Várzea C.G. - Blog sobre o futebol amador em Campo Grande | Hélio Lima da Costa e Matheus Flores

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO CURSO DE JORNALISMO

VÁRZEA C.G. – BLOG SOBRE O FUTEBOL AMADOR EM CAMPO GRANDE

HÉLIO LIMA DA COSTA NETO MATHEUS FLÔRES LIMA

Campo Grande Dezembro / 2018

FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


VÁRZEA C.G. – BLOG ESPORTIVO SOBRE O FUTEBOL AMADOR EM CAMPO GRANDE

HÉLIO LIMA DA COSTA NETO MATHEUS FLÔRES LIMA

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador: Prof. Dr. Mario Luiz Fernandes FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br




SUMÁRIO Resumo

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Introdução

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1. Atividades desenvolvidas 1.1 Execução

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1.1.1 Entrevistas

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1.1.2 Construção do blog

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1.1.3 Modelo de negócios em crowdfunding

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1.2 Dificuldades encontradas

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1.3 Objetivos alcançados

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2. Suportes teóricos adotados

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2.1 Ciberjornalismo

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2.2 Jornalismo esportivo

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2.3 Narrativas jornalísticas

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2.4 Modelo de negócios (crowdfunding)

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Considerações finais

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Referências

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Anexos

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Apêndice

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RESUMO: Várzea C.G. (varzeacg.wordpress.com) é o título do blog esportivo dedicado para a produção de conteúdo jornalístico sobre o futebol amador de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O veículo aborda a demanda do esporte na cidade com maior profundidade e aproximação dos praticantes e da comunidade. Com um propósito de mostrar os aspectos socioculturais em torno do esporte, o projeto também conta com um planejamento de modelo de negócio utilizando o financiamento coletivo com sistema de recompensa (crowdfunding) para fornecer uma arrecadação sustentável em contraposto ao modelo tradicional de comercialização das grandes mídias. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação; ciberjornalismo; jornalismo esportivo; futebol amador; crowdfunding

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INTRODUÇÃO

A prática do futebol amador tem grande impacto nas regiões comunitárias onde é praticado. Somente a atividade regulamentada pela União Esportiva de Futebol Amador de Mato Grosso do Sul tem atuação em 28 bairros da capital, e conta com 2560 atletas que constituem 87 equipes. Essa movimentação tende a gerar um fluxo de pessoas que pode até impactar o comércio local devido a concentração de torcedores. Esse movimento esportivo nos bairros de Campo Grande, gerou uma razoável cobertura pela imprensa de Mato Grosso do Sul, mesmo que de forma superficial nos veículos de maior circulação. Nas emissoras de televisão, como a TV Morena e a TV Educativa, o esporte é destacado com pouca frequência, e em sua maioria apenas registrando os resultados de partidas específicas no decorrer de suas programações. Os jornais impressos mais populares também relatam ocasionalmente a modalidade, com destaque para o jornal O Estado. Os sites Esporte Ágil, Gazeta MS e Grito Regional dedicam maior frequência para a cobertura do futebol amador no estado. Nestes veículos, o esporte é destacado quase diariamente com um conteúdo predominantemente original que registra as partidas regionais e anuncia futuros jogos das competições de bairros de Campo Grande e Dourados. A pouca cobertura regional das competições do futebol amador pode se atribuir em parte à baixa rentabilidade financeira para patrocinadores e imprensa. Este fator é causado principalmente pelo modelo de financiamento tradicionalmente utilizado pelos dos grandes meios de comunicação de massa que necessitam da renda primária do patrocínio de empresas e órgãos que demandam dos veículos a maior circulação de sua marca. Esta forma de administração financeira tem demonstrado sinais de instabilidade e gerado perdas financeiras e demissões em empresas jornalísticas em todo o mundo (COSTA, 2014).

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Neste sentido, este projeto apresenta a proposta de criação do blog Várzea C.G voltado à cobertura do futebol amador praticado em Campo Grande, utilizando-se do financiamento coletivo na modalidade crowdfunding para a prática de um jornalismo integralmente independente. O projeto também se diferencia das demais publicações do gênero por desenvolver pautas que buscaram incorporar o lado mais pessoal dos praticantes e seus espectadores, para assim refletir questões de identidade social e se apropriar dos fatores que refletem a prática do esporte como uma contemplação pessoal e até espiritual (FRANGE, 2007). A popularização da internet e dos meios eletrônicos propulsionada pela acessibilidade das tecnologias de produção do meio resultou em diferentes efeitos quase imediatos na cultura de consumo de toda população mundial. Uma das principais mudanças de comportamento foi uma maior descentralização da informação, que deixou de ser disseminada como uma corrente de um único fluxo e passou a consistir em uma cadeia de receptividade onde o consumidor possui um papel significante de moldar tanto o formato quanto o próprio conteúdo da comunicação (MATTOSO, 2003). Das diversas formas de inserção do consumidor como interlocutor da produção de conteúdo midiático, o blog se destaca como uma opção mais integradora e pessoal da produção em cibermeios.

Através dos weblogs, uma nova forma de se fazer jornalismo está sendo posta em cheque e através da emergência e velocidade da cibercultura, esse canal irá ganhar o mundo, viabilizando uma explosão da apropriação dos blogs como meio de expressão noticioso capaz de atender um determinado grupo de pessoas ávidas por um tema, por um jeito mais pessoal de se relatar um fato e por uma menor distância entre o jornalista e a audiência. (MATTOSO, 2003)

Este meio surgiu nos meados da década de 1990, ainda nos primórdios da internet, e sua terminologia deriva-se de uma abreviação da palavra amálgama em inglês weblog, cuja tradução sugere um registro ou diário (log) com a utilização das ferramentas para a web. Inicialmente utilizado de forma integralmente pessoal para documentação e FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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reflexão de seus produtores, o formato rapidamente desenvolveu-se como uma plataforma jornalística alternativa para os profissionais da área que buscavam uma linguagem diferente das mídias tradicionais (MATTOSO, 2003). O blog, ainda em seu início, começou a ser utilizado por jornalistas de grandes veículos de comunicação que produziam conteúdo fora do expediente de suas redações, servindo como uma forma de expandir o trabalho individual do profissional para além das regras e exigências da área de trabalho. O formato também aproveita de uma simples criação do design do produto, normalmente em modelos gerados previamente pela empresa que irá hospedar a página, o que facilita a utilização do cibermeio por indivíduos que não possuem conhecimento de programação em HTML (OLIVEIRA, 2003). A abordagem realizada durante a produção do trabalho jornalístico foi o fator diferencial do projeto em relação a cobertura feita na maior parte dos meios de comunicação. Desde o planejamento inicial, delineamos o foco no fator humano dessa prática esportiva, revelando as pessoas que a compõem e suas demandas criadas a partir do impacto sociocultural do futebol amador no ambiente comunitário. Para aplicação de um jornalismo puramente independente, sem preocupações de submeter-se a um sistema econômico tradicional que tende a afetar a parcialidade do conteúdo produzido, este projeto também explora meios alternativos de sustentabilidade, concentrando sua rentabilidade por meio de arrecadação em crowdfunding. Este modelo concentra em expor o empreendimento a um público segmentado que poderá auxiliar o plano inicial monetário, mas mantendo um sistema de recompensas para o contribuinte, o que diferencia do financiamento coletivo tradicional (XAVIER, 2014).

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1- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Os primeiros passos da atividade prática para a construção do Várzea C.G. foram dados no mês de agosto com o estudo da base teórica do projeto para potencializar os efeitos e a compreensão do trabalho. Após isso as atividades foram voltadas para o delineamento do conteúdo que seria transposto no projeto. Foram estabelecidas pautas que caberiam no contexto do projeto. As reportagens e entrevistas que configuram o conteúdo do blog tiveram enfoque em aspectos sociais da modalidade do futebol amador, priorizando uma visão humanística, onde, na perspectiva de Costa (2013, p. 14) “os esportes estão relacionados a sentimentos de identidade em todo o planeta. São diversos os exemplos de sociedades, raças e etnias que se sobressaíram positiva ou negativamente por conta de suas relações com o esporte”. As pautas foram idealizadas em simultaneidade com o embasamento teórico bibliográfico, e posteriormente, já nos meses de setembro e outubro, foi iniciado sua produção. Para isso, selecionamos contatos, procuramos por eventos esportivos amadores de Campo Grande, coletamos dados, registramos entrevistas, transcrevemos para o blog e finalizamos seus detalhes. Selecionamos o site hóspede WordPress para preparar o corpo do portal e navegamos pelo leque de opções pré-estabelecidas pelo domínio.

