuldades - ambas causadas pela precariedade estrutural e questões econômicas, como a dinâmica de mercado, margem de lucro e geração de renda alternativa. Não é do conhecimento popular o dia a dia destes agricultores familiares, sua condição de vida e trabalho, o que reflete diretamente no preço de mercado. Os frutos nativos do Cerrado e seus derivados são consideravelmente mais caros do que outros alimentos convencionais, mas são alimentos produzidos em pequena escala, sustentáveis, de maneira totalmente artesanal e orgânica. Essas informações deveriam ser mais divulgadas, para também agregar valor social ao produto, porque os moradores das cidades não possuem esta noção e muitas vezes deixam de comprar os produtos por acharem o valor excessivo. Apesar do alto preço no mercado, o lucro do extrativismo não corresponde diretamente ao valor pago pelo consumidor, pois cerca de 30% do lucro obtido com a venda dos frutos vai para o caixa das associações, como a Amam e o Ceppec, ou, se o produto for vendido a um atravessador, o retorno financeiro será muito baixo. Mesmo assim, o dinheiro recebido por este trabalho contribui significativamente para melhorar a qualidade de vida destas pessoas. Todo o processo de execução do projeto experimental foi repleto de aprendizados pessoais e profissionais. As pesquisas bibliográficas e as entrevistas com especialistas na área, antes mesmo da visita ao local, se mostraram de extrema importância. Sem este repertório, seria muito mais difícil se conectar com os moradores dos assentamentos. Ter contato com diversos frutos nativos antes de conhecer as comunidades também foi de grande valia, pois já havia familiaridade com os aromas e sabores, o que garantiu mais propriedade para conversar com os entrevistados. Experimentar e gostar de comer os frutos e receitas enriquecidas funcionou como um fator motivador para a realização deste trabalho.


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Cada um dos três produtos jornalísticos deste projeto experimental foi permeado pelo esforço de se fazer algo novo. Transformar uma grande reportagem em três narrativas distintas, porém que compõem um todo interpretativo, estimulou uma forma de pensar diferenciada, promovendo criatividade e organização. Trabalhar em conjunto com pessoas de outras áreas foi um desafio, pois foi necessário organizar reuniões de criação da plataforma e se adequar ao ritmo de trabalho de outras pessoas. Por outro lado, foi de muita valia encontrar pessoas que se interessaram pelo projeto experimental a ponto de ajudar a estruturá-lo. As dificuldades encontradas durante a realização da narrativa transmídia contribuíram para o crescimento pessoal e profissional. Aprender a lidar com contratempos e adversidades, fatores tão presentes no âmbito profissional dos jornalistas, treinar o senso jornalístico, amadurecer o lado emocional e conhecer realidades diferentes foram experiências gratificantes ao final do processo. É possível afirmar que o maior dos aprendizados ao fazer esta grande reportagem foi reforçar que o jornalismo nem sempre deve ser feito de dentro de uma redação. É preciso sair, conversar com pessoas, sentir cheiros e gostos, apurar informações, pesquisar, viajar e imergir. Esta experiência fortalece o tino jornalístico para pautas que envolvam temas que exijam este tipo de atenção. A proposta é seguir divulgando este projeto experimental, mesmo após a aprovação na disciplina, para que o bioma Cerrado, as iniciativas de conservação e o extrativismo sustentável de frutos nativos ganhem cada vez mais visibilidade. Para tanto, será utilizada a rede social Facebook e inscrições em editais de premiações ou concursos sobre o tema ou categoria deste projeto.