1.1 Execução:

Para o desenvolvimento das pautas, foi analisado como o trabalho poderia ser realizado, tendo em vista as fontes que já tínhamos contato, eventos esportivos previstos para ocorrer durante o período dedicado às matérias, ferramentas disponíveis, entre vários outros aspectos. Inicialmente, também elaboramos o nome do projeto empregando a palavra “várzea”, utilizada informalmente para referenciar os campos de futebol FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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amador, somado a sigla “C.G.”, que é uma abreviação para o nome da cidade de Campo Grande, mas aqui é referenciada para fazer alusão aos nomes de clubes de futebol que utilizam abreviações nos nomes de suas agremiações (como “F.C.“, em referência a “futebol clube”). Procuramos também criar uma conexão do projeto com as redes sociais Facebook (facebook.com/varzeacg) e Instagram (instagram.com/varzeacg), cujo conteúdo consiste apenas em hiperlinks de divulgação para o blog. Não existe conteúdo original nessas redes, com a exceção de algumas fotografias postadas exclusivamente no Instagram, mas que possui um intuito de chamar o leitor para as matérias do projeto. A utilização desses meios serve exclusivamente para ampliar os benefícios do uso de suas ferramentas em um produto de ciberjornalismo, entre eles "1)melhora da identidade da marca, 2) fidelização dos leitores e 3) interatividade: beneficia os meios como plataforma de distribuição de seus conteúdos entre as redes, produzindo um efeito em cadeia, entre os membros da rede social e melhorando sua repercussão" (ORIHUELA, 2009, apud LONGHI; FLORES; WEBER, 2011, p. 20).

1.1.1 Entrevistas:

Entramos em contato com dez diferentes fontes que poderiam auxiliar nas pautas, marcamos entrevistas e coberturas de partidas relacionadas. A primeira pauta produzida foi uma matéria sobre a organização dos praticantes do futebol amador, e a primeira entrevista foi com Cleiton Ferreira, presidente da União Esportiva de Futebol Amador de Mato Grosso do Sul, realizada em 8 de outubro. O entrevistado articulou sobre o histórico da criação da União Estadual de Futebol Amador de Mato Grosso do Sul (UEFAMS). Mais adiante, prosseguimos com a criação da reportagem sobre a prática do esporte na Comunidade Remanescente de Quilombo Eva Maria de Jesus em Campo Grande. Para isso, procuramos inicialmente informações sobre a comunidade com a finalidade de informar o local e sobre sua rica história e fortemente atrelada a cultura FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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negra pós-abolição. Devido a esse aspecto cultural, seguimos em busca de fontes relacionadas não somente ao futebol, mas também com uma forte conexão histórica com o local. As entrevistas foram feitas com quatro fontes: Eurides Antônio da Silva, Presidente da Associação dos Descendentes de Tia Eva; João Paulo Soares, responsável pela escolinha de base JP Tia Eva; e os moradores da comunidade, Michel da Silva e Antônio dos Santos. Nessas entrevistas, sintonizamos os aspectos históricos e culturais do local e a inserção da prática esportiva pelos seus membros. Em seguida, planejamos pauta que reflete um dia de partida de um time de futebol amador e que apresente seu perfil. O time escolhido foi Vó Maria, campeão de diversos dos principais campeonatos de bairros de Campo Grande, como o Campo Nobre e Santo Amaro. Na ocasião entrevistamos o presidente e fundador da equipe, Emerson Santos; o diretor Paulo Prado; e os atletas Edmar Santos e Lidiomar Teixeira. Em outra pauta, o entrevistado foi o ex-jogador de futebol profissional Eduardo Escobar, que já teve passagem por clubes profissionais do Mato Grosso do Sul, de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e da Índia. Ele falou sobre sua carreira no passado, e também sobre sua prática amadora do esporte para fazer uma reflexão da realidade da grande maioria de jogadores que, mesmo ao se tornarem profissionais, ainda experienciam uma instabilidade na carreira. Após a coleta dos dados e entrevistas, foi decupado o conteúdo e produzido o texto. Cada uma das matérias também contém a característica do ciberjornalismo de multimedialidade (SCHWINGEL, 2012), utilizando além dos textos, áudios, vídeos, fotos, hiperlinks, entre outras ferramentas dos cibermeios empregadas para adquirir maior profundidade do conteúdo transposto, além da adesão de uma pluralidade na funcionalidade do projeto que assim adere a linguagem volátil do ciberjornalismo.

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1.1.2 Construção do blog

Para a estruturação prática do blog, foi criado no WordPress o domínio para o Várzea C.G. (varzeacg.wordpress.com) e começado a modelar o projeto baseado em opções de personalização pré-estruturadas pelo site hóspede. O esquema visual que o blog incorporou se caracteriza pela forte presença de imagens nas publicações. Como ilustrado na figura 1, a página inicial é caracterizada pelo destaque das chamadas das principais matérias já publicadas, mostrando suas imagens e títulos com hiperlinks que conectam com as reportagens completas.

(Figura 1)

O modelo utilizado individualmente para as matérias completas apresenta na página primeiramente a imagem de chamada ocupando a maior parte da visão proporcionada pelo esquema, logo abaixo encontra-se a reportagem completa com o texto, vídeo, e imagens adicionais (figura 2). Este formato destaca maior importância no aspecto visual da matéria, dando ênfase aos aspectos de multimídia e pretende envolver o leitor com uma estrutura que, ao realçar o estímulo da imagem, evita o cansaço do leitor e que a leitura se torne maçante.

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(Figura 2)

O cabeçalho do blog (figura 3) é apresentado em todo momento, em qualquer página do domínio. Nele encontra-se à esquerda imagem de logo e o nome do projeto incorporado em um hiperlink que leva o usuário a página inicial, e à direita uma lista de menus dividida em abas que podem ser livremente alteradas pelos administradores. Os menus estão divididos entre cinco principais abas, a “Home” serve como hiperlink para a página inicial do domínio, “Sobre” funciona como as informações institucionais do projeto, como os créditos de autores e objetivos. Além disso, outras três abas categorizam o conteúdo do blog de acordo com seus respectivos gêneros jornalísticos (“Reportagens”, “Entrevistas”, “Crônica”).

(Figura 3)

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Abaixo do conteúdo em destaque, encontra-se o rodapé do blog (figura 4), que se caracteriza por uma grande barra na porção inferior do modelo e é padronizada pelo WordPress para estar presente em todas as páginas do domínio, independente do conteúdo em destaque.

(Figura 4)

Neste local, encontram-se ferramentas fornecidas pelo site hóspede para dinamizar o acesso do usuário com diferentes conteúdos que são individualmente ativados pelos administradores do portal. Entre eles estão: a) Barra de pesquisa: onde o usuário pode utilizar palavras-chave para encontrar conteúdo específico nas matérias produzidas. b) Agenda: uma pequena tabela com um calendário designado para marcar eventos que os administradores divulgam para os leitores. c) Plugin página do Instagram: exibe a galeria de fotos publicadas na página da rede social Instagram vinculado ao blog.

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d) Plugin página do Facebook: ferramenta que transpõe todo o conteúdo produzido em uma página do Facebook vinculada pelos administradores ao blog. e) Arquivos: lista de hiperlinks que categoriza todo o conteúdo em datas de publicação, para auxiliar os leitores a explorar matérias antigas. f) Autores: pequeno espaço com o nome e foto dos colaboradores do domínio com hiperlinks que dão acesso a matérias especificamente pela autoria selecionada. g) Tags: lista de categorias personalizadas pelos administradores que permitem os leitores a explorar o conteúdo que abrange um elemento específico. h) Catarse: ferramenta com a imagem do logo do site hóspede da campanha de crowdfunding, que funciona como um hiperlink especificamente para a página do projeto de financiamento do Várzea C.G.

1.1.3 Modelo de negócios em crowdfunding

O crowdfunding é o uso do financiamento coletivo especificamente com o sistema de recompensas, e para a execução deste planejamento financeiro, foi criada uma página no Catarse (catarse.me), site que hospeda as propostas de financiamento coletivo de seus usuários, e iniciado um projeto pronto para receber o investimento monetário das pessoas que se interessarem pelo projeto. Nas configurações iniciais do projeto, o site solicitou os dados pessoais do usuário como nome, e-mail, CPF e endereço. Em seguida começa a personalização da página de anúncio da proposta, selecionamos a categoria “assinatura” que permite que o financiamento percorra por tempo indeterminado para sustentar a contínua manutenção. O título da campanha na página é limitado ao uso de apenas cem caracteres, o que forçou a limitar apenas como “Várzea CG – blog de futebol amador em Campo Grande”. FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Abaixo do título, o site solicita uma “frase de efeito”, e para resumir as características do blog e convocar leitores para a contribuição, foi preenchido com “Colabore com o jornalismo independente e de imersão!”. Como as fotografias produzidas não encontravam os requisitos de dimensão exigidos pela página, foi inserido como a imagem de fundo e de destaque um logo com o título do blog criado com a fonte CollegiateHeavyOutline Medium (anexo 1). A figura 5 ilustra como esses elementos compuseram a página da campanha, ao lado de um indicador que demonstra a proporção de doações feitas em relação a meta inicial da proposta.

(Figura 5)

O anúncio na página do Catarse conta com uma descrição cujo o site incentiva a descrição em detalhes do produto apresentado ao consumidor. Nessa área também é permitida o uso de imagens adicionais, vídeos e outros elementos que auxiliem o demonstrem e exemplifiquem o conteúdo apresentado.

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Ao lado da descrição, encontra-se a lista de recompensas que é oferecido para os usuários contribuidores que colaboraram com uma quantia previamente estabelecida. O valor necessário para alcançar o requisito da recompensa é definido pelos autores do projeto, e no caso do Várzea C.G., nós estabelecemos valores a partir da meta mínima de cinco reais, e oferecemos recompensas que envolvem desde agradecimentos ao contribuinte até a participação ativa do leitor na produção de pautas (vide figura 6).

(Figura 6)

Para organizar o planejamento financeiro em crowdfunding, foi preciso apresentar ao público as potencialidades oferecidas pelo blog e assim persuadir o leitor a participar do financiamento coletivo. Separamos as expectativas do produto e o que já podemos FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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oferecer para utilizar o Quadro de Modelo de Negócios (Canvas), uma ferramenta de gerenciamento estratégico proposta em 2008 pelo suíço Alexander Osterwalder que permite a definição dos conceitos e características do produto para sintetizar a condição mercadológica e o potencial da criação perante a apresentação pública da proposta teórica, e funcionando como uma ferramenta ideal para empreendedores iniciantes. Em outras palavras, a premissa do Canvas é que ele “descreve a lógica de criação, entrega e captura de valor por parte de uma organização” (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011, p. 14). A tabela do Canvas define os componentes do produto em nove partes divididos entre: segmentos de clientes, proposta de valor, canais, relacionamento com clientes, fontes de receita, recursos principais, atividades-chave, parcerias principais e estrutura de custo. Aveni e Pinto (2014, p. 3388) caracterizam esses itens da seguinte maneira: Segmentos de clientes definem quem a empresa busca alcançar e servir, proposta de valor é o pacote de serviços que criam valor para os clientes, canais descreve o meio pelo qual é entregue valor, relacionamentos com clientes é o tipo de relação que a empresa estabelece com seus segmentos de clientes, fontes de receita descreve o dinheiro que é gerado de cada segmento de clientes, recursos principais são os recursos mais importantes exigidos pelo modelo e atividades-chave são as ações importantes a serem realizadas. (AVENI; PINTO, 2014, p. 3388)

Levando em consideração as características presentes no blog Várzea C.G. e as potencialidades geradas pelo projeto, organizamos uma tabela Canvas (apêndice A) para melhor visualizar os componentes presentes deste trabalho, e principalmente para apresentá-lo diante da audiência que irá colaborar com o financiamento do modelo de crowdfunding. A tabela 1 descreve os elementos apontados no Quadro de Modelo de Negócios:

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Elemento do blog Parcerias principais

Propostas de valor

Canais

Relacionamento com clientes

Fontes de receita Recursos principais

Atividades-chave

Característica

Contribuidores financeiros Parte da recompensa do modelo de financiamento do projeto no Catarse possibilita a participação ativa do contribuinte a produção de pautas. Fontes e contatos das Os contatos que estabelecemos antes e durante a matérias (comunidade produção das matérias contribuem para nossa esportiva) inserção no meio do futebol amador. Pautas com perspectivas Uma forma alternativa de abordagem das matérias, socioculturais priorizando o fator humano do meio esportivo. Jornalismo aprofundado, Sem restrições editoriais que demandam altas sem restrições de tempo quantidades de conteúdo, o que beneficia a profundidade das reportagens. Linguagem aproximada e Buscamos criar um conteúdo pessoal e que busca se representativa do meio adaptar a linguagem e a cultura das pessoas que esportivo compõem o meio esportivo. Redes sociais Divulgação do conteúdo pelas páginas de redes sociais como Facebook (facebook.com/varzeacg). Projeto no Catarse A página dedicada ao financiamento em crowdfunding do blog pode funcionar como uma página de rede social, pois também divulga seu conteúdo. Boca-a-boca O público hiper segmentado pode servir como uma ferramenta eficaz de divulgação, pois o conteúdo especializado pode chamar atenção dos praticantes do futebol amador. Interações no blog O próprio portal possui diversas formas de interação, principalmente pelos comentários e assinando o blog no próprio WordPress. Redes sociais As páginas de redes sociais permitem inúmeras formas de interações, como as mensagens privadas, avaliações e comentários do Facebook. E-mail Leitores podem entrar em contato com os administradores por e-mail. Crowdfunding no Catarse Projeto de financiamento coletivo com sistema de recompensa (crowdfunding). Domínio de produção A construção de um conteúdo de qualidade requer jornalística o conhecimento dos módulos de jornalismo. Equipamentos de registro Câmera fotográfica, microfones, computadores equipados de programas de edição, entre outras tecnologias necessárias principalmente para a produção do conteúdo multimídia. Realização de conteúdo Reportagens multimídia, entrevistas em perfil, jornalístico crônicas, entre outras formas de produção. Cobertura de eventos do Eventos especiais, como finais de campeonatos futebol amador também farão parte do conteúdo do blog. FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Segmentos clientes

de Fãs de esportes em geral Praticantes, curiosos torcedores locais

Estrutura de custos

Transporte

Mão-de-obra Custos do escritório

Domínio do blog

A linguagem tem o potencial de atrair pessoas que consumem jornalismo esportivo de modo geral. e O fator hiperlocal do conteúdo atrai moradores de bairros e comunidades divulgados nas matérias e principalmente os praticantes e torcedores do esporte em Campo Grande. Para acompanhar partidas em diferentes bairros, será necessário a constante locomoção entre os locais. Custos de gasolina ou transporte público. Remuneração dos jornalistas empregados na empresa. Estrutura, suprimentos de produção, manutenção de bens, conexão de internet, fornecimento de eletricidade, água e esgoto. Aquisição do domínio definitivo pelo site hóspede WordPress, após a meta inicial.

(Tabela 1)

1.2 Dificuldades Encontradas

Inicialmente, este projeto experimental tinha a pretensão de criar um site para a criação do Várzea C.G., porém a criação de um portal acarreta problemas de finanças e logística que poderiam comprometer a criação do projeto tendo em vista o limite temporal gerado pela duração do semestre letivo. A criação de um site requer a negociação pelo servidor com um hóspede (neste caso o WordPress), em quanto a criação de um blog é possível de forma gratuita e com a configuração pré-moldada, sem requerer uma extensa dedicação a questões de programação. O futebol amador, em sua essência, é uma prática de esporte informal, logo os dados e histórico relacionados com este meio são escassos simplesmente pela falta da perspectiva que traga relevância para a preservação histórica das ocorrências da modalidade, e com isso, ficamos desprovidos de boa parte do embasamento e do contexto de muitos dos eventos que participamos. Muitas das informações apuradas foram obtidas anteriormente, com as nossas próprias experiências ao seguir o esporte

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independente do projeto. Os contatos realizados naquelas oportunidades foram utilizados para a apuração do projeto.

1.3 Objetivos Alcançados

O maior dos objetivos do projeto se concretizou. O blog Várzea C.G. e suas reportagens encontram-se à disposição dos usuários. A intenção de abordagem direta foi apresentada, e após a abertura, contatamos praticantes de futebol amador, entre eles as fontes das matérias, e compartilhamos o resultado do projeto para a intenção inicial de aproximação com o meio. O trabalho visou ser um fluxo de contato dos membros do grupo com o meio e isso provou ser uma experiência bilateral positiva, onde foi oferecida uma plataforma a mais para a manifestação da comunidade esportiva, assim como foram criados laços profissionais com ambiente do futebol e houve maior familiarização com os aspectos do exercício prático da profissão, uma vez que para a realização das pautas foi exercida a atividade em campo e houve um distanciamento do problema do ciberjornalismo predominante, descrito por BASTOS (2013, p. 5) como "a ‘sedentarização’

dos

jornalistas, cujas saídas em reportagem para o exterior são cada vez mais esparsas”. Foi possível também explorar a criação de uma proposta de modelo de negócio alternativo para auxiliar na sustentabilidade do blog, assim criando um vínculo inicial com o universo da administração de empresa jornalística e houve maior informação sobre a importância da busca por novos empreendimentos em uma área cuja viabilidade de mercado encontra-se em um declínio debilitante (COSTA, 2014).

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2 SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS:

O embasamento teórico do projeto foi pensado de acordo com os diferentes aspectos que definem o produto final: ciberjornalismo, jornalismo esportivo, narrativas jornalísticas e modelo de negócios (crowdfunding).

2.1 Ciberjornalismo

Foram contempladas obras que sustentam a aplicação das ferramentas dos cibermeios necessários para a produção do blog Várzea C.G., assim como os efeitos e eficiências desse meio para a aplicação do jornalismo independente. Para a compreensão da plena utilização e da potencialidade que os cibermeios oferecem à prática do jornalismo, foram adotadas bibliografias que exploram a forma que estes meios impactam o leitor. Em uma época em que a internet ainda não era tão amplamente difundida, John Pavlik (2001, p.24) visionava uma ferramenta de conciliação da visão coletiva para o material disseminado no futuro do ciberjornalismo:

O que está começando a surgir é um novo tipo de narrativa que vai além da romântica, mas inatingível meta de pura objetividade no jornalismo. Este novo estilo vai oferecer ao público uma mistura complexa de perspectivas sobre notícias e eventos que terão muito mais texturas que qualquer ponto de vista único poderia jamais alcançar (PAVLIK, 2001, p.24)

Muitas das formas de jornalismo aplicadas pela grande mídia consistem em material impessoal, com uma superficialidade de apuração. Neste projeto, as informações das reportagens foram adquiridas através do contato direto e a pesquisa contínua para contornar este problema que é contundente com a disseminação das informações adquiridas através de cibermeios.

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Quase todo o trabalho, da recolha de dados ao contacto com as fontes de informação, é feito à secretária e computador. Ir para o terreno e testemunhar presencialmente o acontecimento tornou-se uma prática rara. As inúmeras nuances, ambientes e imprevistos que certos acontecimentos comportam ficam assim fora do alcance do olhar do repórter (BASTOS, 2013, p. 5).