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4. REFERÊNCIAS CANAVILHAS, João (org). Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença. Covilhã, Pt: Livros Labcom, 2014, p. 1-24. Disponível em: http://www.livroslabcom.ubi.pt/book/121. Acesso em: 25 de mar. de 2017. Desmatamento do Cerrado supera o da Amazônia, indica dado oficial. Observatório do Clima, 25 de jul. de 2017. Disponível em: < http://www.observatoriodoclima.eco.br/desmate-no-cerrado-supera-o-da-amazonia/>. Acesso em: 21 de nov. de 2007. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm>. Acesso em: 25 de mar. de 2017. GRZEBIELUCKAS, Cleci et al. Avaliação do custo de oportunidade relativo à conservação do cerrado com a produção de pequi: um estudo no estado de Mato Grosso. In: XVI Congresso Brasileiro de Custos, 2009, Fortaleza. Anais do Congresso Brasileiro de Custos. São Leopoldo, RS: Associação Brasileira de Custos, 2009. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. Trad. Susana Alexandria. 2a ed. São Paulo: Aleph, 2013. Disponível em: <http://lelivros.bid/book/baixar-livro-cultura-daconvergencia-henry-jenkins-em-pdf-epub-e-mobi-ou-ler-online/>. Acesso em: 8 de out. de 2017. LONGHI, Raquel. O turning point da grande reportagem multimídia. In: Revista Famecos. Porto Alegre, v. 21, n. 3, setembro-dezembro 2014. p. 897-917. LONGHI, Raquel; WINQUES, Kérley. O lugar do longform no jornalismo online. Qualidade versus quantidade e algumas considerações sobre o consumo. In: Estudos de Jornalismo do XXIV Encontro Anual da Compós. Universidade de Brasília: Brasília, 2015. MARTINS, Elaide; LONGHI, Raquel. Transmídia, crossmídia e intermídia na grande reportagem multimídia. Um estudo das estratégias narrativas na série Tudo Sobre, da Folha de S. Paulo. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM JORNALISMO, 13., 2015, Campo Grande. Anais eletrônicos... Campo Grande: UFMS, 2015. Disponível em: <http://midiaonline.sites.ufsc.br/artigos-jornalismo-online/>. Acesso em: 8 de outubro de 2017 MEDINA, Cremilda. Entrevista: O diálogo possível. São Paulo: Ática, 1995. MMA – Ministério do Meio Ambiente. Disponível <http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado>. Acesso em: 15 de outubro de 2017.

em:

NOVAES, Pedro. Caracterizado por sua biodiversidade e pela diversidade social, o Cerrado ainda é visto como mera fronteira para expansão do agronegócio brasileiro. In: RICARDO, Beto e CAMPANILI, Maura (Org). Almanaque Brasil Socioambiental 2008. São Paulo, SP: Instituto Socioambiental, 2008, p.128-143 RODRIGUES, Elaine Telles. Frutos do Cerrado: a influência dos frutos do cerrado na diversificação do cerrado. 2004. 92 f. Monografia (Especialização Gastronomia e


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Segurança Alimentar) - Universidade de Brasília, Brasília, 2004. Disponível em: http://bdm.unb.br/handle/10483/524. Acesso em: 25 de mar. de 2017. RENÓ, Denis Porto; FLORES, Jesús. Periodismo transmedia. Madrid: Editorial Fragua. 2012. ROST, Alejandro. Interatividade: Definiç es, estudos e tendências. In: CANAVILHAS, João (Org.). Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença. Covilhã, Pt: Livros Labcom, 2014, p. 53-88. Disponível em: http://www.livroslabcom.ubi.pt/book/121. Acesso em: 25 de mar. de 2017. SQUIRRA, Sebastião. Convergências tecnológicas, mídias aditivas e espiralação de conteúdos jornalísticos. In: LONGHI, Raquel e D’ANDRÉA, Carlos (Org.). Jornalismo convergente: reflexões, apropriações, experiências. Florianópolis, SC: Insular, 2012, p. 107-123. TRIGUEIRO, André. Meio ambiente na idade mídia. In: TRIGUEIRO, André (Coord.). Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003, p. 75-89.