2.2 Jornalismo esportivo

A perspectiva sociocultural na prática do futebol estabelecida para este projeto foi influenciada na leitura de diferentes autores que utilizavam de similares compreensões do esporte como uma prática ligada às monções culturais. Autores como Franco Júnior (2015), Ribeiro (1995), Rodrigues (1993), entre outros, fundamentam essa abordagem que contribui para uma discrepância com o jornalismo corriqueiro predominante nas grandes mídias. Frange (2007, p. 7) equipara a paixão pelo esporte com uma manifestação religiosa:

Atualmente, o fanatismo pelo futebol pode ser equiparado ao da religião. Os dois movimentam milhões de pessoas, exalam devoção por seus ídolos, criam mitos que possuem a função de representar os fiéis, existem os rituais antes, durante e depois do evento. A partida de futebol é celebrada para multidões da mesma forma com que o padre ou pastor celebra a missa. Os jogadores precisam vencer para confortar os torcedores, do mesmo modo que o pároco procura usar a palavra para confortar seus ouvintes. Há mais dois ponto em comum entre os dois: atraíram dinheiro e se tornaram mais um objeto de consumo da sociedade do espetáculo. (FRANGE, 2007, p. 7)

Para uma maior compreensão do jornalismo esportivo exercido na atualidade, procuramos autores que explicam sobre a área especificamente, como Barbeiro e Rangel (2009), Coelho (2003). Sobre o desenvolvimento da abordagem no esporte e sua forte ligação ao setor financeiro em prática nos grandes meios de comunicação do ciberjornalismo, Marcelo Bechara S. N. Frange (2007, p. 9) relaciona a atividade gananciosa em prática na forma tradicional de remuneração: FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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O que mais valoriza um relato de uma partida de futebol é os vídeos com todos os lances do confronto. Ser detentor dos direitos de transmissão coloca o veículo à frente de quase todos os concorrentes que não podem postar as imagens. Além de atrair o leitor, o vídeo contribui para o fã de esporte permanecer na notícia por mais tempo. Este artifício também é contabilizado no momento de negociação de publicidade. Portanto, o repórter não faz isso pensando apenas na qualidade jornalística, mas em colaborar financeiramente para o crescimento da empresa. (FRANGE, 2007, p. 9)

2.3 Narrativas jornalísticas

No desenvolvimento do conteúdo do blog, foram aplicados os gêneros jornalísticos informativo e opinativo, considerando alguns de seus respectivos formatos. Relativo ao primeiro gênero foram produzidas duas reportagens e uma entrevista; e em relação ao segundo, uma crônica. Quanto à narrativa destes textos, foi adotada a linguagem do jornalismo literário. Para compreender de maneira geral os gêneros jornalísticos foi considerado o conceito de Melo (1985) que formula os gêneros jornalísticos e seus respectivos formatos. Ele define que “a reportagem é o relato ampliado de um acontecimento que já repercutiu no organismo social e produziu alterações que são percebidas pela instituição jornalística” (MELO, 1985, p. 65). Isso indica que existe uma diferença em relação a notícia, visto que a reportagem busca aprofundar um assunto que muitas vezes já foi noticiado anteriormente. Para sintetizar a aplicação prática da entrevista em perfil, buscamos informação teórica sobre sua condução de forma a manter consistência na linguagem e abordagem do projeto. Nesse enfoque foram encontrados discussões teóricas que defendem a condução da entrevista de maneira fluida, como um diálogo, onde o entrevistador permite o entrevistado expandir suas ideias e sem as interrupções e constrições organizacionais criadas quando o jornalista se repreende ao seguir o roteiro de perguntas. FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Se a entrevista for encarada como simples técnica, dirigida por um questionário rígido e realizada por um entrevistador que se atém a ideias preconcebidas, o resultado será frustrante para a audiência. Em contrapartida, se a entrevista for encarada como a possibilidade de realização de um diálogo, não impositivo, guiado por um real interesse de estabelecimento da interação social entre entrevistador e entrevistado, a identificação com a audiência ocorrerá. (DIAS, 2015, p. 159)

No gênero opinativo, Melo assinala que a crônica é um formato característico do jornalismo brasileiro, sem nenhum equivalente nas redações estrangeiras, apesar de compartilhar características de diferentes práticas utilizadas na Europa. O formato consiste primordialmente em uma reflexão do autor sobre um tema, onde ele vai falar em uma linguagem pessoal com o leitor, sem se apegar à estrutura informativa do jornalismo de redação, ainda que o cronista gire em torno da atualidade (MELO, 1985). Para o enriquecimento da linguagem jornalística, as reportagens foram desenvolvidas na perspectiva do new journalism, surgido nos Estados Unidos no final da década de 50. Essa modalidade está centrada em dois elementos principais: a profundidade do conteúdo e a linguagem textual que se vale notadamente dos gêneros narrativos e descritivos, os quais foram explorados no blog. Outro aspecto daqueles jornalistas foi que mesmo trabalhando para redações tradicionais, alcançaram um rompimento da objetividade do jornalismo tradicional em favor de uma abordagem de profundidade. Com influência literária, o formato moldou o conteúdo das redações da época, descartando o trabalho mecânico iniciado no pós-guerra e ao mesmo tempo consolidando uma fusão de linguagens e narrativas. O texto jornalístico que se propõe contrapor as potências fixas que o recortam como dispositivo disciplinar assume um devir literário e passa para uma outra modalidade. Como na experiência do New Journalism, nem jornalismo, nem literatura, mas ambos ao mesmo tempo nas duas direções. Assumindo uma linha que desmancha as formas estáticas produzidas pela parada do processo de sua produção. Linha que nasce desse encontro e que arrasta os dois domínios para um plano em aberto, como num deserto. (DEMÉTRIO, 2007, p. 74)

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O aprofundamento da abordagem das reportagens que se estendem no formato new journalism foi uma característica marcante no começo dessa quebra de prática. Um marco do movimento foi a publicação de A Sangue Frio, de Truman Capote, que inicialmente consistia da cobertura jornalística do assassinato de toda uma família no interior do Kansas e se desenvolveu em uma obra aprofundada que tomou seis anos para completar. O formato abre um leque de diferentes oportunidades de linguagens que também pode vir a transcrever um material de maior comunicabilidade com o meio informal de certo público.

Descobrem que não há como retratar a realidade senão com cor, vivacidade, presença. Isto é, com mergulho e envolvimento total nos próprios acontecimentos e situações, os jornalistas tentando viver, na pele, as circunstâncias e o clima inerente ao ambiente de seus personagens. (LIMA, 2009, p. 122)

O jornalista deixa de acatar o fato com a superficialidade de uma cobertura de sua rotina em redação, e toma consciência do acontecimento e seu impacto pessoal e comunitário.

2.4 Modelo de negócios (crowdfunding)

Ao tomar a iniciativa de construir para o projeto um modelo de negócio alternativo, sabíamos que esse fator iria exigir um conhecimento bibliográfico próprio em relação aos outros elementos do projeto, já que precisamos conhecer melhor a funcionalidade teórica e também a utilidade prática do investimento em recursos exigidos pela elaboração de um empreendimento jornalístico. O plano financeiro em crowdfunding foi selecionado justamente pelo histórico de exemplos sucedidos de empresas de jornalismo muitas vezes mencionadas nas próprias obras dedicadas ao assunto. Apesar disso, encontramos uma bibliografia escassa (como mencionado no item 1.2 Dificuldades FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Encontradas), especialmente quando considerando a especificidade da aplicação do modelo em empresas jornalísticas. Os autores Silva e Freitas (2012, p. 317) sintetizam a utilização do crowdfunding como modelo de negócio, e criam a base para a aplicação do mesmo em projetos alternativos: “As plataformas de crowdfunding [...] surgem como uma nova alternativa para o auxílio a projetos financiados por pessoas físicas, por trabalhar com um conceito em que pessoas comuns podem financiar um projeto com doações financeiras para o mesmo”. A maneira independente de trabalhar com o jornalismo, somado ao modo não convencional de produção que é o objetivo deste projeto, quase impossibilita a arrecadação de fundos da maneira convencional no mercado midiático tradicional, e o crowdfunding se mostrou uma ferramenta que poderia ajudar contornar esse problema. Portanto, vale manter uma cautela sobre o modelo, visto que é um formato novo com relativamente pouca fundamentação comercial. Silva e Freitas (2012, p. 330) recomendam o experimento no modelo com maior precaução também devido à falta de regulação:

[...] existem dificuldades nesse momento, pois diversas plataformas de crowdfunding se encontram em estágio de iniciação e sem maturidade o suficiente para se desenvolver com o mercado. Nesse sentido se faz necessária uma regulação dessa nova forma de colaboração. Entre os entraves, a legislação brasileira é lenta ao tratar essas inovações decorrentes de novos tipos de negócios bem como não possui um modelo claro de incentivos para projetos sociais para o terceiro setor. SILVA e FREITAS, 2012, p. 330)

Uma das principais obras que utilizamos para sintetizar o estabelecimento de um modelo de negócio em crowdfunding, especificamente para empresas jornalísticas, é o artigo Alternativas para o financiamento do jornalismo: Crowdfunding e a campanha Reportagem Pública de Aline Xavier (2014). No texto, a autora disserta sobre um exemplo prático de uma campanha de arrecadação coletiva bem-sucedida: a Reportagem Pública, FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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segmento de reportagem investigativa da agência de jornalismo Pública. Apesar deste foco, a autora sumariza os conceitos e o estabelecimento prático do financiamento coletivo com o objetivo de criar uma forma de sustentabilidade para o jornalismo. No período de 2003-2013, a publicidade na internet passou de US $ 1,2 bilhões para US $ 3,3 bilhões. Apesar dos dados positivos, “o aumento total de dez anos em publicidade digital não é ainda suficiente para superar o declínio médio de um único ano em anúncios impressos desde 2003”. E o modelo de financiamento baseado em assinaturas via paywall ainda encontra obstáculos para se estabelecer como uma ferramenta bem sucedida, especialmente ao se considerar a característica circulação de conteúdo gratuito na internet. Para escapar da dependência das doações de fundações filantrópicas e conquistar sua sustentabilidade, organizações jornalísticas sem fins lucrativos, localizadas nos Estados Unidos, têm investido em modelos alternativos para captação de receita (XAVIER, 2014, pg. 5).

Com esses exemplos de modelos bem sucedidos e que mantém a integridade independente do meio, o financiamento coletivo se demonstrou como uma excelente opção para explorar como forma alternativa de sustentabilidade.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O blog Várzea C.G. (varzeacg.wordpress.com) é um projeto para a realização de pautas esportivas focado na cobertura de futebol amador em Campo Grande e foi pensado com uma linguagem pessoal possibilitada pelo blog para trazer um aspecto humanístico para a prática esportiva como uma atividade e uma expressão cultural. Foram realizadas reportagens que demonstram a prática do esporte no entorno comunitário, sintetizamos o contexto de organização dos praticantes, entre outras formas de fazer jornalismo. O projeto provou positivamente ser uma via de duas mãos, pois foi oferecida uma plataforma para dar voz e acarretar a demanda da prática do futebol amador nos bairros de Campo Grande, assim como ele possibilitou a melhor compreensão do ambiente do jornalismo esportivo e proporcionou o contato com os praticantes, torcedores e organizadores do meio, assim criando uma oportunidade de futuros desenvolvimentos profissionais. A experiência obtida com a atividade também tem um valor imensurável para a formação profissional no domínio dos exercícios e das ferramentas do ciberjornalismo. Apesar do formato blog facilitar parte das produções de programação do canal comunicativo, os outros aspectos da prática jornalística ainda foram devidamente utilizados, como a produção de textos, entrevistas, produção de conteúdo multimídia, abertura de formas de interação com o leitor, entre outros. O projeto também explora uma forma de sustentabilidade financeira alternativa para aplicação no jornalismo. Realizamos uma proposta de modelo de negócio baseado no financiamento coletivo com sistema de recompensas (crowdfunding), que possibilitou uma experiência inicial com a temática administrativa e financeira de uma empresa jornalística, e proporcionou maior consciência sobre diferentes formas de manutenção de finanças mediante a tempos de crise no jornalismo.

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4. REFERÊNCIAS AVENI, Alessandro; PINTO, Luiz Fernando Silva. Crowdfunding: o modelo Canvas do site Catarse. Revista Eletrônica Gestão e Saúde, Brasília, Edição especial, p. 33803396. 2014. BARBERO, Heródoto; RANGEL, Patrícia. Manual do jornalismo esportivo. São Paulo. Editora Contexto. 2009. BASTOS, Helder. A diluição do jornalismo no ciberjornalismo. Disponível em:<http://bocc.ubi.pt/pag/bastos-helder-2013-a-diluicao-do-jornalismo-nociberjornalismo.pdf> Acesso em 21 set. 2018. CAPOTE, Truman. A Sangue Frio. Nova York. Companhia das Letras. 2003. COELHO, Paulo Vinícius. Jornalismo esportivo. São Paulo. Editora Contexto. 2003. COSTA, Caio Túlio. Um modelo de negócio para o jornalismo digital. Revista de Jornalismo ESPM, v. 9, p. 51-115. 2014. COSTA, Renan Apuk da Silva. Jornalismo esportivo e nacionalismo de ocasião. 2013. 146 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) - Curso de Jornalismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2013. DEMÉTRIO, Silvio Ricardo. Por um jornalismo contracultural: linhas de fuga o new journalism. 2007. 102 pag. Tese de Doutorado – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007. DIAS, A. R. A conversação na entrevista de perfil na mídia escrita: uma questão para o ensino. Revista Filologia e Linguística Portuguesa, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 157-177. 2015. FRANGE, Marcelo Bechara S. N. O Espetáculo do futebol no jornalismo esportivo na internet. São Paulo: 2007.

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FRANCO JÚNIOR, Hilário. A dança dos deuses: futebol, cultura, sociedade. Companhia das Letras. São Paulo. 2015. LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas: o livro reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. Barueri. Editora Manole. 2009. LONGHI, Raquel Ritter; FLORES, Ana Marta; WEBER, Carolina Teixeira. Os webjornais querem ser rede social? In. SOSTER, Demétrio; LIMA JÚNIOR, Walter. Jornalismo digital: audiovisual, convergência e colaboração. Santa Cruz do Sul: EdUnisc, 2011. p. 18-42 MATTOSO, Guilherme de Queirós. Internet, jornalismo e weblogs: uma nova alternativa de informação. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/mattosoguilherme-webjornalismo.pdf> Acesso em: 11 out. 2018. MELO, José Marques de. A opinião no jornalismo brasileiro. São Paulo. Vozes. 1985. OLIVEIRA, Rosa Meire Carvalho de. De Onda Em Onda: A Evolução Dos Ciberdiários E A Simplificação Das Interfaces. Disponível em: < http://www.bocc.ubi.pt/pag/oliveirarosa-meire-De-onda-onda.pdf> Acesso em: 14 out. 2018. OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves. Busines Model Generation - inovação em

modelos

de

negócios:

um

manual

para

visionários,

inovadores

e

revolucionários. Rio de Janeiro. Alta Books. 2011. PAVLIK, John. Journalism and New Media. Nova York: Columbia University Press, 2001. (AVENI & PINTO, 2014) RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil. São Paulo. Global. 1995. RODRIGUES, Nelson. À sombra das chuteiras imortais. Rio de Janeiro. Companhia das Letras. 1993. SCHWINGEL, Carla. Ciberjornalismo. São Paulo. Editora Paulinas. 2012.

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SILVA, W. S.; FREITAS, J. C. A abordagem sistêmica para o crowdfunding no brasil: um estudo exploratório – visão sistêmica dos negócios. Revista Gestão & Conhecimento, Poços de Caldas, Edição especial, p. 316-334. 2012. XAVIER, Aline Cristina Rodrigues. Alternativas para o financiamento do jornalismo: Crowdfunding e a campanha Reportagem Pública. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM JORNALISMO, 12., 2014, Santa Cruz do Sul. Anais… Santa Cruz do Sul: UNISC, 2014. p. 1-17.

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5. ANEXOS 5.1 Anexo A: Fonte de texto Modelo de exemplo da fonte CollegiateHeavyOutline Medium, grafia utilizada na criação de logotipos para imagens de capa das páginas do Várzea C.G. no Catarse e Facebook.

Disponível em: <https://www.fontspace.com/character/collegiate-heavy-outline>

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6. APÊNDICES 6.1 Apêndice A: Quadro de Modelo de Negócio (Canvas)

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6.2 Apêndice B: Roteiro de Perguntas Entrevistado: Cleiton Ferreira, Presidente da União Esportiva de Futebol Amador de Mato Grosso do Sul (UEFAMS). Como foi início de sua carreira no esporte? Como começou seu envolvimento com organizações no futebol amador? Como foi sua primeira participação e atuação nos campeonatos que organizou? Qual experiencia você adquiriu nesse período? Como surgiu a UEFAMS? Como você estabeleceu contato com os primeiros parceiros da UEFAMS? Qual sua expectativa para o futuro do futebol amador em Campo Grande?

Entrevistado: João Paulo Soares, responsável pela escolinha de base JP Tia Eva Como iniciou seu envolvimento com a comunidade? Como surgiu a ideia projeto para jovens promessas? Quais dificuldades enfrentou no início do projeto? Como é a logística do seu trabalho? Como foi o relacionamento com a escola onde o projeto é sediado? Como é seu relacionamento com os jovens praticantes? Como é a inserção da escolinha na comunidade “Tia Eva”? Como o projeto é mantido financeiramente? Algum atleta de sua base já despontou carreira profissional? FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Entrevistados (em conjunto): Eurides Antônio, Presidente da Associação dos Descendentes de Tia Eva; Michel da Silva e Antônio dos Santos, residentes da Comunidade Remanescente de Quilombo Eva Maria de Jesus. Como começou a inserção da prática esportiva na comunidade? Qual a importância da prática do futebol amador na comunidade? Onde ele era inicialmente praticado? Quais eram as condições da prática? Qual a importância do esporte na integração da comunidade com os bairros vizinhos? Quais atletas da comunidade foram destaque no futebol amador? Como é organizado os times?

Entrevistado: Elivelton Borges, atleta e morador da Comunidade Remanescente de Quilombo Eva Maria de Jesus. Como começou sua prática no esporte? Como você avalia a importância do futebol amador na comunidade? Como é levar o nome da comunidade quilombola para as cidades onde você joga?