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5. APÊNDICES 5.1 Roteiro de perguntas

5.1.1 Roteiro de perguntas para professores da UFMS:

Raquel Pires Campos, professora do Curso de Tecnologia em Alimentos da UFMS 1. O que significa “valorizar” as plantas e frutos do Cerrado? 2. Como

os

frutos

do

Cerrado

podem

ser

aproveitados

e

processados? 3. Quais o papel do curso de Tecnologia em Alimentos dentro do programa de 4. extensão “Valorização de plantas alimentícias do Pantanal e Cerrado”? 5. Quais são os cuidados que os projetos tomam ao ensinar as comunidades para que a extração das plantas e frutos não afete negativamente o meio ambiente? 6. Como são as visitas e os trabalhos realizados pelo programa nas comunidades visitadas? 7. Quais mudanças podem ser observadas nessas comunidades desde o começo do programa até agora? 8. Como é a realidade das pessoas que vivem nessas comunidades? Quais as dificuldades que os moradores enfrentam? 9. Existe um retorno financeiro? Como é? É muito/pouco? 10. Existem

moradores que

vivem

da

renda

gerada pela

comercialização dos frutos? 11. Como este tipo de agricultura difere da agricultura mais tradicional, como de legumes e verduras? 12. Qual a importância do programa para as comunidades visitadas? 13. Qual a importância do programa para a comunidade acadêmica?


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Ieda Bortolotto, professora do Curso de Biologia da UFMS 1. O que significa “valorizar” as plantas e frutos do Cerrado? 2. Como surgiu o programa “Valorização de plantas alimentícias do Pantanal e Cerrado”? 3. Como ele funciona? 4. Quais são os projetos, dentro do programa, que trabalham com frutos especificamente do Cerrado? 5. Quais as tarefas realizadas pelo curso de Biologia dentro do programa? 6. Como são organizadas as visitas às comunidades? 7. Como foi o primeiro contato com cada uma delas? 8. O que é ensinado a elas? Quais são as etapas de ensino? 9. Quais mudanças podem ser observadas nessas comunidades desde o começo do programa até agora? 10. Qual o critério utilizado para definir quais comunidades serão atendidas e estudadas pelo programa? 11. Quais as dificuldades que os moradores enfrentam? 12. Existe um retorno financeiro da atividade realizada com Frutos do Cerrado? Como é? É muito/pouco? 13. Existem

moradores que

vivem

da

renda

gerada pela

comercialização dos frutos? 14. Qual o impacto biológico positivo deste tipo de atividade? 15. Como este tipo de agricultura difere da agricultura mais tradicional, como de legumes e verduras? 16. Quais são os cuidados que os projetos tomam ao ensinar as comunidades para que a extração das plantas e frutos não afete negativamente o meio ambiente? 17. Qual a importância do programa para as comunidades? 18. Qual a importância do programa para a comunidade acadêmica?


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5.1.2 Roteiro de perguntas para os participantes do II Simpósio de Frutos Nativos e Exóticos (Sinatex):

Prof. Dr. José Felipe Ribeiro (EMBRAPA - Brasília) - palestra ministrada: O Uso e Conservação da Biodiversidade no Cerrado

1. O Cerrado é considerado um hotspot. Há atenção para a conservação desse bioma? Em que grau? Se existe, por que o desmatamento dele tem aumentado consideravelmente nos últimos anos? 2. Como é a conservação do Cerrado hoje? 3. Como podemos aproveitar a biodiversidade do Cerrado? 4. O Cerrado tem uma biodiversidade de fauna e flora muito grande, diferente do evento Sinatex, não se vê muitas discussões e usos corriqueiros de frutos do Cerrado. Por que não há um maior conhecimento

e

interesse

pelos

frutos

pelas

pessoas,

principalmente daquelas que vivem na região desse bioma? 5. O que diferencia a biodiversidade do Cerrado dos outros biomas? 6. Como o uso e a conservação ajudam o bioma?

Profa.

Dra.

Clarissa

Damiani

(UFG)

-

palestra

ministrada:

Processamento e Aproveitamento de Frutos Nativos do Cerrado

1. Como podemos aproveitar os frutos do Cerrado? 2. Cada fruto possui um tipo de processamento diferente? Como são eles? 3. Quais são as dificuldades encontradas no processamento dos frutos? 4. O processamento feito nas universidades é diferente de como é feito nos assentamentos? 5. O que é levado em consideração na hora do processamento?