Entrevistado: Emerson Santos, Presidente e fundador da equipe Vó Maria. Como foi início do time? Como se deu a organização? Quais as principais dificuldades encontradas? Como funciona o seu trabalho atual no clube? Em sua perspectiva, o que precisa melhorar?

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Entrevistado: Paulo Prado, diretor da equipe Vó Maria. Como funciona a logística de funcionamento do clube? Qual é sua função como diretor? Como é seu relacionamento com os atletas? Como é a dinâmica do seu trabalho com os organizadores de campeonatos? Como as mídias sociais impactam a comunicação dos organizadores?

Entrevistado: Edmar Santos, atleta. Como você começou sua vida como atleta? Como você descreve a vida do atleta de futebol amador em Campo Grande? Qual a principal diferença entre a prática futebol amador e o futebol profissional? Como é o impacto da mudança da prática dessas diferentes modalidades?

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6.3 Apêndice C: Projeto editorial base do blog Várzea C.G. Nome do veículo: Várzea C.G. Objetivo do veículo: Responder a demanda de informação gerada pela prática do futebol amador em Campo Grande, através de reportagens, entrevistas e conteúdo sobre a modalidade. Público Alvo: A publicação tem como objetivo alcançar o público campo-grandense fã de esporte, principalmente os praticantes do futebol amador, seus familiares, torcedores e público que frequenta os jogos. Política Editorial: Além da reportagens e produção de conteúdo, o veículo visa trazer aos olhos do público um outro lado do da realizada da comunidade envolvida nas competições. O blog terá como principal política a produção de conteúdo próprio, e o material produzido por terceiros só poderá ser publicado mediante a falta de opção e somente com a devida autorização e crédito. Editorias: Reportagens, Entrevistas, Crônicas, Futebol Amador MS (Bairros). Reportagens: Matérias aprofundadas com enfoque social e cultural do meio esportivo Entrevistas: Conteúdo feito em entrevistas-perfil. Crônicas: Ponderações e descrições de função metalinguística. Futebol Amador MS (Bairros): Divisão de conteúdo baseado na localização das matérias. Canais de Publicação: O Blog será realizado na plataforma WordPress, utilizando os recursos do Layout Dyad II. Também estará presente nas redes sociais - Instagram, Facebook e YouTube, além de ser amplamente divulgado no What’s App, nos grupos relacionados. Periodicidade: Por não ser destinados a notícias, e sim matérias mais elaboradas, o blog terá periodicidade semanal, entre duas até três conteúdos por semana. FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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6.4 Apêndice D: Texto da reportagem “Resistência – O futebol na comunidade Tia Eva sobrevive” Disponível em: <https://varzeacg.wordpress.com/2018/12/01/133/>. Calor intenso em plena dez horas da manhã de um domingo na região do Córrego Segredo, lá pelo bairro Seminário. Perto dali, no Poeirinha, na Avenida Tamandaré, próximo às ladeiras da Comunidade Quilombola Tia Eva, uma aglomeração que se pode ver de longe, diversos tipos de veículos. A galera se ajeita, seja em pé, encostada em muros, sentada em bancos, carros ou até montados em suas motos e bicicletas estacionadas. Lá dentro, atletas, arbitragem e torcedores prestam atenção no destino que a esfera terá durante e ao final dos lances. É final. Com direito a uma ousada equipe de TV produzindo um inédito VT, temos a presença de uma dupla formada por um narrador experiente que relembra passagens vivenciadas em sua longa carreira, enquanto um comentarista, não menos veterano, relembra as características de outro campo finado que, de acordo com seu tom de voz, tinha um gramado esburacado: o Poeirinha antigo, onde era realizado as partidas de futebol amador na Comunidade Tia Eva, mas em 2015 foi convertido em um condomínio habitacional. O tempo passa, os campos morrem, assassinados pelo combo – progresso, povoamento, especulação imobiliária e uma pitada de descaso do poder público com o lazer do povo. Mesmo assim, outros espaços nascem quase do nada, de pontos antes invisíveis, que ganham importância, geram histórias e oportunidades e mantém vivos sonhos frustrados pela cruel dupla – vida e realidade. O antigo Poeirinha, ao final de 2013, recebeu a decisão do Campeonato Integração da Região do Segredo. Apesar da vista panorâmica para o centro da cidade pertencer agora aos habitantes do condomínio, os lances daquele Arena Santo Amaro x Cerejeira foram registrados pela TV Educativa local, e estão no YouTube para o mundo ver, não ficando apenas na lembrança dos presentes. FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Cinco anos após este confronto, estive no que hoje é o sucessor do saudoso Poeirinha. Em úmida manhã de domingo no novo campo, que está instalado no alto da ladeira da rua que homenageia Eva Maria de Jesus, a Tia Eva, o espaço tem ao fundo de uma das traves do campo uma grandiosa mata. O clima é fresco, o piso é bom, mas o mato cresce rápido. Com isso, a organização deve ficar atenta para não deixar o capim crescer a ponto de atrapalhar o rolar da bola. Um dia antes do espetáculo, Nilton Santos Silva, o Ziquinho, que também é responsável pela organização dos campeonatos, carpina o lote com a ajuda de seu pai. Depois, o organizador marca o campo e deixa o palco pronto para os boleiros da região desfilarem. A disputa é por vagas na próxima fase da Liga UEFA-MS, de olho no título da Liga Terrão, nova atração que tem movimentado o amador da capital. Depois do desejado título do Milionário do São Conrado, da visibilidade da Taça Record e do carro oferecido ao campeão da Copa dos Campeões, a inédita competição da UEFA-MS em parceria com a TV Morena é a nova vedete dos donos de times e atletas. Após o segundo e último jogo do programa, um dos times, formado em maioria por profissionais, aproveita toda comodidade da humilde padaria, localizada na esquina do campo, para o famoso “terceiro tempo”. Estando ali, lamentam o empate que soou como derrota, para o “estrelado” time, que já pensa no próximo desafio em outro bairro próximo dali, em menos de uma hora e meia. Se existe algo dinâmico no futebol, isso se aplica ao amador campo-grandense. Uma vitória horas depois deixa em segundo plano o “imprevisto”. História O local habitado por descendentes de Eva Maria de Jesus é um dos redutos do futebol na cidade. Essa tradição renasceu em 2017, após dois anos sem “casa”. Agora um novo terreno é tornou o lar do Campeonato da Festa de São Benedito. Segundo Eurides Antônio Silva, o Bolinho, ex-atleta profissional, que hoje é o líder da comunidade, FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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o antigo campo que “morreu” em 2015 após 10 anos de existência, foi somente o último de vários outros locais de lazer da comunidade que tiveram o mesmo destino. De acordo com Sérgio Antônio da Silva, ex-presidente da Associação de Descendentes de Tia Eva, popularmente conhecido como “Seu Michel”, a prática do futebol amador da região remonta os anos 1960. Antônio Borges, o Borginho, lembra que para atrair os habitantes da comunidade, os padres do Oratório promoviam “peladas” após a missa matinal do domingo. O futebol, de acordo com Borginho, foi usado como ferramenta para interação entre padres e habitantes. Já o mais jovem Bolinho afirma que pesquisou sobre o assunto, e concluiu que os primeiros torneios na comunidade iniciaram nos anos 1970, quando foi iniciado a inserção da modalidade na programação da Festa de São Benedito. Segundo ele, o torneio de São Benedito, que ocorre em maio junto a festa é o mais antigo de Campo Grande. Craques do passado, lembranças de grandes amigos Categoria, simplicidade, talento e alegria. Atributos de Doroteu, um dos grandes talentos da comunidade, que hoje é lembrado somente por seu apelido. Segundo os anciões, ele e seu irmão marcaram época na comunidade. Dirigentes vinham em fila tentar buscar tal talento, mas sem sucesso. No final, uma oportunidade e o amor por Maracaju tirou o jovem de sua comunidade, e por lá fez sua vida. Como Doroteu outros marcaram época. Uma hora de conversa resgatou memórias de grandes tempos e belas amizades em dias tão diferentes dos atuais. Futuro O Projeto Jovens Promessas é encabeçado por João Paulo Soares, acadêmico do Curso de Educação Física que trabalha há dez anos com os garotos da comunidade na quadra da Escola Estadual Antônio Delfino Pereira. Ele é um dos responsáveis por levar o nome da comunidade ao interior do estado, disputando competições de base junto de seus pequenos atletas. Tudo começou quando ele trabalhava de auxiliar de serviços FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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gerais na escolas. Vindo do sul, João começou o trabalho como voluntário e mesmo após sua saída do emprego, os laços não foram cortados, muito pelo contrário. João Paulo, que foi tema de matéria do Globo Esporte MS em 2017, quando sua história foi contada em rede local. João se divide entre o projeto e o trabalho de Auxiliar de Limpeza em um prédio. Muitas vezes vira o dia para poder realizar o trabalho com os garotos. Por morar longe do bairro, encara uma verdadeira maratona. Morador do bairro Maria Pedrossian, distante 22 km, da comunidade. Com muita luta, João Paulo levou os times Sub 17 e Sub 20 até Bodoquena, para o Sul-mato-grossense de Futsal de base. O JP disputa os principais torneios de base da cidade, encarando escolinhas e projetos estruturados. No torneio, a classificação escapou no sorteio, após ambas categorias terminarem empatadas em todos os critérios com seus adversários. Apesar disso, a experiência para os jovens é imensurável. A simplicidade de João ao falar com os garotos, o faz parecer mais um deles. Essa relação parece transcender o de professor ou até pai, é mais que isso. No fundo, o trabalho realizado é além de construir o cidadão, oferecer o sonho de um grande futuro dentro das quatro linhas. Após superar um problemas de saúde, João voltou mais forte e segue seu trabalho. Os frutos surgem a cada dia. Mesmo convivendo com o risco de perder atletas para equipes competitivas, a equipe cumpre a missão de resistir e participar no interior, em uma cenário econômico e social tão complexo. O apoio de pais e pequenos patrocinadores, além da garra de todo o grupo, proporcionam essa chance. Cansado após quatro dias longe de casa, o professor, esgotado no banco do ônibus, relembra passagens importantes do projeto, como uma viagem até Bela Vista, em que no retorno, uma saga de azares e problemas complicou a vida de todo o grupo. Mesmo assim, o problema foi revertido e gerou situações inesquecíveis, que João relembra com prazer sorrindo. FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Representantes no amador da cidade Dos principais times da comunidade na atualidade, o Entre Amigos e Raça Tia Eva se destacam no torneios da região norte e segredo. Uma das últimas crias da comunidade, o atleta Elivélton Borges, o “Abu”, aos 25 anos, atua no futebol amador e futsal da capital. O atleta começou no projeto Tia Eva, capitaneado pelo líder da Comunidade Bolinho, e depois foi para os JP Tia Eva. Atualmente, Abu milita pelo Vó Maria, nos campos e quadras, além de participar por outras equipes, em torneios que o Vó Maria não participa.

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6.5 Apêndice E: Texto da entrevista “Fundador da UEFAMS conta como surgiu a ideia de organizar o futebol amador em Campo Grande” Disponível em: <https://varzeacg.wordpress.com/2018/12/01/entrevista-presidente-dauefams-fala-sobre-o-futebol-amador/> O Futebol Amador de Campo Grande vive novos tempos, agora com atenção da mídia e um contrato com a TV Morena, filial da TV Globo em Campo Grande (MS). A Liga do Terrão – UEFAMS, segue movimentando a modalidade na capital de Mato Grosso do Sul. Cleiton Ferreira, 36 anos, idealizador e atual presidente da UEFAMS (União Esportiva de Futebol Amador/MS), concedeu uma entrevista ao Várzea C.G. sobre a modalidade e comentou como começou o sonho da união, que atualmente atua em 28 bairros, com 87 equipes e 2560 atletas cadastrados. Como tudo começou Após ser dirigente de equipe por 14 anos, Ferreira, começou a organizar campeonatos de futsal, em uma quadra, na região da Lagoa. A organização dos torneios chamou a atenção dos responsáveis do Campeonato Amador do São Conrado, o “Milionário”, na época, um dos principais da cidade. Após o convite, Ferreira entrou de cabeça e fez parte da comissão organizadora por dois anos, até resolver se afastar. “Fiquei 14 anos a frente da equipe da Internacionalize, mas parei por algum tempo em razão de questões familiares, fiquei dois anos parado. Fui convidado a ajudar no São Conrado, em 2014. Fui chamado para ajudar na manutenção do campo e na organização. Lá comecei a organizar o torneio de salão, criei uma visibilidade, aí surgiu o convite. Ajudei bastante, fiz minha parte.” A experiência agregou muito a visão de Ferreira sobre o Futebol Amador da cidade. Como o torneio envolvia grandes quantias em premiação (Total de 30 mil na época), a responsabilidade não era pouca. “O São Conrado era o campeonato visado por todo mundo. Chegou no ápice, que todo time queria estar, todo dono de equipe queria estar, que todo juiz queria apitar“, relembra Cleiton. FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Ele conta que o sucesso do torneio chamou atenção da mídia da cidade. “A visibilidade que se criou após a Rádio Difusora ter transmitido uma final, era uma inovação, nenhuma rede de tv acompanhava, só na época da Copa Kaiser”, lembra. Após se afastar pela segunda vez do esporte, Ferreira focou suas atenções em sua família. “Tive problemas em casa. Chegou em um ponto que eu disse não quero, não quero mais dor de cabeça. Quase havia largado da minha esposa. Eu saia todo dia para trabalhar e o dinheiro nunca chegava.” Técnico de laboratório em um hospital da cidade, Ferreira vivia parte dos feriados e finais de semana na beira de campo. “Quem mexe com amador não tem domingo em família”, conta. Em razão de diversas situações, ele tomou a difícil decisão de dar um tempo da modalidade que tanto amava. Retorno O tempo passou e um convite realizado pelo presidente do bairro Santa Emília, Júlio Cezar Vera, que então encontrava dificuldades à frente do torneio do bairro e não poderia mais seguir a frente do evento. Inicialmente, Ferreira negou o convite para organizá-lo, mas com a insistência de Vera e contando com a parceria de outro organizador, ele eventualmente ele aceitou tomar as rédeas da disputa e entrou novamente de cabeça no esporte. “No início eu ia organizar dois campeonatos, mas como eu me envolvo de cabeça nas coisas, não faço nada pela metade, não levo nas coxas”, relembra. Semente da união Após iniciar o torneio, Ferreira tinha uma nova mentalidade. Teve a ideia de contatar outros organizadores, que passavam pelos mesmos problemas. Como não existia nenhuma entidade que regulava a modalidade na cidade, a alternativa foi usar as redes sociais para dialogar com os iguais.

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“No primeiro campeonato que organizei tinha muita briga, muito B.O. Surgiu um problema lá no Guanandi. Nisso o Donda [Organizador no bairro Guanandi] entrou em contato comigo, e pela proximidade (Várias equipes disputavam ambos os torneios), pediu para nós nos ajudarmos. Aí que surgiu a ideia”, relembrou A briga ocorrida no torneio do bairro Guanandi foi a semente para o início das conversas entre os organizadores. “Pra mim ajudar o Donda, barrei o cara, fui ameaçado de antemão, dos caras parar o torneio. Tudo que é primeira vez, os caras não querem aceitar”, conta. A não aceitação das decisões tomadas em conjunto gerou protestos, isso levou Cleiton à procurar outros organizadores. “Pensei. Vou montar um grupo para nós nos comunicarmos, com o intuito de termos comunicação entre nós.” Logo, outros organizadores contactaram o pequeno grupo e aderiram ao movimento. A UEFAMS ganhou forma e rapidamente chegou aos quatro cantos de Campo Grande. Com o sucesso, Ferreira e os outros organizadores de torneios, que na época eram intermediários, correram atrás de apoio e da busca pela formalização. Com o tempo, surgiram novos parceiros e as incertezas foram substituídas pela confiança. Após ajustes e muito trabalho, em 17 de julho de 2017 ocorreu a primeira Assembleia Geral onde definiram as formalidades da união. Um ano e 40 dias depois, ao firmar parcerias com a Fundação Municipal do Esporte (Funesp) e a Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), a entidade foi formalizada com a publicação do Diário Oficial de 26 de agosto de 2018. Mesmo com o sucesso, Ferreira reconhece que tem um longo caminho a percorrer, e encontra dificuldades nas organizações de torneios. “Estamos tentando melhorar essa questão de fazer campeonatos, ainda tem muito chão”. A questão financeira também prova ser uma dificuldade para Cleiton Ferreira. O Organizador afirma que diferentes equipes estão sem cumprir as dívidas com a UEFAMS. “Se o cara entra [na organização do futebol] amador achando que vai ganhar dinheiro, FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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ele vai ter uma ilusão. Eu tenho dinheiro para receber, que daria para comprar uma moto”, afirma. Presente e futuro Após idas e vindas, o sonhado acordo com a TV Morena foi confirmado e floresce com coberturas semanais nos campos da cidade. A Liga Terrão segue sendo disputada. Segundo Ferreira, o sonho da competição quase foi abortado, mas no fim a União Esportiva de Futebol Amador de Mato Grosso do Sul se estabeleceu como uma referência no ambiente do futebol amador e se formalizou graças aos apoios de órgãos governamentais.

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6.6 Apêndice F: Texto da reportagem “O perfil da várzea campo-grandense – conheça a equipe amadora Vó Maria” Disponível em: <https://varzeacg.wordpress.com/2018/12/01/equipes-vo-maria/> Sábado à tarde, o telefone toca. Era ele, Mazinho, como é conhecido nos campos, ou Maza para os “parças” mais próximos, ou então Lidiomar Teixeira, como é chamado nos documentos oficiais. Em seu Celta, cor vermelha, me aguardava em frente ao meu condomínio, localizado em rua próxima à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no bairro Pioneiros. Entrei no carro e reencontrei um dos amigos que havia feito nos três anos e meio na vida de beira de campo e quadra. Estávamos em cima da hora, pois Maza teria que pegar Ronei, um dos atletas que defendem o Vó Maria desde o início. Oito anos de lida, bem antes da equipe ser vista como um dos principais times do futebol amador de Campo Grande. Normalmente, os atletas seguem em veículos próprios, levando atletas e torcedores para os jogos. Em geral, os organizadores das equipes ajudam os jogadores com quantias que bancam o gasto com o combustível. Para aquele dia, o desafio seria em dois campeonatos. Tarde tranquila perto de outras jornadas. O Vó Maria disputa torneios nos quatro cantos da capital Morena. De acordo com o diretor da equipe, Paulo Prado, o time entra em torneios que a premiação paga é superior a cinco mil reais. Em um final de semana, os atletas disputam por volta de quatro a cinco jogos. “É cansativo, não vou falar para você que é fácil. Eu por exemplo, jogo no máximo dois jogos, pois já tenho 30 anos, e não aguento mais que isso”, conta Maza. Segundo o atleta, que trabalha em um supermercado na região da Vila Morumbi, próximo ao Rádio Clube, o esforço vale a pena. “Pra mim é gratificante. É uma coisa que se gosta de fazer. No final de semana você vê no campeonato o campo lotado. Então muita gente gosta. Estar com os amigos, jogando com os amigos. Não tem dinheiro que pague”, completa. FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Maza fez parte dos grandes times da modalidade na cidade nos últimos tempo. O desempenho em equipes como União Guaicurus e Supermercado Duarte, renderam ao atleta, que também atual no futsal, um convite para integrar o elenco do União ABC, no Campeonato Sul-mato-grossense de Futebol no ano passado. Após 20 minutos de trajeto, enfim chegamos ao Residencial Serra Azul.