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6. Quais são os frutos denominados “Ou ama, ou odeia” e porque essa denominação? 7. Porque as pessoas não se interessam ou não conhecem os frutos do Cerrados e seus produtos? 8. Como fazer com que produtos provenientes de frutos do Cerrados sejam aceitos no mercado?

Prof. Dr. Marney Pascoli Cereda (UCDB) - palestra ministrada: Tecnologias Inovadoras e Sustentáveis

1. O que são tecnologias sustentáveis e inovadoras? 2. O que é tecnologia social? 3. O acesso a essas tecnologias é difícil? É caro? 4. Como é a realidade dos assentamentos em relação às essas tecnologias? 5. Que programas sociais existem para ajudar nessa questão? Eles funcionam? 6. O processamento manual valoriza o produto? 7. Quais as vantagens da tecnologia na atividade com frutos do Cerrado?

Profa. Dra. Thelma Luchese Cheung (UFMS) falará sobre Consumo Sustentável

1. O que é um consumo sustentável? Como isso se aplica aos frutos do Cerrado? 2. Há consumo sustentável nas cidades? 3. Os movimentos atuais de alimentação saudável e orgânica, como o slow food, alteraram a visão dos frutos nativos do Cerrado perante os consumidores?


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4. Como podemos inserir o hábito de consumo sustentável no dia-adia? É preciso mudanças radicais?

Élida Martins Aivi (Assentamento Santa Lúcia - Bonito/MS) - Trabalha com a rapadura incrementada com frutos do Cerrado

1. Quantas famílias / pessoas trabalham com frutos do Cerrado no assentamento? 2. Como o Assentamento Santa Lúcia se organiza neste trabalho com frutos do Cerrado? 3. Como que o assentamento se envolveu com a colheita e o uso desses frutos? 4. Você trabalha com quais frutos? 5. Quais produtos são feitos a partir dos frutos coletados? 6. Como é o uso sustentável dos frutos? 7. Como surgiu a ideia de incrementar a rapadura com frutos do Cerrado? 8. Como é a procura pelo produto? Tem boas vendas e retorno financeiro? 9. Quais as dificuldades encontradas em cada uma das fases, como coleta, processamento e comercialização?

5.1.3 Roteiro de perguntas para os moradores dos assentamentos:

1. Há quanto tempo mora no assentamento? 2. Com quais frutos trabalha? 3. Quais produtos produz a partir desses frutos? 4. Como funcionam as etapas de colheita, processamento e comercialização dos frutos? 5. Tem máquinas para o processamento dos frutos ou é manual? 6. Quais as dificuldades encontradas nestas etapas?


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7. Também vende os frutos in natura ou apenas processados? 8. Qual o melhor período de colheita dos frutos? 9. Como é a procura pelos frutos? 10. Quanto ganham pela venda dos frutos? Conseguem sobreviver com esse dinheiro? 11. Quais programas do governo ajudam em relação às atividades de agricultura e de extrativismo dos frutos? 12. O que acha que falta a ser feito pelos programas governamentais? 13. Além dos frutos do Cerrado, trabalha com quais outras atividades? 14. A renda principal da família vem de qual atividade? 15. Quais as dificuldades de morar no assentamento? 16. Como é sua relação com a terra em que vive? O que é a terra pra você? 17. Como praticam a conservação do Cerrado? Sempre praticaram? Já sabiam fazer ou aprenderam com alguém? 18. Quais ensinamentos culinários e medicinais você conhece em relação ao frutos do Cerrado? 19. Como aprenderam as receitas? 20. Qual fruto você mais gosta? E qual receita? 21. Qual fruto e qual receita mais são apreciadas pelos consumidores? 22. Os mais jovens se interessam pelo trabalho com os frutos do Cerrado? 23. É difícil fazer eles se interessarem? Por quê? O que eles dizem sobre o trabalho com os frutos?


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