O

confronto seria contra o Carvão Bonito, pelas quartas de final, e depois, ao final da tarde, o compromisso era frente ao Original Motos, no Jardim Campo Nobre. O time teria alguns desfalques de última hora, mas é algo comum, principalmente por ser o primeiro jogo na tarde de sábado. Ao chegar no campo, uma surpresa. O grupo do Carvão Bonito não apareceu no horário limite. No futebol amador, caso um dos times não compareça no tempo determinado, a organização declara vitória por W.O. para o time que cumpriu o prazo. Assim, a representação da região do Santo Amaro começou o final de semana com o pé direito. Vaga nas semifinais, um bom momento na temporada, que não tem sido fácil. Mesmo com elenco qualificado, o time acaba caindo na fase eliminatória com certa frequência, fator que anda incomodando a equipe. Classificação assegurada da forma menos esperada. Como o relógio marcava 15h10, quase duas horas antes do compromisso na região sul de Campo Grande, alguns atletas partiram para outros campos, para atuar ou assistir algum jogo. Grande parte do elenco rumou direto para o Campo Nobre. Antes do jogo contra o Original Motos, momentos de descontração. Em um bar construído ao lado da Associação de Moradores do Jardim Campo Nobre, às margens do campo, os atletas conversam e brincam com amigos, relembrando histórias e “cornetando” os adversários. Homenagem

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A equipe Vó Maria, criada em 2010, surgiu no bairro Santo Amaro em uma união entre amigos. O nome veio da homenagem a avó de Pí. “Tudo começou em uma brincadeira lá no bairro Santo Amaro, saímos, pouco a pouco, conhecia muitos amigos, que jogavam futebol, nós começamos. No início nós eramos o saco de pancada da região, mas nós crescemos e hoje estamos aí, sendo uma equipe de médio para boa”, contou o fundador do time. Apesar do início conturbado, Pí seguiu com o Vó Maria e eventualmente, após o time disputar torneios em parceria com outras equipes, foi campeão em diversos bairros de Campo Grande, e também jogando no interior. Em 2017, a equipe ganhou o título do torneio da Liga de São Gabriel do Oeste. Título do Terrinha em 2016 – A grande conquista da história do Vó Maria ocorreu dois anos atrás, no Campeonato Amador do Terrinha. O título veio em vitória por 3 a 2, sobre o Segunda Pele/MM Direções, em jogo realizado no dia 17 de dezembro de 2016. De acordo com Pí, o elenco do Vó Maria atualmente disputa oito competições – seis no amador e duas no futsal Futsal Além do futebol amador, nas modalidades suíço, society e campo, o Vó Maria também joga o futsal. Atualmente, é a única equipe do futebol amador de Campo Grande que disputa as principais competições do salonismo sul-mato-grossense. Somente neste ano, o time do bairro Santo Amaro jogou três dos principais campeonatos de futsal do estado – Copa Morena, Copa Pindorama e Metropolitano. Ano passado foi um dos favoritos ao título dos sul-mato-grossense de futsal, quando fez parceria com o Perfil Ferros (uma das principais camisas da modalidade de Mato Grosso do Sul) e representou São Gabriel do Oeste, município da região norte do estado. No momento a equipe disputa a Superliga ABR de Futsal. Na Copa Morena, tradicional competição de futsal do estado, o Vó Maria foi eliminado nas oitavas de final, FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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nos últimos dois anos. Por coincidência, para os dois últimos vice-campeões (AMF/Miranda em 2016 e Juventude AG de Dourados em 2017). Profissionais em ação Para o presidente do Vó Maria, Pí, o futebol amador cresceu tanto, que nos dias atuais existe massiva presença de profissionais na “várzea”. “Quase todos os profissionais do nosso estado jogam amador. Nosso time conta com vários atletas profissionais”, contou. No elenco deste ano, atletas de clubes profissionais como Uélisson Santana, Andrinho, Eduardo Sapinho e Ramer, jogam sempre quando tem oportunidade no Vó Maria. Como as competições do futebol profissional duram poucos meses no estado, esses atletas têm oportunidade de se manterem ativos, além da oportunidade ganhar uma outra fonte de renda, enquanto os clubes estão inativos. Maycon Douglas, que recentemente defendeu o time, atualmente está no Vilafranquence , que disputa uma das séries de acesso ao Campeonato Português, é um dos atletas profissionais que recentemente defenderam o Vó Maria. Vida no amador O goleiro Edmar Santos, o “Chupeta”, teve passagens pela base do clube Goiás, além de passagem por equipes profissionais de Minas Gerais e Mato Grosso. Atualmente, ele atua no futebol amador em baixo das traves do Vó Maria. Ele conta sobre sua época no profissional e a exigência nas maratonas de jogos. “Todo dia a gente tem que adequar os horários. Larga a família uma hora da tarde, voltando apenas sete, oito horas da noite”, relata. Com mais de 20 anos no esporte, Chupeta esteve apenas seis meses longe do esporte, isso em razão de um acidente que sofreu. Em relação ao fato de que grande parte dos campeonatos de futebol amador serem no formato Suíço, Chupeta conta das vantagens da modalidade. “É legal, pelo nível melhor dos jogos, e pela pouca exigência física. Assim podemos fazer até três jogos por turno, em vez de apenas um”, afirma. FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO Cidade Universitária, s/nº - Bairro Universitário 79070-900 - Campo Grande (MS) Fone: (0xx67) 3345-7607 http://www.ufms.br http:// www.jornalismo.ufms.br / jorn.faalc@ufms.br


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Caminho para o futuro Emerson Santos afirma que uma união entre os times, semelhante ao que ocorreu entre os organizadores, após a criação da União Esportiva de Futebol Amador de Mato Grosso do Sul (UEFAMS) é necessária para evolução do esporte. Ainda segundo Pí, essa entidade daria segurança aos times, que poderiam ter vínculo oficial com o atleta. Atualmente, os times da cidade, em sua maioria, são informais, assim como os torneios que estão passando por uma nova organização após a criação da UEFAMS.

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6.7 Apêndice G: Texto da crônica “Conheci Campo Grande pela várzea” Disponível

em:

<https://varzeacg.wordpress.com/2018/10/29/conheci-campo-grande-

pela-varzea/> Faz três anos que estou trabalhando na beira do campo, seguindo os jogos que ninguém dá bola, vendo história de anônimos sendo escritas, e registrando títulos e glórias de meros mortais. O futebol é a paixão do brasileiro, é um termômetro da sociedade. Quando mudei para Campo Grande, acreditava que o habitante da cidade não ligava para o futebol muito em razão do atual cenário nas disputas entre os profissionais, aquela velha história de falta de organização, problemas com a federação, etc. O papo chato de sempre. Quando fui atrás de pautas, motivado pelos comentários sobre o Amador local, me deparei com uma rica realidade, e ainda estagiário no Site Esporte Ágil praticamente criei um segmento, e após ser mandado embora do do site, iniciei o projeto A Bola Rolou – Futebol Amador MS. Após meses de intenso trabalho, eu vi que na realidade estava errado sobre a relação do Campo-grandense com o esporte bretão. Nos bairros, o futebol amador, praticado na modalidade Suíço, movimenta milhares de pessoas e um mercado, que interliga as regiões da capital Sul-matogrossense. Foi legal, passei a entender a cidade, enxergar suas contradições e características. Entendi muito sobre a política do município. O sentimento de pertencimento, que ainda me faltava foi prontamente preenchido e prontamente me senti representado. Inspirado pela imersão jornalistica, algo citado pelo grande professor Edson Silva, talvez um dos caras mais importantes (!) na minha construção profissional, por mais que isso ele nem imagine, terminei indo de cabeça e coração nesta jornada.

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O tempo passou, chances apareceram e optei por me dedicar ao futsal, fechando um capítulo no meu desenvolvimento pessoal. Mesmo não indo mais aos campos, não convivendo com os organizadores, não sujando mais os pés com a poeira e a lama, das canchas espartanas, tardes e manhãs vivenciadas nas pelejas, me fizeram compreender o universo da cidade, nas relações sociais e nos costumes adotados pelo habitante da capital de Mato Grosso do Sul. E foi isso meus amigos. O futebol me deu a chance de conhecer Campo Grande e o seu cidadão.

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